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III Congresso Consad de Gestão Pública DOWNLOADS OU UPLOADS: A FUNÇÃO PÚBLICA DO ESTADO NO COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO PRODUZIDO Claudia Cristina Muller

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III Congresso Consad de Gestão Pública

DOWNLOADS OU UPLOADS: A FUNÇÃO PÚBLICA

DO ESTADO NO COMPARTILHAMENTO DO

CONHECIMENTO PRODUZIDO

Claudia Cristina Muller

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Painel 13/052 Governo aberto: disponibilização de base de dados e informações em formato aberto

DOWNLOADS OU UPLOADS: A FUNÇÃO PÚBLICA DO ESTADO NO

COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO PRODUZIDO

Claudia Cristina Muller

RESUMO O conhecimento é fundamental nas organizações de trabalho e nos processos de gestão. Identificar fontes de talento e de conhecimentos – tanto explícitos quanto tácitos – para colocá-los a serviço dos objetivos estratégicos passou a constituir-se num dos maiores desafios das organizações públicas nos últimos tempos. O presente paper apresenta as tecnologias da informação e comunicação que possibilitam criar ambientes de compartilhamento de conhecimentos e de aprendizagem coletiva, discute o Movimento Open Access e a criação de Repositórios Institucionais. Por meio da metodologia qualitativa, faz um estudo sobre as práticas de gestão do conhecimento nas organizações: Embrapa, Escola de Governo do Paraná, Rede Paulista de Inovação em Governo, Banco do Brasil, Petrobrás, Embratel e Ministério de Educação. Por fim, discute a função pública do Estado no compartilhamento do conhecimento produzido. Propõe a criação de mapas de conhecimento das organizações e o compartilhamento por meio de banco de melhores práticas, portais do conhecimento, repositórios institucionais e temáticos, educação corporativa, comunidades de prática, ou outras iniciativas. Destaca o movimento das organizações públicas no sentido de buscar constantemente criar espaços presenciais ou virtuais para compartilhar o conhecimento individual e coletivo para se transformarem em “organizações que interagem, aprendem e compartilham”. Também destaca a urgência do estabelecimento de uma Política Nacional de Acesso Livre ao Conhecimento, com diretrizes para os entes federados criarem seus próprios Planos de Gestão do Conhecimento. Palavras-chave: Compartilhamento. Conhecimento. Organizações. Acesso livre. Repositórios institucionais.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 03

2 O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO................................................ 04

3 A GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO....................................................................................................

06

3.1 As ferramentas sociais......................................................................................... 06

3.2 As redes virtuais................................................................................................... 07

4 PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES............. 09

5 O MOVIMENTO OPEN ACCESS E OS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS....... 12

5.1 A função pública do estado no compartilhamento do conhecimento produzido.. 14

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 16

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 18

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1 INTRODUÇÃO

O conhecimento é fundamental nas organizações de trabalho e nos

processos de gestão. A interação dos profissionais e o compartilhamento do

conhecimento são vitais para a criação de novos produtos, serviços ou processos no

Setor Público.

No contexto organizacional, a palavra conhecimento normalmente é

entendida como experiência acumulada originária dos atos e palavras das pessoas:

É uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPORT & PRUSAK, 1998, p. 6)

Os valores e crenças fazem parte do conhecimento, pois determinam,

muitas vezes, aquilo que o conhecedor vê, absorve e conclui a partir das suas

observações. Assim, pessoas com valores diferentes “vêem” diferentes coisas numa

mesma situação e organizam o seu conhecimento a partir dos seus valores.

O trabalhador inserido na sociedade do conhecimento não é um mero

executor de tarefas, mas um profissional mais autônomo que estabelece a sua

própria lógica de trabalho com criatividade, mais flexível e multidisciplinar, que aplica

o conhecimento em situações diárias de trabalho. O profissional se integra em

equipes de trabalho, compartilha seu conhecimento, agrega e internaliza novos

conhecimentos, e aplica-os para solucionar os problemas na organização.

Para que essas relações sejam apreendidas e tenham sentido, é

necessário que o profissional passe por complexas experiências, enfrente diversas

circunstâncias e participe de equipes que questionam, descobrem e compreendem o

mundo a partir de interações com o contexto social e histórico. Dessa forma, ele

pode ser ativo, criativo e sobretudo interativo, porque forma conhecimentos a partir

de relações intra e interpessoais.

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2 O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

O processo de conversão do conhecimento nas organizações, conforme

Takeuchi & Nonaka (2005:96), compõe-se de quatro fases, na forma de espiral,

envolvendo a interação dos conhecimentos tácitos e explícitos, a saber: o

compartilhamento do conhecimento tácito, compreendendo a fase de socialização;

o conhecimento tácito é convertido em conhecimento explícito, sendo a fase de

externalização; a terceira fase compreende a validação do conceito criado, quando

a organização decide por adotá-lo (combinação); Em quarto lugar, os conceitos

criados são convertidos em protótipos ou produtos (internalização). Acrescente-se a

isso a ampliação do conhecimento de um setor para outros setores ou para toda a

organização, e assim sucessivamente

Wiig (2002) estrutura e prioriza as atividades de gestão do conhecimento

pelo que ele chama de “Ciclo de Evolução do Conhecimento Organizacional”,

considerando cinco estágios:

(i) criação do conhecimento (o conhecimento é desenvolvido por meio da aprendizagem, inovação, criatividade e da importação do conhecimento externo à organização); (ii) aquisição do conhecimento (o conhecimento é capturado, armazenado para uso, reuso e para um tratamento mais aprimorado em outras atividades organizacionais); (iii) refinamento do conhecimento (o conhecimento é organizado e transformado em algum material impresso ou embutido em bases de conhecimento, tornando-o disponível para uso); (iv) disponibilização e distribuição do conhecimento (o conhecimento é distribuído para pontos-de-ação – pessoas, práticas, embutidos em tecnologias e procedimentos, entre outros, por meio da educação, programas de treinamento, sistemas automatizados de conhecimento, redes de especialistas, etc.; (v) aplicação do conhecimento (o conhecimento é aplicado ou exerce influência nos processos de trabalho, sua aplicação torna-se a base para a aprendizagem e a inovação). (LEITE & COSTA, 2006, p. 210)

Portanto, o compartilhamento de conhecimento é uma das maiores fontes

de inovação. Quanto mais conhecimento se acumula, quanto mais trocas de idéias,

quanto mais discussões, maiores são a chances de novas descobertas. Para isso,

as organizações devem incentivar parcerias internas e externas e valorizar a

participação dos seus funcionários em projetos de pesquisa que envolvam um

significativo número de parcerias.

O aprender com o outro, pelo processo de observação, é uma antiga

forma de aprendizado. E no ambiente organizacional, os modos mais utilizados de

aprender com o outro são pelos relatos e pelas práticas. Portanto, as organizações

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devem favorecer a interação entre as pessoas, facilitando a formação de grupos

informais para discutir assuntos relacionados aos seus processos de trabalho e,

dessa forma, o conhecimento organizacional firma-se como uma rede de

conhecimentos.

Esse conceito de trabalho em rede traz, em si, a idéia de colaboração

sem hierarquização, de horizontalidade, permitindo aos participantes trazer, à

discussão, os seus conhecimentos tácitos e explícitos. Por conseguinte, a proposta

de “rede” traz embutida a memória de pertencimento e de colaboração, de

valorização dos funcionários (empowerment). Assim, o grande desafio das

organizações de aprendizagem parece ser a consolidação de redes colaborativas

(virtuais e presenciais).

Segundo Caio Marini,

um aspecto importante no debate contemporâneo sobre as organizações públicas diz respeito à adoção de mecanismos de gestão compartilhada baseados na cooperação e no comprometimento, em substituição aos sistemas de trabalho tradicionais centrados no comando e no controle. Isso significa a evolução de práticas de gestão tipicamente hierárquicas para o desenvolvimento de uma nova capacidade institucional voltada para a atuação em rede. (MARINI, 2005, p.7)

Assim, identificar fontes de talento, de conhecimentos – tanto explícitos

quanto tácitos – para colocá-los a serviço dos objetivos estratégicos passou a

constituir-se num dos maiores desafios das organizações nos últimos tempos. E,

nesse movimento, não se pode deixar de valorizar as experiências que cada grupo

ou indivíduo desenvolve no seu processo de aprender. Aprender é, pois, um

processo ativo; aprende-se com as ações e reações que se pratica, com o propósito

de agregar valores aos indivíduos e às organizações.

Nesse processo, as tecnologias da informação e comunicação

possibilitam criar ambientes de compartilhamento de conhecimentos e de

aprendizagem coletiva.

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3 A GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO

Observa-se uma estreita relação entre a gestão do conhecimento e as

tecnologias da informação e comunicação. Essa convergência se dá com o

crescimento exponencial da informação associado à necessidade de compartilhar

tarefas e conhecimentos no Setor Público, combinando groupwares, portais,

multimídia e redes de telecomunicações para trabalharem de modo unificado a

gestão do conhecimento via Internet.

De fato, esta integração envolve não apenas a tecnologia (no sentido de

hardware), mas também a ecologia do conhecimento facilitadora do fluxo de

informações (por meio de repositórios institucionais, por exemplo), da comunicação

entre pessoas, da interatividade e do feedback, uma vez que tanto o conhecimento

quanto a aprendizagem se beneficiam do relacionamento em comunidades (de

práticas, de aprendizagem, de interesses), sem falar que a aprendizagem (via

cursos formais, learning by watching / aprender pela observação e learning by

doing/aprender fazendo) é a principal vertente para aquisição do conhecimento

organizacional.

3.1 As ferramentas sociais

A busca da inovação nas organizações caminha para o uso intensivo das

ferramentas sociais, ambientes de apoio à construção do conhecimento, na maioria

dos casos, gratuitas ou com custos simbólicos.

Para que a interação entre os profissionais aconteça, muitas são as ações

que podem ser planejadas pela organização. O uso das ferramentas sociais é uma

das práticas de grande sucesso em comunidades globais na Internet.

Segundo AGUNE1 (2008),

sites como a Wikipedia, YouTube, Orkut, Blogger e Google, entre os principais, vão além do fornecimento de ferramentas, ofertam um ambiente integrado e interoperativo onde o conhecimento pode ser organizado, publicado, melhorado e redistribuído constantemente, com usabilidade e facilidade de uso e acesso. (AGUNE, 2008, p. 1)

1 Roberto Meizi Agune é coordenador do GATI – Grupo Técnico de Apoio à Inovação, da Secretaria de Gestão Pública do Governo de São Paulo.

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As ferramentas sociais têm inúmeras vantagens, algumas delas melhor

entendidas quando comparadas com a utilização dos tradicionais sistemas de

gestão de conhecimento e conteúdo. A web 2.0 trouxe inúmeros benefícios para a

gestão de conhecimento, pois são muito fáceis de aprender e utilizar e permitem o

compartilhamento da informação e do conhecimento dentro de uma filosofia de

compartilhamento e acesso livre. Também, criam contextos virtuais ideais para

compartilhar o conhecimento, com grande autonomia dos usuários, que contribuem

espontaneamente e de forma instantânea; e possibilitam a criação de comunidades

de usuários em torno de temas ou áreas de interesse.

Diante de todas essas vantagens, as ferramentas sociais suportam a

gestão de conhecimento. As ferramentas sociais podem, por exemplo, ser usadas

para criar comunidades públicas online que lhes permitam recolher informação sobre

os seus potenciais clientes ou agregar informação em um determinado projeto.

Também ajudam a identificar pessoas com interesses semelhantes ou

complementares. Uma vez em contato, as ferramentas sociais podem facilitar os

diálogos e atividades de colaboração das quais pode nascer novo conhecimento.

3.2 As redes virtuais

Uma rede virtual é uma comunidade de pessoas que utilizam uma série

de ferramentas tecnológicas para interagir.

E o que é uma comunidade virtual? Podemos definir comunidade virtual

como um grupo de pessoas que compartilha interesses comuns (objetivo) e

estabelece relações sociais de confiança utilizando um espaço virtual (Internet).

Quando os participantes têm a capacidade de compartilhar e gerar

informações e conhecimento a fim de aplicá-lo para um propósito são geradas redes

de conhecimento que fomentam a aprendizagem e a melhoria contínua.

As redes de conhecimento podem ser úteis por inúmeros motivos: (i)

ajudam a gerar e difundir conhecimento; (ii) fomentam e fortalecem as relações com

contatos de interesse em âmbitos temáticos similares; (iii) filtram materiais e

documentação especializados; (iv) propiciam um acesso fácil a informações difíceis

de conseguir de outra forma (relações de confiança); e (v) oferecem novas

perspectivas para a resolução de problemas.

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Castells (1999), no seu livro A Sociedade em Rede, destaca que as

redes, nas organizações, podem ser consideradas: (i) espaço ou ferramenta de

integração e compartilhamento do conhecimento; (ii) instrumento para a gestão da

informação e do conhecimento; (iii) espaço para a produção colaborativa

(inteligência coletiva); e (iv) estratégia da organização com padrão de comunicação

horizontalizada, distribuída.

As redes são estratégia excelente para o alcance dos objetivos que

dependem de colaboração e cujos benefícios possam ser compartilhados. Toda

rede, independente dos objetivos para os quais tenha sido idealizada, é um

dispositivo para o gerenciamento da informação e do conhecimento.

No caso das redes internas na administração pública, o desafio é

conseguir acionar e “institucionalizar” aquelas redes informais, transformando-as em

estruturas formais, planejadas. Segundo Amaral2 (2009),

a dificuldade, particularmente em estruturas e processos muito verticalizados, burocráticos e autoritários, é criar um clima de acolhimento e confiança que estimule e torne possível o desenvolvimento de uma cultura referenciada na colaboração, na valorização da autonomia, no reconhecimento da interdependência, no respeito às diferenças e à diversidade. (AMARAL, 2009, p.8)

Nas redes operativas, é importante identificar os líderes para nutrir a rede.

Amaral (2009, p. 8) destaca que “todo o processo da articulação de redes está

sustentado nas pessoas, em suas relações ponto a ponto, na credibilidade dos

facilitadores, nos relacionamento interpessoais”.

2 Retirado de http://nutriredes.wetpaint.com/. Vivianne Amaral, jornalista, gerente de comunidades virtuais, facilitadora de grupos presenciais, redes operativas

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4 PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES

A seguir, apresenta-se práticas de gestão do conhecimento nas

organizações que, de acordo com Batista (2004, p. 06), são práticas de gestão

organizacional voltadas para a produção, retenção, disseminação, compartilhamento

e aplicação do conhecimento dentro das organizações, bem como na relação dessa

com o mundo exterior.

As práticas ou iniciativas em gestão do conhecimento classificam-se em:

memória organizacional, mapeamento do conhecimento, educação corporativa,

comunidades de prática, sistemas de informação, portais do conhecimento

corporativo, gestão de pessoas, gestão de conversas, benchmarking etc. (NUNES

SILVA, 2006).

Vale mencionar Davenport et al. (1998) que, ao concluírem um estudo

sobre gestão do conhecimento, identificaram os objetivos da gestão do

conhecimento em quatro categorias: (i) para criar repositórios de conhecimento; (ii)

para melhorar o acesso ao conhecimento; (iii) para melhorar o ambiente do

conhecimento; e (iv) para gerir o conhecimento como um bem.

Em se tratando das organizações públicas, descreve-se um quadro-

sumário (Quadro 1) com as práticas de gestão do conhecimento. Das iniciativas

pesquisadas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Rede

Paulista de Inovação em Governo se destacam pela utilização das ferramentas de

gestão do conhecimento e dos espaços criados para a comunicação interpessoal.

INICIATIVA DESCRIÇÃO / OBJETIVO

Comunidade de Prática

É um instrumento de suporte às equipes, líderes e gerentes de projeto e às redes de pesquisa no que tange à coleta, ao armazenamento, à disponibilização e fomento ao compartilhamento de informações e conhecimentos. O objetivo é captar e compartilhar lições aprendidas com a prática.

Comunidades Virtuais

É um espaço virtual de interação na web, onde comunidades virtuais, compostas de pesquisadores e técnicos, se formarão e compartilharão informações e conhecimentos por meio de: fórum de discussão, chats, bancos de documentos, banco de sites, banco de pesquisadores e instituições, download de arquivos, mecanismos de buscas de informação, etc. O objetivo é compartilhar conhecimento explícito. Um exemplo é o Fórum Permanente para Adequação Fitossanitária, onde a sociedade brasileira discute as necessidades e propõe ações de adequação fitossanitária para o sistema agrícola nacional.

EM

BR

AP

A

Agência de Informação Embrapa

A Agência de Informação Embrapa é uma ferramenta de organização, armazenamento e disseminação do conhecimento, além da democratização do acesso à informação tecnológica gerados pela Empresa e disponíveis de forma gratuita na web. O uso dessas informações promove mudanças significativas no comportamento dos agentes do agronegócio, contribuindo para promover ganhos de competitividade ao setor. Público-alvo: Produtores rurais, técnicos, pesquisadores, professores, estudantes, agentes do agronegócio, associações, cooperativas, institutos de pesquisa, universidades, empresas de consultoria, órgãos do governo.

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Memória Embrapa

O Sítio Memória Embrapa se propõe a divulgar o legado histórico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para compartilhá-lo com aqueles que fazem, ou fizeram, parte de sua trajetória, e possibilitar o exame da contribuição desta Empresa tanto para a pesquisa agropecuária nacional como para diversos âmbitos da esfera social brasileira.

Prosa Rural – Programa de Rádio

Informações para melhorar a vida das pessoas do campo, com músicas de artistas locais, receitas, dicas, poesias, utilidade pública. Pelo rádio, o produtor fica sabendo como plantar e colher os melhores frutos do seu trabalho no campo.

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Par

aná Repositório

Institucional SabeRES em Gestão Pública

O SabeRES é um espaço digital de armazenamento, preservação, divulgação e acesso à produção do conhecimento em gestão pública. Caracteriza-se como um repositório institucional de acesso livre, que disponibiliza na Internet a produção técnico-científica oriunda das ações da Escola de Governo do Paraná, do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (CONSAD) e da Rede Nacional de Escolas de Governo. O SabeRES tem ampla tipologia de documentos relativos à gestão das organizações públicas: artigos, resenhas, relatórios técnicos, anais de congressos e seminários, livros e periódicos, materiais didáticos, arquivos de vídeos, manuais, bibliotecas digitais. http://www.saberes.seap.pr.gov.br

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Rede Paulista de Inovação em Governo

A Rede Paulista de Inovação em Governo é um ambiente virtual de colaboração, interação e qualificação, onde os funcionários públicos podem compartilhar soluções e experiências voltadas à melhoria da gestão pública. O projeto estimula e orienta o uso de ferramentas sociais, onde o servidor poderá rapidamente criar, publicar e divulgar iniciativas inovadoras. Os principais elementos deste ambiente são os seguintes:

Portal iGovSP http://www.igovsp.net

Blog iGovBrasil http://www.igovbrasil.com

Blog iGovSP http://igovsp.blogspot.com

Blog iGovSaber http://igovsaber.blogspot.com

Blog do Projeto SMS http://smsigovsp.blogspot.com

Site Compras Sustentáveis http://www.comprassustentaveis.net

Canal de PodCast Pensando Alto http://igov.podbean.com/

Tutorial iGovExplica http://www.igovsp.net/igovexplica

Canal de Vídeo iGov Flash http://www.vimeo.com/igovspflash

Canal de Vídeo Persona http://vimeo.com/canaligovpersona

Canal de Vídeo O que você pensa? http://vimeo.com/canaligovoquevocepensa

Canal Interativo iGovSP http://igovspinterativo.blogspot.com

Comunidade NósGov http://igovsp.ning.com

Portal da Universidade Corporativa

O Portal dispõe de diversos conteúdos (artigos, entrevistas, resenhas, notícias e eventos) e funcionalidades. Além disso oportuniza o acesso a bibliotecas virtuais, certificações em idiomas, cursos gratuitos on line, editoras e livrarias, jornais e revistas. Também tem informações de toda a programação da Universidade Corporativa.

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Comunidade de Aprendizagem

O objetivo da comunidade de aprendizagem do Banco do Brasil é compartilhar conhecimentos com a cadeia de relacionamentos e com a sociedade e disponibilizando notícias, informações e conteúdos relacionados com desenvolvimento profissional.

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Comunidades virtuais

Na Petrobras as primeiras comunidades de prática foram implantadas em 1998, denominadas Comunidades Virtuais, e definidas como redes de colaboradores internas à empresa, caracterizadas pela troca permanente de informações e conhecimentos, por meio da web. Qualquer funcionário pode propor a criação de uma comunidade, mas esta é desenvolvida pela área responsável pela infraestrutura, em parceria com o solicitante, que normalmente se torna moderador da comunidade.

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Em

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tel Comunidade

Virtual de Melhores Práticas

A implantação das comunidades de prática na Embratel foi iniciada em 2002, com o objetivo de ser um ambiente de aprendizado cooperativo para a troca de melhores práticas de engenharia e operações de telecomunicações. Os empregados inserem os seus casos para serem avaliados como melhores práticas. Cada caso é apresentado pelo seu autor em reuniões periódicas de webconferência para visualização do conteúdo apresentado. Durante as reuniões são identificadas as oportunidades de transferência de práticas mediante as manifestações dos participantes. As intenções de adoção de uma melhor prática são registradas e se inicia o processo de transferência do conhecimento. Esse processo é o que efetivamente atribui valor à empresa. Quanto aos incentivos, os casos avaliados como melhores práticas são publicados no acervo de conhecimento disponível na intranet para toda a empresa.

ME

C

Portal Domínio Público

Ambiente virtual que possibilita a coleta e o compartilhamento de conhecimentos, e viabiliza um acesso rápido às obras literárias de domínio público e de cultura geral.

Quadro 1: Práticas de Gestão do Conhecimento nas Organizações Públicas Fonte: A autora. Retirado de bases de dados na Internet.

Com os exemplos de práticas mencionadas, percebe-se a importância de

se utilizar as comunidades virtuais de aprendizagem, de compartilhar os materiais

produzidos (visando a otimização dos recursos e a melhoria da qualidade) e,

principalmente, a importância do trabalho em rede, ou seja, a formação de

comunidades que se relacionam de forma coordenada e autônoma, seja presencial

ou virtualmente.

Outra estratégia de gestão do conhecimento é o desenvolvimento de um

Portal de Conhecimento, fundamental para a viabilização da transformação do

conhecimento tácito em conhecimento explícito. Este portal deve estar em

desenvolvimento contínuo, a partir de ambientes colaborativos, podendo assim,

servir de ferramenta para toda evolução do projeto. Esse portal deve conter as mais

diversas técnicas de interação, armazenamento e manipulação de informações a

serem testadas e utilizadas pela equipe do projeto e seus colaboradores,

contribuindo assim para definição da plataforma de tecnologia de informação a ser

idealizada para modelo de gestão do conhecimento a ser proposto.

A visão é criar situações que permitam aos agentes públicos discutir

problemas comuns e começar a solucioná-los por meio da aprendizagem coletiva.

Assim, as organizações colocam-se como learning organizations, ou seja, centros de

excelência e de aprendizagem permanente.

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5 O MOVIMENTO OPEN ACCESS E OS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS

O Movimento Open Access tem como filosofia a disponibilização livre na

Internet de documentos de caráter acadêmico, científico, técnico e até mesmo

portifólios individuais (conhecimento tácito) para que qualquer pessoa possa ler,

dispor, fazer downloads, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar (link) o

texto integral dos documentos.

Ao visar a disseminação do conhecimento, a criação de um repositório vai

ao encontro do documento “Berlin Declaration on Open Acess to knowledge in the

Sciences and Humanities”:

Nossa missão de disseminação do conhecimento estará apenas pela metade se a informação não se fizer realmente e largamente disponível para a sociedade. Novas possibilidades de disseminação do conhecimento, não apenas por meio da forma clássica, mas também e de forma crescente, por meio de paradigmas de arquivos abertos via Web têm que ser encorajados.

E também com o “Budapest Open Acess Initiative”:

A nova tecnologia é a Internet a distribuição eletrônica possibilita, a uma escala mundial, a publicação de revistas científicas e técnicas dotadas de comitê científico (peer review), de forma gratuita e sem restrições de acesso a investigadores, docentes, alunos e gestores públicos. A eliminação de barreiras de acesso à literatura científica ajuda a acelerar a investigação, a enriquecer a educação, a atenuar a distância, a tornar a informação o mais útil possível, e a cimentar as bases para uma união da humanidade por meio do diálogo intelectual e a procura do conhecimento. Por esse motivo optamos por disponibilizar em rede, gratuitamente e sem restrições, a produção do conhecimento em Gestão Pública.

Os Repositórios são construídos dentro da filosofia da Iniciativa dos

Arquivos Abertos (Open Archives) e tem duas vias: (i) revistas com acesso livre,

onde os artigos ficam disponíveis sem restrições desde a sua publicação; (ii) o auto-

arquivamento pelos autores dos seus trabalhos em repositórios institucionais de

acesso livre.

Segundo HARNAD (2003), os Repositórios Institucionais permitem:

a) o auto-arquivamento3 da produção científica institucional; b) o gerenciamento de coletâneas digitais institucionais; c) a disponibilização de material para a educação a distância; d) publicações eletrônicas (e-books); e) a preservação da memória institucional.

3 Auto-arquivamento é o depósito de um documento por parte do próprio autor ou pessoa autorizada em um arquivo digital de acesso livre, sobretudo em repositórios institucionais ou temáticos. No auto-arquivamento o próprio depositante descreve o seu documento de acordo com os metadados estabelecidos no sistema pela instituição gestora do arquivo digital.

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O Quadro 1 mostra as principais características dos repositórios

institucionais:

Característica Justificativa Acesso público transparente A máxima é “dar acesso ao público o investimento público”

Ampla tipologia de documentos

Não existe uma limitação de documentos a serem disponibilizados. Importante é que os repositórios atendam à sua função de compartilhamento de materiais, de produção intelectual.

Conteúdo heterogêneo

Quanto mais heterogêneo for o conteúdo disponibilizado, tanto melhor. Isso em termos de multiplicidades de abordagens, de “olhares”, de localização dos autores dos materiais, de caracterização local, de experiências nacionais e internacionais e até regionais ou focadas.

Multidisciplinaridade Quanto mais trans, inter e multidisciplinar for um conteúdo, tanto melhor.

Preservação digital Entregar um mesmo conteúdo em diferentes mídias para que um maior número de pessoas tenha acesso, das mais diferentes formas.

Quadro 1: Características dos Repositórios Institucionais Fonte: A autora

É importante relacionar os tipos de documentos aceitos pela maioria dos

repositórios: artigos, pré-prints, relatórios técnicos, anais de congresso, livros,

periódicos, teses e dissertações, material de pesquisas, softwares, modelos de

visualização e simulação, publicações multimídia, registros administrativos, dados

bibliográficos, imagens, arquivos de áudio e vídeo, coleções de bibliotecas digitais,

materiais didáticos, links para páginas web etc.

O Movimento de Recursos Educacionais Abertos (REAs) é outro

movimento de apoio à inovação em educação e de amplo acesso ao conhecimento.

Segundo Konrad Osterwalder, Reitor da United Nations University, “a Universidade

das Nações Unidas contribui decididamente para oferecer todos os conteúdos

produzidos pelos seus programas educacionais. Outras agências das Nações

Unidas deverão seguir este exemplo e fomentar o crescimento dos Recursos

Educacionais Abertos, globalmente”

Mas o que são os Recursos Educacionais Abertos? Segundo a UNESCO –

CERI, os REAs compõem o conjunto de “materiais digitalizados oferecidos livre e

gratuitamente, abertos para educadores, pesquisadores, estudantes e auto-

aprendizes para uso e reuso em atividades docentes de aprendizagem e de

pesquisa”.

O compartilhamento de materiais didáticos por meio de Recursos

Educacionais Abertos oportuniza maior controle e acompanhamento do investimento

feito em pesquisa, uma vez que os repositórios institucionais poderão fornecer

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indicadores úteis para as políticas públicas. Como conseqüência, é o investimento

público em pesquisa retornando ao público, ou seja, o conhecimento produzido

resultante do investimento dos cofres públicos disponíveis a qualquer pessoa, a

qualquer tempo, em qualquer lugar.

5.1 A função pública do estado no compartilhamento do conhecimento

produzido

A gestão do conhecimento tem sido implementada a partir de duas

estratégias ou vias: a dourada e a verde. A via dourada caracteriza-se pela

construção de manutenção de revistas de livre acesso. Ou seja, o usuário tem

acesso livre de custos aos artigos publicados em periódicos científicos.

A via verde é uma estratégia que promove a criação de repositórios

institucionais (RI), combinados com o estabelecimento de políticas que obrigam os

pesquisadores a depositar cópias dos seus trabalhos publicados em revistas

científicas. No Brasil, ambas as estratégias, dourada e verde, têm sido implantadas

em razão da atuação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

(Ibict). Pode-se sugerir, a partir dessas considerações, que todas as instituições

públicas (universidades, escolas de governo, institutos de pesquisa, etc) colocassem

suas bases de dados em repositórios institucionais (RI) e que se estabelecesse uma

política de acesso livre e de compartilhamento de toda a produção nacional

financiada por agências de fomento e por órgãos da administração pública.

Diante desse cenário, voltamos ao título do paper: Downloads ou

uploads? Qual a função pública do Estado no compartilhamento / disseminação do

conhecimento produzido?

A função pública do Estado é criar mapas de conhecimento das

organizações e compartilhá-los por meio de banco de melhores práticas, portais do

conhecimento, repositórios institucionais e temáticos, educação corporativa,

comunidades de prática, ou outras iniciativas de gestão do conhecimento.

As organizações públicas devem buscar constantemente criar espaços

para compartilhar o conhecimento individual e coletivo para se transformarem em

“organizações que interagem, aprendem e compartilham”.

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Nessa perspectiva, as empresas criadoras de conhecimento seriam

aquelas que criam sistematicamente novos conhecimentos, disseminam-nos na

organização inteira, e rapidamente, os incorporam a novas tecnologias e produtos.

(TERRA, 2005, p.83).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O movimento de acesso livre é irreversível. A disseminação do

conhecimento é, e será cada vez mais, altamente estratégica a qualquer nação e

seu povo, trazendo consigo a otimização logística e de recursos, físicos e humanos,

além de benefícios sociais à população.

Qualquer tipo de documentos produzidos, monografias, dissertações ou

teses, livros, documentos técnicos e científicos, esquecidos em estantes não

cumprem sua função social em toda sua potencialidade.

Entende-se que a reutilização do conhecimento existente é, sem dúvida,

uma maneira de se inspirar no que de bom existe, com o objetivo de queimar etapas

na construção de um processo, reduzir tempo e custos de aprendizagem e agregar

valor aos resultados.

No entanto, mais importante do que fazer downloads do que já está

publicado, é promover ações para estimular os servidores públicos a fazer uploads

de documentos, colocando o seu conhecimento explícito à disposição do Serviço

Público.

As organizações públicas devem estar voltadas para a aprendizagem

(learning organization), propiciando ambientes de aprendizagem contínua, no qual

as pessoas possam criar, adquirir e compartilhar conhecimentos. Com isso, buscar

formas inovadoras de enfrentar os problemas e de propor soluções adequadas à

realidade e ao contexto organizacional.

Portanto, é de extrema importância que as organizações públicas

desenvolvam seus repositórios institucionais e temáticos, publicações eletrônicas,

etc, dentro do movimento de acesso livre e recursos educacionais abertos. Também

é urgente o estabelecimento de uma Política Nacional de Acesso Livre ao

Conhecimento, que dará as diretrizes para os entes federados criarem seus próprios

Planos de Gestão do Conhecimento.

Concluimos este paper com a Declaração da Cidade do Cabo para a

Educação Aberta4, de setembro de 2007, que conclama, por meio de três

estratégias:

4 Movimento emergente que combina a tradição de compartilhamento de idéias entre pares com a cultura interativa da Internet, Disponível em: www.capetowndeclaration.org/read-the-declaration.

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1) Estudantes e Educadores – A participação inclui criação, uso e

adaptação do conhecimento aos REAs;

2) Recursos Educacionais Abertos – Convoca autores e instituições

públicas a disponibilizar seus recursos e conteúdos abertamente e

licenciados sem restrições legais e publicados em formatos que

facilitem a revisão, tradução e aperfeiçoamento e que possam ser

utilizados em diferentes plataformas técnicas, inclusive para pessoas

com limitações físicas e para aqueles sem acesso à Internet;

3) Políticas de Educação Aberta – Governos, universidades, escolas e

dirigentes deveriam fazer das políticas de educação aberta uma

prioridade. O ideal é que todos os recursos educacionais financiados

com os impostos dos contribuintes fossem Recursos Educacionais

Abertos.

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REFERÊNCIAS

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AUTORIA

Claudia Cristina Muller – Mestre em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação (UFPR). Assessora de Planejamento e Desenvolvimento da Escola de Governo do Paraná/SEAP, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e do SabeRES em Gestão Pública – Repositório da Escola de Governo do Paraná.

Endereço eletrônico: [email protected]