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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A ÉTICA CRISTÃ E A GESTÃO ESCOLAR
Por: Neiva de Melo Maia
Orientadora
Profa. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2007
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A ÉTICA CRISTÃ E A GESTÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
e Supervisão Escolar.
Por: Neiva de Melo Maia
3
AGRADECIMENTOS
...a Deus, o Senhor, pela oportunidade
de abrir meus horizontes,
vislumbrando uma nova etapa de
trabalho, a minha mãe, pelo apoio, a
minha irmã, pelo valioso incentivo...
4
DEDICATÓRIA
...à minha mãe, Imar, minha irmã,
Nesí, meu sobrinho, Filippe...
5
RESUMO A Ética cristã, a luz do evangelho de Jesus Cristo – do Novo Testamento
inserido nas páginas da Bíblia Sagrada, no assunto em epígrafe, Mateus V-VII – é o
Código, ou o Manual de ensinos práticos e fundamentalmente morais. É instrução
para o relacionamento perfeito entre os homens. Através da aplicação desse Código
de Ética haverá uma mudança sem precedentes na interação humana.
O objeto da Ética é a moral. É a ciência do comportamento moral dos homens
em sociedade. Logo, a aplicação da ética cristã ou dos ensinamentos de Jesus é
ampla e irrestrita. Abrange profissionais de todas as esferas sociais e políticas; para
aqueles que querem viver uma vida moral e eticamente correta; para homens
comprometidos com a verdade, a integridade e a justiça.
Uma gestão ética é equilibrada. É empática, solidária, idônea, quando
essencialmente fundamentada nos conceitos epistemológicos bíblicos. O Gestor
probo é exemplo de uma influência marcante, que redundará em aprimoramento de
caráteres; qualidades e atitudes que, por sua vez, interferirão no pensamento e no
intelecto de subordinados e, conseqüentemente, impregnarão a mente jovem dos
educandos, moldando com renovados conceitos éticos, que se farão aplicáveis a
eles próprios – internalizados – e praticados automaticamente; aprendizado daquilo
que é bom; mudança de vidas. Mudança, no decorrer do tempo, da sociedade.
6
METODOLOGIA
Para a organização destes conhecimentos, foram, basicamente, feitas leituras
de livros adquiridos de Supervisão Escolar e de Ética; pesquisas bibliográficas em
bibliotecas, como da UCAM, do Centro Integrado de Educação e Missões-CIEM e do
acervo da Biblioteca Nacional; revistas atuais, entrevista de TV, e ainda, material
cedido pela orientadora, e a resposta, à medida que os dados eram coletados, iam
sendo inseridos, delineando os capítulos e desvelando o todo do trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Ética 10
CAPÍTULO II – Abordando o Novo Testamento 19
CAPÍTULO III – O Gestor à Luz da Ética Religiosa Cristã 29
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 36
ATIVIDADES CULTURAIS 38
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
8
INTRODUÇÃO
A Ética continua a ser um tema recorrente.
O emprego freqüente das palavras Justiça, Liberdade, Igualdade,
Solidariedade, Honestidade, Pacificar e também da ÉTICA têm o seu sentido
comprometido quando usadas sem a força das quais são imbuídas; banalizando seu
sentido, e perdendo, gradativamente, o potencial do seu significado real. São citadas
praticamente em todos os pronunciamentos. Mas, nem sempre se valem, no entanto,
de seus preceitos, nem em seus discursos nem em suas práticas. Estamos
mergulhados em uma crise de valores; valores estes que estão sendo repudiados, e
até renegados; valores que a sociedade clama por sua consumação.
Os meios acadêmicos têm contribuindo para criar mentalidades onde a
reflexão ética seja uma das bases do caráter formador desse educador,
demonstrando que Ética não só se estuda, mas também se vive, e que está
condicionada à compreensão do significado de uma conduta irrepreensível.
Jesus, do Novo Testamento inserido na Bíblia Sagrada, foi o mentor-detentor
da mais alta conduta ética que se tem conhecimento. No seu pronunciamento no
Sermão do Monte (Mateus V-VII) ensinou o que deveria ser praticado pelos homens.
Todos seriam receptores de um grande enriquecimento pessoal. E, ainda hoje, no
início do terceiro milênio, estes ensinamentos são tão atuais e aplicáveis, que fica
impossível distinguir o elemento religioso do elemento moral. Aos homens
comprometidos com a verdade, os que buscam o saber, e aqueles que desejam ser
bem sucedidos e terem destaque na sociedade, bastaria o estudo deste manual de
bom comportamento tanto moral quanto de bons costumes, para a desnecessidade
de qualquer outro comando ético ou legal.
Para formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, estes
ensinamentos devem começar, depois da família, por intermédio daqueles que têm
como competência, educar. Vidas que serão influência positiva àqueles que buscam
9
o saber. Ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo, como diz Paulo
Freire: “Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a
corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo”.
(FREIRE, 2006, p. 34).
10
CAPÍTULO I
ÉTICA
CONCEITO
“Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra,
e luz para o meu caminho” (Salmos, CIXX,105).
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Seria a
teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.
Ciência, porque têm objeto próprio, leis próprias, método próprio. O objeto da
Ética é a moral, que é um dos aspectos do comportamento humano. E esta
expressão, moral, é derivada da palavra romana mores, com sentido de costumes;
conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática. Para ser mais
exato, é o conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais,
o homem a realiza para o bem.
A mera conceituação de ética resulta em concluir que não se confunde com a
moral, embora a aparente etimologia se confunda. Ethos, em grego, e mos, em latim,
quer dizer, costume. Nesse sentido, a ética é uma teoria de costumes, ou melhor, a
ética é a ciência dos costumes; já a moral, não é ciência, senão, objeto da ciência. E,
como tal, procura extrair dos fatos morais ou princípios gerais a elas aplicados.
“Enquanto conhecimento científico, a ética deve aspirar à racionalidade e
objetividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos
sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis”. (VAZQUEZ, 1995, p.
12).
Pode-se mesmo indagar: Por que, aliás, Ética e não Moral? A etimologia não
poderia nos guiar em nada nesta tarefa: ta êthé, em grego, os costumes, e mores,
em latim, hábitos, possuem, com efeito, acepções muito próximas uma da outra; se o
11
termo “Ética” é de origem grega, e o “Moral”, de origem latina, ambos remetem a
conteúdos vizinhos, à idéia de costumes, de hábitos, de modos de agir determinados
pelo uso.
O filósofo australiano, professor da Universidade de Princeton, nos Estados
Unidos, Peter Singer, 60 os, especialista em Ética, numa entrevista, sob o título “A
Ética do dia-a-dia”, ao ser perguntado se existem valores éticos inatos ou todos
resultam da vivência e do aprendizado, disse que certos aspectos morais são inatos,
como o respeito e o compromisso com a família, com os filhos e com os pais, assim
como o senso de justiça e reciprocidade. São valores universais, presentes em todas
as sociedades [...] Mas, alguns valores morais podem sofrer transformações de
acordo com os traços culturais e com a realidade de cada sociedade. E, o que
poderia causar o enfraquecimento dos valores éticos numa sociedade? Segundo
Peter, a ética é um exercício diário; precisa ser praticada no cotidiano. Só assim ela
pode se afirmar em sua plenitude, numa sociedade [...] Num primeiro momento,
pequenas infrações isoladas parecem não ter importância, mas, ao longo do tempo a
moral da comunidade é afetada em todas as suas esferas. Chama isto, Círculo Ético.
Uma ação interfere na outra, e os valores morais perdem força; vão se diluindo. Para
uma sociedade ser justa, o Círculo Ético é essencial. E, para finalizar, aconselha que
para ser ético dia-a-dia, que se comece pelo mais simples, ou seja, cumprimente as
pessoas, diga bom dia, seja educado com quem se convive. (Revista Veja, Fev.,
2007, p. 11-15).
A Ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las
e elucidá-las. Mostrando às pessoas os valores e princípios que devem nortear sua
existência, a Ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e influencia a conduta. O
complexo de normas éticas se alicerça em valores designados; valores do bom. Há
uma conexão indissolúvel entre o dever e o valioso. Entre o que devemos fazer e o
que é valioso na vida, só poderá ser respondido quando se sabe o que é valioso na
vida. (HARTMANN, 1935, p.34).
Toda norma pressupõe-se uma valoração permitindo surgir o conceito do bom
que corresponde ao valioso e, do mau, no sentido de desvalioso. E norma é regra de
12
conduta que postula dever. Todo juízo normativo é regra de conduta, mas nem toda
regra de conduta é uma norma. Por que algumas das regras de conduta têm caráter
obrigatório, enquanto outras são facultativas.
A norma exprime um dever e se dirige a seres capazes de cumpri-la ou violá-
la. É sustentado pelo suposto filosófico da liberdade.
O homem é um ser perfectível. Esse pressuposto adquire relevância extrema
numa era em que as criaturas se comportam em desacordo com as normas. Embora
a multiplicação de maus exemplos, a crença é a que todo ser humano pode tornar-se
cada dia melhor.
1.1– MORAL ABSOLUTA OU RELATIVA?
Os preceitos éticos são imperativos. Para serem racionalmente aceitos pela
sociedade, precisam estes acreditar que são derivados de uma justificativa
consistente. A norma de uma conduta moral provém de um valor objetivo ou decorre
de uma fixação arbitrária? Ela é uma norma válida para todos, em todos os tempos e
lugares, ou sua validade é historicamente condicionada? Cada pessoa dotada de um
mínimo de consciência já se defrontou com esse conflito íntimo em várias
oportunidades da existência; a pessoa sabe que deve se definir. Devemos distinguir
entre permissão e sansão, tolerância e aprovação, quando estivermos lidando com
questões tanto do dia-a-dia como àquelas mais relevantes, nas suas aplicações mais
abrangentes.
1.2 – A CLASSIFICAÇÃO DA ÉTICA
A ciência dos deveres admite tantas classificações quantas às escolas,
ideologias ou correntes de pensamento existentes. A classificação apresentada leva
em conta as quatro formas fundamentais de manifestação do pensamento ético
13
ocidental, consoante adotado em seus estudos por Eduardo García Máynez;
recebem o nome de Ética Empírica, Ética de Bens, Ética Formal e Ética Valorativa.
Os diferentes tipos se interpenetram e se apresentam como formas ecléticas. O
sentido da separação é tentar facilitar o estudo da Ética, mediante contemplação do
aspecto preponderante a ela conferido por certas doutrinas. Ao se classificar,
pretende-se compartimentar o conhecimento e sistematizá-lo, de maneira a tornar
mais fácil a sua localização e, para fins pedagógicos, a sua memorização.
1.2.a – A ÉTICA EMPÍRICA
É aquela que pretende derivar seus princípios na observação dos fatos.
Baseia-se no exame da vida moral. Não se deve questionar o que o homem deve
fazer, senão examinar o que o homem normalmente faz. Pois o homem deve ser
como naturalmente é – e não se comportar como as normas queiram que ele seja.
1.2.b – A ÉTICA DOS BENS
Esta formulação defende a existência de um valor fundamental denominado
Bem Supremo. A criatura humana é capaz de se propor fins, eleger meios e colocar
em prática os últimos, para alcançar os primeiros. A vida é um caminhar rumo a um
objetivo.
1.2.c – A ÉTICA FORMAL
As duas formas de manifestação do pensamento ético anteriores vinculam-se
aos resultados do atuar humano. O empirismo só se atém ao que realmente ocorre a
partir, portanto, do produto da atuação humana; a ética dos bens se preocupa com a
relação estabelecida entre o proceder individual e o supremo fim da existência
humana.
A significação moral do comportamento não reside em resultados externos,
mas na pureza da vontade e na retidão dos propósitos do agente considerado.
“A boa vontade não é boa pelo que efetue ou realize; não é boa por sua
adequação para alcançar algum fim que nos temos proposto; é boa só pelo querer,
14
i.e., é boa em si mesma. Considerada por si mesma é, sem comparação, muitíssimo
mais valiosa do que tudo aquilo que por meio dela pudéssemos realizar em proveito
ou graça de alguma inclinação e, se se quer, da soma de todas as inclinações”.
(KANT, 1921, p. 22).
1.2.d – A ÉTICA DOS VALORES
Para a filosofia valorativa o valor moral não se baseia na idéia de dever, mas
dá-se o inverso: todo dever encontra fundamento em um valor. A noção de valor
passa a ser o conceito ético essencial. E valor não arbitrariamente convencionado.
Pois, o valioso vale por si, ainda quando seu valor não seja conhecido nem
apreciado. É nossa consciência que nos adverte da existência dos valores. Mas não
são criados por ela, mas são por ela descobertos. E, só pode ser descoberto o que já
existe.
1.3 – SOB O PRISMA DA MORAL CRISTÃ
A chamada civilização ocidental é conhecida como a civilização cristã. Os
valores sobre os quais ela se desenvolveu são aqueles fornecidos pelo cristianismo,
nutridos em sólida tradição judaica. Concorde-se ou não com a assertiva, a
civilização de que o Brasil se aberbera é de inspiração nitidamente cristã. Decorre
disso que a crise dos valores em que se debate a sociedade moderna é também
resultado do abandono dos valores cristãos. E a recuperação de tais crenças passa,
necessariamente pelo resgate das fontes que sustentam o cristianismo.
A moral cristã orientou as formulações éticas elaboradas a partir da nova era
(a era antiga é hoje conhecida como a.C. – antes de Cristo) e influenciou, ao menos,
aquelas provindas de origem distintas.
A primeira fonte da moral cristã é a Bíblia, ou a Sagrada Escritura. Os fatos
nela narrados têm intenção moralizadora e, conforme diz Chaím Perelmer, “é muito
difícil distinguir o elemento religioso do elemento moral”. Deus é o ideal supremo a
ser imitado pelo homem, a mais especial das criaturas. Criado por um sopro divino, o
15
homem adquire uma dignidade própria e passa a ser considerado filho de Deus, feito
por Este à Sua imagem e semelhança. (NALINI, 2004, p. 25).
As histórias bíblicas são prenhes de ensinamento. A incorreção humana gera
o castigo: a expulsão do paraíso, o pecado original, a condenação a viver do
trabalho, a morte, a destruição de Babel, o dilúvio. Mas também acolhe a esperança,
a aliança com Deus, a promessa da eternidade, onde não haverá dor nem
sofrimento, mas muitas moradas para os que se portarem bem.
A conduta humana é a redentora. A forma para se alcançar à santidade é a
obediência aos mandamentos de Deus. O Decálogo não é apenas um elenco de
deveres religiosos e jurídicos, mas também de preceitos morais. A Bíblia ensina
também a interpretar. A atualidade dos preceitos vai sendo mantida diante da
capacidade dos exegetas de traduzir, para a contemporaneidade, as regras editadas
no antanho.
O surgimento de Cristo não rompe com a moral das velhas Escrituras, mas
enfatiza dois mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, com todas as tuas forças...” (Deuteronômio, VI, 5), e “amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Levítico, XIX, 18). Ninguém pode recusar a atualidade
desse preceito. Bastaria a sua observância para a desnecessidade de qualquer outro
comando ético ou legal. E Jesus é muito explícito quando manda o homem amar seu
semelhante. Não é apenas o amigo, mas também o inimigo. Nem se mostra
suficiente o formalismo. É necessário o entranhado e fundamental à regra da
reciprocidade: “Tudo aquilo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós
também” (Mateus, VII, 12). É aquilo que Perelman considera a regra de ouro. Essa
norma, se cumprida, salvaria o mundo. Cada qual, sem transigir com as próprias
aspirações e necessidades, cuidaria de concretizar os desejos e as carências do
outro.
São Paulo, o chamado apóstolo dos gentios, faz que o cristianismo, de religião
que se baseia nas obras, passe a ser religião fundamentada na fé. Escreve ele aos
Romanos que o homem será justificado pela sua fé, independentemente das obras
16
da lei (Epístola aos Romanos, III, 28). Ao lado das virtudes filosóficas – a sapiência,
a temperança, a coragem e a justiça – instaura-se uma nova moral, calcada sobre
três virtudes: a fé, a esperança e o amor (Epístola de São Paulo aos Coríntios, XIII,
1-7, onde Paulo examina os atributos do amor).
Ao contemplar o amor como a mais importante das virtudes, o cristianismo
reconhece que somente precisa de moral quem não tem amor.
“Um professor universitário levou seus alunos de Sociologia às favelas de Baltimore para estudar as histórias de duzentos garotos. Pediu a eles que redigissem uma avaliação sobre o futuro de cada menino. Em todos os casos, os estudantes escreveram: “Ele não tem chance alguma.”
Vinte e cinco anos mais tarde, outro professor de Sociologia se deparou com o estudo anterior. Pediu aos seus alunos que acompanhassem o projeto, a fim de ver o que havia acontecido com aqueles garotos. Com exceção de vinte deles, que haviam se mudado ou morrido, os estudantes descobriram que 176 dos 180 restantes haviam alcançado uma posição mais bem-sucedida do que a comum, como advogados, médicos e homens de negócios.
O professor ficou estarrecido e resolveu continuar o estudo. Felizmente, todos os homens continuavam na mesma área e ele pôde perguntar a cada um: “A que você atribui o seu sucesso?” Em todos os casos, a resposta veio com sentimento: “A uma professora.”
A professora ainda estava viva; portanto, ele a procurou, perguntando à senhora idosa, embora muito ativa, que fórmula mágica havia usado para resgatar esses garotos das favelas para um mundo das conquistas bem-sucedidas. Os olhos da professora faiscaram e seus lábios se abriram num delicado sorriso:
“É, realmente, muito simples, disse ela. Eu amava aqueles garotos”. (SANTOS, 2004, p. 67)
1.4 – A ÉTICA E A VIDA
A satisfação dos interesses humanos deve se basear no uso espontâneo da
liberdade e autonomia individual. Liberdade e vontade valem mais do que a lei e o
limite. O direito será chamado a intervir quando a esfera da autonomia individual vier
a falhar. O cumprimento espontâneo das obrigações deveria ser a regra.
Não há grande filosofia que não acabe ocupando-se de questões morais. Em
nossos dias, entretanto, está se consumando o desgaste de uma perspectiva teórica
17
que, desde os gregos, marcou o Ocidente. Os grandes monumentos, as éticas
platônicas e aristotélicas, ensinaram-nos que a transgressão sempre se deriva à falta
de conhecimento. Até a Sociologia nasce procurando considerar o dever como um
fato social, algo que pudesse ser analisado e conhecido cientificamente como
qualquer outro acontecimento da natureza. Desse modo, a infração resultaria da falta
de saber e o conhecimento da infração implicaria seu impedimento.
1.5 – ÉTICA: O QUE CONTA É O EXEMPLO
A Ética, como ciência que estuda a finalidade de boa conduta dos seres
humanos, deve analisar os meios a serem empregados para que a referida conduta
se reverta sempre em favor da pessoa. Neste aspecto, a pessoa torna-se o centro da
observação em consonância com o meio que a envolve.
A maioria das pessoas é contra a corrupção e a violência; são a favor da ética,
de uma melhor distribuição de renda, e entendem que as grandes prioridades do
país devem estar focadas na criança e no adolescente, na educação e na saúde
pública. Mas, seu discurso diverge da realidade daquilo que se pode observar: o
estado caótico em que se encontra a sociedade. Os baixos índices sociais são as
conseqüências de más ações, e más atitudes da parte, principalmente, daqueles que
ocupam posição de autoridade, e possuem o poder de criar exemplos e referências.
Essas autoridades, os chamados “formadores de opinião”; são aqueles que, através
de suas decisões e atos, influenciam comportamentos de pessoas e até de
comunidades.
“O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito,
construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é
algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando
habitável a casa que construiu para si. Ética significa, portanto, tudo aquilo que ajuda
a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável: materialmente
sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda”. (Convívio,
BOFF, 2002, nº. 8).
18
Assim, o que a Ética estuda é a proposta de ação que, comandada pelo
cérebro, é observável e variável, representando e materializando a conduta humana.
1.6 – MORALIDADE PÚBLICA E MORALIDADE PRIVADA
Não há grande filosofia que não acabe ocupando-se de questões morais. Em
nossos dias, entretanto, está se consumando o desgaste de uma perspectiva teórica
que, desde os gregos, marcou o ocidente. Os grandes monumentos, as éticas
platônicas e aristotélicas, ensinaram-nos que a transgressão sempre se devia à falta
de conhecimento. Até a sociologia nasce procurando considerar o dever como um
fato social, algo que pudesse ser analisado e conhecido cientificamente como
qualquer outro acontecimento da natureza. Desse modo, a infração resultaria da falta
de saber e o conhecimento da infração, implicaria seu impedimento.
Na Ética do Pensamento, observa Valéry (NOVAES, 2000, p. 1238), a
existência dos outros é sempre inquietante para o esplêndido egoísmo de um
pensador. Não compreender isso, equivale, pois, a pensar em se construir uma
ciência dos valores da ação e uma ciência dos valores da expressão ou da criação
das emoções – uma Ética e uma Estética – como se o Palácio do seu pensamento
parecesse imperfeito sem essas duas alas simétricas, nas quais seu Eu todo-
poderoso e abstrato pudesse manter cativas às paixões, a ação, a emoção e a
invenção.
CARTA DE UM DIRETOR DE ESCOLA AOS PROFESSORES Prezados Professores, Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados; crianças envenenadas por médicos diplomados; recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas; mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados em colégios e universidades. Assim, tenho minhas suspeitas sobre a educação. Meu pedido é: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados, psicopatas hábeis, “Eichmanns” educados. Ler, escrever e contar só são importantes se servirem para fazer nossas crianças mais humanas. (SANTOS, 2004, Eric Butterworth, p. 67)
19
Capítulo II
ABORDANDO O NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento forma a Parte II da Bíblia Sagrada. É ele uma antologia
de vinte e sete livros, de várias dimensões, mas tem somente um terço do volume da
Parte I, o Antigo Testamento. O Antigo e o Novo Testamentos são designações
cristãs, e não judaicas, pois os judeus só aceitam como Escritura os livros do Antigo
Testamento, a Torah. Isso é compreensível, todavia, pois o A.T. cobre um período de
milhares de anos de história, mas o N.T., menos de um século. A fração do século I
d.C., coberta pelo N.T., foi o período crucial durante o qual, em conformidade com as
crenças cristãs, começaram a ter cumprimento as profecias messiânicas; foi
realizado o divino plano da redenção dos homens, por intermédio do encarnado Filho
de Deus: Jesus Cristo; e o novel povo de Deus, a Igreja, se formou – e tudo isso,
estribado sobre o novo pacto, segundo o qual Deus se ofereceu para perdoar os
pecados daqueles que crêem em Jesus Cristo, em virtude de Sua morte vicária.
Novo Testamento quer dizer, de fato, “Novo Pacto”, em contraste com a antiga
aliança (de acordo com a qual Deuss perdoava transgressões à vista de sacrifícios
de animais, à maneira de antecipação provisória daquele verdadeiramente adequado
sacrifício de Cristo). O vocábulo “testamento” transmite-nos a idéia de uma última
vontade, e um testamento só passa a ter efeito na eventualidade da morte do
testador. Assim é que o novo pacto entrou em vigor em face da morte de Jesus
(Hebreus IX, 15 – 17).
Escrita originalmente em grego, entre 45-95 d.C., a coleção dos livros do N.T.
é tradicionalmente atribuída aos apóstolos Pedro, João, Mateus e Paulo, bem como
a outros autores cristãos, João Marcos, Lucas, Tiago e Judas. Exemplificando, as
primeiras Epístolas de Paulo foram os primeiros livros do N.T. (com a única exceção
da Epístola de Tiago, e não os Evangelhos).
20
A ordem em que esses livros aparecem, por conseqüência, é uma ordem
lógica, derivada somente das tradições cristãs. Os evangelhos estão postos em
primeiro lugar porque descrevem os eventos cruciais da carreira de Jesus. Entre os
evangelhos, o de Mateus, que é o nosso objeto de estudo, vem apropriadamente
antes de todos, devido à sua extensão e ao seu íntimo relacionamento com o A.T.,
que o precede. Mateus freqüentemente cita o A.T., e principia com uma genealogia
que retrocede ao mesmo.
Mas, por qual razão estudaríamos tão antigos documentos como esses
contidos no Novo Testamento? A razão histórica disso é que, no N.T. descobrimos a
explicação do fenômeno que é o cristianismo. A razão cultural é que a influência do
N.T. tem permeado a civilização ocidental de tal maneira que ninguém poderia ser
tido por bem educado a menos que conheça o N.T., e a razão teológica é que o N.T.
é aquela narrativa divinamente inspirada sobre a missão remidora de Jesus neste
mundo, sendo ainda o padrão de crenças e de práticas da Igreja.
2.1 – O AMBIENTE SECULAR DO NOVO TESTAMENTO
Tem-se calculado que mais de quatro milhões de judeus viviam no Império
Romano durante os dias do N.T.; talvez 7% da população total do mundo romano.
Mas dificilmente o número de Judeus que viviam na Palestina atingia a setecentos
mil. Havia mais judeus em Alexandria, no Egito, do que em Jerusalém; e mais na
Síria do que na Palestina. E mesmo em certas porções da Palestina (na Galiléia,
onde Jesus se criou, e em Decápolis) os gentios eram mais numerosos do que os
judeus.
O latim era a língua oficial do império romano, mas era o idioma usado
principalmente no ocidente. No oriente, o idioma comum era o grego. Além do grego,
os habitantes da Palestina falavam o aramaico e o hebraico, pelo que também Jesus
e os primeiros discípulos provavelmente eram trilingües.
21
Na sociedade pagã as camadas sociais eram rigorosamente delineadas. Os
aristocráticos, proprietários de terras, os contratadores do governo e outros
indivíduos viviam no luxo. Não existia uma classe média forte, porquanto os escravos
eram aqueles que faziam a maior parte do trabalho manual. Tornando-se, mais tarde,
dependente do sustento dado pelo governo, a classe média se transformara em uma
turba sem lar e sem alimentos nas cidades.
Uma estratificação menor da sociedade judaica prevalecia, por causa da
influência niveladora do judaísmo. A grosso modo, no entanto, os principais
sacerdotes e os rabinos liderantes formavam a classe mais alta. Fazendeiros,
artesãos e pequenos negociantes compreendiam a maior parte da população.
Entre os judeus, os cobradores de impostos (os publicanos), tornou-se objeto
de uma especial aversão, como classe. Os coletores de taxas recolhiam não
somente as taxas e suas respectivas comissões, mas também tudo quanto pudesse
embolsar ilegalmente. Por essa razão, como igualmente devido à sua colaboração
com dominadores estrangeiros, os cobradores de taxas, geralmente, eram odiados.
O suborno pago aos cobradores de taxas pelos ricos aumentava ainda mais a carga
que recaía sobre os pobres. Os escravos eram mais numerosos do que os homens
livres. Era comum condenar criminosos, endividados e prisioneiros de guerra à
servidão. Muitos desses escravos – médicos, contadores, professores, filósofos,
gerentes, balconistas e escriturários – eram mais aptos que seus senhores.
A unidade social básica era a família. Alguns fatores tendiam por decompor a
família, entretanto, como por exemplo, a predominância numérica dos escravos e o
treinamento de crianças por parte dos escravos em lugar dos próprios pais das
crianças. Na Palestina eram comuns as famílias de muitos membros. Havia alegria
ante o nascimento de um menino, mas tristeza ante o de uma menina. No oitavo dia
de vida, o infante do sexo masculino era circuncidado e recebia seu nome. As
famílias não tinham sobrenome, pelo que pessoas com um mesmo nome eram
distinguidas mediante a menção do nome do pai, mediante a filiação política, pela
ocupação, ou mediante o lugar de sua residência.
22
A mulher era olhada como inferior ao homem, visto que estava debaixo da
autoridade de seu marido e não era capaz de cumprir certas prescrições da Torah.
Porém, fundamentalmente, o Judaísmo sempre tem mantido a verdade de Gênesis
II, 18: “E disse o Senhor Os: ‘Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
adjutora que esteja como diante dele’” e a dignidade essencial da mulher.
Peças teatrais maliciosas refletiam a imoralidade da época. Todavia, as
diversões não consistiam somente de deboches. Os Jogos Olímpicos desde há muito
vinham sendo eventos esportivos que atraíam a muita gente. Talvez a forma mais
espetacular de diversão fossem as lutas dos gladiadores. Estes podiam ser
escravos, cativos, criminosos ou voluntários. As corridas de bigas correspondiam às
nossas corridas de automóveis. As apostam eram muito comuns.Havia boa música e
literatura.
2.2 – O AMBIENTE RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO
A religião oficial de Roma adotou grande parte do panteão e mitologia gregos.
Os romanos também adicionaram certas características, como a de um sacerdócio
sobre o qual o próprio imperador atuava como sumo sacerdote.
Sobre a questão da filosofia, o epicurismo pensava serem os prazeres o sumo
bem da vida; o estoicismo ensinava que a aceitação racional da própria sorte,
determinada por uma Razão impessoal, que governaria o universo e da qual todos
os homens fazem parte, é dever do homem; os cínicos, antigas contrapartes
reputavam a virtude suprema como se fôra uma vida simples e sem convenções,
rejeitando a busca popular pelo conforto, pelas riquezas e pelo prestígio social; os
céticos tendo abandonado em seu relativismo toda esperança de qualquer coisa em
termos absolutos, sucumbiam ante a dúvida e a conformidade para com costumes
prevalecentes.
Essas e outras filosofias, entretanto, não determinavam a vida de um grande
número de pessoas. De modo geral, as superstições e o sincretismo religioso
23
caracterizavam as massas, pelo que também o cristianismo teve que penetrar numa
sociedade religiosa e filosoficamente confusa. A filosofia não obtivera êxito em
fornecer respostas satisfatórias. Outro tanto sucedera às religiões tradicionais;
prevalecia uma atitude de desespero ou, pelo menos, de pessimismo.
Mais importante que o meio ambiente pagão religioso e filosófico era o
judaísmo, do que se originou o cristianismo. Judaísmo é a religião dos judeus, em
contraste com a religião revelada no Antigo Testamento. Cabe ressaltar que, muito
da doutrina do Judaísmo não varia de modo significativo, quer em comparação com
o A.T., quer em comparação com o cristianismo conservador. O Judaísmo, tal qual
era no primeiro século, teve seu começo perto do final do período do Antigo
Testamento; durante o exílio assírio-babilônico.
A respeito de algumas seitas judaicas, citamos os Fariseus, sucessores dos
hassidim (“os piedosos”) do século II a.C., que formavam um partido religioso
puritano. Seu principal interesse era a observância da Lei de Moisés; conferiam igual
valor às tradições dos anciãos e às Escrituras Sagradas; criam na existência dos
anjos e demônios; criam na vida após a morte; davam grande ênfase aos aspectos
práticos de seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras
assistenciais. Embora não sendo muitos, em número, sua influência social e política
era considerável. A maioria dos escribas pertencia a este grupo. Sua rigidez e
separatismo degenerou-se em mero legalismo, e em arrogância e menosprezo pelos
demais. Jesus não criticou a ortodoxia de seus ensinamentos, mas a sua falta de
amor e orgulho. Dos Saduceus podemos dizer que, em sua maioria, eram sacerdotes
e aristocratas. É provável que tenham surgido no período macabeu. (GUNDRY,
1985, p. 9,10). Não reconheciam a autoridade da tradição oral; negavam a existência
do mundo espiritual; não criam na ressurreição dos mortos nem na vida futura;
aceitavam como canônicos apenas os livros de Moisés; interpretavam a Lei de
maneira literal; eram simpáticos à cultura helenista; contavam com pouco apoio
popular; eram renhidos adversários dos Fariseus.
Para o Judaísmo é básica a existência e chamada de Israel, sendo que, ser
membro na mesma é, primariamente, direito de nascimento, embora os prosélitos
fossem calorosamente recebidos. Estes últimos eram concebidos como indivíduos
24
que nascem no povo de Deus mediante a circuncisão, o batismo e o sacrifício.
Dentro de Israel todos eram reputados irmãos. Embora as distinções naturais da
sociedade nunca tivessem sido negadas, perante Deus a posição dependia do
conhecimento da Torah e de seu cumprimento. Por conseguinte, nos cultos das
sinagogas, as únicas qualificações necessárias para a liderança eram a piedade, o
conhecimento e a habilidade. Os rabinos não eram nem sacerdotes nem ministros,
nem passavam por qualquer forma de ordenação. Eram simplesmente aqueles que
conheciam suficientemente bem a Torah para ensiná-la, sendo reconhecidos por
diversos rabinos, ou mesmo, em casos excepcionais, pela comunidade – isso era o
bastante para fazer de alguém um rabino.
2.3 – A HISTÓRIA DE JESUS QUE A BÍBLIA NÃO CONTA
A despeito de não terem sido os primeiros documentos a serem escritos no
Novo Testamento, os quatro evangelhos canônicos – com todo direito figuram em
primeiro lugar como as principais fontes de estudo sobre a vida de Jesus. Existem
poucas informações não – canônicas; algumas são tão lacônicas que não se
revestem de valor algum na tentativa de reconstituição da carreira de Jesus. No
entanto, confirmam que Ele realmente viveu, tornou-se uma figura pública e morreu
sob o governo Pôncio Pilatos, e que, no espaço de doze anos após a Sua morte, a
adoração à Sua pessoa já havia chegado a lugares tão distantes quanto Roma.
A maioria dos eruditos contemporâneos acredita que uma biografia de Jesus,
em completa escala, é simplesmente impossível, porque os evangelhos são por
demais seletivos quanto ao volume e a tipo de informações que nos apresentam
acerca de Jesus.
Entretanto, eruditos ortodoxos descobrem boas razões históricas e teológicas
para aceitarem na íntegra os relatos dos evangelhos. Isso não dá a entender,
contudo, que os evangelistas sempre citaram as declarações de Jesus palavra por
palavra. As diferenças existentes entre os evangelhos dão a entender que houve
freqüentes paráfrases e rearranjos editoriais, um modo perfeitamente legítimo de
25
transmitir o pensamento de outrem. Por igual modo, os eruditos ortodoxos não
insistem em que deva haver uma narração completa e cronológica das atividades de
Jesus. Mas que, a julgar através do propósito pela qual foram escritos, os
evangelhos merecem nossa total confiança.
2.4 – O SERMÃO DA MONTANHA – (Mateus, V, VI, VII)
Sermão da Montanha é o título comumente dado aos ensinamentos de Jesus,
registrados nos capítulos V, VI e VII do Evangelho de Mateus.
Na versão de Mateus sobre o Sermão da Montanha, o próprio Jesus,
conscientemente, firma Seus princípios segundo moldes paralelos à lei mosaica, em
uma série de afirmativas: “Ouvistes que foi dito aos antigos...” – e segue-se uma
citação extraída do Pentateuco – “Eu, porém, vos digo...”. (V, 21, 27, 31, 33, 38, 43).
“Não... vim destruir a lei... mas cumprir” (V, 17). A lei que o homem é ensinado
a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo Testamento, bem como
nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos. Essas leis revelam a natureza da
vontade de Deus para todos, e continuam em vigor.
Os ensinamentos de Jesus devem ser vistos como um código moral não só
para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com Deus e que, por meio
da obediência, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmos, mas também para
aqueles que querem viver uma vida moral e eticamente correta. Têm um novo
caráter. “Jesus, do Novo Testamento, assentado na colina, a multidão, os discípulos.
Abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
“Muito felizes são os humildes!” dizia Ele, “porque o Reino dos Céus é dado a
eles. Felizes são os que choram! Porque serão consolados. Felizes são os mansos e
simples! Porque eles herdarão a terra. Felizes são aqueles que têm fome e sede de
justiça; porque eles serão satisfeitos. Felizes os que são amáveis e têm misericórdia
dos outros, porque a eles se mostrará misericórdia. Felizes os que têm coração puro,
porque verão a Deus. Felizes aqueles que procuram promover a paz – pois serão
26
chamados filhos de Deus. Felizes aqueles que são perseguidos por serem justos,
pois o Reino dos Céus é deles...”.
Os discípulos serão seus mensageiros e, aqui e ali, encontrarão ouvintes e
crentes. Mas, haverá, mesmo assim, uma inimizade perpétua entre eles e os
descrentes. Toda ira contra Deus recairá sobre os discípulos, e, com ele, serão
rejeitados. A cruz está à vista. Jesus, os discípulos, a multidão – esses três
elementos – já constituem o quadro completo da Paixão de Cristo e de sua Igreja.
Por tudo isso, Jesus os declara bem-aventurados! São bem-aventurados, não
por causa de sua carência ou de sua renúncia. Elas não são, por si só, causa de
bem-aventurança. Porém, motivo suficiente é o chamado e a promissão em
conseqüência dos quais os discípulos vivem em carência e renúncia. A carência
objetiva e a renúncia pessoal têm sua origem comum no chamado e promissão de
Cristo. Nenhuma delas tem valor e direito a reivindicações por si só.
“Deles é o reino dos céus”. Um ponto, porém, o povo e os discípulos têm em
comum: ambos são comunidade eleita de Deus. Assim, a bem-aventurança de Jesus
chama a todos à decisão e à salvação. Seu tesouro está profundamente oculto, eles
o têm na cruz. Em meio à pobreza, são herdeiros do reino dos céus.
Também o Anticristo declara bem-aventurados os pobres; não o faz, porém,
por amor à cruz; fá-lo, sim, para rejeitar a cruz através de ideologias sociopolíticas.
Por mais que afirme tratar-se de ideologias cristãs, é exatamente isso que o revela
como inimigo de Cristo.
Os discípulos choram sobre o mundo, sua culpa, seu destino e sua felicidade.
Enquanto o mundo festeja, ficam à parte. O mundo sonha com o progresso, com o
poder, com o futuro – os discípulos sabem do fim, do juízo e da vinda do reino dos
céus, para o qual o mundo não está nada apto. E, por esta razão, os discípulos são
estranhos no mundo, hóspedes indesejáveis, perturbadores da paz que são
rejeitados. Por que a Igreja de Jesus deve conservar-se afastada de tantas festas do
mundo que a cerca? Talvez porque não compreenda mais o mundo? Ou porque
27
tenha criado ódio aos seres humanos e ao mundo? Não. Ninguém tem mais
compreensão para com o mundo e para com os seres humanos do que a Igreja de
Jesus. Ninguém os ama tanto quanto os discípulos de Jesus. Por esta razão estão
de fora; por isso, choram.
Não há direito próprio que proteja essa comunidade de estranhos no mundo.
Quando injuriados, silenciam; quando perseguidos, sofrem-no; quando rejeitados,
afastam-se. Não movem processo em defesa de seus direitos, nem fazem alarde
quando injustiçados. Não reclamam para si nenhum direito; entregam toda justiça
nas mãos de Deus; não são desejosos de vingança.
Os seguidores de Jesus são chamados à paz. Em Jesus, o Príncipe da paz
(Isaías IX, 6), encontram a paz. Assim, renunciam à violência e a revolta. Os
discípulos de Jesus conservam a paz, preferindo sofrer a machucar o outro,
mantendo a comunhão onde outros a rompem, renunciando à auto-afirmação e
suportando, em silêncio, o ódio e a injustiça. Assim vencem o mal com bem. Assim
fazem a paz de Deus em meio ao mundo de ódio e guerra. E, por estarem envolvidos
na obra pacificadora de Cristo serão chamados também de filhos de Deus.
O fato de Jesus não se autodesignar como o sal, mas sim aos discípulos,
significa que lhes confia sua ação na terra. Ele os envolve em seu trabalho. “Vocês
são o sal” – e não: vocês devem ser sal! Ou vocês têm o sal! Não depende dos
discípulos quererem ou não quererem ser o sal. Não estamos diante de um apelo
aos discípulos para que se tornem sal. Eles o serão, querendo ou não, no poder do
chamado que os atingiu. Com seu testemunho, que falará mais alto do que a sua
voz, eles ensinarão o caminho; ensinarão aos homens a obedecerem a Deus.
Sabem que só assim eles encontrarão a felicidade.
2.5– MATEUS: EVANGELHO DO MESSIAS E DO NOVEL POVO DE
DEUS
Mateus, cobrador de impostos e um dos doze discípulos de Jesus, foi o os do
primeiro evangelho. A data e o local onde foi escrito são incertos. Há, no entanto,
28
bons motivos para crer que Mateus escreveu antes de 70 d.C., estando na Palestina
ou em Antioquia da Síria.
A organização editorial dos ensinamentos de Jesus, o seu conteúdo
incisivamente ético, e sua ênfase sobre os seus seguidores, têm produzido as idéias
que o primeiro evangelho tinha por alvo servir de manual catequético para os que
mudaram a sua conduta frente ao cristianismo, ou servir de manual escolástico para
os líderes da Igreja, adaptado à literatura litúrgica e homilética. Nesse evangelho os
incidentes da vida de Jesus, que constituem o “evangelho” pregado pelos apóstolos,
se vinculam mais com o ensinamento ético de Jesus, do que em qualquer outra
porção do Novo Testamento.
29
CAPÍTULO III
O GESTOR À LUZ DA ÉTICA RELIGIOSA CRISTÃ
Apesar de as Escrituras tornarem conhecido muito do que está além do poder
da razão humana, desauxiliada para descobrir ou compreender plenamente seus
ensinos, quando tomados juntos, de modo nenhum contradizem uma razão
condicionada em sua atividade pelo sentimento e iluminada pelo Espírito de Deus.
As Escrituras apelam para a razão, em seu amplo sentido, incluindo o poder da
mente de reconhecer Deus e as relações morais – não no sentido estrito de um
simples raciocínio ou o exercício da faculdade puramente lógica.
O ofício apropriado da razão, neste sentido amplo, é o de fornecer-nos as
idéias primárias de espaço, tempo, causa substância, desígnio, justiça e Deus, que
são as condições de todo o subseqüente conhecimento; examinar, julgar, avaliar,
valorar e deduzir fatos e extrair destes suas conclusões naturais e lógicas.
O instinto organizador da mente humana é um dos princípios que faz parte da
nossa constituição. A mente não pode continuar suportando a confusão ou aparente
contradição nos fatos conhecidos. A tendência de harmonizar e unificar seu
conhecimento aparece tão logo a mente começa a refletir; na proporção exata dos
dotes e cultura é impulsionada a sistematizar e formular o desenvolvimento. Isto é
verdade em todos os departamentos da pesquisa humana.
Só uma mente disciplinada pode, com paciência, coletar os fatos, sustentar
em suas mãos muitos fatos de uma vez, inferir através de contínua reflexão seus
princípios que estabelecem conexão, suspender um julgamento final até que suas
conclusões sejam verificadas pela Ética e pela experiência.
O Gestor deve ter insight, assim como entendimento. Ele deve acostumar-se a
ponderar os fatos, refletir sobre estes nas três dimensões: sensorial, espiritual e
30
material; a ver estas coisas em suas relações interiores como também em suas
formas exteriores.
Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a capacidade livre e racional
para escolher, deliberar e agir conforme valores, normas e regras que dizem respeito
ao bem e ao mal, ao justo e ao injusto, à virtude e ao vício, depreende Marilena
(CHAUÍ, 1995, p. 131). É a pessoa, dotada de vontade livre e de responsabilidade. É
a capacidade de alguém para compreender e interpretar sua própria situação e
condição (física, mental, social, cultural, histórica), viver na companhia de outros
segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade, agir tendo em
vista fins escolhidos por deliberação e decisão próprias, comportar-se segundo o que
julga o melhor para si e para os outros e, quando necessário, contrapor-se e opor-se
aos valores estabelecidos, em nome de outros considerados mais adequados à
liberdade e à responsabilidade. É a consciência de si como exercício racional e
afetivo da liberdade e da responsabilidade, em vista da vida feliz e justa.
A consciência moral pertence à esfera da vida privada, isto é, das relações
interpessoais e intersubjetivas que transcorrem na família, nas amizades, no
trabalho, na comunidade religiosa, na organização empresarial, na escola etc. Além
de nossa vida privada, participamos também da vida pública, da esfera política.
Do ponto de vista político, a consciência é o cidadão, i.e., o indivíduo situado
no tecido das relações sociais como portador de direitos e deveres definidos na
esfera pública, relacionando-se com o poder político e as leis; bem como o indivíduo
na condição de membro de uma classe social, definido por sua situação e posição
nessa classe social, definido por sua situação e posição nessa classe, portador e
defensor de interesses específicos de seu grupo ou de sua classe,relacionando-se
com a esfera pública do poder e das leis.
Tanto a consciência moral (a pessoa) quanto a consciência política (o
cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do eu e os valores e as
instituições de sua sociedade ou de sua cultura. São as maneiras pelas quais nos
relacionamos com os outros por meio de comportamentos e práticas determinados
31
pelos códigos morais (que definem deveres, obrigações, virtudes dos indivíduos em
sua vida privada) e políticos (que definem direitos, deveres, obrigações de
indivíduos, grupos e classes sociais na vida pública). Esses códigos éticos e políticos
dependem do modo como uma cultura e uma sociedade determinadas definem o
bem e o mal, o justo e o injusto, o legítimo e o ilegítimo, o legal e o ilegal, o privado e
o público.
O eu é a consciência como uma vivência psíquica e uma experiência que se
realiza na forma de comportamentos; a pessoa é a consciência como agente moral;
e o cidadão é a consciência como agente político. A ação da pessoa e a do cidadão
formam a práxis, palavra grega que significa “a ação na qual o agente, o ato
realizado por ele e a finalidade do ato são idênticos”.
Clóvis (SANTOS, 2004) descrevendo os Dez Princípios da Ética no Trabalho,
explica que, não se trata, evidentemente, de nenhuma tábua mística, religiosa,
esotérica, nem veio dos céus por intermédio de “moiséses”, nem está escrito em
“bíblias”, “talmudes”, “alcorões” ou quaisquer outros livros sagrados. Também não é
exclusivo de nenhuma profissão, instituição ou empresa, porque pelo ecletismo das
propostas elas se adaptam a qualquer uma, em especial para o objetivo desse
trabalho, continua ele, uma vez que o profissional da educação precisa ser tudo o
que segue abaixo e mais um pouco, porque trabalha na formação de seres humanos;
na maioria das vezes com pessoas ainda imaturas e carentes de bons exemplos.
Sabemos que “os exemplos valem mais que mil palavras”, ou “um grama de
exemplos vale mais que uma tonelada de palavras”, com nos ensinam algumas
máximas correntes no magistério:
1)Seja honesto em qualquer situação; 2) Nunca faça algo que você não possa
assumir em público; 3) Seja humilde, tolerante e flexível. Muitas idéias
aparentemente absurdas podem ser a solução para um problema. Para descobrir
isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvindo as pessoas e avaliando a situação sem
julgamentos precipitados ou baseados em suposições. 4) Seja ético, o que significa,
muitas vezes, perder dinheiro, status e benefícios. 5) Seja pontual; a pontualidade
vale ouro. Se você sempre se atrasar, será considerado indigno de confiança e
poderá perder boas oportunidades de negócios, promoções etc.; 6) Evite criticar os
32
colegas de trabalho ou culpar um subordinado pelas costas. Se tiver de corrigir ou
repreender alguém, faça-o em particular, cara a cara; 7) Respeite a privacidade do
vizinho. É proibido mexer na mesa, nos pertences e documentos de trabalho dos
colegas e do chefe. Também devolva tudo o que pedir emprestado rapidamente e
agradeça a gentileza, de preferência, com um bilhete; 8) Ofereça apoio aos colegas.
Se souber que alguém está passando por dificuldades, espere que ele mencione o
assunto e o ouça com atenção. 9) Faça o que disse e prometeu. Quebrar promessas
é imperdoável; 10) Aja de acordo com seus princípios e assuma suas decisões,
mesmo que isso implique ficar contra a maioria.
Alguns adjetivos negativos avaliativos do perfil do Gestor, baseado em Luiz
Ferracine (1990), registrado com a intenção de alertar os profissionais da educação
sobre a imagem que as pessoas podem ter de nós sem que percebamos, enumera
Santos, entre outros: Alienado, Arrogante, Autoritário, Bonzinho, Celetista,
Critiqueiro, Desanimado, Desorganizado, Ditador, Erudito, Inseguro, Lamuriante,
Leigo, Mal-Humorado, “Oba-Oba”, Policial, Saudosista, “Sem-Mais”, Sonhador,
Subversivo, Surdo e Cego, Terrorista, “Tiozinho”, “Tô Fora”.
Alguns aspectos físicos, éticos e morais a serem considerados, indicadores de
comportamento, devidamente adaptados para o nosso objetivo, não foram baixados
por Ato Administrativo específico, mas, pela tradição escrita ou oral, e passam a se
constituir numa “lei” para todos os Gestores. São as conhecidas normas
consuetudinárias, i.e., dos usos e costumes: Boa aparência; assiduidade; autonomia;
capacidade de decisão; caráter, que envolve firmeza moral, coerência nos atos e
honestidade; competência; cooperação; coragem; curiosidade intelectual, decência;
dedicação ao trabalho; discrição; honradez; humildade; lealdade; liderança;
linguagem adequada; moderação; ponderação; probidade, respeito;
responsabilidade; segurança; sigilo profissional e ética profissional; simplicidade;
tolerância; zelo profissional.
É importante que cada profissional da educação tenha consciência clara de
que cada ato seu é gerador da história, pois tem suas conseqüências e, por isso, é
preciso que ele saiba o que está fazendo e o que vai gerar este seu fazer, i.e., que
33
conseqüências históricas advirão de seus atos para si, para seus semelhantes, para
a instituição e para a sociedade.
Ao superpoder orientador e controlador contrapõe-se uma concepção mais
pedagógica da supervisão, concebida como uma co-construção, com professores,
do trabalho diário de toda a escola. O supervisor passa, assim, a ser parte integrante
do coletivos dos professores e, a supervisão realiza-se em trabalho de grupo.
(ALARCÃO apud RANGEL, 2002, p. 7).
A supervisão atual é aquela sobre a qual Rangel diz que: “O supervisor
pedagógico escolar faz parte do corpo de professores e tem a especificidade de seu
trabalho caracterizado pela coordenação – organização comum – das atividades
didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo de oportunidades coletivas de
estudo. A coordenação é, portanto, por natureza, uma função que se encaminha de
modo interdisciplinar”. (RANGEL, 2002, p. 57).
O Gestor que faz jus ao título que merecidamente recebeu não pode parar no
tempo. Tem de estar se atualizando constantemente; estudar para sempre, porque
há desafios a serem vencidos, pois “o trabalho do professor-coordenador revela-se
uma busca constante de formação continuada, a fim de que este profissional esteja
apto a responder às necessidades e mudanças produzidas pelas interações que
ocorrem no universo escolar; essa tarefa transformadora, articuladora e
transformadora é difícil, primeiro, porque não há fórmulas prontas a serem
reproduzidas; é preciso criar soluções adequadas a cada realidade” (GARRIDO,
2005, p. 09).
Gestor Escolar – pessoas são o seu foco; e pessoas são importantes. É visto
como modelo, por elas. Ele influenciará indivíduos, com suas palavras e atitudes, ou
seja, na prática, não só as do âmbito escolar, como também àquelas próximas a
eles.
34
CONCLUSÃO
Mentes cauterizadas pela lei de Gerson: “P’ra você, que quer levar vantagem
em tudo...”, pela facilidade de cometer o delito, com a certeza impunidade; pela
imoralidade, pelo que é contrário à lei e à ordem, pela injustiça, sofrerão uma radical
intermediação moral; uma transformação pela renovação do entendimento, para uma
mente onde “o meu direito termina quando começa o seu”; e, “do modo que eu quero
que as pessoas hajam comigo, é o mesmo como devo agir com elas”, entre outras.
Logo, a máxima, “Na Ética, o que conta é o exemplo”, vislumbramos a
oportunidade de aplicar os ensinamentos de Jesus, de forma equilibrada, incidindo
na consciência do homem, atuando como orientador moral e ético, a fim de torná-lo
sábio em suas decisões e em tudo quanto faz.
Vivemos um tempo que, se espera, seja de grandes realizações, de grandes
avanços, de luz e de desenvolvimento. E, apesar de todas as tentativas de
conceituação deste tempo tão complexo, o homem está perplexo. Individualizado,
secularizado, fragmentado, vivendo no auge do tecnicismo e suas conseqüências,
trazendo no projeto de modernidade a indiferença religiosa. Este homem vê-se
diante de uma pluralidade cultural onde se torna visível o irromper do sagrado. Este
sagrado que, de certa forma, entre nós era abafado, imperceptível, esquecido, aflora
e torna evidente aquilo que é visceral na cultura do povo brasileiro: a fé religiosa.
Quando as Escrituras Sagradas falam do discipulado de Jesus, proclamam a
libertação do ser humano de todos os preceitos humanos, de tudo quanto oprime,
sobrecarrega, provoca preocupações e tormentos à consciência. Os Seus
mandamentos jamais pretendem destruir a vida, mas conservar, fortalecer e curar.
O Decálogo, o Sermão do Monte, os ensinamentos de Jesus, não são apenas
uma sucessão de deveres religiosos e jurídicos, mas também de preceitos morais. A
crise dos valores em que se debate a sociedade moderna é também resultado do
abandono dos valores cristãos. E a recuperação de tais crenças passa,
obrigatoriamente, pelo resgate dos fundamentos que sustentam o cristianismo.
35
Bastaria a observância desses preceitos para a desnecessidade de qualquer outro
comando ético ou legal. E Jesus é muito enfático quando manda o homem amar seu
semelhante. Não apenas o amigo, mas também o inimigo. Ainda, “Tudo aquilo que
vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós também” (Mt. VII.12); essa
norma, se cumprida, salvaria o mundo. Ninguém pode negar a atualidade de tais
preceitos.
Jesus do Novo Testamento fornece respostas a todas as questões e
indagações humanas. A Bíblia, o Testamento de Deus, é suficiente – como código
de Ética universal – para fornecê-las. Se os homens voltassem a estreitar seu
relacionamento com o Criador, certamente, haveria mais Gestores e Professores a
influenciar positivamente àqueles que estão sob sua responsabilidade; o amor seria
a mola que impulsionaria essa influência.
Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de
comparar, valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso nos
fizemos seres éticos. Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da
ética, quanto mais fora dela.
Adolescente de 17 anos, entrevistada por repórter da Rede Globo de Televisão – Jornal Hoje – 11/04/07, às 13h150: “A que você atribui o bom desempenho da escola e dos alunos?” – À nossa Diretora, disse ela: “Ela ama os alunos; ama o que faz. Isso faz a diferença”.
36
BIBLIOGRAFIA
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VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez; Ética. RJ: Ed. Civilização Brasileira, 1995, 12 p.
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NOVAES, Adauto. Ética. Editora Schwarcz Ltda. São Paulo-SP, 2000
SANTOS, Clóvis Roberto dos; Ética, Moral e Competência dos Profissionais da
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37
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CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ática, São Paulo-SP: 1995
Bíblia – Dicionário I. Douglas, J. D. II. Bruce, F. F. III. Shedd, Russell P., Ed. Vida
Nova. São Paulo, 1995
38
ATIVIDADES CULTURAIS
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ÉTICA 10
1.1 – Moral Absoluta ou Relativa? 12
1.2 – A Classificação da Ética 12
1.2.a – A Ética Empírica 13
1.2.b – A Ética dos Bens 13
1.2.c – A Ética Formal 13
1.2.d – A Ética dos Valores 14
1.3 – Sob o Prisma da Moral Cristã 14
1.4 – A Ética da Vida 16
1.5 – Ética: O que Conta é o Exemplo 17
1.6 – Moralidade Pública ou Moralidade Privada 18
CAPÍTULO II
ABORDANDO O NOVO TESTAMENTO 19
2.1 – O Ambiente Secular do Novo Testamento 20
2.2 – O Ambiente Religioso do Novo Testamento 22
2.3 – A História de Jesus que a Bíblia não Conta 24
2.4 – O Sermão da Montanha 25
2.5 – Mateus: O Evangelho do Messias e do Novel
Povo de Deus 28
CAPÍTULO III
O GESTOR À LUZ DA ÉTICA RELIGIOSA CRISTÃ 29
CONCLUSÃO 34
40
BIBLIOGRAFIA 36
ATIVIDADES CULTURAIS 38
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: A ÉTICA CRISTÃ E A GESTÃO ESCOLAR
Autor: Neiva de Melo Maia
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: