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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DERIVATIVOS CAMBIAIS: SWAP, NDF (NON-DELIVERABLE FORWARD) E OPÇÃO FLEXÍVEL - QUAL SERIA MAIS EFICIENTE NA PROTEÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO EXTERIOR CONTRATADAS POR EMPRESAS BRASILEIRAS Evandro Pinheiro Campos ORIENTADOR: Prof. ALEKSANDRA SLIWOWSKA Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

DERIVATIVOS CAMBIAIS: SWAP, NDF (NON-DELIVERABLE

FORWARD) E OPÇÃO FLEXÍVEL - QUAL SERIA MAIS

EFICIENTE NA PROTEÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO

EXTERIOR CONTRATADAS POR EMPRESAS BRASILEIRAS

Evandro Pinheiro Campos

ORIENTADOR:

Prof. ALEKSANDRA SLIWOWSKA

Rio de Janeiro

2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em

FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA.

Por: Evandro Pinheiro Campos

DERIVATIVOS CAMBIAIS: SWAP, NDF (NON-DELIVERABLE

FORWARD) E OPÇÃO FLEXÍVEL: QUAL SERIA MAIS

EFICIENTE NA PROTEÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO

EXTERIOR CONTRATADAS POR EMPRESAS BRASILEIRAS

Rio de Janeiro

2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a todos que tiveram paciência

comigo nesta travessia.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Leila, Eduardo e Carolina, minha família.

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RESUMO

As empresas em suas diversas atividades estão expostas a riscos.

Em resposta a esses desafios, as mesmas são impelidas a formular decisões

estratégicas cujo pano de fundo é a construção de cenários financeiros cujo

objetivo é estabelecer as diretrizes de curto, médio e longo prazos.

Embora o Brasil seja considerado uma nação fechada ao comércio

internacional, as empresas brasileiras mantêm fluxos de comercio e captação de

recursos no mercado externo. Esses recursos disponíveis no mercado

internacional são relativamente de baixo custo, propiciando um estímulo para as

empresas contratarem determinadas linhas de crédito oferecidas pelos bancos

no Brasil.

Essas operações ao serem contratadas pelas empresas criam a

necessidade de contratação de proteção financeira – Hedge. O objetivo é

identificar qual instrumento de derivativo que melhor se adequa como redutor de

risco cambial sem, com isso, onerar as operações. É identificar parâmetros a

serem utilizados para se optar pelos instrumentos mais apropriados, que

propiciem maior eficiência a esses instrumentos.

Considerando a empresa preocupada em maximizar seus lucros e

minimizar seus custos e analisando cada instrumento disponível – Swap, NDF

ou Opção Flexível - verificamos que a opção ótima seria o swap cambial, seja

pela eficiência de mitigar o risco, seja pelo custo de contratação.

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METODOLOGIA

Na metodologia utilizada e observando os critérios de classificação de pesquisa

propostos por Vergara (2004), verificamos que quanto aos fins a pesquisa

realizada é do tipo descritiva. Trata-se de pesquisa descritiva, pois expõe as

características da metodologia de Estudo de Caso pela abordagem dos

instrumentos de derivativos e a determinadas linhas de crédito externo

escolhidas para análise. Quanto aos meios, a pesquisa é do tipo bibliográfica e

estudo de caso. Classifica-se como pesquisa bibliográfica, pois recorre-se ao

uso de material acessível ao público em geral, tais como livros, informações

disponíveis nos órgãos reguladores (BCB – Banco Central do Brasil, CETIP –

Câmara de Liquidação e Custodia).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Cenários Financeiros, Riscos e Proteção Financeira no contexto Empresarial 12

CAPÍTULO II

Mercado de Crédito Exterior para as Empresas Brasileiras 20

CAPÍTULO III

Derivativos Cambiais: Swap, NDF e Opção Flexível 28

CAPÍTULO IV

Aspectos Tributários, Contábeis e Crédito 41

CAPÍTULO V

Utilizando Instrumentos de Derivativos: Swap, NDF e Opção Flexível 50

CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA 67

ÍNDICE 68

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INTRODUÇÃO

As empresas em suas diversas atividades estão expostas a riscos. Riscos esses

que são inerentes tanto as suas atividades fins, quanto a outros mercados que

venham a atuar. Demandando decisões ante a diversas situações com que se

deparam.

Como assinala Bernstein1, “[...] A ideia revolucionária que define a fronteira entre

os tempos modernos e o passado é o domínio do risco: a noção de que o futuro

é mais do que um capricho dos deuses e de que homens e mulheres não são

passivos ante a natureza [...]”. Embora o risco não seja o escopo desse trabalho,

ele estará presente em quaisquer análises que façamos e motivará os agentes

econômicos, mais precisamente as empresas a desejarem se proteger das

oscilações do mercado.

E como resposta a esses desafios, as empresas tomam decisões estratégicas

estabelecendo seus rumos de curto, médio e longo prazos considerando

aspectos micro e macroeconômicos.

Embora o grau de abertura ao comércio internacional da economia brasileira seja

baixo em comparação com as demais economias do globo2, as empresas

residentes em nosso país possuem transações comerciais com o restante do

mundo. Não somente exportando e importando bens e serviços, mas atuando

também no mercado de crédito externo através de carteiras de linhas de crédito

1 BERNSTEIN, Peter I. Desafio aos Deuses 30ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 1997.

2 Carta do IBRE. Revista Conjuntura Econômica: novembro, 2003.

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oferecidas pelos bancos como alternativas a possíveis custos mais elevados

das taxas praticadas no mercado interno brasileiro.

Como tomadoras de linhas de crédito no mercado internacional buscam uma

alternativa de redução de custos nos financiamentos de seus projetos de

investimento ou obtenção de capital de giro.

Uma vez contratadas essas operações de crédito passarão a compor o passivo

do balanço das empresas. E as que desejarem se proteger poderão contratar

operações de hedge, ou seja, operações cujo objetivo especifico é imunizar

contra algum risco de mercado que esteja exposta.

Entendemos como risco de mercado variações de preços dos ativos e, portanto,

lançando mão de instrumentos de derivativos como Swaps, NDFs (non-

deliverable forward) ou opções flexíveis as empresas vão escolher qual

instrumento vai ser mais eficiente e que ao mesmo tempo otimizem sua

utilização. O mais importante é livrar a empresa de riscos que não fazem parte

de sua atividade principal.

Existem várias linhas de crédito externo oferecias pelos bancos como, por

exemplo, o empréstimo standby, Certificado de empréstimo (Placement),

Descontos de títulos e cambiais (Desconto à forfaint), empréstimo financeiro

direto (Lei 4131/62), Financiamento à importação (Direto).

A empresa no Brasil tendo interesse nessas linhas procuram um banco que

através de sua filial externa capta no mercado internacional o valor desejado e

repassa o custo da operação, isto é, a taxa de juros juntamente com as

comissões, taxas e com cobrança de tarifas.

É interessante identificar, então, qual instrumento de derivativo que melhor se

adequa como redutor do risco cambial sem, com isso, onerar as operações.

O objetivo desse trabalho é identificar parâmetros a serem utilizados para se

optar pelos instrumentos mais apropriados, que propiciem maior eficiência a

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esses instrumentos. Podemos destacar o aspecto tributário, contábil, impactos

no limite de crédito calculado pelos bancos e os aspectos operacionais dos

negócios com derivativos.

Todos a serem pesquisados e que possivelmente impactam na decisão de

escolha de qual instrumento de derivativos escolher na proteção financeira. E

responder se: “ Dentre os instrumentos de derivativos relacionados como swap,

NDF e opções flexíveis se há diferenças quanto à eficiência na contratação pelas

empresas brasileiras objetivando a proteção financeira ou hedge em operações

de crédito contratadas no mercado financeiro internacional.

Dentre os instrumentos de derivativos cambiais destacados: Swap, NDF ou

opção flexível investigar se há diferenças quanto à eficiência nas aplicações

propostas de acordo com as necessidades de proteção apresentadas pelas

empresas num contexto de contratação de operações de crédito exterior.

Nesse trabalho o estudo de alguns casos específicos de contratação de hedge

com a utilização de derivativos em moeda estrangeira se limitará ao dólar

americano.

A importância desse estudo mostra-se relevante quando se observa que os

instrumentos de derivativos para fins de hedge no Brasil ainda são poucos

utilizados principalmente pelas empresas de menor porte.

Na metodologia utilizada e observando os critérios de classificação de pesquisa

propostos por Vergara3 , verificamos que quanto aos fins a pesquisa realizada é

do tipo descritiva. Trata-se de pesquisa descritiva, pois expõe as características

da metodologia de Estudo de Caso pela abordagem dos instrumentos de

derivativos e a determinadas linhas de crédito externo escolhidas para análise.

Quanto aos meios, a pesquisa é do tipo bibliográfica e estudo de caso. Classifica-

3 VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 5ª ed. São Paulo: Atlas,

2004.

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se como pesquisa bibliográfica, pois recorre-se ao uso de material acessível

ao público em geral, tais como livros, informações disponíveis nos órgãos

reguladores (BCB – Banco Central do Brasil, CETIP – Câmara de Liquidação e

Custódia).

No Capítulo 1 é apresentado os conceitos básicos de cenários financeiros, riscos

e proteção financeira. É discutido no Capítulo 2 o mercado de crédito exterior

com as principais linhas de crédito oferecidas para as empresas brasileiras. No

Capítulo 3 são apresentadas as principais características dos derivativos

cambiais como o swap, o NDF e a opção flexível. Os aspectos tributários,

contábeis e de crédito são demonstrados no Capítulo 4. E no Capítulo 5 é

analisada a aplicabilidade e a eficiência dos instrumentos de derivativos nas

operações financeiras propostas levando em consideração as necessidades de

proteção apresentadas pelas empresas num contexto de contratação de

operações de crédito exterior. A Conclusão é apresentada no Capítulo 6.

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CAPÍTULO I

CENÁRIOS FINANCEIROS, RISCOS E PROTEÇÃO

FINANCEIRA NO CONTEXTO EMPRESARIAL

As empresas se deparam constantemente com situações onde necessitam

tomar decisões. Situações estas que podem ser o surgimento de novos

mercados, inovações que levam a modernos processos de produção, novas

tecnologias, novos concorrentes que entram no mercado. O contexto legal e

normativo que afetam a formação de preços, planejamento tributário e,

atualmente, às questões ambientais que afetam a empresa como um todo. A

resposta a esses desafios materializa-se nas decisões estratégicas.

As decisões estratégicas possibilitam o empresário definir o rumo a ser seguido

pela empresa e como afetam o longo prazo, apresentam os maiores riscos. É

esperado que a empresa na concepção dessas decisões leve em conta as

condições externas e internas e sua performance esperada ao longo do tempo.

Dentro do planejamento estratégico o aspecto financeiro da empresa é muito

importante. Essas decisões estabelecidas por premissas no planejamento

contemplam as fontes de recursos e como serão aplicados.

No planejamento financeiro a empresa define seu fluxo de caixa de longo prazo

e que, geralmente, são descasados, ou seja, o fluxo de recebimentos e

pagamentos não são correspondentes em valor e no tempo. Poderemos

observar momentos de sobra de caixa e outros mostrando a necessidade de se

obter recursos para honrar seus compromissos.

Existem diversas formas de captação de recursos, como debêntures, capital de

giro, empréstimos bancários. E com variados indexadores como TJLP (Taxa de

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juros de longo prazo), CDI (Depósito financeiro de um dia ou DI), taxa

prefixada, variação cambial, etc. E formas de cálculo como juros simples,

compostos com ou sem pagamento de cupom.

Dos índices de remuneração dos títulos o mais popular é o CDI. Índice que é

obtido pela taxa média dos empréstimos de recursos com prazo de um dia com

taxa prefixada e as negociações ocorrem entre instituições financeiras.

Conforme Zenaro4 em 2013 com base no site da CETIP

(http://www.cetip.com.br) das emissões de LCI (Letra de crédito imobiliário), LCA

(Letra de crédito do agronegócio) e LF (Letra financeira) selecionadas por tipo

de indexador, as que são indexadas por DI representavam cerca de 95%.

Conforme gráfico 1:

Títulos (%) Participação

DI 95,75

PRE 2,36

IPC 1,74

SELIC 0,12

IGP 0,03

4 ZENARO, Fábio José de Almeida. Certificado de Operações Estruturadas (COE): uma introdução ao

mercado brasileiro de notas estruturadas. São Paulo: Atlas, 2014.

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Cabe ressaltar que a empresa ao decidir a forma de captação de recursos deverá

levar em consideração o ramo de atividade em que atua e associar sempre que

possível o indexador da remuneração de seus preços ao indexador da dívida.

Diversas variáveis afetam o comportamento das empresas e suas decisões,

principalmente as variáveis econômico-financeiras, como inflação, taxa de juros,

taxa de câmbio, endividamento público, oferta de emprego, oferta de crédito.

Uma variação muito abrupta desses indicadores macroeconômicos pode

impactar o futuro da empresa.

Diante dessa perspectiva as empresas buscam antecipar e inferir como podem

se comportar essas variáveis no futuro. Variações acentuadas nesses

indicadores poderão alterar o comportamento da demanda pelos seus produtos,

impactando sua receita e margem de lucro.

Como descrito por Bernstein (1997) na introdução desse trabalho o risco está

presente em nosso mundo e dominá-lo foi um divisor de águas para nossa

humanidade. Não é diferente para as empresas que ao desenvolverem seu plano

estratégico levam em consideração os riscos inerentes a sua atividade como já

referido.

(%) Participação

DI PRE IPC SELIC IGP

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Com frequência as empresas estão diante de diversas formas de risco. A

seguir descreveremos, sucintamente, algumas formas de risco mais conhecidas

pelos agentes econômicos.

O risco de mercado onde uma alteração na taxa de câmbio ou de juros poderá

impactar em alguma medida a formação de preços de produtos ofertados

alterando possivelmente a competitividade. Para exemplificar podemos ter uma

empresa que com receitas em reais (BRL) tenha compromissos em dólar

americano (USD). Uma oscilação de grandes proporções na moeda americana

frente ao real poderá incorrer em fortes prejuízos.

Risco de liquidez representado pela falta de recursos necessários para cumprir

uma ou mais obrigações financeiras. Nesse caso os descasamentos no fluxo de

caixa que podem ser, por exemplo, em uma empresa que concede prazos de

pagamento aos fornecedores de matérias primas menor que os prazos de

recebimento de suas vendas. Geralmente, quando uma empresa depende de

poucos fornecedores que concedem prazos reduzidos para pagamento e,

simultaneamente, realiza vendas a um número restrito de clientes com poder de

barganha elevado. Exigindo prazos elevados para pagamento e buscando

também a redução nos preços.

O risco de crédito está associado ao fato de a empresa não receber na data

pactuada o valor monetário referente aos negócios realizados. Os seus clientes

estão sujeitos a diversos riscos que podem impossibilitá-los de honrar seus

compromissos em dia. Torna-se, então, fundamental uma análise de risco de

crédito da empresa que se está operando.

A classificação de risco ou rating é o estudo realizado para classificar a empresa

segundo a qualidade de crédito buscando medir a probabilidade de default, isto

é, o não pagamento das obrigações financeiras. Existem no mercado empresas

especializadas em calcular esse instrumento, tais como, as americanas

Standard & Poor´s, Moody´s, Fitch.

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O risco legal pode ser representado por alterações na legislação e normas

que podem levar a empresa a incorrer em penalidades pela não observância das

mesmas ou modificar consideravelmente seu planejamento estratégico. Como

exemplo temos o caso do Estado do Rio de Janeiro que recentemente teve suas

concessões de benefícios fiscais questionadas pelo legislativo. Para atrair

empresas ou fazer com que elas permaneçam instaladas no Estado do Rio

concede incentivos fiscais. Se por algum motivo resolver retirá-los, certamente

haverá impactos nas empresas beneficiadas.

O risco de imagem quando qualquer de seus produtos por qualquer motivo ficar

associado a um fato negativo. Por exemplo, na produção de um determinado

produto ocorrer uma determinada falha e levar a algum dano físico ou material

dos consumidores. Por consequência a empresa pode ser obrigada a recolher

todo o lote produzido.

No exemplo acima podemos observar que também a empresa incorreu em risco

operacional pois na produção de um determinado produto ocorreu falha ou falhas

no processo operacional levando a fabricação de um produto defeituoso.

O risco de conjuntura pode ser definido como na possibilidade de ocorrerem

alterações nas condições políticas, culturais, sociais, econômicas e financeiras

no próprio pais ou em outras nações que mantém relações comercias.

Imaginemos uma dada empresa que exporta carne bovina e descubra que em

sua região foi detectado casos de febre aftosa. Isso levará a suspensão das suas

exportações e com isso os preços no mercado interno, pelo excesso de oferta,

sofrerão uma queda levando a um possível comprometimento da liquidez em

toda cadeia produtiva de bovinocultores.

O risco país pode ser entendido como a percepção dos investidores estrangeiros

em relação à economia de determinado país. É analisado o risco de se realizar

negócios com um país e tenta-se mensurar a capacidade de ele honrar seus

compromissos externos. Aqui também como no risco de credito existe a

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possibilidade de se chegar a uma situação de default, isto é, nesta condição o

país não possui recursos suficientes para fazer frente a seus pagamentos de

curto prazo de empréstimos tomados junto à comunidade financeira

internacional.

A medida de risco atualmente mais conhecida no mercado é o EMBI+ (Emerging

Markets Bonds Index) que foi desenvolvido pelo banco americano JP Morgan e

é um índice de referência de economias emergentes. Medido em pontos base

relaciona-se diretamente aos títulos americanos (Bonds).

Conforme o gráfico 2 o Brasil apresentou em 31.10.2016 um EMBI+ de 313

pontos, isso significa que os investidores estrangeiros para comprar um título

brasileiro irão exigir um prêmio de 3,75 pontos percentuais acima do que está

pagando o título do governo americano.

Gráfico 2

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Fonte: IPEADATA

Quando uma empresa decide implementar um projeto, precisa tomar diversas

decisões. Desde a forma de financiamento, se capital próprio ou de terceiros, os

fluxos de pagamentos e recebimentos que provavelmente serão descasados, o

prazo de maturação do projeto, isto é, quando o projeto ficará superavitário, onde

ocorrerão os recebimentos líquidos.

Para reduzir essa exposição da empresa aos riscos assumidos existe a

possibilidade de contratar operações no mercado financeiro com esse objetivo.

As operações ou instrumentos financeiros cujo objetivo é reduzir ou eliminar o

risco de mercado que uma empresa fica sujeita é denominado de hedge ou

proteção financeira.

O objetivo é ter previsibilidade e segurança na medida que ao contratar o

instrumento de derivativos a empresa evita riscos de perdas futuras.

Pode-se utilizar os instrumentos financeiros com o objetivo de proteger a

empresa em diversas moedas, índices e taxas. Isso vai depender da liquidez no

mercado. Se existirá oferta ou demanda para esses instrumentos. Entretanto,

Data EMBI+ Risco Brasil Data EMBI+ Risco Brasil31/10/2016 313 22/06/2016 37620/10/2016 308 13/06/2016 38911/10/2016 314 01/06/2016 40130/09/2016 319 23/05/2016 39721/09/2016 312 12/05/2016 37612/09/2016 313 03/05/2016 39231/08/2016 309 22/04/2016 40622/08/2016 303 10/04/2016 41611/08/2016 309 04/04/2016 41302/08/2016 331 23/03/2016 41922/07/2016 338 10/03/2016 43413/07/2016 334 01/03/2016 489

01/07/2016 347 19/02/2016 529

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nos deteremos aos derivativos cambiais denominados em dólar americanos

haja visto que possuem enorme liquidez no mercado brasileiro.

A organização do mercado de derivativos se dá pela atuação de diversos

participantes. Podemos classifica-los como hedgers, especuladores, market

makers e arbitradores5.

Os Hedgers são aqueles que ao atuarem no mercado buscam eliminar a

exposição ao risco das variações de preços comprando ou vendendo os

contratos de derivativos.

Os especuladores assumem risco intencional, atuam na tendência do mercado

para obter os seus ganhos e promovem a liquidez do mercado. Assumem o risco

oferecido pelos hedgers.

Já os arbitradores são aqueles que assumem pouco risco e sua principal atuação

é obter ganhos com as distorções de preços nos diversos mercados que

participam.

Os Market makers são importantes no mercado de derivativos pois eles se

propõem em garantir a liquidez mínima ao mercado comprando e vendendo os

contratos de determinados ativos credenciados e são referência de preço.

5 Silva Neto, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2012.

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CAPÍTULO II

MERCADO DE CRÉDITO EXTERIOR PARA AS

EMPRESAS BRASILEIRAS

As empresas brasileiras têm a sua disposição linhas de crédito externo em

moeda estrangeira que são oferecidas pelos bancos como alternativa as linhas

disponíveis no mercado local em reais que historicamente são mais elevadas.

Dentre as linhas oferecidas podemos destacar o empréstimo financeiro direto

regulado pela lei 4.131/62 e o financiamento à importação – Direto (FINIMP).

Essas linhas são as mais contratadas e para análise do trabalho foram as

selecionadas.

Para facilitar o entendimento do leitor e posterior análise da eficiência dos

instrumentos de derivativos como proteção (hedge) em capítulo especifico,

vamos detalhar a seguir cada uma dessas linhas:

O Empréstimo Financeiro Direto regulado pela lei 4.131/62 é uma linha de crédito

concedida pelos bancos através de suas filiais localizadas no exterior que

contratam junto aos banqueiros no mercado financeiro internacional para

oferecer as empresas importadoras brasileiras.

Esses recursos em moeda estrangeira poderão ser de curto ou longo prazos sem

destinação especifica pela empresa, ou seja, poderá ser alocado em algum

projeto de investimento fixo como aquisição de máquinas, equipamentos ou

serviços ou para suprir necessidades de capital de giro.

Ao contratarem essa linha de crédito as empresas se beneficiam de prazo e de

recursos a um custo mais barato se comparado com as taxas de juros praticadas

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no mercado doméstico. As taxas de juros praticadas são do mercado financeiro

internacional e o ingresso dos recursos6se dá baseado na lei 4.131/62.

Os bancos se beneficiam ao oferecer essa linha de crédito pois cobram um

percentual que incide no valor da operação conhecido como spread. Ocorre a

incidência de spread na contratação do câmbio no momento da conversão da

moeda estrangeira em reais ao ingressar os recursos no país.

No repasse das taxas de juros que são captadas no mercado financeiro externo

incidem a cobrança de comissões, taxas e tarifas.

Interessante observar que os bancos geralmente exigem das empresas

contratantes dessa linha de credito a concomitante contratação de proteção

financeira (hedge). Além da possibilidade de negociação de produtos acessórios

como garantias internacionais, por exemplo, carta de crédito standby e contratos

de câmbio.

Outro aspecto importante a ser observado é por ter taxas prefixadas essa linha

de crédito permite a empresa importadora a previsão do fluxo de pagamentos.

6 O Estado brasileiro possui o monopólio no mercado de câmbio, ou seja, os recursos em moeda

estrangeira devem ser convertidos em Reais. Ver em:

http://www.bcb.gov.br/rex/LegCE/Port/Ftp/Medidas_Simplificacao_Area_de_Cambio.pdf. Data de

acesso: 07.10.2016

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FLUXOGRAMA HIPOTÉTICO DE UMA OPERAÇÃO DE 4.131

Este fluxograma hipotético ilustra como uma empresa poderia tomar a linha de

crédito 4.131 em um banco no Brasil.

Para exemplificar seguem abaixo operações de Empréstimo Financeiro Direto –

4131/62:

TOMADOR - EMPRESA AGÊNCIA BANCÁRIA

INTERNA

AGÊNCIA BANCÁRIA

EXTERNA

PAGAMENTO DE

PRINCIPAL E/OU JUROS -

USD DESEMBOLSO

USD

CARTA DE ÉDITO

STANDBY

PAGAMENTO DE COMISSÃO EM REAIS

PELA EMISSÃO DE CARTA DE CRÉDITO

STANDBY

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Tabela 1

Linha: EMPRESTIMO FINANCEIRO DIRETO - Lei 4131/62

Cliente: Empresa ABC

CNPJ: 00.000.000/0001-00

Risco: AA

Valor: USD 5.000.000,00

Taxa de Juros: 2,40% aa + variação cambial

Prazo: 181 dias

Amortização: Principal no final

Juros: Trimestrais

Comissão Flat Antecipada: 0,30% aa

Neste primeiro exemplo a empresa ABC captou USD 5 milhões pelo prazo de

181 dias a taxa de 2,40% ao ano mais a variação cambial do período. Os juros

serão trimestrais e a amortização do principal ocorrerá no final.

Tabela 2

Linha: EMPRESTIMO FINANCEIRO DIRETO - Lei 4131/62

Cliente: Empresa XYZ

CNPJ: 00.000.000/0001-00

Risco: AA

Valor: USD 10.000.000,00

Taxa de Juros: 3,78% aa + variação cambial

Prazo: 360

Amortização: Principal Semestral

Juros: Trimestrais

Comissão Flat Antecipada: 1,00% aa

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Neste segundo exemplo a empresa XYZ captou USD 10 milhões pelo prazo

de 360 dias a taxa de 3,78% ao ano mais a variação cambial do período. Os

juros serão pagos trimestralmente e a amortização do principal ocorrerá

semestralmente.

A linha de crédito conhecida como Financiamento à Importação – DIRETO

(FINIMP) é concedida pelos bancos as empresas importadoras brasileiras para

financiamento de capital de giro ou para aquisição de produtos, bens e serviços

do exterior financiado em moeda estrangeira.

Essa linha pode ser utilizada também em pagamentos de gastos locais com

tributos, taxas, despesas portuárias, frete doméstico ou internacional, seguros

de transporte internacional contratados pelo importador e quaisquer outras

despesas por via indireta devidamente comprovada referentes à importação de

bens ou serviços contratados no mercado internacional.

Ao contratarem essa linha de crédito as empresas se beneficiam de prazo e de

recursos para poderem importar bens como, por exemplo, novas tecnologias e

serviços a um custo mais barato se comparado com as taxas de juros praticadas

no mercado local em reais.

Outro aspecto importante a ser observado é por ter taxas prefixadas essa linha

de crédito assim como a linha 4131 também permite ao importador a previsão

do fluxo de caixa.

Os bancos se beneficiam dos spreads aplicados tanto na contratação dos

recursos quanto na formalização do contrato de câmbio no ingresso do valor

contratado. Além de comissão sobre financiamento e tarifas sobre serviços

prestados.

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FLUXO DE UMA OPERAÇÃO HIPOTÉTICA DE FINIMP

Neste fluxograma apresenta-se uma representação hipotética de uma operação

de Finimp onde a agência interna recebe a solicitação da empresa com as

devidas garantias para geração de contrato. A empresa importadora recebe o

contrato e devolve a agência no Brasil assinado após concordar com os termos

e taxas. Em seguida a agência externa recebe a carta de crédito standby emitida

pela agência interna. Após a conferência dos documentos a agência externa

efetua o pagamento direto ao exportador.

EXPORTADOR AGÊNCIA EXTERNA

IMPORTADOR AGÊNCIA INTERNA

EXTERIOR

BRASIL

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Seguem abaixo algumas operações de Empréstimo à Importação – Direto a

título de exemplo:

Tabela 3

Linha: EMPRESTIMO FINANCEIRO à IMPORTAÇÃO – DIRETO (FINIMP)

Cliente: Empresa Alfa

CNPJ: 00.000.000/0001-00

Risco: AA

Valor: USD 10.000.000,00

Taxa de Juros: 2,52% aa + variação cambial

Prazo: 180 dias

Amortização: Principal Final (Bullet)

Juros: Final

Comissão Flat Antecipada: 0,70% aa

Nesse exemplo a empresa acima contrata a operação de finimp no valor de USD

10 milhões pelo prazo de 180 dias a um custo de 2,52% aa mais a variação

cambial do período. O principal e os juros serão pagos no vencimento da

operação.

Tabela 4

Linha: EMPRESTIMO FINANCEIRO à IMPORTAÇÃO - DIRETO (FINIMP)

Cliente: Empresa Beta

CNPJ: 00.000.000/0001-00

Risco: AA

Valor: USD 10.000.000,00

Taxa de Juros: 3,80% aa + variação cambial

Prazo: 360 dias

Amortização: Principal Final

Juros: Semestrais

Comissão Flat Antecipada: 1,00% aa

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Nesse exemplo a empresa acima contrata a operação de finimp no valor de

USD 10 milhões pelo prazo de 360 dias a um custo de 3,80% aa mais a variação

cambial do período. O principal será amortizado no vencimento da operação e

os juros serão pagos semestralmente.

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CAPÍTULO III

DERIVATIVOS CAMBIAIS: SWAP, NDF (non-deliverable

forward) e OPÇÃO FLEXÍVEL:

A utilização de instrumentos de derivativos como proteção das variações dos

preços dos ativos é algo recente no Brasil. Nossa economia sempre foi marcada

por altas taxas de inflação e de juros dificultando, assim, qualquer planejamento

pelas empresas de seus custos reais de produção e de novos projetos de

investimentos.

A partir dos anos 90, mais precisamente com a implantação do plano de

estabilização econômico em 1994 conhecido como Plano Real e cujo objetivo

era estabilizar os preços relativos da economia brasileira com a implantação de

uma nova moeda, as empresas brasileiras puderam ter um horizonte confiável e

claro de planejamento e melhor percepção dos riscos inerentes dos mercados.

Com a entrada de novos competidores no mercado interno e uma busca de

internacionalização das empresas dentro de um contexto externo de maior

integração dos mercados, a necessidade de inovação, a busca por novas

tecnologias tornou-se uma condição necessária. Com a maior integração dos

mercados surgem também oportunidades de novos negócios e com eles novos

investimentos e necessidades de financiamento.

Internamente, o mercado de crédito oferece linhas para pequenas, médias e

grandes empresas, mas em função das altas taxas de juros que vigoram

atualmente, as mesmas se tornam caras desestimulando a implantação de

projetos. Por exemplo, atualmente a taxa de juros básica da economia, a taxa

Selic está bastante alta na casa de 13,75% ao ano.

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Como opção os bancos oferecem linhas de crédito captadas no mercado

internacional por suas agências externas e repassam para as empresas no

Brasil. Essas linhas são mais baratas quando comparadas com as oferecidas no

mercado local.

Ao optarem por essas linhas de crédito externas, as empresas assumem riscos

inerentes a natureza dessas operações. Das taxas de juros da operação até

custos como spread bancário, comissões e tarifas. E somado a isso temos a

variação cambial da moeda estrangeira contratada que em nosso estudo trata-

se do dólar americano.

Para se protegerem das oscilações do mercado de câmbio as empresas poderão

contratar junto aos bancos os derivativos em moeda com o objetivo de mitigar os

riscos que envolvem a operação financeira realizada com o mercado financeiro

externo.

Como definido por Hull7, “ [..] derivativo (ou título derivativo) é um instrumento

financeiro cujo valor depende dos valores de outras variáveis básicas que o

referenciam [...]”. Ou na concepção de Silva Neto8, “ [...] os derivativos, ...,

prestam-se à gestão do risco do instrumento a que se referem e estão

definitivamente ligados à vida das empresas e bancos. Eles já se tornaram

instrumentos indispensáveis na moderna gestão financeira[...]”.

Sendo assim e partindo das definições citadas, vamos a seguir relacionar e

definir as características principais dos seguintes derivativos cambiais: os swaps,

os temos de moeda (NDF) e as opções flexíveis.

7 Hull, John C. OPÇÕES, FUTUROS E OUTROS DERIVATIVOS. 3ª Ed. Prentice Hall, Inc. da tradução, 1998.

BM&F.

8 SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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De acordo com as palavras de Figueiredo9 “[...] o swap é um contrato no qual

as partes trocam os indexadores de operações ativas e passivas sem trocar o

principal [...]”. Já em Zenaro10 “[...] são operações de derivativos em que ocorre

uma troca de indexadores entre duas partes envolvidas[...]”.

Depreende-se, então, que o objetivo não é trocar valores monetários e sim a

diferença entre os indexadores. O valor da operação do swap chamada de valor

nocional é simplesmente como referência para o cálculo que se realizará na data

de vencimento da operação.

Embora o swap possa ser negociado em bolsa de valores (BM&FBovespa), em

nossa análise, nos interessa tão somente o mercado de balcão11.

Vale dizer que as operações são realizadas entre as partes, ou seja, empresas

e bancos e, geralmente, são registradas na CETIP ou BM&FBOVESPA. Essas

instituições na realidade prestam o serviço de cartório.

Existem vários indexadores como possibilidade de troca como Taxa Pré, Taxa

do CDI, TR (Taxa Referencial), TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), etc.,

contudo, como nossa análise está fundamentada no dólar comercial, então, é

baseado neste indexador que vamos a seguir dar alguns exemplos de estruturas

de swap.

9 FIGUEIREDO, Antônio Carlos. Introdução aos Derivativos. 3ª Ed. Revista e ampliada. São Paulo: CENGAGE

Learning, 2015.

10 ZENARO, Fábio José de Almeida. Certificado de Operações Estruturadas (COE): uma introdução ao

mercado brasileiro de notas estruturadas. São Paulo: Atlas,2014.

11 Entende-se como mercado de balcão as operações realizadas diretamente entre uma empresa e um

banco. A empresa faz uma ligação telefônica para o banco ou opera com ele por sistemas como

Bloomberg, por exemplo.

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O swap mais comum seria aquele em que uma empresa com dívida em dólar

e temendo uma desvalorização do real contra o dólar, ou seja, a taxa do dólar

subir frente ao real contrata uma operação de swap onde fica ativa em variação

cambial mais uma taxa de juros ou até mesmo sem a mesma considerando um

cupom zero e passiva a uma taxa pré ou percentual do CDI ou CDI mais uma

taxa. Graficamente ficaria assim:

Figura 1

Na figura 1 a empresa contrata um swap cambial em dólar onde recebe variação

cambial mais juros e paga ao banco taxa pré ou percentual do CDI.

Outra estrutura que poderíamos considerar é aquela onde a empresa contrata

com o banco o swap cambial hoje mais com seu início somente em uma data

futura. É conhecido como swap a termo. Exemplificando, poderíamos considerar

a mesma estrutura anterior mais somente com o início de swap de d+2.

Interessante assinalar também que quando a empresa possui uma dívida no

exterior com um fluxo de pagamentos o swap que melhor atenderia suas

necessidades seria o que contivesse um fluxo que correspondesse a aquela

dívida. Graficamente o veríamos dessa forma:

EMPRESA EMPRESA

RECEBE VARIAÇÃO CAMBIAL

MAIS JUROS

↑ ↓ PAGA TAXA PRÉ OU %CDI

↑ ↓

BANCO BANCO

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Figura 2

EMPRESA EMPRESA

RECEBE VARIAÇÃO

CAMBIAL MAIS JUROS

↑ ↓ PAGA TAXA PRÉ OU %CDI

↑ ↓

BANCO BANCO

PRINCIPAL: No Final

JUROS : Trimestral

PRAZO : 360 dias

Nas datas dos vencimentos do fluxo do swap ocorrerão o pagamento de juros

ou a amortização de parcela do principal mais os juros. Podendo também ser

contratado a termo.

Os NDFs (non-deliverable forward) são instrumentos que possibilitam as partes

contratantes comprar ou vender um determinado ativo cujo vencimento se dará

em data futura segundo um preço predeterminado, sem, no entanto, ocorrer a

entrega física. (ZENARO, 2014).

As empresas que possuem uma dívida em dólar ou exportadores com a intenção

de se protegerem das oscilações do mercado de câmbio contratam uma

operação de NDF, Forward ou Termo 12 referenciados em moeda estrangeira. O

objetivo é garantir a taxa de câmbio antecipadamente e a liquidação se dará pela

diferença entre as taxas de câmbio. Podemos exemplificar da seguinte forma:

12 Como é mais conhecida no Brasil

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Suponhamos que uma determinada empresa importadora possui dívida de

USD 10.000.00,00 cujo vencimento é em 22.08.2016. Em 22.07.2016 procura

um banco para realizar a trava da operação ou hedge. Imaginemos que a taxa

do NDF calculada e ofertada pelo banco seja R$ 3,4410/USD 1. Com o

fechamento da operação, ou seja, com a compra do NDF a empresa garantiu

que qualquer que seja a oscilação do mercado cambial sua dívida será de R$

34.410.000,00. A liquidação financeira seria da seguinte forma no vencimento:

Valor da dívida em reais (R$3,4401 / USD 1): R$ 34.410.000,00. Com o dólar em

22.08.2016 valendo R$3,3500 o valor da dívida seria de R$ 33.500.000,00.

Pela diferença a empresa teria um ajuste negativo de R$ 910.000,00. Ela seria

debitada em R$ 910.000,00 e o banco creditado nesse valor.

É importante observar que embora o ajuste seja negativo contra a empresa, a

mesma ao contratar a operação de hedge deixou de correr o risco de uma

desvalorização do real onde as perdas financeiras poderiam ser maiores.

Caso o dólar de liquidação estivesse em R$ 3,5000. A liquidação financeira seria

a seguinte:

Valor da dívida em reais (R$3,4401 / USD 1): R$ 34.410.000,00. Com o dólar em

22.08.2016 valendo R$3,5000, o valor da dívida seria de R$ 35.000.000,00.

Pela diferença a empresa teria um ajuste positivo de R$ 590.000,00. Ela seria

creditada em R$ 590.000,00 e o banco debitado nesse valor.

Observe que a empresa vai contratar no mercado à vista o dólar a R$ 3,50/USD

1, mas receberá R$ 590.000,00. Esse valor é a diferença entre R$ 3,4410/USD

1 e R$ 3,5000/USD 1. Com isso, a empresa deixou de correr o risco de uma

possível oscilação do mercado cambial.

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Conforme bem definido por Costa13 “ [...] O conceito de opção nasce como um

direito negociável de compra ou venda de um ativo a um preço futuro

predeterminado [...]” ou como vemos em Silva Neto14 “[...] Opção é um

instrumento que dá a seu titular, ou comprador, um direito futuro sobre algo, mas

não uma obrigação; e a seu vendedor, uma obrigação futura, caso solicitado pelo

comprador da opção[...]”.

A seguir descreveremos os termos técnicos básicos de uma negociação com

opção:

Titular é aquele que compra a opção, ou seja, paga o prêmio e recebe por isso

o direito de exercer ou não esse direito. Já o Lançador é aquele que vende a

opção e recebe o prêmio. Entretanto, assume a obrigação de comprar ou vender

a opção pelo preço pactuado.

Definimos Prêmio como o preço de negociação da opção ou o preço de mercado.

Preço de exercício ou strike é o preço predeterminado entre o lançador e o titular

da opção e o Vencimento é o momento em que termina o direito do titular de

exercer a opção.

Vamos definir a seguir algumas estruturas básicas de opções mais negociadas

no mercado:

Opção de compra ou call: é a opção onde o titular possui o direito de comprar o

ativo-objeto do lançador por um determinado preço.

13 COSTA, César Lauro da. Opções: operando a volatilidade. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros,

1998.

14 SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco .4ª ed. São Paulo: Atlas,2012.

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Opção de venda ou put: é a opção onde o titular possui o direito de vender ao

lançador o ativo-objeto por um preço predeterminado.

As opções podem ser negociadas em bolsa de valores ou em mercado de

balcão. Nos interessa aqui, em nossa análise, o mercado de balcão onde

empresas e bancos trocam informações por telefone ou por terminais de

empresas especializadas como bloomberg. São conhecidas como opções

flexíveis tendo como principal vantagem justamente a possibilidade de poderem

ser customizadas de acordo com as necessidades do cliente. Os diversos

parâmetros como prazo de vencimento, valor negociado, preço de exercício,

data de pagamento do prêmio são livremente negociados.

Sendo assim uma opção de compra ou call representa o direito de comprar um

ativo como o dólar, por exemplo, em determinada data por um preço de

exercício. O titular da opção é o que compra pagando um preço chamado de

prêmio. O banco que vende uma opção para uma empresa é o lançador. Recebe

o prêmio, entretanto, fica com a obrigação de exercer o direito da empresa caso

seja interessante para a mesma.

O raciocínio da opção de venda ou put é similar ao da opção de compra, ou seja,

dá ao seu titular o direito de vender o ativo em determinada data e por um preço

previamente pactuado ao lançador que possui a obrigação de comprar caso

ocorra o exercício da mesma por parte de seu titular. Nesse caso o lançador

recebeu um prêmio.

Cabe observar que em se tratando de um derivativo, ela está referenciada em

ativo-objeto como o dólar. Logo, o exercício de uma opção para empresa é

comprar ou vender naquela data o preço pactuado no contrato, caso haja a

possibilidade de exercício. Entretanto, como já discutido a empresa receberá na

realidade a diferença entre os preços em reais.

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Podem ser de duas modalidades americanas ou europeias. As americanas

possibilitam ao titular o exercício da mesma a qualquer tempo. Enquanto as

europeias terão que esperar a data de vencimento para liquidação.

Consideraremos em nosso trabalho as europeias pois são as mais negociadas

e se adaptam melhor ao objetivo de hedge.

As variáveis que afetam o preço das opções conforme definido por Figueiredo

(Figueiredo, 2015) são o preço à vista do ativo-objeto, o preço de exercício, taxa

de juros, o prazo de vencimento e a volatilidade do ativo-objeto. A volatilidade

nada mais é que o comportamento do preço do ativo-objeto em um determinado

tempo. Por exemplo, em um mês e considerando cada dia, como se comportou

o preço do dólar, ou seja, a oscilação do seu preço no mercado à vista.

Para melhor esclarecer vamos exemplificar em seguida uma situação onde uma

empresa busca comprar no mercado uma opção de call de dólar para fins de

hedge:

Suponhamos que uma determinada empresa possua uma dívida de USD 2

milhões para pagamento em 60 dias corridos. Para se proteger de uma alta do

dólar procura um banco e compra uma opção (call) a um preço de exercício de

R$ 3,6500 / USD 1. Pagou um prêmio de R$ 300.000,00 que seria equivalente a

R$ 0,15 / USD 1 multiplicado por USD 2.000.000,00.

Caso o dólar no vencimento ficar acima de R$ 3,65 / USD 1 a empresa exerce a

opção, ou seja, receberá o valor correspondente da diferença entre o dólar à

vista e o contratado na operação de opção. Contudo, não exercerá a opção se o

dólar à vista estiver abaixo de R$ 3,65 / USD 1. A empresa irá a mercado e

comprará o dólar mais barato.

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Tabela 1

Na tabela 1 verificamos na coluna Preço BRL/1,00 USD a evolução do dólar em

um intervalo de tempo e na coluna Resultado da opção a diferença entre o preço

de mercado do dólar e o preço de exercício. Verificamos que a partir de

R$3,65/1,00 USD a empresa receberá a diferença entre R$ 3,65/1,00 USD e

qualquer preço que estiver acima.

Gráfico 1

0,0000

0,0500

0,1000

0,1500

0,2000

0,2500

0,3000

0,3500

3,5000 3,5500 3,6000 3,6500 3,7000 3,7500 3,8000 3,8500 3,9000 3,9500

Call

Preço BRL/ 1,00 USD Preço Exercício Resultado da Opção Prêmio Pago Resultado

3,5000 3,6500 - -0,15 -0,15

3,5500 3,6500 - -0,15 -0,15

3,6000 3,6500 - -0,15 -0,15

3,6500 3,6500 0,0000 -0,15 -0,15

3,7000 3,6500 0,0500 -0,15 -0,10

3,7500 3,6500 0,1000 -0,15 -0,05

3,8000 3,6500 0,1500 -0,15 0,00

3,8500 3,6500 0,2000 -0,15 0,05

3,9000 3,6500 0,2500 -0,15 0,10

3,9500 3,6500 0,3000 -0,15 0,15

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O gráfico 1 demonstra que a partir de R$3,65/1,00 USD a empresa exercerá a

opção.

Caso uma determinada empresa exportadora tem a receber USD 1 milhão para

pagamento em 90 dias corridos. Temendo uma baixa do dólar procura um banco

e compra uma opção (Put) a um preço de exercício de R$ 3,5000 / USD 1. Pagou

um prêmio de R$ 100.000,00 que seria equivalente a R$ 0,10 / USD 1

multiplicado por USD 1.000.000,00.

Caso o dólar no vencimento ficar abaixo de R$ 3,50 / USD 1 a empresa exerce

a opção, ou seja, receberá o valor correspondente da diferença entre o dólar à

vista e o contratado na operação de opção. Contudo, não exercerá a opção se o

dólar à vista estiver acima de R$ 3,50 / USD 1. A empresa irá a mercado e

venderá o dólar mais caro.

Tabela 2

Preço BRL/ 1,00 USD Preço Exercício Resultado da Opção Prêmio Pago Resultado

3,2000 3,5000 0,3000 -0,1 0,2000

3,2500 3,5000 0,2500 -0,1 0,1500

3,3000 3,5000 0,2000 -0,1 0,1000

3,3500 3,5000 0,1500 -0,1 0,0500

3,4000 3,5000 0,1000 -0,1 0,0000

3,4500 3,5000 0,0500 -0,1 -0,0500

3,5000 3,5000 0,0000 -0,1 -0,1000

3,5500 3,5000 0,0000 -0,1 -0,1000

3,6000 3,5000 0,0000 -0,1 -0,1000

3,6500 3,5000 0,0000 -0,1 -0,1000

A tabela 2 indica na coluna Preço BRL/1,00 USD a evolução do dólar em um

intervalo de tempo e na coluna Resultado da opção a diferença entre o preço de

mercado do dólar e o preço de exercício. Verificamos que a partir de R$3,50/1,00

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39

USD a empresa receberá a diferença entre R$ 3,50/1,00 USD e qualquer preço

que estiver abaixo.

Gráfico 2

No gráfico 2 demonstra que a empresa exercerá a opção a preços abaixo de R$

3,50/1,00 USD.

Para cada operação financeira contratada por uma empresa brasileira, existem

diversos instrumentos de derivativos que poderão ser contratados com a

finalidade de protegê-la das oscilações dos preços de mercado.

Em nosso estudo específico, expusemos acima três modalidades de derivativos,

ou seja, os swaps, os termos e as opções flexíveis. Todos denominados em

dólares americanos uma vez que em nossa análise as operações contratadas

pelas empresas são fechadas com o exterior e nessa moeda.

0,0000

0,0500

0,1000

0,1500

0,2000

0,2500

0,3000

0,3500

3,2000 3,2500 3,3000 3,3500 3,4000 3,4500 3,5000 3,5500 3,6000 3,6500

Put

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40

Mais adiante no capítulo 5 pretendemos abordar a aplicação de cada

instrumento de derivativo. Dado uma modalidade de operação financeira qual

instrumento se ajustaria ou quais instrumentos atenderia a necessidade de

hedge da empresa.

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41

CAPÍTULO IV

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS, CONTÁBEIS E CRÉDITO:

Os aspectos tributários relacionados com as operações de derivativos tratam

principalmente da questão de obtenção de renda por quaisquer beneficiários em

operações realizadas em bolsa de valores, de mercadorias, de futuros e afins. A

lei 8.981/95 determina que o auferimento de renda é passível de incidência de

imposto de renda.

A lei 9.430/96 diz que ganhos auferidos em demais operações realizadas em

mercado de liquidação futura, em ambiente fora da bolsa, ou seja, em mercado

de balcão estão sujeitos a incidência de imposto de renda.

A Secretaria da Receita Federal em sua Instrução Normativa de número 1022

de 2010 (IN SRF 1022/10) consolida as regras normativas informando que os

ganhos líquidos, ou seja, o resultado positivo obtido em qualquer operação de

renda variável é passível de tributação.

A legislação tributária brasileira utiliza o termo “ganho líquido” para os ganhos

auferidos em operação de renda variável e o termo “rendimentos “ para os juros

mais os ganhos de capital auferidos em operações de renda fixa.

Com as leis 11.033/04 e 11.053/04 foram alteradas as regras de tributação dos

rendimentos obtidos em quaisquer aplicações ou operações financeiras de renda

fixa, de renda variável e fundos de investimento.

A Secretaria da Receita Federal regulamenta essas alterações através da

Instrução Normativa SRF 487/04 que depois foi alterada pela IN SRF 489/05.

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Na lei 11.033/04 estabelece o recolhimento do imposto de renda na fonte

através de uma alíquota de 0,005% que incide sobre os ganhos líquidos

auferidos. A instituição financeira que faz a intermediação da operação é a

encarregada de recolher na fonte. O valor do imposto calculado e recolhido deve

ser deduzido do imposto sobre os ganhos líquidos apurados no mês corrente.

A base de cálculo do imposto de renda e a alíquota a ser aplicada sobre os

rendimentos ou ganhos líquidos são da seguinte forma: no NDF e Opções incide

a alíquota de 0,005% aplicada sobre os ganhos líquidos auferidos.

No Swap é aplicada a regra de operações de renda fixa com alíquotas

regressivas de 22,5%, 20%, 17,5% e 15% levando-se em consideração o prazo

das operações financeiras. Até 180 dias, entre 181 e 360 dias, entre 361 a 720

dias e acima de 720 dias, respectivamente.

Os ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsa de valores, de

mercadorias, de futuros e nos mercados de liquidação futura, fora da bolsa serão

tributados à alíquota de 15%.

A alíquota de 15% aplicada, a partir de 1º de janeiro de 2005 e conforme

parágrafo único art. 11 da IN SRF 487/04, sobre os ganhos líquidos auferidos

em operações liquidadas nos mercados de opções e a termo, alienações

ocorridas nos mercados à vista e ajuste diários apurados nos mercados futuros.

Caso uma empresa tenha em um mês diversas liquidações de NDF, o cálculo

para fins de recolhimento do imposto de renda será o seguinte: são somados

todos os ajustes positivos e negativos e no resultado final aplica-se a alíquota de

15% deduzindo os 0,005% já recolhidos na fonte.

A seguir mostraremos alguns casos de incidência das duas alíquotas de

tributação de imposto de renda, ou seja, a alíquota de 0,005% e as alíquotas

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regressivas que vão de 22,5% a 15% em operações financeiras que envolvem

NDF, Swap e Opção flexível:

Caso uma empresa decida contratar uma operação financeira de FINIMP no

mercado externo no valor de USD 1 milhão por um prazo de 90 dias com o custo

de variação cambial mais 2,40% aa e decida efetuar o hedge da operação

através da contratação de um NDF para o mesmo prazo, a operação de proteção

financeira se daria da seguinte maneira: no dia da contratação da operação

externa, a empresa ligaria para um banco e contrataria uma operação de compra

NDF para 90 dias.

Suponhamos que no dia da liquidação financeira, o preço de compra do NDF

fosse menor que a média do preço de venda do dólar do dia imediatamente

anterior ao vencimento do NDF (Ptax d-1), a empresa receberia um ajuste

positivo. Então haveria a incidência da alíquota de 0,005% sobre o ganho (Valor

bruto do ajuste – IR 0,005% = Valor líquido a ser creditado na conta corrente da

empresa).

A figura 1 apresenta um resumo da operação financeira contratada pela empresa

e a proteção financeira adotada:

Figura 1

Empresa

Contrata em D+0 ==> Operação Externa (Prazo 90 dias)

Banco Variação Cambial + Juros <== Passivo

Contrata em D+0 ==> NDF (USD) - Prazo 90 dias <== Hedge

Banco Principal + Juros

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Vale lembrar que fica dispensada a retenção do imposto à alíquota de 0,005%

quando o valor a ser retido for igual ou inferior a R$ 1,00 (um real). Entretanto,

se a empresa possuir outras operações no mesmo mês serão somados os

valores para efeito de cálculo do IR.

No mesmo exemplo, se a empresa optasse pela contratação de um swap, a

operação teria a seguinte estrutura: empresa ficaria ativa em variação cambial

(VC) + 2,40% a.a. (taxa de juros contratada no mercado externo) e passiva, por

exemplo em percentual do CDI (%CDI). No vencimento será calculado as duas

pontas do swap, ou seja, vc + 2,40% a.a. e a outra o %CDI. Caso o ajuste for

positivo, incidirá o imposto de 22,5%, uma vez que a operação é menor do que

180 dias.

A seguir a figura 2 apresenta um resumo da operação:

Figura 2

Empresa

Contrata em D+0 ==> Operação Externa (Prazo 90 dias)

Banco Variação Cambial + Juros <== Passivo

Contrata em D+0 ==> Swap sem caixa - Prazo 90 dias <== Hedge

Banco Principal + Juros no Vencimento

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Caso decidisse por uma contratação de opção flexível, teríamos a seguinte

estrutura: a empresa compraria uma Call a um determinado preço de exercício,

pagando um prêmio ao banco vendedor.

Entretanto, somente ocorreria a incidência de IR se a empresa exercesse a

opção. Nesse caso, teríamos um ajuste positivo com a aplicação da alíquota de

0,005%.

A figura 3 apresenta um resumo da operação:

Figura 3

Com relação aos prazos de recolhimento do imposto de renda devem ser

observados os seguintes prazos: imposto de renda retido na fonte pelos Agentes

do Mercado, IRRF à alíquota de 0,005% até o 3º dia útil subsequente ao

decêndio da ocorrência do fato gerador.

Empresa

Contrata em D+0 ==> Operação Externa (Prazo 90 dias)

Banco Variação Cambial + Juros <== Passivo

Contrata em D+0 ==> Compra de uma Call <== Hedge

Banco Principal + Juros

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As empresas brasileiras não-financeiras não possuem orientação legal quanto

aos aspectos contábeis para registrar operações com derivativos.

A instrução 235/95 da CVM dispõe sobre a evidenciação, em notas explicativas,

do valor de mercado dos instrumentos financeiros contratados, assim como dos

critérios utilizados para determinação desse valor, das políticas de atuação e

riscos relacionados a estes instrumentos.

No Brasil a partir de 2002 passou a haver tratamento contábil especifico para

operações com derivativos financeiros. Com a circular 3.082 de 30.01.2002 do

Banco Central do Brasil (BACEN) foi definido o conceito de hedge accounting na

regulamentação contábil das instituições que fazem parte do Sistema Financeiro

Nacional (SFN).

O hedge accounting pode ser entendido como um tratamento contábil especifico

onde os ganhos e perdas observados com os derivativos devem ser

reconhecidos paralelamente aos ganhos e perdas da operação que originou a

proteção financeira.

Pelo fato de não existir uma orientação legal, ou seja, norma especifica na

legislação brasileira para contabilização das operações com derivativos pelas

empresas não-financeiras, as empresas procuram observar os conceitos e

esquemas contábeis contidos no COSIF elaborado pelo BACEN e normas e

pronunciamentos internacionais tais como o FASB (Financial Accounting

Standards Board) e IASB (International Accounting Standards Board).

O COSIF estabelece os conceitos e esquemas contábeis para as instituições

financeiras brasileiras e contempla com normas, função e funcionamento das

contas contábeis para o registro de operações com derivativos.

Para que uma operação com derivativos seja classificada como de hedge

accounting precisa atender a duas características básicas segundo a

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contabilidade brasileira: a) é necessário a existência de um risco que possa

explicar a correlação negativa entre a variação de preço do item objeto de

proteção e as variações do preço do instrumento financeiro utilizado na proteção.

Garantindo, dessa forma, a efetividade da operação durante todo o prazo.

Uma empresa que contrate uma operação de credito externo a uma taxa de

2,40%% por 90 dias e concomitantemente contrata a compra de um NDF em

dólares americanos para o mesmo período. Se o real se desvalorizar, a empresa

na data de liquidação da operação terá que pagar a taxa pré-fixada de 2,40%

a.a. mais a valorização cambial positiva. Entretanto, vai receber um ajuste

positivo na operação com NDF que compensará o valor da variação cambial.

Na figura 4 observamos graficamente a operação original com sinal negativo

devido ao pagamento dos juros no mercado financeiro internacional somado a

variação cambial e a proteção financeira com sinal positivo demonstrando o

ganho obtido com a operação de NDF.

Figura 4

Empresa

Contrata em D+0 � - Operação Externa (Prazo 90 dias)

Banco Variação Cambial + Juros <== Passivo

Contrata em D+0 � + NDF (USD) - Prazo 90 dias <== Hedge

Banco Principal + Juros

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b) os itens sob proteção devem ter características semelhantes e devem ter a

mesma sensibilidade ao risco que está sendo protegido. Caso exista posições e

características distintas sob proteção a vinculação aos itens protegidos se

tornará muito complexa. Se a empresa contratar uma operação de crédito

externo em dólares americanos e para proteção financeira contratar um NDF em

outra moeda.

Observamos que pela ótica contábil o mecanismo de hedge accounting é

possivelmente a melhor forma de registro dos ganhos e perdas obtidos com os

instrumentos financeiro de derivativos utilizados para proteção financeira.

Nos aspectos relacionados ao crédito das operações de derivativos observamos

que as instituições que oferecem as linhas de crédito tanto no mercado brasileiro

quanto no internacional são bastante criteriosas.

Resumidamente crédito está relacionado com confiança e risco e as instituições

financeiras quando fecham uma operação de crédito estimam que irão receber

o capital emprestado na data previamente contratada.

No Brasil, o Banco Central (BC) estabelece limites para as instituições

financeiras concederem operações de crédito, por exemplo: através da

resolução N. º 4.379 do CMN de 30.10.2014 que altera a redação do art.1º da

Resolução N. º 2.844 de 29 de junho de 2001 onde fixa em 25% do respectivo

patrimônio de referência (PR) da instituição financeira o limite máximo de

exposição por cliente.

O limite de crédito calculado pelas instituições financeiras é único. Assim, as

operações de empréstimos, garantias e as oriundas dos derivativos, impactam,

cumulativamente, os limites de crédito oferecidos a cada cliente.

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As regras estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e executadas

através do Banco Central do Brasil estão em consonância com os acordos

estabelecidos internacionalmente no âmbito do Comitê de Basiléia.

Esse Comitê é composto por representantes dos bancos centrais e por

autoridades com responsabilidade formal sobre a supervisão bancária dos

países membros do chamado grupo dos 10. Formado por Bélgica, Canadá,

Estados Unidos, França, Itália, Japão, Países Baixos, Reino Unido, Alemanha,

Suécia, Espanha e Austrália e busca a estabilidade financeira e monetária em

todo o sistema financeiro internacional através do aprimoramento e

monitoramento da indústria bancária nos países dos seus membros.

Observamos que existe no Brasil um aparato regulatório que através de leis,

resoluções, circulares e instruções normativas regula os aspectos tributários,

contábeis e crédito por intermédio de instituições como Banco Central do Brasil

(BCB), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Secretaria da Receita Federal

(SRF). E na impossibilidade de obter alguma orientação na legislação brasileira,

as empresas brasileiras consultam normas e pronunciamentos internacionais

tais como o FASB (Financial Accounting Standards Board) e IASB (International

Accounting Standards Board).

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CAPÍTULO V

UTILIZANDO INSTRUMENTOS DE DERIVATIVOS:

SWAP, NDF (non-deliverable forward) e OPÇAO

FLEXÍVEL:

Neste capítulo analisaremos como as empresas utilizam os instrumentos de

derivativos para proteção financeira ao contratarem operações de crédito no

mercado internacional.

Por uma questão de custo de oportunidade e provavelmente buscando

financiamento para algum projeto, compras de máquinas mais modernas ou

simplesmente obter capital de giro, voltam-se para o mercado de crédito no

exterior contratando linhas com custos mais baratos quando comparadas as

oferecidas no mercado interno.

As operações de crédito são contratadas através dos bancos que possuem filiais

nos grandes centros financeiros internacionais e as repassam para as empresas

brasileiras. Por uma questão de risco de mercado os bancos orientam as

empresas a contratarem os hedges cambiais.

As operações de crédito e as respectivas operações de derivativos possuem

custos de contratação como spreads, taxas e tarifas. Incidem tanto na

contratação quanto no ingresso dos recursos no mercado brasileiro.

Os limites de crédito são calculados pelos bancos e oferecido as empresas por

diversas linhas de crédito de curto e longo prazos.

Nesse contexto as empresas consultam em cada instituição seus limites

disponíveis e os custos envolvidos, para então decidir em qual vão contratar as

operações.

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É possível contratar uma operação de crédito em uma instituição financeira e

o hedge em outra.

Vamos supor que uma empresa brasileira contrate junto a um banco no Brasil

uma operação de crédito externo direto regulado pela lei 4.131/62 no valor de

USD 37 milhões por um prazo de 12 meses. As condições de pagamento são

principal e juros no final com a taxa fixa de 5,10% a.a. A alíquota de imposto de

renda de 15% vai incidir na taxa prefixada de contratação da operação.

Faremos algumas suposições para efeito de análise. No limite de crédito

disponível que a empresa possui no banco contratado vamos supor que o

impacto no limite de crédito para operações de swap seja de 10% e nas

operações de NDF e opção flexível de 20%.

Conforme a tabela 1 a seguir são descritos os dados relevantes da operação

contratada:

Tabela 1

Suponhamos que estejam disponíveis para a empresa três instrumentos de

derivativos para contratação. Vamos agora analisar cada um deles apresentando

suas características:

Cliente :Risco : AValor Operação:

Moeda:

Prazo: 360 diasForma de Pagamento :

Taxa Fixa :

Imposto de Renda: 15%

Operação : Lei 4.131/62

5,10% a.a.

Industria Quimica e Farmaceutica S.A.

USD 37.000.000,00

Dólar Americano

Principal no FinalJuros no Final

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Caso a empresa decida pela contratação de uma operação de swap para

proteção financeira haveria impacto de 10% no limite de crédito disponibilizado

pelo banco, além da incidência de spread.

Vale mencionar que em uma operação de swap existe a possibilidade de

chamada de margem de garantia da instituição onde o swap foi registrado (BM&F

ou CETIP). Esse mecanismo é para mitigar o risco de inadimplemento da

contraparte. As margens são calculadas diariamente e quando houver ajuste a

débito da empresa e for superior a 5% do valor da operação, a empresa é

notificada pelo banco de relacionamento e, geralmente, é bloqueado

temporariamente alguma aplicação financeira ou ativo que a empresa possua no

banco.

Abaixo a tabela 2 apresenta os dados da operação de swap:

Tabela 2

Data da Cotação 16/01/2017

Data Base 16/01/2017

Valor Moeda (USD) 37.000.000,00

Valor Reais (BRL) 119.221.400,00

Fluxo Constante (meses)

Prazo 12

Carencia Juros 12

Peposição Juros 12

Carencia Principal 12

Reposição Principal 12

Data Percentual (%)

16/01/2017 0

16/01/2018 100

16/01/2018

Dados do Fluxo

Vencimento

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O swap cambial tem como data de vencimento 16.01.2018, valor de USD 37

milhões, os juros e o principal pagos no vencimento da operação.

A tabela 3 informa os cálculos do swap que serão apresentados para a empresa:

Tabela 3

Conforme descrito na tabela 3, a empresa deseja ficar ativa em variação cambial

(VC) mais a taxa prefixada da operação de crédito contratada, ou seja, taxa fixa

de 5,10% mais a incidência do imposto de renda (IR) de 15%. O cupom calculado

será de 6,00%.

A remuneração do banco nessa operação foi de 0,5% acrescidos no cupom de

6,00% e o impacto no limite de crédito disponível foi de 10%.

O banco poderá ficar ativo de três maneiras: percentual da taxa do CDI (%CDI),

100%CDI mais uma taxa fixa ou uma taxa prefixada. Essas taxas estão

referenciadas em reais.

==> Ponta Cliente Perc.% Cupom Cupom IR Indexador

100 5,10% 6,00% USD

==> Ponta Banco Perc.% Cupom Indexador

A 139,86 CDI BRL

ou

B 100 4,24% 100%CDI + Taxa BRL

C ou 100 14,25% Taxa Pré Fixada BRL

Spot 3,2222

Dados Operação

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O banco receberá na opção A um percentual de 139,86% do CDI. Na opção B

receberá 100%CDI mais 4,24% a.a. e na opção C a taxa prefixada de 14,25%

a.a.

Caberá a empresa decidir como será sua ponta passiva e essa decisão

dependerá do cenário financeiro estimado e estratégia formulada pela empresa.

Vamos agora supor que uma empresa brasileira contrate junto a um banco no

Brasil uma operação de crédito externo direto regulado pela lei 4.131/62 no valor

de USD 37 milhões por um prazo de 12 meses.

Entretanto, as condições de pagamento são principal no vencimento e juros

trimestrais com a taxa fixa de 5,10% a.a. A alíquota de imposto de renda de 15%

vai incidir na taxa prefixada de contratação da operação, de acordo com a tabela

4.

Tabela 4

O swap que protegeria mais adequadamente a empresa nesse exemplo seria o

de fluxo cambial. O Swap de fluxo, como o nome próprio diz, contemplaria as

datas de vencimento de cada parcela de juros e do principal. Apresentamos os

dados dessa operação na tabela 5.

Cliente :Risco : AValor Operação:

Moeda:

Prazo: 360 diasForma de Pagamento :

Taxa Fixa :

Imposto de Renda: 15%

Operação : Lei 4.131/62

5,10% a.a.

Industria Quimica e Farmaceutica S.A.

USD 37.000.000,00

Dólar Americano

Principal no FinalJuros Trimestrais

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Tabela 5

Segundo a tabela 5, o vencimento da operação é em 16.01.2018 com o valor

nocional de USD 37 milhões. Contudo, não temos apenas um pagamento no

vencimento de juros e principal, os juros serão pagos escalonadamente, ou seja,

em 13.04.2017, 14.07.2017, 16.10.2017 e 16.01.2018 e o principal em

16.01.2018. Em 16.01.2018 coincidem o pagamento do principal mais os juros.

Na tabela 6 são apresentados os cálculos dessa operação de swap de fluxo

cambial:

Data da Cotação 16/01/2017

Data Base 16/01/2017

Valor Moeda (USD) 37.000.000,00

Valor Reais (BRL) 119.221.400,00

Fluxo Constante (meses)

Prazo 12

Carencia Juros 3

Peposição Juros 3

Carencia Principal 12

Reposição Principal 12

Data Percentual (%)

16/01/2017 0

13/04/2017 0

14/07/2017 0

16/10/2017 0

16/01/2018 100

16/01/2018

Dados do Fluxo

Vencimento

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Tabela 6

A ponta da empresa é o custo da operação de crédito acrescidos da alíquota de

15% de IR. Na ponta do banco teríamos três formas de recebimento, ou seja,

142,63%CDI, 100%CDI + 4,56% a.a. ou taxa prefixada de 16,08% a.a.

A empresa optando pelo NDF (USD) ou termo de moeda tanto para proteger a

operação de crédito com modalidade de pagamento no final quanto na que

possui fluxo de pagamentos, teria que contratar um NDF (USD) para cada

vencimento. Isso permite uma maior eficiência na proteção financeira.

Importante observar que tanto o impacto no limite de crédito de 20% quanto a

incidência de spread no NDF (USD) ocorreriam para cada data de pagamento

tanto de juros quanto de principal. E que existe a possibilidade, dependendo da

volatilidade do mercado, de ocorrer ajustes negativos para empresa.

Na tabela 7 são calculados os NDF (USD) para cada data de pagamento dos

juros e principal das operações de crédito informadas anteriormente:

==> Ponta Cliente Perc.% Cupom Cupom IR Indexador

100 5,10% 6,00% USD

==> Ponta Banco Perc.% Cupom Indexador

A 142,63 CDI BRL

ou

B 100 4,56% 100%CDI + Taxa BRL

C ou 100 16,08% Taxa Pré Fixada BRL

Spot 3,2222

Dados Operação

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Tabela 7

Para cada data de pagamento existe uma taxa calculada em dólar. É importante

observar que a mesma não representa a projeção do dólar à vista. Seu cálculo

leva em consideração para cada período a projeção entre a taxa de juros interna

e a taxa de juros externa. Contudo, desempenha adequadamente sua função de

proteger a empresa contra riscos de mercado.

Data Vencimento 13/04/2017 Data Vencimento 14/07/2017Dias Úteis 61 Dias Úteis 122Dias Corridos 90 Dias Corridos 180

Valor USD 37.000.000,00 Valor USD 37.000.000,00Natureza VENDA Natureza VENDAValor NDF Calculado 3,2965 Valor NDF Calculado 3,3649Spread (Pontos) 0,0020 Spread (Pontos) 0,0020

Valor NDF (USD) Valor NDF (USD)Com Spread Com Spread

Taxa Pré (%) 12,3081 Taxa Pré (%) 11,7628Dólar Futuro 3,2320 Dólar Futuro 3,2320Spot 3,2211 Spot 3,2211

Data Vencimento 16/10/2017 Data Vencimento 16/01/2018Dias Úteis 184 Dias Úteis 245Dias Corridos 270 Dias Corridos 361

Valor USD 37.000.000,00 Valor USD 37.000.000,00Natureza VENDA Natureza VENDAValor NDF Calculado 3,4266 Valor NDF Calculado 3,4812Spread (Pontos) 0,0020 Spread (Pontos) 0,0020

Valor NDF (USD) Valor NDF (USD)Com Spread Com Spread

Taxa Pré (%) 11,302 Taxa Pré (%) 10,947Dólar Futuro 3,2320 Dólar Futuro 3,2320Spot 3,2211 Spot 3,2211

3,2985 3,3669

3,4286 3,4832

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Suponhamos agora que a empresa opte pela opção flexível. Nesse caso

também para cada data de pagamento de juros e principal a empresa contrataria

uma operação de opção.

Como a empresa pretende comprar dólares para fazer frente aos pagamentos

de juros e principal, terá que adquirir uma opção do tipo Call.

Contratando as opções a empresa também estará pagando spread para cada

operação e impacto no limite de crédito disponível de 20%. Além de pagamento

de prêmio ao banco lançador da opção no momento da contratação.

Segundo as operações de crédito externo citadas anteriormente, vamos calcular

para cada data de pagamento de juros e principal as opções flexíveis em dólares

americanos. Os cálculos estão informados na tabela 8:

Data Vencimento 13/04/2017 Data Vencimento 14/07/2017

Dias Úteis 60 Dias Úteis 122

Dias Corridos 90 Dias Corridos 180

Tipo de Exercício EUROPÉIA Tipo de Exercício EUROPÉIA

Natureza VENDA Natureza VENDA

Tipo de Opção CALL Tipo de Opção CALL

Valor USD 471.750,00 Valor USD 471.750,00

Preço Ativo Objeto 3,2442 Preço Ativo Objeto 3,312062

Preço Exercício 3,2985 Preço Exercício 3,3669

Taxa de Juros 12,32% Taxa de Juros 11,66%

Volatilidade Teórica 15,96% Volatilidade Teórica 16,28%

Prêmio Teórico Lote Mil (R$) 74,691 Prêmio Teórico Lote Mil (R$) 118,477

Prêmio Total Teórico (R$) 35.235,48 Prêmio Total Teórico (R$) 55.891,52

Spread sobre Volatilidade 0,50% Spread sobre Volatilidade 0,50%

Volatilidade Negociada 16,46% Volatilidade Negociada 16,78%

Prêmio Negociado Lote Mil (R$) 77,72 Prêmio Negociado Lote Mil (R$) 122,82

Prêmio Total Neg. (R$) 36.663,47 Prêmio Total Neg. (R$) 57.939,86

Delta 0,42211917 Delta 0,44291472

Exposicao Cambial (USD) 199.134,72 Exposicao Cambial (USD) 208.945,02

CDI 12,88% CDI 12,88%

Dólar Pronto 3,1702 Dólar Pronto 3,1702

Ptax 3,1649 Ptax 3,1649

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Tabela 8

Na tabela 8 observamos que ao contratar uma operação de opção flexível, a

empresa fixa um preço de exercício. O mesmo representa a percepção da

empresa quanto ao mercado cambial. Embute uma expectativa de oscilação do

preço do ativo dólar. Esse cenário de cunho estratégico é que definirá o preço

de exercício e se a operação será exercida ou não. E deverá estar em

consonância com a operação de crédito contratada.

A opção comporta-se com um seguro onde a empresa ao pagar o prêmio

resguarda-se das oscilações de preços no mercado. Portanto, é eficiente quanto

a função de hedge.

Data Vencimento 16/10/2017 Data Vencimento 16/01/2018

Dias Úteis 184 Dias Úteis 245

Dias Corridos 270 Dias Corridos 361

Tipo de Exercício EUROPÉIA Tipo de Exercício EUROPÉIA

Natureza VENDA Natureza VENDA

Tipo de Opção CALL Tipo de Opção CALL

Valor USD 471.750,00 Valor USD 37.000.000,00

Preço Ativo Objeto 3,373298 Preço Ativo Objeto 3,427052

Preço Exercício 3,4286 Preço Exercício 3,4832

Taxa de Juros 11,19% Taxa de Juros 10,87%

Volatilidade Teórica 16,45% Volatilidade Teórica 16,49%

Prêmio Teórico Lote Mil (R$) 152,36 Prêmio Teórico Lote Mil (R$) 178,471

Prêmio Total Teórico (R$) 71.875,83 Prêmio Total Teórico (R$) 6.603.427,00

Spread sobre Volatilidade 0,50% Spread sobre Volatilidade 0,50%

Volatilidade Negociada 16,95% Volatilidade Negociada 16,99%

Prêmio Negociado Lote Mil (R$) 157,69 Prêmio Negociado Lote Mil (R$) 184,58

Prêmio Total Neg. (R$) 74.389,31 Prêmio Total Neg. (R$) 6.829.386,00

Delta 0,44801362 Delta 0,44746153

Exposicao Cambial (USD) 211.350,42 Exposicao Cambial (USD) 16.556.076,79

CDI 12,88% CDI 12,88%

Dólar Pronto 3,1702 Dólar Pronto 3,1702

Ptax 3,1649 Ptax 3,1649

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Nesse capítulo foram apresentadas duas operações de crédito reguladas pela

Lei 4.131/62 em dólares americanos e as possibilidades de proteção financeira

através dos instrumentos de derivativos como o Swap e Swap de fluxo cambiais,

NDF e Opção flexível.

O escopo do estudo é identificar parâmetros a serem utilizados para se optar

pelos instrumentos de derivativos mais apropriados e que propiciem maior

eficiência a esses instrumentos.

A exposição de alguns casos específicos e o detalhamento de cada possibilidade

de hedge permite uma melhor análise de cada instrumento.

E tendo em vista identificar na ótica da empresa qual instrumento de derivativo

que melhor se adequa tanto com relação a função de redutor de risco cambial,

quanto na maximização dos custos de contratação desses instrumentos,

apresentamos a seguir um quadro resumo:

INSTRUMENTOS DE DERIVATIVOS CAMBIAIS

PROTEÇÃO FINANCEIRA

SWAP NDF (USD) OPÇÃO FLEXÍVEL (USD) -

Call

Incidência Spread Incidência Spread Incidência Spread

Impacto limite 10% Impacto limite 20% Impacto limite 20%

Possibilidade de chamada de

margem de garantia

Possibilidade de ajuste

negativo no vencimento

Pagamento de Prêmio ao Banco

lançador

Uma operação única para

vários vencimentos

Uma operação para cada

vencimento

Uma operação para cada

vencimento

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O quadro resumo apresenta os principais pontos que a empresa poderá levar

em consideração ao decidir qual instrumento utilizar.

Quanto a eficiência de se mitigar os riscos de oscilação de preços no mercado

de cambio ambas atendem a empresa, ajustando-se adequadamente a cada

prazo.

Percebe-se que na opção flexível ocorre um desembolso no momento da

contratação e a empresa exercerá a opção se o preço de mercado for superior

ao preço de exercício. No Swap e NDF o ajuste positivo ou negativo será

calculado no vencimento da operação. Como assinalado, tanto no swap quanto

no NDF, poderão ocorrer ajustes negativos que a empresa terá que pagar no

vencimento da operação.

Vale dizer que ajustes negativos não significam necessariamente perdas e sim

poderíamos definir como custos pela contratação da proteção financeira como

mencionado no capítulo 3.

Quanto ao impacto no limite de crédito disponível pelo banco e de acordo com a

suposição de impacto definida, observamos que o swap impacta 10% e o NDF

e Opção 20%, respectivamente. A empresa tenderá, por uma questão de

otimização, utilizar o instrumento que impacta menos seu limite.

Quanto aos custos de contratação a empresa ao contratar o swap pagará o

spread por operação seja um swap com um único vencimento ou de fluxo. No

NDF e nas opções há incidência de spread por cada operação.

Observamos que a empresa tenderá contratar um swap cambial. Apesar de ser

eficiente na proteção financeira como os demais instrumentos, seus custos de

contratação e impacto no limite de crédito são menores. E o hedge com melhor

eficiência ocorreria no swap se a taxa de ingresso dos recursos da operação de

crédito externo for a mesma que partirá o swap cambial. Vide os exemplos

citados em nossa análise, a taxa do swap foi pelo spot à vista de BRL 3,2222.

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Se o ingresso dos recursos se deu por esta taxa, teríamos, então, um hedge

muito eficiente.

E mesmo que exista a possibilidade de um possível bloqueio temporário de

alguma aplicação financeira em virtude de chamada de margem de garantia,

esse custo ainda torna a opção pelo swap mais interessante.

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CONCLUSÃO

Em nossa análise observamos que a empresa, nas mais diversas atividades,

está exposta a riscos. Riscos observados tanto na própria atividade da empresa

quanto em mercados que se relacionam com a própria ação da mesma enquanto

agente econômico.

Em resposta a esses desafios, a empresa é impelida a formular decisões

estratégicas cujo pano de fundo é a construção de cenários estabelecendo as

diretrizes de curto, médio e longo prazos num contexto de aspectos micro e

macroeconômicos.

O Brasil possui baixo grau de abertura ao comércio com as demais nações do

mundo. Não obstante, as empresas brasileiras mantêm fluxos de comércio e

captação de recursos financeiros no mercado externo.

As ofertas desses capitais lá fora, se comparado ao mercado brasileiro, são

relativamente de baixo custo. Propiciando as empresas um estímulo para

contratar determinadas linhas de crédito oferecidas pelos bancos no Brasil.

Elencamos algumas possibilidades de linhas de crédito externa em nossa

análise, contudo, e por uma questão de maior participação no ranking de

contratações e melhor delineamento de nosso estudo, as linhas de Empréstimo

Financeiro Direto (Lei 4.131/62) e o Financiamento à Importação (Finimp –

Direto) foram as escolhidas.

Essas operações ao serem contratadas, vão compor o balanço das empresas.

E como envolvem riscos, as empresas são orientadas pelos bancos

intervenientes e pelas autoridades que regulam o mercado financeiro a

contratarem operações de hedge.

O hedge, como vimos, é uma proteção financeira obtida através de determinadas

operações financeiras que agem com intuito de mitigar riscos e perdas.

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De acordo com a natureza da operação de crédito, as empresas buscam no

mercado financeiro operações de proteção financeira que sejam mais eficientes

no sentido de mitigar riscos de mercado.

Em nosso trabalho restringimos a análise ao mercado cambial em operações

cuja moeda é o dólar americano. E o objetivo é identificar parâmetros a serem

utilizados pelas empresas na escolha de instrumentos de proteção financeira

mais adequados, oferecendo maior eficiência e custo-benefício.

Separamos para nosso estudo três instrumentos de hedge que são bem

utilizados pelo mercado, ou seja, o swap cambial com sua variante de fluxo

cambial, o NDF ou termo de moeda como é mais conhecido no mercado

brasileiro e as opções flexíveis.

As opções, como analisado no capítulo três desse trabalho, são flexíveis pois

são customizadas de acordo com os prazos e são contratadas pelo mercado de

balcão não organizado, ou seja, através de ligações telefônicas entre a empresa

e os bancos.

A importância desse estudo mostra-se relevante quando se observa que os

instrumentos de derivativos para fins de hedge no Brasil ainda são poucos

difundidos e utilizados principalmente pelas empresas de menor porte.

Como as empresas são minimizadoras de custo procuram uma situação ótima

entre redução de riscos e menor custo de contratação.

A contratação das operações tanto de crédito quanto a de proteção financeira

em uma só instituição poderá ser interessante na redução de custos. Mas nada

impede de contratar essas operações em bancos distintos.

Nas operações de crédito externo como a linha de Empréstimo Financeiro Direto

(Lei 4.131/62), o risco cambial em dólar é observado na variação da moeda

americana frente ao real no mercado doméstico (variação cambial mais taxa

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prefixada acrescida da alíquota de IR). A taxa prefixada é o custo da operação

de crédito com o banco externo.

Nos exemplos descritos em nosso estudo detalhamos os parâmetros de

operações de crédito captadas no mercado externo, tendo como base o

Empréstimo Financeiro Direto (Lei 4.131/62) com estrutura de juros e principal

pagos no vencimento e a que possui um fluxo de pagamentos de juros e principal

no final.

E como proteção financeira foram informados os parâmetros e os cálculos dos

swaps, os NDFs ou termos de moeda e as opções flexíveis. Considerando

também os spreads cobrados pelos bancos em cada operação.

Para efeito de análise e dada a complexidade e subjetividade do cálculo de

impacto nos limites de crédito disponibilizados pelos bancos, supomos que nas

operações de swap cambial o impacto seria de 10% e nos NDFs e opções

flexíveis 20%.

Resumimos em um quadro a seguir os parâmetros mais relevantes de cada

modalidade de hedge cambial discutida nesse trabalho:

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INSTRUMENTOS DE DERIVATIVOS CAMBIAIS

PROTEÇÃO FINANCEIRA

SWAP NDF (USD) OPÇÃO FLEXÍVEL (USD) -

Call

Incidência Spread Incidência Spread Incidência Spread

Impacto limite 10% Impacto limite 20% Impacto limite 20%

Possibilidade de chamada de

margem de garantia

Possibilidade de ajuste negativo

no vencimento

Pagamento de Prêmio ao Banco

lançador

Uma operação única para vários

vencimentos

Uma operação para cada

vencimento

Uma operação para cada

vencimento

Consideramos a empresa como preocupada em maximizar os seus lucros e

reduzir seus custos. Sendo assim, ao analisar cada opção de hedge a empresa

optaria pela contratação de swap cambial. Seja pelo custo, uma vez que o spread

do banco incidiria uma única vez. Seja pela eficiência de mitigar o risco, já que

no swap existe a possibilidade de iniciá-lo pela taxa spot de ingresso dos

recursos captados via operação de crédito externo. Mesmo que havendo muita

volatilidade de mercado e exista a possibilidade de chamada de margem que

bloquearia alguma aplicação financeira por tempo determinado na instituição

bancária da operação contratada.

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BIBLIOGRAFIA

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São Paulo: Cengage Learning, 2015.

ZENARO, Fábio José de Almeida. Certificado de Operações Estruturadas

(COE): uma introdução ao mercado brasileiro de notas estruturadas. São Paulo:

Atlas, 2014

Hull, John C. Opções, Futuros e outros Derivativos. São Paulo: BM&F, 1998.

MARINS, M. André Cabral. Mercados derivativos e análise de risco. V. 1 e 2. Rio

de Janeiro: AMS, 20009.

SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. São

Paulo: Atlas, 2012.

BARBEDO, Cláudio Henrique, Gustavo et al. Mercado de derivativos no Brasil:

conceitos, operações e estratégias. 3ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2009.

COSTA, César Lauro da, Opções: operando a volatilidade. São Paulo: BM&F,

1998.

SILVA, Luiz Mauricio. Mercado de opções: conceitos e estratégias. 2ª ed. rev. e

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BERNSTEIN, Peter L. Desafio aos deuses: a fascinante história do risco. Rio de

Janeiro: Elsevier, 1997.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em

Administração.5ª edição. São Paulo: Atlas, 2008.

CETIP, https://www.cetip.com.br.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Cenários Financeiros, Riscos e Proteção Financeira

no contexto Empresarial 12

CAPÍTULO II

Mercado de Crédito Exterior para as Empresas Brasileiras 20

CAPÍTULO III

Derivativos Cambiais: Swap, NDF e Opção Flexível 28

CAPÍTULO IV

Aspectos Tributários, Contábeis e Crédito 41

CAPÍTULO V

Utilizando Instrumentos de Derivativos: Swap, NDF e Opção Flexível 50

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CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA 67