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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO AVM FACULDADE INTEGRADA A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA E A DISGRAFIA SOB A ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA Por: Samantha Borges da Silva Hertz Orientador Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2016. 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ... profissional desse setor busca identificar problemas que prejudicam a assimilação

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO

AVM FACULDADE INTEGRADA

A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA E A DISGRAFIA SOB A ÓTICA

DA PSICOPEDAGOGIA

Por: Samantha Borges da Silva Hertz

Orientador

Prof. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO

AVM FACULDADE INTEGRADA

A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA E A DISGRAFIA SOB A ÓTICA

DA PSICOPEDAGOGIA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por: Samantha Borges da Silva Hertz.

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, por tudo que

me concede dia após dia, pela construção

dos meus valores, da minha família e, que

continue a iluminar as estradas de nossas

vidas.

A todos os clientes que através de suas

necessidades, contribuíram para que eu

procurasse saber cada vez mais.

A todos os professores pela aquisição de

novos conhecimentos.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu marido,

Nelson e aos meus queridos filhos,

Gustavo e Lucas, que souberam

compreender as minhas limitações

de tempo, me incentivando para a

realização deste curso.

5

RESUMO

Este trabalho mostra a construção da escrita, desde o movimento motor

de pegar o lápis até a escrita das palavras. Sabe-se que desenhar não é

reproduzir o que se vê, mas sim o que se sabe. Se este princípio é verdadeiro

para o desenho, com mais razão o é para escrita. Escrever não é transformar o

que se ouve em formas gráficas, assim como ler também não equivale a

reproduzir com a boca o que o olho reconhece visualmente. A tão famosa

correspondência fonema – grafema deixa de ser simples quando se passa a

analisar a complexidade do sistema alfabético. Não é surpreendente, portanto,

que sua aprendizagem suponha um grande esforço por parte das crianças,

além de um grande período de tempo e muitas dificuldades. Essas dificuldades

servem de observação e detecção de disgráficos. Assim facilita a identificação

e o encaminhamento ao profissional competente para que seja tratado o mais

precoce possível.

Palavras Chave – Construção da escrita / Fonema-grafema / Aprendizagem

/ Disgráficos

6

METODOLOGIA

A partir de uma pesquisa bibliográfica, sustentada por material

publicado em livros e sites. Atualizada sobre a temática: A construção da

escrita e a disgrafia sob a ótica da psicopedagogia, estudada com destaque

para os seguintes autores: Emília Ferreiro, 1986; Fátima Alves, 2003; Raquel

Caruso, 2010; Simaia Sampaio, 2014; Telma Weiz, 2002.

Em relação aos dados trabalhados, eles são tratados de forma

qualitativa.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------9

CAPÍTULO I - A Construção da Escrita---------------------------------------------------12

1.1- Escrever a mão melhora o processo de aprendizagem---------------------12

1.2– A compreensão do processo escrita (socialização e letramento)------------13 1.3 – Trabalhando a escrita -----------------------------------------------------------------14 1.3.1 – As competências da escrita a serem desenvolvidas------------------------16

1.3.2 – Ações que auxiliam o desenvolvimento da escrita---------------------------17

1.4 – Aprendizagem da escrita--------------------------------------------------------------20

1.5 – Concepções das crianças a respeito do sistema da escrita-----------------22

CAPÍTULO II - Disgrafia----------------------------------------------------------------------24

2.1 – Tipos de disgrafia segundo Cimel--------------------------------------------------24

2.1.1 – Disgrafia motora----------------------------------------------------------------------24

2.1.2 – Disgrafia perceptiva-----------------------------------------------------------------25

2.2 – Aspectos importantes para que não ocorra o distúrbio disgráfico segundo

Fátima Alves-------------------------------------------------------------------------------------25

2.2.1 – Desenvolvimento da linguagem oral---------------------------------------------26

2.2.2 – Desenvolvimento das habilidades e orientação espacial e temporal---26

2.2.3 – Desenvolvimento da coordenação visório-motora---------------------------26

2.2.4 – Memória visual e auditiva----------------------------------------------------------26

2.2.5 – Motivação para aprender-----------------------------------------------------------26

8

2.3 – Avaliação----------------------------------------------------------------------------------26

2.3.1 – Modelo de postura para iniciar a escrita----------------------------------------28

2.3.2 – Alguns movimentos que podem ser exercitados em sala de aula-------31

2.3.3 – Modelos de escrita disgráfica------------------------------------------------------33

2.4 – Características disgráficas------------------------------------------------------------34

2.5 - Orientação à família para apoiar o trabalho preventivo da disgrafia--------34 2.6 – Soluções-----------------------------------------------------------------------------------35

CAPÍTULO III – A ótica da Psicopedagogia---------------------------------------------37

3.1 – Papel do psicopedagogo--------------------------------------------------------------38

3.2 – A ocupação do psicopedagogo------------------------------------------------------38

3.2.1 – Orientação de estudos--------------------------------------------------------------38

3.2.2 – Apropriação dos conteúdos escolares------------------------------------------38

3.2.3 – Desenvolvimento de raciocínio----------------------------------------------------38

3.2.4 – Atendimento à criança---------------------------------------------------------------38

3.3 – O que o psicopedagogo observa no indivíduo?---------------------------------39

3.4 – Os casos comumente encontrados na escola-----------------------------------41

3.5 – Como o psicopedagogo trata a disgrafia------------------------------------------42

CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------43

BIBLIOGRAFIA CITADA----------------------------------------------------------------------45

WEBGRAFIA-------------------------------------------------------------------------------------47 ANEXOS------------------------------------------------------------------------------------------48

9

ÍNDICE--------------------------------------------------------------------------------------------58

FOLHA DE AVALIAÇÃO----------------------------------------------------------------------60

10

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi elaborado devido a grande demanda de crianças,

principalmente meninos, que sofrem com disgrafia. Eles são julgados por terem

preguiça, por fazer um trabalho sujo, e escreverem com desleixo a ponto de

ninguém entender. É fácil discriminar e julgar, mas ter boa vontade de entender

o que está acontecendo, tentar ajudar, e o conduzir a um profissional

habilitado, deveria ser só o primeiro passo de quem percebe a dificuldade na

criança.

A disgrafia, não é adquirida no decorrer da infância, hoje sabe-se que a

criança nasce com ela. A não ser em casos como após de um AVC a pessoas,

normalmente o adulto, adquire a disgrafia.

O objetivo deste trabalho, é mostrar aos profissionais da educação,

formas de se identificar o quanto antes, na criança, que existe algo

acontecendo inadequadamente com sua grafia, mas que existem várias

possibilidades de tratamento com excelentes resultados.

Segundo Emília Ferreiro em entrevista (2012)

“A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo

externo, mas é um processo de construção pessoal”. “ Ler não é decifrar,

escrever não é copiar”.

A partir do momento em que a criança compreende o processo de

construção e as suas normas de produção, ela reinventa a escrita.

A psicopedagogia é um ramo de estudo focado no processo e nas

dificuldades de aprendizagem. Com técnicas de psicologia e pedagogia e

influências de outras áreas, como psicanálise, linguística, semiótica,

neuropsicologia, psicofisiologia, filosofia humanista-existencial e medicina, o

profissional desse setor busca identificar problemas que prejudicam a

assimilação de conteúdos em sala de aula. Assim está habilitado a identificar e

tratar a criança disgráfica.

Sabendo-se disso, no capítulo I falamos sobre a construção da escrita,

desde o processo que escrever com a mão, até as concepções da criança à

respeito da mesma. No capítulo II, trata a disgrafia, seus tipos, características

das crianças até a orientação aos pais. No capítulo III a ótica da

11

psicopedagogia, conta-se o que o papel psicopedagogo, quais patologias

encontramos nas escolas até como esse profissional vai trabalhar com o

disgráfico.

12

CAPÍTULO I

A CONTRUÇÃO DA ESCRITA

1.1 – Escrever a mão melhora o processo de aprendizagem

Segundo estudo da Universidade de Stavanger, 2011, na Noruega, o

processo de leitura e escrita envolve uma série de sentidos. Ao escrever a

mão, o cérebro humano recebe um feedback de nossas ações motoras,

juntamente com a sensação de tocar em um lápis e papel. Esse tipo de

resposta é significativamente diferente daqueles que recebemos quando

tocamos e digitamos em um teclado.

Diferentes partes do cérebro são ativadas quando lemos as letras pela

escrita, daquelas estimuladas, quando reconhecemos as letras por meio da

digitação de um teclado. Ao escrever à mão, os movimentos envolvidos deixam

uma memória motora na parte sensório-motora do cérebro, o que nos ajuda a

identificar as letras. Isso implica uma conexão entre a leitura e a escrita, e

sugere que o sistema sensório-motor desempenha um papel no processo de

reconhecimento visual durante a leitura.

Outros experimentos indicam que a Área de Broca (parte do cérebro

responsável pelo processamento da linguagem, produção da fala e

compreensão) é perceptivelmente mais ativada quando lemos um verbo que

está ligado a uma atividade física, em comparação com a leitura de um verbo

abstrato ou de um verbo que não está associado a nenhuma ação.

Pelo fato de a escrita à mão demorar mais que digitar em um teclado, o

aspecto temporal também pode influenciar no processo de aprendizagem.

O neurofisiologista Jean- Luc Velay, 2011, cita um experimento que envolveu

dois grupos de adultos, no qual os participantes receberam a tarefa de

aprender a escrever em um alfabeto desconhecido, composto por cerca de

vinte letras. Um dos grupos foi ensinado a escrever à mão, enquanto o outro

usava um teclado. Depois de semanas, a lembrança dos voluntários sobre

13

essas letras e a agilidade deles para distinguir as letras normais das invertidas

foram testadas. Aqueles que haviam aprendido as letras pela escrita tiveram

melhor proveito em todos os testes. Além disso, exames de ressonância

magnética indicaram uma ativação da área de Broca nesse grupo. Entre

aqueles que tinham aprendido pela digitação, houve ativação de poucas partes

dessas áreas ou nenhuma.

O componente sensório-motor é parte integrante da formação de

iniciantes, e em especial de pessoas com dificuldades de aprendizagem. Mas

ainda há pouca consciência e compreensão da importância da escrita para

esse processo.

.

1.2- A compreensão ao sistema de escrita (socialização e letramento)

Crianças em período pré- escolar devem ter um contato sistematizado

com o universo da alfabetização para não correr o risco de ficar fora do

processo de socialização, de construção de cidadania e, principalmente, de

participação efetiva na sociedade

A criança de hoje não é mais aquela de outros tempos. Ela vive

cercada por um universo de mídias, de informações e de estímulos, de gêneros

textuais que seria falta grave não atender suas necessidades – aprender para

crescer.

Descobrir o mundo, adentrá-lo, percebê-lo e transformá-lo são algumas

das muitas pertinências destas crianças de hoje. O acesso às múltiplas formas

de linguagem e as condições neurológicas e motoras são formas de lidar com

elas.

O letramento, questão mais que primordial , é a condição de entrada da

criança neste universo salpicado de suportes textuais das mais diferentes

características e dos mais diferentes extratos sociais. Quanto mais cedo a

criança tiver acesso a estes elementos, mais condições igualitárias ela terá de

participação social. A leitura e a escrita são formas primárias, das mais

orgânicas, das mais importantes em termos de ação afirmativa, de equidade

social.

14

A estada, a permanência ou a mobilidade social da criança passa

seguramente pela aquisição do código e dos usos dele. Assim, escrever e ler

aos seis anos, de tempos já se sabe que era importante, enquanto trabalho

escolar. Agora precisa-se definir de que forma garantir que esta competência

seja bem elaborada, sem perda de qualidade dos outros processos que

acompanham o bom desenvolvimento.

O processo de letramento se dá a partir de uma gama de outras

condições sociais que passa pela escola, pela família, pela sociedade e pelas

relações que se estabelecem a partir de então. Assim zelar e pensar nesses

processos é tão importante quanto cuidar do processo de ler e escrever.

Hoje a criança de seis anos têm muitas experiências, já possui uma

capacidade cognitiva suficiente para entrar nos mais diversos espaços sociais.

Muitas já decodificam códigos, muitas têm condições de letramento bastante

interessantes. Porém é importante lembrar que esta não é uma condição única

entre todas as crianças da mesma idade.

A importância de socializa-se se dá na mesma esteira da importância

de desenvolver o aparelho motor. Isto quer dizer que não há prioridade. Há

condições mais ou menos igualitárias no que se refere aos saberes que devem

ser tratados no primeiro ano do ensino fundamental.

1.3- Trabalhando a escrita

No trabalho efetivo de leitura e escrita, considerando o trabalho com as

linguagens mais diversas e sempre com uma perspectiva multidisciplinar. Além

disto, todo trabalho com o lúdico, com o jogo, com a brincadeira e com o sonho

e o imaginário já estão expostos claramente. Vejamos:

Expressão/ registros escritos – a língua escrita, assim como a oral,

exercem várias funções e possuem inúmeros usos sociais e formas de se

articularem. Cada esfera da atividade humana produz seus gêneros

discursivos. É importante que, na escola, as crianças sejam desafiadas a fazer

uso e de diferentes gêneros e de diferentes formas de registrar as ações que

viveram, num processo de apropriação gradativa dos usos e das convenções

dos sistemas notacionais que incluem a linguagem escrita – com seus diversos

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gêneros e tipos de textos – e outras notações, como a linguagem da

matemática, gráficos, mapas, tabelas etc. As notações e as escritas

espontâneas das crianças, pelas sucessivas tomadas de consciência, a partir

da mediação do professor e/ou de pessoas mais experientes, gradativamente

vão dando lugar às convencionais.

A criança deve ser levada, orientada, gradativamente, dentro do

conceito de gêneros textuais, para perceber, observar com critérios, fazer

planejamento textual e, depois, somente depois de ter estes elementos, é que

ela irá produzir algo que ainda necessitará de reparos. A revisão textual é

sempre uma última etapa neste processo. Portanto, calma e paciência são

palavras-chave nesta modalidade e o desenvolvimento do traço também. Pode-

se ter crianças com uma facilidade incrível ao desenvolvimento da letra

traçada, mas outras não. Neste momento, é necessário lembrar de que todas

as crianças são diferentes. É preciso saber que a cognição segue

acontecendo, mesmo sem o desenvolvimento mecânico do traço.

No caso dos anos iniciais do ensino fundamental, na aprendizagem da

língua escrita existem:

- o desenvolvimento do raciocínio matemático e a sua expressão em

linguagem matemática;

- a ampliação de experiências com temáticas ligadas a muitas áreas do

conhecimento;

- a compreensão de aspectos da realidade com a utilização de diversas

formas de expressão e registro;

Tudo deve ser trabalhado de forma que as crianças possam,

ludicamente, ir construindo outros modos de entender a realidade,

estabelecendo novas condições de vida e de ação.

Para que a criança vá se familiarizando com o universo da escrita

deve-se propor sempre temas interessantes à ela e com os quais ela possa

lidar.

A tendência da língua oral é ir se afastando da linguagem escrita, uma

vez que essa última é alterada de forma muito lenta, enquanto a primeira está

em permanente mudança. Embora seja natural que as crianças, no começo da

16

aprendizagem, busquem estabelecer referências entre a fala (que conhecem) e

escrita (que querem conhecer), é importante ir mostrando às crianças que há

vários modos de falar, mas só há um modo de escrever, do ponto de vista

ortográfico. Assim, por exemplo, as seguintes palavras podem ser faladas

como está escrito (ainda que de modo grosseiro), ao lado da palavra

convencionalmente escrita:

- maldade : maudadi / maudadji / mardadi / maldadi/ maldadji / mardade

- mesmo: mesmu / mermu / meijmo / mezmo / memu / mezmu

A consideração, a valorização e, principalmente, a intervenção do

profissional devem ser dosadas de uma maneira que ajudem o

desenvolvimento da consciência linguística por parte da criança.

1.3.1- As competências da escrita a serem desenvolvidas

O desenvolvimento da consciência linguística será uma das primeiras

tarefas. Isto poderá ser desenvolvido por meio da oralidade. Contar histórias,

ouvir causos, fazer rimas, ler trava-línguas, ouvir lendas e trabalhar com todas

as audições orais possíveis. Trazer os gêneros textuais mais próximo das

crianças nesta idade. Bilhetes, cartazes, infográficos, esquemas, ilustrações,

propagandas, versos e outros. O profissional terá que funcionar, em muitos

casos, como escriba da criança, pois algumas podem não ter frequentado a

educação infantil, e portanto, ainda precisam de um bom trabalho de

socialização, educação motora, raciocínio lógico e condições coletivas de

trabalho. Se as crianças não apresentarem este quadro, a sensibilização para o

processo formal de leitura e escrita deve ser desenvolvido, ou apresentado

sempre a partir do conceito de gêneros, ou seja, a produção da escrita precisa

ter um significado para a criança. Assim ela deverá tentar ou escrever coisas

que realmente estejam no seu cotidiano. Sons, palavras, letras, frases, textos,

histórias, músicas, desenhos, modelagens tudo pode ser usado, pois a

prioridade é o trabalho rico em diversidade de linguagens e principalmente em

diversidades de possibilidades. Desta forma, ler e escrever passará a ser

consequência desta interação, não somente o objetivo final. Atente-se para o

17

tempo de cada criança. Ainda nesta idade, há muita diferença no

desenvolvimento de uma para a outra.

1.3.2 – Ações que auxiliam o desenvolvimento da escrita

O desenvolvimento da escrita vem com a necessidade da criança

registrar coisas que ouve.

- deve-se deixar a criança tentar a escrita livremente. Não lhe dê folhas

com linhas, no início. Isso ajuda a bloquear a liberdade de escrita;

- a caixa alta deve ser uma forma de apresentar a letra. Substitui-se

assim que a criança já conseguir reconhecê-la;

- a letra cursiva é uma sequência da caixa alta. Demora um pouco para

ela estar firme;

- o uso da caneta pode ser feito quando a criança já apresentar um

bom traço, firme e claro. Isto acontece a qualquer momento a partir dos cinco

anos;

- a troca de sons parecidos como P e B e outros, é também normal no

início do processo. Mostra-se as diferentes grafias delas e vá a apresentando

sempre as diferenças até que a criança perceba a forma correta;

- deve-se corrigir, a produção das crianças. Agora, faça isto de uma

forma participativa, pouco traumática. Há várias técnicas de apontar um erro.

- a separação das palavras é um problema que pode aparecer. Quando

isto acontecer, deve-se ler com a criança várias vezes as palavras, para que

ela perceba que há junção;

- as crianças precisam ter seu tempo de entendimento respeitado.

Aprender o processo de concentração também é um objetivo do durante o

início de escolarização;

- é normal a criança apresentar várias trocas e muitos erros

ortográficos durante o processo de alfabetização. Não se deve desesperar,

pois aos poucos, ela vai aprendendo que, para se escrever, é importante

adequar-se as regras;

18

- o vocabulário para produção de uma atividade pode ser apresentado

em uma lista prévia. Assim, ajuda enormemente a criança a desenvolver o sua

memória, concentração, atenção e segurança para a grafia correta das

palavras;

- a letra espelhada aparece normalmente quando a criança não teve

um trabalho suficiente de reconhecimento do alfabeto. Deve-se refazer o

processo, pois só assim isto poderá ser melhorado;

- para ajudar o processo da superação da letra espelhada, trabalhe

formas geométricas, ampliações e redução de figuras e lateralidade esquerda,

direita, em cima e embaixo. Isto também ajudará a superação da letra

espelhada;

- a coordenação motora fina é que dá origem a um bom processo de

escrita. Desenvolver atividades motoras, sempre que julgar necessário, para

que a criança possa melhorar seu processo de escrita;

- a coordenação motora ampla dá origem à coordenação motora fina,

portanto, para que a criança tenha um bom traço, é preciso trabalhar da ampla

para a fina com atividades sempre alternadas;

- o traço no processo de alfabetização também é secundário. É

preferível muito mais que a criança leia, compreenda o que está lendo, critique

e interfira no processo de leitura do que simplesmente copiar, reproduzir a

escrita, não reconhecendo nada. Se tiver de fazer uma opção, faça a opção

pelo primeiro;

- peça à criança que escreva no quadro, faça-lhe escrever em papéis

colados na parede, na areia do parque, no chão e em outros lugares que não o

caderno. Desta forma, brincando ludicamente, ela vai chegando ao

conhecimento da escrita;

- a letra em caixa alta é para que a criança tenha facilidade no

reconhecimento desses registros. Assim que o aluno desenvolver este

reconhecimento, introduza no dia dela a letra cursiva, afinal essa letra tem

como objetivo o desenvolvimento da escrita;

- escrever tudo de várias formas. Apresentar a criança uma palavra

escrita em letra maiúscula, em minúscula, em caixa alta, em caixa baixa para

19

que a criança perceba a multiplicidade das formas de se escrever uma palavra

ou de se grafar um signo;

- discutir antes por que há essa diferença entre letra maiúscula e

minúscula para que a criança perceba a razão dessas modificações;

- o reconhecimento da sonorização pode evitar muitos erros que a

criança comete no início da alfabetização. Então, deve-se criar com ela uma

dinâmica, um comportamento, um compromisso em que ela precise falar,

repetir, algumas vezes, uma palavra para ter certeza dos sons que ocorrem ali.

Dessa forma, sons como r, rr, ss, h e nh, podem ser anteriormente percebido

pela criança.

- repetir a pergunta várias vezes para que a criança tenha certeza

daquilo que vai escrever;

- permitir inicialmente que a criança desenvolva a escrita sem ter

materiais muito estruturados, como cadernos com linhas, caderno de caligrafia,

quadradinhos e tantas outras propostas que, muitas vezes, podem bloquear ou

impedi-la que, com naturalidade, tente equilibrar a letra. Dar horizontalidade a

ela e equilíbrio;

- cada criança desenvolve uma letra diferente da outra criança.

Algumas escrevem as letras mais apertadinhas, maiores, menores, deitadas

para a direita, deitada para a esquerda e assim por diante. Essas variações são

características de cada criança e não tente modificá-las, apenas organize-as;

- caso a criança esteja escrevendo com a mão direita e peça para

escrever com a mão esquerda, deve-se permitir, pois afinal alguns são

ambidestros, portanto poderão escrever com as duas mãos;

- se ao escrever, a criança reclamar de dor no braço, resgate a

coordenação motora, fazendo atividade de relaxamento porque algo de errado

está acontecendo;

A alfabetização é um processo que começa a partir do momento em

que a criança aprende a falar e não termina nunca. Afinal, estamos sendo

sempre alfabetizados em gêneros diferentes, portanto não há fim. Quanto mais

a criança se interage com o meio, mais ela ampliará seu letramento e terá mais

condições de integração social por meio do domínio da leitura e da escrita.

20

1.4 – Aprendizagem da escrita

A leitura e a escrita têm sido tradicionalmente consideradas como

objeto de uma instrução sistemática,como algo que deva ser ensinado e cuja

aprendizagem suporia o exercício de uma série de habilidades específicas.

Múltiplos trabalhos de psicólogos e educadores têm se orientando neste

sentido. Não obstante, as pesquisas sobre os processos de compreensão da

linguagem escrita obrigam a abandonar estas duas ideias:

- Atividades de interpretação e de produção de escrita começam antes

da escolarização, como parte da atividade própria da idade pré-escolar;

- A aprendizagem se insere (embora não se separe dele) em um

sistema de concepções previamente elaboradas e não pode ser reduzido à um

conjunto de técnicas perceptivo motoras.

Imersa em um mundo onde há a presença de sistemas simbólicos

socialmente elaborados, a criança procura compreender a natureza destas

marcas especiais. Para tanto, não exercita uma técnica específica de

aprendizagem. Como já fez antes, com outros tipos de objeto, vai descobrindo

as propriedades dos sistemas simbólicos por meio de um prolongado processo

construtivo.

Segundo Emília Ferreiro (1986) Existem conhecimentos específicos

sobre a linguagem escrita que só podem ser adquiridos por meio de outros

informantes (leitores adultos ou crianças maiores). Por exemplo:

- o fato de saber que cada letra tem um nome específico, que todas

elas têm um nome genérico;

- que na oposição entre os nomes genéricos das marcas, a diferença

entre letras e números é fundamental;

- que convencionalmente escrevemos de cima para baixo e da

esquerda para a direita;

- que junto com as letras aparecem sinais que não são letras (sinais de

pontuação);

21

- que utilizamos as maiúsculas para nomes próprios, para títulos e

depois de um ponto, etc.

Deve-se assinalar alguns aspectos sobre os quais os profissionais

deveriam estar alertas:

a) Pensa-se que a escrita remete de maneira óbvia e natural à

linguagem, estaremos supervalorizando as capacidades da criança, que pode

estar longe de ter descoberto sua natureza fonética.

b) Em contrapartida, pode-se menosprezar seus conhecimentos ao

trabalhar exclusivamente com base na escrita, cópia e sonorização dos

grafemas. Enquanto a criança sabe que a escrita é significativa, o adulto a

esconde atrás do traçado de formas gráficas ou da repetição de fonemas

isolados, ambos sem sentido.

c) Ao ser tratada como inteligível a produção da escrita da criança, na

medida em que esta não se aproxima da escrita convencional, estará sendo

desvalorizado seus esforços para compreender as leis do sistema. Imitando a

mãe que age como se o bebê estivesse falando quando produz seus primeiros

balbucios, o profissional teria que aceitar as primeiras escritas infantis como

amostras reais de escrita e não como puros rabiscos.

d) Interpretar em termos de certo ou errado (em relação ao modelo

adulto) os esforços iniciais para compreender, é negar-se a ver os processos e

intenções que possibilitam a avaliação dos resultados.

e) A ênfase na reprodução de traçados reduz a escrita a um objeto, em

si, de natureza exclusivamente gráfica: insistir na correspondência fonema-

grafema é apresentar a escrita como espelho dos aspectos sonoros da

linguagem. Ela nem reflete apenas os fonemas e nem é um objeto opaco. É um

produto de uma construção mental da humanidade, a partir de uma tomada de

consciência das propriedades da linguagem. Como todo sistema simbólico,

impõe regras de representação que têm sentido dentro do sistema (pensando

na direção convencional da esquerda para a direita, na utilização de letra

maiúscula, na separação de palavras e assim por diante).

f) Os problemas que a criança enfrenta em sua evolução não estão

sujeitos a qualificativos em termos de simples ou complexos. São os problemas

22

que ela pode resolver em uma ordem não aleatória, mas internamente

coerente.

g) Finalmente, se só se dirige à criança que compartilha alguns de

nossos conhecimentos (ou seja, a quem já tenha percorrido praticamente

sozinho grande parte do caminho), deixa-se de lado uma grande porcentagem

da população infantil estacionada em níveis anteriores a esta evolução,

condenando-a involuntariamente ao fracasso.

1.5 – Concepções das crianças a respeito do sistema da escrita

Indicadores mais claros são produções espontâneas (criança escreve

como acha que deveria escrever), aprender a interpretar é muito importante.

Do ponto de vista construtivista , a escrita infantil segue uma linha de evolução

regular.

Conforme Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1986), existem três

grandes períodos na evolução psicogenética. São eles:

Primeiro – distinção entre representação icônica e não icônica –

diferenciação entre marcas gráficas figurativas e não figurativas (entre

desenhar e escrever) constituição da escrita como objeto substituto.

Segundo – construção de formas de diferenciação (qualitativa e

quantitativa) – busca de modos de diferenciação: quantitativa (número de

letras) e qualitativa (variedade de letras), variar no repertório de letras (as

posições) sem modificar a quantidade.

Terceiro – fonetização da escrita (período silábico – período alfabético),

a descoberta de que as partes da escrita (letras) podem corresponder a outras

tantas partes da escrita (sílabas).

Sob o aspecto quantitativo é a descoberta de que a quantidade de

letras com que se vai escrever uma palavra pode corresponder à quantidade

de partes que se percebe na emissão oral (sílabas). Inicia-se o período

silábico, onde uma letra vale por uma sílaba. O período silábico evolui até

chegar a uma letra por sílaba sem omitir sílaba e sem repetir letras. A hipótese

23

silábica é importante pois permite obter critério geral para regular as variações

na quantidade de letras que devem ser escritas e também centra a atenção da

criança nas variações sonoras entre as palavras. É onde também a criança cria

suas próprias contradições, controle silábico e quantidade mínima de letras.

Como exemplo: monossílabo deveria ser escrito com uma só letra, mas com

uma só letra não se pode ler.

No mesmo período as letras começam a adquirir valores silábicos

estáveis, isto é, as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a

se exprimir por letras semelhantes.

Novos conflitos nestas construções vão desestabilizar a hipótese

silábica até a criança ter coragem para desenvolver um novo processo, o

período silábico alfabético. Nele a criança descobre que a sílaba não pode ser

considerada como uma unidade e deve ser desdobrada em elementos

menores. Último passo para a compreensão do sistema alfabético socialmente

estabelecido.

Um problemas sobre o aspecto quantitativo é que não basta uma letra

por sílaba, existem sílabas que se escrevem com uma (pi – a- no), duas (ca –

ne – ca), três (pri – mei – ro, co- e - lho) ou mais letras (trans – por – te).

24

CAPÍTULO II

DISGRAFIA

Disgrafia é a pertubação da escrita no que diz respeito ao traçado das

letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relaciona-se à

dificuldade motora e espacial, portanto disgrafia é uma alteração da escrita

normalmente ligada a problema perceptivo-motor.

É a dificuldade ou a ausência na aquisição da escrita. O indivíduo fala

de forma normal, em muitos casos consegue ler, mas não consegue transmitir

informações visuais ao sistema motor. E possivelmente, tem graves problemas

motores e de equilíbrio. Ao contrário do que muitos afirmam, não é apenas letra

feia ou letra de médico.

Segundo Abram Topczewski (2000,p.65),

A disgrafia caracteriza-se por uma escrita mal elaborada, feia,não se

conseguindo muitas vezes, decifrar o que está escrito. Há vezes que nem a

própria criança consegue entender o que escreveu. Entre os adultos a disgrafia

é encontrada, de modo tradicional, principalmente no meio médico, pois poucas

são as pessoas que conseguem decifrar o que foi escrito no receituário.

2.1 Tipos de disgrafia segundo Cinel

Cinel (2003), escreveu um artigo diferenciando os tipos de disgrafia, e

mostrando que a falta de sintonia entre elas provoca o desequilíbrio,

principalmente afetivo. São elas:

2.1.1- Disgrafia Motora – na área motora, aparecem a hiperatividade ou

25

hipoatividade, as pertubações do ritmo, a incoordenação excessiva,

prejudicando a postura, a locomoção, os movimentos dos braços, das pernas,

das mãos, dos pés e a respiração.

2.1.2- Disgrafia perceptiva - na área perceptiva, evidenciam-se desordem

percepto- visual, de orientação e estruturação espacial, pertubações do

esquema corporal e da lateralidade.

Para Ajuriaguerra (1988),

A criança disgráfica é vítima de transtorno que provém ora do plano

motor, ora do plano perceptivo, ora do plano simbólico, A dificuldade de

integração visual-motora dificulta a transmissão de informações visuais

ao sistema motor.” A criança vê o que quer escrever, mas não consegue

idealizar o plano motor”. Sua escrita é nitidamente diferente da escrita

normal, o que não acarreta homogeneidade no interior do grupo dos

disgráficos. Disgrafia padronizada não existe, encontram-se diversos

tipos de disgrafia, é como se a criança desenvolvesse seu problema de

acordo com as modalidades que lhe são próprias, imprimindo-lhes estilo

pessoal.

2.2 Aspectos importantes para que não ocorra o distúrbio disgráfico

segundo Fátima Alves

Fátima Alves (2003) relata, existe a necessidade de desenvolver

aspectos importantíssimos na infância para que não ocorra o distúrbio

disgráfico. Tais como:

26

2.2.1- desenvolvimento da linguagem oral – a criança precisa falar

corretamente os sons das palavras para vir a escrever corretamente;

2.2.2- desenvolvimento das habilidades e orientação espacial e temporal-

ao escrever, a criança deve respeitar a sequência dos sons e sua estruturação

no espaço;

2.2.3- desenvolvimento da coordenação visório-motora- a criança deve ter

movimentos coordenados dos olhos, dos braços, das mãos e também uma

preensão perfeita do lápis;

2.2.4- memória visual e auditiva- problemas de discriminação auditiva podem

ter reflexos tanto na escrita quanto na leitura e na fala;

2.2.5- motivação para aprender- a criança precisa ser estimulada por pais,

professores e colegas para escrever.

2.3- Avaliação

Uma avaliação precisa é fundamental. O profissional da área de

educação tem conhecimento que um dos grandes fracassos nos anos

escolares é o aprendizado da leitura e da escrita; sabe também que existe um

sentimento de angústia e desamparo tanto do professor de fundamental I

quanto dos pais, quando enfrentam esse fracasso escolar. É claro que isso

implica também o seu desempenho profissional e pessoal de cada um dos

participantes dessa ação.

Aprender a ler e escrever passa a ser um desafio para a educação, uma

vez que é uma das aquisições que determinam não só o empenho escolar mas

também o desenvolvimento das pessoas na sociedade de hoje.

Temos um número absurdo de profissionais que desconhecem as

dificuldades da escrita, como, funciona, para que serve e como deve ser usada.

Para o reconhecimento da escrita existem inúmeras formas, como a letra

em bastão,cursiva e imprensa; entretanto nem todos conhecem as diferenças,

como ensinar e como aprender.

Algumas escolas ensinam a escrever com a letra bastão, encontrando

maior facilidade no movimento motor e por estar mais presente no dia a dia das

27

crianças, pois estas têm a facilidade da leitura em placas, rótulos, alguns textos

digitados, revistas e jornais; em seguida passam a escrever com a letra

cursiva, entretanto o movimento é mais complexo e, finalmente, a leitura que

espera-se que seja fluente, porém, para muitas escolas, após o aprendizado da

letra cursiva, a letra de imprensa passa a ser utilizada somente para leitura,

onde aparecem também em digitação, livros, gibis,revistas etc.

Os pais exigem da criança e da escola, e, por sua vez, os professores

cobram uma leitura fluente e uma escrita perfeita, mas sabemos que a

realidade nem sempre é essa, pois encontraremos crianças com letras feias,

com dificuldades motoras na escrita, tornando-as difícil o entendimento das

mesmas, da qual chamamos de disgrafia.

A disgrafia ainda é um distúrbio desconhecido entre pais e professores;

muitos casos passam despercebidos, fazendo com que o disgráfico seja

rotulado como relaxado e descuidado. Muitas escolas estão preocupadas com

o conteúdo a ser transmitido ao aluno e esquece-se de trabalhar o

desenvolvimento motor, espacial, temporal, lateralidade, tonicidade, corpo,

praxia fina e global, enfim, toda a importante função psicomotora da criança.

Ajuriaguerra (1988) diz, a atividade de escrever implica a imitação de um

movimento com direção (da esquerda para direita), cópia de formas com uma

certa orientação e o desdobramento do movimento no espaço de

representação.

Raquel Caruso (2010) em entrevista reforça a criança que na escola

apresenta rendimento baixo apesar de boa capacidade intelectual, uma vez

que necessita também de boa concentração. Se não houver domínio do corpo,

autonomia, precisão de gestos, a atenção será desviada e absorvida no

necessário controle dos movimentos.

28

A criança com dificuldade na coordenação visório-motora não consegue

traçar linhas com trajetórias predeterminada, pois, apesar de todo esforço, a

mão não obedece ao trajeto estabelecido

Os esforços para focalizar o símbolo distraem a sua atenção, e ela perde

a continuidade do traçado das letras e suas associações.

Já na organização do tempo e do espaço, este deverá ter domínio da

lateralidade, em cima, embaixo, frente, trás, antes, depois, durante, ontem,

hoje, amanhã etc. que a criança deve ter desenvolvido para construir a escrita.

Segundo Le Boulch ( 2001, p. 157),

Parece-nos importante que a preparação para a escrita seja feita antes

que a criança aprenda a ler de tal forma que a aquisição da leitura e escrita

seja simultânea e que o problema de coordenação não freie o aprendizado da

leitura.

2.3.1 - Modelo de postura para iniciar a escrita: correta (primeira da

esquerda) e incorretas (os dois últimos modelos).

Alguns desses problemas podem estar associados com fator biológico,

29

lateralidade, esquema corporal, equilíbrio, funções motoras, pedagógicos,

como orientação deficiente e inadequada na mudança da letra, exigência de

muita qualidade e rapidez nas atividades, pouca importância pela letra e

imaturidade da criança.

É importante saber que a idade mais indicada para se começar um

tratamento de disgrafia é a partir de oito anos, quando a letra começa a se

firmar.

A psicopedagoga Raquel Caruso (2010) revela em entrevista ao site

Guia da semana que muitos disgráficos são decorrentes de causa mista, que

une a disfunção motora com problemas emocionais. De acordo com a

especialista, a alfabetização precoce das crianças pode auxiliá-las

consideravelmente para terem dificuldades na escrita, pois elas deixam de

amadurecer outras habilidades psicomotoras necessárias para a idade,

desenvolvidas com brincadeiras e exercícios de esculturas em argila, por

exemplo. Quando não tratado, o distúrbio pode trazer problemas sérios na vida

adulta, como na compreensão e no entendimento de sua letra, em provas,

redação, vestibular etc. e em tudo que gera espacialidade, como seguir

roteiros, mapas, guias de ruas.

Essas crianças com dificuldade de espaço e tempo não conseguem

escrever obedecendo ao sentido correto das letras, não se orienta no plano da

folha, apresentando má utilização do papel e/ou escrevendo fora da linha.É

comum que apresente dificuldade na leitura e na compreensão de textos como

decorrência disso.

Alguns problemas ocorrem por não apresentar dominância lateral

definida. A criança vive uma incerteza quanto ao uso das mãos, ficando

confusa e insegura, podendo ocorrer inversão de letras na escrita e na leitura,

(b/p – bato/pato) – (b/d – bato/dato).

Os profissionais devem estar atentos à clareza do traçado, pois uma

letra cursiva mal escrita pode ser a causa mais poderosa de ilegibilidade. Por

exemplo: se o aluno não fechar o círculo do “a” de letra cursiva, pode ler com

30

“C”; quando a criança não fecha um “d”, pode ler “cl” etc.

Portanto, muitas vezes, letra feia é consequência da falta de orientação

dos docentes, do mau uso ou do abuso das cópias e dos ditados e da rigidez

da escrita.

Outro fator determinante é o espaçamento, pois, na fase de

alfabetização, ao iniciar frases, é fundamental, além de todos os comandos,

como no início das frases, letra maiúscula, parágrafo etc., dizer claramente

com palavras que marquem, e a criança poderá associá-las no momento da

escrita. Por exemplo: A (espaço) menina (espaço) caiu. Este começo é

primordial para a criança perceber que as palavras que formam a frase não se

amontoam.

A inclinação da folha e da letra é percebida pela posição que se adota

ao escrever. Uma criança sentada de frente para uma mesa deverá colocar a

folha, ou o caderno, levemente inclinada para esquerda; quanto maior for a

inclinação do papel, à esquerda, maior será a inclinação da letra, à direita, e as

crianças canhotas inclinam levemente à direita.

A atenção do professor deve estar dobrada em todos os itens aqui

citados, pois muitas crianças necessitam de atendimento individualizado. Se os

docentes trabalharem antecipadamente em espaços amplos os movimentos da

escrita e os movimentos motores, a escrita ficará mais fácil de ser repassada

para o papel

31

2.3.2 -Alguns movimentos podem ser exercitados em sala de aula, como

caligrafia, grafomotricidade, pinturas, colagens, recortes etc.

32

Uma vez diagnosticado, o profissional poderá fazer uma parceria com

demais profissionais de outras áreas para trabalharem simultaneamente as

dificuldades, desenvolvendo melhor as habilidades motoras.

Le Boulch enfatiza

(...) a necessidade da educação psicomotora baseada no movimento, pois

acredita ser essa preventiva, assegurando que muitos problemas de alunos,

detectados posteriormente e tratados pela reeducação, não ocorreriam se a

escola desse atenção à educação psicomotora, juntamente com a leitura, a

escrita e a aritmética. O autor considera a psicomotricidade um importante

elemento educativo,como um instrumento indispensável para aguçar a

33

percepção, desenvolver formas de estimular a atenção e estimular processos

mentais. ( Le Boulch apud GOMES, 1998, p. 16)

2.3.3 - Modelos de escrita disgráfica:

A inclinação das letras pode variar tanto para direita como para a esquerda.

A escrita dá a sensação geral de sujeira, descuido ou relaxo. O traçado

é sujo, as letras são retocadas etc.

34

2.4- Características disgráficas:

- O indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não consegue

transmitir as informações visuais ao sistema motor.Deficiência de Transmissão;

- Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,

números e palavras;

- Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio;

- Postura gráfica incorreta;

- Forma inadequada de segurar o lápis;

- Muita ou pouca força muscular;

- Ritmo de escrita (lento ou excessivamente rápido);

- Letra excessivamente grande (macrografia) ou pequena (micrografia);

- inclinação da folha ou ausência de inclinação;

- Letras desorganizadas, sobrepostas e ilegíveis;

- Traços grossos ou suaves;

- Junção de letras ou palavras;

- Dificuldade para imitar o que vê ( amarrar sapatos, fazer mímicas);

- Desenhos distorcidos, mal colocados na folha, sem proporção, sem detalhes

e criatividade;

- Letras retocadas;

- Enlaces malfeitos;

- Desproporção entre pernas e hastes das letras;

- Espaço entre as linhas e as palavras irregulares, linhas mal mantidas;

- Falta de organização na página;

- Número de letras contrários à escrita (5 – S).

2.5 -Orientação à família para apoiar o trabalho preventivo da disgrafia

É relevante lembrar que a família é de importância fundamental na vida

das crianças. A escola e família devem ter uma ligação de grande

responsabilidade no aprendizado das mesmas.

O profissional pode ajudar nos problemas de escrita se fizer um trabalho

paciente que envolva ações importantes: a observação constante não somente

35

aos aspectos de linguagem mas também às características físicas e

comportamentais, às atitudes da criança, ao contato com os pais e às suas

próprias atitudes diante do problema observado.

As atitudes do profissional podem ajudar ou agravar. Seu papel é muito

importante na integração com o aluno. Criança com dificuldades apresenta

baixa autoestima, portanto é necessário estar atento quanto ao aspecto

emocional.

Com base nas observações e no acompanhamento dessas crianças, os

profissionais poderão fazer registros de suas observações na ficha de coleta de

dados a seguir :

2.6- Soluções:

- Acima de tudo avaliação multidisciplinar e acompanhamento

psicopedagógico;

- Usar microespaços e macroespaços para a aprendizagem (entenda-se

macro = espaço físico qualquer e micro = sulfite,caderno etc);

- Balé desenvolve o equilíbrio e ajuda o desenvolvimento da letra cursiva (letra

pequena, traçada de modo rápido e corrente);

36

- Quando ligado a distúrbios neurológicos necessita de tratamento e de

acompanhamento neurológico e psicopedagógico em conjunto.

37

CAPÍTULO III

A ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA

O psicopedagogo nasceu da necessidade de atender a crianças com

dificuldades na área da aprendizagem. Tem como objeto de estudo o processo

de aprendizagem seus recursos diagnósticos, preventivos e corretores. Vários

aspectos devem ser considerados na compreensão deste processo como: os

afetivos, os cognitivos e os sociais, que interferem no aprender humano.

“ A psicopedagogia é uma nova área de atuação profissional que busca

uma identidade, e que requer uma formação de nível interdisciplinar, o que já é

sugerido no próprio termo psicopedagogia”.( Bossa, 1995, p. 31)

Bossa diz que a psicopedagogia, como área de aplicação, antecede o

status de área de estudos, a qual tem procurado sistematizar um corpo teórico

prático próprio, definir o seu objeto de estudo, delimitar o seu campo de

atuação, e para isso recorrer à Psicologia, Psicanálise, Linguística,

Fonoaudiologia, Medicina e a Pedagogia. Para ele a psicopedagogia estuda

características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa

aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores,

como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las,

tratá-las e preveni-las.

Atualmente a psicopedagogia trabalha com uma concepção de

aprendizagem de acordo com a relação do sujeito com o meio, suas

disposições afetivas e intelectuais. Na psicopedagogia pode ser trabalhado o

clínico e o preventivo. Como preventivo podem ser trabalhadas as questões

didático-metodológicas, bem como a formação e orientação dos professores e

aconselhamento dos pais. Diminuir e tratar os problemas já instalados. Como

38

clínico, o psicopedagogo precisa conhecer o sujeito, quais os recursos de

conhecimento que ele dispõe e como aprende e produz conhecimento.

3.1 – Papel do psicopedagogo

É preciso que o psicopedagogo saiba o que ensinar e o que é

aprender. Leda Barone no II encontro psicopedagógico (2005) enfatiza que o

psicopedagogo deve assumir a polaridade do seu papel como:

- Levar em conta o papel da família como transmissor de cultura e, matriz dos

primeiros modelos de aprendizagem;

- Reconhecer a escola como espaço onde o sujeito adquire conhecimentos que

se transformam em saber;

- Considerar a instituição hospitalar como elemento fundamental na realização

de diagnósticos para a identificação de dificuldades de aprendizagem;

- Favorecer a aprendizagem do sujeito ao assumir novas funções em seu

contexto de trabalho.

3.2 A Ocupação do Psicopedagogo

O psicopedagogo ocupa-se das seguintes atividades conforme Lino

Macedo (2012):

3.2.1 – Orientação de estudos – organizando a vida escolar da criança

quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente como ler um texto,como

escrever, como estudar, etc;

3.2.2 – Apropriação dos conteúdos escolares – propiciar o domínio das

disciplinas escolares que a criança não vem atingindo bons resultados;

3.2.3 - Desenvolvimento do raciocínio – os jogos são muito utilizados,

criando um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de

construir o conhecimento;

3.2.4 – Atendimento á criança – Atende a deficientes mentais, autistas,

hiperativos ou com comportamento orgânico mais graves, podendo até

39

substituir o trabalho da escola.

3.3 – O que o psicopedagogo observa no indivíduo?

- coordenação motora ampla: envolve movimentos amplos por todo o corpo,

incluindo a tomada de consciência do próprio corpo, autocontrole, destreza,

lateralidade, ritmo, velocidade e equilíbrio.

- aspecto sensório motor: período de vida do ser humano compreendido entre

o nascimento e os dois anos de idade. Destaca-se a construção da noção do

eu, através da qual a criança diferencia o mundo externo do seu próprio corpo.

- dinâmica lateral: quando se verifica o domínio de um lado do corpo sobre

outro, portanto a esfera motora da parte esquerda ou da direita é superior em

relação a outra. Quando a criança é considerada ambidestra, ou seja, ela utiliza

sempre duas mãos.

- desenvolvimento rítmico: é a maneira como andamos, falamos e a maneira

como realizamos os gestos na vida diária. Cada um tem o ritmo que suporta

todos os comportamentos humanos.

- desenvolvimento motor fino: envolve o controle da musculatura para realizar

determinada atividade física ou movimento. Como engatinhar, dançar, bordar,

escrever, etc.

- criatividade: é a habilidade de criar ou o potencial criativo. Consiste em

encontrar métodos ou executar tarefas de uma maneira nova ou diferente da

habitual, com intenção de satisfazer um propósito.

- evolução do traçado e do desenho: a criança começa a fazer traços sem

qualquer objetivo (não há intenção para uma representação gráfica). Conforme

vai adquirindo coordenação motora fina vai melhorando o traçado.

40

- percepção e discriminação visual e auditiva: é caracterizada pela capacidade

para perceber as diferenças visuais (observar e dar significado ao que é visto)

e auditiva (distinguir os sons da fala de outros).

- percepção espacial: é a capacidade de perceber a distância e o tamanho de

objetos ou entre eles.

- percepção viso- motor: se efetua com a precisão sobre a base de um

domínio visual previamente estabelecido, ligado aos gestos executados,

facilitando assim, uma maior harmonia do movimento.

- orientação e relação espaço-temporal: corresponde à organização intelectual

do meio e está ligada à consciência, a memória e as experiências vivenciadas

pelo indivíduo.

- aquisição e articulação dos sons: é a produção de fonemas (vogais e

consoantes) através de um conjunto de movimentos coordenados dos órgãos

fonoarticulatórios (língua, lábios,e mandíbula, entre outros).

- aquisição de palavras novas: é a capacidade de se adquirir vocabulário. Vai

depender do meio e dos estímulos nos quais a criança estará inserida.

- elaboração e organização mental: é a forma de aplicação em que as pessoas

se inter-relacionam entre si e na ordenação e distribuição dos diversos

elementos envolvidos em seu pensamento.

- atenção e concentração: constitui-se no modo como o cérebro seleciona e

fixa determinados estímulos por um período de tempo variável, segundo a

motivação e a fadiga da criança.

- expressão plástica: é o meio que a criança encontra de exteriorizar e

41

comunicar, de forma particular, o que observa do mundo.

- aquisição de conceitos: é o ato de tomar posse de algum conhecimento. É

aquilo que o cérebro concebe ou entende, uma ideia ou noção, representação

geral e abstrata de uma realidade.

- discriminação e correspondência de símbolos: é a capacidade de identificar

um meio de comunicação escrita. É o ato de adaptar ou relatar uma

comunicação ou mesmo um acordo entre pessoas através de cartas ou outros

meios usando símbolos.

- raciocínio lógico matemático: é o processo de estruturação do pensamento

de acordo com as normas da lógica que permite chegar a uma determinada

conclusão ou resolver um problema.

3.4- Os casos comumente encontrados na escola

- Ansioso – caracteriza-se por ansiedade, depressão, sentimento de

incapacidade, solidão oi infelicidade.

- Imaturo – é agitado, descuidado, passivo, falta-lhe iniciativa e interesse.

Apresenta reações afetivas sem razão aparente, como chorar ou gargalhar.

- Hiperativo – tem um tempo de concentração curto, é incansável.

- Explosivo – não controla seus impulsos agressivos, tem atitudes destrutivas

com relação ao material escolar, resiste a submeter-se a regras e afrontar a

autoridade.

- Autista – caracteriza-se por inabilidade social, estereotipia, dificuldade de

comunicação, baixo aproveitamento, dificuldades de fala, de interpretação, de

raciocínio etc.

- Agrafia – impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por

escrito.

- Discalculia – dificuldade para realização de operações matemáticas

usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, agnosias

digitais e deficiente estruturação espaço-temporal.

- Disgrafia – escrita manual extremamente pobre ou dificuldades de realização

42

dos movimentos motores necessários a escrita.

- Dislexia – a criança é inteligente e criativa, porém, apresenta dificuldade na

leitura, escrita e soletração. Lê repetidas vezes mas não entende o texto. Tem

dificuldades para colocar os pensamentos em palavras. Dificuldades de

lateralidade. Excelente memória para experiências, lugares e rostos.

- Disortografia – dificuldade de expressão da linguagem escita, revelada por

fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na

compreensão e na expressão da linguagem escrita.

3.5 – Como o psicopedagogo trata a disgrafia

Para alcançar o objetivo de uma letra legível, o trabalho é feito em seis

etapas. São elas:

- treino da coordenação motora fina

- treino da orientação gráfica das letras;

- treino da orientação gráfica dos números;

- treino gráfico das letras;

- treino gráfico;

-treino da escrita.

Vide anexo para exemplos

43

CONCLUSÃO

Muitas crianças passam pela alfabetização, entram no Ensino

Fundamental I e ainda assim não conseguem ter o domínio da grafia, seja

porque não conseguem lembrar-se da grafia (disgrafia perceptual e

dificuldades na coordenação visomotora) ou por dificuldades na coordenação

motora fina (disgrafia motora). Como muitas escolas trabalham com o

construtivismo, muitas esperam que a criança levante suas hipóteses sobre a

escrita até o momento que finalmente conseguem representar graficamente,

sem maiores esforços, as letras e posteriormente as sílabas e palavras. Isto

acontecerá de maneira tranquila para muitas crianças, mas para aquelas que

possuem dificuldades na motricidade ou que apresentam distúrbio da escrita,

não.

Mas, então, como saber que a criança necessita de um treinamento

mais intenso, frequente e individual? Todas as crianças da classe são treinadas

igualmente durante o período de alfabetização, o mesmo não acontece no

Ensino Fundamental, período em que já existem outras demandas das quais a

criança precisa dar conta, e o treino da aprendizagem das letras já não é mais

uma constante em sala de aula. Nesse período, o professor já espera que a

criança possa copiar da lousa e concentrar-se mais na compreensão de textos

e enunciados. Desta forma, fica muito difícil para uma criança, que ainda não

adquiriu a habilidade da forma da grafia das letras, conseguir acompanhar a

turma. Esta é a criança que irá necessitar de um acompanhamento individual.

Já, no segundo semestre do período da alfabetização, um professor experiente

perceberá as dificuldades e já poderá fazer o encaminhamento.

Agir dessa forma é evitar um sofrimento da criança que, ao ver seus

colegas conseguindo escrever de maneira fluente, percebe-se como incapaz,

podendo gerar dificuldades de aprendizagem ainda maiores pois sua

autoestima certamente será afetada.

Essas crianças necessitam de treinamento frequente para tornar-se

proeficientes na representação gráfica das letras. O treinamento será

importante para que a letra torne-se mais legível e ágil.

Não é recomendável o treino da grafia cursiva antes dos seis anos de

44

idade, pois a criança ainda não tem coordenação motora fina amadurecida

para fazer os movimentos que as letras exigem. O treino antecipado poderá

causar confusão atrapalhando seu processo de aprendizagem da escrita. O

ideal é treinar primeiramente as letras em bastão, o que normalmente já

acontece no ano anterior à alfabetização, e em seguida as cursivas no segundo

semestre da alfabetização.

Certamente irá encontrar crianças que aprenderam as cursivas antes

mesmo dos cinco anos de idade, entretanto muitas outras crianças ainda não

devem ser sacrificadas em sua aprendizagem.

Exercícios de caligrafia deverão ser feitos com crianças que ainda não

adquiriram a habilidade da escrita em uma idade em que já deveria ter certo

domínio. Com o construtivismo, muitas interpretações foram feitas, e alguns

profissionais concluíram que a caligrafia não deveria ter mais uso. Discordando

deste ponto de vista na medida em que, nos anos posteriores, será exigido do

estudante uma escrita mais legível principalmente nas redações. A caligrafia

não deverá ser introduzida indiscriminadamente, devendo ser apenas usado

para crianças que demonstram dificuldades no período da alfabetização. Sabe-

se que o hábito é algo muito difícil de mudar, então quanto mais cedo forem

identificadas as defasagens da escrita, mais rapidamente poderão ser

corrigidas.

45

BIBLIOGRAFIA CITADA

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Alegre: Editora Artes Médicas; 1988.

Alves, F. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção . Rio de Janeiro: Wak

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CINEL,N.C.B. Revista do Professor, Porto Alegre,19 (74):19-25,abr./jun.,2003.

FERREIRO, E. & TEBEROSKY, Ana. A Psicogênese da Língua Escrita..Porto

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Artmed,7ed.;1998.

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SAMPAIO, S. e FREITAS, I. B.Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem.

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46

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WEISZ, Telma. O Diálogo entre o Ensino e a Aprendizagem. São Paulo: Atíca;

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WEISZ, Telma. As Contribuições da Psicogênese da Língua Escrita e Algumas

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Uma Nova Concepção de Trabalho Pedagógico. São Paulo: Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo, IFDE; 1988.

47

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14/05/2010., Entrevista concedida a Camila Lira. Disponível em

WWW.delas.ig.com.br/quandoa letra feia vira um problema/.

CARUSO, R. Cuidado com a letra feia. Guia da semana, S/D. Entrevista

concedida a Ana Stella Guisso. Disponivél em http: //guia

dasemana.uol.com.br/Rio_de_Janeiro/Filhos/Noticia/Cuidado_com_a_letra_feia

Leda Barone, II Encontro Psicopedagógico, 2005. Disponível em

WWW.revistapsicopedagógica.com.br

48

ANEXOS

TREINO DA COORDENAÇÃO MOTORA FINA

49

TREINO DA ORIENTAÇÃO GRÁFICA DAS LETRAS

50

51

TREINO DA ORIENTAÇÃO GRÁFICA DOS NÚMEROS

52

TREINO GRÁFICO DAS LETRAS

53

TREINO GRAFICO

54

TREINO GRÁFICO DAS LETRAS E DOS MESES DO ANO

55

TREINO GRÁFICO DAS LETRAS

56

TREINO DA ESCRITA

57

58

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO -------------------------------------------------------------------------2

AGRADECIMENTO -------------------------------------------------------------------------3

DEDICATÓRIA--------------------------------------------------------------------------------4

RESUMO---------------------------------------------------------------------------------------5

METODOLOGIA------------------------------------------------------------------------------6

SUMÁRIO--------------------------------------------------------------------------------------7

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------9

CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÂO DA ESCRITA---------------------------------------------------------12

1.1 Escrever a mão melhora o processo de aprendizagem-----------------------12

1.2 A compreensão do sistema de escrita (socialização e letramento)--------13

1.3 Trabalhando a escrita------------------------------------------------------------------14

1.3.1 As competências da escrita a serem desenvolvidas------------------------16

1.3.2 Ações que auxiliam o desenvolvimento da escrita---------------------------17

1.4 Aprendizagem da escrita--------------------------------------------------------------20

1.5 Concepções das crianças a respeito do sistema da escrita-----------------22

CAPÍTULO II

DISGRAFIA------------------------------------------------------------------------------------24

2.1 Tipos de disgrafia segundo Cinel---------------------------------------------------24

2.1.1 Disgrafia motora----------------------------------------------------------------------24

2.1.2Disgrafia perceptiva------------------------------------------------------------25

2.2Aspectos importantes para que não ocorra o distúrbio disgráfico segundo

Fátima Alves----------------------------------------------------------------------------------25

59

2.2.1 Desenvolvimento da linguagem oral---------------------------------------------26

2.2.2 Desenvolvimento das habilidades e orientação espacial e temporal---26

2.2.3 Desenvolvimento da coordenação visório-motora---------------------------26

2.2.4 Memória visual e auditiva-----------------------------------------------------------26

2.2.5 Motivação para aprender-----------------------------------------------------------26

2.3 Avaliação----------------------------------------------------------------------------------26

2.3.1 Modelo de postura para iniciar a escrita----------------------------------------28

2.3.2 Alguns movimentos podem ser exercitados em sala de aula-------------31

2.3.3 Modelos de escrita disgráfica------------------------------------------------------33

2.4 Características disgráficas------------------------------------------------------------34

2.5 Orientação à família para apoiar o trabalho preventivo da disgrafia------34

2.6 Soluções-----------------------------------------------------------------------------------35 CAPÍTULO III

A ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA-------------------------------------------------------37

3.1 Papel do psicopedagogo--------------------------------------------------------------38

3.2 A ocupação do psicopedagogo------------------------------------------------------38

3.2.1 Orientação de estudos--------------------------------------------------------------38

3.2.2 Apropriação dos conteúdos escolares------------------------------------------38

3.2.3 Desenvolvimento do raciocínio----------------------------------------------------38

3.2.4 Atendimento à criança---------------------------------------------------------------38

3.3 O que o psicopedagogo observa no indivíduo?---------------------------------39

3.4 Os casos comumente encontrados na escola-----------------------------------41

3.5 Como o psicopedagogo trata a disgrafia -----------------------------------------42

CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------43

BIBLIOGRAFIA CITADA--------------------------------------------------------------------45

WEBGRAFIA----------------------------------------------------------------------------------47

ANEXOS----------------------------------------------------------------------------------------48

ÍNDICE------------------------------------------------------------------------------------------58

FOLHA DE AVALIAÇÃO-------------------------------------------------------------------60

60

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” -

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: A Construção da escrita e a Disgrafia Sob a Ótica da

Psicopedagogia.

Autor: Samantha Borges da Silva Hertz

Data da entrega:12 / 02 /2016

Avaliado por: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Conceito: