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Dr. Breuer: De Volta ao Primórdio da Psicanálise. Josef Breuer, um austríaco nascido em Viena em 15 de janeiro de 1842 e falecido em 20 de dezembro de 1925 na mesma cidade, era filho de Leopold Breuer (1791-1872), um judeu liberal professor de religião em Viena, e Bertha Semler, que morreu em um parto quando ele tinha apenas quatro anos de idade. Após a morte se sua mãe, Breuer passou a ser criado pela avó materna. Quando tinha oito anos, Breuer entrou no Ginásio Acadêmico de Viena, onde passou para a Abitur – graduação para o colegial – em 1858. Permaneceu durante um ano na Universidade de Viena para estudos gerais antes de entrar na universidade médica em 1859, se formando em 1864. Após defender sua tese de doutorado em 1867 e ser premiado com o titulo Privat-Dozent, Breuer imediatamente tornou- se assistente do internista Johann Ritter Von Oppolzer (1808-1871) na clínica médica em Viena, o Instituto de Psicologia (Institute of Physiology), dirigido por Ernst Von Brüke. Foi neste contexto que, em 1880, ele conheceu Freud, 14 anos mais novo do que ele. A relação entre Freud e Breuer foi bem característica dos laços que Freud iria estabelecer durante aqueles anos e até mais tarde – uma mistura de dependência, admiração e competição. Breuer teve um papel paternal para Freud, até mesmo financiando seu colega mais novo nos anos que

Dr. Breuer de Volta Ao Primórdio Da Psicanálise

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Dr. Breuer: De Volta ao Primrdio da Psicanlise.

Josef Breuer, um austraco nascido em Viena em 15 de janeiro de 1842 e falecido em 20 de dezembro de 1925 na mesma cidade, era filho de Leopold Breuer (1791-1872), um judeu liberal professor de religio em Viena, e Bertha Semler, que morreu em um parto quando ele tinha apenas quatro anos de idade. Aps a morte se sua me, Breuer passou a ser criado pela av materna.Quando tinha oito anos, Breuer entrou no Ginsio Acadmico de Viena, onde passou para a Abitur graduao para o colegial em 1858. Permaneceu durante um ano na Universidade de Viena para estudos gerais antes de entrar na universidade mdica em 1859, se formando em 1864. Aps defender sua tese de doutorado em 1867 e ser premiado com o titulo Privat-Dozent, Breuer imediatamente tornou-se assistente do internista Johann Ritter Von Oppolzer (1808-1871) na clnica mdica em Viena, o Instituto de Psicologia (Institute of Physiology), dirigido por Ernst Von Brke.Foi neste contexto que, em 1880, ele conheceu Freud, 14 anos mais novo do que ele. A relao entre Freud e Breuer foi bem caracterstica dos laos que Freud iria estabelecer durante aqueles anos e at mais tarde uma mistura de dependncia, admirao e competio. Breuer teve um papel paternal para Freud, at mesmo financiando seu colega mais novo nos anos que estabelecia sua vida familiar. O caso de Anna O., tratado por Breuer, seria a fonte de publicaes como a famosa Estudos Sobre a Histeria (Studies on Hysteria), em 1895. Com a publicao deste livro, marcando os desacordos tericos entre os dois homens, a relao entre Breuer e Freud foi quebrada. Muitos anos depois, aps a morte de Breuer, Freud foi profundamente intencionado a aprender, de um amigo em comum, que Breuer tinha acompanhado simpaticamente a evoluo da sua vida e carreira.

Em 1868, Breuer casou-se com Matilda Altmann, que deu a luz cinco filhos: Robert, Bertha (nome dado em homenagem me do Dr. Breuer) Hammerschlag, Margaret Schiff, Hans e Dora. Quando Oppolzer morreu em 1871, Breuer desistiu da sua assistncia e entrou na prtica privada, ao passo em que conduzia pesquisas em sua casa. Ele foi eleito pela Academia de Viana de Cincia em 1894 pela nominao dos trs membros mais distintos: o mdico Ernst Mach e os fisiologistas Ewald Hering e Sigmund Exner. Em 1894 foi apontado como Membro Correspondente da Academia Imperial de Cincias.Sua filha Dora cometeu suicdio para no ser deportada pelos alemes. A neta de Breuer Hanna Schiff foi assassinada pelos nazistas. Os restantes dos seus descendentes vivem na Inglaterra, Canad e Estados Unidos.

Dados ProfissionaisQuando tinha oito anos, Josef Breuer entrou no Ginsio Acadmico de Viena, onde se graduou para o colegial em 1858. Ele ento foi para a universidade de Viena por um ano para estudos gerais, antes de entrar na universidade mdica em 1859, formando-se em 1864. Aps defender sua tese de doutorado em 1867, Breuer imediatamente tornou-se assistente do internista Johann Ritter Von Oppolzer (1808-1871) na clnica mdica em Viena. Na sua posio ele pesquisou acerca das questes fisiolgicas da temperatura na regulao da respirao. Quando Oppolzer morreu em 1871, Breuer desistiu da sua assistncia e entrou na prtica privada. No seu perodo ele fez investigaes picas na anatomia e funo do ouvido interno, descrevendo o que agora conhecido como a teoria Mach-Breuer do ouvido interno. Esta pesquisa foi a base para a sua habilitao para medicina interna em 1875, quando ele recebeu a "venia legendi" a permisso para ensinar como docente privativo. Ele desistiu da sua venia legendi 10 anos depois, provavelmente tanto por causa das altas demandas da sua prtica mdica, e porque ele sentiu que foi erradamente negado o acesso a pacientes para fins educacionais.Breuer no teve pupilos e nenhuma afiliao permanente com universidades ou institutos, mas ele foi um dos grandes fisiologistas do sc. XIX. Seu maior trabalho cientfico feito com o professor Karl Ewald Konstantin Hering em Josephinum em Vienna rendeu-lhe uma grande fama. Sua prxima pesquisa foi sua longa srie de investigaes da funo do labirinto (ouvido interno), memorvel pela sua importncia e mais ainda, pois ele a conduziu privadamente, trabalhando em sua prpria casa e financiado somente pela sua prtica mdica. Em 1873 ele descobriu a funo sensorial dos canais semicirculares no ouvido interno e sua relao com o senso de equilbrio.O conceito da teoria psicolgica de Breuer remonta do seu tratamento Bertha Pappenheim, conhecida pelo pseudnimo Anna O, uma mulher de 21 anos seriamente com distrbios mostrando vrios sintomas histricos, no vero de 1880. No seu tratamento, Breuer inventou sua catarse, ou terapia da conversa. Freud tornou-se to fascinado por este caso que seguiu detalhadamente por muitos anos, e mais tarde comeou a usar este tratamento catrtico sob o ensino de Breuer. O tratamento de Breuer de Anna O. foi o primeiro exemplo moderno da psicoterapia profunda por um longo perodo de tempo. Em 1893 Breuer e Freud somaram suas exploraes num texto "Sobre o mecanismo Psquico dos Fenmenos Histricos", e em 1895 surge uma nova forma de psicoterapia em Estudos Sobre Histeria. Em 1896 Breuer e Freud separaram-se e nunca mais se falaram. Pareceu haver desacordos sobre a questo da realidade das memrias dos pacientes terem sido seduzidos na infncia. Porm, apesar das diferenas entre os dois homens, suas famlias mantiveram contato prximo.Breuer foi um homem de interesses culturais muito grandes, amigo dos maiores intelectuais da poca. Entre seus amigos estava Ernst Mach, que conheceu na poca do seu trabalho com labirinto. Apesar da sua atividade como fisiologista e prtico clnico, Breuer tambm era profundamente interessado por filosofia e a fundao terica do Darwinismo. Seu slogan era "suum esse conservare"- preservao mental e da natureza do indivduo. Breuer foi considerado um dos melhores mdicos e cientistas de Viena, e ele era mdico de muito dos professores da faculdade de medicina, assim como de Sigmund Freud e do primeiro ministro da Hungria. Ele foi eleito pela Academia de Viana de Cincia (Viennese Academy of Science) em 1894 pela nominao dos trs dos mais distintos membros: o mdico Ernst Mach e os fisiologistas Ewald Hering e Sigmund Exner. Em 1894 ele foi apontado como Membro Correspondente da Academia Imperial de Cincias. Ao todo, Breuer publicou aproximadamente vinte artigos em fisiologia num perodo de quarenta anos.

Dados Profissionais - O Caso Anna O.Bertha Pappenheim (1859-1936), mais conhecida como Anna O., era neta de um personagem importante do gueto judeu de Pressburg e havia herdado uma grande fortuna. Seu pai era um rico comerciante de cereais em Viena e sua famlia pertencia a uma comunidade judaica estritamente ortodoxa. Sabe-se pouco sobre sua infncia e adolescncia. Ela falava ingls fluentemente, lia francs e italiano e levava a vida habitual das jovens vienenses da alta sociedade, praticando esportes ao ar livre, sobretudo a equitao.Ao nascer, seus pais j tinham uma filha de dez anos que morreu quando Bertha contava oito anos, e haviam perdido a segunda aos quatro anos. Um ano aps o nascimento da paciente, nasceu seu irmo caula, que segundo os dados aportados por Lucy Freeman, foi criado como um prncipe. Bertha sempre foi muito apegada a seu pai que lhe ensinou a ler aos quatro anos de idade. A rivalidade com seu irmo aparece em seus depoimentos, quando se queixa de que seus estudos foram medocres enquanto para ele, um estudante menos brilhante, no se pouparam quaisquer gastos. Queixava-se sobretudo, de que para ela, uma jovem inteligente e imaginativa, haviam sido destinados o piano e os bordados.Alm das dificuldades de relacionamento com o irmo, Bertha no se dava muito bem com sua rgida genitora, mas devotava ao pai que a mimava, um amor verdadeiramente apaixonado. Jamais havia se enamorado, o que pode ser explicado pela intensa fixao paterna. Apresentava ainda uma obstinada e pueril oposio s prescries mdicas e religio.Seu temperamento forte e altivo aparece numa frase escrita em 1922, "se houver justia no mundo de amanh, esta ser: as mulheres faro as leis e os homens traro os filhos ao mundo". Sua dificuldade de identificao feminina revelada pelo pseudnimo escolhido para assinar seus primeiros livros, Paul Berthold (tirado de suas prprias iniciais B. P., invertidas), Berthold tambm a verso masculina de seu nome. Outra de suas frases que assinalam sua insatisfao com o papel feminino : "...Devido natureza das coisas as meninas so as que sofrem, os meninos so os que aproveitam a vida".Segundo Breuer, Anna O. tinha 22 anos quando adoeceu em 1880. Era uma jovem inteligente e criativa, ainda que caprichosa e obstinada. Havia um grande contraste entre os anseios da paciente e a vida montona que levava em casa. Isso a conduzia a um mundo de fantasias, histrias que inventava para si mesma e que se constituam no que ela denominava seu "teatro privado". Entretanto, tais devaneios no comprometiam sua vida cotidiana e sua famlia no estava a par do que lhe ocorria.De julho a dezembro de 1880, Anna cuidou de seu pai que apresentava uma doena pulmonar grave. Passava as noites sua cabeceira e dormia um pouco durante a tarde. Ficou to extenuada que foi preciso mant-la afastada de seu pai. Nessa poca, apresentou acessos de tosse e perodos de sonolncia e inquietao que duravam toda a tarde. Estes sintomas, entretanto, no chamaram a ateno da famlia, nem da prpria paciente. Em dezembro, ficou acamada e comeou a apresentar uma srie de sintomas, estrabismo, paralisias, contraturas e zonas de anestesia cutneas. Falava de forma quase incompreensvel, uma mistura de quatro ou cinco idiomas. s vezes se comportava normalmente, mas parecia deprimida: outras, mostrava-se caprichosa, inquieta e dizia ver serpentes negras. Nesse momento, Breuer foi chamado para tratar a paciente. A paciente passou a falar com seu mdico em ingls, idioma que s ambos conheciam, mas entendia tudo o que lhe diziam em alemo. tarde, caa em um estado de sonolncia que denominava de "clouds" (nuvens) e parecia em transe hipntico. Breuer a visitava nessas ocasies e ele lhe contava seus devaneios, geralmente histrias de uma jovem ansiosa ante a presena de pessoas enfermas. Quando despertava, sentia-se aliviada. Ela prpria deu a estas conversas com Breuer, o nome de "talking cure" (cura pela palavra) e "climney sweeping" (limpeza da chamin). Em maro, estava bastante melhor, mas no dia cinco de abril a notcia da morte do pai causou-lhe um grande choque. Os parentes havia lhe escondido a verdade acerca do estado de seu pai e ela reagiu muito mal a isso. Dizia que lhe haviam roubado seu ltimo olhar e suas ltimas palavras. Passou dois dias em estado estuporoso e recusava-se a falar com os parentes, alegando no entender sua lngua nativa. Breuer era o nico que aceitava e reconhecia, chegando a ter que aliment-la.Dez dias aps, Breuer teve que viajar e outro mdico foi chamado. Anna comportou-se como se no o enxergasse. O mdico tentou fazer-se notado, soprando-lhe a fumaa do cigarro no rosto. Ao que a paciente reagiu com uma crise de raiva e ansiedade. Quando Breuer retornou, passou a hipnotiz-la e ela lhe falava sobre as vises que a perturbavam, mtodo que a deixava mais calma e aliviada. Outro dos sintomas apresentados era a impossibilidade de beber gua, a paciente vivia de sucos e frutas. Certo dia, durante a hipnose, contou a Breuer sobre o incio de seu sintoma. Havia visto o co da governanta beber gua em um copo dos que se usavam na casa, foi tomada de nojo, mas evitou falar com a senhora. Quando saiu do transe pediu um copo e bebeu normalmente. A partir de ento, mdico e paciente passaram a rastrear o incio de cada sintoma e, um a um, eles foram desaparecendo. Em junho estava assintomtica e recebeu alta. Alguns dias depois, voltou a ficar agitada e foi internada em um sanatrio perto de Constam, na Alemanha. Permaneceu internada de 12 de julho a 29 de outubro de 1882 e tomou altas doses de cloral e morfina para aplacar as dores de uma suposta neuralgia do trigmeo. Breuer no voltou a tratar dela e segundo os informes do hospital, era uma paciente difcil que costumava criticar a ineficcia da medicina em relao a seus padecimentos e que passava horas diante da fotografia de seu pai.Aps recuperar-se de sua doena nervosa, Bertha dirigiu, a partir de 1895, um orfanato, fez vrias viagens aos Balcs, Oriente Mdico e Rssia para fazer investigaes sobre o trfico de escravas brancas e sobre a prostituio. Em 1904, fundou a Liga de Mulheres Judias e trs anos aps, um estabelecimento de ensino filiado a essa organizao. Foi responsvel tambm pela criao de casas de recuperao de prostitutas. Todo esse trabalho social fez dela a fundadora do servio social na Alemanha e uma das primeiras mulheres a lutar pelos direitos femininos, no incio do sculo. Morou com sua me at o falecimento desta e morreu solteira em Frankfurt, em 1936.O que Breuer evitou dizer sobre sua famosa paciente foi que havendo lhe dado alta e estando prestes a viajar com sua esposa para as frias de vero, foi chamado s pressas sua casa. Encontrou-a muito agitada, contorcendo-se com dores abdominais. Indagada sobre o que lhe passava, respondeu: "...agora o filho de Dr. Breuer que est chegando". Assustado, Breuer retirou-se e entregou o caso a um colega.O fato lhe abalou tanto, que numa carta a Auguste Forel, ele diz: "...jurei nesta poca que no voltaria a passar por tal provao... ". Toda vez que tais pacientes o procuravam ele os encaminhava ao jovem Dr. Freud, que havia regressado de Paris, onde estudara com o famoso neurologista, Jean Martin Charcot. Mesmo assim, Breuer continuou a se interessar pela histeria e costumava discutir estes casos com Freud. A colaborao entre eles deu origem, "Comunicao Preliminar", anterior aos "Estudos", onde os autores dizem que: os histricos sofrem, principalmente, de reminiscncias.Breuer era o prottipo dos antigos mdicos de famlia, atencioso e capaz de passar vrias horas cabeceira de seus enfermos. Entretanto, ele nada sabia da sexualidade infantil, do complexo de dipo e da transferncia, que s foram descobertos por Freud muito tempo aps o tratamento de Anna O. Mas ele foi o primeiro mdico capaz de escutar os segredos de sua paciente. Mas do que julgar, se tais idias eram absurdas ou no, ele ouvia, evitando o mtodo da sugesto hipntica utilizado na poca por Charcot e seu discpulo, Pierre Janet. O desconhecimento dos fenmenos supracitados fez com que fugisse apavorado, diante da gravidez fantasmtica de Anna O. Ele no entendeu o que se passara, achava que no fizera nada para que a paciente se apaixonasse por ele, alm do mais: "...o elemento sexual parecia ausente nela", diz em seu relato do caso. Ele ignorava que, sobretudo o no dito que faz presena e que capaz de provocar as reaes menos esperadas num relacionamento interpessoal. A contratransferncia, que tambm definida por Lacan, como a soma dos preconceitos, das paixes, dos embaraos e mesmo da insuficiente informao do mdico, atuava em Breuer.Ele foi imprudente o bastante, segundo conta Lucy Freeman, para levar sua paciente a passear pelo Prater, em companhia de sua filha. Inconscientemente, fazia com que ela se tornasse um membro de sua famlia. No se sabe quais seriam as fantasias deste homem, cuja filha se chamava Bertha e cuja me, de mesmo nome, morrera ao dar a luz. Em uma apresentao pessoal para a Academia de Cincias, Breuer escreveu que sua me havia falecido na flor de sua juventude e beleza. Seus conflitos inconscientes, seu dipo no analisado, funcionaram como ponto cego, fazendo com que ele no se desse conta do que ocorria.Um fato relatado por Freud d testemunho do que foi o caso Anna O. para Joseph Breuer. Certa vez, dez anos aps o incidente, Breuer chamou Freud para examinar uma paciente sua. Tratava-se de uma jovem, "virgo intacta", que apresentava vmitos, amenorria, obstipao intestinal, abdmen timpnico e distendido. A famlia relatou que quatro meses atrs, uma das irms da paciente havia se casado. Freud compreendeu que a moa, por inveja da irm, reagira mediante uma identificao com sua situao de casada e fizera uma pseudociese. Entusiasmado com a presteza de seu diagnstico, ele disse para o amigo: "estamos diante de uma gravidez histrica". A reao de seu colega mais velho foi surpreendente: pegou o chapu e a bengala e retirou-se da casa sem ao menos se despedir. Era demais para o Dr. Breuer, a coisa se repetira. Ele tambm sofria de reminiscncias.

Obras e Principais IdiasA inteno nas Consideraes tericas, texto escrito por Breuer em 1895 como parte dos Estudos sobre a Histeria a de uma elaborao terica geral para a histeria. Para este fim, buscou-se a aproximao dos mecanismos da histeria traumtica e da histeria corrente, de forma que esse mecanismo fosse comum a ambas. Isso porque parte-se do pressuposto de que toda histeria resultado da reproduo de um trauma. Ento, da memria que se est falando e nela que se deve procurar a explicao dos fenmenos histricos. Lembremos a famosa frase de Breuer, ao final da parte I da Comunicao preliminar de 1893: "... o histrico padece, na maior parte, de reminiscncias" (BREUER e FREUD, 1893, p.3). O mecanismo da converso histrica vai ser remetido memria. Se uma irrupo afetiva ocorre, o afeto ligado representao que o provocou pode ser abreagido e, deste modo, "desgastado". Por outro lado, se no houver abreao, certas recordaes renovariam o afeto originrio e gerar-se-iam outras reaes. Ou seja, o afeto seria convertido em fenmenos corporais. a carga de afeto que corresponde representao que produz o sintoma, e no o seu contedo. da descrio da gnese do afeto, do motivo deste no ser descarregado pelas vias normais e do por que da especificidade dos reflexos anormais, que as Consideraes tericas iro tratar.Breuer vai colocar todo o peso da explicao da gnese do sintoma histrico na afetividade. No surpreendente, portanto, que fale de uma teoria do afeto. Para examinar a questo da expresso anmala dos afetos, Breuer parte do funcionamento cortical normal, enfatizando o estudo das quantidades de excitao ou, como as denomina, da "excitao tnica intracerebral". Esta a responsvel pelas diferenas de operao do sistema nervoso.

As diferenas de conduo cerebral so determinadas por dois estados limites: o sono sem sonhos e a viglia plena. No estado de viglia, em que as vias de conduo operam normalmente, possvel um livre acesso associao e ao motora voluntria, enquanto que, no estado de sono, o processo associativo no se produz plenamente, no permitindo acesso representao que constitui a conscincia potencial.

A distino entre o sono e a viglia remete diretamente introduo dos estados hipnides. Breuer afirma que o histrico, ao invs de dois estados psquicos, apresenta trs: a viglia, o estado hipnide e o sono. A teoria dos estados hipnides fornece as condies para a explicao da gnese psquica dos fenmenos histricos.O estado hipnide caracteriza-se por manter o nvel de excitao intracerebral em nveis parecidos aos da viglia, mas o funcionamento representacional tem as caractersticas do estado de sono, ou seja, o decurso associativo inibido.Podemos dizer que a excitao tnica intracerebral possui um nvel optimum, acima ou abaixo do qual h prejuzo no processo de representao. Se houver um aumento ... o que sobra drena-se em uma ao motriz carente de finalidade..." (BREUER, 1895, p.209).Todas essas consideraes prvias serviro para introduzir a noo de representao afetiva. Tudo decorre, segundo Breuer, de um aumento da excitao tnica intracerebral, em uma discusso que, mesmo usada a ttulo de exemplo, tambm introduz a noo de sexualidade, pois nesta o aumento de excitao tramitado em afeto por intermdio da representao; j no caso da fome e da sede, essas representaes j trazem vinculadas consigo o afeto, pelo fato de serem "representaes-meta", nas quais a natureza do afeto a busca de satisfao e no a necessidade de control-lo, como no caso da sexualidade.Podemos dizer que, para Breuer, uma representao afetiva comporta-se como uma representao sexual, pelo fato de ser "a fonte mais poderosa de aumentos de excitaes persistentes (e, como tal, de neurose); este acrscimo de excitao se distribui de maneira em extremamente dspar pelo sistema nervoso" (BREUER, 1895, p.212). Na verdade, no o acrscimo de excitao que constitui o lado psquico dos afetos, mas sim a sua distribuio desigual pelo sistema nervoso, ou seja, a concentrao da excitao em certos grupos de representaes.Se a descarga do afeto impossvel pelas vias de conduo cerebral, o que teremos a expresso anormal dos afetos, isto , a converso histrica. A distino, feita anteriormente, entre os estados de sono e de viglia, servir agora para a elucidao do processo de converso somtica do afeto. Na viglia, o processo associativo transcorre mais facilmente, j que as vias de conduo da excitao encontram-se mais facilitadas. Isso significa que, no estado de sono, a facilitao transcorre de maneira defeituosa, pela impossibilidade de descarga da excitao pelas vias de conduo (via motora e via associativa).Se a esta impossibilidade de descarga da excitao, relacionada a um transbordamento da mesma, acrescenta-se uma fraqueza da resistncia das vias em alguns pontos, a excitao convertida em um fenmeno corporal.Desse modo, se o afeto se converte em um reflexo anormal, o fenmeno histrico provm do afeto e no do processo representacional consciente; a representao que comportava o afeto, que foi drenado para o reflexo anormal, permanece como uma representao no percebida pelo sujeito, fora da conscincia, excluda do processo associativo. Mas uma representao que se comporta dessa forma o que se considera como uma representao inconsciente.Trata-se, portanto, de uma representao inconsciente que tem eficcia psquica atual. Para Freud essa eficcia psquica atual dever-se- s condies internas do prprio funcionamento representacional. J para Breuer, dever-se- a algo externo representao: os estados hipnides. Mais tarde, Freud vai dizer que essa eficcia exercida atravs de uma outra representao substitutiva, a qual surge pela operao do recalque, ou seja, o investimento da representao recalcada transposto para a representao substitutiva.O contra-investimento o investimento da representao substitutiva, como afirmar Freud no artigo meta psicolgico sobre A represso de 1915. Nesse sentido, o conceito de inconsciente dinmico esclarecido na medida em que explicada a maneira pela qual as representaes inconscientes exercem sua eficcia psquica, ou seja, atravs das representaes substitutivas. Da, o conceito de inconsciente dinmico freudiano. As representaes inconscientes no preservam suas intensidades em si mesmas. A atividade psquica representacional decomposta em consciente e inconsciente, e as representaes em suscetveis e insuscetveis de conscincia.A polmica questo acerca de quem seria o precursor da psicanlise ronda os por muito tempo amigos Dr. Breuer e Sigmund Freud. Cranefield publicou uma carta em 12 de Novembro de 1907 de Joseph Breuer para Auguste Forel. Breuer determina seu papel na descoberta da psicanlise. As observaes que Freud credita a Breuer so as quais Breuer clama para si. tambm evidente pela carta que Breuer no acredita que seja possvel tratar histeria sem habilidades especiais e treinamento. Ele credita a si mesmo a descoberta da significncia patognica das idias inconscientes e da conscientizao da importncia dos estados hipnticos e o desaparecimento de sintomas quando idias inconscientes tornavam-se conscientes. Ele tambm se d o crdito pela terapia analtica, porm ele no utiliza o uso da associao livre.Na primeira de uma srie de cinco conferncias que pronunciou nos Estados Unidos, Freud relata a descoberta pelo Dr. Breuer do mtodo catrtico. Este mtodo consistia em induzir os pacientes a recordar, atravs da associao de idias sob hipnose, a ocasio e o motivo dos sintomas relacionados com a histeria, doena que transgredia os limites da cincia da poca, pois escapava ao quadro clnico de uma afeco orgnica (FREUD, 1976, v. XI). Descoberto com o caso de Anna O., o mtodo semitico e teraputico permitiu ao Dr. Breuer concluir que as histricas sofriam de reminiscncia e que os sintomas apresentados constituam um tipo de resduos (precipitados) de acontecimentos biogrficos especiais, os traumas psquicos. A complexidade estava em que mais de um trauma poderia ser causa de um nico sintoma, tornando-se, nesses casos, necessrio refazer toda a cadeia de recordaes patognicas, na ordem inversa de sua produo, indo-se do trauma mais recente at o trauma primeiro que teria dado origem srie. Mas, segundo Freud, fazia-se indispensvel tirar duas outras concluses para conceber o mecanismo da molstia e do restabelecimento. A primeira era a de que as cenas patognicas (os traumas) eram acompanhadas de forte reteno emocional. A segunda concluso decorria da primeira, e consistia em as emoes que no tiveram exteriorizao normal passarem a agir de forma inconsciente. Identificava-se, desse modo, uma diviso da conscincia (uma dupla conscincia), em que o primeiro agrupamento mental, inconsciente, determinava as disposies do segundo, a conscincia propriamente dita. A catarse relativa ao mtodo do Dr. Breuer era obtida, portanto, com a exteriorizao dos traumas inconscientes implicando o afastamento das fantasias perturbadoras (os sintomas) atuantes no plano da conscincia.Em sua segunda conferncia para o pblico americano, Freud conta como ele mesmo deu prosseguimento s investigaes do Dr. Breuer, sempre com o objetivo de conseguir uma explicao eminentemente psicolgica para o fenmeno da dissociao histrica. Narra ento a descoberta da fora de recalque a partir do momento que abandonou a tcnica de hipnose, por tomar muito tempo, em proveito das associaes dos pacientes em estado normal (algo prximo do impossvel, pois tratava-se de fazer o doente contar aquilo que ningum, nem ele mesmo sabia - FREUD, 1976, v. XI, p. 24 - mas que afinal deu certo). Pode-se definir, em poucas palavras, o recalque como a fora que intervm para suprimir da conscincia o desprazer resultante do conflito entre um desejo manifesto na cena patolgica e os princpios ticos e estticos do ego do indivduo. A permanncia do recalque, para impedir de vir tona o que deve continuar esquecido, provada pelo fato de muitas vezes na anlise o paciente alegar falha de memria. Descobria-se, assim, uma nova etiologia para a histeria, que deriva do malogro do recalque, fazendo com que o desejo passe a funcionar de forma inconsciente, produzindo um sucedneo deformado para a idia original. Freud diz que o trazer o recalcado para a atividade consciente, na terapia, possibilita a soluo do conflito, por trs razes diversas. Ou porque o desejo pode ser aceito, mesmo que em parte. Ou porque ele sublimado, dirigindo-se para outras funes. Ou ainda porque ele conscientemente julgado como inconveniente. importante notar que Freud vai adotar, mais tarde, o abandono da tcnica da hipnose, e a conseqente descoberta do recalque conduzindo ao princpio da atividade mental inconsciente, como o argumento principal para se considerar a si mesmo, e no o Dr. Breuer, o fundador do mtodo teraputico hoje denominado psicanlise (FREUD, 1976, v. XIV, p. 26).No longo tempo no qual Dr. Breuer passou clinicando e pesquisando em sua casa, grandes descobertas no campo da medicina foram feitas, e juntamente com alguma parceria fizeram sucesso, algumas destas teorias so:- Teoria de Breuer. Descrio: Uma teoria psicolgica afirmando que os sintomas de afeies construdas ou suprimidas e traumas fsicos no-negociados podem ser eliminados atravs da lembrana e trabalhando nos sentimentos do sujeito em conversas. Terapia baseada nesta teoria conhecida como tratamento catrtico, varrendo-chamins, psicoterapia profunda ou terapia falada a futura psicanlise de Sigmund Freud.- Reflexo Hering-Breuer. Descrio: As reaes de reflexo originadas dos pulmes e mediadas pelas fibras dos nervos vagos: inflao dos pulmes, expirao eliciting e deflao, inspirao estimuladora. Este foi um dos primeiros feedbacks mecnicos descobertos nas regulaes fisiolgicas. Por seu mecanismo muito simples, de envolver a traquia no final de uma inspirao ou expirao, Breuer e Hering foram capazes de mostrar que o pulmo contm receptores que detectam o grau em que so esticados. Quando o pulmo distendido pela inspirao, impulsos nervosos chegam ao pulmo e so transmitidos ao crebro pelo nervo vago. Hering tambm descreveu o mecanismo de controle central para a presso do sangue que se abolida causa as Ondas de Hering.- Teoria Mach-Breuer. Descrio: A teoria para explicar as reaes do rgo vestibular: no incio e trmino da rotao da cabea ocorre, nos canais semi-circulares do ouvido, um swich interno que move os plos da cristae ampullares e excita as reaes vestibulares. O rgo vestibular responsvel pela percepo do movimento do prprio corpo. Ernst Mach, em Praga, experimentou em si prprio, enquanto os experimentos de Josef Breuer eram feitos em pessoas surdas.

Contribuies para a PsicologiaOs estudos de Josef Breuer em muito contriburam para o desenvolvimento da Psicologia e at hoje ocupam um lugar de destaque dentro dessa cincia. A psicanlise no teria se desdobrado com tanto sucesso se no estivesse baseada em suas pesquisas. Breuer inventou sua catarse, ou terapia da conversa, que estaria baseada em sua teoria psicolgica que afirma que os sintomas de afeies construdas ou suprimidas e traumas fsicos no-negociados podem ser eliminados atravs da lembrana e trabalhando nos sentimentos do sujeito em conversas. Essa psicoterapia profunda seria a futura psicanlise de Sigmund Freud.O mtodo catrtico seria um mtodo semitico e teraputico que consistia em induzir os pacientes a recordar, atravs da associao de idias sob hipnose, a ocasio e o motivo dos sintomas relacionados com a histeria. A catarse era obtida, portanto, com a exteriorizao dos traumas inconscientes implicando o afastamento das fantasias perturbadoras (os sintomas) atuantes no plano da conscincia.O tratamento de Anna O. por Breuer foi o primeiro exemplo moderno da psicoterapia profunda por um longo perodo de tempo. Atravs do tratamento catrtico, Breuer passou a hipnotiz-la e ela lhe falava sobre as vises que a perturbavam, mtodo que a deixava mais calma e aliviada. A partir de ento, mdico e paciente passaram a rastrear o incio de cada sintoma e, um a um, eles foram desaparecendo.Breuer tambm participa com uma grande contribuio nas investigaes sobre a histeria. Na obra Estudos sobre a Histeria, Breuer, juntamente com Freud, elabora uma teoria geral para a doena. Breuer vai colocar todo o peso da explicao da gnese do sintoma histrico na afetividade, relacionando a histeria representao inconsciente que tem eficcia psquica atual, que se deve a algo externo representao: os estados hipnides. E fundamentando-se nessa idia de Breuer que Freud mais tarde cria o conceito de inconsciente dinmico. Freud sofreu influncia de Breuer no estudo da explicao psicolgica para o fenmeno da dissociao histrica. Apesar de abandonar a tcnica de hipnose, a descoberta da fora de recalque, que seria uma nova etiologia para a histeria, teve base no mtodo hipntico de Breuer.O Dr. Josef Breuer credita a si mesmo a descoberta da significncia patognica das idias inconscientes e da conscientizao da importncia dos estados hipnticos e o desaparecimento de sintomas quando idias inconscientes tornavam-se conscientes. Ele tambm se d o crdito pela terapia analtica, porm ele no utiliza o uso da associao livre.Breuer determina seu papel na descoberta da psicanlise, termo empregado pela primeira vez em 1896 e cuja inveno foi atribuda a ele. O abandono da tcnica da hipnose, e a conseqente descoberta do recalque conduzindo ao princpio da atividade mental inconsciente, foi o argumento principal usado por Freud para se considerar a si mesmo, e no o Dr. Breuer, o fundador do mtodo teraputico hoje denominado psicanlise. Mas se no fosse pela valiosa contribuio de Breuer, esse processo teraputico poderia no ser to evidente ou at mesmo nem existir.

sofremos de reminiscncias que se curam lembrando