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Nem carne nem peixe SOROCABA • TERÇA-FEIRA • 22 DE MARÇO DE 2011 A2 O pior não foi o terremoto, nem o tsunami Sandro Donnini Mancini Quando um grande terremoto atingiu o Japão no dia 11 de março deste ano, o pior estava para vir, em que pesem tantas mortes e destruição causa- das pelo abalo sísmico e pelo tsunami posterior. Co- mo se não bastasse tanto estrago, um complexo nu- clear com seis reatores começou a entrar em pane. Os seis reatores localizam-se na região de Fukushima, leste do Japão, e juntos somam 4.700 MW, três vezes menos que a Usina Hidre- létrica de Itaipu, de 14.000 MW. O primeiro reator de Fukushima (o reator 1) entrou em operação em 1971 e tem capacidade de 460 MW. Outros quatro reatores (o 2, 3, 4 e 5) têm cada um a capacidade de 784 MW e começaram a funcionar entre 1974 e 1978. O último, o 6, partiu em 1979 e tem potência de 1.100 GW, menos que os 1.350 MW de cada um dos reatores das usinas brasileiras de Angra II e Angra III, esta última em fase de construção. Numa usina nuclear, o combustível (normal- mente urânio) é forçado a ter seu núcleo atômico rompido, o que gera uma quantidade de energia muito superior (no mínimo 10 mil vezes maior) que a que seria obtida com qualquer combustível uti- lizado em usinas termelétricas convencionais (a diesel, gás natural, carvão etc.). Essa energia, tér- mica, aquece água até virar vapor e esse vapor mo- vimenta turbinas que por sua vez movimentam os geradores, obtendo dessa maneira a eletricidade. Porém, independente do combustível, a maio- ria das usinas termelétricas (incluindo as termo- nucleares) tem, no mínimo, dois defeitos básicos. O primeiro é a necessidade de comprar combustí- vel, coisa que usinas hidrelétricas e eólicas (dos ventos), por exemplo, não precisam. O segundo defeito é que o vapor, após acionar as turbinas, precisa ser resfriado para que volte a ser água líquida e possa ser bombeada novamente para o sistema. Caso isso não ocorra, para conti- nuar gerando vapor será necessária cada vez mais água. Em Fukushima e Angra dos Reis esse resfria- mento é feito com água do mar devido à alta tempe- ratura do vapor, que necessita então de muita água para ser resfriado. Angra I (de 657 MW de potência) e Angra II juntas preci- sam de 117 mil litros de água por segundo para o resfriamento do vapor. Angra III precisará de mais 77 mil L/s. Como compa- ração, a cidade de Sorocaba con- some aproxima- damente 2 mil L/s de água. A região metropoli- tana de São Pau- lo, 65 mil L/s. Além da po- tência, os reato- res brasileiros são diferentes dos de Fukushima também em termos de projeto. Nos reatores de An- gra (chamados de PWR, abreviatura de reator de água pressurizada) há um segundo circuito de água envolvido, o que faz com que sejam conside- rados mais seguros que os de Fukushima. Mas não foi por conta da ausência do segundo circuito de água que o acidente nuclear que se su- cedeu ao terremoto e tsunami ocorreu, embora não se saiba direito quais seriam as consequências de eventos semelhantes num PWR. Ocorre que reato- res nucleares têm vários sistemas de segurança pa- ra parar as reações de fissão e resfriar o combustí- vel e equipamentos. Porém, devido à magnitude do estrago, quase todos falharam justamente porque eram dependentes de eletricidade. Esta não chegou mais às usinas após o tsunami, mesmo que tenham sido acionados geradores auxiliares a diesel. A ele- tricidade foi restabelecida anteontem (dia 20) nos reatores 5 e 6, mas ainda não nos reatores 1, 2 e 3. O único reator que não está dando trabalho é o 4, que foi desligado no final de novembro de 2010 pa- ra manutenção. O reator pode não estar dando tra- balho, mas o combustível exaurido de anos anterio- res, deste e dos outro cinco reatores e que fica ar- mazenado nos prédios que os contém (assim como em Angra), provavelmente está. O que aconteceu desde o início do acidente ain- da está nebuloso e não se sabe o tamanho do estra- go. O fato é que foram vistas explosões e fumaça, e agências de notícias informam a subida dos níveis de radiação. Há preocupações sobre os alimentos produzidos na região, uma vez que componentes eventualmente liberados podem ser incorporados por plantas e chegar até humanos. Previsivelmente, o acidente nuclear de Fukushima criou um cenário de caos e desespero, que inclui helicópteros jogan- do água sobre os prédios dos reatores. Curioso nisso tudo é que reatores nucleares são geralmente programados para durar 40 anos. A empresa responsável pelo reator 1 de Fukushi- ma adicionou em fevereiro mais 10 anos à vida útil dele, devido ao seu bom estado geral. Se tivesse si- do “aposentado”, seria um problema a menos. Sandro Donnini Mancini (www.sorocaba.unesp.br/professor/mancini; [email protected]) é professor da Unesp de Sorocaba (www.sorocaba.unesp.br) para os cursos de graduação em Enge- nharia Ambiental, Mestrado e Doutorado em Ciência e Tecnologia de Materiais e Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental. Escreve a cada duas semanas, às terças-feiras, neste espaço. Previsivelmente, o acidente nuclear de Fukushima criou um cenário de caos e desespero, que inclui helicópteros jogando água sobre os prédios dos reatores HOJE O céu fica nublado e chove o dia todo no litoral norte de São Paulo. Nas demais áreas do leste paulista, inclusive na ca- pital, o sol aparece entre mui- tas nuvens e também chove a qualquer hora. Nas demais áre- as do Sudeste, o sol aparece forte e a temperatura sobe. Com o tempo abafado, a nebu- losidade aumenta e provoca pancadas de chuva a partir da tarde. Em Sorocaba, a previsão é de sol e aumento de nuvens de manhã. Pancadas de chuva à tarde e à noite. A temperatura oscila entre 18 e 27ºC. (Fonte: Climatempo) DORA KRAMER “Aqueles que acreditam ser a democracia um obstáculo no caminho do progresso terão de ver com o exemplo do Brasil” De Barack Obama, presi- dente dos Estados Unidos, em discurso no Rio de Janeiro, no domingo, sobre a democracia. Obama elogiou o Brasil e disse que os dois países são parceiros por “compartilhamos duradou- ros valores e ideias” (21/3). “O salário não coloca a rentabilidade (da empresa) em risco. Comprimi-lo seria um tiro no pé, pois reduziria o dinamismo do mercado interno, que favorece a própria indústria” De Fernando Sarti, profes- sor do núcleo de economia in- dustrial da Unicamp sobre o fa- to de que os salários cresceram mais que a produtividade no Brasil (21/3). “É muito vexatório você sentado e todo mundo olhando, uns com compaixão e outros dando risada... muitos se machucaram” De Lázaro Roberto Valente, advogado, sobre as quedas no piso escorregadio da região central de Sorocaba. Duas ações tiveram decisão favorável às vítimas, no Tribunal de Jus- tiça do Estado (21/3). Em meio à polêmica sobre o contrato para operação dos radares em várias cidades brasileiras levantada pelo programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, uma questão precisa ser lembrada: eles inibem mesmo a alta velocidade nas vias urbanas e nas rodovias? Quando estão longe desses equipamentos, geralmente, motoristas (nem todos,é bom deixar claro) andam acima da velocidade permitida, quando estão perto de radares reduzem? Olha o flagrante do repórter fotográfico Luiz Setti. Um veículo passa em alta velocidade pela placa que avisa que tem ra- dar logo à frente. Perigo iminente. H á 100 anos, o Cruzei- ro do Sul registrava: “Domingo proximo o Sport Club Savoia, do Votoran- tim, inaugurando o seu novo ground, realiza uma bella festa sportiva, em que figura, como o numero mais sensacional, um match de foot-ball com o primei- ro team do valoroso S. Paulo Athletic, da capital. Aos dignos sportsmens do club inglez, o Club Savoia fará digna recepção, offerecendo-lhes lauto almoço no Grande Hotel do Vicente.” DEPARTAMENTO JORNALÍSTICO Editor Responsável Anclar Patric Crippa Mendes ([email protected]) Endereço Av. Eng. Carlos R. Mendes, 2800. Bairro Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, Cep: 18013-280. www.cruzeirodosul.inf.br Telefone (0-15) 2102-5100 Fax (0-15) 2102-5190. O noticiário nacional e internacional é forneci- do pelas agências Estado e France Presse. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do seu autor. Impressão, Redação e Administração Av. Eng. Carlos R. Mendes, nº 2800, Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, CEP: 18013-280 Departamento Comercial Gerente Comercial - Olavo Crespo ([email protected]) Endereço - Av. Eng. Carlos R. Mendes, 2800. Bairro Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, Cep: 18013-280. Telefone - (0-15) 2102-5060. Fax (0-15) 2102-5077. Venda de Assinatura Telefone - (0-15) 2102-5111. Fax (0-15) 2102-5146. E-mail ([email protected]) Preços à vista ANUAL: R$ 298,50 SEMESTRAL: R$ 150,75 QUADRIMESTRAL: R$ 100,99 TRIMESTRAL: R$ 76,15 MENSAL: R$ 27,36 Classificados por telefone Telefone: (0-15) 2102-5000 (TELECRUZEIRO) E-mail [email protected]. De segunda a sexta-feira: 9h às 18h30 às sextas-feiras até às 20h para classificado de domingo. Atendimento ao Assinante de segunda a sexta-feira: 8h às 18h sábado/domingo e feriados: 8h às 11h Telefone: (0-15) 2102-5110. Fax: (0-15) 2102-5146 [email protected] Cidades onde o jornal circula diariamente Alumínio; Araçoiaba da Serra; Boituva; Capela do Alto; Iperó; Itapetininga; Itu; Mairinque; Piedade; Pilar do Sul; Salto de Pirapora;Sarapui; São Miguel Arcanjo; São Roque; Sorocaba; Tatuí; Votorantim. Sucursais em SOROCABA - Centro Rua Padre Luiz, nº 101. Telefone - (0-15) 2101-7556 Shopping Sorocaba: Avenida Afonso Vergueiro, 1766. Telefone - (0-15) 3224-4592 Outras Sucursais e Representantes SÃO PAULO - Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2.373 - Jd. Paulistano - São Paulo - SP - Telefone: (0-11) 3546- 0344. E-mail: [email protected] VOTORANTIM - Avenida 31 de Março, nº 531, centro, CEP: 18110-000.Tel (15) 3243-2654. CAMPINAS/SP - Rua Pandiá Calogeras, 78 - Cambui - CEP 13024-170 Tel (19) 3255-6717- 3295-6705 BRASILIA/DF - Tel (61) 3323-4701 RIO DE JANEIRO/RJ - Tel (21) 2246-8121 BELO HORIZONTE/MG - Tel (31) 3411-7333 CURITIBA/PR - Tel (41) 3324 - 6591/3324- 3324.1659 / Fax (41) 324 - 3014 SANTA CATARINA - Tel (48) 3025-2930-3025.6308 PORTO ALEGRE/RS - tel/fax (51) 3366-0400. Há 100 anos PERIGO IMINENTE LUIZ SETTI PRÓXIMOS DIAS Em Sorocaba amanhã Sol e aumento de nuvens de manhã. Panca- das de chuva à tarde e à noite quinta-feira Sol e aumento de nuvens de manhã. Panca- das de chuva à tarde e à noite sexta-feira Sol e aumento de nuvens de manhã. Panca- das de chuva à tarde e à noite (Fonte: Climatempo) FASES DA LUA CHEIA Começou dia 19/3, às 8h36 MINGUANTE Começa dia 26/3, às 23h27 NOVA Começa dia 3/4, às 20h47 CRESCENTE Começa dia 11/4, às 23h46 DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Laelso Rodrigues Vice-presidente:José Augusto Marinho Mauad 1º tesoureiro:Francisco Antonio Pinto 2º tesoureiro: Mauro Antonio Correa da Silva 1º secretário: José Roberto Alves 2º secretário: José Oswair Drigo Diretor de patrimônio: Rubens Cury Basso Conselho Editorial: Laelso Rodrigues, Paulo Virgílio Guariglia, Hélio Sola Aro, Luiz Antonio Zamuner e Carlos Hingst Corrá CONSELHO SUPERIOR Presidente: Tiberany Ferraz dos Santos Vice-presidente: José Antonio Fasiaben Secretário: João Roberto Muller Diário matutino fundado em 1903 O PSD, partido cuja criação foi anunciada ofi- cialmente ontem pelo prefeito de São Paulo, Gil- berto Kassab, é uma síntese do quadro partidário brasileiro. Não tem ideário específico nem posição nítida, se propõe a transitar do governo à oposição, não faz exigências de natureza doutrinária a quem se dispuser a aderir, não apresenta um plano de voo além da oportunidade de disputa de eleições e exibe um programa adaptável a gregos e troianos. A declaração do deputado Protógenes Queiróz, presente ao ato de lançamento, é emblemática: não está pensando em se filiar ao partido, mas disse que se Kassab convidá-lo para ser candidato à Prefeitu- ra de São Paulo, em 2012, aceita de bom grado tro- car o PC do B pelo PSD. Não vai acontecer, mas bem que poderia se Protó- genes tivesse credenciais melhores que ter sido elei- to na esteira dos votos de outrem graças às artes do coeficiente eleitoral, a jul- gar pelos primeiros movi- mentos PSD e manifes- tações de seu fundador. O partido é dito liberal, mas até outro dia havia a firme intenção de se fun- dir à legenda socialista presidida pelo governador Eduardo Campos. Mu- dou de nome antes do ba- tismo, para não dar mar- gem a piadas como PDB (Partido da Boquinha) e alterou também seus pla- nos de fusão. Kassab, que há menos de um mês dizia que nu- ma escala de 0 a 10 não passava de 1 a chance de seu partido seguir viagem sozinho sem se juntar a uma outra agremiação, ontem descartou completamente a hipótese. Pa- ra fugir da acusação de que criou um partido “trampolim” apenas para livrar a si e seus novos correligionários dos rigores da fidelidade partidá- ria. Segundo o prefeito de São Paulo, o PSD é inde- pendente, fará “uma espécie” de oposição respon- sável ao governo Dilma Rousseff mas, ao mesmo tempo, se propõe a ajudá-la a ser “uma grande presidente”. Ao mesmo tempo que adula Dilma, faz da fi- delidade ao tucano José Serra profissão de fé, já anunciando que não se oporá a Geraldo Alckmin em São Paulo. Ante tanto ecletismo, é de se perguntar: afinal de contas, que apito tocará o PSD? MESURA O casal Obama deu um show de charme, com- postura e simpatia e o presidente americano foi muito gentil, bem como sua assessoria muito com- petente nas referências históricas e contemporâne- as ao Brasil, no discurso do Teatro Municipal do Rio Elogiou, celebrou, mas de importante não dis- se coisa alguma. Fez uma fala “social”, guardan- do o discurso político para a visita ao Chile, este sim um aliado incondicional dos Estados Unidos. DESMESURA A explicação de que Lu- la recusou o convite para o almoço com Obama para não “ofuscar” Dilma além de presunçosa é falaciosa. Pela própria composição do cerimonial não há “ofus- cação” possível: quem apa- rece ao lado do convidado o tempo todo é a atual e não o ex-presidente. Faz mais sentido a im- pressão geral de que Lula não foi para não ser “mais um” entre outros ex-pre- sidentes. E para não pas- sar pelo constrangimento de ouvir sem compreen- der a conversa na mesa, da qual fazia parte Fer- nando Henrique Cardoso. Se o ex-presidente queria se fazer notar pela ausência, tornou-se per- cebido pela descortesia. Não surpreendeu. PARA CONTRARIAR Os mais fanáticos fazem de tudo motivo para conflito: de “presidente” versus “presidenta” a blog de Bethânia, qualquer assunto vira uma dis- puta entre governistas e oposicionistas, cujos embates não costumam privilegiar bom senso, ló- gica nem discernimento. Do lado do PT, esse pessoal agora busca razões ocultas para explicar a boa receptividade de Dilma Rousseff em seus primeiros dias entre os não adeptos de sua candidatura a presidente. É como se vivessem numa dinâmica movida pelo confronto por mero prazer de confrontar. Kassab, que há menos de um mês dizia que numa escala de 0 a 10 não passava de 1 a chance de seu partido seguir viagem sozinho sem se juntar a uma outra agremiação, ontem descartou completamente a hipótese. Para fugir da acusação de que criou um partido ‘trampolim’ apenas para livrar a si e seus novos correligionários dos rigores da fidelidade partidária

DORAKRAMER O pior não foi Nem carne nem peixe o terremoto ... · O pior não foi o terremoto, nem o tsunami Sandro Donnini Mancini Quando um grande terremoto atingiu o Japão no

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Page 1: DORAKRAMER O pior não foi Nem carne nem peixe o terremoto ... · O pior não foi o terremoto, nem o tsunami Sandro Donnini Mancini Quando um grande terremoto atingiu o Japão no

Nem carne nem peixe

SOROCABA • TERÇA-FEIRA • 22 DE MARÇO DE 2011

A2

O pior não foio terremoto,nem o tsunami

Sandro Donnini Mancini

Quando um grande terremoto atingiu o Japãono dia 11 de março deste ano, o pior estava para vir,em que pesem tantas mortes e destruição causa-das pelo abalo sísmico e pelo tsunami posterior. Co-mo se não bastasse tanto estrago, um complexo nu-clear com seis reatores começou a entrar em pane.

Os seis reatores localizam-se na região deFukushima, leste do Japão, e juntos somam4.700 MW, três vezes menos que a Usina Hidre-létrica de Itaipu, de 14.000 MW.

O primeiro reator de Fukushima (o reator 1)entrou em operação em 1971 e tem capacidade de460 MW. Outros quatro reatores (o 2, 3, 4 e 5) têmcada um a capacidade de 784 MW e começaram afuncionar entre 1974 e 1978. O último, o 6, partiuem 1979 e tem potência de 1.100 GW, menos queos 1.350 MW de cada um dos reatores das usinasbrasileiras de Angra II e Angra III, esta última emfase de construção.

Numa usina nuclear, o combustível (normal-mente urânio) é forçado a ter seu núcleo atômicorompido, o que gera uma quantidade de energiamuito superior (no mínimo 10 mil vezes maior) quea que seria obtida com qualquer combustível uti-lizado em usinas termelétricas convencionais (adiesel, gás natural, carvão etc.). Essa energia, tér-mica, aquece água até virar vapor e esse vapor mo-vimenta turbinas que por sua vez movimentam osgeradores, obtendo dessa maneira a eletricidade.

Porém, independente do combustível, a maio-ria das usinas termelétricas (incluindo as termo-nucleares) tem, no mínimo, dois defeitos básicos.O primeiro é a necessidade de comprar combustí-vel, coisa que usinas hidrelétricas e eólicas (dosventos), por exemplo, não precisam.

O segundo defeito é que o vapor, após acionaras turbinas, precisa ser resfriado para que volte aser água líquida e possa ser bombeada novamentepara o sistema. Caso isso não ocorra, para conti-nuar gerando vapor será necessária cada vez maiságua. Em Fukushima e Angra dos Reis esse resfria-mento é feito com água do mar devido à alta tempe-

ratura do vapor,que necessitaentão de muitaágua para serresfriado. Angra I(de 657 MW depotência) e AngraII juntas preci-sam de 117 millitros de água porsegundo para oresfriamento dovapor. Angra IIIprecisará demais 77 mil L/s.Como compa-ração, a cidadede Sorocaba con-some aproxima-damente 2 milL/s de água. Aregião metropoli-tana de São Pau-lo, 65 mil L/s.

Além da po-tência, os reato-

res brasileiros são diferentes dos de Fukushimatambém em termos de projeto. Nos reatores de An-gra (chamados de PWR, abreviatura de reator deágua pressurizada) há um segundo circuito deágua envolvido, o que faz com que sejam conside-rados mais seguros que os de Fukushima.

Mas não foi por conta da ausência do segundocircuito de água que o acidente nuclear que se su-cedeu ao terremoto e tsunami ocorreu, embora nãose saiba direito quais seriam as consequências deeventos semelhantes num PWR. Ocorre que reato-res nucleares têm vários sistemas de segurança pa-ra parar as reações de fissão e resfriar o combustí-vel e equipamentos. Porém, devido à magnitude doestrago, quase todos falharam justamente porqueeram dependentes de eletricidade. Esta não chegoumais às usinas após o tsunami, mesmo que tenhamsido acionados geradores auxiliares a diesel. A ele-tricidade foi restabelecida anteontem (dia 20) nosreatores 5 e 6, mas ainda não nos reatores 1, 2 e 3.O único reator que não está dando trabalho é o 4,que foi desligado no final de novembro de 2010 pa-ra manutenção. O reator pode não estar dando tra-balho, mas o combustível exaurido de anos anterio-res, deste e dos outro cinco reatores e que fica ar-mazenado nos prédios que os contém (assim comoem Angra), provavelmente está.

O que aconteceu desde o início do acidente ain-da está nebuloso e não se sabe o tamanho do estra-go. O fato é que foram vistas explosões e fumaça, eagências de notícias informam a subida dos níveisde radiação. Há preocupações sobre os alimentosproduzidos na região, uma vez que componenteseventualmente liberados podem ser incorporadospor plantas e chegar até humanos. Previsivelmente,o acidente nuclear de Fukushima criou um cenáriode caos e desespero, que inclui helicópteros jogan-do água sobre os prédios dos reatores.

Curioso nisso tudo é que reatores nuclearessão geralmente programados para durar 40 anos.A empresa responsável pelo reator 1 de Fukushi-ma adicionou em fevereiro mais 10 anos à vida útildele, devido ao seu bom estado geral. Se tivesse si-do “aposentado”, seria um problema a menos.

Sandro Donnini Mancini (www.sorocaba.unesp.br/professor/mancini;[email protected]) é professor da Unesp de Sorocaba(www.sorocaba.unesp.br) para os cursos de graduação em Enge-nharia Ambiental, Mestrado e Doutorado em Ciência e Tecnologiade Materiais e Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental. Escrevea cada duas semanas, às terças-feiras, neste espaço.

Previsivelmente,o acidentenuclear deFukushima criouum cenário decaos e desespero,que incluihelicópterosjogando águasobre os prédiosdos reatores

HOJEO céu fica nublado e chove

o dia todo no litoral norte deSão Paulo. Nas demais áreas doleste paulista, inclusive na ca-pital, o sol aparece entre mui-tas nuvens e também chove aqualquer hora. Nas demais áre-as do Sudeste, o sol apareceforte e a temperatura sobe.Com o tempo abafado, a nebu-losidade aumenta e provocapancadas de chuva a partir datarde. Em Sorocaba, a previsãoé de sol e aumento de nuvensde manhã. Pancadas de chuvaà tarde e à noite. A temperaturaoscila entre 18 e 27ºC.

(Fonte: Climatempo)

DORA KRAMER

“Aqueles queacreditam ser ademocracia umobstáculo no caminhodo progresso terão dever com o exemplo doBrasil”

De Barack Obama, presi-dente dos Estados Unidos, emdiscurso no Rio de Janeiro, nodomingo, sobre a democracia.Obama elogiou o Brasil e disseque os dois países são parceirospor “compartilhamos duradou-ros valores e ideias” (21/3).

“O salário nãocoloca a rentabilidade(da empresa) em risco.Comprimi-lo seria umtiro no pé, poisreduziria o dinamismodo mercado interno,que favorece a própriaindústria”

De Fernando Sarti, profes-sor do núcleo de economia in-dustrial da Unicamp sobre o fa-to de que os salários crescerammais que a produtividade noBrasil (21/3).

“É muito vexatóriovocê sentado e todomundo olhando, unscom compaixão eoutros dandorisada... muitos semachucaram”

De Lázaro Roberto Valente,advogado, sobre as quedas nopiso escorregadio da regiãocentral de Sorocaba. Duasações tiveram decisão favorávelàs vítimas, no Tribunal de Jus-tiça do Estado (21/3).

Em meio à polêmica sobre o contrato paraoperação dos radares em várias cidades

brasileiras levantada pelo programa‘Fantástico’, da Rede Globo, uma questão

precisa ser lembrada: eles inibem mesmo aalta velocidade nas vias urbanas e nas

rodovias? Quando estão longedesses equipamentos, geralmente,

motoristas (nem todos,é bom deixarclaro) andam acima da velocidade permitida,

quando estão perto de radares reduzem?Olha o flagrante do repórter fotográfico

Luiz Setti. Um veículo passa em altavelocidade pela placa que avisa que tem ra-

dar logo à frente. Perigo iminente.

Há 100 anos, o Cruzei-ro do Sul registrava:“Domingo proximo o

Sport Club Savoia, do Votoran-tim, inaugurando o seu novoground, realiza uma bella festasportiva, em que figura, como onumero mais sensacional, ummatch de foot-ball com o primei-ro team do valoroso S. PauloAthletic, da capital. Aos dignossportsmens do club inglez, oClub Savoia fará digna recepção,offerecendo-lhes lauto almoçono Grande Hotel do Vicente.”

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amanhãSol e aumentode nuvens demanhã. Panca-das de chuva àtarde e à noite

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(Fonte: Climatempo)

FASES DA LUA

CHEIAComeçou dia

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MINGUANTEComeça dia 26/3,às 23h27

NOVAComeça dia 3/4,

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CRESCENTEComeça dia 11/4,às 23h46

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Diário matutinofundado em 1903

O PSD, partido cuja criação foi anunciada ofi-cialmente ontem pelo prefeito de São Paulo, Gil-berto Kassab, é uma síntese do quadro partidáriobrasileiro.

Não tem ideário específico nem posição nítida,se propõe a transitar do governo à oposição, nãofaz exigências de natureza doutrinária a quem sedispuser a aderir, não apresenta um plano de vooalém da oportunidade de disputa de eleições eexibe um programa adaptável a gregos e troianos.

A declaração do deputado Protógenes Queiróz,presente ao ato de lançamento, é emblemática: nãoestá pensando em se filiar ao partido, mas disse quese Kassab convidá-lo para ser candidato à Prefeitu-ra de São Paulo, em 2012, aceita de bom grado tro-car o PC do B pelo PSD.

Não vai acontecer, masbem que poderia se Protó-genes tivesse credenciaismelhores que ter sido elei-to na esteira dos votos deoutrem graças às artes docoeficiente eleitoral, a jul-gar pelos primeiros movi-mentos PSD e manifes-tações de seu fundador.

O partido é dito liberal,mas até outro dia havia afirme intenção de se fun-dir à legenda socialistapresidida pelo governadorEduardo Campos. Mu-dou de nome antes do ba-tismo, para não dar mar-gem a piadas como PDB(Partido da Boquinha) ealterou também seus pla-nos de fusão.

Kassab, que há menosde um mês dizia que nu-ma escala de 0 a 10 nãopassava de 1 a chance deseu partido seguir viagemsozinho sem se juntar a uma outra agremiação,ontem descartou completamente a hipótese. Pa-ra fugir da acusação de que criou um partido“trampolim” apenas para livrar a si e seus novoscorreligionários dos rigores da fidelidade partidá-ria.

Segundo o prefeito de São Paulo, o PSD é inde-pendente, fará “uma espécie” de oposição respon-sável ao governo Dilma Rousseff mas, ao mesmotempo, se propõe a ajudá-la a ser “uma grandepresidente”.

Ao mesmo tempo que adula Dilma, faz da fi-delidade ao tucano José Serra profissão de fé, jáanunciando que não se oporá a Geraldo Alckminem São Paulo.

Ante tanto ecletismo, é de se perguntar: afinalde contas, que apito tocará o PSD?

MESURA

O casal Obama deu um show de charme, com-postura e simpatia e o presidente americano foimuito gentil, bem como sua assessoria muito com-petente nas referências históricas e contemporâne-as ao Brasil, no discurso do Teatro Municipal do Rio

Elogiou, celebrou, mas de importante não dis-se coisa alguma. Fez uma fala “social”, guardan-do o discurso político para a visita ao Chile, estesim um aliado incondicional dos Estados Unidos.

DESMESURA

A explicação de que Lu-la recusou o convite para oalmoço com Obama paranão “ofuscar” Dilma alémde presunçosa é falaciosa.Pela própria composição docerimonial não há “ofus-cação” possível: quem apa-rece ao lado do convidado otempo todo é a atual e nãoo ex-presidente.

Faz mais sentido a im-pressão geral de que Lulanão foi para não ser “maisum” entre outros ex-pre-sidentes. E para não pas-sar pelo constrangimentode ouvir sem compreen-der a conversa na mesa,da qual fazia parte Fer-nando Henrique Cardoso.

Se o ex-presidentequeria se fazer notar pelaausência, tornou-se per-cebido pela descortesia.Não surpreendeu.

PARA CONTRARIAR

Os mais fanáticos fazem de tudo motivo paraconflito: de “presidente” versus “presidenta” ablog de Bethânia, qualquer assunto vira uma dis-puta entre governistas e oposicionistas, cujosembates não costumam privilegiar bom senso, ló-gica nem discernimento.

Do lado do PT, esse pessoal agora buscarazões ocultas para explicar a boa receptividadede Dilma Rousseff em seus primeiros dias entreos não adeptos de sua candidatura a presidente.

É como se vivessem numa dinâmica movidapelo confronto por mero prazer de confrontar.

Kassab, que há menos de ummês dizia que numa escala

de 0 a 10 não passavade 1 a chance de seu partidoseguir viagem sozinho sem se

juntar a uma outraagremiação, ontem descartou

completamente a hipótese.Para fugir da acusação de quecriou um partido ‘trampolim’

apenas para livrar a si eseus novos correligionários

dos rigores da fidelidadepartidária