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DOUTRINA DO CEU ÍNDICE GERAL TÍTULO DATA * PÁGINA A DOUTRINA DO CEU 12/12/1969 7 AS QUATRO REVELAÇÕES 13/12/1969 7 OS 10 MANDAMENTOS 14/12/1969 8 PRIMEIRO MANDAMENTO 16/12/1969 9 SEGUNDO MANDAMENTO 17/12/1969 9 TERCEIRO MANDAMENTO 18/12/1969 10 QUARTO MANDAMENTO 19/12/1969 11 QUINTO MANDAMENTO 20/12/1969 12 SEXTO MANDAMENTO 21/12/1969 13 SÉTIMO MANDAMENTO 23/12/1969 13 OITAVO MANDAMENTO 24/12/1969 15 NONO MANDAMENTO 25/12/1969 15 DÉCIMO MANDAMENTO 27/12/1969 16 AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO 28/12/1969 16 UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR 30/12/1969 17 A VIDA E A MORTE 31/12/1969 18 ASSASSÍNIO E SUICÍDIO 01/01/1970 19 DEUS E O UNIVERSO 03/01/1970 21 SEGUNDA REVELAÇÃO 04/01/1970 21 JESUS, O CRISTO DE DEUS 06/01/1970 23 DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – I 07/01/1970 24 DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – II 08/01/1970 25 DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – III 09/01/1970 26 MORAL CRISTÃ 10/01/1970 27 EVANGELHO ETERNO 11/01/1970 28 LIÇÕES DO EVANGELHO 13/01/1970 30 ESPÍRITO E VIDA 14/01/1970 32 RENOVAR OU MORRER 15/01/1970 33 BÍBLIA, BOA VONTADE, NOVO MANDAMENTO 16/01/1970 35 O AMOR UNIVERSAL 17/01/1970 36 O CÉU E O INFERNO 18/01/1970 38 A OBRA DA UNIFICAÇÃO 20/01/1970 39 O SOL E O CEU 21/01/1970 40 LBV É SIMPLIFICAÇÃO 22/01/1970 42 DEUS É ESPÍRITO 23/01/1970 43 O LONGO APRENDIZADO 24/01/1970 44 PRIMEIRO: ESTUDAR! 25/01/1970 45 OS DONS DE DEUS 27/01/1970 46 A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO 28/01/1970 48 REENCARNAÇÃO 29/01/1970 49 A LETRA MATA 30/01/1970 52 JOÃO, O BATISTA 31/01/1970 53 JOÃO, O BATISTA II 01/02/1970 54 JOÃO, O BATISTA III 03/02/1970 55 JOÃO, O BATISTA IV 04/02/1970 56 JOÃO, O BATISTA V 05/02/1970 57 JOÃO, O BATISTA VI 06/02/1970 58 JOÃO, O BATISTA VII 07/02/1970 59 JOÃO, O BATISTA VIII 08/02/1970 60 JESUS, O CRISTO – I 12/02/1970 61 1

Doutrina Do Ceu [Livro]

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É a Doutrina da Religião de Deus, proclamada por Alziro Zarur

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Page 1: Doutrina Do Ceu [Livro]

DOUTRINA DO CEU

ÍNDICE GERALTÍTULO DATA * PÁGINA

A DOUTRINA DO CEU 12/12/1969 7AS QUATRO REVELAÇÕES 13/12/1969 7OS 10 MANDAMENTOS 14/12/1969 8PRIMEIRO MANDAMENTO 16/12/1969 9SEGUNDO MANDAMENTO 17/12/1969 9TERCEIRO MANDAMENTO 18/12/1969 10QUARTO MANDAMENTO 19/12/1969 11QUINTO MANDAMENTO 20/12/1969 12SEXTO MANDAMENTO 21/12/1969 13SÉTIMO MANDAMENTO 23/12/1969 13OITAVO MANDAMENTO 24/12/1969 15NONO MANDAMENTO 25/12/1969 15DÉCIMO MANDAMENTO 27/12/1969 16AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO 28/12/1969 16UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR 30/12/1969 17A VIDA E A MORTE 31/12/1969 18ASSASSÍNIO E SUICÍDIO 01/01/1970 19DEUS E O UNIVERSO 03/01/1970 21SEGUNDA REVELAÇÃO 04/01/1970 21JESUS, O CRISTO DE DEUS 06/01/1970 23DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – I 07/01/1970 24DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – II 08/01/1970 25DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO – III 09/01/1970 26MORAL CRISTÃ 10/01/1970 27EVANGELHO ETERNO 11/01/1970 28LIÇÕES DO EVANGELHO 13/01/1970 30ESPÍRITO E VIDA 14/01/1970 32RENOVAR OU MORRER 15/01/1970 33BÍBLIA, BOA VONTADE, NOVO MANDAMENTO 16/01/1970 35O AMOR UNIVERSAL 17/01/1970 36O CÉU E O INFERNO 18/01/1970 38A OBRA DA UNIFICAÇÃO 20/01/1970 39O SOL E O CEU 21/01/1970 40LBV É SIMPLIFICAÇÃO 22/01/1970 42DEUS É ESPÍRITO 23/01/1970 43O LONGO APRENDIZADO 24/01/1970 44PRIMEIRO: ESTUDAR! 25/01/1970 45OS DONS DE DEUS 27/01/1970 46A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO 28/01/1970 48REENCARNAÇÃO 29/01/1970 49A LETRA MATA 30/01/1970 52JOÃO, O BATISTA 31/01/1970 53JOÃO, O BATISTA II 01/02/1970 54JOÃO, O BATISTA III 03/02/1970 55JOÃO, O BATISTA IV 04/02/1970 56JOÃO, O BATISTA V 05/02/1970 57JOÃO, O BATISTA VI 06/02/1970 58JOÃO, O BATISTA VII 07/02/1970 59JOÃO, O BATISTA VIII 08/02/1970 60JESUS, O CRISTO – I 12/02/1970 61JESUS, O CRISTO – II 13/02/1970 62JESUS, O CRISTO – III 14/02/1970 63JESUS, O CRISTO – IV 15/02/1970 64

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DOUTRINA DO CEU

JESUS, O CRISTO – V 17/02/1970 66JESUS, O CRISTO – VI 18/02/1970 66JESUS, O CRISTO – VII 19/02/1970 68JESUS, O CRISTO – VIII 20/02/1970 69JESUS, O CRISTO – IX 21/02/1970 70JESUS, O CRISTO – X 22/02/1970 70JESUS, O CRISTO – XI 24/02/1970 71NASCIMENTO DE JOÃO 26/02/1970 72CÂNTICO DE ZACARIAS 27/02/1970 73A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO 28/02/1970 74O NASCIMENTO DE JESUS 01/03/1970 75OBRA DO ESPÍRITO SANTO – I 03/03/1970 76OBRA DO ESPÍRITO SANTO – II 04/03/1970 77OBRA DO ESPÍRITO SANTO – III 05/03/1970 78OBRA DO ESPÍRITO SANTO – IV 06/03/1970 79OBRA DO ESPÍRITO SANTO – V 07/03/1970 80OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VI 08/03/1970 81OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VII 10/03/1970 82OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VIII 11/03/1970 83BOA VONTADE 12/03/1970 84BOA VONTADE – II 13/03/1970 85BOA VONTADE – III 14/03/1970 86BOA VONTADE – IV 15/03/1970 87CÂNTICO DE SIMEÃO 17/03/1970 88O MENINO JESUS 18/03/1970 89OS MAGOS – I 19/03/1970 90OS MAGOS – II 20/03/1970 91OS MAGOS – III 21/03/1970 92FUGA PARA O EGITO 22/03/1970 93REGRESSO DO EGITO 24/03/1970 94A VIDA DE JESUS 25/03/1970 94A VIDA DE JESUS – II 26/03/1970 95A VIDA DE JESUS – III 27/03/1970 96A VIDA DE JESUS – IV 29/03/1970 97A VIDA DE JESUS – V 31/03/1970 98A VIDA DE JESUS – VI 01/04/1970 99A VIDA DE JESUS – VII 02/04/1970 100A VIDA DE JESUS – VIII 03/04/1970 101PREGAÇÃO DE JOÃO, O BATISTA 04/04/1970 102A MENSAGEM E O TESTEMUNHO DO BATISTA 05/04/1970 103A OBRA DA REGENERAÇÃO 07/04/1970 104BATISMO EM ESPÍRITO SANTO 08/04/1970 105BATISMO DE JESUS 09/04/1970 106BATISMO E REENCARNAÇÃO 10/04/1970 107GENEALOGIA DE JESUS 11/04/1970 108GENEALOGIA E O VÉU DA LETRA 12/04/1970 110DEUS E A VIDA UNIVERSAL 14/04/1970 112DEUS E A VIDA UNIVERSAL – II 15/04/1970 113DEUS E A VIDA UNIVERSAL – III 16/04/1970 114DEUS E A VIDA UNIVERSAL – IV 17/04/1970 115DEUS E A VIDA UNIVERSAL – V 18/04/1970 116DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VI 19/04/1970 117DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VII 21/04/1970 118DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VIII 22/04/1970 119DEUS E A VIDA UNIVERSAL – IX 24/04/1970 120

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DOUTRINA DO CEU

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – X 25/04/1970 121DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XI 26/04/1970 121DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XII 28/04/1970 122DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XIII 29/04/1970 123DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XIV 30/04/1970 125DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XV 01/05/1970 125DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVI 03/05/1970 126DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVII 05/05/1970 127DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVIII 06/05/1970 128DEUS E A VIDA UNIVERSAL –XIX 07/05/1970 129DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XX 08/05/1970 130TENTAÇÃO DE JESUS 09/05/1970 132A TENTAÇÃO E O JEJUM 10/05/1970 133JESUS E SATANÁS 12/05/1970 134JESUS E SATANÁS – II 13/05/1970 135JESUS E SATANÁS – III 14/05/1970 136JESUS E SATANÁS – IV 15/05/1970 136DEUS, JESUS, ESPÍRITO SANTO 16/05/1970 137PASSADO, PRESENTE E FUTURO 17/05/1970 138JESUS E OS HOMENS 20/05/1970 139JESUS E OS HOMENS – II 21/05/1970 140JESUS E OS HOMENS – III 22/05/1970 141JESUS E OS HOMENS – IV 23/05/1970 142JESUS E OS HOMENS – V 24/05/1970 143JESUS E OS HOMENS – VI 26/05/1970 144JESUS E OS HOMENS - VII 27/05/1970 145O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO 28/05/1970 147AS NAÇÕES NADA VALEM PARA DEUS 29/05/1970 147A PESCA CHAMADA MILAGROSA 30/05/1970 149OS FLUIDOS E O MAGNETISMO 31/05/1970 150OS MILAGRES DE JESUS 02/06/1970 151SATANÁS E SUAS PRESAS 03/06/1970 153CURAS DAS OBSESSÕES 04/06/1970 154JESUS E OS APÓSTOLOS 05/06/1970 155O SERMÃO DA MONTANHA 06/06/1970 157OS POBRES DE ESPÍRITO 07/06/1970 158SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO 09/06/1970 159JESUS E A LEI 10/06/1970 160ENSINAR E EXEMPLIFICAR 11/06/1970 161JUSTIÇA E RECONCILIAÇÃO 12/06/1970 162FAZER PENITÊNCIA 13/06/1970 164A FIGUEIRA ESTÉRIL 14/06/1970 164MULHER DOENTE 16/06/1970 165O DIA E O CULTO DO SÁBADO 17/06/1970 166ADULTÉRIO NO CORAÇÃO 18/06/1970 167CASAMENTO E JURAMENTO 19/06/1970 167OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE 20/06/1970 168O APOCALIPSE E A REVOLUÇÃO DO PLANETA 21/06/1970 170SÓ A DEUS CABE JULGAR 23/06/1970 171O SEGREDO DAS BOAS OBRAS 24/06/1970 172O “PAI NOSSO” 25/06/1970 173O JEJUM MORAL 26/06/1970 174O VERDADEIRO TESOURO 27/06/1970 175RICOS EM DEUS 28/06/1970 176A VIDA ETERNA 30/06/1970 176

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DOUTRINA DO CEU

NÃO SERVIR A DOIS SENHORES 01/07/1970 178BUSCAI O REINO DE DEUS 02/07/1970 179O RICO E O LÁZARO 03/07/1970 180COMUNICAÇÃO DE VIVOS E MORTOS 04/07/1970 180CRISTIANISMO E RIQUEZA 05/07/1970 181QUEM JULGA SERÁ JULGADO 07/07/1970 183JULGAR, PERDOAR E PREGAR 08/07/1970 184O PODER DA ORAÇÃO 09/07/1970 185É PRECISO SABER PEDIR 10/07/1970 186JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE 11/07/1970 186A PORTA ESTREITA 12/07/1970 187OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS 14/07/1970 187FALSOS PROFETAS 15/07/1970 189DEUS JULGA PELAS OBRAS 16/07/1970 190A LEPRA FÍSICA E A LEPRA MORAL 17/07/1970 191COMO VENCER A LEPRA 18/07/1970 192RELIGIÃO E CIÊNCIA 19/07/1970 193A CIÊNCIA PERANTE O EVANGELHO 21/07/1970 194ALOPATIA E HOMEOPATIA 22/07/1970 195A IGREJA DO CRISTO 23/07/1970 195O ESPÍRITO E O CADÁVER 24/07/1970 196O MISTÉRIO DAS RESSURREIÇÕES 25/07/1970 197LÁZARO E A FILHA DE JAIRO 26/07/1970 198CURAS FÍSICAS E ESPIRITUAIS 28/07/1970 199COMO SEGUI O MESTRE 29/07/1970 201QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS 30/07/1970 202DESERTO, PRECE, PREGAÇÃO 31/07/1970 203NÃO OLHAR PARA TRÁS 01/08/1970 203TEMPESTADE APLACADA 02/08/1970 205FENÔMENOS DA NATUREZA – I 04/08/1970 206FENÔMENOS DA NATUREZA – II 05/08/1970 207FENÔMENOS DA NATUREZA –I II 06/08/1970 208FENÔMENOS DA NATUREZA – IV 07/08/1970 208NA TERRA DOS GERASENOS – I 08/08/1970 210NA TERRA DOS GERASENOS – II 09/08/1970 211NA TERRA DOS GERASENOS – III 11/08/1970 213NA TERRA DOS GERASENOS – IV 12/08/1970 214NA TERRA DOS GERASENOS – V 13/08/1970 215LEVANTA-TE E CAMINHA 14/08/1970 217VOCAÇÃO DE MATEUS 15/08/1970 218VELHAS E NOVAS DOUTRINAS 16/08/1970 220A IGREJA DO CRISTO 18/08/1970 221VINHO VELHO É MELHOR 19/08/1970 222A FILHA DE JAIRO E A HEMORROÍSSA 20/08/1970 224MORTE E CATALEPSIA 22/08/1970 225CEGOS CURADOS 23/08/1970 227QUANDO O HOMEM PODE CURAR 25/08/1970 227O POSSESSO MUDO 26/08/1970 228OVELHAS SEM PASTOR 28/08/1970 229OS APÓSTOLOS DE JESUS 29/08/1970 231A MISSÃO DOS APÓSTOLOS 30/08/1970 232LIGAR E DESLIGAR 01/09/1970 233IDE E PREGAI 02/09/1970 234O PODER E A AUTORIDADE 03/09/1970 235HONESTIDADE NAS COISAS DE DEUS 04/09/1970 236

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DOUTRINA DO CEU

A INSTRUÇÃO ESPIRITUAL 05/09/1970 237QUEM É JUSTO? 06/09/1970 237O PÓ DAS SANDÁLIAS 08/09/1970 238OVELHAS NO MEIO DE LOBOS 09/09/1970 239PRUDENTES COMO A SERPENTES 10/09/1970 240PERSEVERAR ATÉ O FIM 11/09/1970 240A VOLTA DE JESUS 12/09/1970 242AS TRÊS MISSÕES DO CRISTO 13/09/1970 242TODOS SÃO IGUAIS 15/09/1970 243PODE UM CEGO GUIAR OUTRO CEGO 17/09/1970 244SOBRE OS TELHADOS 18/09/1970 245TEMER SOMENTE A DEUS 19/09/1970 246INVOLUÇÃO E EVOLUÇÃO 20/09/1970 247FATALISMO E LIVRE ARBÍTRIO 22/09/1970 248JESUS VEIO TRAZER FOGO À TERRA 23/09/1970 248DIVISÃO ATÉ AO FIM DO CICLO 24/09/1970 249JESUS E O AMOR DA FAMÍLIA 25/09/1970 250PERDER E SALVAR A VIDA 26/09/1970 251ODIAR PAI E MÃE? 27/09/1970 252PENSAR ANTES DE AGIR 29/09/1970 253A RECOMPENSA DO FIEL 30/09/1970 253MISSÃO DOS 72 DISCÍPULOS 01/10/1970 254DIREITO DE VIDA E MORTE SOBRE A ALMA 02/10/1970 255REGRESSO DOS SETENTA E DOIS 03/10/1970 256JESUS E OS DISCÍPULOS DE JOÃO 04/10/1970 257A MISSÃO DO PRECURSOR DE JESUS 06/10/1970 258JOÃO ESPÍRITO E JOÃO HOMEM 07/10/1970 259A VIOLÊNCIA E O REINO DOS CÉUS 08/10/1970 259ELIAS DE NOVO NA TERRA 09/10/1970 260JOÃO E JESUS INCOMPREENDIDOS 10/10/1970 261COMER E BEBER 11/10/1970 261A PECADORA E O FARISEU 13/10/1970 263CILADA, PERDÃO E GRAÇA 14/10/1970 263CIDADES IMPERNITENTES 15/10/1970 265INFERNO E JUÍZO 16/10/1970 266JUÍZO FINAL 17/10/1970 266ANALFABETOS ESPIRITUAIS 18/10/1970 268O PAI E O FILHO 20/10/1970 268PASSADO E FUTURO 21/10/1970 269JUGO SUAVE E FARDO LEVE 22/10/1970 270O SÁBADO FEITO PARA O HOMEM 23/10/1970 272A GRANDE TRANSIÇÃO 24/10/1970 273UMA SÓ RELIGIÃO 25/10/1970 273A MÃO SECA 27/10/1970 275A PRESCIÊNCIA DE DEUS 28/10/1970 276O PROFETA E O MESSIAS 29/10/1970 277CANIÇO QUEBRADO, MECHA FUMEGANTE 30/10/1970 277SUBJUGADO: CEGO E MUDO 31/10/1970 279BELZEBU, SATANÁS E DEMÔNIOS 01/11/1970 279PELO ESPÍRITO DE DEUS 03/11/1970 280JESUS EM RELAÇÃO DIRETA COM DEUS 04/11/1970 281O REINO DE DEUS PARA TODOS 05/11/1970 282O VALENTE ARMADO 06/11/1970 283QUEM NÃO É POR MIM É CONTRA MIM 07/11/1970 284BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO 08/11/1970 285

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DOUTRINA DO CEU

OS DOGMAS E A VERDADE ETERNA 10/11/1970 286A JUSTIÇA PERFEITA DE DEUS 11/11/1970 287RAÇA DE VÍBORAS 12/11/1970 287O “MILAGRE” DE JONAS 13/11/1970 289JONAS, NINIVE E A RAINHA DE SABÁ 14/11/1970 290O ASSÉDIO INCESSANTE DA TREVA 15/11/1970 291O ESPÍRITO ACIMA DA LETRA 17/11/1970 291A COMUNHÃO DO CRISTO 18/11/1970 292FORA DE DEUS NÃO HÁ SEGURANÇA 19/11/1970 293A FAMÍLIA DE JESUS 20/11/1970 294A GRANDE FAMÍLIA ESPIRITUAL DE JESUS 21/11/1970 295FILHO PRIMOGÊNITO 22/11/1970 296A PARÁBOLA DO SEMEADOR 24/11/1970 298O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS 25/11/1970 300AO QUE TEM E AO QUE NÃ TEM 26/11/1970 301MUITOS CHAMADOS, POUCOS ESCOLHIDOS 27/11/1970 302QUEM PARA – RECUA E CAI 28/11/1970 303A PALAVRA DO REINO 29/11/1970 304AS TENTAÇÕES E OS DESERTORES 01/12/1970 305OS ESPINHEIROS E A TERRA BOA 02/12/1970 306A PARÁBOLA DO TRIO E DO JOIO 03/12/1970 307A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA 04/12/1970 309A PARÁBOLA DA MASSA FERMENTADA 05/12/1970 310SEM QUE O HOMEM SAIBA COMO 06/12/1970 311O ESTADO ATUAL DA SEMENTE DIVINA 08/12/1970 311A PARÁBOLA DO JOIO 09/12/1970 313O FIM DO MUNDO 10/12/1970 314OS CEIFEIROS DA PARÁBOLA 11/12/1970 315PRANTO E RANGER DE DENTES 12/12/1970 315TESOURO OCULTO E PÉROLA DE ALTO PREÇO 13/12/1970 316PARÁBOLA DA REDE LANÇADA AO MAR 15/12/1970 317NINGUÉM É PROFETA EM SUA TERRA 16/12/1970 318O BATISTA E A REENCARNAÇÃO 17/12/1970 320MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES 18/12/1970 322O “MILAGRE” DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES 19/12/1970 323PRODUTOS CESTOS E PEDAÇOS 20/12/1970 324JESUS E PEDRO CAMINHAM SOBRE AS ÁGUAS 22/12/1970 326JESUS NÃO É DEUS 23/12/1970 327CORAÇÕES CEGOS 24/12/1970 328A FÉ E A AÇÃO MAGNÉTICA 25/12/1970 329AS TRADIÇÕES E A HIPOCRISIA 27/12/1970 330A TRADIÇÃO DOS ANTIGOS E DOS CRISTÃOS 29/12/1970 331

* Data referente à publicação no Jornal Gazeta de Notícias

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DOUTRINA DO CEU

A DOUTRINA DO CEU

P – Qual a Doutrina do Centro Espiritual Universalista da LBV?

R – Ela unifica, neste fim de ciclo, todos os ensinamentos de Jesus, em Espírito e Verdade, mas à luz do Novo Mandamento. Nenhum sectarismo, nenhum ecletismo, nenhum hibridismo – porque a Verdade não é híbrida, não é eclética, não é sectária. A Legião da Boa Vontade publica toda Doutrina do CEU – exatamente a Doutrina do Cristo de Deus, acima de todas as perversidades geradas pelas religiões humanas, diletas filhas do Anti-Cristo. Cada integrante do CEU, como autêntico Legionário da Boa Vontade, terá de fazer suas estas palavras do Apóstolo Paulo: “Porventura procuro eu o favor dos homens ou o de Deus? Procuro eu agradar aos homens? Se agradasse a homens, não seria servo de Cristo Jesus. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi nem o aprendi de homem algum” (Gálatas, capítulo primeiro, versículos 10 a 12). A LBV unificará, portanto, todas as Revelações Progressivas de Jesus, a partir do Decálogo, restaurando a Verdade Divina deturpada pelos os que se dizem representantes de Deus. O CEU confirma que só o Cristo pode ensinar alguma coisa à Humanidade. Não se baseia em doutrinas de homens, por mais ilustres que sejam. É a grande devolução iniciada em 1948 pela LBV: ao Cristo o que é do Cristo. Os reveladores foram meros instrumentos do Redentor na obra sublime de salvação de TODAS AS CRIATURAS. Como todos podem perceber, esta é a Revelação Total do Chefe Planetário, precedendo sua volta, por Ele mesmo anunciada no seu Evangelho e no seu Apocalipse. É fácil prever a difusão de tal obra no mundo inteiro, especialmente agora, nesta Era Apocalíptica. Os tempos chegaram, e é preciso dar à Humanidade a Luz Eterna do Cristo Universal. Todos os Legionários serão mobilizados para esse trabalho, que provará ser o Brasil o Coração do Mundo, a Pátria do Evangelho, a Pátria de todas as pátrias porque é a PÁTRIA DO NOVO MANDAMENTO. Esta é a verdade: espiritualmente, o Brasil já está na vanguarda do Mundo.

AS 4 REVELAÇÕES

P – A Legião da Boa Vontade inaugurou o Centro Espiritual Universalista (CEU) no XIII Congresso, anunciando a Doutrina do Novo Mandamento com a unificação de todas as Revelações de Jesus. Quais são essas Revelações?

R – A Primeira Revelação de Jesus veio por intermédio de Moisés: é a Lei de Deus nos Dez Mandamentos, o Decálogo Real como exatamente se encontra no Velho Testamento da Bíblia Sagrada, isto é, sem as alterações introduzidas pela religião humana. A Segunda Revelação é o Cristianismo, que Jesus nos veio trazer pessoalmente, advertindo: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o poderíeis entender agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido de mim e vos anunciará todas as coisas que hão de vir; ele me glorificará, porque há de receber do que é meu para traze-lo a todos vós”. Estas palavras do Cristo estão no Evangelho segundo João, XVI: 12-13-14, e são completadas por estas outras desse mesmo Evangelho, XIV: 24-25-26: “Quem não me ama não guarda as minhas palavras (e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou). Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. Aqui está a prova de que não há uma só Revelação, mas Revelações Progressivas, que vêm de acordo com a evolução da Humanidade até ao final do Ciclo. A Terceira Revelação é a dos Espíritos, cujos instrumentos pioneiros, no Século XIX, foram Kardec e Roustaing. Finalmente, a Quarta e Última Revelação de Jesus é a do Novo Mandamento, unificando todas as Revelações e incluindo a do Apocalipse, que também é do Cristo através de João, o Evangelista. Só agora a Humanidade terá a RELIGIÃO DE DEUS, o verdadeiro Cristianismo do Cristo que é o do Novo Mandamento; somente agora se manifestará o Espírito da Verdade com a Revelação Total e Final, acima de todos os sectarismos estratificados – religiosos, científicos e filosóficos. E a pedra de toque é exatamente o Apocalipse de Jesus, que nos desvenda o que vai acontecer até ao final dos tempos. A LBV iniciou, portanto, no XIII Congresso dos Homens e Mulheres da Boa Vontade de Deus, seu grande trabalho UNIFICADOR, de

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acordo com a Proclamação do Novo Mandamento: a Igreja do Legionário é a sua própria casa, e cada Legionário é o Templo do Deus Vivo. Anuncia, por isso mesmo, a próxima volta de Jesus, com a formação de Um só Rebanho para um só Pastor pela reunião efetiva de todas as boas ovelhas, até agora aparentemente separadas, distribuídas por todos os rebanhos. Esclarece, ainda, que todas as religiões são evidentemente cristãs, mesmo aquelas que assim não se consideram por se encontrarem nos diversos graus de evolução espiritual. Mas a razão é simples: todas as criaturas são naturalmente cristãs, queiram ou não queiram, saibam ou não saibam, até mesmo as que se dizem materialistas, demonstrando ignorar a verdade da formação da Terra pelo Cristo de Deus, como se lê no capítulo primeiro do Evangelho de Jesus segundo João: “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; o Mundo foi feito por Ele, tudo foi feito por Ele e nada do que se fez foi feito sem Ele”. Para esta missão, sem paralelo na História, é que veio o Centro Espiritual Universalista, o CEU da LBV.

OS 10 MANDAMENTOS

P – O Centro Espiritual Universalista (CEU da LBV) adota os Dez Mandamentos, exatamente como se acham no Pentateuco de Moisés, no Velho Testamento da Bíblia Sagrada. Como a LBV interpreta o Decálogo, a chamada Lei de Deus?

R – A LBV não segue as religiões criadas pelos homens. Portanto, vamos dar a palavra aos Evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés: Deus não se comunica diretamente com os homens. Entretanto, segundo o modo de ver dos hebreus, era o próprio Deus quem falava a Moisés e era preciso que assim fosse. Espírito elevado, em relação ao povo que dirigia; médium, em certas circunstâncias, vidente, audiente, ou inspirado, e também de efeitos físicos, de acordo com os casos e necessidades da sua missão, Moisés viu-se obrigado a cercar-se de todo mistério e pompas que os impressionassem, para dar força e valor aos Mandamentos que impunha aos hebreus, para lhes gravar na memória e no coração as ordenações e os estatutos que lhes eram indispensáveis naquela época; obrigado a empregar fórmulas capazes de lhes infundir respeito. Seu Espírito revestiu as três personalidades terrenas conhecidas pelos nomes de Moisés, Elias e João, filho de Zacarias e Isabel, e desempenhou as três missões correspondentes a essas individualidades. Vamos, agora, explicar-vos o Decálogo em Espírito e Verdade. Vamos dar uma explicação não restrita aos hebreus e aos chamados “cristãos”, mas geral, passível de aplicar-se a todos os povos e a todas as épocas. Diz a Escritura: “Então, fez Deus que se ouvissem estas palavras: Eu sou o Senhor teu Deus que te salvou do Egito da casa da servidão”. Deus, o Criador de tudo o que É, tirou do nada o Espírito (explicaremos, a seguir, o sentido que deveis atribuir a essas palavras tomada à linguagem humana), para lhe dar o ser, o pensamento, a personalidade. Foi por sua vontade onipotente que o homem saiu das faixas da matéria, para ensaiar seus primeiros passos na senda espiritual. Foi o Senhor quem lhe mostrou o caminho que o salva da escravidão do pecado, iluminando-o com o facho da Verdade. Falando do Espírito, dissemos que Deus o tirou do nada, para lhe dar o ser, o pensamento, a personalidade. O nada, na acepção humana em que empregais esse termo, não existe, é coisa sem sentido, do ponto de vista correlativo de Deus e da Criação. O nada, para o Espírito, é a inconsciência do ser. Assim, o princípio espiritual contido nos minerais e nos vegetais está no nada, com relação ao seu ser. O nada da matéria propriamente dita é a volatilização dos princípios materiais, que devem aglomerar-se para constituir – quer os corpos, quer os planetas. É assim que foi explicado haver Deus feito sair do nada, do caos, o mundo que habitais; foi porque Ele constituiu em um corpo as moléculas esparsas na imensidade. Povos da Terra, levantai os olhos! A “coluna luminosa” que vos há de guiar para fora da servidão, que vos há de conduzir à Pátria da Liberdade, ainda se move à vossa frente. O Espírito da Verdade acendeu o farol em que devem concentrar-se os vossos olhares. Caminhai, caminhai sem descanso, pois tendes de chegar à Terra Prometida, onde correm o leite e o mel da palavra de paz e de amor a Deus.

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PRIMEIRO MANDAMENTO

P – Como o CEU da LBV explica o Primeiro Mandamento da Lei de Deus?

R – Antes de tudo, vamos concentrar toda a nossa atenção nos Dez Mandamentos que Moisés recebeu do Cristo: 1- Não terás outros deuses diante de mim. 2 – Não farás imagens esculpidas das coisas que estão em cima, nos céus; nem embaixo, sobre a terra; nem nas águas, sob a terra. Não te prostrarás diante delas, não as adorarás nem as servirás, porque eu sou o Eterno, teu Deus, Deus zeloso que puni a iniqüidade dos pais nos filhos na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e que uso de misericórdia na sucessão de mil gerações com os que me amam e guardam os meus mandamentos. 3 – Não tomarás em vão o nome do Eterno, do Senhor teu Deus; porque o Eterno, o Senhor, não terá por inocente aquele que em vão houver tomado o seu nome. 4 – Lembra-te do dia de sábado para o santificares. Trabalharás seis dias e farás a tua obra, mas o sétimo dia é o dia de descanso, consagrado ao Eterno, ao Senhor teu Deus. Não farás obra alguma nesse dia, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu gado, nem teu hóspede, o estrangeiro que estiver dentro dos muros de tuas cidades. 5 – Honra a teu pai e tua mãe. 6 – Não matarás. 7 – Não cometerás adultério. 8 – Não furtarás. 9 – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. 10 – Não cobiçarás a casa de teu próximo; não cobiçarás a mulher de teu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que seja de teu próximo. Esta é a Lei de Deus, que se caracteriza pela sua imutabilidade por ser perfeita e eterna, para todos os povos e nações da Terra. A ninguém é dado alterar o Decálogo Divino, como fez a Igreja de Roma, porque o próprio Jesus declarou: “Não vim revogar a Lei de Deus”. Essa loucura da ICAR já está enquadrada no Primeiro Mandamento, que taxativamente ordena: Não terás outros deuses diante de mim. Porque o Senhor Todo-Poderoso é o Deus só e único, o Criador incriado que não tem princípio nem terá fim, aquele que é, aquele de quem, por quem e em quem TUDO É. Portanto, não desvie o homem do seu Criador o pensamento, para concentrá-lo na criatura (mesmo quando se intitula vigário de Deus) e lhe render culto e homenagem devidos tão somente ao Senhor, não porque Ele seja um Deus vingativo, mas porque o homem é um espírito fraco, que facilmente se afasta do caminho certo e penosamente volta a este. É a explicação dos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés.

SEGUNDO MANDAMENTO

P – Qual a explicação que o Centro Espiritual Universalista (CEU da LBV) dá ao Segundo Mandamento da Lei de Deus?

R – O CEU não deu, não dá nem dará nenhuma orientação baseada em religiões criadas pelos homens. Por isso é que afirmou André Luiz: “Jesus segue na vanguarda do nosso movimento”. Estamos, como toda a Humanidade, desiludidos de “mestres” e chefes religiosos, por mais inspirados que sejam. O CEU está diretamente subordinado ao Espírito da Proclamação de 7 de setembro de 1959, quando determinou, por inspiração divina: “A Religião do Novo Mandamento, cuja orientação universal pertence a Deus, ao Cristo e ao Espírito Santo, pode ser explicada, mas nunca regulamentada ou administrada por seres humanos”. Assim, para explicar as Quatro Revelações, da Gênese ao Apocalipse, damos sempre a palavra ao Espírito da Verdade. Eis a sua explicação do Segundo Mandamento: “Não farás imagens esculpidas das coisas que estão em cima, nos céus; nem embaixo, sobre a terra; nem nas águas, sob a terra. Não te prostrarás diante delas, não as adorarás nem as servirás, porque eu sou o Eterno, teu Deus, Deus zeloso que puni a iniqüidade dos pais nos filhos na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e que uso de misericórdia na sucessão de mil gerações com os que me amam e guardam os meus mandamentos”. A unidade de Deus, sendo o princípio fundamental da fé, teve de ser resguardada pelos teólogos. Nossas palavras remontam até à origem da crença: todos os que se achavam à frente do culto a possuíam firme, embora espalhassem outra entre o povo. A idéia da UNIDADE DE DEUS se perpetuou em todas as idades, no seio de todos os povos, ainda que sem o caráter de generalidade. Quer dizer: embora não fosse geral, era partilhada pelos espíritos intelectualmente mais adiantados (se bem que menos virtuosos), que governavam os povos, quer como sacerdotes, que como filósofos ou sábios. A proibição de fazerem imitações das

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coisas criadas não significa, para os homens, a obrigação de se privarem de tais reproduções: proibiu-se-lhes, apenas, que se prostrassem diante delas e as servissem, a fim de que a unidade do princípio criador fosse mantida sempre. Mas os homens, materiais por natureza, tinham necessidade de representações também materiais para alimentarem sua fé. Daí a adoração, o culto prestado a representações sem nenhuma importância, isto é, simulacros colocados nos templos como ornatos. Transportai-vos ao Templo de Salomão e, nos quatro cantos do altar, vereis anjos de asas espalmadas, outros voltados para o Oriente, outros para o Ocidente. A representação artística e simbólica não era interdita: era-o, apenas, o culto voltado a essas representações. Aqui, entre parênteses, uma nota do Unificador: esta é a explicação da alínea e do Artigo 2º dos Estatutos da LBV – “edificar o TEMPLO DA BOA VONTADE com os símbolos de todas as religiões e filosofias, para demonstrar como se UNIFICAM todas as crenças no Novo Mandamento de Jesus”. Moisés lembrou aos hebreus o poder de Deus, apresentando-o como forte e cioso, isto é, sem admitir a partilha de seus direitos e com a força de os fazer respeitar, mas sem ferir o inocente para punir o culpado até a terceira e a quarta gerações, nem concedendo graça aos culpados através de mil gerações, por favor a um justo que houvesse servido de tronco a essa posteridade. Fraqueza da inteligência humana! Essa punição e essa misericórdia, verdadeiras monstruosidades se entendidas segundo a letra, são – segundo o espírito – a expressão sublime da justiça e, ao mesmo tempo, da bondade infinita de Deus. A explicação e a justificativa de compreender-se aquela sentença desse duplo ponto de vista, vós as encontrais na Lei da Reencarnação, que mostra o castigo a cair sempre, de geração em geração, sobre o Espírito culpado, e a misericórdia de Deus sempre a descer, através das gerações, sobre o Espírito que se depura e progride para o Bem. Os Espíritos geralmente se agregam, formando categorias de seres similares. Ora, compreende-se que esposos culpados atraiam para o seu lar Espíritos pouco adiantados, dispostos a seguir o caminho que eles trilham; do mesmo modo, os que observam a Lei de Deus, e cuja posteridade há de ser cada vez mais virtuosa, atraem, de geração em geração, Espíritos cada vez mais adiantados. Vimos de dizer: “Compreende-se que esposos culpados atraiam para o seu lar Espíritos pouco adiantados, dispostos a seguir o caminho que eles trilham”. Efetivamente, isso é bem compreensível. Antes de tudo, sabeis haver Espíritos que, pouco desejosos de progredir, procuram os laços de simpatia (seja esta oriunda do Bem, seja do mal) que já os prenderam; e outros que, embora impulsionados pelo desejo de progredir, escolhem meios cujas influências perniciosas não podem vencer. Neste último caso, o Espírito é prevenido dos perigos que correrá, uma vez reencarnado, e da queda, quase inevitável, que daí lhe resultará. Se persiste, é por sua livre vontade. Compreendei, de conformidade com esses princípios, a progressão do castigo e da misericórdia. O castigo se verifica na terceira e na quarta gerações porque, pouco a pouco, o Espírito se depura, ou por efeito da encarnação de outros no meio que ele tem preferido, ou por efeito das provações pelas quais aí passa, repetidamente. Desde que um começo de melhora se faz sentir nele, o Espírito entra no rumo do progresso, atrai a si companheiros também mais adiantados e, através de mil gerações, ou muito mais, se vai mostrando cada vez melhor, até atingir, finalmente, a perfeição. Outra nota do Unificador: como se vê logo na Primeira Revelação, dada pelo Cristo a Moisés, a Reencarnação já aparece como a chave de todos os problemas humanos e sociais. É a prova de que todas as religiões anti-reencarnacionistas estão fora da Lei. Nenhuma culpa cabe, portanto, ao codificador do Espiritismo.

TERCEIRO MANDAMENTO

P – Qual al explicação que o Centro Espiritual Universalista apresenta para o Terceiro Mandamento da Lei de Deus?

R – Eis o que dizem os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés: “Não tomarás em vão o nome do Eterno, do Senhor teu Deus; porque o Eterno, o Senhor, não terá por inocente aquele que em vão houver tomado o seu nome”. Este Mandamento tem sido geralmente afastado de seu objetivo. Ele se liga aos dois primeiros, dos quais é corolário. Não devendo perder de vista a unidade de Deus, não devendo prosternar-se diante de nenhuma imagem para adora-la, também não deve o homem dar o título de Deus, nem atribuir o seu poder, a nenhuma criatura, a nenhuma imitação abençoada, santificada ou entronizada por sacerdotes idólatras. Por extensão, não deve tampouco usar mal do nome do Senhor, desde que esse nome lhe desperta um pensamento sério.

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Igualmente, se não ainda mais, com referência ao Criador de todos os seres e de todas as coisas, é que se entende a recomendação de Jesus aos homens, para que de nenhuma forma jurassem: nem pelo céu, porque é o trono de Deus, nem pela terra, que é o escabelo de seus pés (linguagem apropriada ao tempo). Cuidai, pois, de suprimir da vossa linguagem esses juramentos feitos “diante de Deus, à face do Céu”, ou qualquer outra expressão leviana, porque todas quase sempre ocultam, mesmo àquele que as emprega, a ínfima confiança que nelas deposita. Esforçai-vos por encaminhar sempre vosso pensamento ao Senhor, quando invocardes o seu nome. Constitui abuso fazê-lo em circunstâncias culposas ou triviais. A invocação do nome de Deus, feita com o coração cheio de sinceridade, atrai o amparo dos Espíritos Superiores que o pai de família investiu no governo de seus filhos, e que lhes transmitem suas vontades, até que – pela purificação e pelo progresso – a inteligência se lhes ache bastante desenvolvida, para não mais precisarem de intermediários.

QUARTO MANDAMENTO

P – Qual o verdadeiro significado do Quarto Mandamento da Lei de Deus, alterado pela ICAR?

R – O Centro Espiritual Universalista só admite ensinamentos do Cristo, através de seus emissários legítimos. Essa obra de unificação do CEU da LBV não é contra ninguém, mas a favor de todos, com a restauração da verdade. Ouçamos, portanto, a palavra dos Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés: “Lembra-te do dia de sábado para o santificares. Trabalharás seis dias e farás a tua obra, mas o sétimo dia é o dia de descanso, consagrado ao Eterno, ao Senhor teu Deus. Não farás obra alguma nesse dia, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu gado, nem teu hóspede, o estrangeiro que estiver dentro dos muros de tuas cidades”. Este Mandamento, que se transformou numa lei civil de finalidade humanitária, foi imposto aos hebreus para lhes frear o pendor ao abuso do poder. A Lei do Trabalho é indispensável à Humanidade. É pelo trabalho que ela progride, que adquire ou repara. Mas o repouso não é menos indispensável, tanto ao corpo quanto ao Espírito. Dizer aos homens – dai tempo ao vosso corpo de refazer as suas forças; dai ensejo ao vosso Espírito de se libertar dos cuidados da matéria, a fim de que possa elevar-se ao seu Criador e afastar-se do mundo que o retém cativo, para se alcandorar, por meio da esperança e da meditação, às elevadas esferas que o aguardam” – não teria bastado. Este Mandamento veio trazer um sentimento profundo de filantropia, que os homens não souberam apreciar. Os povos antigos, afeitos aos abusos da força, tinham – todos eles – escravos encarregados de trabalhos rudes, acima da sua capacidade normal. Era preciso assegurar a esses servos um repouso necessário, tornando isto uma obrigação para os seus senhores. Os animais, votados ao desprezo, porque tidos como carentes de almas, de inteligência, considerados como coisas, incapazes da sensação da dor, teriam sidos levados, sem este Mandamento, à extrema fadiga pelo excesso de trabalho; as raças se teriam esgotado; as mais úteis ao homem desapareceriam da face da terra, por efeito da degenerescência. Quanto ao estrangeiro que, considerado hóspede, devia ser respeitado, se este Mandamento não o protegesse – certamente seria oprimido no sábado, por todos os trabalhos de que cumpria se abstivessem os fiéis. Violada estaria a hospitalidade, lei santa que os antigos geralmente respeitavam. Observai que em todos os cultos, agora, existe esta salvaguarda da saúde pelo repouso. Mas nós vos dizemos, irmãos: trabalhai, trabalhai com zelo e coragem, mas nunca ultrapasseis os limites das vossas forças. E, sobretudo, jamais sobrecarregueis de trabalho os vossos inferiores. Os hebreus lavavam tão longe a observância do sábado, que a própria terra repousava, não no sétimo dia, mas no sétimo ano. Este método, que parecerá infantil aos modernos agricultores, tinha a sua razão de ser. Sendo menos numerosos os homens, menos as necessidades, possível dar-se à terra o luxo de um repouso que lhe permitia readquirir forças naturalmente, sem os recursos aos artifícios, como adubos em geral – cujo abuso gera muitas das enfermidades de que padeceis, sem lhe descobrirdes as verdadeiras causas. Os rebanhos encontravam pastagens nas terras que repousavam, e a presença deles, ali, bastava para restituir ao solo os sais necessários à reprodução dos vegetais. Voltando ao sábado, meditemos na sentença de Jesus: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Ponde-a em prática, em Espírito e Verdade, porque o Cristo não revogou o sábado: condenou a dureza dos que, zelosos do seu cumprimento, impediam nesse dia até a prática do Bem e da Caridade, como tantas vezes referem os

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Evangelhos. Em seguida a este Mandamento, no original se lê: “Porquanto o Eterno, o Senhor Deus, fez em seis dias os céus, a terra e o mar, e tudo o que neles há, e descansou no sétimo dia. Eis porque o Senhor abençoou o dia do repouso e o santificou”. Há nestas palavras um comentário acrescentado à Lei de Deus por Moisés, a fim de lhe dar mais força e valor aos olhos dos homens. Elas resumem as explicações que ele deu aos hebreus, para que compreendessem a necessidade do descanso que se lhe prescrevia: tão necessário era o repouso que até mesmo Deus o impusera a si mesmo. Falando a homens pouco adiantados, Moisés usava da linguagem que lhe era possível compreender. E ele próprio, conquanto versado nas ciências e mistérios egípcios, não possuía, como encarnado, os conhecimentos que depois o trabalho dos séculos desenvolveu. Quanto à Criação, ele a dividiu em seis épocas e não dias; e o fez, não por efeito de pesquisas científicas, mas sempre com o objetivo de gravar, no coração dos hebreus, o respeito definitivo à Lei de Deus. Este Mandamento, reclamado pelas necessidades da sagrada pessoa humana, impunha o repouso septenário em favor dos fracos; e Moisés obrigou os fortes a se lhe submeterem. Perguntais: - É impossível toda explicação de sábios e sacerdotes, no sentido de conciliares o texto relativo às seis épocas (ou dias0 com os dados atuais da ciência humana? Sim, para eles é impossível, porque a própria ciência não tem sobre isso a última palavra. Os cataclismos, que causaram as transformações do vosso planeta, a ciência ainda não os pode calcular, tanto mais quando, tendo sido parciais, muitas vezes fizeram passar de uma parte para outra os elementos de produção. E ainda não chegastes ao termo deles: muitos cataclismos, parciais a princípio, depois gerais, virão a produzir-se, derrocando o estado atual, para destruir o princípio material e levar o vosso planeta ao ponto de partida, isto é, ao estado fluídico, mas agora ao estado em que os fluídos estarão expurgados de todas as moléculas materiais.

QUINTO MANDAMENTO

P – Como o CEU da LBV explica o Quinto Mandamento da Lei de Deus?

R – Compreenda os Mandamentos do Senhor, em toda a sua grandeza, aquele que quiser obedecer-lhes. Honra a teu pai e tua mãe, porque estes são os chefes que o Senhor te dá, os guias encarnados que prepôs à tua guarda. Mas os que se encarregam da tua educação, que te desenvolve a inteligência, que vigiam a tua adolescência, não são também teu pai e tua mãe – espirituais? E, por vezes, não fazem mais do que o pai e a mãe segundo a carne, que esquecem seus sagrados deveres e deixam o filho, que o Senhor lhes confiou, entregues aos seus maus pendores, quando não chegam até a faze-lo ceder às inclinações más que neles predominam, dando-lhe o exemplo do orgulho e do egoísmo, da luxúria, dos vícios e paixões inferiores que degradam a Humanidade e levam o Espírito à perdição, fazendo-o falir nas suas provas? O chefe de Estado, o juiz que governa com sabedoria e faz justiça a todos, que dispensa sua solicitude até ao mais ínfimo dos seus admiradores, não é um pai a quem deves honrar, pois governa uma grande família? E, falando assim, nossas palavras se estendem a todo aquele que, como superior, qualquer que seja a sua condição, cumpre santamente suas obrigações para com os seus subordinados. A lei do amor e do respeito deve abranger todas as classes e posições sociais. É a cadeia que liga, uns aos outros, todos os membros da família universal. “A fim de que teus dias sejam prolongados na terra que o Eterno, o Senhor teu Deus, te dará”. Estas palavras, aditadas à Lei, constituem acréscimo feito por Moisés ao Quinto Mandamento, tendo ainda por fim levar a obediência, ao respeito à Lei, homens dominados unicamente pelo egoísmo e pelo o instinto do presente. Bem viver, e viver longo tempo, constituía para tais homens a primeira e única preocupação. Pelo ponto sensível, portanto, se impunha prende-los, e Moisés bem o percebeu. Mas deveis tomar a palavra terra em acepção simbólica, para compreender como a vossa vida poderá prolongar-se na morada que o Senhor vos reservou, no sentido de que mais cedo a ela podereis chegar, cumprindo melhor os vossos deveres. Quer dizer: a morada dos homens e mulheres de merecimento são as esferas superiores, que eles atingem à medida que se elevam, e mais cedo chegarão quanto mais esforços fizerem por se aperfeiçoar. “Honra a teu pai e tua mãe, e teus dias serão prolongados na terra que o Senhor te dará”. Mas, compreendei, essa terra não é o solo que pisam os vossos pés. As dificuldades que surgiram na interpretação dos Mandamentos nasceram de não terem querido (ou não terem sabido) os interpretadores distinguir, do princípio exarado na Lei, as adições feitas à Lei; não souberam separar o que veio de Deus do que veio do homem, por intermédio dos Espíritos, com objetivo

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humano e transitório. O que, na Lei, vem de Deus é imutável, não podem os homens alterar; o que veio por aquela inspiração espiritual foi o meio de que Moisés se valeu para – atendendo ao presente, segundo a letra, e preparando o futuro, segundo o espírito – auxiliar o progresso humano, de acordo com as necessidades da época.

SEXTO MANDAMENTO

P – Como o CEU da LBV explica, em toda a sua profundidade, o Sexto Mandamento?

R – A LBV não admite, no Centro Espiritual Universalista, ensinamentos de mestres ou instrutores humanos. Toda a Doutrina do Novo Mandamento é do Cristo, através das Sagradas Escrituras, e dos Espíritos-Guias da Humanidade. Assim, mais uma vez, falam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés, sobre a Primeira Revelação: Os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Hoje, o Sexto Mandamento – Não Matarás. Não corte aquele, que nada pode criar, o fio da existência das criaturas do Eterno, Deus Todo-Poderoso. Não deixe o homem que em seu coração se desenvolva o instinto destruidor, pois está longe de saber que responsabilidade assume. Este Mandamento, muito vago em seu enunciado, tem um alcance muito maior do que supondes, e ultrapassa de muito os limites do vosso ser. Em cada uma das fases do seu passado, a Humanidade o interpretou segundo as suas necessidades. Agora, já o pode entender de maneira a lhe ampliar a inteligência e conseqüente aplicação. Nos tempos antigos, o “não matarás” significava para os hebreus: “Não derramarás, sem motivo, o sangue de teu irmão”. Mas a pena de morte vigorava para o menor delito, e o sangue das vítimas oferecidas em holocausto corria incessantemente, sobre o altar e, tanto quanto os animais, não eram poupados os escravos. Mais tarde, a pena de morte se tornou menos aplicada. Só o era àquele cujo crime se tinha por bem comprovado. Os próprios animais passaram a ser, em parte, menos sacrificados, quando nada, nas cerimônias do culto. Entretanto, as guerras, a vingança e a crueldade continuaram – como continuam – a derramar sangue por todos os lados. Hoje, os que ouvem a nossa voz, mesmo aqueles que não a compreendem ou a consideram mentirosa, já se levantam contra a aplicação da pena de morte ao criminoso; lutam pelo momento em que não mais se alinhem homens diante de outros homens, para descarregarem, uns contra os outros, seus mortíferos projéteis; e alguns – os que nos atendem, em nome de Jesus – poupam a vida de todas essas criaturas fracas, que Deus lhe pôs no caminho, a fim de despertar a Caridade em seus corações e lhes fazer compreender a solidariedade universal. Mas, nos matadouros, o sangue ainda corre e, aos magotes, sob os golpes do cutelo assassino, caem as vítimas necessárias à alimentação humana. Brevemente, porém, o sangue deixará de ser derramado na Terra: depois do próximo e último Armagedon, o homem não matará, nunca mais. Amará e protegerá o fraco, quer seja este também um homem, quer seja um animal confiado à sua guarda. Compreenderá o Novo Mandamento do Cristo de Deus – A Lei do Amor – e saberá elevar-se acima das necessidades da carne, as quais ainda precisa satisfazer, porque correspondem à organização atual da máquina, mas que diminuirão gradativamente, à medida que o Espírito crescer em sabedoria e ciência, porque, de par com esse crescimento, também gradualmente se modificará o organismo humano. O progresso físico marcha e se desenvolve, paralelamente ao progresso intelectual, moral e espiritual, com os quais guarda relação. As consciências esclarecidas já se levantam, pedindo a abolição da pena de morte. São esforços generosos, no mundo inteiro. Ainda não chegou, porém, o momento: é preciso que se esclareçam as classes inferiores (não inferiores do ponto de vista das classes sociais, mas do adiantamento espiritual). Cabe a todos vós, homens e mulheres libertos da ignorância, com os vossos exemplos, apressar-lhe o advento realmente glorioso.

SÉTIMO MANDAMENTO

P – Qual a explicação integral do Sétimo Mandamento, no CEU da LBV?

R – É a do Espírito da Verdade, aclarando e unificando as Quatro Revelações de Jesus. Falam, pois, os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: “Não cometerás adultério” – A

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natureza material do homem o impele para a lubricidade. Nada lhe refreia os desejos, desde que se entregue aos instintos animais. E sabeis que esses instintos dominavam naquela época. Não vedes que, ainda hoje, eles arrastam muitos de vossos irmãos a vergonhosos transviamentos? Os laços que prendem, um ao outro, os Espíritos do homem e da mulher, e que o induzem a perpetuar a espécie, têm origem nobre e pura, de onde a materialidade da encarnação os desviou, mas à qual terão de voltar. A proibição de cometer adultério devia bastar, para conter os excessos.Mas, ainda aí, a interpretação obedeceu às necessidades da época: o homem e a mulher casados, se cometiam adultério, eram punidos, ele com a pecha de infame, ela com a pena de morte. Ora, este Mandamento, segundo o espírito, jamais segundo a letra, se estende a toda quebra de união sagrada. Compreende todos os arrastamentos carnais, sejam quais forem, e que rebaixam a Humanidade ao nível dos instintos do bruto. Não vos dizemos – “Deus criou um homem e uma mulher a fim de provar, a fim de provar que uma só existência eles deviam ter”: esse era o lado moral, o fim moral que, sob o véu da letra, Moisés adotara, colocando-se no ponto de vista dos hebreus. Nós vos dizemos o seguinte: os Espíritos se grupam por atração de simpatia. Cada Espírito escolhe o companheiro, ou a companheira, com quem passará o tempo da sua provação. Os Espíritos encarnam, nascem, geralmente em condições que lhes permitam reunir-se. Os que são reciprocamente simpáticos se encontram destinados à união. Entretanto, as disposições materiais de um ou de outro, como encarnados, podem quebrar acidentalmente a harmonia e lhes retardar a união, quer nos limites da encarnação presente, quer até outra encarnação. Assim é que um Espírito se vê repelido, desprezado ou abandonado por outro que lhe é simpático e o chama, isto é, para o qual ele se sente atraído, mas que se deixou seduzir – ou pelos desregramentos carnais, ou pelo orgulho, ou pela ambição, ou pelo amor do outro. Quando Espíritos simpáticos um ao outro chegam a unir-se na Terra, de acordo com a escolha – feita por eles mesmos, antes de reencarnarem – nada mais haverá que os separe, que rompa os laços dessa união, porque ela se realizou por efeito de idênticas tendências para o Bem. Estes não precisam mais de um Mandamento que lhes diga: “Não cometereis adultério”. Mas, uma vez reencarnados, se eles descuram dos compromissos assumidos na Espiritualidade, compromissos cuja lembrança perderam (se bem que um secreto instinto do coração os relembre) e dos quais a influência da matéria os afasta; se esses Espíritos, homens e mulheres, não procuram na união conjugal mais que uma satisfação passageira, mais que uma combinação matemática ou social, um jogo de interesses ou de orgulho – então os apetites materiais quebram os laços de simpatia espiritual. Neste caso, uma afeição pura não move os corações, os homens e as mulheres procuram compensações na variedade e no mau proceder. E esses diz o Mandamento: “Não cometerás adultério, porquanto, se a ti mesmo impuseste carregar uma pesada cadeia, tens de sofrer todas as conseqüências, tens de, pelo respeito que deves a esse compromisso irrefletido, atenuar a falta que praticaste, contraindo-o, tens de vencer os teus instintos sensuais; tens de dominar a carne e fazer ressurgir a simpatia que deverá reinar, entre o teu Espírito e o da companheira que escolheste, quando começar o dia da liberdade pela volta de ambos à vida espiritual”. Algumas vezes, a união é imposta ao encarnado pela influência e autoridade dos pais, movidos pelo interesse ou pelo orgulho. Tal união constitui, para o que a sofre, uma provação por ele escolhida e que será temporária ou durará toda a vida terrena. No primeiro caso, terá por efeito apenas retardar, no curso da sua encarnação atual, a união simpática por ele escolhida, antes desta; no segundo caso, o efeito será adiar essa união para uma encarnação posterior. E tanto para esse, como para o que se uniu fugindo às suas provas, o Mandamento emprega a mesma linguagem de que usa para com o que, livre e voluntária, mas irrefletidamente, assumiu um compromisso, desviando-se do caminho que devia seguir. Outras vezes, também, certos Espíritos, desejosos de vencer a antipatia que sentem um pelo outro, embora nem sempre seja recíproca, escolhem como provação unir-se humanamente. Ainda a esses o Mandamento diz: “Não cometereis adultério”. Completando nossas observações sobre este ponto, repetimos: destinam-se os Espíritos à união. Antes de reencarnarem, escolhem os que sejam companheiros, a fim de, juntos, passarem o tempo da provação, auxiliando-se mutuamente, ressalvada a possibilidade de uns ou outros fugirem ao cumprimento de suas resoluções na Espiritualidade. Mas quer isto se dê, quer não, a escolha – seja conforme ou contrária as resoluções espirituais – jamais será fruto do que chamais “O acaso”, e sim o resultado da direção impressa às provas. Dessa direção depende ser o Espírito desviado de sua rota, ou livre ou voluntariamente, ou porque sofra a imposição de uma vontade. Feita a escolha, e dado que um dos Espíritos ou ambos se afastem do caminho certo, pode acontecer – ou que venham a encontrar-se, ao cabo de certo tempo, na presente encarnação, na qual os reconduzirá um ao outro a mesma simpatia; ou, então, se o caso resultar de antipatia, a intenção de – por prova – viverem unidos. A escolha,

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reiteradamente feita, acabará por torna-los capazes de vencer a prova: finalmente, não separa o homem o que Deus uniu, isto é, o Amor triunfou. Quanto ao celibato, para uns é prova; para outros desvios. Os que, por prova, se destinam ao celibato, não escolheram companheira para a vida ou, pelo menos (dizemo-lo para não deixar margem a falsas interpretações), não determinaram que se verificasse sua união terrena com outro Espírito. Para explicar todos os casos em que o celibato constitui transviamento, teríamos de descer a muitos pormenores. Basta esclarecer que há celibatários – por egoísmo, por lubricidade, por indiferença, por avareza e por quietismo, doutrina que, assente numa falsa idéia da Espiritualidade, faz consistir a perfeição cristão na inação da alma, em negligenciar as obras exteriores. Há, ainda, o celibato por voto decorrente da condição imposta a todo aquele, homem ou mulher, que se propõe entrar para as ordens monásticas e religiosas. A imposição desse compromisso nasceu de uma falsa interpretação, e de uma aplicação também falsa, das palavras de Jesus: “Há os que se fizeram eunucos pelo Reino dos Céus; aquele que puder compreender isto, que o compreenda”. Palavras que a Igreja Romana não soube nem pôde compreender. O que, a esse respeito, ocorreu, sob o império do véu da letra, postos de parte todos os absurdos e desvios, teve a sua razão de ser, mas tem de cessar, e cessará na era do CRISTIANISMO DO CRISTO.

OITAVO MANDAMENTO

P – Como o Centro Espiritual Universalista encara o Oitavo Mandamento da Lei de Deus?

R – Mais uma vez, o CEU adverte que não admite ensinamentos de homens, ou de religiões forjadas pelos homens: devolve ao Cristo o que é do Cristo, expurgando sua Doutrina de todos os preceitos enxertados pelos modernos fariseus, que se intitulam representantes de Deus. Neste planeta, em todas as épocas da Humanidade, um só é O REPRESENTANTE DE DEUS – O Cristo. Todos os profetas, e patriarcas, e apóstolos, e evangelistas foram meros instrumentos do Mestre, O ÚNICO E INSUBISTITUÍVEL MESTRE que a Terra possui. E todos os reveladores só aparecem graças à Caridade daquele que é o Salvador dos terrícolas. No CEU, a LBV une os estafetas do Chefe Planetário, reúne os ensinos que deu aos homens por meio deles, unifica os Evangelhos e o Apocalipse na verdadeira e eterna Doutrina do Novo Mandamento – o Cristianismo do Cristo, jamais o cristianismo caricato dos homens. Falam, agora, os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés, a quem o Cristo confiou a Lei de Deus: “Não furtarás” – O egoísmo e a inveja são inimigos ocultos, que todo homem traz dentro de si. Dois inimigos perigosíssimos, que os levam a apoderar-se de tudo o que lhe desperta a ambição – quer material ou fisicamente, quer intelectual ou moralmente. Dois sentimentos satânicos, verdadeiramente possessores, que o excitam a empregar a força ou a astúcia para conseguir o que deseja, usando todos os meios para atingir os seus fins. Impor ao homem respeito à propriedade de outrem, qualquer que ela seja, é forçá-lo a domar esses princípios de todos os males, conduzindo-o à obediência às leis do trabalho, do amor, da caridade e da justiça, banindo de sua alma o egoísmo e a inveja, filhos da ignorância, da pior de todas as ignorâncias – a ignorância da Lei Divina. Só o conhecimento da Verdade dará forças ao homem para vencer a preguiça, a doença, a miséria, os desregramentos, os desvios, todos os excessos do Espírito e da carne, o instinto ou a vontade do roubo de qualquer natureza, tanto do ponto de vista das pessoas quanto das propriedades de ordem material, intelectual ou moral. Ninguém pode nem deve ambicionar O QUE NÃO LHE PERTENCE POR DIREITO DIVINO – tal o objetivo deste Mandamento.

NONO MANDAMENTO

P – Qual a explicação do CEU da LBV para o Nono Mandamento da Lei de Deus?

R – Falam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” – Não é o que entra no homem que o contamina ou macula. O que entra pela boca, e vai ao estômago, desce aos intestinos e é lançado fora. O que contamina o homem é o que lhe sobe do coração à boca; são as palavras que levam o mal ao próximo e desafiam a justiça de

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Deus. A verdade, em toda sua magnitude, deve inspirar as palavras daquele que ama a Deus e procura caminhar pelo reto pensamento. Como ensina o Mestre, todos darão contas das palavras ociosas, ou envenenadas, que proferem. Este Mandamento, apropriado a uma época em que – pelo testemunho de um só homem – um outro podia, em certos casos, ser condenado à morte, se estende avolumando-se de novos princípios, a todos os séculos, até ao fim dos tempos. No período da era hebraica, de que falamos, quando este Mandamento apareceu, bastava que um homem acusasse a outro de blasfemo, ou pecador, para que o acusado sofresse a pena de lapidação, E essas tradições, esses costumes dos hebreus, por longos séculos, e sob diversos aspectos e pontos de vista diferentes, deixaram traços que ainda se notam nas vossas legislações humanas: civis, políticas e religiosas. Não levantar falso testemunho é, em toda ocasião, em todo lugar, em todos os casos, render homenagem à Verdade. É desfraldar, sem vexame nem vacilação, o estandarte da Justiça. É não temer altear o facho de luz e destruir o alqueire que a cobre, para faze-la brilhar aos olhos de todos. É relembrar as palavras de Jesus: fazei aos homens o que quereis que eles vos façam, porque o mal volta sempre a quem o faz. Não pronunciar falso testemunho é marchar, sempre, de acordo com a própria consciência. É testemunhar o Cristo diante dos homens, sejam quais forem as conseqüências, porque o Bem nunca será vencido pelo mal.

DÉCIMO MANDAMENTO

P – Como interpreta o CEU da LBV o Décimo Mandamento da Lei de Deus?

R – O CEU estabelece a diferença entre a Lei de Deus, confiada por Jesus ao legislador hebreu, e alei (ou as leis) de Moisés. Porque a LBV não admite as alterações introduzidas no Decálogo Divino pela Besta do Apocalipse. Os Dez Mandamentos são aqueles que se encontram nos livros de Moisés: Êxodo, XX: 2 a 17, e Deuteronômio, V: 6 a 21, no Velho Testamento da Bíblia Sagrada. Não fazem parte do Decálogo estes mandamentos dados por Moisés ao seu povo: “Amarais o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Deuteronômio, VI: 5), e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico, XIX: 18). A lei de Moises é que se refere o Evangelho segundo Mateus, XXII: 34 a 40, nestes termos: “Entretanto, os fariseus, sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho. E um deles, intérprete da lei (de Moisés), para tentá-lo, perguntou-lhe: “Mestre, qual é o grande mandamento da lei”? Respondeu-lhe Jesus: “Amarais o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Destes dói mandamentos dependem toda a lei (de Moisés) e os profetas”. Assim já se podia entender o Décimo Mandamento da Lei de Deus: “Não cobiçarás a casa de teu próximo; não cobiçarás a mulher de teu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que seja de teu próximo”. Ensinam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - Este Mandamento revela ao homem que não basta evitar qualquer ação má; cumpre-lhe vencer o mau pensamento, porque para Deus, em muitas circunstâncias, vale tanto quanto o próprio ato. Efetivamente, o homem que concebe um mau designo, mas não o pode executar, seja por temor das leis, seja porque o impeçam os acontecimentos, não é tão culpado quanto aquele que consegue executa-lo? Faltou-lhe a ocasião – eis tudo. Homens, limpai os sepulcros de vossos corações; purificai os vossos pensamentos; que nenhum deles seja de ordem a vos fazer corar diante de vossos irmãos, pois o que não ousais confessar a homens falíveis, como vós, está exposto aos olhos do Supremo Juiz, que lê claramente no mais recôndito de vossas almas!

AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO

P – Jesus destacou a importância especial dos mandamentos da Lei de Moisés para os hebreus: “Amarais o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” – respectivamente, Deuteronômio,

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capítulo VI, versículos 4-5, e Levítico, XIX: 18. Por que, então, não foram ambos incluídos nos Dez Mandamentos da Lei de Deus?

R – Porque o Cristo, ao confiar o Decálogo a Moisés, sabia que os hebreus não estavam preparados para vive-los: eles só entendiam o “olho por olho, dente por dente”, dadas as condições do seu pouco adiantamento espiritual; preferiu que esses mandamentos figurassem entre as leis civis e religiosas de Moisés, até que, indo pessoalmente aos homens, Jesus pudesse dizer: “Toda a lei e os profetas se acham contidos nestes dois mandamentos” (Evangelho segundo Mateus, XXII: 40). E, pouco depois, concluir: “Eu vos dou o Novo Mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei uns aos outros” (Evangelho segundo João, XIII: 34). Só mesmo o Cristo poderia dar este Novo Mandamento, que substitui todo o Decálogo, de acordo com a Quarta e Última Revelação confiada à LBV. Na verdade, quem for capaz de viver o Novo Mandamento, como Jesus o viveu, cumprirá facilmente os Mandamentos da Lei de Deus. Por isso escrevem os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - Amar a Deus é render homenagem ao princípio do amor, à cauda da vida. Criatura ínfima, que pode o homem (ou o Espírito que anima essa forma grosseira) fazer, como testemunho de reconhecimento ao Onipotente, por todos os tesouros que lhe pôs nas mãos, a fim de que deles se utilizem incessantemente? AMAR, porque o amor inspira a submissão, a gratidão e o respeito; porque o amor é o laço – o único – a ligar a criatura ao Criador. E esse amor deve manifestar-se de todos os modos, porque representa a criação inteira. Para amar a Deus, deve o homem limpara seu coração, seus Espírito e seu corpo de todas as nódoas, pois o amor induz à aproximação e tudo o que é impuro não pode aproximar-se de Deus. Deve limpar o corpo porque este é o instrumento com que o Espírito, reencarnado, cumpre suas provas e depura o coração na sua marcha ascensional, através do progresso físico, e por conseqüência o do envoltório corporal, liberta-o da liga impura da matéria cada vez mais, no curso das vidas sucessivas. Para amar a Deus, tem o homem trabalhar continuamente por elevar a sua inteligência, alargar os seus conhecimentos, dilatar sua ciência, porque a ignorância não pode aproximar-se da Onisciência, e tudo o que é AMOR tende a se unir. Amar a Deus é fundir-se na Humanidade, é absorver-se no amor fraternal, por isso que todo homem, como todas as criaturas do Senhor, provém do mesmo princípio, tende ao mesmo fim, é uma parte do Ser dividido ao infinito, para elevar-se do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, na individualidade e na imortalidade.

UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR

P – Qual a religião que se enquadra na profecia de Jesus? Qual a Igreja que representa um só rebanho para um só Pastor, que é o Cristo?

R – Só mesmo a LBV responde a ambas as perguntas porque ela é o CAMPO NEUTRO anunciado por Allan Kardec. Como gostava de dizer Leopoldo Machado (o Legionário nº 2, espírita entre os que mais o foram), VAMOS LOGICAR: qual a religião de Deus? Deus é católico apostólico romano? Deus é protestante? Deus é espírita? Deus é judeu? Deus é mulçumano? Evidentemente, Deus não pertence a nenhuma religião, a nenhuma igreja particular; todas elas, sim, pertencem a Deus, que não prefere uma em detrimento das outras. A LBV explica: há tantas religiões ou Igrejas quantos são os graus evolutivos das criaturas humanas, determinados pelas suas reencarnações.. Claro que a Lei da Reencarnação é tão antiga quanto as criaturas de Deus. Doutrinas anteriores ao Espiritismo são reencarnacionistas, como observou Papus, ou seja, o Dr. Gerard Encausse, doutor em Cabala, médico-chefe do Laboratório do Hospital Charité, de Paris, diretor da revista “L’Initiation”, membro fundador do Grupo Independente de Estudos Esotéricos, da Ordem Martinista, da Ordem Cabalista Rosa Cruz, etc. Escreveu ele: “... Com efeito, a Reencarnação foi ensinada como um mistério esotérico em todas as iniciações da Antigüidade. Eis uma passagem dos ensinos egípcios 3.000 antes da vinda de Jesus, sobre a Reencarnação: antes de nascer, a criatura viveu; a morte nada termina. A vida é uma volta; ela passa semelhante ao dia solar que recomeça (Fontane, Egyptes, 424)”. Portanto, é uma infantilidade cada religião se proclamar o rebanho único. As boas ovelhas estão em todos os rebanhos, como revelou a Proclamação do Novo Mandamento, feita em Campinas pela LBV, no dia 7 de setembro de 1959. Como adverte o Apocalipse, só haverá uma religião, que será A RELIGIÃO: o

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Cristianismo do Cristo, o Cristianismo do Novo Mandamento, o Amor Universal. E em verdade, ela já está no meio de vós: é a RELIGIÃO DE DEUS!

A VIDA E A MORTE

P – Como o CEU da LBV explica as palavras acrescentadas por Moisés ao Quinto Mandamento?

R – Comentando a Primeira Revelação, ensinam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e pelo próprio Moisés: - Este acréscimo teve por fim levar à obediência, e ao respeito à Lei de Deus, um povo dominado pelo egoísmo e pelo interesse imediato. Daí suas palavras, que seguem o Honra a teu pai e tua mãe: “para que teus dias sejam prolongados na Terra que o Eterno, o Senhor teu Deus, te dará”. Já explicamos: viver bem, e viver longo tempo, constituía para os hebreus a primeira e única preocupação. Mas, na Terra que habitais, enquanto a ocupardes pela encarnação (ou reencarnação), os seus e os vossos dias não podem ser prolongados. Sob certos pontos de vista, a morte é determinada. Credes, porém, fracas e finitas criaturas, que aquele que se move no infinito e abrange com o seu olhar as plêiades inumeráveis de estrelas, de mundos que ele projetou na imensidade, mede o tempo com os vossos compassos? Tudo é detido em sua marcha, tudo tem determinada a sua duração, ao simples olhar daquele que é o Infinito. Mas a barreira que se ergue diante de vós, não é determinada como o interpretais. A duração da vida se regula pelo princípio que liga o Espírito ao corpo. O cordão fluídico é a mola que põe em movimento o mecanismo corporal. Determinada é a duração desta mola, mas dentro de uma amplitude que não podeis compreender, que não se mede pelos minutos da vossa pêndula. Extensão mais ou menos longa, que é dada de acordo com a maneira por que fizerdes uso dela. É como um pedaço de borracha que se pode esticar até certo ponto, conforme a maior ou menor força, a maior ou menor destreza que se empregue. Embora seja difícil fazer-vos entender esta apreciação, vamos dar o sentido e o alcance do que acabamos de afirmar. A duração do homem tem um limite natural, determinado, no curso regular da existência, pelas leis imutáveis (porque perfeitas) da natureza, pela ação e aplicação dessas leis, de conformidade com os meios e os climas, por isso que os fluídos, que servem para formação dos seres humanos, estão relacionados com os climas sobre os quis eles atuam. E a matéria está em relação adequada com eles, porquanto, segundo a Lei de Harmonia Universal, TUDO É DETERMINADO. Aí, nesse limite natural, é que está o momento irrevogável do fim humano, fim contra o qual o livre arbítrio do homem nada pode, no sentido de prolongar, além dele, a duração do corpo. Eis qual é, em sua verdadeira significação, o instante fatal da morte. Neste sentido é que os dias da criatura não podem ser prolongados: eles não podem ir além daquele limite natural. Mas o livre arbítrio do homem pode, seja por meio de suas resoluções espirituais, a saber, pelas determinações que toma como Espírito, ANTES DE REENCARNAR, seja pelo o uso que faz da sua existência como reencarnado, interromper o curso desta em determinado tempo, entre o instante do seu nascimento e aquele natural limite, que é a hora fatal do fim humano. Neste caso, pelas suas resoluções espirituais, tendo marcado o término da prova, portanto a duração de sua existência terrena, o Espírito fica impedido de atingir o termo geral desta – o seu limite natural. O corpo, então sob a vigilância e a direção dos Espíritos prepostos à tarefa de velar pelo cumprimento das provas, se forma em condições de durar o tempo predeterminado, cabendo, porém, repetimos, ao Espírito reencarnado cumprir todas as obrigações de que dependa a duração dele, até ao fim das provas a que serve de instrumento. Cumpridas que sejam todas essas obrigações, o instante da morte é irrevogável, porém não fatal, no verdadeiro sentido desta palavra, visto que o resultado do uso que, do seu livre arbítrio, fez o Espírito antes de reencarnar. Todavia, pode o homem, pelo exercício desse mesmo livre arbítrio, pelo abuso que dele faça, pela maneira por que conduza a sua existência, deter o curso desta antes do tempo marcado pelas suas resoluções espirituais, isto é, pelas determinações que tomou, como Espírito, antes de reencarnar. Assim é que o doente usa o livre arbítrio, tanto quanto cuida do seu corpo, para torna-lo capaz de levar a cabo as provas que seu Espírito escolheu, como quando apressa a sua morte, quer descuidando dele (o que muito se aproxima do suicídio), quer praticando abusos e excessos, desde que tudo isso constitua infração das obrigações que lhe caiba cumprir, para faze-lo durar até ao fim das provas que escolheu. O tempo não é, pois, limitado segundo o vosso ponto de vista, se bem que o seja em relação ao infinito e às leis que regem o Universo. Sim, o

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instante da morte é fatal (no verdadeiro sentido da palavra), porque a vida corpórea não pode ultrapassar o limite determinado. Não, o instante da morte não é fatal, relativamente à duração da vossa existência restrita, porque o limite natural, no curso regular da vida terrena, só raramente é atingido, pela razão de que as vossas resoluções espirituais, ou os vossos atos, umas e outros conseqüências do vosso livre arbítrio, impedem que o atinjais. Quando para o homem é chegada a hora de partir, nada pode eximi-lo da partida. E isto se verifica desde que essa hora chegue, ou porque o limite natural tenha sido alcançado, ou por efeito de suas resoluções espirituais, ou em conseqüência de atos seus que, dada a maneira porque haja conduzido a sua existência, constituíram infração das obrigações que ele tinha necessidade de cumprir, para que seu corpo chegasse ao termo das provas. Dentro dessa latitude, que vos é concedida, podeis usar do vosso livre arbítrio que, não sendo assim, não passaria de uma palavra oca, e infalivelmente traria, a todo aquele que raciocina, a idéia de fatalismo, de automatismo, de escravidão moral e espiritual. Há, porém, uma distinção a estabelecer, quanto à duração da vossa existência, restringida, com relação ao limite natural, pelas vossas resoluções espirituais, ou por vossos atos que, conforme o emprego que dais a vida corporal, constituem infração das obrigações que tendes de cumprir, para que vosso organismo dure até o término das provas. De acordo com o que já vos dissemos, para a criatura (homem ou mulher) que cumpriu, que cumpre todas as obrigações, e que – pelas suas determinações espirituais – escolheu uma duração restrita para a sua existência, o instante da morte é e permanece irrevogável. Nesse caso, qualquer que seja o perigo que o ameace, o homem não morrerá se sua hora não tiver chegado . Qualquer que seja a situação em que se ache, os meios apropriados a salva-lo serão preparados e colocados ao seu alcance, pelos Espíritos prepostos ao encargo de vigiar o cumprimento das provas e expiações. Se, ao contrário, a hora chegou, ele morrerá. Deste fato vós tendes milhares de exemplos: quantas e quantas vezes, no mesmo lugar, uns morrem e outros se salvam? E são casos de naufrágio, de incêndio, de desmoronamentos, de quedas, como vereis na explicação dos Evangelhos de Jesus.

ASSASSÍNIO E SUICÍDIO

P – Ainda em relação ao Quinto Mandamento, no que tange ao prolongamento da vida, como explica o CEU da LBV, o assassínio e o suicídio?

R – Novamente com a palavra os Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - No caso de assassínio, o assassino não é instrumento cego da Providência Divina quando, em determinado tempo, põe termo à prova de alguém que se destinara a essa expiação. Assim procedendo, usou do seu livre arbítrio. O assassínio é conseqüência do livre arbítrio de um e da escolha das provas, das expiações, feitas pelo outro que, aplicando a si mesmo a pena de talião, buscou morrer – ou de morte violenta, mas sem determinar em que época nem em que gênero seria a morte, ou, então, de uma forma precisa: perecer assassinado. No primeiro caso, se o assassino usa do livre arbítrio para domar suas paixões e perdoa àquele que ia ser sua vítima, outra circunstância a este se apresentará, pondo fim às suas provas. Estas se cumprirão, assim, conforme as resoluções que seu Espírito escolheu, antes de reencarnar. No segundo caso, se o assassino procede da mesma forma, os acontecimentos da vida aproximarão o que devia sofrer a prova (de morrer assassinado) do outro em que os maus pendores predominam, para que se dê o que tem que se dar. O assassino e a vítima, uma vez reencarnados, não se lembram da escolha que fizeram, um – da prova que terá de sair vencedor ou vencido, e que constitui, para ele, a luta contra uma tendência sobre a qual lhe cumpre triunfar; o outro – da expiação por que deve passar, como meio de preparação e depuração. Assim, não é por impulso próprio que a vítima caminha para o local do matador. Entretanto, algumas vezes, ela prepara, inconscientemente, o caminho que a conduz até lá, ou para lá é guiada pelos Espíritos prepostos, sempre a vigiar o cumprimento das provas. Compreendei bem o sentido destas últimas palavras: os guias não dirigem os atos do assassino; dirigem o Espírito daquele que deve sofrer a expiação, dirigem os acontecimentos que o conduzirão ao caminho, seja da prova, seja da expiação. Não deduzais daí que à vítima o guia ou protetor dê por inspiração no momento em que ela desperta, a lembrança da resolução que seu Espírito haja tomado enquanto esteve desprendido, durante o sono: a de se colocar no rumo das circunstâncias que tenham de leva-la ao cumprimento da expiação escolhida. Não: isso seria um suplício moral infligido ao reencarnado, e a Divina Providência é sempre piedosa para com seus filhos. Mas o próprio

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reencarnado ao despertar, conserva uma impressão vaga, que se torna a determinante da sua vontade, dos seus atos. Se a hora fixada pelas resoluções na Espiritualidade, quanto à época da morte, não chegou e permanece irrevogável – por estar aquele que se acha submetida à expiação cumprindo as obrigações de que há de resultar a duração de seu corpo até ao fim das suas provas – os Espíritos prepostos Avelar pelo cumprimento destas, as expiações, preparam e põem ao alcance dele os meios próprios a subtraí-lo ao assassínio. E ele se salvará, qualquer que seja o perigo que o ameace. No caso em que, praticando – pelo uso que faz da sua existência – atos que constituam infração das obrigações que lhe era necessário cumprir, para que o corpo lhe durasse até ao fim de suas provas (infração, portanto, das suas resoluções na Espiritualidade), o homem detém o curso dessas mesmas provas, ele apressa o instante da sua morte! Soa-lhe, então, a hora de partir, porque, usando e abusando do seu livre arbítrio, pôs fim a duração de seu corpo precipitando os meios pelos quais chegue esse fim. E que, procedendo daquela forma, ele atraiu fluídos cuja ação, de conformidade com as imutáveis leis naturais que os regem, prepara e executa a destruição do corpo, a ruptura do laço que a este liga o Espírito – o cordão fluídico, a mola, o instrumento, o meio de que depende a vida. E ao mesmo tempo que atraía aqueles fluidos, ele repelia os apropriados à conservação do seu corpo. Quanto ao homem que se deixa arrastar ao suicídio, é certo que ele usa do seu livre arbítrio, quer quando atenta, de qualquer modo, contra a vida, quer quando afasta a arma que dirigia contra si mesmo, ou renuncia ao projeto de matar-se e ao gênero de morte que escolhera. Se, porém, a hora que ele – ao tomar suas resoluções na Espiritualidade – fixou para morrer é e se conserva irrevogável, por terem sido, de sua parte, cumpridas todas as obrigações que lhe importava cumprir, para que seu corpo durasse até ao término de suas provas, os Espíritos prepostos (a velar pelo cumprimento destas) prepararão, e lhe porão ao alcance os meios adequados a se subtrair à morte. O suicídio abortará, ele será salvo! Não concluais daí que o homem possa seguir, impunemente, o seu pendor para o suicídio e a ele ceder atentando contra a própria vida porque, de um lado, O SUICÍDIO É CRIME PERANTE DEUS e, de outro, o homem não sabe se chegou, ou não, a hora da sua partida. A duração da existência é limitada, mas o livre arbítrio do homem pode fazê-lo sucumbir ao mau pensamento de interromper ele mesmo o curso da sua vida, ou leva-lo a dominar este arrastamento culposo. Aquele que se suicidou, como o que morreu assassinado ou de qualquer outra forma, sempre morreria mas de maneira diversa, de modo natural, desde que houvesse chegado para ele a hora de partir: quer por haver atingido o limite natural marcado para o fim da vida humana que segue o seu curso regular; quer por haverem suas provas atingido o termo que ele lhes fixou, ao tomar suas resoluções espirituais; quer, finalmente, por ter, pelos seus atos, infringido as obrigações que precisava cumprir a fim de fazer que seu corpo durasse até o termo daquelas provas. Cedendo ao arrastamento que lhe cumpria combater, o gênero de morte, a que sucumbiu, resultou da sua escolha, mas ele partiu porque chegou a hora de partir. Se tivesse combatido os pendores que o impeliam a se matar, sairia vencedor da prova, não se veria condenado a recomeçar nas mesmas condições. O sentimento, que induz o homem a suicidar-se, não lhe nasce no íntimo instantaneamente. É um germe que se desenvolve devido à tendência constitutiva de uma prova em que ele precisa triunfar. Se, em vez de combater essa tendência, o homem se lhe entrega, morre culpado: faliu. Se, em vez de se lhe entregar, investe contra a idéia de destruir a vida que Deus lhe confiou, a hora da libertação, quando soar, o encontrará isento da mancha de uma ação má, como também dos maus pensamentos que a teriam causado. Combatendo as tendências que o impelem à destruição de si mesmo, evitando as causas que poderiam leva-lo a tal ato de desespero, o suicida não cometeria esse crime. É evidente que o homem pode evita-lo porque lhe é possível, pela força da sua vontade sustentada na fé, repelir todas as tentações. Por isso aquele que escolheu, como prova, resistir a tentação do suicídio, pode sair vencedor na luta. A bondade de Deus lhe faculta os meios; cabe-lhe alcançar a vitória porquanto – nas provas em que o homem, para purificar o seu Espírito no cadinho da reencarnação, é chamado a vencer suas tendências – Deus lhe deixa a liberdade de escolher entre o Bem e o Mal. Assim, há sempre luta, com possibilidades de derrota ou de triunfo. Na prova do suicídio, quer triunfe, quer sucumba, morre sempre no tempo preciso. Mas Deus, por efeito da sua presciência, vê se o homem vencerá ou sucumbirá. De qualquer forma sempre lhe respeita a inviolabilidade do livre arbítrio. É o que vos temos a dizer sobre o instante da morte, o qual, se fosse fatal, como falsamente muitos o consideram, de modo absoluto e em todos os casos, seria um atentado ao livre arbítrio do homem, arrastando-o, inevitavelmente, ao fatalismo irresponsável.

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DEUS E O UNIVERSO

P – O CEU da LBV afirma que o homem é uma parte do Ser dividido ao infinito, para o efeito de elevar-se do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, na individualidade e na imortalidade. Como entender estas palavras?

R – Explicam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - Mal compreendidas, elas dariam motivo a falsas interpretações nas idéias do panteísmo, idéias positivamente errôneas. Neste particular, tudo vos será aclarado quando falarmos de Deus e da origem da essência espiritual; do espírito (a origem da alma) e suas fases, destinos ou fins; da origem dos mundos; de todas as criações de ordem material, fluídica e espiritual. Deus, o Criador incriado, é pessoal e distinto da criação e da criatura, como a causa é pessoal e distinta do efeito que ela produz ou gera; como o infinito e pessoal e distinto do finito; como a eternidade é pessoal do tempo, na duração que ela produz ou gera, relativamente à criação. Deus, o Criador incriado, é pessoal e distinto das criaturas, que são dele, nele e por ele mas não ELE; o homem é, portanto, uma parte do Ser dividido ao infinito, para o efeito de elevar-se do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, na individualidade e na imortalidade. Deus, o Eterno, sem princípio nem fim, inteligência, pensamento, fluído, habita (no dizer do Apóstolo Paulo) uma luz inacessível, e possui – ele só – a imortalidade. O fluido universal, que dele parte, é – por suas quintessências mediante todas as combinações, modificações ou transformações por que ele o faz passar – o instrumento, o meio de que se serve para realizar, no infinito e na eternidade, pela ação de sua vontade onipotente, todas as criações materiais, fluídicas e espirituais; a criação de todos os mundos, de todos os seres em todos os reinos da natureza; a criação de tudo o que vive, de tudo o que se move, de tudo o que é. Isso vos mostra o Espírito na origem de sua formação, como essência espiritual saindo do Todo Universal, isto é, do conjunto dos fluídos espalhados no espaço e que são a fonte de tudo o que existe, quer no estado espiritual, quer no estado fluídico e também no estado material; como essência espiritual formada da quintessência desses fluidos, pela Vontade do Onipotente, SÓ E ÚNICA ESSÊNCIA DE VIDA NO INFINITO E NA ETERNIDADE. É ele quem anima essa quintessência dos fluidos para lhe dar o ser, para – mediante uma combinação sutil, cujo o poder somente se encontra nas irradiações divinas – fazer dela os princípios primitivos do Espírito em germe e destinados aa sua formação. Neste sentido é que as essências espirituais são parte do Ser dividido ao infinito, para o efeito de se elevarem do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, individualizadas e imortalizadas. Aí resplandece a grande Lei de Atração Magnética, Lei cuja ação se exerce por intermédio dos fluídos magnéticos, que nos envolvem como se formássemos UM ÚNICO SER ajudando-nos a subir até Deus pela conjugação das nossas forças. É a grande Lei da Atração Magnética ligando, no universo infinito, todos os mundos, unindo todos os Espíritos, encarnados ou não, todas as criaturas oriundas de Deus, o Criador incriado, imutável, eterno, infinito como o Todo Universal de que fazemos parte, e que se acha perpetuamente submetido ao seu comando. Tudo e todos têm dele, nele e por Ele o ser, presos pelos laços da solidariedade e da unidade. Portanto, a Humanidade inteira deve considerar-se uma única individualidade, um corpo imenso que, em cada indivíduo, tem um membro ligado ao todo. Eis porque tudo tende à harmonia humana, preparando o momento de poder elevar-se à harmonia celeste. Assim, amar ao próximo como a si mesmo é conseqüência do amor de Deus. Jesus proclama o AMOR como o caminho único para a perfeição e, portanto, para a vida eterna. É a essência imortal do seu Novo Mandamento, conclui o CEU da LBV, sintetizando a Primeira Revelação.

SEGUNDA REVELAÇÃO

P – Compreendi, sem nenhuma dificuldade, a Primeira Revelação explicada pelo CEU da LBV. Realmente, a unificação das Quatro Revelações do Cristo de Deus é trabalho original, único na História, destinado a revolucionar o mundo inteiro. Já que a LBV inicia a Segunda Revelação, pergunto: o catolicismo está certo quando ensina que Deus e Jesus são a mesma pessoa?

R – Como já foi explicado, todos os ensinamentos do Centro Espiritual Universalista da Legião da Boa Vontade, são do Espírito da Verdade, à luz do Novo Mandamento. Sem a Quarta

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Revelação, antecipando o fim dos tempos, seria impossível a UNIFICAÇÃO, CONCRETIZADA PELA LBV, colocando o Brasil na vanguarda do mundo. Iniciando agora a Segunda Revelação, O Unificador adverte: nesta Obra Final do Ciclo, o Cristo permanece ACIMA DE TODOS OS HOMENS, por mais iluminados e celebrados que sejam, e de todas as religiões e filosofias por eles criadas. Aqui se fundem todos os ensinos de origem divina, de que se apossaram os chefes ou líderes, espirituais ou religiosos, de todos os povos e nações da Terra. Ao Cristo o que é do Cristo, a César somente o que é de César: quer dizer, o CEU apresenta à Humanidade o verdadeiro CRISTIANISMO DO CRISTO, que é o Cristianismo do Novo Mandamento. Damos a palavra, portanto, ao Espírito da Verdade, que explicará tudo o que é necessário saber antes de dar a todos a explicação dos Quatro Evangelhos de Nosso Senhor e Mestre Jesus. Na realidade, O UNIFICADOR É O PRÓPRIO CRISTO, através dos Espíritos que, em seu nome, governam este planeta. Preliminarmente, a distinção entre o Pai e o Filho: - Disse Jesus: “A Vida Eterna é esta – que conheçam a ti, o único e verdadeiro Deus, e a Jesus, o Cristo, que enviaste” (Evangelho segundo João, XVII: 3). Com esta sentença, o próprio Cristo deu o testemunho da UNIDADE INDIVISÍVEL DE DEUS. Na chamada era pagã, que se perde na noite dos tempos, e quando se iniciou a era hebraica, as relações ocultas ou patentes entre “vivos e mortos” ou encarnados e desencarnados, como entre protegidos e protetores, haviam preparado e mesmo começado a OBRA DA VIDA ETERNA, trazendo ao homem o conhecimento de Deus, Criador Incriado e Soberano Senhor do Universo. A comunicação do mundo espiritual com o mundo corpóreo, sendo uma das Leis da Natureza, é, por isso mesmo, lei eterna. Foi essa comunicação, antes da idéia da Unidade Divina, que estabeleceu naturalmente as relações, ocultas ou manifestas, de todas as categorias de espíritos – bons ou maus – com as criaturas humanas; e foi esse intercâmbio, nessas relações permanentes, que deu origem ao politeísmo. Apesar de tudo, em todos os povos, através de todos os cultos, se conservava o conceito da Unidade Divina, que entre os iniciados dominava todas as “divindades” cultuadas ou adoradas pelas massas. Em verdade, só as multidões se achavam transviadas: a ambição e o abuso do poder, temporal e espiritual, tinham interesse em mantê-las na ignorância, para mais facilmente subjugá-las. E mantiveram o vulgo assim, ainda por muito tempo, entre os “gentios”, pois - 400 anos antes de aparecer o Cristo na Terra – condenaram Sócrates à morte pela cicuta. Mas, voltando a era hebraica, os Espíritos do Senhor abriram os caminhos da Primeira Revelação: já escolhido para a obra de preparação do advento da era cristã, partiu do Egito o povo hebreu, que também se encontrava sob a influência das crenças pagãs, embora tenha sido o que mais se aproximou do monoteísmo saneador. Eis por que foi posto sob o comando de Moisés, para a era preparatória, que devia cumprir-se pela série dos profetas até à vinda do predito e prometido Messias, o Cristo de Deus. E, por isso, atendendo à necessidade de sempre ligar o presente ao passado, a fim de desenvolver, explicar e depurar as crenças, a revelação hebraica, proclamando afinal o monoteísmo, chamando a Deus O ETERNO, ÚNICO ETERNO, o intitulou DEUS dos deuses, e acrescentou: “DEUS tomou assento na assembléia dos deuses e, assentado entre eles, julga os deuses: EU disse que vos sois deuses, e TODOS vós sois filhos do Altíssimo”. Destarte, Moisés preparou o conhecimento de Deus – Deus único, o Criador da terra e do céu, o Criador incriado, Criador de tudo o que é, no infinito e na eternidade, com esta voz imensa: “EU, O ETERNO, ÚNICO ETERNO, SOU AQUELE QUE É”. Em face da obra realizada, já na época em que apareceu no mundo (não só no seio do povo hebreu pela revelação mosaica, mas também pelos Espíritos em missão entre os gentios), Jesus proferiu esta sentença eterna, para levar a Humanidade ao conhecimento perfeito do Pai: “DEUS É ESPÍRITO”. Verdade Destinada a destruir, a respeito do Eterno, toda idéia de corporeidade, ela preparou ainda mais o conhecimento de Deus, mediante a compreensão do que é O ESPÍRITO para o homem. Estabeleceu a distinção, que era mister fosse feita e compreendida, entre o circunscrito e o irrestrito, o finito e o infinito, a criatura e o Criador. Para escoimar de erros as crenças da era cristã, formadas sobre o império da letra, e que haviam alterado, falseado e desnaturado a obra da Revelação Messiânica, e também para explicar e desenvolver essa obra, expungindo os erros das interpretações, preceitos e dogmas forjados pelos homens, o Apóstolo Paulo escreveu, inspirado pelo Espírito Santo: “Não há outro Deus senão só um. Pois ainda que houvesse os que se chamam deuses, quer na terra, quer no céu, para nós, contudo, há um só DEUS, O PAI, de quem são todas as coisas e para quem nós existimos. Um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, e por todos, e em todos. Tudo está nele, tudo vem dele, tudo existe por ele. Nele temos a vida, o movimento, o ser. Só ele possui a imortalidade, e habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu e nem pode ver, e que é a honra e o poder da Eternidade: Deus de glória, O PAI DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, que dá aos Homens de

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Boa Vontade o espírito de sabedoria para o conhecer”. O Espírito da Verdade confirma a diferença entre Pai e o Filho, entre Deus e Jesus, cumprindo as ordens do próprio Cristo.

JESUS, O CRISTO DE DEUS

P – Diz a Igreja de Roma que Jesus é Deus. Qual a orientação do CEU da LBV?

R – É exatamente a mesma do Espírito da Verdade: – Uns vêem em Jesus, ao mesmo tempo, um homem igual a eles no concernente ao envoltório corporal, isto é, revestido de um corpo material, humano, sujeito à morte como qualquer homem do vosso planeta, concebido e gerado no ventre da Virgem Maria, e O PRÓPRIO DEUS “milagrosamente” encarnado no seio de uma virgem, mercê de concepção e geração por obra do Espírito Santo e, EM RAZÃO DISSO MESMO, como conseqüência de gravidez e parto por obra do Espírito Santo. Esses vêem, em Jesus, um Homem-Deus, atribuindo-lhe a divindade, com a declaração de ser ele Deus mesmo, feito homem, mortal como eles próprios, realmente morto no Gólgota, e ressuscitado graças a ter o Espírito novamente entrado num cadáver humano. Outros vêem, em Jesus, apenas um homem carnal como eles, um homem do planeta Terra, fruto da obra humana de José e Maria, realmente morto no Gólgota e não ressuscitado. Eis, na era cristã, sob o véu da letra, as duas crenças humanas que sobreviveram a todas as hipóteses, a todos os sistemas, a todas as interpretações, a todas as controvérsias e contradições humanas, e que separam e dividem – em meio à multidão dos que duvidam e pesquisam – aqueles a quem se chama cristãos ortodoxos e os denominados livres-pensadores. O que assim é, como tudo o que foi e teve curso, desde o aparecimento de Jesus no mundo, havia de o ser diante e depois das revelações hebraica e messiânica, sob o império da letra – a título transitório – com o fim de preparar e conduzir os homens ao advento do Espírito. Com efeito, as revelações hebraica e messiânica, obra da vontade divina para o progresso da Humanidade, devem ser explicadas segundo o espírito que vivifica, pois não há nada oculto que não seja descoberto, e jamais rejeitadas, porque a letra – que deu os frutos que devia dar – agora mata. Para o desenvolvimento do Espírito, para a marcha gradativa da Humanidade na via do progresso físico, intelectual e também moral, tudo tem, de acordo com a presciência de Deus, sua razão de ser nas revelações sucessivas e ascensionais. Essas revelações sempre se conformam na medida do que o homem pode compreender sob a influência do meio, preconceitos e tradições, com o nível das inteligências e necessidades de cada época, sendo ministradas a princípio – durante a longa infância da Humanidade – sob a capa do mistério, sob o véu da letra, e depois – nos tempos precursores da sua virilidade – segundo o espírito, isto é, EM ESPÍRITO E VERDADE. Tudo, de há muitos séculos, fora preparado para esse objetivo, mediante a era e a revelação hebraica, como também pelos Espíritos em missão entre os gentios, ou seja, para a vinda de Jesus ao planeta e o desempenho da sua missão terrena. A revelação hebraica anunciara a vinda do Messias sob duplo aspecto do ponto de vista de sua origem e de sua natureza: a princípio, dando-lhe origem e natureza humanas, devendo ele ser póstero de Abraão, pertencer à casa de David; depois, intencionalmente, apresentando-o sob a dúvida, o impreciso, a obscuridade e o véu da letra, com origem e natureza extra-humanas, estranhas às leis de reprodução da Terra, devendo ser concebido e gerado por uma virgem, milagrosamente, com um caráter divino; deveriam os homens cognomina-lo “Emmanuel”, isto é, DEUS CONOSCO. De acordo com as interpretações dadas às profecias, segundo a letra, os judeus aguardavam o Messias predito e prometido, filho de David, tendo-o por um libertador material, chamado a lhes proporcionar a reconquista de sua independência e de sua nacionalidade, e mais ainda – a expansão do seu domínio e do seu império sobre todos os povos e nações do mundo. Mas a verdade começaria a surgir após o desempenho da missão terrena de Jesus. Antes de findo o primeiro século da era nova, aberta pelo Cristo, o Apóstolo Mateus, Marcos (discípulo do Apóstolo Pedro), Lucas (discípulo do Apóstolo Paulo) e o Apóstolo João que haviam reencarnado em missão para esse propósito já tinham escrito os Quatro Evangelhos, sob a influência e inspiração dos Espíritos do Senhor – cada qual em seu gênero e no tempo em que suas palavras deveriam sucessivamente manifestar-se considerando os níveis das inteligências e aspirações daquela época. Os Evangelhos eram destinados a, reciprocamente, explicar-se e completar-se. E chamados pela vontade de Deus, a conservar e transmitir às gerações futuras, sem interrupção, a grande obra da Revelação Messiânica: eram o código da renovação do mundo, monumento imperecível que, em seu

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caráter de OBRA DA VERDADE, realizada pela vontade divina, deveria com o passar dos tempos ver cair-lhe aos pés tudo quanto, apócrifo ou falso, se havia de produzir ou ser fruto dos erros humanos; obra que viria a ser a fonte e a regra da fé, a princípio sob o véu da letra, mas depois, sob o reinado do Espírito, à luz do Novo Mandamento, na era nova do CRISTIANISMO DO CRISTO. Agora o mundo inteiro pode compreender que Jesus, o Cristo de Deus, não é Deus nem jamais afirmou fosse Deus. Todas as suas palavras, intencionalmente veladas pela letra, ou mesmo não veladas, dispostas a servir à sua época e a preparar o futuro, a constituir – pelo espírito que vivifica – base da vindoura revelação, por ele predita e prometida, do Espírito da Verdade, protestam contra a divindade que lhe atribui a casta sacerdotal organizada. Jesus não é Deus, porque DEUS É UM SÓ, porque não há outro Deus senão o Pai, que é o único e verdadeiro Deus – eterno, imutável, infinito, que cria (não, porém, pela divisão de sua essência), Criador incriado, de quem TUDO E TODOS recebem o ser. E Jesus não foi um homem carnal como iremos provar na explicação dos Evangelhos harmonizados e unificados pela vontade de Deus.

DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO - I

P – Chegarão os homens a conquistar, um dia, a felicidade?R – Sem dúvida, porque Deus não nos criou para permanecermos eternamente no mal e, por

conseguinte, no sofrimento, que é criação dos próprios homens, ao transgredirem a Lei de Deus. Se assim não fosse, Deus seria inferior ao próprio homem.

P – Assim sendo, Deus perdoa todo mal?R – Se entendeis por perdão os meios que Deus vos oferece, para reparardes vossas faltas,

sim. Não se deve esperar de Deus a graça para alguns, mas sim a justiça para todos: SOMOS TODOS IGUAIS DIANTE DA LEI DIVINA.

P – De que modo se reparam as faltas cometidas?R – Praticando o Bem, incessantemente. Não há outro meio.

P – Deus atende a quem ora com fé?R – A oração não altera o cumprimento das Leis de Deus. Mas serve para vos fortalecer em

vossos sofrimentos.

P – É conveniente orar muito?R – O essencial não é orar muito, mas orar bem.

P – Que devemos julgar das orações pagas?R – Disse Jesus: “Não recebais paga das vossas preces; não façais como os escribas que, a

pretexto de LONGAS ORAÇÕES, devoram as casas das viúvas”.

P – Onde se deve orar?R – Jesus também disse: “Quando orardes, entrai no vosso quarto e, fechada a porta, falai

com Deus em segredo, e Deus, que vê tudo em segredo, vos recompensará. Mas não faleis muito, como os gentios, pois eles pensam que, por muito falar, serão ouvidos”. A verdadeira prece reside no coração que vive o Novo Mandamento do Cristo.

P – A oração torna o homem melhor?R – Sim, porque aquele que ora, com fé e confiança, fica mais forte contra as tentações do

mal. A prece é sempre proveitosa, quando feita com pureza.

P – Poderemos suplicar a Deus que perdoe nossas faltas?R – A prece não elimina as faltas, mas conduz às boas ações, QUE SÃO A MELHOR

PRECE. Lembrai-vos de que os atos valem sempre mais do que as palavras.

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DOUTRINA DO CEU

P – É útil orar pelos finados?R – Sim. A prece não modifica os desígnios da Divina Providência, que são justos e sábios.

Mas sempre alivia e consola os Espíritos em cuja intenção é feita.

P – Que se deve entender das palavras do Cristo: “Há muitas moradas na casa de meu Pai” ?R – Que a casa de Deus é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no

espaço infinito.

P – Qual é a categoria dos mundos?R – A escala dos mundos é infinita. Entretanto, todos eles podem se classificados assim:

MUNDOS PRIMITIVOS, onde o Espírito faz as suas primeiras encarnações; MUNDOS DE PROVAS E EXPIAÇÕES, como a Terra que habitais, onde dominam o mal e os sofrimentos morais e físicos; MUNDOS DE REGENERAÇÃO, onde os Espíritos adquirem novas forças e descansam da fadiga de suas lutas; MUNDOS FELIZES, onde predomina o Bem sobre o mal; MUNDOS CELESTES OU DIVINOS, onde impera somente o Bem e não se conhecem sofrimentos físicos nem morais. É o Céu.

DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO - II

P – A LBV anunciou, pelo rádio e pela imprensa, que daria aos filiados do CEU a Doutrina do Novo Mandamento. Em que consiste esta Doutrina?

R – Na unificação das Quatro Revelações do Cristo de Deus. Mas é preciso considerar a advertência do Unificador: nesta Obra Final do Ciclo, Jesus permanece acima de todos os homens e de todas as religiões por eles criadas. O verdadeiro autor e inspirador destas lições é um só: o Espírito da Verdade, que é o porta-voz do Cristo. E é por isso que a Legião da Boa Vontade unifica as Quatro Revelações, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento.

P – Qual o significado do Novo Mandamento de Jesus?R – É a revelação final e total do Cristo, chave de toda a Bíblia Sagrada, da Gênese ao

Apocalipse. Na RELIGIÃO DE DEUS, que é o Amor Universal, acima de todos os sectarismos e divisões das crenças forjadas pelos homens, todas as criaturas são naturalmente cristãs, e todas as religiões são, por conseqüência, evidentemente cristãs. Aqueles, cujo grau de entendimento não alcança esta verdade, ainda estão espiritualmente mortos; por isto dizemos que o Novo Mandamento é, também, a chave da vida e a chave da morte. Só o Novo Mandamento permite aos homens entender que DEUS É AMOR, e nada existe fora deste Amor.

P – Quem é Deus?R – É a suprema inteligência do Universo, a causa primária de todas as coisas.

P – Onde encontrar a prova da existência de Deus?R – No axioma que se aplica às ciências: NÃO HÁ EFEITO SEM CAUSA. Buscando a

causa de tudo o que não é obra do homem, chegareis a Deus.

P – Quais são os atributos de Deus?R – Deus é eterno, único, imutável, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.

P – Por que é eterno?R – Se houvesse tido princípio, Deus teria saído do nada, o que é absurdo. Deus é eterno

porque não tem causa ou origem, como todos os seres criados.

P – Por que Deus é único?R – Se existissem outros deuses, com o mesmo poder, não teríamos harmonia de vista nem

segurança na direção do Universo.

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DOUTRINA DO CEU

DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO - III

P – Por que Deus é imutável?R – Porque, se estivesse sujeito a mudanças, ou variações, as leis que regem o Universo não

teriam estabilidade alguma.

P – Por que é todo-poderoso?R – Porque, sendo único e eterno, é o autor de tudo o que existe.

P – Por que é soberanamente justo e bom?R – Por causa da sua infinita perfeição, na justiça e na bondade.

P – Deus tem a forma humana que aparece nas figuras da Igreja?R – Esse deus antropomorfo, criado pela religião idólatra e que é figurado com uma longa

barba, prova o atraso das religiões anti-reencarnacionistas. Ora, se Deus tivesse forma humana estaria limitado e, por conseguinte, circunscrito, deixando de ser onipotente, onisciente e onipresente.

P – Deus, então, não tem matéria?R – Se Deus fosse matéria, deixaria de ser imutável na sua perfeição, pois estaria sujeito às

transformações matérias. DEUS É ESPÍRITO: sua natureza difere de tudo o que chamais matéria.

P – Como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança?R – Pelo Espírito, porque Deus não tem corpo.

P – Deus governa o Universo?R – Sim, por força da sua Boa Vontade, como o homem governa o seu corpo.

P – Deus cria sem cessar?R – Sim, de toda a eternidade. Até vossa razão se nega a aceitar Deus inativo, pois o Cristo

ensinou: “O Pai trabalha sem cessar”. Se assim não fosse, Deus não seria imutável, pois se teria manifestado de modos diversos, primeiro em ação, depois em inatividade.

P – Todos chegarão a ver o Senhor Deus?R – Sim, quando chegarem à perfeição, depois de vencerem todas as provas, pela fé, pelas

obras, pela graça, pela paciência, pela perseverança. Lembrai-vos das palavras de Jesus: “Aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Até lá, haverá um abismo entre a parte e o todo, entre o relativo e o absoluto, entre a criatura e o Criador.

P – Todos nós temos o dever de amar a Deus?R – Sim, porque Deus é nosso Pai e nos criou para a felicidade eterna.

P – De que modo devemos adorar o Pai?R – O Cristo ensina: “Deus é Espírito, e importa que aqueles que o adoram o adorem em

Espírito e Verdade”. No nosso lar, elevai-lhe o pensamento por meio da prece, tendo plena confiança em sua bondade e em sua justiça. Adorais o Senhor amando e respeitando vossos pais; amando o próximo, isto é, socorrendo-o em suas necessidades, perdoando-lhe as ofensas, fazendo-lhe todo o bem possível; cumprindo, enfim, todos os deveres que vos impões a Moral Cristã, não do cristianismo dos homens, mas do CRISTIANISMO DO CRISTO, que é o do Novo Mandamento.

P – Quando é realmente útil a prece?R – Quando é sincera, quando sai do coração. É ineficaz quando pronunciada somente pelos

lábios.

P – Por quem devemos orar?

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DOUTRINA DO CEU

R – Por vós mesmos, por vossos pais e irmãos, parentes e amigos, por todos os que sofrem e, portanto, por vossos inimigos.

P – Qual o objetivo da oração?R – Suplicar a Deus a força e o valor necessários para melhorar todos nós, homens ou

Espíritos, suportando com paciência e resignação as provas e tribulações da marcha para Deus.

MORAL CRISTÃ

P – Como o CEU da LBV explica os fundamentos da Moral Cristã à luz do Novo Mandamento?

R – Moral é a ciência que vos ensina a bem viver – com a luz do Novo Mandamento – a distinguir o Bem do mal. Não há Moral Cristã fora do CRISTIANISMO DO CRISTO, o Cristianismo genuíno, autêntico, eterno, que é o do Novo Mandamento, a única solução para todos os problemas que afligem a Humanidade. Esta é a Moral Cristã da RELIGIÃO DE DEUS, a Doutrina do Centro Espiritual Universalista da LBV: fala o Espírito da Verdade.

P – Qual o tipo mais perfeito que pode servir ao homem como guia e modelo?R – O tipo da perfeição moral, a que pode e deve aspirar o homem, é Jesus, o Cristo, o Ser

mais puro que já desceu ao vosso planeta.

P – Como podemos distinguir o Bem do mal?R – O Bem é tudo o que está de acordo com a Lei de Deus, a Primeira Revelação. O mal é,

exatamente, o contrário.

P – O homem tem, por si mesmo, os meios de distinguir o Bem do mal? Sujeito, como está, ao erro, não poderá ele equivocar-se, isto é, julgar fazer o Bem quando, na realidade, faz o mal?

R – Conhecendo as Quatro Revelações do Cristo de Deus, nunca poderá equivocar-se. Pelo conhecimento da Verdade, ele se libertará do fanatismo, do sectarismo, do farisaísmo – de todas as ciladas do Anti-Cristo. Para não errar, recorde o homem a lição do Mestre Jesus: “Não façais aos outros o que não quereis que eles vos façam. Fazei-lhes tudo o que quereis que eles vos façam”. É a Regra Áurea.

P – Quais são os maiores inimigos do homem?R – O homem, pelo seu orgulho, vaidade, egoísmo, inveja – produtos da ignorância

espiritual – é o verdugo de si mesmo. O mesmo se aplica às religiões exclusivistas, que se julgam senhoras de Deus, das almas, dos infernos e dos céus criados pela sua megalomania. É por isso que não terá autor, ou autores, a Doutrina do CEU, com a Unificação das Quatro Revelações. A Doutrina do Novo Mandamento é do Espírito da Verdade; portanto, do próprio Jesus.

P – Como poderemos saber que somos culpados de uma falta?R – Quando sabemos melhor o que fazemos. O mal, do mesmo modo que o Bem, age de tal

forma que nem sempre se pode apreciar a extensão dos seus efeitos. Não é possível beneficiar, ou prejudicar alguém, sem que geralmente se beneficie ou prejudique a várias pessoas ao mesmo tempo. Só o perfeito conhecimento da Verdade vos libertará de todas as dúvidas, como afirmou Jesus: Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.

P – Deus precisa ocupar-se de cada um dos nossos atos, para nos castigar ou recompensar?R – Não. Deus tem leis imutáveis, que regulam todas as nossas ações, DE UMA SÓ VEZ.

P – É também culpado aquele que não faz o mal, mas participa dele pelo pensamento?R – É como se fosse. Por isso mesmo, participará das suas conseqüências.

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DOUTRINA DO CEU

P – O desejo do mal é tão irrepreensível quanto o próprio mal?R – Conforme: há virtude em resistir voluntariamente ao mal cujo desejo se sente, e

sobretudo quando há possibilidade de realiza-lo. Entretanto, é condenado o desejo do mal quando se deixa de executa-lo unicamente por falta de ocasião.

P – É bastante deixarmos de fazer o mal, para assegurarmos a nossa felicidade futura?R – Para conseguir a felicidade futura, necessário vos é fazer todo o bem, dentro do

possível, pois cada um será responsável não só pelo mal que houver feito, mas igualmente pelo Bem que, podendo fazer, não fez.

P – Haverá pessoas cuja posição as impossibilite de fazer o bem?R – Todos podem fazer o bem, e somente aos egoístas falta ocasião para isso. Fazer o bem

não consiste somente em dar dinheiro, mas também em ser útil de qualquer modo.

P – Haverá diferentes graus no mérito do Bem?R – O mérito está no sacrifício, e deixa de existir quando o Bem nada custa ou é feito sem

trabalho. Tem mais mérito o pobre, que dá metade do seu pão, do que o rico, que dá o supérfluo. Jesus demonstrou esta verdade quando se referiu ao óbolo da viúva.

P – Onde está contida toda a Lei Divina com referência ao Amor?R – No Velho Testamento, nas leis de Moisés: “Amar a Deus e amar ao próximo”. Mas

onde está contida toda a Lei Divina, com referência ao Amor, é no Novo Mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Na verdade, como declarou o Cristo, ninguém tem maior amor do que este: dar a própria vida pelos seus amigos. O Novo Mandamento encerra todos os deveres dos homens entre si. Mas não só dos homens: das religiões, das filosofias, das ideologias, de todos os povos e nações da Terra. Para fazer uma idéia da importância do Novo Mandamento, necessário se torna que o homem atente para esta declaração de Jesus: Quem cumpre o meu Mandamento não morrerá mais – já passou da morte para a vida.

EVANGELHO ETERNO

P – Agradecemos a Deus os ensinamentos preciosos do Centro Espiritual Universalista da LBV. O CEU veio na hora certa, para restaurar toda a Verdade, acima de todos os sectarismos que desgraçam a Humanidade. Não é um verdadeiro plano de governo para todos os povos da Terra?

R – Sim, por que em breve todos os povos e nações serão governados pelo Cristo, através do seu Evangelho Eterno. Só se pode governar com a Verdade, dentro das Leis Divinas, perfeitas e imutáveis. O Governo da Verdade colocará o Brasil na vanguarda do mundo. Queira Deus que todos os brasileiros mereçam tamanha graça.

P – Que devem fazer as religiões, em nossa Pátria, em prol da união de todos pelo bem de todos?

R – O mesmo que fez João, o Batista, precursor da primeira vinda do Salvador: “Cumpre que eu desapareça, para que ELE apareça”. Eis porque não tem autor, ou autores humanos, a UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES. O autor é Jesus, porque Jesus é o UNIFICADOR.

P – Que devemos pensar de quem amontoa bens materiais para conseguir o supérfluo, em prejuízo dos que carecem do necessário?

R – Esse infeliz egoísta não cumpre a Lei de Deus, e terá que responder pelas privações que fizer outrem sofrer. O homem sábio, na Era do Apocalipse, transforma o dinheiro da iniqüidade em dinheiro da salvação.

P – É censurável o desejo que o homem tem de conseguir seu bem-estar?R – Não, pois é um desejo normal da criatura em busca do progresso. O abuso disso é que

constitui o mal.

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DOUTRINA DO CEU

P – Se a morte deve conduzir-nos a uma vida melhor, qual a razão por que o homem lhe tem instintivo horror?

R – Deus pôs no homem o instinto de conservação para que o sustentasse nas provas; sem isso ele se descuidaria da vida. O instinto de conservação faz que o homem viva todos os dias da sua existência, para poder cumprir sua missão, integralmente.

P – Que devemos pensar da destruição que excede os limites da necessidade, tal a que se faz pela caça, e cujo o fim é destruir sem nenhuma utilidade?

R – Trata-se de flagrante transgressão da Lei Divina. Torna-se ainda mais condenável a destruição que é feita com requintes de crueldade. Os destruidores dessa espécie também serão destruídos, dentro da Lei de Causa e Efeito.

P – Qual a explicação das grandes calamidades que sacodem o mundo?R – Os Espíritos do Senhor sabem praticar a justiça perfeita, dando a cada um de acordo

com suas obras, nada menos, nada mais. A semeadura foi livre, a colheita é obrigatória. Assim, as grandes calamidades fazem que a Humanidade se adiante com mais rapidez, porque – resultando dessas catástrofes a regeneração moral dos seres humanos – eles adquirem, em nova existência, um grau mais elevado de progresso.

P – Mas será justo que, nessas calamidades, sucumba o homem bom ao mesmo tempo que o mal, sem distinção alguma?

R – Tanto faz morre numa calamidade como por outra causa qualquer, QUANDO A HORA É CHEGADA. A única diferença que há, neste caso, é a de morrer maior número de pessoas; mas, acaso podereis saber se o que hoje é um homem de bem não teria sido o culpado de ontem?

P – Qual a causa que induz o homem à guerra?R – A ignorância das Leis Naturais, que são as Leis de Deus. Toda guerra é produto do

predomínio da natureza animal sobre a espiritual. Entre os povos bárbaros não se conhece outro direito que não seja o do mais forte. E povos bárbaros são todos aqueles que ignoram as Quatro Revelações do Cristo, por mais civilizados que se proclamem.

P – A guerra desaparecerá algum dia da face da terra?R – Sim, depois do próximo e último Armagedon do Apocalipse de Jesus. Então, sim, todos

os homens compreenderão o que é a justiça e saberão VIVER O NOVO MANDAMENTO, sob um novo céu e numa nova terra regida pelo Amor Universal. Os povos serão UM POVO SÓ, integrado na majestade do Rei de todos os reis, Senhor de todos os senhores.

P – Que se deve pensar dos que provocam a guerra em seu próprio benefício?R – Os provocadores de guerras, como os vendedores de armamentos, são verdadeiros

culpados e, como tais, terão de suportar muitas existências de expiação dos crimes que mandam cometer, para satisfazerem unicamente à sua ambição.

P – O soldado que mata, na guerra, é culpado?R – Não, se ele é coagido a isso pelas leis vigentes no mundo de César. Mas ele se torna

culpado desde que pratique, sem necessidade, atos de crueldade comprovada.

P – É crime o homicídio?R – Sim, e muito grande, pois que tira a vida a alguém corta uma existência de expiação ou

missão, cujo o fio somente a Deus é lícito cortar.

P – Podemos considerar o duelo como manifestação de legítima defesa?R – Não. O duelo é um crime, um costume de bárbaros, ignorantes da Lei de deus.

P – Mas como se deve analisar o que, em duelo, se chama “ponto de honra”?R – Esse ponto de honra é produto de dois grandes males da sociedade: vaidade e orgulho.

Honra é algo muito diferente: só a possuem aqueles que vivem de acordo com a Lei de Deus.

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P – Não haverá, porém casos em que a honra, achando-se realmente ofendida, será um ato de covardia não aceitar o duelo?

R – Cada século e cada povo, com seus usos e costumes, têm modos diversos de encarar as coisas. Quando os homens conhecerem a Lei de Deus e viverem de acordo com a Moral Cristã – a verdadeira Moral do CRISTIANISMO DO CRISTO – compreenderão que a honra está acima das paixões humanas. Os fatos não se alteram pela morte do “ofensor”. Diante da Lei Divina, há mais grandeza em perdoar uma ofensa do que em castigá-la com um crime. Incidem no mesmo erro os maridos que matam suas esposas, sob o pretexto de lavarem sua honra com sangue. A proteção de deus está sobre aqueles que têm sua honra inacessível às ofensas dos alienados mentais – os ignorantes da Lei do retorno. Os homens que fazem o mal receberão de volta o seu próprio mal. Tende pena deles.

P – A pena de morte desaparecerá, algum dia, da legislação humana?R – Sem dúvida nenhuma. E sua próxima supressão marcará um grande progresso para toda

a Humanidade.

P – E que devemos pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?R – Os que agiram assim – e ainda hoje, por outros meios – estão muito longe de conhecer a

Lei de Deus. Seus crimes monstruosos estão registrados no Livro da Vida. Podeis imaginar o que aguarda esses loucos? Orai por eles, orai por eles.

LIÇÕES DO EVANGELHO

P – Estamos apreciando, com muita alegria, os ensinos do Evangelho “trocados em miúdos”, para nos facilitar o entendimento perfeito da Segunda Revelação. Esse trabalho do CEU da LBV não pode continuar?

R – Sim, porque nosso objetivo é simplificar tudo o que ponha ao alcance das multidões os ensinamentos do Espírito da Verdade. A unificação das Quatro Revelações é a última palavra de Jesus para salvação da Humanidade.

P – O trabalho é uma lei de Deus?R – Sem dúvida, porque é uma necessidade das mais importantes.

P – Devemos considerar como TRABALHO somente as ocupações materiais?R – Toda ocupação útil é trabalho, não só no campo material. O Espírito também trabalha, e

o próprio Deus não pára de trabalhar.

P – Para que foi imposto ao homem o trabalho?R – O trabalho é o meio de aperfeiçoar a inteligência do homem; assim, ele assegura seu

progresso, bem-estar e felicidade. Se não fosse o trabalho, o homem não sairia nunca da sua infância intelectual.

P – Nos mundos mais adiantados, o Espírito está sujeito à mesma necessidade do trabalho?R – Em todas as “moradas da casa do Pai” ninguém permanece inativo e inútil. A

ociosidade seria suplício em vez de benefício.

P – Está livre da Lei do Trabalho quem possui fortuna suficiente para garantir no mundo a sua existência?

R – Do trabalho material, sim; mas nunca da obrigação de se fazer útil, segundo os seus recursos, ou de aperfeiçoar a sua inteligência e a dos outros. Tudo isso é trabalho, e tanto maior é esse dever quanto mais tempo e recurso o homem tiver. È a Lei Divina: mais se pedirá a quem mais se deu.

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P – Que devemos pensar dos que usam sua autoridade para impor trabalho excessivo aos seus inferiores?

R – Esses pagarão por suas más ações, porque infringem a Lei de Deus.

P – O homem tem direito ao descanso na sua velhice?R – Sim, cada um está obrigado ao trabalho material até onde chegam as suas forças.

P – Que recurso tem o ancião que precisa de trabalhar para viver e não pode faze-lo?R – O recurso é que o forte, então, trabalhe para o fraco. Na falta da família, a sociedade

tem o dever de socorre-lo. Esta é a Lei da Caridade, ensinada nos Evangelhos pelo Cristo de Deus.

P – Por que o CEU da LBV não divulga, também, os ensinamentos dos preceptores espirituais de todas as religiões e filosofias?

R – A LBV, a serviço de Jesus, já o fez em mais de trinta anos ininterruptos. Agora, os tempos chegaram. A Humanidade já entrou na curva final do Apocalipse. Não há mais tempo nem ocasião para torneios verbais ou culturais, alimentados por esses preceptores ou “mestres” famintos de projeção pessoal. Sim, nesta hora, TUDO VOLTA AO CRISTO, PORQUE É DO CRISTO.

P – O matrimônio, isto é, a união permanente de dois seres, é contrário à lei natural?R – Ao contrário: o casamento representa um progresso da sociedade humana.

P – Qual das duas está mais de acordo com a lei natural: a monogamia ou a poligamia?R – A monogamia, porque o matrimônio deve estar fundado no amor espiritual, no afeto

real e permanente, SEM NENHUMA SENSUALIDADE. Não existe amor na poligamia e, por isso mesmo, ela desaparecerá, brevemente, da face da Terra.

P – O celibato voluntário é meritório, diante de Deus?R – Não. Os que vivem assim, por egoísmo ou motivos correlatos, enganam a si mesmos e a

todo mundo. Raríssimas exceções aconteceram na História da Humanidade. Esse “voluntário celibato” se diz inspirado em Jesus, que – para servir a Deus – não se casou. Erro grave, porque o Cristo não tinha corpo material.

P – Tem algum mérito a vida de mortificações ascéticas?R – Não, pois não aproveita a ninguém. Se aproveitar a quem a pratica, e si impedir de fazer

o bem a outrem, ela é ainda uma das formas do egoísmo.

P – Quando a reclusão e as provações penosas têm por objetivo uma expiação, há nelas algum mérito?

R – A melhor expiação é resgatar o mal que se fez com o bem que se pode fazer. Essas “privações penosas” resultam numa forma de suicídio lento, condenado pela Lei de Deus.

P – Que devemos pensar da mutilação do corpo, da autoflagelação dos que, assim, pretendem ganhar o Reino do Céu?

R – Loucura autorizada pelos ignorantes da Lei de Deus. Tudo quanto for inútil não terá mérito, jamais. Para dominar a matéria carnal basta praticar, somente, aLei Divina que é a Caridade, combatendo sempre toda idéia de mutilação, todas as flagelações imagináveis.

P – É racional a abstenção de certos alimentos, prescritas em certos povos por seitas religiosas ou filosóficas?

R – Não, porque tudo o que puder alimentar o homem, e não for em prejuízo de sua saúde, é permitido na Lei de Deus.

P – É meritória a abstenção do alimento animal, ou de qualquer outra espécie, quando o fazemos por expiação?

R – Sim, quando vos privais dele em BENEFÍCIO DE OUTREM.

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P – Com que fim Deus dotou os seres com do instinto de conservação?R – Com o fim de poderem evoluir, pois a vida é necessária ao aperfeiçoamento espiritual

de todos.

P – Todos os homens têm, igualmente, o direito de usar os bens da Terra?R – Sem dúvida, pois esse direito é conseqüente da necessidade de viver. Deus não impõe

um dever sem dar, primeiro, aos homens os meios de cumpri-lo.

P – Que devemos julgar do homem que busca nos excessos de toda espécie um requinte aos seus gozos?

R – Quem age assim se torna inferior ao bruto, pois não sabe restringir a satisfação das suas NECESSIDADES REAIS. Quanto maiores forem os seus excessos carnais – sob o julgo da natureza animal – maiores serão os seus tormentos físicos e espirituais. Todos esses excessos acabam na loucura, por obsessão e possessão.

P – Qual a grande utilidade do Céus para os estudiosos do espiritualismo?R – Como os seus ensinos são, exclusivamente, do Espírito da Verdade, a utilidade maior é

a correção das infiltrações mediúnicas observadas em Kardec, Roustaing e outros grandes pioneiros da UNIFICAÇÃO DE TODAS AS REVELAÇÕES DO CRISTO DE DEUS.

ESPÍRITO E VIDA

P – A LBV – principalmente agora com o CEU – já poderia ter editado em livros sua vasta produção, de cunho espiritual tão elevado. Por que não o fez?

R – Porque não autorizei tais edições. Não era chegada a hora. Doravante, sim, pode a LBV pensar no assunto, selecionando O QUE SEJA DIGNO da aprovação de Jesus, em benefício do Brasil e do Mundo. As palavras do Mestre, como ele mesmo afirmou, são Espírito e Vida. Assim as da LBV: depois de vinte anos de lutas, num trabalho de pioneirismo indiscutível, pôde finalmente abrir as portas do CEU, iniciando a gigantesca obra da UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES DO CRISTO DE DEUS. Estas palavras terão de correr o mundo, nesta Era Apocalíptica, porque são Espírito e Vida, para todo o sempre. A HORA CHEGOU, diz o Espírito da Verdade.

P – O homem tem o direito de cercear a liberdade de consciência?R – Jamais. Toda coação, nesse sentido, é crime contra a Lei de Deus. Assim, também, o

homem não tem o direito de impedir as manifestações do pensamento, desde que visem ao bem de todos: liberdade com responsabilidade, direitos com deveres.

P – É respeitável toda e qualquer crença, embora reconhecidamente falsa?R – Sim, quando é sincera e conduz à prática do Bem, pois vários são os graus de evolução

espiritual. As crenças condenáveis são as que conduzem ao mal. Só o conhecimento da Verdade Total pode e sabe distinguir entre o falso e o correto, o certo e o errado, em todas as crenças de homem ou verdade de cada um.

P – Somos responsáveis por escandalizar, sem motivo, os crentes que não pensam como nós?

R – Sim, porque isso é atentar contra a liberdade de consciência e faltar à Caridade, ensinada e exemplificada pelo Mestre e Senhor.

P – Pelo respeito à liberdade de consciência, devemos permitir que se propaguem doutrinas perniciosas?

R – Nada acontece por acaso. Tais doutrinas cairão por si mesmas, como a casa edificada sobre a areia.

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P – Sem atentar contra à liberdade de consciência, podemos atrair ao caminho da Verdade aqueles que se acham desviados por falsos princípios?

R – Podeis e deveis. Isso, porém, deve ser feito de acordo com o exemplo de Jesus, isto é, com Boa Vontade, nunca pela força, que é pior do que a crença daqueles a quem se procura salvar. Se é permitido impor alguma coisa, é o Bem, é a Fraternidade, em suma – o Amor do Novo Mandamento, pela convicção, NUNCA PELA VIOLÊNCIA.

P – Visto julgar-se cada religião A ÚNICA EXPRESSÃO DA VERDADE, como se pode distinguir a que tem o direito de se apresentar como tal?

R – O Cristo ensinou o melhor processo: Conhecereis a árvore pelos seus frutos. A melhor religião (ou doutrina) é a que faz MAIS HOMENS DE BEM, sinceros e não hipócritas. Isto é: a que vive o Novo Mandamento de Jesus, a Lei do Amor e da Caridade, em toda sua extensão, em sua aplicação mais elevada. Toda doutrina que produzir, em suas conseqüências, a desunião, o ódio fratricida, estabelecendo demarcação entre os homens, não pode deixar de ser falsa e perniciosa. É doutrina de homens e maus Espíritos: NÃO É DE JESUS, NÃO É DE DEUS.

P – De onde nasce o desejo de perpetuar com monumentos fúnebres a memória dos seres que abandonaram a Terra?

R – É o último ato do orgulho humano, gerado pelas convenções sociais. Não se deve, porém, atribuir aos que partilham essa responsabilidade: pode ser iniciativa dos parentes, que se querem vangloriar ainda na morte. Nem sempre se fazem tais demonstrações por consideração ao morto: elas também se dão por amor próprio, por alarde das riquezas dos que ficam. Poderão esses belos monumentos salvar do esquecimento aqueles que foram inúteis na Terra?

P – Devemos, então, reprovar de modo absoluto a pompa dos funerais?R – Não, pois isso se torna justo e exemplar, desde que seja feito em memória de um

homem de bem, que haja dedicado sua vida ao progresso e à liberdade das criaturas humanas.

P – Qual é a base da justiça fundada na Lei Natural ou Lei Divina?R – Para os cristãos, o Novo Mandamento. Para todos os outros, a Regra Áurea: “Fazei aos

homens, o que quereis que eles vos façam”.

P – Impõe-lhe obrigações particulares a necessidade, que o homem tem, de viver em sociedade?

R – Evidente. A primeira de todas é respeitar os direitos de seus semelhantes. Quem respeitar esses direitos será sempre justo.

P – Qual é o primeiro de todos os direitos naturais do homem?R – O direito à vida.

RENOVAR OU MORRER

P – Sabemos que Jesus lhe deu as mediunidades necessárias à obra de UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES. Do contrário, o senhor não poderia localizar as “infiltrações mediúnicas” nas obras de Kardec e Roustaing. Estamos certos?

R – Sim, o que prova que sou mero instrumento nas santas mãos do Senhor. É preciso, em obras importantes do Espírito da Verdade, eliminar o personalismo, a vaidade, o orgulho, o egoísmo e, principalmente, o sectarismo dos homens. Esta é a condição fundamental, imposta pelo espírito Santo. As forças divinas não têm tempo a perder com os “mestres” humanos, culpados de tanta confusão, em detrimento do plano restaurador da Verdade. Agora, mais do que nunca, o Cristo faz valer sua Boa Vontade, advertindo: RENOVAR OU MORRER. É o lema do Centro Espiritual Universalista, o CEU da LBV.

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P – Hoje compreendemos o caráter anti-sectário da Legião da Boa Vontade. Se o Presidente da LBV pertencesse a qualquer das crenças religiosas, existentes no mundo, não poderia ser escolhido para a Obra de Unificação Final do Ciclo. Não é assim?

R – Evidentemente. Tenho de me colocar na posição de Jesus, diante de todos os credos humanos. Amando a todos, sim, mas colocando o Cristo acima deles, acima de todos os “iluminados”, neste mundo que ainda é o GRANDE MANICÔMIO. É melhor, portanto, marchar sempre com o Espírito da Verdade.

P – A vida social é uma das Leis Naturais?R – Sem dúvida: todos os homens devem contribuir para o progresso, ajudando-se

mutuamente pela prática do Novo Mandamento.

P – O progresso moral segue o progresso intelectual?R – Sim, é a sua conseqüência; mas nem sempre o segue imediatamente.

P – Como pode o progresso intelectual conduzir ao progresso moral?R – Desde que o homem compreenda o Bem e o mal, pode então escolher. O

desenvolvimento do livre arbítrio segue o da inteligência e aumenta a responsabilidade das suas ações.

P – Pode o homem deter a marcha do progresso?R – Não, porque a ninguém é dado a neutralizar uma lei de Deus. Mas o homem pode,

como instrumento das forças do mal, colocar sérios obstáculos na marcha. Daí a necessidade da oração e da vigilância, como no caso da LBV.

P – Não parece, às vezes, que o homem retrocede, em vez de se adiantar, pelo menos sob o ponto de vista moral?

R – O homem progride sempre, mesmo sem o querer, pois cada dia ele compreende melhor o mal, e a todo instante é levado a reformar as suas leis. É essa compreensão que lhe mostra a necessidade das reformas, inspiradas pelo bem comum.

P – Os homens são todos iguais perante Deus?R – Sem nenhuma dúvida. Todos têm um mesmo princípio e um mesmo destino final. As

Leis de Deus são iguais para todos, sem qualquer exceção.

P – Por que Deus não deu as mesmas aptidões a todos os homens?R – O Pai deu iguais aptidões a todos os seus filhos, mas cada um deles tem vivido mais ou

menos tempo, conforme a soma de suas encarnações. A diferença provém, portanto, do seu grau de experiência e da vontade resultante do livre arbítrio de cada um. É por isso que os mais adiantados têm maiores aptidões do que os outros.

P – Será possível, como quer o materialismo, estabelecer a igualdade absoluta das riquezas?R – Não, porque se opõem a isso as Leis Divinas, que regulam todos os destinos humanos,

com uma perfeição que excede a todo entendimento. Os homens passam por todas as provas, necessárias ao seu aperfeiçoamento, na pobreza ou na riqueza, na inteligência ou na ignorância, na fealdade ou na beleza. Cada um vai colher exatamente o que semeou.

P – Que devemos pensar ao que acreditam ser esse o remédio para os males da sociedade humana?

R – Esses estão iludidos pelas quimeras de Satanás, que é a ignorância gerando o mal em todas as suas manifestações. NINGUÉM PODE IGUALAR OS DESIGUAIS. O remédio perfeito é o conhecimento da Verdade nas Quatro Revelações do Cristo de Deus.

P – O homem e a mulher são iguais diante de Deus e têm os mesmos direitos?R – Sem dúvida alguma, porque Deus a ambos deu inteligência, para distinguir o Bem do

mal, e a faculdade de progredir.

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P – Qual a razão da inferioridade da mulher em certos povos?R – O império injusto e cruel que o homem exerce sobre ela, resultado das instituições

sociais geradas pelo abuso dos fortes contra os fracos. Já foi pior, será cada vez melhor para a mulher, dentro da Lei do Progresso.

P – Com que fim é a mulher, em geral, mais débil fisicamente do que o homem?R – Para que ela possa exercer outra espécie de trabalhos, mais leves e delicados. Ao

homem, geralmente, cabem os trabalhos mais rudes.

P – A debilidade física da mulher não a coloca, naturalmente, sob a dependência do homem?

R – Sim. Mas, se a natureza dotou o homem com mais força, é para que ele proteja a mulher, não para que a escravize.

P – As funções a que está destinada a mulher, para com seus filhos, têm tanta importância quanto as que estão reservadas ao homem?

R – São muito mais importantes: a mulher é quem dá aos filhos as primeiras noções da vida?

P – Deve a legislação, para ser justa, consagrar igualdade de direitos e funções à mulher e ao homem?

R – De direitos, sim; de funções, não. Cada qual deve ter as ocupações que lhe são próprias, segundo as suas aptidões. A emancipação da mulher assinala o progresso social; sua escravização denuncia lamentável atraso.

BÍBLIA, BOA VONTADE, NOVO MANDAMENTO

P – Temos observado a síntese admirável da LBV: “A Bíblia por princípio, a Boa Vontade por base, o Novo Mandamento por fim”. Como o CEU explica isso ao povo?

R – O Positivismo prestou grandes serviços à Humanidade, principalmente no campo espiritual. Contemporâneos, Kardec, Comte e Roustaing ensinaram aos povos a examinar cientificamente as religiões. A Lei dos Três Estados ainda hoje faz sentir os seus efeitos, abalando os alicerces das crenças meramente humanas, sem nenhum amparo nas Leis Naturais. O lema positivista permanece, com um sentido altamente espiritual: O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim. Ora, toda a Doutrina do Amor está contida nas Sagradas Escrituras, Velho e Novo Testamentos da Bíblia; Ordem, neste planeta, só a conseguem os povos e nações pela prática irrecusável da Boa Vontade; Progresso, evidentemente, significa a felicidade de todos os homens, e isto se concretiza no Amor Universal, o Novo Mandamento do Cristo de Deus. Daí a síntese da LBV, abençoada pelo Espírito da Verdade: A BÍBLIA POR PRINCÍPIO, A BOA VONTADE POR BASE, O NOVO MANDAMENTO POR FIM.

P – Pode o homem gozar, neste mundo a felicidade perfeita?R – Infelizmente, não. Mas depende do homem amenizar os seus males, ser tão feliz quanto

possível, num plano de expiações como a Terra. Na maioria esmagadora dos casos, o homem é o causador da sua própria desgraça; mas, praticando o Bem, evita muitos males e proporciona a si mesmo a PAZ prometida aos Homens de Boa Vontade, ainda nesta existência grosseira. Se quereis ser felizes, sede bons, fazendo os outros felizes – eis a regra geral para todos. Se sofrerdes, mesmo cumprindo os vossos deveres, lembrai-vos do que Jesus sofreu por todos vós. Por tudo isso, deveis saber confiar e esperar, porque Deus vos dará o galardão da Vida Eterna.

P – Existe medida comum de felicidade para todos os homens?R – Sim: na vida material, a posse do necessário; na vida moral, a consciência limpa; na

vida espiritual, a certeza do futuro feliz.

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DOUTRINA DO CEU

P – Por que, em toda a Humanidade, as classes que sofrem são mais numerosas do que as felizes?

R – Não vos enganeis: ninguém é completamente feliz. Muita gente vos parece feliz; mas essa “felicidade” encobre grandes sofrimentos, que estias longe de compreender. Recordai que a dor é condição da Terra, lugar de expiação dos Espíritos atrasados, e aguardai mais um pouco: já se aproxima a grande separação do trigo e do joio, de ovelhas e bodes. É a Lei em marcha, dando a cada um de acordo com suas obras.

P – De onde provém, em tantas pessoas, o medo da morte?R – Não há motivo para se temer a morte. Entretanto, isso também é conseqüência do temor

do inferno, que lhes incutiram, desde a infância, os inquisidores da religião. Essas pessoas, quando chegam à idade da razão, não podem admitir tal inferno, e se tornam atéias ou materialistas: julgam, assim, que nada existe fora da vida presente. Mas àquele que for justo, diante de Deus, a morte não inspira medo algum, pois sua fé o induz a ter certeza do futuro: a Caridade que praticou, na vivência permanente do Novo Mandamento, lhe assegura que, na verdadeira vida – a espiritual – não achará ninguém cuja presença deva temer.

P – Que devemos pensar do homem carnal ou materialista?R – Esse infeliz, totalmente apegado à vida corporal, só encontra penas e gozos materiais no

mundo. Sua ambição consiste em satisfazer TODOS os seus desejos, dentro do sadismo e do masoquismo em que vive, completamente alucinado. Sua alma, constantemente preocupada, afetada pelas vicissitudes da vida, está numa contínua ansiedade, num perpétuo tormento. A morte o horroriza, porque duvida de seu futuro e deixa na Terra todos os seus gozos e esperanças. É a desgraça maior.

P – De onde provém o desgosto da vida?R – Da falta de fé no futuro, porque não sabem o que fazem no mundo: nem por que

nasceram, nem por que vivem, nem por que morrerão. Gente assim, habituada à ociosidade, prova que “cérebro desocupado é oficina de Satanás”: esse desgosto da vida já é o inferno interior.

P – Que é o materialismo?R – É a conseqüência dos erros e crueldades da falsa religião. Como revide, tornou-se o

materialismo a bandeira dos desiludidos e desesperados. A doutrina materialista é, agora, a sanção do egoísmo, a negação da Caridade, a justificação do suicídio e de todas as formas do homicídio. Sá a verdade do Cristianismo Real, o Cristianismo do cristo, poderá salvar os materialistas na Era do Apocalipse.

O AMOR UNIVERSAL

P – Observamos que a Revelação do Novo Mandamento aclara, de modo extraordinário, o entendimento das Sagradas Escrituras. Como o CEU da LBV define a Caridade, como a entendia Jesus?

R – Sem o Novo Mandamento não teriam mais sentido as Escrituras, na Era Apocalíptica. Ele é TODA A CARIDADE, porque é o Amor Universal acima de todas as concepções mesquinhas, dos homens e credos sectarizados. Não é só benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições humanas e perdão das ofensas. É como afirma o próprio Cristo: “Ninguém tem maior amor do que este – DAR A SUA PRÓPRIA VIDA PELOS AMIGOS E PELOS INIMIGOS”. Esta é a significação rela do seu “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”; esta é a Caridade autêntica do Novo Mandamento, como Quarta e Última revelação deste fim de ciclo. Aprimora e supera os dois grandes mandamentos da Lei de Moisés: “Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo”. Por isso conclui Jesus: QUEM CUMPRE O MEU MANDAMENTO NÃO MORRERÁ MAIS – JÁ PASSOU DA MORTE PARA A VIDA.

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P – Como devemos considerar a esmola?R – O verdadeiro cristão, que vive a Caridade do Novo Mandamento, vai ao encontro dos

caídos na desgraça, sem esperar que lhe estendam a mão. E o faz no cumprimento de um dever, sem esperar recompensa, como ensinou o Mestre: “Que a mão esquerda ignore o que dá a direita”. Basta que Deus saiba.

P – É natural o direito de possuir bens de fortuna?R – Sim, quando isso é feito dentro da Lei Divina, em benefício da Humanidade. Deus

Todo-Poderoso tem todos os bens, todas as fortunas do Universo, e distribui tudo com TODOS OS SEUS FILHOS. A estes cabe compreender.

P – Qual é o caráter da propriedade legítima?R – Só a legítima propriedade que se adquire pela inteligência e pelo trabalho, sem prejuízo

de outrem.

P – À parte certos defeitos e vícios, qual o sinal mais característico da imperfeição do homem?

R – O apego extemado às coisas materiais, causado pelo egoísmo sem limites, pelo interesse pessoal exclusivista, tal é a marca da inferioridade do homem.

P – Encontra-se em grau de adiantamento quem faz o bem pelo prazer de amar a Deus e ao próximo, desinteressadamente?

R – Sim, é bem mais evoluído que aquele que faz o bem alculado, não por impulso natural do coração.

P – Há culpabilidade em estudar e criticar os defeitos alheios?R – Se isso é feito com o objetivo de humilhar a sagrada pessoa humana, há muita

culpabilidade. Mas, se isso visa a que outros não caiam nos mesmos erros, pode ser útil. É preciso, porém, muito cuidado, como adverte o Senhor: “Não julgueis, para não serdes julgados”. Só mesmo Deus pode julgar a cada um de seus filhos.

P – Pode o homem, pelos seus esforços, vencer suas más inclinações?R – Sem dúvida, o homem que se dispões a isso, é sempre ajudado pelos bons Espíritos.

Geralmente, o que lhe falta é Boa Vontade.

P – Entre os defeitos, ou imperfeições da alma, qual o que pode ser considerado principal?R – O egoísmo, a marca inconfundível da ignorância espiritual. Do egoísmo é que provém

todos os males. Estudando as imperfeições em geral, vemos que – no fundo de todas elas – reside o egoísmo, sempre incompatível com a Justiça, o Amor e a Caridade.

P – Qual o meio de destruir o egoísmo?R – O egoísmo diminui com o esclarecimento espiritual, com o predomínio da vida moral

sobre a vida material. E desaparecerá com o conhecimento, que o Espírito da Verdade traz, sobre o estado futuro, real, da criatura humana depois da morte, sem as fantasias, ou ficções alegóricas, da falsa religião. Desde que sejam bem compreendidas, as Quatro Revelações solucionam os problemas humanos e sociais, fazendo com que o personalismo desapareça na grandeza do conjunto.

P – Quais são as verdadeiras características do homem de Bem?R – O verdadeiro homem de bem é o que – com Boa Vontade – pratica as leis divinas,

vivendo o Novo Mandamento de Jesus. É aquele que, interrogando sua consciência, sente-se desobrigado das más ações, tais como ter violado a Lei de Deus, ter procedido mal, ter deixado de fazer todo o bem possível, ter dado motivo a que se queixem dele e, enfim, ter deixado de fazer aos outros tudo o que desejaria que lhe fizessem.

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O CÉU E O INFERNO

P – Estamos ouvindo com atenção os programas radiofônicos da LBV, exatamente para assimilar os ensinamentos do CEU. Já estivemos pensando nas obras que seriam editadas com a matéria que a LBV irradiou, durante mais de trinta anos. Que diz?

R – Tudo tem sua hora, de acordo com os desígnios do Mestre. Tudo aquilo foi, apenas, a preparação do que hoje pode ser escrito. Foi necessário, em todos esses anos, usar de uma linguagem que TODOS pudessem entender, a fala do improviso para o “homem do povo”. Agora, o Espírito da Verdade já tem ambiente para a sua comunicação final.

P – Existem o inferno e o paraíso, tais como a religião humana os representa e localiza?R – Não existe uma determinação absoluta dos lugares de castigo e de recompensa, a não

ser na imaginação dos que se encontram fora da realidade espiritual. As almas estão disseminadas por todo o Universo.

P – Em que sentido devemos compreender a palavra céu?R – Deveis considerar como céu o espaço universal, os planetas, as estrelas, todos os

mundos superiores, onde as almas elevadas desfrutam a felicidade, sem as tribulações da vida material, as angústias inerentes à inferioridade. A Terra é um dos mundos de expiação; as almas que o habitam têm de lutar contra as suas próprias perversidades e contra a inclemência da natureza – trabalho muito penoso, mas que serve para desenvolver as faculdades da inteligência e as qualidades do coração. Por esse modo, Deus faz que o castigo reverta em benefício do próprio Espírito.

P – Que se deve entender por purgatório?R – É a expiação. A Terra é, para os culpados, um verdadeiro purgatório, onde eles

resgatam seus débitos diante da Lei.

P – Que devemos compreender por alma penada?R – Todo Espírito errante que sofre, incerto do seu futuro, é uma alma penada.

P – A benção e a maldição podem atrair o Bem e o mal sobre aqueles a quem são endereçadas?

R – A Divina Providência jamais deixou de ser justiceira: a benção somente pode alcançar aquele que se tornou digno dela; a maldição, também, só tem efeito contra aquele que se revelou malvado.

P – Por que Jesus expulsou os vendilhões do templo?R – Para condenar o tráfico das coisas santas, sob qualquer disfarce com que se apresente.

Deus não vende a sua benção, nem o seu perdão, nem a entrada no céu; portanto, o homem (sacerdote ou leigo) não tem direito a receber paga das orações que faz em intenção de outrem.

P – Que se deve pensar do dogma “fora da Igreja não há salvação”?R – Esse dogma, exclusivista e absolutista, em vez de unir os homens, os divide; em vez de

despertar o amor entre irmãos, sanciona e mantém o ódio entre os sectários das religiões, que se consideram reciprocamente “malditos” na eternidade, mesmo sendo parentes ou amigos no mundo. Ora, o denominador comum de todas as crenças, religiosas ou filosóficas, é o Novo Mandamento de Jesus: é a Caridade, é o Amor, é a Fraternidade, é a Liberdade, é a Igualdade. Preferimos universalizar a Verdade, proclamando: FORA DO NOVO MANDAMENTO NÃO HÁ SALVAÇÃO. E assim devolvemos ao Cristo o que é do Cristo.

P – Quais as conseqüências que produz o arrependimento, no estado espiritual?R – O desejo de reparar as faltas cometidas contra o próximo, na vida terrena; pedido de

uma nova encarnação, com esse fim.

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P – A paternidade pode ser considerada missão?R – Sem dúvida. É, ao mesmo tempo, responsabilidade muito grande que se toma para o

futuro, pois os filhos são colocados sob a tutela dos pais para que estes os guiem no caminho do Bem.

P – Por que é que os homens mais inteligentes são, às vezes, ateus ou viciosos?R – O Espírito pode ser adiantado num sentido (intelectual), e não em outro (moral). Mas,

como todos têm de progredir, intelectual e moralmente, com o tempo eles encontrarão a chave do equilíbrio.

P – Por que são materialistas tantos homens de ciência?R – Porque julgam saber tudo, e não admitem que coisa alguma seja superior ao seu

entendimento. Sua própria ciência os torna presunçosos, e esquecem que ela ridicularizou, em outros tempos, Colombo, Newton, Franklin e Jenner, como o fez neste século com os adeptos e pioneiros do hipnotismo. Que motivo há para estranhar que neguem a existência de Deus e da alma? Mas não há orgulho que não tenha fim.

A OBRA DA UNIFICAÇÃO

P – Pelo o que nos foi dado observar na Primeira Revelação do CEU – a significação do Decálogo na íntegra, de acordo com o original bíblico – a LBV prestará ao Brasil, e a toda Humanidade, um serviço de grandeza inapreciável. Quando sairá em livro a UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES?

R – Diz o Espírito da Verdade que serão vários livros, porque o CEU reunirá neles todos os ensinos dos Guias Superiores. Por isso é que a Obra não terá autores humanos: a Gloriosa Falange está procedendo à REVISÃO GERAL dos trabalhos realmente ditados por eles, expurgando-os de suas “infiltrações mediúnicas”. Portanto, ninguém pode julgar o todo por qualquer das partes: Moisés, os Evangelistas e os Apóstolos AINDA TÊM MUITO A REVELAR À HUMANIDADE.

P – O homem tem direito a dispor de sua vida?R – Não. O suicídio é transgressão da Lei de Deus; é a maior crueldade que o homem pode

cometer contra si mesmo. O suicídio nasce do erro, alimenta-se da covardia e não a extingue. Covardia, egoísmo, orgulho, ceticismo e principalmente ignorância das Leis Divinas – eis as causas do suicídio.

P – E quando o suicídio tem por objetivo evitar o aparecimento de uma ação má?R – O suicídio não esconde as culpas de ninguém. E, pelo contrário, neste caso há duas

faltas, em vez de uma. Quem teve coragem para fazer o mal deve tê-la, também, para enfrentar as conseqüências.

P – Que devemos pensar daquele que se suicida para alcançar mais depressa outra vida melhor?

R – Somente pela prática do Bem pode o homem alcançar vida melhor. O suicida tem de começar tudo de novo.

P – Não é meritório o sacrifício da vida quando o fim dele é salvar a outrem ou ser útil ao semelhante?

R – Conforme a intenção real, diante de Deus, isso pode ser sublime. Só é perdoável o sacrifício da vida quando não é movido pelo egoísmo ou pelo orgulho: isto só mesmo Deus pode saber.

P – Qual o sentimento que, no instante da morte, prevalece na maioria dos homens: a dúvida, o temor ou a esperança?

R – Nos endurecidos – a dúvida; nos culpados – o temor; nos homens de bem – a esperança.

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P – Depois da morte, as penas e os gozos da alma têm alguma coisa de material?R – Não podem ser materiais porque a alma não é matéria. Essas penas e esses gozos,

entretanto, são mil vezes mais sensíveis do que aqueles que se poderiam experimentar no mundo, pois no estado espiritual a alma é muito mais impressionável, visto não estar com suas sensações embotadas pela matéria.

P – O que é Espírito?R – O princípio inteligente do Universo.

P – E qual a definição da matéria?R – A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o

qual, ao mesmo tempo, exerce a sua atividade.

P – Há, então, dois elementos gerais do Universo – a matéria e o Espírito?R – Sim, e acima de tudo – DEUS. Mas, ao elemento material se tem de juntar o fluido

universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, grosseira demais para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.

P – Que se deve pensar do homem que, sem fazer o mal, também não se esforça por sacudir o julgo da matéria?

R – Permanece estacionado, e assim prolonga os sofrimentos da expiação.

P – Sempre reconhece as suas faltas, depois da morte, o homem perverso, que não as reconheceu durante a vida terrestre?

R – Claro que sim. E, então sente todo o mal que fez ou de que se tornou causa involuntária.

P – Basta o arrependimento sincero, durante a vida, para apagar nossas faltas e Deus nos perdoar?

R – O arrependimento prepara a melhora do Espírito, mas não revoga a Lei de Deus: é preciso expiar todas as faltas cometidas.

P – E as faltas podem ser redimidas?R – Sem dúvida, pela reparação. Mas o homem não se redime com algumas privações

pueris nem com donativos depois de sua morte, quando já não precisa mais deles. A perda de um dedo no trabalho resgata mais dívidas que o cilício, durante anos seguidos, sem outro fim que o da própria conveniência, pois não beneficia a ninguém. Só com o Bem é que se pode reparar o mal.

O SOL E O CEU

P – Sempre admiramos na Legião da Boa Vontade seu caráter anti-sectário. Recebemos com imensa alegria a criação do Centro Espiritual Universalista. Mas a palavra CENTRO não poderá dar idéia de alguma “tendência” religiosa?

R – O CEU é tão anti-sectário quanto a LBV. Mas sua grande missão é unificar as Quatro Revelações, CENTRALIZANDO todos os ensinamentos esparsos do Espírito da Verdade. O SOL não é o centro do vosso sistema planetário? Pois o CEU é o centro do vosso sistema religioso. Qualquer dicionário define: CENTRO – Ponto situado no interior de uma esfera eqüidistante de todos os pontos da circunferência; ponto para onde as coisas convergem. Que todos sejam UM, na esfera terrestre – eis a palavra de ordem do Cristo de Deus, repleta de misericórdia.

P – Que é misericórdia?R – É a virtude que consiste na compaixão, na piedade pelos sofrimentos humanos,

principalmente nesta Era Apocalíptica final.

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DOUTRINA DO CEU

P – Como praticar a misericórdia?R – Vivendo o Novo Mandamento de Jesus, com o esquecimento e o perdão das ofensas,

próprios das almas grandes que já estão FORA DO ALCANCE DO MAL. Com que direito pedireis a Deus o perdão das vossas faltas, se não tiverdes antes perdoado as ofensas dos vossos inimigos? Meditais: perdoar é transferir a Deus o julgamento dos ofensores.

P – Que é virtude?R – Na sua elevada significação, virtude é o conjunto de todas as qualidades essenciais ao

homem de Bem. Ser bom, trabalhador, caridoso, sóbrio, humilde – são qualidades do homem virtuoso.

P – Que é paciência?R – É a resignação, a submissão a todos os sofrimentos, tanto morais quanto físicos. Não há

dor sem causa justa. O que chamais de MAL reverte sempre em vosso benefício, dentro da Lei Divina.

P – Que é probidade?R – Probidade é honradez, e faz parte da justiça. O homem probo deve ter um caráter

retilíneo, pureza e integridade em todos os seus atos. Amará a eqüidade, a decência, e jamais se apossará do que não lhe pertence por direito divino.

P – Que é indulgência?R – É o legítimo sentimento fraternal, que faz esquecer as ofensas e defeitos do próximo. A

indulgência – sempre conciliadora – é boa conselheira em todas as circunstâncias da vida.

P – Até onde podemos e devemos entender o perdão?R – Até onde Jesus o definiu: quando perdoardes ao vosso próximo, não vos deveis

contentar em correr o véu do esquecimento sobre as suas faltas, mas tereis de fazer tudo o que puderdes em seu benefício. Se, depois de tudo isso, ele permanecer como o filho da perdição, entregai-o à sua própria sorte, determinada pelo seu livre-arbítrio. A Lei de Deus o julgará.

P – Quais são os principais males do homem?R – O egoísmo, o orgulho, a inveja, a cólera e a avareza são mais cruéis do que a fome e a

sede. A cólera arrasta o homem ao desvario, compromete a sua saúde e, às vezes, sua vida. O egoísmo é o maior obstáculo à felicidade dos povos, pois dele se originam todas as misérias da guerra. Avareza, negação da Caridade exclui o exercício de grande número de virtudes, porque acorrenta a alma aos bens terrestres. A inveja produz o pesar e o desgosto pela felicidade alheia, roendo as próprias entranhas do invejoso. O orgulho é a causa das grandes ambições e dissidências entre os homens e os povos. Para todos esses males só há um remédio: alfabetização espiritual, como a definiu a LBV na sua Cruzada de Reeducação Geral. Só a Verdade vos libertará – repete o Cristo.

P – Que devemos pensar do jogo?R – É uma paixão funesta, que pode arrastar o homem ao suicídio e fazer que ele se

converta num dos seres mais egoístas do mundo. O jogador se transforma num joguete dos espíritos maus, que o reduzem à condição de parasito social, alérgico a todos os sentimentos nobres. Já obsidiado na sua fome insaciável de ouro, chega ao ponto de sacrificar a sua família e, se ocupar lugar elevado diante dos homens, também sacrificará todos os seus dependentes à sua loucura.

P – E que devemos pensar do fumo e da bebida?R – São elementos de destruição da saúde. O verdadeiro cristão não se deixa escravizar por

nenhum vicio: domina todos eles, porque lhe cumpre conservar o corpo até ao final da sua missão na Terra.

P – Quando desencarna, que leva o rico para o outro mundo?R – Nada. Apenas a lembrança do Bem e do Mal que praticou.

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LBV É SIMPLIFICAÇÃO

P – Temos lido autores eruditos, que fazem livros difíceis de entender. Exemplo: a distinção entre Alma e Espírito. Qual a orientação do CEU a respeito?

R – A maioria é assim mesmo. Esses autores querem impressionar o público, deslumbrar os leitores com seus conhecimentos. Não pensam, nem de leve, na salvação de tantos que se desviaram do caminho de Deus. Essa diferença entre Espírito e Alma não traz nenhum proveito ao povo, na sua ânsia de entender as Revelações de Jesus. Para os positivistas, a alma está na cabeça do homem, e se reduz às dezoito funções simples do cérebro. Para nós, entretanto, essas faculdades só funcionam quando o Espírito anima o corpo humano, principalmente a cabeça.

P – Para o CEU, quantos princípios há no homem?R – Três, a saber: 1- O corpo, análogo aos dos animais e animado por um princípio vital; 2

– A Alma, ser imortal ou Espírito encarnado no corpo; 3 – O perispírito, laço intermediário que liga a Alma ao corpo, espécie de invólucro semi-material.

P – Que é Alma?R – O Espírito que encarnou (ou reencarnou).

P – As Almas e os Espíritos são a mesma coisa?R – Sim, porque – antes de se unir ao corpo – a Alma era um dos seres inteligentes que

povoam o mundo invisível.

P – Que vem a ser a Alma, depois da morte do corpo?R – Torna-se Espírito.

P – A Alma conserva sua individualidade depois da morte?R – Sim, e não a perde nunca.

P – Como é que a Alma pode manifestar sua individualidade no mundo dos Espíritos?R – Por meio do seu perispírito, corpo fluídico, o qual se modifica de acordo com o seu

progresso.

P – Que é que a Alma sente no momento da morte?R – Conforme tiver sido a sua vida, assim ela experimenta uma sensação agradável ou

desagradável. Quanto mais pura ela for, tanto melhor compreende a futilidade dos gozos que deixou na Terra.

P – Que sensação tem a Alma, quando se reconhece no mundo espiritual?R – Depende: se ela praticou o mal, sente-se envergonhada de o ter feito; se praticou o Bem,

sente-se aliviada, tranqüila e feliz.

P – É dolorosa a separação entre o corpo e a Alma?R – Não: a Alma sente, apenas, uma perturbação que desaparece pouco a pouco.

P – Todas as almas experimentam essa perturbação, com a mesma duração e intensidade?R – Isso depende do seu adiantamento. A Alma, quando já está purificada, se reconhece

quase imediatamente, ao passo que as outras conservam, às vezes por muito tempo, a impressão da mataria.

P – O conhecimento do Espiritismo, tal como foi codificado por Allan Kardec, diminui o tempo dessa perturbação?

R – Sim, e muito: depois do estudo da Terceira Revelação, o Espírito compreende com antecedência o seu estado. Mas isso não o exime do sofrimento que ele possa merecer. A pratica do Bem, produzindo a consciência limpa, influi mais que qualquer conhecimento sobre o estado espiritual.

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DOUTRINA DO CEU

P – Limitam-se os pais a dar aos filhos um corpo material, ou também lhe transmitem uma parte de sua Alma?

R – Os pais lhes dão somente o corpo, pois a Alma é indivisível. A prova disso está em que pais analfabetos produzem filhos geniais, enquanto filhos boçais são gerados por pais de talento.

P – Como podemos definir as Almas ou Espíritos?R – São os seres inteligentes da Criação Divina, os quais promovem o movimento fora do

mundo material.

P – Os Espíritos ocupam uma região determinada, circunscrita no espaço?R – Eles estão em toda parte. Mas nem todos podem ir aonde querem, pois há regiões

vedadas aos menos adiantados.

P – Empregam os Espíritos algum tempo em percorrer o espaço?R – Sim, mas isso é rápido como o pensamento, pois a vontade de um Espírito exerce mais

poder sobre o seu corpo fluídico, ou perispírito, do que podia exercer sobre um corpo denso e grosseiro, quando encarnado.

P – A matéria serve de obstáculos aos Espíritos?R – Não, porque tudo é penetrado por eles: o ar, a terra, a água, e até mesmo o fogo, assim

como o cristal é penetrável aos raios solares.

DEUS É ESPÍRITO

P – A religião humana habituou-nos, desde crianças, ao Deus antropomorfo, de longas barbas brancas. Como o CEU da LBV corrige isso?

R – O Centro Espiritual Universalista corrige isso com a pregação lógica e irrefutável da Verdade. Jesus ensinou: “Deus é Espírito”, isto é, não tem corpo. Portanto, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus pelo Espírito, jamais pelo corpo.

P – Os Espíritos Superiores vêm aos mundos inferiores?R – Descem a eles a todo momento, para ajuda-los a progredir, intelectual, moral e

espiritualmente. O maior exemplo é o do próprio Cristo.

P – Os Espíritos experimentam as mesmas necessidades e sofrimentos físicos das criaturas humanas?

R – Os Espíritos conhecem muito bem todos esses sofrimentos e necessidades, porque passaram por eles. Mas agora não os sentem da mesma forma que vós, pois não possuem corpo material.

P – Os Espíritos sentem cansaço?R – Não, pois carecem de órgãos cujas forças precisem ser reparadas.

P – Há um número determinado dos graus de perfeição entre os Espíritos?R – É ilimitado, porque o progresso é infinito.

P – Qual é o caráter dos Espíritos imperfeitos?R – Predomínio da matéria sobre a Alma; egoísmo, orgulho, propensão ao mal e às más

paixões – tudo isso produto da ignorância espiritual; trazem a intuição de Deus, que é a do Bem, mas o orgulho faz que o neguem.

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DOUTRINA DO CEU

P – Qual o caráter dos Espíritos elevados?R – Nenhuma influência da matéria; superioridade intelectual, moral e espiritual. Esses não

têm mais provas e privações a sofrer. Mas progredirão sempre, na marcha para Deus.

P – Há Espíritos que foram criados bons e outros maus?R – Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes. Não há protegidos, preferidos ou

privilegiados: todos são iguais perante a Lei de Deus.

P – Então não existe o Demônio, ou Satanás, no sentido que a Igreja dá aos seus fiéis?R – Não, porque se existisse seria obra de Deus, e Deus não teria procedido com justiça e

bondade, criando seres consagrados eternamente ao mal. Todos os Espíritos têm, forçosamente, de atingir a perfeição, eis a Lei do Criador.

P – Os Espíritos podem retroceder?R – Não, eles podem permanecer estacionários, mas não retrocedem nunca.

P – Deus não poderia evitar aos Espíritos as provas e os sofrimentos?R – Sem luta, onde estaria o mérito? A verdadeira felicidade é originada de todas essas

lutas, de todos esses sofrimentos. Sem isso, tal felicidade não seria merecida.

P – Todos os Espíritos passam pelo mal, antes de atingirem a perfeição?R – Pelo mal, não. Só o fazem os que abusam do seu livre-arbítrio, infringindo a Lei de

Deus.

P – Por que uns seguem o caminho do mal, quando outros preferem o caminho do Bem?R – Exatamente por causa do livre-arbítrio. Deus não os obriga a seguir pelo Bem: prefere

que o façam espontaneamente. Sem liberdade, é claro, não haveria a responsabilidade das faltas nem o mérito das boas ações.

O LONGO APRENDIZADO

P – Estamos gostando muito das lições simples, e ao mesmo tempo tão profundas, do CEU. De que modo se instruem os Espíritos?

R – Estudando o seu passado e buscando, sempre, novos meios de se elevarem no progresso infinito.

P – Os Espíritos conservam as paixões que tinham na Terra?R – Os inferiores, sim. Mas os Espíritos adiantados, quando largam o invólucro material,

conservam apenas as boas inclinações, esquecendo todo o mal.

P – Os Espíritos necessitam de luz para ver?R – Só os que ainda se encontram envoltos nas trevas da ignorância. Os que se libertam do

mau procedimento, graças ao conhecimento da Verdade, não precisam de luz exterior para ver, pois têm em si mesmos a sua própria luz.

P – As faculdades de ouvir e ver residem em todo o ser espiritual?R – Sim, todas as percepções são atributos dos Espíritos e fazem parte do seu próprio ser.

P – O poder e a consideração, de que goza no mundo, dão ao homem alguma superioridade no outro mundo?

R – No mundo dos Espíritos si se reconhecem a superioridade intelectual, moral e espiritual.

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DOUTRINA DO CEU

P – Qual é natureza das relações entre Espíritos bons e os maus?R – Os bons procuram combater as más inclinações dos maus, a fim de nos ajudar a

progredir. Os maus, pelo contrário, procuram induzir ao mal os que ainda são inocentes.

P – Os Espíritos antipáticos chegarão a ser simpáticos?R – Evidente. Todos serão simpáticos, a medida que pratiquem o Bem, de reencarnação em

reencarnação.

P – O Espírito pode recordar-se das suas existências passadas?R – Sim, se ele desejar, da mesma forma que um viajante relembra as peripécias de sua

viajem.

P – O corpo é um obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito?R – Sim, do mesmo modo que um vidro opaco se opõe a livre emissão da luz.

P – Depois da morte, os Espíritos conservam o Amor à pátria?R – Sim, mas de outro modo: para eles, a Pátria é o Universo, sem ódios nem guerras.

P – Os Espíritos continuam sensíveis à recordação daqueles a quem amaram na Terra?R – Muito, e essa recordação aumenta sua felicidade, se já são felizes; ou lhe serve de

alívio, se ainda são desgraçados.

P – Os Espíritos são sensíveis às honras que se fazem aos seus despojos materiais?R – Sim, quando conservam as preocupações materiais; não, quando já compreendem a

inutilidade dessas coisas.

P – O Espírito, que se considera bastante infeliz, pode prolongar indefinidamente esse estado?

R – Não, pois o progresso é uma necessidade que, cedo ou tarde, é sentida pelo Espírito. Todos devem progredir, eis o destino.

P – Os Espíritos participam de nossas desgraças e se afligem com os males que nos afligem?

R – Os Espíritos bons participam de vossas alegrias e se afligem quando, não suportais com resignação o que chamais de males; eles vêem que, dessa forma não podereis melhorar, tal como o enfermo que recusa os remédios que o podem curar. Eles se afligem pelo vosso egoísmo, porque é daí que se originam todos os males.

PRIMEIRO: ESTUDAR!

P – Hoje, graças as instruções do Centro Espiritual Universalista da LBV, compreendemos o perigo das sessões sem um preparo conveniente. Não é esta a orientação do CEU?

R – Claro que é. Ninguém deve participar daquilo que não conhece a fundo. Assim se explica a disciplina da LBV: primeiro – estudar! E meditar muito, orando e vigiando, para não se deixar iludir por encarnados e desencarnados. Os levianos acabam obsidiados, SEMPRE!

P – Que devemos entender por ANJO DA GUARDA?R – Um Espírito de ordem elevada, que vos assiste durante a vossa permanência no mundo,

e que vos aconselha sempre por intermédio da vossa consciência.

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DOUTRINA DO CEU

P – Os Espíritos podem aliviar o mal de alguém e atrair para ele a prosperidade?R – As Leis Divinas são imutáveis, e todos têm de submeter-se a elas. Mas, não obstante

isso, os bons Espíritos podem ajudar-vos a ter paciência, muita resignação, para suportardes os males que vos devem conduzir ao Bem. Esta é a melhor prosperidade.

P – Os Espíritos têm outra preocupação que não seja a de melhorarem individualmente?R – A vida espiritual é uma ocupação constante, perseverante, permanente. E nada tem de

penosa para os Espíritos bons.

P – Em que consiste a felicidade dos Espíritos bons?R – Eles não têm ódio, inveja, ambição ou qualquer das paixões que fazem desgraçados os

homens. O amor que os liga é, para eles, origem da suprema felicidade: são felizes pelo Bem que praticam.

P – Em que consiste o sofrimento dos Espíritos inferiores?R – Em invejarem as pessoas que têm tudo o que lhes falta para serem “felizes”, e não

quererem trabalhar para consegui-lo.Daí o ódio, o desespero, a ansiedade em que vivem, como joguetes da ignorância espiritual.

P – Quais os maiores sofrimentos que os Espíritos podem experimentar?R – Todos os que decorrem da ignorância da Lei de Deus: a doença, o egoísmo, o orgulho, a

inveja, a cólera e tantos mais. Entretanto, o maior castigo que eles podem sofrer é a crença de estarem condenados para sempre.

P – De onde procede a idéia cruel do fogo eterno?R – Do total desconhecimento da Justiça de Deus. A doutrina do inferno, como tantas

outras, é uma imagem tomada pela realidade. Mas só atemoriza os que não conhecem o Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, sem à luz do Novo Mandamento.

P – Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade dos justos?R – Sim, e isso aumenta o seu suplício, que não deixa de parecer o fogo do inferno.

P – Pode ser eterna a duração dos sofrimentos?R – Não, porque – como o CEU explica sempre – Deus não criou seres consagrados

“eternamente” ao mal. Cedo ou tarde, neles desperta a necessidade irresistível de saírem do seu estado de inferioridade, para serem felizes. Para tanto, só há um caminho: a prática do Bem.

P – Pode o Espírito, separado do seu corpo, comunicar-se conosco?R – Pode, sim, e o faz muitas vezes, sem que saibais entender o que ele quer comunicar.

P – E como podemos saber?R – Por intermédio dos médiuns, pessoas aptas (graças ao seu desenvolvimento) a receber

as comunicações dos Espíritos, pela escrita, pela audição, pela vidência ou qualquer outro meio. Mas é necessário conhecer a Doutrina de Jesus, através de todas as suas Revelações, para distinguir entre médiuns verdadeiros e falsos médiuns.

OS DONS DE DEUS

P – Apreciamos muito a referência às mediunidades, ou carismas, com que o Pai distingue tantos de seus filhos na Terra. Não é uma coisa maravilhosa possuir esses dons de Deus?

R – Nem sempre: a maioria dos casos, essas mediunidades, ou carismas são dolorosas provações para Espíritos culpados, como ensina o CEU.

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DOUTRINA DO CEU

P – Todos podem ser médiuns?R – Sim, exercitando-se pacientemente, durante um tempo mais ou menos longo, DEPOIS

DO ESTUDO DA VERDADEIRA DOUTRINA CRISTÃ.

P – A mediunidade é útil à pessoa que a possui?R – Sim, e não somente a ela, mas a todos aqueles aos quais os ensinos dos Espíritos

Superiores podem inspirar pensamentos salutares e generosos sentimentos.

P – Todos os Espíritos podem comunicar-se?R – Sim, quando Deus o permite.

P – E por que Deus concede essa permissão aos Espíritos maus?R – Para servirem de lição aos homens, mostrando-lhes a que triste estado os maus se

acham reduzidos no outro mundo; e também para que, por vossas preces e instruções, eles adquiram bons sentimentos e se regenerem.

P – Como podemos saber que um Espírito é bom?R – Pelas suas comunicações, que não podem deixar de ser moralmente elevadas. Sua

linguagem nunca será lisonjeira ou frívola, seja para si próprio, seja para aqueles a quem se dirige.

P – Como devemos tratar os Espíritos maus, atrasados, imperfeitos?R – Deveis instruí-los, moraliza-los, reeduca-los, orando sempre por eles; quando se

apresentam zombeteiros, são mais infelizes.

P – Quais são as principais mediunidades?R – A tiptológica, a sematológica, a psicográfica, a auditiva, a de vidência, a de

sonambulismo, a de materialização, que exigem um preparo espiritual impecável.

P – Como entender bem essas mediunidades?R – O médium tiptológico recebe as comunicações dos Espíritos provocando pancadas,

mais ou menos fortes, nos objetos materiais que os cercam; o médium sematológico recebe manifestações através de sinais combinados com antecedência, como o movimento de móveis em sentido determinado; o psicógrafo – por escrito; o auditivo – ouvindo-lhes a voz; o vidente – vendo seus perispíritos, que tomam a forma que tiveram na vida terrena; o sonâmbulo – prestando-lhe seu corpo, do qual o Espírito se apossa momentaneamente, servindo-se dele como se fosse seu próprio corpo; o de materializações – cedendo os seus fluídos animalizados para que, combinados com os que se encontram no espaço, o Espírito apresente uma forma visível e tangível para todos.

P – Quais são os melhores médiuns?R – Os que recebem as melhores comunicações.

P – Como devem proceder os médiuns?R – Não devem esquecer, em momento algum, que sua faculdade – mediunidade ou carisma

– lhes pode ser retirada se dela abusarem, seja para satisfação da curiosidade vã, ou para outro qualquer fim, sem utilidade para a instrução, a verdadeira educação e o progresso de todos.

P – Será coisa nova a mediunidade?R – Ela nasceu com as primeiras criaturas. Foi praticada, sempre, em todos os tempos. Entre

os hebreus, por exemplo, o abuso chegou a tal ponto que Moisés proibiu a sua prática.

P – Podeis citar algumas provas da antiguidade dos médiuns?R – Sócrates afirmava que era inspirado por um Espírito familiar. A Bíblia encerra

inúmeros casos, da Gênesis ao Apocalipse. Falaremos de todos eles na explicação das Revelações do Cristo de Deus.

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CIÊNCIA DO CRISTIANISMO

P – Como Legionário da Boa Vontade, sabemos que a grandeza da LBV reside no seu descortino fraternal, anti-sectária, na vivência maravilhosa do Novo Mandamento de Jesus. Qual a posição do CEU diante do Espiritismo?

R – De absoluto respeito à Terceira Revelação, sem a qual seria impossível a explicação do Apocalipse. A codificação de Allan Kardec deve a Humanidade o caminho da sua libertação espiritual. O Espiritismo é a CIÊNCIA DO DRISTIANISMO DO CRISTO, o Cristianismo que só se revelou com “O Livro dos Espíritos”, em 1857. A Verdadeira Era Cristã teve início com as obras do codificador.

P – Há vantagem em praticar o Espiritismo?R – Sim, depois do estudo profundo que impões a dignidade das coisas sérias. A maioria,

infelizmente, não estuda, e daí resultam os fatos que lamentamos.

P – Como se deve praticá-lo?R – Após o conhecimento perfeito da Terceira Revelação, o mais seguro desenvolvimento

das mediunidades. Depois, sim, participar de reuniões sérias, com uma pontualidade LEGIONÁRIA, pois os Guias não têm tempo a perder nem abençoam frivolidades. Sua missão é a Caridade do AMAI-VOS, instruindo os Espíritos inferiores, ajudando os sofredores que se querem libertar da ignorância espiritual, enfim – reeducando a todos no CRISTIANISMO DO NOVO MANDAMENTO.

P – Como se pode abusar do Espiritismo?R – Fazendo evocações com finalidade puramente diversionista; recebendo e valorizando

comunicações pueris; evocando Espíritos para receber uma paga dos que desejam ouvi-los. Esse é o baixo Espiritismo a que aludem os representantes da treva internacional, e que só aproveita aos que desejam renome e projeção em rádio, jornal e televisão.

P – Corre perigo quem recebe comunicações estando sozinho?R – Sem dúvida. Os médiuns que as recebem, nessas ocasiões, acabam sempre obsessos, no

fim de pouco tempo. Contam-se nos dedos os que, como João, na Ilha de Patmos, podem trabalhar em solidão total.

P – Pode-se assistir as sessões com toda espécie de gente?R – Não: somente com pessoas sérias, aquelas que se reúnem com o pensamento em Deus,

e por isso têm a assistência real dos Guias.

P – Todos devem procurar desenvolver suas mediunidades?R – Todos são, mais ou menos, médiuns. Assim, convém que desenvolvam os seus dons,

QUANDO ORIENTADOS por quem os possa orientar, dentro da Lei de Deus. Só então serão úteis aos semelhantes, aos bons Espíritos e a si mesmos.

P – É permitido ao médium recusar os seus serviços?R – Se assumiu o compromisso de fazer Caridade, não se justifica a recusa. A mediunidade

é instrumento de redenção do seu portador, que não deve perder as ocasiões de estar em dia com a Lei, resgatando todos os seus débitos de vidas passadas.

P – Quais as condições imprescindíveis a uma sessão espiritual?R – O recolhimento, a interiorização, a prece profunda, a paz de consciência e o desejo de

fazer somente o Bem.

P – Podem os Espíritos ter influência sobre nós, quando nos achamos fora das sessões?R – Sim, essa influência, desconhecida para a maioria, não deixa de ser real e muito

importante. Daí a recomendação do Mestre: ORAI E VIGIAI.

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DOUTRINA DO CEU

P – Como se exerce tal influência sobre as pessoas?R – Os Espíritos agem sobre o seu pensamento sem que elas o percebam. Atuam, muitas

vezes, MATERIALMENTE, pelo emprego do fluído, como faz o magnetizador.

P – Essa influência é sempre boa?R – Depende do sentimento do Espírito: se ele é bom, sua influência é salutar; se é mau, sua

influência e perniciosa. Convém pois, chamar a si os bons Espíritos, que afastam os maus, imediatamente, QUANDO HÁ MERECIMENTO.

P – Como permite Deus – que é infinitamente bom – que os Espíritos maus nos venham induzir ao mal ou fazer-nos sofrer?

R – Para vos experimentar. Por que permite Deus que o homem mau arraste outros à prática do crime? O caso é idêntico. Lembrai-vos: Os Espíritos maus não podem fazer mau algum aos que têm a assistência dos Espíritos bons.

P – Mas os Bons Espíritos estarão dispostos, sempre, a nos proteger?R – Sim, se o chamardes sempre. Deus destinou a cada um de vós um Protetor, Guia, ou

Anjo da Guarda.

P – Basta oração para afastar os Espíritos perversos?R – Certamente não: É preciso praticar sempre o Bem.

P – Que é obsessão?R – A união de um Espírito mau a uma pessoa, com o fim de atormenta-la e faze-la praticar

atos ridículos ou nefastos. Nessas condições, tal pessoa fica reduzida ao estado de demência.

P – Os médiuns podem estar expostos à obsessão?R – Sim, quando não estudam, não levam a sério a sua responsabilidade e aceitam tudo o

que dizem os maus Espíritos, através de falsos médiuns, que às vezes, falam por si mesmo, sem espírito algum.

P – Como fazer cessar a obsessão?R – Pela união permanente com Deus, pela prece e pela pratica incessante da Caridade, que

não se limita à distribuição de donativos em dinheiro. Caridade é AMOR para com todos, principalmente para com os inimigos.

REENCARNAÇÃO

P – Hoje, em nosso posto familiar que é a Igreja de Deus em Casa, o irmão católico não entendeu o que chama de “teoria da reencarnação”. Qual, a respeito, a orientação do CEU da LBV?

R – Não se trata de teoria, mas de uma Lei, atestada pelo fato de poder o Espírito habitar, sucessivamente, muitos corpos.

P – Por que devemos crer na Lei da Reencarnação?R – Porque somente ela explica as diferenças materiais, morais e intelectuais que se notam

entre os homens. Não é criação do Espiritismo: é mais antiga que o planeta que habitais.

P – Quais as diferenças materiais?R – As de fortuna, saúde, conformação física e tantas outras.

P – Quais as diferenças morais?R – A variedade dos caracteres humanos, em escala impressionante.

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DOUTRINA DO CEU

P – Quais as diferenças intelectuais?R – Os diversos graus de inteligência, que se patenteiam logo na infância. E mais tarde vos

falaremos das DIFERENÇAS ESPIRITUAIS.

P – É um fato provado a reencarnação?R – Sim, pelas aptidões inatas dos homens e pelas Revelações dos Espíritos. Nos tempos

mais remotos, os maiores homens a professavam, convictamente. O Decálogo já a incluía, como demonstramos.

P – Jesus também a professou?R – Sim, em vários pontos dos Evangelhos, como iremos demonstrar examinando toda a

Segunda Revelação: Mateus, Marcos, Lucas e João.

P – O Espírito encarna sempre em condições mais felizes que as anteriores?R – É o que geralmente acontece, mas o contrário também se pode dar.

P – Qual a razão disso?R – É que, quando o Espírito conhece as causas da situação em que se encontra e o que

deve fazer, para sair dela, pede a prova em que melhor possa expiar e reparar suas faltas.

P – Como se explica o fato, tantas vezes observado, da manifestação de grandes talentos em criança?

R – Pelas aptidões inatas, de suas vidas anteriores.

P – Que devemos entender por aptidões inatas?R – A recordação dos seus conhecimentos de encarnações precedentes. Eis alguns casos:

Jesus, aos doze anos ensinando os doutores; Mozart, aos sete, compondo música; Pascal, ensinando matemática aos doze; Mondex, que aos sete não encontrava problema que o embaraçasse; Van de Keerckover, pintor aos dez; Inaudi, hábil calculador aos oito; e tantos, tantos mais.

P – Podemos atribuir também a essa causa a precocidade de certos criminosos?R – Claro que sim. O criminoso é um espírito imperfeito que se desviou do bom caminho.

P – Os selvagens são seres como nós?R – Sim: são Espíritos que progrediram pouco, por terem menos encarnações.

P – Qual a necessidade de reencarnarmos muitas vezes?R – A do nosso aperfeiçoamento, a fim de nos tornarmos dignos da felicidade que nos está

reservada por Deus.

P – Onde reencarnam os Espíritos?R – Na Terra e nos outros mundos, a que chamais planetas e estrelas.

P – É a Terra comparável aos outros planetas?R – A Terra é um dos menores planetas do Sistema Solar: Urano é 74 vezes maior que ela;

Netuno – 100 vezes maior; Saturno – 864; Júpiter – 1.300 vezes maior que a Terra. Este último não está sujeito às vicissitudes das estações nem às bruscas alternativas da temperatura: é favorecido por uma primavera constante, isto é, sem frio nem calor.

P – Que são as estrelas?R – Sóis, como aquele que é o CENTRO do vosso sistema planetário. Se alguns deles (não

obstante serem milhões de vezes maiores do que a Terra) vos parecem pequenos, é porque estão a imensa distâncias do vosso mundo.

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P – Para que foram criados esses mundos?R – Deus não criou nada inútil. Esses mundos são habitados por seres que nem sempre

podem ser vistos ou fotografados.

P – É infinito o espaço?R – Sem dúvida. Se lhe supuserdes um limite, que haverá além dele?

P – Existe o vácuo absoluto?R – Não: o próprio espaço é ocupado pela substância que a ciência denomina éter.

P – Que é que constitui o Universo?R – O Universo compreende a infinidade dos mundos que povoam o espaço infinito; todos

os seres classificados pelo homem como animados e inanimados; todos os astros; todos os fluidos e todos os seres espirituais.

P – Como se formam os mundos?R – Pela condensação da matéria disseminada no espaço ou matéria cósmica.

P – Também os mundos desaparecem?R – Com o tempo, tudo se transforma no Universo, a fim de se cumprir a Lei do Progresso.

P – A constituição física é a mesma em todos os mundos?R – Não. Às vezes, eles diferem em tudo, e o mesmo acontece com os seres que os habitam.

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A LETRA MATA

P – Estamos radiantes com as lições do Centro Espiritual Universalista da LBV, preparatórias da UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES DE JESUS. Qual o processo que o CEU adotará para análise da Segunda Revelação?

R – O Apóstolo Paulo deixou uma advertência que vos deve orientar: “A letra mata, o Espírito vivifica” (II aos Coríntios, III: 6). Antes, o Mestre de Paulo, e de todos os Apóstolos, declarou: “O Espírito é que vivifica; a carne de nada serve. As palavras que Eu vos digo são Espírito e vida” (Evangelho segundo João, VI: 64). Agora, damos início à Segunda Revelação, começando pelos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), reunidos e harmonizados para facilitar o entendimento do povo, usando a linguagem mais simples do Unificador.

LUCAS, I: 1-4 – 1 – Tendo muitas pessoas empreendido escrever a história das coisas realizadas entre nós, 2 – de acordo com que nos transmitiram aqueles que, desde o princípio, as viram com seus próprios olhos e foram os ministros da Palavra, 3 – pareceu-me, excelentíssimo Teófilo, conveniente, - depois de haver informado exatamente dessas coisas, desde o seus início – narrar-te toda a série delas, 4 – para que conheças a verdade da doutrina em que foste instruído.

Os Evangelistas eram, sem o saberem, médiuns historiadores inspirados, mas dentro dos liames da humanidade, guardando em face da aptidão carismática, a independência da natureza que lhes era peculiar. Assim, quando escreviam, captavam a intuição dos que os auxiliavam em suas narrativas. Escreviam, ou de acordo com o que tinham visto, ou com o que lhes fora revelado por aqueles que – como diz Lucas – viram com seus próprios olhos as coisas, desde o princípio, e foram os ministros da Palavra. Mas a intuição lhes vinha da Inspiração Divina, por intermédio de Espíritos Superiores, que desempenhavam o papel de ministros de Deus, agindo sobre a natureza humana, livre e falível de cada um deles. O homem precisa compreender que, seja qual for o objetivo que se lhe dê por meta, forçoso é se humanizem os meios postos à sua disposição; por conseguinte, esses meios se tornam imperfeitos, PORQUE NADA HÁ DE IMPECÁVEL NAS OBRAS HUMANAS. A cada Evangelista cabia, no quadro geral, uma parte da narração. Os tradutores e interpretadores, freqüentemente, falsearam a intenção primitiva. As palavras dos Apóstolos passaram de boca em boca, durante muito tempo, antes que fossem escritas, o que deu causa, de certo modo, às diferenças que se notam nos Evangelhos. Levando em conta o que, nas relações mediúnicas há de particularmente humano, e por isso capaz de embaraça-las, tereis desvendado o segredo dessas diferenças, aliás POUCO IMPORTANTES EM SI MESMAS. Não podendo deixar de ser assim, os Evangelistas – em certos casos que vos serão assinalados – ficavam privados da inspiração, entregues ao próprio critério em alguns pontos da narrativa, oriundos da voz pública, até que o ESPÍRITO DA VERDADE VIESSE EXPLICÁ-LOS E TORNÁ-LOS COMPREENSÍVEIS. As divergências apontadas servem, exatamente, para atestar a autenticidade dos Evangelhos. Se os Evangelhos tivessem sido falsificados, não somente pela errônea interpretação dos tradutores, nada seria mais fácil que pô-los de acordo todos quatro. As divergências, repetimos, DEVEM SER CONSIDERADAS COMO A CARACTERÍSTICA DA VERACIDADE DELES. Visto que sempre há erro em tudo o que é humano, as diferenças nos Evangelhos são devidas à condição humana dos narradores, que conservavam a independência da natureza que lhes era particular, ainda quando sob a inspiração que os auxiliava. Mas essas disparidades não atingem, absolutamente, nem a base nem os elementos da REVELAÇÃO MESSIÂNICA, isto é: nem a origem, senão divina no sentido próprio da palavra, ao menos perfeitamente pura e imaculada do Cristo; nem sua missão de AMOR AINDA INCOMPREENDIDO que é a do Novo Mandamento; nem a Doutrina que pregou, Doutrina que não é sua, mas do Pai que o enviou; nem as verdades eternas que trouxe; nem suas predições e promessas; nem o modo velado pela letra, da revelação que o Anjo (ou Espírito Superior) fez a Maria e José, do seu aparecimento e da sua passagem pela Terra; nem sua vida humilde, pura, irrepreensível, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista espiritual; nem os fatos chamados milagres, operados por ele durante a sua permanência entre os homens; nem sua “morte” infamante; nem o desaparecimento do seu corpo de dentro do sepulcro, não obstante estar selada a pedra que o fechava; nem sua “ressurreição”, nem suas aparições às mulheres e aos discípulos; nem sua volta definitiva à natureza espiritual que lhe era própria, na época denominada “ascensão”. Sendo assim fiéis, cada um

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dentro do seu quadro, os Evangelhos se explicam e se completam mutuamente, formando o conjunto da obra da REVELAÇÃO MESSIÂNICA. Não vos agarreis às contradições de palavras ou diferenças de minúcias, todas secundárias, sem nenhum valor, e que não afetam a mensagem do Mestre. Olhai com mais amplitude para a tarefa que vos foi confiada: revelar os “mistérios”, que darão a conhecer aos povos, em Espírito e Verdade, quem é o Filho e prepara-los para saber quem é o Pai. Tendes de patentear aos olhos de todos a Verdade, tal como precisa ser vista e admirada, mas nos seus fatos principais, não em particularidades sem importância alguma. O tempo corre, vossas horas estão contadas, não as desperdiceis em tardanças inúteis. Ocupai-vos com os fatos graves, que possam alterar a fé ou que tenham sido adulterados pela tradição. Passai, sem vos deterdes, pelas críticas baseadas em minudências, dignas de prender somente a atenção das crianças ou adultos pueris, evitando controvérsias que não vos edificam. Não confundais nunca, nos Evangelhos, as palavras ditas pelo Mestre, os atos por ele praticados, as revelações e os acontecimentos reais, com o que, em tais narrativas, reflete e reproduz, como havia de suceder, as impressões, opiniões e interpretações dos homens da época, feitas de acordo com seus preconceitos, ou com as tradições relativas a essas palavras, a esses atos, revelações e acontecimentos, à natureza e ao caráter que revestiam. Reuni e harmonizai os versículos que, nos Evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas, se correspondem, a fim de, submetendo a um só comentário os Sinóticos, evitardes as repetições. Os Evangelhos são um conjunto de fatos ocorridos, ligados entre si, sem estarem sujeito a uma ordem cronológica. Ao comentardes separadamente o Evangelho segundo João, ainda para evitar repetições, vos reportareis as explicações necessárias que já tiverdes recebido, com relação aos pontos correspondentes, nos três primeiros. A este respeito, todavia, seguireis a direção que vos dermos, e fareis sob os nossos olhos a classificação.

JOÃO, O BATISTA – I

P – Qual a interpretação que o CEU da LBV dá ao Evangelho de Jesus segundo Lucas, I: 5 a 25?

R – A mesma dos Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos. Vejamos esta passagem evangélica:

5 – Havia, sob o reinado de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias (a oitava das vinte e quatro que David sorteara para servirem no templo cada uma por sua vez); e sua mulher pertencia também à raça de Aarão e se chamava Isabel. 6 – Eram justos aos olhos de Deus e obedeciam a todos mandamentos e ordens do Senhor, de modo irrepreensível. 7 – Não tinham filhos, por ser Isabel estéril e estarem ambos avançados em anos. 8 – Ora, desempenhando Zacarias suas funções sacerdotais perante Deus, na vez da sua turma, 9 – sucedeu que, tirada a sorte, conforme ao que era observado entre os sacerdotes, lhe tocou entrar no santuário do Senhor, para oferecer os perfumes, 10 – enquanto a multidão, do lado de fora, orava no momento de serem os perfumes oferecidos. 11 – Um Anjo do Senhor apareceu a Zacarias, conservando-se de pé, à direita do altar dos perfumes. 12 – Vendo-o, Zacarias ficou todo perturbado e o pavor se apoderou dele. 13 – Mas o Anjo lhe disse: “não tenhas medo, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida e Isabel, tua esposa, terá um filho ao qual darás o nome de João. 14 – Exultarás com isso de alegria, e muitos se rejubilarão com o seu nascimento; 15 – pois ele será grande aos olhos do Senhor, não beberá vinho nem bebida alguma espirituosa, será cheio do Espírito Santo desde o seio materno; 16 – converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; 17 – e irá à sua frente, com o Espírito e a virtude de Elias, para atrair os corações dos pais aos filhos e os incrédulos à sabedoria dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo perfeito”. 18 – Zacarias disse ao Anjo: “Como me certificarei disso, sendo já velho e estando minha mulher em idade avançada? 19 – O Anjo respondendo lhe disse: “Sou Gabriel, sempre presente diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. 20 – Vais ficar mudo, e não podereis falar, até o dia em que estas coisas acontecerem, por não haveres acreditado nas minhas palavras, que a seu tempo se cumprirão”. 21 – O povo esperava Zacarias, e se admirava de que estivesse demorando tanto no templo. 22 – Mas, quando ele saiu sem poder falar, todos compreenderam que tivera uma visão no santuário, pois isso lhes dava a entender por sinais, e ficou mudo. 23 – Decorridos os dias do seu ministério sacerdotal, voltou para sua casa. 24 – Tempos depois, Isabel, sua mulher,

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concebeu. E se ocultou durante cinco meses, dizendo: 25 – “Esta é a graça que o Senhor me fez, quando se dignou de me tirar do opróbrio diante dos homens”.

O nascimento de João, como filho de Isabel, tinha por fim impressionar, desde logo, o espírito público. Isabel era estéril, isto é, não havia concebido até então, e tal se dera por ser da sua missão servir aos desígnios do Senhor. A esterilidade, aqui, se deve entender no sentido de que Isabel, que ainda não chegara, em idade, aos limites extremos além dos quais cessa a fecundidade, segundo as leis naturais da reprodução em vosso planeta, estivera sem filho até aquele momento. È o que verificais, pelas palavras do Anjo à Virgem Maria (versículo 36), falando de Isabel: “ela é chamada estéril”. De qualquer efeito, na humanidade, se deve procurar a causa nos antecedentes da vossa existência, visto que nenhum ato, praticado em precedente encarnação, deixa de ser conseqüência. O homem, como sabeis, nasce e morre muitas vezes, antes de chegar ao estado de perfeição, no qual gozará, em toda plenitude, das faculdades espirituais, isto é, em que possuirá a Caridade e o Amor perfeitos, o conhecimento de Deus e de suas obras, o conhecimento da Verdade sem véu na ordem física (material e fluídica) e na ordem espiritual (moral e intelectual), pela ciência adquirida de tudo o que vive, existe e se move na imensidade da criação. Tal sucede quando o Espírito atingiu a culminância da perfeição sideral, e ainda lhe deixa aberto e por percorrer, do ponto de vista da ciência universal, o caminho do infinito. Cada uma das existências, que se sucedem, é solidária com aquela que a precedeu. E, se os atos não foram culposos, muitas vezes o Espírito – aceitando missão no vosso planeta – também aceita uma série de fatos que hão de acontecer, apesar da repugnância que, à sua condição de reencarnado, devam causar e causem. Assim, Isabel – fazendo parte do grupo de Espíritos que pediram e obtiveram a missão de auxiliar Jesus na sua obra regeneradora – aceitara a condição de mulher, e mulher estéril, o que era tido por opróbrio entre os judeus, a fim de tornar MAIS RUIDOSO o nascimento de João. Assim, igualmente, Zacarias aceitara viver sem filhos: porque a libré da carne lhes tenha feito esquecer os compromissos tomados na vida espiritual, estes não se tornaram menos reais. E haviam de produzir as conseqüências inevitáveis.

JOÃO, O BATISTA – II

P – O Centro Espiritual Universalista da Legião da Boa Vontade, está prestando um grande serviço ao povo, sedento das verdades eternas. Como o CEU explica a missão de Isabel?

R – Diz o Espírito da Verdade: – Acontece com a fecundidade da mulher o que se dá com a fecundidade da planta. Os fluidos, que transportam o pólen para a flor, depositam o germe no seio materno. Mas assim como o pólen se perde no espaço, se não é chegada a hora da reprodução, também o germe humano se aniquila, sem produzir frutos. Não acrediteis que haja, para cada planta, para cada ser organizado, um Espírito especialmente incumbido de lhe comandar a reprodução. A ação espiritual existe, mas é geral, exercendo-se sobre a massa. Os fluidos que vos cercam são divididos conforme às necessidades – tanto da planta, presa ao solo, quanto do homem que procura elevar-se para o céu. O nascimento de cada novo ser se verifica a seu tempo, e só ao seu tempo. Quer com relação à planta, quer com relação aos animais, a formação dos corpos materiais e o nascimento se dão na hora certa, e obedecem às leis gerais. Ocorre o mesmo relativamente ao homem, com esta diferença: aí a formação do corpo e o nascimento são conseqüência de resoluções tomadas (antes da encarnação) pelo Espírito, cujo invólucro material terá de reproduzir ou não, ou reproduzir somente em certas épocas, de acordo com aquelas resoluções. Como sabeis, o Espírito escolhe suas provas. Não lhe cabe compor a matéria do corpo que há de revestir; mas, conforme as provações escolhidas, ele pede, antes de reencarnar, que esse corpo seja adequado às provas que lhe cumpre enfrentar. É, pois, o Espírito que, pela ação da sua vontade, congrega os elementos necessários e repele os impróprios ao fim visado. Quem prepara esses elementos são os Espíritos prepostos à formação dos corpos em geral. Eles atraem as matérias animais, para as condensar e formar os corpos, desempenhando assim, segundo as leis gerais, o encargo que lhes toca na parte humana dos reencarnados, a fim de que esses corpos sejam apropriados ao gênero de provas que os Espíritos terão de suportar: daí as diferentes posições no seio da Humanidade. Ora, o Espírito que vai continuar as suas provas pede, antes de reencarnar, seja a fecundidade material, seja a

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esterilidade durante todo o tempo da existência, seja ainda a esterilidade ou a fecundidade temporárias, que cessem em épocas determinadas, de acordo com o gênero das provações escolhidas. Resulta que o Espírito, desde os primeiros momentos da encarnação, atrai ou repele os fluídos favoráveis à procriação. Daí os nascimentos inoportunos ou a ausência da concepção: em tais casos, a influência e a ação espirituais apenas se verificam como resultado do pedido do próprio Espírito, isto é, da sua vontade, no momento em que escolheu as provas. Os Espíritos prepostos à formação dos corpos, em geral, agem desde o primeiro momento, para determinar a fecundidade ou a esterilidade, congregando ou dispersando os fluídos necessários à fecundação, até aquele instante em que as condições do reencarnado devam mudar. Uma vez disposto e preparado o corpo para o gênero de provas escolhido, quer se trate de esterilidade, quer da fecundidade, antes que o ocupe o Espírito para quem ele foi formado, submetidos os fluídos respectivos à direção dos Espíritos prepostos, este se limitam a exercer a vigilância precisa para que a prova siga o seu curso, para que os acontecimentos se realizem convenientemente. Assim, o Espírito que escolheu a prova da esterilidade temporária, tomando o corpo com que a suportará, repele, durante certo tempo, os fluídos que servem à fecundidade e, terminado esse tempo, passa a atrair os mesmos fluídos, sempre sob a vigilância dos Espíritos prepostos. Agora, procurai refletir: Zacarias, marido de Isabel, no uso de seus direitos, rogara muitas vezes ao Senhor que o libertasse do opróbrio que pesava sobre o seu lar, concedendo-lhe um filho. Isabel, por sua vez, tinha pedido – dentro das linhas da missão que escolhera e para servir aos desígnios do Senhor – a esterilidade temporária. Daí vem que as condições humanas não se mostraram de molde a favorecer a maternidade, até ao momento em que aqueles desígnios se haviam de cumprir. Aos olhos dos homens, a súplica de Zacarias foi ouvida, pois se verificou o nascimento desejado; mas, do ponto de vista espiritual, o que se deu foi a cessação da prova da esterilidade. Tendo soado a hora da concepção e do nascimento, veio ao mundo aquele que seria o precursor de Jesus.

JOÃO, O BATISTA – III

P – Estamos maravilhados com as revelações do Espírito da Verdade, explicando a origem do Precursor de Jesus. E, qual é, segundo a Doutrina do CEU, a missão de Zacarias?

R – Zacarias, inconscientemente, era médium, como agora compreendeis muito bem: vidente, intuitivo pela consciência que tinha de sua visão, e audiente. Assim se explica ter visto o Anjo, ou Espírito Superior, e lhe tenha falado. Foi condenado ao silêncio não pela dúvida, porquanto é avisado o homem que se põe em guarda contra o desconhecido, mas para que sua mudez corroborasse as predições que lhe vinham de ser feitas. Insistimos nas palavras do Anjo a Zacarias, a respeito de Elias, palavras essas repetidas e mais tarde confirmadas pela opinião e pela voz públicas: sim, Elias seria João, João fora Elias. Os Espíritos do Senhor vestem, muitas vezes, com o fim de reerguer a humanidade, uma libré que, aos olhos dos homens, é tida por ínfima, de acordo com seus preconceitos no tocante às condições sociais. É que o devotamento desses Espíritos sabe ser eficaz sob todas as formas. São raras as manifestações dos grandes Espíritos, por meio de encanações ou de aparições conformes ao grau de elevação que já atingiram e à natureza espiritual que lhes é própria; mas há épocas de transição em que elas são necessárias no vosso planeta, como também nos outros. Muitos destes, mais adiantados que a Terra, recebem por sua vez Espíritos ainda mais elevados, com a missão de reavivar as aspirações do Bem e da Justiça, sempre que se enfraquecem. Podeis reconhecer a origem do Espírito pelo seu presente, como reencarnado: “Mácula alguma se lhe notará na vida; o amor a Deus e ao próximo presidirá todos os seus atos e dominará todos os seus pensamentos. Sua infância será tranqüila, isenta dos maus pendores que geralmente se manifestam nas crianças, juventude laboriosa, sobrepujando todos os instintos materiais com o amor ao trabalho e ao progresso. Na virilidade, será irrepreensível, pois nenhum abuso, nenhum excesso a conspurcará. Na velhice, será respeitado, venerado, adorado, no sentido humano da vossa linguagem. Essa velhice será o reflexo de uma vida sem mancha aos olhos do Senhor. Nele, encontrarão indulgência todas as fraquezas; amparo, auxílio, proteção, todos os desfalecimentos. Esperará serenamente a libertação pela morte”. São os sinais que vos fazem conhecer que um Espírito Superior desceu ao vosso meio, para ativar e dar novo impulso ao progresso espiritual do vosso orbe.

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P – Pretendeu-se, de modo absoluto, que a ciência pode, mediante um tratamento humano, por termo a esterilidade. Que diz, a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Não vedes que muitos doentes morrem, apesar de tratados pela ciência médica, e que outros recobram a saúde? Por que isso? Por que para uns soou a hora, enquanto outros têm de prosseguir na sua jornada. O tratamento que, para os homens, fez com que a mulher (até então estéril) concebesse, não falhou em tantas outras? Por que? Porque a hora de uma chegou, ao passo que a outra deve continuar estéril – ou por toda vida, ou até que chegue a época, e se verifiquem as condições e as circunstâncias de que resulte a cessação da esterilidade. Não vejais, nestes dois pontos de vista, nenhuma fatalidade; não imagineis, sobre os fatos, nenhuma idéia de fatalismo, de predestinação, de escravidão moral: reportais-vos à escolha, que o Espírito faz da natureza e duração das provas. Aqui, temos de repetir, para vosso entendimento: no que se refere à morte, nada há de fatal, senão o natural limite por essas leis fixado como sendo o momento irrevogável do fim humano. Assim, o instante da morte é fatal no sentido de que o livre arbítrio não pode prolongar o curso da vida além desse limite, natura e imutável estabelecido para sua duração. Entretanto, o livre arbítrio do homem pode deter o curso da sua própria vida em certo ponto, entre o nascimento e aquele limite natural e imutável, QUE SÓ RARAMENTE É ATINGIDO. As resoluções tomadas pelo Espírito antes de reencarnar, quanto ao gênero das provações, à extensão e ao término delas, quanto à duração da existência e aos atos que praticará durante a encarnação, assim como o emprego, o uso ou abuso que ele faz da vida terrena, QUASE SEMPRE O IMPEDEM DE ATINGIR ESSE LIMITE. Dentro da latitude que lhe é concedida, pode o Espírito mover-se à vontade. E, da maneira por que usa o seu livre arbítrio, quer antes da encarnação (ao fazer a escolha das provas), quer no decurso da existência terrestre, depende o soar para ele, no fim de determinado tempo, a hora da morte, sob o império das leis naturais que regem a vida. Portanto, para o doente, que morre apesar do tratamento médico, o momento chegou: ou porque tenha atingido o limite natural e imutável, estabelecido para a duração do homem; ou porque tenha atingido o limite restrito que ele próprio traçou, usando de seu livre arbítrio, seja ao tomar suas resoluções antes de voltar à Terra, seja na utilização que fez na existência terrena, isto é, pelos atos que praticou durante a encarnação, ou pelo não preenchimento das condições necessárias ao prolongamento da vida do corpo até o término das suas provas. Tudo isso foi tratado no exame do Quinto Mandamento da Lei de Deus, mas deve ser profundamente meditado, porque a maioria pratica o suicídio lento, sem o saber.

JOÃO, O BATISTA – IV

P – Foram muito oportunas as lições do CEU, da LBV, sobre o “mistério da morte”, que para nós não tem, agora, mistério algum. Quais as instruções da LBV sobre “o mistério do nascimento”?

R – Falam os Evangelistas, assistidos pelos Apóstolos: – Quanto ao nascimento nada há de fatal senão o tempo e as condições determinadas para que ele se dê, segundo as leis naturais e imutáveis que regulam a reprodução em vosso planeta. Mas o livre arbítrio do homem, ou da mulher, pelas resoluções assentadas antes da encarnação, pode obstar ao nascimento em absoluto, ou temporariamente: em absoluto – subtraindo-se à lei de reprodução pela escolha da prova de esterilidade durante a vida toda; temporariamente – escapando ao influxo dessa lei durante um período de tempo determinado, pelas resoluções anteriores à encarnação, caso este em que a cessação da esterilidade ficará dependendo de atos, ou circunstâncias, que se hão de verificar, como conseqüência daquelas resoluções do Espírito. De modo que, quando a mulher (até então estéril) se tornou, no modo de pensar dos homens, capaz de conceber por efeito do tratamento da ciência, o que se deu foi a ação dos atos ou circunstâncias que haviam de fazer cessar a sua condição de estéril, de acordo com as resoluções que seu Espírito fixara, antes de reencarnar, objetivando passar pela prova da esterilidade temporária. Com relação àquela em que o tratamento da ciência nenhum resultado produziu, o que se deu foi que o momento não chegou, ou porque a esterilidade deva ser uma condição de toda a sua existência, de acordo com as resoluções tomadas pelo seu Espírito antes de reencarnar; ou porque, devendo a esterilidade ter uma duração limitada, não se verificaram os atos ou

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circunstâncias que, ainda como resultado dessas deliberações, lhe haviam de ocasionar a cessação. A CIÊNCIA DE QUE DISPÕES VOSSA HUMANIDADE MATERIAL NADA PODE PRODUZIR CONTRARIAMENTE ÀS LEIS DA NATUREZA, DA REENCARNAÇÃO, DA ESCOLHA E DURAÇÃO DAS PROVAS. Se o Espírito se submeteu, por provação, a uma esterilidade permanente, NADA será capaz de destruí-la. Se, porém, preferiu a alternativa – ou ficar estéril, ou tornar-se fecundo, de acordo com esta ou aquela circunstância, este ou aquele merecimento – então lhe será dado ver modificar-se o seu futuro humano. Figuremos um exemplo: certo Espírito negligenciou de seus deveres de chefe de família ou de mãe dedicada. Toma a firme resolução de reparar seus erros, mas não ousa entrar na esfera da família antes de estar seguro de ter a perseverança necessária; ou se condena a uma longa espera, que lhe torne ainda mais caro o nascimento do filho desejado. Dele, portanto, da sua resolução, dos seus progressos, depende seguir o caminho da constituição do lar. Só então lhe será possível empregar os meios capazes de determinarem a satisfação do seu desejo; só então poderá a ciência ajuda-lo na conquista do seu objetivo, uma vez que, sob as determinações que tomou antes de reencarnar, seus atos, ou uma circunstância, um acidente estranho (na aparência) à sua vontade, o colocam na hora propícia à cessação da esterilidade. Assim, em certos casos, o auxílio da ciência será eficaz, no sentido de concorrer para facilitar, no reencarnado, o desenvolvimento dos fluídos necessários à reprodução. MAS O CERTO É QUE, EM TAIS CASOS, A ESTERILIDADE CESSARIA SEM A INTERVENÇÃO DA CIÊNCIA. De sorte que os casos, nos quais a esterilidade tenha de cessar, constituem para ciência (cujo o auxílio não é indispensável, de modo algum) apenas motivo de estudo dos meios a empregar, com o fim de desenvolver os fluídos necessários à concepção. Não quer isto dizer que deveis renunciar às pesquisas da ciência: ela é um dos meios de realização dos desígnios providenciais. À ciência compete, pelas suas investigações, levar o homem à descoberta de tudo quanto, até hoje, se considerou como mistério ou segredo da natureza. Assim é que muitos reencarnados se apresentam, na marcha do tempo e do progresso, sujeitos a provas que confirmam os resultados obtidos, as conquistas realizadas. Compreendei bem o nosso pensamento quanto ao mistério da fecundação humana: ele vos será brevemente explicado, mas só a poder de provações, de estudos, de perseverança, chegará o homem a ler corretamente no livro misterioso. Ora, é exatamente para facilitar as indagações, animas os investigadores, que muitos Espíritos reencarnam, trazendo por missão servir de objeto de estudos, ou de experimentações, se o preferis. Daí vem que, alguns resultados imprevistos, encorajando o homem a tentar pesquisas mais profundas, o levarão – seguindo a marcha progressiva do vosso planeta e da sua Humanidade no caminho da purificação – a compreender as combinações fluídicas que formam a matéria. Então ele saberá materializar os fluídos; mais prudente, porém, e mais humilde, não procurará anima-los, deixando ao Criador o cuidado de lhes enviar a centelha vivificadora. Não vos equivoqueis sobre o sentido destas palavras: não se vos diz que o homem, como o oleiro que manipula a argila, para fazer uma imagem que se lhe assemelhe, manejará os fluídos para, à sua vontade, os condensar e formar corpos materiais idênticos aos vossos. O que se vos diz, apenas, é que ele saberá compreender, definir, atrair a si os fluídos, para atingir o resultado da formação dos corpos, como sucede em planetas mais adiantados que a Terra, onde os fluídos necessários são atraídos uns para os outros pela simples ação de um duplo e uniforme pensamento. Pois o mesmo acontecerá no vosso planeta, quando houver alcançado este grau de elevação.

JOÃO, O BATISTA – V

P – O sistema de perguntas e respostas torna muito mais suaves as explicações do Espírito da Verdade. Quais o sentido e o alcance das palavras “é avisado o homem que se põe em guarda contra o desconhecido”?

R – É de bom aviso não abraçar cegamente qualquer idéia nova, não acolher como boas todas as máximas pregadas, com mais ou menos eloqüência. Deveis sondar, sempre, cada fato, cada idéia; procurar ver tudo, não com os olhos do corpo, mas com os olhos da alma, da inteligência; escutar, não com os ouvidos materiais, mas com os ouvidos espirituais. O homem deve raciocinar, estudar, apreender bem todas as coisas. Por isso vos dissemos que não foi por haver duvidado que Zacarias ficou mudo. Que pedia ele? Uma prova de que a aparição do Anjo não era um erro, uma

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alucinação do seu Espírito. Recebeu, pois, uma prova, não um castigo. Poderia Deus considerar crime a ignorância do homem?

P – Tendo em vista as palavras de Zacarias (v. 18): “De que modo me certificarei disso, sendo eu já velho e estando minha mulher em idade avançada?”, como deve ser entendida a fala do Anjo (vs. 19-20): “por não teres acreditado nas minhas palavras, que a seu tempo se cumprirão”?

R – Zacarias pediu, já o dissemos, simplesmente uma prova, sem prevenções de dúvida ou de negação. Pedir uma prova era não querer acreditar, unicamente pelas palavras ouvidas, que o fato ocorresse como lhe fora dito.

P – Sobre a afirmativa “Elias seria João, João fora Elias”, que devemos entender por isto: “palavras repetidas e confirmadas mais tarde pela opinião e pela voz públicas”?

R – João era considerado geralmente, pelos Hebreus, como sendo o profeta Elias que voltara. Precisamente porque a opinião geral via em João o reaparecimento de Elias, é que tantas perguntas lhes foram dirigidas sobre esse ponto, no curso da sua missão, repetindo mais tarde os discípulos a Jesus o que, a tal respeito, diziam os fariseus.

P – Diante das palavras “Elias seria João, João fora Elias”, será lícito dizer que as do versículo 17: “Ele irá à sua frente com o Espírito e a virtude de Elias” são a prova da reencarnação?

R – Sim, as palavras do Espírito, ou Anjo, tinham por sentido oculto, e único e verdadeiro, indicar que o Espírito do profeta Elias viria reencarnar no corpo daquele menino que ia nascer de Isabel e de Zacarias.

P – Esse sentido oculto só mais tarde seria explicado pela Terceira Revelação, destinada em explicar em Espírito e Verdade a Lei Natural da Reencarnação, em seu princípio e suas conseqüências?

R – Certamente, mas esse sentido oculto fora entrevisto desde a origem.

P – Na frase “Os Espíritos do Senhor vestem, muitas vezes – para reerguer a Humanidade – uma libré que aos olhos dos homens é tida por ínfima de acordo com seus preconceitos no tocante às condições sociais. É que o devotamento desses espíritos sabe ser eficaz sob todas as formas” , que sentido se deve atribuir a estas palavras: “Uma libré, que aos olhos dos homens, é tida por ínfima, de acordo com seus preconceitos no tocante às condições sociais”?

R – Falávamos de João. Pensai na condição humílima de Jesus, do ponto de vista do vosso mundo. Que categoria social ocupava ele? Qual a que ocupavam os Apóstolos, os zelosos e fiéis discípulos do Mestre? Homens, não observais ainda hoje, nas classes mais abjetas, segundo o vosso ponto de vista, exemplos de abnegação, de nobreza dalma que o vosso orgulho desejaria ver somente nas classes elevadas da sociedade? No seio delas, entretanto, é que geralmente, para sua vergonha, menos se produzem esses exemplos.

P – Qual o sentido destas palavras (v. 15): “Ele não beberá vinho, nem bebida alguma espirituosa”?

R – Os homens consagrados ao serviço de Deus se obrigavam a uma existência especial. Entre os compromissos que assumiam, estava o da abstenção das bebidas espirituosas ou fermentadas. Os Hebreus ofereciam, muitas vezes, um filho ao Senhor, sobretudo se o tinham desejado durante muito tempo e quando se tratava do primogênito, exatamente como, entre vós, muitas mães oferecem seus filhos à Virgem Maria.

JOÃO, O BATISTA – VI

P – Foi providencial a criação do Centro Espiritual Universalista. Julgamos acertada a afirmativa de que, no CEU da LBV, só se aceitam os ensinos de Jesus através do Espírito da Verdade. Estamos desiludidos de “mestres” e instrutores que só querem projeção, dinheiro e cartaz literário.

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Como explica o Espírito da Verdade estas palavras sobre João (v. 15): “Será cheio do Espírito Santo desde o seio materno”?

R – A sentença é do único Mestre do vosso planeta: “Quem não é por mim é contra mim. Quem comigo não junta, espalha”. O divisionismo é a grande chaga aberta pelos egoístas, infiltrados em todas as boas causas. Só o Novo Mandamento poderá unir os que realmente colocam o Cristo acima de seus melindres e vaidades pessoais. Todos terão de dar o testemunho do Batista: “Importa que eu desapareça, para que Ele apareça”. Por isso estava, antes de renascer, cheio do Espírito Santo. As vozes de além-túmulo já vos revelaram as angústias por que passa o Espírito que vai encarnar de novo, para suportar as provações que lhe são necessárias; quais as suas inquietações, quanto ao resultado dessas novas provas; qual a perturbação que isso lhe cause, perturbação que aumenta continuamente até ao instante do nascimento, e que vai mais longe, ainda que enfraquecendo durante o primeiro período da infância material. Já o sabeis: o Espírito, depois de haver expiado, na erraticidade, as faltas ou crimes cometidos, experimentando sofrimentos ou torturas morais adequados e proporcionais a esses crimes ou faltas, entra na fase da reparação. Escolhe, então, as provações que julga mais apropriadas ao seu adiantamento. Depois, entretanto, essas provações se lhe afiguram sempre terríveis. Tão fraco se sente, examinando o passado, que duvida de suas forças no futuro. Aí começa a perturbação, o estado da ansiedade, a princípio bem nítido, mas que perde em nitidez o que ganha em intensidade, à medo da que no seio materno se forma o invólucro que lhe cumpre revestir e ao qual ele se acha ligado, desde o princípio da concepção, por um laço fluídico, uma espécie de cordão, que gradualmente se encurta, aproximando-o cada vez mais do seu cárcere. Consumado o nascimento, completa é a ligação entre o Espírito e o corpo, do qual aquele não pode mais separar-se. Principiam suas provações. Sofre logo o efeito da perturbação, que, entretanto, muda de caráter: já não é a angústia dos primeiros momentos, é o torpor produzido pela matéria, até que, desenvolvendo-se esta, lhe seja possível adquirir, pouco a pouco, relativa liberdade. Não suponhais, porém, que o mesmo aconteça com um Espírito elevado, que toma a veste carnal como se vestisse um uniforme, dentro do qual se achasse bem aparelhado, para prestar bons serviços à Pátria. É com alegria que esse recebe o amplexo da carne. E, mesmo no seio materno, enquanto não se apertaram inteiramente os laços que o prendem ao corpo, ele – sempre livre – apreciava a importância da obra que lhe foi confiada a extensão da confiança de que o Senhor, por essa forma, lhe dá prova, e daí tira motivo de grande júbilo. Não lhe sucede, desde a concepção, ficar subjugado pela carne: conserva, desde logo, certa independência. Sem sofrer as angústias que precedem a encarnação, sente apenas o entorpecimento que a matéria causa por ocasião do nascer, quando o corpo constringe completamente o Espírito, e que se prolonga até que com o desenvolvimento gradual da matéria aquele readquire sua liberdade. João era cheio do Espírito Santo desde o ceio materno porque, sendo o se Espírito elevadíssimo, atraia a si os que lhe eram iguais ou superiores, de mundos maiores, para assisti-lo na sua missão de Precursor do Cristo de Deus.

JOÃO, O BATISTA – VII

P – Damos graças a Deus pela pregação libertadora do CEU, em obediência à ordem do Mestre: “Ide e Pregai”. Só mesmo a Boa Vontade nos conduz ao Novo Mandamento pelo caminho da Verdade, que liberta o homem da ignorância espiritual e de todas as suas lamentáveis conseqüências. Como a LBV define o Espírito Santo?

R – Segundo o modo de ver dos tempos hebraicos e dos tempos evangélicos durante a permanência de Jesus entre vós, Espírito Santo era expressão familiar aos judeus, significando a manifestação mesma de Deus, por um ato qualquer, e a inspiração divina – “o sopro do próprio Deus”. Para exprimir que João era inspirado por Deus, dizia-se que ele estava cheio do Espírito Santo, que o Espírito Santo estava nele, que era impelido pelo Espírito Santo, que agia por um movimento do Espírito de Deus. O mesmo foi empregado com relação a Jesus. Era a expressão própria do tempo em que os homens não entendiam como Jesus – que supunham fosse homem igual aos demais e de cuja origem, essência e natureza nada sabiam – podia libertar-se tanto da fraqueza humana sem estar cheio do Espírito Santo, sem que o Espírito Santo estivesse nele, sem ser impelido pelo Espírito, isto é, sem ser inspirado por Deus do mesmo modo que os profetas. Conforme à

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concepção dos tempos seguintes à missão terrena de Jesus e à doutrina da Igreja de Roma, o ]Espírito Santo era uma parte individualizada do próprio Deus! Uma fração de Deus revestira a forma humana, para descer visivelmente aos terrícolas, sendo outra fração a inteligência ou inspiração divina, que se transmitia aos homens, capaz – se necessário fosse – de se materializar diante deles! No âmago dessas falsas interpretações, havia mistura de idéias hebraicas, de idéias politeístas, acidentalmente panteístas e confusa reminiscência de idéias espirituais, cujos traços a tradição conservara e das quais a imaginação do homem se apropriou – como sempre – adaptando-as às suas necessidades e conveniências. Somente a Terceira Revelação, trazida ao mundo pelos Espíritos do Senhor, veio revelar a Luz da Verdade, afirmando: o Espírito Santo, de modo geral, não era – e não é – um Espírito especial, mas uma designação figurada, que indicava – e indica – O CONJUNTO DOS ESPÍRITOS PUROS, DOS ESPÍRITOS SUPERIORES E DOS BONS ESPÍRITOS! É a Falange Sagrada, instrumento da ordem hierárquica da elevação moral e intelectual, ministra de Deus – uno, indivisível, eterno, infinito – que irradia por toda parte SEM JAMAIS SE FRACIONAR, e cujas vontades e inspirações só os Espíritos Puros recebem diretamente para as transmitir aos Espíritos Superiores, e por meio destes aos Bons Espíritos, que – através da escala espiritual – as fazem chegar até vós. É a Falange Sagrada que promove a execução de acordo com as leis gerais estabelecidas, imutáveis e eternas, das inspirações e vontades do Criador nos planos físico, moral e intelectual, objetivando a organização, o funcionamento, a realização da vida e da harmonia universais, na imensidade dos mundos, mais ou menos materiais, mais ou menos fluídicos, de todo o Universo; na infinidade dos Espíritos, quer errantes, quer material ou fluidicamente encarnados, quer fluidicamente incorporados e investidos do livre arbítrio; na multiplicidade de todos os seres, em todos os reinos da Natureza! É a Falange Sagrada, verdadeira providência divina, executora – pelas vias hierárquicas de elevação moral e intelectual, na imensidade, nos mundos espirituais e em todos os planetas, inferiores e superiores – da justiça e da misericórdia infinita de Deus, Pai de todos e de tudo o que existe! Portanto, estar cheio do Espírito Santo, ser impelido pelo Espírito Santo, agir por um movimento do Espírito de Deus era – e é – ser assistido, inspirado, guiado pelos Espíritos do Senhor, Espíritos estes que o reencarnado atrai a si, na conformidade da sua elevação moral e intelectual, de acordo com a natureza e a importância da obra ou da missão que lhe cumpre realizar. Se assim era João, o Batista, que devemos dizer de Jesus? ESPÍRITO PERFEITO, puro entre os mais puros que presidem, sob a sua direção, os destinos, o desenvolvimento e o progresso da Terra e de sua Humanidade, encaminhando-os sempre, Jesus, cuja perfeição se perde na noite da eternidade – Espírito Protetor e Supremo Governante do vosso planeta, vosso e nosso Mestre – operava não sob influência estranha, MAS POR SI MESMO. Poderíamos, pois, dizer que era impelido pelo Espírito, no sentido de que – permitindo-lhe sua elevação aproximar-se do CENTRO DA ONIPOTÊNCIA, ele recebia diretamente as inspirações de Deus.

JOÃO, O BATISTA – VIII

P – Estamos profundamente emocionados com as lições do CEU, sem nenhum sectarismo religioso. Somente a LBV pode unificas todas as Revelações do Cristo de Deus. Voltando à figura de João, o precursor de Jesus, temos outra pergunta: – A aparição do Anjo a Zacarias (v. 11) se produziu tal como os Hebreus a figuravam, com forma humana?

R – Sim, os Hebreus representavam os Anjos vestidos de branco e o semblante nimbado de raios luminosos, cujo o foco não percebiam e, por vezes, lhes punham asas, para que o povo entendesse que eles podiam percorrer o espaço. Quanto às aparições que se têm dado, em outras épocas e no seio de outros povos, todas se produziram sempre nas mesmas condições, isto é, o Espírito sempre tomou a aparência mais apropriada a ferir a imaginação do homem, ou a lhe trazer à lembrança aquela que ele desejaria ter diante dos olhos.

P – Qual o sentido destas palavras do Anjo, falando de si mesmo (v. 19): “Sou Gabriel, sempre presente diante de Deus”?

R – Não deveis concluir, destas palavras, que esse Espírito estivesse continuamente diante de Deus, como qualquer ministro humano que aguarda as ordens do seu chefe. Sendo um Espírito

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elevado, um dos mensageiros do Senhor, estava por isso mesmo em relações permanentes com Ele. A inspiração divina lhe vinha como a do vosso Anjo da Guarda vos chega, levada em conta a diferença das naturezas espirituais e das relações que delas decorrem.

P – Por que meio se operou a mudez de Zacarias?R – Pela ação fluídica, resultante da vontade do Anjo. Como vos explicaremos mais tarde,

assim como existe um magnetismo humano, há também um magnetismo espiritual. Por efeito da ação espiritual imediata a língua de Zacarias foi carregada de fluídos, que a tornaram pesada, determinando uma espécie de paralisia aparente, da mesma forma que o magnetizador, quando quer imobilizar um dos membros do magnetizado, o torna extremamente pesado. O magnetismo, ainda muito imperfeito entre vós outros, é um derivado da nossa natureza: os vossos fluídos atuam mais ou menos, conforme a se acharem menos ou mais comprimidos ou desnaturados pela carne. No Espírito, porém, os fluídos são livres, e vos influenciam mais ou menos, conforme a vossa matéria, do mesmo modo que a influência do magnetizador se faz sentir mais ou menos, de acordo com o magnetizado, que pode ser mais ou menos lúcido, mais ou menos impressionável. Esta explicação pode bastar para todos os casos da categoria dos milagres: cabe a todos vós retirar daí a lição conveniente!

P – Em face do v. 25: – Porque Isabel se ocultou durante cinco meses após a concepção (v. 24), desde que, cessando a sua esterilidade, desaparecera o opróbrio que sobre ela pesava, segundo os preconceitos hebraicos?

R – Por ato de humildade, a fim de prolongar voluntariamente o opróbrio em que vivia.

JESUS, O CRISTO – I

P – Não podia ser melhor, para o povo brasileiro, a idéia da explicação dos Evangelhos de Jesus, reunidos e harmonizados. Como interpreta o CEU da LBV a passagem de Lucas, 1: 26 a 38?

R – Eis a passagem evangélica:

26 – Estando Isabel no seu sexto mês de grávida, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, 27 – a uma virgem, noiva de um varão chamado José, da casa de David, e essa virgem se chamava Maria. 28 – O Anjo, aproximando-se dela, disse-lhe: “Eu te saúdo, ó cheia de graça; o Senhor está contigo; és bendita entre as mulheres”. 29 – Ela, porém, ouvindo-o, perturbou-se, e consigo mesma pensava no significado daquela saudação. 30 – o Anjo lhe disse: “Maria, nada temas, porque estás em graça perante Deus. 31 – É assim que conceberás em teu seio, e que nascerá de ti, um filho ao qual darás o nome de Jesus. 32 – Ele será grande e será chamado o Filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de David seu Pai; Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacob, 33 – e seu reino não terá fim”. 34 – Então, disse Maria ao Anjo: “Como será isso, se não conheço varão?” 35 – O Anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra, e por isso o santo que nascerá de ti será chamado Filho de Deus. 36 – Eis que tua parenta Isabel concebeu na velhice um filho, e está no sexto mês de gravidez, ela que era chamada estéril. 37 – É que, para o Senhor, nada é impossível”. 38 – Então disse Maria: “Aqui está a serva do Senhor; faça-se em mim conforme às tuas palavras”. E dela o Anjo se afastou.

O homem, desde que vive na terra, não tem ouvido em todos os tempos a mesma linguagem. Em cada época de transição, só lhe é dito e dado aquilo que ele pode compreender. A Humanidade tem de ser preparada para o que lhe cumpre saber. A cada idade sua é necessário que lhe fale a linguagem conveniente a fim de que ela possa entender e atender. Homens, não esqueçais que éreis criancinhas quando Jesus desceu à Terra, para vos traçar a obra de regeneração e lançar-lhes as bases; lembrai-vos de que ainda hoje, sois pouco mais que criancinhas! Curvai-vos diante da Sabedoria Infinita, que preside o vosso progresso e o dirige por intermédio do Cristo, vosso Mestre, Supremo Governante e Protetor do vosso planeta e da sua humanidade, dando-vos – pouco a pouco – a Luz e a Verdade, conduzindo-vos gradualmente para perfeição, através dos séculos! O aparecimento de Jesus, segundo o Anjo o anunciou à Virgem Maria, e depois a José, por efeito de uma concepção de

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um nascimento que os homens trataram de “sobrenaturais”, “miraculosos”, “divinos”, por obra do Espírito Santo, isto é, por um ato do próprio Deus (o Espírito Santo era, para os judeus – já o sabeis – Inteligência Divina a se manifestar por uma ação qualquer), TINHA DE PERMANECER, E PERMANECEU SECRETO, durante todo o tempo da sua missão terrena. Maria confiou a revelação aos discípulos preferidos do Mestre (preferidos, quer dizer: que o seguiam mais assiduamente com a Virtude, dos quais sabia ele poder contar quando fosse chegada a hora). Fiéis à inspiração de seus Guias, esses discípulos compreenderam que, divulgada, tal revelação acarretaria, da parte dos homens, a descrença na pureza de Maria e na origem de seu filho. Para espalha-la no seio das multidões, esperaram que, - com o completo desempenho da missão terrena de Jesus – o tempo tivesse amadurecido os frutos. Assim, só depois do sacrifício do Gólgota, do reaparecimento do Mestre, a chamada “ressurreição”, e do seu regresso à vida espiritual, fato que se chamou “ascensão”, se radicou a crença na divindade que lhe atribuíram. Nesses últimos tempos, seus discípulos deram fé a essa “divindade”, interpretando ao pé da letra as palavras meu pai, de que usava Jesus ao referir-se a Deus, e achando que só essa origem e sua vida sem mácula poderiam explicar os fatos surpreendentes chamados milagres, que lhes feriam continuamente os sentidos materiais. Durante sua missão terrena, e assim devia acontecer, Jesus foi considerado pelos homens como fruto de concepção física, material, como um homem igual aos outros, tendo Maria por mão e José por pai. Para seus discípulos, e para a multidão que o acompanhava, era um profeta revestido da libré humana, como os profetas da lei antiga. Para os discípulos dos sacerdotes, para os escribas, os fariseus e seus adeptos era um impostor, porque Jesus – declarando-se O FILHO DE DEUS – atribuía a si mesmo a divindade, fazia-se passar pelo próprio Deus. Maria tinha de ser e foi aos olhos de todos a mãe de Jesus: primeiro, porque viam nele um homem como outro qualquer, de acordo com as leis materiais da concepção e do nascimento humanos, da reprodução do vosso planeta; em seguida, porque o julgavam encarnação de Deus no seio de uma virgem, mediante uma concepção, uma gravidez e, portanto, um nascimento que era obra do Espírito Santo. Compreendei bem a necessidade que então havia, de primeiro se materializarem todos os fatos, a fim torna-los acessíveis ao homem; a seguir, a necessidade – depois de vivida a missão terrena do Cristo – de se idealizar a matéria, dando-lhe uma origem divina, para que os homens se curvassem ao jugo, porque – uma vez aceita a divindade atribuída ao Mestre – sua missão também seria aceita e suas leis também obedecidas. Jesus, como Espírito, não seria compreendido; sua abnegação e suas dores morais não seriam apreciadas. Para que o homem entendesse o sofrimento, ERA PRECISO QUE ESSE SOFRIMENTO FOSSE FÍSICO. A carne tinha necessidade de um sofrimento de carne. Àqueles que vertiam o sangue dos touros e dos cordeiros era preciso que se apresentasse em SACRIFÍCIO DE CARNE E SANGUE. Os homens jamais compreenderiam o devotamento sem limites do Espírito Perfeito, descido à Terra para lhes trazer o exemplo da vida preparatória da Eternidade.

JESUS, O CRISTO – II

P – Louvamos a franqueza com que o CEU declara: todos estes ensinamentos não são de homens, por mais célebres que sejam; são do próprio Jesus, através do seu porta-voz – o Espírito da Verdade! Agora, entendemos melhor o martírio inenarrável do Mestre, durante a sua missão na Terra. Por que o fizeram sofrer tanto?

R – O homem é orgulhoso. A descida de um Espírito do Senhor não lhe teria bastado: tinha de ser um Deus! Não esqueçais que os judeus se achavam em contato direto com os romanos; que as idéias e costumes dos conquistadores se infiltram sempre no povo do país conquistado; que, assim, as idéias politeístas vieram a encontrar-se com o monoteísmo. A vida e os atos de Jesus; sua “morte” e sua “ressurreição”; os fatos que se seguiram; a interpretação humana dada às “suas palavras”; a divulgação feita pelos discípulos, uma vez terminada a missão, do que o Anjo (ou Espírito) anunciara à Virgem Maria e depois a José, acerca daquela concepção e daquela gravidez, obra do Espírito Santo, e como tal consideradas “sobrenaturais”, “miraculosas”, “divinas” – criaram para os judeus a necessidade de multiplicarem a divindade, tentando manter a unidade na pluralidade. E assim se explica a origem do que os homens chamaram “o dogma das três pessoas”. O materialismo esmagava o mundo com o seu peso carnal e o mundo perecia, porque toda a carne apodrece. Cumpria ergue o

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Espírito e dar-lhe a força de lutar contra a matéria. Para se conseguir tal objetivo era indispensável que o mundo tivesse diante dos olhos UM EXEMPLO IMATERIAL, imaterial sob o ponto de vista da divindade atribuída ao Cristo, não durando a sua materialidade, para os homens, mais que um tempo muito restrito e não passando de um meio de comunicação. Na apresentação deste exemplo em vosso mundo é que está segando as mistas humanas, O MILAGRE, porque – aos olhos dos homens – houve derrogação das leis estabelecidas. Aí não há, porém, nenhum milagre: a vontade imutável de Deus não derroga NUNCA às leis naturais por Ele promulgadas desde de toda a eternidade. Como vereis pela explicação que vos daremos, na medida do que a vossa inteligência (obscurecida pela carne) pode receber e comportar, o que houve FOI APLICAÇÃO DAS LEIS QUE REGEM OS MUNDOS SUPERIORES E ADAPTAÇÃO DESSAS LEIS AOS VOSSOS FLUIDOS, isto é, do planeta que habitais. Maria era um Espírito Puro, que descera à Terra com a sagrada missão de cooperar com Jesus na obra da regeneração humana. Em comunhão com os Espíritos do Senhor, mas submetida à Lei da Reencarnação, material, humana, tal qual a sofreis, a Virgem era médium vidente, intuitivo e audiente, no sentido de ter consciência do ser que se lhe apresentava e da predição que lhe fazia. Sua inteligência entorpecida pelo invólucro material, não estava em estado de lembrar-se. É o que explica tenha feito sentir ao Anjo, ou Espírito, a impossibilidade de conceber durante a virgindade. Era preciso que, tanto quanto os homens, a Virgem desconhecesse a origem espiritual do Filho, que lhes era anunciado. A explicação que daremos da concepção, da gravidez e, portanto do parto de Maria, como obra do Espírito Santo, vos fará compreender que, não devendo conhecer aquela origem, ela de fato não a tenha conhecido e HAJA ACREDITADO NA SUA MATERNIDADE. Os judeus, de acordo com as suas tradições e as interpretações dadas ao Antigo Testamento, criam que o próprio Deus se comunicava diretamente com os homens; que o Espírito Santo era a inteligência mesma de Deus, a se manifestar por um ato qualquer. Isso explica a resposta do Anjo, ou Espírito, ao anunciar – primeiro a ela, depois a José – a concepção no seio de uma virgem, a gravidez e o parto, como obra do Espírito Santo. A resposta era adequada, segundo a vontade do Senhor, ao estado geral das inteligências, de modo a poder ser escutada e compreendida, apropriada às necessidades da época, tendo em vista os acontecimentos que iam ocorrer, preparando a Humanidade para o que teria de saber mais tarde, mediante uma nova Revelação, quando fossem chegados os tempos em que a pudessem suportar. Ora, para os judeus que esperavam um chefe temporal, capaz de lhes reanimar a nacionalidade, de lhes reavivar as glória, de os constituir em povo livre, preciso era um chefe que, afastando-se do programa humano, lhes fizesse compreender NÃO SER SEU REINO DO PLANO TERRA. Na verdade, eles tinham a idéia fixa de oferecer um sacrifício ao Deus terrível que, segundo o seu modo de ver, se deleitava com o fumo dos holocaustos. E, para que o sacrifício fosse realmente grande, aqueles a quem era proibido sacrificar homens a Deus – SACRIFICARAM DEUS A SI MESMO!

JESUS, O CRISTO – III

P – Ainda hoje, decorridos quase dois mil anos, é duro pregar aos homens as Verdades Divinas. Já dizia Jesus: “O Espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Como poderão as criaturas entender a missão sublime de Jesus na Terra?

R – Infinita é a paciência do Bom Pastor. Ao viver pessoalmente entre vós, viu o Mestre que o valor espiritual do homem devia ser realçado. Seus deveres tinham de ser maiores. Durante todo o tempo da sua missão terrena, Jesus foi considerado como um homem igual aos outros, como um profeta encarnado na matéria humana, exatamente como os profetas da antiga lei. Os homens só o tomaram pelo próprio Deus depois do sacrifício do Gólgota, depois do seu reaparecimento chamado “ressurreição” e pela lembrança dos atos que praticara e que todos chamavam de “milagres”. Dar-lhes a conhecer os segredos do além seria atraí-los a um terreno perigoso. Ainda não estavam fortes para se preservarem do perigo das relações com o mundo invisível para receberem e aceitarem a Lei da Reencarnação, com seus princípios e suas conseqüências. Por tanto tempo tinham tremido sob o bastão de ferro de Moisés, na linha do olho por olho, dente por dente, que não entenderiam o Deus de Amor. Ou então, fiados no perdão eterno do Pai de infinita misericórdia, nenhum esforço tentariam mais no sentido do progresso. O Espírito Redentor, portanto, não lhes falaria aos sentidos. Profundamente materiais, eles precisavam da matéria idealizada, que os preparasse para a

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compreensão da vida espiritual. Entendidas estas palavras, já vos podemos falar: o tempo – cerca de vinte séculos – e as reencarnações sucessivas, trazendo consigo a expiação, a reparação, a depuração – vos prepararam para o entendimento das coisas espirituais. À matéria – a letra; à inteligência – o espírito. Chegaram os tempos de ser totalmente revelada a origem espiritual de Jesus. A letra já deu seus frutos, agora mata; soou a hora do espírito, que vivifica. O aparecimento de Jesus entre os homens não foi um fato aberrante das leis da natureza. Há, como sabeis, mundos inferiores e mundos superiores. Quanto mais o Espírito se depura, tanto mais se afasta dos instintos materiais. Quanto mais perto se encontra das encarnações primitivas, tanto mais se entrega às necessidades que o aproximam do animal. O mesmo se dá com todas as necessidades da existência material, que se diversificam e vão desaparecendo à medida que o Espírito se depura. À proporção que sobe na escala dos mundos, mais as leis da carne e, portanto, os meios de reprodução se aperfeiçoam e espiritualizam. A UNIÃO DA MATÉRIA PARA FORMAR A MATÉRIA é uma das condições inerentes à vossa inferioridade e só existe nos mundos materiais como a Terra. Já nos mundos superiores, sufIcientemente elevados, A VONTADE CONSTITUI A BASE DA LEI DE REPRODUÇÃO. A vontade é que a provoca, operando – sob a ação magnética – a reunião dos fluidos adequados no seio da família onde esta vontade se manifesta. Em tais mundos, o Espírito surge por ENCARNAÇÃO FLUÍDICA, isto é, por incorporação. Ao chegar ao planeta, encontra os fluidos necessários à sua incorporação e, por isso mesmo, a executa com o auxílio daqueles fluidos, na família que o vai receber e tutelar. A vontade (ou desejo dos pais) o chama, e essa mesma vontade exerce atração sobre os fluidos que, associando-se ao perispírito, e sendo por este assimilados, compõem – de acordo com as leis do vosso planeta – UM CORPO RELATIVAMENTE SEMELHANTE AO VOSSO. Os laços que ligam os pais aos filhos são mais fortes do que entre vós, e não são suscetíveis – como no vosso mundo – de se desfazerem ou afrouxarem, por isso que os pais e filhos compreendem toda a extensão deles. Nesses mundos elevados não há macho e fêmea, no sentido que dais a estas palavras . Os instintos experimentam algumas variações, mas nada tem de comum com os vossos sentidos materiais. É difícil (e mesmo inútil, agora) dar-vos explicações que não podereis apreender. Sabei, unicamente, que há diferença de sexos, sob o ponto de vista moral e fluídico. Essa diferença provém da que existe na natureza e na propriedade dos fluidos, assim como no emprego que se lhes dá, no estado de encarnação ou incorporação. Sabei, também, que o moral e o físico sempre estão ligados um ao outro em todas as esferas, e que os fluidos servem para exprimir os sentimentos e as faculdades do Espírito. Disso, tendes aí um exemplo, ainda que muito material: o Espírito que encarna sobre a influência da matéria. Que é a matéria? Fluidos espessados e solidificados, do mesmo modo que o gelo dos rios é uma concentração do leve vapor que deles se desprende sob a ação dos raios solares. Nos mundos superiores, o amor (que os homens tanto profanam) existe em grande desenvolvimento, mas sempre em condições de pureza. Quanto mais o Espírito se eleva, tanto mais viva se lhe desenha na memória a miragem do passado.

JESUS, O CRISTO – IV

P – a REVISÃO GERAL DOS ENSINAMENTOS DOS espíritos Era uma necessidade inadiável para eliminar as infiltrações mediúnicas nos escritos de Kardec e Roustaing. Que diz o CEU sobre o corpo de Jesus?

R – Somente o Espírito Puro, não mais sujeito a encarnação alguma em qualquer planeta, por já haver atingido a perfeição sideral, dispõe de TODOS OS FLUIDOS; como possuidor que é de uma ciência completa, goza de inteira liberdade e independência; e tem a consciência exata da sua origem, seja qual for o perispírito que tome e assimile às regiões que deseje percorrer. Esse perispírito ou corpo fluídico, apropriado ao planeta, ele o toma, deixa e retoma, conservando-lhes os princípios constitutivos sempre prontos a se separarem ou reunirem, POR EFEITO DA SUA BOA VONTADE, SEGUNDO AS CONDIÇÕES E NECESSIDADES DA MISSÃO SUPERIOR QUE LHES CAIBA DESEMPENHAR. Lembrai-vos destas palavras de Jesus, aludindo, antes e depois do sacrifício do Gólgota, à sua missão terrena e a esse mesmo sacrifício, caracterizando o corpo que Ele revestia e que constituía sua vida aos olhos dos homens: “DEIXO A VIDA PARA A RETOMAR. NINGUÉM ME TIRA A VIDA; SOU EU QUE POR MIM MESMO A DEIXO. TENHO O PODER DE A DEIXAR E

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TENHO O PODER DE A RETOMAR” (João, X: 18). Jesus pôde, inicialmente, por ato exclusivo da sua Boa Vontade, atraindo a si os necessários fluidos ambientes, constituir o perispírito ou corpo fluídico tangível que vestiu, para surgir no vosso mundo sob o aspecto de uma criancinha. Maria também, antes da sua encarnação, por devotamento e por amor, pedira a graça de participar da Obra de Jesus, atraindo os fluidos necessários à formação daquele perispírito. Dessa maneira tinha de se verificar a sua cooperação, MAS DE FORMA PARA ELA INCONSCIENTE, porque o estado de encarnação humana a impedia de se lembrar. Assim, ao se aproximar o momento final da sua gravidez aos olhos dos homens, ela – inconscientemente, mas ardendo no desejo de cumprir a missão que o Senhor lhe revelara por intermédio do Anjo – estabeleceu pela emanação dos fluidos do seu perispírito uma irradiação apta a atrair os fluidos necessários a formação do corpo de Jesus. Nenhum efeito, entretanto, teria produzido a ação inconsciente da Virgem, sem a intenção daquele que ia descer ao vosso mundo. Jesus constituiu, portanto, pela ação poderosa da sua Boa Vontade, o perispírito tangível, e quase material, tendo em vista o planeta em que habitais, um corpo relativamente semelhante ao vosso. Falando desse invólucro fluídico (a que chamamos para sermos compreendido pelo vosso entendimento humano) perispírito tangível, acrescentamos: e quase material. Sim, era quase material no sentido de que Jesus assimilara, para formá-lo, os fluidos ambientes que servem à formação dos vossos seres. Não esqueçais que o Espírito apropria seu perispírito às regiões que percorre; que a Terra é um dos mundos inferiores e, por conseguinte, os elementos de tangibilidade aí podem reunir-se tanto mais facilmente quanto mais poderosa seja a força desse Espírito. A CIÊNCIA HUMANA ACHA CÔMODO RIR, TODA VEZ QUE É INCAPAZ DE COMPREENDER. Sim, o perispírito do homem, sobretudo no estado de tangibilidade, é semi-material. Já encontrou a ciência, porventura, meios de comparar o ambiente que vos envolve com os dos outros planetas? Acaso já pode o sábio descer aos planetas inferiores, para sentir que o ar que os cerca o sufocaria pelo seu peso, lhe toldaria a vista pela sua espessura e lhe pareceria um véu estendido por sobre tudo o que em torno dele se encontrasse? Já subiu aos mundos dos superiores a fim de sentir a vertigem que lhe causaria a sutileza do ar? Já sentiu seus olhos se dilatarem, com o auxílio das camadas de ar superpostas e, varando distâncias para ele incomensuráveis, ir sua vista perceber objetos em dimensões tais que os vossos telescópios não conseguem divisar? Qual a razão dessas diferenças? É que as camadas de fluidos são apropriadas às vossas necessidades. Vós o sabeis e dizeis, mas não compreendeis as causas e não procurais compreender os efeitos. O perispírito humano, como perispírito tangível, com relação a vós, é semi-material, assim como o vapor é semi-líquido e a fumaça é semi-área. Relativamente à natureza que vos é peculiar, o corpo dos habitantes dos mundos superiores, bem como o perispírito humano do vosso planeta, É UM CORPO FLUÍDICO; mas, quando vos é dado vê-lo, tem toda a aparência de material. O corpo perispirítico de Jesus era mais material que o corpo perispirítico do Espírito Superior, não podendo, entretanto, ser estabelecida a respeito nenhuma comparação. MAIOR AINDA ERA A DIFERENÇA ENTRE ESSE CORPO DE JESUS E OS VOSSOS CORPOS DE LAMA. Aquele participava em grande escala do corpo do homem nos mundos superiores, pois se compunha dos mesmos elementos, mas já modificado, solidificado por meio dos fluidos humanos ou animalizados, de modo a se manter, segundo a Boa Vontade do Mestre e as necessidades da sua missão terrena, visível e tangível para os homens, como todas as humanas aparências do vosso planeta. Que o homem não se insurja contra essa possibilidade, pelo fato de ainda não poder explicar UMA COMPOSIÇÃO QUE SE EFETUA FORA DAS LEIS MATERIAIS DA SUA NATUREZA. Não vos diremos: “Tudo é possível a Deus”, como os que, por essas palavras, procuram explicar o que não compreendem. Ao contrário, nós vos dizemos: O QUE O HOMEM, NA SUA IGNORÂNCIA, CONSIDERA UMA DERROGAÇÃO DAS LEIS IMUTÁVEIS NÃO É, SEQUER, UM DESLOCAMENTO DAS LEIS UNIVERSAIS: É, SIM, UMA APLICAÇÃO DELAS. Quando o sábio vencer as dificuldades que o impedem de conhecer o espaço, quando tiver chegado a decompor as camadas de ar superpostas nas alturas, quando compreender as PROPRIEDADES E EFEITOS DOS FLUÍDOS, o uso que deles pode fazer – então verá que O QUE HOJE PROVOCA A ZOMBARIA DA IGNORÂNCIA E DA INCREDULIDADE SE TORNARÁ UM FATO PATENTE, analisado, decomposto e comprovado pela ciência, ADMIRADA DE QUE TÃO PODEROSOS AGENTES NÃO TENHAM ESTADO SEMPRE SUBMETIDOS AO SEU IMPÉRIO, COMO SE ADMIRA DE NÃO TER EMPREGADO SEMPRE A ELETRICIDADE,CUJOS EFEITOS VISÍVEIS ADMITE, MAS CUJAS CAUSAS NÃO DETERMINOU.

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JESUS, O CRISTO – V

P – Apreciamos bastante a explicação do Espírito da Verdade sobre a natureza do corpo de Jesus. Sinceramente, gostaríamos de que o CEU da LBV nos desse mais ensinamentos a respeito. É possível?

R – Tal pedido vem ao encontro do nosso desejo de libertar o povo pelo conhecimento da Verdade. É chegada a hora de unificar as Revelações Divinas, trazidas à Terra pelo Cristo, pelo poder da sua Boa Vontade. Ora, para conhecer essas Quatro Revelações, tende de partir do conhecimento do próprio Jesus.Por isso, insistimos: o que o homem considera uma derrogação das leis imutáveis da natureza não chega, mesmo, a ser uma deslocação das leis universais; ao contrário, É UMA APLICAÇÃO DESSAS LEIS.Não acrediteis seja impossível a produção, no vosso planeta, de efeitos semelhantes aos que são próprios dos planetas superiores, atendendo a que tais efeitos, todos subordinados aos mesmos princípios, se encontram modificados de acordo com a esfera em que se produzem. Certamente as encarnações fluídicas idênticas às que se verificam em mundos superiores, como Júpiter, seriam uma deslocação das leis estabelecidas, e nada há que jamais derrogue essas leis. Mas, uma tal encarnação modificada pela aplicação dos fluidos terrenos, se torna uma aproximação, um laço entre os dois graus da escala. Repetimos: não é derrogação, é uma adaptação. Entramos nessa minúcias para suprimir qualquer escrúpulo e afastar todas as duvidas. Não censuramos a desconfiança que possam inspirar estas palavras, tão nova para o homem: queremos, apenas tranqüilizar aqueles a quem elas possam inquietar. Assim, compreendei-o bem: houve modificação. Os fluidos, que servem para a encarnação nos mundos superiores e que VOS SÃO INVISÍVEIS, foram materializados, tornados opacos às vossas vistas, pela associação dos fluidos animalizados que vos cercam, isto é, dos vossos fluidos ambientes a formação dos seres terrenos. Houve, portanto, APROPRIAÇÃO DOS FLUÍDOS SUPERIORES ao planeta inferior que ocupais. Que há nisto que possa causar estranheza, quando admitis os fatos de tangibilidade acidental, ocorridos em todas as épocas do vosso planeta, e que ainda se produzem aos vossos olhos com todas as aparências de forma corporal humana, e – em casos raros, mas comprovados – com as aparências de vida e de palavras humanas? Ora, se os Espíritos da vossa categoria podem operar esta combinação fluídica, onde a impossibilidade de ser ela realizada, com mais latitude, pela vontade poderosa de um Espírito Superior? Imaginais que sejamos sensíveis à duração do tempo, que com tanto esforço apreciais, ou que contamos as horas da Eternidade como contais os segundos da vossa existência? Por que a Jesus, Espírito Perfeito, que conhece na imensidade todos os fluidos, todas as suas combinações e transformações, todos os modos de emprega-los, todos os segredos da vida e da harmonia dos mundos, tanto nos mais elevados quanto nos inferiores como o vosso; que conhece a formação, a produção, a manifestação a priori de todos os seres em todas as moradas do Pai, seria impossível materializar, pela associação e apropriação dos fluidos ambientes, que servem para a formação dos seres terrenos, os fluidos perispiríticos dos mundos superiores, e compor desse modo, para o desempenho da sua missão na Terra, UM CORPO FLUÍDICO TANGÍVEL, com as faculdades aparentes do homem, as fases aparentes do seu desenvolvimento? Sabei que este fato, único até hoje nos anais do vosso planeta, DE NOVO SE PRODUZIRÁ, QUANDO A HORA FOR CHEGADA!

JESUS, O CRISTO – VI

P – A notícia, verdadeira Boa Nova, que nos deu o Espírito da Verdade, ao falar do corpo fluídico tangível de Jesus, deixou-nos eletrizados: “Sabei que este fato, único até hoje nos anais do vosso planeta, DE NOVO SE PRODUZIRÁ, QUANDO A HORA FOR CHEGADA!” Segundo a orientação do CEU da LBV, é a confirmação da volta do Mestre?

R – Sim, confirmamos. Então, Jesus será compreendido pelos homens que, pelo progresso físico, moral e intelectual, realizado sob os auspícios e a prática do Bem, com desinteresse e humildade, terão aprofundado suficientemente as ciências, e avançado no conhecimento das leis eternas, pelo estudo da Verdade. É novo, para eles, este ponto de vista, mas precisa NÃO

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CONTINUAR OGNORANDO pois que – pelo trabalho que vos levamos a empreender – ele conduzirá os homens à unidade das crenças. Não sois os únicos a encarar o Cristo por este aspecto. Momento virá em que, conhecida esta obra, todos os Espíritos – que não ousam divulgar a IDÉIA NOVO – virão juntar-se a vós e confirmar estes ensinos, apoiados nas Revelações que já tiveram. Há quase vinte séculos, falou-se, é certo, A CRIANÇAS MENTAIS. Julgais, porém, que chegastes à maturidade, pobres filósofos, cuja sabedoria consiste em solapar um edifício que sois incapazes de reparar e que não basta às necessidades da vossa época? Não, Jesus não nasceu de ventre de mulher. A matéria perecível não entrou, por coisa alguma, no conjunto das suas perfeições. Que os que têm ouvidos de ouvir – ouçam; que os que se limitam a negar – procurem compreender. Jesus, Espírito Perfeito, que nunca faliu, pertence ao pequeno número daqueles que trabalharam incessantemente por progredir, sem se desviarem do caminho reto, que seus Guias lhe mostraram, e que assim atingiram a perfeição, Jesus, cuja grandeza se perde na Eternidade, Protetor e Governador do planeta em que cresceis e enfrentais as vossas provas, tendo presidido a sua formação, desceu à Terra para vos dar o Novo Mandamento com o seu exemplo de AMOR. Mas, não o esqueçais: todo aquele que reveste a carne e sofre, como vós a encarnação material humana – é falível. JESUS ERA DEMASIADAMENTE PURO PARA VESTIR A ROUPA DO CULPADO. Sua natureza espiritual era incompatível com a encarnação material, como a sofreis. Ele não esperou, sepultando no seio de uma virgem, a hora do nascimento. Tudo, como vos explicaremos – como obra do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos do Senhor, foi aparência, imagem, no “nascimento” do Mestre, na “gravidez” e no “parto” de Maria. A presença de Jesus na Terra foi uma aparição espiritual tangível: o Espírito – segundo as leis naturais que vos acabamos de explicar – tomou todas as aparências do corpo. O perispírito, que o envolvia, foi feito mais tangível, de modo a produzir a impressão perfeita, na medida do que o reclamavam as necessidades, MAS JESUS ERA SEMPRE ESPÍRITO. Notai que contrariamente a todas as leis a que se acha submetido o Espírito encarnado, ele tinha consciência exata da sua origem e a certeza do seu futuro. Isto, por si só, basta para fazer-vos entender que seu Espírito não fora submetido às leis da encarnação, tal como vós a suportais. ELE NÃO ESTAVA SUJEITO A NENHUMA DAS NECESSIDADES DA EXISTÊNCIA MATERIAL HUMANA. Só na aparência, exteriormente, para exemplo, as experimentava, como vos explicaremos quando chegar o momento de falarmos da figura emblemática do Jejum e da Transfiguração. Conforme também vos diremos, nessa passagem, a natureza do corpo que Jesus tomou não foi mais que um espécime precoce do organismo humano, tal como será daqui a muitos séculos, em certos centros do vosso planeta, e tal como é em planetas mais elevados – mas sem ação da vontade, para decompor ou reconstituir o perispírito tangível ou corpo de natureza perispirítica: ESSE PODER SÓ O TEM O ESPÍRITO PURO. Deixai que os materialistas envolvam o Mestre numa veste de carne igual a vossa. Por mais que façam, não conseguirão nunca iguala-lo, nesta desgraçada era apocalíptica. Deixai, também, que os deístas recusem a divindade a Jesus: eles se aproximam de vós. Sim, é tempo de ser arvorado o estandarte da Verdade e da fé simples, raciocinante, racional. Sim, Deus é a única potência criadora que reina sobre todos os universos. Deus é o único principio, mas não divisível; cria, mas nunca pela divisão da sua essência. DEUS É UNO. Jesus, a uem podeis e deveis chamar seu filho bem-amado; de quem podeis e deveis dizer NOSSO DIVINO MODELO – DIVINO POR SER O ÓRGÃO DO SENHOR TODO-PODEROSO e estar em relação direta com ELE – Jesus é a maior essência depois de Deus, mas não é a única essência espiritual dessa grandeza. Cada planeta tem o seu Espírito Fundador, Protetor e Governador infalível, por se achar constantemente em relação direta com Deus, recebendo diretamente a inspiração divina, e que nunca faliu. Explicaremos, mais tarde, o sentido e o alcance destas últimas palavras. Nenhum de vós, nenhum de nós que vos dirigimos na vossa marcha, pode dizer que jamais faliu; mas todos podemos alimentar a esperança de poder participar da pureza de Jesus e da sua felicidade, pela nossa perseverança na prática do Bem e no estudo constante das Verdades Eternas. Nosso Pai é justo e bom; todos nós somos filhos pródigos; voltemos à casa paterna. Apressemo-nos, apressemo-nos, irmãos bem-amados: o Divino Modelo reacende sua Luz, que os vapores deletérios do vosso mundo tinham ensombrado. Ele arde com mais vivo brilho. Fixai nele os olhos. Acelerai o passo, que já se faz tarde. Vosso PAI está no limiar, esperando a todos vós de braços abertos.

Mateus, Marcos, Lucas e João, assistidos pelos Apóstolos.

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JESUS, O CRISTO – VII

P – Na transmissão anterior da Doutrina do CEU da LBV, despertou nossa atenção este trecho: “Deixai que os materialistas envolvam o Mestre numa veste de carne igual à vossa; por mais que façam, não conseguirão nunca igualá-lo nesta desgraçada era apocalíptica”. Quais o sentido e o alcance destas últimas palavras?

R – Não há, nem haverá, por longo tempo ainda, um homem que possa viver a vida de Jesus. Tendes muitíssimo que fazer, para chegar lá, principalmente neste fim de ciclo. Podeis, entretanto, aproximar-vos dele. O homem de vosso planeta e todos os Espíritos, sejam quais forem – quer habitem os mundos inferiores para um fim de provação ou de expiação, ou ainda para o desempenho de suas missões, quer tenham alcançado os mundos superiores – participarão, já o dissemos e repetimos, da pureza de Jesus e da sua felicidade. Mas em que condições e por quais caminhos? Só mesmo adquirindo a perfeição, pela constante prática do AMOR que, através de todos os séculos, em todos os tempos da eternidade, é a fonte e o meio de todos os progressos: dá acesso à todas as ciências e conduz a Deus.

P – Nestas frases: “Deus é a única potencia criadora, que reina sobre todos os universos, é o único princípio universal, mas não divisível; cria, mas não pela divisão da sua essência” , que sentido se deve dar às seguintes palavras: “não divisível”, “não pela divisão da sua essência”?

R – Elas encerram a resposta ao dogma das três pessoas, mantido até hoje pela Igreja.

P – Estas palavras do Anjo (v. 28): “O Senhor está contigo, és bendita entre todas as mulheres”, tomadas ao pé da letra e confrontadas com os vs. 31, 32, 33, 34, 35 e 38, justificam a divindade atribuída a Jesus por efeito da encarnação do próprio Deus no seio de Maria?

R – O homem, como sempre, materializa tudo o que suas mãos tocam. Tirar semelhantes conclusões não é aviltar a divindade? O Senhor estava com Maria, mulher entre todas bendita, por ser ela, entre todas, Espírito muito puro no desempenho da sua missão na Terra. Eis tudo.

P – Qual, despojado da letra que mata, o espírito que vivifica, a significação destas palavras do Anjo à Virgem Maria (v. 30): “caíste em graça perante Deus”?

R – Estás em graça (ou caíste em graça) quer significar apenas o seguinte: – Obtiveste de Deus a missão que pediste.

P – Qual o motivo destas palavras do Anjo à Virgem (v. 31): “É assim que conceberás em teu seio e que de ti nascerá um filho, ao qual darás o nome de Jesus”, nunciativas de uma concepção material humana no ventre de uma virgem, contrariamente às leis imutáveis de reprodução do nosso planeta, com derrogação dessas leis, quando é certo que a vontade imutável de Deus jamais derroga as leis da Natureza, por Ele estabelecidas de toda a eternidade, dando isso causa a que aquela concepção fosse pelos homens considerada sobrenatural, miraculosa, divina, como obra do Espírito Santo?

R – Não era ainda conveniente que os homens erguessem o véu que lhes ocultava os segredos de além-túmulo. Convinha que acreditassem na matéria sensível e impressionável, NA DOR FÍSICA, para darem valor ao sacrifício. E também convinha, já o dissemos e repetimos, que acreditassem na origem divina de Jesus, exatamente para que se curvassem ao seu jugo, para que a missão do Mestre fosse aceita e suas leis obedecidas.

P – Qual a razão destas outras palavras do Anjo à Virgem Maria (v. 32): “O Senhor Deus lhe dará o trono de David, seu pai” e “ele reinará eternamente sobre a casa de Jacob”?

R – Era necessário um fio que ligasse as promessas do Antigo Testamento – as interpretações que lhe tinham sido dadas às necessidades do momento – às promessas feitas para o futuro. Constituiu esse fio o aparente parentesco, por descendência de tribo. Eis por que José encarnou

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na tribo de David e não em outra. Tudo é concatenado nos desígnios do Senhor e nos acontecimentos sucessivos, que preparam e efetuam, em cada transição, o vosso progresso e a obra da regeneração humana.

P – Qual, tirado da letra o espírito, o significado destas palavras (v. 33): “E o seu reino não terá fim”?

R – Não terá fim porque o vosso Salvador vos há de levar à perfeição. Não é Jesus o emblema da perfeição? E o seu reino não estará eternamente firmado quando a houverdes atingido? Sem dúvida, seu reino não terá fim.

JESUS, O CRISTO – VIII

P – Em face destas palavras de Maria (v. 34): “Como sucederá isso, se não conheço varão?”, qual a significação da resposta do Anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti”?

R – O Espírito Superior anunciava assim à Virgem que seus olhos se abririam, que ela iria compreender um “mistério” que lhe parecia, então, impenetrável. Efetivamente, mais tarde, a tempo e hora, Maria – a exemplo dos homens e sob a inspiração dos Espíritos do Senhor – atribuiu à ação divina, como convinha que o fizesse, aquela que lhe fora anunciada, tendo em vista as palavras do Anjo a José: “Aquele que nela se gerou foi formado pelo Espírito Santo”. Ela, então, percebeu a missão especial que Jesus viera desempenhar: lembrou-se.

P – “E a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”. Qual é a significação das palavras do Anjo e como podia tal sombra fazer que Maria concebesse e desse à luz um filho?

R – A interpretação foi feita falsamente, de um ponto de vista material. Com aquelas palavras, o Espírito (ou Anjo) tinha por fim tranqüilizar Maria que, na sua condição humana, se atemorizava ante a idéia de ficar sua vida maculada por uma concepção ilegal aos dos homens.

P – E como devemos entender as palavras: “Eis por que aquele, que de ti há de nascer, será chamado o FILHO DE DEUS”?

R – Elas confirmam o que acabamos de dizer. Aquele que de ti há de nascer (por obra do Espírito Santo) será chamado O FILHO DE DEUS. Esse título, segundo o espírito que vivifica, só se aplica a Jesus em consideração à sua pureza. Mas todos vós podeis conquista-lo. É o que foi dito a João na Ilha de Patmos: “Disse-me ainda: – Tudo está feito. Eu sou o A e o Z, o princípio e o fim. A quem tem sede EU darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, EU serei seu Deus e ele será meu filho” (Apocalipse, XXI: 6-7). Do ponto de vista humano, o exemplo de Jesus serviria para que os homens se elevassem a seus próprios olhos e COMPREENDESSEM O AMOR DE DEUS. Não havendo divindade a que não se oferecessem sacrifícios sangrentos, qual não deveria ser, aos olhos dos homens, a grandeza de Deus, qual não se contentava senão com o holocausto do seu filho bem-amado e único (relativamente a vós outros), a qual não deveria ser, aos olhos de Deus, o valor dos homens, uma vez que, para os resgatar, era indispensável tamanho sacrifício?!... Homens, não esqueçais (dissemos e repetimos) que éreis criancinhas e quase ainda o sois; que a cada época se deve falar a linguagem conveniente, para ser compreendido e, sobretudo, escutado. Não vos deixeis levar pelos filósofos sem filosofia, que – não compreendendo os meios transitórios e necessários da Revelação, empregados para a efetivação do vosso progresso – negam a realidade e o objetivo das manifestações dos Espíritos do Senhor. Estas manifestações, sempre em obediência à vontade do Altíssimo se produzem para a vossa regeneração. Os Espíritos são instrumentos: preparam o caminho sem o saberem e, muitas vezes, sem o quererem. A entrada estava impedida: eles removeram os materiais que a obstruíam. Nós ergueremos o Edifício que o homem não tentará destruir, porque nele encontrará a paz, a esperança, a felicidade.

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P – Qual o significado das seguintes palavras que o Anjo dirigiu à Virgem Maria (v. 37): “E nada será impossível a Deus”?

R – Refere-se, do ponto de vista do mundo espiritual, à manifestação, ao aparecimento de Jesus na Terra com um corpo fluídico; do ponto de vista de Maria, explica o que ela considerava um “milagre”, isto é, um fato impossível.

JESUS, O CRISTO – IX

P – A resposta do Anjo (ou Espírito) a Maria Santíssima (v. 37) merece uma explicação geral para todos os filiados e simpatizantes do CEU da LBV, diante do seu caráter anti-sectário. Como todos devem entender estas palavras humanas, tantas vezes repetidas: “A Deus nada é impossível”?

R – Deus, só e único principio universal, só e única potência criadora, na imensidade, no infinito, é imutável e eterno. Tudo Ele previu, tudo quis e tudo regulou desde toda a eternidade. Assim, tudo emana da sua Boa Vontade, e NADA SE REALIZA SEM A SUA PERMISSÃO. Sabei, de uma vez por todas, que não há “acaso” nem há “milagre”. Para o Todo-poderoso, as palavras acaso e milagre não têm sentido. Deveis considera-las, apenas, como exprimindo a ignorância dos homens quanto as verdadeiras causas dos fenômenos e dos fatos, devidos sempre a uma aplicação das leis universais, naturais e imutáveis, à ação dessas leis ou à apropriação delas aos diversos planetas, sob a direção permanente do Espírito. As palavras humanas possível e impossível são, igualmente, como estas outras – tempo, duração, espaço – desprovidas para Deus de qualquer significação. Elas só têm sentido para as criaturas na vida e harmonia universais, por causa e em conseqüência da ignorância e da incapacidade dos Espíritos encarnados, ignorância e incapacidade resultantes da carência, neles, de elevação moral e intelectual, de conhecimento cientifico das leis do universo, dos poderes de Deus, ACIMA DE TODO O ENTENDIMENTO DA CIÊNCIA MATERIALISTA. Nada há contingente, nem facultativo, sob a ação espiritual com relação ao que é físico. Os efeitos são todos os mesmos, e se sucedem regularmente. TUDO É IMUTÁVEL NA NATUREZA, só que nem tudo está ao vosso alcance: se a vossa inteligência, como à vossa vista, causam espanto muitos dos efeitos que uma ou outra percebem, é simplesmente por lhes serem novos esses efeitos. Todos eles, porém, estão na ordem da natureza. Vós é que não estais ainda, em estado de os apreender. Somente o que é moral e intelectual é contingente e facultativo, sob a ação espiritual e por ato do livre arbítrio dos Espíritos reencarnados, mas sempre nos limites das provações por que devam passar, a título de expiação. O Espírito, porém, reencarnado ou errante, nada pode fazer nem reproduzir senão pela simples aplicação das leis universais, naturais e imutáveis, ou pela, apropriação delas ao meio onde os efeitos se operam. Unicamente nos limites e sob a ação de tais leis é que entre vós e em conseqüência da vossa ignorância, tomam o nome de “milagres” as suas aparentes derrogações que, entretanto, não passam de aplicações, DESCONHECIDAS PARA OS HOMENS, INCLUSIVE OS CIENTISTAS, das mesmas leis, de efeitos dessas aplicações, tais leis ao vosso planeta, NÃO HÁ NADA SOBRENATURAL. Tudo emana, por toda parte e sempre, da Boa Vontade Imutável de Deus, conforme às leis universais inalteráveis, por Ele mesmo estabelecidas desde toda a eternidade e que desse modo participam da sua essência mesma.

JESUS, O CRISTO – X

P – Hoje, devido à pregação da LBV, sabemos que se completam o Evangelho e o Apocalipse: quem não sabe Apocalipse já não pode afirmar que sabe Evangelho. Esta é, a nosso ver, a grande vantagem da UNIFICAÇÃO DAS QUATRO REVELAÇÕES DO CRISTO DE DEUS. Como o CEU interpreta os versículos 39 a 45, Capitulo Primeiro, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Trata-se da visita de Maria a Isabel:

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39 – Ora, por aqueles dias, Maria, levantando-se, tomou apressadamente a direção das montanhas, indo a uma cidade de Judá. 40 – E, entrando na casa de Zacarias, saudou Isabel. 41 – Sucedeu que, a ouvir Isabel a saudação de Maria, menino lhe saltou n ventre, e ela ficou cheia d Espírito Santo. 42 – Exclamou, então, em alta voz: “És bendita entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. 43 – E de onde me vem a dita de ser visitada pela mãe do meu Senhor? 44 – Sim, porque – mal me chegaram aos ouvidos as palavras com que me saudaste – meu filho saltou de alegria dentro de mim. 45 – Bem-aventurada tu, que acreditaste, porque o que te foi dito, da parte do Senhor, se cumprirá”.

O Espírito de Jesus estava ao lado de Maria, em casa de Isabel. Ele a acompanhava, então, como fazem os vossos Anjos da Guarda. O Espírito de João não precisou ver chegar Jesus, porque também estava lá. Era livre: os penosos preliminares da encarnação, como já dissemos, não o afetavam. Nenhuma perturbação experimentava, e não perdeu a consciência de si mesmo e da sua origem, senão um momento antes de nascer. Não tendo de suportar as angústias da encarnação, a relação entre João-Espírito e o feto se estabeleceu desde a concepção de Isabel. A ação do Espírito se podia fazer sentir, quando fosse preciso, para dar novo testemunho dos fatos. O ato que produziu o estremecimento, no ventre de Isabel, visava a aumentar o número das provas do fato anunciado. As palavras que ela dirigiu à Virgem foram um efeito mediúnico, fruto da ação ou inspiração dos Espíritos do Senhor. Isabel as pronunciou como médium inspirado e, por isso, cheia do Espírito Santo. Dizendo “bendito é o fruto do teu ventre”, falava a Maria em termos que ambas pudessem compreender. Exprimiu-se desse modo, sob a inspiração do Alto, de acordo com a crença que as duas, e depois todos, haviam de partilhar. Crença que se tornaria e – POR EFEITO DA REVELAÇÃO APROPRIADA AO ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS E ÀS NECESSIDADES DA ÉPOCA – se tornou comum, vulgar, destinada a subsistir até ao dia em que, com o advento do Espírito da Verdade, se verificasse a exatidão destas palavras: a letra mata, o espírito vivifica. É o que acontece aos vossos olhos, uma vez explicado, em Espírito e Verdade, o que da parte do Senhor fora dito à Virgem Maria. Crede, os tempos chegaram e tudo será restaurado pela Boa Vontade do Cristo, à luz do seu Novo Mandamento.

JESUS, O CRISTO – XI

P – Estamos atentos à advertência da LBV: a Unificação das Quatro Revelações é do próprio Jesus, e só poderá ser julgada após a última linha da interpretação do Apocalipse. O Unificador é o Cristo! Quatro são os Evangelhos, Quatro são as Revelações! Como explica o CEU os versículos 46 a 56, Capitulo Primeiro, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Contém o cântico da Virgem:

46 – Disse, então, Maria: “Minha alma glorifica o Senhor, 47 – e meu Espírito se alegra em Deus, meu Salvador. 48 – Pois Ele deu atenção à humanidade da sua serva e, daqui por diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 – porquanto grandes coisas me fez o Todo-Poderoso, cujo o nome é Santo, 50 – e cuja misericórdia se espalha, de idade em idade, sobre aqueles que o amam. 51 – Manifestou a força do seu braço; dispersou os que se elevaram, cheios de orgulho, nos seus pensamentos íntimos; derrubou de seus tronos os poderosos e elevou os humildes; 53 – cumulou de bens os que estavam famintos e despediu os ricos de mãos vazias; 54 – recebeu Israel como seu servo, lembrando-se da sua misericórdia, 55 – conforme disse aos nossos pais, a Abraão e a sua posteridade na sucessão dos séculos”. 56 – Maria ficou em companhia de Isabel cerca de três meses; depois regressou à sua casa.

Versículos 46, 47, 48: – Não há, aqui, o que explicar. É um transporte de reconhecimento e de amor, que deveis imitar. Vs. 49 e 50: – Podeis aplicar as palavras destes versículos ao tempo em que viveis, no esplendor do Espírito da Verdade, selando a regeneração da Humanidade. Glorificai o Senhor, que vos envia seus Bons Espíritos, que espargem por toda parte sua luz suave e pura. Glorificai o Senhor, que por vós faz grandes coisas e neutraliza os desígnios dos maus. Ele detém a corrupção que vos ameaça destruir, e ainda vos dá o bálsamo que cura todas as feridas. Agradecei, glorificando o Senhor, as bênçãos da sua misericórdia e do seu infinito amor. Vs. 52, 53, 54, 55: –

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Ainda por amor de vós, o Senhor mostra o seu poder, servindo-se de instrumentos bem fracos apara abater os muito poderosos. Glorificai o Senhor, porque vai terminar o reinado do orgulho e da maldade. Sim, os médiuns são os instrumentos de que se valem os Espíritos Superiores para rebaixar o egoísmo, a ambição, a cupidez e a tirania. Israel é uma palavra simbólica: DESIGNA, ESPIRITUALMENTE, TODA A HUMANIDADE TERRESTRE. Os homens são UM aos olhos do Senhor. Para Ele não há povos nem nacionalidades. Deus sempre usa de misericórdia para com aqueles que o amam e cumprem seus Mandamentos. Sua mão potente destrói, porém, os orgulhosos romanos, que pretendam levantar muito alto “a fronte altiva”. Dá o pão à criancinha que o pede com o coração cheio de humildade; mas despoja o orgulhoso que só confia nas suas riquezas. Ele é o apoio dos bons, mas é o terror dos maus. Glorificai o Senhor Onipotente!

P – Estes termos do versículo 50: “Sua misericórdia se espalha, de idade em idade, sobre aqueles que o amam”, encerram no seu sentido, então oculto para todos, mas que a Terceira Revelação veio por a descoberto, uma referência a reencarnação, lei imutável da Natureza e que é a expressão sublime da justiça de Deus?

R – Sim, mas também se referem ao Mandamento que diz (Êxodo, XXVIII: 5-6): “Puno a iniqüidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem; uso de misericórdia, em mil gerações, para com aqueles que me amam e guardam os meus Mandamentos”. O pensamento é o mesmo: a mão do Senhor pesa sobre o homem, através das gerações, por meio da Grande Lei da Reencarnação, visando ao seu progresso, ao seu aperfeiçoamento moral, mediante a expiação e a reparação, até que ele se tenha despojado de todas as suas impurezas. O homem, na sua cegueira espiritual, entendeu que Deus feria os pais nos filhos. Assim era somente na aparência. A letra dessa linguagem convinha aos Hebreus, que só pelo terror podiam ser governados. Mas o conhecimento do DEUS DE AMOR mostrava não ser mais, embora o homem não procurasse compreender o desacordo que havia entre a Justiça e a vingança. A letra era para os povos primitivos; estamos agora na era do espírito.

NASCIMENTO DE JOÃO

P – Em nosso posto familiar, que é a Igreja do Novo Mandamento em casa, estamos fazendo reuniões à luz do Evangelho explicado pelo Espírito da Verdade. Como é que o CEU da LBV explica os versículos 57 a 66, Capitulo Primeiro, do Evangelho segundo Lucas?

R – Vamos ler o trecho citado:

57 – Cumpriu-se o tempo de Isabel das à luz, e ala teve um filho. 58 – Seus vizinhos e parentes, tendo sabido que o Senhor usara de misericórdia para com ela, a felicitavam. 59 – No oitavo dia, como trouxesse o menino para a circuncisão, todos lhe chamavam Zacarias, dando-lhe o nome do pai. 60 – A mãe, porém, disse: “Não, ele se chamará João”. 61 – Responderam-lhe: “Não há na vossa família quem tenha esse nome”. 62 – E, ao mesmo tempo perguntavam ao pai do menino como queria que este se chamasse. 63 – Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: “João é o seu nome”, o que encheu de espanto a toda gente. 64 – No mesmo instante se lhe abriu a boca, soltou-se-lhe a língua e ele começou a falar, louvando o Senhor Deus. 65 – Todos os que habitavam nas vizinhanças se encheram de temor; a notícia dessas maravilhas se espalhou por toda região e montanhas da Judéia; 66 – e todos, os que as ouviram, guardaram delas lembrança, e diziam entre si: “Quem virá a ser, um dia, este menino?”, pois sobre ele estava a mão do Senhor.

Estes versículos não precisam de comentários amplos. Provam que tudo, nos desígnios do Senhor, se encadeia harmoniosamente. Todos os acontecimentos estavam preparados, e haviam de concorrer para a execução da obra. A resposta de Isabel aos parentes e vizinhos: “Não ele se chamará João”, não foi efeito de mediunidade audiente, ou de inspiração espiritual: por meio da escrita em tábuas de cera, Zacarias cientificara a Isabel das palavras proferidas pelo Anjo (ou Espírito) que lhe aparecera no templo. Pelo o que já vos dissemos, explicando como se produzira a mudez de Zacarias, deveis compreender por que modo se lhe soltou a língua, isto é, por que modo cessou para ele a mudez

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e lhe foi restituída a palavra: pela ação dos Espíritos do Senhor, por efeito do magnetismo espiritual, houve a dispersão dos fluidos, que tinham servido para tornar pesada a sua língua e provocar a paralisia aparente.

CÂNTICO DE ZACARIAS

P – O povo está recebendo com muita alegria as explicações do CEU da LBV, através do Espírito da Verdade. Como deve ele entender as palavras contidas nos versículos 67 a 80, Capitulo Primeiro, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Eis a passagem:

67 – Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: 68 – “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, por ter visitado e resgatado seu povo; 69 – por nos ter suscitado um poderoso Salvador na casa do seu servo David, 70 – conforme prometera pela boca de seus santos profetas, que existiram em todos os séculos passados, 71 – para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos aqueles que nos odeiam; 72 – para usar de misericórdia com nossos pais, lembrando-se da sua aliança, 73 – como jurou a Abraão nosso pai, quando nos prometeu a graça 74 – de que, livres dos nossos inimigos, o serviríamos sem temor, 75 – na santidade e na justiça em sua presença, por todos os dias da nossa vida. 76 – E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porquanto irás adiante do Senhor, para lhe preparar os caminhos, 77 – para dar ao seu povo o conhecimento da salvação pela remissão dos pecados, 78 – e pelas entranhas de misericórdia do nosso Deus, graças as quais este sol que vem do Alto nos visitou, 79 – para iluminar todos aqueles que estão sentados nas trevas e na sombra da morte e dirigir nossos passos pelo caminho da paz”. 80 – E o menino crescia e se fortificava no Espírito, permanecendo no deserto até ao dia em que teria de aparecer diante do povo de Israel.

Todos vós podeis, como Zacarias, louvar o Senhor pela graça que vos fez, de visitar novamente, agora, o seu povo, pelo advento do Espírito da Verdade, depois de o ter visitado – e resgatado – a primeira vez com a vinda de Jesus. Os Hebreus contavam que o prometido Messias fosse um libertador material. Atribuindo tudo ao presente, os homens não compreenderam que seus vícios eram os inimigos dos quais deviam ser libertados. Compreendei-o todos vós, empregando todos os esforços para atingir a LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL, como o devem fazer os discípulos do Cristo, aos quais Ele agora ensina todas as verdades sem os mentirosos véus com que as tinham coberto. Os discípulos, hoje, são aqueles que lhe seguem os passos com a orientação permanente dos Espíritos do Senhor. Ainda uma vez, o Sol da Verdade, luz para vós. Sim, o Mestre vos ilumina. Não fecheis os olhos: preparai os caminhos, para que Ele possa realmente caminhar convosco e conduzir-vos ao seu reino, isto é, perfeição moral, intelectual e espiritual. Acabamos de dize-lo e repetimos, o Mestre, mais uma vez, visita e resgata o seu povo pelo ADVENTO DA VERDADE. Há quase dois mil anos, Jesus ensinou a Verdade, mas não TODA A VERDADE. Isto Ele o declarou com muita clareza, firmando o princípio das Revelações Progressivas. Só deu aos homens, naquele tempo, o que estes podiam entender e de maneira por que o podiam suportar. Se os homens se tivessem contentado com o que receberam, a Verdade não poderia conquistar o seu reino, que as tradições, os preconceitos, os dogmas – provocados, alimentados e conservados por espírito de dominação, de cupidez e tirania – se conluiaram para destruir. Estais na época do ESPÍRITO DA VERDADE: a Verdade se despoja de todas as mentiras que a furtavam à pobre Humanidade, afogando-a nas trevas, quando é certo que a libertam as ondas da Luz Divina. Como vedes, o Senhor não abandona seus filhos nas garras da mentira: deixou seguirem o caminho que haviam escolhido, porque só assim ganhariam experiência e verificariam a inutilidade das doutrinas humanas. Hoje, estais crescidos. Vossos olhos, fatigados de tatear nas sombras, pedem a Luz e se voltam para ela, sustentada pela Verdade. Para tudo é preciso um começo. O Espírito da Verdade descerá a toda a Terra e marcará o fim do mundo, isto é, o fim da maldade gerada pela ignorância da Lei de Deus. Mas, para todo advento, é indispensável uma era preparatória. João, o Precursor de Jesus, concitava os homens ao arrependimento e os batizou com água. Veio Jesus e lhes ensinou O MODO DE SE ARREPENDEREM, e os batizou com o Espírito Santo, isto é, fez que descesse sobre eles o Espírito do Senhor, devolvendo-lhes os dons carismáticos,

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as faculdades que os punham em condição de receber a inspiração. O batismo com o Espírito Santo é a comunhão com os Espíritos elevados que velam por vós. Mas, para chegar a essa comunhão, era preciso ao tempo da missão terrena de Jesus – E AGORA MUITO MAIS – ser puro, cheio de zelo, de amor e de fé, como os Apóstolos fiéis. Eis porque está convosco o Espírito da Verdade, que vos ensina a distinguir entre a Verdade e a mentira desenvolvendo a vossa experiência, estimulando a vossa perspicácia, aumentando o vosso devotamento, clareando a vossa inteligência, iluminando os vossos corações, tornando-vos dignos da proteção do Alto.

A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO

P – Apreciamos muito a diferença entre batismo com água e batismo com o Espírito Santo. Isso, devemos, realmente, à Doutrina codificada por Allan Kardec. Como o CEU da LBV encara o Espiritismo?

R – Em todas as obras do Codificador, e são seis, não há uma linha, sequer, classificando o Espiritismo como religião. Ele veio para unificar as crenças e todos os ismos humanos num Cristianismo diferente do ensinado pelos homens: o CRISTIANISMO DO CRISTO. Este CRISTIANISMO não será mais uma religião, porque será A RELIGIÃO DO TERCEIRO MILÊNIO. Nele se fundirão, para sempre, todas as religiões criadas pelos que se dizem seguidores do cristo, como também todas as outras chamadas não-cristãs. Autêntico emissário de Jesus, Kardec não desejou – nem deseja – ser colocado acima de seu Mestre. O Espiritismo, a Doutrina dos Espíritos, é portanto, A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO DO NOVO MANDAMENTO, A RELIGIÃO DE DEUS, a única religião que os homens não forjaram. Ela está nos Evangelhos (especialmente no de João), nos Atos dos Apóstolos, nas Epístolas e no Apocalipse, como o demonstra a Quarta Revelação, que é a última deste ciclo, e que pertence – como as três anteriores – ao CRISTO DE DEUS. O Espiritismo veio com o objetivo de vos preparar para o estado de perfeição, abrindo-vos os olhos para a LUZ, desenvolvendo gradualmente a vossa inteligência, pondo-vos assim em condições de romper francamente – e para sempre – com todas as fraquezas da vossa humanidade, afim de estardes prontos a receber o Espírito da Verdade quando começar o seu reinado, isto é, APTOS A RECEBER A VERDADE EM TODA A SUA EXTENSÃO. Para alcançardes essa grande meta, preciso é que trabalheis sem cessar sobre vós mesmos, destruindo tudo o que pertence ao homem velho, vencendo todas as tentações da carne (para evitar exageros, explicaremos adiante o que designamos por tentações da carne), trabalhando continuamente pelo vosso progresso moral. A Terceira Revelação de Jesus teria, pois, o objetivo: a perfeição humana. Para alcança-la, três meios a empregar: CARIDADE, ESTUDO, AMOR. Tudo em benefício de todos os vossos irmãos, recebendo a Luz que vos é dada e levando-a a toda parte, para que suas centelhas iluminem ao longe, auxiliando por essa forma o advento do Espírito da Verdade. Nós vos exortamos a vencer as tentações da carne: não concluais daí que vos forcemos – como fizeram vossos pais – às macerações materiais, à abstinência de apetites humanos, quaisquer que sejam, impostos pelas leis da vossa natureza. Longe disso! Não é cobrindo-vos de cilícios que vencerás a carne; não é recusando atender às exigências do corpo – NEGANDO-LHE O QUE FOR JUSTO E NECESSÁRIO – que vós o dominareis. Deveis, sim, manter-vos em guarda, constantemente, contra seus excessos, contra seus desvios. Não esqueçais estas palavras do Mestre: “O Espírito (pela tentação) está pronto, mas a carne é fraca”. Lutai contra as tentações que infringem as Leis Divinas, mas conceda ao vosso corpo tudo o que a matéria exige sempre, nos limites de uma prudente sobriedade. Insistimos: Não vos martirizeis pensando em agradar ao Senhor: deveis, ao contrário, manter o vosso corpo no equilíbrio necessário ao curso das vossas provas, sobretudo não vos abandoneis à indolência. Orai e vigiais sem cessar. O homem sem fé e de pouca inteligência, que estais sob as vistas do Senhor, que julga – não só as vossas mais secretas ações – como também os pensamentos mais ocultos do vosso coração. Vigiais, portanto, a fim de que vossos pensamentos e ações possam ser revelados, não somente diante do vosso Pai, mas perante cada um dos vossos irmãos; orai, para que vossos atos estejam sempre em relação com vossos pensamentos. A ORAÇÃO AGRADÁVEL A DEUS É O TRABALHO. Trabalho da inteligência e trabalho do corpo. Cada um de vós deve trabalhar conforme a tarefa que lhe está confiada. Cada um de vós, portanto, deve orar continuamente. Trabalhai, eis a oração. Vigiai, isto é, cuidai de vos garantir, exercendo permanente

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vigilância sobre vós mesmos. Só assim vossa carne se tornará forte e não mais temereis a tentação. Vigiai e orai, porque o Mestre conta convosco. O Espírito da Verdade virá sempre e vos dará o conhecimento de tudo o que, ainda por algum tempo, terá de permanecer oculto, ele vos ensinará a encarar a Santa Luz sem serdes ofuscados por ela. O Espírito da Verdade não é um ser corporal ou fluídico: é o CONHECIMENTO INTEGRAL DA VERDADE, conhecimento que não podereis adquirir senão pelo vosso aperfeiçoamento. Ora, o vosso aperfeiçoamento não pode ser operado senão pelos Espíritos do Senhor, sob o comando direto do Mestre. Tal a razão porque Jesus é o CRISTO e, ao mesmo tempo, O ESPÍRITO DA VERDADE: por isso podeis entender – como Espírito da Verdade – de modo complexo e simbólico ao mesmo tempo. Primeiro os Espíritos mais elevados, que auxiliam Jesus na sua missão redentora, conduzindo-vos gradualmente ao conhecimento integral da Verdade; finalmente o próprio Jesus que volta, para dar aos que vivem seu Novo Mandamento esse conhecimento integral, quando estiverem prontos a recebe-lo e fazem dignos de o merecer.

O NASCIMENTO DE JESUS

P – Ao contrário do que pensávamos, sentimos hoje que é fácil realizar a Cruzada do Novo Mandamento em nossas casas. Devemos esta feliz descoberta à Legião da Boa Vontade. Como o CEU interpreta os versículos 18 a 25, Capitulo Primeiro, do Evangelho de Jesus segundo Mateus?

R – Vejamos:

18 – O nascimento de Jesus se deu assim: quando Maria, sua mãe, desposou José, verificou-se que ela concebera, pelo Espírito Santo, antes que houvesse coabitado. 19 – José, seu marido, sendo justo e não querendo expô-la à desonra, resolveu manda-la embora secretamente. 20 – Mas, quando pensava nisso, um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo: “José, filho de David, não temas receber Maria por tua esposa, porquanto o que nela se gerou foi formado pelo espírito Santo. 21 – Ela terá um filho e lhes dará o nome de Jesus, porque Ele próprio libertará seu povo dos pecados. 22 – Tudo aconteceu para cumprimento do que o Senhor disse pelo profeta: 23 – “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, a quem será dado o nome de Emmanuel, que quer dizer DEUS CONOSO”. 24 – José, então, despertando, fez o que o Anjo do Senhor lhe ordenara e aceitou Maria por esposa. 25 – E, sem que tivessem união carnal, ela deu à luz seu filho e lhe pôs o nome de Jesus.

José não se recordava da sua origem, como Jesus, e não tinha consciência do seu destino: sofria os efeitos da encarnação humana. Assim, reencarnado, estava submetido às leis e aos preconceitos da humanidade, apesar da superioridade do seu Espírito. Era homem justo, mas homem. Eis porque, sob a influência dessas leis e desses preconceitos, resolvera a princípio abandonar Maria, secretamente. A revelação que lhe fez em sonho o Anjo, ou Espírito, tinha por fim retirar, em parte, o véu que lhe cobria a inteligência. Alma pura, José compreendeu a santidade da sua missão. Emissário também para cooperar na obra do Cristo, aceitou com alegria, tal como devia ser, a tutela humana que o Senhor lhe confiava. Não estranheis que o Evangelista haja espalhado, pelas multidões, a atitude secreta de José e a revelação que o levou a revoga-la. Cumpria que todos compreendessem na época determinada pela Boa Vontade do Senhor, que JESUS NÃO ERA FRUTO DA CONCEPÇÃO HUMANA. E as palavras do Anjo – “o que nela se gerou foi formado pelo Espírito Santo” – servindo para aquela época segundo a letra, salvaguardavam o futuro, no qual teriam de ser, segundo o espírito, a base da Terceira Revelação. Quanto à aparição do Anjo, em sonho, a José – da qual a ignorância humana, em seus mais culposos desvios, tem abusado tantas vezes, para fazer abomináveis gracejos, insultuosos ao que há de mais sagrado para o homem: o seu Deus – essa aparição vós a compreendeis muito bem. Aquele que ainda não percebeu a Luz de que é portadora a Revelação dos Espíritos, deve inclinar-se e calar em vez de repelir o que não sabe explicar. Durante o sono, o Espírito se desprende da matéria, para poder reunir-se, no espaço, aos amigos que o cercam. Quando o desprendimento é completo, o Espírito se eleva e, desde que seja de certa grandeza, se associa às falanges felizes, sem deixar, todavia, a zona do planeta. Se o desprendimento não é completo, os Espíritos simpáticos descem e se aproximam dele. Qualquer que seja a condição moral em que vos

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encontreis, essas relações se estabelecem, mas geralmente com Espíritos que guardam paridade com os vossos. Por vezes, contudo, Espíritos mais elevados vêm até vós, para vos instruir durante esses momentos de liberdade, para vos mostrar os obstáculos que tereis de vencer. Toda comunicação obtida durante o sono deve ser classificada entre os sonhos, com a diferença, porém, de que os sonhos ordinários provém geralmente de recordações, ou da luta da matéria com o Espírito, ao passo que os sonhos da natureza daquele de José são revelações. Não imagineis, entretanto, que, partindo desse princípio, vos seja dado achar a significação de todos os vossos sonhos. Seria o mesmo que procurar o sentido racional das balbúcies de uma criança. Diante do fato, no que diz respeito à revelação que o Anjo fez a José, houve COMUNICAÇÃO DE ESPÍRITO A ESPÍRITO. Da mesma forma que conservais, muitas vezes, a lembrança dos vossos sonhos, ainda os mais insignificantes e ridículos, não sendo completo o desprendimento, também José, ao despertar, se lembrou do sonho que tivera. Quando o desprendimento foi completo, a lembrança só se verifica em casos excepcionais. Nesses casos, por ocasião do despertar, há uma ação espiritual que, mediante a inspiração, renova a impressão recebida, a lembrança. Muitas das vossas recordações humanas, igualmente, são fruto de uma ação dessa natureza, que vos recorda fatos passados, a fim de que sirvam ao vosso futuro.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – I

P – Diante das explicações do CEU da LBV, hoje podemos compreender perfeitamente a sua máxima: Religião é a Política cientificamente praticada. Sim, entendemos que é no campo espiritual que se encontra solução para todo e qualquer problema, do Brasil e da Humanidade. Como explicar, agora, a concepção, a gravidez e o parto de Maria por OBRA DO ESPÍRITO SANTO?

R – Eis os versículos 1 a 7, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas:

1 – Sucedeu que, por aqueles dias, se publicou um decreto de César Augusto, para o recenseamento dos habitantes de todo o mundo. 2 – Esse recenseamento foi feito por Quirino, governador da Síria. 3 – Todos iam fazer suas declarações, cada um na sua cidade. 4 – José partiu da cidade de Nazaré, que fica na Galiléia, e foi à Judéia, à cidade de David, chamada Belém, por isso que ele era da casa e da família de David, 5 – a fim de se fazer registrar com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6 – Enquanto ali se achava, sucedeu completarem-se os dias em que devia dar à luz; 7 – e Maria deu à luz o seu filho primogênito, e o enfaixou, e o deitou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.

Para todos, já o dissemos e repetimos, Maria tinha de ser a mãe de Jesus. Para todos, sua gravidez era visível. Decorrido o tempo que esta devia durar, igual ao de qualquer gravidez, o simples fato da presença do menino nos braços de Maria bastou para causar a crença no parto. Para todos, portanto, houve “parto” e “nascimento”. Eis por que, durante todo o tempo da sua missão terrena, Jesus foi considerado – pelos homens, pelos Apóstolos, pelos discípulos, pelas multidões que o seguiam – como fruto da concepção humana, por obra de Maria e de José. Mais tarde, depois de finda aquela obra, isto é, depois da “ascensão”, amadureceram os frutos da revelação conservada secreta. Ela se tornou conhecida do povo. Em conseqüência da anunciação feita a Maria e da advertência recebida por José, Jesus passou a ser considerado um homem nascido de ventre de mulher e, ao mesmo tempo, um Deus encarnado, porque formado miraculosamente no seio de uma virgem pelo Espírito Santo. Dessa crença vulgar, relativa à “concepção” e ao “nascimento” de Jesus, à “gravidez” e ao “parto” de Maria, crença que se originou de uma revelação apropriada às necessidades e às exigências da época – preparo da vossa humanidade para a compreensão da vida espiritual – dessa crença partilharam os Evangelistas, os Apóstolos e os discípulos, como o povo em geral. ERA NECESSÁRIO QUE ASSIM FOSSE, porque – se eles tivessem conhecido a origem espiritual de Jesus – teriam sido impostores, representando essa origem como carnal nas condições da vossa humanidade, e, ao mesmo tempo, como fruto de uma encarnação divina. Os Evangelistas, bem como os Apóstolos e os discípulos, eram simples de coração; eram na condição de reencarnados, criancinhas pela humanidade e pela inteligência. Aceitaram a revelação recebida por Maria e por José, considerando-a emanada de Deus e feita por um de seus Anjos. Instrumentos do Senhor, eles

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transmitiram essa revelação e os fatos. Médiuns historiadores, cada um desempenhou sua tarefa dentro do quadro que lhes traçaram a influência e a inspiração espirituais. Já o dissemos e agora o repetimos: convinha que fosse assim, porque os homens precisavam de um exemplo frisante. Por perto de vinte séculos, a matéria idealizada vos preparou com auxílio do tempo e das reencarnações sucessivas, mediante as quais se efetuaram a expiação, a reparação e o progresso, para a compreensão da vida espiritual e vos conduziu à era nova do Espírito da Verdade, cujo o advento foi preparado, lenta e laboriosamente, desde que o Mestre esteve pessoalmente entre vós. E os tempos chegaram.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – II

P – Deixou-nos impressionados a franqueza do Espírito da Verdade, ao afirmar que até os Evangelistas, os Apóstolos e os discípulos ignoravam a verdadeira origem espiritual de Jesus! De fato, a letra mata, só o Espírito vivifica. Tudo será aclarado agora?

R – Sim. A letra produziu seus frutos: não consegue mais satisfazer ao estado e ao progresso das vossas inteligências, às reais necessidades da época atual. Pois que agora mata, ela tem de ceder seu lugar ao espírito renovador e revitalizante. Chegaram os tempos de ensinar, de acordo com a Ciência e a Verdade, iniciando a todos nos segredos da Natureza, o que foram – como obra do Espírito Santo – a gravidez e o parto de Maria. Esta obra, qualificada de “sobrenatural”, “milagrosa”, “divina”, foi, com a permissão de Deus e de acordo com as leis naturais e imutáveis por ele promulgadas de toda a eternidade, o resultado de um ato espiritual e de uma ação magnética, executados com o auxílio e por meio de fluidos apropriados. O magnetismo é o agente universal que tudo aciona: TUDO ESTÁ SUBMETIDO À INFLUÊNCIA MAGNÉTICA. A atração existe em todos os reinos da Natureza. Não é por efeito da atração magnética que o macho se aproxima da fêmea, nas diferentes partes da Terra, ainda mesmo nas mais desertas e quando, não raro, os dois se encontram a grande distância um da outra? Não é a atração magnética que leva de uma flor a outra o princípio fecundante? Que nas entranhas da Terra, une as substâncias próprias para a formação dos minerais que ela encerra? Que atua sobre as águas, dirigindo-as para as terras áridas, necessitadas de fecundação? TUDO É ATRAÇÃO MAGNÉTICA NO UNIVERSO. Esta é a grande lei que rege as coisas. Quando o homem tiver os olhos bem abertos para aprender toda a extensão dessa lei, o mundo estará sob o seu domínio, visto que ele poderá dirigir a ação material dessa força. Mas para chegar lá, lhe será necessário um estudo longo e aprofundado das causas, e sobretudo muito respeito e amor ao Todo-Poderoso, que lhe confiou tão grande meio de ação. Quando, sob os auspícios desse respeito e desse amor, ele, todo humildade e desinteresse, houver conquistado pelo estudo e pelo trabalho o conhecimento de todos os fluidos, das suas naturezas diversas, de suas propriedades e efeitos, das diferentes combinações e transformações por que podem passar, POSSUIRÁ O SEGREDO DA VIDA UNIVERSAL E DA FORMAÇÃO DE TODOS OS SERES EM TODOS OS REINOS, sob a ação magnética e espiritual, pela vontade de Deus e segundo LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS. Os fluidos magnéticos ligam todos os mundos entre si no Universo, como todos os Espíritos, encarnados ou não. Eis o laço universal com que Deus nos ligou a todos para formarmos UM ÚNICO SER, conjugando-nos as forças para NOS INTEGRARMOS NELE. Pois os fluidos se reúnem pela ação magnética; tudo é magnetismo na Natureza; tudo é atração produzida por esse agente universal. No vosso planeta, além do magnetismo mineral, vegetal e animal, existem ainda o magnetismo humano e o magnetismo espiritual. O magnetismo humano consiste na concentração, por efeito da vontade do homem, dos fluidos existentes nele e na atmosfera que o cerca, e mediante os quais, a certa distância, ele atua sobre outros homens ou sobre as coisas. O magnetismo espiritual resulta da concentração da vontade dos Espíritos, concentração por meio da qual estes reúnem à volta de si os fluidos, quaisquer que sejam, encerrados no ser humano ou disseminados no espaço, e o dispõe de modo a exercerem ação sobre o homem ou sobre as coisas, produzindo os efeitos por ele desejados. A gravidez de Maria foi obra do Espírito Santo porque foi OBRA DOS ESPÍRITOS DO SENHOR e, como tal, aparente e fluídica, de modo a fazer crer numa gravidez real. Houve, aí, efeito de magnetismo espiritual. Sabeis qual a ação dos fluidos espirituais sobre o homem. Podeis avalia-la pelo poder dos fluidos humanos bem dirigidos. Os Espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Cristo na Terra reuniram, em torno de Maria, fluidos apropriados que lhe operaram a distensão do abdômen e o intumesceram. Ainda pela

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ação dos fluidos empregados, o mênstruo parou durante o tempo preciso de uma gestação, contribuindo este fato para a aparência da gravidez, pela intumescência e pelos incômodos ocasionados. Maria, sob a inspiração do seu Guia Superior, e diante desses resultados, que eram para ela o cumprimento da anunciação do Anjo, acreditou na realidade do seu estado. Nessa crença nada há de surpreendente: aos hospícios se têm recolhido não poucas vítimas da vossa ciência, as quais se acreditavam prestes a dar à luz, QUANDO NÃO PASSAVAM DE JOGUETES DAS ILUSÕES PROVOCADAS POR OBSESSORES. Em tais casos não havia nenhuma aparência de gravidez aos olhos dos homens; entretanto, os obsessores as faziam experimentar todos os sintomas da gravidez e do parto. Assim, só aparência de gestação houve em Maria; a gravidez foi apenas aparente, senão a intumescência do ventre produzida por ação fluídica, efeito do magnetismo espiritual. Seu parto foi, igualmente, obra do Espírito Santo, porque foi obra dos Espíritos do Senhor, e só se deu na aparência, tal como a gravidez, por isso que resultava desta, que fora também aparente. Tanto quanto da gravidez magnética, Maria teve a ilusão, do parto, na medida do que era necessário, a fim de que acreditasse, COMO DEVIA ACONTECER, num nascimento real.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – III

P – Impressionante a explicação do Espírito da Verdade sobre a concepção, a gravidez e o parto da Virgem Maria! Poderia o CEU da LBV explicar o que sucedeu depois?

R – Passado o tempo normal da gravidez, houve efeito de magnetismo espiritual: os Espíritos prepostos à preparação do advento do Cristo colocaram Maria sob a influência magnética, e ela teve a impressão completa do parto e da maternidade. Deveis compreender essa influência recordando a ação e os efeitos que, por meio do magnetismo humano, o magnetizador exerce e produz sobre o magnetizando, assim como a ação e os efeitos que, mediante o magnetismo espiritual, os Espíritos exercem e produzem sobre o homem. O magnetizador pode, como sabeis, pela ação da sua vontade e com o auxílio dos fluidos humanos bem dirigidos, levar o paciente, em estado de sonambulismo, a experimentar todas as sensações e impressões, a ver e acreditar em tudo quanto ele queira que o mesmo paciente veja e acredite, ao ponto de conseguir que este se impressione com a ficção, como se fora uma realidade. Pode ainda produzir no paciente todas as aparências de um sofrimento qualquer, faze-lo mesmo passar por este sofrimento e, por fim, livra-lo dele. Se estudardes o magnetismo humano por todas as suas faces, notareis que alguns pacientes, cujo desprendimento se opera com grande facilidade, falam e procedem exatamente como se não estivessem mergulhados em sono magnético, não apresentando nenhum traço ou sintoma por onde o observador possa reconhecer esse estado. É que a ação magnética se exerce sobre o Espírito, deixando ao corpo a sua liberdade. São indivíduos que gozam do desenvolvimento de faculdades extra-humanas, isto é, indivíduos excepcionais, que gozam não só (como todo Espírito desprendido da matéria) de faculdades extra-humanas, mas também de faculdades superiores às que observais nos homens mais lúcidos e que são capazes, em certos casos, de resolver problemas em que o Espírito encarcerado na carne não ousaria nem poderia abordar. Há questões que o homem não se atreve a propor à ciência, não por humildade nem por uma cautelosa apreciação de suas forças, mas sim por considerar a ciência incapaz de responder a todas elas. Raros são ainda, tais indivíduos. Mas hão de se multiplicar, mediante o emprego dessa força que vos está confiada. Servirão imensamente ao progresso das ciências e das artes do vosso planeta. São instrumentos mais perfeitos do que os outros, mas – por isso mesmo – mais fáceis de se quebrarem, isto é, são pessoas cujas faculdades mediúnicas, mal dirigidas, se estragariam rapidamente. Tal a razão porque não vos aparecem em grande número. Preciso é que, em matéria de magnetismo, ganheis mais experiência. Sabeis, também, que o esquecimento ao despertar é, em principio, efeito do sonambulismo. Todavia, excepcionalmente, pode o magnetizador – pela ação de sua vontade e dando ordens nesse sentido – conseguir que, uma vez despertado, o sonâmbulo guarde lembrança do que tenha ocorrido no estado sonambúlico e da qual ele queira que o mesmo sonâmbulo se recorde do seu estado comum. Tudo quanto, pela ação do magnetismo humano, o magnetismo pode fazer com outro individuo, igualmente o podem pela ação do magnetismo espiritual, os bons Espíritos. Estes atuam com maior discernimento e mais ciência do que o homem sobre o homem, e nas condições necessárias à obtenção dos efeitos que queiram

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produzir, dos resultados que desejam alcançar. Podem fazer que o paciente sinta pancadas, ou dores, que aparecem ou desaparecem à vontade dos operadores invisíveis. Também sabeis, por numerosos fatos observados em todos os tempos e agora mesmo, como são sentidas essas pancadas, essas dores. Lembrai-vos: tudo está sujeito à influência magnética.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – IV

P – A explicação do Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, nos reintegra na realidade eterna do Cristo de Deus. Poderia o Espírito da Verdade continuar suas lições sobre o magnetismo?

R – Sim. Precisamos explicar-vos, ainda, a ação do magnetismo sobre o Espírito do magnetizando. O que a este respeito vamos dizer se aplica tanto ao magnetismo humano quanto ao magnetismo espiritual; só que a ação deste é mais pura em suas causas e em seus efeitos. Entretanto, são os mesmos resultados de um e outro: o desprendimento do Espírito encarnado se produz em condições mais ou menos boas, conforme seja mais ou menos elevado o magnetizador, humano ou espiritual. Haveis de compreender que o magnetismo não pode causar ilusão ao Espírito, porque concorre para o seu desprendimento. Uma vez desprendido o Espírito, por esse meio, dos entraves da carne, a conseqüência é que se torna cúmplice voluntário de quem sobre ele atua, quer a ação magnética emane de um Espírito livre, que de um que esteja reencarnado. A lembrança que o paciente, depois de acordar, guarde do que ocorreu durante o sono magnético, resulta da cooperação do mesmo paciente, o qual – seja por simpatia, seja por fraqueza, seja por subordinação, conforme às relações existentes entre ele e o magnetizador (humano ou espiritual) – consente em obedecer ao que se lhe impõe ou propõe. Assim, ele se recordará das palavras ou atos cuja lembrança tenha, durante o sono, assentido em guardar, sob a influência das sensações e impressões recebidas pela matéria, que conserva a marca do compromisso, assumido pelo paciente, de se lembrar dos atos como se fossem realmente praticados. O Espírito, iludido pela carne, ao despertar considera reais aqueles atos. Se o Espírito do magnetizador e o do magnetizando são simpáticos, a lembrança é devida ao bom entendimento existente entre ambos. Se o Espírito do magnetizando é mais fraco do que o do magnetizador, e este lhe impõe uma vontade arbitrária, o Espírito desprendido cede algumas vezes. Se o Espírito do magnetizando é inferior ao do magnetizador, o primeiro, por deferência, levado pelo respeito, obedece. Maria tinha de crer num parto real e lembrar-se dos fatos que lhe cumpria atestar, como se tivessem ocorrido. Os Espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Cristo na Terra, colocando Maria sob a influência do magnetismo espiritual, puseram-na em estado de sonâmbulo que vê e acredita, sente e experimenta, o que se quer que ela veja e acredite, sinta e experimente. Nesse estado, a Virgem se achou em condições idênticas as dos indivíduos, ainda raros entre vós, de que há pouco falávamos. Quando ela ainda se encontrava sob aquela influência, os Espíritos prepostos – que, para produzirem a gravidez aparente e fluídica, haviam atraídos os fluidos apropriados – os dispersaram: deste modo, cessando as causas, os efeitos deixaram de existir. Pela dispersão daqueles fluidos, a menstruação retomou o seu curso normal e Maria se achou nas condições exigidas em tais casos para poder, no prazo estabelecido, preencher as formalidades prescritas na Lei de Moisés para a purificação. A fim de dar à Virgem – sempre sob a influência magneto-espiritual – a ilusão do parto e da maternidade, os Espíritos prepostos pela ação fluídica, fizeram-na experimentar efeitos semelhantes às contrações naturais em um parto qualquer. E essas impressões recebidas pela matéria a dispuseram a tomar, por simpatia com os Espíritos elevados que sobre ela atuavam, isto é, por acordo com eles, o compromisso de se lembrar materialmente de fatos que precisavam ser atestados, submetendo-se ao que lhe era proposto em nome do Senhor. No momento em que Jesus apareceu, exatamente como por efeito de um nascimento real, sob o aspecto de uma criancinha, cessou toda a influência magneto-espiritual. E Maria, iludida pela carne, sob a influência das impressões recebidas pela matéria, que conservara o sinal do compromisso que seu Espírito assumira, tomou nos braços o menino, como se o parto fora comum, crente assim de que ele era fruto de suas entranhas, por obra do Espírito Santo. Maria era quase uma criança, pouco experiente das coisas humanas, tendo sempre vivido em contemplação e adoração. Tomou o menino e rendeu graças a Deus. A gravidez e o parto não tiveram, da sua marcha natural, senão a aparência. Se fosse necessário dar também aos homens a ilusão desses

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fatos, fácil teria sido aos Espíritos prepostos fazer com que, pelas dores da carne em elaboração, Maria experimentasse todos os incidentes e sintomas de cada uma das fases da maternidade, de modo a lhes imprimir, aos olhos humanos, todos os caracteres aparentes da realidade, segundo as leis da encarnação no vosso planeta. Sabeis como os Espíritos, que vos cercam, podem manipular os fluidos ambientes. Por isso, a gravidez teve, aos olhos dos homens, a aparência da realidade. O mesmo se deu com referência ao parto: cercando Maria dos fluidos necessários a produzir a ilusão, esses fluidos, pelas combinações que sofreram sob a ação espiritual, imprimiram aos olhos humanos todos os caracteres da realidade às fases do parto, de modo que este, para os que assistissem a Virgem, revestiria a aparência do fato real.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – V

P – O conhecimento da Lei dos Fluidos abre novos horizontes para os estudiosos da verdadeira Doutrina Cristã. Como o CEU da LBV analisa as conseqüências do “parto” de Maria?

R – Os Espíritos que vos cercam, chegados a um certo grau de adiantamento atuam – pelo poder da provia vontade – sobre os fluidos ambientes, atraem os que são necessários e, combinando-os, traçam, para os olhos carnais do homem, os quadros que ele precisa ver. Entretanto, tais meios só são empregados em casos excepcionais, da maior seriedade. Assim, não pense o homem estar sempre submetido a essas “alucinações espirituais”. Mas, todas as vezes que, para um fim útil à Humanidade, seja preciso recorrer a esses meios, eles são empregados. Não vos equivoqueis, porém, a respeito do sentido desta expressão “alucinações espirituais”: trata-se de efeitos espirituais representando, para olhos humanos, uma coisa qualquer que não exista realmente, nem do ponto de vista material, nem do ponto de vista espiritual, e que não passa de ilusão produzida, sob a ação dos Espíritos, por uma SIMPLES COMBINAÇÃO DOS FLUÍDOS. O fenômeno, que mais tarde explicaremos, chamado a manipulação dos pães e dos peixes, simples resultado de uma ação espiritual, obtida por mera combinação dos fluidos apropriados e necessários a tais efeitos, é de molde a vos fazer compreender como seria igualmente fácil produzir, para aqueles que porventura assistissem Maria, a ilusão perfeita do parto, dando-lhe as características da realidade. É pelo mesmo princípio e pelo emprego das mesmas causas que os Espíritos culpados defrontam, na erraticidade, as vítimas que fizeram e as faltas que cometeram e vêem desenrolar-se o panorama sangrento do passado ou o cenário das dores que os esperam no futuro. Os fluidos empregados pelos Espíritos prepostos a essa missão apresentam aos olhos do culpado – ou quadros animados, de uma ilusão perfeita, ou a aparência de objetos sob a mais completa ilusão da realidade. Fácil teria sido, portanto, produzir nos homens, naqueles que porventura a assistissem, a ilusão do parto de Maria. Mas, a isso se opunha o misterioso prestigio de que devia cercar-se o “nascimento” de Jesus. No momento a Virgem estava só. Fácil era dar a ilusão àquele Espírito cuja existência material apenas começava, tanto mais quando – embora o desenvolvimento da mulher em tais paragens seja mais precoce do que sob o vosso clima – a vida contemplativa de Maria a conservara ao abrigo de todas as aspirações e sensações materiais. Sendo ela, portanto, ignorante das leis da matéria, seria inútil levar mais longe essa ilusão. Notai que os acontecimentos se encadearam de tal sorte que Maria se viu isenta de quais quer socorros humanos, sendo o rebanho encurralado no estábulo sua companhia única naquele momento em que, estando sozinha, ela tivesse de acreditar num parto real; em que sob a influencia magneto-espiritual, os fatos ocorreram para efetivar a ilusão sobre esse ponto; em que, finalmente, se verificou o aparecimento de Jesus sob o aspecto de uma criancinha. Notai que NENHUM HISTORIADOR DE JESUS FALA DO TRABALHO DO PARTO DE MARIA, NEM DAS CONSEQÜÊNCIAS QUE PUDESSEM OCASIONAR. Os “espíritos fortes” farão sentir que, sendo a Judéia um país quente, as mulheres eram morenas e vigorosas, e que assim as condições mórbidas, do ponte de vista das conseqüências do parto, deviam ser quase nulas”. Efetivamente, em certas atitudes, a mulher se encontra senão livre, ao menos aliviada de uma parte de seus sofrimentos. Mas Jerusalém, Nazaré e Belém de Judá não se acham em condições idênticas às das margens do Ganges, tão citadas em casos semelhantes. Ela, portanto, deveria ter estado “doente”, como qualquer outra mulher, durante certo tempo. NINGUÉM DISSE UMA SÓ PALAVRA A TAL RESPEITO. Ao contrário, logo na manhã seguinte, recebeu os pastores (aos quais o Anjo, ou Espírito, se manifestara) e lhes apresentou o menino. Ela era, já o dissemos, um Espírito muito puro, tendo por missão prestar-

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se a obra que se havia de realizar, e não procurava, como vós o fazeis, compreender o mecanismo dos atos ocultos. Observai: avisada pelo Anjo de que teria, aos olhos humanos um filho de essência diversa da sua, diversa da essência humana do vosso planeta, obedece e desempenha com fé, submissão e amor, A TEREFA QUE ACEITARA. Avisada pelo Anjo, ou Espírito, de que não seria mais que um instrumento, recebe como obra do Espírito Santo e sem inquirir da natureza da solução do problema, o filho que julgou ser fruto de suas entranhas e do qual tinha de se encarregar aos olhos dos homens. Não digam aqueles, que sem cessar controvertem, que isso teria sido embuste ou fantasmagoria. Não: vossa natureza está sujeita a muitas coisas que ainda não compreendeis, mas cuja fonte única é a combinação dos fluidos de que dispomos – para vossa utilidade e vosso progresso. Jamais agimos sem propósito: cumprimos SEMPRE as vontades do Senhor. O que ocorreu era necessário ao início de uma nova era transitória, na qual a Humanidade então ia entrar, a fim de preparar o advento de nova Revelação.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VI

P – Agora sabemos que só o Espírito da Verdade pode restaurar a beleza da Segunda Revelação, libertando da ignorância a pobre Humanidade. Podemos saber mais a respeito do corpo de Jesus?

R – A cada era – uma Revelação, progressiva e apropriada às necessidades dos tempos, ao estado das inteligências e aos reclamos da época. Revelação velada pela letra, quanto convenha, mas sempre vos ensinando a Verdade, gradualmente, na medida do que podeis receber e conservar, levantando, pouco a pouco, a ponta do véu que a esconde aos vossos olhos. Jesus trazia um corpo semelhante ao vosso, como bem o disseram os Apóstolos: “Seu corpo não tinha a aparência do vosso? E suas necessidades aparentes não foram as mesmas?^” Sim, Jesus teve um corpo semelhante ao vosso, mas não da mesma natureza. Seu nascimento foi obra do Espírito Santo, por isso que seu aparecimento foi preparado por uma gravidez aparente e, portanto, por um parto também aparente, obra – uma e outro - dos Espíritos do Senhor, executada como já vos explicamos. TAL APARECIMENTO SÓ JESUS O PODIA FAZER: aquela missão lhe competia, primeiro, como responsável que é pelo progresso humano, depois, por ser, entre os Espíritos elevados (sob a sua direção) consagrados à obra do progresso da Terra e da sua Humanidade, o único, pelo seu poder nas altas regiões siderais, capaz de assimilar aos do vosso planeta os fluidos superiores que servem para a formação dos corpos nos mundos fluídicos, e – desse modo – constituir o corpo misto de que usava, quase material e que, aos vossos olhos, se afigurava o corpo do homem terrestre; finalmente, por ser o ÚNICO REALMENTE CAPAZ DE MANTER UMA EXISTÊNCIA APARENTE NA TERRA. Efetivamente, Jesus, Espírito Perfeito, puro entre os mais puros de quantos, sob a sua direção, trabalham para o vosso progresso, vossa regeneração, vossa transformação física, moral e intelectual, a fim de vos conduzir à perfeição; Jesus, não sujeito a encarnar em nenhum planeta, conhecia todos os fluidos adequados a produzir o aparecimento por incorporação e a encarnação em TODOS OS MUNDOS, quer materiais, quer fluídicos; Jesus conhecia também as leis universais, naturais e imutáveis, suas aplicações e apropriações. Só Ele, portanto, tinha a ciência e o poder de construir para si mesmo, debaixo da aparência corporal humana, aquele invólucro de natureza perispirítica, apto a longa tangibilidade, destinado a lhe servir para o desempenho da sua missão entre vós. SÓ ELE TINHA O PODER DE DEIXAR ESSE CORPO E DE O RETOMAR A TODO INSTANTE, mantendo os elementos que o compunham sempre prontos a se reunirem ou dissociarem, por ato exclusivo da sua Potente Vontade. Já o dissemos e repetimos: Jesus não se revestiu de um corpo material humano como o vosso: SUA ESSÊNCIA ERA DEMASIADO PURA PARA PODER SUPORTAR O CONTATO COM A MATÉRIA, ASSIM COMO VOS É IMPOSSÍVEL SUPORTAR UM ODOR FÉTIDO. Quanto mais pesada a matéria, tanto mais constringe o Espírito. Revestido do invólucro material humano, o Espírito (seja, embora, um Espírito Superior, que o tome para desempenhar missão entre vós) é mais ou menos falível: sua vida não decorre sem que um ou outro deslize lhe empane o brilho. Entre vós ainda se encontram Espíritos em missão, suportando o peso da carne. Mas, já pela sua natureza espiritual, já pela sua posição crística, tal escravidão não podia nem devia sofrer Jesus, pois – mesmo quando visível entre os homens, segundo os períodos e necessidades

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da sua missão – tinha a consciência perfeita da sua origem e a certeza absoluta do futuro, COMO GOVERNADOR E PROTETOR DO VOSSO PLANETA, presidindo a vida e a harmonia universais em todos os reinos da natureza, constantemente em relação com Deus, transmitindo pelos seus mensageiros, hierarquicamente, ordens a todos os Espíritos prepostos à obra de engrandecimento da Humanidade terrena. Já o dissemos e repetimos: esse fato do aparecimento entre vós, de um Espírito por incorporação – ÚNICO ATÉ HOJE NOS ANAIS DO VOSSO MUNDO – vai-se repetir brevemente. E quando se repetir, sabereis que soou a hora da regeneração anunciada pelo Cristo e, desde longe, por nós preparada e continuada. Ouçam os que tem ouvidos de ouvir, e todos aqueles que, cheios de orgulho, mas ignorantes das Leis Divinas, naturais, universais e imutáveis, e do que se refere aos fluidos, suas propriedades, seus efeitos, suas combinações, apropriações e transformações, SEMPRE DE ACORDO COM AQUELAS LEIS, para a produção de seres por incorporação ou encarnação nos planetas, tanto materiais quanto fluídicos, que povoam a imensidade – ouçam todos os homens: não neguem o que não podem compreender nem explicar!

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VII

P – Agora, compreendemos porque Jesus afirmou que João era o maior dos nascidos de ventre de mulher: porque este não foi o caso do Cristo de Deus. Que diz mais a respeito, o Espírito da Verdade?

R – A gravidez de Maria foi apenas aparente e fluídica, por obra do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos prepostos a essa obra, os quais operaram por meio do magnetismo espiritual. Sim, o “aparecimento” de Jesus, efetuado de acordo com a vontade de Deus, apropriada ao nível das inteligências daquele tempo, sob o véu de um nascimento apenas aparente, foi manifestação espiritual, tangível, IGUAL ÀS QUE SE PRODUZEM EM TODAS AS ÉPOCAS E AINDA HOJE PODEIS OBSERVAR. A única diferença a registrar entre aquela e estas manifestações, é que ali, o perispírito, muito humanizado pela ação poderosa do Mestre sobre os fluidos que vos cercam era – com todas as aparências da vida terrestre – apto a conservar uma longa tangibilidade, que existia ou cessava ao arbítrio do Cristo, conforme ao exigido pelo tempo, oportunidades e atos da sua missão entre vós. Estava reservado ao Paráclito dizer-vos tudo aquilo que a Humanidade não podia entender, quando Jesus desceu à Terra, mas que, veladamente, se encontrava nas palavras com que o Anjo fez a anunciação à Virgem Maria e, em sonho, advertiu a José. Estava-lhe reservado levantar o véu quando fossem chegados os tempos; colocar no corpo da letra (que agora mata) o Espírito (que vivifica); explicar o erro que a letra e a ignorância dos séculos haviam de engendrar (e engendraram) até aos vossos dias, enfim ensinar-vos a verdade que o progresso das inteligências já vos permite receber e guardar. É preciso repetir: Jesus não tomou um corpo material humano, formado no seio de uma virgem, com derrogação das Leis naturais, imutáveis que regulam a reprodução no vosso planeta e nos outros mundos materiais; A VONTADE DE DEUS JAMAIS DERROGA AS LEIS DA NATUREZA QUE ELE PRÓPRIO FORMULOU DESDE TODA A ETERNIDADE. Não, Jesus não tomou um corpo humano material igual aos vossos, por obra de Maria e José. Afirmar ao contrário seria inquinar de falsidade e impostura o que a ambos disse o Anjo enviado por Deus. O Paráclito vem explicar, em Espírito e Verdade, as palavras do Anjo do Senhor, mal interpretadas porque as tomaram ao pé da letra, com ignorância do sentido que devia ser dado a estas proposições: “Aquele que nela se gerou foi formado pelo Espírito Santo. – O Espírito Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. O Paráclito vem substituir o erro pela verdade; vem ensinar aos homens que, como obra do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos do Senhor, tudo foi espiritual, estranho a qualquer ato humano, material – regido pelas leis da encarnação no vosso planeta – quer se trate da concepção no seio de uma virgem, dando lugar a uma gravidez apenas aparente (devida a uma ação fluídica emanada daqueles Espíritos); quer se trate do parto, por sua vez também aparente, destinados uma e outro – como já o explicamos fartamente – a produzir ilusão em Maria e gerar nela crença em fatos que devia considerar reais e atestar; quer se trate, finalmente, do aparecimento de Jesus sob o aspecto de uma “criancinha” tal como teria acontecido, aos olhos dos homens, num “nascimento real”. De uma vez por todas, essa aparecimento (obras e feitos espirituais) se produziu pelo emprego e combinação de fluidos superiores e inferiores de acordo com as LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS que vos temos revelado,

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mediante a aplicação e a adaptação dessas leis. E agora, uma palavra final em resposta aos que citam a Primeira Epístola de João, em seu quarto capítulo, para afirmar que “são falsos profetas os que negam ter Jesus vindo em carne ao vosso mundo”. Não quis o Evangelista referir-se ao corpo do Cristo mas à condição humana que tomou (Verbo feito carne), para o cumprimento da sua missão sacrificial. Visava ele aos que, até hoje esperam a vinda do Mestre, enquanto nós já anunciamos sua volta.

OBRA DO ESPÍRITO SANTO – VIII

P – Há um ponto obscuro que gostaríamos de ver aclarado. Tendo José e Maria, como tinham, parentes e conhecidos em Belém, de que modo se explica terem de se acolher a um estábulo, e ali deitarem o menino na manjedoura, por não haver lugar, para eles, na hospedaria?

R – Explica o Espírito da Verdade: grande era a afluência de viajantes, a ponto de exceder os limites da hospitalidade, mesmo na hospedaria. Os hebreus, sobretudo os de ínfima classe, não construíam casas para si mesmos como se fossem príncipes. Morava em Belém um irmão de José; mas não tendo sido avisado de sua vinda, não pode recebe-lo, porque outros hóspedes ocuparam toda a sua casa. José não era esperado: não devendo afastar-se de Maria, atento à sua adiantada gravidez (aos olhos dos homens), seu irmão é quem iria fazer por ele as declarações exigidas pela lei. De fato, estando certo de não poder ir pessoalmente, José incumbiu seu irmão Matias de inscreve-lo no registro censitário, assim como sua mulher e o filho, que então já teria “nascido” e seria varão, pelo aviso que recebera do Anjo. Não era crível que Maria, em tão adiantado estado de gravidez, se aventurasse àquela caminhada. Por isso ninguém a esperava. Mas, impelida pelo Espírito, para empregar a expressão das próprias Escrituras, isto é, sob a inspiração do seu Anjo da Guarda, ela resolveu, à última hora, empreender a viagem. ERA PRECISO que Jesus “nascesse” daquele modo, exatamente assim, num lugar miserável, longe dos homens e de todos os socorros, a fim de dar impressionante exemplo de humildade, para que também se simplificassem as circunstâncias que lhe haviam de cercar o “nascimento”, como já vos explicamos. Logo que a afluência de forasteiros diminuiu, ela foi recebida pelos parentes, em casa do irmão de José. A notícia de que o menino “nascera” imediatamente se espalhou, passando de boca em boca, como todas as notícias que os homens transmitem. Zacarias e Isabel tiveram aviso do fato, não por essa forma, mas por intermédio de José. Ambos se apressaram a adorar o menino Jesus. Destituídos, porém, de utilidade para a obra evangélica, seus atos e palavras nessa ocasião foram postos de lado, sepultados no silêncio: é que, tendo desempenhado sua missão, os dois voltaram a obscuridade. Assim, não mais se falaria deles, e realmente não se falou mais, verificando-se o mesmo com relação a todos os outros Espíritos reencarnados, que haviam pedido a graça de participar da obra de redenção que Jesus vinha executar.

P – Por que tantos teólogos negam a Lei da Reencarnação? E qual a diferença entre REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE?

R – Os teólogos que negam a Lei da Reencarnação lhe opõem a teoria chamada criacionismo, isto é, as almas são criadas diretamente por Deus, no instante do nascimento das criaturas humanas. Esta idéia é esposada pelos teólogos católicos, para explicar que Jesus e Maria não estavam sujeitos ao pecado original, porque suas almas foram criadas especialmente por Deus. Que importa? Nem por isso deixa de existir um aLei Universal, mas antiga que o vosso mundo. Quanto a metempsicose, convém reler o que diz o cânon 1º do 5º Concílio Ecumênico de Constantinopla: “Se alguém acredita na lendária preexistência das almas, que tem, como conseqüência, a idéia monstruosa de que elas voltam, com o correr do tempo, ao seu estado primitivo, seja condenado”. Como vedes, o que aí se condena, evidentemente, não é a REENCARNAÇÃO, mas a METEMPSICOSE, que ensina poderem as almas voltar a viver nos animais. Ora, isto condenamos todos nós, como absurdo ou monstruoso, porque o Espírito não pode retroceder: é Lei de Deus.

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BOA VONTADE - I

P – A Doutrina do Centro Espiritual Universalista (CEU) é de uma clareza impressionante. Agora, sentimos a grandeza da sentença de Jesus: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. Qual a explicação do CEU para os versículos 8 a 20, Capitulo Segundo, do Evangelho de Lucas?

R – Esta é a passagem evangélica:

8 – Ora, havia no país muitos pastores, que passavam as noites no campo, revezando-se na guarda dos seus rebanhos. 9 – De repente, um Anjo do Senhor se lhes apresentou, a claridade de Deus os envolveu, e eles se sentiram presa de grande temor. 10 – Então, o Anjo lhes disse: “Não tenhais medo, pois venho trazer-vos uma noticia que, para vós, como para todo o povo, será motivo de grande alegria: 11 – é que, hoje, na cidade de David, nasceu o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. 12 – Eis o sinal que vos fará reconhece-lo: encontrareis um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura”. 13 – No mesmo instante reuniu-se ao Anjo uma multidão milícia celeste, louvando o Senhor e dizendo: 14 – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! 15 – Logo que os Anjos se retiraram para o céu, os pastores disseram entre si: – Vamos até Belém para verificar o que acaba de ser dito, o que aconteceu e o Senhor nos mostra, 16 – Partiram, apressadamente, e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. 17 – E, tendo-o visto, reconheceram a verdade do que lhes fora dito a respeito daquele menino. 18 – E todos aqueles, que os ouviam, se admiravam do que era contado pelos pastores. 19 – Maria prestava atenção ao que diziam, e tudo guardava no seu coração. 20 – E os pastores regressaram, glorificando e louvando ao Senhor Deus, por tudo quanto tinham visto e ouvido, conforme ao que lhes fora anunciado.

Em primeiro lugar, quanto à aparição do Anjo aos pastores, e quanto às palavras que lhes dirigiu, a mediunidade esclarece como puderam eles ver e ouvir: eram videntes e audientes. No que se refere à luz, à claridade que os envolveu, enchendo-os de grande temor, a explicação é a seguinte: sob a ação e a influencia do magnetismo espiritual, achando-se em estado de êxtase por efeito de um completo desprendimento, portanto com a visão desimpedida, os pastores viram os fluidos ambientes, que para vós são incolores, mas para nós espalham grande claridade. ELES OS VIRAM COMO NÓS OS VEMOS, porque essa claridade, relativa ao grau de elevação, de adiantamento do Espírito, para este não deixa de existir e de ser por ele percebida, qualquer que seja sua inferioridade (trata-se de mau ou sofredor), senão quando permanece nas trevas.Não compreendendo a causa simples de tal claridade (cláritas Dei), que olhos comuns não podem distinguir senão em casos excepcionais, em situações como aquela em que eles se encontravam, os pastores tomaram por uma luz divina, manifestação do próprio Deus, a luminosidade dos fluidos ambientes: por isso mesmo, lhe deram a designação de “claridade de Deus”. A ciência terrestre, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, já observou (com auxílio de sonâmbulos suficientemente lúcidos e impressionáveis), a luz, a claridade que os fluidos magnéticos e elétricos, em estado latente, espalham em derredor; assim como a luminosidade dos corpos, a luminosidade que apresentam sob a forma de vapor luminoso, os objetos, os metais, a madeira. E a ciência, por meio do magnetismo humano e do sonambulismo, com o auxílio de pacientes em condições semelhantes às que apresentavam os pastores, será levada a dar testemunho desse estado luminoso dos fluidos ambientes, fonte de grande e permanente claridade para os Espíritos errantes. Daí decorre que, para eles, não há noite, nem obscuridade, nem opacidade dos corpos, não existindo no espaço obstáculos ou barreiras que lhes detenham a visão espiritual. Aquela fração da milícia celeste não era mais que a multidão dos bons Espíritos prepostos à manifestação espiritual. Por efeito da mediunidade vidente e auditiva, os pastores os viram e escutaram as palavras que conheceis como O CÂNTICO DOS ANJOS, o qual – depois de atravessar tantos séculos – ainda ecoará pelos séculos vindouros: – Glória a Deus nas alturas, Paz na terra aos homens da Boa Vontade de Deus! Um ensino resulta do confronto que se estabeleça entre o que ocorreu com os pastores e o que se deu com os magos: O HOMEM JAMAIS DEVE ORGULHAR-SE DA POSIÇÃO QUE OCUPE NO MUNDO, PORQUE – DIANTE DE DEUS – O MENOR PODE SER O MAIOR. Quais as pessoas que receberam, primeiro, a notícia do nascimento de Jesus? Humildes pastores que viviam sem instrução (e sem orgulho) no seio da natureza, aprendendo no seu livro imenso os segredos da Divindade. São ignorantes? Mas sabem crer, amar e esperar. Tanto basta para serem considerados dignos de receber, antes de tanta gente culta e importante a Boa Nova de Deus. Os dois pontos se

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extremam: depois deles, são os magos, os sábios, os poderosos, que recebem a Revelação destinada a transpor todas as classes: começando pelos degraus inferiores da escala, terá de subir ao ápice. Os magos também criam, mas neles a fé não era tão pura. Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo. Todavia, também eles vêm ajoelhar-se diante do menino trazendo-lhe os tributos que se ofereciam ao Senhor. É que, sem o compreenderem, sentem que aquele menino, se de fato existe, deve ser de uma essência superior à deles para causar tamanha expectativa. Seria o Messias tão anunciado desde Moisés? Estaria ali na forma de uma criança, o próprio Filho de Deus?

BOA VONTADE – II

P – Falando da revelação feita, primeiro aos pastores, depois aos magos, disse o Espírito da Verdade: “destinada a transpor todas as classes; começando pelos degraus inferiores de escala, terá de subir até ao ápice”. Que significam estas palavras?

R – São um conselho e um exemplo que se vos dão. Deveis, antes de tudo, LEVAR A BOA NOVA AOS DESERDADOS DO VOSSO MUNDO, que são os mais ansiosos, sem todavia esquecerdes as classes (entre vós) mais elevadas. Vedes, no Evangelho, que o Anjo avisa os pastores e se retira, por saber que eles têm o coração simples e reto. Ele os vigia, mas invisivelmente; ao passo que conduz os magos, mostrando-lhes sempre ao longo do caminho, a estrela que os guiará. E ele os conduz assim por saber que as grandezas mundanas os podem desviar e, portanto, é preciso mantê-los continuamente atentos. Que o Anjo que os avisou vos sirva de exemplo: imitai-º Consagrai àqueles de vossos irmãos, que o mundo considera ínfimos, as primícias dos vossos cuidados e a maior parcela da vossa Boa Vontade. Mas nem por isso desprezeis os “felizes” da Terra, porquanto a eles é que se aplicam no seu verdadeiro sentido, estas palavras, cujo significado as interpretações humanas falsearam: “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Muitos os chamados e poucos os escolhidos, sim, porque bem poucos sabem aproveitar os meios que a Bondade Divina lhes pôs nas mãos, para progredir e impulsionar o progresso de seus irmãos. Sem dúvida, a felicidade na Terra é uma provação mais suave que a pobreza e a miséria, MAS TAMBÉM MUITO MAIS DIFÍCIL DE SER LEVADA A TERMO. Felizes do mundo, escutai: as riquezas que possuis, não vos foram distribuídas para satisfação vossa; não é para vossa ventura que os acontecimentos estão sempre de acordo com os vossos desejos e necessidades. Não! Não é para vosso gozo material, para incrementar o vosso orgulho, o vosso egoísmo. Nas riquezas tereis de procurar um benefício moral vindouro. Os bens terrestres vos são concedidos como instrumento, meio de amor e caridade para com vossos irmãos, de progresso moral e intelectual para eles e para vós. A esses bens, que Deus vos emprestou, deveis dar um emprego generoso e útil. Não devem servir para desfrutardes vida voluptuosa, mas para suavizardes os sofrimentos dos desgraçados. Não devem contribuir para viverdes na ignorância e na preguiça, mas para adquirirdes a ciência que o estudo, sempre tão dispendioso, vos pode proporcionar; depois tereis de espalhar esse benefício, de mãos cheias, GRATUITAMENTE, por aqueles que carecem de recursos, ou para fazerdes que outros espalhem fartamente a educação tão necessária ao povo, se – por ser limitada a vossa inteligência – não puderdes realiza-la. Não é para vosso regalo exclusivista que tendes esses bens. Não deveis dizer, jamais: “Tenho sorte, minha estrela brilha sempre, tudo me sorri”. Primeiro deveis agradecer a Deus vosso destino; depois, que este se reflita sobre todos aqueles que, menos felizes, estão sujeitos a provações morais e materiais, às vezes tão pesadas! A todos esses, sem tardança, daí o excesso da vossa fortuna. Consolai, alentai, moralizai, ponde-vos na situação dos que sofrem, ajudai-os a suportar o peso de seus infortúnios, não superficialmente, com os lábios apenas, mas com o amor que vem do fundo do coração. Praticai a justiça, o amor e a caridade, em todos os sentidos – material, moral, intelectual e espiritual. Então, sim, não mais vos diremos MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS, porque do Alto o Senhor vos lançará um olhar de complacência. E, assim como o ia atrai o ferro, Ele vos atrairá ao seu amor, para receberdes a coroa dos eleitos.

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BOA VONTADE – III

P – Disse o Espírito da Verdade, referindo-se aos magos: “Tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Daí devemos concluir que receberam uma revelação espiritual?

R – Sim, explicaremos este ponto quando tratarmos da visita dos magos a Belém.

P – Quais o sentido e o alcance destas palavras do versículo 14: “Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra aos homens da Boa Vontade de Deus”?

R – Nas alturas (no mais alto dos céus) exprime a elevação indefinível do Altíssimo. Homens da Boa Vontade de Deus são os que se consagram ao serviço do Senhor, não vivendo em retiro ocioso e fazendo macerações, mas consagrando a inteligência, a força e o tempo ao bem de seus irmãos, glorificando o Criador pelo trabalho, que é a prece do coração, pela caridade e pelo amor.

P – Por estas palavras do versículo 15: “Logo que os Anjos se retiraram para o céu” se deve entender: “Logo que os bons Espíritos se afastaram no espaço e deixaram de ser visíveis aos pastores”?

R – Sim, mas há uma explicação mais precisa ou mais exata: logo que cessou o estado de êxtase em que se achavam os pastores; logo que, voltando à opressão da carne, eles deixaram de ver.

P – Que devemos entender pela expressão “o céu”, com relação a Deus e para Deus?

R – Não procureis nessa expressão, de que tanto abusam as religiões, um lugar determinado, onde o Senhor se localize. Muito mesquinho é o espírito humano para pretender encerrar o Infinito no céu, como um potentado em seu palácio! Como explicar-vos a vós que não podeis fazer idéia da imensidade sem limites, o que sejam Deus, sua grandeza, seus atributos, o infinito das suas perfeições? Não podendo definir um ideal dessa magnitude, alguns homens cujas idéias ultrapassavam as do vulgo, quiseram fazer Deus tão grande que lhe “aniquilaram” a personalidade! Outros, confinados na estreiteza de suas cerebrações, o fizeram tão pequeno que as igrejas, que lhe edificaram são vastas demais para o conterem! Adotai o termo médio entre essas duas hipóteses: DEUS É, NA IMENSIDADE, O INFINITO. Porque o ESPÍRITO é de tal modo puro que bem poucos Espíritos podem vê-lo, frente a frente; de tal modo poderoso que irradia por todos os mundos SEM JAMAIS SE DIVIDIR, conservando sua individualidade eternamente indivisível. Para inteligências limitadas como as vossas, só podemos comparar materialmente Deus com o Sol que vos ilumina, centro único para o vosso planeta – (claro é um termo de comparação) – de luz, de calor, de vida e fecundidade, quer se mostre aos vossos olhos em todo o seu brilho, quer o encubram os sombrios vapores que se elevam da superfície da terra. Deus, o ponto individual-central no infinito, em torno do qual gravitam todos os mundos do Universo, espalha sobre todos eles o seu calor, a sua vida, a sua luz, a sua fecundidade inconcebível, mas bem poucos podem gozar da fecundidade de lhe ver os raios luminosos! Os vapores que se evolam de vossas almas culposas formam ainda uma atmosfera espessa, através da qual alguns desses raios passam, de quando em quando, geralmente depois de uma tempestade, para vos lembrar que, logo que as nuvens borrascosas se tenham dissipado, Ele brilhará por sobre vós, em toda a sua pureza, em todo o seu esplendor. Pobre linguagem humana, que poder é o teu pêra exprimir pelas palavras DEUS, o Ideal, o Imenso, o Infinito, o Eterno? O céu é imensidade sem limites em que se movem todos os seres, na ânsia de se aproximarem do centro de atração universal – DEUS – a cujos pés se vem grupar tudo aquilo que é perfeito. Mais adiante, no momento oportuno, vos daremos as explicações que deveis receber, com relação a Deus quando tratarmos do Evangelho de João.

P – Em face do versículo 17, quais o sentido e o alcance dos versículos 18 e 19?

R – A aparição do Anjo aos pastores, a daquela multidão da milícia celeste, a narração que os mesmos pastores fizeram do que viram e ouviram, tinham por objeto e por finalidade esclarecer cada vez mais os homens, chamar ainda mais a atenção e as meditações de Maria para a natureza e

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importância da sua missão, e dar a todos a confirmação de que aquele menino que Deus lhe confiara e do qual ela se acreditava mãe, por uma operação divina, era o Cristo, o Messias prometido, anunciado – desde Moisés – pelos profetas da Lei Antiga.

BOA VONTADE – IV

P – Como o Centro Espiritual Universalista interpreta os versículos 21 a 24, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos reler:

21 – Decorridos os oito dias, ao cabo dos quais tinha o menino de ser circuncidado, foi ele chamado Jesus, nome que o Anjo lhe dera antes de ser concebido no seio materno. 22 – E, passado o tempo da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor, 23 – de acordo com o que está escrito na lei: “Todo primogênito será consagrado ao Senhor”, 24 – e para oferecerem, ao sacrifício que ra devido, conforme a mesma lei, duas rolas ou dois filhotes de pombos.

Estes fatos constituem uma lição para os que se revoltam contra o jugo que a religião impõe, para os que querem destruir a lei em vez de cumpri-la, quando para a Humanidade se abre, na época predita, uma era nova, transitória. Vedes que os “pais” de Jesus se conformaram com a lei estabelecida, e a ela submeteram o “recém-nascido”. A lição é esta: nunca provoqueis o escândalo, isto é, não escandalizeis vossos irmãos, eximindo-vos repentinamente ao jugo que pesa sobre eles. Quando tiverdes de reconstruir um monumento servindo-vos dos materiais de outro, prestes a desmoronar, não empregueis a dinamite, porque – estilhaçados – os materiais voariam longe, ocasionando graves acidentes. Ao contrário: tirai cuidadosamente, pedra por pedra, depositai-as no chão separando as que não prestarem, para lança-las ao refugo. Feita a escolha, iniciai a obra nova, substituindo por outras – boas e sólidas, capazes de sustentar os ângulos – as pedras que o tempo haja estragado. Pois o mesmo se dá com a renovação moral: NÃO SE DEVE, DE UM MOMENTO PARA O OUTRO, SUBVERTER AS CRENÇAS, CALCANDO AOS PÉS SEUS PRECONCEITOS. Caindo sobre vós seus destroços vos poderiam ferir. Cumpre desloca-los um a um, conservar com muito cuidado as pedras verdadeiras, que devem sustentar o edifício, e rejeitar todas as falsas, que lhe causariam o desmoronamento. As pedras verdadeiras, que deveis conservar, são a fé em Deus, a submissão à sua Lei, quaisquer que sejam a língua em que a expliquem e a forma de que seja revestida. Assim, seja qual for o culto em que tenhais nascido, se ele vos ensina o amor a Deus (pouco importando o nome que se dá ao Criador), se vos ensina a prática da Caridade, as pedras são verdadeiras: conservai-as. Mas rejeitai, pouco a pouco, sem abalos, tudo o que estiver fora da Lei Divina, agora sintetizado no Novo Mandamento de Jesus. Só de acordo com este Mandamento é que será dado a cada um de acordo com suas obras. Os clericais, pertençam a que seita pertencerem (todo culto conta, no seu clero, um pessoal obstinado e tenaz com bom número de aderentes) vão bradar anátemas contra esta profissão de fé. Ela, entretanto, é do Cristo, e solapa todos os sectarismos do Anti-Cristo, pois é chegado o tempo em que, obedientes à Lei de Deus, os homens – sejam quais forem os cultos exteriores, que ainda agora os dividem e os separam – caminharão unidos e irmanados, sob a mesma bandeira: – Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei e amo! Mas, digam o que disserem, anatematizem e persigam os CRISTÃOS DO CRISTO, que podem eles com seus dogmas, suas tradições e cerimônias contra a Obra Progressiva de Jesus e a Vontade Eterna de Deus? Falam à alma? Não, porque os homens saem das igrejas tão maus quanto entram nelas. Falam, portanto, apenas aos sentidos. Os sentidos, porém, se embotam e se pervertem. Que resta então? Em geral (considerando as massas), autômatos que se ajoelham, homens ou crianças sem a Fé nascida da Verdade, os quais, ao saírem dos templos, levam consigo os mesmos vícios que traziam ao entrarem, e que são originários destas fontes: a avareza, a preguiça, a inveja, o orgulho, o egoísmo, a hipocrisia, a cólera, a intemperança, o sensualismo, a luxúria, a maledicência, a calúnia, a incredulidade, o materialismo, a intolerância, o fanatismo. Essas é que são as pedras falsas, que se devem retirar, porque o edifício desmorona sobre todas as mentiras que o sustentem. A fé perfeita, a prática permanente do Novo Mandamento, a caridade imaculada – eis aí as únicas pedras angulares: conservai-as rijas e sem jaça.

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P – Como devemos traduzir e compreender estas palavras do versículo 21, referentes a Jesus: “antes de ser concebido no seio materno”?

R – Tais palavras significam: antes que Ele se houvesse colocado nas mãos de Maria Virgem, sua mãe aos olhos dos homens. Essas palavras humanas do versículo 21 foram a conseqüência das crenças que deviam, como já vos explicamos, ter curso, e o tiveram, no meio das multidões. Isto é, aos olhos dos homens, Jesus foi, durante a sua missão terrena, fruto da concepção humana, tendo Maria por mãe e José por pai; e – depois de desempenhada tal missão – fruto de uma concepção chamada “divina”, “milagrosa”, no seio de uma virgem – no seio de Maria – por obra do Espírito Santo.

CÂNTICO DE SIMEÃO

P – A restauração da Verdade, nos Quatro Evangelhos de Jesus, é a obra mais importante do mundo, para a unificação de todos os cristãos. Qual a explicação do CEU da LBV, para os versículos 25 a 35, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Eis a passagem evangélica:

25 – Havia em Jerusalém um homem justo e temente a Deus, chamado Simeão, que vivia à espera da consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26 – Pelo Espírito Santo lhe fora revelado que não morreria antes de ter visto o Ungido do Senhor. 27 – Impelido pelo Espírito, foi ao templo e, como os pais do menino Jesus o tivessem levado lá, a fim de o submeterem ao que a lei ordenava. 28 – Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: 29 – “Agora, Senhor, deixas partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra, 30 – pois meus olhos viram o Salvador que nos dás, 31 – e que fizeste surgir à vista de todos os povos, 32 – como luz a ser mostrada às nações e para glória de Israel, teu povo”. 33 – O pai e a mãe de Jesus se admiravam das coisas que eram ditas de seu filho. 34 – Simeão os abençoou e disse à Virgem Maria: – “Este menino vem para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens. 35 – E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos.

Simeão, homem justo e temente a Deus, vivia a espera do Cristo predito e prometido. Estas expressões: “O Espírito Santo estava nele” – “pelo Espírito Santo lhe fora revelado” – impelido pelo Espírito”, eram, como sabeis, típicas do linguajar hebraico. Já o explicamos: para os judeus, tudo o que resultava de uma inspiração e que eles não compreendiam, era feito pelo Espírito Santo. Quer dizer: do ponto de vista em que se achavam era o Espírito do próprio Deus a animar e inspirar os homens. Simeão recebeu do seu Anjo da Guarda a inspiração (é o que, na vossa linguagem humana, chamais de pressentimento) de que não morreria antes de ver o Cristo de Deus. Por efeito dessa inspiração houve, de sua parte, intuição e convicção. Daí ser impelido a ir ao templo, onde – esclarecido pela mesma inspiração – tomou nos braços o “menino Jesus” e logo o proclamou o Salvador esperado, pronunciando as palavras do cântico. E, porventura, não se cumpriram as palavras proféticas do inspirado Simeão? Jesus não foi exposto no Gólgota para aquele tempo e para o futuro, até ao fim dos séculos à contemplação de todos os povos, como a luz que havia de iluminar e ilumina todas as nações? Não foi exposto pelos Apóstolos e discípulos à contemplação de todas as gentes até aos vossos dias? Não o vai ser ainda, e cada vez mais, pelo Espírito da Verdade, até que o Cristo reine sobre todos? Estas outras palavras de Simeão, falando a Jesus: “como luz a ser mostrada às nações e pra glória de Israel” – se referem, no seu sentido oculto, em espírito e verdade, à satisfação imensa que experimentará o povo de Moisés por ter sido escolhido pelo seu monoteísmo – para receber esse penhor de redenção. Porque, desde então, Israel significa toda Humanidade. O cântico se aplica aos séculos vindouros, não só à época em que Simeão falava: aplica-se, também, à vossa época, ao ciclo apocalíptico final. Quando a luz do Cristo se houver espalhado por toda a terra, os judeus se lembrarão de Moisés e das palavras de Simeão, felizes por terem sido o primeiro facho de onde ela se espargiu. Embora, a princípio, tenham colocado a luz de baixo do alqueire, nem por isso será neles menos vivo

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o SENTIMENTO DA GRATIDÃO. Essa hora está próxima, basta apenas aguarda-la. As últimas palavras do cântico: “Este menino vem para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens”, representam no seu sentido oculto, também em espírito e verdade, previsão das querelas religiosas quanto a Jesus, sua origem e sua natureza; quanto ao seu aparecimento e à sua passagem pela Terra; quanto à sua posição com referência a Deus, ao vosso planeta e à Humanidade terrestre; quanto aos seus poderes e à sua autoridade espiritual. Aludem, sobretudo, à oposição feroz que as “figuras notáveis” de Israel moveram contra a Doutrina do Mestre. Na verdade, tais querelas continuaram pelos tempos adiante, e ainda se fazem sentir nos vossos dias. Ora, para aqueles “notáveis” de então, Jesus foi, realmente CAUSA DE RUÍNA porque eles tiveram de expiar, em dolorosas reencarnações, o orgulho, a cupidez, a ambição desenfreada, todas as paixões más que os dominavam. E não só para os romanos, mas também para os israelitas, Jesus foi, é e será, POR ALGUM TEMPO AINDA, causa de ruína. Todos OS QUE REPELIRAM, E Hoje teimam em repelir, sua Doutrina de Verdade encerrada em seu Novo Mandamento, tanto na ordem material, quanto na ordem moral e intelectual, encontrarão nele a causa de sua ruína. Em tal caso, Jesus é o obstáculo imprevisto, de encontro ao qual todos eles terão de esbarrar. Mas a culpa daquele que repele a Lei do Cristo, por não a ter compreendido bem (muita vez por não lhe ter sido bem ensinada), não pode ser considerada tão grave quanto a daquele que CONHECEDOR DO SENTIDO PROFUNDO DESSA LEI o desnatura ou obscurece, a fim de manter as almas subjugadas! Para os que caminhavam nas trevas e que, com alegria, se dirigiram para a luz, Jesus foi, é e será sempre, uma CAUSA DE RESSURREIÇÃO. Esses ressuscitaram. Ressuscitaram no sentido de que, deixando de permanecer no estado de degradação, que os distanciava do céu a que aspirais, entraram no caminho da Verdade e do Progresso, que rapidamente conduz à felicidade espiritual. Estavam mortos, visto que a existência para eles só tinha uma saída – o sepulcro. Ressuscitaram transpondo as portas do túmulo, voando para o seu Criador ao impulso da Fé, da Esperança e da Caridade. Finalmente as palavras de Simeão à Virgem Maria: “E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos”, fazem alusão à morte de Jesus, o que foi, humanamente uma grande dor para ela, e – por outro lado – motivo para profissão de fé e deserção vergonhosa de muitos. Sim, a morte de Jesus foi, humanamente, uma grande dor para Maria. Ela estava convencida do futuro brilhante do Filho de Deus, Salvador do Mundo; mas em virtude das crenças que devia ter (e tinha), sofreu humanamente pela morte do filho, que acalentara nos braços, com tanto amor, e cujos progressos acompanhara, admirando-o e adorando-o pelas suas obras.

O MENINO JESUS

P – Como explica o CEU da LBV os versículos 36 a 40, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Esta é a passagem:

36 – Havia, também, uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Estava em idade muito avançada, e não vivera senão sete anos com o marido, desde que se casara. 37 – Era, então, viúva, contava oitenta e quatro anos e não se afastava do templo, servindo a Deus, dia e noite, em jejuns e orações. 38 – Chegando ao templo naquele instante, pôs-se a louvar o Senhor e a falar do menino a quantos esperavam a redenção de Israel. 39 – Depois de terem cumprindo tudo o que era ordenado pela lei do Senhor. José e Maria regressaram à Galiléia, indo para Nazaré, sua cidade. 40 – E o menino crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.

Fala o Espírito da Verdade: – Ana era médium audiente e falante. Era chamada profetiza porque possuía, sob a influência e a proteção dos Espíritos do Senhor, a faculdade de predizer certos acontecimentos. Era um Espírito elevado, muito desenvolvido mediunicamente, como os profetas que apareceram em Israel. O povo, como sabeis, considerava os profetas como inspirados, mesmo pelo Altíssimo. Na realidade, eram médiuns. As palavras de Ana foram semelhantes às de Simeão. Quanto ao versículo 40, deve permanecer no lugar que ocupa: nenhuma relação tem com ambos os cânticos. Ele se aplica à época que se seguiu à apresentação no templo. Jesus, estando fora da vossa

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humanidade, não teve uma infância semelhante a de todos vós, por isso que seu corpo, não sendo mais que um perispírito quase material, com a aparência da corporeidade humana, encobria (dada a sua natureza puramente perispirítica) UM ESPÍRITO PERMANENTEMENTE LIVRE. Ele, portanto, agia sob a influência desse Espírito, de um modo sempre superior a tudo o que se possa esperar do menino mais desenvolvido. “O menino, diz o Evangelista, crescia e se fortificava, cheio de sabedoria, porque nele estava a graça de Deus.” Isso não é mais do que a apreciação humana, que a narração evangélica havia de refletir (e reflete). Tendo a aparência humana, o corpo de Jesus seguia, aos olhos dos homens, a linha de desenvolvimento de qualquer terrícola, MAS SEMPRE EM CONDIÇÕES DE ABSOLUTA PRECOCIDADE. Jesus, para os homens, crescia corporalmente, e a sua inteligência se desenvolvia. Tais progresso e desenvolvimento, na humanidade, podem ser acompanhados, observando-se uma criança. Perguntamos: não há na Terra algumas, entre muitas da mesma idade, por menor que seja esta, mais fortes e inteligentes? Como não ser assim com relação àquele em que não havia mais que a APARÊNCIA DA INFÂCIA? E não é compreensível que seus primeiros passos no mundo que habitais – assim como todo o resto da sua passagem por ele – tivessem a marca-los um cunho particular, excepcional? E “nele estava a graça de Deus” porque, sendo tudo nele puro e santo, santos e puros haviam de ser (foram) todos os seus atos e palavras. Na sua primeira “infância”, aos olhos dos homens, ele esteve isento, como podeis facilmente concluir, das faltas e fraquezas da infância humana. FOI PERFEITO DESDE OS PRIMEIROS INSTANTES, e isso, naturalmente, provocou em todos admiração e espanto. Porque todos sentiam, sem o saber explicar, o “toque divino” no Menino Jesus.

OS MAGOS – I

P – Queremos saber como o CEU da LBV interpreta os versículos 1 a 12, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Mateus. É possível?

R – Trata-se da passagem referente à adoração dos magos:

1 – Tendo Jesus nascido em Belém de Judá, ao tempo do rei Herodes, eis que do Oriente vieram uns magos a Jerusalém, 2 – dizendo: “Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adora-lo”. 3 – Sabendo disso, o rei Herodes ficou sobressaltado, e com ele toda a cidade de Jerusalém; 4 – e, tendo reunido em assembléia todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, inquiriu deles onde devia nascer o Cristo. 5 – Disseram-lhe: “Em Belém de Judá, conforme ao que foi escrito pelo profeta: 6 – Tu, Belém, terra de Judá, não és a última entre as cidades de Judá, pois de ti sairá o chefe que há de conduzir meu povo de Israel”. 7 – Então Herodes, mandando chamar em segredo os magos, lhes perguntou em que tempo, precisamente, a estrela lhes aparecera; 8 – e, enviando-os a Belém, lhes disse: “Ide, informai-vos exatamente acerca desse menino e, quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, a fim de que eu, também, vá adora-lo”. 9 – Depois de ouvirem do rei essas palavras, os magos partiram, e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes tomou a dianteira, e só se deteve quando chegaram ao lugar onde estava o menino. 10 – Quando viram a estrela, eles sentiram extrema alegria; 11 – e, entrando na casa, ali encontraram o menino com Maria e, prosternando-se, o adoraram; depois, abrindo seus tesouros, lhe ofereceram, por presentes, ouro, incenso e mirra. 12 – Avisados, por sonhos, que não voltassem a Herodes, regressaram às suas terras por outro caminho.

A visita dos magos a Jesus em Belém não foi feita no estábulo. Já o “menino” não estava mais na manjedoura, quando eles o adoraram. Também não foi antes, mas depois da circuncisão e da purificação, que a visita e a adoração se verificaram. Para vos orientardes, tendes um critério a esse respeito: a ordem de matança das crianças até à idade de dois anos. Se os magos tivessem vindo antes da circuncisão e da purificação, a ordem não atingiria as crianças de mais de um ano. De fato, notai que aquela ordem Herodes a deu de conformidade com as informações exatas que obtivera dos magos, acerca do tempo em que lhes apareceu a estrela. Maria tinha de estar em Belém, com o menino, na ocasião em que eles chegassem, para o visitar e adorar. Os fatos tinham de ocorrer como exatamente ocorreram sob a ação e a influência espirituais tanto no que se refere a José e Maria, quanto no que se

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diz respeito aos magos. Esses encontros, essas ocorrências, que muitos supõem obra do acaso, por ignorarem suas causas, muitas vezes se produzem entre vós sob a influência e a ação espirituais. José e Maria iam, freqüentemente a Belém, à casa de Matias (irmão de José). Os Espíritos (seus protetores) lhes inspiraram a idéia e o desejo de irem lá, para serem encontrados pelos magos em Belém. Foi na casa de Matias, portanto, que estes adoraram o “menino” Jesus e lhe derem, como presentes, ouro, incenso e mirra. Mas, como foram os magos induzidos a vir do Oriente a Jerusalém, para indagar onde estava aquele que nascera “rei dos judeus”? Como puderam saber que a “estrela”, que viram no Oriente, era a daquele que nascera “rei dos judeus”? Como foram levados a seguir essa “estrela”, a fim de o irem adorar? E que era, afinal, essa “estrela”? Uma revelação espiritual os instruiu a tal respeito. Em sonho, receberam dos Espíritos (seus protetores) este aviso: o Cristo descera à Terra, como rei dos judeus, para regenerar a raça humana; eles seriam guiados até junto do “menino” pela estrela que veriam no céu; não lhes cumpria mais do que segui-la, a fim de chegarem ao Messias esperado. Para cada um a linguagem que lhe convém. Ora, os magos subordinavam a existência de cada homem à influência de um planeta. Para eles, portanto, aquela “estrela” era um planeta criado para presidir o destino de Jesus, e lhes fora mandado expressamente para os advertir e guiar. Quanto aos outros homens, esses – seguindo as crenças que os magos professavam – nasciam e morriam sob a influência dos planetas já existentes, cada um dos quais podia presidir os destinos de milhares de indivíduos. Como sabeis – pois essa crença ainda sobrevive – os antigos acreditavam que o homem nascia sob uma boa ou má estrela. A idéia que para os eruditos da época, servia de base a semelhante crença era que tal planeta, sob cuja influência o homem nascera, desprendia fluidos favoráveis ou contrários – os quais, ou lhe facilitavam a concepção do Bem, o estudo das ciências, a realização dos desejos, a saúde, o prolongamento da vida, ou acumulavam desgraças sob desgraças – conforme a influência ser boa ou má. Podeis abrir qualquer dos velhos tratados de alquimia, de necromancia, de astrologia: vereis o papel ativo que, por vezes, seus autores atribuem (de muito boa fé) aos planetas que, entretanto, marcham ascensionalmente, pela via do progresso, como tudo o que foi e é criado, pois Deus nada criou que não seja perfectível. Não vos espanteis da idéia que, apoiados nas suas crenças, os magos fizeram da “estrela” que os havia de guiar, tomando-a por um planeta capaz de executar um ato inteligente, qual o de os conduzir a determinado lugar. A “confiança” que depositavam na poderosa vontade do Senhor lhes dominava completamente o raciocínio. Para eles, a estrela obedecia a uma ordem dada, como o servo obedece ao seu amo. Não dizemos que isso foi real, pois, ao contrário, vamos explicar-vos a natureza da luz que eles tomaram por luz de uma estrela. Alguns “sábios” que, cheios de orgulho, pensam tudo saber e que, no entanto, ainda são muito ignorantes, pretenderam – negando a ação e os efeitos espirituais, a ação e os efeitos da mediunidade – que tal estrela não passava de uma fábula astrológica. Nem podia ser de outra forma: assim devem falar os que só compreendem os efeitos matemáticos, e que tudo pesam com o peso que tem à mão! A luz que, sob a forma de estrela, cintilava aos olhos dos magos nada tinha de comum com os astros que povoam a imensidade. Não pode o Anjo da Guarda mostrar-se ao homem sob a forma luminosa que mais julgue conveniente? O olhar escurecido da matéria será capaz de distinguir a luz, emitida por um centro fluídico da que envolve os mundos que brilham sobre as vossas cabeças?

OS MAGOS – II

P – Causou profunda emoção, em nosso Posto Familiar, a revelação espiritual da “estrela” dos magos! Poderia ensinar-nos mais alguma coisa a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Deveis compreender que o perispírito, sobretudo o de um Espírito Superior, pode tornar-se luminoso para os olhos humanos, mediante a uma agregação, uma condensação dos fluídos e UMA TRANSFORMAÇÃO QUE LHES DÊ FORMA ESTRELAR. O que os magos viram não era uma estrela: – tudo, na imensidade, está submetido à Lei da Harmonia Universal; portanto, uma estrela (o que vale dizer – um mundo) não se afastaria do centro de gravitação que lhe fora imposto, para vagamundear pelo espaço, como lanterna em mãos de um Guia. Todo e qualquer efeito inteligente, vós o sabeis, decorre de uma causa inteligente. Os magos eram guiados por um Espírito Superior, encarregado de os levar a render homenagem ao Salvador da Humanidade. Esse Espírito se manifestou fluidicamente, de modo luminoso, sob a forma de estrela, tal como os magos o designaram. Ora, a

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estrela brilhava aos seus olhos, mas estes eram de carne. Não conheceis os efeitos da óptica? À distância em que se encontram, porventura, podeis ver os mundos que vos circundam como realmente são? O afastamento, a luz a cintilar, sob o aspecto de estrela, atravessando o ar ambiente que os envolvia, a forma e as dimensões tomadas não podiam bastar para fluir a homens que, embora sábios, relativamente ao tempo em que viviam, estavam muito longe de possuir os conhecimentos atuais e não dispunham de nenhum dos vossos instrumentos tão aperfeiçoados e que ainda terão de se aperfeiçoar muito mais? Outros “Espíritos Fortes” pretenderam também, ironicamente, que “os magos só viajavam à noite, porque, à luz do sol, não se vêem as estrelas”. Não é exato: de preferência, viajavam durante o dia, porque, como vós, repousavam à noite, reservando ao sono o tempo necessário. Acaso os sábios, que inventaram e empregam lunetas próprias a serem usadas de dia, ignoram que – em certas condições de irradiação – as estrelas podem ser vistas tão bem quando o sol brilha, como à noite? A esses poderíamos perguntar: – Seria impossível apropriar a vista dos magos de maneira a que pudessem perceber um pálido clarão, apesar da claridade do dia? Por prodígios tão extraordinários quanto este – e que admitis sem que, entretanto, os compreendais muito bem – os olhos humanos não são apropriados a desempenhar as funções de microscópio? Ponhamos, porém, a questão nos seus verdadeiros termos: a “estrela” de que se trata não era, insistimos, um dos mundos que povoam o firmamento e sim, como acabamos de explicar, uma concentração de fluidos luminosos, sob o aspecto de estrela brilhante, cuja claridade se modificava de modo a poderem os magos (médiuns videntes) distinguir sua luz. Era efeito de óptica, produzido para lhes fazer cintilar à vista como as estrelas em noite límpida, um clarão movediço. Vimos auxiliar-vos na explicação do que, em linguagem humana, se designa pelo nome de “mistério”, mas apenas para vos auxiliar e só com relação ao que vos seja realmente incompreensível. Utilizai-vos da vossa ciência e da vossa razão, para solucionar as questões que uma e outra podem resolver. Os magos foram primeiramente conduzidos a Jerusalém, porque cumpria a vontade do Senhor. Herodes tinha de ser informado do “nascimento” do “rei dos judeus”. Tinha de reunir em assembléia os príncipes dos sacerdotes, os escribas ou doutores do povo, os quais, consultando as profecias, tinham de indicar, como local destinado ao nascimento do Cristo (o chefe que, segundo fora anunciado, havia de guiar o povo de Israel), a cidade de Belém de Judá, onde precisamente, nascera o menino que os magos procuravam. Tudo tem sua razão de ser: o “nascimento” isolado do “menino” Jesus, no seio de uma classe pobre, devia ter uma repercussão que preparasse o seu nascimento entre os homens e dispusesse os acontecimentos que se haviam de dar, em conseqüência dessa passagem dos magos por Jerusalém e da visita deles a Belém de Judá.

OS MAGOS – III

P – Disse o Espírito da Verdade: “Os magos tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Quais o sentido e o alcance dessa afirmativa?

R – Os magos acreditavam na existência e na comunicação dos Espíritos e com estes se comunicavam, pelos processos mediúnicos; os ensinos dos Espíritos, porém, eram proporcionados ao desenvolvimento das inteligências e necessidades da época. Claro que, então, como agora, existiam as mediunidades. A cada um elas eram deferidas, ou de acordo com a sua organização, ou de acordo com o grau alcançado de adiantamento, de estudo e experimentação. Tinham conhecimento do magnetismo e do sonambulismo; do desprendimento da alma no estado sonambúlico e durante o sono; da faculdade que a alma possui, de – nesse estado de desprendimento – comunicar-se com os Espíritos, quer sob a influência magnética, quer em sonho, durante o sono. Tendo sido, enquanto dormiam, avisados do “nascimento” de Jesus, a lembrança que, ao despertarem, guardavam do aviso, os deixou em dúvida: fora um sonho, isto é, uma revelação espiritual de fatos que lhes eram preditos, e que haviam de ocorrer, ou uma visão falsa, uma alucinação? Só depois que deram com a “estrela”, e que a viram pôr-se a caminho, a dúvida se lhes dissipou e, guiados por ela, foram a Jerusalém, onde ela parou. A dúvida ainda os empolgava, no momento em que a resposta dos príncipes dos sacerdotes, dos escribas, ou doutores do povo, lhes indicou Belém como o lugar onde estaria o Cristo de Deus, o chefe a quem caberia guiar o povo de Israel. Por isso mesmo, foram tomados de extremo júbilo quando, depois de receberem as ordens de Herodes, viram de novo aparecer a “estrela” e notarem que se punha outra vez em marcha, para guia-los. A fé se lhes tornou, porém, completa quando, detendo-se a “estrela” sobre o

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casal, aí entraram encontrando o “menino” com Maria. Então, prosternando-se, o adoraram, nele reconhecendo o Filho de Deus, que descera à Terra para regenerar a raça humana. E abrindo os tesouros que traziam, lhe ofereceram, por presentes, ouro, incenso e mirra.

P – Em face do trecho: “Tudo na imensidade está submetido à Lei da Harmonia Universal; portanto, uma estrela (o que vale dizer – um mundo) não se afastaria do centro de gravitação, que lhe fora imposto, para vagamundear pelo espaço, como lanterna em mãos de um Guia” – quais são os elementos, o fim e o destino do que se chama estrela cadente?

R – As estrelas cadentes não são mundos colocados num centro de gravitação, mas sim fluidos condensados e inflamados, procurando o ponto de atração a que devam reunir-se, para completarem suas combinações e formarem planetas. Mas isso sai do quadro do nosso trabalho e, portanto, não iremos mais longe. Apenas vos fazemos notar: primeiro, que – nas palavras que acabais de citar – falávamos dos mundos formados e que ocupam seu centro de gravitação; segundo, que estas palavras não estão em desacordo com o deslocamento que os planetas (como explicaremos mais tarde, quando falarmos da marcha ascensional do vosso) têm de realizar em suas peregrinações progressivas, porquanto os séculos, de acordo com as leis imutáveis da Natureza, podem fazer o que não seria possível, sem perturbação, no espaço mensurável de uma viagem humana; terceiro, que as estrelas cadentes, ou amálgamas de fluidos inflamados, em busca do centro a que se tenham de juntar, operam sua evolução com a rapidez do pensamento enquanto que a “estrela” dos magos se deslocou à frente deles, na marcha lenta ou regular de homens que viajam, praticando – como guia de seus passos – um ato inteligente.

FUGA PARA O EGITO

P – A preleção sobre os magos foi algo de emocionante para todos nós. Como o Espírito da Verdade explica os versículos 13 a 18, Capítulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Mateus?

R – A passagem indicada é a seguinte:

13 – Logo que os magos partiram, um Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e fica lá até que eu te diga que voltes, pois Herodes procurará o menino para o matar”. 14 – José, levantando-se, tomou o menino e a Virgem Maria e, durante a noite, se retirou para o Egito, 15 – onde ficou até à morte de Herodes, a fim de se cumprirem estas palavras que o Senhor dissera pela boca do profeta: “Chamei do Egito meu filho”. 16 – Herodes, vendo que fora enganado pelos magos, encheu-se de grande furor, e mandou matar – em Belém e nas circunvizinhanças – todos os meninos de dois anos para baixo, regulando-se pelo tempo de que se informara exatamente com os magos. 17 – Cumpriu-se, então, o que fora dito pelo profeta Jeremias: 18 – “Ouviu-se em Rama o grande rumor de muitos que choravam e se levantavam: Raquel chorando por seus filhos, não querendo ser consolada, porque eles não mais existem”.

Acompanhai os fatos e vereis, sempre, o dedo de Deus dirigindo os acontecimentos, preparando o advento do Justo. Os magos haviam fornecido a Herodes indicações tais que este foi levado a ordenar a eliminação de todos os meninos de dois anos para baixo. Reportando-se à época em que lhes fora feita a revelação espiritual, à época determinada para partirem e ao tempo que gastaram na viagem, os magos encontraram dados para calcular, aproximadamente, a idade que teria então o menino. Concluíram, assim, que estaria com dói anos, mais ou menos. Se Herodes, portanto, ordenou a matança de todos os de dois anos para baixo, de modo que mesmo os que acabavam de nascer fossem atingidos, é que – não tendo mais visto os magos, e receando algum erro da parte deles – preferiu sacrificar maior número de vítimas a deixar escapar aquela a que visava – o menino Jesus. O cálculo dos magos era, como acabamos de dizer, aproximativo: eles não podiam fornecer uma indicação perfeita. Essa incerteza preparava os acontecimentos que se seguiriam. Foi em conseqüência do aviso que lhe dera, em sonho, o Anjo do Senhor – depois de terem os magos saído de Belém – que José partiu para o Egito com Maria e o menino. Quanto às crianças sacrificadas à crueldade de

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Herodes, não foram vítimas perdidas: o Senhor, na sua previdente bondade, permitira a encarnação de Espíritos quase purificados, aos quais cumpria terminar suas provas na Terra, como lugar de expiação, tendo aquele fim prematuro aos olhos dos homens. Os pais dessas vítimas, inocentes para vós, tiveram também sua parte de progresso, porque foram experimentados pela dor. Aquela, para eles, era uma provação necessária. A sabedoria infinita de Deus prevê tudo, sempre.

REGRESSO DO EGITO

P – Hoje, todos sentem a beleza da Segunda Revelação, explicada sem nenhum sectarismo religioso. Só assim o mundo contemporâneo pode entender o Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento. Como o CEU, da LBV, interpreta os versículos 19 a 23, Capitulo Segundo, do Evangelho de Mateus?

R – Fala o Espírito da Verdade. Vamos à passagem solicitada:

19 – Morto Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20 – e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel, pois estão mortos os que queriam matar o menino Jesus”. 21 – José se levantou, tomou o menino e sua mãe, e voltou para a terra de Israel. 22 – Mas, ouvindo dizer que na Judéia reinava Arquelau, em lugar de seu pai Herodes, teve receio de ir para lá. Avisado em sonho, dirigiu-se para as bandas da Galiléia, 23 – e foi residir numa cidade chamada Nazaré, a fim de se cumprir a predição do profeta: “Ele será chamado Nazareno”.

Obedecendo ao primeiro aviso do Anjo (ou Espírito), José intentava fixar residência em Jerusalém ou nos seus arredores; dele, porém, se apoderou o temor de chamar a atenção sobre o “menino”. Aconselhado, então, pelo Anjo, que lhe apareceu novamente em sonho, retirou-se para Nazaré, na Galiléia. Insistimos nesse ponto, a fim de vos fazermos compreender que nada sucede senão pela vontade do Senhor, e também para verificardes que, para alcançar um objetivo humano, os meios humanos são sempre os empregados. O Senhor podia mandar José imediatamente para Nazaré, mas o Espírito humano não se deteria sobre este fato. Foi, portanto, em cumprimento de uma profecia que – depois de haver encaminhado José para um lugar distante da sua residência – Deus o desvia do caminho que tomara e o faz vir a Nazaré. É Deus quem inspira a José, pai de Jesus aos olhos dos homens, temores pela sorte do “filho”. Deus, sempre Deus, conduzindo pela mão aquele que abriria para a Humanidade perdida o caminho do céu.

A VIDA DE JESUS – I

P – Nosso Posto Familiar ganhou nova luz com a Doutrina do Novo Mandamento. Chegou na hora certa o Centro Espiritual Universalista da LBV! Como interpreta o CEU os versículos 41 a 52, Capitulo Segundo, do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos ler com atenção:

41 – Seus pais iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. 42 – Quando ele tinha a idade de onze anos, foram até lá, como costumavam, no tempo da festa. 43 – Passados os dias destas, regressaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles dessem por isso. 44 – Pensando que o menino estivesse entre aqueles que os acompanhavam, caminharam durante um dia, e o procuraram no meio dos parentes e conhecidos. 45 – Não o achando, voltaram a Jerusalém, para procura-lo aí. 46 – Três dias depois, no templo, o encontraram sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 – Todos os que o ouviam ficavam surpreendidos da sabedoria das suas respostas. 48 – Vendo-o, seus pais se encheram de espanto e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que procedeste assim conosco? Aqui estamos, eu e teu pai, que aflitos te procurávamos!” 49 – Jesus lhes disse: “Por que me procuráveis? Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu

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Pai?” 50 – José e Maria, porém, não compreenderam o que ele dizia. 51 – Em seguida, Jesus partiu com ambos e veio para Nazaré; e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas essas coisas no seu coração. 52 – E Jesus crescia em idade, em sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens.

Os fatos falam por si mesmos. Era preciso que Jesus ficasse em Jerusalém. Sua existência tinha de se dividir em três fases distintas, que podeis apreciar: o “nascimento”, comportando – pelos fatos e circunstâncias que o precedem, acompanham e seguem, até ao aparecimento no templo entre os doutores – as promessas de redenção, segundo à interpretação dada às profecias da lei antiga; o aparecimento no templo, preparando para a época mais conveniente, a afirmação da sua existência, principiando a era do progresso pela sua presença entre os doutores, sob a aparência de um menino de doze anos, no dia da solenidade da Páscoa, quando em Jerusalém se aglomeravam as multidões, vindas de toda parte; a pregação, abrindo o caminho por onde os homens tinham e têm de seguir. Era necessário – dos pontos de vista do passado, do presente e do futuro – que a vida de Jesus assim se dividisse. Era preciso que ele ficasse em Jerusalém, para assinalar a segunda fase dessa existência. Por isso dissemos: os fatos falam por si mesmos. Aqueles que nada sabem e confessam nada saber da infância de Jesus, acastelados numa presunçosa ignorância, tacham de “inverossimilhança moral” esses fatos, cuja razão e cujo fim – na grande obra preparatória da redenção humana – não compreendem nem conseguem explicar. Ninguém ainda perscrutara a vida privada (e ignorada) de Jesus. E aqueles que, buscando humanizar-lhe todos os atos, tentaram esquadrinha-la, não explicaram como podia ele, tão exposto aos olhares públicos, subtrair-se a esses olhares. Também NÃO EXPLICARAM PORQUE, da sua vida humana, somente alguns fatos se tenham perpetuado, e assim mesmo porque os Evangelistas (médiuns historiadores) os registraram, cada um no quadro que lhe coube na narrativa, apropriada (sob influência mediúnica) aos tempos e às inteligências, isto é, servindo ao presente e preparando o futuro. Falando-se de Jesus na época em que apareceu no templo, entre os doutores, e desde o seu “nascimento”, foi-vos dito: “E o menino crescia em idade, em sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens”. Ora, estas palavras refletem as impressões e apreciações humanas. Jesus crescia aos olhos dos homens, mas aos olhos de Deus era sempre o mesmo: Espírito, Espírito devotado, cumprindo sua missão. Sabeis, mas devemos repetir: ante o estado das inteligências e necessidades da época – e com o fim de preparar o advento da Terceira Revelação – a origem do “menino” ainda (e por muito tempo mais) não devia ser conhecida. Não o devia ser senão por meios de nova Revelação em nome do Senhor, através do Espírito da Verdade, uma vez que chegaram OS TEMPOS PREDITOS.

A VIDA DE JESUS – II

P – Compreendemos, hoje, que realmente “a letra mata, o espírito vivifica”. Sem o véu da letra é completamente outra a explicação do Evangelho! O Espírito da Verdade poderia dar novos ensinamentos sobre a “vida humana” de Jesus?

R – Jesus tinha de ser, aos olhos dos homens, primeiro – um homem tal como vós, revestido da libré material, exatamente como os profetas da lei antiga; depois – cumprida sua missão terrena, UM DEUS MILAGROSAMENTE ENCARNADO, em conseqüência da divulgação do que o Anjo segredara a José e Maria (revelação que se mantivera até então secreta), e em conseqüência também das interpretações humanas dadas a essa revelação, as quais prepararam o reinado da letra, transitoriamente necessário, como condição e meio de progresso; finalmente – um homem como qualquer um de vós quanto ao invólucro corporal e, ao mesmo tempo, quanto ao Espírito, um Deus: portanto, um Homem-Deus. Sendo a todos vós revelada, neste momento, a origem espiritual de Jesus (que se conservou oculta até hoje), também terá de ser conhecido tudo o que se manteve secreto. Trazemos, por isso, a missão de vos dizer qual foi a aparente vida humana de Jesus, desde o instante da sua aparição no vosso planeta (chamada, na linguagem humana, “seu nascimento”), até a época em que surgiu no templo entre os doutores; o que foi feito dele durante os três dias que passou em Jerusalém, tendo a aparência de um menino de doze anos; qual a sua vida aparente desde essa época até quando, às margens do Jordão, entrou em missão publicamente, aparentando ser um homem de

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trinta anos. Tudo, na “vida humana” de Jesus, foi apenas aparente, mas se passou em condições tais que, para os homens, houve ilusão, assim como para José e Maria, devendo todos acreditar na sua “humanidade”, quando ele tão somente revestia um perispírito tangível e, como tal, INACESSÍVEL ÀS NECESSIDADES FISIOLÓGICAS DA VOSSA EXISTÊNCIA MATERIAL. Quando Maria (sendo Jesus pequenino, na aparência) lhe dava o seio, o leite era desviado pelos Espíritos Superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser “sorvido” pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica, exercida sobre a Virgem, inconsciente dela. Não vos espanteis de que o leite fosse assim restituído à massa do sangue. Não admitis que o químico possa, pela síntese compor e, pela análise, decompor, à sua vontade, um líquido qualquer, restituindo a cada parte heterogênea a natureza que lhe é própria? Então podeis admitir, também, que a ação fluídica dos espíritos Superiores – que conhecem todos os segredos da vossa organização e da vossa vida humana – possa decompor assim o leite derramado e restituir cada uma de suas partes componentes à fonte de origem. Que os incrédulos, ou materialistas, encolham desdenhosamente os ombros: nem por isso os FATOS serão menos reais. E a experiência já adquirida, por efeito dos trabalhos de síntese e análise, executados pela química sobre a matéria, não basta para vos explicar o fato (que se tornará evidente pela experiência, que em breve tereis) da PROPRIEDADE DOS FLUIDOS? Se um magnetizador, no interesse de uma doente, quiser deter a circulação e a emissão do leite, este não deixará de circular e de sair? Como podereis, então, pretender que a nossa influência sobre vós seja menor que a influência que vós mesmos exerceis, uns sobre os outros? Não estranheis, ainda, que Maria tivesse leite, só porque não sofrera a maternidade e era Virgem. A maternidade não é uma condição absoluta para que se produza o leite, que não passa de uma decomposição do sangue, determinável por diversas causas. Neste particular, há exemplos freqüentes, não só entre as mulheres, mas também entre animais. A virgindade nada influi em tais casos. Não vos detenhais neste ponto: são fatos conhecidos. Em Maria, a decomposição se operou porque o sangue, por efeito do magnetismo espiritual e de uma ação fluídica, foi lactificado. Depois, por ocasião da amamentação aparente, o leite que se formara, a seu turno, era decomposto e cada uma de suas partes restituída à massa do sangue. A amamentação da infância não era, então, o que é hoje: a mãe amamentava o filho por todo o tempo em que o leite se formava nela. Daí vem que isso se prolongava até contar a criança dois ou três anos, idade em que já vivia a correr, sobretudo naqueles climas. Lembrai-vos de que os homens daquela época, e principalmente, daqueles países, tinham costumes diferentes dos vossos: lá, ávida se passava tanto fora como dentro das habitações: as crianças, logo que sabiam equilibrar-se, iam correr aos bandos, onde bem lhes agradava; ou se isolavam, segundo seus gostos e caracteres. Durante tais ausências, comiam frutos ou mel silvestres, não constituindo mais o leite a alimentação exclusiva. A amamentação se adaptava às condições da natureza, e cessava quando o menino sabia, mais ou menos, prover a necessidade do seu sustento. Haveis de compreender que, nesse período do aparecimento de Jesus, diante da natureza perispirítica da sua aparente corporeidade humana, tudo se havia de realizar nas mais fáceis condições; tudo tinha de concorrer para o fim visado, e concorreu; aconteceu, exatamente, o que tinha de acontecer.

A VIDA DE JESUS – III

P – Só mesmo o Espírito da Verdade nos pode revelar tantas maravilhas da vida do Mestre! Poderia dizer como se processou a criação do “menino” Jesus?

R – Como é natural, Jesus se criou como todos os meninos precoces da sua idade, tendo falado e andado muito mais cedo que as outras crianças, revelando aos olhos dos homens, como os de Maria e de José, precocidade excepcional. Antes de chegada a época de cessar a amamentação ordinária, começou ele a ir para os campos, sozinho ou com os outros meninos. Mas, depois, passou a andar sempre sozinho, a separar-se das demais crianças, a se afastar de suas vistas, sem jamais pedir de comer ao voltar para casa. Acreditavam todos que se alimentara, como o faziam seus infantis companheiros, de fruto ou de mel silvestre. E, sendo a atenção da Virgem Maria desviada, para que não se preocupasse com os cuidados maternos, ninguém cogitava de “alimentar” o menino de modo diferente. Sem compreender o motivo, Maria não era a mãe humana que prevê todas as necessidades do filho e as previne. Ela sentia, instintivamente, que o seu não precisava dessa vigilância. Junto dele,

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cumpria muito pouco dos deveres que a maternidade impõe às mulheres. Não se conclua daí que fosse “mãe indiferente”. Isso quer dizer, apenas, que – guiada pelos Espíritos seus protetores e amigos – se abstinha de cuidados e atenções inúteis. Diante disso, podeis concluir que, ainda muito pequenino, Jesus – com a liberdade que os costumes dos pais lhe permitiam – estava sempre ausente da casa paterna. Por vezes, desaparecia no momento mesmo em que Maria preparava o repasto e deixava passar a hora da refeição. Quando José e Maria o procuravam, ou esperavam, ele dizia: “Não tendes por que vos inquietar e me procurar”. As solicitações, que lhe dirigiam, para com eles tomar parte na refeição, respondia: “Não tenho necessidade de coisa alguma”. Dessa resposta nascia a crença de que o “menino” se alimentava de frutos e mel silvestre. Assim principiou Jesus a se ausentar, desde que, de acordo com os costumes e usos do país, isso se tornou possível a um menino como ele, de precocidade muito superior à de todos os outros. E suas ausências se foram fazendo, pouco a pouco e sucessivamente, mais e mais longas, a fim de a elas habituar seus “pais”, para que estes não se preocupassem com a sua “alimentação humana”. Já o dissemos e repetimos: os Espíritos protetores de Maria a predispunham a estar de acordo com os desígnios de Jesus. A Virgem sentia, como José, também colocado sob as mesmas influências, que o “menino” tinha aspirações e tendências diversas das de todos aqueles que o cercavam, sem por isso admitirem que ele não fosse o que parecia ser. Aos olhos dos homens, os atos exteriores de Jesus não apresentavam nenhum cunho de singularidade. Gostava da solidão e seus hábitos eram tidos como “quase selvagens”, visto não conviver com os meninos de sua idade. Aos olhos dos pais, sua alimentação era frugal. Como não o vissem definhar, estavam certos de que lhe aprazia viver de frutos e mel silvestre, a exemplo do que faziam muitos pastores. Julgavam que ele podia viver assim; que as raras ocasiões que tinha, de se alimentar desse modo, lhe bastariam. Notai que não vos dizemos que ele se alimentava dessa maneira: dizemos, unicamente, que seus pais acreditavam que assim fosse. Notai, igualmente, que – falando das refeições de Maria supunha serem tomadas pelo “filho” – não vos dissemos que essas refeições fossem regradas como as vossas, porque as ausências de Jesus não eram regulares e periódicas. Maria não estranhava essa forma de viver, porque se lembrava da origem do filho, tida por ela e por José, como origem milagrosa. De tal modo impressionados de achavam seus corações, tão viva fé os animava, tal elevação moral dos dois, que em ambos tinham grande e fácil acesso às inspirações dos Espíritos Superiores, quando lhes “sugeriam” o pensamento e a resolução de não se preocuparem com aquele gênero de vida. Desde alguns anos antes de sua ida a Jerusalém, e do seu aparecimento no templo entre os doutores, Jesus, não raro, se ausentava por um ou muitos dias. Sempre que isso se dava, ele dizia: “Vou orar”, isto é, vou falar com meu Pai Celestial. As vezes, passava alguns dias com a família, sem participar das refeições, porque nele o corpo – dada a sua natureza perispirítica, sob a aparente corporeidade humana – ERA INACESSÍVEL A TODA E QUALQUER ALIMENTO MATERIAL.

A VIDA DE JESUS – IV

P – Concordamos com a diretriz fundamental do CEU da LBV: não se aceitam ensinamentos de homens, por mais iluminados que sejam ou se julguem. Do contrário, seria impossível unificar as Quatro Revelações de Jesus! Como o Espírito da Verdade explica as ausências, os jejuns, a aparição do menino Jesus no templo e o espanto de seus pais?

R – Para os hebreus, a abstinência e o jejum completo, durante um ou muitos dias, nada tinham de espantoso. Os mais zelosos praticavam essa abstinência e esse jejum completo, às vezes, por três dias. Ora, pesquise cada um de vós as suas reminiscências e achará, dentro ou fora da família, exemplo do que pode fazer a criatura humana ainda em vossos dias, nos quais a alimentação complicada e a frouxidão dos costumes amesquinharam as faculdades vitais. Por que havia de ser isso impossível a homens vigorosos, sóbrios, rijos, desde tenra idade habituados à abstinência e ao jejum? Lembrai-vos não só do costume antigos dos hebreus, mas também, dos árabes. Tendo em vista a origem espiritual de Jesus, a natureza fluídica do seu corpo, os fatos e circunstâncias relativos ao que a linguagem humana designa por “infância do filho de José e Maria” – vamos explicar o aparecimento do menino entre os doutores, no templo, durante os três dias que passou em Jerusalém. Jesus foi apresentado, no templo, pelo irmão de José e pelo próprio José, como um dos descendentes de David, segundo a linha da sua parentela e a descendência da sua tribo. Decorridos os dias da festa da Páscoa, José e Maria regressaram, mas Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles o percebessem, supondo-o na

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multidão com alguns dos companheiros de viagem. Caminharam um dia procurando-o entre os parentes e conhecidos; não o encontrando, voltaram a Jerusalém. Será lícito tachar de incrível ou de “inverossimilhança moral” o fato de haverem Maria e José (que chegaram à cidade quando regurgitava de estrangeiros) perdido de vista Jesus, que aos seus olhos era um menino de doze anos, e o de terem (quando já de regresso) caminhado um dia inteiro, sem perceberem que o menino não ia com eles? Só mesmo a temeridade da ignorância se pode atribuir semelhante pecha de “inverossimilhança moral”. Jesus, já o dissemos, se afizera, desde muitos anos, a uma existência isenta dos vossos hábitos e relações. Acostumados à sua vida contemplativa (e um tanto selvagem, relativamente aos homens), seus pais não exerciam sobre ele a vigilância que exerceis sobre os vossos filhos. Qual a causa da solicitude dos pais para com os filhos? A fraqueza, a inconseqüência, a ignorância desses pequenos seres que lhe foram confiados. Mas, se admitirdes que reconheçam nos filhos – juízo, razão, faculdades incomuns, desenvolvimento moral e espiritual, que os ponham a salvo dos perigos da idade infantil, achareis natural que os pais se abstenham de uma vigilância inútil e, além disso, fatigante, para as crianças que são objeto dela. José e Maria pensaram, como dissemos, que Jesus estivesse com outras pessoas (com algum de seus parentes ou conhecidos) e, como fossem inúmeros os viajantes e caminhassem através de campos (porque, de certo, não vos vem à idéia que trilhassem uma estrada larga, traçada e aberta como as vossas), não tomaram o incômodo de levar suas pesquisas além dos limites que alcançavam com a vista. Só depois de terem perguntado a uns e a outros por Jesus, certificando-se de que ninguém o vira, é que resolveram procura-lo. Ao fim do dia, eles ganharam a certeza de que pessoa alguma o tinha visto. Durante a caminhada, pelo dia todo, nenhuma parada havia feito para se alimentarem. Para a maioria dos viajantes, e nesse número estavam Maria e José, os frutos das sebes das árvores eram os alimentos principais, no curso da viagem. Tendo voltado a Jerusalém, encontraram Jesus no templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Ao dar com ele, Maria não lhe perguntou: – “Meus filho, como viveste sozinho numa cidade onde és estrangeiro e desconhecido? – Quem te recebeu à sua mesa, para te alimentar? Onde te abrigaste, para refazer tuas forças pelo repouso e pelo sono?” Nada disso lhe perguntou. Manifestou apenas a inquietação que lhe causara, assim como a José, a ausência do filho que, sem o saberem (é claro), se deixara ficar em Jerusalém, quando – na companhia de ambos – devia regressar a Nazaré. Se Maria não perguntou a Jesus o que dele fora feito, naqueles três dias, não foi por saber que “seu filho” não era formado de matéria igual a dela, mas porque sabia que sua existência se distanciava muito dos hábitos e necessidades da infância. A experiência própria lhe demonstrara isso: ela o tinha visto praticar a abstinência ou jejum completo por um ou muitos dias, quando permanecia no seio da família, ausentar-se às vezes, também, por um ou muitos dias, sem que nessa alternativa (de estada em casa ou de ausência) houvesse qualquer coisa de regular e periódico.

A VIDA DE JESUS – V

P – Somos gratos ao Centro Espiritual Universalista (CEU) da LBV pelos esclarecimentos preciosos sobre a vida do “menino” Jesus. Que aconteceu com ele em Jerusalém? E na volta?

R – Os que lhe ignoram a origem espiritual e a natureza do corpo – não “fantástico e absurdo”, conforme a expressão dos doutores presunçosos – mas perispirítico, dizem: – “Que fez Jesus durante os três dias? Se aquele menino de doze anos não andou vagando sozinho na escuridão da noite, quem o recolheu?” Perguntas naturais, partindo dos que consideram Jesus um homem como vós outros. Entretanto, os que estudam as línguas e, por conseqüência, os costumes orientais, poderiam dar testemunho de que era freqüente ver, sob àqueles céus, homens, mulheres e crianças passando a noite ao relento, envoltos nas suas capas. Em face do conhecimento que vos demos da origem do cristo, do seu corpo fluídico inacessível a todas as contingências da matéria, podeis compreender que o “menino” não se atormentou por uma pousada, não teve de se afadigar em busca de um albergue. Os que propõem tais questões deviam propor-las com humildade, com o sentimento da sua ignorância, com o desejo sincero de se esclarecerem, jamais com a incredulidade insolente, negando as manifestações espirituais e as REVELAÇÕES PROGRESSIVAS, que trazem aos homens os segredos do além, a ciência das relações do mundo visível com o MUNDO INVISÍVEL, a Luz e a Verdade, as vias e meios da evolução moral e intelectual – pelo saber, pela caridade e pelo amor. Eis o que aconteceu com o “menino” nos seus três dias em Jerusalém: ao abrir-se o templo, ele entrava com a multidão e com a multidão saía, quando o templo se fechava. Uma vez fora, e longe dos olhares

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humanos, desaparecia, despojando-se do seu invólucro fluídico e das vestes que o cobriam, as quais, confiadas à guarda dos Espíritos prepostos a essa missão, eram transportadas para longe da vista e do alcance dos homens. Voltava para as regiões superiores, onde pairava e ainda paira, nas alturas dos esplendores celestes, COMO ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o perispírito tangível e suas vestes, que o faziam passar por criatura humana, como outra qualquer. Quanto à resposta que deu à Virgem Maria, nem ela nem José a compreenderam, porque ambos, no momento, supuseram que ele se referia ao segundo como pai, e não ao Pai Celestial, cujo reinado viera preparar no vosso mundo. Os que acham perfeitamente claro o sentido destas palavras, tais como se encontram no Evangelho: “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu pai?”, e entendem que devia ser claro, também, para Maria e José, uma vez que o Anjo lhes anunciara ser Jesus “Filho de Deus” – esses esquecem que em José e Maria, revestidos da carne, imperava a imperfeição das faculdades humanas. Desde o “nascimento” – já o dissemos – Jesus vivia, aos olhos de seus “pais”, uma vida ordinária, no sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens, nada havendo neles que lhe caracterizasse a origem extra-humana. A impressão produzida pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco. A palavra pai, referida a José, foi o único ponto que, no momento, os impressionou, sem que, entretanto, o houvessem compreendido. TUDO O QUE É DE CARNE É OBTUSO. Se a existência de Jesus não causava espanto à Virgem Maria (nem a José), é que, quando ela pensava na origem do “filho”, a inteligência se lhe toldava, com tanto mais razão quanto era necessário que a natureza do “menino”, tal como a revelação o anunciara, não fosse ainda conhecida. Não vos admireis que Maria e José tenham referido ao último, como o pai, a resposta de Jesus, nem de que Maria, dirigindo-se a este, se exprimisse desta forma: – “Meu filho, aqui estamos eu e teu pai, que aflitos te procurávamos”. Não só a Virgem se acreditava mãe de Jesus, por encarnação humana, e ao mesmo tempo divina e milagrosa, como também Jesus lhe chamava mãe. E, devendo José passar, perante os homens, por ser o pai de Jesus, este até então lhe chamava pai. Não viste que – quando José pretendeu repudiar Maria – o Anjo lhe disse que a tomasse por esposa, sem lhe denunciar a gravidez? Ele, portanto, estava ciente de que devia passar por ser o pai do menino. E, com efeito, do momento em que – apesar do estado de gravidez, embora esta fosse aparente – a mulher foi aceita, José se reconheceu o pai do nascituro. Ele ignorava quanto tempo esse “erro” devia durar. Repetimos: no trato com José, Jesus lhe dava o título de pai, o que dirigiu para ele o pensamento de Maria, ao ouvir a resposta do “filho”: – “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de meu pai?” Esta resposta do Cristo foi a primeira referência feita à missão que vinha desempenhar na Terra.

A VIDA DE JESUS – VI

P – Consideramos a Unificação das Revelações de Jesus A COISA MAIS IMPORTANTE DA NOSSA VIDA. É a grande devolução: AO CRISTO O QUE É DO CRISTO! Como devemos entender o que se segue à primeira referência de Jesus à sua divina missão?

R – Cumpria-lhe proferir aquelas palavras, que teriam de repercutir no futuro. Já vos foi revelado que Jesus, no templo, estava sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os, e que todos aqueles que o escutavam FICARAM SURPRESOS DA SABEDORIA DE SUAS RESPOSTAS. Naquela idade de doze anos, que Jesus aparentava quando se mostrou no templo, os meninos se aplicavam à leitura, se informavam da tradição, se preparavam para estudar os comentários dos doutores, e por isso apresentavam suas dúvidas aos preceptores. Não é exato que nunca discutissem com os doutores. Dava-se o fato: o menino era provocado para uma discussão pública sempre que, relevando grande aptidão, podia fazer honra ao professor. Isso tinha de se dar – e se deu – com Jesus. Por ser estrangeiro em Jerusalém, e não estar sob a direção de nenhum “mestre”, nem por isso tomou ele assento, entre os doutores, como um desconhecido. Já dissemos que o irmão de José e o próprio José o haviam apresentado como descendente de David, segundo a linha da parentela ou descendência da tribo. Assim é que ele foi admitido a falar no templo. A princípio, teve de responder aos doutores, que eram levados a interroga-lo; depois, sentando-se, entrou a discutir, dando-lhes, por sua vez, a lição. Não acontece a vós, que não prestais atenção ao que dizem as crianças, ouvir atentamente as que vos parecem denotar uma inteligência e um adiantamento desproporcionados à idade que contam? Como pretendereis que, surpresos, maravilhados ante as primeiras respostas de Jesus às perguntas que

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lhe dirigiram, e ante as primeiras questões que ele propusera, não o impelissem a falar aqueles mesmos com quem viera discutir? Os doutores sabiam-no “descendente de David”, mas (e não é difícil, para vós, observar este ponto), quanto à sua identidade com o menino anunciado pelos magos, impossível seria verifica-la (ainda que tivessem pensado nisso), porque ignoravam em que família da tribo ele nascera e, com respeito ao Messias, estavam completamente tranqüilos, graças ao morticínio das crianças, ordenado por Herodes. Depois da discussão pública no templo, depois que José e Maria ali o encontraram, depois de dar à Virgem a resposta que foi a primeira referência ao seu divino apostolado, Jesus partiu com eles e voltou para Nazaré. Aí permaneceu com Maria até a época em que, sob a aparência de um homem de trinta anos, começou a desempenhar sua missão publicamente, as margens do Jordão. José “morreu”, algum tempo depois desse regresso. Mas que fez Jesus, durante o período de dezoito anos decorridos desde que regressou a Nazaré até à época da sua vida pública? Sua aparente “vida humana” transcorreu dividida entre o labor manual e a prática do amor, isto é, da permanente caridade para com todos que o cercavam. Passava por viver retirado e buscar a solidão. Cumpria todos os deveres ostensivos da humanidade, do ponto de vista da família e das relações com os pais e os vizinhos, submisso à Lei do Trabalho, que ele viria fazer com que fosse considerada a maior e a mais justa das leis, adotada por homens que, como vós, se revoltavam contra o seu “jugo”. Tendo vindo para pregar pelo exemplo, Jesus SEMPRE DEU O EXEMPLO. Mas, é preciso repetir, sua vida exterior não era íntima e vulgar como a vossa, e o gosto que parecia ter pela solidão o isentava de todas e quaisquer exigências da vida comum. A Virgem compreendia e animava esse gosto, por isso que, sob a influência dos Espíritos seus protetores, ela tendia sempre a ajudar aquele modo de viver do “filho”. Durante o tempo que não consagrava à prática da Lei do Trabalho, à prática do amor e da caridade, ao cumprimento de todos os deveres comuns da humanidade, Jesus “se ausentava”, parecendo à Virgem (e aos homens em geral) que repartia assim o tempo entre os deveres humanos e a prece, sem que jamais o tivessem visto fazer qualquer refeição, tomar qualquer alimento, seja em casa com a família, seja em qualquer outro lugar. O que a esse respeito vos dissemos, relativamente ao período que decorreu desde o seu “nascimento”, em Belém, até apresentar a idade de doze anos, se aplica ao período posterior, que vai do seu aparecimento no templo até ao começo da sua missão, sob a aparência de um homem de trinta anos. Jesus viu tudo o que era preciso ver, nesses dezoito anos. E sua “mãe” se habituava a essa existência, como já vos foi descrito e explicado. Ele se ausentava, isto é, desaparecia, quando o julgavam em retiro, e voltava às regiões superiores, onde pairava e paira ainda, nas alturas dos esplendores celestes, como ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA.

A VIDA DE JESUS – VII

P – Visto que Maria e José nenhum perigo deviam recear para seu “filho”, pois o Anjo lhes anunciara ser ele “O FILHO DE DEUS”, como se explica a ansiedade de ambos, quando perceberam que Jesus não regressara com eles de Jerusalém?

R – Já vos dissemos que José e Maria, revestidos da carne, estavam necessariamente sujeitos à imperfeição das faculdades humanas; que Jesus, aos olhos deles, vivia uma vida comum, no sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens, e nada lhe caracterizava a origem extra-humana; que o impacto produzido pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco, que tudo o que é de carne é, inevitavelmente, obtuso; que, se a vida de Jesus não causava espanto à Virgem, quando pensava na origem do “filho”, é que sua inteligência se encontrava, amiúde, turbada a esse respeito. É preciso não esquecer que Jesus, aos olhos de Maria e de José, tinha, como eles, um corpo carnal e uma vida frágil. Lembrai-vos de que o Anjo dissera a José que levasse o “menino” para o Egito, a fim de salva-lo da fúria de Herodes. Ora, a lembrança dessa revelação e desses fatos lhes acudiu quando o “menino” estava perdido, pois não voltara com ambos de Jerusalém. Que há de surpreendente em que, recordando-se da revelação e dos fatos, os dois ficassem, por isso mesmo, inquietos? A fuga para o Egito, aos olhos de Maria e de José, como aos olhos de todos, teve por fim A PRESERVAÇÃO DA VIDA DO MENINO JESUS. Na realidade, porém, considerando a utilidade, as condições e o desempenho da missão terrena do Cristo, e principalmente os frutos que devia produzir, aquela fuga não teve por fim, segundo os desígnios do Senhor, preservar a vida do “menino” (de

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outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado), mas sim afastá-lo para o tornar conhecido. Jesus não devia aparecer senão em certas épocas, antes de começar PUBLICAMENTE SUA MISSÃO. A experiência humana deve bastar, para vos fazer concluir que, SE ELE ESTIVESSE CONTINUAMENTE EXPOSTO, AS ATENÇÕES SE TERIAM ESGOTADO, E A CONSEQÜÊNCIA SERIA (AO CHEGAR O TEMPO DETERMINADO) NÃO CONSEGUIR ATUAR TANTO SOBRE AS INTELIGÊNCIAS. Assim se explica o “mistério” dos “ignorados” dezoito anos da vida de Jesus (da aparição no templo, entre os doutores, até ao início do seu divino apostolado). Acabamos de vos dizer: “A fuga para o Egito não teve por fim preservar a vida do “menino”, pois de outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado”. Nós falamos assim com relação aos homens, ao aspecto sob o qual encaram os fatos. Nenhum ato humano (vós o sabeis pela revelação que fizemos da origem do Cristo), podia atentar contra a sua aparente “vida humana”, dada a natureza perispiritual do seu corpo. E os fatos (entendei-o bem e nunca o percais de vista) nós o consideramos sempre com relação aos homens e lhes apropriamos à vossa linguagem.

A VIDA DE JESUS – VIII

P – Como pode Jesus parecer aos homens um menino recém-nascido e se desenvolver, crescer como criança terrena e, sucessivamente, percorrer, na aparência, as fases de desenvolvimento da infância, da adolescência e da idade viril em nossa humanidade?

R – Diz o Espírito da Verdade: – Esta é uma questão que podeis resolver, sem a formulardes. O perispírito, que servia de invólucro a Jesus, se desenvolvia aos olhos dos homens, de maneira a lhes dar a ilusão do crescimento humano. Não aprendestes que o perispírito é da mesma natureza do vosso corpo? Que impossibilidade podeis ver, aos olhos dos homens, em que o perispírito revista aparentemente as mesmas propriedades que tem o vosso corpo, e em que os fluídos que o compõem sejam, igualmente, aptos a se desenvolverem e aumentarem? Para vos darmos explicação completa a este respeito, teríamos de entrar em minúcias sobre a natureza dos fluídos, e isso ainda não é oportuno. Mas, por que haveis de achar impossível que os fluidos, reunidos pela ação da poderosa vontade do Cristo, tenham seguido marcha progressiva de aparente dilatação aos olhos humanos? Um Espírito, ainda que inferior, um Espírito da ordem dos vossos, pode (e não ignorais), com o seu perispírito, que constitui sua vida e sua individualidade, afetar, revestir, a qualquer instante, todas as aparências, todas as formas, MESMO TANGÍVEIS, sob a condição – única – de lhe ser dado tomar de empréstimo os fluidos animalizados, necessários à produção do efeito desejado. Um Espírito Superior, que tem o poder de assimilar os fluidos animalizados ambientes, espalhados na atmosfera, NÃO PRECISA DE SEMELHANTE EMPRÉSTIMO. Como pretender que um Espírito Superior, descendo das regiões mais elevadas até vós, mediante a assimilação do seu perispírito às regiões que tenha de percorrer, não possa – à vontade – figurar as fases do desenvolvimento de um ser humano, pela assimilação dos fluidos ambientes, que servem à formação dos vossos seres, e pela dilatação aparente dos fluidos do seu perispírito, ASSIM ADAPTADO E TORNADO TANGÍVEL? A vontade potente de Jesus, Espírito Perfeito, Espírito integrado na Divindade do Pai, reuniu em torno de si os materiais necessários à execução da obra e nas condições precisas a que a obra se executasse. Já explicamos que Jesus constituiu um perispírito de longa tangibilidade, humanizado com o auxílio dos fluidos ambientes que servem à formação dos seres terrestres, E QUE ELE, À SUA VONTADE, DEIXAVA E RETOMAVA. Ora, com esse perispírito, possível lhe era revestir, aos olhos dos homens, quando bem lhe aprouvesse as aparências da infância, da adolescência e da idade viril da vossa humanidade, e figurar a marcha progressiva, com as fases do desenvolvimento de uma criatura humana. Dissemos e repetimos: Jesus crescia aos olhos dos homens, MAS, AOS OLHOS DE DEUS, ERA SEMPRE O MESMO, ISTO É, ESPÍRITO, ESPÍRITO DEVOTADO, DESEMPENHANDO SUA MISSÃO.

P – Qual o sentido destas palavras do versículo 51: “Maria guardava todas essas palavras no seu coração”?

R – Tais palavras significam que, no pensamento e na inteligência da Virgem, cada vez mais penetrava e se confirmava a mensagem do Anjo sobre a missão do Cristo. Para ela, como para

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José, a época até então mais frisante fora a daquela separação por três dias, nas circunstancias em que se verificou, abrindo ensejo ao aparecimento de Jesus entre os doutores, no templo, onde lhe deu a resposta que a preparou para compreender que SUA TUTELA NÃO ERA NECESSÁRIA. Essa resposta, esclarecendo-os mais e despertando, nela e em José, a lembrança da origem do “menino”, origem que ambos tinham por “divina” e “milagrosa”, os preparou também para compreenderem o caráter e o fim da missão de Jesus, o Cristo de Deus.

PREGAÇÃO DE JOÃO, O BATISTA

P – Unificando as Quatro Revelações de Jesus, pelo Novo Mandamento, a LBV presta um grande serviço à Humanidade. Como o Centro Espiritual Universalista (CEU) explica a pregação e o batismo do Precursor de Jesus?

R – Responde o Espírito da Verdade, harmonizando estas passagens do Evangelho: Mateus, cap. III, vs. 1-6; Marcos, cap. I, vs. 1-5; Lucas, cap. III, vs. 1-5. Ler e meditar:

MATEUS: 1 – A esse tempo, veio João pregando pelo deserto da Judéia. 2 - Dizia: “Arrependei-vos, pois o Reino de Deus está próximo”. 3 – Eis aqui aquele de quem falou o profeta Isaías, dizendo: “Voz do que clama do deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai suas veredas”. 4 – João trazia uma veste de peles de camelo e um sinto de couro em volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 5 – Os habitantes de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região circunvizinha do Jordão, iam ter com ele; 6 – e, confessando seus pecados, eram por ele batizados no Jordão”.

MARCOS: 1 – Princípio do Evangelho de Jesus, o Cristo, filho de Deus, 2 – como está no profeta Isaías: “Eis que envio à tua frente o meu Anjo, e ele preparará o teu caminho. 3 – Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor; tornai retas as suas veredas”. 4 – João esteve no deserto, batizando e pregando o batismo de penitência para remissão dos pecados. 5 – Toda a Judéia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele e, confessando seus pecados, eram por ele batizados no rio Jordão”.

LUCAS: 1 – No décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia; Herodes, tetrarca da Galiléia; Felipe, seu irmão, tetrarca da Ituréia e da província de Traconites; Lisônias tetrarca de Abilene; sendo príncipes dos sacerdotes Anais e Caifás; o Senhor fez ouvir a sua voz no deserto a João, filho de Zacarias, 3 – e ele percorreu todas as cercanias do Jordão, pregando o batismo de penitência para remissão dos pecados, 4 – conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai suas veredas. 5 – Todo vale será aterrado; todas as montanhas e colinas serão arrasadas; os caminhos tortuosos se tornarão retos; os escabrosos ficarão planos; e toda a carne verá a salvação do Senhor”.

Os homens sempre se servem dos termos que lhe são compreensíveis, e os empregam como podem. A Palavra de Deus é o mesmo que A Inspiração Divina. DEUS NÃO SE COMUNICA DIRETAMENTE COM OS HOMENS. Por mais puro que seja o espírito encarnado, o invólucro carnal ergue intransponível barreira entre o homem e a Divindade. Mas o Senhor envia os grandes Espíritos e, inspirando-os diretamente, os constitui órgãos transmissores da sua vontade. Deus nunca falou a João, como nunca falou a Moisés e Elias, como jamais falou a nenhum dos profetas. Uns eram médiuns videntes e audientes, outros eram médiuns inspirados, de acordo com a elevação de seus Espíritos. João, no tempo certo, recebeu no deserto a inspiração do Senhor, para dar começo ao desempenho da missão que lhe fora confiada. Inspirado, ainda, pelos Espíritos Superiores foi que ele percorreu todas as cercanias do Jordão, pregando um batismo de arrependimento, e batizando nesse rio todos os que iam procura-lo para confessar os seus pecados. O Batista era um Espírito Superior em missão no vosso mundo, predestinado a abrir os caminhos e prepara-los, a fim de que mais facilmente a luz se pudesse fazer. Pelo seu caráter ríspido, pelos seus costumes e hábitos em contraste com os de seus contemporâneos, chamava sobre si a atenção de todos. Sua palavra, severa e rude, forçava os homens, a se penitenciarem seriamente. Preparava, assim, os caminhos do Senhor, preparando os do Cristo. Era a cabeça do rebanho, a caminhar à frente, agitando a campainha, para que todas as ovelhas perdidas percebessem de que lado podia vir a salvação. A confissão dos pecados nesse tempo, como

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mais tarde, nas primeiras horas do Cristianismo, SE FAZIA DIANTE DE TODOS, PUBLICAMENTE E EM VOZ ALTA. Despertava, assim, profundo sentimento de humildade, porque exige grande desprendimento o ousar alguém confessar, diante de todos, AS FALTAS, AS TORPEZAS, AS INFÂMIAS QUE PODEM GERMINAR NO FUNDO DO CORAÇÃO HUMANO. Era uma barreira oposta às recaídas, porque o homem que sabe serem conhecidos SEUS PENSAMENTOS MAIS SECRETOS, TODOS OS SEUS MAUS PENDORES, terá de refrear sua natureza animal, a fim de evitar as suspeitas em que poderia incorrer, ao menor desvio. E porque a confissão era pública, feita sempre em voz alta, Deus a ouvia. Estas palavras: “Todo vale será aterrado, todas as montanhas e colinas serão arrasadas, os caminhos tortuosos se tornarão retos e os escabrosos focarão planos” se aplicam a subversão moral, à renovação espiritual que a Doutrina de Jesus havia de operar – e opera até hoje – por intermédio do Espírito da Verdade por Ele prometido ao vosso planeta. Os vales serão aterrados e se elevarão; as “montanhas”, cuja fronte orgulhosa tenta deter a marcha do progresso, serão arrasadas. O “nível” passará pela natureza toda, erguendo os pequeninos, rebaixando os grandes, dando a cada um a medida exata do que lhe caiba, pelo seu merecimento. E toda carne verá a salvação do Senhor, isto é, todos os homens e mulheres, que praticarem a sublime moral do Novo Mandamento, se integrarão no Salvador.

A MENSAGEM E O TESTEMUNHO DO BATISTA

P – A grande virtude da LBV é restaurar o Cristianismo em sua pureza primitiva, e isso, realmente, só podia ser feito pelo Novo Mandamento revelado. Como é que o CEU (Centro Espiritual Universalista) da LBV interpreta a mensagem de João?

R – O Espírito da Verdade responderá, harmonizando as seguintes passagens do Evangelho de Jesus: Mateus, cap. III, vs. 7-12; Marcos, cap. I, vs. 6-8; Lucas, cap. III, vs. 7-18. Atenção para esses textos bíblicos:

MATEUS: 7 – Mas, vendo João muitos dos fariseus e saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que há de vir? 8 – Tratai de produzir frutos dignos de arrependimento, 9 – e não procureis dizer dentro de vós: “Temos Abraão por pai”, porque eu vos declaro que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 – O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada ao fogo. 11 – Eu, na verdade, vos batizo com água, para vos levar à penitência; mas o que vem, depois de mim, é mais poderoso que eu, e não sou digno de levar-lhe as sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12 – Traz na mão a sua pá, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.

MARCOS: 6 – João vestia pele de camelo, usava uma tira de couro em volta da cintura e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Pregava dizendo: 7 – Aquele que é mais poderoso que eu virá depois de mim, e não sou digno de me abaixar diante de seus pés, para lhe desatar as correias das sandálias. 8 – Eu vos batizo com água; Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

LUCAS: 7 – João dizia ao povo, que acorria em bandos para ser batizado: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?” 8 – Daí, pois, frutos dignos do vosso arrependimento, e não comeceis a dizer dentro de vós: “Temos Abraão como pai”, porque eu vos declaro que Deus é poderoso para, destas pedras, fazer que nasçam filhos a Abraão. 9 – Já o machado está posto à raiz das árvores: toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo. 10 – O povo lhe perguntava: “Que havemos, então, de fazer?” 11 – João respondia: “Aquele que tem duas túnicas dê uma ao que não tem; aquele que tem comida faça o mesmo.” 12 – Foram, também, publicanos para o batismo, e lhe perguntaram: “Que havemos de fazer?” 13 – Ele respondeu: “Não cobreis mais do que está prescrito na lei”. 14 – Perguntaram-lhe, ainda, alguns soldados: “E nós o que havemos de fazer?” Respondeu-lhes: “Não pratiqueis violência contra ninguém nem façais denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo”. 15 – Estando o povo na expectativa, pensando consigo mesmo que talvez João fosse o Cristo, 16 – disse ele a todos: “Eu, na verdade, vos batizo com água, mas logo virá quem é mais poderoso que eu, e não sou digno de lhe desatar as correias das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 17 – Traz na

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mão a sua pá, e limpará bem a sua eira, para recolher o trigo no seu celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível. 18 – Assim João anunciava ao povo o Evangelho de Jesus.

João era o Precursor da Verdade, e ele mesmo o declarou. Suas aspirações não iam nem deviam ir além da missão que lhe cumpria desempenhar. Mediunicamente ligado aos Espíritos Superiores, a cujo número pertencia, os quais o assistiam e inspiravam, era dirigido em todas as circunstâncias pela intuição, e possuía a humildade que deveria guiar a todos vós na Terra. Tinha consciência do que aguarda o Espírito na sua volta à Pátria Espiritual; mas, acima de tudo, tinha absoluta consciência da sua missão de Precursor. Esta consistia, em preparar os homens para o arrependimento, servindo-se de um símbolo que lhes daria a compreender a purificação e de que necessitavam: LAVAVA SEUS CORPOS, A FIM DE OS DISPOR A LAVAREM SEUS CORAÇÕES. Purificava-lhes o invólucro material, para os compelir à purificação de sues Espíritos, exortando-os – em resposta às perguntas que lhe faziam – à prática da Justiça, da Caridade, do Amor. Sua missão, portanto, era preparatória: Jesus viria completá-la. João era a voz do que clama no deserto, até que as populações se reunissem para ouvir a pregação da Verdade. Estas palavras “Não comeceis a dizer, dentro de vós mesmos, TEMOS ABRAÃO POR PAI, porque destas pedras Deus pode fazer que nasçam filhos a Abraão; o machado já está posto à raiz das árvores; toda árvore que não dá bom fruto ele a corta e lança ao fogo” , se referem a todos os tempos – ao tempo em que o Batista falava, aos tempos que se seguirem, até ao fim dos tempos, isto é, até a volta do Cristo de Deus. Os sacerdotes judeus não reconheciam como filho do Senhor senão aqueles que viviam curvados ao seu jugo, da mesma forma que a Igreja de Roma não admite salvação para os que não lhe obedecem cegamente. Que representa Abraão para os hebreus? O chefe da família (ou povo) que vai herdar o Reino de Deus. Por aquelas palavras inspiradas ao Precursor, deus quer que fique bem claro serem seus filhos TODOS OS QUE VÃO A ELE, DE CORAÇÃO LIMPO. É como se dissesse: “Não entram no meu Reino os filhos de Abraão que desprezaram minhas leis e desfiguraram meus preceitos, como também os que, no futuro, as desprezaram e os desfigurarem. Todo aquele, porém, que ouve a minha voz e arranca a árvore má, produtora de maus frutos, e só deixa no coração a boa semente, que há de fertilizar a terra, este está no caminho que a mim conduz, esse é meu filho para sempre. Filhos de Abraão não são os que me dizem “Senhor! Senhor!”, mas tão somente aqueles que cumprem a minha Lei, quaisquer que eles sejam. Todos os limpos de coração é que olho como filhos, e só eles terão entrada no meu Reino!” E aí está o símbolo da árvore: a que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo. Já compreendeis o sentido oculto destas palavras que, apropriadas às inteligências daquela época, eram destinadas a despertá-las da ignorância. A árvore que não dá bons frutos é o Espírito encarnado que sucumbe nas suas provas. Depois da “morte”, quando o Anjo da Libertação lhe houver ceifado a existência, será lançado ao fogo, isto é, será – primeiro – ao entrar em expiação no mundo espiritual, submetido a sofrimentos ou torturas morais, proporcionados e apropriados aos crimes que haja cometido; depois – à reencarnação que, abrindo-lhe a caminho da reparação, e ao mesmo tempo, meio de purificação e de progresso.

A OBRA DE REGENERAÇÃO

P – O Cristianismo do Cristo, à luz do Novo Mandamento, é tão diferente do cristianismo dos homens! Graças a Deus, a treva terá de dar vez à Verdade que salva e engrandece. Não é a próxima separação do trigo e joio?

R – Sim, Moisés e os profetas da Lei Antiga prepararam o advento da era da regeneração humana. Jesus, nosso Salvador e Mestre, que – como Protetor e Governador do vosso planeta, presidiu a sua formação e a da Humanidade que o habita, para conduzi-la a Perfeição – desceu ao meio dos homens para lhes abrir esta era e lançar as bases e fundamentos da Obra de salvação. Ele tem na mão a joeira, pois a obra de regeneração começou desde os primeiros dias da pregação do evangelho. Jesus fez, ainda faz e, breve fará a definitiva separação do trigo e do joio, do trigo e da palha. O trigo que juntou, junta e juntará no seu celeiro, são os Espíritos purificados que terminaram suas provas na Terra, tal qual é ela atualmente: mundo inferior, de expiação. Esses Espíritos se tornam seus missionários devotados e inteligentes: trabalham, quer na erraticidade, quer encarnados em missão,

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pelo vosso adiantamento moral e intelectual. A palha que Jesus queimou, queima e queimará, são os Espíritos culpados, rebeldes, que faliram nas suas provas e que Ele submete à expiação, depois à reencarnação, em condições tais que, se forem levadas a bom termo, as novas provações serão para esses espíritos um meio de expiação, de reparação e de progresso. O fogo em que a palha foi, é e será queimada, isto é, em que o Espírito culpado sofre a expiação na erraticidade, é a consciência culposa a gerar os remorsos, que são despertados ou intensificados, conforme à natureza da culpa e ao grau da culpabilidade, pelos quadros terrificantes ou dolorosos das faltas ou crimes cometidos, postos (como explicaremos mais tarde) aos olhos do Espírito, que em vão tentará fugir. Esses quadros, produzindo sofrimentos e torturas morais, sempre adequados e proporcionados àqueles crimes ou faltas, são o fogo que queima a palha. Esse fogo não se extingue nem se extinguirá nunca. É fogo eterno, porque DEUS CRIOU, CRIA E CRIARÁ, DESDE E POR TODA ETERNIDADE. Assim, haverá sempre Espíritos que, devendo vir do estado originário de simplicidade e ignorância até aos limites da Perfeição, caiam em erro, se tornem culpados e rebeldes, e sejam forçados a expiar e reparar suas faltas, para poderem progredir. É eterno esse fogo porque sempre haverá palha a ser queimada, Ito é, Espíritos culpados e rebeldes, necessitando sofrer a prova da expiação. Mas, para cada Espírito culpado, o fogo da geena eterna se extingue logo que a palha acabou de queimar-se , logo que o Espírito se humilha e pede perdão, animado de um arrependimento profundo e sincero, bem como o desejo ardente de reparar suas faltas. Então, cercado e ajudado pelos bons Espíritos, ele progride e se prepara, imediatamente, para enfrentar novas provações. Não vos enganeis: OS REMORSOS PERSEGUEM SEMPRE O CULPADO, ATÉ QUE ELE ENTRE NO BOM CAMINHO. Sim, sempre haverá Espíritos rebeldes e o fogo da eterna geena jamais se extinguirá, no sentido de que constitui como que uma herança, que passa de uns para outros. JESUS LIMPARÁ PERFEITAMENTE O SEU EIRADO. A obra de regeneração iniciada quando o Cristo apareceu entre vós, vai concluir-se agora, neste final de ciclo. A luz do Novo Mandamento se espalhará sobre toda a Terra. Os cegos pertinazes, como advertiu o Mestre, serão lançados nas trevas exteriores, e ali haverá pranto e ranger de dentes. Chamamos vossa atenção para estas palavras, a fim de vos fazermos entender o sentido figurado da época. Jesus, ESPÍRITO PURÍSSIMO, divino modelo da caridade e do amor, poderia condenar os Espíritos culpados ao pranto e ranger de dentes? Somente os insensíveis ao sofrimento físico. Por estas palavras, portanto, compreendei bem o sentido oculto de todos os ensinos do Cristo de Deus: O PRANTO E O RANGER DOS DENTES SÃO OS REMORSOS QUE BROTAM DAS CONSCIÊNCIAS DOS CULPADOS. Jesus limpará perfeitamente o seu eirado. Ao tempo determinado por Deus, em que a regeneração se tem de realizar tendo o Evangelho esparzido sua luz por todo o mundo nesse tempo, em que o vosso planeta se tornará mundo exclusivo dos bons Espíritos, se aqueles que, admitidos até então a reencarnarem na Terra, continuarem culpados, insensíveis e rebeldes, SERÃO LANÇADOS NAS TREVAS EXTERIORES, isto é, serão sucessivamente rechaçados, conforme ao grau de sua culpabilidade, para os mundos inferiores de provações e expiação, onde, por longos séculos, terão de se redimir da sua obstinação no mal e da sua voluntária cegueira. É chegada a hora da definição, entre o Bem e o mal, entre a Verdade e a mentira, entre o Cristo e o Anti-Cristo!

BATISMO EM ESPÍRITO SANTO

P – De acordo com os princípios básicos da LBV, o Centro Espiritual Universalista é, também, anti-sectário. Somente num CAMPO NEUTRO poderemos aprender toda a Verdade. Como o CEU explica o batismo com o Espírito Santo?

R – Diz o Espírito da Verdade: – O batismo em Espírito Santo é a assistência e a inspiração dos Espíritos purificados, ambas concedidas pelo Cristo, em nome do Senhor, aos homens que tenham esse merecimento. Estes, então, a recebem mediunicamente, e mesmo se comunicam com aqueles Espíritos, nas condições e na proporção das mediunidades que lhes são outorgadas. Essa assistência, essa inspiração e essa comunicação Deus só as concede aos Homens e Mulheres de Boa Vontade, para os sustentar e dirigir nas suas provas ou missões, para os ajudar na purificação de seus Espíritos, pelo progresso moral e intelectual. Jesus, pois, chamando o Espírito Santo para os discípulos, fez que descessem até eles os Espíritos elevados, que os haviam de amparar nos seus ásperos e perigosos

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trabalhos, e que, SOB A APARÊNCIA DE LÍNGUAS DE FOGO, se manifestaram por meio dos seus perispíritos luminosos. Ainda hoje, sob essa influência vos colocais quando, vencendo as paixões humanas, vivendo a vida que pertence a Deus e tudo lhe dando pela prática do trabalho, da humildade, da caridade e do amor, atrais os ESPÍRITOS PROTETORES DA HUMANIDADE. Disso, porém, não vos orgulheis, porque a queda é fácil, mesmo para o mais elevado, e os maus pensamentos assediam, sempre, o Espírito reencarnado. Recebei, portanto, a luz do Novo Mandamento do Cristo de Deus para reparti-la com aqueles que se queiram esclarecer. Mas recebei-a, sempre, com profundo sentimento de humildade e reconhecimento, rendendo graças a essa fonte de TODO O PODER, de que promana tudo o que é belo, tudo o que é grande, tudo o que é verdadeiro e eterno. A Terceira Revelação trouxe o conhecimento da Lei do Amor, que os homens, há tantos séculos, calcam aos pés. Se vossos corações dão frutos maus, sois, portanto, árvores más. O Senhor, porém, na sua infinita misericórdia, arranca a árvore que nada produz, ou que dá frutos maus, para deixar que cresça, livremente, aquela cujas ramagens hão de cobrir de sobra benfazeja a Humanidade inteira. Plantou-a o Cristo com as suas mãos e os homens não a cultivaram. Cercaram-na as plantas daninhas e a atrofiaram. O JARDINEIRO DIVINO, POR ISSO, AINDA SE VÊ OBRIGADO A VIR CULTIVAR A SUA VINHA, A FIM DE LIVRÁ-LA DOS PARASITOS QUE A SUFOCAM. A fé, árvore divina que dá sombra e alimento, que dessedenta o sequioso e convida ao repouso o viajante fatigado, vai crescer e estender seus ramos benditos sobre todo o vosso mundo. E a cada um daqueles, dentre vós (sejam quais forem os cultos exteriores em que a reencarnação os tenha feito nascer, vindos não importa de onde), que tiverem trabalhado na obra de regeneração – pela palavra e pelo exemplo – será concedida a graça de dizer, quando voltarem: “Ganhei bem o meu dia”. Deveis compreender o sentido oculto destas outras palavras, inspiradas ao Precursor e por ele proferidas quando falava do Cristo: “Traz na mão a joeira e limpará perfeitamente o seu eirado; juntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha no fogo inextinguível”. O Senhor empregou desse modo, para atuar sobre homens animalizados, uma figura capaz de impressiona-los, gerando neles o temor. Bem sabeis que Deus nunca abandonou o ser humano, desde o seu aparecimento no vosso planeta. Suas Leis são, como ele mesmo, imutáveis e eternas: a Lei do Progresso (progresso físico da Terra e progresso físico, intelectual, moral e espiritual da Humanidade) ensina que tudo o que foi criado é perfectível. Ela está, portanto, no número dessas Leis. E ao mesmo número pertence a Lei da Reencarnação, como instrumento e meio de reparação e progresso. Desde todos os tempos, teve o homem junto de si proposto à sua proteção, o Espírito Protetor ou Anjo da Guarda, incumbido de guiar os seus passos na senda de redenção. Desde de todos os tempos, houve Espíritos em missão entre os homens, para faze-los avançar por esse caminho, a todos eles revelando ou relembrando a Lei Natural que é A LEI DE DEUS, na conformidade do meio, do estado das inteligências e das necessidades de cada época. Desde todos os tempos, investido no livre arbítrio, cercado de influências ocultas – boas umas, outras más – com inteligência para discernir o Bem do mal, na relatividade do seu desenvolvimento moral e intelectual, o homem, POR HAVER FALIDO, FOI TRAZIDO AO VOSSO PLANETA, que é um dos mundos inferiores de provação e expiação, a fim de reparar suas faltas e progredir. Desde todos os tempos, esteve submetido, após a morte, em seguida a cada uma de suas existências na Terra, a expiação por meio de sofrimento ou torturas morais, apropriados e proporcionados aos crimes ou faltas que praticou. Depois, está submetido à Lei da Reencarnação que, com a expiação precedente no estado de erraticidade e, simultaneamente, INFERNO, PURGATÓRIO, REPARAÇÃO E PROGRESSO, a escada que todos têm de subir, e cujos degraus correspondem às fases das diferentes existências que lhe cumpre percorrer, para atingir o cimo da montanha. Pois, como ensinou Jesus, para chegar a Deus, cada um dos seus filhos terá de nascer, morrer e renascer, até alcançar os limites da Perfeição.

BATISMO DE JESUS

P – Nos tempos modernos, ninguém mais aceita a Bíblia sob o véu da letra, que mata. No Brasil, muita coisa mudou desde que a LBV começou a pregar a Palavra de Deus sem “mistério”. Como o CEU explica o batismo de Jesus?

R – O Espírito da Verdade harmoniza os Evangelhos Sinóticos, para responder: Mateus, cap. III, vs. 13-17; Marcos, cap. I, vs. 9-11; Lucas, cap. III, vs. 21-22. São estas passagens:

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MATEUS: 13 – Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão, para ser batizado. 14 – Mas João protestava, dizendo: “Eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?” 15 – Jesus lhe respondeu: “Isto é necessário por ora, pois convém cumprirmos toda a justiça”. João concordou. 16 – Uma vês batizado, Jesus logo saiu da água, e eis que os céus se abriram, e ele viu descer sobre si o Espírito de Deus em forma de uma pomba. 17 – Imediatamente uma voz ecoou no céu, dizendo: “Este é meu filho bem-amado, em que ponho a minha complacência”.

MARCOS: 9 – Eis o que sucedeu naqueles dias: Jesus veio de Nazaré, que fica na Galiléia, e foi batizado por João. 10 – Logo que saiu das águas do Jordão, Jesus viu os céus se abrirem e o Espírito de Deus descer em forma de uma pomba e pairar sobre ele. 11 – E uma voz do céu se fez ouvir, dizendo: “És meu filho bem-amado; pus em ti as minhas complacências”.

LUCAS: 21 – sucedeu que, ao tempo em que João batizava todo o povo, também Jesus foi por ele batizado. E, enquanto orava, o céu se abriu, 22 – e desceu sobre ele o Espírito Santo na forma corpórea de uma pomba. E ouviu-se do céu uma voz que dizia: “Tu és meu filho dileto; ponho em ti as minhas complacências.

Jesus, cuja origem espiritual agora conheceis, Espírito puro por excelência, Espírito Perfeito, não precisava de ser batizado com água por João, de receber um batismo de penitência para remissão de pecados, ele que nenhum pecado tinha, que nenhum pecado confessou, que não trazia, para ser lavado, um corpo de lama como os vossos. Não precisava, também, de receber o batismo em espírito Santo e em fogo, ele cujo o Espírito era de pureza perfeita e imaculada, ele que, ao contrário, vinha ministrar esse batismo – primeiro, aos Apóstolos incumbidos de pregar e ensinar, pelo exemplo, a sua moral sublime; depois, a todos os que se tornassem dignos de ser assim batizados, praticando a sua Lei de Amor, propagando-a pela palavra e pelo exemplo. POR QUE, ENTÃO, FOI JESUS RECEBER DE JOÃO, DIANTE DE TODOS, O BATISMO DA ÁGUA NO JORDÃO, como faziam o povo e quantos acorriam às margens daquele rio? Para – desde o momento em que entrava a desempenhar publicamente a sua missão, pregar pelo exemplo de humildade; para receber do próprio Deus – à vista de todos e em confirmação das palavras que, antes da sua chagada, proferiu a seu respeito o Precursor – a consagração da sua origem, do seu poder e da sua missão, como regenerador e SALVADOR DA HUMANIDADE; para receber esta confirmação por manifestação derivada do próprio Deus, produzida de modo a que os homens compreendessem que, FINALMENTE, DESCERA À TERRA O ESPÍRITO CUJA VINDA OS PROFETAS, DESDE MOISÉS, HAVIAM ANUNCIADO. E assim foi: Jesus desceu para pregar, dando de tudo exemplo marcante, para oferecer e deixar aos homens um tipo, um modelo que eles imitassem e em cujas pegadas caminhassem, para atingir a Perfeição. Durante a sua missão terrena, convinha que passasse, a vista dos homens, por ser um homem como os outros, sujeito a todas as provações da humanidade e delas triunfando, exemplificando-lhes a prática do trabalho, da justiça, da caridade e do amor, cujas leis ensinava, ministrando-lhes a luz e a verdade sob o véu da letra e o manto da parábola, a fim de que o brilho de uma e de outra não ofuscasse, não cegasse os olhos humanos de seu tempo. Cumprida essa missão, os homens – em virtude das interpretações que davam aos fatos, de acordo com o estado das inteligências, com as necessidades da época e com o que exigia a preparação dos tempos futuros – teriam de ver um Deus, o próprio Deus naquele que lhes viera trazer o tipo exato ou modelo da Perfeição Humana. Procurai seguir os passos de Jesus, em todo o curso da sua aparente vida de homem comum, desde o instante em que chega às margens do Jordão até aquele em que se consuma o sacrifício no Gólgota, e o vereis a dar em tudo o exemplo, sempre o exemplo da vida superior! Ao encetar essa missão sublime, Jesus se submete, como todos os que iam ter com João, ao batismo pela água. Mas observai que, antes de Jesus haver chegado ao Jordão, já o Precursor, falando ao povo, aos fariseus, aos publicanos e aos soldados, a quantos tinham acorrido para ouvi-lo (os quais, entre si, pensavam que bem podia ser ele o Cristo), dizia: “Eu, por mim, vos batizo com água; mas outro virá, mais poderoso que eu e de cujas sandálias não sou digno de desatar as correias, prosternado a seus pés, o qual vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo. Ele traz na mão sua joeira e limpará perfeitamente o seu eirado; juntará o trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo que jamais se extinguirá”. Estas palavras explicam por que, em resposta ao pedido que Jesus lhe faz, João se escusa de o batizar, dizendo: “Eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?” E também explicam por que, respondendo-lhe Jesus: “Convém cumprirmos toda a justiça”, isto é, DEVEMOS PREGAR PELO EXEMPLO, João não opôs mais nenhuma resistência, tornando-se o

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primeiro a dar o exemplo de submissão e de obediência do Mestre. Para confirmação das palavras que João proferiu, diante de todos, antes da chegada de Jesus, é que, quando o Cristo saiu das águas do Jordão, após o batismo, se produziu – de conformidade com a época, as tradições hebraicas e o estado das inteligências – a manifestação destinada a esclarecer os homens sobre a origem e a missão do Salvador.

BATISMO E REENCARNAÇÃO

P – Na Cruzada do Novo Mandamento de Jesus no Lar, todos estão satisfeitos com a Doutrina do CEU (Centro Espiritual Universalista). Como devemos entender a aparição do Espírito Santo na forma corpórea de uma pomba?

R – Diz o Evangelho que, depois de ser batizado, Jesus saiu da água e, ao fazer a sua prece, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele na forma corporal de uma pomba, e se ouviu uma voz que dizia: “Tu és o meu filho bem-amado; ponho em ti a minha complacência”. O Senhor manifestou por esse modo o seu poder, dele dando um sinal aparentemente material. Aparentemente, frisamos, porque só o foi para os olhos humanos: sinal que bem como a voz ouvida, objetivando chamar a atenção dos homens e lhes confirmar que, finalmente, descera à Terra o Profeta que todos os profetas haviam anunciado. O Espírito, como sabeis, pode - com o auxílio do seu perispírito – tomar todas as formas, todas as aparências. Para os antigos, a pomba era o emblema da pureza: os hebreus a sacrificavam, nos altares, em resgate dos filhos de Israel. O Espírito Superior, encarregado da manifestação, teve de tomar a forma capaz de mais fortemente impressionar as inteligências, no momento mesmo em que aquela manifestação se produzisse, e de as impressionar ainda depois de cumprida a sua missão. A voz que se fez ouvir no céu, dizendo: “”Tu és meu filho bem-amado; ponho em ti a minha complacência”, não foi a voz de Deus Onipotente. Deus não se manifestou porque Ele não se comunica diretamente com os homens. Já vos dissemos: por mais puro que seja o Espírito encarnado, o invólucro que o reveste ergue uma barreira intransponível entre o homem e a Divindade. Mas o Pai transmite aos filhos suas vontades por intermédio dos Espíritos Puros (que dele recebem diretamente as inspirações), dos Espíritos Superiores e dos Espíritos Bons, os quais, na ordem hierárquica, se constituem seus instrumentos. Foi um Espírito superior que fez ressoar a voz que se ouviu, pronunciando aquelas palavras. Para o povo e para todos que tinham vindo ter com o Batista, em suma – para os hebreus, o próprio Deus falou naquela circunstância, como outrora falou aos profetas da Lei Antiga. O Espírito Santo, segundo eles, era a inteligência mesma de Deus, inspirando diretamente os homens, comunicando-se diretamente com os terrícolas. Assim, para eles, o próprio Deus foi quem tomou a forma de uma pomba e quem, por outro lado e ao mesmo tempo, fazendo ouvir sua voz, pronunciou aquelas palavras. Já sabeis que, sob a designação simbólica de espírito Santo, se compreende o conjunto de Espíritos do Senhor – órgãos de suas inspirações e ministros de suas vontades. O que houve, portanto, foram duas manifestações espirituais. E elas se produziram AO FAZER JESUS SUA PRECE: aí estão o primeiro exemplo e o primeiro ensino dados por Ele aos homens, mostrando-lhes que a prece (não a dos lábios, mas a do coração), atrai as bênçãos do Senhor, os testemunhos do seu amor, fazendo sobre eles descer a divina influência, por intermédio dos Espíritos Protetores da Humanidade. O batismo por meio da água, que João ministrou e Jesus recebeu para ensinar pelo exemplo, comprovando assim que esse batismo não passava de uma figura, era ao mesmo tempo material e simbólica: material pela ablução do corpo; simbólico pelo arrependimento e pala humildade que a ablução consagrava. E ainda tinham a proclamá-los a confissão pública (que cada um fazia diante de todos, em voz alta) dos seus pecados, das suas torpezas, de TODAS AS INFÂMIAS QUE PODEM GERMINAR NO CORAÇÃO HUMANO. O batismo pela água era, portanto, uma preparação para o batismo em Espírito Santo e pelo fogo – batismo este que vem de Deus e que o Cristo confere aos que dele se tornam dignos, concedendo-lhes a assistência e o concurso dos Espíritos purificados. Não é mau lembrar aos homens o batismo pela água, porque sempre lhes recorda os grandes acontecimentos ocorridos e as obrigações que lhes são impostas. A parte material era uma necessidade à vista dos tempos, para impressionar a homens materializados; MAS A PARTE SIMBÓLICA SE CONSERVA PARA VÓS, cristãos do Novo Mandamento. O verdadeiro batismo é o que vem do Senhor, é o batismo no Espírito santo e no fogo que purifica as almas, acima dos

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corpos perecíveis! A religião humana fez do batismo pela água o estandarte do seu próprio cristianismo, que está muito longe do CRISTIANISMO DO CRISTO. Ela esqueceu a essência divina, para atender só a matéria. A esta referiu tudo. E seus “fiéis” rebaixados, encerrados em tão estreitos limites acabaram por olvidar quase inteiramente que, saídos de uma essência espiritual, devem consagrar-se ao espírito, não mais à letra, que mata. A Igreja de Roma desvirtuou a natureza, o objeto, as condições e o fim do batismo pela água – derramando-a na cabeça da criança, que acaba de nascer, sob o pretexto de apagar, na pessoa dessa criança, dando-lhe o nome de pecado original, uma falta que ela não cometeu, porque foi cometida por outrem! E isso quando, segundo a mesma Igreja, a alma da criança foi criada por deus expressamente para o corpo que veio animar, alma que, pessoalmente devia ser pura e sem mancha, pois das mãos de Deus nada pode sair maculado! A Igreja de Roma não teria instituído deste modo o batismo pela água, se tivesse compreendido bem as palavras de Jesus a Nicodemos, proclamando a reencarnação como realidade, não como alegoria. Realidade por ser LEI EMANADA DE DEUS, DESDE DE TODA ETERNIDADE, como meio de purificação e progresso do Espírito culpado, meio único posto ao alcance do homem para entrar no Reino de Deus, isto é, para chegar à Perfeição que, só ela, lhe permitirá chegar ao centro da Onipotência. Cristãos de todos os rebanhos, lembrai-vos de que haverá, brevemente, UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR! Deixai de ter em conta somente a matéria, abandonai a letra que mata, para receberdes unicamente O ESPÍRITO QUE VIVIFICA. Do batismo pela água, no Jordão, conservai apenas o espírito. Praticai a parte simbólica – o arrependimento e a humildade. Preparai-vos, assim, para o batismo do Espírito Santo e do fogo, que purifica as vossas almas. Se dele vos tornardes realmente dignos, pelo trabalho, pela justiça, pelo amor e pela caridade, o Cristo vos ministrará esse batismo, enviando Espíritos Puros para vos assistirem, inspirarem e ajudarem, até à vitória final.

GENEALOGIA DE JESUS

P – Hoje, nós compreendemos que GOVERNAR É ENSINAR CADA UM A GOVERNAR A SI MESMO, pelo conhecimento soberano da Verdade. É impossível governar sem o conhecimento perfeito da Palavra de Deus. Como o CEU da LBV explica a genealogia de Jesus?

R –O Espírito da Verdade reúne, para tal fim, estas duas passagens: Evangelho segundo Mateus, cap. I vs. 1-17, e segundo Lucas, cap. III, vs. 23-38:

MATEUS: 1 – Livro da genealogia de Jesus, o Cristo, filho de David, filho de Abraão: 2 – Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacob; Jacob gerou Judá e seus irmãos. 3 – Judá gerou de Tamar, Farés e Zara; Farés gerou Erson gerou Arão. 4 – Arão gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou Salmon. 5 – Salmon gerou Booz, de Raab; Booz, de Rute, gerou Obed. Obed gerou Jessé e Jessé gerou David, que foi rei. 6 – O Rei David gerou Salomão, daquela que fora a mulher de Urias. 7 – Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa. 8 – Asa gerou Josafá; Josafá gerou Joran; Joran gerou Ozias. 9 – Ozias gerou Joatão; Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequías; 10 – Ezequías gerou Manasses; Manasses gerou Amon; Amon gerou Josias. 11 – Josias gerou Jaconias e seus irmãos, no tempo em que os judeus emigraram para Babilônia. 12 – Depois da emigração para Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel. 13 – Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliacim; Eliacim gerou Azor. 14 – Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud. 15 – Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matan; Matan gerou Jacob. 16 – Jacob gerou José, esposo da Virgem Maria, do qual nasceu Jesus, o Cristo. 17 – Houve ao todo, portanto, catorze gerações, de Abraão até David; de David à transmigração para Babilônia, catorze gerações; e, da transmigração para Babilônia até Jesus, catorze gerações.

LUCAS: 23 – Jesus contava então trinta anos, sendo tido como filho de José, filho de Heli, filho de Matat, 24 – filho de Levi, filho de Melqui, filho de Jane, filho de José, 25 – filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Hesil, filho de Nage, 26 – filho de Maat, filho de Matatias, filho de Semei, filho de José, filho de Judá, 27 – filho de Joanan, filho de Rêsa, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Néri, 28 – filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosan, filho de Elmadan, filho de Her, 29 – filho de Ieoshua, filho de Eliezer, filho de Gerin, filho de Matat, filho de Levi, 30 – filho de Simeão, filho de Judá, filho de José,

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filho de Jona, filho de Eliaquim, 31 – filho de Meléia, filho de Mena, filho de Matata, filho de Natan, filho de David, 32 – filho de Jessé, filho de Obed, filho de Booz, filho de Salmon, filho de Naasson, 33 – filho de Aminadab, filho de Arão, filho de Esron, filho de farés, filho de Judá, 34 – filho de Jacob, filho de Isaac, filho de Abraão, filho de Tare, filho de Naor, 35 – filho de Sarug, filho de Ragan, filho de Faleg, filho de Heber, filho de Sale, 36 – filho de Cainam, filho de Arfaxad, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lamec, 37 – filho de Matusalém, filho de Enoc, filho de Jared, filho de Malaleel, filho de Caínam, 38 – filho de Enos, filho de Set, filho de Adão, o qual foi criado por Deus.

Jesus, Espírito de pureza imaculada, cuja perfeição se perde na Eternidade, Protetor e Governador do vosso planeta, cuja formação presidiu, É ESTRANHO E ANTERIOR ÀS GERAÇÕES HUMANAS QUE O TÊM, SUCESSIVAMENTE, HABITADO. Apareceu na Terra com um corpo fluídico, de natureza perispirítica, visível e tangível sob a aparência da corporeidade humana, por efeito de incorporação, segundo as leis dos mundos superiores, apropriadas aos fluidos ambientes que servem para a formação dos seres terrestres. Esse segredo não devia ser revelado, ou conhecido, antes do tempo em que a Humanidade estivesse preparada para recebe-lo. Não vos preocupeis com o fato de ter Jesus contado, aos olhos dos hebreus, como aos olhos de todos os homens, este ou aquele patriarca entre os seus antepassados carnais. Percorrei-lhe a GENEALOGIA ESPIRITUAL e chegareis a Deus, o verdadeiro Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, como vos escreveu o Apóstolo Paulo. Na realidade, nenhuma atenção merece a genealogia humana, atribuída a Jesus POR EXIGÊNCIAS DA ÉPOCA. Destituída de qualquer interesse, ela em nada influi nos fatos constitutivos da Revelação Messiânica, nem na obra da regeneração da vossa humanidade, executada pelo Cristo no desempenho de sua missão. Qual, então, o motivo dessa genealogia humana de Jesus? Compreendei bem a necessidade que há de se materializarem os fatos, para os tornar acessíveis à matéria. Era preciso, naquela época, usar para com os homens de uma linguagem que pudesse ser compreendida e, sobretudo, escutada, num meio que fora preparado desde muitos séculos. Segundo as tradições hebraicas, de acordo com as interpretações dadas às profecias da Lei Antiga, o Libertador Prometido, o Cristo de Deus, havia de nascer em Belém, tendo por pai um descendente de David, sendo Ele próprio, portanto, um filho de David. A grande obra DA REDENÇÃO estava preparada desde a origem tradicional dos tempos, sem que o homem percebesse, nas condições sucessivamente apropriadas às épocas e às inteligências. Para a execução dessa grande obra foram chamados Maria e José, Espíritos puros, este menos elevado do que aquele, nenhum dos dois puros desde o início, os dois inferiores a Jesus. Ambos encarnaram num meio depurado, com o encargo de auxiliarem o Cristo na sua missão terrena. A pureza de Maria e de José não podia compadecer-se com um meio impuro. Cada um, por isso, escolheu uma família que lhe fora de antemão preparada, composta igualmente de Espíritos depurados, embora inferiores a eles. Eis como, remontando de geração em geração, ireis encontrar o homem com todos os seus instintos brutais.

A GENEALOGIA E O VÉU DA LETRA

P – A LBV está liquidando os “mistérios” que impediam a aceitação da Bíblia pelo povo. Na verdade, a Bíblia está certa: errados estão os que a interpretam ao pé da letra. Poderia o Espírito da Verdade falar-nos mais, acerca da genealogia humana de Jesus?

R – Como sabeis, enquanto durasse a missão terrena do Mestre, Maria tinha de ser considerada sua mãe e José seu pai, De modo que, dada a descendência deste, Jesus tinha de ser considerado filho de David. O homem, para compreender, precisava que lhe pusessem sob a vista um ponto de partida, de onde lhe fosse possível seguir em linha reta. Aquelas coisas eram ditas aos hebreus, que estavam sujeitos à Lei de Moisés e se governavam pelas tradições, vindas de muitos séculos atrás, e cuja a origem se perde na noite dos tempos. Portanto, era forçoso que, para lhes guiar as inteligências, o caminho seguido fosse o que eles tinham o hábito de trilhar. Efetivamente, qual o tronco a eles indicado, na genealogia atribuída a Jesus? Adão, o primeiro ente material saído das mãos do Criador. Ora, já não podeis ignorar – porque os tempos caminharam, as inteligências se desenvolveram e se operou o progresso das ciências – que A CRIAÇÃO DO PRIMEIRO HOMEM NUM PARAÍSO, JARDIM DE DELÍCIAS, DENTRO DO QUAL SE ENCONTRAVAM A

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ÁRVORE DA VIDA E A ÁRVORE DA CIÊNCIA DO BEM E DO MAL, É UMA FIGURA ORIUNDA DA NECESSIDADE DE SE APROPRIAREM OS ENSINAMENTOS À HUMANIDADE PRIMITIVA. Poucos são, ainda hoje, os que estão aptos a entender uma existência que não teve princípio nem terá fim! Figuradamente, a genealogia de Jesus vai remontar a Adão, como remonta ao próprio Deus a criação do corpo formado de limo. Naquela época, entretanto, tão formal desmentido à letra da “Gênese” de Moisés revoltaria as multidões, inquietando a todos e retardando a marcha da obra de regeneração. De acordo com essa genealogia humana, quer segundo Mateus, quer segundo Lucas, qual a descendência atribuída a Jesus? A de filho de David por José, que é seu pai aos olhos dos homens, e que, por sua vez, também aparece como descendente do rei profeta. Foi com o objetivo de ligar o “nascimento” de Jesus a David que se estabeleceu a genealogia, tanto segundo Mateus, como segundo Lucas. Ela é o fruto das pesquisas realizadas com esse fim. Mas já se fizera “a noite dos tempos”: muitos nomes foram introduzidos em lugar de outros que eram ignorados e se julgava deverem existir. Pouco importam, porém, os nomes: as relações genealógicas existem pela filiação das famílias. Ninguém se embarace com as DIFERENÇAS QUE APRESENTAM AS DUAS GENEAOLOGIAS, de Mateus e de Lucas. São puerilidades, pois o tronco era o mesmo. De confundirem filhos de dois irmãos nasceu a confusão dos nomes que, algumas vezes, pertenceram aos mesmos indivíduos. Também vos acontece adotar muitos nomes, em conseqüência de adições ou mudanças causadas pela vaidade. É provável (e natural) que, no futuro, aqueles que vos pesquisarem a vida, e os atos, tomem um desses nomes por outro, sem que o biografado deixe de ser o mesmo. Assim, com relação aos nomes, um dos Evangelistas seguiu um dos ramos, e o outro seguiu ramo diverso. Ambos os ramos, porém, pertenciam ao mesmo tronco. NÃO HÁ OBRAS HUMANAS IMPECÁVEIS. O essencial, para os hebreus, era a origem: as duas genealogias são acordes em apresentar José como descendente de David. Quanto à Virgem Maria, não vos admireis de que seu nome não figure na genealogia atribuída a Jesus: entre os israelitas, as filhas não eram tidas em conta, como não o são, entre as vossas “raças-nobres” para a perpetuação do nome. A Virgem pertencia à tribo; era quanto bastava que se soubesse. Não vos detenhais, também, nas controvérsias que surgiram desde os primeiros tempos do Evangelho: continuaram, e ainda hoje continuam, a propósito das duas genealogias (Mateus e Lucas), por motivos de diferenças, omissões e contradições de que as acusam. O homem não quer compreender que, seja qual for o objetivo espiritual que se tenha em vista atingir, necessário é se humanizarem os meios postos ao seu alcance para esse fim. A CONSEQÜÊNCIA É QUE OS MEIOS SE TORNAM IMPERFEITOS. Era a essas controvérsias, sobre a genealogia humana de Jesus, já então suscitadas, que aludia o Apóstolo Paulo (I a Timóteo, cap. I, vs. 4-5), dizendo: “Ninguém se entretenha com fábulas e genealogias sem fim, que mais servem para gerar discórdias do que para fundar, sobre a fé, o edifício de Deus”. Sim, amados irmãos, não vos prendais nos pormenores poeris de uma genealogia humana, que só teve razão de ser do ponto de vista dos judeus e de suas tradições, como meio de preparar a missão terrena de Jesus. Isso vos faria perder um tempo precisos. Deixai que os “atilados” reúnam todas as suas forças para levantar, ou deslocar, alguns dos pedregulhos com que topam. Não esqueçais que tendes de erguer uma montanha, a fim de abrirdes passagem à estrada reta e unida que devereis traçar. Repetimos: só do ponto de vista dos hebreus e de suas tradições, como meio de preparar o desempenho da missão terrena de Jesus, aquela genealogia teve a sua razão de ser. Efetivamente, confrontai com as palavras do Anjo à Virgem Maria (Lucas, I, vs. 32) e com as palavras do cântico de Zacarias (Lucas, I, vs. 68-70) o que disse Jesus aos fariseus: “Que pensais vós do Cristo? De quem é Ele filho? – De David, responderam. – Como é então, retrucou-lhe Jesus, que inspirado pelo Espírito Santo, nos Salmos, David lhe chama Senhor, por estas palavras: “O Senhor disse a meu Senhor: – Senta-te à minha direita, até que eu tenha reduzido teus inimigos a te servirem de escabelo”. Ora, se David lhe chama seu Senhor, como pode Ele ser filho de David?” (Evangelho segundo Mateus, cap. XXII, vs. 41-43 – Lucas, cap. XX, vs. 41-44). É evidente que Jesus, desse modo, durante a sua missão na Terra, preparou a Humanidade para reconhecer que aquela genealogia lhe era estranha e inaplicável, e para receber, mais tarde, no tempo determinado por Deus, a revelação da sua origem e da sua natureza extra-humana, como o Cristo esperado desde Moisés.

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DEUS E A VIDA UNIVERSAL – I

P – Mereceram nossa melhor atenção estas palavras: “... a criação do primeiro homem é uma figura, oriunda da necessidade de se apropriarem os ensinamentos à Humanidade primitiva. Poucos são, ainda hoje, os que estão aptos a entender uma existência que não teve princípio nem terá fim!” E estas outras: “Figuradamente, a genealogia de Jesus vai remontar a Adão, como remonta ao próprio Deus a criação do corpo formado de limo”. E estas mais: “Percorrei a genealogia espiritual de Jesus e chegareis a Deus”. De acordo com a ciência divina, qual é – liberto da letra, que mata, o espírito que vivifica – a realidade, quanto à criação do Espírito e do corpo do homem, e quanto à genealogia espiritual de Jesus?

R – Diz o Espírito da Verdade: – A questão que propondes, complexa pelo duplo aspecto em que a formulais, referindo-se de um lado ao homem e de outro a Jesus, exige a solução de um problema de ordem mais geral – o da origem do Espírito, de suas fases e trajetórias, de seus destinos, desde o instante inicial da sua existência até chegar à Perfeição. Na criação, tudo tem uma origem comum: vem do infinitamente pequeno para o infinitamente grande, até Deus, ponto de partida e de reunião. Tudo provém de Deus e para Deus volta: Deus uno, Criador incriado, pai de tudo e de todos; motor de tudo quanto existe, pilar inabalável sobre o qual repousam as multidões de mundos disseminados no espaço, como os átomos no ar. O fluido universal, que toca de perto a Deus e dele parte, contitui, pela sua quintessência, e mediante as combinações, modificações e transformações de que é passível, o instrumento de que se serve a Inteligência Suprema para – pela onipotência da sua vontade 0 operar, no infinito e na eternidade, todas as criações espirituais, materiais e fluídicas, destinadas à vida e à harmonia universais, todos os mundos, todos os seres em todos os reinos da Natureza, de tudo o que se move, de tudo quanto vive, de tudo quanto é. O Apóstolo Paulo sentia a POTÊNCIA CRIADORA DO SENHOR, quando escrevia: “Tudo é dele, tudo é por ele, tudo é nele” (Aos Romanos, cap. XI, v. 36). “Em Deus temos a vida, o movimento e o ser” (Atos dos Apóstolos, cap. XVII, v. 28), O Espírito, na origem da sua formação, como essência espiritual, princípio de inteligência, sai do TODO UNIVERSAL. O que chamamos O TODO UNIVERSAL é o conjunto dos fluidos existentes no espaço. Estes fluidos são a fonte de tudo o que existe, quer no estado espiritual, quer no estado fluídico, quer no estado material. O Espírito, na sua origem, como essência espiritual, princípio de inteligência, se forma da quintessência desses fluidos, elemento tão sutil que nenhuma expressão pode dar idéia perfeita dele, sobretudo às mentes restritas. A Boa Vontade do TODO-PODEROSO – ÚNICA ESSÊNCIA DE VIDA NO INFINITO E NA ETERNIDADE – anima esses fluidos para lhes dar o ser, isto é, para, mediante uma combinação sutilíssima, cuja essência só se encontra nas irradiações divinas – fazer deles essências espirituais, princípios primitivos do Espírito em germe e destinados à sua formação. A vida universal está, assim, por toda a Natureza, em germes eternos, graças a essa quintessência dos fluidos, que somente a vontade de Deus anima, de acordo com as necessidades da harmonia universal – de todos os mundos, de todos os reinos, de todas as criaturas no estado material ou no estado fluídico. Ao serem formados os mundos primitivos, entram na sua composição todos os princípios, de ordem espiritual, material e fluídica, os quais constituem os diversos reinos que os séculos terão de elaborar. O principio inteligente se desenvolve ao mesmo tempo que a matéria, e com ela progride, passando da inércia à vida de movimento. Deus comanda o começo de todas as coisas, acompanha paternalmente as fases de cada progresso, atrai a si tudo o que haja atingido a Perfeição. Essa multidão de princípios latentes aguarda, no estado cataléptico, no meio e sob a influência dos ambientes destinados a faze-los desabrochar, que o Senhor lhes dê uma destinação e os aproprie ao fim a que devam servir, segundo as Leis Naturais, imutáveis e eternas, por Ele mesmo estabelecidas. Tais princípios sofrem passivamente, através dos tempos, e sob a vigilância dos Espíritos prepostos, as transformações que os hão de desenvolver, passando sucessivamente pelos reinos mineral, vegetal, animal e hominal, e pelas formas e espécies intermediárias, que se sucedem entre cada grupo de dois desses reinos. Chegam dessa maneira, numa progressão contínua, ao período preparatório do estado de ESPÍRITO FORMADO, isto é, ao estado intermédio da encarnação animal e do estado espiritual consciente. Depois, vencido esse período preparatório, chegam ao estado de criaturas possuidoras de livre arbítrio, com inteligência capaz de raciocínio, independente, RESPONSÁVEIS PELOS SEUS ATOS. Galgam, assim, o fastígio da inteligência, da ciência e da grandeza mental, nascendo, “morrendo”, renascendo, até chegarem à Perfeição.

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DEUS E A VIDA UNIVERSAL – II

P – Todos os brasileiros deviam estudar as lições do Espírito da Verdade. É no campo da religião – na Bíblia Sagrada, que é a Palavra de Deus – que podemos encontrar o caminho da segurança e da felicidade. Como se processa a evolução através dos reinos, a começar pelo mineral?

R – Em sua origem, a essência espiritual, princípio de inteligência, Espírito em formação, passa primeiro pelo reino mineral. Anima o mineral, se assim podemos falar, servindo-nos dos únicos recursos que oferece a linguagem humana apropriada às vossas inteligências. Na Natureza, com efeito, tudo tem existência, porque tudo “morre”. Ora, aquilo que “morre” traz em si o princípio da vida, sendo conseqüentemente animado por uma inteligência relativa. A palavra inteligência pode causar surpresa, tratando-se da vida de uma coisa inerte. Certamente, em tal caso, não há nem pensamento nem ação. A essência espiritual, nesse estado, se mantém inconsciente do seu ser. Ela é, eis tudo. No estado de simples essência de vida, absolutamente inconsciente do seu ser, ela constrói o mineral, a pedra, o minério, atraindo e reunindo os elementos dos fluídos apropriados por meio de uma ação magnética dirigida e fiscalizada pelos Espíritos prepostos. Quanto mais inconsciente é o Espírito, no estado de formação, tanto mais direta e incessante é a ação desses Espíritos. Guardai bem na memória, pois o que dizemos aqui não será repetido: EM QUALQUER DOS REINOS MINERAL, VEGETAL, ANIMAL E HUMANO (OU HOMINAL), NADA É SEM O CONCURSO DOS ESPÍRITOS DO SENHOR, que todos têm uma função a desempenhar, uma vigilância a exercer. Não há Espíritos prepostos à formação de um determinado mineral, de um determinado vegetal, de um determinado ser do reino animal ou reino humano. Os Espíritos têm uma AÇÃO GERAL e conforme às leis imutáveis e eternas, ação que não podeis, por ora, compreender. O mineral “morre” quando é arrancado do meio em que o colocara o Autor da Natureza. A pedra tirada da pedreira, o minério extraído da mina, deixando de existir, do mesmo modo que a planta separada do solo, perdem a VIDA NATURAL. A essência espiritual, que residia nas paredes do mineral, daí se retira por uma ação magnética, dirigida e fiscalizada pelos Espíritos prepostos, e é transportada para outro ponto. Os “despojos” do mineral são utilizados pela Humanidade, de acordo com as suas necessidades. Não vos admireis de que a coesão subsista no mineral, muitas vezes por séculos, depois que dele se retirou a essência espiritual, que foi necessária à sua formação. Cada espécie de matéria tem suas propriedades relativas, segundo às Leis Naturais, que poucos estão aptos a entender. O corpo humana, em certas condições, não conserva coesa todas as suas partes materiais, embora o Espírito já se tenha afastado dele? E não se observam, entre os vegetais, casos de longa duração material? Certas plantas não conservam as aparências da vida, o frescor dos tons e a rijeza da haste, muito tempo depois de separadas do solo que as alimentou e, portanto, do princípio latente da inteligência que nelas residia? TUDO NA NATUREZA SE MANTÉM E ENCADEIA, E TUDO SE FAZ EM PROVEITO E UTILIDADE DO ESPÍRITO QUE SE TORNOU CONSCIENTE DO SEU SER. Os corpos “mortos”, sejam pedra, planta, animal ou homem, têm de concorrer para a harmonia universal, desempenhando as funções que lhes são conferidas. A essência espiritual, que no mineral reside, não é uma individualidade: não se assemelha ao pólipo que, por cissiparidade, se multiplica ao infinito. Ela forma um conjunto que se personifica, que se divide (divisão na massa em conseqüência da extração), e atinge desse modo a individualidade, como sucede com o princípio que anima o pólipo, com o princípio que anima certas plantas. A essência espiritual sofre, no reino mineral, sucessivas materializações, necessárias a prepara-la a passar pelas formas intermédias, que participam do mineral e do vegetal. Dizemos materializações por não podermos dizer encarnações para estrear como ser. Depois de haver passado por essas formas e espécies intermediárias, que se ligam entre si numa contínua progressão, e de se haver (sob a influência da dupla ação magnética que operou a vida e a morte nas fases de existência já percorridas) preparado para sofrer no vegetal a prova, que a espera, da sensação, a ausência espiritual – Espírito em estado de formação – passa ao reino vegetal. É um desenvolvimento, mas ainda sem que o ser tenha consciência de si. A existência material, então, é mais curta, porém mais progressiva. Não há nem consciência nem sofrimento: há sensação ou sensitividade. Assim, a árvore, da qual se retira um galho, experimenta uma espécie de eco da secção feita, mas não sofrimento. É como que uma repercussão que vai de um ponto a outro, sucedendo o mesmo quando a planta é violentamente arrancada do solo, antes de completado o tempo da

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maturidade. Finalizando: há sensação, não há consciência nem sofrimento. É um abalo magnético experimentado pela árvore, abalo que prepara o espírito ( em estado de formação) para o desenvolvimento do seu ser. Tão grande é o PODER DE DEUS!

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – III

P – A Cruzada do Novo Mandamento, em nossa casa, foi enriquecida com as novas instruções do CEU. Por isso, queremos saber agora: – Que acontece depois da “morte” do vegetal?

R – Esclarece o Espírito da Verdade: – Morto o vegetal, a essência espiritual é transportada para outro ponto. Depois de haver passado, sempre em marcha progressiva, pelas necessárias e sucessivas materializações, percorre as formas e espécies intermediárias, que participam do vegetal e do animal. Só então, nestas últimas fases de existência, em que aquela essência começa a ter a impressão de um ato exterior, ainda que sem consciência de sua causa e de seus efeitos. HÁ SENSAÇÃO DE SOFRIMENTO. Sob a vigilância dos Espíritos prepostos, o Espírito em formação efetua assim, sempre em contínuo progresso, o seu desenvolvimento com relação à matéria que o envolve, e chega a adquirir A CONSCIÊNCIA DE SER. Preparado para a vida ativa, exterior, para a vida de relação, passa ao reino animal. Torna-se, então, princípio inteligente, de uma inteligência relativa, a que chamais – instinto, de uma inteligência relativa às necessidades físicas, à conservação, a tudo o que a vida material exige, dispondo de vontade e de faculdades, mas limitadas àquelas necessidades, àquela conservação, à vida material, à função que lhe é atribuída, à utilidade que deve ter, ao fim a que é destinado na Natureza, sob os pontos de vista da conservação, da reprodução e da destruição, na medida em que haja de concorrer para a vida e a harmonia universais. Sempre em estado de formação, pois não possui ainda livre arbítrio (inteligência independente capaz de raciocínio, consciência de suas faculdades e de seus atos), o Espírito, sem sair do reino animal, seguindo sempre a marcha progressiva contínua (e de acordo com os progressos realizados e com a necessidade dos progressos a realizar), passa por todas as fases de existência, sucessivas e necessárias ao seu desenvolvimento e por meio das quais chega às formas e espécies intermediárias que, pouco a pouco, insensivelmente, o aproximam cada vez mais do reino humano, porque – se é certo que o Espírito sustenta a matéria – não é menos certo que a matéria lhe auxilia o desenvolvimento. Depois de haver passado por todas as transfigurações da matéria, por todas as fases do desenvolvimento para atingir um certo grau de inteligência, o Espírito chega ao ponto de preparação para O ESTADO ESPIRITUAL CONSCIENTE; chega a esse momento que os vossos sábios, tão ignorantes dos “MISTÉRIOS DA NATUREZA”, não conseguem definir, MOMENTO EM QUE CESSA O INSTINTO E COMEÇA O PENSAMENTO. (Quando vos falamos do Espírito no estado de infância, portanto no estado de ignorância e de inocência; quando vos dissemos que o Espírito era criado SIMPLES E IGNORANTE, tratávamos, é claro, da FASE DE PREPARAÇÃO DO ESPÍRITO PARA ENTRAR NA HUMANIDADE. Seria precipitado, então, dar esclarecimentos sobre a origem do Espírito. Observai que isso foi deixado na obscuridade. AINDA HOJE, seria cedo para desenvolver esse ponto. Estudai bem o que vos ensinamos agora, porque – QUANDO ESTE TRABALHO APARECER AOS OLHOS DE TODOS – os Espíritos encarnados já estarão mais dispostos a receber o que então, tomariam por uma verdadeira monstruosidade ou tolice ridícula). Atingindo o ponto de preparação para ingressarem no reino humano (ou hominal), os Espíritos se aprontam de fato, em mundos ad hoc, para a VIDA ESPIRITUAL CONSCIENTE, INDEPENDENTE E LIVRE. É nesse momento que entram naquele estado de inocência e de ignorância. A vontade soberana do Senhor lhes dá consciência de suas faculdades e, por conseguinte, de seus atos, consciência que produz o livre arbítrio, a vida moral, a inteligência independente e capaz de raciocínio – A RESPONSABILIDADE. Chegado, deste modo, à condição de ESPÍRITO FORMADO, de Espírito pronto para ser humanizado se vier a falir, o Espírito se encontra num estado de inocência completa, tendo abandonado, com os seus últimos invólucros animais, os instintos oriundos das EXIGÊNCIAS DA ANIMALIDADE. A estátua acabou de receber as formas. Sob a direção e a vigilância dos Espíritos prepostos, o Espírito formado se cobre de fluidos que lhe comporão o invólucro a que chamais PERISPÍRITO, corpo fluídico que se torna, para ele, o instrumento e o meio – ou de realizar um progresso constante e firme, desde o ponto de partida daquele estado até que haja atingido a perfeição moral, que o põe ao abrigo de todas as quedas;

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ou de cair, caso em que o perispírito lhe será também instrumento de progresso, de reerguimento, mediante encarnações e reencarnações sucessivas, expiatórias a princípio e por fim gloriosas, ATÉ QUE ATINJA AQUELA PERFEIÇÃO MORAL.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – IV

P – Só mesmo com Boa Vontade os homens poderão chegar à Revelação do Novo Mandamento de Jesus! E é tão simples a Doutrina da LBV! Como o CEU explica o papel do magnetismo na Vida Universal?

R – O Espírito da Verdade responde: – O MAGNETISMO É O AGENTE UNIVERSAL POR EXCELÊNCIA. Tudo está submetido à influência magnética; TUDO É MAGNETISMO NA NATUREZA; tudo, na ordem espiritual, na ordem fluídica e na ordem material, é atração resultante desse AGENTE UNIVERSAL. Essa é a grande lei que rege todas as coisas. Os fluidos magnéticos ligam todos os mundos, uns aos outros, como também ligam todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados. É O LAÇO UNIVERSAL QUE DEUS CRIOU PARA NOS UNIR A TODOS, DE MODO A FORMARMOS UM ÚNICO SER, tendo em vista ajudar-nos a subir até Ele, conjugadas todas as nossas forças. Ao sair do estado intermediário, que precede a vida do livre pensador, para entrar na posse do livre arbítrio, o Espírito organiza a sua constituição fluídica, isso a que chamais perispírito e que é (para nos servirmos de uma palavra que vos seja compreensível), o seu TEMPERAMENTO, havendo entre esse e o temperamento humano a diferença de que este, aos vossos olhos, independe do gênero de espírito que o corpo encerre, ao passo que o temperamento fluídico é resultado das tendências do Espírito. Há entre os fluidos atração recíproca, e daí as relações que se estabelecem entre os Espíritos, conforme às suas tendências, boas ou más, seus pendores e sentimentos, bons e maus. Daí deriva a influência atrativa dos fluidos similares, simpáticos, a constituir o laço que aproxima um do outro dois Espíritos, senão da mesma categoria, animados dos mesmos pendores, dos mesmos sentimentos. Assim, pela natureza das suas inclinações, os Espíritos atraem a si outros Espíritos que lhes são semelhantes, simpáticos pela identidade dos sentimentos, e entram com eles em relação, graças a influência atrativa dos fluidos. De posse do livre arbítrio, podendo escolher o caminho que prefiram seguir, os Espíritos são subordinados a outros, prepostos ao seu desenvolvimento. É então que a vontade os leva a enveredar por este caminho, de preferência àquele. Galgado esse ponto, eles se mostram mais ou menos dóceis aos encarregados de os conduzir e desenvolver. A vontade, atuando então no exercício do livre arbítrio, traça uma direção, boa ou má, ao Espírito que, deste modo, pode falir ou seguir simplesmente, e gradualmente, o caminho que lhe é indicado para progredir. Muitos se transviam. Alguns resistem ao arrastamento do orgulho, do egoísmo e da inveja. O orgulhoso sente inveja por não poder suportar o que quer que seja acima de si mesmo. É egoísta, pretendendo ser, para tudo, o ponto de referência. É presunçoso, pois deposita em suas energias, ou faculdades intelectuais uma confiança TÃO ERRÔNEA QUANTO CONDENÁVEL, que o leva, muitas vezes, a se revoltar contra a prudência de quem lhe interdita atos superiores às suas forças. Não tendes visto crianças que tentam executar os vossos trabalhos, gabando-se de faze-lo tão bem quanto vós, tal a “confiança” que depositam em si mesmas? E, não raro, se revoltam quanto a prudência dos pais, que vedam a esses temerários a prática de atos que estão acima de suas forças, e que lhes poderiam causar graves acidentes. São Espíritos que, há séculos, sofrem expiações e reencarnações sucessivas, e que ainda não se purificaram. O orgulho, o egoísmo e a inveja, que neles assim se manifestam, são sinais e formam causa de suas quedas primitivas. Indóceis, rebeldes à direção dos Espíritos incumbidos de os desenvolver, os que se transviam atraem, por seus maus sentimentos, tendências ou pendores, Espíritos maus a quem esses sentimentos, tendências ou pendores, são simpáticos. Mas – guardai isto muito bem, porque nossas palavras precisam ser exatamente compreendidas: O ESPÍRITO CAI POR SI MESMO, NÃO PORQUE OUTRO O ARRASTE À QUEDA. Acabamos de dizer que os Espíritos seguem, livremente, este ou aquele caminho. Portanto, é por ato da própria vontade, por impulso próprio, que entram numa ou noutra vereda. A simpatia que experimentam pelos Espíritos inferiores, e que sempre os domina, RESULTA DA DISPOSIÇÃO PRÓPRIA DE CADA UM. Só após a queda se estabelecem as suas relações com os inferiores. Inversamente, aqueles que, obedientes, seguem o caminho de seus

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Guias lhes apontam, para poderem progredir, atraem os bons Espíritos, simpáticos às suas tendências boas, aos seus bons sentimentos e pendores. É como dizeis, com muita razão: sem Boa Vontade nenhum espírito pode alcançar a moral sublime do Novo Mandamento de JESUS.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – V

P – A evolução do Espírito através dos reinos da Natureza é uma verdadeira maravilha! O conhecimento da Lei dos Fluidos é, realmente, de um valor inestimável! Como o CEU da LBV explica a “matéria” do perispírito?

R – Ensina o Espírito da Verdade: – Sob a influência atrativa dos fluidos em geral, os do perispírito variam, incessantemente, acompanhando a marcha progressiva do Espírito cujo envoltório formam, até que o mesmo Espírito haja atingido a Perfeição. Isso se dá, quer se trate de um que permaneceu sempre puro, quer de outro que tenha falido em suas provas. De acordo com as suas tendências e com o grau do seu progresso, o Espírito assimila, constantemente, os fluidos que estejam mais em relação com a sua inteligência e suas necessidades espirituais. QUANTO MAIS INFERIOR ELE É, MAIS OPACOS E PESADOS SÃO OS FLUIDOS PERISPIRÍTICOS. Da maior ou menor elevação do espírito depende a maior ou menor quantidade de fluidos puros na composição do seu perispírito. Assim, os corpos fluídicos formados pelos perispíritos apresentam maior ou menor fluidez, são mais ou menos densos, conforme à elevação do Espírito encarnado nessa matéria. Dizemos “matéria” porque, efetivamente, PARA O ESPÍRITO, O PERISPÍRITO É MATÉRIA. O perispírito, tanto do Espírito que faliu quanto daquele que se manteve puro, forçosamente se modifica de conformidade com as fases da existência e com as provações. Só quando o Espírito atingiu a Perfeição, e só então, lhe é dado modifica voluntariamente o seu perispírito, de acordo com as necessidades do momento, com as regiões que tenha de percorrer, com as missões que o Senhor lhe confia, conservando-se inalterável a essência purificada do mesmo perispírito. Entre os que se transviam, Espíritos há que, no curso do seu desenvolvimento, e por vezes mesmo ao ensaiarem os primeiros passos, teimam em fazer mal uso do livre arbítrio, e se tornam obstinadamente orgulhosos, egoístas, invejosos, indóceis aos seus Guias, contra os quais se revoltam. Esses Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais animais da humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, reencarnam em mundos primitivos, ainda virgens da presença do homem, mas preparados e prontos para essas encarnações. Reencarnam em substâncias humanas, às quais não se pode dar, propriamente, o nome de corpos. Os elementos dessas substâncias encontram-se esparsos na imensidade e, pela ação dos Espíritos prepostos a essa missão, se congregam no meio cósmico do planeta onde a encarnação tem de se operar. São substâncias também destinadas a progredir, a desenvolver-se por meio da procriação, nas condições estabelecidas para a execução da lei natural e imutável de reprodução em tal caso. Revestido de seu perispírito e sob a direção e a vigilância dos Espíritos prepostos, o Espírito atrai aqueles elementos destinados a lhe formarem o invólucro material, do mesmo modo que o imã atrai o ferro. Ainda aí se verifica o resultado de uma atração magnética, prevista e regulada pelas leis naturais e imutáveis, constituindo esse resultado uma das aplicações de tais leis. Após a queda e antes de encarnar, o Espírito – pelas suas tendências naturais – têm já composto o seu perispírito, conservando os fluidos (que ele assimilou para tal fim) a influência que lhe é própria. No curso da encarnação, esses fluidos mudam de natureza, sempre de acordo com os progressos ou as faltas do Espírito. Se a encarnação produz melhoria no estado moral, os fluidos que constituem o perispírito experimentam a melhora correspondente. É, para nos servirmos de uma comparação humana, a rapariga do povo despindo suas roupas grosseiras para envergar o vestido de noiva. A matéria que o Espírito anima lhe auxilia o desenvolvimento, quer se trate do Espírito humano, quer se trate da essência espiritual, isto é, do Espírito em formação nos reinos mineral, vegetal e animal. Entre os que se transviam, muitos há também cujo o transviamento só se dá depois de terem sido por largo tempo, durante séculos, dóceis aos Espíritos incumbidos de os guiar e desenvolver; depois de haverem trilhado, até certo ponto mais ou menos avançado de desenvolvimento moral e intelectual o caminho do progresso que lhes era indicado! Esses encarnam em planetas mais ou menos inferiores, mais ou menos elevados, conforme ao grau de culpabilidade, a fim de sofrerem uma encarnação mais ou

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menos fluídica, apropriada e proporcionada à falta cometida e às necessidades do progresso na elevação espiritual. Assim como Deus criou, cria e criará, em progressão contínua, na imensidade, no infinito e na eternidade, essências espirituais e portanto, Espíritos – também criou, cria e criará, sempre, mundos adequados a todos os gêneros de encarnação, para os que se transviaram, ainda se transviam e depois se transviarão. Assim, sempre houve, há e haverá, por um lado, terras primitivas, mundos materiais, mais ou menos inferiores, mais ou menos elevados, mais ou menos superiores, uns em relação aos outros, e, por outro lado mundos cada vez menos materiais, cada vez mais fluídicos, até os planetas da mais pura fluidez, a que podeis chamar MUNDOS CELESTES, DIVINOS, os quais só tem acesso os ESPÍRITOS PUROS. Os Espíritos que, obedientes aos seus Guias, seguem a diretriz que lhes é apontada para poderem progredir – esses trilham o caminho da elevação através de esferas fluídicas sucessivamente mais adiantadas, onde tudo está em relação com as inteligências que as habitam. Permanecendo dóceis, elevam-se dessa forma pela eternidade afora, depois de haverem passado por TODAS AS FASES DE EXISTÊNCIAS, por todas as provas necessárias a uma ascensão tão alta até chegarem à Perfeição. A essa altura, NULA SE TORNA SOBRE ELES A INFLUÊNCIA DA MATÉRIA. Dizemos “da matéria” porque, para o Espírito, os fluidos do perispírito (e o que ele assimila) nada mais são que matéria. Para atingirem essa Perfeição, os Espíritos que se mantiveram puros na infância, na fase de instrução e ao longo da estrada do progresso, cumpre também que, guiados pelos seus Protetores, percorram (na medida e na conformidade da elevação alcançada), todas as esferas, as terras primitivas, os mundos inferiores e superiores de todos os graus, as moradas inumeráveis dos que, por terem falido, sofrem as encarnações e reencarnações sucessivas, tanto materiais quanto fluídicas em suas diversas gradações, até que, TORNADA NULA SOBRE ELES A INFLUÊNCIA DA MATÉRIA, consigam entrada na categoria dos Espíritos puros. Esse percurso, porém, aqueles Espíritos o executam sempre na qualidade de espíritos, pois seus estudos se fazem no espaço, no grande livro do Universo. Os que faliram, para chegarem à Perfeição, também são obrigados a percorrer, na medida e na conformidade da elevação de cada um, todos os mundos que os Espíritos Puros habitam, assim como os que servem de habitação aos encarnados, em todos os graus da escala espiritual. Com relação aos mundos que os encarnados habitam, bastam àqueles Espíritos os estudos humanos: os dos outros mundos eles o fazem no estado de erraticidade, que se segue a cada encarnação. Cumpre-lhes, nesse estado, percorrer todas as camadas de ar e de orbes que flutuam no espaço, aprendendo aqui, ensinando ali, sempre se elevando às regiões superiores. É a marcha infinita para Deus!

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VI

P – Como devemos compreender para saber, desejamos que o Espírito da Verdade nos esclareça o seguinte: Jesus seguiu os mesmos caminhos de todas as criaturas humanas, até ser UM COM O PAI?

R – Jesus é um Espírito que, puro na fase da inocência e da ignorância, da infância e da instrução, sempre dócil aos que tinham o encargo de o guiar e desenvolver, seguiu simples e gradualmente a diretriz que lhe era indicada para progredir. Não tendo falido nunca, Ele se conservou puro, atingiu a PERFEIÇÃO SIDERAL e se tornou ESPÍRITO DE PUREZA IMACULADA. Jesus, já o dissemos a todos vós, é a maior essência espiritual depois de Deus, MAS NÃO Á A ÚNICA. É um espírito do número desses aos quais, usando das expressões humanas, se poderia dizer que compõe a GUARDA DE HONRA DO REI DE TODOS OS CÉUS: presidiu a formação da Terra, investido por Deus na missão de a proteger e governar, e a governa do alto dos esplendores celestes, como Espírito de pureza primitiva, perfeita e imaculada, que nunca faliu e permanece INFALÍVEL POR SE ACHAR EM RELAÇÃO DIRETA COM A DIVINDADE. É nosso e vosso Mestre, Guia Supremo da Falange Sagrada dos Espíritos encarregados do progresso da Terra e da Humanidade terrestre. Só Ele vos pode levar à Perfeição, como declarou nestas palavras: – “NINGUÉM VAI A DEUS SENÃO POR MIM. SEM MINHA PROTEÇÃO, NADA PODEIS FAZER”. Agora, procurai compreender o sentido e o alcance destas linhas: “A criação do primeiro homem é uma figura, oriunda da necessidade de apropriar os ensinamentos à inteligência humana. A genealogia de Jesus vai remontar a Adão só figuradamente, do mesmo modo que a criação do corpo do homem,

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formado de limo, vai remontar ao próprio Deus. Acompanhai-lhe a GENEALOGIA ESPIRITUAL e remontareis a Deus, o Criador ÚNICO de tudo o que é perfeito e puro”. TUDO, repetimos, tem uma origem comum: tudo vem do infinitamente pequeno para o infinitamente grande, para Deus, ponto de partida e de reunião. Tudo provém de Deus e volta para Deus. Observai como tudo se encadeia na imensa Natureza que o Senhor vos faz descortinar. Verificai como em todos os reinos há espécies intermediárias, que ligam entre si todas as espécies, umas participando do mineral e do vegetal, da pedra e da planta; outras do vegetal e do animal, da planta e do bicho; outras, enfim, do animal e do hominal, do bicho e do homem. São elos preciosos que tudo ligam, que tudo mantêm e pelos quais atravessa o Espírito no Estado de formação. Passando sucessivamente por todos os reinos e pelas espécies intermediárias, o Espírito – mediante um desenvolvimento gradual e contínuo, ascende da condição de essência espiritual originária à de espírito formado, à VIDA CONSCIENTE, LIVRE, RESPONSÁVEL – À CONDIÇÃO DE HOMEM. São elos perfeitos, que prendem as coisas umas às outras, a fim de que os homens possa mais facilmente compreender a unidade dessa Criação tão grande, TÃO GRANDE QUE A INTELIGÊNCIA É INCAPAZ DE APREENDÊ-LA COM OS SEUS OLHOS DE TOUPEIRA! O orgulho dos sábios aristocratas protestará: – “O quê? O Homem, o Rei da Criação, provindo de tal fonte, tendo tão ínfima origem?” A Verdade do Evangelho, trazida pessoalmente por Jesus, provocou muito deboche, desencadeou ataques furiosos de escribas e fariseus. Que dilúvio de impropérios não causará a explicação do Apocalipse? Tem de ser assim, exatamente assim. E que importa? Sempre é tempo de queimar a palha no fogo inextinguível. Que a chocarrice da ignorância, procurando assustar e perturbar aqueles a quem temos a missão de esclarecer, por ordem do Mestre e segundo a vontade de Deus, não diga que desse modo o homem leva ao matadouro o Espírito destinado a animar o corpo de seu pai ou de seu filho!

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VII

P – A Doutrina do Novo Mandamento de Jesus está interessando a muita gente, que nunca se preocupou com Evangelho e Apocalipse. É uma prova de que está sendo cumprida a grande missão do Centro Espiritual Universalista, da LBV! Pode o Espírito da Verdade esclarecer outros pontos da vida e harmonia universais?

R – Sim, é a nossa maior satisfação: libertar as Almas pelo conhecimento da Verdade. Prossigamos, pois. Tempo longo, tempo cuja duração sois incapazes de calcular, demanda a essência espiritual no estado de inteligência relativa, no estado de animal, para adquirir, nesse reino, o desenvolvimento que lhe permita passar ao estado intermediário, que lhe permita, a seguir, atravessar as espécies que participam do animal e do homem. Depois de haver passado por todas essas espécies intermediárias, ela permanece ainda longo tempo, cuja duração não sois, igualmente, capazes de calcular, na fase preparatória da sua entrada na humanidade, fase esta da qual, pela vontade do Senhor e mediante uma transformação completa, sai o Espírito formado, com inteligência independente, livre, responsável. Nessa grande UNIDADE DE CRIAÇÃO E DE TODOS OS REINOS DA NATUREZA, tudo concorre para a vida e harmonia universais, segundo as leis naturais, imutáveis e eternas, por meio de uma ação recíproca e solidária, do ponto de vista da conservação, da reprodução e da destruição. Tudo concorre para o desenvolvimento e para o progresso de todas criaturas. Tudo o que é, vive e “morre”, nos reinos mineral e vegetal, todos os seres que, no reino animal e no reino humano, vivem e “morrem”, desde do ser microscópico até ao homem, tudo e todos têm um emprego, uma utilidade, uma função, que tendem e servem para o desenvolvimento de cada espécie, para a vida e a harmonia universais. Essa multidão de microscópicos animálculos, que olhos carnais não logram ver, que só pela ação óptica do microscópio solar se tornam visíveis, que se encontram espalhados no ar, na água, nos líquidos e nos sólidos, concorrem para entreter e desenvolver a existência animal e a existência humana, como os que vivem na água contribuem para a existência da planta e os que se escondem na planta – para a alimentação do carneiro e do cabrito que pastam. Em tais organizações, porém, é completa a ausência do pensamento, que também não é o agente que leva o carneiro a morrer para servir de alimento ao homem. Entretanto, a faca, que abre escoadouro ao sangue do animal, liberta a inteligência relativa, o Espírito em estado de formação e lhe proporciona ensejo de ser utilizado em melhores condições. É pela passagem da essência espiritual, durante uma

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“eternidade”, por todos os reinos da Natureza e pelas formas e espécies intermédias, mediante as quais eles se encadeiam, que o desenvolvimento se opera numa progressão contínua, que o pensamento surge e COMEÇA A EXISTÊNCIA MORAL. Não conclua o homem, porém, do que dissemos, que deva destruir o que em torno dele existe, para auxiliar aquele desenvolvimento: cairia num erro culposo! CADA UM TEM DE VIVER, MAS SOMENTE VIVER. Não destrua, portanto, senão o que for estritamente necessário à sua existência. Quanto ao mais, só a vontade soberana do Senhor pode prover.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – VIII

P – Hoje, sabemos que não há segurança fora da LEI DE DEUS. Somente o conhecimento da Verdade, como ensinou Jesus, poderá libertar o homem de todas as tragédias que o afligem. Haverá, então, respeito e amor entre os povos e nações. Que diz a respeito, o Espírito da Verdade no CEU da LBV?

R – Quando o homem entender os laços que o prendem a tudo o que é, na Divina Criação, seu coração se abrandará: em tudo, ele compreenderá a necessidade de USAR SEM ABUSAR. Tudo, realmente tudo, na grande UNIDADE DA CRIAÇÃO, nasce, existe, vive, funciona, “morre”, renasce – para a harmonia do Universo, sob a ação dos Espíritos Puros que cumprem a vontade de Deus, segundo as leis naturais e imutáveis que Ele estabeleceu, desde toda a Eternidade, mediante as aplicações e apropriações dessas leis. Observai bem: nada há de espontâneo na Natureza, porque TUDO TEM SUA ORIGEM PREPARADA. Ao homem só é possível notar os efeitos que lhe ferem os sentidos. O que nasce instantaneamente, sem que ele previsse a possibilidade de tal nascimento, se lhe afigura uma criação instantânea. A verdade, porém, é que já existiam germes dessa criação. Aos olhos dos homens, o que há de espontâneo é só a matéria. A inteligência, ou antes o germe da inteligência, que a tem de habitar, é colocado na matéria logo que esta o pode conter, e a vida se manifesta às vistas humanas, instantaneamente, de acordo com o meio e os ambientes, debaixo da direção e da vigilância oculta dos Espíritos prepostos, de conformidade com as leis naturais e gerais, que o homem ainda não tem capacidade para compreender e explicar. Irmãos bem-amados, cuja felicidade desejamos, não vos deixeis arrastar pelo orgulho, o inimigo encarniçado que tendes de destruir, o “demônio” que ainda vos subjuga e transvia! Não rejeiteis, sem exame, homens materialistas, esta REVELAÇÃO DA VOSSA ORIGEM! Não digais que ela vos rebaixa! Reconhecei, ao contrário, que ela vos engrandece, permitindo-vos entrever a onipotência criadora do Pai Celestial! Sim, nós, vós, todos – exceto Aquele que foi, é e será por toda a Eternidade – todos fomos, em nossa origem, essência espiritual, princípio de inteligência, Espírito em estado de formação. Todos passamos por essa metamorfoses, transfigurações e transformações da matéria, até chegarmos à condição de ESPÍRITO FORMADO, senhor do seu livre arbítrio. O que vos revelamos não é a metempsicose; é a LEI NATURAL, É A IGUALDADE, PERANTE DEUS, DE TUDO O QUE EXISTE, NO VOSSO MUNDO E EM TODO O UNIVERSO. Deus, Pai igualmente bom para todos os seus filhos, em todos os mundos, NÃO TEM PREFERÊNCIAS: todas as criaturas são obras sua; nenhuma será deserdada. Compreendei bem tudo o que há de profundo e elevado nessa cadeia sem fim, que liga todo o conjunto da Natureza e exalta o amor do homem, mostrando-lhe O AMOR INFINITO DO SEU DEUS! Não zombem mais os incrédulos e sofistas, os filósofos sem Filosofia. Estudai, todos vós, homens sem fé, estudai! Com o coração cheio de amor a Deus e ao vosso próximo, armados do amor à Ciência e ao desejo de progredir, procurai – humildes e desinteressados – a Luz do Mundo! Procurai compreender, e compreendereis; procurai ouvir, e ouvireis; procurai ver e, certamente, vereis. Nada há de oculto que não venha a ser revelado, nada ignorado que não venha a ser conhecido. A reencarnação dá ao homem a faculdade de retomar a obra incompleta ou inacabada. Mas só mesmo os humildes, pela sua Boa Vontade, podem chegar rapidamente ao conhecimento da Verdade, encerrada na Bíblia Santa, que é a palavra de Deus. E, vivendo o Novo Mandamento do Chefe Planetário que os protege, terão a segurança dos salvos da loucura, na hora apocalíptica do Armagedon que se aproxima. Quem poderá sobreviver? Satanás está em desespero, porque SABE QUE LHE RESTA POUCO TEMPO.

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DEUS E A VIDA UNIVERSAL – IX

P – Queremos uma explicação importante do Espírito da Verdade, através do CEU da LBV: – Como é que, chegando ao período de preparação para entrar na humanidade, na espiritualidade consciente, o Espírito passa desse estado misto, que o separa do animal e o apronta para a vida espiritual, AO ESTADO DE ESPÍRITO FORMADO, isto é, de individualidade inteligente, responsável e livre? Outra pergunta que julgamos da mais alta importância: – Uma vez de posse do livre arbítrio, da consciência de suas faculdades, da sua vontade, da liberdade de seus atos, como é que lhe sucede FALIR POR ORGULHO OU INVEJA?

R – Depois de haver passado pela matéria animal, chegando a um certo grau de desenvolvimento, o Espírito, antes de entrar na vida espiritual, precisa permanecer num estado misto. Eis por que e como se opera essa “estagnação”, sob a direção e vigilância dos Espíritos prepostos. Para entrar na vida ativa, consciente, livre e independente, o Espírito tem necessidade de se libertar por completo do contato forçado em que esteve com a carne, de esquecer as suas relações com a matéria, isto é, de se depurar dessas relações. É NESSE MOMENTO QUE SE PREPARA ATRANSFORMAÇÃO DO INSTINTO EM INTELIGÊNCIA CONSCIENTE. Já bem desenvolvido no estado animal, o Espírito é, de certo modo, restituído ao todo universal, mas em condições especiais: é conduzido aos mundos ad hoe, às regiões preparativas, porque lhe cumpre achar o meio onde se elaboram os princípios constitutivos do perispírito. Fraco raio de luz, ele se vê lançado na massa de vapores que o envolvem por todos os lados. Aí perde a consciência do seu ser, porque a influência da matéria tem de se anular no período da estagnação, e cai num estado a que chamaremos (para que todos possam compreender) letargia. Durante esse período, o perispírito, destinado a receber o princípio espiritual, se desenvolve e se constitui ao derredor daquela centelha de verdadeira vida. Toma, a princípio, uma forma instintiva, depois se aperfeiçoa gradualmente como o germe no seio materno, e passa por todas as fases do desenvolvimento. Quando o invólucro está pronto para contê-lo, o Espírito sai do torpor em que jazia e solta o seu primeiro brado de admiração: nesse ponto, O PERISPÍRITO É COMPLETAMENTE FLUÍDICO, MESMO PARA NÓS. Tão pálida é a chama que ele encerra (a essência espiritual da vida) que os nossos sentidos, embora sutilíssimos, dificilmente a distinguem. Esse é o estado de infância espiritual. É então que os altos Espíritos (que comandam a educação dos que se encontram, assim, no estado de simplicidade, de ignorância e de inocência), os encaminham para as esferas fluídicas, onde deverão ficar durante o seu desenvolvimento moral e intelectual, até ao momento em que se achem, no uso completo de suas faculdades, JÁ EM CONDIÇÕES DE ESCOLHER O CAMINHO QUE DESEJEM TRILHAR. Seguem-se as fases da infância. Os Guias ou Protetores ensinam ao Espírito o que é o livre arbítrio que Deus lhe concede, explicam o uso que dele podem fazer e o concitam a se ter em guarda contra os escolhos que venha a deparar. O reconhecimento e o amor devidos ao Criador constituem o objeto da primeira lição que o Espírito recebe. Levam-no, depois, gradualmente, ao estudo dos fluidos que o cercam e das esferas que descortina. Conduzidos pelos seus prudentes Guias, passa às regiões onde se formam os mundos, a fim de lhes estudar os “mistérios”. Desce, enfim, às regiões inferiores, para aprender a dirigir os princípios orgânicos de tudo o que é, em qualquer dos reinos da Natureza. Daí vai as esferas mais elevadas, onde aprende a dirigir os fenômenos atmosféricos e geológicos, que todos vós observais SEM O COMPREENDER. Assim é que, de estudo em estudo, de progresso em progresso, o Espírito adquire a ciência que, infinita, o aproximará do Mestre Supremo. Mas, como já dissemos, quando o livre arbítrio atinge um desenvolvimento completo, os espíritos fazem dele bom ou mau uso, uns logo no início da vida espiritual consciente, outros em ponto mais ou menos adiantado da carreira. Todos seguem os seus caminhos entregues a si mesmos, como vos outros, isto é, não experimentando mais do que a influência amiga de seus Guias, que eles vêem à volta de si, como o adolescente vê os membros da sua família se gruparem ao seu derredor, para o preservarem dos perigos da vida. É O TERRÍVEL APRENDIZADO, QUE LHE CUMPRE FAZER, DO LIVRE ARBÍTRIO. Tudo é tão belo nas regiões superiores, o Espírito admira tão grandes coisas que fica maravilhado, deslumbrado! As tendências, então, se desenvolvem. A ambição nobre de aprender, de crescer e de subir, quase sempre se imiscui o orgulho ou a inveja. Neste ponto, sente a influência paternal de Deus, cuja existência lhe é revelada, mas que ele não vê. Só o que é perfeito pode

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aproximar-se da Perfeição. Ora, o Espírito independente e livre, está ainda ignorante e não experimentou, por si mesmo, o seu valor.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – X

P – Chegamos ao ponto que mais de perto nos interessa: por que, já na posse do seu livre arbítrio, podem os Espíritos falir, por orgulho ou por inveja?

R – Os Espíritos no estado infantil – já o dissemos – são confiados a preceptores, que trabalham para o desenvolvimento moral e intelectual de seus discípulos, dando-lhes ensinamentos e exemplos. É então – também já o dissemos – que AS TENDÊNCIAS SE REVELAM. Os Espíritos, já de posse do seu livre arbítrio, ou trilham laboriosamente o caminho do progresso espiritual, planejado com amor, dóceis aos seus Guias, em prol do próprio desenvolvimento, crescendo em sabedoria, pureza e ciência, e chegam, SEM HAVER FALIDO, ao ponto onde nenhum véu mais lhes oculta a luz central, ou – ao contrário – confiantes em suas forças, desprezam os conselhos que lhes são dados, e inebriados pela visão dos esplendores que cercam os altos Espíritos – deixam que a inveja e o orgulho os empolguem. Já tendo grande poder sobre as regiões inferiores, cujo o governo aprendem a exercer no sentido de que (sempre sob as vistas dos Espíritos prepostos à missão de educá-los e sob as do Protetor Especial do planeta de que se trate) aprendem a dirigir a revolução das estações, a regular a fertilidade do solo, a guiar os encarnados, influenciando-os ocultamente, MUITOS ACREDITAM QUE SÓ AO PRÓPRIO MERECIMENTO DEVEM O QUE PODEM e, desprezando todos os conselhos, caem: e a queda pelo orgulho. Outros, por nem sempre compreenderem a ação poderosa de deus, NÃO ADMITEM QUE HAJA UMA HIERARQUIA ESPIRITUAL e acusam de injustiça Aquele que os criou, porquanto é Deus quem cria, não o esqueçais: esses caem pela inveja. Não é o que acontece convosco, dentro da ínfima hierarquia humana? Até o ateísmo – por mais incrível que pareça – até o ateísmo, não raro, se manifesta naqueles pobres cegos colocados no centro mesmo da Luz! E jamais, como aí, o ateísmo nasce tão diretamente do orgulho. Não vendo aquele de quem tudo emana, negam-lhe a existência, já se considerando a base e a cúpula do edifício! Nesse caso, sobretudo nesse caso, mais severo é o castigo. É um dos casos de primitiva encarnação humana: preciso se torna que os culpados sintam, em seu próprio benefício, o peso da força cuja existência não quiseram reconhecer. Qualquer que seja a causa da queda, orgulho, inveja, ateísmo, os que caem (tornando-se, por isso, ESPÍRITOS DAS TREVAS) são precipitados nos tenebrosos lugares da encarnação humana, conforme ao grau de culpabilidade, nas condições impostas pela necessidade de expiar e progredir. Não vos enganeis quanto ao sentido das novas palavras relativas à ação desses Espíritos em via de progresso, que ainda não faliram e que se grupam nas regiões inferiores para conduzir os encarnados, influenciando-os, a título de Guias, amigos e simpatizantes. Nos mundos inferiores, os encarnados têm seus Anjos da Guarda, que são Espíritos da categoria dos vossos, mais depurados (como dizeis) do que os seus protegidos, e que também têm, por Guias ou Protetores, OUTROS ESPÍRITOS DE ORDEM MAIS ELEVADA. Tudo se liga e encadeia, da base ao ápice, hierarquicamente, na unidade e na solidariedade.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XI

P – O Espírito da Verdade afirmou que os Espíritos destinados a ser humanizados, por terem cometido erros graves são lançados nas trevas exteriores – mundos primitivos, virgens ainda do aparecimento do homem (do reino humano), mas preparados e prontos para essas encarnações em substâncias humanas, às quais não se pode dar propriamente nome de corpos, nas condições de macho e fêmea, aptos para a procriação e para a reprodução. Quais as condições dessas substâncias humanas?

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R – São corpos rudimentares. O homem aporta a essas terras, ou mundos primitivos, no estado de esboço, como tudo o que se forma nas trevas exteriores. Aí, o macho e a fêmea não são nem desenvolvidos, nem fortes, nem inteligentes. Mal se arrastando nos seus grosseiros invólucros, vivem – como os animais – do que encontram no solo e lhes convenha. As árvores e o terreno produzem, abundantemente, para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os caçam: a previdência do Senhor vela sempre, pela conservação de todos. SEUS ÚNICOS INSTINTOS SÃO OS DA ALIMENTAÇÃO E OS DA REPRODUÇÃO. As gerações se sucedem, desenvolvendo-se. E as formas se vão alongando, tornando-se aptas a prover as necessidades que se multiplicam. Mas como não é nossa tarefa traçar aqui a História da Criação, prossigamos: o Espírito vai habitar corpos formados de substâncias contidas nas matérias constitutivas do planeta. Esses corpos não são aparelhados como os vossos, mas os elementos que os compõem se acham dispostos de maneira a que o Espírito os possa usar e aperfeiçoar. Não poderíamos compará-los melhor do que a criptógamos carnudos. Podeis formar idéia da criação humana estudando essas larvas informes, que vegetam em certas plantas, particularmente nos lírios. São massas, quase inertes, de matérias moles e pouco agregadas, que rasteja, ou antes desliza, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente. Eis aí, ó homem, a tua origem, o teu ponto de partida, quando o ateísmo, o orgulho, a inveja, a indocilidade e a revolta te fizeram falir, em condições que exigem A PRIMITIVA ENCARNAÇÃO HUMANA! Não desvies, horrorizado, o olhar: agradece, antes, ao Senhor, que te permite elevar os olhos para Ele e entrever a Imagem da Perfeição nos Espíritos radiosos que o cercam! E cabe, aqui, dar aos homens uma instrução séria, a fim de que não sejam levados a ver, nessas encarnações primitivas, ou nas suas causas, uma “vingança feroz” da Divindade. DEUS NÃO SE VINGA. Que necessidade teria de se vingar? Apenas, na sua previdência onisciente, coloca o Espírito orgulhoso, que se considera “o centro do Universo”, em condições de reconhecer a sua fragilidade. Procede como o chefe de família que, depois de consentir que o filho presunçoso tente levantar o peso que viu o pai erguer, exercita a força do menino, proporcionando-lhe meios de a desenvolver, pouco a pouco, a fim de aprender a fazer dela O USO CONVENIENTE. Tais encarnações, por mais horríveis que possam parecer, são um benefício imenso para o Espírito. Tendo falido, convém que ele se submeta ao jugo dessa matéria da qual se julgava o senhor, para compreender a sua impotência e adquirir, pelo exercício e pelo combate, a força, a destreza e, sobretudo, a experiência que lhe faltavam. Ora, aquilo que pune o Espírito é, também, aquilo que o regenera: sem essa terrível provação, ele ficaria vicioso, e seu poder – se fosse mantido – se tornaria nocivo à HARMONIA UNIVERSAL, o que é impossível, porque contrário à Lei de Deus. Assim, portanto, só por uma paternal previdência do Criador – e unicamente no interesse do seu desenvolvimento meritório – o Espírito se vê condenado a sofrer encarnações que o seu zelo, o seu arrependimento e a sua docilidade podem abrandar e abreviar ao infinito.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XII

P – Disse o Espírito da Verdade que “a previdência do Senhor vela, sempre, pela conservação de todos”. Poderia aprofundar o ensinamento e falar da paridade do desenvolvimento em todos os reinos da Natureza?

R – É que as espécies, incapazes de se defenderem, não são atacadas de modo positivo. Têm seus inimigos, mas entre seres tão fracos quanto elas mesmas, nunca entre aqueles que a destruiriam completamente, achando-as sem defesa ou meios de fugir. Cada espécie busca a alimentação que lhe é apropriada, não procurando jamais a que seja estranha aos seus apetites. O homem, no estado de encarnação primitiva, ou rudimentar, não tem que temer mais inimigos do que os tem a esponja, que só é vítima dos insetos que dela se nutrem, quando chega o têrmo da sua duração natural. Nem a carnívoros, nem a herbívoros, nem a nenhuma das espécies de peixes ou de pássaros, serve ela de alimento. Chegado, no seu desenvolvimento, ao período em que os carnívoros o atacam para devora-lo, o homem já não se acha mais sem defesa e sem meios de fugir. Dizemos os carnívoros e não os herbívoros porque o caçador não persegue a caça que não tenha atrativo para ele. Também afirmamos que o homem, no estado de encarnação primitiva, não é mais do que massa, quase inerte, de matérias moles e pouco agregadas, que rasteja, ou antes desliza, tendo os membros,

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por assim dizer, em estado latente. Ainda mais: “As gerações se sucedem, desenvolvendo-se. E as formas se vão alongando, tornando-se aptas a prover as necessidades que se multiplicam”. A matéria está sujeita a um desenvolvimento regular. Os Espíritos, quando se elevam, transpõem o grau desse desenvolvimento, sem neles tocarem: há sempre categorias de Espíritos em correlação com os graus das encarnações. Desde o grau de encarnação primitiva até à forma humana, não á outra coisa senão um tipo único em germe, a se desenvolver. Tipo único, mas que se modifica, à medida que o seu desenvolvimento se opera, de conformidade com os meios em que se vai encontrando. E daí podeis tirar outras conclusões, relativamente à elaboração do Espírito nos diversos reinos da Natureza. Efetivamente, o que se dá com a origem do tipo humano, que provém do limo diluído e fecundado, se verifica também com o principio das primeiras plantas e dos primeiros animais. São, em começo, simples vegetações microscópicas, que se desenvolvem, crescem e se estendem por sobre o solo, e produzem sementes que, transportadas a diversos pontos, sofrem a influência da terra que as recebe, das águas que as regam, dos calores que a fecundam e, enfim, dos fluidos que a desenvolvem. Surgem, depois, os tipos animais, que passam pelas mesmas transformações, determinados pelas mesmas causas. Agora, é preciso compreender como e por que chega o homem a ter a direção e a supremacia no planeta, não obstante ser o desenvolvimento material das espécies animais, no momento da encarnação humana primitiva, superior ao do Espírito humanizado, sob o ponto de vista do invólucro. O homem, nessas condições, não é um atrasado, mas um retardatário: o que há, em tal caso, é uma retrogradação física. Nele, a inteligência tem de despertar, ao passo que nos animais tem de se desenvolver. Fique bem claro o seguinte: ao fundar-se um novo planeta, o princípio de inteligência, o princípio espiritual que, em estado latente, ele encerra, tem de se elaborar, desenvolver, individualizar e adquirir arbítrio. O princípio espiritual, portanto, tem de passar por uma série inumerável de transformações, para chegar a esse ponto. O Espírito que encarna, ao contrário, volta à matéria para lhe sofrer a opressão, para se habituar a dominá-la, para aprender a se dominar, podendo o princípio inteligente (que, então, já percorreu uma certa categoria de estádios) ascender rapidamente, se o quiser, da ínfima condição em que caiu até às esferas elevadas que lhe compete atingir. Não se trata mais, aqui, de um progresso lento, insensível, mediante o qual, por assim dizer, se cria o ser espiritual: trata-se de realizar um trabalho raciocinado, cujos primeiros princípios já foram executados e se cuida de aplicar. Façamos uma comparação, para maior clareza: o Espírito que se prepara nos diversos reinos inferiores (mineral, vegetal, animal), é como a criança da qual o germe, fecundado no seio materno, se desenvolve, nasce, se educa e chega à adolescência. Nesse ponto, contrai uma enfermidade terrível, por efeito da qual, na convalescença, não lembra sequer de uma letra dos seus primeiros estudos. Não sabe mais equilibrar nas pernas o corpo cambaleante, nem ir de um lugar a outro. Balbucia sons inarticulados e ininteligíveis. Estão mortos seus escritores prediletos, seus talentos, suas recordações. Mas, a pouco e pouco, a saúde lhe volta. Solícita, a mãe extremosa que lhe guia os passos, regulariza o seu falar, mostra nos livros as palavras que ele esqueceu, e por fim o reconduz à trilha das ciências que estudou. A inteligência se lhe desperta prontamente; de tudo vai se lembrando e tudo vai reconhecendo. JULGA APRENDER, QUANDO APENAS GRADUALMENTE RECORDA. E tanto mais rápido é o progresso quanto mais a saúde se avigora. O mesmo acontece com o Espírito que faliu: seus progressos espirituais dependem dos cuidados que dispense à sua saúde moral. Esses cuidados lhe permitem avançar, rapidamente, no campo da reminiscência dos progressos feitos no passado, reminiscência que ele toma por um estudo novo, enquanto não galga a altura de onde o passado pode, sem inconveniente, desenrolar-se aos seus olhos. Não lhe é dado fazer progressos novos (e estes, sim, serão realmente fruto de novos estudos) senão depois de atingir o ponto a que já chegara, quando caiu nas trevas da encarnação humana.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XIII

P – Desejamos que o Espírito da Verdade analise esta opinião, formulada nos seguintes termos: “Do mesmo modo que, para o Espírito em estado de formação, a materialização nos reinos mineral e vegetal e nas espécies intermediarias (e, igualmente, a encarnação no reino animal e nas espécies intermediarias), É UMA NECESSIDADE e não UM CASTIGO resultante de falta cometida, TAMBÉM PARA O ESPÍRITO FORMADO, que já tem inteligência independente, consciência de suas faculdades, responsabilidade dos seus atos (livre arbítrio), e

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que se encontra no estado de inocência e ignorância – a encarnação, primeiro em terras ou mundos primitivos, depois nos mundos inferiores e superiores – ATÉ QUE HAJA ATINGIDO A PERFEIÇÃO – É UMA NECESSIDADE e não UM CASTIGO”. Que devemos nós concluir de tudo isso?

R – Responde o Espírito da Verdade: A encarnação humana NÃO É UMA NECESSIDADE, e sim UM CASTIGO, diante das Leis Divinas que já analisamos. E o castigo não pode preceder a culpa. O Espírito não é humanizado (também já o explicamos) antes que a primeira falta o tenha sujeitado à encarnação humana. Só então ele é preparado (como, igualmente, já o demonstramos) para lhe sofrer as conseqüências. A opinião que submeteis à nossa análise, na vossa pergunta de hoje, se fundamenta por esta maneira: “Segundo um sistema que, à primeira vista, denota algo de especioso, os Espíritos não teriam sido criados para encarnar materialmente; a encarnação humana NÃO seria mais que o resultado de uma falta. Tal sistema cai pela simples consideração de que, SE NENHUM ESPÍRITO HOUVESSE FALIDO, NÃO HAVERIA HOMENS NA TERRA NEM SERES NOS OUTROS MUNDOS. Ora, sendo a presença do homem necessária, como é, para melhoria material dos mundos, visto que ele concorre – pela sua inteligência e pela sua atividade – apara a execução da obra geral, claro esta que o homem é um dos meios essenciais da Criação. Não podendo Deus subordinar o acabamento de sua obra à queda eventual das suas criaturas, a menos que contasse previamente com um número suficiente de culpados, para alimentar os mundos criados e por criar, o BOM SENSO repele semelhante modo de pensar”. A última frase deve ser riscada. O bom senso, ao contrário, indica que a presciência de Deus lhe faculta saber que, NO NÚMERO DOS QUE ELE CRIA SIMPRES, IGNORANTES E FALÍVEIS, HAVERÁ SEMPRE MUITO QUE – PELO MAU USO DO SEU LIVRE ARBÍTRIO – SUCUMBIRÃO AS SUAS FRAQUEZAS CAUSADAS PELO ORGULHO, QUE SE ORIGINA NA IGNORÂNCIA E TEM POR DERIVADOS A PRESUNÇÃO, O EGOÍSMO E A INVEJA. Seria, porventura, mais sensato pensar que Deus (o Infinito de todas as Perfeições) cria seres fracos expressamente para adquirirem força através dos sofrimentos, das provações? Que os cria inocentes para lhes ensinar a prática da inocência no assassínio, na indignidade, na multiplicidade dos vícios das encarnações humanas primitivas, vícios que tanto se enraízam nas criaturas, e que milhares de séculos passam sobre elas sem as polir? Sim, PORQUE AINDA HOJE SÃO INÚMERÁVEIS AS BAIXEZAS QUE AFLIGEM O GÊNERO HUMANO! Ora, se assim fosse poderíeis dizer que Deus concedeu ao Espírito o livre arbítrio sob a condição de ficar submetido a uma lei única – a do pecado! Por essa forma, teria Deus sujeitado a suplício igual (o da encarnação humana) tanto o Espírito que, no estado de inocência e de ignorância, dócil a seus Guias, segue o caminho que lhe é apontado para progredir, quanto o Espírito indócil, orgulhoso, presunçoso, egoísta e invejoso culpado e revoltado, que faliu por mau uso do seu livre arbítrio. Não! Deus é infinitamente grande, justo, bom e paternal. Seus filhos nascem simples de coração (Ele assim o quis); têm a liberdade dos seus atos (é Ele quem a concede). Se fazem mau uso do livre arbítrio, é que – dando o Senhor toda a liberdade ao Espírito – dele se afasta, por assim dizer, para deixá-lo entregue às suas próprias impressões e tendências. É ENTÃO QUE O ESPÍRITO ESCOLHE O RUMO QUE PREFERE SEGUIR. Então, e só então, sofre as conseqüências da escolha que faz. Tudo virá ao seu tempo. É esta uma verdade que abrirá caminho, como já o abriram estas duas outras – a anterioridade da Alma e a reencarnação. Uma geração semeia, a segunda monda e a terceira colhe. A onisciência de Deus lhe faculta saber, desde e por toda eternidade (pois o presente, o passado e o futuro lhe estão patentes a todos os instantes) que jamais faltou nada, nem falta, nem faltará à vida e a harmonia universais: que houve, há e haverá SEMPRE Espíritos culposos para alimentar as terras primitivas, o vosso e os outros mundos que Ele criou, cria e criará, destinados a servir de habitação aos Espíritos que faliram, estão falindo e vão falir, todos esses que tiveram, têm e terão que expiar e progredir nessas esferas e trabalhar pela melhoria material delas. A onisciência de deus lhe faculta saber, desde e por toda a eternidade, que também houve e sempre haverá Espíritos que, puros no estado de inocência e de ignorância, dóceis aos seus Guias, se conservarão puros no caminho do progresso, trilhando-o simples e gradualmente, conforme ao que lhe é indicado; que sempre houve há e haverá Espíritos, como esses, que NUNCA IRÃO FALIR, PARA ALIMENTAR TODOS OS MUNDOS FLUÍDICOS QUE ELE CRIOU, CRIA E CRIARÁ, apropriado às inteligências dos que os devem habitar, e nos quais essas inteligências têm de progredir em invólucros fluídicos.

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DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XIV

P – O autor da mesma opinião analisada pelo Espírito da Verdade, continua assim: “A encarnação humana é uma necessidade para o Espírito que, desempenhando missão providencial, trabalha pelo seu próprio adiantamento, por efeito da inteligência e da atividade que lhe cumpre empregar, para prover a sua existência e o seu bem-estar. Mas a encarnação humana se torna um castigo quando o Espírito, por não ter feito o que devia, se vê constrangido a recomeçar a tarefa e multiplica suas vidas corporais, penosas por culpa sua. Um estudante não chega a tomar o grau senão depois de haver passado pelas fileiras de todas as classes. Percorrer essas classes constitui, porventura, um castigo para ele? Não: é uma necessidade. Se, porém, por preguiça, o estudante é obrigado a permanecer nelas o dobro do tempo, aí esta o castigo. Poder livrar-se de algumas, ao contrario, representa bastante mérito. A verdade, pois, consiste em que a encarnação na Terra só é, para muitos dos que a habitam, um castigo, porque esses – podendo tê-lo evitado – duplicaram, triplicaram, e até centuplicaram, por culpa própria, o números de suas vidas terrenas, retardando desse jeito o momento de entrarem nos mundos melhores. Assim, é errôneo admitir, em princípio, a encarnação humana como um castigo”. Que devemos pensar de tais conclusões?

R – Esclarece o Espírito da Verdade: – Errôneo, ao contrário, é admitir que a encarnação humana seja UMA NECESSIDADE, tanto para o Espírito que, investido do livre arbítrio no estado de inocência e de ignorância, jamais faliu, por não fazer de lê mau uso, pois, sempre dócil aos seus Guias, trilha o caminho que eles indicam, para progredir; como para aquele que, indócil, rebelde e obstinado, faliu pelo mau uso desse mesmo livre arbítrio. Sim, errôneo, ao contrário, é admitir que a encarnação não seja, em princípio, UM CASTIGO, POR EFEITO DE UMA CULPA QUE O TORNOU NECESSÁRIO. Os que formaram essa opinião errônea ainda não foram esclarecidos, ou não refletiram bastante sobre a natureza e o objeto dos mundos que os encarnados habitam, como planetas de expiação e de progresso; sobre a origem do Espírito e sobre as diversas fases por que ele passa no estado de formação. Sobretudo, ainda não refletiram acerca destas duas situações bem marcadas e que devem ser perfeitamente distinguidas: a situação em que, no estado de formação, o Espírito segue a sua contínua marcha progressiva, até chegar à condição de ESPÍRITO FORMADO, isto é, de inteligência independente, dotado de livre arbítrio, cônscio de sua vontade, das suas faculdades, da sua liberdade e, portanto, da RESPONSABILIDADE DOS SEUS ATOS; e a situação em que, como Espírito formado, ele se encontra num estado de inocência e de ignorância, podendo – ou usar o livre arbítrio no sentido de trilhar constantemente o caminho que lhe é indicado para progredir, ou fazer mau uso dele, sob a influência do orgulho, da presunção, da inveja, e se tornar, por isso mesmo, indócil, culposo, revoltado, podendo, em suma, falir ou não falir. A encarnação é uma necessidade para o Espírito no estado de formação; é indispensável ao seu progresso, ao seu desenvolvimento, como meio de lhe proporcionar e ampliar gradualmente A CONSCIÊNCIA DE SER, o que ele não conseguirá senão pelo contato com a matéria. É a união desses dois princípios que dá lugar ao desenvolvimento intelectual. Fique, portanto, bem claro: a encarnação é uma necessidade até ao momento em que, alcançando um certo ponto de desenvolvimento intelectual, o Espírito está apto a receber o precioso dom – mas tão perigoso – do livre arbítrio.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XV

P – A Doutrina do CEU, da LBV, liquida a “magia” do materialismo dialético, que ainda fascina tanta gente, no mundo inteiro. Agora, todos sabemos que a VERDADEIRA IGUALDADE é muito diferente. Que diz o Espírito da Verdade?

R – Um único é, originalmente, o ponto de partida PARA TODOS OS ESPÍRITOS: formação primitiva e rudimentar pela quintessência dos fluidos, substância tão sutil que por nenhuma expressão podem vossas inteligências limitadas fazer idéia perfeita dela: quintessência que a vontade

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de Deus anima para lhe dar o ser e que constitui a essência espiritual (princípio de inteligência), destinada a se tornar – por uma progressão contínua – Espírito. ESPÍRITO FORMADO, isto é, inteligência independente, dotada de livre arbítrio, consciente de sua vontade, de suas faculdades e de seus atos. Segue-se a encarnação, ou melhor – a co-materialização dessas essências espiritual mediante a sua união íntima com a matéria inerte, primeiro no reino mineral e nas espécies intermediárias que participam do mineral e do vegetal; depois no reino vegetal e nas espécies intermediarias que participam do vegetal e do animal. Desse modo, numa contínua marcha progressiva, se opera o seu desenvolvimento, que a prepara e conduz às raias da CONSCIÊNCIA DA VIDA. Em seguida, vem a encarnação no reino animal, depois nas espécies intermediarias que, do ponto de vista do invólucro material, participam do animal e do homem, adquirindo assim aquela essência (ESPÍRITO EM ESTADO DE FORMAÇÃO), sempre em progressão contínua, a consciência da vida ativa exterior, da vida de relação, o desenvolvimento intelectual que a levará aos limites do PERÍODO PREPARATÓRIO QUE PRECEDE O RECEBIMENTO DO LIVRE ARBÍTRIO, da vida moral, independente, responsável, característica do livre pensador. Chegados, quanto ao desenvolvimento intelectual, ao ponto em que recebem o dom precioso (e perigoso) o livre arbítrio, os Espíritos, IGUAIS SEMPRE, TODOS NO ESTADO DE INOCÊNCIA E DE IGNORÂNCIA, se revestem do perispírito que recobre a inteligência independente. Essa operação de revestir o perispírito (que, do vosso ponto de vista material, se deveria chamar envoltório) constitui então, PARA TODOS, UMA ENCARNAÇÃO FLUÍDICA. Todos, puros nessa fase de inocência e de ignorância, igualmente submetidos a Espíritos encarregados de os guiar e desenvolver, têm a liberdade dos seus atos e podem, no estado fluídico, progredir sempre, até à Perfeição, mediante conquistas espirituais contínuas e sucessivas. É o caso do estudante que, sempre dócil e atento à voz, às lições e conselhos dos Guias, passa por todas as classes e chega a tomar o grau. Eles podem, todavia, cometer uma falta e, dessa forma, provocar e receber o castigo, a punição a que faz jus ao culpado, MAS SOMENTE AO CULPADO. Dá-se, então, o que sucede com o estudante que, insubmisso, culposo e rebelde, pela sua própria falta provoca e recebe a punição, o castigo do ser expulso e ir, noutro estabelecimento de ensino, noutro meio e noutras condições, percorrer a fieira de todas as classes, até alcançar o grau. A muitos Espíritos acontece falir – já o dissemos – PORQUE QUASE TODOS FAZEM MAU USO DO LIVRE ARBÍTRIO. Alguns, porém, dóceis aos preceptores incumbidos de os guiar e desenvolver, seguem simples, gradualmente pelo caminho reto. Os primeiros sofrem uma punição, UM CASTIGO QUE TERIAM PODIDO EVITAR. É para experimentarem as conseqüências da falta cometida que, conforme ao que explicamos, uma vez preparados, eles entram na encarnação humana, de acordo com o grau de culpabilidade e nas condições apropriadas, sempre, às exigências da expiação e do progresso – ora em terras primitivas, ou em mundos já habitados por Espíritos que faliram anteriormente, exatamente o caso do vosso planeta, diluindo a tenda de Adão e Eva: quando a raça adâmica surgiu entre vós, a Terra já possuía muitos habitantes de outras raças. Pois, se houvesse em vosso mundo apenas um casal de brancos, seria impossível explicar a existência dos negros.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVI

P – O que agrada na LBV é a sua Doutrina sem mistérios. Presta, assim, a Legião da Boa Vontade O MAIOR SERVIÇO aos brasileiros que desejem libertar-se da ignorância espiritual. Que diz o Espírito da Verdade sobre a multiplicidade dos mundos e dos Espíritos?

R – Em principio, a encarnação humana é apenas conseqüente à primeira falta, AQUELA QUE DEU CAUSA À QUEDA. A reencarnação é a pena da reincidência, da recaída, porque todas as vossas existências são solidárias entre si. O Espírito encarnado traz consigo a pena secreta, em que incorreu, na sua encarnação precedente. Os Espíritos que, dóceis aos seus Guias, não se transviam, continuam a progredir no estado fluídico. Os que faliram, como os que venceram, trabalham, uns e outros, com a sua atividade e a sua inteligência, pelo seu próprio adiantamento, desempenhando missão providencial na grande UNIDADE DA CRIAÇÃO, onde, para todos os Espíritos, em plano de absoluta igualdade, tudo é reciprocidade e solidariedade, tendo por fim a integração de TODOS EM DEUS, segundo as Leis Gerais do Progresso, mediante a ciência, a sabedoria espiritual e o AMOR QUE REGE O UNIVERSO. Desenvolvendo, como encarnados, atividade e

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inteligência, os que faliram não cuidam somente de prover as necessidade da vida e do bem-estar: concorrem, também, para a melhoria dos mundos que lhes servem de habitação. Isso constitui o lado material da tarefa; mas ainda trabalham pelo seu próprio adiantamento, moral e intelectual, e pelo desenvolvimento moral e intelectual das “humanidades” que povoam esses mundos. A encarnação material (castigo necessário à expiação e ao progresso) sucedem as ENCARNAÇÕES CADA VEZ MENOS MATERIAIS, EM MUNDOS CADA VEZ MAIS ELEVADOS (porque a matéria acompanha o progresso espiritual) e que se tornam cada vez mais fluídicos, desde que o Espírito, eximido de todo contato com a carne, graças à elevação alcançada, reingressa nas regiões superiores, percorrendo as camadas de ar e de mundos, aprendendo aqui, ensinando ali. Os que se conservam puros também desenvolvem atividade e inteligência, a fim de progredirem, NO ESTADO FLUIDICO, por meio dos esforços espirituais que necessitam fazer para, da fase de inocência, de infância e de instrução, chegarem, sem falir, à Perfeição! O trabalho é grande, incessante e penoso, debaixo do invólucro que constitui o Perispírito, invólucro que, para o Espírito, é matéria, e que – servindo-lhe de instrumento e meio de progresso – igualmente pode ser, a toda hora, como já foi para aquele que faliu, instrumento e meio de queda (e talvez de recaída), sendo sempre, porém, instrumento e meio de progresso, no curso das encarnações humanas. Ao mesmo tempo desenvolvem, na medida da elevação alcançada, atividade e inteligência em prol da vida e harmonia universais, estudando e trabalhando, sempre como Espíritos, nos mundos que servem de habitações a seus irmãos encarnados, POR TEREM FALIDO, e nas esferas onde se encontram os Espíritos no estado de erraticidade. Em suma – no espaço todo. Os mundos se multiplicam ao infinito. A MULTIPLICIDADE E A MULTIPLICAÇÃO DELES VOS DESLUMBRARIAM! Dentro do quadro estreito da inteligência humana, não há o que vos possibilite compreender sua extensão numérica. AINDA MAIS NUMEROSOS, TODAVIA, SÃO OS ESPÍRITOS. Estes, quer tenham falido, quer não, chegados a certo grau de adiantamento moral e intelectual, são atraídos para o estudo dos mundos, de seus princípios e suas organizações, e se entregam a esses estudos sob a direção de Espíritos de pureza perfeita. Debaixo desse comando, eles trabalham na formação de planetas, e os desenvolvem e os impelem, de esferas em esferas, para as regiões que lhes são próprias. Esse o momento que muitos se transviam, dominados pelo orgulho, que os leva a “desconhecer” a m~/ao diretora do Senhor, ou a duvidar do seu Poder, duvidando de suas próprias forças. Soa, então, a hora da encarnação humana correspondente ao delito. Em tal caso, o planeta, que não pode ficar sujeito a perecer por lhe faltar o obreiro primitivo, continua sua marcha progressiva SOB OS CUIDADOS E A AÇÃO DE UM ESPÍRITO SUPERIOR, QUE VEM SUBSTITUIR AQUELE QUE FALIU. Aludindo à formação dos planetas, acabamos de falar em Espiritos que alcançaram certo grau de ciência. Mas, antes de chegarem lá, quantos se precipitam do éter na matéria imunda! Quantos se desviam do caminho, ao entrarem nele! A quantos falece a coragem para, ao menos tentarem os esforços necessários, ou para perseverarem nesses esforços, uma vez tentados! Por isso é que Jesus advertia: “Será salvo aquele que perseverar até ao fim”. Entretanto, não percais de vista que TODOS OS ESPÍRITOS, tantos os que faliram como os que não faliram, todos, iguais na origem, isto é, no ponto de partida, iguais virão a ser no ponto de chegada, por isso que IGUAL É EM TODOS A PUREZA, DESDE QUE SE TORNARAM PUROS, seguindo embora caminhos diversos, diversidade essa de rumos proveniente da circunstãncia de TER SIDO DADO A CADA UM DE ACORDO COM SUAS OBRAS.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVII

P – Queremos saber quais o sentido e o alcance destas palavras ditadas pelo Espirito da Verdade: “Maria, Espirito perfeito; José, Espirito perfeito, menos elevado que a Virgem; ambos inferiores a Jesus”. Quais, na PERFEIÇÃO, a causa e o motivo da inferioridade de uns com relação a outros?

R – Deus é perfeito de toda a Eternidade, somente Ele tem a PERFEIÇÃO ABSOLUTA: o amor universal infinito, a ciência universal infinita. Somente Deus pode dizer: “não irei mais longe”. Porque, desde toda a Eternidade, está no limite supremo (pobre linguagem humana!). DEUS É O ÚNICO QUE, TENDO SEMPRE SIDO, TENDO SEMPRE SABIDO, NADA TEM DE APRENDER OU DE SER MAIS. Criador incriado, Ele é ETERNO,

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e o ETERNO não tem causa. Ora, o Espirito criado jamais o pode igualar; tudo, no Universo, na Imensidade, no Infinito, tende sempre a progredir. Portanto, o Espirito – por mais adiantado que seja, moral, intelectual e espiritualmente – não poderá nunca igualar-se a Deus: tem de aprender sempre, atraves das “eternidades”, por toda a Eternidade! Para o Espirito, qualquer que ele seja, o progresso intelectual é indefinido, restando-lhe sempre aquisições a fazer em ciência universal, SEM QUE HAJA LIMITE ALGUM PARA ESSE PERMANENTE PROGREDIR. A PERFEIÇÃO MORAL, COMO A INTELECTUAL É RELATIVA. Um Espirito pode ser moral e intelectualmente perfeito com relação a todos os mundos inferiores ao que ele habita. Pode ser muito elevado relativamente a vós outros na hierarquia espiritual; perfeito, moral e intelectualmente, relativamente AO VOSSO PLANETA, e não ter chegado ainda ao ponto culminante da Perfeição. Cumpre-lhe, para atingí-lo, progredir muito em ciência universal. São esses os Espiritos que designais superiores. Perfeito, com relação a vós e ao vosso planeta, é o Espirito que se tornou senhor das paixões e soube libertar-se delas; que se despojou de toda impureza de pensamento e, por conseguinte, de ação; que vive animado do mais ardente e devotado amor a todas as criaturas de Deus; que alcançou o apogeu do amor e da caridade, MAS NÃO DA CIÊNCIA UNIVERSAL. O ponto culminante da Perfeição é a PERFEIÇÃO SIDERAL, isto é, a perfeição moral e intelectual relativamente aos mundos superiores e inferiores, materiais ou fluídicos, habitados por Espíritos que faliram ou por Espíritos que não faliram, até chegarem aos MUNDOS FLUÍDICOS PUROS, onde a essência do perispírito já está completamente purificada, do que RESULTA NÃO SE ACHAR MAIS O ESPÍRITO SUJEITO A ENCARNAR EM PLANETA ALGUM, porque já é nula sobre ele a influência da matéria. A PERFEIÇÃO SIDERLA SÓ O ESPÍRITO PURO A POSSUI; não possui, porém, o saber sem limites, do qual só Deus dispõe. Nem mesmo os Espíritos mais aproximados dEle pela ciência desfrutam desse saber sem limites, porquanto nenhum Espírito criado – é preciso repetir – poderá JAMAIS igualar-se a Deus. Aquele que conquistou a infalibilidade moral, não é infalível intelectualmente, senão de modo relativo e por efeito da assistência de que goza, quando lhe falta alguma coisa da ciência para o desempenho de qualquer missão. Perfeito moralmente, com relação a todos os Espíritos, sejam quais forem, ele é sempre, porque Deus assim o quer, assistido e sustentado pelos que lhe estão superiores em ciências. A hierarquia que, no tocante à ciencia, existe entre os Espiritos Puros, não passa – dentro da igualdade resultante da pureza que lhes é comum – de um princípio de assistência que se origina de deus, Única Fonte de onde promanam e à qual remotam todo o mérito e todo o poder. Continuaremos, antes de vos falarmos de Jesus, Maria e José.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XVIII

P – Já que o Epírito da Verdade apreciou a hierarquia dos Espíritos nos diferentes mundos do Universo, poderia também falar das funções que lhes são confiadas pelo Criador?

R – Gravai bem: o Espírito Puro, embora tenha muito que fazer, ainda, para ganhar os extremos limites da ciência universal no infinito, é sempre – moral e intelectualmente – perfeito com relação a todos os planetas de que se aproxime. Os Espíritos Puros são os mediadores entre a essência eterna de vida, a Inteligência Suprema, o Criador Incriado, causa primeira onipresente, onisciente e onipotente – DEUS – e os Espíritos Superiores, ministros das Vontades Divinas, os quais, segundo a escala hierárquica, por intermédio dos Bons Espíritos, as fazem chegar até vós. Eles trabalham, desempenhando a função que o Senhor lhes confiou, concernente ao progresso universal, na preparação, no desenvolvimento, na direção, no funcionamento, na realização da vida e da harmonia universais, SEGUNDO AS LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS ESTABELECIDAS DESDE TODA A ETERNIDADE, na Imensidade, no Infinito, em todos os mundos, que se trate dos que são habitados pelos que faliram, quer dos que servem de habitação aos que, sem falir, seguem a via de progresso que lhes é indicada. Cada mundo, qualquer que ele seja, tem por PROTETOR E GOVERNADOR UM ESPÍRITO, UM CRISTO DE DEUS, cuja Perfeição se perde na noite da Eternidade; infalível, que não faliu jamais e que, tendo-lhe presidido a formação, está encarregado de seu desenvolvimento e de seu progresso, assim como de todos os seus Espíritos que o habitam, a fim de os conduzir à Perfeição. As missões desses Cristos de Deus são relativas, conforme ao grau e ao desenvolvimento do planeta. As terras ingratas, como a vossa, eles pregam o AMOR; aos mundos

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mais elevados levam as GRANDES DESCOBERTAS, as ciências e as artes, desempenhando – em todos – as funções de alavanca para soerguer os instintos adormecidos, sempre de acordo com as capacidades e necessidades do planeta, cuja direção lhes cabe. Quaisquer que sejam a inferioridade ou a superioridade dos mundos confiados ao seu governo, é sempre com o máximo zêlo que desempenham as missões que lhes couberam, seja em Marte, seja na Terra, em Vênus ou em Júpter. Os Espíritos que, depois de terem falido, atingiram, purificando-se, a PERFEIÇÃO SIDERAL, e se tornaram, assim, Espíritos Puros, olham sempre com uma espécie de respeito e de amor para os que souberam manter-se invulneráveis, sem falir, conservando-se constantemente puros na via de progresso, até chegarem àquela Perfeição. Não acrediteis, porém, que haja uma linha de demarcação entre os que faliram e os que se mantiveram puros. Não: entre eles há completa igualdade de pureza, devotamento e amor. DEXAI AOS HOMENS DO VOSSO PLANETA A HIERARQUIA DAS POSIÇÕES E A DESIGUALDADE DAS CONDIÇÕES SOCIAIS! PARA O SENHOR, É IGUAL TUDO O QUE É IGUALMENTE PURO! Dissemos que os Espíritos Protetores e Governadores de planetas eram infalíveis e nunca faliram. São infalíveis por estarem EM RELAÇÃO DIRETA COM DEUS, recebendo dele as vontades e as inspirações. Não faliram nunca: são, portanto, superiores, em ciência universal, aos que, depois de terem falido, se tornaram Espíritos Puros. Ninguém procure, aí, vislumbrar qualquer pensamento ou ato de parcialidade: Deus que é a PERFEITA JUSTIÇA, é incapaz de parcialidade. A hierarquia, como já sabeis, se estabelece entre os Espíritos em conseqüência da elevação e do progresso deles. Todos devem compreender: o Espírito que – desde a sua origem – progrediu sem se afastar nunca do caminho traçado, ESTÁ SEMPRE MAIS ADIANTADO EM CIÊNCIA UNIVERSAL DO QUE OUTRO QUE SE PURIFICOU DEPOIS DE HAVER FALIDO. Ora, naturalmente aos mais adiantados devem caber as missões mais importantes do Universo. Maia e José eram, ambos, Espíritos perfeitos quando encarnaram em missão: eram perfeitos relativamente a vós, porque possuíam a perfeição moral e intelectual, relativamente ao vosso planeta. Não o eram porém, com relação aos mundos superiores que os dois já haviam habitado. Eram Espíritos Superiores, muito elevados na hierarquia espiritual, com relação a vós outros, mas não tinham ainda ascendido ao ponto culminante da Perfeição, a PERFEIÇÃO SIDERAL. Eram Espíritos devotados e bons, mas que ainda precisavam progredir muito em ciência universal, para chegarem àquela Perfeição. Por isso dissemos que eram inferiores a Jesus.

DEUS E A VIDA UNIVERSAL – XIX

P – Os ensinamentos do CEU (Centro Espiritual Universalista) da LBV estão merecendo comentários especiais em nossos Postos familiares. Os relativos a José e Maria nos levam a fazer mais uma pergunta que julgamos oportuna: – Eles faliram, alguma vez?

R – Sim: nenhum dos dois pertencia ao número dos que se conservaram sempre puros. Ambos eram ESPÍRITOS PURIFICADOS. Maria sofreu uma encarnação semi-material num planeta elevado. Encarnação semi-material porque o corpo era fluídico: participava, por esse lado, da natureza do perispírito. A natureza desses corpos fluídicos, nos mundos superiores, não vos será mais compreensível do que a do perispírito, enquanto não estiverdes em estado de conhecer a natureza dos fluídos que os compõem. O perispírito pode, com propriedade, ser qualificado de semi-material pela simples razão de, sendo fluídico, poder materializar-se à vontade. É, com relação à vossa matéria, o que é o vapor com relação a água: matéria tênue, porém matéria, capaz de, em cada ocasião, tomar a aparência de matéria compacta. Não conseguireis compreender a natureza dessa parte do vosso ser, senão quando a vossa inteligência se houver desenvolvido bastante, para sondar as profundezas do éter que vos cerca. Para vos inteirardes das qualidades do ar que vos envolve, vós o descompusestes, medistes e pesastes. O ar sempre esteve ao vosso alcance; contudo, quanto tempo vos foi preciso para chegardes a conhecê-lo! Para compreenderdes os fluídos que se encontram espalhados pelo espaço e que, por assim dizer, o compõem, necessário é que chegueis – com espírito de ciência universal – às regiões onde esses fluídos se despojem das partes heterogêneas. O homem, que já chegou à Lua, precisará saber premunir-se contra as correntes pestilenciais para a vossa humanidade. Há dificuldades bem grandes, mas a inteligência foi por deus dada ao homem para que ele a exercite. O horizonte se

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distende a seus olhos para o impelir, constantemente, a avançar. Que avance, pois, sem temor, mas com muita humildade. Armado de amor à ciência universal, no desejo de progredir (SUSTENTADO PELOS BONS ESPÍRITOS, PORQUE DEUS QUER QUE VOS AJUDEMOS, MAS QUE TRABALHEIS, FAZENDO A VOSSA PARTE) o homem chegará, brevemente, ao fastígio dos conhecimentos relativos à sua matéria. Então, essa matéria que o envolve se modificará por sua vez, a fim de se prestar às NOVAS NECESSIDADES HUMANAS; e ele, de estudo em estudo, de progresso em progresso, atingirá as venturosas mansões onde estará na posse de toda a ciência referente ao vosso planeta a ao turbilhão iluminado pelo Sol. Se quiserdes, para imaginar o que possam ser os corpos fluídicos nos planetas elevados, uma comparação com a matéria que muda de natureza sob as vossas vistas – se bem que sejam falhas todas as comparações entre coisas do vosso mundo e as coisas dos mundos elevados – compararemos o corpo humano na Terra à água, que vedes compacta, é o corpo igualmente humano, de alguns outros planetas, ao vapor. Como no primeiro caso, neste também o que temos diante dos olhos é água, mas num estado que lhe permite elevar-se nos ares, confundir-se com as nuvens, em vez de se conservar pesada sobre um suporte qualquer. Nas encarnações que se sucedem às vossas, o corpo perde, pouco a pouco, a densidade e se torna CADA VEZ MAIS AERIFORME. Deixa de ter os pés chumbados ao solo e se mantém em equilíbrio, qualquer que seja a sua posição. Cerca as regiões que esses diversos planetas ocupam, uma atmosfera adequada às necessidades da Natureza; e, assim como a água do mar sustenta, mais facilmente que outra, o corpo que se lhe confia, do mesmo modo o ar dessas regiões tem um peso superior ao dos corpos dos mortais que as habitam. Agora, já vos podemos dizer: a queda de Maria foi muito leve, mesmo tendo-se em vista a elevação que, SEM FALIR, ela havia alcançado; tão leve que não serieis capazes de vislumbrar, no ato que a determinou, QUALQUER INDÍCIO DE FALTA, AINDA QUE LEVÍSSIMA. A Virgem encarnou num desses mundos benditos, por que tanto anseais. Para vós, tal encarnação seria INVEJÁVEL RECOMPENSA, que tudo deveis fazer por conquistar. Mas, para a Virgem, foi uma punição, pois a privou de UM ESTADO BEM MAIS BELO. Sirvamo-nos, ainda, de uma comparação humana. Um homem que viveu na miséria mais abjeta, recebe, certo dia, uma herança; passa a ter uma renda que lhe proporciona existência venturosa. Sem dúvida, isso é para ele O CÚMULO DA FELICIDADE. Mas outro, ao contrário, que se embalou em berço de ouro, que teve satisfeitos todos os seus caprichos, vê de súbito desmoronar-se o alto pedestal (em que julgava manter-se SEMPRE) E COMPROMETER SUA FORTUNA. Não é uma desgraça para ele? Mas é impossível, repetimos, qualquer comparação ENTRE COISAS TERRESTRES E COISAS CELESTES. Atentai, pois, no sentido, não na letra da comparação. Maria, purificada por essa encarnação, retomou sem mais deslizes, o caminho simples e reto do progresso, e ainda o trilha, pois não chegou ao cimo, isto é, à PERFEIÇÃO SIDERAL. Embora não se ache, ainda, na categoria dos Espíritos Puros, suas atuais encarnações (empregamos o têrmo para que possais compreender o seu estado perispirítico) tão acima se acham das vossas inteligências QUE NÃO PODEIS FAZER IDÉIA DO QUE SEJAM! José, cuja falta foi mais grave, teve a princípio muitas encarnações na Terra. Mas, quando encarnou para auxiliar Jesus na sua missão terrena, já se havia purificado, mediante sucessivas encarnações em mundos mais adiantados. Grande é, presentemente, a sua elevação: é um Espírito Superior, porém menos elevado que o da Virgem Maria em ciência universal. Ambos, José e Maria, são muito inferiores a Jesus.

DEUS E AVIDA UNIVERSAL – XX

P – Ficamos profundamente impressionados com as revelações do Espírito da Verdade sobre José e Maria. Poderia dedicar um capítulo inteiro a Jesus?

R – Nesta série de vinte capítulos, dedicamos um cada século, porque já o Mestre se aproxima. Não podemos esconder a Verdade, e por isso vos dissemos que Maria e José SÃO MUITO INFERIORES A JESUS. Perfeitos, moralmente e intelectualmente, com relação a vós e ao vosso planeta, muito lhes resta por evoluir em ciência universal, para chegarem à PERFEIÇÃO SIDERAL. Mesmo quando, por a terem alcançado, forem Espíritos Puros, terão sempre de progredir nesta direção, visto que o Espírito, seja ele qual for, jamais atingirá o limite extremo da ciência divina. Tudo, na Natureza Universal, PROGREDIRÁ SEMPRE. Isto, porém, está muito acima da

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compreensão das inteligências humanas. O próprio Jesus, cuja pureza perfeita e imaculada se perde na Eternidade; que é a maior essência espiritual depois de Deus, SEM SER A ÚNICA; de um saber tão vasto que nem os Espíritos Superiores lhe podem apreciar a extensão; cuja a grandeza é tal que multidões de Espíritos Puros a admiram e trabalham por adquirí-las através das “eternidades” – o próprio Jesus, quando desceu à Terra, embora já fosse O MODELO DO AMOR E DA CIÊNCIA, estudava e ainda estuda! Estudava e estuda porque o progresso infinito é o objetivo único do Espírito. Só Deus, repetimos, pode afirmar: “não irei mais longe”, porque Ele é a própria Eternidade e o Infinito de todas as Perfeições; não concluais, daí, que Jesus tenha tido, naquela época, ou possa ter de suportar, quaisquer provas! Não: Ele, até então, não faliu NUNCA, e é INFALÍVEL POR ESTAR EM RELAÇÃO CONSTANTE E DIRETA COM DEUS. Era, e é, o Verbo de Deus junto aos homens, qualificado de deus relativamente a vós outros, no sentido de que era e é, para o seu e nosso Deus, para o seu e nosso Pai, O VOSSO ÚNICO MESTRE! Era e é, para nos servirmos de uma expressão humana, seu vice-rei e vosso rei, como Espírito protetor e governador do vosso planeta. Tinha e tem O AMOR DO PROGRESSO, e trabalha sem cessar por adquirir nosvos conhecimentos no LIVRO DO INFINITO. Somente Deus nada tem de apreder. Jesus, que já era infalível quando o vosso planeta lhe foi confiado, progrediu em ciência universal e fez a Terra progredir, incessantemente. É que o Pai Celestial dá saber ao Espírito, POR MAIS ADIANTADO QUE SEJA, na proporção e em recompensa do progresso que o seu amor e o seu devotamento produzem. O PROGRESSO PESSOAL DE UM ESPÍRITO CORRESPODE AOS PROGRESSOS QUE, GRAÇAS A ELE, SEUS IRMÃOS REALIZEM. O amor e o devotamento de Jesus tornaram, e tornam, cada vez mais ardentes os seus próprios esforços para vos conduzir ao ponto que deveis atingir – a Perfeição, que alcançareis quando o vosso mundo (que – na fase de sua formação – saiu do estado de incandescência dos fluídos impuros, e foi, progressivamente, passando pelas etapas sucessivas das revoluções planetárias, ao período material) chegar ao ESTADO FLUÍDICO PURO, depois de haver passado, atravessando os períodos de outras revoluções, do estado material a novos estados CADA VEZ MENOS MATERIAIS E, EM SEGUIDA, FLUÍDICOS. Então, o próprio Jesus que já era Espírito de pureza perfeita e imaculada na época em que presidiu à formação da Terra, terá subido em ciência universal, muito para cima do ponto em que se encontrava há quase vinte séculos. Tudo o que foi, é e será, em todos os reinos da Natureza, no vosso planeta, seguiu, segue e seguirá marcha contínua no caminho do progresso físico, moral e material. Mas, ao completar-se essa GRANDE OBRA DE PURIFICAÇÃO DA TERRA, bem como de sua Humanidade, nos tempos predeterminados para a REGENERAÇÃO – o joio será separado do trigo; os Espíritos que se mostrarem obstinados em culpa e rebeldia serão afastados para planetas inferiores, onde – durante séculos – terão de expiar a sua obstinação no mal. Maria e José, como todos nós, continua a auxiliar o Mestre na sua gloriosa missaõ, ajudando-vos também, debaixo da sua direção a cumprir os vossos destinos. Agora podeis compreender: quando estiverdes para alcançar a Perfeição, os Espíritos que integraram o grupo de coadjuvantes de Jesus, no desempenho da sua missão terrena, terão atingido a PERFEIÇÃO SIDERAL, colocados pelo Pai entre os Espíritos Puros.

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TENTAÇÃO DE JESUS

P – Não podemos viver mais sem a Doutrina do Novo Mandamento de Jesus, ditada pelo Espírito da Verdade. A unificação das Quatro Revelações do Cristo são aúltima palavra para a pobre Humanidade desvairada! Como devemos entender a tentação do Mestre?

R – Para a explicação necessária, vamos reunir estas passagens dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, IV: 1-11; Marcos, I: 12-13; Lucas, IV: 1-13.

MATEUS: 1 – Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado por Satanás. 2 – Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 – Então, aproximando-se dele, disse o tentador: – Se és o Filho de Deus, ordena a estas pedras que se tornem pães. 4 – Jesus lhe respondeu – Está escrito: nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5 – Satanás o transportou à cidade santa, colocou-o no pináculo do templo, e lhe disse: 6 – Se és o Filho de Deus, lança-te daqui a baixo, pois está escrito que Ele ordenou a seus Anjos tenham cuidado contigo e te sustentem com suas mãos, para que não firas os pés em alguma pedra. 7 – Jesus respondeu: – Também está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus. 8 – O tentador o transportou, ainda, para um monte muito alto, onde lhe mostrou todos os reinos do mundo e a glória que os acompanha, 9 – e lhe disse: – Eu te darei todas essas coisas se, ajoelhado diante de mim, me adorares. 10 – Jesus replicou: – Retira-te, Satanás, pois está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás. 11 – Então, Satanás o deixou. Os Anjos cercaram Jesus e o serviram.

MARCOS: 12 – E logo o Espírito o impeliu ao deserto, 13 – onde passou quarenta dias e quarenta noites, sendo tentado por Satanás. Habitava com as feras e os Anjos o serviam.

LUCAS: 1 – Cheio do Espírito Santo, Jesus se afastou do Jordão, e foi pelo Espírito impelido para o deserto. 2 – Alí permaneceu quarenta dias e quarenta noites, e foi tentado por Satanás; nada comeu durantes esses dias; passados eles, teve fome. 3 – Disse-lhe, então, Satanás: – Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem pães. 4 – Jesus lhe respondeu: – Está escrito: o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que vem de Deus. 5 – Satanás o transportou para um alto monte e lhe mostrou, num instante, todos os reinos da Terra, 6 – dizendo-lhe: – Eu te darei todo esse poder e a glória desses reinos, porquanto eles me foram dados e eu os dou a quem quero. 7 – Se, pois, me quiseres adorar, todas essas coisas te pertencerão. 8 – Jesus lhe respondeu: – Está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. 9 – Satanás ainda o transportou a Jerusalém, colocando-o no pináculo do templo, e lhe disse: – Se és Filho de deus, lança-te daqui abaixo, 10 – pois está escrito haver Ele ordenado a seus Anjos que te cerquem de cuidados e te guardem, 11 – e te amparem com suas mãos, para que não firas os pés em alguma pedra. 12 – Jesus lhe respondeu: – Está escrito: não tentarás o Senhor teu deus. 13 – Terminada a tentação, Satanás se afastou dele por algum tempo.

Satanás, o diabo, o demônio – são nomes alegóricos, pelos quais se designa O CONJUNTO DOS MAUS ESPÍRITOS empenhados na perda do homem e da mulher. Satanás não era um Espírito especial, mas a síntese dos piores Espíritos que, purificados agora na sua maioria, perseguiam os homens e mulheres, para desviá-los do caminho do senhor. Mas todos se purificarão com o tempo, por meio de uma série de provações e expiações em reencarnações sucessivas, precedida cada uma, no espaço, na erraticidade, dos sofrimentos e torturas morais apropriados e proporcionados aos crimes ou faltas cometidas. Tais são, para o Espírito culpado, encarnado ou errante, o inferno, o purgatório, a expiação, a reparação, o progresso. A reencarnação é a escada santa que todos os homens terão de subir. Constituem-lhe os degraus as fases das diversas existências nos mundos inferiores, depois nos mundos superiores, porque Deus determinou que, para chegar a Ele, teria o homem de nascer, “morrer” e renascer até aos limites da Perfeição. E nenhum chegará até Ele SEM SE PURIFICAR PELA REENCARNAÇÃO. Muitas Igrejas negam essa Lei Universal, mas nem por isso ela deixa de existir: é anterior ao homem e à vossa morada planetária.

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A TENTAÇÃO E O JEJUM

P – Como o Espírito da Verdade explica, através do CEU da LBV, o jejum e a tentação de Jesus, narrados pelos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas?

R – O jejum e a tentação do Mestre são, igualmente, uma figura. Como vos explicaremos, daqui a pouco, só foram consideradas reais pelos homens em conseqüência dos comentários que, finda a missão terrestre do Cristo, os Apóstolos e os discípulos teceram em torno do discursso que ele, doutrinando, proferiu sobre as tentações a que está sujeita a humanidade, as ciladas que lhe armam os ESPÍRITOS DO MAL, da perseverança e da fé com que lhes deve resistir. Esses comentários, sob a influência dos preconceitos do tempo e das tradições hebraicas, criaram a opinião de que aquele discurso, dadas as circunstâncias em que foi pronunciado, resumia O QUE SE PASSOU COM O PRÓPRIO JESUS. Daí o tratarem os Evangelistas de um jejum e de uma tentação a que Satanás teria submetido o Mestre, como se falassem de fatos materiais, fatos reais ocorridos pessoalmente com o Salvador. Tais “fatos”, porém, tidos como reais, materialmente produzidos DO PONTO DE VISTA DAS AUTORIDADES RELIGIOSAS, são um emblema. Como poderia ter acudido à mente do homem a idéia de rebaixar, dessa forma, Aquele que o próprio homem considera uma fração de deus, uma parte do GRANDE TODO QUE GOVERNA O UNIVERSO? Tal opinião, aliás, se enquadrava sofrivelmente nas idéias panteístas. Como puderam rebaixar essa fração da Divindade ao ponto de pô-la em contato com o demônio, o maldito expulso do céu por Deus, sem se lembrarem de que, assim, era o próprio Deus quem, por uma fração de si mesmo, descia à condição de dialogar com o Anjo do Mal e até ficar na sua dependência? Como admitir que Jesus, sendo homem e, portanto, sujeito a enfermidades e necessidades da existência terrena, tenha podido viver quarenta dias e quarenta noites no deserto, sem tomar alimento algum? Como admitir que, sendo Deus, tenha Jesus sentido o tormento da fome, ao cabo dos quarenta dias e quarenta noites, que o haja sentido ao ponto de animar tentativas audaciosas do “Anjo caído” que, entretanto, seria dentro em pouco forçado a abandonar as suas presas (os demoníacos), EXATAMENTE PELA POTENTE VONTADE DO MESMO JESUS? Como se vê, foi o homem, de um lado, bastante orgulhoso e, de outro, bastante contraditório: deu a si mesmo por libertador um Deus, submetendo esse Deus ao império de Satanás, pondo-o em contato com este, de maneira a lhe sofrer a influência pela tentação! Pobre humanidade, que busca o maravilhoso nas coisas mais simples, que repele por impossíveis as mais evidentes, e que avilta – sem ter disso consciência – Aquele a quem, levada pelas suas supertições, ela mesma faz participe da Divindade e a quem, ao mesmo tempo, coloca, quanto ao presente e ao futuro (Satanás o deixou por algum tempo), à mercê desse outro que, maldito por toda a eternidade, sem esperança de perdão, emprega a sua força, a sua vontade, o seu “poder” em lutar contra o Criador! Todavia, não a condenamos por isso, porque essa crença numa tentação material teve a sua razão de ser, como vos explicaremos: o que ocorreu tinha de ocorrer na marcha dos acontecimentos. Tudo tinha o seu cabimento, como condição e meio de progresso, na via gradual dos sucessos, sempre acordes, do mesmo modo que as interpretações humanas com o estado das inteligências, com as necessidades das épocas da História, cada uma das quais representa um dos estágios que cumpre à Humanidade percorrer, para progredir constantemente, abrindo pouco a pouco os olhos à Luz e à Verdade. A PROPORÇÃO QUE VAI SENDO PREPARADA PARA RECEBER ESSA LUZ E ESSA VERDADE, que lhe são dadas na medida do que ela pode suportar e de maneira a esclarecê-la sem jamais a deslumbrar. O Espírito da Verdade, que abre uma era nova à Humanidade, e que vos ensina a origem espiritual de Jesus, mostrando, com esse ensino, que o jejum e a tentação de Jesus são apenas simbólicos, vem igualmente fazer-vos conhecer, a este respeito, a realidade das coisas, isto é, as próprias palavras do Cristo ao povo, das quais nasceu a crença naquele jejum e naquela tentação. O Espírito da Verdade vem, ainda, explicar como e quando os Apóstolos e os discípulos foram induzidos a pensar que O QUE JESUS ENSINARA, DE MODO GERAL, CONSTITUÍA O RESULTADO DO QUE SE PASSARA ENQUANTO O MESTRE ESTEVE AUSENTE, O RESUMO DO QUE ELE PESSOALMENTE EXPERIMENTARA. Acompanhai a aparente vida humana de Jesus, pregando constantemente, pelo exemplo, a Caridade e o Amor; acompanhai-lhe as palavras, os atos, os ensinamentos, e o vereis sempre submisso (na medida do que o exigia a sua missão terrena) aos usos, costumes e tradições dos hebreus, assim como à inteligência daqueles a quem se dirigia, a fim de que todos o compreendessem e, sobretudo, escutassem. Tudo isso para

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assegurar o bom desempenho de sua missão e conseguir que ela desse frutos no momento e no futuro: QUE FRUTIFICASSE PRIMEIRO PELA LETRA, DEPOIS PELO ESPÍRITO.

JESUS E SATANÁS – I

P – Os ensinos do CEU, da LBV, estão sendo colecionados por muitas pessoas que se declaram “profundamentes interessadas, embora não gostem de religião”. Vemos nisso um sinal de que tal matéria traz algo de novo, capaz de religar a criatura ao Criador. Quais as palavras que Jesus proferiu e que deram origem à crença de que ele sofreu a tentação e o jejum?

R – Diz o Espírito da Verdade: – Os profetas se preparavam para desempenhar suas missões por meio da prece, da meditação e do jejum, no deserto. Pareceu aos homens que Jesus se submeteu a esse uso, ou tradição, antes de adr início ao desempenho da sua missão publicamente. Depois de receber, diante do povo, pela descida do Espírito Santo sob a forma de uma pomba e pela “voz que se fez ouvir no céu”, a consagração (como Filho de Deus) da missão que ia desempenhar e que João, havia pouco, anunciara a todos os que o cercavam, Jesus se afastou das margens do Jordão. Perderam-no de vista aqueles que lhe seguiam os passos. Para impressionar as multidões, ele se tornou invisível durante o tradicional espaço de tempo – quarenta dias e quarenta noites – número este até certo ponto sagrado, segundo as tradições hebraicas. Desapareceu, não porque se internara no deserto, mas porque voltara – como fazia sempre que sua missão não lhe reclameva a presença entre os homens – para as regiões superiores onde, do alto dos esplendores celestes, governava, governa e governará a Terra e a Humanidade. Decorridos os quarenta dias e quarenta noites, reapareceu, dirigindo ao povo e aos discípulos que o rodeavam (e lhe haviam notado a ausência) estas palavras: “Em verdade vos digo: quando Satanás vos segredar – “Escuta os meus conselhos, faze a minha vontade, e eu te darei todos os reinos da Terra” – repeli-o com firmeza. Não tendes um reino maior que todos – o Reino de Deus, vosso Pai? Se a fome vos apertar e Satanás vos disser – “Obedece-me, e destas pedras farei pão para o teu alimento” – recusai-o sem temor. O pão da terra não alimenta senão o corpo, e vós tendes o Pão da Vida, que alimenta a Alma e a torna apta a entrar na Vida Eterna. Se o orgulho vos arrastar ao fastígio das grandezas humanas e Satanás vos disser – “Precipita-te no espaço que te atrai e não temas a queda, pois serás amparado” – imponde-lhe silêncio e não tenteis o Senhor vosso Deus. Recolhei-vos, medindo a vossa fraqueza e a grandeza do Pai, e Satanás se afastará por algum tempo. Mas não esqueçais que ele ronda constantemente, pronto sempre a deitar as garras à sua presa e se aproveitar de todas as suas fraquezas”. Aí tendes, bem-amados irmãos, as palavras que o Mestre pronunciou quando reapareceu e que, por sua ordem, vos revelamos e transmitimos. Aplicai a vós mesmos essas palavras, porque – como todas as que lhe saíram dos lábios, devem produzir frutos no presente e no futuro, do mesmo modo que, sob a figura da tentação material, produziram no passado. Semelhantemente ao que se dava com tudo quanto, então, se dizia, tais palavras passaram de boca em boca. Alguns dos Apóstolos (e discípulos) as ouviram do próprio Cristo; outros as receberam da voz pública; mas, enquanto durou a missão terrena de Jesus, tendo todos a atenção continuamente solicitada por fatos novos, não a detinham sobre nenhum. Só depois de terminada a missão, os fatos voltaram a ser considerados mais atentamente, e entre eles se apresentaram de novo o desaparecimento do Mestre, durante quarenta dias e quarenta noites, e as circunstâncias que o cercaram. Surgiram, então, os comentários e destes nasceu a opinião que gerou a crença no fato material do jejum no deserto e da tentação de Satanás. Os Apóstolos e os discípulos, como todos os que abraçaram a fé cristã, acreditaram nesse fato material. Na sua condição de homems, de Espíritos encarnados, tinham os preconceitos e as crenças da época e estavam imbuídos das mesmas tradições. Na verdade, era corrente, então, que todo profeta ia jejuar no deserto, antes de principiar o desempenho da sua missão. Coincidindo as palavras de Jesus com o seu desaparecimento por quarenta dias e quarenta noites, pensaram todos que essas palavras eram o resumo do que ocorrera com ele durante a sua ausência; que o que ensinara, relativamente às tentações do Demônio, tentações a que está sujeita a Humanidade, pela fome, pelo orgulho e pela ambição, relativamente às emboscadas que o Espírito do Mal lhe arma, e à fé e à perseverança com que lhe cumpre resistir, era o resumo do que o próprio Jesus experimentara. Assim, acreditaram que Jesus havia jejuado, quarenta dias e quarenta noites, no

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deserto; que, decorrido esse tempo, tivera fome e, então, fora tentado por Satanás, no exato sentido das palavras que dirigia ao povo. Ao homem material são precisos fatos materiais. O Cristo, para os homens, era um homem e, como tal, sujeito às enfermidades, a TODAS as necessidades da existência humana. Em matéria de provações, NINGUÉM, naquela época, podia compreender senão as provações físicas. Ao surgirem os comentários sobre as palavras do Mestre, já se divulgara pelas multidões a revelação que o Anjo fizera a José e Maria, e que fora conservada em segredo atá ao têrmo da missão terrena de Jesus. Diante da revelação da sua origem, tida em geral, segundo a letra, por miraculosa, divina, dada a qualidade que a mesma revelação lhe atribui de Filho de Deus; diante da sua vida de pureza perfeita e dos “milagres” que realizara, da sua “ressurreição” e da sua “ascenção”, difundiu-se a crença na sua divindade.

JESUS E SATANÁS – II

P – A ação libertadora da LBV, pela Pregação da Verdade, brevemente será proclamada e aceita por todos os brasileiros e estrangeiros de BOA VONTADE. Como o Espírito da Verdade explica a origem de um “diálogo” entre Jesus e Satanás?

R – Como homem, Jesus, para os Apóstolos e discípulos, estava sujeito às necessidades da existência terrena e, portanto, às tentações do “demônio”. Mas era, ao mesmo tempo, por efeito das impressões que lhes produzira a sua missão, UM GRANDE PROFETA. Em conseqüência das novas impressões que receberam, depois de terminada essa missão na Terra, passaram a considerá-lo MAIOR QUE TODOS OS PROFETAS que a Humanidade até então conhecera, incontestavelmente O FILHO DE DEUS, partilhando, portanto, da DIVINDADE DO PAI. Suscetível de ser tentado por Satanás, pensavam, ele o fôra e triunfara. De considerarem o que não passara de um ensinamento como sendo o resumo do que acontecera, durante a ausência de Jesus, entre ele e o “diabo”, como sendo a súmula de fatos reais e materiais de que o Mestre participara, veio a IDÉIA DE UM DIÁLOGO que devera ter travado entre os dois. Se é certo que das palavras, de que usou Jesus, se apagara a lembrança na memória dos homens, certo é, também, que o pensamento, a substância e a realidade do ensino se conservaram. Para reconstituírem o diálogo, de acordo com o objetivo da lição, os Apóstolos e discípulos recorreram às Escrituras. De fato, confrontai as palavras que já vos revelamos, pronunciadas pelo Cristo, com a versão que se criou – sob a influência das tradições e dos comentários – e vereis que o sentido, o fundo e o pensamento são idênticos; que a alegoria, tomada ao pé da letra, pela maneira por que foi apresentada, e que no futuro seria compreendida espiritualmente pela inteligência, encerra o ensino de Jesus, mas transformado num fato material – o da tentação real feita por Satanás ao Cristo que, tendo sofrido essa prova, dela triunfou como homem e FILHO DE DEUS. A Transportação do Redentor para o cimo de uma alta, depois para o pináculo do templo de Jerusalém, e ainda a fome que atribuíram – foram a conseqüência dos comentários. Do desaparecimento do Mestre pelo tempo, durante o qual, conforme às tradições, devia ele, comos os profetas, permanecer em jejum no deserto, antes de iniciar sua missão, concluíram os Apóstolos e discípulos que, findos os quarenta dias e quarenta noites, NECESSARIAMENTE SENTIRA FOME, tanto mais quando coincidiram com sua ausência as palavras que dirigiu ao povo, no momento mesmo em que reapareceu. Ora, aplicando materialmente a Jesus essas palavras calcularam os Apóstolos e discípulos que, forçosamente, Satanás o transportara a dois lugares elevados, a um para lhe mostrar todos os reinos da Terra, a outro para – colocando-o no fastígio das grandezas humanas – lhe dizer que se precipitasse no espaço, atirando-se “dali a baixo”. Não percais de vista a ignorância e a ingenuidade dos homens daquela época, dos Espíritos encarnados que se entregavam a tais comentários, relativamente às coisas terrenas. O cimo de alto monte e o pináculo do templo de Jerusalém foram os lugares mais próximos que acudiram à idéia dos Apóstolos e discípulos, que não compreendiam pudesse haver outros. Para eles o cimo de um monte elevado era o único lugar aonde o “diabo” poderia ter transportado Jesus, para lhe mostrar todos os reinos da Terra. Quando atribuíam sentido material às palavras do Mestre relativas ao fastígio das grandezas humanas, ao qual o “demônio” o elevara para lhe dizer “LANÇA-TE DAQUI A BAIXO, POIS SERÁS AMPARADO”, o único lugar que lhes parecia materialmente o ponto culminante das grandezas humanas, como elevação no espaço, era o pináculo do templo de Jerusalém. Os crentes aceitavam os

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fatos (do mesmo modo que hoje) como suas faculdades lhe permitiam. Os incrédulos os rejeitavam, como ainda os rejeitam, sem mais investigações. Afinal, A CRENÇA NUMA TENTAÇÃO MATERIAL TEVE SUA RAZÃO DE SER. O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos acontecimentos.

JESUS E SATANÁS – III

P – Com referência à tentação e ao jejum “impostos” a Jesus, disse o Espírito da Verdade: “O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos acontecimentos”. Havia, então necessidade de tal crença?

R – Tudo está previsto. Tudo acontece por efeito da Lei Universal que governa o vosso mundo no caminho do progresso, sendo o desenrolar dos fatos, bem como as interpretações humanas, acordes com o estado das INTELIGÊNCIAS E NECESSIDADES DE CADA ÉPOCA. Ohomem, todavia, dispõe do livre arbítrio, e Deus sabe que uso ele fará desse dom, porque o que para vós constitui o passado, o presente e o futuro, está sempre, por toda a eternidade, patente aos olhos do Todo-Poderoso. Ora, dispondo do livre arbítrio, o homem tinha a liberdade de escolher entre o modo de pensar acertado e a falsa (ainda que útil) maneira de apreciar as coisas. Dominavam-no, porém, suas naturais aspirações. Assim como preferia, ao de um profeta, o sacrifício de um Deus, por lhe aumentar o valor próprio, também a tentação material de Jesus pelo “demônio” lhe reanimava a coragem e mostrava o caminho a seguir, fazendo-lhe ver que ATÉ O HOMEM-DEUS ESTIVERA SUJEITO A TENTAÇÃO; fazendo-lhe ver que, embora FILHO DE DEUS, fração da Divindade, mas ao mesmo tempo homem e, como tal, sujeito às contingências da Humanidade, às enfermidades e fraquezas da vida humana, JESUS FÔRA ACESSÍVEL A SATANÁS, sofrera pessoalmente a prova e dela soubera triunfar. Nada ocorre sem ser pela vontade de Deus, no sentido de que, se lhe aprouvesse dar outra diretriz aos atos humanos, ou lhes opor sua vontade, bastaria querê-lo. Tal, porém, não faz: esta a razão por que, vendo a seriação e as conseqüências de todas as coisas, Deus não impede de antemão os atos de nenhuma das suas criaturas. Ele não governa como tirano: deixa que as coisas sigam o seu curso. Assegurando ao livre arbítrio a independência, auxilia a Humanidade a trilhar a via da evolução, por meio de SUCESSIVAS REVELAÇÕES, SEMPRE PROGRESSIVAS, que atuam na marcha dos acontecimentos, encadeando uns aos outros, e que, apropriadas ao estado das inteligências e necessidades de cada época, desenvolvem no presente o progresso realizado e preparam o progresso futuro. Se o quisesse, DEUS CERTAMENTE TERIA PODIDO, POR MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS, DETERMINANDO UMA INFLUÊNCIA E UMA AÇÃO MEDIÚNICA SOBRE OS APÓSTOLOS, OS DISCÍPULOS E OS EVANGELISTAS, ESCLARECÊ-LOS SOBRE A FALSIDADE DA INTERPRETAÇÃO HUMANA, que transformou um ensino de Jesus ao povo em fatos materiais, como os da permanência no deserto, do jejum por quarenta dias e quarenta noites e da tentação praticada contra ele por Satanás. Mas, na realidade, as necessidades da época exigiam essa crença. Convinha que ela se implantasse nas massas populares. A vista da perfeição indispensável para chegar a Deus, diante da Perfeição sempre vitoriosa de Jesus, qual não seria o desânimo dos homens se não fossem prevenidos de que mesmo o mais forte pode estar sujeito à tentação? QUANTA FORÇA NÃO RECEBERAM DO EXEMPLO DA VONTADE QUE VENCE A INSPIRAÇÃO DO MAL? Se assim não fosse, talvez não pudessem alimentar a esperança de seguir as pegadas do Divino Modelo. Contemplando-o em tão grande altura, teriam permanecido, desanimados, ao nível do solo, ao passo que, vendo-o submetido à tentação e vitorioso pela fé, reconheceram que TODOS PODERIAM ESPERAR A MESMA VITÓRIA.

JESUS E SATANÁS – IV

P – Achamos perfeita a justificação da crença no jejum e na tentação de Jesus por Satanás. A evolução espiritual não dá saltos, como a própria Natureza nos ensina. Como o Espírito da Verdade explica o período de 40 dias e 40 noites e certos “mistérios” das tentações do “demônio”?

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R – A tentação de Jesus, como agora entendeis, é uma figura que as exigências dos tempos, o estado das inteligências, as aspirações naturais (que dominavam os homens) e a preparação do futuro TORNARAM NECESSÁRIA. Jesus, cuja origem espiritual já conheceis, Espírito de pureza perfeita e imaculada, AQUEM TODOS OS ESPÍRITOS ESTÃO SUBORDINADOS, e que mostrou a sua onipotência sobre os “demônios”, jamais teve de sofrer na Terra a influência e o contato dos maus Espíritos ou obsessores. Nos seus ensinamentos, não há uma só palavra que permita afirmar-se, nem sequer pensar-se, o contrário. Quantos aos 40 dias e 40 noites que supuseram ter o Cristo passado no deserto, a ponto de sentir fome quando sabeis que ele jamais precisou comer, são o símbolo da vida humana: nesse curto espaço de tempo, todas as más paixões assaltam o homem, todas as necessidades se fazem sentir. A cada homem, ou mulher, no vosso mundo, cabe triunfar da prova. Escutai, irmãos bem amados, o que Jesus disse e ensinou, servindo-se das palavras que fomos por ele encarregados de vos revelar! Fazei o que vos indica essa figura emblemática de uma tentação material, que exprime o objetivo do ensinamento contido naquelas palavras! Triunfai das paixões e, mesmo, das necessidades humanas alimentadas pela ignorância espiritual. Em tudo, reportai-vos a Deus! Se só a Ele servirdes e adorardes, os Espíritos Bons descerão, para ajudar-vos a subir aos céus. O homem – quem quer que ele seja – está sujeito às tentativas que, para arrastá-lo ao mal, fazem os maus Espíritos, os quais, ignorantes, não sabem distinguir os que podem dos que não lhes podem resistir. Daí resulta que, das suas tentações, não estão isentos nem mesmo aqueles que reencarnam EM MISSÃO NA TERRA. Tanto as palavras do Mestre como a figura simbólica a mostrá-lo sofrendo a tentação de Satanás, apontam o caminho que deveis seguir. As tentações e influências mais perigosas para o homem (ou para a mulher) são o orgulho, a ambição, os apetites materiais que têm por móveis essas paixões animais. Aí estão os escolhos de encontro aos quais se vêm quebrar, desgraçadamente, as melhores intenções, SOBRETUDO DAQUELES A QUEM DEUS CONCEDE A GRAÇA DE ENCARNAR PARA AUXILIAREM O PROGRESSO DE SEUS IRMÃOS NA TERRA! Procurai repelir as tentativas dos obsessores, para merecerdes a graça que o Pai vos outorgou, enviando-vos o Divino Modelo! Sabei tornar-vos dignos do favor que Ele vos concede, abrindo-vos a Era da Unificação de TODAS AS REVELAÇÕES, enviando-vos a Sagrada Falange, com a missão de vos ampliar a cultura, o discernimento, a inteligência espiritual: o Espírito da Verdade, que vos ensina a paciência, a resignação, a afabilidade, a benevolência, a simplicidade de coração, a humildade real, a castidade segundo as LEIS DA NATUREZA, a fragilidade, a temperânça, a sobriedade, o desinteresse, a justiça, a tolerância, o devotamento, a caridade e o amor aos vossos irmãos, o amor ao trabalho e à ciência, o desejo de progredir física, moral, intelectual e espiritualmente, em direção reta ao Cristo e ao Pai Celestial! Portanto, orai e vigiai; vigiais e orai, com o pensamento em Deus, em todos os momentos da vossa vida! Vigiai, exercendo constante vigilância sobre os vossos pensamentos, palavras e atos! Orai, não com os lábios, mas com o coração, para atrairdes as boas influências, para que Deus vos conceda a proteção dos bons espíritos, que vos ajudarão a vencer todas as tramas do “demônio” que, na verdade, reside entro de cada criatura afastada do criador! Vencereis praticando todos os deveres indicados pela Sagrada Falange, a serviço do Senhor!

DEUS, JESUS, ESPÍRITO SANTO

P – Falando da opinião segundo a qual Jesus é uma fração de Deus, disse o Espírito da Verdade: “opinião que sofrivelmente se enquadra nas idéias panteístas”. Qual o sentido destas palavras?

R – Segundo a doutrina que, na linguagem humana, tem o nome de panteísmo, tudo sai de um só princípio e tudo volta a se reintegrar nesse mesmo princípio, para de novo daí sair e voltar, constituíndo essa perpétuas separações e reintegrações a rodagem da máquina universal. Em escala menor, Jesus e o Espírito Santo são frações de Deus, partes integrantes do Todo, formando com Ele, portanto, a Unidade. É uma variante do tema do panteísmo. No que ocorreu nas margens do Jordão, tendes um exemplo do cunho panteísta da opinião dos que consideram Jesus e o Espírito Santo como duas frações de Deus. Assim, vemos Deus dividido em três partes: uma – Jesus, num corpo idêntico aos vossos, sujeito às necessidades da existência humana e às contingências humanas da vida e da

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morte; outra – o Espírito Santo que, sob a forma de uma pomba, desceu sobre o Cristo; a terceira – Deus, de quem aquelas duas frações saíram e cuja voz se fez ouvir do céu, dizendo: “És meu filho bem-amado, em que ponho toda as minhas complacências”. As duas frações de Deus, depois de se terem separado do GRANDE TODO, voltam a reintegrar-se nele, reconstituíndo, assim, a sua Unidade. Se os homens não quiserem enquadrar nas idéias panteístas essa maneira de considerar Jesus e o Espírito Santo, terão de encaixá-las, forçosamente, nas concepções do paganismo, relativas à PLURALIDADE DOS DEUSES. Semelhante modo de ver, QUE É CHAMADO “MISTÉRIO”, E QUE A RAZÃO INSTINTIVAMENTE REPELE, nasceu das falsas interpretações humanas, resultantes da ignorância do homem sobre a origem espiritual de Jesus e do que se deve entender, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento, por Espírito Santo. Graças à nova Revelação, entretanto, todos vós já sabeis: Deus é o só e único princípio universal, NÃO DIVISÍVEL, que sempre cria desde todas a Eternidade, mas NUNCA PELA DIVISIBILIDADE DA SUA ESSÊNCIA, PORQUE DEUS É UNO; Jesus é um Espírito criado por Deus, e teve a mesma origem de todos os Espíritos, O MESMO PONTO INICIAL DE EXISTÊNCIA, e se tornou Espírito Puro, de pureza perfeita e imaculada SEM TER FALIDO JAMAIS, Espírito cuja Perfeição se perde na “noite das eternidades”, PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA, cuja formação presidiu, encarregado por Deus de o levar ao estado fluídico e conduzir a sua Humanidade à integração com o Pai; Espírito Santo é uma designação alegórica, sob a qual se compreendem, indistintamente, de modo individual ou coletivo, OS ESPÍRITOS PUROS, OS ESPÍRITOS SUPERIORES E OS BONS ESPÍRITOS, como sendo, em ordem hierárquica, os ministros ou agentes da onipotente vontade de Deus, os órgãos de suas inspirações junto aos homens. E assim se dilui, diante da FÉ RACIOCINANTE, o dogma das três pessoas ou santíssima trindade.

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

P – Afirmou o Espírito da Verdade: “O homem dispõe do livre arbítrio e Deus sabe que uso fará ele desse dom, porque tudo o que, para vós, contitui passado, o presente e o futuro, está sempre – e por toda a Eternidade – patente aos olhos do Senhor”. Como devem ser entendidas e explicadas estas palavras?

R – Admitis a presciência divina, ou apoucais a Inteligência Infinita nivelando-a com as vossas? A presciência divina é uma faculdade QUE NÃO TENDES POSSIBILIDADE ALGUMA DE ANALISAR. O livre arbítrio seria mera ficção, se estivesse subordinado a uma ação direta. Quanto se monta qualquer máquina, prevêem-se os resultados do seu funcionamento; o que ela faz é o que tinha de fazer. Se, porém, um operário desastrado se intromete nas engrenagens, ou se um curioso se aproxima demasiadamente, para ver de muito perto ou tocar numa das rodas, fatalmente é colhido, mutilado ou esmagado. O maquinista não o impeliu, direta ou indiretamente, mas sabia que quem fizesse o que fez o operário ou o curioso sofreria aquela conseqüência, tanto que, ao ver aproximar-se o imprudente, lhe disse: – “Toma cuidado, olha o perigo!” Neste caso, que nos serve de imperfeita comparação, onde a fatalidade relativa à ordem a que está sujeito o movimento da máquina e às pessoas que se movem em torno dela? Cheios de ignorância e de orgulho, pretendem os homens que Deus se intrometa em todos os atos que praticam, em todos os fatos que lhe dizem respeito. Cada um – pobre vermezinho! – quer que a Inteligência Suprema o conduza pela mão, REBAIXANDO-SE AO SEU NÍVEL. Considerai com mais elevação a grandeza do vosso Criador! Reinando sobre “todos os universos”, iluminando todas as trevas, a influência que o Senhor exerce é uma INFLUÊNCIA SUPERIOR, DIRIGENTE E GOVERNATIVA. Ele deixa que useis do vosso livre arbítrio com plena liberdade, em meio às diversas influências físicas e espirituais que vos rodeiam, e sob o império das Leis Gerais, Naturais e Imutáveis que a sua onisciência estabeleceu, desde toda a Eternidade. Essa INFLUÊNCIA SUPERIOR que dirige e governa, Ele a exerce pela sua ação universal, instrumento da sua Providência, e que também se efetua no âmbito e sob o império das suas Leis, sempre de acordo com a sua Vontade Onipotente e Imutável. É exatamente essa INFLUÊNCIA SUPERIOR que vos atrai continuamente para a vida do progresso, sem perturbar o exercício pleno e independente do vosso livre arbítrio, quer este vos induza à obediência, quer vos arraste à rebeldia. Ora, o conjunto se desdobra, desde e por toda a Eternidade, aos olhos de Deus. Passado, presente e

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futuro são palavras que as vossas limitações inventaram e que, para ele, carecem de significado: Deus é O QUE É, de toda e para toda a Eternidade. Não entendeis que, deixando ao homem inteira liberdade de usar das faculdades de querer, pensar e agir, seu olhar penetrante veja, ao mesmo tempo, o que fará o homem dessa liberdade? O maquinista, que vê o desastrado ou o curioso aproximar-se demasiadamente da máquina, percebe de antemão os efeitos dessa imprudência; mas de inteligência muito limitada, não pode saber de antemão qual o uso que o homem fará do seu livre arbítrio, se consumará ou não o ato, porque não lhe pode LER O PENSAMENTO, nem perscrutar a AÇÃO DA VONTADE. Para ele haverá sempre solução de continuidade – um passado, um presente e um futuro na sucessão dos atos – por mais imperceptível seja o intervalo que, a seus olhos, os separem, no uso do livre arbítrio. Deus, porém, para quem passado, presente e futuro nada significam; que, sem solução de continuidade, lê o pensamento do homem e vê a ação da sua vontade, DEUS TEM SEMPRE A VISTA A SÉRIE E AS CONSEQÜÊNCIAS DE TODAS AS COISAS, E SABE QUAL O USO QUE O HOMEM FARÁ DO LIVRE ARBÍTRIO. A razão é muito simples: para Deus tudo é continuamente, eternamente INSTANTÂNEO. Não há comparação possível entre o astro luminoso, que brilha com o máximo fulgor, e a pálida centelha que se reflete no arroio em que se extingue; entre o SER INFINITO, que irradia sobre todos O QUE É, e as vossas inteligências fragílimas. Por isso dissemos, e agora repetimos, que A PRESCIÊNCIA DIVINA É UMA FACULDADE QUE NÃO TENDES POSSIBILIDADE ALGUMA DE ANALISAR.

JESUS E OS HOMENS – I

P – O Espírito da Verdade poderia explicar quais eram os meios de vida e de nutrição do corpo que Jesus tomou, para o desempenho da sua missão terrena?

R – Já vos dissemos: Jesus tomou um corpo de natureza perispirítica, análogo aos corpos dos habitantes dos mundos superiores, porém mais materializado do que estes, por também terem entrado na sua composição fluidos ambientes do vosso planeta. Tal corpo teria, portanto, as mesmas propriedades que os corpos dos Espíritos Superiores, os mesmos meios de vida e nutrição. As necessidades da vida e da nutrição materiais, a que estão sujeitos os corpos humanos, desaparecem quando o Espírito – purificado, tendo atingido certo grau de elevação moral e intelectual – passa (livre de qualquer contato com a matéria) a encarnar, ou melhor – a incorporar fluidicamente nos mundos superiores. Desde então, as necessidade de vida e de nutrição se tornam conformes ao meio em que o Espírito se encontra, revestindo um corpo de natureza perispiritual. Este corpo, bem como o perispírito de cuja natureza ele participa, haure os elementos de vida e de nutrição NOS FLUÍDOS AMBIENTES QUE LHE SÃO PRÓPRIOS E NECESSÁRIOS, ASSIMILANDO-OS. Tais fluídos bastam ao sustento dos princípios constitutivos do mesmo corpo. A assimilação dos fluídos ambientes, para o efeito da nutrição e da conservação da vida, se efetua de acordo com as leis a que eles estão submetidos, LEIS QUE O HOMEM AINDA NÃO PODE CONHECER NEM COMPREENDER. Somente quando soa a hora, dentro da Lei da Evolução, lhe serão explicados a natureza desses fluídos, as leis a que estão submetidos, o emprego a que se destinam, e as funções que desempenham. É cedo para entrarmos nessas particularidades. Limitamo-nos, por ora, a lhe fazer notar que, nos mundos materiais, a cujo o número pertence a Terra, onde a união da matéria com a matéria é necessária para a formação da matéria, o homem, revestido de um invólucro material, formado segundo as leis da procriação e reprodução materiais, está sujeito a uma alimentação material, tirada dos reinos vegetal e animal. Além desse invólucro que, depois da “morte”, É RESTITUÍDO À MATÉRIA em forma de cadáver e a que chamais corpo humano, o homem tem outro invólucro, de natureza fluídica, a que destes o nome de perispírito e que, após a “morte”, fica sendo o CORPO FLUÍDICO DO ESPÍRITO e lhe constitui a individualidade humana. Para manter a vida e efetuar a nutrição desses dois invólucros, dispõe o homem de órgãos e aparelhos elaboradores dos elementos e dos meios necessários àquele fim: uns se destinam a operar a nutrição material do corpo humano, tirando-a dos elementos líquidos e sólidos, com o concurso dos elementos que lhe são próprios e necessários; outros servem para absorver os fluidos ambientes, apropriados à vida e à nutrição do perispírito ou envoltório fluídico. A ALIMENTAÇÃO MATERIAL não é, pois, necessária, nem possível, senão ao homem revestido de um corpo material, nos mundos materiais. Quando o

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Espírito encarna, ou, melhor, INCORPORA FLUIDICAMENTE EM MUNDOS SUPERIORES, onde o corpo é de natureza perispirítica, a vida e a nutrição se mantêm pela absorção dos fluídos ambientes apropriados. A planta não precisa beber nem comer, para se alimentar: alimenta-se absorvendo, da terra e do ar, os sucos e os fluídos que lhe são próprios e necessários. O ESPÍRITO, QUER NA ERRATICIDADE, QUER REVESTINDO UM CORPO DE NATUREZA PERISPIRÍTICA, NÃO TEM NECESSIDADE (NEM POSSIBILIDADE, COMO VÓS) DE COMER E DE BEBER. Também ele absorve, como meio de nutrição, para entreter o funcionamento da vida, os fluídos ambientes necessários à sustentação dos princípios constitutivos do perispírito, QUANDO SE TRATA DE UM ESPÍRITO ERRANTE; e, quando se trata de UM ESPÍRITO INCORPORADO FLUIDICAMENTE, os fluídos necessários à sustentação dos princípios constitutivos do perispírito e do corpo fluídico, de natureza semelhante à desse perispírito que o assimilou, COMPOSTO UNICAMENTE DE FLUÍDOS E LIBERTO DO APODRECIMENTO, O QUE NÃO SE DÁ COM OS VOSSOS CORPOS MATERIAIS!

JESUS E OS HOMENS – II

P – Compreendemos agora a maravilha que é a Lei da Evolução, neste confronto de Jesus com os homens. Pode o Espírito da Verdade antecipar o que seremos no futuro?

R – Chegou o momento desta explicação. Por sua natureza, o corpo que Jesus revestiu não foi mais que um espécime, prematuro entre vós, do organismo humano TAL QUAL VIRÁ A SER EM ALGUNS PONTOS DO VOSSO PLANETA, para a encarnação de Espíritos que terão atingido certo grau de elevação. Que a verdadeira Ciência, isto é, AQUELA QUE NÃO TEM O PRECONCEITO DA IMOBILIDADE, observe o passado e o que hoje é futuro, à medida que o tempo for correndo, e descobrirá os precursores materiais dessas organizações que, por enquanto, ainda parecem impossíveis. O homem (referindo-nos aqui à espécie e não ao sexo, pois do contrário designaríamos de preferência a mulher, como sendo de organização mais adiantada) – o homem, do ponto de vista fisiológico, se irá modificando, a matéria tornando-se mais fraca, o sistema nervoso mais desenvolvido, a inteligência mais precoce, E ULTRAPASSANDO MUITAS VEZES A FORÇA FÍSICA; o Espírito, enfim, irá dominando a matéria e a carne diminuindo, à medida que o sistema nervoso se for desenvolvendo e a força vital-animal substituída pela força espírito-nervosa. Tais os indícios que vos prevenirão da MUDANÇA que se há de operar em vós. Todo o sistema se irá depurando, pouco a pouco: no sangue espesso, que circula em vossas veias, o fluído vital substituirá, cada vez mais, as moléculas corruptoras; o sistema nervoso se desenvolverá à custa da cobertura de carne, até ao momento em que esta última, reduzida ao estado de simples película, acabará por desaparecer inteiramente, cedendo lugar a um envoltório fluídico tangível, dissolúvel sem abalo e sem sofrimento. Os próprios nervos nesse ponto do desenvolvimento, se assemelharão aos finíssimos filamentos em cuja trama balouçam no ar os microscópicos insetos que os tecem no outono, filamentos a que dais o nome poético de FIOS DA VIRGEM. Mudarão de natureza, pouco a pouco, invadidos também, gradativamente, pelo fluído vital nervoso. Ganharão em flexibilidade e brandura o que forem perdendo em volume. Na mesma proporção aumentará sua sensitividade e, harmonizando-se esta com o invólucro que os cobre, o conjunto acabará por ser o que, para nos fazermos entender, chamamos UM PERISPÍRITO TANGÍVEL, um corpo igual ao dos habitantes de planetas mais elevados que a Terra. Agora, é fácil fazer-vos compreender a vida e a nutrição desse corpo. Não conheceis, no reino animal, insetos constituídos de tal forma que seus órgãos se contentam, para alimentar o corpo, com o ar puro que os banha, com as matérias (inapreciáveis para vós) contidas no orvalho que cai, gota a gota, sobre as folhas que os envolvem, gotas que eles, entretanto, não bebem, limitando-se a lhes aspirar as emanações? TAL O ORGANISMO DO ESPÍRITO QUE CHEGOU AO PONTO DE REVESTIR INVÓLUCRO INDÊNTICO AO QUE JESUS TOMOU, porque esse corpo, de natureza perispirítica, era, com relação ao Mestre, O MAIS GROSSEIRO QUE A SUA GRANDEZA ESPIRITUAL PODERIA REVESTIR. Nas encarnações ou incorporações desse gênero, a absorção se efetua tanto pelos poros como pela respiração. O ser todo se nutre das substâncias sutis que o envolvem, que o penetram e lhe asseguram a manutenção. Passo a passo, chegareis lá. Estudai, primeiro, indivíduos fenomenais, do vosso ponto de vista, uns que se

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alimentarão somente de água ou qualquer líquido insípido; outros que – sontra todas as regras – NÃO TERÃO NECESSIDADE DE ALIMENTO ALGUM. Tais fenômenos, incompletos a princípio, apresentarão o aspécto de uma enfermidade: a ciência humana os estudará, experimentará E NÃO DESCUBRIRÁ A CHAVE DO ENIGMA. Depois, os casos se multiplicarão, e a ciência acabará por admitir que CERTAS COMBINAÇÕES DA NATUREZA PODEM VIVER FORA DAS LEIS ORGÂNICAS POR TODOS CONHECIDAS. Depois, ainda, será forçada a reconhecer que as exceções crescem ao ponto de formarem a regra! Disseminai o conhecimento do Magnetismo Total; preparai as coisas de maneira a que, nas gerações futuras, se opere a EMANCIPAÇÃO ESPIRITUAL; depurai a matéria; purificai o sangue, carregando-o de fluídos, e ajudareis a libertação do Espírito, na sua luta e na sua vitória contra a matéria!

JESUS E OS HOMENS – III

P – Só mesmo o conhecimento da Verdade pode libertar o homem de todas as suas limitações e sofrimentos! É o que todos estamos vendo no confronto “Jesus e os homens”, com ensinamentos tão úteis! Por isso perguntamos ao Espírito da Verdade: chegaremos a dominar completamente a matéria?

R – Já vos dissemos: passo a passo, chegareis lá. Semelhante estado, que para vós constitui um fenômeno, não poderá durar na humanidade, como ordinariamente ela é. Alguns casos apenas, tidos ainda por mórbidos, oferecem exemplos desse estado. São os primeiros ensaios que a Natureza sempre faz, antes das CRISES DE TRANSFORMAÇÃO GERAL. Os que aqui se apresentaram são, realmente, casos mórbidos, ou considerados tais, porque, dada a vossa posição atmosférica e com os órgãos de que dispondes, aos indivíduos que – fora das regras admitidas e necessárias às funções do corpo – tentam esse modo de existência, faltam os elementos para consegui-lo: não basta, ainda, a alimentação por meio do ar ambiente à grosseria de seus organismos, que se esgotarão ao cabo de certo tempo, por efeito dos esforços que serão obrigados a fazer, a fim de absorverem e assimilarem os fluidos. Só de longe em longe têm aparecido desses casos; pouco a pouco, porém, eles se multiplicarão, até ao momento em que a maioria dos Espíritos que povoam o vosso planeta SEJA COMPOSTA DOS QUE SE ACHEM LIBERTOS DAS NECESSIDADES MATERIAIS, por já se haverem elevado bastante. Então, os encarnados materialmente se verão classificados entre os inferiores, até que também se libertem daquelas necessidades. Mas esse progresso, como toda transformação, só muito lentamente poderá operar-se. Sujeito igualmente à Lei do Progresso, o vosso planeta evoluirá no mesmo sentido. Outros serão os princípios alimentares que a Terra oferecerá: os elementos materiais de nutrição se tornam cada vez mais raros! O abuso que o homem faz de tudo o que está ao seu alcance CAUSARÁ A DESTRUIÇÃO DOS ANIMAIS, DAS PLANTAS ALIMENTICIAS, DAS ÁRVORES E, MESMO, DAS FLORES! Privado gradualmente dos recursos que a terra oferece, ele buscará na ciência UM REMÉDIO PARA ESSA PRIVAÇÃO. Criará uma alimentação factícia, produto de combinações químicas; extrairá, dos fluídos que o envolvem, as partes materiais que o seu organismo possa assimilar, da mesma forma que da matéria extraiu o calor, do ar a força, do carvão a luz. ESTUDARÁ A MANEIRA DE VIVER SEM ALIMENTO MATERIAL! As gerações, que se forem sucedendo, trarão progressivamente organismos mais aperfeiçoados, cada vez menos materiais, cada vez mais fluídicos, até chegardes à era que vos anunciamos. Não esqueçais que a temperança, o equilíbrio sexual e a pureza dos pais INFLUEM NOS ORGANISMOS DOS FILHOS, não só atraindo Espíritos mais elevados para encarnarem na família, como também lhes fornecendo um instrumento corporal mais perfeito e manejável para grandes missões. Não há capricho nem acaso na obra do progresso e transformação. Os Espíritos que encarnam em condições de serem considerados, do vosso ponto de vista, INDIVÍDUOS FENOMENAIS, serão Espíritos mais ou menos elevados, objeto de ponto de partida, para as investigações da Ciência digna deste nome, despertando a atenção para certas questões e fornecer os materiais necessários ás construções futuras. E ainda vos diremos, para terminar este capítulo: fácil vos será perceber a transformação que se há de verificar na matéria exterior. Tempo virá em que, tornando-se cada vez mais rara a alimentação material ( e já começou A SER DIFÍCIL), o homem se verá arrastado à mudanças de substâncias nutrientes, a chamar em seu auxílio as ciências,

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para que sustentem seus órgãos SEM PRECISAR RECORRER ÀQUELAS SUBSTÂNCIAS. Essas preparações, conquanto dêem resultado como alimentação factícia, acarretarão, desde logo um desvio de comportamento animal, enfermidades e empobrecimento do organismo humano. Depois, no curso das gerações que se forem superando, os órgãos que nos pais apresentavam lesões SE REPRODUZIRÃO MODIFICADOS NOS FILHOS, apropriados ao novo regime da Terra. Em seguida, esses órgãos, que se irão tornando cada vez mais sensíveis, também mais facilmente poderão assimilar os elementos nutritivos que a vossa atmosfera contém. Finalmente, os cataclismos que inevitavelmente abalarão todo o vosso planeta – E DOS QUAIS LHE RESULTARÁ A RECONSTITUIÇÃO FÍSICA – auxiliarão o desenvolvimento das novas faculdades gástricas da humanidade terrestre.

JESUS E OS HOMENS – IV

P – Formulamos duas perguntas ao Espírito da Verdade: 1ª) – Estando Jesus isento da necessidade de qualquer alimentação humana, isento de todas as necessidades inerentes à humanidade terrestre, como se passavam as coisas quando ele, à vista dos homens, tomava alimentos durante a sua missão, quer antes do seu aparecimento conhecido pelo nome de “ressurreição”, quer depois? 2ª) – Como se davam o desaparecimento de Jesus, quando o supunham no deserto ou no cimo da montanha, e o seu reaparecimento entre os homens?

R – Os Espíritos Superiores que o cercavam (em número, para vós, incalculável), todos submissos à sua vontade, seus auxiliares dedicados, faziam desaparecer os alimentos que lhe eram apresentados e que não tinham, para Jesus, qualquer utilidade. Aqueles Espíritos os subtraíam da vista dos homens, de modo a lhes causar completa ilusão, à medida que parecia serem ingeridos pelo Mestre, cobrindo-os, para esse fim, de fluidos que os tornavam invisíveis. Feito isso, os levavam e dispersavam de forma que pudessem servir (e serviram) para a satisfação das necessidades de outras criaturas. Jesus (notai-o bem, seguindo-lhe os passos no desempenho da sua missão terrena) só muito raramente – durante todo o tempo daquela missão, assim antes como depois do seu reaparecimento, chamado “ressurreição” – tomou parte, aos olhos dos homens, nas refeições humanas. Fazia-o unicamente quando “era preciso”, seja para os convencer da sua condição de homem, seja a título de ensinamento vivo, com o exemplo permanente da Caridade, do Amor e do Perdão. Aqueles que o acompanhavam sempre, não se surpreendiam com a sua maneira de viver. Viam-no orar e, sendo a do jejum uma lei rigorosa entre os judeus, criam que Jesus a observava à risca, para se mortificar, dando testemunho da sua Perfeição. Quanto ao desaparecimento e reaparição do Cristo, a explicação não menos simples. Ao Espírito é dado libertar-se temporariamente do invólucro material de que se ache revestido, conservando-se ligado e preso a ele POR UM CORDÃO FLUÍDICO, INVISÍVEL AOS HOMENS. Pode assim o Espírito, algumas vezes, libertar-se do corpo pelo desprendimento durante o sono e, em casos muito raros, quando o indivíduo, sem estar dormindo, se encontre num “estado de êxtase” mais ou menos pronunciado. Pode mesmo, pela bicorporeidade, pela bilocação e com o auxílio do perispírito, tornar-se visível e tangível – sob todas as aparências do corpo humano – de modo a produzir ilusão completa. PODE AINDA, EM CASOS EXCEPCIONALÍSSIMOS, E TENDES DISSO EXEMPLOS COMPROVADOS E AUTÊNTICOS, TORNAR-SE VISÍVEL E TANGÍVEL, COM TODAS AS FACULDADES APARENTES DA VIDA E DA PALAVRA HUMANA (Afonso de Liguori e Antônio de Pádua são exemplos dessa natureza). O Espírito materialmente encarnado não tem meios de desmaterializar o corpo de que está revestido: esse poder só o tem a decomposição resultante da morte. Mas, ao contrário, os Espíritos Superiores, quando em estado de encarnação ou incorporação fluídica, podem – à vontade – materializar o corpo fluídico por sua natureza, de que se achem revestidos, a fim de torná-lo visível e mesmo tangível aos vossos olhos, assim como o podem desmaterializar, a fim de que desapareça de vossas vistas, FAZENDO-O VOLTAR AO SEU ESTADO NORMAL, EM QUE NÃO O VEDES. Podem, igualmente, modificá-lo, assimilando-o às regiões que devam percorrer. Mas, desde que estejam sofrendo encarnação ou incorporação, aqueles Espíritos não podem desligar do corpo que tomaram senão pela morte que, só ela, os faz voltar a erraticidade com o perispírito que traziam, apresentando este o grau de purificação que lhe haja resultado da última encarnação ou incorporação. No que diz respeito ao

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corpo dos Espíritos Superiores, a morte não passa de uma desagregação da matéria que envolve o Espírito. Dizemos “matéria” porque os fluidos que o perispírito assimilou para operar a encarnação ou incorporação, de fato, para o Espírito, são matéria. Considerada a sutileza dos sentidos de tais Espíritos, essa desagregação se aproxima bastante da decomposição: para eles, as matérias que compõem o corpo, ainda que não mais sujeitas ao aperfeiçoamento se dissolvem visivelmente. Cada um dos princípios do corpo constitutivos do corpo fluídico se separa, completamente, e volta ao meio de onde saiu, e que de novo o atrai. Apropriando as Leis Naturais e Imutáveis (que regem a formação dos corpos fluídicos dos mundos superiores) aos fluidos ambientes que servem para a formação dos seres terrestres, conforme ao que já vos explicamos, é que Jesus formou o corpo com que se apresentava aos homens, CORPO APARENTEMENTE HUMANO, ao qual (para sermos entendidos) demos o nome de perispírito tangível, apto a LONGA TANGIBILIDADE, graças aos mesmos fluidos ambientes. Espírito Puro, não sujeito a encarnação ou incorporação alguma, em nenhum planeta, Jesus formava voluntariamente aquele perispírito tangível, DO QUAL TINHA O PODER DE SE LIBERTAR. As matérias que o compunham, de si mesmas sutilíssimas para olhos humanos, podiam desaparecer, subdividindo-se, e reagregar-se, à vontade do Mestre, para reaparecer. O conhecimento de que Jesus dispunha (e que só os Espíritos Puros possuem completo) da natureza dos fluidos empregados para a formação do perispírito tangível, das propriedades de tais fluidos para produzirem esse resultado sob a ação das lei de atração magnética – esse conhecimento perfeito aliado à sua potência espiritual é que lhe facultavam fazer da vista dos homens desaparecesse o mesmo perispírito, dissociando-lhe os princípios constitutivos, MAS SEMPRE MANDENDO-OS SOB O PODER DA SUA VONTADE, prontos a se reunirem de novo.

JESUS E OS HOMENS – V

P – O confronto de Jesus com os homens, tão bem equacionado pelo Espírito da Verdade, mostra a insignificância dos que dizem não crer em Deus e no SEU ÚNICO REPRESENTANTE na Terra, em todos os tempos da Humanidade. Agora, formulamos nova pergunta ao CEU da LBV: – Que é que ocorria, cientificamente, quando Jesus desaparecia da vista dos homens?

R – Não esqueçais: o perispírito que serviu de corpo visível e tangível ao Cristo, durante a sua permanência entre vós, não era mais que uma veste, que para ele usava para éster entre os homens, e que abandonava quando desaparecia de suas vistas, para voltar às regiões superiores. JESUS SE AFASTAVA TODAS AS VEZES QUE A SUA PRESENÇA ENTRE OS HOMENS DEIXAVA DE SER NECESSÁRIA. Quando desaparecia, as partes constitutivas do perispírito tangível apenas se eclipsavam, para surgirem de novo, quando o mestre o quisesse. Dissemos que apenas se eclipsavam porque elas se separavam, mas sem deixarem de permanecer tais quais eram, isto é, sem deixarem de existir, pronta e se reunirem novamente, pela ação da vontade de Jesus. Não havia solução de continuidade na vida orgânica daquele corpo, durante a ausência de quem o mantinha. Assim como a formação desse perispírito tangível, análogo aos corpos dos Espíritos Superiores, MAS QUASE MATERIAL, se deu pela aplicação das Leis Naturais e Imutáveis e pela apropriação dessas Leis ao vosso planeta, mediante a utilização dos fluidos ambientes que servem PARA A FORMAÇÃO DOS SERES TERRESTRES, também às Leis Naturais e Imutáveis obedeciam a sua vida orgânica, seus desaparecimentos e a maneira por que Jesus se libertava dele, deixando-o e retomando-o, até abandona-lo definitivamente quando se verificou a “ascensão”. Ainda não vos é possível ter a perfeita compreensão destas leis, nem nos é possível explica-las aos homens enquanto ignorarem a NATUREZA DOS FLUIDOS, suas combinações, suas propriedades, sob o império da grande Lei Universal de Atração Magnética, sob o influxo dessa atração e, ao mesmo tempo, sob a ação e o poder espirituais dos Espíritos Puros. Quando, pois, desaparecia das vistas humanas, Jesus abandonava o seu perispírito tangível, o seu corpo humano aparente, que sumia na massa dos fluidos, permanecendo, porém, no meio que lhes era próprio os princípios que o constituíam. Entendei: o liame que os prendia a Jesus, sob a ação da sua vontade, era efeito de atração magnética, efeito que ainda vos é impossível compreender perfeitamente. Os poderes dos Espíritos Puros e, mesmo, dos Espíritos Superiores, a potencialidade espiritual do Cristo de Deus – estão MUITO ACIMA DAS INTELIGÊNCIAS HUMANAS. Só à força de estudar e praticar o magnetismo humano é que

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chegareis a compreender o magnetismo espiritual e as propriedades da sua constante ação sobre toda a Natureza. Uma vez constituído por Jesus o seu corpo aparente, os elementos que o compunham se conservavam em estado de permanente e recíproca atração, do qual lhes resultava a reunião imediata quando, objetivando esse efeito, sob eles atuava a vontade do Mestre. A desagregação do seu perispírito temporário (temporário porque só lhe serviu durante sua missão terrena) não era obstáculo a que houvesse um traço de união entre suas partes integrantes. Gostaríamos de vos fazer compreender essa extraordinária ação, mas nos faltam os termos na vossa linguagem. Além disso, obsta a qualquer explicação direta a ignorância em que vos encontrais da NATUREZA E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS, de suas ações e funções na formação e na vida do corpo fluídico dos Espíritos Superiores, na formação especialíssima do corpo de Jesus, das Leis Naturais e Imutáveis que regem a formação e a vida desses corpos. Todavia, considerai uma nuvem tocada pelo vento: ela se dispersa, se eleva à regiões superiores e desaparece de vossas vistas. Como, porém, há uma tendência para a unificação, logo que sopre favorável aragem, de novo se reúnem as partes que o vento separou e a nuvem compacta reaparece. Tal era (mas apenas aproximadamente, pois são falhas todas as comparações) o efeito que o afastamento espiritual de Jesus produzia sobre o corpo perispirítico que o tornava visível aos homens. Quando o Mestre se avizinhava dele, todas as partes componentes daquele corpo se aproximavam e se reuniam novamente e, conservadas unidas pela sua presença, formavam o todo representativo de um corpo semelhante ao vosso, isto é, TENDO A APARÊNCIA DO VOSSO, MAS DE NATUREZA DIVERSA. Pela análise e pela síntese, a química vos oferece numerosos exemplos de decomposição e composição de corpos que, enquanto reunidos os componentes, formavam um todo único, de aspecto diverso dos que cada um deles apresenta, quando dissociados. Considerai o que já consegue a vontade do homem no campo do magnetismo, de conformidade com a ciência humana, pouco desenvolvida, e com as experiências que realiza, tão limitadas; considerai os efeitos magnéticos que ele obtém pela ação permanente da sua vontade, mediante a influência atrativa dos fluidos e, em seguida, meditai sobre O QUE PODERIA SER O PODER DA VONTADE DE JESUS, para que, sob o império dessa vontade se manifestassem os princípios constitutivos do seu perispírito tangível, tendo o Cristo, como sabeis, O CONHECIMENTO PERFEITO DE TODOS OS FLUIDOS; de suas naturezas, propriedades e combinações; dos efeitos dessas combinações; dos modos pelo quais os mesmos fluidos se comportam, na formação e no entretenimento de um corpo perispirítico análogo aos dos corpos dos habitantes dos mundos superiores; da maneira de tornar esse corpo APARENTEMENTE HUMANO, pela adjunção dos fluidos ambientes que, na Terra, servem para a formação dos seres terrestres; das leis de atração que regulam essas formações, sob a ação do magnetismo espiritual e da poderosa vontade do Espírito Puro. Ó bem-amados irmãos, quando chegar O MOMENTO DE RESPONDER ÀS CRÍTICAS (a incredulidade, filha do orgulho e da ignorância, é o que menos falta a tantos homens) – poderemos desenvolver o pensamento que domina tudo o que acabamos de dizer. A cada dia basta o seu labor. Mas repetimos, para concluir: o perispírito que servia de corpo visível e tangível a Jesus, quando o Mestre permaneceu entre vós, não era mais que uma vestimenta, que ele tomava para estar entre os homens, e que despia, logo que se afastava de suas vistas. Somente depois de finda a sua missão terrena, na época da sua chamada “ascensão”, os princípios constitutivos desse perispírito (suas partes componentes) se separaram definitivamente e voltaram aos meios que as atraíam. Às esferas superiores volveram os fluidos tirados de lá, enquanto a vossa atmosfera reabsorvia os que dela haviam saído. Poderá existir fato mais simples? Claro que não, para os que têm olhos de ver.

JESUS E OS HOMENS – VI

P – Disse o Espírito da Verdade: “Como admitir que Jesus, na qualidade de homem (o que significa dizer sujeito às necessidades da existência humana), tenha podido viver quarenta dias e quarenta noites num deserto, sem tomar alimento algum?” Ora, os materialistas não poderão opor o exemplo de Moisés que, revestido de um corpo material humano, permaneceu no alto da montanha, quarenta dias e quarenta noites, sem comer e sem beber, e daí concluir que Jesus (também revestido de um corpo material humano, aos olhos deles) poderia ter feito o mesmo?

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R – Mantemos nossas palavras, que acabais de citar. Moisés (diz o “Êxodo”, capítulo XXXIV, versículo 28) passou quarenta dias e quarenta noites na montanha, e “não comeu pão nem bebeu água”, durante todo esse tempo. Efetivamente, Moisés não tomou alimento algum preparado, MAS SE ALIMENTOU DE VEGETAIS SILVESTRES E ALGUNS INSETOS de que os hebreus se nutriam, quando era preciso. Não esqueçais, tampouco, a sobriedade natural dos orientais, que de parcos alimentos necessitam, como todos os habitantes dos climas quentes. Moisés não foi destino no desempenho da sua missão, antes de entrar na Terra Prometida? Qualquer dos missionários espirituais (Moisés, Elias, João e tantos outros) teve missão semelhante a do Cristo, o Ungido do Senhor? Com relação a Jesus, terão dito o mesmo que a respeito de Moisés? Não. O que está nos evangelhos (Mateus, capítulo IV, v. 2; Lucas, capítulo IV, v. 2) é que JESUS NADA COMEU; que jejuou durante quarenta dias e quarenta noites; que, portanto, passou todo esse tempo sem tomar alimento de espécie alguma, PREPARADO OU NÃO PREPARADO; que o passou em absoluta abstinência, tal como era o jejum entre os judeus. Confrontados os textos, não há paridade entre um e outro caso, pelo que repetimos o que antes dissemos: “Como admitir que JESUS, sendo homem, sujeito as enfermidades e necessidades da existência humana, tenha podido viver quarenta dias e quarenta noites num deserto, sem tomar nenhum alimento, JEJUANDO SEM ALIMENTAÇÃO ALGUMA, NÃO SEMELHANTEMENTE A MOISÉS, QUE SE ALIMENTAVA DE INSETOS E VEGETAIS SILVESTRES?” É tempo de explicarmos por que foi indispensável essa “encarnação especial” de Jesus, tal como vos revelamos. Se admitis que Jesus era um Espírito mais puro, mais perfeito que qualquer outro adstrito ao vosso planeta; se admitis que, escolhido como O GUIA DA TERRA antes de ser ela tirada do caos, isto é, da massa dos fluidos que lhe continham os germes, PRECISO ERA QUE TIVESSE SUPREMACIA SOBRE TUDO E TODOS. Como podereis achar razoável que um Espírito dessa magnitude suportasse o contato de matéria tão grosseira, qual a do corpo humano, tal como o compreendeis? Eis aí onde estaria o “milagre”, pois HAVERIA UMA SUBVERSÃO DA ORDEM ESTABELECIDA, POR DEUS, DESDE TODA A ETERNIDADE! Quando tendes de guardar líquidos espirituosos ou éteres, sois obrigados a procurar recipientes adequados a conte-los, sob pena de os vasos se quebrarem ou se evaporarem os éteres, voltando a massa dos fluidos de onde os extraístes. Por que, então, não podeis admitir que UM ESPÍRITO ETÉREO, COMO O DO CRISTO, TENHA SIDO LEVADO A FABRICAR UM “VASO” APROPRIADO A ENCERRÁ-LO? Haveis de convir que há grande presunção da parte dos homens, especialmente dos que teimam em considerar Jesus uma das três parcelas de Deus (embora tenham Deus por indivisível), quando pretendem que o Mestre revestiu um corpo igual aos vossos. De fato, isso equivale a dizer que DEUS, O ESPÍRITO DOS ESPÍRITOS, A ESSÊNCIA DE INAPRECIÁVEL SUTILEZA, se haja encerrado num vaso de argila, tão grosseiro como são os vossos corpos. Meditai e respondei, em plena consciência: podeis admitir semelhante despautério? Dissemos que aí, sim, é que haveria “milagre”. Realmente, só por “milagre” seria possível que UM ESPÍRITO TÃO SUTIL, TÃO ETÉREO, COMO O DO CRISTO, suportasse o contato de matéria tão grosseira como a do corpo humano, visto que TAL FATO ESTARIA FORA DAS LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS, importando, pois, numa subversão da ordem estabelecida, por Deus, desde toda a Eternidade!

JESUS E OS HOMENS – VII

P – Graças às lições do Espírito da Verdade, vemos que estão fora da Lei Divina todas as religiões fundadas pelos homens, por mais respeitáveis que sejam. Como devem os fiéis dessas crenças entender a aparição de Jesus no seio da humanidade terrestre?

R – O Espírito imaterial, isto é, o ESPÍRITO PURIFICADO não pode retomar um invólucro material e consistente que não esteja em relação com a sua sutileza. Pode apropriar para seu uso um invólucro muito inferior à sua natureza espiritual, MAS NÃO PODE, TENDO CHEGADO AO MÁXIMO GRAU DE PURIFICAÇÃO, RETOMAR A MATÉRIA PRIMITIVA, PORQUE A LEI DIVINA NÃO PERMITE. Por ser essencialmente etéreo, o laço fluídico, que haveria de prender o Espírito à matéria, não poderia aderir à matéria corporal humana. Entretanto, o mesmo Espírito pode colocar-se em relação com um corpo fluídico que, para vós, é imaterial mas que, de fato, é ainda grosseiro, relativamente ao estado de purificação e sutileza de certos Espíritos. O perispírito

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dos Espíritos Puros é, por sua sutileza, de natureza muito diversa, pelo o que toca à atração, da natureza do perispírito dos materialmente encarnados, O QUE LHE TORNA IMPOSSÍVEL ADERIR À MATÉRIA DO CORPO HUMANO. Tomando um corpo próprio de certos mundos elevados, Jesus tomava um invólucro relativamente material, para os olhos humanos, uma carne relativa. O “milagre”, na significação que ainda hoje se dá a esta palavra, consiste na prática de um ato ou na ocorrência de um fato em oposição às leis estabelecidas da Natureza. “Milagre” seria um homem gerar um leão, um elefante dar vida a uma baleia. “Milagre” haveria, com efeito, na realização das predições segundo as quais as estrelas cairiam do céu, porque tais fatos estariam fora da lei orgânica e regular das coisas. Mas os fatos, CUJO CONHECIMENTO ESCAPA A INTELIGÊNCIA HUMANA, nada têm de milagroso. Se, para os homens, apresentam esse caráter, e porque eles ignoram AS SUAS CAUSAS. Com o correr dos tempos e a purificação progressiva dos Espíritos, o estudo lhes demonstrará que O QUE AINDA HOJE É TIDO POR IMPOSSÍVEL, notadamente quanto à encarnação nos mundos superiores, quanto à encarnação de Jesus num mundo inferior, DEVE SER CLASSIFICADO ENTRE OS EFEITOS DE LEIS NATURAIS, exatamente como sucede com o movimento dos astros, as mudanças das estações, as marés e tudo o que diariamente se passa debaixo dos vossos olhos, inclusive a geração dos seres e das plantas, fato que vos parecem naturalíssimos, SE BEM QUE NÃO OS CONHEÇAIS INTIMAMENTE. Que os que rejeitam a revelação que vos fazemos, da natureza de Jesus e da sua origem, se reportem à vida inteira do Mestre, aos fatos do Evangelho que, explicados EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO, militam a favor desta revelação. Que se iniciem, sem demora, nos estudos das Verdades Divinas. Depois, fácil lhes será compreender e admitir a Religião de Deus, de Jesus e do Espírito Santo, que paira muito acima das crenças baseadas em superstições e preceitos humanos. Chegará a vez de todos, pois já estamos na HORA DO APOCALIPSE. Por isso a todos dizemos: – Qualquer que seja a vossa opinião sobre a natureza e origem do Cristo, quer considereis seu corpo material, quer fluídico, quer vejais nele um Homem-Deus, quer um Messias do Altíssimo – admirai-lhe a figura incomparável, a irradiar sobre vós; examinai-lhe o amor e o devotamento à Humanidade; esforçai-vos por imitá-lo, e podeis ter a certeza de chegar, um dia, EM TEMPO BREVE, à luz da Verdade que liberta e salva!

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O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO

P – Estamos ansiosos pela explicação do Espírito da Verdade sobre o início da vida pública de Jesus. É chegada a hora?

R – Sim. Vamos, pois, reunir as passagens necessárias dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, IV: 12-17; Marcos, I: 14-15; Lucas, IV: 14-21.

MATEUS: 12 – Tendo ouvido dizer que João fora encarcerado, Jesus se retirou para Galiléia; 13 – e, deixando a cidade de Nazaré, foi habitar a cidade de Cafarnaum, cidade marítima dos confins de Zabulon e Néftali, 14 – a fim de se cumprirem as palavras do profeta Isaías: 15 – “Terra de Zabulon e de Néftali, caminho do mar além do Jordão, a Galiléia das nações, 16 – o povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz; e a luz surgiu para os que jaziam na região das sombras da morte.” 17 – A partir daí, Jesus começou a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino de Deus!”.

MARCOS: 14 – Logo que João foi encarcerado, Jesus veio para a Galiléia, pregando o Evangelho do Reino de Deus, 15 – e dizendo: “Pois que o tempo se cumpria e o Reino de Deus está próximo, fazei penitência e crede no Evangelho!”.

LUCAS: 14 – Então Jesus, pela virtude do Espírito, voltou para a Galiléia, e sua fama se espalhou por toda aquela região. 15 – Ensinava nas sinagogas e era por todos glorificado.

Aqui, nenhuma explicação temos a dar. A missão do Salvador começou como devia começar: ANUNCIANDO AOS HOMENS, PERDIDOS NAS TREVAS DA MORTE, A BOA NOVA DO REINO DE DEUS. Jesus levaria a Luz da Verdade até onde fosse mais necessária. E sua palavra tinha de ser ouvida por todos.

LUCAS, IV: 16-21. 16 – Vindo a Nazaré, onde fora criado, Jesus entrou na sinagoga, como era seu costume, num dia de sábado, e se levantou para ler. 17 – Apresentaram-lhe o livro do profeta Isaías e ele, desenrolando-o, chegou ao ponto em que se achavam escritas estas palavras: 18 – “O Espírito do Senhor está sobre mim; por isso me ungiu para evangelizar os pobres; me enviou para curar os de coração despedaçado; 19 – para anunciar aos cativos a sua libertação; para dar vista aos cegos; colocar em liberdade os oprimidos; apregoar o ano das graças do Senhor e o dia da retribuição”. 20 – Enrolando de novo o livro, ele o entregou ao ministro e sentou. 21 – Estavam fixos nele os olhos de todos. E Jesus lhes disse: cumpriu-se hoje esta palavra das Escrituras, que acabais de ouvir.

Por esse modo, o Cristo afirmou, no lugar mesmo onde se extinguiu sua vida humana aparente, SE O Ungido do Senhor, mandado à Terra para desempenhar sua missão de amor e caridade, devotamento e redenção, destinada a preparar – por meio da pregação do Evangelho e, agora, também, do Apocalipse – a REGENERAÇÃO HUMANA, lançando-lhe as bases fundamentais.

AS NAÇÕES NADA VALEM PARA DEUS

P – As lições do Centro Espiritual Universalista da LBV serão, brevemente, coisa fácil de entender, inclusive o Apocalipse de Jesus! Como o Espírito da Verdade interpreta a passagem do Evangelho segundo Lucas, capítulo IV, versículos 22 a 30?

R – A passagem é esta:

22 – Todos lhe davam testemunho e, tomados de admiração ante as palavras cheias de graça que lhe saíam da boca, diziam: “Não é este o filho de José?” 23 – Jesus, então, lhes disse: “Sem dúvida, me aplicareis o provérbio: “Cura-te a ti mesmo, ó médico! Fase no teu país as grandes coisas que, segundo ouvires, fizeste em Cafarnaum!” 24 – Mas, em verdade vos digo que nenhum profeta é bem aceito em sua terra. 25 – Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel, ao tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e uma grande fome assolou a terra; 26 – entretanto, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma que era viúva em Sarepta de Sidon. 27 – Havia, também, muitos leprosos em

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Israel, ao tempo do profeta Eliseu e, no entanto, nenhum deles foi curado, só o sendo Naaman, que era da Síria. “28 – Todos os que se achavam na sinagoga, ouvindo-o falar desse modo, se encheram de ira 29 – e, levantando-se, o expulsaram da cidade e o levaram ao cimo do monte (sobre o qual estava edificada a cidade) para o lançarem de lá de baixo. 30 – Jesus, porém, passando entre eles, saiu dali.

Não nos deve causar espanto a interrogação: “Não é este o filho de José?” Sabeis que, para o povo da Galiléia, para os hebreus como para os outros homens, Jesus – durante a sua missão terrena – era fruto da concepção humana, tendo Maria por mãe e José por pai. Só depois de finda aquela missão e divulgada a revelação (que se conservara até então secreta) feita pelo Anjo a Maria e José, foi que Jesus passou a ser considerado filho da Virgem e de Deus, mediante concepção e nascimento miraculosos, divinos, por obra do Espírito Santo. Só então a crença na sua divindade germinou na mente dos discípulos que interpretavam ao pé da letra as palavras “meu Pai” ditas por Ele, referindo-se a Deus.. Em suma, achavam que somente a origem divina do Mestre explicava os fatos chamados “milagres”. Aos que, na sua orgulhosa incredulidade, se negavam a aceitá-lo como o Ungido do Senhor, conforme declarou ao terminar a leitura do trecho de Isaias, cujas palavras confirmara dizendo EM VERDADE VOS DIGO QUE NENHUM PROFETA É BEM ACEITO EM SUA TERRA, Jesus deu um ensinamento destinado (da mesma forma que todos quantos saíram de seus lábios) a produzir frutos naquele momento e no futuro. Suas palavras, nos versículos 26 e 27, visavam a fazer sentir aos judeus que AS NAÇÕES NADA VALEM PARA O SENHOR e que a seus olhos só tem valor a Virtude; objetivavam tornar-lhes patente o tamanho do orgulho que os impelia a se considerarem OS ÚNICOS A QUEM DEUS DISPENSAVA SUAS GRAÇAS, o povo preferido, merecedor de todos os privilégios. Que nenhum dos povos e nações da atualidade se deixe levar por esse orgulho, porque Deus olha para todos os seus filhos com igual amor. Os únicos privilegiados são os que tem maiores méritos, sejam quais forem seus cultos e nacionalidades. Chamamos vossa atenção para os últimos versículos (29-30). Admitis seja possível um homem qualquer desaparecer das mãos de inimigos encarniçados, decidido a sacrificá-lo? Podeis admitir que o caráter de Jesus se coadunasse com o emprego de algum miserável subterfúgio, para alcançar a piedade ou o perdão de algozes dispostos a precipita-lo do cimo da montanha a baixo? O CERTO, PORÉM, É QUE JESUS DESAPARECEU DO MEIO DELES. Que conclusões tirais desse desaparecimento, fato que muitas vezes se repete no curso da sua missão, da sua aparente vida humana, antes e depois da época chamada ressurreição? Jesus, no instante mesmo em que ia ser atirado da montanha a baixo, saiu dali, foi-se embora, passando por entre os que o haviam conduzido, por entre os que o rodeavam, por entre a multidão! Fazendo cessar a tangibilidade do seu corpo perispirítico, ele se libertou das mãos que o seguravam fortemente, e desapareceu das vistas de todos. Ao mesmo tempo em que fazia cessar aquela tangibilidade, os que o cercavam, impedindo-lhe a passagem foram – por efeito de ação magnético-espiritual – TOMADOS DE VERTIGEM. Aqueles que o agarravam LARGARAM-NO SEM SABER POR QUE MOTIVO O FAZIAM e, notando o seu desaparecimento, acreditaram que se havia ocultado sob a proteção de cúmplices! Ora, sabeis que influência pode o mundo invisível exercer sobre a vossa organização. De que natureza é a influência que, instantaneamente, vos força a ter só um pensamento, a só pensar num determinado ato, sem que tenhais consciência do tempo decorrido enquanto estivestes assim absortos? O cérebro, em tal caso, fica num estado de atonia, por efeito do magnetismo espiritual e, também, da ação dos fluídos que o envolvem. Os Espíritos Superiores, que se agrupavam em torno de Jesus e daqueles que o rodeavam atuaram sobre eles, produzindo-lhes uma espécie de vertigem. Dizemos “vertigem” porque, naquele momento, influenciados pelos fluidos que os Espíritos espalhavam sobre eles, produzindo uma ação magnética, os que cercavam Jesus tiveram detido o curso de seus pensamentos, e assim o viram desaparecer sem que, no primeiro instante, se apercebessem de que o prisioneiro lhe escapava! Só se inteiraram dos fatos depois que deixaram completamente de vê-lo. Sendo grande a multidão, a ação espiritual se exerceu apenas sobre os que, por estarem mais próximos, podiam observar a “saída” de Jesus. Dais muita importância a estas explicações, e elas a têm, com efeito, porque EVIDENCIAM A NATUREZA DO CORPO DO CRISTO – humano na aparência mas, na realidade, perispiritual, estranho à vossa humanidade. Tudo tem sua razão de ser na aparente vida humana de Jesus, nos acontecimentos que se encadeiam durante o curso da sua missão terrena, quer como exemplo ou lição, quer para que os homens da época dessem crédito à sua humanidade corpórea ou dela se convencessem, quer ainda para, ao mesmo tempo, deixar em germe, no seio deles, COM VISTAS AO FUTURO, os elementos das provas da natureza puramente perispirítico-tangível do seu corpo.

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Efetivamente, só à luz do CRISTIANISMO DO CRISTO (tão diferente do cristianismo fabricado pelos homens) a natureza perispiritual do seu corpo poderia explicar (como explica), tornar compreensíveis e admitidos fatos inexplicáveis por outra forma e que SERIAM ABSURDOS, IMPOSSÍVEIS, ABSOLUTAMENTE INADIMISSÍVEIS, SE JESUS TIVESSE SOFRIDO A ENCARNAÇÃO HUMANA TAL QUAL A SOFREIS, SE TIVESSE TIDO UM CORPO IGUAL AOS VOSSOS. Não confundais a influência que acabamos de descrever e que os Espíritos Superiores exerceram sobre os homens no alto da montanha de Nazaré, com a influência que, em certos casos, os Espíritos podem exercer sobre algumas pessoas, consistindo em lhes PRODUZIR UMA ESPÉCIE DE CEGUEIRA OU DE MIRAGEM, com o fim de lhes tirar a visão do que se passa e representar-lhes um outro fato. Isto entra em uma ordem mais ou menos complicada de fenômenos que oportunamente vos poderemos explicar.

A PESCA CHAMADA MILAGROSA

P – Hoje, só entendemos o Evangelho e o Apocalipse de Jesus explicados em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento do Cristo de Deus. Como o Espírito da Verdade nos transmite a realidade da pesca chamada milagrosa?

R – Vamos reunir estas passagens do Evangelho de Jesus: Mateus, IV: 18-22; Marcos, I: 16-20; Lucas, V: 1-11.

MATEUS: 18 – Andando Jesus pela praia do mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão e André, que lançavam suas redes ao mar, pois eram pescadores, 19 – e lhes disse: “Segui-me, e farei que vos torneis pescadores de homens”. 20 – Logo os dois abandonaram as redes, e o seguiram. 21 – Continuando a andar, viu dois outros irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu, que numa barca, com o pai, consertavam as redes, e os chamou. 22 – No mesmo instante, deixando o pai e as redes, ambos o seguiram..

MARCOS: 16 – Passando pela praia do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores, 17 – e lhes disse: “Segui-me, e farei de vós pescadores de homens”. 18 – Logo os dois abandonaram as redes, e o seguiram. 19 – Tendo caminhado um pouco mais, viu Tiago e João, filhos de Zebedeu, que também, numa barca, consertavam suas redes. 20 – Jesus os chamou e ambos, deixando na barca Zebedeu com os operários, o seguiram imediatamente.

LUCAS: 1 – Um dia, em que se achava à margem do lago de Genezaré, Jesus, assediado pela multidão, que se comprimia para ouvir a Palavra de Deus, 2 – viu duas barcas à borda do lago; os pescadores tinham saltado para lavar as suas redes. 3 – Jesus entrou numa delas, pertencente a Simão, e lhe pediu que a afastasse um pouco da praia e, sentando-se, começou a pregar ao povo, de dentro da barca. 4 – Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo e atira a tua rede para pescar”. 5 – Simão lhe objetou: “Mestre, trabalhamos a noite toda e nada pescamos; mas, obedecendo à tua ordem, lançarei a rede. 6 – E, tendo-o feito, pescaram tão grande quantidade de peixes que a rede se rompia. 7 – Acenaram aos companheiros, que estavam noutra barca, para que viessem ajuda-los; os outros vieram, e as duas barcas ficaram cheias, de tal modo que quase se afundavam. 8 – Vendo isso, Simão Pedro se prostou aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9 – Tanto ele, como os que o acompanhavam, ficaram assombrados da pesca que haviam feito. 10 – Tiago e João, filhos de Zebedeu e companheiros de Simão, partilhavam do mesmo assombro. Mas disse Jesus a Simão: “Nada temas; daqui por diante, serás pescador de homens”. 11 – Tendo de novo conduzido as barcas à praia, eles abandonaram tudo e seguiram Jesus.

O ensinamento, aqui, decorre da submissão dos primeiros Apóstolos, pois haviam assumido tal compromisso antes da reencarnação. Inspirados pelos seus Anjos da Guarda, eles atenderam à voz que os concitava à obediência. “Escolhidos” por Jesus, que lia em suas almas e lhes conhecia os Espíritos, eles seguiram o Mestre imediatamente, cedendo à atração que liga os Espíritos simpáticos. Com relação à pesca, não houve milagre algum, no sentido que o homem dá a esta palavra, porque tal pesca não constituiu UM FATO QUE SE HAJA PRODUZIDO COM DERROGAÇÃO DAS LEIS DA NATUREZA. Já o dissemos mas insistimos sempre: a vontade de

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Deus jamais derroga as Leis Naturais e Imutáveis, por Ele mesmo estabelecidas desde toda a Eternidade. NADA HÁ SOBRENATURAL. Na ordem física, tudo se passa, sempre, conforme à vontade do Senhor, sob a ação espiritual, segundo essas Leis Naturais e Imutáveis, e pela execução delas em todo o Universo. A pesca havia de surpreender (e surpreendeu) extremamente aqueles homens, simples e ignorantes COMO ENCARNADOS, e até os encheu de temor. De coração humilde, eles – ignorando as causas do fenômeno – o atribuíram a Deus, considerando-o um milagre, manifestação do Divino Poder, sem cuidarem de lhe perscrutar o segredo. Que há de estranhável na estupefação dos discípulos quando, ainda em vossos dias, A INCREDULIDADE, FILHA DO ORGULHO E DA IGNORÂNCIA, REJEITA ESSE MESMO FATO POR NÃO O PODER EXPLICAR, negando sem estudo e sem exame suficientes, teóricos e experimentais, os poderes dos Espíritos e os efeitos magnéticos, que são as duas fontes de luz e verdade para o progresso físico, moral e intelectual de toda a Humanidade?

OS FLUÍDOS E O MAGNETISMO

P – Já é tempo de extinguir a crença no “milagre” como derrogação das Leis Divinas. O Espírito da Verdade presta inestimável serviço à Humanidade, ainda tão afastada do CRISTIANISMO DO CRISTO! Pode o CEU da LBV analisar a “pesca milagrosa” à luz do magnetismo e da Lei dos Fluídos?

R – Sim, porque isto é imprescindível ao conhecimento da Verdade. O magnetismo é o agente universal que tudo aciona. Temos de insistir: TUDO ESTÁ SUBMETIDO A INFLUÊNCIA MAGNÉTICA. A atração existe em todos os reinos da Natureza. Tudo no Universo é atração magnética. Essa é a grande Lei que rege todas as coisas. Tudo na Natureza é magnetismo, tudo é atração resultante desse agente universal. Os fluídos magnéticos entrelaçam os mundos que povoam o Universo, ligando os Espíritos, encarnados ou não. É o laço universal com que Deus nos une a todos, para formarmos UM ÚNICO SER E SUBIRMOS ATÉ ELE, MAIS FACILMENTE, PELA CONJUGAÇÃO DAS NOSSAS FORÇAS. Na ordem material, os fluídos se reúnem sob a ação da vontade do Espírito e , na ordem espiritual, constituem – por efeito dessa mesma vontade – o veículo do pensamento através do Infinito. QUANDO O HOMEM SE TORNAR CAPAZ DE COMPREENDER TODA A EXTENSÃO DA TRAÇÃO MAGNÉTICA, O MUNDO LHE ESTARÁ SUBMETIDO, PORQUE ENTÃO ELE TERÁ O PODER DE DIRIGIR A AÇÃO DA GRANDE LEI. Mas, para chegar lá, lhe será necessário longo e aprofundado estudo das causas e , sobretudo, muito respeito e amor àquele que lhe confiou tão poderoso meio de agir. Será preciso unir o trabalho da inteligência à prática perseverante. O estudo e a prática, feitos com humildade de coração, desinteressadamente, levarão o homem a compreender a força e utilidade desta alavanca formidável – a atração magnética. O homem, por meio do magnetismo humano, que é a concentração dos fluídos existentes nele e na atmosfera que o envolve dentro de determinado limite, operada por efeito da sua vontade, atua sobre outro homem ou sobre as coisas, até a uma certa distância. Por meio do magnetismo espiritual, resultado da concentração da vontade do Espírito, este reúne em torno de si os fluídos de qualquer espécie, existentes no homem ou no espaço, e os dispõe de modo a atuarem, conforme à sua vontade, sobre o homem ou sobre as coisas, produzindo os efeitos que deseje. O poder da vontade do homem e os efeitos magnéticos que lhe seja dado obter estão em relação com o grau de pureza, de elevação moral e intelectual que ele tenha atingido, na medida do conhecimento que adquiriu das causas, o que lhe permite remontar à origem das coisas, compreender a força e a utilidade da atração magnética. Ora a pesca chamada “milagrosa” resultou de uma ação toda natural; foi obra exclusiva da vontade de Jesus, que possuía o perfeito conhecimento daquele agente universal, daquela grande Lei a que tudo está sujeito, da natureza dos fluídos, das causas, de tudo o que lhe facultava poder remontar à origem das coisas, compreender e empregar a mesma alavanca poderosa. A CARNE NÃO LHE OBSCURECIA A VISTA, como acontece convosco. Seu olhar penetrava o seio das águas. Espírito sempre Espírito, num corpo que lhe deixava intacta e completa a visão espiritual, ele percebeu, a massa líquida, os fluídos que envolviam certas espécies de peixes: sua potente vontade, produzindo uma ação magnética, atraía ao lugar em que se achava a barca os mesmos fluídos; E OS PEIXES DAQUELAS ESPÉCIES, ARRASTADOS PELA CORRENTE DAQUELES

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FLUÍDOS, FORAM LANÇAR-SE NAS REDES DOS PESCADORES. Infelizmente, os homens ainda não podem compreender as causas, os meios e as leis a que recorreu Jesus para, pelo poder de sua vontade, produzir o efeito visível de atrair os fluídos e com eles determinar a corrente impetuosa que arrastou os peixes às redes. Atualmente lhes é impossível entender tais causas, tais meios e tais leis. Não esqueçais que Jesus era ESPÍRITO PURO ENTRE OS MAIS PUROS do Universo. O Grande Pescador (Pedro) exprimiu a angústia dos homens, ao exclamar: “Senhor, afasta-te de mim, PORQUE SOU UM PESCADOR!” Mas exatamente como Simão, todos os homens poderão seguir o Mestre depois de alcançarem uma relativa pureza. O Cristianismo (do Cristo, não das Igrejas) representa hoje a rede lançada por Simão Pedro, nesta moderna pesca espiritual: atraídos pelos fluídos que os Espíritos do Senhor espalham sobre toda a Humanidade, os homens virão – de comum acordo – para esta rede imensa que é UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR! Tal a sagrada missão do Novo Mandamento do Cristo de Deus.

P – Espíritos elevados poderiam como Jesus, por meio do magnetismo espiritual, obter uma pesca semelhante à chamada “milagrosa”?

R – Sim, com a permissão de Deus, mediante (se preciso fosse) a assistência e o concurso de Espíritos SUFICIENTEMENTE ELEVADOS. Nós nada fazemos sem motivo e sem um fim realmente útil. O que foi feito se pode fazer ainda, e se faz muitas vezes, sem que o saibam os homens. Nossa influência intervém OCULTAMENTE, em muitos fatos que eles atribuem a uma “circunstância feliz”.

P – Por meio do magnetismo humano, poderia hoje o homem, com os conhecimentos teóricos e práticos que já possui, E AJUDADO POR ESPÍRITOS SUFICIENTEMENTE ELEVADOS, obter uma pesca semelhante àquela que é chamada “milagrosa”?

R – Não. Tal como ainda hoje é, o homem não poderia fazer. Cumpre-lhe atingir um grau de pureza que está longe de possuir. DEUS NÃO CONCEDE SEUS PODERES SENÃO AQUELES QUE REALMENTE SÃO DIGNOS DA PROTEÇÃO DIVINA.

OS MILAGRES DE JESUS

P – Todos compreendem, agora, que é no campo da religião que podem achar as soluções para os problemas que afligem os povos. O trabalho do Centro Espiritual Universalista coloca o Brasil na vanguarda do mundo. Como o Espírito da Verdade explica os “milagres” de Jesus?

R – Vamos reunir as passagens necessárias dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, IV: 23-25; Marcos, I: 21-28, e III: 7-12; Lucas, IV: 31-37.

MATEUS: 23 – E Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino de Deus, curando todos os males e enfermidades do povo. 24 – Sua fama se espalhou por toda a Síria; à sua presença foram trazidos os que se achavam doente e atormentados por dores e males diversos: possessos, lunáticos, paralíticos; e ele os curou. 25 – Acompanhava-o grande multidão de gente da Galiléia, de Decápole, de Jerusalém, da Judéia e do além-Jordão.

MARCOS: I: 21 – Vieram, em seguida, a Cafarnaum onde, entrando na sinagoga aos sábados, Jesus os instruía. 22 – Todos se admiravam da sua doutrina, pois ele ensinava com autoridade, não como os escribas ou doutores da Lei. 23 – Ora, sucedeu achar-se na sinagoga um homem possuído de um espírito impuro, que exclamou: 24 – “Que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus!” 25 – Jesus, em tom de ameaça, disse-lhe: “cala-te, e sai desse homem!” 26 – Logo o espírito impuro, agitando-o em convulsões violentas e soltando um grito estridente, saiu do homem. 27 – Tão grande assombro se apoderou de todos, que uns aos outros perguntavam: “Que é isso? Que nova doutrina é esta? Ele manda com império, mesmo aos espíritos imundos, e estes lhe obedecem!” 28 – Sua fama se espalhou assim, rapidamente, por toda a Galiléia. III: 7 – Jesus se retirou com seus discípulos para os lados do mar acompanhado por grande multidão de gente da Galiléia e da Judéia, 8 – de Jerusalém, da Induméia e de além-Jordão,

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tendo vindo juntar-se a eles, proveniente de Tiro e Sidon, entre grande multidão, que ouvia falar das coisas que ele fazia. 9 – Disse Jesus, então, aos discípulos que lhe arranjassem uma barca, onde pudessem ficar, para não ser oprimido pela turba. 10 – É que, como curara a muitos, todos os que sofriam de um mal qualquer se precipitavam sobre ele, para toca-lo. 11 – E os espíritos impuros, quando o viam, se prosternavam, dizendo: 12 – “És o Filho de Deus!” Ele, porém, com grandes ameaças, lhes proibia que o descobrissem.

LUCAS: 31 – Ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí os instruía no sábado. 32 – E todos se espantavam da sua doutrina, porque falava com autoridade. 33 – Ora, estava na sinagoga um homem dominado por um espírito impuro, que exclamou em alta voz: 34 – “Deixa-nos, Jesus de Nazaré! Que tens tu conosco? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus!” 35 – Mas Jesus, ameaçando-os, disse-lhes: “Cala-te e sai desse homem!” E o demônio atirando o homem ao chão, no meio da sinagoga saiu dele, sem lhe ter feito mal algum. 36 – O terror de todos se apossou, e uns aos outros diziam: “Que é isso? Ele ordena com autoridade e poder aos espíritos impuros, e estes saem logo?” 37 – E a fama de Jesus se espalhou por todos os cantos do país.

Que ensinos, além dos que decorrem naturalmente dos Evangelhos, vos podemos dar, sobre a aparente vida humana de Jesus e dos atos da sua missão terrena? Não o vedes, sem cessar, praticando a caridade por todas as formas, atraindo a si, NÃO OS GRANDES E PODEROSOS, MAS OS DESGRAÇADOS E OS HUMILDES, pregando o arrependimento e multiplicando as curas dos enfermos do corpo e da alma? Homens, meditai com o coração nesses ensinamentos, e não teremos necessidade de os comentar. Acompanhai o Cristo com amor, e em vós se desenvolverá a inteligência do amor. Para operar as curas materiais, ele usava do poder magnético, que a sua pureza perfeita lhe conferia e do qual ainda não podeis fazer ima idéia precisa. Todavia pelo o que já tem obtido (e obtém) sobre os doentes, em certos casos, o magnetizador, com o auxílio do magnetismo humano, pelo que consegue o médium curador, consciente ou inconscientemente, mediante ação magnética, sob a assistência, a intervenção, o concurso dos Espíritos Superiores, podeis entrever qual era o PODER MAGNÉTICO DE JESUS, quando a sua vontade atuava sobre os fluidos regeneradores que ele dominava tão bem, por lhes conhecer a natureza, as combinações, os efeitos e as propriedades atuantes. Não tendes por que vos admirardes das curas materiais que o Cristo realizou, durante a sua missão terrena, uma vez que nenhum pormenor escapava à sua visão espiritual: a vossa organização, a formação a priori dos vossos corpos, as condições de vida, as funções vitais dos mesmos corpos, as vossas doenças e enfermidades, suas sedes e causas, a visão espiritual do Mestre não tinha a obscurece-la a carne, que vos constringe os Espíritos. Debaixo do invólucro perispirítico, de que se revestia para tornar-se visível e tangível aos homens, Jesus SEMPRE ESPÍRITO, apenas figuradamente encarnado, conservava toda a independência, toda a liberdade e, em toda a sua extensão incomensurável, O PODER DE AGIR NO ESPAÇO. Todos os que estavam com algum mal, diz o Evangelista, se precipitavam PARA TOCÁ-LO, porque “dele saia uma virtude que a todos curava” (Lucas, VI: 18). O Salvador espalhava em torno de si o princípio magnético-vivificante que possuía, aumentado pela força e pelo poder da sua vontade. COMO ESPÍRITO, SE BEM QUE FIGURADAMENTE ENCARNADO, ELE TINHA A PRESCIÊNCIA E, ANTECIPADAMENTE, VIA OS QUE IRIAM PROCURÁ-LO, NECESSITADOS DO SEU PODER CURADOR. Sua vontade, então, agia para mais fortemente impressionar a homens que ficariam impassíveis, e mesmo incrédulos, diante de curas apenas morais ou espirituais, e que bradavam hosanas AO MENOR ALÍVIO DE UMA DOR FÍSICA. Para operar as curas morais e espirituais, bastava-lhe mostrar-se aos espíritos maus. E lhes mostrava, não o invólucro que o cobria, MAS O SEU PRÓPRIO ESPÍRITO. Só a sua vontade potente bastava para afastar os obsessores. Então, como hoje, estavam e estão submetidos à sua influência moral todos os mais elevados Espíritos que, sob o seu comando, trabalhavam e trabalham pelo progresso da Terra e da sua Humanidade. Ele tinha, então, como tem agora, SOBRE TODOS OS ESPÍRITOS SUPERIORES, COMO SOBRE TODOS OS MAUS, IMPUROS E IMUNDOS, UM PODER IMEDIATO, que os forçava a pronta obediência à sua vontade, no mesmo instante em que esta se manifestava. E esse PODER IMEDIATO – graças sejam dadas ao Pai Eterno! – existe e existirá sempre, para vossa felicidade!

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SATANÁS E SUAS PRÊSAS

P – As explicações do Espírito da Verdade sobre o espírito do mal – satanás, demônio ou diabo – são de uma oportunidade singular: o mundo inteiro parece estar dominado por ele. Poderia falar-nos sobre as vítimas do “adversário”?

R – Satanás, demônio, diabo, e tantas outras designações do inimigo, significam OS ESPÍRITOS MAUS, IMPUROSO OU IMUNDOS, que atacam os homens e as mulheres que lhes dão brecha. Por possessos, ou possessos do demônio, devem-se entender os encarnados subjugados, quer corporalmente, quer corporal e espiritualmente, por espíritos maus. A possessão de que falam os Evangelistas, nos casos que relatam, não era mais do que subjugação (e os lunáticos eram encarnados sujeitos a obsessões ou subjugações momentâneas, que se repetiam com certa regularidade). Jesus se servia, sempre, das expressões em uso, de acordo com os preconceitos e as tradições, a fim de ser compreendido e, mais ainda, escutado. A subjugação consiste na ação dominadora que o espírito mau exerce, sujeitando-o momentaneamente à sua vontade, sobre outro espírito que, mais fraco, SE DEIXA DOMINAR. Para produzir os efeitos corporais ou físicos, atua fluidicamente sobre o encarnado, combinando com os deste os fluídos do seu perispírito, utilizando-se de todos os elementos de mediunidade, tanto sensitiva ou impressionável, quanto de efeitos físicos, que lhe ofereça a organização da sua vítima. Faz-lhe sentir a sua presença e a atormenta, provocando-lhe convulsões. Em suma: por meio da ação fluídica exercida segundo a sua vontade dominante, dispõe do seu corpo a seu bel-prazer. Para produzir efeitos corporais e espirituais, ou morais, o obsessor procede, também, como acabamos de explicar. Serve-se dos elementos de mediunidade, audiente, falante, vidente, psicográfica e outras, que possa encontrar na sua vítima, atuando sobre os seus órgãos materiais aptos à manifestação que deseje obter. Faz que lhe ouça a voz, que fale, que escreva, que tenha visões, etc. Resumindo: atormenta corporal e espiritualmente o subjugado, por todos os meios que a organização deste lhe ponha à disposição. E AINDA O INDUZ A TOMAR RESOLUÇÕES ABSURDAS OU COMPROMETEDORAS, MESMO AOS ATOS MAIS RIDÍCULOS; OU, ENTÃO, PELA AÇÃO FLUÍDICA QUE EXERÇA SOBRE O CÉREBRO DA VÍTIMA CHEGA ATÉ A PRODUZIR NELA – MOMENTÂNEAMENTE – A ABERRAÇÃO DAS FACULDADES, O QUE (PARA OS IGNORANTES) É UMA LOUCURA COMUM COM INTERVALOS DE LUCIDEZ. Desse modo se produziram todos os efeitos, tanto corporais ou físicos, quanto morais ou espirituais, nos casos que os Evangelhos relatam de subjugação de encarnados, que eles designam por possessos ou possessos do demônio. Além da obsessão e da subjugação, quer corporal apenas, quer corporal e espiritual ou moral, há os casos a que podeis chamar possessão, em que o espírito do obsessor se substitui ao do encarnado no seu corpo, a fim de servir-se deste COMO SE LHE PERTENCESSE. Tais casos, felizmente, são raros. Opera-se a substituição da forma seguinte: pela ação da vontade dominadora do mau espírito, o Espírito encarnado (ou reencarnado) é, por assim dizer. EXPULSO DO SEU CORPO, ao qual se conserva ligado apenas por um cordão fluídico, com o auxílio do perispírito. Combinando os fluídos do seu perispírito com os fluídos do perispírito do encarnado, o espírito mau se introduz no corpo pertencente a este e lhe imprime a ação que é o produto daquela combinação fluídica. O PERISPÍRITO DO ENCARNADO (OU REENCARNADO) FICA SENDO O INSTRUMENTO E O AUXILIAR INDISPENSÁVEL AO OUTRO, PARA QUE, POR ATO DA SUA VONTADE DOMINADORA, POSSA SERVIR-SE DO CORPO DE QUE APODEROU, COMO SE FOSSE COISA SUA! Enquanto dura a substituição momentânea, o espírito do encarnado, fora do corpo que lhe pertence e ligado a ele somente pelo cordão fluídico, vê tudo o que este faz, sem poder impedi-lo, por se achar dominado e submetido à vontade do outro. Tal substituição tanto se pode dar em estado de vigília como no estado de sonambulismo do encarnado. No primeiro caso, a ciência do vosso planeta diz que se trata de “um desarranjo do cérebro”. Felizmente, repetimos, tais substituições são raras. Há, ainda, um caso excepcional de substituição que, sempre com um fim útil e com a permissão dos Anjos da Guarda, se produz voluntariamente. E aquele em que, no estado de sonambulismo magnético, o espírito encarnado, cedendo à súplica de outro que se quer manifestar, consente em deixar o seu corpo: empresta àquele, por assim dizer, o instrumento necessário à manifestação. Ainda aqui, o processo de substituição é o mesmo. Ela se opera exatamente como quando é obra da violência de um espírito de que aqui há consentimento, há acordo de verdades para que o fato se produza. As obsessões e subjugações são provocadas, sob a influência atrativa dos fluídos similares, pelas disposições do encarnado, pela natureza de suas más

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tendências, de seus pendores e sentimentos maus. São também, não raro, uma provação e, muitas vezes, uma expiação de fatos de existência anterior. Se constituem um mal para o encarnado, são um mal permitido, PORQUE LHE SERÁ PROVEITOSO: tudo (inclusive a punição ou castigo) tem sempre por fim o vosso progresso ou aperfeiçoamento moral-espiritual. Nada ocorre sem ser pela vontade de Deus e, SOBRE AQUILO QUE OCORRE SEGUNDO A VONTADE DIVINA, OS ESPÍRITOS SUPERIORES E OS BONS ESPÍRITOS EXERCEM VIGILÂNCIA, PARA QUE AQUELE RESULTADO NÃO DEIXE DE SE PRODUZIR. Os obsidiados e subjugados, entre vós, aparecem todos os dias, e os ignorantes da Verdade os consideram atacados de enfermidades físicas, de loucura ordinária, E TETAM INUTILMENTE CURÁ-LOS PELOS MEIOS HUMANOS, EM VEZ DE RECORREREM A DEUS (PELA PRECE) E AO EXEMPLO MORAL!

CURA DAS OBSESSÕES

P – É impressionante a realidade espiritual da vida, tal como está sendo apresentada pelo Espírito da Verdade! O que os ignorantes da Lei de Deus consideram “irreal” é, precisamente, o lado real e permanente da nossa existência! Que nos diz o Espírito da Verdade sobre a cura das obsessões?

R – Recorrei à prece e ao exemplo moral, vós que ainda não possuis a pureza perfeita de que promana o PODER IMEDIATO, que só os Espíritos Puros têm, do afastar ou expulsar os impuros, no mesmo instante em que manifesta a vontade de faze-lo. Evangelizando e apocaliptizando as criaturas, trabalhai por esclarece-las e melhora-las, dispondo-as a atrair os Bons Espíritos, seus fluídos e seu socorro para o afastamento dos obsessores. Quando necessário, lançai mão, também, da evocação praticada com muito critério, recolhimento e fervor, cheios de caridade para com esses irmãos transviados, afim de os trazerdes ao bom caminho pela prece, a que sai do coração e não somente dos lábios; pelas exortações, feitas e repetidas com benevolência; e, ao mesmo tempo, com a doçura, a bondade e a firmeza que, apoiadas na oração, acabam sempre por convencer os mais rebeldes e endurecidos. Procurai, sempre, o apoio dos Espíritos Superiores e dos Bons Espíritos que vos cercam, nesse trabalho de redenção. Tende confiança, porque eles atendem sempre ao chamado de um coração puro e de uma consciência reta, quando lhes solicitam o concurso para a realização de uma obra de amor e caridade. HÁ, AINDA, E HAVERÁ ATÉ AO FIM DO CICLO, MUITOS DEMÔNIOS ENTRE VÓS; O ESPIRITISMO, QUE É A CIÊNCIA DO CRISTIANISMO RESTAURADO, VEIO DISSIPAR TODAS AS OBSCURIDADES, ILUMINAR TODAS AS TREVAS, ENSINAR-VOS A DISCERNIR ENTRE “LOUCOS” E “OBSIDIADOS”. Sim, repetimos, ele vos possibilita distinguir os que só na aparência sofrem de loucura, os obsidiados, os subjugados, e os possessos (aos quais unicamente o tratamento moral ou espiritual se deve aplicar) dos que realmente são loucos, passíveis, portanto, de cura material pelos processos humanos. Em caso de dúvida (se vos movem exclusivamente os sentimentos de humanidade, o desinteresse, o amor e a caridade), tendes ao vosso alcance, na mediunidade psicográfica e, ainda mais na mediunidade sonambúlica ou vidente, QUE REVELA A PRESENÇA E A AÇÃO DO OBSESSOR, o meio de vos esclarecerdes, para estabelecer a distinção. Aquele homem que estava na sinagoga “possuído de um espírito impuro”, estava subjugado, corporal e espiritualmente, pelo maligno. Observai bem o que agora voz dizemos: constrangido por aquela subjugação, SUBMETIDO INTEIRAMENTE A VONTADE DO OBSESSOR, que o dominava pela ação fluídica, foi que, AGINDO O MESMO OBSESSOR SOBRE OS SEUS ÓRGÃOS VOCAIS, ele, transformado assim em médium falante, pronunciou estas palavras: “Deixai-nos, Jesus de Nazaré! Que tens tu conosco? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus!” Foi, ainda, por efeito da ação fluídica do perispírito do obsidiado e da ação da vontade do primeiro sobre a vontade do segundo, que o homem se agitou em violentas convulsões e se atirou ao chão, soltando um grito estridente, quando Jesus intimou o demônio a cessar toda a subjugação, exprimindo-se nestes termos: “Cala-te e sai desse homem!” (termos apropriados as inteligências, aos preconceitos e às crenças da época). Formulando a interrogação “VIESTE PARA NOS PERDER?”, o obsessor aludia ao conhecimento que Jesus, se o quisesse, podia dar aos homens, das causas e dos efeitos da subjugação, pondo-os em condições de se libertarem dela. Mas não era chegado o momento de se desvendarem os segredos de além-túmulo aos

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homens que, como na época de Moisés, eram (e ainda por muito tempo seriam) incapazes de receber o conhecimento, que a Terceira Revelação lhes viria dar, das relações do mundo visível com o mundo invisível. Por isso é que Jesus retrucou ao obsessor, dizendo: “Cala-te e sai desse homem!” Dizem os Evangelhos: “Quando viam Jesus, os demônios se prosternavam, exclamando: - És o Filho de Deus!” Os que assim procediam eram pessoas que, na multidão que se comprimia à passagem do Cristo, estavam subjugadas, moral e corporalmente, pelos maus espíritos. Essas pessoas, dominadas pelos obsessores que, a seu turno, eram subjugados por Jesus, é que se prosternavam e, tornando-se médiuns falantes, proferiam aquelas palavras de verdade, destinadas a atravessar os séculos e a levar luz às inteligências. Compelidos pelos Espíritos Superiores, que cercavam o Mestre, os demônios obrigavam os subjugados a se prosternarem diante de Jesus e dizerem “ÉS O SANTO DE DEUS! ÉS O FILHO DE DEUS!”, porquanto assim eles provavam aos homens a identidade do Cristo. Aos olhos desses espíritos maus, Jesus não era um homem e sim um Espírito, ESPÍRITO MAIS PURO QUE TODOS OS OUTROS. Por isso mesmo é que o Mestre lhes proibia “que o descobrissem”: ainda não soara, para os homens, a hora de saberem que ele não pertencia à humanidade terrena. Estas expressões – O SENHOR, O SANTO DE DEUS, O FILHO DE DEUS – são designações respeitosas, indicativas da superioridade de Jesus com relação a todos os Espíritos, quaisquer que sejam, com relação mesmo aos mais elevados, que trabalham sob a sua direção pelo progresso da Terra e da sua Humanidade. A essas expressões a nova Revelação, veio dar a significação exata e precisa, desvendando a origem espiritual de Jesus. Cumpria-lhe abalar fortemente as massas, impressionando os sentidos grosseiros dos homens POR MEIO DE FATOS MATERIAIS QUE REVELASSEM O SEU PODER SOBRE A NATUREZA, SOBRE O “INFERNO” E SOBRE OS DEMÔNIOS. Daí virem estes prostrar-se a seus pés, proclamando-o “Filho de Deus”. Ignorantes, incapazes de compreender a causa e os efeitos desses fatos, OS HOMENS OS TOMAVAM POR “MILAGRES”. Mas assim era preciso naqueles tempos de ignorância, para que a Missão Messiânica fosse aceita, para lhe assegurar o bom êxito e fazê-la frutificar no futuro. Eis por que perguntamos: - Não nos vemos nós, ainda hoje, obrigados a medir o nosso ensino pelo grau de inteligência e desenvolvimento, moral e intelectual, daqueles a quem falamos?

JESUS E OS APÓSTOLOS

P – Todos os políticos deviam estudar a Doutrina do Novo Mandamento de Jesus, antes de se iniciarem na vida pública! De fato, POLÍTICA É A RELIGIÃO CIENTIFICAMENTE PRATICADA. Agora, perguntamos ao Espírito da Verdade: - Como puderam os Apóstolos fazer o que fizera o Mestre?

R – O que Jesus fizera, durante a sua missão terrena, os Apóstolos tiveram de fazer depois, sancionando-a perfeitamente. A encarnação nenhum obstáculo opôs a isso, pela simples razão de que – COM O INCESSANTE APOIO DOS ESPÍRITOS PUROS, DOS ESPÍRITOS SUPERIORES, QUE OS CERCAVAM, E DA VONTADE DAQUELE QUE LHES SERVIU DE MODELO – eles agiam como se estivessem no estado de Espíritos livres. Mediante a assistência, a intervenção e o concurso ocultos desses Espíritos e dessa vontade, operavam curas materiais e espirituais, como o fizera Jesus, e pelos mesmos meios. Assim, curavam as enfermidades pelo poder magnético, que lhes era transmitido; expulsavam os obsessores e subjugadores dos homens pelo PODER IMEDIATO, que lhes era dado sobre todos os Espíritos, errantes e encarnados; e “ressuscitavam” os “mortos”, isto é, faziam voltar a vida aos corpos inanimados, FAZENDO VOLTAR A HABITÁ-LOS OS ESPÍRITOS QUE, POR OS TEREM ABANDONADO, CONSERVANDO-SE APENAS LIGADOS A ELES PELO CORDÃO FLUÍDICO, LHES HAVIAM IMPRIMIDO TODAS AS APARÊNCIAS DOS CORPOS MORTOS. Desde os tempos de Jesus e dos Apóstolos até aos vossos dias, os casos de curas materiais e espirituais se têm sucedido com freqüência cada vez maior, ora de modo apreciável para os homens, que então acreditam no “milagre”, ora ocultamente, sem que os homens compreendam sua origem, por não terem deles consciência. Toda época apresenta mudanças acordes com o espírito dos que nela vivem. Atento o ponto a que chegou a Física, “milagres” materiais poderiam produzir-se, e os incrédulos continuariam a duvidar, atribuindo-os à prestidigitação e ao “compadrio”. Os homens cuja inteligência alcançou certo desenvolvimento, dentro

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da Lei da Evolução, precisam de “milagres morais”, isto é, curas da Alma e não do corpo. Ao que mais sofre cumpre se dêem os maiores cuidados. E, em vós, quem mais sofre não é a Alma? Quem mais necessita de cura do que a parte mais doente e, contudo, a mais preciosa do vosso ser? Hoje, graças à Terceira Revelação, que vos fez conhecer as relações do mundo visível com o mundo invisível e os segredos de além-túmulo, as curas que Jesus e depois os Apóstolos produziram, tanto na ordem física quanto na ordem moral ou espiritual, (fatos que passaram por “milagres” naqueles tempos de ignorância) hoje, para vós, os mesmos fatos são apenas a conseqüência da depuração do Espírito encarnado, do seu adiantamento espiritual e da proteção que lhe dispensam os Espíritos Puros, os Espíritos Superiores e a vontade do Mestre; a conseqüência do poder da vontade por efeito do poder magnético, poderes estes que lhe são transmitidos ocultamente, ou mediunicamente, para a realização da cura material das enfermidades humanas; a conseqüência, ainda, do PODER IMEDIATO, que também de modo oculto lhe é dado para, instantaneamente, expulsar os demônios e restituir a vida aos corpos “mortos”! QUANDO CHEGAR A HORA, TODOS VÓS PODEREIS, COMO O FIZERAM OS APÓSTOLOS, CURAR AS DOENÇAS, EXPULSAR OS MAUS ESPÍRITOS E DEVOLVER A VIDA AOS ORGANISMOS INANIMADOS! Na realidade, todos esses fatos foram qualificados de milagres quando não se compreendia a sua origem, não são mais que a conseqüência lógica da purificação dos Espíritos, UMA PROVA DE QUE AQUELES QUE OS REALIZAM SÃO MAIS ELEVADOS DO QUE OS OUTROS, OU MAIS PROTEGIDOS POR TEREM MAIOR MERECIMENTO. Nesta época, “milagres” de curas materiais e espirituais ou morais, amiúde se operam entre os homens e PASSAM DESPERCEBIDOS, pela única razão de que, se vós sempre vos interais deles, os que não os compreendem ENCARAM OS FATOS DESSA ORDEM COM INDIFERENÇA OU INCREDULIDADE, MESMO QUANDO LHES TRAZEM BENEFÍCIOS: No tempo da missão terrena de Jesus, tais fatos = publicados e multiplicados – feriram mais fortemente os sentidos grosseiros dos homens. Aos fariseus de hoje, que negam, repelem e rejeitam COMO “OBRA DEMOVÍACA” as Revelações que os Espíritos do Senhor, por sua ordem e em nome do Cristo, trazem à Humanidade (COMO OS FARISEUS DE OUTRORA NEGARAM, REPELIRAM E REJEITARAM A REVELAÇÃO QUE JESUS LHES TRAZIA PESSOALMENTE, ACUSANDO-O DE EXPULSAR OS DEMÔNIOS E AINDA LHE EXIGINDO MILAGRES), respondei simplesmente mostrando os ateus que batem nos peitos, ajoelhados diante do seu Deus ofendido, implorando em altos brados a herança cuja existência, até então, haviam negado! Deixai-os falar e condenar. Novos milagres vêm a seu tempo, MILAGRES MORAIS que refundirão a Humanidade inteira e, do cadinho onde agora o deitamos, farão sair purificado o ouro eterno, sob as bênçãos de Deus!

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O SERMÃO DA MONTANHA

P – Infelizmente, os ignorantes do Evangelho e do Apocalipse de Jesus dão valor somente ao que não tem nenhum valor. O que realmente tem valor, para todo o sempre, fica relegado ao desprezo total! Como o Espírito da Verdade interpreta o Sermão da Montanha?

R – Vamos reunir estas passagens: Mateus, V: 1-12; Lucas, VI: 20-26 do Evangelho de Jesus.

MATEUS: 1 – Jesus, vendo a multidão, subiu ao monte. Sentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. 2 – E ensinava, dizendo: 3 – “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus; 4 – Bem-aventurados os pacientes, porque eles possuirão a Terra; 5 – Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 6 – Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles alcançarão misericórdia; 8 – Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão Deus, frente a frente; 9 – Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 – Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da verdade, porque deles é o Reino de Deus; 11 – Bem-aventurados sois vós quando vos perseguem, quando vos injuriam e, mentido, fazem todo mal contra vós por minha causa! 12 – Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim também perseguiram os profetas, que vieram antes de vós”.

LUCAS: 20 – Jesus, dirigindo o olhar para os seus discípulos, dizia: “Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus. 21 – Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados; bem-aventurados vós que agora chorais, porque haveis de rir. 22 – Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos separarem, quando vos carregarem de injúrias, quando rejeitarem como o mau o vosso nome por causa do Cristo. 23 – Alegrai-vos nesse dia e exultai, porque é grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os pais deles tratavam os profetas. 24 - Mas ai de vós, ó ricos, pois tendes a vossa consolação no mundo! 25 – Ai de vós, que estais saciados, pois vireis a ter fome! Ai de vós, que rides agora, pois tereis de gemer e chorar! 26 – Ai de vós, quando vos elogiarem, porque assim os pais deles faziam aos falsos profetas!” .

A humildade – a doçura que tem por companheiras a afabilidade e a benevolência; a resignação nos sofrimentos morais, físicos e espirituais, que são sempre uma expiação justa, porque derivam OU DE FALTAS E IMPRUDÊNCIAS COM QUE O HOMEM AGRAVA SUAS PROVAÇÕES TERRENAS, OU DE EXISTÊNCIAS ANTERIORES, TODAS SOLIDÁRIAS ENTRE SI, DE MODO QUE CADA UM TRAZ CONSIGO A PENA SECRETA DA SUA PRECEDENTE ENCARNAÇÃO; o amor ardente, sério, perseverante, do dever, por toda parte e sempre; a tolerância sempre, também por toda parte; a indulgência para com os fracos e as faltas de outrem; a simpatia viva e delicada pelos sofrimentos e angústias, morais e físicos, de seus irmãos; o perdão, do íntimo da alma, para as ofensas e injúrias; o esquecimento, mas de tal maneira que o passado fique morto, tanto no coração quanto no pensamento; a caridade e o amor; a pureza de coração, que exclui não só todas as palavras e ações más como, ainda, todos os maus pensamentos, e só existe quando há abstenção de TUDO QUE É MAL, de par com a prática ativa e abnegada DE TUDO QUE É BEM, tanto na ordem física quanto na ordem moral e intelectual; a moderação, a brandura, a paciência, a obediência, a firmeza e a perseverança na fé, na prática da justiça – qualquer que sejam as injúrias, as perseguições morais e físicas que venham dos homens; o desinteresse e a renúncia às coisas materiais como determinante do orgulho e do egoísmo, dos apetites animais, das paixões e vícios que degradam a Humanidade; a aspiração da felicidade celeste, o reconhecimento ao Criador, que reserva grande recompensa aos que cumprirem esses deveres e praticarem essas virtudes – eis o que encerram essas palavras de Jesus, no Sermão do Monte. Meditai-as, portanto, e ponde-as em prática. Não vos fieis na felicidade terrena; não descanseis nas “riquezas” do mundo; não vos firmeis na vossa inteligência: CONFIAI UNICAMENTE EM DEUS, DE QUEM RECEBEIS TODAS COISAS. Aquele que possui riquezas (todas transitórias) use-as sempre em benefício dos pobres, e viva humildemente; aquele que tem inteligência faça como a criancinha que espera ser guiada por seus pais, e ao mesmo tempo a partilhe com todos os seus irmãos, dando-lhes conselhos salutares, SOBRETUTO PELO EXEMPLO; aquele que está saciado pense nos que têm fome, divida com eles o pão material, que sustenta o corpo, e o pão espiritual, que alimenta a alma; aquele

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que se acha alegre proceda como se estivesse triste, para associar à sua alegria o irmão que chora, dando-lhe consolação e tomando parte em suas dores. Nisto se resumem as palavras do Mestre: prática do trabalho, do amor e da caridade, tanto na ordem física, ou material, quanto na ordem moral e intelectual.

OS POBRES DE ESPÍRITO

P – A expressão “pobres de espírito” tem servido de motivo à galhofa dos ignorantes da Palavra de Deus. Através do CEU, da LBV, gostaríamos de receber – a respeito – a orientação do Espírito da Verdade. É possível?

R – Sim. Os pobres de espírito são os que só confiam no Senhor, jamais em si mesmos. São os que, RECONHECENDO DEVER TUDO A DEUS, TAMBÉM RECONHECEM QUE NADA POSSUEM, MESMO QUANDO RICOS. Despidos de orgulho, são como os pobres despojados das propriedades mundanas. Podem caminhar livremente, pois não temem os ladrões nem “os golpes do destino”. Apresentam-se nus diante do Criador, isto é, sem se julgarem donos de coisa alguma, cônscios de que devem tudo à infinita bondade do Pai Celestial. A humanidade lhes aplaina o caminho a percorrer, afastando os obstáculos que o orgulho e o egoísmo fazem surgir de todos os lados. Por isso, diz o Cristo a todos os homens: “ – Ó bem-amados, tende o coração simples e o espírito humilde! A humildade, que é o princípio e a fonte de todas as virtudes e de todos os progressos, abre aos filhos de Deus o caminho que os leva à luz das moradas felizes, ao passo que o orgulho conduz às trevas e à expiação, ao exílio em mundos inferiores!” Observai a profundidade destas palavras do Mestre: “Bem-aventurados sois vós quando vos perseguem, quando vos injuriam, e, mentindo, fazem todo o mal contra vós por minha causa; bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos separarem, quando vos carregarem de injúrias, quando rejeitarem como mau o vosso nome por causa do Cristo!” Elas se aplicavam tanto ao presente (ao momento em que ele se dirigia aos discípulos) quanto aos tempos futuros. Eram e são dirigidas a todos os que pela sua fé em Deus, se tornaram alvo de quaisquer perseguições, físicas e morais ou espirituais; aos que, perseguidos pelo testemunho de suas crenças, sofrem pela sua fé e triunfam das provações, por mais rudes que sejam. Efetivamente, enquanto a Terra não se houver purificado, HAVERÁ HOMENS E MULHERES PERSEGUIDOS POR CAUSA DA VERDADE. OS QUE VENCEREM PODERÃO CONSIDERAR-SE BEM-AVENTURADOS, PORQUE – SOBRETUDO HOJE – A DESERÇÃO É REGRA. OS QUE PERSEVERAREM ATÉ AO FIM RECEBERÃO A RECOMPENSA DE DEUS. Armai-vos, portanto, de toda a vossa energia. Para o homem, a principal arma do inimigo – a mais poderosa – é o ridículo. É a que ele mais teme, esquecido de que JESUS TEVE DE ENFRENTAR O RIDÍCULO POR TODAS AS FORMAS; é, ainda hoje, a que tendes de rebater. Sim, dolorosas são as feridas que causa. Mantende-vos, portanto, em guarda e preparai de antemão o único bálsamo que as pode curar: A FÉ NA PRESENÇA E NO PODER DE DEUS. Vossa fé vos sustenta, em todas as provas da vida. Ela vos tornará surdos aos sarcasmos, e vos fará achar doçura nos pérfidos processos que intentarem contra vós. A fé constitui a vossa égide: abrigai-vos nela e caminhai sem medo. Contra esse escudo virão embotar-se todos os dardos que vos lancem a inveja e a calúnia. Sede sempre dignos e caridosos no vosso proceder, no vosso falar, no vosso ensino, dando o exemplo do que pregais, e tereis sempre a nossa proteção. Compreendei, igualmente, estas outras palavras do Redentor: “ – Mas ai de vós, ricos, que tendes a vossa consolação no mundo!” A maldição, assim lançada pelo Bom Pastor, aplica-se aos que – tudo sacrificando pela posse dos bens terrenos – se deleitam e confiam unicamente no que é material: rejeitam as Verdades Divinas, repelem seus Guias ou Protetores, fogem dos seus amigos e irmãos, e acabam nas garras dos maus espíritos, ou demônios, que deles se apossam. Jesus disse AI DELES!, porque terão de sofrer para resgatar as suas faltas, e O REMORSO LHES SERÁ TANTO MAIS CRUEL QUANTO MAIS VOLUNTÁRIO TENHA SIDO O SEU ENDURECIMENTO. “ Ai de vós, que rides agora, pois tereis de gemer e chorar!” São os que acham graça da Palavra de Deus, os que riem dos pregadores das Verdades Divinas: lamentarão, brevemente, por tê-las negado e ridicularizado. Portanto, marchai com Jesus. Tudo vem a seu tempo, na Lei do Retorno. Dia virá em que, arrependidos, os que agora riem PEDIRÃO A DEUS PARA VOLTAR AO MEIO DE VÓS, já agora como pregoeiros da Doutrina do Cristo: não rirão mais, nunca mais; começarão a chorar o

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tempo perdido nas trevas da ignorância espiritual! Não vos irriteis, portanto, com seus risos e deboches. Antes, compadecei-vos dos que zombam de vós: bem grandes serão as suas penas! “Ai de vós (disse, ainda, Jesus) quando os homens vos elogiarem, porque assim os pais deles faziam aos falsos profetas!” Quando estas palavras foram dirigidas aos discípulos, os falsos profetas tinham sido (eram e ainda são, neste momento) aqueles que, impelidos por maus instintos, por más paixões, oriundas do orgulho, do egoísmo, da cupidez, da intolerância religiosa, TRABALHAM POR INCUTIR SUAS IDÉIAS GENOCIDAS NAS ALMAS SIMPLES E CONFIANTES DOS SEUS “FIÉIS”. São aqueles que – conhecendo a Verdade – a ocultam do povo, a fim de o terem preso e submisso. São os que – cientes de toda a Verdade – recusam submeter-se a ela e preferem viver no erro. Ai deles! E ai de vós, quem quer que sejais, quando os que escutam a voz desses falsos profetas e os bendizem, seguindo suas pegadas, vos louvarem e falarem bem de vós, porque então sereis atraídos pelos seus elogios, e a vossa deserção já se deu (ou está para se dar), arrastando-vos para os caminhos da mentira, da hipocrisia e da perversão moral!

SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO

P – No Sermão do Monte, Jesus disse aos seus discípulos: “ Sois o sal da terra, aluz do mundo”. Disse, ainda, que “não há nada oculto que não seja revelado”. Poderia o Espírito da Verdade explicar ambas as passagens do Evangelho, pelo CEU da LBV?

R – Harmonizemos os Evangelhos Sinóticos, nestes pontos: Mateus, V 13-16; Marcos, IX: 49 e IV: 21-23; Lucas, XIV: 34-35; VIII: 16-17; XI: 33-36.

MATEUS: 13 – Vos sois o sal da terra. Se o sal perder a sua força, com que se salgará? Para nada mais servirá, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. 14 – Vós sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre o monte não pode ficar escondida. 15 – Ninguém acende uma lâmpada para coloca-la debaixo do alqueire, pois a coloca num candeeiro, a fim de iluminar a todos os que estão na casa. 16 – Assim, também, brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas obras e glorifiquem o Pai que está no céu.

MARCOS, IX: 49 – O sal é bom mas, se ele se tornar insípido, com que haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e conservai entre vós a vossa paz. IV: 21 – Porventura a lâmpada é posta debaixo do alqueire ou da cama, ou colocada no candeeiro? 22 – Nada há secreto que não venha a ser manifesto, nada oculto que não venha a ser revelado. 23 – Ouça quem tem ouvidos de ouvir.

LUCAS, XIV, 34 – O sal é bom, mas, se ele se deteriorar, como restaurar-lhe o sabor? 35 – Não servirá mais nem para a terra nem para a estrumeira: será lançado fora. Ouçam os que tenham ouvidos de ouvir. VIII: 16 – Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a cobre com um vaso ou a coloca debaixo do leito, mas sim no candeeiro, a fim de que vejam a luz todos aqueles que entrarem na casa. 17 – Porque nada há oculto que não venha a tornar-se manifesto, nada secreto que não venha a ser conhecido e tornar-se público. XI, 33 – Ninguém acende uma lâmpada e a coloca em lugar escondido ou debaixo de uma alqueire, mas sim no candeeiro, para que todos os que entrarem vejam a luz. 34 – Teu olho é a lâmpada do teu corpo; se teu olho é puro, todo teu corpo será luminoso; mas, se for impuro, todo o teu corpo será tenebroso. 35 – Toma cuidado, portanto: não seja treva a luz que está em ti. 36 – Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem que haja nele parte alguma trevosa, todo ele luzirá e te iluminará, como lâmpada brilhante.

Temos de vos explicar figuras que, entretanto, para vós não têm “mistérios”. O sal, aqui, representa os ensinos que o homem traz consigo e que deve espalhar em torno de si. Sua moralidade, seu amor ao Pai Celestial, sua submissão às Leis Divinas e, por conseguinte, a observância dos Mandamentos de Deus e do Cristo (não de homens nem de igreja qualquer), são o sabor do cristão. Se arrastado por maus instintos, o homem deixa de ter presente o fim que lhe cumpre atingir e os meios de conseguí-lo PERDE O SEU SABOR E É LANÇADO FORA. Quer dizer: O Espírito culpado, que faliu nas suas provas terrenas, é submetido – primeiro à expiação na erraticidade, mediante sofrimentos ou torturas morais apropriados e proporcionais às faltas ou crimes cometidos,

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depois a reencarnação, conforme ao grau de culpabilidade, quer no vosso mundo, quer em PLANETAS INFERIORES À TERRA, onde – por meio de novas provações – terá de reparar aquelas faltas para poder progredir. Será lançado fora; ouça o que tem ouvidos de ouvir. Na época em que, tendo de se completar a OBRA DA REGENERAÇÃO HUMANA, a Terra será habitada somente por Bons Espíritos, AQUELE QUE, ATÉ ENTÃO, HOUVER PERMANECIDO CULPADO E REBELDE, SERÁ AFASTADO E LANÇADO NOS MUNDOS INFERIORES, ONDE TERÁ DE EXPIAR – DURANTE SÉCULOS – SUA OBSTINAÇÃO NO MAL, SUA VOLUNTÁRIA CEGUEIRA! Passemos, agora, à figura do sal da terra, da luz do mundo e da lâmpada que ninguém coloca, depois de acesa, debaixo da cama ou do alqueire, para os que entram na casa vejam a luz e sejam alumiados: AS PALAVRAS DE JESUS, A ESSE RESPEITO, SE APLICAM A TODOS OS TEMPOS E A TODOS OS HOMENS QUE SE TORNAM APÓSTOLOS DAS REVELAÇÕES DO CRISTO, PARA PROPAGA-LAS PELA PALAVRA E PELO EXEMPLO. Cristãos do Novo Mandamento, sois hoje a luz do mundo e o sal da terra, como os Apóstolos o foram para a Revelação que Jesus trouxe pessoalmente! Recebestes a LUZ, não para vosso uso exclusivo: tendes de reparti-la com todos os vossos irmãos, sejam quais forem suas crenças religiosas! Esclarecei-os, portanto, levando-lhes a VERDADE DE DEUS, jamais dos homens, por mais iluminados que se julguem! Sede o facho portador da claridade nova, e dizei-lhes que todos são naturalmente CRISTÃOS e que, também, naturalmente CRISTÃS são as crenças que ainda abraçam, de acordo com o grau evolutivo em que se encontram! Quanto às outras palavras do Mestre, referiam-se ao futuro: “Nada há oculto que não venha a ser manifesto, nem secreto que não venha a ser conhecido e tornar-se público; ouçam os que têm ouvidos de ouvir! O Salvador apropriava aos homens da época os ensinos que lhes dava, e que eram sementes destinadas a frutificar no porvir. Seus discursos velados teriam de ser entendidos pelas gerações porvindouras. APENAS ALGUNS HOMENS ESTAVAM, ENTÃO, EM CONDIÇÕES DE LHES APREENDER O SENTIDO: aqueles que não os tomaram ao pé da letra, mas lhe procuraram o espírito, pois compreenderam não ter Jesus por missão opor uma barreira à inteligência humana, traçando-lhe determinados limites, e sim abrir o espaço e o futuro diante dos Espíritos progressistas. O Mestre falava por figuras e símbolos, porque a inteligência humana ainda não dispunha de força bastante para suportar o peso das revelações que se ocultavam sob o véu das parábolas: NADA DO QUE O HOMEM DEVA SABER PERMANECERÁ OCULTO; É QUE O HOMEM CHEGOU AO PONTO EM QUE SUA CIÊNCIA TERÁ DE CRESCER RAPIDAMENTE, NESTE FIM DE CICLO. Quanto a vós, estudai muito a Doutrina do Redentor, não como as crianças afoitas, que imprudentemente se aproximam do fogo e se queimam de modo cruel. Cuidado: orai e vigiai! Aquecei-vos no fogo que o Cristo vos prepara, mas TENDE A PRUDÊNCIA DE MOISÉS: não vos aproximeis demais da sarça ardente, para evitar o risco de serdes consumidos pelas chamas. Deus prepara GRANDES ACONTECIMENTOS PARA A VOSSA REGENERAÇÃO. Aguardai-os seguindo, a passo lento e firme, sempre sem desvio, A ROTA QUE VOS TRAÇAMOS, pois vos conduziremos ao ponto de onde parte a Luz Infinita; mas deixai que estendamos ASAS PROTETORAS sobre os vossos olhos, ainda muito fracos para lhe contemplarem os raios fortes. Na consciência tendes o facho do vosso Espírito e do vosso coração. Se ela for pura, tereis um e outro iluminados. Tudo neles será luminoso, pois sereis assistidos, inspirados e protegidos pelos Bons Espíritos. Mas, se ela for impura, de trevas encherá o vosso coração e o vosso Espírito, e vos tornareis presas dos espíritos maus, que se comprazem no erro e na mentira. Acima de tudo, entendei: CONSEGUIREIS A PAZ ENTRE VÓS SE ENSINARDES PELO EXEMPLO O QUE PREGAIS.

JESUS E A LEI

P – Hoje, todos compreendem por que a LBV é o CAMPO NEUTRO em que se reúnem todos os cristãos, num só rebanho para um só Pastor. Não é mais admissível o estudo da Bíblia por qualquer prisma sectário! Como o Espírito da Verdade interpreta a posição de Jesus diante da Lei?

R – Vamos aos Evangelhos de Jesus segundo Mateus e Lucas: Mateus, V: 17-19; Lucas, XVI: 17.

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MATEUS: 17 – Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei e os profetas; não os vim destruir, mas cumprir. 18 – Porque em verdade vos digo que, enquanto o céu e a terra não passarem, não passará da lei um só iota ou um só ápice, sem que tudo seja cumprido. 19 – Assim, aquele que violar um destes mínimos mandamentos, e ensinar os homens viola-los, será chamado o menor no reino dos céus; mas aquele que os guardar e ensinar será chamado grande no reino dos céus.

LUCAS: 17 – Será mais fácil que passem o céu e a terra do que perder-se um til da lei.

Jesus fala da LEI, não dos acréscimos ou aditamentos que lhe foram feitos, das tradições que a deturparam, das máximas e mandamentos humanos, dos dogmas que os homens decretaram e que, como frutos de suas interpretações sectárias, alteraram e falsearam o sentido e a verdadeira aplicação da Lei Divina. Dizendo que não viera abolir a LEI, mas cumpri-la, o Cristo mostrava aos homens não ser a Moral que ele pregava diversa da que antes lhes haviam ensinado os emissários do Senhor, ESPÍRITOS EM MISSÃO OU PROFETAS. Demonstrava que, simplesmente, tudo tem de seguir a marcha do progresso da Natureza. A LEI, que até então fora dada aos homens, lhes era proporcional ao desenvolvimento. Trazia em si uma promessa a ser cumprida no futuro. Jesus veio cumpri-la. E, cumprindo as profecias, profetizou por sua vez para os séculos vindouros. Hoje, manda o Paráclito, o anunciado Espírito da Verdade, DAR CUMPRIMENTO ÀS PROFECIAS POR ELE ANUNCIADAS, no Evangelho e no Apocalipse. Os Espíritos do Senhor – Patriarcas, Profetas, Apóstolos e Evangelistas – vêm trazer aos homens o que podeis chamar A ÚLTIMA PALAVRA DE JESUS, a um passo do fim dos tempos. Ele vos dizem, como o Cristo disse outrora: “Não penseis que tenhamos vindo destruir A LEI E OS PROFETAS”. Não, nada do que está na LEI passará, porque a LEI É O AMOR, que há de crescer continuamente, até que vos tenha levado ao Reino do Eterno Pai. Viemos para lembrar e relembrar, aclarar e explicar, tornando compreensível, EM ESPÍRITO E VERDADE, a Doutrina do Novo Mandamento do Mestre, os ensinos velados que ele transmitiu aos homens, as profecias veladas que fez durante a sua missão terrena. Não viemos destruir a LEI e sim cumpri-la, escoimando-a das adições e interpolações, das tradições e dogmas que, ORIUNDOS DAS FALSAS INTERPRETAÇÕES HUMANAS LHE TOMARAM O LUGAR, ENTRONIZANDO A BESTA NAS ALMAS IGNORANTES. Viemos para reintegrar a LEI na VERDADE, estabelecendo na Terra a unidade das crenças, conduzindo a todos – divididos e separados pelos cultos exteriores – à FRATERNIDADES SEM FRONTEIRAS, pela pratica da Justiça, da Caridade e do Amor, recíprocos e solidários. O Espiritismo é a ciência do CRISTIANISMO DO CRISTO, não o cristianismo forjado pelas religiões humanas, mas o CRISTIANISMO DO NOVO MANDAMENTO tal como Jesus o instituiu, abolindo todos os sectarismos dissolventes. Ora, que é o CRISTIANISMO DO CRISTO senão a Religião de Deus, a Religião Universal, que há de reunir todos os homens num só rebanho para um só Pastor, num círculo único de Amor e Caridade? Portanto, nem um só iota da lei deixará de ser cumprido. A Lei dos Hebreus foi o preâmbulo da Lei do Cristo; o Espiritismo foi a confirmação do Cristianismo e, agora, o Cristianismo do Novo Mandamento se completa na Revelação do Apocalipse. Ninguém pode mais ignorar O LIVRO DAS PROFECIAS FINAIS, porque já estais a pouca distância do próximo e ÚLTIMO ARMAGEDON. É por isso que, por ordem e inspiração do ÚNICO MESTRE, unificamos as suas Revelações.

ENSINAR E EXEMPLIFICAR

P – Os Legionários de Jesus, cujo distintivo é o Novo Mandamento, entendem agora sua imensa responsabilidade no Brasil e no Mundo. Não basta ensinar, o mais importante é exemplificar. Que diz o Espírito da Verdade?

R – Quem diz é o Mestre: - Aquele que violar qualquer um (mesmo dos menores) MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS, esse será o último no reino dos céus. Vede bem que nos referimos ao Decálogo que Jesus entregou a Moisés, aquele que está nas Sagradas Escrituras, não o outro “aperfeiçoado” pelas conveniências humanas. O transgressor, depois de sofrer a expiação na erraticidade, terá ainda de reencarnar (conforme ao grau de sua culpabilidade) na Terra ou em outros

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planetas inferiores. Aquele, porém, que fizer e ensinar o que a LEI DE DEUS determina, em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, será chamado grande no reino dos céus, isto é, se elevará, na medida do seu adiantamento moral, aos planetas superiores, engrandecendo-se pela humildade, pela caridade, pelo amor e pela CIÊNCIA UNIVERSAL, ainda muito acima compreensão dos homens julgados sábios no vosso orbe. Aquele que recebeu o encargo de ensinar, e não pratica o que ensina, é culpado NÃO SÓ DO MAL QUE FEZ, COMO TAMBÉM DO MAL QUE CAUSOU PELA CONTRADIÇÃO ENTRE SEUS ATOS E SUAS PALAVRAS. Cristãos do Novo Mandamento, não façais como os chefes das antigas sinagogas, como os escribas e fariseus de ontem e de hoje! Sereis os maiores culpados, porque recebestes a LUZ para clarear os vossos e os passos dos vossos irmãos. DEVEIS, ANTES DE TUDO, PREGAR PELO EXEMPLO. Esta é a única pregação que dá frutos bons. Lembrai-vos das palavras do Redentor: “Eles vos colocam pesado fardo sobre os ombros, mas nele não querem tocar, sequer, com a ponta do dedo!” Se quereis marchar segundo a LEI DE DEUS e chegar a Ele, gloriosamente acompanhados por todos aqueles que houverdes resgatado, começai por tomar sobre os ombros o fardo que impondes aos outros; mostrai-lhes o meio de o tornarem leve, e então podereis exigir que eles o carreguem. Na realidade, tudo se reduz a isto: PREGAR PELO EXEMPLO, COMO JESUS PREGAVA. Pregai, portanto, assim: que as vossas palavras nunca deixem de ser a conseqüência das vossas ações. Para que as massas se deixem conduzir, precisam antes COMPREENDER O BEM QUE PODEM AUFERIR DE UM ACONTECIMENTO QUALQUER. Demonstrai-lhes, pois, pelo vosso proceder, a obediência e o amor ao vosso Deus, com o amor e a caridade que consagrais aos vossos irmãos, sejam quais forem as suas convicções religiosas! E nunca vos julgueis “modelos” mas sempre servos inúteis, como deseja o vosso Mestre. Usai de benevolência para com os que repelem a VERDADE TOTAL: esperai que seus olhos se abram para a LUZ e a possam suportar. Meditai: porventura, ao tirar a venda espessa, que ocultava a claridade do dia ao pobre cego, o oculista lhe permite contemplar imediatamente aquela luz? Não, o doente ficaria ofuscado. Forte demais para os seus órgãos enfraquecidos, ela o faria mergulhar novamente numa noite profunda, da qual talvez não saísse nunca mais. Gradual, sempre, o brilho da VERDADE TOTAL para os olhos dos cegos espirituais, ainda sectarizados pelos preceptores humanos! Iluminai-os com prudência, lançando em seus corações a semente que não deixará de germinar. É um trabalho de longa paciência: se os frutos que devam colher dela não amadurecerem sob as vossas vistas, dia virá, certamente, em que tais frutos lhes serão proveitosos. Na hora da morte material, vossos ensinamentos estarão patentes aos seus olhos e a luz da Verdade os banhará. E, assim, o tereis ajudado A TRANSPOR UM PASSO DIFICÍLIMO para a matéria, não choqueis os incrédulos, não deis importância as zombarias, sede calmos e dignos em vossa fé, perseverantes nas boas obras. Basta que lanceis a semente, QUE NUNCA SE PERDE, apesar de todas as aparências contrárias. Um dia, ela encontrará a terra fértil, e aí se enraizará. Cultivai-a então, com amor, para que um grão produza trinta, outro sessenta, mais outro cem. Assim será porque CADA UM DOS QUE TIVERDES COMQUISTADO PARA A FÉ a espalhará, por sua vez, em torno de si. E, quais essas espigas maduras, carregadas de grãos, cujas sementes o vento, sacudindo-as, dispersa em longa extensão. A VERDADE SE ESPALHARÁ E PRODUZIRÁ FRUTOS DE SALVAÇÃO!

JUSTIÇA E RECONCILIAÇÃO

P – Graças à LBV, sabemos hoje que PERDOAR É TRANSFERIR A DEUS O JULGAMENTO, porque – como ensina o Apóstolo Paulo – “o homem terá de colher aquilo que semear”. Como o Espírito da Verdade explica as passagens evangélicas de Mateus, V: 20-26 e Lucas, XII: 54-59?

MATEUS: 20 – Em verdade eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus. 21 – Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás, e quem matar será condenado em juízo”. 22 – Pois eu vos digo que todo aquele, que se irar contra seu irmão, será condenado em juízo. E o que chamar “raça” a seu irmão será condenado no conselho. E o que lhe chamar “louco” será condenado ao fogo da geena. 23 – Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares aí de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 – deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com ele, e depois, sim, vem fazer a tua oferta. 25 – Reconcilia-te o

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mais depressa possível com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para não suceder que te entregue ao juiz, este ao ministro e sejas posto na prisão. 26 – Em verdade vos digo que dali não sairás enquanto não tiveres pago o último ceitil.

LUCAS: 54 – Jesus dizia ao povo: Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: “Aí vem tempestade”, e assim acontece; 55 – quando sentis soprar o vento do sul dizeis que vai fazer calor, e assim ocorre. 56 – Hipócritas, sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente? 57 – E por que, por vós mesmos, não reconheceis o que é justo? 58 – Quando, pois, fores com o teu adversário à presença do magistrado, livra-te dele durante a viagem, para evitares que te leve ao juiz, e o juiz te entregue ao esbirro, e este, afinal, te encerre na cadeia. 59 – Digo-te que dali não sairás, enquanto não pagares o último quadrante.

Estes versículos têm por objetivo dar a compreender aos homens QUE LHES CUMPRE DISTINGUIR SEMPRE O QUE É JUSTO, MORAL E MATERIALMENTE, NAS RELAÇÕES COM SEUS IRMÃOS. Estava próximo o tempo em que a justiça seria praticada de forma bem diversa da “justiça” de escribas e fariseus, isto é, SEM ORGULHO E SEM HIPOCRISIA. As palavras do Mestre objetivavam, ainda, fazer compreender aos homens COMO DEVEM OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE DEUS: não passivamente, abstendo-se de cometer as faltas indicadas, pelo temor do castigo, mas praticando as virtudes que lhes são opostas, demonstrando amor, reconhecimento, submissão àquele que nos traçou a todos UMA LINHA DE CONDUTA PARA CHEGARMOS A ELE. Bem-aventurados os que sabem seguir, sem nenhum desvio! “Raça”, o juízo, o conselho, o fogo da geena – são expressões simbólicas: DEUS JULGA O HOMEM PELOS SEUS ATOS. Se o homem não trata com indulgência o seu próximo, e ainda o insulta, será punido por Aquele que quer que todos se tratem como irmãos. Por isso os vocábulos juízo, conselho, geena, que aparecem nos Evangelhos de Jesus, são emblemáticos: mostram aos homens que suas ações serão submetidas a um julgamento; que eles terão de sofrer o castigo que houverem merecido; castigo proporcional à falta cometida, de acordo com a natureza e o grau da culpabilidade . As palavras de Jesus, no versículo 22 de Mateus, são aplicáveis a todos os tempos e a todos aqueles que transgredirem a LEI DO AMOR UNIVERSAL. O cristão do Novo Mandamento, que a infringir, será punido com maior severidade do que outro que ainda não viu a LUZ ou que, tendo-a visto, não quis aceita-la “por escrúpulos de consciência”, o que não constitui falta punível, ocasionando apenas um retardamento no progresso do Espírito, que aliás se verá suficientemente castigado PELO PESAR QUE ISSO LHE CAUSARÁ. As palavras do Mestre, nos versículos 23 e 24 de Mateus, indicam, primeiramente, ao homem que deve usar de indulgência para com aquele que o ofendeu, indo estender-lhe a mão, a fim de o chamar a si. Indicam, em seguida, ao que cometeu uma falta, o DEVER DE REPARÁ-LA IMEDIATAMENTE. Fazei, portanto, ó bem-amados, o que o Divino Mestre fez e faz todos os dias. EFETIVAMENTE, JESUS NÃO VEM A VÓS SEM CESSAR, ELE QUE EM TUDO É TÃO GRAVEMENTE OFENDIDO? Não estende, continuamente, os braços para vos receber? Não vos convida ao arrependimento POR TODOS OS MEIOS POSSÍVEIS? E não vides, muitas vezes multiplicarem-se os seus benefícios a um que vos parece o mais indigno deles, unicamente com o fim de salva-lo? Quanto às palavras do versículo 25, do mesmo Evangelista, elas compõem imagens materiais, destinadas a fazer que o homem compreenda a maneira por que deve proceder com seus irmãos, TENDO EM VISTA O JUÍZO DE DEUS. Dai-vos pressa em perdoar aos vossos inimigos, em vos reconciliar com o vosso adversário ENQUANTO JUNTOS PERCORREREIS O CAMINHO DA VIDA, POIS IGNORAIS QUANDO A MORTE VIRÁ DETER OS VOSSOS PASSOS PARA VOS LEVAR À PRESENÇA DO SOBERANO JUIZ QUE TUDO LÊ NOS CORAÇÕES, E AÍ ENCONTRA O FERMENTO DE PAIXÕES MAS, QUE PROCURAIS ENCOBRIR! RECONCILIAI-VOS, PORTANTO, COM TODOS A QUEM HOUVERDESOFENDIDO, E PERDOAI-LHES COMO QUEREIS, COMO PRECISAIS QUE O PAI CELESTIAL VOS PERDOE! Frisou o Mestre: “Dali não sairás, enquanto não tiveres pago até o último ceitil”. Deveis entender bem estas palavras: O HOMEM É O DEVEDOR DE DEUS, QUE LHE OFERTOU TODAS AS COISAS PARA QUE FAÇA BOM USO DELAS. ORA, SE O HOMEM NÃO PRATICA AS VIRTUDES QUE LHE SÃO ENSINADAS, SE REPELE SEUS IRMÃOS, TAMBÉM SERÁ REPELIDO: É UMA CONSEQÜÊNCIA DA LEI DO AMOR E JUSTIÇA NA OBRA DA ETERNA HARMONIA!

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FAZER PENITÊNCIA

P – Se Karl Marx conhecesse a Lei da Reencarnação, certamente reformaria a sua doutrina da igualdade, que pretende igualar os desiguais. É o que deduzimos da passagem do Evangelho de Jesus segundo Lucas, XIII: 1-5. Poderia pronunciar-se a respeito o Espírito da Verdade?

R – Eis aqui a citada passagem evangélica:

1 – Por esse mesmo tempo, vieram dizer a Jesus o que aconteceu a alguns galileus, cujo sangue Pilatos misturou com o sangue do sacrifício que eles faziam. 2 – Em resposta, disse o Cristo: “Pensais, acaso, que esses galileus, por terem sido tratados assim, fossem os maiores pecadores da Galiléia? 3 – Eu vos declaro que não; e vos digo que, se não fizerdes penitência, morrereis todos do mesmo modo. 4 – Acreditais, igualmente, que os dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé, e os matou, fossem mais devedores do que todos os habitantes de Jerusalém? 5 – Eu vos declaro que não, e que, se não fizerdes penitência, morrereis todos do mesmo modo.

Para os judeus, as calamidades, as dores morais e os males físicos eram outras tantas provas de que a ira de Deus pesava sobre as vítimas; concluíam, daí, que estas eram culpadas. Jesus destruiu esse erro, SEM ENTRAR EM EXPLICAÇÕES CONCERNENTES AS VIDAS ANTERIORES, porque segundo a crença, meio apagada, que ainda existia a tal respeito, A REENCARNAÇÃO SÓ ERA CONCEDIDA A ALGUNS PRIVILEGIADOS, isto é, só os grandes emissários do Senhor – almas de escol – mereciam o favor de reencarnar. Os hebreus acreditavam na reencarnação ou repetição da existência; entretanto, criam que isso só se dava com os maiores missionários, como Elias, que reconheceram no Precursor – João, o Batista. A Lei Natural da Reencarnação, transmitida veladamente a Nicodemos pelo próprio Jesus, só poderia ser amplamente explicada pela Terceira Revelação, quando os homens se houvessem tornado capazes de recebe-la. O Espiritismo, a ciência do CRISTIANISMO DO CRISTO, levantou o véu sob o qual a palavra do Mestre sancionava o ensino dessa Lei Divina, base da IGUALDADE REAL, acima das fantasias dialéticas dos homens. SEM REENCARNAÇÃO NÃO HÁ, NEM PODERIA HAVER, IGUALDADE ABSOLUTA DE TODOS OS HOMENS DIANTE DE DEUS. Por isso é que Jesus lembrou, a quantos ali o ouviam, que era necessário FAZER PENITÊNCIA, expiando suas faltas, não unicamente as que lhes eram conhecidas mas, sobretudo, AS FALTAS QUE LHES ERAM IGNORADAS. Ensinou, ainda, que nem só os atingidos pelas desgraças merecem o labéu de culpados: TODOS DEVEM FAZER PROFUNDO EXAME DE CONSCIÊNCIA, VERIFICAR SE NÃO MERECEM O MESMO CASTIGO. Daí sua conclusão categórica: “Eu vos declaro que, se não fizerdes penitência, morrereis do mesmo modo”. É a LEI.

A FIGUEIRA ESTÉRIL

P – Temos compaixão dos jornalistas que só se preocupam em denegrir a honra alheia, em vista da sua total ignorância das conseqüências, diante da Lei do Retorno. São verdadeiros suicidas, que muito terão de gemer e chorar. Por isso pedimos ao Espírito da Verdade que analise, para todos, a passagem da figueira estéril. É possível?

R – Sim. Vejamos o Evangelho de Jesus segundo Lucas, XIII: 6-9:

6 – Jesus também lhes contou esta parábola: – Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e – vindo colher os seus frutos – nenhum achou. 7 – Disse, pois, ao seu vinhateiro: há três anos que venho buscar os frutos desta figueira e não acho nenhum. Trata de corta-la: por que há de estar, inutilmente, na terra? 8 – O vinhateiro retrucou: Senhor, deixa a figueira mais este ano, a fim de que eu lavre a terra em torno dela e lhe ponha estrume. 9 – Depois, se der fruto, muito bem; mas, se não der, eu a cortarei.

Claro, para todos, é o espírito desta parábola. Ela exprime, simbolicamente, a longanimidade do Senhor e A DEDICADA INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS PREPOSTOS À GUARDA DE

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TODOS OS HOMENS, em favor do seu progresso. O homem que – natureza árida e ingrata, que nenhum conselho é capaz de abrandar, deixa (rebelde às inspirações do seu Anjo da Guarda) escoa-se sua existência terrena fora das Leis de Deus, sem dar os frutos que prometeu ANTES DE REENCARNAR – é, como a figueira estéril, uma árvore má. Ora, nada produzindo para o Bem, apesar dos cuidados do agricultor, do auxílio do estrume e da cultura, TEM DE SER CORTADA, isto é, AFASTADA DO MEIO ONDE SUA EXISTÊNCIA SÓ PODE SER NOCIVA. O homem mau, depois de sofrer a expiação na erraticidade, pecador empedernido e insensível, volta (reencarnando em mundos inferiores) a retomar – mediante novas e terríveis provações – a via da reparação, da expiação e do progresso numa nova existência, TRAZENDO CONSIGO A PENA SECRETA DA ENCARNAÇÃO PRECEDENTE. Aquele, porém, que – afinal! – abre o coração aos conselhos dos Bons Espíritos que o cercam, é como a figueira que, tardiamente embora, tira proveito da cultura a que o submeteram E COMEÇA A PRODUZIR FRUTOS BONS. Esta “figueira” não será mais cortada: será apenas mondada e sustentada, amorosamente, pelos que lhe fortaleceram a seiva entorpecida. Dissemos “será apenas mondada”. Sim, porque aquele que se compenetra de seus erros é submetido às expiações necessárias à reparação deles; mas não será mais relegado a mundos inferiores, COMO SUCEDE AO CULPADO INSENSÍVEL A TUDO. É a Lei de Deus, justa e sábia, controlando todos os destinos humanos!

MULHER DOENTE

P – A Doutrina do Novo Mandamento, que nos traz o CEU da LBV, reformou a conceituação de DOENÇAS E DOENTES. Doentes são todos aqueles que vivem fora da Lei de Divina; doenças são criações da ignorância espiritual. Como o Espírito da Verdade interpreta a passagem da mulher curvada?

R – Eis o trecho do Evangelho de Jesus: Lucas, XIII: 10-13.

10 – Certo sábado, em que Jesus ensinava nas sinagogas deles, 11 – surgiu uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, que a subjugava, havia dezoito anos. Tão curvada era que, absolutamente, não podia olhar para cima. 12 – Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: “Mulher, estás livre da tua doença”. 13 – E, impondo-lhe as mãos ela se endireitou no mesmo instante, rendendo graças a Deus.

Os judeus atribuíam a Satanás, isto é, aos espíritos maus, tudo o que não podiam compreender e explicar. Por isso empregavam o termo possessão, falando das curas feitas por Jesus, quando o Mestre dizia simplesmente: DOENÇA. Notai bem: ao passo que, segundo o modo de ver dos homens, de acordo com as crenças hebraicas, se diz que a mulher tinha consigo um espírito de enfermidade, o que Jesus lhe disse foi: “Mulher, estás livre da tua doença”. E lhe impôs as mãos, o que só fazia nos casos de curas materiais, em vez de ordenar ao espírito que se afastasse, como fazia nos casos de “possessão”, isto é, de obsessão, de subjugação. Na verdade, a mulher sofria de um AMOLECIMENTO DA MEDULA ESPINHAL E, PORTANTO, DE UM ENFRAQUECIMENTO DA COLUNA VERTEBRAL: daí a impossibilidade de se empertigar. A ação espírito-magnética, exercida por Jesus, restituiu ao órgão enfraquecido a força de que carecia: eis por que a mulher “se endireitou”. Não pergunteis QUAL A NATUREZA DOS FLUIDOS DE QUE O MESTRE SE SERVIU, para operar aquela cura, nem QUAIS ERAM as propriedades atuantes desses fluidos. Para que pudésseis perceber uma explicação a este respeito, seria preciso conhecerdes A NATUREZA DOS FLUIDOS QUE VOS CERCAM E SEUS EFEITOS. Ainda não chegou a hora de uma explanação sobre este ponto. Contentai-vos com esta convicção: houve ação espírito-magnética, a saber, A AÇÃO DO MAGNETISMO ESPIRITUAL QUE SE ASSOCIA À AÇÃO DOS VOSSOS PRÓPRIOS FLUIDOS. Todas as vezes que empregais com fé o magnetismo (visando, exclusivamente, obter alívio para a humanidade sofredora), VOSSOS GUIAS VOS AJUDAM, PELA AÇÃO DO MAGNETISMO ESPIRITUAL, PARA VÓS IMPERCEPTÍVEL. E tal ação se desenvolve mais ainda, quando lhes suplicais, com fé, a assistência poderosa. Bem-amados irmãos, praticais com ardor, com desinteresse e perseverança, esta CIÊNCIA CELESTE QUE JESUS VOS CONFIA AGORA, e também vós fareis que se empertiguem os que

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se acham curvados, que os surdos ouçam, que os mudos falem, que os cegos vejam! Vós também (quem o diz é Jesus) podeis cauterizar as chagas, sustar as perdas de sangue, levantar os coxos e fortalecer os fracos. Não dizemos que basta a vossa vontade, nessa direção: AINDA NÃO VOS DESPRENDESTES SUFICIENTEMENTE DA MATÉRIA, PARA QUE SEJA ASSIM. Lembrai-vos da advertência do Cristo: “SEM MIM, NADA PODEREIS FAZER”. Mas a vossa perseverança, auxiliada PELA ASSISTÊNCIA OCULTA DOS VOSSOS GUIAS, obterá com o tempo O QUE UNICAMENTE A VONTADE DO MESTRE CONSEGUIA NUM INSTANTE. Eis por que repetimos: não desprezeis o tesouro que Jesus vos confia. Só a prática séria e perseverante desenvolverá os vossos poderes!

O DIA E O CULTO DO SÁBADO

P – O admirável, na orientação da LBV, é que o Centro Espiritual Universalista não admite ensinamentos de homens. Por isso, temos confiança absoluta na Doutrina do Novo Mandamento. Com referência à cura da mulher curvada, num sábado, que diz o Espírito da Verdade?

R – Vejamos a passagem do Evangelho de Jesus segundo Lucas, XIII: 14-17.

14 – O chefe da sinagoga, instigado por haver Jesus feito uma cura em dia de sábado, disse ao povo: “Há seis dias destinados ao trabalho; vinde num desses dias para serdes curados, não no sábado”. 15 – Mas Jesus lhe disse: “Hipócritas, qual de vós deixa de soltar o seu boi ou o seu jumento, ou de tirar do estábulo para lhes dar de beber, em dia de sábado? 16 – Por que, então, não se devia libertar, em dia de sábado, esta filha de Abraão, há dezoito anos presa nos laços de Satanás?” 17 – Ouvindo-lhe estas palavras, seus adversários ficaram envergonhados. E todo o povo se alegrava de ver Jesus praticar tantas coisas, gloriosamente.

O sábado foi instituído por Deus, por intermédio de Moisés, como medida contra os abusos do poder. Para aqueles povos de coração endurecido, era necessário o Quarto Mandamento, QUE OS PROTEGIA DE SI MESMOS. Do contrário, os escravos teriam sucumbido ao jugo que se tornava insuportável. Nem mesmo os animais poderiam sobreviver! A Lei do Sábado, portanto, refreando os arbítrios do poder, evitou que os mais fortes, pela violência das exações, sacrificassem os mais fracos – homens e animais. O sábado era, por isso mesmo, de REPOUSO FORÇADO, OBRIGATORIAMENTE IMPOSTO À CUPIDEZ E A AVAREZA, QUE DESSE MODO DESCANSAVAM, DANDO TEMPO ÀS SUAS VITIMAS DE RECOBRAREM ALENTO. Ao homem material – leis materiais; ao homem inteligente – leis inteligentes. A Lei do Sábado estava certa, e por isso o Cristo a respeitou. Mas advertiu: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”, como vemos no Evangelho segundo Marcos, II: 27. Sim, o sábado foi instituído para dar repouso ao homem, para por freio aos seus excessos contra si mesmo e, principalmente, contra os outros. Era, pois, uma lei de proteção, em seu próprio benefício. Em suma: O SÁBADO ESTAVA SUBMETIDO ÀS NECESSIDADES DO HOMEM, NÃO ESTE A UMA OBSERVÂNCIA INSENSSATA DO SÁBADO. Como já vos dissemos, no estudo da Primeira Revelação, Jesus não revogou o sábado: veio faze-lo cumprir dentro da Lei Divina. Portanto, repousai os vossos corpos dos trabalhos que os fatigam; mas que os vossos corações nunca repousem, deixando de praticar o Bem que lhes cumpre fazer. Não vos admireis de que Jesus, operando naquela mulher uma cura material (a cura de sua doença como declarou) tenha dito respondendo ao chefe da sinagoga: “Por que, então, não se devia libertar, em dia de sábado, esta filha de Abraão, há dezoito anos presa nos laços de Satanás?” O Mestre apropriava sempre sua linguagem às inteligências, às tradições, às crenças e preconceitos dos homens a quem falava, a fim de ser compreendido, mas RESERVANDO PARA O FUTURO A COMPREENSÃO, PELO ESPÍRITO, DO VERDADEIRO SENTIDO DA LETRA DE SUAS PALAVRAS. Se Jesus tivesse dito que apenas havia curado uma doença, ninguém lhe daria crédito. Daí vem que, dirigindo-se ao chefe da sinagoga e aos que o cercavam, empregou as expressões habituais “filha de Abraão” e “Satanás”, entendei bem, para não ferir as crenças dos judeus e para que o fato fosse aceito, disse: “Por que, então, não se devia libertar, em dia de sábado, esta filha de Abraão, há dezoito anos presa nos laços de Satanás?” Satanás, aqui, significa “espírito de doença”. Entretanto, voltando-se para a mulher curvada, deixou bem claro: “Estais livre da tua doença”. Para

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encerrar: Jesus respeitou o SÁBADO DE DEUS, o Quarto Mandamento do Decálogo dado a Moisés. Não o revogou. Nenhuma igreja, portanto o poderia fazer em seu nome.

ADULTÉRIO NO CORAÇÃO

P – Lemos no Evangelho de Jesus, segundo Mateus, esta sentença de Jesus: “Quem olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério no seu coração”. Como o Espírito da Verdade interpreta estas palavras do Mestre?

R – Esta é a passagem evangélica: Mateus, V: 27-30.

27 – Aprendestes que aos antigos foi dito: “Não cometerás adultério”. 28 – E eu te digo: quem olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério no seu coração”. 28 – Se o teu olho direito te for motivo de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti, porquanto melhor te é que pereça um dos membros do teu corpo do que ser todo ele atirado na geena. 30 – Se a tua mão direita te for motivo de escândalo, corta-a e lança-a longe de ti, porquanto melhor te é que pereça um dos membros de teu corpo do que ir todo ele para a geena.

São simbólicas as palavras de Jesus, constantes destes versículos; portanto não devem ser tomadas no sentido que lhes é próprio. Tem uma acepção geral, visando a fazer que os homens compreendam o dever de se absterem, NÃO SÓ DE TODAS AS MÁS PALAVRAS, DE TODAS AS MÁS AÇÕES, MAS AINDA DE TODOS OS MAUS PENSAMENTOS. No que ele diz “do olho direito” e “da mão direita”, que forem para o homem “motivo de escândalo e de queda”, só há imagens inteiramente materiais, adequadas aos espíritos da época (são decorridos quase dois mil anos) e DESTINADAS A IMPRESSIONAR FORTEMENTE A HOMENS ANIMALIZADOS. Tais assertivas reforçam os ensinos do Cristo: não basta ao homem abster-se do mal, cumpre-lhe praticar o Bem. Ora, para chegar a isto, é preciso que ele destrua no seu ego TUDO O QUE É MAU E CAUSA DE SOFRIMENTO; não olhar a sacrifício algum para purificar seu coração. A falta cometida por pensamento, embora não exista para os seus semelhantes, é falta patente aos olhos do Senhor que, no homem, vê o Espírito em prova. A cobiça foi comparada ao adultério porque é uma falta que o Espírito comete.

CASAMENTO E JURAMENTO

P – Só mesmo o Espírito da Verdade nos pode orientar, nesta época apocalíptica, rigorosamente de acordo com a vontade do mestre. Como devemos encarar os problemas do casamento e do juramento, diante do Evangelho de Jesus?

R – Vamos ver Mateus, V: 31-37, e Lucas, XVI: 18.

MATEUS: 31 – Também foi dito aos antigos: “Quem abandonar sua mulher dê-lhe carta de repúdio”. 32 – Eu, porém, vos digo que quem repudiar sua mulher, salvo em caso de adultério, a torna adúltera; e aquele que tomar a mulher repudiada por outro, comete adultério. 33 – Ouvistes ainda, que aos antigos foi dito: “Não farás juramento falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos”. 34 – Eu, porém, vos digo que não jureis de forma alguma: nem pelo céu, que é o trono de Deus; 35 – nem pela terra, que é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande rei. 36 – Não jureis, tampouco, pela vossa cabeça, porque não podeis tornar branco ou preto um só de seus cabelos. 37 – Seja o vosso falar sim-sim, não-não; pois o que passar disto procede do maligno.

LUCAS: 18 – Quem quer que deixe sua mulher, e tome outra, comete adultério; e quem desposar a mulher, que o marido abandonou, também comete adultério.

O ensino de Jesus sobre o divórcio tinha por objetivo IMPEDIR QUE OS HOMENS MULTIPLICASSEM, DIVORCIANDO-SE, O NÚMERO DE MULHERES ABANDONADAS

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SOB OS MAIS ABSURDOS PRETEXTOS. Não foi em vão que, embora figuradamente, as Escrituras disseram ter feito Deus, no princípio, um homem e uma mulher para origem da Humanidade. O homem não deve nivelar-se ao bruto, considerando a mulher “um meio”. Deve compreender que sendo a mulher, também, UM ESPÍRITO CRIADO PELO SENHOR, ESPÍRITO IGUAL AO SEU EM TUDO, cumpre-lhe suportar com ela as dores e alegrias da vida humana tão breve, se a mulher, pela sua constituição física, se mostra mais fraca, necessitada de certa proteção do homem mais se justifica o princípio divino de AMPARO DO FRACO PELO FORTE (e será, mesmo, o homem mais forte que a mulher?), porque – no seio da Humanidade – tem de prevalecer a LEI DO AMOR. Pois não sabeis que ESPÍRITO NÃO TEM SEXO? Por que o homem levado, muitas vezes, a deixar a companheira que escolheu, não culpeis as Leis da Natureza: culpai, antes, as leis humanas, a vossa própria “civilização”, que ainda faz da união do homem e da mulher uma operação mercantil ou interesseira de toda espécie, quando deve ser A APROXIMAÇÃO DE DOIS ESPÍRITOS SIMPÁTICOS, FELIZES DE SUPORTAREM JUNTOS AS PROVAÇÕES HUMANAS. Quando o homem se houver despojado dos maus instintos, quando compreender o fim exato e verdadeiro da sua existência, não lutará mais pela lei do divórcio. Saberá que Deus divorcia os que não devem continuar juntos, além do limite certo. Aguardai maiores esclarecimentos, sobre casamento, adultério e divórcio (explicações que vos daremos depois, incumbidos que estamos pelo Mestre de transmiti-las a todos vós) quando tratarmos do Evangelho de Jesus segundo Mateus (XIX: 1-9) e Marcos (X: 1-12). Quanto às palavras do Cristo relativas ao juramento, tinham por fim POR TÊRMO AO ABUSO QUE DELE FAZIAM OS JUDEUS. O juramento é inútil para o homem de coração puro, pois nunca lhe virá o pensamento de negar ou faltar à sua palavra. Jesus falava aos que queriam e deviam caminha nas vias do Senhor mas, para o homem, tal como é ainda hoje, o juramento constitui um freio que a “civilização” lhe impõe. E sabeis que SÃO MUITO POUCOS OS QUE RESPEITAM SEUS JURAMENTOS! A obrigação do juramento desaparecerá brevemente, na etapa final deste ciclo, quando já estará em todas as consciências o CRISTIANISMO DO CRISTO. Sim, quando os homens se tiverem despojado de suas paixões miseráveis, alimentadas pelo homem velho, O HOMEM NOVO, O HOMEM NASCIDO DA LUZ DO NOVO MANDAMENTO DO CRISTO DE DEUS, NÃO PRECISARÁ DIZER MAIS QUE: SIM-SIM, NÃO-NÃO. Lutem todos firmes no bom combate, por que disse o Mestre: – Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE

P – Os ensinos dos homens sempre nos deixam confusos, porque eles se contradizem de todos os modos imagináveis. Por isso mesmo, o CEU da LBV chegou na hora certa, para nos aclarar o entendimento espiritual. Como o Espírito da Verdade analisa o “olho por olho, dente por dente” face ao Novo Mandamento de Jesus?

R – Vejamos estas passagens do Evangelho: Mateus, V: 38-42 e Lucas, VI: 29-30.

MATEUS: 38 – Sabeis que foi dito aos antigos: “Olho por olho, dente por dente”. 39 – Eu, porém, vos digo: não resistais ao que é mau; se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe a outra; 40 – àquele que quiser tomar a vossa túnica entregai, também, a vossa capa. 41 – Se alguém vos forçar a caminhar mil passos, marchai com ele dois mil. 42 – Daí a quem vos pedir e não recuseis empréstimo a quem o solicitar.

LUCAS: 29 – Se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a outra; se alguém quiser tua capa, dá-lhe também a túnica. 30 – Dá a todo aquele que te pedir, e não reclames contra o que levar os teus bens.

O sentido destas palavras, encaradas segundo o espírito, jamais segundo a letra, se torna claro desde que, de um lado, nos reportemos à ÉPOCA EM QUE JESUS DESEMPENHAVA SUA MISSÃO E TENHAMOS EM CONTA OS HOMENS A QUEM FALAVA; e, de outro lado, consideremos o objetivo daquela missão, de amor e caridade – objetivo que consistia na implantação do Novo Mandamento. O Mestre teria de espalhar, como espalhou, doutrinando e

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exemplificando, as sementes que haviam de frutificar para o futuro. Os preceitos da lei antiga ERAM DE MOLDE A ATEMORIZAR HOMENS QUE SÓ PODIAM SER GOVERNADOS PELO TEMOR; HOMENS CUJA NATUREZA, VIOLENTA E CRUEL, NÃO ENTENDIA UMA LEI DE AMOR E DOÇURA. O próprio Deus, através do Pentateuco, falava de um povo “de dura cerviz”. Para que Moisés fizesse respeitar os direitos individuais, preciso foi que o convencesse de que, COMO CASTIGO, SOFRERIA TANTO OU MAIS DO QUE FIZERA SOFRER. Jesus teve, portanto, de combater o extremo com o extremo, o exagero do mal com o exagero do Bem: daí resultaria, com o tempo, o necessário equilíbrio às relações humanas. Na realidade, a Lei do Cristo punha em relevo o amor, a paciência, a abnegação que todo homem devia confessar, não só para com seus (parentes ou amigos) mas até mesmo para com os que lhe queriam mal e procuravam prejudica-lo. Não podia o Mestre falar, com a clareza necessária, sobre a Lei de Causa e Efeito; a reencarnação, por sua vez, era apenas (para aqueles ignorantes) um privilégio dos grandes emissários de Deus. O recurso eram aquelas palavras que – através dos séculos- deram motivo a tantas explorações dos ateus e livres-pensadores: para eles, Jesus pregava a covardia, o desfibramento, a insensibilidade moral; estimulava o crime e ainda recompensava o criminoso! Vós, entretanto, compreendeis por que o Cristo opôs o AMAI-VOS à truculência humana do “olho por olho, dente por dente”. Meditemos: “Sabeis que foi dito aos antigos: “olho por olho, dente por dente”. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer”, isto é, o homem deve, antes de se revoltar contra a injúria, lançar mão de todos os meios possíveis para atrair a si aquele que o injuria; deve, mesmo, por de parte todo o orgulho e humilhar-se, se preciso for, para salvar aquele que se transviou; não deve, NUNCA, fazer justiça pelas próprias mãos, PORQUE A DEUS PERTENCE JULGAR e a cada um será dado de acordo com suas obras. Ninguém transgride, impunemente, as Leis Divinas que regem o vosso mundo e todos os mundos do Universo. Mas, ainda hoje, muitos espiritualistas não aceitam a Doutrina do Mestre, porque o orgulho e o egoísmo se revoltam contra ela! Quanto as leis humanas, que controlam vossos passos, embora imperfeitas (espiritualmente falando), são necessárias à maturação da vossa segurança. Acatai todas essas leis, porque tudo é apropriado aos tempos e à inteligências. Deixai que tais leis sejam executadas, quando tiverdes inutilmente empregado os meios, que a caridade vos faculta, diante daqueles que vos caluniam, prejudicando os vossos justos interesses. Meditemos um pouco mais: “Aquele que quiser tomar a vossa túnica entregai, também, a vossa capa; se alguém quiser tua capa, dai-lhe também a túnica”. Nestas palavras, Jesus mostra aos homens que A BOA VONTADE, DEMONSTRADA A UM IRMÃO CULPADO, PODE SERVIR PARA A SUA CORREÇÃO. Ninguém pensará, certamente, que Jesus tenha pretendido animar o roubo ou a violência, prescrevendo que o homem ceda a este ou aquele, perdoando todas as extorsões. Bem sabeis que, para atingir inteligências obtusas, foi preciso falar assim: Jesus teve de figurar tais exemplos de amor e de abnegação para que, procurando seguir-lhe os preceitos, ainda que de longe, os que o ouviam enveredassem pelo caminho do Bem. Bastante compreensível, também, deve ser o sentido destas palavras: “Se alguém vos forçar a caminhar mil passos, marchai com ele dois mil”. Significa: sendo-vos possível, não recuseis nunca atender a um apelo de vosso irmão. Ao contrário: adiantai-vos e ultrapassai, cativando-o, os limites por ele próprio traçados à vossa BOA VONTADE. Não vos contenteis com o serviço prestado: tratai de ver se por detrás do apelo, não há uma necessidade maior. Examinai a situação do vosso próximo e prestai-lhe OS FAVORES QUE GOSTARIEIS DE RECEBER, SE ESTIVESSEIS NO SEU LUGAR. Não menos compreensível deve ser o sentido caridoso, moral e materialmente falando, destas outras palavras do Cristo: “Daí a quem vos pedir e não recuseis empréstimo a quem o solicitar”. Jamais negueis a esmola da vossa bolsa, da vossa inteligência ou do vosso coração, na medida de vossas possibilidades. Não penseis em despojar os que tenham obtido de vós alguma coisa, ainda que hajam usado de meios vergonhosos, mesmo da violência. Tratai, pelo contrário, de fazer com que redunde em proveito de quem o tirou aquilo que vos foi tirado: a Lei restitui a cada um, que age assim, O QUE LHE PERTENCE POR DIREITO DIVINO. Mas não alenteis o vício: trabalhai por desviar dele o vosso irmão, usando os remédios do Cristo Eterno. No estado atual da sociedade humana, inegáveis são – a necessidade e o dever da resistência (pelos meios que as leis e a justiça prescrevem) à injustiça, ao ultraje, à espoliação, a fim de impedir que o próximo, por atos delituosos ou criminosos, pratique o mal, sucumbindo nas suas provas, ou para trazer um irmão, que deste modo transgride a Lei, à condição de não mais falir, futuramente, DA PARTE DOS HOMENS, PORÉM, A PENA E O CASTIGO DEVEM TER

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POR FIM (COMO TÊM DA PARTE DE DEUS) A MELHORIA MORAL DO CULPADO E SEU PROGRESSO.

O APOCALIPSE E A REVOLUÇÃO DO PLANETA

P – Para que se escutem os desígnios do Evangelho e do Apocalipse de Jesus, a revolução moral, lenta e sempre progressiva, será acompanhada de uma revolução física (também lenta e sempre progressiva, atingindo toda a Humanidade pelo surto de novas raças, trazendo corpos diferentes dos nossos, cada vez menos materiais e, depois, fluídicos) e que abranja igualmente a constituição da Terra e todos os reinos da Natureza. Que diz o Espírito da Verdade?

R – A revolução física, que se vai operar acordemente com a revolução moral (explicaremos TUDO mais adiante, quando chegar a hora), foi predita, por Jesus durante a sua missão terrena: essa predição se encontra velada na sua palavra evangélica e na revelação por ele feita a João, na Ilha de Patmos. Sim, o progresso físico será realizado AO MESMO TEMPO com o progresso moral. AS NECESSIDADES DA NATUREZA MUDARÃO QUANDO AS DA ALMA SE HOUVEREM DEPURADO. Pouco a pouco, por uma transição que nem todos poderão apreciar, a constituição física do planeta ( que já se modificou e transformou progressivamente, como o atestam as fases geológicas já percorridas) se irá apurando, melhorando gradualmente, tornando-o HABITAÇÃO APROPRIADA A ESPÍRITOS LIBERTOS DE TODAS AS FRAQUEZAS E DE TODOS OS VÍCIOS. No mesmo passo do homem, também se empenharão nessa marcha ascendente – pela via do progresso – os animais, os vegetais, os seres de todos os reinos da Natureza, a fim de que a harmonia se mantenha em todo o orbe. Depois do próximo e último Armagedon, vereis o novo céu e a nova terra, profetizados por Jesus no Apocalipse. TUDO SERÁ DIFERENTE DO QUE AGORA VÊDES E CONHECEIS. Já podeis verificar que os animais tidos por ferozes, ou indomáveis, começam submeter-se ao jugo do homem. Da mesma forma, o homem começa a aceitar o jugo suave do Cristo de Deus. Tudo terá de tomar parte nessa ascensão para o bem, longa e penosa. Poupai, portanto, as vossas forças. Concentrai-as, para poderdes atingir a meta, no seio amoroso do Pai Celestial, depois de tudo dardes, moral e intelectualmente, em prol da vida e harmonia universais. Todos vós passastes pelo crivo do “olho por olho, dente por dente”: estas palavras (despojado da letra, que mata, o espírito que vivifica) sempre se aplicaram à Justiça de Deus, da qual (veladamente) fala o Antigo Testamento: ela sempre se exerceu, segundo a lei de talião, sobre o Espírito culpado, para sua purificação e seu progresso, primeiro – mediante a expiação na erraticidade, depois – mediante a reencarnação, para novas provações decisivas. Observai que TODOS OS FATOS REFERIDOS NO ANTIGO TESTAMENTO TÊM UM CARÁTER ALEGÓRICO, AGORA MAIS ACESSÍVEL AO VOSSO ENTENDIMENTO. Somente os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir poderão aceitar a Unificação das revelações de Jesus, principalmente a do Apocalipse, atualmente o mais importante de todos os livros da Bíblia Sagrada. Por tudo isso, como adverte o Mestre, ore e vigie! Os CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, seguindo os exemplos de Jesus e palmilhando as suas pegadas, podem – individual e excepcionalmente – dar na prática esses frutos vivos de humildade, abnegação, renúncia, caridade e amor, com o fim de melhorar os bons e despertar os maus para o Bem. Compreendendo a Lei de Deus também os homens alcançarão o valor de tais preceitos. E, UM DIA, QUE JÁ VEM PERTO, DEUS SERÁ O ÚNICO JUIZ A SENTENCIAR NAS CONTENDAS ENTRE OS HOMENS: O TRIBUNAL DE DEUS SERÁ O ÚNICO AO QUAL TUDO ESTARÁ SUJEITO. A consciência do homem estará nas condições que lhe permitam apreciar o seu próprio proceder e todos os seus sentimentos, vendo claro dentro de si mesmo. Ele ouvirá, então, essa voz sublime, tantas vezes desatendida – a da sua consciência! Não praticará mais nenhum ato sem a consultar previamente. Não chegastes, ainda, à ÉPOCA DOS DESÍGNIOS FINAIS DO EVANGELHO E DO APOCALIPSE, COMO MOISÉS NÃO CHEGOU, DO MESMO MODO QUE OS PROFETAS, A DO CUMPRIMENTO DA LEI DE DEUS. Preparai-vos para a revolução moral, aguardai-lhe os efeitos redentores! Se não os puderdes observar com os olhos do corpo, dado vos será acompanha-los em espírito e trabalhar, com mais eficácia, pelo cumprimento de todas as palavras de Jesus. Meditai: a época da execução dos sagrados desígnios – evangélicos e apocalípticos – será aquela em que, com o tempo e as últimas reencarnações, com o concurso dos Espíritos

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encarnados EM MISSÃO, e mediante a influência oculta e permanente dos Espíritos do Senhor, a Terra estará totalmente iluminada pelo Novo Mandamento do Cristo de Deus. Aquela em que o vosso mundo se terá tornado – feita a separação dos bons, retirados para planetas inferiores os Espíritos culpados e rebeldes – MORADA EXCLUSIVA DE ESPÍRITOS BONS, MORADA DE PAZ E AMOR, DE UMA FELICIDADE ABENÇOADA PELO PAI DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, NOSSO PAI E VOSSO PAI! Sim, será ao tempo em que o homem tiver despido suas vestes impuras e revestido a túnica da inocência, que amorosamente lhe tecemos. Exatamente como ensinou o Mestre aos seus discípulos: - Quem perseverar, até o fim, será salvo.

SÓ A DEUS CABE JULGAR

P – Os estudiosos da Palavra de Deus compreendem agora, graças à LBV, que PERDOAR NÃO É ESTIMULAR O CRIME E PREMIAR O CRIMINOSO, MAS ENTREGAR A DEUS O JULGAMENTO. Como o Espírito da Verdade interpreta as palavras de Jesus, quanto aos inimigos?

R – Vamos analisar o Evangelho segundo Mateus, V: 43-48, e Lucas, VI: 27-28 e 32-36.

MATEUS: 43 – Sabeis que foi dito aos antigos: “Amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo”. 44 – Eu, porém, vos digo: amai aos vossos inimigos; fazei bem àqueles que vos odeiam; orai pelos que vos perseguem e caluniam, 45 – a fim de serdes filhos de vosso Pai que está no céu, que faz nascer o sol para os bons e para os maus, e faz chover psra os justos e os injustos. 46 – Porque, se amardes somente aos que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem o mesmo os publicanos? 47 – Se saudardes somente os que vos amam, que é que fazeis mais do que os outros? Não fazem o mesmo os gentios? 48 - Sede, pois, perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celestial.

LUCAS: 27 – Eu, porém, digo a todos vós que me escutais: amai aos vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; 28 – abençoai aqueles que vos amaldiçoam; orai pelos que vos caluniam. 32 – Se não amardes senão àqueles que vos amam, que merecimento tereis, se os pecadores também amam aos que os amam? 33 – Se fizerdes o bem somente aos que vos fazem bem, que mérito tereis, se os pecadores procedem do mesmo modo? 34 – Se só emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito tereis, se os pecadores também emprestam a pecadores, contando receber outro tanto? 35 – Amai, portanto, aos vossos inimigos; fazei bem a todos e emprestai, sem esperar retribuição. Então, vossa recompensa há de ser muito grande e sereis filhos do Altíssimo que é benevolente para com os ingratos e os maus. 36 – Sede, pois, misericordiosos, como é misericordioso o vosso Pai Celestial.

Praticai a Lei do Amor e da Caridade, sempre e em toda parte, para com todos, conhecidos e desconhecidos, amigos e inimigos. Nisto se resume o Novo Mandamento do Mestre, que assim pôde dizer: “NINGÉM TEM MAIOR AMOR DO QUE ESTE – DAR SUA VIDA POR TODOS” , inclusive Judas Iscariotes, que o traiu. Pois se Deus concede os benefícios da Natureza a toda a Humanidade, POR QUE HÁ DE O HOMEM NEGAR-SE A DIVIDIR COM SEUS IRMÃOS O QUE RECEBE DO PAI COMUM? SÓ DEUS CABE JULGAR, PORQUE SÓ O SEU JULGAMENTO É ÍNTEGRO E ISENTO DAS PREOCUPAÇÕES INTERESSEIRAS, QUE TANTAS VEZES POLUEM OS VOSSOS JULGAMENTOS. Portanto, sede bons para com todos os vossos irmãos em Humanidade: deixai a Deus o encargo de julgar os que saíram de suas mãos e cujos corações e pensamentos só Ele pode sondar. Nada façais nunca tendo em vista apenas a recompensa. Vossas ações, qualquer que sejam, devem subordinar-se tão somente ao amor do dever, ao amor e ao reconhecimento de Deus. Se elas não forem mais do que um “empréstimo” feito a Deus, objetivando unicamente a recompensa que Ele vos queira dar, estareis praticando a usura para com a Eternidade! Enquanto vos mantiverdes sob a influência desse sentimento de egoísmo, não sereis filhos do Altíssimo. A RECOMPENSA DEUS A CONCEDE AOS ATOS QUE, PELO PENSAMENTO E PELO CORAÇÃO, NASCEM DO AMOR DESINTERESSADO. A verdade é que a vossa fraqueza se assusta, e o vosso orgulho se revolta, ante as palavras do Mestre: amai até mesmo aos vossos inimigos! Para se praticar este amor, não basta a isenção de ódio, de rancor ou desejo de vingança contra os “inimigos”, não basta a abstenção de palavras, de atos, de tudo o que lhes possa ser nocivo ou desagradável; não basta perdoar-lhes e esquecer o mal que fazem ou fizeram. É

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preciso pagar-lhes, em tudo, por toda parte e sempre, o mal com o Bem, por todos os meios, sob todas as formas e em todas as circunstâncias, com sinceridade no pensamento e no coração. É preciso trabalhar, assim, sem cessar, por salva-los para Deus. É preciso que, sinceramente e possuídos do sentimento do AMOR UNIVERSAL (que deve crescer continuamente no coração do homem, para aproxima-lo cada vez mais de Deus), sim – insistimos, para o vosso bem – é preciso que façais o Bem àqueles que vos odeiam! É preciso que, não com os lábios mas com o coração, abençoeis todos aqueles que vos amaldiçoam, oreis pelos que vos perseguem e caluniam. Aquele que, deste modo, FAZ O BEM, abençoando e orando, ESTÁ NA POSSE DO AMOR AOS INIMIGOS. Não há outra forma de ser feliz. Tratai, pois, de vos libertar das influências inferiores – pela prece, pela prática da Lei do Amor e da Caridade. Vereis então desenvolver-se, cada vez mais, sob a influência e ação da vossa depuração moral, a bondade, a misericórdia, a benevolência de que usa o vosso PAI para com os ingratos, pois faz o sol nascer para os bons e maus, faz chover para justos e injustos. Por isso, disse Jesus: SÊDE PERFEITOS COMO É PERFEITO O PAI CELESTIAL. Isto quer dizer: exercei, praticai sinceramente todas as virtudes que o Mestre vos ensinou, PARA VOS CONDUZIREM AQUELE QUE É PERFEITO! Agindo de acordo com os ensinos do Cristo, através da Nova Revelação, alcançareis a vitória final. O caminho é tortuoso, cheio de escolhos e dificuldades, mas finaliza num sítio pleno de claridades e delícias: a Jerusalém celestial!

O SEGREDO DAS BOAS OBRAS

P – Antes nós tínhamos medo das opiniões alheias; agora, com a Doutrina do CEU da LBV, sabemos da grande verdade: BASTA QUE DEUS SAIBA, pois Ele conhece tudo! Como o Espírito da Verdade explica o ensino de Jesus sobre a prática das boas obras?

R – Tais palavras estão no seu Evangelho segundo Mateus, VI: 1-4:

1 – Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para que eles as vejam e vos louvem; porque assim não tereis recompensa do vosso Pai que está nos cèus. 2 – Quando, pois, derdes esmola, não mandeis tocar trombeta à vossa frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças públicas, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 3 – Mas, quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita, 4 – a fim de que a esmola fique secreta; e vosso Pai que vê o que se passa em segredo, vos recompensará..

Para vós, Cristãos do Novo Mandamento, estas palavras não precisam mais de explicação. Aos homens, ainda presos nas trevas do mundo, é que temos de dizer: praticai o Bem PELO DEVER DE PRATICÁ-LO, JAMAIS VISANDO AOS ELOGIOS HUMANOS. Não procureis, sequer, o proveito espiritual que possais tirar das vossas obras. Esforçai-vos por seguir os passos de Jesus; ele nada tinha a ganhar dedicando-se aos homens. Entretanto, foi bom e caridoso no máximo grau, objetivando unicamente ser útil a criaturas que não o mereciam! Procedei sempre assim, evitando os louvores humanos: estes trazem – quase sempre – um veneno sutil que, cedo ou tarde, produz devastações na alma de quem os recebeu com prazer. BUSCAI SOMENTE OS APLAUSOS DA VOSSA CONSCIÊNCIA! E quando ela vos disser no íntimo – Está bem! – ide, cheios de alegria, agradecer ao Pai Celestial o ter-vos concedido meios de obter a sua aprovação e a sua benção. QUANTO A RECOMPENSA, ESPERAI-A SEMPRE E SOMENTE DO SEU AMOR. Os Espíritos Bem-aventurados poderão dizer-vos o que ela significa. Portanto, que nunca a vossa mão esquerda saiba o que a direita faz, isto é, praticai em segredo tanto a CARIDADE MATERIAL QUANTO A CARIDADE ESPIRITUAL, com as habilidades da inteligência e as delicadezas do coração, tento por sentimentos exclusivos o desinteresse, a sinceridade, a humildade, o devotamento e o amor. E, sobretudo, lembrai-vos: segundo o Espírito, no pensamento de Jesus, a palavra esmola, que entre vós tem um sentido humilhante, significa, acima de tudo, CARIDADE MATERIAL COMPLETADA PELA CARIDADE ESPIRITUAL.

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O “PAI NOSSO”

P – Graças à Doutrina do Novo Mandamento de Jesus, entendemos o valor da FÉ RACIOCINANTE, que é a substância das coisas desejadas, como escreveu o Apóstolo Paulo. Como nos explica o Espírito da Verdade a maravilha que é a prece do “Pai Nosso”?

R – Vejamos o Evangelho segundo Mateus, VI: 5-15, e Lucas, XI: 1-4.

MATEUS: 5 – Do mesmo, quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nos cantos das praças públicas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 6 – Quando quiserdes orar, entrai no vosso quarto e, fechada a porta, orai ao vosso Pai em segredo; e Deus, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. 7 – Quando orardes, não faleis muito, como fazem os gentios, pensando que serão ouvidos por falarem demais. 8 – Não sejais como eles, porque Deus sabe de que precisais, antes que façais o pedido. 9 – Orai assim: “Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome; 10 – venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 – o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 12 – perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos aos nossos ofensores; 13 – e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Assim seja”. 14 – Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, o Pai Celestial também perdoará as vossas ofensas; 15 – se, porém, não perdoardes aos homens, Deus também não vos perdoará as vossas ofensas.

LUCAS: 1 – E sucedeu que depois de orar, um dos discípulos lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos seus discípulos”. 2 – Então, Jesus lhes disse: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome e que venha o teu reino; 3 – dá-nos hoje o pão nosso de cada dia; 4 – perdoa as nossa ofensas, como perdoamos aos que nos ofendem, e não nos deixeis entregues à tentação.

A explicação quanto à prece é idêntica à que demos sobre a esmola: nada façais, NUNCA, tendo em vista obter a aprovação dos homens; tudo fazei procurando unicamente render ao Senhor as honras que lhe são devidas e que consistem, simplesmente, na sincera observância das Leis Perfeitas que Ele vos impôs, para o vosso próprio bem. Prescrevendo o segredo, o silêncio e o recolhimento para a prece (como para a esmola), proibindo a multiplicação das palavras, Jesus proscrevia, de então e de futuro, as pompas e cerimônias exteriores, COM LONGAS PRECES, pronunciadas pelos lábios mas não saídas do coração. Vamos à prece que o Mestre formulou para os homens, a fim de vos fazermos compreender, em espírito, o sentido e o alcance que ela tem: PAI NOSSO – nosso Criador de quem todos provimos; QUE ESTÁS NO CÉU – que estás tão acima de todas as criaturas, tão elevado, que tens por morada o Infinito, dentro do qual não te podem descobrir olhos impuros; SANTIFICADO SEJA O TEU NOME – que todas as criaturas te bendigam o nome; que, por pensamentos, palavras e atos, todas demonstrem até que ponto honram a poderosa fonte de onde vieram; que em seus corações nada exista capaz de ofender Aquele que é a pureza absoluta; VENHA A NÓS O TEU REINO – que todos os homens se submetam à tua Lei; que todos conheçam e abençoem o manancial que lhes deu a existência; que haja na Terra a mesma felicidade do Reino Celeste; SEJA FEITA A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU – que todos os homens, obedientes às tuas Leis Eternas e Imutáveis, as pratiquem com amor e reconhecimento, para honrar-te e glorificar-te, da mesma forma que os Espíritos Bem-Aventurados se submetem à tua vontade, felizes por serem delas instrumentos e executores humildes; O PÃO NOSSO DE CADA DIA DA-NOS HOJE – não o alimento material, que este ganhamos com o nosso trabalho, mas o Pão transubstancial, que está acima de toda e qualquer substância, porque é o alimento celestial para as nossas Almas; PERDOA AS NOSSAS OFENSAS, COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS OFENDIDOS – que a tua misericórdia se estenda sobre nós, ínfimas criaturas, sempre rebeladas contra teus desígnios superiores; perdoa-nos, a nós que sempre falimos, tangidos pelo egoísmo e pelo orgulho; sim, Pai Eterno, suplicamos que nos perdoes sempre que perdoarmos aos nossos irmãos em falta; NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO – dá-nos força, Senhor, para resistirmos aos maus instintos da natureza animal; fortalece-nos a coragem e revigora as nossas energias tantas vezes abatidas; que o teu poderoso Pensamento erga intransponível barreira entre o pecado e os teus servos inúteis, desejosos de merecerem tuas graças, graças sobre graças; LIVRA-NOS DO MAL, PORQUE TEU É O REINO, E O PODER, E A GLÓRIA PARA SEMPRE – permite, Senhor, que – cercados

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pelos Bons Espíritos, submissos aos seus conselhos, ensinamentos e inspirações – consigamos, pela BOA VONTADE DE CRISTO-JESUS, afastar os maus espíritos, que nos arrastam ao precipício das trevas; dá, ó Pai de Amor Infinito, que possamos entender a beleza do teu reino, a majestade do teu poder, a magnificência da tua glória; ASSIM SEJA – porque somente tu és grande, pois estás sempre acima de tudo; porque és o Criador Único e Eterno de tudo o que se move no espaço; porque és onipotente, onisciente e onipresente, no Infinito e na Eternidade; porque és o Soberano Juiz de todos os juízes; são tuas as honras dos nossos corações, os cânticos de gratidão dos nossos Espíritos são teus para sempre; faze, Senhor, que bem cedo nos seja dado unir as nossas vozes às dos Espíritos Bem-Aventurados que celebram a tua glória, o teu poder e o teu reino de caridade infinita! É este, Pai Nosso, o voto que ousa exprimir o mais humilde dos teus filhos.

O JEJUM MORAL

P – O Evangelho em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, é totalmente oposto ao que aprendemos nas igrejas dos homens. Por isso, formulamos mais uma pergunta ao Espírito da Verdade: como devemos entender aos palavras do Cristo segundo Mateus, VI: 16-18?

R – Vamos a essa passagem do Evangelho:

MATEUS: 16 – Quando jejuardes, não vos ponhais tristes como os hipócritas, que desfiguram o semblante, para que todos vejam que eles estão jejuando. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 17 – Vós, quando jejuardes, lavai o rosto e perfumai a cabeça, 18 – a fim de que o vosso jejum não seja visível aos olhos dos homens, mas sim aos olhos do vosso Pai que vê em segredo; e vosso Pai, que tudo vê em segredo vos recompensará.

O jejum era, entre os judeus, um costume material e físico. As palavras de Jesus tinham por fim EVITAR QUE TAL JEJUM CONSTITUISSE, PARA OS QUE PRATICAVAM, MEIO E OCASIÃO DE HIPOCRISIA OU DE ORGULHO, pois o que é feito com o intuito de chamar a atenção e obter a aprovação dos homens perde, aos olhos de Deus, o mérito da pura e reta intenção. Portanto, não tomeis aqui o termo jejum no sentido material da letra, mas sim – segundo o espírito – no sentido simbólico. Portanto, quando praticardes UM ATO QUALQUER, TENDO EM VISTA AGRADAR A DEUS, PRESTANDO-LHE A HONRA QUE LHE É DEVIDA, quando vos sujeitardes a uma privação qualquer, capaz de mortificar os vossos instintos animais, não o façais de modo que os homens vejam e vos louvem. Do contrário, qual seria o vosso merecimento diante de Deus? Compreendei bem o sentido das nossas palavras, quando falamos de UMA PRIVAÇÃO QUALQUER, CAPAZ DE MORTIFICAR OS VOSSOS INSTINTOS ANIMAIS, à qual vos submeteis para agradar a Deus. Não dizemos que vos imponhais privações e macerações atentatórias da vida animal, mas que não destroem nada do que há de mau no Espírito. NA MEDIDA DO QUE LHE É NECESSÁRIO, DEVE O HOMEM, COM FRUGALIDADE, TEMPERANÇA E SOBRIEDADE, USAR DA ALIMENTAÇÃO HUMANA (E DE TUDO O QUE FOR HIGIÊNICO) PARA CONSERVAR A SAÚDE E AS FORÇAS PRECISAS AO CUMPRIMENTO DA LEI DO TRABALHO EM TODOS OS SEUS DEVERES. Não vos inflijais, por conseguinte, privações que serão totalmente inúteis, pois não servirão nem a vos purificar o Espírito nem a aliviar os vossos irmãos em Humanidade. AOS OLHOS DE DEUS, SÃO ÚTEIS SOMENTE AS PRIVAÇÕES QUE TRAGAM BENEFÍCIO AOS VOSSOS SEMELHANTES! Se vos privardes de alguma coisa, que seja em proveito dos outros, por sentimento e propósito de Caridade. Tirai do que vos seja necessário, mas para dá-lo aos que precisam. Modificais os vossos instintos animais PRIVANDO-VOS DE TODOS OS GOZOS SUPÉRFLUOS OU INÚTEIS, NÃO VOS ENTREGANDO A EXCESSOS DE ESPÉCIE ALGUMA. Eis o que tendes de salvar, o que tendes de purificar: vossa Alma! Limpai-a, pois, de suas faltas, cobrindo-a por todos os meios que a razão vos indicar, à luz da GRANDE FÉ RACIOCINANTE. Ocupai-vos com ela: que as privações corporais que vos impuserdes, sejam APENAS UM MODO DE REEDUCAR VOSSAS TENDÊNCIAS PARA OS EXCESSOS ou de dar o necessário àquele que não tem. Fostes Espíritos decaídos, e estais na marcha da redenção. Cuidai, portanto, da vossa Alma, para que, da

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herança, ela reconquiste a parte de que se haja privado. Convirjam todos os vossos esforços para liberta-la, desde agora, dos laços que a prendem à animalidade dos brutos. NADA, PORÉM, DE EXCESSOS, QUER SE TRATE DO ESPÍRITO, QUER SE TRATE DO CORPO!

O VERDADEIRO TESOURO

P – Queremos a interpretação das palavras do Mestre: “Não junteis tesouros na terra”. Que diz o Espírito da Verdade, através do CEU da LBV?

R – Reunamos os Evangelhos de Jesus segundo Mateus, VI: 19-23, e Lucas, XII: 32-34.

MATEUS: 19 – Não queirais acumular tesouros na terra, onde as traças e a ferrugem os destroem, onde os ladrões desenterram e roubam. 20 – Preparai-vos tesouros no céu, onde não há traças nem ferrugem que os possam destruir, onde não há ladrões que os desenterrem e roubem, 21 – porquanto, onde estiver o vosso tesouro, aí estará, também, o vosso coração. 22 – Vossos olhos são a lâmpada do vosso corpo; se vossos olhos forem simples, todo o vosso corpo será luminoso. 23 – Mas, se vossos olhos forem maus, todo o vosso corpo será tenebroso. Se, pois, a luz que está em vós não for senão trevas, que grandes trevas serão!

LUCAS: 32 – Pequenino rebanho, nada temais, porque aprouve a Deus dar-vos o seu Reino! 33 – Vendei o que possuis e transformai-o em esmolas. Tratai de vos prover de bolsas que o tempo não estrague: amontoai no céu tesouro que não se esgote nunca, do qual o ladrão não se aproxime e que as traças não roam. 34 – Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará, também, o vosso coração.

Aqui tendes NOVAS IMAGENS MATERIAIS. Buscai-lhes o espírito, e encontrareis o verdadeiro sentido e todo o alcance do pensamento de Jesus: não procureis o que possa fazer a felicidade do homem na Terra, quando isso estiver em oposição à felicidade do Espírito na Eternidade. Não procureis com ardor senão o que vos possa aproximar de Deus. A todos os vossos “atos humanos” deve animar a idéia de que não sois do mundo; de que, estando nele apenas como viajantes, tendes de suportar, da melhor forma possível, as provações que vos couberam; desempenhar a missão de que fostes incumbidos, a fim de regressardes à Pátria Celestial e PODERDES PRESTAR BOAS CONTAS DE VOSSOS ATOS AQUELE QUE VOS ENVIOU. Não vos deixeis preocupar pelos bens perecíveis, salvo quando forem as armas de que precisais para a luta contra o mal; do contrário, qualquer que seja a luz que os cerque, serão fonte de trevas para o vosso Espírito! Tal luz desaparecerá com eles, e ficareis perdidos na escuridão de uma existência inútil, completamente sem abrigo diante do Senhor. Não esqueçais que O VOSSO TESOURO SE ENCONTRA JUNTO DE DEUS, DETENTOR DE TODAS AS GRAÇAS. Convictos desta idéia, de acordo com os ensinos do Mestre, vossos sentimentos se inclinarão sempre para Deus, e o vosso coração estará junto do vosso verdadeiro tesouro – perto do vosso Deus, a fonte infinita de todos os bens. Quanto às palavras – PEQUENINO REBANHO, NADA TEMAIS, PORQUE APROUVE A DEUS DAR-VOS O SEU REINO – foram endereçadas aos primeiros discípulos, poucos em número, atenta a mesma tarefa a desempenhar, mas Espíritos devotados, que marchavam segundo os desígnios do Senhor. Dirigem-se, também, aos pioneiros da Nova Revelação, que ainda são a minoria, mas também marcham devotadamente, como aqueles, segundo OS MESMOS DESÍGNIOS DO SENHOR. Sabeis que, infelizmente, os salvos se reduzem no Apocalipse a 144.000 – número simbólico, a indicar “a minoria dos que sobreviverão ao dilúvio de fogo do Armagedon”. Tais palavras vos concitam, como concitavam aos primeiros discípulos, a TER CONFIANÇA EM DEUS, FIRMES NA ESPERANÇA DO CUMPRIMENTO DE SUAS PROMESSAS. Dignas de meditação, por sua vez, são estas palavras do Cristo: “Vendei o que possuís e transformai-o em esmolas. Tratai de vos prover de bolsas que o tempo não estrague: amontoai no céu tesouro que não se esgote nunca, do qual o ladrão não se aproxime nunca e que as traças não roam”. Não significam que devais despojar-vos de todos os bens humanos e que, somente assim, podereis chegar a Deus. Não: tal interpretação, conforme à letra, mas não conforme ao espírito, vos levaria a conseqüências absurdas, ao mesmo tempo contrárias aos ensinamentos do Mestre, com

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referência às provas determinadas pela LEI DE CAUSA E EFEITO. Elas significam que a posse e uso, pelo homem, dos bens terrenos, DEVEM SER ISENTOS DE EGOÍSMO E SANTIFICADOS PELA CARIDADE; que as boas obras de ordem material, de ordem intelectual e espiritual, ou moral, assim praticadas, constituem AS ÚNICAS RIQUEZAS IMPERECÍVEIS, isto é, que as RIQUEZAS ESPIRITUAIS são as únicas que, como elementos de progresso moral e caminho para a Perfeição, religam a criatura ao Criador.

RICOS EM DEUS

P – Positivamente, não há educação sem Evangelho e sem Apocalipse. O que se chama “educação” não passa de “instrução”. Daí tantos mal-entendidos que infelicitam a Humanidade. Como o Espírito da Verdade explica o Evangelho segundo Lucas, XII: 13-21.

R – Vamos ao trecho indicado:

LUCAS: 13 – Disse-lhe, então, um homem, do meio da multidão: “Mestre, manda a meu irmão que divida comigo a herança!” 14 – Jesus, porém, respondeu: “Homem, que me constituiu vosso juiz ou partidor?” 15 – Depois, acrescentou: “Cuidado, preservai-vos da avareza, porque a vida de cada um não está na abundância dos bens que possua”. 16 – Em seguida, lhes propôs esta parábola: “Havia um homem riquíssimo, cujas terras produziram abundantes frutos; 17 – e pensava consigo mesmo: que hei de fazer, não tenho onde guardar tantos bens? 18 – Disse, afinal: já sei, vou demolir os meus celeiros, construirei outros maiores, e ali aumentarei toda a colheita e todos os meus bens; 19 – então, direi à minha alma: tens muita riqueza para os teus longos anos; repousa, come, bebe e regala-te!” 20 – Mas disse Deus a esse homem: “Insensato, esta noite pedirei tua alma. E as coisas, que entesouraste, de quem serão?” 21 – Assim acontece àquele que entesoura para si mesmo, e não é rico em Deus.

Jesus não veio para reinar sobre o mundo perecível, nem para promulgar leis materiais transitórias. Qual era o objetivo da sua missão? Desprender da matéria homens materiais, quebrar os seus ídolos carnais PARA ELEVAR OS SEUS ESPÍRITOS. Cumpria-lhe, portanto, bater com força, pois suas “pancadas” ainda repercutiam francamente. Tal o sentido segundo o espírito, desta parábola. Os homens estão, hoje, mais adiantados; entretanto, quantas vezes nos vemos obrigados a repetir com Jesus: “– Amontoai vosso tesouro lá onde a ferrugem não corrói, onde os vermes não devoram, onde os ladrões não roubam!” Pois quantos ainda – apesar de lhes ser pregado, todo dia, o Evangelho de Jesus, de forma bem martelante – só confiam em suas riquezas, amontoando tesouros de lama e se enterrando neles até aos olhos! Pensai na vossa Alma, porque AINDA ESTA NOITE A MORTE PODE CHEGAR. Sede, no momento em que a Alma vos seja arrebatada, RICOS EM DEUS, pela prática do Amor e da Caridade! Tratai de libertar o vosso Espírito, a todas as horas, a todos os instantes, das influências da matéria animal, dos apetites materiais com que vos tentam o orgulho e o egoísmo, a avareza e a sensualidade desenfreada – fatores de perdição dos ricos da terra, que não são RICOS EM DEUS!

A VIDA ETERNA

P – A Igreja em casa é uma feliz criação da LBV. O Centro Espiritual Universalista veio consolidar essa grande iniciativa. Agora compreendemos por que o Posto Familiar é tão importante quanto um Núcleo, no final deste ciclo! Como o Espírito da Verdade interpreta a VIDA ETERNA?

R – Vamos harmonizar estas passagens do Evangelho de Jesus segundo Mateus, VI: 24-34; Lucas, XVI: 13-15, e XII: 22-31.

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MATEUS: 24 – Ninguém pode servir a dois senhores: ou odeia a um e ama ao outro, ou se submete a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. 25 – Em verdade vos digo: não vos inquieteis como que haveis de comer, para sustento da vossa vida, nem com que vestireis o vosso corpo. A vida não é mais que o alimento, e o corpo muito mais do que a roupa? 26 – Vede as aves do céu: não semeiam, NÃO CEIFAM, NÃO ENCHEM CELEIROS; ENTRETANTO, VOSSO Pai Celestial as alimenta. Não valeis muito mais do que elas? 27 – Qual de vós pode, por seu próprio engenho, acrescentar um côvado à sua estatura? 28 – E com as vestes, por que vos inquietais? Olhai os lírios do campo: não trabalham, não tecem nem fiam. 29 – Eu vos digo, porém, que nem o rei Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles. 30 - , pois, Deus cuida de vestir assim o feno dos campos, que hoje existe e amanhã será lançado ao forno, quanto mais a vós, homens sem fé? 31 – Não vos preocupeis, portanto, dizendo: que é que vamos comer: Ou: que é que vamos beber? Ou, ainda: com que nos vamos vestir? 32 – Assim fazem os gentios, mas Deus sabe de que precisais. 3 – Buscai, primeiro, o reino de Deus e sua justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas. 34 – Assim, não vos inquieteis pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. A cada dia basta a sua própria aflição.

LUCAS: 13 – Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque odiará a um para amar ao outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. 14 – Os fariseus, que eram avarentos, ouvindo Jesus dizer essas coisas, zombavam dele. 15 – Jesus lhes disse: – Pondes grande cuidado em parecer justos aos homens, mas Deus conhece os vossos corações, pois o que é elevado aos olhos do mundo é abominação aos olhos do Pai. XII: 322 – Então, disse aos seus discípulos: – Em verdade vos digo: não vos inquieteis pela vossa vida, cuidando do que comereis, nem pelo vosso corpo, cuidando do que vestireis. 23 – A vida é mais que o alimento e o corpo mais do que a roupa. 24 – Considerai os pássaros: não semeiam nem ceifam, não têm despensa nem celeiro, e Deus os susteta. Não valeis mais do que eles? 25 – Mas qual de nós pode aumentar um côvado à sua estatura? 26 - Se as menores coisas estão acima do vosso poder, por que vos inquietais pelas outras? 27 – Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; entretanto, eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como qualquer um deles. 28 – Ora, se Deus veste assim o feno que hoje está no campo, e amanhã será lançado ao forno, quanto mais a vós, homens sem fé? 29 – Não vos aflijais, portanto, pelo que haveis de comer ou beber; não fique em suspenso o vosso espírito. 30 – Os gentios é que procuram todas essas coisas; vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. 31 – Buscai, primeiramente, o reino de Deus e sua justiça, e todas aquelas coisas vos serão dadas de acréscimo..

Estas palavras do Cristo têm por objetivo libertar da matéria o homem, leva-lo a encarar de frente a meta que lhe cumpre atingir e que ele deve colocar acima de tudo: A VIDA ETERNA, ISTO É, A VIDA DO ESPÍRITO PURO, DO ESPÍRITO QUE, TENDO CONCLUÍDO TODAS AS SUAS PROVAS, CHEGA AO SUPREMO GRAU DE PUREZA, DE ONDE COMEÇA A COMPREENDER QUEM É DEUS E A GOZAR A VIDA ESPIRITUAL NA ETERNIDADE, aproximando-se cada vez mais do centro da onipotência, sem que, entretanto, chegue jamais a se igualar à Divindade. Jesus falava a homens maculados por instintos grosseiros; tinha de combater naturezas rebeldes, animalizadas. Era, assim, obrigado a vibrar golpes que, só sendo violentos, poderiam repercutir em suas almas endurecidas. NINGUÉM DEDUZA, DAS SUAS PALAVRAS, QUE O HOMEM DEVA ENTREGAR, INTEIRAMENTE SUA VIDA E SEU FUTURO HUMANOS AOS CUIDADOS EXCLISIVOS DE DEUS! Trabalhador que é, cabe-lhe o dever de dar conta da sua tarefa. Sujeito, na sua condição de homem, às necessidades do gênero humano, está na obrigação de conseguir PELO TRABALHO os meios de manter a sua existência humana, lembrando-se de que DIA VIRÁ EM QUE FALTARÃO AS FORÇAS AO OPERÁRIO. Aquele, portanto, que puder armazenar lealmente, sem quebra da sua integridade moral aos olhos do Senhor, os grãos com que, na velhice, possa fazer o seu alimento, deve faze-lo sem temor, enquanto a idade lhe permite esse objetivo; mas faze-lo com cuidado, sem desperdiçar a menor parcela, POIS TERÁ DE PRESTAR CONTAS AOS IRMÃOS QUE NÃO CONSEGUIRAM MAIS DO QUE CATAR ALGUMAS ESPIGAS PARA O SUSTENTO DIUTURNO E QUE VÃO NECESSITAR DE UMA PARTE DOS GRÃOS QUE O SENHOR LHE PERMITIU COLHER ABUNDANTEMENTE. Deus abençoa os corações generosos, que se lembram sempre dos desgraçados do mundo.

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NÃO SERVIR A DOIS SENHORES

P – Disse Jesus: “não podeis servir a Deus e a Mamon”. Como o Espírito da Verdade explica isso?

R – Mamon era uma “divindade” que os povos antigos adoravam, feita de prata ou de ouro, representando, mais ou menos, o que representava Júpiter, dos romanos, isto é, os vícios da humanidade com todo o seu cortejo, o que explica o pensamento do Mestre: NÃO PODEIS SERVIR A DOIS SENHORES AO MESMO TEMPO! Não PODEIS VIVER A VIDA QUE AGRADA AO VOSSO Deus, praticando os desregramentos a que vos arrasta a vida mundana. Isto é: não podeis ter, ao mesmo tempo, em vossa alma – o amor e o egoísmo; a caridade e a avareza; o desprendimento e a hipocrisia; a humildade e o orgulho; o trabalho e a preguiça; o estudo e a ignorância; a Boa Vontade e a violência; o Novo Mandamento e o sectarismo farisaico. “Ou amareis a um e odiareis a outro, ou servireis a este e enganareis aquele.” Quem se consagra (ou escraviza) aos bens terrenos NÃO PODE PRATICAR O DESPRENDIMENTO QUE O PROGRESSO ESPIRITUAL EXIGE. Aos fariseus dos vossos dias – abastados, orgulhosos, avarentos – que zombam das vossas palavras, dizemos o que disse Jesus aos fariseus de outrora: “PONDES MUITO CUIDADO EM PARECER JUSTOS DIANTE DOS HOMENS, MAS DEUS CONHECE OS VOSSOS CORAÇÕES; O QUE É GRANDE AOS OLHOS DOS HOMENS É ABOMINÁVEL AOS OLHOS DE DEUS”. Quer dizer: geralmente, a riqueza, a glória, o orgulho, por eles endeusados, são o que os homens consideram elevado, mas vós sabeis que Deus ama os de espírito humilde, os de coração simples e bom. As palavras do Cristo, constantes dos versículos 25-26 e 28-34 de Mateus e dos versículos 22-24 e 28-30 de Lucas, na linguagem oriental apropriada às inteligências da época, eram particularmente dirigidas aos que, totalmente preocupados com as riquezas materiais, nada vêem além delas e nada fazem senão o que lhes possa melhorar o comodismo e aumentar a fortuna; aos que cultivam o corpo como planta preciosa e descuram da alma, o bem eterno que deveriam vigiar atentamente. Jesus falava a homens cúpidos, materialíssimos, que nada entendiam da VIDA ETERNA. Precisava ser enérgico para que, em suas consciências, alguma coisa ficasse do que ensinava. SEUS ENSINAMENTOS ATINGIAM, SEMPRE, A CHAGA QUE ELE QUERIA CAUTERIZAR. Por aquelas palavras, o Mestre reconduz o homem ao seu ponto de partida – Deus, o Criador de todos os seres e de todas as coisas, que vela, com igual solicitude, por tudo o que lhe saiu das mãos, dando a cada um o que lhe é necessário. Assim é que dá à matéria o alimento material, ao Espírito o alimento espiritual. Convém, entretanto, acentuar bem aqui (tal a disposição constante no homem para ultrapassar a meta que lhe é indicada), que JESUS NÃO ACONSELHA AOS SERES DOTADOS DE RAZÃO QUE ESPEREM, INATIVOS, QUE DEUS VENHA ALIMENTÁ-LOS, COMO ALIMENTA OS PÁSSAROS, E VESTI-LOS COMO VESTE OS LÍRIOS DO CAMPO. É dever do homem confiar no Senhor, certo de que Ele proverá o que lhe for preciso, o que for para seu bem; mas cumpre, ao mesmo passo, que empregue suas faculdades, sua atividade, sua energia, em ALCANÇAR, PELO TRABALHO, A PROTEÇÃO DE DEUS. O lírio aguarda no seio da terra que o Senhor, desenvolvendo-o, lhe prepare a roupagem que o fará brilhar aos olhos humanos; o homem deve esperar que a vontade de Deus, nele, desenvolva as virtudes que o farão brilhar aos olhos de seus irmãos. Mas deve faze-lo em plena atividade, porque DEUS AJUDA A QUEM TRABALHA. Ninguém procure nas palavras de Jesus um pretexto para a imprevidência, para a incúria ou para o fatalismo irracional. Aprendei bem, igualmente, o sentido destas outras palavras do Cristo: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo; a cada dia basta a sua própria aflição”. O que se deve concluir delas – conforme ao espírito que vivifica, não conforme à letra que mata – é que JESUS CONDENA O EXCESSO DE CUIDADOS COM A VIDA E NÃO A NECESSIDADE. Importa que o homem cuide de manter sua existência. Ele não pode, nem deve, ser menos previdente do que certos animais no tocante ao futuro, mas também não deve concentrar todos os seus pensamentos e desejos na acumulação dos bens mundanos. Cumpre-lhe ser previdente mas nunca ambicioso. Se, apesar da sua previdência, o futuro lhe fala, confie sempre em Deus, fazendo sua parte: o Senhor sabe O QUE CONVÉM A CADA UM e permite que a provação purifique a criatura, tornando-a digna do Criador.

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BUSCAI O REINO DE DEUS

P – Graças a Deus, tudo melhora em nossa casa com a CRUZADA DO NOVO MANDAMENTO NO LAR. Preocupa-nos cumprir a máxima do Mestre: “Buscai, primeiro, o Reino de Deus e sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas”. Como o Espírito da Verdade a interpreta?

R – Perguntou Jesus: “Qual de vós poderá, com toda a sua inteligência, com todos os seus cuidados, aumentar de uma polegada a altura do seu corpo? Se, pois, as menores coisas estão acima do vosso poder, por que vos afligirdes pelas outras?” Eis, em espírito e verdade, o sentido e o alcance destas palavras: o homem não deve pretender, à viva força, mudar a face dos acontecimentos que Deus prepara. Deve, ao contrário, fazer tudo o que estiver ao seu alcance para torna-los úteis à sua salvação. Jamais deverá desnatura-los. Uma vez realizados, não tem que dizer: “Se eu tivesse procedido desta ou daquela maneira, isto não sucederia”. É preciso ver no fato ocorrido uma conseqüência da sua posição na terra, um efeito das suas provações ou um corolário das suas fraquezas, que causaram a falta, a negligência ou a imprudência, e reconheça que Deus governa, visando sempre ao bem do Espírito encarnado. Agora, já se torna mais compreensível a máxima do Cristo: “Buscai, primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas”. O dever primordial do homem é VIVER DE ACORDO COM A LEI DE DEUS, porque – uma vez integrado na vida de pureza – atrai sobre si as bênçãos do Pai Celestial, bênçãos que receberá na sua significação real. Não se trata de bênçãos materiais, úteis unicamente ao que há de perecível em vós, ao que mais vos inquieta, e sim de benção que vos purificam mais e mais, fazendo-vos compreender que os sofrimentos, as dores corporais são outras tantas bênçãos do Senhor, pois vos depuram o Espírito, rompem os laços que o escravizam à carne e lhe permitem – mesmo durante a miserável existência terrena – encaminhar-se para as regiões da felicidade eterna. Quando a Humanidade tiver chegado ao grau de pureza moral, que há de adquirir, as questões relativas às Leis Morais – de adoração, trabalho, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor e caridade – se resolverão facilmente. Sim, porque os bens (tanto materiais quanto morais e intelectuais) NÃO MAIS PERTENCERÃO A ESTE OU AQUELE, porque em será por todos e todos serão por um. Quer isto dizer que os filhos do Pai Celestial viverão, unidos pelo desejo de se ajudarem uns aos outros DENTRO DA LEI DIVINA. Será a vivência humana do Novo Mandamento de Jesus! Mas essa maravilha não é para já – lembrai-vos do Armagedon – porque será precedida de todas as coisas preditas por Jesus no seu Evangelho e no seu Apocalipse. Assim, não tenteis introduzir, prematuramente, em vossos costumes e leis, MUDANÇAS QUE HÃO DE SER FRUTO DA QUE SE OPERA NOS VOSSOS CORAÇÕES, trazendo consigo, pela prática diária da Boa Vontade, o desenvolvimento das inteligências, da instrução, da educação real, da ciência e do amor, o bem-estar espiritual e, por conseqüência, o bem-estar material. Então, sim, TUDO VOS SERÁ ACRESCENTADO PELO PODER DE DEUS. Disse, ainda, Jesus: “A cada dia basta o seu labor, a sua aflição”. Cristãos do Novo Mandamento, lavradores de almas, conduzis a charrua por terrenos ingratos! Nós preparamos a semente, e somos obrigados a escolhe-la com muito cuidado, porque em poucos lugares pode germinar. Esperai, porém, que chegue a hora da colheita. O Senhor chamará, então, seus verdadeiros trabalhadores. Dos quatro cantos do vento retumbará a trombeta, e os obreiros fiéis poderão admirar as incontáveis espigas que semearam nos sulcos feitos pelo arado. Jesus marcha, o tempo marcha, nós marchamos convosco!

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O RICO E O LÁZARO

P – Hoje, só aceitamos o Evangelho de Jesus, em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento. O CEU da LBV, unificando as Quatro Revelações do Cristo de Deus, coloca o Brasil na vanguarda espiritual de todos os povos e nações da Terra! Como o Espírito da Verdade explica a parábola do Rico e de Lázaro, o mendigo?

R – Eis o Evangelho segundo Lucas, XVI: 19-31.

LUCAS: 19 – Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e finíssimo linho, e se banqueteava, magnificamente, todos os dias. 20 – Havia, também, um pobre mendigo chamado Lázaro, que jazia, coberto de úlceras, à porta do rico, 21 – esperando saciar sua fome com as migalhas que caíam da mesa deste, mas ninguém lhe dava essas migalhas; e os cães vinham lamber-lhe as chagas. 22 – Ora, aconteceu que, morto o mendigo, foi transportado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico morreu, também, e teve o inferno por sepultura. 23 – Quando este, no seu tormento, levantou os olhos e ao longe viu Lázaro no seio de Abraão, 24 – disse, em gritos, estas palavras: Pai Abraão, tem piedade de mim, e manda que Lázaro molhe na água a ponta do seu dedo para refrescar a minha língua, pois eu sofro os tormentos destas chamas! 25 – Mas Abraão lhe respondeu: Meu filho, lembra-te de que recebeste bens em tua vida, enquanto Lázaro só recebeu males; por isso, ele agora é consolado e tu és atormentado; 26 – além disso, grande abismo existe entre nós e vós, de modo que os que querem passar daqui pra lá não o podem, como também não se pode passar de lá pra cá. 27 – Disse o rico: Eu, então, te suplico, Pai Abraão, que o mandes à casa de meu pai, 28 – onde tenho cinco irmãos, para lhes dar testemunho destas coisas, a fim de que eles não venham a cair neste lugar de tormentos! 29 – Abraão lhe retrucou: Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam! 30 – Não, Pai Abraão, disse o rico, mas se algum dos mortos for até eles, certamente farão penitência! 31 – Abraão respondeu: Se eles não ouvem nem Moisés, nem os profetas, do mesmo modo não acreditariam, mesmo que algum dos mortos ressuscitasse.

O rico, de coração duro e egoísta, sofre o castigo das suas faltas (é o que significa o inferno por sepultura); ao passo que o desgraçado, resignado e paciente, recebe a recompensa de suas dores. O castigo tem de seguir seu curso: SÓ O ARREPENDIMENTO LHE PODE ABREVIAR A DURAÇÃO. Por mais esforços que faça não consegue o justo deter a Justiça de Deus, enquanto o culpado não se houver arrependido. E no caso, o rico sofria, mas não se arrependera. A SOLICITUDE, QUE MANIFESTAVA PARA COM OS IRMÃOS, PROVINHA DO DESEJO DE QUE ESTES EVITASSEM A CAUSA DAQUELE CASTIGO: NÃO ERA FRUTO DO ARREPENDIMENTO! No apelo que fez houve um pedido, mas não houve pesar. Lázaro, no seio de Abraão, continua a ser, para ele, o pobre, o mendigo, o homem do povo, “servo nato” do rico, até mesmo no inferno, isto é, mesmo quando o rico está sofrendo o seu castigo! Repassado de infantil simplicidade, bem apropriado àquele tempo, composto em termos imaginosos, de molde a ferir e impressionar as inteligências da época, o diálogo da parábola visava aos que estavam em condições de compreende-lo; mas é, também, dirigido AOS QUE JULGAM SUA INTELIGÊNCIA MUITO ACIMA DE TAL LINGUAGEM. Por esse diálogo, também se lhes diz: “Homens, não caveis um abismo entre vós e o pobre a quem repelis; porque, se ele suportar o vosso desprezo resignadamente, com fé e coragem, terá a sua recompensa, ao passo que vós tereis de pagar pelo egoísmo, pelo orgulho, pela dureza do vosso coração! E, enquanto permanecereis insensíveis, nesse endurecimento, intransponível será para ambos o abismo que vos há de separar.SÓ O ARREPENDIMENTO SINCERO, DIANTE DE DEUS QUE TUDO VÊ, LANÇARÁ SOBRE ESSE ABISMO UMA PONTE PROVIDENCIAL, PELA QUAL VOS PODEREIS REUNIR, PARA A ALEGRIA DA RECONCILIAÇÃO!”

COMUNICAÇÃO DE VIVOS E MORTOS

P – A parábola RICO E LÁZARO, além de nos apresentar um diálogo entre “mortos no mundo invisível, também nos mostra a possibilidade da comunicação entre mortos e vivos, nos versículos 27 a 31. Como explica o assunto o Espírito da Verdade?

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R – A linguagem do rico na parábola – versículos 27, 28 e 30 – é a prova e, ao mesmo tempo, a sanção da crença dos judeus na comunicação dos homens com as “almas dos mortos”, isto é, com os Espíritos. As duas respostas de Abraão ao rico mostram ser ABSOLUTAMENTE INÚTIL, PARA DEMOVER OS SISTEMATICAMENTE INCRÉDULOS, TODA E QUALQUER COMUNICAÇÃO DE ALÉM-TÚMULO! Efetivamente, que valor a aparição, a do pobre, teria para os irmãos daquele rico, imbuídos das mesmas opiniões e do mesmo egoísmo que ele, como se depreende da parábola?^Talvez o acusassem de continuar a importuna-los, até depois de morto. Tratariam de varrer do pensamento a aparição, do mesmo modo que da vista repeliam o homem, sobretudo sendo aquela ainda mais aborrecida. Acresce que, de par com a incredulidade nascida do coração endurecido leva o homem a negar as comunicações do Além, porque ESTAS LHE TRAZEM REVELAÇÕES AMEAÇADORAS DA “SEGURANÇA” EM QUE ELE JULGA ESTAR, E LHE IMPÕEM REFORMAS URGENTES, QUANDO O QUE LHE APRAZ É SEGUIR O CURSO DAS SUAS PAIXÕES. Que esses procurem, primeiro, aplicar a si próprios a Lei de deus, antes que seja tarde! Outra pergunta que nos confiam, para resposta: “Em nome do Catolicismo se diz: tendes o Evangelho e a Igreja, por que procurar outra coisa?” Os que falam assim parodiam o que disse Jesus (versículos 29 e 31), quando pôs na boca de Abraão estas palavras: “Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam!” O que o Mestre dizia era TENDES A LEI E OS PROFETAS, ISTO É, TENDES O AMOR UNIVERSAL PARA VOS GUARDAR; TENDES, PARA VOS GUIAR, O EXEMPLO DOS QUE O PRATICARAM. Os que vos concitam a reportar-vos ao Evangelho, dele sempre fizeram letra morta. Ele deixou de ser a Lei, porquanto – da prática a que submeteram os que assim falam – desapareceu o amor imenso que se estende sobre todos, indistintamente: o amor que a ninguém persegue, que dá alento a todos os fracos e arrebanha todas as ovelhas desgarradas, sem lhes perguntar de que religiões vieram. O AMOR, EIS A LEI. O EVANGELHO; A PRÁTICA DO AMOR UNIVERSAL, EIS OS PROFETAS. OS QUE DO AMOR SE AFASTAM NÃO OBEDECEM À LEI QUE PRETENDEM IMPOR AOS OUTROS. Por terem (os que vos apontam o Evangelho) dele feito letra morta e que, nos tempos preditos por Jesus, QUANDO A ABOMINÁVEL DESOLAÇÃO IMPERA NO LUGAR SANTO, EXATAMENTE ONDE NÃO PODERIA EXISTIR, o Senhor envia o Espírito da Verdade para, pela unificação da Revelações do Cristo de Deus – sempre em espírito e verdade, à luz do Novo Mandamento – reconduzir os homens à prática do amor, à simplicidade e a pureza da Moral sublime do Mestre, exatamente para os conduzir à VERDADE RESTAURADA, depois do próximo e último Armagedon.

CRISTIANISMO E RIQUEZA

P – Tomando ao pé da letra a parábola do Rico e Lázaro, dizem alguns comentadores: “Todo o pensamento desta parábola está no versículo 15 da capítulo XVI: “o que é elevado aos olhos dos homens é abominação aos olhos de Deus”. Com efeito, o rico tem o inferno por sepulcro (versículo 22); Deus o abomina unicamente por ser ele grande perante o mundo, e o pobre é amado por Deus, “está no seio de Abraão”, unicamente por ser pequeno perante o mundo. Não se diz ali que o rico fez mau uso da sua riqueza, nem que o pobre fez bom uso da sua pobreza, mas que o rico recebeu os seus bens em vida e que ao pobre Lázaro somente males couberam. É o que, implicitamente, se nos depara nestas palavras do Evangelho segundo Lucas, no começo do Sermão do Monte: “Ai de vós, ricos, que tendes a vossa consolação neste mundo! Ai de vós, que estias saciados, porque tereis fome! Ai de vós, que rides agora, porque tereis de gemer e chorar!” (VI: 24-25). Este sentimento de animosidade contra a riqueza, essa reprovação do rico se desenvolveu no Cristianismo, ao mesmo tempo sempre que se alargou sua luta contra o mundo, mas o pensamento mesmo do seu fundador é diferente: “Buscai, primeiro, o Reino de Deus e sua Justiça e todas as coisas vos serão dadas de acréscimo” (Mateus, VI: 33). Qual, sobre isso, a opinião do Espírito da Verdade?

R – Os que usam desta linguagem, tendo razão do ponto de vista das falsas interpretações dadas às palavras do Cristo, se enganam redondamente QUANTO AO SENTIDO E AO OBJETIVO, SEGUNDO O ESPÍRITO, SEGUNDO O PENSAMENTO DE JESUS INTENCIONALMENTE

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VELADO PELA LETRA, QUER DA PARÁBOLA, QUER DOS TEXTOS QUE CITAM, e que já vos explicamos em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento. A falsa interpretação das palavras do Mestre produziu bons frutos a seu tempo. A violência mesma dessa interpretação concorreu para que os prevaricadores, os avaros e os egoístas se despojassem dos seus bens, com o propósito de evitarem o castigo e darem exemplos de desprendimento, que mais tarde seriam bem mais compreendidos. Quando se tem de abater uma árvore secular, não é de um canivete que se lança mão, mas de um machado movido por vigoroso pulso. Quando se tem de destruir paixões más, profundamente enraizadas, não é com palavras brandas e sem alcance que se há de consegui-lo: SERÁ PRECISO VIBRAR GOLPES VIOLENTOS QUE REPERCUTAM NO CORAÇÃO. As palavras de Jesus eram sempre medidas para o efeito de produzirem frutos imediatos e prepararem as colheitas vindouras. Mesmo o que esses comentadores consideram DESVIOS, RESULTANTES DE FALSAS INTERPRETAÇÕES, não foi mais que o profundo trabalho da charrua em terras duras, forçando-as a produzir, a fim de que – ao cabo de certo tempo – a cultura as possa amolecer, destorroar e tornar férteis em frutos mais doces e mais saborosos. Reportem-se (os que formulam aquelas objeções) à explicação, conforme ao espírito, que vos demos da parábola. Atendam a que A LETRA MATA, O ESPÍRITO VIVIFICA; a que as palavras de Jesus são ESPÍRITO E VIDA, e que se encadeiam formando um conjunto harmonioso. Só assim, dentro do equilíbrio das Leis Eternas e Imutáveis, compreenderão o seu sentido e o seu alcance.

P – Diz Abraão: “Grande abismo existe entre nós e vós; de modo que os que querem passar daqui para lá não o podem, como também não se pode passar de lá para cá” (versículo 26, capítulo XVI, do Evangelho de Jesus segundo Lucas). Qual o seu sentido real, segundo o espírito?

R – Alusão clara à impossibilidade que há, para o Espírito (por mais elevado que seja), de deter o curso da Justiça Divina. Deus é bom, mas também é JUSTO: a cada um de acordo com suas obras.

P – As palavras desse versículo 26, veladas pela imagem material e pela letra, significarão que os Bons Espíritos não se podem acercar dos Espíritos culpados, enquanto não há, da parte destes, arrependimento? E reciprocamente, que os Espíritos culpados não se podem elevar às regiões em que se acham os Bons Espíritos e aproximar-se deles?

R – Não. Os Espíritos Superiores não entram em contato com os Espíritos Inferiores que sofrem punição. Mas os Bons Espíritos, de menor elevação, os cercam, conservando-se, entretanto, invisíveis. E, quanto aos Espíritos inferiores, esses não podem elevar-se NUNCA às regiões ocupadas pelos Bons Espíritos, SEM QUE UM ARREPENDIMENTO SICERO OS PONHA EM CONDIÇÕES DE EXPERIMENTAREM A INFLUÊNCIA DIRETA DE SEUS PROTETORES E SEM QUE LHES SEJA PERMITIDO ACOMPANHAR OS BONS ESPÍRITOS, COM O PROPÓSITO DE SE INSTRUIREM E PROGREDIREM, NO CAMINHO DO BEM E DA VERDADE.

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QUEM JULGA SERÁ JULGADO

P – Não há, para os brasileiros de Boa Vontade, maior tesouro espiritual que a DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO DE JESUS. Como o Espírito da Verdade interpreta o “não julgueis” do Mestre?

R – Vamos harmonizar estas passagens dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, VII: 1-7; Marcos, IV: 24; Lucas, VI: 37-38 e 41-42.

MATEUS: 1 – Não julgueis para não serdes julgados, 2 – porquanto sereis julgados como tiverdes julgado os outros; com a medida com que medirdes também sereis medido. 3 – Como é que vês o argueiro no olho do teu irmão e não percebes a trave no teu? 4 – Ou como é que dizes a teu irmão: 5 – Deixa-me tirar um argueiro do teu olho, quando tens uma trave no teu? 6 – Hipócritas, primeiro tira a trave do teu olho, e então poderás tirar o argueiro do olho do teu irmão. 7 – Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis vossas pérolas aos porcos, para não suceder que as pisem, e ainda se voltem contra vós, e vos estraçalhem.

MARCOS: 21 – E Jesus lhes disse: – Atentai no que ides ouvir: sereis medidos com a mesma medida com que medirdes os outros, e ainda se vos acrescentará..

LUCAS: 37 – Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. 38 – daí e se vos dará, e no vosso regaço será derramada uma boa medida, cheia, atestada, a extravasar; porquanto, para vos medir, servirá a mesma medida com que houverdes medido os outros. 41 – Como é que v~es o argueiro que está no olho do teu irmão e não percebes a trave que está no teu olho? 42 – Como é que podes dizer a teu irmão: “deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho”, tu que não vês a trave que está no teu? Hipócritas, primeiro tira a trave que está no teu olho, e então verás como tirar o argueiro que está no olho do teu irmão.

O ensino que resulta destas palavras de Jesus facilmente se apreende: não reclama longos comentários. Penetre o homem no seu íntimo, antes de proferir juízo sobre seus irmãos: faça exame de consciência; compenetre-se do seu próprio valor; inquira de si mesmo O QUE RESPONDERIA SE TIVESSE DE IR A PRESENÇA DO JUIZ. Só então a sua indignidade lhe mostrará a indulgência de que deve usar para com os seus semelhantes. Lembre-se do verdadeiro sentido que Jesus deu às palavras do “Pai Nosso”: PERDOAI-NOS CONFORME PERDOARMOS.Daí a advertência do Mestre: “Atentai no que ides ouvir: sereis medidos com a mesma medida com que medirdes os outros, E AINDA SE VOS ACRESCENTARÁ.” Dirigindo estas palavras a seus discípulos (e a todos os homens) Jesus os exortava a se examinarem com rigor, para não julgarem levianamente. QUEM FOR IGNORANTE, E QUISER JULGAR SEUS IRMÃOS, PROCEDA SEMPRE COM SEVERIDADE, POR NAÕ COMPREENDER A CAUSA DOS ATOS DESTES E NÃO SER CAPAZ DE OS PESAR DIANTE DE DEUS. Ora, aquele que julgar com severidade será julgado do mesmo modo. As palavras E AINDA SE VOS ACRESCENTARÁ querem dizer: QUANTO MAIS ESFORÇOS FIZERDES PARA VOS APROXIMAR DO MESTRE, TANTO MAIS O MESTRE SE DIGNARÁ DE DESCER ATÉ VÓS. Elas não se ligam às palavras que as precedem. Não se ligam significando: aquele que julgar severamente seus irmãos será julgado com severidade maior. Não foi para exprimir esse pensamento que Jesus as pronunciou. A interpretação exata é esta: sereis medidos, isto é, julgados pela maneira por que houverdes julgado os vossos irmãos; mas, também, graças vos serão dadas com relação aos esforços que houverdes feito PARA MERECE-LAS. Tais palavras, portanto, só se referem às graças que o homem pode merecer ou não, de acordo com os esforços que faça, para alcançá-las, ou a negligência que ponha em progredir. Deveis ser caridosos: deveis perdoar aos vossos irmãos as ofensas que vos tenham feito, como quereis que Deus perdoe as vossas ofensas. Se não perdoardes, como podereis ser perdoados? Sim, É SEMPRE MELHOR TRANSFERIR A DEUS O JULGAMENTO.

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JULAGAR, PERDOAR E PREGAR

P – Vários irmãos, que estão assistindo à nossa Cruzada do Novo Mandamento no Lar, fazem estas perguntas ao Espírito da Verdade: – Por que não julgar? Por que perdoar? Por que não pregar A TODOS?

R – O ensinamento é do próprio Jesus: se não perdoardes, se não usardes de indulgência para com os vossos semelhantes, como podereis esperar que o vosso Pai, que está no céu, use de indulgência para convosco? Tereis merecimento bastante? Não tereis transgredido sua Lei? Não vos terá faltado a caridade que sem cessar vos pregamos, e que constitui a base única sobre a qual deveis edificar? Se quiserdes ser perdoados, perdoai. Não julgueis os vossos irmãos, porque TAMBÉM TEREIS DE SER JULGADOS POR UM JUIZ ÍNTEGRO, QUE LÊ NO FUNDO DOS VOSSOS CORAÇÕES E VÊ TODAS AS PAIXÕES MISERÁVEIS QUE AÍ SE AGITAM. Sim, não julgueis vossos irmãos, vós que não vedes mais que a superfície, porquanto – se a superfície nele vos parece turbada – o fundo pode estar puro aos olhos de Deus, AO PASSO QUE, EM VÓS, JULGADORES INCLEMENTES, TALVES ESTEJA IMPURO. Lembrai-vos da advertência do Cristo: “Tira, primeiro, a trave do teu olho, e então verás como tirar o argueiro do olho do teu irmão”. Sim, começai por expurgar as vossas Almas de todos os vícios, de todos os maus instintos que as devoram. TORNAI VOSSOS CORAÇÕES PUROS AOS OLHOS DE DEUS. Depois, então, quando fordes perfeitos, podereis censurar. Podereis, mas não o fareis, porque a Perfeição das vossas Almas vos terá aproximado daquele que, PERFEIÇÃO IMACULADA, afirmou: ATIRE A PRIMEIRA PEDRA O QUE ESTIVER SEM PECADO! Aquele que, isento de qualquer pecado, disse à pecadora: VAI, E NÃO PEQUES MAIS! Agora, a parte final, inspirada nestas palavras de Jesus: “Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis vossas pérolas aos porcos, para não suceder que as pisem, e ainda se voltem contra vós, e vos estraçalhem”. Compenetrai-vos bastante, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento, destas palavras que o Mestre dirigiu AOS QUE, ENTÃO, ERAM SEUS APÓSTOLOS, como também àqueles que o seriam no futuro, no tocante ao ensino e à pregação pública da Palavra de Deus. Nesta é que encontrais as pérolas do amor e as coisas santas. Portanto, as circunstâncias em que vos achardes e o meio em que falardes é que vos deverão inspirar A CONDUTA A SEGUIR. Sondai o terreno, preparai-o e, se descobrirdes um sinal de fertilidade, por menor que seja, lançai a semente divina com prudência e precaução. Depois cultivai-a cuidadosamente, auxiliando-lhe o desenvolvimento. Se, ao contrário, o terreno vos parecer árido e ingrato, encerrai-vos no silêncio: as Almas ainda não estão preparadas para receber as pérolas, as coisas santas da Palavra de Deus. Se vos interpelarem, dizei que não quereis falar. A recusa, em tal caso, desperta a curiosidade em certas naturezas e nelas desenvolve O DESEJO DE SABER. Acontecendo isso, devotai-vos à obra do Semeador, pregando aos que, a princípio, agiram como porcos e cães. Estendei os braços às ovelhas desgarradas. Ide em socorro das que estiverem perdidas. Tratai de reconduzir ao Senhor o pequeno rebanho que conseguirdes reunir. O Mestre recompensa, generosamente, os Obreiros de Boa Vontade, os Homens e Mulheres da BOA VONTADE DE DEUS. Nada se compara à alegria de salvar vidas e salvar Almas para o Senhor. A FORTUNA DE HAVERDES SALVO IRMÃOS VOSSOS DA INCREDULIDADE, DO DESÂNIMO, DA NEGAÇÃO E DO ATEÍSMO VOS RECOMPENSARÁ, ABRINDO-VOS AS PORTAS DO PARAÍSO PERDIDO. Veja quem tem olhos de ver, ouça quem tem ouvidos de ouvir!

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O PODER DA ORAÇÃO

P – Jesus, no Sermão do Monte, destaca o valor da prece de maneira impressionante. Por isso, o CEU da LBV nos recomenda o cultivo persistente da oração. Como o Espírito da Verdade analisa as palavras do Redentor da Humanidade?

R – Vamos encontra-las nestas passagens: Mateus, VII: 7-11; Lucas, XI: 5-13.

MATEUS: 7 – Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei e se vos abrirá; 8 – porquanto quem pede recebe, quem procura acha, àquele que bate a porta se abre. 9 – Qual de vós dá uma pedra ao filho, quando este pede pão? 10 – Ou, se pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 11 – Ora, se vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, com mais forte razão vosso Pai, que está no céu, boas coisas dará àqueles que as pedirem.

LUCAS: 5 – Disse-lhe ainda: se alguém que tiver um amigo e for procurar, alta noite, dizendo: “meu amigo, empresta-me três pães, 6 – pois um de meus amigos, que estava viajando, acaba de chagar à minha casa e nada tenho para lhe dar”. 7 – e o amigo lhe responde, de dentro de casa: “não me importunes, minha porta já está fechada e meus servos deitados, assim como eu; não posso levantar-me para te dar o que pedes”; 8 – se, apesar disso, o primeiro insistir em bater, eu vos digo que, quando o segundo não se levante para dar o que lhe é pedido por ser seu amigo o que pede, se levantará, pelo menos por causa da importunação, e dará ao outro tudo o que lhe seja necessário. 9 – Eu vos digo: pedi e vos dará; procurai e achareis; batei e se vos abrirá; 10 – porque quem pede recebe, quem procura acha e a porta se abre àquele que bate. 11 – Se algum de vós pedir pão a seu pai, este lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 12 – Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará escorpião? 13 – Ora, se maus como sois, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, com mais forte razão vosso Pai, que está nos céus, dará um bom espírito àqueles que o peçam.

Com estas palavras, Jesus punha seus discípulos em guarda contra o desalento que, muitas vezes, nasce de um aparente insucesso. Elas se aplicam, portanto, a todas as gerações, porque a perseverança deve caber a todos. É a perseverança que vos fortifica as resoluções, vos aperfeiçoa as obras, vos dá segurança na fé e vos torna dignos da atenção do Mestre, que concederá aos vossos reiterados esforços o que não vos poderia dar ENQUANTO NÃO ESTIVESSEIS, AINDA, SEGUROS DE VÓS MESMOS. O homem nada pode nem deve fazer, nem empreender, sem primeiro implorar ao Senhor, do fundo do coração, a sua assistência e a sua proteção. Pois o Senhor, na sua infinita bondade, sabe o que convém a seus filhos, E SEMPRE LHES DÁ FARTAMENTE O QUE CONVENHA, se bem que estes, ingratos e cegos, só muito raramente entendem os desígnios da Divina Providência. Um pai não dá uma serpente ao filho que lhe pede pão. Vosso pai não vos recusa, nunca, os favores que vos são necessários. Sabeis, entretanto, O QUE REALMENTE VOS É NECESSÁRIO? Estais em condições de decidir, por vós mesmos, o alimento que convém ao vosso estômago? E podeis compreender o gênero de provação que deveis enfrentar? Não. Vosso pai, porém, o sabe, e vos alimenta de acordo com a vossa constituição. Quanto mais a luz se espalhar por entre vós, mais aptos estareis a compreender estas palavras: O PAI DE FAMÍLIA NÃO DÁ PEDRAS AO FILHO QUE LHE PEDE PÃO. Portanto, tratai de pedir ao vosso pai o pão da vida, e ele vos facultará fartos meios de o adquirirdes pelo vosso merecimento. Concentrai o pensamento na recomendação de Jesus: PEDI E SE VOS DARÁ; PROCURAI E ACHAREIS; BATEI E VOS ABRIRÁ: PORQUE QUEM PEDE RECEBE, QUEM PROCURA ACHA E A QUEM BATER A PORTA SE ABRIRÁ. Compreendei bem estas palavras, mas – como sempre – segundo o espírito que vivifica, jamais segundo a letra que mata. Suplicai ao Senhor que vos torne compreensíveis as suas verdades, e o vosso entendimento se abrirá. Batei à porta da Eternidade, e certamente chegareis ao santuário. Encaminhai-vos ao Dispensador de todas as graças divinas; dirigi-vos a Ele com pureza de coração, pedi-lhe a Luz que esclareça os vossos irmãos, e colocará nas vossas mãos o facho cujos raios iluminarão o mundo!

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É PRECISO SABER PEDIR

P – Graças ao Centro Espiritual Universalista da LBV, entendemos que muitos – quando fazem suas preces – não sabem pedir o que devem. Há, por exemplo, os que rezam, ou oram, com ódio no coração, sem a mínima demonstração de arrependimento. Que diz o Espírito da Verdade?

R – Que o caminho é o arrependimento, completado pelo perdão. Se puderdes, por um ARREPENDIMENTO SINCERO, apagar as faltas recentes, podereis pela prece – rogando a graça de não mais cometerdes – alcançar (se deles vos fizerdes dignos, tornando-os possíveis, quer por inspiração, quer por comunicação) o amparo e os conselhos que vos guiarão e sustentarão, esclarecendo-vos acerca das provas que escolhestes E SOBRE A MANEIRA DE CONSEGUIRDES VENCÊ-LAS, COM FELICIDADE, AOS OLHOS DO SENHOR. Quando o Cristo diz “pedi e se vos dará”, não quer dizer que possais pedir a Deus que mude as provas escolhidas por vós mesmos, e que detenha – de súbito – o curso dos acontecimentos CUJA REALIZAÇÃO SUA ONISCIÊNCIA DECIDIU. Significa isso que o Senhor vos concederá a compreensão das “vistas secretas” da Divina Providência; que vos concederá entrar, assim, em comunhão de pensamento com Ele E COMPREENDER O BEM QUE, NA ETERNIDADE, VOS ADVIRÁ DOS SOFRIMENTOS FÍSICOS OU MORAIS, QUE VOS ATORMENTAM NA EXISTÊNCIA TERRENA, E QUE, AFINAL, FORAM DETERMINADOS PELOS VOSSOS ABUSOS DAS VIDAS PRECEDENTES. O livre arbítrio do homem pode mudar a face dos acontecimentos da sua existência, mas o fundamento sério destes será sempre o mesmo. Não vos podem ser contadas como provações as mil contrariedades oriundas da existência em comum, e da vossa civilização ainda bárbara, sob tantos pontos de vista. São particularidades ínfimas, que não têm importância alguma NO CONJUNTO DAS PROVAS QUE VOS CUMPRE SUPORTAR. Afirmou o Mestre: “Vosso Pai, que está nos céus, dará um bom espírito àqueles que o pedirem”. O Senhor não se mantém surdo NUNCA – bem sabeis – às vozes angustiadas de seus filhos, quando se dirigem a Ele COM FÉ E CONFIANÇA. O pai da grande família nem sempre concede as graças como lhe são pedidas porque, em vez de constituírem um bem, resultariam em confusão para o homem. Aquele, porém, que SABE FALAR COM DEUS, com humildade real e profunda sinceridade, Ele abre o entendimento que dá O BOM ESPÍRITO, isto é, O AMOR A DEUS, A INTELIGÊNCIA DAS COISAS DA VIDA ETERNA, PERMITINDO QUE SEUS MENSAGEIROS O CERQUEM, PARA ESCLARECÊ-LO E CONFORTÁ-LO. O homem a quem o Pai Celeste concedeu bom espírito é aquele que entende as palavras do Mestre, que se aplica em praticá-las e nunca desespera do SEU AMOR E DA SUA JUSTIÇA. Por isso, disse Jesus: “Sem mim, NADA podereis fazer. Será salvo aquele que persevera até ao fim”. É a Lei do Merecimento, dando a cada um de acordo com suas obras!

JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE

P – Jesus nos deu a “regra áurea” no sermão do Monte. Como o Espírito da Verdade a interpreta através do CEU da LBV?

R – Ela está contida nestes dois trechos do Evangelho: Mateus, VII 12 e Lucas, VI: 31.

MATEUS: 12 – Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o, também, a eles: pois é nisto que consistem a lei e os profetas.

LUCAS: 31 – Fazei aos homens o que quereis que eles vos façam.

Ama a teu próximo como a ti mesmo. Teu próximo, qualquer que ele seja, conhecido ou desconhecido, amigo ou inimigo, é teu irmão, pois é filho do mesmo Pai, que está no céu. Por toda parte e sempre, em todas as circunstâncias, coloca-te no seu lugar, a fim de procederes com ele como desejarias que procedesse contigo. ASSIM, NUNCA DIGAS OU FAÇAS O QUE NÃO QUEIRAS QUE ELE DIGA OU FAÇA COM RELAÇÃO A TI. Ao contrário, dize ou faze – do ponto de vista do que for justo e bom, na ordem material, moral e intelectual – tudo o que desejarias que, invertidas as posições ele dissesse ou fizesse por ti, praticando a caridade material e espiritual, em toda a

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extensão do teu poder, de teus meios e de tuas faculdades, pela palavra e pelos atos, e sob todas as formas: com o coração, com a boca, com os braços, com a inteligência. Com o Novo Mandamento revelado, em Espírito e Verdade, o cristão não se limita a uma regra que substituiu o “OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE” da truculência da lei antiga. Vai muito além, seguindo os passos do Salvador, que colocou os homens acima de si mesmo. Ele pode dizer: “NINGUÉM TEM MAIOR AMOR DO QUE ESTE – DAR A PRÓPRIA VIDA PELOS AMIGOS (E PELOS INIMIGOS)”. Conhecendo a Lei do Amor Universal, o Cristão do Novo Mandamento entende perfeitamente as palavras do Mestre. Sabe que, brevemente, haverá um só Rebanho para um só Pastor, que é Jesus. Portanto, entra em vigor a REGRA ETERNA do Cristianismo do Cristo: – AMA-TE A TI MESMO TANTO QUANTO AMAS A TEU PRÓXIMO!

A PORTA ESTREITA

P – A revisão geral das Revelações de Jesus chegou na hora certa, para liquidar a confusão dos espiritualistas sectários: O CRISTO TEM DE PERMANECER ACIMA DE TODOS OS CHEFES DE RELIGIÕES E FILOSOFIAS! Como o Espírito da Verdade explica os versículos 13 e 14 do sétimo capítulo do Evangelho Segundo Mateus?

MATEUS: 13 – Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição; e grande é o número dos que entram por ela. 14 – Quão estreita é a porta, quão apertado o caminho que conduz à vida, quão poucos o encontram!

R – A porta estreita e o caminho difícil indicam os esforços que o Espírito encarnado tem de empregar (e as penas que tem de suportar) para chegar à vida eterna, isto é, para se despojar de seus vícios, para marchar pela estrada do Bem, fazendo nascer no seu íntimo os sentimentos opostos aos vícios de que se for libertando. Os que encontram a porta estreita e o caminho apertado são os que praticam o trabalho, o amor, a caridade, e, portanto, a humildade, a tolerância, o desinteresse, o devotamento a todos; são os que desse modo, sabem enfrentar e cumprir as suas provas, resistindo aos maus instintos, às tendências más que tem de ser vencidas, pois TORNAM INDISPENSÁVEIS AS REENCARNAÇÕES SUCESSIVAS, PARA A PURIFICAÇÃO E O PROGRESSO DO ESPÍRITO. A porta larga e o caminho espaçoso, que conduzem à perdição e pela qual os homens entram, em tão grande número, são o orgulho, o egoísmo, a ambição com todos os seus derivados, a avareza, a cupidez, a inveja, a luxúria, a intemperança, a cólera, a preguiça, o materialismo, a incredulidade, a intolerância, o fanatismo sectário,a predominância da matéria sobre o Espírito, ou mesmo a sujeição do Espírito à matéria animalizada, e – de modo geral – a maldade pela palavra ou pelos atos, sob todas as formas e em todas as gradações.

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

P – Toda a Bíblia Sagrada devia ser difundida por todo mundo à luz do Novo Mandamento. Seria a salvação dessa pobre Humanidade, subjugada pela treva internacional! Como o Espírito da Verdade explica os versículos 23 a 30 do capítulo XIII do Evangelho de Jesus segundo Lucas?

R – Vamos ler estes versículos:

23 – E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ele respondeu: 24 – Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.

Muitos tentam percorrer a estrada que leva à Casa do Pai; mas, aborrecidos com os obstáculos a vencer, com os esforços a empregar, com os sacrifícios a suportar, param e não vão adiante: SÃO OS QUE NÃO PODEM PASSAR PELA PORTA ESTREITA. Aquele, porém, que segue a estrada que

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a sua consciência lhe traçou (não lhe suplantando os conselhos por meio de sofismas e subterfúgios) passará facilmente pela porta, POR MAIS ESTREITA QUE PAREÇA. Quando se aproximar dela, estará aberta e pronta a lhe dar passagem. Mas dizemos com o Mestre: “Muitos procurarão entrar e não poderão”: SÃO OS QUE TENTAM, MAS NÃO PERSEVERAM. A muitos “que são, ou julgam ser, os primeiros”, na sua sofreguidão, se aplicam essas palavras de Jesus. Vendo entreaberta a porta, eles se encaminharam para ela, mas com o passo incerto, levando consigo o cortejo das impurezas, das fraudes e dos velhos vícios que não largam. Por mais que ouçam a Palavra de Deus, não avançam espiritualmente: julgam caminhar, mas a estrada sempre se renova diante deles, e a porta novamente se fecha diante de seus olhos. Portanto, aos que hoje vos querem acompanhar, dizei claramente – Antes de entrardes nesse caminho árido e pedregoso, despojai-vos de tudo quanto possa estorvar a vossa marcha. Não chegareis nunca, se não fordes conduzidos por uma consciência pura e desinteressada de qualquer proveitos materiais!

25 – E, quando o pai de família houver entrado e fechado a porta, se – do lado de fora- começardes a bater, dizendo: “Abre-nos, Senhor”, este responderá: “Não sei de onde sois”.

A longanimidade de Deus também tem “seu termo”. Quando o Espírito, chamado a progredir na Terra, se obstina permanecer estacionário, repetindo suas faltas indefinidamente, sem querer seguir a marcha ascensional da Natureza, não chega ao mesmo tempo que seus irmãos: não pode mais entrar com eles nas esferas dos felizes. Assim, se a obstinação e o endurecimento persistem, o Senhor repele o culpado teimoso para planetas inferiores, ONDE TERÁ DE RECOMEÇAR TUDO, ATÉ COMPREENDER A NECESSIDADE DO SEU PROGRESSO. Não dizei, entre vós, que a dor ensina a gemer? Tudo tem um limite nas contingências humanas.

26 – Se, então, disserdes: “Senhor, bebemos e comemos na tua presença, e ensinaste em nossas praças públicas”, 27 – ele vos responderá: “Não vos conheço. Afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniqüidade”..

Jesus se refere, claramente, a todos os que, SOB A CAPA DO CULTO QUE PROFESSAM, CONTINUAM A VIVER DE MODO CONDENADO PELA LEI DE DEUS. Não basta intitular-se fiel de uma religião qualquer: é imprescindível praticar as regras da Moral Divina. Não basta dizer “Senhor! Senhor!” – completa o Mestre: é preciso fazer a vontade do Pai que está no céu.

28 – Haverá pranto e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, Isac e Jacó estão no reino de Deus, enquanto sois repelidos de lá.

Estas palavras do Cristo, apropriadas – pela forma da linguagem – aos homens a quem falava, não são alegorias, sob o ponto de vista dos sofrimentos e torturas morais, simbolicamente figurados pela expressão pranto e ranger de dentes. Terão de experimenta-los os Espíritos que, por permanecerem culpados, obstinadamente rebeldes, NO MOMENTO DA DEPURAÇÃO DO VOSSO PLANETA E DA VOSSA HUMANIDADE, serão enviados para mundos inferiores. Tais Espíritos não vão para o degredo sem conhecerem a causa da sua condenação. Porventura condenais alguém sem julgamento? Sim, eles saberão que o endurecimento de suas almas é a CAUSA ÚNICA DE SUAS AFLIÇÕES. Verão o desastre da queda e a extensão da perda que sofreram. Entretanto, a palavra do Mestre lhes dará a esperança, e a visão dos bem-aventurados lhes despertará o desejo de chegarem a ser desse número. Haverá entre eles pranto e ranger de dentes, MAS NUNCA ETERNAMENTE, como ensinam aqueles que se julgam representantes de Deus: o Senhor jamais condena sem deixar a porta aberta à reabilitação dos condenados. Dirigindo-se aos judeus, Jesus falava a Espíritos encarnados dentre os quais ALGUNS PERMANECERÃO CULPADOS NA ÉPOCA DA GRANDE DEPURAÇÃO. Pertencer ao número dos selvagens da Oceania, carecer de inteligência ou de ciência, não é o que constitui motivo para ser expurgado. A esses o Senhor concede tempo. O MOTIVO CONSISTE EM SER HIPÓCRITA, CALCULISTA, TRAIÇOEIRO, ORGULHOSO, EGOÍSTA, INVEJOSO, MATERIALISTA, causando a perda das massas populares, arrastando-as para falsos caminhos, caracterizados pela corrupção moral e mental. Sim, dos que cercavam Jesus, alguns há que estão entre vós, e que terão de progredir em ciência e inteligência, mas que, DESGRAÇADAMENTE PARA ELES, NÃO PROGREDIRÃO EM HUMILDADE E

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SIMPLICIDADE DE CORAÇÃO. Acreditam possuir tudo, na sua lamentável auto-suficiência; mas, quando chegar a hora da razão, que está próxima, verão a triste nudez das suas almas.

29 – Do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-dia, virão os que poderão sentar-se à mesa, no reino de Deus.

Esta é uma alusão nítida feita pelo Cristo, à COMUNHÃO DE PENSAMENTOS E DE CRENÇAS, QUE SE ESTABELECERÁ ENTRE OS HOMENS, NA ÉPOCA DA REGENERAÇÃO. Refere-se, ainda, aos Espíritos que virão de diversos planetas para a Terra, NA ÉPOCA EM QUE JESUS, O ESPÍRITO DA VERDADE, APARECERÁ ENTRE VÓS. Lembrai-vos de que as palavras do Mestre alcançam, sempre, o presente e o futuro.

30 – E disse Jesus: eis que serão os últimos os que eram os primeiros, e os primeiros serão os que eram os últimos..

Muitos que se colocaram na frente, entre os primeiros, serão OS ÚLTIMOS A CHEGAR AO FIM, POR NÃO TEREM MARCHADO COM PERSEVERANÇA. Os que confiam em si mesmos, os que julgam marchar com mais segurança e crêem passar adiante de seus irmãos, se verão obstados pela sua própria vaidade e terão, igualmente, retardada a sua marcha. Para o Senhor, nada vale a duração da existência do Espírito. O ARREPENDIMENTO SINCERO E AS VIRTUDES É QUE SÃO TUDO. Assim, o Espírito que tardiamente entrou no caminho do Bem, mas caminha com humildade e perseverança, pode – NÃO SÓ ATINGIR, MAS ULTRAPASSAR O ESPÍRITO ORGULHOSO - que nenhum esforço faz, mesmo tendo começado mais cedo a sua rota ascensional. E, assim, os primeiros serão os últimos, os últimos serão os primeiros, no reino de Deus!

FALSOS PROFETAS

P – Jesus ensinou: “Uma árvore má não pode dar frutos bons”. Como o Espírito da Verdade explica a referência do Mestre aos falsos profetas?

R – Mateus, VII: 15-20; Lucas, VI: 43-45.

MATEUS: 15 – Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm ter convosco sob a capa das ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. 16 – Vós os conhecereis pelos seus frutos. Porventura se colhem uvas nos espinheiros, ou figos nas sarças? 17 – Assim toda árvore boa dá frutos bons, e toda árvore má dá frutos maus. 18 – Uma árvore boa não pode dar frutos maus, como a árvore má não pode dar frutos bons. 19 – Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20 – Pelos seus frutos os conhecereis.

LUCAS: 43 – A árvore que produz maus frutos não é boa, a árvore que dá bons frutos não é má; 44 – cada árvore se conhece pelo seu fruto; não se colhem figos nos espinheiros nem uvas nas sarças. 45 – O homem bom tira o bem do bom tesouro do seu coração; o homem mau tira o mal do seu mau tesouro, porquanto a boca fala do que está cheio o coração .

Que aquele que prega com os lábios COMECE POR PREGAR PELO EXEMPLO eis tudo. Pela obra é que se conhece o obreiro. Os falsos profetas são os que pregam a moral QUE NÃO PRATICAM. Aquele que não mostra aos outros os frutos da moral que prega é uma árvore má. Se sois árvore boa, daí frutos bons. Se, portanto, pautardes os vossos atos pela MORAL DO CRISTO, sintetizada no seu NOVO MANDAMENTO, os vossos frutos serão bons. Se, porém, vos afastais dessa Moral, sejam quais forem as vossas palavras, não estando de acordo com os vossos atos, sois árvore má, que serão cortadas e lançadas no fogo, isto é, destinadas à expiação e à reencarnação, ao fogo do sofrimento. Aos que vos chamam “falsos profetas” mostrai os frutos da Moral que pregais. OS CEGOS NÃO ENTENDEM QUE POSSA EXISTIR A LUZ: ABRI-LHES OS OLHOS, E ELES VERÃO ALUZ DA VERDADE DO CRISTO DE DEUS!

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DEUS JULGA PELAS OBRAS

P – Um homem é conhecido pelos seus atos, pelas suas obras, à luz do Evangelho em Espírito e Verdade, atualizado pelo Novo Mandamento de Jesus. Como devemos entender a parte final do Sermão do Monte, na interpretação do Espírito da Verdade?

R – Mateus, VII: 21-29; Lucas, VI: 46-49.

MATEUS: 21 – Nem todo aquele que me diz “Senhor! Senhor!” entrará no reino de Deus; aquele, porém, que fizer a vontade de meu Pai, que está no céu, esse entrará no reino de Deus. 22 – Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos os demônios? E não fizemos tantos prodígios em teu nome?” 23 – Eu, então, lhes direi: – Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade! 24 – Aquele que ouve as minhas palavras, e as pratica, é comparável ao homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25 – Veio a chuva, transbordaram os rios, os ventos sopraram e se abateram sobre essa casa, e ela não caiu por estar edificada sobre a rocha. 26 – Aquele, porém, que ouve as minhas palavras, e não as pratica, se assemelha ao insensato que construiu sua casa na areia. 27 – Veio a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos e se precipitaram sobre essa casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína. 28 – Terminando Jesus o seu discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, 29 – porque ele falava com autoridade, não como os escribas ou doutores da lei.

LUCAS: 46 – Mas porque me chamais “Senhor!, Senhor!” e não fazeis o que vos digo? 47 – Vou mostrar-vos a quem é semelhante àquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. 48 – É semelhante a um homem que edifica uma casa e, cavando fundo, lhe constrói os alicerces na rocha; um rio, transbordando suas água, se arremessou contra a casa e não a conseguiu abalar, por estar edificada sobre a rocha. 49 – Mas aquele, que escuta as minhas palavras e não as pratica, se assemelha a um homem que edificou sua casa sobre a areia, sem lhes dar alicerces. E o rio se lançou contra ela, e a casa ruiu, e foi grande a sua ruína.

Nem todos os que dizem “Senhor! Senhor!” entrarão no reino de Deus: AS PALAVRAS MORREM NO ESPAÇO, SEM CHEGAREM A DEUS, QUANDO NÃO TEM O APOIO DOS ATOS. Portanto, praticai sempre o que ensinais. Não basta que admireis a Doutrina de Jesus e digais que ela é perfeita, se nada fazeis por vive-la, aperfeiçoando vossas almas. NÃO BASTA DIZERDES “SOMOS CRISTÃOS”, SE TRABALHAIS CONTRA O CRISTO. Não basta dizer “somos médiuns”, se os que assim falam não usam suas faculdades para a formação de UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR. As mediunidades ou carismas não podem ser, absolutamente, sectarizados, porque Deus os distribui por seus filhos de TODAS AS RELIGIÕES E DE NENHUMA RELIGIÃO: lembrai-vos de que médiuns podem ser os livres-pensadores e os ateus, quando EM MISSÃO acima de qualquer controvérsia religiosa, para o bem da Humanidade. Hoje, sobretudo aos CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, a prática é indispensável. Quem quer que haja entrado nesse caminho FIQUE CERTO DE QUE NÃO PODE MAIS SE DETER NEM SE DESVIAR, porque mais se pedirá a quem mais se concedeu. Não terá desculpa, porque não mais o protege o espesso véu da ignorância, que a Luz do Mestre rompeu. Sim, bem amados irmãos: não basta dizer que esta Moral é sublime: cumpre seja posta em prática! Não basta ser cristão quando não se vive o Cristianismo do Novo Mandamento. É urgente que TODOS COLOQUEM O CRISTO ACIMA DE TODOS OS SEUS EMISSÁRIOS, POR MAIS ILUMINADOS QUE SEJAM; que todos obedeçam com submissão, zelo e confiança às instruções dos Espíritos Guias, na grave transição deste fim de ciclo. Perseverai no caminho que trilhais e tende fé – a fé que remove montanhas – porque o Senhor estenderá suas mãos onipotentes sobre vós, para destruir os obstáculos dos filhos da treva que julgam fácil deter a vossa marcha!

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A LEPRA FÍSICA E A LEPRA MORAL

P – Achamos divina a missão do CEU da LBV, devolvendo ao Cristo o que é do Cristo. Realmente é uma ignomínia tentar dividir o REBANHO ÚNICO de Nosso Senhor e Mestre Jesus! É a lepra moral, que ainda infelicita os que fazem da religião um campo de batalha! Por falar nisso, como o Espírito da Verdade explica a “milagrosa” cura do leproso?

R – Harmonizemos estas passagens dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, VIII: 1-4; Marcos, I: 40-45; Lucas, V: 12-16.

MATEUS: 1 – Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o acompanhou. 2 – Aproximando-se dele, um leproso se pôs a adora-lo, dizendo: “Senhor, se quiseres, bem me podes limpar!” 3 – Jesus, estendendo a mão, tocou o leproso e disse: “Quero, estás curado”. E, no mesmo instante, a lepra desapareceu. 4 – E Jesus acrescentou: “Não fales disto a ninguém, mas vai mostrar-te aos sacerdotes e fazer a oferenda prescrita por Moisés, a fim de que lhes sirva de testemunho”.

MARCOS: 40 – Aproximou-se dele um leproso e, de joelhos, implorava, dizendo: “Se quiseres, podes limpar-me!” 41 – Jesus teve pena dele e, estendendo a mão, o tocou, e lhe disse: “Eu o quero, fica limpo!” 42 – Assim que pronunciou estas palavras, a lepra deixou o homem, ficando este curado. 43 – Mandando-o embora, Jesus lhe proibiu, terminantemente, a divulgação do fato, dizendo: 44 – “Não fales disto a ninguém, mas vai mostrar-te aos príncipes dos sacerdotes e oferece, pela tua cura, o que Moisés ordenou, para que lhes sirva de testemunho”. 45 – O homem, porém, logo que saiu dali, começou a falar da sua cura e a anunciá-la por toda parte, de modo que Jesus não podia mais aparecer ostensivamente na cidade; permanecia fora, nos lugares desertos; mas de toda parte o povo ia ter com ele.

LUCAS: 12 – Sucedeu que achando-se Jesus em certa cidade, um homem coberto de lepra o viu, dele se aproximou e, prostrando-se com o rosto em terra, implorou, dizendo: “Senhor, se quiseres, podes curar-me!” 13 – Estendendo a mão, Jesus o tocou, dizendo: “Eu o quero, ficarás curado”. A lepra desapareceu, no mesmo instante. 14 – Jesus lhe ordenou que não falasse a ninguém, e lhe disse: “Vai mostrar-te aos sacerdotes, e oferece pela tua cura o que Moisés determinou, a fim de que lhe sirva de testemunho”. 15 – Sua fama cada vez mais se espalhava, e a ele acorria grande multidão de pessoas, que vinham aos bandos para o ouvir e curar as suas enfermidades. 16 – Ele, porém, se retirava para o deserto e orava.

Jesus conhecia e recompensava a fé, mas também sabia não serem chegados os tempos de publicar abertamente as graças que prodigalizava. AINDA HOJE ASSIM É: O SENHOR VOS CONCEDE O SEU APOIO E SE DIGNA DE CURAR A LEPRA DE VOSSAS ALMAS; MAS NEM TODOS SE ACHAM EM ESTADO DE COMPREENDER A GRAÇA QUE RECEBEM. Eis por que dizemos: procedei com prudência. Na indiscrição e na desobediência do leproso tendes um sinal de que os benefícios do Senhor serão conhecidos, façam o que fizeram as forças contrarias. A cura instantânea daquele homem (efeito da vontade poderosa de Jesus e do seu domínio sobre os fluidos apropriados) se operou pela CONCENTRAÇÃO MAGNÉTICA DESSES FLUIDOS. O magnetismo humano pode operar curas que ainda não compreendeis. Quanto mais o homem se aproxima da vida espiritual, mais se depura, mais em relação se põe com os fluidos que o cercam, E TANTO MAIS FACILMENTE OS DOMINA E EMPREGA COMO MEIOS CURATIVOS. Ainda não sabeis o que pode o homem com o magnetismo e, sobretudo, O QUE PODERÁ DAQUI A ALGUM TEMPO. A cura instantânea do leproso não foi, portanto, mais que um fato natural, mais do que uma concentração dos fluidos de que Jesus podia dispor e que, PENETRANDO A PELE DO DOENTE, DEVORARAM, ANIQUILARAM AS MATÉRIAS IMPURAS NELA CONTIDAS, IMPEDINDO FOSSEM INTERIORMENTE LANÇADAS NO ORGANISMO E NA CIRCULAÇÃO GERAL. Entendei, portanto: a purificação dos fluidos sanguíneos destruiu o princípio interno da lepra. O tecido da pele foi instantaneamente limpo e o enfermo se achou curado. Nisso consistiu aos olhos dos homens, o “milagre”, PELA RAZÃO DE QUE AO HOMEM AINDA NÃO É POSSÍVEL CONSEGUIR SEMELHANTE EFEITO, EM VIRTUDE DA SUA IMPUREZA OU LEPRA MORAL. Quando, por essa forma, for capaz de produzir a cura física, sua cura moral estará realizada. Com a prática permanente do Novo Mandamento, a submissão e a fé

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expulsarão de vossas almas as influências impuras que as corroem, tornando-as LIMPAS AOS OLHOS DE DEUS.

COMO VENCER A LEPRA

P – A Unificação das Quatro Revelações deste ciclo de 2000 anos, a trinta anos do fim dos tempos, há de merecer do Governo a divulgação que merece, para o bem do Brasil. Ninguém mais apto a esse trabalho que o CEU da LBV, que liquida todos os sectarismos religiosos. É a UNIÃO DE TODOS PELO BEM DE TODOS! Agora, perguntamos ao Espírito da Verdade: que deve o homem fazer para curar a lepra?

R – Repetimos: quanto mais o homem se aproximar da vida espiritual, pelo conhecimento do Evangelho e do Apocalipse de Jesus, tanto mais se purificará, tanto mais se porá em relação com os fluidos magnéticos que o cercam, TANTO MAIS OS DOMINARÁ E PODERÁ EMPREGAR COMO MEIOS CURATIVOS. A depuração do homem, no físico e no moral, há de se operar mediante uma REVOLUÇÃO LENTA E PROGRESSIVA, de modo (por assim dizer) insensível àqueles que a testemunharem; MAS A REVOLUÇÃO MORAL TERÁ DE PRECEDER DE MUITO A REVOLUÇÃO FÍSICA. Afinal, que fazem os médicos para chegarem a purificar a pele de um leproso? Tratam da massa do sangue, procurando despojá-la de tudo o que a corrompe. O mesmo trabalho nos cabe: ANTES QUE O VOSSO ORGANISMO MATERIAL SE TORNE DE NATUREZA ELEVADA, TEMOS DE LIMPAR A FONTE DAS VOSSAS IMPUREZAS, QUE CONSTITUEM A LEPRA MORAL. O corpo ainda mantém cativa a alma. Entretanto, está próximo o tempo em que vossas almas se libertarão, elevando-se às regiões dos fluidos mais puros e mais poderosos. Dizendo ao leproso “VAI MOSTRAR-TE AOS SACERDOTES, E OFERECE PELA TUA CURA O QUE MOISÉS DETERMINOU, A FIM DE QUE LHES SIRVA DE TESTEMUNHO”, Jesus o fez para que aquele homem pudesse voltar à vida comum, pois os leprosos eram excluídos do convívio de seus irmãos. Os sacerdotes dispunham, senão da ciência, pelo menos do direito de julgar se o homem atacado de lepra estava curado e podia voltar para o meio dos seus. Não vos admireis de que o leproso tenha podido ir, por entre a multidão, à presença de Jesus, para provocar e obter a sua cura. Jesus percorria os campos, indo constantemente de um ponto a outro. Não podeis comparar a vossa organização civil à daqueles tempos. Os leprosos eram expulsos das cidades, mas os campos não lhes ficavam interditos. Eles se viam afastados dos seus, mas não encarcerados. Ainda não havia asilos, ou colônias, para as misérias e os sofrimentos dos pobres. Quanto à oferenda que devia ser feita, atendei a que tudo era emblemático na Lei de Moisés. Assim como se sacrificavam as primícias dos rebanhos, imitando-se a consagração do primogênito das famílias, assim como se degolava a vítima propiciatória para resgatar as faltas dos povos, assim também aos leprosos se impunha a obrigação de levarem sua oferenda ao Senhor, a título de penhor da purificação alcançada e de gratidão pelo benefício recebido. Nenhuma Lei inevitável dispunha sobre a natureza do penhor: podia ser (conforme à posição social do leproso) um pássaro, um cordeiro ou frutos. Cada um oferecia o que estava ao seu alcance, e o que mais oferecia era pelos homens (como ainda hoje) considerado limpo. NÃO SE VÊ ENTRE VÓS, DIARIAMENTE, O INTERESSE DO JULGADOR INFLUINDO NO JULGAMENTO? Quando os Evangelistas dizem que, em conseqüência de haver o leproso divulgado por toda parte o que lhe sucedera, Jesus se viu impossibilitado de aparecer mais na cidade (sendo forçado a se conservar nos lugares desertos, porque de todos os lados iam ter com ele), significa isso que AS MULTIDÕES, MAIS CURIOSAS DE MILAGRES MATERIAIS DO QUE DESEJOSAS DO REINO DE DEUS, O ASSALTAVAM, FORÇANDO-O A PROCURAR SÍTIOS ESPAÇOSOS. Das palavras “ELE SE RETIRAVA PARA O DESERTO E ORAVA”, já vos demos a explicação: Todas as vezes que Jesus desaparecia das vistas de seus discípulos, eles acreditavam que o Mestre se retirava para algum lugar secreto, a fim de se entregar ao jejum e a oração.

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RELIGIÃO E CIÊNCIA

P – Hoje, compreendemos por que a Ciência, serena e imparcial diante dos FATOS que analisa, despreza todos os sectarismos religiosos: cada crença se julga A VERDADEIRA, nos seus arroubos realmente infantis. Graças à LBV, tudo começa a mudar, em benefício do Brasil e de toda a Humanidade. Como o Espírito da Verdade interpreta a passagem evangélica do centurião?

R – Vejamos Mateus, VIII: 5-13 e Lucas, VII: 1-10.

MATEUS: 5 – Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, veio ter com ele um centurião e lhe fez esta súplica: 6 – “Senhor, meu servo esta de cama em minha casa, atacado de paralisia, e sofre extremamente”. 7 – Jesus lhe disse: “Irei lá e o curarei”. 8 – Mas o centurião lhe ponderou: “Senhor, não sou digno de que entres na minha casa; dize apenas uma palavra, e o meu servo ficará curado; 9 – pois sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados sob as minhas ordens, e digo a um: vai lá, e ele vai, e digo a outro: vem cá, e ele vem; e digo a meu servo: faze isto e ele faz”. 10 – Ouvindo estas palavras, Jesus se admirou e disse àqueles que o seguiam: Em verdade eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. 11 – Também vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e sentarão à mesa com Abraão, Isac e Jacó no reino dos céus, 12 – ao passo que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes”. 13 – E, voltando-se para o centurião, disse Jesus: “Vai, pois te será feito conforme a tua fé”. Nessa mesma hora, o servo ficou curado.

LUCAS: 1 – Acabando de falar tais coisas ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum. 2 – Um centurião tinha em sua casa, doente, quase à morte, um servo que lhe era muito caro. 3 – Tendo ouvido falar de Jesus, o centurião lhe mandou suplicar, por intermédio de alguns anciões judeus, que viesse curar o seu servo. 4 – Falando a Jesus, com insistência lhe suplicaram, dizendo: “É um homem que merece lhe faças esta graça, 5 – pois ama o nosso povo e construiu a nossa sinagoga”. 6 – Jesus se pôs a caminho com eles; mas, quando chegaram perto da casa do centurião, este lhe mandou dizer por seus amigos: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres na minha casa, 7 – como não me achei digno de ir ter contigo: dize uma só palavra, e meu servo ficará curado; 8 – porque também sou homem sujeito à autoridade; tenho soldados sob as minhas ordens e, se digo a um: vai lá, ele vai; a outro: vem aqui, e ele vem; a meu servo: faze isto, e ele faz”. 9 – Ouvindo isso, admirado, Jesus se voltou para o povo, que o acompanhava, e disse: “Em verdade eu vos digo que ainda não vi em Israel, tão grande fé”. 10 – E, quando para casa do centurião voltaram os que este mandara a Jesus, encontraram curado o servo que estava doente.

A grande lição é esta: TENDE FÉ, PORQUE PARA DEUS NÃO HÁ DIFERENÇA ENTRE SUAS CRIATURAS, sejam quais forem as leis a que estejam submetidas. São seus filhos TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE, sem qualquer discriminação religiosa. Ide, pois, a Ele com absoluta confiança, qualquer que seja o humano jugo que suporteis. Ide, e Ele vos aliviará. Mostrai-lhe vossas angústias, vossos sofrimentos, vossas misérias, e Ele vos curará. É o exemplo do centurião, educado no paganismo! Quanto a cura do servo, JESUS A OPEROU PELO MESMO PRINCÍPIO DE SEMPRE: O MAGNETISMO. Todos os fatos de curas materiais, qualificados de milagrosos ou sobrenaturais, emanam da mesma fonte. A paralisia é um resfriamento dos fluidos animalizados que circulam no organismo humano. A vontade poderosa do Cristo mudou esses fluidos, revitalizando-os. Assim como a pilha galvânica pode, momentaneamente, dar movimento aos músculos e aos nervos de um cadáver, também a concentração, por efeito magnético, de certos fluidos espalhados na atmosfera, pode operar sobre o organismo vivo um abalo violento, capaz de regenera-lo. NA FORÇA DAQUELE QUE, PELA AÇÃO EXCLUSIVA DA SUA VONTADE, OBTINHA TAIS EFEITOS É QUE O HOMEM PODERIA VER UM MILAGRE; MAS A EXPLICAÇÃO FAZ VER QUE ESSA FORÇA É NATURAL. Do mesmo modo que juncou o solo, que pisais, de benéficas plantas, cujas propriedades curativas ainda não conheceis inteiramente, o Senhor também carregou a atmosfera, que vos envolve, de propriedades regeneradoras, purificadoras e revitalizantes, que nem sempre percebeis e para a maioria ainda são letra morta. Para vos servirdes delas eficazmente, tendes de fazer os estudos necessários: ESTUDOS ESPIRITUAIS, OS ÚNICOS QUE VOS PODEM ELEVAR A ALTURA DA CIÊNCIA UNIVERSAL. Sim, religião e ciência se completam, formando a verdadeira política ainda ignorada pelos homens.

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A CIÊNCIA PERANTE O EVANGELHO

P – Só os cegos espirituais não entendem que POLÍTICA, RELIGIÃO E CIÊNCIA SÃO TRÊS ASPECTOS DA MESMA VERDADE, PORQUE POLÍTICA É A RELIGIÃO CIENTIFICAMENTE PRATICADA! Como o Espírito da Verdade explica o destino da ciência à luz do Evangelho do Novo Mandamento?

R – Os estudos espirituais, que vos darão o conhecimento da CIÊNCIA UNIVERSAL, são os que, elevando vossas almas, vos libertarão completamente dos instintos animais. Quanto mais o homem se purificar, na vivência do Novo Mandamento de Jesus, mais senhor será das suas forças, dos seus instintos, da sua vontade. Mais se aproximará da Perfeição que lhe cumpre atingir, multiplicando os seus poderes. Só a purificação moral lhe tornará possíveis os estudos necessários ao conhecimento dos fluidos magnéticos DOTADOS DE PROPRIEDADES REGENERADORAS E REVITALIZANTES; ao conhecimento da natureza e da maneira de atuar de cada um deles; das aplicações a que se prestam, sob o ponto de vista curativo, conforme a moléstia. Sim, à medida que o Espírito se desprender da matéria, seus conhecimentos a respeito de TUDO QUANTO AINDA LHE É OBSCURO OU DESCONHECIDO se ampliarão e desenvolverão. Entretanto, muito antes de conhecer os fluidos, o homem se servirá deles com bom resultado GRAÇAS AO AUXÍLIO DOS ESPÍRITOS PROTETORES DA HUMANIDADE, os quais – mediante o magnetismo espiritual – intervindo ocultamente, se sentirão felizes de os colocarem ao alcance de sua mão, A FIM DE QUE OS EMPREGUE DE ACORDO COM AS NECESSIDADES, DENTRO DA LEI DIVINA. Repetimos: O conhecimento desses fluidos será progressivo, acompanhando o progresso do estado moral. Segue-se que só será completo quando o homem houver alcançado a Perfeição que pode esperar na terra. O magnetismo humano ainda tem de progredir muito para chegar ao apogeu, isto é, A ÉPOCA EM QUE A VONTADE DO ESPÍRITO BASTARÁ PARA REUNIR OU DISPERSAR OS FLUIDOS SOBRE OS QUAIS DESEJE ATUAR. A ciência adquirida, porém, já produziu bons frutos e preparou para o futuro um bem imenso, pondo-vos em condições de ler através de todos os obstáculos e de perscrutar o seio da terra, para descobrir as riquezas que ela contém. Não falamos aqui das riquezas que o homem deve desprezar, como geradoras do orgulho, do egoísmo e da sensualidade, mas daquelas que Deus lhe concede para recobrar a saúde e a força, quando diminuídas ou aniquiladas. Aludimos ao sonambulismo lúcido, produzido e revelado pelo magnetismo humano; às faculdades da visão espiritual e aos instintos que possui o sonâmbulo (perfeitamente lúcido) pelo desprendimento sob a ação magnética; e às descobertas que, do ponto de vista curativo, ele pode e há de proporcionar à Humanidade nos reinos mineral, vegetal e animal, e no seio mesmo da Terra, entre os produtos e detritos aí sepultados. ATÉ QUE SE ULTIME A DEPURAÇÃO MORAL E, COMO CONSEQÜÊNCIA, A DEPURAÇÃO FÍSICA DO HOMEM, A AÇÃO MAGNÉTICA HUMANA NÃO BASTARÁ POR SI SÓ, A MAIOR PARTE DAS VEZES, PARA A CURA DAS ENFERMIDADES. Na maioria dos casos essencialmente físicos, ou orgânicos, serão necessários o auxílio e o concurso tanto da ciência médica quanto do sonambulismo magnético, das propriedades curativas já conhecidas e das que virão a ser descobertas, nas substâncias minerais, vegetais e animais. Ficai sabendo: os auxílios estranhos aos fluidos magnéticos podem servir, combinando-se com estes. Há simpatia entre as plantas que curam e os fluidos que, para esse fim, se assimilam. Aquelas se saturam destes fluidos e os levam ao organismo! Atraindo-os em seguida, por meio do magnetismo humano, obtereis duplo resultado. Eis por que os sonâmbulos realmente lúcidos, livres (pelo desprendimento magnético) de quaisquer influências, se mostram aptos a escolher as plantas curativas. NÃO DESPREZEIS NENHUM DOS MEIOS QUE O SENHOR VOS CONFIOU PARA ATINGIRDES O FIM: a medicina não deve ser um sistema, e sim um meio de restabelecer no organismo o equilíbrio desfeito, de restaurar (quando perturbada) a harmonia das forças vitais. E os homens quaisquer que sejam, que se consagram ao tratamento físico da Humanidade, devem entregar-se a profundos e perseverantes estudos, teóricos e experimentais, VALENDO-SE DA CIÊNCIA MÉDICA, destinada a progredir sempre; do magnetismo humano e do sonambulismo magnético, lançando mão de todos os meios e recursos que tais estudos necessariamente facultam, recursos e meios tirados – pela observação e pela experimentação – das propriedades curativas das substâncias minerais, vegetais e animais (sobretudo dos vegetais); e, ao mesmo tempo, dos fluidos de que se acha carregada a atmosfera que vos cerca. Já dissemos e agora repetimos: ATÉ QUE SE COMPLETE A PURIFICAÇÃO MORAL (E, POR CONSEGUINTE,

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A PURIFICAÇÃO FÍSICA) DO HOMEM, A AÇÃO MAGNÉTICA HUMANA NÃO BASTARÁ POR SI SÓ, NA MAIORIA DOS CASOS, PARA A CURA DAS ENFERMIDADES FÍSICAS OU ORGÂNICAS. Haverá, porém, casos excepcionais, em que Deus permitirá ao homem adiantar-se; em que um privilegiado (privilegiado em virtude da elevação e pureza alcançadas) com o auxílio oculto dos Espíritos Superiores, produzirá – por ato de sua vontade e pela ação magnética – fenômenos de cura julgada impossível, fenômenos de cura dos que se chamam MILAGRES!

ALOPATIA E HOMEOPATIA

P – Alguns estudiosos, em nosso Posto Familiar, querem saber o que se dará com os sistemas médicos, que, do ponto de vista terapêutico, dividem os homens, notadamente com os sistemas chamados “alopatia” e “homeopatia”, sendo este último o que, por meio de experiências no homem são, determina os sintomas morais e os sintomas físicos e mórbidos. O Espírito da Verdade pode esclarecer o assunto?

R – Todos os sistemas médicos terão de se unir PARA FORMAR UM ÚNICO, o qual se aliará ao magnetismo humano e ao sonambulismo magnético, prestando-se os três mútuo apoio, constituindo o arsenal onde o homem irá buscar suas armas para combater a doença e restituir a saúde a seus irmãos. O princípio dos contrários, o princípio dos semelhantes, o magnetismo humano e o sonambulismo magnético são do domínio das Leis da Natureza. Compete ao homem saber, depois de estudos teóricos e experimentais, O CASO EM QUE DEVE EMPREGAR ESTE OU AQUELE MEIO. A esses estudos é que tem de se aplicar para restabelecer, no organismo, o equilíbrio desfeito e a harmonia das forças vitais, quando perturbada: REMONTE ELE A ORIGEM DO MAL; SOBRETUDO, PROCURE SEMPRE A CAUSA MORAL EM TODAS AS DORES FÍSICAS. Nos inúmeros males, que afligem a Humanidade, pesquisai bem o fundo das consciências e dos corações, e encontrareis a raiz dessa árvore que se estende por todos os membros. A alma e o coração quase sempre estão atacados: daí A PERTUBAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO, FONTE DE TODAS AS ENFERMIDADES E DE TODOS OS SOFRIMENTOS. Perscrutai os antecedentes do que sofre e, muitas vezes, descobrireis o remorso oculto de uma ação má, um acontecimento que interessou a saúde, viciando o sangue que devia circular puro nas veias. Médicos, isto é, todos vós que vos consagrais a aliviar os males de vossos irmãos, sede clarividentes: não apliqueis o remédio na chaga do enfermo à guisa da criança que “medica” um boneco!

A IGREJA DO CRISTO

P – Disse Jesus, no versículo 10 de Mateus e no versículo 9 de Lucas: “Em verdade vos digo que em Israel não encontrei tão grande fé”. No versículo 11 de Mateus, disse o Mestre: “Também vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e sentarão à mesa com Abraão, Isac e Jacó, no reino dos céus”. O Espírito da Verdade pode aclarar o sentido e o alcance destas palavras, tanto com relação à época em que Jesus falava quanto em relação à nossa época?

R – Estas palavras encerravam profundo ensinamento, visando a destruir, no espírito dos judeus, A IDÉIA DE QUE SÓ ELES ERAM FILHOS DE DEUS E TINHAM DIREITO AS GRAÇAS DIVINAS. Dessa forma, Jesus lhes ensinava que, seja qual for o homem, venha de onde vier, SE TIVER FÉ (OU MERECIMENTO), É VERDADEIRAMENTE FILHO DE DEUS. E mais: que, ao contrário, os que pertenciam à grande família judaica, acreditando-se privilegiados, seriam repelidos se não seguissem o caminho que o Senhor traçou e Moisés lhes havia mostrado, chamando-os à prática do amor a Deus e do amor ao próximo. O mesmo ensino podeis aplicar à Igreja de Roma, que repele quem não curva a cabeça ao jugo da sua lei. Habituou-se à grandeza e às honras humanas, servindo mais a Mamon que ao próprio Deus. Cheia de orgulho, persegue impiedosamente os que tentam abrir-lhe os olhos, porque se julga a Igreja de Jesus. Mas a Igreja do Cristo tem por templo o vosso planeta; por fiéis todos os Homens de Boa Vontade que vivem o Novo Mandamento; por

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sacerdotes todos os corações puros, que arrebanham os Espíritos transviados para os reconduzir ao BOM PASTOR DO ÚNICO REBANHO. Lembrai-vos destas outras palavras de Jesus, no versículo 12 de Mateus: “Os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes”. Os que receberam a Palavra de Deus, e dela não fizeram o uso que deviam fazer, serão expurgados da Terra: tardiamente compreenderão o erro em que caíram. QUANTOS JÁ HOUVE NO PASSADO, E, QUANTOS HÁ NO PRESENTE, QUE CHORAM AS FALTAS COMETIDAS! ELES SE ACREDITAVAM SALVOS, PELA SIMPLES RAZÃO DE SE JULGAREM COM O DIREITO DE ABSOLVER OU CONDENAR AS ALMAS. É que foram pesados na mesma balança em que pesaram os outros. Quanto às palavras “pranto e ranger de dentes”, sabeis que se referem, alegoricamente, aos sofrimentos e torturas morais, às expiações que – visando exclusivamente ao seu aperfeiçoamento moral – o Espírito tem de sofrer na erraticidade, de modo proporcional e apropriado às faltas e crimes que cometeu. Evidentemente, falando-se de sofrimentos, sempre se devem entender OS SOFRIMENTOS MORAIS DO ESPÍRITO CULPADO E ARREPENDIDO, INEVITAVELMENTE SEGUIDOS DA REENCARNAÇÃO.

O ESPÍRITO E O CADÁVER

P – Há muito que se impunha, a nosso ver, a revisão das Revelações de Deus com a sua devida ATUALIZAÇÃO. Afinal, são vários milênios de evolução humana! Agora, todos podem compreender por que HAVERÁ UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR, QUE É JESUS. Como o Espírito da Verdade explica o interessante caso do filho da viúva de Naim?

R – Está no Evangelho segundo Lucas, VII: 11-17.

LUCAS: 11 – No dia seguinte, Jesus se dirigiu a uma cidade chamada Naim, acompanhado de seus discípulos e de grande multidão. 12 – Ao se aproximar da porta da cidade, aconteceu-lhe ver que levavam a enterrar um morto, que era filho único de sua mãe viúva, acompanhada de grande número de pessoas da cidade. 13 – Vendo-a, Jesus compadeceu-se dela e lhe disse: “Não choreis”. 14 – Aproximou-se e, tocando o esquife, ordenou: “Moço, levanta-te!” 15 – No mesmo instante, aquele que estava morto se sentou e começou a falar. Jesus o restituiu à sua mãe. 16 – Todos os presentes foram tomados de espanto e glorificaram a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós! Deus visitou o seu povo!” 17 – O rumor desse milagre se espalhou por toda a Judéia e circunvizinhanças.

Conheceis a relação que existe entre o Espírito e o corpo quando este, num estado de repouso a que chamais sono, fraqueza, catalepsia, se encontra separado da inteligência que o anima. O ESPÍRITO RETOMA UMA LIBERDADE MOMENTÂNEA MAS RESTRITA, PERMANECENDO LIGADO AO CORPO, DO QUAL SE SEPAROU, POR UMA CADEIA ELÉTRICA, QUE É O LAÇO FLUÍDICO DO PERISPÍRITO, laço que o conduz ao invólucro material, logo que o ordenam as necessidades humanas. A MORTE REAL NÃO TEM DESPERTAR MATERIAL, POIS A VONTADE IMUTÁVEL DE DEUS JAMAIS FORÇA O ESPÍRITO A SE UNIR A PODRIDÃO. Dizemos “podridão” porque, uma vez quebrado o laço perispirítico, tem início o apodrecimento da matéria, ainda mesmo que a vida orgânica não se tenha extinguido aos olhos dos homens. A ciência humana, por enquanto, é incapaz de comprovar os primeiros efeitos e indícios da decomposição; entretanto, eles existem. Portanto, com relação ao filho da viúva de Naim, como também em relação a Lázaro, à filha de Jairo e a todos os outros “mortos” (aos olhos humanos, bem entendido) não se havia quebrado o laço que une o Espírito ao corpo. A MORTE, POIS, ERA APENAS APARENTE, MAS FOI CONSIDERADA REAL PELOS HOMENS. Que aconteceu, então, em Espírito e Verdade? Jesus chamou o prisioneiro que se afastara do seu cárcere carnal e ele, submisso à ordem do Cristo, voltou imediatamente. NÃO TEM OUTRA CAUSA OS FATOS DESTA NATUREZA, REFERIDOS TANTO NO VELHO QUANTO NO NOVO TESTAMENTO DA BÍBLIA SAGRADA. Acabamos de dizer, falando do filho da viúva de Naim, que o Espírito voltou, incontinenti, à sua prisão carnal. Para que ocorressem todos os fatos que se haviam de produzir pela ação de Jesus, deixando nos Evangelhos traços e lembranças entre os homens, os Espíritos que – por pertencerem ao GRUPO DOS PARTICIPANTES DA OBRA DO

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MESTRE – deviam concorrer para a produção desses fatos, se colocavam voluntariamente, nas condições precisas, ao longo do caminho que ele percorria e desempenhavam, assim, a missão que trouxeram quando encarnaram. O fato ocorrido com o filho da viúva de Naim (como os que se deram com Lázaro e com a filha de Jairo) estava no número daqueles. O Espírito da viúva, portanto, obedecia com submissão e devotamento à potente vontade de Jesus. O ESTADO REAL EM QUE SE ENCONTRAVA O JOVEM ERA O DE CATALEPSIA COMPLETA, ÚNICO ESTADO SINCOPAL QUE PODE APRESENTAR POR LONGO TEMPO AS APARÊNCIAS DA MORTE, DE MODO A SER CONSIDERADO MORTE REAL. Jesus tocou o corpo e não o esquife, que os judeus não usavam para enterrar os mortos, e o fez com o fim de deter a marcha do cortejo. Sua vontade, expressa na ordem “LEVANTA-TE”, reconduziu o Espírito ao “cadáver”, que despertou do seu prolongado sono, e imediatamente readquiriu, pela vontade do Espírito e pela influência benéfica do Mestre, a força e a lucidez que havia perdido. Esse espírito – já o dissemos – submisso e devotado, estava pronto a voltar, por ordem do Cristo, ao seu corpo inerte. Mas este, não estando sustentado pela vitalidade da matéria, porque – em virtude do afastamento do Espírito – o laço fluídico se distendera cada vez mais e se tornara assim muito fraco, necessitava da ação poderosa de Jesus para readquirir de súbito, GRAÇAS AOS FLUÍDOS QUE O PENETRAVAM, a força e a vitalidade. A restituição da vitalidade ao corpo foi devida àquela potência magnética, que restabeleceu a harmonia entre as forças vitais. Repetimos: UMA VEZ MORTO REALMENTE, PELA RUPTURA DO LAÇO QUE UNE O ESPÍRITO AO CORPO, ISTO É, POR SE HAVER O ESPÍRITO, COM O PERISPÍRITO, SEPARADO COMPLETAMENTE DO CORPO, JAMAIS PODE O HOMEM READQUIRIR A VIDA CORPORAL HUMANA, PELA VOLTA DE UM E OUTRO A PODRIDÃO CHAMADA “CADÁVER”. Nesse caso, desde que o Espírito volveu à sua vida primitiva, à vida espiritual, não lhe é mais possível retomar a ida corporal humana senão pela reencarnação, de acordo com as Leis Naturais e Imutáveis da reprodução vigente na Terra. Insistimos: A VONTADE IMUTÁVEL DE DEUS JAMAIS FORÇA O ESPÍRITO A SE UNIR A PODRIDÃO; JAMAIS DERROGA, EM QUALQUER DOS MUNDOS HABITADOS, AS LEIS QUE ELE MESMO PROMULGOU DESDE TODA A ETERNIDADE.

O MISTÉRIO DAS RESSURREIÇÕES

P - É irrespondível a explicação dada ao caso da “ressurreição” do filho da viúva de Naim. Como devemos entender todas as outras “ressurreições” de que fala a Bíblia? E como o Espírito da Verdade encara o fato de as terem relatado os Evangelistas?

R – Em todas as “ressurreições” de mortos segundo os homens, operadas na Terra em todas as épocas, especialmente aquelas de que falam os Testamentos Velho e Novo da Bíblia, não houve mais do que A VOLTA DO ESPÍRITO A UM CORPO QUE ELE NÃO ABANDONARA INTEIRAMENTE, ISTO É, A QUE SE CONSERVOU LIGADO E PRESO PELO LAÇO FLUÍDICO DO PERISPÍRITO. ASSIM, NÃO HAVIA CESSAÇÃO DA VIDA, MORTE REAL, NEM CADÁVER. Não havia mais que a suspensão da vida, morte apenas aparente, um estado de catalepsia completa, que passava aos olhos dos homens por um estado de morte real. Tais as “ressurreições” de Lázaro, da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim. Quanto a este último, o cortejo seguia silenciosamente sua marcha; Jesus o fez parar, e disse à mãe do jovem o mesmo aos que choravam e se lamentavam na casa de Jairo: “Não choreis”. Tendo todos parado, ordenou “Moço, levanta-te!”, a mesma ordem que deu à filha de Jairo: “Menina, levanta-te!” E, em seguida, se afastou. Ninguém proferiu palavra na presença de Jesus, diante de seus discípulos, da multidão que os acompanhava, compondo o cortejo fúnebre. Ninguém afirmou, referindo-se ao filho da viúva de Naim: “Ele está morto”. Jesus, portanto, nada tinha a dizer, para salvaguardar a interpretação futura, EM ESPÍRITO E VERDADE, do ato que acabava de praticar. Pelo seu silêncio, deixou intencionalmente sujeito às explicações futuras aquele fato, tido por milagroso pelos que o presenciaram e pelos outros que dele ouviram falar. Assim procedeu porque o caso em questão tinha de contribuir para tornar aceita sua missão, e para que esta produzisse frutos naquele momento e no futuro, CABENDO AO ESPÍRITO DA VERDADE, PELO CRISTO PREDITO E PROMETIDO, EXPLICÁ-LO PELA ATUAL REVELAÇÃO. Os que formavam o cortejo, os discípulos, a multidão que os seguia, os que

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ouviram narrar o fato – acreditavam todos na morte real do filho da viúva e na sua ressurreição. Para todos eles, o jovem estava morto e Jesus o ressuscitou no sentido que davam a esta palavra, de acordo com seus preceitos e tradições. Tal crença era fruto exclusivo das opiniões, das apreciações humanas, porque Jesus não dissera nada sobre o estado real do rapaz. OS EVANGELISTAS, NARRADORES DO FATO, TIVERAM, COMO SEMPRE, DE O RELATAR, E O RELATARAM REGISTRANDO O ATO E AS PALAVRAS DE JESUS, SEGUNDO AS OPINIÕES, APRECIAÇÕES E INTERPRETAÇÕES HUMANAS A QUE O MESMO FATO DERA CAUSA E QUE ELES ESPOSAVAM. De modo que, conforme haveis de notar, relataram o fato como foi compreendido por todos. Assim é que eles dizem, falando do jovem: “um morto” (versículo 12), “aquele que estava morto” (versículo 15). A resposta a esta pergunta: “o rapaz estava morto, ou não?” tinha de ser confiada às interpretações humanas ATÉ AOS VOSSOS DIAS. A Revelação atual, que vem explicar EM ESPÍRITO E VERDADE a situação real daquele que estava “morto” no entender dos homens, a natureza e o caráter reais do ato que Jesus praticou, responde a essa pergunta. E O FAZ QUANDO OS PROGRESSOS REALIZADOS PELA CIÊNCIA HUMANA, OS ESTUDOS E AS OBSERVAÇÕES SOBRE O MAGNETISMO E O SONAMBULISMO MAGNÉTICO, COMPLETADOS PELA CIÊNCIA ESPÍRITA, VOS PUSERAM EM CONDIÇÕES DE COMPREENDER A RESPOSTA. Quando chegar a hora, também vos explicaremos os fatos relativos à Lázaro e à filha de Jairo, narrados pelos Evangelistas.

LÁZARO E A FILHA DE JAIRO

P – Recebemos com prazer à promessa de que também serão fartamente analisados, quando chegar a hora, os fatos relativos à morte e ressurreição de Lázaro e da filha de Jairo. Mas não pode o Espírito da Verdade falar deles, por alto, completando a explicação referente ao filho da viúva de Naim?

R – Seja. A título de nota, vos dizemos o seguinte: primeiro, quanto à filha de Jairo. Os servos, que levaram ao chefe da sinagoga a notícia da morte da menina, lhe disseram, na presença de Jesus, dos discípulos e da multidão: “Tua filha morreu, não dês ao Mestre o incômodo de ir vê-la”. Jesus, porém, foi. E, chegando à casa de Jairo, disse aos que choravam e se lamentavam: “Não choreis, porque a menina dorme, apenas; não está morta”. Aos tocadores de flauta e ao grande número de pessoas que lá se encontravam, fazendo alarido, igualmente declarou: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, apenas dorme”. Como sabeis, pelo Evangelho, estas palavras foram acolhidas por todos com zombeteira incredulidade, por saberem QUE ELA ESTAVA MORTA. E essa opinião, da massa ignorante, prevaleceu sobre as declarações expressas e contrárias do Mestre. OS DISCÍPULOS NÃO VIRAM SENÃO UM MILAGRE NO FATO QUE JESUS PRODUZIRA, E QUE ELES NÃO PODIAM NEM EXPLICAR NEM COMPREENDER. Tal opinião tinha de durar séculos, como realmente durou. Até aos vossos dias, em que a incredulidade por sua vez a atacou e recusou admitir o fato, POR NÃO O SABER EXPLICAR NEM CRER EM MILAGRE, o que os homens daquele tempo acreditaram é o que a Igreja ainda ensina: a morte real da filha de Jairo e a sua ressurreição, NO SENTIDO DA VOLTA DO ESPÍRITO (OU ALMA) A UM CADÁVER. Mas não censureis: tudo tem sua razão de ser. Essas crenças constituíam condição e meio de progresso para a Humanidade. Jesus conhecia o estado das inteligências, as necessidades e aspirações da época, e SABIA QUE AQUELA OPINIÃO HUMANA IA PREVALECER. Por isso mesmo, salvaguardou o futuro, ao dizer: “A menina não está morta; apenas dorme”. Deixou à Revelação atual o encargo de, ante a narração evangélica, explicar EM ESPÍRITO E VERDADE o suposto milagre. Agora, quanto ao fato relativo à morte e ressurreição de Lázaro, Jesus apropriou sua linguagem à situação, ao que devia ser, e dispôs tudo de maneira a servir ao presente e preparar o futuro, reservando aos tempos (então vindouros) da atual Revelação, os elementos e os meios de explicar aquele fato EM ESPÍRITO E VERDADE. Como no caso da filha de Jairo, disse o Mestre: “Esta enfermidade não é mortal, não chega a causar morte; vosso amigo Lázaro dorme. Vou despertá-lo”. É verdade que também disse: “Lázaro está morto”, mas só o disse respondendo à pergunta dos discípulos: “ Mas, se Lázaro está dormindo, poderá ser curado?” LÁZARO ESTAVA MORTO AOS OLHOS DOS HOMENS, PARA TODOS ESTAVA MORTO, MENOS PARA JESUS, que o sabia apenas adormecido e que,

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assim, o ia despertar, não ressuscitar no sentido em que os homens empregam esta palavra. A enfermidade de Lázaro não era mortal, não chegava a lhe causar a morte. Ele, portanto, não morrera, NÃO ESTAVA REALMENTE MORTO. (no momento oportuno, explicaremos quais são, em Espírito e Verdade, o sentido e o “por que” das palavras “LÁZARO ESTÁ MORTO”, ditas por Jesus como resposta àquela pergunta dos seus discípulos. Nos comentários à própria narração evangélica, não só explicaremos o fato ocorrido com Lázaro como, também, a origem da opinião humana de Marta que, como as demais pessoas, acreditava na morte real do seu irmão chegando a dizer: “Ele cheira mal, pois está aí há quatro dias”). No desempenho da sua missão terrena, Jesus tudo dispunha TENDO EM VISTA A ÉPOCA EM QUE FALAVA PESSOALMENTE AOS HOMENS E OS SÉCULOS AINDA MUITO DISTANTES. Tinha, por isso, o cuidado de estabelecer as bases, de preparar os elementos e os meios para a explicação futura, em Espírito e Verdade, dos seus atos e palavras, de modo que recebesse cada um o que sua inteligência pudesse suportar. NÃO CONFUNDAIS, NUNCA, NOS EVANGELHOS, AS PALAVRAS E OS ATOS DE JESUS COM O QUE REFLETE E REPRODUZ AS OPINIÕES, APRECIAÇÕES E INTERPRETAÇÕES HUMANAS, QUE TRAZEM O CUNHO DA ÉPOCA E DO MEIO EM QUE ELE CUMPRIU SUA MISSÃO. E, QUANTO ÀS SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS, NÃO LHES DEIS, JAMAIS – QUERENDO APREENDER-LHES O VERDADEIRO SENTIDO, QUERENDO PENETRAR O PENSAMENTO A QUE SERVEM DE ROUPAGEM, QUERENDO APRECIAR E DETERMINAR A NATUREZA E O CARÁTER DE SEUS ATOS – UM SENTIDO LITERAL QUE AS PONHA EM CONTRADIÇÃO CONSIGO MESMAS. Interpretai-as conforme ao espírito e compreendei-as, como é necessário, sem as isolar umas das outras, de modo que, consideradas na íntegra, em vez de se contradizerem, formem um TODO HARMONIOSO E VERDADEIRO.

CURAS FÍSICAS E ESPIRITUAIS

P - Se os homens não se colocarem no CAMPO NEUTRO em que Jesus se encontra, diante de todas as religiões e filosofias instituídas pelas mentes humanas, certamente não entenderão a Verdade do Evangelho e do Apocalipse, apresentada pelo CEU da LBV. Como o Espírito da Verdade explica a emocionante cura da sogra do Apóstolo Pedro?

R - Harmonizemos Mateus VIII: 14-17; Marcos, I: 29-34 e Lucas, IV: 38-41.

MATEUS: 14 – Tendo ido a casa de Pedro, Jesus encontrou aí de cama e com febre, a sogra dele. 15 – Tocou-lhe a mão e a febre desapareceu: ela se levantou imediatamente e se pôs a servi-lo. 16 – Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos, e de todos expulsou com sua palavra os maus Espíritos e curou os que estavam doentes, 17 – a fim de se cumprirem estas palavras do profeta Isaías: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças".

MARCOS: 29 – Saindo da sinagoga, vieram com Tiago e João à casa de Simão e André, " 30 – Ora, estando a sogra de Simão de cama com febre, logo falaram dela a Jesus. 31 – Este, aproximando-se, lhe pegou a mão e a fez levantar-se; no mesmo instante a febre a deixou e ela se pôs a servi-lo. 32 – Ao cair da tarde, quando já o sol se escondia, trouxeram-lhe muitos doentes e possessos, 33 – aglomerando-se à porta da casa todos os habitantes da cidade, 34 – E ele curou muitas pessoas atacadas de diferentes moléstias e expulsou muitos demônios, aos quais não permitia que falassem, porque o conheciam.

LUCAS: 38 – Saindo da sinagoga, entrou Jesus na casa de Simão, cuja sogra estava com muita febre e lhe pediram que se compadecesse dela. 39 – Inclinando-se, Jesus ordenou à febre que a deixasse e a febre a deixou; ela se levantou imediatamente e começou a servi-los, 40 – Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atacados de diversas moléstias os traziam, e ele, pondo as mão sobre cada um, os curava. 41 – Os demônios saíram de muitos, gritando e dizendo: "Es o Filho de Deus!" Mas Jesus os ameaçava, não lhes permitindo que falassem, pois sabiam ser ele o Cristo.

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São sempre doenças e enfermidades físicas a curar; subjugações (tanto corporais quanto espirituais) a fazer cessar; e os meios empregados - quer para a cura das moléstias, quer para a libertação dos subjugados - são sempre os mesmos, para edificação dos incrédulos. Sim, tanto a cura da sogra de Pedro, como as dos outros doentes que se apresentaram ao pôr do sol, TODAS SE OPERARAM PELO MESMO PROCESSO: PELA AÇÃO MAGNÉTICA. Aproximando-se da sogra de Pedro, Jesus lhe tomou da mão e a sua vontade imprimiu a esse contato magnético a força necessária a determinar o desaparecimento da moléstia. Não se pense que Jesus precisasse usar e usa-se, se, para obter cada uma das curas que operou, de fluidos diferentes, especialmente apropriados a cada moléstia; Não: os fluidos, mais ou menos, se assemelham. FLUIDOS PURIFICADORES E REGENERADORES, quando se trata de um organismo viciado; FLUIDOS FORTIFICANTES, quando se trata de restabelecer a ação dos músculos, dos nervos, do mecanismo vital – os DOIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS FLUIDOS. Jesus aplicava o remédio adequado ao mal, qualquer que fosse a sua natureza, Não concluais, porém, que o magnetizador, por não ter consciência nem conhecimento daqueles fluidos e dos efeitos que devam produzir, se ache impossibilitado de agir com segurança, do ponto de vista da cura, na medida de sua elevação, de sua pureza, de suas faculdades magnéticas, UMA VEZ QUE TENHA FÉ E 0 IMPULSIONE A VONTADE DE FAZER 0 BEM. Não: pelo seu próprio poder vital ele atrai os fluidos, mas nunca age sozinho; Os Espíritos Protetores da Humanidade (que o assistem) escolhem os fluidos e os dispõem para que produzam o efeito desejado. DENTRO DOS LIMITES DO QUE E PERMITIDO, LEVANDO EM CONTA 0 MERECIMENTO DE CADA UM. Ajudam a Boa Vontade do operador, conforme aos desígnios do Mestre. Este sabia do merecimento da sogra do Apóstolo Pedro. Pelo que respeita às curas espirituais, que operou afastando dos subjugados os obsessores, fazendo cessar a subjugação, JESUS EXPULSAVA OS MAUS ESPÍRITOS PELO PODER SUPERIOR A QUE OS DEMÔNIOS NÃO PODEM RESISTIR, QUANDO É POSTO EM AÇÃO. Ele não permitia que os subjugadores dissessem que o conheciam, isto é, que sabiam ser o Cristo quem os expulsava, porque cada coisa tinha de vir a seu tempo» Se o Mestre fosse reconhecido mais cedo, os fariseus, os escribas, os príncipes da igreja teriam começado prematuramente a persegui-lo. Não esqueçais que ele tinha a presciência dos acontecimentos; que os Espíritos inferiores eram ignorantes; portanto, cumpria dar-lhes ordens de acordo com o fim a que visava. Jesus não se mostrava aos obsessores na glória que cerca o Santo de Deus, o Senhor do vosso planeta e da vossa humanidade MOSTRAVA-LHES APENAS 0 SEU ESPÍRITO; MAS A FORÇA DA SUA VONTADE BASTAVA PARA LHES DEMONSTRAR 0 SEU IMENSO PODER. Quando, ao se afastarem, bradavam pela boca dos subjugados, então médiuns falantes, "ÉS 0 FILHO DE DEUS!", os obsessores, reconheciam nele os sinais marcantes dos Espíritos Superiores, e estes (como todos nós e também vós) são filhos do Onipotente ou filhos do Altíssimo, Chamando-lhe "Filho de Deus", não lhe davam dessa filiação título diverso do que Jesus se atribuía diante dos homens, quando os tratava de "meus irmãos", quando lhes ensinava a dizer, referindo-se a Deus: "nosso Pai"! Os que se apóiam nessas palavras bem sabem quanto é frágil o apoio, tanto que só a tremer descansam nele a mão, não havendo um só que creia firmemente no princípio que apresenta como "artigo de fé". Jesus, pela sua vida humana aparente e pelo desempenho da sua missão terrena, tendo uma e outra por objeto ENSINAR E EXEMPLIFICAR, deu pleno cumprimento às palavras do profeta Isaías: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças". Desceu ao meio dos homens para lhes ensinar a sofrer A FIM DE SE REGENERAREM. Curou os inales que encontrou no seu caminho e, unicamente a título de lição e de exemplo, suportou, AOS OLHOS DOS HOMENS, os males de que fala o Evangelho.

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COMO SEGUIR O MESTRE

P – Os ateus costumam citar certas passagens do Evangelho, em que Jesus parece desumano e cruel. Analisam esses pontos ao pé da letra, que mata, esquecendo que só o espírito vivifica. Mas que diz, a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos Mateus, VIII: 18-22 com Lucas, IX: 57-62.

MATEUS: 18 – Vendo-se Jesus cercado por grande multidão, resolveu atravessar o lago. 19 – Um escriba aproximou-se e lhe disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. 20 – Jesus respondeu: “As aves do céu têm seus ninhos, as raposas têm seus covis, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 21 – Outro discípulo lhe disse: “Senhor, permite que eu, primeiro, vá enterrar meu pai”. 22 – Jesus lhe retrucou: “Deixai que os mortos enterrem seus mortos”.

LUCAS: 57 – Quando iam a caminho um homem lhe disse: “Senhor, eu te acompanharei para onde fores”. 58 – E Jesus lhe disse: “As raposas têm seus covis, as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. 50 – E disse a outro: “Segue-me”. Ele respondeu: “Senhor, primeiro permite que eu vá sepultar meu pai”. 60 – Mas Jesus lhe disse: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus”. 61 – Disse-lhe outro: “Eu te seguirei, Senhor, mas permite que, antes, eu vá dizer adeus aos de minha casa”. 62 – Jesus lhe retrucou: “Aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, não serve para o reino de Deus”.

O Cristo, por essas palavras, não pretendeu prescrever aos homens que, para trilharem o caminho por ele indicado e anunciarem o Reino de Deus, renunciassem às necessidades e exigências da vida humana, relativas tanto à habitação quanto ao vestuário e aos alimentos; que renunciassem ao cumprimento dos deveres para com os despojos mortais daqueles a quem prendiam os laços de sangue ou da amizade; que rompessem as ligações da família, que a repudiassem ou deixassem de cumprir os obrigações que ela lhes impõe. Devendo sempre buscar o espírito, o homem sempre esbarrou na letra. O erro dos que comentam as palavras do Mestre consiste em admitirem, para umas, o símile, a figura oriental, que recusam às outras; em lhes falsearem ou modificarem o pensamento de acordo com os tempos, desfigurando-o ao sabor das conveniências, atribuindo assim ao Cristo ABSURDOS DE QUE O PRÓPRIO HOMEM SE ENVERGONHARIA. PROCURAI NAS PALAVRAS DE JESUS O ESPÍRITO SOB O VÉU DA LETRA, E ENCONTRAREIS SEMPRE UMA LIÇÃO DE JUSTIÇA, DE AMOR, DE DEVOTAMENTO, DE CARIDADE IMENSA, UMA LUZ SEMPRE NOVA NA ESTRADA DO PROGRESSO. Tratai, pois, de compreende-las todas em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, segundo o espírito que ilumina, jamais segundo a letra que obscurece. O conjunto das lições de hoje ensina que O HOMEM DEVE CUMPRIR, ANTES DE TUDO, AS OBRIGAÇÕES QUE O MESTRE LHE IMPÔS. Cada uma de suas palavras comporta uma explicação à parte. Cada qual encerra um preceito, um ensinamento especial. O que ele disse ao escriba mostra o pouco caso que os homens devem fazer das voluptuosidades da vida terrestre, se querem realmente segui-lo, para conhecer as excelências da pátria celestial AINDA NESSE VOSSO PLANETA DE TREVAS. Importa que não se iludam com as doçuras materiais e um repouso suicida; a atividade, a energia, a confiança permanente em Deus – eis os fatores da vida espiritualizada e triunfante. Por isso lhes ensinava a serem desprendidos de tudo, a nunca se preocuparem demasiadamente, mais do que seja preciso, com seus interesses particulares. Exatamente o que disse no Sermão do Monte: – BUSCAI PRIMEIRO O REINO DE DEUS E SUA JUSTIÇA, E TODAS AS COISAS MATERIAIS VOS SERÃO ACRESCENTADAS.

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QUE OS MORTOS ENTERREM OS SEUS MORTOS

P - Disse Jesus: “Deixa aos mortos o cuidado de enterrarem os seus mortos”. Muita gente ensina isso das maneiras mais contraditórias. Qual a orientação do Espírito da Verdade?

R – Por estas palavras “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos” e “Quanto a ti, vai e anuncia o reino de Deus”, dirigidas ao que pedia permissão para ir, antes de segui-lo, enterrar o pai, entendei: Jesus não lhe disse “ABANDONA AS AVES DE RAPINA, AOS CÃES FAMINTOS, OS DESPOJOS MORTAIS DAQUELES A QUEM AMASTE, DAQUELES A QUEM ESTIVESTE UNIDO PELOS LAÇOS DO SANGUE OU DA AMIZADE, OS DESPOJOS MORTAIS DE TEUS IRMÃOS”. Jogaríeis fora, por acaso, as roupas que eles tivessem usado, os objetos que lhes fossem caros? Não. Pois fazei com os corpos mortos o que fazeis com esses nadas que vos lembram aqueles que tanto amastes. Não os profaneis porque, se o Espírito não está mais aí, já esteve. Sepultai os mortos; que a profanação não os conspurque; que suas emanações não empestem o ar; MAS NÃO FAÇAIS DO ENTERRAMENTO UM CULTO, NEM – O QUE É PIOR – OBJETO DE LUXO E OSTENTAÇÃO. A quantos, dentre vós, importa mais o estrépito de um enterro brilhante do que a lembrança daqueles cujos corpos são, assim, pomposamente levados à sepultura! Deixai que os mortos enterrem os seus mortos, e dispensai ao envoltório material a atenção devida a um objeto que o falecido amou. Amai, porém, AMAI COM TODO O VOSSO AMOR AQUELE QUE SE AUSENTOU DESSE CORPO INANIMADO! Para este, sim, todos os vossos cuidados. Consista o vosso luxo em orações íntimas, saídas do coração. E não deixeis que arrefeça o vosso zelo por aquele que abandonou o corpo, como arrefece com relação a esse corpo, entrai num desses recintos povoados de cadáveres e observai a progressão decrescente do afeto e da lembrança. Contemplai as flores que fenecem, pouco a pouco, e das quais não resta o mais leve sinal ao cabo de alguns anos. Vede quanto o musgo e os parasitos progridem na pedra, tanto como os vermes no corpo! Compreendereis, então, não ser a morte material o que atrai o homem. Que são, afinal, os seus despojos mortais? Matéria que os vermes decompõem, um composto tirado ao TODO UNIVERSAL e que a ele tem de voltar, subdividindo-se. Não deis, portanto, valor pueril a esses restos que a terra reclama. SÓ O ESPÍRITO, QUE OS ANIMAVA, NÃO PERECE, SÓ ELE VÊ, SENTE, AMA E SOFRE. Agora, podem todos entender: os mortos de que Jesus falava são os que vivem exclusivamente para o corpo, não para o Espírito e pelo Espírito. São aqueles para quem o corpo é tudo e o Espírito nada; aqueles que, tendo ouvidos para ouvir e compreender, não ouvem nem compreendem – são incapazes de ouvir e compreender; aqueles que, tendo olhos para ver, não vêem – são incapazes de ver! Abandonai, portanto, os mortos. Que os mortos pelo Espírito e para o Espírito, vivos para o corpo, aos quais falecem outras consolações, se agarrem a esses amontoados de podridões. Deixai-os, isto é, deixai que enterrem os seus mortos. Abandonai-lhes esses mortos, e ide vós anunciar a Vida Eterna. Consolai, amparai, exortai os homens, e fazei-os entrar nas veredas da Vida, onde tudo é perfume e luz! Ontem, hoje e para sempre, JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. Como ele disse: - NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM!

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DESERTO, PRECE, PREGAÇÃO

P - Há coisas, nos Evangelhos, que nos fazem refletir. Por isso, perguntamos ao Espírito da Verdade: - Os Evangelistas estavam integrados em todos os pontos da missão de Jesus?

R - Vejamos Marcos, I: 35-39, e Lucas, IV: 42-44.

MARCOS: 35 – No dia seguinte, tendo-se levantado muito cedo, Jesus saiu e foi para um lugar deserto, onde se pôs a orar, 36 – Simão e os que estavam com ele foram no seu encalço, 37 – E, quando o encontraram , lhe disseram: "Todos te procuram"? 38 – Ele, então, disse: "Vamos às aldeias e cidades próximas, para que eu também pregue aí, pois foi para isso que vim! 39 – E assim pregava nas sinagogas, e por toda a Galiléia, expulsando os demônios"!

LUCAS: 42 – Ao nascer do dia, saiu e foi para um lugar deserto; a multidão que o procuravaveio ter com ele, e não o largava com receio de que se fosse embora, 43 – Ele, porém, lhes disse: "É preciso que também nas outras cidades eu anuncie o reino de Deus, pois vim para isso". 44 – E pregava nas sinagogas da Galiléia.

Não esqueçais nunca que a linguagem humana e a narração dos Evangelistas são conformes (debaixo da influência e da inspiração mediúnicas) AS CRENÇAS DOS APÓSTOLOS, DOS DISCÍPULOS E DA MULTIDÃO QUE ACOMPANHAVA OS PASSOS DE JESUS, CRENÇAS QUE, COMO HOMENS, ELES ADOTARAM DE ACORDO COM OS TEMPOS E AS FASES DA MISSÃO QUE DESEMPENHAVAM. Jesus não estava submetido, materialmente, às necessidades humanas; mas, aos olhos dos homens, ele as experimentava. Quer isso dizer que elas ERAM APARENTES, NÃO REAIS. Assim, o repouso noturno não lhe era necessário. Entretanto, ao que supunham todos, ele se levantava, muito cedo, mal despontava o dia, ensinando-lhes com o exemplo de tão grande atividade – que não deviam dar-se a um repouso inútil, nem consagrar demasiado tempo aos cuidados pessoais. Todas as vezes que desaparecia das vistas humanas, é que voltara, como o sabeis, às regiões superiores. Segundo os homens, porém, ele se retirava para lugar deserto, onde se conservava em vigília, orando sempre. Também nesse desaparecimento havia uma lição: ensinava que todos devem estar constantemente vigilantes, a fim de estarem sempre prontos a comparecer diante do Senhor. De volta das regiões superiores, onde estivera durante a noite, foi visto saindo de casa ao despontar do dia, muito cedo, para indicar a direção que deviam tomar, os discípulos e a multidão, para encontrá-lo. E, no momento em que o encontraram Pedro e todos aqueles que o procuravam, já ele retomava seu corpo Perispirítico em sua aparência de corporeidade humana. Meditai nas palavras que lhes dirigiu, quando a multidão pretendia retê-lo: encerram, ainda, um ensino dado a todos os Apóstolos, que não devem limitar-se aos locais onde já executaram a pregação da Palavra de Deus. Evidente -mente, os meios de comunicação eram diretos, pessoais, intransferíveis, naqueles tempos. Mas a ordem, ainda hoje, é levar a todos os lugares a Verdade Libertadora, não só do Evangelho, mas agora, principalmente, do Apocalipse.

NÃO OLHAR PARA TRÁS

P – Jesus fez esta advertência: “Aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, não serve para o reino de Deus”. Como interpreta estas palavras o Espírito da Verdade?

R – O Mestre dirigiu essa advertência ao que lhe pedia permissão para ir, antes que partisse com ele, despedir-se dos que deixara em casa. Também aí é preciso que o homem busque o espírito, que vivifica, sem se ater à letra, que mata. Houve quem acusasse o Cristo de, por essas palavras, pregar a secura de coração, despedaçando os laços amoráveis da família. Entretanto, bem longe estava isso do pensamento de Jesus! COMO PODERIA O REDENTOR, QUE DEU A SUA VIDA POR TODOS, AMIGOS E INIMIGOS, ENSINAR O EGOÍSMO? Absolutamente, não! O que, por aquela forma, quis dizer aos homens, era: NÃO OLHEIS PARA TRÁS, QUANDO VOS ACHARDES NA ESTRADA DO BEM, POIS SEMPRE HAVERÁ UM LAÇO QUE VOS RETENHA, EM DETRIMENTO DA VOSSA MISSÃO. MEDITAI BEM, ANTES DE INICIAR A OBRA, ISTO É, ANTES DE COLOCARDES NO SULCO O ARADO, MAS, UMA VEZ

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FEITO ISSO, JÁ CONVENCIDOS DE QUE ELE RASGA O SOLO NO PONTO EM QUE A SEMENTE DEVE SER LANÇADA PARA PRODUZIR, NÃO PAREIS MAIS – CAMINHAI SEMPRE PARA A FRENTE! Podeis, portanto, harmonizar os ensinamentos do Mestre, desta forma: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e vai anunciar o Reino de Deus. Deixa entregues a si mesmos os que se mostram incapazes de VER A LUZ. Trata, primeiro, de LEVAR A LUZ AOS QUE A DESEJAM, PARA VIVER EM DEUS. Aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para trás de si, não serve para o Reino de Deus. É PRECISO QUE AS CONDIÇÕES PESSOAIS, EGOÍSTICAS, NÃO TE FAÇAM VOLTAR ATRÁS E ABANDONAR A OBRA QUE TENS DE EXECUTAR. Começaste a caminhar para a frente. Segue, pois, o teu caminho, convicto de que parar é recuar”. São palavras ditadas pelo próprio Cristo. Ante tal manifestação dirigimos aos Espíritos Puros, que comandam a execução desta obra, mas principalmente ao Cristo de Deus, esta súplica: “Dignai-vos de permitir vos agradeçamos a Boa Vontade que tendes de nos esclarecer e de nos dar a Luz e a Verdade. Que Deus nos conceda a graça de progredirmos sempre na senda do Amor Infinito, que conduz a Ele, e na prática da Caridade que se universaliza na imensidade de suas obras!” Espontaneamente, o médium escreveu, com a mesma caligrafia magistral: “JESUS VOS ABENÇOA”. Depois dessa abençoada interrupção, continuamos o trabalho. E, na caligrafia anterior, recebemos esta mensagem: “Foi um Espírito intermediário de Jesus junto de vós quem se manifestou e vos transmitiu a palavra do Mestre, encarregado, como seu mandatário, de falar por ele. Para sentirdes a vossa posição em tal caso, apenas vos dizemos: “É A PALAVRA DO REI DE TODOS OS REIS, TRANSCRITA PELO SECRETÁRIO, MAS SELADA COM AS ARMAS REAIS”. Conheceis as relações que existem entre os homens e seus Guias Espirituais. SENDO MATERIAL DEMAIS, A NATUREZA DO TERRÍCOLA NÃO LHE CONSENTE ENTRAR EM RELAÇÃO FLUIDICA COM OS ESPÍRITOS DE ORDEM MUITO SUPERIOR. A transmissão das palavras do CHEFE PLANETÁRIO se faz, então, por intermédio de Espíritos mais ou menos elevados, de conformidade com os extremos que devam ser postos em contato. O Mestre, com vigilante ternura, olha para todos vós e seu AMOR leva em conta os vossos menores esforços. Mas se (por estar Jesus muito acima dos Espíritos que vos servem de Guias ou Protetores) estes não são por ele pessoalmente dirigidos, COM MAIS FORTE RAZÃO, ENTRE ELE E VÓS SÃO INDISPENSÁVEIS OS INTERMEDIÁRIOS. O Espírito que vos transmitiu as palavras do Mestre é um dos que recebem suas ordens e espalham, sob a sua direção, a Luz e a Ciência Universal. Grande seja o vosso reconhecimento! A bondade do Senhor desce sobre os que se esforçam por cumprir as suas Leis. Paciência, coragem, perseverança fé e amor!

MATEUS, MARCOS, LUCAS E JOÃO,Assistidos pelos Apóstolos

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TEMPESTADE APLACADA

P – A existência do CEU da LBV é segurança total para todos. A simples leitura destas lições afasta o medo que persegue as criaturas de Deus neste mundo! Como explica o Espírito da Verdade a passagem evangélica da tempestade aplacada?

R – Harmonizemos, primeiro, Mateus, VIII: 23-27, Marcos, IV: 35-41 e Lucas, VIII: 22-25.

MATEUS: 23 – Jesus tomou em seguida a barca, seguido pelos discípulos. 24 – E eis que se levantou no mar uma tempestade tão grande que as ondas cobriam a barca. Ele, entretanto, dormia. 25 – Os discípulos, então, se aproximaram dele e o despertaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois vamos morrer!” 26 – Jesus lhes respondeu: “Por que temeis, homens sem fé?” E, levantando-se, mandou que os ventos e o mar se aquietassem, e logo se fez grande bonança. 27 – Os homens, cheios de admiração, diziam: “Quem é este a cujas ordens o mar e os ventos obedecem?”.

MARCOS: 35 – Nesse dia, ao cair da tarde, Jesus lhe disse: “Passemos para a outra margem”. 36 – E, despedida a multidão, levaram consigo Jesus na barca onde ele se achava, outras barcas o seguiam. 37 – Levantou-se grande ventania que, atirando as vagas sobre a barca, a enchiam dágua. 38 – Jesus, que se achava à popa, dormia reclinado num travesseiro. Eles o acordaram, dizendo-lhe: “Mestre, não se te dá que pereçamos?” 39 – Jesus, levantando-se, falou ao vento e ao mar, dizendo “Cala-te, emudece!” O vento cessou e logo reinou grande calma. 40 – Então, lhes disse: “por que temeis? Ainda não tendes fé?” 41 – E todos, cheios de temor, diziam uns aos outros: “Quem julgas ser este a quem o mar e os ventos obedecem?”

LUCAS: 22 – Certo dia, tendo entrado numa barca com os discípulos, Jesus lhes disse: “Passemos para a outra margem do lago”. E partiram. 23 – Enquanto faziam a travessia, ele adormeceu e grande ventania se desencadeou sobre o lago, enchendo dágua a barca e pondo a todos em perigo. 24 – Os discípulos se acercaram dele e, despertando-o, disseram: “Mestre, soçobramos!” Jesus, levantando-se, falou ameaçadoramente ao vento e às ondas agitadas. Tudo logo cessou e reinou grande calma. 25 – Então, Jesus lhes perguntou: “Onde está a vossa fé?” Eles, porém, cheios de temor e admiração, perguntavam uns aos outros: “Quem será este que dá ordens aos ventos e às ondas e é obedecido?”

Jesus, vós o sabeis, não estava sujeito ao sono NEM A NENHUMA OUTRA NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA HUMANA. Para os homens, ele adormecera e tiveram de o despertar. Na realidade, porém, apenas quis, pela demonstração do seu poder sobre os elementos, ferir a imaginação dos discípulos e DESENVOLVER-LHES A FÉ. Os Espíritos encarregados das águas e dos ventos, obedecendo-lhe, como todos os outros, TUDO PREPARARAM PARA PRODUZIR O TERROR NOS DISCÍPULOS DAQUELE QUE TAMBÉM ERA SEU MESTRE, E CUMPRIRAM DOCILMENTE SUAS ORDENS, QUANDO ELE MANDOU QUE TODA A AGITAÇÃO CESSASSE. A explicação dos meios pelos quais os Espíritos prepostos produziram a tempestade, e a fizeram cessar, ainda estão muito acima do alcance das inteligências humanas: CADA REINO DA NATUREZA ESTÁ SUBMETIDO A DIREÇÃO DE ESPÍRITOS ESPECIAIS, E CADA UM OPERA EMPREGANDO OS MEIOS QUE O SENHOR LHE FACULTOU. A produção de tais efeitos, de tais sucessos, tem sempre por base a ação do Espírito sobre os fluidos. O choque destes contribui para que sintais a influência dos ventos. A ação magnética exercida sobre as massas de água as levanta; e, diminuída essa atração, a calma se restabelece. Nenhuma vaga do oceano está submetida à ação de um Espírito encarregado de a mover, como se fosse um brinquedo de criança. OS ESPÍRITOS PREPOSTOS A TAIS EFEITOS CONCENTRAM OS FLUIDOS ATRATIVOS NOS PONTOS EM QUE DEVERÁ DESENCADEAR-SE A TEMPESTADE. Tudo para nós tem uma causa explicativa; muitas coisas, entretanto, ainda têm de conservar-se obscuras para vós. Contentai-vos com o pouco que vos podemos dar, de acordo com o estado das vossas inteligências. Tratai de obter mais pelo estudo, pela observação, pelo trabalho, executados com desinteresse, humildade de espírito e de coração, com muito amor, muita fé e desejo de progredir. OS ENCARREGADOS DAS ÁGUAS E DOS VENTOS, COMO OS OUTROS ESPÍRITOS ESPECIAIS A CUJA DIREÇÃO ESTÁ SUBORDINADO CADA UM DOS REINOS DA NATUREZA, SÃO ESPÍRITOS PURIFICADOS, DESEMPENHANDO MISSÃO. E, para

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desempenhá-la, empregam, como lhes apraz, os que lhes são inferiores, quando o concurso destes se faz necessário. Já vos dissemos que TUDO É MAGNETISMO EM TODA A NATUREZA, ação e atração magnéticas sobpostas à ação espiritual, e Deus não concede seus poderes senão AQUELES QUE OS MERECERAM. O Senhor não confia a aplicação e a execução das Leis que estabeleceu desde toda a Eternidade, para a regência da vida e da harmonia universais, para a realização de seus desígnios e da sua providência, senão AOS ESPÍRITOS QUE ELE SABE SEREM CAPAZES E DIGNOS DESSE ENCARGO.

FENÔMENOS DA NATUREZA – I

P – Muitos estudiosos querem saber como conciliar a ação dos Espíritos na produção do fenômeno das tempestades e, por conseguinte, os naufrágios que ocasionam, num instante fatal, a morte de certas como TÊRMO DE SUAS PROVAÇÕES TERRENAS, com as descobertas pelas quais a Ciência , de antemão, determina o lugar e a época dos fenômenos meteorológicos. É que isso leva muita gente a não ver nas tempestades e nos naufrágios mais do que ação de uma força cega e necessária, enquanto na morte dos naufrágios não vê senão a obra daquilo que chama de ACASO, negando assim a intervenção de Deus e a ação dos Espíritos por ele prepostos ao uso, ao emprego à execução e à aplicação das Leis Naturais e Imutáveis a que estão sujeitos os variados fenômenos da Natureza. Que nos diz sobre tudo isso, o Espírito da Verdade?

R – Por ventura a ciência humana também já predeterminou quais o que – ao menos na aparência – seriam vitimas desses efeitos ? Digamos “ao menos na aparência porque os que morrem em tais casos (como explicaremos daqui a pouco ) são apenas VÍTIMAS VOLUNTÁRIAS, NO SENTIDO DE QUE SÃO LEVADOS A SEMELHANTE FIM EM VIRTUDE DA ESCOLHA, QUE FIZERAM, DE SUAS PROVAS; DE QUE SÃO LEVADOS A ISSO PELOS SEUS PROPRIOS ESPÍRITOS; NO SENTIDO DE QUE O FATO OCORRIDO É CONSEQUÊNCIA FORÇADA DAS PROVAÇÕES E EXPIACÕES QUE ESCOLHERAM. Tudo é sábio, tudo é grande, tudo é perfeito nas leis Divinas; somente vós materialistas orgulhosos, sois pequeninos nas vossas criticas e negação do Todo – Poderoso. Mas Ciência, um dia, vos anunciará , com exatidão, o momento dos fenômenos da Natureza. Então, dada a vossa evolução moral, física e intelectual, não mais tereis de sofrer expiações e provações , quais as do naufrágio. É preciso que seja assim, porque é preciso que tudo marche regularmente na obra divina. Dia virá em que tendo vós a necessária ELEVAÇÃO ESPIRITUAL, todos os casos que hoje vos causam espanto se vos tornarão familiares, MAS NEM POR ISSO MENOS REAL, SERÁ A AÇÃO DOS ESPÍRITOS. A ciência humana, se he fosse possível, anularia a existência de Deus, afirmando: “Previmos as tempestades; logo, elas se desencadearam porque assim devia acontecer”., De tal sorte, os fenômenos da Natureza seriam apenas o resultado da ação de uma força cega e necessária, e não obra de uma inteligência suprema e providencial, que age por intermédio de Espíritos ativos e devotados, aos quais incumbem o uso, o emprego, funcionamento, a aplicação e a execução das leis Naturais e Imutáveis que ela estabeleceu, desde toda Eternidade. Deste modo é que aquela inteligência opera, por sua vontade onipotente e livre, no sentido de que AGE SEGUNDO ESSAS MESMAS LEIS, QUE ELA DIRIGE, APLICA, FAZ FUNCIONAR, EXECUTAR COM PERFEIÇÃO, VISANDO SEMPRE AO PROGRESSO FÍSICO, MORAL E INTELECTUAL DENTRO DA VIDA E DA HARMONIA UNIVERSAIS. Prevendo-lhes o uso, a aplicação, a execução e os efeitos, essas Leis são reconhecidas por aqueles mesmos que negam, porque não as vêem, o Legislador que as promulgou e os agentes a quem incumbiu de as aplicar, de as executar , de as fazer produzir seus efeitos. Nas condições e segundo as regras e os meios que lhes pôs nas mãos e se acham estabelecidos nas próprias Leis. O LEGISLADOR É DEUS; OS AGENTES SÃO OS ESPÍRITOS PUROS, aqueles que se podem aproximar do centro da Onipotência e que, por sua vez, têm – como agentes submissos e devotados conforme a hierarquia espiritual – os Espíritos Superiores e os Bons Espíritos. O esmo seria reconhecer a existência de qualquer maquina prever-lhe e observar-lhes o uso, a aplicação, os efeitos, a execução da obra desde que o operário preposto do mecânico a faz funcionar e, AO MESMO TEMPO, NEGAR – POR NÃO SEREM VISÍVEIS, O MECÂNICO QUE A INVENTOU E OS

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OPERÁRIOS QUE A PÔEM EM MOVIMENTO. Ora, o mecânico é Deus; os operários prepostos são os Espíritos. Não, a Natureza obedece a determinada marcha regular, É assim como o homem recebe sempre – pelas circunstancias ou pelos acontecimentos que preparam, procedem, produzem e executam essa marcha – O AVISO DE QUE TEM DE MORRER E, PORTANTO, DEVE ESTAR PRONTO PARA ESSE MOMENTO SUPREMO, do mesmo modo nas Leis da Natureza, todos os acontecimentos deixam prever a marcha que seguirão por meio dos sinais captados pela ciência especializada.. As tempestades, como as inundações, os fatos atmosféricos e todos os fenômenos da Natureza são produzidos por Espíritos prepostos a produção desses efeitos.Espírito que , todavia, seguem a marcha que lhes traça o Criador, para os preparar, guiar e realizar pelos meios de que os armou, mas SEMPRE SEGUNDO AS LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS POR ELE ESTABELECIDAS, DESDE TODA A ETERNIDADE.

FENÔMENOS DA NATUREZA – II

P – O que agrada na Doutrina do CEU, da LBV, é que todos os seus ensinamentos são dos Espíritos de Luz. As lições dos preceptores humanos, por mais ilustres que sejam, nos deixam duvida permanente. Gostaríamos, por isso, de obter novos ensinos do Espírito da Verdade sobre os fenômenos da Natureza, É possível?

R – Já o dissemos e repetimos: dia virá em que a Ciência poderá predizer O MOMENTO EXATO EM QUE SE PRODUZIRÃO OS FENÔMENOS DA NATUREZA. Quando, porem, à previsão dos fenômenos atmosféricos não acrediteis que possais anunciar com precisão dos ponteiros marcando as horas no mostrador. Vossos cálculos serão muitas vezes perturbados, mas chegareis a prever sempre com muita aproximação. Isso vos permitirá, desde que o orgulho humano se resolva a consenti-lo, tomar as precauções necessárias para salvar as vossas colheitas, as vossas habitações, e fazer redundar em proveito da Humanidade o que, até então, ela considerava calamidade. Nada existe na Natureza sem um fim. Somente a ignorância impede a compreensão desta verdade. O homem tem – até certo ponto – o direito de se dizer o rei da criação, no sentido de que nada é secreto que não deva ser dele conhecido, e nada oculto que não deva ser descoberto, a medida que for aumentando sua elevação moral e intelectual e, concorrentemente, física, segundo a Lei do Progresso . A divina bondade tudo submeteu ao império do homem; preciso é, porém, que ela aprenda a reinar com o Senhor, como pai de família e não como tirano. É preciso que despedace as cadeias que prendam seus irmãos, para aprender a acorrentar o oceano. É preciso que esteja sempre pronto a partilhar com seus irmãos o que possui, para aprender a preservar suas colheitas das geadas, dos ventos e dos raios de um sol demasiado ardente. É PRECISO, ENFIM, QUE SE APERFEIÇÕE MORALMENTE, PARA OBTER O APERFEIÇOAMENTO FÍSICO DO SEU PLANETA. Cada um dos séculos que se escoam, com tanta lentidão, vos traz uma parcela de progresso moral e intelectual. Moral, sim, porque – APESAR DE TODAS AS VOSSAS IMPERFEIÇÕES – tendeis para o Bem. Trazeis disposições para aceitar, mesmo dentro da vossa cegueira, as modificações de vos melhorarem a espécie. Conservais ainda, é certo, uma parte da catarata que vos tira a vista: è exatamente do que procuramos curar-vos agora. Quando enxergardes nitidamente, caminhareis com passo firme e decidido pela via do progresso, e vossa carreira tomará, então, proporções grandiosas. Tudo, no seio da Natureza, tem de seguir a sua marcha regular, Longe está, ainda, a ciência humana do que virá a ser.Grande poder o Senhor deu ao homem, mas é preciso que este se faça digno de exercitá-lo. Por isso mesmo, repetimos: tudo é sábio na obra divina, Tudo tem um destino e concorre – pela ação dos Espíritos do Senhor, segundo a sua vontade e sob o império de suas Leis Imutáveis – para a execução da obra geral, pelos fenômenos da Natureza para o progresso do vosso planeta. Concorre, também, para o cumprimento da vossas provações e das vossas expiações que no conjunto da obra, representam elementos e meios de progresso. Assim, OS HOMENS QUE SUCUMBEM NUM NAUFRÁGIO SÃO LEVADOS A MORRER DESSA MANEIRA POR EFEITO DAS PROVAS QUE ESCOLHERAM, ANTES DE REENCARNAREM. PORTANTO, SEJA OU NÃO CONHECIDA DO HOMEM A CAUSA, O RESULTADO EXISTIRÁ.

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FENÔMENOS DA NATUREZA – III

P – A explicação dos fenômenos da Natureza não podia ser objetiva nem mais clara. Mas os flagelos ligados a esse faro devem interessar a toda a Humanidade. Que diz, por exemplo, o Espírito da Verdade sobre as vitimas de naufrágios , incêndios e outras tantas tragédias ?

R – Aquele que, ao reencarnar, escolheu por provação a morte violenta, precedida das angustias e alternativas que cercam ao últimos momentos do naufrágio – sujeito a se debater entre a submissão ao Criador,a resignação o remorso das faltas passadas, a confiança na lei divina bondade e o pavor, a blasfêmia , a raiva insensata que se apodera de muitos nessa hora terrível – será levado, pelo próprio Espírito, a preferir um navio a outro, a se ver urgido por um negocio a embarcar em determinada ocasião, a contar mesmo com um acaso feliz, com sorte, com a sua “boa estrela”. E partirá porque, durante o desprendimento, a que o sono deu lugar, O SEU ESPÍRITO SE TORNA CONSCIENTE DAS SÉRIAS OBRIGAÇÕES QUE CONTRAIU, E TOMA DE NOVO A RESOLUÇAO DE CONDUZIR O CORPO À SITUAÇÃO EM QUE, UNIDOS, DEVEM AMBOS TERMINAR AS SUAS PROVAS VOLTANDO ESTE A MASSA COMUM E LIBERTANDO-SE ELE (O ESPÍRITO ) DA ESCRAVIDÃO CORPORAL E READQUIRINDO A LIBERDADE. A resolução assim retomada, e da qual não resta lembrança no estado de vigília, deixa no homem uma impressão vaga, que vem a construir o que ele chama a sua inspiração, a determinante dos seus atos. Assim como não pode prever o seu naufrágio, também o homem não prevê a hora em que as chamas de um incêndio devorará a sua casa; em que será sepultado pelo desabamento da escavação, , mina ou pedreira em que trabalhe; e os que tem de parecer, desse modo, efetivamente perecem. Por quê? Porque, semelhantemente ao naufrágio escolheram – para termino da vida terrena – a morte violenta, cercada das angustias e alternativas daquele, e precedida da mesma luta entre a submissão ao Criador, a resignação, o remorso, a confiança na divina bondade e o pavor, a blasfêmia, o desespero. COMO O NAUFRÁGIO, FORAM LEVADOS, PELOS SEUS PRÓPRIOS ESPÍRITOS, A PREFERIR UMA HABITAÇÂO A OUTRA, EM CERTA OPORTUNIDADE; A PREFERIR, PARA TRABALHAR, ESTA MINA OU PEDREIRA AQUELA OUTRA. Os que tenham de morrer de qualquer desses modos, por haver soado a hora final das suas provações terrenas e por serem de qualquer desses gêneros a provação e a expiação que escolheram,morrem inevitavelmente. OS QUE DEVAM ESCAPAR A MORTE, POR NÃO HAVER AINDA SOADO AQUELA HORA, ESCAPAM: OS MEIOS DE SALVAMENTO LHES SÃO FACULTADOS PELA INFLUÊNCIA OU AÇÃO DOS ESPÍRITOS PREPOSTOS. Não tendes visto duas pessoas caírem da mesma forma, e nas mesmas condições, e dar-se que uma pereça da queda e que a outra não morra? Quando, num naufrágio, num incêndio, ou num desabamento todos perecem, é que TODOS TINHAM CHEGADO AO TÊRMO DE SUAS PROVAÇÕES E HAVIAM ESCOLHIDO – POR EXPIAÇAO E PROVAÇÃO – AQUELE GÊNERO DE MORTE. No mesmo dia, à mesma hora, não morre na Terra uma porção de homens? Dêem-se, ou não, no mesmo lugar as mortes, a razão é sempre a mesma: o termino das provas térreas. Todos esses fatos o correm as vistas dos homens, sem que eles procurem conhecer – quer as causas da morte, quer as causas e influencias que preparam e põem em pratica os meios (quaisquer que sejam ) de salvamento, fazendo-o por forma tal que suceda tudo quanto de suceder. Desse “vivos” é que podeis dizer: – DEXAI AOS MORTOS O CUIDADO DE ENTERRAREM OS SEUS MORTOS.

FENÔMENOS DA NATUREZA – IV

P – Realmente, o pior cego é aquele que não quer ver. A Doutrina da LBV pode ajudar o Brasil a se libertar de toas as causas do subdesenvolvimento: basta completar a educação dos homens com a EDUCAÇÃO DE JESUS. Mas a maioria prefere acreditar no acaso. Que diz a esse respeito o Espírito da Verdade?

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R – Deus nada espera do que chamais “acaso”, porque não existe, nem nunca existiu , o acaso. Tudo o que tenha de acontecer, do ponto de vista do termino das provas humanas, acontece pela ação dos próprios Espíritos, dentro da Lei de Causa e Efeito. Tudo portanto, tem razão de ser: a pena de talião é, muitas vezes, escolhidas pelo Espírito culpado. Um que, em existência anterior, cometeu o crime de assassínio friamente premeditado, pode obter.da bondade e da justiça do Senhor, expiar essa falta por UMA LENTA AGONIA, cujos transes o depurem e o reconduzam aquele a quem ofendera. O que acabamos de dizer não convém seja separado – quanto ao que se deva entender pelo que chamais O INSTANTE FATAL DA MORTE – da explicação que vos demos do Quinto Mandamento da Leis de Deus . No estado de inferioridade em que ainda se encontra o vosso planeta, os flagelos, a peste, a fome e a guerra CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DOS POVOS, PORQUE SÃO MEIOS DE PROVAÇÕES E EXPIAÇÕES, E SERVEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIVILIZAÇAO, DA CIENCIA, DO ADIANTAMENTO MORAL E INTELECTUAL, ABRINDO CAMINHOS A ATIVIDADE FRATERNA, A PRÁTICA DO DEVOTAMENTO E DA CARIDADE. As vítimas dessas calamidades o são voluntariamente, pois que – a título de provação, de expiação ou de missão – procuram por si mesmos nascer num país, numa família, viver ou estar no local onde viessem a experimentar qualquer daqueles flagelos. E são efetivamente flagelos, no sentido de que atingem, indistintamente grandes e pequenos, lembrando assim ao homem que DIANTE DO PODER DIVINO, TODAS AS CABEÇAS SE ENCONTRAM A MESMA ALTURA E QUE, UMA VEZ CAÍDAS, TODAS FICAM RENTES COM O SOLO . Não vos lamenteis, portanto, quando virdes uma calamidade pública abater-se sobre qualquer país. Tudo está nos perfeito desígnios da Justiça de Deus. Dizei, portanto: “Bendito seja o Senhor, que estende seus flagelos por todas as nações e pesa na balança o valor de seus povos; QUE MANDA A TERRA O PROGRESSO E A PAZ AOS HOMENS DE BOA VONTADE”. Tudo segue marcha regular, objetivando o progresso de ordem física, intelectual, moral e espiritual: Tudo é preparado e dirigido pela ação dos Espíritos Prepostos. Segundo a vontade do Senhor e sob o Império das Leis Naturais e Imutáveis, por Ele estabelecidas, desde toda a Eternidade. Para finalizar: foi assim, pela vontade de Jesus, a quem Deus tudo outorgou, que de Deus recebe DIRETAMENTE a inspiração e poderes ilimitados, e peã ação dos Espíritos Prepostos, que se desencadeou e aplacou a tempestade, sucedendo-lhe grande bonança. Mas fique nos vossos ouvidos a pergunta do Mestre: - PORVENTURA, QUANDO VOLTAR A TERRA, O FILHO DE DEUS ENCONTRARÁ FÉ ENTRE AQUELES QUE FALAM EM SEU NOME? Ou terá de lhes dizer, novamente: – POR QUE TEMEIS, HOMENS SEM FÉ?

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NA TERRA DOS GERASENOS – I

P – Em matéria de obsessão e obsidiados, o que mais nos impressiona e a passagem evangélica na terra dos gerasenos. Gostaríamos, por isso, de receber, pelo CEU da LBV, uma explicação ampla, que nos dê elementos para uma pregação eficiente aos que freqüentam a nossa CRUZADA DO NOVO MANDAMENTO NO LAR. Podemos ser atendidos pelo Espírito da Verdade?

R - Vamos harmonizar Mateus, VIII: 28-34, Marcos, V: 1-20 e Lucas, VIII: 26-40.

MATEUS: 28 – Ao chegar Jesus à terra dos gerasenos, na outra margem do lago, vieram-lhe ao encontro, saindo dos túmulos, dois possessos tão furiosos que ninguém ousava passar por aquele caminho. 29 – E se puseram a gritar, dizendo: "Jesus, Filho de Deus, que tens tu conosco? Vieste para nos atormentar antes do tempo?" 30 – Não longe dali, estava pastando uma grande vara de porcos. 31 – E os demônios suplicaram a Jesus: " Se nos expulsas daqui, manda-nos para aqueles porcos!" 32 – Jesus lhes disse: "Ide". E eles, saindo dos possessos, passaram para os porcos. Logo toda a manada partiu a correr, impetuosa mente, e se foi precipitar no lago, onde os porcos morreram afogados. 33 – Então, aqueles que os guardavam fugiram e, indo à cidade, narraram tudo o que acontecera aos possessos. 34 – Todos os habitantes da cidade saíram ao encontro de Jesus e, ao vê-lo, lhe pediram que se retirasse do país.

MARCOS: 1 – Tendo atravessado o mar, desembarcaram no país dos gerasenos. 2 – E, mal Jesus descera da barca, um homem possuído do espírito imundo veio ter com ele, saindo dos sepulcros, 3 – onde tinha sua morada habitual, homem esse que ninguém mais conseguia prender, nem mesmo com as correntes, 4 – pois muitas vezes já tinha estado com ferros aos pés, preso por cadeias, e os quebrara, não havendo quem pudesse dominá-lo. 5 – Vivia nas montanhas e nos túmulos, dia e noite, a gritar e a se flagelar nas pedras. 6 – Ao ver Jesus de longe correu para ele e o adorou, 7 – exclamando em altas vozes: "Que há entre mim e ti, Jesus, Filho do Altíssimo? Eu te conjuro, por Deus, que. não me atormentes!" 8 – Isso porque Jesus lhe ordenava: "Espírito imundo, sai desse homem!" 9 – Perguntou-lhe Jesus: "Como te chamas?" Respondeu: "Multidão é o meu nome, porque somos muitos". 10 – E lhe pedia, com instância, que não o expulsasse. 11 – Ora, havia ali uma grande vara de porcos, pastando na encosta do monte. 12 – E os demônios faziam a Jesus esta súplica: "Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles". 13 – E, como Jesus lhes desse permissão, os espíritos imundos, saindo do possesso, entraram nos porcos, e toda a manada, que era de ' perto de duas mil cabeças, correu com grande ímpeto e foi precipitar-se no mar, onde se afogou. 14 – Os que a apascentavam fugiram e, na cidade e nos campos, foram espalhar a notícia do que se passara, e todos saíram a ver o que havia acontecido. 15 – Vieram ter com Jesus e, vendo o homem, que estivera atormentado pelo demônio, já sentado, vestido e em seu juízo, se encheram de temor. 16 – E eles, ouvindo dos que presenciaram os fatos a narrativa do que sucedera ao possesso e aos porcos, 17 – pediram a Jesus que deixasse aquela terra. 18 – Ao voltar Jesus para a barca, o homem que estivera possesso suplicou que lhe fosse permitido acompanhá-lo. 19 – Jesus, porém, recusou, dizendo: "Volta para tua casa, para o meio dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti; e que Ele de ti se compadeça!" 20 – O homem partiu, e começou a espalhar em Decápole tudo o que Jesus lhe fizera, causando admiração a todos.

LUCAS: 26 – Vieram navegando ate ao país dos gerasenos, que fica defronte da Galiléia. 27 – Ao Jesus em terra, veio ter com ele um homem que, desde muito tempo, estava possuído do demônio, e não trazia roupa alguma e não morava em casa, mas nos sepulcros. 28 – Logo que viu Jesus, se prostou diante dele e, em altos brados, dizia: Jesus, Filho de Deus Altíssimo, que há entre mim e ti? Eu te suplico: “não me atormentes!" 29 – Isso porque Jesus ordenava ao espírito imundo que saísse daquele homem que, havia muito tempo, era por ele violentamente subjugado. De nada servia prenderem-no em correntes e lhe porem ferros aos pés: quebrava as correntes e ferro3, e era impelido pelo demônio para os lugares ermos. 30 – Jesus lhe perguntou: "Qual é o teu nome?" Ele respondeu: "Meu nome é multidão", pois muitos demônios tinham entrado nele, 31 – e esses demônios pediam a Jesus que não os mandasse para o abismo. 32 – Como, num monte próximo, estivesse pastando uma grande vara de porcos, os demônios pediram a Jesus que lhes permitisse entrar nos porcos, o que lhes foi concedido. 33 – Então, saíram do homem, entraram nos porcos e logo toda a manada se precipitou no lago, e aí se afogou. 34 – Vendo isso, os que a guardavam fugiram e foram contar na cidade e nas aldeias o que se passara. 35 – De uma e de outras acorreram muitas pessoas para ver o que aconteceu. Vindo aonde estava Jesus, encontraram o homem, que ficara livre dos demônios, sentado a seus pés, vestido e de perfeito juízo, o que os encheu de pavor. 36 – Os que tinham visto o que se

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passara lhes referiram como o possesso fôra libertado da multidão de demônios. 37 – Então todos os habitantes de Gerasa pediram a Jesus que se retirasse dali, pois estavam horrorizados. Jesus entrou de novo na barca, e partiu. 38 – O homem, de quem os demônios tinham saído, suplicava que lhe fosse permitido acompanhá-lo. Jesus, porém, o despediu, dizendo: 39 – “Volta para tua casa. Narra aos teus o que o Senhor fez por ti". E o homem foi, por to da a cidade, espalhando a notícia do que Jesus lhe fizera. 40 – Regressando este, o povo o recebeu com alegria, pois todos o esperavam.

A homens materiais são necessários ensinamentos de feição material, SABEIS QUE HORROR TINHAM OS JUDEUS AO PORCO, "ANIMAL IMUNDO" NO DIZER DAS ORDENAÇÕES DE MOISÉS. E aqui são quase 2.000 porcos, verdadeira multidão (legião seriam 6.000). Querendo dar a entender aos homens até que ponto eram perigosos e repelentes os obsessores, Jesus permitiu que os que atuavam desde tanto tempo, de modo tão violento e cruel, quanto extraordinário aos olhos humanos, sobre aquele "demoníaco", isto é, sobre o geraseno que traziam subjugado, assombrassem os porcos que ali perto pastavam. Os homens, crentes de que os Espíritos,abandonando o possesso, entraram nos porcos, compreenderam melhor O DESPREZO QUE LHES DEVIAM INSPIRAR TÃO PERIGOSAS INSTIGAÇÕES, A QUE PODIAM ESTAR SUJEITOS TODOS AQUELES QUE NÃO TRILHAM O CAMINHO QUE LEVA A SALVAÇÃO. Observai que os obsessores se satisfizeram com o espantar os porcos. Evidentemente, não foram habitar neles. Assim como o subjugador não habita no subjugado - limitando-se a influenciá-lo por meio de uma ação fluídica, permanecendo a seu lado e atuando moralmente sobre ele - também os Espíritos impuros (que, obedecendo à vontade de Jesus, se colocaram na sua passagem, PARA SERVIREM DE INSTRUMENTO A LIÇÃO QUE ELE DESEJAVA DAR), se acercaram dos porcos e os espantaram, impelindo-os a se precipitarem no lago. Não admitais nunca a união, embora momentânea, entre o Espírito e o animal, isto é, a subjugação corporal deste por aquele, nem - ainda menos - a substituição ou a possessão. Já vos explicamos os meios por que se opera, as condições a que obedece e os efeitos que produz a subjugação, quer corporal, quer corporal e espiritual, bem como a possessão ou a substituição. Não temos, portanto de voltar a esse assunto.

NA TERRA DOS GERASENOS – II

P – É impressionante como tantos obsessores (quase 2.000) podem atuar sobre um homem só! A propósito da odisséia do geraseno, poderia o Espírito da Verdade explicar a influência dos “imundos” sobre as criaturas?

R – Sobre o homem subjugado a influência do obsessor é, como sabeis, fluídica. Sobre os animais, não pode ser e não é senão moral, no sentido de que a ação consiste em produzir neles o espanto ou o terror. O perispírito do Espírito não pode atuar fluidicamente sobre os animais, POR SER IMPOSSÍVEL A COMBINAÇÃO DOS RESPECTÍVOS FLUIDOS, UMA VEZ QUE OS PRINCÍPIOS NÃO SÃO INDÊNTICOS. Para poder compreender as causas daquele fenômeno, o homem tem de se entregar a estudos preparatórios sobre a natureza dos fluidos, seus efeitos, suas propriedades de ação, segundo as Leis Naturais que lhes regem o emprego, a aplicação e a disposição em cada reino da Natureza. Ora, bem sabeis, SE DEUS QUER QUE VOS AJUDEMOS, QUER TAMBÉM QUE TRABALHEIS, ESTUDANDO SEMPRE. Não podeis estranhar que, dirigindo-se ao obsessor chamado “multidão”, por serem muitos, Jesus tenha ordenado: “Sai desse homem!”, nem que tenha permitido aos Espíritos impuros entrarem nos porcos. É que não chegara o momento, ainda distante, de serem explicados as causas e os efeitos da subjugação, quer corporal e espiritual, assim como da ação dominadora que os Espíritos podem exercer sobre os animais, e se fazia mister na ocasião usar, para com os homens, de uma linguagem adequada ao seu entendimento e às idéias em voga. Estava reservado ao Espiritismo dar aquelas explicações, em Espírito e Verdade. Não vos detenhais em apreciar a acusação, tão pueril quanto fútil, que dirigem a Jesus, por ter – segundo dizem – causado um prejuízo ao dono da vara de porcos. TAL ACUSAÇÃO SÓ PODE PROVIR DE HOMENS MATERIAIS, QUE NÃO COMPREENDEM O SENTIDO, O ALCANCE E O FIM DO ENSINAMENTO, QUE, POR AQUELA FORMA, JESUS QUIS DAR E DEU, QUE VALE UM INTERESSE MATERIAL, QUANDO SE TRATA DE SALVAR OS HOMENS? Mas ficais

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tranqüilos vós que, apesar das vossas boas intenções, não vos podeis libertar do jugo da matéria. Os porcos pertenciam a ricos proprietários, para os quais o prejuízo foi ligeiro, insignificante, tanto que os guardadores nem sequer foram repreendidos, tão grande repercussão teve aquele fato como resultante da vontade do Cristo. Nunca o Senhor comete uma injustiça: tudo passa pelo crivo da sua onisciência; tudo tem um fim, que há de ser alcançado, para a felicidade dos homens. Não deis atenção, também, à diferença, destituída de importância, sem nenhum valor, sem influência alguma nos fatos e no ensinamento, na lição que deles devia decorrer, entre a narração de Mateus e as de Marcos e Lucas, consistindo em dizer o primeiro que dois eram os possessos e os outros que o possesso era um só. Havia apenas um subjugado. FOI PARA QUE SE REALIZASSE A OBRA, QUE O MESTRE DEVIA REALIZAR, QUE O “POSSESSO DO DEMÔNIO” VEIO AO SEU ENCONTRO SOB A INFLUÊNCIA E PELA AÇÃO DOS OBSESSORES, QUE A SEU TURNO OBEDECIAM A VONTADE DE JESUS. Tudo o que, segundo se vos diz, esse homem fazia, subjugado corporal e espiritualmente pela multidão dos maus Espíritos, era efeito da mesma subjugação. Ele se achava à mercê dos caprichos de seus obsessores, e a subjugação lhe servia, ao mesmo tempo, de provação e expiação: aquele que necessita de provações, na Terra, tem sempre o que expiar. AS PROVAÇÕES E AS EXPIAÇÕES SE COMPLETAM, À LUZ DA JUSTIÇA DIVINA. O obsidiado era, inconscientemente, médium de efeitos físicos, e os obsessores procediam de acordo, pela subjugação corporal e espiritual e pelos meios que já explicamos, servindo-se dos fluidos animalizados da vítima, INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE DESTA.Quando se apresentou a Jesus não trazia roupa alguma: despira-se completamente. Não é que os obsessores lhe houvessem, com violência, tirado as vestes: apenas lhe haviam inspirado horror a todo e qualquer constrangimento. Assim ele não podia nem queria suportar vestuário algum, sujeito como estava aos caprichos dos “demônios”. Referem os Evangelhos Sinóticos: “Não habitava em casas; passava os dias e as noites nas montanhas e nos sepulcros, gritando e ferindo-se nas pedras; estivera muitas vezes com ferro aos pés e preso pelas correntes; rebentava as correntes e os ferros”. Tudo isso era efeito da maldade dos obsessores, quase dois mil. Como médium de efeitos físicos, mas inconsciente, O SUBJUGADO PRATICAVA POR SI MESMO, NA OPINIÃO DOS HOMENS, AQUELES ATOS. A VERDADE, PORÉM, É QUE OS MAUS ESPÍRITOS, COM FORÇA BASTANTE PARA ISSO, ATUAVAM DE COMUM ACORDO SOBRE ELE PARA OBRIGÁ-LO A PRATICAR TAIS ATOS, GRAÇAS A SUA MEDIUNIDADE, EXERCENDO COM SEUS PERISPÍRITOS UMA AÇÃO FLUÍDICA, SOBRE A VÍTIMA, DOMINANDO-LHE A VONTADE, QUE ARBITRARIAMENTE GOVERNAVAM. “Quebrava as cadeias e os ferros, por mais que o vigiassem; ninguém mais podia prendê-lo; nenhum homem conseguia dominá-lo”. Como bem podeis compreender, os obsessores se divertiam em impedir que os guardas lhe pusessem peias, ou – se deixavam que o fizessem – era com o intuito de quebrarem os ferros e as correntes. Para conseguir tal resultado, o homem fazia os movimentos, MAS OS “DEMÔNIOS” É QUE LHE EMPRESTAVAM A FORÇA NECESSÁRIA, EXERCENDO SOBRE ELE VIOLENTA AÇÃO FLUÍDICA, COMBINANDO OS FLUIDOS DE DEUS PERISPÍRITOS COM OS DO POBRE GERASENO. “Era impelido pelo demônio para o deserto”. Em algumas traduções, oriundas de uma falsa interpretação da letra e do espírito do texto original, se diz que o homem era “arrebatado pelo demônio”. Colocando-vos no ponto de vista dessas traduções, tomai a palavra “arrebatado” em sentido figurado e a tereis significando “impelido violentamente, contra a vontade”. Também usais, muitas vezes, referindo a carreira desabalada de uma pessoa, que ela é “arrebatada pelo vento”. Tendo em vista esse fato, podeis recordar o episódio conhecido como “O Duende de Baiona” um Espírito a transportar a irmã pelos ares. No caso do geraseno, entretanto, nada se deu de semelhante. Havia apenas uma corrida desordenada, que apavorava os que a presenciavam. Por tudo isso é que, subjugado corporal e espiritualmente pelos obsessores, os quais por sua vez eram, no momento, dominados e dirigidos pelos Espíritos Superiores, aquele homem (tão furioso que ninguém ousava passar perto dele, saindo dos sepulcros) correu ao encontro de Jesus, o adorou e, como médium falante, proclamou em altas vozes, diante do povo ser Jesus “O filho de Deus”. EXPRIMINDO-SE DESSE MODO, PELO ÓRGÃO DO SUBJUGADO, OS MAUS ESPÍRITOS PROVAVAM A IDENTIDADE DO CRISTO.

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NA TERRA DOS GERASENOS – III

P - É da mais alta importância, PARA TODAS AS PESSOAS, SEJAM QUAIS FOREM SUAS RELIGIÕES, a explicação da tragédia do infeliz geraseno. Como podiam seus obsessores (quase dois mil) saber que Jesus era o Filho do Altíssimo, o Cristo do nosso Planeta? E como explica o Espírito da Verdade a alusão deles ao estabelecimento do Reino de Deus na Terra?

R – Obedecendo às ordens do Alto, os Espíritos do Senhor lhes fizeram ver o futuro e os esplendores de Jesus, em quem reconheceram – não um homem – mas UM ESPÍRITO MAIS PURO DO QUE OS MAIS PUROS QUE O CERCAVAM. E, com efeito, perguntando ao Cristo se viera para os atormentar antes do tempo, aludiam à época em que o conhecimento, que o homem teria de adquirir, das causas e efeitos da subjugação, o poria em condições de se escudar contra ela. Por instantes, a presciência lhes foi concedida, e eles entreviram, de relance, o estabelecimento do Reino de Deus na Terra e sua mão potente a espalhar a Luz por sobre os homens, como o Sol espalha seus raios sobre o vosso mundo, nos belos dias estivais. A consciência que assim tiveram do porvir aqueles obsessores do geraseno não durou mais que um momento: logo se apagou. Foi como um raio de luz que brilha em meio às trevas e, no mesmo instante, some, deixando de novo que as trevas se tornem espessas. O pedido que dirigiram ao Mestre, para que não os expulsasse daquele país, era motivado pela preferência que certos Espíritos conservam por certos lugares onde viveram, quer na última encarnação, quer em outra anterior, que lhes deixou vago sentimento de apego a tais sítios. Usando da faculdade de médium falante do subjugado, e servindo-se do seu órgão vocal, os mesmos Espíritos pediam a Jesus que não os mandasse para o ABISMO: esta locução era alegórica e de natureza a impressionar a multidão. Ora, ABISMO é a imensidade para os Espíritos impuros, com uma significação precisa – a imensidade onde o Espírito criminoso erra, isolado, condenado às trevas e às angústias causticantes do remorso. Equivale ao abismo que a vossa imaginação representa como sendo uma fornalha ardente, a devorar carnes fictícias, sem jamais as consumir. Os maus Espíritos, os chamados “demônios”, suplicavam sinceramente que Jesus não os condenasse a esse estado de insulamento, que, por assim dizer, mata moralmente o Espírito culpado, MAS COM O FIM DE O MELHORAR, LEVANDO-O AO MAIS COMPLETO ARREPENDIMENTO. O Espírito condenado às trevas e às angústias do remorso não sai do Espaço, e é no próprio Espaço que se faz o insulamento, pela vontade do Senhor. O culpado pode ser (e é, muitas vezes) condenado a uma prisão celular, de que o homem não consegue formar idéia. Pode ser condenado, por bem dizer, a HABITAR NO TEATRO DE SEUS CRIMES, como igualmente pode ser constrangido a permanecer num total insulamento, sem a possibilidade de praticar um ato de sua vontade, nem movimento algum, sem contato com qualquer outro Espírito, e cercado de espessas trevas que, sobre a sua organização, isto é, sobre o seu Espírito e o seu perispírito, produzem o efeito que uma atmosfera pesada e empestada produziria num homem todo amarrado. Em suma, a expiação é, como sabeis, sempre apropriada e proporcional aos crimes e faltas cometidos: obedece sempre às condições necessárias a incutir no culpado o remorso, a lhe despertar a consciência, a desenvolver nele, cada vez mais, as angústias que o preparam e levam ao arrependimento. Mas atendei: NENHUM ESPÍRITO É CONDENADO A SERVIR DE CARRASCO A SEU IRMÃO, POR MAIS CULPADO QUE ESTE SEJA. TODAS AS VISÕES DO CRIMINOSO SE PRODUZEM PELA AÇÃO DE UMA VONTADE PODEROSA, QUE O CONDENA A VER O QUE DEVIA TER DIANTE DOS OLHOS, ATÉ AO INSTANTE DO ARREPENDIMENTO. É um efeito de combinação de fluidos, resultante do magnetismo espiritual, da qual ficareis inteirados quando houverdes avançado bastante, para dar começo ao trabalho que queremos que seja feito pelo médium sobre os fluidos e suas propriedades. Ainda que pouco desenvolvido e precisando muito desenvolver-se, o progresso já realizado pelo magnetismo humano vos permite fazer idéia do que é capaz de conseguir A VONTADE PODEROSA DO ESPÍRITO SUPERIOR, NO TOCANTE AOS EFEITOS FLUÍDICOS. Como todos sabeis, o magnetizador pode – por ato de sua vontade e pela ação dos fluidos magnéticos – atuar sobre o seu paciente, achando-se este no estado sonambúlico, de maneira a lhe dar, do que não passa de mera ficção, A IMPRESÃO DE UM FATO REAL, e faze-lo acreditar e ver o que queira que ele veja e acredite, MESMO DEPOIS DO DESPERTAR. Assim, deveis compreender qual seja o poder do Espírito Superior relativamente às visões do criminoso e como aquele, com o auxílio do MAGNETISMO ESPIRITUAL, por ato da sua poderosa vontade, tirando das combinações fluídicas os desejados efeitos, consiga produzir tais visões, A FIM DE QUE O CULPADO VEJA O QUE

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ESTÁ CONDENADO A VER E TENHA, DO QUE NÃO PASSA DE FICÇÃO, A IMPRESSÃO DA REALIDADE.

NA TERRA DOS GERASENOS – IV

P – Temos pena dos materialistas, porque estão sempre à mercê dos Espíritos maus que os cercam. Realmente, não há mais segurança fora do Evangelho e do Apocalipse de Jesus! Como o Espírito da Verdade, explica o pedido daqueles obsessores para “entrarem” nos porcos?

R – Quando, pelo órgão do subjugado geraseno, pediram a Jesus: “MANDA-NOS PARA AQUELES PORCOS, A FIM DE QUE ENTREMOS NELES”, os Espíritos impuros se achavam dominados e governados pelos Espíritos Superiores. Estes é que os impeliam a exprimir-se desse modo. Logo que Jesus lhes concedeu a permissão solicitada, ELES SE ACERCARAM DOS PORCOS, os espantaram por meio de uma aparição só visível para os mesmos porcos, e os impeliram na direção do lago, a fim de que ali se precipitassem, perseguindo-os com aquela aparição, que revestia uma forma e fazia gestos e ameaças de natureza a aterroriza-los. Para lhes infundir esse terror, os Espíritos impuros não se serviram da forma humana. O ESPÍRITO, COMO SABEIS, PODE TOMAR A FORMA, A APARÊNCIA QUE JULGUE NECESSÁRIA À OBTENÇÃO DO RESULTADO QUE DESEJE. Para causar terror, muitas vezes, o Espírito inferior reveste a forma, a aparência de um animal perigoso e INIMIGO DO QUE ELE QUER APAVORAR. Foi o que se deu com os que assombraram os porcos e os fizeram precipitar-se no lago. Dissemos que a aparição só era visível aos porcos: SE ASSIM NÃO FOSSE, O POVO NÃO TERIA ACREDITADO QUE OS ESPÍRITOS “IMUNDOS” ENTRARAM NESSES ANIMAIS. Um médium vidente que estivesse entre a multidão não teria – embora fosse esta à vontade dos obsessores – podido vê-los sob a forma, a aparência que tomaram, porquanto à vontade desses Espíritos nenhum poder tinha para o conseguir. ELES SE MOSTRARAM AOS PORCOS PORQUE A ISSO HAVIAM SIDO AUTORIZADOS, MAS NÃO LHES ERA LÍCITO IR ALÉM. Tudo se realizava segundo à vontade do Mestre, objetivando o resultado que ele queria alcançar. O fato de serem os Espíritos impuros visíveis aos porcos, quando não o eram para o povo, não vos deve causar mais admiração do que este: lado a lado dois médiuns videntes, somente um ver o Espírito que se manifesta! NESSE CASO, A VONTADE DO ESPÍRITO INTERVÉM. Quanto aos animais, a visão para eles se produz exclusivamente pela vontade do Espírito, porque a combinação dos fluidos entre o Espírito e o animal (como o dissemos) é impossível, ao passo que – para se tornar visível ao médium vidente – o Espírito opera por ato de sua vontade e exerce sobre o médium uma ação fluídica. Repetimos: não admitais NUNCA a possibilidade de uma união (embora momentânea) entre o Espírito e o animal. NÃO HÁ SUBJUGAÇÃO CORPORAL DESTE POR AQUELE E AINDA MENOS POSSESSÃO, SUBSTITUIÇÃO. Há, apenas, subjugação moral, no sentido de que o espírito consegue espantar o animal, enchê-lo de pavor, obrigá-lo a atos extravagantes, que podeis considerar materiais, mas que nem por isso deixam de tocar a inteligência relativa daquele que a sofre. A VONTADE DO OBSESSOR BASTA POR SI SÓ PARA TORNAR VIDENTE O ANIMAL, pela razão de que o Espírito deste é mais apto que o vosso a ter a faculdade da vidência e ainda porque à vontade do Espírito, por mais inferior que ele seja, domina sempre o Espírito animal, a menos que a isso se oponha um Espírito Superior. Não se conclua daí que o animal vidente seja médium. Não o é na acepção exata da palavra, pois não pode, em caso algum, servir de intermediário ao Espírito para se manifestar ao homem. O animal goza de uma faculdade que lhe é peculiar: é apenas vidente, não médium. ENTRETANTO, EM CERTOS CASOS AO ALCANCE DA VOSSA PERCEPÇÃO, A FACULDADE DE VER, QUE O ANIMAL POSSUI, PODE SERVIR – ESPECIALMENTE PELO TERROR QUE DELE SE APODERA – PARA, DA PRESENÇA DO OBSESSOR, PREVENIR O HOMEM, QUANDO NÃO EXISTE NENHUMA COISA MATERIAL, VISÍVEL OU TANGÍVEL, PARA ESSE MESMO HOMEM, CAPAZ DE JUSTIFICAR SEMELHANTE TERROR.

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NA TERRA DOS GERASENOS – V

P – Um dos pontos que ferem as convicções dos protetores dos animais é este: “– Por que Jesus permitiu a morte dos inocentes porcos, aterrorizados pelos obsessores do geraseno?” E nós perguntamos ao Espírito da Verdade: - Por que o Mestre impediu que o geraseno, já em perfeito juízo, o acompanhasse com os Apóstolos e discípulos?

R – QUEM, MAIS QUE JESUS, AMA E PROTEGE OS ANIMAIS? O Pai Eterno lhe conferiu todos os poderes, inclusive dar a vida e retirá-la, sempre em benefício das suas criaturas. Porventura vamos acreditar que a vida acaba na morte? Pois esse sacrifício resultou na evolução dos porcos, dentro da escala animal: eles contribuíram para a salvação de um homem. Não esqueçais, ainda, que os animais também têm de reparar suas faltas, conforme a Lei que rege a vida planetária. Não deu o Mestre A SUA PRÓPRIA VIDA PELA SALVAÇÃO DE TODOS? Só ao Cristo compete saber a verdade sobre a “inocência” de todos os seres da Criação Divina. Permitindo aos Espíritos impuros que entrassem nos porcos, Jesus lhes permitia permanecer nas regiões habitadas pelos homens, circunvolvendo a humanidade, isto é, lhes consentia aproximar-se desta e ficar em contato com ela. Tal permissão lhes foi concedida para que, junto, assim dos que a título de provação ou de expiação viriam a ser vítimas das suas obsessões e subjugações. COMO DOS QUE SE INTERESSASSEM POR ESSAS VÍTIMAS, pudessem eles receber o benefício das preces e encontrar os meios de reflexão e encaminhamento moral. ELA LHES FOI CONCEDIDA SOBRETUDO, PARA ENSINAMENTO DOS HOMENS, porquanto aqueles Espíritos não permaneceram inativos, e foram repelidos e doutrinados pelos discípulos do Cristo. O subjugado por aquela multidão de maus Espíritos - quando, sob o peso da subjugação corporal e espiritual, tinha acessos violentos de fúria – ficava num estado aparente (mas que para os homens era real) de loucura furiosa ou alienação das faculdades mentais. Tornava-se incapaz de ter conhecimento de seus atos. Perdia a consciência do seu ser. Nos momentos, porém, de menor violência, quando a calma se restabelecia, no sentido de estar diminuída a sua sobreexcitação, TORNAVA-SE CONSCIENTE DO SEU ESTADO, DO CONSTRANGIMENTO A QUE ESTAVA SUBMETIDO, E COM ISSO ELE SOFRIA HORRIVELMENTE, QUER DIZER: NÃO ERA NENHUM INOCENTE, E AÍ ESTAVA A PUNIÇÃO DOS CRIMES QUE COMETERA EM EXISTÊNCIA ANTERIOR. Logo que os demônios saíram dele, isto é, logo que ficou livre da subjugação, recobrou, como observais em vosso meio, o uso pleno da razão a liberdade do corpo e do Espírito. A multidão que acorreu da cidade e dos campos, mal teve conhecimento do que se passara pelos fugitivos guardadores dos porcos, encontrou o homem sentado aos pés de Jesus, vestido e de juízo perfeito. Estava vestido porque os discípulos o cobriram, tirando algumas peças de suas próprias vestes. Uma vez liberto, ele se submeteu alegremente aos costumes humanos. “E de juízo perfeito, fato que os encheu de pavor”. Aquele que, até então, ninguém podia conter, ali estava aos pés do Mestre, calmo e submisso. Tal submissão bastava para impressionar o povo. A cessação dos sinais e manifestações de uma demência furiosa (no entender dos homens), traduzindo-se em atos violentos, desconexos, bizarros, em desordens e aberrações da palavra, os quais desapareceram todos com a subjugação, cedendo lugar à razão integral, à liberdade do corpo e do espírito, FOI QUALIFICADA DE MILAGROSA POR NÃO SER COMPREENSÍVEL NEM EXPLICÁVEL. Não negue a incredulidade atual, filha orgulhosa da ignorância, estes fatos autênticos, que os Evangelistas vos transmitiram. Não os negue nem zombe deles, para o seu próprio Bem! Estude a ciência espírita, aprenda, observe, SEM IDÉIAS PRECONCEBIDAS, COM HUMILDADE E A NECESSÁRIA PERSEVERANÇA, E CERTAMENTE ACREDITARÁ, PORQUE TERÁ COMPREENDIDO. O homem tem sob as vistas a revelação e a manifestação dos poderes do Espírito; ainda efeitos físicos, que se produziram em todos os tempos e se produzem hoje, sob todas as formas, no ser humano e em tudo o que o cerca. Tem sob as vistas a revelação e a manifestação das faculdades dos Espíritos Superiores, ministros da Vontade de Deus, da sua Providência e da sua Justiça; do poder que eles exercem sobre os fluidos, visando à aplicação e à execução das Leis Naturais e Imutáveis, que regem a vida e a harmonia universais. Tem sob as vistas a revelação e a manifestação do poder dos Espíritos Superiores sobre os fluidos, pelos efeitos formidáveis e terríveis a que dais o nome de flagelos; pelo estalar do raio que derriba edifícios, fende um carvalho secular, e tantas vezes causa a morte; pelo furacão que arranca árvores e destroça habitações; pelas inundações que assolam, destroem e arrastam consigo tudo quanto encontram na sua passagem; pela tempestade que arroja os navios de encontro aos arrecifes, onde se

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despedaçam e são tragados pelo mar. Depois de meditar em tudo isso, cada um dos zombeteiros poderá entender o caso emocionante do geraseno. O homem, vendo-se livre dos seus obsessores, rogou a Jesus lhe permitisse acompanhá-lo. Jesus, porém, recusou, dizendo: “Volta para tua casa e conta aos teus o que senhor fez por ti”. E ele se foi embora, dando público testemunho do que Jesus fizera em seu benefício. Era seu destino preparar os caminhos para o advento do Senhor. Jesus realizara um “milagre”, que numerosas pessoas podiam testemunhar. Por isso mesmo, não ordenou ao geraseno que se calasse: ao contrário, o concitou a espalhar a notícia do fato, AO PASSO QUE EM OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS IMPUNHA SILÊNCIO A TANTOS QUE CURARA. É que nestes casos, não tendo tido o fato grande publicidade, poderia ser contestado. Deixava, então, que se espalhasse por si mesmo, sob a aparência de mistério. Entendei: o geraseno podia e devia testemunhar a sua própria cura: mas não estava preparado para PREGAR E TESTEMUNHAR A PALAVRA DE DEUS.

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LEVANTA-TE E CAMINHA

P – Cremos que a Doutrina do CEU veio para salvar o que estava perdido. Cada um, conhecendo a verdade das Leis de Deus, passa a ser o médico especialista de si mesmo! Como o Espírito da Verdade explica a maravilhosa cura do paralítico?

R – Harmonizemos Mateus, IX: 1-8, Marcos, II: 1-12 e Lucas, V: 17-26.

MATEUS: 1 – Tendo tomado de novo a barca, Jesus tornou a atravessar o lago e veio à sua cidade. 2 – Eis que lhe apresentaram um paralítico, deitado no seu leito. Jesus, vendo-lhe a fé, disse ao paralítico: “Filho, tem confiança; teus pecados te foram perdoados”. 3 – Logo alguns escribas disseram entre si: “Este homem blasfema”. 4 – Jesus, lendo os seus pensamentos, falou: “Por que abrigais maus pensamentos em vossos corações? 5 - Que é mais fácil dizer: “Teus pecados te foram perdoados” ou “Levanta-te e caminha!”? 6 – Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra o poder de remir os pecados, eu digo a este paralítico: “Levanta-te, toma o teu leito e volta para tua casa”. 7 – Imediatamente o paralítico se levantou e voltou para casa. 8 – Vendo isso, a multidão, tomada de espanto, rendeu graças a Deus, que deu aos homens tamanho poder.

MARCOS: 1 – Alguns dias depois, voltou Jesus a Cafarnaum. 2 – Mal ouviram dizer que ele estava em casa, reuniu-se lá tanta gente que a casa ficou apinhada, até fora da porta; e Jesus pregava a Palavra de Deus. 3 – Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4 – E como, por causa da multidão, não o pudessem levar até junto do Mestre, fizeram no teto uma abertura e por aí desceram o leito em que jazia o paralítico. 5 – Observando-lhes a fé, Jesus disse a este último: “Filho, são perdoados os teus pecados.” 6 – Ora, estavam por ali sentados alguns escribas, em cujos os corações se aninhavam estes pensamentos: 7 – “Que diz este homem? Ele blasfema” Quem pode perdoar pecados senão Deus, unicamente?” 8 – Jesus pelo seu Espírito reconheceu logo o que eles pensavam de si para si, e lhes disse: “Por que animais esses pensamentos em vossos corações? 9 – Que é mais fácil dizer a este paralítico: “São perdoados os teus pecados” ou “Levanta-te, toma o teu leito e caminha?” 10 – Para que saibais que o Filho do Homem tem, na Terra, o poder de perdoar pecados, 11 – digo a este paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e volta para tua casa”. 12 – No mesmo instante, o paralítico se levantou, tomou o seu leito e partiu, diante de toda a gente. O povo se encheu de espanto e, glorificando a Deus, exclamou: “Nunca vimos coisa semelhante!”

LUCAS: 17 – Um dia, em que estava a ensinar entre os fariseus e os doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém e sentaram ao redor dele, e em que a virtude do Senhor estava com ele para os curar, 18 – eis que alguns homens, trazendo num leito um paralítico, procuravam meio de fazê-lo entrar na casa e chegar até junto do Cristo. 19 – Como não achassem por onde fazê-lo entrar, por causa da multidão, subiram ao telhado da casa e, levantando as telhas, por aí desceram o leito em que se achava o paralítico e o colocaram no meio da sala, diante de Jesus. 20 – Este, observando-lhes a fé, disse ao doente: “Homem, são perdoados os teus pecados”. 21 – Então, os escribas e os fariseus se puseram a pensar, dizendo de si para si: “Quem é este, que assim blasfema? Quem pode perdoar pecados senão Deus, unicamente? 22 – Jesus lhes conheceu os pensamentos e, respondendo, falou: “Que será mais fácil dizer: “São perdoados os teus pecados” ou “Levanta-te e caminha!” 24 – Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem, na Terra, o poder de perdoar pecados, eu digo a este paralítico: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”. 25 – No mesmo instante, o paralítico se levantou diante de todos e, tomando o leito em que estivera deitado, voltou para sua casa, rendendo graças a Deus. 26 – Todos, tomados de assombro, glorificavam a Deus, e diziam cheios de temor: “Coisas maravilhosas vimos hoje!”

Jesus curou o paralítico pelos mesmos processos de que usou para com o servo do centurião. Operando aquela cura material, que os escribas, os fariseus e a multidão consideraram um “milagre” (assim como proferindo as palavras que dirigiu aos mesmos escribas e fariseus, cujos pensamentos LEU, POR SER SEMPRE ESPÍRITO, embora figuradamente encarnado num corpo perispirítico, na aparência da corporeidade humana), Jesus teve por fim, no momento, dar a ver aos homens que AQUELE QUE DISPUNHA DE TAL PODER ESTAVA ACIMA DE QUALQUER INTELIGÊNCIA, E FORÇA-LOS A CURVAR A FRONTE DIANTE DA AUTORIDADE DIVINA. E DIZ O Evangelho: “Vendo isso, a multidão se encheu de espanto e glorificou a Deus por

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haver dado tal poder ao homem”. A multidão, os escribas e os fariseus consideravam então Jesus, como sabeis, UM HOMEM IGUAL AOS OUTROS. Essas palavras, inspiradas à multidão e reproduzidas por Mateus sob a influência mediúnica, TINHAM UM FIM OCULTO, QUE SÓ MAIS TARDE, POR MEIO DE NOVA REVELAÇÃO, SE TORNARIA PATENTE: O DE PREPARAR OS HOMENS A COMPREENDEREM QUE – QUANDO TIVERAM ATINGIDO OS LIMITES EXTREMOS DA PERFEIÇÃO QUE PODEM CONSEGUIR NATERRA – TAMBÉM LHES SERÁ FACULTADO FAZER COISAS COMO AQUELAS, TIDAS NA CONTA DE MILAGROSAS, MAS NA VERDADE NATURAIS.

VOCAÇÃO DE MATEUS

P – Ao convocar Levi, o publicano, para o seu apostolado, Jesus deu uma lição impressionante de BOA VONTADE. Como o Espírito da Verdade, através do CEU da LBV, interpreta essa passagem do Evangelho?

R – Vamos harmonizar: Mateus, IX: 9-13, Marcos, II: 13-17 e Lucas, V: 27-32.

MATEUS: 9 – Ao sair dali, viu Jesus um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e lhe disse: “Segue-me”. Logo o homem, levantando-se o seguiu. 10 – E sucedeu que, estando depois Jesus à mesa, na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram à volta da mesa com Jesus e seus discípulos. 11 – Notando isso, os fariseus disseram aos discípulos: “Como é que o vosso Mestre come na companhia de publicanos e pecadores?” 12 – Jesus, ouvindo-os, falou: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, e sim os doentes. 13 – Ide, pois, aprender o que significa estas palavras: “Misericórdia quero, não holocausto”; porque não vim chamar os justos, mas os pecadores.

MARCOS: 13 – Jesus saiu de novo, em direção ao mar; todo o povo o seguia, e ele a todos ensinava. 14 – Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no telônio, e lhe disse: “Segue-me”; e Levi, erguendo-se, o seguiu. 15 – Aconteceu que, estando Jesus à mesa em casa desse homem, muitos publicanos e pecadores, que em grande número o acompanhavam, sentaram, também, à mesa com ele e os discípulos. 16 – Os escribas e os fariseus, vendo-o comer na companhia de publicanos e pecadores, disseram aos discípulos: “Então, o vosso Mestre come e bebe com publicanos e pecadores?” 17 – Ouvindo o que diziam, Jesus lhes observou: “Não precisam de médicos os sãos e sim os enfermos; eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”.

LUCAS: 27 – Jesus partiu, depois disso, e vendo um publicano de nome Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: “Segue-me”. 28 – E o publicano, levantando-se e abandonando tudo, o seguiu. 29 – Mais tarde, Levi lhe ofereceu um grande festim em sua casa, onde havia muitos publicanos e outras pessoas, que também tomaram lugar à mesa. 30 – Os escribas e os fariseus murmuravam, dizendo aos discípulos: “Como é que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?” 31 – Jesus, respondendo, lhes disse: “Os que têm saúde não precisam de médico, e sim os doentes. 32 – Não é aos justos, mas aos pecadores, que vim chamar a penitência”.

Efetivamente, Jesus provou, assim, que NÃO SE DEVE REPELIR OS QUE PAREÇAM INDIGNOS: onde não vedes senão fraudes ou impurezas, pode o Senhor ter colocado um germe de virtude que a cultura fará frutificar. Sede, pois, indulgentes para com vossos irmãos. Estendei mão protetora aos fracos; esforçai-vos por exaltar os aviltados; imitai, finalmente, o Divino Modelo, procurando os doentes e tudo fazendo para os curar. Mateus, que Jesus foi buscar entre os publicanos, era um Espírito elevado, que encarnara com a missão de auxiliar o Mestre, na obra que ele veio executar na Terra. Inspirado pelo seu Anjo Guardião e pelos Espíritos Superiores que o cercavam, obedeceu no mesmo instante ao chamamento do Cristo, e o seguiu. E, OFERECENDO AO MESTRE O GRANDE FESTIM DE QUE FALAM OS EVANGELISTAS, LHE PROPORCIONOU, COMO DEVIA SUCEDER, OPORTUNIDADE E MEIO DE DAR AQUELA LIÇÃO ETERNA. Tudo tinha sido previamente preparado: tudo se cumpria, por ordem do Senhor, sob a inspiração, a influência e ação ocultas dos Espíritos Superiores, obedientes à vontade do Mestre. Como discípulo do Cristo, Levi, filho de Alfeu, adotou como Apóstolo o nome de Mateus;

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mas por Levi é que era geralmente conhecido. “Não são os que têm saúde que precisam de médico – afirmou Jesus - e sim os doentes”. E acrescentou: “Não vim em busca dos justos, mas dos pecadores”. Assim como aquele que goza saúde não precisa de médico, aquele que obedece conscientemente à Lei de Deus não precisa ser salvo: ELE SE SALVA POR SI MESMO. O Cristo chamava a si os que tinham reparações a fazer. Se convidava ao arrependimento, o seu convite só podia ser feito aos que tinham falido. “Ide, pois, (disse a todos) aprender o que significam estas palavras: MISERICÓRDIA QUERO, NÃO HOLOCAUSTO”. As palavras do profeta Oséias (VI: 6) com referência ao Senhor: “O que eu quero é a misericórdia, não o sacrifício, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos”, devem ser confrontadas com estas outras do profeta Samuel (Primeiro Livro dos Reis, II: 6-10): “O Senhor dá e tira a vida; leva à habitação dos mortos e dela retira. É o Senhor quem enriquece e empobrece; quem exalta e quem humilha. Levanta o pobre do pó, e do esterco levanta o indigente para sentar-se com os príncipes e ocupar um trono de glória. Porque do Senhor são os pólos da Terra, e sobre eles pôs o mundo. Ele guardará os pés dos seus santos, e os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não será forte na sua robustez. Tremerão diante do Senhor os seus inimigos, e dos céus trovejará sobre eles. O Senhor julgará as extremidades da Terra, e dará o império ao seu rei, exaltando a glória do seu Cristo”. São a origem divina das palavras do Salvador: “Misericórdia quero, não holocausto”. A Nova Revelação vem ensinar o seu significado. Vimos, em nome do Mestre, dizer a todos vós: SEJAM QUAIS FOREM AS FALTAS E OS CRIMES COMETIDOS, HAVENDO ARREPENDIMENTO, NÃO HAVERÁ – PARA O ESPÍRITO CULPADO – SACRIFÍCIO, ISTO É, PENAS ETERNAS. HAVERÁ, AO CONTRÁRIO, MISERICÓRDIA, O QUE QUER DIZER – PERDÃO, subordinado este apenas, conforme à bondade e à justiça infinitas de Deus e com o duplo fim de aperfeiçoamento moral e progresso, às duas únicas e inevitáveis condições seguintes: expiar o culpado, na erraticidade, após a morte, as faltas e crimes praticados, mediante sofrimentos morais apropriados, por meio da reencarnação e de novas provações. Sim, ONDE QUER QUE HAJA ARREPENDIMENTO, HAVERÁ PERDÃO. Jesus, portanto, queria a misericórdia, despertando no homem o remorso da falta ou do crime e o desejo da reparação: A REPARAÇÃO É A CONSEQÜÊNCIA DO ARREPENDIMENTO. Convidando aos arrependimento, Jesus facilitava a expiação e, assim, salvava aqueles que, de outro modo, estacionariam longo tempo na impenitência.

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VELHAS E NOVAS DOUTRINAS

P – Só mesmo os Guias Espirituais da Humanidade nos podem orientar, porque estão acima de todos os sectarismos em conflito. São neutros, imparciais, sereníssimos. Como o Espírito da Verdade analisa as palavras de Jesus sobre o jejum, pano novo, odres velhos, vinho novo e vinho velho?

R – Vejamos estas passagens dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, IX: 14-17, Marcos, II: 18-22 e Lucas, V: 33-39.

MATEUS: 14 – Então, vieram ter com ele os discípulos de João e lhe perguntaram: “por que os fariseus e nós jejuamos freqüentemente, e os teus discípulos não jejuam?” 15 – Jesus lhes respondeu: “Podem, acaso, chorar os filhos do esposo quando o esposo está com eles? Dia, porém, virá em que o esposo lhes será tirado; então, sim, eles hão de jejuar. 16 – Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo tira parte da roupa e o rasgão fica maior. 17 – E não se deita vinho novo em odres velhos; ao contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho e os odres se perdem. Põe-se vinho novo em odres novos, e uns e outros se conservam.

MARCOS: 18 – Alguns discípulos de João e alguns fariseus, que costumavam jejuar, vieram a Jesus e lhe perguntaram: “Por que os discípulos de João e os fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam? 19 – Jesus lhes respondeu: “Os filhos das núpcias podem, acaso, jejuar enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo não podem jejuar. 20 – Dias virão, contudo, em que o esposo lhes será tirado, e nesse tempo jejuarão. 21 – Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porquanto aquele arrancaria uma parte desta e tornaria maior o rasgão. 22 – Ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho rompe os odres, e tanto se perde o vinho como os odres: vinho novo deve ser posto em odres novos.

LUCAS: 33 – Então, disseram a Jesus: “Por que é que os discípulos de João, assim como os fariseus, jejuam freqüentemente e fazem orações, enquanto que os teus comem e bebem? 34 – Jesus lhes disse: “Podereis obrigar os amigos do esposo a jejuar, enquanto o esposo está com eles? 35 – Dias virão em que o esposo lhes será tirado; então, eles haverão de jejuar.” 36 – Também lhes fez esta comparação: “Ninguém prega remendo de pano novo em roupa velha, porque o novo rompe o velho e, assim, não se ajusta à roupa velha o pano novo. 37 – Do mesmo modo, ninguém deita vinho novo em odres velhos porque, se fizer isso, o vinho novo rebentará os odres, se derramará e os odres se perderão. 38 – O vinho novo deve ser posto em odres novos, porque assim se conservam. 39 – E não há quem, bebendo vinho velho, prefira o novo, pois diz: o velho é melhor.

Todas as explicações cabíveis, aqui, para a compreensão do fim a que Jesus visava, com o ensinamento que ele deu de forma velada, se referem ao futuro espiritual da Humanidade. Os homens eram a roupa velha que, impensadamente remendada, teria sido destruída. Eram os odres velhos, impróprios para recipientes de um licor ativo que, fermentando, os despedaçaria. Vós, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, sois os odres novos em que o vinho novo é despejado abundantemente: guardai-o como preciosidade, e ele dará em vós bom produto; envelhecerá nos odres, ficará cada vez melhor, restituindo a força, a saúde e a vida aos que vierem bebê-lo. O termo “esposo”, pelo qual o Mestre se designava a si próprio, era tomado às idéias, às tradições e aos costumes hebraicos, pela consideração dispensada aos judeus que se casavam. ORA, SENDO O CHEFE DESTRA DOUTRINA, QUE VOS TEM AMPARADO APESAR DE TODOS OS VOSSOS DESVIOS, Jesus era considerado como o jovem puro que depõe a coroa nupcial, a fim de assumir o governo da família que constituiu para si mesmo. OS FILHOS, OS AMIGOS DO ESPOSO, SÃO EXPRESSÃOES SINÔNIMAS, INDICANDO OS QUE ERAM MAIS CAROS E MAIS LIGADOS AO ESPOSO. Procurai compreender bem, segundo o espírito que vivifica, não segundo a letra que mata, estas palavras que o Mestre dirigiu aos fariseus e aos discípulos do Batista: “Podem os filhos, os amigos do esposo jejuar, enquanto este está com eles? NÃO PODEM JEJUAR, ENQUANTO O ESPOSO ESTÁ COM ELES. Mas dias virão em que o esposo lhes será tirado; então, sim, jejuarão”. A presença de Jesus entre os discípulos os mantinha na senda que deviam trilhar: não precisavam, portanto, submeter-se a privações expiatórias. Mas o FUTURO SE DISTENDIAS AOS OLHOS DO CRISTO E ELE ANTEVIA OS ABUSOS, OS

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TRANSVIAMENTOS QUE NÃO TARDARIAM A PERVERTER A IGREJA E SEUS FILHOS, ISTO É, A HUMANIDADE, E AQUELES QUE TOMARIAM A SI A CONTINUAÇÃO DA OBRA DOS APÓSTOLOS E DOS PRIMEIROS CRISTÃOS. Antevia, portanto, necessária a expiação como meio de reparação. E o jejum material era, entre os judeus, o emblema da expiação. O jejum de que Jesus falava – e que os homens teriam de praticar nos tempos que sucederiam o desempenho da sua missão terrena – NÃO ERA O JEJUM MATERIAL QUE OS FARISEUS E OS DISCÍPULOS DE JOÃO PRATICAVAM. JESUS ALUDIA ÀS EXPIAÇÕES A QUE OS HOMENS TERIAM DE SUBMETER-SE, PARA REPARAR AS SUAS FALTAS: ALUDIA, SIM, AO JEJUM MORAL. O jejum material constituía, entre os hebreus, um ato expiatório, destinado a reparar os erros leves da vida. Teve sua razão de ser, como explicaremos, numa época em que só as leis materiais podiam dominar a matéria. Já o JEJUM MORAL consiste no remorso das faltas graves que os homens cometem, todos os dias, para com Deus, transgredindo suas Leis, deixando de praticar o Amor e a Caridade, entregando-se ao orgulho, ao egoísmo, à inveja – vícios que não chegam a perceber no fundo de seus coração, tão grande é a sua cegueira, tanta a confiança que depositam em si mesmos. JEJUAI, MORTIFICANDO VOSSAS ALMAS, PARA QUE ELAS SE PURIFIQUEM. BOM É O JEJUM – MAS O JEJUM MORAL, PORQUE É SEMPRE ÚTIL À ALMA CULPADA, EXPURGANDO-A DE SUAS IMPUREZAS.

A IGREJA DO CRISTO – II

P – Os ensinos do CEU da LBV vêm abrir novos horizontes para aqueles que desejam progredir. Sinceramente, a parte relativa ao jejum moral é novidade para a maioria. Vamos, assim, que a Igreja do Cristo é bem diferente das Igrejas dos homens. Que diz a isto o Espírito da Verdade?

R – O jejum moral, O ÚNICO QUE DEUS EXIGE, consiste em a criatura não se submeter, nunca, aos seus maus instintos, por mais agradável que isso lhe pareça; em infligir humilhações à natureza animal, tendo por fim o adiantamento de seus irmãos, constituindo exemplo para eles; em não se entregar a ato algum de culposa leviandade; em não se dar a excessos de qualquer natureza. NÃO JULGUEIS SEJA “MUITO PENOSO” PARA O HOMEM VIVER TRANQUILAMENTE DIANTE DE DEUS: BASTA-LHE ESTAR COM A SUA CONSCIÊNCIA EM PAZ E SATISFEITA, PARA TER A FORÇA E A SAÚDE DO CORPO. De onde provém, senão dos excessos de toda ordem a que sujeitais os vossos corpos, a degeneração das raças humanas? Que é que produz o apoucamento da inteligência do homem senão o arrojo desavergonhado das suas idéias, o desejo imoderado de saber prematuramente mais do que lhe deve ser dado? Formais uma sociedade; portanto, vivei em sociedade. Sede solidários e bons, ------ olhos do Pai. Não procureis o luxo material que enerva nem adquirir, desequilibradamente, a ciência que desvaira. Jesus não pretendeu impor – E NÃO IMPÔS – A OBRIGAÇÃO DO JEJUM MATERIAL. Ele disse: “O que mancha o homem não é o que lhe entra no corpo, já que isso não lhe vai ao coração e é lançado fora. O que mancha o homem é o que lhe sai do coração: são os maus pensamentos, as más palavras, as más ações, os vícios que degradam a Humanidade, AS INFRAÇÕES DA LEI DIVINA CONSIGNADA NO DECÁLOGO E NO NOVO MANDAMENTO DE JESUS, O ÚNICO REPRESENTANTE DE DEUS EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE. Os mandamentos humanos relativos ao jejum material, prescrevendo a privação de alimentos ou só permitindo – em determinados dias e em determinadas épocas – certas espécies de alimentos, FORAM E SÃO INÚTEIS PARA O HOMEM DE INTELIGÊNCIA E DE CORAÇÃO. JAMAIS O SENHOR LHE IMPÔS OBEDIÊNCIA A TAIS “MANDAMENTOS”. Entretanto, tiveram sua razão de ser. A observância desses preceitos, por mais ridículos que sejam em si mesmos, foi um freio posto aos excessos da gula e da luxúria, nas épocas em que somente as leis materiais podiam dominar a matéria. Sujeitando o corpo a um regime rigoroso, elas lhe diminuíam as forças animais e, assim, se continham muitos abusos. Mantendo as prescrições materiais do jejum e da abstinência, a igreja humana se conservou contemporânea dos escribas e fariseus: impõe um fardo pesado, que já não é necessário. Não quis caminhar com a Humanidade, e hoje está distanciada desta. Mas TUDO VOLTARÁ AOS SEUS EIXOS, PORQUE DEUS ASSIM O QUER, E SUA VONTADE É IMUTÁVEL. Os versículos 16 e 17 de Mateus, 21

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e 23 de Marcos, 36 e 39 de Lucas – encerram alegorias espirituais. Aos homens daquele tempo, e às gerações que se seguiram até aos vossos dias, precursores de novas Revelações, se referia Jesus quando falava da roupa velha, incapaz de receber REMENDO DE PANO NOVO; quando falava de velhos odres, dos quais o vinho novo – rebentando-os – escaparia, ficando um e outros perdidos. Quer isso dizer que AQUELES HOMENS ERAM INCAPAZES DE RECEBER, aceitar e conservar uma nova Revelação que, assim, ficava reservada para os tempos vindouros, para quando chegasse o momento de cumprir-se a sentença. A LETRA MATA, O ESPÍRITO VIVIFICA. Só a reencarnação e os séculos – expiação, reparação e progresso – poderiam preparar as inteligências e os corações de maneira a fazer deles ODRES NOVOS, CAPAZES DE CONSERVAR O VINHO NOVO. Ignorantes, materiais, obstinados nos seus preconceitos e tradições, os homens daquele tempo teriam sido esmagados pelo peso de um fardo para eles insuportável: ou alijariam dos ombros esse “fardo” ou cegariam ante o brilho de tão viva Luz. Por isso lhes convinha, primeiro, a linguagem da parábola, o regime da letra, sujeita a interpretações humanas e materiais, a fim de que os necessários esforços e as lutas constantes do pensamento PREPARASSEM O ADVENTO DO ESPÍRITO. Constituem o vinho novo os ensinos de Jesus através dos Espíritos do Senhor, que vêm dispor as coisas de modo a ter fim o mundo moral do erro e da mentira. Esses Guias Espirituais vêm explicar , tornar compreensível e desdobrar, em Espírito e Verdade, a Lei simples e sublime do Cristo, tirando da letra o espírito, libertando-a das falsas interpretações que lhe deram, e que a alteraram ou desnaturaram, impedindo-a de produzir os seus frutos. É o que significa esta frase do Mestre: “O VINHO NOVO DEVE SER PÔSTO EM ODRES NOVOS, PORQUE ASSIM TUDO SE CONSERVA. Os odres novos são os verdadeiros cristãos, aqueles que vivem o Novo Mandamento, que fará rebentar o odre velho, incapaz de resistir à fermentação das Novas Revelações. Sim o odre velho ainda existe em vossos dias: são aqueles que, cegos e interesseiros, bebendo em fontes impuras ou falsificadas, procuraram, procuram e procurarão entravar a Igreja do Cristo, cujo templo é o vosso planeta e a qual todos os homens serão fiéis brevemente, quando a RELIGIÃO DE DEUS estiver acima de todas as religiões dos homens.

VINHO VELHO É MELHOR

P – Um freqüentador do nosso Posto Familiar, assistindo a cruzada que realizamos toda semana, viu contradição entre “vinho novo” ( que representados NOVOS ENSINAMENTOS DOS ESPIRITOS DO SENHOR ) e “vinho velho”, que é melhor, segundo as palavras do próprio Jesus, Como se explica isso o Espírito da Verdade ?

R – Nenhuma contradição. A Igreja que os homens fizeram tem de ser transformada, bem o sabeis, Portanto, vós – CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO – preparai os materiais que vão servir para a restauração, em Espírito e Verdade, das Leis Divinas, substituídas por preceitos humanos. Em verdade, os obreiros do Senhor, encontraram talhadas as primeiras pedras, já iniciaram a construção do edifício. O VINHO NOVO E O OBRE NOVO SE CONSERVARÃO PELA NOVA FÉ, NOVA NO SENTIDO DE QUE AVANÇARA POR ESTRADA MUITO DIVERSA DA QUE SEGUE A IGREJA HUMANA. Sim, Jesus afirmou: “Não há quem, bebendo vinho velho, prefira o novo, pois diz: o velho é melhor”. Entendei o sentido alegórico destas palavras do Cristo. Veladamente, ele se referia a era nova do Paráclito. O VINHO VELHO QUE DEVE SER PREFERIDO É O QUE JÁ SE DESPOJOU DE TODOS OS CORPOS ESTRANHOS, É AQUELE QUE, COLOCADO EM ODRES NOVOS, NESTES ENVELHECEU, TORNANDO-SE INCOMPARAVELMENTE MELHOR. Quando pois, vós outros, da nova geração , tiverdes deixado fermentar nos vossos corações os desdobramentos, que trazemos, da DOUTRINA AUTÊNTICA DO CRISTO, podereis dar a vossos irmãos, para que o saboreiem, O VINHO VELHO QUE SERÁ PREFERIDO AO RECENTE. Se é que sois odres novos, recebei o vinho novo tal como em vós o despejam os Espíritos do Senhor. Não deixeis que altere, vicie, corrompa, obstando a fermentação que vos purifica as almas de suas leveduras. Toda doutrina fora da Lei do Amor e da Caridade, que Jesus pregou e ainda manda pregar; os erros em que esforçam por vos mergulhar os cegos ou interesseiros, erros que são vinho novo adulterado, falsificado, a fermentar em alguns cérebros, enlouquecendo-os – eis o que impediria o vinho novo de envelhecer, ou o alteraria e

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corromperia em vós , arrastando-vos a atos de demência, Daí pois, o exemplo a vossos irmãos, PRATICANDO OS ENSINOS DOS ESPÍRITOS DO SENHOR, QUE ELES EXPLICAM EM TODA A VERDADE, SEM NENHUM SECTARISMO, A LUZ DO NOVO MENDAMENTO, Solidários, ligados sempre pelos sagrados laços da Caridade recíproca , preparai o advento do Amor Universal, o Amor tão velho quanto o Novo Mandamento do Redentor da humanidade. Então, emocionados e atraídos por esse vinho divino vossos irmãos terão a gloria de dizer: O VELHO É MELHOR, Sim, PORQUE O VELHO ESTÁ REALMENTE VELHO, EMBORA MUITOS O CONSIDEREM NOVO. POIS O QUE HOJE VOS PREGAMOS NÃO É O MESMO MANDAMENTO QUE HÁ DOIS MIL ANOS JESUS VEIO TRAZER? Que pretendemos nós senão fazer-vos voltar ao principio do Evangelho, em busca desse vinho que há dois mil anos, espera que todos o saboreiem? Ele é NOVO no sentido que está sempre atual, apropriado pela Nova Revelação, aos vos que devem conter. Ide e pregai, dizendo que, sem este NOVO MENDAMENTO, não há mais Bíblia, nem Evangelho, nem Apocalipse. ELE É A CHAVE DAVIDA E A CHAVE DA MORTE!

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A FILHA DE JAIRO E A HEMORROÍSSA

P – As lições do Centro Espiritual Universalista, da LBV, alargam o nosso entendimento para a compreensão do Apocalipse, na Quarta e Última Revelação de Jesus à Humanidade. Todos, aqui, entendem isso perfeitamente. Como o Espírito da Verdade explica a “milagrosa” cura da hemorroíssa e da filha de Jairo?

R – Vamos harmonizar as seguintes passagens do Evangelho: Mateus, IX: 18-26, Marcos, V: 21-43 e Lucas, VIII: 41-56.

MATEUS: 18 – Tendo dito essas coisas, aproximou-se dele um chefe de sinagoga que, adorando-o, lhe disse: “Senhor, minha filha acaba de morrer; mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá”. 19 – Jesus se levantou e, acompanhado pelos discípulos, partiu com o homem. 20 – Ao mesmo tempo, uma mulher que, havia doze anos sofria de um fluxo de sangue, acercando-se dele por trás, lhe tocou a fimbria da túnica, 21 – pois dizia consigo mesma: “Basta-me tocar nas suas vestes para ficar curada”. 22 – Jesus, voltando-se, a viu e lhe falou: “Filha, tem confiança, tua fé te curou”. E, desde aquele momento, a mulher se achou curada. 23 – Chegando à casa do chefe de sinagoga, disse Jesus aos tocadores de flauta e à multidão que lá encontrou: 24 – “Retirai-vos, porque a menina não está morta, apenas dorme”. Todos, porém, zombavam dele. 25 – Afastada a multidão, ele entrou e tomou a mão da menina, que logo se levantou. 26 – E a notícia do fato se espalhou por toda a redondeza.

MARCOS: 21 – Tendo passado na barca para a outra margem, grande multidão o cercou à beira-mar. 22 – Um príncipe da sinagoga, chamado Jairo, que viera à sua procura, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés, 23 – e lhe dirigiu esta súplica: “Minha filha está agonizante; vem e impõe-lhes as mãos, para que ela se cure e viva”; 24 – e Jesus partiu com ele, acompanhado pela multidão que o apertava. 25 – Então, uma mulher, que sofria de um fluxo de sangue, havia doze anos, 26 – e que padecera muito nas mãos de vários médicos, aos quais entregou todos os seus haveres sem melhorar do seu mal, que ainda se agravara, 27 – tendo ouvido falar de Jesus, se meteu na multidão e, aproximando-se dele por detrás, lhe tocou a túnica, 28 – pois dizia: “Se eu conseguir tocar-lhe apenas a roupa, estarei curada”. 29 – No mesmo instante, o sangue deixou de correr, e ela sentiu em seu corpo que estava livre do mal que a afligia. 30 – Jesus percebeu imediatamente que dele saíra uma virtude e, voltando-se para a multidão, perguntou: “Quem tocou as minhas vestes?” 31 – Os discípulos responderam: “Vês que a multidão te comprime por todos os lados, e perguntas quem tocou tuas vestes, Senhor?” 32 – Jesus, porém, passeando o olhar em torno de si, procurava descobrir quem o tocara. 33 – A mulher, que sabia o que nela se passara, atemorizada e a tremer, aproximou-se e, lançando-se aos seus pés, confessou toda a verdade. 34 – Jesus lhe disse: “Filha, tua fé te salvou; vai em paz, estás curada de tua enfermidade”. 35 – Estando ele ainda a falar, chegaram alguns familiares do príncipe da sinagoga e, dirigindo-se a este, disseram: “Tua filha morreu. Por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais adiante?” 36 – Jesus, porém, ouvindo isso, falou ao príncipe da sinagoga: “Não temas, tem fé”. 37 – E não permitiu que, afora Pedro, Tiago e João, mais alguém o acompanhasse. 38 – Chegando à casa de Jairo, encontrou um bando confuso de pessoas que choravam, soltando grandes lamentos. 39 – Logo que entrou na casa, disse a essas pessoas: “Por que vos afligis e chorais? A menina apenas dorme, não está morta”. 40 – Todos, porém, zombavam de suas palavras. Ele mandou que saíssem e, acompanhado pelo pai, pela mãe da menina e pelos que tinham vindo em sua companhia, entrou no aposento onde a menina estava deitada. 41 – Tomando-lhe as mãos, disse: “Talitha cumi”, isto é, “eu te ordeno, menina: levanta-te!” 42 – No mesmo instante, a menina se levantou e se pôs a caminhar, pois já contava doze anos, ficando todos maravilhados. 43 – Jesus lhes recomendou, expressamente, que ninguém viesse a saber do fato, e mandou que dessem de comer à menina..

LUCAS: 41 – Veio ter com ele, então, um homem chamado Jairo, que era príncipe da sinagoga, e, lançando-se a seus pés, lhe pediu que entrasse na sua casa, 42 – dizendo ter uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Partiu Jesus com ele, apertado pela multidão. 43 – Uma mulher que, havia doze anos, sofria de uma perda de sangue e que gastara com os médicos tudo o que possuía, sem que nenhum tivesse conseguido cura-la, 44 – se aproximou dele por detrás e lhe tocou a fímbria da túnica, e logo cessou o fluxo de sangue. 45 – Jesus, então, perguntou: “Quem me tocou?” Como todos negassem ter sido quem o tocara, Pedro e os que o cercavam lhe disseram: “Mestre, a multidão te aperta e comprime; como podemos perguntar quem te tocou?” 46 – Jesus replicou: “Alguém me

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tocou, pois senti que saiu de mim uma virtude”. 47 – A mulher, verificando assim não poder ocultar-se, aproximou-se toda trêmula e, prostrando-se aos pés de Jesus, declarou diante de todo o povo o motivo por que o tocara, ficando imediatamente curada. 48 – Jesus lhe disse: “Filha, tua fé te salvou; vai em paz”. 49 – Ainda não acabara de falar, chegou alguém e disse ao príncipe da sinagoga: “Tua filha morreu; não dês mis trabalho ao Mestre”. 50 – Mas, ouvindo isso, Jesus disse a Jairo: “Não temas, tem fé somente e tua filha será salva”. 51 – Chegando à casa de Jairo, não deixou que ali entrassem senão Pedro, Tiago e João, com os pais da menina. 52 – Todos a choravam e lamentavam. Jesus, porém, disse: “Não choreis, ela não está morta, apenas dorme”. 53 – Todos zombavam dele, pois sabiam que ela estava morta. 54 – Jesus, pegando-lhe na mão, exclamou: “Menina, levanta-te!” 55 – Seu Espírito voltou ao corpo, ela se levantou imediatamente, e Jesus mandou que lhe dessem de comer. 56 – Os pais da menina se mostraram cheios de espanto, e Jesus lhes ordenou que não dissessem a ninguém o que tinha acontecido.

Aí tendes a consolação de um pai; um exemplo de fé oferecido à multidão; a continuação, em suma, por parte do Cristo, daquela vida de ensinamentos no desempenho da sua missão terrena. Quanto a cura da hemorroíssa, Jesus a operou pelos meios que conheceis, pelo seu PODER MAGNÉTICO. Sempre envolto em fluidos vivificantes, o Mestre, os distribuía pelos que deles necessitavam. Quanto aos fluidos de que se serviu, para estancar o fluxo sanguíneo, ainda nada vos podemos dizer, por vos ser impossível entrar no CONHECIMENTO DAS COMBINAÇÕES FLUÍDICAS. O HOMEM AINDA NÃO SE ACHA CAPAZ DE COMPREENDER A NATUREZA DOS FLUIDOS, SEUS EFEITOS E SUAS PROPRIEDADES DE AÇÃO. Jesus dispunha dos fluidos vivificantes e reparadores: basta-vos isto, por enquanto. A pergunta “Quem me tocou?” (pergunta que, feita pelo Mestre, pode causar estranheza) ele a formulou intencionalmente, para provocar, diante da multidão, a confissão da mulher e, assim, tornar patente a todos o “milagre”. Tudo tinha a sua razão de ser, velado pela letra, até ao advento de nova Revelação.

MORTE E CATALEPSIA

P – Aqui, todos já compreendem por que não há segurança para ninguém, neste mundo, fora da Verdade, o que vale dizer, FORA DE DEUS. Só haverá Boa Vontade entre os homens quando todos se libertarem da ignorância espiritual e, portanto, dos sectarismos anticristãos. Como o Espírito da Verdade interpreta o caso da filha de Jairo?

R – O Espírito não abandonara o seu corpo: apenas se ausentará, até que JESUS O CHAMOU, ordenando-lhe a volta imediata ao organismo da menina, Ele tivera permissão de prolongar sua ausência a fim de que o corpo tornando-se completamente inerte, apresentasse TODAS AS APARENCIAS DA MORTE. Para os homens, a filha de Jairo estava morta: esta era a aparência. Aos olhos de todos, a morte ali era positiva e indubitável. Na realidade, porem, NÃO HAVIA MAIS DO QUE UM ESTADO DE CATALEPSIA COMPLETA, um estado, portanto, de morte aparente, do modo a iludir os mais hábeis peritos. Havia, dissemos, inércia completa, isso suspensão de todas as sensações, de todos os movimentos, da vida em suma, com ausência de pulso, de respiração, de calor aspecto cadavérico, insensibilidade física, material, tão profunda que as pancadas mais ferimentos NENHUMA IMPRESSÃO PROVOCARIAM NENHUMA CONTRAÇÃO, NENHUM SINAL DE VIDA. Vindo ao encontro de Jairo, seus servos lhes disseram: “Tua filha morreu”. Mas ao que choravam e faziam grande alarido, Jesus disse: “Por que charas e vos afligis? A menina não está morta, apenas dorme”. Aos tocadores de flauta e as pessoas que faziam grande algazarra, falou: “Retirai-vos, pois a menina apenas dorme, não está morta.” E todos, diz o Evangelho, zombavam de Jesus, POR SABEREM QUE ELA ESTAVA MORTA. Ora, afastada a multidão, ele ordenou à menina: “Levanta-te!” E seu Espírito (ou Alma) – tendo voltado ao corpo, uma vez que ela não estava morta, pois apenas dormia – a menina se levantou imediatamente. “A meninas não está morta – disse Jesus – apenas dorme” – esta a realidade. Não havia ali, com efeito mais do que sono, sono natural ordinário o que não deveis ter dificuldade em compreender, pois sabeis que A AUSÊNCIA DO ESPÍRITO MERGULHA O CORPO NUM SONO PROFUNDO PELO DESPRENDIMENTO COMPLETO DO ESPÍRITO SE PRODUZ O ESTADO DE CATALEPSIA. Ao Espírito da filha

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de Jairo fora permItido ausentar-se, já o dissemos. Ele tivera uma permissão não recebera uma ordem, porquanto. O ESPÍRITO NÃO PRECISA DE ORDEM PARA SE DESPRENDER DO CORPO; PRECISA, SIM, PAR ENTRAR NELE. O pássaro que se evade da gaiola apertada, onde definhava não deseja voltar para a prisão. Procurai compreender, aqui, a posição do Espírito, considerando os atos da humana: o soldado que obtém uma licença qualquer sabe a que horas ela termina . Com mais forte razão, o mesmo se dá com o Espírito em condições semelhantes. Se o Espírito da filha de Jairo tivesse esquecido a volta, ou resistindo ao progresso, os Espíritos Superiores que o cercavam (vigilantes para que a ausência prolongasse pelo tempo necessário à realização, exata integral, da obra que Jesus tencionava realizar), certamente o teriam impedido de frustrar por essa forma. à execução do intento do Mestre. Alias, semelhante resistência seria uma rebelião que de modo algum se verificaria contra a vontade do Cristo, acrescentando que aquele Espírito não podia pensar em tal. UMA VEZ QUE ACEITARA A MISSÃO QUE DESEMPENHOU. O estado de catalepsia em que amenina caiu é que deu causa à crença na morte real, e portanto numa “ressurreição”, no sentido que entre os homens esta palavra tem, se produziu porque estava nos desígnios do Senhor que assim acontece PARA CUMPRIMENTO DA MISSÃO DE JESUS e para que desse os frutos que devia dar, naquele momento e no futuro, tudo o que, assinalou a passagem do Cristo pela Terra fora previsto e preparado, mediante as encarnações dos Espíritos que haviam de concorrer para a execução da sua obra de emissário do Senhor. Supondes que Deus possa esperar alguma coisa do que chamais EFEITOS DO ACASO? Repetimos, portanto: o Espírito da filha de Jairo não abandonara o corpo Completamente desprendido deste, que estava imerso em profundo sono estava ele preso pelo cordão fluídico do perispírito, invisível aos olhos humanos. Graças a essa ligação do Espírito com o corpo, a vida neste continuava a ser mantida, mas estava suspensa pelo estado de CATALEPSIA COMPLETA, QUE DAVA AOS HOMENS A IMPRESSÃO DA MORTE REAL. Mas Jesus disse aos que o cercavam: “A menina dorme, não morreu”. Por ato da sua vontade poderosa, ele fez voltar o Espírito à sua prisão e, pela ação magnética, restituiu a saúde ao corpo da menina: assim é que houve o despertar e a mocinha foi curada. Para prender mais a atenção dos homens, mandou o Mestre que lhe dessem de comer. Quanto á presença dos tocadores de flautas, isso indica a observância de um costume hebraico, em situações como aquela. O rumor da “ressurreição” e do restabelecimento da filha de Jairo se espalhou por todo o país. Entretanto, Jesus ordenara aos pais da menina que a ninguém falassem do acontecido. A multidão, como sabeis, não entrara, pois o Mestre a deixara de fora. Qual o motivo da proibição? É que Jesus conhecia o que o futuro reservava: não queria que naquele momento, sua fama se estendesse até aos sacerdotes e levitas. O desprezo que uns e outros votavam á credulidade e a ignorância do povo os mantinha em guarda (no sentido de que NENHUM CRÉDITO LHES DAVAM) contra os fatos “milagrosos”, isto é, impossível para eles, de se produzirem e que a voz pública espalhava. Aspecto diverso, porém, tomaria o caso SE A “RESSUREIÇAO” DA FILHA DE JAIRO FOSSE ATESTADA PELO PRÓPRIO JAIRO, CHEFE DE SINAGOGA. Homem justo e estimado. Se a propósito da notícia emanada do povo, Jairo fosse interpelado, um pretexto qualquer lhe teria bastado para tapar a boca dos inquisidores. Entretanto, nada disso aconteceu: os sacerdotes e os levitas pouco se preocupavam com o que pessoalmente não lhes dizia a respeito e, sobretudo, com os falatórios do povo.

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CEGOS CURADOS

P – Só mesmo os ignorantes das Leis Divinas podem acreditar em “milagres”, com derrogação dessas Leis Como o Espírito da Verdade explica, ainda, a cura dos cegos no Evangelho segundo Mateus, IX: 27-31?

R – Vamos recordar.

MATEUS: 27 – Ao sair Jesus dali, dois cegos o seguiram, clamando: “Filho de David, tem compaixão de nós!” 28 – Quando entrou na casa, os cegos se aproximaram e ele lhes perguntou: “Credes que eu possa fazer o que me pedis”? Os dois responderam: “Cremos, Senhor!” 29 – Então, ele lhes tocou os olhos, dizendo: “Seja feito conforme à vossa fé” 30 – Os olhos de ambos se abriram, e Jesus lhes proibiu, terminantemente, que falassem do fato, dizendo: “Vede que ninguém o saiba”. 31 – Mas os dois se foram e espalharam por toda a parte a fama do Mestre.

A cura dos cegos se operou como todas as outras curas materiais, anteriormente registradas: por ato da vontade do Cristo e por sua ação magnética. ELE FEZ CONVERGIR, SOBRE OS OLHOS DOS CEGOS E SOBRE OS ORGANISMOS DE AMBOS, OS FLUIDOS APROPRIADOS A NATUREZA E A CAUSA DA CEGUEIRA QUE OS HAVIA ATACADO. Se o Espírito condenado às trevas humanas, quer nascendo cego, quer cegando mais tarde, só tem de sofrer esta condenação, por um certo tempo, ele encontrará, ao longo do seu caminho, a luz de que se acha privado. Tais casos são raros; entretanto, quanto mais a Humanidade se purificar, menos longa e penosa será a expiação humana, e mais apto estará o homem para o emprego daqueles meios de cura que O SENHOR VOS COLOCOU NAS MÃOS E QUE AINDA DESCONHECEIS. O emprego dos fluidos magnéticos pode fazer cessar a cegueira, quaisquer que sejam a sua natureza e a sua causa, assim como a surdez e a mudez, mas somente no caso em que o Espírito haja de suportar apenas uma prova passageira E A SUPORTE DE MODO A OBTER DO SENHOR A SUA CESSAÇÃO. Se resmunga, se não a sofre com resignação e paciência, o castigo pode ser prolongado; e, neste caso, os meios de destruir o mal são postos FORA DO ALCANCE DO HOMEM. Não é impossível a este conseguir, acidentalmente, aquele resultado, por ato da sua vontade e pela ação magnética: mas, para isso, se faz mister que UMA GRANDE PUREZA LHE DE TÃO GRANDE PODER, COM O AUXÍLIO (QUE, ENTÃO, NÃO LHE FALTARÁ) DOS ESPÍRITOS SUPERIORES, OS QUAIS PROCEDEM A ESCOLHA E LHE COLOCAM À MÃO OS FLUIDOS APROPRIADOS AO RESULTADO QUE DEVA OBTER. Tais casos são raros, dissemos antes, mais ficai sabendo: o Espírito, que haja sido condenado a sofrer apenas por um certo tempo as trevas humanas, achará no seu caminho Espíritos encarnados com a missão de pôr termo a essas provações ou expiações transitórias. O Senhor tudo prepara e prevê, a fim de que todas as coisas se passem como se devem passar. Por isso é que Jesus, falando aos seus discípulos dizia sempre: É PRECISO TER OLHOS DE VER E OUVIDOS DE OUVIR.

QUANDO O HOMEM PODE CURAR

P – Disse Jesus: “Tudo o que eu faço vós o podereis fazer”. Gostaríamos de fazer esta pergunta ao Espírito da Verdade: – Poderá o homem, realmente, curar como o Cristo curava?

R – Tudo é possível naquele que crê, como vos ensinou o Mestre. Para chegar, de modo seguro e previsto, a curar a cegueira, a surdez, a mudez, todos os males e enfermidades como os curava Jesus, é preciso que o homem, ao mesmo tempo, SE ELEVE ESPIRITUALMENTE E SE PONHA EM CONDICÕES DE APRECIAR O VALOR DOS FLUÍDOS DE QUE SE POSSA SERVIR , DE CONHECER E DISTINGUIR A NATUREZA, OS EFEITOS E AS PROPRIEDADES DE AÇÃO DOS FLUÍDOS VIVIFICANTES, FORTIFICANTES E REPARADORES, DOS FLUÍDOS PURIFICADORES E REGENERADORES, PRÓPRIOS A DESTRUIR AS CAUSAS DE ENFERMIDADES E DOENÇAS, TANTO QUANDO ESSAS CAUSAS SEJAM INTERNAS

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PELO VICIAMENTO DO ORGANISMO, COMO SEJAM EXTERNAS. Neste ultimo caso os fluídos purificadores e regeneradores destroem e devoram de pronto, com muito mais eficácia e muito melhor do que por meio de uma intervenção cirúrgica, as substancias estranhas causadoras do mal. Os fluídos fortificantes e reparadores se destinam a destruir as causas de enfermidades de origem nervosa ou paralisante. Toda enfermidade que contribua, de maneira sensível, para modificar a existência ordinária do homem é PROVAÇÃO OU EXPIAÇÃO. A cegueira, quer permanente, quer temporária, é imposta – como provação ou expiação – segundo o grau de culpabilidade, aquele que recusou auxílio a seus irmãos, que abusou de suas faculdades, fossem eles quais fossem, e que assim ficou SUJEITO A SOFRER A PENA DE TALIÃO. Terá de viver na dependência dos outros e suportar as privações resultantes da ausência daquelas faculdades QUE FORAM SUA FORÇA E SEU ORGULHO EM EXISTÊNCIA ANTERIOR. Perguntais quanto à proibição, de Jesus aos dois cegos, de falarem da cura que neles acabara de operar. Pois bem: tinha por objetivo NÃO DAR A CRER AOS HOMENS QUE SE VALEU DE MEIOS HUMANOS, PROPRIOS A CRIAR UMA REPUTAÇÃO HUMANA. Aquele que tais coisas fazia proibindo que as divulgassem, não podia passar – aos olhos de seus irmãos – por ser um charlatão ou um homem comum, ávido de uma fama que atraísse doentes, tendo em vista vantagens mercantis. JESUS, EM CERTAS OCASIÕES, COMO QUE SE CERCAVA DE MISTÉRIO PARA QUE A FAMA DOS SEUS “MILAGRES” CRESCESSE, REALÇADA POR ESSA AURÉOLA FASCINANTE: PROCEDIA SEMPRE DE ACORDO COM AS CIRCUNSTÂNCIAS E COM O MEIO EM QUE SE ACHAVA. Os efeitos tirados das leis naturais então conhecidas deviam ter um alcance moral, MAS NEM TODOS ESTAVAM APTOS A RECEBÊ-LO NAS MESMAS CONDIÇÕES. Para uns a publicidade era necessária, outros acolhiam mais favoravelmente o que lhes contavam com a sombra do mistério. O grande talento do médico está em SABER APLICAR O MEDICAMENTO NA DOSE APROPRIADA A FORÇA DO DOENTE.

O POSSESSO MUDO

P – Nada como a Luz da Verdade para sobrepujar a força da treva. Já que o Espírito da Verdade falou da cura dos cegos, poderia explicar o caso do mudo possesso?

R – Vejamos Mateus, IX: 32-34 e Lucas, XI, 14-20.

MATEUS: 32 – Logo que eles saíram, apresentaram a Jesus um homem mudo, possesso do demônio. 33 – Tendo sido este expulso, o mudo falou. E a multidão, admirada dizia: “Nunca vimos coisa semelhante em Israel!” 34 – Mas os fariseus diziam: “Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios!”.

LUCAS: 14 – Jesus expulsou o demônio de um homem que estava mudo e, logo que o demônio saiu, o mundo falou e todo o povo se encheu de admiração. 15 – Mas, entre os populares, alguns diziam: “É por Belzebu, príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 – Outros, para o tentarem, lhe pediam um sinal do céu; 17 – Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse: “Todo reino dividido contra si mesmo será desolado, e casa sobre casa cairá. 18 – Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá subsistir o seu reino? Sim, porquanto, dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 – Ora, se é por Belzebu que eu expulso os demônio, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso serão eles mesmos os vossos juízes. 20 – Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, é que o reino de Deus já desceu até vós..

Exercendo uma ação fluídica sobre os órgão da voz, da palavra, é que o mau Espírito – obsessor daquele homem, a quem chamavam “possesso do demônio” – o tornava mudo, subjugando-o completamente. Da mesma forma que o obsessor do cego lhe paralisa a vista, como o obsessor do surdo lhe inutiliza o ouvido (cobrindo cada um desses órgãos com uma parte do fluido que o envolve e retirando-lhe, assim, momentaneamente, as faculdades), o obsessor do mudo também lhe paralisa a voz, privando-a da faculdade de falar. Jesus ordenou ao Espírito mau que abandonasse a vítima. Tendo-se afastado o obsessor, cessou a ação fluídica que produzia a mudez, e o mudo falou. A SUBJUGAÇÃO A QUE ESTAVA SUJEITO O HOMEM E A SUA CONSEQÜENTE MUDEZ

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ERAM, PARA ELE, UMA PROVAÇÃO E UMA EXPIAÇÃO. Quando observardes uma punição, procurai do outro lado o abuso, falta ou crime a cuja reparação ela se destina. O mudo, constrangido a guardar silêncio, quando as palavras e a ânsia de se exprimir lhe fervilhavam no íntimo, EXPIAVA UM ABUSO DE ELOQÜÊNCIA: ORADOR DE TALENTO, CONTRIBUÍRA PARA ARRASTAR MULTIDÕES A ERROS PROFUNDOS. Expiava, portanto, a sua leviandade. Mas a provação e a expiação da mudez lhe foram impostas por limitado tempo. Sofrera o castigo sem resmungar, resignado e paciente. Por isso mesmo, Jesus o libertou. A acusação dos fariseus e dos sacerdotes era análoga à que hoje procura atingir os conhecedores das Leis Espirituais. Não são eles acusados de manter relações com Satanás? Não é ao “demônio” que AINDA HOJE acusam de vos pregar o Novo Mandamento contra a “Igreja de Jesus Cristo”? Assim sendo, é fácil compreender a acusação que fizeram ao Mestre. “Se me odeiam a mim – disse Jesus – também vos odiarão a vós”. Caminhai, portanto, nas suas pegadas, firmando-vos na sua resposta que é irrespondível: “Se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes”. Por estas palavras, o Cristo aludia aos que, seguindo-lhe os passos, procuram purificar-se espiritualmente, expulsando os “demônios” pelo jejum e pela oração. Os verdadeiros CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO são esses filhos dos homens que se purificam e se elevam acima de seus pais, pois se tornam seus juízes naturais, diante da LEI DE DEUS.

OVELHAS SEM PASTOR

P – A revelação do Novo Mandamento é a última palavra de Jesus à Humanidade, neste final de ciclo. Agora sabemos que HAVERÁ UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR. Como o Espírito da Verdade interpreta a passagem evangélica das ovelhas sem pastor?

R – Evangelho segundo Mateus, IX: 35-38.

35 – Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino, curando todos os males e enfermidades. 36 – E, vendo aquelas multidões, teve piedade delas, pois estavam maltratadas e jaziam por ali como ovelhas sem pastor. 37 – Então, disse aos seus discípulos: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 – Rogai, pois, a Deus que mande trabalhadores para a sua seara”.

Os homens, entregues a si mesmos, precisavam ser grupados sob uma lei a que pudessem obedecer, porquanto a Lei de Moisés (apesar de todos os Mandamentos de Deus) se lhe tornara, no tocante às prescrições materiais, um jogo que repeliam, como fazeis hoje com o que, na Lei da Igreja, é obra meramente humana – os mandamentos humanos, as interpretações humanas que, fazendo aditamentos ao Decálogo e ao Novo Mandamento, os alteraram, falseando-lhes o sentido e a verdadeira aplicação. Ora, a multidão era grande. Dispondo de tempo limitado para estar entre os homens, Jesus concitava seus discípulos a reunirem em torno dele TODOS OS DE BOA VONTADE QUE PUDESSEM PREGAR A MORAL PURA, QUE ELE ENSINAVA. O Pastor vigilante precisava de outros pastores que fossem, por toda parte, arrebanhar suas ovelhas. Não nos cansaremos de repetir: TUDO TEM SUA RAZÃO DE SER. Tanto da parte dos incumbidos de continuar a obra de Moisés, como da parte da igreja encarregada de continuar a obra de Jesus, tudo o que ocorreu tinha de ocorrer, de acordo com os tempos e as inteligências, sob a ação e por entre as lutas da razão humana e do livre arbítrio do homem, a se debaterem nas mãos possantes do progresso. TUDO TEM SUA RAZÃO DE SER, CONFORME ÀS ÉPOCAS E A CADA FASE DA VIDA DA HUMANIDADE, QUE VAI RECEBENDO PROGRESSIVA E SUCESSIVAMENTE, EM CADA ERA, NOS TEMPOS PREDETERMINADOS PELO SENHOR E MEDIANTE UMA NOVA REVELAÇÃO, O DESENVOLVIMENTO E A EVOLUÇÃO ADEQUADOS AO ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS. A hora da letra passou e, nos vossos dias, em que se abre uma era nova, Jesus – vendo (como ao tempo da sua missão terrena) todos os povos carregados de males e dispersos como OVELHAS SEM PASTOR - deles se compadece, e lhes dá o Espírito da Verdade. Nós vimos, em seu nome e por ordem do Senhor, repetir-vos as palavras que o Mestre dirigiu aos seus discípulos: A SEARA É GRANDE, MAS OS TRABALHADORES SÃO POUCOS. ROGAI,

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POIS, A DEUS QUE MANDE TRABALHADORES PARA A SUA SEARA”. Tratai de reunir, em torno de vós, todos OS HOMENS DE BOA VONTADE, que possam pregar a moral que Jesus ensinou. Pastor vigilante, o Cristo convoca todos os pastores que possam arrebanhar as suas ovelhas, sejam quais forem suas crenças, em todos os cantos da Terra. Cristãos do Novo Mandamento, ide – guiados pelos Espíritos do Senhor – restaurar os ensinos do Salvador! Ide a todas as nações, e explicai-lhes a Nova Revelação, com as instruções daqueles Espíritos, virtudes do Céu que de lá se abalam para vos amparar; exortai a todos os vossos Irmãos, pela palavra e pelo exemplo, na ordem material, moral e intelectual, à prática do trabalho e da fraternidade, da Caridade e do AMOR UNIVERSAL. Tendes de reconduzir ao divino aprisco ovelhas desgarradas, que erram pelas charnecas do erro e da mentira, presas do fanatismo, da intolerância, da superstição, do despotismo religioso ou da incredulidade materialista. Ide e dizei que é chegada a hora do espírito que salva, formando UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR!

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OS APÓSTOLOS DE JESUS

P – Muitos não entendem como Jesus, a maior potência espiritual abaixo de Deus, pôde ter entre seus Apóstolos um traidor. Como o Espírito da Verdade explica esse fato?

R – Harmonizemos Mateus, X: 2-4, Marcos, III: 13-14, 16-19, e Lucas, VI: 12-19.

MATEUS: 2 – Estes são os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, que é chamado Pedro, e André, seu irmão; 3 – Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 – Simão Cananeu e Judas Iscariotes, que o traiu.

MARCOS: Subindo a um monte, chamou Jesus a si os que quis e acudiram ao seu chamado. 14 – Designou doze para estarem com ele e para serem enviados a pregar, dando-lhes o poder de curarem enfermidades e expulsarem demônios, 16 – a saber: Simão, a quem deu o nome de Pedro. 17 – Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais chamou Boanerges, que significa filhos do trovão. 18 – André, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão Cananeu 19 – e Judas Iscariotes, que o traiu .

LUCAS: 12 – A esse tempo, tendo Jesus subido a um monte para orar, lá passou toda a noite falando com Deus. 13 – Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu entre eles doze, chamando-lhes apóstolos: 14 – Simão, a quem chamou de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João, Felipe e Bartolomeu, 15 – Mateus e Tomé, Tiago, filho de Alfeu, e Simão Zelote; 16 – Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 17 – Jesus, em seguida, desceu com eles do monte e se deteve numa planície, cercado dos discípulos e de grande multidão de toda a Judéia, de Jerusalém e das regiões marítimas de Tiro e de Sidon, 18 – gente que viera para ouvi-lo e para ser curada de suas enfermidades. Também eram curados os que se achavam possessos de Espíritos imundos. 19 – Todos procuravam tocá-lo, porque dele saía uma virtude que a todos curava.

Jesus, para os homens, subira a um monte, a fim de orar, e ali passara a noite, falando com Deus. Na realidade, porém, VOLTOU ÀS REGIÕES SUPERIORES DE ONDE PRESIDE A MARCHA DO VOSSO PLANETA E DISTRIBUIU AS ORDENS DO TODO-PODEROSO. Lá permaneceu enquanto esteve fora das vistas humanas. Quando amanheceu, tornando-se novamente visível e tangível, chamou os discípulos e procedeu, entre eles, à escolha dos doze apóstolos. Quanto os apelidos que lhes deu, TINHAM POR FUNDAMENTO O CARÁTER E A MISSÃO DE CADA UM DOS APELIDADOS. Entre os doze estava Judas Iscariotes, que traiu seu Mestre. Conforme vereis, pelas explicações que mais tarde daremos, JUDAS ERA UM ESPÍRITO ELEVADO EM INTELIGÊNCIA; MAS PEDINDO PERMISSÃO PARA AUXILIAR JESUS, SE ENCARREGARA DE UMA MISSÃO ACIMA DE SUAS FORÇAS. TOMARA UM PESO SUPERIOR AO QUE LHE ERA POSSÍVEL SUPORTAR, E POR ISSO FALIU. Quando chegar o momento, nós vos diremos como foi essa missão perdida, como lhe foi concedida e como foi ele arrastado a falir. Relativamente à cura das enfermidades e ao afastamento dos Espíritos obsessores, já recebeis todas as explicações. Finalmente compreendeis o que era A VIRTUDE QUE SAÍA DE JESUS: eram os fluidos que, por ato de sua vontade e do seu poder magnético, ele dirigia sobre os doentes – principalmente os que dele se aproximavam – para operar aquelas curas maravilhosas. E NENHUMA DELAS FOI MILAGRE.

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A MISSÃO DOS APÓSTOLOS

P – Depois de quase dois mil anos, nem todos entendem as instruções dadas por Jesus aos seus Apóstolos. Como o Espírito da Verdade analisa o assunto?

R – Harmonizemos Mateus, X: 1 e 5-15; Marcos, III: 15 e VI: 7-13 e Lucas, IX: 1-6.

MATEUS: 1 – Tendo vindo os doze apóstolos, Jesus lhes deu poder sobre os Espíritos impuros, a fim de os expulsarem, e o de curar todas as doenças e enfermidades. 5 – E enviou os doze, depois de lhes dar as instruções seguintes: “Não procureis os gentios e não entreis nas cidades dos samaritanos; 6 – Ide, antes, em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 – Ide e pregai, dizendo: o reino dos céus está próximo; 8 – curai os doentes, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios, daí de graça o que de graça recebeis. 9 – Não tenhais ouro, nem prata, nem qualquer moeda nos vossos cintos, 10 – nem alforge para viagem, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão: porquanto o obreiro é digno de que o sustentem. 11 – Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia, procurai onde há um justo e permanecei em sua casa até que partais de novo. 12 – Ao penetrardes na casa saudai-a, dizendo: que a paz esteja nesta casa. 13 – Se a casa for digna disso, vossa paz descerá sobre ela; e, se não for, vossa paz voltará para vós. 14 – Quando alguém não vos quiser receber e não vos escutar as palavras, ao sairdes da casa ou da cidade onde tal se deu, sacudi o pó dos vossos pés. 15 – Em verdade vos digo: no dia do juízo, menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.

MARCOS: 15 do III – E Jesus lhes deu o poder de expulsar os demônios. VI: 7 – Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os Espíritos imundos. Recomendou-lhes que levassem consigo apenas o bordão; que não levassem nem alforge, nem pão, nem dinheiro nos cintos; 9 – que calçassem unicamente suas sandálias, mas não cuidassem de ter duas túnicas. 10 – E lhes dizia: na casa, em que entrardes, permanecei até partirdes de novo. 11 – Quando encontrardes pessoas que não vos queiram receber nem escutar, sacudi, ao vos retirardes, a poeira dos vossos pés, dando assim testemunho contra elas. 12 – Tendo partido, os apóstolos pregavam aos povos que fizessem penitência; 13 – expulsavam muitos demônios e ungiam com óleo muitos doentes, curando-os.

LUCAS: 1 – Jesus, tendo reunido os doze apóstolos, lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios e o poder de curar enfermidades. 2 – E mandou que fossem pregar o reino de Deus e curar os doentes. 3 – E lhes disse: não leveis em viagem nem bordão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas. 4 – Na casa em que entrardes ficai, e dela não saiais. 5 – E, quando encontrardes pessoas que não vos queiram receber, sacudi, ao deixar-lhes a cidade até o pó dos vossos pés, para que isso constitua um testemunho contra elas. 6 – Os apóstolos partiram e foram de aldeia em aldeia, evangelizando e curando os enfermos por toda parte.

Jesus mandou que os apóstolos pregassem, primeiro, aos da sua nação “humana”, para que mais se apertassem os laços da fraternidade, da família e da pátria. Proibiu-lhes se munissem do que quer que fosse, a fim de que eles compreendessem bem que, missionários do Senhor, deviam tudo esperar dele no tocante às coisas da vida E NENHUMA IMPORTÂNCIA DAR AO BEM-ESTAR MATERIAL. Recomendou-lhes que abençoassem os lugares onde encontrassem boa acolhida e que sacudissem a poeira dos pés onde os repelissem, para os convencer de que por toda parte os acompanhava o Mestre, ligando o que eles (não os seus pretensos sucessores) ligassem e desligando o que eles desligassem. Jesus atuava humanamente sobre a imaginação humana de seus discípulos quando, ao pronunciar palavras positivas, se dirigia àqueles a quem falava. Ao mesmo tempo, aludia figuradamente à missão de todos os que, como os Apóstolos, seriam destacados para levar, de porta em porta, a Palavra de Deus. Dizemos figuradamente porque ELE TAMBÉM SE DIRIGIA ÀS GERAÇÕES FUTURAS, QUE VIRIAM COLOCAR-SE NAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DESSA OBRA. MAS, SE O PREFERIS, PODEIS USAR O TERMO “PROFETICAMENTE”, SE BEM QUE AQUELA PROMESSA DEVERIA CUMPRIR-SE EM TODOS OS SÉCULOS. Se é certo que tem havido pastores infiéis ou falsos profetas, não menos certo é que sempre houve, também, guardas severos de seus rebanhos, praticantes da Moral que pregavam de coração limpo, não unicamente com os lábios. ESSES, SIM, É QUE SE PUNHAM E

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SE PÕEM NAS CONDIÇÕES DE LIGAR E DESLIGAR, NA TERRA COMO NO CÉU. VÓS OS CONHECEIS PELA VIVÊNCIA PERMANENTE DO NOVO MANDAMENTO DO CRISTO DE DEUS. Os discípulos tinham de espalhar a Verdade, como hoje vos cumpre a mesma tarefa. Ponde-vos, pois, a caminho, seguindo os verdadeiros discípulos do Salvador, que vos preparam as estradas. Entrai nelas resolutamente, porque está próximo o fim dos tempos!

LIGAR E DESLIGAR

P – Disse o Espírito da Verdade: “Jesus atuava humanamente sobre a imaginação humana de seus discípulos e figuradamente aludia à missão de todos os que, como os apóstolos, seriam destacados para levar, de porta em porta, a Palavra de Deus”. Quais o sentido e o alcance destas palavras, referentes aos discípulos: “para convencê-los de que toda parte os acompanhava o Mestre, LIGANDO O QUE ELES LIGASSEM E DESLIGANDO O QUE ELES DESLIGASSEM”? E destas outras, referentes a todos os que viviam a Moral que pregavam. “Esses se punham e se põem nas condições de ligar e desligar, na terra como no céu”?

R – Os verdadeiros sucessores dos Apóstolos de Jesus podiam alcançar o s mesmos privilégios, COM A CONDIÇÃO DE ADQUIRIREM E MANTEREM A MESMA PUREZA, ASSIM É QUE AQUELES DENTRE VÓS QUE TENTAREM, COM TODAS AS SUAS FORÇAS, ELEVAR-SE AO SENHOR, PORÉM LIGAR E DESLIGAR NA TERRA CERTOS DE QUE LIGARAM E DESLIGARAM, IGUALMENTE, NO CÉU. Mas a acepção verdadeira, na qual a vossa humanidade deve entender essa faculdade, é a seguinte: homem não pode traçar linhas de conduta que o Senhor haja de seguir, nem, portanto, lhe ditar suas maneiras de ver. O Espírito encarnado, porem, tendo atingido, certo grau de elevação, pode e deve compreender de antemão, as vontades do Supremo Juiz. Eis por que, pelos atos humanos, o mesmo Espírito se encontra em estado de sentir, dentro de si mesmo, a sentença que será proferida e, pela sinceridade do arrependimento, a indulgência com que o Juiz sentenciará. Tal o sentido em que deveis entender aquelas palavras, que o orgulho humano falseou, fazendo-as imprimir um ato arbitrário (arrogando-se o poder de absorver ou condenar, concedendo ou recusando a absolvição, de perdoar ou não os pecados, não como simples declaração MAS COMO SENTENÇA PROFERIDA EM JULGAMENTO); um tráfico vergonhoso pela venda de indulgências, e não uma faculdade altíssima, de cujo uso aquele que tais palavras abusaram SENTIAM BEM, E SENTEM HOJE MAIS DO QUE NUNCA, SER INCAPAZES. Servindo-nos dos termos ligar e desligar, empregamos as expressões e as Escrituras adota, e que explicaremos de modo especial, quando chegar à ocasião. Os discípulos fieis de Jesus eram Espíritos elevados que não se deixavam dominar pelo sentimento da animosidade pessoal e que, com segurança, julgavam do Espírito e não do homem, visto que se achavam em condições de apreciar (pela inspiração que recebiam sob a influencia e a ação espirituais) o valor daqueles a quem se dirigiam. Se, portanto, encontravam Espíritos retos e humildes, eles os abençoavam exortando-os a seguir a trilha do único Mestre; e Jesus lhes aprovava o proceder. Se, ao contrario, se viam diante de Espíritos atrasados, cujas provas longe estavam de chegar a seu termo, rebeldes ao que eles pregavam, sacudiam contra esses a poeira que traziam nos pés, isto é, se afastavam, porque OS ESPÍRITOS DE ORDEM SUPERIOR NÃO SE JUNTAM AOS ESPÍRITOS CULPADOS E SOBRE ESTES DEIXAVA O SENHOR CAIR O PESO DA EXPIAÇÃO, POR MAIS DOLOROSA QUE TIVESSE DE SER; E AI ESTÃO OS FRUTOS DO ERRO DA IGREJA, APOIANDO-SE NAS PALAVRAS QUE JESUS DIRIGIA A ESPÍRITOS EM MISSÃO NA TERRA, ELA ACREDITOU PODER APOSSAR-SE DA HERANÇA DE INFALIBILIDADE QUE, NOS APÓSTOLOS APROVADOS, O ESPÍRITO SANTO VIERA SELAR, isto é, da infalibilidade que, por ordem do Senhor, lhes vinha da assistência, da inspiração, do amparo, da proteção, do concurso permanente dos Espíritos Superiores, esquecendo-se, entretanto de chamar a si a herança de santidade, de virtudes e de elevação moral por eles deixada. Pretendeu ela, portanto, fazer uso de armas que era incapaz manejar : ter em suas mãos – vazias da pureza das mãos dos Apóstolos fieis.E MUITAS VEZES MANCHADAS, A CHAVE DA MORADA DE TODA A PUREZA. Assim repeliu os eleitos e acolheu os repelidos. Voluntariamente cega, mergulhou cada vez mais nas trevas que o orgulho e confiança em si mesma geraram. Ela

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despertará, porém, neste final de ciclo: a trombeta do Juízo Final vai retumbar para ela nos quatro cantos do mundo. Os Anjos do Senhor aparecerão em sua gloria, não do modo por que ela o diz, nas sua errôneas interpretações, mas na gloria da pureza. E os discípulos fies do Cristo, reencarnados para acabarem a obra que começaram VIRÃO AGORA LIGAR E RELIGAR NA TERRA, E O SENHOR LIGARÁ E DESLIGARÁ NO CÉU, POIS DELES É TAL MISSÃO E O JULGAMENTO NÃO SE ACHARÁ INQUINADO DE NULIDADE! Coragem, pois, filhos da nossa Igreja – A IGREJA DO SENHOR – porque breve esta o tempo em que o Mestre e os discípulos aparecerão de novo entre vós vossos olhos desvendados verão O JUSTO nas nuvens do céu, em que ao Anjos (isto é, os Espíritos purificadores) descerão a terra, para vos estenderem seus braços fraternais. Entoai cantos de alegria, rejubilai, porque essa hora já se aproxima!

IDE E PREGAI

P – Desejamos saber o que significam duas passagens do capitulo em estudo: “Não procures os gentios e não entreis nas cidades dos samaritanos; ide, antes em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel”. Principalmente esta: “Ide e Pregai, dizendo: o reino de Deus está próximo!” Quais o sentido e o alcance de tais palavras de Jesus, segundo o Espírito da Verdade ?

R – Quando a primeira, Jesus queria – antes de tudo – ensinar o apoio aos parentes, estreitando aos olhos dos homens os laços da fraternidade, da família e da pátria. Igualmente, queria evitar se agitassem desde logo os preconceitos dos judeus, que se julgavam OS UNICOS APTOS A RECEBER OS BENEFÍCIOS DE DEUS. Esses gritariam: ”Sacrilégio” se vissem os discípulos do Cristo falando de arrependimento e pregando a Palavra do Senhor aos que eles, os hebreu, consideravam excluídos pelo próprio Deus da parte da herança que lhes devia tocar. Assim a pregação dos gentios se faria mais tarde, a tempo e hora. Os samaritanos como sabeis, formavam seita dissidente do hebraísmo. E gentios eram TODOS OS QUE NÃO PROFESSAVAM A FÉ DOS JUDEUS. Quanto a segunda entendei: o Reino de Deus está próximo todas as vezes que o homem aceita os maus de chegar a esse reino. O Cristo ensinava aos homens as virtudes humanas, que lhes poderiam abreviar a serie das provações terrenas. Portanto, O REINO DE DEUS ESTAVA PRÓXIMO PARA OS QUE LHE SEGUIAM OS ENSINAMENTOS. Ainda hoje, hoje mais do que então, Jesus – por nosso intermédio - diz aos verdadeiros cristãos: - O Reino de Deus está próximo porque não mais se vos apontam CAMINHOS INDIRETOS para chegardes lá. Não vos podeis mais extraviar, tomando FALSA DIREÇÃO. Servindo-se dos ESPÍRITOS DO SENHOR, que vos trazem a Nova Revelação. Ele vos mostra a estrada reta e continua em que todos vos deveis entrar. Ele vos assinala previamente esta Revelação, os obstáculos que vos detiveram os passos até agora, e diz: - EVITAI-OS! EU VOS ESTENDO AS MÃOS PARA VOS AJUDAR A TRANSPÔ-LOS! E vos mostra os sítios de repouso, onde podereis as forças gastas na jornada: a prece, o amor e a fé, praticados sinceramente e não apenas com os lábios. Mostra-vos a verdade, a vos clarear o caminho com o seu facho divino, caldo o véu que, por tanto tempo, vos impedia de ver essa claridade libertadora do Evangelho, que restitui a vista aos cegos. Mostra-vos a esperança, a vós estender a mão e vos conduzindo ao lugar em que descansareis. E vos mostra o amor que, poderoso do vosso Deus, abrindo-vos as portas do santuário, pensando-vos as chagas, curando-vos as feridas; o amor que, no limiar da morada celeste; vos diz: VINDE TODOS VÓS, QUE CHAMEI DOS QUATRO CANTOS DO MUNDO E REPOUSAI DE TODAS AS VOSSAS DORES! Não vos equivoqueis quanto ao sentido destas palavras figuradas que acabamos de vos dirigir, e que a vossa inteligência pode facilmente compreender. O LUGAR EM QUE DESCANSAREIS é o espaço infinito, onde os Espíritos bem-aventurados gozam, numa eterna atividade, da alegria dos eleitos, QUE TODOS OS HOMENS SÃO CHAMADOS A GOZAR E DA QUAL TODOS GOZARÃO.Esse repouso, ou descanso, exprime a calma do Espírito que chegou ao termo de suas provações , mediante a comparação com um viajante extenuado, que alcançou o lugar em que repousará, depois da fadiga da marcha e dos rigores do sol. Mas, bem o sabeis, tanto para o Espírito que chegou ao fim de suas provações, como para aquele que percorre o caminho delas, O TRABALHO E NÃO A INÉRCIA NUMA CONTEMPLAÇÃO ETERNA, CONSTITUI A LEI IMUTÁVEL, DENTRO DA ETERNIDADE, NA CONDIÇÃO DE OBREIRO E SERVO DO PAI QUE TRABALHA

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SEMPRE, QUE CRIOU, CRIA E CRIARÁ INCESSANTEMENTE! Todavia ,para o Espírito que chegou ao fim de suas provações, o trabalho não é o que é para vós,.Ele encontra no trabalho uma alegria imensa, complemento da que lhe está prometida. O trabalho, para nós, é MIL VEZES MAIS SUAVE DO QUE, PARA VÓS, O REPOUSO INDOLENTE DA EXISTÊNCIA TERRESTRE.

O PODER E A AUTORIDADE

P – Destacamos , do ponto em estudo, estes versículos: Mateus, 1 – “E Jesus deu aos doze Apóstolos poder sobre os Espíritos impuros, para os expulsarem, e de curar todos os males e enfermidades”; Marcos, 15 – “E lhes deu o poder de poder de curar as doenças e de expulsar os demônios”; Lucas, 1 – “Jesus, tendo reunido seus doze Apóstolos, lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios e poder de curar as enfermidades”. Ainda este versículo 8 de Mateus: “Curai os doentes , ressuscitai os mortos , limpai os leprosos , expulsai os demônios”. Ao Espírito da Verdade perguntamos: qual (despojado da letra o Espírito imortal) a significação dessas palavras do Cristo de Deus?

R – Os Apóstolos aprovados eram Espíritos evoluídos , encarnados em missão, e que aceitaram as condições rigorosas da primeira fase de suas existências humanas, FASE QUE LHES PRECEDEU A VOCAÇÃO, A FIM DE CONCORREREM PARA A OBRA DE REDENÇÃO DA HUMANIDADE. Em seus trabalhos tiveram o auxilio dos Espíritos Superiores, que os acompanharam sempre, neutralizando neles a influencia da carne sobre o Espírito , adicionando-lhes às faculdades aquelas de que dispunham , DESSE CONCURSO RESULTARAM AS GRANDES COISAS QUE OS APÓSTOLOS REALIZARAM, depois da ascensão de Jesus, Eles aceitaram aquela existência humana , cuja primeira parte devia transcorrer em condições tão humildes quanto vulgares, para melhor fazerem sentir a transformação do portageiro, do pescador inspirado, manejado, de todos os idiomas , capaz operar “milagres” à vista das multidões maravilhadas . Assim, Jesus deu aos Apóstolos poder e autoridade sobre todos os maus espíritos , o poder de curar todos os males e enfermidades, de restituir a saúde aos doentes, de ressuscitar os mortos , de purificar os leprosos , de expulsar os demônios (obsessores) - dando-lhes a assistência, e apoio e o concurso dos Espíritos Superiores, sustentados estes Pelos Espíritos Puros que tem PODER IMEDIATO sobre todos os Espíritos maus, bem como o de curar todas as enfermidades e RESSUSCITAR OS MORTOS SEGUNDO O ENTENDER DOS HOMENS. Os Apóstolos - já o sabeis - eram médiuns , quer dizer: intermediários dos Espíritos Superiores que os assistiam, junto aos homens . Com o auxilio das faculdades mediúnicas , sob a ação e a influência mediúnicas , é que eles falavam e operavam, contribuindo para a Obra de Regeneração Humana. Para expulsarem os maus Espíritos, isto é, PARA LIBERTAREM OS HOMENS DA SUBJUGAÇAO , TANTO CORPORAL COMO ESPIRITUAL OU MORAL, ORDENAVAM AOS OBSESSORES QUE SE AFASTASSEM DA VITIMA , EMPREGANDO AS MESMAS PALAVRAS DE QUE USAVA O MESTRE: “SAI DESSE HOMEM!” E os obsessores se afastam no mesmo instante, por ato da vontade dos Espíritos Superiores. Para restituir a saúde aos doentes , limpar os leprosos, curar todos os males e enfermidades , impunham as mãos e ungiam com óleo os enfermos, operando pela própria vontade e pela ação magnética humana. Ao mesmo tempo, os Espíritos Superiores, associando sua vontade à deles POR MEIO DO MAGNETISMO ESPIRITUAL, escolhiam e lhes punham, ao alcance, os fluidos apropriados aos eleitos, aos resultados que tinham de ser obtidos, á cura que se havia de operar, Entendei: UNGIAM COM ÓLEO, MUITOS DOENTES APENAS PARA TORNAR A AÇÃO QUE EXERCIAM MAIS COMPREENSÍVEL AOS HOMENS, NENHUMA NECESSIDADE TINHAM, PARA OBTEREM A CURA, DE RECORRER A ÊSSES MEIOS MATERIAIS, EXTERNOS , PORQUANTO A MÃO DO MAGNETIZADOR HUMANO OU A VONTADE DO CRISTO TERIAM ENVIADO, SEM ISSO AO ORGANISMO DOENTE OS FLÚIDOS DE QUE SE ACHAVA CARREGADO O ÓLEO .Aplicando o das oliveiras, usavam dos meios postos a seu alcance, a fim de mostrarem que tudo pode servir para a execução dos desígnios de Deus, quando se tem a fé inabalável. Quanto às palavras “RESSUSCITAI OS MORTOS”, Tratai de compreendê-las em Espírito e Verdade. As Leis Naturais, que Deus estabeleceu desde toda a eternidade, são IMUTÁVEIS, e a vontade – também imutável – do Criador NÃO AS DERROGA

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NUNCA, NEM JAMAIS FORÇA O ESPÍRITO A SE UNIR A PODRIDÃO, ISTO É, AO CADÁVER. Jesus precisava, para o bom êxito de sua missão terrena, para que ela produzisse os devidos frutos naquele momento e no futuro, impressionar fortemente a imaginação dos homens atrasados da época, apropriando, ao mesmo tempo, a linguagem às crenças e os preconceitos dos hebreus. Precisava preparar as gerações que teriam de receber, nos tempos determinados pelo Senhor e quando o indispensável progresso estivesse realizado, a Nova Revelação que fora predita e vos é trazida hoje pelo Espírito da Verdade. O estado cataléptico, reconhecido mais tarde, era quase ignorado dos antigos que, solícitos em afastar de si os focos de infecção, QUEIMAVA SEUS “MORTOS” OU OS ENCERRAVAM EM TÚMULOS, LOGO QUE SE APRESENTAVAM SINAIS INDICADORES (PARA ELES) DA CESSAÇÃO DA VIDA ! Muitas expiações, pelo fogo ou pela fome, assim se verificaram naquelas épocas em que a ignorância dos homens servia para que muitos pagassem crimes cometidos em existências anteriores. Dissemos que os antigos quase ignoravam o estado cataléptico, porque somente alguns homens – mais adiantados – tinham dele noção; esta era, porem, muito vaga, porque, não há compreendiam, nem espiritual nem cientificamente. Os Apóstolos, os discípulos, a multidão em volta, a turba do escribas, dos fariseus e dos sacerdotes O DESCONHECIAM COMPLETAMENTE. Os Evangelistas, médiuns historiadores inspirados, reproduziram (debaixo da influencia e da inspiração mediúnicas) tal qual Jesus as pronunciara, estas palavras: “Ide...e ressuscitai os mortos”. Empregaram as expressões de que dispunham para relatar os fatos, mas SEM POSSUIREM O SEGREDO DO PENSAMENTO QUE JESUS OCULTAVA SOB AQUELAS PALAVRAS, AS QUAIS – PARA ELES COMO PARA OS OUTROS HOMENS – FICAVAM SUJEITAS AS INTERPRETAÇÕES HUMANAS. Já o dissemos e insistimos ; todas as ressurreições de pessoas consideradas mortas pelos homens - tanto no Velho quanto no Novo Testamento da Bíblia Sagrada – não foram mais que a suspensão do estado cataléptico. Todos os indivíduos tidos por mortos estava nesse estado, não se havendo produzido neles o rompimento do laço que prende o Espírito ao corpo. Considerados por todos como mortos, mortos teriam eles ficado , realmente, sem socorro dos Espíritos Puros e dos Espíritos Superiores, os quais – com a sua vontade poderosa e com o seu poder magnético – assistiam tanto os Profetas (que inconsciente desse concurso, atribuíam à ressurreição do “morto” a uma ação direta de Deus) quando os Apóstolos (que também inconscientes dessa presença, atribuíam, todas as “ressurreições” a ação direta do próprio Jesus ). Mas – quer com relação aos Profetas , quer com relação aos Apóstolos – os Espíritos Puros e os Espíritos Superiores agiam sob a direção do Cristo , pois, como sabeis e jamais podereis perder de vista. Jesus é O PROTETOR E GOVERNANTE SUPREMO DO VOSSO PLANETA. PRESIDIU A SUA FORMAÇÃO E DESDE ESSES TEMPOS IMEMORIAIS, O DIRIGE, COMO TAMBEM A HUMANIDADE TERRENA, QUE SERÁ POR ELE CONDUZIDA A PERFEIÇÃO.

HONESTIDADE NAS COISAS DE DEUS

P – Os ensinamentos do Espírito da Verdade são de uma clareza meridiana. Por isso, perguntamos ao Paráclito: – Qual o sentido das palavras de Jesus: “Daí de graça o que de graça recebeis”?

R – No pensamento do mestre essas palavras eram ditas para aquele momento e também para o futuro. A mediunidade ou carisma, as faculdades que os Apóstolos possuíam , a assistência e o concurso dos Espíritos puros e dos Superiores eram, ao mesmo tempo e concomitantemente, os meios pelos quais , no desempenho de suas missões, eles pregavam o Evangelho, anunciavam o Reino de Deus, curavam as moléstias e as enfermidades, ressuscitavam os que eram considerados mortos, expulsava os demônios ou maus Espíritos. E esse carisma, essas faculdades mediúnicas, essa Assistência e esse concurso ERAM UM DOM GRATUITO DE DEUS DIZENDO AOS APÓSTOLOS ”DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA O QUE RECEBEIS DE GRAÇA”, JESUS LHES ENSINAVA QUE AS COISAS DE DEUS JAMAIS DEVEM CONSTITUIR OBJETO DE TRÁFICO, DE ESPECULAÇAO, DE MEIO DE EXISTENCIA MATERIAL HUMANA.Isto é: no desempenho das missões de que se achavam investidos, suas palavras e seus atos não deviam ter por móvel senão o amor a Deus, o amor desinteressado ao próximo, a mais

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completa humildade. Pois aquelas palavras também eram dirigidas aos que – médiuns, investidos de faculdades mediúnicas, para o serviço divino – SERIAM OS INTÉRPRETES E OS INTERMEDIÁRIOS DOS BONS ESPÍRITOS JUNTO DOS HOMENS. Sim, eram dirigidas a todos os que apóstolos da nova Revelação, inspirados pelos Espíritos do Senhor, seriam chamados a pregar a LEI DE JESUS, QUE É O NOVO MANDAMENTO, EXPLICADA EM ESPIRITO E VERDADE. O Cristo, por nosso intermédio, diz a todos vós como disse aos Apóstolos: “DAI DE GRAÇA, SEGUINDO-LHES AS PEGADAS, O QUE DE GRAÇA TENDES RECEBIDO”; PORQUANTO, PARA VÓS COMO PARA ELES, TUDO VEM DE DEUS E VOS É DADO DE GRAÇA, A FIM DE CUMPRIRDES HONROSAMENTE A VOSSA MISSÃO.

A INSTRUÇÃO ESPIRITUAL

P – Como o Espírito da Verdade está procedendo à revisão das Revelações conhecidas, gostaríamos de saber – face nos termos dos versículos 9 e 10 de Mateus, 8 e 9 de Marcos, 3 de Lucas – quais foram, NA RELIDADE, as palavras ditas por Jesus e qual o seu significado real. É possível?

R - As palavras realmente ditas pelo Mestre são: “Não tenhais e não leveis convosco nem alforje, nem pão, nem ouro, nem prata, nem moeda nos vossos cintos; não tenhais duas túnicas; toma um bordão, para vos apoiardes durante a viagem, e colocai aos pés sandálias para suportardes a caminhada”. Por essa ordem, diretamente dada aos seus Apóstolos, O CRISTO ENSINAVA A HOMENS MATERIAIS O DESPREZO DOS BENS TERRENOS E A CONFIANÇA INABALÁVEL NA PRESENÇA E NO PODER DE DEUS. Para os homens dos vossos dias, mas principalmente para vós, consideradas aquelas palavras como ditas por Jesus tendo em vista o futuro, o ensino é este: “Não ligueis vossa missão as coisas transitórias, mas aquelas que não perecem; não cuideis antecipadamente de vos proverdes de erudição e ciência humana, E SIM DE VOS INSTRUIRDES NO QUE CONDUZ A VIDA ETERNA.” Não quer isto dizer que vos concitamos a desprezar os estudos e os cuidados que a vossa existência reclama. Esta apresenta exigências, a que vos deveis submeter: é uma obrigação a cumprir MAS NÃO DEVEIS TORNÁ-LAS O OBJETIVO ÚNICO DE TODA A VOSSA VIDA. Armazenai, portanto, pão que sustenta o corpo, tanto para vós como para os vossos irmãos que não tiverem podido fazer o mesmo; MAS ARMAZENAI, SOBRETUDO, O PÃO DA VIDA. Sim deveis adquirir a instrução necessária ao desenvolvimento da vossa inteligência. MAS TRATAI DE ADQUIRIR, PRINCIPALMENTE, A INSTRUÇÃO ESPIRITUAL QUE VOS LEVARÁ AO BOM TÊRMO DA VOSSA MISSÃO – EVANGELIZAR E APOCAPLIPTIZAR AS MASSAS TÃO NECESSITADAS DE AMPARO NA HORA DO PRÓXIMO E ÚLTIMO ARMAGEDON DESTE CICLO.

QUEM É JUSTO?

P – Mereceram nossa atenção, na Cruzada do Novo Mandamento no Lar, estas palavras do Mestre: “Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia, perguntai onde há UM JUSTO, e em sua casa permanecei até partirdes de novo. Ao penetrardes na casa, saudai-a, dizendo: - Que a paz esteja nesta casa. Se ela for, mesmo, digna disso, vossa paz descerá sobre essa casa; mas, se o não for, voltará para vós a vossa paz”. Como o Espírito da Verdade nos explica esta passagem?

R – Entrando na casa do justo, os discípulos pediam as bênçãos do Senhor e, portanto, A PROTEÇÃO DOS BONS ESPÍRITOS PARA AQUELE QUE OS ACOLHEU. Se, no entanto, era falsa a apreciação humana, se o homem considerado justo por seus irmãos era velhaco e mentiroso, um rematado hipócrita, COMO O HOMEM PODE ILUDIR OS OUTROS MASNÃO ILUDE A DEUS, AS BENÇÃOS – EM VEZ DE DESCEREM SOBRE ELE – CAÍAM SOBRE O QUE SE MOSTRAVA DIGNO DELAS. Afastavam-se do falso e se aproximavam do puro. Quereis saber quem é justo, e nós respondemos: O JUSTO É AQUELE QUE SE ESFORÇA POR TRILHAR O

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CAMINHO DO MESTRE E JAMAIS SAIR DELE. É aquele que pratica as virtudes impostas ao homem como condição para chegar a Deus; o que pratica a verdadeira Caridade do Novo Mandamento; o que se oculta, vela seus atos e palavras, se faz humilde no SEGREDO DO CORAÇÃO, porquanto – se sois caridosos, mas confiais em que praticastes um ato meritório DE QUE OS OUTROS NÃO SERIAM CAPAZES – insignificante é o vosso mérito! O justo é aquele que faz o Bem sem egoísmo, sem idéia preconcebida, sem esperar o reconhecimento dos beneficiados ou o louvor dos indiferentes e, ainda mais, SEM CONTAR COM A RECOMPENSA DO MESTRE. O justo é aquele que tem a fé inabalável, que a tudo resiste, que não se impõe pela força, mas se patenteia na prática das boas obras, pela palavra e pelo exemplo. A fé que pode levar os outros homens a dizerem dele: - Por que não tenho a sua fé? Eis aí um JUSTO AOS OLHOS DE DEUS!

O PÓ DAS SANDÁLIAS

P – No mesmo capítulo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando encontrardes pessoas que vos queiram receber nem escutar, sacudi – ao vos retirardes – a poeira dos vossos pés, a fim de que isso constitua um testemunho contra elas. Em verdade vos digo; no dia do juízo haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra do que para essa cidade”. Perguntamos ao Espírito da Verdade: – Quais são, despojados da letra o Espírito, o sentido e alcance dessas palavras?

R – Tais palavras, segundo o pensamento do Mestre, foram ditas para aquela época e para os tempos vindouros. Dirigiam-se, não só aos discípulos de então como também aos que viriam a se discípulos na Era Nova. Aqueles, quem o Senhor envia a Luz e que recusam aceitá-la, são mais culpados que os infelizes, imersos nas trevas, QUE NENHUM SOCORRO DIRETO RECEBEM, PARA SAIR DELAS. Não vos conserveis perto dos primeiros: não percais vosso tempo é precioso: ide pois trabalhar sempre na Vinha do Senhor. Ela se abre em aléias diante de vós e borda o caminho , mas nem todas as cepas são boas. Ao tentardes melhorar aquelas que vos pareçam estéreis, se virdes que – apesar de todos os vossos esforços – não dão fruto algum, deixai-as se tempo ainda não chegou. Passai a outras em que, com inteligentes e afetuosos cuidados, podereis observar o desenvolvimento dos sucos, que dão força e vida. Não percais o vosso tempo. Trabalhai sempre com ardor. MAS TRABALHAI CAMINHANDO PARA FRENTE, POIS TENDES DE PERCORRER ESTRADA MUITO LONGA PARA CHEGARDES AO FIM. Sim no dia do juízo, haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra, isto é para com os Espíritos culpados que, afogados nas trevas, não tiveram socorro direito para saírem delas, do que para os Espíritos rebeldes que recusaram receber a Luz que o Mestre, ainda hoje, lhes envia por meio de seus novos discípulos. Sim, quem rejeitou os socorros para se tornar melhor É UM ESPÍRITO OBSTINADO NO MAL, E LONGA SERÁ POR ISSO, A DURAÇÃO DAS SUAS PROVAS E EXPIAÇÕES: INFINIDADE DE SOFRIMENTOS CORRESPONDENDO A INFINIDADE DE FALTAS. Quer dizer: os sofrimentos ou torturas morais, apropriados e proporcionais às faltas, ao grau de culpabilidade, suportados na erraticidade após a morte, ao fim de cada existência sucessiva, e a reencarnação nos mundos inferiores, SE REPRODUZIRÃO, PARA O ESPÍRITO CULPADO, ATÉ QUE POR MEIO DE PROVAÇÕES BEM SOFRIDAS, DEIXE ELE DE SE MANTER REBELDE À LEI DE REPARAÇÃO E DE PROGRESSO, SEGUNDO A QUAL PURIFICARÁ. PARA TOMAR LUGAR ENTRE OS BONS ESPÍRITOS; ISTO OCORRERÁ QUANDO, POR SE HAVER TORNADO INCAPAZ DE PRATICAR O MAL, SÓ DESEJE PRATICAR O BEM.

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OVELHAS NO MEIO DE LOBOS

P – Uma frase que muito se comenta, em nosso Posto Familiar, é esta de Jesus: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos”. É que a maldade humana parece concentrar-se contra os verdadeiros cristãos! Que diz a isto o Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos Mateus, X: 16-22 e Lucas, XII: 11-12.

MATEUS: 16 – Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos, portanto, sede simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes. 17 – Guardai-vos dos homens, pois vos farão comparecer perante seus tribunais e vos flagelarão nas suas sinagogas. 18 – Sereis levados, por minha causa, à presença dos governadores e dos reis, para dardes testemunho de mim diante deles e das nações. 19 – E, quando vos fizerem comparecer, não vos preocupeis com o que havereis de falar: na ocasião vos será dado o que direis, 20 – porque não sois vós quem fala, mas é o Espírito de vosso Pai quem fala em vós. 21 – O irmão dará morte ao irmão e o pai ao filho; os filhos se revoltarão contra seus pais e os farão morrer. 22 – E todos vos odiarão por causa do meu nome; mas aquele que persevera até ao fim será salvo.

LUCAS: 11 – Quando vos conduzirem às sinagogas e à presença dos magistrados e poderosos, não vos cause inquietação o modo por que respondereis, nem o que direis, 12 – pois o Espírito Santo falará por vós.

Estas palavras do Mestre, conquanto aplicáveis a todas as épocas e a todos os Homens de Boa Vontade, eram dirigidas principalmente aos Apóstolos, e se referiam às perseguições físicas. Jesus os prevenia da sorte a que iam estar sujeitos, eles e seus seguidores, nos séculos que se seguiriam ao cumprimento da sua missão terrena, ATÉ AOS TEMPOS EM QUE A INTOLERÂNCIA, O FANATISMO, A IGNORÂNCIA, A SUPERTIÇÃO, A AMBIÇÃO INSACIÁVEL E O DESPOTISMO RELIGIOSO DEIXARIAM DE TER SOB O SEU DOMÍNIO E POR AUXILIARES OS REIS, OS MAGISTRADOS, O BRAÇO SECULAR; EM QUE DEIXARAM DE FAZER VÍTIMAS POR MEIO DAS TORTURAS, DOS AUTOS DE FÉ, DAS FOGUEIRAS INQUISITORIAIS, E CEDERIAM LUGAR, RESPEITADA A VIDA DO HOMEM, A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E AO LIVRE EXAME, TARDIAMENTE PROCLAMADAS ENTRE VÓS E DESFRUTADAS PELOS POVOS CIVILIZADOS. “Eu vos envio (dizia o Mestre aos discípulos) como ovelhas para o meio de lobos. O irmão dará morte ao irmão e o pai ao filho; os filhos se revoltarão contra os pais e os farão morrer”. Dessa forma, ele vos avisava das perseguições físicas, que teriam de sofrer e das dissensões que surgiriam no seio da Pátria, da família e nos lugares mais íntimos do lar doméstico. Também vós, apóstolos da Nova Revelação, deveis esperar as perseguições, senão físicas, pelo menos morais. É uma lei humana: TODOS OS QUE SE ACHAM MAIS ELEVADOS DO QUE AQUELES QUE OS CERCAM PROVOCAM O INVEJA DESTES. No século que atravessais, no qual predomina o amor ao dinheiro, às dignidades, às honrarias, aos gozos materiais, à superstição e à religião das conveniências, geralmente os homens (apenas sob o ponto de vista material) despertam a inveja daqueles que o cercam, pela fortuna que possuem ou pela inteligência que demonstram no que diz respeito às coisas do mundo. Entretanto, não vos iludais: o sarcasmo, a ironia, o deboche SÃO A MÁSCARA QUE COBRE O SENTIMENTO INSTINTIVO DA INVEJA. Os que zombam de vós sentem, no fundo de seus corações, que caminhais com mais segurança do que eles e, por isso mesmo, que mais depressa alcançareis a meta. As perseguições de que já sois (e ainda sereis) alvo constante, são estas: os escribas e fariseus de vossos dias vos atingirão com seus ódios e suas injúrias, formulando contra vós as mesmas acusações que faziam a Jesus: agentes do demônio, da charlatanice e da loucura. Pois eles são de tal feitio que – a fazerem qualquer esforço por galgar o cimo da montanha, para ali respirar um ar puro e vivificante – preferem miná-la pela base, correndo o risco de serem esmagados pelo seu desmoronamento. Esta a razão porque toda inteligência superior se torna objeto das perseguições da ignorância, da cupidez, do orgulho e do egoísmo – principalmente quando se constitui, na ordem moral e na ordem intelectual instrumento de uma verdade nova, de um novo progresso e como tal se choca, INEVITAVELMENTE, com os “prejuízos”, as idéias aceitas (e tão cômodas), os interesses e as paixões de toda ordem. SOMENTE A DOR DAS PROVAÇÕES E

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DAS EXPIAÇÕES SUCESSIVAS PODERÁ HUMANIZAR E, DEPOIS, ESPIRITUALIZAR ESSAS NATUREZAS ANIMAIS!

PRUDENTES COMO AS SERPENTES

P – Uma recomendação de Jesus aos discípulos escandaliza, ainda hoje, certos livre-pensadores: “Sede prudentes como as serpentes”. Como Espírito da Verdade interpreta essas palavras?

R – Realmente, disse o Mestre: "Sede simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes”. Tendo de fazer triunfar a Divina Moral que pregavam, os apóstolos, para o conseguirem, DEVIAM EMPREGAR OS MEIOS QUE SE TORNASSEM NECESSARIOS MAS CONSERVANDO INTEGRA A PUREZA DE PENSAMENTO E DE AÇÃO. Não acredites, jamais, que – para obterdes o triunfo real , das vossas máximas . das verdades imutáveis que pregais – devas falar em todas as ocasiões no mesmo tom. Não, A CIÊNCIA DO PREGADOR ESTÁ EM APROPRIAR SUA LINGUAGEM AS INTELIGÊNCIAS DAQUELE A QUEM FALA. Se traçardes a seguirdes sempre uma só norma de proceder, em tal matéria, tereis bom êxito com uns e sereis mal sucedidos com outros; TENDE, PORTANTO, A PRUDENCIA DAS SERPENTES. Não é que possais fazer vitima, nem sufocar o desgraçado que apanheis; e que, falando os Espíritos orgulhosos e suscetíveis, cumpre avanceis com prudência. Envolvei-os destramente com os vossos raciocínios, atai- os com os vossos exemplos, de tal modo que, quando perceberem que procurais apoderar-vos deles, não mais lhes seja possível evitar essa benéfica “prisão” da Moral do Cristo. Mas, para chegar-vos a semelhante resultado, nunca empregueis se não os meios que a Boa Vontade vos faculte. SOBRE VÓS MESMOS É QUE DEVEIS EXERCER TODO O VOSSO IMPERIO, DE MODO QUE AS VOSSAS ”VITIMA” SÓ O SEJAM DO VOSSO AMOR SEM LIMTES, NASCIDOS DO NOVO MANDAMENTO DE JESUS. Sim, sede prudentes porque também – como advertiu o Mestre - “sereis levados, por minha causa a presença dos governadores e dos reis, para dardes testemunho de mim diante deles e diante das nações. Quando vos fizerem comparecer, quando vos conduzirem as suas Sinagogas, a presença dos magistrados e dos poderosos, não vos cause inquietação o COMO HAVEIS DE FALAR, nem o que pensareis, nem que respondereis; o que tiverdes que viver vos será dado na ocasião, pois o Espírito Santo vos ensinará, no mesmo instante, o que houverdes de expressar, “POIS NÃO SOIS VÓS QUEM FALARÁ, MAS O ESPÍRITO DE VOSSO PAI QUE FALARÁ EM VÓS”. Se os Apóstolos não fossem prudentes, senão depositassem confiança no Mestre, eles que eram homens saídos do povo, sem educação, sem maneiras, sem requintes, não teriam caminhado para a frente. A desconfiança de si mesmos os teria paralisado. Mas, certos de que a inspiração do Espírito Santo os iriam amparar. AVANÇARAM COM PASSO FIRME PARA TODAS AS LUTAS. As ciências, latentes neles, se desenvolveram; a assistência dos Espíritos do Senhor os fortificou; a fé inabalável os impeliu e a obra se executou, de modo tanto mais frisante, tanto mais notável para as massas, quanto. NINGUEM IGNORAVA DE ONDE PROVINHAM AQUELES HOMENS QUE, COM TAMANHA FACILIDADE FALAVAM AS LINGUAS ESTRANGEIRAS, DEFENDIAM COM SUMA ELOQUENCIA A SUA PRÓPRIA CAUSA E AS DE SEUS IRMÃOS DE HUMANIDADE. Mostravam em tudo , finalmente, um saber, um cabedal de conhecimentos que ninguém poderia supor que possuíssem. Notai, de passagem, que em parte alguma se diz que qualquer um deles era senhor de todas as ciências. Cada um tinha suas especialidades, DE ACORDO COM OS ANTECEDENTES DA SUA EXISTÊNCIA.

PERSEVERAR ATÉ AO FIM

P – É impressionante a transformação que Jesus operou naqueles humildes pecadores, que foram os seus Apóstolos! Quem eram eles, afinal ? E que diz o Espírito da Verdade sobre a necessidade de perseverar ATÉ O FIM?

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R – Os Apóstolos eram médiuns inspirados e conforme as circunstancias e necessidades da atenção audientes e falantes.Quando inspirados, O MECANISMO DA PALAVRA LHES PERTENCIA; SÓ O PENSAMENTO LHES ERA DADO. Toda vez que excepcionalmente, se fazia necessário, eles se tornavam médiuns falantes, e, como tais, INSTRUMENTOS DOS ESPIRITOS SUPERIORES QUE OS GUIAVAM e que pela ação de seus perispíritos sobre os deles, atuando fluidicamente sobre o órgão da palavra, se serviam deste, fazendo-os dizer o que devia ser dito. Espíritos elevados em missão na terra, tinham nos apóstolos grande facilidade de comunicação com os Espíritos Superiores, o que tornava suas mediunidades diferentes das vossas. PARA VÓS, AS MEDIUNIDADES OU CARISMAS AINDA NÃO CHEGARAM AO SEU COMPLETO DESENVOLVIMENTO; NEM MESMO OS COMPREENDEIS. Que é que se dá, em certos casos, com o orador cuja linguagem muda de repente, sob a inspiração do momento? Que acontece com o orador que – tendo-se preparado para tratar do assunto desta ou daquela maneira – SE VE ARRASTADO POR UMA FORÇA IRRESISTÍVEL, A DESENVOLVÊ-LO SOB OUTRO PONTO DE VISTA? Direis eu cede à “inspiração do gênio”. Mas de que gênio, senão do Espírito que veio em seu socorro e lhes prestou auxilio momentaneamente, fazendo dele um MÉDIUM INSPIRADO, MUITAS VEZES INCONSCIENTE DA INFLUÊNCIA A QUE FICOU SUJEITO? Aquelas expressões de que Jesus se serviu falando aos discípulos “O ESÍRITO SANTO”, “O ESPÍRITO DE VOSSO PAI” significam: os Espíritos Superiores, designados pelo Senhor para os guiar. Também tinham por fim fazer-lhes compreender QUANTO ERA ELEVADA A INSPIRAÇÃO. Não convindo, ainda, que revelasse aos homens a hierarquia espiritual o Mestre Senhor não inspira diretamente o homem; enviá-lhe seus Espíritos para que o guiem. Ora, os Espíritos que serviam ao Cristo, no desempenho de sua missão terrena, eram entidades elevadas, assistidas por Espíritos ainda mais elevados. A INSPIRAÇAO DIVINA AOS APÓSTOLOS VINHA, PORTANTO, MAIS DIRETAMENTE. Pelas locuções Espírito Santo, Espírito de vosso Pai, já o sabeis, se designam os Espíritos Puros, os Espíritos Superiores e os Bons Espíritos. QUE O SENHOR ENVIA PARA GUIAR OU INSPIRAR OS QUE TEM POR MISSÃO FAZER TRIUNFAR A VERDADE; OS QUE SAIRAM PARA VENCER, COM ESTÁ NO APOCALIPSE, DAÍ SE CONCLUI QUE AS PALAVRAS DE JESUS, DIRIGIDAS AOS APÓSTOLOS, SE APLICAVAM TAMBEM, NO SEU PENSAMENTO, A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE QUE, o mestre não podia indicar mais que o seu ponto de partida: O PAI, isto é, DEUS O ENTÃO E NO FUTURO, SE CONSTITUíSSEM OS CAMPEÕES DA VERDADE. Podeis, e sempre podereis, verificar a realidade desse apoio dado ao fraco cheio de fé, quando lhe é necessário, não para brilhar e prender a atenção. MAS SEMPRE QUE SEJA PRECISO REVELAR UMA VERDADE SÉRIA QUE NÃO É DE NENHUMA CORRENTE RELIGIOSA, MAS DE DEUS, O PAI CELESTIAL. Ainda hoje o Espírito Santo vos ensina o que deveis dizer, porque ainda hoje “fala em voz o Espírito do vosso Pai”, pois o Senhor envia seus Espíritos para vos guiar e inspirar, quando falais aos homens com fé e humildade, não visando as glorias pessoais mas à VITÓRIA DA VERDADE, A PROPAGAÇÃO DA LEI DE JESUS E DA NOVA REVELAÇAO. Por isso mesmo, o Salvador adverte: “TODOS VÓS ODIARÃO POR CAUSA DO MEU NOME; MAS AQUELE QUE PERSEVERAR ATÉ AO FIM SERÁ SALVO”. E, em nome do nosso Mestre, vos dizemos: – Sereis objeto do ódio e das injurias dos homens que se acham ligados, pelo interesse, pelo orgulho, pelo espírito de dominação e intolerância, a esse PASSADO PRESTES A SER ESBOROAR E QUE ELES EM VÃO, TENTAM MANTER DE PÉ. Sereis alvo das ironias, dos sarcasmos, dos deboches dos que – pela incredulidade, pela ignorância espiritual, pelo materialismo dialético, pelo sensualismo e pelos apetites animais – se conservam afastados de Deus. Imitai, portanto os Apóstolos a provados de Nosso Senhor e Mestre! Aquele que, verdadeiro. CRISTÃO DO NOVO MANDAENTO, DÓCIL À VOZ DO CRISTO, PERSEVERAR ATÉ AO FIM, SERÁ SALVO PARA SEMPRE., ISTO É, TOMARÁ LUGAR ENTRE OS BONS ESPÍRITOS, DE ACORDO COM O GRAU DE PUREZA E ELEVAÇÃO QUE HAJA ATINGIDO PELO SEU MERECIMENTO.

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A VOLTA DE JESUS

P – Disse o Mestre aos seus discípulos: “Não tereis percorrido todas as cidades de Israel antes que volte o Cristo”. Como o Espírito da Verdade explica essas palavras ?

R – Temos de reunir estas passagens dos Evangelhos: Mateus, X: 23-27 e Lucas XII: 1-3 e VI: 39-40.

MATEUS: 23 – Quando, pois, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo: não tereis,percorrido todas as cidades de Israel antes que venha o Filho do Homem. 24 – O discípulo não está acima do Mestre, nem o servo acima do Senhor. 25 – Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor. Se ao pai de família chamaram Belzebu, quando mais aos seus domésticos! 26 – Não os temais, porém, porque nada há oculto que não venha a ser revelado e nada secreto que não venha a ser conhecido. 27 – O que vos digo nas trevas dizei-o às claras; o que escutais no ouvido pregai-o sobre os telhados.

LUCAS: 1 – Tendo-se reunido grande multidão em torno de Jesus, de tal modo que uns aos outros se apertavam, entrou ele a dizer aos seus discípulos: guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 – porquanto nada há de oculto que não venha a ser conhecido, 3 – Assim o que dissestes nas trevas será ouvido às claras, e o que houverdes dito ao ouvido dentro dos aposentos, será pregado de sobre os telhados. 39 – Também lhes propôs esta comparação: pode, acaso , um cego guiar outro cego ? Não cairão ambos no posso? 40 – O discípulo não está acima do seu mestre ; mas todo discípulo perfeito se for como o seu mestre .

As palavras de Jesus se aplicam principalmente, no tocante às perseguições físicas, aos apóstolos e aos seus seguidores até a época do ADVENTO DA LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E LIVRE EXAME DAS ESCRITURAS SAGRADAS, em que já seria respeitada a vida dos homens. Aplicavam-se especialmente, atenta a profecia da volta do Mestre, aos tempos – marcados pelo Senhor – que se seguiram á Revelação do Espírito da Verdade, da qual vos é portadora A ERA NOVA DO CRISTIANISMO DO CRISTO, APLICANDO-SE IGUALMENTE A NOVA MISSÃO DOS APÓSTOLOS E SEUS SEGUIDORES, MISSÃO QUE VAI PRECEDER A SEGUNDA VISITA DO CRISTO, POR ELE MESMO PREDITA QUANDO DESEMPENHAVA A SUA MISSÃO TERRENA. Sob todos os aspectos, elas se referem á época em que eram ditas e ao futuro, em todos os séculos. Portanto, deveis imitar aquele que vos conduz . O amo não é mais do que o servo quando o servo se coloca a altura do amo (altura moral, bem entendido). Procedei. pois, como o vosso Mestre: Praticai a Moral que ele vivia, dentro do seu Novo Mandamento, e atingireis a felicidade eterna. “Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra”. Com relação a todos vós, chamados q propagar a fé e espalhar a Nova Revelação no seio dos povos civilizados (os quais, portanto,não têm e não terão que temer e sofrer se não às perseguições morais), aquelas palavras significam: NÃO DESANIMEIS DIANTE DOS OBSTÁCULOS E, SE TIVERDES DE ENFRENTAR ESPÍRITOS ENDURECIDOS E REBELDES, DEIXAI-OS POR ALGUM TEMPO E IDE A OUTROS, A FIM DE OS ENCAMINHARDES AO SALVADOR. “Em verdade vos digo: não tereis percorrido todas as cidades de Israel antes que volte o Cristo”. AS CIDADES DE ISRAEL SÃO, SOB O VÉU DA ALEGORIA, TODAS AS NAÇÕES DA TERRA, do mesmo modo que a geração á qual Jesus se dirigia é a geração de Espíritos que purificados com o auxilio do tempo das expiações e reencarnações sucessivas, executarão , NAS ÉPOCAS PREDITAS, AS COISAS ANUNCIADAS.

AS TRÊS MISSÕES DO CRISTO

P – Os incrédulos ouvem a pregação do nosso Posto Familiar, mas fazem perguntas assim: “– De que valeu a vinda de Jesus a este mundo ? E qual a finalidade da sua volta?” Procuramos

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explicar tudo, dentro de nossas possibilidades , mas achamos insuficiente a nossa explicação . Que diz a isso o Espírito da Verdade?

R – O Cristo se manifestará a todos os homens, quando for chegada à hora. ESPIRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA, CUJA FORMAÇÃO PRESIDIU, ENCARREGADO DO VOSSO PROGRESSO E DE VOS LEVAR A PERFEIÇÃO, ELE RECEBEU DO PAI – NOSSO DEUS E VOSSO DEUS – TRÊS MISSÕES IMPORTANTES . As duas primeiras consistiram em preparar, entre os homens, a realização do progresso físico do vosso planeta; do progresso físico moral e intelectual da Humanidade terrestre e da regeneração humana. A terceira consiste em LEVAR A EFEITO A REALIZAÇÃO TOTAL DAQUELA OBRA CONDUZINDO-VOS A PERFEIÇÃO PROFETIZADA. A primeira missão ele a cumpriu estando pessoalmente entre vós e continuou a cumpri-la no estado de Espírito invisível aos homens, com o concurso do Espírito Santo, isto é, dos Espíritos Puros, dos Espíritos Superiores e dos Bons Espíritos, os quais – sempre sob a sua direção – trabalham na sua Obra. A segunda missão é a Era Nova do Espírito da Verdade, que vem – por intermédio dos messias, isto é, dos enviados especiais e dos missionários, errantes e encarnados – conduzir progressivamente as gerações humanas à Verdade, ensinar-lhes todas as coisas e anunciar – lhes AQUELAS QUE HÃO DE VIR. A terceira missão ele a virá cumprir no “fim dos tempos”, como ESPIRITO DA VERDADE TOTAL, trazendo o complemento do Evangelho que é o seu Apocalipse, sem véu. ENTÃO, O CRISTO SE MANIFESTARA AOS HOMENS EM TODO O SEU PODER, EM TODA A MAJESTADE DA SUA PUREZA PERFEITA E IMACULADA, CERCADO DOS ESPÍRITO PUROS, DOS ESPÍRITOS SUPERIORES E DOS BONS ESPÍRITOS, QUE VOS TERÃO PREPARADO E LEVADO AQUELES TEMPOS, EM QUE SEREIS, DO MESMO PASSO, CAPAZES E DIGNOS DE RECEBER O MESTRE E SUPORTAR TODA A VERDADE SEM VÉU . Sim, tudo se cumprirá. Jesus preparou a infância; hoje prepara e desenvolve a inteligência da idade madura. Dentro em pouco, virá colher os frutos de seus trabalhos e receber aqueles de seus discípulos, que hajam aproveitado os seus ensinamentos. Ninguém se engane a respeito do sentido destas palavras “dentro em pouco”, nem, do sentido das palavras “breve”, “depressa” e outras do próprio Cristo, quando na terra falava do futuro, da aproximação dos tempos, Ele não conta e vós bem o sabeis. OS ANOS E OS SÉCULOS NA ETERNIDADE COMO CONTAIS OS MINUTOS E AS HORAS, OS DIAS E OS ANOS DA VOSSA EXISTÊNCIA TERRENA.

TODOS SÃO IGUAIS

P – A Doutrina do Novo Mandamento resolve todos os problemas de cada um de nós. Por isso lamentamos o que pretende o materialismo ateu: Igualar os desiguais, diante da Lei Divina. No ponto em estudo Jesus diz: “O discípulo não está acima do Mestre, nem o servo acima do Senhor; basta ao discípulo ser como o Mestre e ao servo como o Senhor”. Como interpreta estas palavras o Espírito da Verdade?

R – Aos olhos do Senhor Eterno são iguais todas as condições sociais dos homens;por conseguinte, o Senhor não é mais do que o servo. Só tem maior valor aquele que pratica, sempre com humildade, a Lei do Amor que Jesus veio trazer. Só será igual ao Mestre em moral, aquele que praticar sua moral. Compreendam bem os homens, no seu principio, no objetivo e nas suas conseqüências. A LEI NATURAL (E DIVINA) DA REENCARNAÇÃO, QUE LHES ENSINA SEREM A VIDA HUMANA E AS CONDIÇÕES SOCIAIS, PARA CADA UM DELES, UMA PROVAÇÃO OU UMA EXPIAÇÃO. Compreendam, e não esqueçam jamais que, pela pluralidade das existências e conforme ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações – tendo por fim a purificação e o progresso – são apropriados às faltas cometidas nas encarnações procedentes. Assim, por exemplo, o Senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor (fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou poder no mundo). É O SERVO OU O CRIADO DE AMANHÃ. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou da sua inteligência ou da sua ciência para desencaminhar os homens, peã perverter as massas populares, É O CEGO O IDIOTA OU O LOUCO DE AMANHÃ. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os

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homens ou aos povos a erros profundos. É O SURDO –MUDO DO DIA SEGUINTE. O que ontem dispôs da saúde, da força ou da beleza física, e gravemente abusou de tudo isso. É O SOFREDOR, O RAQUÍTICO, O DOENTE, O DESERDADO DA NATUREZA, O ENFERMO DE AMANHÃ. Se for certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que eles são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar, e que A ENCARNAÇÃO SE DÁ NO MEIO E NAS CONDIÇÕES ADEQUADOS AO CUMPRIMENTO DE TAIS PROVAÇÕES E EXPIAÇÕES. É o que explica como e por que, na mesma família, dois filhos, dos homens nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão diversas, tão opostos! De igual modo a diferença nas provações e a disparidade do avanço realizado nas vidas precedentes explicam por que e como – do ponto de vista moral ou intelectual – esses dois irmãos se acham em condições tão diversas, tão opostas! Compreenda o homem, e não esqueça jamais, que o mais próximo e mais querido parente de ontem e o mais caro amigo da véspera PODEM VIR A SER (E SÃO , MUITAS VEZES) O EXTRANHO E O DESCONHECIDO DO DIA SEGUINTE, QUE ELE A TODO INSTANTE PODERÁ ENCONTRAR, ACOLHER OU REPELIR.Que os homens, portanto, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e, ao mesmo tempo, meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso PRATIQUEM A LEI DO AMOR QUE É O NOVO MANDAMENTO DE JESUS, PARTILHANDO MUTUAMENTE O QUE POSSUAM DE NATUREZA MATERIAL OU INTELECTUAL, DANDO AQUELE QUE TEM AO QUE NÃO TEM DANDO DE CORAÇÃO O AUXILIO DO CORAÇÃO, DOS BRAÇOS, DA BOLSA, DA INTELIGÊNCIA, DA PALAVRA E, SOBRETUDO, DO EXEMPLO. Então quando isso se verificar, estarão cumpridas em toda a sua verdade – sob os auspícios e a pratica da Boa Vontade recíproca e solidária – estas palavras do Mestre: “Basta ao discípulo ser como o Mestre e ao servo como o Senhor”. Porque, não vos enganeis, NÃO HÁ IGUALDADE REAL FORA DA LEI UNIVERSAL DA REENCARNAÇÃO.

PODE UM CEGO GUIAR OUTRO CEGO?

P - São palavras de Jesus: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no fosso ?” Que significado oferece a esta lição do Cristo o Espírito da Verdade ?

R - “O cego que conduz outro cego” é aquele que, em vez de praticar a Lei do Amor, de a ensinar e exemplificar ao que é por ele guiado, se adstringe exclusivamente às praticas materiais, exteriores, e a elas mantêm adstrito o outro, a quem se encarregou de guiar e cujos olhos tapa com espessa venda, obstando-lhe assim a percepção da Luz e da Verdade. AMBOS CAIRÃO NO MESMO FOSSO, ISTO É , SERÃO AMBOS SUBMETIDOS À EXPIRAÇAO, MAS O CEGO QUE SE FEZ GUIA DE OUTRO CEGO SERÁ MAIS CULPADO QUE ESTE E MAIS TERÁ DE EXPIAR! Se quiserdes guiar vossos irmãos, começai por examinar o vosso proceder, e deve ser irrepreensível. Se quiserdes dar um conselho, começai por praticar o que aconselhais e não cometer as faltas que censurais nos outros. Ensinai, pois, o caminho, percorrendo-o sem desvio, e então sereis discípulos dignos do vosso Mestre. “O discípulo não está acima de seu Mestre; o discípulo será perfeito se for como o seu Mestre”. Jesus, modelo de perfeição, vos diz, dessa forma, que o Mestre não está acima do discípulo PORQUE O DISCIPULO PODE TORNAR-SE IGUAL AO MESTRE ,ORA , COMO SERÁ ISSO POSSIVEL SENÃO TRILHANDO O DISCIPULO, SEM DESVIOS, AS PEGADAS DO MESTRE, PERCORRENDO PASSO A PASSO A ESTRADA QUE ESTE LHE ABRIU, SEGUINDO SEMPRE OS MOVIMENTOS E A DIREÇÃO DO MODÊLO QUE O GUIA? Palavras de sublime humildade! Não levam encorajamento a vós outros? A esperança de chegardes, um dia, pela aquisição da pureza perfeita, a igualar aquele que o Pai vos enviou como o tipo mais perfeito da humanidade, não é de molde a sustentar vossa coragem, levantar as vossas forças e vos fazer marchar para frente, sempre para frente? Mas, “se ao Pai d família chamaram belzebu, quanto mais aos seus domésticos!” Também estas palavras de Jesus, dirigidas aos discípulos, se referiam àquela época e aos então futuros tempos; a todos vós, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO! Assim como o Mestre não foi compreendido pelos que presenciaram suas obras, incompreendidos serão igualmente (e escarnecidos) os que hoje reavivam sua lembrança e lhe seguem

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os passos! Mas a paciência e a perseverança triunfarão da malignidade e da calunia.”Não os temais, portanto; nada há ocultado que não venha a ser revelado e nada secreto que não venha a ser conhecido”. Por maiores que tenham sido os esforços dos inimigos de Jesus por impedi-la, sua divina pregação não deixou de atravessar os séculos. Ainda hoje, sejam quais forem os esforços que façam por lhe deter o vôo, alcançareis o fim., pois A NOVA REVELAÇÃO VEM, PELO ESPÍRITO DA VERDADE, CONTINUAR A OBRA DE JESUS, ALARGANDO CADA VEZ MAIS O ESPAÇO E O FUTURO AOS ESPÍRITOS PROGRESSISTAS. Nada, portanto, do que o homem deva saber poderá ficar oculto. E o homem chegou ao ponto em que o seu saber tem de aumentar rapidamente, porque os tempos chegaram. “Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia, por nada há oculto que não venha a ser revelado e nada secreto que não venha a ser conhecido”. Em nome do Mestre, nós vos repetimos estas palavras que Ele dirigiu aos Apóstolos, mas que – no seu pensamento – se aplicavam a todos os tempos e eram também, dirigidas a todos os que se tornariam seus discípulos, sobretudo na época da Nova Revelação. O vosso pensamento, como o vosso proceder, precisam ser sempre puros aos olhos do Senhor. DE QUE SERVERIA ILUDIR OS HOMENS, AFETANDO SEMELHANTEDE VIRTUDES, SE AQUELE QUE SONDA OS CORAÇÕES E AS ENTRANHAS SÓMENTE VIR A HIPOCRISIA EM VOSSO ÍNTMO? PARA DEUS NADA HÁ OCULTO; PORTANTO, NADA FICARÁ OCULTO AOS HOMENS, TODOS ESTES LERÃO NO PASADO COMO NO FUTURO, O LIVRO QUE TEM ABERTO DIANTE DE SEUS OLHOS. Mas é necessário que o homem se ache em estado de compreender. Quem é que dá, para ser lido, à criança que apenas soletra em francês, uma obra de Schiller em alemão? Quem haverá que peça a previsão das tempestades a alguém que não saiba distinguir o dia da noite? Sabereis tudo o que os Espíritos do Senhor tem para vos ensinar, MAS SÒMENTE QUANDO FORDES BASTANTRE LÚCIDOS PARA COMPREENDER; QUANDO ESTIVERDES BASTANTE ADIANTADOS NOS ESTUDOS PRELIMINARES, A FIM DE VOS PREPARARDES PARA OS ESTUDOS SUPERIORES, POR ISSO, VOS REPETIMOS AS PALAVRAS DITAS POR JESUS AOS SEUS DISCÍPULOS: “SO VÓS É DADO O QUE PODEIS ENTENDER; PROGRESSIVAMENTE VOS SERÁ DADO DE ACÔRDO COM A VOSSA CAPACIDADE DE COMPREENDER”. É A LEI .

SOBRE OS TELHADOS

P – Disse Jesus, no capitulo em pauta: "O que vos digo, nas trevas, dizei-o vós, às claras, e o que escutais no ouvido pregai-o de sobre os telhados; porquanto o que dissestes nas trevas será dito às claras e o que houverdes falado ao ouvido, nos aposentos, será pregado de sobre os telhados". Qual a explicação destas palavras, no CÉU da LBV, pelo Espírito da Verdade?

R – Sendo pequeno o numero das inteligências capazes de o compreenderem, a Jesus não era possível espalhar abertamente a sua Doutrina, para não encher de espanto e paralisar, a bem dizer, a Boa Vontade daqueles que o ouviam SEUS DISCIPULOS, POREM, QUE VIVIAM SEMPRE ENTRE OS HOMENS, ESSES – TENDO DE ESPARGIR A LUZ EM DIVERSOS PONTOS AO MESMO TEMPO – NÃO ALARMARIAM TANTO OS ESPÍRITOS FRACOS AOS QUAIS SE DIRIGISSEM. Entendei: o Mestre falava á multidão apenas por parábolas, a fim de preparar as inteligências, sem as sobrecarregar com um fardo de peso excessivo para a fraqueza delas. Se pregasse a sua Moral sublime em termos preciosos e claros, teria assustado a maioria dos seus ouvintes que, percebendo o abismo entre as crenças que professam e a Boa Nova que lhes era trazida, não ousariam, sequer, uma tentativa para o transporem. Meditai: AS PARABOLAS APRESENTAVAM AOS ESPÍRITOS ORIENTAIS A VANTAGEM DE PERMETIR QUE PRCURASSEM DAR-LHES A INTERPRETAÇÃO QUE LHES PARECESSE MAIS APROPRIADA OU MAIS LÓGICA. Desse modo eles se familiarizavam com as verdades novas, ainda cobertas por véus, cabendo aos discípulos arrancar, uma a uma, porem sempre sob o império e o véu da letra, as vendas que ocultavam a Luz àquelas inteligências obscurecidas. Novos Apóstolos que sois do Cristo, chamados a pregar a mensagem final deste ciclo de 2.000 anos, procurai honrar a confiança do Redentor O ESPÍRITO DA VERDADE DESCE PARA (DESPOJANDO DA LETRA O ESPÍRITO, LEVANTANDO O VÉU QUE JESUS TEVE DE LANÇAR - E

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LANÇOU - SOBRE AS SUAS PALAVRAS) EXPLICAR E DESENVOLVER A SUA DOUTRINA, TÃO SIMPLES E TÃO SUBLIME, OS FATOS QUALIFICADOS DE "MISTÉRIOS" E "MILAGRES" OS ENSINOS POR ELE DADOS, AS REVELAÇÕES QUE FEZ E FAZ, AS PROMESSAS QUE FORMULOU. Publicai e pregai o que assim vos ensinam os Espíritos do Senhor, como órgãos do Espírito da Verdade na grande obra da Salvação. Arrancai, uma por uma, todas as vendas que ocultam a Luz às inteligências obscurecidas. Paciência e perseverança; nós vos assistiremos, ATÉ AO FIM DOS TEMPOS!

TEMER SOMENTE A DEUS

P – Os Legionários da Boa Vontade costumam cantar, em todo Brasil: “Pois, se nós não tememos a morte, a quem é que nós vamos temer?” É claro que isso foi inspirado nas palavras de Jesus: temer só ao Todo-Poderoso. Que nos diz, a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos: Mateus, X: 28-31 e Lucas, XII: 4-7.

MATEUS: 28 – E disse Jesus: “Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma. Temei, sim, Aquele que pode precipitar tanto o corpo quanto a alma na geena. 29 – Não é verdade que dois pássaros se vendem por um asse? Pois nenhum desses cai na terra sem que seja pela vontade do vosso Pai. 30 – Até os cabelos das vossas cabeças então todos contados. 31 – Nada temais, portanto: bem mais valeis do que muitos passarinhos”.

LUCAS: 4 – “Eu vos digo: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. 5 – Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de haver tirado a vida, tem o poder de lançar na geena; a esse, sim, eu vos digo, temei. 6 – Não se vendem cinco pássaros apenas por dois asses? Entretanto, não há um só deles que Deus tenha esquecido. 7 – Até os cabelos das vossas cabeças estão contados. Portanto, não temais: bem mais valeis dos que muitos passarinhos.

Apropriando sempre sua linguagem à época e ao estado das inteligências, de modo a impressionar fortemente aqueles a quem falava, Jesus dirigia estas palavras aos seus discípulos para infundir confiança a homens que se atemorizavam com a perspectiva das missões cheias de provas e perigos, que lhes eram confiadas. Dizendo-lhes que NÃO TEMESSEM OS QUE MATAM O CORPO, MAS QUE NÃO PODEM MATAR A ALMA, QUE SÓ TEMESSEM AQUELE QUE PODE PRECIPITAR A ALMA E O CORPO NA GEENA, O CRISTO LHES ENSINAVA QUE NÃO RECEASSEM OS HOMENS, NÃO RECUASSEM DIANTE DE NENHUM PERIGO, DE NENHUMA PERSEGUIÇÃO, DE NENHUM ATO DOS HOMENS, MAS QUE TEMESSEM SOMENTE A DEUS. Dizendo-lhes que dois passarinhos não valem mais do que um asse, que cinco não valem mais do que dois asses, que nenhum deles cai na terra sem ser pela vontade do Pai Eterno, que Deus de nenhum se esquece e, acrescentando que “todos os cabelos das vossas cabeças estão contados, que valeis muito mais do que muitos passarinhos e nada deveis temer”, O MESTRE LHES INSPIRAVA A CONFIANÇA SEM LIMITES QUE O HOMEM DEVE DEPOSITAR EM DEUS. Ele os engrandecia aos seus próprios olhos e lhes fazia compreender que, diante do Senhor, muito mais importância tinham do que essas criaturinhas a cuja existência os homens de então nenhum valor conferiam, ignorantes de que TUDO SAI DO MESMO PRINCÍPIO, POR EFEITO DA MESMA VONTADE SOBERANA. Jesus foi o primeiro a dizer aos hebreus que a onipotente bondade do Senhor vai ao ponto de não descurar a existência de criaturas tão fracas. Preparava-os, por essa forma, para compreenderem que – muito embora o Espírito humanizado seja, como dizeis, o rei da criação – tudo o que se move no Universo, tudo o que existe pela vontade suprema de Deus que, com o mesmo carinho paternal, olha tanto para o oução como para o homem. As palavras que dirigia a todos os homens, daquela época e do futuro, vos devem ser explicadas em Espírito e Verdade: pois foi por tomar a letra pelo espírito que a Igreja incorreu em todos os seus erros. As palavras do Redentor objetivam mostrar ao homem que seu proceder e seus sentimentos DEVEM SER REGRADOS PELA VONTADE DAQUELE QUE PUNE OU RECOMPENSA, DAQUELE CUJO AMOR

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INFINITO VELA CONTINUAMENTE PELA MENOR DE SUAS CRIATURAS. Elas restabelecem a confiança da criatura no Criador, cuja inteligência ilimitada pousa sobre todos os mundos, distinguindo no seio da massa geral as mínimas particularidades, sem jamais separar estas daquela. Exprimindo-nos assim, é nosso intento levar-vos a compreender que o olhar do Pai tudo envolve num golpe de vista infinito. Sem fazer distinção entre o conjunto do Universo e os milhões e milhões de partículas que o integram. TUDO, MESMO O QUE SE OCULTA NOS ESCANINHOS MAIS RECONDITOS, ESTÁ PATENTE AOS SEUS OLHOS. E, TODAVIA, SOMENTE O CONJUNTO O PODE TOCAR.

INVOLUÇÃO E EVOLUÇÃO

P – Disse Jesus : “Não temais os, que matam o corpo, mas que não podem matar a alma . Temei, sim, Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena; a esse , sim, eu vos digo, temei”. Como o Espírito da Verdade interpreta essa passagem?

R – Tais palavras têm por fim, segundo o espírito, LIBERTAR O HOMEM DO AMOR A SI MESMO E CHAMAR-LHE A ATENÇAO PARA O QUE, NELE NÃO PODE PERECER, isto é, para a Alma filha de Deus, a inteligência que de Deus provem é que, partindo do infinitamente pequeno para chegar ao infinitamente grande, tem de voltar a Ele, na individualidade e na imortalidade. Os que tornaram a letra pelo espírito consideraram a geena UM LUGAR MATERIAL E CIRCUNSCRITO UM INFERNO A MANEIRA DO TÁRTARO DO PAGANISMO; A MANEIRA DA CLOACA, DA CAVERNA QUE O REI JOSIAS MANDOU CONSTRUIR PERTO DE JERUSALÉM; ALI OS JUDEUS LANÇAVAM AS IMUNDICIES DA CIDADE E OS CADAVERES PRIVADOS DE SEPULTURA; ALI SE ALIMENTAVA UM FOGO CONTÍNUO, PARA CONSUMIR AS MATERIAS MAIS VÍS, MAIS DESPREZIVEIS. A palavra “geena” (despojado da letra o espírito) é uma expressão alegórica de significação complexa. Geena é a imensidade onde quando errante o Espírito culpado passa pelos sofrimentos ou torturas morais apropriados e proporcionais às faltas e crimes por ele cometidos. Geena abrange, também as terras primitivas que todos os outros mundos inferiores, de provações e expiações, onde – pela encarnação ou reencarnação – se vêem lançados os Espíritos criminosos, a Alma e o corpo que ela reveste, corpo que, para a Alma, é igualmente uma “geena”, como o são, na erraticidade, aqueles sofrimentos ou torturas morais. Sim, NÃO TEMAIS OS HOMENS, JAMAIS! Quando vos for preciso, para salvar a Alma, sacrificar o corpo, não recueis diante dos que o podem matar E NADA MAIS. Temei , porem, Aquele que pode, se falirdes nas vossas provas, lançar-vos – por ato da sua justiça, sempre infalível, que se exerce para vossa melhoria e vosso progresso – na geena dos sofrimentos, das torturas morais na erraticidade após a morte, na geena da reencarnação na Terra e nos outros mundos de provações e expiação. Repetimos: O HOMEM NÃO DEVE VER NO SEU CORPO MAIS QUE UM ÍNVOLUCRO, O APARELHO, O INSTRUMENTO DAS PROVAÇÕES, DAS EXPIACÕES, DA PURIFICAÇAO E DO PROGRESSO DO ESPIRITO, SE O ESPÍRITO, PORTANTO, CORRER O RISCO DE PERDER-SE, DEVE O HOMEM SACRIFICAR, SEM PENA, O ÍNVOLUCRO PERECÍVEL. O Espírito, que provém do Senhor, lhe deve a existência e não pode dar valor real senão aquilo que de Deus o aproxima. Guarda do envoltório material cumpre-lhes isentá-los de todas as máculas; mas se tiver de escolher entre a pureza espiritual e a do corpo, deverá sacrificar esta para conservar aquela. Se numa emergência perigosa, a vida do corpo se achar em paralelo com a do Espírito, isto é, com a sua pureza, com seu progresso, se o Espírito estiver na iminência de incorrer numa culpabilidade que o levará à morte moral, teve a criatura sacrificar o vaso ao precioso perfume que ele contem; deixar que se quebre aquele para que este possa – como incenso odorífero – subir ao trono de Deus. Por isso e que Jesus perguntava: – DE QUE VALE AO HOMEM CONQUISTAR O MUNDO INTEIRO E PERDER A SUA ALMA?

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FATALISMO E LIVRE ARBÍTRIO

P – Afirmou Jesus: “Dois pássaros não custam mais do que um asse, e cinco não valem mais do que dois asses. Entretanto, nenhum deles cai na Terra sem que seja pela vontade do Pai, que não é indiferente nem à morte de um pardal”. E mais: “Até os cabelos das vossas cabeças estão contados”. Qual a explicação dos Espíritos da Verdade para essas palavras do Mestre ?

R – Não é Deus a bondade infinita, cujo olhar criador envolve num só golpe de vista, todas as suas criaturas? Não é Ela a vontade onipotente que governa o Universo? E tudo o que acontece não acontece com a sua permissão? Todavia, NÃO ACREDITEIS QUE A SUA GRANDEZA INFINITA DESÇA A OCUPAR-SE COM AS PARTICULARIDADES DA VOSSA EXISTÊNCIA ÍNFIMA.Uma vez , porém, que seu poder regula todas as coisas; que os Espíritos prepostos à organização dos mundos – desde o ato da formação deles até às mais insignificantes particularidades – não agem senão de conformidade com a impulsão superior que receberam; e que, passando de um a outro, chega até vós, pode-se dizer que NEM MESMO UM PASSARINHO CAI NA TERRA SEM QUE SEJA PELA VONTADE DE DEUS. Mas não concluais desta explicação que o vosso livre arbítrio esteja, assim, comprometido de qualquer forma. A ação dos Espíritos, exercendo-se sob a potente direção do Soberano Senhor, em nada altera essa prerrogativa do Espírito, encarnado ou não; O LIVRE ARBÍTRIO É EMANAÇAO DIVINA, ETERNA, QUE O SENHOR CONCEDE AS SUAS CRIATURAS, FOGO SAGRADO QUE LHES CUMPRE ALIMENTAR. PARA DELE PRESTAREM CONTAS NO DIA DO JUIZO. Diante disso cabe-lhes entender a sentença do Cristo: “Até os cabelos das vossas cabelos estão contados”. Tomadas ao pé da letra, estas palavras levariam a negação do livre arbítrio no homem, fortalecendo a crença no fatalismo. Elas são alegóricas, tais como as outras que o Mestre proferiu, a título de ensinamento. O homem goza da liberdade de praticar, ou não, um ato qualquer; mas esse ato TEM SEU PRINCÍPIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS REGULADOS PELAS LEIS NATURAIS, IMUTAVEIS E ETERNAS CUJA APLICAÇAO E CUJA EXECUÇAO ELE PROVOCA, NADA LHE SUCEDE QUE NÃO TENHA SIDO PREVISTO PELA ONICIÊNCIA DO SENHOR, A QUAL, ENTRETANTO, DEIXA QUE OS ACONTECIMENTOS DA VIDA HUMANA SIGAM SEU CURSO E SUA MARCHA, CONFORME AO USO QUE O HOMEM FAZ DO SEU LIVRE ARBÍTRIO. Se bem que, sujeito a experimentar as boas e más influencias que se exercem continuamente sobre ele lhe caiba lutar entre o bem e o mal. o homem dispõe sempre do livre arbítrio, de uma vontade própria pessoal; portanto. em virtude desse livre arbítrio, dispõe da faculdade de praticar tanto o bem quanto o mal DEPOIS DA MORTE, PROCEDE-SE A APURAÇAO DOS PENSAMENTOS, PALAVRAS E ATOS, BONS E MAUS, DE CADA CRIATURA HUMANA. Sim, a bondade infinita de Deus vela, incessantemente, por todos os seus filhos. É assim que, em lhe sucedendo qualquer coisa na existência terrena, a solicitude do Senhor, por intermédio dos Bons Espíritos, faz sentir as sua influencia no homem. Nenhum ato e nenhum dos seus mais secretos pensamentos escapam à percepção do Senhor; chagada a hora da prestação de contas pode ele estar.

JESUS VEIO TRAZER FOGO À TERRA

P – O Cristo declarou que não veio trazer paz e sim a espada, a divisão, a fim de que seja conhecido e até que o seja. Como nos explica isso o Espírito da Verdade?

R – Vamos harmonizar Mateus, X: 32-36 e Lucas, XII: 8-9 e 49-53.

MATEUS: 32 – Aquele que me testemunhar, diante dos homens, também eu o testemunharei diante do Pai que está nos céus. 33 – Aquele que me nega, diante dos homens, também eu o negarei diante do Pai que está nos céus. 34 – Não penseis que vim trazer paz à terra: não vim trazer paz, e sim o gládio; 35 – portanto, vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora. 36 – O homem terá por inimigos os de sua própria casa.

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LUCAS: 8 – Ora, eu vos digo que aquele que der testemunho de mim, diante dos homens, dele o Cristo dará testemunho diante dos Anjos de Deus. 9 – Mas aquele que me negar, diante dos homens, também será negado diante dos Anjos de Deus. 49 – Vim trazer fogo à terra; que mais quero senão que ele se acenda? 50 – Tenho de receber um batismo, e ansioso estou para que ele se cumpra. 51 – Pensais que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, vim trazer separação; 52 – porquanto, doravante, se numa mesma casa se encontrarem cinco pessoas, estarão todas divididas, três contra duas, duas contra três; 53 – estarão divididos o pai contra o filho, o filho contra o pai, a mãe contra a filha, a filha contra a mãe, a sogra contra a nora, a nora contra a sogra.

Não há dificuldade em compreender estas palavras de Jesus, claras por si mesmas e confirmadas pelos fatos. Vejamos os versículos 32 e 33 de Mateus e, de Lucas, os versículos 8 e 9: aquele que, humilde de espírito e simples de coração, anda pelo caminho da verdade, das boas obras, do amor e da Boa Vontade, vivendo o Novo Mandamento de Jesus, dá testemunho dele e se encontra, portanto, NA ÚNICA ESTRADA QUE CONDUZ À SALVAÇÃO. JESUS, O DIVINO MODELO, QUE TODOS DEVEMOS IMITAR, LEVA A PORTO DE SALVAMENTO AQUELE QUE ASSIM ESCOLHEU A BOA ESTRADA. Aquele que, ao contrário, prefere os caminhos tortuosos, isto é, do egoísmo, do orgulho, da hipocrisia, dos vícios e das paixões que degradam a Humanidade, evidentemente, se afasta do alvo, renega o Bom Pastor, repudiando-lhe a doutrina de amor. Ora, o Cristo não pode receber na classe dos Bons Espíritos nem apresentá-lo ao Pai Celestial. Este estará, portanto, renegado, até que venha a dar testemunho do Mestre. Tomando o seu caminho, pela prática da Moral sublime que ele personifica. Examinemos, agora, os versículos 49 e 50 de Lucas: Jesus vinha trazer fogo à Terra, dando – pelo desempenho da sua missão terrena – lições e exemplos de fé, esperança, caridade, desinteresse, abnegação, devotamento, amor, em suma – de todas as virtudes, para os homens atrasados daquele tempo, enleados na teia dos abusos, dos preconceitos e das tradições que o seu Evangelho vinha destruir, e que eram sustentados pelos escribas, pelos fariseus, pelos sacerdotes orgulhosos e cúpidos. JESUS QUERIA QUE ESSE FOGO SE ACENDESSE, ISTOÉ, QUE OS HOMENS SE REUNISSEM À SUA VOLTA, PARA POREM EM PRÁTICA AS SUAS LIÇÕES E OS SEUS EXEMPLOS, ESPALHANDO-OS PELAS MULTIDÕES. POR ISSO, MANIFESTAVA O ARDENTE DESEJO DE RECEBER O BATISMO QUE LHE ESTAVA RESERVADO, A SABER, SANCIONAR A SUA MISSÃO PELO SACRIFÍCIO DO GÓLGOTA, QUE LHE DARIA TODOS OS SEUS FRUTOS, PREPARANDO O FUTURO ADVENTO DE NOVA REVELAÇÃO – A DO PARÁCLITO OU ESPÍRITO DA VERDADE, APTO A EXPLICAR O SEU AVANGELHO E O SEU APOCALIPSE.

DIVISÃO ATÉ AO FIM DO CICLO

P - A muitos parece cruel esta assertiva de Jesus: “Pensais que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, vim trazer separação”. Gostaríamos de receber explicação profunda do Espírito da Verdade, a respeito do assunto. É possível?

R – Tal separação é referida nos versículos 51 a 53, de Lucas, no capítulo em pauta. Entendei; trazendo os Espíritos atrasados o progresso, JESUS IA PROVOCAR A LUTA ENTRE OS QUE DESEJARIAM ENTRAR NO CAMINHO DA SALVAÇÃO E OS PREGUISÇOSOS, OU OBSTINADOS, QUE PREFERIAM PERNANECER ESTACIONADOS, ATOLADOS NOS SUES VÍCIOS E PAIXÕES. O Cristo antevia a divisão que a marchado progresso espiritual iria determinar, entre os homens e, mesmo no seio das famílias. Assim foi, realmente, e assim será até o fim deste ciclo. Preparai-vos portanto, desde já , pois que – ao tempo da colheita – se estivésseis todos maduros, inútil será proceder-se a uma escolha entre vós e trazer-vos os raios da Luz que acabará de dourar a messe que os Espíritos do Senhor vêm Fazer. Completando os de Lucas, vejamos os versículos, 34 e 35 de Mateus: JESUS PREVIA OS ÓDIOS E AS INIMIZADES QUE NASCERIAM ENTRE OS MAIS PRÓXIMOS PARENTES, SOB O MESMO TETO: ANTEVIA O SANGUE DERRAMADO EM SEU NOME! Antevia sua doutrina e seu Evangelho mal compreendidos e irreconhecíveis, substituídos por uma fé cega e falsa; desonrados o amor, a

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caridade e a fraternidade que ELE DECLAROU SEREM – PARA OS HOMENS – TODA A LEI E OS PROFETAS! Previa os massacres levados a efeito em seu nome, as lutas sangrentas e fratricidas que em seu nome se travariam entre adeptos de todas as religiões ditas cristãs pesar de ter dito a eles: TODOS VÓS SOIS IRMÃOS E UM SÓ O É O VOSSO MESTRE. Antevia as torturas praticadas as fogueiras acesas, sempre em seu nome! Tudo causado pela ignorância, pelo fanatismo, pela intolerância, pela superstição e pelo anseio de dominação permanente . Sim, o Salvador via, já então as ondas de sangue que iriam jorrar desde o sacrifício do primeiro martírio até o dia vindouro da paz mundial. Desgraças foram, sem duvida, provando a que ponto os Espíritos na Terra estavam e estão ainda atrasados. Mas foram DESGRAÇAS NECESSÁRIAS QUE DERAM MARGEM A REGENRAÇÃO DE MUITOS. Dissemos “dia vindouro da paz mundial”; o estado atual das coisas claramente vos mostra que a paz mundial, cujo reinado se há de implantar na Terra, só virá depois do próximo e ultimo ARMAGEDON DO APOCALÍPSE. Com o abrir, para vós, a Nova Revelação esta NOVA ERA, os Espíritos do Senhor vêm, tal qual Jesus no desempenho da sua missão terrena., ATEAR NOVAMENTE FOGO A TERRA TRAZER NÃO A PAZ O COMODISMO. MAS A DIVISÃO DO ESPÍRITO DA VERDADE É JESUS PRESENTE ENTRE VÓS: É ESTA INFLUÊNCIA QUE IMPELE O HOMEM PARA O PROGRESSO E LHE ABRE A EESTRADA POR OPNDE CHEGARÁ MEIS DEPRESSA AO REINO DE DEUS. Quando mesmo por último vier o Mestre completar, pela separação do joio e do trigo, a obra que adiantamos, haverá divisão entre vós, porquanto – qualquer que seja o vosso progresso – AINDA HAVERÁ ESPÍRITOS ATRASADOS . A divisão entre os homens será sempre a propulsora do progresso, até ao dia em que acabada aquela separação, completada assim a obra de Jesus todos os Espíritos rebeldes voluntariamente cegos, tenham sido relegados para outros mundos em que possam melhorar. Dó ai A MISSÃO DO CRISTO SE TORNARÁ, MISSÃO DE PAZ; DEPOIS DE TER SIDO O REI DA JUSTIÇA, JESUS DRÁ FINALMENTE O REI DA PAZ. Por tanto , cristãos do Novo Mandamento trabalhai pelo advento da Paz Mundial, aplainando as dificuldades que surge de todos os lados. Trabalhai com ardor, arrancando os parasitos que sufocam a vinha do Senhor. Iluminai as inteligências obscuras .Sustentai os fracos na fé. Ajudai vossos irmãos de todas as crenças para que cheguem ao ponto em que já vos achais. Brilhe a vossa luz diante de todos. PARA QUE POSSAM GLORIFICAR O PAI QUE ESTÁ NO CÉU!

JESUS E O AMOR DA FAMÍLIA

P – Muitas pessoas acham que “Jesus foi desumano ao exigir que seus discípulos abandonassem a família para segui-lo” Qual, a respeito do assunto, a explicação do Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos: Mateus, X: 37-39 e Lucas, XIV: 25-27.

MATEUS: 37 – “Aquele que ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; e aquele que ama a seu filho ou a sua filha mais do que a mim não é digno de mim. 38 – Aquele que não toma a sua cruz, para me seguir, não é digno de mim. 39 – Aquele que quiser salvar sua vida a perderá; mas aquele que perder a sua vida, por minha causa, certamente a salvará”.

LUCAS: 25 – Jesus, voltando-se para a multidão que o acompanhava, disse: 26 – “Aquele que vem a mim e não odeia o seu pai e a sua mãe, a sua mulher, a seus filhos, e seus irmãos, a suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo; 27 – e aquele que não toma a sua cruz, para me seguir, não pode ser meu discípulo”.

Muitíssimo comentados têm sido estes versículos. FORAM, PORÉM, MAL COMPREENDIDOS (OU NÃO O FORAM JUDICIOSAMENTE) POR HOMENS QUE NÃO SOUBERAM LEVAR EM CONTA OS TEMPOS, OS LUGARES E AS INTELIGÊNCIAS A QUE JESUS FALAVA. Sem procurar penetrar-lhes os espírito, detiveram-se na letra, atendo-se principalmente a um termo que, com significação demasiado forte na vossa linguagem, a tradução emprestou ao Mestre. Poderia falar em ódio quem deu a vida por todos, deixando à Humanidade o seu

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Novo Mandamento? A expressão que, na língua hebraica, corresponde a essa palavra não tem tanta energia nem encontrou equivalente da parte das tradutores. Compreendei, primeiro, EM ESPÍRITO E VERDADE, CONFORME AO ESPÍRITO QUE VIVIFICA E NÃO SEGUNDO A LETRE QUE MATA, as palavras do Cristo, o pensamento a que servem de roupagem, o ensinamento que delas decorre. Para o homem, o único interesse deve ser o do futuro de seu Espírito. Se, portanto, um laço humano qualquer é de molde a desvia-lo do caminho que deve trilhar, cumpre se liberte dele. Não suponhais que Jesus tenha pretendido pregar – que nós preguemos em seu nome – o egoísmo místico e a secura de coração. Longe disso, pois o homem PODE AMAR A DEUS ACIMA DE TODAS AS COISAS E, COM MAIS FORTE RAZÃO, ISTO É, POR ISSO MESMO, CUMPRIR TODAS AS OBRIGAÇÕES QUE LHE IMPONHAM OS DEVERES PARA COM A FAMÍLIA, qualquer que sejam as dissensões existentes entre o pai e o filho, entre a mãe e a filha: dissensões no modo de pensar. Ele pode e deve cumprir todos os deveres humanos, no que tenham de mais escrupuloso. O QUE JESUS QUIS FAZER SENTIR É QUE POR CONDESCENDÊNCIA OU INTERESSE HUMANO QUALQUER, A NINGUÉM SERÁ LÍCITO JAMAIS RENEGAR A LEI DO AMOR QUE ELE VEIO PREGAR E VIVER. Não pratiqueis, portanto, nenhuma ação repreensível, tendo em vista satisfazer a esta ou aquela pessoa, objeto do vosso amor no mundo, pois, do contrário, renegareis o vosso Mestre, que a seu turno vos renegará. Como vedes, só entende a palavra do Redentor quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, principalmente agora, A UM PASSO DO PRÓXIMO E ÚLTIMO ARMAGEDON DO APOCALIPSE.

PERDER E SALVAR A VIDA

P – Há pontos que merecem cabal explicação, como esse do perder e salvar a sua vida, no capitulo em exame. Como explica essa passagem o Espírito da Verdade?

R – Vejamos o versículo 37 de Mateus: “Aquele (disse Jesus) que ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama a seu filho ou a sua filha mais do que a mim, não é digno de mim”. Não vos é difícil compreender; aquele que, por agradar a seu pai ou à sua mãe, a seu filho ou à sua filha, COMETER UM ATO CONTRÁRIO AOS ENSIINOS DE JESUS, NÃO É DIGNO DELE, NÃO PODE SER SEU DISCÍPULO. Jesus personificava e personifica a sua Doutrina Moral e, portanto, a Fé. Como poderia o Cristo, modelo de amor, condenar o amor da família? Certamente, não vos passa tal coisa pela cabeça. O que o Mestre fez foi atacar o abuso. Por mais vivo que seja, O AMOR DA FAMÍLIA JAMAIS DEVERÁ LEVAR O HOMEM A UM ATO CULPOSO. Admitido que haja atos desculpáveis pelo motivo que os determinou, quantos homens não se julgariam absolvidos de qualquer ação má, desde que pudessem açoitar-se por trás do “devotamento à família”? Como lição, Jesus praticava aos olhos dos homens, o Mandamento HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE; mas também lhes recordava que, acima de tudo, está o dever a cumprir. Lembrai-vos da resposta que deu á Virgem Maria, quando ela e Jose voltaram a Jerusalém à sua procura e o acharam no templo, entre os doutores, Aos doze anos, ele colocava o Pai acima do mundo. Examinemos, agora, o versículo 38, também de Mateus: “Aquele que não toma a sua cruz, para me seguir, não é digno de mim, não pode ser meu discípulo”. É muito simples; aquele que não aceita com resignação, e mesmo com reconhecimento, as provações de que está cheia a vida humana, não é digno de Jesus, não está capacitado para ser seu discípulo; PORQUE O MESTRE AS ACEITOU, EM BENEFÍCIO DE TODOS, COMO LIÇÃO E EXEMPLO AOS HOMENS, QUANDO NENHUMA LHE CUMPRIA SOFRER! Assim, cada um deve submeter-se às suas provações, em proveito do seu próprio adiantamento espiritual. Analisemos, a seguir, o versículo 39 de Mateus, no mesmo capítulo: “Aquele que quiser salvar sua vida a perderá; mas aquele que perder a sua vida, por minha causa, certamente a salvará”. Estas palavras dirigidas especialmente aos discípulos, eram para eles UMA ADVERTÊNCIA. Tinham por objetivo fazer-lhes entender esta verdade; aquele que falhasse no desempenho da sua missão, por conservar a vida humana, renunciaria ao acabamento da obra: PERDERIA A VIDA ESPIRITUAL, E, AO CONTRARIO, AQUELE QUE NÃO RECUASSE DIANTE DA MORTE, E A SOFRESSE PARA LEVAR A CABO A OBRA DO MESTRE, TERIA A VIDA ETERNA. De modo geral, referindo-as a todos os tempos e a todos os homens essas palavras do Cristo exprimem este pensamento; A VIDA DO ESPÍRITO É A ÚNICA

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EXISTÊNCIA REAL , PORTANTO, SE – DURANTE A ENCARNAÇAO – O ESPÍRITO PRATICA UM ATO CONDENÁVEL, TENDO EM VISTA CONSERVAR O CORPO, PERDERÁ A VIDA ESPIRITUAL, POIS FICA OBRIGADO A RECOMEÇAR SUAS PROVAS EM NOVA ENCARNAÇÃO AQUELE QUE, CONTRARIAMENTE SACRIFICAR O CORPO, QUANDO FOR INEVITÁVEL, PARA NÃO FALIR NAS SUAS PROVAÇÔES, RECEBERÁ NUM MUNDO MELHOR A RECOMPENSA DAS PROVAS BEM SUPORTADAS, GRAÇAS AQUELE SACRIFÍCIO.

ODIAR PAI E MÃE?

P – Muitos se obstinam em não aceitar as palavras de Jesus, no versículo 26 de Lucas, no capitulo em estudo. Pedimos, por isso, uma resposta especial, através do CEU da LBV. Que diz o Espírito da Verdade?

R – Vamos reler: “Aquele que vem a mim, e não odeia a seu pai e a sua mãe, a seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Esta expressão NÃO ODEIA, oriunda de tantas traduções, e tão forte no vosso idioma, não tem – já o dissemos – tamanha energia na língua judaica JESUS LANÇAVA UMA SEMENTE QUE TINHA DE FRUTIFICAR EM SOLO ÁRIDO E INGRATO; PRECISAVA, PORTANTO, QUE FOSSE VIGOROSA, PARA NELE ENTERRAR AS RAIZES. Acreditais que o Mestre pudesse falar aos homens daquele tempo – sobretudo aos hebreus – a linguagem que hoje falais? Não tenteis vestir num povo a roupa de outro; deixai a cada um o que lhe foi, o que lhe é necessário. Tendes a pretensão de admirar os autores antigos; admitis a linguagem de que usaram, tão diferente da vossa, sob o pretexto de que estava adequada ao século em que viveram, e não quereis que seja assim na era em que Jesus apareceu aos homens? E o Mestre não falava a sábios, habituados às elegâncias ou atícismos de linguagem. MAS AO POVO ATRASADO, MATERIAL E ENDURECIDO, A MASSA QUE – PARA SE DECIDIR A COMPREENDER- PRECISAVA OUVIR PALAVRAS ENÉRGICAS E OBSERVAR EXEMPLOS FRISANTES. Não! Por aquelas palavras, Jesus não pretendeu condenar, e não condenou, o amor da família, mas o excesso que em tudo prejudica o homem e, afinal, o transvia. Sim, o homem deve consagrar-se à família, cumprir devotadamente todos os deveres para com ela, MAS NÃO DEVE FAZER DISSO UM CULTO, NÃO DEVE SACRIFICAR AO AMOR QUE CONSAGRA A SEUS PARENTES OS SAGRADOS INTERESSES E A FELICIDADE DE TODOS OS SEUS IRMÃOS EM DEUS : SERIA IMPERDOÁVEL EGOISMO! Jesus, com o coração cheio de amor e devotamento para com todos, empregava as expressões que mais impressionassem seus ouvintes, visando a libertá-los desse egoísmo, fazendo-lhes compreender que – devendo o futuro do Espírito ser O ÚNICO INTERESSE DO HOMEM – desde que um laço humano qualquer o possa desviar do caminho que tem de percorrer, importa que ele se desprenda desse laço. Para finalizar: PARA SER DISCÍPULOS DO CRISTO, JAMAIS SERÁ LICITO AO HOMEM, SOB O PRETEXTO DO AMOR AOS SEUS OU PARA CONSERVAR A VIDA HUMANA, PRATICAR UM ATO CONTRÁRIO AO EVANGELHO DO MESTRE, QUE É EXATAMENTE O EVANGELHO DE DEUS.

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PENSAR ANTES DE AGIR

P – Uma passagem que muitos nos preocupa e a do alertamento que Jesus faz aos seus discípulos, como vemos no Evangelho segundo Lucas, XIV: 28-33. Como a interpreta o Espírito da Verdade?

R – Eis a passagem:

LUCAS: 28 – Qual aquele dentre vós que, desejando edificar uma torre,não orça de antemão, com vagar e prudência, a despesa necessária, para saber se tem com que terminá-la, 29 – par não suceder que, por não poder acabá-la depois de lhe haver lançado asa fundações, todos os que a vejam escarneçam dele, 30 – dizendo: “Este homem começou a construir, mas não pode acabar”? 31 – Ou qual o rei que, tendo de entrar em guerra contra outro rei, não examina antes, com vagar e calma, se pode marchar com dez mil homens contra o inimigo que vem ao seu encontro com vinte mil? 32 – Se o não pode fazer, manda embaixadores, quando o inimigo ainda está longe, e lhe apresenta proposta de paz. 33 – Assim, pois, aquele que, dentre vós, não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.

Interpretemos os versículos 28, 29 e 30: antes de entrar em novo caminho, o homem precisa verificar se terá A ENÉRGICA VONTADE DE PERCORRÊ-LO, pois não é bom que para depois de haver começado o percurso da estrada do progresso. Uma vez desencarnado, o tempo perdido se lhe patenteia, e amargo será o seu pesar, ao saber da distância que teria percorrido, se houvesse perseverado, e o resto que lhe falta percorrer. A INDECISÃO AUMENTA SEMPRE AS DIFICULDADES. Versículos 31 e 32: aquele que não se sentir com a força necessária para levar a cabo GRANDES COISAS, não as empreenda. Que espere e se fortaleça. Pense bem, estude e trabalhe sobre si mesmo, MAS NÃO SE AVENTURE A TENTATIVAS INFRUTÍFERAS. Finalmente, o versículo 33 – Para marchar na via do progresso, da CARIDADE UNIVERSAL, cumpre que o homem se desprenda dos bens materiais, que não se escravize a eles, que os tenha unicamente COMO MEIO DE CONSEGUIR O BEM E O ALÍVIO DE SEUS IRMÃOS. Mas entendei: renunciar ao que se possui não é jogá-lo fora, não é desfazer-se de tudo: É NÃO SE APEGAR AO HAVERES TRANSITÓRIOS, MAS FAZÊ-LOS PROSPERAR COM O BOM EMPREGO QUE LHES POSSA DAR, EM BENEFÍCIO DA HUMANIDADE. Assim age o verdadeiro discípulo do Cristo, a quem foram confiadas riquezas que devem ENRIQUECER SUA ALMA, JAMAIS EMPOBRECER O SEU ESPÍRITO.

A RECOMPENSA DO FIEL

P – Um ponto que mereceu as atenções do nosso Posto Familiar é o que se refere à recompensa do discípulo fiel, no Evangelho segundo Mateus. Como o Espírito da Verdade explica essas palavras de Jesus?

R – Examinemos MATEUS, X: 40-42 e XI: 1.

40 – “Aquele que vos recebe a mim me recebe; e aquele que me recebe recebe o Pai, que me enviou. 41 – Aquele que recebe o profeta como profeta receberá a recompensa do profeta; aquele que recebe o justo receberá a recompensa do justo. 42 – Todo aquele que der de beber um copo d’água fria a um desses pequeninos, só por ser dos meus discípulos, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.” X:1 – Logo que terminou essas instruções aos seus discípulos, Jesus partiu, para pregar e ensinar nas cidades vizinhas.

O sentido e alcance destas palavras, dirigidas por Jesus, como ensino, aos homens de então e do futuro, podem resumir-se da forma seguinte: AQUELE QUE DEPOSITA SUA FÉ EM DEUS, E PROCEDE TENDO EM VISTA A VIDA ETERNA, OBTERÁ A RECOMPENSA RESERVADA AO FIEL. As palavras dos versículos 40 eram endereçadas aos Apóstolos: “Aquele que recebe os vossos ensinamentos recebe os meus, e quem recebe os meus ensinamentos recebe os do

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Pai, que me enviou.” As palavras do versículo 41 são simbólicas: AQUELE QUE PROCEDE COM LOUVÁVEL INTUITO SERÁ RECOMPENSADO PELA SUA INTENÇÃO, DENTRO DA LEI DE AMOR E CARIDADE. Quanto às do versículo 42, encerram a seguinte lição para todos os homens: “O bem que fizerdes vos será contado no Livro da Vida, POR MENOR IMPORTÂNCIA QUE TENHA O VOSSO ATO, E SEJA QUAL FOR A DOS IRMÃOS QUE TIVERDES SOCORRIDO.” Este versículo, contém o símbolo sagrado do copo d’água fluidificada, em que a Divina Providência, medicando vossas almas, purifica vossos corpos. Pois, na verdade, SE DEUS CRIOU A ÁGUA – E ESTE É O “GRANDE MILAGRE” – QUAL O REMÉDIO QUE ELE NÃO PODE COLOCAR DENTRO DELA? Tudo depende, apenas, do vosso merecimento.

MISSÃO DOS 72 DISCÍPULOS

P – Todos, aqui, estudam as lições do CEU da LBV, com muito interesse. Um dos integrantes do nosso grupo quer saber o significado da missão dos 72 discípulos do Cristo. Que diz o Espírito da Verdade?

R – Vejamos LUCAS, X: 1-12 e 16.

1 – Algum tempo depois, o Senhor escolheu setenta e dois outros discípulos e os enviou dois a dois, precedendo-o, a todas as cidades e a todos os lugares aonde ele próprio tinha de ir. 2 – E lhes dizia: “A seara, na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos: rogai, pois, ao dono da seara que mande obreiros para ela. 3 – Ide; eu vos mando como cordeiros para o meio de lobos. 4 – Não leveis bolsa, nem alforge, e a ninguém saudeis pelo caminho. 5 – Ao entrardes em qualquer casa, dizei primeiro: Paz a esta casa. 6 – Se aí estiver algum filho da paz, vossa paz ficará com ele; se não, voltará para vós. 7 – Permanecei na casa comendo e bebendo do que nela houver, pois digno é o operário do seu salário; não andeis de casa em casa. 8 – Quando entrardes numa cidade qualquer, onde vos acolham, comei do que vos apresentarem; 9 – curai os doentes que aí encontrardes, e dizei-lhes: o reino de Deus está próximo de vós. 10 – Mas, se entrando nalguma cidade, não vos receberem, ide pelas ruas e dizei: 11 – Sacudimos contra vós até a poeira da vossa cidade que se agarrou aos nossos pés; sabei, todavia, que o reino de Deus está próximo. 12 – Eu vos digo que, naquele dia, os habitantes de Sodoma serão tratados com mais indulgência do que os moradores de tal cidade. 16 – “Aquele que vos escuta a mim me escuta; aquele que vos despreza a mim me despreza; e aquele que me despreza em verdade despreza o Pai que me enviou”.

Jesus deu aos setenta e dois discípulos as mesmas instruções que dera aos apóstolos. Tudo já vos foi suficientemente explicado, e não há necessidade de voltarmos a esses pontos. Todavia, algumas passagens precisam de EXPLICAÇÕES ESPECIAIS. “Não saudeis a ninguém pelo caminho”, disse o Cristo aos setenta e dois discípulos. Preciso é tirar da letra o espírito. Com tais palavras, o Mestre lhes recomendava: “Não vos deixeis desviar do caminho que seguis; não pareis. Avançai para a vossa meta, até que a tenhais alcançado”. Vejamos, no versículo 6, as expressões “filhos da paz” e “a vossa paz”. Por “filhos da paz” designava Jesus os que estavam dispostos a enveredar pela nova estrada, em que realmente poderiam adiantar-se nas vias do Senhor. “A nossa paz”, a paz dos discípulos, se deve entender no mesmo sentido. Por essa PAZ se compreendem a fé e os conhecimentos que possuíam, e que para eles voltavam desde que se achassem num meio refratário a aceitá-los. “Permanecei na mesma casa; não passeis de uma casa para outra”. Desta forma, JESUS ACONSELHAVA AOS DISCÍPULOS A PERSEVERANÇA. AS MUDANÇAS COMPROMETERIAM OS RESULTADOS A QUE ELES VISAVAM, E QUE SÓ PERSEVERANDO ALCANÇARIAM. “Comei e bebei do que na casa houver e vos for apresentado; porquanto o operário é digno do seu salário”. Compreendei: OS DISCÍPULOS DAVAM O ALIMENTO DO ESPÍRITO E RECEBIAM, DE OUTROS, O ALIMENTO DO CORPO. Nem só pelo Espírito vive o homem: cumpre-lhe, portanto, prover as necessidades do corpo. MAS OS DISCÍPULOS TINHAM DE SE LIMITAR A SATISFAÇÃO DA NECESSIDADE E DAR GRATUITAMENTE O QUE GRATUITAMENTE HAVIAM RECEBIDO. Longe disso está o que fazem aqueles que, dizendo-se discípulos do Cristo e sucessores dos Apóstolos, mas pretextando que o operário é digno do salário, traficam com as coisas de Deus e recebem dinheiro pelas suas

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orações; que se esforçam por conseguir o bem-estar material inoperante, o luxo, a voluptuosidade, o fausto; que desse modo vivem à custa de seus irmãos, absorvendo inutilmente a alimentação, o pão cotidiano de inúmeras famílias. TODO AQUELE, QUE REALMENTE QUISER SER DISCÍPULO DO CRISTO, SEJA PADRE OU CHEFE DE FAMÍLIA, TEM DE SE CONTENTAR COM O NECESSÁRIO A SUA MISSÃO; VIVER NO LUXO, NA OSTENTAÇÃO – NUNCA! Possuindo mais do que o necessário, deixa o homem de ser discípulo do Mestre, que deu na Terra a lição e o exemplo da humildade, do desinteresse, do devotamento, da abnegação, da caridade e do amor, que O DISCÍPULO AUTÊNTICO DEVE TER E PRATICAR JUNTO DE SEUS IRMÃOS.

DIREITO DE VIDA E MORTE SOBRE A ALMA

P – Disse Jesus aos 72 discípulos: “Aquele que vos escuta a mim me escuta; aquele que vos despreza a mim me despreza; o que me despreza a mim despreza. Aquele que me enviou”. Como o Espírito da Verdade interpreta estas palavras?

R – Estes dizeres se aplicavam AOS APÓSTOLOS E AOS DISCÍPULOS ESCOLHIDOS QUE, UNS E OUTROS, TINHAM A ASSISTÊNCIA E O CONCURSO DO ESPÍRITO SANTO, isto é, dos Espíritos Superiores que constantemente os acompanhavam no desempenho de suas missões e que assim, como ECOS FIÉIS DOS ENSINAMENTOS DO CRISTO, OS REPETIAM E PUNHAM EM PRÁTICA, JUNTANDO DESSE MODO, ENTRE AQUELES A QUEM PREGAVAM, O EXEMPLO À PALAVRA. Entretanto, apoiando-se nessas proposições de Jesus, os homens se arrogaram o direito de vida e de morte sobre as almas: NÃO COMPREENDERAM QUE NÃO SE CONFIA A EXECUÇÃO DA OBRA SENÃO AO OPERÁRIO CAPAZ DE A EXECUTAR, E QUE NÃO BASTA QUE O PAI TENHA SIDO HÁBIL PARA QUE O FILHO O SEJA IGUALMENTE. Enviando os discípulos que escolhera para transmissores de sua palavra, com autoridade para abençoar ou reprovar JESUS NÃO DEU ESSE DIREITO A QUEM QUER QUE ENTENDESSE DE EXERCÊ-LO. Conquanto um gentio pudesse expulsar os demônios em seu nome, ainda assim era preciso que o invocasse seriamente, isto é, com fé viva, humildade, caridade e amor. Disse Jesus aos discípulos: “ Ide levar minha palavra a todas as cidades e a todas as povoações; ide pregar a Boa Nova. A Verdade vos pôs nas mãos o seu facho; iluminai com sua luz todas as inteligências. Que a luz se espalhe. Ai dos que se recusarem a vê-la! Em torno deles, mais densas as trevas se farão. Entretanto, não condeneis os que a repelem, mas sacudi a poeira dos vossos pés, isto é, afastai-vos sem deles nada aceitar ou levar, nem mesmo a poeira que vossos passos levantem. Esses serão tratados com mais rigor que os de Sodoma e Gomorra, pois a luz lhes foi mostrada e eles fecharam os olhos; a palavra de paz lhes foi levada e taparam os ouvidos.” OS QUE, APLICANDO A SI MESMOS AS PALAVRAS DO MESTRE, SE INVESTIRAM DO PODER DE LIGAR E DESLIGAR, ESQUECERAM QUE JESUS RECOMENDAVA AOS DISCÍPULOS QUE NÃO SE MUNISSEM DE DUAS TÚNICAS, NEM DE DOIS PARES DE SANDÁLIAS. Nisto, como em tudo, cada um tomou o que lhe convinha, sem se importar com o resto. Dando aquele poder aos Apóstolos e discípulos, o Cristo lhes proibiu, ao mesmo tempo, que cogitassem do bem-estar pessoal, que recebessem coisa alguma em troca de seus ensinamentos e suas preces, que pensassem no exibicionismo de autoridade, sob qualquer aspecto, junto aos poderosos ocasionais do mundo. Como procederam os que interpretaram e aplicaram as palavras de Jesus? Como ousaram, desde o momento em que se tiveram por herdeiros dos poderes que o Mestre conferiu aos que chamou, transgredir suas ordens, ao ponto de passarem a vida no fausto e na voluptuosidade, ligando e desligando do alto de seus tronos mundanos, pregando o desprendimento e a abstinência do seio do luxo e da abundância, lavando os pés de alguns e permitindo que lhes beijem os seus? Para vergonha sua, O HOMEM NÃO COMPREENDE QUE A ÚNICA FORMA DE ERIGIR PARA SI MESMO UM TRONO CONSISTE EM ASSENTÁ-LO NO EXEMPLO DE UMA VIDA AUSTERA E HUMILDE, PRIMANDO POR SEGUIR AS PEGADAS DO CRISTO, POR IMITAR SEUS APÓSTOLOS E DISCÍPULOS, VIVENDO OS ENSINOS DO EVANGELHO DE DEUS. Maior seria o poder desses homens, que se dizem herdeiros dos Apóstolos, mais persuasivas e escuadas seriam as suas palavras, mais obedecidos e respeitados seriam eles se, pelo

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exemplo, pregassem as virtudes que apenas lhes saem dos lábios rosados, como ironia atirada à face dessas pobres, macilentas e miseráveis criaturas, a quem recomendam o desprendimento das glórias do vosso mundo! Não está, porém, dentro deste quadro a nossa tarefa atual; por isso encerramos, aqui, nossas observações. A cada dia basta o seu labor. As virtudes cristãs, que hão de atrair os homens, virão breve assentar-se, brilhantes e perenes, no cimo da montanha. Mas não esqueçais: SOMENTE OS QUE EM TUDO SE ESFORÇAM POR SEGUIR OS PASSOS DE JESUS, OS QUE IMITAM OS APÓSTOLOS E DISCÍPULOS, OS QUE PRATICAM SINCERAMENTE AS SUAS LIÇÕES SUA DOUTRINA ETERNA, TEM O DIREITO – SEJAM O QUE FOREM – PADRES OU LEIGOS, JUDEUS OU GENTIOS, DE SE DIZEREM CONTINUADORES DO CRISTO, aplicando a si mesmos estas palavras: “ Aquele que vos escuta a mim me escuta; aquele que vos despreza a mim me despreza; e o que me despreza despreza o Pai que me enviou”. Os termos do versículo 16 também se aplicam, hoje, a vós outros, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, guiados e inspirados pelos Espíritos do Senhor chamados a divulgar a Nova Revelação, a ensinar o Evangelho e o Apocalipse em Espírito e Verdade. Sede, portanto, os legítimos descendentes e herdeiros dos Apóstolos, caminhando sempre com a BOA VONTADE DE DEUS. Que nenhuma nódoa possa tisnar a túnica alva de que vossas almas se revestiram, para a LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL DE TODA A HUMANIDADE!

REGRESSO DOS SETENTA E DOIS

P – Na passagem referente a volta dos 72 discípulos, Jesus disse: “Eu via Satanás caindo do céu como relâmpago”. Como explica isso o Espírito da Verdade?

R – Vejamos LUCAS, X: 17-20.

17 – Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: “Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome!” 18 – Jesus lhes disse: “Eu via Satanás caindo do céu como relâmpago. 19 – Vedes que vos deis o poder de esmagar as serpentes, os escorpiões e todo o poder do inimigo; nada vos causará dano. 20 – Contudo, não vos alegreis por estarem os espíritos submetidos a vós; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos no céu”.

Dizendo aos discípulos que via Satanás cair do céu qual relâmpago, Jesus lhes falava, como sempre, figuradamente. Toda vez que tentardes combater o mal sob qualquer forma que se apresente, mas tendo em vista O PROGRESSO E O AMOR UNIVERSAL, O MAL SE PRECIPITARÁ NOS ABISMOS INSONDÁVEIS E SUA QUEDA SERVIRÁ PARA VOS ESCLARECER. Sempre que vos aventurardes por uma estrada desconhecida, perigosa e difícil, mas ao fim da qual podeis entrever o bem de vossos irmãos e o progresso da Humanidade, caminhais desassombradamente. Os répteis venenosos, que se ocultam por onde passais, não levantarão as cabeças malfazejas contra vós, nem vos lançarão seus dardos mortíferos. E vós os esmagareis com os pés, e eles se ocultarão envergonhados da derrota. DEUS PROTEGE OS QUE TRABALHAM COM ZELO NA OBRA QUE LHES CONFIOU. Por isso mesmo, não vos orgulheis nunca do que o Senhor permita que façais. Vosso objetivo e vossa única ambição devem constituir em ganhar a recompensa prometida. REJUBILAI-VOS, POIS, SE VIRDES QUE VOSSAS OBRAS VOS AUTORIZAM A ESPERÁ-LA, MAS NÃO TIREIS DAÍ NENHUM MOTIVO DE VAIDADE. Na verdade, os que ando sinceramente no caminho do Mestre podem rejubilar-se, pois seus nomes ESTÃO ESCRITOS NO CÉU. O Cristo paga sempre ao trabalhador na razão do seu trabalho. Se, portanto, sentirdes que vossas obras são boas, sabeis igualmente que tendes os nomes escritos para o recebimento do salário. Daí a afirmação de Jesus: “Vedes que vos dei o poder de esmagar as serpentes, os escorpiões e todo o poder do inimigo: NADA VOS CAUSARÁ DANO. Contudo não vos alegreis por estarem os obsessores submetidos a vós; alegrai-vos antes POR ESTAREM OS VOSSOS NOMES ESCRITOS NO CÉU”. Cristãos do Novo Mandamento, igual a dos discípulos deve ser a vossa alegria, porque também sois designados para trabalhar na Obra e conseguireis tudo o que tentardes em seu nome, com o fim exclusivo de impulsionar o progresso da Humanidade!

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JESUS E OS DISCÍPULOS DE JOÃO

P – Dizem os Evangelhos segundo Mateus e Lucas que João enviou dois de seus discípulos a Jesus, para saber se era ele, realmente, o Cristo anunciado desde Moisés. Como o Espírito da Verdade interpreta essas passagens da Bíblia?

R – Harmonizemos: MATEUS, XI: 2-6 com LUCAS, VII: 18-23.

MATEUS: 2 – Tendo, na prisão, sabido das obras de Jesus, João mandou que dois de seus discípulos fossem ter com ele, 3 – dizendo-lhe: “És aquele que devia vir ou esperamos outro?” 4 – Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que ouvis e vedes. 5 – Os cegos vêem, os coxos caminham, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam; o Evangelho é pregado aos pobres. 6 – Bem-aventurado o que não se escandaliza de mim.”

LUCAS: 18 – Os discípulos de João lhes referiram todas as coisas que Jesus fazia. 19 – E João chamou dois deles e os mandou a Jesus, para lhe perguntarem: “És aquele que tinha de vir ou é outro o que devemos esperar?” 20 – Esses homens, encontrando Jesus, lhe disseram: “João Batista nos mandou aqui para te perguntarmos se és aquele que tinha de vir ou é outro o que devemos esperar?” 21 – Nesse mesmo instante, Jesus curou muitas pessoas de enfermidades, de chagas e de maus Espíritos, e restituiu a vista a muitos cegos. 22 – Em seguida, respondendo aos discípulos de João, disse: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos estão vendo, os coxos estão andando, os leprosos estão limpos, os surdos estão ouvido, os mortos ressuscitam e o Evangelho é anunciado aos pobres. 23 – Bem-aventurado será aquele que não se houver escandalizado de mim.”

As rivalidades, decorrentes das paixões doutrinárias, explicam o fato. Mesmo entre os melhores discípulos do Evangelho, traídos pela paixão de Deus, surgem ciumadas e dissensões perigosas. A fama levara aos discípulos do Batista o rumor dos atos de Jesus. Eles não tinham a certeza de que o Mestre fosse QUEM DEVIA SER. Não se trataria de algum hábil impostor? Foi, portanto, para comprovar a sua identidade que João lhe enviou dois emissários. O Precursor queria que eles se certificassem, com os seus próprios olhos, de que JESUS ERA, REALMENTE, AQUELE CUJA VINDA ELE MESMO ANUNCIARA. Quanto aos chamados “milagres”, que Jesus praticou diante dos discípulos de João Batista nada precisamos dizer por ser inútil repetir explicações já divulgadas. O Mestre disse: “O EVANGELHO É PREGADO AOS POBRES”. As palavras “aos pobres” eram ditas mais para aquela época do que para o futuro. Os pobres se viam desprezados, efetivamente abandonados; ninguém se importava com eles. Falando como falou, Jesus tinha em mira ELEVAR AQUELA CLASSE MISERÁVEL, FAZÊ-LA PARTÍCIPE DO PROGRESSO INTELECTUAL HUMANO. Tomadas numa acepção geral, aplicadas a todas as épocas, as palavras “aos pobres” se devem entender como abrangendo TODOS OS QUE, SENTINDO A NECESSIDADE DE SE ENRIQUECEREM COM A PALAVRA DE DEUS, DESEJEM OUVIR DE CORAÇÃO AS VERDADES ETERNAS DO EVANGELHO, COMPLETADAS AGORA PELAS VERDADES FINAIS DO APOCALIPSE. Por isso advertiu o Cristo: “Bem-aventurado aquele que não se houver escandalizado de mim”. Quer dizer: REPELE O MESTRE QUEM REJEITA SEU ENSINAMENTO. Feliz, pois, á aquele que escolhe os seus preceitos e os põe em prática, porque progride e não tem que temer sua repulsa naquele terrível Dia do Senhor .

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A MISSÃO DO PRECURSOR DE JESUS

P – As palavras de Jesus sobre a figura de João, o Batista, são realmente consagradoras. Qual, segundo o Cristo de Deus, a missão do Precursor, na análise do Espírito da Verdade?

R – Antes vamos harmonizar: MATEUS, XI: 7-15, LUCAS, VII: 24-30, e XVI: 16.

MATEUS: 7 – Logo que eles se foram embora, começou Jesus a falar de João, dirigindo-se ao povo nestes termos: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 8 – Que é que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Na casa dos reis é que vivem os que se vestem assim. 9 – Que é que, então, fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais que profeta; 10 – porquanto dele é que está escrito: Eis que envio na tua frente o meu anjo, que vai preparar-te o caminho. 11 – Em verdade vos digo: nenhum dos nascidos de ventre de mulher é maior do que João Batista, mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele. 12 – Desde os dias de João até o presente, o reino dos céus sofre violência e os violentos os arrebatam; 13 – pois, até João, todos os profetas e a lei profetizaram; e, 14 – se quereis saber, ele á Elias que há de vir. 15 – Ouça quem tiver ouvidos de ouvir.”

LUCAS: 24 – Logo que foram os mensageiros de João, entrou Jesus a falar dele à multidão, dizendo: “Que é que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 25 – Pergunto: que é que fostes ver? Um homem trajando roupas finas? Na casa dos reis é que se encontram os que se vestem magnificamente, e vivem nas suas delícias. 26 – Que é, então, que fostes ver? Um profeta? Sim, certamente, e eu vos digo: mais do que profeta. 27 – Porque de João é que está escrito: Eis que, na tua frente, envio meu anjo, para te preparar o caminho adiante de ti. 28 – E por isso eu vos digo que, dentre os nascidos de mulher, nenhum ainda houve maior do que o Batista; mas aquele que for o menos no Reino de Deus é maior do que ele.” 29 – Todo o povo, e os publicanos que o ouviram, se submeteram aos desígnios de Deus recebendo o batismo de João. 30 – Mas os escribas e os doutores da lei desprezaram os desígnios de Deus para com eles, não se fazendo batizar por João. XVI: 16 – A lei e os profetas duraram até João, desde então, o Reino de Deus é pregado aos homens e cada um lhe faz violência.

Falando de João nesses termos, Jesus dava testemunho da missão que o Precursor viera desempenhar, assim como anunciava A NOVA E FUTURA MISSÃO QUE ELE DESEMPENHARÁ, e lançava a pedra fundamental em que assentaria o edifício da regeneração da Humanidade. A época do aparecimento de Jesus na Terra, sob a forma corporal humana, vos é indicada como sendo a base do progresso que nas idéias se havia de produzir. E elas se elevaram, lentamente, é verdade, mas o bastante para se despojarem do envoltório material que as constringia. E tendem a elevar-se, cada vez mais, para às regiões espirituais. O ACABAMENTO DESSA GRANDE EMPRESA, A CONTINUAÇÃO DA OBRA DE JESUS, EIS A TAREFA QUE NÓS DESEMPENHAMOS, SOB AS VISTAS E A DIREÇÃO DO MESTRE. Referindo-se ao Precursor, disse Jesus à multidão: “Fostes ver um profeta? Sim, e mais do que profeta, porque dele é que está escrito: ENVIO À TUA FRENTE O MEU ANJO, PARA TE PREPARAR O CAMINHO.” Jesus se exprimiu assim porque João, Espírito adiantado, já atingira um grau de elevação mais alto que os dos profetas. Contai os séculos de trabalho e de saber, decorridos depois da existência de Elias, e entendereis que, comparando os profetas, nas diversas épocas em que apareceram, COM ELIAS REENCARNANDO COMO PRECURSOR DO CRISTO, Jesus mostrava a longa trilha de progresso que fora percorrida. Hoje, ELIAS, É MUITO MAIS AINDA QUE O ELIAS DOS HEBREUS. Ao cumprir sua derradeira missão, encerrando sua passagem pela Terra, maior ainda será, não sob o aspecto da austeridade dos costumes e do Espírito, mas sob o aspecto do poder e da ciência. NADA HÁ IMUTÁVEL NA CRIAÇÃO: O PROGRESSO MORAL SÓ PODE PARAR NO SEIO DE DEUS. Ele prossegue sempre, até ao instante em que atinge, aos pés do Eterno, os últimos limites da perfeição moral. QUANTO AO PROGRESSO EM CIÊNCIA UNIVERSAL, ESTE É INDEFINIDO: PARA O ESPÍRITO QUE SE TORNOU PERFEITO, VEM ELE DIRETAMENTE DE DEUS A QUEM, TODAVIA, O ESPÍRITO JAMAIS SE PODERÁ IGUALAR.

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JOÃO ESPÍRITO E JOÃO HOMEM

P – No ponto em estudo, Jesus afirma: “Em verdade vos digo que nenhum dos nascidos de ventre de mulher foi maior do que João Batista; entretanto, o menor no Reino do Céu é maior do que ele”. Como o Espírito da Verdade explica esta assertiva do Mestre?

R – Falando desse modo, Jesus procurava impressionar fortemente os homens atrasados a quem se dirigia. Apresentando-lhes João, que tão grande era na Terra, como inferior ao que fosse o menor no Reino dos Céus, intentava desenvolver naqueles homens a aspiração por esse reino e o desejo de alcançá-lo, ouvindo e guardando as palavras do Precursor e as suas próprias palavras, seguindo os caminhos que ambos traçaram: A DIFERENÇA ESTABELECIDA POR JESUS ENTRE JOÃO HOMEM E JOÃO ESPÍRITO DIZIA RESPEITO AOS ENTRAVES DA MATÉRIA. Por mais elevado que seja, o Espírito sofre sempre a influência do corpo que o constrange. Mas, por isso mesmo, o Senhor não se serve de uma só medida, como faz a Humanidade, para julgar dos atos de seus filhos. Quantas vezes o homem anatematiza seu irmão, por faltas derivadas da organização da máquina, E FECHA OS OLHOS ÀS FALTAS GRAVES PROVENIENTES DE DESVIOS DO ESPÍRITO. João humanizado era naturalmente menor do que João Espírito. E Jesus, comparando-o ao menor no Reino dos Céus, queria que o homem compreendesse a DIFERENÇA QUE EXISTE ENTRE O ESPÍRITO LIVRE DE ENTRAVES E O ESPÍRITO APRISIONADO NO CORPO. ALÉM DISSO, AFIRMAVA INDIRETAMENTE (SOB O VÉU QUE SÓ A NOVA REVELAÇÃO PODERIA LEVANTAR) SER SUPERIOR A JOÃO, PORQUE ELE – JESUS – NÃO NASCERÁ DE VENTRE DE MULHER. E isso constitui a prova definitiva do que ensinamos a respeito da origem do Cristo e da virgindade de Maria Santíssima.

A VIOLÊNCIA E O REINO DOS CÉUS

P – Anotamos, no ponto em exame, estas palavras do Mestre: “Desde os dias de João até ao presente, o Reino de Deus sofre violência, e os violentos o arrebatam”. Que sentido dá o Espírito da Verdade a essas palavras profundas?

R – Esta afirmação do Mestre encerrava uma figura, destinada a fazer sentir aos judeus que OS QUE PRETENDIAM SER OS ÚNICOS A ALCANÇAR O REINO DE DEUS ERAM INCAPAZES DE ENTRAR NELE. Tais palavras, repetimos, foram empregadas figuradamente, porquanto o Espírito culpado jamais gozou, nem gozará jamais, da felicidade celeste, ENQUANTO NÃO SE HOUVER TRANSFORMADO, VENCENDO O MAL COM O BEM. E “os violentos o arrebatam”, acrescentava Jesus, porque os escribas e os fariseus entendiam que só eles alcançavam a Paz do Senhor, PRATICANDO OSTENSIVAMENTE A LEI QUE VIOLAVAM COM O CORAÇÃO. Alardeando a posse de todas as graças de Deus, com requintes de hipocrisia, não arrebatavam eles, AOS OLHOS DA MULTIDÃO IGNORANTE, a morada eterna? Na verdade, AOS OLHOS DE DEUS, não havia da parte deles nenhum esforço, nenhuma tentativa, nenhum merecimento para tamanha pretensão. Eram o que são os inquisidores de todos os tempos supostos herdeiros do Cristo e do Cristianismo. Eram o que são os vossos “filósofos”, os vossos “ espíritos fortes”, os vossos “ crentes” que interiormente em nada crêem. CEGAVAM A MASSA POPULAR, CHAMAVAM A SI AS HONRAS E OS PROVEITOS, E AINDA USURPAVAM, À VISTA DAQUELES POBRES CEGOS, A FELICIDADE E A PAZ DO CEU. Mas continua Jesus: “Pois, até João, todos os profetas e a lei profetizaram”. E ninguém escutou as profecias; ninguém procurou, verdadeiramente, conquistar a morada celeste, MAS TODOS (PELO PENSAMENTO) A USURPARAM. O “Elias que tem de vir” realmente veio: João, o Batista. Os publicanos constituíam a classe dos empregados subalternos que, obedecendo aos chefes da sinagoga, arrecadavam os impostos; desempenhavam, portanto; funções que sempre despertavam a animosidade popular. Eram com mais humildes: receberam com o povo a palavra de João e, por conseqüência, o batismo de penitência. MAS OS FARISEUS ERAM OS SECTÁRIOS ORGULHOSOS, QUE CUMPRIAM AS MAIS DIFÍCEIS PRESCRIÇÕES DE MOISÉS COM O FIM EXCLUSIVO DE DEMONSTRAR A

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SUA SUPREMACIA, E, NA SUA “SUPERIORIDADE”, IGNORAVAM QUE JOÃO ERA O PRÓPRIO MOISÉS REENCARNADO, PARA CONTINUAR SUA MISSÃO. Os doutores da lei eram os que preparavam e punham sobre os ombros de seus irmãos – como advertiu Jesus – os fardos que eles mesmos não ousariam tocar com o dedo. Os escribas e os fariseus, acastelados no seu orgulho, rejeitaram a palavra e o batismo de João, repelindo os desígnios de Deus para com eles próprios, desprezando a ocasião de entrarem no Reino do Céu: o batismo era um emblema ou um símbolo, mas a palavra de João era o meio. Daí a sentença do Redentor: “A lei e os profetas duraram até João; a partir de então, o Reino de Deus é pregado aos homens e cada um lhe faz violência”. Violência inútil, já o sabeis; cada um lhe faz violência (linguagem figurada) no sentido de que NINGUÉM SE APLICA A FAZER O QUE DEVE PARA ALCANÇA-LO, COMO AQUELES DE QUEM JESUS FALAVA, AINDA EM VOSSOS DIAS CADA UM DELES TRABALHA POR CRIAR PARA SI MESMO O REINO DA TERRA E FORÇAR O REINO DO CÉU, ISTO É, FAZ DA HIPOCRISIA OU DO ANÁTEMA UM MEIO DE CONQUISTÁ-LO, MAS NENHUM PROCURA PENETRAR NELE. PARA LÁ SE MANTER, DENTRO DA LEI DIVINA.

ELIAS DE NOVO NA TERRA

P - Já sabemos que João era o “Elias que há de vir”, conforme às Sagradas Escrituras. Mas que diz o Espírito da Verdade sobre a “futura missão” de Elias?

R – Disse o Mestre: “Se quiserdes compreender, João é o Elias que há de vir”. E concluiu, dizendo: “Ouçam os que tem ouvidos de ouvir”, Ele o fez para chamar a atenção, tanto dos homens daquele tempo como dos homens do futuro, para as palavras que acabava de proferir, AS QUAIS ENCERRAVAM UM SENTIDO OCULTO, pois o Elias que havia de vir já viera. Sabeis que Jesus tinha a presciência do futuro: TODOS OS SÉCULOS VINDOUROS SE LHE PATENTEAVAM AOS OLHOS. Essas palavras, portanto, devem hoje prender-vos a atenção, tal como sucedeu na época em que foram ditas: CUMPRE QUE CONCLUAM A OBRA TODOS AQUELES QUE A COMEÇARAM. Assim, não acrediteis que, terminada a sua missão terrena, como Precursor do Cristo, João tenha deixado de trabalhar pelo progresso da Terra. Na condição de Espírito, ele continuou a cumprir sua missão. Neste momento, quando se prepara a volta de Jesus ao vosso mundo, escutai a palavra de Elias, que novamente clama aos povos, dizendo: “Arrependei-vos! Aproxima-se a hora do julgamento, e a morte pode surpreender-vos e entregar os Espíritos culpados à expiação na erraticidade e, depois, as penas e angústias da reencarnação! Não vem longe o instante em que a Terra passará pelo cadinho da depuração, em que OS MAUS SERÃO SEPARADOS DOS BONS; O INSTANTE EM QUE OS ESPÍRITOS CULPADOS E REBELDES, VOLUNTARIAMENTE CEGOS, SERÃO DEPORTADOS PARA OS MUNDOS INFERIORES, ONDE TERÃO DE EXPIAR A SUA REBELDIA DURANTE LONGOS SÉCULOS! ORAI E VIGIAI, PARA NÃO SERDES SURPREENDIDOS; PURIFICAI-VOS PORQUE, EMBORA USURPADORES DESEJEM PENETRAR NA MORADA CELESTE, SÓ OS ELEITOS ALI RECEBIDOS. E TODOS VÓS SOIS DESTINADOS A FIGURAR ENTRE OS ELEITOS, OS QUE TAL SE TORNAREM PELO SEU MERECIMENTO!” Ouçam os que tem ouvidos de ouvir: Moisés – Elias – João, o Precursor, revive no meio de vós. Sua presença assinala imenso progresso, tanto no terreno espiritual quanto no moral e intelectual-científico. Sua missão é a do AMOR UNIVERSAL, CONSEQUÊNCIA DO NOVO MANDAMENTO QUE O CRISTO VOS LEGOU, HÁ QUASE DOIS MIL ANOS. Os tempos chegaram, com as clarinadas imortais do Apocalipse! Breve, também tereis na Terra os casos de aparição IDÊNTICOS AO DA APARIÇÃO DE JESUS, ISTO É, POR INCORPORAÇÃO PURAMENTE PERISPIRÍTICA, MEDIANTE O REVESTIMENTO DE UM PERISPÍRITO TANGÍVEL COM A APARÊNCIA DO CORPO HUMANO! COMO VOS DIZ A PALAVRA DE DEUS: O CRISTO VOLTARÁ COM OS SEUS ANJOS!

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JOÃO E JESUS INCOMPREENDISOS

P – Jesus censurou os judeus porque não souberam compreender o Cristo e o seu Precursor. Como o Espírito da Verdade nos explica essas palavras do Mestre?

R – Harmonizemos Mateus, XI: 16-19 e Lucas, VII: 31-35

MATEUS: 16 – Com que hei de comparar esta geração? Ela se assemelha a crianças que, sentadas na praça pública e aos gritos, 17 – dizem aos seus companheiros: “Tocamos flauta para vós outros e não dançastes! Entoamos lamentações e não chorastes!” 18 – Pois veio João e, porque não come nem bebe, dizem: “Está possesso do demônio!” 19 – Veio o Filho do Homem e, porque come e bebe, dizem: “Ali está um comilão e um bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores!” Todavia, a sabedoria é justificada por seus filhos.

LUCAS: 31 – Disse o Senhor: “Com que poderei comparar os homens desta geração? A quem se assemelham? 32 – Assemelham-se a meninos que, sentados na praça e falando uns para com os outros, dizem: “Tocamos flauta para vós e não dançastes! Nós nos lamentamos e não chorastes!” 33 – João Batista veio e, porque não come pão nem bebe vinho, dizeis: “Ele está possesso do demônio!” 34 – O Filho do Homem veio e, porque come e bebe, dizeis: “É um comilão e beberraz, amigo dos publicanos e dos pecadores!” 35 – Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.

Nesta linguagem, apropriada à capacidade intelectual daqueles que o ouviam, Jesus fazia ver aos homens que suas inteligências rebeldes recusavam todos os testemunhos, quaisquer que fossem, procurando para o que observavam UMA RAZÃO DE SER ESTRANHA À BONDADE DE DEUS, não se rendendo nem à evidência dos fatos. E completava: “Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos”. Já estas palavras visavam ao futuro: OS QUE VIRAM NÃO COMPREENDERAM; COM O CORRER DOS SÉCULOS, OS ESPÍRITOS SE DESENVOLVERAM E, HOJE, VÓS OS COMPREENDEIS. Sábios, filhos de Jesus, são os que compreendem as verdades que os cegos negaram.

COMER E BEBER

P – Muitos acham contradição entre os hábitos de Jesus e de João, o Batista, com referência ao “ comer e beber”. Que diz a isso o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Nenhuma “contradição”. Tudo certo e perfeito, segundo os superiores desígnios do Alto. João vivia afastado dos homens, porque assim o exigia sua missão. Sua grande sobriedade espantava os judeus, que sacrificavam o que lhes fosse possível a satisfação dos apetites materiais. Por isso, a vida de insulamento, de contemplação, de toda sorte de continência, que o Batista se impusera, causava surpresa ao povo, E COMO NÃO PUDESSEM COMPREENDER QUE UM HOMEM, VOLUNTARIAMENTE, SE SUBMETESSE A TAL EXISTÊNCIA, TINHAM-NO POR VÍTIMA DE POSSESSÃO QUE O IMPELIA PARA O DESERTO, A VIVER FORA DE TODAS AS LEIS ESTABELECIDAS. João, porém, assim procedendo, cumpria exatamente sua missão de Precursor, dando o ensinamento e o exemplo da penitência, que tinha por símbolo o batismo às margens do Jordão, sendo a sua palavra o meio de os homens se prepararem para entrar no CAMINHO DO SENHOR. Ao contrário de João, Jesus tinha de viver no meio dos homens, a fim de mostrar a todos O QUE É PRATICAR O AMOR E A CARIDADE. Vulgarizava, por assim dizer, as virtudes que pregava, para torná-las mais compreensíveis. Incorporava-se as classes desprezadas, para mostrar aos orgulhosos que O PRIMORDIAL DEVER DO HOMEM É DISPENSAR ASSISTÊNCIA, PRIMEIRO, AOS QUE ESTÃO (OU QUE ELE JULGA ESTAREM) ABAIXO DE SI. Sentava-se, diante dos homens, à mesa do pobre, para que este aprendesse a descobrir o verdadeiro sabor do seu pão. Dormia (como todos supunham) sob o teto do portageiro, para lhe dar a sentir A CALMA QUE RESULTA DA PUREZA DE CONSCIÊNCIA. Navegava com os pescadores, a fim de lhes incutir o desprezo à morte, tendo por fundamento a Fé e a Eternidade.

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“Vivia” a vida do homem na companhia do homem, mas não ao lado d orgulhoso, razão pela qual os orgulhosos o acusavam de se comprazer nos “centros abjetos” da sociedade de então. Porventura, terão mudado os homens, que dizem – com Jesus – que ele não veio curar os que gozam saúde, nem salvar os que não se perderam, nem dar ainda coragem aos que não desesperam? Mudaram, porventura, os homens? Cristãos do Novo Mandamento, fazei como Jesus, sem vos preocupardes com os orgulhosos escribas e fariseus do vosso tempo! Como não podeis viver na solidão, como o Precursor, procurai seguir sempre o exemplo de Jesus: COMEI E BEBEI, COMO O CRISTO, A MESA DO POBRE, DO DESPREZADO, DO RÉPROBO, PORQUE ASSIM PODEREIS DAR-LHE O ALIMENTO QUE O SUSTENTARA PARA SEMPRE: O PÃO DA VIDA QUE NUTRE A ALMA, CLAREIA A INTELIGÊNCIA E PURIFICA O CORAÇÃO!

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A PECADORA E O FARISEU

P – Uma das componentes do nosso Posto Familiar pergunta qual a verdadeira interpretação da passagem da pecadora que banhou de lágrimas os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos, na casa do fariseu Simão. Como à interpreta o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Trata-se de Lucas, VII: 36-50.

36 – Tendo um fariseu pedido a Jesus que fosse comer em sua casa, ele foi e tomou lugar à sua mesa. 37 – Logo uma pecadora da cidade, sabendo que Jesus estava na casa do fariseu, aí veio ter, trazendo um vaso de alabastro cheio de bálsamo; 38 – e, colocando-se por trás dele, se pôs a banhar-lhe de lágrimas os pés, e a enxugá-los com seus cabelos, ao mesmo tempo que os beijava e os ungia com o bálsamo. 39 – Vendo isso, o fariseu disse de si para si: “Se este homem fosse profeta, saberia quem é a mulher que o toca, pois é uma pecadora!” 40 – Jesus, então, lhe disse: “Simão, tenho alguma coisa a te dizer”. Ao que ele respondeu: “Mestre, fala”. 41 – Jesus falou: “Um credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários e outro cinqüenta. 42 – Como não tivessem com que pagar, o credor perdoou as dívidas a ambos. Qual dos dois, em conseqüência, mais o estimará?” 43 – Simão respondeu: “Creio que aquele a quem mais perdoou”. Jesus replicou: “Julgaste bem, Simão”. 44 – E, voltando-se para a mulher, disse ainda ao fariseu: “Vês esta mulher? Entrei na tua casa e não me deste água para lavar os pés, enquanto que ela, ao contrário, banhou meus pés com suas lágrimas e o enxugou com seus cabelos. 45 – Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrou, não cessa de me beijar os pés. 46 – Não me ungistes a cabeça com bálsamo, ao passo que ela me unge com bálsamo os pés. 47 – Por isso eu te declaro que muitos pecados lhe são perdoados, porque ela muito amou. Aquele a quem menos se perdoa menos ama”. 48 – E disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. 49 – Os que com ele estavam à mesa, na casa de Simão, começaram a dizer entre si: “Quem é este que até perdoa pecados?” 50 – Mas Jesus disse à mulher: “Vai-te em paz; tua fé te salvou”.

O fato aqui referido constitui UM EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA QUE O ARREPENDIMENTO REPRESENTA SOBRE OS DESTINOS HUMANOS. Não por haver banhado os pés de Jesus com bálsamo e com lágrimas obtém a pecadora o perdão, mas porque esse gesto era a conseqüência do pesar, sincero e profundo, que lhe causavam suas faltas, e por serem imensas sua esperança e sua fé naquele diante de quem se prosternava. Mulher de costumes livres, que vendia o corpo, ela – no esplendor da sua beleza – se humilhava, enxugando com os cabelos aqueles pés que o seu arrependimento banhava de lágrimas. Ela, que era vaidosa de seus encantos, SACRIFICAVA AO ARREPENDIMENTO OS PERFUMES QUE SERVIAM PARA TORNÁ-LA MAIS SEDUTORA E PARA – PELO AROMA PENETRANTE – EXCITAR OS DESEJOS DOS QUE PAGAVAM SUAS CARÍCIAS. ESSES PERFUMES, ELEMENTOS DAS SUAS ORGIAS, SE SANTIFICAVAM AO CONTATO COM O SANTOS DOS SANTOS. E a pecadora se limpava das suas faltas pela satisfação com que se separava desses objetos de luxo, os únicos que possuía. Renunciava, assim, ao seu passado de desordens e fazia sinceras promessas de reparação no futuro. Não zombeis, portanto, da pecadora aos pés do Cristo. Ao contrário, imitando-a, vinde todos – TODOS, SEM EXCEÇÃO – derramar na fronte do Mestre os inebriantes perfumes que vos perdem, e ouvireis de sua boca palavras de paz, consolação e amor. A JESUS, E SOMENTE A JESUS, O PAI ONIPOTENTE DEU O PODER DE LIGAR E DESLIGAR, NA TERRA E NO CÉU. Os Apóstolos lhe obedeciam, eram os instrumentos que ele escolhera, e operavam guiados pelos Espíritos Superiores, quando também ligavam e desligavam na terra e no céu.

CILADA, PERDÃO E GRAÇA

P – No ponto em estudo, há uma coisa que merece explicação: o fato de uma pecadora conhecida entrar na sala do festim, na casa do fariseu. Que explicação nos oferece, a respeito, o Espírito da Verdade?

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R – A pergunta é oportuna e podeis formular essa outra: – Como veio a Simão a idéia de convidar Jesus para entrar na sua casa e sentar-se a sua mesa? Há que O FARISEU QUERIA SONDAR O MESTRE PARA DESCOBRIR NELE O PONTO VULNERÁVEL. Só se aproximando de Jesus podia esperar consegui-lo. Mesmo a introdução de Maria, naquela sala, era uma cilada. De outra forma ela não teria podido entrar lá, do mesmo modo que, sem a vossa autorização, uma “desclassificada” não entrará em vossas casas. Dirigindo a Simão as palavras dos versículos 43 a 46, referentes aos devedores, o Mestre estabeleceu uma comparação toda material, para ser compreendido por um homem material. Os fariseus não só eram orgulhosos, como também avarentos e cupidos. O exemplo que Jesus figurou não podia, portanto, deixar de ser apreciado e compreendido por um espírito dessa natureza. Sim, aquele a quem mais se perdoa será certamente, o mais reconhecido. Todavia, o perdão não é concedido sem ser suplicado; e as súplicas devem ser fervorosas e reiteradas, pois O SENHOR NÃO SALDA AS DÍVIDAS DE QUEM SE MOSTRE PROPENSO A CONTRAIR OUTRAS. ELE O FAZ SOMENTE ÀQUELE QUE SEJA CAPAZ, NO FUTURO, DE MANTER-SE SEM DESVIO NO CAMINHO RETO. Jesus, com o que disse ao fariseu (vs. 44 a 47), apontando para a mulher, aludia respectivamente aos sentimentos dele e dela: lendo o pensamento de Simão, conhecia a razão do “acolhimento” que este lhe dispensara. Falou, então, à mulher: “Teus pecados estão perdoados” (v. 48). A GRAÇA NÃO É O QUE A IGREJA HUMANA FORJOU. No caso da pecadora, havia remorso sincero e profundo. Seguir-se-ia a reparação, que não lhe seria duramente imposta, como sucede quando se trata de culpados endurecidos mas UMA REPARAÇÃO FEITA COM ALEGRIA E FELICIDADE, visando a alcançar o progresso, que deixara de realizar, e entrar de novo em graça perante o Amor do Pai. Disse, ainda, Jesus: “Vai-te em paz; tua fé te salvou.” A FÉ QUE ELA TIVERA NO CRISTO LHE ABRIRA OS OLHOS PARA O SEU MAU PROCEDER. A comparação entre a vida sem mácula do Mestre e os excessos inumeráveis da sua própria vida de pecadora foi o que a impressionou e impeliu a vir suplicar o perdão de suas faltas, AOS PÉS DAQUELE QUE ELA CONSIDERAVA O ENVIADO CELESTE. Nas suas interpretações, os homens se equivocaram completamente quanto ao sentido destas palavras de Jesus ao fariseu Simão: “Eu te declaro que muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou”. Dizendo de Maria que muito lhe era perdoado por haver amado muito, o Mestre não entrava em nenhuma das considerações a quem deram motivo humanas interpretações. O AMOR DE QUE ELE FALAVA ERA O AMOR CONSIDERADO DO PONTO DE VISTA DA CARIDADE. Embora mulher de vida dissoluta, Maria tinha um coração sensível às misérias de seus semelhantes. De natureza fraca e impressionável, sua existência depravada era mesmo devida AO EXCESSO DO SEU AMOR À FAMÍLIA, COM A QUAL REPARTIA, EM LARGA ESCALA, O PRODUTO DO SEU VERGONHOSO COMÉRCIO. Grande era a sua caridade para com outros: jamais um infortúnio apelara em vão para a sua piedade. Sua própria queda foi um ATO DE DEVOTAMENTO. Aí tendes o que não vos tinham dito; aí tendes, ainda, o que será encarado como estímulo ao vício sob o pretexto de devotamento a pais pobres; aí tendes, todavia, a fonte de tantos vícios que repelis com horror quando muitas vezes, um conselho e um socorro fariam o que fizeram as santas palavras do Mestre, Espírito fraco, Maria quisera lutar contra a sua fraqueza; quisera, sim, o combate excessivamente rude. Sucumbiu, a princípio, mas se levantou mais forte e mais valorosa. NÃO AOS OLHOS DOS HOMENS, QUE NADA PERDOAM, TENDO ELES TANTA NECESSIDADE DE PERDÃO, MAS AOS OLHOS DAQUELE QUE SONDA OS CORAÇÕES E AS ENTRANHAS, E PARA QUEM O PENSAMENTO CULPOSO E OCULTO EQUIVALE AO ATO CONSUMADO!

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CIDADES IMPENITENTES

P – O Evangelho nos fala das “cidades impenitentes”, censuradas por Jesus. Pelo CEU da LBV poderia o Espírito da Verdade explicar essa passagem?

R – Harmonizemos Mateus, XI: 20-24 e Lucas, X: 13-15.

MATEUS: 20 – Jesus começo, então, a exprobrar às cidades onde realizara tantos milagres o não terem feito penitência: 21 “Ai de ti, Corozain! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os prodígios operados, dentro de vós o tivessem sido em Tiro e em Sidon, eles teriam feito penitência em cilícios e cinza! 22 – Eis porque vos digo que no dia do juízo, Tiro e Sidon serão tratadas com menos rigor do que vós. 23 – Tu, Cafarnaum, porventura te elevarás até ao céu? Serás abatida até ao inferno, porquanto, se os milagres operados dentro dos teus muros o tivessem sido em Sodoma, talvez esta ainda hoje subsistisse! 24 – Eis porque te digo que, no dia do juízo, a terra de Sodoma será travada com menos rigor do que tu”.

LUCAS: 13 – “Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida! Pois que, se os prodígios realizados dentro de vós o tivessem sido, outrora, em Tiro e em Sidon, elas teriam feito penitência na cinza e nos cilícios! 14 – Eis porque no dia do juízo, Tiro e Sidon, serão tratados com menos rigor do que vós! 15 – E tu, Cafarnaum, que te elevaste até ao céu, submergirás até ao inferno!”.

Estas palavras de Jesus se referem AO ESTADO DOS ESPÍRITOS ENCARNADOS NAQUELA ÉPOCA. Penitência significa arrependimento. Quando diz que Tiro e Sidon teriam feito penitência, cobrindo-se de cinza e de cilícios, se tivessem visto os milagres que se operaram em Corazin e Betsaida, o Mestre emprega imagens materiais apropriadas, como sempre, aos Espíritos daquele tempo. A PENITÊNCIA DO ESPÍRITO CONSISTE NO CAUSTICANTE REMORSO DE SUAS FALTAS E NA EXPIAÇÃO QUE LHE SEGUE, MAS TUDO NA ORDEM MORAL. Seria possível, porventura, que seres materiais, como eram até mesmo os primeiros adeptos do Cristianismo, compreendessem que a penitência moral basta para o resgate das faltas perante a Justiça de Deus? Nas suas transgressões, eles não viam mais do que o ato material; portanto, NÃO PODIAM ADMITIR UMA REPARAÇÃO QUE NÃO FOSSE MATERIAL. Apreciai de outra maneira, o Cristão do Novo Mandamento, todas as coisas! Procurai O ATO ESPIRITUAL, penitenciai-vos dele e, no futuro, não praticareis mais atos materiais algum capaz de ofender o Senhor! Que o Espírito em vós domine o corpo; e a carne, subjugada, se tornará instrumento obediente, próprio a efetuar com mais presteza e maior facilidade a purificação espiritual. Jesus declara que os habitantes de Tiro e de Sidon serão tratados com menos rigor que os de Corazin e Betsaida, PORQUE A ESTES A LUZ FOI TRAZIDA E ELES A RECUSARAM. “A terra de Sodoma – disse, ainda, o Mestre – será tratado com menos rigor do que Cafarnaum”. É que, em Sodoma, os crimes tinham principalmente origem no rebaixamento da matéria, ao passo que os de Cafarnaum se originavam da revolta do Espírito. Fazendo tal distinção entre Sodoma e Cafarnaum, JESUS QUERIA QUE OS HOMENS COMPREENDESSEM ISTO: DE TODOS OS CRIMES PASSÍVEIS DE CASTIGO, OS MAIS GRAVES SÃO OS QUE A INTELIGÊNCIA COMETE. Conhecendo o Senhor as fraquezas da vossa matéria, não pune os seus arrastamentos senão quando o Espírito participa deles CONSCIENTEMENTE. Cafarnaum recebera a luz. Fora testemunha dos milagres. Mas, impenitente, tudo rejeitara. Entretanto, Sodoma – afundada no lodaçal da matéria – talvez tivesse saído da cloaca imunda de suas paixões grosseiras se ouvisse a Palavra de Deus. Talvez, presenciando os prodígios do Cristo, tivesse aceitado a luz, ouvindo a voz do arrependimento e renunciando aos seus crimes, dando ao Espírito o predomínio sobre os instintos brutais. Não vos admireis de que Jesus tenha usado o termo “talvez” quando, ao falar dos sodomitas, declarou: “Talvez Sodoma ainda hoje subsistisse”. Sem dúvida alguma, estando em relação constante e direta com Deus, ele, como sabeis, tinha a presciência do futuro e, bem assim, o conhecimento do passado. DISSE “TALVEZ” PORQUE NÃO CONVINHA QUE FALASSE AOS HOMENS, DE MODO PRECISO, DOS ATOS DAQUELE QUE NENHUMA CRIATURA PODE SONDAR. ERA MISTER (TAMBÉM O SABEIS E NÃO O PERCAIS DE VISTA) QUE, COMO SUCEDIA, JESUS PASSASSE ENTÃO ENTRE OS HOMENS – POR UM HOMEM IGUAL A ELES, E, SENDO ASSIM, NÃO PODIA APRESENTAR-SE A ELES COMO CONHECEDOR DO JUÍZO DE DEUS.

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INFERNO E JUÍZO

P – No ponto que estudamos, Jesus se refere ao inferno com muita energia, quando censura Cafarnaum. Isso dá origem às concepções infernalistas das religiões humanas, que se dizem baseadas no próprio Cristo! Que nos diz, a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Exprimindo-se, relativamente a cafarnaum, desta maneira “TU QUE TE ELEVASTE ATÉ AO CÉU”, isto é, tu que foste inundada de luz e que, orgulhosa, a rejeitaste, “SUBMERGIRÁS NO INFERNO”, usava o Mestre de linguagem e expressões apropriadas à inteligência de seus ouvintes. Por INFERNO designava, veladamente, as penas que os Espíritos culpados sofrem – primeiro, como seres erráticos e depois reencarnando na Terra ou em mundos inferiores, de expiação e provações. O INFERNO É A CONSCIÊNCIA DO CULPADO E O LUGAR, QUALQUER QUE ESTE SEJA, ONDE EXPIA OS SEUS CRIMES. Não se trata de espaço limitado. O lugar, seja qual for, que o Espírito culpado ocupe, quando na erraticidade, é bem o que ainda chamais – e o Cristo alegoricamente chamava – inferno, pois, em tal lugar, o Espírito se acha presa de contínuas torturas. Também o Espírito encarnado se acha realmente num inferno quando, metido na prisão de carne em mundos inferiores, passa por provações, sofrimentos, torturas morais e físicas; por expiações que constituem a pena secreta da sua encarnação precedente, a pena correspondente ao que lhe cumpre ainda reparar, tendo em vista suas existências anteriores. Jesus também disse “NO DIA DO JUÍZO”, falando dos habitantes de Tiro e de Sidon, de Corazin e de Betsaida, de Cafarnaum e de Sodoma. Foi uma figura, uma comparação de que o Mestre se serviu. Deveis compreender suas palavras do modo seguinte: “Eu vos digo que os habitantes de Corazin e Betsaida serão julgados mais severamente que os de Tiro e de Sidon que, juntamente com os primeiros, se apresentarão ao Juiz Supremo; que os de Cafarnaum serão julgados mais severamente que os de Sodoma, que – com eles- se apresentarão ao supremo Juiz”. Tende sempre em conta o estilo figurado de que usava Jesus, FORÇADO PELAS NECESSIDADES DA ÉPOCA, PELOS PRECONCEITOS RESPEITADOS, PELO ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS, PELA CONVENIÊNCIA DE VELAR A VERDADE, até que chegassem os vossos dias, em que o Espírito, mediante o advento da Nova Revelação, seria despojado da letra, a fim de preparar os homens para se tornarem ADORADORES DE DEUS EM ESPÍRITO E VERDADE, PORQUE ESTA É A VONTADE DO CRIADOR. As palavras “NO DIA DO JUÍZO” não tinham, no pensamento então velado de Jesus, a significação de um JUÍZO FINAL, a que sejam chamados, como o diz a Igreja, TODOS OS QUE MORRERAM DESDE A ORIGEM DOS TEMPOS. Não: os habitantes de Tiro e de Sidon, de Corazin e de Betsaida, de Cafarnaum e de Sodoma, bem como todos os Espíritos culpados que viveram na Terra desde que o homem aí apareceu, passaram, DEPOIS DA MORTE, AO CABO DE CADA EXISTÊNCIA, PELO JULGAMENTO. Isto é, pela expiação na erraticidade e, em seguida, pela reencarnação. Dentre os Espíritos culpados das diversas cidades, de que falava Jesus, alguns já terminaram suas provações expiatórias e outros progrediram muito. Poucos chegarão à época da renovação do vosso Planeta sem terem conseguido a satisfação de seus desejos. E aí tendes a prova da inexistência do INFERNO ETERNO, a prova da justiça que se patenteia na Lei da Reencarnação, diante da qual TODOS OS HOMENS SÃO RIGOROSAMENTE IGUAIS.

JUÍZO FINAL

P - Desde crianças, fomos educados na crença do terrível JUÍZO FINAL que despachará as criaturas para o céu ou para o inferno. Como explica isso o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Não haverá esse JUÍZO FINAL, único e definitivo, de que fala a Igreja de Roma. O que de fato se dará é que, NOS ÚLTIMOS DIAS DA ERA MATERIAL DA HUMANIDADE TERRESTRE, OS QUE SE CONSERVAREM REBELDES SERÃO DEGREDADOS PARA MUNDOS INFERIORES, SÓ OS QUE TIVEREM CHEGADO AO GRAU DE APERFEIÇOAMENTO QUE DEVEM ATINGIR PODERÃO PERMANECER NA TERRA,

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PARA AÍ CONTINUAREM A PROGREDIR. Não é essa, porém, a idéia que (influenciados pelas falsas interpretações, próprias do “reinado da letra”) os homens fazem do JUÍZO FINAL Os Espíritos culpados irão sendo afastados gradualmente da Terra, e esta se purificará DE MODO QUASE IMPERCEPTÍVEL PARA VÓS OUTROS. A renovação do vosso mundo, não resultará de violento abalo, mas de um progresso contínuo. Ainda estais numa era material, sob o império da matéria, e as coisas no vosso planeta estão dispostas de forma a que ele preencha as condições necessárias à vossa existência. Mas chegam os tempos em que a Terra progredirá, do mesmo passo que os vossos corpos, E SE ELEVARÁ COMO ESSÊNCIA, PURIFICANDO-SE E ETERIZANDO-SE. Quanto mais crescer em vós o domínio do Espírito, tanto mais diminuirão as necessidades materiais e, entre os homens de então e os de agora, mais sensível será a diferença material do que a que existe entre os de hoje e os primeiros habitantes do vosso orbe. NA ÉPOCA DA MATÉRIA – VIDA E ÓRGÃOS MATERIAIS; NA ERA DO ESPÍRITO – ESPIRITUALIDADE! O vosso planeta está destinado, como todos os que gravitam na imensidade, a percorrer a via do progresso até ao dia em que a transformação se complete e em que, quais homens despojados da matéria, VIVEREIS ESPIRITUAL E FLUIDICAMENTE, NUM MUNDO FLUÍDICO. Preparai-vos, portanto: a época da renovação da Terra é aquela em que os rebeldes, ao voltarem para o mundo dos Espíritos, serão afastados dela e mandados para os mundos inferiores. E as próximas calamidades abrirão grandes claros nas fileiras humanas, a fim de que estas se renovem mais depressa. DO PONTO DE VISTA FÍSICO, A TERRA ACOMPANHARÁ O PROGREDIR DO ESPÍRITO; E O PROGRESSO FÍSICO DESTE, DE HARMONIA COM O DO PLANETA, SERÁ CONSEQÜÊNCIA DO SEU EVOLVER MORAL E INTELECTUAL. Como todos os mundos já formados e todos os que se hão de formar na imensidade, segundo Leis Naturais e Imutáveis, estabelecidas por Deus, o vosso Planeta saiu dos fluidos impuros; depois chegou, progressivamente, ao estado material, de onde passará, num continuo progredir, a estados cada vez menos materiais, até chegar – por sucessivas transformações – ao de pura fluidez, no qual ele e a sua Humanidade se encontrarão livres de todas as impurezas da matéria. Sim, entendei: cada calamidade ou abalo, cada deslocamento do mundo terrícola serve para levá-lo àquela transformação. Deveis compreender que, chamado a desempenhar outras funções, não pode ele permanecer no mesmo meio: com correr dos dias, e mediante esses deslocamentos gradativos à Terra tomará lugar NAS REGIÕES DOS FLUIDOS SUTIS, ONDE TENDES DE VIVER. Enquanto isso, outro planeta, afastando-se por sua vez do seu centro de formação, virá desempenhar as funções que o vosso desempenhava. No fim do ciclo, no último período dessa transformação, isto é, quando a Terra passar ao estado fluídico puro (e ao de Espíritos Puros os que souberam perseverar até o fim), JESUS APARECERÁ NA PLENITUDE DO SEU PODER, DA SUA GLÓRIA DA SUA PUREZA PERFEITA E IMACULADA, PARA VOS MOSTRAR A VERDADE SEM VÉU, PARA VOS CONDUZIR AO CENTRO DA ONIPOTÊNCIA E VOS FAZER CONHECER O PAI.

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ANALFABETOS ESPIRITUAIS

P – Um ponto que desejamos aclarar, na Cruzada do Novo Mandamento em casa, é o que se refere aos humildes (às vezes, analfabetos) a quem Deus revela as coisas mais importantes, no dizer de Jesus. Como explica essa passagem do Evangelho o Espírito da Verdade?

R – Vamos harmonizar Mateus, XI: 25-27 e Lucas, X: 21-22.

MATEUS: 25 – Então, proferiu Jesus estas palavras: “Graças te dou, meu Pai, Senhor do Céu de da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos sábios e aos prudentes, e por as teres revelado aos pequeninos! 26 – Assim é, meu Pai, porque te aprouve que assim fosse. 27 – Todas as coisas me foram entregues pelo Pai, e ninguém, senão o Pai, conhece o Filho, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o queira revelar.”

LUCAS: 21 – Nessa mesma hora, Jesus exultou pelo Espírito e disse: “Graças te dou a ti, Pai, Senhor da Terra e do Céu, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos! Assim é, Pai, porque foi do teu agrado. 22 – Todas as coisas me foram dadas por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai; ninguém sabe quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar.”

Examinando os versículos 25 e 26 de Mateus e 21 de Lucas, vemos que o Mestre felicitava e animava os seus discípulos, A FIM DE QUE NÃO SE AMEDRONTASSEM COM A TAREFA QUE LHES ERA CONFIADA. A Obra do Senhor é entregue aos simples e aos inocentes, aos fracos e aos obscuros, não como os entendem os homens, mas como os deveriam entender: ELA É CONFIADA AOS QUE SE ENTREGAM AO SENHOR, AOS QUE TÊM CONFIANÇA E FÉ EM DEUS, E NÃO AOS QUE, ENTRE OS HOMENS, PASSAM POR SER OS GRANDES E OS PODEROSOS DO ESPÍRITO HUMANO; OS QUAIS NÃO ADMITEM SENÃO AQUILO QUE JULGAM TER DESCOBERTO, MATEMATIZADO E ENSINADO, E NAGAM – DO ALTO DO SEU ORGULHO – A INFLUÊNCIA E OS SOCORROS ESPIRITUAIS, TUDO ATRIBUIDO, UNICAMENTE, A FORÇA DE SUAS VONTADES E DE SUAS INTELIGÊNCIAS. A TODOS ESSES AS VERDADES DIVINAS PERMANECERÃO OCULTAS, AINDA POR MUITO TEMPO: são terras muito gordas, onde nascem, abundantemente, ervas imprestáveis, que estiolam a boa semente, nelas espalhadas pelo vento. É preciso que suas forças se esgotem, em tentativas inúteis, em inúteis esforços, sem nada poderem produzir! JESUS MOSTRAVA QUE DEUS NÃO ESCOLHE OS QUE GOZAM DAS FACULDADES QUE OS HOMENS ADMIRAM, E SIM OS DE CORAÇÃO SIMPLES E ESPÍRITO HUMILDE: OS QUE AMAM E CONFIAM, OS QUE SABEM SOFRER E ESPERAR. Os sábios, os prudentes e entendidos, de que falava o Cristo, são os que a sociedade considera como tais. Entretanto, DIANTE DE DEUS NÃO PASSAM DE ANALFABETOS ESPIRITUAIS.

O PAI E O FILHO

P – Não podia ser mais feliz a explicação referente aos sábios e entendidos deste mundo. Mas queremos saber, ainda, o significado dos versículos 27 de Mateus e 22 de Lucas, no capítulo em pauta. Como os interpreta o Espírito da Verdade?

R – Pelas palavras desses versículos, Jesus aludia à sua elevação e à sua missão como ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA. Entre os homens a quem falava, só ele estava apto a compreender a grandeza infinita do Senhor. Fora a vontade de Deus que lhe dera a lembrança da sua origem, PORQUE ENTRE OS HOMENS A MATÉRIA APAGA QUALQUER LEMBRANÇA. Fora, também, a vontade de Deus que lhe dera A VISÃO DO FUTURO, DE QUE OS OLHOS HUMANOS SÃO INCAPAZES. Daí suas palavras: “Todas as coisas me foram dadas pelo Pai. Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai; ninguém sabe quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Jesus era, entre os homens, o único que, revestido de um

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perispírito tangível, estava ISENTO DA ENCARNAÇÃO HUMANA TAL COMO A SOFREIS, CONSERVANDO SEMPRE A SUA QUALIDADE DE ESPÍRITO: COMO ESPÍRITO PURO, SOB A APARÊNCIA CORPORAL DE UM HOMEM, PODIA COMPREENDER SEU DEUS E COMPREENDER-SE A SI MESMO. As palavras “ Todas as coisas me foram dadas por meu Pai” se referem às relações diretas que havia entre Deus e o seu Ungido. Graças a essas relações permanentes, todas as coisas lhe eram constantemente postas nas mãos pelo Senhor. Agora, concentrai nisto vossa atenção: “Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai, ninguém sabe quem é o Pai senão o Filho E AQUELE A QUEM O FILHO O QUISER REVELAR”. São palavras da mais alta importância; tem por fim fazer sentir aos homens que eles nada podem saber das coisas celestiais, extra-humanas e de além-túmulo, SENÃO POR MEIO DA REVELAÇÃO. Aludem à Revelação que o Paráclito, por sua ordem, traz à Humanidade, para lhe dar a conhecer quem é o Filho – JESUS, O CRISTO DE DEUS – e a Doutrina do CRISTIANISMO EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO, com as profecias que fez no seu Evangelho e, principalmente, no seu Apocalipse! Diante dos fatos, preparai-vos para receber o Mestre na sua volta gloriosa, porque ele vos mostrará quem é o Pai. Tornai-vos capazes e dignos de recebê-lo, caminhando ativamente, sem vacilações, pela via do progresso moral e intelectual. Todo aquele que não compreende nem a grandeza, nem a justiça de Deus, não o conhece. Aquele que ousa traçar-lhe humanos limites ao poder, confinando-o no acanhado âmbito da inteligência material, também não o conhece. Só aquele que RECEBE E ACEITA A REVELAÇÃO – QUANDO ESTA LHE É FEITA - PODE DIZER QUE CONHECE O SEU DEUS, NA MEDIDA DO QUE, A ESSE RESPEITO, LHE VAI SENDO PROGRESSIVAMENTE REVELADO.

PASSADO E FUTURO

P – É um fato incontestável: só mesmo a LBV, por ser o CAMPO NEUTRO eqüidistante de todos os sectarismos, pode unificar as Revelações do Único Mestre! Acha o Espírito da Verdade que chegaremos à glória de conhecer o Pai?

R – Ele disse: – QUEM PERSEVERAR ATÉ AO FIM SERÁ SALVO. Ora, fazendo-vos conhecer quem é o Filho, a Nova Revelação vos prepara, progressivamente, para serdes capazes e dignos de conhecer o Pai, porquanto vos põe na situação de compreenderdes o vosso passado e de conhecerdes o vosso futuro. Não percebeis que, saídos das mãos do Senhor, fostes incumbidos do desempenho de uma tarefa, que vossas faltas tornaram pesada, mas que – como o infatigável operário – chegareis a cumpri-la e receber o salário? Tereis de atingir a Perfeição, voltando ao seio amoroso do Pai que vos criou! Pois, sempre que necessário, não vos levantamos o véu do passado? E as particularidades das vossas vidas anteriores NÃO TEM DESPERTADO ENTRE VÓS A LEMBRANÇA DA VOSSA ORIGEM? Igualmente incentivando em vós, permanentemente, o anseio do mais alto, não levantamos também a ponta do véu que ocultava o futuro? Assim, não entrevedes vosso Pai no seu trono imutável, a esperar que seus filhos pródigos – sinceramente arrependidos – venham terminar, junto a esse trono de luz, a missão que Ele lhes confiou? AQUELE QUE DESEJE COMPREENDER (SE ENTROU SINCERAMENTE, COM FÉ E AMOR, NO CAMINHO DO MESTRE), NÃO PRECISA MAIS DE INDAGAÇÕES. Quem recebe e aceita a Nova Revelação pode compreender o seu passado e conhecer o seu futuro, pois sabe de onde veio e para onde vai, em que condições vive na Terra, o que deve aí fazer e não fazer, o que o espera e lhe vai acontecer depois da “ morte”. Se pode conhecer o seu passado? Evidentemente, pois sabe que faliu. E sabe que, por haver falido, reencarnou e foi mandado para mundos inferiores, de expiação e provações. Sabe que iniciou nesses mundos a obra da sua reabilitação, e que tem de terminá-la pelo trabalho, pela humildade, pela caridade e pelo amor, praticados tanto na ordem material quanto na ordem moral e intelectual. Sabe, ainda (embora a matéria lhe anuvie a lembrança das vidas anteriores), que lhe É POSSÍVEL ACHAR OS TRAÇOS DESSAS EXISTÊNCIAS E SABER O QUE TEM DE EXPIAR E REPARAR, EVITAR E ADQUIRIR NA SUA VIDA ATUAL, DESDE QUE PROCEDA, NO ÍNTIMO DE SUA CONSCIÊNCIA, A UM EXAME PRECISO E COMPLETO DE SEUS PENSAMENTOS, PALAVRAS E ATOS. Só assim vencerá, com a ajuda dos Bons Espíritos, seus maus pendores e seus maus instintos. Se pode conhecer o seu futuro? Sim, porque ele

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sabe que – terminadas suas tarefas, segundo a vontade de Deus, o Pai de Infinito Amor – ingressará na categoria dos Espíritos Bons. E sabe, ainda, que terá de progredir sempre, até chegar à Perfeição que o levará aos braços do Pai Celestial. Até lá, terá de viver o Novo Mandamento do Mestre, relembrando suas palavras: – NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM.

JUGO SUAVE E FARDO LEVE

P – Uma expressão de Jesus, que muito nos comove, é esta: “Meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Todos, aqui em nosso Posto Familiar, desejam vê-la interpretada, pelo Espírito da Verdade. É possível?

R – Vejamos o Evangelho segundo Mateus, XI: 28-30.

28 – “Vinde a mim todos vós, que estais fatigados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 – Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou pacífico e humilde de coração, e achareis descanso para vossas almas, 30 – porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Trilhai sempre a estrada que vos é indicada, porque o Mestre vos deu o único rumo que vos pode conduzir à felicidade eterna. Peça-lhe amparo à Alma que se encontra carregada de dores e, QUAISQUER QUE SEJAM OS SEUS SOFRIMENTOS ATUAIS, nele terá o grande médico apto a curar todas as chagas. Sendo a luz de todas as inteligências, ele sempre ilumina a treva que a carne vos impões. POR VÓS SE FEZ HOMEM AOS VOSSOS OLHOS; AOS VOSSOS OLHOS SOFREU CONVOSCO, EXATAMENTE COMO SOFREIS. VOSSAS LÁGRIMAS LHE SAEM DOS OLHOS E NO SEU CORAÇÃO REPERCUTEM, INCESSANTEMENTE, AS VOSSAS DORES. E AINDA VOS ENVIA OS ESPÍRITOS CONSOLADORES, QUE ABRANDAM AS VOSSAS PENAS! Em paga de tanta abnegação e tanto amor, que pede ele que façais? Algum sacrifício? Que lhe deis glória? No fastígio da glória ele já está. Pede-vos amor? Todos os Espíritos do Senhor se curvam diante dele, felizes de o fazerem. Não: só vos pede que trabalheis, sob a sua direção, pela vossa própria glória. Estende-vos a mão, e sustenta até mesmo aqueles que a recusam! Acudi-lhe, portanto, ao chamado amoroso. Seu jugo é leve e ele não o impõe, porque ELE VOS DEIXA LIVRES PARA O ACEITAR OU REPELIR. NÃO EMPREGA A VIOLÊNCIA, COMO FAZEM OS HOMENS, PARA VOS FORÇAR A PERCORRER O SEU CAMINHO. NÃO VOS DIZ: “CRÊ OU MORRE!” MAS VOS DIZ: “EM MIM ESTÁ A VIDA”. Escutai-lhe, pois, os conselhos santos, caminhai-lhe nas pegadas e, sejam quais forem o culto exterior que pratiqueis e a nação a que pertençais na Terra, VINDE TODOS, TODOS A ELE, PORQUE NÃO HÁ OUTRO NOME EM QUE POSSAIS SER SALVOS! As ovelhas são por ele conduzidas aos campos onde o lobo voraz não aparece: os mundos superiores, moradas dos Espíritos Puros; os mundos fluídicos, onde habitam os que chegaram ao estado de Perfeição. Todos vós que estais fatigados e carregais o peso dos sofrimentos, que se originam das provações, vinde a Jesus e Jesus vos dará forças. NÃO VOS DÁ ELE O EXEMPLO DA RESIGNAÇÃO E DA CORAGEM? Não é a sua palavra amigo, simples e persuasiva, que levanta o ânimo abatido e vos faz ver o bálsamo que deveis aplicar às vossas feridas? Não é Jesus quem as pensa e vos sustém com sua mão poderosa, ajudando-vos a vencer os obstáculos, contra os quais vossa fraqueza se julga preste a se quebrar? Que esperais, portanto? TOMAI SOBRE VÓS O SEU JUGO E COM ELE APRENDEI, POIS O MESTRE É PACÍFICO E HUMILDE DE CORAÇÃO. SOMENTE ASSIM ENCONTRAREIS REPOUSO PARA VOSSAS ALMAS! Sim, encontrareis repouso para vossas Almas, isto é, a Perfeição a que chegareis pelo progresso espiritual. Vivendo o Evangelho, cada dia, vos depurais: despojando-vos das impurezas, nos pensamentos, palavras e atos, alcançais o repouso para vossas Almas. Quer dizer: NADA MAIS TENDO A EXPIAR, ELAS ENTRARÃO NA PAZ DO SENHOR. Entretanto, a Paz do Senhor é UMA PAZ ATIVA, CHEIA DE GRANDES COISAS E DE BOAS OBRAS. Não se trata da paz do mundo, a paz que significa apenas comodismo ou ociosidade, mas da Paz que traduz O TERMO DAS EXPIAÇÕES E DOS SOFRIMENTOS. Como o próprio Cristo o diz, seu jugo é suave e seu fardo é leve. Aquele que, do fundo de seu coração, segue o Redentor, não suporta pesado jugo, porque sua Moral é de prática fácil a todos os Homens e

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Mulheres da Boa Vontade de Deus, que já se libertaram dos mesquinhos desejos da humanidade ignorante. VINDE, VÓS QUE SOFREIS, POR QUE JESUS É O CAMINHO, E JAMAIS HAVERÁ OUTRO!

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O SÁBADO FEITO PARA O HOMEM

P – Nós aqui procuramos santificar o sábado, de acordo com os Dez Mandamentos de Deus, confiados a Moisés por Jesus. Mas alguns ainda se confundem, ao lerem os Evangelhos Sinóticos. Não acha o Espírito da Verdade que o assunto merece novas atenções?

R – Harmonizemos Mateus, XII: 1-8, Marcos, II: 23-28 e Lucas, VI: 1-5.

MATEUS: 1 – Naquele tempo, passou Jesus em dia de sábado por uns trigais. Seus discípulos, tendo fome, se puseram a colher algumas espigas e a comê-las. 2 – Vendo isso, os fariseus lhe disseram: “Teus discípulos estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado”. 3 – Disse-lhes, então, Jesus: “Não lestes o que fizeram David e aqueles que o acompanhavam, quando tiveram fome? 4 – Como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição, que nem a ele, nem aos que o acompanhavam, era lícito comer, só sendo aos sacerdotes? 5 – Também não lestes na lei que os sacerdotes, no templo, violam o sábado e não cometem pecado? 6 – Ora, eu vos digo que aqui está quem é maior do que o templo. 7 – Se soubésseis o que significa “misericórdia quero, não holocausto”, jamais condenaríeis inocentes, 8 – porque o Filho do Homem é senhor do sábado”.

MARCOS: 23 – Sucedeu ainda que Jesus, atravessando em dia de sábado umas searas, seus discípulos, avançando por elas, se puseram a colher algumas espigas. 24 – Ao que os fariseus disseram: “Como é que teus discípulos fazem em dia de sábado o que não é permitido fazer-se?” 25 – Jesus lhes respondeu: “Não lestes o que fez David premido pela necessidade, quando teve fome, assim como aqueles que o acompanhavam? 26 – Que entrou na casa de Deus, sendo Abiatar o príncipe dos sacerdotes, e comeu os pães da proposição e os repartiu com os do seu séqüito, não obstante só aos sacerdotes ser permitido come-los?” 27 – E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado. 29 – Assim, pois, o Filho do Homem também é senhor do sábado”.

LUCAS: 1 – Aconteceu que, num dia de sábado, chamado o segundo-primeiro, passando Jesus por uns trigais, seus discípulos se puseram a cortar algumas espigas, a debulhá-las com as mãos e a comê-las. 2 – Alguns fariseus, então, lhes disseram: “Por que fazeis o que não é permitido fazer no sábado?” 3 – Jesus, tomando a palavra, replicou: “Não lestes nas Escrituras o que fez David quando, com os que o acompanhavam, sentiu fome? 4 – Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, os comeu e distribuiu com os do seu séqüito, muito embora só aos sacerdotes fosse lícito come-los?” 5 – E concluiu: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.

Já vos explicamos porque foi instituído o sábado como o dia de descanso, no Decálogo dado a Moisés no Sinai, bem como o sentido das palavras de Jesus. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Por segundo-primeiro se designava o segundo sábado da primeira parte do mês. Os pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, eram os pães oferecidos no altar. Lembrando aos fariseus o que fizera David, ensinava o Cristo: NADA DO QUE DEUS PÔS À DISPOSIÇÃO DO HOMEM E LHE POSSA SERVIR DE ALIMENTO ESTÁ DEFESO ÀS NECESSIDADES DA EXISTÊNCIA HUMANA; QUE OS PÃES DA PROPOSIÇÃO, COMO O PRÓPRIO SÁBADO, ESTÃO SUBMETIDOS A ESSA NECESSIDADES. Por isso, aos fariseus, que pretendiam ter sido o homem feito para o sábado, exigindo a sua OBSERVÂNCIA ABSOLUTA, MESMO EM DETRIMENTO DA CARIDADE, Jesus perguntou: “Não vistes na lei que, no templo, os sacerdotes violam o sábado e não cometem pecado?” Ora, segundo a lei, o judeu, em dia de sábado, devia abster-se de todos os atos manuais, inclusive tocar em quaisquer metal. Os sacerdotes, entretanto, cumprindo os ritos do culto, violavam o sábado no templo. DEVERIAM, PORTANTO, CONSIDERAR-SE CULPADOS. Com a frase: “AQUI ESTÁ QUEM É MAIOR QUE O TEMPLO”, o Mestre expressou o seguinte: “EU SOU, AQUI, O REPRESENTANTE DA VONTADE DE DEUS”. Estas outras palavras que Jesus recordou aos fariseus, dizendo-lhes que não tinham sabido e sabiam compreendê-las: “MISERICÓRDIA QUERO, NÃO HOLOCAUSTO”, significavam e significam, (tirando-se da letra o espírito) que DEUS, SEMPRE INDULGENTE PARA COM SUAS CRIATURAS, FRACAS E FALÍVEIS, LHES DÁ A OPORTUNIDADE DE SE ARREPENDEREM E DE REPARAREM SUAS FALTAS. Dizendo “não tereis condenado inocentes”, aludia o Mestre às numerosas condenações proferidas contra os que, sob os pretextos mais fúteis, eram acusados de sacrilégio e LAPIDADOS SEM COMPAIXÃO. Finalmente, as palavras:

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“O Filho do Homem também é senhor do sábado”. Sim, o sábado precisa e deve ser santificado como O DIA DO DESCANSO, instituído por Deus no Decálogo confiado a Moisés. Mas nunca em oposição aos preceitos divinos, dando mais importância ao sábado que ao próprio homem, que foi o objetivo dos Dez Mandamentos e da vinda em pessoa do Cristo ao vosso mundo! Daí a conclusão do Salvador: “O SÁBADO FOI FEITO PARA O HOMEM, NÃO O HOMEM PARA O SÁBADO”. E quem o disse foi o único a poder declarar: AQUI ESTÁ QUEM É MAIOR DO QUE O TEMPLO, O SENHOR DO SÁBADO!

A GRANDE TRANSIÇÃO

P - Cremos na restauração do Sábado do Senhor, como cremos na restauração das verdades do Evangelho e do Apocalipse do Cristo. Por isso mesmo, Satanás está em desespero, por saber que lhe resta pouco tempo. Como explica o Espírito da Verdade a hora que vivemos?

R – Estais vivendo, sem dúvida, a grande transição dos tempos chegados. Deveis perseverar na Doutrina do Novo Mandamento, enquanto se operam a reforma e a transformação dos cultos exteriores, a unificação de todos os homens pelo CRISTIANISMO DO CRISTO. Até lá, o sábado DEVE PERTENCER SEMPRE A DEUS, e muitos meios tendes de o consagrardes a Ele. Elevai ao Pai Eterno, mais amiúde e com mais fervor, os vossos pensamentos, pois nesse dia cessam as perturbações humanas – Satanás e suas seduções de ouro e prazeres ilusórios. Sejam mais numerosas as vossas boas obras: lembrai-vos – quer começando, quer encerrando a vossa semana de lutas – das pobres criaturas que esperam socorros de seus irmãos em Deus. Santificai sempre o dia reservado ao repouso. TORNANDO MAIS ÚTIL ESSE REPOUSO. Imitai vossos irmãos do Espaço, cujos instantes – todos – se assinalam por obras de caridade incessante. Iniciai o sábado oferecendo-o ao Criador, qualquer que seja o culto exterior a que pertençais pelo nascimento, e prestai a Deus O CULTO DA VOSSA ADORAÇÃO EM ESPÍRITO, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO. É o exemplo que dais aos irmãos que vos cercam, e que são conhecedores da vossa fé sem fronteiras. Presos aos cultos exteriores, gerados pela letra, serão levados a meditar na mensagem libertadora que lhes endereçais. Depois, ide levar aos necessitados o alívio e as consolações de que carecem. Ide aos que vos ofenderam para que também esqueçam AS VOSSAS FALTAS ANTIGAS. Levai a todos o perdão e a paz somente pelas obras santificareis o Sábado do Senhor, perseverando no Bem, até que sejam restauradas as VERDADES ETERNAS DO EVANGELHO E DO APOCALIPSE DO CRISTO DE DEUS.

UMA SÓ RELIGIÃO

P – Em face e em conseqüência do advento da era do CRISTIANISMO DO CRISTO, mudanças radicais se operam no seio da Humanidade. Que diz o Espírito da Verdade sobre o destino das religiões humanas?

R – Aproximam-se os tempos em que Deus não será mais adorado nem no alto da montanha, nem em Jerusalém: os homens serão os adoradores que o Pai deseja – seus adoradores em ESPÍRITO E VERDADE, A LUZ DO NOVO MANDAMENTO. Aproximam-se os tempos em que os homens estarão unidos por uma só religião, que assim se resume: DEUS, uno e único, o Criador Universal, o Pai: JESUS, Espírito puro e perfeito governador e protetor da Terra e de sua Humanidade, o vosso único Mestre, o Filho: OS ESPÍRITOS DO SENHOR TODO-PODEROSO prepostos por Ele à obra do progresso do vosso planeta, nele trabalhando sob a direção do Cristo, formando o Espírito Santo. Aproximam-se os tempos em que, adoradores de Deus, os homens compreenderão que sua Alma, quando realmente pura, é o único templo do Senhor do Universo; que o Cristo está onde duas ou mais pessoas se reúnam em seu nome, formulando com fé, humildade e amor (abstração feita de todos os cultos exteriores que ainda os dividem e separam) A PRECE DO CORAÇÃO, não dos lábios somente! Aproximam-se os tempos em que TODOS OS HOMENS E

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MULHERES DE BOA VONTADE COMPREENDERÃO QUE A LEI DIVINA SE CONTÉM NO NOVO MANDAMENTO DE JESUS – “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMEI E AMO” – A RELIGIÃO DE DEUS, PORQUE DEUS É AMOR, O AMOR UNIVERSAL PARA TODA A ETERNIDADE. Esta é A RELIGIÃO, segundo a qual os homens viverão as leis morais de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor e caridade. Semelhantemente ao culto dos hebreus obra meramente disciplinar e transitória, os cultos exteriores derivados das instituições e interpretações humanas a que a missão terrena de Jesus deu lugar, não poderão impedir que se forme UM SÓ REBANHO PARA UM SÓ PASTOR – O CRISTO NOSSO SENHOR E MESTRE.

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A MÃO SECA

P – A LBV já nos ensinou como é fácil fazer a Cruzada do Novo Mandamento no Lar. Mas, sem dúvida, essa facilidade decorre das lições do CEU, que nos apresenta o Evangelho sem mistério e “milagres”. Como o Espírito da Verdade interpreta a cura do homem da mão seca?

R – Vamos harmonizar os Evangelhos sinóticos: Mateus, XII: 914, Marcos, III: 1-6 e Lucas, VI: 6-11.

MATEUS: 9 – Então, veio Jesus à sinagoga deles. 10 – Aí se achava um homem que tinha seca uma das mãos. E, para acusarem o Cristo, lhe perguntaram: “É permitido curar em dia de sábado?” 11 – Jesus lhes respondeu: “Qual, dentre vós, tendo uma ovelha e vendo-a cair num fosso em dia de sábado, não procurará tirá-la dali?” 12 – E não vale o homem muito mais do que uma ovelha? Sim é permitido fazer o bem em dia de sábado!” 13 – E disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem a estendeu, e ela ficou sã como a outra. Os fariseus, porém, se reuniram em conluio contra ele, estudando o modo de se vingarem de Jesus.

MARCOS: Jesus entrou de novo na sinagoga. Como, ali, se achasse um homem que tinha seca uma das mãos, 2 – eles ficaram observando, para ver se Jesus o curaria em dia de sábado, a fim de o poderem acusar. 3 – Disse, então, Jesus ao homem que tinha a mão seca: “Vem aqui para o meio”. 4 – E perguntou: “É permitido, em dia de sábado, fazer o bem ou o mal, salvar ou tirar uma vida?” Eles ficaram calados. 5 – Perpassando, então, por eles o olhar, tomado de cólera, em vista da dureza de seus corações, disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem a estendeu, e ela ficou sã. 6 – Os fariseus se retiraram logo e, com os herodianos, fizeram conciliábulo, buscando o meio de o perderem.

LUCAS: 6 – Entrando na sinagoga, em outro sábado, Jesus começou a ensinar. Lá estava um homem cuja mão direita era seca. 7 – Os escribas e os fariseus o observavam para ver se ele curaria em dia de sábado, para o acusarem. 8 – Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse ao homem que tinha a mão seca: “Levanta-te e fica de pé aqui no meio”. O homem se levantou e ficou de pé. 9 – Então, disse Jesus: “É lícito, em dia de sábado, fazer o bem ou o mal, salvar a vida ou tirá-la?” 10 – Depois de olhar para todos, disse ao homem: “Estende a tua mão”. Ele a estendeu, e ela ficou sã. 11 – Cheios de furor, os escribas e os fariseus perguntavam uns aos outros, o que fariam a Jesus.

Nenhuma explicação reclama o que, nestes versículos, se refere ao sábado e ao emprego que o homem pode e lhe deve dar: já dissemos o que tínhamos a dizer a esse respeito. Quanto a cura que o Mestre operou na sinagoga tratava-se de uma paralisia que atacara a mão direita do homem de quem se fala. Nas traduções se lê “mão seca, mão árida”; entretanto, de acordo com o texto original, corretamente interpretado, o caso era de MÃO PARALÍTICA. Já por duas vezes explicamos as curas de paralisia feitas pelo Cristo. A mão paralítica, a que aludem os versículos de hoje, se tornou sã, como a outra, por ato da vontade do Mestre, que dirigiu, mediante a ação magnética do olhar – para a mão doente e para o organismo do homem – os fluidos fortificantes. NÃO TENDES VISTO O MAGNETISMO OPERANDO PELO OLHAR? Relativamente aos escribas e fariseus, nas traduções do Evangelho segundo Marcos, se diz que JESUS OS OLHOU TOMADO DE CÓLERA EM VISTA DA DUREZA DE SEUS CORAÇÕES. Meras palavras humanas! Não confundais nunca, nas narrações evangélicas, O QUE REPRODUZ AS IMPRESSÕES, AS IDÉIAS, A OPINIÃO, AS APRECIAÇÕES DOS QUE CERCAVAM JESUS, DAQUELES A QUEM ELE FALAVA, COM AS PRÓPRIAS PALAVRAS PENSAMENTOS E ATOS DE JESUS. A CÓLERA JAMAIS ENTROU NO CORAÇÃO DELE! A palavra do texto original, bem interpretada, pode ser tomada nas acepções de cólera e de indignação: nesta última, e não naquela, é que deve ser entendida. Os judeus não cessavam de falar na cólera do Todo-Poderoso a cair sobre o culpado. COMO ADMITIR QUE DEUS E O CRISTO, REPROVANDO A CÓLERA NO HOMEM, DELA FOSSEM PASSÍVEIS? Jesus pareceu encolerizado diante doa homens que o cercavam, indignado por ver que os escribas e fariseus resistiam voluntariamente aos esforços que ele empregava para os conduzir ao bom caminho. Sofria, realmente, vendo que OS ESPÍRITOS CULPADOS, A QUEM TRAZIA A LUZ DA VERDADE, FECHAVAM OS OLHOS PARA REJEITÁ-LA. Vossos Anjos da Guarda não se afligem com o vosso endurecimento de coração? E os

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escribas e fariseus não tinham o livre arbítrio? Não vos admireis, portanto, de que Jesus sofresse ante a maldade consciente deles, embora tivesse A PRESCIÊNCIA DO FUTURO.

A PRESCIÊNCIA DE DEUS

P – A alusão à presciência do futuro interessou a todos nós, em nosso Posto Familiar. Poderia o Espírito da Verdade falar, uma vez mais, sobre a presciência de Deus?

R – Diante da presciência de Jesus, como REPRESENTANTE DIRETO DA DIVINA VONTADE, em presença do livre arbítrio do homem, compreendei o que é a presciência de Deus! Deus vê, sabe (como já o explicamos) qual o estado do Espírito; sabe, vê e acompanha as fases de progresso: as fases sucessivas das existências que a Alma tem a percorrer, munida de seu livre arbítrio, usando-o para o Bem ou para o mal, por impulso da sua vontade pessoal ou sob a influência oculta dos bons ou dos maus Espíritos, que ela atrai ou repele conforme à natureza boa ou má de seus sentimentos, de seus pendores e de suas tendências. Essa influência, sob a qual a Alma se acha a todo instante, constitui a TENTAÇÃO A QUE ELA PODE CEDER OU RESISTIR UMA VEZ QUE É SEMPRE LIVRE PARA ESCUTAR OU NÃO AS BOAS INSPIRAÇÕES, DE AS SEGUIR OU NÃO, COMO TAMBÉM É LIVRE PARA ACEITAR OU REPELIR AS MÁS INSPIRAÇÕES. É sob a ação e os efeitos dessas influências – que o assediam a todo momento – que o Espírito, no pleno gozo do seu livre arbítrio, tem de avançar ou parar, na estrada do progresso. Assim, pois, era sob a ação e os efeitos de tais influências que aos escribas e fariseus, no pleno gozo do seu livre arbítrio, cumpria escutar ou repelir os ensinos de Jesus. Sem dúvida, aqueles escribas e fariseus, que o rodeavam na sinagoga, eram, como Espíritos encarnados, muito empedernidos: por isso mesmo, não aceitariam a luz. Mas nem por isso a luz deixava de ser, para eles, um meio de escaparem a cruéis expiações. Da parte do Senhor nunca há prevenção. Em geral, os Espíritos encarnam procedendo livremente à escolha tanto do meio quando do gênero das provações. Via de regra, escolhem os meios que lhes são simpáticos. Ora, nos grupos que os fariseus os príncipes dos sacerdotes, os escribas e todos os que exerciam qualquer autoridade, entre os judeus, formavam à volta de Jesus, O ORGULHO REINAVA SOBERANAMENTE E, POR CONSEGÜINTE, LHES TAPAVA OS OLHOS E OS OUVIDOS. Mas, Deus, na sua infinita bondade, abria para eles ( como abre para todos) uma via nova de purificação. Seus anjos guardiãs faziam por eles o que fazem por todos. ELES, PORÉM, OS REPELIAM POR SUA VONTADE INDEPENDENTE: NO PLENO GOZO DO SEU LIVRE ARBÍTRIO, ACEITAVAM AS MÁS INFLUÊNCIAS, AS INSPIRAÇÕES DOS MAUS ESPÍRITOS! Em suma: se é certo que nenhum resultado produziu a caridade de Deus, abrindo-lhes nova estrada naquela existência, não menos certo é que essa obra de purificação teria de dar os seus frutos APÓS A MORTE DELES E NAS SUAS EXISTÊNCIAS SEGUINTES.

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O PROFETA E O MESSIAS

P – Realmente, negar o Velho Testamento é o mesmo que rejeitar o Messias anunciado ao mundo desde Moisés. As profecias de Isaías, sobre o Cristo, se confirmaram de maneira fiel e impressionante. Que diz sobre o assunto o Espírito da Verdade?

R – Evidentemente, como declarou o próprio Cristo: O Velho Testamento “não pode falhar”, e não falhou. Vejamos Mateus, XII: 15-21.

15 – Sabendo disso, ele se retirou daquele lugar. Muitos doentes o seguiram e a todos curou, 16 – ordenando-lhes que não o descobrissem, 17 – a fim de se cumprirem as palavras do profeta Isaías: 18 – “Eis aqui o servo que elegi, o meu bem-amado, em quem muito se compraz minha alma! Sobre ele porei meu Espírito, e ele às nações anunciará a justiça. 19 – Não discutirá, não gritará e ninguém lhe ouvirá a voz nas praças públicas. 20 – Não acabará de partir o caniço já quebrado e não apagará a mecha ainda fumegante, enquanto não alcance a vitória da justiça. 21 – Em seu nome depositarão as nações todas as suas esperanças”.

Despindo-se da letra o espírito, facilmente compreensíveis se tornam, não só as palavras de Isaías aos hebreus, com referência ao Cristo, mas também a indicação do cumprimento dessa profecia relativamente aos fariseus que tramavam contra Jesus, estudando os meios de que poderiam lançar mão para liquidá-lo, inquirindo uns dos outros como contra ele atentariam! Mais ainda: a proibição feita pelo Mestre aos doentes que o haviam acompanhado e que foram curados por ele. JESUS É SERVO E BEM-AMADO DE DEUS, PELA SUA QUALIDADE DE ESPÍRITO PURO E PERFEITO, GRAÇAS AOS SEUS PRÓPRIOS MÉRITOS. POR ISSO É QUE O SENHOR O ELEGEU, QUANDO O FEZ PROTETOR E GOVERNADOR DA TERRA. Nele se compraz, fazendo-o participar do seu poder, da sua justiça e da sua misericórdia, dando-lhe a investidura de vosso Mestre, encarregando-o de presidir à formação do vosso planeta, de o conduzir e guiar, com tudo o que nele existe e se move, com a Humanidade que o habita, pelas vias do progresso físico, moral e intelectual, incumbindo-o de vos levar à perfeição que tereis que atingir. Deus fez e faz que seu Espírito sobre ele pouse, constantemente, comunicando-lhe diretamente à inspiração. Pelo desempenho da sua missão terrena, Jesus anunciou às nações a justiça, mostrando-lhes a única forma de proceder, segura e reta, que as pode conduzir ao fim colimado. E agora, chegados os tempos, ele anuncia a justiça às nações por intermédio dos Espíritos do Senhor, os quais, em seu nome, desenvolvem e explicam em Espírito e Verdade, sempre à luz do Novo Mandamento, as revelações que ele EM PESSOA deu aos homens, embora sob o véu da letra. Esses Espíritos também mostram a todos, novamente, a mesma norma de proceder do Espírito da Verdade, ILUMINANDO O CAMINHO DO PROGRESSO POR ONDE TODAS AS CRIATURAS, TENDO A GUIÁ-LAS A LUZ QUE SE IRRADIA DO FACHO DA VERDADE, POSSA AVANÇAR COM PASSO FIRME, CULTIVANDO A CIÊNCIA, A CARIDADE E O AMOR – SELOS DA ALIANÇA ENTRE A FÉ E A RAZÃO. Estas palavras do profeta, referentes ao Messias prometido desde Moisés: “Ele não discutirá, não gritará e ninguém lhe ouvirá a voz nas praças públicas”, encerravam alusão ao hábito que tinham os hebreus de se reunirem publicamente, para deliberar sobre assuntos importantes, procurando cada um abafar com a voz a dos seus adversários, para que sua opinião prevalecesse. Jesus não discutiu desse modo, não gritou: ninguém lhe ouviu ASSIM a voz nas praças públicas. É QUE ELE FALAVA COM AUTORIDADE, NÃO DA MANEIRA POR QUE FALAVAM OS ESCRIBAS E FARISEUS.

CANIÇO QUEBRADO, MECHA FUMEGANTE

P – No capítulo em exame, o profeta Isaías se refere ao “caniço já quebrado” e à “mecha ainda fumegante”. Como o Espírito da Verdade explica ambas as expressões, pelo CEU da LBV?

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R – O “caniço já quebrado” e a “mecha ainda fumegante” significam OS ESPÍRITOS CULPADOS, NOS QUAIS UMA TENDÊNCIA, POR MUITO FRACA QUE SEJA, HÁ SEMPRE PARA SE MELHORAREM. Jesus “não acabará de quebrar o caniço já quebrado, não apagará a mecha ainda fumegante”, como nunca o fez, porque – tendo todos os Espíritos de alcançar a meta – ele a nenhum culpado repele, até que venha a Justiça, isto é, até que o Espírito, pela expiação, se despoje dos vícios que o tornam impuro ou injusto. ASSIM COMO DAIS AO CRISTO O QUALIFICATIVO DE “JUSTO”, NA SIGNIFICAÇÃO DE “PURO”. AQUI DO MESMO MODO, O TERMO “INJUSTO” É EMPREGADO COMO SINÔNIMO DE “IMPURO”. Sim, como afirma o profeta no Velho Testamento da Bíblia Sagrada, Jesus não acabará de partir o caniço já quebrado, nem apagará a mecha ainda fumegante, enquanto não alcance A VITÓRIA DA JUSTIÇA. Estas últimas palavras significam: enquanto os Espíritos que reencarnaram na Terra não se hajam purificado, seja nesse planeta, ao tempo de sua renovação, seja nos mundos inferiores, para onde serão mandados a expiar suas faltas, durante séculos, os que, naquela época, se conservarem culpados e rebeldes. Sendo certo, porém, que TODOS OS ESPÍRITOS HÃO DE CHEGAR AO FIM PARA O QUAL FORAM CRIADOS POR DEUS, certo é, também, que Jesus não acabará de partir o caniço já quebrado, nem apagará a mecha ainda fumegante. Os que, na hora da renovação da Terra, se conservarem culpados e rebeldes, verão claramente que NO ENDURECIMENTO DE SUAS ALMAS E NA SUA VOLUNTÁRIA CEGUEIRA ESTÁ A CAUSA DE SEREM DEGREDADOS PARA MUNDOS INFERIORES. Então neles se manifestará, sob a ação do terror das expiações cruéis, do pesar e do remorso, uma tendência, por mais tênue que seja, para se melhorarem. E continua Isaías: “Em seu nome depositarão as nações todas as suas esperanças”. Significa esta profecia que TODOS OS POVOS COMPREENDERÃO SER A MORAL DO CRISTO A ÚNICA QUE PODE OBRIGAR OS HOMENS A PROGREDIR, PELA RAZÃO E PELA FÉ, PELA CIÊNCIA E PELA RELIGIÃO AO MESMO TEMPO. A REVELAÇÃO ATUAL INICIA ESTA FASE NOVA, E TODOS CONFIARÃO NA SUA INFLUÊNCIA PARA ATINGIR A PERFEIÇÃO. As palavras de Isaías tinham de se cumprir com relação aos fariseus que conspiravam contra Jesus, porque eles eram “o caniço já quebrado” que o Mestre “não acabaria de quebrar”, e seriam – depois da morte – “ a mecha ainda fumegante” que o Redentor não apagaria, porquanto lhes cumpria, como a todos os Espíritos, purificar-se pela expiação, vencendo os vícios (principalmente morais) que os faziam tão injustos. E, para que tal profecia se cumprisse mais depressa, Jesus proibiu aos doentes que o acompanhavam, e foram por ele curados, “que descobrissem”. Fazendo-lhes essa proibição, QUERIA O CRISTO EVITAR QUE AQUELES ESPÍRITOS CULPADOS, EXCITANDO-SE AINDA MAIS, AINDA MAIS CULPADOS SE TORNASSEM, EXPONDO-SE A EXPIAÇÕES MUITO MAIS DURAS.

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SUBJUGADO: CEGO E MUDO

P – Uma passagem que muito nos impressiona é a do cego e mudo “possesso do demônio”. Como o Espírito da Verdade explica o fato, pelo CEU da LBV?

R – Vamos harmonizar Mateus, XII: 22-28 e Marcos, III: 20-26.

MATEUS: 22 – Apresentaram-lhe, então, um homem cego e mudo, possesso do demônio. Ele o curou, de sorte que o homem começou a ver e a falar. 23 – A multidão, estupefata, perguntava: “Porventura é este o filho de David?” 24 – Os fariseus, porém, ouvindo isto, diziam entre si: “Ele expulsa demônios por Belzebu, príncipe dos demônios”. 25 – Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, falou: “Todo reino que se dividir contra si mesmo será destruído; toda cidade ou casa, dividida contra si mesma, não poderá subsistir. 26 – Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está ele dividido contra si mesmo, como poderá, então, o seu reino subsistir? 27 – Se é por Belzebu que eu expulso os demônios, por quem os expulsam vossos filhos? Estes, por isso mesmo, é que serão os vossos juízes. 28 – Mas, se expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o Reino de Deus veio até vós”.

MARCOS: 20 – Entraram em casa e aí se aglomerou tão grande multidão que nem sequer podiam comer. 21 – Ao saberem disso, os parentes de Jesus vieram para se apoderarem dele, dizendo que perdera o juízo. 22 – Os escribas, vindos de Jerusalém, diziam: “Ele está possesso de Belzebu e expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios”. 23 – Jesus, porém tendo-os chamado, lhes dizia por parábolas: “Como pode Satanás expulsar a Satanás? 24 – Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. 25 – Se uma casa estiver dividida contra si mesma, desmoronará. 26 – Se, pois, Satanás se rebelar contra si mesmo, estará dividido e terá fim.”

Aquele homem “possesso do demônio” estava subjugado por um mau espírito: estava cego e mudo por efeito da subjugação. O obsessor, lançando-lhe sobre os órgãos da visão e da audição os fluidos de que dispunha, combinando seu perispírito com o do subjugado, lhe paralisara aqueles órgãos e o deixara, por essa forma, privado momentaneamente do uso das faculdades de ver e ouvir. JESUS O CUROU PELA AÇÃO DA SUA PODEROSA VONTADE, AFASTANDO O OBSESSOR. POR MEIO DA AÇÃO MAGNÉTICA RESTITUIU AO ESTADO NORMAL, INSTANTANEAMENTE, GRAÇAS AOS FLUIDOS QUE PENETRARAM NO HOMEM, OS ÓRGÃOS SOBRE OS QUAIS ATUAVA O ESPÍRITO MAU. O homem, que se achava cego e mudo por efeito da subjugação, expiava desse modo graves abusos da palavra, anteriormente cometidos e expiava também o não ter sabido aproveitar-se da luz que lhe fora concedida. A multidão, presenciando um fato que não conseguia entender nem explicar, tomada de espanto, perguntava: “Porventura é este o filho de David?” É que fora predito que O MAIOR DOS PROFETAS DESCENDERIA DA LINHAGEM DE DAVID, e as interpretações hebraicas consideravam o filho de David como um libertador material. As palavras que Jesus dirigiu aos escribas e aos fariseus e bem assim as que, com relação a ele, proferiram os que eram, no entender dos homens, ou se intitulavam seus parentes, alcançavam tanto o presente quanto o futuro; TINHAM, POIS, UM ALCANCE TANTO EVANGÉLICO QUANTO APOCALÍPTICO. Foram ditas como lição, COMO ENSINO – NECESSÁRIO NAQUELE MOMENTO – AOS APÓSTOLOS E AOS DISCÍPULOS. As épocas se ligam e, quanto mais avançardes, tanto melhor compreendereis a ligação que existe entre o aparecimento de Jesus na Terra e a manifestação universal dos Espíritos. ESTES CONTINUAM, DESENVOLVEM E COMPLETAM A OBRA DE REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE TERRESTRE.

BELZEBU, SATANÁS, DEMÔNIOS

P – O próprio Jesus, no Evangelho, se refere a Belzebu, Satanás e demônios. Tomando isso ao pé da letra, as igrejas humanas mantiveram sua crença em tais entidades. Qual a interpretação do Espírito da Verdade?

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R – Para que o compreendessem e, sobretudo, o escutassem, Jesus apropriava sua linguagem ao estado das inteligências, às idéias em voga, aos preconceitos e tradições dos homens a quem falava. Por isso é que empregava as expressões Belzebu, Satanás, Diabo, Príncipe dos Demônios, QUE PARA ELE NÃO TINHAM – COMO NÃO DEVEM TER PARA OS HOMENS – MAIS DO QUE UM SENTIDO FIGURADO, servindo para designar os Espíritos maus que, depois de haverem falido na sua origem, permanecem nas sendas do mal, praticando-o contra os homens incautos. Acusado de usar poderes do Espírito das trevas, para realizar as obras admiráveis que operava, Jesus aponta aos escribas e aos fariseus seus próprios filhos hebreus como eles, dotados daquela faculdade, se bem que em grau bastante inferior. De fato, entre os judeus havia alguns homens de escol, Espíritos em missão naquele meio, COMO HÁ SEMPRE EM TODAS AS NAÇÕES, PARA MOSTRAREM O MELHOR NO CENTRO MESMO DO QUE EXISTIA DE PIOR. Havia homens sinceramente piedosos, que de coração obedeciam à Lei de Moisés, tendo em vista servir a Deus. Esses conseguiam, algumas vezes, por meio da prece e da perseverança, afastar os Espíritos malfazejos, que se manifestavam pela obsessão ou pela subjugação. Como já o explicamos, ESSES FILHOS DOS HOMENS SE PURIFICAVAM E ELEVAVAM DE SEUS PAIS, CONSTITUINDO-SE ASSIM OS JUÍZES NATURAIS DESTES ÚLTIMOS. Hoje, vós outros também sois acusados pelos escribas e fariseus, vossos contemporâneos, de agir sob influência diabólica, exatamente como o foi Jesus outrora. Diante do fato, repitamos as palavras do Mestre: “NENHUM REINO DIVIDIDO CONTRA SI MESMO PODERÁ SUBSISTIR”. Podeis pela fé, pela prece, pelo conhecimento do Evangelho e do Apocalipse, esclarecer as consciências, aliviar o sofrimento de vossos irmãos obsidiados, repelir os Espíritos da treva que desejem instalar-se entre vós. Cuidai, pois, de cumprir o Novo Mandamento do Cristo, elevando o pensamento, dominando a carne, para que a nova geração seja preparada para a grande TRANSIÇÃO DO MILÊNIO: CAMINHAI SEM MEDO, PORQUE NÓS MARCHAMOS À VOSSA FRENTE, EM DREÇÃO AO MESTRE QUE VOLTA!

PELO ESPÍRITO DE DEUS

P – No capítulo em pauta, disse Jesus: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o Reino de Deus veio até vós”. Como explica isso o Espírito da Verdade?

R – A expressão PELO ESPÍRITO DE DEUS, considerada em relação a Jesus, significa – tirado da letra o espírito – A INFLUÊNCIA DIRETA QUE O SENHOR EXERCE SOBRE ELE. Em relação aos homens, deveis compreendê-la como designando os Espíritos purificados que o Senhor vos envia, na qualidade de MEDIANEIROS ENTRE A SUA BOA VONTADE E OS VOSSOS PRÓPRIOS ESPÍRITOS. Deus, o Senhor Onipotente, é – como sabeis – uno, único, indivisível. Eterno, infinito, Ele reina sobre todos os mundos, no Universo sem limites. Para todos os orbes, promulgou a Lei Imutável do Progresso, MAS A CADA UMA DAS MORADAS CELESTES DEU A CONSTITUIÇÃO QUE LHE ERA APROPRIADA. Nem todos os mundos têm de passar pelas mesmas fases. Assim como há Espíritos que nunca faliram, também há orbes que se conservaram sempre fluídicos e outros mais ou menos materiais, de acordo com as necessidades dos Espíritos a cuja habitação se destinam. Quando chegar a hora de vos dizermos o que significam estas palavras do Mestre “HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI”, nós vos daremos – a cerca da natureza dos mundos – explicações que não cabem agora, porque nos fariam sair do círculo em que, presentemente, nos devemos manter. CADA PLANETA TEM UM ESPÍRITO, DE PUREZA PERFEITA, ENCARREGADO DE O DIRIGIR E FAZER PROGREDIR, DEPOIS DE LHE HAVER PRESIDIDO A FORMAÇÃO: EXATAMENTE COMO JESUS COM RELAÇÃO A TERRA. Tais Espíritos são perfeitos em tudo, não só do ponto de vista moral e espiritual, como também com referência ao saber, considerado este em face da obra e da missão que lhes confiou o Criador. Eles estão sempre em relação direta com Deus: podem aproximar-se do Centro da Onipotência. Por intermédio deles é que as vontades do Senhor se transmitem aos grandes Espíritos e destes aos homens, através de seus Anjos da Guarda ou Bons Espíritos, COM A RAPIDEZ DO PENSAMENTO. É deste modo que o Espírito de Deus opera e desce até vós, com grande poder e glória, vencendo o mal com o Bem. Podeis, assim, compreender as palavras de Jesus aos escribas e

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fariseus: “MAS, SE EU EXPULSO OS DEMÔNIOS PELO ESPÍRITO DE DEUS, É QUE O REINO DE DEUS VEIO ATÉ VÓS”.

JESUS EM RELAÇÃO DIRETA COM DEUS

P – Até hoje, ninguém revelou que há um Diretor para cada um dos Planetas. O que ensinavam é que Jesus governava todo o Universo. Que diz a isto o Espírito da Verdade?

R – Essa interpretação resulta do erro da concepção de Jesus como Deus, e daí se dizer: “ Maria, mãe de Deus”. Sabeis, entretanto, que o próprio Jesus estabeleceu a diferença, não só no seu Evangelho como, também, no seu Apocalipse. JESUS ESTÁ PARA A TERRA COMO DEUS PARA O UNIVERSO, O QUE EM NADA HUMILHA A GRANDEZA ESPIRITUAL DO CRISTO. Jesus, que tem a seu cargo a direção do vosso mundo, é um dos Espíritos que podem aproximar-se do CENTRO DA ONIPOTÊNCIA DIVINA, porque é de uma essência que se conservou sempre pura, de perfeita e imácula pureza, visto que jamais faliu. Como servidor do Pai, Nosso Mestre e vosso Mestre, é ele quem preside os destinos da Terra, quem a governa e lhe acompanha a evolução com paternal solicitude. EM RELAÇÃO DIRETA COM DEUS ( DO MESMO MODO QUE AQUELES DE SEUS IRMÃOS QUE, SENDO-LHES IGUAIS NA PUREZA, DESEMPENHAM MISSÕES ANÁLOGAS A SUA), ELE RECEBE, SEM INTERMEDIÁRIOS, AS VONTADES DO ONIPOTENTE. Neste sentido é que se pode dizer que “ só o Pai conhece o Filho e só o Filho conhece o Pai”. Inclinai-vos com respeito, reconhecimento e amor diante de Jesus que, desde o instante em que a Terra saiu dos fluidos espalhados na imensidade, em que esses fluidos, para formarem um orbe, se reuniram PELA AÇÃO DA SUA VONTADE DIVINA (DIVINA NO SENTIDO DE SER ELE ÓRGÃO DE DEUS) velou sempre por vós, cheio de devotamento, através de todas as fases por que passaram vossos Espíritos. Amai, com todas as forças de vossa Alma, esse maravilhoso Jesus que, para surgir às vistas dos homens, aceitou o sacrifício da encarnação, a fim de lançar as bases, os fundamentos da Obra de Regeneração da Humanidade! Sim, repetimos, amai sempre o vosso Redentor, que aceitou a encarnação, SENDO, EMBORA, DE UMA PERFEIÇÃO QUE SE PERDE NA NOITE DAS ETERNIDADES; QUE A ACEITOU, HUMILDEMENTE, EMBORA NUNCA HOUVESSE MERECIDO ENCARNAR COMO EXPIAÇÃO, AINDA QUE NOS MUNDOS ELEVADOS, PORQUANTO CHEGOU A PERFEIÇÃO SEM JAMAIS HAVER FALIDO. Ele não teve de sofrer por expiação, insistimos, a encarnação MESMO NOS MUNDOS ELEVADOS, onde se exilam, para resgatar suas faltas, por mais leves que sejam, os Espíritos que se conservaram puros na via do progresso até alcançarem grande evolução, mas que vieram a falir, se bem que ligeiramente, visto que DIANTE DO SENHOR ONIPOTENTE SÓ A PERFEIÇÃO, SEM MANCHA ALGUMA, PODE APRESENTAR-SE. Com efeito, a menor fraqueza, tão pequenina que com os vossos órgãos de percepção sois incapazes de a apreciar, constitui uma falta que o Espírito adiantado no caminho da evolução, RECONHECE IMEDIATAMENTE E EXPIA, POR MEIO DE UMA ENCARNAÇÃO MAIS OU MENOS MATERIAL, MAIS OU MENOS FLUÍDICA, DE ACORDO COM O SEU GRAU DE ELEVAÇÃO, COM A EXTENÇÃO OU A GRAVIDADE DA MESMA FALTA. Todo castigo é adequado ao erro praticado. Uma falta que por demasiado sutil vos escapa, é uma ofensa ao Criador e não escapa ao Espírito que, já bastante evoluído, dela tem consciência, antes mesmo de germinar no seu íntimo: Por isso é que se exila para expia-la, temporariamente dos gozos infinitos do ESPÍRITO PURO E LIVRE. Mais razões tendes, portanto para amar o Mestre que, completando a sua Obra de Regeneração, vos envia o Paráclito, para vos lembrar o que ensinou e revelar o que não pode dizer. ELE DECLARA QUE VIRÁ MUITO BREVE, PARA CONDUZIR-VOS, DE LUZ EM LUZ, AO DEUS ÚNICO E ETERNO, SENHOR DE TODOS OS MUNDOS, A QUEM DEVEIS A HOMENAGEM DA VOSSA ADORAÇÃO.

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O REINO DE DEUS PARA TODOS

P – Por que os parentes de Jesus não entenderam sua missão? Que pensavam eles do Reino de Deus? Poderia o Espírito da Verdade revelar quem eram, afinal, esses parentes?

R – O Reino de Deus vem para todo aquele que, finalmente, encontra a Verdade que liberta e leva diretamente ao fim. Para os judeus endurecidos, transgressores da Lei de Moisés, que por eles fora mais deformada que a Lei de Deus e foi pelos seus “ representantes”, aquele Reino viera a fim de que os que preparavam, para si mesmos, longa e dolorosa expiação, achassem aberta a porta da esperança e o caminho mais curto de chegarem à salvação. O Reino de Deus veio ainda para os que, em vez de seguirem simplesmente a LEI DE JESUS, SINTETIZADA NO SEU NOVO MANDAMENTO, a amoldaram – arrastados pelo egoísmo e pelo orgulho – às suas conveniências, fazendo de uma Lei tão pura – para uns, os que se servem da religião como de um meio, os que só a praticam exteriormente e a afeiçoam às suas necessidades, elástica vestimenta, dentro da qual possam executar os movimentos mais desregrados; e, para outros, uma geena a lhes tolher os movimentos numa constrição cruciante. Estes últimos, a nosso ver, são os que tomam a sério a religião, mas que, dotados de pouca inteligência, se submetem ao jugo que lhes é imposto, em nome do próprio Cristo! Também para vós veio o Reino de Deus, porquanto – depois de termos nós os Apóstolos e discípulos do Redentor, trabalhado no caminho que ele abriu – hoje, com a Nova Revelação e ajudados pelos nossos irmãos, os outros Espíritos do Senhor, o limpamos dos juncos, dos espinhos, das pedras agudas, e ao mesmo tempo vos estendendo as mãos PARA VOS AJUDARMOS A AVANÇAR NELE SEMPRE, TIRANDO A VENDA AOS QUE AINDA TEM A VISTA FRACA E FAZENDO BRILHAR A LUZ PARA OS QUE JÁ A PODEM SUPORTAR. Esperai mais um pouco, porque o Reino de Deus se aproxima cada vez mais, com o fulgor dos esplendores celestes. Procurai ter, portanto, a vista bastante forte, a fim de que a sua luz não vos ofusque. Até lá, enfrentai todas as injúrias e difamações dos filhos da treva. Vê-de que em várias ocasiões, em diferentes lugares e em circunstâncias diversas, os escribas e os fariseus acusaram Jesus de ser agente de Belzebu, de Satanás, do Príncipe dos Demônios. Entendei: o que Marcos refere, no capítulo em estudo, não ocorreu na mesma ocasião em que se passou o que consta da narração de Mateus. O que Marcos relata se deu quando Jesus acabou de escolher os doze apóstolos e lhes conferiu o poder de curar as enfermidades e expulsar os maus Espíritos, então chamados “demônios”. Ao saberem disso – diz o Evangelho – os parentes de Jesus vieram para se apoderarem dele, dizendo que perdera o juízo. Sabeis que, durante a sua missão terrena, Jesus tinha de passar, e – para a sua família, como para os homens em geral – passava por ser UM HOMEM IGUAL AOS OUTROS. A revelação feita a José e Maria tinha de permanecer (e permaneceu) secreta até ao termo daquela missão. Nessa época, por efeito da mesma revelação, os homens fizeram de Jesus um Deus, pois entraram a considera-lo como parte e fração do próprio Deus. Os hebreus, pelo consórcio dos membros de uma tribo com os de outras, eram parentes quase todos, ou se intitulavam parentes uns dos outros. Em tais condições, Jesus, no entender dos homens, estava cercado de primos mais ou menos próximos, chamados irmãos no Evangelho. Esses parentes, segundo os quais JESUS SAIRA DO MESMO TRONCO QUE ELES, ACHANDO-SE NAS MESMAS CONTINGÊNCIAS HUMANAS EM QUE ELES SE ENCONTRAVAM, NÃO PODIAM ADMITIR QUE ELE SE ELEVASSE TÃO ALTO, QUE INSTITUISSE APÓSTOLOS E LHES DESSE TAIS PODERES. Eis por que resolveram apoderar-se dele, dizendo que perdera o juízo, isto é, fora atacado de loucura! Jesus personificava a Doutrina do Novo Mandamento, e – como sucede com todas as grandes e generosas idéias – ela foi mal compreendida. Daí veio a oposição que se lhe deparou sobretudo entre os que, segundo os homens, desconhecedores da sua origem extra-humana eram membros da sua família. Não disse ele que NINGUÉM É PROFETA EM SUA TERRA E DENTRO DE SUA PRÓPRIA CASA? Não vêdes, ainda hoje, entre as famílias, muito de seus membros apedrejarem os que não seguem a sua rotina? O HOMEM NEGA TUDO O QUE NÃO COMPREENDE E NEGA TUDO O QUE O EMBARAÇA OU ASSUSTA. Vós, que – aceitando a Doutrina do Novo Mandamento – sais da rotina, pregando a UNIFICAÇÃO DE TODOS OS CRISTÃOS, QUE SÃO TODOS OS HOMENS, sois ( como o foi o Mestre pelos seus parentes e pelos outros homens) acusados de haver perdido o juízo, segundo os escribas e fariseus de vossos dias. Mas, como discípulos do Cristo, que pregais a Doutrina do Redentor, que renasce explicada e desenvolvida pela Nova Revelação, oponde a essas acusações a paciência, a firmeza, a indulgência e a coragem. Caminhai ousadamente: O

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CRISTO VELA POR VÓS E VOS PROTEGE E ILUMINA. E MANDA QUE OS ESPÍRITOS DO SENHOR VOS GUIEM OS PASSOS!

O VALENTE ARMADO

P – Achamos perfeita analogia do nosso Posto Familiar com aquela passagem do homem valente que guarda a sua casa. Como o Espírito da Verdade a interpreta para nós?

R – Harmonizemos Mateus, XII: 29-37, Marcos III: 27-30 e Lucas XI: 21-23 e XII: 10.

MATEUS: 29 – Disse Jesus: “Como poderá entrar alguém na casa do homem valente e roubar-lhe as alfaias, se antes não o amarar? Depois disto é que lhe saqueará a casa. 30 – Quem não é por mim é contra mim; quem comigo não junta- espalha. 31 – Eis porque vos digo: todas as blasfêmias e todos os pecados serão perdoados aos homens, menos a blasfêmia contra o Espírito Santo, que não o será. 32 – O que alguém disser contra o Filho do Homem ser-lhe-á perdoado; mas não terá perdão, nem neste século nem no futuro, o que alguém disser contra o Espírito Santo. 33 – Se uma árvore for boa, o seu fruto será bom: se for má seus frutos serão maus, pois pelo fruto é que se conhece a árvore. 34 – Raça de víboras, como podeis, sendo maus, dizer boas coisas? A boca diz aquilo de que está cheio o coração. 35 – O homem que é bom tira boas coisas do bom tesouro, e o homem mau tira coisas más do mau tesouro. 36 – Ora, eu vos digo que os homens, no dia do julgamento, prestarão contas de toda palavra ociosa que houverem proferido. 37 – Pelas tuas palavras te justificas, pelas tuas palavras te condenas”.

MARCOS: 27 – “Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e lhe roubar os bens, se antes não o manietar; só depois disto conseguirá saquear-lhe a casa. 28 – Em verdade vos digo que aos filhos dos homens serão perdoados todos os pecados que hajam cometido e todas as blasfêmias que hajam pronunciado. 29 – mas aquele que houver blasfemado contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade: será réu de delito eterno”. 30 – Jesus falava assim porque diziam: “Ele esta possesso de um Espírito impuro”.

LUCAS: 21 – “Quando um homem valente guarda, armado, a entrada de sua casa, tudo o que ele possui está em plena segurança. 22 – Mas, se outro mais forte vem e o vence, levará consigo todas as armas em que ele confiava e se apossará de seus haveres. 23 – Aquele que não está comigo está contra mim; aquele que comigo não entesoura – dissipa”. XII: 10 – “Se alguém falar contra o Filho do Homem, isso lhe será perdoado; mas não terá perdão aquele que blasfemar contra o Espírito Santo”.

Jesus, como já o temos dito tantas vezes, falava aos homens daquela época a linguagem que lhes era adequada; a linguagem que, convindo ao momento não comprometia o futuro que, ao contrário, era preparado e salvaguardado PARA SER COMPREENDIDO E IMPRESSIONAR A IMAGINAÇÃO DOS HOMENS DAQUELE TEMPO, O MESTRE USAVA DE IMAGENS MATERIAIS, E TODAS ENCERRAVAM UMA ADVERTÊNCIA, UMA LIÇÃO, UM ENSINAMENTO. Ele o disse: “O espírito, é que vivifica: as palavras que vos digo são espírito e vida”. Para vós outros chamados a receber a Nova Revelação e a compreender por meio desta o sentido e o alcance daquelas palavras, é que elas foram pronunciadas. Sabei, portanto, tirar sempre da letra o espírito, a fim de apreenderdes o pensamento do Cristo, o sentido verdadeiro de seus ensinamentos. Dizendo o que consta dos versículos 29 de Mateus e 27 de Marcos, ALUDIA JESUS AO PECADO QUE, PONDO CERCO AO HOMEM, O RODEIA DE SEDUÇÕES PARA DELE SE APODERAR. E, UMA VEZ QUE O HAJA EMPOLGADO, O DESPOJA DE TODAS AS SUAS VIRTUDES. Suas palavras eram portanto, simbólicas ou emblemáticas. Vs. 21 e 22 de Lucas – O homem pode estar certo de vencer desde que se mantenha forte contra si mesmo, vigilante sobre a sua consciência, pronto sempre a combater os maus instintos, os maus pendores e as más paixões. Se, porém, se descuida, se cai na voluptuosidade e no sono da consciência, nele penetram os vícios, e lhe impõem suas algemas e terminam por escraviza-lo. Tomam-lhe, uma a uma, todas as armas, arrancando-lhe uma a uma, as boas resoluções por fim as virtudes e, depois de o terem suplantado VOLTAM CONTRA ELE AS SUAS MESMAS ARMAS, PORQUANTO AS VIRTUDES PERDIDAS SE TORNAM VÍCIOS. Quem não pratica o mal deve praticar o Bem que

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lhe é oposto, pois quem negligencia em praticar o Bem inevitavelmente cai no mal. Aquele a quem falta à caridade não é egoísta e orgulhoso? Aquele que se esquece de seu Deus não se torna ímpio? O mesmo se dá com as virtudes que não são praticadas: tomam seu lugar os vícios, que elas, se cultivadas, poderiam destruir. Estas palavras do versículo 22 de Lucas: “e se apossará de seus haveres” não são emblemáticas relativamente às inteligências para as quais falava o Mestre: são o complemento da figura material que ele apresentava aos judeus. Quem quer que como ladrão penetra na casa de outrem, o desarma e amarra, há de ter, necessariamente um objetivo material. Por esta razão é que Jesus acrescentou: “e se apossará de seus haveres”. Sem este complemento, os hebreus não teriam compreendido o motivo do proceder do ladrão porque do seu ato não colhia qualquer proveito. Certamente os vícios, que substituam as virtudes no coração daquele que adormece confiante em si mesmo, não tiram proveito das virtudes destruídas MAS O TIRAM DA DESTRUIÇÃO DELAS, DO SEU BANIMENTO DO CORAÇÃO EM QUE FLORESCIAM, NO SENTIDO DE QUE ASSIM LOGRAM PENETRAR LÁ, ONDE DE OUTRO MODO NÃO TERIAM ACESSO: LOGRAM ALOJAR-SE LÁ, ONDE NÃO TERIAM ENTRADO: DESPOJAM PORTANTO, AS VIRTUDES DO ASILO QUE LHES FORA PREPARADO. TODA A VIGILÂNCIA É POUCA, NOS LARES DO NOVO MANDAMENTO. E, POR ISSO, É QUE JESUS INSISTE, RECOMENDANDO SEMPRE: ORAI E VIGIAI!

QUEM NÃO É POR MIM É CONTRA MIM

P – O CEU da LBV está esclarecendo uma série impressionante de dúvidas. Todos sentem, agora, que o Evangelho tem de ser explicado EM ESPÍRITO E VERDADE, SEMPRE À LUZ DO NOVO MANDAMENTO. Uma afirmação do Cristo merece capítulo à parte: “Quem não é por mim é contra mim”. Como a interpreta o Espírito da Verdade?

R – Versículo 30 do Evangelho Segundo Mateus: “ Quem não é por mim é contra mim, quem comigo não junta – espalha”. Versículo 23 do Evangelho segundo Lucas: “Quem não está comigo está contra mim: quem comigo não entesoura – dissipa”. Significa: QUEM NÃO SEGUE A LEI DE JESUS, ISTO É, A DOUTRINA DO NOVO MANDAMENTO, DELA SE APARTA. LOGO, ESTÁ CONTRA ELE, PORQUE SEGUE CAMINHO OPOSTO AO QUE POR ELE FOI TRAÇADO. A profecia do Mestre terá de se cumprir, queiram os chefes religiosos ou não. Os que insistem na supremacia do seu sectarismo estão opondo obstáculos à vontade daquele que formou a Terra, o Cristo que declarou: “HAVERÁ UM SÓ REBANHO E UM SÓ PASTOR”. Para ele, sem cuja permissão ninguém está no vosso mundo, todos são naturalmente cristãos, nos diferentes graus da escala evolutiva. Assim, “quem comigo não junta – espalha” e “quem comigo não entesoura – dissipa”. Todo aquele que não caminha pela estrada que Jesus abriu, preferindo os atalhos das religiões humanas, prega o separatismo fanático e suicida. Dispersa, espalha e desnorteia as ovelhas do Bom Pastor. Por conseguinte, quem age assim não reunirá os tesouros que o Senhor reserva para os justos. Quem se desvia desse caminho, fascinado pelas doutrinas de preceitos humanos, DISSIPA ESSES TESOUROS E PERDE PRECIOSO TEMPO, DE QUE DARÁ PESADAS CONTAS . Quanto às divergências dos Evangelhos Sinóticos, repetimos: Não leveis em conta as ligeiras diferenças que se notam nessas três narrativas – Mateus, Marcos e Lucas. Como sabeis, Jesus repetia muitas vezes, aos hebreus que o cercavam, os mesmos ensinos, sem contudo usar as mesmas palavras. Ele tinha de apropriar suas lições às inteligências e às necessidades daqueles que as recebiam. Daí as “diferenças” referidas. Lembrai-vos desta observação que vos fizemos: CADA EVANGELISTA NARRA FATOS MAIS OU MENOS SEMELHANTES, OCORRIDOS COM PEQUENOS INTERVALOS, MAS CUJAS PARTICULARIDADES NÃO COINCIDEM PERFEITAMENTE. CADA UM, DENTRO DO QUADRO QUE LHE FOI TRAÇADO, RELATA SOB INSPIRAÇÃO MEDIÚNICA O QUE VIU, OUVIU OU SOUBE POR INFORMAÇÃO DIGNA DE CRÉDITO. SOBRETUDO, LEMBRAI-VOS DE QUE ISSO ATESTA A VERACIDADE DOS EVANGELHOS!

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BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO

P – Estamos estudando, no ponto em exame, os versículos 31 e 32 do Evangelho segundo Mateus, 28 e 29 segundo Marcos, 10 segundo Lucas. O que mais nos prende a atenção é esta afirmativa de Jesus: “TODOS OS PECADOS E BLASFÊMIAS SERÃO PERDOADOS AOS HOMENS, MENOS A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, QUE NÃO O SERÁ. O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O FILHO DO HOMEM SER-LHE-Á PERDOADO, MAS NÃO TERÁ PERDÃO, NEM NESTE SÉCULO NEM NO FUTURO, O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O ESPÍRITO SANTO”. Como interpreta estas palavras o Espírito da Verdade?

R – Por essa forma, Jesus patenteava, em primeiro lugar, a diferença que há entre ele (não obstante a sua essência superior, sua origem e sua posição espirituais) e o Senhor Onipotente, criador do Universo. Já sabeis que, no entender dos judeus, O ESPÍRITO SANTO ERA A INTELIGÊNCIA MESMA DE DEUS, FALANDO, POIS, AQUELES HOMENS DA BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, JESUS SE REFLETIA À BLASFÊMIA CONTRA O PAI CELESTIAL, SENHOR DE TODOS OS MUNDOS. Consiste a blasfêmia em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro Aquele que é TODO O AMOR, TODA A CIÊNCIA E TODA A JUSTIÇA, EM SUMA – A VERDADE ABSOLUTA. Qual o crime que se pode comparar a esse? A blasfêmia contra Deus não constitui a maior ofensa que se lhe possa fazer? Se, numa família, os filhos se revoltam contra o irmão mais velho, ainda que este represente o pai, cometerão falta menor do que se insultarem e injuriarem o próprio pai. Ora, a mesma relação, no que diz respeito ao Cristo, podeis estabelecer, lembrando-vos de que ele personifica a Moral Divina que PREGOU MAIS POR EXEMPLOS DO QUE POR PALAVRAS. Quanto àquela “ameaça de penas eternas”, feita pelo Mestre, não existe. Para os hebreus, de acordo com os seus preconceitos, escrituras e tradições, os termos eternidade, na eternidade, eterno e eternamente tinham dois sentidos, podiam ser tomados em duas acepções diversas. No sentido absoluto, quando empregados relativamente a Deus, designavam a ETERNIDADE PROPRIAMENTE DITA. No sentido relativo, quando empregados com relação aos homens, designavam uma duração imensa, MAS POR MAIOR QUE FOSSE, LIMITADA, CONDICIONADA A TER FIM. Basta verificar estas passagens do Velho Testamento: Êxodo, XV: 18 – “O Senhor reinará para todo o sempre”; Miquéias, IV: 5 – “Porque todos os povos andam cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em nome do Senhor nosso Deus para todo o sempre”; Esdras, X: 3 – “Segundo o conselho do Senhor e o dos que tremem ao mandado do nosso Deus, tudo seja feito segundo a Lei”; Josué, XIV: 9 – “Então Moisés naquele dia jurou, dizendo: Certamente a terra será tua e de teus filhos, em herança perpétua, pois perseveraste em seguir o Senhor meu Deus”; Isaías, LVII: 15-16 – “Porque assim diz o Altíssimo, o sublime que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas também moro com o contrito e abatido de espírito. Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim e se extinguiria o fôlego da vida que Eu criei”. Proferindo aquelas palavras dos versículos 31 e 32 de Mateus, 28 e 29 de Marcos, 10 de Lucas (que só a Nova Revelação poderia explicar umas pelas outras, tornando-as – perfeitamente reunidas todas – COMPREENSÍVEIS EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO), o Cristo entregava às interpretações humanas o conjunto delas. E os homens as interpretaram falsamente, dando ao vocábulo ETERNIDADE sentido absoluto, quando Jesus o empregara em sentido relativo. Não compreenderam que, no pensamento do Mestre, se tratava de uma eternidade relativa, de “mais de um século” de “mais do que o século vindouro”, modo pelo qual objetivava ele dar uma idéia da extensão do castigo, da sua “duração imensa”, qualquer que fosse a palavra dita contra Deus, na intenção de nega-lo, de o acusar de erro ou de injustiça. Entretanto, não censureis os que erroneamente interpretaram as palavras de Jesus: REALMENTE, TUDO TEM SUA RAZÃO DE SER AS FALSAS INTERPRETAÇÕES HUMANAS, CAUSADAS PELO ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS, PELAS NECESSIDADES DA ÉPOCA E DOS TEMPOS QUE SE SEGUIRIAM, SERVIRAM AQUELE TEMPO E PREPARARAM O CAMINHO DA NOVA REVELAÇÃO.

OS DOGMAS E AS VERDADES ETERNAS

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P - A Igreja baseia sua crença no inferno e suas penas eternas em palavras de Jesus, como as que constam do capítulo em estudo. Que diz a isto, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R - Jesus se dirigia a homens cuja imaginação precisava ser despertada. Vede que o mesmo ainda hoje se dá: não usamos de idêntica linguagem, para com todos vos. Muitas vezes nos adaptamos às vossas fraquezas, aos vossos preconceitos e até mesmo ao ranço de sectarismo latente em vós, A FIM DE VOS CONDUZIRMOS GRADUALMENTE AS VERDADES QUE, REVELADAS DE CHOFRE, PODERIAM DETERMINAR O VOSSO AFASTAMENTO. Jamais chocamos inutilmente as crenças humanas, enquanto possam conciliar-se com o progresso da Humanidade. Mas, desde que um Espírito fraco se apegue fortemente a este ou aquele dogma, a tal ou qual cerimônia, nós lhe dizemos lealmente: “O CULTO QUE AGRADA AO SENHOR Ê UNICAMENTE O CULTO QUE VEM DO CORAÇÃO; A SEUS OLHOS NENHUM VALOR TÊM OS ATOS EXTERIORES". Inversamente, aos fracos que necessitem de apoio para a sua crença, de uma barreira que os impeça de transpor certos limites, dizemos: "SERVI EM PLENA CONSCIÊNCIA, AO SENHOR DEUS: PRATICAI COM REGULARIDADE E SINCERA ATENÇÃO 0 VOSSO CULTO, QUALQUER QUE ELE SEJA; MAS' NÃO VOS DESCUIDEIS DO CULTO DA ALMA, TÃO GRATO AO PAI CELESTIAL. SOIS FRACOS E TENDES NECESSIDADE DE AMPARO; BUSCAI-0 ONDE COSTUMAIS ENCONTRÁ-LO; MAS BUSCAI, TAMBÉM, O DOS VOSSOS AMIGOS CERTOS, OS ESPÍRITOS DO SENHOR, QUE VOS CERCAM E AUXILIAM, QUE CONHECEM O ÚNICO OBJETIVO QUE DEVEIS ALCANÇAR: A PAZ NA VIDA PRESENTE E A FELICIDADE NA VIDA FUTURA". Como vedes, conformamos nossos ensinos com os preconceitos e as fraquezas humanas. Todavia, para que não haja obscuridade em nossas palavras, declaramos: jamais os conformamos com erros e faltas das crenças humanas, subordinando a Verdade Eterna à transitoriedade dos dogmas. Falamos a uns com doçura e outros com severidade, apropriando nossa linguagem ao caráter e às disposições de cada um. Ora, Jesus - sábio por excelência - soube muito melhor do que todos nós, tornar a lição compreensível de modo oportuno e útil, aos Espíritos obstinados que o ouviam. Por isso vos dizemos; NÃO HÁ, NUNCA HOUVE, DA PARTE DO MESTRE, AMEAÇA DE PENAS ETERNAS. Entendei bem, portanto, estas palavras: "Aquele que houver blasfemado contra o Espírito Santo não achará perdão na eternidade, será réu de um delito eterno; não terá perdão nem neste século, nem no futuro". O Cristo adequava a palavra à inteligência: A FALTA ACARRETA UM CASTIGO QUE PODEIS CONSIDERAR ETERNO, TENDO EM VISTA A MEDIDA DE QUE USAIS PARA MEDIR O TEMPO. O Espírito rebelde, que blasfema contra Deus, tem de sofrer longas provações para voltar ao cumprimento do dever. Esse ato inaudito denota, no Espírito, um sentimento de rebelião e de orgulho que o levará a multas quedas. Não concebeis que as diversas categorias de delito impliquem a idéia de maior ou menor perversidade? Necessariamente, quem cometer certa falta que, comparada a outra, seja leve, estará mais perto de se arrepender: e menos radicalmente vicioso ficando entendido que A DIFERENÇA DE CULPABILIDADE RESULTA DA INTENÇÃO E NÃO DA CARÊNCIA DE OPORTUNIDADE. Não há caso algum em que o Espírito fique absolutamente excluído de perdão. Apenas, relativamente semelhante exclusão existe para o culpado pelo temor, que este experimenta, de que ela seja real, à vista do castigo e da sua duração. ESTA NADA É EM FACE DA ETERNIDADE, MAS SE AFIGURA SER A PRÓPRIA ETERNIDADE AQUELE QUE NADA VÊ PARA ALEM DOS ACANHADOS LIMITES DA SUA INTELIGÊNCIA. Não tendes ouvido Espíritos culpados dizerem, por entre gemidos, que se acham condenados a penas eternas"? E não sabeis que a existência neles, desta crença constitui um dos meios de os levar ao arrependimento? Não vedes como? Eis aqui: o rigor e a duração do castigo consomem as más energias do culpado.Cassado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado, conta todas as faltas, todos os crimes que o precipitaram no abismo e, finalmente, exclama: "Ah! se eu pudesse começar tudo de novo!” Os Espíritos, que o cercam logo tratam de intervir, impelindo-o a pesquisar SE TERÁ, MESMO, DE RECOMEÇAR E A SABER COMO ELE 0 PARIA SE TIVESSE A NOVA OPORTUNIDADE, Pouco a pouco, o arrependimento lhe vai penetrando no íntimo, fazendo nascer a esperança do perdão, ao influxo desta esperança, o arrependimento se desenvolve; a expiação passa a ser suportada com paciência e resignação. Depois, à medida que aquele se torna mais sincero e profundo, vem surgindo o desejo de

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reparar, de expiar e progredir, com o auxílio de novas provações. E DEUS PERDOA E CONCEDE AO CULPADO QUE SE ARREPENDEU E SUBMETEU A GRAÇA DA REENCARNAÇAO.

A JUSTIÇA PERFEITA DE DEUS

P – Não podia ser mais feliz e edificante a explicação do capítulo em exame. Uma pergunta, ainda, queremos formular ao Espírito da Verdade: - Pode haver Espírito eternamente culpado?

R – Quando Jesus falava (ou os Evangelhos falavam, em suas narrativas) em ESPÍRITO SANTO, esta expressão, como sabeis, designava os Espíritos Puros, ou Espíritos Superiores, os Bons Espíritos, que desempenham junto dos homens as funções de órgãos do Senhor, de seus ministros, mensageiros ou agentes, de acordo com o grau de elevação de cada um. Servindo-se da expressão ESPÍRITO SANTO, QUANDO TRATOU DA BLASFÊMIA CONTRA DEUS, Jesus o fêz porque, como também já o dissemos, os judeus entendiam por Espírito Santo a inteligência mesma de Deus. Em última análise, tudo vem a dar no mesmo, num caso e noutro, por isso que OS ESPÍRITOS DE LUZ NADA MAIS SÃO QUE O REFLEXO DA VONTADE DO SENHOR ONIPOTENTE. O homem que blasfema contra Deus é um rebelde às inspirações do seu Anjo da Guarda e dos Bons Espíritos; incorre em culpa grave e não obtém perdão ENQUANTO PERMANECE CULPADO E REBELDE: PORTANTO, A ETERNIDADE DO CASTIGO CORRESPONDE A ETERNIDADE DA FALTA. Se o Espírito permanecesse eternamente rebelde, seria réu de delito eterno; jamais obteria perdão na eternidade, nem além dela (para nos servirmos das expressões bíblicas). Mas não é nem pode ser assim. Por efeito da onipotência, da justiça, da bondade e da misericórdia infinitas do Senhor, e de acordo com a promessa que Jesus fez, em nome do Pai, e com o que disse na “Parábola do Filho Pródigo”: MEU PAI NÃO QUER QUE PEREÇA NENHUM DESTES PEQUENINOS – VIM SALVAR O QUE ESTAVA PERDIDO SEDE PERFEITOS COMO É PERFEITO O PAI QUE ESTÁ NO CÉU”, não há Espírito culpado e rebelde que, no curso da Eternidade que se desdobra diante de si, não experimente o influxo das Leis Imutáveis do progresso e da perfectibilidade, do sofrimento e da expiação. Não há Espírito que, usando de seu livre arbítrio, sob a ação de sua consciência, presa do remorso e do arrependimento, auxiliando na erraticidade pelos sofrimentos ou torturas morais adequados e proporcionados aos crimes e faltas cometidos, iluminado pelas provações e expiações, deixe – com o tempo e mediante a reencarnação – de voltar ao aprisco, assim como a ovelha tresmalhada; de voltar à casa paterna, como o filho pródigo, arrependido e submisso. É assim a justiça perfeita de Deus: NINGUÉM HÁ QUE, PURIFICADO, NÃO VENHA A SER, UM DIA, ACOLHIDO PELO PAI DE FAMÍLIA, PELO SENHOR ONIPOTENTE, DE INFINITA MISERICÓRDIA!

RAÇA DE VÍBORAS

P – Finalizando o estudo que fazemos, na Cruzada do Novo Mandamento no Lar, concentramos nossa atenção nos versículos 33 de Mateus, sobre os frutos da árvore; 24 e 25, também de Mateus, sobre “ raça de víboras”; 36 e 37, ainda no Evangelho de Jesus segundo Mateus, sobre “ palavras ociosas”. Como explica tudo isso o Espírito da Verdade?

R – Versículo 33 de Mateus: “Se uma árvore for boa, seu fruto será bom; se for má, seu fruto será mau: pelos frutos é que se conhece a árvore”. Por estas palavras, dirigidas aos discípulos, JESUS LHES ENSINAVA A CONHECER OS HOMENS. Sem dúvida, o homem de maus instintos praticará más ações. Mas, se o virdes esforçar-se por fazer o Bem, por cumprir os deveres que a consciência lhe impõe, podeis dizer que a árvore é boa. E ficai certos de que, se for cultivada, com as lições do Evangelho e do Apocalipse, melhor ainda se tornará. Versículos 24 e 25: “Raça de víboras, como podeis, sendo maus, dizer coisas boas, se a boca fala aquilo de que está cheio o coração? O homem bom tira boas coisas de bom tesouro e o homem mau tira coisas más de mau tesouro”. Pelos termos RAÇAS DE VÍBORAS, apropriados aos tempos e aos homens, JESUS DESIGNAVA

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AQUELA RAÇA DE ESPÍRITOS INFERIORES E ORGULHOSOS, QUE ACREDITAVAM PODER ALCANÇAR, SEM SOCORRO, A MORADA CELESTE, E QUE NÃO QUERIAM RECEBER LUZ ALGUMA. A palavra emerge do coração, quando exprime abertamente a maneira de pensar. Mas, se oculta o pensamento, ou lhe dá a aparência da doçura, sendo ele agressivo, então a palavra é mentirosa, hipócrita e má. Por isso é que Jesus perguntava aos fariseus: “Como é que, sendo maus, podeis dizer coisas boas?” As palavras saem do tesouro do coração. Se o tesouro é mau, também más serão as palavras e ações, quer as primeiras exprimam abertamente a maneira de pensar, quer sirvam de disfarce à mentira, à hipocrisia ou à maldade. Versículos 36 e 37: “Ora, eu vos digo que os homens, no dia do julgamento, darão contas de toda palavra ociosa que houverem proferido. Porque sereis justificados pelas vossas palavras e pelas vossas palavras sereis condenados”. As traduções preferiram os termos: ociosa e inútil para – dando maior extensão ao texto – fazerem que as palavras do Mestre ABRANGESSEM A TODOS E NÃO SOMENTE AOS BLASFEMADORES. Essa alteração do original teve por efeito reprimir os costumes e por um freio ao deboche dos inimigos do Evangelho. Estendendo a sentença do Cristo até às palavras ociosas, restringia a linguagem aos limites do justo e do necessário. Sendo mister coibir as conversações mais que levianas, capazes de desviar as inteligências do fim elevado que se lhes propunha, necessário era que se batesse com força para atingir esse objetivo. O DIA DO JUGAMENTO, em que os homens prestarão contas, é aquele em que o Espírito culpado, após a morte, faz uma introspecção, observa a sua passada existência, suas faltas ou crimes e, TOCADO PELO ARREPENDIMENTO, FUSTIGADO PELO REMORSO, SOFRE A EXPIAÇÃO, INEVITAVELMENTE SEGUIDA DA NECESSIDADE DE REENCARNAR. E ISSO EXPLICA A ADVERTÊNCIA DE JESUS: NÃO SAIRÁS DA PRISÃO (O CORPO MATERIAL) ATÉ PAGARES O ÚLTIMO CEITIL.

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O “MILAGRE” DE JONAS

P – A passagem do “milagre” de Jonas tem sido causa de muita controvérsia. Como a explica, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Vejamos o Evangelho segundo Mateus, XII: 38-42, e segundo Lucas, XI: 29-32.

MATEUS: 38 – Então, alguns dos escribas e fariseus lhe disseram: “Mestre, queremos ver um milagre feito por ti”. 39 – Jesus lhes respondeu: “Esta geração adúltera e má pede um milagre, mas nenhum outro lhe será dado senão o do Profeta Jonas. 40 – Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, também o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra. 41 – Os Ninivitas, no dia do juízo, se levantarão contra esta geração para condena-la, pois eles fizeram penitência ao ouvirem a pregação de Jonas: e aqui está quem é maior do que Jonas. 42 – A rainha do Sul se levantará, no dia do juízo, contra esta geração e a condenará, pois veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria do rei Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão.

LUCAS: 29 – Disse, então, à turba que o cercava: “Esta geração perversa me pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado senão o do Profeta Jonas. 30 – Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do Homem o será para esta geração. 31 – A rainha do Sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará, pois veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui quem é maior do que Salomão. 32 – Os ninivitas se levantarão, no juízo, contra esta geração para condena-la, pois se arrependeram ouvindo a pregação de Jonas; e eis aqui esta quem é maior do que Salomão”.

Aquela geração, que repelia todos os esforços empregados para conduzi-la ao caminho do Bem, era má e adúltera: ADÚLTERA NO SENTIDO DE DESPREZAR A FÉ NO SEU DEUS PARA SE ENTREGAR ÀS PRÁTICAS MATERIAIS LAMENTÁVEIS. Não é este o lugar de vos explicarmos como se deu o que os homens consideraram a passagem de Jesus da vida material para a morte e a sua volta a vida espiritual. Respondei-nos, porém: - Sua ressurreição depois de três dias e três noites de morte aparente, mas considerada real pelo vulgo – não constitui um milagre, idêntico ao que se atribui a Jonas? Dizemos “que se atribui” a Jonas porque o fato, que com ele se deu, foi referido aos hebreus ampliado, comentado e desnaturado. Houve, da parte do narrador, erro e falsa interpretação quando disse “ que Jonas fora atirado ao mar; que Deus preparara um peixe imenso para engolir o profeta; que este passou três dias e três noites dentro de tal peixe; que o Senhor falou ao peixe e que este pela boca deitou Jonas na praia”. JONAS NÃO FOI LANÇADO AO MAR: ESTEVE, SIM, TRÊS DIAS E TRÊS NOITES A FERROS NO FUNDO DO NAVIO QUE O LEVAVA. Um devotado marinheiro tirou-o de lá e o trouxe; num bote, até à praia, onde o deixou. Salvou-o, portanto, a dedicação de um homem – que serviu de instrumento à Divina Providência – o qual, por influência e inspiração espirituais, cumpriu a vontade de Deus, libertando Jonas das cadeias que o prendiam, trazendo-o num bote do navio e deixando-o na praia. A credulidade e a atração que exerce no homem tudo o que revista a auréola do maravilhoso deram origem à crença num acontecimento sobrenatural, isto é, num milagre. ENTRETANTO, O GRANDE PEIXE OUTRO NÃO ERA SENÃO O NAVIO A CUJO BORDO ESTAVA JONAS: A BOCA NADA MAIS ERA QUE O BOTE, QUE DEIXOU O PROFETA NA PRAIA. Dizendo “Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim também o Filho do Homem o será para esta geração. Jesus se colocava – como sempre – no ponto de vista das crenças humanas, relativamente a Jonas e a si próprio. O profeta que era um homem igual aos demais, foi tido pelos habitantes de Ninive como um ENTE EXCEPCIONAL DA RAÇA HUMANA, visto que pudera viver dentro de um peixe e sair, são e salvo, depois de haver passado ali três dias e três noites. Para o vulgo, e mesmo para os discípulos, Jesus era um homem igual aos outros, com um corpo de carne e ossos, exatamente como os corpos deles. Em tais condições, sua ressurreição e sua ascensão não podiam ser mais compreensíveis nem menos milagrosos do que a volta de Jonas. Mas vós, que conheceis as causas e compreendeis os efeitos, não podeis ver na ressurreição e na ascensão de Jesus mais do que uma conseqüência da sua missão e da sua organização fluídica. SIM, NÃO HÁ MILAGRE NO SENTIDO QUE LHE DÁ A IGREJA HUMANA, COM DERROGAÇÃO DAS LEIS IMUTÁVEIS QUE DEUS ESTABELECEU PARA TODA A ETERNIDADE.

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JONAS, NINIVE E A RAINHA DE SABÁ

P – Só mesmo o Evangelho em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento, aclara todas as dúvidas dos homens! Como vemos, até hoje as igrejas humanas explicam na base do milagre a “ressurreição” e a “ascensão” de Jesus! Que diz a isto o Espírito da Verdade?

R – Evidentemente, a ressurreição e à ascensão de Jesus só se explicam pela revelação que vos trouxemos da origem do Cristo, do seu corpo fluídico (ou perispírito tangível) que ele tornou, com a forma ou aparência do corpo humano. Entretanto, os homens daquela época, presenciando a “ascensão”, O QUE VIRAM FOI UM CORPO, FEITO DE MATÉRIA IMPURA, ELEVAR-SE POR SI MESMO, PARA IR INSTALAR-SE LÁ ONDE TUDO É ESPIRITUAL. Bem mais sensível era o milagre para os homens de então. Foi, por assim dizer, essa impossibilidade da reunião da matéria com a espiritualidade que preparou a vossa era. Foi ela que, da crença nos milagres, afastou os pensadores. Tão concebível se lhes patenteou aquela reunião que ELES PROCURARAM UMA EXPLICAÇÃO POSSÍVEL PARA O FATO E ACABARAM NEGANDO-O POR NÃO PODEREM ACREDITAR NELE. Todos, porém, hão de aceitar a explicação simples, racional e irrefutável, da tangibilidade conferida ao perispírito do Mestre. Roto o véu, compreendeis agora que Jesus, desde o momento em que não quis mais conservar aquela tangibilidade, haja – sob a aparência do corpo humano – mantido a sua essência etérea; haja podido sair do sepulcro sem arrombamento, não ficando nele fragmento algum do corpo; haja podido apresentar-se a muitas pessoas em diversos lugares e retomar a tangibilidade, quando isso foi preciso; haja, finalmente, voltado à plenitude das suas faculdades espirituais quando, elevando-se na presença de seus discípulos, voltou para as regiões etéreas de onde se exilara voluntariamente, PARA VÓS CONVENCER E VOS SALVAR DE VÓS MESMOS. Dizendo o que consta dos versículos 41 e 42 de Mateus, 31 e 32 de Lucas, tinha o Cristo a intenção de – como sempre – ferir a imaginação dos hebreus por meio de um paralelo entre a época das Escrituras e aquela em que ele falava. Com relação aos habitantes de Ninive – Está bem claro que a comparação não era possível e não foi feita por Jesus senão com os que haviam tirado proveito da pregação de Jonas, permanecendo na via do Senhor, depois de terem ingressado nela, COM OS QUE A RECEBERAM, E PARA LOGO A ESQUECERAM, NÃO SERIA POSSÍVEL ESTABELECER COMPARAÇÃO ALGUMA. Com relação à rainha de Sabá – Ela viera das montanhas do Líbano, as quais – para os judeus daquele tempo – ficavam nos confins da terra, a fim de ouvir o rei Salomão, cuja grande reputação de sabedoria a atraíra. Depois de conversar com ele, ouvindo longamente as suas palavras, disse a rainha do Sul: “Bem maiores que a fama, que chegou até mim, são a tua sabedoria e as tuas obras! Felizes são os que te pertencem! Felizes são os teus servos, que estão sempre na tua presença e escutam as palavras da tua sabedoria! Bendito seja o Senhor teu Deus, que te dispensou as suas complacências, que te colocou no trono de Israel e te fez rei, para reinares com eqüidade e distribuíres a justiça!” Os Ninivitas que, aproveitando a pregação de Jonas, entraram e permaneceram na via do Senhor e a rainha de Sabá que, cedendo à inspiração que recebera, reconheceu a grandeza de Deus e a sabedoria daquele a quem fizeram rei, ERAM A CONDENAÇÃO DOS HEBREUS, QUE RESISTIAM A TODOS OS ESFORÇOS DE JESUS PARA OS RECONDUZIR AO BOM CAMINHO. Depois de aludir às escrituras, comparando o que elas narram com o que se passava em torno de si, Jesus chamou a atenção dos homens para a superioridade da sua missão (superioridade que só a Nova Revelação pode apresentar em Espírito e Verdade) e para a culpabilidade dos que se rebelavam contra suas palavras e seus exemplos, dizendo: “AQUI ESTÁ QUEM É MAIOR DO QUE JONAS: AQUI ESTÁ QUEM É MAIOR DO QUE SALOMÃO”. Salomão e Jonas eram Espíritos em missão, mas de ordem inferior. Seria admissível que Jesus se equiparasse a qualquer dos dois sendo ele O CRISTO DE DEUS, O ÚNICO REPRESENTANTE DO SENHOR NA TERRA, O MESTRE, REI DO VOSSO PLANETA E DA SUA HUMANIDADE? HOJE COMPREENDEIS TUDO ISSO FACILMENTE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO.

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O ASSÉDIO INCESSANTE DA TREVA

P – Queremos debater, em nosso Posto Familiar, o caso do Espírito imundo que volta à sua residência. Como o Espírito da Verdade interpreta essa passagem, pelo CEU da LBV?

R – Harmonizemos Mateus, XII: 43-45 com Lucas, XI: 24-26.

MATEUS: 43 – Quando o Espírito impuro sai de um homem, vagueia por lugares áridos em busca de repouso, e não o encontra. 44 – Diz, então: “Voltarei para a casa de onde saí”. E, voltando, a encontra vazia, limpa e ornada. 45 – Então parte de novo, arrebanha sete outros Espíritos ainda piores do que ele, entram todos na casa e passam a habita-la. Ora, o último estado do homem fica sendo pior que o anterior. Assim acontecerá com esta geração criminosa.

LUCAS: 24 – Quando o Espírito imundo sai de um homem, anda por lugares áridos, em busca de repouso. E, não o encontrando, diz: “Voltarei para a casa de onde saí”. 25 – Voltando, ele a encontra varrida e ornamentada. 26 – Vai-se, então, de novo, reúne outros sete espíritos mais impuros do que ele, e entram todos na casa e lá se instalam. E o último estado do homem fica sendo pior que o de antes. 27 – Ora, sucedeu que quando Jesus dizia essas coisas, uma mulher, elevando a voz do meio do povo, lhe disse: “Feliz é o ventre que te trouxe ao mundo! Bem-aventurados os seios que te amamentaram!” 28 – Jesus, porém, respondeu: “Felizes e bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam!”

Jesus fazia ver aos homens que lhes cumpria estar sempre em guarda contra as más paixões que, repelidas a princípio facilmente, voltam depois com mais força e maior tenacidade. Tomai, se quiserdes, por símbolo das más paixões os “Espíritos imundos” do Evangelho, os maus Espíritos cuja influência vos ensinamos a evitar. Aquele que, fraco de Espírito, cede com facilidade às más inspirações, por serem más as suas tendências, oporá – tomando boas resoluções – sério obstáculo aos esforços que empreguem os Espíritos malfazejos, no sentido de o arrastarem para o mal. O Espírito que o influenciava se afasta, e vai em busca de alguma outra inteligência que lhe seja mais fácil impressionar, A FIM DE SE APODERAR DELA, TENDO SEMPRE, PORÉM, DEBAIXO DAS VISTAS, AQUELE SOBRE QUEM EXERCIA SUA AÇÃO FUNESTA E QUE FÔRA OBRIGADO A ABANDONAR. Ora, ao notar da parte deste um descuido, por menor que seja, um relaxamento das boas resoluções, volta prontamente a se apossar da sua antiga vítima. Se encontrar resistência, não podendo esta ser muito forte, pois não nasce de um sentimento realmente puro, ELE SE OBSTINARÁ E, SE FOR PRECISO, CHAMARÁ EM SEU AUXÍLIO OS ESPÍRITOS INFERIORES QUE O CERCAM, SEMPRE DISPOSTOS AO MAL. Todavia, não concluais das nossas palavras que todas as vossas ações más, todos os vossos maus pensamentos sejam resultado de uma influência oculta. SE EM VÓS NÃO EXISTIR O GERME DO MAL, NÃO ATRAIREIS OS ESPÍRITOS DO MAL. As vossas tendências, boas ou más, é que determinam a ordem dos Espíritos que virão grupar-se em torno de vós. Os que simpatizarem com os vossos pendores certamente vos cercarão. VIGIAI, PORTANTO, PORQUE O ASSÉDIO DA TREVA É INCESSANTE. Policiai, a todo instante, os vossos pensamentos mais secretos; varrei cuidadosamente a vossa casa; purificai a vossa Alma e montai guarda à porta do santuário, a fim de impedirdes a aproximação dos que não sejam dignos de penetrar nele! COMO ORDENA JESUS: VIGIAI E ORAI, ORAI E VIGIAI!

O ESPÍRITO ACIMA DA LETRA

P – As explicações do CEU da LBV libertam da letra que mata, o espírito que vivifica. Como o Espírito da Verdade interpreta a expressão “lugares áridos” de Jesus?

R – É o que consta do versículo 43 de Mateus e 24 de Lucas, no capítulo em estudo os “lugares áridos”, por onde erra o Espírito impuro (o Espírito mau) sem encontrar abrigo, são os homens purificados, que não lhes dão entrada às sugestões.

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P – “Busca repouso e não o encontra”. Qual o sentido oculto dessas palavras?

R – O Espírito mau busca UMA OCUPAÇÃO CONDIZENTE COM SEUS INSTINTOS, TENDÊNCIAS OU CAPRICHOS. Jesus, não o esqueçais, falava aos judeus, e os judeus acreditavam que o Espírito imundo, habitava no homem subjugado. O Mestre os deixava nessa crença, para que a possessão lhes inspirasse horror ainda maior. Ora, falando para ser compreendido por aqueles homens, era natural que lhes figurasse o Espírito impuro a procurar repouso nos lugares áridos sem o encontrar, isto é, A RONDAR OS HOMENS FORTES E A ENCONTRA-LOS SURDOS ÀS SUAS INSTIGAÇÕES. Aí tendes, na altura do vosso entendimento, o espírito despojado da letra. Tentando penetrar num homem, cuja Alma se ache bem guardada, e não o conseguindo, sendo forçado a afastar-se sem ver lugar para seu repouso – aí tendes a lição na altura do entendimento dos judeus a quem o Cristo falava.

P – Como devemos entender o versículo 44 de Mateus e mais os 24 e 25 de Lucas?

R – Aquele que, embora por pouco tempo, expurga a Alma de seus maus pendores, dá imediato acesso aos SENTIMENTOS BONS, QUE SE OPÕEM AOS MAUS INSTINTOS, AS VIRTUDES SÃO O ORNAMENTO DA ALMA. É preciso que, quando o Espírito mau queira voltar para a casa de onde saiu, a encontre limpa e ornada. Nutrindo sentimentos de real pureza, conservai vossa Alma sempre inacessível aos maus instintos e às seduções da treva. Ornai-a de virtudes, para que o Senhor nela encontre morada digna dele, para que lhe seja grato ampliar cada vez mais o vosso progresso, moral e intelectual, concedendo-vos a assistência dos Bons Espíritos, cujo amparo conseguireis com a vossa perseverança na fé.

A COMUNHÃO DO CRISTO

P – Os ensinos do CEU da LBV, no capítulo em exame, parece ter relação com o chamado “sacrifício da eucaristia”. Que diz a isso o Espírito da Verdade?

R – Sim, mas nunca no sentido que lhe poderia dar a igreja humana. Não admitais que o corpo do homem possa servir de morada, nem eterna, nem temporária, à Divindade, como pretende a igreja romana, cujos erros provieram todos da falsa interpretação das Sagradas Escrituras; pois sempre as compreendeu segundo a letra, jamais segundo o espírito. Não admitais que “corpo e o sangue reais do Salvador” (expressões do romanismo) se possam EQUIPARAR AOS ALIMENTOS HUMANOS E FICAR, DESSE MODO, SUJEITOS AS LEIS DA DIGESTÃO NO CORPO DO HOMEM! Não admitais que o perispírito tangível, do que Jesus se revestiu temporariamente, atendendo às exigências e à duração da sua missão terrena, vaso precioso que continha uma essência ainda mais preciosa, formada de fluidos que – na chamada hora da ascensão – foram restituídos aos meios de onde haviam sido tirados, possa estar submetido àquelas leis! NÃO ADMITAIS QUE O ESPÍRITO DE JESUS ESSÊNCIA PERFEITA, DE PUREZA IMACULADA, FAÇA DO CORPO HUMANO A SUA HABITAÇÃO! A comunhão do Cristo, simbolizada pela ceia, como vos explicaremos quando chegar a ocasião, foi o último e solene apelo feito por ele em prol da fraternidade contida em seu Novo Mandamento. A comunhão dos discípulos era uma lembrança simbólica daquela outra comunhão. Cristãos de todas as correntes, aprendei o que ensina a Nova Revelação que Deus vos manda e que vos trazemos em nome de Jesus: PARA O ESPÍRITO DEVE SER TUDO ESPIRITUAL, O HOMEM RECEBE “ O CORPO E O SANGUE” DE JESUS APENAS SIMBOLICAMENTE, POIS REPRESENTAM O SEU EVANGELHO, A SUA DOUTRINA DE SALVAÇÃO, O CORPO PARA ALIMENTAR-LHE A ALMA, O SANGUE PARA LAVA-LA DE SUAS IMPUREZAS, MAS A MATÉRIA NÃO PARTICIPA, DE MODO ALGUM, DESSE SACRIFÍCIO! QUE TOMEIS as vossas refeições antes ou depois do “sacrifício”, pouco importa. Das superfluidades humanas é que cumpre vos abstenhais, antes do ato da “comunhão”, que deverá simbolicamente aproximar o vosso Espírito do Redentor que, fazendo a sua aparição na Terra, se abaixou até vós para vos elevar. Praticai, sim, esta abstinência! Com o intuito de

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vos preparardes para essa festa de família, imponde-vos algumas privações, que possam redundar em proveito – tanto material quando moral e intelectual – de vossos irmãos. IMPONDE-VOS MORTIFICAÇÕES MORAIS; CONVIDAI PARA A CEIA DO NOVO MANDAMENTO AQUELES QUE SE HOUVEREM AFASTADO DE VÓS OU DE QUEM VOS HOUVERDES AFASTADO. CONVIDAI-OS PELO PENSAMENTO, NA ORAÇÃO, SE NÃO O PUDERDES FAZER DE OUTRA MANEIRA PERDOANDO-LHES DE CORAÇÃO AS OFENSAS E TOMANDO A RESOLUÇÃO IRREVOGÁVEL DE NÃO GUARDAR QUEIXA ALGUMA DE TODOS OS ELES. Praticai a ceia do senhor espiritualmente, em comum, como os apóstolos sempre realizaram, até a época em que as paixões e os maus instintos forçaram a mudança, determinando a instituição da comunhão aparente, pois QUEM SE APROXIMA DA MESA DO MESTRE LEVANDO NO CORAÇAO UM SENTIMENTO MAU INCORRE NO CRIME DE TRAIÇAO DE JUDAS ISCARIOTES. RESTAURAI A CRIA DO NOVO MANDAMENTO, CONVIDANDO OS IRMAOS DE TODAS AS CRENÇAS RELIGIOSAS E FILOSOFICAS, POIS SÓ ASSIM CUMPRIREIS A ORDEM DO CRISTO, FORMANDO UM SO REBANHO PARA UM SÓ PASTOR!

FORA DE DEUS NÃO HÁ SEGURANÇA

P – Disse Deus: “Sem mim, nada podereis fazer”. Compreendemos, sinceramente, que toda a nossa segurança está em Deus, no Cristo e o Espírito Santo. Como o Espírito da Verdade explica o versículo 45 de Mateus, no capitulo em estudo?

R – Parte, então, de novo o Espírito mau, arrebanha sete outros Espíritos ainda piores do que ele, entram na casa e passam a habita-la; e o ultimo estado do homem fica sendo pior que o anterior. Depois de pronunciar estas palavras, cujos sentido e alcance já conheceis, o Mestre acrescentou: “Assim acontecerá com esta geração criminosa. A RECAIDA É PIOR DO QUE A MOLÉSTIA. A GERAÇAO DE QUE JESUS FALAVA DISPUNHA DE TODOS OS MEIOS PARA SE ESCLARECER E PROGREDIR. Tocada pelas prédicas do Bom Pastor, parte dela tentara reformar-se. Mas a boa semente caíra sobre pedregulhos: as más paixões, por um momento sopitadas, voltaram com mais força à antiga habitação, tornando a expiação mais longa e mais dolorosa. Que o mesmo não suceda com a geração a quem Cristo hoje se dirige, mediante a Nova Revelação! Disse o mestre: “MAIS SE PEDIRÁ A QUEM MAIS SE DEU”. Ora, os que repelem a luz que se lhes apresenta, os que apagam ou fecham os olhos para não vê-la, terão de prestar muito maiores contas do que aqueles que vivem nas trevas da ignorância.

P – Como devemos entender os versículos 27 e 28 de Lucas?

R – A mulher que elevou a voz do meio da multidão falou, como médium, sob a inspiração momentânea de um Guia, que assim deu ensejo à resposta de Jesus. Fora previsto, evidentemente, tudo o que pudesse servir de ensinamento ao povo. As palavras da mulher tinham todo cabimento, do ponto de vista das crenças humanas de então, segundo as quais JESUS ERA FILHO DE JOSÉ E MARIA. Realmente, o fato de haver Maria, como os homens acreditavam, gerado e amamentado Jesus, indicava da parte dela grande elevação espiritual. Esta, porém, ela a alcançara antes de lhe ser concedido desempenhar a missão de Redentor, ao passo que aqueles a quem Jesus pregava, pecadores e culpados, pouco até então haviam merecido; ENTRETANTO, MUITO VIRAM A MERECER, DESDE QUE RECEBESSEM COM FÉ E PUSESSEM EM PRATICA AS PRECIOSAS LIÇOES QUE LHES ERAM DADAS. Bem podia Jesus, portanto, dizer: “Mais felizes são os que ouvem a Palavra de Deus e a praticam!” Ele antevia o progresso imenso que fariam os que sinceramente enveredassem pela nova estrada. Também nós, ò bem amados, vos dizemos: - Felizes os que recebem a luz e se esclarecem com seus raios, aqueles que escutam a Palavra do Evangelho e do Apocalipse, pondo-a em pratica em Espírito e Verdade! Iniciando-vos, desde a vida terrena nos “mistérios da vida eterna”, abreviais a duração das provas no estado de Espíritos livres. Evitais, sobretudo, a expiação, pondo-vos em guarda contra vós mesmos. Por tudo isso, PROCURAI

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PROGREDIR NA VIDA TERRENA E MAIS RAPIDAMENTE PROGREDIREIS QUANDO VOLTARDES DA VIDA ETERNA!

A FAMÍLIA DE JESUS

P – Um assunto empolgante, para todos nós, está nos Evangelhos que falam dos parentes de Jesus, no próprio entender do Mestre. Como nos explica essas passagens o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Vamos harmonizar os Evangelhos Sinóticos: Mateus, XII: 46-50, Marcos, III: 31-35 e Lucas, VIII: 19-21.

MATEUS: 46 – Estando Jesus ainda a pregar à multidão, sua mãe e seus irmãos, do lado de fora, procuravam falar com ele. 47 – Alguém, então, lhe disse: “Tua mãe e teus irmãos aí fora, procuram falar contigo”. 48 – Respondendo a quem assim falara, disse Jesus: “Quem é minha mãe e quais são os meus irmãos?” 49 – E estendendo a mão para os discípulos, falou: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50 – Quem quer que faça a vontade do Pai Celestial esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

MARCOS: 31 – Sua mãe e seus irmãos, tendo vindo e ficado do lado de fora, o mandaram chamar. 32 – Ora, como a multidão o cercasse, alguém lhe disse: “Olha que tua mãe e teus irmãos te procuram”. 33 - Mas Jesus lhe perguntou: “Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?” 34 – E, olhando para os que estavam sentados em redor dele, disse: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos; 35 – porquanto aquele, que fizer a vontade de Deus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

LUCAS: 19 – Sua mãe e seus irmãos vieram ter com ele, mas não puderam vê-lo por causa da multidão. 20 – Disseram-lhe, então: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te querem ver”. 21 – Mas Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam”.

Não estando ligado à Virgem Maria por nenhum laço humano, Jesus patenteava aos homens os sentimentos de amor e fraternidade que os deviam unir. Efetivamente, qual poderia ser o desejo do Bom Pastor, que vinha em busca das ovelhas tresmalhadas? Qual poderia ser o seu objetivo? Reuni-las em torno de si. Todas, fossem quais fossem. Sendo, com relação aos homens, pela sua pureza e pelo seu poder, o Unigênito do Pai, e vindo dizer-lhes “SOIS TODOS, COMO EU FILHOS DE DEUS”. Jesus precisava demonstrar que punha em prática os ensinos que dava à multidão e provar que TODOS OS SERES HUMANOS SÃO, DE FATO, FILHOS DE DEUS E, POR ISSO, IRMÃOS DELE, ENQUANTO CAMINHAM NAS VIAS DO SENHOR. Falando do Cristo, usamos a expressão “ o Unigênito” ou “Filho Único” do Pai Celestial. Ele o era e é, no sentido de ser, pela sua elevação espiritual, única relativamente à de todos os Espíritos que se acham ligados ao vosso planeta, quem lhe preside os destinos. Desse ponto de vista e comparado a vós outros, Jesus pode e deve ser considerado FILHO ÚNICO DO TODO-PODEROSO. Sua essência pura, que nunca se desviou da linha do progresso, se aproxima da natureza do Criador Universal. Insistimos: seu poder ilimitado, sobre tudo o que concerne à Terra, participa da Onipotência Divina, com a qual ele está sempre em RELAÇÃO DIRETA. Maria e os chamados irmãos de Jesus o foram procurar, induzidos pela influência espiritual dos seus Anjos da Guarda e também levados pela idéia de que – devendo o Mestre atender às necessidades do corpo – lhes cumpria ir à sua procura, para esse fim. Conquanto fosse um Espírito muito elevado. Maria estava, até certo ponto, submetida à matéria que a envolvia; não compreendia que Jesus pudesse resistir a tão grandes fadigas, SEM TOMAR OS ALIMENTOS QUE SUSTENTAM O CORPO. Tinha ela a intuição da sua sorte futura: mas como sempre, o passado se lhe apresentava coberto por um véu: o véu da carne. Nunca é demais repetir: em virtude da revelação que lhes fora feita, e que se conservou secreta até depois de finda a missão terrena do Mestre, JESUS, PARA MARIA E JOSÉ ERA UM ENTE EXCEPCIONAL, GRANDE AOS OLHOS DE DEUS POR SER FILHO DO MESMO DEUS E QUE ENCARNARA MILAGROSAMENTE, MAS SEM DEIXAR DE PARTICIPAR DA NATUREZA DO HOMEM

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E DE ESTAR SUJEITO ÀS NECESSIDADES DA EXISTÊNCIA HUMANA. E para os homens, ele era um homem igual aos outros , filho – por obra humana – de José e Maria, e como tal o consideraram enquanto durou sua missão terrena e até a época em que já encerrada aquela missão, a revelação se tornou conhecida do povo. A ida de Maria e dos chamados irmãos de Jesus à procura deste lhes foi inspirada para provocar como provocou, a profunda observação do Mestre. Ao que lhe dissera: “Tua mãe e teus irmãos te procuram” ele respondeu perguntando: Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?” E acrescentou, apontando os discípulos: “EIS AQUI MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS POIS AQUELE QUE CUMPRE A VONTADE DO PAI, A VONTADE DE DEUS ESSE É MEU IRMÃO MINHA IRMÃ E MINHA MÃE: MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS SÃO TODOS AQUELES QUE OUVEM A PALAVRA DE DEUS E A PRATICAM”. As versões de Mateus, Marcos e Lucas são exatas e se completam: Jesus apontou com a mão para os discípulos que o cercavam e respondeu, deixando fluir sobre o povo a atração poderosa do seu olhar irradiação magnética que atraía os homens como o ímã atrai o ferro. Por esse gesto ele apresentava seus discípulos como exemplo e atraia para eles a multidão que os teria de imitar. Ao dar aquela resposta, o presente e o futuro se completavam no seu pensamento. Deu-a tendo por fim (atento o motivo que determinara a ida de Maria e dos que eram designados por irmãos dele) provar que A MISSÃO, A CUJO DESEMPENHO SE CONSAGRAVA NO MEIO DOS HOMENS, SOBRELEVAVA AOS LAÇOS DA FAMÍLIA HUMANA E AS NECESSIDADES MATERIAIS QUE, NO ENTENDER DOS MESMOS HOMENS, SE LHE FAZIAM SENTIR. Em todas as oportunidades, Jesus procurava despertar as consciências. Tinha também por fim atentas às palavras que lhe eram dirigidas mostrai veladamente que nenhum laço humano o prendia a Maria Santíssima nem aos que eram tidos por seus irmãos, nem aos Apóstolos e aos discípulos, SÓ OS LIGAVA O LAÇO ESPIRITUAL, O PARENTESCO ESPIRITUAL, TUDO SEGUNDO O ESPÍRITO, NADA SEGUNDO A CARNE E ASSIM MESMO RELATIVAMENTE AOS QUE HOUVESEM FEITO A VONTADE DIVINA OUVINDO E PONDO EM PRÁTICA A PALAVRA DE DEUS!

A GRANDE FAMÍLIA ESPIRITUAL DE JESUS

P – Foi muito oportuna a explicação sobre as palavras do Cristo: “Quem é minha mãe e quais são os meus irmãos?” Liquidou a argumentação dos que acusavam o Mestre de indiferença para com sua família! Que tem ainda a nos dizer, a respeito do assunto, o Espírito da Verdade?

R – “Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e a praticam”. Ao dar esta resposta, Jesus visava, também, a preparar os homens para – nos tempos preditos – receberem a Nova Revelação, que lhes faria conhecer sua verdadeira origem, as condições e o modo por que se deu a sua aparição na Terra, sua missão messiânica, sua potencialidade e seus poderes como ÚNICO REPRESENTANTE DE DEUS NO QUE DIZ RESPEITO AO NOSSSO PLANETA CUJA FORMAÇAO PRESIDIU, tendo por meta dirigir-lhe o progresso e levá-lo à realização de seus destinos, conduzindo a Humanidade à Perfeição pela regeneração espiritual, através do amor e da ciência pura. Por esta Nova Revelação, ficam todos sabendo, EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO, QUE JESUS É DE TODOS IRMÃO E AO MESMO TEMPO SENHOR, PELO PODER ILIMITADO QUE TEM SOBRE QUANTO SE RELACIONA COM O MUNDO QUE HABITAIS. Tinha, ainda, por fim preparar os homens para – quando chegasse o momento – abandonarem a crença de que “Jesus é Deus e Maria é mãe de Deus” crença que (ele mesmo o previra) se havia de generalizar, uma vez terminada a sua missão terrena, de acordo com o estado das inteligências, com as impressões, interpretações e aspirações humanas e, ainda, com as necessidades da época. Correspondendo a essas necessidades e servindo para preparar os tempos de hoje (que, então, eram o futuro) tal crença seria, como realmente foi, uma condição e um meio de progresso, MAS QUE HOJE NÃO TEM MAIS NENHUMA RAZÃO DE SER. Disseram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos te procuram”. Confrontando tais palavras com estas outras “Não é esse o filho do carpinteiro? Sua mãe não é Maria? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus XIII: 55); com mais estas “E todas as suas irmãs não se acham entre nós?” (Mateus, XIII:56); com estas, ainda “ Não é esse Jesus o carpinteiro,

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filho de Maria, irmão de Tiago, de José e de Simão?” (Marcos, VI:3); e com estas mais “E José não a tinha conhecido quando ela se deu à luz o seu filho primogênito, ao qual deu o nome de Jesus” (Mateus, I:25) – PRETENDEM ALGUNS IGNORANTES, AINDA HOJE, AFIRMAR QUE O CRISTO TEVE IRMÃOS E IRMÃS POR OBRA DE JOSÉ E MARIA! Há nisso um erro manifesto que, após as discussões travadas outrora e principalmente nos dias deste fim de ciclo, não pode nem deve subsistir. Diante da Nova Revelação, relativamente à verdadeira origem espiritual do Mestre, ao seu aparecimento na Terra, à natureza e ao caráter da sua missão no passado, no presente e no futuro; à elevação e à pureza de Maria e de José, à natureza e ao caráter da missão que os dois desempenharam, auxiliando a Obra do Salvador – SEMELHANTE ERRO TEM DE DESAPARECER DAS CONTROVÉRSIAS E DEBATES HUMANOS. Somente aos olhos dos homens, jamais na realidade dos fatos, existia parentesco próximo entre Jesus e aqueles que eram chamados seus irmãos e suas irmãs por laços de sangue. Em hebreu a palavra irmãos tinha várias acepções: significava, ao mesmo tempo o irmão propriamente dito, o primo co-irmão, o simples parente. Entre os judeus os descendentes diretos da mesma linha eram considerados irmãos, se não de fato, ao menos de nome, e se confundiam, muitas vezes, tratando-se indistintamente de irmãos e irmãs. Geralmente se designavam pelo nome de irmãos os que eram filhos de pais-irmãos, os que agora chamais primos-irmãos. Assim, os chamados irmãos e irmãs de Jesus nos Evangelhos citados eram segundo o parentesco humano que entre eles havia aos olhos dos homens seus primos-irmãos. Maria não era filha única: tinha uma irmã, que também se chamava Maria, mulher de Cleofas e mãe de Tiago, de José, de Simão e de Judas, que todos tratavam como “irmãos de Jesus”. Do mesmo modo as chamadas irmãs do Cristo eram suas primas co-irmãs, de acordo com o parentesco humano que, segundo os homens havia entre elas e o Mestre. Que importaria aos homens que Jesus tivesse irmãos e irmãs na Humanidade, uma vez que a essência deles não podia ser igual à do Cristo Espírito Perfeito que encarnara, para ser visto pelos mesmos homens, tomando um perispírito tangível, com a forma ou a aparência do corpo humano, adequado às necessidades e à duração da sua missão terrena? TAL, PORÉM NÃO PODIA DAR-SE E NÃO SE DEU: Espíritos muito elevados, José e Maria sofriam o constrangimento do envoltório material que haviam aceitado, mas não estavam sujeitos aos instintos carnais de que já se haviam libertado. Exilados momentaneamente da verdadeira pátria dela guardavam intuitivamente a lembrança e um, unicamente um, era o anelo de ambos: voltar para lá. Nunca se deve acompanhar o curso de um rio de águas impuras. Deixai que os ímpios desnaturem os fatos mais sérios. Nós repetimos: ESPIRITOS MUITO ELEVADOS, ENCARNADOS EM MISSÃO SUPERIOR, JOSÉ E MARIA NÃO EXPERIMENTAVAM AS NECESSIDADES CARNAIS DA HUMANIDADE. Intuitivamente preparada para a missão que lhe cumpria desempenhar naquela grande Obra de Regeneração, cujo desenlace constituiu exemplo para todas as raças humanas que, a partir de então, se sucederam, Maria foi e permaneceu sempre virgem. José, menos elevado que ela, mas também desempenhando missão sagrada, compreendeu, pela revelação do Anjo. QUAL O OBJETIVO DA SUA EXISTÊNCIA MATERIAL E A ELA SE CONSAGROU INTEIRAMENTE, PARA HONRA E GLÓRIA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

FILHO PRIMOGÊNITO

P – Uma pergunta nos ocorre, diante dos argumentos dos materialistas dialéticos: – Qual o sentido real da expressão “filho primogênito”? Eles se baseiam nisto para afirmar que José e Maria tinham outros filhos! Que nos tem a dizer, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Com a locução “filho primogênito”, em que esses adversários se apóiam para atribuir muitos filhos a José e Maria, dá-se o que dissemos com relação aos vocábulos irmãos e irmãs. “Filho primogênito” é o mesmo que “filho único”, no verdadeiro sentido da palavra hebraica. Quando um único filho havia nascido, esse necessariamente era o primeiro. Vede o texto hebreu, ide à língua hebraica, investigai a forma, por que os judeus dela usavam, e achareis a explicação, com o significado exato das palavras. Eles empregavam indiferentemente, na sua linguagem, a locução “filho primogênito”, TANTO NO CASO DE HAVER UM SÓ FILHO COMO NO CASO DE HAVEREM MUITOS, QUANDO ALUDIAM AO QUE PRIMEIRO NASCERA, QUER OUTROS TIVESSEM NASCIDO DEPOIS, QUER NÃO. No verdadeiro sentido da frase judaica,

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o que vemos no Evangelho de Jesus segundo Mateus, I: 25, é a locução “filho primogênito” significando, apenas, que Maria não tivera antes outro filho. Jesus era, portanto, o primogênito. O autor não previu as considerações e interpretações de que tal locução seria causa. Sob este aspecto, sua contextura é defeituosa para o vosso entendimento. O versículo 25 do capítulo I do Evangelho segundo Mateus teve por fim, exclusivamente, confirmar o que deles se deduz, isto é, que José não tomou parte alguma na concepção do filho de Maria NESSA OBRA DO ESPÍRITO SANTO; que não se aproximara dela; que aquela concepção fora OBRA EXCLUSIVA DOS ESPÍRITOS DO SENHOR. Assim, pois, a locução “filho primogênito” não visava senão a certificar que Maria concebera sendo virgem. ABSOLUTAMENTE NÃO FOI EMREGADA PARA EXPRIMIR A PRIORIDADE DO NASCIMENTO DE UM IRMÃO ENTRE MUITOS, PARA REGISTRAR A PRIMOGENITURA DE UM DELES, FATO QUE NA VOSSA JURISPRUDÊNCIA, POLÍTICA OU FEUDAL, CONFERIA – SOB O TÍTULO “DIREITOS DE PRIMOGENITURA” – CERTOS PRIVILÉGIOS AO IRMÃO MAIS VELHO. Jesus, portanto, sendo “filho primogênito”, era o que chamais “filho único”. Terminada a sua missão terrena, os hebreus – por não quererem admitir que o Mestre tivesse tido a vida especial que lhe atribuíram não só a revelação que, conservada até então secreta, se tornara conhecida do povo, mas ainda as interpretações a que essa dera lugar, tomaram a locução “filho primogênito” como indicando que ao de Jesus se seguiriam outros nascimentos. Vós outros, cristãos do Novo Mandamento, vos apegastes ao sentido verdadeiro, que é o de FILHO ÚNICO. EIS AÍ A EXPLICAÇÃO DESTAS PALAVRAS DE QUE NOS SERVIMOS: “O QUE CHAMAIS FILHO ÚNICO”.

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A PARÁBOLA DO SEMEADOR

P – Todos aqui, em nosso Posto Familiar, desejam a explicação completa da parábola do semeador. Como se manifesta a respeito, o Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos Mateus, XIII: 1-23; Marcos, IV: 1-20 e 25; Lucas, VIII: 1-15 e 18 e X: 23-24.

MATEUS: 1 – Naquele dia, saindo Jesus de casa, foi sentar-se à beira-mar. 2 – Grande multidão se reuniu em torno dele. Então entrou numa barca, e aí se sentou, ficando a multidão na praia. 3 – E começou a dizer muitas coisas por parábolas, falando assim: – “Eis que o semeador saiu a semear. 4 – Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à margem do caminho; vieram os pássaros do céu e as comeram. 5 – Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde pouca terra havia; as sementes germinaram prontamente, pois a terra, ali, não tinha profundidade; 6 – o sol, nascendo, crestou-as; e, como não tinham raízes, secaram. 7 – Uma outra caiu entre espinheiros, que cresceram e a abafaram. 8 – Uma outra, finalmente,, caiu em terra boa e as sementes germinaram, produzindo cem aqui, sessenta ali e, mais além, trinta por um. 9 – Ouça quem tiver ouvidos de ouvir!” 10 – Os discípulos, aproximando-se, lhe perguntaram: “Por que lhes falas por parábolas?” 11 – Jesus respondeu: “Porque a vos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles isso não é dado. 12 – Aquele que tem mais ainda se dará, em toda a plenitude; mas ao que não tem, até mesmo o que tem lhe será tirado. 13 – Eis por que lhes falo por parábolas: é que, vendo, eles não vêem; ouvindo, não ouvem nem compreendem. 14 – Neles se cumpre esta profecias de Isaías: “Escutareis com os ouvidos e não entendereis; olhareis com os olhos e não vereis. 15 – O coração deste povo se embotou; os ouvidos se lhes tornaram surdos, os olhos se lhes fecharam, para que não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, não compreendam com o coração e, não se convertendo, não sejam curados por mim”. 16 – Felizes os vossos olhos porque vêem, os vossos ouvidos porque escutam; 17 – porquanto em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram. 18 – Entendei, pois, a parábola do semeador. 19 – Do coração de todo aquele que escuta a palavra de Deus do reino, e não a compreende, vem o espírito mau tirar o que nele foi semeado: é a semente que caiu ao longo do caminho. 20 – A que caiu em terreno pedregoso representa aquele que ouve a palavra e a recebe com alegria no primeiro momento; 21 – mas, não tendo raízes no seu coração, subsiste apenas por pouco tempo, sobrevindo as tribulações e perseguições por motivo da palavra, ele logo se escandaliza. 22 – A semente lançada entre os espinheiros representa aquele que ouve a palavra, mas em quem os cuidados do século e a ilusão das riquezas abafam e impedem de produzir frutos. 23 – A que foi semeada em terra boa indica o que ouve a palavra e a compreende, aquele em quem ela frutifica, produzindo cada grão cem, sessenta ou trinta.

MARCOS: 1 – Jesus se pôs de novo a pregar o Evangelho perto do mar. Como fosse enorme a multidão que ali se reuniu, ele entrou numa barca e sentou, ficando todo o povo na praia. 2 – Muitas coisas ensinava por parábolas, dizendo, segundo o seu modo de doutrinar. 3 – “Escutai: o semeador saiu a semear; 4 – e, enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à borda do caminho, vieram as aves do céu e as comeram. 5 – Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde havia pouca terra; as sementes germinaram logo, pois era pequena a profundidade do solo; 6 – veio o sol, crestou as plantas e estas, por não terem raízes, secaram. 7 – Outra parte caiu entre os espinheiros; estes cresceram e a abafaram, de sorte que ela não deu frutos. 8 – Outra, finalmente, caiu em terra boa; os grãos deram fruto: elevaram-se, multiplicaram-se, produziram cem, sessenta, trinta por um.” 9 – E acrescentou: “Ouça quem tiver ouvidos de ouvir”. 10 – Quando ficaram a sós com ele, os doze que o seguiam o interrogaram acerca dessa parábola. 11 – Jesus respondeu: “Dado vos é a vós conhecer o mistério do Reino de Deis, mas, para aqueles que são de fora, tudo se faz por parábolas, 12 – a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam, para que não se convertam e os pecados lhe sejam perdoados”. 13 – Perguntou-lhes, em seguida: “Não entendeis esta parábola? Como podereis entender todas as parábolas? 14 – O semeador semeia a palavra de Deus. 15 – A margem do caminho, ao longo do qual a semente caiu, são aqueles de cujo coração Satanás vem arrancar a palavra, logo depois de ter sido ali semeada. 16 – Semelhantemente, o terreno pedregoso são os que, ouvindo a palavra, a recebem jubilosos. 17 – Como, porém, nesses, ela não cria raízes dura pouco tempo. Vindo as tribulações e as perseguições, por causa da palavra, eles logo se escandalizam. 18 – Os outros, designados pela parte das sementes lançadas entre os espinheiros, são os que ouvem a palavra, 19 – mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e as outras paixões,

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entrando em seus corações, a sufocam e ela não frutifica. 20 – O terreno bom onde é lançada a última parte das sementes, são os que ouvem a palavra, e a aceitam, e dela tiram frutos na proporção de cem, de sessenta e de trinta por um. 25 – Mais será dado ao que já tem, e ao que não tem se tirará mesmo o que tem.”

LUCAS: 1 – Algum tempo depois, ia Jesus de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando o reino de Deis. Acompanhavam-no os doze 2 – e algumas mulheres, que tinham sido libertadas dos Espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada a Madalena, da qual foram expulsos sete demônios; Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes; Suzada e muitas outras que o assistiam com seus bens. 4 – Como o cercassem grande multidão de gente, vinda de todas as cidades, disse ele esta parábola: 5 – “O semeador saiu a semear suas sementes; e, enquanto o fazia, uma parte delas caiu à margem do caminho, foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6 – Outra parte caiu sobre as pedras, e secou por falta de húmus, logo depois de haver germinado. 7 – Outra caiu sobre espinheiros que, crescendo a sufocaram. 8 – Finalmente, outra parte caiu na terra boa, germinou e frutificou, produzindo cem por um.” E, dizendo isso, exclamou: “Ouça quem tem ouvidos de ouvir!” 9 – Os discípulos lhe perguntaram o que significava tal parábola. 10 – Ele respondeu: “Dado vos foi a vós conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos outros, só se lhes fala por parábolas, a fim de que, vendo, não vejam, e ouvindo não compreendam. 11 – Eis o que diz esta parábola: a semente é a palavra de Deus. 12 – A que caiu junto do caminho indica os que ouvem a palavra, mas Satanás a arranca de seus corações, pelo temor de que, crendo se salvem. 13 – As que caem sobre as pedras são os que tendo-a escutado, recebem com alegria a palavras;esta, porém, não cria raízes, porque eles crêem apenas durante algum tempo recuando quando chegam as tribulações. 14 A parte que cai entre espinheiros corresponde aos que escutaram a palavra, mas em seus corações ela é abafada pelas preocupações terrenas, pelas riquezas e prazeres da vida e não produz frutos. 15 – A terra boa, onde cai a última parte das sementes, são os que, ouvindo a palavra, a guardam em seus corações e dela tiram frutos pela perseverança. 18 – Vede, pois, de que modo ouvis, porque mais se dará àquele que já tem, e ao que não tem se tirará até mesmo o que julgue ter” X: 23 – Voltando-se para os discípulos o Cristo lhes disse: “Felizes os olhos que vêem o que vedes! 24 – Em verdade vos digo que muitos reis e profetas desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram!”

A parábola do semeador não precisa explicações: a que Jesus deu aos Apóstolos, na medida do que eles podiam e deviam receber, como Espíritos encarnados, a fim de desempenharem suas missões, basta para que a compreendais perfeitamente. Entretanto, convém que, por meio de explicações especiais sobre alguns pontos, tornemos conhecidos e (tirando da letra o espírito) desenvolvamos o sentido e o alcance integrais do que disse o Mestre aos seus discípulos. Antes de tudo, porém, cumpre vos façamos compreender de que pontos de vista deveis encarar o que Jesus falou à multidão, servindo-se da parábola, e o que disse aos Apóstolos explicando-a, porque ALGUMAS DAS PALAVRAS DAQUELE MESTRE BONDOSO E INDULGENTE, DAQUELE BOM PASTOR DESEJOSO DE NÃO PERDER NENHUMA DE SUAS OVELHAS, PARECEM DESMENTIR OS ATOS DE TODA A SUA VIDA HUMANA (HUMANA NO ENTENDER DOS HOMENS). A geração que vivia o tempo em que Jesus desempenhava a sua missão se compunha de Espíritos orgulhosos e fúteis, voluntariamente surdos e cegos, revoltados contra qualquer autoridade. Espíritos que, mesmo antes de reencarnarem, recusavam todo amparo que lhes era oferecido para se tornarem melhores! Filhos humanos dos hebreus vindos do Egito, Espíritos que – havia séculos – passavam por provações, sem perderem a tendência à murmuração e à rebeldia, que caracterizavam os judeus desde os primórdios da formação de sua nacionalidade, os homens daquela época – ainda quando fossem capazes de receber sem véu a palavra do Redentor – não se submeteriam a ele e, assim, incorreriam em culpa muito maior. Já por aí podeis admirar a providente bondade do Cristo, modelo de doçura e de perseverança, poupando ao merecido castigo o filho rebelde e obstinado, evitando fazer-lhe uma imposição à qual sabia que ele procuraria fugir. RECEBENDO VELADA A PALAVRA DE JESUS, OS QUE ESTIVESSEM DISPOSTOS A CAMINHAR PARA A FRENTE PODERIAM – COMO O FIZERAM OS DISCÍPULOS – ESFORÇAR-SE POR LHE DESCOBRIREM O SENTIDO OCULTO. Os que, ao contrário, não quisessem curvar-se ao jugo da Lei, que lhes prescrevia uma reforma por demais pesada para as suas naturezas más, SERIAM CULPADOS APENAS DE INDIFERENÇA, DE NÃO PROCURAREM DEVASSAR OS MISTÉRIOS QUE DE PRONTO NÃO COMPREENDIAM. Dizendo,pois, “não se lhes falará senão por parábolas, para que não se convertam”, Jesus aludia aos que, cedendo a um primeiro

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impulso, tentariam avançar, mas que, detidos bruscamente pelos seus maus instintos, fariam sem demora um recuo, que lhes viria a ser causa de grande castigo; porquanto, atentai bem, MUITO SERÁ DADO AO QUE JÁ TEM (ISTO É, AQUELE QUE DESEJA PROGREDIR E SE ESFORÇA POR CONSEGUI-LO, DE TODOS OS LADOS RECEBERÁ PROTEÇÃO E AMPARO), AO PASSO QUE, AQUELE QUE POUCO TENHA, MESMO ESSE POUCO LHE SERÁ TIRADO! QUER ISTO DIZER QUE ESTE ÚLTIMO, INDIFERENTE AO QUE LHE FOI DADO, NEGLIGENTE EM GUARDAR O QUE RECEBEU, DEIXARÁ QUE AS MÁS PAIXÕES SE APODEREM DE SUA ALMA EM SÉCULOS DE DOR!

O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS

P – Todos estão interessados no conhecimento da parábola do semeador e do mistério do Reino de Deus, a que Jesus se refere. Pelo CEU da LBV, poderia o Espírito da Verdade esclarecer o assunto?

R – Devendo tornar-se pública a explicação que da parábola Jesus deu em segredo, aos seus discípulos ela só foi divulgada pelas narrações evangélicas como já o tinha sido pelos Apóstolos, mas somente depois de finda a missão terrena do Cristo: SÓ ENTÃO A MASSA POPULAR, PREPARADA POR TODAS AS PALAVRAS QUE ELE PRONUNCIARA E POR TODOS OS ATOS QUE PRATICARA DURANTE AQUELA MISSÃO, ATÉ AO MOMENTO DA SUA CHAMADA “ASCENSÃO”, SE MOSTROU APTA A OUVIR COM PROVEITO DA BOCA DOS APÓSTOLOS E DOS DISCÍPULOS, A EXPLICAÇÃO DE TUDO O QUE DISSERA O MESTRE – EXPLICAÇÃO QUE ERA DADA NA MEDIDA DO QUE ELA PODIA SUPORTAR E DO MODO PELA QUAL O DEVIA SUPORTAR. Efetivamente, só depois de concluída a missão messiânica, a massa popular se mostrou apta a ter conhecimento daqueles atos e palavras pela narrativa evangélica, que na ocasião oportuna se lhe transmitiu. Essa narrativa tinha de ser, sob o império da letra, e foi – tanto naquela época, quanto no presente e será até ao final do ciclo – sob o reinado do espírito, o Livro da Libertação, a fonte de onde jorram, e hão de sempre jorrar, a luz e a verdade – O EVANGELHO COMPLETADO PELO APOCALIPSE DE DEUS, TRAZIDO A TERRA POR JESUS E ESPALHADO PELO ESPÍRITO SANTO, ISTO É, PELOS ESPÍRITOS DO SENHOR EM MISSÃO NO VOSSO PLANETA. Mateus, versículos 11-15: Marcos, 11 12 e 25; Lucas, 10-18 – Aqui tendes agora (despojado da letra, que mata, o espírito, que vivifica) o pensamento de Jesus sem mais incertezas no modo de entender os textos desses versículos. “Dado-vos é conhecer o mistério dos céus – os segredos do Reino de Deus; mas a eles, não: esse conhecimento não lhes é proporcionado senão por parábolas” (Mateus, 11; Marcos, 11; Lucas, 10). Aos Apóstolos e aos discípulos era dado conhecerem o mistério do Reino dos Céus, os segredos do Reino de Deus, porque – sendo seus Espíritos mais elevados que os dos outros homens da época – eles se achavam em condições de espalhar as verdades que Jesus trazia ao mundo. MAS, PARA O FAZEREM, TINHAM DE COMEÇAR POR COMPREENDÊ-LAS, RAZÃO PELA QUAL NÃO LHES FOI DADO SENÃO O QUE PODIAM E DEVIAM SUPORTAR, PARA A MISSÃO QUE LHES CUMPRIA DESEMPENHAR. E, com relação à vossa época, acontece o mesmo. Vossas inteligências progrediram e nós; trazendo-vos a Nova Revelação, com a explicação do mistério do Reino dos Céus, dos segredos do Reino de Deus, vos confiamos a pregação definitiva, para que possais espalhar por todo o mundo este conhecimento. Como ordena o Mestre, ide e pregai, de povoado em povoado, de cidade em cidade, de nação em nação, o Evangelho e o Apocalipse de Deus, dizendo como diziam os Apóstolos: “APRESSAI-VOS, ARREPENDEI-VOS, PORQUE O MOMENTO SE APROXIMA!” As expressões “Reino dos Céus, Reino de Deus”, usadas na parábola do semeador, compõem uma imagem destinada a materializar, por assim dizer, a felicidade dos bem-aventurados. A homens atrasados, que não viam mais do que a matéria, era preciso que se apresentasse UMA FIGURA MATERIAL DA OUTRA VIDA. A RESPEITO DA QUAL NADA PERCEBERIAM, SE LHES FOSSE APRESENTADA EM TODA A SUA ESPIRITUALIDADE. O mistério do Reino dos Céus, os segredos do Reino de Deus eram os meios, desconhecidos até então, de chegar-se àquela felicidade. Antes das revelações feitas por Jesus, os homens não formavam nenhuma idéia clara da outra vida. Por ser muito vaga, a intuição, que tinham,

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dela, os havia deixado na indiferença, relativamente à existência e à felicidade que poderiam esperar no além-túmulo. Jesus veio levantar o véu e esclarecer as inteligências. Mas, entendei, apenas uma ponta do véu foi levantada; a luz permaneceu velada. CONTINUAMOS HOJE A LEVANTAR O VÉU QUE OCULTAVA TODA A VERDADE, RELATIVAMENTE A VIDA ETERNA. Conquanto ele não tenha sido, ainda, totalmente levantado, já a luz brilha com mais vivo fulgor, com o fulgor que os vossos olhos, tornados mais fortes, já podem suportar. Para todos os homens, porém, tão cedo ainda não poderá brilhar porque não atingiram a idade da razão, a indispensável maturidade espiritual. Mas, também, terão de evoluir, para conhecer o mistério do Reino de Deus, os segredos do reino dos Céus. Só os conhecerão quando tiverem alcançado a purificação moral, aprendido a conhecer a infinita sabedoria do Criador; quando houverem adquirido a ciência dos elementos e propriedades de ação dos fluidos no que diz respeito à vida e à harmonia universais, debaixo do ponto de vista do Bem, que leva à felicidade, e do mal que, não evitado leva à punição. Como diz o Mestre: - A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS!

AO QUE TEM E AO QUE NÃO TEM

P – Muito nos interessa entender o sentido destas palavras de Jesus, completando a parábola do semeador: “ Ao que tem mais ainda se dará, em toda a plenitude”. Pelo CEU da LBV pode o Espírito da Verdade transmitir o ensinamento do Cristo de Deus?

R – Sabendo, como sabeis, que o Espírito – ao revestir um invólucro de carne, em vosso mundo – trás consigo o tesouro que pôde acumular nas suas vidas anteriores facilmente compreendereis que ESSE TESOURO MAIS DEPRESSA AUMENTARÁ QUANTO MAIS SÓLIDAS FOREM AS BASES SOBRE AS QUAIS SE CONSTITUI. Aquele que nasce, com o desejo ardente de rapidamente progredir, tudo fará para o conseguir: a luz lhe será tanto mais abundante quanto maior seja o ardor com que deseje vê-la. Por isso, repetimos: MUITO SERÁ DADO AO QUE JÁ TEM, E ELE FICARÁ NA ABUNDÂNCIA: ISTO É, AQUELE QUE QUER PROGREDIR, E SE ESFORÇA POR CONSEGUI-LO, RECEBERÁ AMPARO DE TODOS OS LADOS. “Mas ao que não tem – adverte Jesus – até mesmo o que tem lhe será tirado” (Mateus, 12, Marcos, 25). “E ao que não tem se tirará até mesmo o que ele julgue ter” (Lucas, 18). Estas palavras do Mestre precisam ser entendidas segundo o espírito, jamais segundo a letra. Por isso é que Jesus disse, ao se dirigir aos discípulos e à multidão: “ouça quem tiver ouvidos de ouvir”. O fim com que foram proferidas era tornar mais frisante, para as inteligências humanas, o pensamento de quem as pronunciava. Jesus se exprimiu assim para dar mais força à imagem. Todo espírito encarnado possui alguma coisa. Por pouco que haja progredido, antes de chegar ao vosso planeta, sempre tem algum progresso feito. O pensamento velado do Mestre era este: AQUELE QUE TEM POUCO – SE TIRARÁ MESMO O QUE TENHA; AO QUE NADA TEM, MAS JULGA TER, SE TIRARÁ MESMO O QUE JULGUE TER. Ao que tem pouco se tirará mesmo o que tenha porque, conforme à explicação dada, indiferente, ao que obteve, negligente em guardar o que recebeu deixará que as más paixões dominem sua Alma; que os vícios e males que o oprimirão durante séculos, tomem o lugar das virtudes em cuja posse já estivesse. Efetivamente, DA NEGLIGÊNCIA NA PRÁTICA DO BEM NASCEM AS RAÍZES DO MAL. Quando, por indiferença, recusa alguém socorro ao desgraçado, não é porque seja mau o coração de quem assim procede, mas sim por uma espécie de lassidão de espírito que impede a criatura de atender no Bem que teria podido fazer. Falta, por conseqüência, à caridade ensinada pelo Redentor. AQUELE QUE, VERIFICANDO SER MAU O CAMINHO EM QUE ENTROU, NÃO TRATA – POR INDIFERENÇA – DE SAIR DELE, CAI EM TODOS OS PRINCÍPIOS QUE O MARGEIAM. Aquele que não é devotado se torna egoísta. O que não é caridoso se torna insensível. O que não é humilde de coração se torna vaidoso e orgulhoso. O que não é obediente à vontade de Deus se torna rebelde às suas Leis Eternas. O MAL NASCE, SEMPRE, DA NEGLIGÊNCIA EM PRATICAR O BEM. O ESPÍRITO NÃO RETROGRADA, MAS PERMANECE ESTACIONÁRIO, O QUE EQUIVALE A UM RETROCESSO, PORQUE ELE É DE ESSÊNCIA ATIVA E PROGRESSIVA. “Ao que tem pouco – se tirará mesmo o que tenha”. Aquele que não entesoura; que, ao começar a sua vida humana pouco traz das vidas anteriores, enlanguesce cada vez mais. NENHUM DESEJO NUTRE DE PROGREDIR E, COMO NADA

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ADQUIRE PELO SEU ESFORÇO, FINALMENTE TUDO PERDE, PORQUE, PARA O ESPÍRITO, ESTACIONAR SE TORNA, AO CABO DE ALGUM TEMPO, FONTE DE DORES E DE REMORSOS. Tendes, por destino, progredir sem cessar, caminhar para a frente e para o alto. Pedi, pedi sempre, mas com humildade, desinteressadamente, sem outro objetivo que não seja o amor a Deus e ao próximo, sem outro desejo que não o de progredir moral e intelectualmente, de trabalhar para o Senhor, auxiliando o progresso de vossos irmãos! Pedi, pois que, quanto mais pedirdes TANTO MAIS VOS SERÁ CONCEDIDO PELO PAI CELESTIAL; QUANTO MAIS VOS ESFORÇARDES MENORES SERÃO AS DIFICULDADES. É NESTE SENTIDO QUE MAIS SE DÁ AO QUE JÁ TEM E, DE CERTO MODO, SE TIRA AQUELE QUE NADA TEM, MELHOR FALANDO: ESTE É QUE TIRA DE SI MESMO, PORQUE A FALTA DE PROGRESSO REPRESENTA, PARA O ESPÍRITO, PERDA CEM VEZES MAIOR DO QUE, PARA O USUÁRIO, A DO SEU TESOURO MATERIAL PERECÍVEL. “e àquele que nada tem, mas que julga ter, se tirará mesmo o que julgue ter”. Por estas palavras, queria Jesus combater o orgulho inato nos homens, os quais por pouco que valham – se atribuem um valor fictício, muito acima do seu valor real. Depois da morte, o Espírito, ao fim de certo tempo, vê claramente o que é e o que vale. O orgulho considerado do ponto de vista dos obstáculos que opôs ao seu progresso, e das faltas a que o arrastou, se lhe torna, então, uma fonte de dores e de remorsos. É TAMBÉM NESTE SENTIDO QUE AO QUE NADA TEM, MAS JULGA TER, SE TIRA, DE CERTO MODO, O QUE JULGUE TER OU ANTES: É ELE PRÓPRIO QUE TIRA DE SI, AOS GOLPES INEXORÁVEIS NA EXPIAÇÃO, POIS CADA UM COLHE EXATAMENTE O QUE SEMEIA!

MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS

P – O capítulo em estudo empolga a todos os componentes da nossa Cruzada do Novo Mandamento no Lar. Querem saber o verdadeiro sentido destes versículos: Mateus, 13, 14 e 15; Marcos, 12 e 22, Lucas, 10. Como os interpreta, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Vamos reler esses versículos: “Eis porque lhes falo por parábolas; é que, vendo, eles não vêem; ouvindo, não ouvem nem compreendem. Com relação a eles se cumpriu esta profecia de Isaías: “escutareis com os ouvidos e não entendereis; olhareis com os olhos e não vereis”. O coração deste povo se embotou, os ouvidos se lhe tornaram surdos e os olhos se lhe fecharam, para que não veja com os olhos, não ouça com os ouvidos, não compreenda com o coração e, não se convertendo não seja curado por mim”. (Evangelho segundo Mateus, 13, 14 e 15). Mas, para os que são de fora, tudo se faz por parábola, a fim de que, vendo, não vejam; ouvindo não ouçam nem compreendam; para que não se convertam e os pecados lhe sejam perdoados. (Evangelho segundo Marcos, 12 e 22). Mas, aos outros, só por parábolas se lhes fala do reino de Deus, a fim de que, tendo olhos não vejam e, tendo ouvidos, não compreendam. (Evangelho segundo Lucas, 10) – A interpretação dessas palavras de Jesus, foi falseada pela significação dos vossos vocábulos, bem como pelas traduções e repetições. Vamos dar-vos, sem a menor incerteza quanto a inteligência dos textos, O PENSAMENTO DO MESTRE E O SENTIDO DAS SUAS PROPOSIÇÕES. Repetindo-o, dizemos: “Ouça quem tiver ouvido de ouvir!” Ora, suas afirmações, compreendidas EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO, não poderiam desmentir – como não desmentem – os atos de toda a sua vida, toda por humana pelos homens. Para o Cristo, pastor das almas transviadas, os homens daquela época se assemelhavam a frutos verdes que, expostos aos raios de um sol demasiado, ardente, secam – em vez de amadurecer – razão por que o pomareiro trata de abriga-los dos ardores solares, a fim de que tenham tempo de desenvolver-se. Chegados ao ponto de maturação, o sol – a que, com arte, foram subtraídos acabará de dourá-los com seus raios benéficos. MUITOS SÃO OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS, disse Jesus, mas nunca no sentido que deu a essas palavras a igreja humana, isto é, NÃO NO SENTIDO DE QUE O MESTRE ATRAIU TODOS OS HOMENS PARA JUNTO DE SI, COM O FIM DE ESCOLHER UM PEQUENO NÚMERO DELES E DEIXAR QUE OS RESTANTES, EM GRANDES MASSAS, FOSSEM LEVADOS PARA ESSAS REGIÕES ONDE SÓ SE OUVEM PRANTO E RANGER DE DENTES! Ao contrário, os homens, frutos verdes e duros, se aproximavam do sol benfazejo, que os havia de madurar e

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desenvolver e que para consegui-lo – atenuava o seu brilho e o seu calor. Porventura falais a uma criança como falais a um homem? Podeis explicar à criança as questões morais e filosóficas que lhe fareis compreender ao chegar aos vinte anos? Evidentemente, não. À criança falais de modo apropriado à sua inteligência que desponta deixando-lhe, contudo, entrever que mais tarde – lhe direis muitas outras coisas, fazendo-lhe ver que a sua pouca idade a torna incapaz de apreender um raciocínio. SERÁ QUE PROCEDEIS ASSIM COM O PROPÓSITO DE LHE RETARDAR O DESENVOLVIMENTO? Será porque, uma vez homem, este seja incapaz de se instruir e compreender? Claro que não. É que o fruto está verde e por isso o protegeis da luz e do calor, temendo que o excesso destes dois princípios benéficos, atuando muito cedo, o esmole em vez de o fortificar. JESUS, QUE ERA A BONDADE POR EXCELÊNCIA, NÃO PODIA – BEM O PODEIS COMPREENDER – PRIVAR VOLUNTARIAMENTE AS CRIATURAS HUMANAS DA SALVAÇÃO QUE ELE MESMO LHES TRAZIA! Pelo contrário, para não arrasta-las à prática de faltas, deixava sempre aos Espíritos indolentes o recurso de não lhe compreenderem as palavras. Assim, as que constam dos versículos acima – no Evangelho segundo Mateus, Marcos e Lucas – NÃO DEVEM SER ENCARADAS SENÃO COMO FORMA DE FALAR ÀS INTELIGÊNCIAS DOS HOMENS DAQUELE TEMPO.

QUEM PARA – RECUA E CAI

P – A explicação dos versículos de Mateus, Marcos e Lucas, no ponto em exame, a todos satisfez plenamente. Agora, eles perguntam ao Espírito da Verdade – como reagiram os Apóstolos?

R – Os Apóstolos ficaram surpreendidos ante aquela linguagem velada, que se lhes afigurava confusa e procuraram a explicação do fato. A Jesus, porém, não era dado patentear-lhes o motivo porque assim procedia, UMA VEZ QUE, TENDO TAMBÉM ELES DE SER INSTRUMENTOS DA OBRA DE REGENERAÇÃO, SÓ RECEBIAM O QUE PODIAM E DEVIAM SUPORTAR NO MOMENTO, PARA O BOM EXITO DA MESMA OBRA REDENTORA, MEDIANTE O DESEMPENHO DE SUAS MISSÕES, NO MEIO QUE LHES ESTAVA PREPARADO. Assim sendo, Jesus lhes deu uma razão capaz de satisfaze-los, de os mover à piedade para com os que ele, intencionalmente, deixava na obscuridade da parábola, e de lhes insuflar o mais ardente amor e o mais vivo reconhecimento para com aqueles que os escolhera, a fim de os iniciar nos “mistérios do Reino de Deus”. É evidente que QUEM VIERA PARA ENSINAR AOS HOMENS A EXPIAÇÃO DE SUAS FALTAS, DIANTE DA LEI DIVINA, NÃO IRIA VOLUNTARIAMENTE OBSTAR A QUE OS CULPADOS OBTIVESSEM O PERDÃO DE SEUS PECADOS MAS, ONDE NÃO HOUVER ARREPENDIMENTO, NÃO PODE HAVER REMISSÃO DE FALTAS. O Mestre, prevendo as recaídas, evitara incorressem nas faltas mais graves os que, num ímpeto ardoroso e irrefletido entrassem pelo novo caminho que se lhes abria. De fato, esses – embora aos olhos dos homens parecessem merecer a remissão de seus pecados – em faltas mais graves incorreriam porque – NÃO TENDO CONSISTÊNCIA NEM FUNDO A SUA NOVA CRENÇA – de pronto cairiam em estado pior que o precedente, tornando-se merecedores de mais severo castigo. Entendei, portanto: Jesus cuidava de lhes poupar mais duras reprimendas. Com a sua caridosa previdência, poupava aos rebeldes as probabilidades de queda e, aos ingratos impedernidos, ensejo de praticarem novas ingratidões. Como podeis imaginar, os “milagres” que o Cristo operava nos doentes exerciam grande influência nos Espíritos. Muitos, porém, dos que no momento ficavam impressionados se apegavam apenas ao ato material; e, assim como os homens pouco reconhecidos se mostram ao hábil cirurgião que os livrou de um mal perigoso, TAMBÉM OS DOENTES CURADOS PELO MÉDICO DAS ALMAS DEPRESSA ESQUECEU OS SOCORROS MORAIS E MATERIAIS QUE DELE RECEBIAM. Jesus, por isso, evitava os “milagres” e usava de linguagem velada, sempre que falava onde sabia que suas palavras e seus atos não dariam frutos, tal a esterilidade da terra, capaz unicamente de produzir flores efêmeras. Espiritualmente, acontece a mesma coisa. O Espírito encarnado que contorna a luz, sem procurar aproximar-se dela, será punido apenas pela sua indiferença. Mas aquele que, ATRAÍDO PELO CLARÃO DA VERDADE, COMEÇA A SE ESCLARECER E DEPOIS FECHA OS OLHOS E RECUA, TERÁ DE EXPIAR A SUA INCONSTÂNCIA E A TRAIÇÃO QUE PRATICOU CONTRA SI MESMO.

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Não é que o Senhor lhe faça cair sobre a cabeça, especialmente, o peso da sua Justiça. Ele expiará pelos remorsos, pela incessante visão do Bem que teria feito, do progresso que teria realizado, os quais brilharão sempre aos seus olhos, como a presa que foge no momento em que vai ser agarrada. Já o dissemos e agora repetimos: A NINGUÉM É LÍCITO RECUAR, UMA VEZ QUE ENTRASTES NO CAMINHO CERTO – O CRISTIANISMO DO CRISTO – TENDES DE AVANÇAR CONSTANTEMENTE, ESTENDENDO AS MÃOS PARA A DIREITA E PARA A ESQUERDA, A FIM DE LEVARDES CONVOSCO AQUELES QUE NÃO POSSAM IR SOZINHOS, ASSIM PROCEDEI COM REFLEXÃO E PRUDÊNCIA, DZENDO SEMPRE AOS QUE DESEJEM SEGUIR-VOS – TEMOS DE CAMINHAR SEMPRE PARA FRENTE; QUEM PARA – RECUA, E QUEM RECUA – CAI!

A PALAVRA DO REINO

P – Nossas atenções se voltam, agora, para o Evangelho segundo Mateus, versículos 16 e 17, e segundo Lucas, 23 e 24. Também nos interessa muito a explicação dos versículos 18 e 19 de Mateus, 15 de Marcos e 12 do capítulo VIII de Lucas. Como os interpreta o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Disse Jesus. “Bem-aventurados os vossos olhos porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem! Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram: ouvir que hoje ouvis e não ouviram!” Dizendo tais palavras, Jesus aludia ao Espírito encarnado. OS PROFETAS E OS JUSTOS DE QUEM ELE FALA PREVIAM A VINDA DO CRISTO: FELIZES TERIAM SIDO SE ELA SE HOUVESSE VERIFICADO DURANTE O TEMPO DA ENCARNAÇÃO DE TODOS ELES. E prossegue o Mestre na parábola do semeador: “O caminho a cuja margem a semente caiu são aqueles que ouvem a Palavra do Reino e não compreendem, que a escutam e de cujo coração – mal a têm escutado – satanás a vem arrancar, pelo temor de que esses, crendo, se salvem”. “A Palavra do Reino significa: os ensinamentos dados pelo Cristo, para que os homens aprendessem a merecer o reino do céu. Embora não fosse o próprio Deus, ele podia dizer que personificava A PALAVRA DO REINO, por ser de Deus o órgão que se fizera carne (no entender dos homens, que o julgavam encarnado, como eles, num invólucro corporal humano), mas que, na realidade, se fizera carne ENCARNANDO APENAS NUM PERISPÍRITO TANGÍVEL, NUM CORPO PERISPIRÍTICO INCORRUPTÍVEL. Quanto às expressões Satanás, Diabo, Maligno, sinônimas como sabeis, eram empregadas para exprimir a mesma coisa: designam figuradamente, de modo emblemático ou simbólico, os Espíritos maus, Espíritos de erro e de mentira, espíritos inferiores, impuros, levianos ou perversos. Falando do Maligno, que arranca do coração do homem. A Palavra do Reino PELO TEMOR DE QUE, ACREDITANDO, O HOMEM SE SALVE, referia-se o Mestre aos espíritos maus que se congregam em torno dos que não lhes resistem e procuram impedi-los de sair da situação precária em que se encontram. A crença humana em Satanás, ou Diabo, com seu inferno eterno, se originou da necessidade de materializar os símbolos a fim de os tornar perceptíveis à matéria; foi um freio, um meio de infundir terror (às vezes, salutar), durante os séculos que se seguiram à ascensão do Cristo. COMO IMPEDIR QUE O HOMEM MODIFIQUE A VERDADE AO SABOR DE SUAS CONVENIÊNCIAS E NECESSIDADES? COMO IMPEDIR QUE O HOMEM EXPLORE O HOMEM? COMO IMPEDIR QUE O INTELIGENTE DOMINE O SIMPLÓRIO QUE O FORTE ESMAGUE O FRACO E QUE, PARA CONSEGUI-LO EMPREGUE TODOS OS MEIOS AO SEU ALCANCE? Qual o freio mais próprio do que o temor, para ser usado naquela época de ignorância e de barbárie, em que teve início o reinado de Lúcifer? Esse temor era o meio de que lançava mão a igreja humana, tanto contra o forte quanto contra o fraco; era um jugo que se aplicava igualmente a todas as frontes para domar todas as naturezas. Não reproveis com excesso: o que na Antigüidade , se passou com os hebreus de dura cerviz (e depois convosco) tinha de ser assim. Impotentes teriam sido, então, a Lei de Amor e Caridade que hoje vos pregamos, a Lei da Reencarnação, natural e imutável, que vos revelamos sem véu, em seu princípio e nas suas conseqüências; leis que – pela reparação, pela expiação e pelo progresso – vos mostram o caminho que tendes de percorrer para entrardes, purificados no Reino do Céu. AO FOGO DAS PAIXÕES HUMANAS FOI PRECISO CONTRAPOR UM FOGO AINDA MAIS ARDENTE,

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CAPAZ DE ABALAR AQUELES HOMENS DE CORAÇÃO EMPEDERNIDO, OS QUAIS, SEM ISSO, SE TERIAM ESTRANGULADO UNS AOS OUTROS DESAPIEDADAMENTE! O que se deu, portanto, tinha de se dar. A fonte era boa, mas o homem se turvou, e o lodo das paixões humanas continuou a escurecê-la. Hoje, pela Nova Revelação, restituímos ao manancial a sua limpidez de outrora; e a fonte da vida, em vez de se despenhar sobre pedras que seriam arrastadas pela torrente, vai deslizar tranqüila e clara por sobre dourado saibro que lhe formará o leito. Nada mais dos vãos temores, todavia úteis naqueles bárbaros tempos! A Unificação das Revelações do Cristo de Deus proclama: - Abaixo a exploração do homem pelo homem! O ignorante deixará de ser presa do instruído, porque a Verdade tem de se universalizar. O forte não mais esmagará o fraco, porque a força do primeiro não servirá senão para amparar o segundo. O poderoso não pisará mais a fronte do pequenino, porque, ao contrário, se abaixará – cheio de solicitude – para tomar o outro nos braços e ajudá-lo a erguer a cabeça para o céu! CADA SÉCULO TEM TIDO SUAS CRIAÇÕES, DESTINADAS TODAS AO PROGRESSO DA HUMANIDADE.

AS TENTAÇÕES E OS DESERTORES

P – Todos estão maravilhados com a explicação da parábola do semeador. Querem, agora, a parte final, que se refere aos que desertam e aos que perseveram. Poderia instruí-los, a respeito, o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – É o que lemos no Evangelho segundo Mateus versículos 20 e 21, segundo Marcos 16 e 17: Lucas 13. Disse Jesus: “O que sucede à semente que cai em terreno pedregoso, onde há pouca terra, é o que se dá com aquele que ouve a palavra e a recebe com mostras de alegria, no primeiro momento; não tendo ela, porém, raízes em seus corações, estes só crêem por pouco tempo, sobrevindo as tentações, retrocedem e, em chegando as tribulações e perseguições, logo se escandalizam”. Os que, sobrevindo as tentações, se afastam, recuam e desertam, são os que cedem desde que se lhes apresente ocasião de reincidirem nos seus antigos transviamentos, tornando-se rebeldes e surdos à Palavra de Deus, deixando-se levar de novo pela corrente de seus erros e faltas, influenciados pelos maus Espíritos, QUE SEUS MAUS PENDORES ATRAEM E AOS QUAIS NÃO SABEM RESISTIR. Os que logo se escandalizam, quando chegam às perseguições e tribulações por causa da Palavra, são os que, baldos de energia, se impressionam ou amedrontam e, finalmente, desertam. Ora, com relação aos Apóstolos, Jesus aludia às tribulações e perseguições morais e físicas. Com relação a vós outros, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, AS TRIBULAÇÕES E PERSEGUIÇOES SÃO PRINCIPALMENTE DE ORDEM MORAL, A COMEÇAR PELA CAMPANHA DE RIDÍCULO. Tais perseguições e tribulações são, ainda, os mil obstáculos que se vos opõem, e se vos oporão, por mais algum tempo. Vem próximo o momento das contrariedades sérias para a Humanidade. As Igrejas humanas e seus sectários se elevarão como barreira, para vos deterem a marcha! Barreira que será tanto mais temível quanto parecerá que some à vossa aproximação, para logo adiante se erguer ainda mais ameaçadora. Vãos, porém serão os seus esforços! CONTRA ELAS MESMAS SE VOLTARÁ O RIDÍCULO DE QUE FAZEM ARMA PARA VOS CONBATER, SOBRE ELAS RECAIRÁ O ANÁTEMA QUE LANÇARÃO CONTRA VÓS, BREVE ESTÁ O DIA EM QUE AS VEREIS – HUMILHADAS ANTE A INUTILIDADE DOS SEUS ESFORÇOS – ABRIR-VOS AS PORTAS E PEDIR-VOS A LUZ QUE HOJE TENTAM ABAFAR EM TREVAS! É destas pequenas oposições que se amedrontam os que como aqueles mornos do Apocalipse, não ousam afrontar a opinião pública, quando a sentem contrária, e fraquejam na guerra de família que se vem travando – e cada vez mais feroz se travará – e que nos faz dizer-vos como Jesus: - Não vos trazemos a paz, e sim a divisão. Não se tornem pedra de escândalo, portanto, os que se encontram às voltas com essas oposições domésticas! E não abandonem a pugna, se não querem perder a parada! PARA VÓS, A PARADA É A PAZ, É O PROGRESSO, É UM ADEUS DEFINITIVO AS MISÉRIAS DO VOSSO MUNDO. Por isso mesmo, não abandoneis a luta! Oponde a Boa Vontade aos ataques íntimos; a razão, a firmeza e a dignidade aos ataques exteriores! Tende por divisa: paciência e resignação ante os desígnios de Deus! Sustentados pela Fé, vencereis todos os obstáculos que vos criem as forças das trevas. Sob os vossos passos eles se desmancharão

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como montículos de areia. CORAGEM, IRMÃOS BEM – AMADOS! E NÃO VOS ESCANDALIZEIS, POIS NÃO TENDES O DIREITO DE DESERTAR!

OS ESPINHEIROS E A TERRA BOA

P – Para encerrar o estudo do capítulo em pauta, tão edificante para todos nós, queremos a explicação dos versículos 18 de Mateus e 14 de Lucas; e, ainda, 23 de Mateus, 20 de Marcos e 15 de Lucas. É o arremate, ótimo e perfeito, da parábola do Semeador. Como os interpreta o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Disse o Mestre: “O grão semeado entre os espinheiros representa aquele que ouve a Palavra de Deus mas deixa que os cuidados do mundo, as preocupações, a ilusão das riquezas, os prazeres da vida e as outras paixões a abafem e impeçam de dar frutos”. Aqueles em quem, desse modo, a Palavra de Deus é abafada e não dá frutos são os que tudo sacrificam aos instintos e apetites materiais, QUE DÃO CAUSA A PREDOMINÂNCIA DA MATÉRIA SOBRE O ESPÍRITO OU, MESMO, A ESCRAVIZAÇÃO DO ESPÍRITO A MATÉRIA. “Os que são designados pela terra boa onde é semeada e cai uma parte dos grãos, são os que escutam a Palavra de Deus, e a compreendem e aceitam, pondo-a em prática e fazendo-a germinar pela paciência e frutificar na proporção de cem, de sessenta e de trinta por um”. A terra boa são os que, de conformidade com o seu desenvolvimento moral e intelectual, TUDO FAZEM PARA POR EM PRÁTICA A PALAVRA DE DEUS, SEMEADA PRIMEIRO PELO CRISTO E, DEPOIS, PELO ESPÍRITO DA VERDADE. São os que a fazem germinar pela paciência, isto é, são os que tendo maus pendores a combater, se aplicam, com toda a perseverança, em os extirpar e substituir pela boa semente. A Lei de Amor é isenta de egoísmo. Jesus pregava às multidões, para que suas palavras fossem ouvidas e penetrassem na terra fértil. DO MESMO MODO VÓS OUTROS – NOVOS DISCÍPULOS DO MESTRE – DEVEIS HOJE ELEVAR A VOSSA VOZ, SEMPRE QUE PUDERDES ESPERAR QUE ELA SEJA OUVIDA: O GRÃO PRODUZIDO PELA SEMENTE LANÇADA EM TERRA BOA TEM DE SER, POR SUA VEZ, SEMEADO PARA PRODUZIR A BENDITA COLHEITA DA SALVAÇÃO DAS ALMAS, HAVERÁ COISA MAIS BELA DO QUE SALVAR ALMAS PARA DEUS? PORTANTO, IDE E PREGAI, PORQUE O MESTRE SEGUE A VOSSA FRENTE, COM PALAVRAS E EXEMPLOS!

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A PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO

P – Uma passagem que desejamos ver explicada é a do joio semeado entre o trigo. Como a interpreta, pelo CEU da LBV o Espírito da Verdade?

R – Evangelho segundo Mateus, XIII: 24-30.

24 – E Jesus lhes propôs outra parábola, dizendo: “O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou bom grão no seu campo. 25 – Enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e se foi embora. 26 – A plantação do homem germinou, cresceu e deu espigas, mas com ela cresceu também o joio. 27 – Os servos do pai de família vieram dizer-lhe: – Senhor, não semeastes bom grão no vosso campo? Como é que nele há joio? 28 – Respondeu: - Foi o inimigo quem o semeou. Os servos lhe perguntaram: - Quereis que vamos arrancá-lo? 29 – Ele replicou: - Não, pois receio que, arrancando o joio, arranqueis ao mesmo tempo o trigo. 30 – Deixai que ambos cresçam juntos, até à ceifa. Quando chegar a hora de ceifar, direi aos ceifeiros: – Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes, para ser queimado: mas o trigo recolhei-o no meu celeiro.”

Os Espíritos não se acham todos no mesmo grau de desenvolvimento. Entre vós, uns são elevados, enquanto outros se encontram no início das suas provações morais. Diante disso, seria cabível que – para se operar a renovação da vossa geração espiritual – se condenasse toda a geração material a perecer num novo dilúvio, semelhante ao de que falam os antigos? Não. O joio cresce ao lado do bom grão DEPOIS EM CADA COLHEITA, O JOIO, PARA SE PURIFICAR, É LANÇADO AO FOGO DA EXPIAÇÃO, AO MESMO TEMPO QUE O BOM GRÃO É GUARDADO NOS CELEIROS DO SENHOR. Não vos equivoqueis quanto ao sentido das nossas palavras, ao falarmos do dilúvio tal como é figurado. Quisemos, tão somente, apresentar-vos à inteligência a idéia de uma calamidade geral. Se o dilúvio se houvesse produzido nas condições em que o narram as tradições humanas, não teríamos dito “semelhante ao de que falam os antigos”. Não, não houve dilúvio no sentido de cataclismo completo: houve renovamentos parciais. As transformações sucessivas, por que a Terra tem passado, desde que saiu do estado de fluidez incandescente até aos vossos dias, são A OBRA DE PREPARAÇÃO E DE PROGRESSO GRADUAIS DOS REINOS MINERAL, VEGETAL, ANIMAL E HOMINAL, À QUAL SE SEGUIRÁ, NATURALMENTE, A OBRA DE DEPURAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DOS FLUIDOS PLANETÁRIOS – MINERAIS, VEGETAIS, ANIMAIS E HUMANOS. Os elementos tem que mudar de natureza em cada nova fase que a Humanidade atravessa. As matérias se depuram e progridem sob a ação espiritual, e o solo tem de satisfazer às necessidades das gerações humanas que o habitam. As expressões “o inimigo” e “o inimigo do pai de família”, indicando aquele que semeou o joio, eram as que estavam ao alcance dos homens a quem Jesus se dirigia. Não se fazia mister compreenderem o que o Mestre lhes dizia? O Cristo, servindo-se delas, aludia às inteligências do mal, encarnadas ou não, que trabalham por destruir no coração do homem as sementes que os Bons Espíritos aí lançaram. MAS O JOIO PODE CRESCER AO LADO DO BOM GRÃO, PORQUE ESTE, OU SEJA – O CORAÇÃO PURO, REPELE A SEMENTE MÁ. O CONTATO COM ESTA, PORTANTO, NENHUM PREJUÍZO LHE ACARRETA. À pergunta dos servos: “Quereis que vamos arrancar o joio?” Respondeu o pai de família: “Não, pois receio que, arrancando o joio, arranqueis ao mesmo tempo o trigo”. Ao compor este ponto da parábola, teve Jesus em mira refrear o zelo dos Apóstolos que, levados pelo desejo de fazer progredir a Humanidade, poderiam ir longe demais. À força de quererem reprimir os abusos, poderiam chegar ao extremo de constranger os homens retos e, até, de os afastar. Nesse particular, dava ele, ainda, um ensinamento para o futuro. No ensinar as Verdades Eternas, toda a ciência está em apropriá-las às inteligências que as tenham de receber. Não sendo assim um por exemplo, que teria aceitado a Moral Cristã, se lhe fosse apresentada sob aspecto condizente com o seu ponto de vista, dela se afasta e a rejeita, quer ofuscado pela intensidade da luz que a envolve, quer atemorizado com as grandes dificuldades que ela lhe deixa antever. A ceifa, de que fala a parábola se dá na ocasião em que os Espíritos voltam à sua condição de origem, isto é, AO ESTADO DE ESPÍRITOS, DESPOJADOS DE SEUS CORPOS MATERIAIS REGRESSANDO AO MUNDO ESPIRITUAL. ELES O FAZEM – OU NO ESTADO DE JOIO QUE TEM DE SER QUEIMADO, OU NO ESTADO DE BOM GRÃO, QUE SERÁ RECOLHIDO AO CELEIRO DO PAI DE FAMÍLIA. Verifica-se a primeira hipótese quando vão

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sofrer, na erraticidade, a expiação, a depuração pelo fogo das torturas morais e, depois, a reencarnação em mundos inferiores ao vosso, ou mesmo no vosso, conforme as tendências e à culpabilidade para o fim de resgatarem as faltas e de progredirem mediante novas provações. A segunda hipótese se verifica, evidentemente, quando merecem ir para outros mundos superiores à Terra, onde continuarão a se aperfeiçoar e a progredir. Encarada por este duplo aspecto, a ceifa já foi, está sendo e será feita ainda durante longo tempo. Por outro lado, considerada destes dois pontos de vista, A ÉPOCA DA CEIFA DEFINITIVA SERÁ COM RELAÇÃO AO VOSSO PLANETA. AQUELA EM QUE AO JOIO, NÃO MAIS SE PERMITA CRESCER AÍ AO LADO DO TRIGO, EM QUE O PRIMEIRO SERÁ ARRANCADO E LANÇADO FORA PELA EXPULSÃO DE TODOS OS ESPIRITOS QUE SE TENHAM CONSERVADO CULPOSOS E REBELDES. Estes se verão compelidos a afastar-se para mundos inferiores, desde que na Terra só deva crescer o trigo, isto é, desde que ela tenha passado a fazer parte do Reino de Deus, o que vale dizer: desde que se haja tornado exclusivamente, morada de Bons Espíritos. Os ceifeiros, no caso são os Espíritos Superiores, aos quais incumbe velar pelas expiações dos culpados na erraticidade, e classificar os que, por terem cumprido suas provas, mereceram ascender a orbes mais elevados que o vosso.

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A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA

P – O interesse pelas parábolas, explicadas em espírito e verdade, cresceu de forma impressionante em nosso Posto Familiar. Todos querem compreender, agora, a do grão de mostarda. Como a interpreta o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Harmonizemos Mateus, XIII: 31-35; Marcos, IV: 26-34; Lucas, XIII: 18-22.

MATEUS: 31 – Jesus lhes propôs outra parábola, dizendo: “O reino dos céus se assemelha ao grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. 32 – Esse grão, que é a menor de todas as sementes, quando cresce, torna-se planta maior do que todas as outras; torna-se árvore em cujos ramos os pássaros do céu vêm habitar”. 33 – E lhes disse, também, esta outra parábola: “O reino dos céus se assemelha ao fermento que uma mulher toma e mistura com três medidas de farinha, até que a massa fique inteiramente levedada”. Jesus disse, por parábolas todas essas coisas à multidão; não lhes falava sem parábolas, 35 – a fim de se cumprirem estas palavras do profeta: “Eu abrirei minha boca para falar por parábolas, revelarei coisas que estão ocultas desde a formação do mundo”.

MARCOS: 26 – E Jesus dizia: “O reino de Deus é semelhante a um homem que lança à terra a semente. 27 – Quer o homem durma, quer vigie noite e dia, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como; 28 – pois a terra, por si mesma, produz primeiro a erva, depois a espiga e, afinal, o grão que cobre a espiga. 29 – E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, pois é esse o momento da ceifa.” 30 – Disse mais Jesus: “A que podemos comparar o reino de Deus? Por que parábola o representaremos? 31 – Ele se assemelha a um grão de mostarda que, ao ser semeado, é a menor de todas as sementes que existem na terra. 32 – Mas, uma vez semeada, ela cresce e se torna maior do que todos os arbustos; deita grandes ramos a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra”. 33 – E assim lhes falava por muitas parábolas, de acordo com o que eles podiam entender. 34 – Não lhes falava senão por parábolas; mas a sós com os discípulos, tudo lhes explicava.

LUCAS: 18 – Dizia Jesus: “A que é semelhante o reino dos céus? Como que o poderei comparar? 19 – Assemelha-se ao grão de mostarda, que o homem toma e planta no seu horto; ele germina, cresce e se torna árvore em cujos ramos pousam os pássaros do céu”. 20 – E disse mais: “A que poderei comparar o reino de Deus? 21 – Ele se assemelha ao fermento que uma mulher toma e mistura com três medidas de farinha até que a massa fique completamente levedada” 22 – E assim ia ensinando pelas cidades e aldeias a caminho de Jerusalém.

Assemelhando e comparando o reino dos céus ao grão de mostarda, Jesus mostrava à multidão que, POR MÍNIMO QUE SEJA O PONTO DE ONDE SE PARTA PARA CHEGAR AO CÉU, ELE SE PODE DESENVOLVER E PRODUZIR RESULTADOS GRANDIOSOS. Esses o objetivo e a razão de ser da parábola do grão de mostarda, aplicada à época em que Jesus falava. Seu pensamento, porém, abrangia o presente e o futuro. Libertando da letra, que mata, o espírito, que vivifica, ela comporta uma explicação mais ampla. A comparação do reino dos céus com um grão de mostarda, que se torna árvore grande, em cujos os ramos os pássaros do céu vêm habitar, encerra uma figura alegórica: o grão de mostarda representa o ponto de partida, a origem, o germe do planeta e da Humanidade terrestre, o estado rudimentar de um e de outra; o crescimento oculto do grão, sua afloração, seu desenvolvimento e sua transformação em árvore simbolizam as fases por que passou, no estado latente, o vosso planeta durante a sua formação, que se operou de acordo com as Leis Naturais Imutáveis, sob a ação espiritual do Senhor Onipotente: simbolizam as fases da formação dos reinos mineral, vegetal, animal e humano, as do aparecimento, desenvolvimento e progresso desses reinos, as de depuração e transformação física do planeta e de transformação física, moral e intelectual da Humanidade. OS RAMOS DA ÁRVORE, ONDE OS PÁSSAROS DO CÉU VIRÃO HABITAR, INDICAM O GRAU DE DESENVOLVIMENTO QUE O PLANETA TEM DE ATINGIR PARA SE TORNAR MORADA DE PAZ E FELICIDADE, QUE OS ESPÍRITOS PURIFICADOS VIRÃO HABITAR PARA COM ELA CONTINUAREM A PROGREDIR POR UM NOVO CAMINHO ASCENDENTE QUE OS LEVARÁ À PERFEIÇÃO, MEDIANTE O CONCURSO E O AUXÍLIO DOS ESPÍRITOS DO SENHOR, SOB A DIREÇÃO DO CRISTO DE DEUS.

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A PARÁBOLA DA MASSA FERMENTADA

P – Disse Jesus: “O reino dos céus se assemelha ao fermento que uma mulher toma e mistura com três medidas de farinha, até que a massa fique inteiramente levedada”. Como explica essa parábola o Espírito da Verdade pelo CEU da LBV?

R – Formulando essa parábola, figurou Jesus, para que todos ali o compreendessem, O TRABALHO SECRETO, MAS PERMANENTE, DA SEMENTE REGENERADORA QUE O MESTRE LANÇAVA NOS CORAÇÕES HUMANOS. Os séculos a desenvolveram, mas – na maioria dos homens – ela apenas aflora. Longe estais ainda da época em que essa semente, como o grão de mostarda se tornará árvore em cujos galhos frondosos se abrigarão os fiéis. Precisando, na parábola, o número de medidas de farinha a serem misturadas com o fermento. Jesus só o fez para apropriar sua linguagem aos costumes da época. Aquela quantidade de farinha era a que as donas de casa levedavam de cada vez. Livrando da letra o espírito imortal o Reino de Deus – que nela é comparado ao fermento com que se leveda a massa de farinha – representa AQUELA SEMENTE QUE, PELA SUA DOUTRINA MORAL PELOS SEUS ATOS, PALAVRAS E ENSINAMENTOS, JESUS LANÇOU NOS CORAÇÕES E QUE, POR UM TRABALHO SECRETO E CONTÍNUO, NO PASSADO (TRABALHO QUE NO PRESENTE VIMOS ATIVAR COM A NOVA REVELAÇÃO E QUE TRIUNFARÁ NO FUTURO PRÓXIMO), ELEVARÁ O ESPÍRITO, FAZENDO-O ATINGIR A PERFEIÇÃO, GRAÇAS AO QUAL LHE SERÁ DADO GOZAR DA FELICIDADE DIVINA, ONDE QUER QUE SEJA. A levedação da massa representa a meta que estará alcançada pelo Espírito, quando tiver alcançado aquela pureza. Todos vós tendes no coração a levedura que o Senhor nele depositou. Esperamos que a fermentação que provocamos e ativamos na medida do que nos é prescrito, faça chegar à levedação da massa ao ponto que deve atingir. O fermento ainda se encontra na massa, e muito tempo passará até que ela fique inteiramente levedada. Como dizia Jesus, dizemos nós: nossas palavras não passarão. Mas as gerações humanas se sucederão em grande número, antes que o fermento acabe de levedar a massa. Regular tem de ser a marcha do progresso daqui por diante, como regular foi até aqui idêntica – embora inversa – à da bola que desce da montanha. De fato, enquanto a bola desce, o progresso inversamente galga a montanha. Seus passos são, a princípio, lentos e penosos; mas pouco a pouco, vencidas as primeiras dificuldades, ele abre passagem mais facilmente e acaba por descobrir cavado na rocha, o carreiro que o conduzirá ao cimo. Desde então acelera a marcha e, aos saltos, como cabrito que caçadores perseguem se lança em desabalada corrida transpõe todos os obstáculos e, afinal chega ao sítio bendito que buscava. A marcha da bola que desce da montanha também foi, a princípio, lenta; depois se acelerou pouco a pouco e – agora que chegou quase à metade do percurso que tem de fazer – sua rapidez aumenta na razão do impulso inicial que recebeu. Em breve, descerá aos saltos, para atingir o termo da descida. Mas, repetimos, ELA SE ACHA APENAS A MEIO DO PERCURSO QUE TEM DE FAZER. NÃO VOS DEIS PRESSA, PORTANTO, EM ACREDITAR NA RÁPIDA RENOVAÇÃO DOS HOMENS, PARA EVITAR DECEPÇÕES INEVITÁVEIS. Trabalhai com zelo pela melhoria moral e intelectual de vossos irmãos. Quando o trabalho espiritual se adiantar, vereis que o aspecto físico do planeta mudará: ANTES, PORÉM, QUE A HABITAÇÃO SEJA RECONSTRUÍDA SEGUNDO À LUZ DO NOVO MANDAMENTO, MISTER SE FAZ QUE OS HABITANTES SE ACHEM EM CONDIÇÕES DE NELA ENTRAR. Tudo se encadeia na obra divina: ao que é matéria só a matéria convém. Insistimos, portanto: quando progredindo moral e intelectualmente, houverdes chegado a viver mais a vida espiritual do que a vida animal, vereis que o aspecto do vosso mundo irá mudando gradualmente. SUA CONSTITUIÇÃO MATERIAL SE APERFEIÇOARÁ NA MESMA GRADAÇÃO: MUDANDO DE NATUREZA AS NECESSIDADES DO HOMEM, OUTRA PASSARÁ A SER A DESTINAÇÃO DOS PRODUTOS DO SOLO. A matéria não foi criada para o Espírito e sim para o corpo. Quanto menos a carne imperar em vós, tanto mais diminuirão as necessidades materiais e tanto mais por conseguinte, o planeta se modificará, PARA ADAPTAR-SE AS MUDANÇAS OPERADAS NA VOSSA PRÓPRIA NATUREZA TANTO A TERRA QUANTO A HUMANIDADE TEM POR DESTINO PROGREDIR, SEM CESSAR, PARA CONDIÇÕES FLUÍDICAS, PORQUE ESTE É O OBJETIVO UNIVERSAL.

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SEM QUE O HOMEM SAIBA COMO

P – No capítulo em pauta, disse Jesus, comparando o reino de Deus à semente que o homem lança à terra: “Quer ele durma, quer vigie noite e dia, a semente germina e cresce, SEM QUE O HOMEM SAIBA COMO”. Qual a explicação do Espírito da Verdade a essa passagem do Evangelho?

R – Marcos, IV: 26-29 – “E Jesus dizia: O reino de Deus é semelhante a um homem que lança a terra a semente. Quer o homem durma, quer vigie noite e dia, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como; pois a terra por si mesma, produz primeiro a erva, depois a espiga e, afinal, o grão que cobre a espiga. E, quando o fruto já está maduro logo se lhe mete a foice, pois é esse o momento da ceifa”. Jesus mostrava, com essa comparação, que O ESPÍRITO DO HOMEM TEM DE PASSAR COMO A SEMENTE LANÇADA A TERRA, PELAS FASES DE GERMINAÇÃO, DE CRESCIMENTO, DE TRANSFORMAÇÃO, DE DESENVOLVIMENTO, DE FRUTIFICAÇÃO E TEM DE ATINGIR A MATURIDADE MORAL E INTELECTUAL, A FIM DE SE POR, CHEGADO O TEMPO DA CEIFA, AO ALCANCE DAS MÃOS DOS CEIFADORES, INCUMBIDOS DA COLHEITA PARA O REINO DE DEUS. “Quer o homem durma, quer vigie noite e dia, ela germina e cresce, sem que ele saiba como”, disse o Mestre, falando da semente lançada à terra, porque, na época de sua missão, os homens (especialmente aqueles que o ouviam) cuidavam pouco de remontar à origem das coisas de aprofunda-las para lhe seguirem a marcha. Observai que de todos os povos antigos, o hebreu era um dos mais obstinados: aceitava – embora com repugnância – os progressos que lhe impunham já realizados, mas tão orgulhoso se mostrava da sua raça que nada procurava alcançar por si mesmo. ATÉ HOJE, A SEMENTE DIVINA GERMINOU E CRESCEU SEM QUE O HOMEM SOUBESSE COMO O PROGRESSO SE EFETUOU SEM QUE ELE SOUBESSE QUAIS OS SECRETOS CAMINHOS QUE LHE ERAM ABERTOS PELA INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS DO SENHOR, SECUNDADOS PELOS ESPÍRITOS EM MISSÃO NA TERRA. O homem, não fora a sua apatia, desde muito tempo teria podido observar o trabalho da semente divina. Mas, à semelhança daqueles hebreus de dura cerviz, os que obtiveram a semente deixaram-na crescer sem perscrutarem esse fenômeno. A Nova Revelação, esclarecendo-vos acerca das influências que vos cercam, vos inicia nos meios reais de realizardes o vosso progresso e vos coloca nas condições de compreenderdes os fenômenos da GERMINAÇÃO E DO CRESCIMENTO DA SEMENTE DIVINA. Nasça ou morra o homem, durma ou vigie, o progresso continuará a sua marcha. Com o tempo, e mediante a reencarnação, o progresso dos culpados e rebeldes se há de operar: A LUZ DO EVANGELHO E DO APOCALIPSE BRILHA NA TERRA E ILUMINA OS PASSOS DE TODOS OS HOMENS. Ai dos que se conservarem voluntariamente cegos! Também eles progredirão, mas – para acompanharem a marcha da evolução – terão de sofrer, em planetas inferiores, as longas e dolorosas expiações que se houverem tornado necessárias a fazê-los melhorar moralmente. Liberto da letra, o espírito, a parábola da semente lançada à terra é o emblema dos períodos que a Humanidade percorreu e transpôs na via do progresso desde o aparecimento do Homem na Terra assim como dos períodos que ela tem de percorrer e transpor para a sua regeneração. O olhar profundo do Mestre sondava tanto o passado quanto o futuro. A erva que aflorou ao solo, produto da germinação da semente designa o tempo escoado desde esse aparecimento até aos vossos dias. A formação dos grãos que cobrem a espiga os próprios grãos já formados é o fruto ao qual, quando maduro, se aplica a foice, por ser essa a época da ceifa designam os tempos atuais de fim de ciclo E TUDO SE REALIZA EM CUMPRIMENTO AOS SAGRADOS DESÍGNIOS DE DEUS, SEM QUE O HOMEM SAIBA COMO!

O ESTADO ATUAL DA SEMENTE DIVINA

P – Não podem ser mais claras as lições do CEU da LBV. Mas, neste fim de ciclo apodrecido e gasto, que diz o Espírito da Verdade sobre o estado da semente divina?

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R – Desde que o homem apareceu na Terra, o progresso das gerações humanas e a ampliação desse progresso, a germinação e o crescimento da semente que produz a erva e depois a espiga, foram auxiliados – DE ACORDO COM A BOA VONTADE IMUTÁVEL DE DEUS – na erraticidade pela influência oculta dos Espíritos do Senhor e no vosso mundo pelos Espíritos sempre superiores aos da massa geral dos homens sucessivamente enviados em missão por Nosso Senhor e Mestre Jesus. Esses mesmos Espíritos vão agora auxiliar – conforme a natureza e ao estado dos produtos, ao grau de fertilidade e de calor dos terrenos – a formação do grão, a maturação do que já esteja formado, a fim de que, em chegando a hora da ceifa, por eles possa a foice passar, como já tem passado pelos que amadureceram e passa pelos que vão amadurecendo, DESDE QUE A NOVA REVELAÇÃO ESPARGIU A SUA LUZ NA TERRA, PORQUE PARA ESSES CHEGOU O TEMPO DA SEGA. Neste momento o grão está formando; o grão amadurece e, em certas partes escolhidas, já está maduro ou já foi ceifado. Aparentemente, a Nova Revelação veio tarde; contudo, em muitos lugares o grão já não está formado? Noutros, os raios benfazejos do Sol da Verdade não produziram a maturação de muitas Almas? Finalmente, em certos lugares escolhidos, os ardores vitalizantes deste Sol não maduraram espigas que cuidadosamente colhemos? A SEARA AINDA NÃO ESTÁ MADURA: LONGE DISSO. MAS JÁ SE FAZEM COLHEITAS PARCIAIS E O VASTO CAMPO, QUE O SENHOR NOS CONFIA APRESENTA TERRENOS BEM MAIS FÉRTEIS PREPARADOS PARA O AMADURECIMENTO DOS FRUTOS. É QUE O SOL DA VERDADE DOURA AS ESPIGAS QUE SE FORMAM E OS GRÃOS SE DESENVOLVEM. Submetei, portanto, ao calor de seus raios as espigas com que contamos a fim de que amadureçam no momento em que se haja de fazer a colheita. Deixai que penetrem nelas as fecundantes ardências com que o Senhor as abençoa; e cada espiga madura se confiará as benditas mãos dos ceifeiros. Quando os feixes de espigas escolhidas estiverem formados, lançaremos de novo na terra esses grãos fecundos. Eles, então, penetrados do Amor Divino, fornecerão fartas colheitas e tornarão produtivos os mais ingratos terrenos. PREPARAI, POIS, AS ESPIGAS QUE TERÃO DE FORNECER AS SEMENTES. A alegoria é clara e todos vós podeis compreende-la: os grãos fecundos são espíritos purificados que descerão à Terra em gloriosas missões, ajudando os encarnados a progredir moral e intelectualmente, a passar pelas suas provas trilhando o caminho traçado por Jesus no seu Novo Mandamento. Vamos, filhos bem-amados, purificai-vos, elevai-vos, curvando sempre a fronte diante da Majestade Divina: curvai-a tanto mais quanto mais se houver elevado o vosso coração! Disse o Mestre: “Quando o fruto chega à maturidade, chega a hora da colheita”. Pois bem, QUANDO ESTIVERDES MADUROS, IREMOS BUSCAR-VOS PARA JUNTO DE NÓS, A FIM DE VOS DARMOS – SOB AS VISTA DO CRISTO E DE ACORDO COM A BOA VONTADE DE DEUS – AS INSTRUÇÕES QUE FOREM NECESSÁRIAS, PARA IRDES AUXILIAR O AMADURECIMENTO DO GRÃO. E, passada por ele a foice divina, realizada a gloriosa colheita, prepararemos a semente para a semeadura seguinte: assim se efetivam a depuração e o renovamento das gerações humanas. Agora podem todos entender os versículos 34 e 35 de Mateus: o que, com relação à Vida Eterna – Jesus revelava aos homens, sob o mistério e nas obscuridades das parábolas, ainda não fora dito. Os hebreus acreditavam na imortalidade da Alma, sim, mas de modo vago. Jesus veio dar corpo ao que não passava de uma sombra, tanto para os discípulos quanto para os judeus rebeldes. E diz Marcos, nos versículos 34 e 35: “Jesus falava aos da multidão e aos discípulos por muitas parábolas, de acordo com o que eles podiam entender; não lhes falava sem parábolas. Mas longe da multidão, tudo explicava aos discípulos”. Ensinava aos discípulos o sentido em que deviam tomar as palavras que lhes dirigia. O mundo, só lhes deixava entrever o que elas continham de profético, não lhes dando mais do que eles podiam suportar como encarnados, nem mais do que deviam ter consigo para o desempenho de suas missões, sob o império e o véu da letra. Deixou velado TUDO O QUE DEVESSE PERMANECER SECRETO E OCULTO, PARA SOMENTE SER DESCOBERTO E DESVENDADO PELA NOVA REVELAÇÃO, QUE AGORA ILUMINA TODOS OS HOMENS – OS QUE TÊM OLHOS DE VER E OUVIDOS DE OUVIR!

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A PARÁBOLA DO JOIO

P – Os componentes do nosso Posto querem a explicação da parábola do joio, na Cruzada do Novo Mandamento no Lar. Como a interpreta pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Mateus, XIII 36-43.

36 – Tendo despedido a multidão, entrou Jesus em sua casa. E os discípulos acercando-se dele, lhe pediram: “Explica-nos a parábola do joio semeado no campo”. 37 – Ele, respondendo, lhes disse: “Aquele que semeia o bom grão é o Filho do Homem. 38 – O campo é o mundo; os filhos do reino representam o bom grão; os filhos da iniqüidade são o joio. 39 – O inimigo que o semeou é Satanás; o tempo da colheita é o fim do mundo; os ceifeiros são os Anjos do Senhor. 40 – O que se faz com o joio, que é arrancado e queimado no fogo far-se- á no fim do mundo. 41 – O Filho do Homem enviará os seus Anjos, estes reunirão e levarão para fora do seu reino todos os que são causa de escândalo e de queda. 42 – e os lançarão na fornalha de fogo e ali haverá pranto e ranger de dentes. 43 – Então, os justos brilharão como o sol, no reino do Pai. Ouça quem tiver ouvidos de ouvir!”

Estas últimas palavras do Mestre (“OUÇA QUEM TIVER OUVIDOS DE OUVIR!”) mostram que ainda era velada a própria linguagem usada na explicação da parábola, deixam ver que para a compreensão exata dos termos empregados e dos pensamentos que eles vestem, necessário é libertar da letra, que mata, o espírito que vivifica. Elas advertiam os homens de que tivessem cuidado com a maneira de entender a explicação que lhes era dada. OS HOMENS, PORÉM, COMPREENDERAM E INTERPRETARAM AS PALAVRAS DE JESUS SEGUNDO A LETRA, DE ACORDO COM OS PRECONCEITOS E TRADIÇÕES DA ÉPOCA! MATERIALIZANDO AS EXPRESSÕES DO CRISTO, FALSEARAM-LHES O SENTIDO E A INTERPRETAÇÃO. Mas a Nova Revelação, que vos trazemos à luz do Novo Mandamento, vem explicar o pensamento real de Jesus. Atenção para o versículo 37: encarregado do progresso da Terra e da sua Humanidade, isto é, do progresso dos Espíritos que nela encarnem, Jesus – desde o aparecimento do homem no vosso planeta - vem semeando o bom grão e o semeará sempre; sempre trabalhou e trabalha na obra da vossa regeneração, por intermédio dos espíritos que o coadjugavam no desempenho da sua missão, E TRABALHARÁ NELA ATÉ QUE AQUELES ESPÍRITOS ATINJAM A PERFEIÇÃO QUE OS FARÁ OCUPAR, NA HIERARQUIA ESPIRITUAL, A CATEGORIA DOS ESPÍRITOS PUROS. Tendo vindo (pelas palavras que proferiu pelos atos que praticou, pelos ensinos e exemplos que espalhou) traçar a via do progresso e assentar as bases fundamentais da regeneração humana. Jesus veio, é evidente, semear o bom grão. Chamando-se a si mesmo O FILHO DO HOMEM, lembrava aquela missão que, aos olhos materiais era humana. Ao mesmo tempo, pela explicação velada que deu da parábola apropriando às inteligências e as condições da época a sua linguagem que pela letra, atendia às necessidades do momento e, pelo espírito, atenderia às do futuro, MOSTRAVA SEU PODER E SUA SOBERANIA COMO REPRESENTANTE DE DEUS; COMO TENDO RECEBIDO DO ETERNO PAI A INVESTIDURA DE REI DO VOSSO PLANETA, AO QUAL CHAMA “SEU REINO”; COMO TENDO DEBAIXO DE SUA AUTORIDADE E AS SUAS ORDENS, OS “ANJOS” DO SENHOR; COMO TENDO O PODER SOBRE A TERRA E, BEM ASSIM SOBRE AS GERAÇÕES HUMANAS, DESDE A PRIMEIRA ATÉ A ÚLTIMA; COMO SENDO QUEM NO “FIM DO MUNDO”, FARÁ QUE SEUS “ANJOS” REUNAM E LEVEM PARA FORA DA TERRA OS FILHOS DA INIQÜIDADE SIMBOLIZADOS PELO JOIO, E QUEM OS MANDARÁ LANÇAR NA FORNALHA DE FOGO”, ONDE HAVERÁ PRANTO E RANGER DE DENTES. Nessa ocasião, os filhos do reino, simbolizados pelo bom grão já se havendo tornado justos permanecerão no seu reino, brilhando como o sol. Versículo 38 – o campo representa o mundo, isto é, o vosso planeta e a sua população. Os filhos do reino, simbolizados pelo bom grão, são os que tendem a progredir e se esforçam por consegui-lo. Os filhos da iniqüidade, cujo símbolo é o joio, são os que cedem as más influências por serem ainda maus os seus instintos. Versículo 39 – Satanás, que semeou, semeia e ainda semeará na terra o joio – e que figura na parábola como sendo “o inimigo” – são TODOS OS ESPÍRITOS MAUS, DO ERRO E DA MENTIRA, IMPUROS, LEVIANOS, PERVERSOS, (ENCARNADOS OU ERRANTES) QUE, PROCURANDO EXERCER PERNICIOSA INFLUÊNCIA SOBRE OS HOMENS, TRABALHAM POR LHES TRAVAR A

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EVOLUÇÃO, FAZENDO-OS EVITAR O BEM E PRATICAR O MAL POR PENSAMENTOS, PALAVRAS E ATOS. Em suma, trabalham por arrasta-los para fora das vias do Senhor. Estas vias são as que de modo completo se acham indicadas pelas seguintes palavras de Jesus, uma vez que sejam bem compreendidas e praticadas em toda a sua extensão, dos pontos de vista material, moral e intelectual tanto nas relações sociais como nas de família, como ainda no trato de cada um consigo mesmo: “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMEI. PROCEDEI SEMPRE EM TUDO, PARA COM TODOS, COMO QUEREIS QUE PROCEDAM PARA CONVOSCO”.

O FIM DO MUNDO

P – Todos estão interessados em saber a significação do “fim do mundo”, que está no versículo 40 do capítulo em pauta. Como o explica o Espírito da Verdade no CEU da LBV?

R – O fim do mundo, predito por Jesus e que, na parábola, corresponde ao tempo da ceifa, não é o que as interpretações humanas figuraram. Não se trata de um fenômeno repentino, como o imaginaram erroneamente quantos acreditaram que, de um instante para outro, o mundo inteiro seria transformado e renovado. O FIM DO MUNDO ESTÁ SENDO PREPARADO HÁ MUITO TEMPO E, POUCO A POUCO, SE VAI OPERANDO. Avançais para a época em que, pela só influência da vossa presença entre eles, os Espíritos inferiores que encarnam na Terra serão repelidos e fugirão para outros meios que lhes sejam menos incômodos. OS ESPÍRITOS INFERIORES, COMO SABEIS, TEMEM A PRESENÇA DOS ESPÍRITOS ELEVADOS. Não é natural que o homem devasso e vil fique embaraçado, pouco à vontade, numa reunião de pessoas de escol das mais instruídas e virtuosas? E não é natural, também, que volte – assim que lhe seja permitido – para o meio de seus iguais? É o que se dará com os Espíritos inferiores; quando chegar o fim do mundo, isto é, QUANDO, POR SE HAVEREM ELEVADO AS VOSSAS NATUREZAS, MUDANDO DE ORDEM, SUBINDO NA HIERARQUIA ESPIRITUAL, TUDO MUDARÁ EM TORNO DE VÓS. O joio terá sido, então, lançado ao fogo da purificação e o bom grão refulgirá aos olhos do Pai Celestial. Nesse tempo em que o vosso progresso será bastante para repelir os Espíritos inferiores que vos cercam, entrareis no princípio da Vida Espiritual. Quer isto dizer que, tanto para o homem quanto para o planeta, a matéria será depurada, sem passar, contudo às condições de fluidos puros. Compreendei bem todas as fases, todos os graus que, de modo mais ou menos material mais ou menos sutil, SEPARAM OS ESPÍRITOS ENCARNADOS NOS DIVERSOS MUNDOS QUE ELES OCUPAM. Chegando à primeira fase espiritual, a primeira separação da matéria espessa, entrareis numa categoria de Espíritos cujo INVÓLUCRO LEVE difere inteiramente do vosso invólucro atual, sem ser, todavia, completamente fluídico. Será uma vestimenta nova, que tereis de mudar ainda muitas vezes, antes de poderdes habitar MUNDOS FLUÍDICOS, o que acontecerá um dia, pois não deveis acreditar que, alcançando esse grau de adiantamento, estejais circunscrito ao planeta em que viveis. A Terra também terá progredido; mas, nessa ocasião, TODOS OS MUNDOS CUJA CATEGORIA CORRESPONDA A DOS VOSSOS ESPÍRITOS, VOS PODERÃO SERVIR DE MORADA: NÃO ESTAREIS ADSTRITOS A HABITAR ESTES DE PREFERÊNCIA AQUELES. O fim do mundo, compreendido como sendo a época da colheita, se apresenta dividido em três períodos distintos: o primeiro é aquele em que aos Espíritos inferiores foi e será “permitido” encarnar na Terra para – por sucessivas expiações e reencarnações – se purificarem, passarem de “filhos da iniqüidade”, que eram a “filhos do reino”; o segundo é aquele em que o joio começará a ser separado do trigo, aquele em que os Espíritos que se mantiverem culpados, rebeldes, voluntariamente cegos, serão afastados do vosso planeta e deportados para mundos inferiores; o terceiro é aquele em que, concluída a separação do trigo e do joio, estará acabado o afastamento dos Espíritos inferiores; é portanto, aquele em que A TERRA SE TERÁ TORNADO MORADA DE PAZ E DE FELICIDADE, DE BONS ESPÍRITOS JÁ APTOS A ENTRAR NA VIDA ESPIRITUAL, O QUE SE FARÁ COMO DISSEMOS, E A AVANÇAR, SOB A INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS DO SENHOR E DE ESPÍRITOS ENCARNADOS EM MISSÃO NA VIA DO PROGRESSO, PELA CARIDADE, PELA CIÊNCIA, PELO AMOR INFINITO DO NOVO MANDAMENTO DO CRISTO DE DEUS!

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OS CEIFEIROS DA PARÁBOLA

P – Não temos palavras para exprimir nossa alegria, ante as ações do CEU DA LBV! Nesta parábola, de tanta grandeza espiritual, desejamos esclarecimentos sobre os ceifeiros de que fala Jesus, no versículo 39. Que nos diz, sobre este ponto, o Espírito da Verdade?

R – Os ceifeiros ou Anjos são indistintamente, todos os Espíritos do Senhor, encarnados em missão ou não encarnados que trabalham na obra do progresso da regeneração e da purificação da Humanidade terrestre. Facilmente se compreende que OS QUE TRABALHAM NESSA OBRA SEJAM INCUMBIDOS DA COLHEITA. Versículos 40, 41 e 42 – O reino do Filho do Homem e a Terra com sua Humanidade. Quando uma e outra houverem chegado ao período de depuração e de progresso, no qual os Espíritos inferiores culpados, rebeldes, voluntáriamente cegos, serão afastados do vosso planeta e deportados para mundos inferiores, OS ANJOS REUNIRÃO E LEVARÃO PARA FORA DO REINO DE JESUS OS QUE SÃO CAUSA DE ESCÂNDALO E QUEDA: TODOS AQUELES QUE COMETEM INIQÜIDADE. Os Anjos de que o Mestre fala serão os Espíritos Superiores e os Espíritos Puros, e não os encarnados em missão porquanto A SELEÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DOS ESPÍRITOS, QUE PERMANECEREM CULPADOS E REBELDES, SE FARÁ ESTANDO ELES NA ERRATICIDADE. Não esqueçais que, revestidos da libré de carne que trazeis, todos os Espíritos são mais ou menos falíveis, embora se trate dos que na Terra se acham empenhados na obra de regeneração. Nenhum pois, por aquela só razão, tem o direito de julgar seus irmãos também encarnados, de dizer a qualquer deles: “TU ÉS CULPADO E EU SOU TEU JUIZ” ou “ FALISTE E EU TE CONDENO OU TE ABSOLVO”. Um Espírito, por mais purificado que esteja, logo que toma a condição humana, lhe sofre a influência mais ou menos forte. Sendo, desde então, mais ou menos falível e lhe interdito julgar. Por tudo isso, OS ESPÍRITOS SUPERIORES E OS ESPÍRITOS PUROS SÃO OS QUE, LIVRES DE QUALQUER CONTATO HUMANO, VIRÃO SEPARAR DO TRIGO O JOIO QUE SERÁ LANÇADO AO FOGO.

PRANTO E RANGER DE DENTES

P – Desejamos formular nossa última pergunta, relativa ao capítulo em exame. Prende-se aos versículos 41 e 42: “O Cristo enviará os seus Anjos; estes reunirão e levarão para fora do seu reino todos os que são causa de escândalo e queda, e os lançarão na fornalha de fogo, e ali haverá pranto e ranger de dentes”. Como o Espírito da Verdade interpreta essa passagem do Evangelho segundo Mateus?

R – No fim do mundo, nessa época em que se vai operar a depuração gradual do vosso planeta, mediante a separação do trigo e do joio, este ainda será queimado, como terá sido antes. ENTRETANTO, O JOIO NÃO PODERÁ MAIS CRESCER AO LADO DO TRIGO. Quer isto dizer: os “filhos da iniqüidade” senão ainda, como o foram sempre, no passado, submetidos à expiação. MAS, DAÍ POR DIANTE, NÃO PODERÃO MAIS REENCARNAR NA TERRA. Os Anjos, que o Cristo enviará os afastarão do vosso Planeta levando-os para mundos inferiores, onde os classificarão de acordo com as suas tendências e a sua culpabilidade. Assim, uns irão para orbes de categoria inferior à que, então, o vosso planeta ocupará; outros (e ainda serão muitos) irão para planetas da mesma categoria que a do vosso atualmente. Mas, antes que lhes seja permitido reencarnar nesses planetas, serão lançados na “fornalha de fogo”, onde haverá pranto e ranger de dentes, isto é, ENTRANDO EM EXPIAÇÃO, OS ESPÍRITOS CULPADOS, REBELDES, VOLUNTARIAMENTE CEGOS, SERÃO LANÇADOS AO FOGO DOS REMORSOS MORAIS, APROPRIADOS E PROPORCIONAIS AOS CRIMES E FALTAS QUE HAJEM COMETIDO: VERDADEIRO FOGO DE PURIFICAÇÃO QUE GERA E DESENVOLVE O ARREPENDIMENTO E O DESEJO DA REPARAÇÃO POR MEIO DE NOVAS PROVAÇÕES. Lá, nesses mundos inferiores, longa e dolorosa expiação consumirá o joio, a planta

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má. Entretanto, o Espírito não é passível, como o joio, de ser, pelo fogo, reduzido a pó. Purificado pela ação do fogo regenerador, germina a boa semente que ele traz em si e das cinzas do joio brota messes de bom grão! O joio será queimado tantas vezes quantas forem necessárias, para que se torne bom grão, PARA QUE OS FILHOS DA INIQÜIDADE SE TORNEM FILHOS DO REINO E ENTREM, A SEU TURNO NA CLASSE DOS JUSTOS. Já o dissemos e agora repetimos: quaisquer que sejam os versículos do Evangelho de Jesus, onde se leiam estas palavras – FORNALHA DE FOGO, GEENA, FOGO DA GEENA, PRANTO E RANGER DE DENTES – elas significam sempre a expiação do Espírito seguida de reencarnação, de novas reencarnações até que seja pago o último ceitil. Quanto ao versículo 43: “Então os justos brilharão como o sol no reino do Pai”. Estas palavras tem um sentido figurado: A LUZ QUE BRILHA NOS FILHOS DO SENHOR É A DA VERDADE DA FÉ E DO AMOR. Os Filhos do Senhor são os justos a saber, os Espíritos purificados, cujos perispíritos – por efeito da purificação – se tornaram mais luminosos, irradiando uma luz cuja pureza e cujo brilho correspondem ao grau da elevação alcançada. OS MUNDOS SUPERIORES FORMAM O REINO DE DEUS: O VOSSO PLANETA DESDE QUE ATINJA A NECESSÁRIA ELEVAÇÃO, LHES PERTENCERÁ AO NÚMERO CONSITUINDO – SE QUEREIS UMA COMPARAÇÃO HUMANA UMA DAS PRONVÍNCIAS DO REINO DE DEUS.

TESOURO OCULTO E PÉROLA DE ALTO PREÇO

P – Disse Jesus: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto num campo; o homem que o achou o esconde e cheio de alegria por tê-lo achado vai vender tudo o que possui e compra aquele campo”. Qual a explicação do Espírito da Verdade para Mateus XIII: 44?

R – Aquele que recebe a Palavra de Deus se sente tão feliz quanto o homem que acha um tesouro, se é que se pode estabelecer comparação entre sentimentos tão dessemelhantes. Cumpre-lhe encerrar no coração essa FONTE DE RIQUEZAS ETERNAS, esforçar-se por que nenhum dos vícios humanos lhe possa arrebatar o precioso tesouro! Vai o homem e vende tudo o que tem: quer isto dizer que ele se despoja dos erros, dos maus instintos dos maus pecadores, dos vícios escravizantes, em suma – DE TUDO O QUE PRENDE A MATÉRIA, como os bens terrenos o prendem ao solo que os encerra. E compra o campo; faz para conservar o tesouro espiritual, todos os sacrifícios que a Humanidade exija dele.

P – Disse ainda o Cristo: “O reino dos céus se assemelha a um negociante que compra belas pérolas; e, achando uma de alto preço, vende tudo o que tem para comprá-la”. Que explicação dá a esta passagem do Evangelho segundo MATEUS, XIII: 45-46, o Espírito da Verdade?

R – Esta parábola tem quase a mesma significação que a do tesouro oculto. Realmente ela traça a imagem do homem que sinceramente procura a Verdade e que, achando-a, recebendo-a em seu coração, se desembaraça, sem hesitar, de todos os seus erros, de todas as suas fraquezas, de todos os seus maus instintos, de todos os vícios e apetites materiais que, anteriormente, constituíam TODA A SUA RIQUEZA ILUSÓRIA E FUNESTA. Dela procura desfazer-se, com a maior diligência, empregando todos os esforços por conservar a pérola de alto preço, como o tesouro, é A VERDADE QUE ELE ENCONTROU AO ACEITAR A PALAVRA DE DEUS.

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PARÁBOLA DA REDE LANÇADA AO MAR

P – Como estamos estudando as parábolas do Evangelho, queremos focalizar em nosso Posto Familiar a parábola da rede de pesca, principalmente na parte referente à separação dos peixes. Como a interpreta o Espírito da Verdade?

R – MATEUS XIII: 47-52.

47 – “O reino dos céus é semelhante a uma rede de pescar, a qual, lançada ao mar, apanha toda espécie de peixes. 48 – Quando fica cheia, os pescadores a puxam para bordo, onde, sentados, se põem a separá-los, deitando os bons nos vasos e lançando fora os maus. 49 – Assim será no fim do mundo: Os Anjos virão separar os maus do meio dos justos. 50 – e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes.. 51 - Compreendeis todas essas coisas?” Eles responderam: - Sim. 52 – Jesus, então lhes disse: “Todo escriba instruído acerca do reino dos céus se assemelha ao pai de família, que do seu tesouro tira coisas novas e coisas velhas”.

Não precisamos explicar-vos o símile da pesca: podeis facilmente compreender que se trata do afastamento dos maus e da escolha dos bons. Ele deve ser entendido e explicado, em tudo e por tudo, do mesmo modo por que o foi a parábola do joio. Podeis notar que muitas palavras têm o mesmo sentido. Foram ditas a homens diferentes muitas vezes em ocasiões diversas, mas sempre com o mesmo objetivo. “Compreendeis todas essas coisas?” – perguntou Jesus aos seus discípulos. E eles responderam: Sim. Eles haviam compreendido a parábola da pesca tal como lhes foi apresentada, isto é, COMO IMAGEM DA ESCOLHA QUE, POUCO A POUCO SE IRIA FAZENDO ENTRE OS ESPÍRITOS, A FIM DE QUE, NA HORA DETERMINADA, JÁ NÃO HOUVESSE MUITOS ESPÍRITOS REBELDES A AFASTAR. Disse-lhes, ainda, o Cristo: “Todo escriba instruído acerca do reino dos céus se assemelha ao Pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e coisas velhas”. Por escriba designava Jesus o homem mais esclarecido do que as massas e encarregado de espalhar no meio delas as luzes provenientes do tesouro da sua erudição e da sua inteligência. Os escribas eram os sábios daquela época: espalhavam (ou, melhor, tinham o dever de espalhar) a luz! Mas, infelizmente, a colocavam debaixo do alqueire. “Tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”. Aquele que se serve da Ciência, que recebeu dos tempos antigos, para fortificar e, por assim dizer, tornar recomendável aquilo que ele deseja ver acreditado. Assim, vós outros, modernos discípulos do Cristo, dentro dos limites da vossa instrução, das vossas faculdades, sempre em busca das Verdades Eternas, deveis investigar as crônicas antigas, esmiuçar as lendas dos povos, desencavar os velhos manuscritos – sepultados no fundo das bibliotecas seculares ou dos avaros conventos que os possuem – e, armados com os vetustos documentos que possuirdes, DEMONSTRAR AOS TÍMIDOS, AOS INCRÉDULOS, AOS PSEUDO-SÁBIOS DO MUNDO PROFANO A ANCIANIDADE E A AUTENTICIDADE DA DOUTRINA QUE PROFESSAIS, SINTETIZADA NO NOVO MANDAMENTO DO SÁBIO DOS SÁBIOS – NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

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NINGUÉM É PROFETA EM SUA TERRA

P – Diz a sabedoria popular que santo de casa não faz milagre. Lembramo-nos, então, das palavras de Jesus: “Ninguém é profeta sem honra senão em sua própria terra e dentro de sua própria casa”. Como o Espírito da Verdade analisa essas palavras do Mestre?

R – Harmonizemos Mateus, XIII: 53-58 e Marcos, VI: 1-6.

MATEUS: 53 – Tendo acabado de dizer essas parábolas, Jesus partiu dali; 54 – e, voltando ao seu país os instruía nas sinagogas de tal modo que, tomados de admiração, eles diziam: “De onde lhe vêm esta sabedoria e estes milagres? 55 – Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não é Maria? Tiago, José, Simão e Judas não são seus irmãos? 56 – E suas irmãs não vivem todas entre nós? De onde, então, lhe vêm todas essas coisas?” 57 – Assim era que dele se escandalizavam. Jesus, porém, lhes disse: “Ninguém é profeta sem honra senão em sua terra e dentro de sua própria casa”. 58 – E lá não fez muitos milagres por causa da incredulidade deles.

MARCOS: 1 - Saindo dali, voltou Jesus a sua cidade, acompanhado pelos discípulos. 2 – E, chegando o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos dos que o ouviam, admirando-se da sua doutrina, diziam: “De onde lhe vieram todas essas coisas? Que sabedoria é essa que lhe foi dada? Como é que suas mãos operam tais maravilhas? 3 – Não é ele o carpinteiro filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas, e de Simão? E suas irmãs não estão aqui, entre nós?” E se escandalizavam dele. 4 – Entretanto, Jesus lhes disse: “Nenhum profeta é humilhado senão em seu país, na sua casa e entre os seus parentes”. 5 – E lá não pôde fazer nenhum milagre; apenas curou alguns poucos doentes, impondo-lhes as mãos. 6 – E se admirava da incredulidade deles. E continuava percorrendo as aldeias dos arredores, a ensinar.

Relativamente aos que eram tidos por irmãos e irmãs de Jesus; à maternidade humana da Virgem Maria, à paternidade humana de José – segundo o modo de ver dos homens – já dissemos tudo o que precisáveis saber. Já sabeis quem é o Filho, pela revelação que vos fizemos, da origem espiritual de Jesus, do modo e das condições em que se deu o seu aparecimento na Terra; do que foram a gravidez e o parto de Maria; da genealogia do Mestre. Não temos, pois, de voltar a esses pontos. Versículos 57 de Mateus e 4 de Marcos – Dizendo que ninguém é profeta sem honra senão em sua terra e dentro da sua própria casa, tinha Jesus o intento de lembrar aos que o ouviam O CARÁTER E A MISSÃO DE PROFETA QUE OS OUTROS HOMENS LHE DAVAM, pois aqueles – supondo-o um homem como os demais, nas mesmas condições de faculdades e de poderes que eles – se surpreendiam profundamente com a sabedoria da sua doutrina, com as suas palavras, com os seus ensinamentos e COM OS FATOS QUE PRODUZIA E QUE ERAM CONSIDERADOS MILAGRES. Do ponto de vista espiritual, essas palavras de Jesus encerram profunda reflexão filosófica, da mais alta categoria, e tendes verificado pessoalmente o seu valor. Mateus, 58 – “E lá não fez muitos milagres por causa da incredulidade deles”. Não sabeis que a oposição dos Espíritos, encarnados ou não, prejudica a boa influência que se possa exercer? Jesus se o quisesse teria dominado prontamente aquela influência contrária. Mas, que conseguiria ele? Que aqueles Espíritos, voluntariamente cegos, FOSSEM FORÇADOS A VER. ELES, PORÉM, SE OBSTINARIAM EM FECHAR OS OLHOS E, DESDE ENTÃO, PASSARIAM A MERECER CASTIGO MAIS SEVERO. Ora, o Mestre, com a infinita caridade do seu coração, jamais provocou a revolta de qualquer Espírito, a fim de lhe poupar o remorso da falta! Marcos, 5 – “E lá não pôde fazer nenhum milagre; apenas curou alguns poucos doentes, impondo-lhes as mãos”. Já dissemos que Jesus “não pôde fazer milagres PORQUE NÃO QUIS EXERCER SUA AUTORIDADE SOBRE OS ESPÍRITOS REBELDES. Portanto, não houve impotência, mas ausência de vontade, o que, aos olhos dos homens, era tido por impossibilidade. NÃO SUCEDE, MUITAS VEZES, EVITARDES FAZER UMA COISA OU FICARDES SEM PODER EXECUTÁ-LA, POR SE APRESENTAR UM OBSTÁCULO QUE NÃO QUEREIS DESTRUIR? A versão de Marcos é equivalente à de Mateus. Ambos, em termos que pouco diferem, exprimem a mesma coisa: Marcos 6 - “E Jesus se admirava da incredulidade deles”. É este um modo humano de exprimir a opinião de homens que não viam no Cristo mais que um homem igual aos outros. JESUS NÃO TINHA DE QUE SE ADMIRAR. NEM PODIA ADMIRAR-SE DA INCREDULIDADE DOS QUE O OUVIAM,

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PORQUE LIA O PENSAMENTO DE TODOS, OBSERVAVA OS INSTINTOS E AS TENDÊNCIAS DOS QUE COMPUNHAM A MULTIDÃO. ALÉM DISSO, VIA OS ESPÍRITOS QUE ATUAVAM NELES, GRAÇAS AO LIVRE ARBÍTRIO DE CADA UM, ATRAÍDOS POR AQUELES MAUS INSTINTOS E PAIXÕES INFERIORES: DO CONTRÁRIO, NÃO SERIA O CRISTO DE DEUS.

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O BATISTA E A REENCARNAÇÃO

P – As lições do Centro Espiritual Universalista estão sendo acompanhadas com o mais vivo interesse. Nas referências a João o Batista, e ao Mestre Jesus, nos Evangelhos Sinóticos, vemos que os judeus acreditavam na Lei da Reencarnação. Que diz a respeito, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Vamos harmonizar Mateus, XIV: 1-12, Marcos, VI: 14-29 e Lucas, III: 19-20 e IX: 7-9.

MATEUS: 1 – A esse tempo chegou aos ouvidos do tetrarca Herodes a fama de Jesus, 2 – e ele disse aos seus servos: “Esse é João, o próprio Batista que ressuscitou dentre os mortos; por isso é que, por seu intermédio, se fazem tantos milagres”. 3 – Herodes mandara prender João, pusera-o a ferros e o metera na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão. 4 – É que o batista lhe dizia: “Não te é permitido tê-la por mulher”. 5 – Herodes queria dar-lhe a morte, mas temia o povo, que considerava João um profeta. 6 – Entretanto, no dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante dele e muito lhe agradou. 7 – tanto que prometeu sob juramento dar-lhe tudo o que pedisse. 8 – Ela, de antemão instruída por sua mãe, disse: “Dá-me, aqui mesmo, num prato a cabeça de João Batista!” 9 – Esse pedido muito afligiu o rei que, todavia, por causa do juramento que fizera e dos que com ele estavam à mesa, ordenou que lhe dessem a cabeça de João. 10 – Ao mesmo tempo, ordenou que ao Batista cortassem a cabeça, na prisão. 11 – E a cabeça de João foi trazida num prato e dada à moça, que a levou à sua mãe. 12 – Os discípulos do Batista vieram, carregaram seu corpo, o sepultaram e foram comunicar tudo isso a Jesus.

MARCOS: 14 – Ora, o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cuja fama se espalhara muito, e dizia: “João Batista ressuscitou dentre os mortos; daí vem que tantos milagres se operam por seu intermédio. 15 – Outros, porém, diziam: “È Elias!”E outros: “É um profeta, igual a qualquer dos profetas!” 16 – Ouvindo isso, disse Herodes: “Esse homem é João, a quem mandei cortar a cabeça e que ressuscitou dentre os mortos”. 17 – Herodes, tendo desposado Herodíades, não obstante ser ela a mulher de Felipe, irmão dele, mandara prender João, atando-o no cárcere, por causa dela. 18 – Pois João lhe dizia:”Herodes, não te é lícito possuir a mulher de teu irmão!” 19 – Desde então, Herodíades sempre lhe armava ciladas, desejosa de fazê-lo morrer, o que não conseguia. 20 – visto que Herodes temia João, por saber que era um varão justo e santo, e o guardava com segurança. E, quando o ouvia, ficava perplexo, escutando-o atentamente. 21 - Afinal, chegou um dia favorável, o do aniversário de Herodes, no qual este ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, e aos tribunos e aos maiorais da Galiléia. 22 – A filha de Herodíades teve entrada, dançou diante de Herodes, e de tal modo lhe agradou, bem como a todos os que se achavam à mesa, que ele lhe disse: “Pede-me o que quiseres e eu te darei!”. 23 – E acrescentou, jurando: “Sim, o que me pedires eu te darei, ainda que seja a metade do meu reino!” 24 – Ela, quando saiu, perguntou à sua mãe Herodíades: “Que devo pedir?” 25 – Esta lhe respondeu: “A cabeça de João Batista! 25 – Ela se deu pressa em voltar à sala onde estava o rei e fez o seu pedido, dizendo: “Quero que, neste mesmo instante, me dês num prato a cabeça de João Batista!” 26 – O rei se aborreceu com tal pedido; mas, por causa do juramento que fizera e dos que estavam com ele à mesa, não quis desatendê-lo. 27 – E, enviando logo o executor, mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi, e o decapitou no cárcere, 28 – e, trazendo a cabeça num prato, a entregou, à jovem e esta, por sua vez a sua mãe herodíades. 29 - Sabendo do ocorrido, os discípulos de João vieram, levaram-lhe o corpo e o puseram num sepulcro.

LUCAS, III: 19 – Herodes, o tetrarca, tendo ouvido de João uma censura por causa de Herodíades mulher de Felipe, irmão dele, e por causa de todos os males que fizera, 20 – juntou a todos os seus crimes o de lançar João no cárcere. IX: 7 – Herodes, tendo ouvido falar de tudo o que Jesus fazia não sabia o que pensar, pois uns diziam. 8 – que João ressuscitara dentre os mortos, outros que Elias voltara, enquanto ainda outros afirmavam que um dos velhos profetas havia ressuscitado. 9 – Herodes dizia: “mandei decapitar João batista! Quem é, pois, esse de quem ouço tantas maravilhas?” E ardia por vê-lo.

Aquelas palavras “ È ELIAS!” – É JOÃO BATISTA, QUE RESSUSCITOU DENTRE OS MORTOS!” – É ELIAS QUE VOLTOU!” – É UM DOS VELHOS PROFETAS QUE RESSUSCITOU!” ditas e repetidas como sendo o que a voz pública afirmava com relação a Jesus; estas outras, que o rumor popular levou Herodes a proferir, falando do Cristo: “Mandei decapitar João Batista! Quem é, pois, esse de quem ouço tantas maravilhas?” – Esse homem é João, a quem mandei

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cortar a cabeça!” – “João ressuscitou dentre os mortos!”, confirmam a existência, entre os judeus (embora de modo ainda incompleto), da crença na Lei Universal da Reencarnação. Com efeito, os homens não poderiam considerar Jesus como sendo OU ELIAS OU JOÃO BATISTA OU UM DOS ANTIGOS PROFETAS, QUE VOLTARA A VIVER NA TERRA, SENÃO ADMITINDO QUE A ALMA OU ESPÍRITO, QUER DE ELIAS, QUER DE JOÃO, QUER DE UM DOS ANTIGOS PROFETAS, REENCARNARA NAQUELE NOVO CORPO QUE – COMO ENTÃO ACREDITAVAM – ERA OBRA HUMANA DE JOSÉ E MARIA, OS QUAIS COMO SABEIS, PASSAVAM POR SER O PAI E A MÃE DE JESUS. Não vos admireis, portanto, de todas aquelas insistentes palavras de Herodes, tetrarca, filho de Herodes chamado “O Grande”. Ele não ouviu falar de Jesus só uma vez; por conseguinte, não fez só uma observação relativamente ao Cristo. As palavras que Lucas registra foram as primeiras que, a tal respeito, Herodes pronunciou e que repetiu em diversas ocasiões. As que constam das narrativas de Mateus e de Marcos só mais tarde ele as disse e também repetiu em oportunidades diferentes. Quanto ao que se refere à morte de João e às particularidades dessa morte, nenhuma explicação, precisamos dar: é uma simples narração de fatos. Notais, apenas, que os Evangelhos segundo Mateus e Marcos se explicam e completam um pelo outro. A filha de Herodíades não podia de antemão, saber qual o efeito que sua dança produziria no rei, nem que este lhe faria um oferecimento. Portanto, só depois que ouviu a promessa do tetrarca, foi consultar sua mãe Herodíades. Para dizer a Herodes: DÁ-ME AQUI, NESTE MOMENTO, A CABEÇA DE JOÃO BATISTA NUM PRATO!” É que fora previamente instruída. Ela havia saído e, depois de contar à mãe não só o efeito que a dança produzira no rei mas, também, o oferecimento que este lhe fizera, lhe perguntou: “Que devo pedir? E Herodíades prontamente respondeu: “A cabeça de João Batista num prato, neste mesmo instante! Esta explicação nós damos para dissipar a dúvida em vosso Espírito, que julgava estar diante de uma “contradição” entre os dois Evangelhos citados. MAS, COMO JÁ VOS ALERTAMOS. NÃO VOS DETENHAIS, NUNCA, ANTE TAIS FUTILIDADES, DESTITUÍDAS DE QUALQUER VALOR! Na verdade, que importaria que Herodíades tivesse dito a filha, antes ou depois da dança, antes ou depois do oferecimento do tetrarca que pedisse a cabeça do Batista? Entendei: HERODÍADES E SUA FILHA HAVIAM ESCOLHIDO TOMANDO CADA UMA A SUA PARTE AQUELA TEMÍVEL PROVA E O MEIO EM QUE DEVIAM SUPORTÁ-LA. Sendo essa prova superior as suas forças, tinham ambas, por isso mesmo, de sucumbir, e sucumbiram. Tendes alguma dificuldade em compreender, que Deus conheça, antecipadamente, quais os que sucumbirão? Pois assim é: sua Infinita Sabedoria, conhecendo a fraqueza do Espírito, prevê a que transviamentos este será levado, no uso do seu livre arbítrio. Se um dos vossos filhos vos pedir consentimento para desempenhar tarefa superior às suas forças. E SE OBSTINAR NO SEU INTENTO, NÃO PREVEREIS (AO CONCEDER A LIÇENÇA SOLICITADA) QUE A FORÇA E A PERSEVERANÇA LHE FALTARÃO? MAS, APESAR DISSO, CONDESCENDENDO, QUAL O VOSSO OBJETIVO SENÃO LHE DAR ENSEJO DE APRECIAR, COM JUSTEZA, O SEU VALOR REAL? Herodíades e sua filha depois daquelas provas a cujo peso faliram tinham de encontrar (e encontraram) na expiação, mediante novas provações, uma fonte e um meio de purificação e de progresso.

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MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES

P – Um dos fatos do Evangelho que mais empolgam os freqüentadores do nosso Posto é o da multiplicação dos cinco pães e dois peixes. Como o interpreta, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Harmonizemos Mateus, XIV: 13-22, Marcos VI: 30-45 e Lucas, IX: 10-17.

MATEUS: 13 - Ouvindo a narrativa que lhe fizeram os discípulos de João, Jesus partiu numa barca e se retirou, secretamente, para um lugar deserto. Ao saber disso, o povo deixou as cidades e o foi seguindo a pé. 14 – Quando ele saltou em terra, viu grande multidão e, compadecendo-se dela, curou os doentes. 15 – Como caísse à tarde, os discípulos se aproximaram e lhe disseram: “Este lugar é deserto e a hora vai adiantada: manda-os embora, a fim de que possam comprar o que comer, nas aldeias”. 16 – Jesus, porém, lhes disse: “Não é preciso que eles se afastem daqui; daí-lhes vós mesmos de comer”. 17 – Os discípulos replicaram: “Só temos cinco pães e dois peixes”. 18 – Jesus ordenou: “Trazei-nos aqui”. 19 – Em seguida, mandou que a multidão sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, os abençoou, e os partiu, e os deu aos discípulos, que os passaram ao povo. 20 – Todos comeram ficaram saciados e ainda levaram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. 21 – Ora, os que comeram eram em número de cinco mil, sem contar as mulheres e as crianças. 22 – Feito isso, ordenou Jesus aos discípulos que tomassem a barca e passassem para a outra margem do lago antes dele, que ficou despedindo a multidão.

MARCOS: 30 – Ora, os apóstolos, reunindo-se em torno de Jesus, lhe deram conta de tudo o que haviam feito e ensinado. 31 – E ele lhes disse: “Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto, a fim de aí repousardes um pouco. É que eram tantos os que iam e vinham, que eles nem tinham tempo para comer. 32 – Entrando, pois, numa barca, se retiraram para um lugar deserto. 33 – Mas, tendo-os visto partir, e muitos tendo sido informados da partida, grande multidão acorreu a pé, de todas as cidades, e chegou antes deles. 34 – Ao saltar da barca, vendo Jesus a multidão, teve compaixão dela, pois era como rebanho sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35 - E como já se fizesse tarde, os discípulos se aproximaram dele e lhe disseram: “Este lugar é deserto e a hora já vai adiantada; 36 – despede-os a fim de que vão aos povoados e cidades dos arredores para comprar o que comer”. 37 – Respondendo, Jesus disse: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles replicaram: “Onde iremos comprar, por duzentos denários, pães que bastem, para lhes darmos de comer? 38 - Jesus perguntou: “Quantos pães tendes vós? Ide e Vede”. Depois de o verificarem eles disseram: “Cinco pães e dois peixes”. 29 – Jesus, então, lhes ordenou que fizessem o povo sentar-se, em ranchos, na relva. 40 – Sentaram-se todos, formando diversos ranchos, uns de cem pessoas, outros de cinqüenta. 41 – E Jesus, tomando os cinco pães e os dois peixes e olhando para o céu, abençoou e partiu os pães, e os entregou aos discípulos, para que os pusessem diante do povo; assim também, repartiu os dois peixes com todos. 42 - Todos comeram e ficaram fartos. 43 - E ainda levaram doze cestos com os pedaços de pão e peixe que haviam sobrado. 44 – apesar de serem cinco mil os que comeram. 45 – Em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem de novo na barca e passassem para a outra margem do lago em direção a Betsaida, enquanto ele ficava despedindo a multidão.

LUCAS: 10 – De volta, os apóstolos relataram a Jesus tudo o que haviam feito. E, Jesus levando-os consigo se retirou para um lugar deserto, próximo a Betsaida. 11 – Informadas disso, as turbas o seguiram, e Jesus, recebendo-as, entrou a lhes falar do reino de Deus e a curar os enfermos. 12 – Ora, como estava o dia a declinar, os doze vieram e lhe disseram: “Manda embora essa gente, a fim de que vá procurar alojamento e algo para comer nas granjas e aldeias dos arredores, pois estamos num lugar deserto. 13 – Mas Jesus lhes disse: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que eles replicaram: “Só se formos nós mesmos comprar comida para esse povo pois não temos mais que cinco pães e dois peixes”. 14 – Eram cerca de cinco mil pessoas. Disse, então, Jesus aos discípulos: “fazei-os sentar em grupos de cinqüenta”. 15 – os discípulos obedeceram e fizeram que todos sentassem. 16 – Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu e abençoou-os, parti-os e entregou aos discípulos, para que os distribuíssem pela multidão. 17 – Todos comeram, ficaram saciados e ainda encheram doze cestos com os pedaços que tinham sobrado.

Já vos temos falado da força de que dispunha o Cristo, por efeito da sua potencialidade superior, PARA ATRAIR OS FLUIDOS DE QUE PRECISAVA. QUEM, ABAIXO DE DEUS,

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CONHECE TÃO PROFUNDAMENTE A LEI DOS FLUIDOS? Pela ação da sua vontade poderosa sobre os Espíritos que lhes obedeciam pressurosamente, conseguiu ele, mediante transportamentos e o emprego dos fluidos, multiplicar ao infinito (como dizeis) a pequena quantidade de alimentos que os discípulos tinham à sua disposição. Preparados com os fluidos próprios à sua produção, os quais lhes davam as necessárias propriedades nutrientes, aqueles alimentos satisfaziam as exigências da matéria. BASTANDO UMA DIMINUTA PORÇÃO DELES PARA SACIAR A MAIS DEVORADORA DAS FOMES. Para que a multidão ficasse saciada, não bastaria que Jesus o quisesse? Sem dúvida! E para isso não lhe seria preciso mais do que reunir em torno dela os fluidos convenientes os quais SENDO ASPIRADOS FARIAM CESSAR QUAISQUER EXIGÊNCIAS DO ESTÕMAGO. Entretanto, era mister que, diante daqueles observadores materiais. SE PRODUZISSE UM EFEITO FÍSICO. Compreendei, irmãos, bem - amados de todo o mundo e principalmente vós, senhores das ciências humanas: A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES CAUSOU IMPRESSÃO MUITO AMOR DO QUE TERIA CAUSADO A VONTADE DE JESUS ATUANDO NOS HOMENS!

O “MILAGRE” DA MULTIPLICAÇÃO DE PÃES E PEIXES

P – Foi excelente a explicação dada, mas há um ponto que merece destaque maior: o fato de ser considerada, “milagre” a multiplicação dos pães e dos peixes. Como interpreta o caso o Espírito da Verdade, pelo CEU da LBV?

R – Para os Apóstolos, os discípulos e a multidão, foi com os pedaços em que Jesus dividiu os cinco pães e os dois peixes (pedaços que – multiplicados “ao infinito” – ele entregou aos Apóstolos e estes distribuíram pelo povo) que todos se saciaram dando ainda para encher doze cestos, depois de estarem todos satisfeitos. Foi isso o que todos viram; esse o fato que se passara à vista de todos; o fato de que todos eram testemunhas e do qual todos haviam participado, desde que comeram os pedaços dos cinco pães e dois peixes, partidos pelas mãos de Jesus e distribuídos pelos discípulos. FOI ISSO O QUE TODOS VIRAM, SOMENTE ISSO O QUE PODIAM ATESTAR, E ATESTARAM. Por lhes ser incompreensível e inexplicável, dada a ignorância de todos (dos Apóstolos, dos discípulos e da multidão) relativamente a origem, às causas e aos meios ocultos que o produziram. O FATO DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES FOI POR TODOS CONSIDERADO UM “MILAGRE”. Foi e ainda o é pelos que se conservam estranhos à Nova Revelação. Alguns homens de coração simples e espírito humilde, acreditaram na sua autenticidade sem o compreenderem, firmados no testemunho dos Apóstolos, dos discípulos e da multidão, e na fé que lhes inspira a narração evangélica. Os outros ou fingiram acreditar, por não ousarem negá-lo, ou o negaram e rejeitaram abertamente, encastelados na sua orgulhosa ignorância, pela simples razão de não o poderem compreender e não saberem explicá-lo. E sem a presença da ciência espírita, que vos veio mostrar a origem, as causas e os meios ocultos por que se operou a multiplicação dos pães e dos peixes, fato não seria um “milagre” mesmo para vós? Porventura vedes o que a todo momento se passa em torno de vós no mundo espiritual? Sem a Nova Revelação, ninguém saberia que aquela multiplicação se produziu pela ação espiritual e pelo emprego de fluidos, UMA VEZ QUE A CIÊNCIA COMUM É IMPOTENTE PARA COMPROVÁ-LA, PORQUE NÃO VÊ, NÃO OBSERVA E NÃO DESCOBRE SENÃO COM OS OLHOS CARNAIS. Os Evangelistas que, como os Apóstolos os discípulos e a multidão, não podiam compreender o fato. POR IGNORAREM TAMBÉM A FONTE, AS CAUSAS E OS MEIOS QUE O PRODUZIRAM, SE LIMITARAM (E ASSIM DEVIA, SER A NARRÁ-LO DEBAIXO DA INFLUÊNCIA MEDIÚNICA. “Jesus – dizem eles – partiu com as mãos os cinco pães e os dois peixes, e os deu aos discípulos e estes os deram ao povo; todos comeram e ficaram saciados, e ainda levaram doze cestos cheios dos pedaços de pão e peixe que sobraram”. Estas últimas palavras indicam que Jesus partia os pães e os peixes e dava os pedaços aos discípulos, que os depositavam em cestos, onde os transportavam para distribuí-los pela multidão. Os cestos eram os que as mulheres do Oriente costumam trazer à cabeça e que servem para o transporte de frutas e legumes, assim, como para abrigá-las dos ardores do sol. E muitas mulheres havia na multidão. Antes que se iniciasse a multiplicação dos pães e dos peixes os discípulos – cumprindo as ordens do Mestre – haviam arrebanhado (e colocado junto dele) todos os cestos que as

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mulheres traziam. Eis aqui, agora, como se operou a multiplicação: tendo nas mãos os pães e os peixes, JESUS OS ENVOLVIA EM FLUIDOS APROPRIADOS A PRODUÇÃO DE TAIS ALIMENTOS (FLUIDOS PRODUTORES). Como deveis compreender, o Cristo – para multiplica-los entre os seus dedos – atraía a si os fluidos próprios ao efeito desejado e os tornava visíveis, tangíveis, dando-lhes o aspecto, a forma e o sabor de pedaços de pão ou de peixe, pois JAMAIS OS CINCO PÃES E OS DOIS PEIXES TERIAM FORNECIDO PEDAÇOS, AINDA QUE DE TAMANHO MÍNIMO, NA QUANTIDADE QUE ERA NECESSÁRIA. Por esse meio, ia ele substituindo nos pães e nos peixes as porções que deles tirava. Assim, era que, com o auxílio dos fluidos produtores em que os envolvia, multiplicava os pães e os peixes e os pedaços em que os partia (pedaços que entregava aos discípulos e que estes colocavam nos cestos). No momento em que nos cestos eram depositados, sob a forma de pedaços de pão e de peixe, os produtos fluídicos obtidos por Jesus, LOGO A ELES SE JUNTAVAM OS QUE OS ESPÍRITOS POR SUA VEZ, TRAZIAM E QUE IMEDIATAMENTE SE TORNAVAM VISÍVEIS E TANGÍVEIS. Esses fornecimentos de pedaços de pão e de peixe os Espíritos os preparavam nas mesmas condições dos que Jesus entregava aos discípulos, com o auxílio dos fluídos produtores, e os depositavam invisíveis nos cestos vazios. À medida que os discípulos deitavam nestes os pedaços que recebiam do Mestre, os Espíritos tornavam visíveis e tangíveis os pedaços que ali já haviam depositado. Assim, de um lado Jesus e os Espíritos tiravam – indefinidamente – dos fluidos produtores que o Mestre atraía para junto de si, os elementos e os meios de multiplicação dos peixes e dos pães e, de outro lado, os discípulos tiravam dos cestos – indefinidamente – os pedaços de pão e peixe cuja provisão se renovava por si mesma, mas sempre mediante a intervenção dos Espíritos prepostos á. produção de tal efeito, que se verificava a medida que os discípulos ali depositavam os pedaços que recebiam de Jesus. Foi por esse processo que, pela ação do Cristo e dos Espíritos Superiores que invisivelmente o cercavam, se operou a multiplicação dos cinco pães e dois peixes, e que OS PEDAÇOS PARTIDOS PELO MESTRE PARECIAM, ÀS VISTAS CARNAIS MULTIPLICAR-SE INFINITAMENTE NAS SUAS MÃOS E DELAS SAÍREM PARA OS CESTOS. Sabeis que o Espírito não deixa ver o objeto que ele transporta senão quando quer ser visto operando, caso em que torna visível o fluido que envolve o mesmo objeto e que serve para realizar o transporte. Mas, igualmente, sabeis que o Espírito; à sua vontade, pode tornar invisível aos olhos grosseiros do homem o objeto que transporta, só o fazendo visível quando e como quiser. Os fluídos que envolvem o objeto transportado não são visíveis, senão querendo o Espírito que o sejam. Fora disso o Espírito passa despercebido assim como o próprio objeto; que ele não submete à vista do homem senão quando julga oportuno o momento, SE JESUS O TIVESSE DESEJADO, TERIA FEITO SOZINHO A MULTIPLICAÇÃO. Mas, entendei, os meios empregados eram mais prontos e mais fáceis para a consecução do fim visado. Com efeito, não era mais fácil e mais pronto que os Espíritos depositassem invisíveis, nos cestos vazios, os produtos que eles mesmos preparavam e os fossem tornando visíveis à medida que os discípulos ali colocassem os produtos que recebiam do Mestre do que este fazer sair de suas mãos para as mãos deles tudo o que fosse preciso para encher os cestos? Os produtos da multiplicação, tendo recebido as formas de pedaços de pão e de postas de peixe, como tais foram comidos pelos cinco mil. E TODOS FICARAM SACIADOS E AINDA LEVARAM DOZE CESTOS CHEIOS DOS PEDAÇOS QUE SOBRARAM.

PRODUTOS CESTOS E PEDAÇOS

P – Os cinco mil não notaram qualquer diferença no gosto do pão e do peixe? E qual o destino que tiveram os cestos? Que aconteceu, ainda, com os pedaços de pão e peixe que sobraram? São perguntas que fazem os componentes do nosso Posto, com relação ao capítulo em pauta. Como as responde o Espírito da Verdade?

R – Os cinco mil receberam os produtos da multiplicação como se não tivesse havido multiplicação: era o gosto perfeito do pão e do peixe. E não existe, aí nada que vos deva espantar. Os sonâmbulos magnéticos não tomam a água, o vinho, ou qualquer alimento COMO SENDO O QUE SE LHES DIGA QUE SÃO? Não sabeis qual seja o poder da influência espiritual no homem? Como então, ignorar A INFLUÊNCIA DE JESUS E DA FALANGE INUMERÁVEL DE ESPÍRITOS QUE O RODEAVAM? Não tendes visto aparecerem, sem que ninguém saiba como, sob a forma de

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coisas materiais, próprias para a alimentação humana, PRODUTOS OBTIDOS COM O EMPREGO DE FLUIDOS PRODUTORES E QUE TEM PARA O HOMEM, O ASPECTO E O SABOR DOS PRODUTOS HUMANOS QUE REPRESENTAM? Dizem os Evangelistas que todos comeram e ficaram saciados e ainda levaram doze cestos, cheios dos pedaços que sobraram. Não dizem o que foi feito desses doze cestos, nem que os cinco pães e os dois peixes estivessem com os Apóstolos. Não dizem, ainda, se foram conservados os pedaços que sobraram. É que tudo isso pouco importa. Qualquer que tenham sido a quantidade dos peixes e dos pães, as pessoas que forneceram os cestos e o destino dado a estes e àquilo que continham, o fundamental é que O FATO PRODUZIDO POR JESUS REALMENTE SE VERIFICOU. Isto, sim, importa que todos saibam. Deveis compreender que, em multidão considerável como aquela, há sempre uma certa agitação. Terminada a distribuição dos pães e dos peixes, os Apóstolos deixaram no chão os cestos, de que se tinham servido para fazê-la, e foram tomar a barca, a fim de se transportarem à outra margem, onde – de acordo com a ordem recebida – esperariam o Mestre, que ficava assistindo à dispersão do povo. Mais preocupados com suas necessidades espirituais do que com as do corpo, que no momento se achavam satisfeitas, os Apóstolos não cuidaram de mais nada. A influência oculta, que sobre eles era exercida, lhes dirigia a atenção para aquilo que os pudesse impulsionar, sempre que se fazia preciso desviá-la de outros pontos. A ordem de Jesus – passarem, antes dele, para a outra margem – tinha por objetivo preparar um novo fato que se devia produzir. Na sua retirada desordenada e confusa, aquela grande massa de homens, mulheres e crianças, ia tropeçando nos cestos, alguns dos quais foram apanhados vazios, enquanto outros já ficavam esmagados, SEM QUE NINGUÉM SE PREOCUPASSE COM ELES NEM COM O SEU CONTEÚDO. Os fluidos componentes dos “produtos fluídicos” que, sob as formas de pedaços de pão e de postas de peixe, sobraram da distribuição, voltaram à fonte de onde tinham sido tirados, logo que – sob a ação dos Espíritos – desapareceu dos mesmos produtos a tangibilidade e tudo entrou de novo na ordem da humanidade terrena. TUDO FORA PREVISTO, PREPARADO PARA A EXECUÇÃO DAS OBRAS DO CRISTO ENTRE OS HOMENS. Notai, por último, que a narrativa evangélica, feita sob a influência mediúnica, tratando do fato que acabamos de apreciar, reproduz mais uma vez – como convinha que ocorresse sempre – AS IMPRESSÕES E CONCLUSÕES HUMANAS. Notai, ainda, que o Mestre, segundo decore dessas impressões e conclusões, TEVE POR FIM, COMO SEMPRE, DESPERTAR E CHAMAR SOBRE SI A ATENÇÃO DE SEUS DISCÍPULOS E DA MULTIDÃO, DE TAL MODO QUE – ACREDITADO TODOS (COMO ACREDITARAM) SER JESUS DE NATUREZA IGUAL A DOS OUTROS HOMENS – FICASSEM VIVAMENTE IMPRESSIONADOS POR SEUS ATOS E PALAVRAS.

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JESUS E PEDRO CAMINHAM SOBRE AS ÁGUAS

P – Todos estão ansiosos por ver explicada a passagem do Evangelho em que Jesus e Pedro caminham por sobre o mar. Como a interpreta, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Vamos harmonizar Mateus XIV: 23-33 e Marcos, VI 46-52.

MATEUS: 23 – Tendo despedido a multidão, Jesus subiu a um monte, para falar com Deus. Ao cair da noite, lá se achava ele só. 24 – Entretanto, a barca era impelida de um lado para outro pelas ondas, no meio do mar, pois o vento era contrário. 25 – Mas, na quarta vigília da noite, Jesus veio ter com eles, caminhando por sobre o mar. 26 – Ao vê-lo andando sobre as águas, eles se turbaram e diziam: “É um fantasma!” E, apavorados, se puseram a gritar. 27 – Logo, porém, Jesus lhes falou assim: “Tende confiança! Sou eu! Não temais!” 28 – Pedro lhe respondeu: “Senhor, se és tu mesmo, ordena que eu vá ao teu encontro caminhando sobre as águas!” 29 – E Jesus lhe disse: “Vem!” E Pedro, descendo da barca, andou sobre as águas em direção a Jesus. 30 – Mas, vendo que o vento estava forte, teve medo, e, como principiasse a submergir bradou: “Salva-me, Senhor!” 31 - Ato contínuo, Jesus estendendo-lhe a mão o segurou e lhe disse: “Por que duvidaste, homem sem fé?” 32 – Assim que subiram, para a barca, o vento cessou. 33 – Então os que estavam na barca se aproximaram dele e o adoraram, dizendo: És, verdadeiramente, o Filho de Deus!

MARCOS: 46 – Depois de haver despedido o povo, Jesus subiu a um monte, para orar. 47 – Ao cair da noite, a barca estava no meio do mar, e Jesus estava sozinho em terra. 48 – Vendo que seus discípulos tinham grande dificuldade em remar, por lhes ser contrário o vento, Jesus, por volta da quarta vigília da noite, veio ter com eles, caminhando sobre o mar, pois queria passar-lhes adiante. 49 – Eles, porém, desde que o viram caminhando sobre o mar, supuseram ser um fantasma e começaram a gritar. 50 – pois todos o viram e ficaram apavorados. Ele logo lhes falou, dizendo: “Acalmai-vos! Sou eu! Não tenhais medo!” 51 – Subiu para a barca onde eles estavam e o vento cessou, e eles ficaram ainda mais espantados, 52 – visto que não tinham compreendido a multiplicação dos pães e peixes é que seus corações estavam cegos.

Facilmente deveis compreender o fato de Jesus andar sobre as águas. Do mesmo modo que o Espírito pode atravessar os ares, podia o Mestre – unicamente pela ação da sua vontade. - PRIVAR O SEU PERISPIRITO TANGÍVEL DO CUNHO HUMANO QUE LHE IMPRIMIRA E DAR-LHE AS CONDIÇÕES ETÉREAS DAS FORMAS ESPIRITUAIS. No momento em que, caminhando por sobre o mar, veio ter com seus discípulos, Jesus se colocara nas condições perispiríticas das aparições. Seu corpo perispiritual, conservando a aparência do corpo humano, a visibilidade e a tangibilidade, era – quando deu a mão a Pedro – MAIS LEVE DO QUE A ÁGUA, TENDO-SE EM VISTA O PESO ESPECÌFICO DA ONDA DO MAR. Seus discípulos, como diz o Evangelista, julgaram tratar-se de um fantasma, quando o viram caminhando sobre as ondas. Ficaram sem saber se o que viam era, mesmo o Cristo ou uma simples aparição. É que nessa ocasião, como dissemos, Jesus se colocara, NAS CONDIÇÕES PERISPIRÍTICAS DAS APARIÇÕES, QUE ALGUNS DELES JÁ TINHAM PODIDO OBSERVAR. É QUE, EM TODOS OS TEMPOS O MUNDO INVISÍVEL ESTEVE SEMPRE EM COMUNICAÇÃO COM A HUMANIDADE TERRESTRE. Suas manifestações, que os homens não compreendiam por lhes desconhecerem as causas, passavam – mesmo no tempo do Mestre – por ser ou: fantasias da imaginação ou obra dos Espíritos maus; ou, ainda, uma graça especial, que Deus se dignava de conceder a esta ou àquela das suas criaturas na Terra. Entre os idólatras, vós o sabeis muito bem, essas aparições deram causa à multiplicação dos deuses e deusas DOS QUAIS FOI VÍTIMA A CREDULIDADE DO POVO, EXPLORADA PELA AMBIÇÃO OU PELA CUPIDEZ. Os judeus, como os outros povos, tinham, nas suas famílias, médiuns videntes que, às vezes, observavam a aparição de um amigo, de um parente e, mesmo, de alguns de seus patriarcas e profetas, pois – não o ignorais – OS ESPÍRITOS PODEM REVESTIR TODAS AS FORMAS. Daí o fato de não ter o Apóstolo Pedro – que era médium audiente e vidente muito adiantado, muito desenvolvido, e também médium de efeitos físicos – podido reconhecer o Mestre, tomando-o por um fantasma. Ele via em Jesus apenas a aparência inconsistente das aparições que já tinha observado. Só quando o Cristo o segurou pela mão, verificou que era realmente Jesus, pois AINDA NÃO TIVERA ENSEJO DE EXPERIMENTAR A TANGIBILIDADE DAS APARIÇÕES. Estando Pedro decidido, pela sua fé,

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a obedecer a Jesus, ordenou este mentalmente, aos Espíritos que o cercavam – prepostos ao efeito de sustentarem o Apóstolo sobre as ondas – que o sustentassem: assim, pôde ele, também, caminhar sobre as águas. Foi, ainda, obedecendo a uma ordem mental do Mestre, que os mesmos Espíritos deixaram que ele submergisse um pouco. NO MOMENTO EM QUE LHE VOLTAVA A DÚVIDA. Não era preciso que Jesus desse a mão a Pedro para que este, caminhando com ele sobre as águas, voltasse à barca: teria bastado o amparo dos Espíritos prepostos à sustentação do Apóstolo. O Cristo, porém, querendo demonstrar a Pedro que era mesmo, o seu Mestre (que ali se achava e o sustentava com o seu poder), lhe estendeu a mão. De fato, assim era, porque – se Jesus não o houvesse ordenado – os Espíritos não teriam ajudado o Apóstolo a manter-se em equilíbrio, caminhando pela superfície do mar. Como dissemos, Pedro era (para nos servirmos de uma expressão consagrada) médium de efeitos físicos, da mais alta categoria. Assim, foi com o auxílio dos fluidos nele existentes que os Espíritos prepostos conseguiram sustentá-lo, de modo a poder caminhar sobre as ondas FOI, TAMBÉM, GRAÇAS A ESSA MEDIUNIDADE QUE ELE CONSEGUIU (AUXILIADO PELOS ESPÍRITOS PREPOSTOS A REALIZAÇÃO DESSE OUTRO FATO) LIBERTAR-SE DAS CORRENTES COM QUE O ATARAM NA PRISÃO (ATOS DOS APÓSTOLOS, XII: 6-7). E QUE DE OUTRO MODO NÃO TERIA EXPLICAÇÃO. Mas, mesmo, que o Apóstolo não fosse médium de efeitos físicos, nem por isso deixaria de ser sustentado pelos Espíritos prepostos e de caminhar, com o auxílio deles, sobre as águas do mar, JÁ QUE O MESTRE O QUERIA. Desde que essa era a vontade de Jesus, os Espíritos reuniriam em torno de Pedro os fluidos, de que necessitavam para sustentá-lo: o fato se produziria exatamente como se deu. Logo que Jesus e Pedro entraram na barca, cessou a ventania. CESSOU PORQUE ASSIM O ORDENOU JESUS MENTALMENTE AOS ESPÍRITOS PREPOSTOS AO GOVERNO DOS VENOS E DAS ÁGUAS, COMO ACONTECEU COM RELAÇÃO À TEMPESTADE QUE SE DESENCADEOU NO MAR E QUE POR ORDEM DO CRISTO, CESSOU IMEDIATAMENTE FAZENDO-SE GRANDE BONANÇA. Pois, sempre que, tenhais merecimento, o Mestre aplacará todas as tempestades que ameaçarem as vossas vidas por causa da pregação e da EXEMPLIFICAÇÃO DO NOVO MANDAMENTO DE JESUS!

JESUS NÃO É DEUS

P – Lemos no capítulo em exame: “Então os que estavam na barca se aproximaram dele e o adoraram dizendo: – És, verdadeiramente, o Filho de Deus”. Como devemos entender tais palavras nos ensinos do Espírito da Verdade?

R – Para o homem fatos que tanto o surpreendiam SÓ PODIAM PROVIR DO PRÓPRIO DEUS. Ora, sendo Jesus quem servia de intermediário para a produção dos fatos “milagrosos”, o cognome que ele a si mesmo dava de Filho de Deus lhe valeu imediatamente, aos olhos dos homens, o cunho da Divindade. Sem atinarem com o sentido genérico das palavras MEU PAI, que ele freqüentemente empregava, falando do Criador Universal, os homens lhes deram de pronto o sentido restrito, e assim o consideraram COMO TENDO SIDO GERADO PELO PRÓPRIO DEUS: SENDO, PORTANTO, UMA PERSONIFICAÇÃO DA DIVINDADE ONIPOTENTE. Em, conseqüência, eles o adoraram, o que deu causa ao erro – que tão profundamente se arraigou – segundo o qual Deus, querendo salvar a Humanidade e resgatar-lhe as faltas, se oferecera a si mesmo em HOLOCAUSTO DE PROPICIAÇÃO. Aliás, não foi um mal que tal erro se houvesse generalizado, pois serviu àquela época e PREPAROU O FUTURO RESERVADO A NOVA REVELAÇÃO DO PARÁCLITO. O homem, sempre orgulhoso do seu valor pessoal julgou-se tão importante aos olhos do Criador QUE ENTENDEU SÓ PODEREM SUAS FALTAS SER RESGATADAS COM O SACRIFÍCIO DO ONIPOTENTE EM PESSOA, NA CONDIÇÃO HUMANA! Só mesmo Deus, isto é, somente Aquele que, por efeito exclusivo de sua vontade, segundo o modo de ver do próprio homem precipitaria, se o quisesse, no completo caos todos os mundos disseminados pelo Infinito, poderia operar resgate tão precioso, MEDIANTE UM SACRIFÍCIO IMOLANDO-SE A SI MESMO, REBAIXANDO-SE, PORTANTO, AO NÍVEL DAS SUAS INDIGNAS CRIATURAS! SÓ ASSIM, SEM DÚVIDA, A VÍTIMA IMOLADA SERIA DIGNA DAQUELES CUJO RESGATE REPRESENTARIA O PREÇO DA

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IMOLAÇÃO! Orgulho, delirante orgulho do homem que sempre se considerou “o rei da criação”, quando não é mais que um miserável inseto que passa despercebido, por assim dizer, como insignificante mosquito que voa num raio de sol! Felizmente, a Nova Revelação, rompendo o véu da letra e todas as suas superstições, que ocultavam à Humanidade a Luz e a Verdade vem na hora certa, predeterminada pelo Senhor quando as inteligências se desenvolveram e o progresso espiritual se realizou DAR-VOS A CONHECER QUEM É O FILHO E QUEM É O PAI RESTAURANDO O ENSINO DO PRÓPRIO CRISTO QUE SEMPRE DEIXOU BEM CLARO PARA TODOS OS SÉCULOS: JESUS É O FILHO, COMO TODOS VÓS QUE “SEREIS DEUSES” E DEUS É O PAI ETERNO!

CORAÇÕES CEGOS

P – Diz o Evangelista: “O espanto de que ficaram tomados os discípulos, quando viram Jesus caminhando sobre as águas, mais ainda cresceu quando cessou o vento, logo que ele entrara na barca; pois não tinham compreendido a multiplicação dos pães e dos peixes porque seus corações estavam cegos”. Qual o significado real dessas palavras, segundo o Espírito da Verdade?

R – Estas palavras “porque seus corações estavam cegos” significam: PORQUE NÃO PROCURAVAM COMPREENDER. Seus olhos espirituais ainda estavam velados. Para os discípulos, a multiplicação dos pães e dos peixes se produzira a bem dizer, por si mesma, pois OS PÃES E OS PEIXES, QUE JESUS PARTIA, PARECIAM RENOVAR-SE INCESSANTEMENTE, NAS SUAS PRÓPRIAS MÃOS, DO MESMO MODO QUE NOS CESTOS OS PEDAÇOS SE MULTIPLICAVAM SEM ELES PODEREM VER POR QUE MEIOS, E SEM MESMO PROCURAREM INTEIRAR-SE DO FATO! Na verdade, não vos acontece, algumas vezes, serdes testemunhas de acontecimentos que, na aparência, se produzem com derrogação das leis comuns à humanidade, observá-los sem os compreenderdes e sem, sequer, fazerdes o menor esforço por consegui-lo? O fato de Jesus caminhar por sobre as águas e a tentativa de Pedro, para fazer o mesmo, IMPRESSIONARAM MAIS OS DISCÍPULOS QUE A MULTIPLICAÇÃO DOS PEIXES E DOS PÃES, porque – para o entendimento humano deles – o primeiro fato surpreendia mais, por isso que MAIS PERCEPTÍVEL LHES ERA A IMPOSSIBILIDADE DE QUALQUER CRIATURA TRANSFORMAR A SUPERFÍCIE MÓVEL DO MAR EM TERRENO CAPAZ DE LHE RESISTIR AO PESO. Concorrendo cada um daqueles fatos reciprocamente, para avivar a impressão do outro ambos contribuíram para que seus olhos se desvendassem; e eles acabaram por compreender os dois acontecimentos que num dia só, presenciaram. E os compreenderam NÃO PORQUE TIVESSEM ADQUIRIDO O CONHECIMENTO DE SUAS ORIGENS E CAUSAS, E DOS MEIOS PELOS QUAIS SE PRODUZIRAM, POIS SÓ A NOVA REVELAÇÃO ESTAVA RESERVADO DAR ESSE CONHECIMENTO AOS HOMENS, MAS PORQUE “APRENDERAM” QUE TAIS FATOS DENUNCIAVAM A AÇÃO DE UMA POTÊNCIA TÃO SUPERIOR AO HOMEM QUE SÓ MESMO DEUS OS PODIA PRODUZIR. DAÍ ACHAREM QUE FORAM “MILAGRES” OPERADOS PELA PRÓPRIA DIVINDADE ONIPOTENTE. Portanto, não foi por não terem compreendido o fato material da multiplicação que os discípulos se encheram de espanto, vendo Jesus caminhar sobre as ondas: foi porque na ocasião, não encararam aquele fato como obra do próprio Deus como posteriormente o consideraram. Se assim o tivessem considerado logo que se deu, não se teriam admirado do outro: O PRIMEIRO “MILAGRE” OS TERIA FEITO COMPREENDER DO MESMO MODO O SEGUNDO.

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A FÉ E A AÇÃO MAGNÉTICA

P – Um episódio que motiva controvérsias é o da cura dos enfermos que tocavam as vestes de Jesus. Como a explica o Espírito da Verdade?

R – Vamos reler Mateus XIV: 34-36 e Marcos, VII 53-56.

MATEUS: 34 – Tendo atravessado o lago, vieram eles à terra de Genesaré, 35 – e, reconhecendo-os, os do lugar espalharam a notícia por todo o país e lhe apresentaram todos os doentes; 36 – e lhe pediam que os deixasse, apenas tocar na fímbria de suas vestes. E ficaram sãos todos aqueles que as tocaram.

MARCOS: 53 – Tendo atravessado o lago, vieram à terra de Genesaré, onde aportaram. 54 – Assim que desembarcaram, os habitantes do lugar reconheceram Jesus. 55 – Transmitiram a notícia a todo o país e começaram a trazer, de todos os lados, os doentes em seus leitos, para onde quer que o ouviam dizer que ele estava. 56 – Em qualquer lugar que entrasse – burgo, aldeia ou cidade – punham os enfermos nas praças públicas e pediam lhes fosse permitido tocar somente a fímbria de sua capa; e todos os que tocavam nela ficavam imediatamente curados.

Já vos explicamos O PODER MAGNÉTICO DE QUE JESUS DISPUNHA. O tocar-lhe nas vestes – fato que, devido à ignorância das causas e dos efeitos, os homens tinham por “milagroso” – não passava de UM MEIO MATERIAL, QUE LHES ERA INDISPENÁVEL. A cura se operava pela ação daquele que exercia poder soberano sobre os elementos etéreos. Era, portanto, resultado da união desse poder com a fé que os curados possuíam. Entendei: os doentes se curavam NÃO POR TEREM TOCADO NA FÍMBRIA DA CAPA OU DAS VESTES DE JESUS, MAS PELA AÇÃO DA SUA VONTADE PODEROSA, SOLICITADA PELA FÉ INABALÁVEL DOS ENFERMOS QUE TOCAVAM O MESTRE. A cura era feita, como dissemos pela ação magnética exercida por Jesus; pela emissão que ele fazia – sob o influxo desta ação – dos fluidos apropriados a cada espécie de doença, os quais eram dirigidos para o organismo do enfermo. Com o mesmo critério deveis entender as curas operadas por “lenços e panos” e até pela “sombra” dos Apóstolos, das quais vos falaremos quando chegar a hora: TUDO É MAGNETISMO, COMPLETADO PELA FÉ, SEM A QUAL É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS.

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AS TRADIÇÕES E A HIPOCRISIA

P – Os escribas e fariseus censuraram os discípulos do Cristo por não lavarem as mãos antes de comer. A resposta do Mestre parece; a muitos opositores, apologia da falta de higiene. Como explica essa parte do Evangelho, no CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R – Vamos reunir Mateus, XV: 1-20 e Marcos, VII: 1-23.

MATEUS: 1 – Então, alguns escribas e fariseus que tinham vindo de Jerusalém, se aproximaram de Jesus e lhe disseram; 2 – Por que os teus discípulos transgridem a tradição dos antigos, não lavando as mãos antes de comer? 3 – Jesus lhes respondeu: “É por que vós transgredis os Mandamentos de Deus, em obediência à vossa tradição? Deus ordenou; 4 – “Honra a teu pai e tua mãe” e Moisés acrescentou: “Seja punido de morte aquele que houver ultrajado a seu pai e sua mãe”. 5 – Vós, porém, dizeis, quem quer que haja dito a seu pai ou sua mãe: “Tudo o que ofereço a Deus vos é útil”, satisfaz à lei, 6 – embora, a seguir, deixe de honrar e assistir seu pai e sua mãe. Assim, tornastes nulo o Mandamento de Deus pela vossa tradição. 7 – Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, dizendo: 8 – “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9 – Portanto, é em vão que eles me honram, ensinando doutrinas e mandamentos de homens!” 12 – Os discípulos, então, aproximando-se, disseram a Jesus: “Sabes que os fariseus, ouvindo o que disseste, se escandalizaram?” 13 – Ele respondeu: “Toda planta que meu Pai Celestial não plantou será arrancada pela raiz. 14 – Deixai-os, são cegos que conduzem cegos: ora, se um cego se faz guia de outro cego, ambos caem no fosso”. 15 – Disse, então, Pedro: “Explica-nos esta nova parábola”. 16 – Jesus lhe replicou: “Também vós sois tardos de entendimento? 17 – Não compreendeis que tudo que entra pela boca desce ao ventre e é lançado fora? 18 – Mas o que sai da boca vem do coração e mancha o homem, tornando-o impuro: 19 – pois do coração vêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as blasfêmias, os roubos, os falsos testemunhos, as maledicências. Estas são as coisas que mancham o homem; mas comer, sem lavar as mãos, não o torna impuro.

MARCOS: 1 – Alguns escribas e fariseus, vindo de Jerusalém, foram ter com Jesus, 2 – e, tendo visto seus discípulos tomarem a refeição com as mãos não lavadas, os censuraram; 3 – pois os fariseus não comem sem terem lavado as mãos muitas vezes, guardando a tradição dos antigos. 4 – E, quando voltam da praça pública, não comem, sem se haverem banhado, mantendo muitos outros costumes mais, cuja observância lhes foi transmitida pela tradição e eles conservam, como o de lavarem os corpos, os jarros, os vasos de bronze e os leitos. 5 – Perguntaram-lhe, pois, os escribas e os fariseus: “Por que não seguem teus discípulos a tradição dos antigos, comendo sem terem lavado as mãos?” 6 – Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: “Este povo me honra com os lábios mas o seu coração está longe de mim; 7 – É em vão que eles me honram ensinando doutrinas e mandamentos de homens”; 8 – pois, deixando de lado o Mandamento de Deus, observais com cuidado a tradição dos homens, lavando os jarros e os cálices, e fazendo muitas outras coisas semelhantes”. 9 – E lhes dizia: “Anulais totalmente o Mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição. 10 – Assim, enquanto Moisés diz: “Honrai a vosso pai e vossa mãe” e “seja punido de morte aquele que tenha ultrajado a seu pai ou sua mãe”, 11 – vós dizeis: “Se um homem diz a seu pai ou sua mãe “Tudo o que ofereço a Deus vos é útil”, ele satisfaz à lei”. 12 – E lhe permitis que não faça mais coisa alguma por seu pai ou sua mãe. 13 – Revogais, assim, a palavra de Deus pela tradição, que vós mesmos estabelecestes, e deste modo fazeis muitas outras coisas semelhantes”. 14 – Chamando novamente o povo para perto de si, Jesus lhe disse: “Ouvi-me vós todos e compreendei: 15 – Nada há do que existe fora do homem que, entrando nele, o possa macular e tornar impuro. 16 – Se alguém tiver ouvidos de ouvir, ouça!” 17 – Logo que apartando-se do povo, entrou em casa seus discípulos lhe perguntaram o que significava aquela parábola. 18 – Jesus lhes disse: “Tão pouco inteligentes sois ainda? Não compreendeis que tudo que está fora do homem e entre nele não o torna impuro, 19 – pois nada disso entra em seu coração, mas desce ao ventre e é lançado fora?” 20 – E acrescentava: “O que macula o homem é o que sai do próprio homem, 21 – Pois de dentro do coração é que saem os maus pensamentos, os adultérios, os homicídios, 22 – a avareza, o roubo, o orgulho, a felonia, as iniqüidades, os desregramentos. 23 – Todos esses males vêm de dentro do coração do homem e, por isso o maculam”.

Como Jesus, também nos vos dizemos: DESCONFIAI DAS TRADIÇÕES! SUAS PALAVRAS, DIRIGIDAS AOS FARISEUS, SE APLICAM PERFEITAMENTE AOS TEMPOS ATUAIS. Desconfiai das tradições, porque elas deturparam a Lei do Amor que o Cristo

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nos deu, ao decretar seu Novo Mandamento. Dessa Lei sublime a tradição fez o que já fizera com o Decálogo, dado a Moisés no Sinai. Por isso mesmo, deixai de lado a tradição e retornai ao Cristianismo do próprio Cristo, mesmo que os fariseus de hoje se escandalizem: ELES FALAM E PROCEDEM, COM RELAÇÃO A VÓS OUTROS, EXATAMENTE COMO FALARAM E PROCEDERAM COM RELAÇÃO A JESUS, OS FARISEUS DE OUTRORA. Sim, deixai que eles se escandalizem porque serão forçados a abandonar suas tradições e voltar a eterna Lei do Mestre, mãe de todas as virtudes! Mas preservai-vos de tudo o que vos possa manchar: maus pensamentos, palavras e atos! Conduzi-vos com humildade tirando boas coisas do bom tesouro do vosso coração e repartindo-as com os vossos irmãos! Os judeus, fazendo voto ou oferenda podiam dispor, em favor do culto de uma certa parte dos seus bens. Desde então pretextando que essa parte representava tudo o de que poderiam dispor em benefício de seus pais, se consideravam dispensados de lhes dar assistência: ALEGAVAM, PARA SE JUSTIFICAREM, QUE DO QUE OFERECIAM AO SENHOR OS PAIS APROVEITARIAM SOB A FORMA DE BENÇÃO CELESTES! HIPOCRISIA TANTO DO ÍMPIO QUE DESSE MODO DESONRAVA A DIVINDADE, QUANTO DO SACERDÓCIO INDIGNO, QUE TOLERAVA E ANIMAVA SEMELHANTES PROFANAÇÕES. Não houve apologia à falta de higiene: O Mestre combatia um exagero com outro exagero, o do Bem contra o Mal. E o exemplo, escolhido por Jesus, tinha por objetivo induzir os escribas e os fariseus a refletirem sobre o que chamavam A TRADIÇÃO DOS ANTIGOS E REJEITAREM TUDO O QUE ESSA TRADIÇÃO ENCERRAVA DE CONTRÁRIO À LEI DIVINA TAL QUAL O SENHOR A REVELARA POR INTERMÉDIO DE MOISÉS E DOS PROFETAS.

A TRADIÇÃO DOS ANTIGOS E A DOS CRISTÃOS

P – Nosso Posto deseja focalizar, na Cruzada do Novo Mandamento, estas palavras de Jesus: “Nada há fera do homem que, entrando nele, o possa macular Não é o que entra na boca do homem que o torna impuro: o que sal da boca é que o macula”. Como o Espírito da Verdade interpreta esse ensinamento do Mestre?

R – Os costumes aditados às Leis Reais é que constituíam a tradição dos antigos: o termo "costumes", aqui, indica TODAS AS DOUTRINAS, PRESCRIÇÕES, PRECEITOS E MANDAMENTOS CRIADOS PELOS HOMENS E POR ELES ESTABELECIDOS. Por Leis Reais designamos as Leis Divinas que, em obediência à vontade do Senhor, foram reveladas aos hebreus por Moisés. Vós outros, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO tendes igualmente a vossa tradição dos antigos, representada pelas doutrinas, prescrições, preceitos e mandamentos que os homens formularam, alterando, deturpando falseando com os seus acrescentamentos, a Lei Divina que, em obediência à vontade de Deus, Jesus lhes revelou, durante o desempenho da sua missão terrena. Mas aquela Lei – com exclusão de qualquer outra – se contém integralmente na palavra do Cristo que, velada pela letra ENQUANTO ISSO ERA NECESSÁRIO, constituiu a base, a fonte e o fundamento da Nova Revelação, que vem explicá-la, desenvolvê-la e fazê-la compreensível, na época marcada pelo Senhor para o advento do ESPÍRITO QUE VIVIFICA, SUBSTITUINDO A LETRA QUE MATA. Assim como Jesus veio combater, entre os judeus, a tradição dos antigos, arrancando desse modo toda planta que não foi plantada pelo Pai Celestial, TAMBÉM HOJE O ESPÍRITO DA VERDADE QUE REPRESENTA O CRISTO DE DEUS, VEM COMBATER ENTRE VÓS TUDO O QUE CONSTITUI A TRADIÇÃO DOS ANTIGOS, ARRANCANDO IGUALMENTE TODA PLANTA QUE PELO SENHOR NÃO FOI PLANTADA. O que Jesus disse aos escribas e fariseus daquele tempo se aplica aos escribas e fariseus de hoje – repelido e rejeitando a Nova Revelação, trazida aos homens pelos Espíritos do Senhor, órgãos do Espírito da Verdade – se esforçam também por manter a tradição dos antigos, honrando a Deus com os lábios, ensinando doutrinas e mandamento humanos! Entendei: DEUS PODE ADMITIR A PUREZA EXTERIOR, QUANDO VÊ. QUE O CORAÇÃO ESTA SUJO? PODE ACEITAR O CULTO DOS LÁBIOS QUANDO VÊ QUE O CORAÇÃO ESTA CHEIO DE HIPOCRISIA? PODE ABENÇOAR O HOMEM E PERDOAR-LHE, QUANDO VÊ QUE ÊLE AMALDIÇOA E SE VINGA? Eis por que vos dizemos: honrai a Deus do fundo de vossos corações vivei a Lei do Amor,

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sintetizada no Novo Mandamento; não sejais sepulcros caiados por fora. Então, sim, estareis limpos integralmente, não apenas porque lavastes as mãos ou o corpo.

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