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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O QUE QUEREMOS?
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por Elaine Romano Lopes de Andrade
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, principal responsável por tudo
isso, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
Aos meus pais, Helta e João e meu irmão Fábio, pelo incentivo,
amor e apoio incondicional que sempre me dedicaram, por um dia
terem acreditado em mim e me proporcionado à chance de
realizar os meus sonhos, pois sempre estavam ao meu lado
quando precisei.
Ao meu namorado, Marcos pela dedicação, amor e compreensão,
principalmente na minha ausência no decorrer desse trabalho,
por todos os momentos de felicidade, ainda que nos momentos
mais difíceis, e por sempre me fazer acreditar que tudo é
possível.
A todos os professores e amigos de verdade, que me ensinaram,
incentivaram e ajudaram, direta ou indiretamente, contribuindo
assim, para que eu pudesse crescer.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família, que sempre me incentivou
para a realização dos meus ideais, me encorajando a enfrentar
todos os momentos difíceis da vida.
Com muito carinho, dedico ao meu namorado, pela compreensão,
apoio e contribuição para minha formação acadêmica.
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“A alegria não chega apenas no encontro do
achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da
procura, fora da boniteza e da alegria.” Paulo Freire
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RESUMO
Este estudo aborda o tema A Educação de Jovens e Adultos como uma oportunidade efetiva e seus problemas, com destaque para os programas desenvolvidos pelo governo no sentido de diminuir as taxas de evasão escolar, principalmente pelo fato de os alunos não encontrarem na escola o sentido para sua vida futura, abandonando assim inconcluso o ensino médio. A partir de 2013, surgiu a proposta da Nova Escola de Jovens e Adultos, reformulando o ensino proporcionado especialmente a esta faixa da população que não tem condições de frequentar o ensino regular, e para atender às exigências dos alunos, pelos seus horários mais flexíveis, mais capazes de se coadunar com os horários exigidos pelo emprego em que ganham sua subsistência. Após o embasamento teórico, buscou-se trazer mais luz sobre o assunto, através de estudo de caso, em que um questionário foi distribuído entre três grupos: alunos, professores, supervisão e gestores participantes da EJA em uma escola – o Liceu Nilo Peçanha -, em Niterói, RJ. A análise do conteúdo das respostas desses indivíduos revelou que a NEJA vem desempenhando um papel relevante na vida das pessoas, pela nova esperança que lhes dá de conseguirem o tão desejado certificado de conclusão do Ensino Médio, que lhes abre a porta para muitos empregos, proporcionando-lhes assim maior auto-estima e melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Ensino Médio. Evasão escolar. Inclusão. NEJA.
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METODOLOGIA
A primeira parte do trabalho será constituída por revisão bibliográfica em que
serão estudados textos publicados recentemente, de autores que se dedicaram a
este tema e publicaram seus trabalhos em livros e artigos na internet. Os dados
obtidos com as respostas aos questionários terão análise do conteúdo qualitativa e
quantitativa. Segundo Martins e Halasz (2011), a adoção da metodologia qualitativa
tem sido muito empregada nas pesquisas educacionais, por apresentar três
aspectos importantes:
Primeiro, os dados qualitativos permitem aprender o caráter complexo e multidimensional dos fenômenos; em segundo lugar, os dados qualitativos capturam variados significados das experiências vividas no ambiente, auxiliando a compreensão das relações entre as pessoas, seu contexto e suas ações e terceiro, a sua capacidade de contribuir, criatividade e o pensamento crítico (LUDKE & ANDRÉ, 1986).
Da segunda parte constará um estudo de caso, em que o grupo de indivíduos
que fará parte das amostras analisadas será formado por alunos que cursou a EJA
no período noturno em colégio no Município de Niterói, no segundo semestre de
2014.
Os alunos deverão responder a um questionário (ANEXO 1), onde serão
avaliados os motivos pela sua decisão de estudar na Nova EJA. Através da análise
quantitativa desses dados, serão montados tabelas que ilustrem a situação dos
alunos que se interessam pela Nova EJA, entendendo os principais motivos que os
levam a acelerar os estudos. Os professores também responderão a um
questionário (ANEXO 2) opinando sobre o comportamento e o interesse dos alunos
da Nova EJA. Dessa forma, também serão analisados os dados, para que
possamos compreender o que o professor espera do seu alunado.
Os questionários a serem aplicados, serão previamente testados com um
grupo de professores, alunos, equipe diretiva e supervisão escolar (ANEXO 3) para
saber se conseguem realizar os objetivos da pesquisa.
Optou-se pelo emprego de um questionário para cada grupo participante,
levando em conta as vantagens deste sistema. Segundo Marconi e Lakatos (1996),
as principais vantagens do uso do método do questionário em relação às entrevistas
são que utilizam menos pessoas para serem executados e proporcionam economia
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de custo, tempo, viagens, com obtenção de uma amostra maior, além de ficarem
isentos de qualquer influência direta do entrevistador.
As atividades para realização da pesquisa foram divididas em etapas. A
primeira etapa foi a análise de documentos a partir do levantamento de dados dos
questionários respondidos pelos professores e alunos do EJA que funciona nas
dependências do Liceu Nilo Peçanha, no Centro de Niterói, RJ.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................9 CAPÍLULO I - EDUCAÇÃO ESCOLAR 1.1 A educação como direito – Aspectos legais do ensino......................................11 1.2 Evasão escolar...................................................................................................14 1.3 Qualidade do ensino...........................................................................................18 CAPÍTULO II - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA 2.1 Origem e evolução.............................................................................................22 2.2 Motivação ..........................................................................................................25 2.3 Encontros e Declarações...................................................................................29 CAPÍTULO III - ESTUDO DE CASO 3.1 Público-alvo........................................................................................................35 3.2 Análise do conteúdo...........................................................................................35 3.2.1 Grupo a) Educandos.......................................................................................35 3.2.2 Grupo b) Docentes..........................................................................................42 3.2.3 Grupo c) Equipe gestora e Supervisora Escolar..............................................49 CONCLUSÃO............................................................................................................52 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................54 ANEXOS ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO:EDUCANDOS............................................................58 ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO: DOCENTES..............................................................61 ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO: GESTÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR.....................64
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INTRODUÇÃO
Neste estudo de revisão de literatura são apresentados aspectos da nova
EJA – Educação de Jovens e Adultos, que veio atender às exigências dos alunos,
no que tange à facilitação de sua presença, pelos horários mais flexíveis, e pela
reformulação do tempo exigido, que foi aumentado de um semestre, bem como do
material didático, com nova distribuição das matérias.
Realizou-se então o trabalho na forma de revisão bibliográfica seguida de
estudo de caso, com o registro das opiniões de alunos, professores, gestores e
supervisão de uma célula da EJA que funciona no Liceu Nilo Peçanha, no Centro de
Niterói, seguido de análise de conteúdo, conforme as respostas dadas pelos
participantes.
O tema deste trabalho são as causas da procura, pelos alunos, da Nova EJA
(Nova Educação de Jovens e Adultos), oferecida pela Secretaria de Educação do
Estado do Rio de Janeiro.
O estudo tem como objetivo geral entender o porquê da procura, pelos
alunos, da modalidade nova EJA – Educação de Jovens e Adultos. O objetivo
específico da realização deste trabalho foi investigar a opinião de docentes,
discentes, gestores da educação e supervisão escolar quanto às modificações
introduzidas na EJA, a partir do ano de 2013, e que vêm sendo alvo de muitos
estudos e debates no meio acadêmico.
O problema a ser focalizado neste estudo pode ser resumido na seguinte
pergunta: "Quais são os anseios dos alunos da Nova EJA para retornar ao âmbito
escolar?"
A justificativa para a escolha deste tema está no fato de que, no ensino de
Jovens e Adultos – EJA, encontramos alto índice de evasão, alunos com baixo auto-
estima, pouco interesse nas aulas, falta de compromisso de alguns professores
(FOREJA, 2006). Assim que assume uma turma de jovens e adultos, é comum o
professor defrontar-se com esses problemas e, ao conhecer os interesses dos seus
alunos, ele poderá adequar suas metodologias de ensino.
A educação escolar é o conjunto das atividades levadas a efeito pela
instituição escolar, com o objetivo de preparar a população de jovens e adultos para
a vida plena na cidadania (SES, 2008). Para o sucesso desse programa básico, a
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escola cumpre um roteiro de atividades e ações educativas que devem condizer a
esse objetivo. Dessa forma, o conhecimento pode ser produzido de forma universal
e igualitária.
Segundo levantamento feito por alguns autores no Fórum da EJA em
Pernambuco (2007), os professores acham os alunos da EJA faltosos,
desinteressados, acomodados, desmotivados e com falta de perspectiva. É
importante o professor compreender os motivos de seus alunos e as dificuldades
encontradas por eles para que suas aulas se tornem mais interessantes.
Ainda se tem muito pouco investimento na melhoria da qualidade do ensino
da EJA, o que dificulta o trabalho dos professores da área e o interesse dos alunos
pelo estudo. Com a realização desse trabalho podemos conhecer melhor o público
que está envolvido nesse processo, alunos e professores, e dessa forma fica mais
fácil atuar sobre os problemas que estão sendo detectados. Para que possamos
estabelecer com clareza a parcela da população a ser atendida pela modalidade
Nova EJA (nova proposta de ensino para os jovens e adultos da Secretaria de
Educação do Estado do Rio de Janeiro - SEEDUC), é fundamental refletir sobre o
seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão servirá de base para
a elaboração de processos pedagógicos específicos para esse público.
Será também verificado se a nova proposta da Secretaria de Educação do
Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) está atendendo de maneira eficaz o público da
EJA.
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CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO ESCOLAR
1.1 A educação como direito – Aspectos legais do ensino
A educação no Brasil, passando pelos sistemas de Colônia, Império, Reinado
e na Primeira República, sempre foi considerada como não sendo tarefa do Estado
nacional, mas sim das províncias e, após a Proclamação da República, como dever
dos estados.
Conforme narra Araújo (2011),
Enquanto a Europa constituía, no final do século XIX, o seu sistema nacional de educação, o Brasil mitigava essa possibilidade com uma organização de Estado liberal que servia apenas para atender aos interesses políticos e econômicos das elites regionais, adaptando-os a uma estrutura social marcada pelos acordos políticos "pelo alto" e pela concentração de terras, riquezas e saber (p. 284).
Somente a partir de 1930, com a criação do Ministério da Educação e Saúde,
tem-se o reconhecimento, no plano institucional, da educação como um assunto
nacional. A partir de então o país vê surgir uma série de reformas, medidas e
debates de âmbito nacional: em 1931, as reformas de Francisco Campos; em 1932,
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, instigando o povo e o governo a se
dedicarem à estruturação de um Sistema Nacional de Educação; em 1934, a
promulgação da Constituição, que trazia em seu bojo o reconhecimento da
educação como direito, enquanto também trazia a exigência de fixação das
diretrizes da educação nacional e da elaboração do Plano Nacional de Educação.
Em todo o tempo em que Getúlio Vargas esteve no poder, foram editadas muitas
leis orgânicas do ensino (ARAÚJO, 2011).
Só após 1940 é que a educação assume a feição de uma preocupação
mundial, tornando-se progressivamente central a partir deste ano, basicamente pela
identificação entre nível superior de escolarização e ascensão social, com base nos
empregos em empresas e órgãos públicos. Pode-se constatar então o surgimento
do que Hobsbawn (1994) chamou "revolução social", expressa em um processo
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significativo de expansão das oportunidades de escolarização para a população, de
forma cada vez mais abrangente.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada em 1948, é o
documento em que, pioneiramente, a educação é tratada como direito de todos os
cidadãos, inclusive referindo-se à Educação de Jovens e Adultos. A partir desta
declaração, muitos são os encontros internacionais visando o mesmo objetivo, como
as seis Conferências Internacionais de Educação de Adultos – Confinteas,
promovidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura - UNESCO, a Conferência Mundial de Educação para Todos, em 1990, em
Jomtien, na Tailândia; a Cúpula Mundial da Educação, em 2000, em Dakar, no
Senegal, e, em 2009, a Confintea VI, no Brasil.
A Confintea VI foi considerada pelo governo brasileiro como uma
oportunidade estratégica para o lançamento de esforços articulados na área de
Educação de Jovens e Adultos, visando expandir a educação para todos os
cidadãos, em todas as classes e níveis, independente da etapa de vida a que
pertençam no momento. Como prioridade entre as definições estratégicas
propostas, encontra-se a afirmação de valores que antes não faziam parte dos
projetos educacionais. Entre esses valores, destaca-se a educação emancipatória,
em oposição à antiga forma de educação bancária. A vantagem da proposta da
educação emancipatória é que ela "traz o educando ou a educanda para o centro do
processo de aprendizagem" (BURGOS; LIMA, 2007).
Neste novo processo de aprendizagem, o aluno se torna o protagonista da
ação, deixando o anterior papel de espectador ou espectadora, ou mesmo de
coadjuvante, ou seja, de ator secundário. Trata-se de uma aprendizagem muito mais
abrangente, uma vez que "neste sentido, prepara o sujeito para a vida na escola e
fora dela, numa perspectiva de aprendizagem para a vida e com a vida ativa,
pulsante, viva."
Outro ponto que merece destaque é o valor da escola democrática, em que o
professor tem sob sua responsabilidade o desafio de experimentar novas formas de
fazer educação,
(...) onde o educador percebe que seu papel em sala de aula não é encher o educando ou a educanda de conhecimento de quaisquer ordem, e sim, o papel de provocar os educandos e educandas através da problematização, reforçando e estimulando a capacidade crítica, sua curiosidade
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epistemológica, através obviamente da rigorosidade metódica (BURGOS; LIMA, 2007, p. 6).
Na fase preparatória da VI Conferência Internacional de Educação de Adultos
– Confintea VI, foram realizados Fóruns de Educação de Jovens e Adultos, em que
foram debatidos assuntos da máxima relevância, registrados no documento oficial
do Secretário da SECAD/MEC André Lázaro e destacados por Vicent Defourny,
representante da Unesco no Brasil:
O Brasil não apenas foi o primeiro país do hemisfério sul a sediar uma CONFINTEA, mas também, junto aos Fóruns Estaduais de Educação de Jovens e Adultos, mobilizou milhares de pessoas em encontros estaduais, regionais e nacional para discutir o estado da arte em educação de jovens e adultos no Brasil, incorporada no documento de base apresentado à UNESCO. As orientações do Marco de Ação de Belém, que incluem várias recomendações do documento brasileiro, oferecem uma diretriz que permite ampliar o nosso referencial na busca de uma educação de jovens e adultos mais inclusiva e equitativa. A CONFINTEA frisou que a aprendizagem ao longo da vida constitui "uma filosofia, um marco conceitual e um princípio de todas as formas de educação, baseada em valores inclusivos, humanistas e democráticos, sendo abrangente a parte integrante da visão de uma sociedade do conhecimento". Destacou-se a sua compreensão de natureza intersetorial e integrada da educação e aprendizagens de jovens e adultos, a relevância social dos processos formais, não formais e informais e sua contribuição fundamental para o futuro sustentável do planeta (LÁZARO, DEFOURNY, 2010, p. 3).
No Brasil, o ensino fundamental, inclusive no que se refere a jovens e
adultos, acha-se consolidado na Constituição Federal de 1988, como direito público
subjetivo, e é reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990; na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996; nas Resoluções do Conselho
Nacional de Educação, no Plano Nacional de Educação, de 2001 e de 2004 e, mais
recentemente, em 2006, o EJA foi incluído no sistema oficial de financiamento da
educação básica, o FUNDEB, tendo sido alvo de diversos seminários e constando
do já citado Documento Nacional Preparatório para a Confintea VI.
Nas últimas décadas, o processo de ampliação da educação escolar foi
desenvolvido com estreita vinculação aos novos ideais estabelecidos para o
funcionamento da sociedade: primeiro, o pleno emprego e segundo do ideal de
sociedade organizada contando com a proteção de um Estado intervencionista, no
que tange aos aspectos sociais e econômicos (ARAÚJO, 2011). Porém, as
transformações do capitalismo em escala mundial ultimamente têm neutralizado
esses parâmetros, ocorrendo então o atrofiamento do Estado com redução das suas
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responsabilidades com setores como a Educação, que não faz parte da tradição
liberal – surgindo assim o termo "neo-liberalismo".
Leciona ainda Araújo (2011) que
Esse atrofiamento do Estado se opõe fortemente o modelo intervencionista e desenvolvimentista que o País vinha adotando desde 1930, gerando uma nova forma de regulação estatal que se dá não mais pela execução direta, mas pela transferência de encargos, gastos e responsabilidades para outras instâncias administrativas subnacionais, para as escolas e mesmo para as famílias, ao mesmo tempo em que os marcos regulatórios do Estado são redefinidos a partir da lógica típica do mercado de prescrição de metas, objetivos e controle de produtos e resultados (ARAÚJO, 2011, p. 286).
Daí a grande dificuldade de se analisar as políticas educacionais no Brasil,
visto que passamos pelo liberalismo e pelo intervencionismo sem consolidar
nenhum desses dois modelos e então, premidos pelas exigências do capitalismo
mundial, chegamos ao século XXI precisando reduzir ainda mais um Estado já
diminuto, com uma dívida histórica com a maioria de sua população que não dispõe
sequer dos requisitos mínimos para dispor de alguma qualidade de vida (ARAÚJO,
2011).
A falta desses requisitos mínimos e seus desdobramentos podem afetar a
eficiência da EJA, ao gerar o fenômeno conhecido como evasão escolar, que retira
de sala de aula um grande contingente de desistentes, como veremos no subitem a
seguir.
1.2 Evasão escolar
Em 2009, o Ministério da Educação, através do seu porta-voz, professor
Carlos Artexes, diretor do Departamento de Concepções e Orientações Curriculares
da Secretaria de Educação Básica daquele órgão, revelou a grande preocupação do
governo com a evasão escolar, que levou o MEC a ampliar investimentos para
melhorar a qualidade do ensino médio. O jornalista Gilson Luiz Euzébio (2009)
assim comentou o assunto:
O Brasil tem feito esforços para melhorar o nível educacional de sua população, mas ainda debate uma questão básica: o que fazer para manter o jovem na escola até a conclusão do Ensino Médio? Não basta ter escola, porque a juventude a troca facilmente por uma oportunidade de trabalho ou por outra atividade na qual enxergue alguma perspectiva. Ou simplesmente
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abandona os estudos por não ver sentido nele pra sua vida. O resultado é que, dos 10,2 milhões de adolescentes entre 15 e 17 anos de idade, 1,6 milhão está fora da escola. (...) Quando maior a faixa etária, maior a evasão.
Silva e Arruda (2012) iniciam seu estudo destacando a importância que a EJA
vem adquirindo cada vez mais na vida das pessoas, explicitando que, frente às
necessidades do mercado de trabalho, dia-a-dia se torna mais premente que os
alunos concluam seus estudos, qualificando-se profissionalmente para ocupar as
vagas que exigem conhecimentos condizentes com os novos processos e
tecnologias e para poder competir com seus concorrentes nos processos de seleção
e admissão. Todos buscam um emprego que dê garantia de estabilidade e
possibilidade de ascensão na carreira, mas o que mais pesa na balança é uma boa
remuneração e benefícios complementares, sendo portanto o fator financeiro
primordial.
Quando o candidato a um emprego se vê cercado por concorrentes com um
grau de escolaridade superior ao seu, ou quando verifica que não detém o nível de
escolaridade exigido para o preenchimento da vaga, este é um dos momentos em
que ele(a) mais frequentemente se conscientiza da sua carência e da necessidade
de transpor a barreira criada pelo fato de não ter conseguido terminar ou às vezes
nem mesmo começar seus estudos; é então que decide procurar a EJA.
Pela estimativa do MEC divulgada no ano de 2009, havia 21 milhões de
jovens acima de 18 anos que tinham perdido seu direito ao ensino básico regular,
isto é, tinham ultrapassado a idade própria para se matricular. O Programa de
Educação de Jovens e Adultos (EJA) surgiu com a missão de atender a essa
camada da população, enquanto não se consegue atingir a situação ideal de manter
os jovens no ensino regular até que consigam completar o Ensino Médio (EUZÉBIO,
2009).
A universalização do Ensino Médio implicaria aumento do investimento público, mas o dinheiro não é o fator determinante da equação. "O principal desafio não é financeiro, é pedagógico. É claro que não ser faz uma coisa sem a outra. Mas ter dinheiro sem projeto pedagógico não manterá o jovem na escola", alerta André Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (EUZÉBIO, 2009).
Silva e Arruda (2012) enfatizaram em seu trabalho o aspecto das dificuldades
dos professores como fator da evasão, conforme se pode verificar no trecho abaixo:
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Mesmo ofertando possibilidades, a evasão escolar tem se tornado um desafio para os professores para manter a permanência do aluno em sala de aula. Existem vários fatores que predominam na permanência escolar desses indivíduos, devido à sobrecarga de trabalho extensivo, professores sem uma qualificada adequada ao educando da EJA que tem contribuído cada vez mais para a exclusão social do que para a formação profissional. A educação de jovens e adultos merece uma atenção específica, não se deve apenas se preocupar na aquisição do domínio de ler, escrever e contar, mas no desempenho pessoal e coletivo com vista à construção de uma sociedade mais justa, onde eles possam ser cidadãos dignos e conscientes de seus direitos e deveres.
Entre os vários fatores responsáveis pela evasão escolar e que levam os
alunos a faltarem ou abandonarem as aulas da EJA, Silva e Arruda (2012)
relacionam: "o aluno que trabalha o dia todo e chega à escola exausto, o desgaste
físico e mental, a falta de motivação, as precárias condições socioeconômicas, baixa
autoestima, a dificuldade de aprendizagem, o despreparo do professor, as aulas
desinteressantes" (p. 118).
Encerrando seu estudo, Silva e Arruda (2012) constatam que
(...) a evasão na EJA é um problema sério e que precisa ser investigado para despertar nos profissionais a necessidade de estar sempre refletindo sobre a prática educativa destinada a essa clientela, pois a educação de jovens e adultos deve ir além da representação de números em estatísticas educacionais, ela deve conhecer e resgatar a história da comunidade, desenvolver juntamente com os sujeitos um conhecimento que atenda às suas necessidades, incentivar os alunos a permanecer em sala de aula e adequá-los aos padrões de visão de mundo, a fim de se evitar que as turmas diminuam, que a falta de interesse aumente e a evasão cresça, esse processo depende muito do educador que atua na EJA, é ele que tem o papel de motivar e incentivar esses alunos a permanecerem em sala.
Concluindo, afirmam que "as pessoas que tentam voltar a estudar, mas
acabam se evadindo, são aquelas desestimuladas por causa da 'ausência de tempo'
e 'sobrecarga da jornada de trabalho'" (p. 119).
Pedralli; Cerutty-Rizzatti (2013) estudaram o tema evasão no universo escolar
da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em sua relação com a cultura escrita, e
reconheceram que a preocupação com esse problema pode ser encontrada não só
nas iniciativas governamentais relacionadas à Educação de Jovens e Adultos, mas
nos próprios programas direcionados a esse segmento da população. As
estatísticas têm demonstrado ser a evasão um fenômeno de grande expressão no
universo escolar da EJA, chegando muitos autores a considerar como senso comum
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que "faltaria interesse e comprometimento por parte dos adultos para a permanência
na esfera educacional" (p. 2).
A busca da solução para o problema é expressa por Pedralli e Cerutty-Rizzatti
nos seguintes termos:
A compreensão de que é da alçada dos alunos a responsabilidade pela sua permanência e por seu êxito na escolarização, compreensão essa flagrantemente pautada no modelo autônomo de letramento (STREET, 1984), é o que carreia o entendimento de que, sendo assim, cabe à escola, e por consequência aos seus atores sociais, empreender as ações didático-pedagógicas tal qual se desenham ao longo da história e, como componente adicional, resultante dessa realidade de evasão, proceder a um sem número de movimentos no espaço escolar que visem à "motivação" constante desses sujeitos à permanência na escola.
Essas autoras, analisando os dados fornecidos pelo Projeto Nenhum a
Menos, levado a efeito pela Prefeitura de Florianópolis, reuniram os seguintes
motivos para a evasão na EJA:
São trabalhadores e trabalhadoras que, geralmente, precisam conseguir pessoas para cuidar dos filhos e parentes, lidam com ciúmes do companheiro ou companheira, mudam de endereço com frequência, são em sua maioria de outras cidades, mudam de emprego ou conseguem um em horário noturno, chegam aos núcleos cansados, com fome, são tímidos, muitos não têm pais, a família está separada, os pais não têm ensino fundamental completo, têm dificuldades de falar em público, a autoestima é baixa, quando percebem que o curso é muito diferente do que esperavam, pensam em desistir imediatamente, vivem muito próximo da violência urbana, do tráfico de drogas etc. (PMF; SME; DEC, 2008, p. 7).
Ao concluírem seu estudo, manifestaram a necessidade de
(...) se considerar a evasão do sistema escolar à luz de desdobramentos de diferentes naturezas implicadas no fenômeno, a fim de que as ações governamentais de fomento ao ingresso-reingresso à escola, especialmente de jovens e adultos, os programas educacionais endereçados a essa parcela da população e as ações educativas empreendidas no espaço escolar possam efetivamente significar a esses sujeitos de modo que a escola cumpra o que na origem o seu papel: a horizontalização das práticas de uso da língua (p. 8).
A análise da questão da evasão escolar é importante para que se prossiga
neste estudo, agora verificando os componentes e elementos que irão significar a
não-evasão, que vem comprovar a existência da qualidade de ensino nos
estabelecimentos em que a EJA é praticada, com sucesso, como iremos verificar a
seguir.
18
1.3 Qualidade do ensino
Di Pierro et al. (2001), comentando sobre as desigualdades educativas a
serem enfrentadas para que se proporcione uma educação de qualidade para
jovens e adultos, destaca que esta não deve se limitar a reproduzir as formas de
organização, currículos, métodos e materiais da educação básica infanto-juvenil:
Muito ao contrário, a experiência internacional recomenda flexibilizar currículos, meios e formas de atendimento, integrando as dimensões de educação geral e profissional, reconhecendo processos de aprendizagem informais e formais, combinando meios de ensino presenciais e à distância, de modo a que os indivíduos possam obter novas aprendizagens e a certificação correspondente mediante diferentes trajetórias formativas (Di Pierro et al., 2001, p. 71).
A primeira dessas trajetórias seria a descentralização do sistema de ensino e
a concessão de autonomia aos centros educativos, para que elaborem projetos
pedagógicos que venham a atender às necessidades peculiares das comunidades
de que fazem parte, "convertendo estes no locus privilegiado de desenvolvimento
curricular" (Di Pierro et al., 2001, p. 71).
Em segundo lugar, citam a flexibilização da organização curricular, incluindo
assegurar-se a certificação equivalente para percursos formativos diversos, o que
permitiria que os indivíduos autodeterminassem suas biografias educativas, para
que pudessem escolher a trajetória que mais conviesse, conforme suas
necessidades e características.
Como terceiro item das trajetórias viria a opção de múltiplas ofertas de meios
de ensino-aprendizagem, nas modalidades presenciais ou à distância, escolares e
extra-escolares, permitindo a circulação e o "aproveitamento de estudos nas
diferentes modalidades e meios" (Di Pierro et al., 2001, p. 71).
Fechando como quatro item das trajetórias, tem-se o aperfeiçoamento dos
mecanismos de avaliação, possibilitando a creditação de aprendizagens obtidas
através da experiência pessoal e/ou profissional ou então por meio de ensinos não-
formais, "diversificando e flexibilizando os meios de acesso a níveis de escolaridade
mais elevados" (Di Pierro et al., 2001, p. 72).
Outro aspecto crucial da educação de jovens e adultos se refere à articulação
entre a formação geral e a formação profissional. Isto porque
19
A formação dos cidadãos para participar do mundo do trabalho coloca-se de maneira distinta quando o público é constituído por crianças e adolescentes ou por jovens e adultos. Se os primeiros deveriam ser poupados do trabalho precoce e preparados para uma inserção futura no mundo do trabalho, os últimos já estão, de uma ou outra forma, nele inseridos (Di Pierro et al., 2001, p. 72).
A tendência atual, quando se trata da formação de crianças e adolescentes
para o trabalho é no sentido de valorizar a base comum de educação, tendo como
núcleo a formação científica e tecnológica, deixando a qualificação profissional e a
capacitação técnica para a etapa mais adiantada, ou seja, para o ensino pós-médio
ou superior.
Quando a educação básica é dirigida a jovens e adultos, que já fazem parte
do mercado de trabalho, raramente consegue-se manter essa distinção entre
formação geral e capacitação profissional. Os processos de formação geral e
capacitação profissional, por necessidades objetivas, são realizados de forma
simultânea e mutuamente.
Esse problema, no entanto, não é encarado frontalmente pelos currículos de
ensino fundamental. As escolas, devido à falta de recursos materiais e pedagógicos,
não conseguem garantir aos alunos a base formativa científico-tecnológica
elementar; acresce ainda que fatores como a "insistente referência ao ensino
regular infanto-juvenil, a rigidez da seriação e das grades curriculares obrigatórias
limitam a criatividade e dificultam a combinação de processos de formação geral e
profissional".
Analisando o fator econômico, Euzébio (2009) comentou algumas
declarações do ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos,
nos seguintes termos:
Há no Brasil grande disparidade de qualidade entre as escolas, um problema comum aos países grandes, muito desiguais e com regime federativo, explica Mangabeira. "Os Estados Unidos têm algumas das melhores e algumas das piores escolas do mundo", diz. O governo vem discutindo com os estados a cooperação e a conciliação da gestão local da escola com padrões nacionais de investimento e qualidade, de forma a acabar com os desníveis regionais nos padrões de ensino. As redes estaduais, em média, segundo Artexes [Carlos Artexes, diretor do Departamento de Concepções e Orientações Curriculares da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação] investiram por muito tempo apenas R$ 1 mil por aluno/ano. Com a criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o valor aumentou para R$ 1,4 mil. "Os recursos precisam ser ampliados para dá conta da questão da qualidade", diz Artexes. O MEC quer, a curto prazo, elevar o investimento para R$ 2 mil anuais por aluno. "Não é aceitável que a qualidade da
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educação que uma criança recebe, o seu mais importante equipamento existencial, dependa do acaso, da área onde ela nasce", diz Mangabeira, que defende a redistribuição dos recursos das regiões mais ricas para as mais pobres. Nisso, o Fundeb significa o primeiro passo (p. 1).
Para que o ensino oferecido possa ser considerado de qualidade, é preciso
que a formação política para a cidadania, dentro de parâmetros modernos, seja
incluída no currículo do ensino fundamental de jovens e adultos. Segundo Di Pierro
et al. (2001):
Uma das características do pensamento pedagógico referido à educação de jovens e adultos dos últimos 40 anos tem sido a explicitação do caráter político dos processos educativos e, consequentemente, o claro enunciado nos projetos pedagógicos destinados a estes grupos etários de objetivos de formação para a cidadania política. A pedagogia libertadora de Paulo Freire foi uma das fontes dessa explicitação do caráter político da educação, conformando a matriz do paradigma da educação popular que informou toda uma diversidade de práticas educativas formais ou não-formais (p. 73).
A formação de uma cidadania democrática faz parte desse processo de
valorização da qualidade do ensino. Di Pierro et al. (2001) denunciam que
(...) a consciência de que as sociedades latino-americanas experimentam processos de construção democrática ainda não consolidados, coetâneos a uma crise econômica que aprofunda e exclusão, desgasta o tecido social, não favorece a integração e se faz acompanhar pelo crescimento da violência e por outros comportamentos disruptivos, fez com que emergisse outra vez no debate pedagógico a relevância da educação em valores e atitudes para a construção da autonomia moral dos indivíduos e, consequentemente, se revalorizasse a escola como agência de formação para a cidadania democrática (p. 73).
Os currículos da educação escolar básica adotaram tradicionalmente o
sistema de selecionar como conteúdos importantes certos elementos do acervo de
conhecimentos acadêmicos sistematizados e ordenados segundo as normas
prescritas pelas disciplinas científicas ao longo da história e valorizados socialmente.
Esse conjunto de conteúdos de ensino recebeu no jargão pedagógico brasileiro a
denominação de "conhecimentos historicamente acumulados". Essa tradição vem
sendo posta em xeque por diversas vertentes de pensamento pedagógico mais
atualizado, os quais começaram a postular que as necessidades formativas das
novas gerações exigem que temas emergentes da cultura contemporânea sejam
incorporados à base curricular tradicional, evidenciada acima.
Existe assim a necessidade de que a demanda por esses serviços seja
qualificada, através de ações culturais e políticas visando o amplo reconhecimento
21
da importância da educação continuada e do ensino fundamental de jovens e
adultos sob a ótica de estratégias de promoção de equidade educativa e social.
Nesse sentido, os governos precisam assumir mais claramente uma atitude convocatória, chamando toda a sociedade a engajar-se em iniciativas voltadas à elevação do nível educativo da educação. O teor desse chamado deveria contemplar, especialmente, a motivação para que todos continuem aprendendo ao longo da vida, de que a necessidade, a vontade e a possibilidade de aprender são inerentes a todos os seres humanos, do nascimento à velhice (Di Pierro et al., 2001, p. 75).
Nesse contexto, a aprendizagem deve ser entendida em um sentido muito
mais amplo, como parte elementar da existência, e o desinteresse por aprender
como um "prenúncio da morte". Em um contexto cultural desse gênero, "a educação
de adultos poderia deixar de ser associada ao atraso e à pobreza e passar a ser
tomada como indicador do mais alto grau de desenvolvimento econômico e social"
(Di Pierro et al., 2001, p. 76).
Voltando à questão dos investimentos necessários para elevar a qualidade do
ensino, Euzébio (2009) propõe que
Para dar efetividade à proposta de melhoria da qualidade do ensino, Mangabeira pensa na criação de um órgão "transfederal", formado por União, estados e municípios, com poder para assumir temporariamente a gestão da escola que, depois de todos os esforços, se mantiver abaixo do patamar mínimo aceitável. O órgão faria as correções necessárias para melhorar a qualidade da escola e a devolveria aos seus gestores. Numa situação extrema, em que o município não aceite ajuda nem atue para corrigir as falhas, haveria a possibilidade de intervenção. "Entendemos que temos que ter uma solução que passe pela cooperação federativa e que devemos deixar o recurso ao Judiciário como uma solução de última instância, quando a ação desse mecanismo transfederal não alcançar seus objetivos", afirma o ministro.
Expusemos até aqui os problemas que afligiam a EJA, até alguns anos atrás.
Após esta visão retrospectiva, no próximo capítulo será estudada a origem e
evolução da EJA, com a abordagem dos debates e soluções apresentadas em
eventos e congressos realizados com o objetivo de enfrentar e sanar os problemas
existentes na estrutura da EJA.
22
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA
2.1 Origem e evolução
O entendimento do passado tem o dom de dar sentido ao presente e se
projetar o futuro. Para que se compreenda a influência das diversas ideologias que
vêm servindo para traçar o trajeto da educação entre os homens e mulheres, desde
os primórdios da civilização, é preciso buscar nas experiências de gerações
anteriores as ações que foram realizadas e seus resultados (ARANHA, 1996).
Segundo Bloch (2001), a história resulta da necessidade que o homem sente
de reconstituir o passado, consultando os relatos, analisando e interpretando os
fatos e, com os dados obtidos nessa escavação, pareando causas e efeitos,
colocando-os em ordem cronológica e selecionando os que possam ser
considerados mais adequados e relevantes para servirem de exemplo para ações
presentes e futuras.
No que tange à História da Educação, obviamente tudo o que foi mencionado
acima também se aplica, uma vez que as atividades educacionais se desenvolvem
no decorrer do tempo e passam a fazer parte da história geral.
Luzuriaga (1985) lecionou que a história da educação acha-se inserida na
história da cultura, da mesma forma que esta faz parte da história geral. Educação,
para este autor, seria a influência intencional e sistemática sobre os jovens, visando
dar-lhe uma formação cultural e desenvolver sua capacidade intelectual. Mas pode
englobar ainda outros aspectos, quando assume uma ação genérica, ampla, de uma
determinada sociedade sobre as gerações mais jovens, com o objetivo de conservar
e transmitir a existência coletiva. A educação constitui, nesse contexto, parte
integrante e substancial da vida dos seres e da sociedade humana.
Nessa linha de pensamento, tem-se que a educação possui uma história, que
reporta as mudanças e evoluções pelas quais ela vem passando através dos
tempos, devido às modificações ocorridas na sociedade humana. Ainda segundo
Luzuriaga (1985), a educação acha-se inserida na cultura, que por sua vez também
é condicionada historicamente, "variando conforme as características dos povos e
23
das épocas, a história da educação é, assim, parte da história da cultura e estuda
suas relações com a ação educativa" (SANTOS, 2003).
Aceitando assim a proposta de Aranha (1996), vamos analisar a seguir
alguns aspectos da História de povos antigos, e da maneira como esses povos
desenvolveram os primeiros estágios da Educação.
Na antiga Grécia a educação tinha como objetivo primordial, ligar os jovens a
suas obrigações para com a cidade-estado. Assim sendo, cada cidade-estado tinha
suas próprias estruturas e organizações. Segundo o entendimento de Platão e
Aristóteles, o ensino deveria ter caráter constante e permanente, sendo regido por
normas ditadas pelo poder estatal e a aprendizagem obrigatória para todos os
cidadãos livres. Para alguns pensadores daqueles tempos, a educação familiar era
considerada prejudicial ao desenvolvimento da criança. Esse sistema tem seu
apogeu em Esparta, onde os adolescentes eram instruídos sob a administração
direta do Estado, em alojamentos militares, nos quais os homens se preparavam
para serem os futuros guerreiros, e as mulheres se instruíam para se tornarem
mães de outros futuros guerreiros (SANTOS, 2003).
Segundo Santos (2003),
Em Atenas existiam leis que determinavam a respeito da presença nos colégios dos filhos dos habitantes libertos, e as organizações de ensino eram regimentadas por legislação específica. Os recursos da educação, mais em concordância aos costumes gregos, eram a música e a literatura para aprimorarem o espírito de fidelidade à pátria; e o exercício físico, para o aprimoramento do corpo. À medida que a cultura ateniense avançava, os estudos de natureza intelectual assumiam maior importância e a educação física entrava em decadência (p. 9).
Em 1549, quando os padres jesuítas desembarcaram no Brasil, tinham como
objetivo principal a catequese dos índios, ficando a educação em um segundo
plano. A base do sistema colonial de educação era formada pelas escolas
elementares, sempre presentes nas povoações onde já houvesse um convento,
onde os índios aprendiam a ler, escrever, contar e falar a língua portuguesa.
Também os filhos dos colonos eram instruídos nessas escolas. Os jesuítas foram
portanto os mais importantes elementos desintegradores das culturas nativas.
(...) a falta de interesse pelas atividades técnicas e científicas marcou a educação colonial, por sua vez moldada pela da metrópole. Humanistas por excelência, os jesuítas procuravam transmitir aos discípulos o gosto pelas
24
atividades literárias e acadêmicas, de acordo com a concepção de homem culto vigente em Portugal. Principiando pelas escolas de leitura e escrita, não pararam aí os jesuítas, nem mesmo no primeiro século, pois já havia, então, cursos de humanidades em seus colégios no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco (p. 11).
O ensino básico prestado pelos jesuítas dispunha de curso de humanidades,
complementado por artes (filosofia e ciências). Cursos preparatórios para as
profissões liberais só para os ricos, que podiam viajar para se formar na Europa.
Coimbra, famosa por seus cursos de ciências jurídicas e teológicas era o destino de
escolha dos jovens brasileiros. Assim se formava a elite cultural brasileira nos
séculos XVI a XVIII.
Até o ano de 1822 a educação no Brasil se achava atrelada às decisões da
Corte de Portugal, quadro que só mudou dois anos depois:
Em 25 de março de 1824, com a elaboração da primeira Constituição Brasileira, foram evidenciados e referenciados alguns dos problemas educacionais, pois, apesar de ter escola gratuita e de todos possuírem o direito à liberdade de atividades e de manifestação de pensamento, só aquele que era católico apostólico romano tinha a possibilidade de conseguir cargos e privilégios. Passados dois anos, em 1826, Cunha Bueno apresentou um projeto para a divisão do ensino em três graus, sendo o primário e o secundário para as províncias e o superior para a União.
Muito embora a Constituição fizesse menção a várias modalidades de ensino,
o primário gratuito foi o único a ser iniciado imediatamente. "O primeiro colégio
oficial de ensino secundário foi criado pelo Gabinete Araújo Lima, no período
regencial em 1837, com o nome de Colégio Pedro II", nome com que continua
funcionando até hoje, no Centro do Rio de Janeiro.
Até a Proclamação da República, ocorreram as duas reformas importantes na
educação: a de Couto Ferraz e a de Leôncio de Carvalho, em 1879. A primeira, teve
o mérito de regulamentar o ensino particular e a segunda foi a mais liberal, até
então, no que tange à instrução.
A partir de 1889, já no período republicano, as decisões sobre a Educação no
Brasil passaram a ser ditadas pelo Ministério da Instrução Pública, Correios e
Telégrafos, que teve apenas dois anos de vida. A partir daí, passa a ser da
competência da União legislar sobre o ensino superior.
25
Muitos outros decretos foram assinados desde então, até que em 1961
surgisse a primeira Lei de Diretrizes e Bases, nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961,
que definiu as finalidades gerais da educação e veio assegurar o direito à educação
para todos os cidadãos e criar o Conselho Federal de Educação, a partir de
fevereiro de 1962.
Em 11 de agosto de 1971, a Lei nº 5.692 reformulou totalmente o ensino de
1º e 2º graus, adotando um horizonte mais amplo, ao impor que: "O ensino de 1º e
2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao
desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização,
qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania".
Um novo avanço veio com a Lei das Diretrizes e Bases, nº 9.394/96, que traz
em seu bojo os seguintes artigos:
Art. 32 – O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão (...). Art. 35 – O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (LOPES, 1999).
2.2 Motivação
Antes de vermos especificamente os fatores de motivação para os esforços
em torno da EJA, cabe apresentarmos alguns dados estatísticos, para comprovar-se
a necessidade da realização de iniciativas direcionadas à Educação de Jovens e
Adultos, em nosso país.
Segundo os dados publicados pelo IBGE, com base no Censo de 2010, a
taxa de analfabetismo caiu, mas ainda atinge 28% nas menores cidades do
Nordeste brasileiro.
A taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais de idade caiu de
13,63% em 2000 para 9,6% em 2010. Em 2000, o Brasil tinha 16.294.889
analfabetos nessa faixa etária, enquanto que, pelos dados do Censo 2010, eram
26
13.933.173 as pessoas que não sabiam ler ou escrever, sendo que 39,2% desse
total eram de idosos. Mas a maior quantidade de analfabetos estava nos municípios
com até 50 mil habitantes, na região Nordeste, onde chegava a aproximadamente
28% da população de 15 anos ou mais. Nessas cidades, a proporção de idosos que
não sabiam ler e escrever era de cerca de 60% (IBGE, 2010).
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais, na zona semiárida
do Nordeste, era bem mais elevada do que a média obtida para o Brasil, mas teve
uma redução de 32,6%, em 2000, para 24,3%, em 2010. Entre os analfabetos
residentes nessa região, 65% eram pessoas maiores de 60 anos de idade (IBGE,
2010).
A taxa nacional de analfabetismo para adolescentes e jovens entre 15 e 24
anos atingia 2,5% em 2010. No total de jovens nessa faixa etária por região, a maior
taxa era de 4,9% no Nordeste, que contava pouco mais de meio milhão de pessoas
de 15 a 24 anos de idade (502.124) que disseram não saber ler e escrever, contra
1,1% no Sul e 1,5% no Sudeste. A situação mais grave foi constatada nos
municípios com até 10 mil habitantes da região Nordeste (7,2%), enquanto que nas
cidades com mais de 500 mil habitantes da região Sul, a taxa era de 0,7% (IBGE,
2010).
Comparando esses dados com os obtidos no Censo de 2000 pode-se ver que
houve crescimento da alfabetização das pessoas nesta faixa etária, passando de
94,2% para 97,5% em 2010, atingindo valores próximos à universalização (IBGE,
2010).
A proporção de crianças de 10 anos de idade que não sabiam ler e escrever
era de 6,5% em 2010, inferior à de 2000, 11,4%. Nos municípios com até 5 mil
habitantes (5,8%), os índices de analfabetismo são inferiores aos dos municípios de
médio porte (10,1% nas cidades entre 20 mil e 50 mil habitantes). Em 2000, os
índices eram de 11,4% e de 18,7, respectivamente (IBGE, 2010).
Nas capitais dos estados nordestinos, os percentuais de crianças de 10 anos
de idade que não sabiam ler ou escrever eram mais baixos que no conjunto do
estado, em especial no Nordeste. Em São Luis (6,1%) e em Teresina (4,9%), a
proporção de crianças nesta situação era 2,5 vezes inferior à dos respectivos
estados, Maranhão (16,4%) e Piauí (13,7%). A pior situação foi encontrada em
Maceió, com 11,6%, embora fosse melhor que no estado de Alagoas como um todo
(17,8%) (IBGE, 2010).
27
Dos 1.304 municípios brasileiros com taxas de analfabetismo iguais ou
superiores a 25%, 32 não ofereciam o programa Educação de Jovens e Adultos
(EJA). A maioria deles estava no Nordeste. João Dias (RN) apresentou o maior
índice (38,9%), seguido de Monte Santo (BA), com 35,6%, e São Brás (AL), com
34,7%. No Norte, eram três municípios, todos em Tocantins (Ponte Alta do Bom
Jesus, Mateiros e Centenário). Quatro estavam no Sudeste, localizados em Minas
Gerais (Miravânia, Frei Gaspar, Bertópolis, Santa Helena de Minas) (IBGE, 2010).
Nas cidades pequenas, o analfabetismo entre pretos e pardos passa de 20%.
Nos últimos anos, houve uma redução das taxas de analfabetismo no país para
todas as categorias de cor ou raça, mas ainda persistem grandes diferenças. A taxa
nacional de analfabetismo entre pessoas de 15 ou mais anos de idade era de 9,6%
em 2010. Nesse grupo etário, os pretos e pardos tiveram percentuais de analfabetos
de 14,4% e 13,0%, respectivamente, contra 5,9% dos brancos, com destaque para
os municípios de menor porte. O analfabetismo na população negra de 15 anos ou
mais chegou a 27,1% nos municípios com até 5.000 habitantes e a 28,3% nas
cidades entre 5.001 e 20.000 habitantes, caindo para 24,7% nos municípios entre
20.001 e 50.000 habitantes. Entre os pardos, a taxa de analfabetismo variou de
20,0% a 22,1% nos grupos de municípios desde os com até 5.000 habitantes até os
de 50.000 habitantes.
Quanto à procura pela rede escolar, o Brasil como um todo registra cerca de
30 matrículas na rede pública para cada 100 crianças até 5 anos. Para dimensionar
a situação do acesso escolar das crianças de 0 a 5 anos no país, foram utilizados
dados do Censo 2010 e de matrículas na rede pública referentes ao Censo Escolar
2010 do Ministério da Educação. Comparada com outros níveis de ensino, a
educação infantil ainda tem baixa demanda atendida, com uma média nacional de
29,3 matrículas em escola ou creche na rede municipal e estadual para cada 100
crianças de 0 a 5 anos de idade.
A situação mais favorável foi constatada em Santa Catarina (44,1), Espírito
Santo (42,9), São Paulo (36,8), Maranhão (34,9), Piauí (35,9), Ceará (35,1) e Rio
Grande do Norte (34,8). A demanda atendida é mais baixa no Distrito Federal (16,3),
Goiás (20,4), Amapá (20,0), Pernambuco (22,5), Rio de Janeiro (23,1), Amazonas
(22,9) e Rio Grande do Sul (23,0).
Verificados esses dados, podemos partir agora para uma análise mais
voltada para os aspectos do conteúdo dos currículos e sua relevância para o
28
sucesso das iniciativas tomadas pelos gestores da Educação. O desenvolvimento
do trabalho pedagógico a partir das perspectivas da EJA vem destacando cada vez
mais a importância de se focar histórias de vida, que exemplifiquem os interesses e
os saberes que fazem parte do cotidiano dos alunos, sendo então os conteúdos
desses materiais trabalhados e assumindo sua dimensão específica. Segundo
Oliveira (2007), a Educação de Jovens e Adultos deve ter priorizada sua lógica, no
processo de seleção e apresentação dos conteúdos aos alunos, deixando para um
segundo plano a lógica do Ensino Regular. E explica:
Entende-se por isso uma abordagem dos conteúdos relacionando-os, tanto quanto possível, a situações da vida cotidiano das populações trabalhadoras pouco ou nada escolarizadas, ausentes das escolas regulares ou não – por longo período. Populações às quais o direito à escolarização foi historicamente negado. Em algumas regiões do país, muitos desses alunos adultos e trabalhadores foram "escolarizados" através de situações não legalizadas ou reconhecidas, mas de nítido perfil escolar, configurando-se como um público específico (OLIVEIRA, 2007, p. 7).
Oliveira (2007) pensa que as formas tradicionais de seleção e abordagem dos
conteúdos, contidas nos currículos utilizados para o Ensino regular, devem ser
substituídas por formas alternativas, especificamente direcionadas aos
trabalhadores, que antes não tinham vez nesse processo. E específica de que forma
isso pode ser obtido:
Algumas inovações na criação dos instrumentos de avaliação para a EJA, propostas nas Matrizes Curriculares de Referência do SAEB, vêm ao encontro dessas preocupações. De acordo com este documento, os conteúdos das avaliações devem aparecer não apenas através do nome pelo qual são tradicionalmente chamados pelos profissionais da área, mas de modo mais esmiuçado e associado a formas concretas através das quais serão abordados nos exames (OLIVEIRA, 2007, p. 7).
E destaca mais o valor dessa proposta, ao continuar nos seguintes termos:
Essa parece ser uma boa estratégia para evitar que, ao se deparar com a nomenclatura oficial, o aluno busque o termo e sua definição como conteúdo de estudo – o que é um equívoco -, podendo compreender melhor o que vai ser exigido no exame e dedicar-se ao estudo do que efetivamente deve ser sabido por ele neste campo (OLIVEIRA, 2007, p. 7)
Para Souza (2007), a consciência crítica e política deve ser desenvolvida
junto às amostras de vida tiradas da realidade dos estudantes, uma vez que
29
Neste sentido, a EJA assegura como direito subjetivo do cidadão e dever do Estado, pode ser concebida como processos e experiências de ressocialização (recognição e reinvenção de jovens e adultos, através dos conhecimentos escolares orientados a aumentar e consolidar capacidades individuais e coletivas dos sujeitos populares mediante a promoção e recriação de valores, a produção, apropriação e aplicação de conhecimentos que permitam o desenvolvimento de propostas mobilizadoras capazes de contribuir para a transformação da realidade natural e cultural e dos seus sujeitos (SOUZA, 2007, p. 176).
Burgos e Lima (2007), de forma semelhante, defenderam a concepção
freiriana, que contempla e educação sempre sob a ótica da prática da liberdade. E
relataram ser a EJA formada por indivíduos aos quais não foi permitido, por diversos
motivos, ter acesso à rede de Ensino regular, ou continuar seus estudos até a idade
apropriada. Vem então a EJA exatamente cumprir essa missão de trabalhar para
construir a identidade desses elementos, considerando-os capazes de "construir seu
aprendizado dialogicamente, ativamente" (p. 3).
Alguns percalços devem ser esperados nessa estrada, ainda segundo Burgos
e Lima (2007). Comentando sua própria vida profissional, essas autoras relataram
que:
Nas observações de nossa prática educativa, percebe-se que a baixa auto-estima destes sujeitos ao retornarem à educação formal, embora esperançosos, se torna muitas vezes um fator complicador da ação educativa. Muitas vezes, entendem que o saber formal necessário a sua vida, restringe-se na maioria das vezes ao simples fato de aprenderem a assinar ou desenhar seus próprios nomes. Buscando na emergência da construção de seu saber, livrar-se da vergonha, acompanhada da humilhação que possam diante das outras pessoas por não saberem, principalmente, assinar seus nomes. Nesta perspectiva, Freire defende a Educação de Jovens e Adultos pautada na perspectiva do desenvolvimento da consciência crítica e na construção da autonomia (p. 3).
2.3 Encontros e Declarações
O Fórum da EJA-PE foi comentado por Burgos e Lima (2007), que relataram
ser essa atividade um instrumento que incentiva a aprendizagem ao longo de toda a
vida, conceito básico da missão da EJA. De fato, a EJA, embora tenha surgido para
atender especificamente aos adultos e idosos, não perde de vista a aprendizagem e
a educação de crianças e adolescentes. Ou seja, desde o seu nascimento, a criança
e o adolescente têm que ser vistos como participantes do processo educacional,
como um todo. Isso porque a educação não deve levar em conta somente os
30
conhecimentos a serem adquiridos pelos cidadãos e cidadãs, mas sim o conjunto
formado por seus valores, habilidade, capacidade e competências, possibilitando
que ampliem e exercitem seus direitos e assumam suas vidas de forma plena.
As autoras citam João Francisco de Souza que, em 1990 "afirmava a
importância do Ano Internacional da Alfabetização pelo fato de ser necessário tal
acontecimento para nos fazer abrir os olhos e desobstruir as nossas "oiças", desatar
as nossas línguas e desamarrar as nossas mãos" (LIMA, 2009, p. 13).
Para Burgos e Lima (2007), é preciso que o educador reflita e entenda que
não é o caso de apenas conhecer e compreender a EJA; espera-se dele que aja
com responsabilidade para praticá-la e aperfeiçoá-la cada vez mais. E mais, que
É preciso comprometer-se. Explicita-se, dessa forma, o longo caminho que o Fórum da EJA tem a percorrer, para ver concretizando-se essa sua crença. Quão imbricada está essa dimensão da aprendizagem com os dados apontados pela realidade, quando ela revela a ausência do reconhecimento da importância da inclusão, da formação humanista e do exercício dos princípios democráticos? O reconhecimento da realidade se é desanimador, também é desafiante, exigindo do Fórum ser mais instigante e atento à formação dos seus parceiros.
Entre as lições aprendidas pelo Fórum da EJA-PE que serviu de mote para
sua pesquisa, Burgos e Lima (2007) citam os seguintes:
Ele [o Fórum] reconhece: a) ser o analfabetismo no Brasil um desafio que vem atravessando várias décadas; b) ter havido evolução da concepção de alfabetização; que não se restringe ao domínio do código da leitura e da escrita, mas incorpora o seu uso significativo como meio de expressão, comunicação e aprendizagem permanente; c) a necessidade de se conhecer os resultados das avaliações das experiências realizadas ou em curso em Pernambuco e no Brasil; d) que faz diferença o atual contexto sócio-político-educacional brasileiro, influenciado pela esperança e a auto-estima revitalizada do povo brasileiro; e) que há vontade política renovada para pensar e fazer as coisas de maneiras diferentes.
Enfatizam assim essas autoras, ao término de seu estudo, a necessidade de
realização de outros encontros estaduais, para que possam ser incorporadas novas
forças à luta contra o analfabetismo e a construção de novos ramais de
aprendizagem para os que não tiveram essa oportunidade nas etapas iniciais de
suas vidas, em todo o território nacional.
Em termos internacionais, a EJA tem motivado a realização de muitas
atividades e eventos, entre os quais destacam-se as CONFINTEAs – Conferências
Internacionais da Educação de Adultos. Essas Conferências ocorrem com intervalos
31
de aproximadamente 10 anos, sendo que as últimas foram realizadas em Paris,
França, em 1985 e em julho de 1997, em Hamburgo. Ireland (2003) reporta ter sido
a Unesco a principal promotora das cinco conferências que já foram realizadas até
esta data. Ressalta o autor a importância que assumiu a Unesco para a realização
desses eventos internacionais, pois se não fosse a insistência em realizá-las, "a
Educação de Adultos poderia ter desaparecido da agenda política" (IRELAND,
2003).
E citam diversos autores, ao comentarem que:
Situada no contexto da globalização, a baixa escolaridade de jovens e adultos ganha novas dimensões de exclusão. As demandas que o atual mercado internacional faz do cidadão – e num mundo globalizado o sentido da cidadania também adquire uma dimensão mais abrangente – são cada vez maiores. O processo de aprendizagem precisa ser visto como um processo que continua ao longo da vida: "A educação para todos ao longo da vida deverá ser a primeira das prioridades: cada cidadão não cessará nunca de aprender." (Mayor e Bindé).
Levando agora em conta o aspecto econômico, Ireland (2003) continua
afirmando que:
Mas também, neste mundo globalizado, os governos nacionais não podem ser considerados os únicos responsáveis pela pobreza que resulta de processo de exclusão social. A integração de economias locais e nacionais num mercado global também exige um tratamento global tanto para as consequências negativas como para as benéficas. Em outras palavras, a responsabilidade pela pobreza do norte ou nordeste do Brasil, da Etiópia, do Bangladesh ou da China não pode mais ser atribuída somente aos governos locais e às suas políticas mal concebidas, mas, também, à comunidade internacional. A riqueza e os altos padrões de consumo dos Estados Unidos da América e dos outros países do G7 (Canadá, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália) são umbilicalmente relacionadas à fome e à pobreza cruel de povos em outras regiões do mundo.
Como consequência da realização da CONFINTEAs, foi desencadeado no
Brasil o processo de seguimento àquela reunião, tendo sido firmadas ou reforçadas
diversas formas de intercâmbio possíveis, tanto através de redes eletrônicas virtuais
quanto por outras redes, mais formais. O movimento "Educational Watch on Gender
and Education" (Vigilância Educacional sobre Gênero e Educação), realizado pelo
GEO – Escritório de Gênero e Educação do International Council of Adult Education
– ICAE e pela REPEM – Red de Educación Popular entre Mujeres de América
Latina y el Caribe, lançou na prática um processo para monitorar a implementação
da Agenda de Ação de Hamburgo, por considerar que
32
Na América Latina, o CEAAL representa um potencial grande para articular entidades dedicadas à educação de jovens e adultos. No Brasil, a RAAAB que, em 1999, alargou o âmbito de suas atividades em consonância com uma definição ampliada de alfabetização, constitui mais um exemplo de como articular estas entidades. O boletim Informação em Rede, da ONG Ação Educativa, desempenha a importante função de disseminar informações sobre o campo. Outras iniciativas, como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, articulada por entidades nacionais e internacionais, oferecem exemplos de como conquistar espaço e criar pressão junto ao público (p. 9).
A seguir, relacionamos de forma resumida os principais itens constantes da
Declaração de Hamburgo, relativos às medidas defendidas na V Conferência
Internacional sobre a Educação de Adultos, em 1997. A partir do Capítulo III.
Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos (p. 19), constam, entre outros,
os seguintes itens:
2. A educação de adultos (...) torna-se mais que um direito: é a chave para o
século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para
uma plena participação na sociedade.
3. A educação de adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um
significado à sua vida. A educação ao longo da vida implica repensar o conteúdo
que reflita certos fatores, como idade, igualdade entre os sexos, necessidades
especiais, idioma, cultura e disparidades econômicas. Engloba todo o processo de
aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas "adultas" pela
sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e
aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a
satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade.
4. Apesar de o conteúdo referente à educação de adultos e à educação de
crianças e adolescentes variar de acordo com os contextos socioeconômicos,
ambientais e culturais, e também variarem as necessidades das pessoas segundo a
sociedade onde vivem, ambas são elementos necessários a uma nova visão de
educação, onde o aprendizado acontece durante a vida inteira.
5. Os objetivos da educação de jovens e adultos, vistos como um processo
de longo prazo, desenvolver a autonomia e o senso de responsabilidade das
pessoas e das comunidades, fortalecendo a capacidade de lidar com as
transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade como um
todo; promove a coexistência, a tolerância e a participação criativa e crítica dos
33
cidadãos em suas comunidades, permitindo assim que as pessoas controlem seus
destinos e enfrentem os desafios que se encontram à frente.
6. Esta Conferência reconhece a diversidade dos sistemas políticos,
econômicos e sociais, bem como as estruturas governamentais entre os países-
membros. De acordo com tal diversidade, e assegurando o respeito integral aos
direitos humanos e às liberdades individuais, esta Conferência reconhece que as
circunstâncias particulares vividas pelos países-membros determinarão, em grande
parte, as medidas que os governos devem adotar para avançar na consecução e no
espírito de nossos objetivos.
8. Durante esta década, a educação de adultos sofreu profundas
transformações, experimentando um forte crescimento na sua abrangência e na sua
escala. Em sociedades baseadas no conhecimento, que estão surgindo em todo o
mundo, a educação de adultos e a educação continuada têm-se tornado uma
necessidade, tanto nas comunidades como nos locais de trabalho. As novas
demandas da sociedade e as expectativas de crescimento profissional requerem,
durante toda a vida do indivíduo, uma constante atualização de seus conhecimentos
e de suas habilidades.
9. Educação básica para todos significa dar às pessoas, independentemente
da idade, a oportunidade de desenvolver seu potencial, coletiva ou individualmente.
Não é apenas um direito, mas também um dever e uma responsabilidade para com
os outros e com toda a sociedade. É fundamental que o reconhecimento do direito à
educação continuada durante a vida seja acompanhado de medidas que garantam
as condições necessárias para o exercício desse direito.
10. O novo conceito de educação de jovens e adultos apresenta novos
desafios às práticas existentes, devido à exigência de um maior relacionamento
entre os sistemas formais e não-formais e de inovação, além de criatividade e
flexibilidade.
11. Alfabetização de adultos. A alfabetização, concebida como o
conhecimento básico, necessário a todos num mundo em transformação em sentido
amplo, é um direito humano fundamental. Em toda sociedade, a alfabetização é
uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de
outras habilidades. Existem milhões de pessoas – a maioria mulheres – que não têm
a oportunidade de aprender nem mesmo acesso a esse direito. O desafio é
oferecer-lhes esse direito. Isso implica criar pré-condições para a efetiva educação,
34
por meio da conscientização e do fortalecimento do indivíduo. A alfabetização tem
também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas,
políticas e culturais, além de ser requisito básico para a educação continuada
durante a vida.
A colocação em prática desses princípios e metas, bem como dos demais
que fazem parte da íntegra do documento acima resumido, com certeza colocaria a
Educação de Jovens e Adultos em um patamar muito mais evoluído do que aquele
em que atualmente se encontra, devendo tornar-se portanto a Declaração de
Hamburgo o documento síntese do movimento, em todo o Planeta, nos anos
vindouros.
35
CAPÍTULO III
ESTUDO DE CASO
3.1 Público-alvo
O estudo de caso tomou como base o Liceu Nilo Peçanha, localizado no
Centro de Niterói, RJ.
O público-alvo foi dividido em três categorias, assim constituídas:
a) Educandos – 31 questionários – de E1 a E31
b) Docentes – 10 questionários – de D1 a D10
c) Equipe gestora e Supervisora Escolar – 4 questionários – de G1 a G3 e S1
3.2 Análise do conteúdo
3.2.1 – Grupo a) Educandos
Idade – A média das idades está entre 33 e 70 anos, tendo o mais velho 61 anos e
o mais novo respondente 18 anos.
Idade Alunos
A - Menos e até 20 anos 9
B - De 21 a 30 anos 9
C - De 31 a 40 anos 2
D - Mais de 41 anos 11
Como se pode perceber, a maior afluência se dá nas faixas etárias mais
avançadas.
Gênero
Gênero Alunos
A - Feminino 15
B - Masculino 16
Portanto, houve "empate técnico" entre os gêneros, nessa pesquisa.
36
Pergunta 1 - Qual é o seu estado civil?
20 participantes responderam ser solteiros; 7 declararam ser casados; 4
disseram viver com companheiro(a).
Estado civil Alunos
A - Solteiro(a) 20
B - Casado(a) 7
C - Vive com companheiro(a) 4
A grande maior é de pessoas que são, ou que se consideram solteiras.
Pergunta 2 – Tem filhos? Quantos?
17 respondentes declararam ter filhos, e 14 negaram ter. 7 deles disseram ter
1 filho; 6 falaram que tinham 2 filhos; 2 tinham 3 filhos e 1 tinha mais que 3 filhos.
Um não respondeu.
Nº de filhos Alunos
A - 1 filho 7
B - 2 filhos 6
C - 3 filhos 2
D - + de 3 filhos 1
E - Não respondeu 1
Pode-se observar que, da mais da metade dos alunos entrevistados que
disseram ter filhos, a maioria tem apenas 1 ou 2 filhos, bem de acordo com as
tendências atuais.
Pergunta 3 – Indique a resposta que melhor descreve a sua atual situação de
trabalho. (Não contar estágio).
6 estudantes declararam não estar trabalhando (desempregados); 3 eram do
lar; 7 trabalhavam eventualmente; 1 trabalhava até 20 horas semanais; 1 trabalhava
mais de 20 horas semanais e menos de 40 horas semanais; 12 trabalhavam em
tempo integral (40 horas semanais ou mais).
37
Atual situação de trabalho Alunos
A - Não estão trabalhando (desempregados) 6
B - Do lar 3
C - Trabalham eventualmente 7
D - Até 20 horas semanais 1
E - Trabalham + 20 horas, - de 40 horas semanais 1
F - Trabalham em tempo integral 12
Se somarmos os alunos desempregados com os que trabalham
eventualmente, teremos 15 pessoas sem um trabalho "normal", comparadas com as
12 que trabalham em tempo integral.
Pergunta 4 – Qual a sua formação básica, considerando o tempo maior de
permanência?
28 responderam ter feito formação básica em Escola Pública, enquanto 1
declarou ter frequentado Escola Particular, 1 não respondeu e 1 disse ter participado
por tempo igual das duas, Escola Pública e Escola Particular.
Formação básica Alunos
A - Escola Pública 28
B - Escola Particular 1
C - Não respondeu 1
D - Tempo igual, Escola Pública e Particular 1
A grande maioria dos alunos entrevistados fez seus cursos na escola pública.
Pergunta 5 – Antes de iniciar seus estudos nesta escola na EJA, há quanto
tempo você ficou fora de um ambiente escolar?
16 alunos disseram ter ficado fora por até 5 anos; 2, de 6 a 10 anos; 3, de 11
a 20 anos; 7, mais de 20 anos. 3 não responderam.
Tempo afastado da escola Alunos
A - Até 5 anos 16
B - De 6 a 10 anos 2
C - De 11 a 20 anos 3
D - Mais de 20 anos 7
E - Não responderam 3
38
Pode observar que a maioria dos respondentes ficou afastada da escola por
relativamente pouco tempo, até 5 anos, embora uma boa quantidade deles tenha
ficado por mais de 20 anos.
À segunda parte da pergunta, Por quê? 13 assinalaram ter dificuldade em
conciliar os horários de estudo e trabalho; nenhum declarou ter sido proibido por
parte do(a) companheiro(a); 4 culparam a preguiça, descuido ou falta de interesse; 9
revelaram ter falta de tempo devido a outras responsabilidades; 3 declararam ter
outros motivos, e 2 não responderam.
Razão do afastamento Alunos
A - Dificuldade em conciliar horários de estudo e trabalho 13
B - Proibição do(a) companheiro(a) 0
C - Preguiça, descuido ou falta de interesse 4
D - Falta de tempo/outras responsabilidades 7
E - Outros motivos 3
F - Não responderam 2
Pode-se observar que a necessidade de desenvolver atividades para garantir
sua sobrevivência, expressas nos itens A e D, são as principais motivações para o
abandono do estudo regular.
Pergunta 6 – O que fez você procurar a Educação de Jovens e Adultos?
5 estudantes disseram que foi para conseguir um emprego melhor; nenhum
relatou ser por exigência do trabalho; 4 falaram ser para concluir o Ensino Médio; 13
para fazer outros cursos ou curso superior; 9 sentiram vontade de vencer na vida e
dar um futuro melhor aos filhos.
Razão do afastamento Alunos
Para conseguir um emprego melhor 5
Por exigência do trabalho 0
Para concluir o Ensino Médio 4
Para fazer novos cursos ou Curso Superior 13
Para vencer na vida e dar um futuro melhor aos filhos 9
A grande maioria dos respondentes buscou a EJA visando fazer novos cursos
ou um curso superior.
39
Pergunta 7 – Diga, em poucas palavras, o que você pensa sobre o ensino na
EJA? Por quê?
A esta pergunta, as respostas que podem ser consideradas mais relevantes e
significativas foram as seguintes:
E-5 – "O melhor incentivo para alunos assim como eu, que há
mais de 20 anos tinha parado de estudar, é porque encontrei a
oportunidade que precisava para concluir o ensino médio."
E-19 – "Uma grande oportunidade para retomar os estudos e
base para atingir maior graduação em várias áreas."
E-29 – "Apesar de ser dividido em curtos módulos, vale muito a
pena. Professores pacientes que trabalham com métodos de
ensino mais apropriados para o estudante que trabalha, ou que
em outras responsabilidades."
Pergunta 8 – Quais as principais dificuldades que você enfrenta para continuar
estudando?
Principais dificuldades Alunos
A - Problemas familiares 3
B - Nenhum 7
C - O trabalho 5
D - A inadequação dos horários de trabalho e estudo 9
E - Distância da escola 4
F - Cansaço 8
G - Outros 2
O conflito de horários para trabalhar e estudar se manifestou novamente na
quantidade de respostas majoritárias para a responsabilização da inadequação dos
horários e trabalho e estudo pelas dificuldades de continuar estudando.
40
Pergunta 9 – Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento com
relação à auto-estima e auto-imagem
COM RELAÇÃO À AUTO-ESTIMA E AUTO-IMAGEM
Concordo totalmente
Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Não respondeu
Sinto-me feliz por estar estudando. 29 2 0 0 0
Apesar das dificuldades, consigo vencer e aprender. 23 6 0 0 2
Na escola, sinto que meus conhecimentos são valorizados. 17 11 2 0 1
Não me sinto capaz de acompanhar o ritmo de estudos. 3 7 4 15 2
Penso em desistir de estudar. 0 0 2 28 1
A grande maioria dos participantes manifestou sua satisfação e felicidade por
participar da EJA, nos moldes atuais, apesar das dificuldades que tem para se
manter no curso.
Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento com relação com
os(as) professores(as).
RELAÇÃO COM OS(AS) PROFESSORES(AS)
Concordo totalmente
Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Não respondeu
Os professores são importantes para minha aprendizagem. 26 3 0 0 2
Os professores entendem minhas dificuldades e me ajudam a superá-las.
22 7 1 0 1
Eles me incentivam a prosseguir estudando. 22 5 2 0 2
Os professores demonstram impaciência quando demoro entender a matéria.
4 4 7 15 1
Gostaria de ter mais atenção dos professores. 11 3 3 11 3
A atuação dos professores foi considerada altamente positiva e satisfatória,
pelos respondentes.
41
Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento quanto à
importância da escola e do estudo.
IMPORTÂNCIA DA ESCOLA E DO ESTUDO
Concordo totalmente
Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Não respondeu
A escola pode me ajudar a realizar meus sonhos. 23 7 0 0 1
Considero o estudo necessário para melhorar de vida. 29 2 0 0 0
Estudar me faz sentir capaz e realizado. 25 5 0 0 1
Detesto a escola, só voltei a estudar por necessidade. 2 2 2 24 1
Sinto vergonha de não ter estudado antes. 12 4 4 10 1
Foi muito elevado o nível de importância dado à escola e ao estudo na EJA.
Pergunta 10 – Considerando as ferramentas (recursos) utilizadas pelo
professor, marque o(s) recurso(s) didático(s) através do(s) qual(is) você gosta
de aprender.
Ferramentas (recursos) Alunos
A - Observação de aula expositiva no quadro. 8
B - Recursos de multimídia (data show, vídeos, som, ...) 13
C - Livro didático e leituras. 10
D - Palestras. 8
E - Grupos de discussão. 15
F - Laboratórios específicos (física, química, biologia) 13
G - Laboratório de informática 7
H – Não responderam 3
Os grupos de discussão lideraram as preferências, seguidos pelos recursos
de multimídia e os laboratórios específicos.
Pergunta 11 – Que tipo de professor e de escola você gostaria de ter?
A preocupação com as exigências dos empregadores para admissão é
expressa na fala dos seguintes participantes:
42
E-7: "Os professores são ótimos, a escola deveria ter mais
recursos com cursos profissionalizantes para alunos do turno
da noite também, mais aulas práticas, para que não se torne
algo que nos deixe entediados."
E-19: "Professor: dinâmico, ágil, interessado em passar suas
experiências e aprendizado. Escola: totalmente nova. Que
quebra barreiras e estimula a interação e as pesquisas, tanto
para o CEJA, quanto para os jovens que serão os adultos
preparados para um futuro melhor para todos nós."
Deve ser ressalta a maior preocupação com as exigências do mercado de
trabalho atual, como na fala deste aluno:
E-20: "Gostaria de ter mais professores de língua estrangeira."
3.2.2 – Grupo b) Docentes
A seguir, são analisadas as respostas dadas pelos professores que
preencheram e devolveram os questionários que lhes foram entregues (D1 a D10).
Pergunta 1 – Qual a sua concepção a respeito da EJA e da docência na
mesma?
Entre as respostas dos mestres, podem ser destacadas as seguintes:
D1: "A EJA é uma alternativa interessante para quem não teve oportunidade de frequentar a escola regular. Por essa razão torna-se um desafio para o professor, considerando as dificuldades apresentadas pelos alunos, que, na maioria das vezes, retornam à escola após longos períodos de afastamento." D3: "O EJA foi implantado para sanar a evasão dos alunos que estão fora da idade e série, além e dar oportunidade ao público mais velho para dar seguimento à progressão àqueles que não tiveram oportunidades de estudar e assim concluir sua vida escolar."
43
D4: "Vejo a EJA como um reflexo da realidade que vivemos. Atualmente vivemos uma carência de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. Havendo a possibilidade de inserir jovens e adultos na escola, abrimos a possibilidade para eles buscarem uma maior qualificação em termos profissionais. Acho a docência na EJA desafiadora, apesar de estar a muitos anos no magistério, e já ter lecionado em vários níveis de ensino (fundamental, médio e superior), tenho buscado formas de atrair a curiosidade desses alunos para os assuntos tratados em sala de aula. A maior parte dos meus alunos são trabalhadores ou jovens com insucesso nas turmas do regular, em ambos os conjuntos, falta afinidade com os estudos. Para superar essa barreira, tento contextualizar a realidade vivida por eles com o conteúdo tratado em sala de aula. Os resultados têm sido satisfatórios."
Pergunta 2 – Você se sente preparado(a) para trabalhar com este público? Por
quê?
As respostas mais interessantes, a nosso ver, foram as seguintes:
D5 – "Professor nunca está definitivamente preparado. Está sempre em preparação." D9 – "... trabalhar com essa modalidade é um verdadeiro desafio. Não me considero totalmente preparada, mas estou me adaptando a cada dia. Não é fácil trabalhar com pessoas que possuem interesses e realidades totalmente diferentes. Os mais idosos, embora tenham muitas dificuldades, têm mais interesse, querem aprender de fato. Já os mais jovens desejam apenas terminar o 2º grau rapidamente, não há preocupação com a aprendizagem." D10 – "Sim, porque durante anos lecionei para este grupo, ouvi suas histórias, suas razões e seus problemas. Fiz também um curso de extensão na UFF, no IEF, que ampliou minha visão sobre o segmento e seus sujeitos.
Pergunta 3 – Você considera a formação continuada para os professores,
oferecida pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro relevante
para a prática da Educação de Jovens e Adultos? Por quê?
Apesar de serem muitas as respostas significativas, podem ser ressaltadas
as seguintes, a nosso ver:
Inicialmente, dois comentários elogiosos, embora com restrições:
44
D5: "Gosto de fazer o curso de formação continuada porque meu grupo é muito bom e minha tutora melhor ainda. No entanto, esse curso está aquém da realidade. Tem sido muito bom para mim, mas não para as minhas turmas. Os problemas maiores das minhas salas de aula hoje não passam pela minha qualificação, mas por questões periféricas e independentes do meu fazer pedagógico: infrequência; atrasos; falta de compromisso com a escola; falta de recursos tecnológicos, instrumentais e de estrutura da escola que, invariavelmente, nos impedem de sair do quadro branco." D19: "Sim, porque sem reflexão e formação continuada tende-se ao improviso e à aplicação dos conteúdos dos cursos regulares de forma resumida e acrítica. Complementando ainda que a educação de Jovens e Adultos quase não consta dos currículos das licenciaturas."
Porém, em seguida, uma voz dissonante:
D7: Não, pois apenas encontrei orientadores fracos e preocupados com o impacto tecnológico na coisa.
Pergunta 4 – O que você acha sobre essa Nova Educação de Jovens e Adultos
(Nova EJA)?
Os destaques ficam por conta de vozes concordantes:
D1: "Gostei muito de participar do curso, fiquei bastante empolgada com os experimentos simples apresentados, tenho usado algum material didático, mas o que dificulta é o fato de eu ter que arcar com as despesas, pois a escola não dispõe de recursos para xerox, material de experimentos etc." D2: "Muito mais completa que o modelo anterior de um ano e meio para as três séries de ensino médio."
Porém surgem alguns questionamentos, como:
D5: "No que se refere à atração daquele aluno que, por algum motivo, abandonou a escola ou está muito defasado, é muito bom, visto que dá-lhe um estímulo maior. Mas, para a maioria composta de pessoas muito jovens em busca do "diploma fácil", ou para aqueles que foram impedidos de se matricularem no regular, não tem sido proveitoso não, inclusive com muitas retenções."
45
Ou mesmo franca oposição:
D10: "Não concordo com este sistema. Uma matéria em 6 meses é questionável! Especificamente a Educação Física, deveria ser desenvolvida ao longo dos 2 anos, para formar o hábito da prática, conforme na promoção da saúde. Deveria ser um sistema de créditos, como nas faculdades."
Pergunta 5 – Você se sente valorizado por trabalhar com esta modalidade de
ensino? Por quê?
Cabe aqui observar que a maioria dos professores respondentes declarou
não se sentir valorizada. Vejamos suas ponderações:
D1: "Os alunos nos valorizam, agradecem a paciência, ficam felizes por estarem aprendendo etc., mas a valorização de um professor, em qualquer modalidade de ensino, envolve outros fatores, como salário justo e recursos materiais na escola." D9: "Não valorizada, mas desafiada a encontrar novas formas de ensino. O professor que trabalha com essa modalidade seria valorizado se tivesse à sua disposição todo o material necessário para despertar, de fato, o interesse do aluno." D4: "Sinto-me gratificado, mas não valorizado. Gratificado por ver o empenho de muitos dos meus alunos na sala de aula após mais de 08 horas de jornada de trabalho. Isso me gratifica e me inspira a trabalhar o melhor possível para atendê-los. (...) não me sinto valorizado, falta material na escola para desenvolver o conteúdo de forma mais interessante. Esses alunos deveriam ser atendidos em uma sala (ambiente) preparada para a realidade deles. Com um instrumental que aguçasse nesses alunos a vontade de aprender." D3: "Não, o ensino é um só, independente para qual série e grau se ministre".
Pergunta 6 – O trabalho desenvolvido de maneira geral na escola corresponde
à concepção que você tem de educação?
A maioria respondeu "não", a essa pergunta. Alguns descreveram mais
detalhadamente o problema:
D2: "Faltam alguns componentes como instalações e material de laboratório, mas no geral o trabalho é bem desenvolvido".
46
D5: "Não. (...) falta estrutura nas escolas. Os equipamentos prometidos pelo CECIERJ nunca chegaram. Não existem salas ambientes. Quando por minha conta, trago meu computador de casa, preciso disputar a sala de vídeo com outros professores. É muito frustrante. O material do aluno também está muito longe do ideal. Textos longos, temáticas evasivas, e desinteressantes para alunos que chegam cansados do trabalho. Esta crítica, inclusive, já entreguei para os coordenadores do CECIERJ." D7: "Não, a escola não tem como finalidade o ensino, ela prefere a disciplina como meta." D8: "Para adultos, sim. Para jovens, não. O conteúdo é muito reduzido."
Pergunta 7 – Você considera a necessidade de mudar sua prática para
alcançar melhores resultados no processo de ensino aprendizagem? Por quê?
Alguns professores não consideraram adequado mudar suas práticas:
D2: "A minha experiência com as turmas até o momento foi bem gratificante e não vejo necessidade de mudar minha prática pedagógica para alcançar melhores resultados."
Mas há vozes discordantes, que consideram interessante mudar as práticas:
D5: "Mas claro que sim, porque esta é, por essência, o fazer do professor: criar, recriar, modelar, remodelar, de acordo como a turma se apresenta." D1: "Estou sempre atenta, buscando novas maneiras de abordar os assuntos, novas estratégias de ensino (...).
D10: "A prática pedagógica deve ser de acordo com os sujeitos do processo e por isso devem ser atuais, diversificadas e inclusivas."
47
Pergunta 8 – Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento com
relação aos alunos da EJA.
COM RELAÇÃO AOS ALUNOS DA EJA
Concordo totalmente
Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Não respondeu
São batalhadores e vencedores. 3 6 1 0 0
Apesar das dificuldades, são capazes de aprender. 7 3 0 0 0
Sentem orgulho de ter voltado a estudar. 5 4 1 0 0
É mais difícil trabalhar com alunos da EJA devido as suas dificuldades. 0 4 2 4 0
Os alunos sentem vergonha de estar na EJA. 0 2 1 6 1
Idem, quanto a importância do trabalho na EJA
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA EJA
Concordo totalmente
Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Não respondeu
Meu trabalho faz a diferença na vida dos alunos. 4 6 0 0 0
Sinto satisfação ao ver o resultado do meu trabalho com alunos da EJA.
6 4 0 0 0
Sinto-me feliz e realizado por fazer parte desta escola. 4 5 1 0 0
Não gosto de trabalhar na EJA. Faço-o por falta de opção. 0 0 2 8 0
Considero a qualidade do ensino na EJA inferior às escolas regulares.
1 3 4 2 0
Pergunta 9 – Na sua opinião, qual(is) o(s) aspecto(s) que torna(m) difícil(eis) o
trabalho do professor da EJA.
Aspecto Quantidade
A - Nenhum 0
B - Ausência de materiais didáticos 5
C - Instalações inadequadas 2
D - Falta de apoio, inexperiência da equipe técnica 2
E - Impossibilidade de realizar trabalhos em equipe 1
48
F - Indisciplina dos alunos 0
G - Falta de conservação ou limpeza 1
H - Localização: dificuldade de acesso, pobreza do entorno 0
I - Horários inflexíveis 2
J - Falta de organização, comunicação 1
K - Falta ou rotatividade de professores 1
L - Diferenças etárias ou culturais 5
M - Outros 1
N - Não responderam 2
Pergunta 10 – Apreciação dos professores quanto às características dos
alunos da EJA.
Como algumas características dos alunos da EJA interferem no trabalho em sala de aula
Facilita Não
interfere Atrapalha
Muitos têm idade avançada 2 8 0
Muitos são jovens 1 4 5
Muitos são trabalhadores 2 6 2
Muitos têm filhos ou casa para cuidar 0 3 7
Muitos têm problemas financeiros 0 4 6
Muitos têm problemas familiares 0 3 7
Pergunta 11 – Na sua opinião, qual é a causa da procura do aluno pela EJA?
Entre as respostas mais conclusivas, destacam-se:
D4: "Depende. Os trabalhadores veem a oportunidade de galgarem novas oportunidades no mercado de trabalho, os mais jovens pensam em concluir o seu ensino médio de uma forma mais tranquila do que as existentes nas turmas regulares. Os idosos buscam adquirir algum conhecimento, mas seu maior ganho é na inserção social." D9: "Necessidade de finalizar os estudos rapidamente por diversos motivos como exigência de um certificado para conseguir um emprego melhor ou fazer uma faculdade." D3: "Conclusão dos estudos com mais rapidez, assim podendo inserir no mercado de trabalho com dignidade com o tão sonhado Ensino Médio." D7: "A possibilidade de uma retomada rápida dos estudos e mais adequada ao cotidiano."
49
3.2.3 – Grupo c) Equipe gestora e Supervisora Escolar
Neste Grupo, o questionário foi respondido por 3 membros da gestão escolar
– 1 Diretor Geral e 2 Diretores Adjuntos, e 1 membro da Supervisão. As respostas
dadas, pela importância da visão desses, seguem transcritas na íntegra.
1) Para você, qual a sua visão sobre o aluno EJA?
G1: "São alunos que pararam de estudar e que no momento necessitam de certificado. Atualmente com a NEJA existem também aqueles que não têm idade (maior de 21) para cursar o ensino regular." G2: "São alunos que retornam à escola com vivências múltiplas, frutos de experiências vividas em suas trajetórias familiares, emocionais e profissionais, possuindo responsabilidades diferentes dos alunos do ensino regular, além de apresentarem valores e visões de mundo já formados." G3: "Parte do alunado sente a necessidade de estudar e faz EJA pela idade, por ser à noite e, também, por ser mais rápido. Parte porque acha que é mais rápido e mais fácil." S1: "São excelentes. Interessados, educados, carinhosos, pontuais, assíduos. Talvez a diferença de idade entre os alunos do curso e eles justifique esta imensa e regular preferência que os professores têm por estes alunos."
2) Qual a sua opinião sobre as causas que os levam a retornar para a escola?
G1: "Busca do certificado por exigência do mercado de trabalho; inclusão social." G2: "A maioria anseia por mudanças e melhores condições de competitividade e posicionamento no mercado de trabalho, principalmente visando concluir o ensino médio. Muitos também buscam realização e satisfação pessoal." G3: "A necessidade de terem o certificado de conclusão do Ensino Médio."
50
S1: "Principalmente a disponibilidade maior de tempo, uma vez que já estão, em sua maioria, com os filhos criados e até mesmo aposentados."
3) O que você pensa sobre esse novo paradigma da EJA, oferecida pela
SEEDUC a partir do início do ano letivo de 2013? Houve mudanças
significativas na relação aluno-escola?
G1: "O NEJA em quatro módulos (1 anos) é um ponto positivo principalmente pelo horário proposto (19:00 às 22:00hh), ficando em um horário real que atende ao aluno que trabalha. Um aspecto negativo são os módulos alternados semestralmente que impedem uma continuidade. Outro aspecto positivo é o número reduzido de disciplinas por semestre." G2: "A proposta é positiva, se considerarmos uma carga horária maior destinada a algumas disciplinas fundamentais, além do horário de início e término das aulas, mais adequado aos alunos que em maioria possuem uma jornada de trabalho. No entanto, há queixas quanto aos módulos alternados por semestre, pois, segundo alunos e professores, ocorre uma certa descontinuidade." G3: "Houve mudanças significativas: mais um semestre e disciplinas alternadas. Gostei, principalmente porque aumentou um semestre." S1: "Como já foi dito anteriormente, há uma relação de muito interesse, carinho, entre professores, alunos e direção, com os frequentadores deste curso."
4) O que você acha sobre a formação continuada que a Secretaria de
Educação disponibiliza para os docentes, com a visão direcionada para este
público do EJA? Estão havendo mudanças em relação ao aprendizado dos
alunos?
G1: "Acho importante a formação continuada, mas não vejo muitas mudanças. Alguns professores relataram muitas novidades, porém outros têm opiniões contrárias. Disciplina como Física apresentou mudanças, principalmente no aspecto prático, com experimentos simples, que podem ser desenvolvidos em sala de aula."
51
G2: "A formação continuada é bastante positiva, levando os docentes a refletirem e desenvolverem um olhar diferenciado e necessário para o trabalho com os alunos da EJA. Algumas mudanças, principalmente no aspecto metodológico, já são perceptíveis. No entanto, a utilização do material e dos recursos propostos ainda não ocorre de forma satisfatória." G3: "Acho excelente. O professor precisa estudar e se atualizar sempre. Vejo, sim, alguma mudança, embora ainda pequena, em relação ao aprendizado do aluno." S1: "Não só os alunos aprendem, os professores também, como deve ser sempre. Não há acomodação e nem "engessamento", como acontece, regularmente, em cursos regulares."
52
CONCLUSÃO
A pesquisa realizada permite concluir afirmando que a EJA vem atingindo
plenamente seus objetivos, pois, apesar de alunos, professores, gestores e
supervisão escolar ainda apontarem muitos aspectos que merecem atenção e
aperfeiçoamento, foi grande o progresso alcançado nos anos anteriores, de 2013 e
2014, podendo-se estimar resultados cada vez melhores neste ano em curso e nos
seguintes.
Entre os pontos apontados como cruciais para o aperfeiçoamento do trabalho
da EJA, destaca-se a necessidade de que o ensino-aprendizagem de jovens e
adultos tenha sempre como meta a promoção de estratégias que visem
transformações sociais, através da educação.
A capacitação dos professores é um fator que também demanda muita
atenção por parte das autoridades interessadas em elevar a qualidade do ensino
proporcionado pela EJA aos alunos que por razões sociais ou econômicas
abandonaram seu estudos quando ainda inconclusos e que desejam recuperar o
tempo perdido, enfrentando as mesmas ou outras dificuldades que se lhes
antepõem ao alcance do tão desejado e necessário certificado do ensino médio.
Verificou-se como se deu a evolução da ótica com que a educação de jovens
e adultos é encarada pelos estudiosos da educação e pedagogia, iniciando com
uma visão ainda hoje muito encontrada, de que ela serve principalmente para dar
uma nova oportunidade de estudar àqueles que não tiveram ou não puderam
estudar na infância e juventude precoce, como forma portanto de recuperar o tempo
perdido, passando pela concepção de resgate da dívida social, até chegar à ideia de
que a educação se trata de um direito extensivo a todos os cidadãos, que tem
prevalecido nos últimos tempos e que norteia os novos rumos que a EJA vem
tomando em nosso país.
Por último, mas não menos importante, deve-se observar que, entre outros
pensamentos que foram reafirmados foram de que a escola, como elemento vivo,
precisa ter seus parâmetros sempre repensados, para que possa acompanhar as
mudanças culturais e tecnológicas que vão surgindo; que a educação precisa
prolongar-se por mais anos de escolaridade, chegando mesmo a se pensar na
validade da educação por toda a vida; e na tese de que as escolas se tornem
53
organizações locais, administradas por conselhos de gestão locais e leigos, com o
máximo de autonomia possível.
54
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2011.
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ANEXOS
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO: EDUCANDOS
Questionário sobre o perfil sociodemográfico dos educandos da EJA, suas
necessidades e expectativas de aprendizagem
Escola: ___________________________________________________________________________
Turno: __________ Módulo: _________
Idade: ___________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
1) Qual o seu estado civil? a) Solteiro(a). d) Viúvo(a). b) Casado(a). e) Vive com companheiro(a) c) Separado(a)/desquitado(a)/divorciado(a). 2) Tem filhos: ( ) sim ( ) não. Quantos? ________________ 3) Indique a resposta que melhor descreve sua atual situação de trabalho. (Não contar estágio). a) Não estou trabalhando (desempregado). b) Do lar. c) Trabalho eventualmente. d) Trabalho até 20 horas semanais. e) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de 40 horas semanais. f) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais. 4) Qual a sua formação básica (considerando tempo maior de permanência)? a) Escola Pública b) Escola Particular 5) Antes de iniciar seus estudos nesta escola na EJA, há quanto tempo você ficou fora de um ambiente escolar? a) Até 5 anos c) De 11 a 20 anos b) De 6 a 10 anos d) Mais de 20 anos Por quê? a) Dificuldade em conciliar os horários de estudo e trabalho. b) Proibição por parte do(a) companheiro(a). c) Preguiça, descuido, falta de interesse. d) Falta de tempo devido a outras responsabilidades. e) Outros: _________________________________________________________________________ 6) O que fez você procurar a Educação de Jovens e Adultos? a) Para conseguir um emprego melhor d) Para fazer outros cursos ou curso superior b) Por exigência do trabalho e) Vontade de vencer na vida e dar um futuro c) Para concluir o Ensino Médio melhor aos filhos f) Outros: _________________________________________________________________________
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7) Diga em poucas palavras, o que você pensa sobre o ensino na EJA? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8) Quais as principais dificuldades que você enfrenta para continuar estudando? a) Problemas familiares d) A inadequação dos horários de trabalho e estudo b) Nenhuma e) Distância da escola c) O trabalho f) Cansaço g) Outros: _________________________________________________________________________ 9) Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento:
COM RELAÇÃO À AUTO-ESTIMA E AUTO-IMAGEM Concordo
totalmente Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Sinto-me feliz por estar estudando Apesar das dificuldades, consigo vencer e aprender.
Na escola, sinto que meus conhecimentos são valorizados.
Não me sinto capaz de acompanhar o ritmo de estudos.
Penso em desistir de estudar.
RELAÇÃO COM OS(AS) PROFESSORES(AS) Concordo
totalmente Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Os professores são importantes para minha aprendizagem.
Os professores entendem minhas dificuldades e me ajudam a superá-las.
Eles me incentivam a prosseguir estudando. Os professores demonstram impaciência quando demoro a entender a matéria.
Gostaria de ter mais atenção dos professores
IMPORTÂNCIA DA ESCOLA E DO ESTUDO Concordo
totalmente Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
A escola pode me ajudar a realizar meus sonhos.
Considero o estudo necessário para melhorar de vida.
Estudar me faz sentir capaz e realizado. Detesto a escola, só voltei a estudar por necessidade.
Sinto vergonha de não ter estudado antes.
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10) Considerando as ferramentas (recursos) utilizados pelo professor, marque o(s) recurso(s) didático(s) através do(s) qual(is) você gosta de aprender. a) Observação de aula expositiva no quadro. b) Recursos de multimídia (data show, vídeos, som, ...) c) Livro didático e leituras. d) Palestras. e) Grupos de discussão. f) Laboratórios específicos (física, química, biologia) g) Laboratório de informática 11) Que tipo de professor e de escola você gostaria de ter? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO: DOCENTES
Questionário sobre as condições de trabalho e expectativas dos professores Situações do contexto educativo e das práticas pedagógicas que se que aperfeiçoar dentro
da Educação de Jovens e Adultos Escola: ___________________________________________________________________________
Turno: _______________________________
Tempo de experiência docente: ______________________________________________________
Tempo de experiência docente na EJA: ________________________________________________
1) Qual a sua concepção a respeito da EJA e da docência na mesma? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Você se sente preparado(a) para trabalhar com este público? Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Você considera a formação continuada para os professores, oferecida pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, relevante para a prática da Educação de Jovens e Adultos? Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) O que você acha sobre essa Nova Educação de Jovens e Adultos (Nova EJA)? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Você se sente valorizado por trabalhar com esta modalidade de ensino? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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6) O trabalho desenvolvido de maneira geral na escola corresponde à concepção que você tem de educação? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7) Você considera a necessidade de mudar sua prática para alcançar melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8) Assinale a resposta que melhor expressa o seu pensamento:
COM RELAÇÃO AOS ALUNOS DA EJA Concordo
totalmente Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
São batalhadores e vencedores. Apesar das dificuldades, são capazes de aprender.
Sentem orgulho de ter voltado a estudar. É mais difícil trabalhar com alunos da EJA, devido às suas dificuldades.
Os alunos sentem vergonha de estar na EJA.
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA EJA Concordo
totalmente Concordo em parte
Discordo em parte
Discordo totalmente
Meu trabalho faz a diferença na vida dos alunos.
Sinto satisfação ao ver o resultado do meu trabalho com alunos da EJA.
Sinto-me feliz e realizado por fazer parte desta escola.
Não gosto de trabalhar na EJA. Faço-o por falta de opção.
Considero a qualidade do ensino na EJA inferior às escolas regulares.
9) Na sua opinião, qual(is) o(s) aspecto(s) que torna(m) difícil o trabalho do professor da EJA? a) Nenhum b) Ausência de materiais didáticos. c) Instalações inadequadas. d) Falta de apoio, inexperiência da equipe técnica. e) Impossibilidade de realizar trabalhos em equipe. f) Indisciplina dos alunos. g) Falta de conservação ou limpeza. h) Localização: dificuldade de acesso, pobreza do entorno. i) Horários inflexíveis. j) Falta de organização, comunicação. k) Falta ou rotatividade de professores. l) Diferenças etárias ou culturais. m) Outros: _________________________________________________________________________
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10) Apreciação dos professores quanto às características dos alunos da EJA
Como algumas características dos alunos da EJA interferem no trabalho em sala de aula
Facilita Não interfere
Atrapalha
Muitos têm idade avançada Muitos são jovens Muitos são trabalhadores Muitos têm filhos ou casa para cuidar Muitos têm problemas financeiros Muitos têm problemas familiares 11) Na sua opinião, qual é a causa da procura do aluno pelo EJA? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO: GESTÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR
Questionário – Gestão e Supervisão Escolar Um olhar para a Educação de Jovens e Adultos
Escola:___________________________________________________________________
Cargo: ( ) Direção Escolar ( ) Direção Adjunta (.....) Supervisão Escolar
1) Para você, qual a sua visão sobre o aluno EJA? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Qual a sua opinião sobre as causas que os levam a retornar para a escola? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) O que você pensa sobre esse novo paradigma da EJA, oferecida pela SEEDUC a partir do início do ano letivo de 2013? Houve mudanças significativas na relação aluno-escola? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4) O que você acha sobre a formação continuada que a Secretaria de Educação disponibiliza para os docentes, com a visão direcionada para este público do EJA? Está havendo mudanças em relação ao aprendizado dos alunos? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________