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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A RECUPERAÇÂO DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (EPP) E DAS MICROEMPRESAS (ME) PERANTE A NOVA LEI DE FALÊNCIAS Nº 11.101/2005. Por: MARÍLIA VIANNA DA SILVA Orientadora Profª. FLÁVIA MARTINS Rio de Janeiro, 02 de Fevereiro 2013. DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · A falência é para nós, sob o prisma de fundo, é a medida judicialmente realizável para resolver a situação do devedor insolvente

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RECUPERAÇÂO DAS EMPRESAS DE PEQUENO

PORTE (EPP) E DAS MICROEMPRESAS (ME) PERANTE

A NOVA LEI DE FALÊNCIAS Nº 11.101/2005.

Por: MARÍLIA VIANNA DA SILVA

Orientadora

Profª. FLÁVIA MARTINS

Rio de Janeiro, 02 de Fevereiro 2013.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RECUPERAÇÃO DAS EMPRESAS DE PEQUENO

PORTE (EPP) E DAS MICROEMPRESAS (ME),

PERANTE A NOVA LEI DE FALÊNCIA Nº 11.101/2005.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Empresarial e dos

Negócios.

Por: Marília Vianna da Silva

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AGRADECIMENTOS

“Amor ao Divino, Ser Supremo, por

nos embalar em seus braços quando

de nossa exaustão e da dor”.

“Aos meus pais, por ter me dado a

vida e todos os ensinamentos”.

“Á minha família e amigos, pelo

conforto espiritual que me

proporcionaram”.

“A todos aqueles que, direta ou

indiretamente, colaboraram para a conclusão deste trabalho”.

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DEDICATÓRIA

Sou agradecida aos meus pais

Oscar e Thereza, pelo entusiasmo e

afeto, oferecidos no silêncio e na

simplicidade, e pela compreensão,

admitindo dividir-me com este que

durante algum tempo roubou a

companhia da filha.

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RESUMO

O Objetivo deste trabalho é a Recuperação da empresa, é importante

considerar que a garantia dos credores é representada pelos bens do

patrimônio do devedor, a Lei nº 11.101/2005 visa, primordialmente, viabilizar o

saneamento da empresa em crise.

A crise ocorre quando as vendas dos produtos ou a prestação de

serviços não são realizadas suficientes à manutenção dos negócios.

A crise financeira acontece quando empresário tem falta de fluxo de

caixa, dinheiro ou recursos disponíveis para pagar suas obrigações.

Por outro lado a crise patrimonial se faz quando o ativo do empresário é

menor do que seu passivo e seus débitos superam os seus bens e direitos.

A lei não deve ser chamada de nova lei de falências, mas sim de Lei de

Recuperação de Empresas, pois com a entrada em vigor desta percebe-se que

o legislador volta-se muito mais para a empresa e o seu titular do que para o

pagamento dos credores ou a liquidação da sociedade empresária. A lei

objetiva a preservação da empresa, reconhecendo sua função social e a

importância do empresário no cenário econômico e social.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,

jornais, revistas, questionários e a resposta, após coleta de dados, pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as

entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de

produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que

cederam o material ou que foi o objeto de observação e estudo.

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SUMÁRIO

Introdução 09

Capítulo I

Falência – Conceito 10

1.1 Naturezas da Falência no Direito Material 11

1.2 A Falência como Execução Concursal 12

1.3 Conceito de Recuperação Judicial 13

1.4 Natureza Jurídica da Recuperação 13

Capítulo II

2.1 Pessoas e Atividades Sujeitas á Aplicação da

Lei nº 11.101/2005 15

2.2 Habilitações de Créditos 16

2.3 Administrador Judicial 17

2.4 Comitês de Credores 18

2.5 Destituição e Renúncia 18

2.6 Regras Gerais para o Administrador Judicial e

Membros do Comitê de Credores 21

2.7 Impedimentos 22

Capítulo III

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3.1 Planos Especiais das Microempresas e as

Empresas de Pequeno Porte 24

3.2 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 28

3.3 Os Créditos Abrangidos 30

3.4 Classificações dos Créditos 32

3.5 Créditos Extra-concursais 34

3.6 Meios de Recuperação 34

3.7 Recuperação Extrajudicial 35

3.8 O Acordo Extrajudicial Homologável

36

3.9 Condições Gerais 40

3.10 Condições Especiais 40

3.11 Credores Excluídos 41

3.12 Instruções do Pedido 43

3.13 Certidões de Dívidas Fiscais 44

3.14 Cumprimento do Plano 45

3.15 Aspectos Penais e Crimes da Lei nº 11.101/2005 46

Conclusão 49

Anexos 51

Bibliografia Consultada 59

Bibliografia Citada 61

Índice 52

INTRODUÇÃO

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A falência na Idade Média estendia-se a todo tipo de devedor

comerciante ou não, naquela época, a falência era considerada como um

delito, acarretando penas que variavam de prisão à mutilação do devedor.

Surge nessa época à origem do vocábulo “falência”, do verbo latino

fallere, que significa enganar, falsear.

No Brasil, o Código Comercial de 1850, na sua parte terceira, tratava

“Das quebras”, artigo 797 a 913, cuja parte processual foi regulamentada

pelo Decreto nº 738/1850

Nas Ordenações do Reino usava-se a palavra quebra para identificar o

instituto, inspirada na tradição de os credores promoverem a quebra da banca

do comerciante que não houvesse honrados seus compromissos,

impossibilitando-o, assim, de comercializar.

A denominação “bancarrota” não ganhou eco no Direito Comercial

Brasileiro, embora seja sua utilização identificada no Código Criminal de 1830,

sendo assim empregada para designar a falência fraudulenta, sendo esta

expressão banida do Código Comercial de 1850.

CAPÍTULO I

FALÊNCIA

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O CONCEITO

A falência revela-se como o conjunto de atos ou fatos que

exteriorizam, ordinariamente, um desequilíbrio no patrimônio do devedor.

O instituto da falência faz emergir um complexo de regras,

estabelecidas como o escopo de disciplinar e oferecer uma solução a esse

desequilíbrio verificado, revelador de um estado de insolvência do devedor,

que não possui patrimônio capaz de atender ao cumprimento de suas dividas.

Hodiernamente, como já esclarecia “Carvalho de Mendonça”, a

falência não mais se presta a servir de instrumento de “ignorância” e de

desonra, nas mãos de credores para uma vingança pessoal contra o devedor.

Assim, como atesta o ilustre comercialista, a lei que a de cólera, afastando-se,

destarte, as expressões de falência e quebra do sentido etimológico originário.

Numa visão moderna e contemporânea do instituto falimentar,

parece-nos adequada a propositura formulada por “Rubens Requião”,

segundo a qual, na realidade, a falência propõe uma solução para a empresa

comercial arruinada, ou a liquida ou proporcional a sua recuperação.

A falência é para nós, sob o prisma de fundo, é a medida

judicialmente realizável para resolver a situação do devedor insolvente. Essa

solução não implica, necessariamente, a liquidação judicial do patrimônio do

empresário insolvente a falência liquidação, revelando-se como promotora da

recuperação da empresa por ele desenvolvida.

Essa visão de insolvência empresarial vem sendo consagrada na

legislação de diversos países, com notoriedade na Alemanha (Lei de

Insolvência Alemã – Insolvenzordnung em 05 de Outubro de 1994, com

vigência em 01 de Janeiro de 1999) e em Portugal (Código da Insolvência e da

Recuperação de Empresas – CIEE, aprovado pelo Decreto-Lei nº 53, de 18 de

março de 2004).

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A nova Lei Brasileira (Lei nº 11.101 de 09 de Fevereiro de 2005,

publicada no Diário Oficial da União, preserva a tradição dualística institucional,

contemplada em legislações precedentes entre a falência e a concordata

(agora eliminada e substituída pela recuperação), sistema que também se

fazia presente na Lei Portuguesa anterior (Código dos Processos Especiais de

Recuperação da Empresa e da Falência – CPEREF, instituído pelo De credo-

Lei nº 132 de 23 de Abril de 1993), reformada sob a inspiração da Lei da

Insolvência Alemã.

1.1 NATUREZA DA FALÊNCIA NO DIREITO MATERIAL

O Instituto da falência não se restringe aos domínios do direito

comercial internacional público e privado, do direito penal, do direito

processual, em cada um dos quais vai buscar regras, preceitos e

ensinamentos, tendo, muitas vezes, de modificá-los a fim de adaptá-los ao

grande meio de ciência econômica, cujos fenômenos não lhe devem ser

estranhos, na ciência financeira e na estatística, onde verifica a prova do

resultado do seu funcionamento. A falência não somente interessa a economia

individual com a pública, pois interfere ao crédito público, produzindo dispersão

de capitais, trazendo dano para a economia geral.

No regramento falimentar coexistem regras de fundo e de forma,

não havendo que se falar na prevalência do caráter material ou do processual

do instituto, pois a feição híbrida lhe é peculiar onde registramos nos artigos

117 e 118, os quais se voltam à disciplina dos efeitos da falência em relação

aos contratos bilatérios e unilaterais do falido, respectivamente ainda como

exemplo, os preceitos dos artigos 98 e 97 estes se ocupam com a legitimação

ativa para o requerimento de falência, aqueles da apresentação da resposta

pelo devedor requerido e da figura da elisão da falência pelo deposito da

importância reclamada pelo credor, quando do requerimento vier fundado nas

hipóteses de impontualidade no pagamento da obrigação (artigo 94, inciso I)

ou na execução sem pagamento ou garantia (artigo 94, inciso II).

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1.2 A FALÊNCIA COMO EXECUÇÃO CONCURSAL

O Instituto falimentar, tal qual desenhado em nossa lei, sob o prisma

estritamente do direito processual, apresenta-se como uma execução

concursal.

Segundo “Sampaio Lacerda” afirmava, no direito anterior, que

dinamicamente, é um processo de execução coletiva, instituído por força de lei

em benefício dos credores, situação compatível com o ordenamento anterior.

A falência abrange os credores do devedor, como incide sobre os

seus bens. Por isso, é chamada de execução extraordinária, concursal,

coletiva ou universal.

No processo de falência será apreendido o patrimônio passível de

execução do devedor, através de um procedimento denominado de

arrecadação, com o escopo de extrair-lhe valor para o atendimento, e rateio,

com a observação dos preceitos legais, de todos os credores do devedor em

comum. Será estabelecido um concurso de credores, assegurando-se a

perfeita igualdade de tratamento entre os próprios credores de uma mesma

classe (par conditio creditorum).

Não deve prestar a falência como meio ordinário de obtenção pelo

credor do cumprimento da obrigação assumida pelo devedor, mas sim,

segundo ensinamento de “Carvalho de Mendonça” como “remédio

extraordinário, que constitui o concurso de credores sobre o patrimônio

realizável do devedor comum, manifesta que seja a impossibilidade de

satisfazer a pontualidade dos seus compromissos.

1. 3 CONCEITO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A recuperação judicial, segundo o perfil que lhe reservou o

ordenamento, apresenta-se como somatório de providências de ordem

econômico financeiras, econômicos produtivas, organizacional e jurídica, por

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meio das quais a capacidade produtiva de uma empresa possa da melhor

forma, de ser recuperar em sua reestrutura a aproveitamento, alcançando

uma rentabilidade de auto-suficiência, superando a situação de crise

econômico financeira em que se encontra seu titular o empresário permitindo

a manutenção da fonte produtora, do emprego e a composição dos

interesses dos credores.

Isto acontece através de uma Ação judicial, de iniciativa do devedor,

com o escopo de viabilizar a superação de sua situação de crise. Mas a

pretensão somente pode ser extraída através de uma declaração de sua

falência.

1.4 NATUREZA JURÍDICA DA RECUPERAÇÃO

A Concordata estabelecida pelo Decreto Lei nº 7.661/45, não exibia

feição co0ntratual. Sua natureza era a de um favor legal. Os credores a ela

sujeitos, os quirografários, não eram chamados a manifestarem suas

vontades. Preenchendo o devedor os requisitos pela lei impostos, passava a

ele a fazer jus a esse favor, dirigindo ao juiz a sua pretensão, que, por

sentença, já deferia.

Diversamente se apresentava, como se apresenta, a concordata

civil, disciplinada no artigo 783 do Código de Processo Civil, a expressar: “O

devedor insolvente poderá, depois da aprovação do quadro a que se refere o

artigo 769, acordar com os seus credores, propondo-lhes a forma de

pagamento, e o juiz aprovará a proposta por sentença”. Tem se aí a

configurada concordata contratual, desta mesma forma que se caracterizava

a concordata comercial no direito anterior com o Decreto Lei nº 7.661/45,

relevando a formação de um contrato processual.

Na recuperação judicial prevalece a autonomia privada da vontade

das partes interessadas para alcançar a finalidade recuperatória. O fato de o

plano de recuperação encontrar-se submetido a uma avaliação judicial, a

concessão por sentença, da recuperação judicial, não tem qualquer

repercussão sobre o conteúdo de plano estabelecido entre as partes

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interessadas (devedor e seus credores), porquanto a decisão encontra-se

vinculada a esses conteúdos. Com efeito, ao controle judicial do plano de

recuperação excluir eventuais objeções em face de sua validade. O

procedimento de concessão judicial contribui para a redução das fontes de

erros durante a sua celebração, bem como permite aos credores a

oportunidade de verificarem-se seus interesses não forem prejudicados.

CAPITULO II

2.1 PESSOAS E ATIVIDADES SUJEITAS Á APLICAÇÃO

DA LEI Nº 11.101/2005.

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O regime jurídico da Lei de Recuperação e Falência é aplicável às

pessoas que desenvolvem atividades empresariais, onde deve ser entendida

qualquer atividade econômica desenvolvida, organizada e profissionalmente,

para a produção ou circulação de bens ou de serviços, à luz do Código Civil

artigo 966.

Assim, a Lei nº 11.101/205 é aplicável a qualquer atividade econômica

que se enquadre no conceito de empresário individual ou de Sociedade

empresária.

As pessoas e atividades não sujeitas:

a) Empresas públicas e de economia mista;

b) Bancos públicos ou privados, consórcios;

c) Seguradoras, empresas de previdência privada, operadoras de planos

de saúde;

d) Sociedade de capitalização, cooperativas de créditos;

e) Outras que possam ser equiparáveis a estas;

f) Cooperativas, em geral (por força da Lei nº 5.764/71, artigo 4º;

g) Atividades intelectuais: literárias, artísticas, cientificas (configuradas pelo

parágrafo único do artigo 966 do Código Civil);

O Juízo Competente, para o processamento da recuperação judicial

ou extrajudicial e da falência ocorre no juízo na Comarca do principal

estabelecimento do devedor ou da filial que tenha sede matriz.

Contudo essa regra de competência vale para o juiz, deferir a

recuperação judicial, homologar a recuperação extrajudicial e decretar a

falência.

A verificação dos créditos significa um levantamento dos créditos

dos devedores, do que ele esta devendo.

Esse levantamento será elaborado pelo administrador judicial, com

base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor, bem

como nos documentos apresentados pelos credores.

Verificada a verificação dos créditos, será publicado um edital com a

relação de créditos apurados, para o prazo de 15 dias, os credores

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apresentaram ao administrador judicial suas habilitações de créditos que não

estejam relacionadas no edital ou ate aqueles que constem divergências em

relação aos créditos.

Feitos tais esclarecimentos o administrador fará nova publicação de

outro edital contendo a relação de credores.

É possível os credores retardatários, aqueles que habilitaram seus

créditos depois do prazo estabelecido de 15 dias para a devida habilitação.

No entanto, isso tem implicações, pois, na recuperação judicial, os

credores retardatários serão aceitos, mas não terão a voto nas deliberações da

assembléia-geral; na falência, perderão o direito eventualmente realizado

(LRF, art. 10,§§1º e 2º).

Para a impugnação de crédito, qualquer credor, o próprio devedor

ou o Ministério Público poderá impugnar a relação de credores, quando for de

forma ilegítima, caso haja a ausência de crédito, ou divergência de valor.

O prazo para a impugnação é de 10 dias a contar da publicação do

edital com a relação de credores, ou seja, o segundo edital previsto no § 2º do

art. 7º (LRF, art.8º)

Cada impugnação de crédito será autuada em separado do

processo principal (LRF, art. 13, parágrafo único).

2.2 HABILITAÇÕES DE CRÉDITOS

Realizada a verificação dos créditos, será publicado um novo edital

com a relação dos créditos já apurados, no prazo de 15 dias, os credores terão

a chance de apresentarem ao administrador judicial suas habilitações (de

créditos que não foram relacionados no edital) ou suas divergências em

relação aos créditos já verificados e relacionados (LRF, artigo 7º, § 1º).

A habilitação de créditos deve conter os nomes e endereços do

credor, valor do crédito, documentos comprobatórios (LRF, artigo 9º).

Assim, a partir das informações e documentos colhidos, inclusive os

relativos às habilitações, o administrador judicial fará publicar outro edital

contendo a relação de credores (LRF, art. 7º, § 2º).

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2.3 ADMINISTRADOR JUDICIAL

Administrador judicial é um auxiliar qualificado do juiz. Ele não é

representante dos credores, assim como também não é representante do

devedor, ele só substituí a figura do síndico, que tinha previsão no Decreto-lei

nº 7.661/45.

É importante atentar-se ao fato de que o administrador judicial será

nomeado pelo juiz. Deverá ser um profissional idôneo, preferencialmente: um

advogado, contador, administrador de empresas ou economista. Pode ainda

ser uma pessoa jurídica especializada (LRF, art. 21).

Eventualmente, o administrador judicial poderá não ter uma das

qualificações citadas, quando, Por exemplo, não houver pessoa com formação

na comarca em que foi ajuizado o processo, ou pode ocorrer que, mesmo

englobando todas as qualificações, a pessoa resolva não aceita o “cargo”.

É preciso também considerar que o administrador pode contratar

auxiliares para ajudá-lo em suas atribuições, como contadores, escriturários

etc.

Os deveres são vários do administrador judicial. Alguns desses

deveres são comuns à recuperação judicial e à falência e outros são

específicos a cada caso.

a) Os deveres comuns são:

1 – enviar correspondência aos credores comunicando sobre o processo;

2 – fornecer informações aos credores;

3 – consolidar o quadro geral dos credores.

b) Os deveres específicos são:

1 – fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de

recuperação;

2 – requerer a falência no caso de o devedor descumprir suas obrigações;

3 – apresentar relatórios ao juiz;

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4 - relacionar os processos em que o devedor é parte (autor e réu), bem como

assumir a representação judicial da massa falida;

5 - apresentar relatórios sobre as causas (motivos) da falência.

6 – arrecadar bens e documentos do devedor;

7 – contratar avaliadores para verificar os bens;

8 – requerer ao juiz a venda antecipada de bens (no caso de perecíveis);

9 – diligência cobranças de dívidas;

10 – praticar atos para realização do ativo e pagamento do passivo (como

anúncio de venda de bens);

11 - prestar contas no término do processo.

2. 4 COMITÊS DE CREDORES

O comitê de credores significa grupo encarregado de resolver

assuntos específicos. O comitê de credores é um órgão que tem a função de

representar os credores no processo de recuperação de empresas ou falência.

Ressalta que a criação desses órgãos tem o objetivo de evitar que,

para toda e qualquer decisão, fosse necessário convocar todos os credores do

devedor. Nesse sentido, o comitê de credores, como órgão representativo, tem

alguns poderes legais de decisão.

Entretanto, a nomeação do representante e dos suplentes, bem

como as respectivas substituições, poderá ser determinada pelo juiz mediante

pedido escrito da maioria dos credores de cada classe, independentemente de

assembléia (LRF, art. 26, § 2º).

2.5 DESTITUIÇÃO E RENÚNCIA

O cumprimento com suas atribuições, o administrador judicial

pode ser destituído pelo juiz, que, então nomeará outro (LRF, art.23,

parágrafo único).

Além disso, o administrador judicial pode renunciar (LRF, art. 22 III,

r).

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Em caso de renúncia, isso ocorre não por decisão motivada, mas,

sim, por ato de sua iniciativa, independentemente do motivo.

Porém, caso isto não ocorra, o administrador judicial tem o direito à

remuneração. É o juiz quem fixará tanto a forma (periodicamente) quanto o

valor da remuneração do administrador (LRF, art. 24).

A remuneração do administrador não pode exceder a 5% dos

valores devidos na recuperação judicial ou do valor da venda dos bens da

massa falida (LRF, art. 24, § 1º).

É de responsabilidade do devedor, ou da massa falida, o pagamento

da remuneração do administrador judicial, bem como das pessoas

contratadas para auxiliá-lo (LRF, art. 25).

Em caso de destituição ou renúncia do administrador judicial, ele

fará jus à remuneração proporcional aos serviços realizados, excluindo caso

de desídia (inércia), culpa dolo, ou descumprimento das obrigações fixadas

em lei, em que não terá direito à remuneração (LRF, art. 24 § 3º).

Destaca-se que os créditos do administrador e dos auxiliares são

créditos extra-concursais, que deveram ser pagos antes de qualquer credor

do falido.

O comitê dos credores significa que o grupo está encarregado de

resolver quaisquer assuntos específicos. É um órgão que tem a função de

representar os credores no processo de recuperação de empresas ou

falência.

Ressalta-se que a criação desse órgão tem como o objetivo de

evitar que, para toda e qualquer decisão, fosse necessário convocar todos os

credores do devedor. E neste sentido, o comitê dos credores, como um órgão

representativo, tem alguns poderes legais de decisão.

Segundo “Paulo Sérgio Restiffe” ser o comitê de credores de um

órgão de natureza fiscalizadora, cuja constituição é facultativa, fica a cargo de

deliberação da assembléia geral de credores.

Sua composição em relação à formação desse órgão colegiado é

constituída pelos próprios credores em número de três, e a sua composição se

dá como a (LRF, art. 26) assim os classificar:

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1 – um representante indicado pelos credores trabalhistas;

2 – um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de

garantia (penhor, hipoteca) e com privilégios especiais;

3 - um representante indicado pelos credores quirografários (comuns) e com

privilégios.

É preciso considera que cada representante de cada classe terá

dois suplentes.

È preciso lembrar, que a falta de representante de alguma das

classes não prejudica a funcionalidade do Comitê, que pode funcionar com

número reduzido (LRF, art. 26,§ 1º).

Sobre a nomeação dos representantes, ela irá ocorrer por

deliberação em assembléia geral de credores (LRF, art. 16 caput).

Portanto, a nomeação do representante e dos suplentes, bem como

as respectivas substituições, poderá ser determinada pelo juiz mediante pedido

escrito da maioria dos credores de cada classe, independentemente da

assembléia (LRF, art. 26 § 2º).

Sendo as atribuições do comitê de credores, comuns á recuperação

judicial e a falência e outras são especificas á falência e as outras específicas

á recuperação judicial (e não á falência).

As atribuições comuns na recuperação judicial e na falência

(LRF art. 27 I).

1– fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;

2– comunicar ao juiz violação de direitos dos credores;

3– requerer ao juiz a convocação de assembléia geral de credores;

4- apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados.

As atribuições especiais na recuperação judicial:

1 – verificar o plano de recuperação está sendo cumprido;

2 – fiscalizar a administração do devedor, emitindo relatórios mensais sobre a

situação.

Na falta do comitê de credores, as funções a ele concernentes serão

exercidas pelo administrador judicial, ou pelo juiz, em caso de

incompatibilidade do administrador judicial.

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Remuneração, os membros do comitê de credores no terão sua

remuneração custados pelo devedor (na recuperação Judicial) ou pela massa

falida (na falência), mas, sim pela disponibilidade de caixa (LRF, art. 29).

Porem, ainda que não remunerado, o representante devera ter

interesse no deslinde do processo, o que o motivaria a se empenhar mesmo

sem receber remuneração.

2.6 REGRAS GERAIS PARA O ADMINISTRADOR JUDICIAL E

MEMBROS DO COMITÊ DE CREDORES

Assim que forem nomeados, o administrador judicial e os membros

do comitê serão intimados para no prazo de 48 horas, assinarem um “termo

de compromisso” de bom desempenho de responsabilidades (LRF, art. 33).

Se, por acaso, não assinarem o termo no prazo, o juiz nomeará

outro administrador judicial (LRF, art. 34).

2.7 IMPEDIMENTOS

Não poderá ser administrador judicial ou membro do comitê de

credores pessoa que ao exercer, nos últimos 5 anos, um dos cargos tenha:

1 – sido destituído;

2 – deixado de prestar contas ou tido suas contas desaprovadas (LRF, art. 30

caput); uma pequena observação essa regra não ser aplicar no caso de

renúncia do administrador.

Também não poderá exercer essas pessoas que tenham alguma

relação com o devedor:

1 - como ser parentes ate o 3º grau;

2 – amigos;

3- inimigos;

4 - representantes do devedor (LRF, art. 30, § 1º).

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A propósito, o juiz poderá destituir o administrador judicial ou

membro do comitê de credores quando estes não estiverem cumpridos com

suas obrigações.

Contudo, o devedor, ou qualquer credor ou o Ministério Público pode

fazer o requerimento, que será apreciado pelo juiz em 24 horas (LRF, art. 30,

§§ 2º e 3º).

A destituição pode ser ainda de oficio (LRF, art. 31 caput).

A responsabilidade do administrador judicial e os membros do

comitê de credores respondem pelos prejuízos causados á massa falida, ao

devedor ou aos credores por atuar como dolo ou culpa.

Quando essa atuação se der por meio de decisão do comitê de

credores, o membro dissidente (que discordar da decisão) deve fazer constar

seu voto divergente para eximir-se da responsabilidade (LRF art. 32).

Assembléia geral de credores significa reunião de pessoas para

determinado fim.

Assembléia geral de credores é um órgão colegiado, composto

pelos credores do devedor, mas não todos.

Sua composição de credores é composta pelos credores do

devedor, porém é preciso destacar que não são todos os credores que

constituem a assembléia geral, apenas os credores das seguintes classes

podem dela fazer parte: Os trabalhistas, acidentários, privilegiados (geral e

especial), com garantias reais e os quirografários. (LRF, art. 41).

Contudo os créditos tributários, de multas e subordinados, não

fazem parte da assembléia.

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CAPITULO III

3.1 PLANOS ESPECIAIS DAS MICROEMPRESAS E AS

EMPRESAS DE PEQUENO PORTE.

Quanto às microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte

(EPP) podem se valer de quaisquer modalidades de recuperação, uma vez

preenchidas os requisitos legais para tanto. Ocorre que especialmente para

estas foi criada outra modalidade, ou subespécie da recuperação judicial da

qual os demais empresários não poderão se beneficiar, a chamada de

recuperação especial e presente nos artigos 170 a 172 da Lei nº 11.101/2005.

Esta modalidade de recuperação tem como pano de fundo o desejo

da Constituição da República, expresso nos artigos 170, inciso IX, e 179, de

que fossem concedidos ás microempresas e ás empresas de pequeno porte

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tratamento jurídico diverso daquele a que fazem jus todos os demais

empresários, para que os micros e pequenas empresas tenham condições de

competir em situação paritária com a dos demais empresários.

Transcrevo o artigo 179, A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municipais dispensarão as microempresas e as empresas de pequeno porte,

assim definidas em lei, tratamento jurídico diferente, visando a incentivá-la pela

simplificação de suas obrigações administrativas, tributária, previdenciárias e

creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Baseado, portanto, no Principio da Isonomia, no sentido de

conceder a empresários diversos, tratamento jurídico também distinto, surge a

recuperação especial, modalidade destinada as microempresas as empresas

de pequeno porte que comprovem tal condição na petição inicial.

De inicio cumpre destacar que os empresários de médio ou grande

porte não podem se valer desta modalidade de recuperação, exclusiva das

empresas de pequeno porte e as microempresas. No entanto, nada impede

que estas ultimas prefiram uma das outras modalidades de recuperação a

esta, ora sobre o exame, vez que o legislador criou esta modalidade tendo em

mente as condições em que normalmente encontram-se os micro ou pequenos

empresários, mas não condicionou à observância exclusiva deste

procedimento.

A recuperação especial segue procedimentos assemelhado ao da

recuperação judicial, sendo para muitos autores uma subespécie desta. Assim,

ambas terão inicio, após previa análise dos requisitos elencados pelo artigo 48,

com a petição inicial, instruída com os documentos elencados no artigo 52. Por

ser tratar de micro empresas ou empresas de pequeno porte, porém, faz-se

necessária a prova destas condições caso desejem se beneficiar da

modalidade de recuperação que lhes é própria. Será feita a verificação desta

condição pelo faturamento bruto anual dos empresários ou sociedade

empresarias, conforme Lei Complementar 123, de 14/12/2006.

Para que o magistrado possa fazer a distinção entre a recuperação

judicial comum, se faz necessário que o empresário deixe claro tratar-se da

recuperação especial, sob pena de ser recebida como uma recuperação

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judicial comum. Dita exigência encontra-se exposta no parágrafo 1º do artigo

70 da lei ora em exame.

Transcrevo o artigo 70 § 1º As microempresas e as empresas de

pequeno porte conforme definidas em lei, poderão apresentar plano especiais

de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na petição

inicial de que trata o art. 51.

Desta forma, o estudo da presente modalidade de recuperação se

fará apenas no que toca às suas peculiaridades frente à recuperação judicial, o

empresário poderá apresentar plano de recuperação abrangendo quaisquer

das classes de credores, pois conforme a redação do artigo 49 da lei todos os

créditos do empresário, mesmo os não vencidos, se sujeitam à recuperação

judicial.

Ainda que se saiba tratar-se de meia verdade, visto que os próprios

parágrafos 3º e 4º do mesmo artigo trazem exceções á regra contida no caput,

esta modalidade de recuperação abrangerá muito mais classes de credores do

que a recuperação especial.

Esta se apresenta como a modalidade de recuperação menos

abrangente comparada com as demais, pois o plano de recuperação especial

somente abrangerá titulares de créditos quirografários.

Poderia o desavisado concluir apressadamente ser esta a pior das

três modalidades apresentadas, já que o empresário negociaria com uma das

classes de credores e pagaria todas as demais em igualdade de condições, ou

seja, na data do vencimento, tal como estabelecido anteriormente. Ocorre que

o legislador levou em conta, ao criar tal modalidade, tratar-se de micro ou

pequenas empresas, situação em que não haveria, ao menos em tese, muitos

credores de outras modalidades. Em razão do pequeno faturamento bruto

anual, as dividas de natureza tributária e trabalhista não seja grande, razão

pela qual se preocupou o legislador com só fornecedores, consumidores e

outros credores sem qualquer garantia, todos classificados como credores

quirografários.

É bom lembrar, que o caso do micro ou pequeno empresário

entenda que esta modalidade de recuperação não atenderá, porque apesar de

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microempresas, por exemplo, acumula vultosa soma em débitos de natureza

trabalhista, poderá optar por outra recuperação, neste caso especificamente a

judicial, posto que na extrajudicial os créditos trabalhistas também estivessem

excluídos.

Caso tenha feito a opção pela recuperação especial, deve estar

ciente, ainda, de que não terá total liberdade na elaboração do plano de

recuperação, tal como se deu nas modalidades mencionadas, posto que as

suas condições encontram-se pré-estabelecidas pelo legislador, no artigo 71 e

seus incisos.

Transcrevo o artigo 71. O plano especial de recuperação judicial

será apresentado no prazo previsto no artigo 53 da Lei e limitar-se-á às

seguintes condições:

I – abrangera exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os

decorrentes de repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3º e 4º do

artigo 49 desta Lei;

II – preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e

sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a.(doze

por cento ao ano);

III – preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo de 180 (cento e

oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;

IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, depois de ouvido o

administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar

despesas ou contratar empregados.

Conforme estabelecido no artigo, o empresário apresentará o plano

de recuperação baseado nos meios já traçados pelo legislador, levando em

consideração a situação econômica mais comum dentre os microempresários

e os empresários de pequeno porte que passam por dificuldades financeiras.

Por tal razão, não haverá espaço para a convocação de assembléia geral de

credores, pois as condições do plano apresentado não poderão ser

modificadas. Não obstante, haverá a abertura de prazo para o oferecimento de

objeções ao plano, em observância ao artigo 55, logo que o mesmo for

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apresentado, no prazo do artigo 53, ambos da lei de recuperação de

empresas.

A análise do magistrado a fim de conceder ou não a recuperação

especial também estará restrita ao exame da legalidade, exceto se forem

apresentadas, dentro do prazo supra objeções de credores titulares de mais da

metade dos créditos quirografários, ocasião em que o juiz não só julgará

improcedente o pedido de recuperação especial, mas também decretará a

falência do micro empresário ou pequeno empresário, situação análoga á

rejeição do plano pela assembléia geral de credores na recuperação judicial.

3.2 MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

As diretrizes que determinam o que é microempresas e empresas

de pequeno porte estão no Estatuto das Microempresas e da Empresas de

Pequeno Porte, da Lei nº 123/2006.

De acordo com a Lei Complementar nº 123/2006, as microempresas

é aquela que tem receita bruta de até R$ 240.000,00 por ano (art. 3º, I).

Já pequena empresa é aquela que tem receita, bruta superior a R$

240.000,00 até o limite de R$ 2.400.000,00 por ano (art. 3º, II).

É bom lembrar que o que caracterizará o empresário como micro ou

pequeno é a receita bruta que ele auferir em cada ano.

A Lei de Recuperação e de Falência prevê a possibilidade de

microempresas da empresa de pequeno porte obter o beneficio da

recuperação judicial, mediante a apresentação de um plano especial de

recuperação (LRF, art.70).

Em geral, a recuperação judicial da microempresa e de empresa de

pequeno porte segue a sistemática da recuperação judicial “convencional”,

ressalvados alguns aspectos, a saber.

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Trata-se de uma ação judicial, que começa pela petição inicial, com

a figura do administrador judicial e do comitê de credores, assim como ocorre

com a recuperação judicial “convencional”.

As condições especiais, do plano especial de recuperação das

microempresas e da empresas de pequeno porte, no entanto, ficam limitadas

as seguintes condições, que o diferenciam (LRF, art. 71).

1 – abrangerá exclusivamente créditos quirografários (comuns sem garantias

ou privilégios);

2 – parcelamento limitado a 36 prestações mensais, com valores iguais e

sucessivos, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de 12% ao ano;

3 – o pagamento da primeira parcela deverá ser pago em até 180 dias,

contados da distribuição da petição inicial;

4 - após ouvir o administrador judicial e o comitê de credores, o devedor

não pode aumentar suas despesas ou contratar empregados sem autorização

judicial.

Não há suspensão da prescrição, nem das ações e execuções

contra o devedor por créditos não abrangidos pelo plano (LRF, art. 71,

parágrafo único), ou seja, apenas nos créditos quirografários alcançados no

plano especial de recuperação é que existe essa suspensão da prescrição, das

ações e das execuções.

Além disso, não existe a necessidade de convocar assembléia geral

de credores para decidir sobre o plano especial de recuperação judicial da

microempresa e das empresas de pequeno porte. O juiz concederá esse

beneficio legal verificando apenas se as exigências legais estão sendo

atendidas (LRF, art. 72, caput).

O juiz julgará improcedente o pedido de recuperação, decretando a

falência das microempresas e da empresas de pequeno porte, se houver

objeções (oposição, impedimento, contestação) dos credores de mais da

metade dos créditos quirografários (LRF, art.72, parágrafo único).

Assim como recuperação judicial, recuperação extrajudicial também

é uma tentativa de solução para a crise econômica de um agente econômico.

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É uma tentativa de saneamento/reorganização da empresa em crise, visando

evitar o processo falimentar.

Com isso, pode-se dizer que os objetivos da recuperação

extrajudicial são idênticos aos da recuperação judicial, quais sejam:

1 - possibilitar a superação do estado de crise econômico financeira do

devedor;

2 - manter a fonte produtora de riquezas;

3 - manter os empregos e interesses dos credores;

4 - promover a preservação da empresa e sua função social, bem como

estimular a atividade econômica.

3.3 OS CRÉDITOS ABRANGIDOS

De modo geral, todos os tipos de créditos (conforme art. 83 II, IV, V, VI e

VIII) estão sujeitos à recuperação extrajudicial, sendo exceção os seguintes

créditos (LRF, art. 163,§ 1º).

1 - trabalhistas e acidentes – acidentes do trabalho (LRF, art. 161, § 1º) de

forma diversa, na recuperação judicial, esses tipos de créditos podem fazer

parte do plano;

2 - tributários (LRF, art. 161, §1º);

3 - decorrentes de arredamento mercantil – leasing – venda com reserva de

domínio, proprietário fiduciário e promitente vendedor de imóvel (LRF, art. 49,

§3º);

4 - decorrentes de importância entregues ao devedor como adiantamento em

contrato de câmbio para exportação (LRF, art. 86, II).

Deve-se esclarecer que o plano de recuperação extrajudicial poderá

alcançar uma ou mais classes de credores, a critério do devedor, bem como da

necessidade e disponibilidade de negociação de seus credores.

Esse plano de recuperação pode receber adesão de todos ou de

apenas alguns credores (LRF, art. 162).

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Todavia, o devedor poderá requerer a homologação de um plano

que vincule a todos os credores, se a adesão for de credores que representem

mais de 3/5 de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos (LRF art.

163 caput). Assim ainda, que haja credores que discordem do plano, e por isso

não o aderiu, eles estarão obrigados a aderir.

Os requisitos necessários para o plano de recuperação extrajudicial

poderá ser homologado judicialmente quando contiver (LRF, art. 162 cc. Art.

163, §6º):

1 - sua justificativa (exposição da situação de crise);

2 - documentação com as condições e as assinaturas dos credores que

aderiram;

3 - exposição da situação patrimonial;

4 - demonstrações contábeis do ultimo exercício social e as levantadas

especialmente para instruir o pedido;

5 - relação nominal completa de credores discriminando a natureza dos

respectivos créditos.

Sua homologação da recuperação extrajudicial, por ser um acordo

com credores, possui natureza contratual, mas o juiz, para homologá-la vai

verificar se não é contraria a ordem pública e aos bons costumes.

Diferentemente da recuperação judicial, em que primeiro se

peticiona ao juiz, sendo o plano apresentado dentro do prazo de 60 dias do

edital, na recuperação extrajudicial o devedor leva ao juízo o plano pronto para

homologação, junto com a petição inicial.

Como apenas o devedor é quem pode requerer a homologação do

plano de recuperação extrajudicial. Mas não será possível a homologação da

recuperação extrajudicial se houver pendente pedido de recuperação judicial,

ou se o devedor tiver obtido o beneficio da recuperação judicial ou extrajudicial

há menos de 2 anos (LRF, art. 161, § 3º).

Recebido o pedido de homologação, o juiz determinará a publicação

de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação, convocando os

credores do devedor para apresentarem suas impugnações, no prazo de 30

dias da publicação (LRF, art. 164 caput, § 2º).

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Com relação aos efeitos da recuperação extrajudicial, eles começam

a partir da sentença homologatória do plano (LRF, art. 165, caput), sendo este

título executivo judicial (LRF, art. 161§ 6º).

Da sentença homologatória do plano, cabe apelação sem efeito

suspensivo (LRF, art. 164, § 7º).

O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial

não suspende direitos, ações ou execuções contra o devedor.

A petição de homologação não impede o pedido de decretação de

falência pelo credor não signatário do plano (LRF, art. 161, § 1º).

Além disso, se houver descumprimento do plano, o credor signatário

pode requerer decretação da falência do devedor, por ter em mãos a sentença

homologatória, que é um titulo executivo judicial.

De qualquer forma, de acordo com a lei, no art. 167, fica assegurada

a possibilidade de o devedor fazer outros tipos de acordos privados com seus

devedores.

3. 4 CLASSIFICAÇÕES DOS CRÉDITOS

Destaca-se que a idéia de classificar os credores do falido visa

reequilibrar a situação de desigualdades. Diante da diversidade de créditos a

ser habilitados, a lei objetiva assegurar um tratamento mais equilibrado e

proporcional aos credores no processo falimentar.

Existe uma consagrada expressão latina que trata desse; par

conditio creditorum, que na verdade é um princípio que revela a igualdade de

condições entre os credores. Essa isonomia abarca aos credores da mesma

classe, ou seja, é um tratamento igualitário entre credores, mantendo as

diferenças quanto às respectivas classes de créditos.

A classificação dos créditos é a ordem de prioridade para o

recebimento de valores que forem disponibilizados durante o processo pela

venda dos bens do falido.

Primeiro pagam-se os credores da primeira classe, de acordo com

os créditos de cada credor pertencente a esta classe. O pagamento será total

ou parcial, dependendo dos recursos obtidos durante o processo.

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Depois de os credores da primeira classe terem sido pagos, se

houver saldo, serão pagos os credores de segunda classe, total ou

parcialmente, e assim por diante.

Quando o pagamento for parcial, deverá respeitar a

proporcionalidade, conforme o valor do crédito dentro de sua classe.

São oito classes de credores, sendo que a classificação dos créditos

obedece à seguinte ordem hierárquica (LRF, art. 83).

1 – credores trabalhistas limitados a 150 salários mínimos por trabalhador (o

restante é considerado como crédito quirografário na sexta classe) e crédito

derivados de acidente do trabalhador;

2 – credores com garantia real hipotecam penhor, anticrese etc. (até o limite do

bem gravado);

3 – créditos tributários, previdenciários, para fiscais e contribuições (exceto as

multas tributárias quem entram na penúltima classe);

4 – créditos com privilégios especiais, aqueles previstos em leis civis e

comerciais, como credor de benfeitorias necessárias, tratado no art. 964, inciso

III, do Código Civil (privilégios são qualificativos que o Direito imprime a

determinados créditos, diferentemente de preferências, que resultam da

vontade das partes;

5 - créditos com privilégio geral (os previstos em leis civis e comerciais, como

credor por despesas de funeral, que consta no art. 965, inciso I do Código Civil;

6 - créditos quirografários (são créditos comuns, por não terem privilégios ou

garantias). Um exemplo seria os créditos não inclusos ou comportados nas

outras classes, o excedente dos 150 salários mínimos dos trabalhistas; os

decorrentes de contratos sem garantias ou privilégios, exceto as multas, se

houver;

7 - créditos de multas contratuais e tributárias;

8 - créditos subordinados (são créditos de sócios e administradores, sem

vínculos empregatícios, perante a empresa).

Segundo “Amador Paes de Almeida” ensina que os

subordinados são créditos subquirografários, por não gozarem de qualquer

garantia e estarem na ultima escala dos créditos.

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3.5 CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS

É importante explicitar a questão da existência dos créditos extra

concursais, que são aqueles que não estão compreendidos na classificação

dos crédito da falência.

Esses créditos são pagos com precedência aos citados

anteriormente (LRF, art. 84). São créditos extra concursais:

1 - remuneração do administrador judicial e seus auxiliares;

2 - despesas com a massa falida (como por exemplo, com a manutenção dos

bens);

3 - custas judiciais de ações e execuções da massa, tendo sido vencida etc.

Esses créditos são pagos com procedência aos demais, pois, se

tivessem que concorrer com os demais elencados na classificação de créditos,

o processo falimentar ficaria inviabilizado. Além disso, o administrador judicial

precisa ser remunerado, antes mesmo de os credores receberem seus direitos,

sob pena de não se conseguir um profissional para o exercício de tal oficio, a

massa falida tem despesas para a sua manutenção, e assim por diante.

3.6 MEIOS DE RECUPERAÇÃO

Antigamente, de acordo com o Decreto-lei nº 7.661/45, a concordata

era a única forma existente de o devedor evitar sua falência. A concordata

consistia basicamente em um perdão parcial dos débitos, ou a dilação dos

prazos de pagamento.

Por sua vez, de modo diferente, a Lei nº 11.101/2005 traz várias

formas para o devedor evitar sua falência utilizando-se da recuperação judicial,

deixando aberta outras possibilidades não previstas legalmente (LRF, art. 50).

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1- concessão de prazos e condições especiais (descontos) para o pagamento

das obrigações vencidas ou vincendas;

2- transformação, cisão, fusão ou incorporação da sociedade;

3- trespasse do estabelecimento;

4- reduções salariais (mediante acordo ou convenção coletiva);

5- administração compartilhada;

6- emissão de valores mobiliários.

3. 7 RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

No regime do Decreto-Lei nº 7.661/45 aparecia elencado como ato

de falência a convocação extrajudicial de credores para lhes propor dilação,

remissão de créditos ou cessão de bens (artigo 2º, inciso III). Consoante

opinião da doutrina que sobre o tema se formou ”Miranda Valverde” que o

acordo extrajudicial entre o devedor e seus credores, para lograr êxito, deveria

contar com o apoio unânime destes últimos, traduzindo como crédito e

confiança na pessoa do devedor.

Contudo, se um ou mais credores o recusassem, levando o

dissidente ou os dissidentes à proposta do devedor ao conhecimento do juiz competente, e, uma vez provado o fato, a ele cumpriria decretar a falência do

proponente.

A Lei nº 11.101/2005 inova substancialmente na matéria,

descaracterizado a hipótese como presunção de insolvência do empresário.

Passa a ser plenamente valida à realização de acordos privados entre o

devedor e seus credores, com o escopo de evitar a quebra, criando, assim,

condições econômicas e financeiras. A lei, por outro lado, confere plena

liberdade às partes devedoras e seus credores para celebrarem esses pactos

inominados, os quais poderão estipular qualquer objeto licito para esses fins. A

recuperação, desse modo, pode ser global ou parcial, apontando a feição de

moratório (dilação do prazo de pagamento), de remissão parcial dos débitos

(redução do montante a ser pago), de alteração das condições de pagamento

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ou de garantias, dentre outras. São celebrados em caráter privado, sem a

necessária interferência estatal.

Todavia nada obsta sejam à homologação judicial, quer para

conferir maior eficácia ao exercício de determinados direitos do pacto

resultantes, quer para a obtenção de uma maior extensão de seus efeitos,

abrangendo, assim, certos credores, ainda que não signatários do respectivo

instrumento. A lei somente se ocupa em disciplinar o plano de recuperação

extrajudicial que será levado à homologação, não interferindo, pois, naqueles

contratos que consensualmente se realizaram, sem qualquer impulso estatal. É

a interferência que se pode inferir do artigo 167.

De fato, essa concordata extrajudicial é figura clássica, devidamente

identificada pela doutrina. “Alfredo Rocco” propõe uma classificação desses

acordos celebrados entre o devedor e seus credores, segundo a extensão de

sua eficácia. Classifica-os, pois, da seguinte forma:

A concordata amigável, que se subdivide em:

1 – concordata amigável extrajudicial, que se conclui sem a existência de

qualquer processo, e, portanto, sem a participação do juiz, a qual só se obriga

aos seus signatários;

2 – concordata amigável judicial, concluída no curso de um processo judicial

(de moratória ou de falência) i obrigatória apenas para os anuentes.

3.8 O ACORDO EXTRAJUDICIAL HOMOLOGÁVEL

A lei atual não mais qualifica como ato de falência a convocação

extrajudicial de todos ou de parte dos credores para submeter-lhes um plano

de renegociação dos seus créditos. Para que produzam esses pactos privados

seus direitos entre as partes que o celebram não há necessidade de chancela

judicial. É bastante à eficácia pretendia, tenha alcançado o devedor o

consenso com os seus credores. Garante-se ás partes celebrantes o direito de

comporem livremente seus interesses, imunes, de qualquer coação estatal.

Seu alcance, entretanto, é individual, isto é, só obriga os signatários,

prestigiando-se, nesse ponto, o princípio da relatividade, pelo qual os efeitos

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dos contratos se limitam, salvo disposição legal expressa, ás parte que o

firmaram.

Contudo, nada impede seja o respectivo instrumento levado á

homologação judicial. Essa homologação facultativa ou opcional traduziria

certas vantagens a justificá-la, apesar de o caráter individual do acordo

permanecer incólume, ou seja, somente serão atingidos pelas providencias

nele contempladas os credores que os subscrevem. O incentivo a impulsionar

o devedor é buscar a homologação judicial pode ser traduzir em três aspectos

derivados do ato judicial:

1 – constituição do título executivo judicial, nos termos do inciso V, do artigo

475 N do Código de Processo Civil, a partir da sentença de homologação do

plano de recuperação extrajudicial apresentado (§ 6º, do artigo 161);

2 – a impossibilidade, após a distribuição do pedido de homologação, de o

credor signatário do plano desistir de sua adesão sem a anuência expressa de

todos aqueles que o subscreveram (§ 5º, do artigo 161);

3 – possibilidades de alienação em hasta pública de filiais ou unidades

produtivas isoladas, quando do acordo constar a providencia (artigo 165).

Por isso, permite o artigo 162 que o devedor requeira a

homologação do plano de recuperação extrajudicial em juízo, para tanto

fazendo juntar a sua justificação e o instrumento que traduza seus termos e

condições, devidamente assinado pelos credores que a ele tenham aderido,

devendo, ainda, observar as condições do artigo 161.

A outra hipótese de homologação, traduzida no artigo 163, tem por

escopo vincular todos os credores pelos planos abrangidos, ainda que não

tenham assinado. Mas, para tal, é indispensável à subscrição do respectivo

instrumento por credores que representem mais de três quintos de todos os

créditos de cada espécie por ele alcançados. Assim, se o devedor desejar, por

exemplo, compor com a totalidade de seus credores com garantia real e com a

dos quirografários, por traduzirem o montante significativo de suas dividas,

providencias necessária ao reerguimento da sua empresa, basta contar com a

assinatura de credores que traduzam mais de três quintos de todos os créditos

com a garantia real e quirografários, porque no caso proposto serão as

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espécies por ele abrangida. Se setenta por cento dos primeiros e oitenta por

cento dos segundo assinaram o plano, por exemplo, este uma vez

homologado, se estende a todos que nele foram contemplados, inclusive

aqueles que não o firmaram. A adesão de significativa parcela dos credores

abrangidos é suficiente a impor suas condições á minoria que não o aderiu. A

homologação judicial supre a necessidade da adesão voluntária desse

universo reduzido de credores. Almeja-se, com isto, coibir certas condutas

especuladoras e oportunistas de determinados credores, capazes de

comprometer a reorganização da empresa. Fecha-se a possibilidade de

pequenos credores aproveitarem-se da situação de crise do devedor para

obter indevidas vantagens. Mas, para esse efeito, a homologação é necessária

e para sua obtenção, o devedor devera observar outras condições, de natureza

especial, previstas no artigo 163, que se somarão ás de ordem geral do artigo

161.

Para alcançar o percentual previsto no caput do artigo 163 (mais de

sessenta por cento ou mais de três quinto), a lei apresenta algumas regras a

serem observadas, a saber, que não serão computados os créditos detidos por

sócios da sociedade devedora, das sociedades a ela, coligadas, que a

controlem, ou seja, por ela controladas, bem como das sociedades que tenham

sócio participação superior a dez por cento do capital social da sociedade

devedora ou em que esta ou algum de seus sócios detenham participação

superior a dez por cento (inciso II, do artigo 163), quando se tratar no crédito

de moedas estrangeiras, far-se-á a sua conversão para reais pelo câmbio da

véspera da data de assinatura do plano (inciso, do § 3º, do artigo 163). Por

evidente, só terão relevância para a obtenção do indigitado percentual os

créditos incluídos no plano, não se considerando, portanto, aqueles por ele não

alcançados, os quais não poderão ter seus valores ou condições originais de

pagamento alterados (§2º, do artigo 163).

O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de

créditos, como tal entendidas aquelas previstas nas classes aludidas nos

incisos II, IV, V, VI e VIII do artigo 83 (crédito com garantia real, crédito com

privilégios especiais, crédito com privilegio geral, crédito quirografário e crédito

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subordinado), bem como grupo de credores da mesma natureza e sujeito

semelhantes condições de pagamento (§ 1º, do artigo 1630. Destarte, não há a

necessidade, por exemplo, de serem incluídos todos os credores quirografários

do devedor, sendo licito apenas alcançar parcela ou grupo destes, como os

que tenham os seus direitos creditórios a vencer no curto prazo. Para o êxito

da recuperação poderá bastar fiquem obrigados todos os credores desse

grupo, sem a necessidade de englobar a totalidade de espécie dos

quirografários. Eles serão os credores abrangidos pelo plano, nessa hipótese

contemplada.

Em síntese, tem-se que o devedor pode diretamente acordar com

seus credores, em todos ou em parte, novas condições para o cumprimento de

suas obrigações buscando com o procedimento uma solução negociada para a

crise econômica financeira em que se vê inserido. Encontrando-se todos os

interessados acordes nos termos e condições a serem implementados, é

suficiente para que os efeitos dessa renegociação sejam alcançados que o

devedor firme com seus credores o respectivo instrumento. Faculta requerer a

homologação judicial, ocasião em que devera observar os requisitos de ordem

geral que a lei estabelece para a recuperação extrajudicial (artigos 161 e 162).

Caso pretenda estender os efeitos do acordo os credores que constem do

plano, mas que não assinaram o instrumento, a homologação se faz

necessário, impondo-se o atendimento, ao lado dos requisitos gerais (artigo

161), de certas condições especiais (artigo 163). Fique, assim, claro que o

preenchimento das condições legais e a observância do demais regramento

exigida pela Lei nº 11.101/2005 para a recuperação extrajudicial somente se

aplicam para os acordos que serão levados á homologação judicial.

3.9 CONDIÇÕES GERAIS

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As condições ou requisitos de ordem geral, para que o plano de

recuperação extrajudicial possa ser homologado em juízo se subdivide em dois

grupos: Aqueles que vinculam á pessoa do devedor (requisitos subjetivos) e os

que se encontram atrelados ao próprio plano (requisitos objetivos).

Dentre os requisitos subjetivos, aparece alinhados a observância

das mesmas condições previstas para a recuperação judicial, quais seja o

exercício regular, no momento do pedido da atividade empresarial há mais de

dois nos; outro requisito essencial é não ser falido e, se o foi, tiver sido

declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, suas obrigações, e

também é necessário não ter sido condenado, ou não ter, como administrador

ou sócio controlador, pessoa condenada por crime previsto na Lei de

Recuperação e Falência (caput do artigo 161). Outro requisito necessário é

também não estar pendente pedido de recuperação judicial (§ 3º, do artigo

161, primeira parte), e não ter obtido recuperação judicial ou homologação de

outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois anos (§ 3º, do artigo

161, segunda parte).

É requisitos objetivos, a inexistência de previsão de pagamento

antecipado de dividas (§ 2º, do artigo 161, primeira parte); a insistência de

tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam vinculados (§ 2º,

do artigo 161, segunda parte).

3. 10 CONDIÇÕES ESPECIAIS

Afora as condições gerais verificadas ainda, exige a lei a

observância especial de outras três a de natureza objetiva para que logre o

devedor a homologação do plano de recuperação extrajudicial destinado a

obrigar todos os credores por ele abrangidos ainda que não o subscrevam (

artigo 163) o plano obrigará somente os créditos constituídos até a data do

pedido de homologação (§ 1º, do artigo, parte final), alienação de bem objeto

de garantia real, a supressão da garantia ou a sua substituição depende da

aprovação expressa no plano do credor garantido (§ 4º, do artigo 163), a

variação cambial nos créditos em moeda estrangeira somente poderá ser

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afastada se o respectivo credor aprovar, expressamente, no plano, previsão

diversa (§ 5º, do artigo 163).

3.11 CREDORES EXCLUÍDOS

Alguns credores encontram-se impedidos de integrar plano de

recuperação extrajudicial homologável. Este, inclusive, não poderá provocar

qualquer alteração em seus direitos creditórios. Não lhes é desse modo,

permitido renegociar os seus créditos nas condições que a lei prevê para a

recuperação extrajudicial, passível de homologação judicial. Incluem-se nesse

rol os titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do

trabalho e decorrentes de acidente de trabalho. A eles se juntam, igualmente, o

proprietário fiduciário, o arrendador mercantil, o vendedor ou promitente

vendedor de imóvel por contrato irrevogável, o vendedor titular de reserva de

domínio e a instituição financeira credora por adiantamento ao exportador de

contrato de cambio (§1º, do artigo 161).

Portanto, se submetem ao regime legal de recuperação extrajudicial

todos os demais credores.

Mas o fato não impede a renegociação privada das dividas com tais

credores excluídos, á exceção, por certo, dos credores tributários e

trabalhistas, em função de ser indisponível o interesse público, não pode a

autoridade tributária negociar com os seus devedores. Só por meio de lei

especial pode ser concedida remissão, anistia, moratória ou parcelamento. No

âmbito do direito individual do trabalho, igualmente movido pela primazia dos

preceitos de ordem pública, há severas restrições a transações e renúncias a

direitos. A indisponibilidade de direitos trabalhistas por parte do empregado

emerge como a Consolidação das Leis Trabalhistas. Isso significa que o

trabalhador, quer por ato individual (renúncia) visando á superação do dos

mais destacados princípio do Direito do Trabalho. Sobre o tema escreve

“Maurício Godinho Delgado” A indisponibilidade de direitos trabalhistas pelo

empregado constituir-se em regra no Direito Individual do Trabalho do país,

estando subjacente a pelos mesmos três relevantes disponíveis celetistas no

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artigo 9º 444 e 468 CLT. Isso significa que o trabalhador, quer por ato

individual (renúncia), quer por ato bilateral negociado com o empregador

(transação), não pode dispor de seus direitos laborais, sendo nulo o ato

dirigido a esse despojamento. Essa conduta normativa geral realiza, no plano

concreto da relação de emprego a um só tempo, tanto o princípio da

indisponibilidade de direitos trabalhistas, como o princípio da hiperatividade. No

mesmo sentido, o ensinamento de “Arnaldo Sussekind” A renúncia, é um ato

jurídico unilateral, pelo qual o titular de um direito dele se despoja. Ela esta

sujeita no campo da aplicação do Direito do Trabalho, a restrições que seriam

incabíveis em outros ramos do direito. A inderrogabilidade da maioria das

normas de proteção ao trabalho visa a que os respectivos direitos beneficiem

aqueles sobre os quais incidam. Essa interatividade se dirige tanto contra a

parte contrária como a própria vontade do individuo portador do direito

subjetivo em questão. Se faltasse essa ultima característica da força coativa, a

vigência do Direito do trabalho dependera outra vez exclusivamente do

interesse individual, a que o interesse social ficaria subordinado. A

renunciabilidade de direitos, em relação ao trabalhador, deve ser admitida

apenas excepcionalmente, em face das condições especiais configuradas em

cada caso concreto. Ainda que se trate de direito não imposto por norma

jurídica de ordem pública, a renúncia, admitida, em princípio, deve ser

examinada de conformidade com os princípios tendentes a restringi-la.

Portanto, são irrenunciáveis os direitos que a lei, as convenções coletivas, as

sentenças normativas e as decisões administrativas conferem aos

trabalhadores, salvo se a renúncia for admitida por norma constitucional ou

legal ou se não acarreta uma desvantagem para o trabalhador ou prejuízo á

coletividade, são irrenunciáveis os direitos que constitui o conteúdo da relação

de emprego, nascido do ajuste expresso ou tácito dos contratantes, quando

não haja proibição legal, inexista vicio de consentimento e não importe prejuízo

ao empregado, da legislação do trabalho (Curso de direito do trabalho) do

estado de crise do estado de crise do devedor. A exclusão traduz, tão

somente, para esses credores, a impossibilidade de homologação desses

acordos.

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3.12 INSTRUÇÕES DO PEDIDO

A fim de que o plano de recuperação extrajudicial possa ser

homologado em juízo, na hipótese do artigo 162, ou seja, naquela em que os

efeitos ficarão restrito ás partes que o celebraram, basta que o devedor faça

juntar ao seu requerimento a competente justificativa e o instrumento que

contenha seus termos e condições devidamente subscrito pelos credores que

a ele aderiram. Todavia para homologação do plano fundado no artigo 163 no

qual estarão obrigados todos os credores por ele abrangidos, ainda que não

signatários, desde que atingidos o percentual de aprovação pela maioria dos

credores previsto, exigi-se instrução diferenciada, dotada de maiores

exigências, em função da especialidade e da extensão de seus efeitos. Assim

é que o devedor deverá juntar ao seu requerimento a justificativa do açodo

celebrado, o seu instrumento que traduza os termos e as condições, com as

assinaturas de credores que representem mais de três quintos de todos os

créditos de cada espécie por ele abrangidos, a exposição de sua situação

patrimonial as demonstrações contábeis relativas ao ultimo exercício social e

as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita

observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente

de balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados,

demonstração do resultado desde o último exercício social, relatório gerencial

de fluxo de caixa e de sua projeção, os documentos que comprovam os

poderes dos subscritores para nova ou transigir, relação completa dos

credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a

classificação e o valor atualizado do credito, discriminado sua origem, o regime

dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada

transação pendente.

3.13 CERTIDÕES DE DÍVIDAS FISCAIS

Temos aqui, o fato de que, para a concessão da recuperação

judicial, o art. 57 da Lei nº 11.101/2005 expressa a necessidade de

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apresentação pelo devedor de certidões negativas de débitos tributários nos

termos do art. 151 do CTN (Código Tributário Nacional).

Todavia, acontece que, quando uma empresa atinge um estado de

crise, na maioria das vezes, ela há tempos não vem cumprido com os

pagamentos. E em geral, o Fisco é o primeiro que ela deixa de pagar.

Logo, tal dispositivo de certa forma é um obstáculo prático ao

Instituto da recuperação judicial de empresas, por quase sempre os créditos

tributários são os mais altos, e ao ficar de fora do plano, fazem que a lei torne-

se quase “letra morta”.

Isso é tão verdade que o número de empresas que conseguem

obter o beneficio da recuperação judicial no Brasil ainda é muito pequeno. No

entanto, alguns tribunais vem flexibilizando a exigência da lei quanto às

certidões negativas, entendendo que tal determinação contrária o próprio

objeto da lei.

De qualquer forma, a lei prevê que as Fazendas (federal, estaduais

e municipais) poderão deferir parcelamento dos débitos (LRF, art. 68), o que

possibilita ao devedor obter uma certidão positiva com efeito negativos. A

certidão é positiva porque consta o débito, mas com efeitos negativos porque o

débito será pago de forma parcelada.

É importante esclarecer que o plano não poderá prever prazo

superior a 1 ano para o pagamento dos créditos trabalhistas (LRF, art. 54,

caput).

O plano não poderá ter o prazo superior a 30 dias para o pagamento

dos salários vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido, até o limite de cinco

salários mínimos por trabalhador (LRF, art. 54, parágrafo único).

Além disso, a partir da sentença que conceder a recuperação

judicial, o devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram

as obrigações previstas no plano que vencerem em até 2 anos, a partir dessa

decisão que concedeu a recuperação (LRF, art. 61, caput).

Em outras palavras, o plano pode ter obrigações com vencimentos

superiores a 2 anos, mas a recuperação judicial durará até 2 anos.

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Durante esse período de 2 anos o descumprimento de qualquer

obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em

falência (LRF, art. 61,§ 1º cc. Art. 73 IV).

3.14 CUMPRIMENTOS DO PLANO

Após os 2 anos, caso o devedor descumpra alguma obrigação

prevista no plano em especial, as de vencimento posterior a 2 anos, qualquer

credor poderá requerer a falecia ou a execução especifica, uma vez que trata-

se de titulo executivo a decisão que concedeu a recuperação (LRF, art. 62

cc.art. 94).

Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor e

sujeitos á recuperação judicial, deverão ser acrescidos, após o nome

empresarial, a expressão “em Recuperação Judicial” (LRF, art. 69, caput).

O Juiz também determinará á Junta Comercial à correspondente

anotação da recuperação judicial (LRF, art. 69, parágrafo único). Isso oferece a

possibilidade ao estado da empresa, possibilitando aos que com ela forem

negociar tenham como saber, por meio de consulta realizada no registro de

empresas

Ressalta-se que, durante o procedimento de recuperação judicial, o

devedor ou seus administradores são mantidos na gestão da atividade

empresarial, sob a fiscalização do comitê de credores e do administrador

judicial (LRF, art. 64, caput). De modo diferente, na falência, o devedor é

afastado da gestão empresarial (LRF, ART. 75, caput).

3.15 ASPECTOS PENAIS E CRIMES DA LEI Nº 11.101/2005

A Lei nº 11.101/2005 manteve o regime anterior quanto á condição

objetiva de punibilidade no campo pena, ou seja, é indispensável haver a

sentença do juízo competente (de vara cível ou empresarial) nos autos do

processo que decretou a falência ou concedeu a recuperação judicial ou

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homologou a recuperação extrajudicial de todos os credores prevista no art.

163 (LRF, art. 180).

Os crimes, na lei vigente, são punidos com mais rigor se

comparados com o Decreto-lei nº 7. 661/45. A maioria prevê pena de reclusão,

com cumprimento de dois anos a 6 anos.

Em relação ao sujeito ativo do crime, o devedor ou quem o

represente, os sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de

fato ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor

ou falido para todos os efeitos penais da lei (LRF, ART. 179).

Deve ficar claro que o sócio, diretor, gerente “de fato” é aquele que

atua na pratica, mas não consta no Contrato Social, e “de direito” é aquele

que consta no Contrato Social.

No mais, a condenação criminal por um dos crimes falimentares

gera os seguintes efeitos (LRF, art. 181).

1 – inabilitação para o exercício de atividade empresarial;

2 – impedimento para o exercício do cargo de conselheiro de administração,

diretor ou gerente das sociedades sujeitas á Lei Falimentar;

3 – impossibilidades de gerir empresas por mandato ou gestão de negócios

(previstos no Código Civil).

Os efeitos não são automáticos e devem ser declarados na

sentença. Eles irão perdurar até 5 anos após a extinção da punibilidade,

podendo cessar antes pela reabilitação penal (LRF, art. 181, § 1º).

Sobre os prazos prescricionais, são os mesmos estabelecidos pelas

regras do Código Penal, arts. 109 e ss. Ou seja, de acordo com a pena de

cada crime.

Os principais crimes previstos na Lei nº 11.101/2005 são os

seguintes:

1 – fraudar credores (LRF, art. 168). A “contabilidade paralela”, ou no

popularmente conhecido como “caixa dois”, agrava a pena em 1/3 (LRF, art.

168, § 2º);

2 – favorecimentos de credores (LRF, art.172);

3 – desvios, ocultação ou apropriação de bens (LRF, art. 173);

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4 – habilitações ilegal de crédito (LRF, art. 175);

5 – omissões de documentos contábeis que deveriam ser apresentados no

processo (LRF, art. 178).

Também de vê ficar entendido que a competência para julgar os

crimes previstos na Lei de Recuperação e Falência é do juiz criminal da

comarca onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação

judicial ou homologada a recuperação extrajudicial (LRF, art. 183).

Além disso, os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública

incondicional, que é de titularidade do Ministério Público (LRF, art. 184 caput).

Nesse sentido, o Ministério público é intimado da decisão judicial na

esfera cível (ou empresarial) para promover imediatamente a ação penal ou,

se for o caso, requisitar a abertura de inquérito policial (LRF, art. 187 caput).

Esgotado o prazo de 5 dias quando o réu estiver preso e de 15 dias

quando estiver solto, cabe ao Ministério Público oferecer a denúncia, qualquer

credor ou administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária

da pública, no prazo decadencial de 6 meses (LRF, art. 184, parágrafo único

cc. Art. 187, § 1º).

Assim, em qualquer fase do processo de falência ou de recuperação

de empresa, se houver indícios da prática de crimes previstos na Lei

Falimentar, o juiz da vara cível (ou empresarial) cientificará o Ministério Público

(LRF art. 187, § 2º). Por meio dessa informação, o órgão do Ministério Público

poderá tomar medidas que achar mais adequadas para, no momento oportuno,

propor a ação penal.

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CONCLUSÃO

O objetivo do trabalho é esclarece que nem toda empresa merece

ou deve ser recuperada. A reorganização da atividade econômica é muito

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custosa. Alguém há de pagar pela recuperação, seja na forma de investimento

no negócio em crise, seja na de perdas parciais ou totais de crédito.

Em última analise como breve síntese, os principais agentes do

crédito econômicos que acabam repassados aos seus preços as taxas de

riscos associados á recuperação judicial ou extrajudicial do devedor, o ônus da

reorganização das empresas no Brasil recai na sociedade brasileira como um

todo. O crédito bancário e os produtos e serviços oferecidos e assumidos

ficam mais caros porque parte dos juros e preços se destinam a socializar os

efeitos da recuperação das empresas.

Como é a sociedade brasileira como um todo que arca, em última

instância, com os custos da recuperação das empresas, é necessário que o

Judiciário seja criterioso ao definir quais merecem ser recuperados. Não se

pode erigir a recuperação. Não se pode erigir a recuperação das empresas em

um valor absoluto. Não é qualquer empresa que deve ser salva a qualquer

custo. Na maioria dos casos, se a crise não encontrou uma solução de

mercado, o melhor para todos é a falência, com a realocação em outras

atividades econômica produtivas dos recursos materiais e humanos.

Em outras palavras, podemos dizer que somente as empresas

viáveis devem ser objeto de recuperação judicial (ou mesmo a extrajudicial).

Para que se justifique o sacrifício da sociedade brasileira presente, em maior

ou menor extensão, em qualquer recuperação de empresa não derivada de

solução do mercado, o empresário que a postula deve se mostrar digno do

beneficio. Deve mostrar que tem condições de devolver a sociedade brasileira,

se e quando recuperado, pelo menos em parte o sacrifício feito para salvá-la.

O exame da viabilidade deve ser feito, pelo Judiciário em função da

importância social, a mão de obra e tecnologia empregadas, o volume do ativo

e passivo, o tempo de existência da empresa e seu porte econômico.

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ANEXOS

ANEXO 1

Recuperação Judicial - Suspensão das execuções

Data da publicação da decisão - 5/5/2009.

Número do processo: 1.0145.03.105457-3/004(1)

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Númeração Única: 1054573-82.2003.8.13.0145 Relator: VALDEZ LEITE MACHADO Relator do Acórdão: VALDEZ LEITE MACHADO Data do Julgamento: 26/03/2009 Data da Publicação: 05/05/2009 Inteiro Teor: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - LEI N. 11.101/2005 - SUSPENSÃO DAS AÇÕES EM FACE DO DEVEDOR - PRAZO MÁXIMO DE 180 DIAS A CONTAR DO DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL - HABILITAÇÃO DE CRÉDITO - NÃO OCORRÊNCIA DA 'VIS ATRACTIVA' DE AÇÃO AJUIZADA ANTES DO DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Nos termos do art. 6º, caput c/c §4º, da Lei n. 11.101/2005, o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário, por um prazo não excedente a 180 (cento e oitenta dias). Tratando-se de ação proposta antes da declaração do ajuizamento da recuperação judicial da requerida, não se opera a 'vis attractiva' do Juízo Empresarial, conforme inteligência dos artigos 6º e 76 da Lei n. 11.101/2005.

AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 1.0145.03.105457-3/004 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - AGRAVANTE(S): MARCO ANTONIO GAZZINELLI DE LIMA - AGRAVADO(A)(S): GRUPO COMUNICACAO TRES S/A - RELATOR: EXMO. SR. DES. VALDEZ LEITE MACHADO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO.

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Belo Horizonte, 26 de março de 2009.

DES. VALDEZ LEITE MACHADO - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. VALDEZ LEITE MACHADO:

VOTO

Cuida-se de recurso de agravo de instrumento interposto por Marco Antônio Gazzinelli de Lima contra decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito da 8ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora em ação de indenização que se encontra em fase de execução de sentença em que contende com Grupo de Comunicação Três S/A.

Insurge-se o ora agravante contra decisão que lhe determinou habilitar o seu crédito nos autos da ação de recuperação judicial movida pela empresa executada ora agravada.

Em sede de razões recursais aduziu que nos termos da Lei n. 11.101/2005, a ação de recuperação judicial suspende o curso para prescrição e todas as ações em face do devedor, cujo prazo de suspensão não excederá 180 dias, sendo que, na hipótese dos autos, este prazo de suspensão já se findou tendo, pois o agravante, o direito de continuar com a execução de seu crédito.

Asseverou que a ação de indenização fora ajuizada em 29-08-03, ou seja, em período muito anterior ao pedido de recuperação judicial aviado em 15-05-07 e, que, nos termos da citada Lei, as execuções ajuizadas anteriormente ao pedido de recuperação judicial da agravada não são da competência do juízo empresarial, não ensejando, pois este a vis attractiva da execução individual.

Ressaltou, ainda, que mencionada Lei não estabelece prazo para a fixação de data para o pagamento do crédito do agravante, ficando ao arbítrio do agravado a fixação desta, que poderá demorar

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excessivamente, gerando injustiça em relação ao credor que já espera há anos pela satisfação de seu crédito.

A agravante apresentou contraminuta por peça de f. 99-102 TJ, pugnando, ao final, pelo desprovimento do recurso.

Em resposta ao ofício lhe enviado, informou o juiz a quo que o agravante cumpriu o disposto no artigo 526 do CPC, bem como, que manteve a decisão ora combatida.

Recurso que reúne os requisitos de admissibilidade. Dele conheço.

Cinge-se o recurso em se declarar válida ou não a determinação para que o exequente, ora agravante, habilitasse o seu crédito nos autos da recuperação judicial promovida pelo executado, ora agravado.

Nos termos do art. 47 da Lei 11.101/05 "a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica".

Corolário, pois desta lei é que "o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário", nos termos do que dispõe o seu artigo 6º.

Contudo, tal faculdade legal não há de perdurar ad eternun vez que perderia seu objetivo final, que como transcrito acima, seria a preservação da empresa, de sua função social e de estímulo à atividade econômica. Pelo que, estabeleceu a mesma Lei, no §4º do citado artigo 6º, o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias para recuperação da empresa devedora.

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Compulsando as informações prestadas nos autos, verifica-se que a ação de indenização fora distribuída pelo agravante em 28-08-03 (chancela de f. 24 TJ), cuja sentença foi proferida em 10-11-05 (f. 40 TJ), que julgou parcialmente procedente o pedido inicial.

Como se observa da peça de resposta de f. 99-102 TJ, afirma a própria agravada, que ingressou em 14-05-07 com pedido de recuperação judicial nos termos da Lei n. 11.101/05, cujo pedido foi deferido em 26-06-07.

Porém, mais uma vez, a própria agravada afirma que em 30-01-08, protocolou petição informando estar em processo judicial de recuperação, requerendo a suspensão da execução pelo prazo legal, sendo este pedido deferido.

Atesta ainda a agravada que em 07-04-08, após o período de suspensão do processo, peticionou requerendo que o agravante habilitasse o seu crédito naqueles autos.

Ocorre que, nos termos do citado §4º do art. 6º de dita Lei, o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias é contado do deferimento do processamento da recuperação, que, como asseverou a agravada, foi deferida em 26-06-07, e, portanto, já havia transcorrido o prazo peremptório de suspensão da execução (leia-se, na hipótese dos autos, cumprimento de sentença) promovida pelo agravante.

E assim, com amparo nos termos §4º do art. 6º da supracitada lei, após o decurso do prazo de suspensão da execução, ou seja, em 15-10-08, data da decisão agravada, tem o credor o direito de continuar sua "execução", sem que tenha obrigatoriedade de se habilitar nos autos da ação de recuperação judicial.

É o que ensina o ilustre Professor Fábio Ulhoa Coelho em sua obra "Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas", 3ª ed., São Paulo:Saraiva, 2005, p. 39:

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"Suspendem-se as execuções individuais contra o empresário individual ou sociedade empresária que requereu a recuperação judicial para que eles tenham fôlego necessário para atingir o objetivo pretendido da reorganização da empresa. A recuperação judicial não é execução concursal e, por isso, não se sobrepõe às execuções individuais em curso. A suspensão, aqui, tem fundamento diferente. Se as execuções continuassem, o devedor poderia ver frustrados os objetivos da recuperação judicial, em prejuízo, em última análise, da comunhão dos credores. Por isso, a lei fixa um prazo para a suspensão das execuções individuais operada pelo despacho de processamento da recuperação judicial: 180 dias. Se, durante esse prazo, alcança-se um plano de recuperação judicial, abrem-se duas alternativas: o crédito em execução individual teve suas condições de exigibilidade alterada ou mantidas. Nesse último caso, a execução individual prossegue".

Neste sentido:

"EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EMBARGOS DO DEVEDOR - AUSÊNCIA DE PENHORA - EFEITO SUSPENSIVO INDEFERIDO - LEI 11.382/2006 - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - LEI 11.101/2005 - SUSPENSÃO DAS AÇÕES EM FACE DO DEVEDOR - PRAZO MÁXIMO DE 180 DIAS A CONTAR DO DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL-Diante da nova sistemática de defesa do executado, inviável suspender a execução sem que haja a presença necessária e cumulativa de três requisitos: relevância dos fundamentos dos embargos, risco de dano grave ou de difícil reparação e garantia do juízo (§1º do artigo 739-A do CPC).Nos termos do caput c/c §4º, ambos do art. 6º da Lei 11.101/2005, o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário, por um prazo não excedente a 180 (cento e oitenta dias)".(TJMG; AI

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n. 1.0024.07.484136-2/001; 12ª Câm. Cível; Rel. Des. Alvimar de Ávila; julg. em 13-06-07).

"EMENTA: PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO - PRAZO DE 180 (CENTO E OITENTA) DIAS - PRORROGAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - Conforme determina o preceito contido no § 4º do art. 6º da Lei 11.101/2005, o deferimento do pedido de processamento da recuperação judicial de sociedade limitada suspende, por apenas 180 (cento e oitenta) dias, todas as ações e execuções então propostas em desfavor do devedor, as quais, retomam seu curso, uma vez decorrido aquele prazo, que não comporta qualquer espécie de prorrogação, nem mesmo ante o manejo de recurso contra decisão que nega pedido de habilitação e correção do quadro de credores".(TJMG; AI n. 1.0079.07.342104-6/001; 18ª Câm. Cível; Rel. Des. Guilherme Luciano Baeta Nunes; julg. em 23-09-08).

Por via de consequência, não há que se falar em aplicação do artigo 49 da citada Lei, como quer fazer prevalecer o agravado, pois na hipótese de homologação superveniente do plano de recuperação da empresa, as relações processuais já instauradas não são apanhadas pela vis attractiva, devendo continuar normalmente seu curso, no juízo originário.

Colhe-se dos arestos:

"EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL- AGRAVO DE INSTRUMENTO- AÇÃO DE EXECUÇÃO- AJUIZAMENTO ANTERIOR À RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EXECUTADA- REDISTRIBUIÇÃO AO JUÍZO EMPRESARIAL- IMPOSSIBILIDADE- REFORMA DA DECISÃO- RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Tratando-se de ação proposta antes da declaração do ajuizamento da recuperação judicial da requerida, não se opera a vis attractiva do Juízo Empresarial, conforme inteligência dos artigos 6º e 76 da

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Lei 11.101/2005. Em que pese o ajuizamento de ação de recuperação judicial da executada em juízo diverso, é competente para o julgamento da causa o juízo no qual tramita ação de execução anteriormente interposta. Recurso conhecido e provido". (TJMG; AI n. 1.0024.04.507833-4/001; 17ª Câm. Cível; Rel. Des. Márcia de Paoli Balbino; julg. em 14-12-06).

"CONFLITO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE EXECUÇÃO - RECUPERAÇÃO JURIDICIAL DA EXECUTADA DEFERIDA -DECLINAÇÃO DE COMPETENCIA PARA A VARA FALIMENTAR - IMPOSSIBILIDADE - MANUTENÇÃO DA COMPETENCIA DA VARA ORIGINAL. O deferimento de recuperação judicial de empresa executada não provoca o deslocamento da competência para a vara de falência, da ação executiva, se a ação referida execução foi ajuizada antes do deferimento do pedido de recuperação, não se operando, assim, a via atrativa da vara empresarial, por força do disposto nos arts. 6º e 52 da Lei 11.101/05". (TJMG; C/C n. 1.0000.07.463541-8/000; 1ª Câm. Cível; REl. Des. Eduardo Andrade; Julg. em 12-02-08).

Ante o exposto, dou provimento ao recurso para que o crédito contido no título judicial possa ser executado, retomando a execução o seu curso.

Custas recursais pela agravada.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): EVANGELINA CASTILHO DUARTE e ANTÔNIO DE PÁDUA.

SÚMULA : DERAM PROVIMENTO.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Augusta Soares de Castro, Moema. Manual de Direito

Empresarial. Brasil: Editora, Forense, 2007.

Bernadete Miranda, Maria. Curso Teórico e Prático de

Direito Societário. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

Bruno, Raquel. Direito Empresarial. Brasil, Editora Lumen

Juris Ltda, 2009.

Campinho, Sérgio. Falência e Recuperação de Empresa,

Rio de Janeiro, Renovar. 2012.

Campinho, Sérgio. O Direito de Empresa, Rio de Janeiro,

Renovar. 2009.

Gusmão, Mônica. Lições de Direito Empresarial. Rio de

Janeiro, Editora Lumen Juris. 2011.

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Teixeira, Tarcisio. Direito Empresarial Sistematizado. São

Paulo, Editora Saraiva. 2011.

Ulhoa Coelho, Fábio. Manual de Direito Comercial, São

Paulo, Editora Saraiva. 2011.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 – WWW.jusbrasil.com.br

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

(Falência – Conceito) 10

1.1 Natureza da Falência no Direito Material 11

1.2 Falência como Execução Concursal 12

1.3 Conceito de Recuperação Judicial 13

1.4 Natureza Jurídica da Recuperação 13

CAPÍTULO II

2.1 Pessoas e Atividades Sujeitas á Aplicação da

Lei nº 11.101/2005 15

2.2 Habilitações de Créditos 16

2.3 Administrador Judicial 17

2.4 Comitês de Credores 18

2.5 Destituição e Renúncia 19

2.6 Regras Gerais para o Administrador Judicial

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e membros do Comitê 21

2.7 Impedimentos 22

CAPÍTULO III

3.1 Planos Especiais das Microempresas e as

Empresas de Pequeno Porte 24

3.2 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 28

3.3 Os Créditos Abrangidos 30

3.4 Classificações dos Créditos 32

3.5 Créditos Extraconcursais 34

3.6 Meios de Recuperação 34

3.7 Recuperação Extrajudicial 35

3.8 O Acordo Extrajudicial Homologável 36

3.9 Condições Gerais 40

3.10 Condições Especiais 40

3.11 Credores Excluídos 41

3.12 Instruções do Pedido 43

3.13 Certidões de Dívidas Fiscais 44

3.14 Cumprimentos do Plano 45

3.15 Aspectos Penais e Crimes da Lei 11.101/2005 46

CONCLUSÃO 49

ANEXOS 1 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 59

BIBLIOGRAFIA CITADA 61

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ÍNDICE 62