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  CONSTRUINDO A POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DAS TERRAS INDÍGENAS DOCUMENTO DE APOIO P ARA AS C ONSUL T AS REGIONA IS Grupo de Tra balho Intermini sterial para Elabor a ção da  Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (Portaria Interministerial nº 276, de 12 de setembro de 2008 e Portaria Interministerial nº 434, de 09 de dezembro de 2009) Brasil  2010

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CONSTRUINDO A POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃOTERRITORIAL E AMBIENTAL DAS TERRAS INDÍGENAS

DOCUMENTO DE APOIOPARA AS CONSULTAS REGIONAIS

Grupo de Trabalho Interministerial para Elaboração da Política Nacional de

Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas(Portaria Interministerial nº 276, de 12 de setembro de 2008 e

Portaria Interministerial nº 434, de 09 de dezembro de 2009)

Brasil – 2010

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República Federativa do BrasilLuiz Inácio Lula da Silva, Presidente José Alencar Gomes da Silva, Vice-Presidente

Ministério do Meio AmbienteIsabella Mônica Vieira Teixeira, Ministra

Secretaria Executiva José Machado, Secretário

Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural SustentávelEgon Krakhecke, Secretário

Secretaria de Biodiversidade e FlorestasMaria Cecília Wey de Brito, Secretária

Diretoria de Extrativismo

Claudia Maria Calorio, Diretora

Ministério da JustiçaLuiz Paulo Barreto, Ministro

Secretaria ExecutivaLuiz Paulo Teles Ferreira Barreto, Secretário

Fundação Nacional do ÍndioMárcio Meira, Presidente

Diretoria de Proteção TerritorialMaria Auxiliadora Cruz de Sá Leão, Diretora

Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável Aloysio Antônio Castelo Guapindaia, Diretor

Coordenação:Lylia Galetti (Ministério do Meio Ambiente)Euclides Pereira (Ministério do Meio Ambiente)Marcela Nunes de Menezes (Fundação Nacional do Índio) Júlia Paiva (Fundação Nacional do Índio)

Apoio:

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB

Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME

Articulação dos Povos Indígenas das Regiões Sul e Sudeste – ARPINSUL

Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal – ARPIPAN

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB

Site da PNGATI - https://reader003.{domain}/reader003/html5/0211/5a8001a478d5d/5a8001a639fbb.ati/ 

Site das Consultas - https://reader003.{domain}/reader003/html5/0211/5a8001a478d5d/5a8001a6efa83.a 

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GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL

Fundação Nacional do Índio-FUNAI do Ministério da Justiça:

a) Diretoria de Proteção Territorial:

1. Titular: Aluísio Ladeira Azanha

2. Suplente: Thaís Dias Gonçalves

b) Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável:

1. Titular: Gabriel Silva Pedrazanni – Coordenação Geral de Gestão Ambiental

2. Suplente: Ivan Abreu Stibich - Coordenação Geral de Etnodesenvolvimento

3. Titular: Martinho Alves de Andrade Júnior - Coordenação Geral de

Etnodesenvolvimento

4. Suplente: José Augusto Lopes Pereira - Coordenação Geral de

Etnodesenvolvimento

II - Ministério do Meio Ambiente:

a) Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável:

1. Titular: Lia Mendes Cruz

2. Suplente: Cecília Manavella

b) Secretaria de Biodiversidade e Florestas:

1. Titular: Fábio França Silva Araújo

2. Suplente: Nadinni Oliveira de Matos Sousa;

III - Diretoria de Licenciamento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis-IBAMA:

a) Titular: Francisco Portela

b) Suplente: Rodrigo Herles dos Santos

IV - Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável do Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes:

a) Titular: Érika Fernandes Pinto

b) Suplente: Mônica Martins de Melo

V  – Representantes dos Povos Indígenas indicados pela Comissão Nacional de Política Indigenista-CNPI:

a) Região Norte:

1. Titular: Almir Narayamonga Suruí 

2. Suplente: Élcio Severino da Silva Manchineri

3. Titular: Francisco Avelino Apurinã

4. Suplente: Lourenço Borges Milhomem

b) Região Nordeste1. Titular: Manoel Uilton dos Santos

2. Suplente: Maria Conceição Alves Feitosa

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c) Região Centro-Oeste:

1. Titular: Dodô Reginaldo Lourenço

2. Suplente: Anastácio Peralta

3. Titular: Edson de Oliveira Santos Bakairi

4. Suplente: Pablo Sage Junior Kamaiurád) Região Sul:

1. Titular: Romancil Gentil Cretã

2. Suplente: Maurício Gonçalves

e) Região Sudeste:

1. Titular: Edenilson Sebastião

2. Suplente: Marcos dos Santos Tupã

VI - Dois convidados permanentes, sendo:

a) Ministério da Defesa:

1. Titular: Marinho Rezende Pereira Filho

2. Suplente: Paulo Cezar Garcia Brandão

b) Serviço Florestal Brasileiro-SFB, do Ministério do Meio Ambiente:

1. Titular: Márcia Muchagata

2. Suplente: Bruno Martinelli.

Coordenação:I - da FUNAI do Ministério da Justiça:

a) Titular: Marcela Nunes de Menezes;b) Suplente: Júlia de Paiva P. Leão;

II - do Ministério do Meio Ambiente:a) Titular: Lylia da S. Guedes Galetti;b) Suplente: Euclides Pereira;

III - da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil:a) Titular: Mauro de Barros Terena;

b) Suplente: Paulino Montejo Silvestre.

Secretaria-executiva:Hilda Araújo Azevedo - FUNAI (Coordenação Logística)

Coordenação Técnica:Robert P. Miller - CGGAM/FUNAI

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SIGLAS

APL – Ante Projeto de Lei

APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

APOINME – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espiríto SantoARPIPAN – Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Região

ARPINSUL – Articulação dos Povos Indígenas do Suil

CI – Conservação InternacionalCGDC – Coordenação Geral de Desenvolvimento ComunitárioCGPIMA – Coordenação Geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente

COIAB- Coordenação das Organizações Indígenas da A mazônia Brasileira (COIAB)CNPI- Comissão Nacional de Política IndigenistaDEX- Diretoria de Extrativismo

FUNAI  – Fundação Nacional do Indio

GEF – Fundo para o Meio Ambiente GlobalGI – Gerência Indígena do MMA

GTI –

 Grupo de Trabalho InterministerialGTZ - Agência de Cooperação Técnica Alemã

IIEB – Instituto Internacional de Educação do BrasilISA – Instituto Socioambiental

MMA- Ministério do Meio Ambiente

MDS- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fomes

MDA – Ministério do Desenvolvimento AgrárioOIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

PL- Projeto de LeiPPA - Plano PluriAnual

PPTAL –

 Projeto Integrado de Proteção as Populações e Terras Indígenas da Amazônia LegalPDPI  – Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas

PNAP  – Plano Nacional de Áreas ProtegidasPNGATI  – Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SEDR – Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural SustentávelSNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

TI – Terras Indígenas

TNC – The Nature Conservacy

UC – Unidade de Conservação

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SUMÁRIO

1 – APRESENTAÇÃO

2 – INTRODUÇÃO

3 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS

4 – POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DE TERRAS INDÍGENAS

4.1 – CONCEITOS

4.2 – DIRETRIZES

4.3 – OBJETIVOS

4.3.1 – OBJETIVO GERAL

4.3.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

4.4 – ARRANJO INSTITUCIONAL

4.5 - INSTRUMENTOSGLOSSÁRIO (atualização em 04.05.2010)

ANEXOS 

1 - Síntese de Projetos e Programas do Governo na área de Gestão Ambiental eTerritorial de Terras Indígenas

2 - Resumo do Projeto “GEF-Indígena” 

3 - Portaria Interministerial nº 276/2008

4 - Portaria Interministerial nº 434/2009

5 - Legislação citada no Documento Base

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1 – APRESENTAÇÃO12

Este documento orientador das consultas aos Povos Indígenas sobre a Política3Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), a serem4realizadas em todas as regiões brasileiras, foi preparado pelo Grupo de Trabalho5Interministerial (GTI) criado pela Portaria Interministerial nº 276, de 12 de setembro de62008, tendo como referência as discussões e produtos elaborados no âmbito deste GTI.7Ele resume os principais temas e questões discutidos no âmbito do GTI, ao longo de suas8cinco reuniões e durante o seminário nacional que inaugurou os trabalhos, e considera o9ambiente político e institucional existente, em termos da interação entre os diferentes10atores envolvidos na construção da PNGATI.11

Elaborado por um grupo de redação e sistematização, cujos membros foram12

indicados na quarta reunião ordinária do GTI, o documento está dividido em partes que13correspondem à estrutura da Política e traz elementos que podem ser utilizados em notas14técnicas e exposições de motivos, necessárias ao encaminhamento da proposta da15PNGATI à apreciação da Presidência da República16

Todo esse processo tem como base: (i) a participação dos povos indígenas e o17envolvimento de suas organizações na construção da PNGATI, na condição de membros18do GTI, através das Consultas Regionais e por meio dos debates e deliberações da19Comissão Nacional de Política Indigenista, instância nacional em que os representantes20indígenas acompanham o andamento dos trabalhos do GTI; (ii) a fundamentação da21

discussão sobre os objetivos e as diretrizes da PNGATI em propostas discutidas e22construidas com participação dos Povos e organizações indígenas, em especial o projeto23de lei do Estatuto dos Povos Indígenas (observa-se que a grande maioria dos Objetivos da24PNGATI, tal como consta neste documento, foram adaptadas diretamente do projeto de25lei do estatuto); (iii) a incoporação do acúmulo de discussões e experiências consolidadas26no âmbito de políticas, programas, ações, projetos e eventos da área de Gestão27Ambiental/Territorial de Terras Indígenas, desenvolvidos conjuntamente por instituições28governamentais e não governamentais e dos povos, organizações e comunidades29indígenas, em todo o país.30

Ao submeter este documento aos representantes dos Povos Indígenas que31participarão das cinco consultas regionais, a serem realizadas entre novembro de 2009 e32abril de 2010, o GTI espera que a proposta seja fortalecida e enriquecida pelas33contribuições e proposições dos indígenas, de modo a adequá-la às suas demandas e34reivindicações, para que a proposta da PNGATI expresse, de fato, o protagonismo e as35aspirações dos povos indígenas em sua formulação.36

A consulta é um direito dos povos indígenas, estabelecida na Convenção 169, da37Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto 5.051 de de 19 de abril de382004. A proposta de metodologia a ser utili zada será adaptada e flexibilizada de acordo39com as especificidades locais, tendo em vista a realidade de cada região, estado,40organização e povos indígenas presentes na consulta.41

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Com o propósito de melhor qualificar as consultas e facilitar os debates e42contribuições dos representantes indígenas e demais participantes, compõem este43Documento Base um Glossário, com a definição de conceitos e noções utilizadas, e um44Anexo com rechos das leis, convenções e decretos citados ao longo do texto.45

Esperamos que as consultas sejam ricas e produtivas no aprimoramento deste46

Documento Base e que demonstrem todo o potencial do protagonismo indígena na47construção de políticas públicas.48

49- Coordenação do GTI (MMA, FUNAI e APIB)50

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3

2 – INTRODUÇÃO51

52

Tradicionalmente, os povos indígenas brasileiras têm convivido em equilibrio com53

seu meio ambiente, que lhe garante não só sustento físico das gerações presentes e54

futuras, como também inspiração para suas culturas e cosmologias. Essa convivência e55

dependência em relação ao meio ambiente expressa-se de múltiplas formas, permeando56

as atividades do cotidiano, com suas práticas e crenças associadas, como também se faz57

presente nos rituais e festejos que balizam e mantém a estrutura social das comunidades.58

Fruto do convívio indígena com o meio ambiente é o conjunto de paisagens que59

caracteriza o patrimônio natural da nação brasileira, onde se resguardam os processos60

naturais de funcionamento de ecossistemas e os serviços ambientais que estes fornecem,61

seja pela proteção de recursos hídricos e genéticos (flora e fauna) e da regulação do clima,62

entre outros. Hoje, reconhece-se que o espaço territorial dos povos indígenas é63fundamental não somente à manutenção física, cultural e econômica dos povos indígenas,64

como também é de suma importância para a conservação dos biomas brasileiros,  dos65

recursos naturais e da biodiversidade associada.66

Contudo, esta contribuição efetiva dos povos indígenas na conservação da67

biodiversidade, por meio do manejo tradicional e comunitário dos recursos naturais,68

assim como os esforços de proteção e fiscalização realizados pela FUNAI e o estímulo à69

gestão ambiental das terras indígenas (TIs) realizado pelo MMA, não têm sido suficientes,70

nem eficientes na medida necessária para fazer frente às fortes pressões sobre as TIs. Tais71pressões resultam, hoje, de um complexo de fatores, dentre os quais se destacam os72

resultantes do avanço das fronteiras econômicas do país (agrícola, madeireira e mineral);73

a construção das grandes obras de infra-estrutura, sobretudo nas áreas de transportes e74

energia;  a transição demográfica pela qual passam os povos indígenas, o que acarreta a75

intensificação da exploração dos recursos naturais; as pressões externas pelos recursos76

existentes nas TIs, gerando maior exploração, seja por parte dos próprios índios, seja por77

terceiros; e, por fim, as novas necessidades econômicas dos indígenas por bens de78

consumo, relacionada à substituição das formas tradicionais de uso de recursos naturais.79 Para fazer frente aos desafios que tais pressões representam, colocando em risco os80

povos e as terras indígenas e a sua biodiversidade, é preciso superar a atuação81

desarticulada das instituições governamentais e da sociedade civil que, em que pesem82

suas contribuições, permanecem como ações demonstrativas, pontuais e às vezes isoladas83

no tocante à promoção da gestão ambiental e territorial das TIs.84

É importante reconhecer, no entanto, que essas ações e iniciativas produziram85

experiências muito ricas e resultados positivos, os quais desempenham um papel86

fundamental no esforço atual de construção da proposta da PNGATI. Destacam-se, dentre87

outras, o PPTAL, o PDPI, e a Carteira Indígena, no âmbito do Governo federal, e o processo88

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4

de elaboração do projeto “Catalisando a contribuição das Terras Indígenas para a89

conservação dos ecossistemas florestais brasileiros” (GEF Indígena), que envolveu90

governo, organizações indígenas e parceiros não governamentais; bem como experiências91

realizadas no âmbito dos estados, por instituições de governo e do terceiro setor.92

A construção de uma política nacional de gestão ambiental e territorial em TIs, com o93

protagonismo indígena e o esforço efetivo e conjunto do Governo Federal e dos parceiros94

não governamentais, sem dúvida representa uma oportunidade política ímpar no sentido95

de somar forças para superar os desafios. E, para isso, é fundamental que a PNGATI, como96

política de Estado, seja consolidada com objetivos e diretrizes claros, instrumentos97

eficientes e recursos suficientes para a implementação de um plano nacional que traduza98

em ações concretas, de forma permanente e estruturante, de modo a fortalecer as99

iniciativas indígenas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais e da100

biodiversidade, e ao mesmo tempo oportunizar a proteção e interação das TIs com a101dinâmica de desenvolvimento regional, num contexto de diálogo  – e não de conflito  – e102

de respeito aos direitos dos povos indígenas.103

104

105

3 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS106

107

A criação de uma Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras108

Indígenas é fruto de um processo, de uma história das relações entre os Povos Indígenas e109o Estado Brasileiro, que tem diferentes momentos e atores sociais, e, como marco110

fundamental, a promulgação da Constituição Federal de 1988. A partir daí, o111

protagonismo dos Povos Indígenas, através de suas lutas, movimentos e organizações112

regionais e de base, vem ganhando força, assim como se desencadearam e fortaleceram113

os esforços do Governo Federal, com a implementação e amadurecimento de experiências114

importantes, realizadas com a participação de organizações e associações indígenas, e o115

apoio de instituições não governamentais e organismos de cooperação técnica, nacionais116

e internacionais.117 Fruto desse processo, o Grupo de Trabalho Interministerial  – GTI - encarregado de118

elaborar a proposta da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras119

Indígenas - PNGATI, foi criado em junho de 2008, durante a 5ª Reunião da Comissão120

Nacional de Política Indigenista  – CNPI, coordenada pelo Presidente Lula, quando foi121

assinada, pelos ministros da Justiça e do Meio Ambiente, a Portaria 276/2008, publicada122

no Diário Oficial da União, em setembro de 2008.123

A tarefa deste GTI é construir a proposta da Política Nacional de Gestão Territorial e124

Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), seguindo as diretrizes definidas pela Portaria125

276/2008, que asseguram a participação indígena e o respeito aos direitos dos povos126

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indígenas. Após ser submetida às consultas regionais, a proposta da PNGATI será127

apreciada pela CNPI e, em seguida, enviada à Presidência da República no formato de um128

decreto lei.129

O GTI é composto por igual número de representantes do Governo federal e das130

organizações indígenas, todos com o mesmo poder de voto nas deliberações. No âmbito131

do Governo Federal participam representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), do132

Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade133

e, como convidados, o Ministério da Defesa e o Serviço Florestal Brasileiro. No âmbito do134

movimento indígena participam representantes indicados pelas organizações indígenas135

regionais e aprovados pela Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). Apóiam o GTI136

instituições não governamentais parceiras  – TNC, ISA, IIEB e CI.137

A participação do movimento indígena no GTI expressa o protagonismo crescente138

dos povos indígenas no cenário político nacional. Desde a Constituição Federal de 1988, a139participação indígena tem sido fundamental nos diversos fóruns de discussão e de140

proposição de políticas públicas. Ao longo dos anos, no cenário nacional e internacional,141

os povos indígenas foram protagonistas de movimentos e lutas que resultaram em leis,142

tratados, convenções, políticas e espaços de participação e controle social, que expressam143

avanços significativos na conquista e afirmação de direitos. No plano internacional, a144

participação e o protagonismo manifestaram-se na elaboração da Convenção 169 da145

Organização Internacional do Trabalho (1989); na Convenção do Clima (1992); na146

Convenção sobre Diversidade Biológica (1998); e na Declaração dos Direitos dos Povos147Indígenas/ONU (2007). No cenário nacional, a participação e o protagonismo indígena148

destacam-se no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2003); no Plano149

Nacional de Áreas Protegidas (2006); e na Política Nacional de Desenvolvimento150

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (2007). As Conferências Nacionais dos151

Povos Indígenas (2006) e do Meio Ambiente (2003, 2005, 2008), por sua vez, constituíram152

outros espaços importante da atuação indígena, nos quais fizeram passar importantes153

deliberações.154

Essa participação indígena nos processos de criação e acompanhamento de políticas155 de governo se consolidou com a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista -156

CNPI, instituída em março de 2006 e instalada em abril de 2007. A CNPI é uma instancia157

transitória até a criação de um Conselho Nacional de Política Indigenista reivindicado158

sucessivamente pela mobilização indígena nacional: Acampamento Terra Livre. Assim, a159

CNPI é resposta a uma antiga reivindicação dos povos e organizações indígenas, no160

sentido de participarem mais efetivamente dos processos decisórios relativos às questões161

que os afetam e ao meio em que vivem, criando um canal específico de diálogo entre os162

diversos órgãos de governo responsáveis pela política indigenista brasileira e163

representantes indígenas de todo o país.164

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6

O GTI da PNGATI, portanto, surge como resultado do protagonismo indígena, e a165

política sendo construída dialoga com todas as instâncias mencionadas acima. Ele166

aproveita também os acúmulos do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais167

no Brasil (PPG7), principalmente através dos Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas168

(PDPI) e Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia169

Legal (PPTAL), e do GTI do Projeto “Catalisando a contribuição das Terras Indígenas para a170

conservação dos ecossistemas florestais brasileiros (Portaria Interministerial no 325 de171

22/12/2004), mais conhecido como “GEF Indígena” - de composição paritária entre172

representantes governamentais e representantes indígenas. O GTI do GEF Indígena173

elaborou as diretrizes e os objetivos de um projeto de âmbito nacional, voltado às ações174

de   proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da biodiversidade em terras175

indígenas, que foi aprovado pelo Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF) da176

Organização das Nações Unidas (ONU) em agosto de 2009.177Este Projeto, conforme foi concebido, terá o papel de fortalecer e proporcionar178

meios de realizar os objetivos do PNGATI, ao reconhecer a importância das terras179

indígenas para a conservação da biodiversidade, e a necessidade de implantar ações que180

apóiem os povos indígenas na sua busca pela gestão e manejo sustentável dos recursos181

naturais destas terras. Para este fim, deverá criar e consolidar novos mecanismos,182

conceitos e arranjos institucionais para apoiar e aprimorar a gestão territorial e ambiental183

de terras indígenas. O GTI da PNGATI beneficia-se, assim, tanto da mobilização das184

organizações indígenas, quanto das experiências destas e dos setores de governo que185mais tem se debruçado sobre esse tema ambiental. Soma-se, portanto, à articulação186

prévia das instituições governamentais com vistas à ação integrada no âmbito de uma187

política nacional de gestão ambiental para as terras indígenas.188

Exemplos dessa articulação prévia são (i) a discussão em torno da estruturação do189

Sistema de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (SIGATI) no âmbito da Coordenação190

Geral do Patrimônio Indígena e Meio Ambiente (CGPIMA) da FUNAI e (ii) a articulação de191

uma Gerência Indígena no âmbito do Departamento de Extrativismo (DEX) da Secretaria192

de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) do MMA. Esse campo já193 existente de discussão e articulação em torno da temática ambiental indígena, fortalecido194

com a criação do GTI, demonstra o grande potencial da PNGATI para contribuir com a195

promoção da sociodiversidade e da sustentabilidade social, econômica e cultural dos196

povos indígenas, juntando um leque de parceiros em torno de objetivos comuns.197

A construção da PNGATI está amparada nos seguintes marcos legais:198

A Constituição Federal - em especial os Artigos 225 e 231, que tratam do direito199

de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e do reconhecimento dos200

direitos indígenas;201

Decreto 1.141, de 19 de maio de 1994 - estabelece a competência da FUNAI para202

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7

coordenar as ações indigenistas no âmbito federal, que passam a ser de203

responsabilidade compartilhada entre os diversos Ministérios com interface com a204

questão indígena, os quais assumem atribuições relativas às suas respectivas áreas205

de atuação;206

Decreto 5.758, de 13 de abril de 2006 - instituiu o Plano Nacional de Áreas207

Protegidas (PNAP) contemplando as terras indígenas numa agenda de políticas208

públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade;209

Decreto 6.101, de 26 de abril de 2007 (em seus Artigos 27 e 28 do Anexo I):210

estabelece a competência do MMA, no âmbito da Diretoria de Extrativismo da SEDR,211

na promoção do fomento à gestão ambiental e ao desenvolvimento sustentável das212

populações tradicionais e povos indígenas;213

Convenção 169  – da Organização Internacional do Trabalho (OIT): adotada em214Genebra, em 27 de junho de 1989, e promulgada no Brasil pelo Decreto 5.051 de 19215

de abril de 2004  – especialmente o disposto no Artigo 6º, sobre Povos Indígenas e216

Tribais, segundo o qual os governos devem consultar os povos interessados,217

mediante procedimentos apropriados e por meio de suas instituições218

representativas, cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas219

suscetíveis de afetá-los diretamente;220

A Declaração das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos dos povos indígenas que,221

em seu Artigo 29, determina “Os povos indígenas têm direito à conservação e222proteção do meio ambiente e da capacidade produtiva de suas terras, territórios e223

recursos. Os Estados deverão estabelecer e executar programas de assistência aos224

povos indígenas, para assegurar essa conservação e proteção, sem discriminação225

alguma”;226

O Texto que reúne as propostas para o novo Estatuto dos Povos Indígenas,227

aprovado pela CNPI, após um amplo processo de consultas regionais que envolveu os228

Povos Indígenas, as organizações indígenas de base e o Acampamento Terra Livre229

2009, já encaminhado ao Congresso Nacional, visando a atualização do PL 2057;230

Portaria Interministerial 276/2008  – que cria o GTI e define as diretrizes do231

processo de criação da PNGATI e sua composição.232

Estes marcos regulatórios apóiam-se em vários estudos e documentos, inclusive233

alguns produzidos pelo governo brasileiro, que destacam a importância das terras e dos234

povos indígenas para a conservação ambiental e da biodiversidade em território235

brasileiro, em virtude das formas particulares por meio das quais os ecossistemas e236

recursos naturais são manejados e apropriados material e simbolicamente por esses237

povos. Em maior ou menor medida, dependendo do bioma e da situação fundiárias das238

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TIs, uma vez que a regularização destas tem um impacto positivo contra as pressões239

externas, os modos de vida indígenas e a resistência que oferecem em defesa de suas240

terras têm desempenhado papel fundamental na proteção da biodiversidade. Na241

Amazônia especialmente, as TIs tem funcionado como barreiras contra o desmatamento,242

muitas vezes criando uma situação favorável para a contenção do atual processo de243

exploração dos recursos naturais.244

245

246

4 - POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DE TERRAS INDÍGENAS247

248

4.1 - CONCEITOS249

Para os fins a que se destina, a PNGATI se baseará nos conceitos abaixo, cujos250

conteúdos consideram: i) deliberação da 1ª Reunião do GTI que define a PNAGTI como251uma política que deve abranger as dimensões territorial e ambiental em suas diretrizes e252

objetivos; ii) os conceitos já definidos no projeto de lei do Estatuto dos Povos Indígenas253

arpovado pela CNPI e outros referências legais.254

Assim para os fins desta Política compreende-se por:255

I. Terras Indígenas: as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas e256

destinadas à sua posse permanente, conforme a definição dos parágrafos 1o e 2º do artigo257

231 da Constituição Federal citados abaixo, abarcando, para os objetivos desta Política,258

aquelas situadas em qualquer etapa de reconhecimento por meio do procedimento de259demarcação.260

261

§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter 262

 permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à263

 preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua264

reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.265

§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse266

 permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos267 nelas existentes.268

269

II. Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas: conjunto de domínio político e270

simbólico do espaço que constitui o território de um povo indígena, englobando os seus271

saberes tradicionais e suas práticas quanto ao uso dos recursos naturais e da272

biodiversidade. Considera ainda a dimensão dos mecanismos, dos processos e das273

instâncias culturais de decisão relacionados aos acordos de uso e os consensos internos274

próprios de cada povo, e que são necessários para a busca da sustentabilidade ambiental275

das terras indígenas.276

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9

277

III. Faixa de Segurança Etnoambiental: faixa no entorno das terras indígenas, estabelecida278

pelo órgão indigenista federal em coordenação com outros órgãos competentes nas várias279

instâncias do poder público e com os Povos e comunidades indigenas da referida Terra,280

com o objetivo de garantir a proteção e o equilíbrio ecológico dessas terras, com ênfase281

nas ações de fiscalização, monitoramento e educação ambiental, conforme disposto no282

parágrafo único do Art. 50 do APL do Estatuto dos Povos Indígenas aprovado na CNPI.283

284

4.2 - DIRETRIZES285

A Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas observará as286

seguintes diretrizes:287

I - respeito às crenças, aos usos, aos costumes e às tradições de cada povo indígena;288

II - valorização das identidades étnicas e das organizações sociais indígenas; e a289

necessidade de garantir suas expressões290

III  – assegurar o protagonismo, e garantia da participação e do controle social dos povos291

indígenas no processo de elaboração e implementação das políticas públicas.que os292

afetam , assegurado o respeito às suas especificidades e às instâncias de representação293

dos povos indígenas;294

IV - garantia dos recursos naturais imprescindíveis à reprodução física e cultural das295

presentes e futuras gerações dos povos indígenas, contribuindo para a manutenção dos296processos ecossistêmicos dos biomas onde se situam as terras indígenas;297

V - proteção e fortalecimento dos saberes, fazeres e conhecimentos indígenas, e dos298

sistemas indígenas de conservação ambiental;299

VI - reconhecimento do direito dos povos indígenas à contraprestação pelos serviços300

ambientais das suas terras, em função da conservação e uso sustentável dos recursos301

naturais, assegurando a gestão dos recursos pelas comunidades indígenas e suas302

organizações.303

VII - desenvolvimento da gestão etnoambiental como instrumento de proteção dos304

territórios e das condições ambientais necessárias à reprodução física e cultural e ao bem-305

estar das comunidades indígenas,306

VIII  – priorização de ações de recuperação de áreas degradadas e restauração das307

condições ambientais das terras indígenas;308

IX – garantir a proteção territorial e ambiental e melhoria da qualidade de vida nas Terras -309

áreas ocupadas por povos indígenas, regularizadas ou não; e310

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X – assegurar a aplicação dos objetivos da Política para comunidades indígenas residentes311

nas cidades, no que couber.312

313

4.3 – OBJETIVOS314

4.3.1 - OBJETIVO GERAL315

Promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos316

naturais dos territórios indígenas, garantindo a integridade do patrimônio indígena, a317

melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural dos318

povos indígenas, das atuais e futuras gerações.319

320

4.3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS321

322

1. Asssegurar a proteção, a fiscalização, a vigilância e o monitoramento ambiental das323

terras indígenas e das faixas de segurança etnoambiental.324

2. Fortalecer as iniciativas produtivas indígenas a partir do apoio à adoção de tecnologias325

sustentáveis, respeitados os usos, costumes e tradições de cada povo, e considerando as326

realidades regionais.327

3. Promover a remuneração dos serviços ambientais prestados pelos povos indígenas em328

suas terras, respeitada a organização social e econômica de cada povo.329

4. Promover a recuperação de áreas degradadas nas terras indígenas e no seu entorno.3305. Garantir a formação, a capacitação e a sensibilização dos agentes governamentais, das331

comunidades indígenas e da sociedade civil no que se refere à gestão territorial e332

ambiental indígena.333

6. Promover a recuperação e conservação da agrobiodiversidade1 e demais recursos334

naturais essenciais à soberania alimentar e nutricional dos povos indígenas.335

7. Facilitar o acesso dos povos indígenas aos recursos naturais que tradicionalmente336

utilizam para sua reprodução física e cultural, localizados fora dos limites das terras337

indígenas e independente da situação fundiária, mediante acordos e outros instrumentos338similares.339

8. Contribuir para manter a integridade dos recursos naturais das terras indígenas340

reivindicadas e em processo de regularização fundiária, garantindo ações de proteção e341

melhoria da qualidade de vida nas áreas ocupadas por povos indígenas, regularizadas ou342

não.343

9. Promover o etnozoneamento2 das terras indígenas.344

10. Estabelecer no entorno das terras indígenas uma faixa de segurança etnoambiental,345

1 Sobre o conceito de agrobiodiversidade, consultar o Glossário que consta deste documento.2Sobre o conceito de etnodesenvolvimento, consultar o Glossário que consta deste documento  

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com foco nas ações de fiscalização, monitoramento e educação ambiental.346

11. Promover a prevenção e o controle de desastres e emergências ambientais nas terras347

indígenas e nas faixas de seguranca etnoambiental.348

12. Criar grupos de trabalho, em conformidade com o art. 57 da lei 9985-00 e outros349

dispositivos legais relativos ao tema, com a participação dos órgãos públicos envolvidos e350

povos indígenas, com a finalidade de promover consultas aos povos indígenas sobre a351

continuidade ou a recategorização das unidades de conservação sobrepostas com terras352

indígenas e elaborar planos de administração conjunta da área de dupla afetação, quando353

for o caso.354

13. Realizar consultas aos povos indígenas antes da criação de novas unidades de355

conservação.356

14. Promover a integração da PNGATI com as demais políticas públicas de interesse dos357

povos indígenas.35815. Contribuir para o reconhecimento, a proteção e a promoção dos direitos dos povos359

indígenas sobre os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais associados à360

biodiversidade.361

16. Efetivar a prevenção, a mitigação, a compensação e o controle de impactos de362

empreendimentos que afetam povos e terras indígenas.363

17. Promover a produção, a sistematização e a divulgação de informações sobre a364

situação etnoambiental dos territórios indígenas.365

18. Garantir a governança indígena por meio da participação indígena na decisão e366implementação das políticas relacionadas à gestão territorial e ao meio ambiente que367

afetem os Povos Indígenas.368

19. Compatibilizar a legislação indigenista e ambiental brasileira em relação ao uso dos369

recursos naturais pelos indígenas em suas terras e nas faixas de seguranca etnoambiental.370

20. Controlar a poluição e promover a qualidade ambiental nas terras indígenas e no seu371

entorno.372

21. Monitorar as transformações nos ecossistemas das terras indígenas e do entorno, em373

especial aquelas decorrentes das mudanças climáticas, e adotar medidas de adaptação,374 compensação e mitigação.375

22. Garantir os direitos dos povos indígenas relativos aos conhecimentos tradicionais376

associados à biodiversidade e ao patrimônio genético das terras indígenas, assegurando a377

repartição justa e equitativa dos benefícios advindos dos acessos aos seus conhecimentos378

tradicionais e ao patrimônio genético das suas terras.379

23. Promover a integridade ambiental e territorial nas terras indígenas situadas nas áreas380

de fronteira, estabelecendo acordos nacionais e internacionais visando combater e381

controlar os ilícitos transfronteiriços3.382

3 Ilícitos transfonteiriços são atos ilegais ou criminosos que ocorrem nas regiões de fronteira entre dois

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24.Promover, apoiar e regulamentar as iniciativas indígenas de desenvolvimento de383

etnoturismo e do ecoturismo sustentáveis4 em suas terras.384

25. Promover a interface e integração das terras indígenas com outros mecanismos legais,385

nacionais e internacionais, de proteção e gestão da diversidade biológica e sóciocultural,386

tais como unidades de conservação, reservas legais, Áreas de Proteção Permanente,387

reservas da biosfera e corredores ecológicos, entre outros, destacando a possibilidade da388

composição de mosaico, conforme previsto no Decreto Nº 4.340/2002, que regulamenta o389

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).390

26. Fortalecer, capacitar e instrumentalizar as organizações indígenas para exercer a391

governança sobre a PNGATI e demais políticas relacionadas ao desenvolvimento local e392

regional.393

27. Capacitar, estruturar e fortalecer os órgãos públicos e demais parceiros executores da394

PNGATI para melhor contribuir à execução da Política.395396

397

4.4 - ARRANJOS INSTITUCIONAIS E INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS PARA IMPLEMENTAR398

A PNGATI399

400

Conferencias Locais, Regionais e Nacionais do PNGATI401

Como mecanismos de participação e controle social, as Conferencias são as402

instancias máximas de decisão do PNGATI. As Conferencias Locais e Regionais se reunirão403anualmente para fechar os planos operativos anuais dos Programas Regionais. A404

Conferencia Nacional se reunirá de dois em dois anos para preparar o Programa de Gestão405

Ambiental do PPA e para avaliar a implementação do referido Plano.406

As Conferencias Regionais serão 4: 1-Sul-Sudeste; 2-Centro-Oeste; 3-Nordeste-Leste;407

4-Amazônia. As Conferencia Locais serão realizadas por estado ou de acordo com a408

especificidade regional.409

410

CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista)411 A implementação da PNGATI será acompanhada, em nível nacional, pelo Conselho412

Nacional de Política Indigenista (CNPI), por meio do Conselho Deliberativo Nacional do413

PNGATI vinculado ao mesmo. É competência do CNPI discutir, avaliar e ratificar as414

diretrizes para o Programa Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (programa do PPA)415

definidas pela Conferencia Nacional do PNGATI e encaminhar a proposta de PPA ao416

Ministério do Planejamento.417

418

países 4 Consultar o Glossário sobre as noções de etnoturismo e ecoturismo sustentáveis  

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Conselho Deliberativo Nacional da PNGATI419

É a instância responsável pela coordenação e monitoramento da PNGATI em nível420

nacional, de caráter consultivo e deliberativo. Caberá ao mesmo: coordenar a Conferencia421

Nacional da PNGATI, convocar consultas regionais para planejamento e avaliação da422

PNGATI; apresentar, com base nos resultados das Conferencias regionais, os Planos de423

Ação anuais das Terras Indígenas; apoiar e coordenar a implementação do PNGATI; gerir e424

definir diretrizes para o uso do Fundo de Recursos da PNGATI.425

A composição do Colegiado será paritária, com representantes de governo e de426

organizações indígenas. Os representantes indígenas neste Conselho Nacional serão427

indicados pelas Organizações Indígenas Regionais e Conselhos Deliberativos Regionais.428

Regionalmente, serão instituídos Conselhos Deliberativos Regionais que terão as429

seguintes funções: assegurar que as diretrizes definidas na Conferencia regional sejam430

incorporadas nos programas regionais.; deliberar coordenar e acompanhar, regionalmente431a construção e implementação do Programa Regional do PNGATI e os Planos operativos432

anuais de implementação do Programa regionais; propor ações em suas áreas de433

abrangência, para orientar e articular as ações do Governo; divulgar informações em434

níveis regional e local relacionadas aos temas da PNGATI.435

Cada Conselho regional será composto por representantes de comunidades e436

organizações indígenas sub-regionais ou locais (dependendo de cada realidade437

organizativa regional); representações governamentais.438

439Conselhos Locais440

São as instancias locais de controle social e tomada de decisão de cada Povos ou441

Terra Indígena ou região étnica. Os Conselhos Locais são organizados e escolhidos de442

acordo com modelo organizacional próprio de cada Povo ou Terra Indígena. Os Conselhos443

Locais terão as seguintes funções: planejar, coordenar e acompanhar, localmente, a444

implementação da PNGATI; divulgar informações em níveis local relacionadas aos temas445

da PNGATI.446

Cabe aos Conselhos Indígenas Locais escolherem os representantes indígenas para a447 Conferencia regional da PNGATI.448

449

4.5 - INSTRUMENTOS450

451

São instrumentos da PNGATI:452

1 - Plano Plurianual (PPA)453

2 - Programa de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (Programa do Plano454

Plurianual)455

456

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Será criado dentro do PPA um Programa especifico para a Gestão Territorial e457

Ambiental das Terras Indígenas a ser chamado Programa de Gestão Territorial e Ambiental458

das Terras Indígenas. Este programa será constituído por todas as as ações do PPA,459

executadas pela FUNAI, MMA, MDA, MDS e outros. Terá como principais linhas os460

subprogramas: proteção territorial e ambiental; gestão territorial e dos recursos naturais;461

prevenção e controle de impactos socioambientais; planejamento, acompanhamento e462

avaliação.463

O Programa Nacional será implementado através de planos ou programas de ação464

regionais. Os Programas Regionais consistem em conjuntos de ações de curto, médio e465

longo prazo definidas com o objetivo de orientar e implementar a Política no plano466

regional, fundamentados nos princípios, objetivos e diretrizes da mesma. Os Programas467

Regionais serão elaborados pelos Conselhos Regionais e terão suas estratégias de468

implementação definidas com base nas decisões e demandas postas pelas Conferencias469Locais, Regionais e Nacional da PNGATI, e nas diretrizes gerais apresentados pelo CNPI e o470

Conselho Deliberativo Nacional da PNGATI. Os Programas Regionais serão coordenados471

conjuntamente pelas Administrações Regionais da FUNAI, MMA e organizações indígenas,472

com parcerias com outros órgãos públicos e entidades indigenistas e socioambientalistas.473

474

Fundo dos Povos Indígenas475

Fundo de captação de recursos nacionais e internacionais advindos, por exemplo:476

das multas de crimes ambientais, de compensações ambientais repassadas a FUNAI, da477renda indígena (FUNAI); do Fundo Amazônia e recursos estaduais. Este fundo será478

vinculado ao órgão indigenista federal e será gerido pelo Conselho Gestor Nacional da479

PNGATI com o objetivo de apoiar as linhas de ação previstas nos Programas Indígenas480

Regionais, tais como promover a proteção territorial e ambiental, economia sustentável481

indígena e garantir o financiamento complementar de atividades econômicas indígenas e482

de iniciativas voltadas à valorização das expressões culturais indígenas, conforme previsto483

nos Artigos 65, 107, 135 do APL do Estatuto dos Povos Indígenas apresentado pela CNPI.484

O Conselho Gestor Nacional da PNGATI analisa e aprova o apoio do Fundo Indígena485 aos Programas Regionais, e os Conselhos Gestores Regionais e Locais analisam e aprovam486

os projetos locais a serem apoiados pelo Fundo Indígena.487

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GLOSSÁRIO PNGATI488489

É objetivo deste glossário trazer explicações sobre os termos técnicos utilizados no490Documento Base para as consultas da PNGATI. Esclarecemos que as definições não491procuram esgotar os conceitos. Há temas, como, por exemplo,  desenvolvimento492sustentável, que merecem um debate muito mais amplo do que o espaço aqui permite.493Mesmo assim, esperamos que as explicações sirvam para esclarecer os conceitos e494embasar melhor as discussões.495

496AGROBIODIVERSIDADE OU DIVERSIDADE AGRÍCOLA497Conjunto de diferentes formas vivas existentes em um agroecossistema. São todos os498elementos que interagem na produção agrícola, todas as variedades de cultivos, como499mandiocas, milhos, batatas, inhames, carás, favas, feijões, amendoins, abóboras, algodão,500urucum, jenipapo, tingui, timbó e outras espécies tradicionais ou introduzidas. Associados501a esses recursos cultivados, incluem-se ainda as ervas espontâneas, os parasitas, as502pragas, os polinizadores, os predadores e os animais de criação.503

504AGROECOSSISTEMA505Agroecossistema é um sistema ecológico natural onde se desenvolve um espaço agrário506utilizado para a produção agrícola ou a pecuária com diferentes tipos e níveis de manejo.507

508AQUECIMENTO GLOBAL509Aumento da temperatura terrestre, não só numa zona específica, mas em todo o planeta,510como resultado de distúrbios causados pela soma das ocorrências naturais e511principalmente das interferências humanas na natureza. Esses distúrbios surgem da alta512

concentração na atmosfera de gases de efeito estufa, como gás carbônico, metano e óxido513nitroso vindos da queima de combustíveis fósseis (diesel, gasolina, carvão mineral e gás514natural), da criação de certos animais, do desmatamento e degradação de áreas de515floresta. O aquecimento global contribui diretamente para uma maior incidência de516furacões, ciclones, tempestades, inundações, secas, derretimento das calotas polares e517geleiras, invernos e verões mais rigorosos, que são mudanças climáticas de efeitos518devastadores.519

520ÁREAS PROTEGIDAS521Áreas protegidas são áreas instituídas legalmente pelo Poder Público com limites522

definidos para garantir a preservação e a conservação ambiental no território nacional.523São administradas para promover a manutenção e a melhoria da qualidade de vida das524pessoas e oferecer proteção aos animais, vegetais, água e outros bens visíveis e invisíveis525do patrimônio natural. As Terras Indígenas são áreas protegidas, o que assegura ao índio o526direito à sua reprodução física e cultural, bem como à autonomia de seu povo.527

528ARRANJOS INSTITUCIONAIS529Formas de se articularem instituições, tais como órgãos do governo, organizações530indígenas e organizações da sociedade civil, para planejar, coordenar e executar políticas,531programas e ações a fim de se obter o melhor resultado possível dos recursos investidos.532

As atribuições e as responsabilidades de cada instituição devem ser estabelecidas em533consenso, com a criação de conselhos, comitês, conferências, comissões e grupos de534

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 16

trabalho que assegurem a participação e o controle social.535536

BIODIVERSIDADE OU DIVERSIDADE BIOLÓGICA537Significa toda a variedade de organismos vivos existentes nos ecossistemas terrestres e538aquáticos. O termo inclui ainda a diversidade interior a cada espécie, o que é539

exemplificado pela existência de variedades de uma mesma espécie, como, por exemplo,540a mandioca.541

542BIOMA543Conjunto de diferentes ecossistemas terrestres e aquáticos caracterizados por tipos544semelhantes de comunidades biológicas, com regimes climáticos próprios. São545caracterizados por condições físicas, climáticas e ecológicas resultantes da interação entre546flora, fauna e ambiente físico. Os principais biomas brasileiros são: Amazônia, Caatinga,547Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal.548

549

CONHECIMENTO TRADICIONAL ASSOCIADO AO PATRIMÔNIO GENÉTICO550É a informação étnica sobre prática ou processo de usufruto dos recursos da fauna e da551flora por  uma comunidade indígena. Por exemplo, saber a forma de utilização de uma552planta como remédio, o seu preparo e uso em procedimentos de cura é o conhecimento553tradicional associado ao patrimônio genético daquela planta. Igualmente, as pajelanças ou554a realização de outros eventos culturais relacionados aos recursos genéticos.555

556CONSERVAÇÃO DA NATUREZA557Uso racional que o homem faz dos recursos naturais para beneficiar as atuais gerações,558satisfazer as necessidades das gerações futuras e garantir a sobrevivência dos seres vivos559

em geral. Esse de tipo de proteção engloba a preservação, a utilização sustentável, a560manutenção, a restauração e a recuperação do ambiente natural.561

562CORREDOR ECOLÓGICO OU CORREDOR DE BIODIVERSIDADE563Faixa de vegetação que liga fragmentos florestais ou áreas protegidas separadas por áreas564com variados graus de ocupação humana (estradas, clareiras, agropecuária, etc). Sua565principal função é vencer o isolamento das áreas protegidas, proporcionando o livre566trânsito da fauna entre as áreas interligadas e a troca genética entre as espécies, tanto de567animais quanto de vegetais. Essa conexão também facilita a dispersão de espécies, a568recolonização de áreas degradadas e a manutenção de populações de animais que569

demandam para sua sobrevivência áreas de grandes extensões, como, por exemplo, a570queixada (porcão).571

572DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL573Forma de viver que procura satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer574a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Significa575possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de melhoria576social e econômica e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso577razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.578

579

ECOSSISTEMA580 Sistema dinâmico que resulta da interdependência entre os fatores físicos do meio581

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ambiente, como a atmosfera, o solo e a água, e os seres vivos que o habitam. Como582exemplos de ecossistema podemos citar uma floresta, um lago ou um rio.583

584ECOTURISMO585Modalidade de turismo que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,586

incentivando sua conservação com enfoque no despertar de uma consciência587ambientalista e no aprendizado direto com a natureza. O ecoturismo deve procurar588estabelecer uma relação de contribuição com a gestão territorial sustentável de uma589determinada área com o conhecimento da prática das questões sócio-ambientais.590

591ESTADO592É uma instituição permanente, organizada política, social e juridicamente, ocupando593território definido, onde a lei normalmente é estabelecida por uma constituição escrita e594executada por um governo que possui soberania reconhecida, tanto interna quanto595externamente. O Estado é responsável pela organização e pelo controle da sociedade.596

597ETNODESENVOLVIMENTO598É o pensamento étnico autônomo e a prática de formas de sobrevivência diferenciadas599com base nas crenças, direitos e anseios indígenas. Deve surgir da autodeterminação600indígena, respeitando seus princípios e lhes garantindo a gestão de seus territórios, com a601sua participação na formulação de propostas referenciadas nos seus conhecimentos sobre602o mundo. Deve também lhes ser resguardado o direito ao consentimento prévio, livre e603informado na execução de quaisquer políticas que possam afetar suas terras e sua604qualidade de vida. Pressupõe ainda seguir os preceitos ancestrais indígenas de605sustentabilidade, que tragam a sua independência tecnológica e econômica, com foco na606

proteção das terras e territórios e valorização das culturas, conhecimentos e técnicas.607608

ETNOMAPEAMENTO609Construção de uma carta geográfica com os locais importantes do Território Indígena, o610seu uso cultural, a distribuição espacial dos recursos naturais, a identificação de impactos611ambientais e outras informações relevantes, salvaguardando o interesse, o olhar e a612compreensão indígena. O etnomapeamento pode ser feito com base em desenhos livres ,613uso de imagens de satélite, croquis, mapas e cartas geográficas. É um dos instrumentos614importantes na construção e estabelecimento da gestão territorial e ambiental em terras615indígenas. Juntamente com os diagnósticos sócio-ecológicos, os planos de vida e outros616

instrumentos, ele possibilita a construção de cenários sobre o uso e a conservação do617território.618

619ETNOTURISMO620Turismo desenvolvido em terras e territórios indígenas, utilizando como atrativo a621identidade e a cultura de cada povo, seus valores, crenças e imagens. O etnoturismo deve622promover atividades que mostrem a interação ancestral entre comunidade e natureza de623forma sustentável do patrimônio natural e cultural indígena sem lhes causar impactos624negativos. Mas ainda não há consenso sobre a prática dessa atividade em terras indígenas625nem regulamentação ou autorização que a apóie.626

627628

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ETNOZONEAMENTO629Categorização de áreas segundo sua importância ambiental e étnica, realizada com base630no etnomapeamento resultante de levantamento sócio-ambiental. Com o631etnozoneamento, é possível identificar áreas com maior ou menor presença de632determinado recurso natural, áreas de uso tradicional, áreas de uso potencial, fragilidades633

ambientais, sítios sagrados, tudo segundo as necessidades prioritárias de conservação ou634preservação, fruto do debate e do consenso indígena.635

636GOVERNANÇA637Capacidade de conduzir um determinado processo com padrões de articulação e638cooperação entre atores sociais e políticos em arranjos institucionais. Incluem-se aí não639apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os640partidos políticos, mas também redes sociais informais e organizações sociais diversas.641Assim, Governança não é o mesmo que Governo, pois ela engloba a sociedade como um642todo e tem objetivos comuns que podem ou não derivar de responsabilidades legais e643

formalmente prescritas. Tem por princípios: garantir legitimidade, voz, transparência,644  justiça, visão estratégica e capacidade de responder a complexidades sociais, culturais e645históricas s ingulares.646

647IBAMA648O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é649uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). É um dos650órgãos executivos do governo federal responsável pela execução da Política Nacional do651Meio Ambiente (PNMA), exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos652naturais (água, flora, fauna e solo). Também cabe a ele realizar estudos ambientais e653

conceder licenças para empreendimentos diversos que impactem ou venham a impactar o654meio ambiente.655

656ICMbio657O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é uma autarquia658federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, criada pela lei 11.516, de 28 de agosto659de 2007. É responsável pela administração das unidades de conservação federais, além de660fomentar e executar programas de pesquisa, proteção e conservação da biodiversidade no661Brasil. É o mais novo órgão ambiental do governo brasileiro e integra o Sistema Nacional662do Meio Ambiente (Sisnama). O Instituto tem também a função de executar as políticas663

de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às664populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável.665

666IMPACTO AMBIENTAL NEGATIVO667Todo tipo de alteração que as atividades humanas possam causar ao equilíbrio ambiental.668Os impactos ambientais podem afetar: a saúde, a segurança, o bem-estar das pessoas, as669atividades sociais e econômicas, a qualidade dos recursos ambientais e a paisagem das670regiões. Obras e empreendimentos que passam pelo licenciamento ambiental do IBAMA671ou órgãos estaduais têm seus potenciais impactos avaliados pelo Estudo de Impacto672Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). É normalmente673

definido como permanente, devendo ser compensado, ou então temporário quando674 ainda poderá ser mitigado, diminuindo ou cessando por completo o seu efeito danoso675

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sobre o meio ambiente.676677

MANEJO FLORESTAL678Forma racional de exploração de uma floresta, da qual se define o volume de recursos679retirados e o método utilizado para diminuir os impactos e não afetar a sua680

sustentabilidade. O manejo de florestas deve se basear num conjunto de procedimentos681e técnicas que assegurem: a permanente capacidade da floresta de oferecer produtos e682serviços, diretos e indiretos, de regeneração natural e de manutenção da biodiversidade.683Embora mais conhecido em relação à produção de madeira, um plano de manejo florestal684poderá também enfocar produtos não-madeireiros, como castanhas, cipós, entre outros.685

686MEIO AMBIENTE687Tudo aquilo que cerca ou envolve os seres vivos e as coisas, incluindo o meio sócio -688cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.O meio689ambiente abarca os fatores físicos (atmosfera,solo, água), a influência deles sobre os690

organismos e as mudanças que o homem impõe aos fatores físicos e bióticos.691Quando falamos de meio ambiente, estamos falando não só da natureza, mas da692interação dos elementos naturais e humanos.693

694MOSAICO695Diferentes áreas protegidas que estão próximas umas das outras. Em termos práticos, o696mosaico pode reunir terras indígenas, unidades de conservação, reservas legais, dentre697outras unidades territoriais. Ao estabelecer relações entre estas áreas e seus gestores,698busca-se a participação dos atores sociais na gestão compartilhada do território. O699conceito de mosaico, portanto, permite a articulação de diversos órgãos e instâncias700

governamentais e sociais, contribuindo para a conservação, proteção e desenvolvimento701de uma área ou região de forma integrada.702

703ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT)704A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma das agências da Organização das705Nações Unidas (ONU). Nela estão representados 178 países, e é a única que tem estrutura706tripartite, na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os707mesmos direitos que os do governo. Com relação aos Povos Indígenas, sua deliberação708mais importante é a Convenção 169 sobre os Povos Indígenas e Tribais em Países709Independentes, implementada a partir de 1989. A Convenção traz, em seu artigo 7o, a710

recomendação de que os povos indígenas deverão participar da formulação, aplicação e711avaliação dos planos e programas de desenvolvimento nacional e regional suscetíveis de712afetá-los diretamente.713

714PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS715Consiste na transferência de recursos monetários ou outros a quem ajuda a manter ou a716produzir os serviços ambientais. Entende-se por serviços ambientais aqueles obtidos da717regulação dos processos ecossistêmicos e ecológicos, como a qualidade do ar, regulação718do clima, manutenção da qualidade da água, controle da erosão, polinização e controle719biológico. Pode ser entendido como uma compensação, um incentivo para quem já cuida720

espontaneamente da natureza trabalhando de forma sustentável, como os povos721 indígenas.722

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723PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL724São práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas associados aos725instrumentos, objetos, artefatos e lugares que as comunidades, os grupos e, em alguns726casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Esse

727 patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração a geração, é constantemente728recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a729natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, que730promove o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. A técnica de pintura e731arte gráfica dos índios wajãpi do Amapá fazem parte do seu patrimônio cultural imaterial.732

733POLÍTICAS PÚBLICAS734Principal instrumento de intervenção do Estado junto a indivíduos, a comunidades e à735sociedade sendo utilizado pelos governos para coordenar e executar programas e ações736públicos. Na construção das políticas públicas, é fundamental a participação da sociedade.737A formulação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas738(PNGATI) busca essa participação para chegar a uma política adequada aos anseios739indígenas e não uma série de políticas adaptadas à questão indígena sem considerar suas740especificidades e suas identidades étnicas.741

742PLANO DE MANEJO743

Plano que regula o uso de determinada área ou recurso natural. No caso das744unidades de conservação, a Lei do SNUC exige que todas as atividades sejam realizadas745conforme um plano de manejo. Esse plano de manejo contém atividades e ações746necessárias para se alcançarem os objetivos de proteger a vida silvestre, os recursos747hídricos e a paisagem, de propiciar a pesquisa científica, de desenvolver atividades748econômicas sustentadas e de promover a educação ambiental. O plano de manejo pode749também ser direcionado a determinado recurso natural, como os produtos florestais não-750madeireiros, a fim de que sua exploração seja feita dentro dos princípios da751sustentabilidade.752

753PLANO PLURIANUAL (PPA)754É o planejamento de ações dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Objetiva gastar755bem os recursos (impostos, taxas, contribuições, etc.) arrecadados em benefício da756população e busca atender a necessidades previamente estabelecidas. É, portanto, o 757

instrumento de planejamento governamental que organiza as demandas da sociedade nas758diversas áreas de assistência estabelecidas pelo Estado. O PPA é tão importante para a759população que, por ser uma Lei aprovada pelo Poder Legislativo, é de aplicação760obrigatória para a União, o Distrito Federal, os Estados e todos os Municípios.761

762PRESERVAÇÃO763Adoção de medidas rigorosas de proteção de uma área para evitar qualquer dano ou764degradação ambiental e garantir a manutenção de suas características próprias. As765unidades de conservação de proteção integral, como Parques Nacionais e Reservas766Biológicas, são exemplos de áreas de preservação, onde a proteção da natureza767

independe de seu valor econômico ou utilitário. Preservação é diferente de conservação.768Enquanto a  preservação prevê que uma área natural seja intocada, a conservação prevê o769

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uso racional e sustentável de um recurso natural.770771

PROTAGONISMO772Ato de estar na condução, estar à frente, na definição e no desempenho do papel773principal de um determinado processo político, de um trabalho, de um plantio, de uma774caçada, da vida. Quando o “Documento Base de Consulta” se refere ao "protagonismo775indígena", significa que os povos indígenas, por meio de seus representantes, devem ser776os atores principais, os protagonistas, na elaboração e execução da PNGATI. O documento777base de consulta é resultado da prática desse protagonismo no âmbito do GTI, criado para778encaminhar as demandas com a participação paritária dos indígenas.779

780RECURSO NATURAL781Tudo o que está na natureza (vegetação, animais, água, terra, minério, etc.) e que782retiramos para usar. Eles podem ser de dois tipos: renováveis e não-renováveis.783Renováveis são aqueles que, se usados corretamente, nunca acabam, como a luz do Sol, a784

madeira das florestas, o vento, os cipós e a caça. Não-renováveis são aqueles que, depois785de usarmos muito, acabam e podem não voltar a aparecer ou só aparecer depois de786milhões de anos, como o petróleo e os minerais.787A natureza vem sendo tratada como um recurso que só adquire valor na exploração em788benefício do crescimento econômico e do desenvolvimento, como matéria-prima para o789comércio e para a produção industrial. Assim, se dá a alienação do direito ancestral de790sua utilização como fonte de sustentação e dos saberes imemoriais a ela associados.791

792RESTAURAÇÃO AMBIENTAL793Recomposição dos processos funcionais de determinado ecossistema degradado de modo794

a se aproximar o máximo possível do sistema original. Embora seja difícil recompor tudo795como era antes, podemos recuperar o equilíbrio básico de uma área de forma que os796processos naturais ecológicos envolvendo a flora e a fauna possam dar continuidade ao797processo de regeneração.798

799SOCIOBIODIVERSIDADE800Conjunto dos recursos naturais e das populações que aí vivem e se utilizam deles a partir801dos seus saberes, pois toda cultura constrói relações recíprocas com os ecossistemas de802forma a potencializar seu uso. Esse conhecimento e dependência que cada cultura tem803dos ecossistemas significam sociobiodiversidade, que inclui a diversidade de línguas,804

crenças e religiões, práticas de manejo de solo, expressões artísticas, tipos de alimentação805e diversos outros atributos humanos. Assim, as populações humanas são interpretadas806como sendo um componente significativo da biodiversidade e esse conceito se amplia807para o de sociobiodiversidade.808

809SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC810constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais.811

Um de seus principais objetivos é contribuir para a manutenção da diversidade biológica e812dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais. Ele estabelece813critérios e normas para a criação, a implantação e a gestão das unidades de conservação.814

815816

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO817Áreas legalmente criadas pelo Poder Público para garantir a proteção do meio ambiente.818As Unidades de Conservação fazem parte do Sistema Nacional de Unidades de819Conservação da Natureza (SNUC) e podem ser de dois tipos: as de proteção integral e as820de uso sustentável. As unidades de proteção integral , criadas pelo governo para preservar821

a natureza, não podem ser exploradas diretamente pelas pessoas nem podem ser822habitadas por populações humanas. Também não é permitida a coleta, nem o consumo,823nem o uso de seus recursos naturais, destinando-se apenas à visitação e à pesquisa. Já as824unidades de uso sustentável  permitem o uso sustentável de seus recursos naturais, como825as Florestas Nacionais (FLONAS), onde pode haver o manejo florestal sustentável, as826Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e as Reservas Extrativistas (RESEX), onde827as populações moradoras podem realizar atividades econômicas de baixo impacto828ambiental.829

830USUFRUTO831

Consiste no direito dado a alguém, durante certo tempo, de gozar ou usufruir de um bem832de propriedade alheia, permitindo-lhe desfrutar das vantagens que esse bem produz. As833terras indígenas são propriedade da União, mas os povos indígenas têm a posse834permanente de suas terras e têm direito ao usufruto exclusivo dos seus recursos naturais835e de suas riquezas. A atribuição da propriedade da União sobre as terras indígenas está836condicionada aos limites do art. 231 da Constituição Brasileira. Para se compreender essa837propriedade ao mesmo tempo em que o Estado reconhece os direitos originários dos838índios sobre as terras que ocupam, há que se ver aí apenas e tão-somente um expediente839de ordem prática de maior proteção à guarda e garantia das terras indígenas.840

841

842843

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ANEXOS

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ANEXO 1: Síntese de Projetos e Programas do Governo na área de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas

Reconhecido a indiscutível importância das terras indígenas para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade brasileira, aomesmo tempo em que essa biodiversidade é fundamental à manutenção física, cultural e econômica dos povos indígenas, mostra-se naincorporação nas políticas públicas experiências importantes, realizadas com a efetiva participação desses povos e suas organizações, e com oapoio de organizações não governamentais parceiras, nas diferentes regiões do país. Entre essas experiências há projetos e ações deregularização fundiáriária, de fiscalização, de proteção, de gestão ambiental, territorial e etnodesenvolvimento, com destaque paraexperiências de principais Programas e Projetos com participação indígena: PPTAL, PDPI e CARTEIRA INDÍGENA.

Programa ou Projeto Objetivo principal Participação indígena Valor da açãoÁrea de Atuação e

Resultados

PPTAL/FUNAI

Projeto Integrado deProteção às Populações e

Terras Indígenas daAmazônia Legal

Promover a conservaçãodos recursos naturais das

terras indígenas naAmazônia legal por meio

da demarcaçãoparticipativa das mesmas,

executada pelo órgãoindigenista, e a aplicaçãode projetos de proteção aessas áreas, desenvolvidas

com organizaçõesindígenas, ONG

indigenistas e postos daFUNAI

Participação na Gestão do

projeto por meio da

Comissão Paritária

Deliberativa (CPD).

Gestão de Projetos e

Contratos com as

Organizações e

Comunidades indígenas.

Recursos aplicados:

R$ 50 milhões

Amazônia Legal

Apoio: Regularização de180 Terras Indígenas.

Projetos de vigilância: 44com benefício em 110

terras indígenas;

e 84 terras com ações deacompanhamento dademarcação, com 11

Projetos com gestão deorganizações indígenas.

PDPI/MMAProjetos Demonstrativos

de Povos Indígenas

Apoiar projetos quemelhorem as perspectivas

de sustentabilidadeeconômica, social e

Comissão Executiva de

análise de projeto

Proponentes e executores

Recursos aplicados: R$ 50milhões

Amazônia Legal

Desde 1999, foramapoiados 169 projetos,

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Programa ou Projeto Objetivo principal Participação indígena Valor da açãoÁrea de Atuação e

Resultados

cultural dos povosindígenas da Amazônia

Legal nas suas terras e deconservação dos recursosnaturais nelas existentes.

são organizações

indígenas.

Gestão compartilhada

(Governo e Movimento

Indígena).

com a gestão de 145organizações indígenas e229 ações apoiadas de

fortalecimentoinstitucional com a gestão

de 110 organizações

indígenas.

CI MMA-MDSCarteira Indígena

Apoiar projetos voltadospara a s egurança alimentar

e nutricional edesenvolvimento

sustentável decomunidades indígenas,respeitando a autonomiadas comunidades e suas

identidades culturais.

Oficina Nacional (delibera

sobre diretrizes e normas

de funcionamento da

Carteira)

Comitê gestor (paritário e

deliberativo

Recursos aplicados:

R$ 11 milhões

Em todo Território

Nacional, em seis anos,

foram apoiados 279

projetos beneficiando

14.428 famílias. Mais de

80% dos projetos foram

apresentados por

associações indígenas.

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ANEXO 2: PROJETO DE APOIO À POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO TERRITORIAL

E AMBIENTAL DE TERRAS INDÍGENAS

Aprovado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) em Agosto/2009

NOME DO PROJETO: “Catalisando a contribuição das Terras Indígenas para a

conservação dos ecossistemas florestais brasileiros”  

OBJETIVO:

  “consolidar a contribuição das Terras Indígenas (TIs) como áreas essenciais para

conservação da diversidade biológica e cultural nos biomas florestais brasileiros”

  “fortalecer as formas étnicas de manejo, uso sustentável e conservação dos recursos

naturais nas terras indígenas e a inclusão social desses povos, fomentando assim umapolítica nacional de gestão ambiental em territórios indígenas.

Principais atividades:

(a) Mecanismos e ferramentas que permitam reconhecer e fortalecer a contribuição das TIs àconservação de recursos naturais, biodiversidade e dos serviços ambientais desenvolvidos;

(b) Consolidação de uma rede de experiências destinadas à conservação em TIs que sejaefetivamente administrada pelos povos indígenas; e

(c) Implementação de áreas de referência em TIs com atividades de gestão florestalsustentável e replicável, baseada em princípios de etno-gestão e a serem implementadas emTIs selecionadas em diferentes biomas florestais.

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RESULTADOS ESTRATÉGICOS

Matriz do Marco Lógico

PRODUTOS 

1.1. Diretrizes, estratégias e padrõesdefinidos para áreas destinadas àconservação e para o usosustentável de florestas para TI. 

2.1. Planos de etno-gestão nasÁreas de Referência estabelecidos ereconhecidos por autoridadesrelevantes.

1.2. Mecanismos de financiamentosustentável para a gestão de TIsconsolidado. 

2.2. Redes nacionais e regionaisestabelecidos para replicaratividades e mecanismos destinadasà conservação.

3.2. Uso piloto de técnicas agro-ecológicas, usando conhecimentotradicional para a agricultura e usode recursos florestais para

subsistência.

1.3. Capacidades para novos papéise procedimentos para TIsconsolidado. 

2.3. Capacitação para a gestão deáreas de referência destinadas àconservação de BD em TIsconsolidados.

3.3. Mecanismos piloto usados parapromover a produção e o aumentodo acesso ao mercado dos produtosindígenas.

1.4. Protocolos de vigilância,proteção e monitoramentoelaborados e fortalecidos em áreasde entorno e dentro de TIs.

2.4. Capacitação em educaçãoambiental para professoresindígenas.

3.4. Programa de capacitação parauso sustentável e gestão financeiraprodutiva elaborado e implementado.

META:Catalisar as contribuições das Terras Indígenas para a conservação

dos ecossistemas florestais brasileiros e tem o objetivo de consolidar acontribuição das Terras Indígenas (TI) como áreas essenciais para

conservação da diversidade biológica e cultural nos principais biomasbrasileiros. 

Resultado 3. Áreas de Referênciacom atividades de gestão florestalsustentáveis e replicáveis, baseadosem princípios de etno-gestão, estãoimplementadas em TI selecionadas emdiferentes biomas florestais.

Resultado 1. Mecanismos eferramentas que permitemreconhecer e fortalecer acontribuição das TIs à conservaçãode recursos naturais, biodiversidadeflorestal e serviços ambientais.

Resultado 2. Uma rede deexperiências destinadas àconservação em TI estáfuncionando e sendo administradade forma efetiva pelos povosindígenas.

FINALIDADE: 

Estratégia de gestão ambiental em terras indígenas é adotada e testada no campo para aconservação efetiva de uma amostra representati va dos ecossistemas florestais brasileiros.

3.1. Planos de recuperação de áreasdegradadas em pilotos quedemandem um manejo especifico depaisagens para alavancar suacontribuição à BD.

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 ÁREA DE ATUAÇÃO – TERRITÓRIO NACIONAL

 Áreas de Referência (ARs) - Rede de Experiências (RE) Selecionadas

Terras Indígenas selecionadas por bioma para o Projeto:

Bioma Número de TIs selecionadas

Amazônia 4 (AR 6, RE 11)  

Caatinga e Mata Atlântica Nordeste2 (AR 2, RE 8)

Cerrado e Pantanal2 (AR 2, RE 6) 

Mata Atlântica Sul 3 (AR 2, RE 7) 

TOTAL: ARs 12; RE 32 (incluindo as áreas de referência)

DISCRIMINAÇÃO DAS TIs SELECIONADAS: 

Amazônia (AR 6, RE 11) 

ARs: TI Mamoadate (AC); TI Igarapé Lourdes (RO); TI Andirá-Marau (AM e PA); as TI Jumina,Galibi e Uaçá (AP/Oiapoque). Rede de Experiência Regional: áreas de referênciaMamoadate  – AC, Igarapé Lourdes  – RO, Andirá-Marau – AM/PA, Jumina  – AP, Galibi – AP e

Uaçá – AP e as TI Trincheira Bacajá  – PA, Wajãpi – AP, Xerente – TO, Xambioá – TO e Bakairi – MT.

Caatinga e Mata Atlântica Nordeste (AR 2, RE 8)

ARs: TI Caramuru-Paraguaçu (BA) e a TI Pankararu Entre Serras (PE). Rede de ExperiênciaRegional: áreas de referência Caramuru-Paraguaçu – BA e Pankararu – PE, e as TI Kiriri – BA,Potiguara  – PB, Xacriabá  – MG, Caieiras Velhas II  – ES, Caiçara/Ilha de São Pedro  – SE/AL, eCórrego de João Pereira  – CE.

Cerrado e Pantanal (AR 2, RE 6) 

ARs: TI Pirakuá (MS, etnia Guarani) e a TI Lalima (MS, etnia Kaiowá). Rede de ExperiênciaRegional: áreas de referência Pirakuá  – MS e Lalima  – MS e as TI Cachoeirinha  – MS,Jaguaripé – MS, Sassoró – MS e Taunay – MS.

Mata Atlântica Sul (AR 2, RE 7)

ARs: TI Ibirama (SC) e a TI Bracuí (RJ). Rede de Experiência Regional: áreas de referênciaIbirama – SC e Bracuí  – RJ, e as TI Mangueirinha – PR, Guarani do Ribeirão Silveira  – SP, Ava-Guarani de Oco’y – PR, Tenondé Porá – SP, e Araribá – SP.

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RECURSOS DE PROJETO GEF

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Total

 ARRANJO E ESTRUTURA DE IMPLEMENTAÇÃO

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ANEXO 3:

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 276, DE 12 DE SETEMBRO DE 2008

Institui Grupo de Trabalho Interministerial - GTI coma finalidade de elaborar proposta de PolíticaNacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas.

Os MINISTROS DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DA JUSTIÇA no uso de suas atribuições etendo em vista o disposto na Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, e

Considerando que o art. 231 da Constituição Federal reconhece os índios e suaorganização social, bem como seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmente

ocupam, cabendo a União demarcá-las, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens;Considerando que o artigo 225 da Constituição Federal assegura o direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o deverde defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações;

Considerando que o Decreto no 1.141, de 19 de maio de 1994, estabeleceatribuições conjuntas ao Ministério do Meio Ambiente e à Fundação Nacional do Índio-FUNAI, quanto à proteção ambiental das Terras Indígenas, de acordo com as diretrizes parasua proteção;

Considerando que o Decreto nº 6.101, de 26 de abril de 2007, estabelece em seusartigos 27 e 28 do Anexo I, a competência do Ministério do Meio Ambiente, através do

Departamento de Extrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento RuralSustentável, para o fomento à gestão ambiental e ao desenvolvimento sustentável daspopulações tradicionais e povos indígenas;

Considerando que as Terras Indígenas representam cerca de 13% (treze por cento) doterritório nacional, sendo mais de 20% (vinte por cento) na região da Amazônia Legal, e quedesempenham um papel fundamental na preservação dos biomas brasileiros;

Considerando que o Estado brasileiro reconhece o protagonismo, a participação econtrole social dos Indígenas sobre as políticas públicas que os afetam e a necessidade degarantir sua expressão; resolvem:

Art. 1º Instituir Grupo de Trabalho Interministerial-GTI com a finalidade de elaborar

proposta de Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas.Art. 2º O GTI será composto pelos representantes, a seguir indicados:I - seis representantes governamentais, titulares e suplentes, sendo:a) três da Fundação Nacional do Índio-FUNAI do Ministérioda Justiça, sendo:1. um da Diretoria de Assuntos Fundiários;2. dois da Diretoria de Assistência;b) três do Ministério do Meio Ambiente, sendo:1. um da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável;2. um da Secretaria de Biodiversidade e Florestas;

3. um do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA;

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II - seis representantes indígenas indicados pelos membros indígenas da ComissãoNacional de Política Indigenista-CNPI, sendo:a) dois da Região Norte;b) um da Região Nordeste;c) um da Região Centro-Oeste;

d) um da Região Sul;e) um da Região Sudeste.§ 1º Os representantes de que tratam o inciso I, alínea "a" e o inciso II deste artigo,

serão designados em portaria pelo Ministro de Estado da Justiça.§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, alínea "b", serão designados em

portaria pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente.§ 3º A coordenação do GTI será compartilhada por um representante da FUNAI e um

do Ministério do Meio Ambiente, indicados pelos respectivos Ministros de Estado.§ 4º A FUNAI e a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável

prestarão conjuntamente, os serviços de secretaria-executiva ao GTI.

Art. 3º Na elaboração da proposta, objeto desta Portaria, deverão ser observadas asseguintes diretrizes:

I - participação e controle social dos Indígenas no processo de elaboração eimplementação da Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas;II - fortalecimento dos sistemas indígenas de conservação ambiental;III - proteção dos saberes e conhecimentos tradicionais indígenas;IV - desenvolvimento da gestão etnoambiental como instrumento de proteção dosterritórios e das condições ambientais necessárias à reprodução física e cultural e aobem-estar das comunidades indígenas; eV - valorização das identidades étnicas e de suas organizações sociais.

Art. 4º No que se refere à proposta de política, objeto desta Portaria, o GTI deveráelaborar:

I - em trinta dias, um Plano de Trabalho com metas e respectivo cronograma; eII - em sessenta dias, a metodologia e cronograma das consultas públicas.Art. 5º O GTI deverá apresentar, no prazo de nove meses, a contar da publicação

desta Portaria, a proposta de Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas.Art. 6º A participação no GTI não enseja qualquer tipo de remuneração.

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ANEXO 4:GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA INTERMINISTERIAL No- 434, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2009

Institui Grupo de Trabalho Interministerial- GTI com a

finalidade de elaborar proposta de Política Nacional de GestãoAmbiental em Terras Indígenas.

Os MINISTROS DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DA JUSTIÇA no uso desuas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 87 da Constituição, na Lei no 10.683, de28 de maio de 2003, e na Portaria no 276, de 12 de setembro de 2008, e

Considerando que o art. 231 da Constituição Federal reconhece os índios e suaorganização social, bem como seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmenteocupam, cabendo a União demarcá-las, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens;

Considerando que o art. 225 da Constituição Federal assegura o direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações;

Considerando que o Decreto no 1.141, de 19 de maio de 1994, estabelece atribuiçõesconjuntas ao Ministério do Meio Ambiente e à Fundação Nacional do Índio-FUNAI, quanto àproteção ambiental das Terras Indígenas, de acordo com as diretrizes para sua proteção;

Considerando que o Decreto no 6.101, de 26 de abril de 2007, estabelece em seus arts.27 e 28 do Anexo I, a competência do Ministério do Meio Ambiente, através doDepartamento de Extrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento RuralSustentável, para o fomento à gestão ambiental e ao desenvolvimento sustentável das

populações tradicionais e povos indígenas;

Considerando que as Terras Indígenas representam cerca de 13% (treze por cento) doterritório nacional, sendo mais de 20% (vinte por cento) na região da Amazônia Legal, e quedesempenham um papel fundamental na preservação dos biomas brasileiros;

Considerando que o Estado brasileiro reconhece o protagonismo, a participação econtrole social dos Indígenas sobre as políticas públicas que os afetam e a necessidade degarantir sua expressão; resolvem:

Art. 1o Instituir Grupo de Trabalho Interministerial-GTI com a finalidade de elaborar

proposta de Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas.

Art. 2o O GTI será composto pelos representantes dos órgãos e entidades, a seguirindicados:

I - da Fundação Nacional do Índio-FUNAI do Ministério da Justiça, sendo:a) da Diretoria de Assuntos Fundiários:1. Titular: Aluísio Ladeira Azanha;2. Suplente: Thaís Dias Gonçalves;33b) da Diretoria de Assistência:1. Titular: Gabriel Silva Pedrazanni, da Coordenação-Geral de Patrimônio Indígena eMeio Ambiente;2. Suplente: Ivan Abreu Stibich, da Coordenação Geral de DesenvolvimentoComunitário;

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3. Titular: Martinho Alves de Andrade Júnior, da Coordenação Geral deDesenvolvimento Comunitário;4. Suplente: José Augusto Lopes Pereira, da Coordenação Geral de DesenvolvimentoComunitário;II - do Ministério do Meio Ambiente, sendo:

a) da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável:1. Titular: Lia Mendes Cruz;2. Suplente: Cecília Manavella;b) da Secretaria de Biodiversidade e Florestas:1. Titular: Fábio França Silva Araújo;2. Suplente: Nadinni Oliveira de Matos Sousa;III - da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA:a) Titular: Francisco Portela;b) Suplente: Rodrigo Herles dos Santos;IV - da Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável do Instituto ChicoMendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes;a) Titular: Érika Fernandes Pinto;b) Suplente: Mônica Martins de Melo;V - dos representantes dos Povos Indígenas indicados pela Comissão Nacional dePolítica Indigenista-CNPI, sendo:a) da Região Norte:1. Titular: Almir Narayamonga Suruí;2. Suplente: Élcio Severino da Silva Manchineri;3. Titular: Francisco Avelino Apurinã;4. Suplente: Lourenço Borges Milhomem;b) da Região Nordeste:1. Titular: Manoel Uilton dos Santos;

2. Suplente: Maria Conceição Alves Feitosa;c) da região Centro-Oeste:1. Titular: Dodô Reginaldo Lourenço;2. Suplente: Anastácio Peralta;3. Titular: Edson de Oliveira Santos Bakairi;4. Suplente: Pablo Sage Júnior Kamaiurá;d) da região Sul:1. Titular: Romancil Gentil Cretã;2. Suplente: Maurício Gonçalves;e) da região Sudeste:1. Titular: Edenilson Sebastião;

2. Suplente: Marcos dos Santos Tupã;VI - dois convidados permanentes, sendo:34a) do Ministério da Defesa:1. Titular: Marinho Rezende Pereira Filho;2. Suplente: Paulo Cezar Garcia Brandão;b) do Serviço Florestal Brasileiro-SFB do Ministério doMeio Ambiente:1. Titular: Márcia Muchagata; e2. Suplente: Bruno Martinelli.§ 1o A coordenação do GTI será compartilhada por um representante da FUNAI e um

representante do Ministério do Meio Ambiente, indicados pelos respectivos Ministros deEstado, e um representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil-APIB, indicado pela

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sua Comissão Nacional Permanente-CNP.

§ 2o A coordenação não terá direito a voto nas decisões do GTI, e será composta pelosrepresentantes a seguir indicados:

I - da FUNAI do Ministério da Justiça:

a) Titular: Marcela Nunes de Menezes;b) Suplente: Júlia de Paiva Pereira Leão;II - do Ministério do Meio Ambiente:a) Titular: Lylia da Silva Guedes Galetti;b) Suplente: Euclides Pereira;III - da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil:a) Titular: Mauro de Barros Terena; eb) Suplente: Paulino Montejo Silvestre.

§ 3o A secretaria-executiva do GTI será compartilhada por um representante daFUNAI e um representante do Ministério do Meio Ambiente, indicados pelos respectivosMinistros de Estado.

§ 4o A secretaria-executiva não terá direito a voto nas decisões do GTI, e serácomposta pelos representantes a seguir indicados:

I - Titular: Isabella Fagundes Braga Ferreira do Ministério do Meio Ambiente; eII - Suplente: Hilda Araújo Azevedo da FUNAI.Art. 3o Na elaboração da proposta, objeto desta Portaria, deverão ser observadas asseguintes diretrizes:I - participação e controle social dos Indígenas no processo de elaboração eimplementação da Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas;II - fortalecimento dos sistemas indígenas de conservação ambiental;III - proteção dos saberes e conhecimentos tradicionais indígenas;

IV - desenvolvimento da gestão etnoambiental como instrumento de proteção dosterritórios e das condições ambientais necessárias à reprodução física e cultural e ao bem-estardas comunidades indígenas, priorizando ações de recuperação de áreas degradadas erestauração das condições ambientais dos territórios indígenas; eV - valorização das identidades étnicas e de suas organizações sociais.

Art. 4o No que se refere à proposta de política, objeto desta Portaria, o GTI deveráelaborar em quarenta e cinco dias, Plano de Trabalho e respectivo cronograma, bem como ametodologia e cronograma das consultas públicas.

Art. 5o O GTI deverá apresentar, no prazo de onze meses, a contar da publicaçãodesta Portaria, a proposta de Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas.

Art. 6o O GTI poderá contar com a colaboração técnica de instituições e autoridadesde notório saber na execução de seus trabalhos.

Art. 7o A participação no GTI não enseja qualquer tipo de remuneração.

Art. 8o Eventuais despesas com diárias ou passagens dos representantes indígenasserão compartilhadas pelo Ministério do Meio Ambiente e pela FUNAI, de acordo com suasdotações orçamentárias.

Art. 9o Ficam convalidados os atos praticados pelo GTI instituído pela Portaria no

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276, de 2008, até a presente data.

Art. 10. Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 11. Ficam revogadas a Portaria Interministerial no 276, de 12 de setembro de

2008, publicada no Diário Oficial da União de 15 de setembro de 2008, Seção 1, páginas 68 e69 e as Portarias nos 112, de 31 de março de 2009, publicada no Diário Oficial da União de1o de abril de 2009, Seção 2, página 48 e 570, de 31 de março de 2009, publicada no DiárioOficial da União de 2 de abril de 2009, Seção 2, página 26.

CARLOS MINCMinistro de Estado do Meio Ambiente

TARSO GENROMinistro de Estado da Justiça

(Publicada no Diário Oficial da União nº 236, de 10/12/09, Seção 1)

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ANEXO 5:

LEGISLAÇÃO CITADA NO DOCUMENTO BASE

Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categoriasdiferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ouprivadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada eparticipativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma acompatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e odesenvolvimento sustentável no contexto regional.

Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a forma de gestão integradado conjunto das unidades.

Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pela execução das políticas ambiental eindigenista deverão instituir grupos de trabalho para, no prazo de cento e oitenta dias a partirda vigência desta Lei, propor as diretrizes a serem adotadas com vistas à regularização daseventuais superposições entre áreas indígenas e unidades de conservação.Parágrafo único. No ato de criação dos grupos de trabalho serão fixados osparticipantes, bem como a estratégia de ação e a abrangência dos trabalhos, garantida aparticipação das comunidades envolvidas.

Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998)

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possamresultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou adestruição significativa da f lora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1º Se o crime é culposo:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.§ 2º Se o crime:I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos

habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público

de água de uma comunidade;IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou

substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar,

quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco dedano ambiental grave ou irreversível.

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DECRETO 6.514, 22 de julho de 2008

Dispõe sobre as infrações e sanções ao meio ambiente

Das Infrações Relativas à Poluição e outras Infrações AmbientaisArt. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam

resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou adestruição significativa da biodiversidade:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadasapós laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão dodano decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto.

Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 quem:I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação humana;II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos

habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconfortorespiratório ou olfativo;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, doshabitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconfortorespiratório ou olfativo devidamente atestado pelo agente autuante; (Redação dada peloDecreto nº 6.686, de 2008).

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimentopúblico de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lançamento de substâncias,efluentes, carreamento de materiais ou uso indevido dos recursos naturais;

V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substânciasoleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou atos normativos;

VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação ambientalmente adequada aprodutos, subprodutos, embalagens, resíduos ou substâncias quando assim determinar a lei ouato normativo;

VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas deprecaução ou contenção em caso de risco ou de dano ambiental grave ou irreversível; e

VIII - provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais o perecimentode espécimes da biodiversidade.

Parágrafo único. As multas de que trata este artigo e demais penalidades serãoaplicadas após laudo de constatação.

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Patrimônio Genético, a Proteção e o Acesso ao Conhecimento Tradicional Associado(MP 2.186/2001)

Tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei sobre o tema

Art. 16. O acesso a componente do patrimônio genético existente em condições insitu no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva, e aoconhecimento tradicional associado far-se-á mediante a coleta de amostra e de informação,respectivamente, e somente será autorizado a instituição nacional, pública ou privada, queexerça atividades de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, mediante préviaautorização, na forma desta Medida Provisória.

§ 9o A Autorização de Acesso e de Remessa dar-se-á após a anuência prévia:

I - da comunidade indígena envolvida, ouvido o órgão indigenista oficial, quando oacesso ocorrer em terra indígena;

II - do órgão competente, quando o acesso ocorrer em área protegida;III - do titular de área privada, quando o acesso nela ocorrer;IV - do Conselho de Defesa Nacional, quando o acesso se der em área indispensável à

segurança nacional;V - da autoridade marítima, quando o acesso se der em águas jurisdicionais brasileiras,

na plataforma continental e na zona econômica exclusiva.

Art. 27. O Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição deBenefícios deverá indicar e qualificar com clareza as partes contratantes, sendo, de um lado, oproprietário da área pública ou privada, ou o representante da comunidade indígena e doórgão indigenista oficial, ou o representante da comunidade local e, de outro, a instituição

nacional autorizada a efetuar o acesso e a instituição destinatária.

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ESTATUTO DOS POVOS INDÍGENAS (PL e m Tramitação no Congresso Nacional

 

)

Superposição de TI com Unidades de Conservação

Art. 58. A continuidade ou recategorização das unidades de conservação já existentes,parcial ou totalmente incidentes em terras indígenas, dependerá do procedimento revisto noTítulo V.

Título V – Da Consulta Prévia, Livre e Informada

Art. 79. Fica assegurada a participação dos povos e comunidades indígenas noplanejamento, formulação, execução, coordenação e avaliação de todos os planos, projetos eprogramas que possam afetá-los diretamente.

Art. 80. Fica assegurado aos povos e comunidades indígenas o direito de seremconsultados de forma prévia, livre e informada, conforme seus usos, costumes e tradições, nosseguintes casos:

I - medidas legislativas de interesse dos povos e comunidades indígenas que possamafeta-los diretamente;

II - medidas e atividades administrativas de interesse dos povos e comunidadesindígenas que possam afetá-los diretamente;

III - atividades consideradas de relevante interesse público da União desenvolvidasem terras indígenas nos termos de lei complementar.

IV - atividades no entorno das terras indígenas que lhes acarretem potencial impacto.Parágrafo único. Os procedimentos da consulta a que se refere este artigo serãoestabelecidos por resolução do Conselho Nacional de Política Indigenista.

Art. 81. A realização de consulta prévia aos povos e comunidades indígenas caberá

exclusivamente à União, por intermédio do órgão indigenista, assegurado o respeito àsseguintes condições, sob pena de nulidade:

Pagamento por serviços ambientais

Art. 76. É reconhecido aos povos indígenas o direito à contraprestação pelos serviçosambientais das suas terras em função da conservação e uso sustentável dos recursos naturais.Parágrafo único. Cabe ao Estado garantir e regular as formas de remuneração destacontraprestação, cujos recursos serão geridos pelas comunidades indígenas e suasorganizações.

Patrimônio Genético

Art. 59. O acesso e a utilização, por terceiros, de patrimônio genético existente nasterras indígenas, respeitará o direito de usufruto exclusivo das comunidades indígenas, edependerá de prévia autorização das mesmas, bem como de prévia comunicação ao órgãoindigenista federal, observado o disposto na legislação vigente.

Atividades econômicas indígenas e uso sustentável dos recursos naturais renováveis(responde ao tema ecoturismo e etnoturismo e outros)

Art. 60. Os bens e os recursos naturais renováveis existentes nas terras indígenas

destinamse ao usufruto exclusivo dos indígenas, assegurada sua utilização sustentável paraatividades econômicas tradicionais e não tradicionais, inclusive para fins de comercialização.

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Art. 61. Cabe a União, sob a coordenação do órgão indigenista oficial, promoverpolíticas de apoio às iniciativas econômicas indígenas.Parágrafo único. Cabe ao órgão indigenista federal, coordenar, acompanhar e integraras políticas, programas e ações de fomento às atividades econômicas sustentáveis,implementados por órgãos da administração pública federal, outros entes federativos e por

pessoas físicas ou jurídicas de caráter privado.Art. 62. É vedado o incentivo a atividades econômicas que não sejam consideradassustentáveis do ponto de vista ambiental e cultural.

Art. 66. A União, com a colaboração dos Estados e os Municípios, deverão investir naformação continuada de profissionais indígenas na área de sustentabilidade ambiental eeconômica, garantindo o reconhecimento legal de sua categoria e a remuneração compatívelcom seus relevantes serviços.

Art. 68. O incentivo às atividades econômicas em terras indígenas deverá seguir osseguintes preceitos para garantir a sustentabilidade sócio-ambiental:

I - Implementadas em harmonia com os usos, costumes, crenças e tradições dos povosindígenas, garantindo-se a promoção do que cada povo entender por qualidade de vida;

II - O fomento as atividades econômicas em terras indígenas, por instituições públicasou privadas, somente deverão ocorrer por iniciativa das comunidades.

III - É garantida a participação indígena, das comunidades e suas entidadesrepresentativas na elaboração, na execução, na avaliação e no gerenciamento das ações deincentivo as atividades econômicas a serem desenvolvidos em seu benefício.

IV - As prioridades do apoio e do incentivo a que se refere este artigo deverão serdefinidas pelas próprias comunidades.

V - O fomento a qualquer atividade econômica em terras indígenas deverá serfundamentado em estudos e diagnósticos etnoambientais prévios, assegurada a participaçãodos povos indígenas inclusive na escolha dos profissionais e especialistas.

VI - Será respeitado o conhecimento tradicional, através do incentivo ao uso detecnologias indígenas e de outras consideradas apropriadas às realidades das comunidades,

inclusive nos planos de manejo.VII - Deverão ser respeitadas as especificidades culturais, ambientais, tecnológicas e

socioeconômicas de cada povo indígena.Art. 71. Cabe ao órgão indigenista federal a capacitação dos indígenas e suas

entidades representativas para o exercício efetivo do controle social sobre políticas,programas e ações de fomento, voltadas à sustentabilidade econômica das comunidadesindígenas.

Art. 74. Os projetos deverão ser suspensos quando constatados impactos sócioambientaisnegativos e ameaças aos direitos dos povos indígenas, não previstos anteriormente.