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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PEQUENAS CENTRAIS HIDROELÉTRICAS IMPACTO AMBIENTAL Por: Maria José da Silva Bastos Orientador Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALEstados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. O estudo das Pequenas Centrais Hidroelétricas encarne todo este universo inerente às questões

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PEQUENAS CENTRAIS HIDROELÉTRICAS

IMPACTO AMBIENTAL

Por: Maria José da Silva Bastos

Orientador

Prof. Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PEQUENAS CENTRAIS HIDROELÉTRICAS

IMPACTO AMBIENTAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Ambiental.

Por: Maria José da Silva Bastos.

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares e aos meus

queridos amigos e mestres. Em

especial a Ana C. B. Lima - Mestranda

em Biologia da Fundação Oswaldo

Cruz - e a MsC Suellen Bernardo que

muito contribuíram com sensibilidade e

conhecimento.

4

DEDICATÓRIA

Dedico à minha amada família, em

especial à minha filha Ana Carolina que a

mim transmitiu estimulo e confiança para

realização deste trabalho.

5

“Ambiente limpo não é o que mais se

limpa e sim o que menos se suja.”

Francisco Cândido Xavier.

Instituto Chico Xavier.com

6

RESUMO

Esta pesquisa abrange vários pontos importantes no Direito Ambiental,

apesar do material disponível não ser de larga divulgação, estamos fazendo

alusão neste caso quanto as Pequenas Centrais Hidroelétricas, porém os

tramites necessários para sua implantação os dados referentes ao fator biótico,

foram bastante satisfatórios.

Fizemos, no capítulo I, uma coletânea de pequenas centrais

hidroelétrica para entendimento do funcionamento de sua força geradora,

acompanhada de seu licenciamento.

No capítulo II, abordamos o impacto ambiental quando da implantação

de uma PCH em relação ao ambiente de sua implantação e o dano que possa

ser gerado desta construção.

O capítulo III, apresentamos as propostas e aplicações de programas

ambientais, implantados pelas PCHs, voltadas para o impacto ambiental

gerado.

Usamos como modelo a PCH de Cabuí, capítulo IV, por se tratar de

uma PCH com procedimentos para uma futura instalação em andamento, e

desta forma verificarmos pontos que se fazem necessários para instalação de

uma PCH, e o impacto ambiental que possa causar, ( rio Paraibuna ,

municípios de Simão Pereira e Belmiro Braga no Estado de Minas Gerais e

município de Comendador Levy Gasparian no Estado do Rio de Janeiro).

Fizemos referência à algumas das espécies e recursos hídricos que fazem

parte do ambiente onde a futura construção funcionará, e também o sítio

arqueológico existente na localidade.

Concluímos que progresso e preservação devem ser observados pelo

ângulo da sensatez, é tudo uma questão de continuidade, e neste caso a

nossa própria continuidade.

7

METODOLOGIA

Os primeiros passos foram em direção de quais da são os atributos de

uma PCH, e sua relação com o impacto ambiental causado por este

empreendimento. Foi eleita uma PCH que estivesse vem vias de instalação

parar termos condições de verificar as etapas quanto aos procedimentos

necessários para construção de uma PCH. O entendimento jurisprudencial foi

pesquisado e acrescido, em anexo, como elemento de informação necessária. O desenvolvimento seguinte foi pesquisar junto aos sites competentes e

confiáveis, para obtermos informações que transmitissem além de

confiabilidade, uma estruturação sólida e mais ampla possível, levando-se em

conta ser o tema pouco difundido, para tal foram utilizados os seguintes

acessos aos sites: Governamentais; não Governamentais; Comerciais e dos

Tribunais Superiores e Estaduais,

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - As Pequenas Centrais Hidroelétricas 11

CAPÍTULO II - O Impacto Ambiental 15

CAPÍTULO III – Dos Programas Ambientais 20

CAPÍTULO IV - A PCH de Cabuí 24

CONCLUSÃO 38

ANEXOS 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89

ÍNDICE 91

9

INTRODUÇÃO

Em todo e qualquer estudo buscamos visualizar, nas situações, as

questões práticas e diversificadas, e por vezes também questões pautadas em

nossas observações pessoais, ampliadas e aplicadas dentro do universo das

visões mais simples ou mais complexas que envolvem uma pesquisa.

Diante deste universo de questionamentos desenvolve-se este

estudo. Um trabalho de pesquisa e estudo neste universo polêmico e

diversificado que são as Pequenas Centrais Hidroelétricas - PCH.

Quando falamos em aplicações de políticas ambientais, para que

possa haver a existência sustentável desta e de futuras gerações, por mais

antagônico que possa parecer, estamos suscitando uma polêmica.

Todos os setores da sociedade moderna levantam a bandeira

ambiental, sustentabilidade é o foco e fator primordial, contudo a aplicação

garantidora das ações necessárias para sustentabilidade geram desencontro

de opiniões, discórdias objetivas e práticas, tanto quanto as que se manifestam

no campo das suposições, das mais plausíveis as mais imaginárias.

Adentramos neste estudo com olhar voltado com maior ênfase à

formação das bases que norteiam a implantação das Pequenas Centrais

Hidroelétricas, e para viabilizar este estudo elegemos a Pequena Central

Hidroelétrica de CABUÍ, futura construção no rio Paraibuna, que abrange os

Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O estudo das Pequenas Centrais Hidroelétricas encarne todo este

universo inerente às questões ambientais: impacto ambiental, sustentabilidade

garantidora de ações para conservação e preservação, no que for de intocável

valor, para um ambiente natural, sadio e produtivo para as futuras gerações.

Efetuamos, também, pesquisas jurisprudenciais, junto ao sistema de

consulta disponível nos Tribunais Superiores e Estaduais, para que faça parte

deste estudo o comportamento jurídico-social aplicado ou aplicável às

Pequenas Centrais Hidroelétricas.

10

Um ambiente limpo, - entendamos aqui, limpo, não apenas na sua

semântica, mas também o que não é degradado -, reflete sempre atitudes

conscientes e acertadas para agora e também as gerações futuras.

11

CAPÍTULO I

PEQUENAS CENTRAIS HIDROELÉTRICAS

Água é sinônimo de vida em todas as suas formas e a ONU consagrou

esta sinonímia através da Resolução A/RES/47/193 de 22 de fevereiro de

1993. A Organização das Nações Unidas declarou o dia 22 de março como o

Dia Mundial da Água e publicou a Declaração Universal dos Direitos da Água.

Destacamos aqui, o artigo que consideramos incorporar de maneira primorosa

a sua importância:

“Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a

condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou

humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a

atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura e a agricultura. O

direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano:

o direito à vida, tal qual é estipulado no Art. 3º da Declaração

dos Direitos do Homem.” (*1)

1. Funcionamento

As PCHs - Pequenas Centrais Hidrelétricas -, são usinas com potência

instalada superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW e com o reservatório

com área igual ou inferior a 3 Km² (300 hectares), esse tipo de

empreendimento possibilita um melhor atendimento às necessidades de carga

de pequenos centros urbanos e regiões rurais, conforme define a

Resolução nº 652, de 09 de dezembro de 2003 (*2) da ANEEL (Agência

12

Nacional de Energia Elétrica) e das Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº

237/97.(*3)

A área do reservatório é delimitada pela cota d´água associada à

vazão de cheia com tempo de recorrência de 100 anos.

Diferentemente de uma usina hidrelétrica de grande porte, as PCHs

não se utilizam de reservatórios para armazenagem de grandes volumes de

água. Elas operam a fio d’água, ou seja, permitem a passagem contínua de

toda água com uma capacidade nominal mais estável. As PCHs aproveitam a

força da correnteza e a vazão natural dos rios sem precisar estocar água;

requerem uma pequena área inundável, muitas vezes equivalente ao nível das

cheias do rio.

2. Exemplos de Pequenas Centrais Hidroelétricas.

PCH Bonfante, localizada no rio Paraibuna, entre os municípios de

Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, e Simão Pereira, em

Minas Gerais. Iniciou sua operação comercial em 01.08.2008. Resoluções

nº 357/2001 e 132/2005 da ANEEL.

PCH Calheiros, localizada no rio Itabapoana, entre os municípios de

Bom Jesus do Itabapoana, no Rio de Janeiro, e São José do Calçado, no

Espirito Santo. Iniciou sua operação comercial em 11.09.2008. Resoluções

nº 12/2000 e 235/2005 da ANEEL.

PCH Funil, localizada no rio Guanhães, no município de Dores do

Guanhães, em Minas Gerais. Iniciou sua operação comercial em

04.03.2008. Resoluções nº 361/1999 e 191/2005 da ANEEL.

PCH Jataí, localizada no rio Claro, no município de Jataí, em Goiás. Iniciou

sua operação comercial em 29.07.2008. Resoluções nº 741/2002 e 36/2005

da ANEEL.

13

PCH Retiro Velho, localizada no Rio da Prata, no município de Aporé, em

Goiás. Iniciou sua operação comercial em 18.06.2009. Resoluções nº

404/2000 e 237/2005 da ANEEL.

PCH São Joaquim, localizada no rio Benevente, no município de

Alfredo Chaves, no Espírito Santo. Iniciou sua operação comercial em

16.04.2008. Resoluções nº 404/2000 e 237/2005 da ANEEL.

foto:brasilpch/19/12/12

PCH São Simão, localizada no rio Itapemirim, no município de Alegre, no

Espírito Santo. Iniciou sua operação comercial em 16.02.2009. Resoluções

nº 84/2001 e 234/2005 da ANEEL.

CH Fumaça IV, localizada no rio Preto, entre os municípios de Caiana Feliz,

em Minas Gerais, e Dores do Rio Preto, no Espírito Santo. Iniciou sua

operação comercial em 30.12.2008. Resoluções nº 369/1999 e 233/2005

da ANEEL.

PCH Irara, localizada no rio Doce, no município de Aparecida do Rio Doce,

em Goiás. Iniciou sua operação comercial em 05.09.2008. Resoluções nº

525/2002 e 120/2005 da ANEEL.

PCH Monte Serrat, localizada no rio Paraibuna, entre os municípios de

Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, e Simão Pereira, em

Minas Gerais. Iniciou sua operação comercial em 17.02.2009. Resoluções

nº 356/2001 e 133/2005 da ANEEL.

PCH Santa Fé I, localizada no rio Paraibuna, entre os municípios de

Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, e Santana do Deserto, em

Minas Gerais, tem capacidade instalada de 30MW, com investimento total

de 143.101 milhões e iniciou sua operação comercial em 8.05.2008. A PCH

14

Santa Fé iniciou a operação comercial, com as duas unidades geradoras,

no dia 9 de maio de 2008. Resoluções nº 608/2002 e 121/2005 da ANEEL.

PCH São Pedro, localizada no rio Jucu Braço Norte, no município de

Domingos Martins, no Espírito Santo. Iniciou sua operação comercial em

16.06.2009. Resoluções nº 604/2003 e 296/2005 da ANEEL.

Notas:

(*1) Anexo 4.

(*2) Resolução nº 652, de 09 de dezembro de 2003 (Anexo 5)

(*3) Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. (Anexos 6 e 7)

Fotos dos exemplos de PCH,fotos:brasilpch/19/12/12(Anexo 8)

15

CAPÍTULO II

O IMPACTO AMBIENTAL

Neste capítulo buscamos enfocar o impacto ambiental no seu

enquadramento prático para a implantação de uma PCH, mais precisamente a

maneira como se desenvolvem os estudos e pesquisas que se fazem

necessários para realização e implantação de uma PCH em relação ao

ambiente de sua implantação e, de forma ampla, o dano que possa ser

causado.

1. Análises Necessárias.

Uma avaliação prévia do empreendimento se faz necessária para

analise da viabilidade ambiental da PCH, sendo considerada viável, ocorre

uma segunda etapa que são os Estudos Preliminares com Relatório de

Avaliação Preliminar-RAP- ou Relatório Ambiental Preliminar. o documento

deve ser encaminhado ao órgão ambiental, Resolução 237/97, do CONAMA,

esta Resolução concede ao órgão ambiental licenciador a decisão de exigir ou

não quanto à profundidade dos estudos, com isso, poderá ser determinada a

apresentação de um PBA detalhado, um Plano de Controle Ambiental –PCA-

mais simplificado ou ,um documento complementar, em relação aos estudos

que deram origem -à Licença Prévia –LP-, para que seja averiguada sobre a

necessidade de elaboração de um EIA/RIMA, que abordaremos mais adiante,

esses documentos deveram estar de acordo com liberação da Licença Prévia–

LP-, que representa a confirmação quanto à viabilidade ambiental da PCH.

Para que as obras sejam iniciadas o movimento seguinte será o

Projeto Básico Ambiental – PBA-, sendo aprovado, será obtida a Licença de

16

Instalação-LI-, que autoriza o início das obras, conforme a Resolução 237/97,

do CONAMA, nos respectivos artigos. O artigo 4º da Resolução 237/97, quanto

a competência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, em face do artigo

10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o artigo 5º da mesma Resolução

que trata quanto a competência do órgão ambiental estadual ou do Distrito

Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades e artigo

6º também da mesma Resolução que trata da competência do órgão ambiental

municipal que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou

convênio.

2. Análise Preliminar.

Nesta análise preliminar serão observados aspectos abrangem

impactos do empreendimento sobre o ambiente. São os seguintes aspectos:

Inundação de Terras Indígenas, só viável após ampla e demorada discussão

do assunto e edição de permissão do Congresso Nacional;

Inundação de áreas de quilombos e necessidade de possível relocação,

também só possível com autorização do Congresso Nacional;

Inundação de áreas de preservação ambientais legalmente constituídas, como,

por exemplo, Parques Nacionais e outras Unidades de Conservação da Flora e

da Fauna, além de ecossistemas importantes, como a Mata Atlântica e o

Pantanal Mato-grossense;

Inundação de áreas onde haja aglomerações urbanas ou comunidades rurais

que, por isso, necessitarão de relocação;

Reservatórios onde o zoneamento regional ou municipal prevê áreas de

expansão urbana ou de conservação ambiental, como as que ficam a

montante de mananciais para futuro abastecimento d’água;

Eliminação de patrimônios naturais, como corredeiras onde haja intensa e

histórica prática esportiva, como a de canoagem, ou cachoeiras e trechos de

rios onde haja muitas atividades turísticas ou de lazer na região;

17

Onde houver sensíveis prejuízos para outros usos considerados mais

importantes, como abastecimento d’água e irrigação, por exemplo;

Áreas tombadas por órgãos de defesa do Patrimônio Histórico, Cultural,

Arqueológico e Paisagístico;

Áreas de exploração de minerais estratégicos;

Inundação de locais, do tipo: cemitérios, considerados sagrados pela

população local;

Inundação de áreas cársticas(*4), identificadas como patrimônio

espeleológico(*5).

3. Relatório Ambiental Preliminar - RAP

Composição do RAP:

Justificativas do Empreendimento;

Caracterização do Empreendimento, com os dados disponíveis sobre a usina e o reservatório associado;

Diagnóstico Ambiental Preliminar, com os principais aspectos físicos, bióticos e antrópicos da região já levantados;

Identificação Preliminar dos Impactos;

Prováveis Medidas Mitigadoras e Programas Ambientais.

4. Estudos de Impacto Ambiental - EIA

Objetivos principais do EIA é o da identificação e avaliação dos

impactos ambientais de forma detalhada, “componentes-síntese”, abrangendo:

Ecossistemas Aquáticos, Ecossistemas Terrestres, Modos de Vida,

Organização Territorial e Base Econômica. através de métodos e técnicas de

identificação/avaliação de impactos, o conhecimento e o grau de

transformação que a região sofrerá com a introdução das obras propostas,

como agente modificador.

18

5. Relatório de Impactos Sobre o Meio Ambiente - RIMA

O Relatório de Impactos Sobre o Meio Ambiente espelha as

conclusões do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, é um documento elaborado

a partir do EIA, mas que apresenta uma abrangência menor, podendo ser

considerado um resumo deste último, a própria Resolução 01/86 do CONAMA

determina sem seu artigo 9º que relatório de impacto ambiental – RIMA deverá

refletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, e o parágrafo único do

mesmo diploma legal assim determina quanto a apresentação da RIMA:

“Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.”

Notas:

(*4) cárstica – referente à carste.

“ A palavra carste é utilizada para designar aquelas regiões da superfície terrestre que apresentam características especiais do ponto de vista geomorfológico e hidrogeológico das quais destacam-se: A presença de extensas zonas sem correntes de águas superficiais, inclusive em climas úmidos; A ocorrência de depressões, mais ou menos grandes, cuja drenagem é subterrânea; A existência de cavidades no subsolo (simas ou cavernas) pelas quais circulam correntes de água subterrâneas; Pequeno valor de escoamento superficial; Complexa circulação de águas subterrâneas tanto nas zonas saturadas como acima da superfície potenciométrica do aquífero; Normalmente a existência de zonas desnudas sem vegetação.

19

Grande rapidez da infiltração das chuvas e outras águas superficiais; Anomalias na direção do fluxo de água com relação ao gradiente potenciômetro regional; Grande diferença entre a média e a mediana da distribuição estatística dos valores de permeabilidade em um mesmo aqüífero cárstico; Muita variação de um lugar para outro dos valores do coeficiente de armazenamento e da transmissividade de um aquífero cárstico. Estas características são o resultado de um processo, chamado de “carstificação”, no qual intervém diversos fatores geológicos. Neste processo existe um mecanismo básico que é a dissolução pela água de uma rocha carbonática (solúvel) fissurada. São peculiares aos carstes as entradas de águas de superfície em condutos localizados (sumidouros). Este modo localizado das infiltrações deve-se à grande variabilidade espacial da permeabilidade e da capacidade de infiltração, que é muito maior nos meios cársticos que em outros meios permeáveis. Ao contrário de uma primeira impressão, as superfícies cársticas não apresentam relevos caóticos e desorganizados de dolinas, depressões fechadas e sumidouros, Um padrão organizado e estruturalmente condicionado sempre existem em todas as superfícies cársticas.(É difícil a sua identificação) Estes padrões, no entanto, variam muito dentro de uma bacia hidrográfica com grande extensão, ocasionando diversos compartimentos locais.” Da Silva, Adelbani Braz -- UFMG.-05/01/13 (*5 )espeleológico – referente à espeleologia

“... Para possibilitar sua efetiva proteção e conservação, deve-se, antes de tudo, determinar o que se entende por cavidade natural subterrânea, que é exatamente aquilo a que se refere o parágrafo único do artigo 1° do Decreto n.° 99.556/90, que vem redigido da seguinte forma: “Entende-se como cavidade natural subterrânea todo e qualquer espaço subterrâneo penetrável pelo homem, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que a sua formação haja ocorrido por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou do tipo de rocha encaixante. Nesta designação estão incluídos todos os termos regionais, tais como gruta, lapa, toca, abismo, furna e buraco”. De Mello, Amaitê Iara Giriboni - Promotor de Justiça da Capital. ,Faria, Marina França-Estagiária do Ministério Público. 05/01/13

20

CAPÍTULO III

PROGRAMAS AMBIENTAIS

Para este estudo realizamos pesquisas concernentes aos

programas ambientais aplicados na implantação de uma PCH, não discutimos

aqui os ajustes que se fazem necessário sobre um olhar mais crítico e

cauteloso, preferindo abordá-los na conclusão. Nossa pesquisa para este

capítulo retrata as propostas e aplicações de programas ambientais

implantados nas exemplificada PCHs.

1. Das Ações de PCHs em Programas Ambientais

1.1. Monitoramento de Peixes

A PCH de São Joaquim executou um projeto de captura em

calhas do Rio Benevente e seus afluentes. O objetivo é de caracterizar a

estrutura da comunidade de peixes do Rio Benevente e de seus afluentes,

sendo desenvolvido um Programa de Monitoramento de Ictiofauna(*6) nesta

área.

Foram capturados 239 exemplares de peixes, representando 16 espécies, com

esta coleta, a PCH pode avaliar a ocorrência de espécies raras e/ou

ameaçadas de extinção na região, além de propor ações e conservação e

manejo dos peixes, O projeto foi iniciado na fase de implantação da PCH e

será desenvolvido durante os dois primeiros anos de operação da hidrelétrica.

21

A ictiofauna desta região é constituída, em sua maior parte, por espécies de

pequeno porte como o barrigudinho, a piaba e o cascudinho. Durante a

continuidade dos trabalhos de monitoramento, os resultados obtidos neste

monitoramento indicam que a caso sejam observados efeitos adversos sob as

comunidades de peixes existentes, medidas de manejo de conservação

poderão ser propostas à hidrelétrica.

1.2. Mata Ciliar

A PCH Funil está promovendo o reflorestamento, através do

Programa de Revegetação Ciliar, na área do entorno do reservatório com o

plantio de cerca de 38.000 mudas de plantas nativas, que foram resgatadas e

cultivadas em viveiro conveniado.

1.3. Programas de Prospecção e Salvamento Arqueológico

Na PCH Retiro Velho as áreas de prospecção identificaram 3

(três) sítios arqueológicos na Área Diretamente Afetada –ADA- da PCH, que

foram resgatados em novembro de 2006, sendo que todo o material foi

depositado no Centro de Arqueologia Annette Laming-Emperaire, localizado na

Lagoa Santa em Minas Gerais.

1.4. Programas de Controle de Processo Erosivo

Na PCH São Simão ocorreu o Programa de Prevenção, Controle

e Acompanhamento de Processo Erosivo, que tem por objetivo permitir o

monitoramento mesmo depois da conclusão da obra. Esses mecanismos de

controle são extremamente variados, em função do material (rocha o solo) no

qual será realizada a intervenção; local da realização (exemplo; margem de

cursos d’água, relevos acidentados) e forma que venha a reduzir ou evitar

processos erosivos, perda de solos e o arraste de sólidos para os cursos

d’água. Na PCH São Simão houve plantio de gramíneas (*7), sendo a

revegetação através de hidrossemeadura e geomanta.

22

1.5. Programas de Monitoramento do Cágado-de-Hogei Na PCH Carangola acontece o Programa de Monitoramento do

Cágado-de-Hogei. Em Minas Gerais, na bacia do rio Carangola, parece

constituir a última sub-bacia do Paraíba do Sul onde ocorre registro do

Cágado-de-Hogei (Phrynops hogei), é uma das seis espécies de quelônios do

Brasil que se encontra ameaçada de extinção que consta na Lista Oficial da

Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. O Programa propõe um

aprimoramento maior sobre o conhecimento já existente deste cágado, como

também medidas para garantir sua sobrevivência e proteção.

Sua ocorrência se dá em áreas baixas da Bacia do rio Paraíba

do Sul, nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e nas

proximidades do rio Itapemirim, no Espírito Santo (*8).

1.6. Programas de Monitoramento Qualitativo dos Recursos Hídricos

Na PCH São Pedro os recursos hídricos locais, e a comparação

entre as condições qualitativas, à montante (*9) e à jusante (*9) dos locais

destinados à implantação da PCH, ocorrem coleta de amostras e obtenção de

dados através de sonda multiparâmetros, realizadas trimestralmente em treze

(13) pontos ao longo do rio Jucu Braço Norte e afluentes.

Notas:

(*6) Ictiofauna “é o conjunto das espécies de peixes que existem numa

determinada bacia hidrográfica.” PCH.PARACAMPI.COM,BR

23

(*7) Gramíneas

“Família de plantas monocotiledôneas (As flores das gramíneas são singelas e

quase sempre dispostas conjuntamente em espigas.). O mesmo que

gramináceas. Crescem em pântanos e desertos; em regiões de temperatura

abaixo de zero e nas quentes áreas tropicais; em solo pedregoso e em

montanhas nevadas. Sempre é possível encontrar alguma espécie de

gramínea em quase toda a superfície da Terra. Vão desde os tipos rasteiros

encontrados nos gramados aos altos bambus com os quais se fazem as varas

de pesca e peças de mobília.” Dicionário OnLine de Português-06/01/13

(*8). Ministério do Meio Ambiente.MMA.GOV-12/01/13

.(*9) “Jusante e montante são lugares referencias de um rio pela visão de um

observador. A jusante é o lado para onde se dirige a corrente de água e

montante é a parte onde nasce o rio. Por, isso se diz que a foz de um rio é o

ponto mais a jusante deste rio, e a nascente é o seu ponto mais a montante.” –

Significados.com. br -06/01/13

24

CAPÍTULO IV

A PCH DE CABUÍ

Apresentação

Para este enfoque mais direto à PCH de Cabuí tornar-se viável, por

tratar-se de um empreendimento de futura instalação, isto é, ainda em fase de

avaliações para sua construção, e para buscar informações mais precisas e

necessárias, iniciamos esta pesquisa a partir dos dados coletados através do

site do IBAMA (*10).

Apresentaremos neste estudo dados que consideramos relevantes.

São inúmeros os dados que envolvem a instalação das PCHs, no caso em

questão da PCH de Cabuí, levando-se em consideração que a mesma

encontra-se em fase de concessão de licenciamento ambiental para que

ocorra a sua efetiva implantação. - PCH Cabuí de acordo com as diretrizes das

Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97 e Resolução nº 652, de 09 de

dezembro de 2003.

A instalação do PCH Cabuí, futuramente, será no rio Paraibuna, na

confluência com o rio Preto, atingindo diretamente o município de Simão

Pereira em sua margem esquerda e Belmiro Braga, em sua margem direita;

ambos localizados no Estado de Minas Gerais. Ainda na margem direita do rio

Preto o empreendimento abrange território do município de Comendador Levy

Gasparian no Estado do Rio de Janeiro:

Área de Influencia Indireta - AII (item 5.1) serão todos os municípios

pertencentes à Bacia Hidrográfica do rio Paraibuna;

25

Área de Influencia Direta – AID (item 5.2): Belmiro Braga e Simão Pereira em

Minas Gerais e Comendador Levy Gasparian no RJ são os municípios

atingidos pela implantação do empreendimento;

Área Diretamente Afetada – ADA (item 5.3), apenas as áreas dos municípios

impactadas pelo futuro empreendimento.

1. Justificativa

Justificativas do Empreendedor: :Velcan Desenvolvimento Energético

do Brasil Ltda. Rio Paraibuna Janeiro de 2012:

“Numa perspectiva local, justifica‐se a instalação da PCH Cabuí pela

possibilidade de ganhos socioeconômicos que poderão ser gerados na sua

região de inserção, beneficiando não só o estado de Minas de Gerais, como do

Rio de Janeiro, devido a sua proximidade. A construção de um

empreendimento do porte da PCH Cabuí pode ser revertida em benefícios

consideráveis para os municípios de Simão Pereira e Belmiro Braga em Minas

Gerais e Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, promovendo oferta

de empregos na obra, capacitação de mão‐de‐obra local, aumento no onsumo

de bens e serviços locais, melhorias nas vias de acesso rurais, aumento na

arrecadação municipal, entre outros. A PCH Cabuí irá somar ao sistema

energético brasileiro e contribuir na geração de energia para atender os

setores comercial, residencial e industrial em expansão. É previsto uma

geração média de 93.515 MWh/ano, considerando a potência instalada será de

18 MW, que somada aos demais aproveitamentos energéticos existentes no rio

Paraibuna, reduzirão a demanda energética futura.” (*11)

2. Meio Biótico

Localizado no Bioma Mata Atlântica que está na região Sul‐Sudeste

do estado de Minas Gerais e Centro‐Oeste do Rio de Janeiro, na Bacia

Hidrográfica do rio Paraibuna.

Os tipos de vegetações presentes na bacia do rio Paraibuna são: Savana,

Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual(*12) e Áreas de

26

Tensão Ecológica. Durante o levantamento de campo foram identificadas 122

espécies, pertencentes a 40 famílias botânicas. O número de espécies

encontradas atesta o grau de alteração dessa vegetação, tendo em vista que o

número de espécies registrado para essa tipologia florestal, em condições

originais, é superior a 400. Também foi verificada a presença de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural ‐ RPPN, a Fazenda da Gruta é a mais

próxima do local, as quais exercem função importante na formação de

corredores ecológicos e zonas de amortecimento.

2.1 - Mamíferos

Existem registos de 39 espécies de mamíferos, pertencentes a 20

famílias. Foram registradas três espécies de mamíferos consideradas de

extinção, sendo um primata, o sagui‐da‐serra‐escuro, e dois carnívoros, o

lobo‐guará e a jaguatirica. Em relação as espécies endêmicas, foram

registradas na área da futura PCH Cabuí o gambá‐de‐orelha‐preta, o

bugio‐ruivo, o macaco‐prego, o sagui‐da‐serra‐escuro, o guigó e o serelepe.

Espécies como a paca e a capivara. A paca está relacionada a existência de

florestas ciliares em bom estado de conservação e a capivara é um animal que

se adapta bem a alterações ambientais. Ainda há outras espécies como o

veado‐catingueiro, o tatu‐galinha, tatu‐peba.

2.2. Anfíbios e Répteis

Registradas 31 espécies, sendo 22 espécies de anfíbios, cinco

espécies de lagartos e quatro espécies de serpentes, durante as quatro

campanhas realizadas para os estudos de impacto ambiental realizados na

área da futura PCH Cabuí. Não foram amostradas espécies ameaçadas nas

áreas de amostragem Em relação as espécies procuradas para a caça e/ou de

interesse econômico, foram observadas duas espécies na região estudada,

sendo elas as rãs nativas Leptodactylus labyrinthicus e Leptodactylus latrans.

Quanto as espécies de interesse científico, é possível dizer que todas as

espécies da região têm algum interesse, pois muito pouco se sabe sobre a

biologia/ecologia das mesmas. Por ocuparem tanto ambientes terrestres

27

quanto aquáticos, anfíbios são excelentes indicadores de qualidade ambiental,

além de desempenharem importante função na dinâmica entre os

ecossistemas.

2.3. Aves

A avifauna da região da futura PCH Cabuí é bastante rica e

diversificada em virtude da proximidade com a Serra do Mar. Elementos de

diferentes formações ocorrem, nos diversos ambientes presentes na área do

empreendimento. A coexistência de espécies da Floresta Ombrófila Densa,

característica das montanhas da Serra do Mar do estado do Rio de Janeiro,

com aves da Floresta Estacional Semidecidual, típica da Zona da Mata de

Minas Gerais, dá à comunidade local de aves um caráter bastante diverso.

Durante os estudos foram amostradas 213 espécies de aves silvestres,

pertencentes a 55 famílias e 22 ordens, destas, 30 são endêmicas da Mata

Atlântica, ou seja, restritas a este bioma. Deste total, 11 espécies são

endêmicas do Brasil, ocorrendo exclusivamente no Brasil. Das espécies

encontradas, algumas são consideradas ameaçadas de extinção e merecem

destaque especial em programas de monitoramento de fauna. A coruja‐listrada

apesar de ser encontrada com certa frequência em matas do Sul e Sudeste do

país possui distribuição restrita e está em acentuado declínio populacional. O

pica‐pau‐rei é considerado “em perigo” no estado de Minas Gerais e foi

localizado na encosta florestal do rio Paraibuna. A maracanã‐verdadeira

apesar de ter sido retirada da lista estadual de Minas Gerais em sua última

revisão, já foi considerada ameaçada. Na lista brasileira e na lista mundial, a

maracanã‐verdadeira é considerada quase ameaçada e merece destaque. A

cigarra‐verdadeira foi registrada na encosta florestal da propriedade . O

pixoxó, considerado “em perigo” no estado de Minas Gerais, não foi detectado

durante o estudo, no entanto foi seguramente relatado por moradores locais

criadores de pássaros. O canário‐da‐terra é uma ave muito comum em

diversas regiões do país, ocorrendo abundantemente até mesmo em centros

urbanos. No entanto, a intensa captura ilegal tem tornado o Canário‐da‐terra

cada vez mais escassa em algumas localidades de Minas Gerais. Devido à

28

pressão de caça existente sobre esta espécie comum, foi optado por

considerá‐la “vulnerável” na lista vermelha da fauna ameaçada de Minas

Gerais (*13)

2.4. Insetos

Foram amostradas 85 espécies de abelhas que ocorrem na ÁREA DE

Influencia Direta-AID, da futura PCH Cabuí. O número de espécies de abelhas

estimado para a região de implantação do empreendimento representa

aproximadamente 20% das espécies de abelhas que ocorrem no estado de

Minas Gerais. A preservação das espécies de insetos, de maneira geral,

depende da conservação das florestas remanescentes. Dentre as possíveis

espécies que ocorrem na região não há nenhuma ameaçada de extinção nas

listas estadual, nacional e mundial. Porém, há uma espécie que consta na lista

nacional de espécies ameaçadas que pode ocorrer na AID e/ou AII da PCH

Cabuí: Exomalopsis (Phanomalopsis) Atlantica(*14). Categorizada como

“criticamente em perigo” (CR) a espécie que recebeu esse nome por ter sido

coletada pela primeira vez na Mata Atlântica, foi descrita para o estado de São

Paulo, mas sua distribuição ainda é desconhecida devido à falta de

amostragem em fragmentos desse bioma, inclusive no estado de Minas

Gerais.

2.5. Peixes

Foram capturados 260 indivíduos estes estão distribuídos em 38

espécies e 28 gêneros pertencentes a 15 famílias. Em relação aos ovos e

larvas, foi capturado um total de quatro ovos e uma larva em setembro de

2011, e 1.204 ovos e 22 larvas em outubro do mesmo ano. Para os estudos

referente as algas, em setembro foram identificados 127 táxons, distribuídos

em 9 classes No mês de outubro de 2011 foram encontrados 133 táxons

também distribuídos em 9 classes . A riqueza de táxons foi mais elevada em

outubro, com predomínio da classe acillariophyceae com táxons bem

29

característicos da comunidade perifítica (*15). Em outubro houve um aumento

nas classes Zygnemaphyceae eChlorophyceae.

3. Recursos Hídricos

A qualidade da água do Rio Paraibuna, na área do futuro barramento,

enquadrou‐se na classe 2, porém algumas variáveis apresentaram valores

pertencente na classe 3. Especialmente os metais pesados apresentaram

valores abaixo do nível de detecção da análise, correspondente as águas de

classe 1 .

O enquadramento do rio Paraibuna na classe 2 é reforçado com os

resultados gerados nos índices de qualidade de água (IQA) (*16), o qual

apontou a condição “boa”. Em termos hidrogeológicos, a região onde será

implantada a PCH Cabuí pertence à Província Hidrogeológica do Escudo

Oriental, Sub‐província Sudeste está inserida no Comitê de Bacia Hidrográfica

dos Afluentes Mineiros dos rios Preto e Paraibuna. A área apresenta

características de importância hidrogeológica relativamente pequena, dadas as

características de baixa porosidade e permeabilidade primária apresentadas

pelas rochas cristalinas do embasamento gnáissico‐granítico.

4. - Aspectos Arqueológicos e Históricos

Foram identificados alguns sítios histórico‐arqueológicos, tendo

importância significativa os sítios Cabuí e Villa do Porto, por estarem

localizados na Área Diretamente Afetada-ADA, da futura PCH Cabuí, área que

deverá ser destinada à formação de Área de Preservação Permanente – APP.

A Fazenda Cabuí reúne duas fazendas que no passado figuraram como

importantes centros produtores de café, o Sítio Cabuí e a Rocinha da Negra.

Existem algumas versões para as primeiras ocupações da fazenda, inclusive

dando ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, a

30

responsabilidade de ter sido o detentor da sesmaria que formou a Rocinha da

Negra.

A Fazenda Villa do Porto, juntamente com a Cabuí, fazia parte também

da Rocinha da Negra, sendo suas histórias intimamente ligadas. Foram

reformadas na mesma época de 1910, tendo sido ambas bastante

descaracterizadas. A fazenda chamada de Porto do Asilo ou Porto do Menezes

teria sido na sede que existia em Villa do Porto, que Tiradentes teria se fixado

por um período de oito anos, enquanto realizava a supervisão de medições de

terras nas áreas da Rocinha da Negra. Infelizmente, em virtude da reforma

sofrida, apenas o alicerce se manteve original. Foi ainda identificada uma

estrutura de ponte feita com base em pedras e complementações posteriores

realizadas em cimento, que servia de ligação entre as sedes da fazenda Cabuí

(Cabuí e Villa do Porto). A ponte, reformada em 1929, era da mesma época da

de Paraibuna, datada da segunda metade do século XIX e que faz a ligação

entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.

5. Áreas de Influencia

51. Área de Influencia Indireta – AII

A Área de Influência Indireta ‐ AII para o meio socioeconômico foi

definida como sendo os municípios situados ao longo do rio Paraibuna entre

Juiz de Fora e a foz no rio Paraíba do Sul, abrangendo seis municípios em

Minas Gerais (Simão Pereira, Belmiro Braga, Matias Barbosa, Santana do

Deserto, Chiador e Juiz de Fora) e dois no Rio de Janeiro (Comendador Levy

Gasparian e Três Rios). Em cada Estado, os municípios abrangidos por esta

delimitação pertencem, respectivamente, à meso região Zona da Mata Mineira

e a Meso Região Centro Fluminense. A razão para esta delimitação da AII

deve‐se ao fato de que, em termos socioeconômicos, uma PCH não produz

efeitos da mesma magnitude de uma UHE, de forma que os impactos positivos

e negativos estão restritos aos municípios vizinhos a um empreendimento, ou a

determinado curso de rio. Além disso, a barragem será construída no limite

31

entre três municípios e de dois Estados, o que significa que os efeitos do

também ocorrerão no Rio de Janeiro.

5.2. Área de Influencia Direta – AID

A Área de Influência Direta – AID foi estabelecida como sendo os três

municípios atingidos pelo reservatório, pela casa de força e pela barragem, ou

seja, Belmiro Braga e Simão Pereira, em Minas Gerais; e o município

fluminense de Comendador Levy Gasparian, pois, apesar de não possuir

trechos de seu território atingidos pelo reservatório ou pela barragem, a sua

proximidade ao empreendimento o insere na AID. A partir da criação de uma

Unidade de Conservação – um Parque Municipal em Comendador Levy

Gasparian ‐ englobando a Serra das Abóboras, que divide o rio Preto do rio Paraíba do Sul e a Pedra do Paraibuna, um espigão rochoso de grande beleza

cênica. Simão Pereira e Belmiro Braga também possuem grande potencial

turístico, a partir da existência do antigo Caminho Novo e de inúmeros

casarões históricos.

5.3. Área Diretamente Afetada – ADA A Área Diretamente Afetada-ADA foi definida como sendo o conjunto

formado pelas terras a serem utilizadas para a construção da barragem, na

formação do reservatório e da respectiva APP, nos municípios de Belmiro

Braga e Simão Pereira no estado de Minas Gerais e também pelas

propriedades situadas defronte à barragem, no Distrito de Afonso Arinos,

município de Comendador Levy Gasparian, estado do Rio de Janeiro. Na Área

foram identificados três tipos básicos de propriedades, aquelas com

características propriamente rurais, as fazendas; as utilizadas para moradia e

pequenas plantações – exclusivamente em Afonso Arinos; as utilizadas para

lazer e turismo ‐ como a pousada localizada em Afonso Arinos ‐ e as ilhas no

rio Paraibuna. Ao todo, são quatro propriedades rurais e dezoito ilhas no Rio

Paraibuna, além de duas fazendas a serem atingidas apenas pela APP. Em

Afonso Arinos foram identificadas propriedades que, além de estarem na área

de vazão reduzida, estão muito próximas da barragem. Apenas as ilhas serão

32

integralmente atingidas, além de um pequeno lote na margem esquerda do rio.

As demais propriedades poderão continuar com suas atividades, pois as áreas

remanescentes ainda serão aproveitáveis.

As ilhas fluviais localizadas no rio Paraibuna, junto à foz do rio Preto, formam

uma superfície de aproximadamente 50 ha de terras localizadas entre os

municípios de Belmiro Braga e Simão Pereira, estado de Minas Gerais. Na

ADA são predominantes quatro tipos de fontes de trabalho e geração de renda,

conforme segue; o trabalho familiar nas fazendas de Henrique e Fábio

Peterson; a fazenda Cabuí, que emprega algumas pessoas contratadas pelo

regime da CLT, além de prestadores de serviço eventuais; as várias

construções de residências e obras em geral nas ilhas que exigem o constante

uso de trabalhadores da construção civil provindos, principalmente, de Simão

Pereira e de Afonso Arinos; e a ilha do Sol, que é alugada para pescadores e

gera trabalhos diretos e indiretos para moradores de Afonso Arinos diversas

para a ilha, o que pode ser feito por funcionários ou eventualmente por

moradores das vizinhanças.

6. Magnitude - métodos utilizados para avaliação do impacto-

Neste tópico é avaliada a magnitude do impacto com base na

combinação dos atributos como a abrangência, forma de incidência, duração,

possibilidade de reversão, potencialização e importância e pela designação de

valores numéricos para alguns de seus atributos, possibilitando a avaliação

quantitativa de um impacto em relação aos demais. Verificamos que a

classificação é bastante abrangente em relação aos atributos que possam ser

causados pelo impacto, contudo nos atemos para nosso estudo, à

classificação do impacto conforme a demonstração da Tabela (*17) abaixo:

33

6.1. Impacto quanto à Abrangência

Localizada, o impacto tem abrangência localizada quando a sua

manifestação é facilmente delimitada. Indeterminada, quando o conhecimento

disponível a respeito de sua manifestação é insuficiente para definir o seu

alcance em termos de unidade de área, ou Regional, quando se manifesta em

toda a extensão de uma unidade geográfica (a bacia, um município, um rio,

etc.).

34

6.2. Impacto quanto à Forma de Incidência

Incidência Direta, quando o impacto tem relação direta com alguma

atividade modificadora do ambiente, originada pela implantação do

empreendimento; ou Incidência Indireta: quando um determinado impacto

não tem origem diretamente relacionada com a implantação do

empreendimento em si, mas pode ser decorrência exclusiva de um impacto de

incidência direta, podendo ser anulado.

6.3. Impacto quanto à Duração

Temporário, quando desaparece após o encerramento de sua causa

como, por exemplo, o aumento temporário da oferta de emprego; ou em caso

contrário; Permanente, como é o caso do impacto visual, ou

Cíclico/Recorrente , quando sua manifestação obedece a um padrão de

sazonalidade, podendo desaparecer e reaparecer de tempos em tempos sem

um padrão definido.

6.4. Impacto quanto à Importância

Impacto de grande importância no meio físico é qualificado como tal

por modificar significativamente os elementos ou aspectos ambientais

relacionados; impacto de importância média modifica, mas não

significativamente, os elementos ou aspectos ambientais relacionados; e

impacto de pequena importância não modifica ou pouco modifica os

elementos ou aspectos ambientais relacionados.

6.5. Impacto quanto à Possibilidade de Reversão

Este aspecto deve ser analisado levando-se em conta as medidas

compensatórias e mitigadoras que serão adotadas em relação ao impacto.

Reversível caso seus efeitos possam ser revertidos e as condições originais

do ambiente possam ser recuperadas; irreversível quando seus efeitos no

ambiente são permanentes.

35

6.6. Impacto quanto à Possibilidade de Potencialização

É aplicado somente a impactos positivos, e diz respeito à possibilidade

de aumentar, ou não, os seus efeitos benéficos ao ambiente. O impacto será

potencializável quando for possível aumentar os seus efeitos benéficos; ou

não potencializável quando não houver possibilidades de aumentar os seus

efeitos benéficos.

7. Comentários

Como podemos observar existem espécies que estão ameaçadas. Das

39 espécies de mamíferos, três espécies são consideradas em extinção: O

primata, sagui‐da‐serra‐escuro; e dois carnívoros, o lobo‐guará e a jaguatirica.

A comunidade de mamíferos é uma das mais afetadas com essa perda

ambiental, ocasionada pela falta de grandes porções florestais que possam

sustentar estas comunidades. O fato é que a caça de mamíferos é maior que

em qualquer outro agrupamento.

O Brasil conta com aproximadamente 650 espécies de mamíferos,

sendo 69 delas ameaçadas de extinção. A maior parte das espécies

ameaçadas do Brasil é ocorrente na Mata Atlântica, sendo esse o bioma mais

ameaçado. É nesse ameaçado bioma, entre os estados de Minas Gerais e Rio

de Janeiro, na confluência do rio Preto com o rio Paraibuna que está projetada

a instalação da PCH Cabuí.

No mesmo discutido patamar encontram-se algumas espécies de aves

silvestres, das 213 espécies de aves silvestres, 30 são endêmicas da Mata

Atlântica, sendo que 11 espécies são endêmicas do Brasil, - ocorrem

exclusivamente no Brasil-, algumas estão ameaçadas de extinção e a

maracanã‐verdadeira (*18), já foi considerada ameaçada.

Na Mata Atlântica, os Remanescentes Florestais, pelos estudos

MAPASOMA.ORG. ente 2005 e 2008 abrangeram áreas em 10 Estados

Brasileiros, totalizando 127.242.000 hectares, ou seja, 94% da área total do

Domínio da Mata Atlântica, entre estes Estados encontram-se o Estado de

36

Minas Gerais e o Estado do Rio de Janeiro. Simão Pereira –Minas Gerais –

Bioma: Mata Atlântica; Belmiro Braga – Minas Gerais – Bioma Mata Atlântica

;Comendador Levy Gasparian – Rio de Janeiro – Bioma Mata Atlântica – Estas

cidades serão afetadas pelas futuras instalações da PCH de Cabuí.

Resultados quantitativos para o Estado do Rio de Janeiro:

CLASSES DE 20051 2008 2 Desflorestamento

MAPEAMENTO hectares %* hectares %* hectares %**

Floresta 808.849 18.41% 807.810 18.38% 1.039 0.13%

Restinga 43.230 0.98% 42.822 0.97% 408 0.94%

Mangue 10.833 0.25% 10.809 0.25% 24 0.22%

* em relação à área do Bioma Mata Atlântica avaliada no Estado

** em relação aos remanescentes florestais de 20051

1 Área avaliada no Estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

2 Área avaliada no Estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

(*19)

Resultados quantitativos para o Estado de Minas Gerais:

CLASSES DE 20051 2008 2 Desflorestamento

MAPEAMENTO hectares %* hectares %* hectares %**

Floresta 2.669.877 9.80% 2.637.150 9.68% 32.728 1.23%

* em relação à área do Bioma Mata Atlântica avaliada no Estado

** em relação aos remanescentes florestais de 2005

1 Área avaliada no Estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

2 Área avaliada no Estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

(*19)

37

Notas: (*10) IBAMA-Licenciamento Ambiental – Pequenas Centrais Hidroelétricas – PCH CABU). (*11) RIMA.PCHCABUI.IBAMA.gov.br/licenciamento_ambiental13/01/13. (*12) (*12)Floresta Estacional Semidecidual “condicionado pela dupla estacionalidade climática: uma tropical, com época de intensas chuvas de verão seguidas por estiagens acentuadas; e outra subtropical, sem período seco.” – AmbienteBrasil.12/01/13 (*13) Fundação BIODIVERSITAS.Org.br/12/01/13 (*14)ICMBIO.GOV.21/01/13 “ABELHA - EXOMALOPSIS (PHANOMALOPSIS) ATLANTICA:É uma espécie sobre a qual não há nenhuma informação biológica, além do hábitat em que ocorre (Mata Atlântica úmida, entre 800 e 900 m de altitude). Presume-se, considerando o que se conhece de outras espécies do gênero, que elas construam seus ninhos na forma de galerias ramificadas no solo e que sejam generalistas, coletando alimento nas flores de grande número de espécies, de várias famílias diferentes. (MACHADO et al., 2008)” (*15) comunidade perifítica “complexa comunidade de microbiota (bactérias, fungos, algas, protozoário e animais), detritos orgânicos e inorgânicos que estão aderidos firme ou frouxamente a substratos submersos, orgânicos ou inorgânicos, vivos ou mortos . Wetzel, 1983”. Site EBAH - Universidade Federal do Amazonas –Faculdade de Ciências Agrárias – 11/01/13 (*16 ) Índice de Qualidade da Água – IQA (RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 Publicada no DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58-63 Alterada pela Resolução 410/2009 e pela 430/2011– Ministério de Meio Ambiente.gov.br13/01/13 (*17)Fonte da Tabela- IBAMA.GOV-12/01/13(BARBOSA, 2008; SOMA, 2009 e AMBIOTECH, 2011; modificada por Ambiotech, 2011 -* só se aplica aos impactos negativos; ** só se aplica aos impactos positivos). (*18) Maracanã-verdadeira(S.O. S Mata Atlântica (CHIARELLO 2000, CULLEN et al., 2001 e REIS et al., 2006-16/01/13). (*19)MAPAS.SOSMA.ORG.16/01/13

Foto da Região para isntaladação da futura PCH DE Cabui

.Foto:IBAMA.AMBIOTECH-12/01/13 (Anexo 9)

38

CONCLUSÃO

Observamos no transcorrer deste trabalho, através das pesquisas

realizadas, que as exigências legais que constam para viabilizar a construção

das Pequenas Centrais Hidroelétricas, são inúmeras, assim também inúmeros

são os requisitos necessários para a instalação das mesmas. Inserimos alguns

dados, tanto no plano legal quanto no biológico, em pontos que entendemos

serem merecedores destes esclarecimentos.

Realizamos um enfoque Jurisprudencial, com pesquisas nos

acervos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores e Estaduais, que constam

nos anexos, pois em nosso entendimento uma visão jurídica ao longo da

questão se faz necessário. A motivação de colocarmos tal questão neste

estudo, além de estarmos abordando matéria de Direito Ambiental, é por

entendermos ser uma pesquisa que complementa este estudo, através de uma

visão jurídico-social das questões inerentes às PCH.

As colocações supra desaguam num ponto importante quanto aos

atuais questionamentos voltados ao ambiente. Os estudos necessários, os

cumprimentos de requisitos minuciosos e o enquadramento legal, deveriam ser

fatores suficientes para que quando um empreendimento fosse construído,

como no caso as PCHs, os estudiosos do assunto, a comunidade de

pesquisadores, em fim, a sociedade em seu amplo aspecto , estivéssemos

tranquilos e confiantes, certos que uma ação necessária ao desenvolvimento e

até mesmo imprescindível em determinada situação, não colocará em risco

nossa própria qualidade de vida, pois qualquer que seja a ação praticada que

envolva o homem e a natureza, afeta a curto, médio ou logo prazo a todos.

No entanto o que vislumbramos é que por mais cautelosas, bem

fundamentadas e intencionalmente primorosas, que sejam as intervenções no

sistema natural: fauna, flora, recurso hídricos, etc.., nos deixam apreensivos,

simplesmente porquê não há como mensurar, a importância do que foi

39

irremediavelmente perdido e como isto afetará o agora e as gerações

vindouras.

Entendemos que é necessário progredir, bem como investir para

melhoria de vida, o avanço assim como a evolução é um fato. Observado pelo

ângulo da sensatez tudo é uma questão de continuidade, perpetuação e

qualidade de vida, estamos falando da subsistência da humanidade. Sabemos

que toda ação praticada implica necessariamente em uma reação, se imediata

ou ao logo dos anos, não podemos precisar. A luta pela sobrevivência é

inerente à natureza humana, e a natureza necessita cautela e respeito, para

que possamos viver bem.

40

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça;

Anexo 2 >> Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal; Anexo 3 >> Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais; Anexo 4 >> Declaração Universal dos Direitos da Água; Anexo 5 >> Resolução 652 de 09 de dezembro de 2003; Anexo 6 >> Resolução CONAMA 1/86, de 23 de janeiro de 1986;

Anexo 7 >> Resolução CONAMA Nº 237 de 19 de dezembro de 1997;

Anexo 8 >>Fotos dos exemplos das PCHs

Anexo9 >> Foto da Região de instalação da futura PCH de Cabuí

41

ANEXO 1

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Processo AgRg no AREsp 95311 / MT AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2011/0291679-6

Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento 06/09/2012

Data da Publicação/Fonte DJe 24/09/2012

Ementa PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CAUTELAR DE ATENTADO. VALOR DA CAUSA. ESTIMATIVA. IMPUGNAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 258 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. Trata-se originariamente de Ação Civil Pública que visa à declaração de nulidade de licenciamento ambiental para a construção de PCH, à paralisação do empreendimento e à indenização do meio ambiente lesado conforme definido em perícia. Há menção de impacto sobre o principal rio formador do Xingu feita nestes termos: "(...) amplos e intensos impactos ambientais sobre a fauna, flora, bens minerais, jazidas arqueológicas, além de repercutir negativamente sobre os povos do Parque Indígena do Xingu e da Reserva Parabubure". 2. A sentença de procedência referida nos autos não foi acostada e a iliquidez do pedido não permite aferir o benefício econômico, entretanto os fundamentos repelem a presunção de modicidade de possível condenação. 3. Foi então proposta Demanda Cautelar de Atentado na origem na qual se comunica o descumprimento da decisão e a continuidade das obras. Foi dado à causa o valor de R$ 100 milhões, o que ensejou impugnação à valoração da causa. 4. O valor da causa deve, a princípio, corresponder ao benefício

42

econômico pretendido. Embora não haja necessária correspondência entre o valor da causa na Demanda Cautelar e na Ação Civil Pública, os elementos dos autos também não permitem a) identificar com objetividade o benefício decorrente da providência acautelatória almejada; nem mesmo b) reputar como exorbitante a estimativa feita na petição inicial. Refutar tais considerações com base em outros elementos demanda revaloração da prova, que, se não inútil, é vedada pela Súmula 7/STJ. 5. A "exorbitância" do valor da causa a partir do cotejo de estimativas não representa divergência de interpretação sobre o conteúdo do art. 258 do CPC. 6. Agravo Regimental não provido.

Processo CC 125128

Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Data da Publicação 25/10/2012

Decisão CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 125.128 - MT (2012/0221921-0) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO SUSCITANTE : MARACANÃ ENERGÉTICA S/A ADVOGADO : RODRIGO LEITE DE BARROS ZANIN E OUTRO(S) SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 2A VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO SUSCITADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO INTERES. : ESTADO DE MATO GROSSO DECISÃO 1. Trata-se de Conflito de Competência instaurado por MARACANÃ ENERGÉTICA S/A, com pedido de liminar, envolvendo o JUÍZO FEDERAL DA 2a. VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO e o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO. 2. Relata a suscitante que o Ministério Público Estadual ajuizou uma Ação Civil Pública, em detrimento da Ação Civil Pública proposta inicialmente pelo Ministério Público Federal; havendo, pois, identidade de causa de pedir e pedido entre as ações. 3. Afirma que, em ambas, se busca a declaração de

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inconstitucionalidade do disposto na Lei Complementar 38/1995, art. 24, XI, alterada pela Lei Complementar 70/2000, sob o argumento de que fere o art. 3o. da Resolução Conama 237/1997, Resolução Conama 001/1986, art. 279 da Constituição do Estado de Mato Grosso e art. 225 da CF/88. 4. Diz, ainda, que se vê sob o conflito de duas decisões que visam a obrigar as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) com capacidade superior a 10Mw a elaborarem o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) para a obtenção do licenciamento de obras hidráulicas (barragem para fins hidrelétricos). No entanto, a decisão do Juízo da 2a. Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Mato Grosso está suspensa por força da decisão concessiva de liminar, prolatada nos autos da Reclamação interposta pelo SINCREMAT - Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso junto ao STF. 5. Por fim, postula o deferimento de liminar, para sobrestar os autos da Ação Civil Pública proposta na Vara Cível de Arenápolis/MT, com a consequente suspensão da decisão proferida no Agravo de Instrumento 124683/2011, até a solução do presente Conflito de Competência. 6. É o relatório. 7. A concessão de medida liminar requer a presença concomitante de dois pressupostos autorizadores: fumus boni iuris e periculum in mora. 8. Dos elementos que se depreendem dos autos, ao menos em um juízo perfunctório, entendo que não assiste razão à suscitante. 9. Com efeito, de início, verifica-se que a inicial não foi acompanhada da decisão do Juízo Federal ora suscitado. Assinale-se também que a Ação Civil Pública proposta no Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de Arenápolis/MT, que teve sua antecipação de tutela deferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso, ora suscitado, apresenta causa de pedir mais abrangente do que a Ação Civil Pública proposta perante o Juízo Federal da 2a Vara da Seção Judiciária de Mato Grosso. O Parquet Estadual pleiteia, além da comprovação do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), a aprovação final pela Assembléia Legislativa, bem como a comprovação de domínio do imóvel, tendo em vista que o local para construção de uma PCH encontra-se em disputa pela propriedade. 10. Além disso, o suscitante em momento algum logrou demonstrar na presente petição o periculum in mora. 11. Diante dessa situação, INDEFIRO, por agora, o pedido de provimento emergencial postulado. 12. Oficiem-se aos Juízos suscitados, solicitando-lhes informações no prazo de 10 dias, nos termos do art. 197 do RISTJ. 13. Após, abra-se vista ao Ministério Público Federal para parecer

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(art. 198 do RISTJ). 14. Publique-se. Intimações necessárias. Brasília/DF, 19 de outubro de 2012. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR

Processo AREsp 095311

Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN

Data da Publicação 15/08/2012

Decisão AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 95.311 - MT (2011/0291679-6) RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN AGRAVANTE : PARANATINGA ENERGIA S/A ADVOGADO : LUIZ ANTONIO BETTIOL E OUTRO(S) AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DECISÃO Trata-se, na origem, de Impugnação ao Valor da Causa fixado pelo Ministério Público em Medida Cautelar de Atentado em R$ 100.000,00. A IVC é incidente relacionado com Ação Civil Pública destinada a suspender a construção e processo de licenciamento de Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A decisão que rejeitou a impugnação foi mantida pelo Tribunal de origem nos termos de acórdão assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. AÇÃO CAUTELAR DE ATENTADO. ÔNUS DA PROVA DO IMPUGNANTE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. MANUTENÇÃO DO VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA. 1. Não há como se atribuir expressão econômica ao dano ambiental, seja pela imponderabilidade do valor do meio ambiente em si mesmo, seja porque os efeitos de um impacto ambiental se protraem no tempo. 2. É ônus do impugnante a apresentação de elementos concretos suficientes à fixação do conteúdo econômico da demanda e sua inobservância implica a manutenção do valor atribuído à causa pelo autor. Precedentes. 3. Apesar de bastante elevado o valor atribuído na petição inicial (R$ 100.000.000,00), inexistem elementos que permitam fixá-lo em outro montante, devendo prevalecer o valor estimado pela parte autora. 4. Agravo regimental/interno não provido (fls. 130-134/STJ).

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Os Embargos de Declaração foram desacolhidos (fls. 148-151/STJ). O Recurso Especial foi interposto com fundamento no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição da República. O recorrente alega, além de divergência jurisprudencial, violação dos arts. 258 do CPC. Afirma que o acórdão manteve o valor proposto na ausência de outro critério que quantifique a pretensão. Aduz ser mais adequado que se estabelecesse um montante "de referência" (R$ 1.000,00) "decorrente da multiplicação da multa arbitrada na ação civil pública em caso de descumprimento (R$10.000,00) pelo número de dias entre a publicação da sentença e a suspensão dos seus efeitos pelo Tribunal revisor (25 dias)". O Recurso foi inadmitido em razão da falta de prequestionamento. Sobreveio Agravo no qual se alegam vícios na decisão, que teria partido de premissas equivocadas (fls. 183-197/STJ). Contraminuta apresentada às fls. 202-207/STJ. O Ministério Público Federal opina pelo desprovimento do recurso (fls. 218-224/STJ). É o relatório. Decido. Os autos foram recebidos neste Gabinete em 6.3.2012. Reexamino os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial. Cediço que a divergência jurisprudencial deve ser comprovada, cabendo ao recorrente demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. Contudo, as hipóteses fáticas cotejadas não são semelhantes. O paradigma tem como referência Ação Civil Pública que debate licitação de linha de transporte coletivo e havia ali um parâmetro julgado razoável a partir de premissas fáticas específicas ("levando em conta o valor aproximado de R$ 310.000,00 por linha, informado pelo próprio DETRO" - fl. 161/STJ). Já no caso em exame, o acórdão recorrido entende que, diante das suas particularidades fáticas, "a estimativa torna-se a única opção". No mais, examinar se essa ou aquela estimativa se encontra mais adequada demandaria reexame fático, vedado pela Súmula 7/STJ; além disso, a questão não representa propriamente uma divergência de interpretação sobre o conteúdo do art. 258 do CPC. Diante do exposto, nego provimento ao Agravo. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 02 de agosto de 2012. MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator

Processo CC 112378

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Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES

Data da Publicação 06/10/2011

Decisão CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 112.378 - MG (2010/0096756-9) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL DA 14A VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA CÍVEL DE PONTE NOVA - MG INTERES. : ORGANIZAÇÃO AMBIENTAL PURO VERDE E OUTRO ADVOGADO : LEONARDO PEREIRA REZENDE E OUTRO(S) INTERES. : ESTADO DE MINAS GERAIS INTERES. : NOVELIS DO BRASIL LTDA PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA INSTAURADO ENTRE JUÍZOS FEDERAL E ESTADUAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO DE QUAISQUER DOS ENTES ELENCADOS NO ART. 109 DA CF/88 PRONUNCIADA PELO JUÍZO FEDERAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 150/STJ. FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM ESTADUAL. DECISÃO Trata-se de conflito negativo de competência instaurado entre o Juízo Federal da 14ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais e o Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Ponte Nova/MG nos autos da ação civil pública proposta pela Organização Ambiental Puro Verde contra o Estado de Minas Gerais e a Novelis do Brasil LTDA. Na hipótese dos autos, o requerente sustenta que a segunda requerida pretende construir uma Pequena Central Hidrelétrica no rio Piranga, cuja implantação é indevida, pois a licença foi concedida em desacordo com a legislação municipal, razão pela qual o licenciamento ambiental para sua construção deve ser suspensa e, posteriormente, anulada. O Juízo Estadual declinou da competência por entender que a União tem interesse na solução da demanda, "tendo em vista ser patrimônio da União os rios que percorrem mais de um Estado-membro federado, bem como compete a União a exploração e gestão dos recursos minerais e do subsolo" (e-STJ fl. 144). Por sua vez, o Juízo Federal suscitou o presente conflito sob o fundamento de que não há falar em interesse direto da União no caso dos autos, pois a construção da PCH (cuja implantação iria ocorrer em rio que é afluente de outro que banha mais de um estado) não

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releva impacto na estrutura energética nacional. Nesta Corte Superior, o Ministério Público Federal manifestou-se pela declaração de competência da Justiça Estadual. É o relatório. Passo a decidir. Cinge-se a controvérsia a determinar qual é o Juízo competente para analisar a ação civil pública que visa à anulação da licença de construção de PCH em rio que é afluente de outro que banha mais de um Estado. A esse respeito, nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, cumpre aos juízes federais processar e julgar "as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho". Assim, para que esteja caracterizada a competência da Justiça Federal, é necessária a efetiva presença de alguma dessas pessoas na relação processual, figurando, necessariamente, na condição de autor, réu, assistente ou opoente. No caso examinado, conforme relatado, o Juízo Federal concluiu pela ausência de interesse da União uma vez que a construção da PCH, além de não representar impacto na estrutura energética nacional, será realizada em rio Estadual. Desse modo, deve-se aplicar ao caso o entendimento consolidado pela Primeira Seção no sentido de que se o Juízo Federal entende inexistir interesse jurídico de ente federal que justifique o processamento do feito naquela Justiça especializada, não há como afastar-se a competência estadual, a teor do que enuncia a Súmula 150/STJ, segundo a qual "compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas publicas". Nesse sentido, o parecer do Ministério Público Federal (e-STJ fl. 177): De outro lado, também não prospera o argumento de que haveria interesse da União tendo em vista que o Rio Doce banha mais de um estado. É que a questão, em conflito de competência, deve ser analisada segundo as pessoas que efetivamente compõem a lide, não se verificando a presença, no processo, da União, de suas autarquias ou empresa pública federal, sob qualquer uma das modalidades previstas na Constituição, não bastando que o juiz estadual entenda existir o interesse da primeira - aliás, afastado pelo Juiz Federal - para que haja o deslocamento da competência. Diante do exposto, há que ser reconhecida, no caso, a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Ponte Nova/MG, o suscitado. Sobre o tema, confiram-se os seguintes julgados: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CRIME AMBIENTAL. CONSTRUÇÃO

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IRREGULAR. IMÓVEL NÃO LOCALIZADO EM ÁREA DA UNIÃO. INEXISTÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 109, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. [...] 2. Ademais, a simples construção em área destinada à preservação ambiental, por si só, não atrai a competência da Justiça Federal, quando não evidenciado o interesse da União. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do 1º Juizado Especial Criminal da Comarca de Salvador/BA, o suscitado. (CC 116.040/BA, 3ª Seção, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador Convocado do TJ/CE), DJe 1.6.2011) AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BACEN RECONHECIDA. NULIDADE DA SENTENÇA. ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS À JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DA REFERIDA DECISÃO PELO JUÍZO ESTADUAL. SÚMULAS 150 E 254/STJ. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME DA LEGITIMIDADE DAS PARTES, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECURSO INCAPAZ DE INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, para que esteja caracterizada a competência da Justiça Federal é necessária a efetiva presença da União, entidade autárquica ou empresa pública federal na relação processual, figurando, necessariamente, na condição de autor, réu, assistente ou opoente. 2. No caso examinado, o TRF da 5ª Região concluiu pela ilegitimidade passiva ad causam do Banco Central do Brasil, anulando, assim, os atos processuais anteriormente praticados e determinando a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual. Todavia, tal conclusão foi equivocadamente revista pelo Juízo Estadual, que concluiu pela legitimidade do BACEN para compor o pólo passivo e suscitou o presente conflito de competência. 3. Impõe-se, desse modo, a aplicação das Súmulas 150/STJ ("Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas") e 254/STJ ("A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual"). 4. Não é permitido ao Superior Tribunal de Justiça, em sede de conflito de competência, avaliar a legitimidade das partes. Nesse

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sentido: CC 92.209/SC, 1ª Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 31.3.2008; CC 94.706/SP, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 15.9.2008; CC 48.149/PE, 1ª Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 2.5.2006; CC 47.731/DF, 1ª Seção, Rel. Min. Francisco Falcão, Rel. p/ acórdão Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 5.6.2006. 5. Na hipótese em exame, caberia às partes interpor recurso contra o acórdão proferido pelo TRF da 5ª Região que excluiu o BACEN da lide. 6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no CC 96887 / CE, Rel. Ministra Denise Arruda, DJe 4/5/2009) Ante o exposto, com base no artigo 120, parágrafo único, do CPC, conheço do conflito para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Ponte Nova/MG. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 03 de outubro de 2011. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator

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ANEXO 2

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AI 817564 / MG - MINAS GERAIS AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI Julgamento: 12/11/2012 Publicação DJe-226 DIVULG 16/11/2012 PUBLIC 19/11/2012 Partes AGTE.(S) : CEM - CENTRAIS ELÉTRICAS DA MANTIQUEIRA S/A ADV.(A/S) : WERNER GRAU NETO E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS INTDO.(A/S) : ESTADO DE MINAS GERAIS ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS ADV.(A/S) : MARIA INÊS MURGEL ADV.(A/S) : LUIS SÉRGIO SOARES MAMARI FILHO Decisão Decisão: Vistos. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário assentado em contrariedade ao artigo 2° da Constituição Federal. Insurge-se, no apelo extremo, contra acórdão da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, assim ementado: “Apelações cíveis. Ação civil pública. Incompetência absoluta. Inocorrência. Valor da causa. Estimativa de proveito imediato e mediato. Desacerto não comprovado. Valor mantido. Carência de ação por impossibilidade jurídica do pedido. Inocorrência. Liminar indeferida. Julgamento de mérito com acolhimento parcial da pretensão. Agravo retido. Perda de objeto. Pequena Central Hidrelétrica - PCH. Impacto negativo no meio ambiente local e regional. Inadmissibilidade. Ato administrativo. Controle judicial da legalidade ampla por afetar o meio ambiente. Admissibilidade. Recursos não providos. 1. Inocorrente a alegada incompetência absoluta, deve ser rejeitada a respectiva preliminar. 2. Ausente prova de desacerto da parte ativa ao estimar o proveito econômico imediato e mediato na atribuição ao valor da causa, deve este ser mantido. 3. A previsão abstrata quanto à tutela jurisdicional pretendida

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no ordenamento jurídico torna a pretensão juridicamente possível. Neste caso, inexiste a alegada carência de ação. 4. Perde o objeto o agravo que hostiliza decisão indeferitória de liminar pela superveniência de sentença acolhedora em parte da pretensão deduzida pela parte ativa. 5. Revelando-se o custo social, na relação entre custo e benefício de empreendimento econômico impactante no meio ambiente, superior ao proveito econômico particular, deve prevalecer a preservação ambiental. 6. Em linha de princípio, o Poder Judiciário controla somente o aspecto da legalidade estrita do ato administrativo, ou seja, o plano da validade do mesmo. 7. Todavia, em se tratando de direitos da terceira geração, envolvendo interesses difusos e coletivos, como ocorre com afetação negativa do meio ambiente, o controle deve ser da legalidade ampla. 8. Se o ato administrativo afronta princípio constitucional, não pode prevalecer. 9. Agravos retidos conhecidos, não providos o primeiro e o segundo, tendo o terceiro perdido o objeto. 10. Apelações cíveis conhecidas e não providas, rejeitada uma preliminar da segunda apelante” (fl. 1.387). Opostos dois recursos de embargos de declaração (fls. 1435 1452 e 1.476 a 1.478, respectivamente), não foram conhecidos, os primeiros e rejeitados, os segundos (fls. 1.480 a 1.482). Decido. Anote-se, inicialmente, que o recurso extraordinário foi interposto contra acórdão publicado após 3/5/07, quando já era plenamente exigível a demonstração da repercussão geral da matéria constitucional objeto do recurso, conforme decidido na Questão de Ordem no Agravo de Instrumento nº 664.567/RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 6/9/07. Todavia, apesar da petição recursal haver trazido a preliminar sobre o tema, não é de se proceder ao exame de sua existência, uma vez que, nos termos do artigo 323 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, com a redação introduzida pela Emenda Regimental nº 21/07, primeira parte, o procedimento acerca da existência da repercussão geral somente ocorrerá “quando não for o caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão”. Não merece prosperar a irresignação. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de que o julgamento, pelo Poder Judiciário, da legalidade dos atos dos demais Poderes, não representa ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes. Anote-se, nesse sentido: “CONSTITUCIONAL. SEPARAÇÃO DOS PODERES. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE ATO DO PODER EXECUTIVO PELO PODER JUDICIÁRIO. DECISÃO BASEADA NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LOCAL. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS EDITALÍCIAS. SÚMULAS

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279, 280 E 454. AGRAVO IMPROVIDO. I - Cabe ao Poder Judiciário a análise da legalidade e constitucionalidade dos atos dos três Poderes constitucionais, e, em vislumbrando mácula no ato impugnado, afastar a sua aplicação. II - O acórdão recorrido dirimiu a questão dos autos com base na legislação infraconstitucional local aplicável à espécie. Incidência da Súmula 280 desta Corte. III - O exame de matéria de fato e a interpretação de cláusulas editalícias atrai a incidência das Súmulas 279 e 454 do STF. IV - Agravo regimental improvido” (AI nº 640.272/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 31/10/07). “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ILEGALIDADE DO ATO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO DO SERVIDOR NO QUADRO DA POLÍCIA MILITAR. OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. INEXISTÊNCIA. 1. Ato administrativo vinculado. Indeferimento do pedido de reintegração do servidor na Corporação. Ilegalidade por não terem sido observados os direitos e garantias individuais assegurados pela Constituição Federal. 2. Reexame da decisão administrativa pelo Poder Judiciário. Ofensa ao princípio da separação de poderes. Inexistência. A Carta Federal conferiu ao Poder Judiciário a função precípua de controlar os excessos cometidos em qualquer das esferas governamentais, quando estes incidirem em abuso de poder ou desvios inconstitucionais. Precedente. Agravo regimental não provido” (RE nº 259.335/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 7/12/2000). Mais recentemente, a Primeira Turma desta Corte manifestou-se no mesmo sentido, em caso envolvendo discussão sobre o meio ambiente, cuja ementa assim dispõe: “Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Ação civil pública. Defesa do meio ambiente. Implementação de políticas públicas. Possibilidade. Violação do princípio da separação dos poderes. Não ocorrência. Precedentes. 1. Esta Corte já firmou a orientação de que é dever do Poder Público e da sociedade a defesa de um meio ambiente ecologicamente equilibrado para a presente e as futuras gerações, sendo esse um direito transindividual garantido pela Constituição Federal, a qual comete ao Ministério Público a sua proteção. 2. O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. 3. Agravo regimental não provido” (RE nº 417.408-AgR/RJ, de minha relatoria, DJe de 26/4/12). Ademais, o acórdão atacado entendeu pela ilegalidade de determinado ato administrativo, depois de proceder extensa análise dos fatos e provas constantes dos autos. Com efeito, assim dispôs aquela decisão: “Considerando que a segunda apelação é mais abrangente, incluindo o tema da primeira, examino em conjunto os dois recursos.

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A segunda apelante entende que deve prevalecer o parecer técnico da FEAM porque o impacto ambiental do empreendimento é mínimo e permitido pela legislação pertinente além do resultado social ser favorável. O primeiro recorrente afirma que expediu a licença ambiental após exame técnico de viabilidade do empreendimento, mediante imposição de várias condições para segurança do meio ambiente e não existe prova de ilegalidade na prática do referido ato administrativo. O exame da prova revela o que passa a ser descrito. O apelado, com a petição inicial, acostou farta prova documental. Merecem atenção: a) o texto da Lei municipal nº 2.992, de 2002, do Município de Coronel Fabriciano (ff. 19/21), declarando o local em litígio como sendo Área de Proteção Ambiental – APA; b) parecer técnico produzido pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Urbanismo e Habitação do recorrido (ff. 36/48, inclusive anexos fotográficos), informando o impacto ambiental negativo do empreendimento de alta magnitude e apontando falhas no parecer da FEAM; c) parecer técnico nº DIENI 072/2001 da FEAM com análise detalhada e avaliação do local do empreendimento (ff. 49/88) e sem qualquer assinatura; d) requerimento nº 81/2002, formulado pelo vereador Irnac Valadares da Silva e dirigido ao presidente da Câmara Municipal de Coronel Fabriciano solicitando audiência pública para discutir a implantação do empreendimento da segunda recorrente (ff. 113/115) e justificando o pedido porque desaparecerá o atrativo natural conhecido como Cachoeirão além do impacto social e econômico; e) manifesto contrário ao empreendimento, dirigido ao presidente da FEAM firmado por dirigentes do Conselho Municipal de Turismo, Câmara de Dirigentes Lojistas de Coronel Fabriciano, Associação Comercial e Industrial de Coronel Fabriciano, Agência de Desenvolvimento do Circuito Turístico Mata Atlântica e Associação Filhos da Terra (ff. 118/122); f) abaixo-assinados de várias pessoas contrárias à construção da hidrelétrica (ff. 146/282). A segunda apelante também juntou documentos. Destaco: a) Certificado LP nº 128, licença ambiental prévia, emitido pela FEAM para a segunda apelante, contendo condicionantes (f. 690); b) Certificado LI nº 259, licença de instalação, emitido pela FEAM e também contendo condicionantes (f. 734). O primeiro apelante também juntou documentos, porém repetitivos. O apelado, posteriormente, juntou a ata da 4ª reunião extraordinária da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais realizada em 11.05.2004, relativa a audiência pública para verificação de impactos ambientais decorrentes da instalação da PCH Cachoeira Grande (ff. 925/1.003) e com manifestações geral contrárias ao empreendimento.

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Produziu-se prova oral. A testemunha Dom Lélis Lara, Bispo Emérito da Diocese de Itabira (ff. 1034/1035) disse que o local do empreendimento é região de acentuada beleza natural e apta à exploração do turismo. Acrescentou que o empreendimento da segunda apelante pode gerar empregos, mas o turismo também traria o mesmo benefício e de forma perene. Asseverou que a construção da hidrelétrica talvez inviabilize a atividade turística. Informou que a localidade de Cocais de Baixo tem várias cachoeiras, mas a principal é do Cachoeirão. A testemunha Carlos Mercês de Oliveira, engenheiro florestal (ff. 1.036/1.037), ouvida como informante porque elaborou o parecer do apelado, informou que não houve análise do impacto turístico na região em decorrência da construção da hidrelétrica Afirmou existir fragmentos de florestas da Mata Atlântica no local, na base de 0,8% e que a supressão, embora não seja total, aumentará o impacto negativo na mesma floresta. Acrescentou que a usina eliminará espécies vegetais em perigo de extinção e não houve estudo sobre a localização do empreendimento em outra área. A testemunha Cláudia Lage Micharalos, bióloga (f. 1038), também ouvida como informante por idêntico motivo da testemunha anterior, disse que existe na área várias espécies de animais, ameaçadas de extinção, situação que será agravada com a construção da hidrelétrica. A testemunha Benedito Pacífico da Rocha, presidente do movimento popular SOS Cachoeirão (f. 1.039) depôs como informante e afirmou que existe projeto de exploração turística do local, o qual é área de preservação ambiental. Estes os fatos. Em relação ao direito, dispõe o art. 225 da Constituição da República no sentido de que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é patrimônio comum do povo. É o chamado direito de terceira geração conforme proclamou o egrégio Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 134.297-8 - SP, julgado pela 1ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, DJU de 22.09.95, p. 30.597. É oportuno lembrar que o meio ambiente constitui patrimônio comum da humanidade, embora acarrete uma série de questões, conforme alerta Alexandre de Moraes em Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional, São Paulo: Atlas, 2002, p. 2.004: Meio ambiente como patrimônio comum da humanidade. A definição do conceito de patrimônio comum da humanidade gera inúmeros problemas concretos, pois, ao fixar a humanidade como titular do direito de propriedade, deve-se fixar seu comportamento perante o exercício desse direito, bem como as modalidades jurídicas na gestão desse direito e a utilização dos instrumentos jurídicos protetivos. O termo patrimônio jurídico da humanidade implica relação jurídica, pois o patrimônio pertence à humanidade inteira e, conseqüentemente, cria o

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problema de representação no exercício desse direito, gerando a possibilidade de organismos internacionais e Estados soberanos pleitearem a defesa desse bem jurídico, não cabendo aos indivíduos a atuação nessa esfera protetiva, mas às Nações ou grupos institucionalmente organizados, pois os beneficiários desse patrimônio comum são a própria humanidade e as gerações futuras. A Constituição de 1988 permite a defesa do meio ambiente tanto pela ação popular quanto pelo exercício da ação civil pública. Entretanto, qualquer alteração em determinado microssistema pode influir, em geral de modo negativo, no meio ambiente global. Não é por outro motivo que existe generalizada preocupação com desmatamentos descontrolados, queimadas extensas, rompimento da camada de ozônio pela utilização individual em pequena escala de determinados produtos químicos, mas somada esta utilização, gera efeitos catastróficos. Em escala planetária, é claro que o empreendimento da segunda recorrente revela-se pequeno. Todavia, necessário se faz uma análise minuciosa do impacto global. Enfim, a relação custo-benefício deve ficar bem transparente. Aqui, em verdade nem o parecer técnico do FEAM nem o do apelado foram abrangentes o suficiente na análise de todos possíveis impactos. Mas restou claro que há risco de danos irreversíveis para os fragmentos de Mata Atlântica juntamente com a fauna e flora que neles existem. E o aspecto relativo ao ecoturismo, embora ainda não venha sendo explorado, pode ser afetado porque a inegável beleza cênica, patenteada nos anexos fotográficos de ff. 43/45, desaparecerá, surgindo em seu lugar a monotonia de um lago artificial. Para se chegar a esta conclusão é desnecessário ser técnico. Basta ser respeitador da natureza. Outro aspecto importante e que desborda de aspectos meramente técnicos é a oposição da comunidade. A manifestação de entidades civis sérias como o Clube de Dirigentes Lojistas, a Associação Comercial e Industrial, as Organizações não Governamentais e as centenas de assinaturas dos moradores de Coronel Fabriciano, é claro, não podem ser olvidadas. Afinal, um empreendimento que trará pouco benefício local, não integrará a o sistema interligado de energia elétrica do País e somente servirá para satisfazer a legítima busca de lucros da segunda recorrente, apesar das condições impostas pela FEAM, não pode suplantar os interesses maiores da comunidade local. E nem contribuir para o agravamento da crise ambiental regional representada pela sistemática eliminação de restos da Mata Atlântica. Muito menos criar a crise social já anunciada com o repúdio expresso da comunidade local. Enfim, o benefício individual é muito inferior ao custo social que o empreendimento gerará. Portanto, neste aspecto, os sólidos fundamentos da sentença e a conclusão a que chegou o digno magistrado de primeiro grau merecem confirmação.

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No que respeita ao segundo tema, observo que o primeiro apelante foi condenado em obrigação negativa, ou seja, abster-se de expedir licença de operação para a primeira recorrente executar obras de construção da PCH Cachoeira Grande. Foi, ainda, cominada multa diária de R$10.000,00. É importante anotar que o certificado contém licença para instalação da PCH Cachoeira Grande (f. 734), abrange "...início da implantação, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes a serem atendidas nas próximas fases de sua implementação no município de Coronel Fabriciano..." (f. 909) e foi expedido com base no parecer técnico 76/2003 (ff. 744/788), o qual contém as condições para execução do empreendimento, abrangendo vários aspectos, inclusive preservação da qualidade da água e de ecossistemas, bem como impacto sócio-econômico (anexo I de ff. 735/743). Formalmente, não se vislumbram falhas. Sabe-se, entretanto, que o ato administrativo nasce com a presunção de legitimidade decorrente do princípio da legalidade e a prova de sua invalidade incumbe ao impugnante. Neste sentido, preleciona Hely Lopes Meirelles no Direito administrativo brasileiro, 27. ed., São Paulo: Malheiros, 2002, p. 154: Os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nasce com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental. Além disso, a presunção de legitimidade dos atos administrativos responde a exigências de celeridade e segurança das atividades do Poder Público, que não poderia ficar na dependência da solução de impugnação dos administrados, quanto à legitimidade de seus atos, para só após dar-lhes execução. A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade os atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a Administração quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos. (n) Outra conseqüência da presunção de legitimidade é a transferência do ônus da prova do ato administrativo para quem a invoca. Cuide-se de argüição de nulidade do ato, por vício formal ou ideológico, a prova do defeito apontado ficará sempre a cargo do impugnante, e até sua anulação o ato terá plena eficácia. Assim, os atos administrativos contêm a presunção de legitimidade e que somente pode ser elidida mediante prova em contrário. Milita, portanto, em favor da administração pública a presunção iuris tantum de legitimidade decorrente do princípio da legalidade.

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Todavia, aqui é discutida questão muito mais ampla. Não se cuida de verificar a legalidade estrita do ato em si, no caso, a licença ambiental combatida. O exame abrange o impacto que a licença pode gerar no meio ambiente cujo delicado equilíbrio, se rompido pelo empreendimento, dificilmente virá a ser recomposto. Aliás, é oportuno observar que a demanda versa, inquestionavelmente, sobre interesses difusos, orientando-se o processo por outros princípios que não aqueles pertinentes a conflitos de interesses meramente individuais. A proteção do meio ambiente passou a ter tutela constitucional no art. 225 da Constituição da República. É oportuno o alerta lançado por Paulo Márcio da Silva na obra Inquérito civil e ação civil pública - implementos da tutela coletiva, Belo Horizonte: Del Rey, 2000, p. 19: A partir da segunda metade deste século, as constantes e assustadoramente velozes transformações sociais, econômicas e tecnológicas, têm proporcionado o surgimento de novos e diferentes tipos de conflitos, os quais nos obrigam a pensar e repensar em formas alternativas de proteção jurídica. São estes chamados 'fenômenos sociais' ou 'fenômenos de massas' que nos impõem a mudança de comportamento, seja social, seja jurídico, sempre em busca de uma melhor, mais ágil e eficaz forma de se resolver tais conflitos, os quais reclamam por prementes medidas. E prossegue na p. 20: Porém, em razão de nossas arraigadas tradições jurídicas, intimamente ligadas ao direito romanístico, estávamos acostumados à defesa de interesses exclusivamente de cunho individual. E isso explica ainda porque o nosso sistema se assentava basicamente sobre os rígidos pilares do direito privado, com indisfarçável ênfase para a propriedade particular. Com o surgimento dessa nova ordem jurídica, passamos, então, a estender nossos olhos para a grande novidade que surgia: as crescentes demandas em torno da proteção jurídica aos chamados direitos difusos ou coletivos, que exigem a formulação de novas categorias jurídicas e uma nova leitura das normas vigentes de modo a ajustá-las ao instrumento jurídico que se destina à proteção de tais interesses. Portanto, nesta nova e abrangente visão, típica dos direitos de terceira geração, não se deve apegar ao superado dogma da legalidade estrita no exame da validade do ato administrativo quando o mesmo atingir interesses difusos ou coletivos. A legalidade deve ser ampla. Embora, em sentido estrito, insista-se, tenha havido regularidade formal na expedição da licença ambiental, a verdade é que a conseqüência da mesma no meio ambiente é, insista-se, de dano praticamente irreversível. Aqui, o próprio princípio constitucional inscrito no art. 225 da Constituição da República, restou afrontado (...)” (fls. 1.396 a 1.405). Como visto, a análise acerca da alegada violação do princípio constitucional objeto do presente recurso demandaria o necessário reexame do conjunto

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fático-probatório constante dos autos, o que se mostra de inviável ocorrência no âmbito do recurso extraordinário, a teor do que dispõe a Súmula 279 desta Corte. Ante o exposto, nego provimento ao agravo. Publique-se. Brasília, 12 de novembro de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Rcl 8530 MC / MT - MATO GROSSO MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 25/08/2009 Decisão Proferida pelo(a) Min. RICARDO LEWANDOWSKI Publicação DJe-163 DIVULG 28/08/2009 PUBLIC 31/08/2009 Partes RECLTE.(S): SINCREMAT - SINDICATO DA CONSTRUÇÃO, GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E GÁS NO ESTADO DE MATO GROSSO ADV.(A/S): VICTOR HUMBERTO MAIZMAN RECLDO.(A/S): JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2009.36.00.004493-8) INTDO.(A/S): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S): INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL FEDERAL Decisão Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar, proposta pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso contra decisão proferida pelo Juízo da 2ª Vara Federal da Seção Judiciária desse Estado nos autos da Ação Civil Pública 2009.36.00.004493-8, que teria usurpado a competência desta Corte. Alega a reclamante que referida Ação Civil Pública, com pedido de antecipação de tutela, pretende efetivar “o controle de Constitucionalidade da Lei Complementar Estadual 35/95 (alterada pela LC 70/2.000), mormente no tocante ao enunciado normativo previsto no § 1º do artigo 24, cuja regra dispensa a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA para os

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empreendimentos que exploram o aproveitamento hidroelétrico com potência entre 01 a 30 Megawatt (assim denominados pela Resolução 395/98 da ANAEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, com Pequenas Centrais Hidroelétricas – PCHs)”. Afirma que o Juiz da 2ª Vara Federal/MT deferiu a medida antecipatória. Sustenta, assim, que “a decisão em questão mais se assemelha a uma ação de controle concentrado de constitucionalidade, pois extirpa totalmente da cena jurídica o já mencionado art. 24, XI, da Lei Complementar Estadual 38/95, a pretexto de ser incompatível com o art. 225, § 1º, inciso IV, da Constituição da República (...)”. Pugna pela concessão da medida liminar para que seja suspensa a decisão objeto desta Reclamação e, no mérito, pela sua procedência. Informações prestadas às fls. 94-98. É o relatório. Passo a decidir o pedido liminar. Em uma análise perfunctória dos autos, verifico que estão presentes os requisitos que ensejam a concessão da liminar. Conforme se depreende da leitura da petição inicial da ação civil pública (fls. 35-52) o pedido é para que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente – Sema se abstenha de conceder ou renovar quaisquer licenças ambientais sem apresentação de Estudo de Impacto Ambiental - EIA para empreendimentos hidroelétricos com capacidade superior a 10 Megawatts de potência. Com efeito, parece haver confusão entre a questão incidental (inconstitucionalidade parcial da Lei Complementar Estadual 70/2000) com o pressuposto necessário para o julgamento da lide, uma vez que referida lei dispensa a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA para os empreendimentos que exploram o aproveitamento hidroelétrico com potência entre 01 e 30 Megawatts. Isso posto, defiro o pedido de medida liminar para suspender a decisão reclamada. Publique-se. Brasília, 25 de agosto de 2009. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI - Art. 38, I, do RISTF -

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ANEXO 3

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Processo Apelação Cível 1.0194.03.031452-1/004 0314521-35.2003.8.13.0194 (1) Relator(a) Des.(a) Caetano Levi Lopes Órgão Julgador / Câmara Câmaras Cíveis Isoladas / 2ª CÂMARA CÍVEL Súmula NEGARAM PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS, VENCIDO O VOGAL Comarca de Origem Coronel Fabriciano Data de Julgamento 14/02/2006 Data da publicação da súmula 10/03/2006 Ementa Apelações cíveis. Ação civil pública. Incompetência absoluta. Inocorrência. Valor da causa. Estimativa de proveito imediato e mediato. Desacerto não comprovado. Valor mantido. Carência de ação por impossibilidade jurídica do pedido. Inocorrência. Liminar indeferida. Julgamento de mérito com acolhimento parcial da pretensão. Agravo retido. Perda de objeto. Pequena Central Hidrelétrica - PCH. Impacto negativo no meioambiente local e regional. Inadmissibilidade. Ato administrativo. Controle judicial da legalidade ampla por afetar o meio ambiente. Admissibilidade. Recursos não providos. 1. Inocorrente a alegada incompetência absoluta, deve ser rejeitada a respectiva preliminar. 2. Ausente prova de desacerto da parte ativa ao estimar o proveito econômico imediato e mediato na atribuição ao valor da causa, deve este ser mantido. 3. A previsão abstrata quanto à tutela jurisdicional pretendida no ordenamento jurídico torna a pretensão juridicamente possível. Neste caso, inexiste a alegada carência de ação. 4. Perde o objeto o agravo que hostiliza

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decisão indeferitória de liminar pela superveniência de sentença acolhedora em parte da pretensão deduzida pela parte ativa. 5. Revelando-se o custo social, na relação entre custo e benefício de empreendimento econômico impactante no meio ambiente, superior ao proveito econômico particular, deve prevalecer a preservaçãoambiental. 6. Em linha de princípio, o Poder Judiciário controla somente o aspecto da legalidade estrita do ato administrativo, ou seja, o plano da validade do mesmo. 7. Todavia, em se tratando de direitos da terceira geração, envolvendo interesses difusos e coletivos, como ocorre com afetação negativa do meio ambiente, o controle deve ser da legalidade ampla. 8. Se o ato administrativo afronta princípio constitucional, não pode prevalecer. 9. Agravos retidos conhecidos, não providos o primeiro e o segundo, tendo o terceiro perdido o objeto. 10. Apelações cíveis conhecidas e não providas, rejeit ada uma preliminar da segunda apelante. .

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ANEXO 4

Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura e a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado no Art. 3º da Declaração dos Direitos do Homem. Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

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Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

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ANEXO 5

RESOLUÇÃO No. 652, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2003.

Estabelece os critérios para o enquadramento de aproveitamento

hidrelétrico na condição de Pequena Central Hidrelétrica (PCH).

(*) Vide alterações e inclusões no final do texto.

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA - ANEEL,

no uso de suas atribuições regimentais, de acordo com deliberação da

Diretoria, tendo em vista o disposto nos incisos I, IV e V, art. 4º. , Anexo I, do

Decreto no.2.335, de 6 de outubro de 1997, no inciso I, art. 26, da Lei

no.9.427, de 26 de dezembro de 1996, com a redação dada pelo art. 4º.da Lei

no.9.648, de 27 de maio de 1998, o que consta no Processo

no.48500.004076/98-22, e considerando que:

a Resolução ANEEL no 394, de 04 de dezembro de 1998,

estabeleceu os critérios para o enquadramento de empreendimentos

hidrelétricos na condição de pequenas centrais hidrelétricas, definindo como

discricionário à Diretoria da ANEEL os casos em que a área do reservatório

fosse superior a 3,0 km2;

se faz necessário explicitar os critérios e procedimentos a serem

aplicados nesses casos , de forma a permitir maior transparência e prévia

sinalização aos agentes;

as contribuições recebidas dos diversos agentes e setores da

sociedade, por meio da Audiência Pública no 017, realizada no período de 19

de setembro a 13 de dezembro de 2002, permitiram o aperfeiçoamento deste

ato regulamentar, resolve:

Art. 1o

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Estabelecer, na forma desta Resolução, os critérios para o

enquadramento de aproveitamento hidrelétrico, com potência superior a 1.000

kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinado a produção independente,

autoprodução ou produção independente autônoma, na condição de Pequena

Central Hidrelétrica (PCH).

Art. 2o

Para os fins e efeitos desta Resolução são adotados os seguintes

conceitos e definições:

I - área do reservatório: área da planta à montante do barramento,

delimitada pelo nível d'água

máximo normal de montante;

II - nível d'água máximo normal de montante: nível de água máximo no

reservatório para fins

de operação normal da usina, definido através dos estudos

energéticos, correspondendo ao nível que

limita a parte superior do volume útil;

III - nível d'água mínimo normal de montante: nível de água mínimo do

reservatório para fins de operação normal da usina, definido através dos

estudos energéticos, correspondendo ao nível que limita a parte inferior do

volume útil; e

IV - nível d'água normal de jusante: nível d'água a jusante da casa de

força para a vazão correspondente ao somatório dos engolimentos máximos

de todas as turbinas, sem considerar a influência da vazão vertida

.Art. 3o

Será considerado com características de PCH o aproveitamento

hidrelétrico com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW,

destinado a produção independente, autoprodução ou produção independente

autônoma, com área do reservatório inferior a 3,0 km2.

.

Art. 4o

O aproveitamento hidrelétrico que não atender a condição para a área

do reservatório de que trata o artigo anterior, respeitados os limites de

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potência e modalidade de exploração, será considerado com características de

PCH, caso se verifique pelo menos uma das seguintes condições:

I - atendimento à inequação:

A> 14,3xP

Hb

Sendo:

P = potência elétrica instalada em (MW);

A = área do reservatório em (km2);

Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis

d’água máximos normal de montante e normal de jusante;

II - reservatório cujo dimensionamento, comprovadamente, foi baseado

em outros objetivos que não o de geração de energia elétrica.

§ 1o

Para o atendimento à ineqüação a que alude o inciso I, fica

estabelecido, adicionalmente, que a área do reservatório não poderá ser

superior a 13,0 km2.

§ 2o

Na verificação da condição descrita no inciso II, a ANEEL articulará

com a Agência Nacional de Águas - ANA, os Comitês de Bacia Hidrográfica, os

Estados e o Distrito Federal, conforme for o caso, de acordo com a respectiva

competência, quanto aos objetivos para definir as dimensões do reservatório

destinado ao uso múltiplo.

Art 5o

É de total responsabilidade do empreendedor informar, à área

competente da ANEEL, os dados e memórias de cálculo, inclusive quanto à

veracidade e consistência dos mesmos.

Parágrafo único. As áreas de fiscalização da ANEEL poderão, a

qualquer tempo, verificar as informações prestadas, solicitar relatórios

complementares, e, caso seja identificada falsidade ou inconsistência, indicar a

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revisão do enquadramento como PCH e das demais condições resultantes,

sem prejuízo da aplicação das penalidades previstas.

Art. 6o

Fica revogada a Resolução no 394, de 04 de dezembro de 1998.

Art. 7o

Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ MÁRIO MIRANDA ABDO

Este texto não substitui o publicado no D.O de 10.12.2003, seção 1, p.

90, v. 140, n. 240.

(*) Texto em negrito com redação alterada conforme retificação

publicada no D.O de 11.12.2003,

seção 1, p. 149, v. 140, n. 241, referente à fórmula.

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ANEXO 6

Resolução CONAMA 1/86, de 23 de janeiro de 1986

Dispõe sobre procedimentos relativos a Estudo de Impacto

Ambiental

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das

atribuições que lhe confere o art. 48 do Decreto nº 88.351, de 01 de junho de

1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo

art. 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se

estabelecerem as definições, das responsabilidades, os critérios básicos e as

diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto

Ambiental com um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente,

resolve:

Art. 1º. Para efeito desta Resolução, considera-se impacto

ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas

do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II. as atividades sociais e econômicas;

III. a biota;

IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V. a qualidade dos recursos ambientais.

Art. 2º . Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto

Ambiental e respectivo Relatório de Impacto

Ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão

estadual competente, e da SEMA em

caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do

meio ambiente, tais como:

I. estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de

rolamento;

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II. ferrovias;

III. portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

IV. aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, art. 48, do

Decreto Lei nº 32, de 18 de novembro de 1966;

V. oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e

emissários de esgotos sanitários;

VI. linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kw;

VII. obras hidraúlicas para exploração de recursos hidrícos, tais

como: barragem para

quaisquer fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou

de irrigação, abertura de

canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de

cursos d'água, abertura de

barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

VIII. extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX. extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no

Código de Mineração;

X. aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos

tóxicos ou perigosos;

XI. usina de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de

energia primária, acima de 10 MW;

XII. complexo e unidades industriais e agroindustriais

(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha,

extração e cultivo de recursos hidróbios;

XIII. distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI;

XIV. exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas

acima de 100ha (cem hectares) ou menores, quando atingir áreas significativas

em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV. projetos urbanísticos, acima de 100ha (cem hectares) ou em

áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos

órgãos municipais e estaduais competentes;

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XVI. qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou

produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia ; (1)XVII.

projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000ha, ou menores,

neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou

de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção

ambiental;(2)

Art. 3º. Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental

e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação da SEMA, o

licenciamento de atividades que, por lei, seja de competência federal.

Art. 4º. Os Órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais

do SISNAMA deverão

compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de

planejamento e implantação das

atividades modificadoras do meio ambiente, respeitados os

critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por base a

natureza, o porte e as peculiaridade de cada atividade.

Art. 5º . O estudo de impacto ambiental, além de atender à

legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política

Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:

I. contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização

do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II. identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais

gerados nas fases de implantação e operação da atividade;

III.definir os limites da área geográfica a ser direta ou

indiretamente afetados pelos impactos, denominada área de influência do

projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se

localiza;

IV. considerar os planos e programas governamentais propostos

e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade;

Parágrafo único . Ao determinar a execução do estudo de

impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou a SEMA ou, no que

couber, ao município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades

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do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias,

inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos.

Art. 6º . O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo,

as seguintes atividades técnicas:

I. diagnóstico ambiental da área de influência do projeto,

completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal

como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da

implantação do projeto, considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando

os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos

d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,

destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico

e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação

permanente;

c) o meio sócio-econômico - o uso e a ocupação do solo, os usos

da água e a sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos

arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de

dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial

utilização futura desses recursos.

II. análises de impactos ambientais do projeto e de suas

alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da

importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos

positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a

médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade,

suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e

benefícios sociais;

III. definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos,

entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,

avaliando a eficiência de cada uma delas;

IV. elaboração do programa de acompanhamento e

monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e

72

parâmetros a serem considerados;Parágrafo único . Ao determinar a execução

do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou o SEMA ou,

quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem

necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da

área.

Art. 7º . O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe

multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do

proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados

apresentados.

Art. 8º . Correrão por conta do proponente do projeto todas as

despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental,

tais como: coleta e aquisição de dados e informações,

trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos

técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos,

elaboração do RIMA e o fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.

Art. 9º. O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA refletirá as

conclusões de estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:

I. os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e

compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas

governamentais;

II. a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e

locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e

operação a área de influência, as matériasprimas, e mão-de-obra, as fontes de

energia, os processos e técnicas opera-cionais, os prováveis efluentes,

emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a

serem gerados;

III. a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental

da área de influência do projeto;

IV. a descrição dos prováveis impactos ambientais da

implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas

alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os

73

métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e

interpretação;

V. a caracterização da qualidade ambiental futura da área de

influência, comparando as diferentes situações de adoção do projeto e suas

alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;

VI. a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras

previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não

puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII. o programa de acompanhamento e monitoramento dos

impactos;

VIII. recomendação quanto à alternativa mais favorável

(conclusões e comentários de ordem geral).

Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva

e adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em

linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais

técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as

vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências

ambientais de sua implementação.

Art. 10 . O órgão estadual competente, ou a SEMA ou, quando

couber, o Município terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sob

o RIMA apresentado.

Parágrafo único . O prazo a que se refere o "caput" deste artigo

terá o seu termo inicial na data do recebimento pelo órgão estadual

competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu respectivo

RIMA.

Art. 11. Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e

demonstrando pelo interesse o RIMA será acessível ao público. Suas cópias

permancerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou

bibliotecas da SEMA e do órgão estadual de controle ambiental

correspondente, inclusive durante o período de análise técnica.

74

Parágrafo 1º. Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou

tiverem relação direta com o projeto, receberão cópia da RIMA, para

conhecimento e manifestação.

Parágrafo 2º. Ao determinar a execução do estudo de impacto

ambiental e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a SEMA

ou, quando couber o Município, determinará o prazo para conhecimento dos

comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados

e,sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública

para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do

RIMA.

Art. 12 . Esta Resolução entre em vigor na data de sua

publicação.

Publicado no D.O.U. de 17.02.86 - págs. 2548 e 2549

75

ANEXO 7

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237 DE 19 DEEZEMBRO DE 1997

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, no uso das

atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei no. 6.938, de 31

de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de

1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando

a necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no

licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de

licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política

Nacional do Meio Ambiente;

Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de

licenciamento ambiental os instrumentos de gestão ambiental, visando o

desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua;

Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA

nº 011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de

licenciamento ambiental;

Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do

licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente

que ainda não foram definidos;

Considerando a necessidade de ser estabelecido critério para

exercício da competência para o licenciamento a que se refere o artigo 10 da

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981;

Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos órgãos

competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução

da Política Nacional do Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas

competências;

RESOLVE:

Art. 1º. Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes

definições:

76

I. _ Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo

qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,

ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de

recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou

daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,

considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas

aplicáveis ao caso.

II. _ Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão

ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de

controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa

física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou

atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou

potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam

causar degradação ambiental.

III. _ Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos

aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e

ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio

para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e

projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico

ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e

análise preliminar de risco.

IV. _ Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto

ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo

ou em parte, o território de dois ou mais Estados.

Art. 2º. A localização, construção, instalação, ampliação,

modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de

recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem

como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão

ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

§ 1º. Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os

empreendimentos e as atividades relacionadas no

77

Anexo 1, parte integrante desta Resolução.

§ 2º. Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios

de exigibilidade, o detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em

consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras

características do empreendimento ou atividade.

Art. 3º. A licença ambiental para empreendimentos e atividades

consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa

degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e

respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-

se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando

couber, de acordo com a regulamentação.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que

a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa

degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao

respectivo processo de licenciamento.

Art. 4º. Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o

licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto

ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I. _ localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em

país limítrofe; no mar territorial;

na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em

terras indígenas ou em unidades de conservação de domínio da União;

II. _ localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III._ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites

territoriais do País ou de um ou mais Estados;

IV. _ destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar,

transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou

que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,

mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear -CNEN;

78

V. _ bases ou empreendimentos militares, quando couber,

observada a legislação específica.

§ 1º. O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após

considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e

Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como,

quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no

procedimento de licenciamento.

§ 2º. O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá

delegar aos Estados o licenciamento

de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito

regional, uniformizando, quando possível,

as exigências.

Art. 5º. Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito

Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I. _ localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em

unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

II. _ localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas

de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem

consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

III._ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites

territoriais de um ou mais Municípios;

IV. _ delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal,

por instrumento legal ou convênio.

Parágrafo único _ O órgão ambiental estadual ou do Distrito

Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame

técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar

a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos

demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.

79

Art. 6º. Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos

competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o

licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto

ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por

instrumento legal ou convênio.

Art. 7º. Os empreendimentos e atividades serão licenciados em

um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores.

Art. 8º . O Poder Público, no exercício de sua competência de

controle, expedirá as seguintes licenças:

I. Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do

planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e

concepção, atestando a viabilidade ambiental eestabelecendo os requisitos

básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua

implementação;

II. _ Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do

empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos

planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle

ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III._ Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade

ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta

das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e

condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas

isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase

do empreendimento ou atividade.

Art. 9º. O CONAMA definirá, quando necessário, licenças

ambientais específicas, observadas a natureza, características e

peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização

do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e

operação.

Art. 10. O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às

seguintes etapas:

80

II. _ Definição pelo órgão ambiental competente, com a

participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos

ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento

correspondente à licença a ser requerida;

III._ Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor,

acompanhado dos documentos,projetos e estudos ambientais pertinentes,

dando-se a devida publicidade;

IV. _ Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do

SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a

realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

V. _ Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo

órgão ambiental competente integrante do SISNAMA, uma única vez, em

decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais

apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma

solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido

satisfatórios;

VI. _ Audiência pública, quando couber, de acordo com a

regulamentação pertinente;

VII. _ Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo

órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando

couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e

complementações não tenham sido satisfatórios;

VIII. _ Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber,

parecer jurídico;

IX. _ Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-

se a devida publicidade.

§ 1º. No procedimento de licenciamento ambiental deverá

constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o

local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a

legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a

autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água,

emitidas pelos órgãos competentes.

81

§ 2º . No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao

estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova

complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme

incisos IV e V, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e

com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de

complementação.

Art. 11. Os estudos necessários ao processo de licenciamento

deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas

do empreendedor.

Parágrafo único. O empreendedor e os profissionais que

subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis

pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas,

civis e penais.

Art. 12. O órgão ambiental competente definirá, se necessário,

procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a

natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e,

ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de

planejamento, implantação e operação.§ 1º. Poderão ser

estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e

empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão

ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.

§ 2º. Poderá ser admitido um único processo de licenciamento

ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos

ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados,

previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a

responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades.

§ 3º. Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar

os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e

empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão

ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho

ambiental.

82

Art. 13. O custo de análise para a obtenção da licença ambiental

deverá ser estabelecido por dispositivo legal, visando o ressarcimento, pelo

empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão ambiental competente.

Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor acesso à

planilha de custos realizados pelo órgão ambiental para a análise da licença.

Art. 14. O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos

de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em

função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a

formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo

máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até

seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver

EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze)

meses.

§ 1º. A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será

suspensa durante a elaboração dos

estudos ambientais complementares ou preparação de

esclarecimentos pelo empreendedor.

§ 2º. Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados,

desde que justificados e com a concordância do empreendedor e do órgão

ambiental competente.

Art. 15. O empreendedor deverá atender à solicitação de

esclarecimentos e complementações, formuladas pelo órgão ambiental

competente, dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do

recebimento da respectiva notificação.

Parágrafo único. O prazo estipulado no caput poderá ser

prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e

do órgão ambiental competente.

Art. 16. O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14

e 15, respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha

competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao arquivamento de

seu pedido de licença.

83

Art. 17. O arquivamento do processo de licenciamento não

impedirá a apresentação de novo requerimento de licença, que deverá

obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo

pagamento de custo de análise.

Art. 18. O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de

validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento,

levando em consideração os seguintes aspectos:

I. _ O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no

mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas

e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior

a 5 (cinco) anos.

II. _ O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser,

no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento

ou atividade, não podendo ser superior a 6(seis) anos.

III._ O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá

considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4(quatro)

anos e, no máximo, 10(dez) anos.

§ 1º. A Licença Prévia(LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão

ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos

máximos estabelecidos nos incisos I e II.

§ 2º. O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos

de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos

ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a

encerramento ou modificação em prazos inferiores.

§ 3º. Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma

atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá,

mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de

validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade

ou empreendimento no período de

vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso

III.§ 4º. A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou

empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120

84

(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na

respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a

manifestação definitiva do órgão ambiental competente.

Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão

motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e

adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I. _ Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou

normas legais.

II. _ Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que

subsidiaram a expedição da licença.

III._ Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Art. 20. Os entes federados, para exercerem suas competências

licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente,

com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus

quadros ou à sua disposição profissionais legalmente habilitados.

Art. 21. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação,

aplicando seus efeitos aos processos de licenciamento em tramitação nos

órgãos ambientais competentes, revogadas as disposições em contrário, em

especial os arts. 3º e 7º da Resolução CONAMA n.º 001, de 23 de janeiro de

1986.

85

ANEXO 8

Exemplos de PCH,fotos:brasilpch/19/12/12

PCH Bonfante

PCH Calheiros

PCH Funil

PCH JATAÍ

86

PCH Retiro Velho

PCH São Joaquim

PCH São Simão

PCH Fumaça IV

87

PCH Irara

PCH Monte Serrat

PCH Santa Fé I

PCH São Pedro

88

ANEXO 9

Foto da região de instalação da futura PCH de Cabuí

Foto:IBAMA.AMBIOTECH-12/01/13

89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.institutochicoxavier.com/index.php?option=com_content&view=articl

e&id=63:frases-e-pensamentos&catid=40:xavier&Itemid=7214/12/12

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http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%28PCH+IMPACTO+AMBIENTAL%29%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseM

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http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaPalavrasEspelhoAcordao.do?palavras=PCH++impacto+ambiental&numeroRegistro=1&totalLinhas=1&pesquisarPor=ementa&pesquisaTesauro=true&orderByData=1&pesquisaPalavras=Pesquisar – 14\12\2012 www.professoremerson.com/professor/index.php?option=com_content&view=article&id=139:declaracao-universal-dos-direitos-da-aegua&catid=82:artigos-meio-ambiente-e-sustentabilidade&Itemid=129 - 16/12/12 http://www.aneel.gov.br/68.htm - 16/12/12

http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003652.pdf - 05/01/13

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html - 05/01/13

da Silva, Adelbani Braz da Silva. professor titular do instituto de geociências da

universidade federal de minas gerais -

ufmg.http://www.nehma.ufba.br/cursos/apostilas_monografia/graduacao/livrote

xto.pdf-05/01/13

90

de Mello,Amaitê Iara Giriboni - promotor de justiça da capital. Faria, Marina

França-estagiária do ministério público. meio ambiente cultural e espeleologia:

o estudo das cavidades naturais brasileiras.-05/01/13

http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_urbanismo_e_meio_ambiente/b

iblioteca_virtual/bv_teses_congressos/Espeleologia.htm - 05/01/13

http://www.pchparacambi.com.br/sustentabilidade/acoes-desenvolvidas/pch-

paracambi-realiza-resgate-de-fauna-e-ictiofaun-06/01/13

http://www.dicio.com.br/gramineas/06/01/13

http://www.significados.com.br/jusante-e-montante/06/01/13

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http://siscom.ibama.gov.br/licenciamento_ambiental/PCH/PCH%20Cabuy/RIM

A%20- -20PCH%20Cabu%C3%AD.pdf -10/01/13

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe4BYAC/comunidade-perifitica-

11/01/13

http://www.biodiversitas.org.br/boletim/EAO/2008/ABRIL/index.htm12/01/2013

http://siscom.ibama.gov.br/licenciamento_ambiental/PCH/PCH%20Cabuy/RIM

A%20-%20PCH%20Cabu%C3%AD.pdf 12/01/13

http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/regioes_fitoecologicas/regioes_f

itoecologicas_-_floresta_estacional_semidecidual.html12/01/13

http://siscom.ibama.gov.br/licenciamento_ambiental/PCH/PCH%20Cabuy/EIA

%20-%20PCH%20Cabu%C3%AD.pdf12/01/13

91

http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislacao/federal/resolucoes/1986_Res_

CONAMA_1_86.pdf13/01/13

http://siscom.ibama.gov.br/licenciamento_ambiental/PCH/PCH%20Cabuy/RIM

A%20-%20PCH%20Cabu%C3%AD.pdf13/01/13

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf13/01/13

http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=31675016/01/13 http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=31061016/01/13 Belmiro Braga – Minas Gerais – Bioma Mata Atlântica http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=33009516/01/13 Comendador Levy Gasparian – Rio de Janeiro – Bioma Mata Atlântica

http://mapas.sosma.org.br/site_media/download/atlas%20mata%20atlantica-relatorio2005-2008.pdf16/01/13 http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-especies/1316-abelha-exomalopsis-phanomalopsis-atlantica.html21/01/13

92

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

Pequenas Centrais Hidroelétricas

1. Funcionamento 11

2. Exemplos de Pequenas Centrais Hidroelétricas 12

CAPÍTULO II

O Impacto Ambiental

1. Análises Necessárias 15

2. Análise Preliminar 16

3. Relatório Ambiental Preliminar – RAP 17

4. Estudo de Impacto - EIA 17

5. Relatório de Impacto Sobre o Meio Ambienta - RIMA 18

CAPÍTULO III

Dos Programas Ambientais

1. Das Ações das PCHs em Programas Ambientais 20

1.1. Monitoramento de Peixes 20

1.2. Mata Ciliar 21

1.3. Programas de Prospecção e Salvamento Arqueológico 21

1.4. Programas de Controle de Processo Erosivo 21

1.5. Programas de Monitoramento do Cágado-de-Hogei 22

1.6. Programa de Monitoramento Qualitativo

de Recursos Hídricos 22

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CAPÍTULO IV

PCH de Cambuí

Apresentação 25

1. Justificativa 25

2. Meio Biótico 25

2.1. Mamíferos 26

2.2. Anfíbios e Répteis 26

2.3. Aves 27

2.4. Insetos 28

2.5. Peixes 28

3. Recursos Hídricos 39

4. Aspectos Arqueológicos e Históricos 29

5. Áreas de Influência 30

5.1. Área de Influência Indireta - AII 30

5.2. Área de Influência Direta – AID 31

5.3. Área Diretamente Afetada 31

6. Magnitude 32

6.1. Impacto Quanto à Abrangência 33

6.2. Impacto Quanto à Forma de Incidência 34

6.3. Impacto Quanto à Duração 34

6.4. Impacto Quanto à Importância 34

6.5. Impacto Quanto à Possibilidade de Reversão 34

6.6. . Impacto Quanto à Possibilidade de Potencialização 35

7. Comentários 35

CONCLUSÃO 38

ANEXOS 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89

ÍNDICE 91