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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CAMPUS INHUMAS
Coordenação do Curso de Química
Licenciatura em Química
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS – UMA ABORDAGEM DE CIÊNCIA,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Douglas Navas Cardoso
INHUMAS
2016
2
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CAMPUS INHUMAS
Coordenação do Curso de Química
Licenciatura em Química
DOUGLAS NAVAS CARDOSO
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS – UMA ABORDAGEM DE CIÊNCIA,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Trabalho de Conclusão de curso
apresentado ao IFG – Campus Inhumas
como parte dos requisitos necessários para
obtenção do título de Graduado em
Licenciatura em Química.
Orientadora: Profa. Dra. Elaine Reed
INHUMAS
2016
3
DOUGLAS NAVAS CARDOSO
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS – UMA ABORDAGEM DE CIÊNCIA,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora da Coordenação
de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica de Goiás – Campus
Inhumas, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Graduado em Licenciatura em
Química.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Prof.ª Dr.ª Elaine Reed
Instituto Federal de Goiás – IFG/Campus Inhumas
____________________________________
Prof.ª Mª Kamilla de Faria Cândido
Instituto Federal de Goiás – IFG/Campus Inhumas
_____________________________________
Prof.ª Mª Thaísa Lemos de Freitas Oliveira
Instituto Federal de Goiás – IFG/Campus Inhumas
Inhumas
Março, 2016
4
Dados Internacionais de Catalogação da Publicação (CIP)
Cardoso, Douglas Navas
C268
Alimentos transgênicos: uma abordagem de ciência, tecnologia e sociedade. [Manuscrito] / Douglas Navas Cardoso. – – Inhumas, 2016.
48.: il.
Orientadora: Profa. Dra. Elaine Reed. Monografia (Graduação) – Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Inhumas, Curso de Licenciatura em Química, 2016.
Bibliografia. 1. Transgênicos. 2. Biotecnologia. 3. DNA vegetal. I. Título.
CDD 631.5233
Código 010.2016 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Maria Aparecida de Castro, CRB-1/2599.
Biblioteca Atena, Câmpus Inhumas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. A
minha orientadora Profª. Drª Elaine Reed pelo suporte e incentivo. Aos meus pais pelo amor,
incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha
formação, o meu muito obrigado.
6
RESUMO
Este trabalho apresenta o relato de uma experiência de ensino-aprendizagem realizada com alunos do
curso técnico integrado em química, do Instituto Federal de Educação de Goiás (IFG). Os
procedimentos utilizados abordam o tema transgênico de maneira contextualizada envolvendo ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Os pontos abordados incluíram a definição de transgênico, fatores que
motivaram sua produção bem como as técnicas utilizadas, a legislação brasileira que rege as pesquisas,
a produção e a comercialização de transgênicos. O tratamento adotado na disciplina de Química apresentou uma proposta que pretende ir além de uma questão curricular, numa visão interdisciplinar
da biotecnologia aplicada aos alimentos transgênicos. Para avaliar a contribuição do procedimento
pedagógico e o aprendizado dos alunos, foram aplicados questionários antes e depois da realização das atividades. Considerando os resultados obtidos a partir do procedimento metodológico aplicado à
temática com a abordagem CTS, pode-se considerar que foi uma experiência proveitosa, já que
ocorreu interação de forma ativa dos alunos e professor. O material didático apresentado, aliado à aula
prática despertou interesse da turma e possibilitou o contato com uma técnica de extração do DNA de um vegetal. Enfim, com o conhecimento adquirido, os alunos foram capazes de optar criticamente
pelo uso ou não dos transgênicos.
Palavras-chaves: Biotecnologia; DNA; Transgênicos.
7
ABSTRACT
This study presents a reporting experience of teaching-learning fulfilled with Chemistry technical
course’s students from Institute Federal of Education, Science and Technology of Goiás-GO, Campus
Inhumas (IFG). The procedure used address the topic transgenic involving Science, technology and
society (STS). The main aspects included the definition of transgenic, the factors that encourage production and as well the techniques used, the Brazilian legislation regulating the research, the
production and marketing of transgenic, allowing the students to acquire knowledge to enable them to
choose for the use or not of this kind of food. The proposal intends to go beyond a curricular issue, presenting a cross-curricular view of biotechnology applied in transgenic foods. To evaluate the
contribution of the pedagogical process and the students' learning questionnaires were applied before
and after the accomplishment of activities. Considering the results that were achieved by the methodological procedure applied on the STS topic approach, can be considered that it was a good
experience because there was an active integration with students and professor. The teaching material
as well as the experimental class aroused the interest of the group and allowed the contact with the
technique of extraction of DNA from a vegetal.
Keywords: Biotechnology; DNA; Transgenic.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Rótulo de identificação dos alimentos transgênicos................................................19
Figura 02 : Alunos respondendo o questionário pré-tratamento...............................................22
Figura 03: Aula expositiva com recursos audiovisuais.............................................................22
Figura 04: Apresentação de vídeos sobre transgênicos.............................................................23
Figura 05: Debate em grupo entre os alunos.............................................................................23
Figura 06: Etapas da Prática experimental, (A) Pesagem do cloreto de sódio. (B) Preparo da
solução de Lise..........................................................................................................................25
Figura 07: Procedimentos da prática experimental. (A) Maceração do material vegetal. (B)
banho-maria a 70° C.................................................................................................................25
Figura 08: Procedimentos da prática experimental. (A) Peneirando, para separar o sólido do
líquido. (B) Retirando o líquido extraído.................................................................................25
Figura 09: (A) Adição do etanol gelado (álcool comercial 92° INPM) no tubo de ensaio. (B)
Resultado final..........................................................................................................................26
Figura 10: Alunos respondendo o questionário ao final das atividades....................................26
Figura 11: Gráficos da questão 02 ............................................................................................28
Figura 12: Gráficos da questão 03............................................................................................29
Figura 13: Gráficos da questão 04............................................................................................30
Figura 14: Gráficos da questão 05............................................................................................31
Figura 15: Gráficos da questão 07............................................................................................33
Figura 16: Gráficos da questão 10............................................................................................36
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNBS: Conselho Nacional de Biossegurança
CTNBio: Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
CTS: Ciência Tecnologia e Sociedade
DFIA: Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas
DNA: ácido desoxirribonucleico – em inglês DesoxiriboNucleic Acid.
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
IDEC: Instituto de Defesa do Consumidor
IFG: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
ISSAAA (sigla em inglês): Serviço de Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia
LDB: Lei de Diretrizes e Bases
OGM: Organismo geneticamente modificado
MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
PEG: Transformação por Polietilenoglicol
RNA: ácido ribonucleico
RNC: Registro Nacional de Cultivares
RR: Roundup Ready
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................11
CAPÍTULO I - REVISÃO DE LITERATURA E REFERENCIAL TEÓRICO......................13
1.1. Transgênicos, ensino de química e a abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade
(CTS).........................................................................................................................................13
1.2. Histórico sobre o estudo da hereditariedade e a produção de organismo geneticamente
modificado (OGM)............................................................................................................. ......14
1.3. Aspectos positivos e negativos dos cultivos transgênicos.................................................17
1.4. Legislação brasileira..........................................................................................................19
CAPÍTULO II – DELINEAMENTO METODOLÓGICO.......................................................21
2.1. Planejamento da sequência didática...................................................................................21
2.2. Análise dos resultados........................................................................................................27
CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................38
REFERÊNCIAS........................................................................................................................39
ANEXOS..................................................................................................................................42
Anexo I......................................................................................................................................42
Anexo II...................................................................................................... ..............................44
Anexo III .................................................................................................................................47
11
INTRODUÇÃO
O ser humano desde seus primórdios sempre buscou dominar técnicas de
produção agrícola para manutenção de sua espécie, logo se tornou necessária uma produção
para comercialização, o que exigiu um manejo mais criterioso para serem produzidos
alimentos de melhor qualidade e menores custos. Os vegetais que a princípio eram
‘silvestres’, passaram a ser ‘domesticados’ e cultivados pelo ser humano (FALEIRO e
ANDRADE, 2009).
Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia, em 1865 Gregor Johan Mendel
apresenta à sociedade estudos sobre plantas híbridas usando ervilhas (LEITE, 2004).
Em 1953 James Watson e Francis Crick realizam os primeiros experimentos sobre
a estrutura da molécula de ácido desoxirribonucleico (DNA). Foi um marco importante na
ciência, um avanço na biotecnologia tornando então possível à constituição de organismos
geneticamente modificados (OGM) (THIEMANN, 2003).
A manipulação de determinado organismo é feita em laboratório, a técnica
utilizada é conhecida como tecnologia do DNA recombinante. Inclui o isolamento, cópia e
multiplicação de genes, recombinação de genes, ou DNA de diferentes espécies, e
transferência de genes de uma espécie para outra.
Como se pode ver a biotecnologia é uma ciência relativamente “nova”, nas
últimas décadas ocorreram descobertas e importantes avanços que veem contribuindo para o
desenvolvimento humano, tecnológico e social. No que se refere ao fator ambiental e a saúde
humana, à produção de organismos geneticamente modificados (OGMs) e transgênicos causa
polêmicas na sociedade mundial. Para garantir um controle nos riscos que podem ser
causados em relação aos transgênicos, no Brasil existe desde março de 2005 a lei de
Biossegurança (BRASIL, 2005).
A principal motivação para se desenvolver alimentos transgênicos era reduzir os
custos na produção agrícola, uma vez que se existiu a possibilidade de obter sementes de
plantas resistentes a pragas, a deficiência do solo e condições climáticas adversas.
Posteriormente se fez possível também um melhoramento nutricional de determinado vegetal,
modificando sua estrutura genética.
No Brasil existem organismos geneticamente modificados que possuem liberação
comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) desenvolve atualmente pesquisas e projetos
12
sobre transgênicos de diversas variedades, existem também pesquisas de empresas privadas
transnacionais que desenvolvem tal tecnologia para obterem patentes agro-biotecnológicas.
Os alimentos transgênicos há tempos deixaram de ser ficção e atualmente é uma
realidade no dia a dia de qualquer pessoa. Porém existe uma polêmica em relação ao
consumo, a produção e as pesquisas dos alimentos transgênicos, para que uma pessoa se
posicione contra ou a favor é necessário um conhecimento aprofundado sobre o tema, e com
essa finalidade foram apresentados nesse projeto informações pertinentes à tecnologia dos
transgênicos. A escolha do tema transgênico se deu em virtude de sua atualidade e amplitude
interdisciplinar. A pesquisa e a metodologia adotada foram definidas a partir de Lima e
Fraceto (2007) e Lourenço e Reis (2013).
O tratamento do tema sob o enfoque de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)
visa apresentar e discutir aspectos fundamentais sobre o assunto, permitindo que sejam
estabelecidos necessários posicionamentos que levem em consideração a realidade científica,
tecnológica e socioambiental tanto de alunos como de professores.
O propósito inicial do projeto foi desenvolver e apresentar um estudo sobre os
organismos transgênicos, associado aos conteúdos básicos do ensino médio em um contexto
social. Para possibilitar uma visão mais ampla e uma análise crítica a respeito dos
transgênicos, foi apresentado aos alunos do 3º ano do curso técnico em Química do IFG, o
conceito de organismo transgênico, como são produzidos, os fatores de motivação para sua
produção, a legislação brasileira, os aspectos favoráveis e adversos relacionados à tecnologia
dos transgênicos.
O projeto busca avaliar a relevância do tratamento adotado com base na
observação das atividades realizadas em sala, juntamente às análises de um questionário
elaborado com a finalidade de verificar se houve aprendizagem.
13
CAPÍTULO I
1. REVISÃO DE LITERATURA E REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Transgênicos, ensino de química e a abordagem Ciência, Tecnologia e sociedade
(CTS).
A tecnologia dos transgênicos apresenta características multidisciplinares
abrangendo uma diversidade de conhecimentos, tais como química, bioquímica, genética,
agronomia, microbiologia, entre outros. Outra peculiaridade importante são as constantes
inovações resultantes de pesquisas aplicadas nas últimas décadas, essas características
configuram os transgênicos como um tema complexo para o cidadão com senso comum, que
faz uso dos avanços tecnológicos, muitas vezes de forma passiva.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) “[...] a produção do
conhecimento químico objetiva a formação de futuros cidadãos mais conscientes e também o
desenvolvimento de conhecimentos aplicáveis ao sistema produtivo, industrial e agrícola”
(BRASIL, 1999. p. 239). Ou seja, o ensino de química deve formar um cidadão que se insira
na sociedade de forma ativa, apto a opinar sobre determinado assunto. Conforme os PCN
numa aula contextualizada, o conhecimento compreende uma ligação entre sujeito e objeto,
isso demanda uma nova significação ao conhecimento escolar, que viabilize a aprendizagem
do aluno de forma significativa. A temática dos alimentos transgênicos busca um contato do
aluno do ensino médio com o conhecimento produzido na comunidade científica, numa
linguagem acessível, para que esse aluno conheça as aplicações de tal conhecimento no
sistema produtivo, industrial e agrícola se posicionando de maneira crítica e consciente.
A proposta curricular do 3º ano do ensino médio de Química (FONSECA, 2013)
apresenta um tópico sobre proteínas, que está conectado ao conteúdo de Ácidos Nucleicos, os
quais são: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA) constituem-se como
macromoléculas (polímeros) que desempenham funções fundamentais para manutenção da
vida. Para o entendimento do aluno sobre como é produzido um organismo transgênico, a
partir da técnica do DNA recombinante, se faz necessário trabalhar atividades que envolvam
competências de Química, contextualizando aos estudos da estrutura celular dos seres vivos,
além de temas sociais. Tendo em vista que alfabetizar os cidadãos em ciência é atualmente
uma necessidade do mundo contemporâneo.
Considerando a estratégia da abordagem CTS, o projeto permite uma visão mais
ampla e crítica dos conteúdos, o tratamento adotado envolve questões básicas do conteúdo de
14
química do ensino médio e questões interdisciplinares, introduzidas nas discussões sobre as
etapas do processo produtivo, como aspectos ambientais e sociais ligados à manipulação do
DNA. A adoção de estratégias metodológicas com ênfase em CTS também possibilita maior
envolvimento por parte dos estudantes em seu próprio processo de aprendizagem.
De acordo com Santos e Mortimer (2002), a perspectiva CTS diferencia-se do
tradicional, pois não se limita apenas em nomear cientificamente as diferentes espécies de
plantas e animais, ou produtos químicos de uso diário. É preciso fornecer uma aprendizagem
significativa e que apresente suas relações com ciência, tecnologia e sociedade. O ensino com
ênfase em CTS propõe como objetivo central, preparar os alunos para o exercício da
cidadania e caracterizam-se por uma abordagem dos conteúdos científicos no seu cotidiano. A
abordagem CTS apresenta a concepção de aluno como alguém que é preparado para tomar
decisões inteligentes e que compreenda a base científica da tecnologia e a base prática das
decisões, já a concepção de professor é aquele que desenvolve o conhecimento de
determinado conteúdo, sempre comprometido com as inter-relações complexas entre ciência,
tecnologia e decisões. Neste cenário a escola habilitaria a mediação entre aluno e professor,
entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico a partir de sua
complexidade e de seus entrelaçamentos sociais, históricos, econômicos, políticos e culturais.
Com base no tema gerador: alimentos transgênicos apresenta-se uma
problematização, a qual está vinculada ao cotidiano dos alunos e busca promover o
entendimento sobre o tema, mediante um olhar diferenciado, procurando extrair suas
características comuns e corriqueiras, para um estudo mais complexo embasado em
conhecimentos sistematizados.
1.2. Histórico sobre o estudo da hereditariedade e a produção de organismo
geneticamente modificado (OGM).
O ser humano sempre buscou dominar técnicas de produção agrícola para
manutenção de sua espécie, logo passou a estudar técnicas na qual garantisse uma
uniformidade dos alimentos produzidos, no sentido de sabor, produtividade e tempo de
maturação (FALEIRO e ANDRADE, 2009).
Com desenvolvimento da ciência e tecnologia, em 1865 Gregor Johan Mendel
apresenta à sociedade estudos sobre plantas híbridas usando ervilhas. A família de Mendel era
proprietária de um sítio, onde Mendel auxiliava nas atividades agrícolas, durante sua infância.
Seu convívio com práticas agrícolas e técnicas de hibridação auxiliou-o como ferramenta anos
15
mais tarde, quando se tornaria um cientista. Os cientistas contemporâneos a Mendel estavam
interessados em utilizar o processo de hibridação com objetivo de desenvolver formas
híbridas constantes, para eles, dessa forma teria o surgimento de uma nova espécie. Mendel
apresentava uma linha de pesquisa oposta aos cientistas contemporâneos e com suas teorias de
mistura de caracteres, se posicionava contrário, inclusive à ideia de Charles Darwin, que
defendia a teoria de variação gradual e contínua da espécie. Em 1900, a comunidade científica
aceita e valida à teoria como a Lei da Hereditariedade de Mendel (LEITE, 2004).
Os estudos de Mendel abriram caminhos para outros cientistas. Entre 1944 e
1945, Murice Wilkins e Rosalind Elise Franklin, elaboraram uma proposta onde o ácido
desoxirribonucleico (DNA) seria o transmissor da hereditariedade, suas pesquisas eram
realizadas na Unidade de Biofísica do King’s College. Em 1950, iniciaram experimentos
utilizando difração de raio X. Nesse mesmo período no laboratório de Cavendish, Francis
Harry Crick conheceu James Dewey Watson. Eles examinaram as imagens de difração obtidas
por Franklin e Wilkins, e então consideraram possível estruturar as cadeias de
polinucleotídeos. Watson e Crick usaram também a abordagem do modelo de Linus Carl
Pauling. Baseados também em seus cálculos teóricos conseguiram apresentar uma estrutura
de dupla hélice, posicionando os fosfatos, as pentoses (açúcar) e as bases nitrogenadas:
adenina, timina, guanina e citosina, formando pontes de hidrogênio entre elas. Em 1953,
apresentaram o modelo estrutural da molécula de DNA em um artigo da renomada revista
NATURE. O modelo demonstra perfeitamente os dados de difração de raio X e permite
entender a forma de replicação do DNA. Essa descoberta representa um marco na história da
ciência, permitindo a manipulação do DNA recombinante, base para uma nova ciência: a
engenharia genética (THIEMANN, 2003).
Com o aprofundamento de técnicas de manipulação genética, em 1957, Crick
propõe um novo conceito sobre os processos vitais, denominado Dogma Central da Biologia
Molecular (REYS et al., 2011). Essa teoria ilustra os mecanismos de transmissão da
hereditariedade, indica também que a informação contida nos genes de uma célula é transcrito
no RNA mensageiro e este é traduzido à proteína. O dogma prevê que apenas o DNA é capaz
de duplicar-se, desse modo transmitindo a informação genética aos descendentes.
Em 1972, o bioquímico americano Paul Berg utilizou enzimas de restrição para
cortar e reunir fragmentos de DNA de espécies distintas. Conseguiu pela primeira vez fazer
com que o material genético de dois organismos diferentes se combinasse em laboratório,
surgindo assim o DNA recombinante (NAVARRO e CARDOSO, 2007). Paul Berg abriu o
caminho para as técnicas com manipulação de genes.
16
Transgênico é todo organismo geneticamente modificado, no qual foram
transferidos genes isolados de outra espécie na estrutura do seu DNA, adquirindo novas
características. Assim é possível transferir para plantas, genes isolados de outras espécies de
plantas ou mesmo de microrganismos e de animais (FALEIRO e ANDRADE, 2009). A
utilização de práticas de manipulação genética vem causando uma verdadeira revolução
científica ao longo das últimas décadas. Neste contexto, surgem novas áreas do conhecimento
científico, como a Biotecnologia, que pode ser definida como conjunto de processos e
técnicas que utilizam os conhecimentos da biologia em diversas áreas científicas e
tecnológicas, com o objetivo de aumentar e melhorar a produção, no desenvolvimento
agrícola e na indústria da alimentação (PASSOS, 2014).
A engenharia genética é uma das técnicas da biotecnologia moderna, que
estabelece a introdução controlada de ácidos nucleicos (genes) de um organismo em outro,
por meio da tecnologia do DNA recombinante. Adotando essa técnica tornou-se possível a
produção de insulina humana em bactérias e avanço na agricultura com o desenvolvimento de
inúmeras plantas transgênicas a partir da década de 1980 (FALEIRO e ANDRADE, 2009).
A tecnologia de transferência de genes se realiza da seguinte maneira: os genes
que prescrevem os caracteres importantes do ponto de vista da agricultura são isolados e
caracterizados e então é inserido na planta hospedeira. Existem dois métodos mais usados
para se obter a transferência dos genes: a transferência direta e a transferência indireta. Na
transferência direta são usados métodos físicos ou químicos com a finalidade de romper a
parede celular e ou a membrana plasmática para livre penetração do DNA na célula. Já na
transferência indireta utiliza-se um vetor, como Agrobacterium tumefaciens e Agrobacterium
rhizogeneses que são capazes de transferir naturalmente parte de seu DNA para planta.
Santarém (2000) define os principais métodos diretos sendo: Eletroporação de Protoplastos,
Transformação por Polietilenoglicol e Aceleração de Partículas, e como método indireto:
Agrobacterium. A seguir segue a definição de cada método, conforme Santarém (2000):
1. Eletroporação de Protoplastos: Protoplastos são células desprovidas de paredes
celulares. Para esse método de introdução do DNA, os protoplastos são expostos a pulsos
elétricos curtos de corrente contínua e alta voltagem, acompanhado do DNA exógeno. Este
processo induz uma alteração reversível da permeabilidade da membrana plasmática e poros
temporários são formados, permitindo a entrada do DNA nas células. O maior empecilho do
método está na dificuldade de regeneração de plantas a partir de protoplastos transformados.
2. Transformação por Polietilenoglicol (PEG): PEG é usado com Ca+2, Mg+2 e pH
alcalino, promovendo a ligação do DNA exógeno à superfície dos protoplastos e então o
17
DNA é absorvido pela célula por endocitose. O PEG pode também intervir na proteção do
DNA contra atividades das nucleases. Este método pode danificar grande número de células,
reduzindo a capacidade de regeneração, por consequência tal característica representa uma
desvantagem, uma vez que se têm a dependência de um sistema eficiente de regeneração de
plantas completas a partir de protoplastos, atualmente restrita a poucas espécies.
3. Aceleração de partículas: Usualmente o termo usado é bombardeamento de
partículas, mas pode-se usar também aceleração de microprojéteis ou método biobalístico. O
procedimento faz o uso de um equipamento que produz uma força propulsora, usando
pólvora, gás ou eletricidade, para acelerar partículas inertes, cobertas com DNA, em direção a
células alvo. Após o bombardeamento, uma proporção de células atingidas permanece viável,
o DNA é integrado no genoma vegetal e incorporado aos processos celulares de transcrição e
tradução, resultando na expressão do gene introduzido.
4. Agrobacterium: é uma bactéria de solo, que possui a capacidade natural de
introduzir DNA em plantas hospedeiras. Esse DNA é integrado e passa a ser expresso como
parte do genoma da planta. Representando o método indireto, este oferece mais precisão e
resulta na integração de um número menor de transgene (SANTARÉM, 2000).
1.3. Aspectos positivos e negativos dos cultivos transgênicos
O melhoramento genético por meio da técnica do DNA recombinante ou
transgenia, tanto vegetal quanto animal visa obter variedades mais produtivas, adaptadas a
estresses ambientais, resistência a agroquímicos, doenças e com maior qualidade nutricional.
O melhoramento convencional, possui algumas limitações, como exemplo em relação ao
tempo para se produzir uma nova variedade, através da técnica convencional o processo é
lento, demanda tempos elevados até se obter a característica desejada. Com a técnica da
transgenia a obtenção da característica desejada pode acontecer de forma imediata (FALEIRO
e ANDRADE, 2009).
O cultivo de grãos no Brasil está predominante ligado a variedades transgênicas,
as principais culturas são: soja, milho e algodão. O Serviço de Aquisição de Aplicações em
Agrobiotecnologia (ISSAAA, sigla em inglês) revela que na safra 2014/2015, a área brasileira
plantada com soja de variedade transgênica correspondeu a 93,2% da área total. A área
correspondente aos 6,8% restantes é destinada a cultivo da soja convencional atendendo ao
mercado específico europeu que exige o produto convencional e paga melhor. O cultivo da
soja convencional é mais trabalhoso e necessitam mais cuidados e manutenção do produtor
18
durante o manejo, isso acaba elevando os custos entre 10% e 15%. Segundo os cálculos de
produtores do Paraná, esse é um fator essencial para o aumento da adesão de vários
produtores de soja transgênica no Brasil e no mundo. Entretanto, quando se utiliza o produto
convencional, observam-se benefícios para municípios e estados, uma vez que é 100%
industrializada internamente, gerando empregos, impostos e desenvolvimento (PASSOS,
2015).
Os maiores benefícios dos transgênicos na vida humana podem ser observados na
produção agrícola, porém, as consequências em longo prazo dessa tecnologia que é
manipulada pelo homem ainda são desconhecidas, tendo em vista que é muito recente e não
se teve tempo para avaliar os possíveis efeitos ao homem e ao meio ambiente. Oliveira Filho
(2014) considera que neste contexto é importante usar o princípio da precaução, diante das
incertezas sobre as consequências desta tecnologia, ao mesmo tempo sem prejudicar o
desenvolvimento tecnológico e científico essencial ao desenvolvimento da humanidade em
geral.
Alguns estudos apontam a possibilidade de se utilizar a transgenia em animais
para produção de “biofábricas” e nutracêuticos (CAZZOLINO, 2012). Nutracêuticos são
alimentos que contêm a forma concentrada de um composto bioativo, apresentado
separadamente da matriz alimentar, ou seja, um produto pode apresentar maior escala de
proteínas. Já as biofábricas apresentam efeito medicinal, como exemplo, bactérias com
propriedades terapêuticas, produzindo (expressando) a insulina, utilizada por diabéticos.
Dentre as principais vantagens da produção de alimentos transgênicos podemos
citar: resistência a fatores bióticos, adaptação a condições externas, tolerância a herbicidas e
aumento da produtividade. Dentre as principais desvantagens estão: a ameaça à
biodiversidade, impacto em organismos não alvo, possibilidade da transmissão de genes
resistentes a antibióticos e o risco de surgimento de superpragas.
Da mesma forma que os transgênicos abrem possibilidades para manifestação de
vários benefícios, podem também manifestar danos à natureza e ao homem. Apesar dos
resultados positivos atualmente, principalmente na agricultura, benefícios para saúde humana,
como a produção de insulina. Não se pode ainda determinar as consequências globais ao meio
ambiente que essas modificações genéticas podem trazer.
19
1.4. Legislação brasileira
A lei nº 11.105, de março de 2005 (BRASIL, 2005) regulamentada na
Constituição Federal estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre os
Organismos Geneticamente Modificados (OGM). A lei instituiu o Conselho Nacional de
Biossegurança - CNBS, e reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança -
CTNBio. Compete a CTNBio estabelecer normas relativas as pesquisas e projetos, proceder à
análise da avaliação de risco, caso a caso, relacionados aos OGM e seus derivados.
A referida lei busca garantir a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal.
Orientada pelo avanço científico em biossegurança e biotecnologia, procura-se também
promover a proteção do meio ambiente. Para isso a lei nº 11.105 conta com normas e
mecanismos de fiscalização sobre o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a
liberação no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. O capítulo IV, Art. 16 da
lei estabelece os órgãos e entidades de registro e fiscalização, entre eles está o Ministério da
Saúde, o Ministério da Agricultura e Abastecimento e o Ministério do Meio Ambiente. No
capítulo VIII estabelece os crimes e as penas, por exemplo, no art.27 diz que é crime liberar
ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela
CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, sobre pena de reclusão de um a
quatro anos e multa.
No capítulo IX, Art. 40, torna obrigatória a rotulagem (figura 01), de alimentos e
ingredientes alimentares destinados ao consumo humano e animal que contenham, ou seja,
produzidos a partir de OGM ou derivados (BRASIL, 2005).
Figura 01: Rótulo de identificação dos alimentos transgênicos.
Fonte: http://www.amda.org.br/?string=interna-noticia&cod=7280 Acesso 08/ jul de 2015
A rotulagem dos alimentos é o direito a informação ao consumidor brasileiro, já
que em outros países essa prática não é adotada. As inovações biotecnológicas na cadeia
produtiva dos alimentos devem ser acompanhadas pela legislação de proteção do consumidor
20
brasileiro, para garantir a segurança alimentar da população diante novas variedades
alimentícias.
Um consumidor informado pode exercer a liberdade de escolha e ser um cidadão
ativo e consciente. No Código de Defesa do Consumidor, Lei nº. 8.078, capítulo III, Art. 6º I
e II diz que:
"São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e
segurança contra riscos provocados por práticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação
e divulgação sobre o consumo adequado por produtos e serviços,
assegurados à liberdade de escolha..."( BRASIL, 1990).
É responsabilidade do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas
(DFIA) o registro de todas as cultivares, classificando através de testes, denominados ensaios
de valor de cultivo e uso. As variedades de OGMs e seus derivados são obrigados a possuírem
registros, devendo atender os procedimentos da legislação (BIOTECNOLOGIA
AGROPECUÁRIA, 2010).
A lei nº 11.105, de março de 2005, define que antes de serem liberados para
produção comercial os OGMs devem ser submetidos a um procedimento de avaliação de risco
específico, realizado pela CTNBio, sendo tratado caso a caso. Após o evento ou cultivar
geneticamente modificado ser aprovado, os derivados daquele evento devem ser
obrigatoriamente inscritos no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) obedecendo aos requisitos da legislação.
21
CAPÍTULO II
2. DELINEAMENTO METODOLÓGICO
2.1. Planejamento da sequência didática
Considerando-se que um dos objetivos deste projeto é analisar o processo de
ensino-aprendizagem adotando um método de tratamento do ensino de química a partir do
tema transgênico, numa abordagem de ciência tecnologia e sociedade (CTS), desenvolveu-se
um estudo bibliográfico interdisciplinar, a fim de contemplar as teorias que fundamentam os
estudos com organismos transgênicos e para a compreensão do tema abordou-se conceitos
básicos dos estudos de seres vivos, Citologia e DNA.
A pesquisa e a metodologia adotada foram definidas a partir de Lima e Fraceto
(2007) e Lourenço e Reis (2013), utilizados como base para elaboração e estruturação desse
projeto. Uma vez que a aula experimental foi desenvolvida a partir de Lima e Fraceto (2007),
se trata de um artigo da revista Química Nova Na Escola que apresenta uma estratégia
didática para experimentação, o artigo propõe um método de extração de DNA de tomates
utilizando procedimentos laboratoriais de fácil execução e reagentes de baixo custo. Já a
extrutura e coleta de dados desta pesquisa se deu a partir do artigo acadêmico de Lourenço e
Reis (2013), que aborda os transgênicos em sala de aula, relata o processo pedagógico
adotado e utiliza o questionário como instrumento de coleta de dados.
Com a finalidade de levantar os conhecimentos prévios (pré-tatamento) e
posteriormente o conhecimento adquirido pelos alunos (pós-tratamento), foi elaborado um
questionário com dez questões em campos abertos (APÊNDICE I), abordando conceitos
básicos e concepções polêmicas sobre transgênicos, foi escolhido esse método por
economizar tempo. O espaço amostral da pesquisa constituiu-se de doze alunos, que foram
identificados como A1, A2, A3... A12 (Figura 02).
Para auxiliar posteriormente nas análises dos resultados e para atribuir significado
aos fatos, utilizaram-se fotos como instrumento auxiliar na observação dos fatos.
22
Figura 02: Alunos respondendo o questionário pré-tratamento.
O projeto realizou-se no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de
Goiás (IFG) - Campus Inhumas, na turma do 3º ano do curso técnico integrado em química.
Foram concedidas duas aulas da disciplina de química orgânica, inicialmente a primeira
atividade foi uma aula expositiva (Figura 03) com recursos audiovisuais apresentando os
conceitos de transgênicos, relacionando com conteúdos do ensino médio.
Figura 03: Aula expositiva dialogada com recursos audiovisuais.
O local IFG - Campus Inhumas foi escolhido pela facilidade e disponibilidade de
recursos, a instituição dispõe de laboratórios de química com vários recursos para
desenvolvimento de atividades experimentais, desfruta também de recursos audiovisuais,
salas de aula confortáveis e bem ambientadas favorecendo o processo de ensino-
aprendizagem (figura 04). Todavia, a proposta do projeto pode ser adotada por qualquer
unidade escolar, possibilitando ao professor adequar-se a sua realidade, inclusive, no que se
23
refere à prática no laboratório tendo em vista que é uma proposta alternativa com materiais de
baixo custo e de fácil acesso.
Figura 04: Apresentação de vídeos sobre transgênicos e DNA.
No do primeiro dia (23/11/15) foram desenvolvidas as seguintes atividades, uma
aula expositiva dialogada com apresentação de dois vídeos, um vídeo se trata de uma
reportagem do programa de TV ‘Globo Rural’: ‘Milho transgênico nos Estados Unidos da
América’ e o outro vídeo ‘Do DNA até a síntese de proteínas’, descritos no plano de aula no
(APÊNDICE III). Durante e no final das atividades houve discussões, perguntas e respostas.
Foi então proposta a próxima atividade, disponibilizando dois textos a cada aluno
e os alunos foram divididos em dois grupos, dos quais um grupo ficou com textos contendo
fatores favoráveis aos transgênicos e outro grupo recebeu textos que adotam argumentos
contrários aos transgênicos, a descrição dos textos segue no plano de aula (APÊNDICE III).
No primeiro momento em outra aula (30/11/15) a primeira atividade foi debater os textos e a
polêmica dos fatores positivos e contrários aos transgênicos (figura 05).
Figura 05: Debate em grupo entre os alunos.
24
Para ajudar ainda mais na compreensão sobre os estudos do DNA, realizou-se
uma atividade prática usando procedimentos laboratoriais de fácil manipulação, com o
objetivo de contribuir para a identificação do DNA extraído de materiais vegetais, foi
realizado experimentações partir de tomates e morangos (APÊNDICE II). A extração do DNA
é uma atividade básica e de extrema importância para o estudo dos organismos transgênicos.
As figuras 06, 07, 08 e 09 mostram a execução da atividade prática, realizada em
quatro grupos com os alunos do 3º ano do curso técnico integrado em química do IFG-
Campus Inhumas. A aula prática aplicada com os alunos apresenta adaptações ao
procedimento de Lima e Faceto (2007), que define o processo em três etapas: 1) lise celular,
que é o processo de ruptura da membrana plasmática e nuclear das células; 2) deslocamento
de proteínas e outros fragmentos de material do DNA; 3) precipitação do DNA.
Cada etapa do processo de extração do DNA tem sua importância e devem ser
discutidas e trabalhadas com os alunos. Na etapa de fatiar e macerar, temos a primeira ruptura
de forma física das paredes celulares, além de homogenizar o material, aumenta a superfície
de contato com a solução de lise, essa solução provoca a segunda ruptura, de forma química,
das membranas plasmática e nuclear, uma vez que estas são estruturas compostas
principalmente por lipídeos. Já a solução de lise é composta por detergente, sal e água, sua
função é desestruturar a membrana nuclear, deixando o DNA disperso em solução. O sal
(NaCl) tem o papel de favorecer a extração da molécula de DNA, posto que após dissolvido
sofre dissociação, os íons positivos (Na+) neutralizam a carga negativa do grupo fosfato do
DNA, e os íons negativos (Cl-) neutralizam as cargas positivas das proteínas. O aumento da
temperatura favorece o processo de solubilização das membranas pelo detergente, enquanto o
choque térmico favorece a interação das da molécula de DNA, além disso, serve para manter
inativas as proteínas e enzimas. A etapa de peneirar e filtrar o material faz com que ocorra a
separação de partículas sólidas e líquidas. O etanol gelado precipita as moléculas de DNA
devido sua baixa solubilidade, o DNA menos solúvel em etanol formará um aglomerado, que
precipitará junto com outras moléculas.
25
Figura 06: Etapas da Prática experimental, (A) Pesagem do cloreto de sódio. (B) Preparo da solução de Lise.
(A) (B)
Figura 07: Etapas da Prática experimental. (A) Maceração do material vegetal. (B) Banho-maria a 70° C.
(A) (B)
Figura 08: Etapas da Prática experimental. (A) Peneirando, para separar o sólido do líquido. (B) Retirando o
líquido extraído.
(A) (B)
26
Figura 09: Etapas da Prática experimental: (A) Adição do etanol gelado (álcool comercial 92° INPM) no tubo de
ensaio. (B) Resultado final.
(A) (B)
Com relação à aula prática, houve total participação e interação entre os alunos, a
estrutura do laboratório facilita a prática e resultado esperado. E ao final das atividades foi
aplicado novamente o questionário para verificação de aprendizagem e análise dos resultados
(figura 10).
Figura 10: Alunos respondendo o questinário ao final das atividades.
27
2.2. Análises dos resultados
O público-alvo do trabalho foram os alunos do 3º ano do curso técnico integrado
em química do IFG - campus Inhumas, foi aplicado um questionário no primeiro contato com
os alunos para ser analisado o conhecimento prévio dos mesmos, no dia 23 de novembro de
2015 – etapa de pré-tratamento. Posteriormente ao final das atividades programadas foi
aplicado o mesmo questionário, no dia 30 de novembro de 2015 – etapa de pós-tratamento.
Foi mantida a mesma quantidade de alunos no pré e pós-tratamento, os alunos A1, A2,
A3...A12, foram ordenados em ordem alfabética e suas respostas foram analisadas
individualmente, com a finalidade de observar a influência do tratamento nos alunos.
Foi adotado um procedimento de análise estatística utilizando gráficos em
algumas questões, com propósito de auxiliar na análise dos resultados.
Com relação às questões observaram-se as seguintes conclusões:
QUESTÃO 01 – Você sabe o que é DNA? Sim ( ) Não ( ). Se sim, defina o que é
DNA.
As respostas sobre a pergunta o que é DNA deixa claro que todos os alunos já
possuíam algum conhecimento sobre o tema, logo após as atividades o resultado se repete.
Verifica-se nas definições dadas pelos alunos no pré-tratamento que cinco alunos
citaram que o DNA é responsável pelas características dos seres vivos, no geral mencionaram
que o DNA é constituído por bases nitrogenadas, um açúcar e um fosfato, porém, alguns
alunos citaram de forma incompleta. Apenas um aluno A12 definiu DNA como ácido
desoxirribonucleico: “O DNA é o ácido desoxirribonucleico, este constituído por um conjunto
de bases nitrogenadas sendo elas adenina, citosina, uracila e guanina.”, nota-se um equívoco
com uma base nitrogenada, houve uma troca da base timina do DNA pela uracila do ácido
ribonucleico RNA.
Nas definições dadas pelos alunos no pós-tratamento percebe-se que as respostas
de cinco alunos continuam relatando que o DNA é responsável pelas características dos seres
vivos, entretanto percebe-se que as respostas apresentam mais embasamento teórico, foram
citadas as bases nitrogenadas, os fosfatos e açúcar sendo constituintes do DNA, quatro alunos
definiram como sendo ácido desoxirribonucleico. Destaca-se a resposta do aluno A10:
“Significa ácido desoxirribonucleico e é constituído por uma dupla-hélice, onde tem-se a
presença de uma base nitrogenada, um grupo fosfato e um açúcar (pentose)”.
28
QUESTÃO 02 – Você sabe o que é transgênico? Sim ( ) Não ( ). Se sim,
explique o que é transgênico:
Dos 75% dos alunos responderam sim no dia 23/11 (figura 11), apresentaram em
sua maioria que os alimentos transgênicos como aquele que recebe gene ou característica de
outra espécie. Outros 25% dos alunos responderam que não sabiam o que é transgênico.
Comprova-se que após as atividades 100% dos alunos tem conhecimento do que é
um alimento transgênico (figura 11). Sete dos doze alunos definiram que alimentos
transgênicos são alimentos que receberam em seu DNA genes de outra espécie, para adquirir
características desejadas. Outros cinco alunos responderam basicamente que são organismos
geneticamente modificados.
Podemos destacar o aluno A7 que no pré-tratamento não soube responder a esta
questão, já no pós-tratamento o aluno A7 define assim um alimento transgênico: “Um
alimento transgênico é aquele alimento onde foi implantado em seu DNA um gene de outra
espécie”.
Figura 11: Gráficos da questão 02
QUESTÃO 03 – Como você tomou conhecimento sobre transgênicos? Onde
ouviu falar? Escola, revistas, TV, internet, outros.
De acordo com os dados obtidos no dia pré-tratamento, os alunos tomaram
conhecimento sobre os transgênicos em sua maioria na TV, em seguida pela internet, na
escola, revistas e um aluno A3 teve contato com o tema em um estágio. Os gráficos da figura
29
12 estão representando em porcentagem o total de respostas, tendo em vista que foi dada a
opção de escolher mais de uma alternativa.
Analisando os gráficos da figura 12, nota-se que a porcentagem de alunos que
tomaram conhecimento do tema transgênicos na escola aumentou, os alunos que se
informaram pela internet continuaram os mesmos e os que obtiveram informação pela Tv e
revistas diminuiu.
Figura 12: Gráficos da questão 03.
Tendo em vista que na internet e na mídia as notícias nem sempre são abordadas
de forma adequada e completa, as informações prévias em relação aos transgênicos
apresentadas pelos alunos em geral se apresentaram incompletas, fato analisado nas respostas
dos questionários do dia 23/11. De acordo com Pimenta, et. al (2010) existe diferença entre
informação e conhecimento, conhecer significa trabalhar as informações, sendo este processo
papel do professor e tarefa da escola. É com base nessa ideia que o projeto buscou trabalhar as
informações para desenvolver o conhecimento em sala de aula.
QUESTÃO 04 – Você já consumiu algum alimento transgênico? ( ) Sim ( ) Não
sei. Se já consumiu, quais alimentos? Como soube que o alimento é transgênico?
Verifica-se nas respostas a esta questão que metade dos alunos relatou não ter
consumido alimentos transgênicos (figura 13), dos seis alunos que declararam ter consumido
30
alimentos de origem transgênica, cinco conheciam o símbolo nos rótulos dos produtos
transgênicos, os produtos citados foram pipoca e salgadinhos industrializados. O aluno A3 diz
já ter consumido, porém não consegue identificar. Os demais seis alunos não sabem se já
consumiram alimentos transgênicos demonstrando não terem conhecimento suficiente para
opinar.
Na Figura 13, observa-se que após o tratamento 100% dos alunos declararam já
terem consumido alimentos transgênicos, verifica nas respostas que todos tomaram
conhecimento a partir da informação contida no rótulo das embalagens, informação essa que
era desconhecida de alguns alunos no pré-tratamento. É interessante mencionar as repostas do
aluno A9, na etapa pré-tratamento respondeu a questão assim: “Não sei, pois não fui
informado”. Já na etapa pós-tratamento o aluno A9 deu a seguinte resposta: “Alimentos como
salgadinhos (cheetos,etc), óleos de cozinha, entre outros. Através da palestra ministrada,
percebi o símbolo de alimentos transgênicos presentes nas embalagens...O símbolo por sua
vez, é um triângulo amarelo, com um ‘T’ preto”. Com essa fala do aluno percebe-se que em
relação à rotulagem foi fornecido o conhecimento básico para que os alunos possam fazer
suas escolhas.
Figura 13: Gráficos da questão 04
QUESTÃO 05 – Para você existe diferença entre a técnica de melhoramento
genético e transgenia? Se sim, Qual?
31
No questionário do pré-tratamento, 42% dos alunos responderam que existe sim
diferença entre a técnica de melhoramento genético e transgenia, outros quatro alunos 33%
relataram não haver diferença entre as técnicas e três alunos 25% diziam não saber (figura
14). Já no pós-tratamento, observa-se nas respostas dos questionários que após os alunos
adquirirem as informações necessárias, passaram a opinar com mais embasamento téorico.
Como na consideração do aluno A5, que na etapa pré-tratamento repondeu assim:
“Provavelmente sim, porém não sei explicar”, logo após o tratamento o mesmo aluno
apresentou a seguinte resposta: “ Sim, o melhoramento genético conta com uma combinação
de genes, geralmente entre organismos de mesmo gênero ou espécie, enquanto a transgenia
introduz em um ser, genes de qualquer outra espécie ou gênero”. Entretanto observam-se
ainda algumas considerações equivocadas de alguns alunos, como exemplo na resposta do
aluno A12 que no pré-tratamento respondeu a está questão apenas assim: “Não”, no pós-
tratamento observa-se que a resposta dada pelo aluno ainda é imprecisa: ”Sim, a técnica não
altera o organismo, já a transgenia, modifica”.
Verifica-se na figura 14, que após o tratamento adotado, 83% dos alunos
acertaram em responder que existe sim diferença entre as técnicas. Os outros 17% dos alunos
responderam apenas que não, deixando a entender que as técnicas são sinônimos, o que de
fato representa a resposta errada.
Figura14: Gráficos da questão 05
32
QUESTÃO 06 – Indique um aspecto positivo e um negativo a respeito dos
transgênicos:
As respostas sobre esta questão no pré-tratamento foram heterogêneas, mas no
geral os fatores positivos em relação aos transgênicos se constituíram em serem resistentes a
pragas, mais adaptáveis ao ambiente e facilitar a produção de alimentos. Quanto aos fatores
negativos nota-se uma preocupação com a saúde humana, sete dos doze alunos relatam que os
transgênicos podem ser prejudiciais à saúde, dois alunos inclusive têm receio em relação ao
câncer, são eles os alunos A07 e A10, a resposta pré-tratamento do aluno A10 foi a seguinte:
“Positivo: as plantas se tornam mais adaptadas aos diferentes lugares e não só no lugar que
geralmente se adapta. Negativo: pode alterar o metabolismo de nossas células, podendo
gerar câncer ou mesmo modificações e deformações”. No pós-tratamento o aluno A10
respondeu assim: “Positivo: aumento a resistência a pragas e aumento do valor nutricional
dos alimentos. Negativo: Causa males à saúde, além de contribuir para o surgimento das
superpragas”.
Analisando o questionário aplicado no pós-tratamento, percebe-se os alunos
levaram em consideração questões de saúde, socioeconômicas e ambientais para responder
aos pontos positivos e negativos dos transgênicos, tema que é tão polêmico. Entre os pontos
positivos dos transgênicos foram listados a maior produtividade e resistência a pragas,
redução no uso de agrotóxicos, possibilidade de uso de solos pobres em nutrientes,
possibilidade de aumentar o valor nutricional dos alimentos, perspectiva de resistência à
decomposição. O aluno A9 relata ser importante na diminuição da fome: ”Os transgênicos
são importantes na diminuição da fome mundial, mas também, são responsáveis pela
superpraga”. Já em relação aos aspectos negativos dos transgênicos além da preocupação
com a saúde humana, os alunos revelam uma atenção em relação a questões ambientais, como
desequilíbrio ambiental e aparecimento de superpragas. O aluno A1 descreveu como fator
negativo dos transgênicos a subsistência familiar, uma vez que a tecnologia favorece a
produção em maior escala.
QUESTÃO 07 – Você sabe se existe alguma legislação no Brasil sobre os
transgênicos? Sim ( ) Não ( ). Se sim, qual?
No questionário prévio já era esperado um desconhecimento da legislação
especifica dos transgênicos, pois se trata de uma tecnologia e uma legislação considerada
recente também, uma vez que a LEI Nº 11.105 foi regulamentada em 2005. No pré-
33
tratamento 83% dos alunos relataram não conhecer a legislação existente no Brasil como se
vê na figura 15, os dois alunos 17% que disseram sim saber, porém desconhecem qual a
legislação.
Verifica-se coincidentemente que os 83% de alunos dos alunos após as atividades
demonstram conhecer sim a existência da legislação como se observa na figura 15. Dos 83%
correspondente a dez alunos, cinco fizeram referências ao artigo 40 da Lei 11.105/2005, que
estabelece obrigatória a rotulagem de qualquer produto de origem transgênica. Houve
referência a CNTbio, mesmo que de forma equivocada na resposta do aluno A1: “Sim,
CNTbio (Conselho Nacional de Tecnologia e Biossegurança)”. Resposta equivocada, uma vez
que a sigla CTNbio significa: Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e foi
reestruturada a partir da Lei 11.105/2005. Já o aluno A11 cita a legislação PL 11011, por sinal
de forma errada, pois essa lei regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária.
Mesmo assim considera-se positivo os resultados, pois em sua maioria, os alunos
apresentaram uma noção em relação a seus direitos quanto cidadão.
Figura 15: Gráfico da questão 07
QUESTÃO 08 – Você considera importante o consumidor ter direito a informação
em relação à origem dos alimentos, no caso dos transgênicos?
34
Em relação a essa pergunta percebe-se que há uma unanimidade, no pré-
tratamento, 100% dos alunos responderam sim, segundo as respostas é direito do consumidor
a informação da procedência dos produtos alimentícios.
As respostas a esta questão no pós-tratamento também apresentam uma
unanimidade, todos concordam que é importante à informação em relação aos produtos
transgênicos. Nas atividades realizadas em sala foram apresentadas as embalagens com
rotulagem de produto transgênica, também apresentada à lei atual e o projeto de lei que
tramita no congresso nacional, em que substitui o símbolo do triângulo amarelo com um ‘T’
em preto por uma frase: ‘contém transgênico’. Quanto às respostas do questionário nota-se
que continuam com o discurso de que é direito do consumidor, mas com relatos de
preocupação em relação à saúde, como se verifica na resposta do aluno A9, na etapa pré-
tratamento respondeu apenas: “Sim”, já no pós-tratamento o aluno A9 apresenta a seguinte
resposta: “Sim, pois podem conter certas proteínas que determinado consumidor não pode
consumir devido alergias, etc.”
QUESTÃO 09 – Defina Biotecnologia.
A Convenção sobre Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas
(ONU) define biotecnologia como: “Uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e
sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de
utilidade” (PASSOS, 2014).
As definições iniciais e finais dos alunos em relação a esta questão descrevem
uma noção de biotecnologia superficial. Com algumas exceções, como no depoimento pré-
tratamento do aluno A6: “É um ramo da biologia que estuda as modificações genéticas para
aperfeiçoamento de processos tecnológicos e industriais envolvendo moléculas de DNA”. O
aluno narra uma definição bem próxima da definição da (ONU) e mantém a mesma idéia no
pós-tratamento: “A Biotecnologia é um ramo da biologia que estuda a manipulação de seres
vivos para produção industrial”.
Analisando as respostas do questionário posteriormente as atividades realizadas
em sala, observa-se que a definição científica não ficou nítida a todos os alunos, a definição
foi abordada nas atividades, mas diante as respostas dos alunos contatou-se eu o tema poderia
ser mais bem trabalhado nas atividades, uma sugestão poderia ser aplicar um texto abordando
essa questão para ser debatido com os alunos com objetivo de esclarecer o conceito. No pré-
tratamento o aluno A7 se expressou assim diante a questão: “Biotecnologia na minha opinião
seria uma nova ciência que integra a biologia com novas formas de tecnologia”, no pós-
35
tratamento o mesmo aluno apresentou a seguinte resposta: “Biotecnologia – técnicas usadas
para melhoramento genético e transgenia”. Ou seja, as respostas não estão erradas, porém o
termo biotecnologia abrange mais do que melhoramento genético e transgenia, por esse
motivo a questão precisa de um tratamento específico. Apesar disso, nas declarações dos
alunos no questionário do pós-tratamento percebe-se que coletivamente houve uma evolução
no embasamento teórico nas respostas.
QUESTÃO 10 – Você consumiria um alimento sabendo que é de origem
transgênica? Por quê?
Esta questão foi elaborada e disponibilizada como a última, em razão de que é um
assunto polêmico e exige conhecimento para se formar uma opinião. Sendo o propósito
principal de o projeto construir o conhecimento em sala, para que o aluno possa fazer suas
próprias escolhas e formar sua opinião de forma livre e que não seja manipulado, se
transformando em um cidadão consciente de seus atos.
Os relatos citados no questionário na etapa de pré-tratamento revelaram que mais
da metade dos alunos não consumiriam um alimento de origem transgênica, talvez
consumissem ou não sabiam opinar (figura 16). E quando perguntados por quê? Fica explícito
que existe uma falta de conhecimento em relação ao tema, e apresentando-se inseguros de
opinar. Analisando os questionários, independente das respostas, vários alunos declararam que
necessitam de mais informações sobre o assunto, como o aluno A8: “Dependeria do meu
conhecimento sobre o alimento. No momento não comeria, pois não tenho conhecimento do
mesmo”.
Dois alunos A7 e A10 se posicionaram dizendo que não consumiria alimentos
transgênicos, o argumento defendido por eles é de que esses alimentos trazem risco à saúde. O
aluno A10 menciona inclusive o risco de causar câncer. As respostas pré-tratamento desses
alunos foram as seguintes, A7:”Não, pois já me informei que alimentos transgênicos podem
fazer mal a saúde”, A10: “Não, pois evito o máximo de comer coisas que sei que trazem
riscos e que podem ser evitados e causa problemas como o câncer, o mal do nosso século”.
No questionário aplicado depois o cenário muda, como se observa na figura 16,
92% correspondente a onze alunos, revelam que consumiriam alimentos transgênicos sim.
Um aluno que corresponde aos 8% permaneceu na posição de não consumir o alimento
transgênico, esse aluno foi o A7, alegando que há risco de prejudicar a saúde, opinião já
emitida no questionário realizado antes das atividades. Na resposta pós-tratamento o aluno A7
afirma: “Não, pois poderá prejudicar minha saúde de alguma forma”. O aluno A10 que
36
relatou no pré-tratamento que não consumiria alimento de origem transgênica, no pós-
tratamento, o mesmo mudou sua opinião, dizendo: “Sim, pois há casos em que você não tem
escolha, como por exemplo os óleos mais acessíveis são na maioria transgênicos”. O aluno
A8, que no pré-tratamento relatou que até o momento não comeria um alimento sabendo que
é de origem transgênica, porque não tinha conhecimento suficiente para fazer tal escolha, no
pós-tratamento nesta questão se manifestou assim, aluno A8: “Sim, pois já consumi e desde
que não cause problemas à saúde consumiria”.
Apresentando argumentos próprios, os alunos relataram que consumiriam um
alimento transgênico, pois em sua maioria confiam na produção científica, outros alunos
dizem que alguns produtos já não existem opção pelo produto convencional nas prateleiras
dos mercados, alguns alunos dizem já ter consumido alimentos de origem e continuaria a
consumir, pois não sentiu alteração evidente em sua saúde.
Figura 16: Gráfico da questão 10
Diante das opiniões dos alunos, compreendem-se os motivos de 92% dos alunos
relatarem que consumiriam alimentos transgênicos, porém sabe-se que o alimento
convencional é mais saudável e ecologicamente mais viável em relação aos transgênicos.
Esperavam-se opiniões mais críticas, uma vez que na perspectiva CTS os aspectos científicos,
tecnologicos e sociais devem estar interligados para o desenvolvimento humano, devendo ser
levados em consideração os riscos de danos à natureza, pois o homem é parte da natureza.
37
Portanto é necessária uma reflexão sobre essa questão, uma educação ambiental incorporada
aos conteúdos em sala de aula para auxiliar os alunos na tomada de decisões.
Buscou-se através das atividades propostas no projeto, oferecer informações e
debater em sala o tema transgênico em uma abordagem interdisciplinar em que proporcionou
um contato do aluno com o tema que vai além dos conceitos curriculares, abrindo espaço para
debates em que foram discutidos fatores científicos, ambientais e sociais envolvendo os
transgênicos. Assim, os alunos tomaram conhecimento dos testes que são realizados e da
legislação, quais os alimentos são consumidos no dia a dia que possuem origem transgênica e
qual a forma que se identifica tal produto.
Por conseguinte, analisados os questionários pode-se afirmar que a definição dada
a um alimento transgênico ficou mais clara depois das atividades do projeto. Alguns conceitos
também se apresentaram mais claros e definidos, como a definição de DNA, a identificação
de produtos transgênicos e a legislação brasileira em relação à biossegurança.
38
CAPÍTULO III
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por intermédio do levantamento teórico, é possível perceber claramente o quanto
a abordagem de Ciência, Tecnologia e Sociedade CTS dentro do ensino de química é
importante para melhorar o aprendizado do aluno. Compartilhando o ponto de vista de Santos
(2002) sobre o ensino na perspectiva CTS, é preciso fornecer uma aprendizagem
comprometida com as influências sociais, políticas e econômicas que apresentam suas
relações com ciência, tecnologia e sociedade.
Com a elaboração do presente trabalho, observou-se que os alunos tomaram
conhecimento de como se aplica a tecnologia do DNA recombinante na produção de
transgênicos, dentro da abordagem de conteúdos básicos dentro da disciplina de Química.
Analisando-se os questionários respondidos pelos alunos, verifica-se vários
fatores que proporcionaram um contato do aluno com o tema transgênico, abrindo espaço para
debates onde foram discutidos fatores científicos, ambientais e sociais envolvendo a
biotecnologia. Outro fator que viabilizou o aprendizado foi a experimentação, segundo
Gonçalves e Marques (2011) a realização de atividades experimentais com materiais
alternativos é uma alternativa de transformar a realidade escolar.
Durante a análise dos resultados observam-se resultados positivos,
proporcionando a ampliação do conhecimento dos alunos. Em relação ao projeto
desenvolvido alguns conceitos merecem uma atenção especial e um trabalho mais específico,
verifica-se isso em algumas respostas no questionário, onde uma minoria de alunos ainda
apresenta dificuldades em relação a alguns conceitos trabalhados como biotecnologia,
melhoramento genético convencional e a legislação brasileira em relação aos transgênicos.
A proposta de ensino CTS deve estar presente sempre na disciplina, não apenas na
aplicação de um projeto ou pesquisa realizada. Deve ser contínua para que os alunos se
interessem mais pela disciplina possibilitando que comecem a desvendar a química dentro do
seu próprio cotidiano. Espera-se que a partir do momento que eles consigam fazer essa
ligação, haja melhoria no aprendizado permitindo melhor compreensão da disciplina, fazendo
com que o interesse aumente cada vez mais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIOTECNOLOGIA AGROPECUÁRIA, Boletim Técnico. Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento. Brasília, Df, 2010. Disponível em
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/Qualidade%20dos%20alimentos/biotec
nologia_F.pdf Acesso em: 24/ jul. 2015.
BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm Acesso em: 08/ jul. 2015.
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 28 mar. 2005. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4504.htm Acesso em: 08/ jul. 2015.
BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ensino médio / Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. – Brasília: Ministério da Educação,
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CAZZOLINO, Silva. Nutracêuticos: o que significa? ABESO, Fev. 2012. n. 55. Disponível
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42
APÊNDICES
APÊNDICE I
Questionário
Aluno (a):____________________________________________________________
Série:_______ Técnico Integrado em Química
1. Você sabe o que é DNA? Sim ( ) Não ( )
Se Sim, defina o que é DNA:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
2. Você sabe o que é um alimento transgênico?
Sim ( ) Não ( )
Se Sim, explique o que é transgênico:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
3. Como você tomou conhecimento sobre os
transgênicos? Onde ouviu falar?
( ) Escola ( ) Revistas ( ) TV ( ) Internet ( ) Outros, Qual:_______________
4. Você já consumiu algum alimento
transgênico? ( ) Sim ( )Não ( ) Não sei.
Se já consumiu, quais alimentos? Como soube que o alimento é transgênico?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
5. Para você existe diferença entre a técnica de
melhoramento genético e transgenia? Se sim, qual?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
6. Indique um aspecto positivo e um negativo a
respeito dos transgênicos:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
7. Você sabe se existe alguma legislação no
Brasil sobre os transgênicos? Sim ( ) Não ( ). Se Sim, qual?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
8. Você considera importante o consumidor ter
direito a informação em relação à origem dos alimentos, no caso dos transgênicos?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9. Defina Biotecnologia.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10. Você consumiria um alimento sabendo que é
de origem transgênica? Por quê?
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APÊNDICE II
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CAMPUS INHUMAS
Graduando: Douglas Navas Cardoso
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elaine Reed
Abordagem interdisciplinar na extração de DNA a partir de vegetais
Nomes:___________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Série: 3º “B” Técnico Integrado em Química
1) Objetivo
A atividade a ser realizada tem como objetivo contribuir para a identificação do
DNA extraído a partir de materiais vegetais.
2) Fundamentação Teórica
Todo ser vivo se difere de uma matéria bruta, porque são constituídos de células.
Que podem ser classificadas em: células procarióticas e células eucarióticas. As células
possuem uma informação hereditária codificada em moléculas de ácido desoxirribonucleico
(DNA).
Em 1953, Francis Crick e James Watson apresentaram o modelo estrutural da
molécula de DNA. Uma molécula composta por nucleotídeos, que têm uma estrutura básica:
um ácido fosfórico ou fosfato, uma desoxirribose, que é um açúcar classificado como pentose
e quatro bases nitrogenadas, são elas: Adenina, Citosina, Guanina e Timina.
Os nucleotídeos são unidos por ligações chamadas fosfodiéster e são mantidos
juntos por ligações de hidrogênio, sempre entre uma base Purina e uma base Pirimidina. Para
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ter acesso a molécula de DNA no núcleo da célula é necessário romper paredes celulares,
membranas lipoproteícas e diminuir interações moleculares. (LIMA e FRACETO, 2007).
Atualmente, com a engenharia genética baseada nas tecnologias modernas de
manipulação do DNA é possível isolar segmentos do material genético de um organismo e
introduzi-lo em outro; essa técnica é chamada de transgenia.
3) Materiais e Reagentes
1 Tomate
4g de cloreto de sódio (sal de cozinha)
Espátula
Água
Etanol (álcool etílico comercial)
6 mL de detergente comercial
Proveta 10 mL
Gelo
Balança analítica
Bandeja plástica
Papel filtro
Faca
Peneira
Funil
Béquer de 100 mL
Béquer de 250 ml ou 500 mL
Almofariz de porcelana com pistilo
Pipeta de Pasteur
4) Procedimento Experimental
Com uma faca picar o tomate em pequenas partes e macerar em um almofariz de
porcelana com pistilo.
Em um béquer de 100 mL, preparar a solução de lise: em uma proveta 10mL,
medir 6 mL de detergente, em um béquer 100 mL pesar em uma balança analítica 4 g de
cloreto de sódio (sal de cozinha). Adicionar o detergente ao béquer contendo sal, completando
o volume com água até 60 mL.
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Adicionar a solução ao béquer de 250 mL ou 500 mL contendo o tomate
macerado e peneirado.
Homogeneizar a solução de lise com a polpa do tomate e colocar o béquer para
banho-maria por 10 minutos.
Após os 10 minutos retirar com cuidado o béquer do banho-maria e colocar no
gelo, em uma bandeja plástica por um período de 5 minutos.
Filtrar a solução em um béquer 100 mL utilizando funil com papel filtro, transferir
com uma pipeta Pasteur 3 mL do material filtrado para um tubo de ensaio.
Adicionar 4 mL de etanol gelado escorrendo vagarosamente pelo tubo de ensaio.
Observar atentamente o que ocorre no tubo.
5) Perguntas e discussões
1. Por que é necessário macerar o material biológico?
2. Qual o papel do cloreto de sódio (sal de cozinha)?
3. Qual o papel do etanol?
4. Por que você não pode ver a dupla hélice do DNA extraído?
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APÊNDICE III
Plano de Aula
Público Alvo: 3° Ano do Ensino Médio
Duração da Aula: 2 h/a
Tema:
Alimentos Transgênicos – Uma Abordagem de Ciência, Tecnologia e Sociedade.
Objetivos específicos
Apresentar o conceito de organismo transgênico;
Identificar a estrutura do DNA e suas propriedades;
Apresentar fatores favoráveis e contrários à tecnologia dos transgênicos;
Proporcionar uma visão ampla e uma análise crítica a respeito dos transgênicos;
Analisar a relevância do tratamento pedagógico adotado.
Recursos didáticos
Aula expositiva dialogada;
Data Show;
Vídeos sobre a produção de transgênicos e sobre o DNA.
Debate em grupo;
Aula prática no Laboratório.
Conteúdo Programático
Ácidos nucleicos;
Alimentos e aditivos;
Introdução à Bioquímica.
Procedimentos
1) Fazer uma breve apresentação do tema e da programação das aulas;
2) Aplicar um questionário individual, antes de serem trabalhados os conceitos, a fim de
verificar os conceitos prévios dos alunos. Os alunos deveram se identificar, para comparação
do questionário posterior às atividades. (10 minutos);
3) Aula expositiva dialogada, com apresentação de slides (20 a 30 minutos);
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4) Exibição do vídeo: exibir primeiramente um vídeo sobre o DNA e suas propriedades.
O vídeo está disponível no ‘youtube’ que poderá ser encontrado pelo nome: “Do DNA até a
Síntese de Proteínas”, ou disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MpOyCicsJDs .
Fazer comentários (10 minutos) ;
5) Exibição do segundo vídeo: Esse vídeo é uma reportagem de um programa da Rede
Globo ‘Globo Rural’, que mostra o desenvolvimento do milho transgênico nos EUA, a
iniciativa privada e nas universidades em pesquisas para desenvolver os transgênicos;
Perguntas e respostas sobre o vídeo (20 minutos);
6) Ao final da aula será proposta a divisão da turma em dois grupos: um grupo ficará
responsável por ler dois textos que fala sobre os benefícios da tecnologia dos transgênicos
(PASSOS, 2014) e (PASSOS, 2015) e o outro grupo ficará responsável por ler dois textos que
relata argumentos contrários à tecnologia dos transgênicos (ARAGUAIA, 2015 e
TERAPEUTA, 2015);
7) No segundo momento, com a turma devidamente separada em dois grupos na sala de
aula, o professor deverá mediar um debate a partir dos temas dos textos disponibilizados (20
minutos);
8) Trazer para sala de aula produtos do cotidiano dos alunos que contenham o símbolo
dos transgênicos em suas embalagens;
9) Após o debate dirigir os alunos ao laboratório para realizar uma atividade
experimental: Abordagem interdisciplinar na extração de DNA a partir de vegetais, adaptada
ao artigo de Lima e Faceto (2007). (20 a 30 minutos);
10) Aplicar novamente o mesmo questionário aos alunos, para análise das respostas e
como parametro de avaliação da relevância do tratamento adotado. (10 minutos).
Avaliação
Observar, registrar e analisar a participação dos alunos em todas as atividades;
Examinar as respostas de cada aluno nos questionários antes e depois do tratamento
adotado.
Referências
ARAGUAIA, Mariana. "Argumentos contra os transgênicos"; Brasil Escola. Disponível em
http://www.brasilescola.com/biologia/transgenicos.htm . Acesso em 21 de nov. de 2015.
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LIMA, Renata; FRACETO, Leonardo Fernandes. Abordagem química na extração de DNA
do tomate. In: Química Nova na Escola, n. 25. Maio, 2007. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc25/eeq04.pdf . Acesso em: 28 nov.2015.
PASSOS, André. Biotecnologia é uma proposta para o futuro. Revista Safra. 14 out. 2014.
Disponível em: http://revistasafra.com.br/biotecnologia-e-aposta-para-o-futuro-da-pecuaria/
Acesso em 18 de nov. de 2015.
PASSOS, André. Quase tudo ‘dominado’ pelos transgênicos. Revista Safra. 06 de abr. 2015.
Disponível em: http://revistasafra.com.br/biotecnologia-e-aposta-para-o-futuro-da-pecuaria/
Acesso em 18 de nov. de 2015.
TERAPEUTA, Luiz. Alimentos transgênicos. Greenpeace. Disponível em
http://ahau.org/alimentos-transgenicos/ Acesso em 21 nov. 2015.