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DORA DORALINA - RAQUEL DE QUEIROZ A narração pela personagem-protagonista, Dora Doralina, como gostava de ser chamada, afinal era assim que seu pai a jogava para o alto e dizia carinhosamente são reminiscências de sua infância na cidade do interior do Ceará, Aroeiras, na fazenda Soledade. Com a morte do pai, sua mãe - tratada por Senhora - era quem a tudo e a todos dominava. Uma mãe-mulher que adultera com seu genro, Laurindo, um homem sem valores, um agrimensor que casara por interesse. Só não se sabe se o caso com a mãe já existia antes do casamento. A primeira parte "O Livro da Senhora" se dedica mais ao caso de Senhora e Belmiro, um fugitivo que encontrou em Doralina uma santa a lhe salvar a vida quando em Soledade apareceu todo ferido e foi curado e hospedado. Tudo indica que foi Belmiro quem matou Laurindo para lavar a honra de Doralina. Aliás, crime que nunca foi desvendado e nem mesmo vinte anos depois, quando Belmiro foi encontrado em decomposição, numa cabana em que vivia como um ermitão. A segunda parte é "O Livro da Companhia", acontece quando Doralina vai morar na pensão de D Loura, onde trabalha administrando a pensão, depois conhece o senhor Brandini, dono da Cia Comédias e Burletas Brandici Júnior, e passa a transcrever os textos das apresentações e depois quando uma das atrizes vai para São Paulo, Doralina ocupa seu lugar nos espetáculos. Com apoio sempre de dona Loura, que mais parecia sua mãe, inicia sua vida como Nely Sorel. Faz inúmeras viagens, até que conhece o Comandante de um navio e se apaixona por ele. E larga a cia, mas continua sempre amiga de Estrela e Brandini. A terceira parte O Livro do Comandante ou do Cadete Lucas, é sua história ao lado de Asmodeu - nome bíblico e demoníaco - um homem com quem se fez feliz sempre, mesmo entre tantos desconfortos e apertos, pois apesar da profissão de professor de tiro, era mesmo contrabandista de objetos menores, viviam assim, desses trabalhos ilegais. A cumplicidade é a marca da fidelidade entre os dois, que passam a vida lutando pela sobrevivência, até que um dia mais uma vez sua febre chega e não vai embora, o leva. Com a morte do comandante, Doralina volta para a fazenda no tempo certo, tempo de tudo recomeçar com a mesma força e pertinácia de Senhora e acordar sos empregados e dar vida a um mundo de pessoas que não sabem viver sem um senhor. Até onde a escravidão condena um homem em não saber mais quem é e o que pode fazer por si mesmo, passando por um processo de morte quando livre de seu dono. Enfim, Doralina, é obrigada a tomar a frente e continuar vivendo, mesmo que nada mais tenha motivo de alegria. Sua vida toda foi um lutar por estar viva...Como dizia capitão no início do livro quando ainda não o conhecíamos e que Doralina já

DORA DORALINA

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Page 1: DORA DORALINA

DORA DORALINA - RAQUEL DE QUEIROZ

A narração pela personagem-protagonista, Dora Doralina, como gostava de ser chamada, afinal era assim que seu pai a jogava para o alto e dizia carinhosamente são reminiscências de sua infância na cidade do interior do Ceará, Aroeiras, na fazenda Soledade. Com a morte do pai, sua mãe - tratada por Senhora - era quem a tudo e a todos dominava. Uma mãe-mulher que adultera com seu genro, Laurindo, um homem sem valores, um agrimensor que casara por interesse. Só não se sabe se o caso com a mãe já existia antes do casamento. 

A primeira parte "O Livro da Senhora" se dedica mais ao caso de Senhora e Belmiro, um fugitivo que encontrou em Doralina uma santa a lhe salvar a vida quando em Soledade apareceu todo ferido e foi curado e hospedado. Tudo indica que foi Belmiro quem matou Laurindo para lavar a honra de Doralina. Aliás, crime que nunca foi desvendado e nem mesmo vinte anos depois, quando Belmiro foi encontrado em decomposição, numa cabana em que vivia como um ermitão. 

A segunda parte é "O Livro da Companhia", acontece quando Doralina vai morar na pensão de D Loura, onde trabalha administrando a pensão, depois conhece o senhor Brandini, dono da Cia Comédias e Burletas Brandici Júnior, e passa a transcrever os textos das apresentações e depois quando uma das atrizes vai para São Paulo, Doralina ocupa seu lugar nos espetáculos. Com apoio sempre de dona Loura, que mais parecia sua mãe, inicia sua vida como Nely Sorel. Faz inúmeras viagens, até que conhece o Comandante de um navio e se apaixona por ele. E larga a cia, mas continua sempre amiga de Estrela e Brandini. 

A terceira parte O Livro do Comandante ou do Cadete Lucas, é sua história ao lado de Asmodeu - nome bíblico e demoníaco - um homem com quem se fez feliz sempre, mesmo entre tantos desconfortos e apertos, pois apesar da profissão de professor de tiro, era mesmo contrabandista de objetos menores, viviam assim, desses trabalhos ilegais. A cumplicidade é a marca da fidelidade entre os dois, que passam a vida lutando pela sobrevivência, até que um dia mais uma vez sua febre chega e não vai embora, o leva. 

Com a morte do comandante, Doralina volta para a fazenda no tempo certo, tempo de tudo recomeçar com a mesma força e pertinácia de Senhora e acordar sos empregados e dar vida a um mundo de pessoas que não sabem viver sem um senhor. Até onde a escravidão condena um homem em não saber mais quem é e o que pode fazer por si mesmo, passando por um processo de morte quando livre de seu dono. 

Enfim, Doralina, é obrigada a tomar a frente e continuar vivendo, mesmo que nada mais tenha motivo de alegria. 

Sua vida toda foi um lutar por estar viva...Como dizia capitão no início do livro quando ainda não o conhecíamos e que Doralina já falava dele com tanto amor: " Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida toda é um doer." 

O autor narra a história de uma personagem que ora some entre tantas superstições, crenças e adorações. 

Um povo nordestino que crê muito em santos e neles coloca responsabilidades pelo que acontece em suas vidas. Como foi o caso de Belmiro. 

Doralina inicia a narrativa refletindo sobre a dor e seus efeitos, desgastes. Queria ser Alegria ou Isolda, mas Doralina aceita sua história e seu nome ora no plano psicológico, ora cotidiano, tentando narrar sua própria história, através de tantos outros personagens que acompanharam sua vida e que mesmo longe deles não conseguiu se desvencilhar da teia densa que a prendia dentro do triângulo amoroso: sua mãe, ela e Laurindo...Um adultério enterrado e mal resolvido que ira acompanhá-la para sempre.

Page 2: DORA DORALINA

Premeio Fundação Graça Aranha para Ou quinze, 1930. Premeio Sociedade Felipe d'Oliveira para As Três Marias, 1939. Prêmio Saci, do Estado de São Paulo, para Lampião, 1954. Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras,

pelo conjunto de sua obra, 1957. Premeio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto

Gomes, da Secretária de Educação do Rio de Janeiro, para A beata Maria do Egito, 1959.

Prêmio Jabuti  de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, para Ou menino mágico, 1969.

Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para o conjunto de sua obra em 1980.

Título de Doutor Honoris Causa]] pela Universidade Federal do Ceará, 1981.

Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em acto solene realizado no Clube Militar, 1983.

Medalha Rio Branco, do Itamarati, 1985. Medalha do Mérito Militar no grau de Grande

Comendador, 1986. Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais]], 1989. Prêmio Camões , o maior da Língua Portuguesa, 1993, sendo a

primeira mulher em recebê-lo. Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do

Ceará - UECE, 1993. Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale

do Acaraú, de Sobral, 1995. Prêmio Moinho Santista de Literatura, 1996. Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Rio de

Janeiro, 2000. Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de

Fortaleza, 2001. Troféu da Cidade de Camocim o 20 de julho de 2001 - Academia

Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim.