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1 Pedido de Prisão Preventiva nº 0017503-83.2015.8.16.0035 1 – Trata-se de pedido de decretação de Prisão Preventiva, em face dos denunciados SILVIO BARBOZA DE MELO, ANA LUCIA MOURAO DE MELO, DJAMMES KUNRATH, MARCO ANTONIO DE PAULA LIMA, EDMAR ANDERSON LANES e LEANDRO MENGARDO GOMES, bem como de pedido de aplicação de Medidas Cautelares diversas da Prisão, em face dos denunciados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA NOVELLI DE PAULA LIMA, feito pelos doutos representantes do Ministério Público (mov. 8.1 dos presentes autos). Vale dizer, o presente pedido tem por base as investigações, provas e depoimentos colhidos nos autos de Inquérito Policial nº 0015261- 54.2015.8.16.0035, anexo ao presente, em que são investigados os ora representados, que foram denunciados pela suposta prática dos delitos previstos no artigo 171, caput, do Código Penal (1°Fato); artigo 50, inciso I, da Lei nº 6.766/79 (2° Fato); artigo 7°, inciso VII, da Lei nO8.137/90 (3° Fato); artigo 171, caput, do Código Penal, por nove vezes (Fatos 4.1.1, 4.1.2, 4.1.3, 4.1.4, 4.1.5, 4.1.6, 4.1.7, 4.1.8 e 4.1.9), tudo na forma do artigo 69 do Código Penal, conforme consta da denúncia (mov. 20.1 daqueles autos). Em seu pedido o Parquet assentou que: “(...) O representado LEANDRO MENGARDO GOMES, não obstante não ter o Ministério Público manifestado pela sua custódia cautelar nos autos de ação penal 0000874-34.2015.8.16.0035, agora surge, com base nas provas colhidas no Procedimento Investigatório Criminal presidido pelo Ministério Público, como um dos mentores dos golpes perpetrados contra as vítimas, sendo ele o responsável pela abordagem e convencimento, mediante ardil e indução em erro quanto à regularidade dos empreendimentos. Conforme consta dos depoimentos de diversas vítimas, o contato com LEANDRO MENGARDO GOMES e sua intermediação foram determinantes para a aquisição do imóvel ofertado, bem como foi ele quem teria intermediado as negociações. EDMAR ANDERSON LANES, não obstante não constar dos contratos sociais das empresas utilizadas pela organização criminosa, é um dos seus Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJZYP AW5EN JHLDH EESAD PROJUDI - Processo: 0017503-83.2015.8.16.0035 - Ref. mov. 11.1 - Assinado digitalmente por Luciani Regina Martins de Paula:9009, 25/08/2015: CONCEDIDO O PEDIDO . Arq: decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2 ... para Promotores... · ANDERSON LANES e LEANDRO MENGARDO GOMES, bem como de pedido de aplicação de Medidas Cautelares

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Pedido de Prisão Preventiva nº 0017503-83.2015.8.16.0035

1 – Trata-se de pedido de decretação de Prisão Preventiva,

em face dos denunciados SILVIO BARBOZA DE MELO, ANA LUCIA MOURAO DE

MELO, DJAMMES KUNRATH, MARCO ANTONIO DE PAULA LIMA, EDMAR

ANDERSON LANES e LEANDRO MENGARDO GOMES, bem como de pedido de

aplicação de Medidas Cautelares diversas da Prisão, em face dos denunciados

ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA NOVELLI DE PAULA LIMA,

feito pelos doutos representantes do Ministério Público (mov. 8.1 dos presentes

autos).

Vale dizer, o presente pedido tem por base as investigações,

provas e depoimentos colhidos nos autos de Inquérito Policial nº 0015261-

54.2015.8.16.0035, anexo ao presente, em que são investigados os ora

representados, que foram denunciados pela suposta prática dos delitos

previstos no artigo 171, caput, do Código Penal (1°Fato); artigo 50, inciso I, da

Lei nº 6.766/79 (2° Fato); artigo 7°, inciso VII, da Lei nO8.137/90 (3° Fato);

artigo 171, caput, do Código Penal, por nove vezes (Fatos 4.1.1, 4.1.2, 4.1.3,

4.1.4, 4.1.5, 4.1.6, 4.1.7, 4.1.8 e 4.1.9), tudo na forma do artigo 69 do Código

Penal, conforme consta da denúncia (mov. 20.1 daqueles autos).

Em seu pedido o Parquet assentou que:

“(...) O representado LEANDRO MENGARDO GOMES, não obstante não ter o Ministério Público manifestado pela sua custódia cautelar nos autos de ação penal 0000874-34.2015.8.16.0035, agora surge, com base nas provas colhidas no Procedimento Investigatório Criminal presidido pelo Ministério Público, como um dos mentores dos golpes perpetrados contra as vítimas, sendo ele o responsável pela abordagem e convencimento, mediante ardil e indução em erro quanto à regularidade dos empreendimentos. Conforme consta dos depoimentos de diversas vítimas, o contato com LEANDRO MENGARDO GOMES e sua intermediação foram determinantes para a aquisição do imóvel ofertado, bem como foi ele quem teria intermediado as negociações. EDMAR ANDERSON LANES, não obstante não constar dos contratos sociais das empresas utilizadas pela organização criminosa, é um dos seus

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gerenciadores, com amplo poder decisório, tendo inclusive participado ativamente de várias negociações fraudulentas. Quando do cumprimento dos mandados, EDMAR ANDERSON LANES se evadiu de forma cinematográfica, eis que acelerou seu veículo em direção à viatura policial, quase colidindo com esta, após ter sido avisado por seus familiares, conforme relatado pelos policiais no relatório de prisão, conforme documento em anexo. Tal fuga, que inclusive colocou em risco a incolumidade física dos policiais, por si só demonstra a intenção do representado de impedir a instrução processual e eventual aplicação da lei penal. Não bastasse, conforme demonstrado nos autos de medidas cautelares que trata da quebra do sigilo bancário e fiscal dos denunciados nº 000874-34.2015.8.16.0035 – 2ª Vara Criminal), houve a ocultação de valores de forma a impossibilitar a aplicação da lei, caso condenado. SILVIO BARBOZA DE MELO e ANA LUCIA MELO assinam em nome da empresa e realizam os contatos comerciais com as vítimas e com instituições financeiras, além de gerenciarem as atividades dos demais integrantes da organização criminosa. Da mesma forma, em relação a estes denunciados, foi demonstrado nos autos de medidas cautelares que trata da quebra do sigilo bancário e fiscal dos denunciados nº 000874-34.2015.8.16.0035 – 2ª Vara Criminal) que houve ocultação de valores de forma a impossibilitar a aplicação da lei, caso condenados. Importante salientar, ainda, a ocultação de bens por parte dos representados, uma vez que foi comprovada a tentativa de ocultação de um caminhão, um veículo corsa e um trator que foram apreendidos pela Polícia Rodoviária federal quando eram transportados para o litoral do Estado do Paraná, mesmo após a deflagração da operação e ampla ciência dos investigados quanto ao teor das medias cautelares fixadas judicialmente. Tais bens vinham sendo “escondidos” pelos funcionários dos representados e por determinação destes, conforme relatado no documento de busca e apreensão anexo. Também foram localizados outros bens ocultados pelos representados, conforme cópia do auto de apreensão anexo, o que demonstra que eles continuam impedindo o bom andamento da instrução processual, bem como tentando garantir a manutenção do enriquecimento ilícito, mediante ocultação de bens e valores obtidos ilicitamente. Outro que também que ocultou valores, é MARCO ANTONIO DE PAULA, o qual também exerce funções relevantes na organização e é quem tenta dar ares de legalidade ás suas atividades criminosas (auto de medidas cautelares que trata da quebra do sigilo bancário e fiscal dos denunciados nº 000874-34.2015.8.16.0035 – 2ª Vara Criminal). Também restou evidenciado que DJAMES KUNRATH exerce papel central na organização criminosa, seja por meio da intermediação dos negócios fraudulentos, seja por meio da utilização de sua empresa DK para a cobrança das parcelas atrasadas ou não pagas pelos compradores ludibriados. (...) Importante ressaltar que os “golpes” praticados mediante ardil causaram prejuízo a um enorme número de pessoas, uma vez que diversos foram os empreendimentos clandestinos colocados à venda sob a falsa aparência de regularidade, sendo o Sparta Park Home Hotel mais um desses empreendimentos clandestinos apurados no presente Procedimento Investigatório Criminal.

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Ante o grande número de vítimas e a repercussão na sociedade quando da divulgação da atuação do Estado na pronta apuração dos crimes e busca de bens e valores de forma a minimizar os danos causados pela organização são indicativos da grande comoção social decorrente das práticas criminosas dos representados. (...)” (mov. 8.1 dos presentes autos).

Já quanto à aplicação de Medidas Cautelares diversas da

Prisão em face dos denunciados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE

MARIA NOVELLI DE PAULA LIMA, aduziu:

“(...) No que diz respeito aos representados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA NOVELLE DE PAULA LIMA, o Ministério Público considera que não obstante as provas da materialidade e os indícios da autoria, suas atuações e poder de mando na organização, caso sejam postos em liberdade não implicarão e risco para a ordem social. Ademais, por ora não há indicativos de que estes investigados tenham tentado ocultar bens ou que poderão se evadir, sendo suficiente para a garantia da instrução processual e aplicação da lei e fixação de medidas cautelares diversas da prisão preventiva, nos termos dos arts. 319 e seguintes, do Código de Processo Penal (...) a) comparecimento mensal em Juízo, para informar e justificar suas atividades até o término do processo; b) proibição de ausentar-se da Comarca, sem autorização prévia do Juízo; c) proibição de manter qualquer contato com os demais investigados, assim como com qualquer das vítimas dos crimes, bem como de seus familiares, inclusive de se aproximar destas, devendo manter distância mínima de 500 (quinhentos) metros; d) proibição de frequentar os empreendimentos ou empresas relacionadas ao Grupo Pedra ou de exercer qualquer ato ou atividade relacionada às empresas utilizadas pela organização criminosa; e) não cometer novos delitos; f) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga; (...)” (mov. 8.1 dos presentes autos).

2 - De fato, assiste total razão ao Ministério Público em sua

representação. Bem assim, valho-me da técnica de fundamentação ‘per

relationem’, validamente aceita e pacificada pelo e. Superior Tribunal de Justiça

e pelo e. Supremo Tribunal Federal, para lançar mão dos ‘argumentos’

expendidos pelo representante do Ministério Público, a fim de repisá-los e

ratificá-los neste r. decisum, de sorte a fundamentar a presente decisão

naqueles exatos termos.

Neste ponto, nossa e. Corte Constitucional tem repisado:

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“(...) O Supremo Tribunal Federal tem salientado, em seu magistério jurisprudencial, a propósito da motivação “per relationem”, que inocorre ausência de fundamentação quando o ato decisório – o acórdão, inclusive – reporta-se, expressamente, a manifestações ou a peças processuais outras, mesmo as produzidas pelo Ministério Público, desde que, nestas, se achem expostos os motivos, de fato ou de direito, justificadores da decisão judicial proferida. Precedentes. Doutrina. O acórdão, ao fazer remissão aos fundamentos fático-jurídicos expostos no parecer do Ministério Público – e ao invocá-los como expressa razão de decidir –, ajusta-se, com plena fidelidade, à exigência jurídico-constitucional de motivação a que estão sujeitos os atos decisórios emanados do Poder Judiciário (CF, art. 93, IX). (...)” (STF, ADI 416 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2014 - grifei). E também: “(...) É firme a jurisprudência da Corte no sentido de que não caracteriza ofensa ao art. 93, inciso IX, da Constituição a decisão que adota como razões de decidir os fundamentos lançados no parecer do Ministério Público. (...)” (STF, ARE 742212 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014 - grifei).

Não há dúvida, pois, de que as conclusões e ponderações

feitas pelo Parquet são dignas de roborar e edificar a presente decisão em

todos os seus termos.

2.1 – Noutro mote, vale lembrar que os ora denunciados ANA

LUCIA MOURAO DE MELO, DJAMMES KUNRATH, EDMAR ANDERSON LANES,

MARCO ANTONIO DE PAULA LIMA e SILVIO BARBOZA DE MELO encontram-se

Preventivamente presos, perante o r. Juízo da 2ª Vara Criminal de São José dos

Pinhais, PR, no Processo Criminal nº 0007004-40.2015.8.16.0035 (Pedido de

Prisão Preventiva nº 0000874-34.2015.8.16.0035), pela suposta prática dos delitos

previstos no artigo 288, caput, do Código Penal (1° Fato); artigo 171, caput, do

Código Penal (2° Fato); artigo 50, inciso I, da Lei nº 6.766/79 (3° Fato); artigo

50, inciso I, da Lei nº 6.766/79 (4º Fato); artigo 7°, inciso VII, da Lei nº 8.137/90

(5º Fato); artigo 7°, inciso VII, da Lei nº 8.137/90 (6° Fato); artigo 171, caput,

do Código Penal, por cinco vezes (Fatos 7.1.1, 7.1.2, 7.1.3, 7.2.1 e 7.2.2), tudo

na forma do artigo 69 do Código Penal.

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Inclusive, recentemente o e. Tribunal de Justiça do Estado do

Paraná confirmou a manutenção daquelas Prisões Preventivas, conforme

consta daqueles autos. Além disso, perante aquele r. Juízo da 2ª Vara Criminal

de São José dos Pinhais, PR, já foram deferidos pedidos cautelares de

Sequestro, Arresto e Hipoteca Legal em desfavor dos ora investigados,

conforme consta dos autos nº 0008724-42.2015.8.16.0035 e 0011435-

20.2015.8.16.0035.

Portanto, muito embora NÃO se trate de ‘conexão’ ou de

‘continência’, a verdade é que, a par das fundamentações feitas adiante, é

crível admitir que o ‘fumus comissi delicti’ e o ‘periculum libertatis’ no caso dos

presentes autos são, igualmente, evidenciados por aquelas decisões daqueles

r. Juízos ‘a quo’ e ‘ad quem’ – mormente porquanto se tratem das mesmas

espécies delitivas e dos mesmos denunciados.

Vinque-se aqui, aquele e este processo são distintos, não se

vislumbrando nem a unidade de processo nem, tampouco, a unidade de

julgamento, vez que NÃO se trata, nem de longe, de ‘conexão’ ou de

‘continência’, mas, sim, de processos distintos, que investigam supostos fatos

praticados em ‘contextos’ (‘espaciais’, ‘temporais’ e ‘modais’) distintos e

contra vítimas diferentes. Forçoso aliás, reconhecer que os fatos e crimes lá e

aqui investigados podem, sem sombra de dúvida, resultar em decisões

distintas (por exemplo: absolvição aqui e condenação lá), não havendo

identidade da ‘causa de pedir’ (fatos e fundamentos), nem de ‘objeto’ nem de

sujeitos passivos dos delitos. Daí dizer que são processos completamente

distintos, inexistindo, pois, ‘litispendência’ ou mesmo, inexistindo o

‘litisconsórcio unitário’ e ‘necessário’.

Para elucidar e vincar tal verdade, suponha-se o exemplo de

um ou mais réus que respondam criminalmente pela prática de dois ou mais

homicídios, independentes entre si, praticados contra vítimas distintas, em

‘contextos’ (‘espaciais’, ‘temporais’ e ‘modais’) distintos. Certamente, muito

embora as futuras penas possam ser eventualmente ‘somadas’ ou ‘unificadas’

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pelo Juízo da Execução Penal, a verdade é que não haverá unidade de

processo, tampouco de julgamento, sendo crível admitir que em um destes

processos o réu seja Pronunciado, em outro seja absolvido (por exemplo pela

presença da ‘causa de justificação’ da ‘legítima defesa’), em outro seja Impronunciado

pela ausência de indícios suficientes de autoria, etc.

Isto dito, passo, por meu turno, a justificar as razões que

ensejam a presente decisão.

3 – Em sede de ‘cognição sumária’, analisando-se os

‘documentos’, ‘provas’ e ‘depoimentos’ constantes dos autos de Inquérito

Policial nº 0015261-54.2015.8.16.0035, anexo ao presente, verifica-se que o

Ministério Público procedeu à minuciosa investigação criminal dos fatos e dos

ora investigados, quanto à suposta prática dos crimes anteriormente

mencionados, referentes ao empreendimento supostamente clandestino,

denominado SPARTA PARK HOME HOTEL EIRELI, relativo à Matrícula nº 23.782,

do 2º Ofício de São José dos Pinhais, situado na localidade de Campina do

Morro Vermelho, no Município de Tijucas do Sul, PR.

Consta do Inquérito Policial e da denúncia (mov. 201.1

daqueles autos) que os ora denunciados teriam supostamente constituído uma

‘organização criminosa’, especializada na aquisição de imóveis rurais, com

implantação de loteamentos clandestinos, promoção de publicidade e indução

a erro de um número indeterminado de consumidores, ante a venda

individualizada de lotes integrantes de empreendimentos imobiliários

supostamente ilegais e proibidos, por meio de artifícios e ardis, com a

promessa de entrega de imóveis que nunca poderiam ser regularizados,

obtendo, em tese, vantagens ilícitas em benefício dos integrantes da

organização criminosa.

Na esteira da tese Ministerial, a organização criminosa

iniciaria, ilegal e clandestinamente, o loteamento de imóveis rurais - o que não é

permitido pela Lei Federal nº 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano) e pelas Leis

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Municipais que apenas permitem o parcelamento do solo em zonas urbanas definidas pelo

Plano Diretor - e promoveria a implantação desses loteamentos sem a previa e

indispensável aprovação de projeto de loteamento pela municipalidade, sem o

prévio e indispensável licenciamento ambiental, a ser emitido pelo Instituto

Ambiental do Paraná, sem a anuência da COMEC e do INCRA, e sem o prévio e

indispensável registro do loteamento aprovado no Cartório de Registro de

Imóveis. A par disso, a ‘organização’ teria prometido as vendas e efetivamente

as teria realizado para várias pessoas (vítimas), as quais teriam comprado lotes

de tamanho que variam de 400m² a 1.600m², sendo que estes compradores

imaginariam se tratar de um condomínio residencial regularizado, no qual

teriam, cada um, o seu lote individualizado, podendo, pois, nele construir e

dele dispor do modo que bem entendessem.

Segundo o Parquet, na consecução dos seus objetivos

delituosos, a ‘organização criminosa’, composta pelos ora representados,

promoveria a criação de outras empresas, sob o objeto social de

empreendimento hoteleiro, buscando a expedição de alvarás e manifestação

de dispensa de licenças ambientais de modo fraudulento, omitindo,

fraudulentamente, que se trataria de implantação de loteamento – o que é

vedado pelas leis anteriormente mencionadas. Ainda, consta dos autos que a

organização procederia à ampla e requintada publicidade, inclusive em meios

de comunicação de grande circulação e, até mesmo, no próprio site:

“www.grupopedra.com.br”, dentre outros meios de divulgação, os quais teriam

induzido a erro um número indeterminado de consumidores.

Vale dizer, segundo a acusação, tudo isso se daria de modo

concertado, mediante a ‘distribuição funcional de tarefas’ entre os agentes do

grupo, tal como pormenorizado na transcrição anteriormente feita e constante

das razões especificadas no pedido de mov. 8.1 dos presentes autos.

Bem assim, grosso modo, os denunciados SILVIO BARBOZA

DE MELO e ANA LÚCIA MOURÃO DE MELO, casados entre si e que são

proprietários e representantes das empresas que compõe o GRUPO PEDRA,

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seriam – em tese - responsáveis, juntamente aos denunciados EDMAR

ANDERSON LANES, MARCO ANTÔNIO PAULO DE LIMA e DJAMMES KUNRATH, pela

aquisição de terrenos rurais, pelo comando da administração das empresas da

organização e pela condução das negociações entabuladas com os

interessados e compradores dos lotes. Também, os denunciados SILVIO

BARBOZA DE MELO, ANA LÚCIA MOURÃO DE MELO, EDMAR ANDERSON LANES,

MARCO ANTÔNIO DE PAULA LIMA e DJAMMES KUNRATH comandariam as

operações e orientariam as ações dos demais integrantes da organização.

Ainda, o denunciado MARCO ANTÔNIO DE PAULA LIMA

também desempenharia papel de comando na organização, eis que exerceria

toda a assessoria jurídica do Grupo, assim como confeccionaria os contratos de

compra e venda dos lotes, travestidos como supostos contratos de "timeshare"

(modalidade de Contrato que não seria juridicamente condizente com as informações passadas

aos compradores/vítimas), apresentando informações e justificativas supostamente

falsas às vítimas e ao próprio Poder Público, de forma a dar aparência de

legalidade aos empreendimentos.

De acordo com a exordial acusatória, o denunciado MARCO

ANTÔNIO DE PAULA LIMA também faria a intermediação do grupo com os

Cartórios para o registro dos contratos e induziria a ‘erro’ as vítimas, ao cobrar

para fins de pagamento das custas pela confecção de escritura pública, valores

significativamente superiores aos constantes da tabela de custas do Tribunal

de Justiça do Estado do Paraná, pelo que obteria vantagens pecuniárias ilícitas

em favor da organização. Além disso, o denunciado MARCO ANTÔNIO DE PAULA

LIMA ainda participaria na intermediação da venda de lotes clandestinos no

referido empreendimento ilegal.

Por seu turno, o denunciado EDMAR ANDERSON LANES

integraria o grupo de investidores para a aquisição de imóveis rurais para a

implantação dos loteamentos supostamente clandestinos, bem como

disponibilizaria, para venda, lotes destes empreendimentos e participaria de

reuniões com os demais integrantes da organização, com a suposta finalidade

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de tentar contornar situações em que os compradores dos lotes descobrissem

o suposto golpe. Igualmente, este denunciado se colocaria perante as vítimas

como integrante do Grupo Pedra, participando de reuniões com os demais

denunciados e com as vítimas, bem como atuaria diretamente na aquisição e

venda de propriedades em nome do Grupo.

Noutro ponto, o denunciado DJAMMES KUNRATH, que já teria

constado como sócio efetivo da empresa Grupo Pedra, além de ser um dos

supostos investidores da organização e dono de parte dos lotes clandestinos,

também participaria na intermediação da venda destes lotes. Seria ainda, o

responsável pelo recebimento dos valores pagos pelos clientes que teriam sido

induzidos a ‘erro’. Neste ponto, este denunciado se utilizaria da ‘Empresa DK

Cadastro e Cobranças Ltda.’, da qual seria sócio proprietário, para a cobrança e

recebimento dos valores dos terrenos supostamente clandestinos, vendidos em

benefício da organização.

Por outro lado, a denunciada ALCIONE MARIA NOVELLI DE

PAULA LIMA, que é esposa ou convivente do denunciado MARCO ANTÔNIO DE

PAULA LIMA, exerceria a função de chefia junto ao Departamento Financeiro

das Empresas do Grupo Pedra. Uma de suas funções seria a de expedir títulos

de crédito supostamente fraudulentos, bem como o protesto destes, com

valores inferiores a R$ 300,00 (trezentos reais), de forma a afastar o

pagamento das custas e com a suposta finalidade de pressionar os

compradores ludibriados.

A seu modo, o denunciado ROBERTO MANOEL CORREA NETO

atuaria como Engenheiro Ambiental junto ao Grupo Pedra, com a suposta

finalidade de obter, de modo supostamente fraudulento, documentos oriundos

dos órgãos públicos, visando dar aparência de legalidade ao empreendimento

e, bem assim, em tese, iludir os compradores dos lotes, utilizando-se de

documentos supostamente falsos, do ponto de vista ideológico. Além disso,

este denunciado também seria um dos investidores da organização criminosa e

suposto dono de parte dos lotes clandestinos.

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Já o denunciado LEANDRO MENGARDO GOMES gerenciaria os

corretores e, consequentemente, articularia todo o ardil necessário para induzir

em erro as vítimas. Mais do que isso, ele acompanharia a realização de

marketing dos empreendimentos supostamente clandestinos, bem como

acompanharia as vítimas até estes empreendimentos e, posteriormente,

realizaria a negociação de venda dos lotes na sede do Grupo Pedra, com a

participação do denunciado SILVIO BARBOZA DE MELO, assim como seria o

responsável por conduz as vítimas até o Cartório, juntamente com o

denunciado MARCO ANTÔNIO DE PAULA LIMA, para a formalização dos

documentos.

Bem assim, no caso concreto dos autos e nos termos do 1º

Fato da denúncia (mov. 20.1 destes autos), a suposta organização, por meio da

atuação concertada dos denunciados, teria, supostamente, entre os meses de

janeiro e fevereiro de 2013, cometido o crime de ‘estelionato’, previsto no

artigo 171, caput, do Código Penal, contra as vítimas Ramiro Alves Costa,

Carolini Versan Alves Costa Lima, Thiago Pereira Lima, Cristhiane Versan Alves

Costa de Oliveira, Felipe Querino de Oliveira e Camila Versan Alves Costa

(proprietários do imóvel rural localizado na localidade denominada Campina do Morro

Vermelho, no município de Tijucas do Sul, registrado sob a matrícula nº 23.782 - 2° Ofício de

Registro de Imóveis de São José dos Pinhais), convencendo-os a vender o mencionado

imóvel, com a finalidade de construírem um hotel a ser explorado no sistema

'time share', muito embora a real finalidade dos denunciados, bem como a

crença das vítimas ludibriadas, não fosse essa.

A rigor, os depoimentos dessas vítimas e os documentos

anexados aos autos (Termo de Depoimento de Ramiro Alves Costa; Escritura Pública de

Compra e Venda de Imóvel constante do Livro 0762-E, fl. 117, do Tabelionato do 2º Ofício de São

José dos Pinhais, PR; fotocópias de cheques emitidos pelo Grupo Pedra em favor dos

proprietários do imóvel destes autos; Recibo de Quitação parcial; Recibo de Repasse de Sinal de

Negócio; Comprovantes de Pagamentos e fotocópias de 20 [vinte] Notas Promissórias - mov.

20.8 e 20.9) revelariam, em sede de ‘cognição sumária’ e não ‘exauriente’, que o

valor total da venda ficou acertado no montante de R$ 2.500.000,00 (dois

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milhões e quinhentos mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)

foram pagos quarenta dias antes da lavratura da escritura pública, como sinal

de negócio. Também, revelariam que na data de 08 de julho de 2013, quando

houve a lavratura da escritura pública, foi efetuado um pagamento de R$

450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais) em favor da vítima Ramiro

Alves Costa, sendo que destes, R$ 70.000,00 (setenta mil reais) foram pagos

por meio do cheque nº 000989, agência nº 2762, do Banco Bradesco, e R$

380.000,00 trezentos e oitenta mil reais) pagos via transferência bancária, na

conta corrente nº 199326-7, agência 3220-4, banco Bradesco, conforme recibo

de quitação juntado aos autos. Outrossim, o valor residual de R$ 2.000.000,00

(dois milhões de reais) teria sido dividido em 100 (cem) notas promissórias

assinadas pela denunciada ANA LÚCIA MOURÃO DE MELLO.

Ocorre, porém, que das 100 (cem) notas promissórias dadas

como garantia do pagamento, a vítima Ramiro Alves Costa teria recebido

apenas os valores relativos às 08 (oito) primeiras parcelas, uma vez que os

denunciados, com o suposto propósito de locupletar a organização, mediante o

suposto ardil já explicitado, teriam suspendido os pagamentos, com o que

teriam obtido suposta vantagem ilícita de aproximadamente R$ 1.840.000,00

(um milhão e oitocentos e quarenta mil reais).

Noutro ponto, ainda em sede de ‘cognição sumária’, os

depoimentos e os documentos anexados aos autos de Inquérito (refiro-me aqui, à:

fotocópia da Matrícula nº 23.782, do 2º Ofício de São José dos Pinhais, referente ao imóvel destes

autos; material publicitário do empreendimento Sparta Park Home Hotel; Memoriais Descritivos

das Unidades Habitacionais “desmembradas” da Unidade Habitacional de patrimônio do Sparta

Park Home Hotel, de nº 18, nº 05, nº 10, nº 26, nº 28, nº 06, nº 12, nº 13, nº 09; nº 01, nº 02 -

[mov. 20.11, mov. 20.13, mov. 20.14, mov. 20.15, mov. 20.16, mov. 20.18, mov. 20.19, mov.

20.20 e mov. 20.21]) revelariam, que os denunciados teriam iniciado o

‘loteamento’ supostamente clandestino, para fins urbanos, no imóvel rural já

mencionado. Isso teria sido feito com a divisão de lotes de tamanho que

variam de 1.400m² a 1. 700m², sob a denominação de 'Sparta Park Home

Hotel', sem a prévia e indispensável aprovação de projeto de loteamento pelo

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município de Tijucas do Sul, sem o prévio e indispensável licenciamento

ambiental emitido pelo Instituto Ambiental do Paraná, sem a anuência da

COMEC e do INCRA, e sem o prévio e indispensável registro do loteamento

aprovado no Cartório de Registro de Imóveis.

Consta dos autos, bem como da exordial acusatória, que para

a consumação do referido crime, os denunciados teriam criado a empresa

denominada ‘SPARTA PARK HOME HOTEL EÍRELI', sob o objeto social de

empreendimento hoteleiro, bem como teriam requerido, por meio da ativa

participação do denunciado ROBERTO MANOEL CORREA NETO, junto à

Prefeitura Municipal de Tijucas do Sul e ao Instituto Ambiental do Paraná, a

concessão de alvará e manifestação de dispensa de licença ambiental (OLAE),

o que teria sido feito de modo ideologicamente falso, omitindo-se, ao menos

em tese, que se tratava de implantação de loteamento clandestino em área

rural.

Vale dizer, de acordo com a versão Ministerial e nos termos

dos depoimentos das vítimas que teriam comprado os referidos lotes, o Grupo

Pedra Ltda. teria ocultado qualquer fato relativo à ilegalidade e clandestinidade

do loteamento. Por estas razões, os denunciados teriam, ao menos em tese,

praticado o ilícito descrito no artigo 50, inciso I, da Lei nº 6.766/79 (2° Fato).

Além disso, os depoimentos das vítimas e os documentos

anexados aos autos revelariam que os denunciados teriam, em tese e

supostamente, induzido e mantido em ‘erro’ as vítimas José Augusto Pinto

Rodrigues, Terso - Barlif S/A de Investimentos (representada por seu Diretor

Presidente Tarcisio Luis Lenfers e seu filho Filipe Pais Lenfers), Claudio Roberto

Luchtenberg, Indústria e Comércio de Madeiras Torta Ltda. (representada por

seu sócio Tiago Tortelli), José Trindade de Jesus, Jeniffer Christen Tavares

Remowicz, Deisy Rodrigues Felício de Souza, Humberto de Alencar Bastos de

Abreu e Isolete Bittencourt Correa, mediante ardil e outros meios fraudulentos,

consistentes em lhes vender ‘lotes’ clandestinos do empreendimento

denominado “Sparta Park Home Hotel’, situado no endereço anteriormente

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descrito, afirmando-lhes que se tratava de empreendimento e de lotes

regulares, nos quais as vítimas poderiam construir e dos quais poderiam dispor

(ainda que com a denominação contratual de ‘timeshare’) com a venda de terrenos

individualizados, quando, entretanto, tal fato NÃO condizia com a realidade,

com o que teriam não só induzido e mantido em ‘erro’ as vítimas, mas,

também, teriam obtido vantagem ilícita em prejuízo das vítimas e em suposto

proveito dos denunciados.

A rigor, em relação à vítima José Augusto Pinto Rodrigues,

salientam-se os seguintes documentos: Termo de Depoimento da vítima José Augusto

Pinto Rodrigues; material publicitário do empreendimento Sparta Park Home Hotel; fotocópia da

Matrícula nº 23.782, do 2º Ofício de São José dos Pinhais, referente ao imóvel destes autos;

Proposta de Compra de Imóvel feita pela vítima José Augusto Pinto Rodrigues; cópia do Boletim

de Ocorrência nº 2015.300574 – P.C.; Procuração por Instrumento Público outorgada pelo GRUPO

PEDRA ao acusado SILVIO BARBOZA DE MELO; recibos de pagamento e de cancelamento de

protesto de título, em nome de José Augusto Pinto Rodrigues; cópia de ação cível intentada por

José Augusto Pinto Rodrigues contra o GRUPO PEDRA e contra o SPARTA PARK HOME HOTEL

EIRELI (mov. 20.10, 20.11, 20.12).

Quanto à vítima Terso - Barlif S/A de Investimentos

(representada por seu Diretor Presidente Tarcisio Luis Lenfers e seu filho Filipe

Pais Lenfers), avultam-se os seguintes documentos: Termo de Depoimento da vítima

Tarcisio Luis Lenfers; recibos de pagamento; Memorial Descritivo da Unidade Habitacional nº 18

e Escrituras Públicas de Cessão de Direitos de Ocupação com Tempo Compartilhado (mov.

20.13).

Outrossim, no que tange à vítima Claudio Roberto

Luchtenberg, devem ser notados o: Termo de Depoimento da vítima Claudio Roberto

Luchtenberg; Memorial Descritivo da Unidade Habitacional nº 05; Contrato e Regulamentação de

Tempo Compartilhado, Multipropriedade – TIMESHARE e recibo de pagamento (mov. 20.14).

No que se refere à vítima Indústria e Comércio de Madeiras

Torta Ltda. (representada por seu sócio Tiago Tortelli), saltam o: Termo de

Depoimento da vítima; recibos de pagamento; Escritura Pública de Cessão de Direitos de

Ocupação com Tempo Compartilhado e Memorial Descritivo da Unidade Habitacional nº 10 (mov.

20.15).

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Já quanto à vítima José Trindade de Jesus, urgem o: Termo de

Depoimento da vítima; Memorial Descritivo das Unidades Habitacionais nº 26, nº 28 e nº 06;

Contrato e Regulamentação de Tempo Compartilhado, Multipropriedade – TIMESHARE e

Escrituras Públicas de Cessão de Direitos de Ocupação com Tempo Compartilhado (mov. 20.16 e

mov. 20.17).

Também, em relação à vítima Jeniffer Christen Tavares

Remowicz, devem ser elencados o: Termo de Depoimento da vítima; recibos de

pagamento; Contrato e Regulamentação de Tempo Compartilhado, Multipropriedade –

TIMESHARE e Memorial Descritivo da Unidade Habitacional nº 12 (mov. 20.18).

Ainda, os documentos referentes à vítima Humberto de

Alencar Bastos de Abreu, quais sejam o: Termo de Depoimento da vítima; recibos de

pagamento; Memorial Descritivo da Unidade Habitacional nº 13 e Contrato e Regulamentação de

Tempo Compartilhado, Multipropriedade – TIMESHARE (mov. 20.19).

Quanto à vítima Deisy Rodrigues Felício de Souza, sobressai-

se o: Termo de Depoimento da vítima; recibos de pagamento e Memorial Descritivo da Unidade

Habitacional nº 09 (mov. 20.20).

Por fim, no que diz respeito à Isolete Bittencourt Correa,

avulta-se o: Termo de Depoimento da vítima; Memoriais Descritivos das Unidades

Habitacionais nº 01 e 02; Contrato e Regulamentação de Tempo Compartilhado,

Multipropriedade – TIMESHARE; recibos de pagamento; cópia do Boletim de Ocorrência nº

2015.301027 – P.C. e Escrituras Públicas de Cessão de Direitos de Ocupação com Tempo

Compartilhado (mov. 20.21).

Deste modo, os denunciados teriam, em tese, praticado o

delito previsto no artigo 171, caput, do Código Penal, por 09 (nove) vezes

(Fatos 4.1.1, 4.1.2, 4.1.3, 4.1.4, 4.1.5, 4.1.6, 4.1.7, 4.1.8 e 4.1.9).

No mais, para além dos depoimentos das vítimas e dos

documentos já mencionados de modo pormenorizado, nota-se, outrossim, que

a suposta ‘publicidade’ empregada poderia, ao menos em tese, roborar esta

crença incutida nas vítimas, no sentido de que os lotes seriam fática e

juridicamente individualizados e privativos (loteados e desmembrados). Bem

aí, noto que o material publicitário constante do mov. 20.11, p. 274, faz

menção à existência de “Espaços Privativos em meio a mais bela natureza...”.

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Neste mesmo mote, ao menos por ora, de modo ‘sumário’, é

verossímil a tese de que tais documentos revelariam que os denunciados

teriam, supostamente, induzido um número indeterminado de consumidores a

‘erro’, por meio de indicações e afirmações enganosas sobre a natureza do

empreendimento denominado 'Sparta Park Home Hotel', mediante ampla

divulgação promovida em feiras de imóveis, em internet, pelo site do Grupo

Pedra, e em sites e redes sociais, como o Facebook e o OLX, com suposto apelo

visual e proposta de estruturas e serviços que não seriam condizentes com a

realidade, ante a suposta clandestinidade do empreendimento e dos lotes.

Bem assim, teriam supostamente praticado o delito previsto no artigo 7°,

inciso VII, da Lei nº 8.137/90 (3° Fato).

Por tudo o que se disse até aqui, de modo sério e

compromissado com a Justiça, bem como compromissado com a conciliação

dos ‘interesses’ e ‘direitos’ das vítimas e dos denunciados, CONCLUO que a

exegese da nova Lei nº 12.403/11 sopesada a realidade dos fatos contidos

nestes autos, demandam, por ora, a segregação cautelar dos denunciados

SILVIO BARBOZA DE MELO, ANA LUCIA MOURAO DE MELO, DJAMMES KUNRATH,

MARCO ANTONIO DE PAULA LIMA, EDMAR ANDERSON LANES e LEANDRO

MENGARDO GOMES, bem como a aplicação de Medidas Cautelares diversas da

Prisão aos denunciados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA

NOVELLI DE PAULA LIMA.

Primeiramente, da análise dos fundamentos previstos no

artigo 312, primeira parte, do CPP (garantia da ordem pública, econômica, conveniência

da instrução e aplicação da lei penal), dos pressupostos legais previstos no artigo

312, segunda parte, do CPP (prova da existência do crime e indícios suficientes da

autoria) e das condições de admissibilidade (art. 313, do CPP), conclui-se pela

necessidade da prisão cautelar dos denunciados. Pois:

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3.1 – Quanto aos ‘fundamentos’, sobressai-se a garantia da

ordem pública e da ordem econômica, bem como a conveniência da instrução

criminal e a aplicação da lei penal.

Primeiramente, a par de tudo o que foi dito anteriormente,

nota-se que os crimes em análise são de gravidade ‘concreta’ e ‘relevante’,

sendo crível a tese de que os delitos teriam não só impactado a vários ‘bens

jurídicos distintos’, mas, também, que teriam afetado diversas vítimas

distintas.

Os indícios colhidos até o presente momento revelariam,

ainda, que os prejuízos supostamente causados à todas às vítimas

ultrapassariam, ao menos em tese, o montante de R$ 2.000.000,00 (dois

milhões de reais). Já por aí se avulta a aparente ‘Tipicidade Conglobante’,

marcada pela aparente e excessiva ‘tipicidade material’ das condutas, bem

como pela aparente ‘antinormatividade’ delas, coadunando-se, pois, todos

estes elementos, à concepção desenvolvida pelo Mestre portenho ZAFFARONI.

Na linha de tudo o que foi dito, conclui-se ainda, que a

‘repercussão social’ dos fatos investigados faz aumentar o ‘clamor social’ pela

adoção de providências pelas Autoridades, sob pena de esvaziamento das

medidas legais cabíveis.

Bem aí, à luz dos Princípios da Fragmentariedade e da Mínima

Intervenção do Estado, tem-se que a tutela e repressão penal – nesta toada

compreendida a Prisão Cautelar, como medida excepcional que é – revela-se

medida ‘Proporcional’ (‘útil’, ‘necessária’ e ‘proporcional em sentido estrito’) ao

presente caso. Mormente porquanto todas as demais Medidas Cautelares (art.

319 do CPP) revelem-se inapropriadas e ineficazes a estes denunciados.

Acerca do Princípio da Proporcionalidade, edificante é o

escólio do Professor e atual Ministro do e. Supremo Tribunal Federal, LUIS

ROBERTO BARROSO, esposando-o como:

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“[...] um valioso instrumento de proteção dos direitos fundamentais e do interesse público, por permitir o controle da discricionariedade dos atos do Poder Público e por funcionar como a medida com que uma norma deve ser interpretada no caso concreto, para a melhor realização do fim constitucional nela embutido ou decorrente do sistema [...]. O princípio pode operar, também, no sentido de permitir que o juiz gradue o peso da norma, em determinada incidência, de modo a não permitir que ela produza um resultado indesejado pelo sistema, assim fazendo a justiça no caso concreto [...]” (BARROSO, Luis Roberto e BARCELLOS, Ana Paula de. O começo da História: a nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro. In SILVA, Virgilio Afonso da. Interpretação constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 303 - grifei).

Exatamente neste contexto é que a ‘constrição cautelar da

liberdade’ destes denunciados afigura-se como medida indispensável – ao

menos por ora.

Relembre-se aqui os indícios sumários de que os denunciados

agiriam de modo segmentado e concertado, mediante a suposta ‘distribuição

funcional de tarefas’, o que, a um só tempo, aumentaria tanto o ‘risco’ à

‘garantia da ordem pública’, quanto o ‘risco‘ à ‘garantia da ordem econômica’.

Recordem-se, ainda, os indícios sumários de que as infrações seriam

praticadas por meio das Pessoas Jurídicas constituídas pelos denunciados, o

que torna ainda mais certa a imperiosa necessidade de resguardar a ‘ordem

econômica’.

Assente-se aí, que o ‘modus operandi’ empregado revelaria o

destemor dos denunciados tanto para com as vítimas dos delitos patrimoniais

quanto para com a Administração Pública (IAP, INCRA, Secretaria de Meio

Ambiente, etc.).

Em verdade, em casos como o presente, é justamente por

meio da medida de exceção (constrição cautelar da liberdade) que a ‘ordem

pública’ e a ‘ordem econômica’ são resguardadas. Sobretudo porquanto exista

o fundado receio da reiteração criminosa, eis que os denunciados teriam

participados de muitas vendas de lotes, o que, certamente, acaso permaneçam

soltos neste momento, lhes permitiria a suposta manutenção de tais práticas.

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Novamente, ganha força o ‘clamor social’ pela adoção de providências pelas

Autoridades, a fim de acautelar o meio social.

A propósito, em tais casos o e. Superior Tribunal de Justiça

tem assentado:

“(...) DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA QUE SE ALICERÇA NOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E ECONÔMICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DO WRIT. ORDEM DENEGADA. (...) 3. In casu, além da materialidade do delito e de indícios suficientes de autoria, a decretação da constrição cautelar fundou-se, primordialmente, na necessidade de preservar a ordem pública e econômica, evidenciada no grande poder de reestruturação e de organização do grupo criminoso, bem como na conseqüente possibilidade de retorno à prática das atividades criminosas, que permitiram a reciclagem de milhões de reais obtidos com o narcotráfico e que revelam possuir a organização criminosa uma estrutura altamente complexa e estável, detentora de um poder econômico elevado, (...) 5. A preservação da ordem pública não se restringe às medidas preventivas da irrupção de conflitos e tumultos, mas abrange também a promoção daquelas providências de resguardo à integridade das instituições, à sua credibilidade social e ao aumento da confiança da população nos mecanismos oficiais de repressão às diversas formas de delinqüência. (...)” (STJ, HC 96.235/GO, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2008, DJe 09/12/2008 –grifei).

Por estas razões, ao menos por ora, não cabe a aplicação de

nenhuma outra medida cautelar a estes denunciados.

De outra banda, urgem os fundamentos da asseguração da

‘aplicação da lei penal’ e da ‘conveniência da instrução’.

Quanto ao primeiro ‘fundamento’, relembre-se que os crimes

imputados aos denunciados são de relevante gravidade e a averiguação de

suas práticas é de precípua importância.

A princípio, todas as infrações teriam ocorrido no Estado do

Paraná, pelo que há o preponderante interesse do Poder Judiciário do Estado do

Paraná na averiguação e eventual punição pelas suas práticas.

Além disso, como bem ressaltou o Parquet em sua

representação: “(...) Quando do cumprimento dos mandados, EDMAR ANDERSON LANES se evadiu

de forma cinematográfica, eis que acelerou seu veículo em direção à viatura policial, quase colidindo com

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esta, após ter sido avisado por seus familiares, conforme relatado pelos policiais no relatório de prisão,

conforme documento em anexo. Tal fuga, que inclusive colocou em risco a incolumidade física dos

policiais, por si só demonstra a intenção do representado de impedir a instrução processual e eventual

aplicação da lei penal. (...)” (mov. 8.1 dos presentes). Quer dizer, ao menos em tese, é

possível que os denunciados se furtem à ‘aplicação da lei’, havendo indícios

concretos de que possam a vir fazer isso. Daí dizer que a prisão cautelar é

medida imperiosa.

Neste ponto, o exercício do jus puniendi do Estado, caso

sejam processados e supostamente condenados, parece depender, ao menos

por ora, da segregação dos denunciados.

Além disso, em relação ao fundamento da ‘conveniência da

instrução’, tem-se que a custódia provisória poderá permitir, neste momento, a

investigação completa e a oitiva despreocupada das vítimas e testemunhas,

sem que nenhum dos supostos integrantes da suposta organização influa na

coleta de provas.

Relembre-se o indício de que alguns dos denunciados

estariam tentando ocultar bens e valores, o que, por si só, já é capaz de

edificar o fundamento da ‘conveniência da instrução’.

Aliás, esta é razão pela qual o Parquet fundamentou seu

pedido justificando que os componentes/integrantes de maior importância

(aqueles que praticam ‘atos executórios’ mais expressivos e que tem papel de destaque na

suposta organização) são os que devem ser presos cautelarmente neste momento.

Patente, pois, a presença do ‘periculum libertatis’.

3.2 – Quanto aos ‘pressupostos’, verifica-se a materialidade,

ao menos por ora, de todos os documentos e depoimentos que foram

pormenorizadamente descritos nesta decisão, e que constam dos Autos de

Inquérito Policial em anexo.

Igualmente, os indícios de autoria repousam nos vários

depoimentos e documentos já explicitados anteriormente, os quais apontariam

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para a participação dos denunciados nos supostos crimes que lhes são

imputados.

Resta certo, pois, a par de tudo o que foi dito até aqui, o

‘fumus comissi delicti’.

3.3 – Quanto às ‘condições de admissibilidade’, os crimes em

análise, somados, têm penas máximas SUPERIORES a 04 (quatro) anos (artigo

313, inciso I, do CPP).

Por todas estas muitas razões, nos termos dos artigos 282,

§6º, 311, 312, 313, e 315, do Código de Processo Penal não resta outra

alternativa nem outra medida cautelar, que não a decretação da custódia

cautelar destes denunciados.

4 – De outro lado, a par de tudo o que foi dito e analisado até

aqui, e com supedâneo nas ponderações tecidas pelo Parquet, bem como com

fundamento na máxima da ‘fundamentação per relationem’, cumpre-me

fundamentar a imposição de MEDIDAS CAUTELARES diversas da prisão

preventiva aos denunciados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE

MARIA NOVELLI DE PAULA LIMA.

Em tese, e ao menos por ora, tem-se que estes dois

denunciados não teriam tentado ocultar bens, nem tentado empreender fuga,

sendo que as suas atuações e poder de mando seriam, ao menos em tese,

menos intensas. A propósito, como bem salientou o Parquet: “(...) No que diz

respeito aos representados ROBERTO MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA NOVELLE DE

PAULA LIMA, o Ministério Público considera que não obstante as provas da materialidade e os

indícios da autoria, suas atuações e poder de mando na organização, caso sejam postos em

liberdade não implicarão e risco para a ordem social. Ademais, por ora não há indicativos de

que estes investigados tenham tentado ocultar bens ou que poderão se evadir, sendo

suficiente para a garantia da instrução processual e aplicação da lei e fixação de medidas

cautelares diversas da prisão preventiva, nos termos dos arts. 319 e seguintes, do Código de

Processo Penal (...)” (mov. 8.1 dos presentes autos).

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Por estas razões, nos termos do artigo 282, 319 e 321, todos,

do CPP – com redação alterada pela Lei nº 12.403/2011 – aplico MEDIDAS

CAUTELARES a estes dois denunciados, mediante Termo de Comparecimento a

todos os atos processuais. Com efeito, aplico aos denunciados as seguintes

Medidas Cautelares:

a) comparecimento periódico mensal (uma vez por mês) em juízo, para

informar e justificar suas atividades até o termino do processo (art. 319, inciso I, do CPP);

b) proibição de ausentar-se da Comarca, sem autorização prévia do Juízo

(art. 319, inciso IV, do Código de Processo Penal);

c) proibição de manter contato, diretamente ou por interposta pessoa,

com eventuais vítimas ou testemunhas e seus familiares, bem como proibição de manter

contato com todos os demais denunciados, diretamente ou por interposta pessoa e com seus

familiares, eis que por circunstâncias relacionadas aos delitos, devem os denunciados delas

permanecerem distantes, a fim de evitarem-se eventuais ameaças, constrangimentos,

tentativa de modificar e/ou combinar versões para os fatos, etc., devendo manter distância

mínima de 500 (quinhentos) metros de todas estas pessoas (art. 319, inciso III, do CPP);

d) proibição de frequentar os empreendimentos ou empresas

relacionadas ao Grupo Pedra ou de exercer qualquer ato ou atividade relacionada às empresas

utilizadas pela organização criminosa, a fim de evitar a reiteração criminosa e/ou o contato

com eventuais vítimas e testemunhas (art. 319, inciso II, do Código de Processo Penal);

e) Recolhimento domiciliar, salvo em seus horários de trabalho, devendo

os mesmos comunicarem a este juízo o exercício do trabalho fixo, com discriminação de

empregador e local de sua prestação (artigo 319, inciso V do Código de Processo Penal);

Ainda, advertindo-se aos denunciados sobre as

consequências jurídicas em caso de eventual descumprimento da(s) medida(s)

cautelar(es) imposta(s) (arts. 282, §4º e 312, parágrafo único, ambos do CPP).

5 - Deste modo, pelas razões anteriormente aduzidas:

5.1 - Nos termos dos artigos 282, §6º, 311, 312, 313, e 315,

do Código de Processo Penal, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA dos denunciados

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SILVIO BARBOZA DE MELO, ANA LUCIA MOURAO DE MELO, DJAMMES KUNRATH,

MARCO ANTONIO DE PAULA LIMA, EDMAR ANDERSON LANES e LEANDRO

MENGARDO GOMES, eis que presentes os requisitos exigidos pelos novos

artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, bem como porquanto as novas

‘medidas cautelares diversas da prisão’ revelem-se ineficazes/incabíveis ao

presente caso – neste momento (artigo 282, §6º, da nova Lei) e, ainda;

5.2 - Nos termos do artigo 282, 319 e 321, todos, do Código

de Processo Penal – com redação alterada pela Lei nº 12.403/2011 – aplico as

MEDIDAS CAUTELARES anteriormente mencionadas aos denunciados ROBERTO

MANOEL CORREA NETO e ALCIONE MARIA NOVELLI DE PAULA LIMA, mediante

Termo de Comparecimento a todos os atos processuais, lembrando-lhes das

consequências em caso de eventual descumprimento da(s) medida(s)

cautelar(es) imposta(s) (arts. 282, §4º e 312, parágrafo único, ambos do CPP)

5.3 - Expeçam-se os mandados de prisão e os mandados de

intimação respectivos, bem como intimem-se as partes.

6 – Á r. Escrivania para que junte cópia da presente decisão

aos autos de Inquérito Policial nº 0015261-54.2015.8.16.0035.

Diligências necessárias.

São José dos Pinhais, 25 de agosto de 2015.

LUCIANI REGINA MARTINS DE PAULA

Juíza de Direito

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