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UFSM Dissertação de Mestrado SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA INTEGRADA DE SISTEMA DE DRENAGEM EM SANTA MARIA-RS Adalberto Meller PPGEC Santa Maria, RS, Brasil 2004

drenagem 1

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  • UFSM

    Dissertao de Mestrado

    SIMULAO HIDRODINMICA INTEGRADA DE SISTEMA DE DRENAGEM EM SANTA MARIA-RS

    Adalberto Meller

    PPGEC

    Santa Maria, RS, Brasil

    2004

  • SIMULAO HIDRODINMICA INTEGRADA DE

    SISTEMA DE DRENAGEM EM SANTA MARIA-RS

    por Adalberto Meller

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, rea de Concentrao

    em Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

    requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil.

    PPGEC

    Santa Maria, RS, Brasil

    2004

  • iii

    Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

    Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada,

    aprova a Dissertao de Mestrado

    SIMULAO HIDRODINMICA INTEGRADA DE SISTEMA DE DRENAGEM EM SANTA MARIA-RS

    elaborada por

    Adalberto Meller

    Como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil

    COMISSO EXAMINADORA:

    ________________________________ Prof. Dr. Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva

    (Presidente/Orientador)

    ________________________________ Prof. Ph.D. Carlos Eduardo Morelli Tucci

    ________________________________ Prof. Dr. Joo Batista Dias de Paiva

    Santa Maria, 22 de Abril de 2004.

  • iv

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    (autor annimo)

  • v

    AGRADECIMENTOS

    A Deus ...

    A minha famlia pelo apoio, carinho e incentivo;

    A Prof. Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva pela oportunidade,

    orientao e amizade;

    A minha namorada Mrcia Payeras e ao grande amigo e colega Mrcio

    Ferreira Paz pela amizade, companheirismo e pacincia;

    Ao Prof. Joo Batista Dias de Paiva pela co-orientao;

    Aos funcionrios Alcides Sartori e Astrio do Carmo e aos bolsistas de

    iniciao cientfica Rodrigo Paiva, Talita Uzeika, Augusto Pradella, Juliano

    Dalla Favera e Douglas Stival pelo auxlio nos ensaios de laboratrio e

    medies em campo;

    Aos moradores do Parque Residencial Alto da Colina pelas informaes;

    Ao DHI Water & Environment na figura das pessoas Alejandro Ernesto

    Lasarte, Ole Mark, Gunvor Tychsen e Henriette Tamasauskas pela

    ateno s dvidas sobre o aplicativo e pela liberao para utilizao do

    aplicativo MOUSE;

    Ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    FNDCT/CT-HIDRO atravs do projeto CTHidro/GURH: FINEP03/2002 e

    ao CNPq (edital Universal 01/2001) pelos recursos financeiros;

    Ao Prof. Rinaldo Pinheiro pela orientao nos ensaios de granulometria;

    Aos amigos Gilson Tadeu Piovezan, Janana Rios Dias e Raquel

    Maldaner Paranhos pela amizade e auxlio especialmente na etapa de

    concluso das disciplinas;

    A CAPES pela bolsa de estudo.

  • vi

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS................................................................................ ix LISTA DE FIGURAS ................................................................................ xi LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS ........................... xvi RESUMO ................................................................................................. xx ABSTRACT ............................................................................................ xxi 1. INTRODUO....................................................................................... 1 1.1. Objetivos e justificativa ....................................................................... 3

    2. REVISO DE LITERATURA................................................................. 4 2.1. Introduo........................................................................................... 4

    2.2. Classificao dos modelos de drenagem urbana ............................... 4

    2.3. O ciclo hidrolgico urbano e a estrutura de um modelo de drenagem

    urbana........................................................................................................ 5

    2.3.1. O escoamento na rede de drenagem pluvial ................................... 7

    2.4. Equaes fundamentais do escoamento no-permanente................. 8

    2.5. Classificao dos modelos de propagao do escoamento ............... 9

    2.6. Fundamentos tericos dos modelos hidrodinmicos completos ....... 10

    2.6.1. Mtodos de soluo....................................................................... 11

    2.7. Evoluo dos modelos hidrodinmicos de redes de

    drenagem pluviais.................................................................................... 13

    2.7.1. Conceito de drenagem integrada (Dual Drainage) aplicado aos

    modelos de drenagem urbana ................................................................. 16

    2.8. Modelos e aplicativos para simulao de drenagem urbana ............ 18

    2.8.1. Modelos simplificados de verificao............................................. 18

    2.8.2. Modelos completos de verificao ................................................. 18

    2.8.3. Aplicativos...................................................................................... 19

    2.8.3.1. SWMM ........................................................................................ 19

    2.8.3.2. InfoWorks CS v.4.0 ..................................................................... 23

    2.8.3.3. SOBEK-Urban v.2.8.................................................................... 25

    2.8.3.4. MOUSE v.2003 ........................................................................... 26

  • vii

    2.8.3.4.a. Algumas aplicaes do MOUSE .............................................. 28

    2.9. Consideraes finais......................................................................... 30

    3. MONITORAMENTO DA BACIA HIDROGRFICA ALTO DA COLINA............................................................................................. 32 3.1. Introduo......................................................................................... 32

    3.2. Descrio geral da rea em estudo .................................................. 32

    3.2.1. Localizao geogrfica .................................................................. 32

    3.2.2. Caracterizao do problema.......................................................... 33

    3.3. Caractersticas fsicas....................................................................... 34

    3.4. Clima e solos .................................................................................... 35

    3.5. Tipologias de uso e ocupao do solo.............................................. 36

    3.6. O processo de urbanizao na bacia................................................ 38

    3.7. Monitoramento hidrolgico................................................................ 39

    3.7.1. Dados fluviomtricos...................................................................... 39

    3.7.1.A. Curva-chave cota-vazo............................................................. 42

    3.7.2. Dados de precipitao ................................................................... 46

    3.7.2.1. Hietogramas de projeto............................................................... 47

    3.8. Ensaios de infiltrao........................................................................ 51

    3.9. Ensaios granulomtricos................................................................... 53

    3.10. Caractersticas do sistema de drenagem........................................ 55

    3.10.1. Rede de condutos........................................................................ 57

    3.10.2. Ruas............................................................................................. 58

    3.10.3. Bocas-de-lobo.............................................................................. 60

    3.10.4. Poos de visita............................................................................. 60

    3.10.5. Canais abertos............................................................................. 62

    3.10.6. Bacia de deteno ....................................................................... 62

    3.10.7. Nveis de inundao nas ruas...................................................... 63

    4. SIMULAO DO SISTEMA DE DRENAGEM .................................... 65 4.1. Introduo......................................................................................... 65

    4.2. Modelos utilizados ............................................................................ 65

    4.3. Concepo do sistema de drenagem da bacia Alto da Colina.......... 82

  • viii

    4.4. Anlise de sensibilidade ................................................................... 88

    4.5. Calibrao dos parmetros do aplicativo .......................................... 89

    4.5.1. Calibrao do modelo hidrolgico C2 ............................................ 91

    4.5.2. Calibrao do modelo hidrolgico A .............................................. 93

    4.5.3. Calibrao do modelo MOUSE HD (hidrodinmico) ...................... 94

    4.6. Avaliao do sistema de drenagem e mapeamento de

    reas de risco ........................................................................................ 94

    4.7. Avaliao de alternativas no controle das cheias ............................. 96

    4.8. Comparao entre metodologias para simulao de inundaes na

    rede de drenagem.................................................................................... 97

    5. RESULTADOS E DISCUSSO DA APLICAO DO MODELO ..... 100 5.1. Anlise de sensibilidade ................................................................. 100

    5.1.1. Modelo C2 (reservatrio linear em cascata) ................................ 100

    5.1.2. Modelos A (tempo-rea) e MOUSE HD (hidrodinmico).............. 102

    5.2. Calibrao dos parmetros ............................................................. 105

    5.2.1. Calibrao na rea rural............................................................... 105

    5.2.2. Calibrao na rea urbana........................................................... 117

    5.3. Avaliao do sistema de drenagem ................................................ 125

    5.4. Simulao de alternativas no controle das cheias .......................... 132

    5.5. Comparao entre metodologias para simulao de inundaes na

    rede de drenagem.................................................................................. 135

    6. CONCLUSES E RECOMENDAES............................................ 138 7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 143 ANEXOS................................................................................................ 152

  • ix

    LISTA DE TABELAS TABELA 1. Resumo das capacidades dos principais aplicativos utilizados

    atualmente ............................................................................................... 31

    TABELA 2. Resultado da classificao do uso do solo na bacia ............. 37

    TABELA 3. Caractersticas fsicas das reas de contribuio

    monitoradas ............................................................................................. 41

    TABELA 4. Resultados dos ensaios de infiltrao ................................... 53

    TABELA 5. Resultados dos ensaios de granulometria ............................ 54

    TABELA 6. Caractersticas dos trechos de canais utilizados na

    simulao................................................................................................. 62

    TABELA 7. Nvel mximo observado nas ruas sujeitas a alagamento .... 64

    TABELA 8. Nvel mximo observado na Rua 8 em dois eventos

    simulados................................................................................................. 64

    TABELA 9. Relao entre a profundidade relativa e a largura da fenda. 71

    TABELA 10. Resumo das estruturas utilizadas na criao do modelo do

    sistema de drenagem .............................................................................. 86

    TABELA 11. Resultados do processo de calibrao para a rea rural da

    bacia ...................................................................................................... 111

    TABELA 12. Conjuntos de parmetros determinados pela calibrao .. 114

    TABELA 13. Resultados da verificao dos conjuntos de parmetros .. 115

    TABELA 14. Verificao do conjunto 2 de parmetros para os eventos

    observados na estao ACII .................................................................. 116

    TABELA 15. Resultado da calibrao na rea urbana........................... 122

    TABELA 16. Comparao nos nveis observados e simulados

    na Rua 8 ................................................................................................ 124

    TABELA 17. Caractersticas dos poos de visita e reas de

    contribuio............................................................................................ 155

    TABELA 18. Caractersticas da rede de condutos................................. 157

    TABELA 19. Oramento simplificado das medidas de controle do

    escoamento adotadas............................................................................ 159

  • x

    TABELA 20. Resultado do redimensionamento para cenrio atual ....... 160

    TABELA 21. Resultado do redimensionamento para cenrio futuro...... 162

  • xi

    LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Processos em um sistema de drenagem ................................ 6

    FIGURA 2. Conceito de drenagem integrada (Dual drainage)................. 17

    FIGURA 3. Relao entre os mdulos estruturais do SWMM ................. 20

    FIGURA 4. Localizao da bacia hidrogrfica Alto da Colina .................. 32

    FIGURA 5. Localizao da urbanizao na bacia.................................... 33

    FIGURA 6. Principais locais de inundao na bacia................................ 34

    FIGURA 7. Mapa plani-altimtrico da bacia Alto da Colina...................... 35

    FIGURA 8. Mapa do uso do solo na bacia para os anos de

    1999 e 2003............................................................................................. 38

    FIGURA 9. Evoluo do processo de urbanizao na bacia ................... 39

    FIGURA 10. Localizao das estaes de monitoramento na bacia ....... 40

    FIGURA 11. Estaes fluviogrficas de monitoramento .......................... 41

    FIGURA 12. Vazes e cotas mdias e mximas dirias observadas na

    estao fluviogrfica ACI ......................................................................... 42

    FIGURA 13. Curva-chave da estao ACI............................................... 44

    FIGURA 14. Comparao entre metodologias de extrapolao da curva-

    chave para a estao ACI........................................................................ 45

    FIGURA 15. Estao pluviogrfica Vila Maria ......................................... 46

    FIGURA 16. Precipitao diria na estao pluviogrfica Vila Maria

    observada no perodo da pesquisa.......................................................... 47

    FIGURA 17. Fatores que caracterizam a distribuio temporal de

    Keifer e Chu............................................................................................. 48

    FIGURA 18. Hietogramas de projeto utilizados para avaliao da rede de

    drenagem................................................................................................. 50

    FIGURA 19. Hietogramas de projeto utilizados no dimensionamento e

    simulao do reservatrio de deteno ................................................... 50

    FIGURA 20. Localizao dos ensaios de infiltrao na bacia.................. 52

    FIGURA 21. Cadastramento dos elementos do sistema de

    microdrenagem........................................................................................ 56

  • xii

    FIGURA 22. Mapa de localizao das estruturas do sistema de

    microdrenagem........................................................................................ 57

    FIGURA 23. Disposio geral dos elementos da microdrenagem........... 58

    FIGURA 24. Seo transversal padro das ruas do Parque Residencial

    Alto da Colina........................................................................................... 59

    FIGURA 25. Boca-de-lobo padro presente no sistema.......................... 60

    FIGURA 26. Detalhe de um dos poos de visita na regio do Parque

    Residencial Alto da Colina ....................................................................... 61

    FIGURA 27. Esquema da bacia de deteno utilizado na modelagem ... 63

    FIGURA 28. Esquema de funcionamento do modelo C2......................... 66

    FIGURA 29. Curvas tempo-rea predefinidas ......................................... 68

    FIGURA 30. Reduo gradual dos termos da equao do momento

    durante a transio para o regime supercrtico........................................ 70

    FIGURA 31. Conduto com uma fenda fictcia .......................................... 70

    FIGURA 32. Trecho da rede na malha computacional ............................ 72

    FIGURA 33. Esquema de Abbott aplicado equao da continuidade... 73

    FIGURA 34. Aplicao do esquema de Abbott equao do momento . 74

    FIGURA 35. Matriz de coeficentes dos condutos, derivada das equaes

    da continuidade, do momento e da energia nos ns ............................... 76

    FIGURA 36. Matriz dos coeficientes aps aplicao da eliminao local 76

    FIGURA 37. Exemplos de topologia para o clculo das perdas

    relacionadas mudana de direo ........................................................ 78

    FIGURA 38. Esquema da perda de carga devido diferena de cota .... 79

    FIGURA 39. Estruturas representadas na modelagem e suas

    interaes ................................................................................................ 86

    FIGURA 40. Layout final do sistema de drenagem em estudo ................ 87

    FIGURA 41. Trecho de rede construdo para anlise .............................. 89

    FIGURA 42. Esquema utilizado na simulao dos eventos extremos ..... 92

    FIGURA 43. Esquema do reservatrio de deteno proposto para controle

    do escoamento na rea rural da bacia..................................................... 98

    FIGURA 44. Curva cota-volume do reservatrio dimensionado .............. 98

  • xiii

    FIGURA 45. Influncia da modificao dos parmetros no volume

    escoado ................................................................................................. 100

    FIGURA 46. Influncia da modificao dos parmetros na

    vazo de pico......................................................................................... 101

    FIGURA 47. Influncia da variao do Tlag no tempo de pico................ 101

    FIGURA 48. Influncia da modificao dos parmetros no volume

    escoado ................................................................................................. 102

    FIGURA 49. Influncia da modificao dos parmetros na vazo

    de pico ................................................................................................... 103

    FIGURA 50. Influncia da variao do TC no tempo de pico ................. 103

    FIGURA 51. Variao no nvel dos condutos com n............................. 104

    FIGURA 52. Variao no nvel dos poos de visita com Km .................. 104

    FIGURA 53. Calibrao do modelo C2 Data: 05/06/2001................... 105

    FIGURA 54. Calibrao do modelo C2 Data: 24/06/2001................... 105

    FIGURA 55. Calibrao do modelo C2 Data: 04/07/2001................... 106

    FIGURA 56. Calibrao do modelo C2 Data: 09/07/2001................... 106

    FIGURA 57. Calibrao do modelo C2 Data: 17/07/2001................... 106

    FIGURA 58. Calibrao do modelo C2 Data: 17/08/2001................... 107

    FIGURA 59. Calibrao do modelo C2 Data: 13/09/2001................... 107

    FIGURA 60. Calibrao do modelo C2 Data: 30/09/2001................... 107

    FIGURA 61. Calibrao do modelo C2 Data: 15/10/2001................... 108

    FIGURA 62. Calibrao do modelo C2 Data: 16/10/2001................... 108

    FIGURA 63. Calibrao do modelo C2 Data: 13/11/2001................... 108

    FIGURA 64. Calibrao do modelo C2 Data: 31/01/2002................... 109

    FIGURA 65. Calibrao do modelo C2 Data: 20/02/2002................... 109

    FIGURA 66. Calibrao do modelo C2 Data: 06/03/2002................... 109

    FIGURA 67. Calibrao do modelo C2 Data: 11/03/2002................... 110

    FIGURA 68. Calibrao do modelo C2 Data: 25/03/2002................... 110

    FIGURA 69. Perdas iniciais em funo do Nmero de dias antecedentes

    sem chuva ............................................................................................. 112

  • xiv

    FIGURA 70. Tlag em funo do nmero de dias

    antecedentes sem chuva ....................................................................... 112

    FIGURA 71. Vazo de pico em funo do Tlag....................................... 113

    FIGURA 72. Ib em funo da Intensidade mdia da precipitao ......... 114

    FIGURA 73. Resultado da simulao da vazo de pico e volume escoado

    com parmetros mdios em funo dos valores observados ................ 115

    FIGURA 74. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 05/06/01 ...... 117

    FIGURA 75. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 04/07/01 ...... 118

    FIGURA 76. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 19/07/01 ...... 118

    FIGURA 77. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 17/08/01 ...... 118

    FIGURA 78. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 13/11/01 ...... 119

    FIGURA 79. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 31/01/02 ...... 119

    FIGURA 80. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 20/02/02 ...... 119

    FIGURA 81. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 11/03/02 ...... 120

    FIGURA 82. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 25/03/02 ...... 120

    FIGURA 83. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 19/09/02 ...... 120

    FIGURA 84. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 23/02/03 ...... 121

    FIGURA 85. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 10/03/03 ...... 121

    FIGURA 86. Calibrao da rea urbana da bacia Data: 16/03/03 ...... 121

    FIGURA 87. Mapa de inundao para o evento do dia 19/09/02 .......... 123

    FIGURA 88. Mapa de inundao para o evento do dia 10/03/03 .......... 123

    FIGURA 89. Perdas iniciais em funo do nmero de dias antecedentes

    sem chuva ............................................................................................. 124

    FIGURA 90. Hidrogramas de cheias simulados na rea urbana ........... 126

    FIGURA 91. Mapa de inundao nas ruas para TR= 2 anos................. 126

    FIGURA 92. Mapa de inundao nas ruas para TR= 15 anos............... 127

    FIGURA 93. Mapa de inundao nas ruas para TR= 50 anos............... 127

    FIGURA 94. Mapa de inundao nas ruas para TR= 100 anos............. 127

    FIGURA 95. Mapeamento de ruas com maior risco de inundaes ...... 128

    FIGURA 96. Fotos das ruas sujeitas a alagamentos durante eventos de

    cheia ...................................................................................................... 129

  • xv

    FIGURA 97. Inundao dos poos de visita para TR=2 anos................ 130

    FIGURA 98. Perfil longitudinal do trecho crtico (Rua 01)...................... 130

    FIGURA 99. Inundao dos poos de visita para TR=50 anos.............. 131

    FIGURA 100. Resultado da avaliao do risco potencial aos pedestres

    nos locais sujeitos a inundaes............................................................ 132

    FIGURA 101. Hidrogramas simulados na estao ACI nos cenrios atual,

    atual com controle e futuro com controle ............................................... 133

    FIGURA 102. Simulao da operao da bacia de deteno................ 134

    FIGURA 103. Perfil longitudinal do trecho crtico aps o

    redimensionamento para TR=2 anos no cenrio atual com controle.... 135

    FIGURA 104. Comparao entre as metodologias tradicional usada no

    aplicativo MOUSE e utilizando o conceito de drenagem integrada

    (TR=100 anos)....................................................................................... 136

  • xvi

    LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SMBOLOS a celeridade da onda (m/s)

    a constante da relao i-d-f

    A rea molhada (m2)

    Aj ordenada da curva tempo-rea no tempo j

    Am rea molhada da seo transversal do poo de visita (m2)

    A0 rea do conduto cheio (m2)

    A0,j rea da superfcie entre os pontos do j-1 e j da malha

    A0,j+1 rea da superfcie entre os pontos j e j+1 da malha

    b constante da relao i-d-f

    bS largura de armazenamento (m)

    Bfenda largura da fenda de Preissmann (m)

    C coeficiente varivel do mtodo de extrapolao de Stevens

    CD coeficiente de descarga

    Cr nmero de Courant

    dt intervalo de tempo computacional

    dx distncia entre dois pontos computacionais na malha (m)

    D dimetro do conduto (m)

    Di dimetro do conduto que chega ao n (m)

    Dj dimetro do conduto que deixa o n (m)

    f o fator de atrito

    FR fator de reduo

    Fr nmero de Froude

    g acelerao da gravidade (m/s2)

    h profundidade (m)

    H1,H2 nveis da gua em pontos computacionais a montante e

    jusante

    in chuva efetiva

    ia intensidade da chuva depois do pico (mm/h)

    ib intensidade da chuva antes do pico (mm/h)

  • xvii

    im intensidade mdia obtida da relao i-d-f (mm/h)

    I0 capacidade mxima de infiltrao do modelo de Horton

    (mm/h)

    I0 declividade do leito (m/m)

    Ib capacidade mnima de infiltrao do modelo de Horton

    (mm/h)

    If declividade da linha de atrito (m/m)

    IL perdas iniciais (m)

    IMP porcentagem de reas impermeveis (%)

    J declividade da linha de carga (m/m) no mtodo de Stevens

    K constante de decaimento do modelo de Horton (h-1)

    K constante de tempo no modelo reservatrio linear (minutos)

    Km coeficiente de perda de carga relacionado a geometria da

    sada do n

    l comprimento do conduto (m)

    L largura da soleira (m)

    M inverso do nmero de Manning (1/n)

    n constante da relao i-d-f

    n nmero de clulas da bacia no modelo A

    N nmero de pontos Q-h na malha em um conduto

    P chuva total (mm)

    PV poo de visita

    Q vazo ou descarga (m3/s)

    Qe vazo de engolimento (m3/s)

    Qn ordenada do hidrograma no intervalo de tempo n

    Qo vazo observada (m3/s)

    Qs vazo simulada (m3/s)

    Q1(t) vazo amortecida pelo primeiro reservatrio no modelo C2

    Q2(t) vazo correspondente s ordenadas do hidrograma de

    escoamento superficial da bacia

    Rh raio hidrulico (m)

  • xviii

    Ri precipitao efetiva no intervalo de tempo i

    S1(t) e S2(t) volume armazenado no instante t nos reservatrios do

    modelo C2

    t tempo (s) ta tempo depois do pico (minutos)

    tb tempo anterior ao pico (minutos)

    tc tempo de concentrao (minutos)

    tc tempo de concentrao (minutos)

    Tc tempo de concentrao (minutos) td tempo de durao da chuva (minutos)

    Tlag constante de tempo do modelo reservatrio linear (minutos)

    TR perodo de retorno (anos)

    v velocidade mdia do escoamento (m/s)

    V velocidade do escoamento (m/s)

    x distncia na direo do escoamento (m)

    x,y coordenadas (m)

    y altura da gua prximo a guia (m)

    Z varivel generalizada do escoamento, substituindo Q e h

    Zi cota do conduto que chega ao n (m)

    Zj cota do conduto que deixa o n (m)

    a,b,c,...,z constantes da equao da continuidade modificada

    A,B,C,...,Z constantes da equao da continuidade generalizada

    coeficiente de Coriolis de distribuio da velocidade

    ,, e coeficientes das equaes na forma de diferenas finitas t intervalo de tempo computacional He perda de energia na entrada do poo de visita Hs perda de energia na sada do poo de visita x distncia entre dois pontos computacionais na malha (m) jk perda de carga total no n para o conduto de sada j

  • xix

    dir(j) coeficiente de perda de carga na mudana de direo do escoamento

    nvel coeficiente de perda de carga por diferena de cota contr(j) coeficente de perda de carga devido a contrao do

    escoamento na sada do n

    padro de chuva do Mtodo de Chicago n coeficiente de rugosidade de Manning

    ij ngulo horizontal entre o conduto de entrada i e o conduto de sada j

    densidade da gua (Kg/m3) ACI estao fluviogrfica Alto da Colina I

    ACII estao fluviogrfica Alto da Colina II

    CAD Computer Aid Designer

    CSO Combined Sewer Overflow

    DHI Danish Hydraulic Institute

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    EPA Environmental Protection Agency

    ETE estao de tratamento de esgoto

    GIS Geographic Information System

    IPH Instituto de Pesquisas Hidrulicas da UFRGS

    MNT Modelo Numrico do Terreno

    MOUSE Modelling of Urban Sewers

    RIZA Dutch Institute of Inland Water Management and Wastewater

    Treatment

    SIG Sistema de Informaes Geogrficas

    SWMM Storm Water Management Model

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFSM Universidade Federal de Santa Maria

  • xx

    RESUMO Dissertao de Mestrado

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria

    SIMULAO HIDRODINMICA INTEGRADA DE SISTEMA DE DRENAGEM EM SANTA MARIA-RS

    Autor: Adalberto Meller Orientadora: Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva

    Data e Local da Defesa: Santa Maria, 22 de abril de 2004. O objetivo deste trabalho foi a avaliao do sistema de drenagem

    urbana do Parque Residencial Alto da Colina, que apresenta pontos de

    alagamento durante as chuvas de maior intensidade, utilizando dados de

    monitoramento. Atravs do uso de modelos hidrolgicos de transformao

    chuva-vazo e hidrodinmico unidimensional para propagao do

    escoamento, integrantes do aplicativo MOUSE v.2003, foram analisados

    os problemas decorrentes da ineficincia da drenagem, apontando

    solues para o planejamento da drenagem urbana na regio.

    Na etapa de calibrao o aplicativo apresentou resultados

    satisfatrios, com coeficiente de correlao mdio de 0,94 e erros mdios

    na vazo de pico e volume escoado de 4,24 e 19,28%, respectivamente.

    Na comparao entre os nveis de inundao observados e simulados em

    dois eventos registrados obtiveram-se erros de -24,88% e -9,19%. As

    simulaes com cheias de projeto permitiram avaliar os pontos crticos do

    sistema de microdrenagem, alm do mapeamento dos trechos de ruas

    com maiores problemas de inundaes. Como alternativa de controle de

    inundaes props-se a adoo de algumas medidas estruturais, com o

    redimensionamento da rede de microdrenagem e introduo de um

    reservatrio de deteno na rea rural da bacia. As simulaes das

    alternativas de controle mostraram que as medidas propostas so efetivas

    e viveis no controle de inundaes.

  • xxi

    ABSTRACT M.Sc. Dissertation

    Post-graduation Program in Civil Engineering Universidade Federal de Santa Maria

    HYDRODYNAMIC SIMULATION OF DUAL DRAINAGE SYSTEM IN SANTA MARIA-RS, BRAZIL

    Author: Adalberto Meller

    Advisor: Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva Date and Local: Santa Maria, April 22 2004.

    The objective of this work was the evaluation of the urban drainage

    system of Residential Park Alto da Colina, which presents flood points

    during high storms, using monitoring data. Through the use of rainfall-

    runoff and hydrodynamic 1-D model, included in the package MOUSE

    v.2003, current problems concerning the inefficiency of the drainage

    system and aiming solutions for the urban drainage planning in the area

    were analyzed.

    In the calibration stage the software present satisfactory results,

    with average correlation coefficient of 0.94 and average errors in the peak

    and volume flows of 4.24 and 19.28%, respectively. In the comparison

    between observed and simulated flood levels in streets of two registered

    events, errors of -24.88% and -9.19% were obtained. The simulations with

    design hyetographs allowed evaluate the critical points of the network

    system, besides the mapping of streets with flood problems. As alternative

    of control floods intended the adoption of some structural measures, with

    the network resizing and introduction of a detention reservoir in the rural

    area of the basin. The simulations of the control alternatives showed that

    the proposed measures are effective and viable in the flood control.

  • 1

    1. INTRODUO

    De acordo com a ltima estimativa populacional das Naes Unidas

    (2003), a populao mundial alcanou em 12 de outubro de 1999 a marca

    histrica de seis bilhes de habitantes, 47% do total se aglomerando em

    aproximadamente 2% da superfcie dos continentes: as cidades. Nesse

    contexto, as duas ltimas dcadas do sculo 20 apresentaram estatsticas

    preocupantes, marcadas por um crescimento populacional com o maior

    incremento anual registrado (86 milhes de pessoas por ano),

    especialmente nos pases em desenvolvimento como o Brasil. Segundo

    Tucci (1999), a taxa da populao urbana brasileira hoje de 80%,

    prximo a saturao.

    Os primeiros reflexos desse processo so observados pela

    modificao do ciclo hidrolgico natural. Segundo Canholi (2002) todo

    espao retirado pela urbanizao, anteriormente destinado ao

    armazenamento natural em reas permeveis, vrzeas e mesmo nos

    prprios talvegues so substitudas, via de regra, por grandes reas

    impermeveis, gerando escoamento superficial excessivo e

    subseqentemente transferindo um problema local para novas reas

    jusante. Acresce-se a esse problema, a prtica comum e sem critrios da

    canalizao dos rios e crregos, resultando no aumento da freqncia de

    cheias e alagamentos, associadas a danos materiais e humanos.

    O descaso do poder pblico em relao a poltica de urbanizao, se

    faz sentir de maneira expressiva sobre a infra-estrutura urbana

    relacionada aos recursos hdricos, especialmente sobre o sistema de

    drenagem pluvial. O aumento da amplitude das vazes de pico devido a

    impermeabilizao das reas urbanas, leva ao colapso os sistemas de

    drenagem, que trabalham sob condies no projetadas se revelando ao

    mesmo tempo ineficientes e de alto custo. Segundo Cao et al (1988)

    bilhes de dlares so investidos na construo, operao e reabilitao

    de redes, trazendo consigo os prejuzos causados pelas inundaes,

  • 2

    deteriorao do meio ambiente e problemas generalizados de sade

    pblica.

    Dentro desse cenrio, surge a necessidade de incorporao de

    ferramentas para planificao de aes preventivas e corretivas da

    drenagem urbana de maneira integrada na bacia. Nesse aspecto, a

    modelagem matemtica associada ao suporte informtico j comprovou

    ser indispensvel. Os aplicativos para simulao da drenagem urbana

    atuam nesse sentido, promovendo uma anlise abrangente nos vrios

    campos da drenagem urbana, atravs da vinculao de diversos modelos

    numa estrutura modular.

    Para simulao quantitativa do escoamento, esses aplicativos, em

    geral, incluem basicamente dois componentes seqencialmente

    conectados: um modelo hidrolgico para transformao da precipitao

    em escoamento superficial e um modelo para propagao do escoamento

    em redes de condutos e canais. Os modelos que descrevem a

    propagao do escoamento na rede geralmente utilizam as equaes de

    Saint Venant em sua forma completa e so chamados hidrodinmicos.

    Ainda que outras formulaes sejam passveis de utilizao, alguns

    fenmenos que ocorrem em redes de condutos, especialmente sob

    condies crticas, como inverses de fluxo, efeitos de jusante e

    escoamento sob presso, somente podem ser contemplados com a

    utilizao desses modelos.

    Embora os primeiros modelos tenham surgido com objetivo de

    simulao e verificao de redes, com a rpida evoluo da informtica

    passaram tambm a ser utilizados para simulao de inundaes em

    reas urbanas, especificamente as relacionadas a ineficincia hidrulica

    das redes de condutos. Nesse aspecto a contribuio dos modelos de

    drenagem urbana significativa, fornecendo subsdios para o

    entendimento das causas e da dinmica das inundaes, balizando

    solues econmicas, eficientes e sustentveis na bacia hidrogrfica.

  • 3

    1.1. Objetivos e justificativa

    O objetivo deste trabalho foi a avaliao do sistema de drenagem

    urbana do Parque Residencial Alto da Colina, que apresenta pontos de

    alagamento durante o perodo de chuvas de maior intensidade, utilizando

    dados de monitoramento. Atravs do uso de modelos transformao

    chuva-vazo e hidrodinmico de propagao do escoamento em redes e

    canais, integrantes do aplicativo MOUSE v.2003, foram avaliados os

    problemas decorrentes da ineficincia da drenagem, apontando solues

    para o planejamento da drenagem urbana na bacia. Os resultados da

    pesquisa podero futuramente servir de orientao na tomada de

    decises em bacias com problemas semelhantes na regio.

  • 4

    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1. Introduo

    A modelagem matemtica associada simulao computacional tem

    se mostrado, nas ltimas dcadas, uma ferramenta indispensvel no

    planejamento, dimensionamento e operao da drenagem urbana,

    proporcionando anlises bem estruturadas e um melhor entendimento dos

    processos fsicos do escoamento em redes de drenagem urbana.

    A literatura sobre modelos de simulao da drenagem urbana

    ampla e apresenta um nmero grande de aplicativos com propsitos e

    teorias diferentes, o que demanda cuidados na seleo da ferramenta

    adequada s reais necessidades. De acordo com Tucci (1998), a escolha

    de um modelo depende dos objetivos de seu uso, da quantidade de

    dados disponveis, das caractersticas do ambiente de simulao, da

    familiaridade do usurio com o modelo e do oramento e condies

    previstas.

    Segundo DID (2000) provavelmente a mais importante considerao

    na escolha de um modelo, a familiaridade do usurio com os

    fundamentos tericos empregados. Modelos que propem anlises

    simplificadas, utilizados por usurios que conhecem suas limitaes e

    formulao terica, muitas vezes produzem resultados mais realistas que

    modelos complexos utilizados por um usurio que no domine a teoria

    dos processos, tratando o modelo como uma caixa preta.

    2.2. Classificao dos modelos de drenagem urbana

    De acordo com objetivos a que destinam os modelos para simulao

    da drenagem urbana podem ser classificados em modelos de operao,

    planejamento e dimensionamento. Segundo Zoppou (2000), os modelos

    de planejamento so utilizados para estimar os custos associados com a

  • 5

    infra-estrutura urbana relacionada gua ao longo dos anos. Se o

    objetivo for determinar as dimenses das estruturas que compem o

    sistema, como redes de condutos, bacias de deteno, etc... utilizam-se

    modelos de dimensionamento. Os modelos de operao fornecem uma

    anlise detalhada e permitem definir regras de operao das estruturas

    de controle (bombas, vertedores, bacias de deteno e comportas) e do

    escoamento na rede de condutos.

    H tambm circunstncias em que um modelo pode ser usado para

    planejamento, dimensionamento e operao. A diferena fundamental na

    diviso entre os modelos o nvel de informaes necessrias para

    simulao dos processos, as informaes que podem ser obtidas com o

    modelo especfico e a sofisticao da anlise realizada.

    2.3. O ciclo hidrolgico urbano e a estrutura de um modelo de drenagem urbana

    O escoamento gerado em reas urbanas proveniente de uma srie

    de fontes, incluindo reas residenciais, comerciais e industriais, ruas e

    rodovias; de forma generalizada de qualquer superfcie que no tenha

    capacidade de armazenamento ou possibilidade de infiltrao durante os

    eventos de precipitao. Quando uma rea alterada de um ecossistema

    natural para uma rea urbana, a superfcie passa a ser artificialmente

    ocupada por sarjetas, ruas e estacionamentos e a hidrologia do sistema

    significativamente alterada (EPA, 1999). A gua anteriormente

    armazenada na superfcie, infiltrada ou que alcanava o lenol fretico e

    que era utilizada pelas plantas e evaporada e transpirada para atmosfera,

    agora transformada diretamente em escoamento superficial. O objetivo

    em um modelo de drenagem urbana , especialmente, a representao

    dessa parte do ciclo e sua interao com a rede de drenagem de guas

    pluviais. A figura 1 mostra os principais processos que ocorrem em um

    sistema de drenagem.

  • 6

    3

    1a

    1b

    Q(t)

    2a

    Precipitao(t)

    1. Abstrao Inicial da Precipitao 1.a. Deteno superficial1.b. Infiltrao

    2. Escoamento Superficial 2.a. Na superfcie do terreno2.b. Nas Sarjetas3. Escoamento na Rede de Drenagem

    2b

    rea

    s Imp

    erme

    veis

    reas Permeveis

    FIGURA 1. Processos em um sistema de drenagem (modificado de Maksimovic (2001))

    Os modelos de drenagem urbana incluem basicamente duas partes

    seqencialmente conectadas: um modelo hidrolgico para transformao

    da precipitao em escoamento superficial e um modelo hidrulico de

    propagao do escoamento em redes de condutos e canais. Os modelos

    hidrolgicos basicamente descrevem o processo de transformao chuva-

    vazo atravs de algoritmos de perdas por armazenamento em

    depresses, interceptao, perdas por infiltrao e de propagao na

    superfcie.

    Nos modelos para simulao da drenagem urbana, a rede de

    condutos, ruas e canais so geralmente representados atravs de um

    conjunto de vnculos e ns, o conceito de link-node. Os ns representam

    estruturas como poos de visita, bacias de deteno ou pontos de

    armazenamento no sistema, enquanto que os vnculos representam as

  • 7

    estruturas de ligao entre os ns, podendo ser redes de condutos, ruas

    ou canais de macrodrenagem.

    Para efeitos de simulao hidrolgica chuva-vazo a rea total da

    bacia dividida em sub-reas contribuintes, delimitadas de acordo com a

    rea de captao de cada boca-de-lobo. A partir de dados de

    precipitao, os hidrogramas de escoamento superficial determinados

    pelo modelo hidrolgico so adicionados aos ns e propagados na rede

    pelo modelo hidrulico.

    2.3.1. O escoamento na rede de drenagem pluvial

    Do ponto de vista da mecnica dos fluidos, o escoamento em redes

    de condutos um dos mais complexos problemas hidrulicos (Yen, 1978).

    O escoamento inevitavelmente no-permanente, usualmente no-

    uniforme e turbulento, algumas vezes se processando a superfcie livre

    outras sob presso. Esse conjunto de caractersticas contrasta com as

    simplificaes utilizadas normalmente pelos mtodos de anlise e

    dimensionamento da rede, resultando em alguns casos sistemas

    ineficientes e de alto custo.

    O critrio usual de dimensionamento adequar a capacidade

    hidrulica da rede considerando o escoamento uniforme, em regime

    permanente e superfcie livre, a uma vazo correspondente a uma

    chuva de projeto normalmente com tempo de retorno entre 2 e 10 anos.

    Quando a precipitao supera a chuva de projeto, as caractersticas do

    escoamento mudam, e as premissas bsicas do dimensionamento no

    so mais vlidas. Nestas condies podero ocorrer na rede a

    possibilidade de escoamento sob presso alm de inverses de fluxo e

    efeitos de jusante, que s podem ser avaliados com o uso de modelos de

    simulao em regime no-permanente.

    Villanueva (1990) cita que embora os modelos utilizados para o

    dimensionamento de redes de drenagem possam fornecer diretrizes que

  • 8

    remetam a um dimensionamento correto, somente a utilizao de um

    modelo de fluxo no-permanente pode identificar a segurana e economia

    do projeto sob situaes crticas.

    2.4. Equaes fundamentais do escoamento no-permanente

    As equaes fundamentais utilizadas para descrever o escoamento

    unidimensional a superfcie livre baseiam-se nas leis da conservao da

    massa (equao da continuidade) e da quantidade do movimento

    (equao do momento) baseada na 2 Lei de Newton; as chamadas

    equaes de Saint Venant. A deduo dessas equaes pode ser

    encontrada em Tucci (1998), Henderson (1966) e Cunge et al (1980).

    As equaes de Saint Venant so base dos modelos de

    propagao do escoamento em canais e redes de condutos. A equao

    da continuidade descreve o balano da massa no escoamento e a

    equao do momento descreve o balano das foras sob condies

    dinmicas (Ji, 1998). A aplicao destas equaes em canais ou redes de

    condutos supe a adoo de algumas simplificaes, sendo as principais

    descritas abaixo:

    O fluxo considerado incompressvel e homogneo, ou seja, so desprezadas variaes na densidade do fluido;

    A declividade do fundo pequena, dessa forma o seno do ngulo tomado com a horizontal pode ser considerado igual a tangente;

    O comprimento das ondas grande se comparado com a profundidade do escoamento. Isto assegura que a vazo em qualquer

    posio pode ser tomada como tendo direo paralela ao fundo do canal.

    Desta forma as aceleraes verticais podem ser desprezadas e pode ser

    considerada uma variao hidrosttica da presso ao longo da vertical;

    O escoamento subcrtico; A declividade da linha de energia obtida pela utilizao de equaes de movimento uniforme, como por exemplo a de Manning ou

  • 9

    Chezy.

    As equaes da continuidade e do momento na forma no-

    conservativa so apresentadas a seguir pelas equaes 1 e 2

    respectivamente, embora outras formas particulares de apresentao

    sejam possveis em funo das variveis dependentes.

    0tA

    xQ =

    + (1)

    )II(gAxhgA

    xAQ

    tQ

    f0

    2

    =+

    + (2)

    onde Q=descarga (m/s3); A=rea molhada (m2); h=profundidade (m); g=acelerao da gravidade (m/s2); x=distncia na direo do escoamento

    (m); t = tempo (s); I0=declividade do leito e If =declividade da linha de

    energia.

    Os primeiros dois termos do lado esquerdo da igualdade na

    equao do momento representam as foras de inrcia, enquanto que o

    terceiro termo representa as foras de presso. O termo do lado direito na

    equao representa as foras gravitacionais e de atrito.

    2.5. Classificao dos modelos de propagao do escoamento

    Os modelos de propagao do escoamento podem ser classificados

    em modelos de armazenamento ou hidrodinmicos (Cirilo et al, 2003). Os

    modelos de armazenamento, como o prprio nome indica, consideram

    somente os efeitos do armazenamento na atenuao e deslocamento da

    onda de cheia, desprezando os efeitos de atrito levados em conta pela

    equao do momento.

    Os modelos que utilizam as equaes de Saint Venant so

  • 10

    chamados de hidrodinmicos, e podem ser classificados em simplificados

    ou completos, de acordo com a considerao ou no dos termos da

    equao do momento. Se forem desprezados os termos de inrcia e

    presso, tem-se o modelo da onda cinemtica, onde se tem a

    desvantagem da impossibilidade de simular fenmenos tais como efeitos

    de jusante sobre o escoamento. Nestas situaes pode ser utilizado um

    modelo de difuso, negligenciando somente os termos de inrcia na

    equao da continuidade. Este modelo, porm, segundo Tucci (2001),

    no deve ser utilizado quando h grande variao espacial e temporal da

    velocidade no sistema. Os modelos anteriores tambm so chamados de

    hidrodinmicos simplificados.

    Os modelos que resolvem as equaes em sua forma completa so

    chamados de hidrodinmicos completos, podendo representar com

    preciso os fenmenos mais importantes do escoamento em canais.

    Vieira da Silva et al (2003) citam que a comparao entre os modelos

    simplificados e completos importante no processo de escolha e envolve

    propriedades como preciso, facilidade de aplicao, uso e objetivo dos

    resultados, base de dados existentes, economia e outros fatores.

    Entretanto quaisquer que sejam os critrios na deciso sobre qual modelo

    utilizar, o uso de modelos baseados na soluo das equaes completas

    de Saint Venant sempre fornecer resultados mais confiveis.

    2.6. Fundamentos tericos dos modelos hidrodinmicos completos

    Os modelos hidrodinmicos constituem um sistema de equaes

    de derivadas parciais de primeira ordem, quase-linear e do tipo

    hiperblico, no existindo soluo analtica para o mesmo (Cirilo et al,

    2003). Assim se faz necessrio utilizao de solues aproximadas,

    geralmente realizadas atravs de mtodos numricos. No sendo o

    objetivo da pesquisa o desenvolvimento de um modelo hidrodinmico de

    redes de condutos e sim sua utilizao na avaliao de um sistema de

  • 11

    drenagem, o contedo deste item toca somente nos fundamentos

    principais dos mtodos de resoluo das equaes de Saint Venant, de

    forma simplificada e informativa.

    2.6.1. Mtodos de soluo

    A forma mais utilizada para soluo das equaes de Saint Venant

    atravs de mtodos numricos baseados nas aproximaes por

    diferenas finitas, que podem ser explcitos ou implcitos. Para que a

    representao do sistema por um esquema de diferenas finitas seja

    adequada, certas propriedades no esquema numrico so fundamentais.

    A estabilidade, segundo Wrobel (1989), uma propriedade

    fundamental relacionada com o esquema de integrao no tempo.

    Quando um mtodo numrico instvel, qualquer perturbao como erros

    de truncamento da srie de Taylor ou erros de arredondamento podem

    crescer levando a soluo das equaes diferenciais a valores absurdos.

    Na prtica, considerando que as equaes diferenciais do escoamento

    envolvam duas variveis independentes t (tempo) e x (espao), so

    utilizadas condies de estabilidade que impem um limite superior no

    espaamento (x) dos valores de x e no incremento de tempo (t) utilizados no clculo (DID, 2000). A condio de estabilidade para os

    esquemas explcitos geralmente definidas pelo critrio de Courant,

    definido como:

    5.0)gh(Vtx +

    (3) onde V=velocidade do escoamento (m/s); g=acelerao da gravidade

    (m2/s); h=profundidade do escoamento (m).

    Segundo Schmitt (1986) em um esquema explcito as variveis

    desconhecidas no intervalo de tempo atual so derivadas das variveis no

    intervalo de tempo anterior. Dessa forma, a aproximao conduz a

    solues algbricas mais simples, porm incondicionalmente instveis do

  • 12

    ponto de vista numrico (Cirilo et al, 2003). Ji (1998) afirma ainda, que

    estes esquemas requerem um pequeno intervalo de tempo e um

    comprimento mnimo, tornando o processo exaustivo em alguns casos.

    Nos esquemas implcitos, as variveis desconhecidas no intervalo

    de tempo atual e anterior devem ser resolvidas simultaneamente. Desta

    forma as variveis no podem ser escritas em funo exclusivamente dos

    valores conhecidos. A soluo ento obtida para todas as variveis do

    sistema atravs de equaes algbricas.

    Vrias so as vantagens dos esquemas implcitos, a principal

    segundo Vieira da Silva et al (2003), seria que as equaes resultantes

    praticamente no apresentam problemas de instabilidade numrica,

    permitindo quando necessrio utilizao de intervalos de tempo maiores

    que os esquemas explcitos.

    Ji (1998) afirma que as pesquisas realizadas envolvendo

    diferentes esquemas mostram que os esquemas implcitos so os mais

    sofisticados, sendo o esquema implcito de quatro pontos de Preissmann

    o geralmente adotado em modelos de redes de condutos. Existem ainda

    muitos modelos desenvolvidos utilizando-se esquemas implcitos

    alternativos, como os esquemas de seis pontos de Abbott e Ionescu

    (Cunge, 1980) e um esquema semelhante desenvolvido pelo Delft

    Hydraulics Laboratory (Cunge, 1980).

    A soluo dos sistemas de equaes resultantes da aplicao dos

    esquemas implcitos de diferenas finitas recai geralmente em uma

    matriz do tipo banda, podendo ser resolvida pelo mtodo generalizado

    de Newton-Raphson ou pelo processo de dupla varredura. Entretanto,

    Villanueva (1990) cita que para redes complexas as matrizes resultantes

    no so banda como nos trechos mais simples e sim esparsas,

    necessitando mtodos especficos de soluo.

    Por fim, as equaes de Saint Venant, como equaes diferenciais

    parciais, necessitam ainda de valores iniciais e valores de contorno para

    garantia e unicidade da soluo. As condies iniciais podem ser

  • 13

    representadas, por exemplo, por condies de escoamento uniforme.

    Atualmente muitos modelos de drenagem urbana tm utilizado como

    condio inicial introduo artificial de uma lmina de gua mnima, com

    profundidade variando entre 0,5 e 5% da dimenso caracterstica do

    conduto, podendo ser ou no subtrada do hidrograma final para no

    afetar o balano do volume da simulao.

    As condies de contorno, por sua vez, so informaes

    necessrias para soluo das equaes do escoamento para cada

    conduto ou canal entre dois ns, simultaneamente na entrada e na sada

    do conduto. Podem ser definidas basicamente como relaes entre duas

    variveis, como por exemplo, vazo em funo do tempo (hidrograma),

    vazo em funo da cota (curva-chave) ou cota em funo do tempo

    (cotagrama).

    2.7. Evoluo dos modelos hidrodinmicos de redes de drenagem pluviais

    Os primeiros modelos hidrodinmicos de simulao de redes de

    condutos surgiram no final da dcada de 60. Especialmente nesta

    dcada, surgiram vrios trabalhos no intuito de validao das equaes

    de Saint Venant para utilizao em modelos de propagao do

    escoamento em redes de condutos. Dentre eles podem ser citados os

    trabalhos de Harrison (1964), Mitchel (1967) e Yevjavich & Barnes (1970)

    apud Sivaloganathan (1982). Alguns modelos de redes surgiram como

    modificaes de modelos hidrodinmicos para simulao do escoamento

    em rios, outros foram concebidos especificamente para simulao em

    redes de drenagem.

    Os modelos para computador surgiram somente na metade da

    dcada de 70 e efetivamente no incio da dcada de 80, desenvolvidos

    primeiramente pelas agncias governamentais americanas, como a EPA

    (Agncia de Proteo Ambiental Americana). A principal limitao nesta

  • 14

    fase de evoluo dos modelos foi a limitao computacional. Os primeiros

    computadores tinham uma capacidade de processamento pequena, e a

    resoluo dos sistemas de equaes dispensava um tempo precioso,

    principalmente quando era necessrio avaliar sistemas com um grande

    nmero de elementos (condutos, poos de visitas, etc...). Desta forma, o

    tempo de simulao era um fator relevante e em certos casos

    determinante sobre a escolha do tipo de esquema a ser utilizado para

    resoluo das equaes do escoamento.

    Na metade da dcada de 80 os modelos de drenagem urbana

    comearam a se tornar mais robustos, desenvolvidos por instituies

    particulares da Europa, no intuito de criar pacotes comerciais. Chorin

    apud Abbott (1987) estimaram que o comrcio com os modelos

    computacionais de dinmica dos fludos fez girar cerca de um bilho de

    dlares nessa dcada e aumentaria substancialmente nos anos 90. Neste

    perodo tambm se introduziu a idia que se concretizaria na dcada

    seguinte, de integrao dos modelos de drenagem urbana com o Sistema

    de Informaes Geogrficas (SIG).

    A partir da dcada de 90, com a proliferao dos computadores

    pessoais e o rpido avano da informtica, tornou-se possvel para

    qualquer engenheiro o uso de modelos extremamente avanados para

    propsitos que variavam desde a anlise de simples condutos individuais

    at a anlise de sistemas de drenagem urbana de cidades inteiras (DID,

    2000). Nesta dcada a integrao com o SIG se tornou uma realidade.

    Um dos primeiros artigos apresentados neste sentido foi publicado por

    Elgy et al (1993), onde foi apresentada uma metodologia para aquisio

    de dados espaciais a partir do SIG e criao automtica de arquivos de

    entrada para modelos de drenagem urbana.

    Hoje, a maioria dos modelos de drenagem urbana se apresentam na

    forma de aplicativos comerciais, para gerenciamento integrado e controle

    da drenagem urbana. Os aplicativos so constitudos por vrios modelos,

    chamados de mdulos, que podem operar individualmente ou de forma

  • 15

    integrada aos outros mdulos, com exceo dos mdulos de

    transformao chuva-vazo e propagao do escoamento na rede,

    fundamentais para outras rotinas. Alm da anlise do escoamento,

    incluem a transformao chuva-vazo atravs de diversos modelos

    hidrolgicos, permitem anlise qualitativa do escoamento, avaliao do

    transporte de sedimentos na rede, operao do sistema com bombas,

    vertedores e orifcios, bacias de deteno, medidas no-estruturais de

    controle do escoamento, simulao da operao de estaes de

    tratamento, demarcao de reas inundveis, simulao e previso em

    tempo-real, ferramentas para anlise estatstica dos resultados e de

    apresentao de mapas, e a maioria possui total integrao com o SIG.

    Entretanto, mesmo com a indiscutvel evoluo dos modelos de

    drenagem urbana, alguns pesquisadores criticam o modo como vem

    ocorrendo. Na viso de Maksimovic (2001), os modelos parecem ter

    alcanado um estgio de avano no qual a maioria dos pesquisadores

    parece ter perdido o entusiasmo para promover uma melhoria concreta

    nos seus fundamentos tericos, necessria diante da complexidade do

    ambiente urbano. Grficos poderosos e imagens coloridas no contribuem

    de forma efetiva para a evoluo do modelo se a modelagem dos

    processos fsicos no for melhor estudada, visto que a maioria dos

    modelos atuais so adaptaes de teorias e modelos criados nas

    dcadas anteriores.

    Baptista & Matos (1994) apud Neves (2000) citam alguns requisitos

    bsicos que atualmente devem ser atingidos por um modelo para que o

    mesmo atinja um reconhecimento maior. Entre eles devem estar rigor de

    clculo, facilidade de alterao de dados, algoritmos de deteco de

    erros, facilidade de interpretao de dados e facilidade de uso. Segundo

    Maksimovic (2001) muito importante a avaliao do comportamento dos

    modelos em regies climticas especficas diferentes das de sua

    concepo. Ele cita alguns aspectos que devem ser considerados

    atualmente no processo de evoluo dos modelos de drenagem urbana:

  • 16

    Captura, filtragem, compactao e processamento de dados de alta resoluo espacial obtidos por sensoriamento remoto, permitindo uma

    melhor representao da superfcie e do uso do solo;

    Anlise do efeito da manuteno e gerenciamento de prticas (degelo, limpeza de bocas-de-lobo, lavagem de ruas e etc...) na qualidade

    da gua;

    Anlise dos efeitos de medidas de controle do escoamento na fonte.

    Outro aspecto que vem sendo atualmente incorporado ao processo

    de modelagem da drenagem urbana o conceito aqui denominado de

    drenagem integrada (Dual-Drainage, originalmente), apresentado no

    item 2.7.1.

    2.7.1. Conceito de drenagem integrada (Dual Drainage) aplicado aos modelos de drenagem urbana

    Segundo Djordjevic et al (1999) um modelo de drenagem integrada

    possui duas partes interativas, ou duas redes. A parte subterrnea

    consiste na rede de condutos pluviais, constituda por poos de visita,

    bocas-de-lobo e estruturas de controle. A parte superficial formada por

    canais naturais, reas de reteno do escoamento em depresses do

    terreno ou estruturas de controle artificiais. Os resultados das simulaes

    do modelo so os hidrogramas de sada da rede de condutos, o volume

    de gua que deixa o sistema ou fica armazenado em reas de reteno e

    os nveis de inundao na superfcie. A figura 2 ilustra o funcionamento

    de um modelo de drenagem integrada.

    Embora os modelos de drenagem urbana tenham comeado a

    utilizar os conceitos de drenagem integrada a partir da dcada de 90, com

    a efetiva introduo do SIG, os primeiros trabalhos com esse propsito

    foram realizados pouco antes da dcada de 80. No incio da dcada de 80

    Wisner & Kassen (1982) apresentaram um modelo hidrodinmico

  • 17

    simplificado, desenvolvido pela Universidade de Ottawa (OTTSWMM),

    que utilizava o modelo da onda cinemtica para propagao do

    escoamento em ruas e na microdrenagem.

    Era composto por quatro sub-modelos: o de transformao chuva-

    vazo (escoamento superficial), um modelo para propagao do

    escoamento na microdrenagem e ruas e um modelo especfico para

    considerar a capacidade de engolimento das bocas-de-lobo, de modo a

    permitir a interao os dois sub-modelos anteriores.

    Microdrenagem

    Macrodrenagem

    Alagamento

    reas Permeveis

    Rio

    reas Impermeveis

    Boca-de-lobo

    Precipitao Intensa

    Corpo Receptor

    Fluxo Bi-direcional

    Fluxo Bi-direcional

    Sarjeta

    FIGURA 2. Conceito de drenagem integrada (Dual drainage)

    Djordjevic et al (1999) apresentou um artigo utilizando conceitos

    semelhantes aos de Wisner & Kassen (1982), porm com uma descrio

    detalhada da superfcie atravs da utilizao de ferramentas de

    geoprocessamento. Desta forma foi possvel considerar o armazenamento

    do escoamento em depresses no terreno, ruas, reservatrios e reas de

    inundao, atravs da construo do modelo numrico do terreno (MNT),

    numa conexo bidirecional entre o sistema de condutos e a superfcie do

    terreno.

  • 18

    2.8. Modelos e aplicativos para simulao de drenagem urbana

    O objetivo deste tpico promover informaes gerais de alguns

    modelos e aplicativos de drenagem urbana atualmente utilizados. Os

    modelos citados aqui foram em sua maioria desenvolvidos at a dcada

    de 80, quase que exclusivamente para simulao da propagao em

    redes de condutos e transformao chuva-vazo de forma simplificada,

    com algumas excees. Hoje a maior parte desses modelos integra

    aplicativos multidisciplinares para simulao da drenagem urbana.

    Os modelos, segundo Villanueva (1990), podem ser classificados

    utilizando o conceito de mtodo de verificao, que divide os modelos

    hidrodinmicos em completos e simplificados.

    2.8.1. Modelos simplificados de verificao

    Os modelos de verificao simplificados so aqueles que utilizam

    algum mtodo de propagao na rede baseando-se em simplificaes

    dos termos das equaes do escoamento ou anlise grosseira do

    escoamento sob presso. Dentro dessa classificao podem ser citados

    os modelos ISS (Sevuk & Yen, 1982), INSTDY (Book (1980) apud Bron

    & Richard (1982)), OTTSWMM (Wisner & Kassen, 1982), SURKNET

    (Pansic & Yen, 1981), HAMOKA (Schimdt, 1986) e os modelos de Dale et

    al (1981), Sivaloganathan (1982), Pinkayan (1972) e Joliffe (1981).

    2.8.2. Modelos completos de verificao

    Os modelos completos de verificao resolvem as equaes

    completas de Saint Venant e so capazes de representar a maioria dos

    fenmenos que ocorrem na propagao do escoamento em condutos,

    especialmente em condies crticas, tal como inverses de fluxo, efeitos

    de jusante e escoamento sob presso. A maioria adota esquemas

  • 19

    implcitos para soluo das equaes completas e utiliza a fenda de

    Preissman para simulao do escoamento sob presso. Como exemplo

    podem ser citados os modelos SUPERLINK (Ji, 1998), DAGVL-A

    (Sjberg, 1981), S11S (Abbott, 1982), CAREDAS (Chevereau, 1978), e os

    modelos de Song et al (1983), Toyokuni & Watanabe (1986) e Neves

    (2000).

    2.8.3. Aplicativos

    Os aplicativos promovem uma anlise abrangente nos vrios

    campos da drenagem urbana, integrando a modelagem do escoamento

    superficial, propagao em redes de condutos, simulao da qualidade da

    gua e transporte de sedimentos, atravs da vinculao de diversos

    modelos sob uma mesma plataforma numa estrutura modular.

    Fundamentalmente a maioria dos aplicativos apresentados neste item

    adotam teorias semelhantes, porm no idnticas. A seguir so

    apresentados alguns aplicativos que atualmente tm sido utilizados.

    2.8.3.1. SWMM (EPA )

    O SWMM (Storm Water Management Model), da Agncia de

    Proteo Ambiental Americana (EPA), surgiu no final da dcada de 60,

    entre 1969 e 1970, desenvolvido pelos pesquisadores Metcalf e Eddy, a

    Water Resources Engineers e a Universidade da Flrida, sob comando e

    superviso da EPA. Foi o primeiro modelo computacional para anlise

    quali-quantitativa associada ao escoamento gerado em reas urbanas,

    desenvolvido em 5 verses principais (v.1-1970, v.2-1975, v.3-1981, v.4-

    1988 e v.5-2003) at sua ltima atualizao em junho de 2003, dando

    origem a verso 5.

    At os dias de hoje, o SWMM o aplicativo mais utilizado para

    simulao da drenagem urbana, principalmente por ser de domnio

  • 20

    pblico e ter seu cdigo de programao aberto, permitindo modificaes

    ao longo dos ltimos 30 anos. O aplicativo permite anlise quali-

    quantitativa dos problemas relacionados drenagem e a investigao de

    alternativas de controle do escoamento, fornecendo subsdios para

    estimativas de custo para estruturas de armazenamento e tratamento. As

    solues adotadas podem ser avaliadas atravs de simulaes que

    fornecem como resultados hidrogramas, polutogramas e cargas de

    poluentes.

    A estrutura do aplicativo dividida em 10 mdulos, 4 mdulos

    principais chamados de blocos computacionais (Runoff, EXTRAN,

    Storage/Treatment e Receiving water), e 6 mdulos auxiliares (Executive,

    Graph, Combine, Rain, Temp e Statistics), chamados de blocos de

    servio. A figura 3 apresenta a estrutura e a inter-relao entre os

    mdulos do aplicativo.

    BlocoExecutive

    Executive

    Statisics

    Graph

    Combine

    Rain

    Temperature

    Transport

    Extran

    Mdulos de Servio Mdulos Computacionais

    Statistics

    Graph

    Rain

    Temperature

    Runoff

    Storage/Treatment

    FIGURA 3. Relao entre os mdulos estruturais do SWMM. (Modificado de Huber & Dickinson (1992))

    Os mdulos computacionais so os responsveis pelas principais

    rotinas de clculo do aplicativo, como transformao chuva-vazo,

    propagao na rede, rotinas envolvendo o clculo de cargas de poluentes

    e simulao de estruturas de controle quali-quantitativo do escoamento,

  • 21

    sendo auxiliados pelos mdulos de servio. Os mdulos de servio

    possuem funes diversas, como organizao da ordem das simulaes

    (Executive), dos dados de precipitao (Rain) e temperatura (Temp),

    apresentao de grficos (Graph) e anlise estatstica (Statistics) dos

    resultados. Por serem os de maior interesse neste estudo, os mdulos

    computacionais Runnoff e EXTRAN sero descritos com mais detalhe a

    seguir.

    O mdulo Runoff permite a simulao quali-quantitativa do

    escoamento gerado em reas urbanas e sua propagao na superfcie ou

    atravs de canais de forma simplificada. O mdulo processa suas rotinas

    com base em dados de precipitao ou neve, simulando degelo,

    infiltrao em reas permeveis (modelos de Horton ou Green Ampt),

    deteno na superfcie, escoamento na superfcie e em canais, podendo

    ser utilizado para simulaes de eventos isolados ou contnuos.

    A bacia representada na forma de um conjunto de sub-bacias e

    canais de propagao interconectados. A rea de cada sub-bacia

    subdividida em trs sub-reas: impermevel com armazenamento,

    permevel com armazenamento e permevel sem armazenamento. O

    escoamento superficial obtido atravs de um reservatrio no-linear

    para cada sub-rea representado pela combinao das equaes de

    Manning e da continuidade, resolvidas pelo processo iterativo de Newton-

    Raphson. As informaes bsicas para simulao hidrolgica chuva-

    vazo so, alm dos dados de precipitao, rea da sub-bacia, largura

    representativa da sub-bacia, coeficiente de rugosidade de Manning,

    declividade da sub-bacia, altura do armazenamento em depresses e

    parmetros de infiltrao.

    O mdulo de propagao do escoamento em redes de condutos

    Extran (Extended Transport) foi desenvolvido na cidade de San Francisco

    (USA), em 1973, e chamado originalmente de San Francisco model,

    sendo adicionado ao SWMM a pedido da EPA em 1974. Como o prprio

    nome sugere, o mdulo foi introduzido no intuito de promover uma forma

  • 22

    de propagao alternativa a proposta pelo mdulo Transport (baseado no

    modelo da onda cinemtica), que adicionalmente considerasse os

    fenmenos mais complexos no escoamento, principalmente o

    escoamento sob presso.

    O Extran um modelo hidrodinmico de propagao do escoamento

    em redes de condutos ou canais de macrodrenagem. Resolve as

    equaes completas de Saint Venant para as variveis vazo e cota

    piezomtrica utilizando um esquema explcito adiantado no tempo,

    segundo o mtodo de Euler modificado. Intervalos de tempo de 5 a 60

    segundos so utilizados nas simulaes, fazendo com que o tempo de

    simulao seja uma varivel importante no uso do modelo (Roesner et al

    (1988)).

    A representao da rede baseada no conceito de vnculos e ns

    (link-node concept), o qual no limita a aplicao do modelo a sistemas

    de drenagem de forma dendrtica. O programa pode simular redes

    multiplamente conectadas, efeitos de jusante, fluxo reverso, escoamento

    superfcie livre ou sob-presso, atravs de vertedores, orifcios ou

    conjunto de bombas, canais naturais (geometria irregular) ou com

    geometrias prismticas.

    Segundo Neves (2000), o escoamento sob presso simulado pelo

    EXTRAN assumindo que a soma dos fluxos entrando igual a dos fluxos

    saindo em ns (poos-de-visita) com sobrecargas, sendo utilizado um

    procedimento iterativo para balancear os fluxos dentro da poro em

    sobrecarga da rede de condutos.

    Roesner et al (1988) cita que o mdulo EXTRAN possui algumas

    limitaes, que se no forem consideradas pelo usurio, podem

    proporcionar uso incorreto ou causar erros no clculo das vazes e

    profundidades do escoamento, como:

    As perdas de carga nos poos de visita no so explicitamente calculadas, e se refletem nos valores do coeficiente de Manning dos

    canais e condutos;

  • 23

    Mudanas na profundidade de escoamento devidas a contraes ou expanses so desconsideradas;

    Problemas de instabilidades podem ocorrer em ns que contenham estruturas como vertedores nas situaes de sobrecarga do

    sistema.

    Alm das limitaes citadas, algumas desvantagens so evidentes

    na utilizao do aplicativo. O programa foi desenvolvido em linguagem

    Fortran, roda no ambiente DOS e necessita extensos arquivos de entrada

    com configuraes complexas, dificultando sua utilizao. Recentemente

    a EPA, acompanhando o processo de evoluo dos aplicativos,

    apresentou o SWMM na verso 5, em fase de testes. A nova verso foi

    programada em linguagem orientada a objeto com intuito de tornar a

    interface do software mais amigvel a seus usurios e permitir uma futura

    integrao com o SIG.

    Alm da EPA, empresas que trabalham no desenvolvimento de

    aplicativos j realizaram modificaes no SWMM, a maioria promovendo

    integrao com o ambiente SIG ou CAD, incluindo ferramentas de

    apresentao dos resultados e melhoria na capacidade do banco de

    dados do aplicativo. Alguns aplicativos desenvolvidos neste sentido so o

    PCSWMM (Computacional Hydraulics Int. ),

    XPSWMM (XP Software ) e o MIKE SWMM

    (DHI Water&Environment ).

    2.8.3.2. InfoWorks CS v.4.0 (Wallinford Software < http://www.wallinfordsoftware.com>)

    O InfoWorks CS a oitava verso resultante de uma srie de

    implementaes que ocorreram ao longo dos anos. Surgiu inicialmente

    como um aplicativo para anlise do escoamento em rede de condutos

    chamado Mainframe WASSP, em 1982. A partir desta data, o modelo

    recebeu vrias alteraes em sua estrutura, para simulao de um

  • 24

    nmero cada vez maior de ns (poos de visita) e incluso de rotinas para

    simulao da qualidade da gua e integrao com o SIG, at sua ltima

    atualizao em 2001 dando origem ao InfoWorks CS v.4.0.

    A base operacional do aplicativo est fundamentada em sua quinta

    verso, o HydroWorks PM (1994). O HydroWorks possui sua estrutura

    dividida em 5 mdulos principais para estimativa da carga de lavagem,

    simulao da qualidade da gua na rede, construo de hietogramas de

    projeto, transformao chuva-vazo e propagao na rede de condutos e

    canais. O mdulo chuva-vazo se divide em dois: um para separao do

    escoamento e outro para propagao na superfcie. A separao do

    escoamento pode ser feita por seis modelos: Horton, Green-Ampt, Soil

    Conservation Service (USA) e mais trs modelos que utilizam coeficientes

    baseados nas caractersticas da superfcie do solo. A propagao

    superficial do escoamento pode ser feita atravs de cinco modelos:

    Double linear reservoir, Large contributing area, SPRINT, Desbordes

    runoff model e SWMM runoff model.

    O mdulo de propagao do escoamento resolve as equaes de

    Saint Venant em sua forma completa atravs do esquema implcito de

    Preissmann, permitindo simular qualquer tipo de rede. Wallinford Software

    (1994) comenta que h dois principais problemas numricos devido

    utilizao do esquema de Preissman: na transio entre o escoamento

    subcrtico e supercrtico e na representao do escoamento quando h

    perodos de estiagem. No primeiro caso utilizado uma transio gradual

    entre os dois regimes, com simplificao dos termos de inrcia das

    equaes de Saint Venant, e no segundo o modelo adota uma vazo de

    base correspondente a uma lmina dgua mnima de 5% da dimenso

    vertical do conduto ou canal, posteriormente retirada para no afetar o

    balano do volume na simulao. Os termos de atrito das equaes do

    escoamento podem ser representados alternativamente pela equao de

    Manning ou Colebrook-White. A interferncia da deposio de sedimentos

    no escoamento tambm pode ser considerada pelo aplicativo, porm no

  • 25

    tem um modelo especifico para simulao do transporte de sedimentos na

    rede.

    2.8.3.3. SOBEK-Urban v.2.8 (WL | DELFT Hydraulics )

    O aplicativo SOBEK foi desenvolvido pelo instituto holands WL |

    Delft Hydraulics em parceria com Instituto Holands de Gerenciamento e

    de guas Interiores e Tratamento de guas Servidas (Dutch Institute of

    Inland Water Management and Wastewater Treatment (RIZA)) e

    empresas holandesas de consultoria em recursos hdricos (WL | DELFT

    Hydraulics, 2004). O SOBEK-Urban um software de dimensionamento e

    verificao de redes de condutos, podendo simular redes multiplamente

    conectadas (at 25.000 condutos), efeitos de jusante, inverses de fluxo,

    fluxo sob presso, operao de bombas, vertedores e comportas, bueiros,

    orifcios, vlvulas com sifo, deposio de sedimentos na rede, operao

    de sistemas em tempo-real e realiza a simulao hidrolgica chuva-vazo

    para vrios tipos de superfcies pavimentadas e no-pavimentadas. O

    programa pode ainda funcionar em conjunto com dois outros aplicativos,

    SOBEK-Rural e SOBEK-River, que incluem simulao hidrolgica chuva-

    vazo contnua, operao mltipla de reservatrios, ferramentas para

    anlise e controle de cheias, estudo envolvendo qualidade da gua e

    transporte de sedimentos em rios.

    O aplicativo dividido em 3 mdulos principais: Rainfall Run-off,

    Water Flow e Real Time Control. O mdulo Rainfall Run-off faz a

    transformao chuva-vazo aplicada a vrios tipos de superfcies como

    telhados, ruas e reas de estacionamentos, utilizando o mtodo racional

    integrado com o modelo de infiltrao de Horton. Para simulao de

    processos mais detalhados incluindo reas permeveis ou rurais,

    industriais, com estruturas de controle do escoamento e integrao com o

    escoamento subterrneo pode-se optar pela integrao com o aplicativo

  • 26

    SOBEK-Rural.

    O mdulo Water Flow propaga o escoamento na rede de condutos.

    Resolve as equaes completas de Saint Venant atravs do esquema do

    Delft Hydraulics Laboratory permitindo a simulao de inundaes no

    sistema, escoamento supercrtico sem simplificao das equaes,

    simulao de redes multiplamente conectadas e ressaltos hidrulicos,

    garantindo a soluo para cada intervalo de tempo atravs de um

    algoritmo que adapta o intervalo de tempo a certas condies de fluxo.

    O escoamento sob presso no aplicativo simulado atravs de um

    mtodo que envolve o armazenamento no poo de visita, mas que

    segundo os autores produz resultados similares aos obtidos com a

    introduo da fenda de Preissmann. Para a soluo das equaes do

    escoamento, os termos que expressam as foras de atrito podem ser

    calculados por vrias metodologias, atravs da equao de Chezy,

    Manning, Nikuradse, Strickler ou White-Colebrook por Bos-Bijkerk. O

    transporte de sedimento na rede pode ser calculado alternativamente

    atravs dos mtodos de Van Rijn e Frijlink.

    Umas das vantagens do aplicativo possuir um mdulo para

    simulao do escoamento na superfcie em duas dimenses, permitindo

    tambm que arquivos sejam importados ou exportados para trabalhar com

    aplicativos de SIG.

    2.8.3.4. MOUSE v.2003 (DHI Water&Environment )

    O aplicativo MOUSE (Modelling of Urban Sewer) teve sua origem no

    modelo hidrodinmico S11S (System 11 Sewer), baseado em uma

    adaptao do modelo original S11 (System 11) desenvolvido na dcada

    de 70 para anlise do escoamento em corpos dgua naturais por A.

    Vervey e A. Kej (Abbott et al, 1982). O S11S, adaptado para aplicao em

    redes de esgoto e drenagem urbana, deu origem posteriormente a

  • 27

    primeira verso do MOUSE, a verso 1.0, desenvolvida em parceria pela

    Universidade Tcnica da Dinamarca, as companhias Kruger, PH-Consult,

    Emolet data A/S e pelo Danish Hydraulic Institute (Mark, 2003).

    O MOUSE se destaca principalmente entre os aplicativos atualmente

    utilizados, por apresentar propriedades que simplificam seu uso e o

    tornam mais operacional, atravs de melhorias em sua interface grfica

    facilitando a entrada e modificao de sries de dados, alm de contar em

    sua estrutura com algoritmos para deteco de erros devido incoerncia

    ou ausncia de dados ou parmetros.

    Na verso atual, o aplicativo organizado em 13 mdulos para

    simulao hidrolgica chuva-vazo, propagao do escoamento, da

    qualidade da gua, transporte de sedimentos, simulao de sistemas em

    tempo real, anlise estatstica dos dados de sada e ferramentas para

    apresentao dos resultados.

    O mdulo de propagao na rede (MOUSE HD) utiliza o esquema

    implcito de seis pontos de Abbott & Ionescu para resoluo das

    equaes do escoamento em uma dimenso e permite simulao de

    redes multiplamente conectadas com nmero ilimitado de ns, canais e

    condutos com vrias geometrias, escoamento sob presso, inverses de

    fluxo, condutos com coeficiente de atrito varivel e efeitos de jusante,

    alm de vertedores, orifcios, operao de conjunto de bombas e bacias

    de deteno, com total integrao com o SIG. Permite simulao de

    rotinas de qualidade da gua, transporte de sedimentos e simulao de

    inundaes propagadas em duas dimenses atravs do MNT, por meio

    da integrao com o aplicativo MIKE 21. O modelo ainda possui

    ferramentas para redimensionamento automtico da rede e algoritmo de

    tempo auto-adaptvel, utilizado para otimizao e acelerao do tempo

    da simulao.

    A transformao chuva-vazo pode ser feita atravs de 4 modelos, o

    mtodo tempo-rea (modelo A), o modelo da onda cinemtica (modelo B),

    o modelo reservatrio linear (modelos C1 e C2) e o hidrograma unitrio.

  • 28

    Adicionalmente, o mdulo RDII pode simular processos como degelo,

    evapotranspirao, armazenamento superficial, sub-superficial e

    subterrneo para simulaes contnuas de longo perodo. O mdulo

    MOUSE TRAP para transporte de sedimentos inclui a simulao por 4

    mtodos: Ackers-White, Engelund-Hansen, Engelund-Fredse e Van Rijn.

    2.8.3.4.a. Algumas aplicaes do MOUSE

    Mark et al (2001) utilizou o software MOUSE para avaliar a

    aplicabilidade da modelagem do escoamento em uma dimenso integrada

    ao SIG, na simulao dos alagamentos que ocorrem na cidade de Dhaka,

    em Bangladesh. A cidade de Dhaka protegida das cheias do rio que a

    circunda atravs de um dique. Na maior parte do perodo durante a

    estao de mones, o nvel do rio atinge cotas superiores s da cidade.

    Este fato tem implicaes drsticas na drenagem da rea, que depende

    fundamentalmente da diferena de cota entre o nvel do rio e do sistema

    de drenagem para transporte do escoamento superficial gerado na rea

    urbana.

    O objetivo principal dos autores foi primeiramente a simulao do

    escoamento simultaneamente atravs da rede de condutos e ruas, numa

    conexo bi-direcional. O objetivo secundrio foi demonstrar a aptido da

    metodologia de aplicao, na reproduo dos efeitos causados pelas

    inundaes que ocorreram no perodo de setembro e outubro de 1996.

    As simulaes preliminares do estudo foram efetuadas utilizando

    dados de precipitao observados no perodo de 16 a 19 de setembro de

    1996. Os resultados obtidos pelos autores foram avaliados segundo

    mapas de inundao em 3 dimenses gerados por rotinas de interpolao

    do aplicativo integrado ao SIG. Comparaes entre os resultados das

    simulaes com as melhores informaes disponveis de inundao da

    cheia de setembro de 1996 mostraram que a metodologia aplicada no

    trabalho produz bons resultados, e pode ser aplicada em reas com

  • 29

    problemas similares de inundao. Em etapas futuras sero avaliados os

    dados necessrios para calibrao e verificao de modelos de

    inundao urbana alm do efeito de processos como evaporao e

    infiltrao no cenrio de inundaes.

    Apirumanekul & Mark (2001) empregaram uma metodologia

    semelhante anterior na mesma rea utilizando a integrao entre os

    aplicativos MOUSE e MIKE11 GIS, este ltimo utilizado para otimizar o

    procedimento de extrao de dados do MDT. Os objetivos principais

    foram a avaliao dos resultados da simulao da cheia de setembro de

    1996 na situao atual e com alternativas para soluo do problema de

    inundaes, atravs da introduo de galerias, canais abertos e bombas

    no sistema. A simulao dos cenrios permitiu avaliar a reduo da

    profundidade e do tempo de permanncia do alagamento nas ruas. De

    acordo com os resultados das simulaes, os nveis de inundao nas

    principais ruas diminuram em mdia 27% e o tempo de permanncia em

    mdia 26%.

    Tomicic et al (1999) utilizou o aplicativo MOUSE em um estudo de

    mitigao de alagamentos em Playa de Gandia, na regio costeira do mar

    mediterrneo, na Provncia de Valncia na Espanha. A localidade de

    Playa de Glandya tem aproximadamente 189 ha de rea intensivamente

    urbanizada e drenada por complexo sistema de drenagem combinado,

    com condies de drenagem gravitacional desfavorveis, incluindo

    estaes de bombeamento que recalcam o esgoto para uma ETE. A

    regio sofre com dois problemas principais: freqentes inundaes das

    ruas da cidade e poluio das praias e da regio do porto, devido ao

    transbordamento do CSO (Combined Sewer Overflow) nos perodos de

    chuvas intensas. Conforme os autores, os alagamentos so decorrentes

    exclusivamente do sub-dimensionamento da rede de drenagem, que nas

    ruas atingem nveis superiores a 50 cm.

    Para simulao do sistema a rea de 189 ha foi divida em 320 sub-

    bacias, subdividas em reas que englobam as quadras e caladas e

  • 30

    reas correspondentes superfcie das ruas. O modelo de propagao do

    escoamento foi construdo em duas camadas, compreendendo o

    escoamento realizado nas ruas e na rede de condutos numa conexo bi-

    direcional.

    Como resultado das simulaes os autores identificaram uma srie

    de medidas estruturais e operacionais necessrias ao sistema. A

    introduo das estruturas nos cenrios simulados diminuiu

    acentuadamente os nveis de inundao e o tempo de permanncia das

    inundaes, especialmente na soluo completa.

    Meller et al (2003) aplicou o modelo MOUSE em conjunto com o

    modelo hidrolgico chuva-vazo IPH II em uma pequena bacia

    hidrogrfica em Santa Maria-RS, com intuito de calibrar e avaliar dos

    mdulos do aplicativo para 5 eventos que no superassem a capacidade

    hidrulica de conduo da rede. Os autores obtiveram bons resultados na

    calibrao, com coeficiente mdio de correlao maior que 0,91, e erros

    mdios na vazo de pico e volumes calculados menores que 5 e 30%,

    respectivamente.

    2.9. Consideraes finais

    De modo geral, se pode observar na reviso bibliogrfica o grande

    av