Doc Final Fase-1 Apa Lago Do Amapa

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Plano de Gestão Área de Proteção Ambiental Lago do Amapá Fase 1DOCUMENTO SÍNTESE DO PLANEJAMENTO - FASE 1SEMAAPA Lago do AmapáBIDRio Branco – Acre Junho de 201012GOVERNO DO ESTADO DO ACREArnóbio Marques de Almeida Júnior Governador Carlos César Correia de Messias Vice-Governador SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE – SEMA Eufran Ferreira do Amaral Secretário de Estado do Meio Ambiente Maria Aparecida de Azevedo Oliveira Lopes Chefe do Departamento de Áreas Protegidas e Biodive

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Plano de Gesto rea de Proteo Ambiental Lago do Amap Fase 1DOCUMENTO SNTESE DO PLANEJAMENTO - FASE 1

SEMA

APA Lago do Amap

BID

Rio Branco Acre Junho de 20101

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GOVERNO DO ESTADO DO ACRE

Arnbio Marques de Almeida Jnior Governador Carlos Csar Correia de Messias Vice-Governador SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE SEMA Eufran Ferreira do Amaral Secretrio de Estado do Meio Ambiente Maria Aparecida de Azevedo Oliveira Lopes Chefe do Departamento de reas Protegidas e Biodiversidade Jakeline Bezerra Pinheiro Chefe do Parque Estadual Chandless

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CRDITOS TCNICOS E INSTITUCIONAIS

EQUIPE DE ELABORAO DO PLANO DE MANEJO COORDENAO TCNICA SOS AMAZNIA Coordenao Geral Silvia Helena Costa Brilhante Coordenao Cientfica Roberto Antonelli Filho Equipe Tcnica Airton Gaio Jnior Andr Segura Tomasi Anelena Lima de Carvalho Cleuza Rigamonte Maralina Torres da Silva Superviso Tcnica SEMA Maria Aparecida de Azevedo Oliveira Lopes Jakeline Bezerra Pinheiro Tayla da Silva Maia

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RELAO DE SIGLAS E ACRNIMOSAC AM AMPREA APA APP Conama COMTES CPRM CRAS DERACRE DNPM ELETROACRE EMBRAPA EMURB ETA FEM GT IBAMA IBGE ICMBio ICMS IFAC IMAC INCRA ITERACRE MPE ONG OSCIP PA PG PGE PRF RBTRANS SAERB SAF SDGU SEANP SEAPROF SEBRAE SEEDS SEF SEMA SEME SEMEIA SEMSUR SEOP SETUL SNUC SSP UC UFAC ZEAS ZEE-AC Estado do Acre Estado do Amazonas Associao dos Moradores e Produtores da Estrada do Amap rea de Proteo Ambiental rea de Preservao Permanente Conselho Nacional de Meio Ambiente Coordenadoria Municipal do Trabalho e Economia Solidria Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Centro de Referncia em Assistncia Social Municipal Departamento de Estradas de Rodagem Departamento Nacional de Produo Mineral Companhia de Eletricidade do Acre Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Empresa Municipal de Urbanizao Estao de Tratamento de gua Fundao Elias Mansour Grupo de Trabalho Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios Instituto Federal do Acre Instituto de Meio Ambiente do Estado do Acre Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria Instituto de Terras do Acre Ministrio Pblico Estadual do Acre Organizao No Governamental Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico Projeto de Assentamento Plano de Gesto Procuradoria Geral do Estado Polcia Rodoviria Federal Superintendncia Municipal de Transportes e Trnsito Servio de gua e Esgoto de Rio Branco Sistema Agroflorestal Secretaria de Desenvolvimento e Gesto Urbana Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas Secretaria de Extenso Agroflorestal e Produo Familiar Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas empresas Secretaria de Estado de Desenvolvimento para Segurana Social Secretaria de Estado de Floresta Secretaria de Estado de Meio Ambiente Secretaria Municipal de Educao Secretaria Municipal de Meio Ambiente Secretaria Municipal de Servios Urbanos Secretaria Estadual de Obras Pblicas Secretaria Estadual de Turismo Sistema Nacional de Unidades de Conservao Secretaria Estadual de Segurana Pblica Unidade de Conservao Universidade Federal do Acre Zoneamento Econmico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco Zoneamento Ecolgico Econmico do Estado do Acre 7

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SUMRIOAPRESENTAO ............................................................................................................................11 1. INFORMAES SOBRE A APA .................................................................................................15 1.1 FICHA TCNICA DA UC ........................................................................................................15 1.2. LOCALIZAO .....................................................................................................................17 1.3. ACESSO ................................................................................................................................21 1.4. HISTRICO DE CRIAO DA APA ....................................................................................21 1.5. QUADRO SOCIOAMBIENTAL .............................................................................................22 1.6. INSTRUMENTOS LEGAIS FEDERAIS APLICVEIS AO PROCESSO DE GESTO .......22 1.6.1. rea de Proteo Ambiental - Conceito .........................................................................22 1.6.2. Aspectos da Legislao Temtica ..................................................................................24 1.6.3. Plano de Gesto versus Plano Diretor ...........................................................................34 1.6.4. Crimes Ambientais e Sanes .......................................................................................35 1.7. INSTRUMENTOS LEGAIS ESTADUAIS APLICVEIS AO PROCESSO DE GESTO .....36 2. ANLISE SITUACIONAL .............................................................................................................39 2.1. SITUAO ATUAL DA POPULAO RESIDENTE NA APA ............................................39 2.2. SITUAO ATUAL DO USO DA TERRA NA APA .............................................................46 2.3. USOS CONFLITANTES COM O STATUS PROTETIVO ATRIBUDO AS APPs ................53 2.4. QUADRO DOS PRINCIPAIS ATORES COM POTENCIAL DE APOIO GESTO ..........55 2.5. OFICINAS PARA AVALIAO DA SITUAO ATUAL E PLANEJAMENTO DA UC ......59 2.5.1. Oficina de Diagnstico ....................................................................................................59 2.5.2. Oficina de Planejamento Participativo ............................................................................64 2.5.3. Consolidao Espacial dos Pontos Positivos e Negativos ............................................71 3. PLANEJAMENTO DA APA ..........................................................................................................73 3.1. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO PLANO DE MANEJO ...................................................73 3.1.1. Misso da APA Lago do Amap.....................................................................................73 3.1.2. Viso Estratgica de Futuro ...........................................................................................73 3.2. ELEMENTOS OPERACIONAIS DO PLANO DE MANEJO APA LAGO DO AMAP ........75 3.2.1. Zoneamento....................................................................................................................75 3.2.2. reas Estratgicas .........................................................................................................93 3.2.3. Normas Gerais..............................................................................................................107 3.2.3. Planejamento por reas de Atuao ............................................................................109 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................................123

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LISTA DE FIGURASFigura 1 Localizao da APA Lago do Amap. ......................................................................... 20 Figura 2 Composio Familiar dos Moradores da APA Lago do Amap. ................................. 39 Figura 3 Composio por Gnero da Populao da APA ......................................................... 40 Figura 4 Pirmide Etria da Populao da APA ........................................................................ 40 Figura 5 Composio por Estado Civil da Populao da APA .................................................. 41 Figura 6 Origem da Populao da APA ..................................................................................... 41 Figura 7 Tempo de Residncia da Populao na APA .............................................................. 42 Figura 8 Padro de Habitao, Salubridade e Saneamento da Populao na APA; (a) Tipo de Construo; (b) Esgotamento Sanitrio; (c) Destino do Lixo; (d) Abastecimento de gua; (e) Tratamento da gua........................................................................................................ 43 Figura 9 Nveis de Escolaridade da Populao na APA ............................................................ 44 Figura 10 Caracterizao do Sistema Produtivo da Populao da APA: (a) Fonte de Renda Familiar; (b) Comercializao da Produo; (c) Associatividade ou Cooperatividade. ....... 45 Figura 11 Atividade Principal Declarada pela Populao na APA ............................................. 45 Figura 12 Percentual das Classes de Uso na APA ................................................................... 46 Figura 13 Mapa de Uso e Ocupao da Terra na APA, Segundo Imagens de 2008 Atualizadas pelo Trabalho de Campo em 2010 ....................................................................................... 47 Figura 14 Mapa da Sucesso Natural na APA, em Primeira Aproximao. .............................. 52 Figura 15. Priorizao Geral dos Pontos Positivos ....................................................................... 60 Figura 16. Priorizao dos Pontos Positivos por Tcnicos e Comunitrios ................................. 61 Figura 17 Priorizao Geral dos Pontos Negativos ................................................................... 63 Figura 18 Priorizao dos Pontos Negativos por Tcnicos e Comunitrios .............................. 63 Figura 19 Priorizao Geral dos Pontos Positivos Elencados na OPP ..................................... 67 Figura 20 Priorizao dos Pontos Positivos Elencados na OPP por rgos Estaduais, rgos Municipais e pela Comunidade ............................................................................................ 68 Figura 21 Priorizao Geral dos Pontos Negativos Elencados na OPP ................................... 70 Figura 22 Priorizao dos Pontos Positivos Elencados na OPP por rgos Estaduais, rgos Municipais e pela Comunidade ............................................................................................ 71 Figura 23 Consolidao dos Pontos Positivos e Negativos da APA Lago do Amap, Apontados nas Oficinas Realizadas ....................................................................................................... 72 Figura 24 Percentual das Zonas de Manejo (reas de Conservao e Proteo) da APA Lago do Amap ............................................................................................................................. 76 Figura 25 Zoneamento da APA Lago do Amap ....................................................................... 77 Figura 26 Zona de Conservao 01 - Via Verde (ZC-01) ......................................................... 79 Figura 27 Zona de Conservao 02 - Entorno do Rio Acre (ZC-02) ......................................... 81 Figura 28 Zona de Conservao 03 Estrada do Amap (ZC-03) ........................................... 83 Figura 29 Zona de Conservao 04 Acesso ao Lago (ZC 04) ............................................... 85 Figura 30 Zona de Proteo 01 Lago do Amap e Riozinho do Rla (ZP 01) ....................... 87 Figura 31 Zona de Proteo 02 Ramal do Riozinho (ZP 02) .................................................. 90 Figura 32 reas Estratgicas da APA Lago do Amap ............................................................. 94 Figura 33 rea Estratgica Interna Terceira Ponte.................................................................... 95 Figura 34 rea Estratgica Interna Taquari ............................................................................... 96 Figura 35 rea Estratgica Interna Via Verde ........................................................................... 98 Figura 36 rea Estratgica Interna Estrada do Amap ........................................................... 100 Figura 37 rea Estratgica Interna Igarap So Pedro ........................................................... 101 Figura 38 rea Estratgica Interna Rio Acre ........................................................................... 102 Figura 39 rea Estratgica Interna Lago do Amap e Riozinho do Rla ................................ 103 Figura 40 rea Estratgica Interna Plcido de Castro ............................................................. 104 Figura 41 rea Estratgica Externa Rodoviria ....................................................................... 105 Figura 42 rea Estratgica Externa Porto do Benfica ............................................................. 106

LISTA DE QUADROSQuadro 01 Representao Institucional com Relevncia para a APA....................................... 55

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APRESENTAOO estado do Acre possui quase 46% do seu territrio protegido, atravs de unidades de conservao (UCs) de proteo integral, UCs de uso sustentvel, e Terras Indgenas (TIs), totalizando mais de 5 milhes de hectares (Acre, 2006). Ao todo, so trs UCs de Proteo Integral, 17 UCs de Uso Sustentvel e 26 TIs registradas e oito a definir, com extenso total de 7.497.948 ha (Acre, 2006), somados ainda aos 17.500 ha da recm-criada rea de Relevante Interesse Ecolgico (ARIE) Japiim-Pentecoste, em Mncio Lima. O estado do Acre criou o Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas SEANP (Lei n 1.426/2001) que tem os seguintes objetivos: I - manter amostras ecologicamente representativas e viveis dos ecossistemas naturais do Estado e da biodiversidade que contm; II - proteger as paisagens naturais e pouco alteradas de notvel beleza cnica; III - preservar o funcionamento dos processos ecolgicos naturais, garantindo a manuteno dos servios ambientais referentes ao ciclo hidrolgico, fixao de carbono, conservao do solo, preservao de habitats da fauna silvestre e outros; IV - promover o aproveitamento dos recursos naturais renovveis e o ecoturismo nas unidades de conservao de uso sustentvel; V - contribuir para a pesquisa cientfica, assim como para a educao, cultura, esporte e recreao do cidado; VI - coordenar o funcionamento das unidades de conservao reas. Dentre as prioridades do SEANP consta a dotao das UCs estaduais com seus instrumentos de gesto. O Roteiro Metodolgico para a Gesto de rea de Proteo Ambiental (APA) (2001), recomenda que o planejamento estratgico de reas de Proteo Ambiental seja de cunho participativo; isso representa dizer que todos os agentes sociais que compartilham da rea da Unidade, seja como espao de vivncia, de produo, de fluxo etc., so sujeitos aptos, e essenciais, a inferir ativamente no desenvolvimento das polticas e diretrizes do Plano de Gesto da Unidade de Conservao.11

e

estabelecer

diretrizes

para

o

monitoramento da utilizao do recurso natural nestas

O ordenamento territorial e as normas ambientais so as partes desse Plano que constituiro as diretrizes espaciais de ocupao e uso do solo e da utilizao dos recursos naturais (...). A anlise da situao territorial, simultnea identificao dos problemas e oportunidades, e realizada com participao dos agentes interessados, permite definir um Plano de Gesto direcionado a um cenrio futuro favorvel para consolidao dos objetivos e misso da APA (IBAMA, 2001).

Portanto, o Plano de Gesto um instrumento de planejamento e gerenciamento das Unidades de Conservao, elaborado aps a devida anlise dos fatores biticos, abiticos e antrpicos da Unidade e do seu entorno, que prev aes de manejo a serem implementadas. Ainda a lei que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (lei do SNUC n 9.985, de 18 de julho de 2000), em seu Art. 15 e seus dispem que a APA:... constituda por terras pblicas ou privadas. ... Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restries para a utilizao de uma propriedade privada localizada em uma rea de Proteo Ambiental. As condies para a realizao de pesquisa cientfica e visitao pblica nas reas sob domnio pblico sero estabelecidas pelo rgo gestor da unidade. ... Nas reas sob propriedade privada, cabe ao proprietrio estabelecer as condies para pesquisa e visitao pelo pblico, observadas as exigncias e restries legais. ... dispor de um Conselho presidido pelo rgo responsvel por sua administrao e constitudo por representantes dos rgos pblicos, de organizaes da sociedade civil e da populao residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

A rea de Proteo Ambiental Lago do Amap foi criada pelo Decreto n 13.531, de 26 de dezembro de 2005, com uma rea aproximada de 5.208 ha (cinco mil, duzentos e oito hectares) e aproximadamente 31.879 m (trinta e um mil, oitocentos e setenta e nove metros) de permetro (DOE n 9.203, 2005). administrada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA, monitorada e fiscalizada pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre IMAC, em articulao com os demais rgos pblicos federais, estaduais e municipais, especialmente a Secretaria de Estado de Floresta SEF e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente SEMEIA. Tem por objetivos: (1) preservar e recuperar os remanescentes da biota local; (2) proteger e recuperar o lago do Amap e demais cursos dgua e do seu entorno; (3) ordenar a ocupao das reas de influncia do Seringal Amap; alm de (4) fomentar a educao ambiental, o ecoturismo, a pesquisa cientfica e a conservao dos valores ambientais, culturais e histricos (DOE n 9.203, 2005). O lago do Amap (motivo pelo qual se deu o nome da APA) fica localizado margem direita do rio Acre, na altura do km 8 da estrada do Amap, ocupa um meandro abandonado com morfologia em forma de ferradura. um corpo dgua aberto pouco profundo, com cerca de 6 km de comprimento.12

O Plano de Gesto da APA Lago do Amap, em sua Fase 1, foi desenvolvido em 17 etapas descritas a seguir: 1a etapa: 1a Reunio Tcnica - Organizao do planejamento (setembro de 2009 em Rio Branco SOS AMAZNIA); 2a etapa: Coleta, anlise e sistematizao das informaes disponveis (durante todo o perodo de elaborao do documento); 3a etapa: Reconhecimento de campo (setembro de 2009); 4 a etapa: Reunio com o Conselho Apresentao do Planejamento para a Elaborao do Plano de Gesto (novembro, 2009); 5 a etapa: 2a Reunio Tcnica de Planejamento - Oficina de Diagnstico com Conselho (maro de 2010); 6 a etapa: Pesquisa em campo (maro, abril e maio de 2010); 7a etapa: Elaborao do Quadro Socioambiental da APA Preliminar Diagnstico 8a etapa: Realizao da Oficina de Planejamento Participativo (abril de 2010); 9a etapa: Verificao em campo (junho de 2010); 9a etapa: Elaborao do Quadro Socioambiental da APA Final Diagnstico 10a etapa: 3a Reunio Tcnica de Planejamento Reunio de Organizao do Planejamento (junho 2010); 11a etapa: Elaborao do Documento Sntese do Planejamento (julho de 2010); 12a etapa: 4a Reunio Tcnica de Planejamento Reunio de Organizao do Planejamento (2010); 13a Etapa:Entrega e aprovao da verso final do Plano de Gesto (incorporados os devidos ajustes). O Quadro Socioambiental (Anexo 1), correspondente a fase 1 da elaborao deste Plano de Gesto, lanou a base diagnstica para o desenvolvimento do Planejamento da Gesto da APA Lago do Amap. A fase 1 do Plano de Gesto deve contemplar, alm do diagnstico, a descrio e anlise dos componentes e fatores ambientais e suas interaes, caracterizando a situao e dinmica ambiental da APA e de sua rea de influncia. Conter, ainda, a proposta de reas Ambientais Homogneas e reas Estratgicas e indicativos para os Programas de Ao e o Sistema Institucional de Gesto (IBAMA / GTZ, 2001). Esse Documento Sntese do Planejamento Fase 1 composto por trs blocos: (item 1) Informaes sobre a UC; (item 2) Anlise Situacional, e; (item 3) Indicaes para o Planejamento da UC.

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1. INFORMAES SOBRE A APA1.1 FICHA TCNICA DA UC Na Ficha Tcnica da UC apresentam-se, sinteticamente, os dados da APA Lago do Amap, visando a contextualizao das caractersticas principais da UC.

FICHA TCNICA DA APA ESTADUAL LAGO DO AMAPFICHA TCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAO Nome da Unidade de Conservao: AREA DE PROTEO AMBIENTAL LAGO DO AMAP Coordenao Regional: Secretaria de Estado de Meio Ambiente Unidade de Apoio Administrativo e Financeiro: Secretaria de Estado de Meio Ambiente Endereo da sede Telefone E-mail Superfcie da UC (ha) Permetro da UC (km) Municpio(s) que abrange Estado(s) que abrange Coordenadas geogrficas Data de criao e nmero do Decreto Marcos geogrficos referenciais dos limites Rua Benjamin Constant 856 Centro 69.900-160 (xx68) 3224 3990/7129/8786 (Fax 3224-3447) [email protected] ou [email protected] 5.208 ha (decreto de criao) 31.879 m Rio Branco Acre Entre 10 00 00 e 10 04 30 paralelo S; 67 52 30 e 67 48 00longitude W de Gr. 26 de dezembro de 2005, Decreto Estadual n 13.531 Limite Norte: com rea Urbana de Rio Branco; Limite Leste: rea Rural de Rio Branco; Limite Sul: rea Rural de Rio Branco; Limite Oeste: rea Urbana / Rural de Rio Branco Bioma amaznico: Floresta Ombrfila Aberta; Floresta Ombrfila Aberta Aluvial (Floresta Inundvel); Formao Pioneira de Influncia Fluvial; Buritizais; Formaes Secundrias (Capoeiras) Produo Agrcola Familiar; Explotao Mineral (gua, areia e argila); Piscicultura; Pecuria; Setor Secundrio (mercado de pequeno porte, pequena metalrgica e vendas de peas automotivas); Setor Tercirio (restaurantes, Unidade de Atendimento Mdico - UPA, oficina mecnica) Constituio do Conselho Consultivo; Proibio de Pesca no Lago do Amap (Portaria n 002/2009); Aes de Fiscalizao a partir de denuncias annimas realizadas pelo IMAC (rea rural) e SEMEIA (rea urbana); Elaborao do Plano de Gesto da UC;

Bioma e ecossistemas Atividades ocorrentes

Proteo da UC

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Pesquisa

Atividades conflitantes

Abundance and composition of Rotifera in an abandoned meander lake (Lago Amap) in Rio Branco, Acre, Brazil; Efeitos do pulso de inundao sobre a estrutura da comunidade de peixes de um lago de meandro abandonado na Amaznia; Efeitos do regime de cheias sobre a alimentao de Triportheus curtus (Garman, 1890) em um lago de plancie de inundao na Amaznia; Estimativa do tamanho das fmeas com ovos de Moina minuta Hansen, 1899 (Cladocera, Crustacea) no lago Amap, Rio Branco, estado do Acre, Brasil; Estudo das populaes zooplanctnicas em um lago de meandro abandonado da plancie de inundao do rio Acre (lago Amap, Rio Branco-AC, Brasil); Ficoflrula do lago Amap em Rio Branco Acre I: Euglenophyceae; Ficoflrula do lago Amap em Rio Branco - Acre, ii: Chlorophyta; Aspecto socioeconmico e ambiental da rea de Proteo Ambiental Lago do Amap no municpio de Rio Branco/Acre; Aspecto socioeconmico e ambiental da rea de Proteo Ambiental Lago do Amap no municpio de Rio Branco/Acre; Uso e ocupao do solo Atividades de explotao mineral; Atividades de caa e pesca no interior e entorno imediato da APA e extrativismo ilegal de recursos naturais renovveis (madeira, no madeirveis); reas com expanso urbana (invases) sem condies mnimas de saneamento, rede de distribuio de gua, e infraestrutura de acesso; Queimadas ilegais; Deposio de lixo em locais inadequados (lixo domstico e entulhos); Obstruo de igaraps e desvio de cursos dgua; Pesca ilegal

Logomarca

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1.2. LOCALIZAO

A APA Lago do Amap localiza-se margem direita do rio Acre, na altura do quilmetro 08 da estrada do Amap, a 12 km do centro da cidade de Rio Branco (Acre, 2005). Situa-se entre as seguintes coordenadas geogrficas: (10 00 0 S e 10 04 30S) e (67 52 30 e 67 48 00), conforme apresentado na Figura 1. Memorial DescritivoA unidade de conservao e proteo ambiental do lago do Amap tem os seus limites definidos a partir do seguinte memorial descritivo: Inicia-se o permetro da rea no Ponto P 01 de coordenadas geogrficas, Longitude 675007,3 WGr e Latitude 100037,9 S, Datum SAD-69, localizado no limite norte da unidade de conservao do lago do Amap na margem direita do rio Acre; deste, segue com o azimute plano de 1584006 e distncia aproximada de 369,00 m (trezentos e sessenta e nove metros) at o Ponto P 02 de coordenadas geogrficas, Longitude 675002,9 WGr e Latitude de 100049,1 S, situado margem direita do rio Acre em propriedade da Fundao Cultural do estado do Acre; deste, segue com azimute plano de 701720,7 e distncia aproximada de 1.344,00 m (um mil trezentos e quarenta e quatro metros) chegando-se ao Ponto P 03 de coordenadas geogrficas, Longitude 674921,4 WGr. e Latitude 100034,1 S, situado na proximidade da divisa do bairro Taquari com a propriedade da Fundao Cultural do Acre; da segue com o azimute plano de 1323310,6 e distncia aproximada de 1.315,00 m (um mil trezentos e quinze metros) chegando-se ao Ponto P 04 de coordenadas geogrficas Longitude 674849,5 WGr, Latitude 100102,9 S, situado prximo da divisa da propriedade da Fundao Cultural do Acre com margem esquerda do Anel Virio no sentido da antiga estrada do Amap para a Corrente; deste segue com azimute plano de 322050,8 com uma extenso de 564,00 m (quinhentos e sessenta e quatro metros) at chegar ao ponto P 05 de coordenadas geogrficas, Longitude 674839,6 WGr e Latitude 100047,4 S situado margem esquerda da estrada do Amap; da segue com o azimute plano de 1315501,0 e distncia aproximada de 766,00 m (setecentos e sessenta e seis metros) chegando-se ao Ponto P 06 de coordenadas geogrficas, Longitude 674820,8 WGr e Latitude 100104,0 S localizado prximo ao lado direito do anel virio sentido da corrente; da segue com o azimute plano de 1772117,4 e distncia aproximada de 992,00 m (novecentos e noventa e dois metros) chegando-se ao Ponto P 07 de coordenadas geogrficas, Longitude 6748'19,2'' WGr e Latitude 1001'36,2'' S, localizado no final ramal dos Dez sentido da Via de acesso interna da estrada do Amap; da segue com o azimute plano de 2172045,7 e distncia aproximada de 1.889,00 m (um mil, oitocentos e oitenta e nove metros) chegando-se ao Ponto P 08 de coordenadas geogrficas, Longitude 6748'56,7'' WGr e Latitude 1002'25,3'' S, situado no ramal do Rodo; da segue com o azimute plano de 2032418,1 e distncia aproximada de 1.850,00 m (um mil, oitocentos e cinquenta metros) chegando-se ao Ponto P 09 de coordenadas geogrficas, Longitude 6749'20,6'' WGr e Latitude 1003'20,6'' S, localizado no entroncamento do ramal do Rodo com o ramal de acesso Lpide de Plcido de Castro; da segue com o azimute plano de 2355831,5 e distncia aproximada de 1.554,00 m (um mil, quinhentos e cinquenta e quatro metros) chegando-se ao Ponto P 10 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'02,8'' WGr e Latitude 1003'49,1'' S, localizado no entroncamento do ramal do Rodo com o ramal de acesso ao rio Acre; da segue com o azimute plano de 2083313,4 e distncia aproximada de 434,00 m (quatrocentos e trinta e quatro metros) chegando-se ao Ponto P 11 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'09,6'' WGr e Latitude 1004'01,5'' 17

S, localizado no entroncamento do ramal da Lpide de Plcido de Castro com o ramal de acesso ao rio Acre; da segue com o azimute plano de 1612935,9 e distncia aproximada de 1.180,00 m (um mil cento e oitenta metros) chegando-se ao Ponto P 12 de coordenadas geogrficas, Longitude 6749'57,1'' WGr e Latitude 1004'37,9'' S, localizado margem direita do rio Acre nas proximidades da foz do Igarap Benfica; da segue com o azimute plano de 2250925,2 e distncia aproximada de 397,00 m (trezentos e noventa e sete metros) chegando-se ao Ponto P 13 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'06,3'' WGr e Latitude 1004'47,0'' S, localizado na margem esquerda do rio Acre; deste segue com o azimute plano de 2681551,5 e distncia aproximada de 1.048,00 m (um mil e quarenta e oito metros) chegando-se ao Ponto P 14 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'40,8'' WGr e Latitude 1004'48,2'' S, situado na margem esquerda do rio Acre a uma equidistncia aproximada de 500,00 m (quinhentos metros); da seque com o azimute plano de 2335250,4 e distncia aproximadamente de 727,00 m (setecentos e vinte e sete metros) chegando-se ao ponto P 15 de coordenadas geogrficas, Longitude 6751'00,0'' WGr e Latitude 1005'02,2'' S, situado margem esquerda do rio Acre na mesma eqidistncia de 500,00 m (quinhentos metros) nas suas proximidade; da segue com o azimute plano de 2924044,4 e distncia aproximada de 634,00 m (seiscentos e trinta e quatro metros), chegando-se ao Ponto P 16 de coordenadas geogrficas, Longitude 6751'19,3'' WGr e Latitude 1004'54,5'' S, situado margem esquerda do rio Acre na mesma eqidistncia de 500,00 m (quinhentos metros) nas suas proximidade; deste segue com o azimute plano de 3284410,6 e distncia aproximada de 1.040,00 m (um mil e quarenta metros) chegando-se ao ponto P 17 de coordenadas geogrficas de Longitude 6751'37,1'' WGr e Latitude 1004'25,6'' S, situado na margem esquerda do rio Acre a uma distncia aproximada de 500,00 m (quinhentos metros) do rio Acre; da segue com o azimute plano de 2652633,3 e distncia aproximada de 2.198,00 m (dois mil cento e noventa e oito metros); chegando-se ao Ponto P 18 de coordenadas geogrficas Longitude 674249,1 WGr, Latitude 100431,6 S, situado margem esquerda do Riozinho do Rla deste segue descendo ( jusante) o Riozinho do Rla numa extenso aproximada de 1.400,00 m (um mil e quatrocentos metros) at o ponto P 19 de coordenadas geogrficas, Longitude 675304,8 WGr e Latitude 100403,2 S situado margem esquerda do Riozinho do Rla; da segue com o azimute plano de 3440714,9 e distncia aproximada de 2.140,00 m (dois mil e cento e quarenta metros) chegando-se ao Ponto P 20 de coordenadas geogrficas, Longitude 675323,3 WGr e Latitude 100257,6 S; da segue com o azimute plano de 463632,317,4 e distncia aproximada de 1.024,00 m (um mil e vinte e quatro metros) chegando-se ao Ponto P 21 de coordenadas geogrficas, Longitude 6752'59,9'' WGr e Latitude 1002'33,3'' S, localizado no lado esquerdo do rio Acre a uma distncia equidistante de quinhentos metros de sua margem esquerda; da segue com o azimute plano de 3422647,2 e distncia aproximada de 1.632,00 m (um mil, seiscentos e trinta e dois metros) chegando-se ao Ponto P 22 de coordenadas geogrficas, Longitude 6753,16,3'' WGr e Latitude 1001'42,7'' S, situado no lado esquerdo do rio Acre; da segue com o azimute plano de 281331,4 e distncia aproximada de 861,00 m (oitocentos e sessenta e um metros) chegando-se ao Ponto P 23 de coordenadas geogrficas, Longitude 6753'02,3'' WGr e Latitude 1001'18,8'' S; da seque com azimute plano de 815609,3 e distncia aproximada de 597,00 m (quinhentos e noventa e sete metros) chegando-se ao Ponto P 24 de coordenadas geogrficas, Longitude 6752'43,5'' WGr e Latitude 1001'15,2'' S; da seque com o azimute plano de 1354824,9 e distncia aproximada de 797,00 m (setecentos e noventa e sete metros) chegando-se ao Ponto P 25 de coordenadas geogrficas, Longitude 6752'25,2'' WGr e Latitude 1001'33,7'' S, localizado no ramal do Joca que d acesso a estrada AC-90 numa extenso de 1.550,00 m (um mil quinhentos e cinquenta metros) at o ponto P 26 de coordenadas geogrficas, Longitude 6751'51,1 WGr e Latitude 1000'43,7'' S; da segue com o azimute plano de 705538,2 e distncia aproximada de 1.803,00 m (um mil 18

oitocentos e trs metros) chegando-se ao Ponto P 27 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'55,2'' WGr e Latitude 1000'24,3'' S, localizado margem direita da estrada AC-90 com o entroncamento do Anel Virio de Rio Branco com a terceira ponte sobre o rio Acre; da segue com o azimute plano de 783133,9 e distncia aproximada de 986,00 m (novecentos e oitenta e seis metros) chegando-se ao Ponto P 28 de coordenadas geogrficas, Longitude 6750'23,5'' WGr e Latitude 1000'17,8'' S, localizado nas proximidades da Estao de Tratamento de gua ETA II no final do Bairro da Sobral, da seque com o azimute plano de 1413706,2 e distncia aproximadamente de 788,00 m (setecentos e oitenta e oito metros) chegando-se at o ponto P 01 inicial da descrio do permetro.

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Figura 1 Localizao da APA Lago do Amap.

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1.3. ACESSO O acesso ao municpio de Rio Branco por via terrestre d-se pela BR-364 que liga a capital do Acre ao estado de Rondnia e a partir desta s demais capitais brasileiras. Mais recentemente se concluiu a construo da rodovia Transocenica que liga o estado do Acre, atravs do Peru, aos portos do Pacfico. O acesso via areo d-se pelo Aeroporto Internacional de Rio Branco, atendido pelas companhias Gol, TAM e Trip linhas reas, com vos noturno e diurno diariamente, esta ltima com vo para Rio Branco apenas aos sbados. O acesso APA Lago do Amap se d tanto pela malha viria urbana da cidade de Rio Branco quanto pelo rio Acre e Riozinho do Rla. Pode-se chegar a rea da unidade de conservao Lago do Amap tanto por estrada quanto pelo Rio. Atualmente a principal via de acesso a Via Verde, cuja parte do traado se encontra dentro da APA, em conjunto com a Estrada do Amap com asfaltamento at aproximadamente o quilmetro 05. Dentro da APA existem 06 ramais principais, por onde se chega seguindo a Estrada do Amap: ramal do Gurgel, ramal do Lago, ramal do Riozinho, ramal do Rdo, ramal Santa Helena e ramal da Lpide. 1.4. HISTRICO DE CRIAO DA APA Para a descrio do histrico de criao da APA lago do Amap foi utilizado como documento base a Pea de Criao da APA (SEMA, 2005). A idia de criao a APA Lago do Amap, teve incio em 2004 com o movimento da comunidade local, atravs da Associao dos Moradores e Produtores da Estrada do Amap (AMPREA), para proteger a diversidade biolgica do lago do Amap. A partir de ento, o poder pblico e a Associao Vertente foram convidados a participar das discusses para estabelecer normas relativas a conservao do lago do Amap. A primeira reunio para discutir a proteo do lago do Amap contou com a participao das seguintes Instituies: Vertente, IMAC, IBAMA entre outras. O resultado disto foi elaborao de uma portaria proibindo a pesca no Lago. Na segunda reunio, com a participao de vrios rgos ambientais, moradores e Associao Vertente, foi estabelecido o cronograma de fiscalizao da pesca e desmatamento e a realizao do abrao do Lago. O abrao simblico do lago do Amap foi realizado no dia 30 de janeiro de 2005 e representou um marco para a proteo do Lago. A partir de ento a comunidade comeou a se manifestar sobre a criao da APA, considerando esta categoria de manejo a que melhor se adequaria a realidade local, considerando que dentro dos limites desta Unidade possvel definir outros meios de conservao e de preservao.21

Durante o processo de discusso, ficou claro que no bastaria apenas proteger o Lago e seu entorno, e que a rea proposta para a criao de uma Unidade de Conservao deveria ser ampliada para melhor auxiliar no uso da terra no seringal Amap, em razo dos problemas gerados com a criao indiscriminada de loteamentos e a provvel implementao de novos estabelecimentos comerciais, fatos decorrentes das mudanas estabelecidas devido a valorizao desta regio ocasionada pela construo do anel virio. Apos a deciso pela criao da Unidade de Conservao, a Associao dos Moradores e Produtores da Estrada do Amap (AMPREA) elaborou um conjunto de documentos, no qual informava esta deciso aos rgos ambientais, acompanhado por: abaixo-assinado da comunidade, histrico resumido da discusso realizada e das atas das reunies da AMPREA. A partir da, foi formado um grupo de trabalho - GT (Portaria n 155 de 22 de agosto de 2005), com o objetivo de elaborar a Pea de Criao da Unidade de Conservao. O GT foi composto pelos seguintes rgos e organizaes: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais/Instituto de Meio Ambiente do Acre SEMA/IMAC, Associao Vertente, IBAMA, Fundao Elias Mansour (FEM), SEMEIA, Secretaria Estadual de Obras Pblicas (SEOP), Secretaria de Estado de Floresta (SEF), Instituto de Terras do Acre (ITERACRE), Procuradoria Geral do Estado (PGE) e AMPREA. 1.5. QUADRO SOCIOAMBIENTAL O Relatrio Final do Quadro Socioambiental, responsvel pela informao diagnstica desta fase de elaborao do Plano de Gesto encontra-se na sua ntegra relacionado como o Anexo 1 deste Documento Sntese do Planejamento. O Quadro Socioambiental em anexo contm a caracterizao do espao macrorregional, rea de influncia da APA, contexto socioeconmico e ambiental da APA e seu entorno baseado, principalmente, em informaes secundrias, alm das informaes primrias (estudo socioeconmico da APA) gerados no mbito deste processo de elaborao do Plano de Gesto. A seguir apresentada a Anlise Situacional da APA Lago do Amap, considerando as informaes obtidas durante os levantamentos de campo, aquelas coligidas durante a Oficina para o Diagnstico e da Oficina de Planejamento Participativo (OPP). Estes dois elementos diagnsticos formam a base para as tomadas de decises que devero compor as diretrizes e orientaes para esta fase de planejamento. 1.6. INSTRUMENTOS LEGAIS FEDERAIS APLICVEIS AO PROCESSO DE GESTO 1.6.1. rea de Proteo Ambiental - Conceito reas de Proteo Ambiental so reas que se destacam por seu relevante interesse pblico e, portanto, o Poder Executivo declara que devam ser protegidas. A finalidade de declarar uma rea como sendo de proteo ambiental assegurar o bem-estar das populaes humanas e conservar ou melhorar as condies ecolgicas do local.22

Assim o que dispe o artigo 8 da Lei n 6.902/81, a saber:O Poder Executivo, quando houver relevante interesse pblico, poder declarar determinadas reas do Territrio Nacional como de interesse para a proteo ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populaes humanas e conservar ou melhorar as condies ecolgicas locais (BRASIL, 1981).

Dentro dessas reas de proteo ambiental, existem algumas limitaes ao exerccio do direito de propriedade. Estes limites esto sempre previstos na legislao, ou conforme o caso, no plano de gesto. Para melhor atendimento do que dispe a Constituio da Repblica em seu artigo 225 e a melhor efetividade da proteo ambiental, foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC) .Nele apresentada a categoria as reas de Proteo Ambiental APA. As reas de proteo ambiental esto elencadas como unidades de uso sustentvel (artigo 14, I, Lei n 9.985/00), e tm como conceito previsto no artigo 15:A rea de proteo ambiental uma rea em geral extensa, com um certo grau de ocupao humana, dotada de atributos abiticos, biticos, estticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populaes humanas, e tem como objetivos bsicos proteger a diversidade biolgica, disciplinar o processo de ocupao e assegurar a sustentabilidade do usos dos recursos naturais (BRASIL, 2000).

Basicamente as reas de proteo ambiental so criadas para que as populaes humanas usem essas reas de forma sustentvel, ou seja, usem em harmonia com a natureza. Finalidade da APA Uso Sustentvel Como j dito anteriormente, a APA tem como finalidade integrar as comunidades locais com a natureza, ou seja, promover naquela rea de proteo ambiental, o uso sustentvel do ambiente, sendo vantajoso para os dois lados: comunidade e natureza. Sendo assim, as comunidades que vivem dentro de uma APA, precisam adaptar-se de forma a no infringir as leis e os mandamentos ambientais, e para isto existe o plano de gesto. Ele deve ser elaborado em at cinco anos depois da criao de uma UC e dentre outras questes, impe alguns limites e refora os limites existentes na legislao. A criao de uma APA no impede o exerccio de atividades econmicas. O Poder Pblico exige to somente que as atividades sejam compatveis com o plano de gesto e executadas sustentavelmente. Vale lembrar, no entanto, que o plano de gesto pode impor severas restries de uso em determinados locais e que h necessidade de respeito a demais normas legais em vigor, por exemplo, o Cdigo Florestal. Legislao Ambiental Especfica Conforme o anexo do Decreto n 1.438/95, o embasamento legal para a instituio de uma APA est previsto na Constituio Federal, artigo 225, III. Na legislao ordinria, a criao de espaos territoriais especialmente protegidos pelo Poder Pblico, e respectivo zoneamento ambiental, so instrumentos da Poltica Nacional do Meio Ambiente, conforme dispe a Lei n 6.938/81, especificamente em seu artigo 9, incisos II e VI.

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No caso especfico de criao de APA, a possibilidade jurdica encontra-se estabelecida na Lei Federal n 6.902/81. O zoneamento ambiental/econmico da APA est disciplinado e detalhado na Resoluo do Conama n 10/88. bom frisar que as atividades que utilizam recursos naturais (salvo excees previstas na Lei n 11.428/06) e que so efetivas, ou potencialmente poluidoras, ou capazes de causar degradao ambiental incidentes no permetro abrangido pela APA, devero ser previamente autorizadas pelo rgo ambiental estadual, no caso, o IMAC, na forma dos artigos 9, III e IV e 10, ambos da Lei n 6.938/81, bem como, artigos 17 e 19 do Decreto Federal n 99.274/90. Por ltimo, esclarea-se que a APA Lago do Amap est registrada junto ao Cadastro Estadual de Unidades de Conservao, consequentemente, o municpio incidente sobre a APA ser beneficiado com o ICMS Verde.

1.6.2. Aspectos da Legislao Temtica Propriedade e Posse Propriedade um direito resguardado pela Constituio da Repblica em seu artigo 5, XXII, que diz que assegurado o direito de propriedade a todos. Tem a propriedade aquele que tem o direito de exercer todos os direitos inerentes a ela, qual seja usar, gozar, dispor e reivindicar (artigo 1.228 da Lei n 10.406/02, Cdigo Civil Brasileiro). Tem a propriedade do imvel aquele que detm a matrcula ou transcrio registrada em cartrio de registro de imveis, sendo, portanto, o titular do domnio daquele imvel, caso contrrio, ter apenas a posse. Assim, nem todo titular de domnio de um imvel, necessariamente, exerce a posse sobre ele, posto que a posse pressupe a ocupao e uso do imvel. Por outro lado, nem sempre o posseiro detm o domnio sobre o imvel, pois que este pressupe a documentao definitiva. A posse deve ser exercida com o nimo de proprietrio, de forma contnua e incontestada, no podendo tambm ser clandestina, violenta ou precria, podendo ser objeto de sucesso por ato inter vivos ou causa mortis. Desde longa data a legislao brasileira vem consolidando o instituto de legitimao de posse. Com o passar dos anos acentuou-se a tendncia de se proteger a posse que se traduz em trabalho criador. A partir de ento, a noo posse-trabalho assume papel de relevo na legislao de terras. Segundo a professora titular de direito civil da PUC-SP, Maria Helena Diniz, o legislador permite que uma determinada situao de fato, aps intervalo de tempo previsto em lei, se transforme em uma situao jurdica, atribuindo-se assim juridicidade a situaes fticas. Segundo a jurista A posse o fato objetivo, e o tempo, a fora que opera a transformao do fato em direito... o fundamento desse instituto garantir a estabilidade e segurana da propriedade, fixando um prazo, alm do qual no se podem mais levantar dvidas ou contestaes a respeito e sanar a ausncia de ttulo do possuidor, bem como os vcios intrnsecos do ttulo que esse mesmo possuidor, porventura, tiver" (Diniz, 2002, apud Gonalves, 2003).

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A propriedade teve sua primeira conceituao na Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, adotada na Frana, em 1789 e era considerada um direito inviolvel e sagrado. Stefaniak (2004) observa que a sacralizao da propriedade se justificava porque atendia conjuntura da poca, em que a burguesia se afirmava como classe que chegava ao poder, marcando o fim da Idade Mdia. Com o advento da era industrial, o constante conflito da propriedade privada com o trabalho culminou com o nascimento de movimentos que questionaram a necessidade de existncia da propriedade privada. Para alguns pensadores, a propriedade privada s se justificaria se proporcionasse o bem estar social. Introduziu-se, ento, o princpio da funo social da propriedade e procurou-se evitar um aprofundamento daquela crise. Segundo Comparato (1999, apud Stefaniak, 2004), a Constituio de Weimar, de 1919, reconheceu pioneiramente os deveres fundamentais ligados propriedade: "A propriedade obriga. Seu uso deve ser igual a um servio ao bem comum." A funo social da propriedade rural est prevista na Constituio Federal em seu artigo 186, a saber: A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente; III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho; IV explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores (Brasil, 1988). A Lei n 8.629/93 que traz a regulamentao da reforma agrria e alguns requisitos da funo social, a saber: 1 Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de utilizao da terra e de eficincia na explorao especificados nos 1 a 7 do art. 6 desta lei. 2 Considera-se adequada a utilizao dos recursos naturais disponveis quando a explorao se faz respeitando a vocao natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade. 3 Considera-se preservao do meio ambiente a manuteno das caractersticas prprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada manuteno do equilbrio ecolgico da propriedade e da sade e qualidade de vida das comunidades vizinhas. 4 A observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho implica tanto o respeito s leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como s disposies que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais. 5 A explorao que favorece o bem-estar dos proprietrios e trabalhadores rurais a que objetiva o atendimento das necessidades bsicas dos que25

trabalham a terra, observa as normas de segurana do trabalho e no provoca conflitos e tenses sociais no imvel. (Brasil, 1993) E no caso especfico, alm desses requisitos legais, a propriedade deve tambm estar em consonncia com as normas e o zoneamento estabelecidos no plano de manejo e, eventualmente, em planos diretores ou zoneamentos dos municpios, alm de observar seus contedos. As propriedades rurais s cumpriro com a sua funo social se adequarem-se a todos estes requisitos de forma simultnea. J as propriedades urbanas tambm tm a sua funo social, a qual est elencada no artigo 182, 2 da Lei n 8.629/93, a saber: A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. 2 - A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor (Brasil, 1993). Neste contexto, tambm o Estatuto das Cidades, Lei n 10.257, de 10/07/2001, estabelece: Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidados quanto qualidade de vida, justia social e ao desenvolvimento das atividades econmicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2 desta Lei. (Brasil, 2001) Dessa forma, quem vai determinar se uma propriedade urbana cumpre ou no sua funo social o plano diretor do municpio. Assim cada municpio estabelece o seu plano diretor e as premissas para o atendimento funo social, no entanto, o municpio que estiver dentro de uma APA, ou mesmo fazer fronteira com ela, dever observar seu plano de manejo para estabelecer o seu plano diretor, caso ainda no o tenha. Caso o municpio j tenha seu plano diretor, necessrio que o plano de manejo e o plano diretor sejam harmoniosos. Latifndio versus Minifndio A Lei n 4.504/64 em seu artigo 4 traz as definies de imvel rural, propriedade familiar, mdulo rural, minifndio e latifndio, a saber: I - "Imvel Rural", o prdio rstico, de rea contnua qualquer que seja a sua localizao que se destina explorao extrativa agrcola, pecuria ou agroindustrial, quer atravs de planos pblicos de valorizao, quer atravs de iniciativa privada; II - "Propriedade Familiar", o imvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua famlia, lhes absorva toda a fora de trabalho, garantindolhes a subsistncia e o progresso social e econmico, com rea mxima fixada para cada regio e tipo de explorao, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;26

III - "Mdulo Rural", a rea fixada nos termos do inciso anterior; IV - "Minifndio", o imvel rural de rea e possibilidades inferiores s da propriedade familiar; V - "Latifndio", o imvel rural que: a) exceda a dimenso mxima fixada na forma do artigo 46, 1 alnea b, desta Lei, tendo-se em vista as condies , ecolgicas, sistemas agrcolas regionais e o fim a que se destine; b) no excedendo o limite referido na alnea anterior, e tendo rea igual ou superior dimenso do mdulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relao s possibilidades fsicas, econmicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a incluso no conceito de empresa rural; (...) Pargrafo nico. No se considera latifndio: a) o imvel rural, qualquer que seja a sua dimenso, cujas caractersticas recomendem, sob o ponto de vista tcnico e econmico, a explorao florestal racionalmente realizada, mediante planejamento adequado; b) o imvel rural, ainda que de domnio particular, cujo objeto de preservao florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo rgo competente da administrao pblica (Brasil, 1964). J a Lei n 8.629/93 traz os conceitos e os tamanhos das pequenas e mdias propriedades, a saber: Art. 4 Para os efeitos desta lei, conceituam-se: I - Imvel Rural - o prdio rstico de rea contnua, qualquer que seja a sua localizao, que se destine ou possa se destinar explorao agrcola, pecuria, extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial; II Pequena Propriedade - o imvel rural: a) de rea compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) mdulos fiscais; III - Mdia Propriedade - o imvel rural: a) de rea superior a 4 (quatro) e at 15 (quinze) mdulos fiscais; Pargrafo nico. So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria a pequena e a mdia propriedade rural, desde que o seu proprietrio no possua outra propriedade rural (Brasil, 1993). Os minifndios, como aponta o Estatuto da Terra, so reas menores que as pequenas propriedades, no absorvem todo o trabalho da famlia. Muitas vezes so insuficientes para a subsistncia e no permitem o progresso social e econmico. Por isso, da mesma forma que as pequenas e mdias propriedades, os minifndios no podero ser desapropriados para o fim da reforma agrria. Os mdulos fiscais de que trata a Lei n 8.629/93 tm finalidades tributrias, servindo de referncia ao clculo do Imposto Territorial Rural ITR, conforme o que determina o Decreto n 84.685, de 06 de maio de 1980. Art 4 - O mdulo fiscal de cada Municpio, expresso em hectares, ser fixado pelo INCRA, atravs de Instruo Especial, levando-se em conta os seguintes fatores: a) o tipo de explorao predominante no Municpio: I hortifrutigranjeira; II - cultura permanente; III - cultura temporria; IV - pecuria;27

V - florestal; b) a renda obtida no tipo de explorao predominante; c) outras exploraes existentes no Municpio que, embora no predominantes, sejam expressivas em funo da renda ou da rea utilizada; d) o conceito de "propriedade familiar" constante do art. 4, item II, da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964. 1 - Na determinao do mdulo fiscal de cada Municpio, o INCRA aplicar metodologia, aprovada pelo Ministrio da Agricultura, que considere os fatores estabelecidos neste artigo, utilizando-se dos dados constantes do Sistema Nacional de Cadastro Rural. 2 - O mdulo fiscal fixado na forma deste artigo, ser revisto sempre que ocorrerem mudanas na estrutura produtiva, utilizando-se os dados atualizados do Sistema Nacional de Cadastro Rural. Urbanizao e Parcelamento do Solo De acordo com o artigo 8 da Resoluo Conama n 10/88, nenhum projeto de urbanizao poder ser implantado em uma APA sem a autorizao prvia de sua entidade administradora que dever exigir: a) Adequao com o zoneamento ecolgico-econmico da rea; b) Implantao de sistema de coleta e tratamento de esgotos; c) Sistema de vias pblicas sempre que possvel e curvas de nvel e rampas suaves com galerias de guas pluviais; d) lotes de tamanho mnimo suficiente para o plantio de rvores em pelo menos 20% da rea do terreno; e) Programao de plantio de reas verdes com uso de espcies nativas; f) Traado de ruas e lotes comercializveis com respeito topografia com inclinao inferior a 10% (Brasil, 1988). J os loteamentos rurais devero ser aprovados previamente pelo INCRA e pela entidade administradora, de acordo com a mesma resoluo. O pargrafo nico do artigo 9 da Resoluo Conama n 10/88 define: a entidade administradora da APA poder exigir que a rea que seria destinada, em cada lote, reserva legal para a defesa da floresta nativa e reas naturais, fique concentrada num s lugar, sob a forma de condomnio formado pelos proprietrios dos lotes. Agrotxico A Lei n 7.802/89 dispe, entre outros temas, sobre a utilizao, o destino final dos resduos e embalagens, a classificao, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos. O Decreto n 4.074/02 regulamenta essa Lei. Para disciplinar a destinao final de embalagens vazias de agrotxicos, em funo dos riscos sade das pessoas e contaminao do ambiente, implicados na sua correta destinao, foi criada a Lei n 9.974/00. A lei de crimes ambientais, Lei n 9.605/98, em seu artigo 54, pressupe multas e em alguns casos pena de recluso, pelas responsabilidades previstas por:28

... causar poluio de qualquer natureza em nveis tais que resultem ou possam resultar em danos sade humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruio significativa da flora (Brasil, 1998). Em seu artigo 56, por: ... produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depsito ou usar produto ou substncia txica, perigosa ou nociva sade humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigncias estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos (Brasil, 1998). Queimadas Com relao prtica de queimadas, o Decreto n 6.686/08 dispe, em seu artigo 16: Art. 16. No caso de reas irregularmente desmatadas ou queimadas, o agente autuante embargar quaisquer obras ou atividades nelas localizadas ou desenvolvidas, excetuando as atividades de subsistncia. 1 O agente autuante dever colher todas as provas possveis de autoria e materialidade, bem como da extenso do dano, apoiando-se em documentos, fotos e dados de localizao, incluindo as coordenadas geogrficas da rea embargada, que devero constar do respectivo auto de infrao para posterior georreferenciamento. 2 No se aplicar a penalidade de embargo de obra ou atividade, ou de rea, nos casos em que a infrao de que trata o caput se der fora da rea de preservao permanente ou reserva legal, salvo quando se tratar de desmatamento no autorizado de mata nativa. De acordo com o artigo 5 da Lei n 11.428/06, nos casos de incndio a vegetao primria ou secundria em qualquer estgio de regenerao no perdero esta classificao (Brasil, 2006). Reserva Legal A reserva legal definida no Cdigo Florestal Brasileiro, Lei n 4.771/65, como: [...] rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, que no seja a de preservao permanente, necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo de fauna e flora nativas (Brasil, 1965). O percentual do imvel a ser conservado varia de acordo com o bioma abrangido. No estado do Acre, a reserva legal corresponde a 80% da cobertura nos termos do artigo 16 do Cdigo Florestal. Esse mesmo artigo, nos pargrafos 2, 3 e 4, define quais possibilidades de manejo florestal e localizao da reserva legal: 2 A vegetao da reserva legal no pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentvel, de acordo com princpios e critrios tcnicos e cientficos estabelecidos no regulamento,29

ressalvadas as hipteses previstas no 3 deste artigo, sem prejuzo das demais legislaes especficas. 3 Para cumprimento da manuteno ou compensao da rea de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de rvores frutferas ornamentais ou industriais, compostos por espcies exticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consrcio com espcies nativas. 4 A localizao da reserva legal deve ser aprovada pelo rgo ambiental estadual competente ou, mediante convnio, pelo rgo ambiental municipal ou outra instituio devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovao, a funo social da propriedade, e os seguintes critrios e instrumentos, quando houver: I - o plano de bacia hidrogrfica; II - o plano diretor municipal; III - o zoneamento ecolgico-econmico; IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e V - a proximidade com outra Reserva Legal, rea de Preservao Permanente, UC ou outra rea legalmente protegida (Brasil, 1965). admitido o: cmputo das reas relativas vegetao nativa existente em rea de preservao permanente no clculo do percentual de reserva legal, desde que no implique em converso de novas reas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetao nativa em rea de preservao permanente e reserva legal exceder a vinte e cinco por cento da pequena propriedade ou posse rural ou 50%, no caso das demais propriedades, como consta no artigo 16, pargrafo 6 , inciso III, Lei n 4.771/65. O artigo 16 do Cdigo Florestal prev ainda que: 9 A averbao da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar gratuita, devendo o Poder Pblico prestar apoio tcnico e jurdico, quando necessrio. 10. Na posse, a reserva legal assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o rgo ambiental estadual ou federal competente, com fora de ttulo executivo e contendo, no mnimo, a localizao da reserva legal, as suas caractersticas ecolgicas bsicas e a proibio de supresso de sua vegetao, aplicando-se, no que couber, as mesmas disposies previstas neste Cdigo para a propriedade rural. 11. Poder ser instituda reserva legal em regime de condomnio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relao a cada imvel, mediante a aprovao do rgo ambiental estadual competente e as devidas averbaes referentes a todos os imveis envolvidos (Brasil, 1965). O artigo 17 do Cdigo Florestal prev a formao de condomnios de reserva legal nos loteamentos de propriedades rurais.

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Desde 2008, o artigo 55 do Decreto n 6.514/08 estabelece multa para quem deixar de averbar a reserva legal das propriedades rurais. rea de Preservao Permanente De acordo com a Lei n 4.771/65, as APPs so reas protegidas: cobertas ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas (Brasil, 1965). So consideradas de preservao permanente: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima seja: 1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'gua de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'gua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3) de 100 (cem) metros para os cursos d'gua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'gua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'gua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive; [...] h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetao. Pargrafo nico. No caso de reas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos permetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, em todo o territrio abrangido, observar-se- o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios e limites a que se refere este artigo (Brasil, 1989). No tocando as APPs devem ser observadas ainda as Resolues Conama n 302/02, n 303/02 e n 369/06. Terraplanagem, Minerao, Dragagem e Escavao A Resoluo Conama n 10/88, no seu artigo 6 define que

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no so permitidas nas APAs as atividades de terraplanagem, minerao, dragagem e escavao que venham a causar danos ou degradao do meio ambiente e/ou perigo para pessoas ou para a biota. O pargrafo nico do referido artigo determina que num raio mnimo de 1.000 (mil) metros no entorno de cavernas, corredeiras, cachoeiras, monumentos naturais, testemunhos geolgicos e outras situaes semelhantes as atividades citadas acima dependero de prvia aprovao de estudos de impacto ambiental e de licenciamento especial, pela entidade administradora da APA (Brasil, 1998). O Decreto Federal n 99.274/90, artigo 35, inciso I prev ainda multas proporcionais degradao ambiental causada com a abertura de canais ou obras de terraplanagem, com movimentao de areia, terra ou material rochoso, em volume superior a 100m, sem licena do rgo de controle ambiental (Brasil, 1990). Uso do Solo na rea Circundante s APAs Conforme o artigo 25 do SNUC, as APAs no possuem zona de amortecimento. No entanto, a Resoluo n 13/90 do Conama no seu artigo 2 estabelece que num raio de dez quilmetros nas reas circundantes das UCs qualquer atividade que possa afetar a biota, dever ser obrigatoriamente licenciada pelo rgo ambiental competente (Brasil, 1990). Essas atividades sero definidas pelo rgo responsvel por cada UC, juntamente com os rgos licenciadores e de meio ambiente. O licenciamento s ser concedido mediante autorizao do responsvel pela administrao da unidade de conservao (Brasil, 1990). Recursos Hdricos A Lei Federal n 9.433/97, que institui a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, no seu artigo 49 determina que se constituem em infraes das normas de utilizao de recursos hdricos superficiais ou subterrneos: I - derivar ou utilizar recursos hdricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; II - iniciar a implantao ou implantar empreendimento relacionado com a derivao ou a utilizao de recursos hdricos, superficiais ou subterrneos, que implique alteraes no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorizao dos rgos ou entidades competentes; IV - utilizar-se dos recursos hdricos ou executar obras ou servios relacionados com os mesmos em desacordo com as condies estabelecidas na outorga; V - perfurar poos para extrao de gua subterrnea ou oper-los sem a devida autorizao; VI - fraudar as medies dos volumes de gua utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instrues e procedimentos fixados pelos rgos ou entidades competentes; VIII - obstar ou dificultar a ao fiscalizadora das autoridades competentes no exerccio de suas funes (Brasil, 1997).32

J o artigo 50 da mesma Lei determina as penalidades para infraes referentes execuo de obras e servios hidrulicos, derivao ou utilizao de recursos hdricos de domnio ou administrao da Unio, ou pelo no atendimento das solicitaes feitas, o infrator, a critrio da autoridade competente (Brasil, 1997). Segundo o disposto no artigo 34 do Decreto n 99.274/90: Sero impostas multas dirias de 61,70 a 6.170 Bnus do Tesouro NacionalBTN proporcionalmente degradao ambiental causada, nas seguintes infraes: I - contribuir para que o corpo d'gua fique em categoria de qualidade inferior prevista na classificao oficial; [...] III - emitir ou despejar efluentes ou resduos slidos, lquidos ou gasosos causadores de degradao ambiental em desacordo com o estabelecimento em resoluo ou licena especial; [...] V - causar poluio hdrica que torne necessria a interrupo do abastecimento pblico de gua de uma comunidade; [...] VIII - causar degradao ambiental mediante assoreamento de colees d'gua ou eroso acelerada, nas Unidades de Conservao; IX - desrespeitar interdies de uso, de passagens e outras estabelecidas administrativamente para a proteo contra a degradao ambiental (Brasil, 1990). Deve ainda ser observada a Resoluo do Conama n 357/05 que dispe sobre a classificao e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos d'gua superficiais. Agricultura e Silvicultura Esto previstas nos zoneamentos das APAs, zonas de uso agropecurio sendo proibido o uso ... de agrotxicos e outros biocidas que ofeream riscos srios na sua utilizao, inclusive no que se refere ao seu poder residual. de acordo com a Resoluo Conama n 10/88, artigo 5, 1. Assim como o cultivo da terra ser feito de acordo com as prticas de conservao do solo recomendadas pelos rgos oficiais de extenso agrcola como previsto na Resoluo Conama n 10/88, artigo 5, 2. Extrao de Madeira Nas propriedades ou posses das populaes tradicionais ou de pequenos produtores rurais, a explorao eventual, sem propsito comercial direto ou indireto, de espcies da flora nativa, para consumo, independe de autorizao dos rgos competentes. No entanto, a regulamentao estadual deve ser observada. Estes ltimos devero assistir as populaes tradicionais e os pequenos produtores no manejo e explorao sustentveis das espcies da flora nativa como previsto no artigo 9, pargrafo nico da Lei n 11.428/06. Criao de gado Esto previstas nos zoneamentos das APAs, zonas de uso agropecurio e nelas os usos ou prticas capazes de causar sensvel degradao do meio ambiente sero proibidos ou regulados. Semdp proibido ainda, o pastoreio excessivo, ou seja, aquele capaz de acelerar33

sensivelmente os processos erosivos como previsto no artigo 5, 3 da Resoluo do Conama n 10/88. 1.6.3. Plano de Gesto versus Plano Diretor O plano diretor obrigatrio para as cidades com mais de vinte mil habitantes, ou integrantes de regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, ou onde o Poder Pblico municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no 4 do art. 182 da Constituio Federal, ou integrantes de reas de especial interesse turstico, ou inseridas na rea de influncia de empreendimentos, ou atividades com significativo impacto ambiental de mbito regional ou nacional, como conceitua a Constituio Federal em seu artigo 182, 1, o instrumento bsico de poltica de desenvolvimento e de expanso urbana (Brasil, 1988). Segundo Machado o plano diretor: um conjunto de normas obrigatrias, elaboradas por lei municipal especfica, integrando o processo de planejamento municipal, que regula as atividades e os empreendimentos do prprio Poder Pblico Municipal e das pessoas fsicas ou jurdicas, de Direito Provado ou Pblico, a serem levados a efeito no territrio municipal (Machado, 2007). O Estatuto das Cidades (Lei n 10.257/2001) dispe: Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, o instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e expanso urbana. 1 O plano diretor parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes oramentrias e o oramento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. 2 O plano diretor dever englobar o territrio do Municpio como um todo. 3 A lei que instituir o plano diretor dever ser revista, pelo menos, a cada dez anos. 4 No processo de elaborao do plano diretor e na fiscalizao de sua implementao, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantiro: I a promoo de audincias pblicas e debates com a participao da populao e de associaes representativas dos vrios segmentos da comunidade; II a publicidade quanto aos documentos e informaes produzidos; III o acesso de qualquer interessado aos documentos e informaes produzidos. Dessa forma, o plano diretor aprovado pela Cmara Municipal. por meio deste plano que o municpio vai determinar como se dar sua expanso, seu zoneamento, enfim, uma srie de critrios para que ocorra um desenvolvimento adequado. O plano de gesto, por sua vez: um documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas e necessrias gesto da unidade (Brasil, 2000).34

O plano de gesto que vai determinar as normas de utilizao de uma UC. Ele est vinculado Constituio Federal e Lei n 9.985/00 e tem seus objetivos gerais e especficos. Quando um municpio que se encontre dentro de um UC no tiver seu plano diretor, na sua elaborao dever ser observado o plano de manejo da unidade conservao. Quando j existe um plano diretor, o plano de gesto dever observ-lo para que tambm no entre em dissonncia. No entanto, se o plano diretor prev alguma ao incompatvel com a UC, imprescindvel que, quando o municpio fizer a reviso do seu plano diretor, observe o plano de gesto da UC o qual est inserido. 1.6.4. Crimes Ambientais e Sanes As sanes penais e administrativas resultantes de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente so orientadas pela Lei n 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, regulamentada pelo Decreto n 6.514/08 (substituiu o Decreto n 3.179/99). A Lei de Crimes Ambientais dirigida a: Art. 2 Quem, de qualquer forma, concorre para a prtica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de rgo tcnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prtica, quando podia agir para evit-la. Art. 3 As pessoas jurdicas sero responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infrao seja cometida por deciso de seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio da sua entidade. Pargrafo nico. A responsabilidade das pessoas jurdicas no exclui a das pessoas fsicas, autoras, co-autoras ou partcipes do mesmo fato. (Brasil, 1998). As infraes que atingem unidades de conservao agravam a pena, quando as circunstncias destas no constituem ou qualificam o crime (Brasil, 1998). No caso dos crimes praticados contra a fauna em UCs, a pena aumentada de metade da prevista no artigo 29 4, Lei n 9.605/98 - deteno de seis meses a um ano, e multa. J os danos causados direta ou indiretamente, relacionados flora, inclusive nas reas circundantes da UC de uso sustentvel, num raio de 10 km, a pena de recluso, de um a cinco anos (artigo 40) (Brasil, 1998). Para quem entrar em uma unidade de conservao conduzindo substncias ou instrumentos prprios para caa ou para explorao de produtos ou subprodutos florestais, sem licena da autoridade competente a pena prevista deteno, de seis meses a um ano, e multa (artigo 52) (Brasil, 1998). Os crimes ambientais graves so tratados com participao do Ministrio Pblico e da Justia, uma vez que o Decreto n 6.514/08, regulamenta a Lei de Crimes Ambientais apenas nos seus aspectos administrativos, para lavratura do auto de infrao e a defesa, e estabelece sanes e multas.35

1.7. INSTRUMENTOS LEGAIS ESTADUAIS APLICVEIS AO PROCESSO DE GESTO

Constituio do Estado do Acre A Constituio Estadual foi promulgada em 03 de outubro de 1989. A Seo IV prev a proteo do meio ambiente principalmente nos seus artigos 206 e 207, trazendo normas gerais e abstratas. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Tecnologia e o Conselho Estadual de Meio Ambiente, Cincia e Tecnologia Lei n 1.022 de 21 de janeiro de 1992 institui o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Tecnologia e o Conselho Estadual de Meio Ambiente, Cincia e Tecnologia. Dentre outras atribuies determinadas pelo artigo 4: estabelecimento de normas gerais relativas criao de unidades de conservao e preservao ambiental, bem como, as atividades que venham a ser desenvolvidas em suas reas circundantes; assim como, estabelecimento de critrios para a declarao de reas crticas, degradadas ou em vias de degradao, bem como, o seu uso, proteo e recuperao, conforme o caso. Lei da Poltica Ambiental do Estado do Acre Lei n 035 de 30 de dezembro de 1992 e alterado pela Lei Complementar n 07 de 26 de agosto de 1994. Estabelece normas gerais relativas criao de unidades de conservao e preservao ambiental, bem como, as atividades que venham a ser desenvolvidas em suas reas circundantes; assim como, estabelecimento de critrios para a declarao de reas crticas, degradadas ou em vias de degradao, bem como, o seu uso, proteo e recuperao, conforme o caso. Poltica Ambiental do Estado do Acre Lei n 1.117 de 26 de janeiro de 1994, dispe sobre a Poltica Ambiental do Estado do Acre, fixando objetivos, diretrizes e normas bsicas para a proteo, conservao e preservao do meio ambiente e recursos ambientais, como premissa da melhoria de qualidade de vida da populao. a principal norma infraconstitucional estadual de proteo ao meio ambiente. Categorias de Unidades de Conservao Resoluo CEMACT n 01, de 24 de maio de 1995, disciplina as categorias de Unidades de Conservao do estado do Acre. Lei de Recursos Genticos A Lei n 1.235 de 09 de julho de 1997 dispe sobre os instrumentos de controle do acesso aos recursos genticos do estado do Acre. Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas A Lei n 1.426, de 27 de dezembro de 2001 dispe sobre a preservao e conservao das florestas do Estado e instituiu o Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas.

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Lei da Poltica Estadual de Recursos Hdricos A Lei n. 1.500 de 15 de julho de 2003 institui a Poltica Estadual de Recursos Hdricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hdricos do Estado do Acre e dispe sobre infraes e penalidades aplicveis. Conselho Florestal Estadual e Fundo Florestal Decreto n 8.453 de 14 de agosto de 2003 estabelece a estrutura e composio do Conselho Florestal Estadual e Fundo Florestal. ICMS Verde Lei n 1.530 de 22 de janeiro de 2004, Institui o ICMS Verde, destinando cinco por cento da arrecadao deste tributo para os municpios com unidades de conservao ambiental. Zoneamento Ecolgico-Econmico Lei n 1.904 de 05 de junho de 2007, institui o Zoneamento Ecolgico-econmico do Estado do Acre. Incentivo Produo Florestal e Agroflorestal Familiar Lei n 2.024 de 20 de outubro de 2008, cria o Programa Estadual de Incentivo Produo Florestal e Agroflorestal Familiar. Certificao de Unidades Produtivas Familiares Lei n 2.025 de 20 de outubro de 2008 cria o Programa Estadual de Certificao de Unidades Produtivas Familiares do Estado.

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2. ANLISE SITUACIONAL2.1. SITUAO ATUAL DA POPULAO RESIDENTE NA APA Durante os estudos de campo foram identificados cerca de 190 unidades domsticas (UD), situadas dentro da APA e considerados como relevantes para este PG que agregavam (total do nmero informado nas entrevistas) 713 indivduos. Estas casas foram consideradas como relevantes por estarem dentro da UC e em seu entorno, no caso da famlia residir fora da APA, mas a utilizar como fonte de matrias-primas ou nela manter estabelecimento para gerao de renda ou lazer. A no correspondncia entre o nmero de unidades domsticas e o nmero de estabelecimentos deve-se aos seguintes fatores: Existncia de mais do estabelecimento; Existncia de estabelecimentos agropecurios sem unidades domsticas; Unidade domstica residente fora do estabelecimento. Apenas 14 UD (menos de 7% do total) so compostas por um indivduo, refletindo o fato de as UD serem formadas geralmente por membros de uma mesma famlia, nuclear ou estendida (marido, mulher e filhos; e outros parentes, consangneos ou no). A maior parte das UD composta por dois ou por trs membros, cerca de 39% regulando com o percentual representado pelas UD compostas por quatro ou cinco membros, cerca de 38% de toda a populao identificada. Os cerca de 12% restantes das UD so ocupadas por seis ou mais moradores. O grfico da Figura 2 apresenta o detalhamento da composio familiar dos moradores da APA. A grande maioria da populao entrevistada declarou ser moradora da APA (96%). que uma unidade domstica em um mesmo

Figura 2 Composio Familiar dos Moradores da APA Lago do Amap.

V-se pelo grfico da Figura 3 que a populao majoritariamente do sexo feminino (52%) contrapondo-se a 48% do sexo masculino, o que resulta em uma razo de sexo de aproximadamente 92 (92 homens para cada 100 mulheres).39

Figura 3 Composio por Gnero da Populao da APA

A composio por sexo e idade indica a presena de poucas crianas com at 9 anos de idade, proporcionalmente populao de outras faixas etrias (ver pirmide etria Figura 4), pequena participao de homens entre 20 e 45 anos quando comparado com as mulheres na mesma faixa etria. Ainda assim, pode-se afirmar que se trata de uma populao jovem, em idade de trabalhar: o ndice de Envelhecimento (pop 65+ / pop 0-14) de 0,23; a razo de dependncia (p 0-14 + p 65+ / p 15-64) de 0,67.1

Figura 4 Pirmide Etria da Populao da APA

Uma caracterstica interessante da populao da APA diz respeito ao estado civil de seus moradores. Cerca de 50% de seus moradores so solteiros e 36% casados, mostrando uma forte influncia propiciada pela proximidade do ambiente urbano, em contraposio a busca pela formao precoce de famlia, caracterstica de ambientes rurais. (Figura 5)

1 O ndice de Envelhecimento calculado pela diviso entre a populao com pelo menos 65 anos de idade e aquela com at 14 anos de idade. A razo de dependncia calculada pela soma da populao com at 14 anos com a populao com pelo menos 65 anos, dividido pela populao entre 15 e 64 anos de idade.

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Figura 5 Composio por Estado Civil da Populao da APA

A origem da grande maioria dos moradores da APA, cerca de 80% dos atuais moradores, do prprio estado do Acre, isso de certa forma mostra coerncia com o fato da APA ser constituda por uma populao caracteristicamente jovem, conforme pode ser observado no grfico da Figura 6. Seqencialmente, a contribuio de amazonenses (6%) e cearenses (2%) para a composio da populao seguida por contribuies de menor expresso (todas abaixo de 1%) como Paran, Rio Grande do Norte, Rondnia, Bahia, Braslia, etc.

Figura 6 Origem da Populao da APA

Digno de nota o equilbrio, demonstrado pelo grfico da Figura 7, entre as classes de tempo de residncia na APA pelos seus atuais moradores. Com classes de intervalo de cinco anos, podem ser considerados como antigos moradores (residentes h mais de 20 anos na rea da APA) cerca de 26% de seus atuais moradores. Juntamente com os antigos moradores, outros 40% da populao atual residem na APA desde perodos anteriores sua criao e, bem significativamente, 32% passaram a residir na APA aps a sua criao. Isso indica que o processo de ocupao da APA est em crescimento, parte devido perspectiva de valorizao da terra pela implantao da via verde e outras infraestruturas e41

servio, parte pelo crescimento natural de sua populao e parte, ainda, pela expanso do processo de urbanizao da cidade de Rio Branco.

Figura 7 Tempo de Residncia da Populao na APA

A grande maioria das UD exclusivamente residencial (98%) e somente cerca de 2% a utilizam para residncia e comrcio. Conforme pode ser observado no grfico da Figura 8a, 40% das construes das UD so de alvenaria, 44% de madeira e 13% mistas, para a regio Norte do Pas esta distribuio caracterstica de rea situada na regio perifrica de centros urbanos, onde a disponibilidade de matrias de construo de maior durabilidade maior. No existe rede de saneamento pblico e cerca de 31% das UD no possui esgotamento sanitrio, 44% tem seu esgotamento no sistema de fossa negra e 23% em fossa com filtro, e 2% dos entrevistados no informaram (Figura 8b). Ainda, referente ao tema de saneamento os entrevistados informaram que 57% do lixo gerado na APA coletado por servio pblico, ainda 33% so queimados e somente 1% passa por um processo de reciclagem conforme mostrado na Figura 8c. Quanto ao parmetro gua para abastecimento a maioria da populao utiliza-se de poos, onde 50% pelo sistema de poo Amazonas e 42% por meio de poos artesianos, preocupante o fato que 4% desta populao se abastece diretamente do rio Acre e 2% de olhos d'gua e nascentes (Figura 8d). Da gua consumida pela populao 83% recebe algum tipo de tratamento e 15% nenhum (Figura 8e).

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Figura 8 Padro de Habitao, Salubridade e Saneamento da Populao na APA; (a) Tipo de Construo; (b) Esgotamento Sanitrio; (c) Destino do Lixo; (d) Abastecimento de gua; (e) Tratamento da gua

(8a)

(8b)

(8c)

(8d)

(8e)

Outro indicador que avalia a qualidade de vida e integra o IDH, a educao, foi alvo de questionamento durante as entrevistas conduzidas durante os trabalhos de campo. Um ponto digno de nota a elevada porcentagem de omisso em responder (49%) quando perguntados se frequentavam atualmente a escola. Dos que responderam pergunta 32% declararam estudar atualmente e 19% no estudam. Dos moradores que estudam atualmente 52% o fazem dentro da APA e 42% fora. Em relao ao nvel de escolaridade bastante baixo o percentual de analfabetos, somente 2%, como pode ser verificado no grfico da Figura 9, entretanto o percentual dos que43

possuem somente o ensino funtamental o maior dentre as demais categorias mensionadas (49%). Os demais nveis assumiram os seguintes percentuais: ensino infantil 2%; ensino mdio 26%; universitrio - 6% e no informaram 14%.

Figura 9 Nveis de Escolaridade da Populao na APA

Em relao principal fonte de renda 46% dos entrevistados declararam ser assalariados, seguidos pela expressiva quantidade de aposentados (20%) e de autnomos (15%). Os 19% restantes se distribuem entre beneficirios, pensionistas e sem renda (Figura 10a). Dentre os moradores que produzem na APA, ou que tem a sua atividade principal na APA como fonte de renda ou subsistncia, 38% vendem a sua produo ou parte dela enquanto 60% produzem para consumo prprio (Figura 10b). Ainda em relao aos sistemas produtivos somente 15% dos produtores so cooperados ou associados enquanto 81% no contam com nenhuma organizao associativista (Figura 10c).

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Figura 10 Caracterizao do Sistema Produtivo da Populao da APA: (a) Fonte de Renda Familiar; (b) Comercializao da Produo; (c) Associatividade ou Cooperatividade.

(10a)

(10b)

(10c) A grande maioria dos moradores (46%) declarou no desenvolver nenhuma atividade produtiva na APA. Cerca de 22% dos moradores tem por atividade principal a agricultura, 19% a criao animal, 8% atividades domsticas e o restante (5%) divide-se entre o comrcio, piscicultura e prestao de servio (Figura 11).

Figura 11 Atividade Principal Declarada pela Populao na APA

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2.2. SITUAO ATUAL DO USO DA TERRA NA APA O grfico, representado na Figura 12, disposto abaixo apresenta o percentual da rea de cada classe de uso, obtido pela interpolao das informaes obtidas nas fontes supra mencionadas. Como classes dominantes temos as formaes florestais secundrias em estdio de sucesso avanada (44,19%), partindo do pressuposto que a vegetao natural distribuida na APA, em razo do gradiente de alterao apresentado, no pode ser considerada como primria ou pouco alterada. As classes seguintes de maior amplidude so representadas pelas formaes florestais secundrias em estdio de sucesso intermediria (13,91%) e por classe constituda por reas antropizadas sem uso definido (17,98%). Esta ltima retrata as reas onde ainda se torna necessria uma verificao mais detalhada em campo, podendo ser alvo de pesquisa na fase 2 da elaborao deste Plano de Gesto. Sequencialmente, a essas classes, pode-se apontar as reas utilizadas pela pecuria (9,28%) e pela agricultura (3,36%) como as classes de uso mais expressivas na APA. Associada a essas, a classe correspondente ao solo exposto (4,4%), que no deve ser considerada propriamente uma classe de uso, mas sim como rea destinada recuperao, completa o quadro das classes de uso mais significativas para a APA. As demais classes no ultrapassam 3%, quando consideradas individualmente, ou 6% quando somadas. Por meio da anlise de imagens produzidas por sensores remotos e da pesquisa de campo desenvolvida pelos pesquisadores da SOS AMAZNIA, foi possvel atravs do cruzamento e avaliao das informaes das duas fontes definir um mapa atual de uso e ocupao da terra (Figura 12).

Figura 12 Percentual das Classes de Uso na APA

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Figura 13 Mapa de Uso e Ocupao da Terra na APA, Segundo Imagens de 2008 Atualizadas pelo Trabalho de Campo em 2010

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Agricultura Para a anlise da classe referente agricultura foi realizada primeiramente uma anlise visual no software Google Earth com o intuito de se definir os polgonos onde h a ocorrncia de tal uso. Na seqncia, com estes polgonos gerados, procurou-se utilizlos como amostras espectrais para a imagem satelital FORMOSAT de 2008 com resoluo espacial de 8 metros, com o intuito de se fazer o confronto entre as reas visualizadas no software Google Earth versus a imagem FORMOSAT. Desta forma, na APA Lago do Amap h um valor aproximado de 173,7 hectares de agricultura, que correspondem a 3,4% da rea total da APA. Pastagem Foram consideradas como reas de pastagens as reas antropizadas localizadas ao lado esquerdo da margem do rio Acre limitando-se at o ramal do Jca. Existe uma nica rea prxima ao lago do Amap mapeada como pasto. A gerao da mesma basea-se em informao primria colhida via questionrio que apresenta a referida rea como espao de criao de gado. Na APA Lago do Amap h um valor aproximado de 480,1 hectares de pastagem, que representam 9,3% da rea total da APA. Ambiente Antropizado com Uso Indefinido Foram consideradas como ambiente antropizado sem uso indefinido aquelas reas que j foram eventualmente antropizadas, segundo prticas e usos mltiplos, entretanto indiferenciados a partir da imagem, localizadas ao lado direto da margem do rio Acre, bem como, as reas antropizadas acima do ramal do Jca. Estas compreendem uma rea aproximada de 930,4 hectares da APA, correspondendo a 17,0% do total da mesma. Explotao de Areia (Extrao e Armazenamento Canchas) As canchas de armazenamento de areia so reas de depsito que se encontram, normalmente, s margens do rio Acre em rea de APP. O posicionamento das mesmas est geralmente vinculado localizao das dragas flutuantes encontradas na calha principal do Rio. Geralmente as vrias canchas encontram-se agrupadas em pequenos ncleos, respeitando a propriedade/lote do empreendimento e o conseqente licenciamento da atividade mineradora. Desta forma, as vrias canchas de depsito encontradas na APA no encontram-se pulverizadas ou dispersas de forma difusa pela rea, sendo notado um padro de agrupamento. A rea ocupada pelas canchas compreende a uma rea aproximada de 25,6 hectares da APA, o que simboliza 0,5% da mesma.

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Outra forma de estocagem so canchas maiores situadas em locais de fcil acesso, como os grandes ptios encontrados ao longo da Estrada do Amap. Estes sugerem que a atividade de minerao primeiramente realizada no leito normal do rio Acre, para que na seqncia, a areia extrada, passe a ser armazenada em canchas de estocagem menores (processo anteriormente analisado) e num ltimo momento, a areia passe a ser transportada para ptios maiores prximos aos ramais com melhores condies de trafegabilidade para o maquinrio pesado. Explotao de gua Um nico empreendimento de explotao de gua pode ser encontrado dentro do permetro da APA. O mesmo localiza-se nas coordenadas UTM 0628512 e 8889861. A rea da propriedade que realiza a atividade gira em torno de 0,4 hectare, correspondendo a 0,01% da APA, segundo o mapa de uso e ocupao gerado, nmero muito similar ao aferido via questionrio em que o proprietrio do empreendimento diz possuir uma rea de 0,5 hectare. Explotao de Argila Foi identificada atravs de pontos de coleta de GPS (Pontos de Controle), somente uma rea contnua de explotao de argila, localizada na poro nordeste do limite da APA, ao final do ramal Santa Lcia, com coordenadas UTM 0630211 e 8890756 com uma rea aproximada de 6,8 hectares, o que corresponde a 0,13% do total da APA. rea Urbanizada (Setor Secundrio) As atividades que esto atreladas ao setor secundrio e que encontram-se dentro dos limites territoriais da APA esto elencadas abaixo. Aqui, mesmo que os empreendimentos apresentassem atividades secundrias vinculadas ao setor tercirio, preferiu-se agrupar o empreendimento segundo o setor cujo enquadramento da atividade principal se insere. A atividade ocupa uma rea aproximada de 12,7 hectares, correspondente a 0,24% da APA.1 2 3 4 5* 6 Secundrio Secundrio e Tercirio Secundrio e Tercirio Secundrio e Tercirio Primrio e Secundrio Secundrio Mercantil Prover Metal Ferro Rejamenson G. Arajo Tork Sul Comrcio de Mquinas e Servios Draga - Amncio Lopes e Cia. Ltda. (Areiacre Com. Imp. Exp.) CEASA

* Empreendimento em que o escritrio administrativo encontra-se dentro da rea urbanizada, entretanto fora dos limites territoriais da APA.

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rea Urbanizada (Setor Tercirio) Para essa classe foram mapeadas as reas onde os empreendimentos correspondentes ao setor tercirio se inserem na APA Lago do Amap. Desta forma, as seguintes atividades foram identificadas e assinaladas para a respectiva classe:1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Tercirio Coop. dos Prop. de Veculos e Mquinas Pesadas do Acre De Paula Lanternagem e Pintura Martins Bombas Injetoras Ponto de Encontro Japiim Restaurante da Dona Tereza Restaurante do Gurgel Restaurante Lua Morena Restaurante Mata Nativa Restaurante Stio do Pica