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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCESTO E ALIENAÇÃO PARENTAL
Por: Tatiana David Machado de Mattos
Orientador
Prof. : Francis Rajzman
Rio de Janeiro
2013
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCESTO E ALIENAÇÃO PARENTAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito Privado e Civil.
Por: . Tatiana David Machado de Mattos
3
AGRADECIMENTOS
...aos amigos e parentes, que me
deram total apoio e força para feitura
desta monografia.
4
DEDICATÓRIA
.....dedico a minha mãe, irmãos, meu
sobrinho e demais familiares, com todo
meu amor e gratidão, que são a base de
todo meu esforço e dedicação.
5
RESUMO
O presente trabalho abordará o tema da Lei nº. 12.318 de 2010, a Lei
de Alienação Parental em sua amplitude, e a sua correlação com o Incesto.
Terá como base os princípios constitucionais assegurados à vítima da aludida
alienação, abordando o que é a alienação parental, como esta se desencadeia
e as suas consequências nas vítimas. Será abordada também a atuação do
advogado na defesa dos interesses do seu cliente nos casos pertinentes ao
presente tema, bem como a melhor forma de lidar com o mesmo, sendo
aplicada uma postura atenta e vigilante de todos que atuam no caso (manto da
interdisciplinariedade). Por fim, chegar à conclusão sobre a realidade do tema
tão peculiar e a melhor forma de lidar com o mesmo, ressaltando-se que o
maior interessado no caso em tela não são os genitores degladiantes, mas sim
o menor envolvido emocionalmente e sem chances de defesa dos seus
interesses, ficando assim exposto aos interesses de seus pais.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho teve como parâmetro de estudo pesquisas
bibliográficas, artigos sobre o tema retirados da internet, casos costumeiros,
concretos, e jurisprudências sobre o incesto e alienação parental, com o
propósito de demonstrar as sequelas capazes de perdurar para o resto da vida
de uma criança, que sofre injustamente, alta carga de conflitualidade relacional,
originados por seus genitores, desfraldando a bandeira do amor, sendo a
criança envolvida em mentiras afetivas dolorosas e irreversíveis que dificultam
ou afastam definitivamente a convivência da criança com o genitor alienado,
bem como o sofrer de abusos sexuais, que são silenciados e perpetuados por
um longo tempo, com o fito de evitar a desestruturação de toda uma família,
afetando diretamente o desenvolvimento psíquico/emocional do menor
envolvido, o que acarreta-lhe prejuízos imensuráveis, pois são tendentes a
serem pessoas depressivas, inseguras, desconfiadas, medrosas, dentre outras
mais, pois, tais atos afetam diretamente a sua integridade física, psicológica e
moral, o que vai de encontro com a tão almejada dignidade da pessoa humana
proclamada no art. 1º da Constituição Federal, além da prioridade absoluta à
infância em atenção ao comando constitucional vigente, e pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente.
7
SUMÁRIO
Introdução 08/10
1. Desenvolvimento 10
2. Do poder familiar 10/14
3. Abordagem Constitucional 14/18
4. Alienação Parental e sua correlação com o Incesto 18/26
4.1. A falsa denúncia de abuso sexual 26/29 4.2. A implantação de falsas memórias 29/30 4.3. Consequências para a vítima do ato de alienação parental 30/36
5. Atuação do Advogado das partes na Síndrome de Alienação Parental e do
Judiciário 37/41
5.1. Desafio ao poder judiciário 41/46 6. Psicologia forense 46/47 6.1. Mediação familiar 47/51 6.2. Efeitos de violência / agressividade / brutalidade da alienação parental e do incesto em relação aos direitos adquiridos das crianças e adolescentes. 51/55 7. Considerações Finais 55/57
Referenciais 58
Anexos 59/62
8
INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho aborda o incesto e a alienação parental
no ordenamento jurídico brasileiro, envolvendo a permanente busca de
melhores soluções ao direito de convivência de crianças e adolescentes com
pais e mães.
Com o rompimento dos casamentos cada vez mais frequentes na
sociedade, sendo muitos os casos de separações, divórcios e dissoluções
conjugais, necessário à preservação do melhor interesse da criança, pois o
envolvimento dos filhos nesses casos, tanto nas disputas de guarda quanto nas
vinganças pela não aceitação da destituição do casamento gera inúmeros
conflitos, dentre elas alienação parental.
A alienação parental é muito comum nas famílias, apesar de sua
nomenclatura ser recente, bem como a sua gravidade para com os filhos,
interferindo no desenvolvimento e equilíbrio da criança.
Salienta-se que os genitores, quando do rompimento do casamento,
não perdem o poder familiar, sendo que apenas bipartem-se as suas funções
parentais. Também não pode um genitor ou terceiros privar o convívio do filho
com o outro genitor, tendo em vista que isso somente poderá ocorrer com a
destituição, suspensão ou extinção do poder familiar.
Entretanto, há uma necessidade de maior divulgação e estudo desse
tema para um melhor entendimento quanto ao seu perigo e suas
consequências.
É pertinente ao caso, a Lei nº. 12.318 de 2010, qual seja a Lei de
Alienação Parental, bem como na Carta Magna, em seu artigo 1º, III (Princípio
da Dignidade da Pessoa Humana); artigo 3º, I (Princípio da Solidariedade
Familiar); e artigo 227 (Princípio da proteção Integral), além dos artigos 17, 18,
9
21, 24, 129, 249 previstos no Estatuto da Criança e Adolescente, os artigos
1583, §2º, 1.584 §2º, 1634 do Código Civil, art. 9º, 3 do Decreto 99.710/90 e
jurisprudências sobre o caso em questão.
Nesse sentido, a fim de efetuar-se uma análise acerca do tema, vale
mencionar a correlação da alienação parental com o incesto, que a princípio se
apresentam como temas distintos, entretanto, conforme se verifica dos casos
concretos existentes no Poder Judiciário pátrio, a forma mais eficaz e ágil de se
alcançar a alienação do outro genitor é mediante a acusação da prática do
incesto.
O objetivo do presente trabalho é abordar o tema de grande relevância
no ordenamento jurídico nacional, matéria essa ainda muito pouco debatida,
bem como contém profissionais pouco qualificados e especializados, sendo
certo que se necessita cada vez mais da integração dos profissionais da área
do Direito, Psicologia, bem como Psiquiatria para elaborar uma melhor
prestação no serviço dos casos existentes no poder judiciário, haja vista a
importância de se alienar parentalmente uma criança/adolescente de um de
seus genitores.
Precipuamente se objetiva responder às questões norteadoras alhures
citada, daí ser uma pesquisa bibliográfica descritiva e explicativa, com o
objetivo de responder às indagações sobre o tema, para que assim, possa-se
cada vez mais ter profissionais conscientes acerca do tema e da
responsabilidade profissional de se impetrar uma ação com base na lei do
incesto e da alienação parental, pois, muito além da briga dos genitores o
dever civil do advogado é preservar o direito da criança, objeto da lide, para
que assim, ao passar do tempo, ocorra uma melhor tutela jurisdicional com os
novos operadores do direito e do Poder Judiciário.
São inúmeros os litígios judiciais que tem como partes os genitores
separados ou divorciados, que acusam uns aos outros de terem abusado
10
sexualmente dos filhos, em virtude de denúncias fundadas em inverdades, que
acabam prejudicando tanto a vida do acusado como do próprio filho, por
ocasionar danos e sequelas irreversíveis aos mesmos, que jamais poderão ser
restaurados, dependendo do grau de influência e repercussão sentimental e
afetiva envolvida no caso em questão.
Os pedidos mais comuns são apresentados por meio da interposição
de ações cautelares de suspensão de visitação. Diante disso, cabe analisar os
temas de Alienação Parental e Incesto, buscando demonstrar as dificuldades
encontradas pelo Judiciário para detectar se ocorreu de fato o abuso sexual, ou
se trata de falsa denúncia.
A problematização dos temas tem causado alta carga de
conflitualidade relacional no âmbito da familiar, que deve oferecer uma
“estrutura de cuidado” a cada membro, individualmente, e de suas relações
neste grupo (proteção dos indivíduos que a compõem), tendo como escopo
principal, o envolvimento direto da criança/adolescente numa aventura
mentirosa e inconsequente, violando-se o princípio da dignidade da pessoa
humana.
Portanto, deve o Estado oferecer condições que permitam a pessoa
humana realizar-se íntima e afetivamente, neste pequeno grupo social,
abolindo o fenômeno da padrectomia / alienação parental, que limita ou impede
o pai de exercer seus direitos e o prazer do contato com seus filhos, bem como
toda e qualquer atitude que possa desmoralizar/destruir o convívio fraternal e
amoroso do menor perante seus pais.
1. DESENVOLVIMENTO
2. DO PODER FAMILIAR
O poder familiar, expressão utilizada pelo Código Civil de 2002,
substituindo a expressão pátrio poder que era utilizada no Código Civil de
1916, sofreu grandes modificações no transcurso da história.
11
Esse instituto apresenta como mecanismo de proteção dos interesses
dos filhos menores, ou seja, deve zelar e administrar corretamente os bens dos
menores, bem como sustentá-los e criá-los. Todavia, o poder familiar não deve
ser confundido com o instituto da guarda, pois mesmo que os cônjuges se
divorciem e a guarda permaneça com um deles, o exercício do poder familiar
permanece entre ambos.
Ressalta-se que o referido instituto prisma como uma garantia e
segurança às crianças, o qual possibilita o crescimento sadio e um
desenvolvimento pleno de suas capacidades.
Poder familiar é um direito e obrigação dos pais na criação, orientação
e proteção dos filhos. Rodrigues (2007, p. 356) define esse instituto como “[...]
conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e aos
bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção destes.”
No mesmo sentido é o entendimento Diniz (2009, p. 552):
“O Poder familiar pode ser definido como um conjunto de
direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho
menor não emancipado, exercido, em igualdade de
condições, por ambos os pais, para que possam
desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes
impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.”
Corrobora Dias (2007, p. 377) que “[...] O poder familiar é sempre
trazido como exemplo da noção de poder-função ou direito-dever, [...] poder
que é exercido pelos genitores, mas que serve ao interesse do filho” (grifo do
autor). Esse poder “[...] advém de uma necessidade natural, uma vez que todo
ser humano, durante sua infância, precisa de alguém que o crie, eduque,
ampare, defenda, guarde e cuide de seus interesses [...]” (DINIZ, 2009, p. 553).
12
Denota-se, portanto, que esse instituto integra os interesses dos filhos
e da família, e não ao proveito dos genitores.
Com relação à denominação do instituto do poder familiar, há
doutrinadores que entendem não ser esse o termo mais adequado.
Lôbo (2008, p. 268) entende que “A denominação ainda não é a mais
adequada, porque mantém a ênfase no poder familiar. Todavia, é melhor que a
resistente expressão ‘pátrio poder’[...]”. Acrescenta Venosa (2008, p. 293)
sobre a preferência do Projeto do Estatuto das Famílias em aplicar a
denominação autoridade parental, tendo em vista que a ideia de poder não
deve existir no seio da família.
Nesse contexto Gonçalves (2008, p. 368) preconiza:
A denominação “poder familiar” é mais apropriada que
“pátrio poder” utilizada pelo Código de 1916, mas não é a
mais adequada, porque ainda se reporta ao “poder”.
Algumas legislações estrangeiras, como a francesa e a
norte-americana, optaram por “autoridade parental”, tendo
em vista que o conceito de autoridade traduz melhor o
exercício de função legítima fundada no interesse de
outro indivíduo, e não em coação física ou psíquica,
inerente ao poder.
Com referidas definições, constata-se que persiste a ideia da
necessidade de proteção e direcionamento dos filhos enquanto menores e
incapazes, cabendo aos genitores de forma igualitária, talvez até mais
obrigações do que direitos.
O poder familiar, por advir de uma necessidade natural, faz parte do
13
estado das pessoas e, portanto, suas obrigações são personalíssimas. Vários
são os caracteres que marcam o poder familiar, podendo-se destacar
primeiramente o múnus público.
Com relação a essa característica, Rizzardo (2007, p. 606) ensina que
interessa ao Estado o bom desempenho do poder familiar, tanto que existem
normas sobre o seu exercício ou sobre a atuação do poder dos pais na pessoa
dos filhos.
Acrescenta Rodrigues que:
É de interesse do Estado assegurar a proteção das
gerações novas, pois elas constituem matéria-prima da
sociedade futura. E o pátrio poder nada mais é do que
esse múnus público, imposto pelo Estado, aos pais, a fim
de que zelem pelo futuro de seus filhos. (RODRIGUES,
2007, p. 355, grifo do autor).
O Poder Familiar também é caracterizado por ser irrenunciável e
inalienável, tendo em vista que os genitores não podem abrir mão desse
encargo, tão pouco transferi-lo a outrem. “[...] Do contrário, importaria em não-
aceitação de uma obrigação de ordem pública. [...]” (RIZZARDO, 2007, p. 606).
Gonçalves (2008, p. 369) explica que a única exceção a esta
característica está prevista no artigo 166 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (BRASIL, 1990), a qual se refere à adesão ao pedido de
colocação do menor em família substituta.
A indivisibilidade do poder familiar é outro aspecto de importância.
Venosa (2008, p. 301) explica que “O poder familiar é indivisível, porém não o
seu exercício. Quando se trata de pais separados, cinde-se o exercício do
poder familiar, dividindo-se as incumbências. [...]” (grifo do autor).
14
Por fim, o poder familiar também é imprescritível. “[...] Ainda que, por
qualquer circunstância, não possa ser exercido pelos titulares, trata-se de
estado imprescritível, não se extinguindo pelo desuso. Somente a extinção,
dentro das hipóteses legais, poderá terminá-lo.” (VENOSA, 2008, p. 301).
Verifica-se, assim, que o poder familiar se caracteriza pela proteção
dos filhos em razão dos inúmeros deveres que são atribuídos aos pais.
3. ABORDAGEM CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal de 1988 foi criada de forma a incluir em suas
disposições normas que abrangem mais do que os temas de conteúdo
materialmente constitucional, ou seja, a Carta Magna aborda temas que vão
além de normas de estruturação social e seus alicerces fundamentais, inclusive
instituindo princípios que têm alcance nas mais diversas áreas do direito, como
no tema que será abordado neste.
Os princípios constitucionais mais importantes que se pode invocar
para garantir a proteção do menor, que é objeto da alienação parental, são:
princípio da Dignidade da Pessoa Humana; Princípio da Solidariedade;
Princípio da Proteção Integral.
Sobre a Dignidade da Pessoa Humana insta destacar que esse é
absoluto, devendo prevalecer sobre qualquer outro princípio e valor, tendo em
vista que diz respeito ao sujeito, a sua pessoa, princípio este base da
Constituição Federal, onde se valoriza o ser, denotando que a pessoa não
deverá ser objeto de qualquer espécie de humilhação ou tratamento
degradante, devendo esta dignidade ser inabalável independente da situação.
Ao se tratar de direito de família, quando se tutela a dignidade da
pessoa humana, este deve ser assegurado ao menor/adolescente o direito à
15
ampla convivência com os seus genitores, não podendo ter essa convivência
subtraída por motivo de brigas e ressentimentos a um relacionamento
alienígena sua relação de filho, qual seja, a relação de marido e mulher de
seus genitores que mormente, nos casos de alienação parental, é de muito
conflito.
O princípio da dignidade da pessoa humana é amplamente ferido nas
hipóteses de alienação parental, pois ao ser dado tratamento diferenciado a
determinado genitor em face do outro, coloca este genitor em posição inferior
em relação ao outro favorecido, assim ferindo sua dignidade enquanto pessoa
de direitos, bem como a dignidade do menor, que lhe sendo subtraída
importante parcela e participação do outro genitor em seu amadurecimento
como cidadão e ser humano. Tal princípio é encontrado regulamentado no
artigo 5º, III, da C.R.F.B.
Cabe frisar que o princípio da dignidade da pessoa humana, que é
fundamento da República, serve para justificar a proteção (igualitária) de todas
as entidades familiares.
Outrossim, o Princípio da Solidariedade estatuído no ordenamento
jurídico por meio da Constituição da República garante a entidade familiar que
o menor/adolescente necessita de auxílio dos seus genitores a fim de suprir as
suas necessidades, sendo essas essenciais para a garantia de sua
subsistência, por não possuir os meios necessários para garantir a sua
manutenção.
O aludido diploma, consagrado na carta magna, garante ao menor o
direito não somente aos alimentos, mas também ao respeito e consideração
mútua em relação aos membros da família, o que, no caso da alienação
parental, é amplamente ferido, pois, quando o genitor aliena parentalmente o
outro, é, nesse momento, ferido o aludido princípio em face do menor, bem
como do genitor alienado.
16
O invocado princípio trata, portanto, não somente do propósito de
prestar alimentos, ou decorrente do casamento, mas também da realidade do
laço familiar, o que, no caso do presente tema, trata-se do direito familiar da
criança em ter contato com ambos os genitores e familiares.
Não se pode negar que tanto o genitor, que possui formalmente a
guarda, como também o outro, deve gozar da mesma proteção legal, em
observância ao princípio da solidariedade, assegurando-se igualdade de
tratamento entre os ex-cônjuges bem como ao menor objeto da alienação
parental.
Tendo como ponto de partida o princípio da Proteção Integral garante
ao menor/adolescente a garantia e proteção ao direito desse no que tange a ter
integralmente garantido seu interesse, devendo, assim, esses interesses
sobreporem-se a qualquer outro bem ou interesse juridicamente tutelado.
Note-se que a intenção do referido princípio é assegurar ao
menor/adolescente, a máxima proteção a seus direitos, utilizando para tanto o
aplicador do direito todas as formas que lhe são peculiares para a análise da
matéria e dos dispositivos legais a serem aplicados.
Por certo, essa proteção integral depreende-se do fato de se estar
lidando com uma pessoa ainda imatura, em fase de desenvolvimento e, por
esta razão, todos os cuidados devem ser tomados, visando à melhor tutela dos
interesses do menor, não podendo ser esse objeto de litígio e verdadeira
guerra de egos de seus genitores.
Qualquer forma de cerceamento ao acesso do menor a um de seus
genitores não possui base constitucional por ir contra o princípio da proteção
integral, protegido e previsto no art. 227º, caput, da C.R.F.B, já que ambos
possuem a mesma atribuição social e geram a mesma consequência, que é a
formação do menor sob seus cuidados do pátrio poder.
17
Na pratica, apesar de que ambos deveriam exercer igualmente essa
responsabilidade, o que se vê é apenas o guardião quem de fato, exerce
sozinho o poder familiar, o que deveria ocorrer apenas em casos de destituição
do poder familiar em casos extremos. Essa espécie de costume ao ser
implantado entre os casais separados, além de prejudicar a ampla convivência
familiar que os filhos deveriam presenciar, contraria os preceitos legais
assegurados constitucionalmente em seu artigo 227:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao
lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao
espeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária,
além de coloca-os a salvo de toda forma de negligencia,
discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.”
Cabe ao direito se adaptar às evoluções sociais que ocorrem, e passar
a regulamentar as situações de fato que não eram previstas em seu
ordenamento, mas que com o passar do tempo passam a ser comuns no dia a
dia. A necessidade do reconhecimento das novas formas de afastamento do
ex-cônjuge se tornou evidente por meio do que se denomina Síndrome da
Alienação Parental (S.A.P.), e por ter tal temática extrema relevância para o
direito, o legislador criou, com fundamento nos princípios alhures citados a lei
12.318/2010, denominada a Lei de Alienação Parental.
Foi assim dado o primeiro passo para abordar o tema tão recente e
moderno no sistema social. Após essa abordagem inicial, e de crucial
importância, a Constituição Federal, através de os princípios vistos
anteriormente, que asseguram o tratamento igualitário (proteção à dignidade da
pessoa humana – solidariedade - proteção integral) e principalmente do artigo
18
226 § 3º que expressamente dá igualdade aos institutos, foi a base para que
fossem criadas leis infraconstitucionais (antes do advento do Código Civil de
2002) que regulamentaram de forma mais específica e minuciosa Síndrome da
Alienação Parental, reconhecendo esta como matéria gravíssima, possuindo
para tanto prioridade processual bem como andamento próprio por meio de
autos em apartado do processo principal de guarda.
Para pôr fim à questão ainda nova no ordenamento jurídico pátrio bem
como na sociedade por meio do avanço dos estudos sociológicos, e regular as
instituições de acordo com as diretrizes constitucionais a Lei de Alienação
Parental vem regulamentar tal situação, tratando do tema de difícil análise do
profissional do direito bem como percepção da realidade dos fatos, por serem
esses muito subjetivos.
Neste aspecto, iremos abordar nos tópicos que se seguem a nova lei,
analisando os aspectos psicossociais da mesma, a fim de verificar a
aplicabilidade na rotina do profissional do direito, bem como a responsabilidade
desses operadores a sua responsabilidade social e profissional com a
sociedade no momento de tratar do tema.
4. ALIENAÇÃO PARENTAL E A SUA CORRELAÇÃO COM O INCESTO
Em 1985, um professor da universidade de Colúmbia Richard Gardner,
descreveu pela primeira vez, a Síndrome da Alienação Parental. Na definição
de Gardner (2002) a SAP é:
Um distúrbio da infância que aparece quase
exclusivamente no contexto de disputas de custódia de
crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha
denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita
pela própria criança e que não tenha nenhuma
justificação. Resulta da combinação das instruções de um
genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação,
19
doutrinação”) e contribuições da própria criança para
caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a
negligência parentais verdadeiros estão presentes, a
animosidade da criança pode ser justificada, e assim a
explicação de Síndrome de Alienação Parental para a
hostilidade da criança não é aplicável. (GARDNER, 2002,
p. 2).
Neste sentido Guazzelli (2007, p. 115) explica:
Um dos momentos em que mais aparecem as patologias
de desvios, tanto da dinâmica familiar como de seus
membros, ocorre quando os vínculos de um casal se
rompem pela separação, pela dissolução da união ou pelo
divórcio. [...] Muitas vezes, porém, além dos “normais”
problemas decorrentes de uma separação, os adultos não
conseguem diferenciar seu papel de
companheiros/cônjuges do papel parental. Nesse caso as
dificuldades são ainda mais graves, porque os litigantes
fazem o rompimento ser ainda mais destrutivo, a si e ao
grupo, e usam de todas as armas possíveis para ir contra
o “ex”. Não é raro que nessas situações os filhos sejam
vítimas das manipulações de um dos separandos com o
fito de atingir o outro cônjuge/companheiro.
Essa síndrome “[...] manifesta-se principalmente no ambiente da mãe,
devido à tradição de que a mulher é a mais indicada para exercer a guarda dos
filhos, notadamente quando ainda pequenos [...].” (TRINDADE, 2007, p. 103).
Após a instituição da lei que permitiu o divórcio sem culpa, grande
quantidade de divórcios sem precedentes surgiu e os conflitos ocorridos eram
levados aos tribunais, no qual os pais disputavam a guarda dos filhos,
20
procurando demonstrar que o outro é um mau genitor. Em casos extremos,
ocorria o desvio do afeto das crianças para um de seus genitores em
detrimento do outro.
Assim, fica evidenciado que a síndrome da alienação parental surgiu
com os conflitos das separações judiciais litigiosas e as disputas das guardas,
a qual ocasionou e ainda continua a causar sérios problemas para os
envolvidos, principalmente nas crianças.
A síndrome da Alienação Parental na sociedade atual vem sendo cada
vez mais frequente, devido ao grande número de rupturas conjugais, fato este
que despertou um substancial interesse nas áreas multidisciplinares da
psicologia e do direito, apesar de serem muito pouco ainda detectados,
revelando assim, a necessidade desses ramos se unirem para melhor
compreender tais fenômenos emocionais.
A lei 12.318 de 26 de agosto de 2010, denominada Lei de Alienação
Parental, visa coibir a aludida alienação, tendo sido a expressão “alienação
parental” utilizada por Richard Gardner no na década de 80 como referência às
ações de guarda de filhos nos tribunais norte-americanos em que se
constatava que o genitor de uma criança a induzia a romper os laços afetivos
com o ex-cônjuge.
Tal situação é comumente encontrada no dia a dia do profissional do
direito, qual seja, casais que se separam e, um deles magoado com o fim da
vivência conjugal e com a escolha do até então parceiro, procura afastá-lo da
convivência da prole, denegrindo a sua imagem perante este bem como
prejudicando a visitação. A Síndrome da Alienação Parental tem seu
crescimento caracterizado pelo aumento do número de divórcios e separações.
Via de regra, a mãe é a guardiã da prole, sendo assim a responsável
pelo monitoramento do tempo e do sentimento da criança. Ocorre que, a dita
21
alienação não é somente perpetrada pelos genitores da criança, podendo,
assim, ser praticada por quem não possui a guarda e até mesmo por outros
parentes, sendo possível praticá-la contra avós, tios, irmãos e qualquer pessoa
que venha a ter a guarda temporária do menor.
Além do mais, mesmo quando ainda verifica-se a instituição do
casamento estabelecida é possível verificar práticas alienadoras de um genitor
conta o outro.
A forma mais comum de lograr seu intento nas práticas alienadoras, o
guardião utiliza de diversas formas ardilosas, tais como alegações de que o
primogênito encontra-se doente, que outros compromissos já firmados com o
menor leva-o a viajar nos períodos em que teria que estar com o outro genitor,
tudo com o único e exclusivo objetivo de afastar da convivência dos seus o
alhures adulto, afastando, assim, a infundada ameaça daquele conta este.
Neste passo, como normalmente o alienador não mede esforços para
alcançar o afastamento do menor do seu ex-cônjuge, a forma mais eficaz é a
denúncia de práticas incestuosas, sendo o filho convencido da existência do
acontecimento e sendo levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo
realmente ocorrido. A criança nem sempre consegue perceber que está sendo
manipulada e acredita no que lhe é dito de forma insistente e repetida, sendo
que, com o tempo, nem mesmo a mãe consegue distinguir a verdade da
mentira criada, criando assim a denominada falsa memória.
Situação não menos aflitiva encontra-se o profissional ao ser informado
de tais acontecimentos, seja ele médico, advogado ou psicólogo, que, ainda
que cogitem a possibilidade de não ser verossímil a informação, sente-se no
dever de tomar imediatamente uma atitude.
Diferente não é a situação do magistrado, que não encontra outra
saída a não ser o imediato afastamento entre ambos e determinar a realização
22
de estudos psicossociais a fim de aferir a realidade dos fatos que lhe são
narrados.
Tais procedimentos são demorados e, no máximo, são estabelecidas
visitações de forma monitorada, na companhia de outrem ou no recinto
forense, lugar esse altamente inadequado. Tudo isso em nome da preservação
da criança.
Conquanto, práticas alienadoras, e, principalmente, falsas denúncias
de abuso sexual não podem mais merecer o beneplácito da Justiça, que em
nome da proteção integral, sem um preparo ou mesmo estudo aprofundado da
situação, vem rompendo o vínculo de convivência, que é de suma importância
e indispensável ao crescimento e desenvolvimento saudável e integral da
criança ou adolescente em desenvolvimento.
Pode-se delimitar o fenômeno dizendo ainda que a S.A.P, também
conhecida como Síndrome dos Órfão de Pais Vivos, consiste em programar
uma criança para que ela odeie um de seus genitores sem plausível
justificativa, quando um dos genitores não consegue absorver o luto da
separação, desencadeando, assim, um processo de destruição,
desmoralização, descrédito do ex-cônjuge.
O abuso sexual é uma das formas de violência doméstica contra os
menores e como normalmente não deixa marcas físicas, resulta em um
diagnóstico difícil e exatamente por isso, quando denunciado pelo alienador
gera nos operadores do direito a imediata obrigação de proteger o menor e,
após a abrupta separação, em segundo plano a investigação máxima do caso
concreto a fim de apurar a realidade fática. Nos casos em que a falsa denúncia
aparece, verifica-se, via de regra, várias sequelas e danos tanto para a criança
quanto para o acusado.
Atualmente o número de denúncias de abuso sexual contra crianças e
23
adolescentes, vêm aumentando substancialmente. Um tema delicado que
revolta a sociedade e devasta a vida não apenas das vítimas, mas como de
toda família. Desde as mais antigas civilizações a violência sexual contra
crianças e adolescentes já se fazia presente nas famílias. “O relacionamento
sexual entre as pessoas consanguíneas ou ligadas pela afinidade” (DOTTI,
1976, p. 3), vem sendo repudiada desde os referidos pela Bíblia.
Trata-se a falsa denúncia de um abuso psicológico grave e
extremamente perverso, que danificará o desenvolvimento da criança, não só
mutilando a relação deste com o outro genitor, mas criando uma confusão
psicológica muitas vezes irreversível.
Ademais, igualmente grave é o fato de que, diante de uma falsa
denúncia ser de difícil identificação se tal ato abusivo realmente ocorreu ou
não, sendo comum a verificação de pessoas adultas, que pela sua doença
mental expõe sua prole a tal situação, chegando ao ponto daquela não mais
saber discernir o que foi criado, com o objetivo de alienar e o que é verdade,
acabando, assim em acreditar piamente na sua versão .
Veja-se, neste ponto é que confluem o incesto e a alienação parental,
pois, a princípio, aparentam ser temas distintos, quase antagônicos, pois o
incesto existe, e a alienação parental decorre de fatos que nunca ocorreram,
entretanto, as semelhanças são muito mais significativas do que as diferenças
entre as duas matérias.
O que não consegue enxergar o genitor guardião é que as falsas
acusações têm resultados tão perversos como se o abuso tivesse ocorrido,
pois a criança reputa verdadeiros os fatos que em verdade não aconteceram.
Assim sendo, quando a criança descobre serem mentirosos os fatos
narrados por seu genitor, descobrindo assim a verdade, sendo assim usada tão
somente como instrumento de vingança, as sequelas são terríveis, pois além
24
de traída, surge imediatamente a sensação de injustiça em relação ao alienado
parentalmente, que foi privado durante anos da sua companhia, enfrentando
assim, severo conflito de lealdade.
Normalmente, o direito pátrio atribui à criança-vítima o fornecimento da
prova, haja vista que seu corpo não ficou concretamente marcado, recorre-se à
mente desse ser, esta certamente marcada, para que se exiba com clareza a
certeza de que o abuso aconteceu. Pedindo para a criança informações
detalhadas, não respeitando a sua idade, nível de pensamento, seu estado
traumático, embora para os demais ramos do direito esses cuidados sejam
tomados.
No momento em que a comunidade que cuida da criança opta por
responsabilizar a criança-vítima a provar seu maltrato, muitos recursos são
usados na tentativa de acalmar nossas consciências, criando-se técnicas
especiais de depoimento que supostamente não envolvem dano. É de fácil
percepção, porém, a exposição que fica esse ser, ainda em formação diante da
complexidade do caso, ficando assim sob uma enorme pressão, pois conforme
se extrai das experiências forenses, ao contrário do que tentam imputar a
criança, essa tem total consciência das responsabilidades das palavras
proferidas, bem como a possível repercussão das mesmas, haja vista que já se
encontra afastada do seu genitor por falsas memórias imputadas e
posteriormente reproduzidas, o que as fazem conectar a ideia de prolação de
informação ao afastamento dos seus.
Como comumente os pais querem vencer a batalha da separação
perante seu até então parceiro, não medem esforços e tampouco se importam
com as “armas” desse embate psico-judicial e é nesse fogo cruzado que se
encontram os filhos do casal, aspirados pela luta e tornam-se objeto de disputa
das batalhas travadas entre seus pais.
Conforme alhures descrito, nas separações litigiosas um dos
25
argumentos mais utilizados e eficazes para afastar o não guardião dos filhos,
geralmente o pai, bloqueando o contato entre eles, é acusá-lo de abuso sexual.
Por um lado, com essa acusação muitas vezes caracterizada como
falsa denúncia, muitos guardiões, na sua maioria mulheres, conseguem
alcançar seus objetivos junto à justiça, ou seja, suspender e bloquear a
visitação do genitor não guardião do filho.
Por outro, os pais separados ou divorciados, pela falta de convivência
com os filhos, não sabem como lidar com eles, temendo por seu desempenho
e consequências de seus ditos, principalmente nos dias de hoje, em que os
pais vêm perdendo seu lugar de autoridade e legitimidade, tendo sua palavra
desvalorizada, e como no caso das falsas acusações, tendo a sua palavra
distorcida e não reconhecida no discurso materno para com a sua prole.
Nestes casos, por patologias como raiva, ódio ou desejo de vingança
contra o antigo companheiro, o genitor detentor da guarda, realiza uma falsa
denúncia de abuso, para satisfazer ou vingar seu sentimento de abandono,
sem inclusive nem pensar nas consequências para a suposta vítima, já que
esta passa a acreditar realmente ter sido abusada.
O juiz responsável na apuração do fato fica apesar da insegurança,
obrigado a afastar o acusado do convívio da criança ou adolescente para
protege-la, significando “dar a vitória”, ao menos parcial, ou seja, o autor da
denúncia falsa, prejudicando além da criança que terá o seu convívio afetivo
prejudicado e a vítima alienada ao ser privada do vínculo e correrá o risco
inclusive de uma eterna rejeição.
Portanto, a Síndrome da Alienação Parental (S.A.P) pode ser
entendida como um conjunto de sintomas apresentados pelo filho como sendo
resultante de influência de um dos genitores, que se utiliza de diversas
estratégias, tentando manipulá-los com o objetivo de bloquear e deveras até
26
destruir seus vínculos afetivos com o outro genitor. Sendo certo que possui
como principal característica da S.A.P, a imputação de falsas realidades, e
como forma mais célere de alcançar tal objetivo a criminosa acusação de
incesto por parte do outro genitor, tudo a fim de se sentir vencedor de uma
batalha, colocando o outro numa posição de humilhação, ficando assim,
subjugado aos caprichos e desejos mais vingativos, cruéis e tirânicos do seu
guardião.
4.1. A FALSA DENÚNCIA DE ABUSO SEXUAL
A falsa denúncia de abuso sexual é a uma das formas mais sórdidas
da vingança de um genitor contra o outro, pois o simples afastamento do
genitor da vida do filho pode não ser suficiente para satisfazer os desejos
doentios do genitor guardião e por isso ele vai além.
O genitor alienador por sustentar raiva, ódio e principalmente o desejo
de vingança poderá chegar nesse extremo, denunciando o outro genitor por
agressões físicas ou abuso sexual contra o filho, sem que isso realmente tenha
ocorrido.
Sobre o abuso sexual, Guazzelli (2007, p. 125) transcreve alguns
conceitos:
[...] “O que caracteriza o abuso sexual é a falta de
consentimento do menor na relação com o adulto. A
vítima é forçada, fisicamente, ou coagida, verbalmente, a
participar da relação, sem ter necessariamente
capacidade emocional ou cognitiva para consentir ou
julgar o que está acontecendo”. “A criança não tem
capacidade de consentir na relação abusiva, porque ‘o
elemento etário desempenha papel importante na
capacidade de compreensão e de discernimento dos atos
27
humanos”. “É a situação em que um adulto ou um
adolescente mais velho, abusando do poder de coação ou
sedução, utiliza-se de um menor para a sua própria
satisfação sexual”. “O abuso sexual é uma forma de
violência física e/ou psíquica, na qual o abusador, sem
consentimento válido, aproveitando-se da sua
superioridade sobre a criança e/ou confiança que ela lhe
deposita, busca a satisfação sexual, causando nela danos
psíquicos (...) e/ou danos físicos”.
Segundo o Código Penal (BRASIL, 1940), a violência sexual está
inserida na parte de crimes contra a dignidade sexual (título VI), sendo que
dentro deste estão inseridos as mais diversas espécies de crimes desse
patamar em que se presumem forçar ou induzir geralmente a mulher ou um
menor de idade a praticar ou presenciar ato libidinal.
Destarte, diante da denúncia de abuso sexual, mesmo que falsa, o que
se busca é a proteção integral da criança, podendo o juiz no mínimo suspender
temporariamente as visitas ou até mesmo destituir o genitor acusado do poder
familiar.
Ocorre que, o genitor já consegue uma vitória, pois mesmo que se
inicie urgentemente uma perícia pelo Serviço Social Judiciário ou ainda uma
perícia psiquiatra para melhor esclarecimento dos fatos, o processo acabará
operando em favor daquele que fez a acusação, tendo em vista que a certeza
do que realmente ocorreu dificilmente será alcançada.
A denúncias de práticas incestuosas tem crescido de forma
assustadora, e se tornou comum a alegação de síndrome da alienação parental
nos argumentos de defesa dos processos que envolvem a questão do abuso
sexual.
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Ressalta-se, entretanto, que a possibilidade de identificação da
denuncia de abuso como falsa pode gerar consequências devastadoras, como
também as denúncias de abuso sexual estão sendo muito utilizadas nas
separações judiciais como espécie de arma nas disputas de guardas judiciais,
logo, necessário saber as diferenças entre o real e o falso abuso sexual.
No abuso sexual, o filho lembra do que ocorreu sem nenhuma ajuda
externa; transmite as informações com maior quantidade e qualidade de
detalhes; os conhecimentos sexuais são impróprios para a sua idade;
costumam mostrar indicadores sexuais, tais como condutas voltadas ao sexo,
agressões sexuais a outros menores de idade inferior, masturbação excessiva
etc; costumam existir indicadores físicos de abuso, como infecções e lesões;
geralmente as denúncias são anteriores a separação; o genitor guardião
percebe a dor e a destruição de vínculos que a denúncia provocará na relação
familiar; o genitor abusador apresenta outros transtornos nas diferentes áreas
de sua vida.
Porquanto, na síndrome da alienação parental, o autor diferencia que o
filho programado não viveu o que seu genitor alega, pois precisa de ajuda para
se recordar dos fatos; as informações transmitidas pela criança carecem de
detalhes e inclusive são contraditórias entre os irmãos; não tem conhecimentos
sexuais de caráter físico, bem como não aparecem indicadores sexuais; as
denúncias de abuso são posteriores à separação; o genitor guardião não leva
em conta e não se importa com a destruição dos vínculos familiares; o genitor
alienado aparenta estar sempre consciente nas diferentes áreas de sua vida; e
o genitor que possui a síndrome só denuncia o dano exercido aos filhos e não
faz menção que também sofreu o abuso.
Deste modo, é de suma importância, que se faça uma maior
investigação das denúncias de abuso sexual, vez que o a falsa denúncia
também se trata de uma forma de abuso que danifica o desenvolvimento da
29
criança, a qual afasta a relação desta com o outro genitor e cria uma confusão
em sua mente irreversível.
4.2. A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS
A síndrome da alienação parental geralmente se inicia com a
campanha de desmoralização da criança contra o genitor alienado. A criança é
induzida a difamar e odiar o genitor através dos falsos relatos e aceitar tudo
que lhe é informado.
Guazzelli (2007, p. 112) denomina a implantação de falsas memórias
como uma “[...] conduta doentia do genitor alienador, que começa a fazer com
o filho uma verdadeira “lavagem cerebral”, com a finalidade de denegrir a
imagem do outro – alienado [...]”. O genitor narra ao filho fatos que jamais
aconteceram ou que aconteceram de forma diferente do narrado, convencendo
a criança da versão que lhe foi implantada.
A implantação de falsas memórias também está presente nas
denúncias de abuso sexual. Neste sentido relata Dias (2006):
“Neste jogo de manipulações, todas as armas são
utilizadas, inclusive a assertiva de ter sido o filho vítima de
abuso sexual. A narrativa de um episódio durante o
período de visitas que possa configurar indícios de
tentativa de aproximação incestuosa é o que basta.
Extrai-se deste fato, verdadeiro ou não, denúncia de
incesto. O filho é convencido da existência de um fato e
levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo
realmente acontecido. Nem sempre a criança consegue
discernir que está sendo manipulada e acaba acreditando
naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida.
Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença
30
entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser
verdade para o filho, que vive com falsas personagens de
uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas
memórias.”
As lembranças da criança podem ser fortalecidas quando lhes forem
expostas informações que contradizem o que elas vivenciaram, provocando,
assim, falsas memórias. “[...] Quando a informação encontrada difere das
experiências da criança do incidente em questão, no entanto, as crianças
podem ficar confusas entre suas experiências e as de que elas podem lembrar
o conteúdo, mas não a fonte de experiência.” (FERREIRA, 2007, p. 144).
Portanto as crianças são absolutamente influenciáveis, e o guardião
que tem essa noção pode usar o filho e implantar essas falsas memórias,
criando uma situação da qual nunca mais se conseguirá uma convicção em
sentido contrário.
4.3. CONSEQUÊNCIAS PARA A VÍTIMA DO ATO DE ALIENAÇÃO
PARENTAL
A alienação parental é, via de regra, alcançada pelo trabalho
incansável de destruição da figura do progenitor alienado, promovida pelo
progenitor alienante. Tal esforço conduz a situações extremas de alienação,
que acabam por inviabilizar qualquer contato com o genitor definitivamente
alienado.
Muitas vezes, a resistência oferecida pelos filhos ao relacionamento
com um dos pais é tamanha, que a alienação parental acaba por contar,
inclusive, com o aprovação do Poder Judiciário.
Não raro, diante dessa circunstância, alguns juízes chegam até mesmo
a deferir a suspensão do regime de visitas. É o quanto basta para que se tenha
a síndrome instalada em caráter definitivo.
31
Outro meio de manobra para excluir o outro genitor da vida do filho é a
mudança de cidade, estado ou país. Geralmente essa transferência de
domicílio se dá de modo abrupto, após anos de vida em local ao qual não
apenas o genitor alienante encontrava-se acostumado e adaptado, como
também a criança que, inesperadamente, vê-se privada do contato com o
progenitor alienado, com os familiares, com os amiguinhos, com a escola a que
já se encontrava integrada, etc.
E tudo em nome de vagas escusas: melhores condições de trabalho ou
de vida, novo relacionamento amoroso com pessoa residente em cidade
diferente e, quase sempre, distante, etc. Nesses casos, adverte Gardner, o juiz
deve se mostrar muito atento, para verificar quando se trata de mudança ditada
por motivos reais e justificados ou quando ela não passa de subterfúgio para
afastar o outro genitor do filho.
Enfim, quando o genitor alienante não logra obter a alienação
desejada, esta é alcançada pelo mais trágico dos meios: o assassinato do
genitor que se pretende alienar, ou mesmo – o que é mais terrível – dos
próprios filhos.
É conhecido, em São Paulo, o caso de uma mulher que, inconformada
com a perda do marido em decorrência da separação, assassinou os três filhos
e, em seguida, suicidou-se. O homicídio e o suicídio perpetrados justificar-se-
iam, consoante as palavras por ela deixadas, pelo fato de que, sem a sua
presença, ninguém mais saberia cuidar de seus filhos. Daí, por não conseguir
mais viver sem o marido, de quem se separara, entendia ela que os filhos
também não teriam condições de continuar vivendo. Foi por essa estapafúrdia
e pífia razão que, antes de se suicidar, matara as três crianças. O caso
representa, sem dúvida, o grau máximo em que se pode verificar a
consumação da alienação parental.
32
Atualmente a mulher tem o poder de decisão sobre seu trabalho,
quando quer ter sua prole, bem como a forma que deseja tê-la, qual seja,
naturalmente ou pela reprodução assistida com a ajuda da tecnologia atual.
Dessa forma, as decisões estão sempre nas mãos da mulher, que,
assim sendo, assume um lugar de autoridade e poder em vários sentidos no
âmbito familiar, mesmo que, ainda nos dias atuais, isso não seja reconhecido.
Entretanto, quando ela faz valer a sua vontade, o seu desejo, daí
decorrem muitas consequências, pois, com o avanço da sociedade em prol da
mulher, por meio dos movimentos feministas, bem como avanço da tecnologia,
o homem vem cada vez mais perdendo espaço na sociedade e, por
conseguinte, a posição de patriarca e único provedor da família, o que vem
originando dúvidas e incertezas acerca do seu lugar junto aos filhos e ao seu
papel de pai, que se encontra nos dias de hoje cada vez mais próxima às que
antes eram atribuídas tão somente às mulheres.
Essas mudanças trazem um resultado paradoxal na estrutura da
família e dinâmica familiar, pois com o passar do tempo o que ocorreu foi uma
inversão de situação, garantindo a mãe uma preponderância de fato, se não de
direito, em detrimento do pai, na questão da guarda dos filhos nos casos de
separação conjugal e divórcio Acrescenta-se, ainda, a valorização do instinto
materno, amplamente difundido na sociedade dando um superpoder à figura
materna, naturalizando o direito da mãe como principal referência na vida do
filho, o que pelo avanço dos estudos de psicanalistas e psicólogos vem, pouco
a pouco, sendo desmistificadas, ressaltando cada vez mais a importância da
função paterna na construção dos valores do menor, e o pai como
representante desta função no núcleo familiar.
Nesse passo, nos litígios familiares e judiciais, a guarda unilateral traz
sofrimento, angústia e inúmeros prejuízos emocionais para os envolvidos, seja
a criança/adolescente ou o genitor forçado a se afastar da convivência diária de
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sua prole e, quando um destes, o “guardião” dificulta ou proíbe a convivência
do outro genitor com o menor, seja impedindo ou bloqueando de qualquer que
seja a maneira o convívio desses, desencadeia nesse momento a Síndrome da
Alienação Parental, é caracterizada pelos sintomas exteriorizados pelos
menores mediante à provocação e influência de um dos seus genitores.
O termo alienação pode ser compreendido como caracterizado por
uma acentuada dependência e submissão do sujeito (criança ou adolescente)
ao genitor que detém sua guarda, dificultando e impedindo o contato com o
“genitor visitante” e aquele, causando o afastamento e o desapego entre esses,
reforçados pelas falas depreciativas, humilhantes em relação ao outro genitor,
sendo o foco sentimentos de ódio, ressentimento e a necessidade de vingança.
Tais atitudes acarretam no menor a diminuição de sua autoestima,
desencadeando medos, inseguranças, inibições e, até mesmo, em casos mais
extremos horror, ao se aproximar do não guardião, além de outras reações.
No que tange as visitações e convivência com os filhos, é mais
complexa e dolorosa, pois ao perderem, mesmo que temporariamente o
contato e a possibilidade de serem assistidos por ambos os pais, outras perdas
geram graves sequelas psicológicas aos menores, pois enquanto aguardam
uma decisão de processos judiciais, que duram meses e mais meses, às vezes
anos a fim de ter maior assiduidade no contato com o outro genitor do que
aquela concedida judicialmente, verifica-se o estado de angústia em ambas as
partes que lutam na justiça para conviver com os seus.
Todavia, conforme se verifica no cotidiano, nem sempre as decisões
judiciais são adimplidas, pois acreditando ter um poder soberano sobre sua
prole, o guardião faz o que bem quer com o seu filho, determinando, assim, de
forma unilateral e imperiosa, tanto ao filho quanto ao ex-parceiro, o
desencadeamento de conflitos, sofrimentos e temores.
34
Dessa forma, dentro da alienação parental, comportam-se os genitores
como verdadeiros guerrilheiros em um campo de batalha, em que cada um
tenta suplantar o outro colocado na posição de inimigo a ser vencido, que
mediante tais atitudes de mentiras, invenções e crueldade para com a sua
prole, colocam-na cada vez mais assustada e temerosa de falar, ver ou mesmo
aproximar-se do “genitor visitante”.
Comumente a vontade dos filhos de pais separados é reuni-los, e os
sentimentos deles com relação aos genitores são os mais distintos possíveis.
Quando o genitor alienador passa a destruir a imagem do outro perante a prole
com comentários sutis ou abertamente hostis, reforçado pelos familiares,
amigos, em alguns casos vem por advogados e novo cônjuge, os filhos muitas
vezes necessitam se calar com relação a seu sentimento de amor para com o
outro genitor, sentimento esse ainda muito forte, a fim de não desagradar ou
mesmo ferir o genitor com quem reside e que mantém seu controle, sufocando,
assim, seus sentimentos e reais vontades. Podendo, inclusive, passar a odiá-
los e rejeitá-los, repetindo dessa forma a mesma falsa memória e sentimentos
do genitor alienador.
Logo, tão vítima da alienação parental tanto quanto o menor é o genitor
alienado, que após infrutíferas tentativas de ter contato com os seus,
deparando-se com a atitude do alienador de que somente ele é capaz de
educar, criar e que o menor não sobrevive sem os seus cuidados e excluindo
de forma abrupta o não guardião, visando afastar esse do convívio com o seu
filho, favorece a ocorrência de situações em que este último acaba por se sentir
humilhado e impotente, achando que realmente não possui condições de criar
e educar de forma satisfatória os filhos e, com muito sofrimento, não raro,
desaparece da vida dos filhos como uma forma de evitar a angústia que o
contato com a prole lhe provoca.
Consequentemente, procura ter filhos com outro parceiro, dedicar-se
aos filhos oriundos de outra relação afetiva ou mesmo ocupa-se com crianças
35
de outra família, quais seja, sobrinhos, filhos de amigos, dentre outros.
Da mesma maneira, ao não serem mais visitados e sem
compreenderem o real motivo para o afastamento do seu genitor, os filhos,
criaturas imaturas e ainda indefesas, sentem-se traídos e abandonados,
desamparados.
Nesse sentido, insta enfatizar que a noção de tempo dos adultos é
totalmente diferente do de uma criança, haja vista que para este último quinze
dias longe do seu genitor podem parecer uma eternidade, trazendo-lhe a
experiência bem com sensação de abandono, a sensação de não ocupar um
lugar de privilégio no coração do outro genitor a quem dirigia o seu amor e com
quem se sentia protegida.
Ao interpretar esse suposto afastamento como traição, rejeição e
abandono, o menor acaba por também rejeitar a presença do genitor alienado,
recusando, nas situações mais graves, retomar qualquer forma de contato com
ele, não enxergando assim, quer seja pela sua pouca idade ou falta de
percepção da realidade fática, que tanto quanto o genitor é ela também
alienada parentalmente por seu guardião.
Então, impedir o convívio do genitor não guardião com os filhos, o
genitor alienador pode causá-lo de negligência, projetando nos filhos todas as
suas revoltas e, dessa maneira deixar cada vez mais afastado o ex-parceiro da
prole, atacando-o com verbalizações negativas e destrutivas, projetando no
outro o seu próprio egoísmo e megalomania.
Muitas crianças, sem conseguirem alcançar o que está ocorrendo em
suas vidas em relação ao genitor alienado, indagam seu guardião com as mais
variadas perguntas como, por exemplo, qual o motivo do abandono, por que o
pai deixou de amá-la, porque sempre combina e nunca aparece.
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Tamanha a gravidade da alienação parental, que os sintomas
apresentados na infância refletem diretamente na vida adulta dos alienados
parentalmente, como por exemplo, meninas que muito identificadas com a
figura materna, repetem as falas da mãe agressivamente dirigidas aos ex-
parceiros como “homem não presta!” e, alienadas ao que escutam, afirmam
veementemente que quando crescer não vão casar.
Desse modo, evitam o contato com o genitor visitante, contaminadas
pelas palavras ditas de descréditos, humilhantes e acusadoras dirigidas a seu
pai, que contribuem frontalmente para que as filhas construam uma imagem
ruim e deturpada do genitor e, dessa maneira passam a enquadrar todos os
homens e qualquer parceiro superveniente nessa categoria desvalorizada e
deprimente que lhe foram transmitidas sob o olhar e discurso materno.
Por outro lado, os meninos vítimas da alienação parental podem
também se tornar violentos, exploradores ou apáticos às mulheres, quando se
identificam com pais nomeados de abusadores, ausentes, abandonadores de
lar, conforme dito pela mãe alienadora.
Diversos são os conflitos decorrentes do que os menores vítimas da
S.A.P (Síndrome da Alienação Parental) ouvem e sentem. Permanecem
recalcados, mas atuantes na sua subjetividade, casos em que apresentam o
aparecimento de sintomas a curto e longo prazo, e quando essas crianças
tornam-se adultas, passam a avaliar com maior clareza e maturidade os fatos
outrora ocorridos, passam a apresentar conflitos de lealdade que estão desde
cedo presentes em sua vida, o que desencadeia um imenso sentimento de
remorso, culpa, e depressão pelas injustiças causadas a seu genitor que via de
regra enfrentou uma verdadeira via crucis para manter, ainda que
minimamente, a companhia com seu filho, dando-se conta, então, de que foram
verdadeiros objetos de disputa, qual seja um prêmio a ser alcançado a
qualquer e todo custo.
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5. ATUAÇÃO DO ADVOGADO DAS PARTES NA SÍNDROME DE
ALIENAÇÃO PARENTAL E DO JUDICIÁRIO
Identificada à alienação parental, se faz imperioso que o Poder
Judiciário impeça a sua continuação e o seu desenvolvimento, para que desta
forma, a síndrome da alienação parental não se fortaleça.
Entretanto, os operadores do direito (juízes, promotores, advogados,
conselheiros tutelares) e os agentes da saúde (psicólogos, médicos,
assistentes sociais), devem ser conscientizados da alienação parental, porque
“[...] os olhos só podem ver aquilo que a mente está preparada para
compreender.” (TRINDADE, 2007, p. 109).
Com relação ao genitor que se utiliza desse artifício, este deve ser
severamente punido, tendo em vista que poderá prejudicar o desenvolvimento
sadio do filho. Ademais, as punições aos genitores alienadores servirão de
alerta à outros que poderão se inibir de praticar referido ato, e desta forma,
reduzir novos casos de alienações parentais.
Hoje, com a atual estrutura do ordenamento jurídico pátrio, exige-se
que para ser desfeita a entidade familiar em que verificamos a ocorrência da
alienação parental é necessário recorrer ao poder judiciário, por envolver
interesses de menores, sendo, portanto o intermediador do primeiro contato
com essa família com a legislação brasileira o profissional do direito que exerce
a advocacia.
O profissional preparado e qualificado para lidar com as mazelas que a
profissão lhe traz os casos que envolvem imbróglios familiares, buscando não
só o interesse de seu cliente, mas ir além, cumprindo com o seu juramento
quando se formou em auxiliar para a boa prática da cidadania e da justiça,
razão pela qual não pode esse acreditar em tudo o que ouve de uma pessoa
emocionalmente fragilizada e, via de regra, possuída do sentimento de raiva,
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ódio e vingança que o procura, a fim de não medir esforços na destruição do
seu até então amado companheiro.
Destarte, na alienação parental, o genitor não pensa duas vezes em
impedir o contato do menor com o outro genitor, bem como inventar histórias
maldosas acerca daquele para seu patrono, que não estando este preparado
para lidar com as situações peculiares do segmento do direito de família, pode
por acabar na busca da justiça, cometer uma grande injustiça, não só com o
genitor, mas também com o menor.
Mister se faz que o profissional de direito, antes de comprar a ideia de
que há a presença de algum abuso, fazer uma averiguação e possível
investigação da veracidade dos fatos, seja contatando outras pessoas além do
seu cliente que também conheçam a criança e, confrontar as informações com
outros profissionais de outra áreas igualmente gabaritados e da forma mais
célere possível.
Os atuantes da área da psicologia, em tese, estão muito mais
preparados para lidar com os casos de alienação parental do que os
profissionais do ramo do direito, e deveria, sempre que ocorresse casos de
acusação de incesto por um cliente, o advogado entrar em contato com um
profissional dessa área a fim de averiguar a realidade dos fatos antes de
impetrar uma ação acusando o genitor daquele crime, podendo ser, assim,
corresponsável na alienação parental do menor que é o seu cliente e maior
interessado no desdobramento do litígio dos seus pais.
Veja-se que é indispensável que o advogado atuante no direito de
família, saber que nem tudo que é apresentado pelo seu possível cliente é a
realidade dos fatos, tendo que levantar, ao menos, as seguintes possibilidades:
1) a denúncia pode ser falsa; 2) a denúncia pode ser parcialmente verdadeira;
3) a denúncia pode ser verdadeira; 4) a denuncia não só é falsa, como a
criança foi induzida pelo genitor a fazê-la.
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As possibilidades são as mais variadas possíveis, devendo todos os
profissionais agir com a maior cautela e celeridade possível antes de ajuizar
uma demanda judicial, fazendo, assim uma filtragem vestibular dos dados que
o seu cliente lhe trouxe, levando em consideração os fatos e os motivos que
teria o seu cliente para querer se vingar do seu ex-cônjuge por intermédio do
seu filho.
O advogado tem o dever de, antes de acusar, esgotar todas as
possibilidades de que se trata uma falsa denúncia, preferencialmente
encaminhando tanto o cliente como o seu filho a avaliações junto a
profissionais da área da psicologia que não sejam vinculados com a pessoa
que pretende denunciar.
Pois bem, a Carta Magna reza: "Ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória" (artigo 5º, inciso LVII).
Mas, no Juízo da Vara de Família, a ação inicia-se penalizando o genitor e
também o menor.
A tão falada síndrome de alienação parental, hoje conhecida por todos
que militam na área de família, parece esquecida em situações dessa natureza.
Não se indaga, não se questiona, não se produzem provas, no Juízo da
Família, no primeiro momento. Penaliza-se, depois se produzem as provas.
Audiências, inspeção judicial, laudos de peritos da área são realizados após
genitor e criança/adolescente serem separados, pelo Juízo da causa.
No que tange ao ônus da prova, em nada é observado o dispositivo
legal do Código de Processo Civil, pois, o que está pré-constituído como
provas pelo patrono do genitor guardião vale por si só, desrespeitando, assim,
abruptamente o princípio maior, qual seja, o princípio da dignidade da pessoa
humana, tanto pelo advogado, quanto pelo Ministério Público e pelo juiz de
direito.
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Os operadores do direito se esquecem que um boletim de ocorrência
elaborado a partir de informações unilaterais narradas pelo interessado não
gera presunção iuris tantum da veracidade dos fatos narrados, mas apenas
consigna as declarações unilaterais.
Doutra feita, também não pode se esquecer o operador do direito que,
"dar causa à investigação policial, de processo judicial, contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente" é denunciação caluniosa,
conforme preceitua o artigo 339 do Código Penal, sendo crime de ação pública
incondicionada, o que espelha a gravidade do ato do genitor, devendo,
precipuamente o advogado estudar, investigar e se informar, antes de dar
causa a tamanho sofrimento familiar e uma verdadeira guerra judicial .
O que não se pode mais aceitar é a suposta vinculação do juiz civil à
denominada verdade formal, prevalecendo a verdade real apenas no âmbito
penal. Tais expressões incluem-se entre aquelas que devem ser banidas da
ciência processual. Verdade formal é sinônimo de mentira formal, pois
constituem as duas faces do mesmo fenômeno: o julgamento feito à luz de
elementos insuficientes para verificação da realidade jurídico material. Aquele
que não vê reconhecido o seu direito, em decorrência de um provimento
injusto, passa a não crer mais na função jurisdicional.
Por derradeiro, é muito importante se usar da mais absoluta cautela
para identificar o abuso sexual real e a falsa denúncia antes da propositura da
demanda judicial, pois estão os pais denunciantes, tomados pelo ódio e rancor
da separação, de forma doentia, acham que estão fazendo o melhor para a sua
prole, assim, todo cuidado é necessário para não deixar-se envolver pela
narrativa desses genitores, pois eles fazem questão de somar partidários para
sua tese.
Diante de tais circunstâncias, o advogado deve agir com cautela para
41
não aceitar a visão unilateral do caso trazida pelo guardião que é seu cliente,
não significando ser negligente, mas sim ouvir as informações dentro de um
contexto mais amplo do que o seu conhecimento acerca das leis.
Além do que, quando apresentados tais casos ao Judiciário, este deve
ter uma “avaliação imediata do caso”, para evitar trazer maiores prejuízos à
criança ou adolescente, pois, se for de fato falsa tal denúncia, deve-se tomar
uma atitude para que os danos psicológicos não sejam tomados na totalidade
por essas falsas memórias imputadas, e se tornando favorável ao alienador.
Para que se garanta de fato a Justiça, o Magistrado pode e deve
utilizar-se além das provas testemunhais e documentais, a prova pericial onde
será efetuado um laudo após serem realizadas avaliações psicológicas ou
biopsicossociais, entrevistando pessoalmente todas as partes envolvidas,
inclusive, e principalmente a criança ou adolescente, analisando ainda o
histórico do casal e da separação, avaliando-se a personalidade dos indivíduos
e como o filho reage a essas acusações. (DIAS, 2010, p. 193)
5.1. DESAFIO AO PODER JUDICIÁRIO
Abundantes são os mecanismos utilizados pelos operadores do direito
para a proteção da criança e do adolescente. Assim, como forma de proteção,
buscam o que melhor interessa para elas.
Sobre o melhor interesse da criança, Pereira (2003, p. 208) ensina:
“[...] a Convenção Internacional sobre os Direitos da
Criança, aprovada pela ONU em 20 de novembro de
1989, foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n°
99.710, de 21 de novembro de 1990. O art. 3.1 (sic)
declara expressamente que “todas as ações relativas às
crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou
42
privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar,
primordialmente, o melhor interesse da criança”.
A Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 227, caput,
também merece respaldo ao declarar os direitos fundamentais da criança.
Todavia, existe uma repressão ao poder judiciário em relação à alienação
parental, principalmente nos casos de denúncia de abuso sexual.
Quando esta notícia chega ao judiciário, cria-se uma situação
complicada para os operadores do direito. O magistrado deve tomar
imediatamente uma atitude para a proteção da criança, porém existe o receio
de que se a denúncia não for verdadeira a situação poderá ser traumática, pois
ficará privada de conviver com o genitor que não lhe causou nenhum mau.
Diante desta situação, o juiz acaba suspendendo as visitas do genitor
alienado ou estabelece visitas de forma monitorada, bem como determina a
realização de estudos sociais e psicológicos para a apuração da verdade.
Todavia, a demora das avaliações dos estudos sociais e psicológicos
acaba não sendo conclusivo e com isso beneficia o genitor alienador.
Neste sentido Duarte (2009) corrobora:
O tempo trabalha em favor do alienador. Quanto mais
demora a identificação do que realmente aconteceu,
menos chances há de ser detectada a falsidade das
denúncias. Como é impossível provar fatos negativos, ou
seja, que o abuso não existiu, o único modo de descobrir
a presença da alienação é mediante perícias psicológicas
e estudos sociais.
43
O Poder Judiciário, contudo, não pode se precipitar em romper o
vínculo de convivência da criança e de seu genitor alienado sem se atentar ao
que realmente aconteceu, pois isso, de certa forma, fere gravemente o
desenvolvimento da criança vítima da alienação parental.
Assim, ao que parece, difícil à solução para a síndrome da alienação
parental. Para a solução do problema, Duarte (2009) entende a possibilidade
de punição ao genitor alienador sem a necessidade de norma específica para
tanto. Assim descreve em seu artigo:
“[...] é possível a reparação do dano moral sofrido pelo
não guardião (Constituição Federal, artigo 5°). A
cumulação de dano material e moral quando advindos do
mesmo fato é entendimento firmado por nosso Tribunal
Superior (Súmula n° 37 do STJ). A devida aplicação da
Convenção sobre os direitos da Criança (aprovada pela
ONU e pelo Decreto Legislativo n° 28, de 14.09.1990); do
Estatuto da Criança (Lei 8.069/90), que em seu artigo 3°,
preserva os direitos fundamentais da criança e do
adolescente como instrumentos de desenvolvimento
físico, mental, moral e espiritual em condições de
liberdade e dignidade e no artigo 5°, determina que a
criança e o adolescente não podem ser objeto de
nenhuma forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, sendo
punida qualquer atividade ilícita atentatória aos direitos
fundamentais. [...] o fato é que não vemos necessidade de
norma específica para punir o alienador e impedir seu
silencioso projeto de “morte inventada”. [...]”
Uma vez identificado o processo de alienação parental, é importante
que o Poder Judiciário aborte seu desenvolvimento, impedindo, dessa forma,
44
que a síndrome venha a se instalar.
Via de regra, até por falta de adequada formação, os juízes de família
fazem vistas grossas a situações que, se examinadas com um pouco mais de
cautela, não se converteriam em exemplos do distúrbio ora analisado.
É imperioso que os juízes se dêem conta dos elementos identificadores
da alienação parental, determinando, nesses casos, rigorosa perícia
psicossocial, para então ordenar as medidas necessárias para a proteção do
infante. Observe-se que não se cuida de exigir do magistrado – que não tem
formação em Psicologia – o diagnóstico da alienação parental.
No entanto, o que não se pode tolerar é que, diante da presença de
seus elementos identificadores, não adote o julgador, com urgência máxima, as
providências adequadas, dentre elas, o exame psicológico e psiquiátrico das
partes envolvidas.
Uma vez apurado o intento do genitor alienante, insta ao magistrado
determinar a adoção de medidas que permitam a aproximação da criança com
o genitor alienado, impedindo, assim, que o progenitor alienante obtenha
sucesso no procedimento já encetado.
As providências judiciais a serem adotadas dependerão do grau em
que se encontra o estágio da alienação parental.
Assim, poderá o juiz: a) ordenar a realização de terapia familiar, nos
casos em que o menor já apresente sinais de repulsa ao genitor alienado; b)
determinar o cumprimento do regime de visitas estabelecido em favor do
genitor alienado, valendo-se, se necessário, da medida de busca e apreensão;
c) condenar o genitor alienante ao pagamento de multa diária, enquanto
perdurar a resistência às visitas ou à prática que enseja a alienação; d) alterar
a guarda do menor, principalmente quando o genitor alienante apresentar
45
conduta que se possa reputar como patológica, determinando, ainda, a
suspensão das visitas em favor do genitor alienante, ou que elas sejam
realizadas de forma supervisionada; e) dependendo da gravidade do padrão de
comportamento do genitor alienante ou diante da resistência dele perante o
cumprimento das visitas, ordenar sua respectiva prisão.
Em relação à possível alteração da guarda, aventada anteriormente no
item d, não se registra fatos em nossa jurisprudência decisão de modificação
de guarda ditada exclusivamente pelo impedimento aposto às visitas por parte
do titular da custódia. Há um único e isolado julgado em que a alteração da
custódia encontrava um de seus fundamentos em tal circunstância, mas a
razão primeira da decisão foram os maus tratos do guardião à filha menor.
Embora, no Direito Brasileiro, a oposição e impedimento ao exercício
do direito de visitas não seja considerada crime – ao contrário do que sucede
em outros países, imputar uma pena pode vir alicerçado no descumprimento de
ordem judicial, delito contemplado no art. 330 do Código Penal.
Quando está patente o processo de alienação parental, promovido pelo
progenitor alienante, não se permite aos advogados, em nome de uma suposta
defesa de seus direitos, prejudicar aquele que é, em tais casos, o interesse
maior a ser protegido: o do menor.
Em tais situações, a recusa ao patrocínio da causa do progenitor
alienante impõe-se, também por força do comando constitucional que erige à
condição de dever da sociedade – e, por conseguinte, de todo e qualquer
cidadão, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à convivência familiar.
Identificar a alienação parental e evitar que esse maléfico processo
afete a criança e se converta em síndrome são tarefas que se impõem ao
Poder Judiciário, que, para esse fim, deverá contar com o concurso de
46
assistentes sociais e, principalmente, de psicólogos. Por sua vez, ao advogado
que milita na área do direito de família, quando procurado pelo genitor
alienante para a defesa de seus direitos, tarefa de menor dificuldade e
importância não lhe é destinada.
Por fim, percebendo-se a configuração da alienação parental,
imprescindível a responsabilização do genitor alienador.
6. PSICOLOGIA FORENSE
A psicologia jurídica é muito importante para o auxílio da justiça nas
Varas de Família e Infância e Juventude, tendo em vista que estuda o
comportamento psíquico dos indivíduos.
Sobre a psicanálise, Groeninga (2006, p. 440) dispõe que: “Psicanálise,
que busca desvendar como se dá nossa constituição psíquica, nossa
personalidade, e o que dela nos é dado a conhecer, na dialética entre
consciente e inconsciente”.
Assim, a psicologia tem por objetivo fornecer subsídios para que a
justiça tome uma decisão correta.
Em algumas áreas da justiça a perícia psicológica pode ser solicitada
para averiguar a periculosidade do caso, as condições de discernimento ou
sanidade mental das partes em litígio.
No presente estudo o psicólogo ajuda a mostrar o genitor que melhor
atende aos interesses da criança, desvendando o comportamento do genitor
alienador, bem como ajudar a criança vítima da alienação parental a superar o
trauma.
Entretanto, para a prática do exercício do psicólogo é necessário o
47
conhecimento básico da legislação que regulamenta as famílias.
Nesta esteira, ensina Brandão (2005, p. 51):
[...] De nada adianta se restringir à especificidade de seu
campo, se o psicólogo desconhece, por exemplo, os
critérios jurídicos que norteiam a decisão de uma guarda
ou os deveres e direitos parentais. As referências usadas
pelo psicólogo devem comunicar-se com a do Juiz, sejam
as opiniões convergentes ou não, caso contrário, ele não
poderá contribuir para o desenlace das dificuldades e dos
conflitos com os quais o Judiciário se embaraça.
Portanto, fundamental que o psicólogo tenha conhecimento dos artigos
que garantam a proteção e melhor interesse da criança, bem como de sua
família para poderem ajudar as partes afetadas pela síndrome da alienação
parental e consequentemente auxiliar a justiça.
Os subsídios dos juízes devem ser pautados nos laudos
confeccionados pelos psicólogos, pareceres, e relatórios com a avaliação
realizada das partes envolvidas no processo.
Desta forma, os psicólogos são cada vez mais chamados aos
processos judiciais para auxiliarem a justiça na problematização das demandas
que lhes são feitas e como isso, muito provavelmente a justiça encontrará
maior viabilidade para a solução dos problemas em litígio.
6.1. MEDIAÇÃO FAMILIAR
A mediação familiar pode ser muito importante para a solução dos
conflitos, pois é com a mediação que se busca a origem do problema. Assim, a
alienação parental pode ser solucionada por esse mecanismo.
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Sobre a mediação, Cachapuz (2003, p. 28) a conceitua como “[...] um
meio extrajudicial de resolução de conflitos, onde um terceiro é chamado para
encaminhar as partes a chegarem a uma solução ou acordo.”
No mesmo sentido, Nazareth (2002, p. 311) define a mediação:
Um método de condução de conflitos, voluntários e
sigilosos, no qual um terceiro neutro, imparcial, escolhido
pelas partes e especialmente capacitado, colabora com
as pessoas que se encontram em um impasse, para que
restabeleçam a comunicação produtiva, ajudando-as a
chegar a um acordo, se esse for o caso.
A mediação, por sua vez, não se confunde com a conciliação e
arbitragem. A conciliação busca soluções imediatas para o conflito e ignora a
origem do conflito; na arbitragem a solução do conflito se dá nas sentenças
obrigatórias dos árbitros.
Barbosa (2006, p. 58) diferencia a conciliação e arbitragem da
mediação:
A mediação é diferente de conciliação e arbitragem
porque ela é um princípio, um comportamento, a
experiência humana que assegura o livre
desenvolvimento da personalidade, capacitando os
sujeitos de direito à conquista da liberdade interna – e não
política – de ser humano, e à igualdade contida no
princípio da dignidade da pessoa humana, representando
a reunião simbólica de todos os homens naquilo que eles
têm de comum – a igualdade de qualidade de ser humano
– permitindo o reconhecimento de uma pertença a um
mesmo gênero: o gênero humano.
49
Cachapuz (2003, p. 19) assim se manifesta a respeito da diferenciação
da conciliação e mediação:
Ambos são meios extrajudiciais de resolução de conflitos
que utilizaram terceiros imparciais. Na conciliação, esses
terceiros conduzem o processo na direção do acordo,
opinando e propondo soluções. Na conciliação o terceiro
imparcial pode usar de seus conhecimentos profissionais,
nas opiniões que emite. O juiz sabe que foi o acordo
possível e homologa o acordo. O poder, a autoridade e o
domínio aparecem e por isso se mantêm entre as partes
separadas mais ressentimento e idéias de vingança, e
novos conflitos judiciais voltam às cortes. Na mediação, o
terceiro, imparcial, não opina, não sugere nem decide
pelas partes. O mediador está proibido por seu código de
ética de usar seus conhecimentos profissionais
especializados como os de advogados ou psicólogo, por
exemplo, para influir na decisão. A mediação, além do
acordo, visa à melhora das relações entre os pais
separados e a comunicação em benefício dos filhos.
A mediação é um mecanismo que irá transformar o litígio em algo
positivo, desenvolvendo um bom relacionamento entre as partes.
Seu objetivo é formar relações mais harmoniosas; as partes poderão
ser escutadas e com isso conseguir acordos em questões aparentemente
inconciliáveis; estimular a autodeterminação das partes; apurar melhor as
responsabilidades parentais; determinar o que é mais adequado aos filhos;
equilibrar o tempo de amadurecimento do desapego nas separações;
discriminar o que é de ordem legal e de ordem emocional.
50
Por fim, sua meta é “[...] fornecer as condições mínimas para que as
pessoas, em situação de crise, passem a operar de uma maneira mais
madura.” (NAZARETH, 2002, p. 311-312).
Com esses objetivos se inicia o processo da mediação que começa
com a escuta das partes para a coleta de informações sobre a natureza do
conflito e o mediador chegar a uma sugestão.
A alienação parental, portanto, pode ser solucionada com a mediação
que auxilia as partes a detectar as causas geradoras da síndrome e seus
motivos, bem como ajuda as partes a realizarem um acordo buscando a melhor
forma possível para a resolução do conflito.
No entanto, existem formas mais eficazes para a solução da alienação
parental, em virtude de sua complexidade.
Por conseguinte, se ficar caracterizado atos típicos de alienação
parental, ou qualquer conduta que dificulte o convívio da criança com genitor, o
juiz poderá:
I - declarar a ocorrência de alienação parental, advertir e
até multar o alienador;
II - ampliar o regime de visitas em favor do genitor
alienado;
III - determinar intervenção psicológica monitorada; VI -
alterar as disposições relativas à guarda;
V - declarar a suspensão ou perda do poder familiar.
(PIMENTA, 2009).
Posto isto, resta claro que a mediação não é o método mais adequado
para a solução da alienação parental, apesar de ser um método “alternativo” ou
51
até mesmo complementativo, eis que deve ser observado o caso em questão
de modo mais abrangente possível e mais contundente.
6.2. EFEITOS DE VIOLÊNCIA/AGRESSIVIDADE/BRUTALIDADE DA
ALIENAÇÃO PARENTAL E DO INCESTO AOS DIREITOS ADQUIRIDOS
DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
São inúmeros os litígios judiciais que tem como partes os genitores
separados ou divorciados, que acusam uns aos outros de terem abusado
sexualmente dos filhos, sendo demonstrado aspectos negativos de convivência
e pessoalidade. Denúncias estas fundadas em inverdades, que acabam
prejudicando tanto a vida do acusado como a do próprio filho.
Os pedidos mais comuns são apresentados por meio de interposições
de ações cautelares de suspensão de visitação. Diante disso, os temas como
alienação parental e incesto possuem dificuldades encontradas pelo Judiciário
para que seja detectado se realmente ocorreu o abuso sexual e mental do
menor, ou se trata de uma falsa denúncia ou falsos relatos.
Neste aspecto, sendo avaliados os sonhos e perspectivas de crianças
e adolescentes que sofrem de alienação parental e de incesto resta verificado a
real dimensão dos danos causados as mesmas emocionalmente e
psicologicamente, ainda que incapazes de pleno raciocínio lógico, e de defesa
física contra seus ofensores.
Os pais, reais agressores, deveriam ser referência de proteção e
cuidado do menor, portanto, tais condutas tornam-se uma das piores formas de
violência contra a integridade e a dignidade da pessoa humana. Eventos dessa
natureza devem ser cerceados em sua origem, logo, é imprescindível a eficácia
na interpretação dos sinais emitidos consciente ou inconscientemente, com o
propósito de coibir a prática de alienação parental e de incesto, em que seus
ofensores utilizam o manto de silêncio que os protegem.
52
O caso de alienação parental e incesto cabe ser observado sob o
prisma da psicanálise integrada ao social, abordando-se as regiões obscuras
da vida psíquica (estrutura e funcionamento da personalidade da pessoa), a fim
de que seja evitado maiores danos e sequelas irreversíveis a
criança/adolescente que passam por essas experiências indesejadas,
incompreendidas e dolorosas.
Os argumentos falam por si mesmo, pois, palavra dor e tristeza, os
chamados que fazem as crianças/adolescentes abusadas, aos que lhes devem
respeito, carinho e amor filial, e de quem esperam orientação, exemplos éticos
de comportamento, são um reclamo também a sociedade e aos governos para
que façam o que lhes corresponde no sentido de pôr um basta a essas práticas
realizadas, atualmente, de forma corriqueira e contumaz.
São testemunhos duros, carregados de sentimentos dolorosos e de
sonhos traumáticos das crianças submetidas. São verdades que não se podem
ocultar. Mas, sem dúvida, necessárias de serem divulgadas, discutidas,
analisadas no contexto da prática clínica e do dever social, que não pode
tolerar esses comportamentos, venham de quem venham.
A realização de incesto ou alienação parental é totalmente desigual e
arbitrária. Não há acordos ou consentimentos. Não é uma relação de prazer e
vontade compartilhada. Não é uma relação de respeito aos direitos humanos
do Menor. Sem temor de exagerar, pode-se afirmar que a prática de alienação
parental e de incesto contra a criança/adolescente é um dos atos de repúdio e
de violência, que a sociedade, em seu conjunto, rechaça e abomina em toda
sua intensidade.
Na relação familiar, de dependência, tanto a alienação parental quanto
o incesto, torna uma violação aos direitos das crianças/adolescente, que estão
em desenvolvimento; um abuso de alguém com maior força física e mental
53
para dominá-las, e um atropelo, baseado no poder, com consequências
terríveis nas suas vidas.
A dimensão obscura que se esconde atrás desses afetos, ou seja, são
afetos negativos que se manifestam na forma de destruição e morte; segredos
secretos que escondem a mancha da vergonha e a depressão, figura inspirada
no “luto feliz”, no qual as crianças são golpeadas, com toda perversidade, por
aquele que a gera.
Como detectar a tempo crianças em situação de risco de sofrer incesto ou
alienação parental? Como identificar os familiares potencialmente violadores?
Como fazer com que pais das potenciais vítimas rompam o silêncio e percam o
medo de falar, de denunciar? Como detectar os companheiros íntimos dos
violadores, também cúmplices por temor?
A violação dos direitos humanos das crianças/adolescentes que sofrem
alienação parental e incesto, não é um problema privativo das famílias. Ao
contrário, representa um problema de saúde pública e social, que deve ser
analisado, estudado e sobre o qual se devem tomar decisões preventivas.
As crianças e adolescentes merecem proteção do Estado para garantir
seu desenvolvimento. Assim está consignado na Convenção dos Direitos da
Criança (UNICEF, 1990), assinada e ratificada por quase todos os países do
mundo, o Brasil entre eles, destacando-se a obrigação e a necessidade de se
orientarem programas para a infância, com a responsabilidade que seu estado
de vulnerabilidade social e pessoal implica.
Vulneram-se os direitos das crianças abusadas sexualmente quando
se as deixam em condições de maior vulnerabilidade social e, pior ainda,
quando ocorre por quem lhes deve dar proteção.
Convém observa atentamente os cuidados que os governos dispensam
54
à infância, se a estão protegendo dos riscos e se estão oferecendo as
condições necessárias para seu desenvolvimento. A ocorrência do incesto e
alienação parental às crianças certamente é uma prática intolerável que mina a
credibilidade com que se avaliam os governos e a sociedade em geral.
As Vítimas quando chegam à fase adulta, tem dificuldades em manter
um relacionamento, sendo impossível estabelecer uma relação de
cumplicidade e confiança, dificultando, inclusive, a distinção entre relação
sexual e afeto, podendo ainda aparecer sintomas fisiológicos como náuseas,
vômitos, diarreia arritmia, delinquências e depressão. O que observa-se na
grande maioria dos casos é a dificuldade de ser estabelecido qualquer vínculo
afetivo.
Isso tem como fundamento a necessidade que as crianças e
adolescentes tem de convívio com ambos os pais, para construir uma
identidade tanto pessoal quanto sexual. Tendo como base em todas as
decisões que serão tomadas no princípio da primazia do melhor interesse da
criança ou adolescente, seja no aspecto sentimental, moral, material e
principalmente psíquico.
Além do mais, a privação da convivência familiar, se não for o caso de
violência, crueldade e opressão, a exposição deliberada da
criança/adolescente a conflitos de lealdade ou indução de falsas memórias,
constituem abusos e contrariam o direito constitucional do menor, nos moldes
do artigo 227 e o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Mesmo porque essas denúncias podem ter dois sentidos, pois, há o
dever em caso de ela ser real, de ser tomada uma atitude imediata, mas de
outro, se for provada ser falsa, ou seja, se for constatado alienação parental,
causará a criança ou adolescente envolvido, um trauma ainda maior, por não
existir qualquer problema no convívio com o genitor, todavia, restou privado
55
dessa afetividade tão necessário e fundamental para seu desenvolvimento
pessoal.
Tais denúncias sejam de forma incidental ou preparatória nas ações
cautelares, tornam-se um forte instrumento para o Alienador, já que são muito
céleres e logram resultados rápidos, rompendo, quase que instantaneamente o
contato entre ambos. Se o genitor acusado tiver um comportamento
enquadrado como fora dos padrões aceitáveis pela sociedade, por mais afetivo
e bom que seja para o filho, terá a possibilidade de uma condenação, deixando
evidente a cautela do aplicador da lei para analisar as situações.
A elaboração dos laudos periciais realizados pelos profissionais
qualificados e responsáveis, desenvolvidos durante anos, muitas vezes se
encerram sem uma conclusão, já que a matéria é delicada ao se tratar de
lembranças infantis, dificultando ainda mais a sentença do Juiz, visto que este
será proferido sem ter a certeza absoluta dos fatos, não saberá se estará
diante de uma alienação parental ou incesto, tendo o dever de decidir se
mantém ou não as visitas, sendo estas acompanhadas ou não, ou ainda se
extinguem o poder familiar.
Sem a primazia do melhor interesse da criança e do adolescente nas
decisões que envolvam não só o abuso sexual, mais quaisquer formas de
violência, nunca será possível alcançar na sua totalidade a dignidade da
pessoa humana, princípio este que inicia nossa Constituição Federal.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alienação parental é um instituto de grande polêmica, sendo pouco
conhecido e reconhecido atualmente pela sociedade. Geralmente, a alienação
parental decorre da não aceitação do rompimento do matrimônio por um dos
cônjuges, e com isso gera uma série de conflitos como a disputa da guarda dos
filhos, com a possível implantação de falsas memórias na criança e
adolescente.
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Com as separações nos processos judiciais, tornou frequente, por
vezes, alegação de abuso sexual por parte de um dos genitores. Deve-se,
assim, ter um maior cuidado para a análise dos casos, pois a falsa denúncia de
abuso também é considerado uma forma de abuso contra a criança.
A alienação parental, apesar de ser mais corriqueiro nos casais em
separação, poderá ocorrer também com qualquer pessoa que tenha a guarda
da criança contra os seus genitores. Nesses casos podem-se citar os avós que
por ter cuidado da criança desde o seu nascimento, impeça que o genitor tenha
contato com a criança por medo de perdê-la.
A Síndrome da Alienação Parental correlaciona-se com o Incesto por
meio das falsas denúncias, sendo certo que este último é a forma mais rápida
de se alcançar o afastamento do genitor não guardião da sua prole.
Conforme amplamente debatido e explanado, engana-se quem acha
que somente sofre com a alienação parental o genitor alienado, pois tanto
quanto este, a criança que é vítima da alienação parental sofre com a referida
prática, sendo a criança a maior vítima da arbitrariedade de seu guardião,
situação essa que é agravada por não poder este último defender seus
interesses, ficando totalmente a sorte da atuação dos profissionais de direto, da
sentença do juiz, bem como do bom senso de seus pais, o que geralmente não
ocorre, por estarem muito mais preocupados em saírem vencedores de suas
guerras particulares.
No judiciário, viu-se que para a análise da alienação parental se mostra
necessário à intervenção de profissionais de outras áreas (psicólogos e
assistentes sociais) para o auxílio da justiça nesses casos, visto que
necessitam do adequado estudo do comportamento humano e de difícil
identificação.
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Daí a importância do profissional do direito acerca do tema, pois um
advogado especialista em direito de família tem que estar preparado para lidar
com o presente tema, tendo a humildade de reconhecer que, quando se trata
de relação de família, em que o relacionamento entre as pessoas adveio de
uma história falida, via de regra vêm junto sentimentos dos mais baixos calões,
fazendo-se essencial a análise de profissionais da psicologia a fim de auxiliá-
los, pois esse último sim é preparado para lidar com o tema, ficando dessa
forma, o profissional de direito preocupado apenas em exercer a cidadania por
intermédio do seu conhecimento jurídico, defendendo assim, de forma ampla e
real, o direito e a justiça, e não tão somente a todo e qualquer custo seu
cliente, o que em alguns casos pode ser a prática de injustiça, o que é anômalo
a sua profissão.
Conclui-se do presente trabalho que a alienação parental é um fato
relativamente frequente, e que ocorre em diversas famílias em conflitos.
Todavia, é um problema antigo, porém atual, e que aos poucos está sendo
analisado e apreciado pela sociedade e pelo judiciário, merecendo melhor
atenção dos operadores de direito.
58
REFERENCIAIS
BEDAQUE,José Roberto dos Santos; Poderes Instrutórios do Juiz, 4ª
Ed., São Paulo, RT, p.33
DIAS, Maria Berenice; Alienação Parental: Um crime sem punição. 2ª
Ed., São Paulo, RT, 2010, p. 17
DUARTE, Lenita Pacheco Lemos; Incesto e Alienação Parental: Qual a
posição da criança envolvida em denúncias de abuso sexual quando o litígio familiar culmina em situações de alienação parental: Inocente, vítima ou sedutora? 2ª Ed., São Paulo, RT, 2010, p. 105, 109, 112, 114.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - direito de família, Volume VI, 9ª ed, São Paulo, Saraiva, 2009, p.305
GUAZZELLI, Monica; Incesto e Alienação Parental, A falsa denúncia de abuso sexual, , 2ª Ed, São Paulo, RT, 2010, p.47
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 14ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2009, p. 346, 960
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional,4ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2009, p. 174
59
ANEXOS
Índice de anexos
A matéria analisada traz conteúdos de apoio, inclusive sob a ótica do
poder Judiciário, objetivando aprofundar a prática da pesquisa e suas
diferentes formas de produção.
Anexo 1 >> Internet;
Anexo 2 >> Jurisprudências;
60
ANEXO 1
INTERNET
A COMPROVAÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL PROCESSO JUDICIAL. Vanessa Delfin Canabarro.
Resumo: O estudo do presente artigo aborda a comprovação da Síndrome de Alienação Parental no processo judicial. Tem como objetivo analisar o panorama histórico da família, a identificação da Síndrome de Alienação Parental bem como as características da prova da alienação parental no processo judicial. Aborda-se, ainda a questão das falsas denúncias de abuso sexual, bem como os meios de prova pericial psicológica e de depoimento sem dano. É relevante à sociedade a abordagem do presente tema, pois tamanha é a responsabilidade do judiciário na discussão probatória relacionada às partes, principalmente à criança que a tudo observa e sofre de maneira psicológica e física diante de tamanha brutalidade à sua inocência. O método de abordagem teórica da pesquisa é o dedutivo, utilizando de modo específico a pesquisa bibliográfica e jurisprudencial.
Palavras-chave: Síndrome de Alienação Parental, Falsas Denúncias de
Abuso Sexual, Depoimento sem Dano.
Síndrome da alienação parental, o que é isso?
Maria Berenice Dias Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Vice-Presidente Nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família –IBDFAM www.mariaberence.com.br
Certamente todos que se dedicam ao estudo dos conflitos familiares e da violência no âmbito das relações interpessoais já se depararam com um fenômeno que não é novo, mas que vem sendo identificado por mais de um nome. Uns chamam de “síndrome de alienação parental”; outros, de “implantação de falsas memórias”.
Este tema começa a despertar a atenção, pois é prática que vem sendo denunciada de forma recorrente. Sua origem está ligada à intensificação das estruturas de convivência familiar, o que fez surgir, em consequência, maior aproximação dos pais com os filhos. Assim, quando da separação dos genitores, passou a haver entre eles uma disputa pela guarda dos filhos, algo impensável até algum tempo atrás.
Como encontros impostos de modo tarifado não alimentam o estreitamento dos vínculos afetivos, a tendência é o arrefecimento da cumplicidade que só a convivência traz. Afrouxando-se os elos de afetividade, ocorre o distanciamento, tornando as visitas rarefeitas. Com isso, os encontros acabam protocolares: uma obrigação para o pai e, muitas vezes, um suplício para os filhos.
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ANEXO 2
JURISPRUDÊNCIAS
“Ementa: PODER FAMILIAR. SUSPENSÃO TEMPORÁRIA. AMPLIAÇÃO. VISITAS SUPERVISIONADAS. SUBMISSÃO DO PAI, DA MÃE E DA CRIANÇA A TRATAMENTO PSICOLÓGICO. 1. É imperiosa a suspensão do poder familiar pelo pai, pelo prazo mínimo de três anos, quando este se revela pessoa portadora de uma personalidade com traços doentios, sendo que a retomada do poder familiar deve ser submetida à apreciação judicial. 2. A gravidade do fato impõe a suspensão das visitas para que o genitor se submeta a tratamento psiquiátrico e supere seus conflitos, para permitir, futuramente, uma relação saudável com o filho. 3. Mostra-se adequado que também a mãe seja submetida ao tratamento psicológico a fim de que seja recuperada a estrutura familiar da qual o infante necessita para seu adequado desenvolvimento. Recursos do genitor desprovido, e provido em parte o recurso da mãe e o adesivo interposto pelo Ministério Público. (Apelação Cível Nº 70009314451, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 17/11/2004).” “Ementa: DIREITO DE VISITA. MULTA DIÁRIA. Cabível a imposição de multa para assegurar o exercício do direito de visita em face do estado de beligerância que reina entre as partes, o que tem prejudicado a visitação. Agravo desprovido, por maioria, vencido o Desembargador Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves. (Agravo de Instrumento Nº 70008086134, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 24/03/2004).”
“9133013-30.2009.8.26.0000 Apelação Com Revisão Relator(a): Caetano Lagrasta Comarca: São José do Rio Preto Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 17/06/2009 Data de registro: 24/06/2009 Outros números: 6377534000 Ementa: União Estável. Reconhecimento e dissolução. Guarda de menor. Cerceamento de defesa. Ausência de motivo para afastar a genitora da convivência com a filha. Determinação de elaboração de laudo psicológico para verificação de possível instalação da Síndrome da Alienação Parental. Sentença anulada. Antecipação de tutela para fixar regime de visitas, o mais possível partilhado. Recurso provido, com determinação.”
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“Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS PATERNAS. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL. O direito de visitas, mais do que um direito dos pais constitui direito do filho em ser visitado, garantindo-lhe o convívio com o genitor não-guardião a fim de manter e fortalecer os vínculos afetivos. Evidenciado o alto grau de beligerância existente entre os pais, inclusive com denuncias de episódios de violência física, bem como acusações de quadro de síndrome da alienação parental, revela-se adequada a realização das visitas em ambiente terapêutico. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de Instrumento Nº 70028674190, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 15/04/2009).” “Ementa: DIREITO À VISITA. ALEGAÇÃO DE ABUSO SEXUAL POR PARTE DO GENITOR. O direito à visita do infante deve ser observado buscando-se alternativas que assegurem seu bom desenvolvimento físico, social e emocional. Não existindo fatos concretos que comprovem as alegações de abuso contra a criança, a gravidade dos fatos relatados impõe a adoção de medidas que permitam a realização das visitas do pai ao filho, sem, contudo, causar risco de outros danos à criança. Agravo provido em parte, para o restabelecer as visitas do agravante ao filho, mediante supervisão de assistente social, psicólogo ou psiquiatra, a serem realizadas uma vez por semana, no ambiente terapêutico, em instituição a ser nominada pelo juízo de 1° grau. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de Instrumento Nº 70013518659, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 15/02/2006).”