Duarte&Proença 2003 - Comentários à Política de Defesa -SEDES

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    Comentrios a uma Nova Poltica de Defesa

    Brasileira

    Domcio Proena Jniorrico Esteves Duarte

    Grupo de Estudos Estratgicos, Programa De Engenharia De Produo,Instituto AlbertoLuiz Coimbra de Ps-Graduao e Pesquisa em Engenharia COPPE

    Universidade do Brasil UFRJ

    Introduo.

    Na oportunidade do Seminrio Poltica de Paz e Segurana: Dilogo Brasil-Alemanha, realizado no dia 20 de setembro de 2001 no Rio de Janeiro, houve oprimeiro pronunciamento pblico de um ministro da defesa a acadmicos brasileiros.Nesse pronunciamento, o Ministro Geraldo Quinto expressou as novas perspectivas eprioridades para uma poltica de defesa brasileira tendo em vista o panoramainternacional e regional da ltima dcada, que possui como marco de transformao oevento do dia 11 de setembro de 2001, ocorrido dias antes ao seminrio. A partir dessanova avaliao de conjuntura estratgica, consequentemente, o Ministro fez

    requerimentos logsticos e tticos especficos s foras armadas brasileiras. Essesrequerimentos so centrados sobre os conceitos de um sistema especfico deplanejamento das aes militares e projeto de fora para situaes de contingncia dosEstados Unidos denominado foras de deslocamento rpido (Rapid Deployment Forces

    RDF)..Todos esses aspectos desdobram numa substancial diferenciao em relaoao Documento de Poltica de Defesa Nacional (DPDN), promulgada em 1996, e como apoltica de defesa era conduzida at ento no Brasil.

    O entendimento dessas novas definies para uma poltica de defesa brasileira de suma importncia. Em primeiro lugar, o DPDN, apesar de sua importncia noprocesso de democratizao, no uma poltica de defesa. O DPDN um documentodeclaratrio que ressalta a harmonizao das perspectivas do sistema brasileiro dedefesa nacional em perspectiva s relaes internacionais. Assim, o Brasil ainda no

    possui um registro pblico claro do regime de sua defesa nacional. Em segundo lugar,uma poltica de defesa no apenas um produto formal, mas sim um processo dinmicoque baseado em sucessivas atualizaes natureza mutvel das relaesinternacionais e domsticas. Ou seja, quaisquer fossem as alteraes ocorridas nessesltimos seis anos, seria necessria uma reviso de uma poltica de defesa brasileira.

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    O intento principal desse artigo contribuir para a uma discusso nacional dereformulao da conduo da defesa nacional. Isso se dar atravs da re-avaliao de

    como tem sido esse gerenciamento at ento e da reflexo de experincias de ourospases.

    O artigo busca dar insumos conceituais para entendimento da sistemtica de umapoltica de defesa e oferecer anlises e recomendaes especficas baseadas emexperincias do sistema RDF e de consideraes do prprio autor. Assim, espera-seoferecer novas perspectivas na elaborao de uma poltica de defesa brasileira.

    O artigo segue apresentando uma base conceitual para entendimento e anlisesdo objeto. Em seguida, utiliza esse instrumental para anlise e comparao doDocumento de Poltica de Defesa Nacional de 1996 e do pronunciamento do MinistroGeraldo Quinto de setembro de 2001. Em seguida, o artigo descreve e anlisa osistema de foras de deslocamento rpido (RDF) e verifica a possibilidade e o grau de

    sua aplicao no contexto brasileiro, apresentando, a partir da, recomendaesespecficas.

    Sistema de uma Poltica de Defesa.

    No artigo 142 da Constituio Federal est prescrito como funo fundamental doEstado brasileiro a defesa de seu territrio e de seus cidados. A construo e asustentao dos meios pelos quais se cumpre tal atribuio o que se entende por umapoltica de defesa. Entretanto, uma poltica de defesa possui componentes e atividadesque a diferenciam de uma outra poltica nacional. Segue adiante o quadro analtico peloqual entendemos uma poltica de defesa e pelo qual conduziremos o estudo do DPDN,do pronunciamento do Ministro e do sistema RDF.

    Uma poltica de defesa possui um sistema sui generis. Por um lado, ela possui asmesmas caractersticas que qualificam qualquer poltica nacional: uma condioambivalente de resultado do choque de grupos de interesse (politics) e de um programade ao governamental (policy). Por outro lado, a especificidade da pasta trs ainda trsoutras dinmicas distintas. Primeiro, uma dinmica especfica em funo das metasdessa poltica, cuja natureza requer o uso da fora. Em segundo lugar, a dinmicaprpria dos meios de emprego das foras armadas que o desenvolvimento e aplicaodos vrios meios de fora. Por ltimo, uma poltica de defesa tem a dinmica essencialde equilbrio das relaes civis-militares.

    Poltica de Defesa como uma Poltica Nacional.

    A primeira caracterstica de uma poltica nacional, seja qual for a sua natureza, aprpria essncia poltica de entrechoque de interesses e perspectivas das diversasforas polticas relevantes no panorama poltico da sociedade. (Diniz, &Proena Jr,1998: p. 37). Portanto, uma poltica de defesa tambm resultado ou reflexo de umequilbrio temporrio de grupos de interesse ou da predominncia de um sobre osdemais, sendo que esses grupos domsticos tambm so susceptveis a grupos e foraspolticas estrangeiras. Dessa maneira, uma poltica de defesa influenciada pela

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    constituio partidria, pela base de apoio e pelas alianas e influncias internacionaissobre o governo.

    Essa influncia se d atravs de maneira positiva provendo insumos para melhorconformao e fomento dessa poltica (por exemplo, a compreenso por parte daopinio pblica quanto a implantao de um sistema de vigilncia areo maissofisticado). Porm, essa constelao de atores pode tambm influenciar uma poltica dedefesa de forma enviesada ou negativamente. No caso enviesado, um governo pode serpressionado a adquirir equipamentos de indstrias blicas de um estado com forterepresentatividade no Congresso, que no so necessariamente os mais adequados aexecuo da poltica de defesa (um bombardeiro de longo alcance, se o pas no possuiqualquer aspirao intervencionista, expansionista ou uma aliana ultramar, umaaquisio inadequada). No ltimo caso mencionado, influencias negativas sobre umapoltica de defesa podem ocorrer quando a base de apoio popular de um governo irredutivelmente contra a expanso dos gastos com defesa, ou que exija a re-alocao

    desses gastos na pasta de educao. A diferena desse ltimo caso para o segundo aexistncia de presses que obstam a consecuo da poltica de defesa. No segundocaso, tem-se um desvio, que tambm pode prejudicar a eficcia da poltica em relao asuas metas.

    Por outro lado, uma poltica de defesa tambm um plano e um conjunto deprocedimentos governamentais ou uma poltica pblica. Sendo assim parte doentendimento de uma administrao executiva que atravs de seus especialistasfomentam trajetrias de ao que ficam deciso do chefe do executivo escolher qualdeve ser implementada. Mais uma vez, uma poltica de defesa, sob essa perspectiva, muito mais um processo decisrio do que um produto. E mesmo o padro desseprocesso decisrio mutvel. Isso se d devido tanto pela mudana da administraoexecutiva (um novo presidente ou um novo ministro da defesa), da estruturaorganizacional do Executivo (criao de um ministrio civil de defesa que integre outrostrs militares anteriores, por exemplo), ou do corpo de especialistas que refletediretamente na forma de enquadramento dos assuntos da pasta. Uma poltica de defesapode sofrer oscilaes semelhantes de uma poltica econmica, por exemplo, que alteratodo o seu escopo, contedo e padro em relao pasta em funo de um corpo deespecialistas mais ortodoxo ou heterodoxo.

    Portanto, uma poltica de defesa tanto uma arena de disputa de interesses(politics), como uma srie de diretivas resultantes de processo decisrio interno (policy).Por isso, entendemos que uma poltica defesa no precisa necessariamente ser umaatividade autnoma da sociedade ou antidemocrtica. Pelo contrrio, seu exerccio emfuno da perpetuao das outras atividades de uma sociedade que no a guerra, porisso deve ser permevel a discusso nacional e estar sujeita s regras gerais einstitucionais que essa sociedade possa delimitar.

    Esses so os aspectos que aproximam uma poltica de defesa a algo comum aqualquer outra atividade estatal. Alm desses, existem outros que a diferenciam emfuno da especificidade da pasta.

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    Poltica de Defesa como Domnio da Estratgia: a Consecuo da TradeMaravilhosa.

    O aparato blico de um pas um instrumento poltico. Ele no um fim em simesmo e s faz sentido quando tomado pela dinmica poltica. justamente arealizao desse sentido que faz uma poltica de defesa possuir qualificaes bastantedistintas de qualquer outro tipo de poltica nacional.

    Isso se d, primeiramente, pelo fato de que uma poltica de defesa pode apenasatender a sua atribuio de poltica nacional atravs do uso da fora contra uma outraentidade poltica. Em outras palavras, o tipo de meta que uma poltica de defesa atendes poder ser alcanada atravs de foras armadas e o uso da fora. Nenhum outro tipode poltica nacional possui uma relao entre meta e instrumento poltico desse gnero.A segunda dinmica especifica da pasta de defesa vem do fato que o uso de forasarmadas para o combate tem caractersticas prprias e diferentes de qualquer outro

    instrumental poltico, seja qual for a poltica nacional.(Clausewitz,1832/1993: pp. 98-99).

    importante ressaltar que apesar dessas distines, a liderana poltica influenciao escopo, o contedo e a durao de cada uma das dimenses de uma poltica dedefesa. O elemento poltico influencia o planejamento das aes militares, existindo a odomnio ttico. Da mesma maneira, a aplicao dessas aes em observncia dasmetas estipuladas pela prpria liderana poltica, o que compreende a idia de polticade defesa, a manifestao do domnio estratgico.

    Por essas caractersticas, uma poltica de defesa o que perpetua um equilbriomuito sensvel gerado por trs vrtices: primeiro, a componente que dita as diretrizes deuma poltica de defesa, que a liderana poltica do Estado; em segundo lugar, acomponente que executa as atividades de uma poltica defesa, que so as foras

    armadas; e a terceira componente a quem a liderana poltica e as foras armadasservem em ltima instncia, que a sociedade (Clausewitz, 1832/1993: p. 101).

    A perpetuao desse equilbrio, portanto, a atividade emrita do formulador dapoltica de defesa que, no caso brasileiro, o Ministrio da Defesa. O maugerenciamento de uma poltica de defesa repercute no desequilbrio dessa trade. Numextremo, pode ocorrer a excessiva intromisso da liderana poltica no planejamento dasaes militares que, como j dissemos, possui uma lgica prpria e distinta das outrasatividades estatais..Num outro extremo, a falta de capacidade e de vontade por parte daliderana poltica em exercer um controle crtico em relao poltica de defesa,deixando mo das foras armadas a estipulao das metas dessa poltica de defesa.Em ambos os casos, os desvios produzidos podero causar danos defesa nacional,cuja responsabilidade ltima do lder poltico (Craig, 1986a: pp. 481-509).

    Entendemos, ento, que como ponto de equilbrio dessa trade est centrada aconsecuo de uma da poltica de defesa, intermediando as relaes entre os vrioscomponentes nacionais a fim de preservar a sua integridade soberana. Essa mediao,por sua vez, pode ser resumida pela composio das relaes entre duas esferas: a civile a militar.

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    Poltica de Defesa como Mediao entre as Relaes Civis-Militares: oSoldado e o Estado.

    No ltimo sculo e meio, os pases do mundo empreenderam uma transformaoradical nas relaes civis-militares. Na maior parte da histria militar desde advento doEstado moderno, as relaes civis-militares foram reguladas (ou desreguladas) pormecanismo de controle civil subjetivo sobre o aparato blico. Esse se baseia emmecanismos institucionais ou sociais de maximizao de poder civil atravs docomprometimento do aparato blico como instrumento de ascenso de uma classesobre outras. Havendo, assim, um alto grau de participao militar nas dinmicaspolticas internas de um pas. Mais recentemente, houve a profissionalizao da carreiramilitar dentro do sistema de Estado-naional. Esse mecanismo de controle civil, agora,objetivo funciona atravs da maximizao do profissionalismomilitar do aparato blico,distanciando-o das dinmicas polticas.(Huntington, 1957/1996: pp. 99-112).

    A estruturao de um ministrio de defesa a materializao mais moderna domecanismo de controle civil objetivo atravs de trs funes. Primeiro, a funo desupervisionar a materializao da gramtica dos meios de fora do aparato blico dopas. Ou seja, um ministrio da defesa responsvel por assessorar o governo sobre asimplicaes e as necessidades militares em razo das metas polticas impostas.Segundo, a funo de supervisionar as questes fiscais, oramentrias, administrativase a interao de civis em atividades no-militares das foras armadas. Terceiro, a funode sintetizar e ponderar as funes militar profissional e fiscal-administrativa, paraelaborao de uma proposta ministerial para defesa - policy- perante grupos de fora doMinistrio politics - (Huntington, 1957/1996: p. 453).

    Assim, uma poltica de defesa, como atividade principal de um Ministrio daDefesa, a regulao das relaes civis-militares atravs do insulamento das foras

    armadas das dinmicas polticas, mas tambm o assessoramento tcnico e equilibrado Nao na constituio de sua capacidade de defesa. O desenvolvimento da poltica dedefesa pode ser enquadrado dentro de um sistema que compreende os seus principaiscomponentes e atividades. A composio sistmica de uma poltica de defesa, como aentendemos, ser apresentada a seguir.

    Elementos Sistmicos de uma Poltica de Defesa: um Quadro Analtico.

    Cabe nesta seo, determinar de maneira bastante pragmtica os elementos deum sistema de poltica de defesa. Tendo em mente os objetivos de nosso estudo easpectos metodolgicos, empreenderemos nossa anlise sob os componentes eatividades essenciais de uma poltica defesa, e no todos eles (para uma anlisesistmica ampla de uma poltica de defesa, ver Diniz, & Proena Jr, 1998).

    Os componentes crticos de uma poltica de defesa so as foras armadas e aestrutura integrada de comando e planejamento militar. As atividades mais centrais deuma poltica de defesa so a avaliaes estratgica governamental, o planejamento dasaes militares e o projeto de fora.

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    Primeiro Componente: Foras Armadas.

    As foras armadas, como executoras da poltica de defesa, so o seu principalcomponente. A estruturao de uma fora armada est relacionada a cinco dinmicas: acentralidade do elemento humano, armas combinadas, logstica, sistema de comando econtrole e sistema de prontido.(Diniz & Proena Jr.,1998: pp. 63-74).

    O elemento humano a dinmica central de qualquer fora armada. A diferenano combate feita pelo bom soldado, e no pelo tanque, mssil ou qualquer outroequipamento. Guerra um choque de vontades, que so atribuies humanas. Sohomens que desistem, que assinam tratados e aceitam ou rejeitam a paz. Por isso tudo,consideraes quanto ao recrutamento, treinamento, educao e gerenciamento dosquadros so uma das principais dinmicas de uma fora armada. importante ressaltarque todos esses processos que envolvem o elemento humano das foras armadasdevam ser capazes de desenvolver um esprito de corpo, ou seja, a constituio de laos

    informais que promovam o compartilhamento entre os membros da fora de uma mesmaforma de pensamento com relao natureza de suas atividades de profissionaismilitares (Griffth, 1990).

    O segundo elemento a ser considerado em qualquer fora a constituio desuas armas combinadas. A especializao de tropas em formas e graus diferenciados deuso da fora permite uma capacidade agregada superior em termos de poder decombate e variabilidade ttica (House, 2001). O equilbrio das armas de uma fora conseguida atravs do treinamento, educao, esprito de corpo e de uma doutrina(alm do seu projeto de fora, que ser tratado mais a frente). Doutrina a constituiode princpios e padres formais que proporcionem um enfoque metodolgico elinguagens comuns de toda fora. Diferentemente da informalidade de um esprito decorpo, a doutrina um construto formal que permite aos soldados de uma mesma fora,mas de armas diferentes, convirjam suas aes por compartilharem uma mesmaperspectiva da situao e de como conduzi-la.

    A logstica a terceira dinmica a ser tratada. Antes de um general passar adeterminar aspectos como superioridade numrica, armas combinadas, doutrinas eplanos tticos, ele constrangido pela complexa dinmica relacionada aosrequerimentos materiais da fora, a saber: suprimentos disponveis e esperados,organizao e administrao, transporte e linhas de abastecimento (Creveld, 1977: pp.1-4). A logstica a dinmica mais crtica para qualquer fora e a mais susceptvel aerros.

    O grau de sofisticao e o tamanho das foras armadas ao longo da histriatrouxeram a necessidade de integrao de uma capacidade especializada de coordenardiferentes caractersticas e misses e, ao mesmo tempo, manter a coeso da fora. Oaparato de comando e controle a quarta dinmica de uma fora armada. Asresponsabilidades do comando e controle so duas: arranjar e coordenar tudo aquilo quea fora precisa e favorecer para que a fora cumpra a sua funo, envolvendo ento, acoleta de informaes, planejamento e monitoramento da implementao das tarefas.Um sistema de comando e controle deve ser capaz de coletar informao de forma

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    estratgica governamental deve ser tida como algo de alcance limitado e que deve serrevisto constantemente. Pois, nenhuma aspirao nacional perene, nenhuma

    conjuntura internacional esttica e o desenvolvimento de novos meio de emprego defora constante. Assim, a avaliao estratgica governamental a atividade constantede ingerncia do clculo poltico no aparato blico, especificando metas a seremalcanadas e parmetros a serem respeitados. Tal ingerncia poltica fundamentalpara dar entendimento contextual e finalidade s foras armadas, sendo, portanto, aprincipal forma de reduo da incerteza que sempre as cerca.

    Segunda Atividade: Planejamento das Aes Militares.

    A atividade-meio das foras armadas o combate ou a sua possibilidade. Oplanejamento das aes militares ou expectativa ttica a elaborao dos cenrios decombate para os quais as fora armadas devem estar preparada em termos de doutrinae de projeto de fora. Dentro do clculo do planejamento das aes militares esto

    includas outras variveis que o objetivo poltico.

    A gramtica dos meios obriga as foras considerarem tambm o meio-ambientedo combate, contra quais inimigos, com quais sistemas de armamentos e com qualarranjo de armas combinadas, se ou no em integrao com duas ou mais forassingulares (havendo a o planejamento integrado das aes militares) e atravs de quaisplanos tticos para consecuo do objetivo poltico. Ainda dentro desse planejamento,existe a determinao do grau de intensidade do uso da fora a ser aplicado noscenrios (um cenrio de conflito com a presena ou no de civis possui discriminaesdistintas de uso da fora, por exemplo). Essa uma ingerncia direta do domnio polticono domnio ttico, e no apenas na sua finalidade, mas nos parmetros de aplicao dafora no combate. Tal ingerncia poltica nas atividades tticas denomina-se regra deengajamento.

    Fundamental na atividade de planejamento das aes militares manterinformada a liderana poltica desse planejamento, para que ela tenha conscincia eresponsabilidade das repercusses da execuo dessas aes. Da mesma maneira, asforas singulares, o comando integrado e os responsveis civis pela elaborao dapoltica de defesa devem requerer a reviso da avaliao estratgica e at mesmo dasmetas polticas, caso essas no sejam capazes de serem atendidas pelo aparato blicodisponvel

    Terceira atividade: Projeto de fora.

    Projeto de fora o desenho, construo, manuteno, avaliao e atualizaodas foras em funo do planejamento das aes militares, permitindo a maximizaodos recursos limitados para a execuo dessas aes.

    Os cenrios de conflitos em que as foras devero atuar so o horizonte doprocesso de elaborao do projeto de fora. As principais dinmicas do projeto de foraso: a elaborao e a manuteno dos vrios arranjos possveis de armas combinadas,a aquisio dos mais adequados sistemas de armamentos, o gerenciamento do sistema

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    de prontido e do logstico e a relao de todas essas componentes ao sistema decomando e controle. Certamente, existe correspondncia entre os planejamentos das

    aes militares especfico e integrado e o projeto de fora especfico e integrado. Umsegundo ponto a ser ressaltado o fato de como a dinmica logstica crtica nodesenho de um projeto de fora. Como ser exemplificado no sistema RDF, a liberdadede elaborao de um projeto de fora em funo de seu planejamento de expectativattica determinada pela base logstica militar anteriormente resolvida.

    O planejamento das aes militares a determinao dos cenrios de combateque a liderana poltica pode requerer para alcance de metas especficas. O projeto defora a materializao das capacidades da fora para esse combate.

    Comentrios sobre o Quadro Analtico Proposto.

    Enfim, o quadro analtico desenvolvido constitui os principais aspectos que se

    entende envolver uma poltica de defesa. Consideramos-no bastante adequado paraempreender o estudo do Documento de Poltica de Defesa Nacional (DPDN) de 1996 edas diretivas de reformulao apontadas pelo pronunciamento do Ministro da DefesaGeraldo Quinto em setembro de 2001. O prisma analtico de ambas ser atravs doentendimento de como as trs atividades de uma poltica de defesa descritas, semignorarmos claro a participao de seus componentes neste processo, sodesenvolvidas em cada um dos posicionamentos governamentais.

    Deliberadamente, no inclumos os componentes e as atividades de uma polticade defesa brasileira que compreendem a funo fiscal-administrativa que mencionamos.Primeiro porque, embora elas sejam fundamentais no exerccio de uma poltica dedefesa, no so elas que a caracterizam. Em segundo lugar, o seu detalhamento exigiriauma explicao anda mais extensa do que j realizamos. Em terceiro lugar, sua

    aplicao neste estudo seria ainda limitada. A funo fiscal administrativa no presentenem no DPDN, nem no pronunciamento do Ministro. No caso do sistema RDF, exigiria aexplicao do sistema de defesa norte-americano como um todo, o que estenderia aindamais esse artigo. Porm, sem dvida alguma, um estudo comparativo especfico doscomponentes e atividades da funo fiscal-administrativa (ou controller, nos termos doprofessor Huntington) no Brasil de suma pertinncia e relevncia..

    Documento de Poltica de Defesa Nacional 1996.

    O DPDN considerado um marco na histria recente do pas, obedecendo aoprocesso de democratizao. Foi o primeiro documento sobre assuntos de defesa sob omandato de uma presidente civil aps o regime militar. Por outro lado, marcou o inicio datransio das pastas de defesa para um ministro tambm civil. Cabe aqui fazer umpequeno resumo crtico desse documento, descrevendo suas partes principais eanalisando a sua composio e significado.

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    Estrutura do DPDN.

    O documento possui quatro partes alm da introduo: uma avaliao do quadrointernacional e a insero brasileira, a constatao das prioridades estratgicasespecficas do pas, sua orientao estratgica e as diretrizes para consecuo de umapoltica de defesa nacional.

    Na sua introduo, feita uma justificativa da importncia do documento, primeiropela necessidade de um pensamento estratgico originalmente brasileiro, refletindo asrecentes transformaes dos cenrios domstico e internacional: o processo dedemocratizao e as transformaes advindas do fim da Guerra Fria. Segundo, odocumento visa a percepo e o preparo nacional de ameaas. Assegura, em seguida,que uma poltica de defesa no excede os direitos constitucionais ou a orientaodemocrtica da sociedade brasileira. Da mesma forma, no altera a conduta brasileirano mbito internacional sempre pautada pela busca do fortalecimento da paz e

    segurana internacionais e tambm comprometida em no provocar desvios queonerem ainda mais a realidade nacional de desigualdades sociais e demanda porextenso desenvolvimento econmico. (Presidncia da Repblica, 1996: p.1).

    importante destacar nessa introduo do DPDN que foi realizado um esforoconsidervel de justificao da necessidade de uma poltica de defesa, sem dizernecessariamente o que ela . Por outro lado, essa introduo deixa claro que essedocumento no uma poltica de defesa, mas um documento declaratrio, dedemarcao de posio brasileira quanto ao tema.

    Na segunda parte do DPDN, iniciada a anlise da conjuntura internacional e dainsero brasileira. Ele expressa que o novo cenrio internacional incerto com um re-arranjo do equilbrio internacional ainda no definido, porm proporcionando um

    ambiente multipolar instvel devido falta de previsibilidade estratgica. Acresce-seainda a erupo de conflitos tnicos e religiosos. Desenvolve a seguir um brevepanorama do contexto regional. Aponta a Amrica do Sul como a regio maisdesmilitarizada do mundo e sob um processo de democratizao que leva a incidncia ea intensidade dos conflitos a nveis aceitveis. (Presidncia da Repblica, 1996: p.2).

    Afirma que o Brasil est h mais de um sculo sem se envolver em conflito comos seus vizinhos. Como ameaas, aponta a possibilidade de conflitos geradosexternamente. Regionalmente, assinala zonas de instabilidade que possam contrariarinteresses brasileiros, como bandos armados que atuam em pases vizinhos e o crimeorganizado internacional.

    Na terceira parte, o DPDN enumera os objetivos que seriam prioridadesestratgicas para o pas, que na verdade so atribuies constitucionais ao Estado,como garantia da soberania, do Estado de Direito, das instituies democrticas, aprojeo do Brasil nas relaes internacionais, a contribuio para a manuteno da paze da segurana internacionais, entre outros.

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    Em seguida, na seo denominada de orientao estratgica so traadas, naverdade, as linhas gerais de uma poltica externa brasileira, baseadas novamente na

    Constituio, como por exemplo: uma poltica externa centrada na diplomacia, umaposio dissuasria defensiva e a reiterao de suas reconhecidas fronteirasinternacionais, de sua rejeio guerra de conquista e de favorecimento resoluopacfica dos contenciosos.

    A ltima parte do DPDN lista um total de vinte diretrizes bastante genricas, sendoque somente algumas dizem realmente respeito a uma poltica de defesa. Menciona-sedesde a necessidade de maior participao em foros internacionais at a promoo doconhecimento cientifico na regio antrtica e a participao ativa no processo dedeciso seu destino. ( Presidncia da Repblica, 1996: p. 5).

    Aps esse breve resumo, ser realizada uma verificao conceitual do DPDNsegundo nosso quadro analtico.

    Avaliao Estratgica Governamental.

    O DPDN no possui uma avaliao estratgica governamental. Primeiro, ele nonos d pontos de referencia a que este documento estaria servindo. Ou seja, as metaspolticas que o governo no perodo - 1996 - tem para essa poltica. Segundo, o DPDNinicia uma avaliao do cenrio internacional sem ter dedicado espao anteriormente aocenrio scio-poltico do pas. Isso particularmente importante, pois o documentodeveria ressaltar as dinmicas domsticas de democratizao como um dos principaisimpulsos na elaborao desse documento de demarcao da autoridade civil no pas,como j foi dito.

    Em terceiro lugar, faltou ao documento descrever com mais preciso como o

    Brasil pode ser influenciado pelas dinmicas internacionais e como essas ltimaspoderiam auxiliar em desenvolvimentos domsticos. Tambm faltou preciso naenumerao das ameaas ao pas. Em esclarecer em que grau tais eventos externos,internacionais e regionais, possam ser uma ameaa ao pas e atravs de quais meiospossam ser combatidos. Por fim, faltou a avaliao realizada pelo DPDN de como essepanorama geral determina a forma como as Foras Armadas deveriam prosseguir seuprojeto de fora.

    Planejamento das Aes das Foras.

    O DPDN no evidencia precisamente as ameaas ao pas e nem d orientao,atribuio ou parmetros de como as foras armadas devem atuar. Assim, no possvel que as foras armadas coliguem poltica de defesa o planejamento de suasaes, seja de forma integrada ou em termos especficos. O mais prximo que se temdisso no DPDN , na seo de diretrizes, a meno de proteo da Amaznia e aesde desenvolvimento e vivificao das faixas de fronteira, especialmente nas regiesNorte e Centro-Oeste.

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    Se no h um descritivo especfico das ameaas e orientao poltica dasatividades militares, a incerteza que cerca a concepo dos cenrios de conflitos das

    foras muito presente. Isso tornando necessrioque as foras reflitam avaliaes porconta prpria e, a partir da, realizem seus planejamentos. Porm, so dois os problemasdessa dinmica. Primeiro, a avaliao feita pelas prprias foras vai encontrar vriosdesvios, seja por foras corporativas, seja porque as foras armadas no soconstitudas para tal exerccio. O segundo problema surgir caso as foras no possuamuma estrutura de comando e planejamento integrados, o que acarretar em percursosdescompassados entre as foras singulares.

    Isso especialmente possvel no caso brasileiro, desde que nem atribuies maisgerais de cada uma das foras ou da possibilidade de ao integrada so estipuladas noDPDN, ou qualquer outro documento poltico de conhecimento pblico.

    Projeto de Fora.

    O DPDN menciona alguns aspectos necessrios no projeto de defesa nacional. Odocumento expressa a necessidade de aperfeioamento das capacidades de comando econtrole e inteligncia de todos os rgos envolvidos na defesa nacional, a necessidadede aprimoramento do sistema de vigilncia areo, martimo e de fronteiras e anecessidade de aprimoramento do sistema de mobilizao. Porm, essasrecomendaes gerais no agregam suficientemente para um projeto de fora.

    Deve-se registrar que uma falha considervel um documento que trata deassuntos de defesa no ter includo consideraes de ordens tticas e logsticas.Entendemos que isso no possvel desde que o documento no possui osplanejamentos das aes militares. O principal reflexo negativo dessa falha pode ser odespreparo das foras na realizao de atividades tticas em momentos de

    contingncia, o que significa a prpria falha da poltica de defesa.Comentrios sobre o DPDN.

    O Documento de Poltica de Defesa Nacional tem sua importncia como marcopoltico na histria recente do pas, que realmente possibilitou um avano considervelna discusso de um sistema de defesa nacional do Brasil.

    Sua estrutura no obedece a um quadro conceitual claro e no oferece caminhosou parmetros para a re-estruturao do aparato blico brasileiro. Sequer meno aoprocesso de criao do Ministrio da Defesa, j em pauta na poca, foi realizada.

    Assim, o DPDN vlido como um documento de poltica declaratria de assuntos

    exteriores do que realmente uma referncia para uma real poltica de defesa brasileira.

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    Comentrios a uma Nova Poltica de Defesa Brasileira

    Pronunciamento a uma Nova Poltica de Defesa Brasileira 2001.O pronunciamento do Ministro da Defesa Geraldo Quinto em 20 de setembro de

    2001 deve ser entendida como a iniciativa de reviso do Documento de Poltica deDefesa Nacional de 1996. Os aspectos desenvolvidos pelo Ministro coadunam umaestrutura de poltica de defesa diferente da DPDN, no somente pelo novo contextointernacional, que tem como marco o evento do dia 11 de setembro, mas que no deveser visto como nico impulso externo reviso da DPDN, porm tambm por uma baseconceitual mais slida e por um detalhamento mais preciso dos aspectos de uma polticade defesa.

    Estrutura do Pronunciamento do Ministro.

    As palavras do Ministro Quinto no devem ser tomadas como a nova poltica dedefesa do Brasil porque ela no foi mencionada dessa forma. Porm, o Ministro

    empreendeu um esforo de redefinio das prioridades e procedimentos, refletindo oesforo do Ministrio da Defesa de reviso das grandes linhas do planejamentoestratgico brasileiro, de modo a definir a arquitetura militar que o Pas requer a fim deatender s demandas de defesa nas prximas dcadas (Quinto, 2001: p. 1).

    O principal catalisador dessa poltica, segundo a apresentao do Ministro, amudana do sistema estratgico internacional, cujas principais conseqncias so osentimento de insegurana e vulnerabilidade. O terrorismo, grande preocupaocorrente, no vista como uma ameaa direta ao Brasil, mas potencialmente um fatorde forte desestabilizao hemisfrica e regional. Ele tambm manifesta o apoio, noincondicional, do Brasil ao combate ao terrorismo (Quinto, 2001: p.5).

    Uma reviso na atuao internacional do pas, ademais, seguiria dois pontos

    referenciais: primeiro. a interlocuo com os Estados Unidos tendo como perspectiva asalteraes nos novos rumos da poltica internacional mediante a nova poltica externadesse pas, decorrente do evento do dia 11 de setembro. Segundo, a construo de umaconcepo regional de defesa, principalmente junto Argentina, a fim de assegurar umentorno pacfico regional que permita a concentrao de esforos no desenvolvimento. OMinistro teria como exemplo o mecanismo europeu de defesa que possui como eixoAlemanha e Frana. O foco mais imediato de ameaa a esse entorno, no entendimentodo Ministro, a crise interna na Colmbia, que, atravs da extrapolao fronteiria deguerrilhas e do narcotrfico, resultam em desestabilidade regional (Quinto, 2001: pp. 3-6).

    O principal reflexo desse panorama poltico para as foras armadas brasileiras areviso do sistema de defesa nacional norteada, no por um quadro terico de ameaaspor agresso convencional por outros Estados, porm para a sua capacitaooperacional. O Ministro aponta necessrio um aparato capaz de atender diferentes tiposde contingncias. Entretanto, terrorismo, crime organizado, violaes de direitoshumanos e devastao ambiental no demandam resposta militar e sim a aocoordenada de diversos rgos. O Ministro ressalta, por fim, requerimentos logsticos etticos bastante especficos s foras armadas brasileiras. Esses requerimentos seriam:

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    capacidade de resposta rpida, versatilidade, flexibilidade, interoperabilidade esustentabilidade, alm de uma interconexo mais eficiente dos servios de informaes

    dos pases sul-americanos em uma grande rede regional (Quinto, 2001: pp. 6-7).

    Como realizado no estudo do DPDN, ser efetuada agora uma anlise crtica dopronunciamento do Ministro atravs do quadro delineado no inicio do artigo.

    Avaliao Estratgica Governamental.

    O pronunciamento do Ministro Quinto possui elementos importantes do ponto devista de uma avaliao estratgica governamental. O primeiro avano dopronunciamento do Ministro Quinto em relao ao DPDN sua anlise da conjunturainternacional. O Ministro observa que o sistema internacional tornou-se muito maisinseguro e vulnervel, o que demanda uma re-orientao brasileira em termos de polticade defesa. A principal meta o estabelecimento de uma srie de trajetrias que reduzam

    o sentimento de incerteza, a possibilidade de ameaas transnacionais e que essas nointerfiram especialmente no desenvolvimento nacional.

    Assim, o segundo avano em relao ao DPDN o estabelecimento de umafinalidade a uma poltica nacional, cujas metas mais especficas so: a retomada de umainterlocuo especfica em assuntos de segurana internacional com os Estados Unidos,a consolidao de uma concepo regional de segurana tendo como eixo Brasil eArgentina e o desenvolvimento de uma capacidade militar de resposta rpida a qualquertipo de contingncia.

    Entretanto, notada a falta de uma reviso do cenrio poltico domstico do pasno pronunciamento do Ministro Quinto. Como conseqncia, no so especificadosquais os parmetros de uso das foras armadas na consecuo dessa meta poltica a

    preservao do desenvolvimento tratada ainda em um grau genrico. Ou seja, atque ponto um evento uma ameaa ao desenvolvimento nacional e a partir de queponto essa ameaa requer a ao das foras armadas. O prprio Ministro reconhece anecessidade de se fixar os limites de emprego das Foras Armadas em questes quese situem no plano da segurana, esta tomada em seu sentido mais amplo (Quinto,2001: p. 7). O principal reflexo dessa falta notado no esboo do planejamento dasaes militares.

    Por ltimo, o Ministro faz uma avaliao do estado da arte blico contemporneo.Afirma que existe a prevalncia de doutrinas e esteretipos construdos durante a IIGuerra Mundial e Guerra Fria e que estes no so mais adequados para a realidade dosculo XXI. Afirma que os conflitos atuais demandam capacidade de pronta resposta,na qual esto subjacentes caractersticas como versatilidade, flexibilidade,interoperabilidade e sustentabilidade (Quinto, 2001: p. 6).

    Planejamento das Aes das Foras.

    O Ministro no estabelece ameaas s quais as foras armadas brasileiras devemestar adequadas, desde que agresso convencional por outros Estados uma

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    probabilidade mnima. O planejamento da ao das foras deve seguir a umacapacitao operacional, com maior nfase em foras leves, geis, bem adestradas,

    aptas a atuar de modo combinado e a cumprir diferentes tipos de misses (Quinto,2001: p. 6).

    Entendemos que esse um ponto fraco da estrutura apresentada pelo Ministro.Primeiro, agresses convencionais no precisam ser efetuadas apenas por outrosEstados, as guerrilhas colombianas so um exemplo disso. Elas so uma ameaa aoBrasil, seja pela transgresso de nossas fronteiras, seja pela tenso regional que elascausam. Segundo, o Ministro poderia demonstrar a necessidade dessa capacitaooperacional com um fundamento especfico. No apenas porque o tipo de conflitos que oMinistro menciona, sub-regionais e intra-estatais, requerem uma capacitaooperacional ampla, mas porque eles no so uma realidade distante da Amrica do Sul.Por fim, a modernizao do aparato militar brasileiro no deve ser tomada como um fimem si mesma ou apenas como uma atividade recorrente necessria. Existem vrios

    meios de se ter uma fora rpida, verstil, flexvel, integrada e sustentada, dependendodos cenrios de conflito para qual se planeja.

    Assim, existe a falta de uma melhor preciso nas atribuies das metas polticasao planejamento das aes militares. A modernizao operacional, por si mesma, nopode ser tida como principal horizonte de planejamento das foras. Essa modernizaodeve ter um propsito. Caso contrrio, pode-se acarretar na redundncia administrativadas foras, sem possibilitar ainda um referencial de avaliao de progressos ou desviosde seus planejamentos.

    Projeto de Fora.

    No cabe aqui julgar a presena de um projeto de fora no pronunciamento doMinistro, desde que este no era conclusivo, no entanto um esforo conformativo. Odiscurso do Ministro no era uma poltica de defesa. Portanto, no poderia conter aadequao organizacional das foras s metas polticas dos planejamentos das aesmilitares.

    Entretanto, possvel realizar um entendimento dos requerimentos tticos elogsticos apresentados: resposta rpida ou responsividade, versatilidade, flexibilidade,interoperabilidade e sustentabilidade. Esses tm sido aspectos bastante discutidos porespecialistas em estudos estratgicos, em especial nos Estados Unidos, comorequerimentos das foras armadas das grandes potncias como resposta variedade equantidade de crises nos ltimos vinte anos, acentuados com o fim da Guerra Fria.Osconceitos por de trs desses termos no so de entendimento imediato e, como se ver,tambm no so necessariamente compatveis entre eles mesmos numa nica forasingular. Por outro lado, possvel apresentar como a formulao de uma poltica de

    defesa no um processo de mo nica, que as consideraes mais tcnicas asaber, tticas, logsticas e organizacionais tambm influenciam o alcance, escopo econsistncia de uma poltica de defesa, desde que possibilitam ou no determinadascapacidades militares desejadas, bem como o planejamento de seus empregos.

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    Capacidade de resposta rpida diz respeito a um contingente com um sofisticadosistema de prontido operacional e uma boa capacidade de mobilidade operacional

    (entre teatros de operao) ou ttica (dentro de um mesmo teatro de operao) ou deambas. Versatilidade a capacidade de uma mesma unidade ser capaz de executarvrias tarefas tticas sem grandes perdas de sua capacidade combatente. Esse aspectodepende do equilbrio das armas combinadas e do sistema de comando de uma fora.

    Associar flexibilidade a uma fora diz respeito a sua capacidade de atuarorganicamente. Primeiro, flexibilidade uma caracterstica do projeto de fora de re-arranjo organizacional, principalmente para sua reconstituio e re-orientao nocombate. Numa segunda dimenso do sentido, flexibilidade tem um contedo doutrinrioe diz respeito capacidade de adaptao e de iniciativa da tropa. Alm de armascombinadas, a flexibilidade depende de um bom sistema logstico, doutrina, esprito decorpo e muito treinamento. Essa capacidade talvez seja a mais demandada na guerramoderna mediante a velocidade, a complexidade e ao poder de fogo que elas

    adquiriram.A capacidade de integrao entre vrias foras sem grandes descompassos

    interoperabilidade requer uma estrutura integrada de comando e planejamento, almda mencionada flexibilidade organizacional e convergncia doutrinria entre as forassingulares. Assim como a flexibilidade, a capacidade de ao integrada umrequerimento das foras modernas e no um elemento especfico de foras rpidas.

    Por ltimo, sustentabilidade a capacidade de sustentao logstica de umcontingente atravs de um servio orgnico de apoio s unidades de combate. Asustentabilidade uma necessidade principalmente de tropas em operaes especiaisou expedicionrias, mas no necessariamente defensivas em territrio domstico.

    importante ressaltar que, diferentemente do que colocou o Ministro, uma nicafora de resposta rpida no necessariamente verstil, flexvel e sustentada, masnecessariamente integrada. Foras aeroterrestres de elevado sistema de prontidooperacional de 18 horas como a 82a Dvisio Aeroterrestre dos Estados Unidos no verstil, flexvel ou sustentada. Ela capaz quase que exclusivamente de conduziroperaes de segurana, ou seja, tomada de rea ou objeto de fraca ou nenhumaoposio e estabelecimento de permetro defensivo at segunda ordem. Apesar de seruma fora de elite, ela possui pouca capacidade ofensiva, de mobilidade ttica e de fazerfrente contra foras inimigas blindadas e com artilharia pesada. Ela tambm possui umacapacidade limitada de sustentao de suas atividades, em torno de trs dias. Porm,ela intencionalmente projetada dessa forma, para ser a fora de mais rpido empregono mundo. Por isso, ela consideravelmente leve em termos de tonelagem - e compoder de fogo limitado para tomada de rea ou objeto como atividade fim ou comovanguarda para outras foras do sistema norte-americano de deslocamento rpido.

    Essas sim, podem ser mais versteis, flexveis e sustentveis, dependendo da unidade,porm mais lentas e difceis de deslocamento.

    Por outro lado, alguns dos requerimentos, num contexto brasileiro, podem sertratados com mais elasticidade e requeridos apenas em casos especficos.

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    Sustentabilidade a contingentes para emprego defensivo no Brasil no umrequerimento prioritrio desde que o pas possua o controle do ar e um bom sistema de

    comando, controle e comunicao para abastecimento de tropas avanadas em reasausteras como a Amaznia.

    Portanto, ainda que o Ministro possa estar correto quanto necessidade de certascapacidades especficas, a tentativa de alcance de todas elas sem um norte deorientao um esforo ambicioso, caro e com tendncia a desvios diante suascomplexidades.

    Comentrios sobre o Pronunciamento do Ministro de 2001 ao DPDN.

    Consideramos o contedo do pronunciamento do Ministro Quinto como umconsidervel avano em relao ao DPDN de 1996. O Ministro foi capaz de coligirorientaes j em andamento no Ministrio da Defesa com as novas demandas em

    termos de defesa nacional em conseqncia das alteraes do sistema internacional,tendo o evento do dia 11 de setembro como marco. Ressalta-se que o ganho em termosde coerncia e consistncia do sistema de poltica de defesa desenhado em seupronunciamento no poderia ter sido desenvolvida nos nove dias que separaram oataque terrorista aos Estados Unidos em 11 de setembro e sua apresentao no dia 20do mesmo ms. Acreditamos que, de fato, mudanas nos padres de conduo dadefesa nacional j poderiam estar em curso.

    O pronunciamento do Ministro mostra avanos em relao ao DPDN, primeiro, naatualizao de uma avaliao estratgica governamental. No apenas por ter sido umaavaliao mais recente, mas por ter sido uma avaliao mais completa e detalhada.Capaz de dar melhores parmetros de clculo para o planejamento das aes dasforas, embora a esse clculo ainda necessitaria complementao de perspectivas

    domsticas para as foras armadas. A resposta institucional a eventos externos correto na pasta de defesa, mas demasiadamente reativa se baseada em equilbrio comos procedimentos necessrios para realizao das metas nacionais de desenvolvimento.Ainda assim, o Ministro foi capaz de dar um horizonte mais claro s foras armadas queo DPDN. Ele delineia em termos gerais as principais ameaas e distingue quais no soatribuies militares, como narcotrfico e terrorismo. Em terceiro lugar, o Ministro fazrequerimentos tticos e logsticos s foras, o que construtivo para a atualizao doseu projeto de fora. Entretanto, esses requerimentos precisam ser melhores adequadosem funo de uma poltica de defesa.

    Em termos gerais, conclumos que o pronunciamento do Ministro foi marcante aooferecer novos insumos discusso de uma nova poltica de defesa e ao oferecer umpadro de conduo dessa poltica.

    A seguir, ser realizado um estudo mais detalhado do conceito de foras deresposta rpida ou foras de deslocamento rpido, como primeiro surgiu o termo (RapidDeployment Forces RDF). Esse conceito tem uma origem particular que deve sersatisfatoriamente entendida a fim de se ter bases para aplicao ou contribuio desseconceito a uma poltica de defesa brasileira.

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    O Sistema de Foras de Deslocamento Rpido RDF.

    O sistema de foras de deslocamento rpido (Rapid Deploymente Forces RDF)no uma poltica de defesa integra. Ele uma vertente da estrutura de planejamentointegrado das aes militares das foras armadas dos EUA Exrcito, Marinha, ForaArea e Corpo de Fuzileiros Navais e um subseqente projeto de fora integrado. Oconceito que integra essas foras singulares so caractersticas especficas de ao emcontingncia dentro de uma estrutura integrada de comando e planejamento militar.Outro aspecto importante do sistema RDF que ele possui papel fundamental norespaldo dos interesses polticos da estratgia de segurana nacional (National securityStrategy) dos EUA em tempos no ps-Guerra Fria.

    Por isso, a ressalva que fazemos que a grande contribuio do sistema RDFpara outras organizaes militares como uma alternativa conceitual em termos darelao interna de uma poltica de defesa, na abordagem proposta pelos autores, entre a

    avaliao estratgica governamental, os planejamentos das aes militares e os projetosde fora. O objetivo aqui no apenas demonstrar como a avaliao estratgicagovernamental determina os planejamentos das aes militares e os projetos de fora,como forma de instrumentalizao poltica dos meios militares. Porm, no sentidoreverso, como a gramtica e os limites dos meios - das foras singulares, de sua aoconjunta e integrada e dos vrios aspectos logsticos influenciam a formulao dapoltica de defesa. De maneira que mesmo o planejamento das aes militares e aconscincia do lder poltico quanto ao emprego estratgico de suas foras militares soinfluenciados por essa gramtica e limitaes.

    Empreenderemos nesta parte do artigo um breve resumo histrico do RDF nosEstados Unidos e, em seguida, um estudo de suas principais dinmicas dentro doquadro analtico que propusemos.

    Evoluo do Sistema de Foras de Deslocamento Rpido.

    Aps o trmino da Guerra do Vietn, os Estados Unidos iniciaram a reviso desua orientao estratgica na Guerra Fria. Desde o fim da II Guerra Mundial, tendo aUnio Sovitica como contraste bipolar, os Estados Unidos entendiam a EuropaOcidental e o Oriente Extremo como as reas em maior risco de confrontao. Assim,deslocaram grande parte de suas foras para essas regies e julgavam ter blocoocidental/capitalista em segurana desde a Unio Sovitica no oferecia grande ameaaem termos navais. Com o trauma da guerra no Vietn, os Estados Unidos retrocederamsuas capacidades intervencionistas em pases do Terceiro Mundo por mecanismos decontra-insurgncia, principalmente atravs de ajuda em termos de armamentos,treinamento e expertise militar. Entretanto, o nmero de regies em tenso aumentavana proporo que o Imprio Britnico era desconstrudo no Oriente Mdio, frica e siae ficavam sujeitas influncia do bloco socialista. (Eshel, 1985: pp. 55-61).

    Em 1979, a administrao Carter apontou diretivas para que foras militaresfossem organizadas para contingncias em regies remotas que pudessem fragilizar oequilbrio de poder mundial. Em resposta, o Pentgono props a criao de um

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    combinado de tropas das quatro foras singulares (Exrcito, Marinha, Fora Area eCorpo de Fuzileiros Navais) para deslocamento rpido, sob a superviso direta da Junta

    de Chefes de Estado-Maior (Joint Chiefs of Staff). Dois meses depois, havia sidoconcebido o sistema de foras de deslocamento rpido (Rapid Deployment Force RDF). Ainda em 1979, o equilbrio regional do Oriente Mdio seria pervertido sob osolhos norte-americanos com a queda do X do Ir. Nesse momento de instabilidade, aUnio Sovitica invade o Afeganisto. A tenso interna no executivo dos Estados Unidosera extrema desde que no possuam aliados ou qualquer outra estrutura de seguranapara a regio. Em regime de urgncia, criado em maro de 1980 um comandointegrado de uma fora-tarefa de deslocamento rpido (Rapid Deployment Joint TaskForce - RDJTF). Essa estrutura foi criada sob o comando do General Major J. X. Keeleydo Corpo de Fuzileiros Navais, que j desenvolviam uma capacidade de deslocamentorpido desde meados da dcada de 1970 para uma unidade de brigada de fuzileirosnavais (17.000 soldados) para proteo da Jurilndia (Islndia, Noruega e Dinamarca)em caso de guerra convencional no teatro europeu (Millet, 1991: pp. 611-612). Ficara a

    cargo de Keeley empreender a harmonizao de planejamento integrado das aesmilitares, projeto de fora, doutrina e treinamento das unidades designadas fora-tarefa.

    Em 1983, o RDJTF alcana o status de um comando unificado de combate plenodenominado CENTCOM (Central Command - Comando Central) e tendo como regiodesignada de atuao o Oriente Mdio. No entanto, a realidade mostrou-se mais umavez surpreendente e outras regies do globo passaram a merecer ateno especial deforas de deslocamento rpido: Camboja, Moambique, Etipia, Angola, Nicargua e ElSalvador. A partir de ento, foras de deslocamento rpido passaram a ser um sistemade uma atribuio funcional - organizao de foras para aes de contingncia doscomandos unificados de combate de atribuio geogrfica dos Estados Unidos: Pacfico,Sul, Europeu e Norte, alm do Central. Importante ainda para o sistema RDF ocomando unificado de transportes (Transport Command Comando de Transporte,TRANSCOM), responsvel pela coordenao da mobilidade estratgica das forasnorte-americanas.

    Cabe explicitar que a estrutura integrada de comando e planejamento militar dosEstados Unidos possui dois canais funcionais. A Junta de Chefes de Estado-Maior tem afuno de planejamento integrado A outra parte da estrutura composta por comandosunificados de combate. Esses coordenam a ao integrada em regies especficas doglobo, j citados, ou de integrao em atividades especficas, como o de transporte,foras especiais e armamento nuclear.

    O sistema RDF possui como contingente central o XVIII Corpo Aeroterrestre doExrcito e o Corpo de Fuzileiros Navais, assumindo a Marinha e a Fora Area funesde apoio ttico e logstico.

    A seguir, ser conduzido um estudo mais detalhado do sistema de foras dedeslocamento rpido dos Estados Unidos dentro dos mesmos moldes empreendidos emrelao ao DPDN e ao pronunciamento do Ministro Quinto.

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    Avaliao Estratgica Governamental.

    O sistema de foras de deslocamento rpido dos Estados Unidos, desde suaconcepo na dcada de 1970, parte fundamental de sua poltica de segurana eexterna. Ele integra o aparato blico norte-americano na funo crtica de impedir queeventos internacionais de repercusso poltica, militar ou econmica possam influenciarnegativamente o sistema internacional em que os Estados Unidos se aportam. Damesma maneira, um instrumento de projeo de poder para influenciar osdesdobramentos tambm de repercusso poltica, militar ou econmica de maneira maisfavorvel aos interesses norte-americanos.

    Durante a Guerra Fria, o foco do sistema RDF era a conteno de distrbiosregionais que pudessem fragilizar o equilbrio bipolar. As foras de deslocamento rpidotambm dariam apoio estratgico a principal massa do aparato blico norte-americanono conflito com o bloco socialista, atuando em teatros de operao isolados ou

    secundrios. Em termos gerais, as foras de deslocamento rpido eram orientadas auma atuao estratgica defensiva em casos de interposio em regies instveis edefensiva ou ofensiva dependendo do contexto de um conflito convencional global com obloco socialista.

    Atualmente, as foras armadas norte-americanas atuam na perspectiva depromover a manuteno do sistema internacional em que os Estados Unidos apotncia prevalecente. O foco do aparato blico a estabilidade de regies deimportncia especfica para os Estados Unidos e pases aliados e amigos. O foco dosistema RDF concentrado ainda na reduo de conflitos e eventos que possamconfigurar em difuso de tecnologias militares e ameaas transnacionais (Cohen, 2001:pp. 1-9). A possibilidade de que eventos regionais ou nacionais possam perturbar osistema internacional nos moldes definidos pela poltica externa dos EUA menor. Porisso, a sua percepo de ao militar mais pontual e, ao mesmo tempo, variada eincerta. As foras de deslocamento rpido atuam numa orientao estratgica defensivade interposio num espectro variado de conflitos. Em conflitos de pequena intensidade,as foras de deslocamento rpido podem ser encarregadas de deslocamento eresoluo da situao como contingente nico. Em conflitos de mdia intensidade egrande intensidade (sendo previstos neste ltimo caso, Iraque e Coria do Norte), asforas de deslocamento rpido so orientadas a serem um escalo de contingncia deconteno a invasores a pases aliados e amigos para uma ao posterior de umcontingente de contra-golpe.

    Planejamento das Aes Militares.

    A atribuio de cenrios de conflitos a unidades militares bastante clara dentrodo sistema RDF. As esquadrilhas da Fora Area e os grupos de batalha de porta-avies (Aircraft Carrier Battle Griups) da Marinha possuem atribuies de apoio ttico elogstico e o XVIII Corpo Aeroterrestre e o Corpo de Fuzileiros Navais a atribuioprincipal das operaes.

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    O cenrio em que a Fora Area planeja sua participao em contingncias otransporte estratgico de tropas e material blico atravs de avies de grande porte a

    partir dos prprios Estados Unidos. Sempre que houver meios, utilizar seus grupos decombate areos tticos para comando areo na rea de operao e apoio de fogo sforas terrestres. A Marinha norte-americana planeja suas aes para comando do mare do ar e apoio ttico s foras terrestres atravs de seus grupos de porta-avies. Damesma maneira, responsvel pelo transporte estratgico de tropas e material blicopor navios de carga a partir dos Estados Unidos ou de esquadres pr-dispostos embases avanadas. Em operaes de contingncia mais provvel que a Marinha tenhaa funo de comando do ar. Sua atuao ttica mais presente no sistema RDF atravsda ao orgnica com o Corpo de Fuzileiros Navais em operaes anfbias.

    A unidade de contingncia do Exrcito dos Estados Unidos para operaes decontingncias XVIII Corpo Aeroterrestre. Os cenrios de ao mais comum dessecorpo so operaes de segurana, principalmente atravs da 82a Diviso Aeroterrestre.

    Em caso de operaes de mdia intensidade, as outras unidades do XVIII Corpo podemser dispostas tanto com a funo de reforo de tropas j deslocadas, vanguarda docontingente de contra-golpe em mobilizao e formao e conduo de uma campanhaterrestre independente. As outras unidades do XVIII Corpo com essa funo so: 101aDiviso de Assalto Areo, 10a Diviso de Montanha, 3a Diviso de InfantariaMecanizada, 2o Regimento de Cavalaria Blindada. J o Corpo de Fuzileiros Navais uma organizao nica dos Estados Unidos com funo de operaes aero-anfbias emqualquer tipo de contingncia, seja em integrao com as unidades do XVIII Corpo doExrcito, com foras armadas de pases aliados ou independentemente (USCongressional Budget Office, 1997).

    Projeto de Fora.

    Nessa seo do artigo, no julgamos adequando discutir detalhadamente osaspectos tcnicos e organizacionais dos projetos das foras que compem o sistemaRDF. Aqui sero discutidas as principais consideraes logsticas e organizacionais quedeterminam as condies de possibilidade de emprego das foras de deslocamentorpido.

    A primeira considerao a ser feita a necessidade de uma aperfeioadaestrutura de comando e planejamento militar. Operaes conduzidas por forasdeslocadas rapidamente so as mais complexas possveis e abarcam todos os meios eelementos de combate. A capacidade de ao integrada das foras depende de umsistema de comando e controle capaz de monitorar, orientar, coordenar e avaliar a aode tropas das diferentes foras singulares. Requer ainda um esforo prvio deplanejamento para a compatibilidade doutrinria, organizacional e combatente entre asforas singulares.

    Dentro desse planejamento, fundamental o regime de prontido das foras.Essa atividade envolve o gerenciamento do pessoal e do material blico para rpidadisponibilizao. Porm, sua atividade mais complexa o gerenciamento das tropas,que envolve a seleo, o treinamento e a composio do ciclo de atividade das

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    unidades. Esse ltimo aspecto especialmente importante porque os regimes deprontido das armas e das foras singulares seguem padres especficos, mas no

    agregado precisam ser complementares. Certamente, um requerimento do regime deprontido de foras de deslocamento rpido o de tropas profissionais.

    A terceira considerao diz respeito determinao da base de mobilidade esustentao dessas foras, sendo esse o principal constrangimento do sistema RDF.Esto envolvidos fatores quanto ao responsividade desejada (ou o tempo de resposta acrises), ao custo, capacidade de carga transportvel (que influi no poder combatenteda fora) e a requerimentos logsticos especficos (US Congressional Budget Office,1997).

    A mobilidade estratgica do sistema RDF envolve tanto meios areos, navais epr-dispostos. Os meios areos so os mais caros e responsivos, sendo que esse custoeleva-se e a responsividade diminui em proporo ao tempo que as operaes so

    prolongadas. Isso decorre de sua capacidade de carga ser limitada e de rpidodesgaste, cujo principal reflexo sobre as unidades combatentes, geralmente decapacidade ofensiva limitada. Com exceo de operaes de segurana de pequenoporte, foras deslocadas por meios areos requerem a disponibilidade de basesintermedirias protegidas para composio e sustentao das foras deslocadas.

    A mobilidade de foras de resposta rpida por meios navais de mais baixo custoe de responsividade mais limitada, porm com um potencial de sustentao muito maior.Porm, sua responsividade influenciada em funo da composio da fora que sedesloca e do local da contingncia. Foras baseadas em sistemas pesados comotanques, carros blindados e artilharia pesada exigem mais tempo e precaues,principalmente na transposio do material embarcado para a base costeira, cujadimenso tambm proporcional a composio da fora. De qualquer forma, o apoiottico e logstico possvel de ser provido por uma Marinha possibilita uma menordependncia em bases intermedirias e, quando necessrias, uma maior capacidade decomposio, proteo e sustentao das mesmas (US Congressional Budget Office,1997).

    A soluo que se tem alcanado pelo sistema de RDF dos Estados Unidos paraesse constrangimento logstico tem sido um sistema misto de meios areos e foras pr-dispostas em bases navais e terrestres. A 82a Diviso Aeroterrestre e a 101a Diviso deAssalto Areo, componentes do XVIII Corpo, so gerenciadas dentro de um regime deprontido operacional e so deslocadas e sustentadas totalmente por meios areos. Asoutras unidades do XVIII Corpo encontram-se em prontido estrutural e requerem otransporte por meios areos e navais, sendo que parte do material blico a ser usadopode estar disponvel a partir de bases avanadas. A estrutura do Exrcito norte-americano tem bases terrestres na Itlia, Benelux, Alemanha (dentro do quadro da

    OTAN); Qatar, Kwait e Coria do Sul (em perspectiva de planos de conflito de mdia ealta intensidade com o Iraque e Coria do Norte) e a base naval de Diego Garcia noOceano ndico (US Congressional Budget Office, 1997).

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    O Corpo de Fuzileiros Navais pioneiro na implantao desse sistema de foraspr-dispostas. Consiste, primeiro, de trs grupos de foras integrais embarcadas em

    prontido operacional (Grupos Anfbios Prontos Amphibian Ready Groups - ARG) quese revezam nos hemisfrios ocidental e oriental e um grupo disposto em Okinawa. Aoutra parte do sistema consiste da composio de unidades em prontido estrutural. Astropas e o material blico leve so deslocados por meios areos e o material blicopesado transportado por meios navais a partir de esquadres navais pr-dispostos embases navais avanadas na Itlia, Guam no Oceano Pacfico e Diego Garcia no Oceanondico.

    Esse sistema permite a unio tanto das caractersticas de responsividade dosmeios de mobilidade area, mas mantendo uma capacidade de transporte e desustentao das foras deslocadas por meios navais. Por isso, associado a um customais acessvel, possibilita restries menos severas ao seu poder combatente atravsde uma maior liberdade na composio do projeto de fora em funo dos cenrios de

    conflito (Gritton et al, 2001 e Betaque et al, 1998).Assim, o poder combatente de uma fora de deslocamento rpido o resultado

    das atribuies polticas atravs do planejamento das aes militares e da composiode armas combinadas possvel sobrepondo os constrangimentos logsticos. A orientaoda organizao e dos equipamentos desse tipo de fora deve ser, portanto, suacapacidade de deslocamento. O segundo requerimento do projeto que essa organizaotem ser flexvel em termos de re-arranjo organizacional devido aos constrangimentoslogsticos constantes e a necessidade de ao integrada. J o grau de versatilidade e desustentabilidade de uma fora de deslocamento rpido depende do planejamento daao militar de cada fora ou arma especificamente (Gritton et al, 2000).

    Destarte, existe um dilema permanente a qualquer fora de deslocamento rpidoentre foras leves versus poder de combate. Esse dilema pode ser apenas adequado emfuno do requerimento poltico das foras atravs de seus respectivos planejamentosde aes. Mais importante entender que existe a tendncia que esse dilema nopoder ser resolvido por um procedimento simples e nico, porm por um projeto hbridoe especfico baseado em recursos e meios diversos (Matsumara, John, 2000). No casonorte-americano, a 82a Diviso possui baixa versatilidade, flexibilidade esustentabilidade, porm sua responsividade insupervel. Pois, sua funo ser capazde deslocamento mais rpido que o inimigo e assegurar uma determinada rea ou objeto(bases, instalaes, rodovias, pontes e etc.). J as unidades de fuzileiros navaispossuem mais alto grau de versatilidade, flexibilidade (entendida a nos dois sentidos dotermo) e sustentabilidade, sendo sua responsividade relativa em funo ao local da crisee sua intensidade. Possui tais caractersticas devido a sua funo crtica de empreenderqualquer operao expedicionria. Por outro lado, o 2o Regimento de CavalariaBlindada, a 10a Diviso de Montanha e a 3a Diviso de Infantaria Mecanizada possuem

    uma responsividade de menor grau, mas um poder de combate mais robusto e decisivoque os outros componentes do sistema RDF. Isso se deve aos seus cenrios de conflitoserem baseados em campanhas terrestres ofensivas.

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    O sistema RDF, portanto, baseado num sistema de escalonamento de foras decapacidades e meios diversos, mas principalmente de capacidade de ao integrada.

    isso que confere ao sistema como um todo responsividade, versatilidade, flexibilidade,interoperabilidade e sustentabilidade.

    Nossa ltima considerao certamente a mais importante. O grau dedesempenho das foras que envolvem esse sistema principalmente devido ao foco noelemento humano das tropas. cobrada dessas tropas uma excelncia ttica mpar, ouseja, habilidade plena nas vrias formas de combate, mas tambm uma dedicao ecapacidade de coordenao com sua arma, fora e misso em meio ao caos que aguerra. Tal profissionalismo militar alcanado, primeiro, atravs da educao,treinamento e exerccios simulados intensivos. Segundo, atravs de avaliaesconstantes das capacidades operacionais das unidades, agora integradas aos seussistemas de armamentos. Terceiro, a estrutura de preparo das tropas e, logo, das forasno deve seguir uma rotina estagnada. Ela deve ser capaz de ser atualizada em funo

    das alteraes nos planejamentos estratgicos ou no estado-da-arte blico.

    Comentrios sobre o Sistema RDF.

    O sistema RDF dos Estados Unidos nico em termos das capacidades providaspelo aparato blico para resposta a contingncias. Entretanto, o maior ganho imediatoque uma poltica de defesa brasileira pode tirar desse sistema, em nosso entendimento, conceitual.

    Seu desempenho ttico resultado, antes de qualquer coisa, do exerccio plenode uma poltica de defesa. atravs do equilbrio entre as atividades de avaliaoestratgica governamental, planejamento das aes militares e do projeto de fora quese pode alcanar os requerimentos militares efetuados pela liderana poltica do Estado,

    sejam quais eles forem. Principalmente porque os panoramas internacional e domsticoso dinmicos e invariavelmente iro constranger a liderana poltica a novas metas eclculos e, conseqentemente, a novos meios blicos.

    Em segundo lugar, o sistema RDF tem um gerenciamento mpar dascomponentes de uma poltica de defesa, sendo o gerenciamento da estrutura integradade comando e planejamento militar o mais diferenciado de qualquer outro aparato blicomundial.

    Em terceiro lugar, o desenvolvimento e conduo do sistema RDF oferece vriasconsideraes de ordem logstica e ttica que devem ser levadas em conta,principalmente, na atualizao do projeto de fora de uma poltica de defesa brasileira. Aprincipal delas que as capacidades que se deseja incorporar ao projeto das foras responsividade, versatilidade, flexibilidade e interoperabilidade tm como parmetrosas possibilidades logsticas que a tcnica e o pais podem arcar e a estrita realizao doplanejamento das aes militares.

    O quarto aspecto marcante do sistema o grau de profissionalismo militarnecessrio, principalmente se contrastarmos com a histria das organizaes militares.

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    governo brasileiro em termos de defesa nacional a partir de uma perspectiva prpria docenrio internacional e d um norte orientador s foras armadas brasileiras. Porm, na

    falta de um melhor posicionamento junto s dinmicas domsticas e a um projeto polticonacional, no seu sentido mais amplo, repercute em parmetros ainda bastante geraispara a formulao dos planejamentos das aes militares.

    A avaliao estratgica do departamento de defesa dos Estados Unidos anual edirecionada, em nome do secretrio da defesa, ao presidente e ao congresso daquelepas, sendo ainda um documento pblico. A sua principal funo revisar osplanejamentos das aes militares das foras armadas norte-americanas.

    Uma poltica de defesa brasileira requer um mtodo de traduo e coordenaodas aspiraes polticas com os meios de fora, de forma a coordenar o planejamentodas aes militares.

    Planejamento das Aes Militares.O planejamento das aes militares visa preparar o aparato blico, que possui

    uma lgica prpria e diferente das dinmicas polticas, para o seu emprego em cenriosde conflitos a fim de atender justamente as metas apontadas pela avaliao estratgicagovernamental. Esse planejamento implica ainda num retorno das possibilidades dosmeios de fora liderana poltica.

    O planejamento das aes militares no possvel de constar integralmente emum nico documento ou um pronunciamento ministerial, porm dependente dasorientaes que ambas provm. Tanto o DPDN, como o pronunciamento do Ministro,poderia prever as reas e amplitudes de atuao de cada uma das foras singulares ede forma integrada.

    Foras armadas orientadas pelo sistema RDF possuem um planejamento de aoestratgica defensiva, ou seja, impedir que uma condio poltica ou estratgica sejaalterada. Porm, essas foras devem possuir capacidades tticas defensivas, paraproteo de um determinado teatro de operaes, e ofensivas, para o prprio contra-golpe de foras invasoras ou a influncia em atividades militares que possamdesestabilizar tal teatro.

    O planejamento das aes militares que guia o sistema RDF compatvel com atradicional orientao estratgica defensiva do aparato blico brasileiro. Isso no remeteautomaticamente que seja o mais adequado. Tal determinao ser apenas possvelatravs do atendimento das recomendaes da avaliao estratgica governamental eda consulta sobre os requerimentos tticos e logsticos junto as trs foras singulares.

    Projeto de Fora.

    O projeto de fora a adequao logstica e das capacidades tticas das forasarmadas. Essas devem possuir um projeto de fora integrado para capacitao a

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    cenrios de conflito que necessitam planejamentos e aes integrados e a viabilidade deprogramas de aquisio e desenvolvimento de grande porte e impacto na capacidade

    blica do pas como um todo (projetos espaciais, por exemplo). O projeto de foraespecfico foca os requerimentos logsticos e tticos de cada fora singularindividualmente.

    O DPDN no possui qualquer considerao logstica ou ttica. J o MinistroQuinto faz requerimentos especficos s foras de responsividade, versatilidade,flexibilidade e interoperabilidade, que, no nosso entendimento, podem ser precipitadas.

    So duas as principais contribuies a partir do sistema RDF. Primeiro, uma peafundamental de qualquer aparato blico contemporneo, principalmente aquele que visaoperaes de contingncia o estabelecimento de uma estrutura integrada de comandoe planejamento. As foras que compem o sistema RDF so designadas a comandosintegrados de combate de atribuies geogrficas. J a estrutura da Junta de Chefes de

    Estado-Maior fundamental na coordenao dos planejamentos das aes militaresintegradas, ou seja, na capacidade de complementao ttica e logstica das foras.

    A segunda contribuio o entendimento que operaes de contingnciapossuem constrangimentos logsticos mobilidade e sustentao que podero seradequados em funo de capacidades tticas especficas dependendo apenas dasorientaes polticas traduzidas no planejamento das aes militares das foras.

    Portanto, uma nova poltica de defesa brasileira deve considerar a implantao deuma estrutura integrada de comando e de planejamento Segundo, necessrio ter umaavaliao das bases logsticas em que se poder apoiar o projeto de fora de respostarpida que requeria o Ministro. O projeto de fora das foras singulares depende aindada elaborao do planejamento das aes militares a partir de orientaesgovernamentais mais claras.

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