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allternatives of house cooking for dog with few resources
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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM ACUPUNTURA VETERINÁRIA
NUTRIÇÃO ANIMAL E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Webel Machado Leopoldino
São Paulo, nov. 2009
WEBEL MACHADO LEOPOLDINO
Aluno do Curso de Especialização “Lato sensu” em
Acupuntura Veterinária
NUTRIÇÃO ANIMAL E MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA
São Paulo, nov. 2009
Trabalho monográfico do curso de pós-graduação
"Lato Sensu" em Acupuntura Veterinária apresentado
à UCB como requisito parcial para a obtenção de
título de Especialista em Acupuntura Veterinária, sob a
orientação Da Prof.a Carolina Castaldi Tebecherane
Haddad, MSc.
ii
NUTRIÇÃO ANIMAL E MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA
Elaborado por Webel Machado Leopoldino
Aluno do Curso de pós-graduação "Lato Sensu" em Acupuntura Veterinária da UCB
Foi analisado e aprovado com
grau: ..............................
São Paulo,______ de _____________ de _______________.
_________________________
Membro
_________________________
Membro
_________________________
Professor Orientador
Presidente
São Paulo, nov. 2009
iii
Dedico este trabalho ao meu filho João Pedro e minha esposa
Oraide, pela conquista, apoio, paciência e compreensão nos
momentos de ausência, mas que sempre estiveram nos meus
pensamentos e coração!
iv
Agradeço a Deus por mais uma conquista na minha vida profissional.
A minha esposa e filho.
A família, em especial meus pais, João e Lucélia, pelo apoio e incentivo.
Ao amigo Kaleizu pelos conselhos e apoio.
Aos mestres pelos ensinamentos e constante incentivo.
Ao coordenador do curso de Acupuntura, Prof. Daniel pelos conselhos,
ensinamentos, amizade e presteza.
A todos os colegas da pós-graduação, cujo apoio, convivência, aprendizado e
incentivo ajudaram a superar as dificuldades.
Aos amigos Carlos, Gustavo, Denise, Carol, Mirela, pelo companheirismo,
apoio e aprendizado. Muito Obrigado!
A todos os funcionários da unidade do Qualittas em São Paulo, pela ajuda e
convivência.
Aos funcionários da secretaria de pós-graduação pelo auxílio e atenção
prestados.
v
RESUMO
LEOPOLDINO, Webel Machado
(RE) Nutrição animal e Medicina Tradicional Chinesa
O objetivo desta revisão é discutir a utilização dos alimentos como terapia para os animais de acordo com a medicina tradicional chinesa e a partir destes preceitos, associar com a nutrição ocidental e analisar a possibilidade de balancear uma dieta caseira para os animais de companhia. A nutrição animal na medicina ocidental tem por objetivo apenas nutrir, ou seja, fornecer os nutrientes necessários a manutenção da vida, crescimento e reprodução dos animais. Quando se fala em nutrição terapêutica também se refere da restrição ou suplementação de nutrientes ou substâncias puras na dieta com intuito de corrigir distúrbios metabólicos causados por determinada patologia (obesidade, dermatoses nutricional, doenças digestivas, hepatopatias, diabetes mellitus, hiperlipidemia, insuficiência renal crônica, urolitíase, cardiopatias, etc.), adquirindo dimensões preventivas e em determinadas condições, curativas. Na Medicina Tradicional Chinesa a energia vital, o Qi, está em todas as partes do corpo, morrer é perder o Qi. O animal está protegido dos fatores patogênicos quando possui Qi harmonioso, com equilíbrio interno completado pelo equilíbrio com o meio externo. O Qi origina-se dos pais, dos alimentos e do ar, estas são gastas o tempo todo e se renovam quando comemos e respiramos. Portanto, o uso dos alimentos para tratamento dos animais deve ser através da modificação da dieta utilizando-se dos conhecimentos nutricionais associados aos princípios da medicina veterinária tradicional chinesa (MVTC). Ou seja, a partir das necessidades nutricionais e do padrão das doenças na MVTC, pode-se definir qual a melhor combinação de alimentos (dieta) para o animal. É perfeitamente possível associar as duas dietoterapias (ocidental e oriental) para ajudar na cura de várias ou controle de doenças e distúrbios metabólicos nos animais.
Palavras-chave: Alimentos; Dietoterapia; Dieta caseira; Medicina Chinesa Tradicional; Qi;
ABSTRACT
LEOPOLDINO, Webel Machado
Animal nutrition and Traditional Chinese Medicine
The purpose of this review it’s discussing the use the food as therapy for animals according to Traditional Chinese Medicine and from these precepts associated with West nutrition and discusses the possibility of balancing a homemade diet for pets. The animal nutrition in Western medicine aims to nurture only, that is, provide the nutrients requirements to maintenance of life, growth and animal reproduction. When it comes to therapeutic nutrition refers to restrictions or supplements of nutrients or pure in diet to remedy metabolic disturbs caused by a particular condition (obesity, skin nutrition, disturbs digestives, liver diseases, diabetes mellitus, hyperlipidemia, renal failure, urolithiasis, heart disease, etc..) acquiring dimensions by preventive and in certain conditions, healing. In Traditional Chinese Medicine the vital energy, Qi, it’s in all parts of the body, die is losing Qi. The animal is protected from pathogenic factors modified organisms when Qi has harmonious with internal supplemented by with the external environment. Qi originates from parents, food and air, they are spent the time and are renewed when we eat and breathe. Therefore, the use of food for the treatment of animals should be through the change diet using nutritional knowledge associated with principles of Traditional Veterinary Chinese Medicine (MVTC). That is, from the nutritional needs and the standard of the disease in the MVTC, we can define the best combination of food (diet) to the animal. It’s perfectly possible associate the two diet therapy (Western and Eastern) to help in healing or control disease and metabolic disturbs in the animals.
Key Words: Dietotherapy; Diet home; Foods; Qi; Tradicional Chinese Medicine;
vi
“Que o teu alimento seja teu remédio e teu remédio o teu alimento”
Hipócrates (460-377 aC)
vii
SUMÁRIO
RESUMO……………….……………………………………………………………………………….... v
LISTA DE FIGURAS……………………………...………………………………………................... ix
LISTA DE TABELAS……………………………………………………………………..……………... x
LISTA DE QUADROS...………………………………………………………………………………… xi
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………... 01
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................. 03
2. 1. NUTRIÇÃO ANIMAL E DIETOTERAPIA NA MEDICINA OCIDENTAL............................... 03
2. 1. 1. OBESIDADE............................................................................................................. 03
2. 1. 2. DERMATOSE NUTRICIONAL.......................................................................................... 05
2. 1. 3. DOENÇAS DIGESTIVAS................................................................................................. 06
2. 1. 4. HEPATOPATIA............................................................................................................ 08
2. 1. 5. DIABETES MELLITUS.................................................................................................. 09
2. 1. 6. HIPERLIPIDEMIA........................................................................................................ 10
2. 1. 7. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA.............................................................................. 11
2. 1. 8. UROLITÍASE............................................................................................................... 13
2. 1. 9. DOENÇAS CARDIOVASCULARES................................................................................. 14
2. 1. 10. DOENÇAS OSTEOARTICULARES............................................................................... 17
2. 2. A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA............................................................................... 18
2. 2. 1. A TEORIA DO YIN / YANG.............................................................................................. 19
2. 2. 2. QI (CHI)............................................................................................................................ 20
2. 2. 3 TEORIA DOS MERIDIANOS OU CANIAIS DE ENERGIA................................................ 22
viii
2. 2. 4. TEORIA DOS CINCO MOVIMENTOS OU CINCO ELEMENTOS................................... 22
2. 2. 5. A DESARMONIA ENTRE YIN E YANG........................................................................... 24
2.2.6. OS OITO PRINCÍPIOS....................................................................................................... 24
2. 3. DIETOTERAPIA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA................................................. 25
2. 3. 1. ASPECTOS ENERGÉTICOS DOS ALIMENTOS............................................................ 25
2. 3. 2. DIETÉTICA....................................................................................................................... 26
2.4. DIETOTERAPIA NA MEDICINA VETERINÁRIA TRADICIONAL CHINESA......................... 28
2. 4. 1. OBESIDADE..................................................................................................................... 30
2. 4. 2. DERMATOSES................................................................................................................. 31
2. 4. 3. HEPATOPATIA................................................................................................................. 31
2. 4. 4. DIABETES MELLITUS..................................................................................................... 32
2. 4. 5. INSUFICÊNCIA RENAL……………………………………………………………………….. 33
2. 4. 6. SÍNDROME DO TRATO URINÁRIO (LIN)....................................................................... 34
2. 4. 7. CARDIOPATIA................................................................................................................. 35
3. CONCLUSÃO........................................................................................................................... 37
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 38
ANEXO 1...................................................................................................................................... 45
ANEXO 2...................................................................................................................................... 58
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Símbolo do Yin e Yang................................................................................................ 19
Figura 2. Diagrama do ciclo dos cinco elementos mostrando as relações de geração (Ciclo
Sheng), inibição e contra-inibição (Ciclo Ko) entre eles............................................................... 23
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Dieta caseira para tratamento da obesidade: contêm 3670 kcal/kg MS, é contra-
indicada para animais gestantes, lactantes e em fase de crescimento...................................... 05
Tabela 2. Dieta caseira para eliminar proteínas comumente utilizadas: contêm 4480 kcal/kg
MS, é contra-indicada para animais em fase de crescimento.................................................... 06
Tabela 3. Dieta caseira para tratamento de doenças hepáticas: contêm 2380 kcal/kg MS, é
contra-indicada para animais em fase de crescimento, gestação e lactação............................. 09
Tabela 4. Dieta caseira para tratamento de diabetes Mellitus: contêm 3730 kcal/kg MS, é
contra-indicada para animais em fase de crescimento, gestação e lactação............................. 10
Tabela 5. Dieta caseira para tratamento de hiperlipidemia: contêm 3590 kcal/kg MS, é
contra-indicada para animais em fase de crescimento, gestação, lactação e caquexia............ 11
Tabela 6. Dieta caseira para tratamento da IRC: contêm 5110 kcal/kg MS, é contra-indicada
para animais em fase de crescimento, gestação, lactação........................................................ 13
Tabela 7. Dieta caseira para tratamento de urolitíase: contém 5310 kcal/kg MS, é contra-
indicada para animais em fase de crescimento, gestação, lactação, doença renal crônica e
acidose metabólica..................................................................................................................... 14
Tabela 8. Dieta caseira para tratamento de doenças cardiovasculares: contém 5990 kcal/kg
MS, é contra-indicada para animais em fase de crescimento, gestação, lactação e com
deficiência de sódio.................................................................................................................... 17
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Recomendações de vários níveis de consumo de energia como parte de uma
dieta de baixa caloria.................................................................................................................. 04
Quadro 2. Diferentes tipos de Qi e seus conceitos.................................................................... 21
Quadro 3. Relação entre os cinco movimentos e os aspectos da natureza.............................. 23
Quadro 4. Relação das características das plantas e seu conteúdo energético
predominante................................................................................................................................ 26
Quadro 5. O sabor correspondente ao órgão e víscera para tonificar e sedar........................... 27
Quadro 6. Alimentos e as estações do ano................................................................................. 29
Quadro 7. Sinais clínicos da icterícia........................................................................................... 31
Quadro 8. Padrões e sinais clínicos da Diabetes........................................................................ 32
Quadro 9. Padrões e sinais clínicos da insuficiência renal......................................................... 33
Quadro 10. Padrões e sinais clínicos de Síndrome Lin (Síndrome do trato urinário - gotejamento)................................................................................................................................. 34
Quadro 11. Pradrões e sinais clínicos na insuficiência cardíaca................................................ 35
1
1. INTRODUÇÃO
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) se baseia em conceitos taoístas e energéticos, os quais
enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do universo. O indivíduo é constituído por
um conjunto de energias, provenientes do céu (celestial, ar) e da terra (alimentos), que fluem por todo o
corpo, e que devem estar em constante equilíbrio; quando isso não ocorre, temos então a manifestação
das doenças (YAMAMURA, 2001; HIRSCH, 2008). Na MTC o objetivo é restabelecer o fluxo da energia
vital pelo organismo do indivíduo, e para isso, lança mão de vários recursos, tais como dietoterapia,
acupuntura, moxabustão, fitoterapia chinesa, acupressão, eletroacupuntura, etc (MADER, 2006).
Portanto, o paciente é tratado como um todo e não apenas a sua doença.
Embora, a alimentação esteja ainda, fortemente voltada ao “prazer de comer”, e isto é
transferido para os animais de companhia. Para os cães e gatos comer é prazeroso, eles não pensam
em calorias, mas sim nos odores, sabores e na diversão (SCHWARTZ, 2008). No entanto, as pessoas já
têm noção das doenças que podem se desenvolver pela alimentação desregrada. Uma dessas doenças
é a obesidade, cuja importância é tamanha, que a Organização Mundial de Saúde já considera como
doença crônica, associada com alto risco de morbiletalidade, em humanos (OMS, 2009). A importância
da alimentação também começa a ser dada na medicina veterinária, visto que várias doenças têm sido
consideradas de origem ou pelo menos agravadas por dietas desbalanceadas ou inadequadas aos
animais de companhia. Pode-se citar dentre elas obesidade, diabetes, insuficiência renal crônica,
esteatose hepática, algumas cardiopatias, intolerância alimentar, problemas osteo-articulares, urolitíase,
dermatoses, etc.
A nutrição é a base e a manutenção para saúde e desenvolvimento. Uma boa nutrição significa
um sistema imunológico forte, menos doenças e mais saúde, assim como, inadequada nutrição está
relacionada com infecções (OMS, 2009).
Assim como na medicina humana, na veterinária, a nutrição já é vista como possibilidade de
prevenção e tratamento de doenças. A abordagem analítica da dietoterapia moderna tem base calórico-
quantitativa, com foco no equilíbrio e na ação restritiva ou aumentada dos nutrientes. Já na abordagem
sistêmica, a dietoterapia tem ação com base qualitativa, focando a origem e combinação dos alimentos e
o seu poder terapêutico (AZEVEDO, 2007). No entanto, a MTC usa os alimentos como primeiro
“medicamento”, usando a energia contida o “Qi”, as propriedades e características intrínsecas de cada
um. Estas propriedades estão diretamente ligadas aos princípios da MTC (YAMAMURA, 2001).
Hoje, a ciência pode explicar, através da análise dos princípios ativos e funcionais, a ação
hipocolesterolêmica e hipoglicemiante da alcachofra (Cynara scolymus), antiplaquetária e hipolipêmica
do alho (Allium sativum) e anticancerígena do brócolis. Tais ações não são compreendidas dentro do
2
enfoque calórico, pois tanto os micronutrientes quanto os fitoquímicos não produzem calorias e são
essenciais para manter a saúde. A partir desses estudos, a abordagem qualitativa ganha espaço na
ciência da nutrição e a visão de que nosso corpo é uma máquina que, para funcionar, precisa de energia
proveniente da combustão dos macronutrientes, começa a ser questionada (AZEVEDO, 2007). Na
medicina de base biológica, cujo foco é a doença e o medicamento de ação alopática, a dietoterapia
chega a ter um papel secundário no tratamento – por exemplo, no tratamento da gastrite, a dieta não é
priorizada, mas sim os medicamentos que inibem a produção excessiva de ácido no estômago. Na
terapêutica baseada nas MTC e Complementar, o olhar atento voltado ao indivíduo doente e sua saúde
e foca além da doença, todos os aspectos que a envolvem, onde as dietas representam papel central e
muitas vezes definidor do curso do tratamento. No caso da gastrite, dieta isenta de alimentos que
estimulem a produção de ácido clorídrico e rica em alimentos com ação cicatrizante da mucosa gástrica
pode substituir a ação do medicamento alopático (AZEVEDO, 2007).
Os alimentos na MTC são considerados extensão das ervas chinesas, pois muitas são alimentos
(SCHWARTZ, 2008). Assim como Hipócrates (460-377 aC) disse: “Que o teu alimento seja teu remédio
e teu remédio o teu alimento”. Portanto, os alimentos compreendem dois aspectos: o nutritivo
(composição química ou bromatológica), largamente estudado em nutrição, e o energético, ligado aos
conceitos do Yang, do Yin e às funções energéticas que esses alimentos produzem em nosso corpo
(YAMAMURA, 2001) e dos animais.
Há grande discussão sobre qual a dieta ideal para os animais de companhia. As opções de
alimentos comerciais são as mais variadas, no entanto, devem-se considerar os conservantes, corantes
que estas contem. A medicina holística recomenda dietas caseiras. Isto torna os médicos veterinários e
proprietários dos animais de companhia responsáveis pela qualidade e o conteúdo da dieta. Na MTC a
dietoterapia não é baseada apenas na doença do paciente, mas no seu temperamento, no pulso e no
diagnóstico da língua. Isto pode determinar quais vegetais, carnes, grãos e frutas são melhores para
equilibrar o organismo do animal (MADER, 2006).
O objetivo desta revisão é discutir a utilização dos alimentos como terapia para os animais de
acordo com a medicina tradicional chinesa e a partir destes preceitos, associar com a nutrição ocidental
e analisar a possibilidade de balancear uma dieta caseira para os animais de companhia.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2. 1. NUTRIÇÃO ANIMAL E DIETOTERAPIA NA MEDICINA OCIDENTAL
A nutrição animal na medicina ocidental tem por objetivo apenas nutrir, ou seja, fornecer os
nutrientes necessários a manutenção da vida, crescimento e reprodução dos animais. Até década de 80
usavam-se restos de alimentação humana com intuito de fornecer energia para os animais, ou seja,
apenas alimentá-los. A partir de 1980 passou-se a introduzir ingredientes voltados a longevidade e
atividade dos animais, preocupando-se com a nutrição. De 1997 em diante partiu-se para nutrir não
apenas longevidade e atividade, mas também de acordo com a raça e a fisiologia de cada espécie
animal, ou seja, nutrição voltada para saúde do animal (GRANDJEAN, 2003).
Quando se fala em nutrição terapêutica ou nutrição/saúde também se refere da restrição ou
suplementação de nutrientes ou substâncias puras na dieta com intuito de corrigir distúrbios metabólicos
causados por determinada patologia. Dentre as patologias pode-se citar obesidade, dermatoses
nutricional, doenças digestivas, hepatopatias, diabetes mellitus, hiperlipidemia, insuficiência renal
crônica, urolitíase, cardiopatias, etc. (PIBOT et al., 2006) Segundo GRANDJEAN (2003) a nutrição
tradicional, ou seja, construção, manutenção do organismo e fornecimento de energia, evoluiu adquirindo
dimensões preventivas e em determinadas condições, dimensões curativas.
2. 1. 1. OBESIDADE
É uma condição patológica caracterizada por levar a sérias alterações nas funções metabólicas
e limitar a longevidade dos animais (OMS, 1997). Nos animais a obesidade é considerada a partir de
15% acima do peso ideal para aquela espécie ou raça. De acordo com a literatura a freqüência de cães
obesos é de 24 a 44% (DIEZ e NGUYEN, 2006), sendo no Brasil 17% (JERICO e SCHFFER, 2002).
Vários são os fatores de risco para obesidade, tais como raça, fatores genéticos, idade, sexo, castração,
anticoncepcionais, doenças endócrinas, medicamentos, falta de exercícios, tipo de alimento. Assim,
deve-se estabelecer a causa da obesidade, pois muitas são as situações onde os requerimentos de
energia são frequentemente estimados errados e de maneira excessiva. Depois de estabelecida a
causa, primária ou secundária, deve-se estabelecer o tratamento adequado (DIEZ e NGUYEN, 2006).
A obesidade não tratada pode contribuir para aparecimento de várias outras patologias, tais
como redução da longevidade, doenças articulares, problemas cardiorrespiratórios, diabetes mellitus,
distúrbios da lipidemia, distocia, tumores mamários, distúrbios da tireóide, etc.
Em termos simples a obesidade é conseqüência de desbalanço de energia, onde o consumo
excede o gasto, levando a balanço positivo. Assim, parece simples tratar a obesidade, basta corrigir o
4
balanço energético, mas não se pode esquecer a causa, se primária ou secundária. Esta facilidade é
aparente, pois na maioria dos casos o principal obstáculo ao tratamento é o proprietário. Nenhuma dieta
é possível sem a cooperação do proprietário do animal (DIEZ e NGUYEN, 2006).
O tratamento vai desde o uso de fármacos, que são ainda incipientes, até o nutricional. Alguns
trabalhos têm mostrado o uso de dehidroepiandrosterona (DHEA) para reduzir a deposição de tecido
adiposo (KURZMAN et al, 1998). A leptina também tem sido usada para redução de tecido adiposo,
porém há um efeito rebote, ou seja, os animais voltam a ganhar peso uma semana após o fim do
tratamento com leptina (LEBEL et al, 1999). No entanto, nenhum tratamento farmacológico é efetivo e
deve ser colocado a frente do nutricional e do comportamental, ou seja, a melhor maneira de tratar
obesidade nos animais é com restrição energética e mudança de atitude do proprietário, colocando
limites na dieta do seu animal de companhia.
A restrição de energia depende do nível de excesso de peso do animal, do sexo e da duração
da dieta. O primeiro passo é definir o peso ideal do animal, o segundo é o nível de restrição energética.
A dieta é geralmente calculada para prover 40 (MARKWELL et al, 1990) a 60% (EDNEY, 1974) ou 75%
(DZANIS, 2000) da energia necessária para manutenção do peso ideal (Quadro 1).
Quadro 1 – Recomendações de vários níveis de consumo de energia como parte de uma dieta de baixa caloria.
Excesso de Peso 20– 30% 30 - 40% >40% Tecido Adiposo 25 – 35% 35 – 45% >45% ICC 7 8 9 Perda de 6% do peso inicial por mês (aprox. 1,5% por semana) Energia consumida diária (kcal/kg PCI0,75) Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea
85 80 75 65 60 55 Provável duração da perda de peso 15 – 18 semanas 18 – 20 semanas 20 – 22 semanas Perda de 7,5% do PI por mês (aprox. 2,0% por semana) Energia consumida diária (kcal/kg PCI0,75) Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea 80 75 65 60 55 50 Provável duração da perda de peso 9 – 11 semanas 11 – 13 semanas 15 – 17 semanas
ICC: Índice de Condição Corporal – escala de 1 a 9 PCI: Peso Corporal Ideal PI: Peso Inicial – cão obeso Adaptado de DIEZ e NGUYEN (2006)
Recomenda-se iniciar com restrição moderada, pois imposição de uma restrição severa pode
ser difícil aceitação tanto para o animal, mas também, principalmente para o proprietário. No entanto, o
melhor tratamento para obesidade é a prevenção.
5
Tabela 1 - Dieta caseira para tratamento da obesidade: contêm 3670 kcal/kg MS, é contra-indicada para
animais gestantes, lactantes e em fase de crescimento
INGREDIENTES PESO (g) Peito de peru (s/ pele) 620 Arroz, cozido 150 Lentilha, cozida 175 Farelo de trigo 50 Óleo de Canola 5 Suplemento mineral e vitamínico quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidenta
2. 1. 2. DERMATOSE NUTRICIONAL
A pele é o principal órgão em termos de superfície (1m2 para um cão de 35kg) e papel social,
imunológico, estabilidade ambiente interno, etc. Constante renovação da pele requer grande quantidade
de macro e micronutrientes dos alimentos. O consumo desbalanceado de aminoácidos, ácidos graxos,
vitaminas ou elementos traços podem quebrar a barreira imunológica e a função protetora da pele.
Assim, o animal torna-se mais susceptível a infecções e pode desenvolver reações alérgicas. A pele e
pelagem são reflexos da saúde e qualidade da dieta do animal (PRÉLAUD e HARVEY, 2006).
Os fatores de risco para dermatose nutricional são além da qualidade da dieta, fatores
individuais, tais como estágio fisiológico, o tipo da pelagem e a predisposição a certas doenças
metabólicas ou alérgicas (PRÉLAUD e HARVEY, 2006).
O desbalanceamento mais comum de rações para animais de companhia é devido a baixa
quantidade de lipídios (ácidos graxos essenciais – linoléico, linolênico) com excesso de minerais,
principalmente cálcio que inibi a absorção de zinco. Ainda deficiência de vitaminas A, E, B (riboflavina –
B2, niacina – PP, biotina – B8 ou H), de elementos minerais traços (zinco, cobre, iodo), de proteínas (por
baixa digestibilidade (CAVE e MARKS, 2004) ou baixa qualidade ou excesso de cozimento), de
aminoácidos específicos (tirosina, triptofano, metionina e cistina; PRÉLAUD e HARVEY, 2006).
Os carboidratos não são essenciais na dieta de cães e muito menos na dos gatos e, mesmo
após milhares de anos de domesticação (15 a 20 mil), seu sistema enzimático digestivo é perfeitamente
adaptado para digerir carne crua e muito ineficiente na digestão de amidos, mesmo tendo acompanhado
de perto o desenvolvimento da agricultura e a introdução de carboidratos e açúcares na dieta humana.
Na fabricação da ração de cães e gatos, o processo de extrusão requer uma quantidade mínima de
carboidrato para adequada consistência do croquete, porém quanto mais carboidratos (cereais ricos em
amido - trigo, milho e aveia) melhor o croquete, ou seja, melhor expansão do produto. No entanto, o
aumento no teor de grãos implica em redução proporcional de gordura, proteína, ou de ambos, com
redução equivalente no custo da fórmula. Como os alimentos comerciais disponíveis são bem
flavorizados, o animal consome acima de suas necessidades. Os problemas de inadequação nutricional
somente são percebidos a longo prazo. O excesso de carboidratos propicia assim, alguns distúrbios na
pele (dermatites alérgicas, seborréia, pústulas, eritema) e também contribuindo para a obesidade, má
6
aparência, pressão arterial alterada, doenças cardíacas, falhas renais, câncer, resistência à insulina,
hiperinsulinismo e outras (TARDIN e POLLI, 2001).
Algumas doenças metabólicas, tais como eritema necrolítico migratório (deficiência de
aminoácidos, devido disfunção hepática crônica), acrodermatite letal no Bull Terrier (devido desordem no
metabolismo do zinco), dermatose responsiva a zinco (PRÉLAUD e HARVEY, 2006).
Ainda a hipersensibilidade (intolerância) a dieta, que são todas as dermatoses causadas pela
ingestão de alimentos que provocam danos a saúde do animal. Pode ser de origem imunológica ou não
(JOHANSON et al, 2001).
O sucesso do tratamento depende do correto diagnóstico da causa, por exemplo, se for
observado dermatose por deficiência de zinco, pode-se suplementar com zinco (zinco metionina ou
gluconato de zinco ou sulfato de zinco). No caso de falha na supleção dos sintomas, o uso de
glicocorticóides em baixas doses (0,1 – 0,2 mg/kg/dia) por três semanas é indicado. O tratamento é por
toda a vida (WHITE et al, 2001). Na hipersensibilidade a dieta, o princípio da eliminação da dieta é
baseado na administração de proteína que o animal nunca tenha ingerido.
A dermatite atópica, deve-se reduzir a inflamação usando nutrientes que atuem na mesma, os
ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (ác. eicosapentanóico - EPA e docosahexaenóico – DHA) ou
probióticos que atuem na resposta imune (BAILLON et al, 2004). Ainda prevenir e controlar a
hipersensibilidade dietética com uso de alimentos altamente digestíveis e/ou hipoalergênicos (PRÉLAUD
e HARVEY, 2006). O uso de outros suplementos tem-se mostrado favoráveis, tais como nicotinamida,
ác. pantotênico, histidina, inositol, colina, (WATSON et al, 2003), curcumim (CUENDET e PEZZUTO,
2000).
A alimentação tem papel fundamental na homeostase da pele e no tratamento de muitas
dermatoses inflamatórias. A correção do desbalanceamento dietético é importante para um bom
tratamento (PRÉLAUD e HARVEY, 2006).
Tabela 2 - Dieta caseira para eliminar proteínas comumente utilizadas: contêm 4480 kcal/kg MS, é
contra-indicada para animais em fase de crescimento.
INGREDIENTES PESO (g) Pato 500 Arroz, cozido 480 Celulose 10 Óleo de Canola 5 Suplemento mineral e vitamínico quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 3. DOENÇAS DIGESTIVAS
Problemas gastrointestinais, principalmente em desordens crônicas que podem dificultar o
manejo devido às limitações de diagnóstico e as inúmeras possíveis causas (GERMAN e ZENTEK,
2006).
Doenças orofaríngeas e esofágicas, associadas às disfunções de deglutição que resultam em
disfagia. Estas desordens são de origem morfológica ou funcional, esta na sua maioria é por falha,
7
espasmo ou incoordenação da atividade neuromuscular (GERMAN e ZENTEK, 2006). Ainda, pode-se
citar megaesôfago, esofagite, úlceras esofágicas, obstrução, neoplasia e divertículo esofágico, hérnia de
hiato, doenças gastrointestinais agudas (ex. gastroenterite), dilatação gástrica e vólvulo,
hipersensibilidade a dieta, etc.
O tratamento vai desde o manejo até intervenções cirúrgicas e na dieta. Nas disfunções de
deglutição, a altura do comedouro e bebedouro é extremamente importante, assim como, a consistência
da dieta, colocação de sondas (gástrica, esofágica, etc.) e suprir a quantidade adequada de nutrientes
(GERMAN e ZENTEK, 2006). A causa primária deve ser identificada e tratada (ex. antimicrobianos para
diarréia infecciosa). Entretanto, a maioria dos casos não é obvia, mas grande parte melhora
espontaneamente em dois a três dias, sugerindo que nem sempre o tratamento é necessário. O manejo
nutricional é a principal terapia nos casos de doenças gastrointestinais (GERMAN e ZENTEK, 2006). Há
duas estratégias de tratamento, se o animal tem vômitos, nada por via oral (NPO – nil per os) com fluido
parenteral (MARKS, 2000), se não tem vômitos pode oferecer solução eletrolítica com glucose via oral e
se persistir a desidratação deve-se administrar fluido parenteral. No entanto, nos dois casos o animal
deve permanecer em jejum no mínimo por 24 horas, depois a dieta deve ser fornecida em pequenas
refeições, misturada, com baixo teor de gordura até 72 horas. A segunda estratégia é manter
alimentação mesmo com animal apresentando diarréia, exceto se houver vômito (GERMAN e ZENTEK,
2006).
Nas doenças gástricas crônicas o animal deve ser alimentado várias vezes e com pequenas
porções, o alimento deve ser úmido (água) e aquecido a temperatura corporal. A dieta deve ter alta
digestibilidade, baixo teor de gordura (pelo menos 10%), baixo conteúdo de fibra (menos de 3% fibra
bruta), ajudando no esvaziamento gástrico (GERMAN e ZENTEK, 2006).
Na dilatação gástrica e vôlvulo, apesar da patogenia não ser clara, algumas medidas dietéticas
podem ser tomadas, tais como evitar apenas uma refeição por dia, não fornecer em vasilhas grandes,
evitar alimentos de fácil fermentação, higiene com os alimentos e com os comedouros deve ser diária, os
alimentos não devem ser estocados por muito tempo, principalmente quando misturados com água. O
estresse do animal, assim como exercícios físicos, deve ser evitado após a alimentação, pois pode
influenciar negativamente a secreção gástrica. A dieta não deve conter níveis elevados de minerais, pois
estes podem atuar como tamponantes, propiciando o pH menos ácido do meio gástrico permitindo
melhor atividade da microbiota. Deve ainda, conter altos níveis de lipídios, principalmente os ácidos
graxos insaturados (GERMAN e ZENTEK, 2006).
A dieta para desequilíbrios da microbiota intestinal deve ser altamente digestível, o que torna
disponíveis os nutrientes para o animal e reduz o substrato para microbiota do intestino grosso, evitando,
assim, a formação excessiva de gás, flatulência e diarréia. Carboidratos devem ser de alta digestibilidade
(ex. arroz), o teor de fibra deve ser inferior a 3% de fibra bruta. O teor de gordura pode ser usado para
aumentar a densidade de energia, mas por outro lado a gordura pode causar hipersecreção e agravar a
diarréia (GERMAN e ZENTEK, 2006).
Os probióticos e prebióticos podem ser usados para tratamento de distúrbios gastro-intestinais.
Probiótico são microorganismos benéficos (Lactobacillus acidophilus e Enterococcus faecium) que
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coloniza o intestino competindo com as bactérias patogênicas (BAILLON et al, 2004). Prebióticos são
substratos (carboidratos não-digestíveis) que beneficiam espécies de microorganismos que alteram a
microbiota luminal. A lactulose, e certas fibras dietéticas com moderada taxa de fermentação (inulina e
oligossacarídeos – fruto, galacto e manano-oligossacarídeos; (GERMAN e ZENTEK, 2006).
O manejo dietético também é fundamental para o controle de doenças gastrointestinais ligadas
a hipersensibilidade (mediada imunologicamente) ou a intolerância (ex. deficiência enzimática) a
determinados ingredientes ou alimentos da dieta. O tratamento baseia-se em identificar e excluir os
alimentos causadores do distúrbio (GERMAN e ZENTEK, 2006).
2. 1. 4. HEPATOPATIA
O fígado é um órgão muito complexo, tem grande capacidade regenerativa, os sinais clínicos
de doença hepática só aparecem quando esta capacidade é exaurida. Assim como, possui várias
funções no organismo animal (digestão, absorção metabolismo e reserva de nutrientes), isto leva a
grande possibilidade de fatores patogênicos que podem ocorrer numa doença hepática (RUTGERS e
BIOURGE, 2006). Há dois tipos de doenças hepáticas, aguda e crônica.
O tratamento na doença aguda do fígado objetiva manter o paciente durante o processo de
regeneração até completa recuperação sem grandes danos hepáticos. Já nos processos crônicos a
ênfase em manter o mínimo da capacidade metabólica hepática, minimizar as complicações e evitar a
progressão da doença. Para tanto, a intervenção nutricional precoce é essencial no manejo da mal
nutrição, ascite e encefalopatia hepática, reduzindo a morbidade e mortalidade (RUTGERS e BIOURGE,
2006).
A dieta de animais com doenças hepáticas devem ser formuladas para o indivíduo, com base
no tipo, origem e extensão da disfunção hepática (LAFLAMME, 1999). Ainda, deve ser altamente
palatável e suprir adequadamente o nível de energia, proteína, lipídios e micronutrientes sem sobrepor a
capacidade metabólica do fígado lesado. Por meio da dieta é possível, com nutrientes e metabólitos
específicos, modular os processos metabólicos e patológicos, limitando os danos e o acúmulo de cobre e
radicais livres, favorecendo a regeneração hepática. (RUTGERS e BIOURGE, 2006).
O conteúdo de energia da dieta deve ser alto, pois normalmente animais com hepatopatias
aumentam o catabolismo e diminuem o apetite, o que leva a perda progressiva de peso. A necessidade
diária de energia metabolizável para cães é 110 a 130 kcal/kg0,75 (BAUER, 1996). Esta energia é melhor
e pode ser suprida com lipídios, podendo contribuir com 30 a 50% das calorias (BIOURGE, 1997). Nos
casos de colestasia e má absorção há necessidade de restrição de lipídios, porém deve-se suprir
adequadamente os ácidos graxos essenciais (araquidônico, linoléico e linolênico; RUTGERS e
BIOURGE, 2006).
A proteína deve ser de alto valor biológico, altamente digestível e fornecer de 17 a 20% da
energia metabolizável (EM). Caso ocorra encefalopatia hepática, deve-se reduzir a quantidade de
proteína (15% EM) ou administrar lactulose (0,5 ml/kg, TID) juntamente com antibióticos (metronidazol,
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7,5 mg/kg, BID ou ampicilina, 20 mg/kg, TID). Deve-se ainda monitorar o peso e concentração de
albumina sérica (RUTGERS e BIOURGE, 2006).
A dieta deve conter fibra solúvel, para promover acidez do pH do cólon, reduzir a absorção de
amônia (NH4+), e fibra insolúvel para normalizar o trânsito intestinal. É essencial a presença de zinco em
níveis elevados (>43 mg/1000 kcal), restrição de sódio (0,5 g/1000 kcal) e cobre, e maiores níveis
vitamina B, vitamina E (10 a 100 UI/kg) e C juntamente com outros antioxidantes, o que ajuda a reduzir a
severidade da encefalopatia hepática (RUTGERS e BIOURGE, 2006).
Tabela 3 - Dieta caseira para tratamento de doenças hepáticas: contêm 2380 kcal/kg MS, é contra-
indicada para animais em fase de crescimento, gestação e lactação.
INGREDIENTES PESO (g) Peito de Frango (c/ pele) 220 Arroz, cozido 680 Cenoura, cozida 60 Farelo de trigo 20 Óleo de Canola 20 Suplemento mineral e vitamínico(c/ redução de Na e Cu)
quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 5. DIABETES MELLITUS
É uma doença endócrina em cães e requer tratamento durante toda a vida. O manejo
nutricional é parte importante do tratamento (FLEEMAN e RAND, 2006). A prevalência de diabetes
mellitus é de 58 em cada 10.000 cães (GUPTILL et. al., 2003). A diabetes em humanos é dividida de
acordo com a patogenia, sendo do tipo 1, tipo 2 e outros tipos específicos (gestacional, hormonal), o
mesmo foi adotado para os cães. O tipo 1 de diabetes (mellitus) caracterizado por deficiência na
produção de insulina, por destruição das células beta do pâncreas (MONTGOMERY et al., 1996), o que
causa alteração no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. O metabolismo anormal de
carboidratos manifesta-se por hiperglicemia e glicosúria, resultando em poliúria, polidipsia e catarata em
cães diabéticos. Ainda há ocorrência de hiperlipidemia, produção de corpos cetônicos e alterações
hepáticas. Estes distúrbios metabólicos levam a redução na utilização de glicose, aminoácidos e ácidos
graxos, que causam letargia, perda de peso, apetite alterado, pelagem ruim e baixa de imunidade
(FLEEMAN e RAND, 2006).
Os fatores genéticos parecem ser pré-requisito, mas vários fatores ambientais desencadeiam a
auto-imunidade contras células beta do pâncreas, dando início ao processo patogênico da diabetes
(KUKREJA e MACLAREN, 1999). A obesidade é uma fator de risco para diabetes tipo 2 em gatos e
humanos, mas não em cães, no entanto, sabe-se que pode causar resistência a insulina nestes últimos
(MITTELMAN et al., 2002). A pancreatite crônica também é causa de diabetes por deficiência de
insulina, pois há uma extensa destruição do tecido pancreático (endócrino e exócrino; ALEJANDRO et
al., 1988).
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A dieta de cães com diabetes tipo 1 deve ter quantidade reduzida de carboidratos, adequando
à quantidade de insulina aplicada antes da refeição. Ainda, deve-se considerar a fonte ou o tipo e o
processamento dos carboidratos ou perfil da composição dos outros nutrientes da dieta. Caso o animal
esteja acima do peso ou cadelas em diestro o conteúdo de ácidos graxos saturados deve ser reduzido e
acrescentado ácidos graxos mono-insaturados (FRANZ et al., 2002a), ou ainda, se houver
hiperlipidemia, para evitar o risco de pancreatite (ATHYROS et al., 2002). O conteúdo de proteína, só
deve ser reduzido quando houver microalbuminúria ou proteinúria (perda de proteína na urina), que
causa nefropatia (EASD, 1995). Deve-se ter cuidado com a restrição de nutrientes para cadelas
gestantes.
Segundo NELSON et al. (1998) há uma melhora significativa no índice glicêmico e redução no
requerimento diário de insulina dos cães com dieta rica em fibra (64,4 g/1000 kcal). No entanto, mais
importante que a quantidade de fibra na dieta é a qualidade e o tipo desta e a redução da quantidade de
carboidrato não fibroso (amido). É importante salientar que os trabalhos mostram que animais diabéticos
estáveis não tiveram diferenças significativas quando alimentados com dietas ricas em fibras e
moderadas em amido quando comparado com aqueles alimentados com dietas comerciais moderadas
em fibra e reduzidas quantidades de amido (FLEEMAN e RAND, 2003). As melhores respostas foram
obtidas com dietas contendo níveis intermediários de fibra (34 g/1000 kcal), com mistura de fibra solúvel
e insolúvel (soja e polpa de beterraba; NELSON et al., 1991; KIMMEL et al., 2000).
Há evidências de outros ingredientes ajudarem no manejo nutricional da diabetes em cães, tais
como L-carnitina (aumenta a β–oxidação), cromo (aumenta aporte de glicose para célula; RODRIGUEZ
et al., 1986; SPEARS et al., 1998).
Tabela 4 - Dieta caseira para tratamento de diabetes Mellitus: contêm 3730 kcal/kg MS, é contra-
indicada para animais em fase de crescimento, gestação e lactação.
INGREDIENTES PESO (g) Peito de Peru (s/ pele) 280 Queijo branco, fresco 330 Aveia, laminada 250 Cenoura, cozida 60 Farelo de trigo 60 Pectina 10 Óleo de Canola 10 Suplemento mineral e vitamínico quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 6. HIPERLIPIDEMIA
A hiperlipidemia ou hiperlipemia é aumento de lipídios circulantes no sangue, podendo ser
aumento de colesterol e/ou triglicerídeos, que podem ser denominados de hipercolesterolemia e
hipertrigliceridemia, respectivamente. Este aumento pode ser devido a distúrbio na absorção, síntese,
esterificação, síntese de lipoproteínas, formação e circulação da bile, ou por transporte reverso de
colesterol. As causas da hiperlipidemia em cães podem ser primária (idiopática), pós-prandial (normal) e
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secundária (hipotireoidismo, diabetes mellitus, pancreatite, colestase, síndrome nefrótica,
hiperadrenicorticismo, dieta rica em gordura e obesidade; SCHENK, 2006).
O tratamento inicial para hiperlipidemia primária deve ser a troca para dieta com baixo teor de
gordura (<25 g/1000 kcal) e com baixo teor de proteína (>18% ou 60g/1000 kcal) durante 6 a 8 semanas
(POLZIN et al., 1983; HANSEN et al., 1992; BAUER, 1995). Caso mesmo após uso da dieta com baixo
teor de lipídios, ainda persista a hiperlipidemia, deve-se acrescentar a dieta óleo de peixe (220 mg/kg de
peso vivo). Este óleo de peixe é uma combinação de ácido α–linolênico, ácidos graxos omega-3
eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA; SCHENK, 2006). O óleo de peixe estimula a
atividade da lipopotreína lípase (LEVY et al., 1993), reduz absorção de glicose e lipídios no intestino
(THOMSON et al., 1993), aumenta a secreção de colesterol para bile (SMIT et al., 1991), diminui a
absorção de colesterol e diminui a concentração de ácidos graxos livres, prevenindo assim, pancreatite e
diabetes mellitus.
O uso de fibra fermentável na dieta, mistura de frutoligossacarídeos e polpa de beterraba
podem diminuir a concentração de triglicerídios e colesterol no soro de cães (DIEZ et al., 1997). Ainda,
alguns autores recomendam a utilização de antioxidantes na dieta, tais como α–tocoferol (vit. E), β-
caroteno (vit. A), vitamina C (ác. ascórbico), selênio (Se) e metionina (HEANEY et al., 1999; SCHENCK,
2002).
Tabela 5 - Dieta caseira para tratamento de hiperlipidemia: contêm 3590 kcal/kg MS, é contra-indicada
para animais em fase de crescimento, gestação, lactação e caquexia.
INGREDIENTES PESO (g) Carne bovina, moída magra 350 Batata, cozida s/ pele 630 Farelo de trigo 15 Óleo de Canola 5 Suplemento mineral e vitamínico quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 7. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
A falha renal crônica ou insuficiência renal crônica (IRC) é a perda da capacidade metabólica,
endócrina e excretora dos rins. O tecido funcional (néfrons) é substituído por tecido não-funcional (tecido
fibroso e infiltrado inflamatório). A causa da IRC é multifatorial, tais como congênito, ou secundário por
processo patológico adquirido, que causa lesão do glomérulo, túbulos, interstício ou vasos (ELLIOT e
LEFEBVRE, 2006).
Um dos principais sinais da IRC é a síndrome urêmica que aparece quando a massa renal é
menor que 25% do normal. Muitas toxinas são produzidas, sub-produtos nitrogenados da digestão e
catabolismo protéico, tais como uréia, creatinina, guanidina e derivados, ácido oxálico, hormônio da
paratireóide, aminas, fenóis, indóis, pseudouridina, dimetil arginina, etc. (ELLIOT e LEFEBVRE, 2006).
O manejo nutricional do paciente com falha rena crônica tem por objetivo fornecer os
requerimentos de energia e nutrientes, aliviar os sinais clínicos e consequências da uremia, minimizar os
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distúrbios de fluidos, eletrólitos, vitaminas, balanço ácido-base, e diminuir a progressão da falha renal
(ELLIOT e LEFEBVRE, 2006).
A quantidade de energia deve ser suficiente para prevenir o catabolismo protéico endógeno,
que resulta em má nutrição e aumento da azotemia. O nível de energia deve ser aquele estimado para
cães saudáveis (132 kcal/PV0,75/dia), o que pode variar de acordo com o peso e a condição corporal do
animal. A energia deve ser proveniente de lipídios, principalmente, e carboidratos (ELLIOT e
LEFEBVRE, 2006).
O teor de proteína deve ser reduzido, porém sem causar desnutrição, pois a redução
moderada leva a melhora dos sinais clínicos, porém sem demonstrar efetiva redução na progressão da
falha renal. A quantidade de proteína deve ser por volta de 12 a 18% (20-45g/1000 kcal; ELLIOT e
LEFEBVRE, 2006; NRC 2006).
Segundo BROWN et al. (1991b) a restrição de fósforo na dieta de cães com falha renal crônica
mostrou redução na progressão da lesão, pois o acúmulo de fósforo leva a hiperfosfatemia que
desencadeia hiperparatireoidismo, osteodistrifia renal, deficiência de 1,25-dihidroxivitamina D e
calcificação de tecidos moles. Já a quantidade de cálcio não tem muita importância na falha renal, mas
deve-se manter o produto do cálcio pelo fósforo abaixo de 60 (Ca mg/dl x P mg/dl < 60; (ELLIOT e
LEFEBVRE, 2006).
A hipertensão em cães com IRC é comum, e contribui para progressão da doença renal
(JACOB et al., 2003). Portanto, a restrição de sódio é recomendada para aliviar a hipertensão.
A suplementação de vitaminas hidrossolúveis deve ser feita na dieta de cães com falha renal,
pois a poliúria e a lesão renal levam a deficiências destas vitaminas (ELLIOT e LEFEBVRE, 2006). Já
vitamina A tem sido encontrada em níveis elevados no plasma de cães com falha renal, portanto não se
deve suplementar com esta vitamina (RAILA et al., 2003).
O equilíbrio ácido-base é perdido com a falha renal, pois há redução na capacidade de excretar
íons hidrogênio e reabsorver íons bicarbonato, causando acidose metabólica. Portanto, a suplementação
com bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio ou citrato de potássio dever ser feita nas dietas de cães
com falha renal crônica (ELLIOT e LEFEBVRE, 2006).
A suplementação de ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa na dieta de cães com IRC reduz
a inflamação, a pressão arterial, altera a concentração plasmática de lipídios e preserva a função renal
(BROWN et al., 2000).
O uso de fibra fermentável na dieta de cães com IRC pode levar a redução de uréia sanguínea,
pois há um aumento na população bacteriana gastrointestinal que consequentemente utiliza uréia como
fonte de nitrogênio para seu crescimento (ELLIOT e LEFEBVRE, 2006). Ainda, a IRC pode levar a
alterações na motilidade no duodeno e jejuno e reduz o transito no cólon (LEFBVRE et al., 2001),
justificando o uso de fibras na dieta destes animais.
Os danos endógenos oxidativos das proteínas, lipídios e DNA desempenham um papel muito
importante na progressão da doença renal em humanos (LOCATELLI et al., 2003). Portanto, o uso de
vitamina E, vitamina C, taurina, carotenóides e flavonóis é recomendado em humanos e benéfico em
ratos (JACKSON et al., 1995; JOUAD et al., 2001).
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A terapia dietética é eficiente em amenizar os sinais clínicos da uremia e melhora a qualidade
de vida do paciente, concomitantemente ao uso da terapia médica. O principal desafio na alimentação
dos animais com IRC é vencer a aversão do paciente pelo alimento.
Tabela 6 - Dieta caseira para tratamento da IRC: contêm 5110 kcal/kg MS, é contra-indicada para
animais em fase de crescimento, gestação, lactação.
INGREDIENTES PESO (g) Carne bovina, moída gorda 250 Batata, cozida s/ pele 700 Óleo de Canola 50 Suplemento mineral e vitamínico (pobre em P) quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 8. UROLITÍASE
É definido como a formação de sedimento, consistindo de um ou mais cristalóides de difícil
solubilidade no trato urinário. Os sedimentos microscópicos são chamados de cristais e os
macroscópicos de urólitos (STEVENSON e RUTGERS, 2006). Os urólitos mais comuns em caninos são
fosfato de amônia e magnésio (estruvita – 43,8%), oxalato de cálcio (41,5%), urato de amônia e cistina
(HOUSTON et al., 2004). A incidência e a composição dos urólitos pode ser influenciados por vários
fatores incluindo raça, sexo, idade, dieta, anormalidades anatômicas, infecção do trato urinário (ITU), pH
da urina e medicamentos (LING, 1998).
Os sintomas mais comuns da urolitíase são devido à irritação da mucosa do trato urinário
inferior, resultando em cistite e/ou uretrite. Os sinais clínicos são hematúria, disúria e poliaquiúria.
Podendo levar a obstrução, pielonefrite, redução da massa renal, azotemia e falha renal (STEVENSON e
RUTGERS, 2006).
A maneira mais fácil de dessaturar a urina é promover a diurese. Aumentar o fluxo urinário
reduz a concentração de substâncias litogênicas, e aumenta a freqüência urinária oq eu ajuda a eliminar
os cristais livres (BORGHI et al., 1999). Portanto, deve-se estimular a ingestão de água, adicionando
água ou elevando levemente o nível de cloreto de sódio (até 3,2 g Na/1000 kcal) da dieta
(LUCKSCHANDER et al., 2004; LULICH et al., 2005).
O pH da urina pode ser alterado de acordo com a composição da dieta ou por uso de
medicamentos acidificantes ou alcalinizantes. A acidificação da urina aumenta a solubilidade dos urólitos
de estruvita, já a alcalinização aumenta a solubilidade de urólitos de urato e cistina (LULICH et al., 2000).
As dietas usadas para dissolver urólitos têm por objetivo reduzir a concentração de uréia,
fósforo e magnésio da urina (LULICH et al., 2000). Estas dietas contêm quantidades moderadas de
proteína (15 a 20% em 4000 kcal), são altamente digestíveis, pobres em fibra (para reduzir a perda de
água pelas fezes), e contém altos níveis de cloreto de sódio (RINKARDT e HOUSTON, 2004). O uso
destas dietas deve ser de pelo menos um mês após a remoção ou dissolução dos urólitos de estruvita
(STEVENSON e RUTGERS, 2006).
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Na urolitíase de oxalato de cálcio, deve-se aumentar a ingestão de água, adicionando água a
dieta ou cloreto de sódio (LULICH et al., 2005), níveis de cálcio e fósforo devem ser normais (CHURHAN
et al., 1997), o pH deve ser intermediário (5,5 a 6,5).
Nos casos de urolitíase de urato a dieta deve ser reduzida em purinas, que é obtido através da
redução do nível de proteína (10 a 18%). No entanto, é possível reduzir o nível de purinas da dieta
através de ingredientes específicos (proteínas de origem vegetal, ovos e subprodutos do leite) sem
causar uma redução drástica no teor de proteína (LING e SORENSON, 1995). A alcalinização da urina
reduz a concentração de íons amônia e amômio. Dietas com baixo teor de proteína têm efeito
alcalinizante, porém às vezes há necessidade de adicionar agentes alcalinizantes (LULICH et al., 2000),
mantendo o pH por volta de 7,0 através do uso de bicarbonato de sódio (25 a 50 mg/kg, BID) e citrato de
sódio (50 a 150 mg/kg, BID). Em conjunto com a dieta pode-se ainda usar inibidor de xantina oxidase, o
alopurinol (15 mg/kg, BID), porém deve ser reduzido em pacientes com disfunção renal (LULICH et al.,
2000).
A redução de proteína na dieta de animais com urólitos de cistina reduz a excreção de cistina
(OSBORNE et al., 1999g), porém o grau de restrição é muito alto e pode causar deficiência de carnitina,
levando a cardiomiopatia dilatada. Assim, estas dietas devem ser suplementadas em carnitina e taurina
(SANDERSON et al., 2001b). Os urólitos de cistina são solúveis em pH alcalino (7,5 a 7,8), isto é
possível através do nível reduzido de proteína na dieta e/ou uso de citrato de potássio (OSBORNE et al.,
1999g).
Tabela 7 - Dieta caseira para tratamento de urolitíase: contém 5310 kcal/kg MS, é contra-indicada para
animais em fase de crescimento, gestação, lactação, doença renal crônica e acidose metabólica.
INGREDIENTES PESO (g) Frango, cozido 300 Ovo, cozido 50 Arroz, cozido 560 Farelo de trigo 30 Levedura de cerveja 10 Óleo de Canola 50 Suplemento mineral e vitamínico (pobre em Mg) quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 9. DOENÇAS CARDIOVASCULARES
A maioria das doenças cardíacas não pode ser curada e é progressiva, levando a insuficiência
cardíaca congestiva ou arritmias cardíacas fatais. O papel da nutrição nas doenças cardíacas é uma das
bases da terapia. Muitos são os fatores que levam a desordens cardíacas, dentre as quais, pode-se
destacar a predisposição racial. Os cães de raças pequenas e médias são predispostos a doença
valvular crônica ou endocardiose, já os de raça grande são mais acometidos por cardiomiopatia dilatada
e doença do pericárdio que levam a insuficiência cardíaca congestiva. Ainda, têm-se as cardiopatias
congênitas, assim como persistência de ducto arterioso, cuja predisposição maior é em fêmeas.
(FREEMAN e RUSH, 2006).
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Os principais sinais clínicos, devido a respostas similares do coração, da circulação sistêmica e
pulmonar, e do sistema neuroendócrino muitos achados são comuns. Incluindo tosse, respiração curta e
difícil, cianose, sopro, arritmias, ascite, síncope, etc. (FREEMAN e RUSH, 2006). No entanto, os sinais
clínicos mostram a necessidade de se diagnosticar a doença cardiovascular por meio de exames, tais
como eletrocardiograma, ecodopplercardiograma, radiografia, etc.
Em geral, o tratamento é de acordo com cada doença cardiovascular, as drogas mais comuns
são furosemida, inibidor de ECA (enzima conversora de angiotensina), digoxina, inotrópios positivos,
beta bloqueadores, antiarrítimicos, tiazida, espirolactona. Associada a adequada terapia há necessidade
de se estabelecer o manejo nutricional de acordo com os sinais clínicos e o estágio da insuficiência
cardíaca. Portanto, a dieta de um cão com insuficiência cardíaca congestiva secundária a um defeito de
septo ventricular ou a endocardite bacteriana seria semelhante a de um cão com insuficiência cardíaca
congestiva e doença valvular crônica (FREEMAN e RUSH, 2006).
A restrição de sódio é a modificação dietética mais comum nos cães com doenças cárdicas,
mas também vários outros nutrientes podem ser benéficos, sendo capazes de modular a doença
cardiovascular por diminuir a progressão, reduzir o número de medicamentos, melhorar a qualidade de
vida ou até curar da doença (FREEMAN e RUSH, 2006).
O principal objetivo da nutrição em animais cardiopatas é a manutenção do peso ideal, ou seja,
nem magro e nem obeso, pois ambos afetam negativamente a saúde dos animais. A caquexia é a perda
de peso excessiva (massa muscular), comum nos animais com insuficiência cardíaca congestiva, pois a
fonte primária de energia é aminoácido, diferente dos animais saudáveis que numa privação de
alimentos usam primeiro a gordura como fonte de energia. Esta perda de massa muscular pode ocorrer
em qualquer causa primária de ICC (CMD, DVC, doenças congênitas), mas ocorre mais comumente em
CMD (acima de 50% dos cães apresentam caquexia; FREEMAN et al., 1998). A caquexia tem efeitos
deletérios na força, imunidade e sobrevivência dos cães com cardiopatias (FREEMAN e ROUBENOFF,
1994).
A perda de massa corporal na caquexia cardíaca é multifatorial causada pela anorexia,
aumento dos requerimentos energéticos (30% a mais do normal; POEHLMAN et al., 1994) e alterações
metabólicas (FREEMAN e ROUBENOFF, 1994). Anorexia está presente em 34 a 75% dos cães com
doença cardíaca (FREEMAN et al., 2003b), esta pode ser devido a fadiga, a dispnéia, a toxidade das
medicações ou a baixa palatabilidade da dieta.
Os principais fatores que causam a anorexia são as citoquininas, tais como fator de necrose
tumoral (TNF) e interleucina 1 (IL-1; MEURS et al., 2002), estes fatores aumentam o catabolismo da
massa corporal e aumenta o requerimento de energia.
Pacientes com doenças cardíacas e anorexia devem ser alimentados com pequenas porções e
várias vezes por dia, oferecer dieta altamente palatável (alternar entre dieta seca, úmida e caseira),
aquecer a comida na temperatura ambiente, adicionar flavorizantes (cães: iogurte, mel, caldo de carne,
alho, bacon, frango, peixe, fígado; SPERS et al.,2007; gatos: carne cozida, peixe ou suco de atum com
baixo teor de sal) e suplementar com óleo de peixe (FREEMAN e RUSH, 2006).
16
O uso de óleo de peixe, que é rico em ômega-3, na dieta de cães com cardiopatia pode reduzir
a produção de citoquininas (FREEMAN et al., 1998). O recomendado de ômega-3 (EPA e DHA) para
cães com caquexia e anorexia por doenças cardiovasculares é de 40 mg/kg de EPA e 25 mg/kg de DHA.
Embora a maioria dos cães com cardiopatias tem perda de peso e massa muscular, alguns
podem ter sobrepeso ou serem obesos. A obesidade prejudica a função respiratória, a pressão
sanguínea, função cardíaca (ALEXANDER, 1986). Nestes casos a restrição de energia e quando
possível a introdução de exercícios físicos ajudam no controle do peso (FREEMAN e RUSH, 2006).
A restrição de sódio é importante, pois cães com doenças cardíacas têm ativação do sistema
renina-angiotensina-aldosterona, que altera a excreção de sódio, ou seja, retém sódio e água no corpo
do animal (BARGER et al., 1955). A quantidade de sódio nas dietas para cães com doenças
cardiovasculares depende do estágio da doença, no estágio inicial (sem sintomas) deve-se evitar altos
teores (>100 mg/100 kcal) e biscoitos e aperitivos; quando os sinais da doença estão presentes
(aumento de pressão ou volume, hipertrofia ventricular) as dietas devem conter de 50 a 80 mg/100 kcal
de sódio e também não fornecer biscoitos e aperitivos e biscoitos, já quando os sinais se intensificam e o
uso de diuréticos é maior a concentração de sódio deve ser menor que 50 mg/kcal. Nos casos severos,
onde há necessidade de internação e tratamento intensivo devem-se evitar mudanças na dieta até
estabilização do quadro (RUSH et al., 2000; ISACHC, 2001).
O teor de potássio na dieta de cães com cardiopatia depende da medicação utilizada, se
diuréticos não poupadores de potássio são usados pode ocorre hipocalemia, no entanto, se há uso de
inibidores da ECA e diuréticos poupadores de potássio pode ocorrer hipercalemia (RUSH et al., 1998).
Portanto, as dietas podem conter maior ou menor teor de potássio. Outras deficiências nutricionais
devem ser prevenidas por meio da suplementação de tiamina, magnésio, vitamina E, selênio e taurina
(FREEMAN e RUSH, 2006).
O conteúdo de taurina na dieta de cães com cardiomiopatia dilatada deve ser de 500 a 1000
mg (BID ou TID), já em gatos o requerimento é de 25 mg/100 kcal para rações secas e 50mg/kcal para
rações úmidas. A taurina tem efeito inotrópico positivo e atua na regulação do cálcio no miocárdio
(AZUMA, 1994).
A quantidade de proteína na dieta de cardiopatas depende se o animal tem ou não disfunção
renal, podendo variar de 2,3 a 18 g/100 kcal (FREEMAN et al., 2003).
A L-arginina é aminoácido precursor do oxido nítrico, que tem efeito vaso-dilatador. Portanto, a
suplementação com arginina parece ter efeitos positivos no paciente com ICC (FREEMAN e RUSH,
2006).
O magnésio é essencial para centenas de reações enzimáticas que envolvem o metabolismo
de carboidratos, lipídios, síntese de proteínas e ácidos nucléicos, sistema adenilato ciclase e a
contratilidade cardíaca e muscular. Portanto, alteração na homeostase de magnésio pode causar
hipertensão, doença arterial coronária, ICC e arritmias cardíacas (COBB e MICHELL, 1992). Algumas
drogas (digoxina) e alguns diuréticos (alça) podem causar hipomagnesemia. A dieta de cães cardiopatas
deve conter no mínimo 10 mg/100 kcal, no entanto as dietas comerciais com sódio reduzido podem
variar de 9 a 40 mg/100 kcal (FREEMAN e RUSH, 2006).
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Cães com ICC podem ter maior perda de vitaminas do complexo B e devido à anorexia uma
menor ingestão destas vitaminas, o que justifica maior nível destas em suas dietas (FREEMAN e RUSH,
2006).
Outros nutrientes como antioxidantes (vitamina C, vitamina E, glutationa e β-caroteno),
principalmente vitamina E, devem ser adicionados nas dietas de pacientes cardiopatas, pois o estresse
oxidativo (causado por superóxido dismutase, glutationa peroxidase, catalase) tem sido relacionado com
aparecimento de doenças cardíacas (FREEMAN et al., 2005; FREEMAN e RUSH, 2006). A L-carnitina
age no metabolismo de ácidos graxos e produção de energia e tem sido relacionada, sua deficiência,
com a cardiomiopatia dilatada em cães (Boxer, Cocker spaniels), portanto, a sua suplementação na dieta
de cães com CMD deve ser de 50 a 100 mg/kg (TID; FREEMAN e RUSH, 2006). Coenzima Q10 também
parece ter papel importante no tratamento de animais com CMD, pois este cofator participa na produção
de energia e possui propriedades antioxidantes, sua recomendação é de 30 a 90 mg (PO, BID;
FREEMAN e RUSH, 2006).
A escolha da dieta para animais cardiopatas depende do tipo e do grau da doença, portanto, a
dieta deve ser individual e não a mesma dieta para todos os casos. Por exemplo, uma restrição severa
de sódio é recomendada para cães com ICC e CMD, porém não para um animal sem sintomas da CMD.
Além da modificação correta na dieta para animais cardiopatas, deve-se ter muito cuidado com os
aperitivos e biscoitos (FREEMAN e RUSH, 2006).
Tabela 8 - Dieta caseira para tratamento de doenças cardiovasculares: contém 5990 kcal/kg MS, é
contra-indicada para animais em fase de crescimento, gestação, lactação e com deficiência de sódio.
INGREDIENTES PESO (g) Carne Suíno, paleta s/ pele 525 Arroz, cozido 435 Farelo de trigo 30 Óleo de Canola 10 Suplemento mineral e vitamínico (s/ Na) quantidade recomendada pelo fabricante
(NGUYEN in PIBOT et al., 2006) – Dieta caseira baseada na nutrição animal ocidental
2. 1. 10. DOENÇAS OSTEOARTICULARES
O desenvolvimento das doenças osteoarticulares e osteoartrites pode ser devido, em parte, por
desbalanço nutricional (excesso ou deficiência de determinados nutrientes), apesar de serem causadas
por vários fatores. Portanto, algumas doenças osteoaticulares podem ser prevenidas, melhoradas ou até
mesmo curadas com o balanceamento correto da dieta. As principais conseqüências do desbalanço
nutricional são redução da taxa de crescimento (deficiência de energia), hiperparatireoidismo (deficiência
de cálcio), raquitismo (deficiência de vitamina D), osteomalacia (deficiência de fósforo), displasia coxo-
femural e osteocondrose (excesso de energia), osteocondrose, síndrome do carpo curvo (excesso de
cálcio ou de vitamina D ou excesso de cálcio e fosforo; HAZEWINKEL e MOTT, 2006).
A terapia convencional pode ser associada à manipulação da dieta, onde alguns suplementos
alimentares que se caracterizam pelo seu efeito benéfico em nível articular:
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- Ácidos graxos da série ómega 3 (EPA - ecosapentaenóico e DHA - docosahexanóico): Habitualmente
aliviam a dor e inflamação das articulações.
- Antioxidantes: Em todas as situações de doença ou de estresse são produzidas grandes quantidades
de radicais livres (nocivos para as membranas celulares). Os antioxidantes conseguem neutralizar estes
compostos nocivos evitando que destruição das células e tecidos (incluindo a cartilagem). A associação
de antioxidantes (vitamina E e C, betacarotenos (luteína), taurina) é benéfica na prevenção da
degeneração articular.
- Condroprotetores: Sulfato de condroitina e a glucosamina. A glucosamina estimula a síntese de
substâncias que fazem parte integrante da cartilagem: os glicosaminoglicanos ou GAGs e estimula a
renovação da cartilagem (favorecendo, a síntese de colágeno - constituinte das fibras da cartilagem).
Enquanto o sulfato de condroitina, é um GAG, inibe a ação das enzimas que dão origem à destruição da
cartilagem e, por outro lado, a sua capacidade de retenção de água permite boa hidratação da
cartilagem.
- Manganês: participa da síntese de pró-colágeno (colágeno - constitui as fibras da cartilagem).
- Mexilhão Verde da Nova Zelândia: rico em sulfato de condroitina, elevados níveis (41%) de ácidos
graxos Ómega 3 (EPA, DHA e ETA – ác. eicosatetraenóico), manganês, zinco, cálcio, fósforo, cobre e
selênio, vitamina E e C, e apenas 5,2 % de ômega 6. Pode ser usado como suplemento alimentar nas
dietas dos animais (MILLER et al., 1980; COUCH et al., 1982; BIERER e BUI, 2002).
Portanto, os fatores alimentares podem modular determinados processos inflamatórios
implicados na osteoartrite, favorecer a reparação da cartilagem e proteção contra a degeneração
articular. A utilização de determinados alimentos ou suplementos na dieta dos animais pode prevenir ou
até mesmo reduzir os sintomas das doenças osteoarticulares. (RAMALHO, 2005).
A nutrição no controle das doenças osteoarticulares, além dos suplementos acima relatados,
outros cuidados devem ser tomados na dieta dos animais. O conteúdo de energia deve ser controlado,
pois o excesso de energia pode desencadear doenças osteoarticulares (p.ie. displasia coxo-femural,
displasia do cotovelo e osteocondrose), devido à rápida taxa de crescimento. Já nos animais adultos
pode contribui para excesso de peso e este pode causar osteoartroses, hérnia de disco intervertebral e
ruptura de ligamento cruzado, pois o sobrepeso leva a sobrecarga da cartilagem articular (HAZEWINKEL
e MOTT, 2006).
O teor de cálcio na dieta dos animais, principalmente na fase de crescimento é importante para
o equilíbrio deste mineral no esqueleto, pois tanto o excesso quanto a deficiência de cálcio podem
causar anormalidades no esqueleto. Portanto, para cães até dois meses de idade é de 260 a 830 mg/kg
e para aquele de raça grande até cinco meses de vida deve conter de 210 a 540 mg/kg/dia, caso haja
excesso pode promover a osteocondrose (WEBER et al., 2000).
2. 2. A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Segundo a filosofia da MTC o organismo é constituído pela matéria que obedece a teoria do
Yin/Yang e pelo Qi (Chi), que representa energia. A matéria é caracterizada pela estrutura orgânica do
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corpo, e a energia, que está agregada à matéria, promove o dinamismo da parte material e orgânica
(YAMAMURA, 2001). O Qi é a base das infinitas manifestações da vida do universo, inclusive minerais,
vegetais e animais (MACIOCIA, 2007).
A filosofia da Medicina Tradicional Chinesa também é constituída pela teoria dos cinco
elementos (movimentos) e dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras). É embasada nestes conceitos, que
constituem o alicerce para a compreensão da fisiologia e propedêutica energética e da fisiopatologia das
doenças e seu tratamento (YAMAMURA, 2001).
2. 2. 1. A TEORIA DO YIN / YANG
Os chineses acreditam que todo universo seja governado por dois princípios, Yin e Yang,
classificados em negativo e positivo, e consideram que tudo exista em virtude da constante influência
mútua dessas forças, sejam seres animados ou até os inanimados. O equilíbrio do organismo depende
do balanceamento no organismo desses dois opostos complementares, que nunca estão completamente
balanceados, sempre estão em constante mudança, indicando a interdependência entre o Yin e o Yang
e suas reações e interações. Somente é possível compreender o que é escuro quando se conhece o
claro (YAMAMURA, 2001).
Toda fisiologia médica chinesa, patologia e tratamento podem ser traduzidos em Yin/Yang. Os
conceitos de Yin/Yang e o do Qi são totalmente diferentes da filosofia ocidental. O Yin e Yang
representam qualidades opostas, porém complementares, onde cada coisa ou fenômeno poderia existir
por si mesmo ou pelo seu oposto. Sendo que Yin contém a semente do Yang e vice-versa, podendo um
ser o contrário do outro (MACIOCIA, 2007).
A harmonia entre o Yang e o Yin do universo é representada pelo símbolo do Yin/Yang (Figura
1). Onde a parte pretal corresponde ao Yin e a branca ao Yang e observamos que quando Yang atinge
seu máximo, Yin começa a surgir e que quando Yin atinge seu máximo Yang começa a surgir. As bolas
preto e branca dentro do Yin e Yang significam que no apogeu do Yin (preto) encontramos uma semente
Yang (branco), e vice-versa (SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007).
Figura 1 - Símbolo do Yin e Yang.
Fonte: MACIOCIA (2007).
O Yang representa o céu, o masculino, a luminosidade, o sol, o brilho, a atividade, o redondo, o
tempo, o leste, o sul, a esquerda, o imaterial, a produção de energia, a geração, o não-substancial, a
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expansão, a ascendência, o acima, o fogo, o superior, as costas, a cabeça, o exterior (pele - músculos),
tudo acima da cintura, a superfície póstero-lateral dos membros, a função dos órgãos (MACIOCIA,
2007).
Já o Yin representa a terra, o feminino, a escuridão, a lua, a sombra, o descanso, o plano, o
espaço, o oeste, o norte, a direita, o material, a produção de forma, crescimento, o substancial, a
matéria, a contração, a descendência, abaixo, a água, o inferior, frente (tórax - abdômen), o corpo, o
interior (órgãos), abaixo da cintura, superfície ântero-medial dos membros, estrutura dos órgãos, o
sangue (xue) - fluído corpóreo (Jin Ye), o Qi nutritivo (Yin Qi) (MACIOCIA, 2007).
2. 2. 2. QI (CHI)
O Qi pode ser traduzido como “força vital” ou “energia da vida”, ou simplesmente “energia”, que
ativa e mantém o processo da vida e é o que controla a harmonia no corpo. Essa energia é derivada do
ambiente, por processos como a nutrição e a respiração, são convertidas numa forma absorvível para
alguns órgãos, armazenadas no corpo e distribuídas ao sistema por outros órgãos. Filosoficamente pode
ser classificada como a matéria que está prestes a se tornar energia, e como a energia que está prestes
a se tornar matéria. O Qi tem função de transporte, transformação, sustentação, proteção, aquecimento
e nutrição para o organismo (SCHOEN, 2006).
No indivíduo existem três fontes de energia, uma de origem ancestral (Jing), originado dos
progenitores, transportadas nos gametas masculino e feminino (informação genética); as outras duas
são a respiração e a alimentação. Para que a energia da alimentação (Gu Qi) e da respiração (Zang Qi)
possam ser aproveitadas e exercer suas funções, necessitam ser recuperadas, purificadas,
transformadas e armazenadas pelos órgãos. Esses são classificados em dois grandes grupos: órgãos
Yang e órgãos Yin (SHCOEN, 2006).
Os órgãos Yang (Vísceras ou Fu) transformam em xue (sangue) os alimentos ingeridos, são
representados pelo intestino grosso (IG), estômago (E), intestino delgado (ID), bexiga (B) e vesícula biliar
(VB), eles possuem relação mais ou menos direta com o exterior. Os órgãos Yin (Órgãos ou Zang)
purificam e armazenam o xue que provém do alimento, e são: pulmão (P), baço-pâncreas (BP), coração
(C), rim (R) e fígado (F; MACIOCIA, 2007).
Além dos 10 órgãos e vísceras há também duas funções totalizadoras uma Yang e uma Yin,
triplo aquecedor (TA) e pericárdio (PC), respectivamente. A primeira possui tripla função incluindo os
sistemas respiratório, digestivo e genito-urinário. A segunda, também chamada de circulação-
sexualidade (CS) ou constritor do coração, é responsável pela circulação do sangue junto com
hormônios, enzimas e produtos do metabolismo intermediário (MACIOCIA, 2007).
O Qi não pode ser visto, mas está ativando, transportando, protegendo e aquecendo. Esta
fonte de energia pode ser direcionada para onde é necessária e, por conseguinte mais benéfica para o
bem estar do indivíduo. Embora o Qi fundamentalmente prevaleça o mesmo, pode adotar diferentes
papéis em lugar diferentes, e mudar sua forma de acordo com o lugar em que está e para qual das
funções esteja assumindo. Há diferentes conceitos de energia ou Qi, demonstrados no Quadro 2
(SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007).
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Quadro 2 - Diferentes tipos de Qi e seus conceitos.
Tipo de Qi Conceito Jing Qi Energia composta das essências vitais que se
combinam para formar o feto, chamada Yin Jing e Yang Jing. Qi Pré-celestial. Potencial hereditário constitucional do corpo, realçando a verdadeira saúde e a dinâmica potencial. Também chamada de essência dos rins.
Yuan Qi Qi original. O aspecto cinético do Qi pré-celestial circula pelos meridianos e participa de todos processos de transformação. É também chamado de Essência Ativa dos Rins. Yuan Qi é a energia que mais ativa a circulação de Qi nos meridianos. Atua como um catalisador de todos os processos de criação de energia através da digestão, bem como do ciclo de energia usada e geração dos órgãos. Energia Pré-celestial armazenada pelos rins.
Ying Qi Qi Nutritivo ou Qi dos Alimentos. Esse aspecto nutri os órgão internos e todo organismo e circula nos vasos sanguíneos com o sangue, bem como nos meridianos.
Zong Qi Qi torácico ou Da Qi ou Xiong Qi ou Grande Qi. Origina do pulmão. A primeira manifestação do Qi Adquirido e o precursor de todas as outras transformações de Qi no corpo. Energia no tórax usada pelo pulmão para a respiração e ativação da voz, e no coração para circulação do sangue nos vasos. Proveniente do ar e age juntamente com Gu Qi (Qi dos grãos/sementes) e são usados em conjunto com Qi Pré-celestial, para formar o conteúdo total de Qi do organismo.
Gu Qi Qi dos Grãos/Sementes. É extraído dos alimentos sob a ação do estômago, seguindo o conceito de MTC, em direção ao baço. O baço então transmite o Gu Qi para o pulmão, para a produção do Zhen ou Qi Verdadeiro. Energia proveniente dos alimentos.
Qi do Canal ou Meridiano
Jing Luo Qi ou Meridiano. Qi Nutriente que percorre nos canais (meridianos). Energia que percorre os meridianos (é percebida pelo De Qi).
Qi do Órgão Zang-Fu Qi. Está presente nas vísceras e órgãos para manter suas funções. Energia dos órgãos e vísceras.
Zhen Qi. Qi Verdadeiro. É o Qi resultante da transformação do Qi Ancestral, que catalisa a ação do Yuan Qi. Origina-se do pulmão. Pode ser usado para várias necessidades do organismo, assim como o Qi Nutritivo e o Qi de Proteção. Energia que circula nos meridianos e nutre os sistemas.
Zheng Qi Qi Correto. Energia Antipatogênica. É o termo usado para descrever o Qi de proteção que defende o corpo das invasões por influências perniciosas. Indica vários tipos de Qi, cuja funcão é proteger.
Zhong Qi Qi Central ou meio ou centro do Jiao Qi (aquecedor médio). Esse é o Qi do baço e estômago e transforma o Qi Pós-celestial.
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Tipo de Qi Conceito Wei Qi Qi de Proteção ou Qi Defensivo. Como o Qi flui através
do ciclo dos órgãos, cada órgão usa o que é necessário para suas funções e acrescenta energia para o fluxo geral. Bem como alguns dos órgãos geram seu Qi Defensivo o qual flui nos canais músculo-tendíneos. Este é o mais superficial e responsável pela proteção do corpo de patógenos externos. Energia defensiva. É Yang em relação ao Qi Nutritivo.
Adaptado de SCHOEN (2006) e MACIOCIA (2007).
A base de tudo é o Qi, outras substâncias vitais são manifestações do Qi em diferentes graus
de materialidade, variando do totalmente material (fluídos corpóreos - Jin Ye), para o totalmente
imaterial, “sutil” (mente - Shen) (SCHWARTZ, 2008).
O Qi circula pelos meridianos e, conforme esta energia se mobiliza o sangue (Xue) o
acompanha. A circulação de Qi pode ser dificultada por fatores externos, como vento, calor, umidade,
secura e frio, ou internos, como sentimentos e emoções, que acarretam em bloqueio e estagnação de Qi
e de sangue, o que origina processos patológicos (MACIOCIA, 2007).
O relacionamento entre o universo e os seres humanos, o Qi dos seres humanos é considerado
resultado da interação entre Qi do céu e da terra, o que enfatiza a interação entre o Qi dos seres
humanos e as forças da natureza. A MTC enfatiza essa interação entre o ser vivo e seu meio ambiente,
e leva isso em consideração para determinar etiologia, diagnóstico e tratamento (YAMAMURA, 2001).
2. 2. 3 TEORIA DOS MERIDIANOS OU CANIAIS DE ENERGIA
Os meridianos são a base da acupuntura, pois representam as vias por onde circula o Qi e o
Sangue. O sistema de meridianos unifica todas as partes do organismo, conectando os órgãos internos
com o corpo externo e mantendo a harmonia e o equilíbrio. Cada órgão ou víscera (Zang Fu) tem seu
meridiano próprio, e em cada meridiano existem vários pontos cutâneos com funções específicas. Os
meridianos costumam ter o nome dos órgãos ou vísceras a eles relacionados, são representados por
uma grande “linha” de energia, que sobe e desce da cabeça aos pés, formando “canais” (SCHOEN,
2006; MACIOCIA, 2007).
O sistema de meridianos é composto de 12 meridianos regulares, cada um correspondendo a
um dos 12 órgãos Zang - Fu (F, BP, R, C, P, PC - E, IG, VB, B e TA). Ainda, pode-se relatar outros oito
meridianos extraordinários, porém destes, apenas dois são considerados importantes (vaso governador
e vaso concepção), pois eles possuem pontos que não se situam nos outros 12 meridianos. A teoria dos
meridianos admite o uso desses canais tanto para fins diagnósticos como terapêuticos (SCHOEN, 2006).
2. 2. 4. TEORIA DOS CINCO MOVIMENTOS OU CINCO ELEMENTOS
A teoria dos cinco movimentos ou elementos constitui outro pilar da filosofia da MTC, e como
os vários aspectos que compõem a natureza geram e dominam uns aos outros (YAMAMURA, 2001). Há
um modelo de relações entre os órgãos internos e entre eles e os vários tecidos, órgãos do sentido,
cores, cheiros, gostos e sabores (MACIOCIA, 2007).
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Os cinco elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, são os materiais básicos que
existem e constituem o mundo material. Existe uma interdependência e um controle recíproco, com
interação entre eles (Ciclo Sheng – geração ou criação ou produção e Ko – controle ou destruição), eles
fazem parte de um ciclo de cinco fases de transformação e representam o contínuo fluxo de energia e
nutrição do organismo (SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007).
Na MTC existe o ciclo de criação (Sheng), onde cada elemento é gerado por outro e gera outro
à sua direita, num sentido horário (Figura 2). Assim, Madeira gera Fogo, Fogo gera Terra, Terra gera
Metal, Metal gera Água e Água gera Madeira. Isto é, a Madeira é filha da Água e mãe do Fogo. Já no
ciclo de controle (Ko), cada elemento controla outro e é controlado por um (Figura 2). Assim, Madeira
controla a Terra, Terra controla a Água, Água controla o Fogo, Fogo controla o Metal e o Metal controla a
Madeira (SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007).
Figura 2 - Diagrama do ciclo dos cinco elementos mostrando as relações de geração (Ciclo Sheng),
inibição e contra-inibição (Ciclo Ko) entre eles.
Fonte: WEN, 1985.
Portanto, na prática da MTC, ao tonificar um órgão (mãe) consequentemente tonifica-se outro
órgão (filho). Segundo MACIOCIA (2007), cada sistema possui influência sobre os tecidos do organismo,
havendo um relacionamento entre tecidos e sistema, de forma que o estado do sistema pode ser
deduzido pela observação do tecido correspondente. Cada sistema se relaciona funcionalmente a um
dos órgãos dos sentidos, a saúde e a acuidade de um determinado órgão do sentido depende da
nutrição do sistema interno e; diferentes condições climáticas influenciam determinados sistemas
(Quadro 3). Sendo que um excesso de fatores externos por um período prolongado pode afetar
adversamente os Zang Fu (órgãos e vísceras) e desequilibrar o Qi.
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Quadro 3 – Relação entre os cinco movimentos e os aspectos da natureza.
Adaptado de YAMAMURA (2001); MACIOCIA (2007)
2. 2. 5. A DESARMONIA ENTRE YIN E YANG
O adoecimento começa com a desarmonia de Yin e Yang, que leva a uma deficiência,
estagnação, rebelião ou colapso de Qi, pode ser devido à alimentação desregrada, estresse,
intoxicações, fadiga, fatores que enfraquecem a Energia Vital dos Zang Fu (Órgãos/Vísceras)
(YAMAMURA, 2001). Ainda, a doença surge quando há um desequilíbrio dentro o ambiente interno ou
entre os ambientes interno e externo. Os fatores que influenciam o ambiente externo são a nutrição, o
clima e as forças geofísicas e eletromagnéticas. Já os fatores internos incluem influências hereditárias,
sistema neuroendócrino e estado emocional (SCHOEN, 2006).
O Yang está associado à patologia aguda, de início rápido; mudanças patológicas rápidas;
calor; agitação, insônia; preferência por deitar-se esticado; membros e organismos quentes; preferência
por líquidos frios; voz alta e verborragia; dispnéia; sede; urina escassa, escura; constipação; língua
vermelha com saburra amarela; pulso cheio (MACIOCIA, 2007).
O Yin está associado à patologia crônica, de início gradual; patologias lentas; frio; sonolência,
apatia; gosta de dormir coberto; preferência por deitar-se encolhido; membros e organismo frios;
preferência por líquidos quentes; voz fraca e fala pouco; respiração lenta e superficial; ausência de sede;
urina profusa e pálida; perda de fezes; língua pálida; pulso vazio (MACIOCIA, 2007).
2.2.6. OS OITO PRINCÍPIOS
A MTC desenvolveu um sistema de identificação de padrões, permitindo ao terapeuta localizar,
determinar e estabelecer o princípio de tratamento. Esse sistema é baseado na qualidade, quantidade e
localização do problema, e estabelecer o princípio de tratamento (MACIOCIA, 2007). Na qualidade do
sistema é classificado se a doença tem padrão Yin ou Yang, ou frio ou quente. Na quantidade classifica-
Propriedades Madeira Fogo Terra Metal Água Sabor Azedo Amargo Doce Picante Salgado Climas Vento Calor Umidade Secura Frio Sist. Yin Fígado Coração Baço/Pâncreas Pulmão Rim Sist. Yang V. Biliar Intestino Delgado Estômago Intestino Grosso Bexiga Órgãos do sentido
Olhos Língua Boca Nariz Ouvidos
Tecidos (Governa)
Tendões e ligamentos
Vasos Músculos Pele e Pêlos Ossos e Medula
Emoções Fúria, Raiva Alegria Preocupação Tristeza Medo Odor Rançoso,
fétido Queimado Adocicado Metálico Pútrido
Estação do Ano
Primavera Verão Inter-Estação Outono Inverno
Cor Azul-esverdeado
Vermelho Amarelo Branco Preto
Sons Grito Riso Canto Choro Gemido Direção Leste Sul Centro Oeste Norte Emissão de líquidos
Lágrimas Suor Saliva Muco Urina
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se em deficiência ou excesso da condição, e a localização depende dos aspectos interiores e exteriores
(SCHWARTZ, 2008).
Junto dos oito princípios, aspectos do meio são levados em consideração, pois estes também
podem afetar o indivíduo. Esses fatores são os patogênicos externos, que são vento, umidade, calor e
secura. Portanto, essas classificações ajudam a distinguir e a descrever a desarmonia do indivíduo, e
normalmente devem-se associar os oito princípios com os cinco elementos, possibilitando um tratamento
mais eficiente (SCHWARTZ, 2008).
2. 3. DIETOTERAPIA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Na Medicina Tradicional Chinesa a energia vital, o Qi, está em todas as partes do corpo, morrer
é perder o Qi. O corpo saudável, protegido dos fatores patogênicos, é aquele que possui Qi harmonioso,
com equilíbrio interno completado pelo equilíbrio com o meio externo. As doenças resultam do conflito
entre o Qi e esses fatores (HIRSCH, 2008).
O Qi origina-se de três fontes, dos pais no momento da concepção, que vai sendo gasto aos
poucos e não se renova. A segunda vem dos alimentos e a terceira do ar, estas são gastas o tempo todo
e se renovam quando comemos e respiramos (HIRSCH, 2008). Portanto, a MTC enfoca sobremaneira a
importância do alimento para constituição da forma física e do psíquico, pois é ele que vai constituir
nosso suporte material, a parte Yin à qual a energia Yang vai fixar-se, para promover toda a nossa
dinâmica da mente e do corpo (YAMAMURA, 2001).
2. 3. 1. ASPECTOS ENERGÉTICOS DOS ALIMENTOS
Os alimentos compreendem dois aspectos, o nutritivo (composição química), largamente
estudado em nutrição, e o energético, ligado aos conceitos do Yang, do Yin e às funções energéticas
que esses alimentos produzem no corpo. O conhecimento integrado desses dois aspectos proporciona
adequada alimentação das diferentes fases da vida (adulto, recém-nascido, gestante, velho). Segundo
YAMAMURA, 2001, adequar à alimentação é, saber dos seus efeitos sobre o corpo; a maneira de se
intervir nos casos de vazio ou plenitude dos órgãos e das vísceras; o meio para repor os gastos
energéticos e da matéria; proporcionar a vitalidade e a longevidade celular; evitar os processos
degenerativos, o envelhecimento precoce e, principalmente, o aparecimento de tumores.
Inerentes ao alimento há duas formas de energia, a celeste (ar – oxigênio) e terrestre
(alimento), quando ingerido vão fazer parte do corpo, nutrindo, fortalecendo, reparando, harmonizando
as funções energéticas e fisiológicas, ou mesmo podendo trazer alterações no funcionamento dos Zang
(órgãos), Fu (vísceras), tecidos; de modo que, se forem introduzidas energias muito diferentes, por meio
de alimentos, as da composição corporal, pode dar início a um processo de adoecimento. O tipo de
alimento irá influir e moldar, significativamente, tanto em vitalidade quanto em durabilidade e resistência
a agressões exógenas de origem física e mental (YAMAMURA, 2001).
Além das energias incorporadas nos alimentos (vegetais), devem-se considerar as
propriedades e características das plantas que irão gerar o seu conteúdo energético sui generis, dando-
26
lhes a cor, o sabor, os nutrientes (Quadro 4). Portanto, o conteúdo energético dos alimentos é
correspondente ao seu meio ambiente; se o indivíduo vive na mesma região, ele também capta as
energias deste local, ocorrendo, então, semelhança de conteúdo e tipo de energia entre o alimento e o
indivíduo, facilitando a sua integração quando ingerido. Isto não ocorre se o alimento for de outra
localidade distante (YAMAMURA, 2001).
Quadro 4 – Relação das características das plantas e seu conteúdo energético predominante.
CRITÉRIOS CARACTERÍSTICAS CONTEÚDO ENERGÉTICO
Localização Região Fria Alimentos c/ mais E. Fria (Yin) Região Quente Alimentos c/ mais E. Quente (Yang)
Situação Aérea, região alta Alimentos c/ mais E. Quente (Yang) Dentro da terra, dentro d’água, região sombreada
Alimentos c/ mais E. Fria (Yin)
Aroma Mais cheiroso Alimentos c/ mais E. Quente (Yang) Paladar Mais forte Alimentos c/ mais E. Fria (Yin)
Peso Mais leve Alimentos c/ mais E. Quente (Yang) Mais pesado Alimentos c/ mais E. Fria (Yin)
Adaptado de YAMAMURA (2001).
Os alimentos (celeste e terrestre) são responsáveis pela formação, manutenção e reparação
do corpo, assim como tem a função de neutralizar e eliminar as energias adversas, constituindo as
funções energéticas dos alimentos:
1) Nutrir o corpo de energia, de essência e de matéria;
2) Fortalecer energeticamente o tubo digestivo; corrigir as alterações energéticas do tubo digestivo
(hamonizar BP/E – alho, cebola, pepino, tomate, carne de vaca; Intestinos – berinjela, cebola, nabo,
gergelim, carne de vaca);
3) Repor as perdas energéticas e de matéria (tônicos de energia e Xue – carpa, carnes, espinafre
japonês, ovos, feijão preto);
4) Neutralizar, eliminar as energias turvas e substâncias tóxicas (feijão preto, pepino, melão, nato,
gierassol). (YAMAMURA, 2001)
2. 3. 2. DIETÉTICA
A dietética é uma das especialidades médicas das mais antigas na China, a qual classifica os
alimentos como Yang ou Yin, segundo sua cor, forma e teor de água. Os taoístas consideravam o
regime alimentar muito importante para manutenção da saúde (BEAU, 1974).
Os cães e os gatos são seres carnívoros que devem ingerir alimentos com maior quantidade
de proteína, principalmente de origem animal. A pesar de introduzidos, a milhares de anos, na dieta
destes animais, em maior proporção, os carboidratos, porém, não são essenciais na dieta destes e muito
menos na dos gatos, seu sistema enzimático digestivo é perfeitamente adaptado para digerir proteínas e
muito ineficiente na digestão de amidos (TARDIN e POLLI, 2001).
Mais do que proteínas, lipídios e carboidratos, os alimentos possuem propriedades que
aquecem e refrescam, direcionam energia ou fluidos para cima ou para baixo, e aqueles que ajudam
certos sistemas de órgãos a funcionar adequadamente, além do sabor.
27
O sabor do alimento nem sempre se relaciona ao seu sabor de fato: por exemplo, carne de
carneiro é classificada de amarga, assim como a maçã. O sabor do alimento é, portanto, muito mais uma
qualidade intrínseca do que o seu sabor de fato, embora na maioria dos casos os dois possam coincidir
(MACIOCIA, 2007).
Cada um dos sabores apresenta um determinado efeito sobre o organismo. O sabor azedo
produz fluidos e Yin, sendo adstringente e pode controlar perspiração e diarréia. O amargo elimina o
calor, seda e enrijece; elimina o calor-umidade e domina a rebelião do Qi. O doce tonifica, equilibra e
acalma; é utilizado para tonificar a deficiência e aliviar a dor. O picante dispersa, sendo utilizado para
expelir fatores patogênicos. O salgado flui em descida e amacia a rigidez, sendo utilizado para tratar
constipação e edema (MACIOCIA, 2007).
Os cinco sabores e a correspondência que eles mantêm com os órgãos segundo a doutrina
dos cinco elementos constituem o fundamento da dietética chinesa (Quadro 5). Assim como as ervas
utilizadas na fitoterapia chinesa, cada alimento está associado às características de direção, sabor,
sistema de órgão e natureza ou temperatura (SCHWARTZ, 2008).
Em geral, o sabor correspondente do órgão tonifica, se houver insuficiência da função. Se o
órgão estiver em excesso, o sabor correspondente agravará o quadro e também atacará o órgão
dominado, segundo o ciclo de destruição ou controle (Ko). (FAUBERT e CREPON, 1990).
Quando uma função está em excesso, os alimentos correspondentes ao órgão dominado no
ciclo Ko terão efeitos reguladores. Assim tem-se:
Quadro 5 – O sabor correspondente ao órgão e víscera para tonificar e sedar.
ÓRGÃO/VÍSCERA SABOR TONIFICANTE SABOR SEDANTE F, VB Azedo Doce C, ID Amargo Picante BP, E Doce Salgado P, IG Picante Azedo R, B Salgado Amargo
Adaptado de FAUBERT e CREPON (1990)
Caso haja uma doença grave, não se deve suprimir completamente o sabor correspondente ao
órgão. Um regime equilibrado é aquele que garante parte igual para cada sabor (FAUBERT e CREPON,
1990).
O sabor azedo atinge os nervos e, em excesso, pode afetar o Fígado, de maneira que deve ser
utilizado escassamente se o paciente sofrer de dor crônica. O sabor amargo atinge os ossos, e seu
excesso deve ser evitado nas doenças ósseas. O sabor doce atinge os músculos e, se utilizado em
excesso, pode causar debilidade muscular. O sabor picante dispersa o Qi e deve ser evitado em
deficiência de Qi. O sabor salgado pode secar o Xue, devendo ser evitado nos casos de deficiência do
Xue (FAUBERT e CREPON, 1990).
O sabor picante, relacionado com os pulmões, e o sabor doce, relacionado com o baço, se
exalam e se transformam em Yang. São, portanto Yin de Yang. O sabor azedo, ligados ao fígado e
amargo ligados ao coração, descem e vão para o Yin. São, portanto Yin de Yin. O salgado é símbolo da
nutrição Yang, pode ser decomposto em dois sabores: amargo, portanto Yin, e picante, portanto Yang.
28
Excessos de Yin são corrigidos pelo acréscimo de Yang, e excessos de Yang são corrigidos pelo
acréscimo de Yin (FAUBERT e CREPON, 1990).
Na MTC os alimentos podem ser classificados de acordo com propriedades de: tonificante;
promover regulação de estagnação e excesso; sabor, temperatura (o efeito do alimento no metabolismo
após a digestão); direção e ação (cada alimento tem sua ação sobre o organismo como um todo, mas
influenciam órgãos específicos que reflete sobre o meridiano regido pelo órgão ou víscera). (Anexo 1;
LEGGETT, 2005).
Segundo LEGGETT (2005), cada alimento é classificado por um ou mais sabores, cada sabor
tem efeito e beneficia um órgão em particular. O equilíbrio e a mistura dos sabores podem ser usados
para atender as necessidades energéticas do organismo. Assim, o doce beneficia o elemento Terra e o
órgão BP, os alimentos doces tonificam, umedecem e ajudam a tonificar na deficiência. O sabor picante
beneficia o elemento Metal e o órgão P, os alimentos picantes dispersam a estagnação e promove o
fluxo. O salgado favorece o elemento Água e o órgão R, os alimentos salgados umedecem, abrandam e
desintoxica. O azedo beneficia o elemento Madeira e o órgão F, os alimentos azedos estimulam a
absorção e contração, ajudando a diminuir a gordura. O sabor amargo favorece o elemento Fogo e o
órgão C, alimentos amargos drenam e evitam a umidade (Anexo 1).
As direções dos alimentos movimentam o Qi, sangue e fluidos na MTC. Estas direções são:
para cima, para baixo, para dentro ou para fora. Por exemplo, se o animal tem um problema de
incontinência urinária (urina escapa para baixo e para fora), alimentos com direção para cima devem
usados (i.e. aveia). Ainda, existem os alimentos que estão associados com as direções, os
escorregadios ou lubrificantes e obstrutivos. Mel é um exemplo de alimento escorregadio (lubrificante),
ajuda os fluidos e sólidos a se moverem pelo corpo mais facilmente. Já o alho poro obstrui a passagem
de alimento ou fluido, diminuindo o fluxo de urina e fezes (SCHWARTZ, 2008).
Certos alimentos têm afinidades por determinados sistemas de órgãos ou meridianos do
sistema dos cinco elementos. Na MTC, o consumo de um alimento específico pode influenciar mudanças
em um órgão relacionado. No entanto, quantidades apropriadas destes alimentos ajudarão a
restabelecer um órgão enfraquecido, comer em excesso pode causar outro desequilíbrio e afetar todos
os outros órgãos do corpo (SCHWARTZ, 2008).
2.4. DIETOTERAPIA NA MEDICINA VETERINÁRIA TRADICIONAL CHINESA
O uso dos alimentos para tratamento dos animais deve ser através da modificação da dieta
utilizando-se dos conhecimentos nutricionais associados aos princípios da medicina veterinária
tradicional chinesa (MVTC). Portando, deve-se ter conhecimento das necessidades nutricionais,
interpretar corretamente em qual padrão na MVTC, pensando em oito princípios (Yin/Yang, Frio/Calor,
Interior/Exterior e Deficiência/Excesso) e cinco elementos, o animal se encaixa. Em associação aos oito
princípios, existem alimentos que geram condições de secura e umidade. Esses alimentos geram
umidade (abdômen distendido, fezes pastosas, inchaços, membros frios ou tosse seca e crônica) no
29
corpo ou cessam a secura (pele seca e pruriginosa, sede aumentada, constipação ou tosse seca) no
corpo (SCHWARTZ, 2008).
Se o animal é lento, tranqüilo e calmo, tem pouca sede, é ligeiramente acima do peso com
tendência a ter abdômen distendido, gentil, gracioso e muito sensível emocionalmente. Esse animal é
mais Yin do que Yang, assim para equilibrar essas tendências Yin, deve-se adicionar alimentos Yang na
dieta deste animal, ajudando assim, a ativar o metabolismo dando mais energia (SCHWARTZ, 2008).
Ainda, deve-se considerar o ambiente onde o animal vive, equilibrando-o com cada estação (Quadro 6).
Pois cada alimento tem uma afinidade por direção, estilo de vida e qualidade térmica que imita cada
estação. Portanto, deve-se adicionar uma pequena quantidade do alimento com característica
correspondente à estação atual. Por exemplo, na primavera deve-se adicionar à dieta pequenas
quantidades de alimentos mais pungentes, doces e neutros que têm direção para cima para manter a
harmonia com a estação (LU, 1986).
Quadro 6. Alimentos e as estações do ano.
ESTAÇÃO ALIMENTO
Verão (alimentos quentes) Pimenta-do-reino, pimenta caiena, etc.
Outono (alimentos doces e azedos) Cevada, mariscos, batata-doce, pato, feijão-de-
corda, etc.
Inverno (alimentos salgados e amargos) Alaga marinha, porco, aipo, raiz de bardana, etc.
Primavera (alimentos pungentes e doces) Milho, carpa, alho, alho-porró, etc.
Adaptado de SCHWARTZ (2008)
Um animal com deficiência de BP deve receber alimentos bem cozidos para facilitar a digestão,
alimentos que tonificam este órgão, por exemplo: arroz, cevada, frango, ovo, carne bovina, gengibre, etc
(SCHWARTZ, 2008). Mas deve-se ter o cuidado de balancear tudo de acordo com a necessidade
nutricional do animal, ou apenas acrescentar pequenas quantidades de alguns desses alimentos (até 5%
do total da dieta), caso o animal coma ração, de maneira que não se provoque o desequilíbrio de sua
dieta.
De acordo com SCHWARTZ (2008), um animal, mestiço de 15 meses de idade, inquieto,
incapaz de se concentrar, muito ativo, não presta atenção nos comandos e voz do dono, ingere muito
água, gosta de dormir no cimento ou em locais fresco, com apetite esporádico, com ruídos e roncos no
trato gastrointestinal; língua vermelha, pulso rápido e forte, pele quente. Esse animal exibe sinais de
calor interno e excesso de fogo que pode vir do coração ou do fígado, no entanto se do fígado ele
mostraria raiva e frustração, o que não apresentava. Portanto, esse animal se encaixa perfeitamente na
constituição fogo (no Coração). Como há muita energia contida no elemento Fogo, o BP e E (Terra,
centro) não são nutridos adequadamente, pois o Fogo consome os fluidos refrescantes do corpo, que
mantém o indivíduo calmo, centrado. Ainda, recebia ração seca de arroz (neutro) e cordeiro (quente), o
que causa aquecimento (mais calor) por ser processado com calor (extrusão). A dieta para este animal
pode ser painço, arroz integral, porco, aipo, espinafre, nabo e feijão-de-corda. Onde o painço é
refrescante, umedecedor, calmante e age para baixo, auxiliando os fluidos do BP, E e R; o arroz é
30
neutro, auxiliando o F, BP e E; a carne de porco é refrescante e útil para o R, com R forte há melhor
controle do C no sistema dos cinco elementos; o aipo e espinafre também são refrescantes e o feijão-de-
corda é neutro e auxilia o R; ainda deve-se balancear a dieta com suplemento mineral e vitamínico.
A dieta pode ser balanceada de acordo com o desequilíbrio apresentado pelo paciente ou
ainda pode-se desenvolver a dieta para animal saudável, para cães idosos e gatos (Anexo 2;
SCHWARTZ, 2008; HADDAD, 2009).
2. 4. 1 - OBESIDADE
A obesidade é considerada um depósito excessivo de tecido adiposo no subcutâneo e
consequentemente com peso acima do normal (acima de 15 a 20%). Geralmente está associada a
desordens endocrinológicas ou metabólicas, que pode ser causada por dietas desbalanceadas. Paciente
obeso, geralmente, apresenta hipertensão ou diabetes. Os sinais clínicos podem ser respiração curta,
fadiga, língua pálida, umidade e com fleuma; pulso lento e escorregadio. De acordo com os sinais
clínicos pode-se concluir que há um padrão de deficiência de Qi com fleuma, portanto o tratamento seria
tonificar o Qi e eliminar a umidade e transformar a fleuma (XIE e PREAST, 2007).
Ainda deve-se considerar que a obesidade pode ser Yang ou Yin. A obesidade Yang é de
origem alimentar – consumo excessivo de alimentos (distúrbios de comportamento), onde há vazio do
Yin por excesso de Yang. Caracteriza-se normalmente por corpo grande, forte, bastante massa muscular
e geralmente com problemas cardiovasculares; a língua vermelha, pulso rápido e escorregadio. O
tratamento é controlar o Yang e interiorizá-lo, a dieta deve conter alimentos refrescantes e crus, tais
como laranja, maçã e outros frutos com sabor picante ou dispersantes; a carne deve ser peixe magro ou
aves, e os legumes devem ser cozidos (Anexo 1). Enquanto na obesidade Yin, por disfunção do Triplo
Aquecedor e dos Rins Yin e Yang. Nestes casos há perturbação do Aq. Inferior (e dos Rins que ele
protege) e que se repercute nos outros 2 aquecedores, geralmente são as obesidades endócrinas. O
hipofuncionamento do Aq. Inferior traduz-se por uma estase hidríca; consequentemente o Rim e o
Fígado, pela sua ação direta com o aq. inferior não asseguram mais a sua função de eliminação; a
estagnação dos líquidos orgânicos repercute sobre o aquecedor médio provocando aumento da massa
sanguínea e estagnação, que por sua vez se repercute sobre o aquecedor superior provocando
diminuição global da produção de Energia. Tem-se insuficiência de Yang com bloqueio no Yang Ming e
com Estagnação do Yin, Calor no Estômago, estagnação dos líquidos orgânicos (edemas) e insuficiente
eliminação. Os indivíduos com este tipo de obesidade têm aumento de massa gorda, corpo mole,
compleição pálida; atitude frágil, astenica e fria, língua com capa branca e espessa, pulso profundo e
lento. O tratamento deve ativar e aquecer o estômago, tonificar o Rim e estimular a diurese. A dieta deve
evitar alimentos crus (SANTIAGO, 2005).
Na dietoterapia baseada no Anexo 1, pode-se balancear ou acrescentar na dieta de um animal
obeso peito de peru, arroz integral cozido, lentilha; ainda acrescentar suplemento mineral e vitamínico. O
peito de peru é doce, morno, favorece BP e E, tonifica o Qi; o arroz é neutro, auxiliando o F, BP e E; a
lentilha é doce, neutro, favorece C, R, BP e E, tonifica o Qi e combate a umidade e água. Portanto,
31
avaliando a dieta balanceada de acordo com as necessidades nutricionais (Tab. 1), pode-se concluir que
ela está de acordo com a dietoterapia da MVTC.
2. 4. 2 – DERMATOSES
As dermatoses podem ter várias origens, desde processos alérgicos a distúrbios hormonais ou
secundários a outros processos patológicos. A urticária é um processo agudo caracterizados por
eritemas e pápulas na superfície da pele. Pode ser desencadeada por alergia a contactantes,
medicamentos, insetos, etc. Na MVTC está relacionada com vento no pulmão, padrão Huang. A causa
da urticária pode ser por vento e calor externo ou acúmulo de calor no coração e pulmão. Os sinais
clínicos são aparecimento súbito de eritemas e pápulas (0,5 a 5 cm), especialmente na cabeça, pescoço,
tórax, abdomen e croup; inchaço dos lábios, pálpebras; coceira; língua vermelho brilhante; pulso em
onda e rápido. Estes sintomas demonstram o padrão de excesso de calor ou vento-calor no pulmão. O
tratamento da urticária é eliminar o calor e toxina, dispersar o vento e parar o prurido (XIE e PREAST,
2007).
Na dietoterapia MTC pode-se através do Anexo 1, balancear ou acrescentar a dieta do animal
com urticária alimentos capazes de eliminar calor, toxina, dispersar o vento e cessar o prurido. Os
alimentos utilizados na dieta ocidental caseira da tabela 2 deveria ser reformulada, pois pato e arroz são
alimentos neutros, e neste caso devemos optar por alimentos refrescantes. Assim, pode-se substituir o
pato por coelho que é refrescante, manter o arroz, mas ainda acrescentar a cevada que além de ser
refrescante controla o calor e retira toxinas. O óleo de canola é refrescante, elimina calor e toxinas.
Portanto, a dieta pode ser perfeitamente reformulada atendendo os requisitos nutricionais e ajudar no
equilíbrio do indivíduo. A escolha dos alimentos deve ser feita com cuidado, pois o próprio alimento pode
ser desencadeador do processo alérgico.
2. 4. 3 – HEPATOPATIA
Animais com icterícia apresentam a pele e conjuntivas amareladas, de acordo com a MVTC
pode ser dividida em Yin e Yang, apresentando os sintomas relacionados no quadro 7.
Quadro 7 – Sinais clínicos da icterícia. Padrão Sinais Clínicos Icterícia Yang Icterícia aguda; mucosas e membranas amarelas
da boca, olhos e nariz; pele com brilho alaranjado; depressão; perda de apetite; fezes secas ou diarréia; febre; Língua vermelha e amarela com cobertura amarela e gordurosa; Pulso rápido e duro;
Icterícia Yin Icterícia crônica; membranas e mucosas amarelas da boca, olhos e nariz; coloração amarela acinzentado; depressão; fraqueza nos quatro membros; perda de apetite; orelhas e nariz frios; extremidades geladas; Língua pálida com cobertura branca e gordurosa; Pulso fraco e fino;
Adaptado de XIE e PREAST (2007)
32
De acordo com a MVTC as hepatopatias que levam a icterícia são devido ao acúmulo de
umidade calor no jiao-médio impedindo as funções do BP de transportar e transformar, pois o F e VB são
sufocados pela umidade-calor causando excesso de bile e desencadeando icterícia. Geralmente ocorre
colangiohepatite aguda, muitas vezes associada com infecção ascendente de bactérias, fungos,
protozoários ou Fasciola hepatica. Ou ainda, por acúmulo de frio-umidade no interior da bile, obstruindo
o fluxo e transbordando para pele, mucosas e membranas, manifestando assim a icterícia;
frequentemente associada com pancreatite crônica, inflamação do trato digestivo ou Fasciola hepatica.
Doença crônica progressiva pode estar associada com encefalopatia hepática. O tratamento deve ser de
acordo com o padrão da icterícia, se Yang com padrão de calor-umidade há necessidade de eliminar a
umidade-calor, enquanto Yin com padrão de frio-umidade há necessidade de tonificar o BP e Qi, aquecer
o jiao-médio e eliminar a umidade (XIE e PREAST, 2007).
Baseado no Anexo 1, pode-se acrescentar ou balancear a dieta do animal com arroz integral,
cevada, coelho, cenoura, e suplemento de minerais e vitaminas, para tratar icterícia Yang. Onde o arroz
é neutro, auxiliando o F, BP e E; a cevada é refrescante, controla o calor e a umidade, auxiliando BP, E,
IG, VB e B; a carne de coelho é refrescante e auxilia o IG, F, BP e E; a cenoura é neutro, favorece F, P,
BP, tonifica Qi e estimula a circulação de Qi, além de eliminar calor e toxinas. De acordo com a MVTC
deve-se substituir o peito de frango por coelho, acrescentar cevada a dieta sugerida para tratamento de
hepatopatias na nutrição ocidental (Tab. 3), pois o primeiro é morno, o que acarretaria em mais calor, e o
segundo refresca, eliminando o calor. Já para icterícia Yin, deve-se usar na dieta do animal alimentos
que aqueçam, eliminem a umidade e estimulem o BP, tais como arroz, sorgo, alho, carne de bovino. O
sorgo aquece, auxilia BP e retira umidade; o alho aquece, estimula BP e ajuda na circulação de Qi; a
carne de pato é neutro, retira umidade e tonifica Qi. Assim, de acordo com a dieta proposta na Tabela 4,
balanceada de acordo com a nutrição ocidental, seria inadequada para tratar o padrão Yin de icterícia na
MVTC, pois o farelo de trigo e a cenoura refrescam em vez de aquecer.
2. 4. 4 - DIABETES MELLITUS
Animais com Diabetes Mellitus (Xiao-ke) podem apresentar os sintomas de polidipsia, polifagia
e poliúria. Ainda, num estágio mais avançado aparecem complicações nos olhos, derrame (apoplexia),
surdez, edema e diarréia. Há três padrões de diabetes na MVTC, sendo Xiao superior, Xiao médio e
Xiao inferior, onde se podem observar vários sintomas (Quadro 8).
Quadro 8 – Padrões e sinais clínicos da Diabetes.
Padrão Sinais Clínicos Calor no P – Xiao-superior Polidipsia, Poliuria, Língua: Vermelha, saburra fina
e amarela, boca seca; Pulso: rápido e cheio. Calor no E - Xiao-médio Polifagia, emaciação, fezes secas, Língua:
vermelha com saburra amarela; Pulso: forte e escorregadio.
Deficiência de Yin de R Poliuria, Glucosuria, ofegante, gosta lugares frios; Lingua: seca e vermelha; Pulso: profundo e fino.
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Padrão Sinais Clínicos Deficiênci de Qi-Yin de R Poliuria, urina imediatamente após ingerir água,
Glicosuria, fraqueza nas costas e joelhos, impotência; Lingua: pálida ou vermelha; Pulso: profundo, fino e fraco.
Adaptado de XIE e PREAST (2007)
A etiologia e patologia do Diabetes pode ser definida como deficiência de Yin que se manifesta
por secura e fogo, que leva a mais deficiência de Yin. Ainda causa produção de fleuma e
conseqüentemente estagnação nos meridianos, resultando em derrame (XIE e PREAST, 2007).
Portanto, para se corrigir a deficiência de Yin, combater o fogo e a secura, baseando-se no
Anexo 1, pode-se acrescentar ou balancear a dieta do animal com arroz integral, painço, germe de trigo,
tofu, carne de porco, cenoura, e suplemento de minerais e vitaminas. Onde o arroz é neutro, auxiliando
o F, BP e E; o painço é refrescante, umedecedor, calmante e age para baixo, auxiliando os fluidos do
BP, E e R; a carne de porco é refrescante e útil para o R, com R forte há melhor controle do fogo (cinco
elementos); o tofu é refrescante e favorece o IG, BP e E, melhorando o aproveitamento dos alimentos,
além de tonificar o Qi e Yin; o germe de trigo é refrescante retirando calor e favorecendo a circulação de
Qi e Xue; a cenoura é neutro, favorece F, P, BP, tonifica Qi e estimula a circulação de Qi, além de
eliminar toxinas. De acordo com a MVTC deve-se substituir pelo menos o peito de peru e aveia da dieta
sugerida para tratamento de diabetes mellitus na nutrição ocidental (Tab. 4), pois ambos são mornos, o
que acarretaria em mais calor, além de retirar umidade, piorando a condição de secura.
2. 4. 5 – INSUFICÊNCIA RENAL
A insuficiência renal ocorre quando a função excretora renal não pode manter a homeostase ou
seja há menos de 25% da taxa de filtração glomerular normal. Na MVTC é uma long-bi que inclue
dificuldade de urinar, incontinência ou outras desordens da função renal. Long refere-se a condições
mais brandas onde observa-se dificuldade de urinar (disúria) e evitando a estrangúria. Bi refere-se a
casos mais severos onde há tentativa de urinar, mas sem sucesso. A IR pode ser dividida em deficiência
de Qi do rim, deficiência de Yang do rim, deficiência de Yin do rim, deficiência de Qi e Yin do rim ou
defciência de Jing do rim (Quadro 9). É uma doença crônica, por problemas congênitos e pela idade que
podem danificar o Jing do rim causando deficiência de Qi, Yang ou Yin do rim (XIE e PREAST, 2007).
Quadro 9 - Padrões e sinais clínicos da insuficiência renal.
Padrão Sinais Clínicos Deficiência de Qi do Rim Disúria, estrangúria, fraquesa nas costas,
incontinência urinária; prefere locais quentes; Língua pálida e úmida; Pulso profundo e fraco (mais do lado direito).
Deficiência de Yang do Rim Compleição pálida, aversão ao frio, procura locais quentes, extremidades frias, submissão, região lombar dolorida, dentes fracos, perda de audição, urina clara ou enurese, incontinência, debilidade e fraquesa geral, edema nos membros ou abdômen; Língua inchada, pálida e com cobertura úmida; Pulso fraco e preofundo (mais do lado direito)
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Padrão Sinais Clínicos Deficiência de Yin do Rim Disúria, estrangúria, fraqueza nas costas,
constituição fraca e desidratada, voz rouca, superfície palmar quente (calor cinco corações), procura locais frescos, ofegante, sudorese noturna, eritema generalizado, perda de audição, problemas de infertilidade; Língua vermelha e seca; Pulso profundo, fino e fraco (mais do lado esquerdo).
Deficiência de Jing do Rim Envelhecimento precoce, dentes fracos, óssos frágeis, crescimento e desenvolvimento neonatal diminuído, desenvolvimento do esqueleto diminuído, aparecimento de doenças ósseas, defeitos congênitos, sintomas predominantes para deficiência de Yin ou Yang do Rim; Língua pálida ou vermelha; Pulso fraco.
Adaptado de XIE e PREAST (2007)
O tratamento deve ser de acordo com o padrão da IR, onde: deficiência de Qi do rim deve-se
tonificar o Qi; na deficiência de Yang do Rim tem que tonificar o Yang; na deficiência de Yin do rim basta
tonificar o Yin do rim; na deficiência de Jing do rim deve-se tonificar o Jing pré e pós-natal, ainda tonificar
o Qi e Yin (XIE e PREAST, 2007).
Utilizando-se dos alimentos no anexo 1, pode-se estabelecer qual a melhor dieta para cada
padrão de IR. Assim pode-se analisar a dieta balanceada da Tabela 5, onde a carne bovina é morno,
tonifica Yin e Qi, não sendo a escolha adequada para o padrão de deficiência de Yin, já a batata é
fresco, auxilia o Rim e tonifica Yin controlando o calor, sendo adequado para a maioria dos padrões de
IR, exceto para deficiência de Yang.
2. 4. 6 – SÍNDROME DO TRATO URINÁRIO (LIN)
A urolitíase é um dos vários distúrbios urinários encontrados dentro da síndrome do trato urinário
(Síndrome Lin). A síndrome Lin refere a condições, tais como micção freqüente, urgente, dolorosa ou
incontinência urinária. Incluindo gotejamento por calor (infecção urinária, relin), gotejamento por cálculo
(Urolitíase, Shi-lin), urina com sangue (hematúria, Xue-lin), urina turva (Gao-lin), estagnação urinária (Qi-
lin), obstrução urinária (Gao-lin) e deficiência urinária (incontinência, Lao-lin; Quadro 10). (XIE e
PREAST, 2007)
Quadro 10 – Padrões e sinais clínicos de Síndrome Lin (Síndrome do trato urinário - gotejamento) Padrão Sinais Clínicos Urina com Calor (Infecção urinária) Urina freqüente, dor na micção com urina escassa,
urina amarelo-avermelhada; Língua vermelha; Pulso escorregadio e rápido.
Gotejamento por Cálculo (Urolitíase) Micção prolongada, freqüente e urgente com dor; presença de cristais e cálculos urinários; anúria, secundária a obstrução; Língua vermelha com cobertura amarela; Pulso em ondas e rápido;
Urina com sangue (Hematúria) Micção difícil e dolorosa; urina escura e com sangue; Língua vermelha com cobertura amarela; Pulso rápido.
Deficiência urinária (Incontinência) Infecção urinária crônica, fraqueza nas costas e membros posteriores; Língua pálida; Pulso fraco;
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Adaptado de XIE e PREAST (2007)
Alimentos com alto teor de gordura e carboidrato ou quentes e picantes podem gradualmente
levar a umidade-calor no jiao inferior e bexiga, onde a urina é condensada a cristais e cálculos levando a
urolitíase (gotejamento por cálculo). O calor pode danificar os vasos e forçar o extravasamento de
sangue, levando sangue na urina. O acúmulo de umidade-calor no interior por muito tempo pode
evaporar ou concentrar a urina, o que causa a urina turva. A estagnação de Qi pode gerar fogo e causar
obstrução do fluxo de Qi na bexiga causando dificuldade de micção. Trabalho em excesso, atividade
sexual em excesso, ou doença crônica podem causar deficiência de Qi do Rim e deficiência urinária (XIE
e PREAST, 2007).
O tratamento deve ser de acordo com o padrão da síndrome Lin, onde: umidade-calor (urina
calor) deve-se eliminar o calor, o fogo e a umidade; umidade-calor na bexiga (urolitíase) deve-se eliminar
o calor, dissolver os cálculos, promover a diurese e aliviar a dor; urina com sangue deve-se eliminar o
calor, esfriar o sangue e parar o gotejamento; estagnação urinária deve-se eliminar o calor e acalmar o
Qi do Fígado; urina turva deve-se tonificar o Qi do Rim para fortalecer o esfíncter da bexiga; deficiência
urinária deve-se tonificar Qi do Baço/Pâncreas e do Rim (XIE e PREAST, 2007).
De acordo com o Anexo I pode-se estabelecer a dieta mais adequada a cada padrão da
síndrome Lin (Trato urinário). Por exemplo, no caso do padrão de cálculo (urolitíase) há necessidade de
eliminar o calor, dissolver os cálculos, promover a diurese e aliviar a dor, para isso pode-se usar uma
dieta balanceada com carne de suíno, moela, batata e painço, juntamente com óleo e suplemento
mineral-vitamínico. A carne de bovino deve ser substituída, pois é morno o que acarretaria em mais
calor; a carne de suíno é neutro e favorece o Rim; a moela é neutro, controla a fleuma e o calor, a batata
também é refrescante, favorece o Rim, tonifica Qi e Yin, e retira calor; o painço é fresco, age para baixo
e estimula R, BP e E, tonifica Yin e retira calor.
2. 4. 7 – CARDIOPATIA
A insuficiência cardíaca (IC) ocorre quando o coração não bombeia suficientemente o sangue
oxigenado para os tecidos periféricos, por exemplo, a ICC. Há três tipos de IC: Classe I onde os sinais
são vistos somente com exercícios físicos mais vigorosos, Classe II os sinais são vistos com mínimo de
exercício físicos, e classe III onde os sinais clínicos manifestam-se mesmo no repouso. Os sinais clínicos
mais comuns incluem dispnéia, tosse, intolerância a exercício e colapso (Quadro 11).
Quadro 11 - Pradrões e sinais clínicos na insuficiência cardíaca.
Padrão Sinais Clínicos
Estagnação de Qi/Xue Dor nas costas e tórax, plenitude no flanco, agitado; Língua púrpura acizentada com petéquias; Pulso profundo e lento; sem sinais de deficiência; pode ser visto na IC classe I.
Deficiência de Qi do Coração Respiração curta, palpitação, transpiração espontânea, audição diminuída, desinteresse; Língua pálida com cobertura branca; Pulso fraco, irregular ou regular e intermitente.
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Padrão Sinais Clínicos Deficiência de Yang do Coração Respiração curta, palpitação, transpiração
espontânea, audição diminuída, desinteresse, fadiga, letargia, perda de fezes, orelhas e focinho frios; Língua pálida ou púrpura; Pulso fraco, irregular ou regular e intermitente.
Deficiência de Yang do Rim Tosse, respiração curta, ascite, edema de membros posteriores, procura lugares quentes, dorso e membros frios; Língua pálida púrpura; Pulso profundo e fraco.
Deficiência de Qi e Yin Plenitude e dor torácica com movimento, palpitações e tonturas; Língua vermelha com marcas de dentes; Pulso fraco e irregular.
Colapso de Yang Qi Transpiração espontânea, Membros e dorso frios, retenção urinária ou urina escassa, síncope ou coma; Língua púrpura azulada; Pulso tênue.
Na MTC o coração é o rei da circulação. O Qi do coração é a força e é usada para bombear o
sangue pelo corpo. O coração é a casa do espírito (mente ou Shen). A deficiência do coração leva a
circulação deficiente e distúrbio da mente. A insuficiência cardíaca ou ICC pode ser dividida em seis
padrões na MVTC: estagnação de Qi/Xue; deficiência de Qi do coração; deficiência de Yang do coração;
deficiência de Yang do Rim; deficiência de Qi e Yin; e colapso de Yang Qi. A estagnação de Qi/Xue deve
ser tratada ativando o Qi e Xue, eliminando a estagnação e aliviando a dor. Na deficiência de Qi do
coração deve-se tonificar o Qi do coração. Na deficiência de Yang do coração deve-se aquecer o Yang,
tonificar o Qi e o coração, e eliminar o frio. A deficiência de Yang do rim é tratada tonificando o rim e
aquecendo o Yang. Na deficiência de Qi e Yin deve-se tonificar o Qi do coração e o Yin, circular o Xue e
regular o pulso. Já no colapso de Yang Qi deve-se reavivar o Yang revertendo o colapso (XIE e
PREAST, 2007).
Portanto, a dieta deve ser estabelecida ou complementada de acordo com o padrão apresentado
e as propriedades dos alimentos apresentadas no Anexo 1. Por exemplo, na deficiência de Yang do Rim,
os alimentos devem ser escolhidos para tonificar o Rim e o Yang, onde na Tabela 7, deve-se substituir a
carne de suíno, pois esta tonifica o Yin em vez de Yang, o rim de bovino seria uma alternativa, pois este
tonifica Yang e auxilia o Rim; o farelo de trigo deve ser substituído pois este é fresco e retira calor o que
agravaria o sintoma de frio, podendo manter o arroz que é neutro e acrescentar aveia que aquece e
auxilia o Rim, podendo ainda acrescentar feijão preto pois além de aquecer, auxilia o Rim e controla a
água.
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3. CONCLUSÃO
O uso da dietoterapia tanto na medicina ocidental (nutrição) e quanto na medicina veterinária
tradicional chinesa ajudam no tratamento das diferentes patologias e desequilíbrio energético dos
animais. A utilização de dietas balanceadas de acordo com as exigências nutricionais, a patologia e
ainda utilizando os conhecimentos da medicina tradicional chinesa de cada alimento é possível. Ou
ainda, pode-se apenas adicionar alimentos em pequenas quantidades (5% do total), sem causar
desequilíbrio na dieta balanceada, de acordo com o padrão da patologia na MVTC. Sendo assim
possível corrigir o desequilíbrio energético causado em cada patologia.
A Medicina Tradicional Chinesa classifica os alimentos de acordo com suas características
próprias, para o fim de serem combinadas com as características do indivíduo e, então gerar o equilíbrio.
Ainda, aliado ao perfeito balanceamento da dieta de acordo com nutrição, atendendo as necessidades
nutricionais de cada animal.
A partir de uma breve análise da dietoterapia na medicina veterinária ocidental e na medicina
tradicional chinesa, observa-se o grande potencial de através da associação das duas ciências não só
contribuir para cura de determinadas patologias, mas também prevenir a evolução ou desenvolvimento
das mesmas. Promovendo a saúde e qualidade de vida para os animais.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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45
ANEXO 1
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
46
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota Ação
Tonificar Regular
CEREAIS
Arroz Doce Neutro Sobe BP, E Xue e Qi -
Aveia Doce/Salgado Morno Sobe/Desce R, BP,
E, C, P
e IG
Qi e Xue Circulação
Qi
Centeio Doce/Amargo Neutro Desce, Dentro VB, F,
BP, C
Qi Circulação
de Qi,
Umidade,
Água
Cevada Doce/Salgado Fresco Desce, Dentro BP, E,
IG, VB
e B
Xue, Yin
e Qi
Calor,
Umidade,
Água e
Toxinas
Farelo Trigo Doce Fresco Desce IG e E - Calor e
Umidade
Germe Trigo
Doce/Picante Frio Sobe C e ID Qi e Xue Circulação
Xue; Calor
Milho Doce Neutro Sobe R, IG e
E
Qi Água
Painço Doce/Salgado Fresco Desce R, BP e
E
Yin Calor
Sorgo Doce Morno - IG, P,
BP e E
- Frio e
Umidade
Trigo Doce Fresco Desce C, R e
BP
Yin Calor
LEGUMINOSAS
Ervilha Doce Neutro Sobe BP, E,
C e IG
Yin Água
Feijão Azuki Doce/Azedo Neutro - R, BP,
ID, IG
Xue e
Yin
Umidade,
Calor e
Água
Feijão Preto Doce Morno - R Xue e
Yin
Água
Grão-de-bico Doce Neutro - C, E e
BP
Qi Umidade
Lentilha Doce Neutro - C, R,
BP e E
Qi Umidade e
Água
Soja Doce Fresco Desce IG, BP
e E
Qi e Xue Calor e
Toxinas
47
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota Ação
Tonificar Regular
LEGUMINOSAS
Tofu Doce Fresco Desce IG, BP,
E
Qi e Yin Calor e
Toxinas
CASTANHAS e
SEMENTES
Amendoim Doce Fresco Sobe P, BP Qi e Xue Água e
Fleuma
Coco Doce Morno Sobe C, BP,
E, IG
Qi e Xue -
Gergelim Doce Neutro Sobe P, BP,
F, R
Yin e
Xue
Calor
Linhaça Doce Fresco - IG, F e
BP
- Água e
Fleuma
Nozes Doce Morno - R, P Yang e
Qi
-
Pistache Doce/Azedo/Amargo Neutro - R, F, IG Qi e
Yang
-
Semente de
abóbora
Doce/Amargo Neutro - IG, BP,
E
- -
Semente de
Girassol
Doce Neutro Sobe BP, IG Qi -
ERVAS e
ESPECIARIAS
Açafrão Picante/Doce Neutro Sobe/Desce C, F - Circulação
de Qi e
Xue
Alecrim Picante/Doce Morno Sobe/Fora C, R, F,
P, BP
Yang Frio,
Fleuma e
Umidade
Alho Picante Quente Sobe BP, E,
P, IG
Yang Circulação
de Qi,
Frio,
Fleuma,
Toxinas
Canela Picante Neutra Fora F, R,
BP
Yang Frio
Coentro (folha) Picante Morno Sobe F, BP - Calor
Cominho Picante Morno Sobe F, BP - -
48
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
ERVAS e
ESPECIARIAS
Cravo Picante Morno - R, BP,
ID
Yang Frio e
Circulação
de Qi
Gengibre Picante/Amargo Quente Sobe P, BP,
E
Yang e
Qi
Frio,
Fleuma,
Toxinas
Hortelã Picante Fresco Sobe L, F - Circulação
de Qi
Louro Picante Morno Sobe - - Circulação
de Xue,
Frio
Manjericão Salgado/Picante/Doce Morno Sobe R, P,
BP, E,
IG
Yang Frio,
Fleuma,
Umidade,
Circulação
de Qi
Manjerona Amargo/Picante/Doce Fresco - P, BP,
E
Yin Circulação
de Qi
Noz-moscada Picante Morno Sobe IG, BP,
E
Yang Circulação
de Xue,
Frio e
Circulação
de Qi
Orégano Amargo/Picante Morno Sobe F, C,
BP, R,
B
- Circulação
de Qi
Pimenta-do-reino Picante Quente Sobe/Fora BP, E,
IG, F, R
- Frio,
Fleuma,
Circulação
de Xue,
Toxinas
Pipenta-
malagueta/
Cumarim
Picante Quente Fora BP, C - Circulação
de Xue,
Frio
49
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
ERVAS e
ESPECIARIAS
Pimentão Doce/Picante Neutro Sobe/Fora E, BP,
P, C
- Frio,
Circulaçõa
de Xue
Salsinha Amargo/Picante/Salgad
o
Morno - B, R, E Xue Água,
Toxinas
Sálvia Amargo/Picante Morno - P, C, R,
U
Qi Calor,
Circulação
de Qi,
Umidade e
Fleuma
Sementes de
Coentro
Picante/Azedo Neutro - E - Frio e
Circulação
de Qi
Tamarindo Azedo/Doce Fresco - IG, ID - Umidade e
Calor
Tomilho Amargo/Picante Morno - P, BP,
R, B, C,
U
Qi Fleuma,
Calor e
Circulação
Qi
ÓLEOS e
CONDIMENTOS
Açúcar mascavo Doce Morno - F, BP,
E, P
Qi Circulação
de Xue
Agar-agar Doce/Salgado Frio Viscoso F, P, IG - Calor,
Fleuma,
Toxinas
Mel Doce Neutro Sobe IG, P,
BP
Yin e Qi Circulação
de Xue,
Toxinas
Melaço Doce Morno - R, F,
BP, E,
P
Qi e Xue -
Molho de soja Salgado Fresco - BP, E,
R
- Calor e
Toxinas
Óleo de
amendoim
Doce Neutro Sobe IG, P,
BP
- -
50
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota Ação
Tonificar Regular
ÓLEOS e
CONDIMENTOS
Óleo de oliva Doce Neutro - BP, F - -
Óleo de soja Doce/Picante Morno Sobe/Fora IG - Circulação
de Xue,
Calor
Sal Salgado Frio Dentro/Desce R, IG,
ID, BP,
E
Calor,
Toxinas
Vinagre Amargo/Azedo Morno Desce F, E - Circulação
de Qi e
Xue,
Calor,
Toxinas
VERDURAS e
LEGUMES
Abobrinha Doce Morno Sobe P, IG,
BP, E
Qi Circulação
de Xue,
Calor,
Umidade,
Fleuma
Abóbora Doce Fresco - BP, E,
IG, P
Yin Água,
Calor,
Toxina
Agrião Picante/Amargo Fresco Sobe/Desce IG, P,
BP, E,
B, R
Xue e Qi Circulação
de Qi,
Calor,
Toxinas,
Umidade,
Água,
Fleuma
Aipo Doce/Amargo Fresco Desce F, E, R,
B
- Umidade,
Calor,
Água
Alcachofra Amargo/Doce/Salgado Neutro - VB, F Yin e
Xue
Cierculaçã
o de Qi,
Umidade,
Toxinas,
Água
51
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota Ação
Tonificar Regular
VERDURAS e
LEGUMES
Alface Amargo/Doce Fresco Desce IG, E - Circulação
de Qi,
Umidade,
Calor,
Água
Alga Salgado Frio Dentro R, E Yin Calor,
Umidade,
Fleuma,
Toxinas,
Água
Alho-porró Picante/Doce/Azedo Morno Sobe/Desce/F
ora
F, BP,
E, P
- Circulação
de Qi e
Xue,
Calor,
Toxinas
Aspargo Doce/Amargo/Picante Fresco Desce/Sobe R, P,
BP
Yin Umidade,
Calor,
Toxinas,
Água
Azeitona Doce/Azedo Fresco Sobe/Desce P, E - Calor,
Toxinas
Bardana (raiz) Doce/Amargo Morno Dentro P, R, E,
ID, IG
Qi Calor,
Toxinas
Batata Doce Fresco Sobe R, BP,
E
Qi e Yin Calor
Batata doce Doce Neutro Sobe R, BP,
E, IG
Yin, Xue
e Qi
Toxinas
Berinjela Doce Fresco Desce IG, F,
BP, E,
U
- Circulação
de Xue,
Calor
Beterraba Doce Neutro - C, F, IG Xue Circulação
Qi, Frio
Brócolis Amargo/Picante/Doce Fresco - F, BP,
E, B
- Circulação
de Qi,
Calor,
Água
52
Alguns alimentos e suas propriedades energéticas na MTC.
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
VERDURAS e
LEGUMES
Cebola Picante Morno Sobe P, IG,
E, F
- Circulação
de Xue e
Qi, Calor,
Umidade,
Fleuma,
Toxinas
Cebolinha-verde Picante/Salgado Morno Sobe C, IG,
P, E
Yang Circulação
de Xue,
Frio,
Umidade,
Toxinas
Cenoura Doce Neutro Sobe F, P,
BP
Qi Circulação
de Qi,
Calor,
Toxinas
Chicória Amargo Fresco - VB, F - Água
Couve-flor Doce/Amargo Neutro - IG, BP,
E, ID
- -
Espinafre Doce Fresco Desce IG, E, F Xue e
Yin
Calor
Inhame Doce Neutro Sobe R, P,
BP
Yin e Qi -
Nabo Amargo/Picante/Doce Neutro Sobe BP, E,
P
- Circulação
de Qi e
Xue,
Calor,
Umidade,
Fleuma,
Toxinas
Pepino Doce Frio Desce IG, BP,
E, B
- Calor,
Toxinas
Quiabo Doce/Amargo Fresco Desce P - Fleuma
53
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
VERDURAS e
LEGUMES
Rabanete Doce/Picante Fresco Sobe/Desce P, E - Circulação
de Qi,
Calor,
Umidade,
Fleuma,
Toxinas
Repolho Doce/Picante Neutro Sobe IG, P, E - Circulação
de Qi,
Calor
Salsa Doce Morno - F, E, R - Circulação
de Xue,
Toxinas
Tomate Doce/Azedo Frio Desce F, E Yin e Qi Calor,
Toxinas
Vagem Doce Neutro - R, BP Yin -
PEIXES
Anchova Doce/Salgado Morno - BP, E Yang e
Qi
Frio,
Umidade,
Água
Atum Doce Neutro Sobe/Desce E, BP Xue e Qi Umidade
Camarão Doce Morno - R, F,
BP, E
Yang e
Qi
Circulação
de Xue,
Frio,
Fleuma
Caranguejo Salgado Frio Dentro F, E Yin Circulação
de Xue,
Calor,
Umidade
Carpa Doce Neutro Sobe R, BP,
E, F
Xue e Qi Água
Lagosta Doce/Salgado Morno - R, F Yang Fleuma
Lula Doce/Salgado Fresco - F, R Xue -
Manjuba Doce Neutro - P, BP Qi Toxinas
Mexilhão Salgado Morno Dentro R, F Yang e
Xue
Circulação
Xue, Frio
Ostra Salgado/Doce Fresco Sobre/Desce R, F Xue, Qi e
Yin
-
54
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
PEIXES
Polvo Doce/Salgado Frio Desce - Xue, Qi e
Yin
Calor
Rã Doce Fresco - B, IG,
ID, E
Qi Calor,
Toxinas,
Água
Salmão Doce Morno - BP, E Xue e Qi -
Sardinha Doce/Salgado Neutro Sobe/Desce BP, E Qi e Yin Água
Truta Quente - Yang e
Qi
Frio
CARNES
Bovino Doce Morno Desce IG, BP,
E, F
Xue, Yin
e Qi
-
Carneiro (adulto) Doce Morno Sobe R, BP Yang, Qi,
Xue
Frio
Codorna Doce Neutro - IG, BP,
E, F
Qi e Xue Umidade,
Água,
Calor
Coelho Doce Fresco Sobe IG, F,
BP, E
Qi e Yin -
Cordeiro Doce Quente Sobe Yang e
Qi
Fígado (bovino) Doce Neutro Sobe F Xue -
Fígado (frango) Doce Morno Sobe R, F Qi e Yin Circulação
de Xue
Fígado (suíno) Doce/Amargo Morno Sobe F Xue -
Frango Doce Morno Sobe BP, E,
R
Qi e Xue Circulação
de Xue,
Frio
Ganso Doce Neutro - P, BP Yin e Qi -
Moela Doce Neutro - F, BP Fleuma,
Calor
Pato Doce/Salgado Neutro Sobe R, P,
BP, E
Xue, Yin,
Qi
Umidade,
Água
Peru Doce Morno Sobe BP, E Qi -
Presunto Salgado Morno - BP Qi -
Rim (bovino) Doce Morno Sobe R Yang -
Rim (suíno) Salgado Neutro Desce R Yin -
55
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
PEIXES
Suíno Doce/Salgado Neutro Sobe/Desce R, BP,
E, F
Xue, Yin
e Qi
-
LATICÍNIOS
Leite (cabra) Doce Morno Sobe E, P, R Xue, Yin
e Qi
-
Leite (vaca) Doce Neutro Sobe C, P, E Xue, Yin
e Qi
-
Manteiga Doce Morno - BP, E Yin Circulação
de Xue,
Frio
Queijo (vaca) Doce/Azedo Neutro Sobe/Desce P, F,
BP
Xue, Yin
e Qi
-
Iogurte Azedo/Doce Frio - P, IG,
F, E
Xue, Yin
e Qi
-
OVOS
Clara Doce Neutro Desce P - Calor
Gema Doce Neutro Sobe C, R, F Xue e
Yin
-
Ovo (galinha) Doce Neutro Sobe C, R, P,
BP, E,
F
Xue e
Yin
Circulação
de Xue
Ovo (pata) Doce Fresco - C, P, E Yin -
FRUTAS
Abacate Doce Fresco - IG, F,
P, BP
Xue e
Yin
-
Abacaxi Doce/Azedo Neutro - BP, E,
B
Yin Calor,
Água
Banana Doce Frio Desce IG, P,
BP, E
Xue Calor,
Toxinas
Caqui Doce Fresco Desce C, P,
IG
Qi Calor,
Circulação
de Qi
Damasco Doce/Azedo Neutro - P, IG, E Xue e
Yin
-
Figo Doce/Amargo Neutro Sobe P, BP,
IG
Qi -
Goiaba Doce/Azedo/Salgado Morno Sobe BP, P,
ID, IG
Qi Umidade
56
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
FRUTAS
Kiwi Doce/Azedo Fresco - E, BP - Calor
Laranja Doce/Azedo Fresco - F, P, E Yin Circulação
de Qi
Limão Azedo Frio Sobe VB, F,
R, P,
BP
- Circulação
de Qi e
Xue,
Calor,
Fleuma,
Toxinas
Maçã Doce/Azedo Fresco Desce C, P,
IG, BP,
E
Yin e Qi Calor,
Toxinas
Mamão (papaia) Doce/Amargo Neutro Sobe P, BP,
E
Qi Circulação
de Xue,
Umidade,
Fleuma
Manga Doce/Azedo Fresco Desce BP, E,
P
Yin Circulação
de Qi,
Calor,
Água
Melancia Doce Fresco Desce B, C, E - Calor,
Água
Melão Doce Frio Desce P - Calor
Morango Doce/Azedo Fresco Desce R, F, P,
BP, E
Yin Circulação
de Qi,
Calor
Pêra Doce/Azedo Fresco Desce P, BP,
E
Yin Calor,
Fleuma
Pêssego Doce/Azedo Morno Desce E, BP,
F
Xue Circulação
de Qi
Tangerina Doce/Azedo Fresco Desce P, BP,
E
- Circulação
de Qi,
Calor
Uva Doce/Azedo Neutra Sobe/Desce P, BP,
R, ID
Xue Toxinas
SUPLEMENTOS
Alga Doce/Salgado Fresco Dentro Todos Qi, Xue e
Yin
Toxinas
57
Alimento Sabor Temperatura Direção Rota
Ação
Tonificar Regular
SUPLEMENTOS
Geléia real Doce Neutro Sobe F, BP Yin e Qi -
Ginseng
(americano)
Amargo/Doce Fresco - R, P, E,
C
Yin e Qi -
Ginseng (chinês) Doce Morno Sobe P, BP Qi -
Pólen Doce Neutro - Todos Qi e Xue -
BEBIDAS
Água-de-coco Doce/Azedo Fresco - R Yang e
Yin
Calor
Camomila Doce/Amargo Fresco - IG, F,
P, Pe,
BP
- Circulação
de Qi
Leite de Soja Doce Neutro - BP, E Yin e Qi Calor
Chá forte Amargo/Doce Fresco Desce C, P,
IG, E,
BP,F
- Circulação
de Qi,
Fleuma,
Água,
Toxinas
Adaptado de LEGGETT (2005), YAMAMURA (2001), HIRSCH (2008) e SCHWARTZ (2008).
58
ANEXO 2
Exemplo de dieta para cães e gatos de acordo MVTC.
59
Receita 1 – Dieta caseira para animais saudáveis de acordo com MVTC.
INGREDIENTES PROPORÇÃO
Proteína (Carne cozida ou refogada com azeite de
oliva ou óleo de canola ou de girassol)
1/3
Grãos ou carboidratos 1/3
Vegetais cozidos ou ralados 1/3
Sal Pitada
Casca de ovo torrada (2 a 3 vezes por semana) 1
ômega 3 e 6 (comercial) Quantidade recomendada pelo fabricante
Palitos orgânicos com probiótico Máximo 1 por dia (dependendo do peso)
Adaptado de HADDAD (2009)
Obs.: Proteína: carne de vaca, peixe (principalmente salmão e sardinha), peru, pato e coelho;
Carboidrato: inhame, abóbora, mandioquinha (escolher somente 1);
Grãos: lentilha, feijão, grão de bico, cevada, cevadinha ou quinoa (escolher somente 1);
Vegetais e legumes: todos menos cebola e tomate. Ex: couve, cenoura, vagem, beterraba, brócolis,
espinafre (contra-indicado para pacientes com cálculos de oxalato de cálcio), salsinha, salsão, alface,
etc. Rale, faça purê e/ou cozinhe no vapor para que fiquem mais digeríveis; Estes vegetais e legumes
fornecem a quantidade adequada de carboidratos.
Frutas: banana, maça, morango, pêra, raspas de casca de laranja;
Cuidados: Varie o tipo de carne e vegetais utilizados para evitar sensibilidade alimentar ou deficiências
nutricionais; Cozinhe a carne moderadamente e rapidamente para manter seu valor nutricional; Alho é
um antibiótico natural para a pele. Pode refogar com a comida ou acrescentar cru; Usar vísceras 1 vez
por semana;
Evitar: frango, ervilha, trigo, milho, arroz, macarrão, pão, aveia, batata;
Receita 2 – Dieta caseira para cães idosos de acordo com MVTC.
INGREDIENTES PORÇÃO
Proteína Animal (Peito de galinha assado, s/ pele
ou peixe, exceto truta e marisco)
Ou Ovo
½ (xícara)
2
Ou Fígado bovino (3 vezes por mês) 30 a 60 g
Cereal cozido (escolher um ou misture partes
iguais; arroz integral, arroz branco, aveia
laminada, cavada flocos, painço descascado,
creme de trigo)
1 ½
Vegetais (abobrinha cozida, batata, feijão-de-
corda, cenoura ou brócolis)
¼
Adaptado de SCHWARTZ (2008)
60
Obs.: Os animais mais velhos devem ser alimentados com refeições menores e duas vezes ao dia para
reduzir o estresse no trato digestivo.
Suplementos para cão de 20 a 25 kg
INGREDIENTES QUANTIDADE
Vitamina E 200 UI
Vitamina C 500 a 1000 mg
Pó de Kelp ¼ a ½ colher de chá
Levedura 1 colher de sopa
Grânulos de Lecitina 2 colheres de chá
Óleo de Figado de bacalhau 1 colher de chá
Azeite de oliva 1 a 2 colheres de sopa
Adaptado de SCHWARTZ (2008)
Obs.: Usar junto com a receita 2 ou optar por Mistura mineral e Vitamínica para cães idosos comercial.
Receita 3 – Dietas felinas para equilibrar temperamentos
INGREDIENTES HIPER (++ Yang) NORMAL LENTO (++ Yin)
Cereal Cozido Trigo moído Farelo de milho Aveia
+/ou Flocos de cevada +/ou Batata-doce +/ou Batata
Carne (escolher uma)
Bovina de panela Cordeiro moído Galinha
Moela de galinha Fígado/coração bovino Peru
Bacalhau Bovina cozida Cordeiro moído
Ovo (esporadicamente) Atum ou peixe-cavalo
(uma vez por semana)
Veado
Pato Galinha moída/inteira Sardinha
+/- Coelho Coelho, peru +/- Coelho
Adaptado de SCHWARTZ (2008) Obs.: Quantidade a fornecer de 140 a 170 g/dia, dividida em 2 refeições;
Cuidado: Os cereais devem ser minuciosamente cozidos; cereais em flocos precisam de menos tempo
de cozimento; se houver muita produção de gases, basta diminuir os vegetais; se ocorrer constipação
aumente os vegetais; se houver distensão abdominal ou diarréia, diminuir ou eliminar os vegetais e usar
arroz ou galinha como dieta de base.