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DOUTRINA E PRÁTICA DO JEJUM SEGUNDO A BÍBLIA SAGRADA

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Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? (Is 58:6)

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DOUTRINA EPRÁTICA DO

JEJUM

SEGUNDO ABÍBLIA SAGRADA

PASTOR ALMIR ETELVINO DOS SANTOS

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 APRESENTAÇÃO

Sempre tive minhas dúvidas com respeito à prática do jejum como doutrina cristã,todavia nunca tomei uma posição definida sobre a matéria, seja contra ou pró, poisnunca, também, me dei ao caso de estudá-la à luz da Palavra de Deus. Apesar de certafeita ter participado de um jejum promovido pela Igreja da qual eu era membro,considerava-o de pouca importância para a minha vida espiritual e, por isso, mantinha-meindiferente em relação à doutrina.

Certo dia, ao terminar um estudo que vínhamos fazendo sobre a Oração, na Igrejaem que eu era Pastor, fui interpelado por um irmão, perguntando-me se o crente deve ounão jejuar. Como não havia mais tempo para responder à pergunta, e também porque eunão estava preparado para dar uma resposta com fundamentos bíblicos, prometi aqueleirmão e também à Igreja que numa próxima oportunidade falaria sobre o assunto.

Foi aí que eu senti a responsabilidade pesar sobre mim com respeito à doutrina eprática do jejum. Manter uma atitude indiferente sobre a minha posição, relacionadacomigo mesmo, seria uma coisa, porém ministrar o assunto à Igreja, seria outra coisa

bem diferente. Eu não podia, de forma alguma, dar uma resposta incerta para o povo queDeus confiou em minhas mãos. Eu não poderia responder que isso depende dopensamento particular de cada um; quem quer jejuar, jejue e quem não quer, não jejue.Não, eu precisaria, como pastor que vela pelas suas ovelhas, ministrar aquilo que tenharealmente fundamento na Palavra de Deus, aquilo que a Bíblia ensina. Eu não sou ministrodas minhas idéias, mas ministro da Palavra de Deus. Pensei nas palavras de Paulo:"Porque se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?" (I Cor.14:8). Eu tinha a grande responsabilidade e dever de dar o sonido certo.

Diante do que, pus-me a pesquisar o assunto dentro da Bíblia Sagrada. Se temos aBíblia como nossa única regra de fé e prática, era a ela que eu deveria recorrer em busca

da resposta para a pergunta sobre a questão do jejum como prática cristã ou não. Não mepreocupei com o que os outros pensam ou ensinam. Eu estava interessado tão-somenteem saber o que a Bíblia Sagrada ensina.

 A jornada foi árdua, demandou muita pesquisa, muito tempo e muita Oração, mas,graças a Deus, fui bem sucedido e muito abençoado. Agradeço a pergunta feita poraquele irmão, pois eu fui o primeiro a receber as bênçãos do estudo feito. Descobri o quea Bíblia realmente ensina sobre a prática religiosa do jejum. As minhas dúvidas sedissiparam e pude, então, tomar a minha posição concreta e definida sobre a matéria, quepode ser resumida na seguinte afirmação: O jejum não é doutrina e nem práticacristã.

Levei o estudo à Igreja, senti que todos foram abençoados e, por isso me dei porsatisfeito, mais uma vez, em face do esforço dispendido.Posteriormente, uma outra idéia surgiu-me: Aproveitar os materiais que tinha em

mãos, ampliá-los com estudos mais pormenorizados e transformá-los em um livro, parapartilhar com outros irmãos os resultados e bênçãos desse estudo. Essa idéia foi reforçadapelo fato de não encontrarmos em nossa literatura quase nada sobre a matéria e deestarmos atravessando uma época onde se faz necessário uma melhor definiçãodoutrinária, dos preceitos cristãos, em face de tantas heresias que estão aparecendo nomeio do cristianismo. E neste mister, o jejum é matéria atual.

  Assim fiz, e aí está o livro: DOUTRINA E PRÁTICA DO JEJUM - Segundo a BíbliaSagrada.

Portanto, caro leitor, este livro que está em suas mãos é o fruto de um sinceroestudo da matéria, feito com oração e total dependência de Deus, com o único objetivo de

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ser útil e ajudar aqueles que sinceramente se interessam por melhor conhecer os ensinosda Palavra de Deus. A não ser essa, não tenho outra pretensão.

Se de qualquer forma tiver sido útil aqueles que o lerem, dou-me mais uma vez porcompensado e grato a Deus pela sua direção e inspiração.

Pr. Almir E. dos Santos

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INTRODUÇÃO GERAL

Para se estudar uma determinada matéria doutrinária nas páginas da BíbliaSagrada, não basta apenas procurar-se algumas passagens bíblicas relacionadas dealguma forma com a doutrina que se quer estudar, fazendo-se uma simples e rápida

leitura das mesmas, e pronto. Além de precisarmos ler e estudar as passagens e adoutrina à luz de todas as suas implicações doutrinárias e teológicas, precisamos,também, levar em consideração certos fatores colaterais, sem o que não estaremos emcondições de alcançar um entendimento claro e satisfatório do ponto doutrinário emestudo.

No caso do jejum, matéria doutrinária que passaremos a estudar neste livro, temosinicialmente quatro fatores fundamentais que não podem ser olvidados sem corrermos orisco de uma interpretação errada sobre a doutrina do jejum como prática religiosa, quesão os seguintes:

1. Época: Precisamos saber em que época da história bíblica, ou da história deDeus com o seu povo, foi o jejum instituído como prática religiosa para o povo israelita.

2. Objetivo: Cada doutrina e prática religiosa instituída por Deus têm outiveram um objetivo na sua aplicação prática. Qual o objetivo do Jejum? Com quefinalidade o Senhor Deus o instituiu? São perguntas que precisamos responder, e a BíbliaSagrada nos dá a resposta.

3. Vigência de jejum: Até quando vigorou o jejum como prática religiosadentro do próprio plano de Deus? Não é fato estranho de que muitas doutrinas e práticasbíblicas tiveram a sua vigência e atuação dentro de uma época determinada, vindo, depoisdisto, a se tornar sem qualquer finalidade ou significado espiritual.

4. Períodos bíblicos: Também é fato conhecido que a história bíblica, ou melhordizendo, a história da revelação de Deus para com o seu povo passou por diversos

períodos fundamentais, a que chamamos de "Dispensações", claramente definidos naBíblia Sagrada, e que são de real importância nos estudos das doutrinas religiosas. Para onosso caso, isto é, o estudo da doutrina e prática do jejum, vamos destacar três deles:

1) Dispensação da Graça de Deus: Chamamos assim ao período que vaidesde a queda do homem até a implantação da Lei. Poderíamos dizer que vai desde acriação do mundo até a dádiva da Lei, porque foi pela graça que o Senhor criou estemundo com tudo que nele há. Nesse período, encontramos o Senhor Deus tendo umarelação de certa intimidade com o seu povo, que era constituído de algumas famílias quese destacavam pela fé e temor a Deus, cujo povo formava, por assim dizer, o "embrião"do futuro Israel. Foi nesse período que o Senhor, pela graça, salvou a Noé e sua família

do dilúvio (Gen. 6:8). Nesse período, o Senhor separou a Abraão e o abençoou, por suagraça, colocando-o como pai da fé (Gen. 12:1 a 3 e 17:1 a 8). Foi ainda nesse períodoque o Senhor, pela graça, tirou o seu povo do Egito, com mão forte e poderosa, levando-osão e salvo até o deserto (Ex. 12:37 a 18:27).

2) Dispensação da Lei: É o período compreendido desde a implantação daLei, no deserto, até a morte de Jesus Cristo. Observem de início que esse período nãotermina com o nascimento de Jesus Cristo, como pode parecer, mas com a sua morteexpiatória na cruz, quando a vigência da Lei foi consumada. Nesse período, o daDispensação da Lei, o Senhor Deus passou a atuar de uma forma já bastante diferentedaquela do período anterior. Através de uma religião definida em suas doutrinas e

princípios, caracterizada por uma forma cerimonial simbólica, o povo passou a conhecermelhor o seu Deus, principalmente no que diz respeito a sua Santidade, Justiça, Amor,Poder, Glória e outros aspectos da manifestação divina. O povo foi levado,

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conseqüentemente, a ter consciência do seu estado de pecado e desobediência, sentindoas terríveis conseqüências em sua própria carne. Foi nesse período que o povo aprendeusobre a necessidade de um sacrifício pelo pecado, preparando-se, dessa forma, para avinda do Cristo prometido.

3) Dispensação da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo: Esse é o terceiroperíodo que queremos salientar em nosso estudo. É o período em que estamos vivendo

agora. É bastante semelhante ao primeiro, a Dispensação da Graça de Deus, quandotemos o Senhor atuando em nossas vidas numa relação íntima, na qual ele nos chama defilhos e nós o chamamos de Pai: Aba, Pai (Rom. 8:15). Porém, é um período totalmentediferente do anterior, a Dispensação da Lei. A relação do homem com Deus ou de Deuscom o homem efetua-se através de experiências concretas e espirituais. A religião éfundamentada em exercícios espirituais, baseados na fé em Jesus Cristo e no poder doseu sangue remidor, e não em atividades simbólicas, figurativas, como no período da Lei. A salvação é oferecida gratuitamente a todos, indistintamente, pela atuação constante doEspírito Santo,mediante o sacrifício eterno e todo suficiente de Jesus Cristo, empreendido,de uma vez por todas, na cruz do Calvário.

 Ao lado dos fatores expostos acima, ainda temos mais um que não deixa de ter asua importância no caso presente, que é a divisão lógica da Bíblia Sagrada: VelhoTestamento e Novo Testamento. Sempre que estudarmos um ponto doutrinário qualquer,esse fator não pode ser esquecido. Não estamos querendo insinuar que doutrinasregistradas no Velho Testamento tenham perdido a sua validade para o Novo Testamento,mas sim, que não podemos aplicar práticas doutrinárias do Velho Testamento sem que asmesmas sejam estudadas à luz do contexto do Novo Testamento. Se assim não fizermos,correremos o perigo de criar uma miscelânea doutrinária com conseqüências desastrosaspara a pureza das doutrinas cristãs. Por esse motivo, o nosso estudo vai ser feito em duaspartes distintas: "Doutrina e Prática do Jejum no Velho Testamento" e "Doutrina e Prática

do Jejum no Novo Testamento".Finalmente, informamos que, apesar do nosso estudo prender-sefundamentalmente à Bíblia Sagrada, teremos uma terceira parte, que é um Apêndice,onde iremos considerar rapidamente alguns fatores relacionados com a prática do jejumnos dias atuais, nas igrejas evangélicas, ou em algumas igrejas evangélicas, o quetambém achamos de uma certa importância para que algumas dúvidas e pormenoressejam elucidados em torno da matéria. Assim, como, no primeiro capítulo, faremos umestudo geral sobre o jejum a fim de que tenhamos bases para entrarmos no estudo damatéria bíblica propriamente dita.

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PRIMEIRA PARTE

DOUTRINA E PRÁTICA DO JEJUMNO VELHO TESTAMENTO

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CAPÍTULO I

O JEJUM

Conforme já explicamos na Introdução Geral, precisamos dividir o estudo em duas

partes fundamentais: Doutrina e Prática do Jejum no Velho Testamento e Doutrina ePrática do Jejum no Novo Testamento.

  Assim fazendo, teremos de começar, conseqüentemente, pelo estudo no VelhoTestamento, isso porque a base fundamental da doutrina e prática do jejum se encontranessa parte da Bíblia. O jejum, como prática religiosa do antigo povo de Deus, tem a suaorigem no Velho Testamento, como veremos adiante, e é no Velho Testamento quevamos encontrar todas as suas implicações doutrinárias. Não será possível encontrarmosrespostas concludentes para as nossas indagações acerca do jejum, como práticareligiosa, começando por outra parte da Bíblia, ou seja, pelo Novo Testamento. Paraatuarmos dentro de um sistema racional e lógico, e entendermos perfeitamente as

verdades doutrinárias do jejum, precisamos voltar às suas raízes, que estão no VelhoTestamento.  Antes, porém, de entrarmos propriamente no estudo bíblico da matéria, vamos

discorrer um pouco sobre o jejum no seu sentido geral, o que nos será útil, também,dentro do escopo deste estudo.

UMA DEFINIÇÃO DE JEJUM

Jejum, conforme definem os dicionários, é: "Abstinência parcial ou total dealimentos em certos dias, por penitência, prescrição religiosas ou outros motivos;

abstenção; estado de quem não come desde o dia anterior.

NATUREZAS DO JEJUM

O jejum pode ser de natureza voluntária ou involuntária, como passaremos a exporem seguida:

1) Jejum de natureza voluntária: É aquele que é praticado voluntariamentepela pessoa, embora muitas vezes em caráter coletivo e oficial, podendo-se distinguir,dentro desse aspecto, motivos ocasionadores diferentes:

a) Exibicionismo: Praticado especialmente por profissionais, emdemonstrações públicas, geralmente com o objetivo principal de ganhar dinheiro e fama.

b) Religioso: Praticado por pessoas de determinadas crenças religiosas, com oobjetivo principal de prestar um sacrifício pessoal à Divindade, para alcançar um favorqualquer ou perdão dos seus pecados.

2) Jejum de natureza involuntária: É o jejum motivado por circunstânciasalheias à vontade do praticante. Destacamos dentro desse aspecto dois fatoresocasionadores:

a) Falta de apetite: Motivada por algum fenômeno fisiológico ou psicológico navida do indivíduo, tais como enfermidade, tristeza, tensão nervosa e outros mais.

b) Falia de alimento: Decorrente de fatores diversos, impedindo a pessoa deter o alimento para alimentar-se.

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No decorrer do nosso estudo, os leitores observarão que todas essas formas easpectos do jejum são encontrados nas páginas da Bíblia Sagrada e que, portanto,precisaremos ter a faculdade necessária para distinguir uma coisa da outra.

O JEJUM RELIGIOSO

Tratando-se do jejum como prática religiosa, na forma em que o encontramos naBíblia Sagrada, podemos fazer a seguinte classificação:

1) Jejum oficial: Chamamos assim ao jejum que era praticado normal eoficialmente pelo povo de Deus, por prescrições legais, numa determinada época do ano.É o que encontramos em Lev. 23:26 a 28 e Zac. 8:19.

2) Jejum ocasional: Referimo-nos ao jejum que era praticado ocasionalmentepelo povo, quando de uma necessidade especial, geralmente proclamado pelo rei ou porum líder do povo. Exemplos desse jejum temos em Esd. 8:21, Neem. 9:1, Est. 4:16 e Jon.3:5.

3) Jejum particular: Nesta forma, arrolamos os jejuns que eram praticados

por iniciativa particular de uma pessoa, família ou grupo de pessoas, que, por um motivoespecial qualquer, sentia ou sentiam a necessidade de buscar a Deus, fazendo-os dessaforma para demonstrar arrependimento, humilhação e sacrifício. São enquadrados nessaforma os jejuns registrados em II Sam. 12:16, Est. 4:3 e At. 10:30.

Esses são alguns dos aspectos mais importantes relacionados com o jejum e quenão poderiam deixar de ser comentados, uma vez que tais conhecimentos, emborapareçam sem muita importância, nos darão um lastro indispensável ao presente estudo. As referências bíblicas citadas são apenas algumas, como exemplos, dentre as muitas queencontramos em toda a Bíblia, sendo que outras delas serão comentadas minuciosamentenos capítulos seguintes.

CAPÍTULO II

 A INSTITUIÇÃO DIVINA DO JEJUM

Pelas considerações preliminares do capítulo anterior, evidencia-se que o jejum nãotem apenas uma finalidade religiosa, mas muitos outros fatores podem contribuir para asua existência ou prática. Mas, por outro lado, é indiscutível a existência do jejum como

prática religiosa entre o povo de Deus, conforme se pode observar na Bíblia Sagrada,principalmente no Velho Testamento.Também podemos deduzir, através dos textos bíblicos, que o preceito de jejum,

como prática religiosa para o povo israelita, obedeceu a uma instituição feita pelo próprioDeus. Não foi algo criado ou imitado pelo povo à revelia da vontade de Deus.

Tendo o jejum, portanto, obedecido a uma instituição do Senhor, obviamente o fatoteve um começo institucional e isso deve ter ficado registrado nas páginas da BíbliaSagrada.

Por certo que o passo mais importante, agora, neste início do estudo, édescobrirmos os registros da instituição divina do jejum nas páginas da Bíblia Sagrada, afim de sabermos quando se deu o fato, isto é, em que época da história bíblica, ou dahistória de Deus com o seu povo, foi o jejum instituído como prática religiosa.

Essa foi uma das tarefas mais difíceis que enfrentamos em nossas pesquisasbíblicas sobre a matéria, porém a mais venturosa em face das importantíssimas

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descobertas que fizemos e que nos trouxeram base fundamental para todo o estudorealizado.

1.  Não encontramos o Jejum na "Dispensação da Graça de Deus"

Naquele período inicial da história bíblica, que vai da queda do homem até a

implantação da Lei, no Sinai, a que denominamos de "Dispensação da Graça de Deus",não existem quaisquer sinais ou traços da prática religiosa do jejum entre os servos deDeus.

Encontramos, nessa parte da história, os registros da vida e atividades espirituaisde grandes homens de Deus, tais como Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José e tantos outros,os quais alcançaram os títulos de homens de fé, homens de Deus, heróis da fé, e que aBíblia afirma que foram homens que agradaram e procuraram agradar a Deus.Encontramos os registros das atividades do povo israelita, desde a sua entrada no Egitoaté a sua saída em ) direção à "terra prometida", com as suas lutas, os seus clamores, suadevoção espiritual. Porém, nada encontramos sobre a prática do jejum.

Não cremos que tenha havido aí uma omissão dos registros bíblicos, mas sim que o  jejum não era realmente praticado naquela época pelos servos de Deus, como preceitoreligioso. E essa verdade è bastante sintomática dentro do escopo do nosso estudo.

2.  "Jejum" ou "Jejuar" não é encontrado em iodo o Pentateuco

Também não encontramos em todo o Pentateuco, os primeiros cinco livros daBíblia, o substantivo "jejum" ou o verbo "jejuar". Sabemos que nessa parte da Bíblia estãoregistrados praticamente todos os preceitos doutrinários do Velho Testamento, sendo umtanto curioso não encontrarmos algo neles ligado diretamente ao jejum

Parece-nos que a primeira vez que encontramos o registro de um jejum voluntário,com alguma tendência religiosa, foi no caso de Davi, registrado em II Sam. 12:22.

3.  O Dia do Jejum

Em nossas buscas através da Bíblia Sagrada para encontrarmos algo relacionadocom a instituição do jejum, encontramos uma "pista" registrada pelo profeta Jeremias, emque ele se refere ao "Dia do jejum":

"Entra pois tu, e lê pelo rolo que escreveste da minha boca as palavras do Senhor,no dia do jejum" (Jer. 36:6)

 A última expressão do texto citado, "no dia do jejum", é a que consideramos comopeça importantíssima em nossa pesquisa. Essa escritura nos informa de que, entre o povode Deus, havia um dia conhecido como "Dia do Jejum". Agora só precisamos pesquisar osrelatos bíblicos para encontrarmos esse dia que, conseqüentemente, estará relacionadocom a instituição divina do jejum.

Recorrendo às referências bíblicas sobre o texto acima, encontramos a indicação deLev. 23:26-32, onde lemos:

"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Mas aos dez deste mês sétimo será o diada expiação: tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis ofertaqueimada ao Senhor. E naquele mesmo dia nenhuma obra fareis, porque é o dia daexpiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus. Porque toda a alma,que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo. Também toda a almaque naquele mesmo dia fizer alguma obra, aquela alma eu destruirei do meio do seupovo. Nenhuma obra fareis: Estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as

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vossas habitações. Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas: aosnove do mês à tarde, duma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado".

Esse texto é uma repetição da lei instituída em Lev. 16:29-34, denominada "A festaanual das expiações", cuja primeira parte diz o seguinte:

"E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis asvossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina

entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereispurificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso paravós, e afligireis as vossas almas: Isto é estatuto perpétuo" (Lev. 16:29-31).

Estabelecendo-se dessa forma a ligação dos fatos bíblicos, deduzimos que o "Dia doJejum" referido pelo profeta Jeremias, no texto supracitado, é' o "Dia da Expiação"instituído em Lev. 16:29-34 e 23:26, conforme registramos acima.

O jejum, embora não apareça no texto, está identificado na frase: "afligireis asvossas almas", repetida algumas vezes nos referidos textos (Lev. 16:29 e 31; 23:27,29 e32). Essa identificação encontra apoio em Is. 58:3 e 5, onde jejuar está, por duas vezes,relacionado com o "afligir a alma":

"... Por que jejuamos e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossasalmas, e tu não sabes?""Seria este o jejum que eu escolheria: que o homem um dia aflija a sua alma 

...?"Diante dos fatos apresentados acima, não resta dúvida de que realmente

encontramos resposta para a nossa indagação sobre a época em que o jejum foi instituídopor

Deus como prática religiosa para o seu povo. O Senhor o instituiu como parteintegrante de um cerimonial anual denominado de "O dia da expiação". Esse fatoaconteceu quando o povo israelita estava acampado no deserto, a caminho da "terra

prometida", já em plena "Dispensação da Lei".Nada mais encontramos na Bíblia Sagrada sobre a instituição inicial do jejum e,como afirma John Davis, "é este o único jejum ordenado por lei". (Dic. da Bíblia —pág. 215).

CAPÍTULO III

 A FINALIDADE DO JEJUM

O valor de um determinado ponto doutrinário não está tão-somente na sua simplesprática e nem no sentido ou objetivo que cada um queira dar, segundo a sua maneira depensar, ou na aplicação que essa ou aquela igreja esteja fazendo, mas sim em que sejapraticado com a mesma aplicação e objetivo dado originalmente pelo próprio Deus,quando a doutrina ou prática religiosa foi instituída. Cada ponto doutrinário ou práticareligiosa instituídos por Deus tem uma finalidade definida, e só tem valor espiritual quandoé ministrado dentro da sua original finalidade.

Observamos hoje que muitas igrejas têm mudado o sentido e a aplicação espiritualde algumas doutrinas fundamentais do Evangelho, em prejuízo da própria fé cristã. É oque tem acontecido com as doutrinas do batismo e da Ceia, principalmente, que, emboraestejam sendo praticadas, muitos grupos trocaram as suas finalidades originais, dandooutras finalidades sem qualquer apoio nas escrituras, estando, algumas delas, bastantedistanciadas dos ensinos do Novo Testamento. Repetimos, não há qualquer valor em se

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praticar uma determinada doutrina com a sua finalidade trocada, ou até sem qualquerfinalidade definida como acontece muita vez. Não devemos pensar que Deus vai sesujeitar às nossas idéias e caprichos uma vez que estamos em desarmonia com os seussagrados ensinos.

Por isso, nunca devemos e nem podemos perder de vista os ensinos fundamentaisda Palavra de Deus, sobre uma prática doutrinária, para não corrermos o perigo de

elaboramos em erros, e até mesmo em heresias, nos afastando dos ensinos do Senhor.Por esse motivo, vamos, no presente capítulo, através de um exame cuidadoso dos

textos sagrados, descobrir qual a finalidade que Deus teve ao instituir o jejum comoprática religiosa.

Conforme já demonstramos, o jejum foi instituído por Deus como parte integrantede um cerimonial religioso denominado de "O dia anual de expiação". Portanto, o caminhocerto a seguir agora em nossa pesquisa é fazermos um exame nos textos relacionadoscom o "dia da expiação", e procurarmos os elementos necessários e fundamentais que nosesclareçam sobre a finalidade do jejum.

1. O Dia da Expiação

O Dia da Expiação era uma das solenidades mais importantes para o povo israelita.Era o dia anual de expiação dos pecados de todo o povo, numa solenidade cheia de umcerimonial ritualista, conforme veremos mais adiante.

Era comemorado no dia dez do mês sétimo, conforme os registros queencontramos em Lev. 16:29, 23:27 e Núm. 29:7. O mês sétimo, dos hebreus, era o mêschamado Etanim ou Tirsi, correspondendo mais ou menos ao mês de outubro do nossocalendário atual. Nesse mês, aconteciam três grandes solenidades religiosas do povohebreu:

1) A Festa das Trombetas, no dia primeiro do mês, que marcava o início do anocivil (Lev. 23:23-25 e Núm. 29:1-6).2) O Dia da Expiação, realizado no dia dez (Lev. 16:29-34, 23:26-32 e Núm.

29:7).3) A Festa dos Tabernáculos, também conhecida como Festa das Colheitas,

realizada no dia quinze do mês, prolongando-se até o dia vinte e dois (Lev. 23:33-34).O Dia da Expiação; que é o que nos interessa no momento para o nosso estudo,

consistia da paralisação total de todas as atividades entre o povo, quando então haviauma "santa convocação" em que o povo se reunia para o cerimonial da expiação depecados através de jejum e oferecimentos de ofertas e sacrifícios de animais. Em Núm.

29:7-11, temos a relação das vítimas que eram oferecidas no ritual, bem como asinstruções de Deus sobre a maneira e ordem em que as vítimas deveriam ser sacrificadas.Nesse dia, o Sumo Sacerdote oferecia sacrifícios de expiação pelos pecados seus e dosdemais sacerdotes, pelo povo e pelo santuário, também. (Lev. 16:29-34).

2. Jejum e Expiação

O jejum, como já observamos, foi instituído dentro desse cerimonial de expiação depecados. E isso não foi por mera coincidência ou sem qualquer planejamento da parte deDeus. Por certo que tudo estava sendo traçado já dentro de um plano preestabelecidopelo Senhor. Nesse plano, relacionado com o cerimonial de expiação de pecados, Deuscolocou o jejum como parte integrante. Não era o jejum a única peça do cerimonial e nema mais importante, mas sim fazia parte de um todo composto de outras partescerimoniais, tais como ofertas de manjares e sacrifícios de animais.

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Diante dos esclarecimentos acima, não resta dúvida de que o jejum foi instituídopor Deus com a finalidade de um sacrifício pessoal para expiação de pecados,segundo o ritual religioso do Velho Testamento. Essa finalidade está bem clara,incontestavelmente clara, nos termos dos próprios textos, como se pode observar:

"... afligireis as vossas almas... porque naquele dia se fará expiação por vós,

para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados".

"E naquele dia nenhuma obra fareis, porque é o dia da expiação, para fazerexpiação por vós perante o Senhor vosso Deus" (Lev. 16:29, 30 e 23:28).

O jejum foi com essa finalidade introduzido por Deus no cerimonial da expiaçãopara levar o pecador a sentir, na sua própria carne, as torturas do pecado. O pecador era,por esse meio, levado a olhar não somente para a vítima que estava imolada sobre o altardo sacrifício, mas, também, para dentro de si mesmo. Aliás, vemos aí um simbolismo damensagem evangélica: O pecador é levado a olhar para dentro de si mesmo, num exame

introspectivo, para ver e sentir os efeitos dos seus pecados, para, então, olhar para JesusCristo, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Afora desse valor simbólico, consignado pelo próprio Deus, como simbólicos são os

demais preceitos sacrificais do Velho Testamento, não encontramos outro que possa seraplicado ao jejum em toda a Bíblia Sagrada.

CAPÍTULO IV 

 A OBSERVÂNCIA DO JEJUM NO VELHO TESTAMENTO A instituição do jejum, como preceito religioso para os israelitas, se deu quando o

povo ainda estava acampado no deserto, conforme já demonstramos no capítulo segundo.Isso aconteceu mais ou menos dois mil anos antes da vinda de Jesus Cristo.

  Através dos tempos, algumas alterações foram aplicadas à prática do jejum,principalmente no que diz respeito ao seu sistema cerimonial, como se pode deduzir peloestudo da matéria no Velho Testamento. Não sabe mos quando e nem como asmodificações foram entrando, e nem se essas alterações sempre obedeceram a umainstrução Divina. Parece-nos que o próprio povo, principalmente os seus líderes religiosos

é que foram arbitrariamente ditando e aplicando as alterações que são encontradas naprática do jejum.

Neste capítulo, que tem como finalidade complementar o anterior vamos discorrersobre as principais alterações que foram aplicadas à doutrina do jejum através dostempos, examinando-se, por conseguinte, alguns textos bíblicos.

1.  Época

O jejum foi instituído por Deus como uma cerimônia anual, para ser praticado nodia dez do mês sétimo (Lev. 16:29, 23:27 e Núm. 29:7). Todavia, esse período foialterado e o jejum passou a ser realizado também noutras épocas e períodos. Isto é, alémdo jejum oficial, instituído por Deus, que era observado no "dia da expiação", outros jejuns foram oficializados entre o povo.

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Por exemplo, nos dias do profeta Zacarias foram oficializados mais quatro jejunsanuais (Zac. 8:19), em comemoração a certas datas históricas de Israel:

1) No quarto mês, em memória do cativeiro (II Reis 25:3 e Jr. 52:6 e 7).2) No quinto mês, pela destruição do Templo (II Reis 25:8-9 e Jer. 52:12-13).3) No sétimo mês, pelo assassínio de Gedalias e dos judeus que com ele

estavam (II Reis 25:25 e Jer. 41:1-2).

4) No décimo mês, em memória dos princípios das calamidades com o cerco deJerusalém (II Reis 25:1 e Jr. 52:4).

 Além desses jejuns já com suas épocas determinadas e oficializadas, encontramos jejuns ocasionais, que eram proclamados em casos de calamidades públicas ou quando opovo se achava em grande falta com Deus. Alinham-se aqui os jejuns registrados em Jer.36:9, apregoados em virtude do furor de Deus por causa do pecado do povo, quandoentão deveria ser lido o livro por Jeremias (Jer. 36:10); Joel 1:14, apregoado quando opovo estava passando por problemas de calamidades pública (Joel 1:1-13); Jonas 3:6-8,proclamado pelo rei de Nínive, quando da eminência da destruição anunciada pelo profetaJonas; Esd. 8:21-23, apregoado por Esdras antes da viagem de retorno a Jerusalém.

Como esses casos citados, existem muitos outros através de todo o Velho Testamento,demonstrando dessa forma que realmente houve alterações sobre a época inicial dacomemoração do jejum.

2.  Cerimonial

 A comemoração compreendia um cerimonial que consistia da paralisação total detodas as atividades, jejum, ofertas e sacrifícios de animais. Era um dia de feriado nacional,um dia Santo, em que todo o povo era convocado: "tereis santa convocação" (Lev. 16:29-31 e 23:27, 30-32). Também todo o cerimonial era oficiado pelo Sumo Sacerdote (Lev.

16:32-33).Muito embora o jejum tenha sido instituído dentro de um cerimonial com todasessas formalidades, encontramos, todavia, a prática de jejuns, no Velho Testamento, comessas formas cerimoniais completamente alteradas. Observamos que o jejum, em muitoscasos, deixou de ser um ajuntamento solene para todo o povo, deixou de ser um dia de"santa convocação", passando a ser praticado particularmente por pessoas ou grupo depessoas. Também foi desligado das demais partes cerimoniais, sendo observadoindependentemente, isto é, sem as ofertas e sacrifícios de animais. Afora os jejuns oficiais,os demais não contavam com a liderança oficial do Sumo Sacerdote.

 Assim é, que encontramos em muitos lugares no Velho Testamento os registros dos

chamados jejuns particulares, destacando-se dentre eles os seguintes: O jejum de Davi,quando suplicava a Deus pela vida de seu filho, registrado em II Sam. 12:16, que, aliás, éo primeiro caso de jejuns particular registrado no V. Testamento, como prática religiosa.Temos o jejum solicitado pela rainha Ester, diante da calamidade em que foi lançado opovo judeu no reino de Assuero (Est. 4:16-17). O jejum de Daniel, na sua intercessãoparticular pelo povo (Dan. 9:3). Também nos Salmos encontramos os registros de algunsdesses jejuns particulares (Sal. 35:13; 69:10 e 109:24).

3.  A Finalidade do Jejum não foi Alterada

Embora algumas alterações tenham sido introduzidas na prática do jejum,conforme já discutimos, a sua finalidade foi mantida, isto é, sejam nos jejuns ocasionaiscomo nos particulares ou nos oficiais, a finalidade era sempre a prestação de um sacrifício

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a Deus em busca do perdão dos seus pecados, apesar de muitas vezes não estar sendofeito com sinceridade, sendo por isso condenado pelo Senhor (Is. 29:13).

Quando olhamos superficialmente para algumas práticas voluntárias e particularesde jejum, pode parecer-nos que isso não é verdade e que tenha havido alteraçõestambém no que diz respeito a finalidade do jejum e que outras aplicações foram dadas àdoutrina. Todavia, quando nos demoramos um pouco mais num exame cuidadoso do

texto à luz do seu contexto e da ocasião, verificamos que a finalidade do jejum foi sempreum sacrifício pelo pecado. Excluindo-se, é lógico, os jejuns involuntários, ocasionados poroutras circunstâncias que não a religiosa. Para provar essa verdade, vamos examinaralguns casos:

1) O jejum de Davi (II Sam. 12:16-22): Inicialmente, parece-nos que foium jejum com a finalidade de alcançar a cura da criança. Não resta dúvida de que Daviobjetivava isso, todavia para que tal acontecesse ele precisava alcançar perdão de Deuspelo pecado cometido, que havia motivado a enfermidade da criança. Primeiro, Daviconfessou: "pequei contra o Senhor..." (II Sam. 12:13). Mais adiante, ele afirma: "Vivendoainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o Senhor se

compadecerá de mim, e viva a criança?" (II Sam. 12:22). Foi realmente um sacrifíciopara alcançar a misericórdia de Deus que o estava condenando pelo seu terrível pecadode adultério.

2) O jejum pela morte de Saul (I Sam. 31:13): Este jejum dá a idéia deuma atitude de luto pela morte do rei. Sete dias de jejum. Não obstante, o que aconteceumesmo foi um grande sentimento de culpa, de pecado, de que foi tomado o povo quehavia sofrido um dos mais amargos reveses diante dos filisteus, tendo morrido muitosisraelitas, inclusive o rei e seus filhos. Essa calamidade despertou no povo a consciênciade pecado, de falta com Deus. Diante do que, o povo temeu o peso da mão de Deus e daí o jejum de sete dias, buscando o perdão do Senhor e a sua misericórdia diante de uma

situação tão terrível.3) O jejum do povo em Mispá (I Sam. 7:6): Basta lermos todo o texto, dosversículos 1 a 6, para entendermos que o povo estava sofrendo por causa do pecado. Noversículo três está a exortação de Samuel para que o povo se converta a Deus,abandonando a idolatria. A reunião em Mispá foi o resultado do arrependimento econversão do povo, vindo então o Culto de sacrifício, em que o povo confessa: "Pecamoscontra o Senhor" (v. 6).

4) O jejum de Daniel (Dan. 9:3 a 19): Lendo-se todo o texto observa-seque a tônica do jejum era indubitavelmente um sacrifício pelo pecado dele e do povo. Noversículo cinco ele afirma: "Pecamos e cometemos iniqüidade, e procedemos impiamente,

e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos". E no versículodezenove encontramos a seguinte Oração: "O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor,atende-nos e opera sem tardar..."

Juntamente com esses, podíamos arrolar os jejuns registrados em Jer. 36:9-10,Joel 1:14, Jonas 3:6-8, Esd. 8:21-23 e tantos outros registrados por todo o VelhoTestamento. Ele pode estar relacionado com tristeza, com alegria, com luto ou com festa,ou com qualquer outra circunstância, porém sempre tem a mesma finalidade central: UMSACRIFÍCIO PESSOAL PARA O PERDÃO DE PECADO, seja na prática coletiva ou naindividual.

4.  Jejuns Involuntários

Muitos dos jejuns encontrados na Bíblia Sagrada são de caráter involuntário, nadatendo a ver com preceitos religiosos. Por isso, precisamos estar atentos aos relatos

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bíblicos para não confundirmos os fatos e formarmos uma falsa interpretação sobrealgumas narrações de jejuns involuntários. Cada texto precisa ser examinado à luz do seucontexto e dos demais fatos a ele relacionados para descobrirmos se se trata de um jejumvoluntário, como preceito religioso, ou involuntário, ocasionado por um outro fatorcircunstancial qualquer.

Para exemplificarmos, vamos apresentar alguns desses textos relacionados com

 jejuns involuntários:

1) O jejum de Ana, mãe de Samuel (I Sam. 1:7): Não foi um jejum comopreceito religioso, apesar de Ana ser bastante religiosa e de estar na Casa do Senhor, massim provocado pela falta de apetite motivada pelas tristeza com as irritações que lhe eramimpostas pela sua "competidora" (v. 6).

2) O grande jejum de Elias (I Reis 19:8): De acordo com o relato bíblico,no texto acima, o profeta ficou em jejum durante quarenta dias e quarenta noites. Mas éfácil de entendermos que não se tratou da observância de um preceito religioso. Foi um  jejum circunstancial motivado pela falta de alimento que o profeta enfrentou durante a

sua longa viagem. O texto diz: "... com a força daquela comida caminhou quarenta dias equarenta noites até Horebe, até o monte de DEUS". Também devemos observar que setratou de uma alimentação especial providenciada pelo próprio Deus, através de um anjo(I Reis 19:5-7).

3) O jejum do rei Dário (Dan. 6:18): O rei Dário jejuou não pelo fato de tercometido um pecado, condenando Daniel a morrer na cova dos leões, como pode parecer,mas sim um jejum motivado pela falta de apetite de que foi tomado quando descobriu quetraiçoeiramente havia condenado o jovem Daniel. O rei perdeu o apetite e o sono. Foi um jejum involuntário, não há dúvida.

4) O grande jejum de Moisés (Ex. 34:28 e Deut. 9:9): Por certo que

Moisés jejuou muitas vezes, com jejum religioso, voluntário, todavia no caso presente foium jejum involuntário, circunstancial. Ele precisou ficar no monte com Deus durante todoaquele tempo, quarenta dias, recebendo do Senhor as leis e instruções para o seu povo.Não tinha comida e nem condições para comer. Devemos levar em consideração quenaquela época, em que Moisés estava no monte com Deus, o jejum ainda não havia sidoinstituído como preceito religioso, o que aconteceu um pouco mais tarde.

5. Outras Referências no Velho Testamento Além das referências bíblicas já citadas e discutidas acima, encontramos ainda no

 Velho Testamento mais as seguintes, que de alguma forma estão relacionadas com jejuns,que vamos registrá-las, enquadrando-as nos diversos casos de jejuns já apresentados:

a) Sobre jejum de caráter coletivo: Juízes 20:26; II Sam. 1:12; I Reis 21:9-12; Neem. 9:1; Joel 2:12-15.b) Sobre o jejum de caráter individual: Esd. 10:6; Neem. 1:4.c) Sobre jejum de caráter circunstancial: Êxodo 34:28; I Sam. 20:34; I

Reis 21:4.

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CAPÍTULO V 

 A VIGÊNCIA DO JEJUM

Uma peça importantíssima neste nosso estudo sobre a doutrina e prática do jejum,

diz respeito ao que vamos estudar neste capítulo:  A Vigência do Jejum. A coisa maisimportante em matéria de doutrina bíblica não é o fato de estar registrada em algum lugarna Bíblia Sagrada, mas sabermos qual o tempo da sua vigência. Até quando ela vigorouou vai vigorar. É muito perigoso e até contraproducente, doutrinariamente falando,querermos praticar uma determinada doutrina só pelo fato de se encontrar registrada naBíblia Sagrada ou porque tenha sido praticada por servos de Deus no passado.

Sabemos que a Bíblia Sagrada envolve um espaço de tempo bastante longo, noqual a humanidade, e o povo de Deus mui especialmente, passou por várias fases no seudesenvolvimento. A própria revelação de Deus para com o seu povo, bem como a suamaneira de atuar e aplicar as doutrinas fundamentais da salvação, passaram por

modificações impressionantes. São consideráveis as diferenças doutrinárias encontradasno Velho Testamento em relação ao Novo Testamento, assim como são consideráveis asdiferenças existentes entre a atuação de Deus nessas duas partes da Bíblia Sagrada.

Por isso, precisamos ser muito cuidadosos no estudo das doutrinas bíblicas e suasaplicações práticas para a vida cristã, para não incorrermos em erros peculiares àquelesque se apegam a qualquer preceito religioso sem os devidos conhecimentos dos mesmosem relação a toda a Bíblia Sagrada. Essa falta de cuidado tem patrocinado o aparecimentode seitas e práticas doutrinárias que não têm qualquer apoio na Palavra de Deus emrelação às doutrinas cristãs.

Muitos, em defesa de suas práticas doutrinárias, afirmam: "Isso è bíblico; está

escrito na Bíblia; é ensino da Palavra de Deus". Se fôssemos incluir no corpo doutrináriode uma religião todas as doutrinas e práticas religiosas que encontramos na Bíblia,teríamos como resultado a mais confusa religião do mundo.

Não é estranho para qualquer pessoa que estuda a Bíblia Sagrada, que muitaspráticas doutrinárias, dadas e ensinadas pelo próprio Deus, tiveram vigência para umadeterminada época ou ocasião, perdendo, depois, totalmente a sua finalidade.

 Assim aconteceu com a serpente de metal, levantada por Moisés, no deserto, paracurar as pessoas feridas pelas serpentes ardentes. Foi grandemente útil para aquelaocasião, mas sem qualquer utilidade depois. Vale registrar aqui que quando o povo quisdar uma nova finalidade à serpente de metal, a mesma foi quebrada, nos dias do rei

Ezequias (II Reis 18:4).O sacrifício de animais também é preceito bíblico, também foi instituído porinstrução de Deus, cuja prática era ensinada e exigida ao povo hebreu. Porém, taldoutrina já não tem qualquer finalidade espiritual para os crentes em Jesus Cristo.

  A circuncisão foi instituída por Deus, até mesmo antes da Lei. Foi nos dias de Abraão, no período da história a que chamamos de "A Dispensação da Graça de Deus".Não obstante, também se tornou uma prática sem qualquer finalidade religiosa para osnossos dias, no mundo cristão.

Poderíamos falar da Arca do Concerto, dos queru¬bins, do voto de nazareno etantas outras particularidades doutrinárias que encontramos no Velho Testamento. Sãodoutrinas, práticas e princípios que estão registrados na Bíblia, foram preceitos vindos deDeus, não há dúvida, mas já não têm mais viabilidade doutrinária e nem finalidadesespirituais para o nosso tempo. Já passaram, já ficaram para trás.

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Mas, quanto ao jejum, até quando perdurou a sua vigência? Também é prática dopassado, ou ainda tem viabilidade para as igrejas cristãs? São perguntas que vamosresponder neste capítulo, à luz dos ensinos da Palavra de Deus. Esse é, realmente, oescopo fundamental deste livro. Tudo o que escrevemos até aqui e daqui para frente temcomo objetivo principal mostrar se a prática do jejum é ou não doutrina ou preceitoreligioso para o povo cristão.

Queremos chamar a atenção dos leitores para o fato de que, apesar de aindaestarmos no estudo dentro do Velho Testamento e de incluirmos este capítulo nessa partedo estudo, iremos evocar muitas passagens do Novo Testamento que serão apresentadascomo argumentos bíblicos para o presente estudo.

Quando fizemos a apresentação deste livro, no início, afirmamos ter descoberto queo jejum não é doutrina e nem prática cristã. Essa nossa afirmação decorre do fato determos entendido, através do estudo que fizemos e que estamos apresentando neste livro,que o jejum teve a sua vigência unicamente no Velho Testamento. Foi uma práticainstituída pela lei, conforme demonstramos, e que vigorou tão-somente dentro do períododa "Dispensação da Lei", conforme iremos demonstrar neste capítulo, pelos fatos sobre os

quais passaremos a discorrer:

1.  Insuficiência Espiritual da Lei Cerimonial

 A lei cerimonial, instituída por Deus para ser observada e praticada pelo seu povo,com o objetivo de guiá-lo até Cristo (Gál. 3:24), além de não ter qualquer outra finalidadeou significado a não ser o que lhe fora dado como figura do próprio sacrifício de JesusCristo, foi pouco a pouco perdendo o seu significado espiritual entre o povo. Os preceitoscerimoniais eram observados com tanta superficialidade que, praticamente, não haviamais o necessário sentimento de pecado. Nada mais era do que simplesmente uma prática

tradicional para os judeus, com raras exceções.Sobre essa verdade, encontramos as seguintes declarações bíblicas:"Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, com a sua boca,

com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e oseu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens em que foiinstruído". (Is. 29:13).

"Porque o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus,enviando o seu filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecadona carne". (Rom. 8:3).

"Porque o presente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e

inutilidade" (Heb. 7:18).Queremos chamar a atenção dos leitores para as partes dos textos que grifamos.No primeiro texto, o de Isaías, o Senhor se refere à triste situação espiritual do seu povo,que tinha uma religião de lábios e não de coração. No segundo texto, Paulo declara que alei estava "enferma pela carne". E no terceiro, o escritor fala do mandamento antigo, quefoi abrogado, "Por causa da sua fraqueza e inutilidade".

Sobre o jejum, que era parte integrante da lei cerimonial, o Senhor afirma oseguinte:

"Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando ofereceremholocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pelaespada, pela fome e pela peste" (Jer. 14:12).

Essas declarações divinas, apresentadas nos textos acima, falam-nos da terrívelsituação espiritual do povo de Israel, conforme nos referimos atrás, que praticava umareligião superficial, onde as práticas cerimoniais da lei já haviam perdido o seu significado

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espiritual. Religião de lábios, religião de tradição, religião sem vida e, sobretudo, semespírito. Por isso o Senhor pergunta:

"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor?" (Is. 1:11).

2.  A Transitoriedade da Lei Cerimonial

O jejum, como já demonstramos, fazia parte de um cerimonial de expiação depecados. Esse cerimonial juntamente com outros registrados no Velho Testamento, muiespecificamente no livro de Levítico, formavam o conjunto de preceitos religiososcomumente conhecido como a "Lei Cerimonial", ou simplesmente a Lei.

Todo o conjunto da lei cerimonial tinha uma finalidade simbólica que apontava paraJesus Cristo, em quem teria o seu cumprimento cabal. Sobre isso encontramos asseguintes afirmações bíblicas:

"Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas,nunca, pelos mesmos sacrifícios, que continuamente se oferecem cada ano, podeaperfeiçoar os que a eles se chegam" (Heb. 10:1).

"Portanto ninguém vos julgue pelo comer, pelo beber ou por causa dos dias defesta, ou lua nova ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é deCristo" (Col. 2:16-17).

"De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pelafé fôssemos justificados" (Gal. 3:24).

Observem que nos dois primeiros textos acima citados a lei é apresentada comouma "sombra" e não a "imagem exata das coisas". O último texto nos apresenta a leicomo um aio, ou guia de crianças, para conduzir o povo de Deus até Cristo. Esses fatosfalam-nos, sem dúvida, da transitoriedade da lei cerimonial, que em Jesus Cristoencontraria o seu ponto final, pois, uma vez sendo Ele, Cristo, a imagem exata, qual a

finalidade da sombra? Qual a finalidade do aio? Em II Cor. 3:7-11, o apóstolo Paulo falada lei como sendo de vigência transitória, não deixando dúvida alguma a esse respeito.

3. A Lei foi Substituída por Cristo

Toda a lei, com seus preceitos e práticas doutrinárias, foi substituída por JesusCristo, através do seu sacrifício feito na cruz do Calvário. E quando afirmamos que toda alei foi substituída por Cristo, ou nele foi cumprida, estamos nos referindo a sua totalidadede preceitos cerimoniais, incluindo o jejum também, é óbvio, pois ele era parte integrantedos preceitos da lei, tendo sido instituído dentro da lei. Não podemos e nem temos

autoridade escriturística para desassociarmos o jejum do restante da lei. Os textos que seseguem provam, à saciedade, que o sacrifício de Jesus substituiu todo o cerimonial desacrifícios do Velho Testamento:

"Como acima diz, sacrifícios e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado nãoquiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).

Então disse: Eis aqui venho, para fazer a tua vontade, ó Deus. TIRA O PRIMEIROPARA ESTABELECER O SEGUNDO". (Heb. 10:8-9). j

"Tira o primeiro (Sacrifícios, ofertas, holocaustos e oblações, que se oferecemsegundo a lei) para estabelecer o segundo (O novo testamento no sangue remidor deJesus Cristo). Realmente é impossível querermos ficar com os dois. Ou o sacrifício deJesus ou os nossos sacrifícios. O texto é claro.

"Porque dele (Jesus) assim testifica. Tu és sacerdote eternamente, segundo aordem de Melquisedeque.

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Porque o precedente mandamento é abrogado, por causa de sua fraqueza einutilidade. (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhoresperança, pela qual chegamos a Deus" (Heb. 7:17-19).

Notem que o escritor sagrado afirma a inutilidade da Lei, para declarar, a seguir,que ela foi substituída por "uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus". É aesperança firmada unicamente no sacrifício eterno e todo suficiente de Jesus Cristo.

"Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo,feita uma vez. Mas este havendo oferecido um único sacrifício, pelos pecados, estáassentado para sempre à destra de Deus. Porque com uma só oblação aperfeiçoou parasempre os que são santificados" (Heb. 10:10,12 e 14).

Não é difícil de entender, pelo texto acima, que o sacrifício de Jesus foi realmentecompleto para a nossa salvação e santificação, não havendo, por conseguinte, maisfinalidades para os preceitos antigos. Isso fica ainda bem claro na seguinte declaração daPalavra de Deus:

"Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado" (Heb. 10:18).Baseado nesses fatos, Paulo faz as seguintes afirmações:

"Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio" (Gál. 3:25)."Porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e damorte.

Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus,enviando o seu filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecadona carne" (Rom. 8.2-3).

Quando Paulo se refere à lei como um aio ou como uma sombra, dizendo da suatransitoriedade, e que estava enferma, ou quando no Novo Testamento lemos das obrasda lei que foram substituídas por Jesus Cristo, não há dúvida de que isso se refere a todoo cerimonial. Não há exceção deste ou daquele preceito. Todos os preceitos da lei estão

incluídos: Ofertas, holocaustos, jejuns, circuncisão e tudo o mais. Indubitavelmente, nãotemos qualquer alternativa diante dos ensinamentos neotestamentários para querermos"salvar" algum preceito da lei.

Os textos bíblicos citados são claros e incontestáveis para afirmarmos, semqualquer sombra de dúvida, que o jejum, juntamente com todo o cerimonial da lei, comas suas formas diversas de sacrifícios religiosos, conforme encontramos no VelhoTestamento, teve o seu tempo de vigência esgotado por ocasião do sacrifício eterno deJesus Cristo. Quando o Mestre amado, o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo",bradou do alto da cruz: "Está consumado", ali, com Cristo, expirou para sempre o "dia daexpiação" e todas as formas de sacrifícios do velho concerto. Querer praticar o jejum, em

plena "Dispensação da graça de nosso Senhor Jesus Cristo", é querer ressuscitar o que jámorreu por determinação de Deus.Finalizando este capítulo, vamos transcrever abaixo uma exortação e um conselho

do apóstolo Paulo:"Mas agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecido de Deus, como tornais

outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Estai poisfirmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão" (Gál. 4:9 e 5:1).

Cremos termos sido claros dentro do estudo desse capítulo, mas sabemos,outrossim, que muitas interrogações estão sendo feitas em relação às práticas de jejunsque são encontradas no Novo Testamento. Por isso, vamos passar, em seguida, para asegunda parte do nosso estudo, que será feita no Novo Testamento, examinando-se, porconseguinte, cada caso ali encontrado.

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SEGUNDA PARTE

DOUTRINA E PRÁTICA DOJEJUM NO NOVO TESTAMENTO

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CAPÍTULO VI

FASES DOUTRINÁRIAS NO NOVO TESTAMENTO

  Até agora, limitamo-nos a estudar o jejum dentro do Velho Testamento, comexceção do último capítulo em que usamos textos do Novo Testamento, porém com oobjetivo de discutir o ministério expiatório de Jesus Cristo e não a doutrina do jejum.Pudemos assim constatar que o jejum, como prática religiosa, teve a sua instituição evigência dentro do período do Velho Testamento, ou mais precisamente, dentro da"Dispensação da Lei".

Todavia, não olvidamos a prática do jejum também no Novo Testamento e, porisso, reservamos uma parte neste livro para tratarmos do assunto, em que vamosexaminar e discutir todos os casos de jejuns registrados nesta parte da Bíblia Sagrada.

Sempre que fazemos um estudo de práticas doutrinárias no Novo Testamento,torna-se necessário estabelecermos algumas divisões na fase doutrinárianeotestamentária, sem o que, encontraremos uma série de dificuldades para entendermoso sentido e aplicação de uma determinada doutrina ou prática, correndo até mesmo operigo de incidirmos em erros doutrinários.

Precisamos conceber, e isso é bastante claro, que a história do cristianismo noperíodo neotestamentário passou por algumas fases distintas, destacando-seprincipalmente três delas. E só quando localizamos as matérias doutrinárias dentro doscontextos dessas fases é que teremos capacidade para entendermos e aplicarmos osensinamentos e práticas das doutrinas cristãs.

Portanto, antes de entrarmos no estudo da prática do jejum no Novo Testamento,vamos estabelecer essas divisões e assim prepararmo-nos convenientemente para o

estudo propriamente dito da matéria.

1.  O Período do Ministério Terreno de Jesus

  A primeira fase, ou período, é aquele compreendido pelo ministério terreno deJesus, que vai desde o seu nascimento até a sua morte na cruz.

Embora esta fase da história esteja registrada no Novo Testamento, e não poderiaser de outra forma, ela pertence realmente ao Velho Testamento, isto é, à Dispensação daLei. O ministério da Dispensação da Lei não terminou com o nascimento de Jesus Cristo enem com as atividades do seu ministério terreno. Em outras palavras, a Dispensação da

Graça não foi implantada com o nascimento de Jesus. O final da Dispensação da Lei e oinício da Dispensação da Graça aconteceram quando da morte e ressurreição de JesusCristo. Portanto, até o momento quando Jesus deu o brado de vitória, dizendo: "Estáconsumado", tudo transcorreu sob a lei, embora em fase de transição. Cristo nasceu eviveu sob a lei, não há dúvida, e não podemos esquecer esse fato sempre que estudarmosas práticas religiosas registradas nos primeiros quatro livros do Novo Testamento.

Paulo disse: "Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido demulher, nascido sob a lei" (Gál. 4:4).

Observem a expressão: "... nascido sob a lei". Ou seja, nascido embaixo da lei, sob

o domínio da lei.Jesus Cristo, explicando a sua missão, declarou:

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"Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir"(Mat. 5:17).

O apóstolo Paulo, exaltando a pessoa de Jesus Cristo, afirmou:"E, achado em forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a

morte..." (Fil. 2:8).  Ao instituir a Ceia, Jesus ensinou: "Este cálice é o Novo Testamento no meu

sangue, que é derramado por vós" (Luc. 22:20). Esta afirmação de Jesus deixa claro queo Novo Testamento, a Dispensação da Graça, seria instituído com o seu sangue.

Jesus Cristo em todo o seu ministério terreno procurou andar e viver de acordo comos preceitos sagrados do Velho Testamento, sem no entanto, é lógico, enveredar- se pelosextremos das tradições religiosas da sua época, sendo, por isso, taxado de transgressorda lei. Ele foi obediente a Deus e aos seus estatutos até a morte.

  Assim é, que vamos encontrar Jesus observando as festas cerimoniais do VelhoTestamento, principalmente a Páscoa, vamos encontrá-lo guardando o Sábado, no bomsentido do termo, indo nas sinagogas e observando outros preceitos da lei, bem comoensinando o povo sobre a maneira certa de praticar os preceitos da lei, em contraposição

à maneira errada dos fariseus e saduceus.Também encontramos, neste período, homens e mulheres, servos piedosos deDeus, praticando com sinceridade as obras da lei e sendo assim instruídos por Jesus comoseus seguidores.

2.  O Período Inicial das Igrejas Primitivas

O segundo período é aquele compreendido pelos primeiros anos do cristianismo,começando com a ascensão de Jesus. Não temos nos registros do Novo Testamento umalinha divisória nítida do seu término, mas podemos constatar com clareza a existência

desse período.Constatamos que os nossos irmãos cristãos, na fase inicial da igreja primitiva, nãotinham muita firmeza doutrinária. Isso é bastante admissível, quando consideramos osfatos à luz das diversas circunstancias da época, tais como a falta de uma literatura cristã,pois o Novo Testamento e nenhum outro livro ainda haviam sido escritos, e as dificuldadesde comunicação, tudo agravado ainda mais com a falta de firmeza doutrinária do própriogrupo apostólico e das intromissões de outros grupos religiosos que começaram a surgir,principalmente os chamados "judaizantes", que queriam fazer uma mistura de doutrinascristãs com preceitos judaicos da lei.

Os fatos acima são deduzidos facilmente quando fazemos um estudo cuidadoso dos

primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos e de algumas das epístolas, principalmente aspaulinas. Como exemplo, vamos observar alguns fatos que destacamos dentre outrosexistentes:

1) A Primeira Comunidade Cristã (At. 2:44-47): Percebe-se, por este fato,que os crentes estavam sendo ensinados que Jesus iria voltar por aqueles dias, fruto deuma má interpretação dos ensinos de Jesus Cristo sobre a sua volta, e daí passaram avender as suas propriedades e tudo o que tinham, passando a viver em conjunto, orando,comendo, estudando sobre as doutrinas e preparando-se, dessa forma, para o reencontrocom Cristo por aqueles dias. Hoje praticamente ninguém mais defende uma comunidadeassim para os crentes, aqui na terra, mas fizeram isso no começo; está registrado no NovoTestamento. É bíblico, poder-se-ia dizer.

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2) O Batismo de Cornélio (At. 11:1-18): Lendo-se este texto, observamosque Deus teve que falar de uma

maneira especial com Pedro, para que ele entendesse a extensão da salvação aosgentios, pois do contrário, Cornélio não teria sido batizado. Sendo batizado, Pedroprecisou com muito jeito explicar o acontecimento ao grupo apostólico, para evitar queCornélio não fosse aceito como salvo. É que até aquela data, eles, os apóstolos, ainda não

tinham entendido que o Evangelho era extensivo a todo o mundo, inclusive aos gentios. Apesar de terem estado tanto tempo com Jesus, aprendendo as doutrinas cristãs, e deouvirem o seu mandado: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura,quem crer e for batizado será salvo", ainda entendiam que o Evangelho de Jesus Cristoera apenas para os judeus.

3) Os Problemas com a Igreja de Antioquia (At. 15:1-34): Observamosque a Igreja de Antioquia estava em problemas doutrinários. Uns ensinavam uma coisa,sobre uma determinada doutrina, outros ensinavam outra coisa, e ninguém sabia o queestava realmente certo. Foram para Jerusalém, a fim de consultar o grupo apostólico e

resolver o problema, ou problemas doutrinários, todavia observamos que os apóstolostambém não estavam muito aptos para dar a solução cabível ao impasse criado, tendohavido até mesmo um certo desentendimento entre eles em relação ao caso. No versículo7 está registrado que houve uma "grande contenda" entre eles. Precisou Pedro falar,depois Tiago e, então conseguiram chegar a um acordo.

4) Paulo e Pedro (Gál. 2:11-21): Nesse texto, Paulo relata os problemasacontecidos em Antioquia, tendo como principal personagem o apóstolo Pedro, com quemPaulo diz ter discutido e resistido na cara, porque era repreensível. No mesmo texto, Paulocita outros judeus que também estavam na mesma situação, incluindo Barnabé que,

conforme se referiu, "... não andavam bem e direitamente conforme a verdade doEvangelho..." (Gál. 2:14).

5) O Problema da ressurreição em Tessalônica (I Tes.4:13-18 e II Tes.2:1-3): Paulo estava enfrentando alguns problemas com respeito à doutrina daressurreição dos mortos e da vinda de Senhor na Igreja cristã de Tessalônica. Parece-nosque alguns irmãos estavam espalhando algumas doutrinas heréticas sobre o assunto,trazendo dúvidas doutrinárias para aqueles irmãos. O apóstolo procurou mostrar averdade e doutrinar corretamente aquela Igreja.

Pelos fatos apresentados acima, e outros que encontramos no Novo Testamento,

podemos nos aperceber de que o período inicial das igrejas cristãs foi caracterizado porinstabilidade e dúvidas doutrinárias, em que o próprio inimigo se aproveitava paraespalhar o seu joio, não sendo difícil, por conseguinte, encontrarmos muitos crentespraticando certos costumes e ritos da antiga dispensação, bem como não tendo umconhecimento perfeito e correto de muitas doutrinas e princípios cristãos.

3.  O Período da Maturidade Doutrinária

  A terceira fase, nesse contexto histórico das igrejas primitivas, é aquela em quevamos encontrar as igrejas e os crentes, conseqüentemente, atingindo a maturidadeespiritual e doutrinária na fé cristã. Algum tempo, não sabemos quanto, foi necessáriopara que isso acontecesse. A conversão de Paulo e a sua chamada para o ministérioapostólico, vindo a se tornar um dos maiores teólogos e grande expositor das doutrinascristãs; não só expositor, mas defensor, também. As suas viagens missionárias, as suas

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epístolas que até hoje se constituem como grandes depositárias das doutrinas e verdadescristãs, as experiências pessoais dos apóstolos e dos demais crentes e das igrejas sãofatores incontestáveis que muito contribuíram para que o cristianismo alcançasse a suamaturidade no conhecimento das doutrinas fundamentais do Evangelho de Cristo econseqüentemente a sua estabilidade espiritual.

 A partir de então, nós podemos vislumbrar já nas pá¬ginas do Novo Testamento a

firmeza doutrinária das igrejas e a inexistência de práticas doutrinárias ultrapassadas. Aí podemos ver a simplicidade e a pureza das doutrinas evangélicas, assim como devem serrecebidas e praticadas pelos crentes em Jesus Cristo.

Com esses fatos em mente, e sem nunca perdê-los de vista, é que devemosestudar a questão da prática do jejum no Novo Testamento. Só assim estaremos aptospara por as coisas no seu devido lugar, sem o perigo de promovermos uma misturadoutrinária de resultados negativos para a vida cristã. Não basta apenas citar que umadeterminada prática está registrada no Novo Testamento para já a incluirmos no corpodoutrinário evangélico. Precisamos saber, antes de tudo, por que e em que circunstânciafoi ali registrado. Senão, teremos que incluir em nossas doutrinas não só o jejum, mas

muitas outras práticas, tais como o lava-pés, a páscoa com o cordeiro pascoal, acomunidade cristã nos moldes de Atos dos Apóstolos, o uso do véu nas mulheres, e outrasque encontramos através do Novo Testamento.

CAPÍTULO VII

JESUS E A PRÁTICA DO JEJUM

Não poderíamos começar esta parte do estudo da doutrina e prática do jejum demodo melhor a não ser estudando primeiramente a sua relação com Jesus Cristo; com oministério terreno de Jesus. Ele é o nosso Mestre por excelência e assim o mais autorizadono que diz respeito à ministração das doutrinas evangélicas, pois Ele é particularmente oseu autor. Temos muito mesmo para aprender com o nosso Mestre sobre a prática do jejum no Novo Testamento.

O pouco que temos sobre Jesus relacionado com o jejum, é o bastante e suficientepara descobrirmos e entendermos o seu ponto-de-vista e o seu ensino sobre a matéria.  Aliás, é bom que se diga de passagem, que no Novo Testamento encontramos muitopouco mesmo sobre a prática do jejum, que não será difícil comentar cada passagem,

como vamos passar a fazer, o que não foi possível quando estudamos a matéria no VelhoTestamento, dado os muitos casos de jejuns que são lá encontrados.1. O jejum de Jesus no deserto (Mat. 4:1-11; Mar. 1:12-13; Luc. 4:1-13): 

Começando com Jesus, vamos começar com o início do seu ministério terreno,examinando o seu jejum no deserto, narrado nos textos acima.

Para mim não seria surpresa encontrar Jesus Cristo jejuando, uma vez que Elecumpriu o seu ministério aqui na terra sob a legislação religiosa do Velho Testamento,como já demonstramos no capítulo anterior, porém o caso presente de jejum não se tratade uma cerimônia religiosa que esteja sendo executada por Jesus Cristo. Trata-se, tão-somente, de um jejum involuntário, ocasionado pelas circunstâncias em que seencontrava Jesus. Observem o início das três narrações dos evangelistas:

"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo"(Mat. 4:1).

"E logo o Espírito o impeliu para o deserto" (Mar. 1:12).

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"E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito aodeserto" (Luc. 4:1).

Pelas três narrações dos evangelistas, acima citadas, nos certificamos de que Jesusnão havia programado ir para o deserto após o seu batismo. Os três evangelistas sãounânimes em afirmar que Jesus foi "conduzido", "impelido", "levado" ao deserto peloEspírito. A segunda coisa que temos a observar nessa narração, é a finalidade da ida de

Jesus ao deserto: "Para ser tentado pelo diabo" (Mat. 4:1, Luc. 4:2 e Mar. 1:13). Oobjetivo, a finalidade, a tarefa de Jesus no deserto, segundo o plano de Deus através doEspírito Santo e não de Jesus, era enfrentar o diabo, começando dessa forma as suaslutas contra o inimigo no seu ministério terreno. Então o jejum foi uma decorrênciacircunstancial da sua estada no deserto. Ele não levou alimentação, no deserto não haviaonde adquiri-la, bem como Jesus não iria suspender as suas atividades ali ou pedir umatrégua ao diabo para ir até à cidade comer e depois voltar, pois ele nunca se preocupoucom a comida. Daí o jejum involuntário, ocasionado pela falta de alimentação. Mas, repitoo que disse de início: Não veria qualquer problema mesmo que fosse um jejum voluntário,pois Jesus estava debaixo da Dispensação da Lei.

2. O caso da expulsão dos demônios (Mat. 17:14-21 e Mar. 9:14-29): Paranossas considerações, vamos transcrever apenas o último versículo do texto de Mateus,pois ambos os textos são praticamente iguais:

"Mas, esta casta de demônios não se expulsa senão pela Oração e pelo jejum"(Mat. 17:21).

Temos duas explicações para o referido texto:a) A primeira diz respeito à autenticidade da expressão: A palavra "jejum" não

se encontra nos melhores manuscritos. Teria algum copista, mais tarde, acrescentado estaparte; quem sabe um daqueles judaizantes que não podiam separar a Oração do jejum,por ainda não ter entendido o ensino evangélico. Mas deixemos essa explicação de lado,

por ser um tanto controvertida, e vamos para a segunda.b) Este fato está dentro do período ainda sob a lei, na Dispensação da Lei,conforme já explicamos atrás, onde o jejum fazia parte do cerimonial para umapreparação espiritual necessária visando alcançar uma perfeita comunhão com Deus e ter,por conseguinte, o seu poder para tão importante tarefa que era a expulsão de umdemônio. Por certo que os discípulos, contando com a ausência do Mestre e de outroscolegas, que estavam no monte da transfiguração, já por algum tempo, não deviam estarnada preparados espiritualmente para enfrentar os demônios. Precisavam penitenciar-sediante do Todo-Poderoso Deus, e o jejum era, segundo a lei, um dos meios para isso,dentro da antiga dispensação em que estavam. O "Cordeiro de Deus que tira o pecado do

mundo" ainda não havia sido morto; não havia sido sacrificado em expiação pelospecadores. Ele, Jesus, ao ser inquirido pelos discípulos, não poderia ter dito: Esta casta dedemônios só se expulsa com Oração mediante a vossa confissão de pecados, a mim, paraque eu vos purifique com o meu sangue derramado na cruz. Não, naquela hora, naquelaocasião, a resposta só poderia ter sido a que Jesus deu. Tudo ainda estava debaixo docerimonial antigo. A Dis¬pensação da Graça ainda não havia sido instituída.

3. Jesus ensinando o jejum (Mat. 6:16-18): Esta passagem é muito citadapelos jejuadores para argumentar que Jesus ensinou a jejuar. Vamos transcrever o texto:

"E, quando jejuardes não vos mostreis contristados, como fazem os hipócritas;porque desfiguram os seus rostos para que aos homens pareça que jejuam. Em verdadevos digo que já receberam o seu galardão.

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Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para que nãopareça aos homens que jejuas, mas a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê emoculto, te recompensará".

  À primeira vista, parece mesmo que Jesus está dando um mandamento sobre aprática do jejum. Mas não é realmente isso que estava acontecendo. O jejum já era ummandamento, e bem antigo, observado pelo povo de Deus desde o Sinai. Fazia parte do

seu cerimonial religioso, como já discutimos anteriormente. Todo o bom judeu deviapraticá-lo com sinceridade de coração. O fato acon¬teceu naquele período do ministériode Jesus, aliás, parece-nos que bem no início, portanto em plena Dispensação da Lei.Naquela altura do seu ministério, Jesus não estava autorizado a abolir algum coisa dospreceitos da lei, nem mesmo o jejum. Ele não veio para abolir ou abrogar, mas paracumprir (Mat. 5:17). O que Jesus estava fazendo, naquela ocasião referida no texto emapreço, não era, repetimos, dando um mandamento para a prática evangélica do jejum,mas sim ensinando aos judeus a maneira certa e correta de se proceder na prática do jejum, em face dos erros que vinham sendo cometidos pelos fariseus hipócritas. Ele nãodisse: Vós deveis jejuar, mas sim: "Quando jejuardes..."

4. Jesus e os discípulos de João (Mar. 2:18-22): Esta é a passagem maisimportante neste estudo, pois aqui temos realmente mui claro o pensamento e ensino deJesus sobre a prática do jejum: Leiamos o texto:

"Ora os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos? E Jesusdisse-lhes: Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles oesposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar; mas dias virão em que lhesserá tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias. Ninguém deita remendo de panonovo em vestido velho: doutra sorte o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura

fica maior; e ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novorompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve serdeitado em odres novos".

  Vamos considerar esse texto em todas as suas minúcias, pois, como dissemosacima, estamos diante de uma das passagens mais importantes sobre a prática do jejumno Novo Testamento.

Inicialmente, observemos a pergunta dos discípulos de João, feita a Jesus: "Por quenão jejuam os teus discípulos?"

Dentro dessa pergunta está implícita uma afirmação: Os teus discípulos não jejuam.Jesus não contrariou essa afirmação, o que torna claro que se tratava de uma verdade. Os

discípulos de Jesus não jejuavam. Não podemos aceitar que, se o jejum fosse umadoutrina cristã e importante na vida espiritual, Jesus, que sempre teve o cuidado de serum exemplo e ensinar todos os preceitos de Deus, o tivesse relegado. Também nãoaceitamos o fato de que, se Jesus praticava o jejum, os seus discípulos, queacompanhavam o Mestre no seu ministério, não o acompanhassem nesse mister. O certomesmo é que nem Jesus e nem os seus discípulos praticavam a doutrina antiga do jejum.

Todavia, o mais importante nesse texto não é a pergunta feita pelos discípulos deJoão, mas a resposta dada por Jesus Cristo, que é o que vamos considerar em seguida,dividindo-a segundo as figuras apresentadas pelo Mestre.

1) Os filhos das bodas e o Esposo (vs. 19-20): Está claro no próprio textoque "os filhos das bodas" eram os seus discípulos, ou, por extensão, os seus seguidores.O "esposo", não há dúvida, é o próprio Jesus. Não precisamos de muita profundidadeteológica para entendermos o que o Mestre queria ensinar. Seria o mesmo que dizer:

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"Enquanto eu estiver presente, os meus discípulos, meus seguidores, não podem jejuar".Em outras palavras, a presença de Jesus torna sem efeito e desnecessário o jejum. Estaafirmação está perfeitamente enquadrada dentro do escopo do jejum. Ele foi instituídopara Vigorar dentro de um cerimonial da lei, cujo objetivo era realmente guiar o povo deDeus até Cristo (Gál. 3:24-25). Portanto, para vigorar na ausência de Jesus. Com Ele,conseqüentemente o jejum perde a sua viabilidade. Então, em última analise, o jejum

identifica a ausência de Jesus. Ele afirmou: "Mas dias virão em que o esposo lhes serátirado, então jejuarão naqueles dias" (v. 20). Mas não vamos agora querer entender queessa declaração de Jesus se refira à presente época, em que o esposo foi tirado, voltoupara o Céu. Para o verdadeiro crente Jesus nunca está ausente. Ele mesmo afirmou: "... eeis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mat. 28:20b). Aausência referida por Jesus, nada mais seria do que aquela compreendida entre a suamorte e ressurreição, três dias apenas. Observem que Ele não disse que passariam a jejuar dali para frente, mas "naqueles dias". Seriam apenas dias, e graças a Deus por isso,pois, pela graça e poder de Deus, temos o "esposo" sempre presente.

2) Remendo de pano novo em vestido velho (v. 21): Cremos que essadeclaração de Jesus é o suficiente para esclarecer e dar o seu ponto de vista sobre adoutrina levítica do jejum. "Pano novo" é o Evangelho de Jesus Cristo, com o seu corpodoutrinário, com toda a simplicidade e beleza, coberto pelo sangue precioso de Jesus, osangue da Nova Aliança. "Vestido velho" era a roupagem do cerimonial judaico, jábastante roto, de cuja textura o jejum era parte integrante. Infelizmente, há muita gentepor aí tentando remendar e usar o "trapinho velho" da Dispensação da Lei. Mas Cristoensinou que não há qualquer proveito nisso, pois a rotura só vai ficar maior. Aprendamosa lição com o Mestre.

3) Vinho Novo em Odres Velhos (v. 22): A figura usada por Jesus aqui é igualem parte à anterior, porém existem outras lições importantes para serem salientadas. O"vinho novo", como no caso acima, é o Evangelho, e os "odres velhos" são, igualmente, oscomponentes do cerimonial judaico, inclusive o jejum que era o de que estava Jesusfalando. Jesus apenas quis reafirmar a lição, usando figuras diferentes. Mas observemos aprimeira afirmação de Jesus no caso presente: "Ninguém deita vinho novo em odresvelhos; o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho". Jesus estava afirmando que ovinho novo seria perdido, no caso, pois os odres velhos não teriam capacidade para contê-lo. Realmente, quando as doutrinas cristãs são misturadas com doutrinas antigas, dovelho pacto, doutrina alheias ao Evangelho, o que de melhor acontece é uma perda

irreparável para a pureza das doutrinas evangélicas e para a vida cristã do crente, quepassa a depositar confiança em outros fatores que não Cristo somente. Isso é o queacontece com Evangelho mais idolatria, Evangelho mais paganismo, Evangelho maisespiritismo, Evangelho mais judaísmo, Evangelho mais socialismo. Mas a mais importanteafirmação de Jesus, nesse texto, foi a última: "O vinho novo deve ser deitado em odresnovos". Se muitos religiosos de hoje, até mesmo muitos crentes, inclusive pastores,dessem ouvidos a essa afirmação do mestre, não estariam praticando o jejum eensinando-o para o povo. O bíblico, o cristão, o neotestamentário, é Evangelho compreceitos evangélicos; "vindo novo em odres novos".

Encerrando este capítulo, queremos reafirmar o que dissemos acima: Cada vez queo homem mistura as doutrinas cristãs com preceitos da velha dispensação ou outrosalheios ao Evangelho, o que resulta normalmente é um enfraquecimento e até destruiçãoda fé cristã. A fé que crê em Cristo, o único e todo suficiente Salvador. A fé que crê nosangue de Jesus Cristo como tendo poder para nos purificar de todo o pecado. A fé que

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crê em Jesus Cristo como o único mediador entre Deus e o homem. Quantas roturasespirituais por aí; quantas vidas inúteis e fé praticamente destruídas resultantes dedúvidas doutrinárias contraídas por uma mistura religiosa sem qualquer base oufundamento na Bíblia Sagrada. Estejamos preparados e precavidos contra essas coisas.

CAPÍTULO VIII

 A PRÁTICA DO JEJUM NA ERA APOSTÓLICA

Muito embora e inexistência de uma doutrina sobre o jejum, ensinada ou praticadapor Jesus, seja o suficiente para entendermos que o jejum não é doutrina e nem práticaevangélica, mas como encontramos nas páginas do Novo Testamento o registro dealgumas práticas de jejum, relacionadas com os apóstolos ou com as igrejas primitivas,

não podemos deixar o fato sem uma atenção especial, para que não perdure algumadúvida sobre o assunto. Dessa forma, vamos procurar, neste capítulo, tratar de todos oscasos encontrados nesse período da história do cristianismo.

Os principais textos, e quase que todos, relacionados com a prática do jejum na eraapostólica, encontramos em At. 10:30; 13:1-3; e 14:23. Depois temos mais dois casos,que são II Cor. 6:5 e 11:27. E nada mais encontramos até o Apocalipse. Vamos considerarcada um desses casos, seguindo a sua ordem de importância em nossa apresentação:

1.  O Jejum na Igreja de Antioquia (Atos 13:1-3)

Dos casos que temos a considerar sobre a prática do jejum nesse período, esse érealmente o de maior importância para aqueles que defendem o jejum como práticacristã.

"E na Igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber:Barnabé e Simão, chamado Niger, e Lúcio cirineu, e Manaém, que fora criado comHerodes o tetrarca, e Saulo.

E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me aBarnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado.

Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos os despediram". Apesar de parecer um texto importante em defesa da doutrina do jejum no Novo

Testamento, não o consideramos como tendo autoridade para isso, analisando-se à luz do

seu contexto histórico.O fato aconteceu dentro daquele período, de que falamos anteriormente,

caracterizado por instabilidades e dúvidas doutrinárias. E um fator importantíssimo aobservarmos no caso presente, é que o mesmo se deu na Igreja de Antioquia. Sim,naquela Igreja onde estavam acontecendo problemas de caráter doutrinário (At. 15:1-29),em que os doutores, alguns dos quais vindos do judaísmo, estavam querendo fazer umamiscigenação religiosa (At. 15:1-2 e Gál. 2:11-14). Em Atos 13:1, Barnabé aparece comoo primeiro da lista de doutores e profetas existentes em Antioquia, e não deixa de sersintomático que Paulo o tenha citado em Gál. 2:13 como um dos que se deixou levar pelasdissimulações dos judeus. E fato importante a consideramos, no caso, é que a prática do

 jejum aconteceu, segundo os registros em Atos, antes da grande reunião em Jerusalém,quando os problemas doutrinários da Igreja cristã de Antioquia foram debatidos esolucionados (At. 15:1-35).

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Pelos fatos discutidos acima, reafirmamos que a prática do jejum na Igreja de  Antioquia, no início da história cristã, não dá autoridade alguma para defendermos adoutrina como prática cristã. A Igreja de Antioquia era realmente uma boa Igreja, muitoespiritual e grandemente missionária. O ímpeto missionário daquela Igreja deu-lhe oprivilégio de ser a primeira a receber o nome de "cristã". Mas tudo isso não a imunizou deser atacada por doutrinas estranhas aos ensinos de Cristo. Não estamos, dessa forma,

condenando a Igreja de Antioquia por ter sido atacada por outros ventos doutrináriosestranho às doutrinas cristãs, mas sim, argumentando que ela não serve de base parafundamentarmos um ponto doutrinário sobre a prática do jejum como doutrina evangélica.

2.  O Jejum de Cornélio (At. 10:30)

Seguindo a ordem de importância, temos a considerar o jejum de Cornélio, ocenturião romano. O texto em apreço registra o seguinte:

"E disse Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando emminha casa à hora nona".

Em primeiro lugar o texto não deixa claro que Cornélio estivesse praticando um ritoreligioso. Poderia ter sido um jejum circunstancial em virtude do tempo que ele dedicou àOração. Podemos comparar com At. 10:2, que nada registra sobre o jejum, bem comocom a mensagem do anjo dirigida a Cornélio, na qual ele diz: "As tuas orações e as tuasesmolas têm subido para memória diante de Deus" (At. 10:4), nada havendo, também,sobre o jejum. Evidenciamos assim que o fator principal no caso era a Oração e não o jejum. Todavia, supondo-se que realmente se tratava de um jejum com objetivo religioso,voluntário, sacrifical, em nada altera a doutrina neotestamentária. Cornélio não conhecia aCristo, portanto não era cristão, não sendo, conseqüentemente, convertido. Porconseguinte, não conhecia as doutrinas evangélicas. O conhecimento que ele tinha de

Deus, a ponto de O temer, por certo recebeu dos judeus. Assim sendo, o que Cornélioconhecia sobre Deus e práticas religiosas referia-se aos ensinos do Velho Testamento, daí,a prática do jejum. Por outro lado, a sua sinceridade, o seu temor a Deus e o seu desejode servir ao Deus verdadeiro, deu-lhe a bênção de encontrar a salvação em Jesus Cristo(At. 10:1-48).

3.  Os jejuns pelos anciãos (At. 14:23)

Este caso amolda-se dentro do que já discutimos e explicamos no item número umdeste capítulo, porquanto se deu naquela fase inicial da igreja primitiva, antes da grande

reunião de Jerusalém, registrada no capítulo quinze de Atos. Por esse motivo, vamosdispensar qualquer outro comentário sobre esse texto.

4.  Os Jejuns de Paulo (II Cor. 6:5 - 11:27)

Finalmente, temos mais dois casos, que podem ser enquadrados em um, dada asua similaridade, registrados nos textos acima mencionados, que tratam de jejuns doapóstolo Paulo, conforme transcrição abaixo:

"... nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nas vigílias, nos jejuns" (II Cor. 6.5)."Em trabalhos e fadigas, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns

muitas vezes, em frio e nudez" (II Cor. 11:27).Em ambos os textos encontramos, não há dúvida, a palavra "jejum", dando a

entender, numa leitura superficial, que Paulo estaria citando momentos de sua vidadevocional, isto é, a prática cerimonial do jejum. Mas, para um leitor mais atencioso,

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relacionando o termo "jejum" com o seu contexto lógico, não haverá dificuldade paraentender que o apóstolo Paulo não está tratando e nem falando de exercícios cerimoniaisou devocionais, mas sim de lutas, problemas, dificuldades e perseguições decorrentes doseu ministério na causa do Evangelho. Isto é, os jejuns de que Paulo se refere nos textoscitados eram motivados pela falta de alimento ou oportunidade para comer, ante ospercalços das lides do Evangelho. Eram jejuns involuntários, circunstanciais. Observem,

por conseguinte, que em ambos os textos a palavra "jejuns" vem relacionada com prisões,tumultos, vigílias, fadigas, sede, frio, nudez. Em um dos textos aparece a palavra "fome" edepois a palavra "jejum", parecendo que uma coisa se refere à falta de comida e a outra àprática religiosa. Mas ambas as palavras se referem ao mesmo fato, sendo que a pessoapode estar com fome sem estar em jejum, e vice-versa. Paulo quis deixar claro que elesofreu a falta de comida e a dor da fome na sua abnegação pela causa santa doEvangelho. E não nos será difícil lembrar alguns desses jejuns de Paulo: Um deles, porcerto, foi em Filipos, quando ficou preso juntamente com Silas até o outro dia, quandoentão foi alimentar-se na casa do carcereiro (At. 16:22-34). Uma outra vez, foi na suaviagem para Roma, quando do naufrágio do navio em que esta¬va viajando (At. 27:33).

Em I Cor. 4:11, encontramos a seguinte narração: "Até esta presente hora sofremosfome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa". EmFilip. 4:12, esta outra declaração: "Sei estar abatido, e sei também ter abundância: emtoda maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome,tanto a ter abundância, como a padecer necessidade". Diante dessa declaração, não restadúvida de que Paulo trabalhou e orou muitas vezes em jejum, e grandes jejuns! Porém, jejuns ocasionais, involuntários, circunstanciais e não cerimoniais, como querem alguns.

 Antes de encerrarmos este capítulo, queremos frisar que em At. 27:9 encontramosuma referência ao "dia do jejum", o qual não discutimos em nosso estudo pelo fato domesmo não objetivar propriamente a cerimônia, mas sim a época, que era caracterizada

por fortes tempestades, tornando a navegação perigosa (At. 27:9-10). Também nãotratamos dos jejuns de Ana (Luc. 2:36-38), por se tratar, como todos sabem, de uma  judia, da tribo de Aser, que esperava pelo Messias. Piedosa, sim, mas não-cristã. Erafervorosa na prática da sua religião, segundo o Velho Testamento. Bem como, deixamosde lado os jejuns do fariseu da parábola de Jesus, registrado em Luc. 18:12, que, porrazões óbvias, dispensa comentários.

Com esses fatos apresentados e discutidos neste capítulo, encerramos as nossasbuscas sobre a doutrina e prática do jejum na era apostólica, e, portanto, no NovoTestamento. Mas ainda queremos chamar a atenção dos leitores para o que frisamosanteriormente sobre as fases em que devemos dividir o Novo Testamento a fim de

estudarmos com acerto as doutrinas cristãs. Naquela oportunidade, falamos de que houveuma fase na história das igrejas primitivas caracterizada por certa instabilidadedoutrinária, vindo, depois, a estabilidade e firmeza nas doutrinas cristãs. À luz desse fato,observem, agora, que a partir do capítulo quinze de Atos dos Apóstolos até o Apocalipse,nada mais encontramos sobre a prática religiosa do jejum nas igrejas cristãs. Os escritoresepistolares, como Paulo, Pedro, Tiago, João e os demais, cujas cartas tinham comoobjetivo principal doutrinar e instruir os crentes nos preceitos da vida cristã, nas doutrinasevangélicas, nada escreveram sobre a matéria. Sabemos que foram bastante criteriosos ecuidadosos na defesa e exposição dos ensinos neotestamentários, por isso não podemosconceber que tivessem se esquecido da doutrina do jejum, ou relegado a um planosecundário, fosse ela uma prática cristã. Pelo contrário, de Paulo encontramos asseguintes afirmações:

"Porque o reino de Deus não é comida e nem bebida, mas justiça, e paz, e alegriano Espírito Santo" (Rom. 14:17).

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"Portanto ninguém vos julgue pelo comer ou pelo beber ou por causa dos dias defesta, ou da lua nova ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo éde Cristo" (Col. 2:16-17).

"Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo éproveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir" (I Tim. 4:8).

Para complementar, observem mais os seguintes dados numéricos: Encontramos no

 Velho Testamento mais de trinta citações relacionadas com a prática do jejum. No NovoTestamento, naquela parte da história que ainda está sob a dispensação da lei, até amorte de Jesus, encontramos ainda doze citações e suas referências. Em Atos dos Apóstolos, até o capítulo catorze, apenas três casos são registrados. Do capítulo quinze de Atos até o final do Apocalipse, como já frisamos acima, não existe mais qualquer citaçãoou referência relacionada com a prática religiosa do jejum. Isso não é sintomático? Issonão depõe contra a prática do jejum como preceito cristão? Achamos que sim.

Portanto, a falta de um mandamento ou instruções neotestamentários sobre aprática do jejum; a inexistência dessa prática nas igrejas primitivas; em resumo, o silênciodo Novo Testamento sobre a doutrina e prática do jejum, como preceito cristão, deve ser

prova cabal e incontestável de que essa cerimônia religiosa do Velho Testamento nãoformava, e logicamente não forma, como doutrina e prática evangélica, confirmando,assim, o que afirmamos na primeira parte deste livro, quando estudamos sobre a vigênciado jejum: O jejum também foi abolido pelo sacrifício completo de Jesus, juntamente comtodo o cerimonial de sacrifícios da antiga dispensação. 

CAPÍTULO IX 

O JEJUM CRISTÃOTrataremos neste capítulo, para encerrarmos o nosso estudo sobre o jejum no

Novo Testamento, daquilo que entendemos ser o jejum para o crente em Jesus Cristo,segundo os próprios ensinamentos bíblicos. Nós que não j estamos mais embaixo da lei dopecado e da morte e sim da lei do espírito de vida em Cristo Jesus (Rom. 8:2), precisamosaprender a servir ao nosso Deus em "novidade de espírito, e não na velhice da letra"(Rom. 7:6).

1.  Exercícios Espirituais

Os preceitos cristãos, dentro da dispensação da Graça de nosso Senhor JesusCristo, o Novo Testamento, resumem-se mais em exercícios espirituais do que materiaisou físicos.

Quando a mulher samaritana mostrou-se um tanto preocupada sobre o lugar certopara se adorar a Deus, Jesus Cristo asseverou-lhe o seguinte:

"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai emespírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito eimporta que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:23-24).

  A Nicodemos, que praticava uma religião superficial, baseada em cerimôniascorporais, e que não tinha entendido o ensinamento de Jesus sobre a salvação, o Mestredeclarou enfaticamente:

"O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito" (João3:6).

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Paulo, escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo, afirmou-lhe:

"Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo éproveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir" (I Tim. 4:8).

 À Marta, que estava preocupada em servir a Jesus com coisas materiais, o Senhorexortou:

"Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só énecessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada" (Luc. 10:41-42).

 Aos fariseus, que estavam criticando os discípulos de Jesus porque não respeitavampreceitos da lei, Jesus respondeu:

"Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, nãocondenaríeis os inocentes" (Mat. 12:7).

Essas são algumas das muitas passagens que atestam de maneira inconfundível oteor espiritual das doutrinas cristãs.

Na antiga dispensação, quando o povo ainda não possuía um melhor conhecimentode Deus e nem do verdadeiro sentido da vida espiritual, o Senhor precisou usar muito de

figuras, de coisas e fatos materiais, para de maneira simples e útil levar o povo aoverdadeiro conhecimento da verdade. O povo, no início da revelação de Deus, era comouma criança, dependendo quase que exclusivamente daquilo que fosse palpável, quepudesse ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, sentir mais na carne do que no espírito.O próprio Deus se refere a esse tempo, chamando o seu povo de menino: "Quando Israelera menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho". (Oséias 11:1). Porém, Deus foi serevelando mais e mais, até a sua revelação completa e perfeita em Jesus Cristo, e, porconseguinte, através da revelação de Deus e da sua vontade o crente adquire também operfeito conhecimento do real sentido da vida espiritual, passando a viver, então, firmadonaquilo que é espiritual. Foi isso que Paulo ensinou, quando disse:

"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coi¬sas de menino" (I Cor. 13:10-11).

No cerimonial cristão, destacamos duas cerimônias (ordenanças), as quais foraminstituídas por Jesus Cristo: O batismo e a Ceia. Ambas de significados estritamentesimbólicos: O batismo, simbolizando, com a sua forma de imersão e emersão, a salvaçãodo crente, na sua morte para o pecado e vida nova em Cristo Jesus. A ceia, com os seuselementos, pão e vinho, simbolizando o sacrifício eterno e todo suficiente de Jesus Cristo,na sua morte expiatória na cruz do calvário. Como já dissemos, são cerimônias pura e

simplesmente simbólicas, sem qualquer valor expiatório.2.  Requisitos do Jejum Cristão

Considerando-se o jejum cristão, que é o objetivo deste capítulo, vamos tomar porbase o que o Senhor prescreveu a esse respeito pelo ministério do profeta Isaías:

"Seria este o jejum que eu escolheria: que o homem um dia aflija a sua alma, queincline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu aisto de jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi? Quesoltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e deixes livres osquebranta- dos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teupão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados? vendo o nu o cubras, enão te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua curaapressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será

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a tua retaguarda. Então clamarás e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-meaqui; se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar vaidade; e se abrires atua alma ao faminto,e fartares a alma aflita; então a luz nascerá nas trevas, e a tuaescuridão será como ao meio-dia" (Is. 58:5-10).

Pode parecer um paradoxo o fato de estarmos usando um texto do VelhoTestamento para fundamentar o estudo do jejum cristão, um jejum para o Novo Testa-

mento, para a dispensação da Graça. Mas realmente estamos certos. O profeta Isaías,apesar de ter vivido e profetizado dentro do período do Velho Testamento, ha mais desetecentos anos antes da vinda de Jesus Cristo, predisse, por inspiração de Deus, fatosrelacionados com o Novo Testamento, com a dispensação da Graça. Ele pode muito bemser considerado como o profeta da Graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Se não, observemos seguintes fatos:

No capítulo sete, está registrado o anúncio do nascimento de Jesus. No capítulonove, o seu nascimento. No capítulo cinqüenta e três, está registrado com muita precisãoo seu sofrimento e morte expiatória. E finalmente, no capítulo cinqüenta e cinco está agrande proclamação da dispensação da Graça, com a mensagem salvadora de Jesus Cristo

dirigida a todos, universalmente:"O vinde, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro,vinde comprai, e comei, sim vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Is.55:1).

Portanto, diante dos fatos acima, o jejum apresentado no capítulo cinqüenta e oitoestá em plena dispensação da Graça. Diríamos, é o jejum do Novo Testamento, o jejumcristão, o jejum que deve ser praticado constantemente pelo crente.

Pelo texto em apreço, verificamos, inicialmente, que o jejum cristão é,fundamentalmente diferente do jejum judaico, ou da antiga dispensação. Enquanto esteera um preceito cerimonial para expiação de pecados, o jejum cristão é um preceito de

vivência espiritual para aqueles cujos pecados já estão perdoados pelo sangue dosacrifício expiatório de Jesus Cristo. Isto é, na dispensação da Graça não se faz sacrifíciospelos pecados, mas sim se observa um sistema de vida nova em Cristo que se resume emdois grandes mandamentos cristãos: "Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximocomo a ti mesmo" (Mat. 22:37-39). Destes dois mandamentos, disse Jesus, depende todaa lei e os profetas (Mat. 22:40).

Isso quer dizer que o jejum cristão caracteriza-se, não pela abstinência de alimentopara o corpo físico, mas sim pela abstinência de alimento para o "velho homem".Observem no texto de Isaías acima citado e transcrito, nos versículos seis e nove, asseguintes expressões: "Ligaduras de impiedade", "ataduras do jugo", "estender do dedo",

"falar vaidades". São manifestações pecaminosas que caracterizam o velho homem e seapresentam não pelo fato de estarmos fisicamente alimentados ou não, mas pelo estadode vida atuante do "velho homem", que é alimentado pelas nossas concupiscências.  Afirma Tiago: "Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própriaconcupiscência" (Tiago 1:14). Assim, o jejum cristão é um esforço espiritual, em nossavivência de amor a Deus, no sentido de soltar as ligaduras da impiedade, desfazer asataduras do jugo, deixar de falar vaidades e outras manifestações pecaminosas quetentam aniquilar a vida espiritual do crente.

Logo, o jejum cristão é essa nossa atuação espiritual, promovendo a nossasantificação através de uma vivência em Cristo, no qual mortificamos o "velho homem" erevivificamos o "novo homem". Paulo, escrevendo aos efésios, exortou-os sobre esse fato,dizendo:

"Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompepelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito de vosso sentido; e vos

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revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade"(Ef. 4:22-24).

E aos romanos, discorrendo sobre a atuação da lei e da graça, Paulo completa opensamento afirmando:

"Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espíritomortificardes as obras do corpo, vivereis" (Rom. 8:13).

 Ainda, escrevendo aos romanos, Paulo exortou-os sobre a vida, ou vivência cristã,com as seguintes palavras:

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corposem sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vosconformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rom.12:1-2).

Realmente o apóstolo está falando em sacrifício, mas num sentido diferentedaquele do antigo pacto. É o sacrifício do culto racional. O culto do espírito e da razão. Umsacrifício com lógica, com razão, com entendimento. Sacrifício cristão não é qualquer tipo

de sofrimento empreendido para "afligir a nossa alma", conforme a antiga dispensação,mas sim na atuação da nossa vida devocional para com Deus. Não é um sacrifício parapagar ou apagar pecados, mas um sacrifício para não pecar, para ter uma vida santadiante de Deus, que disse: "Sede santos porque eu sou Santo" (Lev. 11:44).

  Voltando ao texto de Isaías, chamamos agora a atenção dos leitores para asdeclarações dos versículos seis, sete e dez: "Deixes livres os quebrantados", "repartas opão com o faminto", "recolhas em casa o pobre", "cubras o nu", "fartes a alma aflita". Sãodeclarações que expressam alguns dos nossos deveres para com o nosso próximo.Deveres que se identificam com o ensino de Jesus na segunda parte do grandemandamento já citado: "amar o próximo como a ti mesmo" (Mat. 22:39). Embora não

pareça, isso também faz parte do jejum cristão. Não podemos pensar em ter uma boarelação com Deus quando as nossas relações com o próximo estão aquém dos deverescristãos. E realmente essa parte da nossa vivência cristã está bastante relacionada com anossa vida espiritual. Basta lermos a declaração de Jesus registrada em Mat. 25:31-46. Vamos transcrever abaixe apenas três versículos:

"Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está propostodesde a fundação do mundo; porque tive fome e deste-me de comer, tive sede, e deste-me de beber; era estrangeiro e hospedaste-me; estava nu e vestiste-me; adoeci evisitaste-me; estive na prisão, e foste ver-me" (Mat. 25:34-36).

E o mestre completou a declaração, afirmando:

"Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninosirmãos, a mim o fizestes" (Mat. 25:40).Resumindo tudo o que dissemos até aqui, afirmamos: O jejum cristão sintetiza-se

em atividades positivas do crente na sua relação consigo mesmo, com Deus e com opróximo. Neste sistema de vivência espiritual, o crente conscientiza-se de que é o templodo Espírito Santo, de que o seu próximo é digno do seu amor e respeito e de que Deus éo Santo e Todo-Poderoso Senhor dos céus e da terra.

Com isso não queremos afirmar que o crente já é um ser perfeito, um santo nosentido absoluto do termo. Sabemos que o ser humano, pelo fato de sua constituiçãomaterial, está sujeito às ciladas diabólicas e conseqüentemente a passar por fraquezasespirituais e até mesmo por quedas pecaminosas. Quantos crentes têm sido assaltadospelo tentador e lançados por terra! Mas, diante desses percalços da vida cristã, o quedeve fazer o verdadeiro crente para reatar a comunhão com Deus? Recorrer ao jejum ou aoutra forma de sacrifício qualquer? A Bíblia nos responde com clareza:

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"Sacrifícios e ofertas, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem teagradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer,ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontadetemos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez" (Heb. 10:8-10).

Em síntese, deduzimos do texto acima três verdades: 1) Deus não aceita mais

qualquer forma de sacrifício pelo pecado, que é apresentado segundo a lei (v. 8); 2) Deus já estabeleceu um novo pacto, com Cristo, em substituição ao primeiro (v. 9); 3) o nossoperdão e santificação agora vem tão-somente por outorga desse novo pacto, firmado naoblação do corpo de Jesus Cristo (v. 10).

Baseado também nessa verdade, o apóstolo João afirmou:"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados

e nos purificar de toda a injustiça" (I João 1:9).Então, pelos textos citados, concluímos que o caminho para o crente reatar e

manter a sua comunhão com Deus e promover a sua santificação é somente Jesus.  Através dele encontramos o perdão, a força, a paz e a harmonia com Deus. Não há

situação espiritual que o crente não possa resolver pelo poder e mediação de Jesus Cristo,através do arrependimento sincero. Portanto, em todo e qualquer tempo que nosencontrarmos em problemas ou deficiências espirituais, recorramos arrependidamente aCristo, em Oração e sinceridade de coração, que Ele, pela sua graça e misericórdia nosdará a solução e nos devolverá à perfeita comunhão com Deus. Isso sem precisarmos denos submeter a sacrifícios corporais. A Bíblia declara:

"Porque te não comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas emholocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coraçãoquebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Salmo 51:16-17).

"Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mat. 12:7).

"Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto doslábios que confessam o seu nome" (Heb. 13:15).O crente que atua dessa maneira e que pratica o "jejum cristão" conforme

discorremos neste capítulo capacita-se para receber as inefáveis bênçãos de Deus,conforme o texto de Isaías já citado:

"Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e atua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Entãoclamarás, e o Senhor te responderá; gritarás e Ele dirá: Eis-me aqui... Então a tua luznascerá nas trevas, e a tua j escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiarácontinuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos; e serás

como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam" (Isaías 58:8-11).Extasiados com tantas bênçãos e promessas do Senhor, juntamos as nossas vozes

com a de Paulo e exclamamos:"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão

insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quemcompreendeu o intento do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem lhe deuprimeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, sãotodas as coisas; Glória pois a ele eternamente. Amém." (Rom. 11:33-36).

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TERCEIRA PARTE

 APÊNDICE

DOUTRINA E PRÁTICA DOJEJUM NA ATUALIDADE

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1ª - A PRÁTICA ATUAL DO JEJUM NAS IGREJASEVANGÉLICAS

Conquanto o escopo deste livro seja um estudo da doutrina do jejum dentro daBíblia, o que fizemos na primeira e segunda parte, achamos necessário, para um melhor

esclarecimento dos leitores, discorrermos um pouco sobre a prática do jejum aindamantida em nossos dias entre os evangélicos, daí o fato de termos criado este apêndice,que sabemos ser de grande valia no sentido de corroborar com o estudo feito na BíbliaSagrada.

 Atualmente, ainda encontramos igrejas evangélicas e pessoas, particularmente, quepraticam o jejum com finalidades religiosas, principalmente entre as igrejas dos grupospentecostais. Muitas delas têm a doutrina como atual, praticando-a com certaregularidade, muitas vezes em , caráter oficial, proclamado e regulamentado pela própriaigreja.

Em face disso, muitos crente ficam num dilema espiritual, perguntando e se

perguntando se o jejum deve ou não ser praticado pelos cristãos. Por que uns jejuam eoutros não?Se não temos base bíblica para a aplicação da prática do jejum como doutrina

cristã; se os fatos e doutrinas neotestamentários provam que o sacrifício de Jesussubstituiu todo o sistema antigo de sacrifícios pelo pecado, inclusive o jejum; pergunta-se:Por que ainda se pratica o jejum com finalidades religiosas no meio cristão?

Estudamos o assunto em todas as suas principais implicações, mantivemos algunscontactos com crentes que jejuam nos diversos grupos evangélicos, procurando umaresposta à pergunta acima. Assim, podemos dizer que são vários os fatores que têmcontribuído e vêm contribuindo para a existência de tal prática doutrinária no meioevangélico, porém todos sem qualquer fundamento nas páginas do Novo Testamento.

Por isso achamos por bem registrar neste livro esses fatores para que o cristãosincero e interessado nas coisas de Deus possa conhecer quão frágil é a base doutrinária eteológica daqueles que jejuam e ensinam a doutrina do jejum como sendo cristã,evangélica, neotestamentária.

  Vamos a seguir tratar, separadamente, de cada um desses fatores, registrandoapenas aqueles que achamos de maior importância entre muitos outros que podem sercitados, menos importantes.

1.  Desconhecimento de suas implicações doutrinárias e teológicas

Esse, não resta dúvida, é um dos principais fatores que encontramos sobre aprática atual do jejum entre os evangélicos. O jejum é praticado por muitos crentes que sebaseiam tão-somente no fraco argumento de que a doutrina está na Bíblia. Logo que sepergunta a esses crentes, muitos deles obreiros, por que jejuam? respondem: Não estána Bíblia? O irmão nunca leu que Jesus Cristo jejuou? Paulo, Moisés, Elias, e outrosgrandes servos de Deus jejuaram. Portanto, eu os estou acompanhando. Citam, também,o ensino de Jesus sobre o jejum registrado em Mateus 6:16 e Marcos 9:29. São fatos etextos que não vamos discutir aqui, porque já o fizemos em outros capítulos deste livro,os quais nada provam sobre a validade do jejum como doutrina cristã.

 Aceitam o fato somente por uma simples leitura de alguns textos bíblicos sem se

interessarem por um estudo profundo da matéria a fim de descobrir as suas implicaçõesdoutrinárias e teológicas. Quando se pergunta:

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Quando foi instituído o jejum? Qual a finalidade do jejum? Por que foi o jejuminstituído? Respondem com evasivas, demonstrando a sua falta de conhecimento damatéria.

Fomos informados de uma Igreja Batista de um ramo com tendências"pentecostais", na qual o crente para participar da Ceia ao Senhor precisa estar em jejumcompleto, total. E o informante explicou: "Jejum total, quer dizer jejum de alimento e

 jejum de sexo". Pobre daquela Igreja e pobre daquele pastor, para quem alimento e sexoé pecado. Isso é ignorância doutrinária; é desconhecimento bíblico. E, infelizmente, nessacanoa estão embarcando muitos crentes sinceros por falta de esclarecimento. E issocompete a nós como obreiros, como "bons despenseiros de multiforme graça de Deus" (IPed. 4:10). Muitos deles são realmente crentes piedosos, sinceros, honestos, que praticamo jejum querendo melhor se consagrar a Deus, não há dúvida. Como disse Paulo: "... têmzelo de Deus, mas não com entendimento" (Rom. 10:2).

2.  Fatores Psicológicos ou Fisiológicos

  Alguns simplesmente jejuam porque dizem que se sentem bem quando oram emeditam em jejum. Que isso pode ser válido para certas pessoas, não discutiremos, masnão se deve confundir fatores psicológicos, ou Fisiológicos, com fator espiritual. Hápessoas que se sentem muito bem orando e estudando pela manhã, pela madrugada. Unsgostam de orar e estudar nos seus escritórios, outros, no Templo, e alguns indo paralugares ermos, longe de tudo e de todos. Assim, também, uns se sentem bem para oestudo, ou outra atividade espiritual, estando bem alimentados, já outros, estando em  jejum. Mas nada disso tem alguma relação com a comunhão com Deus propria¬mentedita. Não há base bíblica e nem lógica para se pensar e ensinar que Deus atende melhorquando a pessoa está de estômago vazio. Isso seria limitar a atuação de Deus. O Senhor

olha é para um coração vazio do pecado e não para o estômago vazio ou cheio dealimento. Como dissemos atrás, são fatores que realmente existem em determinadaspessoas, unicamente de caráter psicológico ou fisiológico, mas sem qualquer importânciapara a vida espiritual na sua comunhão com Deus. Não se pode e nem se deve firmardoutrinas espirituais nessas manifestações particulares do indivíduo.

3.  Evocação de Fatos Históricos

Ouvimos alguém que, defendendo a prática do jejum, relatou-nos o que aconteceuem épocas passadas, por exemplo na Letônia e na Suécia, quando houve nesses países

manifestações de Deus e os crentes passaram por um grande avivamento espiritual, e quenaquela época, entre outras atividades espirituais, os crentes jejuaram e tiveram grandesbênçãos de Deus, o que seria, por isso, prova da validade do jejum.

É lógico que não vamos contestar os avivamentos espirituais acontecidos entre opovo de Deus em alguns países e igrejas, todavia, não devemos pensar e defender quetudo o que fizeram e praticaram nesses avivamentos, movidos pelo entusiasmo ou pelotemor, tenha tido a direção a aprovação de Deus ou tenha sido o fator principal dasbênçãos obtidas, e que sirva de base para agora formularmos um ponto doutrinárioqualquer, mesmo sem apoio nos princípios evangélicos. Aliás, é fato conhecido e a históriatem registrado, que todos os movimentos espirituais acontecidos através da história cristãtêm sido acompanhados de exageros, fanatismos e até mesmo de atuação do inimigoprocurando confundir os crentes e desviá-los da verdade. Paulo disse que qualquer que seapresentar pregando outro evangelho, fora dos princípios cristãos, mesmo que seja umanjo do céu, seja anátema (Gál. 1:8-9). Não importa de onde vem e por quem é trazido;

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se não tem base bíblica, nos ensinos de Jesus Cristo, não é digno de crédito; não temvalor doutrinário: É anátema. E é interessante observar que nesse texto Paulo estavacombatendo as intromissões da lei judaica no Evangelho de Jesus Cristo. É o que acontececom o jejum.

4.  Nova Finalidade para o Jejum

Esse é o argumento mais mesquinho que já vimos em matéria doutrinária. Dizemalguns defensores do jejum: "Sabemos que todo o ritual levítico foi abolido por Cristo nacruz. Sabemos que o jejum não tem mais a sua finalidade antiga de um sacrifício pelopecado, todavia podemos praticá-lo com novos propósitos, para melhor nos consagrarmosa Deus".

Perguntamos: Quem deu autoridade para se constituir nova finalidade ao jejum?Onde está escrito que o jejum agora tem uma nova finalidade espiritual? Onde está escritoque estômago vazio é sinal de coração limpo e consagração a Deus? Comparamos issocom as donas-de-casa que quando uma panela se fura e fica sem condição para fazer a

alimentação, transformam num vaso e plantam uma folhagem. Ou então aproveitam aslatas vazias de conservas, transformando-as em utensílios domésticos. Que isso tenhavalidade na vida doméstica ou em outro setor da vida humana é uma coisa, mas emdoutrina cristã a coisa é muito série. É assunto que pertence a Deus e não ao homem. Sóo Senhor é que tem faculdade absoluta de legislar em matéria doutrinária. Deus não deuessas credenciais ao homem, pelo contrário, adverte: "... se alguém lhes acrescentaralguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro... E sealguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvoreda vida ..." (Apoc. 22:18-19).

Certo Pastor de uma Igreja nos Estados Unidos, escrevendo numa revista religiosa

sobre o jejum, declarou que ele e sua Igreja jejuam, e explica que o jejum atualmentenão tem a finalidade de um sacrifício para alcançar uma graça especial de Deus, mas éuma maneira especial de prestar um culto de louvor a Deus. E diz, naquele seu artigo, queo Senhor se alegra com isso.

Não entendemos como um Pastor pode afirmar uma coisa dessa. Onde ele foibuscar isso na Bíblia? Onde está escrito sobre essa nova maneira de louvar a Deus? Eainda afirmar que Deus se alegra com esse sacrifício? Isso não é cristianismo não, meusirmãos; é paganismo, masoquismo, é heresia. A Palavra de Deus declara: "Misericórdiaquero e não sacrifício" (Mat. 9:13 e 12:7). Ler também Sal. 51:16-17.

Outrossim, perguntamos: Por que somente ao jejum, do velho cerimonial, deva ser

dado uma nova finalidade? Por que também não aos sacrifícios de animais? Por quetambém não à circuncisão, ao óleo da unção e outros componentes do cerimonial judaico?Por que somente o jejum deva ser salvo dos escombros do cerimonial da antigadispensação? Não vamos transformar os trapos da vestidura antiga numa nova peça paraas doutrinas cristãs (Mar. 2:21). A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, por issodevemos nos manter unicamente dentro daquilo que ela realmente ensina como doutrinacristã. Não devemos seguir os maus exemplos das autoridades judaicas que a cada passoacrescentavam pontos sobre pontos nos preceitos de Deus, e por isso receberam acondenação de Jesus (Mar. 7:7-9). É o que vêm fazendo em nossos dias muitas seitas,principalmente a Igreja Católica, para as quais já está escrita a condenação divina (Apoc.22:18-19).

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5.  Imitação ou Simpatia pessoal

Há pessoas que, por incrível que pareça, não têm qualquer convicção sobre aprática do jejum, mas porque pessoas com quem se simpatizam ou que tenham um certodestaque denominacional jejuam, fazem o mesmo, imitando aos outros. Citam obreiros ecrentes do presente e do passado, dizendo: Pastor "fulano" é batista, é um grande servo

de Deus; ele jejua. "Sicrano", grande evan¬gelista do passado, jejuava e sempre foi muitousado por Deus. E arrematam: Então, se esses servos de Deus jejuavam e jejuam, porque eu não posso também fazer o mesmo?

Para eles não tem muita importância o que a Bíbliadiz, o que o Novo Testamento ensina. Se outros estão fazendo, acompanham.

Costumamos cognominar a essas pessoas de "Maria-vai-com-as-outras". Mas o crentesincero não deve ser assim. Ele deve aceitar e praticar em sua vida cristã somente o quetenha plena convicção de ser a verdade, agindo com raciocínio e discernimento cristão.

6.  Experiências positivas atribuídas ao jejum

Muitos crentes que praticam o jejum têm tido expe¬riências positivas, bênçãos evitórias, que atribuem ao jejum. Conversando com um jovem obreiro, ele afirmou-nos quepratica o jejum e o faz porque tem alcançado grandes bênçãos de Deus quando jejua. Ecompletou com a seguinte expressão: "A experiência é argumento muito mais forte doque a teoria". Muitos, como esse jovem, têm tido experiências positivas também com aprática do jejum, como acham.

Então, perguntamos-lhe como é que pratica o jejum, ao que nos respondeu:escolho um determinado dia, levanto-me pela manhã e dedico todo o dia para o jejum,oração, meditação e louvor a Deus. Clamo ao Senhor pelos meus problemas e Ele me

responde. Nada mais.Praticamente, é assim que fazem todos os jejuadores.Não queremos ser irreverentes com ninguém, principalmente quando sentimos que

há sinceridade na pessoa, mas não podemos deixar de refutar o assunto. Em primeirolugar, queremos dizer que, em matéria religiosa, principalmente, a experiência não érealmente o maior argumento. Esse pertence à Bíblia. O que não tiver base bíblica,mesmo que venha estribado na maior experiência, não terá validade doutrinária, cristã. Ese formos nos firmar nesse argumento, de que a experiência é mais forte do que a teoria,temos que aceitar muitas heresias que andam por aí fundamentadas em experiênciashumanas.

Mas observem acima o conteúdo da resposta daquele jovem sobre a maneira queele jejua. Vejam que ao lado do jejum entrou a oração, a meditação, o louvor a Deus e oclamor ao Senhor pelas suas necessidades materiais e espirituais. Depois de tudo isso queele fez durante um dia, vem a dizer que tem tido grandes bênçãos com o jejum? Pareceque as outras coisas, como a oração, o cla¬mor, o louvor, a meditação, não tiveram muitovalor no caso. E foi realmente nessas outras coisas que acompanharam o jejum, queestava o perfeito valor para alcançar as bênçãos de Deus.

Isso leva-nos a lembrar do que acontece com esses curandeiros e benzedores queandam por aí fazendo "milagres", os quais, depois de aplicar o seu ritual de magia,"receitam" uma série de medicamentos para o doente tomar ou aplicar em suaenfermidade. O doente sara, porque os remédios atuaram, mas quem leva a fama sãoeles, os curandeiros, com suas magias milagrosas.

Sempre que falamos com alguém sobre esse assunto, lançamos o seguinte desafio:Passe de agora em diante a fazer tudo o que você tem feito, quando jejua, menos o

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 jejum. Isto é, separe um dia para estar a sós com Deus, ore, medite, leia a Bíblia, cantelouvor ao Senhor e clame pela Sua ajuda naquilo que você esteja necessitando. E veja seDeus não lhe vai atender, como tem feito das outras vezes. Ou, por outro lado, faça aocontrário: Só jejue, um dia, dois, quantos quiser, mas não faça outra coisa, não ore, nãomedite, não louve a Deus, não leia a Bíblia, e veja qual vai ser o resultado desse jejum.Nada; a não ser resultados de caráter psicológicos, que já tratamos atrás.

Essa é a verdade, caros leitores. O crente piedoso e sincero na sua fé, diante de umproblema qualquer coloca-se na presença do seu Deus em busca do socorro. Nesse seuafã, introduz também o jejum. Deus que é misericordioso e não olha para os fatoresexteriores, mas para a sinceridade de coração do seu filho, atende-o na sua necessidade,sem que o jejum tenha tido alguma utilidade no caso. Mas, infelizmente, o jejum é quetem levado a fama e isso tem contribuído para aumentar o número de jejuadores. Por issoa Bíblia nos exorta: "Examinai tudo, retende o bem" (I Tes. 5:21). Esse é nosso dever;todas as coisas precisam ser examinadas, e isso, à luz da Palavra de Deus.

7.  Superstição

Na verdade, temos muitos crentes supersticiosos em nosso meio evangélico. Certavez, quando de um batismo realizado numa pequena Igreja do interior do nosso Estado,um irmão, e não tão simples assim, levou uma garrafa vazia para encher com água do rioretirada no momento do batismo. Disse ele que era para fazer remédio. É até umasuperstição um tanto contraditória, pois se naquela água houvesse de ter algum produtosaído do batismo, esse produto seria o pecado dos batizandos, se crêssemos assim. E opecado não teria poder para curar alguma coisa. Seria mais uma dose de pecado para ocoitado do pecador que estava doente. Mas, esta aí, foi um crente que saiu com essa.

Outros acham que oração poderosa é aquela que é feita pela madrugada. Alguns

acham que Deus só atende quando se ora dentro de um Templo. Muitos só acreditam emorações feitas de joelhos. E os jejuadores acham que o jejum é a chave para despertar amisericórdia de Deus. São superstições. E superstições evangélicas, diríamos.

 Assim o crente, ora, pede, clama, e, por um motivo ou outro que não sabemos porque, Deus não o atende, ou parece que não o atendeu. Talvez por não estar dentro davontade de Deus. Ou quem sabe que algum pecado vem prejudicando a vida daquelecrente, e ele não tem pensado nisso. Então, lá vem a superstição, e o crente começa a jogar com tudo que tem, e é aí que entra o jejum. E às vezes é alguém que lhe insinua: Oirmão precisa orar em jejum; deixe de dar lugar a matéria; dê lugar ao espírito. E é aí quemuitas vezes entra também o fator psicológico de que tratamos anteriormente: Realmente

ele passa a notar que só consegue grandes vitórias quando ora em jejum. Todavia, nadamais é que simples superstição.

8.  Inato espírito de sacrifício do ser humano

Por um fator biológico qualquer, que desconhecemos, o ser humano já traz na suanatureza esse espírito de sacrifício. Aliás, ensina a Biologia que o óvulo maternoempreende um grande sacrifício para deixar o ovário e transportar-se até o útero. É comsacrifício e dando sacrifício que a criança vem à luz, para, por toda a sua vida empreenderum sacrifício constante pela existência. Então isso faz com que o ser humano passe aconceber que as grandes coisas, as grandes vitórias, só serão alcançadas a custa desacrifícios.

E isso tem afetado a vida espiritual com respeito à religião. "Que hei de fazer paraherdar a vida eterna", perguntou o moço rico. "Que é necessário que eu faça para me

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salvar?" perguntou o carcereiro de Filipos. Simão, o mágico, quis pagar com dinheiro odom do Espírito Santo. Os pagãos, que não têm entendimento cristão, naturalmente criamas suas religiões baseadas em sacrifícios. Muitas religiões hoje, consideradas cristãs, tirampartido dessa fraqueza natural do indivíduo e prescrevem exercícios sacrificais para que osseus fiéis alcancem bênçãos. É o que acontece principalmente com a Igreja Católica, e,para que não dizer, até no meio evangélico. Isso tem feito com que muitas pessoas não

entendam e não aceitem a simplicidade da mensagem evangélica de salvação, dizendoque um pecador não pode ser salvo pela simples aceitação de Jesus Cristo como seuSalvador. Acham que precisam de muitas outras coisas e muito sacrifício.

E o crente em Jesus Cristo, vindo em grande parte desses ambientes, e trazendo nosangue também esse germe de sacrifício, não pode entender, muitas vezes, que venha aalcançar grandes bênçãos de Deus sem qualquer sacrifício, sem qualquer maceração doseu próprio corpo e espírito, vindo daí o fato de aceitar o jejum como uma forma especialde sacrifício. Só mesmo o estudo da Palavra de Deus e a confiança total no seu poder, olibertará de tudo isso. Jesus Cristo asseverou: "Errais, não conhecendo as escrituras, enem o poder de Deus" (Mat. 22:29). E outra vez: "E conhecereis a verdade, e a verdade

vos libertará" (João 8:32).

2º QUANDO O JEJUM É VÁLIDO PARA O CRENTE

Como preceito religiosos, de caráter espiritual, para ser praticado como uma parteda vida devocional, o jejum nunca é válido na vida do crente, pelos fatos já expostosneste livro. Porém, há algumas circunstâncias que podem levar o crente a jejuar. Jejumocasional, circunstancial. Vamos alinhar, abaixo, alguns casos principais de jejunscircunstanciais, e até com um certo toque religioso, em que o crente pode jejuar.

1.  Jejum em benefício da saúde

Muitos crentes estão doentes, e até correndo o perigo de morte, porque estãoincursos no pecado da glutonaria. Comem tudo e de tudo em prejuízo da própria saúde. Esabendo que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, precisamos nos abster daquiloque o prejudique. Então um jejum de vez em quando faz bem à saúde e é necessário.Bem como certo regime alimentar é de muita importância para a saúde. Às vezes, issoobedece a prescrições médicas, mas nós mesmos temos condições para saber quandodevemos ou não comer certos alimentos e até mesmo quando devemos deixar de comer

alguma coisa.

2.  Jejum em benefício do próximo

Quantas vezes nós estamos de barriga cheia, comendo do bom e do melhor, e onosso próximo, ao nosso lado, às vezes um irmão em Cristo, está passando fome, sem ternada para si e para os seus filhos. Apenas nos mostramos penalizados daquela tristesituação e nos alheamos com a desculpa de que também somos pobres e temos nossasresponsabilidades com nossa família. E se fizéssemos um jejum, dando o nosso alimentoou o dinheiro correspondente para amenizar um pouco a fome daquele que nada tem?

Estamos informados de que nos Estados Unidos, os batistas do Sul, em todas asconvenções estaduais, estão promovendo atualmente (abril de 1975) uma grandecampanha alimentícia em favor dos que sofrem fome no mundo, principalmente na Ásia.

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Como parte da campanha, famílias estão fazendo semanalmente um dia de jejum, semcontar as crianças, é ló¬gico, usando o dinheiro que seria gasto em alimentos naquele diapara enviar às diversas partes do mundo onde existe fome e miséria. Inclusive a MissãoBatista de Richmond é uma das instituições que estão recebendo os donativos com essafinalidade. Isso sim é um jejum que merece aplausos e que é recebido por Deus. Aomesmo tempo em que conseguem verbas para os pobres e famintos, sentem na própria

carne a dor da fome, numa perfeita identificação com aqueles que sofrem (Ler Heb.13:16).

Por curiosidade, fizemos o seguinte cálculo: Se cada batista brasileiro contribuíssecom o correspondente de um dia de jejum semanal, durante um mês, considerando-se umgasto per capita de Cr$ 20,00 por dia e um total de 300.000 batistas, levantaríamos umtotal aproximado de Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros), num mês,para beneficiar os que têm fome. Valeria à pena um jejum assim.

3.  Jejum em benefício da vida espiritual e devocional do crente

Não resta dúvida de que a comida tem realmente prejudicado a vida espiritual edevocional de muitos crentes. Alguns não assistem aos cultos dominicais para não perdera hora do almoço. Muitas irmãs estão impedidas de irem à Escola Bíblica Dominical porqueprecisam preparar um bom almoço segundo as exigências do esposo e dos filhos, que sãocrentes também. Muitas empregadas crentes, de senhores crentes, também gastam oDomingo na preparação dos diversos pratos alimentares, não podendo, por isso, ir àEscola Bíblica Dominical e outras atividades da Igreja. Outros não vão ao culto de Oração,porque não dá tempo, chegando a casa em cima da hora, a não ser que deixassem a janta para a volta. Mas isso não, disse-nos uma vez um irmão. Muitos crentes não aceitamtrabalhos em congregações em bairros distantes, onde precisam sacrificar o almoço ou a

 janta. E quantos crentes que não dão os dízimos porque têm medo de ficar sem alimento.São pessoas que se comparam aos ímpios, "cujo Deus é o ventre" (Filip. 3:19).Nesses casos, também valeria à pena um jejum. "Buscai primeiro o reino de Deus e

sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mat. 6:33). Ainda com respeito à vida devocional, é válido o crente dedicar de vez em quando

um dia ao Senhor para oração e meditação. E se naquele dia, por qualquer circunstância,ele tenha que optar em permanecer no seu momento de comunhão com Deus ou ir embusca de alimento, achamos que o ficar em comunhão com Deus é muito maisimportante. Mas observem que o jejum aí entrou como fator circunstancial e nãocerimonial, isto é, o valor está no fato do crente manter a sua comunhão com Deus e não

por estar em jejum. E se por fatores fisiológicos o jejum vai-lhe trazer problemas na suacomunhão com Deus, alimente-se primeiro para poder continuar depois na sua devoção.E, aliás, o crente não deve perder a comunhão com Deus quando alimenta-se. Deus deveestar à mesa com ele.

  Assim, discorremos um pouco sobre esses três casos principais, quem sabe queoutros haverão em que o jejum é válido na vida do crente em Jesus Cristo. Mas frisamos,são casos que se referem a jejuns circunstanciais, sem qualquer valor cerimonial, nadatendo a haver com a antiga doutrina do jejum, segundo o Velho Testamento, a qual já foirefutada neste livro como doutrina alheia aos preceitos do Novo Testamento, da Graça denosso Senhor Jesus Cristo.