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9 | dossiê | Dinheiro&direitos 92 | Março/Abril 2009 dossiê 29 Por conta própria Manobras para vencer Sem patrão nem rendimento fixo, os profissionais independentes iniciam a carreira com decisões difíceis. Todas as obrigações para arrancar com o pé direito 10 Regime fiscal acertado Acto isolado, contabilidade organizada ou regime simplificado são as três opções para iniciar actividade 15 Segurança social Escolha o escalão de rendimentos mais próximo do que prevê ganhar 12 Seguro por conta e risco Em caso de erro, os independentes sem seguro de responsabilidade civil profissional ficam desprotegidos

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DOSSIER DECO TRAB. INDEPENDENTES

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  • 9 | dossi | Dinheiro&direitos 92 | M

    aro/Abril 2009

    dossi 29

    Por conta prpriaManobras para vencer

    Sem patro nem rendimento fixo, os profissionais independentes iniciam a carreira com decises difceis. Todas as obrigaes para arrancar com o p direito

    10

    Regime fiscal acertadoActo isolado, contabilidade organizada ou regime simplificado so as trs opes para iniciar actividade

    15

    Segurana socialEscolha o escalo de rendimentos mais prximo do que prev ganhar

    12

    Seguro por conta e riscoEm caso de erro, os independentes sem seguro de responsabilidade civil profissional ficam desprotegidos

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    aro/Abril 2009

    E m caso de erro ou negligncia profissional, os independentes tm de responder pelos danos causados. Se tiverem seguro de responsabilidade civil

    profissional, podem transferir para a companhia a obrigao de indemnizar as vtimas. Por proteger, em simultneo, o consumidor e o trabalhador, reivindicamos h mais de 10 anos uma aplice obrigatria para certas profisses, como contabilistas ou engenheiros.

    dossi independentes

    Mas, at agora, o Governo nada fez. Infelizmente, casos de pacientes com leses graves devido a assistncia mdica deficiente, advogados que deixam prescrever prazos legais ou acidentes em edifcios por falhas no projecto de engenharia podem ocorrer (ver, na pg. 12, caixa Mdico condenado por compressa esquecida). Contudo, estes profissionais, assim como o arquitecto ou electricista, no so obrigados a contratar seguro de

    Questionmos 19 seguradoras, 29 ordens e associaes Para conhecer a oferta de seguros de responsabilidade civil profissional, contactmos 19 companhias. Apenas 5 colaboraram no nosso estudo. Contactmos ainda 29 ordens e associaes profissio-nais. Algumas negoceiam com seguradoras aplices vantajosas para os seus associados. o caso das Ordens dos Mdicos, Farmacuticos, Arquitectos, Notrios e Ad-vogados. Como s obtivemos 3 respostas, foi impossvel avaliar a qualidade das aplices que disponibilizam. Assim, por falta de amostra representativa, no publica-mos a habitual tabela comparativa.

    O NOSSO ESTUDO

    Nas mos da sorte

    responsabilidade civil profissional. A menos que trabalhem por conta de outrem, por exemplo, num hospital, em caso de condenao pelo tribunal, tm de pagar a indemnizao do seu bolso. Nestes casos, no h garantia de que consigam pagar aos lesados. Em Portugal, as agncias de viagens, mediadoras imobilirias, revisores oficiais de contas, prestamistas, empresas de estiva, montadoras de instalaes de gs (GPL) e as conservadoras de elevadores so obrigados a contratar este seguro, com uma aplice uniforme e capital mnimo obrigatrio. Outras actividades, como constructor civil ou corretor de seguros, so obrigadas a ter seguro com capital mnimo mas sem aplice uniforme. Para os restantes profissionais, trata-se de uma opo. Continuamos, assim, a denunciar esta falha e a pressionar as autoridades para alterar a situao.

    Barreiras proteco Restries contratao, franquias altas e excluses que diminuem a utilidade do seguro so problemas detectados. A primeira dificuldade

    Em caso de erro, os trabalhadores por conta prpria sem seguro deixam o consumidor desprotegido e so obrigados a indemnizar do seu bolso

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    conseguir que a seguradora aceite o seguro. A maioria das companhias contactadas s o faz a clientes ou, em alternativa, se transferir a sua carteira de seguros. Mais: nem todas as profisses so aceites e, alm das aplices obrigatrias, s o pessoal mdico e de enfermagem, advogados, contabilistas e engenheiros tm a tarefa facilitada. Para as restantes profisses, como canalizador ou electricista, as seguradoras propem, em alternativa, um seguro de responsabilidade civil de explorao, que cobre os riscos da actividade da empresa. Nele, incluem-se trabalhos acessrios de construo e conservao das instalaes ou reparao e manuteno de mquinas e equipamentos.

    A lista de excluses das aplices demasiado extensa. Por exemplo, os interesses dos consumidores e dos profissionais so comprometidos se o seguro de responsabilidade civil profissional dos mdicos excluir danos com a aplicao de electrochoques, para

    Alm de trabalhar como cardiopneu-mologista no hospital de Santarm, Helder Simo presta servios em cl-nicas privadas h 2 anos. Para isso, abriu actividade como independente e recorre ao chama-do recibo verde. "Como a activida-de independente no regular, no justifica ter contabilidade organiza-da. Dada a actividade que exero e o rendimento expectvel por ano, o funcionrio das finanas aconse-lhou-me o regime simplificado".Por estar inscrito no Sindicato das Cincias e Tecnologias da Sade, a escolha do seguro foi simples. Contratou a aplice que o sindicato tinha acordado com a AMA. Feliz-mente, nunca teve de o usar.

    Contratou o seguro do sindicato

    "O seguro pago pelo Sindicato das Cincias

    e Tecnologias da Sade"

    Helder Simo27 anos, cardiopneumologista, Santarm

    Exigimos o seguro obrigatrio h mais de 10 anos. Mas, at agora, o Governo nada fez

    Os independentes tm de contratar um seguro de acidentes de trabalho, desde 2000, sob pena de pagarem uma coima entre 50 e 500 euros. Como as condies so idnticas em todas as seguradoras, escolha o mais ba-rato. O custo varia com a companhia, actividade e rendimento anual do trabalhador: quanto maior o risco, mais elevado o prmio. Para profisses mais sedentrias, como advogado ou contabilista, o prmio muito in-ferior ao de um mecnico, elec-tricista ou pedreiro. O capital se-guro corresponde ao rendimento anual que o trabalhador declarar seguradora. Mas no pode ser inferior a 14 vezes o salrio m-nimo, ou seja, 6300 em 2009. O seguro vlido em Portugal e deslocaes na Unio Europeia at 15 dias. Para mais tempo ou noutros pases, aumente a co-bertura. Em caso de acidente, paga despesas de tratamento e indemnizao por incapacidade ou morte.

    Desempenho sem acidentes

    A "Directiva dos Servios" foi publicada no final de 2006 e tem de ser transposta pelos 27 Esta-dos-membros at 28 de Dezembro de 2009. Objectivo: criar um mer-cado interno dos servios, facilitar a liberdade de prestao na Unio Europeia, promover a sua qualida-de e a cooperao administrativa entre pases e reforar os direi-tos de quem contrata. Aplica-se a todos os servios pagos, excepto em sectores, como comunicaes electrnicas, transportes, cuidados de sade, notrios e oficiais de justia. Quem preste servios com risco directo e especfico para a sade e segurana ou risco financeiro para o destinatrio ou terceiros ser obrigado a estar coberto por um seguro de responsabilidade profis-sional adequado natureza e di-menso do risco. H vrias actividades excludas, mas esperamos que aumente o nmero de profissionais com este seguro. Salvaguardam-se os seus interesses e os direitos dos consu-midores que a eles recorrem.

    Mudanas em 2009

    www.deco.proteste.ptDossi on-line sobre seguros de acidentes de trabalho

    reanimao cardaca de pacientes, ou a colocao de pace-makers. Do mesmo modo, a aplice lesiva quando no cobre a responsabilidade por doenas, como SIDA, devido aco do mdico, danos por medicamentos prescritos ou transplante de rgos.

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    aro/Abril 2009

    Obrigaes certeiras

    O escalo de remunerao ou o esquema de proteco mais adequados so escolhas decisivas

    dossi independentes

    Contratar um seguro de responsabilidade civil profissional tem a dupla vantagem de proteger os interesses dos profissionais e dos seus clientes. Os primeiros tm a garantia de que, caso ocorra um problema e sejam legalmente responsabilizados, a seguradora suporta a indemnizao ao lesado, evitando pag-la do seu bolso.J s vtimas de erro ou negligncia profissional, esta aplice assegura que sero devidamente ressarcidas pelos danos.

    As actividades obrigadas, por lei, a contratar seguro so escassas. o caso dos revisores oficiais de conta. J os mdicos ou outros profissionais de sade, por exemplo, contratam a aplice por imposio da ordem ou sindicato onde esto inscritos. Porm, as coberturas e os capitais nem sempre so adequados.

    Tal como noutros pases europeus, imperativo criar legislao que obrigue o seguro de responsabilidade civil profissional para profisses, como mdicos, advogados, contabilistas, engenheiros e arquitectos. A aplice deve ser uniforme e definida por lei, com cobertura e capital mnimo obrigatrio adequados ao risco de cada actividade, para que profissionais e consumidores estejam protegidos. D&d

    consumidores exigem T al como os trabalhadores por conta de outrem, os independentes esto abrangidos pelo regime geral de segurana social. Para isso, tm de estar

    inscritos e pagar as contribuies. A maior dificuldade determinar o nvel de rendimentos. Como no tm uma retribuio mensal certa, mais complicado calcular os descontos para a segurana social. O mesmo no sucede com quem trabalha para uma entidade patronal e recebe um ordenado mensal fixo. Para facilitar a tarefa, foram criados escales de rendimentos. O trabalhador s tem de escolher um, de preferncia, o que mais se aproxima do valor que prev ganhar.

    Servios cruzam dados Para iniciar actividade por conta prpria, tem de o declarar s finanas. At Maro de 2007, o passo seguinte seria a inscrio na segurana social. Mas, actualmente, est dispensado, pois o fisco informa esta instituio. De igual modo, para suspender ou encerrar actividade, basta comunic-lo ao fisco. Apesar de a inscrio na segurana social ser feita na abertura de actividade, o independente s comea a pagar as contribuies no 13. ms. At l, est isento desse pagamento. A iseno mantm-se aps o 13. ms, desde que os rendimentos sejam inferiores a 6 vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais ( 419,22, em 2009) ou seja, 2515,32 euros. Contudo, se quiser, o trabalhador pode comear a pagar voluntariamente as contribuies. Para isso, basta entregar o Modelo RV1000-DGSS na segurana social.

    Quando h franquia, a companhia s paga parte dos danos. Assim, prefira uma aplice que no a tenha. Na Generali, por exemplo, um advogado suporta 15% dos danos materiais, com um mnimo de 500 euros.

    Preos sem tabela As seguradoras so, em regra, muito cautelosas com esta aplice. O prmio costuma ser definido caso a caso e consoante o risco da profisso, experincia profissional do trabalhador, valor dos rendimentos anuais e sinistralidade passada. Para o mesmo tipo de aplice, os preos variam muito. Por exemplo, um contabilista que contrate um seguro com capital de 50 000 na Axa paga cerca de 818 anuais. Se optar pela Ocidental, o custo baixa para 135 euros. Para alguns profissionais, como mdicos ou engenheiros, mais fcil contratar o seguro atravs da ordem ou associao profissional. comum os estatutos obrigarem os membros a ter uma aplice que garanta os danos causados a terceiros no exerccio da profisso. Helder Simo, cardiopneumologista, subscreveu a aplice do Sindicato das Cincias e Tecnologias da Sade, onde est inscrito: "tem um protocolo de seguro de responsabilidade civil profissional para os sectores pblico e privado. O valor pago pelo sindicato e deve estar associado contribuio mensal, que corresponde a 1% do ordenado base". Estes protocolos so, em regra, vantajosos. Para os mesmos nveis de capital cobram prmios anuais inferiores. Alm disso, as Ordens dos Enfermeiros, Engenheiros ou Notrios, por exemplo, pagam o prmio dos seus associados. E se o profissional quiser, pode suportar um prmio adicional para modalidades superiores de capital.

    O Supremo Tribunal de Justia condenou, em Novembro de 2007, um mdico do Algarve a indemnizar um paciente em 17 500, por danos pa-trimoniais e 15 000, por no patrimoniais. Esta deciso deveu-se a uma compressa esquecida no ombro do paciente, durante uma cirurgia realizada em 2001. O paciente ficou com incapacidade permanente de quase 10% no ombro e pediu ao tribunal de Portimo uma indemnizao de 324 800 euros. Como o tribunal absolveu o mdico, o caso foi levado Relao de vora, que o condenou a pagar 197 549,16 euros. Insatisfeito, o mdico recorreu para o Supremo, que manteve a condenao, mas reduziu a indemnizao para 32 500 euros.

    Mdico condenado por compressa esquecida

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    aro/Abril 2009

    10 escales medida Opte pelo escalo mais aproximado dos seus rendimentos mdios (ver quadro, na pg. 14). Para apurar os descontos para a segurana social, aplica--se uma taxa ao montante desse escalo. O seu valor depende do esquema de proteco do trabalhador. Existem 10 escales, de 628,83 a 5030,64 euros. A estes, aplica-se 25,4%, para o esquema obrigatrio, e 32%, para o alargado, mesmo que tenha mais do que uma actividade por conta prpria. Excepo: se o rendimento anual bruto for inferior a 7545,96, pode pedir para o duodcimo do rendimento ser considerado como base de incidncia. Mas no pode ser inferior a 209,61 euros. O pedido, acompanhado de um documento fiscal que comprove os rendimentos, como a nota de liquidao do IRS, tem de ser apresentado em Setembro ou Outubro, para se aplicar no ano seguinte. Se estiver abrangido pela

    excepo e obtiver, num ano, mais de 18 vezes o IAS ( 7545,96, em 2009), passa para o 1. escalo. Escolha o escalo at ao final do prazo para pagar a primeira contribuio. Se no o fizer, a segurana social posiciona o trabalhador no primeiro

    Livre de descontos

    Se acumula a actividade independente com outra por conta de outrem est dispensado de descontar. Porm, em 2009, tem de obter, no trabalho dependente, uma remunerao mensal superior a 419,22 euros. Tambm est isento quem recebe uma penso de invalidez ou velhice e acumula com o trabalho por conta prpria, bem como os titulares de penses resul-tantes de acidente de trabalho ou doena profissional com incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70 por cento. Para estar isento, deixe de pagar as contribuies: o direito reconheci-do pela segurana social. S se no estiver no regime geral, ter de pedir a iseno. o caso de quem est inscrito, por exemplo, na Caixa Geral de Aposentaes. A iseno no o impede de contribuir, se quiser.

    Fora do regime geral, preencha

    o modelo RC3001-DGSS

    para pedir a iseno

    http://www2.seg-social.pt/preview_formularios.asp?r=5152&m=PDF

    escalo e calcula a contribuio correspondente. Em regra, pode escolher qualquer escalo e a opo no irreversvel. Quem pretender mudar, tem de declar--lo em Setembro ou Outubro, para o novo valor produzir efeito no incio do ano seguinte. A alterao sempre possvel para um escalo inferior. Ou para o imediatamente superior, e apenas se tiver menos de 55 anos. Se abrir ou reiniciar actividade por conta prpria ou deixe de estar isento com mais de 55 anos no pode ir alm do 8. escalo. Excepto se, tratando-se de renicio, tenha tido, nos ltimos 36 meses de actividade, remuneraes mdias superiores ao 8. escalo. O limite tambm deixa de ser o 8. escalo, caso reinicie a actividade profissional com mais de 55 anos e, nos ltimos 36 meses de actividade, tenha estado no regime geral de segurana social com remunerao mdia inferior do 7. escalo. Se assim for, s poder escolher, no mximo, o escalo imediatamente superior ao montante da remunerao anteriormente registada.

    www.e-financas.gov.ptSem se deslocar s finanas, pode abrir, suspender ou fechar actividade

    Abrir actividade na Net

  • 14 | dossi | Dinheiro&direitos 92 | M

    aro/Abril 2009

    dossi independentesProteco obrigatria Escolhido o escalo, tem de definir o esquema de proteco: obrigatrio ou alargado. O primeiro, com descontos de 25,4%, inclui encargos familiares, como abono de famlia, maternidade, paternidade e adopo, invalidez, velhice e morte. J ao segundo, com taxa mensal de 32%, acrescem as

    Dependente ou independente?

    Escolhe os processos e meios a usar, os quais total ou parcialmente lhe pertencem

    No tem horrio e/ou no est sujeito a perodos mnimos de tra-balho

    Pode contratar outras pessoas para fazer o trabalho em sua substitui-o

    A sua actividade no se integra na estrutura, organizao do trabalho ou cadeia hierrquica de uma em-presa e um elemento acidental na organizao e desenvolvimento dos objectivos do empregador

    Falsos recibos verdes

    O trabalho de quem est inscrito como independente nem sempre cor-responde a um desempenho por conta prpria. Para fugir a contribui-es para a segurana social e seguros de acidentes de trabalho, e ser mais fcil livrar-se do trabalhador, algumas empresas recorrem a falsas prestaes de servios.

    IndependenteA sua actividade uma verdadeira prestao de servios

    Falso recibo verde A sua actividade deveria ser regulada por contrato de trabalho

    Est inserido na estrutura organizativa de quem recebe o trabalho e sob as suas orientaes

    Trabalha nas instalaes de quem o recebe ou num local por si controla-do, com horrio de nido

    Ganha consoante o tempo gasto a executar a actividade ou depende economicamente da entidade a quem presta servio

    Instrumentos de trabalho so forneci-dos por quem lhe paga

    Actividade executada por um pero-do ininterrupto de 90 dias

    prestaes em caso de doena e doena profissional. Se nada disser, integrado no esquema obrigatrio. Mas pode mud-lo, em Maro ou Abril, para ter efeito em Julho, ou em Setembro e Outubro, para vigorar em Janeiro seguinte. As proteces de penses de velhice ou invalidez, sobrevivncia e

    Descontos para a segurana social

    EscaloBase de contribuio Esquema ()

    % do indexante dos apoios sociais

    valor ()obrigatrio

    (25,4%)alargado

    (32%)

    1. 150 628,83 159,72 201,23

    2. 200 838,44 212,96 268,30

    3. 250 1 048,05 266,20 335,38

    4. 300 1 257,66 319,45 402,45

    5. 400 1 676,88 425,93 536,60

    6. 500 2 096,10 532,41 670,75

    7. 600 2 515,32 638,89 804,90

    8. 800 3 353,76 851,86 1073,20

    9. 1 000 4 192,20 1 064,82 1341,50

    10. 1 200 5 030,64 1 277,78 1609,80

    subsdio por morte so idnticas s dos trabalhadores por conta de outrem, mas calculadas consoante o escalo. J as de maternidade/paternidade so mais limitadas. No h direito ao subsdio na licena de 5 dias que o pai goza pelo nascimento do filho, na assistncia a descendentes doentes ou nos 15 dias de licena parental aps a de parto.

    Para beneficiar das prestaes, a situao contributiva tem de estar regularizada at ao final do 3. ms imediatamente anterior. Caso contrrio, o pagamento das prestaes fica suspenso. Em caso de reforma por invalidez ou velhice, a segurana social desconta o valor em dvida ao da penso.

    Para abrir, suspender ou terminar actividade, s tem de comunicar ao fisco. Este informa a segurana social

    As contribuies para a segurana social dependem da remunerao indicada pelo trabalhador. A um escalo mais baixo correspondem descontos menores. Por ms, paga menos, mas o valor das prestaes, como a penso por reforma ou o subsdio de maternidade, tambm inferior. Escolha o escalo mais aproximado do que realmente ganha. Pode, a qualquer momento, mud-lo.

    O esquema obrigatrio j permite uma proteco razovel, mas o trabalhador fica indefeso em caso de doena prolongada. Para estar mais prevenido, deve optar pelo esquema alargado, com contribuies superiores.

    Apesar de dispensado de comunicar o incio, suspenso e fim da actividade, obrigado a dar segurana social as informaes que esta pedir. D&d

    D&d aconselha

    Se no se identi car com todas as pistas, exponha o caso Autoridade para as Condies de Trabalho

  • 15 | dossi | Dinheiro&direitos 92 | M

    aro/Abril 2009

    Adivinhe rendimentos e despesas

    Muitos exercem actividade como independentes, de forma exclusiva ou conciliam com o trabalho por conta de outrem.

    Ao abrir a actividade, tem de escolher um modo de tributao: contabilidade organizada ou regime simplificado. Tambm pode recorrer ao acto isolado (ver esquema na pg. seguinte). Os independentes que ganhem menos de 10 000 por ano no so obrigados a reter na fonte, excepto se tiverem contabilidade organizada. No regime simplificado ou acto isolado, a taxa de reteno na fonte varia com a natureza do rendimento. Aplica-se 20% maioria dos profissionais, por exemplo, arquitectos, actores, msicos, economistas, mdicos, advogados ou professores. J aos antigos empresrios em nome individual, a reteno desce para 10 por cento. Aos ganhos da propriedade intelectual ou industrial, como publicar um livro, a taxa de 15 por cento. A dispensa de reter na fonte cessa se no ano anterior ganhou mais de 10 000 na categoria B. Se, em de 2009, ultrapassar, este valor, ter de reter na fonte no prximo recibo verde.

    Pagamentos por conta aps 3 anos Podem abranger todos os independentes, sobretudo se ganhar menos de 10 000 anuais e no estiver retido na fonte. Mas quem inicia actividade no tem de se preocupar com estes pagamentos. S a partir do terceiro ano de actividade pode ser obrigado a faz-lo. Assim, caso abra actividade em 2009,

    s pode ficar sujeito aos pagamentos por conta em 2011. Cabe ao fisco calcular o valor. Para isso, baseia-se nos rendimentos de trabalho independente obtidos no penltimo ano. Assim, se fez pagamentos por conta em 2008, tal deveu-se aos rendimentos obtidos em 2006.O valor indicado na nota de liquidao de imposto do ano anterior aquele em que devem ser pagos. Por exemplo, o valor a pagar em 2009 foi indicado na nota de liquidao do imposto de 2007, recebida pelo contribuinte em 2008.

    Contabilidade organizada deduzir despesasEncargos aceites Limite

    Generalidade das despesas necessrias actividade (1)

    Despesas com combustveis

    Aluguer de viaturas ligeiras, na parte correspondente ao valor das amortizaes no aceites como lucros

    Amortizaes e reintegraescom viaturas ligeiras

    29 927,87

    Deslocaes, viagens e estadas do contribuinte ou membros do agregado que com ele trabalham

    10% do rendimento bruto da categoria B

    Custos com o imvel de habitao e parcialmente afecto actividade

    25% das despesas totais

    Tributao autnoma

    Encargos aceites Taxa de imposto

    Con denciais ou no documentadas

    50% ou 70%, nos contribuintes sujeitos a IRC ou que no exeram actividades comerciais, agrcolas

    ou industriais a ttulo principal

    Representao (como almoos) e com viaturas ligeiras, motos ou motociclos

    10%; 5% para automveis ligeiros com nveis de CO inferiores a 120 g/km (gasolina) e a 90 g/km (gasleo); 0% para os movidos s a electricidade. Encargos com ligeiros de custo

    superior a 40 000 sofrem taxa de 15%

    (1) Remuneraes, ajudas de custo e subsdio de refeio no so dedutveis.

    Regime simplificado, contabilidade organizada ou acto isolado: conhea as vantagens e incovenientes, e decida medida das suas necessidades

    EncomendasTelefone: 808 200 146E-mail: [email protected]: www.deco.proteste.pt/loja

    164 pginas de conselhos fiscais para quem trabalha por conta prpria

  • 16 | dossi | Dinheiro&direitos 92 | M

    aro/Abril 2009

    dossi independentes

    Escolha o regime fiscal mais vantajoso

    Contabilidade organizada

    Quem inicia actividade e quer optar por este regime, deve comunic-lo ao preencher a declarao de abertura, pois s obrigatrio para quem tem vendas ou prestaes de servios anuais acima de 149 639,37 euros.

    Como o lucro sujeito a imposto apu-rado pelo resultado contabilstico, as declaraes scais tm de ser assinadas por um Tcnico O cial de Contas. O en-cargo com o contabilista dedutvel.

    Pode deduzir despesas, como trans-portes, almoos com clientes, amorti-zao de automveis e computadores. Mas algumas despesas sofrem uma taxa de tributao autnoma (ver qua-dro na pg. 15).

    No pode car isento de IVA.

    Tem de entregar a declarao de ren-dimentos modelo 3 e anexo C na pgi-na das declaraes electrnicas (www.e- nancas.gov.pt). Em 2009, deve en-tregar a declaraao de informao em-presarial simpli cada relativa a 2008, at ao m de Junho.

    Regime simplifi cado

    Ao abrir actividade, automatica-mente includo neste regime, por um prazo mnimo de 3 anos, prorrogvel por iguais perodos. Para passar para a contabilidade organizada, preencha a declarao de alteraes at ao m de Maro.

    Se s obtiver ganhos da categoria B, o rendimento mnimo sujeito a imposto, depois de aplicado o coe ciente de 70% para as prestaes de servios, de 3150, mesmo que tenha sido inferior.

    Se tambm tem rendimentos de outras categorias e os da actividade independente no excederem 3150, aplicam-se as regras do acto isolado. Cobra-se imposto sobre o valor dos reci-bos, depois de descontadas as despesas (ver quadro ao lado). Se o rendimento superar 3150 ou constituir menos de 50% dos ganhos de outras categorias, a taxa de IRS varia entre 10,5% e 42%, consoante os ganhos totais.

    Alm da declarao de rendimentos modelo 3 e anexo B, entregue o anexo L (se cobrar IVA) na pgina das decla-raes electrnicas (www.e- nancas.gov.pt).

    Acto isolado

    Para prestar um ou vrios servios, e desde que as prestaes no sejam previsveis nem contnuas, pode prati-car o acto isolado, sem se colectar nas nanas.

    Dispensa a maioria da burocracia com a declarao de incio de actividade. No se aplica o regime simpli cado nem a colecta mnima de 3150 euros. Apura-se o rendimento lquido deduzin-do s receitas as despesas (ver quadro ao lado).

    No pode passar recibos verdes, mas uma declarao em triplicado (em baixo). Um exemplar para si e outro para a entidade pagadora. Entregue o terceiro nas nanas da rea de re-sidncia at ao ltimo dia do ms se-guinte ao do m do servio.

    Tem de cobrar 20% de IVA sobre o valor da prestao (14% nas Regies Autno-mas). Ao entregar esse montante nas nanas, apresente a declarao de acto isolado.

    Declare o rendimento e eventuais re-tenes na fonte no anexo B. S obri-gado a reter na fonte se o rendimento superar 10 000 euros. Nesse caso, a taxa a aplicar de 10 por cento.

    Tem ou espera obter resultados elevados e despesas dedutveis superiores a 30% do rendimento obtido?

    Tem despesas dedutveis inferiores a 30% do rendimento da prestao de servios ou no faz da categoria B a sua actividade principal?

    Presta servios de forma muito espordica, sem continuidadee tem despesas superiores a 30% do que ganhou?

    RECIBO

    DECLARAO DE ACTO ISOLADO- alnea a), do n. 1 do art. 2. do CIVA -Carolina Maria Matias Marques, com o nmero de identi cao scal (N.I.F.) 230855436, residente na Rua da Pena Branca 3030-393 Coimbra, declara que recebeu da entidade Rodrigo de Brito Ferreira Editores, com o nmero de identi cao de pessoa colectiva (N.I.P.C.) 500918500, a importncia abaixo discriminada, acrescida de Imposto sobre o Valor Acrescentado, nos termos dos artigos 26. e 42. do respectivo cdigo, pela execuo do servio de Tradutora, na qualidade de ACTO ISOLADO, concludo em 12/01/2009.

    (1) Honorrios (ou prestao de servios) 668,50(2) IVA - taxa de 20% 133,70 (a)(3) Sub total (1) + (2) 802,20(4) IRS - reteno na fonte (Dec. Lei 42/91) - taxa de 10%_____._____.___ (5) Total a receber (3) - (4) 802,20

    Importncia lquida a receber: Oitocentos e dois euros e vinte cntimos (por extenso).

    Lisboa, 20/01/2009

    Assinatura: .....................................................

    EMITIDO EM TRIPLICADO(a) Imp t

  • 17 | dossi | Dinheiro&direitos 92 | M

    aro/Abril 2009

    Se s presta servios a uma entidade, os rendimentos podem ser tributados pelas regras da categoria A, ou seja, dos trabalhadores por conta de outrem. Mas a opo tem de ser mantida durante, pelo menos, 3 anos. vantajosa se no tiver rendimentos da categoria A e os ganhos como independente forem inferiores a 11 606,04 euros.

    As retenes na fonte s so obrigatrias na contabilidade organizada ou se obtm rendimentos superiores a 10 000 euros. Porm, ao faz-las evita ms surpresas na liquidao de IRS e no fica obrigado aos pagamentos por conta. D&d

    D&d aconselha

    Os independentes no regime simplificado esto isentos de IVA, se no fizerem importao ou exportao de bens e/ou, no ano civil anterior, no obtiveram rendimentos (brutos) superiores a 10 000 euros. J os mdicos, parteiras, enfermeiros e outras profisses paramdicas esto sempre isentos. Se obtiver ou no incio da actividade prev ganhar mais de 10 000, tem de cobrar 20% de IVA (14%, os residentes na Madeira e Aores) nos recibos verdes. O IVA tem de ser declarado e entregue ao Estado. Para isso, entregue a declarao peridica trimestral ou mensal, consoante o volume de negcios for inferior ou superior a 498 797,90, respectivamente. No regime simplificado s obrigado declarao trimestral. O imposto cobrado entregue ao Estado, aps deduzir o IVA suportao para comprar os produtos e servios necessrios actividade. Se optar pela contabilidade organizada, no est isento de IVA.

    Obrigaes com IVA

    Acto isolado deduzir despesas com a actividadeDedutveis sem limites Exemplo

    Bens de consumo No caso do arquitecto: papel e canetas

    Rendas e prestaes com aluguer, seguros, combustveis, manuteno, conservao

    Aluguer de equipamento ou automveis

    Valorizao e representao pro ssional Refeies e cursos de formao

    Outras despesasAs no includas nas restantes rubricas,

    como valores selados

    Dedutveis at 10% Exemplo

    Deslocaes, viagens e estadasDeslocaes em viatura prpria, estadas em hteis,

    bilhetes de comboio

    Licenciada em Medicina Dentria, Telma Antunes comeou a prestar servios em clnicas. "Iniciei activi-dade em 2006, pois o trabalho por conta de outrem excepcional". Recentemente, abriu um consult-rio dentrio e, depois de ter estado colectada no regime simplificado, mudou para a contabilidade orga-nizada, em 2008. "No recebi in-formao nas finanas. Recorri a uma amiga que trabalha em gesto e contabilidade para me aconselhar e orientar."Tal como outros mdicos dentistas, obrigados a contratar segu-ro de respon-sabilidade civil pela Ordem, Telma esco-lheu a segu-radora onde a Ordem dos Mdicos Den-tistas assinou protocolo.

    Abriu negcio prprio

    Telma Antunes27 anos, mdica dentista, Coimbra

    As notas so enviadas em Junho, Agosto e Novembro. Tm o mesmo valor e devem ser liquidadas at 20 de Julho, 20 de Setembro e 20 de Dezembro, respectivamente. Se forem inferiores a 50, o fisco no o obriga a pagar.Os pagamentos podem ser feitos numa Tesouraria de Finanas, balces dos CTT,

    instituies de crdito com protocolo com o fisco e caixas multibanco. Tal como as retenes na fonte, os pagamentos por conta so deduzidos ao IRS. Para tal, indique, no campo 705 do quadro 7 do anexo B, o valor suportado no ano anterior entrega da declarao em pagamentos por conta.

    Se tem recibos verdes e optar por no reter na fonte, assinale esta linha e informe a entidade pagadora. Se, em 2009, exceder 10 000, ter de reter no prximo recibo