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DOPPLERVELOCIMETRIA EM OBSTÉTRICA Dra. Martha Peregrina Ferrel Antelo 1 Dra. Márcia Konrath de Almeida Wassler 2 A Dopplervelocimetria em obstetrícia determina a velocidade do fluxo sanguíneo materno (artérias uterinas) e fetal (artérias umbilical e cerebral) que reflete a oxigenação fetal e a relação entre essas velocidades. O ultrassom Doppler é um procedimento não invasivo usado para avaliar a hemodinâmica fetal e materna. INTRODUÇÃO A gestação apresenta três áreas de velocidade do fluxo sanguíneo: circulação materna (artérias uterinas), feto-placentária (artérias umbilicais) e fetal (artéria cerebral média, aorta abdominal, re- nais, ducto venoso e seio transverso). A técnica ultrassonográfica possibilitou a investigação direta não- invasiva do feto humano (2) . Foram os trabalhos de FitzGerald e Drumm (1977) (5) , nos quais relataram o uso da “onda contínua” pela técnica Doppler nas artérias umbilicais. E, os estudos de Gill et al (1978) (7) , utilizando o Doppler pulsado para medir de forma quantitativa o fluxo umbilical, que tornaram realidade o uso clínico da dopplerfluxometria na avaliação hemodinâmica fetal. A Dopplervelocimetria em obstetrícia é de suma importância no rastreio da insuficiência placentária, responsável por complicações como pré-eclâmpsia, restrição ao crescimento intrauterino e na identificação dos fetos com maior risco de resultados Peri natais Fetus – Centro de Estudo Especializado em Medicina Fetal Pós Graduação em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia 1 Discente: 2 Coordenadora e Professora

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DOPPLERVELOCIMETRIA EM OBSTÉTRICA

Dra. Martha Peregrina Ferrel Antelo 1

Dra. Márcia Konrath de Almeida Wassler 2

A Dopplervelocimetria em obstetrícia determina a velocidade do f luxo

sanguíneo materno (artérias uterinas) e fetal (artérias umbil ical e

cerebral) que ref lete a oxigenação fetal e a relação entre essas

velocidades. O ultrassom Doppler é um procedimento não invasivo

usado para avaliar a hemodinâmica fetal e materna.

INTRODUÇÃO

A gestação apresenta três áreas de velocidade do f luxo sanguíneo:

circulação materna (artérias uterinas), feto-placen tária (artérias

umbil icais) e fetal (artéria cerebral média, aorta abdominal, re-

nais, ducto venoso e seio transverso).

A técnica ultrassonográf ica possibi l itou a invest igação direta não-

invasiva do feto humano ( 2 ). Foram os trabalhos de FitzGerald e

Drumm (1977) ( 5 ), nos quais relataram o uso da “onda contínua” pela

técnica Doppler nas artérias umbil icais. E, os estudos de Gil l et al

(1978) ( 7 ), ut i l izando o Doppler pulsado para medir de forma

quantitativa o f luxo umbilical, que tornaram realidade o uso clínico

da dopplerf luxometria na avaliação hemodinâmica fetal.

A Dopplervelocimetria em obstetrícia é de suma importância no

rastreio da insuficiência placentária, responsável por complicações

como pré-eclâmpsia, restrição ao crescimento intrauterino e na

identif icação dos fetos com maior r isco de resultados Peri natais

Fetus – Centro de Estudo Especializado em Medicina Fetal Pós Graduação em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia 1 Discente: 2 Coordenadora e Professora

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adversos. Considerando-se o melhor método de diagnosticar a

insuficiência placentária ( 1 3 ).

Abordaremos o uso da Dopplervelocimetria na prát ica obstétr ica

cotidiana, sua importância na avaliação do processo circulatório das

artérias uterinas, umbilicais e cerebrais.

1. DOPPLERVELOCIMETRIA EM OBSTETRÍCIA

A dopplervelocimetria foi introduzida na obstetrícia por Fitzgerald e

Drumm (1977) ( 5 ), quando ut il izaram a “onda contínua” pela técnica

Doppler nas artérias umbil icais e com Gill et al (1978) ( 7 ) , ao

uti l izarem o Doppler pulsado para medir de forma quantitativa o f luxo

umbilical. A dopplervelocimetria revolucionou a prát ica obstétrica,

sendo amplamente empregada na avaliação materno-fetal nas

gestações de alto risco, contribuindo com a redução da mortal idade

perinatal. ( 1 5 )

Baseia-se na util ização de sons de alta freqüência na invest igação

do f luxo sanguíneo de um vaso. Quando uma onda sonora de alta

frequência (ultrassom) é dir igida para um alvo em movimento, e ela é

ref letida com uma freqüência diferente daquela que caracterizava o

som emitido. Essa diferença de frequência é o que se chama de

efeito Doppler.

Os índices dopplervelocimétricos arteriais uti l izados são: a relação

sístole/diástole (S/D ou A/B), o índice de resistência(IR) (índice de

Pourcelot) e o índice de pulsati l idade (IP). A relação A/B é a mais

simples de ser obtida e estudos mostram que este índice é tão

importante na aplicabil idade clínica, quanto os demais. É obtida pelo

valor do pico sistólico sobre o nadir da onda no f luxo diastól ico ( 1 1 ) , ( 1 6 ).

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Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

O f luxo pode também ser avaliado pela análise qualitat iva da onda,

de acordo com a presença ou ausência do f luxo f inal na diástole. A

baixa pulsat il idade é indicativa de baixa resistência distal ao f luxo e

elevado índice de pulsati l idade ocorre em elevada resistência no

leito vascular.

Fatores que podem afetar os índices do f luxo ao Doppler:

• Idade gestacional: quando se relacionam os resultados da

análise Doppler com os valores de referência, sempre ut il izar

curvas de correção para a idade gestacional;

• Posição materna: a gestante deverá estar em decúbito semi-

elevado com l igeira incl inação lateral prevenindo a hipotensão

supina;

• Frequência cardíaca fetal: Ocorrendo uma queda na frequência

cardíaca fetal a fase diastólica se prolonga e a diástole f inal

declina. Quanto maior é a frequência cardíaca fetal, menor é o

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ciclo cardíaco. Realizar a análise Doppler com frequência

cardíaca fetal de preferência nos l imites da normalidade.

• Movimento respiratório fetal: o exame deve ser real izado nos

período de apnéia fetal e na ausência de soluços ou excessivo

movimento fetal;

• Aumento na pressão do transdutor no abdome materno sobre o

pólo cefálico pode alterar o f luxo cerebral, reduzindo o f luxo

diastól ico.

• Segmento do cordão onde é feita a análise da amostra pode

alterar os índices dopplervelocimétricos. A análise Doppler que

melhor representa o f luxo arterial, com redução progressiva nos

índices de resistência é a análise no topo placentário do cordão

umbilical.

2. CIRCULAÇÃO ÚTERO-PLACENTÁRIA

Figura 2 - O supr imento sanguíneo do útero é fornec ido pelas ar tér ias uter inas e ovar ianas.

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Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

Figura 3 - Artér ias uter inas são ramos da artér ia i l íaca in terna.

Estes vasos se anastomosam no corno uterino (f ig.3) e dão origem

as artérias arqueadas que percorrem lateralmente o útero. As

artérias no endométrio e miométrio superf icial que formam o

suplemento materno para a placenta e o feto são as artérias basal e

espiralada. As paredes dessas artérias têm um complemento normal

de tecido muscular e elást ico similar ao de outras artérias médias e

pequenas durante a gestação.

As mudanças f isiológicas nas artérias espirais permitem aumento do

f luxo para suprir as necessidades de nutrição e oxigenação feto-

pacentária. As artérias espirais pela ação do trofoblasto

transformam-se em vasos tortuosos e dilatados, com ausência

completa da camada de músculo-elástica. A conversão de artéria

espiral em artéria útero-placentário ocorre em dois estágios:

Inicialmente, no primeiro tr imestre da gestação (8 a 12 semanas) a

invasão trofoblástica converte os segmentos deciduais das artérias

espirais. No segundo estágio essa conversão ocorre nos segmentos

miometriais no segundo tr imestre (12 a 24 semanas). Como

consequência da migração trofoblástica, o circuito vascular uterino

se transforma em um leito arterial de baixa resistência e alto f luxo

circulatório, inclusive durante a diástole. (Pinnenborg et al, 1983) ( 1 7 )

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3. FLUXO NA ARTÉRIA UMBILICAL

A dopplervelocimetria das artérias umbilicais (f igura 4) permite a

identif icação da insuficiência placentária no sofrimento fetal que

apresenta alto índice de morbimortalidade neonatal. O procedimento

é real izado com a colocação do transdutor no abdome materno que é

manipulado para obter a onda Doppler característica da artéria e

veia. Identif icando a alça l ivre do cordão e sua inserção na placenta.

Nicolaides et al 2000 ( 1 4 ).

Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

Figura 4 - A anál ise Doppler que melhor representa o f luxo arter ia l é no topo p lacentár io do cordão umbi l ica l .

Estudos tem demonstrados que existe uma expansão contínua do

sistema vascular feto-placentário durante a gestação, Maulik 1989 ( 1 2 ).

Sendo que, com o avanço da gestação a onda Doppler da artéria

umbilical demonstra um progressivo aumento na velocidade

diastól ica f inal e um declínio dos índices de resistência.

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Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

Figura 5 - No Doppler das artérias umbilicais a resistência periférica é dada pelas arteríolas do sistema viloso terciário, que na gravidez normal esta em crescente expansão.

Nas alterações dopplervelocimétrica a presença de lesões

placentárias podem ser confirmadas pelo estudo anatomopatológico

das placentas, no qual se observa a redução do número de artérias,

inadequado desenvolvimento de vi los terciários e presença de

infartos ou tromboses, Sebire et al 2001 ( 1 9 ). Considerando-se que das

alterações dopplervelocimétricos na artéria umbil ical a ausência de

diástole e o f luxo diastólico reverso são sinais de insuficiência

placentária grave, Woo et al. 1987 ( 2 4 )

4. FLUXO DA ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA

A técnica começa com a identif icação do polígono de Will is e a ACM

fetal, de onde será obtido o sonograma típico da mesma e aferido

eletronicamente o seu índice de resistência. Para se estudar as

artérias cerebrais, busca-se um plano transversal, na base do crânio

fetal, no nível dos pedúnculos cerebrais, apresentando a vantagem

de ser encontrada facilmente durante o exame ultrassonográf ico e,

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devido a sua localização anatômica, permite a obtenção de ângulos

adequados entre o feixe sonoro e o vaso avaliado, obtendo-se, desta

forma, sonograma sem artefatos 3,4. ( 1 0 ) , ( 1 2 )

A artéria cerebral média (f igura 5) se origina da artéria carót ida

interna, sendo um vaso de grande importância, por irrigar grande

parte do território cerebral. É responsável pelo f luxo sangüíneo da

região cortical e subcort ical, incluindo o córtex ao nível da f issura de

Sylvius e áreas mais profundas como o putâmen e o globo pálido (14 ).

Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

Figura 6 - Usando o f luxo a cores, a artér ia cerebra l média pode ser v is ib i l izada como um ramo maior e latera l do polígono de W il l is , percorrendo ântero-latera lmente o bordo entre a fossa cerebral média e anter ior . O cursor do Doppler pulsado é colocado na porção deste vaso para

obter a onda de velocidade do f luxo (Pedro Pires, 2006).

Devido ao IP ser maior na artéria cerebral média do que na carótida

interna ou na artéria cerebral anterior e posterior, é importante saber

exatamente qual o vaso cerebral que está sendo analisado pelo

Doppler. Pois, com o desenvolvimento da gestação a velocidade do

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f luxo sangüíneo aumenta resultando da redução o IP. Wladmiroff et

al 1986 ( 2 3 ) .

A avaliação Dopplervelocimétrica é realizada através da análise de

índices que relacionam a sístole (S ou A), a diástole (D ou B) e a

velocidade média do f luxo (VM), ou a forma da onda de velocidade

de f luxo (OVF). As relações mais uti l izadas para o estudo das

artérias são: Sístole/Diástole, Índice de Pulsat il idade (A-B/VM), e

Índice de Resistência (A-B/A). Para estudar o território venoso,

principalmente o ducto venoso e a veia cava inferior, uti l iza-se o

Índice de Pulsat il idade para as veias (S-a/VM), onde “a” é a

velocidade durante a contração atr ial.

Fonte: www.dopplerginecologiaobstetricia.com

Figura 7 - A ar tér ia cerebra l média ident i f icada em um corte transverso do cérebro feta l obt ido ao nível do d iâmetro b ipar ieta l, movendo-se o transdutor em direção à base do crânio ao nível da asa menor do osso esfenóide.

Nesse corte, a artéria carótida interna se situa logo adiante dos

pedúnculos cerebrais, na forma de dois pontos pulsáteis, que

correspondem à sua secção transversa. A artéria cerebral anterior se

situa, logo adiante desta. Por outro lado, a artéria cerebral média é

visualizada em ambos os lados das carótidas internas, apresentando

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uma pulsati l idade muito clara, próxima à incisura de Sylvius.

Finalmente, as pulsações puntiformes das artérias cerebrais

posteriores se situam pouco atrás e ao lado dos pedúnculos

cerebrais.

O formato de onda espectral que é obtido com o Doppler da artéria

cerebral media (f igura 7) pode ser analisado e quantif icado por

vários métodos. Mais frequente usa-se o índice de Pourcelot (IP).

5. APLICAÇÃO DO DOPPLER EM OBSTETRÍCA

As principais indicações para o estudo dopplervelocimétricos nas

artérias umbilical e cerebral média fetal são:

• Doppler alterado das uterinas entre 20 e 24 semanas;

• Antecedentes de feto morto, parto prematuro e RCIU;

• Estados hipertensivos na gravidez;

• Prenhez gemelar;

• Isoimunização;

• Suspeita de RCIU na gestação atual;

• Amadurecimento precoce placentário (Grau II < 32 semanas e Grau III < 34 semanas);

• Oligohidrâmnio a esclarecer;

• Hipertireoidismo;

• Diabetes com vasculopatia;

• Doença auto imune/ anticorpos antifosfolípides e anticardiol ipina;

• Uso de anti-coagulante e/ ou anti-agregante plaquetário;

• Defeito congênito fetal/ cromossomopatias;

• Alterações funiculares (artéria umbil ical única, nó de cordão, tumores, circular etc).

Aplicação do Doppler das artérias uterinas na rastr eio da

insuficência placentária - no período entre 20 e 24 semanas a

elevação na resistência e/ ou incisura das artérias, em gestantes de

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alto ou baixo risco, está associada ao aumento no risco de

desenvolvimento de pré-eclâmpsia e RCIU, porém o l imite para que a

incisura desapareça é de 26 semanas, para est imativa de risco de

hipertensão gestacional.

Aplicação do Doppler umbil ical / cerebral na insufi ciência

placentária – no declínio do rendimento cardíaco e desenvolvimento

do f luxo venoso anormal com incremento na resistência do ducto

venoso e desaparecimento do f luxo na contratação atr ial;

Aplicação do Doppler na doença hemolítica perinatal (DHPN) – os

índices de resistências nas artérias uterinas, umbil ical e cerebral são

normais e não se relacionam com o grau de anemia fetal. O pico

sistólico da artéria cerebral média apresenta boa correlação com o

grau de anemia fetal;

Aplicação do Doppler no diabetes gestacional – Os índices de

resistência nas artérias uterinas, umbil ical e cerebral são normais e

não se relacionam com o controle glicêmico. O incremento nos

índices de resistências da artéria umbilical é associado com o

desenvolvimento de pré-eclâmpsia e/ ou RCIU;

Aplicação do Doppler na amniorrexe prematura – Os índices de

resistências das artérias uterinas, umbil ical e cerebral não apresenta

valores signif icat ivamente diferentes de gestantes sem amniorrexe e

não diferencia casos com e sem infecção intra-amniót ica;

Aplicação do Doppler na gestação pós-termo – Os índices de

resistências nas artérias uterinas são normais. Os índices de

resistências na artéria umbil ical podem ser normais ou aumentadas e

na artéria cerebral média podem ser diminuídos;

Aplicação do Doppler na prenhez gemelar – Os índices de

resistência nas artérias uterinas são menores que em gestações

únicas e não servem como parâmetro de rastreio para pré-eclâmpsia

e/ou RCIU. Aumento na resistência da artéria umbil ical representa

maior o risco de desenvolvimento de RCIU e resultados perinatais

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adversos. O RCIU em gestação gemelar determinado por

insuficiência placentária apresenta as mesmas alterações

hemodinâmicas observadas em gestação única.

Na síndrome de transfusão feto-fetal severa ocorre uma redução na

resistência ao f luxo na artéria cerebral média do feto receptor e

redução da velocidade média na artéria cerebral média do doador.

Adicionalmente ocorre uma redução na velocidade e aumento na

resistência ao f luxo no ducto venoso em doador e receptor.

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