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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR CAUSADA POR UM MEMBRO DA FAMÍLIA Flaviviridae Hidelbrando Ricardo Domeneguete Amaral Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito GOIÂNIA 2012

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Page 1: DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR …

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR

CAUSADA POR UM MEMBRO DA FAMÍLIA Flaviviridae

Hidelbrando Ricardo Domeneguete Amaral

Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito

GOIÂNIA

2012

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HIDELBRANDO RICARDO DOMENEGUETE AMARAL

DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR

CAUSADA POR UM MEMBRO DA FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE

Seminário apresentado junto à Disciplina

Seminários Aplicados do Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Nível: Mestrado.

Área de Concentração:

Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de

Alimentos (SANHTA)

Linha de Pesquisa:

Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e

controle das doenças infecciosas dos animais

Orientador (a):

Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito – IPTSP/UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti – EV/UFG

Prof. Dr Alexandre Ramos – CENARGEN/EMBRAPA

GOIÂNIA 2012

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 2

2.1 A família Flaviviridae ........................................................................................ 2

2.2 O gênero Pestivirus .......................................................................................... 4

2.3 O agente etiológico, Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV)............................. 6

2.4 Geração de bezerros persistentemente infectados .......................................... 7

2.5 Doença das mucosas ....................................................................................... 9

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 14

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 15

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1 INTRODUÇÃO

Doença das mucosas (DM) é uma apresentação clinica rara decorrente

da infecção de bovinos pelo vírus da Diarréia Viral Bovina (Bovine viral diarrhea

virus - BVDV). Tal vírus pertence à família Flaviviridae, gênero Pestivirus, tem

distribuição mundial e é um dos principais patógenos de bovinos, responsável por

perdas econômicas, produtivas e reprodutivas nos rebanhos bovinos de todo o

mundo. No Brasil, a diarreia viral bovina (BVD) está amplamente distribuída nos

rebanhos bovinos de corte e leite com taxas de prevalência que podem variar de

60 a 85% de animais soropositivos, em Goiás a prevalência é de 64%. A infecção

pelo BVDV pode ser assintomática ou determinar uma gama de sinais clínicos

(BAKER, 1995; RIDIPAH & FLORES, 2007; BRITO et al., 2010).

O maior impacto da infecção de bovinos pelo BVDV é na esfera

reprodutiva. A infecção em fêmeas gestantes pode resultar em perdas

embrionárias e fetais, malformações congênitas, natimortalidade e nascimento de

bezerros fracos e inviáveis. A infecção fetal entre 40 e 120 dias de gestação por

cepas de BVDV não citopatogênico (ncp), com frequência, é seguida de

persistência viral e indução de imunotolerância. Estes fetos originam bezerros

persistentemente infectados (PI), que podem representar até 2% nos rebanhos

infectados, eliminam constantemente o BVDV em grande quantidade por todas as

secreções e excreções, constituindo o elo da cadeia epidemiológica da doença

(BOLIN et al., 1985; HOUE et al., 1999; PILZ et al., 2007).

Além de contribuírem de maneira fundamental na disseminação do

BVDV nos rebanhos os animais PI podem desenvolver uma enfermidade fatal,

denominada doença das mucosas. Tal doença ocorre quando o animal PI

imunotolerante a uma cepa de BVDV ncp é superinfectando por uma cepa de

BVDV citopatogênico (cp) (BAKER, 1995).

Desta forma, este seminário discorrerá sobre os aspectos envolvidos

na infecção de bovinos pelo BVDV apresentando a família viral ao qual pertence

até chegar a casos individuais de uma doença única na natureza, a doença das

mucosas.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A família Flaviviridae

A família Flaviviridae abriga vários vírus de importância em saúde

humana e animal. Os membros dessa família possuem vírions esféricos (40-60nm

de diâmetro), envelopados, que contêm uma molécula de RNA linear de

polaridade positiva (9 a 12.3 kilobases) como genoma. A família é dividida em três

gêneros: Flavivirus (do latim flavus – amarelo), Pestivirus (do latim pestis – peste)

e Hepacivirus (do grego heptos – fígado) (RIDPATH & FLORES, 2007).

A molécula de RNA apresenta duas regiões não-traduzidas

(untranslated region, UTRs) próximas às extremidades 5’ e 3’ e possui uma única

fase aberta de leitura (open reading frame, ORF), que é responsável pela

codificação de uma poliproteína. Essa poliproteína é processada por proteases

virais e celulares durante e após a tradução, originando outras proteínas.

Diferente dos outros dois gêneros (Figura 1), os Pestivirus são os únicos que

codificam as proteínas Npro (proteína não estrutural) e Erns (proteína estrutural). A

Npro é uma proteinase cuja única função conhecida é se autoclivar da poliproteína

logo após a sua síntese. Além da atividade ribonuclease e associação ao

envelope viral, a glicoproteína Erns é secretada das células infectadas (RIDPATH

2003; RIDPATH & FLORES, 2007; LIU et al., 2009).

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FIGURA 1: Esquema da organização do genoma dos três gêneros da família Flaviviridae. UTR é região não traduzida (untranslated region), NS codifica proteína não estrutural (non structural), Npro codifica nucleoprotease, C o capsídeo e Erns uma ribonuclease solúvel; Erns, E1 e E2: glicoproteínas do envelope; NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B: proteínas não-estruturais. Adaptado de RIDPATH & FLORES, 2007.

Os gêneros da família Flaviviridae diferem entre si pela extensão,

estrutura e organização genômica, número e função de produtos gênicos e em

alguns aspectos biológicos. Várias dessas características são utilizadas para a

sua classificação em gêneros e espécies (RIDPATH & FLORES, 2007). As

principais diferenças entre os gêneros estão apresentadas na Tabela 1.

TABELA 1: Características gerais dos três gêneros da família Flaviviridae. Adaptado de RIDPATH & FLORES, 2007.

GENERO GENOMA MULTIPLICACAO

EM CULTIVO

CELULAR

HOSPEDEIROS VETORES

ARTRÓPODES

Flavivirus 11kb X Humanos e

animais

X

Pestivirus 12.5kb X Animais -

Hepacivirus 9.6kb - humanos -

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2.2 O gênero Pestivirus

A classificação dos generos dos pestivírus utiliza três critérios:

A) Hospedeiro de origem: Este critério de classificação não é confiável

uma vez que, alguns pestivírus não são restritos a um único hospedeiro

(RIDPATH & FLORES, 2007).

B) Características antigênicas e reatividade sorológica cruzada: a

reatividade sorológica cruzada entre as espécies de pestivírus é baixa e pode ser

bastante variável também entre diferentes isolados de uma mesma espécie viral

(RIDPATH & FLORES, 2007).

C) A homologia entre as sequências de nucleotídeos: é o critério mais

seguro para diferenciar os três gêneros da família Flaviviridae e o de maior

segurança. A região 5’UTR é a mais frequentemente utilizada para a detecção e

caracterização de variações no genoma, uma vez que apresenta segmentos

altamente conservados, facilitando a amplificação pela reação de cadeia de

polimerase (PCR). No entanto, a região da proteína não-estrutural Npro, presente

apenas nos pestivírus, se constitui na região de eleição para a comparação e

caracterização inicial de isolados. O gene E2, que codifica a proteína

imunodominante do envelope viral, também pode ser usado na filogenia dos

pestivírus. A utilização conjunta das três regiões genômicas (5’UTR, Npro e E2)

apresenta melhores resultados na análise filogenética e permite a classificação de

diferentes espécies, tipos e subtipos de pestivírus (LIU et al., 2009; ALMEIDA,

2010).

A análise filogenética das sequências que codificam a Npro possibilita a

divisão do gênero Pestivirus em sete grupos genéticos principais (Figura 2).

Quatro desses ramos correspondem às quatro espécies aceitas no gênero (Vírus

da Diarreia Viral Bovina tipo 1, BVDV-1; Vírus da Diarréia Viral Bovina tipo 2,

BVDV-2; Vírus da Doenca da Fronteira dos Ovinos, BDV e Vírus da Peste Suína

Clássica - CSFV). Os três ramos restantes correspondem a pestivírus ainda não

classificados que possuem base genética e propriedades antigênicas que diferem

das espécies descritas anteriormente no gênero (RIDPATH, 2003; RIDPATH &

FLORES, 2007).

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FIGURA 2: Agrupamento filogenético de isolados de pestivírus com base na homologia de nucleotídeos do gene da proteína Npro; 1, 2, 3 e 4 representam os ramos das quatro espécies de aceite do gênero Pestivirus conhecidas: BVDV-1, BVDV-2, BDV e CSFV; os três ramos restantes correspondem a um pestivírus isolado de uma girafa, um isolado de antílope e um ramo composto por pestivírus atípicos (“Hobi"). Adaptado de RIDPATH & FLORES (2007).

A crescente identificação desses Pestivírus atípicos em vários

continentes tem suscitado grande preocupação de técnicos e pesquisadores em

sanidade animal, pois se constituem em agentes recentes, cuja epidemiologia,

biologia e patogenia ainda são desconhecidas (RIDPATH, 2010).

Além do genótipo, as cepas de pestivírus podem ser agregadas em

subgenótipos. Quinze subgenótipos dentro do BVDV-1 (BVDV-1a a BVDV-1o) e

dois do BVDV-2 (BVDV-2a e BVDV-2b) têm sido descritos por todo o mundo.

Uma diversidade maior é observada entre as cepas européias nos sete diferentes

grupos reportados (FLORES et al, 2002; LIU et al., 2010; RIDPATH, 2010).

Embora não sejam utilizados para diferenciar as espécies, dois biótipos

existem entre os pestivírus: os vírus citopáticos (cp) e os não-citopáticos (ncp)

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(BAKER, 1995). Tais vírus e suas características serão abordados na próxima

seção.

2.3 O agente etiológico, Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV)

O BVDV é reconhecido como causador de diversas manifestações

clínicas que vão desde infecções subclínicas a infecção aguda altamente fatal,

afetando principalmente o sistema reprodutivo (abortos, má formação,

mumificação, crescimento retardado), sistema respiratório, sistema digestivo,

sistema circulatório (leucopenia, trombocitopenia e síndrome hemorrágica) e

sistema tegumentar quando a DM se instala num animal PI (DUBOVI, 1994).

Os bovinos são considerados os seus hospedeiros naturais, porem

pode infectar ruminantes domésticos, silvestres e suínos (RIDPATH & FLORES,

2007).

Há grande variabilidade antigênica nos isolados de campo de BVDV,

devido à presença de regiões hipervariáveis na glicoproteína E2 (gp53). Com

base nas características genéticas e antigênicas, os isolados podem ser divididos

em dois grupos: BVDV-1 (E2 com um epítopo dominante) e BVDV-2 (E2 com três

epítopos dominantes). O primeiro abrangem grande parte das cepas de referência

e os vírus utilizados em vacinas, sendo geralmente isolados com virulência baixa

a moderada. O segundo foi isolado de surtos de BVDV aguda e doença

hemorrágica no Canadá entre 1993/1994, porém também possui isolados com

baixa virulência (HAMERS et al., 2001; RIDPATH et al., 2003).

Os isolados do BVDV-1 e BVDV-2 já foram divididos em subgrupos

genéticos (BVDV-1a e 1b; BVDV-2a e 2b). A reatividade sorológica cruzada entre

BVDV-1 e BVDV-2 é geralmente baixa, e isto apresenta implicações importantes

para o diagnóstico, controle, desenvolvimento e eficácia de vacinas , assim como

auxiliam o vírus na evasão da resposta imune do hospedeiro prejudicando

estratégias de imunização (FLORES et al., 2000a; FLORES et al., 2000b;

FLORES et al., 2002; RIDPATH, 2003; PILZ et al., 2007).

Com relação a replicação em cultivo celular, os isolados de BVDV

podem ser divididos em citopáticos (cp) e não-citopáticos (ncp). Os isolados ncp

se constituem nos BVDV responsáveis pela maioria das infecções naturais e

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pelas infecções fetais persistentes. Os isolados cp são raros, não são capazes de

produzir infecções persistentes e são isolados quase que exclusivamente de

animais com a DM. Os BVDV cp são gerados nos animais PI a partir do vírus ncp

original, através de mutações, recombinações, deleções ou rearranjos genéticos

que levam à expressão na proteína NS3 (p80) como um polipeptídeo individual.

Em contraste, os vírus ncp expressam apenas a proteína precursora NS23

(p125). A expressão da NS3 (p80) sugere que esta proteína está direta ou

indiretamente relacionada ao efeito lítico do vírus em cultivos celulares, porém o

mecanismo responsável pela indução de citopatologia ainda não foi esclarecido.

O efeito citopatico em cultivo celular não indica se um isolado é virulento ou não,

fato este comprovado pelo isolamentos feitos a partir de surtos graves da doença

onde o BVDV ncp foi o responsável (BROWNLIE, 1990; GROOMS, 2004;

RIDPATH, 2003; RIDPATH & FLORES, 2007).

É bom frisar que o genótipo não deve ser confundido com o biotipo. Os

dois genótipos do BVDV (tipo 1 e 2) podem existir como um dos biotipos: cp e

ncp, com base no efeito que causam em culturas de células. O biotipo é uma

diferença fenotípica. Enquanto o genótipo reflete diferença no genoma viral, o

fenótipo é baseado nas diferenças de traços expressos (RIDPATH, 2003).

2.4 Geração de bezerros persistentemente infectados

Fêmeas prenhes soronegativas que se infectam pelo BVDV

frequentemente transmitem o vírus ao embrião ou feto. As consequências da

infecção do embrião/feto dependem do estágio de gestação em que ocorre a

infecção, do biotipo (ncp) e da cepa do vírus: reabsorção, abortos, mumificação

fetal, natimortos, malformações congênitas, nascimento de bezerros fracos e

inviáveis ou o nascimento de animais PI. Abortos em qualquer fase de gestação

podem ser atribuídos ao BVDV. Fetos infectados no terço final da gestação

nascem normais, livres do vírus e soropositivos (DUBOVI, 1994; KRAMPS et al.,

1999; RIDPATH & FLORES, 2007). As possíveis consequências da infecção de

fêmeas prenhes pelo BVDV estão ilustradas na Figura 3.

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FIGURA 3: Consequências da infecção de fêmeas prenhes pelo BVDV, de acordo com o biótipo do vírus e o tempo de gestação. Adaptado de RODPATH & FLORES, 2007.

O estabelecimento da infecção persistente ocorre quando o feto é

infectado entre os 40 e 120 dias de gestação (Figura 3), tanto pelo BVDV-1

quanto pelo BVDV-2. A infecção do feto bovino com o biótipo ncp antes do

desenvolvimento da competência imunológica pode resultar na geração de um

animal que apresenta a infecção persistente pelo BVDV por toda sua vida. Nessa

fase da gestação, o sistema imunológico do feto é imaturo e as proteínas virais

são reconhecidas erroneamente como próprias (self), tornando o animal

imunologicamente tolerante especificamente aquela cepa ncp de BVDV que o

infectou in utero. É necessário que se estabeleça uma infecção não-lítica com o

BVDV para que não prejudique o desenvolvimento fetal, assim, a infecção

transplacentária com um BVDV cp não pode produzir uma infecção persistente

(BAKER, 1995; GROOMS, 2004; BROCK, 2003; RIDPATH, 2003; LIEBLER-

TENORIO, 2005).

Esses animais tornam-se portadores permanentes e excretam o vírus

continuamente em secreções e excreções, por toda a vida, sendo os

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responsáveis pela transmissão constante do agente a outros bovinos. Os

bezerros que nascem PI são geralmente soronegativos para aquela cepa de

BVDV para o qual foram infectados in utero (BROCK, 2003; HOUE, 1999;

ARENHART et al., 2009).

Os animais PI podem apresentar crescimento retardado, malformações

congênitas ou ser aparentemente saudáveis. Alguns apresentam crescimento

retardado e são mais susceptíveis a infecções secundárias (BAKER, 1995; PILZ

et al., 2007; RIDPATH & FLORES, 2007).

A maioria dos animais PI morre nos primeiros meses de vida, no

entanto, alguns deles podem viver até os dois anos ou mais. Existem vários

relatos de animais PI que sobrevivem até a idade adulta, podendo se tornar

reprodutores e transmitir o vírus para a progênie (fêmeas) ou pelo sêmen

(machos). Fêmeas PI que atingem a idade adulta e ficam prenhes geralmente

produzem bezerros PI, perpetuando assim, uma família de bovinos PI (HOUE,

1999; BAKER, 1995; RIDPATH & FLORES, 2007; GONZALEZ-ALTAMIRANDA et

al., 2012).

Em uma revisão a respeito da forma como BVDV cp surgem

PETERHANS et al, (2010) estabelece muito bem os mecanismos imunológicos

envolvidos no desencadeamento da persistência viral, com destaque para a falha

do organismo em produzir interferon gama (INF-γ) em resposta a infecção inicial

pelo BVDV ncp.

2.5 Doença das mucosas

Doença das mucosas é uma rara apresentação da infecção pelo BVDV

que acomete apenas animais nascidos PI. A doença desenvolve-se quando um

animal PI, portador de um BVDV ncp, é superinfectado com um BVDV cp. O

BVDV cp que determina o desenvolvimento da DM geralmente se origina do

BVDV ncp do próprio animal PI por mutações. Vários tipos de mutações, deleções

e rearranjamentos genéticos têm sido identificados na geração de BVDV cp, todos

esses mecanismos resultam na expressão da proteína viral NS3 (p80). Além das

de variações genéticas outras fontes de vírus cp que podem determinar a DM

incluem vírus de vacinas vivas modificadas ou transmissão de vírus cp apartir de

outros animais PI. Nos animais que desenvolvem a DM, os dois vírus (ncp e cp)

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estão presentes e devem ser isolados para que se diagnostique a doença com

precisão (BROWNLIE, 1990; TAUTZ, et al., 1994; RIDPATH, 2003; POTGIETER,

2004; RIDPATH & FLORES, 2007).

A doença das mucosas (DM) pode ocorrer de forma aguda ou crônica.

Nos casos agudos da doença as cepas cp e ncp são homólogas. Já nos casos de

DM crônica geralmente as cepas cp e ncp são heterólogas. Quando a cepa de

BVDV cp é antigenicamente semelhante à cepa de BVDV ncp da qual se originou

o sistema imune do hospedeiro não consegue desenvolver uma resposta contra

esta nova variante do vírus e sucumbe rapidamente a infecção, caracterizando a

DM aguda. No caso da DM crônica o bovino se infecta com uma cepa de BVDV

cp diferente da cepa de BVDV ncp presente no hospedeiro e seu sistema imune é

capaz de montar uma resposta contra a cepa cp. Contudo esta resposta é

incompleta e lenta, permitindo o desenvolvimento da enfermidade até a morte do

animal (BAKER, 1995; BROCK, 1998; BROCK, 2003; POTGIETER, 2004).

É bom ressaltar que a DM é uma forma esporádica da infecção pelo

BVDV de curso invariavelmente fatal, ocorre principalmente em animais com seis

meses a dois anos de idade. Caracteriza-se por febre, leucopenia, diarreia,

inapetência, desidratação, lesões erosivas nas narinas e na boca e morte dentro

de poucos dias. Na necropsia, erosões e ulcerações podem ser encontradas no

trato gastrintestinal, particularmente nas placas de Peyer (Figuras 4 e 5). No

esôfago, essas lesões apresentam-se no sentido longitudinal, com aspecto de

“arranhão de gato”. As placas de Peyer apresentam-se edematosas,

hemorrágicas e necróticas. O conteúdo intestinal é escuro e aquoso e observa-se

enterite catarral ou hemorrágica. A histopatologia revela uma necrose extensiva

dos tecidos linfoides e da mucosa intestinal, incluindo as placas de Peyer, nos

centros germinativos do baço e linfonodos. Devido à proporção de animais PI em

um rebanho serem geralmente muito baixa (2%), a morbidade da DM também é

baixa, contudo a letalidade é de 100% (BAKER, 1995; GROOMS, 2002;

POTGIETER, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007).

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FIGURA 4: Achados de necropsia no trato digestivo em bovino com doença das mucosas associada a dermatite. (A) Ulcerações que evoluíram para fendas longitudinais na língua. (B) Numerosas ulcerações longitudinais no esôfago. Adaptado de FERREIRA et al., 2008.

FIGURA 5: Placas de Peyer evidentes na mucosa do intestino delgado, área focal de ulceração delimitada por halo hiperêmico (seta). Adaptado de Santos, 2010.

Na DM crônica, menos comum, os sinais clínicos são inespecíficos.

Observa-se inapetência, perda de peso e apatia progressiva. É caracterizada

como crônica, pois, além das cepas cp e ncp serem heterólogas o animal não

morre dentro do prazo previsto para a doença aguda. A diarreia pode ser contínua

ou intermitente. Algumas vezes, ocorrem descarga nasal e descarga ocular

persistente. Áreas alopécicas e de hiperqueratinização podem aparecer,

geralmente no pescoço. Lesões erosivas crônicas podem ser observadas na

mucosa oral e na pele. Laminite, necrose interdigital e deformação do casco

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podem também ocorrer, sendo a contaminação secundária um achado comum

(GROOMS et al., 2002; POTGIETER, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). Casos

de DM associada à dermatite generalizada foram descritos por FERREIRA et al.,

(2008) e ODEON et al., (2003).

Na forma aguda da DM a morte geralmente ocorre entre 3 e 10 dias,

podendo chegar a 21 dias. Na forma crônica, a evolução pode ser de até 18

meses e os animais morrem por severa debilidade. A distinção entre DM crônica e

aguada somente é possível em casos experimentais, pois na maioria dos isolados

de campo não é possível determinar a identidade do BVDV cp original (GROOMS

et al., 2002, POTGIETER, 2004, LIEBLER-TENÓRIO, 2005).

Experimentalmente a DM pode ser induzida em bezerros PI por

inoculação de BVDV cp homólogo a cepa ncp presente. A caracterização do

BVDV envolvido na DM aguda ou crônica revela que nos casos agudos o BVDV

cp re-isolado de animais enfermos é idêntico ao BVDV cp usado na inoculação.

Em contraste, na DM crônica o BVDV cp recuperado é a recombinação da cepa

ncp persistente e a cp usada na inoculação (BROWLIE & CLARCK, 1993;

FRITZEMEIER et al, 1997).

Foi relatado por EDWARDS et al., (1991) a recuperação de um animal

que desenvolveu DM. Neste caso o bezerro PI apresentou sinais transitórios de

DM, se recuperou e chegou a ser abatido. Porém foi o único relato de

sobrevivência observado e necessita de maior investigação.

Os métodos diagnósticos mais comumente utilizados são a

soroneutralização, ensaio imunoenzimático, isolamento viral, reação em cadeira

de polimerase. No caso de animais PI o melhor método de triagem relatado é a

imunohistoquimica realizada num fragmento de pele obtido por meio de biopsia

(GROOMS & KEILEN, 2002).

A melhor forma de prevenir e controlar a diarreia viral bovina é por

meio da investigação de casos de aborto, levando em consideração que a doença

pode estar presente. Uma vez confirmado, por teste diagnóstico confiável, algum

caso da doença na propriedade, deve-se buscar prioritariamente identificar

animais PI e eliminá-los do rebanho e mais breve possível. O uso de vacinas deve

ser visto com cautela, uma vez que a grande variabilidade antigênica do BVDV

pode fazer com que o programa de imunização falhe. A aquisição de animais sem

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exigência de comprovação de sorologia negativa para BVDV também é uma

forma possível de introdução da doença num rebanho livre (DUBOVI, 1994).

Não há um programa oficial de controle e erradicação do BVDV no

Brasil. Por esses motivos um programa de controle e erradicação do BVDV, cuja

característica seria a adesão voluntaria dos produtores, como observado em

outros países que implantaram essa medida, tornaria os rebanhos do país mais

produtivos e competitivos no cenário internacional (FLORES et al., 2005; HOUE et

al. 2006).

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância atribuída à Febre Aftosa durante décadas relegou outras

enfermidades víricas de bovinos a um segundo plano. Com a erradicação da

Febre Aftosa de muitas regiões, essas enfermidades vêm agora despertando

interesse crescente de produtores, técnicos, pesquisadores, autoridades

sanitárias e sobretudo de laboratórios produtores de vacinas. O conhecimento

sobre a infecção pelo BVDV no país vem crescendo consideravelmente. A

facilidade de comunicação e colaboração entre laboratórios, a disponibilidade de

reagentes de qualidade para o diagnóstico e o interesse crescente da indústria de

vacinas têm contribuído para esse crescimento. Medidas de combate à infecção

têm sido adotadas por iniciativa voluntária, sem a interferência oficial. No entanto,

num futuro não muito distante espera-se que restrições sanitárias ao comércio

internacional de produtos animais exijam o estabelecimento de regras sanitárias

oficiais.

A DM foi muito estudada e bem caracterizada quando da descoberta

da enfermidade e dos avanços em biologia molecular, porém dos anos 2000 até

os dias atuais o estudo da enfermidade não tem tido muitos avanços. Apesar de

ser uma enfermidade que desperta curiosidade na forma como pode ocorrer, o

estudo desta variação de apresentação clinica da infecção pelo BVDV tem sido

relegada por pesquisadores da área. A identificação de pestivírus atípicos e a

busca por vacinas realmente eficazes contra os vários subgenótipos de BVDV

tem despertado mais interesse e investimentos tanto da comunidade científica

quando da indústria de imunobiológicos, deixando outros ramos do estudo da

enfermidade em segundo plano.

É necessário que, no Brasil, os estudos com relação ao BVDV

avancem uma vez que grande parcela de nossa economia é pautada na

exploração pecuária. As consequências econômicas da infecção são grandes e

os produtores muito pouco sabem das mesmas. Um estudo aprofundado da

realidade nacional, associado a políticas públicas na área de sanidade animal,

contribuiriam de forma substancial para o aumento da renda de produtores pela

diminuição das perdas ocasionadas pela enfermidade, assim como aumentaria o

grau de controle sanitário sobre o rebanho do país.

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