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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA CONSUMO CONSCIENTE E OS DIREITOS DOS CONSUMIDORES Por: Angele Rodrigues Ribeiro Orientador Prof. William Rocha Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALposses de pessoas de maior representação social, como celebridades. Ou seja, a sociedade cria um padrão, que tende a ser seguido pelas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CONSUMO CONSCIENTE E OS DIREITOS DOS

CONSUMIDORES

Por: Angele Rodrigues Ribeiro

Orientador

Prof. William Rocha

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CONSUMO CONSCIENTE E OS DIREITOS DOS

CONSUMIDORES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção

do grau de especialista em Direito do

Consumidor e Responsabilidade Civil.

Por: Angele Rodrigues Ribeiro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que

me ajudou muito durante todo esse

período, e que está sempre comigo.

Ao meu pai e a minha mãe que me

incentivaram para a realização deste

curso, me deram muita força, e estão

sempre ao meu lado.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe,

pessoa muito importante na minha

vida, que caminha junto comigo, que

me dá forças quando preciso e que eu

amo incondicionalmente.

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RESUMO

O consumo é algo muito importante e que provoca diversos impactos. Primeiro,

em nós mesmos, já que temos que arcar com as despesas do consumo e que

nos beneficiamos do bem-estar derivado dele. Depois, o impacto na economia,

porque, ao adquirirmos algo, movimentamos a máquina de produção e

distribuição, ativando a economia. Também afeta a sociedade, porque é dentro

dela que ocorrem a produção, as trocas e as transformações provocadas pelo

consumo. E, por fim, o impacto sobre a natureza, que nos fornece as matérias-

primas para a produção de tudo o que consumimos. O consumo é um dos

nossos grandes instrumentos de bem-estar, mas precisamos aprender a

produzir e consumir os bens e serviços de uma maneira diferente da atual.

Consumir consciente é consumir levando-se em consideração os impactos

provocados pelo consumo. Explicando melhor: o consumidor pode e deve, por

meio de suas escolhas, buscar maximizar os impactos positivos e minimizar os

negativos dos seus atos de consumo e, dessa forma, contribuir com seu poder

de consumo para a construção de um mundo melhor. Isso é consumo

consciente. Em poucas palavras, é um consumo com consciência de seu

impacto e voltado para a sustentabilidade.

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METODOLOGIA

A metodologia aplicada para a elaboração do presente trabalho foi a

pesquisa em livros doutrinários, sites, e também o Código de Defesa do

Consumidor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 8

CAPÍTULO I - O Consumismo....................................................................... 10

1.1- Consumo x Consumismo....................................................................... 11

1.2- Superendividamento............................................................................... 13

CAPÍTULO II- Consumo Consciente............................................................. 16

2.1- Conceito e objetivos do consumo consciente..................................... 16

2.2- Exemplos de atitudes em prol do consumo consciente...................... 20

CAPÍTULO III- Direito dos Consumidores................................................... 24

3.1- Lista dos direitos dos consumidores.................................................... 25

CONCLUSÃO................................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...................................................................... 39

ÍNDICE.............................................................................................................. 40

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa esclarecer a importância do consumo

consciente, o impacto que ele causa na vida das pessoas, como o mundo

ficaria bem melhor se todos os consumidores tivessem consciência antes de

praticar suas ações.

O consumo consciente, sustentável, em que uma pessoa adquire,

utiliza e descarta os produtos sem afetar o meio ambiente e a vida humana é a

solução de muitos problemas, já que o ritmo do consumo dos recursos naturais

disponíveis supera a capacidade de recuperação da terra e os números gerais

indicam uma perda acentuada de recursos naturais.

. Devemos saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas

necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações

futuras, e para isso o homem deve ser educado para promover a preservação

do meio ambiente e a da dignidade da vida humana.

Porém muitas pessoas sofrem de uma doença que as levam a um

consumo desnecessário, ou seja, elas compram coisas que não precisam e

acabam prejudicando o meio ambiente e a natureza, além de muitas vezes se

tornarem pessoas superendividadas. Isso ocorre devido ao “Consumismo”.

O consumismo é uma compulsão que leva o indivíduo a comprar de

forma desmedida e sem necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Ele se

deixa influenciar excessivamente pela mídia, o que é comum em um sistema

dominado pelas preocupações de ordem material, na qual os apelos do

capitalismo calam fundo na mente humana. Não é à toa que o universo

contemporâneo no qual habitamos é conhecido como “sociedade de consumo”,

é como se as mercadorias fossem tivessem vida própria, independentes dos

esforços do homem.

O consumista não age como o consumidor, que compra as

mercadorias e os serviços de que necessita para sua existência. Ele atua

muitas vezes movido por distúrbios emocionais e psicológicos, ou por

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motivações socioeconômicas, como uma espécie de compensação pela frieza

do convívio social, pela carência financeira, por uma auto-estima deteriorada, e

por tantas outras razões. O resultado dessa atitude impulsiva é geralmente o

endividamento crescente, que faz com que o indivíduo assuma

conseqüentemente uma sobrecarga de trabalho, na tentativa de eliminar as

dívidas, contudo, novamente se vê emocionalmente frágil e se torna propenso

de novo ao consumismo voraz. Cria-se um círculo vicioso, do qual somente

com muito esforço e um eficaz tratamento terapêutico o sujeito pode se libertar.

O acúmulo cada vez maior de supérfluos leva a uma deterioração

dos hábitos e de valores, pois as pessoas se tornam pouco a pouco escravas

do materialismo, em detrimento do caráter espiritual da vida. As próprias

relações sociais são prejudicadas diante da valorização crescente das

mercadorias, na verdade até mesmo os relacionamentos se submetem a

critérios materiais. A natureza também é prejudicada pelo consumo ilimitado,

porque o incremento das mercadorias, não só da demanda, mas também da

oferta, produz no meio ambiente o aumento do volume do lixo.

O trabalho também aborda os direitos dos consumidores, presentes

no artigo 6˚ do Código de Defesa do Consumidor.

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CAPÍTULO I

O CONSUMISMO

Consumismo refere-se a um modo de vida orientado por uma

crescente propensão ao consumo de bens ou serviços, em geral supérfluos,

em razão do seu significado simbólico (prazer, sucesso, felicidade),

freqüentemente atribuído pelos meios de comunicação de massa. O termo é

muitas vezes associado à crítica do sociólogo e economista Thorsein Veblen,

à cultura de massa e à indústria cultural.

O conceito mais antigo de "consumo conspícuo" tem origem na

virada do século XX nos escritos de Veblen. O termo descreve uma forma

aparentemente irracional e confusa de comportamento econômico. Segundo

Veblen, esse consumo desnecessário é uma forma de exibição do status,

muitas vezes às custas das privações. A expressão "consumo conspícuo", que

descrevia o consumismo observado nos Estados Unidos no pós-guerra,

generalizou-se na década de 1960, mas logo foi ligada ao debate sobre a

cultura de massa e ao culture jamming.

O início do consumismo ocorreu com o começo do capitalismo,

durante a baixa idade média, por conseqüência da derrocada do sistema feudal

e mudança em massa da população para os centros urbanos. Com isso, o

governo europeu inicia sua fase de mercantilismo e absolutismo, em busca de

pedras preciosas como prata e ouro. Com essa nova conduta dos governantes,

a classe beneficiada foi a dos burgueses - classe que tinha o poder sobre os

meios de produção -. Essa classe passa a se rebelar contra o poder do rei,

resultando na queda do sistema absolutista, que teve por conseqüências as

Revoluções Francesa e Inglesa.

Posteriormente a Revolução Industrial, a produção sofre um grande

crescimento, gerando lucro e acumulo de capital para a classe burguesa que,

com todo o poder obtido a partir desse lucro e capital acumulado, começa a

governar a Europa Ocidental, e assim o capitalismo começa a se ampliar.

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Na medida em que os burgueses queriam acumular mais e mais

capital, eles tinham que vender seu próprio produto. Como já existia

concorrência, as empresas tinham que provar (ou enganar) que seu produto

era melhor que o do outro, fazendo uso da propaganda. A propaganda tem o

objetivo de influenciar o povo, fazendo que ele compre certo tipo de produto, e

desse modo, a propaganda começa a criar um conceito de que comprar é bom,

e que comprar mais é melhor ainda. Desse modo, a população começa a sentir

um falso sentimento de realização pessoal ao comprar, mas esse sentimento

logo se acaba fazendo com que a pessoa sinta o impulso de comprar mais,

para continuar se sentindo bem. Surge então o Consumismo.

1.1 . Consumo x Consumismo

A diferença entre o consumo e o consumismo é que no consumo as

pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário. Já o consumismo se

caracteriza pelos gastos excessivos em produtos supérfluos, movidos pela

propaganda. A necessidade de consumo pode vir a tornar-se uma compulsão,

uma patologia comportamental. Pessoas compram compulsivamente coisas de

que realmente não precisam. Muitas vezes, furtam ou roubam não movidas por

uma necessidade objetiva, mas pelo desejo de possuir algo cujo significado é

essencialmente simbólico.

O consumista atua muitas vezes movido por distúrbios emocionais e

psicológicos, ou por motivações sócio-econômicas, como uma espécie de

compensação pela frieza do convívio social, pela carência financeira, por uma

auto-estima deteriorada, e por tantas outras razões. O resultado dessa atitude

impulsiva é geralmente o endividamento crescente, que faz com que o

indivíduo assuma conseqüentemente uma sobrecarga de trabalho, na tentativa

de eliminar as dívidas, contudo, novamente se vê emocionalmente frágil e se

torna propenso de novo ao consumismo voraz. Cria-se um círculo vicioso, do

qual somente com muito esforço e um eficaz tratamento terapêutico o sujeito

pode se libertar.

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O acúmulo cada vez maior de supérfluos leva a uma deterioração

dos hábitos e de valores, pois as pessoas se tornam pouco a pouco escravas

do materialismo, em detrimento do caráter espiritual da vida. As próprias

relações sociais são prejudicadas diante da valorização crescente das

mercadorias, na verdade até mesmo os relacionamentos se submetem a

critérios materiais.

A explicação da compulsão de consumo talvez possa se amparar

em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução

Industrial, que gerou a ampliação do capitalismo, como dito anteriormente. A

industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível

durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo

de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos

industrializados. Por outro lado, o setor rural entrou em decadência, onde

pessoas que possuíam alta jornada de trabalho (16 horas por dia, 6 dias por

semana) não ganhavam renumeração suficiente para consumir. Além disso,

trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com

o meio ambiente. A Revolução Industrial do século XVIII transformou de forma

sistemática a capacidade humana de modificar a natureza, o aumento

vertiginoso da produção e por conseqüência da produtividade barateou os

produtos e os processos de produção, com isso milhares de pessoas puderam

comprar produtos antes restritos às classes mais ricas.

A sociedade capitalista da atualidade é marcada por uma

necessidade intensa de consumo, seja por meio dos mercados internos, seja

por meio dos mercados externos, já que um aumento do consumo registra-se

uma maior necessidade de produção, que para atender a esta demanda gera

cada vez mais empregos, que aumentam a renda disponível na economia e

que acaba sendo revertida para o próprio consumo. O excesso de todo este

processo leva a uma intensificação da produção e conseqüente aumento da

extração de matérias-primas e do consumo de energia, muitas vezes, de fontes

não-renováveis.

A imitação é um item notável no consumismo. Algumas pessoas de

classes sociais mais baixas possuem tendência a imitarem e ansiarem as

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posses de pessoas de maior representação social, como celebridades. Ou

seja, a sociedade cria um padrão, que tende a ser seguido pelas pessoas.

Vale ressaltar, que hoje em dia o comércio se esforça bastante para

atrair os consumidores, fazendo promoções, liquidações, aceitando cartões de

crédito, parcelando compras em milhares de vezes e isso faz com que muitas

pessoas mergulhem nesse universo consumista, e acabem fazendo compras

por impulso, são os chamados “Compradores Compulsivos”.

Tal prática é considerada por muitos psicólogos e psiquiatras como

uma doença grave que precisa ser tratada, como se fosse um vício, assim

como o das drogas e álcool, pois também causa uma dependência, já que

determinadas pessoas compram pelo simples prazer de comprar, para ter uma

satisfação momentânea, uma sensação de bem estar. E o pior, é que muitas

vezes não precisam daquilo que estão comprando e gastam dinheiro sem ao

menos ter, se tornando uma pessoa superendividada.

1.2. Superendividamento

O superendividamento é um fenômeno de cunho social, jurídico e

econômico, capaz de gerar a impossibilidade do consumidor de boa-fé em

pagar com seu rendimento mensal o conjunto de suas dívidas de consumo,

vencidas ou a vencer. Ele é passível de prejudicar até o mínimo existencial,

quantia necessária para assegurar uma vida digna ao individuo e seu núcleo

familiar, como as despesas mensais de sobrevivência, tais como: água, luz,

alimentação, educação, transporte, etc..

O tema do superendividamento ou sobreendividamento ainda não foi

tratado pela lei brasileira com a atenção que já mereceu em outros países,

motivo pelo qual vem despertando a preocupação e os cuidados da melhor

doutrina pátria, a exemplo da professora Cláudia Lima Marques, com o escopo

de fornecer um tratamento adequado ao referido fenômeno social, jurídico e

econômico.

A análise desse fenômeno demanda conhecimentos

interdisciplinares, de natureza sociológica, psicológica, econômica e jurídica, de

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sorte que, escapando da sua análise mais completa, interessa para os fins

colimados no presente estudo, as suas implicações na esfera socioeconômica

e os seus reflexos no Direito.

O superendividamento indica o endividamento superior ao normal

daquele possível de ser suportado pelo orçamento mensal dos consumidores.

É definido pela citada doutrinadora como "a impossibilidade global do devedor-

pessoa física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas suas dívidas

atuais e futuras de consumo".1

De acordo com o Instituto Akatu, o número de brasileiros que não

conseguem quitar suas dívidas cresceu muito nos últimos anos. O brasileiro se

endividou principalmente na aquisição de bens duráveis, que têm maior valor

agregado, longos prazos de parcelamento e formas mais caras de crédito,

como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. Recentemente, o

Banco Central (BC) adotou uma série de novas medidas para regulamentar o

setor de cartões de crédito com objetivo de evitar o superendividamento das

famílias brasileiras. Para Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, em

geral, os consumidores são vitimas de uma sociedade que se pauta pelo

consumo: “Somos empurrados para dentro das lojas o tempo todo. Nas ruas,

na TV e na internet há sempre mensagens que criam no consumidor a falsa

sensação de necessidade de consumir vários produtos”.2

Para agravar a situação, entre os bens oferecidos, está o próprio

dinheiro, disponibilizado ao consumidor em forma de crédito e, em geral, ele

não está preparado para avaliar sua real capacidade de pagar pelo que

consome. Um bom controle de entrada e saída do dinheiro que compõe a

renda pessoal ou familiar é fundamental para que as metas de curto, médio e

longo prazo possam ser alcançadas sem sobressaltos. Deve-se também evitar

parcelamentos. Fazer compra parcelada com juros sai caro e é sempre um

risco. Não se deve olhar o valor da prestação, mas sim o preço final parcelado.

Muitas vezes, com o valor final daria para comprar até três do mesmo produto.

Isso quer dizer que o consumidor vai trabalhar muito mais para comprar a

1 MARQUES, Cláudia Lima. Direitos do Consumidor Endividado: Superendividamento e crédito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 256. 2 www.akatu.org.br.

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mesma coisa. Como regra, uma dívida só vale a pena em situações de

emergência, ou se a compra for gerar – com grande certeza – ganhos maiores

do que os custos com juros, taxas e garantias. Deve-se prestar atenção

também nos pequenos gastos, e descobrir o que dá para fazer com o valor

mensal gasto com despesas que podem ser evitadas.

Vale ressaltar que compulsão por compras é uma doença, como já

foi dito anteriormente, e requer tratamento. Ciclos de ansiedade antes da

compra, prazer durante o pagamento e arrependimento logo em seguida é o

perfil dos compradores compulsivos, que já começam a aparecer com

importância significativa nos consultórios médicos. Não conseguindo se render

aos impulsos, essas pessoas transformam o que seria um ato corriqueiro em

um verdadeiro descontrole. Inclusive tal problema é capaz de causar, além de

dívidas cada vez maiores, depressão e isolamento social, portanto, pessoas

que possuem tal problema devem se conscientizar e buscar ajuda de um

psicólogo o mais rápido possível para que possam se curar dessa indesejada

doença.

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CAPÍTULO II

CONSUMO CONSCIENTE

Consumir envolve um processo de seis etapas que, normalmente, é

realizado de modo automático e, muitas vezes, impulsivo. O consumo

geralmente é associado a compras, o que está correto, mas, incompleto.

A compra é apenas uma etapa do consumo. Antes dela, é preciso

decidir o que consumir, por que consumir, como consumir e de quem consumir.

Depois de refletir a respeito desses pontos‚ é que se parte para a compra. E,

após a compra, existe o uso e o descarte do que foi adquirido.

O consumo é algo muito importante e que provoca diversos

impactos. Primeiro, em nós mesmos, já que temos que arcar com as despesas

do consumo e que nos beneficiamos do bem-estar derivado dele. Depois, o

impacto na economia, porque, ao adquirirmos algo, movimentamos a máquina

de produção e distribuição, ativando a economia. Também afeta a sociedade,

porque é dentro dela que ocorrem a produção, as trocas e as transformações

provocadas pelo consumo. E, por fim, o impacto sobre a natureza, que nos

fornece as matérias-primas para a produção de tudo o que consumimos.

2.1. Conceito e objetivos do consumo consciente

Consumo Consciente é o ato de adquirir e usar bens de consumo,

alimentos e recursos naturais de forma a não exceder as necessidades. A idéia

básica do consumo consciente é transformar o ato de consumo em uma prática

permanente de cidadania, ajudando assim na preservação do meio ambiente.

O objetivo de consumo, quando consciente, extrapola o

atendimento de necessidades individuais e leva em conta seus reflexos na

sociedade, economia e meio ambiente. Tais reflexos podem ser positivos ou

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negativos. Ao comprar produtos de uma empresa que utiliza trabalho escravo,

por exemplo, o consumidor financia essa prática abominável. Por outro lado, se

comprar alimentos orgânicos ou de comércio justo, contribuirá com setor da

economia que não utiliza substâncias tóxicas em sua produção e que não

agride o meio ambiente.

Aquela velha prática de “lavar as mãos”, de encontrar um culpado

pelas mazelas do mundo, é inválida no consumo consciente. Se algo está

errado, todos têm uma parcela de responsabilidade.

A escassez de recursos naturais, nesse sentido, não pode ser

atribuída somente às empresas, pois foram os consumidores que financiaram

sua exploração.

Por isso, é fundamental estar bem informado sobre os produtos e

serviços que serão adquiridos ou contratados. O poder de transformação social

está nas mãos dos consumidores, e cabe a eles escolher como fornecedoras

empresas éticas, que respeitam os direitos humanos e os limites naturais do

planeta.

A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a

capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo e produção se

mantiverem no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois

planetas Terra para atender nossas necessidades de água, energia e

alimentos. Não é preciso dizer que esta situação certamente ameaçará a vida

no planeta, inclusive da própria humanidade. A melhor maneira de mudar isso

é a partir das escolhas de consumo.

Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia,

nas relações sociais, na natureza e em você mesmo. Ao ter consciência

desses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e

definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o

consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos,

desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo

melhor. Isso é Consumo Consciente. Em poucas palavras, é um consumo com

consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade.

O consumo consciente é uma questão de hábito: pequenas

mudanças em nosso dia-a-dia têm grande impacto no futuro. Assim, o

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consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para

garantir a sustentabilidade da vida no planeta.

Apesar de muitas vezes relacionarmos os termos consumo e

aquisição de produtos como sendo sinônimos, o primeiro é, na verdade, um

conceito mais abrangente. Consumir envolve outras etapas: o que consumir,

porque consumir, como consumir e de quem consumir. Contempla, ainda, o

consumo propriamente dito e, dependendo do que foi consumido, o uso e o

descarte.

Em todos os processos, ou na maioria, há uso de matérias-primas,

liberação de energia e utilização do trabalho humano e, em alguns casos,

animais. Assim, o consumo envolve processos complexos e que podem tanto

beneficiar quanto prejudicar pessoas e suas comunidades quanto o meio

ambiente. Por tal motivo, um consumidor consciente, além de contribuir para a

economia, contribui para que tenhamos uma sociedade mais justa e

ambientalmente saudável, analisando os impactos do seu consumo,

procurando fazer escolhas para minimizarem estes malefícios.

Assim, analisar a cadeia produtiva dos bens que deseja consumir;

verificar se neste processo há situações em que prejudique sua saúde, de

outras pessoas ou do meio ambiente são algumas formas de maximizar os

impactos positivos do consumo até que este bem tenha condições de chegar

até seu destinatário final.

À primeira vista, pode parecer que praticar o consumo consciente é

algo difícil de fazer no cotidiano, ou inacessível, ou caro. Mas bastam algumas

mudanças de hábitos para se iniciar um processo de engajamento nessa

prática. Consertar um item quebrado antes de comprar um novo é uma atitude

antes de tudo econômica, mas que também poupa recursos naturais – hoje a

sucata eletrônica é um dos maiores problemas globais. Celulares antigos,

computadores e televisores que chegaram ao fim da vida útil não podem ser

descartados no lixo comum, pois contém metais pesados que contaminam o

meio ambiente. Deve-se avaliar a real necessidade de comprar um aparelho

novo e, ao descartar o antigo, se informar sobre empresas que fazem a

reciclagem do lixo eletrônico – esse serviço já está disponível em muitas

cidades.

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Escolher um produto com base no histórico socioambiental de uma

empresa é outra forma de exercer o consumo consciente, pois como já foi dito

anteriormente, os direitos humanos e os recursos naturais do planeta devem

ser priorizados. A internet, as redes sociais e os órgãos de defesa do

consumidor estão aí para ajudar a buscar informações. Hoje, mais do que

nunca, comprar o produto de uma empresa é validar, com sua escolha, o

sistema de produção dessa companhia e compartilhar do seu código de

conduta. Por isso é tão importante buscar informações para fazer as escolhas

corretas.

Sendo assim, fica claro que consumidor consciente é aquele que

leva em conta, ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde

humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões como

preço e marca.

Tal consumidor também sabe que pode ser um agente

transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo, e que os atos de

consumo têm impacto, mesmo causado por um único indivíduo, que ao longo

de sua vida, produzirá um impacto significativo na sociedade e no meio

ambiente.

Por meio de cada ato de consumo, o consumidor consciente busca o

equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade, maximizando as

conseqüências positivas e minimizando as negativas de suas escolhas de

consumo, não só para si mesmo, mas também para as relações sociais, a

economia e a natureza.

O consumidor consciente também procura disseminar o conceito e a

prática do consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos realizados

por um número muito grande de pessoas promovam grandes transformações.

Além disso, ele valoriza as iniciativas de responsabilidade sócio-

ambiental das empresas, dando preferência às companhias que mais se

empenham na construção da sustentabilidade por meio de suas práticas

cotidianas.

Vale ressaltar e ratificar que o consumo consciente pode ser

praticado no dia-a-dia, por meio de gestos simples que levem em conta os

impactos da compra, uso ou descarte de produtos ou serviços, ou pela escolha

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das empresas da qual comprar, em função de seu compromisso com o

desenvolvimento sócio-ambiental.

2.2. Exemplos de atitudes em prol do consumo consciente

A seguir são apresentadas algumas sugestões dos especialistas

para ser um consumidor consciente:

• Analisar a real necessidade de consumir algo;

• Deve-se planejar as compras. Fazer um planejamento

antecipado, comprar menos e melhor, observando a

qualidade dos produtos, cuidando assim da saúde e do bolso;

• Reduzir o uso de embalagens;

• Evitar o desperdício (fechar a torneira, colocar no prato

somente aquilo que irá comer, procurar se satisfazer com

menos produtos, etc.);

• Recusar. Se metade das pessoas recusasse panfletos

desnecessários, cerca da metade deles deixaria de ser

fabricado, e reduziríamos este tipo de lixo pela metade;

• Reaproveitar ao máximo os alimentos e materiais. O SESC

possui um guia de receitas fornecendo alternativas que

diminuem o desperdício de alimentos, aproveitando cascas,

talos e folhas. Quanto aos materiais, que tal utilizar aquela

latinha de extrato de tomate para plantar mudas de plantas

ornamentais de pequeno porte?

• Separar o lixo em recicláveis, lixo orgânico e lixo não

reciclável. Os primeiros podem ser encaminhados para a

coleta seletiva da cidade (caso tenha), catadores,

cooperativas ou hospitais e instituições que reciclam. O

segundo pode ser encaminhado para sistemas de

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compostagem, e somente o terceiro para aterros ou outras

formas de encaminhamento de resíduos. Pilhas, baterias e

lâmpadas podem ser devolvidas aos locais em que foram

adquiridas, sendo estas empresas responsáveis pelo devido

encaminhamento;

• Reutilizar produtos e embalagens. Não se deve comprar algo

que já tenha e que pode ser consertado, transformado ou

reutilizado;

• Gastar água e energia somente o necessário, evitando ao

máximo o desperdício; Usar sistemas que evitem o

desperdício de água e energia nas residências ajuda muito.

Ao usar o chuveiro elétrico, por exemplo, se cada brasileiro

reduzisse o banho diário de 12 minutos para 6 minutos, a

energia economizada seria suficiente para manter uma

lâmpada acesa por sete horas. Outra opção para economizar

é fechar a torneira ao se ensaboar;

• Evitar as lâmpadas incandescentes; embora mais baratas,

elas têm vida útil curta. As lâmpadas fluorescentes duram até

10 vezes mais, e as de led são até 25 vezes mais duráveis e

consomem pouca eletricidade;

• Ao utilizar a geladeira, deve-se evitar sobrecarregar o

aparelho com alimentos demais, pois é necessário que o ar

frio tenha espaço para circular. Nos dias frios, é aconselhável

ajustar o termostato para temperaturas maiores;

• Ao instalar ar condicionado, não se deve posicioná-lo em um

local com incidência direta do sol. Dessa forma, a economia

de energia pode chegar a 5%. É importante desligar o

aparelho quando não houver ninguém no local;

• Escolher os eletrodomésticos mais eficientes. Compará-los,

usando as informações do selo Procel, do Inmetro, presente

nos aparelhos. Os que possuem classificação A são os mais

econômicos;

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• Na hora de lavar as roupas, deixar acumular a roupa suja

para usar a máquina de lavar menos vezes, atitude que

economiza, ao mesmo tempo, água e energia elétrica. A água

descartada pela máquina pode ser reutilizada para lavar o

quintal;

• Fazer a manutenção das torneiras ou trocar as antigas por

modelos novos com sensores de água. Uma torneira

pingando é capaz de desperdiçar 46 litros de água por dia,

em um mês, isso equivale a 1380 litros;

• O mesmo vale para as válvulas de descarga reguladas. Uma

válvula desregulada pode gastar até 3 vezes mais água.

Investir em válvulas inteligentes, com duplo fluxo, que liberam

maior ou menor quantidade de água conforme a necessidade

é uma boa opção;

• Ao regar as plantas, utilizar um regador em vez de mangueira.

E preferencialmente, tal tarefa deve ser realizada no período

da manhã ou final do dia, quando a temperatura está mais

amena e a evaporação é menor;

• Limpar os pratos antes de lavar a louça e fechar a torneira

enquanto ensaboa, abrindo-a apenas na hora de enxaguar

reduz muito a quantidade de água utilizada;

• Jamais utilizar a mangueira de água para “varrer” as calçadas

e o quintal. Essa atitude desperdiça nada menos do que 280

litros de água em apenas 15 minutos. Em um ano, o

desperdício pode chegar a 14 mil litros de água;

• Optar pelo uso de combustíveis verdes (biocombustíveis),

evitando os combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.);

• Utilizar crédito (financiamento, cartão de crédito, crediário)

com muita responsabilidade e sempre fazendo as contas para

verificar se as compras não vão comprometer o orçamento;

• Valorizar e adquirir produtos de empresas que demonstram

preocupações sociais e ambientais;

• Adquirir produtos somente com emissão de nota fiscal;

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• Cobrar das empresas, através de sugestões construtivas, a

melhoria de produtos e serviços, visando à redução do

impacto ambiental;

• Utilizar sacolas retornáveis para transportar os produtos

adquiridos em supermercados;

• Valorizar o consumo de produtos orgânicos que, além de

serem benéficos à saúde, sua produção envolve práticas de

respeito ao meio ambiente;

• E por último, e muito importante, divulgar e participar, sempre

que possível, de campanhas que visem à prática do consumo

consciente.

Ser um consumidor consciente é um grande e valoroso desafio. Não

se trata aqui, necessariamente, de sacrifícios, mas de ter consciência do que

se pode mudar, mesmo que seja gradativamente, em hábitos que são onerosos

para a vida do indivíduo, de outras pessoas e do planeta, de forma geral.

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CAPÍTULO III

DIREITOS DOS CONSUMIDORES

A CR/88 foi um marco para os direitos do consumidor, pois foi a

primeira vez na história do nosso país que houve menção a estes direitos.

Com a determinação no inc. XXXII do art. 5º que "O Estado promoverá, na

forma da lei, a defesa do consumidor", a Carta Magna garantiu a defesa e

proteção do consumidor.

O CDC, como lei ordinária, consolida esta determinação e elenca no

capítulo III do Título I os direitos básicos do consumidor. Estes direitos são

considerados os essenciais, principais e os efetivamente garantidos ao

consumidor.

A Lei n.º 8.078/90 visa garantir a proteção do consumidor, a qual

tem sido um dos temas mais discutidos dentro do Direito. Hoje muitos cidadãos

já conhecem alguns de seus direitos, e por isso vão em busca de defesa na

Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON, que é o

órgão responsável pela coordenação e execução da política estadual de

proteção, amparo e defesa do consumidor. Cabe ao PROCON orientar,

receber, analisar e encaminhar reclamações, consultas e denúncias de

consumidores, fiscalizar preventivamente os direitos do consumidor e aplicar as

sanções, quando for o caso.

Vale lembrar que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Já fornecedor, é

toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, ou

entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,

montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,

distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

A lista de direitos básicos do art. 6º do CDC visa proteger o

consumidor, sujeito vulnerável da relação de consumo. Ou seja, como não há

igualdade de posição entre consumidor e fornecedor, o estado interveio e

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dispôs tais direitos básicos visando o equilíbrio entre estes sujeitos. O referido

artigo enumera os direitos básicos do consumidor, contudo, sem exauri-los.

Trata-se de rol meramente exemplificativo que busca destacar toda a

principiologia do Código de Defesa do Consumidor, dando maior ênfase às

questões protetivas inerentes a todo e qualquer tipo de relação consumerista

existente ou até mesmo as que ainda possam ocorrer. Em suma, já indica aos

fornecedores sobre procedimentos preventivos que estes devem observar

antes mesmo da produção e comercialização de produtos ou serviços.

3.1. Lista dos Direitos dos Consumidores

O art. 6º do CDC lista os direitos básicos dos consumidores. Trata-

se de rol meramente exemplificativo que busca destacar toda a principiologia

do Código de Defesa do Consumidor, dando maior ênfase às questões

protetivas inerentes a todo e qualquer tipo de relação consumerista existente

ou até mesmo as que ainda possam ocorrer. Já indica aos fornecedores sobre

procedimentos preventivos que estes devem observar antes mesmo da

produção e comercialização de produtos ou serviços.

Art. 6º, CDC. São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos

provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados

perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos

produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas

contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e

serviços, com especificação correta de quantidade, características,

composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

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IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos

comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas

abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam

prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes

que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,

individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à

prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos

ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos

necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a

inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do

juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as

regras ordinárias de experiências;

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Isso não significa dizer, no entanto, que outras situações que

venham a causar prejuízos não tenham defesa. Em conformidade com a Lei de

Defesa do Consumidor, e como comenta o autor Soares:

Os direitos relacionados na Lei n.º 8.078/90 não excluem os previstos em tratados ou convenções internacionais de que o nosso País seja signatário, da legislação interna ordinária, regulamentos expedidos pelas autoridade administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade. (SOARES,2000, p.96).

De maneira geral, cabe ao legislador identificar, conforme a

reclamação do consumidor, qual a medida mais correta a ser tomada para

defendê-lo, levando-se em conta não só a Lei n.º 8.078/90, mas também os

princípios gerais do direito, costumes e casos semelhantes.

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No que diz respeito ao primeiro direito básico, ao consumidor é

garantida a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados

por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou

nocivos.

Em uma sociedade de risco como a que vivemos, fica claro que este

é um direito preliminar, atrelado ao princípio maior - dignidade da pessoa

humana - art. 4º, caput, CDC, posto que muitos produtos, serviços e práticas

comerciais são perigosos e nocivos para a vida, saúde e segurança do

consumidor, ou seja, produtos e serviços que, por sua natureza, podem

representar uma ameaça ao usuário devem trazer informações adequadas,

claras e em destaques sobre seus riscos. Quando o produto é nocivo ou

perigoso, por exemplo; os inseticidas e álcool, o fornecedor deve informar no

rótulo sobre seu uso, toxidade, composição, os possíveis prejuízos à saúde,

etc.

Se depois que o produto ou serviço for colocado no mercado o

fornecedor descobrir que fornece algum risco à saúde ou segurança dos

consumidores, deve imediatamente comunicar o fato ao público, através de

anúncios publicitários recall. Ao mesmo tempo, providenciar a retirada do

comércio, troca dos que já foram vendidos ou a devolução do valor pago pelo

consumidor.

É preciso identificar, inclusive o responsável pelo dano ou acidente

que venha a ser causado por um produto ou serviço, seja ele o fabricante ou

produtor, o construtor, o importador, o prestador de serviço e também o

comerciante, que é igualmente responsável pela reparação de danos.

Torna-se necessário, no entanto, levar-se em consideração, se

antes de comprar um produto, ou utilizar um serviço, o consumidor foi

devidamente avisado pelo fornecedor, dos possíveis riscos que ele poderia

oferecer à sua saúde ou segurança.

Já se referindo ao segundo direito básico, o consumidor tem direito à

educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços

para que possa fazer sua livre escolha. Esta, por sua vez, implica em uma

posterior contratação, que realizada de forma clara gera igualdade entre seus

sujeitos.

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A inclusão destes direitos mostra que o CDC é uma norma típica de

dirigismo contratual, pois a liberdade de escolha e a igualdade nas

contratações devem se fazer presentes em todos os contratos de consumo.

Assim sendo, a Lei de Defesa do Consumidor apregoa que a

educação e informação dos consumidores e fornecedores constituem-se no

principal objetivo a ser alcançado em menor espaço de tempo possível.

No que tange ao direito à informação, o consumidor tem direito à

informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com

especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e

preço, bem como sobre os riscos que apresentem.

Uma informação clara e adequada demonstra a transparência que

deve imperar na relação de consumo. Importa registrar que esta transparência

não deve ocorrer apenas no momento pré-contratual, quando o serviço é

oferecido. Deve incidir também na conclusão do contrato e no pós-contrato.

Vale ressaltar que este direito aparece em outros momentos da lei

consumerista, como por exemplo, nos artigos 12, 14, 30, 46, entre outros.

Portanto, este direito visa propiciar ao consumidor a opção firme

quanto à contratação do produto ou serviço oferecido.

Quanto ao artigo 6˚, inciso IV, os princípios da transparência e boa-

fé (garantidos pelo art. 4º, caput, CDC) mostram-se à medida que o CDC

garante a proteção do consumidor contra a publicidade enganosa e abusiva,

métodos comerciais coercitivos ou desleais e práticas e cláusulas abusivas ou

impostas nos contratos.

Como anteriormente citado, o CDC objetiva basicamente a proteção

do consumidor. Por este motivo, em seu rol de proteção, proibiu o abuso e

impôs a transparência e a boa-fé nos métodos comerciais, na publicidade e nos

contratos.

Cumpre lembrar que a boa-fé atualmente não se limita apenas à

boa-fé subjetiva (aquela que aponta que as partes/sujeitos devem agir com

transparência), mas alcança a boa-fé objetiva (aquela que preconiza que uma

parte deve zelar pela outra ao realizar um contrato e durante a execução deste.

O CDC também protege o consumidor nos contratos de consumo,

como está previsto no inciso V, do artigo 6˚, para isso garante:

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-A modificação das cláusulas contratuais que estabelecem prestações

desproporcionais.

- A revisão das cláusulas contratuais em razão de fatos supervenientes que as

tornem excessivamente onerosas.

Nesta hipótese, a cláusula contratual era eqüitativa quando da

celebração do contrato. Contudo, posteriormente alguns fatos tornaram o

contrato excessivamente oneroso ao consumidor e por este motivo a Lei

8.078/90 permite que o Poder Judiciário reveja esta cláusula que desequilibra o

contrato e que por fato superveniente, onerou excessivamente o consumidor.

Cumpre ainda ressaltar que o comportamento das partes de acordo

com a boa-fé (que norteia toda relação contratual de consumo) tem como

conseqüência a possibilidade desta revisão do contrato celebrado entre elas.

Dessa forma, a lei visou proteger o consumidor de alguns contratos

e obrigações que ele assume perante o fornecedor, mas que irá “pesar” na

hora de cumprir. Por isso, a lei permite que esses contratos que muitas vezes

prevêem situações absurdas sejam modificados de acordo com as

possibilidades do consumidor.

Já o inciso VI do artigo 6º dispõe do direito à efetiva prevenção e

reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, ou

seja, a devida indenização a que o consumidor possa ter direito para reparar

danos contra sua pessoa, sejam materiais ou não.

A garantia da prevenção indica o direito que o consumidor possui de

evitar que o dano ocorra. Já a garantia de reparação indica o direito que o

consumidor tem de ser devidamente indenizado pelo dano (efetivo prejuízo

suportado por ele).

Como já comentado, nenhum produto ou serviço deve causar danos

físicos ou morais aos consumidores em geral, mas, se causarem a lei em

questão garante que o consumidor seja indenizado na mesma proporção em

que foi prejudicado. Por exemplo, se alguém comeu uma comida estragada e

foi parar no hospital por culpa do fornecedor, esse terá que indenizar o

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consumidor pelos gastos com remédios, internação e pelo desgosto e pela

raiva que ele porventura tenha passado.

Nesse sentido, vale a pena salientar que quando o consumidor

adquirir um produto e perceber que ele tem algum defeito ou que a quantidade

não confere com o que está notificado na embalagem, ele tem o direito de

reclamar e o fornecedor tem o prazo de 30 dias para corrigi-lo ou no caso de

conserto do produto, ele ainda apresentar problemas, o consumidor pode

exigir: a troca, o abatimento do preço ou o dinheiro de volta com correção

monetária.

O sétimo direito básico de todo o consumidor é o acesso aos órgãos

judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos

patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção

jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.

O consumidor tem livre acesso a qualquer repartição pública ou à

Justiça para poder ser indenizado pelos danos causados por produtos ou

serviços defeituosos. Se o consumidor não tiver condições financeiras de entrar

com a ação judicial, isso será feito sem custo para ele, pois a lei visa proteger

todos os consumidores, inclusive os mais pobres. Ela não faz distinção entre as

pessoas.

A possibilidade de inversão do ônus da prova é outro direito básico

garantido ao consumidor. Para a facilitação da defesa do consumidor em um

processo, o ônus da prova (que a ele incumbe) pode ser alterado e passar a

incidir sobre o fornecedor.

O CDC autoriza o juiz a inverter o ônus da prova em 02 casos:

quando forem verossímeis as alegações ou quando o consumidor for

hipossuficiente.

Este inciso é interessante porque diz que quando um produto ou um

serviço tiver um defeito o consumidor não precisa provar isso para o juiz, mas é

o fornecedor que tem que provar que ele não tem defeito nenhum.

Normalmente, a obrigação de provar é sempre da pessoa que reclama, ou

seja, daquele que processa alguém. Ele deverá sempre apresentar, no

processo, provas de que foi prejudicado. Essas provas podem ser documentos,

fotografias, testemunhas etc.

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Pelo Código de Defesa do Consumidor, essa obrigação poderá, a

critério do juiz, ser invertida. Quer dizer, a obrigação de provar será do

fabricante do produto ou do prestador do serviço e não daquele que reclama, o

que vem facilitar para o consumidor.

Muitas vezes, vários órgãos podem atender a um determinado tipo

de situação. A diferença acaba sendo no desfecho do caso. Se a reclamação

diz respeito à venda de produtos com prazos de validade vencidos, por

exemplo, depois de comprovada, a queixa se traduz em apreensão de produtos

e multa, caso seja registrada no Procon. Mas se a denúncia ocorrer na

Delegacia do Consumidor – Decon, além da retirada dos produtos das

prateleiras, os infratores podem ser presos. Quanto ao tempo de espera, o

consumidor deve escolher o local de registro de acordo com a urgência da

resolução do problema. Se a questão for a inscrição indevida no cadastro de

pessoas inadimplentes, com um simples telefonema do PROCON o nome do

consumidor pode ser limpo. Mas se o cliente achar que deve ser ressarcido por

isso, ele pode entrar com uma ação no Juizado de Pequenas Causas.

O que é importante mesmo é garantir o direito de defesa do

consumidor que pode consegui-lo através do PROCON e DECON, como

explicado acima, ou ainda o PRODECON – Promotoria de Defesa do

Consumidor, onde qualquer consumidor pode reclamar, desde que a queixa

não seja um fato isolado, ou seja, deve ser feita no caso de situações que

prejudiquem vários consumidores ao mesmo tempo, como prestação de

serviços públicos (fornecimento de água, luz, etc.), e podem ser resolvidas no

Ministério Público.

O consumidor ainda pode ter seus direitos defendidos nos Juizados

Especiais, quando tiver algum constrangimento ou sofrer dano moral por

cobrança indevida, inscrição sem motivo em cadastros de restrição de crédito

(SPC e Serasa), porém somente em ações que não ultrapassem o valor de 40

salários mínimos.

O consumidor, por fim, tem direito à adequada e eficaz prestação

dos serviços públicos em geral. O Poder Público deve prestar à sociedade um

serviço contínuo (não pode parar), geral (para todos igualmente), eficiente

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(serviço atualizado), módico (com uma tarifa razoável) e uniforme (com tarifas

uniformes para cada serviço).

Também é dever do Poder Público garantir a defesa do consumidor

e acima de tudo, prestar serviços eficientes e de qualidade, sem distinção entre

sua população.

A Lei n.º 8.078/90 garante os direitos que todo o consumidor deve

usufruir. Como foi possível observar existem alguns princípios gerais e direitos

básicos reconhecidos pelo Código do Consumidor, mas acima de tudo e em

primeiro lugar, há o direito a ser ouvido. Ouvir significa dar um retorno e não só

escutar. É uma via de mão dupla, porque se está falando com o cidadão, um

sujeito de direito, não um alvo mercadológico.

Existe, como exposto o direito à indenização: se o fornecedor

causou prejuízo, é natural o ressarcimento na exata medida do dano, com a

troca do produto ou restituição do valor, mas a resistência nesse sentido é

muito grande. O direito à segurança de produtos e serviços obriga o fabricante

ou fornecedor a garantir que eles não causarão nenhum problema ao

consumidor.

Embora pareça não ter nada a ver, há ainda o direito ao meio

ambiente saudável, porque toda atividade comercial e todo consumo geram lixo

no final da vida do produto e é preciso definir o destino que lhe será dado

depois. Outro direito é o da escolha, isto é, o mercado de consumo deve

oferecer várias opções que possibilitem ao consumidor, pelo fato de a

competitividade ficar mais acirrada, fazer a lei da oferta e da procura. Também

existe o direito à educação para o consumo. Muitas vezes, a pequena empresa

não infringe o código por querer, mas por não existir uma política de educação

para o consumo de ambos os lados.

Um dos principais direitos é o de obter informação, pois ela é o

instrumento que habilita o consumidor a fazer a escolha certa. O direito de

acesso ao consumo é universal. Como orientar pessoas da periferia para não

comprarem produtos com data de validade vencida, se elas não têm acesso

sequer aos bens essenciais? O acesso ao consumo é a premissa para o

depois.

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Com esses princípios e direitos essenciais, pode-se desenvolver

todo o resto, mas o principal é ouvir o que o consumidor tem a dizer e fazer a

seleção. Ele pode dizer muita coisa, até por desabafo, mas sempre dirá algo

útil para o empresário que souber ser seletivo, porque tem a intimidade, a

familiaridade, com o produto ou o serviço.

Muitas pessoas dizem que os inimigos são os primeiros a verem os

defeitos. O consumidor não é o inimigo, mas tem essa intimidade com o

produto por usá-lo todo dia. Ao reclamar, ele oferece o que há de mais valioso

para a empresa: a sua experiência. Dizem, ainda: que quem ama reclama e

que o oposto do amor é a indiferença. Se o consumidor é indiferente, comprará

de outro e o fornecedor perderá o cliente. Mas, se ele reclamou, a empresa tem

a oportunidade de negociar com ele, de resgatá-lo. Então, falar com o cliente é

uma preciosidade, ainda que ele esteja muito bravo.

Cabe ao legislador estar com os olhos voltados para a sociedade,

utilizando os instrumentos que a lei coloca ao seu alcance, seja de maneira

preventiva, punitiva ou pedagógica, para realizar o ideal de justiça no mercado

de consumo.

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CONCLUSÃO

A idéia básica do consumo consciente é transformar o ato de

consumo em uma prática permanente de cidadania.

O objetivo de consumo, quando consciente, extrapola o atendimento

de necessidades individuais. Deve-se levar em conta também seus reflexos na

sociedade, economia e meio ambiente.

Ao comprar produtos de uma empresa que utiliza trabalho escravo,

por exemplo, o consumidor financia essa prática abominável. Por outro lado, se

comprar alimentos orgânicos ou de comércio justo, contribuirá com setor da

economia que não utiliza substâncias tóxicas em sua produção e que não

agride o meio ambiente. O consumidor consciente é aquele que leva em conta,

ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde humana e

animal, as relações justas de trabalho, além de questões como preço e marca.

O consumidor consciente sabe que pode ser um agente

transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo. Sabe que os

atos de consumo têm impacto e que, mesmo um único indivíduo, ao longo de

sua vida, produzirá um impacto significativo na sociedade e no meio ambiente.

Por meio de cada ato de consumo, o consumidor consciente busca o

equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade, maximizando as

conseqüências positivas e minimizando as negativas de suas escolhas de

consumo, não só para si mesmo, mas também para as relações sociais, a

economia e a natureza.

O consumidor consciente também procura disseminar o conceito e a

prática do consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos realizados

por um número muito grande de pessoas promovam grandes transformações.

Além disso, tal consumidor valoriza as iniciativas de

responsabilidade socioambiental das empresas, dando preferência às

companhias que mais se empenham na construção da sustentabilidade por

meio de suas práticas cotidianas.

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Cabe ressaltar que o consumo consciente pode ser praticado no dia-

a-dia, por meio de gestos simples que levem em conta os impactos da compra,

uso ou descarte de produtos ou serviços, ou pela escolha das empresas da

qual comprar, em função de seu compromisso com o desenvolvimento sócio-

ambiental.

Consumir consciente é consumir diferente, tendo no consumo um

instrumento de bem- estar e não um fim em si mesmo. É consumir

solidariamente, buscando os impactos positivos do consumo para o bem-estar

da sociedade e do meio ambiente. É consumir sustentavelmente, deixando um

mundo melhor para as próximas gerações.

Assim, o consumo consciente é uma contribuição voluntária,

cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta.

Com relação aos direitos dos consumidores, oito são os princípios

gerais da defesa do consumidor, dispostos no artigo 4º da Lei n.º 8.078, de 11

de setembro de 1990, conhecida como Código de Defesa do Consumidor.

Referida lei visa proporcionar o atendimento das necessidades dos

consumidores, levando-se em consideração sua dignidade, saúde e segurança,

bem como a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua

qualidade de vida, transparência e harmonia nas relações entre eles e seus

fornecedores de produtos ou serviços.

O primeiro princípio diz respeito ao reconhecimento da

vulnerabilidade do consumidor, o qual visa reequilibrar a relação de consumo,

reforçando a posição do consumidor e proibindo ou limitando certas práticas de

mercado. De maneira geral pode-se dizer que pressupõe que o consumidor é

hipossuficiente, pois o mesmo, individualmente, não está em condições de

fazer valer as suas exigências, carece de meios adequados para se relacionar

com as empresas, há uma desproporção muito grande entre a empresa e o

consumidor normal, o que impõe dificuldades para este fazer valer o seu

direito. Com a sofisticação da produção por parte das empresas, a

desproporção acentuou-se, ficando o consumidor numa situação de

inferioridade ainda maior, devido à dificuldade de informações e como

reivindicar seus direitos. O consumidor deve de ter sua proteção ampliada em

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função desta desproporção, pois na relação de troca, empresa/consumidor, é

visível a sua inferioridade.

Já o segundo princípio diz respeito à questão da ação

governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor, seja por

iniciativa direta, incentivo à criação e desenvolvimento de associações,

presença do Estado no mercado de consumo ou garantia dos produtos e

serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e

desempenho.

Também faz parte da gama de princípios gerais do consumidor a

harmonia entre consumidores e fornecedores, ou seja, deve haver um

equilíbrio entre a relação empresa/consumidor, tem que se levar em conta a

vulnerabilidade do consumidor, porém não pode haver abuso de seus direitos.

Para se obter o equilíbrio deve-se adotar os princípios das seriedade, da

igualdade e da boa-fé. Sem contar no bom relacionamento entre clientes e

fornecedores ou empresários. Sem dúvida, um bom relacionamento entre

consumidores e fornecedores é capaz de fazer milagres, e até mesmo impedir

que determinados “casos” possam vir a ser resolvidos através de boas

negociações sem nem ao menos se precisar ir a procura de Procon’s por

exemplo.

O quarto princípio se refere à educação e informação. Em

mensagem ao Congresso Americano, John Kennedy estabeleceu que o

consumidor tivesse o Direito de Informação. Esta informação não implica

apenas nas informações sobre o produto ou serviço, igualmente necessárias,

mas, também, quanto aos direitos e deveres enquanto consumidor. O

consumidor deve saber como ressarcir-se, pois isto é importante para garantir

justiça individual. Neste sentido as relações de consumo se modernizaram, a

partir de 1990, no Brasil. O consumidor, pois, deve ser educado sobre seu

próprio poder, frente aos produtores e prestadores de serviços, para equiparar-

se a estes em seu relacionamento.

O inciso V, do artigo 4º trata do incentivo à criação pelos

fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de

produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de

conflitos de consumo.

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O sexto princípio diz respeito à coibição e repressão eficientes de

todos os “abusos” praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência

desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e

nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos

consumidores. Recusar atendimento às demandas dos consumidores na exata

medida de suas disponibilidades de estoques, por exemplo, é uma delas. Até

mesmo o fato de se colocar no mercado um produto ou serviço em desacordo

com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou mesmo exigir

do consumidor vantagem manifestamente excessiva e execução de serviços

sem prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor,

são práticas abusivas que muitas vezes são cometidas por fornecedores às

quais os consumidores devem estar atentos.

O “serviço público” também faz parte dos princípios gerais de defesa

do consumidor. Neste sentido é relevante lembrar que serviço público é todo

aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e

controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da

coletividade ou simples conveniências do Estado. Todo cidadão pode exigir a

prestação correta do serviço público porque é uma obrigação da Administração

Pública, além de ser um direito de qualquer parte da população. O Estado tem

o dever de bem servir, sem favor para qualquer pessoa, como um direito

público subjetivo do povo, tratando com igualdade o atendimento à população

pobre ou rica, com um atendimento satisfatório tomando todas as medidas que

se fizerem necessárias, para agilizar a prestação dos serviços.

O inciso VIII do 4º artigo e último dos princípios gerais de defesa do

consumidor diz respeito ao estudo constante das modificações do mercado de

consumo. Trata-se de um princípio ligado à questão do estudo da economia da

sociedade, sua lei de demanda, levando-se em consideração a real

necessidade da população por determinado produto ou serviço.

Além desses princípios, os direitos dos consumidores também se

encontram previstos no artigo 6˚ e incisos da lei supracitada, como já foi dito e

devidamente explicado no capítulo anterior.

Portanto, cabe ressaltar que o consumidor, por ser considerado a

parte mais fraca, mais vulnerável da relação de consumo possui diversos

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direitos amparados por princípios e por lei, tendo assim a garantia de

atendimento às suas necessidades, o respeito a sua dignidade, saúde e

segurança, a proteção de seus direitos econômicos, a melhoria de sua

qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de

consumo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

GRINOVER, Ada Pelegrini et all. Código Brasileiro de Defesa do

Consumidor: Comentado pelos autores do Anteprojeto, 3 ed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 1993.

LOBO, Júlio. Do Correto Uso dos Produtos e Serviços. A meta. In:

SOARES, Paulo Brasil Dill. Código do Consumidor Comentado. 6 ed. Rio

de Janeiro: Destaque, 2000.

MARQUES, Cláudia Lima. Direitos do Consumidor Endividado:

Superendividamento e crédito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.

256.

MARTINS, Renata de Freitas. Direitos Básicos do Consumidor, 2003.

MEDINA, Roberto. A propaganda em defesa do Consumidor. In: In Verbis,

Rio de Janeiro - nov. dez, 1997.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 18 ed. São

Paulo: Malheiros, 1993.

MELLO, Heloísa Carpena Vieira. A Tutela Legal do Consumidor. In:

InVerbis, Rio de Janeiro - nov. dez, 1997.

SOARES, Paulo Brasil Dill. Código do Consumidor Comentado. 6 ed. Rio

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO........................................................................................... 2 AGRADECIMENTOS........................................................................................ 3 DEDICATÓRIA.................................................................................................. 4 RESUMO........................................................................................................... 5 METODOLOGIA................................................................................................ 6 SUMÁRIO.......................................................................................................... 7 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 8

CAPÍTULO I - O Consumismo....................................................................... 10

1.1- Consumo x Consumismo....................................................................... 11

1.2- Superendividamento............................................................................... 13

CAPÍTULO II- Consumo Consciente............................................................. 16

2.1- Conceito e objetivos do consumo consciente..................................... 16

2.2- Exemplos de atitudes em prol do consumo consciente...................... 20

CAPÍTULO III- Direito dos Consumidores.................................................... 24

3.1- Lista dos direitos dos consumidores.................................................... 25

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CONCLUSÃO................................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...................................................................... 39

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