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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O CÉREBRO EMOCIONAL E O CÉREBRO RACIONAL NA SALA DE AULA: UM COMPLEXO DE AÇÕES COORDENADAS Por: Beatriz Ferreira Moreira Orientadora Prof.ª Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO … · Faz-se um breve histórico ... E dessa maneira, no contexto escolar, ... relacionadas ao comportamento, mas muito antes disso,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O CÉREBRO EMOCIONAL E O CÉREBRO RACIONAL NA SALA

DE AULA: UM COMPLEXO DE AÇÕES COORDENADAS

Por: Beatriz Ferreira Moreira

Orientadora

Prof.ª Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O CÉREBRO EMOCIONAL E O CÉREBRO RACIONAL NA SALA

DE AULA: UM COMPLEXO DE AÇÕES COORDENADAS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Beatriz Ferreira Moreira.

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AGRADECIMENTOS

A querida professora Marta Relvas que

em seu primeiro dia de aula acendeu a

chama da minha motivação para

escrever esta monografia.

Ao meu amado companheiro Frederico

por me inspirar e motivar sempre.

Aos meus filhos queridos Bruna e

Pedro Henrique que são minha razão

de viver.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Ana Cristina de

Souza Rangel que há muitos anos no

Colégio Teresiano em suas palestras já

falava das sinapses cerebrais e do desejo

em aprender.

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RESUMO

Muitos autores atuais relacionados à área educacional mencionam

em seus estudos a implicação do vinculo afetivo no processo de aprendizagem

nos anos iniciais do ensino fundamental. Este trabalho de pesquisa tem como

objetivo investigar em livros, periódicos, estudos e artigos de alguns autores,

com bases neurocientíficas, que abordam a emoção e a aprendizagem e de

que forma a emoção está diretamente ligada ao processo de ensino

aprendizagem principalmente no ambiente escolar. Faz-se um breve histórico

da neurociência cognitiva e a evolução do cérebro humano para então partir

para o estudo do cérebro racional, aquele que aprende e para o cérebro

emocional, aquele capaz de criar sentido e significado aquilo que se aprende.

E dessa forma criar memórias de longa duração. E nessas bases, evidenciar

aos profissionais da área de educação como não se pode dissociar a emoção

da razão na sala de aula e como o estudo do funcionamento do cérebro pode

ser um aliado para aprimorar estratégias em sala de aula, dinamizar

conteúdos, provocar desejos nos alunos e como resultado, promover de fato

aprendizagens significativas e sucesso escolar.

Palavras chaves: cérebro racional, cérebro emocional, afetividade e

aprendizagem.

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METODOLOGIA

Este trabalho pretende fazer um estudo com bases em pesquisas

bibliográficas para identificar a relevância da afetividade envolvida na

aprendizagem nas séries iniciais. O trabalho foi desenvolvido analisando

autores que abordam o tema sob uma perspectiva neurocientifica.

A pesquisa bibliográfica foi feita em livros, periódicos da área

educacional e neurocientifica, artigos, websites que abordam a implicação da

afetividade no processo ensino aprendizagem.

Alguns autores citados neste trabalho de pesquisa foram: Daniel

Goleman, Marta Pires Relvas, Antônio Damásio, Michael S. Gazzaniga, Daniel

Chabot e Michel Chabot, Claudio Saltini, Roberte Metring. Também foram

consultados teóricos como: Piaget, Wallon e Vygotsky.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- Neurociência cognitiva: um breve histórico 11

1.1 A visão do cérebro através dos tempos 12

1.2 A localização das funções cerebrais 14

CAPÍTULO II- Como o cérebro aprende

2.1. O cérebro racional 21

2.2. O cérebro emocional 29

2.3. Afetividade, aprendizagem e memória 37

CAPÍTULOIII - Promovendo aprendizagens significativas 44

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 56

INDICE 59

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INTRODUÇÃO

“O amor ajuda a nossa cognição. Certamente aprendemos melhor quando amamos. A sua ação revela a humanidade indivisível do nosso ser que é ao mesmo emocional e racional. Na educação podemos chamar esse amor de afeto.” (CUNHA, 2010)

Partindo desse pressuposto tão bem escrito por Eugenio Cunha em

seu livro Afeto e inteligência, que este trabalho está alicerçado.

O afeto inerente a todo ser humano é a base do processo ensino

aprendizagem. É nele que deve ser apoiado qualquer trabalho educativo e

quando bem elaborado se torna um estimulo para o aprendizado.

O tema central deste trabalho é a relação da afetividade no

processo ensino aprendizagem tendo a neurociência cognitiva como base para

a pesquisa.

O objetivo geral é identificar os estudos neurocientificos que

relacionam a emoção e a aprendizagem e assim compreender como o sistema

límbico, o cérebro emocional, funciona nesta relação. Pretende-se também

analisar a influência da afetividade neste processo.

A pesquisa foi feita em livros, artigos, revistas de autores e teóricos

que aliaram a sua pesquisa na área pedagógica a neurociência visando

explicar qual é a relação entre o cérebro racional e o cérebro emocional neste

processo, por entenderem que todo o aprendizado acontece a partir do

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cérebro. Ele é o órgão principal e único em cada individuo que aprende

durante toda a vida.

Este estudo torna-se relevante, pois o ser humano possui um lado

racional e outro emocional e se estabelece como ser social na interação com o

meio e com os outros.

O individuo é o resultado das experiências que vive. Para

compreender seu desenvolvimento é preciso considerar onde vive, com quem

se relaciona e a maneira como constrói significados. E dessa maneira, no

contexto escolar, cabe ao professor e a escola oferecer um ambiente

estimulador que respeite a individualidade de cada um e que possa oferecer o

máximo de oportunidades para o desenvolvimento das potencialidades de

cada aluno.

Não é uma tarefa fácil, mas compreendendo o funcionamento do

cérebro, como reage aos estímulos ativando o processo neural, promovendo

sinapses, será possível criar estratégias onde um maior número de alunos será

atingido, pois estará respeitando as diferenças de cada um e promovendo

oportunidades a todos.

O estudo feito foi divido em três capítulos.

O primeiro capítulo expõe um breve histórico da neurociência, uma

ciência que vem mostrando através dos adventos dos aparelhos de tomógrafo

e de ressonância, o funcionamento do cérebro. O cérebro sempre foi estudado

desde a idade antiga e é assunto explorado até hoje.

O segundo capítulo descreve como o cérebro aprende. O cérebro

racional, o cérebro emocional e a relação destes com a aprendizagem na

formação de memórias.

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E por fim no terceiro capitulo a aprendizagem significativa é o tema

abordado a partir da teoria de Auzubel, onde ele coloca que só é possível

haver aprendizagem se o individuo já tiver um conhecimento prévio sobre o

que vai ser estudado. E assim a partir do que foi estudado sobre o cérebro,

formar redes neurais fazendo conexões com o que já se sabe. E que o

entendimento que se tem sobre um assunto é fonte de motivação despertando

a atenção para aprender.

Desta forma pode-se concluir que o cérebro possui uma rede de

circuitos neurais que armazenam, interpretam e emitem respostas ao meio

diante de estímulos, possuindo também a capacidade de promover

modificações em suas conexões. O cérebro é trino, o racional, o emocional e a

capacidade de sobrevivência da espécie garante que o ser é único e que as

suas dimensões afetivas, sociais e cognitivas fazem parte de um único

processo. Pode-se dizer desta forma que a emoção tem ligação direta com o

processo de aprendizagem.

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CAPÍTULO I

NEUROCIÊNCIA COGNITIVA: UM BREVE HISTÓRICO

A neurociência cognitiva é um conjunto de disciplinas que permeiam

os estudos do sistema nervoso e originou-se das bases cerebrais da mente

humana (Relvas, 2012). Este nome surgiu em meados da década de setenta e

foi dado por Michael Gazzaniga e George A. Miller, um grande fisiologista

cognitivo. Esta nova ciência tem suas origens na neurologia, na neurociência e

na ciência cognitiva. (GAZZANIGA, 2006).

Foi no século XX com as novidades tecnológicas como a tomografia

computadorizada por emissão de prótons e a ressonância magnética que

permitiram a mapeamento do cérebro nas suas funções cognitivas e

relacionadas ao comportamento, mas muito antes disso, o cérebro sempre foi

motivo de grande interesse e de pesquisas sobre o seu funcionamento. Os

estudos só eram possíveis analisando cérebros mortos ou vitimados pela

guerra ou realizando experiências com animais, tornando assim muito difícil

constatar uma relação apropriada entre o funcionamento do cérebro vivo e

normal comparada a um cérebro morto ou anormal. (METRING, 2011) Mesmo

assim todos os experimentos feitos trouxeram grandes contribuições para os

atuais neurocientistas.

Este capítulo abordará um breve histórico da neurociência partindo

das ideias que se tinham a cerca do cérebro e também os estudos e pesquisas

feitas para analisar a localização das funções cerebrais.

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1.1 A visão do cérebro através dos tempos

Há muito já se falava do cérebro, órgão que despertou sempre

grande interesse das pessoas eruditas desde a idade antiga. Existem

evidências que mostram que os nossos ancestrais já compreendiam que o

encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) era essencial para a vida.

Um exemplo disso é a pratica de trepanação realizada há 7000 anos

que consistia em fazer orifícios no crânio de pessoas vivas pra curar dores de

cabeça ou para a saída de maus espíritos.

Na Grécia antiga, acreditava-se que o encéfalo era o órgão das

sensações e em 469 a.C, Hipócrates, lançou a teoria de que o encéfalo

estaria relacionado com as sensações e que seria a sede da inteligência.

Aristóteles não concordava e se opunha a essa ideia e dizia que o coração era

o centro do intelecto.

No império romano, Galeno (130-200) descobriu através da

dissecação em animais que havia uma parte macia, o cérebro, e outra mais

dura no encéfalo, o cerebelo, e que para formar memória as sensações

precisariam estar impressas no encéfalo nas partes macias. Os fluidos

passariam pelos nervos, canais ocos, e gerariam os movimentos.

Já Rene Descartes (1569-1650), propôs que o homem teria intelecto

e alma. As capacidades mentais ficariam no que ele denominou “mente”

(intelecto) e estaria situada fora do cérebro e se ligaria ao corpo pela glândula

pineal. A partir de Descartes, a medicina começou a tomar rumos diferentes

em relação à filosofia. A medicina passou a cuidar do corpo de forma mais

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cientifica e objetiva e a filosofia passou a cuidar das coisas da alma de forma

mais subjetiva. (METRING, 2011)

Entre os séculos XVII e XVIII os cientistas passaram a dar mais

importância e a estudar a substância cinzenta e a branca do encéfalo.

Compreendendo que a substancia cinzenta eram os neurônios e a substância

branca tinha prolongamentos pelo corpo e eram responsáveis por levar e trazer

as informações até a parte cinzenta.

No final do século XVIII o cérebro já tinha sido totalmente dissecado

e sabia-se que tinha saliências e sulcos e era dividido em lobos.

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1.2 A localização das funções cerebrais

No século XIX, Charles Darwin surgiu com a biologia e uma teoria

que defendeu chamada evolução das espécies. Essa teoria era totalmente

revolucionária para a época, pois tinha na igreja uma contraposição as suas

ideias. Tudo girava ao redor da igreja e tudo era divino, ficando a ciência de

lado como forma de tentar explicar os fatos sem ser pelo ato divino de Deus.

Nesta mesma época surge Franz Joseph Gall (1758-1828), um

frenologista austríaco, que afirmou que o cérebro era organizado com 35

funções específicas que variavam desde as funções básicas cognitivas como a

linguagem e a percepção da cor até capacidades como ter esperança e

autoestima. Essas funções eram exercidas por diferentes regiões do cérebro.

(Gazzaniga, 2006). Também determinou que o centro de cada função crescia

com o uso, mas que a caixa craniana não crescia proporcionalmente, o

cérebro teria circunvoluções e sulcos e o crescimento de uma área mais do

que outra causaria um deformação no crânio.

A frenologia prática consistia em tirar medidas do crânio,

principalmente de suas calosidades e saliências, para determinar traços de

personalidade do indivíduo. A frenologia admitia que cada faculdade mental

tinha uma localização específica no cérebro. Os estudos de Gall foram

importantes, pois abriu caminho para outros pesquisadores.

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Johann Spurzheim (1776-1832) questionou a visão localizacionista

de Gall, se opondo a ideia de que a linguagem e a memória estavam

localizadas em regiões especificas do cérebro. Identificou mais oito áreas a

partir dos estudos de Gall.

Foi então que Pierre Flourens, considerado o pai da pesquisa

experimental cerebral, fazendo pesquisas em aves descobriu que lesões em

certas áreas não causavam danos duradouros. Ele apresentou a ideia de que

todo o cérebro participa no comportamento criando então a visão do cérebro

agregado. Flourens escreveu em 1824: “todas as sensações, todas as

percepções, e todas as vontades ocupam o mesmo espaço entre as estruturas

(cérebro). As faculdades de sensação, percepção e vontade são

essencialmente, uma só faculdade.” (GAZZANIGA. 2006)

Mais tarde, um neurologista inglês, John Hughlings Jackson (1863-

1875), retomou a ideia localizacionista do cérebro estudando pacientes com

lesões cerebrais. Ele observou que lesões no lado direito do encéfalo afetavam

processos viso espaciais mais do que no lado esquerdo. Também notou que

1http://pepsic.bvsalud.org/scielo ­ 2 set 2012

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http://classic.the-scientist.com/

mesmo em um acidente vascular cerebral a pessoa não perdia totalmente a

habilidade para falar, ainda conseguia pronunciar algumas palavras.

Nessa mesma época, na França, Paul Broca em 1861, estudou um

caso sobre um paciente que havia tido um acidente vascular cerebral que era

quase totalmente incapaz de falar, mas conseguia entender a linguagem. Ele

murmurava a palavra tam repetidamente. A parte lesionada era o lobo frontal

esquerdo. Hoje denominada área e Broca, relacionada com a articulação da

linguagem. O distúrbio da fala identificado foi chamado de afemia, que na

literatura atual chama-se afasia.

Outro estudo que causou impacto foi feito por Carl Wernicke em

1874, com apenas 26 anos, em outro paciente que teve acidente vascular

cerebral. Ele falava perfeitamente as palavras, mas não fazia sentido algum o

que falava. A lesão também foi no hemisfério esquerdo, terço posterior do giro

temporal superior esquerdo, numa região mais próxima do lobo temporal.

Denominou-se de área de Wernicke este área e é responsável pela

interpretação do que se fala. Essa area seria responsavel pela memória dos

sons que comporiam as palavras, o que permitiria sua compreensão.

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A partir da descoberta de Broca, defende-se não somente a

hemisferização cerebral como a dominância do lado esquerdo na área da

linguagem.

Após essas descobertas determinou-se que lesões em áreas

especificas do cérebro causavam mudanças de comportamento relacionado a

essas áreas.

Fazendo experiências com cães, Gustav Fritsch e Eduard Hitzig

descobriram que estimulando eletricamente determinadas áreas do encéfalo

os cães produziam movimentos determinados. Percebendo isso resolveram

investir mais em pesquisas em relação ao nível celular.

Neuroanatomistas alemãs começaram a analisar células diferentes

no encéfalo. E o mais importante deles, Broadman, analisou a organização

celular do córtex e caracterizou 52 regiões diferentes. Ele visualizou diferentes

células em diferentes áreas do cérebro.

As 52 áreas de Brodmann baseadas na estrutura celular.

http://www.mrc-cbu.cam.ac.uk/people/jessica.grahn/neuroanatomy.html

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Outros estudos foram feitos para analisar a citoarquitetura do

cérebro e realmente comprovou-se que cada área cerebral possuía células

especificas e são responsáveis por funcionamentos diferentes,

Camilo Golgi, um italiano, conseguiu visualizar um único neurônio

usando uma coloração prata que depois ficou conhecida como o método da

prata para coroar neurônios. Golgi acreditava que o encéfalo era uma massa

continua, única, de tecido que compartilhava um único citoplasma. Cajal

através do uso dessa coloração prata descobriu que não só que o neurônio era

único, mas também transmitia informações elétricas em uma só direção, dos

dendritos para os axônios.

Esta descoberta de Cajal, cada neurônio como sendo uma unidade

independente, foi de grande importância para os estudos da mente e do

cérebro humano. E hoje se sabe que existem neurônios diferentes para cada

função cerebral.

http:saude.hsw.uol.com.br

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Com os avanços da microscopia, Cajal percebeu que havia um

espaço entre os neurônios e começou a explicar como os sinais eram

transmitidos de uma célula a outra.

Charles Sherrington escreveu sobre o mecanismo de transmissão

dos impulsos elétricos transmitidos através dos espaços entre neurônios o qual

chamou de sinapses.

Em 1913, Hebb apresentou um trabalho sobre a multiplicidade de

conexões sinápticas entre os neurônios. Ele verificou que não há uma rigidez

na capacidade de comunicação entre os neurônios e que estas podem ser

moldadas de acordo com a necessidade. Isto seria o embrião da ideia da

capacidade de uma determinada área do cérebro assumir funções que eram

de outras áreas específicas lesionadas de alguma forma. Hoje denominamos

essa capacidade de plasticidade cerebral.

Luria concentrou seus estudos nas funções superiores do

funcionamento cerebral e comparou o cérebro funcionando com uma

orquestra, onde cada instrumento produz um som e juntos, uma melodia

harmoniosa onde não se percebe o singular mas o todo.

“ ...toda atividade mental humana é um sistema funcional complexo efetuado por meio de uma combinação de estruturas cerebrais funcionando em um concerto, cada uma das quais dá a sua contribuição particular para o sistema funcional como um todo.” ( LURIA, 1981)

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Luria defendeu a divisão do sistema cortical em unidades funcionais,

cada uma com uma função especifica na formação da cognição. (Metring,

2011)

Sem dúvida nenhuma, saber que cada área do encéfalo humano é

responsável por determinadas habilidades e que estas funcionam como um

todo produzindo aprendizagens é de fundamental importância para os

profissionais envolvidos com o ensino.

É importante saber que a neurociência veio somar seus estudos

com os demais profissionais ligados a educação a fim de aprimorar as

estratégias utilizadas pelas escolas para a aprendizagem de seus alunos,

principalmente entender que somos um só corpo onde a razão e a emoção

estão juntas produzindo respostas ao meio que determinam nossa pessoa.

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CAPITULO II

COMO O CÉREBRO APRENDE

2.1 O cérebro racional

Todo o corpo humano é regido por um único órgão que é o cérebro.

Ele é responsável por todo o funcionamento do organismo desde as funções

mais simples como reconhecer um objeto até controlar todas as suas funções

vitais.

O cérebro ao longo da evolução veio se modificando em função das

mudanças ocorridas no meio que obrigou as espécies a modificarem suas

habilidades para garantirem sua auto preservação. E o ser humano utilizou-se

de diferentes inteligências para criar possibilidades de sobrevivência e

competitividade garantindo assim o desenvolvimento do ser cognitivo, afetivo,

social capaz de tomar decisões e racionalizar suas reações utilizando-se da

área do córtex pré-frontal. existente apenas nos seres humanos.

(RELVAS,2010)

Com as técnicas atuais de mapeamento cerebral pode-se dizer que

o encéfalo humano é um órgão extremamente complexo e único em cada

individuo. Não existe um cérebro igual a outro porque cada vez que se aprende

algo acontece uma modificação cerebral. A aprendizagem é individual e

coletiva ao mesmo tempo. Citando Relvas, “(...) uma aprendizagem só é

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formativa na medida em que opera transformações na constituição daquele

que aprende.”.

O encéfalo encontra-se localizado no interior do crânio, protegido

por um conjunto de três membranas que são as meninges e é constituído por

estruturas especializadas que juntas garantem o funcionamento do organismo

humano e regula seus comportamentos. (RELVAS, 2010)

O cérebro se desenvolve ao longo de toda a vida, nas crianças e

jovens de maneira mais rápida, na vida adulta e na velhice de maneira mais

lenta.

Possui circunvoluções que fazem com que ele caiba na caixa

craniana, pois do contrário os humanos teriam um cabeção. E seus sulcos

dividem-no em lobos. Cada lobo é responsável por uma função. A localização

das diferentes áreas com suas funções específicas na região cortical não

significa que funcionem isoladamente. Quando uma área é ativada por um

estimulo provoca alterações em outras áreas. A comunicação acontece pelas

vias de associação que podem ser curtas, ligando áreas vizinhas, trafegando

sem sair da área cinzenta, podem ser longas ligando um lobo a outro dentro do

mesmo hemisfério e também passando de um hemisfério a outro pelo corpo

caloso, principal via de associação entre hemisférios. (RELVAS, 2010)

Sulco central

Circunvoluções

http://www.infoescola.com/anatomia-humana/lobos-cerebrais/

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No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa),

acontece o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento

abstrato. Nele estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal.

O córtex motor coordena os movimentos voluntários. Quando se

pensa em um movimento sem executá-lo, ativamos o córtex pré-motor. E uma

lesão nesta área pode afetar a velocidade dos movimentos dos gestos e da

fala.

A atividade do lobo frontal é ativada quando existe uma situação que

precisa ser resolvida e assim precisa achar caminhos para sair dela. O córtex

pré-frontal, situado na frente do lobo frontal, analisa e escolhe qual caminho

seguir. (www.infoescola.com/anatomiahumana/loboscerebrais). Quanto mais

situações desafiadoras forem propostas ao cérebro, mais ele se desenvolverá.

Essa noção é importante quando adiante tratarmos do conceito de inteligência.

O lobo temporal possui funções diversas. Está diretamente ligado

ao sentido da audição, reconhecendo sons específicos e a intensidade do som

coordenado com estímulos visuais. Ele também está relacionado com o

processamento da memória e da emoção. (RELVAS, 2009,2010)

O lobo parietal está relacionado com a sensação de dor, tato,

gustação, temperatura e pressão em uma região chamada somatossensorial.

É uma área responsável por receber os estímulos vindos do meio externo

através dos órgãos dos sentidos. A outra região, a anterior é responsável por

receber e integrar as informações recebidas pela área somatossensorial.

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O lobo occipital, situado na parte posterior, é responsável pelo

processamento da informação visual.

Percebe-se que o cérebro também pode ser visto em sua divisão

hemisférica: o hemisfério direito e o esquerdo. Cada um com sua

especificidade. O direito é criativo e intuitivo

enquanto que o esquerdo é racional e lógico.

(RELVAS, 2009)

HEMISFÉRIO DIREITO HEMISFÉRIO ESQUERDO

� Fala e escrita

� Leituras

� Cálculos matemáticos

� Compreensão linguística

� Identificação de objetos e

animais.

� Prosódia.

� Compreensão musical.

� Relações espaciais

� Reconhecimento de categorias

de pessoas e objetos.

http://www.google.com.br/imgres?q=hemisferios+cerebrais+e+corpo+caloso

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O hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e o

hemisfério esquerdo controla o lado direito. Essa comunicação acontece

através de um feixe de comissura denominado corpo caloso que fica localizado

entre os hemisférios.

Todo o cérebro funciona com estímulos provenientes do meio

externo, sensoriais ou físicos. A cada estimulo recebido formam-se ligações

entre os neurônios chamadas de sinapses.

Os neurônios são células especializadas encontradas no encéfalo

capazes de receber estímulos e conectar-se a todas as áreas do corpo

produzindo uma resposta.

Existem neurônios específicos para cada função:

Os neurônios são células nervosas compostas pelo axônio, dendrito

um corpo celular e um terminal sináptico.

Os dendritos são prolongamentos que captam os estímulos externos

para o interior do corpo celular para que sejam avaliados. Quanto maior a

quantidade de dendritos maiores serão as informações, permitindo assim uma

http://saude.hsw.uol.com.br/cerebro2.htm

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resposta mais completa e complexa. (RELVAS, 2011). Pode-se dizer então

que quanto mais estímulos receber do meio maior será a elaboração da

resposta.

Os axônios são responsáveis por conduzir a resposta gerada no

corpo celular para o órgão efetor. Estes seriam um fio condutor. Os axônios

podem medir muitos centímetros e são cobertos por uma camada rica em

gordura chamada bainha de mielina, que garante a condução dos impulsos

sem que eles se percam.

Os nódulos de Ranvier são pequenos espaços existentes na bainha

de mielina que permitem um estimulo elétrico a saltar. Dentro do corpo celular

estão as estruturas mais importantes da célula que permitem a elaboração de

respostas aos estímulos recebidos do meio externo.

http://aendorfina.blogspot.com.br/2011/08/o-neuronio.html

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Entre os neurônios há um espaço e os estímulos passam de um

neurônio a outro por sinapses. As sinapses transformam os estímulos elétricos

em estímulos químicos através dos neurotransmissores.

Os neurotransmissores tem um papel fundamental para a

homeostase do organismo. Eles podem tanto excitar ou inibir as células

nervosas produzindo assim o comportamento humano.

O cérebro funciona dessa forma produzindo aprendizagens que

podem se transformar em memórias. As memórias de curto prazo são aquelas

que usamos para guardar fatos momentâneos, como uma data, um número de

telefone e se não tiver significado algum, esquece-se em pouco tempo. As

memórias de longo prazo são aquelas que permanecem por anos e mesmo

com alguma lesão, elas não são esquecidas. O sistema límbico tem um papel

fundamental na memória de longo prazo. Geralmente não se esquece de algo

que foi significativo.

Importante ressaltar alguns aspectos do cérebro racional no

processo da aprendizagem.

� O cérebro precisa de desafios para gerar mais sinapses.

� Quanto mais sinapses, mais completa será a resposta.

� Não se tem no cérebro áreas funcionado isoladamente, então

quanto mais áreas acionarmos, maior serão os mapas

neuronais e maior será a capacidade de guardar na memória

e assim poder-se evocar com mais facilidade.

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� Os hemisférios cerebrais têm funções especificas, mas deve-

se pensar no funcionamento dos dois como complementares.

� Não priorizar somente um órgão do sentido, mas sim todos

possíveis.

� Quanto mais estímulos o cérebro receber mais sinapses ele

irá fazer.

� Quanto mais significativa for a aprendizagem mais ela ficará

guardada na memória.

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2.2 O cérebro emocional

Daniel Goleman descreve em seu livro O cérebro emocional que o

cérebro humano cresceu de baixo para cima. A partir do cérebro primitivo,

localizado acima do tronco cerebral, desenvolveu-se os centros emocionais,

localizados no cérebro intermediário. E nos primatas evoluidos surgiu o

neocórtex, também chamado de córtex frontal..

Pode-se ver na imagem que o cérebro primitivo, o cerebelo, existe

desde os répteis e reinou soberano controlando as funções vitais minimas

como respirar e controlar o metabolismo de outros orgãos do corpo, como

também controlar e regular os movimentos automatizados. Esse cérebro não

pensa ou aprende, ele apenas mantem o funcionamento do corpo.

Depois de milhares de anos, surgiram os centros emocionais,

localizados na região subcortical, acima do cerebelo, responsável pelo instinto

http://ateotalamo.wordpress.com/category/evolucao-do-cerebro/

Cerebelo

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de sobrevivência nos alertando dos perigos. Nos primeiros mamiferos, o

aperfeiçoamento desses centros foi fundamental para sua sobrevivência, pois

podia aprimorar suas respostas ao meio de forma a obter mais ferramentas

para se adaptar a novas situações, em vez de ter as mesmas respostas para

situações adversas. Saber o que comer e o que rejeitar são exemplos desse

novo funcionamento. Decisões como essas eram tomadas pelo bulbo olfativo,

que sentia o cheiro e reconhecia discriminando-os em diferentes situações.

Futuramente na evolução dos primatas superiores surgiu o néocortex,

região que se formou na parte externa dos centros emocionais, formando uma

região ondulada cheia de sulcos e protuberâncias, responsável pelo

pensamento. Ele é responsável pela tomada de decisões, pelo raciocínio e

também possui estruturas que reúnem e compreendem o que os sentidos

percebem acrescentando um sentimento sobre o que se viveu. Por isso

existem sentimentos sobre imagens, cheiros, ideias...

“ O fato do cérebro pensante ter se desenvolvido a partir das emoções revela muito a cerca da relação entre razão e sentimento, existiu um cerebro emocional muito antes do cerebro racional.”( GOLEMAN, 2007, pág 36)

Esse fato mostra que não há somente um cérebro racional que pensa

sem haver outro cérebro, o emocional, que juntos, são responsáveis pelo

aprendizado e memória. Os seres humanos não são só emoção nem só razão,

deve-se ter um equilibrio entre o funcionamnto desses dois cérebros.

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“ Essas duas mentes, a emocional e a racional, na maior parte do tempo operam em estreita harmonia, entrelaçando seus modos de conhecimento para que nos orientemos no mundo. Em geral há um equilibrio entre as mentes emocional e racional, com a emoção alimentando e informando as operações da mente racional, e a mente racional refinando e as vezes, vetando a entrada das emoções. “( GOLEMAN, 2007 , pág. 35)

Em muitos casos é assim que funciona, mas quando o homem é tomado

por uma forte emoção, o cérebro emocional se sobrepõe ao racional,

rompendo esse equilibrio.

O cérebro está programado para reagir a todo e qualquer sinal que

possa representar uma ameaça e segundo Damasio, as emoções ocorrem no

teatro do corpo, isto é, tudo o que é sentido é representado no corpo através

de seis reações emocionais: o medo, a raiva, a alegria, a tristeza, a surpresa e

a aversão. Essas expressões são universais e não variam nas diferentes

culturas segundo um estudo feito por Paul Ekman. (GAZZANIGA, 2006)

Um caso clássico que serviu de estudo sistemático da emoção e da

motivação foi o de Phineas Gage, 1848, que sofreu um acidente e teve uma

barra de ferro enfiada em sua cabeça. Ele não morreu, entretanto, com o

passar do tempo, os amigos passaram a notar uma mudança radical no

comportamento de Gage. Tornou-se inquieto, irreverente, dado a brincadeiras

grosseiras. Antes do acidente, era tido como um trabalhador atento, um

homem de negócios sério e competente. Essas características se perderam.

Passou a se dedicar a inúmeros projetos que eram logo abandonados em

favor de outros. A lesão do lobo frontal parecia ter criado outro homem, infantil,

inconsequente, escravo de seus instintos animais. O que mudou em Gage não

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foram as habilidades, a destreza em lidar com as ferramentas de trabalho, mas

sua personalidade. (GAZZANIGA, 2006).

As áreas encefálicas relacionadas com o comportamento emocional do

homem ocupam uma região que envolve o córtex pré- frontal, o hipotálamo e o

sistema límbico.

Sistema límbico (do latim limbus, que traduz a ideia de círculo, anel, em

torno de) é um conjunto de estruturas do cérebro que como diz o nome, forma

um anel em volta do tronco encefálico. (GAZZANIGA, 2006) Esse sistema

comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os

mamíferos, cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao

animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada. É responsável pelas

emoções, pela aprendizagem e pela memória. Todos os sinais recebidos do

http://antesdelascenizas.com/2007/04/03/gage/

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meio passam por esse sistema. Dai sua importância enquanto regulador das

nossas reações frente a esses estímulos.

O sistema límbico é constituído pela amigdala, hipocampo, tálamo,

hipotálamo. .A seguir será descrito cada estrutura e como funciona cada uma.

Amigdala tem um papel fundamental, pois é a estrutura que identifica os

perigos e nos coloca em alerta. Em uma situação de perigo, gera medo e

ansiedade colocando o ser humano numa posição para lutar ou fugir ou

também nos coloca em estado de relaxamento. Ocorrendo uma lesão nas

amigdalas, o individuo perde a noção de afetividade, não sabe reagir diante

das situações. (METRING, 2011)

O hipocampo está ligado às memórias de longa duração, é um centro

onde as memórias ficam guardadas para serem lembradas. Ele permite que

comparemos memórias e possamos ir buscá-las quando precisamos. Quando

há danos nessa região é como se não conseguíssemos guardar mais nada.

(METRING, 2011)

O tálamo é o centro receptor de todas as informações vindas dos órgãos

dos sentidos, exceto das que vem dos bulbos olfatórios. Ele é um

retransmissor das informações, conduz os estímulos vindos de várias partes do

corpo para as áreas do cérebro especificas onde serão processadas. Em

situações de estresse, a recepção pode ficar prejudicada e assim não

completar o circuito impedindo a aprendizagem. Isto não quer dizer que o

cérebro não funcione, mas sim que a informação pode não chegar ou

simplesmente ficar inadequada. (METRING, 2011)

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O hipotálamo faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino

controlando todas as reações frente a vários estímulos. É responsável pela

homeostase que é o equilíbrio das funções do corpo. É importante ressaltar

que se uma situação for ameaçadora para o individuo, todo o seu corpo

entrará em desequilíbrio e a aprendizagem poderá ser um desastre e até não

acontecer. (METRING, 2011)

Este Sistema Límbico é também responsável por alguns aspectos da

identidade pessoal. A parte do Sistema Límbico relacionada às emoções e

seus estereótipos comportamentais denomina-se circuito de Papez. Segundo

Papez, mensagens sensoriais com conteúdo emocional que chegavam ao

tálamo seriam direcionadas ao córtex (lado racional) e ao hipotálamo (lado

emotivo), acontecendo assim uma série de conexões do hipotálamo ao tálamo

http://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/

Estruturas do sistema límbico

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anterior, e deste, ao córtex cingulado. As experiências emocionais, portanto,

ocorreriam quando o córtex cingulado integrasse as informações provenientes

do hipotálamo com as informações provindas do córtex sensitivo. Uma via

eferente do giro do cíngulo leva ao hipocampo e ao hipotálamo que permitiria

uma resposta emocional ao meio. (http://humanidadyciencia.blogspot.com.br)

(Esquema traduzido do site acima)

Esquema do Circuito de Papez

Córtex sensorial5

4

3

7

2

6

1

Tálamo

Giro cingulado

Resposta

Tálamo anterior

Hipotálamo

Hipocampo

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Desta forma pode-se perceber a importância desse cérebro emocional

na vida do ser humano. Todos os estímulos vindos do meio são recebidos no

tálamo e organizados no hipotálamo. E no córtex frontal são redimensionados

em respostas racionais onde o ser humano é capaz de pensar sobre suas

reações produzindo um comportamento social adequado.

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2.3 - Afetividade, aprendizagem e memória

“Para garantir que as informações sejam transformadas em aprendizagem, as aulas precisam ser emolduradas pela emoção.” (Marta Relvas)

Para garantir que as informações sejam transformadas em

aprendizagem, elas percorrem um caminho ao longo do qual são processadas.

O órgão principal e fundamental para que isto aconteça é o nosso cérebro.

O cérebro é o órgão que permite a adaptação ao meio, isto é

aprender. Ele está constantemente se transformando a cada estimulo

recebido, a cada interação com o meio. Ele se desenvolve ao longo de toda a

vida. E cada pessoa é única na sua estrutura cerebral. Cada cérebro é único.

http://revistaepoca.globo.com

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A aprendizagem para os neurocientistas é um processo cerebral

onde o cérebro reage a um estimulo, o que envolve percepção, processamento

e integração da informação. Pode-se dizer que houve aprendizagem quando

houve integração das informações processadas e que estas deixaram um traço

marcado no cérebro em sua passagem.

Ligada à aprendizagem tem-se a definição de cognição, como um

conjunto de processos que permitem o processamento da informação e o

desenvolvimento de conhecimentos. Esses processamentos são as funções

cognitivas. Nos seres humanos há as funções cognitivas superiores relativas

aos processos mais elaborados do cérebro humano que estão localizadas no

córtex pré-frontal. Funções como a linguagem, planejamento, raciocínio e a

tomada de decisões.

Para isto acontecer, o cérebro tem uma rede neural complexa

composta por neurônios especializados e conexões sinápticas entre eles.

Os diversos neurônios, das diversas áreas cerebrais, se

especializam em tarefas definidas. Assim, uns são especializados para o

processamento de informação visual, outros para processamento de estímulos

verbais, outros coordenam a motricidade, outros definem apetites etc.

(GAZZANIGA, 2006)

Os processamentos cerebrais dependem de como esses neurônios

podem ser associados, isto é, dependem da eficácia da transmissão sináptica

entre eles. O aprender, por exemplo, de uma resposta motora a uma

informação verbal, depende de aumentar a eficácia da transmissão sináptica

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entre neurônios encarregados da análise do som verbal e aqueles

encarregados de controlar a resposta motora.

Segundo Almeida, 2012, a plasticidade cerebral é a capacidade do

sistema nervoso de reorganizar os padrões e conexões sinápticas com vistas a

readequação do funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em

mudanças no ambiente, permitindo que o cérebro leve continuamente em

consideração o ambiente e armazene os resultados do aprendizado sob forma

de memórias. Isto acontece nos circuitos hipocampais. (RELVAS, 2009)

Durante muito tempo acreditou-se que a dimensão emocional nada

tinha a ver com a aprendizagem, mas foi através de estudos como o de Piaget,

Wallon, outros e também das pesquisas de neurocientistas que hoje

comprovadamente sugerem que a afetividade está diretamente ligada à

aprendizagem.

Wallon (1879-1962) foi um dos primeiros a levar não só o corpo da

criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula.

Conforme as ideias de Wallon, a escola infelizmente insiste em

imobilizar a criança numa carteira, limitando justamente a fluidez das emoções

e do pensamento, tão necessária para o desenvolvimento completo da pessoa.

Piaget em sua teoria valoriza o termo afetividade em vez de emoção

e coloca que ela pode influenciar tanto positivamente quanto negativamente os

processos de aprendizagem, acelerando ou atrasando o desenvolvimento

intelectual da criança, diz Lino de Macedo para a revista Nova Escola.

Para Vygotsky, a motivação para aprender se sustenta em uma

base afetiva e, portanto o afeto interfere na cognição.

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Portanto educar as crianças desde a educação infantil em um

ambiente enriquecedor, estimulando a linguagem falada, cantada, escrita,

criando um clima estruturado com afetividade diversificando positivamente as

sensações, com a presença de cor, de música, de interações sociais, e de

jogos desenvolve capacidades cognitivas e memórias futuras, e favorece assim

o processo de aprendizagem.

Informações e acontecimentos que envolvem e fazem sentido, ficam

retidos na memória com mais facilidade.

Segundo Relvas (2009), “Cada pessoa apresenta diferentes reações

conforme a utilização de suas mentes. Nessa interação, o sistema límbico está

presente, é um personagem importante para o cérebro. O elemento

responsável por prazer e aprendizagem se situa nesta região. A falta de desejo

inibe processos de aprendizagens. Aprender é um ato desejante e sua

negação é o não aprender.”

A amigdala cerebral tem um papel fundamental nesta relação, pois

ela transforma experiências subjetivas em experiências emocionais. Ela é a

principal área cerebral responsável pela integração das respostas emocionais.

A memória emocional não retém detalhes precisos, mas os

aspectos gerais da situação. Assim, logo que um indício se apresenta a reação

emocional e disparada e a emoção emerge. (CHABOT, 2005).

Não é possível separar a emoção da razão. O cérebro humano

pensa com a emoção e com a razão. Tudo passa pela emoção, isto é, pelo

sistema límbico. E é processada no córtex pré-frontal, área da linguagem, do

raciocínio e do planejamento.

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De acordo com Della Chiesa (2007) para um aprendizado bem

sucedido a combinação de motivação e autoestima é essencial.

Relvas (2009) coloca que o cérebro precisa desejar, pois só assim

detonará um processo de enviar mensageiros químicos, os neurotransmissores

como a serotonina e a dopamina que causam sensação de prazer e bem estar.

Já o estresse libera a adrenalina que paralisa, bloqueia a aprendizagem.

Portanto a afetividade pode influenciar positiva ou negativamente o processo

da aprendizagem.

Por isso a escola deve envolver o aluno, fazer da sala de aula um

ambiente agradável onde haja confiança e desejo de aprender. Para isso é

necessário diversificar as estratégias e os recursos em sala de aula, dessa

forma várias regiões do cérebro serão usadas, aumentando assim a

possibilidade de registro em forma de memória. Há maior facilidade de

memorização quando mais de uma área do cérebro é ativada. Os alunos ficam

mais felizes e motivados em buscar conhecimentos. Isto gera memória,

fundamental e básica neste processo. Sem memória não há aprendizagem.

http://www.guia.heu.nom.br/sistema_limbico.htm

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Quanto mais conexões neurais, maior a rede e mais fortes e estáveis se

tornam as conexões sinápticas fazendo assim que a memória seja

armazenada e recuperada com mais facilidade. (RELVAS, 2009).

Um professor encantará muito mais um aluno se levar para sua aula

sobre fração, um material concreto onde possa explorar formas, cores e que o

aluno possa essencialmente manusear o material e fazer descobertas por si.

Podendo o professor depois sistematizar as descobertas com registros no

quadro usando uma linguagem matemática adequada.

As emoções positivas possuem um excelente potencial, pois

proporcionam prazer imediato quando liberada a serotonina, e então fica

guardado no cérebro como um momento bom que gera satisfação aumentando

o desejo. Isto é essencial na sala de aula.

Ao contrário desta, uma situação negativa no processo ensino

aprendizagem, seja na relação com o professor, colegas ou com o assunto

estudado, pode imprimir marcas no cérebro emocional do aluno, podendo

causar comportamentos de repudio, bloqueio, retraimento impedindo a

Imagem de arquivo pessoal 2010.

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aprendizagem ocasionando em alguns casos até o fracasso escolar.

(CHABOT, 2005).

O professor precisa estar envolvido no processo e precisa estar

envolvido com seu aluno. É necessário vinculo positivo de encorajamento e

crença do professor nas capacidades individuais de seus alunos.

A frase escrita por Benjamin Franklin, no século XVIII já dizia: ““

Diga-me e eu esquecerei. Ensina-me e eu poderei lembrar. Envolva-me e eu

aprenderei.”, deixa claro que o envolvimento é condição essencial para a

aprendizagem. O envolvimento necessariamente passa pela emoção. Portanto

não há aprendizagem sem envolvimento emocional.

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CAPITULO III

PROMOVENDO APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS

Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em

humanos e animais. Toda aprendizagem é um processo cerebral onde o

cérebro é o princpal órgão. É ele que permite nossa adaptação ao meio. Ele

possui uma estrutura complexa que funciona harmonicamente produzindo

comportamentos, habilidades e competências.

Segundo definição da Wikipedia, “Aprendizagem é o processo pelo

qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamentos ou

valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência,

formação, raciocínio e observação. Este processo pode ser analisado a partir

de diferentes perspectivas, de forma que há diferentes teorias de

aprendizagem.”

Nessa perspectiva a Neurociência cognitiva veio colaborar com os

educadores no sentido de explicar fisiologicamnete como o cérebro aprende e

como ele funciona.

Hoje com a evolução do mundo tecnológico da informação torna-se

urgente uma mudança de postura com relação aos curriculos e modelos

escolares em se tratando de aprendizagens reais que façam sentido para o

aluno.

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Daviid Auzubel, um pesqquisador norte americano, desenvolveu

uma teoria que foi apresentada em 1963, onde a aprendizagem significativa é

o conceito central de sua teoria. Para ele uma aprendizagem pode ser dita

significativa quando uma nova informação adquire significado para o aprendiz

através de uma espécie de gancho que faz com algum conhecimento já

existente do individuo. Na aprendizagem significativa há uma interação entre o

conhecimento prévio e o novo conhecimento. Ambos se modificam à medida

que o novo acrescenta informações ao antigo. O processo é continuo e

dinâmico.

A partir de um conceito geral já incorporado pelo individuo, o

conhecimento pode ser ligado com novos conceitos facilitando a compreensão

de novas informações, o que dá significado real ao conhecimento adquirido.

(www.wikipedia/aprendizagem significativa).

Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias

já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar

novos conteúdos. "Quanto maior o número de links feitos, mais consolidado

estará o conhecimento", diz Evelyse dos Santos Lemos pesquisadora do

ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz para a revista Nova

Escola.

Isso nada mais é do que promover novas sinapses, ramificar

ainda mais os dendritos de um neurônio para ampliar as conexões.

Piaget em sua teoria coloca que o conhecimento é construido pelo

sujeito em sua interação com o meio e o objeto. É um processo dinâmico que

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acontece internamente modificando esquemas existentes. Segundo ele há a

assimilação, o que já sei sobre o objeto, quando surge algo novo há um

desquilibrio que desestrutura o que existe para depois então haver a

acomodação que seria a incorporação do novo, modificando as estruturas já

existentes.

Dessa forma fica claro que é necessária a conexão com alguma

estrutura já existente para haver aprendizagem.

Em suma, para reafirmar o exposto até aqui segue o seguinte

trecho:

“A aprendizagem significativa implicará sempre tentar assimilar explicitamente os materiais de aprendizagem [...] a conhecimentos prévios que em muitos casos consistem em teoria implícitas ou representações sociais adquiridas por processos igualmente implícitos. Nesse processo de tentar assimilar ou compreender novas situações, ocorre não só um crescimento ou expansão desses conhecimentos prévios, como também, como consequência desses desequilíbrios ou conflitos entre os conhecimentos prévios e a nova informação, um processo de reflexão sobre os próprios conhecimentos, que, conforme sua profundidade [...] pode dar lugar a processos de ajuste, por generalização e discriminação, ou reestruturação, ou mudança conceitual [...] dos conhecimentos prévios.” (POZO, 2002).

O cérebro precisa ser desafiado o tempo inteiro para promover o

potencial de ação entre os neurônios e assim acontecer as sinapses. Quanto

mais sinapses, mais redes neurais o individuo terá e maior será sua

capacidade de resolver problemas, mais completas e complexas serão suas

respostas.

Por isso o meio é fundamental nesse processo. Sabe-se com bases

em evidências neurocientificas que há uma relação entre um ambiente rico e o

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aumento de sinapses, mas quem define esse ambiente estimulador, em se

falando de escola é o professor que irá se encarregar de estruturar o ambiente

para estimular e desenvolver as potencialidades de seus alunos.

A teoria de Auzubel foi basicamente pensada para o contexto

escolar e leva em consideração a história do sujeito e ressalta o papel do

educador no desenvolvimento de propostas que favoreçam a aprendizagem.

Ensinar sem levar em conta o que o aluno já sabe é um esforço em vão, pois

ele não terá onde ancorar a informação nova. Isto se torna um desafio para o

professor já que muitas vezes o currículo vem pronto e definido. Sem falar do

desafio diário de tornar a escola um ambiente motivador.

Sabemos que a motivação é condição essencial para o aprendizado.

Segundo Ivan Izquierdo:

“... sem fome não aprendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber agua, sem motivação não conseguimos aprender.”(Revista Nova Escola, junho/julho 2012)

Para Piaget a motivação é a procura por respostas quando a pessoa

está diante de uma situação que ainda não consegue resolver. Sem desafios

não há porque buscar soluções e se a questão for distante do que se sabe não

são possíveis novas sínteses. (Revista Nova Escola junho/julho 2012)

Propor aos alunos situações problemas do seu cotidiano ou da

comunidade onde a escola está inserida pode ser um bom caminho para

motivar os alunos. Envolvê-los em situações do dia a dia da sala de aula, de

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decisões que possam ser tomadas juntas com relação ao planejamento diário

pode ser outro caminho.

No cérebro há um sistema relacionado com a motivação e a

recompensa, é o sistema límbico citado no capitulo anterior. Quando o

individuo é afetado positivamente por algo, o sistema límbico libera uma

substância chamada dopamina que dá uma sensação de bem estar e prazer,

então isso mobiliza a atenção. E quando acontece o contrário, em uma

situação negativa, o sistema límbico também atua provocando uma repulsa.

Outro fator que mobiliza é o entendimento sobre algo. Nesse

momento o cérebro faz conexões e enxerga possibilidades de conexões entre

as informações disponíveis. “É o prazer mais intenso que o cérebro pode

experimentar”, explica o pesquisador Bruno Dela Chiesa. (Revista

Neuroeducação 2, 2012)

Outro aspecto importante é a atenção para o processo da

aprendizagem. A atenção para Piaget acontece quando há um entendimento

do que está sendo apresentado e o conhecimento tem significado e representa

uma novidade. Se for possível estabelecer uma relação entre esse elemento

novo e o que já se sabe, a atenção é despertada (Revista Nova Escola

junho/julho 2012)

Para Auzubel, a mente é seletiva, portanto só se desperta a atenção

sobre aquilo que se tem algum conhecimento prévio. (Revista Nova Escola

junho/julho 2012). A criança em uma determinada situação avalia sua

importância, destaca o que lhe interessa e transfere a sua atenção,

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deslocando-se do plano perceptivo para o plano da atenção por meio de um

processo seletivo.

A atenção envolve alterações em diferentes regiões do cérebro

simultaneamente, inibindo umas e ativando outras, sendo assim há dois

aspectos importantes a considerar sobre a atenção: a criação de um estado

geral de sensibilização denominado alerta e a focalização deste estado sobre

outros processos neurobiológicos. (LENT, 2005).

A percepção que os indivíduos têm sobre o mesmo objeto difere

entre si porque depende das experiências anteriores com as quais ele

associou e ficou na memória. Por isso é muito comum e poucos professores se

dão conta que nem todos entendem da mesma maneira o que ele falou. Para

uns foi muito fácil e para outros, muito difícil entender. Uma situação para

exemplificar é quando se ensina em matemática, venda a vista e venda a

prazo dividido em parcelas. Para a classe popular que tem essa vivência é fácil

entender, mas para uma classe alta que não vivencia isso, é muito difícil

entender como isto acontece. Poder-se ia então criar em sala de aula

situações de compra e venda envolvendo esses conceitos.

Por isso a falta de atenção dos alunos não é sinônimo de

indisciplina, pode estar ligada a falta de motivação. O conteúdo pode estar

inadequado dificultando o entendimento e as estratégias também podem não

estar adequadas. É importante estar atento a idade dos alunos, sua fase de

desenvolvimento e seus desejos para criar estratégias que estimulem a turma.

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Não se pode esquecer que o cérebro precisa de ritmo para

aprender. E também não se devem descartar os momentos de memorização.

A memória é extremamente importante, pois só aprendemos aquilo que

guardamos na memória.

Afirmando mais uma vez que a memória se torna mais efetiva se há

uma associação com algum conhecimento já adquirido. A ativação dos

circuitos neurais se dá em associação, isto é, uma rede é ativada e assim ativa

outras sucessivamente. Com isso mais estáveis e fortes se tornam as

conexões sinápticas.

Fazer associações para memorizar algum conteúdo tem grande

valor. Por exemplo, um aluno para decorar a capital de Roraima e Rondônia,

criou uma associação de ideias que facilitou a recuperação quando lhe era

pedido. Ela fez o seguinte: já que Roraima está mais acima no mapa ela

associou com Boa Vista, já que do alto se tem melhor visão. E Rondônia

então, seria Porto Velho. Dessa forma criou um mecanismo de associação que

facilitou o resgate na memória.

Vygotsky descreve que uma criança pequena constrói memórias por

imagens fazendo associações entre elas. No início ancorado em imagens e

mais tarde na linguagem. (Revista Nova Escola junho/julho de 2012)

Para Wallon, o ser humano é a integração entre afetividade,

cognição e movimento e, portanto as informações ou situações que afetam e

fazem sentido ficam guardados na memória com mais facilidade. (Revista

Nova Escola junho/julho de 2012)

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Dessa forma fica claro que esses teóricos colocam sob outro ponto

de vista o que já foi dito aqui sob uma perspectiva neurocientifica. O ser

humano cria memórias daquilo que lhe afeta e faz sentido. É no sistema

límbico que as percepções que temos do meio são sentimentalizadas através

da amigdala e é a área pré-frontal do cérebro que governa as nossas reações

emocionais.

pDestacam-se aqui alguns aspectos importantes desse capitulo:

� Para uma aprendizagem significativa é importante sondar o

conhecimento prévio que se tem do assunto.

� Estar mobilizado para aprender é importante porque desperta

o desejo e isso faz criar conexões sinápticas.

� O entendimento que se tem sobre um assunto mobiliza o

individuo porque causa satisfação já que libera um

neurotransmissor que lhe dá essa sensação.

� A atenção é seletiva, só se presta atenção em algo que faz

sentido para o individuo, que faz ligação com outro assunto.

� Formam-se redes neurais de associação no cérebro e que

para lembramos de uma situação acionamos várias áreas

cerebrais.

� Se uma aprendizagem for significativa para o individuo, ele

reterá a informação e essa passará a ser uma memória de

longo prazo e poderá ser utilizada em outras situações.

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� Quando a aprendizagem não é significativa, não faz sentido

para o individuo, o conhecimento adquirido não fica retido na

memoria por muito tempo. O conhecimento é usado e

descartado.

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CONCLUSÃO

Os estudos dos processos cognitivos que antes eram abordados

pela filosofia e psicologia tem agora evoluído bastante através dos estudos e

pesquisas na área da neurociência cognitiva. Essa ciência é relativamente

nova e tem suas raízes na neurologia, na neurociência e na ciência cognitiva.

A relação entre razão e emoção sempre foi motivo de investigação

desde os primeiros filósofos da Grécia Antiga e hoje se tem mostrado relevante

nos estudos feitos por neurocientistas e teóricos conhecidos como Piaget,

Wallon e Vygostky.

Este trabalho tinha por base investigar estudos relacionados com a

afetividade no processo ensino aprendizagem numa visão neurocientifica,

visando a relevância deste tema tão discutido na atualidade.

O estudo do cérebro emocional feito por Daniel Goleman em seu

livro: Inteligência Emocional trouxe a importância das emoções no

desenvolvimento da inteligência dos indivíduos. De que forma a emoção

interfere no comportamento e na vida das pessoas.

Wallon, Piaget e Vygotsky em seus estudos trazem como a emoção

interfere no processo de retenção da informação de forma positiva ou negativa.

Marta Relvas traz a contribuição do entendimento do cérebro, sua

anatomia e funções de cada área e a importância da visão do ser completo

com seu cérebro tríade: cérebro primitivo (autopreservação), cérebro

intermediário (emoções) e o cérebro racional (tarefas intelectuais).

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Outros autores como Roberte Metring, Claudio J. P. Saltini e Daniel

e Miguel Chabot foram consultados para enriquecer a pesquisa e proporcionar

um elo com o contexto escolar.

Assim sendo foi possível confirmar que a emoção interfere no

processo da aprendizagem dos indivíduos. No cérebro todos os estímulos

provindos do meio são enviados ao tálamo e a outras estruturas do sistema

límbico que disparam neurotransmissores ao corpo inibindo ou provocando as

sinapses e juntamente com o córtex pré-frontal, a região desenvolvida somente

em humanos responsável pelo raciocínio e tomada de decisões, processam a

resposta emocional ao meio externo. Essas respostas se dão através dos

comportamentos observados.

E também a emoção interfere em outros aspectos fundamentais na

aquisição de conhecimentos e formação de memória de longa duração, a

atenção e a motivação.

A atenção é fundamental para a aprendizagem. Várias áreas

cerebrais são ativadas ao mesmo tempo, umas mais do que outras em um

processo seletivo da informação. O cérebro faz conexões com conhecimentos

que se tem sobre algo. A atenção é despertada porque já se tem algum

conhecimento.

Outro aspecto é a motivação para aprender. Ela é essencial porque

desencadeia no cérebro descargas que promovem o potencial de ação dos

neurônios gerando novas sinapses.

Todo o cérebro precisa ser exercitado, precisa ser desafiado.

Provocar situações novas e desafiadoras promove o desenvolvimento do

cérebro. Quanto mais estímulos de qualidade receber, mais sinapses e redes

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neurais irá fazer maior capacidade de fazer relações terá. Esses são fatores

essenciais para se tornar um ser inteligente.

Nesse sentido proporcionar um ambiente rico e estimulador onde o

aluno possa utilizar diferentes áreas do seu cérebro irá contribuir para uma

aprendizagem significativa que leve o aluno a pensar e fazer o máximo de

relações possíveis entre os conhecimentos adquiridos.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

� ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Neurociência e sequência didática para

Educação infantil. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

� CUNHA, Eugenio. Afeto e Aprendizagem: relação de amorosidade e

saber na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak editora, 2010.

� CHABOT, Daniel e Michel .Pedagogia Emocional: sentir para aprender.

São Paulo: Sá Editora. 2005.

� GAZZANINGA, Michael S. Neurociência cognitiva. 2ª edição. Porto

Alegre: Artmed, 2006.

� GOLEMAN. Daniel. Inteligência Emocional: por que ela pode ser mais

importante que o QI. Rio de Janeiro. Objetiva, 2007.

� LENT, Roberto. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

� RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da Educação:

despertando inteligências e afetividade no processo de aprendizagem.

4ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.

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� RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação. 2ª edição. Rio de

Janeiro: Wak Editora, 2010.

� RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem. 5ª

edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

� RELVAS, Marta Pires. Neurociência na Prática Pedagógica. 2ª edição.

Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

� RELVAS, Marta Pires.(org.) Que cérebro é esse que chegou a escola?.

1ª edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

� REVISTA. Neuroeducação- volume 1 – Editora Segmento- 2012

� REVISTA. Neuroeducação- volume 2 – Editora Segmento- 2012

� REVISTA. Nova Escola – junho/julho 2012 – Editora Abril

� SALTINI, Claudio J. P. Afetividade e Inteligência. 5ª edição. Rio de

Janeiro: Wak Editora, 2008.

� Websites:

o http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/afetividade-e-emocao/

o http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=62

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o http://pedrorpb.blogspot.com.br/2009/04/circuito-de-papez-e-o-lobo-

limbico.html

o http://humanidadyciencia.blogspot.com.br/2010/03/nos-emocionamos-

con-la-emocion.htm

o lhttp://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/david-ausubel-

aprendizagem-significativa-662262.shtml

o http://www.infoescola.com/educacao/aprendizagem-significativa/

o http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem_significativa

o http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_conceitual

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- Neurociência cognitiva: um breve histórico 11

1.1 A visão do cérebro através dos tempos 12

1.2 A localização das funções cerebrais 14

CAPÍTULO II- Como o cérebro aprende

2.1. O cérebro racional 21

2.2. O cérebro emocional 29

2.3. Afetividade, aprendizagem e memória 37

CAPÍTULO III - Promovendo aprendizagens significativas 44

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 56

INDICE 59