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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATENÇÃO ODONTOLÓGICA NO PRÉ-NATAL: A
PERCEPÇÃO DAS GESTANTES DO BAIRRO LAGOA
DOS SANTOS, FORMOSA-GO
NILZA MARIA RUFINO NOGUEIRA GUALBERTO
Orientadora:
Profª Msc: Maria da Conceição Magione Poppe
FORMOSA-GO
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATENÇÃO ODONTOLÓGICA NO PRÉ-NATAL: A
PERCEPÇÃO DAS GESTANTES DO BAIRRO LAGOA
DOS SANTOS, FORMOSA-GO
NILZA MARIA RUFINO NOGUEIRA GUALBERTO
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Saúde da Família.
FORMOSA-GO
2007
Dedico a Deus, aos meus filhos, a minha família e em especial a
professora orientadora Maria da Conceição M. Poppe.
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos.
À Profª Mestra Maria Poppe, pela orientação valiosa e inteligente, que me levou
a pensar e escolher um tema adequado com o curso.
Agradeço a Deus por ter permitido ao homem o dom da Ciência para que o
mesmo possa através de seus estudos procurar meios e métodos para aliviar a dor, o
sofrimento e as mazelas do próximo.
"A ciência poderá ter achado a cura para a maioria dos males,
mas não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos
seres humanos". (Helen Keller).
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo conhecer a percepção das gestantes atendidas na Unidade Básica de Saúde do bairro Padre Lagoa dos Santos, no município de Formosa-GO, sobre a atenção odontológica durante o pré-natal. Tratou-se de uma investigação de natureza exploratória-descritiva, com abordagem quanti-qualitativa. O critério para inclusão foi ser gestante e está fazendo suas consultas de pré-natal na Unidade Básica de Saúde do referido bairro. Os dados foram coletados através da aplicação de um formulário, pela Equipe de Saúde Bucal (ESB), à 36 gestantes (representando 40% da população) durante suas consultas de pré-natal. Após a análise dos resultados chegou-se as seguintes conclusões: existe um percentual significante de gestantes com menos de 20 anos (30,57%), com situação conjugal instável (66,66%), com baixo nível de escolaridade (50%) e renda familiar inferior a um salário mínimo (47,22%); 58,33% da amostra, em algum momento de suas vidas buscou ajuda nas rezadeiras, isto reflete em parte, a cultura do grupo estudado; apesar do relato da presença de sintomas como sangramento gengival e dor de dente, apenas 38,88% das gestantes entrevistadas procuraram a ESB; fazem parte desse universo a cultura e a crença de que o tratamento odontológico pode causar danos à criança; 58,34% da amostra estudada não recebeu orientações, durante o pré-natal, sobre cuidados com a própria saúde bucal e a do filho que vai nascer. Desta forma, nossos resultados sugerem que a atenção odontológica no pré-natal deve ser considerada uma etapa essencial por todos os membros que trabalham dentro da estratégia de saúde da família e por todas as gestantes. Para tanto deve-se trabalhar na perspectiva da sensibilização desses atores sociais, de tal modo que a atenção odontológica durante o pré-natal passe a ser rotina nas Unidades Básicas de Saúde. Neste sentido, a Equipe de Saúde Bucal, deve sair do seu restrito espaço clínico e buscar a integralidade de ações junto aos demais profissionais de saúde da família. Palavras-Chave: Pré-natal, Gestantes, Atenção Odontológica, Saúde Bucal, Equipe de Saúde Bucal.
METODOLOGIA
O presente estudo foi de natureza exploratória-descritiva, com abordagem
quantitativa e qualitativa, que visou avaliar a percepção das gestantes do bairro Lagoa
dos Santos, no município de Formosa-GO, sobre a atenção odontológica na gravidez.
De acordo com Minayo (1992), a fase exploratória compreende a escolha do
tema, delimitação do problema, assim como a caracterização do objeto e dos objetivos,
os quais são importantes no desenrolar da investigação.
Segundo Triviños (1987), o estudo exploratório permite ao pesquisador
aumentar suas experiências em torno de um determinado problema. Ainda, o estudo
descritivo permite conhecer uma comunidade, seus traços, características, seus
problemas, seus valores e seu cotidiano (GIL, 1996).
Entretanto, segundo Salomon (1991), o estudo descritivo é uma abordagem que
registra, analisa e interpreta a natureza atual da realidade. O enfoque deste método é
sobre as condições dominantes da realidade, ou como uma pessoa, grupo ou coisa, se
conduz ou funciona no presente, empregando para este fim a comparação e o contraste.
De acordo com Polit e Hungler (1995), a investigação quantitativa tende a
enfatizar o raciocínio dedutivo e os atributos mensuráveis da experiência humana,
enfatizando a objetividade na coleta e análise das informações, permitindo diagnóstico
inicial da população estudada.
A população deste trabalho constituiu-se de 90 gestantes, residentes no bairro
Lagoa dos Santos, do município de Formosa-GO, que no período do estudo estavam
realizando sua consulta de pré-natal na UBS do bairro supracitado. A amostra foi
representada por um grupo de 36 gestantes, escolhidas aleatoriamente, correspondendo
a 40% da população. O critério de inclusão foi estar gestante e realizar o pré-natal na
referida UBS.
O presente estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde Lagoa dos Santos,
localizada no bairro Lagoa dos Santos. A coleta de dados foi realizada no período de
março a abril de 2006.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 8 CAPÍTULO I...................................................................................................... 11 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 11 1.1 Resgatando aspectos sobre a saúde bucal na gravidez............................ 11 1.2 Alterações fisiológicas da cavidade bucal na gravidez............................ 13 1.3 Ações de promoção de saúde para as gestantes....................................... 16 1.3.1 Atividades educativas em saúde bucal................................................. 17 1.3.2 Controle de placa bacteriana da higiene bucal supervisionada............ 18 1.3.3 Aconselhamento sobre a dieta/nutrição................................................ 19 1.3.4 Fluorterapia na gestação....................................................................... 19 1.4 A construção do SUS e a concretização da atenção básica..................... 20 1.5 Programa de Saúde da Família como estratégia de reorientação SUS... 23 1.6 A inserção da ESB na estratégia de Saúde da Família............................ 26 1.7 Aspectos culturais do cuidado em saúde das gestantes........................... 28 CAPÍTULO II..................................................................................................... 31 METODOLOGIA............................................................................................... 31 2.1 Tipo de estudo.......................................................................................... 31 2.2 Sujeitos do estudo e amostra.................................................................... 31 2.3 Local e período do estudo........................................................................ 32 2.4 Instrumento de coleta de dados................................................................ 33 2.5 Técnica de análise.................................................................................... 33 2.6 Aspectos éticos........................................................................................ 33 CAPÍTULO III.................................................................................................... 35 ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................................................... 35 3.1 Perfil socioeconômico e cultural das gestantes....................................... 35 3.2 Conhecimento das gestantes sobre saúde bucal....................................... 39 3.3 Medidas de autocuidado das gestantes em saúde bucal........................... 44 3.4 Aspectos que interferem no acesso ao tratamento odontológico durante a gravidez............................................................................................................
46
CONCLUSÕES.................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 53
INTRODUÇÃO
A assistência integral à gestante no pré-natal, constitui hoje, sobretudo na
Estratégia de Saúde da Família (ESF), fator relevante para os profissionais da saúde,
uma vez que quando a mulher é assistida e cuidada neste período assegura-se a
possibilidade de uma gestação tranqüila e filhos saudáveis.
Neste aspecto, a Equipe de Saúde Bucal (ESB) tem também buscado valorizar
este período tão significante na vida da mulher, incluindo a atenção odontológica no
pré-natal garantindo, desta forma, a possibilidade de uma assistência integral à saúde.
De acordo com Shirmer et al. (2000), para que a gravidez transcorra com
segurança são necessários cuidados da própria gestante, do parceiro, da família e,
especialmente, dos profissionais de saúde.
O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início da
gravidez. É um período de mudanças físicas e emocionais que cada gestante vivencia de
forma distinta. Estas transformações podem gerar medo, dúvidas, angústias, fantasias ou
simplesmente curiosidade de saber o que acontece no interior do seu corpo
(SCHIRMER, 2000).
Segundo Konishi ( 2002), o período gestacional revela-se uma oportunidade
única para prevenção de problemas e para educação em saúde. As gestantes são
receptivas às mudanças e ávidas de conhecimento que assegurem o bem-estar do seu
bebê. De fato, segundo o mesmo autor, em nenhum outro período da vida os pais
estarão tão abertos a informações como no pré-natal.
O acompanhamento da mulher na gravidez, no ponto de vista da odontologia,
tem como objetivo manter ou resgatar a saúde bucal por meio de medidas preventivas,
curativas e de promoção de saúde proporcionando a melhoria da auto-estima da
gestante, contribuindo para uma gravidez tranqüila e uma melhor qualidade de vida.
Neste aspecto, de acordo com Shirmer et al. (2000), a assistência pré-natal de qualidade
é essencial para redução dos elevados índices de mortalidade materna e peri-natal
verificados no Brasil.
Essa atenção permite ainda trabalhar com as gestantes a educação em saúde na
tentativa de sensibilizá-las e motiva-las para melhor cuidarem da sua saúde e também da
saúde de seus filhos.
Segundo Faria (1996), apesar das gestantes representarem um grupo especial de
risco, pouquíssimos serviços de saúde que realizam pré-natal consideram a saúde bucal
das gestantes inalienável da saúde geral. Esse mesmo autor relata ainda que, médicos,
enfermeiras e dentistas ainda não se conscientizaram da necessidade de integração
interdisciplinar.
De acordo com Imparato e Echeverria (2002), a gestante traz consigo um
preconceito enorme em relação ao tratamento odontológico. O mito de que seus dentes
vão “estragar” e sua gengiva sangrar, assim como, os relatos de que os medicamentos
usados pelo cirurgião-dentista podem ser deletérios para a saúde do bebê estão incutidos
de maneira muito forte na nossa sociedade. Segundo os mesmos autores, a causa dessa
desinformação pode ser atribuída aos profissionais de saúde que por muito tempo
acreditaram nessas idéias e acabaram por não se preocupar em encaminhar as gestantes
para uma avaliação odontológica. Entretanto, essa avaliação é fundamental para a saúde
da gestante e também do seu filho, uma vez que dados da literatura mostram que uma
infecção periodontal pode ser responsável por um parto pré-maturo e pelo nascimento
de bebês com baixo peso (OFFENBACHER et al. 1996). Estes fatores somados
contribuem para o afastamento da equipe de saúde de um grupo considerado prioritário
na ESF.
Petry e Pretto (1997), relatam que a falta de entrosamento da ESB com os
médicos ginecologistas e com toda a equipe responsável pelo acompanhamento da
gestante no pré-natal, compreende, nos dias de hoje, uma falha insustentável, sobretudo
na ESF, onde a integração da equipe é fundamental para que se consiga realizar um
trabalho efetivo de prevenção, cura, promoção de saúde e melhoria da qualidade de
vida.
Enquanto essa parceria não acontecer de forma efetiva, pouco será feito para
melhorar a saúde da população. Atualmente, fala-se muito em atenção precoce e não
existe nada mais precoce do que informar e tratar gestantes, preparando-as para manter
a sua saúde e a de seu bebê. Além disso, a gestante encontra-se bastante receptivas a
novas informações, que trarão saúde para seu bebê e assim pode-se conseguir que novos
hábitos saudáveis se instalem no núcleo familiar (IMPARATO e ECHEVERRIA,
2002).
A saúde bucal da gestante é cercada de muitas dúvidas e crenças que são
passadas ao longo dos tempos, através de experiências relatadas por suas avós, mães e
outras gestantes. Á medida que a ESB amadurece como membro efetivo da ESF, tem se
buscado desmistificar crenças populares relacionadas à saúde bucal e gravidez, bem
como alguns mitos em relação ao tratamento odontológico no período gestacional,
enfatizando a importância da prevenção e da promoção de saúde.
Considerando a importância que uma assistência pré-natal integral (médica e
odontológica) assume no processo saúde/doença durante a gestação, nos inquietou
muito o fato das gestantes não terem assiduidade às consultas de pré-natal da
odontologia, a despeito da existência de um dia específico para o seu atendimento.
Neste aspecto, levando-se em consideração que o pré-natal, atualmente, é uma temática
que demanda muita atenção e que a saúde bucal inserida na ESF trabalha com grupos
prioritários, particularmente gestantes e crianças, é que resolvemos investigar neste
trabalho a percepção das gestantes em relação à saúde bucal, enfatizando como estas
gestantes estão sendo preparadas e ou motivadas para realizarem o pré-natal integrado
com a odontologia e o seu conhecimento em relação à saúde bucal na gestação, uma vez
que, dados da literatura sugerem que o nível de conhecimento da população sobre saúde
bucal é um dado importante para o planejamento e avaliação das ações de saúde bucal,
embora por si só o conhecimento não garanta uma mudança de comportamento
duradouro. Sabe-se que medidas mais amplas envolvendo mudanças no ambiente social
são fundamentais na promoção de saúde bucal (ABEGG, 1999; MOISÉS e WATT,
2000).
Desta forma, busca-se com este trabalho contribuir para melhorar a atenção
odontológica no pré-natal, para que a ESB, integrada com os demais membros da
equipe saúde da família, possa intervir de forma positiva no processo educativo,
preventivo e curativo, minimizando os efeitos negativos que as doenças de origem bucal
podem causar na gestante e no seu filho.
CAPÍTULO I
REVISÃO DE LITERATURA
1.1 Resgatando Aspectos Sobre a Saúde Bucal na Gravidez
Scavuzzi (1995) afirma que a necessidade de que as mulheres grávidas
disponham de um serviço de odontologia adequado durante o pré-natal é imperiosa e
deve ser promovida se objetivamos um futuro melhor para a saúde bucal da população.
Kahhale (1991) descreveu as repercussões clínicas das adaptações do organismo
materno durante a gestação e relatou ter observado hiperemia e edema gengival,
podendo ser causa freqüente de sangramento quando da escovação dos dentes,
merecendo cuidados de higiene para evitar gengivite. Não há evidência científica de que
a gestação per si cause alterações nos dentes, o que provavelmente ocorre é que a
gestante, por necessidade ou por orientação, recebe um número maior de refeições. Por
outro lado, o desconforto dos primeiros meses pode levar a uma prática de escovação
menos sistemática ou, ainda, a um aumento na freqüência de ingestão de alimentos ricos
em carboidratos.
Neste aspecto, sabendo-se que durante a gestação a mulher passa por algumas
alterações que interferem na sua saúde bucal, dentre elas: hipersecreção das glândulas
salivares, maior vascularização do periodonto, aumento no consumo de alimentos e a
tendência à êmese, torna-se imprescindível desfazer o mito de que o tratamento
odontológico não é indicado para mulheres grávidas e também desmistificar a crença de
que para cada gestação é natural perder-se um dente.
Segundo Konishi (1995), a gravidez não é responsável pelo aparecimento de
cárie e doença gengival e, na verdade, é uma fase ideal para implantação de bons
hábitos, pois a gestante mostra-se psicologicamente receptiva a adquirir novos
conhecimentos e mudar padrões que provavelmente terão influência no
desenvolvimento da saúde do seu bebê.
Muitas pesquisas foram feitas com o objetivo de verificar a relação entre cárie e
gravidez. Porém, de acordo com Oliveira (1990), não há comprovação científica que
possa confirmar qualquer relação entre cárie e gravidez. Assim, o aumento de cáries é
provavelmente determinado por possíveis negligências com a higiene bucal, maior
exposição do esmalte dentário ao ácido gástrico em conseqüência dos freqüentes
episódios de êmese e alterações de hábitos alimentares associados à gravidez. A
compressão exercida pelo feto, diminui a capacidade volumétrica do estômago e,
conseqüentemente, a gestante alimenta-se em pequenas quantidades, aumentando a
freqüência das refeições as quais incluem, invariavelmente, alimentos ricos em
carboidratos (cariogênicos). Esses fatores podem predispor a gestante a um maior risco
e/ou atividade de cárie.
Williams (2000) afirma que existe uma relação entre infecções periodontais e a
ocorrência de trabalho de parto prematuro, ocasionando o nascimento de bebês com
menos de 37 semanas e que, freqüentemente, estão abaixo do peso (com menos de 2500
gramas).
Esta intercorrência representa uma das maiores causas de mortalidade infantil e
muitos destes bebês que sobrevivem poderão apresentar algumas alterações como
problemas neurológicos, respiratórios e visuais (WILLIAMS, 2000).
Segundo Offenbacher et al. (1996) a doença periodontal grave aumenta para 7,5
vezes a chance de partos prematuros, sendo responsável também por nascimentos de
bebês com baixo peso. Ainda, segundo o mesmo autor, infecções periodontais poderiam
representar suficiente estímulo para que uma gestante desencadeasse um trabalho de
parto prematuro. Quatro microorganismos presentes na placa bacteriana e relacionados
à progressão da doença periodontal como Bacterióides forsythus, Porphyromonas
Gengivalis, Actinobacillus actinomycetencomitaus e Treponema dentícola foram
detectados em elevados níveis no sulco gengival de mães de bebês prematuros abaixo
do peso (OFFENBACHER et al., 1998).
Embora a mortalidade infantil tenha sido reduzida de modo significante nos
últimos anos, sabemos, entretanto, que o baixo peso em bebês prematuros ainda
continua sendo uma causa significante de morbi-mortalidade. Dentre os fatores de risco
positivos associados a esse evento destacam-se: idade da mãe (acima de 34 ou abaixo de
17 anos), baixo nível sócio-econômico, cuidados pré-natais inadequados, uso de drogas,
abuso no consumo de álcool e fumo, diabetes, infecções genito-urinárias e gravidez
múltipla.
Entretanto, vinte e cinco por cento dos casos de nascimento prematuro e abaixo
de peso normal, ocorrem sem qualquer associação com esses fatores (DESANAYAKE,
1998 e OFFENBACHER, 1996). Apesar dos esforços para diminuir os efeitos daqueles
fatores de risco por meio de intervenções preventivas e curativas durante os cuidados
pré-natais, ainda tem se observado uma grande ocorrência de nascimento de bebês
prematuros e de baixo peso.
A relação entre doença periodontal e parto prematuro se justifica com base nos
achados que a bacteremia e a endotoxinemia que ocorrem durante a doença periodontal
estão associados com a geração de mediadores inflamatórios, particularmente
mediadores lipídicos como as prostaglandinas que podem estimular o útero de mulheres
grávidas, desempenhando um importante papel no trabalho de parto (OFFENBACHER
et al., 1996). De fato, alguns autores enfatizam que uma pobre saúde periodontal é um
fator de risco para o nascimento de bebês prematuros e de baixo do peso (DASANAI
AKE, 1998).
Com base nos estudos apresentados observa-se que o período gestacional é
marcado por uma gama de alterações que, embora sejam fisiológicas, podem modificar
a condição de saúde bucal da gestante. Nesta perspectiva, ressaltamos importância da
odontologia estar inserida no pré-natal, salientando ainda a necessidade urgente de um
trabalho em equipe multi e interdisciplinar, uma vez que um dos grandes desafios do
PSF, atualmente, é a interdisciplinaridade.
1.2 Alterações fisiológicas da cavidade bucal na gravidez
Na gravidez ocorrem algumas alterações que associadas a modificações dos
hábitos de vida, podem levar ao aparecimento ou agravar doenças da cavidade bucal
como cáries e gengivites. As principais alterações bucais atribuíveis à gravidez incluem:
aumento da salivação, náuseas, êmese e alterações sobre o periodonto (KONISHI,
2002).
Salivação, náuseas e êmese
Embora ainda de causa desconhecida, a hiperatividade das glândulas salivares
nos primeiros meses de gestação é um fenômeno observado. A secreção aumentada
provém principalmente da parótida e provoca náusea e êmese ao ser deglutida. Esse
aumento do fluxo salivar cessa por volta do terceiro mês, em coincidência com o
desaparecimento da êmese gravídica.
Ainda, de acordo com Thilstrup e Fejerkov (1994) pode-se observar no final da
gestação um declínio na capacidade tampão da saliva, sendo que os mecanismos
envolvidos nessas alterações não são conhecidos, mas provavelmente estão relacionados
também com alterações hormonais. Esse declínio na capacidade tampão tem um
significado clínico importante: o risco maior nos processos de desmineralizações
acontece nos casos graves de hiperêmese que, em algumas gestantes, pode persistir por
todo o período gestacional.
Desta forma, considerando a desmineralização causada pelo declínio da
capacidade tampão da saliva, associada aos episódios de êmese que expõe os dentes
constantemente ao ácido gástrico e, somado a isto, o descuido com a higiene bucal, são
fatores que aumentam a susceptibilidade das gestantes à cárie.
Incidência de cárie na gravidez
Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de verificar se existe alguma
relação entre cárie e gravidez. Neste aspecto, Oliveira (1990) e Viegas (1970)
concluíram que não há comprovação científica que possa fundamentar qualquer relação
entre cárie e gravidez. Segundo esses autores o aumento de cárie na mulher grávida é
provavelmente determinado por possíveis negligências com a higiene bucal, maior
exposição do esmalte ao ácido gástrico (êmese gravídica) e alterações de hábitos
alimentares.
Alterações sobre o periodonto
Considerando-se as alterações hormonais durante a gestação é lícito enfatizar
que a cavidade bucal não está livre das conseqüências inerentes a essas variações
fisiológicas. O aumento no nível circulante de estrógeno e progesterona, observado
durante a gestação, causam uma maior vascularização do periodonto, deixando a
gengiva com tendência ao sangramento (STEINBERG, 1993 e THOMPSON, 1992) e
essa produção hormonal aumentada parece ter um efeito mais evidente na gengiva,
quando comparado ao efeitos sobre as demais estruturas do periodonto (STEINBERG,
1993).
Os achados clínicos mais comumente observados são:
Hiperplasia gengival - Os estrógenos estimulam a ação mitótica de células epiteliais. O
tecido conjuntivo apresenta uma maior retenção de água nos espaços intersticiais e uma
maior produção de mucopolissacarídeos. A hiperplasia é inflamatória e decorrente desse
aumento da exudação de fluidos dos vasos do tecido conjuntivo. Além disso, a
mobilidade dentária pode também acompanhar a hiperplasia gengival.
Gengivite na gravidez - Essa alteração consiste de um processo inflamatório causado
pelo acúmulo de placa bacteriana (biofilme), podendo ser uma exacerbação de um
quadro subclínico presente anteriormente ao período gestacional. De acordo com Littner
(1984), a gengiva apresenta-se brilhante, flácida, de cor vermelha viva ou carmim,
sangrando com facilidade. O edema tende a ser mais proeminente na região
interproximal do que na superfície vestibular e lingual.
Independente da presença de gravidez, vale ressaltar que a gengivite só ocorre na
presença de placa bacteriana e a não adoção de medidas de higiene bucal poderá
aumentar a ocorrência de gengivite. Desta forma, a gengivite gravídica pode ser
controlada e/ou evitada pela eliminação da placa bacteriana e de fatores locais. A
profilaxia e a escovação supervisionada feitas pela ESB, juntamente com orientações
sobre higiene bucal e controle de placa bacteriana nas gestantes, diminuirão a
freqüência e intensidade da gengivite, e até mesmo evitar o seu aparecimento.
Periodontite na gravidez – Em resposta um somatório de fatores como estresse, uso de
tabaco e mudanças psicológicas, pode ocorrer a evolução da gengivite, levando a
alterações periodontais mais graves, como a periodontite. Apesar de alguns autores
sugerirem que essa evolução demanda um período de tempo o qual, geralmente, é
superior ao período gestacional (KONISHI, 2002), existem relatos na literatura do
surgimento e/ou agravamento de uma doença periodontal pré-existente durante a
gravidez. De fato, o comprometimento das estruturas de sustentação do órgão dental no
período gestacional é provavelmente o agravamento de uma periodontite já instalada
antes da gravidez.
O tratamento, tanto para a hiperplasia gengival quanto para a gengivite e
periodontite consiste apenas na eliminação dos irritantes locais, particularmente a placa
bacteriana, e de fatores retentivos de placa bacteriana tais como margens defeituosas de
restaurações e cálculo dentário; ainda deve também ser considerado a interferência de
fatores modificadores como o cigarro, tensão, depressão e o estresse.
Granuloma piogênico - O granuloma piogênico é uma lesão benigna cuja etiologia não
está totalmente esclarecida mas que tem sido associada com gravidez, uso de
contraceptivos e traumas. Na fase gestacional observa-se um aumento tecidual
localizado, interproximal, de aspecto granuloso, indolor, podendo evoluir de tal forma
que venha interferir na oclusão. Em alguns casos, acontece a regressão pós-parto mas,
dependendo do tamanho da lesão, o tratamento é a remoção cirúrgica. O tecido
periósteo deve ser também removido, pois o granuloma é pedunculado e pode
apresentar recidiva (KONISHI, 2002).
De acordo com Tilakaratne et.al. (2000), em qualquer modificação gengival na
fase gestacional, a influência hormonal pode se manifestar alterando a composição da
microbiota da placa, agravando a reação inflamatória e inibindo a resposta imunológica.
A gravidez representa um fator secundário na etiologia das doenças periodontais,
sendo, entretanto, responsável pelo agravamento de problemas preexistentes. O
organismo da mulher grávida responde de forma exacerbada aos irritantes locais, mas
para que ocorra o desenvolvimento de alterações nos tecidos periodontais é necessária a
presença do fator primário, a placa bacteriana. Existe um consenso de que o fator
hormonal isoladamente é incapaz de desencadear a doença periodontal. Gestantes com
bom controle de placa não são acometidas por doenças periodontais. No entanto,
sempre se faz necessário a instrução de escovação e uso de fio dental e ainda, de
extremo valor, a sensibilização das gestantes sobre a importância da cavidade bucal
como uma porta de entrada para a saúde ou para a doença (MUNDIM, 1996). Além das
alterações locais ao nível do periodonto também pode se observar durante a gravidez
alterações no nível sistêmico. Neste aspecto, a Academia Americana de Periodontologia
reconhece que a doença periodontal pode ser um fator de risco para doenças sistêmicas.
De fato, as doenças infeciosas bucais têm potencial para causar efeitos sistêmicos,
comprometendo a saúde como um todo. Um estudo realizado em uma Universidade da
Carolina do Norte demonstrou que mulheres grávidas com problemas periodontais
apresentam uma probabilidade 7 vezes maior de gerarem bebês de baixo peso e
nascidos prematuramente do que gestantes que não apresentam os sinais clínicos de
alterações inflamatórias dos tecidos periodontais (OFFENBACHER,1996).
1.3 Ações de Promoção de Saúde para as gestantes
A Promoção de saúde tem como principal objetivo fazer com que o indivíduo
assuma o seu papel ativo na manutenção e recuperação do equilíbrio de seu organismo.
A expressão da doença advém de um estilo de vida não favorável para saúde
(CAPRA,1982).
A saúde e a doença relacionam-se intimamente com as condições em que as
pessoas vivem e produzem. A partir disso, pode-se dizer que o Estado e o indivíduo
têm, cada qual, uma importante parcela de responsabilidade, tanto no aparecimento da
doença como na manutenção da saúde (ARAÜJO, 2000).
A promoção de saúde é o objetivo principal no trabalho dos profissionais do
PSF. Desta forma, amplia-se a noção de território, ultrapassando assim sua lógica
setorial de intervenção governamental, sendo a saúde compreendida enquanto qualidade
de vida, associada à educação, ao urbanismo, ao meio ambiente, à cultura, a
espiritualidade, dentre outros. Esse aspecto é reforçado na carta de Ottawa que afirma
que as ações de promoção da saúde extrapolam o setor de atenção à saúde e devem estar
na agenda pública de todos os setores e de todos os níveis de governo (GLOSSÁRIO
DE PROMOÇÃO DE SAÚDE-OMS, Genebra, 1998).
Segundo a OMS (apud Berlinguer, 1993), a promoção de saúde é uma estratégia
que, envolvendo a população e o ambiente, sintetiza escolhas pessoais e a
responsabilidade social para a criação de um futuro mais saudável. Estas considerações
são importantes para se entender as limitações e evitar as atuações baseadas em
unilateralidade. Poderíamos considerar a promoção de saúde como um processo em que
a população apodera-se dos meios através dos quais busca se preservar ou favorecer o
seu bem estar e controlar os fatores que contribuem para sua vulnerabilidade. Exige,
portanto, uma postura ativa por parte de todos os envolvidos no processo. Segundo
Berlinguer (1993) “não se trata de monopólio profissional, mas sim de atividade
cotidiana que requer alta competência e comunicação profunda". Porém, esta
competência não deve ser entendida como a competência técnica dos profissionais, mas
como esforço de entender e sintetizar uma concepção nova de saúde a partir de uma
realidade dinâmica (NASCIMENTO, 2002).
Promoção de saúde bucal significa a construção de políticas públicas saudáveis,
através da criação de ambientes que apóiem escolhas saudáveis, com o fortalecimento
da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades de autocontrole, a autonomia
pessoal para práticas de autocuidado em higiene e saúde e a reorientação de serviços
odontológicos (SHEIHAM, 2000).
A participação da comunidade é um elemento essencial de promoção de saúde.
O envolvimento ativo da comunidade local em todos os aspectos da promoção de saúde,
desde a identificação de temas de saúde até formas de iniciar mudanças, é um principio
central. Um dos papéis considerado chave para os profissionais de saúde é, portanto, o
de viabilizar e reforçar a promoção de saúde nas comunidades em que atuam
(SHEIHAM e MOYSES, 2000).
1.3.1 Atividades educativas em saúde bucal
Essas ações têm o objetivo de proporcionar ao indivíduo conhecimento,
habilidade e convicção necessária para adotar um estilo de vida mais saudável. Embora
atitudes sejam muito difíceis de mudar, uma vez que se desenvolvem ao longo da vida
das pessoas, estas estão sendo estimuladas e orientadas através das atividades
educativas para transforma suas atitudes formando hábitos novos em benefício de sua
própria saúde (BLEICHER,1999).
A educação em saúde se coloca como campo de conhecimento e prática que
busca superar o distanciamento e criar vínculos entre a ação médica institucional e a
forma de agir e pensar da população. Como afirma Vasconcelos (1999), "grande parte
das práticas de educação popular nos serviços de saúde estão hoje voltadas para a
superação do fosso cultural existente entre a instituição e a população em que um lado
não compreende a lógica e as atitudes do outro".
Bordin e Silva (1994) afirmam que as atividades de educação em saúde podem
ser vistas como um mecanismo de interação entre o saber científico e o saber popular.
Assim, possibilita, a médio e longo prazo, que o indivíduo exerça maior prevenção e
controle de doenças que possam vir a instalar-se e que a coletividade seja um agente
organizado de intervenção sobre os determinantes imediatos ou estruturais do processo
saúde doença.
Na prática clínica, usualmente, recorre-se intuitivamente a estratégias educativas
voltadas para o convencimento do paciente, ou seja, fazê-lo abandonar suas convicções
anteriores sobre o problema e aceitar o diagnóstico e a conduta prescrita (GAIÃO,
2003).
Segundo Costa et. al., (1997), educar para a saúde é transforma comportamentos,
na tentativa de inserir hábitos saudáveis na população. Os autores enfatizam que o
processo educativo apresenta um desempenho extremamente dinâmico e ocorre pela
soma lenta e gradativa da troca de informações e de experiências que envolvem, no seu
contexto, métodos e técnicas de ensino-aprendizagem que podem ser melhoradas a
partir do questionamento e aperfeiçoamento dos mesmos.
Segundo Freire (1980), “a conscientização tem um ato de conhecimento, uma
aproximação crítica da sociedade (não basta estar frente para a realidade), exigindo
que os homens criem sua existência com o material que a vida lhes oferece".
Não basta educar bem e democraticamente, é necessário fazer o possível para
resolver os problemas de sua comunidade ou para que ela tenha condições de resolver
seus próprios problemas. Ao apoiar a organização coletiva de uma comunidade de
forma que os problemas comuns, inclusive o de saúde bucal, possam ser discutidos, a
ESB estará dando um passo importante na direção da conscientização da comunidade
(GAIÃO, 2003).
Segundo Pinto (1992), a sistemática educativa varia de acordo com o indivíduo
ou a população-alvo a atingir. Pode estar dirigida à população em geral, a uma
comunidade limitada, aos freqüentadores de um centro de saúde, aos alunos de uma
escola, aos familiares de pacientes ou alunos e, finalmente, a cada paciente em cada
consulta.
13.2 Controle de placa bacteriana através da higiene bucal supervisionada
Para a prevenção das doenças bucais, o controle da placa bacteriana assume um
importante papel. Embora nos últimos anos tenham surgido substâncias químicas
efetivas na redução ou eliminação da placa, o controle mecânico, através da escovação e
uso do fio dental, é reconhecidamente o método mais eficiente para a manutenção da
saúde bucal (MASTRANTONIO et.al., 2002).
Parece não existir dúvidas sobre o impacto positivo da higiene bucal no nível de
saúde (WALTER et.al.,1996). No entanto, por diversos motivos essa prática ainda não
se constitui uma rotina na maioria das comunidades.
A ESB do bairro Lagoa dos Santos orienta a técnica de escovação, fazendo o uso
de corantes que quando em contato com a placa bacteriana vão deixá-la visível,
facilitando sua remoção através de uma boa escovação. Segundo Bonow et. al., (2002),
a visualização da placa bacteriana, através da utilização de corantes, durante as ações de
promoção de saúde bucal permitindo a remoção da mesma pelo próprio paciente,
orientando-os e estimulando-os para a prática da higiene bucal torna-se fundamental
para a remoção da placa das superfícies entre as gengivas.
1.3.3 Aconselhamento sobre a dieta/nutrição
O estado nutricional da gestante tem implicações importantes tanto para sua
própria saúde quanto para a do bebê. Portanto, o aconselhamento da dieta é fundamental
em termos nutricionais e em relação à freqüência de produtos açucarados
(KONISHI,2002). Faz-se necessário repensar o papel da dieta nos fatores de risco de
determinadas doenças. A sociedade está sofrendo de inúmeras enfermidades sócio-
crônico-degenerativas-modernas. A obesidade, o câncer, o diabetes, o estresse e a cárie
têm como causa comum o estilo de vida do homem moderno. A dieta tem papel
importante nesse processo, sendo determinante no processo saúde/doença.
A alimentação equilibrada da mãe na fase gestacional vai lhe assegurar mais
saúde e o desenvolvimento saudável do bebê. Se existir deficiência na dieta da mãe o
feto pode não se desenvolver adequadamente. A dieta ainda tem um papel importante
durante a odontogênese. Os processos de formação e desenvolvimento dentário têm
início por volta da sexta semana de gestação. A deficiência de vitaminas ou a falta de
cálcio e fosfato pode influenciar no processo de maturação, na morfologia, na
composição química, na física, no tamanho e no tempo de erupção. Os nutrientes são
necessários tanto para o bebê, pois desempenham papel importante na divisão celular e
desenvolvimento, quanto para a mãe que assegura a sua própria saúde bem como sua
capacidade de produzir leite e amamentar o bebê (KONISHI,2002).
Um outro aspecto que deve ser considerado é a formação do paladar do bebê. Os
mecanismos para a degustação começam a se instalar por volta da décima quarta
semana. O bebê fica em contato gustativo com o líquido aminiótico. A alimentação da
grávida modifica a qualidade do líquido para mais ou menos doce. O bebê pode ainda se
acostumar com a alta taxa de glicose do sangue da mãe e quando nasce, já pode ter o
paladar mais voltado para o açúcar. Na verdade, o útero é uma escola onde o bebê
aprende e ele vai gostar do que conheceu na vida intra-uterina. O açúcar natural dos
alimentos é suficiente para suprir as necessidades da mãe e do feto e assegurar o
desenvolvimento integral do bebê (KONISHI,2002).
1.3.4 Fluorterapia na gestação
Nos últimos anos, a suplementação de flúor na gravidez tem sido questionada.
Apesar do efeito do flúor ser predominantemente pós-eruptivo, as administrações
sistêmicas têm sido prescritas (LEVERETT, 1997). Fernandes e Cury (1993),
observaram que nas formulações de flúor em que este encontra-se associado a sais
minerais e vitaminas pode haver uma redução de aproveitamento do flúor e do cálcio.
Embora a redução de absorção do flúor no período pré-natal não seja preocupante
quanto ao efeito cariostático, o mesmo pode não ser verdade em relação ao cálcio,
importante para a gestante e o feto. Os autores sugerem a não utilização desses
medicamentos que contêm flúor associados a sais minerais e vitaminas.
No entanto, a fluorterapia tópica deve sempre ser considerada, de acordo com a
necessidade de cada caso. O uso de dentifrícios fluoretados, aplicações tópicas de flúor
gel pelos profissionais, bochechos com soluções fluoretadas e utilização de materiais
que liberem flúor deve ser indicado para a prevenção e, sobretudo, para o controle da
cárie.
1.4 A Construção do SUS e a Concretização da Atenção Básica
A VIII Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília em março de 1986
e promovida pelo Ministério da Saúde, é considerada um marco histórico para as
reformas que estão sendo processadas no setor saúde nas últimas décadas e contou com
a participação de diversos setores organizados da sociedade (AROUCA e FLEURY,
1988).
Naquele momento havia um consenso entre os participantes que para o setor
saúde no Brasil não era suficiente uma mera reforma administrativa e financeira, mas
sim uma mudança em todo o arcabouço jurídico institucional vigente, que contemplasse
a “ampliação do conceito de saúde segundo os preceitos da reforma sanitária”
(PUGIN, 1996).
Os primeiros temas debatidos nesta conferência foram: saúde como direito de
cidadania, reformulação do sistema nacional de saúde e o financiamento do setor. Esta
conferência tornou-se diferente das demais pela participação de setores organizados da
sociedade, dando ênfase a valiosa participação de usuários e também pela quantidade de
pré-conferências de cunho estadual e municipal que foram realizadas.
O relatório gerado pela VIII Conferência Nacional de Saúde, Brasil (1986), foi
referência para os constituintes dedicados à elaboração da Carta de 1988, bem como
para os militantes do “Movimento Sanitário Brasileiro” (ARROUCA, 1991).
De acordo com ANDRADE (2001), a constituição é fruto de todo um acúmulo
de mobilização de vários setores e segmentos da sociedade brasileira. O seu texto final é
produto da mediação dos vários interesses dos atores sociais envolvidos no processo.
Ela configurou um arcabouço jurídico-normativo com ferramentas fundamentais para a
construção de políticas públicas a partir de um novo pacto federativo. Este fato
desencadeou, desde 1988, um importante processo de descentralização jamais visto na
história brasileira. Um outro fato que inovou na constituição brasileira foi a introdução
do conceito de seguridade social, sendo a primeira constituição a aplicar este conceito.
Composta pelo tripé saúde, previdência e assistência social (CAMPOS, 1992;
DALLARI, 1995).
Alguns fatos importantes ocorreram entre a VIII conferência de 1986 e a
constituição de 1988 e alguns desses se destacam como: a criação do Conselho Nacional
de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), e a criação do Sistema Unificado e
Descentralizado de Saúde (SUDS), com o decreto presidencial (ANDRADE, 2001).
O SUDS representou, naquele momento, um rearranjo institucional, objetivando
prioritariamente a universalização do atendimento com a redefinição dos princípios de
integralidade, hierarquização, regionalização do sistema de saúde e controle social. A
sua implantação se deu através de convênios firmados entre o Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) e as secretarias estaduais de saúde;
foi importante na reforma administrativa do setor, introduzindo elementos
racionalizadores e tendo também conseqüências políticas, como o desmonte da máquina
previdenciária e a alteração da correlação de forças até então vigentes (MUELLER
NETO, 1991).
Com a criação do CONASEMS e do CONASS, novos atores sociais entraram
em cena na luta pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como pela
descentralização das ações e serviços. Segundo Goulart (1996):
“O CONASEMS integra,
então, a recém-criada
Plenária das entidades de
saúde, junto a representações
sindicais, de trabalhadores de
saúde, de usuários,
portadores de deficiências e
outros grupos. Tal
articulação passa a ser uma
das características marcantes
do movimento, qual seja sua
interação com outros
segmentos sociais.”
Estes movimentos culminaram por garantir na constituição de 1988 a saúde
como um direito social universal a ser garantido pelo Estado. É criado então o Sistema
Único de Saúde (SUS), que representou um importante ponto de inflexão na evolução
institucional no Brasil e determinou praticamente uma total “reengenharia
institucional”, ao introduzir um novo arcabouço jurídico no campo das políticas
públicas em saúde.
Segundo Andrade (2001), a Constituição brasileira promulgada em outubro de
1988, propõe a construção de um Sistema Único de Saúde e estabelece que a saúde deva
ser entendida como “direito de todos e dever do Estado”, devendo ser garantida
mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução dos riscos de doenças e
outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção,
proteção e recuperação da saúde. A aprovação desse texto legal tem sido considerada
um grande avanço para a saúde no Brasil. Fruto de quase uma década de lutas pela
melhoria da saúde no país, que envolveram diversos segmentos da sociedade como os
movimentos populares de saúde, técnicos, sindicalistas, universidades e outros
movimentos sociais, a proposta do SUS incorpora princípios e diretrizes que apontam
para o compromisso do Estado em responsabilizar-se por promover as condições
necessárias para a saúde dos cidadãos. O artigo 192 da Constituição de 1988 estabelece:
“A saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantindo
mediante medidas políticas
sociais e econômicas que
visem a redução do risco de
doença e de outros agravos e
ao acesso universal e
igualitário às ações e
serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.”
Trata-se, pois, de uma política avançada e que contempla, além do direito à
saúde, a participação da população na gestão dos serviços, a integralidade e a equidade
das ações como princípios norteadores.
O SUS é definido como uma rede regionalizada e hierarquizada que possui
como diretrizes a descentralização, a integralidade e a participação da comunidade e
como princípios, a universalidade, a equidade, a igualdade da assistência à saúde e a
resolutividade dos serviços.
O Brasil é um país com grandes desigualdades sociais, decorrentes do modelo
econômico excludente sendo que, nos últimos anos, poucas medidas efetivas têm sido
implementadas para diminuir as desigualdades sociais. O processo de implementação do
SUS vem acumulando experiências positivas no território nacional, sobretudo em
relação à descentralização político-administrativa da rede de serviços, a garantia de
acesso universal ao sistema público com efetiva ampliação de cobertura de assistência à
saúde, tanto na rede básica como nos serviços especializados e o fortalecimento dos
mecanismos de legitimação da participação popular, através da criação de conselhos
gestores nas diferentes esferas de administração dos serviços (MS, 2002).
No entanto, nos deparamos com inúmeras dificuldades na operacionalização da
equidade e integralidade da assistência em saúde, principalmente pela falta de um
modelo de assistência que contemplasse a incorporação dessa nova responsabilidade do
setor saúde. A concretização desses princípios requer, entre outros aspectos, a
estruturação de um novo modelo assistencial, cujo foco da atenção não seja dirigido
somente ao tratamento das doenças, mas contemple os determinantes das condições de
saúde de uma dada população. (MS, 2002). Desta forma, surgiu o PSF como uma
estratégia de substituição e reestruturação do modelo de atenção à saúde.
1.5 Programa de Saúde da Família como Estratégia de Reorientação do SUS
O PSF, implantado pelo Ministério da Saúde em 1994 é considerado uma
estratégia para uma inversão do modelo de atenção.
Segundo Franco e Merhy (1999), a implantação do PSF tem o objetivo de
proceder a reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios em
substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para cura de doenças e
centrado no atendimento hospitalar. No PSF, a atenção está centrada na família,
entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social, o que vem possibilitando
às equipes do PSF uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da
necessidade de intervenções que vão além das práticas curativas.
O primeiro contato da população com o serviço local de saúde é feito através da
equipe do PSF, o que faz desse programa a porta de entrada para o SUS. Como afirma
Araújo (2001), o PSF funciona como porta de entrada dos usuários do SUS. É uma
estratégia adotada para resolver a maior parte dos problemas de saúde e é voltada à
atenção básica.
A equipe de saúde planeja suas ações com base no conhecimento da população e
na área em que está inserida. Ou seja, se faz necessário o reconhecimento do território,
o que implica reconhecer a área geográfica que a Unidade Básica de Saúde (UBS) deve
cobrir com seus limites, áreas de riscos, barreiras, infra-estrutura de serviços e
características de habitação, trabalho, espaços sociais, transportes, lazer e outros. Ainda,
deve identificar áreas de risco para que possa planejar e priorizar ações direcionadas
inicialmente para áreas de maior risco, reconhecer o território e, sobretudo, conhecer as
pessoas que nele vivem e as relações de convivência.
Segundo Sposati (2001), o território é o espaço onde podemos intervir nas
condições objetivas de exclusão, construindo condições de inclusão. Esse processo
supõe participação, pois está incluído significa não só condições materiais mas,
sobretudo democracia, cidadania e felicidade.
Uma outra noção relevante é a de que território contém inúmeros lugares; e lugar
é um conceito chave de geografia. Nessa porção do espaço é onde se desenvolve a trama
das relações sociais de cada indivíduo e que produz a identificação com o lugar. O
significado de cada lugar é dado pelo seu uso: lugar de produzir e lugar de consumir,
lugar de adoecer e lugar de curar, lugar de amar e lugar de lutar (CARVALHO, 2001).
Nessa visão, esses espaços são campos privilegiados de ação que podem permitir a
implementação de medidas inovadoras com a inclusão de atores sociais locais no
estabelecimento das políticas públicas. Nessa lógica, o PSF possibilita a participação
dos cidadãos na gestão pública e no controle das condições que podem interferir na sua
saúde e da coletividade onde vivem e trabalham. É, portanto o espaço de aprendizado e
conquista da cidadania.
Pode-se nesse momento reforçar o entendimento do conceito de território
trazendo a idéia de que o território constitui-se como “ator” e não apenas como um
“palco”. Significa entendê-lo no seu papel ativo, ou seja, como um espaço que dinamiza
as relações, que integra culturalmente e que se converte em um espaço de respostas
possíveis aos propósitos sociais, econômicos, políticos e culturais de nossa época
(CASTELLS e BORJA,1996; SANTOS e SILVEIRA,2001).
Esta é a grande diferença que o PSF traz para reorganizar a atenção básica, pois
permite direcionar o serviço a quem mais necessita e planejar a partir do real
conhecimento da área e da população adscrita, alvo das ações de saúde.
De acordo com Souza (2000), o PSF foge da concepção usual dos programas
tradicionais concebidos no Ministério da Saúde, pois não se trata de uma intervenção
pontual no tempo e no espaço e tampouco de forma vertical ou paralela às atividades
rotineiras dos serviços de saúde. Ao contrário, objetiva a integração e a organização das
atividades em um território definido, com um propósito de enfrentar e resolver os
problemas identificados com vistas às mudanças radicais no sistema de forma articulada
e perene.
Portanto, o PSF não se constitui em uma proposta paralela na organização dos
serviços de saúde mas sim numa estratégia de substituição e reestruturação do modelo
de atenção, tendo como uma de suas principais características à assistência integral.
Outra característica é o trabalho em equipe inter e multidisciplinar onde todos trabalham
numa perspectiva interativa.
Rompendo a tradição de programas tradicionais, sua inovação é a possibilidade
de reorganização das atividades através do trabalho em equipe. Cada equipe atua dentro
de um território definido e com uma população adscrita. A equipe deve entender a
família e o seu espaço social como núcleo básico de abordagem e não mais o indivíduo
isoladamente; presta assistência integral, resolutiva, contínua e de boa qualidade; buscar
intervir sobre os fatores de risco; e agir buscando a humanização das práticas de saúde,
a criação de vínculos de compromisso e co-responsabilidade entre os profissionais de
saúde e a comunidade; promover o desenvolvimento de ações intersetoriais através de
parcerias; promover a democratização do conhecimento do processo saúde/doença, da
organização do serviço e da produção social da saúde; estimular o reconhecimento da
saúde como direito de cidadania e organização para efetivo exercício do controle social
(SOUZA, 1999).
Segundo Vasconcelos (2001), nesse novo modelo de atenção à saúde é nítida a
quebra do poder centralizador dos médicos. Predomina um discurso igualitarista que
põe em pé de igualdade todos os profissionais, entre os quais os Agentes Comunitários
de Saúde. Mesmo que o discurso não corresponda totalmente à prática diária, estrutura-
se uma série de mecanismos (assembléia de funcionários, reuniões de equipe, encontro
de avaliação), nos quais cada profissional conta, pelo menos com a possibilidade de
participar na definição de prioridades e estratégias e no enfrentamento dos problemas
detectados.
Tudo é problema de todos. Ao mesmo tempo, a maior inserção desses serviços
de atenção primaria à saúde no meio popular, em virtude da sua localização e ligação
com os movimentos sociais, cria condições para que a globalidade dos problemas de
saúde se manifeste desafiando as limitações e competências individuais dos vários
profissionais e especialistas. Assim, a interdisciplinaridade passa a ser cobrada não só
pela vontade de alguns deles, mas também a partir das demandas da população. O
intercâmbio entre os vários profissionais passa a existir não apenas na definição de
estratégias globais do serviço mas também, para enfrentar os pequenos problemas de
saúde. A partir da articulação com diferentes formações, estrutura-se aos poucos uma
prática de saúde alargada (não simplificada) em que as várias dimensões da doença
passam a ser enfrentadas. Com a pressão dos grupos populares locais, as dimensões
coletivas dos problemas de saúde incorporam-se no cotidiano do serviço.
Esta estratégia estruturante que é o PSF pode ser ponto de partir da para a
articulação
de vários atores, seja para interferir na saúde como qualidade de vida de uma população,
seja para resolver questões relacionadas a doenças e fatores de risco; como proposta de
promoção de saúde é universal e não uma estratégia para ser aplicada em um território
pobre para uma população pobre. Todos os territórios têm problemas e é necessário
articulação dos diferentes atores envolvidos com eles para que estes se resolvam. A
forma de articulação é que pode variar, mas a organização social em redes sociais é a
forma como a sociedade tem se reorganizado para conhecer e intervir em realidades
complexas, como as que o SUS tem que dar conta, em um mundo globalizado e caótico
como este que se descortina no início deste século (JUNQUEIRA, 2000; WESTPHAL e
MENDES, 2000).
Segundo Marques (1999), rede social é entendida como “campo presente em
determinado momento, estruturado por vínculos entre indivíduos, grupos e
organizações construídos ao longo do tempo”. Os vínculos que as equipes de saúde da
família e outras estratégias de promoção de saúde têm de desvendar são de diversas
naturezas, podem ter sido construídos intencionalmente ou não e estão em constante
interação e transformação.
A análise de rede para o entendimento da realidade social e muito apropriada
para os que trabalham na perspectiva da promoção da saúde e que têm uma percepção
da realidade social como uma complexidade, um conjunto de relações de rede tanto
pessoais como organizacionais, onde a posições dos atores nessa redes é que moldam
suas práticas e valores.
Desta forma, a implantação do PSF traz um grande desafio para os trabalhadores
de saúde, o de rever sua prática diante de novos paradigmas. Esta revisão se faz
necessária pelo fato de que esta estratégia requer um novo modo de atender às
necessidades de saúde do indivíduo e de sua família, pois ele deve ser visto de forma
integral e, para que isto ocorra, as equipes deverão repensar o processo de trabalho em
saúde, adotando novas metodologias, instrumentos de trabalho e conhecimentos. Esta
transformação e necessária para enfrentar os grandes problemas de saúde da população
(MELO e ARAÚJO,1992).
1.6 A Inserção da ESB na Estratégia de Saúde da Família
As primeiras discussões sobre a expansão do PSF de forma a incluir outras
categorias profissionais e, conseqüentemente, outras ações básicas em saúde surgiram
na esfera federal já em 1994, quando o PSF ainda era um projeto em vias de
institucionalização no ministério da saúde. Instituições de alcance nacional, tais como o
CONASS e especialmente o CONASEMS, chegaram a formalizar documentos nesse
sentido. Mas essas “primeiras” discussões não se traduziram imediatamente na
“engenharia programática” do PSF federal, ainda que possam ter alcançado ou,
simplesmente, correspondido a algumas iniciativas estaduais e municipais isoladamente
(ZANNETTI, 2002).
O grande desafio para a odontologia atualmente, é o da Promoção de Saúde, que,
de acordo com SILVA (2001), é o processo pelo qual as pessoas ganham conhecimento,
se conscientizam e desenvolvem habilidades necessárias para alcançar saúde bucal.
Através da Portaria-MS 1444 de 28 de dezembro de 2000 o Ministério da Saúde
estabeleceu incentivo financeiro para a reorganização da atenção à saúde bucal prestada
nos municípios por meio do Programa de Saúde da Família. Essa portaria define que os
municípios que qualificarem as ações de saúde bucal receberão incentivo financeiro
anual por equipe implantada, de acordo com a composição, que pode ser: modalidade I
– CD e ACD (40 horas) ou modalidade II – CD, THD e ACD (40 horas). Estabelece
também que cada equipe de saúde bucal deverá atender, em média, 6900 habitantes;
para cada equipe de saúde bucal a ser implantada deveram estar implantadas duas
equipes de saúde da família e para os municípios com menos de 6900 habitantes poderá
ser implantada uma equipe de saúde bucal com uma ou duas equipes de saúde da
família implantadas (SES/SP, 2001).
Esta portaria define as seguintes atividades como específicas da equipe de saúde
bucal: Conhecer a realidade das famílias do território sob sua responsabilidade a partir
de informações de natureza sócio-econômica e cultural; Identificar os problemas de
saúde bucal prevalentes e situações de risco aos quais a população está exposta;
Elaborar, em conjunto com os demais membros da ESF e a população, plano de ação
para o enfrentamento dos principais problemas identificados e definir a estratégia de
prioridades para o atendimento odontológico; Prestar atenção integral e contínua a
demanda organizada ou espontânea, na unidade de saúde da família, na comunidade e
no domicílio; Realizar ações educativas sobre saúde bucal, tanto individual como
coletivamente, inserindo-se nos grupos já existentes ou criando outros para este fim;
Desenvolver ações intersetoriais quando se fizer necessário; Avaliar as suas ações
conforme instrumentos desenvolvidos na SMS; Avaliar o impacto das ações
desenvolvidas; Registrar os dados no SIAB.
O governo do Estado de Goiás, através da Secretaria de Saúde, no ano de 1995
definiu a Saúde da Família como sendo um programa estruturante por viabilizar a
inversão do modelo de atenção à saúde, até então predominantemente centrada na
doença, com enfoque individual (BARRETO et. al., 2000). A Secretaria Municipal de
Saúde de Formosa (SMS/Formosa) iniciou a implantação do PSF em 1997 e atualmente
conta com 40 equipes, sendo 27 na sede e 13 nos distritos rurais (SIAB, 2003).
Embora as equipes de saúde bucal (ESB) tenham sido inseridas oficialmente
após seis anos do início do PSF, essas equipes foram surgindo já em 1998 em alguns
municípios, por iniciativa própria desses que perceberam a necessidade de odontólogos
nessa estratégia.
Em Goiás, o Conselho Estadual de Saúde (CESAU) incluiu serviços e ações de
saúde bucal no saúde da família em 1998. Os municípios de Rio Verde, Aparecida de
Goiânia e Formosa foram os pioneiros no Estado.
Do ponto de vista de Saúde da Família, as ações de saúde bucal também devem
ser organizadas para que passe a existir uma relação nova com a comunidade, baseada
na atenção, na confiança e no respeito mútuo. A ESB é vista como profissionais que
podem de fato desempenhar um papel decisivo nos bons resultados na estratégia Saúde
da Família (MS, 2001). É necessário, portanto, que os profissionais da ESB conheçam,
aceitem e pratiquem os conceitos da saúde da família e desenvolvam hábitos para o
trabalho multiprofissional (MS, 2001). Dentro desta perspectiva, é fundamental que a
ESB pense como uma de suas atribuições a construção de um novo referencial em saúde
bucal, tendo em vista a substituição da superespecialização pelo paradigma da saúde
coletiva, a aproximação da saúde bucal com a área médica e a integração com toda a
equipe de saúde (MS, 2001).
Para a ESB, tem sido um grande desafio a formulação de estratégias para a
sistematização do serviço pautadas na promoção de saúde, objetivando uma maior
resolutividade para as situações de agravo, estabelecer metas e definir prioridades para
organização da demanda, com ênfase na abordagem integral dos usuários.
Nesta perspectiva, para se desenvolver um trabalho dentro do modelo proposto,
ou seja, deslocando o foco de atenção centrado na doença para estratégias centradas na
promoção de saúde, se faz necessário conhecer a realidade local onde as definições de
prioridades dever ser construídas pelos diferentes atores envolvidos na área. Isto
significa dizer que é imprescindível fortalecer os vínculos entre os profissionais de
saúde e entre eles e a comunidade. Por fim, mas não menos importante, é válido
enfatizar a necessidade de deslocar o saber e o poder centrados na figura do profissional
para a equipe interdisciplinar e a comunidade.
1.7 Aspectos Culturais do cuidado em Saúde das Gestantes
Refletir sobre cultura nos conduz imediatamente a pensar sobre normas, valores,
crenças, hábitos, atitudes e comportamentos (SAITO et. al., 1999).
Segundo Pinto (1989), os hábitos estão diretamente relacionados ao modo de
como a pessoa vive, fruto, portanto, do que foi construído ou adotado pelos indivíduos
no interior de seu campo cultural.
Tylor apud Laraia (1986), foi o primeiro antropólogo a formular o conceito de
cultura como sendo um todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a
moral, o direito, os costumes, e quaisquer outros hábitos e capacidades adquirida pelo
homem enquanto membro da sociedade.
Na área da educação, Freire (1996) observa a importância de se reaver o
conceito antropológico de cultura no processo pedagógico. Esse conceito esclarece o
papel dos homens no mundo e com o mundo, como seres da transformação e não da
adaptação. De acordo com Monticelle (1994), o cuidado cultural são os valores, as
crenças e as expressões padronizadas conhecidas que assistem, apóiam ou capacitam o
indivíduo ou grupo a manter o bem-estar, implementar condições humanas de vida ou
enfrentar a morte e as incapacidades.
Neste aspecto, a ESB para ser capaz de prestar este tipo de cuidado, melhor
entender e assistir a sua comunidade deve ser capaz de entender as crenças, valores e
expectativas de cada pessoa. Desta forma, para exercer este cuidado com as gestantes
em seu âmbito familiar, é necessário fortalecer os vínculos, indo ao encontro da cultura
de cada família, para melhor conhecer o seu cotidiano e entender as diferenças culturais
entre seus membros, tornando-os co-responsáveis no processo de cuidar.
Para Helmann (1994), a antropologia médica é um ramo da antropologia social e
cultural que cuida dos aspectos biológicos e sócio-culturais do comportamento humano
e, em particular, das formas com que tais aspectos interagem e tem interagido no
decorrer da história da humanidade, influenciando a saúde e a doença. Seu foco não é
apenas no indivíduo, mas sim na família, conhecendo os atributos sociais e culturais da
sociedade em que vive. Portanto, seu objetivo é o estudo holístico da humanidade.
Assim, a antropologia médica é uma disciplina biocultural que procura relacionar dados
físicos e psicológicos, de um lado, a dados sociais, culturais e epidemiológicos, de
outro.
De acordo com Ferrari e Kaloustian (1998), há ainda um consenso em torno da
família, vista como um espaço privilegiado de socialização, de prática de tolerância e
divisão de responsabilidades, de busca coletiva de estratégias de sobrevivência e lugar
inicial para o exercício da cidadania sob o parâmetro da igualdade, do respeito e dos
direitos humanos. A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência,
do desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou da forma como está se estruturando. É a
família que propicia aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao
desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo
na educação formal e informal; é em seu espaço que são absorvidos seus valores éticos
e humanitários, é onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu
interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores
culturais.
A família indica a variedade de caminhos culturais, educa os seus membros na
transmissão das práticas de saúde e preserva sistema de crenças que terão peso nas
interações no âmbito familiar (ANDREW e BOYLE, apud COSTA, 1998 ).
Em todos os conceitos, a família tem funções sociais. A cada época da vida do
ser humano são incorporadas práticas, crenças, valores e costumes familiares que vão
influenciar no desenvolvimento da identidade cultural, pessoal e grupal (CHAGAS,
2001 ). É com a família que a gestante conta sempre e é em seu seio que se disseminam
todos os valores culturais e formas de cuidado. Portanto, o laço que as une com a
família é muito forte (CHAGAS, 2001).
A gestante, pelo fato de ser mulher, desde cedo exerce o hábito de “cuidar”, seja
da beleza, da casa, dos irmãos, dos filhos ou do marido. Portanto, é de grande valia que
a ESB tenha um conhecimento mais amplo em relação às pessoas que estão sob seus
cuidados, bem como suas famílias, para assim poder construir estratégias de promoção
de saúde visando melhorar sua qualidade de vida. Para Marcon (1999), são estas
diferentes formas de manifestações do “cuidar” que faz da mulher o centro desse
processo no seio familiar.
De um lado, o paciente que conhece intensamente a realidade onde está inserida
sua doença e carregado de crenças, saberes e estratégias de intervenção nesta realidade.
De outro lado, o profissional de saúde com conhecimentos científicos sobre o problema,
mas também carregados de crenças próprias da cultura do grupo social de onde veio. Na
medida em que cada um sabe dos seus limites, é possível estabelecer uma relação
pedagógica onde o diálogo não é apenas uma estratégia de convencimento, mas a busca
de uma terapêutica mais eficaz por estar inserida na cultura e nas condições materiais do
paciente, como também por estar aberta a outras lógicas de abordagem da doença.
Agindo dessa forma contribui-se tanto na formação de cidadão mais capazes de gerirem
sua saúde, como na superação dos limites da medicina popular (VASCONCELOS,
1999).
Desta forma, torna-se de fundamental importância conhecer os aspectos
sócioculturais da comunidade por parte da ESB, sobretudo identificando a sua
percepção sobre saúde bucal na gravidez, para melhor planejar e avaliar as ações de
saúde bucal.
CAPÍTULO II
METODOLOGIA
2.1 Tipo de Estudo
O presente estudo foi de natureza exploratória-descritiva, com abordagem
quantitativa e qualitativa, que visou avaliar a percepção das gestantes do bairro Lagoa
dos Santos, no município de Formosa-GO, sobre a atenção odontológica na gravidez.
De acordo com Minayo (1992), a fase exploratória compreende a escolha do
tema, delimitação do problema, assim como a caracterização do objeto e dos objetivos,
os quais são importantes no desenrolar da investigação.
Segundo Triviños (1987), o estudo exploratório permite ao pesquisador
aumentar suas experiências em torno de um determinado problema. Ainda, o estudo
descritivo permite conhecer uma comunidade, seus traços, características, seus
problemas, seus valores e seu cotidiano (GIL, 1996).
Entretanto, segundo Salomon (1991), o estudo descritivo é uma abordagem que
registra, analisa e interpreta a natureza atual da realidade. O enfoque deste método é
sobre as condições dominantes da realidade, ou como uma pessoa, grupo ou coisa, se
conduz ou funciona no presente, empregando para este fim a comparação e o contraste.
De acordo com Polit e Hungler (1995), a investigação quantitativa tende a
enfatizar o raciocínio dedutivo e os atributos mensuráveis da experiência humana,
enfatizando a objetividade na coleta e análise das informações, permitindo diagnóstico
inicial da população estudada.
2.2 Sujeitos do Estudo e Amostra
A população deste trabalho constituiu-se de 90 gestantes, residentes no bairro
Lagoa dos Santos, do município de Formosa-GO, que no período do estudo estavam
realizando sua consulta de pré-natal na UBS do bairro supracitado. A amostra foi
representada por um grupo de 36 gestantes, escolhidas aleatoriamente, correspondendo
a 40% da população. O critério de inclusão foi estar gestante e realizar o pré-natal na
referida UBS.
2.3 Local e Período do Estudo
O presente estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde Lagoa dos Santos,
localizada no bairro Lagoa dos Santos. A coleta de dados foi realizada no período de
março a abril de 2006.
O bairro Lagoa dos Santos está situado em uma área baixa e úmida da cidade de
Formosa, no estado de Goiás. Por sua característica pantanosa, é bastante conhecido
como Pantanal . Surgiu em dezembro de 1989, a partir de invasões e posteriormente de
doações de lotes pela Prefeitura Municipal a famílias carentes, que foram construindo
suas casas. Segundo o relatório de análise de situação da área do ano de 2002, foi
através da organização política dos moradores, que vieram alguns benefícios como água
encanada e luz elétrica.
Em 1997, com a municipalização da Saúde em Formosa no regime de gestão
plena dos vários níveis de atenção, foi implantada uma equipe de Saúde da Família no
bairro, juntamente com outras equipes em todo o município. Esta equipe dava cobertura
também ao bairro Parque das Laranjeiras, que se localiza em área circunvizinha.
No ano de 1998 foram realizadas as obras de saneamento do bairro, que visava
abranger a totalidade dos domicílios. No entanto, hoje, o saneamento representa 80%
das habitações, devido ao constante crescimento que caracteriza a maior parte dos
bairros da periferia das cidades que estão em desenvolvimento, como é o caso de
Formosa.
Com a ampliação do número de equipes do PSF ocorrida em 1998, foram
alocadas para o bairro Lagoa dos Santos duas equipes do Programa de Saúde da
Família, composta por 02 médicos, 03 enfermeiras, 01 cirurgião-dentista (CD), 02
auxiliares de cirurgião-dentista (ACD), 08 agentes comunitários de saúde, 4 auxiliares
de enfermagem, além de agentes administrativos, vigilantes, auxiliares de serviços
gerais e cozinheira. Atualmente, a UBS do bairro Lagoa dos Santos conta com os
mesmos recursos humanos. Entretanto, somou-se a essa equipe 01 CD, constituindo
desta forma 02 equipes de saúde bucal, e 01 fisioterapeuta. Neste bairro, a equipe do
Programa de Saúde da Família, dá cobertura a uma população de
aproximadamente 7.568 habitantes Em março de 2000 foi inaugurada a Unidade Básica
de Saúde Lagoa dos Santos substituindo o antigo posto de saúde, onde as instalações
estavam aquém das necessidades da comunidade.
Nesta unidade são realizadas ações de atenção básica, além das sete áreas
básicas preconizadas pelo Ministério da Saúde (saúde da mulher, saúde da criança,
odontologia, hipertensão, diabetes, tuberculose e hanseníase), incluindo terapia
comunitária. Todas essas ações buscam atuar no complexo contexto da realidade do
bairro que tem importantes marcadores de pobreza e violência. Considerando-se que os
hábitos saudáveis devem começar com a educação das gestantes, que devem ser
orientadas sobre a sua higiene bucal, o uso de fluoretos e a melhor dieta a seguir durante
a gestação, a ESB do bairro Lagoa dos Santos desenvolve junto ao grupo de gestantes
ações de promoção de saúde bucal, das quais destacam-se: atividades educativas em
saúde bucal (palestras, dinâmicas, oficinas), controle da placa bacteriana através de
higiene bucal supervisionada, aconselhamento sobre a dieta/nutrição e fluorterapia.
2.4 Instrumento de Coleta de Dados
O instrumento utilizado para a obtenção dos dados foi um formulário com
perguntas fechadas (múltipla escolha) e abertas (livres). Para facilitar a análise dos
dados, o formulário foi dividido nos seguintes tópicos, a saber:
I - Aspectos sócio -econômicos e culturais;
II - Conhecimentos das gestantes sobre saúde bucal;
III – Medidas de auto-cuidado em saúde bucal;
IV – Aspectos que interferem no acesso ao tratamento Odontológico durante a gravidez.
2.5 Técnica de Análise
Os dados quantitativos foram analisados e editados através de tabelas e gráficos
do programa Word e Excel (versão Microsoft Windows 2000).
A análise qualitativa dos dados foi baseada nas proposições de MINAYO (1999)
e detalhada cuidadosamente, para dar maior visibilidade do processo. As respostas
foram organizadas em uma tabela, sendo feita uma leitura horizontal e vertical das
respostas, permitindo identificar pontos comuns, tentando agrupar as similares e apontar
as divergências, permitindo a categorização dos dados, de modo que respondessem aos
objetivos do estudo.
2.6 Aspectos Éticos
De acordo com a Resolução nº 196/96 que rege a pesquisa em seres humanos,
conforme orientações do Conselho Nacional de Saúde, os aspectos éticos foram
respeitados, sendo o estudo autorizado pelas participantes que assinaram um Termo de
Consentimento (Apêndice II), no qual declararam que aceitariam participar do estudo,
após a exposição dos objetivos, e do conhecimento que teriam garantia de anonimato e
o direito de retirar-se da pesquisa a qualquer momento, bem como o direito de conhecer
o resultado da mesma.
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1 Perfil sócio-econômico e cultural dos gestantes
Este estudo delimitou como sujeito 36 gestantes, de uma população de 90
gestantes, o que correspondeu a 40% desta população.
Os resultados da pesquisa foram organizados em quatro temáticas relacionadas
aos objetivos gerais e específicos, intitulados. 1. Aspectos sócio-econômicos-cultural; 2.
Conhecimento sobre saúde bucal; 3. Medidas de autocuidado; 4. Aspectos que
interferem no acesso.
Tabela 1. Número total e percentual por faixa etária de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos (Formosa-GO, 200).
Grupo Etário Nº % <20 11 30,57
20-30 20 55,55 31-45 5 13,88 Total 36 100
O perfil das gestantes entrevistadas evidenciou que, quanto à faixa etária,
55,55% da amostra estava entre 20 e 30 anos de idade; observou-se também a presença
de gestantes com idade superior a 31 anos (13,88%) e um percentual significante de
gestantes adolescentes (30,57%). Semelhante aos nossos resultados, Santos Pinto et al.
(2001) em um trabalho realizado com gestantes do interior de São Paulo evidenciou que
60,4% da amostra estava entre 21 e 30 anos de idade; observou ainda a presença de
gestantes com idade acima de 31 anos (16,7%) e gestantes adolescentes (22,9%). Neste
aspecto, pensando-se na gestante como promotora de saúde, sobretudo no núcleo
familiar, a idade é um fator que pode interferir nos cuidados com a sua saúde bucal e
também com a saúde bucal de seus filhos. A partir de observações extraídas de nossa
prática diária podemos afirmar que, via de regra, quanto mais jovem é a gestante
menores são os cuidados dispensados à sua saúde.
Capra (1982), enfatiza que a saúde tem muitas dimensões, todas decorrentes da
complexa interação entre os aspectos físicos, psicológicos e sociais da natureza humana.
Saúde reflete todo o sistema social e cultural, e nunca pode ser restrita a fenômenos
puramente físicos como ocorre no modelo biomédico.
33,34% (12)27,77% (10)
11,12% (4)
27,77% (10)
0
10
20
30
40
Casada Solteira Separada União consensual
Figura 1: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto ao Estado Civil. (Formosa, 2004).
Com relação ao estado civil, observou-se que 12 gestantes eram casadas
(33,34%), 10 solteiras (27,77%), 10 tinham união consensual (27,77%) e apenas 4
estavam separadas (11,12%) (Figura 1). Neste aspecto, pode-se constatar que um
percentual significante de gestantes assume sozinha toda a carga da gravidez, bem como
o produto resultante, por falta de responsabilidade masculina. Os homens em nossa
cultura, nunca assumiram a paternidade dos seus filhos e as mulheres acabam aceitando
como um fator natural, o que traz desgastes e prejuízos à saúde (CHAGAS, 2001).
63,88% (23)
36,12% (13)
Gestantes que não trabalhamfora
Gestantes que trabalham fora
Figura 2: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto à ocupação Formosa-GO, 2006.
Quanto à ocupação das gestantes, os resultados mostraram que 23 (63,88%),
destas não trabalham fora, dedicando-se totalmente aos trabalhos do lar, enquanto que
13 (36,12%) gestantes exerciam algum tipo de trabalho fora do lar (Figura 2). Neste
aspecto, por ser a mulher um sujeito importante nas diversas formas de manifestações
do hábito de “cuidar”, sobretudo no seio familiar (MARCON, 1999), estes achados são
relevantes no que diz respeito aos cuidados com a saúde.
19,44% (7)
30,56% (11)
36,11% (13)
13,89% (5)
0 0
0510152025303540
Analfabeta EnsinoFundamentalIncompleto
EnsinoMédio
Figura 3: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto ao nível de Escolaridade. Formosa-GO, 2006.
Quanto ao nível de escolaridade, evidenciou-se que do total de gestantes
entrevistadas apenas 5 (13,89%) tinham concluído o ensino fundamental; 13
(36,11%) delas não chegaram a concluir o ensino fundamental; 11 (30,56%)
gestantes só sabiam ler e escrever e 07 (19,44%) eram analfabetas o que caracterizou
um nível de escolaridade baixo (Figura 3). Ainda, observou-se que na amostra do
presente estudo nenhuma das gestantes possuía ensino médio ou superior (Figura 3).
Estes achados são relevantes tendo em vista que o nível educacional das
gestantes influencia de forma direta no seu estilo de vida e nos hábitos de saúde,
sobretudo na motivação para cuidar de sua saúde bucal (CHAMBERS e ALLEN, 1973).
Segundo os mesmos autores, a principal dificuldade para motivação seria o fato da cárie
e da doença periodontal não serem consideradas doenças graves. Ainda, Morais (1997)
afirma que o baixo nível de escolaridade traz como conseqüência uma não
conscientização para o exercício da cidadania, além de restringir o acesso à assistência à
saúde. Chagas (2001), também afirma que o baixo nível de instrução e econômico são
entraves para a aprendizagem, seja no trabalho, nos conhecimentos como evitar
gravidez, para melhoria das condições de higiene e alimentação, fundamentais para a
melhoria da qualidade de vida.
Figura 4: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto à Renda Familiar. Formosa-
GO, 2006.
Quanto à renda familiar, os resultados mostraram que 47,22% das gestantes
tinham renda menor que 1 salário mínimo, 50% tinham renda de 1 a 2 salários mínimos
e 2,78% afirmaram ter renda de 2 a 4 salários mínimos (Figura 4). O baixo nível sócio-
econômico fortalece os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças em virtude
da precariedade das condições de moradia, má alimentação e também propicia
dificuldades no acesso aos cuidados de saúde (SERRA e MOTA, 2000). Ainda, segundo
estes autores o baixo poder aquisitivo é potencializador de obstáculos à saúde e, desta
forma, pessoas vivendo em situação de risco não podem satisfazer suas necessidades
básicas.
94,44% (34)
5,56% (2) 0% 0% 0%
0
20
40
60
80
100
Católica Protestante Umbandista Espírita Outros
Figura 5: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto à Religião. Formosa-GO, 2006.
No que se refere a crenças religiosas os resultados mostraram que 34 (94,44%)
das gestantes entrevistadas afirmaram ser católicas, enquanto apenas 2 (5,56%) eram
protestantes (Figura 5). O fator religioso e filosófico fazem parte da cultura das
gestantes. Considerando o estado gravídico pelo qual atravessam, período este cheio de
2,78% (1)0%
47,22% (17)50% (18) < 1 salário
1 a 2 salários
2 a 4 salários
> 4 salários
insegurança, essas mulheres buscam se apegar à religião esperando receber proteção
divina para que a gestação e o parto ocorram sem problemas (CHAGAS, 2001).
58,33% (15)
41,67% (15)
Gestantes que procuramrezadeiras
Gestantes que não procuramrezadeiras
Figura 6: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto à procura por rezadeiras. Formosa-GO, 2006.
No que se refere à procura por rezadeiras, os resultados mostraram que 21 (58,33%)
das gestantes entrevistadas afirmaram que em algum momento de suas vidas
buscaram ajuda nas rezadeiras enquanto que 15 (41,67%) delas em nenhum
momento procuraram rezadeiras. O conhecimento e a compreensão dessas crenças e
do aspecto cultural dessas gestantes torna possível ações por parte da equipe
interdisciplinar que possam contribuir para minimizar todos os aspectos que
interferem no processo saúde-doença (CHAGAS, 2001).
3.2 Conhecimento das gestantes sobre saúde bucal
Considerando-se o nível de conhecimento das gestantes em relação à doença
cárie, 30 (83,33%) delas afirmaram que sabiam o que é a cárie e apenas 6 (16,67%)
responderam negativamente (Figura 7). Dentre as gestantes que responderam
afirmativamente, foi solicitado que as mesmas definissem com suas palavras o que seria
a cárie, obtendo-se as seguintes respostas: “É um bichinho que penetra no dente até
furar”. “É uma doença que deixa os dentes podres”. “É uma coisa que estraga e
apodrece os dentes.” “É um bicho que rói o dente e ele fica pôde.” “É um negócio preto
no dente.” “É um buraco no dente.” “É uma infecção no dente”. “É um sujinho que fica
no dente e deixa ele furado.” “É um dente furado.”
“É um micróbio que dá no dente por falta de limpeza.” “É uma bactéria.”
83,33% (30)
16,67% (6)%
Sim
Não
Figura 7: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto ao conhecimento da cárie. Formosa-GO,
2006.
No gráfico, observou-se que as gestantes têm algum conhecimento sobre o que
seja a doença cárie, apesar da dificuldade para definir, o que demonstra que este assunto
está sendo repassado e elas estão assimilando de forma satisfatória. Estes achados são
significantes, pois, embora ainda observe-se uma elevada prevalência de cárie no nosso
meio, percebe-se que as gestantes têm alguma noção sobre a doença e, segundo Freire
et. al. (2002), a informação já representa uma estratégia fundamental no processo de
controle da doença cárie.
30,56% (11)
8,34% (3)
0%
5,56% (2)
50,0% (18)
5,56% (2)
0
20
40
60
80
100
Higiene bucaldeficiente
Dieta rica em açúcar Através de contágio Higiene, dieta rica emaçúcar e contágio
Higiene e dieta rica emaçúcar
Não se sabe
Figura 8: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto à identificação de fatores que contribuem para o aparecimento da cárie. Formosa-GO, 2006.
Em relação aos fatores que contribuem para a formação da cárie, observou-se
que 50% das gestantes responderam pouca higiene bucal e alimentação rica em açúcar,
enquanto que 30,56% responderam apenas pouca higiene bucal, seguida de alimentação
rica em açúcar (8,34%), pouca higiene bucal e contágio (5,55%) e não sabe (5,55%)
(figura 8). Apesar de suas afirmativas serem coerentes com o que a literatura sugere,
não significa que as gestantes pratiquem estes hábitos corretamente. Neste aspecto,
Freire et. al. (2002) cita que só o conhecimento não garante uma mudança de
comportamento duradouro. Para que isto ocorra, são necessárias medidas mais amplas
envolvendo mudanças no ambiente social, que são fundamentais na promoção de saúde
bucal.
55,55% (20)
44,45% (16)Gestante que considera a cárietransmissível
Gestante que não considera a cárietransmissível
Figura 9: Número e percentual de gestantes do bairro Lagoa dos Santos quanto ao conhecimento sobre o potencial de transmissão da doença cárie. Formosa-GO, 2006.
Em relação ao potencial de transmissão da doença cárie, 20 (55,55%) gestantes
entrevistadas afirmaram ser a cárie uma doença transmissível, enquanto que um
percentual significante, ou seja, 44,45% das gestantes acredita que a cárie não é
transmissível. Este achado revela que ainda existe um percentual elevado de gestantes
que desconhecem que a cárie é uma doença transmissível e este fato, muitas vezes,
contribui para uma infecção precoce da criança, por falta de informação sobre os
cuidados necessários para evitar a transmissão de microorganismos cariogênicos, como
manter a cavidade bucal da criança sempre higienizada e saudável, evitando beijar a
boca e as mãos da criança, não soprar alimentos e não fazer uso comunitário de talheres,
bicos de mamadeira e chupetas (CORRÊA, 1998).
Ainda, quanto ao potencial de transmissão da doença cárie, durante a entrevista
pedimos que justificassem sua resposta quando esta fosse afirmativa e obtivemos as
seguintes falas:
“Porque é doença e pode pegar de outras pessoas.”
“Se botar coisas da minha boca na boca dele”.
“Quando não tratamos os dentes.”
“Através da saliva.”
“Porque tem mãe que prova a comida do neném”.
“Quando assopra a comida dele”.
“Se falar muito perto dele.”
41,67% (15)
0%
0%5,55% (2)22,23% (8)
5,55% (2)
11,12% (4)
13,88% (5)
0%
051015202530354045
Higiene Dieta Visita aodentista
Aplicaçãode flúor
Higiene eDieta
Higiene eaplicaçãode flúor
Higiene evisita aodentista
Todas asrespostascitadas
Não sabe
Figura 10: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa dos Santos quanto ao conhecimento de fatores que possam prevenir a doença cárie. Formosa-GO, 2006.
Quanto ao conhecimento das gestantes em relação às formas de prevenir à cárie,
100% delas conhecem alguma forma de prevenção (escovação, flúor, visita ao dentista,
dieta e todos esses fatores associados). Dentre as diversas formas de prevenção, a mais
conhecida pelo grupo foi a escovação (41,67%), seguida de escovação e dieta (22,23%);
13,88% das gestantes responderam que todas as opções estavam corretas, 11,12%
acharam que escovar os dentes e ir ao dentista seria a melhor forma de prevenção;
apenas 5,55% das gestantes optaram pelo flúor e outras 5,55% responderam que o flúor
e a escovação representam a melhor forma de prevenir a cárie. Esses achados são
significantes uma vez que dados da literatura sugerem que o apoderamento da
informação pela comunidade já representa um grande avanço no processo de controle
da doença cárie (FREIRE, 2002).
A valorização maior ou menor por parte das gestantes de determinados fatores
preventivos para evitar o aparecimento de lesões de cárie depende diretamente das
fontes e do tipo de informações relacionadas à saúde bucal a que as mesmas têm acesso
(SILVA, 1999). De fato, os métodos de prevenção da cárie tradicionalmente
recomendados são baseados nos determinantes biológicos da doença, incluindo
escovação, o uso de fluoretos e uma dieta pobre em açúcares (FREIRE et. al. 2002).
Os resultados demonstram que a ESB está, embora ainda de forma incipiente,
conseguindo repassar para as gestantes informações importantes e que estas
gradativamente estão assimilando. Segundo Costa et. al. (1997), quando se está
orientando, está-se educando e educar para a saúde é transformar atitudes e
comportamentos, formando hábitos na comunidade em benefício de sua própria saúde.
Salientam também que o processo educativo ocorre pela soma, lenta e gradativa, de
fatos isolados e de experiência que envolve métodos técnicas de ensino e aprendizagem.
52,77% (19
47,23%(17)
Sim
Não
Figura 11: Número e percentual de gestantes quanto à
identificação de alterações na sua boca durante a gravidez.
Formosa-GO, 2006.
Para avaliar a percepção das gestantes sobre alguma alteração na sua saúde
durante o período gestacional estas foram indagadas se haviam percebido alguma
mudança na sua cavidade bucal neste período. Os resultados encontrados mostraram
que 52,77% delas tiveram algum tipo de alteração, enquanto que 47,23% não relataram
nenhum tipo de alteração.
Durante a entrevista, dentre aquelas que afirmaram ter observado alguma
alteração em sua boca, obtivemos as seguintes falas:
“Às vezes minha boca fica cheia de sangue quando escovo os dentes”
“Meus dentes quebram com facilidade”.
“Meu dente furou e senti dor”.
“Minha obturação caiu”.
“Minha gengiva está muito vermelha e sangra quando escovo”.
“Tenho muito cuspe na boca”.
Dentre as gestantes que identificaram algum tipo de alteração em sua boca, as
principais alterações citadas pelas entrevistadas foram: sangramento gengival (33,3%),
dente cariado e dor (8,3%), queda de restaurações (5,5%), dentes fracos que se quebram
com facilidade (5,5%). Dados da literatura demonstram que o sangramento gengival é
um achado freqüente entre gestantes (GUNAY et. al., 1991; BRANDÃO 1998).
Kahhale (1991) descreveu as repercussões clínicas das adaptações do organismo
materno durante a gestação e relatou ter observado hiperemia e edema gengival,
podendo ser causa freqüente de sangramento quando da escovação dos dentes, devendo
merecer cuidados de higiene para evitar gengivite. Considerando-se a possibilidade da
gengivite já estar instalada antes da gestação, somada a gama de alterações hormonais
que ocorrem na gravidez, é possível que a gengivite, no período da gravidez, evolua
para uma periodontite, o que torna a inflamação gengival um fator de risco que deve ser
considerado, uma vez que dados da literatura sugerem uma relação entre doença
periodontal e a abreviação do tempo de gestação (OFFENBACHER, et.al. 1996)
38,88% (14)
0%
33,34% (12)
0%
27,78% (10)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Figura 12: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto a sua percepção em relação ao papel do
dentista no pré-natal. Formosa-GO, 2006.
Em relação ao papel do dentista no pré-natal, observou-se que 38,88% das
gestantes consideraram que a função do dentista é estritamente curativa, enquanto que
33,34% afirmaram que sua função além de curativa é também preventiva e apenas
27,78% responderam que além de curar e prevenir o dentista também pode realizar
ações de promoção em saúde bucal. Na Estratégia Saúde da Família um dos objetivos
da ESB é a promoção de saúde.
Neste aspecto, os resultados sugerem a necessidade de fortalecer-se junto às
gestantes ações educativas (individuais ou coletivas) que viabilizem o conhecimento por
parte deste grupo em relação ao papel da ESB na execução de medidas de prevenção e
de promoção de saúde, além das medidas curativas.
De fato, segundo Santos et. al. (2002), a prevenção é a maneira mais eficaz e
econômica de se evitar o surgimento e a evolução das doenças bucais. Dentre as várias
formas que a ESB pode atuar para promover saúde, destacam-se a educação e a
motivação do indivíduo, procurando-se estabelecer hábitos de vida mais saudáveis
buscando contribuir para uma melhor saúde bucal.
55,55% (20)44,45% (16)
0
10
20
30
40
50
60
70
Gestantes queparticipam do grupo
Gestantes que nãoparticipam do grupo
Figura 13: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos em relação a sua participação no grupo de
gestantes da Unidade Básica de Saúde. Formosa-GO, 2006.
Quanto a participação no grupo de gestantes, dentre as entrevistadas 55,55%
relataram que participavam do grupo sempre que podiam, enquanto que 44,45%
responderam que não participavam (Figura 13). Esses achados podem ser considerados
favoráveis, uma vez que, mais da metade do grupo entrevistado já participam do grupo
de gestantes, onde em algum momento, um dos aspectos discutidos é a saúde bucal. Isto
reflete a disposição das gestantes em adquirir novos conhecimentos que possam
beneficiar a sua saúde e, sobretudo a saúde de seus filhos (KONISKI, 1986) ROMERO
e SANCHEZ, 1998; ROCHA, (1993).
3.3 Medidas de autocuidado das gestantes em saúde bucal
Ao serem indagadas em relação à medida de higiene bucal utilizada registrou-se
as seguintes falas:
“Escovo com pasta”.
“Escovo e uso uma perninha de linha”.
“Escovo os dentes e uso palito”.
“Escovo e faço limpeza no dentista”.
“Escovo com pasta e às vezes com sal”.
55,56% (20)
13,88% (5)
8,34% (3)
13,88% (5)
8,34% 93)
010203040506070
Escovam comcreme dental
Escovam eusam perna de
linha
Escovam eusam palito
Escovam efazem limpezano dentista
Escovam compasta e asvezes sal
Figura 14: Número e percentual de gestantes em relação à
medida de higiene bucal que utiliza. Formosa-GO, 2006.
Quanto à medida de higiene bucal utilizada 55,56% responderam escovação com
pasta, 13,88% responderam que além da escovação também usava uma perninha de
linha, 8,34% disseram que escovavam e usavam palito, enquanto que 13,88% relataram
que escovavam e faziam limpeza no dentista e apenas 8,34% disseram escovar com
pasta e às vezes com sal (Figura 14). Observou-se que a escovação com creme dental
foi constante em toda as respostas. Embora a escovação represente o meio mecânico
mais eficiente para a remoção da placa bacteriana, alguns autores sugerem que o seu uso
associado ao fio dental torna a escovação ainda mais eficiente (GARCIA, et. al., 1998).
A escovação associada a dentifrícios com flúor torna-se mais eficaz uma vez que
o flúor do dentifrício é capaz de reduzir a perda mineral do esmalte de dente íntegro, ou
ativar a reposição de mineral do dente com lesão de cárie (CURY, 2001). Neste aspecto,
Maia et. al., (1997) em seus estudos observaram que o flúor do dentifrício aumenta em
2 vezes a capacidade da saliva repor mineral na superfície do esmalte desmineralizado
(capacidade tampão da saliva). Quanto ao hábito de escovar os dentes, 100% das
gestantes afirmaram que escovavam os dentes pelo menos uma vez por dia, o que
demonstra que o costume de escovar os dentes já tornou-se um hábito freqüente. Este
achado é relevante, uma vez que demonstra que as gestantes estão cuidando de sua
saúde bucal, o que sugere que a ESB está conseguindo motivá-las a estabelecerem
hábitos de higiene bucal adequados. Os métodos de prevenção de cárie tradicionalmente
recomendados são baseados nos determinantes biológicos da doença e incluem uma
escovação adequada, o uso de fluoretos e uma dieta pobre em açúcar (MOYSÉS e
WATT, 2000).
5.4. Aspectos que interferem no acesso ao tratamento odontológico durante a
gravidez
38,88% (14)
61,12% (22)
01020304050607080
Gestantes queprocuram a ESB
Gestantes que nãoprocuram a ESB
Figura 15: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto à procura pela ESB nesta gestação.
Formosa-GO, 2006.
Na investigação, apenas 14 (38,88%) das gestantes procuraram a ESB nesta
gestação. Neste aspecto, Chapman et. al., (1974) em um estudo semelhante observaram
que 75% das gestantes só procuravam tratamento odontológico em caso de emergência
e a razão para este comportamento foi que 10% tinham medo, 35% alegaram não ter
condições financeiras, 32% não tinham tempo e 21% não tinham dentista na área.
Oliveira (1999), investigando a saúde bucal em gestantes, relataram que 72%
deste grupo não sentiam-se motivadas a procurar um acompanhamento odontológico.
De forma semelhante, Brandão (1998) encontrou que 30% das gestantes freqüentaram o
dentista regularmente.
Na figura 15, observa-se que das 36 gestantes entrevistadas, 22 (61,12%) não
procuraram assistência odontológica e apenas 14 o fizeram (38,88%). Entretanto,
observou-se
durante a entrevista que muitas delas tiveram alguma sintomatologia como dor ou
sangramento gengival.
Esse achado é corroborado por dados da literatura, onde se demonstrou em um
estudo com gestantes que apenas 8% das entrevistadas procuraram assistência
odontológica (CHAPMAN et. al., 1974). De forma semelhante, Bernard et. al., (1992)
constataram que apenas 6 entre 212 gestantes (2,8%) haviam procurado o atendimento
odontológico durante a gravidez. Ainda, Rocha, (1993) observou que em uma amostra
de 304 gestantes, apenas 17,1% foram em busca de atenção odontológica durante a
gravidez. A autora ainda descreve que esse não é a prioridade do grupo, mesmo quando
existe a real necessidade de tratamento, o que sugere, segundo esta autora, pouca
valorização ou um certo conformismo com suas condições de saúde bucal. Este achado
é relevante pois denota que uma parcela significante das gestantes ainda não está sendo
assistida pela ESB.
85,71% (12)
14,29% (2)
0102030405060708090
A enfermeira dopré-natal
Fui porque estavasentindo dor
Figura 16: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos em relação a quem as encaminhou para ESB.
Formosa-GO, 2006.
Quando indagou-se as gestantes quem as encaminhou à ESB, 85,71% da amostra
afirmou que havia sido encaminhada pela enfermeira enquanto que 14,29% afirmou que
havia procurado esta equipe porque estava sentindo dor. Neste aspecto, observou-se que
as enfermeiras estão sensibilizadas quanto a necessidade de um pré-natal mais
abrangente, ou seja, compartilhado com a ESB. Porém, o que a ESB sugere nas reuniões
com os demais membros da equipe é que todas as gestantes sejam encaminhadas para
avaliação odontológica na sua primeira consulta de pré-natal, no entanto, percebe-se que
este encaminhamento ainda não é rotina dentro da estratégia de saúde da família.
41,66% (15)58,34% (21)
010203040506070
Gestantes querecebemorientação
Gestantes que nãorecebemorientação
Figura 17: Número e percentual de gestantes quanto a aquisição de orientação sobre saúde bucal na gravidez. Formosa-GO, 2006.
Quanto à aquisição de orientações sobre saúde bucal na gravidez, observou-se
que, 41,66% das gestantes receberam algum tipo de orientação, dentre estas, 80%
receberem informações através da equipe de saúde bucal (fig.18). No entanto, mais da
metade das entrevistadas relataram não ter recebido nenhuma informação sobre os
cuidados com a saúde bucal. A falta de orientação com relação à saúde bucal não
acontece apenas em nossa região. Fato semelhante foi observado em outros países,
como na Alemanha, onde a falta de esclarecimento sobre os cuidados necessários com a
saúde bucal na consulta pré-natal foi também evidente, atingindo 71% das gestantes
(GOEPEL, 1991).
A educação representa uma estratégia fundamental no processo de formação de
comportamentos que promovam ou mantenham uma boa saúde (MOYSÉS e WATT,
2000). Informações precisas sobre fatores que interferem no processo saúde/doença,
bem como sobre os métodos disponíveis para controlá-los, são importantes para motivar
os indivíduos.
0%13,33% (2)
80% (12)
6,67% (1)
0
20
40
60
80
100
Recebeuinformação do
médico
Recebeuinformação daenfermagem
Recebuinformação da
ESB
Recebeu da ACS
Figura 18: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos quanto à fonte da qual obteve informação.
Formosa-GO, 2006.
Dentre o grupo de gestantes que afirmou ter recebido orientações sobre saúde
bucal, a ESB foi a principal divulgadora destas informações para 12 gestantes (80%),
seguida pela enfermeira para 02 gestantes (13,33%) e pela ACS para 01 gestante
(6,67%). Entretanto, nenhuma das gestantes afirmou ter recebido algum tipo de
orientação do médico. Estes dados são relevantes, considerando-se que são estes
profissionais que estabelecem os primeiros contatos com a gestante no pré-natal e são
eles também os profissionais que elas mais valorizam e respeitam. Esses achados
demonstram o quanto é necessário a integração da Equipe de Saúde da Família, no
sentido de fortalecer-se os vínculos para que todos falem a mesma linguagem,
sobretudo, no que diz respeito a compartilharem o pré-natal com a ESB, concretizando-
se a interdisciplinaridade na busca de um pré-natal completo.
Com base nos dados pode-se observar que, apesar destes profissionais (médico,
enfermeiro, ACS) não contribuírem com orientações sobre saúde bucal, os mesmos
estão dando um apoio significante à ESB, uma vez que estão encaminhando as gestantes
no momento da consulta de pré-natal para o atendimento odontológico. De fato, dentro
da amostra estudada, embora apenas 14 (38,88%) gestantes tenham procurado a ESB,
12 destas, ou seja, 85,71%, foram encaminhadas pela equipe de enfermagem, o que
significa que de certa forma, estes atores sociais estão sendo sensibilizados quanto a
necessidade de compartilharem o pré-natal com a ESB. Neste aspecto, Farrel (1979)
relata que as enfermeiras, em sua maioria, não são treinadas na área odontológica e não
saberiam enfocar assuntos referentes à saúde bucal, portanto podem não se sentir à
vontade para esclarecer dúvidas nesta área. Porém, isto não significa dizer que estas não
possam fazê-lo, desde que sejam sensibilizados e motivados para tal.
O papel de educar para a saúde bucal não deve ser atribuição exclusiva da ESB,
mas de qualquer cidadão, pois a todo o momento estamos educando e sendo educados,
através das trocas de experiências entre as pessoas e dos contatos com o meio ambiente.
Portanto, é importante identificar na sociedade, quais agentes podem assumir essa
função, uma vez que a educação sobre saúde bucal é de responsabilidade tanto da ESB
quanto dos outros profissionais e também da sociedade em geral, ou seja, pais,
professores, instituições governamentais e empresas privadas (BARROS, 1999).
72,22% (26)
16,66% (6) 11,12% (4)
0%
01020304050607080
Afirmam que a saúdeodontológia é bom para sua
saúde e a do bebê
Acham que não é bom Não sabem responder Tanto faz
Figura 19: Número e percentual de gestantes do Bairro Lagoa
dos Santos em relação a sua percepção quanto à atenção
odontológica no pré-natal. Formosa-Go, 2006.
Quanto a percepção das gestantes em relação ao atendimento odontológico no
pré-natal, observou-se que 72,22% destas perceberam que seria bom para a sua saúde e
do seu filho, enquanto que 16,66% afirmaram que não seria bom para a saúde do bebê e
nem para a sua própria saúde; ainda, 11,12% das gestantes não sabiam responder (figura
19). Dentre as que acreditavam que a atenção odontológica no pré-natal não seria bom,
5 gestantes justificaram respondendo que tinham medo que causasse algum risco para o
bebê. No entanto, é válido ressaltar a importância da atenção odontológica no pré-natal
para a prevenção de doenças e, se necessário, a realização de procedimentos curativos,
uma vez que dados da literatura sugerem uma relação entre doença periodontal e
abreviação do tempo de gestação (OFFENBACHER, 1996).
Dentre as 36 gestantes da amostra do presente estudo, 22 gestantes não
procuraram a ESB. Dentre essas 10 (45,45%) afirmaram que não foram encaminhadas,
3 (13,64%) relataram que achavam que não precisava, 5 (22,73%) responderam que
tinham medo de causar algum dano para o bebê, 1 (4,54%) respondeu que havia feito o
tratamento em outra unidade de saúde e 3 (13,64%) afirmaram que trabalhavam fora e
não tinham tempo.
Diversos autores relatam o medo que as gestantes têm em relação ao tratamento
odontológico pelo fato de acreditarem ser este um causador de problemas para a
gravidez e para a criança (CHAPMAN et. al., 1974; ROCHA, 1993; MIRSRACHI e
SÁEZ, 1989; KONISHI, 1995). Nossos resultados refletem a necessidade de um maior
vínculo entre os profissionais da equipe, no sentido de que trabalhando juntos, possam
construir um pré-natal mais abrangente, garantindo a gestante assistência integral à
saúde.
28,57% (4)
57,14% (8)
14,29% (2)
0%
010203040506070
Gestantes queconsideramexcelente
Gestantes queconsideram boa
Gestantes queconsideramregular
Gestantes queconsideram ruim
Figura 20: Número e percentual de gestantes em relação a sua avaliação quanto à qualidade de assistência prestada pela ESB. Formosa-GO, 2006.
No que se refere ao acolhimento da ESB, das 14 gestantes que haviam procurado
a ESB, 4 (28,57%) consideraram que a acolhida foi excelente, 8 (57,14%) consideraram
boa e 2 (14,29%) consideraram regular (Figura 20). Este achado demonstra que a ESB
está acolhendo de forma satisfatória a esta população.
CONCLUSÕES
Baseado nos resultados desta pesquisa, pode-se concluir que: Existe um
percentual significante de gestantes com menos de 20 anos (30,57%), com situação
conjugal instável (66,66%), com baixo nível de escolaridade (50%) e renda familiar
inferior a um salário mínimo (47,22%).
Um percentual razoável de gestantes (58,33%) em algum momento de suas
vidas, buscou ajuda nas rezadeiras para resolver problema de saúde, isto, reflete em
parte, a cultura do grupo estudado.
A atenção odontológica não representa prioridade para o grupo, mesmo quando
problemas reais como dor e sangramento gengival estão presentes. A crença e o mito
relacionando a assistência odontológica e complicações na gravidez ainda foram
evidenciados uma vez que 61,12% das gestantes não procuraram a ESB relatando como
um dos principais motivos o medo de causar alguma intercorrência na gravidez ou
danos ao bebê.
Poucas foram as gestantes que receberam orientações sobre saúde bucal durante
o pré-natal (41,66%). Destas, um percentual significante recebeu as orientações através
da equipe de saúde bucal (80%). Esse baixo percentual de gestantes que receberam
orientações sobre saúde bucal, demonstra a necessidade de uma maior integração da
equipe dentro da Estratégia Saúde da Família, considerando ser este um grupo
prioritário e em razão do papel que estas mulheres exercerão na promoção de saúde
bucal no núcleo familiar.
As gestantes entendem que o surgimento de lesões de cáries pode ser causado
pelo consumo excessivo de alimentos doces e por hábitos de higienização deficientes.
Também entendem que a cárie pode ser evitada através de procedimentos de
higienização adequada, dieta com pouco doce e aplicação de flúor.
Desta forma, concluí-se que é de suma importância que a ESB motive as
gestantes para o controle da placa bacteriana através de ações de promoção de saúde
bucal que incluam ações educativas em saúde bucal, escovação supervisionada e
aplicação tópica de flúor.
Diante do exposto, observa-se que a atenção odontológica no pré-natal deve ser
considerada uma etapa essencial por todos os membros que trabalham dentro da
Estratégia Saúde da Família e por todas as gestantes. Para tanto, deve -se trabalhar na
perspectiva da sensibilização desses atores sociais, de tal modo que a atenção
odontológica durante o pré-natal passe a ser rotina nas Unidades de Básicas de Saúde.
Neste sentido, a Equipe de Saúde Bucal deve sair do seu restrito espaço clínico e buscar
a integralidade de ações junto aos demais profissionais de saúde da família deixando de
apenas tratar de dentes e passando a tratar de gente.
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