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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO ARTE DO DESENHO: CONCEPÇÕES DA ANTIGUIDADE, POSSIBILIDADES DA CONTEMPORANEIDADE. Autora: Ana Neri da Silva Batista dos Santos Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho RIO DE JANEIRO 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Paleolítico Superior, viveu o Homem de Cro-Magnon em comunidades com artistas ... de tornar mais fácil a luta pela busca de alimentação,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO

ARTE DO DESENHO:

CONCEPÇÕES DA ANTIGUIDADE, POSSIBILIDADES DA CONTEMPORANEIDADE.

Autora: Ana Neri da Silva Batista dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

RIO DE JANEIRO

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO

ARTE DO DESENHO:

CONCEPÇÕES DA ANTIGUIDADE, POSSIBILIDADES DA CONTEMPORANEIDADE.

Autora: Ana Neri da Silva Batista dos Santos

Monografia apresentada ao Instituto A Vez do

Mestre como requisito parcial para a obtenção

do título de especialista em Educação Infantil

e Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

RIO DE JANEIRO

2013

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Resumo

Este trabalho aborda a questão do desenho como uma atividade da antiguidade,

comparando com o desenho das crianças da contemporaneidade. Verifica a relevância

do desenho no espaço escolar de Educação Infantil, mostrando que pode ser um

instrumento de acompanhamento do desenvolvimento do aluno. A metodologia usada

foi pesquisa teórica, questionário e observação de atividade de desenho. Apresenta-se

a pesquisa com dados sobre o desenho na pré-história, chegando na atualidade.

Depois, são analisados os dados obtidos com a pesquisa de campo, relacionando-os

aos dados teóricos.

Palavras – chave: desenho – desenvolvimento infantil – educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................05

CAPÍTULO I

CONCEPÇÕES DA ANTIGUIDADE SOBRE O DESENHO...........................................7

CAPÍTULO II

O DESENHO INFANTIL NA CONTEMPORÂNEIDADE E SUA EVOLUÇÃO............13 1-.A evolução do desenho infantil...................................................................................14 1.1-Rabiscos primitivos...................................................................................................15 1.2-Rabiscos de base.....................................................................................................16 1.3-Apogeu dos rabiscos de base..................................................................................17 1.4-Figura-girino.............................................................................................................19 1.5-Da figura girino aos ideogramas..............................................................................22 1.6- A idade do ouro.......................................................................................................24

CAPÍTULO III

O PAPEL DA ESCOLA E O DESENHO INFANTIL.......................................................28 2-O papel da escola.......................................................................................................28 2.1-Possibilidades para realização de atividades de desenho......................................30 3-O desenho infantil.......................................................................................................33 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................41 REFERÊNCIAS.............................................................................................................42 APÊNDICE A – Questionário.........................................................................................44

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Introdução

Recentemente descobri o gosto pelo ato de desenhar através de atividades

realizadas como professora de Educação Infantil. Percebi que não tive incentivo e

direcionamento para esse tipo de trabalho nem mesmo quando era aluna das séries

iniciais, pois os desenhos já vinham prontos para serem coloridos, sem oportunizar a

vivência da criação dos mesmos

Recebi instruções da orientação pedagógica para confecção de um portifólio com

desenhos dos meus alunos, mas em nenhum momento soube a importância do

desenho e qual seria a finalidade desse portifólio. Dessa forma, o gosto pelo desenho e

a falta de conhecimento sobre o assunto, conduziram a escolha desse tema para minha

pesquisa.

Partindo dos pressupostos teóricos essa pesquisa verificou: Por que os homens

primitivos desenhavam? Quais as fases existentes no desenho infantil? Que relevância

deve ser dada ao ato de desenhar na Educação Infantil?

Através de pesquisa empírica da prática escolar hoje, esse estudo tem por

objetivos: verificar se a criatividade de desenhar não é atividade específica da

atualidade, analisando como e para que era usada antes mesmo do surgimento da

escrita; investigar a importância do desenho para as crianças e como é valorizado pelos

educadores na Educação Infantil; e analisar a possibilidade do uso do desenho como

instrumento de acompanhamento do desenvolvimento da criança.

Esse trabalho tem como ponto de partida o levantamento bibliográfico sobre o

desenho na antiguidade e na atualidade, analisando e comparando os dados para

verificar semelhanças e distinções entre as concepções.

Depois foram realizadas observações de alunos e professores da Educação

Infantil antes, durante e depois de atividades envolvendo o desenho, e questionário

com os mesmos para coleta de dados sobre a importância dessa atividade. Por fim,

foram analisados os dados obtidos, estabelecendo relação com a teoria.

A criatividade do homem para expressar-se pelo desenho não é algo recente

especifico da atualidade, já sendo utilizado na antiguidade para grafar usos e costumes,

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porém com concepções diferentes da atualidade sobre a importância, finalidades e

construções.

Portanto, essa pesquisa visa o entendimento do desenho infantil e sua

valorização na pré-escola, hoje denominada de Educação Infantil, como forma de

expressão da criança, possibilitando ao educador o entendimento dos desenhos, a

importância dessa atividade para o desenvolvimento do aluno, a compreensão do

significado dos “rabiscos” e o que querem expressar, para melhor compreender o

educando e refletir sobre sua prática.

Para isso, foram utilizados como base os autores: Hauser (1998) que analisa os

desenhos pré-históricos das cavernas e seus significados, Philippe Greig (2004) que

verifica com profundidade as fases do desenho infantil, Analice Dutra Pillar (1996) que

apresenta várias possibilidades de trabalho pedagógico com o desenho infantil, entre

outros.

O primeiro capítulo mostra como os homens primitivos desenhavam e qual era o

objetivo dessa atividade na antiguidade. O capítulo seguinte apresenta o desenho na

contemporaneidade e suas fases. No último capítulo, é feito um levantamento sobre o

papel da escola em relação ao desenho infantil, e a comprovação da existência das

fases do desenho através da pesquisa de campo.

Foram relacionados os conhecimentos teóricos e práticos da pesquisa de campo,

mostrando que diferentemente dos homens primitivos, as crianças da

contemporaneidade desenham para se expressar e, em seus desenhos existem fases

distintas. Com essa pesquisa, ficou evidente que os professores necessitam obter

informações adequadas para elaborar suas intervenções pedagógicas, visando o uso

do desenho como forma de acompanhar o desenvolvimento dos alunos.

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CAPÍTULO I

CONCEPÇÕES DA ANTIGUIDADE SOBRE O DESENHO.

Há 50.000 anos durante a chamada Idade da Pedra, mais precisamente no

Paleolítico Superior, viveu o Homem de Cro-Magnon em comunidades com artistas

profissionais que passavam por períodos de adestramento, dedicando todo seu tempo

na prática de suas especialidades. Esse homem acreditava que através da imitação do

resultado desejado, certamente ele seria produzido.

Por isso, o Homem de Cro-Magnon pintou nas paredes e tetos das cavernas, a

representação da captura de animais na caça, sendo provável que fosse feita durante a

realização da verdadeira caçada (Figura 1).

Todas as figuras apresentadas neste capítulo foram retiradas do livro História

Geral da Arte – Pintura I, de José Alvarez Lopera e José Manuel Pita Andrade, citado

na referência bibliográfica.

Figura 1

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A arte do Paleolítico Superior mostra a firme cópia da natureza com a máxima

fidelidade e notável representação dos movimentos com contornos adicionais nos

desenhos. Esses artistas tinham a capacidade de discernir o uso das cores e empregar

escala, dando atenção aos detalhes.

Mesmo que esses artistas tivessem prazer no que faziam, suas obras não tinham

finalidade de mostrar coisas belas, pois as pinturas e os desenhos geralmente eram

feitos em profundas cavernas de difícil acesso. Os artistas adotavam posições

incomodas para executar seus desenhos, adaptando-se a falta de iluminação. CHILDE

(1981, p. 73) afirma que “os quadros estão geralmente localizados nos recessos

profundos de cavernas calcárias, onde a luz do dia não penetra.”

Segundo HAUSER (1998, p. 6), “as pinturas estão, com freqüência,

completamente escondidas em recantos inacessíveis e imersos em total escuridão,

onde teria sido impossível usá-las como decorações”.

As pinturas não eram criadas com a intenção de fornecer aos olhos a beleza,

mas constituíam a concretização de um propósito econômico. O mais importante era

que tais pinturas fossem acomodadas nas cavernas em determinados pontos

específicos, locais considerados especiais para a magia.

A melhor prova de que essa arte estava preocupada com o efeito mágico e não

estético, pelo menos em seus propósitos conscientes, reside no fato de que

nessas pinturas os animais eram freqüentemente representados com os corpos

transpassados por lanças e flechas, ou eram realmente alvejados com essas

armas logo após a conclusão da obra. (HAUSER, 1998. p.7)

O importante não era a obra acabada, mas o ato de fazê-la, pois tinha o objetivo

de tornar mais fácil a luta pela busca de alimentação, um sério motivo econômico. As

pinturas estão ligadas não só ao próprio sustento do homem, mas a experiências

coletivas e sociais.

Sabemos que era a arte dos caçadores primitivos, homens que viviam num

nível econômico improdutivo e parasitário, tendo de coletar ou capturar seu

alimento em vez de produzi-lo eles próprios; (HAUSER, 1998. p.4)

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Portanto, o artista era mágico e sua obra a magia destinada a promover o êxito

do caçador, sendo os animais de caça o tema quase exclusivo dos murais (Figura 2). A

existência da comunidade dependia da competência com que o artista cumprisse suas

obrigações e, tudo era feito para que ele tivesse o melhor preparo possível.

Figura 2

...se tratava do instrumento de uma técnica mágica e, como tal, tinha uma

função inteiramente pragmática que visava alcançar objetivos econômicos

diretos. (HAUSER, 1998. p.4)

As pinturas faziam parte do aparato técnico dessa magia, eram as armadilhas

com o animal já capturado, pois o desenho era, ao mesmo tempo, a representação e a

coisa representada, o desejo e a realização do desejo. O caçador-pintor pensava ter

adquirido poder sobre o objeto por meio do desenho. Acreditava que o animal

verdadeiro realmente sofria a morte do animal retratado na pintura (Figura 3).

A representação pictórica nada mais era, a seus olhos, do que a antecipação do

efeito desejado; o evento real tinha de se seguir inevitavelmente à ação mágica

da representação, ou melhor dizendo, aquele estava implícito nesta, uma vez

que estavam separados um do outro apenas pelos meios supostamente irreais

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do espaço e do tempo. Não era o pensamento que matava, nem a fé que

consumava o milagre, mas o ato concreto, a representação pictórica, a flecha

arremessada contra a pintura, o que acarretava a mágica. (HAUSER, 1998. p.5)

Figura 3

A exatidão do desenho atingiu um nível de virtuosismo, tornando possível

dominar atitudes e aspectos cada vez mais difíceis, com movimentos e gestos cada vez

mais complexos.

Ao que parece a arte paleolítica atingiu, sem qualquer obstáculo, a unidade de

percepção visual só conseguida pela arte moderna após um século de

controvérsias; certamente melhorou seus métodos, mas não os modificou, e o

dualismo do visível e do invisível, do que é visto e do que é meramente

conhecido, permanece-lhe absolutamente estranho. (HAUSER, 1998. p.3)

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O estilo naturalista - de representar sempre elementos da natureza - predominou

até o final do paleolítico. Depois ocorreu a transição para o neolítico, período

aproximadamente entre 8000 a 10000 a. C., que foi também uma transição estilística.

No lugar de uma concretização da experiência cotidiana de vida, a arte procura

agora deter-se na idéia , no conceito, na substância íntima da coisa – mais para

criar símbolos do que semelhanças do objeto. (HAUSER, 1998. p.9)

Essa mudança de estilo é condicionada por uma mudança geral na cultura e na

civilização. O homem deixou de viver apenas do que retirava da natureza, passando de

coletor e caçador para produtor de seus próprios alimentos.

Dessa forma, existe diferença no estilo da arte produzida nesses dois períodos

históricos, pois nas imagens executadas nas cavernas, no período Paleolítico,

predomina a representação figurativa. Já nas imagens pertencentes ao período

Neolítico predominam representações abstratas.

Supõe-se que o processo de construção figurativa desenvolveu-se a partir das

relações sensíveis estabelecidas pelo homem com a natureza, num esforço de

apropriação da figura do animal como objeto de ritual mágico. Já o processo de

representação abstrata parece ter se desenvolvido a partir de atividades

práticas, quando o homem já estava plantando e colhendo.(BUORO, 2001,

p.22).

HAUSER (1998, p. 14) afirma que esse foi um estilo que durou vários anos,

“esse estilo domina toda a idade do bronze e do ferro, assim como a Antiguidade grega

e oriental, ou seja, um período da história mundial que abrange aproximadamente

desde 5000 até 500 a.C.”.

Na medida em que os conceitos artísticos foram separando-se da religião, o

desenho passou a ganhar autonomia. A partir do Século XV, paralelamente à

popularização do papel, o desenho começou a tornar-se o elemento fundamental da

criação artística, um instrumento básico para se chegar à obra final. O desenho passa

então, a ser uma forma de conhecimento, sendo tratado como tal por diversos artistas.

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Portanto, a arte de desenhar já existe há muito tempo. Antes mesmo de surgir à

escrita, os homens pré-históricos desenhavam nas paredes das cavernas. Seus

desenhos eram feitos como um ritual mágico de caça. Eles não tinham intenção de se

expressar artisticamente ou relatar fatos de sua vivência, e sim tinham como objetivo

um fim econômico de sobrevivência e sustento, pois acreditavam que desenhando um

animal morto através da caça, isso aconteceria realmente.

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CAPÍTULO II

O DESENHO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE E SUA EVOLUÇÃO.

Atualmente o desenho pode ser trabalhado como linguagem criativa, composta

de símbolos. Os temas e os motivos que as crianças desenham refletem os valores de

uma determinada sociedade e as experiências pessoais, que não podem ser

interpretados de forma universal, desconectados da análise da cultura, pois dizem

respeito ao mundo da vida infantil conforme a idade de quem os produz, podendo ser

um valioso instrumento para pesquisas educacionais sobre o desenvolvimento da

criança.

Segundo BURNS (1972, p.13) “A arte dos povos primitivos modernos se

assemelha à arte infantil; pinta as coisas, não como estas são, mas de acordo com

preconceitos ingênuos da sua mente”. Inicialmente a criança desenha de memória, sem

olhar para o modelo original. Ao contrário dos artistas do Paleolítico sua produção é

mais simbolista do que naturalista, pois não está preocupada com a cópia exata das

coisas, mas a identificar e representar simbolicamente.

Os desenhos das crianças e a produção artística dos povos primitivos

contemporâneos são racionalistas, não sensoriais: mostram o que a criança e o

artista primitivo conhecem, não o que realmente vêem; fornecem uma imagem

teoricamente sintética, não opticamente orgânica, do objeto.(HAUSER, 1998.

p.2)

VIGOTSKI (1998, p.148) também afirma que “com muita freqüência, os

desenhos infantis não só não têm nada a ver com a percepção real do objeto como,

muitas vezes, contradizem essa percepção”.

Os desenhos infantis não são feitos para garantir algo para a sociedade, a

criança desenha para sua própria satisfação e expressão. Toda criança desenha,

mesmo que não seja instruída para isso, ela sempre encontra formas de deixar registro

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de seus gestos, seja no papel, ou na terra, na areia, ou até mesmo na parede de casa,

com lápis, com pedra ou mesmo com carvão. “Em geral, tendemos a ver os primeiros

rabiscos e desenhos das crianças mais como gestos do que como desenhos no

verdadeiro sentido da palavra.” (VIGOTSKI,1998,. p.142)

1-A EVOLUÇÃO DO DESENHO INFANTIL. Existem diversas visões para a evolução do desenho infantil, que correspondem

a linhas teóricas distintas. Serão adotados os estágios do desenvolvimento gráfico, de

modo a compreender-se como a criança constrói o sistema do desenho, definidos por

Philippe Greig (2004). Todas as figuras apresentadas neste capítulo foram retiradas do

livro deste autor: A criança e seu desenho – o nascimento da arte e da escrita.

A evolução do desenho varia de criança para criança (Figura 4), devido às

dificuldades internas e externas que não serão abordadas nesse trabalho.

Figura 1 p. 12 e 13

Figura 4

2 anos 3 anos e meio 4 anos

4 anos e meio 6 anos

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1.1-Rabiscos primitivos:

Inicialmente temos traços gráficos, considerados muito mais como movimento do

que como representação. É a fase dos rabiscos mais primitivos (figura 5) que iniciam

por volta dos nove primeiros meses, acompanhados das primeiras palavras e dos

primeiros passos.

Os comportamentos de conflito (ameaças, atos de apropriação e de agressão)

assumem o primeiro plano, com um domínio da motricidade que permite às

crianças uma ocupação mais ativa de seu espaço.(GREIG, 2004, p.19)

Figura 6 e 7 p.25

Figura 5

A criança rabisca pelo prazer de rabiscar, de gesticular, de se afirmar. Para nós o

desenho pode ser indecifrável, mas para ela, naquele momento qualquer rabisco vem

carregado de significados.

Verifica-se que as marcas geralmente ultrapassam os limites do papel fornecido

para criança (Figura 6). Em geral, as marcas nesta fase, são registradas de tal modo

que sugerem ter sido empregada ou muita força no traçado dos rabiscos ou, ao

contrário, ter havido pouquíssima pressão sobre o papel.

O gesto é o signo visual inicial que contém a futura escrita da criança, assim

como uma semente contém um futuro carvalho. Como se tem correntemente

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dito, os gestos são a escrita no ar, e os signos escritos são, freqüentemente,

simples gestos que foram fixados.(VIGOTSKI, 1998, p.141)

Figura 6

A intenção ainda não está na forma, mas apenas no ato, e o olhar não orienta o

traço, olhando para outro lugar.

1.2-Rabiscos de base:

Por volta do 18º mês, o olho da criança começa a acompanhar o movimento da

mão. Aos dois anos começa o controle visual do traçado e algum tempo depois se

constata o domínio do traço. Mesmo que o resultado para nós não seja legível, as

identificações feitas pela criança mostram uma intenção e uma tentativa de

representação.

O movimento circular e o movimento de vaivém constituem os dois rabiscos de

base (Figura 7 e 8) que são essenciais nessa fase e ocupam a maior parte da folha,

ganhando tamanho e número, mas os primeiros traços verticais não tardam a surgir,

assim como algumas grandes formas circulares.

A criança durante seu segundo ano de vida dá mais amplitude às suas

produções e as organiza de forma cada vez mais nítida no centro da folha.

Figuras 8 , 9, 10, 11 p.25

Figura 7

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Figura 8

1.3-Apogeu dos rabiscos de base:

Com a repetida exploração e experimentação do movimento, a criança amplia o

conhecimento de si próprio, do mundo e das ações gráficas. Quando passa a controlar

o gesto e a coordená-lo pelo olhar, ela começa a registrar formas gráficas mais

elaboradas.

Os comportamentos de relacionamento e de apaziguamento (solicitações e

presentes) ganham importância ao longo do terceiro ano, com uma explosão da

linguagem acompanhando esse desenvolvimento da sociabilidade; é também o

ano do apogeu dos dois rabiscos de base, depois de seu desenvolvimento até a

realização do traço, do círculo e, às vezes, as primeiras formas

compostas.(GREIG, 2004, p.19)

Os traçados circulares que anteriormente eram frutos do acaso, agora são

claramente intencionais. Nesta etapa, as formas circulares se repetem freqüentemente

e vão sendo aperfeiçoadas (figura 9 e 10).

Figuras 12 e 13 p 25

Figura 8

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A criança demonstra estar em um processo acelerado de aperfeiçoamento do

traçado das formas circulares. Além disso, revela claramente já conseguir manter suas

marcas dentro dos limites do suporte que lhe foi fornecido. Demonstra ter adquirido,

nesta fase, um maior controle sobre os movimentos da mão. Neste período os traços

longos se multiplicam e são aprimorados.

Figura 9

Unindo o círculo com o traço surgem as figuras compostas chamadas por GREIG

(2004) de irradiantes (figura 10).

Figura 10

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Com o “colocar dentro”, surgem as figuras denominadas figuras “continentes”

(Figura 11), constituídas de uma figura fechada com outras dentro.

Figura 18 p.34

Figura 11

Dessa forma, podemos dizer que através do gesto temos o desenho, que

passa de rabiscos para construções mais ordenadas, que ocorre pela interação da

criança com o ato de desenhar e com o desenho de outras pessoas. Fazendo surgir os

primeiros símbolos como desenhos mais elaborados.

1.4-Figura-girino:

Podemos constatar que a figura-girino caracteriza-se, ao mesmo tempo, pelos

aspectos irradiantes de seus membros e continentes de seu rosto (Figura 12).

Constata-se esforços parciais nessa direção, para os membros ou para os olhos

que são introduzidos e, as vezes, designados. Esse esforço conduz, aos 3 anos

e meio em média, à figura-girino verdadeira, que rapidamente vai enriquecendo

de precisão e detalhes.(GREIG, 2004, p.36)

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Figura 12

Mesclando as figuras continentes e as irradiantes, introduzindo os olhos de forma

explícita, com os movimentos habituais de avanços e recuos presentes em toda

progressão, essa evolução para a figura-girino se mostra característica.

Em todos os casos a figura-girino é irradiante, continente e nela se reconhecem

seus dois olhos: é a combinação mental desses três elementos e a condensação no

papel que marcam a entrada na figuração.

As figuras-girino podem-se distinguir como:

Girinos arcaicos - um rabisco redondo mais ou menos nítido em anel,

completado pelos olhos e pelos elementos irradiantes característicos do tema (Figura

13).

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Figura 27p.39

Figura 13

Girinos primitivos - que comportam os três critérios que o caracterizam –

irradiante, continente e com dois olhos - tendo como suporte uma verdadeira figura

fechada (Figura 14).

Figura 28p.39

Figura 14

Girinos clássicos – com boca, nariz ou sobrancelhas, orelhas ou cabelos, pernas

e braços, às vezes com os pés ou as mãos (Figura 15 e 16).

Figura 29p.39

Figura 15

Nas crianças que apresentam um “atraso gráfico”, quase sempre acompanhado

de atraso verbal e freqüentemente de certa instabilidade, o bom fechamento do

círculo manifesta a precisão de seu gesto, muito antes de qualquer elaboração

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mais complexa. A aparição da figura-girino e sua persistência são, portanto,

tardias e encontram-se girinos “prolongados”. (GREIG, 2004, p.40)

Figura 30 p.39

Figura 16

1.5- Da figura girino aos ideogramas (representação de objetos concretos):

A criança de 3 anos ou 3 anos e meio também desenha casas e traça primeiro

uma figura fechada. Ela completa o desenho com muita rapidez, dispondo em seu

interior elementos que estruturam uma figura continente, sendo possível confrontá-la

com a personagem realizada no mesmo momento (Figura 17).

Figura 41 e 42 p.48

Figura 17

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Reencontrar o rosto como figura continente, depois de ter estabelecido a

ligação essencial entre essa figura e a casa, proporciona uma verdadeira

compreensão ao aspecto “rosto” da casa, feito da imperiosa compulsão das

crianças a representarem uma porta no lugar da boca e duas janelas no lugar

dos olhos. (GREIG, 2004, p.49 e 50)

Por volta dos 4 anos, o domínio recém-adquirido do quadrado é aplicado

usualmente a casa e, de forma cada vez mais clara, os pequenos círculos ou as

pequenas cruzes ocupam seu papel de porta e de janelas (Figura 18).

Figura 43 p.48

Figura 18

Todo esse mecanismo de elaboração gráfica começou com dois rabiscos,

seguidos de dois elementos de base, o círculo e o traço. Com as combinações entre

eles, são obtidas as figuras compostas e a cruz.

Toda expressão gráfica começa, portanto, com uma forma fechada ou com

círculo, “uma coisa”, para retomar uma fórmula, às vezes, convencionada. Para

construir um ser vivo, podem-se introduzir os caracteres continente ou

irradiante, ou mesmo os três caracteres da figura-girino. Os detalhes mais

específicos são incluídos depois: a boca, as orelhas ou os belos cabelos da

mulher, os chifres da vaca ou a tromba do elefante. Basta mudar o acessório

pra modificar a designação. (GREIG, 2004, p.51)

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1.6- A idade do ouro:

A figura-girino não é uma representação satisfatória por muito tempo, logo surge

a necessidade de serem introduzidos novos elementos com a verticalização da figura

humana representada pelo girino (Figura 19).

Figuras 53,54,55 p.58

Figura 19

Mas o desenho da personagem evolui normalmente para a constituição de seu

corpo e para sua progressiva conformação à realidade do esquema corporal (Figura 20,

21, 22 e 23).

Para fixar as referências cronológicas, se 3 anos e meio é a idade que marca o

acesso à figura-girino, sua verticalização opera-se aos 4 anos, e aos 4 anos e

meio anuncia-se a passagem à personagem com cabeça e corpo. A criança

termina a creche com a figura-girino, e no primeiro ano da pré-escola tem

acesso à cabeça/corpo. (GREIG, 2004, p.63)

Figura 57,58,59,60 p.59

Figura 20

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25

Figura 21

Uma vez dominado, o mecanismo da forma agregada torna-se a chave de uma

fantástica progressão do desenho, por simples repetição do procedimento. Os

membros tomam assim a espessura de seu traçado, chamado de “contorno

duplo”. Ou então o processo é mais voltado inicialmente a distinguir o tórax do

abdômem, com a possível aparição de calças e saias; em alguns casos,

constata-se a introdução do pescoço. E finalmente, tudo isso é produzido ao

mesmo tempo, como um encadeamento em cascata de formas agregadas.

(GREIG, 2004, p. 64)

Figura 68,69,70 p. 65

Figura 22

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Figura 23

Nos desenhos das crianças também podemos encontrar a tomada de

consciência em relação ao sexo e sua posição no esquema corporal, com as devidas

distinções entre eles (Figura 24).

O sexo agora é representado, mas sua aparição direta ainda é furtiva, um curto

momento entre a tomada de consciência de seu lugar no esquema corporal e

da proibição social de desenhá-lo. Ele pode aparecer em vários estágios do

desenho, designado pela palavra que a criança costuma utilizar e sempre

exteriorizado de modo fálico por um aprendiz, tanto para o sexo feminino como

para o masculino e tanto para as meninas como para os meninos. (GREIG,

2004, p.64)

Figura 74, 75 p. 67

Figura 24

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Portanto, a construção da representação do corpo é progressiva. A evolução do

desenho da personagem é pontuada primeiramente pela figura-girino, sua

verticalização, a organização da estrutura cabeça/ corpo, seu aperfeiçoamento e

acabamento magnífico no casal bem diferenciado. Cinco etapas que conduzem a idade

do ouro do desenho da criança (Figura 25).

Figura 78 p. 68

Figura 25

Em questionário realizado com professores de uma Instituição de Educação

Infantil da Rede Municipal de Duque de Caxias, foi constatado que a maioria desses

profissionais possuem pouco conhecimento sobre a evolução do desenho infantil, que

permita analisar os desenhos de seus alunos.

Sendo assim, também foi constatado que a maioria desses professores também

não utilizam os desenhos como instrumento de avaliação do desenvolvimento de seus

alunos por falta de conhecimento sobre o assunto.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DA ESCOLA E O DESENHO INFANTIL.

2-O PAPEL DA ESCOLA:

O gosto pelo desenho depende não só das características pessoais, mas

também das oportunidades oferecidas pelo meio. Na escola, essa influência é ainda

maior, pois o desenho se insere no contexto do saber institucionalizado, sendo um

ambiente pedagógico importante para estabelecer vínculos da criança com o desenho.

Portanto, é necessário propiciar atividades de desenhos para as crianças em seu meio

escolar.

É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente

formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e

sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de

outras crianças e adultos. (RECNEI, 2002, p.93)

Na pesquisa de campo realizada com professores de uma Instituição de

Educação Infantil, foi verificado que todos os professores questionados possibilitam

atividades de desenhos para seus alunos, que por sua vez realizam com satisfação

como foi constatado durante a observação de algumas dessas atividades. A freqüência

de realização dessas atividades de desenhos é que variam muito, pois apenas uma

professora realiza todos os dias, enquanto a maioria propõe essa atividade a cada

quinze dias ou uma vez no mês.

A arte possibilita a ampliação e desenvolvimento da visão de mundo da criança,

o desenho é uma das formas de demonstração desse desenvolvimento. Por isso, na

escola o desenho não deve ser visto como um passatempo ou entretenimento para

criança, oportunizado somente nos momentos em que “não há nada a ser feito”, se

constituindo de uma atividade sem significado. É um momento em que a criança

imprime com satisfação o que conhece e como conhece.

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As crianças têm suas próprias impressões, idéias e interpretações sobre a

produção de arte e o fazer artístico. Tais construções são elaboradas a partir de

suas experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a produção de

arte, com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer. As crianças exploram,

sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas experiências. A partir daí

constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre

outros conhecimentos a respeito da arte. (RECNEI, 2002, p.89)

Os desenhos realizados pelas crianças dessa instituição pesquisada (que se

encontram nas páginas 37, 38, 39, 40, 41, 42 e 43) são relacionados com

conhecimentos desenvolvidos em outras áreas, ou com situações vivenciadas pelo

grupo, como o desenho da família, desenho de si mesmo, desenho de objetos etc. Isso

evidencia que suas produções são influenciadas pela cultura em que estão inseridos.

PILLAR (1996, p.44) afirma que existem “aspectos culturais que estão presentes no

trabalho da criança, os quais trazem a marca do seu tempo, do seu país, da sua cidade,

do seu bairro, do seu lugar social”.

A arte da criança, desde cedo, sofre influência da cultura, seja por meio de

materiais e suportes com que faz seus trabalhos, seja pelas imagens e atos de

produção artística que observa na TV, em revistas, em gibis, rótulos, estampas,

obras de arte, trabalhos artísticos de outras crianças etc. (RECNEI, 2002, p.88)

Os professores questionados não esperam que seus alunos sempre representem

nos desenhos algum assunto ou a forma legível e real dos objetos. Se a intenção fosse

essa, é bem provável que houvesse uma frustração porque ao desenhar a criança

busca representar sua visão de mundo, usando o real como referência, ela não se

preocupa em representar ou copiar a realidade, seus desenhos tem um sentido

simbólico, de recriação, de reconstrução do mundo que a cerca.

Qualquer que seja o fator que evoca a representação de um objeto e a intenção

de desenhá-lo, o desenho da criança nunca é uma cópia fiel dos objetos. Isso

porque a criança desenha conforme o modelo interno, a representação mental

que possui do objeto a ser desenhado. Tal modelo é traduzido para uma

linguagem gráfica de duas dimensões, tomando a forma de uma imagem visual.

(PILLAR, 1996, p.42)

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Se o professor souber analisar as produções dos seus alunos ele poderá

acompanhar os ritmos pessoais de cada criança, identificar suas fases e possibilitar

avanços. Mas, não basta entender o grafismo infantil. É preciso oferecer um ambiente

de aprendizado desafiador e estimulante aos alunos, buscando valorizar sua expressão

e representação através do desenho.

Para que as crianças possam criar suas produções, é preciso que o professor

ofereça oportunidades diversas para que elas se familiarizem com alguns

procedimentos ligados aos materiais utilizados, aos diversos tipos de suporte e

para que possam refletir sobre os resultados obtidos. (RECNEI, 2002, p.89)

Para isso, esses profissionais podem elaborar situações de desenho mais

adequadas, envolvendo a produção da criança, a leitura de seus trabalhos e do de

outros e a contextualização no tempo e no espaço.

Na escola, por se desconhecer como a criança pré-escolar concebe o processo

do desenho, são feitas propostas de trabalho relacionados às alterações

gráficas do desenho e não aos seus aspectos construtivos, ou ainda

relacionados a técnicas diversas. (PILLAR, 1996, p.222)

2.1- Possibilidades para realização de atividades de desenho:

O desenho espontâneo é uma atividade não dirigida, não existe uma proposta

temática por parte do professor, a criança determina o que vai realizar graficamente, ela

busca desenhar o que quer e o que lhe é significativo em um dado momento, segundo

seus próprios interesses e preocupações.

Segundo PILLAR (1996. p.58) esse tipo de desenho é realizado “para que a

criança experimente de modo criativo a linguagem expressiva sem a intervenção dos

adultos e para que o professor observe, acompanhe e estimule o desenvolvimento

gráfico de seus alunos.”

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Atividade de registro:

1-O desenho da história consiste em ler uma história para a criança e depois

pedir para simbolizar essa história através do desenho.

O objetivo é analisar como a criança reconstitui, através do desenho, a história

contada, quais as relações que estabelece entre suas vivências, o referente

(história lida) e sua representação no desenho. (PILLAR, 1996, p.58)

2-O desenho de vivência é uma atividade solicitada ao aluno após uma

determinada vivência ou experiência do grupo como uma excursão, apresentação

teatral etc.

Assim, o desenho como registro de experiência é muito significativo para as

crianças pré-escolares, porque é a primeira linguagem gráfica da criança na

expressão e comunicação de suas representações do mundo. (PILLAR, 1996,

p.60)

3-O diálogo gráfico ou jogo do rabisco consiste em propor que uma dupla de

alunos, por exemplo, faça um desenho em conjunto de maneira que se revezem. O

professor também pode fazer um traço e pedir para que a criança complete dando

sentido ao rabisco.

PILLAR (1996, p.63) afirma que essa atividade pode ser realizada para

“investigar o que a criança pensa acerca da representação gráfica nascente de um

rabisco”, “bem como para pesquisar o modo como as crianças criam interações entre as

formas.”

4-O desenho de observação é uma atividade onde o professor apresenta um

determinado objeto ou imagem a criança, em seguida, solicita que desenhe o que lhe é

colocado à mostra.

Segundo PILLAR (1996, p.68) o objetivo é “examinar o que as crianças pensam

acerca das transformações no caráter que se processam na imagem observada ao

buscar registrá-la em desenho.”

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Atividade de leitura:

1-A história do desenho é uma atividade onde o professor, após a atividade de

desenho espontâneo do aluno, solicita-lhe que este fale e conte a história do seu

desenho. Isso também pode ser realizado com a leitura de imagens, de trabalhos de

outras crianças e de obras de arte.

O objetivo dessa atividade é conhecer o que as crianças pré-escolares

observam nas obras, ou seja, como elas as interpretam, como elas percebem

similaridades e diferenças nos trabalhos. (PILLAR, 1996, p.62)

Atividade de reunião:

1-O desenho a partir da reunião de partes consiste em oferecer a criança

variadas formas recortadas em cores e tamanhos diversos, depois pedir para que

elaborem com elas uma cena. O objetivo é “investigar o que a criança pensa acerca do

processo do desenho.” PILLAR (1996, p. 67)

Na pesquisa de campo foi constatado que todos os professores propõem

atividades de desenho espontâneo (ilustrados nas páginas 37, 38, 39, 40, 41, 42 e 43),

a maioria propõe desenho de vivência, e alguns propõem desenho de observação.

Alguns profissionais, por algumas vezes, já realizaram as demais atividades

apresentadas acima, porém a maioria não as conhece.

Isso revela que apesar de serem realizadas atividades de desenho na Educação

Infantil, os professores não estão preparados e capacitados para propor novas

atividades, e fazer uso dessas produções como forma de avaliar e acompanhar o

desenvolvimento do aluno, possibilitando avanços em suas concepções.

As crianças têm concepções a respeito do processo de desenho. Tais

concepções se alteram à medida que elas se apropriam dessa linguagem e que

elas concebem o desenho como um objeto onde estão relacionados a ação

gráfica e o pensamento. (PILLAR, 1996, p.221)

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Os professores organizam os desenhos de seus alunos em pastas. Porém, pode-

se adotar outros procedimentos para a catalogação e o arquivo sistemático da

produção da criança como o uso de portifólios (um envelope para cada aluno). Toda a

produção do aluno ao longo do ano deve ser arquivada em seu portifólio pessoal. Isso

permitirá o acompanhamento dos avanços, recuos e aspectos gráficos da expressão

através do desenho.

3-O DESENHO INFANTIL:

Foram observadas crianças de dois a cinco anos de uma Instituição de

Educação Infantil, realizando atividades de desenho espontâneo (páginas 37, 38, 39,

40, 41, 42 e 43), chamado de desenho livre.

Isso possibilitou constatar que elas realizam essas atividades com prazer e

interesse, demonstrando firmeza e segurança. Em nenhum momento as crianças

disseram não saber desenhar, transparecendo o domínio que tem nesse tipo de

atividade proposta.

Depois, com os desenhos prontos, os alunos ficaram entusiasmados, mostrando

suas produções com satisfação uns aos outros e para a professora. Com isso, ficou

evidente que as crianças respeitam as produções próprias e alheias e que atribuem a

elas um grande valor.

O desenho infantil tenta refletir a realidade, mas com freqüência de maneira

inesperada para o adulto. Quando uma criança desenha um carro com muito

mais rodas do que as previstas pelo construtor, outra criança não duvidará da

fidelidade do desenho. (MUKHINA, 1995, p.170)

Ficou constatado também, no processo de pesquisa de campo, que existe uma

evolução do desenho infantil como descrito no capítulo II. Essa evolução é composta

por diferentes fases que dependem do desenvolvimento da criança e não de sua idade

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cronológica. Nos desenhos coletados foram encontradas essas fases da evolução do

desenho infantil descritas por GREIG (2004), rabiscos primitivos (Figura 26); rabiscos

de base – círculo (Figura 27) e vaivém (figura 28); apogeu dos rabiscos de base – figura

irradiante (figura 29) e figura continente (Figura 30); figura-girino - arcaico (Figura 31),

primitivo (Figura 32) e clássico (Figura 33); representação de objetos concretos (Figura

34, 35, 36 e 37) e idade do ouro (Figura 38).

Figura 26

Felipe-2 anos.

Ygor-4 anos.

Figura 27

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Figura 28

Figura 29

Stephani-3 anos e meio.

Kayky-3 anos.

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Figura 30

Ryan-5 anos.

Ruany-3 anos e 8 meses. Girino arcaico.

Figura 31

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Arthur-5 anos e 2 meses. Girino primitivo

Pierre-4 anos e 10 meses. Girino clássico

Figura 32

Figura 33

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Davy-5 anos e 6 meses. Casa.

Ana Carolina-5 anos e 7 meses. Árvore e flores.

Figura 34

Figura 35

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Vanessa- 4 anos e 5 meses. Flores

Vanessa- 4 anos e 5 meses. Casa e flor.

Figura 36

Figura 37

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Portanto, existe uma evolução do desenho infantil que pode ser utilizada como

indicador do nível de desenvolvimento da criança. As produções dos alunos na

Educação Infantil são preciosos instrumentos para o acompanhamento do

desenvolvimento dos mesmos.

Vinicius-5 anos e 10 meses. Auto-retrato.

Figura 38

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CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Neste estudo, tentamos responder as seguintes indagações: Por que os homens

primitivos desenhavam? Quais as fases existentes no desenho infantil? Que relevância

deve ser dada ao ato de desenhar na Educação Infantil?

Partindo dessas questões, foram pesquisados os conhecimentos teóricos sobre

a pré-história, que nos levou a perceber que a arte do desenho existe há muito tempo,

mesmo antes do surgimento da escrita e, que os desenhos eram realizados como atos

mágicos e não como uma forma de expressão.

Foram relacionados os conhecimentos teóricos e práticos da pesquisa de campo,

que mostrou a existência de uma evolução no desenho infantil com diferentes fases, e

que essas fases não dependem da idade da criança, mas do seu nível de

desenvolvimento.

Diferente dos homens primitivos, as crianças da contemporaneidade desenham

para se expressar, para demonstrar de que forma elas vêem o mundo, e que deve ser

uma atividade valorizada na Educação Infantil, não como apenas um passatempo, mas

como um campo rico de informações.

Sem conhecimento sobre o assunto, fica inviável possibilitar atividades de

desenho de maneira consciente, visando um objetivo pedagógico. Dessa forma, essas

atividades são realizadas apenas para preencher o tempo, onde as produções das

crianças não têm “valor”, pois não expressam aquilo que elas conhecem.

Ficou evidente, que os professores necessitam obter formações e informações

adequadas para elaborar suas intervenções pedagógicas, tendo em vista a apropriação

do desenho enquanto sistema de representação por parte do educando. E também

para utilizar as atividades de desenho como forma de acompanhar o desenvolvimento

dos alunos, através da análise de suas produções.

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REFERÊNCIAS:

BUORO, Anamelia Bueno. O olhar em construção – Uma experiência de ensino e

aprendizagem da arte na escola. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

BURNS, Edward MacNall. História da civilização ocidental: do homem das cavernas até

a bomba atômica, o drama da raça humana. Vol.1, 3ª Ed. Porto Alegre: Globo S.A,

1972.

CHILDE, Gordon V. A evolução cultural do homem. 5ª ed. Tradução de Waltensir Dutra.

Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S. A, 1981.

GALVÃO, Isabel. O desenho na pré-escola: O olhar e as expectativas do professor.

www.crmariocovas.sp.gov.br. Data de acesso: 05/10/2005.

GREIG, Philipe. A criança e seu desenho: o nascimento da arte e da escrita. Tradução

Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2004.

HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. Tradução Álvaro Cabral. São

Paulo: Martins Fontes, 1998.

LONGO, Cristiano da Silveira. O desenho como linguagem socialmente motivada.

In_:Pátio Educação Infantil, Ano III nº 8, Julho/Outubro de 2005, pág. 29-31.

LOPERA, José Alvarez. ANDRADE, José Manuel. História Geral da Arte-Pintura I.

Edições Del Prado, Setembro 1995.

MEC/SEF. Ministério da Educação. Secretaria de educação Fundamental. Referencial

curricular nacional para a educação infantil. Vol.3 – Conhecimento de mundo.__

Brasília, 2002.

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MUKHINA, Valeria. Psicologia da idade pré-escolar. Tradução Claudia Berliner. São

Paulo: Martins Fontes, 1995.

PILLAR, Analice Dutra. Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1996.

VIGOTSKI, Lev Semenivich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos

processos psicológicos superiores. Tradução de José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna

Barreto, Solange Castro Afeche. 6ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO.

Qual a sua formação? q Ensino Médio. q Superior: __________________________

Há quanto tempo exerce essa profissão?_________________ 1-Você propõe atividade de desenho para seus alunos?

q Sim. q Não.

2-Com que freqüência?

q Todo dia. q Uma vez por semana. q A cada 15 dias. q Uma vez no mês. q Às vezes.

3- Os desenhos realizados por seus alunos estão relacionados com conhecimentos desenvolvidos em outras áreas, ou com situações vivenciadas pelo grupo?

q Sim. Cite uma:_________________________________________ q Não.

4-Quais dessas atividades você propõe aos seus alunos?

q O desenho espontâneo. q O desenho da história. q A história do desenho (fale e conte a história do seu desenho). q O desenho de vivência. q O desenho de observação. q O desenho a partir da “reunião de partes” – (oferece aos alunos variadas formas recortadas em cores e tamanhos diversos).

q O diálogo gráfico – (faça um desenho em conjunto).

5- Você escreve no desenho aquilo que seu aluno interpreta?

q Sim. q Não. q Às vezes.

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6- Os alunos demonstram satisfação durante as atividades de desenho?

q Sim. q Não. q Às vezes.

7-Você espera que seus alunos sempre representem nos desenhos algum assunto ou a forma legível e real dos objetos?

q Sim. q Não.

8- Você tem algum conhecimento sobre a evolução do desenho infantil que lhe permita analisar os desenhos de seus alunos?

q Muito. q Pouco. q Nenhum.

9-De que forma você organiza os desenhos de seus alunos?

q Portifólio. q Pastas. q Outros:_____________________________

10-Você utiliza os desenhos como instrumento de avaliação do desenvolvimento de seus alunos?

q Sim. q Não. q Às vezes.