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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A CONTRIBUIÇÃO DA ARTETERAPIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ENTRE CRIANÇAS DE 2 A 5 ANOS Por: Maria do Carmo Pessin Orientador Profa. Me. Fátima Alves Niterói 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Observando a construção do conhecimento que não é algo adquirido de ... A criança consegue se concentrar, por um curto período

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A CONTRIBUIÇÃO DA ARTETERAPIA NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL ENTRE CRIANÇAS DE 2 A 5 ANOS

Por: Maria do Carmo Pessin

Orientador

Profa. Me. Fátima Alves

Niterói

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A CONTRIBUIÇÃO DA ARTETERAPIA NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL ENTRE CRIANÇAS DE 2 A 5 ANOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Arteterapia na Educação e

Saúde.

Por: Maria do Carmo Pessin.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, meu filho Gabriel, minha mãe

Segunda, minha sobrinha Cíntia, minha

irmã Magdalena e as minhas queridas

amigas Helenice e Luciana.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu filho muito amado Gabriel.

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RESUMO

A contribuição da Arteterapia no desenvolvimento infantil foi escolhida a

partir de observações cotidianas e das dificuldades de aprendizagem

encontradas em crianças logo na primeira infância. As situações enfrentadas

no ambiente escolar com crianças com desvio do quadro normal do

desenvolvimento e as expectativas futuras de reabilitação são descritas com

enfoque na faixa etária de 2 a 5 anos. As técnicas de Arteterapia como apoio

para estimular a aprendizagem são descritas nas atividades com jogos,

brincadeiras, música e o toque. O desenvolvimento global (físico-motor,

cognitivo e social) está descrito com base em teóricos da Educação e da

Psicologia.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi basicamente pela pesquisa

bibliográfica (enfoque teórico), apesar de não existirem muitos títulos a respeito

da Arteterapia na educação. Pela falta de recursos bibliográficos a respeito de

Arteterapia na educação, alguns dados desta monografia têm dados em

teóricos sobre motivação e psicologia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Desenvolvimento Intelectual Infantil e o Lúdico 10

CAPÍTULO II - Contribuição da Arteterapia na aprendizagem através 18

de Jogos e Brincadeiras

CAPÍTULO III – Estimulação através da música e do toque 27

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

Essa monografia tem como objetivo compartilhar as experiências de

trabalhos com Arteterapia, buscando em vários teóricos do desenvolvimento e

comportamento humano, como Piaget, Mahler, Lacombe, Sara Pain entre

outros.

Ao descrever as fases mais relevantes do período do desenvolvimento

humano, vamos destacar experiências estimuladoras para aprendizagem no

decorrer de cada estágio do desenvolvimento.

Para facilitar a aprendizagem, iniciaremos com estímulos adequados a

interação, a convivência, para acomodar processos e modificar esquemas de

ação do sujeito.

Observando a construção do conhecimento que não é algo adquirido de

fora para dentro, e sim algo que podemos ensinar.

O conhecimento depende então da integração das ações sensório-motoras que

coordenadas, ativam,organizam e estruturam o sistema nervoso do organismo

humano.

Segundo Teixeira:

“Só se aprende para a vida quando não somente se pode

fazer a coisa de outro modo, mas também se quer fazer a

coisa desse outro modo. Só essa aprendizagem interessa

à vida e, portanto, à escola. Tal aprendizagem é

inevitavelmente, mais complexa”. (TEIXEIRA apud

PILLETI, 1986, p. 54)

É essencial, portanto, aprender como aprender. Para entender isso,

devemos conhecer algo sobre os princípios subjacentes no comportamento de

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um organismo. Diversos ramos da psicologia podem trazer alguma luz sobre

tais princípios.

Com a construção da inteligência no estágio sensório-motor a criança

passa a um nível mais elevado. O nível simbólico, isto é, a capacidade de

representar. Toda aprendizagem se realiza por motivo, por necessidades, mas

o resultado passa também a funcionar como elemento modificador do campo

dos motivos.

A ação da criança, as vivencias do mundo físico e as experiências de

fazer coisas significativas e contextuais é que possibilitarão a representação

em nível simbólico.

Criando oportunidades para que as sensações, ideias, sentimentos e

tudo que possa contribuir com esse estimulo ao desenvolvimento. Esta é a

proposta deste estudo. No capítulo I, vamos falar sobre o Desenvolvimento

Intelectual infantil e as atividades lúdicas, no capítulo II, vamos relatar como a

Arteterapia contribui na aprendizagem através de jogos e brincadeiras e no

capítulo III, descreveremos como ocorre a estimulação das crianças através da

música e do toque.

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CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL INFANTIL E O

LÚDICO

O desenvolvimento intelectual infantil é um processo que começa desde

o nascimento da criança e possivelmente antes. A inteligência, portanto, é uma

ação interiorizada, numa interação contínua com o mundo.

O período que vai do nascimento à aquisição da linguagem é marcado

por um extraordinário e complexo desenvolvimento da mente. Então, o bebê

progressivamente aumenta o autocontrole do seu próprio corpo e sentimentos.

Ele conseguirá lidar com as demandas da vida e agindo sobre os objetos e as

situações pouco a pouco, vai interagindo e reconstruindo o mundo, ao mesmo

tempo em que constrói sua inteligência. A inteligência se manifesta no

comportamento de muitas e amplamente maneiras. Toda situação de

aprendizagem supõe, no mínimo, duas pessoas um que aprende e outro que

ensina.

A melhor maneira de propiciar o desenvolvimento motor, social,

emocional e cognitivo das crianças é através da companhia das pessoas e

através das brincadeiras. E para estimular este desenvolvimento através de

brincadeiras é importante que a criança possa construir um repertório de

esquemas cognitivos, de recursos e de ferramentas para compreender a

realidade, agindo sobre ela.

As brincadeiras são muito mais do que momentos de recreação e

diversão para as crianças pequenas, elas devem fazer parte da rotina. As

crianças brincam, divertem-se e são estimuladas pelo convívio com outras

crianças, a resolverem as frustrações e produzidas nas situações cotidianas.

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Durante as brincadeiras podemos notar que as crianças vão conquistando a

noção de ganhar e de perder em brincadeiras com jogos, como por exemplo,

quando elas brincam de esconde-esconde ou corrida, onde o vencedor é o que

chega primeiro.

As brincadeiras e jogos também podem servir para incentivar a criança a

extravasar energia, desenvolver a imaginação, a criatividade, a coordenação

motora, a habilidade manual, o equilíbrio, o ritmo, a velocidade, a força e a

percepção do espaço temporal. As brincadeiras em um ambiente adequado

colocam a criança em contato com os sentimentos que a faz amadurecer e

vivenciar experiências que irão carregar por toda a vida.

Muitas idéias sobre aprender têm sido expressas em definições que na

maioria das vezes mencionam apenas o comportamento observável. Os jogos

de papéis ou faz-de-conta podem recriar situações que as crianças vivenciarão

em sua vida adulta. O jogo simbólico é bastante comum aos quatro anos de

idade.

Para o psicanalista Winnicott, é no brincar que uma criança manipula

fenômenos externos a serviço do sonho e veste esses fenômenos escolhidos

com significados e sentimentos oníricos. Ele ainda reitera a importância do

brincar na formação do ser humano e do seu caráter único, assim como no

desenvolvimento da criatividade. Brincar também está relacionado ao prazer.

Uma brincadeira, criativa ou não, deve sempre proporcionar prazer aos

participantes.

Segundo Winnicott:

“É no brincar e somente no brincar que o indivíduo,

criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua

personalidade integral e é somente sendo criativo que

descobre o seu eu.” (WINNICOTT, 1975, p.80).

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Algumas brincadeiras tornam a criança mais ativa e criativa. A

coordenação e o físico das crianças também são desenvolvidos através das

experiências vivenciadas no seu dia a dia. Portanto é fundamental brincar, pois

este ato está sempre presente no desenvolvimento pleno dos indivíduos.

1.1 - Os estágios da construção da inteligência

Piaget considera que o desenvolvimento cognitivo das pessoas obedece

a uma ordem de estágios. Para ele a natureza e as características humanas

mudam com o passar do tempo e com a evolução desses diferentes estágios.

A sua proposta de estudo é entender como a criança constrói conhecimentos

para que as atividades de ensino sejam apropriadas aos níveis de

desenvolvimento das crianças. Por isso, ele estruturou seu modelo de

desenvolvimento.

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas,

emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz

de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar

seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de

comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se

expressar, podendo apreender nas trocas sociais, com diferentes crianças e

adultos, cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas.

Ao agir sobre os objetos e situações, ao interagir com adultos significativos e

outras crianças.

Destacamos o que Jean Piaget desenvolveu sobre a teoria da

epistemologia genética para explicar o desenvolvimento cognitivo das crianças.

A inteligência é uma ação interiorizada que a criança vai reconstruindo o

mundo ao mesmo tempo em que constrói sua inteligência. O sujeito pode

adequar os seus esquemas dos objetos e situações construídos.

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“A inteligência não é um “dom” é uma construção.”

(PIAGET apud LACOMBE, 2002, p, 27).

A construção dos esquemas se dá através da assimilação, da

acomodação e da organização. As fases do desenvolvimento humano

postuladas pelo autor causaram uma revolução no entendimento da criança e

de sua relação com o conhecimento em cada período. Esses estágios são

sucessivos, isto é, seguem exatamente essa ordem de surgimento:

• Estágio sensório motor (zero a dois anos), com subestágios;

• Estágio pré-operatório (dois a sete anos), com os subestágios:

simbólico, intuitivo global e intuitivo articulado;

• Estágio operatório concreto (sete a doze anos);

• Estágio operatório formal (a partir de doze anos até por volta dos

dezesseis).

A criança compreende o mundo de diferentes modos em cada estágio

de seu desenvolvimento. O primeiro é uma preparação para o surgimento do

próximo e a transição entre eles não é abrupta: enquanto o primeiro está se

construindo, já está preparando o surgimento do próximo estágio. O que marca

esses estágios é o fato de cada um deles apresentar características próprias.

Abaixo é destacado o que pode ocorrer em cada período:

No estágio sensório motor, ou seja, até um mês e meio de vida, o bebê

age somente por reflexos. Nesta fase é importante estimular os sentidos

usando músicas suaves e ou agitadas, para cada fim especifico abraçando e

acariciando o bebê.

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Nos dois meses, ele se diverte quando é levado ao alto e adora fixar o

olhar em objetos coloridos. Os brinquedos sugeridos são os que possuem

texturas variadas e de formatos de fácil manipulação. Os móbiles coloridos e

de preferência os que emitem sons.

Dos cinco aos sete meses, a criança normalmente já consegue ficar por

mais tempo fixando um objeto. Volta-se para a direção de onde vem algum

som e até emite alguns ruídos para chamar atenção.

De oito a dez meses, a criança pode interagir com jogos simples, do tipo

que se aperta algum botão e há emissão de som, então ela pode buscar com

as mãos pelo objeto de sua vontade. Os livros plásticos, no momento do

banho, são agradáveis nessa fase. Ambiente muito colorido. O contraste de

cores é muito estimulador.

De onze meses a um ano, é predominante o desenvolvimento da

linguagem. A criança consegue se concentrar, por um curto período de tempo,

ouvindo uma história. A criança repete tudo o que escuta e reproduz as

palavras que aprendeu.

O uso do celular é ótimo elemento para produzir conversas e situações

do cotidiano. Seu equilíbrio está progredindo, brinca com bola que lhe

proporciona satisfação e os livros com figuras grandes e com pouco texto e

com imagem de objetos e personagens do seu dia-a-dia, como: carro, animais,

frutas, mamãe, papai e outros familiares.

Escreve Pain:

“No desenvolvimento que vai desde a concepção mental

de uma imagem até sua objetivação em uma

representação concreta intervém um conjunto de fatores e

de condições cujo estudo torna-se necessário para se

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compreender o processo do sujeito e as dificuldades que

ele pode encontrar.” (PAIN, 1996, p.36)

Na faixa de um ano a um ano e seis meses, a criança aprecia imitar os

sons e brincar de espalhar e derrubar os objetos. Os brinquedos com formas

geométricas, potes e tampas nessa idade são indicados.

De um ano e seis meses a dois anos, a criança já reconhece algumas

cores e formas. Gosta descobrir como as coisas funcionam; sabe procurar e

encontrar os objetos escondidos. Aprecia os brinquedos de empurrar, puxar e

encaixar.

Neste trabalho monográfico destaca-se o período após os dois anos,

onde o egocentrismo começa a dar lugar para a socialização. Até os dois anos

e meio, assimila centenas de palavras em pouco tempo, é capaz de construir

frases simples e completas, reconhece e classifica cores, formas e espessuras.

Sabe o que pode e o que não deve fazer. Os brinquedos com diferentes formas

e tamanhos para fazer torres e construções são muito apreciados.

Aos três anos começa a fase do questionamento. É a fase do “por quê?”.

O vocabulário é extenso e se comunica perfeitamente. Com quatro anos, a

criança apresenta maior coordenação global e coordenação motora fina. Gosta

de fechar e abrir portas entre outros que possuem essa função e objetos de

tamanhos decrescentes e que se encaixam um dentro do outro, para serem

empilhados, são bem aceitos. Os trabalhos manuais, com tesoura de ponta

redonda e sob a supervisão de adultos, são ótimos para estimular coordenação

motora.

Com cinco anos, a motricidade está bem definida e ela consegue

realizar pinturas mais elaboradas com lápis de cor, giz de cera, canetas

hidrográficas e tintas diversas. São sugeridas a modelagem em massinha,

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argila ou gesso. A criança se torna mais sociável. Os jogos de quebra -

cabeças e jogos com regras e objetivos mais complexos são ideais nessa fase.

A vivência e os conhecimentos prévios da criança são o ponto de partida

e assim se amplia, com o objetivo de levá-la a construção de novos

conhecimentos e valorizando suas descobertas e manifestações. Portanto as

situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma

integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades

infantis de relação interpessoal.

Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos. Através dos

jogos como de recitar ao seu modo a sequência numérica, por exemplo, ou de

fazer comparações entre quantidades numa brincadeira com crianças de seis

anos, essas ações ocorrem fundamentalmente no convívio social e no contato

das crianças com histórias, contos, brincadeiras, jogos e música. Assim vários

tipos de brincadeiras e jogos que possam interessar à criança pequena

constituem-se rico contexto de aprendizagem para o seu desenvolvimento.

1.2 - O lúdico no estágio pré-operatório.

A partir de dois anos a criança entra em um novo estágio de construção

de sua inteligência: é o estágio pré - operatório, ou inteligência simbólica. Nesta

fase se constroem os esquemas simbólicos. Aquele mundo até então

apreendido pela percepção e pela ação vai aos poucos sendo interiorizado,

podendo assim, ser evocado através de imagens.

“É nesse momento que se constrói o pequeno artista

alguém que é capaz de ir para além do real pela

imaginação e pela criatividade.” (LACOMBE, 2002, p.24)

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O estágio pré-operatório pode ser subdividido em três momentos,

segundo Ana Maria Lacombe em seu livro “Acenderam fogo”:

a) subestágio simbólico (entre 18 meses e quatro anos): O pensamento da

criança é egocêntrico. Ela compreende o mundo a partir do seu ponto de vista.

É característica dessa fase o jogo simbólico (faz-de-conta) e o jogo de imitar.

b) subestágio intuitivo global (dos quatro aos cinco anos): A diferença com o

subestágio anterior (simbólico) é que a criança já consegue maior interação

cognitiva com as outras crianças e adultos. Ela atende a uma ordem e da conta

de uma proposta, porém suas respostas são totalmente calcadas na

configuração, na imagem dos objetos, não levando em consideração as

articulações lógicas que possam existir entre eles.

c) subestágio intuitivo articulado (dos cinco aos sete anos): Esse período é

indicado pela transição para o estágio seguinte das operações lógicas

concretas. A introspecção favorece a capacidade de buscar dentro de si idéias

(mundo simbólico). Nessa fase a criança aprende a ter um mundo interior

(brincar e criar com a imaginação), mas para isso é preciso ter sido estimulada

na sua imaginação através de jogos e brincadeiras criativas. Esse período é

indicado pela transição para o estágio seguinte das operações lógicas

concretas.

Segundo Lacombe:

“Começa a descontração do pensamento da criança.”

(LACOMBE, 2002, p.25).

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CAPÍTULO II

CONTRIBUIÇÃO DA ARTETERAPIA NA

APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE JOGOS E DE

BRINCADEIRAS

A Arteterapia é um processo que contribui com o desenvolvido através

da expressão artística (materiais gráficos, plásticos e cênicos) representando

um instrumento facilitador do trabalho terapêutico e social, tendo em vista

alcançar a maturidade psíquica (individualização), a integridade da

personalidade através do contato com a experiência emocional, como se a arte

tivesse, por ela mesma, propriedades curativas.

O trabalho de Arteterapia se orienta de acordo com várias tendências.

As mais próximas da clínica psicoterapêuticas consideram a atividade plástica

como secundária, o efeito terapêutico sobrevém somente das trocas verbais

em torno do conteúdo da obra. A expressão plástica é, então, utilizada como

meio de motivar a comunicação verbal ou como a única maneira de

estabelecer uma comunicação.

2.1 - O papel da arteterapia no processo de aprendizagem

O papel do arteterapeuta é o de acompanhar o processo do paciente,

ser testemunha de sua trajetória, ajudá-lo a superar os obstáculos encontrados,

considerando-os, ao mesmo tempo, de um ponto de vista subjetivo e objetivo.

Portanto, pode-se dizer que todos os profissionais que trabalham no

domínio da pedagogia (educadores) ou aqueles da assistência (enfermeiros,

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fonoaudiólogos, psicólogos) e que têm interesse em trabalhos de arte podem

exercer a Arteterapia no domínio de sua formação de base (artísticas,

pedagógica, psicológica).

De acordo com Pain:

“O processo terapêutico será mais profundo em certos

contextos, visa mais ou menos a estrutura inconsciente do

sujeito.” (PAIN, 1982, p. 20).

Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os

outros, por meio dos vínculos que estabelece. A aprendizagem acontece na

integração com as outras pessoas, sejam eles adultos ou crianças, mas ocorre

de forma diferenciada, pois depende da “bagagem” que cada criança traz.

Dentre os recursos que as crianças utilizam, destacam-se a imagem corporal

entre outros que iremos falar no decorrer deste estudo.

2.1.1 - Os problemas corporais

A aquisição da consciência dos limites do próprio corpo é um aspecto

importante do processo de diferenciação do eu e do outro e da construção da

identidade. Essa consciência é adquirida por meio das explorações que faz do

contato físico com outras pessoas. A criança aprende sobre o mundo, sobre si

mesma e comunica-se pela linguagem corporal e verbal.

O filósofo Descartes era mecanicista e considerava que:

“O corpo é um conjunto de reflexos regidos pelas leis da

física e da mecânica.” (DESCARTES APUD DE PAULA,

ERCÍLIA MARIA, 2007, p.25).

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A estimulação precoce nos primeiros anos de vida da criança é um fator

de importância a ser realizado em favor de um desenvolvimento harmonioso. A

falta de investimento do instrumento criativo primário, o próprio corpo, constitui

fator de fracasso da função representativa. O resultado é uma má integração

do corpo como centro simultâneo das coordenações sensório-motoras, das

emoções e da imagem.

A arte pode ser utilizada com forma de expressão. O conjunto de ações

com criatividade começa quando o individuo consegue encontrar soluções

agradáveis em seu beneficio e quando utiliza a produção artística como forma

de criar e recriar sua vida, trazendo do inconsciente os conteúdos mais

internos.

O primeiro passo para o trabalho de arteterapia é a construção de um

vínculo durante o trabalho, além de estabelecer um contato harmonioso com as

crianças. O arteterapeuta não deve reduzir-se a escolha de um estilo definido

de prática das artes, mas sim permitir diversas maneiras e expressões de

acordo com cada paciente.

2.2 - Os jogos e as brincadeiras

“Brincar é uma atividade fundamental para o

desenvolvimento da identidade e da autonomia.”

(REFERENCIAL CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL, 1998, p.22)

A palavra "jogo" se origina do vocábulo latino ludus, que significa

diversão, brincadeira. O jogo é conhecido como meio de fornecer à criança um

ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a

aprendizagem de várias habilidades.

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Aprendizagem em Psicologia é o processo de modificação da

conduta por treinamento e experiência, variando da simples aquisição de

hábitos às técnicas mais complexas.

Piaget diz:

“A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma

de desafogo ou entretenimento para gastar energia das

crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o

desenvolvimento intelectual.” (PIAGET APUD LACOMBE,

2002, p.36).

A estimulação das crianças ocorre desde o ventre materno. Ela pode ser

feitas de diversos modos e varia de acordo a idade da criança. O som da voz

materna é aconchegante e transmite segurança e carinho para o bebê; a

massagem estimula cada parte do corpo; e a música e o contato físico revelam

os seus sentimentos por ele.

Os jogos e as atividades criativas poderão transformar o dia-a-dia das

crianças de várias formas: no agir, no pensar e vivenciar conteúdos. Os jogos

criativos são utilizados para o desenvolvimento humano e está a serviço da

educação plena e participativa. Por isso os jogos criativos serão o ponto de

partida. Estes são atividades de artes plásticas, música, teatro, canto e dança.

Nesse panorama vamos destacar algumas atividades. O jogo, com suas duas

formas essenciais de exercício, sensório-Motor e de simbolismo auxilia a

assimilação da real à atividade própria. É necessário e transformador.

O canto é estimulador e acompanhado por gestos motiva a criança a

imitar a atividade que está sendo feita. Estimular outros sentidos utilizando o

tambor, por exemplo, para fazer música, estimula o toque das mãos (tato) com

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objetos de diferentes texturas e cores. Colocar músicas de diferentes ritmos e

dançar com ele fará com que ele tente imitar a coreografia.

O teatro e o conto de histórias estimulam a imaginação e imitação, pois

a criança tentará imitar os sons e os gestos. Essa atividade também pode ser

realizada durante o banho, com livros apropriados, mostrando as imagens e

desenhos. Neste momento o responsável também pode relatar o que acontece

durante o banho. Brincadeiras com objetos e brinquedos que possam ser

preenchidos e esvaziados ou brincadeiras de esconde-esconde com uma

toalha fazem deste momento mais divertido.

As brincadeiras com brinquedos que façam barulho, que sejam bem

coloridos, e de diferentes formas, texturas e tamanhos ajudam as crianças a

desenvolverem os sentidos da audição, visão e tato. Os responsáveis devem

permitir que as crianças joguem alguns objetos no chão, pois assim ele repetirá

inúmeras vezes este movimento, criando a noção de causa e efeito. Outra

brincadeira estimulante é deixar sempre à mão objetos que possam ser

colocados e retirados de uma caixa, que possam ser empilhados e encaixados

ou brinquedos que flutuem para estimular a percepção e curiosidade. Ao longo

das brincadeiras é importante que o adulto relate tudo o que está ocorrendo,

assim a criança começará a repetir algumas silabadas.

A hora das refeições também é um bom momento para o

desenvolvimento do sentido do paladar nos pequeninos. É muito importante

relatar o que eles estão comendo, já que está é outra forma das crianças

diferenciarem a cor dos alimentos e o tipo de gosto (salgado, doce). É

importante também estimular a ingestão de líquidos em copinhos ou com o

auxílio de canudinhos.

O contato com a natureza é um importante estimulador de sentidos

nesta faixa etária. O adulto pode proporcionar às crianças a relação com

alguns animais, como cachorros e gatos, ensinando a elas o som que cada

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animal emite. Outra forma de estimular é fazê-las observar o balanço e barulho

das folhas ao vento, sentir o sol no rosto, pisar na areia da praia ou molhar-se

na água do mar. Além disso, algumas brincadeiras envolvendo o meio

ambiente tornam a criança ativa e criativa. A coordenação e o físico das

crianças também são desenvolvidos através das atividades de movimento

como correr e pular.

As brincadeiras são muito mais do que momentos de recreação para as

crianças pequenas e devem fazer parte da rotina da educação e do tempo da

criança. Elas divertem, estimulam o convívio com outras crianças, dão noções

de ganhar e perder proporciona o contato com a frustração e reproduzem

situações do dia-a-dia. Além disso, podem incentivar a criança a extravasar

energia, desenvolver a criatividade, a imaginação.

A habilidade manual, a coordenação, o equilíbrio, o ritmo, a força, a

velocidade e a percepção do espaço temporal, realizadas em um ambiente

adequado, as brincadeiras lúdicas colocam a criança em contato com os

sentimentos, que a faz amadurecer e lhes transmite experiências que vão

carregar para sempre.

Piaget desenvolveu trabalhos na área de Psicologia Genética e se

interessou pelo jogo infantil. Outro pesquisador nesta área foi Henri Wallon.

Analisando o estudo dos estágios propostos por Piaget, Wallon fez inúmeros

comentários onde evidenciava o caráter emocional em que os jogos se

desenvolvem e seus aspectos relativos à socialização. Referindo-se a faixa

etária dos sete anos, Wallon demonstra seu interesse pelas relações sociais

infantis nos momentos de jogo e diz:

“A criança concebe o grupo em função das tarefas que o

grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se

com seus camaradas de grupo, e também das

contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos

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onde existem duas equipes antagônicas.” (WALLON

APUD LACOMBE, 2002, P.31).

O brinquedo e o jogo estimulam os sentidos, pois conota a criança e tem

uma dimensão material, cultural e técnica. Como objeto é sempre suporte de

brincadeira. A ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do

jogo, ao mergulhar na ação lúdica.

Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir" e, nesse

contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um

transmissor. A ideia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou

transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Seu

interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem,

suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um

gerador de situações estimuladoras e eficazes. É nesse contexto que o jogo

ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que

propõe estímulo ao interesse do aluno.

O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e

enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento de aprendizagem. As

áreas das inteligências que podem ser estimuladas através da utilização de um

jogo mais conhecidos, são de natureza material ou até mesmo verbal e incluem

as dimensões lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, sinestésico-

corporal, naturalista, intrapessoal.

Na área de inteligência linguística temos como exemplos o jogo da forca,

telefone sem fio entre outros. Na inteligência lógico-matemática o dominó,

jogos das tampinhas, jogo das formas e baralho de contas. Na inteligência

espacial temos o jogo da sucessão e jogo da memória.

Segundo Cascudo:

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"cultura popular, tornada normativa pela tradição". Os

jogos populares, ao lado dos acalantos, adivinhas e

cantigas de roda, estão reunidos sob o título de "Folclore

Infantil". Os jogos tradicionais como amarelinha, o

esconde-esconde, a queimada, a cabra-cega, são

encontrados nas diferentes regiões do Brasil e do mundo.”

(CASCUDO APUD LACOMBE ,P.67).

Embora não seja objetivo deste artigo a investigação das dimensões

antropológicas do jogo infantil, é imprescindível o registro de sua importância

no quadro cultural de qualquer comunidade onde está sujeito às influências de

ordens social e político-ideológica como a demais manifestação cultural.

Pode-se perceber a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o

desenvolvimento intelectual e social da criança, mas faz-se necessário também

associar os mecanismos da aprendizagem com a integridade do sistema

nervoso. Crianças com algum tipo de problema neurológico ou motor

necessitam de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas atividades

pedagógicas.

Segundo Teitelbaum:

“Os reflexos são psicologicamente significativos por causa

da maneira como estão integrados em atos mais

complexos do comportamento. O bebê recém-nascido

possui apenas os mais simples rudimentos de

comportamento.” (TEITELBAUM, 1976, p. 93).

O bebê dorme e desperta, cria-se ao peito materno e quando sofre,

chora e grita. É incapaz de qualquer ação dirigida voluntária, porem após

alguns meses sorri para o rosto materno, observa os seus movimentos,

estende os braços para agarrar a mamadeira cheia de leite, num ato voluntário

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bem dirigido. Como se desenvolve o seu comportamento? Existem

componentes simples que acabam integrados em atos mais complexos de

comportamento? Grandes diferenças individuais e culturais se notam na

referência ao momento cronológico e à duração das diversas etapas e às suas

características (por exemplo, época do desmame, da educação dos

esfíncteres).

Escreve Pain:

“No desenvolvimento que vai desde a concepção mental

de uma imagem até sua objetivação em uma

representação concreta intervém um conjunto de fatores e

de condições cujo estudo torna-se necessário para se

compreender o processo do sujeito e as dificuldades que

ele pode encontrar”. (PAIN, 1996, p. 42)

Com a aprendizagem da marcha e da linguagem, começa o

desenvolvimento especificamente humano da criança. Prazer com a atividade

muscular, curiosidade pelas partes do corpo e suas funções, aprendizagem do

controle de esfíncteres.

A princípio, a ação e a voz estão vinculadas em sua significação, dentro

do comportamento global. Depois, a linguagem passa a ser continuação da

ação por meios verbais. De início, frases de uma palavra; depois, de duas

palavras. A função simbólica vai-se incrementando e passando por uma etapa

de estilo telegráfico, acaba a criança dispondo de todos os tipos de frase aos

três anos.

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CAPÍTULO III

ESTIMULAÇÃO ATRAVÉS DA MÚSICA E DO TOQUE

O brincar é uma atividade natural da criança que possibilita uma livre

exploração por parte da criança, estimulando o desenvolvimento de habilidades

e conteúdos específicos tão necessários em uma proposta de intervenção

precoce. A estimulação com atividades de arte devem ser direcionadas,

significativas e adequadas às necessidades de cada indivíduo. Portanto, é

fundamental para a aprendizagem o estimulo. Ressalta-se então a música, o

toque, e seus objetivos com apoio da arteterapia. Oferecer informações

multidisciplinares sobre como ajudar as crianças com atraso no

desenvolvimento sensório-motor e ressaltar a importância da estimulação

desde pequenos, com a utilização de técnicas de Arteterapia.

As crianças que apresentam atraso no desenvolvimento sensório-motor

devem, ou melhor, deveriam realizar atividades que visam o desenvolvimento

global. E estimulando tanto as habilidades sensório-motoras quanto os

aspectos cognitivos por meio de atividades lúdicas. As atividades

desenvolvidas bem como realizar estudos teóricos pertinentes à temática e os

registros dos dados necessários para as discussões e mudanças ou não das

propostas. Desmistificar a crença da fragmentação do homem, na qual

profissionais da reabilitação são responsáveis pelos aspectos relacionados ao

corpo.

Segundo Teitelbaum:

“Quanto mais forte é o estimulo, tanto maior é a

freqüência dos impulsos neurais idênticos gerados numa

determinada fibra nervosa e tanto maior o número de

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fibras que respondem ao estimulo.” (TEITELBAUM, 1976,

p.70).

Diante desses fatos, pode-se explicar o caráter das sensações

psicológicas produzidas pelos estímulos. Destaca-se o que acontece em cada

fase logo abaixo:

Até um mês e meio de vida o bebê age somente por reflexos. Nesta fase

é importante estimular seus sentidos com músicas, abraços e carícias.

Nos próximos dois meses o bebê se diverte quando é levado ao alto,

adora fixar o olhar em objetos coloridos. Os brinquedos sugeridos são os que

possuem texturas e formatos de fácil manipulação, móbiles e os brinquedos

que emitem sons.

Dos cinco aos sete meses a criança já consegue ficar mais tempo fixando

um objeto.

A recepção dos estímulos interiores em consideração a percepção dos

estímulos externos. O fenômeno da resposta do sorriso é não somente o

identificador de um afeto, mas, além disso, um jeito de realizar os processos

iniciais de pensamento. Graças à existência de frustrações repetidas

acompanhadas de contentamentos o bebê poderá adquirir uma autonomia

cada vez maior.

No sexto mês, a integração de trações mnêmicas, sob a ingerência

crescente do ego, permitirá a síntese de imagens de pré-objetos, bom e mau,

para produzir a imagem materna única em direção a qual as pulsões

agressivas e libidinais se orientam. O entrelaçamento dessas duas pulsões,

dirigindo-se à pessoa mais investida afetivamente, faz surgir o objeto libidinal

propriamente dito.

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Em torno do oitavo mês, a criança começa a "estranhar" os rostos dos

desconhecidos, pois os confronta com o de sua mãe. Essa manifestação de

ansiedade indica o prenúncio do segundo organizador psíquico que faz

aparecer o estabelecimento de uma verdadeira relação objetal: a mãe tornou-

se objeto libidinal. Nessa fase, o ego se estrutura e delimita suas fronteiras com

o Id de um lado e o mundo exterior do outro. O bebê progride nos setores

perceptivo, motor e afetivo, começa a reconhecer coisas inanimadas, e a

demonstrar ciúme, cólera, possessão, afeição, alegria, etc. Amplia suas

relações com os outros, tornando-se cada vez mais independente de sua mãe.

Adquire o "não".

Ao final do primeiro ano o bebê anda, multiplicando suas atividades e

distanciando-se cada vez mais de sua mãe. Esta começa a impor-lhe limites o

que provoca no bebê o medo de perder seu objeto libidinal pela desobediência,

levando-o a agressividade por sentir-se impotente para uma reação.

O terceiro organizador que se revela aos 15 meses indica que o bebê,

pelo gesto do maneio da cabeça, chegou a "concretizar a abstração de uma

recusa ou de uma “negação". Quando o bebê domina o "não" demonstra que o

terceiro organizador psíquico já está formado e inicia-se a comunicação verbal

marcada por uma grande obstinação no segundo ano de vida.

Spitz, com o seu método observativo, trás à Educação um grande

auxiliar no reconhecimento de sintomas e reações de crianças pequenas na

Educação Infantil. Através do estudo de sua teoria fica fácil ao “educador”

identificar não só as diversas fases psicológicas pelas quais está passando o

seu pequeno educando, como também verificar se, de alguma forma, este está

sendo ou não privado do seu direito básico de afeto, o que levará ao

aconselhamento dos pais ou ao suprimento pela própria escola desse afeto,

caso a mãe não possa estar disponível para fornecê-lo durante o mínimo de

tempo que a criança necessite.

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Donald W. Winnicott (1896-1971) preocupou-se em sua vida acadêmica

em explicar o desenvolvimento da criança em interação com o seu meio

ambiente, para ele o brinquedo não no sentido de jogo, mas sim no sentido de

"atividade". É no brincar e quem sabe apenas quando ela brinca que a criança

ou o adulto permanece livre para se mostrar inventivo.

Winnicott sofreu influências de Freud e mais marcantemente de Melanie

Klein, embora sua teoria seja completamente dissociada dela. Winnicott se

ateve particularmente as relações (à mãe-filho) e suas conseqüências sobre o

desenvolvimento do lactente, desde os primeiros momentos de vida. Introduziu

uma nova noção da teoria psicanalítica clássica, contribuindo muito, dado à

diversidade de seu tipo de abordagem de pacientes crianças e adultos.

Para Winnicott, a palavra-chave da saúde mental do bebê é

"dependência", já que o potencial herdado de um bebê só pode transformar

uma criança se este se emparelha nos cuidados maternos. Existem, além

desses cuidados, outras tendências inatas para a integração e o crescimento

que variam de um indivíduo para o outro.

Os cuidados maternos permitem prevenir as distorções precoces; o ego

da mãe supre o ego da criança que não está ainda constituído, oferecendo-lhe

um ambiente favorável. Logo ao inicio, os cuidados maternos suficientemente

bons são uma necessidade absoluta. É essencial que eles despertem na

criança o prazer de viver, que suscitem o prazer das sensações e o auto-

erotismo, já que a inclinação inata ao prazer é variável de um lactente para

outro, e, sem a mãe, a tendência ao prazer não pode embasar as outras

tendências.

Para ele, no inicio, o ego da criança é ao mesmo tempo forte e fraco, e a

PMP condiciona o começo da estruturação do ego; esta deve incidir num

"sentimento contínuo presumido de existir", não interrompido por reações a

influências externas. O papel de espelho que a mãe faz para a criança trata-se

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da função de suporte que o ego da mãe assegura junto ao ego do filho (relação

com o ego). Quando o bebê no seio olha o rosto da mãe, ele se vê de alguma

forma "em reflexo" na face materna. Esta corresponde à fase de identificação

primária.

A experiência que a criança está vivendo se repetirá e ganhará cada vez

mais sentido estendendo-se progressivamente de uma dimensão simbólica

para um sentimento de realidade. Assim, depois de algum tempo, ao olhar a

face da mãe, a criança poderá ai ver sua própria face ou também sua face para

ela, passando a criança da projeção à percepção. Este é o início do processo

de separação do não-eu e eu.

Caso a mãe falhe no seu papel de espelho, refletindo somente seu

próprio estado de alma ou a rigidez de suas próprias defesas, ou ainda, se ela

não responde de modo que o filho não recebe de volta o que estava

oferecendo, como conseqüência, a própria capacidade criativa da criança

atrofia-se, ela não recebe nenhum reflexo de si mesma e o inicio de troca com

o mundo exterior fica impossibilitado.

Segundo Sara Pain:

“Para ter noção do objeto é preciso que as diferentes

percepções que se podem ter dele sejam coordenadas

em sua totalidade coerente, ordenada em um espaço. É a

ação exercida sobre o objeto (manipulação, rotação) que

permite a integração de suas faces e de sua

conservação”. (PAIN apud LACOMBE, 1987, p.40)

Winnicott aborda três perspectivas nas quais o ambiente deve intervir

para permitir a maturação do ego da criança. São elas:

O holding - modo como a criança é segurada

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O handling - maneira como ela é tratada, manipulada, cuidada

O object-presenting - modo de apresentação do objeto.

Winnicott dedicou-se mais particularmente ao holding, pois para ele,

a forma física de a mãe segurar a criança é a base de todos os aspectos mais

complexos em geral. O holding tem essencialmente uma função de proteção

contra todas as experiências freqüentemente angustiantes, que são vividas

desde o nascimento, sejam de natureza psicológica, sensorial, ou que elas

digam respeito à vivência psíquica do corpo. O holding compreende toda a

rotina de cuidados cotidianos que necessitam de uma evolução e uma

adaptação progressiva, na medida em que são dispensáveis, à medida que a

criança cresce. Se o holding é assegurado de modo adequado e regular, o

sentimento contínuo de existir do bebê é preservado e a maturação do lactente

é então possível. Para Winnicott esta maturação se faz segundo três

"esquemas principais":

- o primeiro processo de "integração", que conduz a criança a um estado de

unidade. É a constituição do eu e do "self", conseqüente ao holding;

- o segundo processo é a "personalização" ou a "inter-relação psicossomática",

isto é, a instalação da psique na soma e o desenvolvimento do funcionamento

mental. Efeitos do handling.

- terceiro processo diz respeito à edificação das "primeiras relações objetais"

que levam à capacidade de utilizar o objeto. É determinado pelo modo pelo

qual o ambiente apresenta a realidade exterior à criança.

Estes três processos estão intrincados e participam na constituição do

ego. Permitem também à criança chegar ao que Winnicott chama de

"capacidade de estar só".

O autor ainda dividiu a evolução da relação mãe-filho em duas fases:

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- A fase de "dependência absoluta" dos cuidados maternos corresponde aos

"cinco primeiros meses". Nesta fase, a criança está em fusão com sua mãe, e

quanto mais esta compreende exatamente as necessidades de seu filho,

melhor este se desenvolve.

- A fase de "dependência relativa" estende-se entre o sexto mês e o fim do

primeiro ano, ela já está esboçada desde o quarto mês, de modo variável, de

acordo com os bebês. É ao longo deste período que a criança diferencia-se

progressivamente de sua mãe, ela não espera mais uma compreensão e uma

satisfação mágica de suas necessidades por parte da mãe. Torna-se capaz de

estabelecer uma relação objetal e, por este fato, cabe a ela dar um sinal para

chamar sua mãe, é, então, muito importante que esta compreenda a

necessidade da criança de manifestar um sinal antes que ela satisfaça sua

necessidade.

Na fase da dependência relativa, a criança começa a "ser consciente da

dependência". A necessidade da mãe torna-se progressivamente consciente,

sendo que se desenvolve o inicio de uma "compreensão intelectual", que vai do

simples reflexo condicionado à compreensão da linguagem, passando por

todos os níveis intermediários.

Ela enfrenta progressivamente o mundo e identifica-se com a sociedade.

Paralelamente, desenvolve-se a socialização e a aquisição do senso social. No

entanto o afastamento dos recém-nascidos das mães não só dificulta esse

desenvolvimento como deprime seu sistema imunitário.

3.1 – O toque

Tocar a pele é estímulo vital e há uma ocorrência de todo momento na

vida das pessoas, que as influências de um modo muito profundo e à qual elas

não dão a devida atenção. Trata-se do toque ou contato físico ou estímulo

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cutâneo. As experiências indicaram que, em certas situações, a estimulação

cutânea pode significar a diferença entre a doença e a saúde ou entre a vida e

a morte. A importância de tocar os bebês foi observada em experiências com

bebês prematuros.

A carícia é todo estímulo que o indivíduo recebe, com toque direto ou

por qualquer meio. As carícias podem ser positivas ou negativas; as pessoas

procuram as carícias positivas, mas, se não as obtêm, buscam mesmo as

negativas, pois ambas fazem o indivíduo se sentir vivo. A ausência de carícias

leva à morte, como ficou claro na experiência de René Spitz, que utilizou três

grupos de bebês: um grupo, que recebeu carícias três vezes por dia, outro que

recebeu contatos nas ocasiões rotineiras e outro no qual os contatos se

restringiram ao mínimo. Neste último, várias crianças definharam e morreram

da condição chamada marasmo.

Observações sobre o comportamento dos animais mostram que as

mães lambem repetida e prolongadamente todo o corpo dos recém-nascidos e

os mantém junto ao seu corpo nos primeiros dias, e isso garante seu

crescimento e desenvolvimento iniciais.

Tem-se como certo, hoje, que o contato físico é essencial para que os

bebês tenham desenvolvimento físico, neurológico, psicológico e emocional

normal. A pele transmite a natureza do contato, por meio dos

neurotransmissores e nervos, até o sistema nervoso central e este modula, por

meio dos mesmos mensageiros e das células imunitárias cutâneas, o estado

da pele.

A pele desempenha um papel certamente decisivo na saúde e na vida

psicológica das pessoas e, às vezes, na recuperação de doentes

desenganados, existindo relatos de quem tenha saído do estado de coma pela

estimulação corporal amorosa e prolongada. Aquele princípio de não segurar

no colo para não deixar a criança manhosa, já foi provado altamente maléfico.

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Quanto mais contato a criança tiver, quanto mais prontamente for atendida em

suas necessidades de aconchego e carinho mais segura ela será e mais se

desenvolverá somática e neurologicamente.

As práticas indianas, de massageiam “Shantala” na pele dos bebês com

óleo de gergelim é muito conhecida e usada para esse fim.

3.2 – A música no ambiente de aprendizagem

Nos primeiros meses o bebê gosta de se mexer e brincar. Essa

capacidade de mexer-se o toque da mãe vai satisfazer suas necessidades

básicas de movimento e ajudarão a formar a consciência corporal. E assim vai

por todos os sentidos, o contato pele a pele e o diálogo corporal, são as formas

primarias de comunicação, são a construção vital do eu e do outro.

Através das brincadeiras a criança interage com o meio e sente-se

produtora da ação, o que lhe dá prazer ao adquirir os primeiros esquemas de

ação para interagir. Assim os esquemas lúdicos ou imitativos vão surgindo. A

imitação nasce com a repetição ativa quando a criança imita e repete aquilo

que lhe desperta o interesse. O brincar contribui com o crescimento cognitivo e

motor entre outras potencialidades que podem ser exploradas ao longo de

todos esses anos. Usando a música como instrumento mediador, o toque e as

experiências do cotidiano vão contribuindo com o desenvolvimento e a

aprendizagem.

A Arteterapia entre duas vias, ora articulada às finalidades da terapia,

ora à da pedagogia. Ela faz uma articulação entre a subjetividade e a

objetividade do sujeito que aprende. Partindo deste pressuposto, o

arteterapeuta não seria obrigado a escolher entre trabalhar só o cognitivo ou

trabalhar só o psicoafetivo.

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O trabalho arteterapeutico com base numa teoria e com uma perspectiva

onde os instrumentos usados - a linguagem, o gesto, os segmentos corporais,

tinham por finalidades apenas ajudar sem o intento de prevenir. O exemplo do

transtorno na aprendizagem da leitura e da escrita, tendo como causa.

Qualquer momento é bom para realizar exercícios de estimulação as

crianças. O tempo deve durar o quanto a criança quiser, respeitando seus

desejos.

A música é uma série de sons organizados através do ritmo. A música

acompanha ao longo de toda a nossa vida marcando acontecimentos. Tal

como a literatura emerge num meio em que há riqueza de linguagem,a

musicalidade surge num rico elemento para a aprendizagem.

O desenvolvimento musical das crianças e a sua capacidade de

comunicarem através da música florescem em culturas e contextos em que os

membros da comunidade valorizam e apreciam a música. O ambiente sonoro,

assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do

cotidiano fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de

musicalização de forma intuitiva.

Atividades oferecidas melodias curtas, cantigas de ninar, cantadas por

adultos que fazem brincadeiras com rima estimulando os bebês a tentarem

imitar os gestos e responder criando momentos significativos no

desenvolvimento afetivo e cognitivo, responsáveis pela criação de vínculos,

tanto com os adultos, quanto com a música. Nas interações que

estabelecem,eles constroem um repertório que lhes permite iniciar uma forma

de comunicação por meio dos sons.

A partir do modelo de organização cerebral de Luria (1980), que

concentra esforços na administração de exercícios repetitivos de reabilitação

cognitiva endereçados sistematicamente a processos cognitivos específicos.

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a) A reabilitação cognitiva faz re-treino de processos cognitivos para diminuir

distúrbios de atenção, linguagem e, processamento visual, memória, raciocínio

e resolução de problemas, além de funções executivas.

b) Os exercícios são desenhados de modo a requer, de um modo gradual,

sistemático e progressivo, o envolvimento cada vez mais intenso e

compreensivo do sistema cognitivo que se encontra comprometido.

De acordo com Prigatano (apud PILETTI 1986, p.52), há três

abordagens ou princípios de treino que facilitam a reabilitação cognitiva:

1. uso de compensação para contornar o déficit;

2. uso de substituição para resolver o problema por meios alternativos;

3. retreino de funções cognitivas específicas lesadas.

Esses princípios são usados na reabilitação em quatro passos:

1. Reduzir a confusão cognitiva do paciente concentrando sua atenção;

2. Fazer aconselhamento individual ou em grupo para promover a consciência

de seus déficit e recursos;

3. levá-lo a reconhecer a necessidade de estratégias compensatórias;

4. Fazer o treino cognitivo e o de habilidades sociais.

De acordo com Sohlberg e Matter (apud SANDSTROM 1989, p.32), há

três abordagens básicas à reabilitação cognitiva.

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1. A abordagem de estimulação geral, em que o clinico administra materiais de

treino cognitivo (software) sem uma orientação teórica específica, supondo

simplesmente que qualquer estimulação resultará em melhora.

2. A abordagem de adaptação funcional, em que não se faz retreino específico

de funções cognitivas no contexto clínico, mas apenas no contexto funcional de

situações naturalísticas de vida e trabalho.

3. A abordagem de processo específico, em que, à luz de modelos teóricos

cognitivos, o clínico administra repetidamente uma série de atividades de treino

organizada hierarquicamente e dirigidas a componentes específicos de

processos cognitivos. Sua ênfase na repetição deriva do conceito de Luria de

que o treino direto de processos cognitivos é capaz de produzir a

reorganização de processos de pensamento. Enfatiza também a monitoração

constante dos resultados do tratamento por meio da metodologia experimental

de caso único. Isto permite acompanhar de perto o progresso da paciente e a

eficácia do tratamento, de modo a aperfeiçoar constantemente as técnicas e a

oferecer o melhor tratamento possível à criança.

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CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho sobre a contribuição da Arteterapia no

desenvolvimento infantil é o de informar buscando, em vários conceituados

teóricos que visam o desenvolvimento a experiência da criança, desde o

período sensório-motor através da organização da percepção e da ação que a

criança estabelece o seu sistema de relações com o mundo. É através dos

jogos e brincadeiras que podemos levar de forma criativa o crescimento e o

desenvolvimento global com enfoque na arte em suas variadas formas, usando

a música no cotidiano, com aspectos significativos com toque e com a dança,

usando os movimentos corporais como apoio ao aprendizado. A construção de

uma realidade externa e interna significativa e as experiências de ser tocado,

carregado, balançado de forma carinhosa, é que desperta na criança o prazer

pelo movimento. E as brincadeiras simples, que visam à estimulação verbal,

social e cognitivo.

O potencial criativo é incentivado com jogos em suas variadas

dimensões, buscando fazer laços afetivos e prazerosos no desenvolvimento

através das fases importantes que a criança passa no decorrer das suas

primeiras descobertas.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DE PAULA, E. M.; MENDONÇA, F. W. Psicologia do Desenvolvimento. IESDE,

PR-2007.

HAETINGER, D.; HAETINGER, M. G. Jogos, Recreação e Lazer. IESDE, PR-

2008.

LACOMB, A. M. Acender um fogo - o jogo e o teatro na escola. ED. Pró- Saber,

RJ-2002.

MAHLER, M. S. O nascimento psicológico da criança – Simbiose e

individuação. Ed. Zahar, RJ-1975.

PAIN, S.; JARREAU, G. Teoria e técnicas da arte-terapia a compreensão do

sujeito. Artemed, RJ. 1982.

PEIXOTO, M. A. P. Aprendizagem - estratégia e estilos. ABT, RJ -2002.

PILETTI, C. Didática Geral. 7º ed. Ed. São Paulo. Ática1986.

SANDSTROM, C. I. A Psicologia da Infância e da Adolescência. Ed Zahar, RJ

1978.

TEITELBAUM, P. Psicologia Fisiológica. Ed. Zahar, RJ. 1976.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

(DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL INFANTIL E O LÚDICO) 10

1.1 - Os estágios da construção da inteligência 12

1.2 – O lúdico no estágio pré-operatório 16

CAPÍTULO II

(CONTRIBUIÇÃO DA ARTETERAPIA NA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE

JOGOS E DE BRINCADEIRAS) 18

2.1 - O papel da arteterapia no processo de aprendizagem 18

2.1.1 - Os problemas corporais 19

2.2 - Os jogos e as brincadeiras 20

CAPÍTULO III

(ESTIMULAÇÃO ATRAVÉS DA MÚSICA E DO TOQUE) 27

3.1 – O toque 33

3.2 – A música no ambiente de aprendizagem 35

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 41