DR. PE Espulsar Demonios

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    06/11/2014 DR. PE. JOO INCIO KOLLING : O homem que expulsava demnios

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    O homem que expulsava demnios

    A Rua Sarm ento de Oliv eir a era a nica para o percu rso de Carlos Borba da Vila Ram ir o Galv o at a Escola

    Ernesto Alv es, onde ele cursav a a terceira srie do Segun do Grau. Era u ma rua zinha estreita e comprida como

    serm o de padre. Car los Borba percorr ia r edondos trs quilmetr os para c hega r de casa a t a referida escola. No

    meio do cam inho, hav ia um campinho do milag re. Trata v a-se de um terreno baldio, m ura do, onde uma antiga

    m oradia de madeira fora demolida, e onde som ente sobrav am algu m as pouca s e v elhas lar anjeir as. O port o de

    acesso era de precrios fios de arame farpado, amarrados apenas para impedir eventual entrada de cavalos ou

    v ac as que, geralm ente, andav am soltos pela rua e pelos dem ais terrenos baldios. Num a al tura do ano, este localpassou a ostentar um a placa de que ali funcionav a u m lugar de bno e de cura s div inas. Carlos passav a todas

    as noites por a li, n o seu it iner rio de ir e de v oltar da escola. Depois de algu ns dias, Carlos com eou a observ ar

    que, ali, um pastor pregav a para trs a quatr o pessoas, atra v s de um a potente caixa de som. Parecia tr atar -se

    de entu sistica pregao para im ensa mu ltido, mas Carlos estr anh av a os gr itos v ociferant es do pastor,

    insistindo sobre o poder de Deus e a cav ilosa a o do demnio para t o pouca gent e a escut -lo. Gradua lm ente o

    gr upo tornou-se maior e j agr egav a cerca de 1 0 a 1 5 pessoas. Carlos se im pressionav a com algu m as jov ens bem

    tra jadas que rodeav am o pastor e lh e alcanav am apetrechos, toalha para enxu gar o suor e, a cada pouco, com a

    Bblia aberta sobre as m os, passav am no meio da dzia de pessoas, que ali escuta v am o pastor, par a ar recadar a

    coleta. Quan do falav a do v alor do dzim o e dos benefcios que um a g ra nde oferta par a Deus poderia tr azer como

    retorno de graas aos fiis, o pastor no deixava de mencionar a possibilidade de sorte para ganhar um carro

    im port ado, um apar tam ento de luxo na av enida principal da cidade e casa na praia. A s moas iam passando a

    Bblia par a qu e os pobres v iv entes colocassem o dinheiro sobre a Bblia. A o perceber qu e poucos colocav am

    dinheiro, o pastor apresentava apelos mais incisivos e convincentes, a fim de que todos depositassem o mximo

    possv el sobre as bblias. Carlos percebeu que m uit os tir av am as nicas notas de trocados que possua m na

    car teira e as depositav am sobre a Bblia. Outros, ou m ais espertos ou, talv ez, sem dinh eiro, baixav am a cabea e

    faziam de conta que n o se sensibilizav am com os apelos do pastor. Passado o ritua l de trs a qu atr o v oltas com a s

    Bblias para a coleta, o assunto v ira v a m ais srio. O pastor gr itav a enfatica m ente que no meio dos fiis ha v ia

    pessoas possessas pelo demnio. Os argu men tos e gritos patticos se torna v am cada v ez mais fortes at qu e

    algum entrava em estado de transe. Nesta hora o teatro se tornava empolgante, ainda mais quando o dito

    diabo baixav a e derru bav a a dolescentes sensv eis e perturbadas. Costumav am jogar-se no cho, se revira v am ,

    se retorciam sobre as razes de uma v elha lar anjeira, e, o que m ais despertav a a v oluptuosidade v isual de

    Carlos, era espreitar as perna s e as calinhas destas jov ens que se retorciam e espumav am e gritav am palav ras

    sem nexo. O pastor tinh a prt ica para explorar o fato e faz-las ficar bom t empo, certam ente para g erar com oonos demais, e de repent e solta v a os gr itos mu ito fort es de que, pelo seu poder, o demnio sasse da jovem e o nome

    de Deus v oltasse a reinar em sua v ida. Ele fazia suas secret ria s leva nta r a jov em, e ele, colocando as mos sobre

    a cabea jogava-a de volta sobre o cho, enquanto brandia que o demnio a deixasse. Todos pareciam atnitos

    dian te dos presum idos poderes perv ersos do diabo. Car los, no enta nt o, prendia-se ma is aos contorcionismos das

    jov ens hipn otizada s porqu e no seria em qualquer lu ga r que poderia v er cen as de m enin as neste tipo de

    m ovim entos. As secretrias do pastor, fazendo os Raps ao longo de todo o corpo das induzidas ao estado de

    tra nse, dav am a im presso de que com tais ritos ajudav am o pastor a soltar as unha s do capeta encrav adas no

    corpo das jov ens e facilita r ao missionr io de Deus o golpe derr adeiro da expulso daquele presumido e atr ev ido

    inv asor, que, ina dv ertidam ente, resolv eu entr ar em c orpos j contabilizados para o rebanho das ov elhas de

    Deus. Carlos Borba era um moo muito inteligente, esperto e, tambm, malandro. Era um msico nato que

    tocav a diversos instrum entos. Em poucas palav ras, era um moo gozador e m uito divert ido. Nu ma sexta-feira

    de noite, Car los program ou gazear as duas ltim as aula s e conv idou alg un s colegas de classe para ir em com ele

    at o dito campinho do milagre. Assim que l ch egaram , estav a no aug e mais um a cena do dito diabo encarnado

    em duas jovens. A cena era de arrepiar. Elas gritavam, pareciam espumar pela boca, se jogavam de um lado

    para outro e num estranho entrecruzamento de pernas e braos, tudo levava a crer que o chifrudo realmente

    andav a solto naquele terr eiro. Assim que o pastor term inou a suposta ex pulso, fez um m eneio de olhos par a as

    secretrias passarem a Bblia, a fim de recolher as prdigas coletas. Retornaram com poucas notas sobre as

    Bblias. Foi ent o que o pastor falou categ oricam ente: m ais gent e da platia est possessa pelo dem nio. A gr ande

    surpresa dos acompanh ant es de Carlos Borba foi a de constat ar que o colega foi cam inhando no rum o do pastor

    at c hega r a um met ro de distncia . O pastor o interpelou: o que v oc est sentindo? - Respondeu Car los: Pastor,

    eu sinto um a v onta de de ma tar , de fazer coisa ruim, de judiar das pessoas, de roubar e de fazer coisa feia! - Isto

    o demnio! Gritou o pastor. Em nome de Deus, que este demnio te jogue sobre o cho! Carlos, no entanto,

    perma neceu a li, esttico como um poste, gir av a o olho para os lados, olha v a n a dire o dos colegas, e o pastorno consegu ia faz-lo cair n o cho! O pastor explicou qu e se trat av a de um demnio m uit o resistente e esperto.

    Cham ou a s secret ria s e nem seus Raps a m oleciam as jun tas para faz-lo cair. A cena foi se alongan do e a fora

    milagrosa do pastor simplesmente no derrubava a Carlos Borba. Todo mundo olhava atnito, especialmente

    seus colegas. Tu do indicav a qu e a fora do diabo, pelo menos desta v ez, n o estav a a fim de subm eter-se aos

    gr itos do pastor e, por sua par te, conseguia sustentar Carlos Borba de p, im pertur bv el, diant e dos poderes de

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    Postado por Joo Incio Kollin g

    Deus. Quando aps longos min ut os de nerv osism o e de apar ente in capacidade do pastor submeter o capeta ao seu

    comando hipnotizador, Carlos deu a impresso de que seu corpo ia amolecendo e ele, lentamente, parecia uma

    gu ia baix ando v o de ccora s sobre o cho. O silncio inv adiu o am biente e at o pastor ficou parado e estt ico

    por in stant es. Qua ndo j se esperav a que, como aquelas joven s adolescentes, Carl os iria, enfim , bater pernas pelo

    ar, espumar pela boca e a soltar gritos estranhos e ininteligveis, ele, na verdade, estava fazendo uma esperta

    encena o. Com eou a bombear com a m o esquerda como se estiv esse acionando uma bom ba ma nu al, daquelas

    ant igas de encher pneu de caminho, e, assim que ia bombeando, foi se firm ando e subindo at ficar nov am ente

    ereto e ainda, c om um olhar t odo debochado, comeou a olhar em r edor com um escancar ado e sarc stico sorriso.

    A, apareceu out ro tipo de ca peta: com eou um murm rio e um a ag ita o t o repen tina de pessoas querendo

    saltar por cim a do Carlos Borba que ele se viu pequeno para derr ubar as secret ria s do pastor a fim de abrir u m arota que lhe permitisse saltar o mu ro lateral, e como um capeta, rapidamente desapareceu de v ista na escurido

    da noite. Enqua nto isso, o pastor, j a rm ado de um r ev lv er 38 , abriu alas no meio da rota que dav a ao port o

    de entr ada e saiu r ua afora a tr s do dito sujeito endemoninha do. Os colegas de Carlos aprov eitar am o tum ult o

    para tambm sumir rapidamente do espao e rumar para suas casas. Carlos encontraria um problema pela

    frente: como passar por ali na segunda-feira de noite na hora de ir at a Escola. Como era esperto, mandou um

    colega ir um pouco sua frente e v erificar como o am biente se encontra v a. De fato, estav a ali o pastor esperan do

    a passagem do seu Ca rlos Borba, com seu rev olv er 3 8 n a m o. O colega deu sina l ao Carlos e este fez um desv io de

    mais de trs quilmetros, mas, como ao lado da Escola existia uma Delegacia de Polcia, registrou queixa contra

    o pastor, afirm ando que este o esperav a com u m rev lv er 3 8. Os policiais se deslocar am at o local e prendera m

    o pastor. A nica coisa que se conseguiu saber sobre o desfecho do episdio foi uma notcia do jornal local que

    destacou como manchete de primeira pgina: Preso pastor por porte ilegal de arma e por charlatanice. Assim,

    term inou o cam pinho do m ilagr e e as laran jeiras puderam v er-se nov am ente liv res dos efeitos colater ais que as

    diatr ibes do chifrudo causav am s suas razes expostas.

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