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1 DÚVIDAS TRABALHISTAS Í N D I C E Dúvidas Trabalhistas: Salários e Horas Extras .............................................02 Dúvidas trabalhistas: suspensão e interrupção do contrato de trabalho.....06 Dúvidas Trabalhistas: As principais dúvidas sobre processos trabalhistas..07 Dúvidas trabalhistas: Vínculo empregatício..................................................09 Dúvidas trabalhistas: Diversos......................................................................10 Dúvidas Trabalhistas: Os direitos dos trabalhadores....................................14 Dúvidas Trabalhistas: Equiparação Salarial..................................................18 Dúvidas Trabalhistas: Faltas.........................................................................20 Dúvidas Trabalhistas: Carteira de Trabalho..................................................21 Dúvidas Trabalhistas: Os direitos trabalhistas garantidos pela CLT............22 Direitos Trabalhistas: Tire suas dúvidas sobre PIS e PASEP........................23 Dúvidas Trabalhistas: Como registrar empregado doméstico ?...................25 Dúvidas Trabalhistas: Como tirar o seguro-desemprego ?...........................27 Perguntas e Respostas: Questões Trabalhistas e Previdenciárias................29

Dúvidas Trabalhistas

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DÚVIDAS TRABALHISTAS

Í N D I C E

Dúvidas Trabalhistas: Salários e Horas Extras .............................................02 Dúvidas trabalhistas: suspensão e interrupção do contrato de trabalho.....06 Dúvidas Trabalhistas: As principais dúvidas sobre processos trabalhistas..07 Dúvidas trabalhistas: Vínculo empregatício..................................................09 Dúvidas trabalhistas: Diversos......................................................................10 Dúvidas Trabalhistas: Os direitos dos trabalhadores....................................14 Dúvidas Trabalhistas: Equiparação Salarial..................................................18 Dúvidas Trabalhistas: Faltas.........................................................................20 Dúvidas Trabalhistas: Carteira de Trabalho..................................................21 Dúvidas Trabalhistas: Os direitos trabalhistas garantidos pela CLT............22 Direitos Trabalhistas: Tire suas dúvidas sobre PIS e PASEP........................23 Dúvidas Trabalhistas: Como registrar empregado doméstico ?...................25 Dúvidas Trabalhistas: Como tirar o seguro-desemprego ?...........................27 Perguntas e Respostas: Questões Trabalhistas e Previdenciárias................29

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Dúvidas Trabalhistas: Salários e Horas Extras 1. Quem está em licença médica, mas trabalha a noite, continua a receber o adicional

noturno referente a esses dias de afastamento? Não. O pagamento do adicional noturno só se justifica se o trabalho for realizado no horário acima mencionado. Se não há nem mesmo o trabalho, em função do afastamento do empregado, o pagamento desse acréscimo não se justifica.

2. Se a empresa dispensa o funcionário, mas não faz a homologação, ela deve pagar os

salários? A empresa deverá sempre pagar o funcionário por ocasião da rescisão do contrato de trabalho. A homologação é formalidade obrigatória para as rescisões contratuais que tenham vigorado por período superior a 12 meses, sem a qual o funcionário não poderá sacar os depósitos do FGTS e, por conseqüência, o seguro desemprego. Por outro lado, não havendo o pagamento de salários e verbas rescisórias até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, ou até o décimo dia contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização ou dispensa de seu cumprimento, a empresa estará sujeito ao pagamento de multa a favor do empregado em valor equivalente ao seu salário, sem prejuízo de multa administrativa. É necessário lembrar ainda, que havendo reclamação trabalhista, o empregador deverá pagar à data do comparecimento à Justiça do Trabalho (audiência), a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de pagá-las com acréscimo de 50%.

3. Como devo calcular o valor da hora extra?

Para calcular o valor de sua hora extra é necessário, primeiramente, saber o valor de sua hora trabalhada, que vamos chamar de salário-hora. • Para saber quanto você ganha por hora, faça o seguinte: divida o seu salário por 220,

que são o total de horas trabalhadas por mês, o resultado dessa conta é o seu salário-hora.

• Agora pegue o seu salário-hora e acrescente 50%, que é o percentual legal da hora extra, o resultado desta conta será o valor de uma hora extra.

• Por fim, multiplique o valor de uma hora extra pelo número de horas que você trabalhou a mais. Assim, saberá o total em dinheiro que deverá receber no final do mês, além do salário normal.

Exemplo: João ganha R$660 e fez 20 horas extras neste mês. Para saber quanto receberá a mais no final do mês, deverá fazer os seguintes cálculos:

• 1.º - Achar o valor do salário hora salário total divido por 220 660,00 dividido por 220 = 3,00 O salário por hora de João é de R$3,00

• 2.º - Achar o valor de uma hora extra valor do “salário hora” mais 50% 3,00 + 50% = 4,50 o valor de uma hora extra de João é de R$4,50

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• 3.º - Achar o valor a receber por todas as horas extras trabalhadas naquele mês > valor de uma hora extra multiplicado pelas horas trabalhadas a mais 4,50 X 20 (horas trabalhadas a mais) = 90,00 João tem R$90 a receber a mais por horas extras no final do mês.

Obs: 220 correspondem ao total de horas mensais trabalhadas, para aqueles funcionários que trabalham 8 horas por dia, ou 44 horas por semana. Pode ser que o percentual de hora-extra seja maior do que 50%, dependendo da convenção, verifique no seu sindicato. 4. Tive que viajar para sepultamento e os dias foram descontados do meu salário. Quais

os meus direitos? A lei trabalhista estabelece que em caso de falecimento de marido, mulher, pais, filhos, irmão ou pessoa que seja seu dependente (e conste na CTPS), o empregado poderá faltar ao serviço. A empresa não poderá descontar este dia de seu salário.Caso isso ocorra, o funcionário poderá cobrar o pagamento do mesmo.

5. Quem tem direito ao adicional noturno? De quanto é o valor?

Tem direito a receber o adicional noturno, todo o funcionário que trabalhar entre os seguintes horários:

- 22h e 5h (urbano) - 21h às 5h (rurais/agrícola) - 20h às 4h (rurais/pecuária). O valor do adicional noturno é, no mínimo, de 20% para os urbanos e de 25% para os rurais. Convenções ou acordos coletivos podem estabelecer percentuais maiores. 6. Uma empresa pode obrigar você a fazer serviço extra? E se o funcionário faltar ao

serviço extra; ele pode ter esse dia descontado e sofrer uma suspensão do serviço? Inicialmente, é necessário analisar se a prestação de serviço extraordinário é lícita ou não. Caso seja decorrente do contrato de trabalho ou, ainda, em virtude de necessidade imperiosa, a sobrejornada será lícita, e o empregado não poderá se recusar a cumpri-la, sob pena de incorrer em falta disciplinar. No entanto, se a sobrejornada não for lícita, o empregado não poderá ser sancionado caso se recuse a cumprir jornada superior à legalmente prevista.

7. Uma empregada doméstica, que trabalha quatro horas, pode receber a metade do

salário mínimo? Sim, a lei estabelece que, para os trabalhadores que tenham jornada máxima diária de trabalho inferior a oito horas, o salário mínimo será calculado à razão de 1/220 do salário mínimo mensal, multiplicado pelo número de horas trabalhadas por mês.

8. Gostaria de saber qual é o piso salarial de um auxiliar de escritório? Existe alguma lei

que prove ou justifique? O piso salarial é fixado pelas normas coletivas aplicáveis aos empregados de determinada categoria econômica, em relação à base territorial da entidade sindical que os representa. Deste modo, não se trata do resultado de uma simples equação matemática, fazendo-se necessária a análise do instrumento normativo correto.

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9. Se eu efetuar algum trabalho em outra cidade no período noturno, a hora extra contará a partir do momento em que saí de casa, ou do momento de chegada ao local de trabalho? A jornada laboral é contada somente a partir da chegada do empregado ao local de trabalho. As únicas situações em que o tempo de deslocamento é computado na jornada é na ausência de transporte público ou quando o local é de difícil acesso, devendo o empregador fornecer a condução. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

10. O meu cartão de ponto não corresponde à verdade. Já que ele não registra hora-extra.

Como posso denunciar a empresa sem envolver meu nome? Uma alternativa é a denúncia à Delegacia Regional do Trabalho, que é o órgão responsável pela fiscalização do cumprimento das leis trabalhistas. Nesse caso, um fiscal será enviado até a empresa, que poderá ser autuada administrativamente por essa conduta. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

11. A empresa onde trabalho sempre pagou o vale transporte integral, sem descontar os

6% da folha de pagamento. Agora, fomos informados de que todos que recebem mais de R$ 500,00 não terão o pagamento do vale transporte, nem descontando os 6%. Esta atitude da empresa é correta? A legislação trabalhista estabelece que toda alteração contratual que resulta em prejuízo ao trabalhador, como é o caso, é ilícita e, portanto, deve ser considerada nula. A supressão de um direito anteriormente pago é um caso flagrante de alteração ilícita, de modo que os prejudicados poderão ingressar com ação trabalhista pedindo o pagamento do vale transporte ou, se a ação for intentada depois da extinção do contrato, a indenização correspondente ao valor dos vales, bem como os reflexos desse pagamento na remuneração. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

12. Fui promovido (o cargo na carteira mudou), mas meu salário continua o mesmo. Isso

é permitido? A promoção presume aumento de responsabilidade e, por conseqüência, aumento salarial. Se ela consta na carteira de trabalho, o empregado pode postular aumento ou eventual equiparação salarial com outros funcionários de mesmo cargo, desde que atendidos os requisitos do artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (diferença de tempo na função não inferior a dois anos, igual produtividade, perfeição técnica). O funcionário pode ir à Justiça, pois mais responsabilidade dá direito a um salário mais alto.

13. salário tem de ser pago até o 5.º dia útil de cada mês? Se não for pago, para quem o

empregado pode reclamar? O prazo máximo legal para o pagamento do salário é o 5º dia útil do mês seguinte ao vencido. O trabalhador recebe pelo serviço prestado e não pelo serviço que prestará. Caso não receba o salário, o trabalhador pode ir à Justiça do Trabalho, ou, de forma extra-oficial, ao sindicato de sua categoria.

14. É pago o adicional noturno durante as horas extras?

O adicional noturno é devido somente para o trabalho realizado no horário das 22 horas às 5 horas. Se as horas extras forem prestadas neste período sofrerão o respectivo acréscimo de adicional noturno.

15. Um funcionário registrado pode ter seu salário diminuído em carteira? E se for

transferido para outra unidade?

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Em princípio, o salário não poderá ser objeto de qualquer forma de redução. A exceção que a Constituição Federal traz é a possibilidade de tal conduta por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, VI), ou seja, a negociação coletiva travada entre a empresa e o sindicato (ou entre os sindicatos patronais e de empregados, se for caso de convenção) pode trabalhar com a hipótese de reduzir os salários. Entretanto, a jurisprudência majoritária entende que a redução do salário somente pode ocorrer se, no contexto global do instrumento coletivo, houver outra vantagem concedida para balancear o prejuízo. No caso de transferência para outra unidade, o salário que o trabalhador já recebe não poderá ser reduzido. O que poderá acontecer é a eventual mudança de enquadramento sindical, ou seja, pela mudança do município ou da categoria, os benefícios e os reajustes a serem aplicados sejam diferentes, o que, no entanto, não caracteriza a redução salarial.

16. Como funciona o banco de horas?

O banco de horas é o instrumento que viabiliza a compensação de jornada. Esse sistema possibilita que as horas trabalhadas a mais em um dia sejam revertidas em descanso em outro. O banco de horas é o meio que a empresa utiliza para computar essa relação de créditos (horas trabalhadas a mais) e débitos (horas não trabalhadas) de modo a manter um controle sobre a compensação da jornada. O prazo máximo do acordo é de um ano. Se, esgotado o prazo, o empregado tiver crédito de horas trabalhadas em “sobrejornada”, as mesmas deverão ser pagas como horas extras (valor da hora normal acrescida do adicional mínimo de 50%). Se, por outro lado, o empregado tiver débito, isto é, deveria ter trabalhado mais horas para compensar os descansos, a empresa deverá simplesmente zerar o banco, não podendo descontar qualquer valor da remuneração do obreiro. Deve-se lembrar que o acordo para compensação pode ser individual e que o limite de horas trabalhadas em sobrejornada (ou extraordinária) é de 2 por dia, sob pena de descaracterização do sistema.

17. Minha empresa fez uma proposta de me demitir e depois readmitir por um salário menor. Acho isso um absurdo. Não tem nenhum órgão que fiscaliza esse tipo de coisa? O órgão competente para fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista é o Ministério do Trabalho e Emprego através dos fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Nesse caso, caberia denúncia junto a esse órgão, que, em diligências na empresa, poderá autuar a mesma, impondo-lhe multas administrativas. Uma alternativa, se essa proposta for feita a uma coletividade de trabalhadores, é cabível, também, a denúncia ao Ministério Público do Trabalho, que poderá ingressar com Ação Civil Pública contra o empregador para que se abstenha de adotar tais procedimento, bem como para o pagamento de multa. Por fim, sempre caberá a propositura de ação trabalhista pleiteando a nulidade daquela rescisão com todos seus reflexos e eventual indenização pelos danos morais e materiais causados.

18. Como funciona a política de participação nos lucros? Existe alguma regra geral?

O plano de participação nos lucros ou resultados é definido por meio de uma comissão formada por empregado, empregador e sindicato, ou por um acordo (ou convenção) coletivo de trabalho. Com esse programa, o trabalhador passa a receber um valor de natureza não salarial, em uma periodicidade mínima de 6 meses. Isso ocorre, caso o objetivo seja atingido. O objetivo pode ser o simples lucro obtido pela empresa ou o alcance de metas ou resultados pelo próprio trabalhador. Trata-se de um interessante programa de incentivo à produção, pois estabelece critérios que, se atingidos, proporcionam um ganho ao empregado. Pode ser um prêmio vinculado, por exemplo, a economias de combustível, matéria-prima, desempenho em vendas (atingir metas), redução de custos do departamento, dentre outros. Em regra, a empresa prevê participação no lucro da empresa, porém o empecilho existente

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nesse tipo de programa é a falta de acesso ao real faturamento do empregador, o que pode dificultar a transparência do plano.

Dúvidas trabalhistas: suspensão e interrupção do contrato de trabalho A principal diferença entre interrupção e suspensão é que, na interrupção, o salário continua sendo pago. Na suspensão, o empregador não precisa pagar o salários. Mas o que é certo ou errado nesta que é uma das principais dúvidas trabalhistas? O advogado Alexandre dos Santos Dias, explica que os trabalhadores estão sem trabalhar (total ou parcialmente), mas o contrato de trabalho continua vigente. Os funcionários não podem perder nenhum dos direitos trabalhistas. Se houver violação, poderá haver a rescisão do contrato por culpa da parte (a empresa). Suspensão do contrato de trabalho Normalmente, o período de suspensão não pode ultrapassar o limite de 30 dias, pois acima desse prazo ocorrerá a rescisão do contrato de trabalho. Neste caso não existe recolhimento previdenciário, uma vez que o salário não é devido. Os casos mais comuns de suspensão do contrato de trabalho são: licença não remunerada; doença justificada (após os primeiros 15 dias), suspensão disciplinar, aposentadoria provisória, serviço militar obrigatório, exercício do cargo público não obrigatório, participação em greve, desempenho de cargo sindical (se houver afastamento), entre outros. O contrato de trabalho será suspenso, também, nos casos de aposentadoria por invalidez até o início de recebimento do benefício, afirma Dias. O artigo 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho, permite que o contrato de trabalho seja suspenso por um período de dois a cinco meses para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador. “Nesse caso, há a necessidade de acordo ou convenção coletiva e prévio assentimento do empregado”, explica Dias. “Durante esse período, o empregado não presta serviços e nem recebe salário, ficando apenas com os benefícios voluntariamente concedidos pelo empregador”. O caso do afastamento por doença ainda causa muitas dúvidas quando se trata de interrupção ou suspensão do contrato de trabalho. “Somente a partir do 16º dia, o afastamento se transforma em suspensão do contrato de trabalho, quando o ônus pela remuneração do empregado recai sobre a Previdência Social”, explica Dias. Interrupção do contrato de trabalho O artigo 473 da Consolidação das Leis do Trabalho reúne as hipóteses taxativas da interrupção de trabalho. As mais comuns são: domingos e feriados, férias, falecimento de cônjuge, ascendente, irmão, ou ainda, casamento, doação de sangue, nascimento de filho, acidente de trabalho, afastamento por doenças (nos primeiros 15 dias), aviso prévio em dinheiro, greve se houver pagamento de salário, entre outros. “Os depósitos do FGTS são devidos nos casos de interrupção do contrato de trabalho, uma vez que nessa modalidade são devidos os salários”, alerta o consultor.

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Dúvidas Trabalhistas: As principais dúvidas sobre processos trabalhistas

Muitos trabalhadores sentem-se injustiçados e desistem de abrir um processo trabalhista por medo ou por desconhecer completamente o funcionamento do sistema judiciário. Para esclarecer as principais dúvidas que recebemos por e-mail, consultamos a advogada trabalhista Sylvia Romano. "É claro que se o trabalhador foi lesado, tem direito a entrar na Justiça para receber o que merece. Mas é preciso ter muita seriedade para tomar essa atitude. Não se pode processar uma empresa só porque está com raiva do empregador", alerta a advogada. Acabou de ser divulgado o ranking, elaborado pelo Tribunal Superior do Trabalho, sobre as empresas com o maior número de processos trabalhistas registrados. 1. Quais os principais motivos para se abrir um processo trabalhista?

"A maior parte das reclamações é sobre o não pagamento de horas extras, mas ocorre também o não pagamento de férias e do 13º salário", conta a Dra. Sylvia.

2. Só posso processar se eu for contratado de acordo com as regras da CLT?

"De forma alguma. Todos os trabalhadores terceirizados, por exemplo, têm vínculo disfarçado com a empresa, mesmo que sejam pagos por meio de RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo) ou nota fiscal. Mesmo que você seja representante comercial, ou tenha contrato, é possível estabelecer o vínculo empregatício e abrir o processo", explica a especialista.

3. Quanto eu devo pagar ao advogado?

Você não precisa ter dinheiro para contratar o advogado porque ele só recebe no final da causa. Geralmente, os advogados recebem de 20% a 30% do valor que o juiz determinar sobre o ganho de causa do trabalhador. Se você perder a causa, o advogado não recebe nada.

4. Como eu calculo o que a empresa me deve?

"Quando você conversar com o seu advogado ele vai ajudá-lo a calcular os valores que a empresa lhe deve", explica a advogada.

5. Que documentação eu devo reunir? "O ideal seria apresentar uma xerox do cartão de ponto, mas isso é praticamente impossível. Se der, qualquer documento que mostre quantas horas você trabalhou, o contrato de trabalho, as notas fiscais, depósitos de pagamento também servem", explica a Dra. Sylvia.

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Se você não tiver nenhum desses documentos, não se preocupe. Durante a audiência você vai contar ao juiz o ocorrido. "De qualquer forma, os juizes entendem que o ônus da prova é da empresa, ou seja, ela que deve provar que pagou tudo o que devia para você", conta.

6. Tenho que ter testemunhas?

Se possível, você pode levar testemunhas para a audiência. "A testemunha deve ser alguém que trabalhou com você no mesmo turno, ou alguém neutro que possa comprovar os seus horários de entrada e saída, como por exemplo, o porteiro do prédio ou manobrista do estacionamento", diz a doutora.

7. O que acontece se no meu contrato estiver escrito que eu não tenho direito a horas

extras, férias etc? "Todas as cláusulas de contrato de trabalho que forem contrárias à CLT são nulas.

8. E se me colocarem na lista negra?

A lista negra é uma das lendas da área trabalhista. "A pessoa que vai contratá-lo não tem como pesquisar e descobrir que você processou seu antigo patrão. Existem milhares de empresas, esse tipo de acompanhamento é muito difícil. Mas se você for de um mercado mais restrito, como o publicitário, o empregador pode saber de um processo quando for consultar sua antiga empresa, não por meio de uma lista", esclarece a advogada

9. A homologação do sindicato me impede de processar a empresa?

De forma alguma. "Eu até aconselho as pessoas a assinar a homologação e receber o dinheiro que a empresa oferece, mesmo que o valor esteja errado. Assim, ela fica capitalizada por um tempo. A homologação do sindicato não impede que depois você procure a justiça trabalhista para receber o que merece", conta a Dra. Sylvia. Você pode confiar no sindicato.

10. E se eu não for sócio do sindicato?

"Não precisa pagar aquela taxa mensal para receber a proteção do sindicato. Por lei, é descontado de seu contra cheque um dia de trabalho para o sindicato, que tem o dever de proteger o trabalhador. Inclusive, você pode consultar gratuitamente o departamento jurídico do sindicato sempre que tiver dúvidas sobre os seus direitos", aconselha a advogada.

11. Como eu recebo o dinheiro depois que ganhar a ação?

Muita gente deixa de processar porque não acredita que a empresa vá pagar depois de perder a ação. "Isso é cada vez mais raro, pois a justiça determina a penhora online de todas as contas da empresa até que ela pague ao trabalhador", conta Romano. Finalmente, a advogada pede que se tenha muito cuidado com a escolha do advogado: "É preciso ter plena confiança, pois ao entrar com o processo você assina uma procuração que determina que o dinheiro do processo deverá ser entregue ao advogado, que desconta os honorários e repassa os valores ao trabalhador".

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Dúvidas trabalhistas: Vínculo empregatício

1. Muitas empresas têm em seus quadros trabalhadores não contratados, que recebem

como prestadores de serviços. Em caso de demissão, quais são os direitos do funcionário? Quando há a prestação de serviços sem vínculo empregatício, o trabalhador não é considerado funcionário, mas colaborador ou trabalhador autônomo, não estando abrangido pela legislação trabalhista. Conseqüentemente, se esses trabalhadores não foram admitidos como empregados não têm direito a férias, 13º salário, avisos prévios, depósitos do FGTS, etc..

2. Caso essa contratação tenha sido efetuada com o intuito de burlar a legislação para evitar

os encargos obrigatórios e pagamento das verbas trabalhistas, sem dúvida alguma constitui fraude, podendo o trabalhador buscar seus direitos. No caso de fraude, o trabalhador terá de provar judicialmente o vínculo de emprego. Se provado tal fraude, poderá ser determinado o pagamento do seguro desemprego pela entrega das respectivas guias ou, ainda, que seja a empresa responsabilizada a indenizar os respectivos valores.

3. Como o trabalhador pode provar vínculo empregatício?

O vínculo empregatício poderá ser comprovado por meio de: documentos e testemunhas demonstrando a subordinação hierárquica, obrigatoriedade de comparecimento diário aos serviços, controle sobre o trabalho desenvolvido, dependência econômica, local próprio para a prestação de serviços nas dependências da empresa, dentre outros.

4. É interessante buscar um acordo com a empresa?

Existindo efetivamente o trabalho subordinado, embora não tenha havido o registro do empregado, pela lei está caracterizada a fraude. Neste caso o trabalhador poderá celebrar um acordo com a empresa, recebendo os direitos que entende lhe satisfazer.

5. Onde a pessoa deve dar entrada no caso?

O acordo poderá ser celebrado diretamente com o empregador, ou caso não seja aceito, poderá ser perante à Comissão de Conciliação Prévia ou, ainda, na Justiça do Trabalho.

6. É preciso ajuda de algum advogado?

Não há necessidade da presença do advogado, pois mesmo na Justiça do Trabalho a reclamação poderá ser verbal. Porém, considerando a necessidade de produção de provas, convém sempre que haja o acompanhamento de advogado, que poderá dar melhor seqüência ao processo.

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7. trabalhador autônomo (ou prestador de serviço) tem direito a algum tipo de

benefício? O trabalhador autônomo ou prestador de serviços terá somente os direitos estabelecidos no contrato de prestação de serviços celebrado entre as partes. Assim, se constar o pagamento de indenização pela rescisão do contrato, por iniciativa patronal, o trabalhador terá direito a receber essa parcela. Poderá também ser estabelecida a obrigatoriedade de concessão de pré-aviso para a rescisão ou pagamento indenizado desse período.

Dúvidas trabalhistas: Diversos

1. Estou há seis anos trabalhando como concursado, só que houve uma mudança de

chefia e decidiram me colocar em outro setor e fora da escala, mas recebendo menos pois ganhava adicional noturno e de quebra de caixa. Gostaria de saber qual órgão defende o funcionário federal e se tenho direitos de reivindicar para que permaneça na mesma função, pois nada fiz de errado. Em tese não se trata de redução salarial, posto que os valores referentes à adicional noturno e quebra de caixa têm caráter indenizatório. Deste modo, não se tratam de verbas que se integram ao salário do funcionário, de modo que, em cessando tais situações, tornam-se indevidos os respectivos pagamentos. Contudo, se mesmo assim o funcionário se sentir lesado deve procurar sua entidade sindical, para que este analise a viabilidade de interposição de medida judicial.

2. Pessoas aposentadas podem ter emprego registrado em carteira?

Não existe qualquer impedimento legal para que o trabalhador aposentado tenha sua carteira de trabalho anotada. De fato, a jurisprudência trabalhista entende que caso um empregado continue a prestar serviços à mesma empresa, depois de ter se aposentado, existiria ficticiamente um novo contrato de trabalho, em nada afetando o recebimento de seus benefícios. Todavia, caso se trate de empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, na mesma situação, o benefício será suspenso.

3. É possível ser demitido porque o concurso público em que fui aprovado foi declarado

ilegal? E se o processo ainda está em andamento? A desconstituição de ato de nomeação de servidor, provido mediante a realização de concurso público devidamente homologado pela autoridade competente, somente pode ser realizada após o trânsito em julgado de decisão judicial. Ou seja, enquanto não houver sentença definitiva acerca da matéria, o servidor não pode ser demitido.

4. Tenho um emprego com carteira assinada, mas também dou aula particular de inglês.

As empresas agora exigem meu RPA. O que é RPA? Como devo proceder? Quais os documentos necessários? Caso o empregado dê tais aulas na empresa em que está registrado, será necessário ver se este serviço é compatível com sua condição pessoal e se não há nada contrário em contrato. Neste caso, tais aulas simplesmente farão parte da jornada diária do reclamante, sendo que se forem ministradas fora de seu horário normal de trabalho, serão consideradas como horas extras.

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5. Contudo, se tais aulas não têm relação com as atividades do funcionário, o pagamento pelo serviço se dará por meio de Recibos de Pagamento de Autônomo (RPAs). Para emitir o RPA, o empregado deverá possuir inscrição municipal como autônomo, enquanto a empresa deverá recolher 20% do valor ao INSS.

6. Caso contrate uma empregada diarista que trabalhe três dias por semana, está

configurado vínculo empregatício? Os tribunais discutem se a diarista de três dias por semana tem vínculo empregatício. Para a diarista de um dia não há vínculo empregatício.

7. Em caso de dispensa de empregada doméstica, o que é preciso pagar (13º

proporcional, férias proporcionais e abono de 1/3)? A doméstica tem direito a aviso prévio, férias proporcionais mais o terço de férias constitucional, 13º e saldo salarial. Não tem direito ao FGTS. Caso ela solicite demissão, há duas situações: com menos de um ano no emprego, tem direito ao saldo salarial mais o 13º proporcional; com mais de um ano, tem direito também às férias vencidas e não pagas e férias proporcionais mais o terço constitucional.

8. Como proceder em caso de morte de funcionário? E de empregada doméstica?

A morte extingue automaticamente o contrato de trabalho. A empresa deve verificar quem são os dependentes para pagar-lhes os valores devidos. O patrão deve agir da mesma forma no caso de morte da empregada doméstica.

9. Quais são os cuidados que você deve tomar com as empresas que prometem trabalho

em casa? O Procon-SP informa que este tipo de negócio não é seguro quando:

10. não informa com clareza qual é o trabalho que deverá ser desenvolvido pelo empregado, 11. o endereço da empresa é de outro Estado ou Município, 12. não há possibilidade de contato via telefone, 13. a empresa só é localizada por caixa postal (saiba que o endereço do locatário de caixa

postal é resguardado por sigilo contratual dos Correios, que somente divulgam-no por ordem judicial) - as pessoas que receberem este tipo de anúncio devem desconsiderar a proposta.

14. Tenho um plano de saúde pela empresa. Esta empresa é prestadora de serviço para o

Ministério do Trabalho e perdeu a licitação para outro concorrente. Liguei para o plano querendo renovar o contrato, pagando o valor total. Fui informada de que teria que cumprir uma carência de 10 meses para parto. O que fazer nesse caso? Havendo renovação do contrato, ainda que sem a interveniência do Ministério do Trabalho, não poderia ser recontado o prazo de carência. Neste caso, a gestante deverá se dirigir ao PROCON ou órgão equivalente para que este tome as medidas necessárias.

15. Trabalho em uma empresa há quatro meses e não sou registrada. Tenho direito ao 13º salário? Devemos lembrar que o registro é apenas mais um direito que o empregado tem perante o empregador, não sendo condição para o percebimento dos demais direitos, como o 13º salário. Assim, se você trabalha há quatro meses, tem direito ao décimo terceiro proporcional, isto é, ao equivalente a 1/3 da sua última remuneração. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

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16. Perdi meu emprego pois o lugar onde eu trabalhei durante 2 anos (com registro) faliu. Gostaria de saber como eu faço para conseguir receber os meus direitos? Você deve ingressar com ação trabalhista contra a empresa e contra os sócios da mesma, pois, se os bens daquela não forem suficientes, há a possibilidade de se avançar no patrimônio dos donos. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

17. Gostaria de saber em quais casos a empresa pode dar uma carta de advertência ao

funcionário. Caso o mesmo não queira assiná-la, qual o procedimento da empresa? Os casos em que a empresa pode advertir os funcionários são as situações constantes do art. 482 da CLT, quais sejam: ato de improbidade (atentado contra o patrimônio da empresa), incontinência de conduta, mau procedimento, negociação habitual, desídia (desleixo no exercício das funções), embriaguez em serviço, violação de segredo da empresa, indisciplina, insubordinação, ato lesivo da honra ou boa fama e práticas de jogos de azar. Isso porque a empresa pode dosar a sanção a ser aplicada, optando pela advertência, suspensão ou dispensa por justa causa, tudo dependendo da gravidade do fato e da relevância que a conduta teve para a empresa. Por fim, se o empregado não quiser assinar a carta de advertência, a empresa deve apenas pegar a ciência de testemunhas presentes, pois a assinatura do trabalhador é apenas para que ele saiba que foi advertido, e não para pedir seu consentimento. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

18. Gostaria de saber se o trabalhador que estuda - seja nível médio ou superior - tem

alguma proteção na CLT, como sair uma hora mais cedo do trabalho. O que há em termos legislativos sobre a proteção trabalhista aos estudantes do ensino médio ou superior é a lei de estágio e a de aprendizagem. A lei do estágio estabelece que o horário de trabalho do estagiário deverá ser compatível com o horário dos estudos, tendo um caráter de complemento aos mesmos. Assim, a empresa não poderia exigir o trabalho em horário que atrapalhasse o estudo. Além disso, temos outra espécie de contrato envolvendo estudantes, que é o contrato de aprendizagem. Sobre o aprendiz, o art. 432 da CLT dispõe que a jornada máxima será de 6 horas, porém tal regra se aplica tão-somente aos trabalhadores com idade entre 14 e 18 anos que estão cursando algum programa de aprendizagem. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

19. Estou com duas férias vencidas. Gostaria de saber o que posso fazer, já que meu chefe alega não ter como me pagar? Nos casos em que a empresa reconhece que deve o pagamento, porém não tem como realizá-lo, a solução recomendada é a via judicial, ou seja, por meio de ação trabalhista. Isso porque a sentença do juiz será um título executivo capaz de forçar o pagamento da dívida, adentrando, se preciso, no patrimônio pessoal dos sócios. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP)

20. Eu pedi demissão e gostaria de saber se eu tenho direito ao pagamento das férias.

Eles alegam que eu não tenho direito porque eu tenho menos de 1 ano de carteira. Isto está correto? Eu não tenho direito nem aos parciais? A conduta da empresa não está correta, pois o entendimento atual do Tribunal Superior do Trabalho, que é o órgão máximo na Justiça do Trabalho, é no sentido de que qualquer empregado com menos de um ano de serviço que se desligar da empresa terá direito às férias proporcionais, salvo o caso de dispensa por justa causa. Assim, como você não foi demitida por justa causa, tem direito a 9/12 da sua remuneração a título de férias.

21. Depois de quanto tempo de serviço posso tirar férias?

Primeiramente, é preciso esclarecer que o direito às férias é adquirido com 1 ano de trabalho, que é o chamado período aquisitivo. Entretanto, o empregador tem o período de 1 ano (a partir da data que você adquiriu o direito) para conceder o gozo dessas férias, que é

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o chamado período concessivo. Assim, podemos concluir que o trabalhador adquire o direito com 1 ano de trabalho, mas poderá efetivamente desfrutar das férias em até 2 anos.

22. Quais são as vantagens de fazer parte da CIPA?

A CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – é um órgão interno da empresa, obrigatório nos casos em que há mais de 100 empregados. É o órgão responsável pelas medidas de segurança e higiene no ambiente do trabalho, tendo grande importância na prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. O cipeiro representante dos empregados tem direito à estabilidade no emprego desde o registro de sua candidatura até um ano após o término de seu mandato como forma de proteger a atuação daquele membro na empresa, resguardando-o de eventuais represálias.

23. Tenho 30 anos e sou aposentada por invalidez pelo INSS. Posso trabalhar remunerada

em programas de empresas para deficientes físicos? A aposentadoria por invalidez é caracterizada por ser um benefício concedido pelo INSS em caso de total incapacidade para o trabalho, ou seja, apenas na hipótese de o trabalhador não ter mais condições de laborar em atividade que lhe garanta a subsistência. Assim, se o aposentado readquire sua capacidade para o trabalho, o benefício perde seu objeto, de modo que o retorno voluntário à atividade cancelará automaticamente a aposentadoria, conforme dispõe o art. 46 da Lei 8.213/91.

24. A empresa me obrigou a fazer curso de reciclagem, isso vai tomar um horário que não

tem nada a ver com o meu horário de trabalho. Isso é legal? A empresa deve pagar o transporte para o curso? Em regra, a empresa pode tão somente exigir o serviço para o qual o empregado foi contratado. Entretanto, o empregador possui o poder de dirigir essa prestação de serviços, de modo que é lícito exigir que o trabalhador faça algum curso de reciclagem ou de especialização necessários ao cargo exercido. Tais situações podem ser previstas em acordo ou convenção coletiva de trabalho, de modo que é recomendável ter acesso a esses documentos. No caso, como a situação colocada é de uma obrigação imposta pela empresa, a mesma deverá arcar com os custos respectivos, inclusive transporte, salvo, como se disse, se houver disposição em contrário no contrato de trabalho ou na norma coletiva da categoria.

25. Toda empresa tem obrigação de oferecer cesta básica ao funcionário?

Não são todas as empresas que têm obrigação de oferecer cesta básica ao funcionário, tudo dependendo do programa de alimentação utilizado. Em regra, esse assunto é objeto de negociação entre a empresa e o sindicato, sendo inserida em cláusula de acordo ou convenção coletiva da categoria. Assim, recomenda-se que o empregado tenha acesso a tais documentos para se informar dos direitos e benefícios a que faz jus.

26. Qual é o período máximo ininterrupto que uma pessoa pode trabalhar, legalmente

falando? A legislação trabalhista estabelece que todo trabalho cuja duração seja de 4 a 6 horas deverá ter um intervalo de, no mínimo, 15 minutos para repouso. A jornada superior a 6 horas deverá garantir um intervalo de, pelo menos, 1 hora para descanso e refeição. Vale ressaltar que tais intervalos, chamados de intrajornada, constituem norma de ordem pública, pois visam resguardar a saúde do trabalhador, não sendo válida a convenção ou acordo coletivo que o reduza ou o elimine, conforme interpreta o Tribunal Superior do Trabalho.

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Dúvidas Trabalhistas: Os direitos dos trabalhadores

1. Quais são os direitos de quem muda de regime de Padrão (concursada) para CLT? São dois regimes distintos de trabalho e a diferença fundamental entre eles é simples: o concursado tem estabilidade, mas não recebe o FGTS; o trabalhador regido pela CLT recebe o FGTS, mas perde a estabilidade no emprego.

2. Quero pedir demissão. Quais os meus direitos, o que posso receber?

Com menos de um ano na empresa, o trabalhador tem direito ao saldo salarial e 13º proporcional. Com mais de um ano na empresa, tem direito ao saldo salarial, 13º proporcional, às férias vencidas e proporcionais mais o terço de férias constitucional.

3. Caso o empregado seja demitido, terá direito, além dos itens supracitados, à liberação para saque do FGTS, a uma multa de 40% sobre o total do FGTS a ser paga pela empresa e a um aviso prévio de 30 dias.

4. Como agir em caso de doença ocupacional?

Segundo a advogada Regina Célia Baraldi Bisson, o empregado deve consultar o médico da empresa, médico conveniado ou do INSS. Constatadas alterações em seu estado de saúde, que possam ser decorrentes do ambiente de trabalho, devem ser solicitados exames complementares para a sua comprovação.

5. A empresa deve ser notificada para abrir uma "CAT" (Comunicação de Acidente do Trabalho), pois a doença ocupacional equipara-se ao acidente de trabalho, para que o INSS emita laudo pericial sobre a doença encontrada. Em caso positivo, o empregado poderá ficar afastado de suas funções, se o seu estado de saúde for grave, ou submeter-se a tratamento, readaptando-se as suas funções.

6. Quem tem direito a vale-transporte, plano de saúde, tíquete alimentação e seguro de

vida? Apenas o vale transporte é obrigatório, por força de lei, explica a advogada Regina Célia Baraldi Bisson. Os demais direitos são garantidos pelas convenções coletivas firmadas com os sindicatos ou por iniciativa das empresas.

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7. A empresa em que trabalho oferece uma condução e por isso cortou o vale-transporte. Isso é permitido? Sim, se a empresa oferece condução, não tem obrigação de oferecer o vale-transporte.

8. A empresa pode diminuir o valor do vale-refeição? Pode cortá-lo?

O vale-refeição não é imposição legal. Pode ser conveniente para a empresa usá-lo ou fruto de convenção coletiva. A empresa pode renegociar o valor do vale ou mesmo cortá-lo. Não há legislação dispondo sobre isso.

9. Parei de trabalhar à noite e, com isso, o adicional noturno foi cortado. Isso é

permitido? Sim, nesse caso o adicional noturno pode ser cortado.

10. A empresa pode transferir uma pessoa de lugar de trabalho sem consultá-la antes?

Em caso de transferência para o mesmo município não há problema. Em caso de transferência para outro município e mudança de residência, a empresa deve arcar com as despesas da mudança e pagar um adicional de transferência de 25% do salário, enquanto durar a transferência. Se a mudança for definitiva, a empresa deverá arcar com as despesas da mudança.

11. A partir de quanto tempo o funcionário passa a ter direito adquirido?

As horas extras podem ser agregadas ao salário após dois anos, período necessário para se dizer que começaram a fazer parte da remuneração. Este tipo de situação também pode ser previsto por convenções coletivas. Atualmente, pela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, se as horas extras prestadas com habitualidade forem suprimidas, deverá ser paga uma indenização correspondente ao valor de um mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviços acima da jornada normal.

12. Quais os direitos trabalhistas de empregado temporário? E de cooperativa?

O funcionário temporário tem direito ao salário e ao FGTS. Ao término do contrato, tem direito a férias e 13º proporcionais. Para as cooperativas há uma legislação específica, porque o cooperado não é considerado empregado.

13. que fazer se as férias venceram e o funcionário não desfrutou?

O empregador tem o prazo de 12 meses para conceder férias ao empregado que completar o período de um ano de trabalho. Por exemplo, se o trabalhador começou a prestar serviços em 01/04/2002, terá o direito a férias a partir de 01/04/2003. No entanto, a empresa poderá estender este direito até 01/04/2004. Se o funcionário não desfrutar de suas férias até essa última data (01/04/2004), adquire o direito de receber o salário em dobro. Este valor deverá ser pago assim que o funcionário tirar férias, ou quando for dispensado, se for o caso.

14. Funcionário em licença de saúde (INSS) tem direito a receber dissídio?

A lei garante aos funcionários afastados todas as vantagens que, na sua ausência, tenham sido concedidas à categoria, inclusive todos os reajustes salariais. No caso de afastamento por motivo de doença, há uma diferença prática que depende do tempo que o funcionário ficou fora do trabalho:

15. se for até 15 dias: ele continuará recebendo o salário da empresa e, no caso, já com o reajuste do dissídio.

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16. se permanecer afastado por mais de 15 dias: não receberá mais o salário, e sim um benefício pago pelo INSS. Neste caso, o reajuste será concedido quando o funcionário voltar a trabalhar.

17. que fazer se a empresa em que trabalho não deposita o FGTS?

O depósito do FGTS é uma obrigação trabalhista da empresa e o seu descumprimento pode ser reclamado por meio de uma ação trabalhista. Mas na maioria das vezes isso pode implicar na perda do emprego. A alternativa é denunciar a empresa à Delegacia Regional do Trabalho, que é responsável pela fiscalização das empresas. A denuncia também pode ser feita ao Ministério Público do Trabalho, que deverá mover ação civil pública contra o empregador (caso o dano seja coletivo). De qualquer forma, sempre vale a pena uma boa conversa com o departamento de recursos humanos da empresa.

18. empregador pode obrigar o funcionário a fazer um curso durante as férias? Não, não pode. As férias são um direito do empregado, o seu objetivo é promover o descanso e a recuperação físico-mental do trabalhador, além de proporcionar o gozo da vida social e familiar.

19. empregador pode obrigar um funcionário a tirar somente 20 dias de férias?

Não, a empresa não pode fazer tal exigência porque as férias têm, por lei, duração de 30 dias. É possível que haja o “fracionamento” desse período, de modo que a empresa conceda 20 dias em um mês e mais 10 dias em outro. Por fim, a legislação trabalhista esclarece que só poderá haver redução da duração das férias nos casos de mais de 5 faltas injustificadas.

20. Tive que viajar para sepultamento e os dias foram descontados do meu salário. Quais

os meus direitos? A lei trabalhista estabelece que em caso de falecimento de marido, mulher, pais, filhos, irmão ou pessoa que seja seu dependente (e conste na CTPS), o empregado poderá faltar ao serviço. A empresa não poderá descontar este dia de seu salário. Caso isso ocorra, o funcionário poderá cobrar o pagamento do mesmo.

21. Quais os direitos de quem trabalha sábados e domingos e feriados?

Quem trabalha durante o dia de folga tem direito a receber a remuneração em dobro das horas trabalhada, ou seja, ganhar duas vezes mais do que ganharia num dia normal. O dia de folga do funcionário não é necessariamente sábado ou domingo. Algumas empresas estabelecem outros dias para o descanso (pré-estabelecidos). Assim, essa remuneração em dobro, só será devida se o funcionário trabalhar no dia da sua folga (independentemente de ser sábado ou domingo) e não tiver outro para descansar.

22. Uma falta para cuidar de problemas de saúde “do filho”, pode ser justificada?

A lei não prevê esta hipótese como justificativa para falta do empregado. Porém, pode ser que no acordo ou na convenção coletiva, bem como no regulamento da empresa e até no contrato individual de trabalho, haja previsão dessa natureza. Assim, se qualquer desses documentos permitir a falta por problemas de saúde na família, a mesma deverá ser aceita, de modo que o empregador não poderá descontar o valor desse dia de ausência.

23. Trabalhei em regime de contrato de trabalho de 45 dias. Tenho algum valor a mais a

receber como verbas rescisórias? Em relação à demissão, tenho algum direito? O empregado contratado por prazo determinado (experiência de 45 dias), e que for dispensado ao término do período, também terá direito ao pagamento de 13º salário proporcional e férias proporcionais acrescidas de 1/3, além do saldo de salário.

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24. Posso demitir uma empregada doméstica grávida? O que fazer nesses casos? A garantia de emprego assegurada à empregada gestante não alcança a empregada doméstica, que tem sua relação jurídica disciplinada por lei específica (Lei n.º 5.859/72). Contudo, a Constituição Federal reconhece, entre outros, o direito à doméstica de usufruir de "licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias." Por esta razão, em diversas decisões da Justiça do Trabalho o empregador têm sido condenado ao pagamento dos salários do período referente aos 120 (cento e vinte) dias de licença-gestante.

25. Qual é a diferença entre dissídio, convenção e acordo coletivo?

As normas coletivas para as diversas categorias de trabalhadores podem ser de três naturezas: dissídios coletivos, convenções coletivas ou acordos coletivos. Os sindicatos são necessários para validá-las. dissídio coletivo ocorre quando não há acordo e há uma disputa judicial entre o sindicato de empregadores e o sindicato de empregados, arbitrada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da região. convenções coletivas são os acordos entre estes sindicatos. O estabelecido nos dissídios e nas convenções coletivas transforma-se em direitos e deveres para empregados e empregadores. acordo coletivo ocorre quando uma empresa entra em acordo com o sindicato dos empregados estipulando normas que passarão a ser obrigatórias para aquela empresa e seus empregados. Têm direito ao dissídio coletivo os trabalhadores com registro em carteira. Cada sindicato tem uma data-base específica para o dissídio.

26. Um acordo coletivo pode modificar o que a lei garante?

Sim, pois a própria Constituição garante o respeito a convenções e a acordos coletivos negociados com o sindicato da categoria profissional dos empregados, explica a advogada Regina Célia Baraldi Bisson. Porém não pode excluir direitos, mas adaptá-los às condições especiais de cada categoria profissional. Por exemplo: excluir as horas extras trabalhadas em domingos e feriados por folgas ou jornadas menores nos dias úteis; remuneração de adicional noturno; estabelecer prazo e forma para que as empregadas gestantes comuniquem o seu estado ao empregador, entre outros. Mas o acordo coletivo deverá ser respeitado pelas partes durante o seu período de vigência e se destina sempre a proteger o empregado. Segundo o advogado Marcos Cintra Zarif, havendo divergência entre a lei e a cláusula estabelecida em acordo coletivo, deverá ser aplicada aquela que for mais favorável ao trabalhador. É importante lembrar que, vigorando por prazo certo, as vantagens concedidas por acordo coletivo não integram o contrato de trabalho, se não forem renovadas na convenção coletiva seguinte.

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Dúvidas Trabalhistas: Equiparação Salarial 1. Um trabalhador que exerce uma determinada função, mas na verdade tem atribuições

de um cargo superior, pode pedir equiparação salarial? Sim, esse tipo de alegação existe e o trabalhador demitido pode pedir a equiparação salarial. A CLT, por meio do art. 461, dispõe: "Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade". Por outro lado, o § 1º do art. 461 pondera: "Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade, com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a dois anos".

Além disso, o § 2º do mesmo artigo enfatiza: "Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento". Logo, em procedendo à interpretação mais razoável dos preceitos citados acima, conclui-se que a equiparação salarial demanda uma série de requisitos. São eles: Identidade de função: é óbvio que a equiparação exige identidade de função. Não se deve confundir função com cargo, já que há empregados com o mesmo cargo e funções diferentes. Exemplo: os professores universitários e primários têm o mesmo cargo, mas a função (atribuição) é diferente. Que o serviço seja de igual valor: é aquele prestado com igual produtividade e a mesma perfeição técnica. A jurisprudência tem dado uma interpretação bem elástica em relação a isso. Que o serviço seja prestado ao mesmo empregador: assim deve-se entender o serviço prestado ao mesmo empregador conceituado pelo art. 2o, da CLT. Que o serviço seja prestado na mesma localidade: mesma localidade compreende o mesmo município, já que as condições locais podem influir no desnivelamento da remuneração.

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Que não haja diferença do tempo de serviço entre o paragonado e o paradigma na função superior a dois anos- se o tempo de serviço na função for superior a dois anos, impossibilita a equiparação. É importante notar que o que acarreta a equiparação é o trabalho na mesma função não superior a dois anos, e não no emprego ou no cargo, consoante o Enunciado nº 135 do TST. Que não haja quadro organizado de carreira: o quadro de carreira deve obedecer ao critério de promoção por tempo de serviço e merecimento. Para evitar que o quadro exista pró-forma na empresa, a lei traçou metas exigindo sua homologação no Ministério do Trabalho, e fixou a competência da Justiça do Trabalho para apreciar reclamação dos trabalhadores que se sintam lesados na movimentação do quadro de carreira. Quem deve provar os merecimentos da equiparação é o trabalhador. Ao empregador cabe provar os requisitos negativos, ou seja, as exceções, como a de que há quadro de carreira, e que a diferença na função é superior a dois anos.

2. Onde a pessoa deve dar entrada do caso?

Na Justiça do Trabalho. 3. É preciso ajuda de algum advogado?

É essencial que tenha a ajuda de um advogado, para obtenção de êxito, apesar da Justiça do Trabalho não exigir.

4. Funcionários que têm a mesma função têm que, obrigatoriamente, ganhar o mesmo?

E se um deles tem mais tempo de trabalho que outro? Caso os empregados exerçam as mesmas funções, na mesma localidade, com a mesma produtividade e perfeição técnica, e com diferença não superior a dois anos (computados na função, e não no emprego), deverão receber o mesmo salário. Saliente-se que o fato dos empregados terem a mesma função anotada em carteira não basta, devendo restar caracterizado o exercício das mesmas tarefas. Do mesmo modo, caso a empresa possua quadro organizado de carreira, não haverá que se falar em equiparação salarial.

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Dúvidas Trabalhistas: Faltas A minha empresa decide "emendar" alguns feriados sem dar opção de escolha para os funcionários. Só que depois nós temos que compensar os dias folgados, que ficam em débito no banco de horas. Isso é correto? O empregador possui o chamado “poder diretivo” da sua atividade, de modo que tem a prerrogativa de controlar o modo como a mesma será exercida. Assim, é lícito que a empresa decida “emendar” alguns feriados por motivo, por exemplo, de que seus clientes também não terão expediente nessa data, sendo viável a paralisação daquele dia para compensação em outro. Tal situação não configura prejuízo ao trabalhador, uma vez que não haverá sobrejornada e o trabalhador poderá desfrutar de maior tempo para o convívio familiar e social. Empresas podem descontar do salário faltas devido à greve dos transportes? A falta por causa de uma greve dos transportes é decorrente de força maior. Neste caso, o procedimento a ser adotado depende de cada empresa. O bom senso indica que não se devem descontar as horas, mas deixar o trabalhar compensá-las no futuro. Já no caso de faltas injustificadas, o trabalhador perde o direito ao dia não trabalhado; se for horista, perde também o direito ao descanso semanal remunerado. No caso de falta do empregado, quais são os descontos que podem ser realizados (férias, folha de pagamento, 13º salário, aviso prévio, etc,...) Não podem ser descontados os dias de férias, caso o trabalhador tenha até cinco faltas injustificadas em um período de 12 meses (período aquisitivo). Ele terá direito a 30 dias corridos de férias. Caso o trabalhador tenha de 6 a 14 faltas injustificadas no período de 12 meses (período aquisitivo) terá direito a 24 dias corridos de férias. Para 15 a 23 faltas serão 18 dias corridos de férias. Para 24 a 32 faltas, apenas 12 dias corridos de férias. Acima de 32 faltas o trabalhador perde o direito às férias. O desconto no salário é proporcional ao número de faltas. Para o horista, o desconto é automático, porque ele receberá apenas pelas horas trabalhadas.

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Dúvidas Trabalhistas: Carteira de Trabalho 1. Como pedir baixa da carteira de trabalho?

A baixa é a notação da rescisão do contrato de trabalho na carteira do trabalhador. Ela é obrigatória, tanto no caso de o funcionário se demitir como de ele ser demitido. Já a homologação, feita no sindicato ou na delegacia de trabalho, é a assistência dada para constatação do correto pagamento pela empresa das verbas rescisórias e a quitação do FGTS e do INSS. Ela só é obrigatória para funcionários com mais de um ano na empresa.

2. Tirei segunda via da carteira de trabalho e depois encontrei a antiga. O que fazer?

Basta guardar as duas carteiras para comprovação do tempo de serviço e as anotações de emprego deverão continuar sempre na segunda carteira.

3. Estágio com registro em carteira é levado em conta para efeito de vínculo

empregatício, e principalmente, como contagem de tempo para a aposentadoria? O estágio não é vínculo empregatício, mas mesmo assim é feita a anotação na carteira de trabalho, para constatação do estágio. O tempo de estágio conta para a aposentadoria.

4. É possível ter carteira assinada em mais de um emprego por vez?

Sim, é possível ter mais de um emprego registrado, desde que não haja incompatibilidades, como horários de trabalho sobrepostos

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Dúvidas Trabalhistas: Os direitos trabalhistas garantidos pela CLT Os trabalhadores têm seus direitos garantidos pela Confederação das Leis do Trabalho (CLT). Alguns pontos foram modificados por legislações específicas ou alterações na própria CLT. Conheça aqui os principais direitos e, abaixo, uma descrição detalhada de algum situações específicas: Os direitos do trabalhador

• Carteira de trabalho assinada desde o primeiro dia de serviço; • Exames médicos de admissão e demissão; • Repouso semanal remunerado (1 folga por semana); • Salário pago até o 5º dia útil do mês; • Primeira parcela do 13º salário paga até 30 de novembro. Segunda parcela até 20 de

dezembro; • Férias de 30 dias com acréscimo de 1/3 do salário; • Vale-transporte com desconto máximo de 6% do salário; • Licença maternidade de 120 dias, com garantia de emprego até 5 meses depois do

parto; • Licença paternidade de 5 dias corridos; • FGTS: depósito de 8% do salário em conta bancária a favor do empregado; • Horas-extras pagas com acréscimo de 50% do valor da hora normal; • Garantia de 12 meses em casos de acidente; • Adicional noturno para quem trabalha de 20% de 22 às 5 horas; • Faltas ao trabalho nos casos de casamento (3 dias), doação de sangue (1 dia/ano),

alistamento eleitoral (2 dias), morte de parente próximo (2 dias), testemunho na Justiça do Trabalho (no dia), doença comprovada por atestado médico;

• Aviso prévio de 30 dias, em caso de demissão; • Seguro-desemprego

Fonte: Sistema Nacional de Emprego (SINE)

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Direitos Trabalhistas: Tire suas dúvidas sobre PIS e PASEP O Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) eram fundos formados por contribuições mensais feitas pelas empresas, calculadas sobre os seus faturamentos. Estes recursos eram destinados ao desenvolvimento social e à melhoria da vida do trabalhador. Em 1988, o programa foi substituído pelo Abono Salarial. Mas como o dinheiro ficava depositado no fundo, uma espécie de poupança, os trabalhadores cadastrados podem retirar a quantia que lhe pertence. O saque pode ser feito pelo valor total ou, no caso do trabalhador na ativa, pelo rendimento do total da quota. Confira abaixo mais informações: 1. Quem tem direito a receber as quotas do PIS/Pasep?

Quem foi cadastrado no PIS até 4 de outubro de 1988, recebeu quotas de participação, e encontra-se nas situações abaixo, pode ter saldo a receber. O saque das quotas pode ser solicitado a qualquer momento, somente nas agências da Caixa, pelos seguintes motivos: • Aposentadoria; • Reforma militar; • Invalidez permanente; • Transferência de militar para a reserva remunerada; • Portador do vírus HIV(AIDS/SIDA); • Neoplasia maligna (câncer) do titular ou de seus dependentes; • Morte do trabalhador; • Benefício assistencial a idosos e deficientes.

O pagamento pode ser realizado, em casos excepcionais, em até cinco dias úteis após a solicitação. A pessoa cadastrada receberá a atualização monetária e a parcela de rendimentos do PIS não retirada no correspondente período de pagamento. A atualização do saldo de quotas é efetuada anualmente, ao término do exercício financeiro (1 de julho a 30 de junho do ano seguinte), com base nos índices estabelecidos pelo Conselho Diretor do Fundo de Participação PIS/Pasep.

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2. Quem começou a trabalhar depois de 1989 tem direito a receber as quotas? Não. Só os trabalhadores cadastrados até 04/10/1988.

3. Existe prazo para a retirada da quota do PIS?

Não. O saque é feito a qualquer tempo, desde que comprovado o direito. 4. Quem tem direito a receber os rendimentos das quotas do PIS/Pasep?

Todo trabalhador cadastrado no PIS, e que tem saldo de quotas, tem direito aos rendimentos anuais do PIS. Esses rendimentos correspondem aos juros de 3% ao ano, mais o resultado líquido adicional (RLA). O dinheiro pode ser retirado até 30 de junho de 2003 em qualquer agência da Caixa. Quem possui o cartão do cidadão, com senha cadastrada, tem ainda as opções: terminais de auto-atendimento da Caixa, casas lotéricas e terminais Caixa Aqui. Os rendimentos não retirados até 30 de junho são incorporados automaticamente ao saldo da conta de participação PIS/Pasep. É possível saber, pelo telefone, o valor dos rendimentos das quotas do PIS. Basta ligar para 0800-55-01-01. Tenha em mãos o número do PIS.

5. Como pedir nova senha do PIS em caso de perda?

O documento que comprova o cadastramento é o cartão com o número de inscrição no PIS, entregue pelo empregador na contratação para o primeiro emprego. Caso o trabalhador não possua o cartão do PIS, é necessário procurar uma agência da Caixa para verificar se já foi cadastrado. Em caso positivo, é só solicitar a 2ª via do cartão com a carteira de trabalho ou de identidade. Em caso negativo, é necessário solicitar o cadastramento na empresa onde trabalha.

6. E se o trabalhador perder o seu cartão do PIS?

A segunda via pode ser solicitada a qualquer tempo, nas agências da Caixa, apresentando a carteira de trabalho com anotação do código do PIS, ou outro documento que identifique o titular.

7. É possível consultar o saldo do PIS pela internet?

Sim, a tela de consulta PIS exibirá o saldo de quotas, valor dos rendimentos ou abono salarial para o número de inscrição PIS/PASEP informado, contendo os seguintes dados: • Número do PIS; • Nome do trabalhador; • Data e hora em que foi efetuada a consulta; • Saldo de quotas, se houver; • Tipo do benefício: rendimento ou abono salarial; • Valor do benefício; • Situação

• Pago: quando o trabalhador já houver recebido o benefício, ou • A pagar: quando o trabalhador não houver recebido o benefício.

• Data em que foi efetuado o pagamento; • Meio de pagamento - informação sobre qual das quatro maneiras abaixo o trabalhador

recebeu o benefício. 8. Quem está desempregado há mais de um ano pode sacar o PIS?

Não, somente nos seguintes casos: • Aposentadoria; • Reforma militar;

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• Invalidez permanente; • Transferência de militar para a reserva remunerada; • Portador do vírus HIV(AIDS/SIDA); • Neoplasia maligna (câncer) do titular ou de seus dependentes; • Morte do trabalhador; • Benefício assistencial a idosos e deficientes.

9. É possível saber o número do meu PIS com o RG ou o CPF?

O documento que comprova o cadastramento é o cartão com o número de inscrição no PIS, entregue pelo empregador no ato da primeira contratação com carteira assinada. Caso o trabalhador não possua o cartão do PIS, é necessário procurar uma agência da Caixa para verificar se já foi cadastrado. Em caso positivo, basta solicitar a 2ª via do cartão com a carteira de trabalho ou de identidade. Em caso negativo, solicite o cadastramento na empresa onde trabalha.

10. Estou cadastrado no PIS com número errado, pois não consigo consultar meu saldo e

nem o FGTS. O que devo fazer? Vá a uma agência da Caixa e leve a sua carteira de trabalho, documento de identidade e o número que lhe passaram do PIS. Com essas informações, a Caixa deverá regularizar a sua situação.

Dúvidas Trabalhistas: Como registrar empregado doméstico ? Quem não registrar os empregados domésticos corre um sério risco de ter problemas na justiça. Isso porque todos os empregados têm os mesmos direitos que os demais trabalhadores. Sendo assim, eles também podem processar os contratantes e pedir indenização. A lei que ampara os trabalhadores domésticos é a Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1971, regulamentada pelo Decreto nº 71.885, de 9 de março de 1973. Veja o que é necessário fazer para contratar seu empregado doméstico:

• a carteira de trabalho deve ser assinada e anotada desde o seu 1.º dia de trabalho. Todas as normas fixadas pelo governo devem ser seguidas, tais como:

• salário mensal nunca inferior ao salário mínimo; • irredutibilidade do salário (nunca pode ser abaixado); • descanso semanal remunerado (desde que tenha trabalhado toda a semana

anterior, cumprindo integralmente seu horário de trabalho; • 13º salário; • vale-transporte de ida para o trabalho e de volta para casa; • férias de 20 dias úteis após cada período de 12 meses de serviço (a remuneração

de férias deve ser paga até dois dias antes do período); • adicional de férias de 1/3 do valor das férias (1/3 sobre o valor de 20 dias úteis); • licença-maternidade de 120 dias (paga pelo INSS); • licença-paternidade de 5 dias corridos, válida a partir do dia de nascimento do

filho; • auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (desde que cumprida a carência

exigida pelo INSS); • aviso prévio (por parte do empregado ou do empregador) • o empregador deve anotar na carteira profissional do empregado a data de

admissão, o cargo (empregado doméstico, jardineiro, babá, governanta, cozinheiro, faxineiro etc.), o valor do salário mensal, o início e o término das férias e, quando o contrato chegar ao fim, a data da dispensa;

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• melhor escrever a remuneração por extenso com mês, dia ou hora. Seu valor não pode ser inferior às frações diárias ou horárias do salário mínimo

• todas as alterações ou ocorrências relacionados ao emprego, como mudança de salário e saída em férias, deve ser anotado;

• para tirar a carteira de trabalho é necessário: uma foto 3x4, documento de identidade, certidão de nascimento ou de casamento.

• o empregado deve ainda se inscrever no INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social) e contribuir mensalmente com a Previdência Social, de acordo com a tabela da previdência. Para se inscrever, o empregado deve comparecer a um posto do INSS, levando a carteira de trabalho devidamente preenchida e assinada, o CPF, a carteira de identidade e o título de eleitor;

• os recolhimentos para o INSS são mensais, feitos até o dia 15 do mês seguinte ao de referência do salário, devendo ser pago o total devido (alíquota do empregado e do empregador, ou seja, 20% do valor do salário) por meio da Guia de Previdência Social (GPS);

• o empregador arca com 12% sobre o salário, até o limite de R$ 1.328,25, para o pagamento do INSS. Os outros 8% são pagos pelo próprio empregado, e ele precisa estar ciente disso. Esse percentual incide ainda sobre o pagamento de férias, o 1/3 de férias previsto na legislação e sobre o 13º salário;

• o pagamento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) aos trabalhadores domésticos, antes inexistente, passou a ser facultativo desde março de 2000. Para pagar o FGTS, o empregador deve obter no Posto de Atendimento do INSS ou no site da Previdência Social o código do Cadastro Específico do INSS (CEI). Em seguida, é necessário procurar a Caixa Econômica Federal ou entrar no site e preencher a guia de recolhimento, a qual deve ser paga em qualquer agência bancária. • Os empregados domésticos, diferentemente de outros trabalhadores registrados,

não têm direito à estabilidade, ao pagamento de horas-extras ou ao adicional noturno, ao PIS, ao seguro-desemprego e ao salário-família. As férias também são mais curtas, de 20 dias úteis.

• Se o empregado for demitido, ele deverá ser notificado para o cumprimento do aviso prévio por um período de 30 (trinta) dias. Nesse caso, o empregado deverá apresentar sua carteira de trabalho ao empregador para que seja feita a notificação.

• Se o empregador começa a pagar o FGTS ao trabalhador, depois não pode voltar atrás. No caso de atraso do pagamento, o débito será pago com correção, acrescido de multas e juros. No caso de dispensa sem justa causa, o empregador também terá que arcar com a multa de 40% sobre o saldo do FGTS, a ser paga ao trabalhador. Por outro lado, o pagamento do FGTS cria um diferencial do mercado, ajudando os empregadores a manter a fidelidade do trabalhador.

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Dúvidas Trabalhistas: Como tirar o seguro-desemprego ? O seguro-desemprego é um benefício temporário concedido pela Previdência Social para as pessoas demitidas do trabalho. Veja quem tem direito a receber e como requerer. Quem tem direito Tem o trabalhador que:

• ter sido demitido sem justa causa; • ter recebido salários consecutivos no período de 6 meses anteriores à data de demissão; • ter sido empregado de pessoa jurídica pelo menos 6 meses nos últimos 36 meses; • não estar recebendo benefício de prestação continuada da previdência social, exceto

pensão por morte ou auxílio-acidente; • o trabalhador deve estar desempregado para requerer o benefício. Quem pede demissão

não tem direito ao seguro desemprego. Quando requerer? O trabalhador tem do 7º ao 120º dia após a data da demissão do emprego para fazer o requerimento. Como requerer? Ao ser dispensado sem justa causa, o trabalhador receberá do empregador o formulário próprio Requerimento do Seguro-Desemprego, em duas vias, devidamente preenchido. Deverá, então, dirigir-se a um dos locais de entrega com os seguintes documentos:

• Carteira profissional (CTPS) • Cartão do PIS/PASEP ou extrato atualizado; • Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT - devidamente quitado; • Comprovante de recebimento do FGTS;

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• 2 (dois) últimos holerites; • Sentença judicial ou homologação de acordo (para trabalhadores com reclamatória

trabalhista); • Carteira de identidade

Locais de entrega do pedido: Clique nas opções abaixo e confira o endereço mais próximo da sua casa:

• Postos do Ministério do Trabalho e Emprego • Delegacias Regionais do Trabalho • Postos Estaduais do Sistema Nacional de Emprego • Entidades sindicais cadastradas

Quantas parcelas o trabalhador pode receber? Os trabalhadores podem receber de 3 a 5 parcelas do benefício, de acordo com a quantidade de meses trabalhados nos últimos 36 meses anteriores à dispensa.

• De 6 a 11 meses trabalhados = 3 parcelas • De 12 a 23 meses trabalhados = 4 parcelas • Mais de 24 meses trabalhados = 5 parcelas

Qual valor receber? O valor do benefício varia de acordo com a faixa salarial do trabalhador, sendo o benefício mínimo de R$ 180,00 e o máximo de R$ 336,78. Onde e quando começo a receber? Após o pedido, a primeira parcela do seguro desemprego levará cerca de 40 dias para ser liberada. O benefício é pago mensalmente e cabe ao beneficiado sacar o dinheiro todos os meses em qualquer agência da Caixa Econômica Federal. Para fazer o saque, é necessário levar os seguintes documentos:

• carteira de trabalho; • comprovante de inscrição no PIS/PASEP; • comprovante do saque do FGTS; • carteira de identidade; • comunicação de dispensa (via marrom).

Informações importantes

• O seguro-desemprego é pessoal e intransferível. Portanto, somente o trabalhador pode requerer e receber o benefício.

• O empregador é obrigado a preencher e entregar a comunicação de dispensa (CD) e o requerimento do seguro-desemprego (SD) ao trabalhador dispensado sem justa causa.

• O registro de contrato de trabalho na carteira profissional é importante para assegurar os direitos do trabalhador. Por isso, prefira trabalhar em uma empresa que assine a sua carteira.

• Caso o beneficiado consiga um novo emprego registrado em carteira antes de terminar o período do benefício, as parcelas restantes serão canceladas.

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PERGUNTAS E RESPOSTAS - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA ADICIONAL NOTURNO X AUXÍLIO DOENÇA:

Quem está em licença médica, mas trabalha a noite, continua a receber o adicional noturno referente a esses dias de afastamento? Não. O pagamento do adicional noturno só se justifica se o trabalho for realizado no horário acima mencionado. Se não há nem mesmo o trabalho, em função do afastamento do empregado, o pagamento desse acréscimo não se justifica. É pago o adicional noturno durante as horas extras? O adicional noturno é devido somente para o trabalho realizado no horário das 22 horas às 5 horas. Se as horas extras forem prestadas neste período sofrerão o respectivo acréscimo de adicional noturno. Quem tem direito ao adicional noturno? De quanto é o valor? Tem direito a receber o adicional noturno, todo o funcionário que trabalhar entre os seguintes horários: - 22h e 5h (urbano) - 21h às 5h (rurais/agrícola) - 20h às 4h (rurais/pecuária). O valor do adicional noturno é, no

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mínimo, de 20% para os urbanos e de 25% para os rurais. Convenções ou acordos coletivos podem estabelecer percentuais maiores. ACORDO COLETIVO PODE MODIFICAR O QUE A LEI GARANTE? Sim, pois a própria Constituição garante o respeito a convenções e a acordos coletivos negociados com o sindicato da categoria profissional dos empregados, explica a advogada Regina Célia Baraldi Bisson. Porém não pode excluir direitos, mas adaptá-los às condições especiais de cada categoria profissional. Por exemplo: excluir as horas extras trabalhadas em domingos e feriados por folgas ou jornadas menores nos dias úteis; remuneração de adicional noturno; estabelecer prazo e forma para que as empregadas gestantes comuniquem o seu estado ao empregador, entre outros. Mas o acordo coletivo deverá ser respeitado pelas partes durante o seu período de vigência e se destina sempre a proteger o empregado. Segundo o advogado Marcos Cintra Zarif, havendo divergência entre a lei e a cláusula estabelecida em acordo coletivo, deverá ser aplicada aquela que for mais favorável ao trabalhador. É importante lembrar que, vigorando por prazo certo, as vantagens concedidas por acordo coletivo não integram o contrato de trabalho, se não forem renovadas na convenção coletiva seguinte. ADVERTÊNCIA: Gostaria de saber em quais casos a empresa pode dar uma carta de advertência ao funcionário. Caso o mesmo não queira assiná-la, qual o procedimento da empresa? Os casos em que a empresa pode advertir os funcionários são as situações constantes do art. 482 da CLT, quais sejam: ato de improbidade (atentado contra o patrimônio da empresa), incontinência de conduta, mau procedimento, negociação habitual, desídia (desleixo no exercício das funções), embriaguez em serviço, violação de segredo da empresa, indisciplina, insubordinação, ato lesivo da honra ou boa fama e práticas de jogos de azar. Isso porque a empresa pode dosar a sanção a ser aplicada, optando pela advertência, suspensão ou dispensa por justa causa, tudo dependendo da gravidade do fato e da relevância que a conduta teve para a empresa. Por fim, se o empregado não quiser assinar a carta de advertência, a empresa deve apenas pegar a ciência de testemunhas presentes, pois a assinatura do trabalhador é apenas para que ele saiba que foi advertido, e não para pedir seu consentimento. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) Assédio Moral: uma luta pelos direitos humanos no trabalho Em 2000, quando a médica do trabalho Margarida Barreto defendeu a dissertação de mestrado em psicologia social pela PUC Uma jornada de humilhações, o termo assédio moral era praticamente desconhecido no Brasil. O estudo feito a partir de 2.072 entrevistas revelou um dado alarmante: 42% dos entrevistados afirmaram que sofriam humilhações no trabalho. A tese da médica abriu espaço para o debate e a reflexão sobre as relações de trabalho que fogem às regras sociais ou às funções definidas em contrato. O que é assédio moral? "O assédio moral pode ser considerado uma violência psicológica contra o empregado", define a advogada trabalhista Sílvia Helena Soares. Expor o funcionário a situações humilhantes; exigir dele metas inatingíveis; delegar cada vez menos tarefas alegando incapacidade do trabalhador; negar folgas e emendas de feriado quando outros empregados são dispensados; agir com rigor excessivo e reclamar dos problemas de saúde do funcionário são alguns exemplos que configuram o assédio moral. São atitudes que, repetidas com freqüência, tornam insustentável a permanência do funcionário no emprego, causando danos morais e à saúde do assediado. Porém, tão antigo quanto o trabalho, o assédio moral não é um fenômeno novo. "As relações trabalhistas sempre foram marcadas por casos de humilhação e abuso", acredita Dra. Soares. "A discussão que existe atualmente tem o objetivo de proteger legalmente o trabalhador", esclarece.

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Os dados apontam a necessidade de tal legislação. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o problema é mundial e atinge mais de 12 milhões de trabalhadores na Europa. "Os distúrbios mentais relacionados com as condições de trabalho são hoje considerados um dos males da modernidade", diz a advogada. Algumas das novas políticas de gestão exigem que as pessoas assumam multifunções, tenham jornadas prolongadas, entre outros abusos. Não aceitar tais condições é correr o risco de ser demitido já que nunca faltam substitutos. A advogada alerta, porém, "que tudo o que foge às normas do contrato é um abuso com o trabalhador". Ela apenas ressalta a importância de diferenciar acontecimentos comuns nas relações de trabalho (como uma bronca eventual do chefe, ou mesmo a necessidade de se trabalhar além do horário algumas vezes) das situações que caracterizam assédio moral. "Se constantemente a pessoa sofre humilhações ou é explorada, aí sim temos assédio moral", diz. "É preciso bom senso para diferenciar", finaliza. Perfil do agressor De acordo com o site Assédio Moral, um dos principais meios de divulgação da causa, a violência é geralmente exercida pelas pessoas "inseguras, autoritárias e narcisistas". Além dos superiores hierárquicos, é comum os pares terem atitudes de humilhar seus colegas. Por medo, algumas pessoas repetem a atitude do chefe, humilham aquele que é humilhado ou ficam em silêncio quando vêm uma situação dessas. Mas os executivos também sofrem pressão. A cada ano eles têm que atingir metas mais ousadas em menos tempo e acabam transmitindo essa angústia para os demais. O problema é estrutural nas empresas. Para a advogada, uma das principais causas do assédio é o desejo do empregador em demitir o funcionário. "Para não arcar com as despesas trabalhistas, o empregador cria um ambiente insuportável e assim o funcionário acaba pedindo demissão", alerta ela. Perfil do agredido Entre as pessoas que mais sofrem humilhações estão aquelas que adoecem por conseqüência do trabalho; as que têm mais de 35 anos e são consideradas velhas em alguns ambientes; as que têm salários altos, porque podem ser substituídas a qualquer momento por um trabalhador que ganhe menos; e os representantes de associações e sindicatos. Como se proteger No âmbito federal, o Brasil ainda não possui regulamentação jurídica específica, mas o assédio moral pode ser julgado por condutas previstas no artigo 483 da CLT. Vários projetos já foram aprovados em cidades como São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. O Estado do Rio de Janeiro desde maio de 2002 condena esta prática. Mesmo com a possibilidade de processar os empregadores, os trabalhadores quase não recorrem à Justiça. "Além do medo do desemprego, o empregado geralmente sente-se inseguro com relação às situações que caracterizam o assédio", lembra a doutora. A dica da advogada para quem imagina estar sofrendo de assédio moral é que busque a ajuda do RH da empresa. "São profissionais aptos e confiáveis para fazer a reclamação", diz ela. Porém, nos casos em que o chefe direto é o dono da empresa, a advogada afirma que é o correto é "pedir demissão e recorrer à Justiça". "Antes de pedir demissão, o trabalhador deve reunir o maior número possível de provas que caracterizam o assédio, como troca de e-mails com o chefe tirano e testemunhos de outros funcionários que tenham presenciado cenas de humilhação", aconselha a advogada. BANCO DE HORAS:

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Como funciona o banco de horas? O banco de horas é o instrumento que viabiliza a compensação de jornada. Esse sistema possibilita que as horas trabalhadas a mais em um dia sejam revertidas em descanso em outro. O banco de horas é o meio que a empresa utiliza para computar essa relação de créditos (horas trabalhadas a mais) e débitos (horas não trabalhadas) de modo a manter um controle sobre a compensação da jornada. O prazo máximo do acordo é de um ano. Se, esgotado o prazo, o empregado tiver crédito de horas trabalhadas em "sobrejornada", as mesmas deverão ser pagas como horas extras (valor da hora normal acrescida do adicional mínimo de 50%). Se, por outro lado, o empregado tiver débito, isto é, deveria ter trabalhado mais horas para compensar os descansos, a empresa deverá simplesmente zerar o banco, não podendo descontar qualquer valor da remuneração do obreiro. Deve-se lembrar que o acordo para compensação pode ser individual e que o limite de horas trabalhadas em sobrejornada (ou extraordinária) é de 2 por dia, sob pena de descaracterização do sistema. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) C.T.P.S. - TIRE TODAS AS SUAS DÚVIDAS: Como pedir baixa da carteira de trabalho? A baixa é a notação da rescisão do contrato de trabalho na carteira do trabalhador. Ela é obrigatória, tanto no caso de o funcionário se demitir como de ele ser demitido. Já a homologação, feita no sindicato ou na delegacia de trabalho, é a assistência dada para constatação do correto pagamento pela empresa das verbas rescisórias e a quitação do FGTS e do INSS. Ela só é obrigatória para funcionários com mais de um ano na empresa. Tirei segunda via da carteira de trabalho e depois encontrei a antiga. O que fazer? Basta guardar as duas carteiras para comprovação do tempo de serviço e as anotações de emprego deverão continuar sempre na segunda carteira. Estágio com registro em carteira é levado em conta para efeito de vínculo empregatício, e principalmente, como contagem de tempo para a aposentadoria? O estágio não é vínculo empregatício, mas mesmo assim é feita a anotação na carteira de trabalho, para constatação do estágio. O tempo de estágio conta para a aposentadoria. É possível ter carteira assinada em mais de um emprego por vez? Sim, é possível ter mais de um emprego registrado, desde que não haja incompatibilidades, como horários de trabalho sobrepostos. Há cerca de quatro anos, abandonei um emprego, mais eu não dei baixa na carteira de trabalho.Como faço para dar baixa na carteira de trabalho agora? Existem dois caminhos: a) procurar a empresa, ex-empregadora, e solicitar a baixa da carteira de trabalho, o que ela está obrigada a fazer em não havendo controvérsia acerca da data; ou, b) ingressar com ação judicial perante a Justiça do Trabalho requerendo seja a empresa, ex-empregadora, compelida a efetuar a baixa na carteira de trabalho. CURSO EXIGIDO PELA EMPRESA: A empresa me obrigou a fazer curso de reciclagem, isso vai tomar um horário que não tem nada a ver com o meu horário de trabalho. Isso é legal? A empresa deve pagar o transporte para o curso?

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Em regra, a empresa pode tão somente exigir o serviço para o qual o empregado foi contratado. Entretanto, o empregador possui o poder de dirigir essa prestação de serviços, de modo que é lícito exigir que o trabalhador faça algum curso de reciclagem ou de especialização necessários ao cargo exercido. Tais situações podem ser previstas em acordo ou convenção coletiva de trabalho, de modo que é recomendável ter acesso a esses documentos. No caso, como a situação colocada é de uma obrigação imposta pela empresa, a mesma deverá arcar com os custos respectivos, inclusive transporte, salvo, como se disse, se houver disposição em contrário no contrato de trabalho ou na norma coletiva da categoria. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) CIPA Quais são as vantagens de fazer parte da CIPA? A CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - é um órgão interno da empresa, obrigatório nos casos em que há mais de 100 empregados. É o órgão responsável pelas medidas de segurança e higiene no ambiente do trabalho, tendo grande importância na prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. O cipeiro representante dos empregados tem direito à estabilidade no emprego desde o registro de sua candidatura até um ano após o término de seu mandato como forma de proteger a atuação daquele membro na empresa, resguardando-o de eventuais represálias. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) Cooperativas aparecem como alternativa ao desemprego É cada vez mais comum um grupo de profissionais de uma mesma área se juntarem para fundar uma cooperativa de trabalho. As empresas começaram a contratar cooperativas em vez de terceirizar o trabalho desde 1994, quando foi inserido um artigo na CLT que afirma não haver vínculo empregatício entre os associados de uma cooperativa e a empresa para a qual eles prestam serviço. "Sem ter que se preocupar com encargos trabalhistas, a contratação de uma cooperativa é uma alternativa muito econômica para as empresas", explica Marcelo Cypriano, presidente da Coopserv, Sociedade Cooperativa dos Profissionais da Área de Saúde. "O objetivo de se criar uma cooperativa é trazer benefícios para todos os associados, pois o trabalho fica mais organizado e os custos e lucros são divididos", diz, ainda, o advogado Amílcar Navarro. Com a instabilidade econômica, muitos trabalhadores procuram se associar a cooperativas para garantir um salário. "No Brasil são cerca de 6 milhões de cooperados, que produzem o equivalente a 6% do PIB nacional", informa Cypriano. No meio de toda a burocraria, os trabalhadores têm dúvidas e é precismo ficar atento aos seus direitos. "É preciso ter muito cuidado na hora de se associar a uma cooperativa", avisou o advogado Amílcar Navarro. Há casos de pessoas desonestas usarem a cooperativa como fachada de uma empresa de terceirização. Há casos que é possível entrar com um processo e exigir os direitos trabalhistas. Leia, a seguir, as respostas para as principais dúvidas sobre cooperativas de trabalho: O que é uma cooperativa? Cooperativa é uma entidade fundada por grupos de profissionais de uma mesma área e que prestam serviço para empresas. Todos os componentes de uma cooperativa são sócios e todos têm o mesmo poder de voto. A lei que regulamenta as cooperativas de trabalho é a Lei do Cooperativismo Brasileiro. Posso ter cooperativa de qualquer tipo de trabalho? Sim, não há restrições quanto ao tipo de serviço ou qualificação. Todas as pessoas devem exercer a mesma função para fundar uma cooperativa? Isso não é necessário, pois para executar uma tarefa podem ser necessários vários tipos de habilidade. "Uma empresa que contrata uma cooperativa de processamento de dados, por exemplo, pode precisar de

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programadores e digitadores para completar a tarefa", exemplifica Amílcar Navarro. Como fazer para fundar uma cooperativa? Segundo a Lei do Cooperativismo Brasileiro, para fundar uma cooperativa são necessárias, no mínimo, 20 pessoas. Depois,, uma reunião deve ser feita para constatar as necessidades dos futuros cooperados, suas dúvidas e reivindicações. Essa conversa inicial servirá de base para criar o estatuto da cooperativa, que vai conter seus objetivos, como será feita a administração e a divisão de tarefas, despesas e lucros. "Após a primeira reunião, é realizada a assembléia de constituição, em que são definidos os diretores, os conselheiros fiscais e o delegado responsável por se relacionar com as associações locais e nacionais de cooperativas. É definido, também, o valor da cota parte, ou seja, quando deve pagar uma pessoa para se associar à cooperativa. Elaborado o estatuto, discute-se a atuação da cooperativa no mercado", explicou Marcelo Cypriano. De posse da ata da assembléia, é necessário registrar a cooperativa na Junta Comercial e na representante da Organização das Cooperativas Brasileiras em seu Estado. A inscrição na prefeitura deve ser feita para que a cooperativa possa emitir nota fiscal. Para terminar, a cooperativa deve ter inscrição na Receita Federal para ter o CNJP. Que impostos uma cooperativa deve pagar? Uma cooperativa tem que pagar nove tipos de impostos: ? PIS - A lei determina que no caso de a cooperativa ter funcionários contratados, deve ser descontado 1% do valor pago. Além disso, 0,65% deve ser descontado sobre o faturamento total da cooperativa. ? COFINS - As cooperativas devem pagar 3% sobre o faturamento total. ? Contribuição Social - "Mesmo que a cooperativa tenha tido menos gastos que o previsto, isso é equiparado à distribuição de lucro entre sócios de uma empresa e, logo, não é tributável", afirmou o advogado tributarista Waldyr Colloca Jr.. ? Imposto de Renda - Seja qual for o ramo de atuação de uma cooperativa, ela nunca é considerada contribuinte porque o seu propósito é auxiliar os associados, já que todo o dinheiro que recebe ou vai para os cooperados, ou serve para cobrir as despesas. "A cooperativa não paga imposto porque é entendida como uma sociedade não comercial", declarou Waldyr Colloca Jr.. Mas a empresa que contrata a cooperativa deve descontar 1,5% sobre o valor da nota de serviço. ? FGTS - Uma cooperativa só deve recolher o FGTS se tiver funcionários contratados. ? INSS - "A cooperativa em si não tem que recolher INSS. Quem deve são os cooperados e a cooperativa tem como dever reter 11% da remuneração dos associados e passar para o Governo. Se por acaso a cooperativa presta serviços para entidades filantrópicas ou beneficentes, que não recolhem contribuições previdenciárias, o desconto sobre os rendimentos dos cooperados é de 20%", explicou Waldyr Colloca Jr. ? ISS - O ISS incide sobre o valor dos serviços prestados, cujo cálculo varia de município a município. ? ICMS - No caso de cooperativas de trabalho não há desconto, mas em alguns estados, cooperativas de produção, agrícolas ou de consumo podem pagar uma taxa. Sai mais barato montar uma cooperativa que uma empresa? A vantagem de se fundar uma cooperativa é que não há encargos trabalhistas, já que todos são sócios. Em relação aos impostos, os custos são equivalentes aos de uma empresa. Como são pagos os custos? Quem administra a cooperativa? O estatuto da cooperativa deve especificar quem fica responsável por administrar os custos e pagamentos. Algumas cooperativas optam por terceirizar esse serviço. A minha cooperativa pode oferecer plano de saúde, tíquete, vale transporte?

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Se for a vontade de todos os associados, sim. As taxas desses serviços são embutidas nas de administração da cooperativa. Quais são meus direitos? Como eu vou determinar o meu salário? Eu recebo por hora trabalhada ou por mês? A forma de pagamento de salário é determinada na assembléia e consta do estatuto da cooperativa. A grande maioria calcula o salário a partir de um valor fixado de hora trabalhada, mas nada impede que um salário fixo seja estabelecido. Eu tenho direito a férias e 13º, FGTS? O artigo 442 da CLT determina que não há vinculo empregatício em uma cooperativa, logo o associado não tem direito a nenhum benefício trabalhista. Eu tenho direito a hora extra? Não, mas como a maior parte das cooperativas paga por hora trabalhada, se você trabalhou mais que oito horas, vai receber por isso. Se a cooperativa der lucro eu tenho direito a alguma parte? Na verdade não é correto dizer que a cooperativa deu lucro. Se ao final do exercício os gastos forem menores que o previsto, o que sobrar deve ser dividido entre os cooperados. Esse valor é chamado de sobra de caixa. Vantagens em participar de uma cooperativa Todos os integrantes de uma cooperativa são sócios? Sim, todos têm direito a voto nas assembléias. É melhor ser trabalhador autônomo ou participar de uma cooperativa? Ao se associar a uma cooperativa, é maior a chance de conseguir mais clientes, já que a visibilidade é maior. Os custos com impostos, emissões de nota e contador também diminuem porque são divididos entre mais pessoas. "As cooperativas de táxi são um ótimo exemplo. Com uma funcionária que centraliza as chamadas, todos os clientes são atendidos e ninguém fica ocioso", disse Amílcar Navarro. Digamos que a minha cooperativa tenha 20 pessoas. Todos têm que trabalhar para a mesma empresa ou cada um pode prestar serviço em uma empresa diferente? A idéia de uma cooperativa é economizar custos e conseguir mais clientes, mas sem sacrificar a independência dos associados. "Em uma cooperativa não há vínculo empregatício ou subordinação, por isso todas as pessoas são livres para trabalhar onde e quando quiserem. Duvido que em algum estatuto honesto o trabalhador seja obrigado a passar o seu cliente para os outros associados", declarou Amílcar Navarro. Que direitos eu tenho como integrante? O integrante de uma cooperativa tem direito a votar nas assembléias, receber uma parte da sobra de caixa, averiguar a prestação de contas e participar da administração. O advogado Amílcar Navarro lembra que outros direitos podem estar discriminados no estatuto. Que deveres eu tenho?

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Os novos associados devem pagar uma taxa de admissão e, em alguns casos, uma tarifa de administração. Tudo deve estar discriminado no estatuto. Gostaria de me associar a uma cooperativa. Onde encontro uma? Pesquise na Internet utilizando os links abaixo para encontrar uma lista de cooperativas por ramo e estado. ? Cooperativa - Portal de informações sobre cooperativismo no Brasil ? Abracoop - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Cooperativismo ? OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras CESTA BÁSICA Toda empresa tem obrigação de oferecer cesta básica ao funcionário? Não são todas as empresas que têm obrigação de oferecer cesta básica ao funcionário, tudo dependendo do programa de alimentação utilizado. Em regra, esse assunto é objeto de negociação entre a empresa e o sindicato, sendo inserida em cláusula de acordo ou convenção coletiva da categoria. Assim, recomenda-se que o empregado tenha acesso a tais documentos para se informar dos direitos e benefícios a que faz jus. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) DIREITOS DO TRABALHADOR PELA CLT: Os trabalhadores têm seus direitos garantidos pela Confederação das Leis do Trabalho (CLT). Alguns pontos foram modificados por legislações específicas ou alterações na própria CLT. Conheça aqui os principais direitos e, abaixo, uma descrição detalhada de algum situações específicas: Os direitos do trabalhador ? Carteira de trabalho assinada desde o primeiro dia de serviço; ? Exames médicos de admissão e demissão; ? Repouso semanal remunerado (1 folga por semana); ? Salário pago até o 5º dia útil do mês; ? Primeira parcela do 13º salário paga até 30 de novembro. Segunda parcela até 20 de dezembro; ? Férias de 30 dias com acréscimo de 1/3 do salário; ? Vale-transporte com desconto máximo de 6% do salário; ? Licença maternidade de 120 dias, com garantia de emprego até 5 meses depois do parto; ? Licença paternidade de 5 dias corridos; ? FGTS: depósito de 8% do salário em conta bancária a favor do empregado; ? Horas-extras pagas com acréscimo de 50% do valor da hora normal; ? Garantia de 12 meses em casos de acidente; ? Adicional noturno para quem trabalha de 20% de 22 às 5 horas; ? Faltas ao trabalho nos casos de casamento (3 dias), doação de sangue (1 dia/ano), alistamento eleitoral (2 dias), morte de parente próximo (2 dias), testemunho na Justiça do Trabalho (no dia), doença comprovada por atestado médico; ? Aviso prévio de 30 dias, em caso de demissão; ? Seguro-desemprego DISSÍDIO: Funcionário em licença de saúde (INSS) tem direito a receber dissídio? A lei garante aos funcionários afastados todas as vantagens que, na sua ausência, tenham sido concedidas à categoria, inclusive todos os reajustes salariais. No caso de afastamento por motivo de doença, há uma diferença prática que depende do tempo que o

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funcionário ficou fora do trabalho: ? se for até 15 dias: ele continuará recebendo o salário da empresa e, no caso, já com o reajuste do dissídio. ? se permanecer afastado por mais de 15 dias: não receberá mais o salário, e sim um benefício pago pelo INSS. Neste caso, o reajuste será concedido quando o funcionário voltar a trabalhar. DIFERENÇA ENTRE DISSÍDIO, CONVENÇÃO COLETIVA E ACORDO COLETIVO: As normas coletivas para as diversas categorias de trabalhadores podem ser de três naturezas: dissídios coletivos, convenções coletivas ou acordos coletivos. Os sindicatos são necessários para validá-las. ? dissídio coletivo ocorre quando não há acordo e há uma disputa judicial entre o sindicato de empregadores e o sindicato de empregados, arbitrada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da região. ? convenções coletivas são os acordos entre estes sindicatos. O estabelecido nos dissídios e nas convenções coletivas transforma-se em direitos e deveres para empregados e empregadores. ? acordo coletivo ocorre quando uma empresa entra em acordo com o sindicato dos empregados estipulando normas que passarão a ser obrigatórias para aquela empresa e seus empregados. Têm direito ao dissídio coletivo os trabalhadores com registro em carteira. Cada sindicato tem uma data-base específica para o dissídio. Décimo terceiro - 13º salário Os empregadores de todo o país que pretendem pagar o 13º em duas parcelas têm legalmente até o dia 30 de novembro para efetuar o pagamento da primeira parte. O 13º salário é um direito de todos os trabalhadores que possuem registro em carteira. Mesmo tendo menos de um o ano de registro, o trabalhador tem direito a receber valor proporcional aos meses trabalhados. ? Sobre o 13º salário são deduzidos o INSS e o Imposto de Renda. O desconto de INSS e Imposto de Renda serão deduzidos apenas da segunda parcela do 13º salário. DEMISSÃO AS SEXTAS-FEIRAS É legal demitir funcionários as sextas-feiras? Não há nada na legislação que impeça a rescisão do contrato de trabalho às sextas-feiras, ou em qualquer outro dia da semana, desde que não se dê no dia destinado ao repouso semanal remunerado. (Marcus Vinicius Mingrone - advogado trabalhista do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados) DEMISSÃO POR PARTE DO EMPREGADO/EMPREGADOR: Quero pedir demissão; Quais os meus direitos, o que posso receber? Com menos de um ano na empresa, o trabalhador tem direito ao saldo salarial e 13º proporcional. Com mais de um ano na empresa, tem direito ao saldo salarial, 13º proporcional, às férias vencidas e proporcionais mais o terço de férias constitucional. Caso o empregado seja demitido, terá direito, além dos itens supracitados, à liberação para saque do FGTS, a uma multa de 40% sobre o total do FGTS a ser paga pela empresa e a um aviso prévio de 30 dias. DOENÇA OCUPACIONAL: Como agir em caso de doença ocupacional? Segundo a advogada Regina Célia Baraldi Bisson, o empregado deve consultar o médico da empresa, médico conveniado ou do INSS. Constatadas alterações em seu estado de saúde, que possam ser decorrentes do ambiente de trabalho, devem ser solicitados exames complementares para a sua comprovação. A empresa deve ser notificada para abrir uma "CAT" (Comunicação de Acidente do Trabalho), pois a doença ocupacional equipara-se ao acidente de trabalho, para que o INSS emita laudo pericial sobre a doença encontrada. Em caso positivo, o empregado poderá ficar afastado de suas funções, se o seu estado de saúde for grave, ou submeter-se a tratamento, readaptando-se as suas funções.

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EMENDAR FERIADOS: A minha empresa decide "emendar" alguns feriados sem dar opção de escolha para os funcionários. Só que depois nós temos que compensar os dias folgados, que ficam em débito no banco de horas. Isso é correto? O empregador possui o chamado "poder diretivo" da sua atividade, de modo que tem a prerrogativa de controlar o modo como a mesma será exercida. Assim, é lícito que a empresa decida "emendar" alguns feriados por motivo, por exemplo, de que seus clientes também não terão expediente nessa data, sendo viável a paralisação daquele dia para compensação em outro. Tal situação não configura prejuízo ao trabalhador, uma vez que não haverá sobrejornada e o trabalhador poderá desfrutar de maior tempo para o convívio familiar e social. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) EQUIPARAÇÃO SALARIAL - TIRE TODAS AS SUAS DÚVIDAS: Um trabalhador que exerce uma determinada função, mas na verdade tem atribuições de um cargo superior, pode pedir equiparação salarial? Sim, esse tipo de alegação existe e o trabalhador demitido pode pedir a equiparação salarial. A CLT, por meio do art. 461, dispõe: "Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade". Por outro lado, o § 1º do art. 461 pondera: "Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade, com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a dois anos". Além disso, o § 2º do mesmo artigo enfatiza: "Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento". Logo, em procedendo à interpretação mais razoável dos preceitos citados acima, conclui-se que a equiparação salarial demanda uma série de requisitos. São eles: ? Identidade de função: é óbvio que a equiparação exige identidade de função. Não se deve confundir função com cargo, já que há empregados com o mesmo cargo e funções diferentes. Exemplo: os professores universitários e primários têm o mesmo cargo, mas a função (atribuição) é diferente. ? Que o serviço seja de igual valor: é aquele prestado com igual produtividade e a mesma perfeição técnica. A jurisprudência tem dado uma interpretação bem elástica em relação a isso. ? Que o serviço seja prestado ao mesmo empregador: assim deve-se entender o serviço prestado ao mesmo empregador conceituado pelo art. 2o, da CLT. ? Que o serviço seja prestado na mesma localidade: mesma localidade compreende o mesmo município, já que as condições locais podem influir no desnivelamento da remuneração. ? Que não haja diferença do tempo de serviço entre o paragonado e o paradigma na função superior a dois anos- se o tempo de serviço na função for superior a dois anos, impossibilita a equiparação. É importante notar que o que acarreta a equiparação é o trabalho na mesma função não superior a dois anos, e não no emprego ou no cargo, consoante o Enunciado nº 135 do TST. ? Que não haja quadro organizado de carreira: o quadro de carreira deve obedecer ao critério de promoção por tempo de serviço e merecimento. Para evitar que o quadro exista pró-forma na empresa, a lei traçou metas exigindo sua homologação no Ministério do Trabalho, e fixou a competência da Justiça do Trabalho para apreciar reclamação dos trabalhadores que se sintam lesados na movimentação do quadro de carreira. Quem deve provar os merecimentos da equiparação é o trabalhador. Ao empregador cabe provar os requisitos negativos, ou seja, as exceções, como a de que há quadro de carreira, e que a diferença na função é superior a dois anos. Onde a pessoa deve dar entrada do caso? Na Justiça do Trabalho.

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É preciso ajuda de algum advogado? É essencial que tenha a ajuda de um advogado, para obtenção de êxito, apesar da Justiça do Trabalho não exigir. Funcionários que têm a mesma função têm que, obrigatoriamente, ganhar o mesmo? E se um deles tem mais tempo de trabalho que outro? Caso os empregados exerçam as mesmas funções, na mesma localidade, com a mesma produtividade e perfeição técnica, e com diferença não superior a dois anos (computados na função, e não no emprego), deverão receber o mesmo salário. Saliente-se que o fato dos empregados terem a mesma função anotada em carteira não basta, devendo restar caracterizado o exercício das mesmas tarefas. Do mesmo modo, caso a empresa possua quadro organizado de carreira, não haverá que se falar em equiparação salarial. EMPREGADA DOMÉSTICA GRÁVIDA X DEMISSÃO: Posso demitir uma empregada doméstica grávida? O que fazer nesses casos? A garantia de emprego assegurada à empregada gestante não alcança a empregada doméstica, que tem sua relação jurídica disciplinada por lei específica (Lei n.º 5.859/72). Contudo, a Constituição Federal reconhece, entre outros, o direito à doméstica de usufruir de "licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias." Por esta razão, em diversas decisões da Justiça do Trabalho o empregador têm sido condenado ao pagamento dos salários do período referente aos 120 (cento e vinte) dias de licença-gestante. EMPREGADO ESTUDANTE Gostaria de saber se o trabalhador que estuda - seja nível médio ou superior - tem alguma proteção na CLT, como sair uma hora mais cedo do trabalho? O que há em termos legislativos sobre a proteção trabalhista aos estudantes do ensino médio ou superior é a lei de estágio e a de aprendizagem. A lei do estágio estabelece que o horário de trabalho do estagiário deverá ser compatível com o horário dos estudos, tendo um caráter de complemento aos mesmos. Assim, a empresa não poderia exigir o trabalho em horário que atrapalhasse o estudo. Além disso, temos outra espécie de contrato envolvendo estudantes, que é o contrato de aprendizagem. Sobre o aprendiz, o art. 432 da CLT dispõe que a jornada máxima será de 6 horas, porém tal regra se aplica tão-somente aos trabalhadores com idade entre 14 e 18 anos que estão cursando algum programa de aprendizagem. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) FALTAS - TIRE TODAS AS SUAS DÚVIDAS: Tive que viajar para sepultamento e os dias foram descontados do meu salário. Quais os meus direitos? A lei trabalhista estabelece que em caso de falecimento de marido, mulher, pais, filhos, irmão ou pessoa que seja seu dependente (e conste na CTPS), o empregado poderá faltar ao serviço. A empresa não poderá descontar este dia de seu salário. Caso isso ocorra, o funcionário poderá cobrar o pagamento do mesmo. Uma falta para cuidar de problemas de saúde do filho pode ser justificada? A lei não prevê esta hipótese como justificativa para falta do empregado. Porém, pode ser que no acordo ou na convenção coletiva, bem como no regulamento da empresa e até no contrato individual de trabalho, haja previsão dessa natureza. Assim, se qualquer desses documentos permitir a falta por problemas de saúde na família, a mesma deverá ser aceita, de modo que o empregador não poderá descontar o valor desse dia de ausência. Empresas podem descontar do salário faltas devido à greve dos transportes?

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A falta por causa de uma greve dos transportes é decorrente de força maior. Neste caso, o procedimento a ser adotado depende de cada empresa. O bom senso indica que não se devem descontar as horas, mas deixar o trabalhar compensá-las no futuro. Já no caso de faltas injustificadas, o trabalhador perde o direito ao dia não trabalhado; se for horista, perde também o direito ao descanso semanal remunerado. No caso de falta do empregado, quais são os descontos que podem ser realizados (férias, folha de pagamento, 13º salário, aviso prévio, etc,...) Não podem ser descontados os dias de férias, caso o trabalhador tenha até cinco faltas injustificadas em um período de 12 meses (período aquisitivo). Ele terá direito a 30 dias corridos de férias. Caso o trabalhador tenha de 6 a 14 faltas injustificadas no período de 12 meses (período aquisitivo) terá direito a 24 dias corridos de férias. Para 15 a 23 faltas serão 18 dias corridos de férias. Para 24 a 32 faltas, apenas 12 dias corridos de férias. Acima de 32 faltas o trabalhador perde o direito às férias. O desconto no salário é proporcional ao número de faltas. Para o horista, o desconto é automático, porque ele receberá apenas pelas horas trabalhadas. FALÊNCIA DE EMPRESA: Perdi meu emprego pois o lugar onde eu trabalhei durante 2 anos (com registro) faliu. Gostaria de saber como eu faço para conseguir receber os meus direitos? Você deve ingressar com ação trabalhista contra a empresa e contra os sócios da mesma, pois, se os bens daquela não forem suficientes, há a possibilidade de se avançar no patrimônio dos donos. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) FÉRIAS - INCLUSIVE DE EMPREGADO DOMÉSTICO Depois de quanto tempo de serviço posso tirar férias? Primeiramente, é preciso esclarecer que o direito às férias é adquirido com 1 ano de trabalho, que é o chamado período aquisitivo. Entretanto, o empregador tem o período de 1 ano (a partir da data que você adquiriu o direito) para conceder o gozo dessas férias, que é o chamado período concessivo. Assim, podemos concluir que o trabalhador adquire o direito com 1 ano de trabalho, mas poderá efetivamente desfrutar das férias em até 2 anos. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) O que fazer se as férias venceram e o funcionário não desfrutou? O empregador tem o prazo de 12 meses para conceder férias ao empregado que completar o período de um ano de trabalho. Por exemplo: se o trabalhador começou a prestar serviços em 01/04/2002, terá o direito a férias a partir de 01/04/2003. No entanto, a empresa poderá estender este direito até 01/04/2004. Se o funcionário não desfrutar de suas férias até essa última data (01/04/2004), adquire o direito de receber o salário em dobro. Este valor deverá ser pago assim que o funcionário tirar férias, ou quando for dispensado, se for o caso. Estou com duas férias vencidas. Gostaria de saber o que posso fazer, já que meu chefe alega não ter como me pagar? Nos casos em que a empresa reconhece que deve o pagamento, porém não tem como realizá-lo, a solução recomendada é a via judicial, ou seja, por meio de ação trabalhista. Isso porque a sentença do juiz será um título executivo capaz de forçar o pagamento da dívida, adentrando, se preciso, no patrimônio pessoal dos sócios. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) Eu pedi demissão e gostaria de saber se eu tenho direito ao pagamento das férias. Eles alegam que eu não tenho direito porque eu tenho menos de 1 ano de carteira. Isto está correto? Eu não tenho direito nem aos parciais? A conduta da empresa não está correta, pois o entendimento atual do Tribunal Superior do Trabalho, que é o órgão máximo na Justiça do Trabalho, é no sentido de que qualquer empregado com menos de um ano de serviço que se desligar da empresa terá direito às férias proporcionais, salvo o caso de dispensa por justa causa. Assim, como você não foi demitida por justa causa, tem direito a 9/12 da sua remuneração a título de

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férias. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) O empregador pode obrigar o funcionário a fazer um curso durante as férias? Não, não pode. As férias são um direito do empregado, o seu objetivo é promover o descanso e a recuperação físico-mental do trabalhador, além de proporcionar o gozo da vida social e familiar. O empregador pode obrigar um funcionário a tirar somente 20 dias de férias? Não, a empresa não pode fazer tal exigência porque as férias têm, por lei, duração de 30 dias. É possível que haja o "fracionamento" desse período, de modo que a empresa conceda 20 dias em um mês e mais 10 dias em outro. Por fim, a legislação trabalhista esclarece que só poderá haver redução da duração das férias nos casos de mais de 5 faltas injustificadas. Em caso de dispensa de empregada doméstica, o que é preciso pagar (13º proporcional, férias proporcionais e abono de 1/3)? A doméstica tem direito a aviso prévio, férias proporcionais mais o terço de férias constitucional, 13º e saldo salarial. Não tem direito ao FGTS. Caso ela solicite demissão, há duas situações: com menos de um ano no emprego, tem direito ao saldo salarial mais o 13º proporcional; com mais de um ano, tem direito também às férias vencidas e não pagas e férias proporcionais mais o terço constitucional. HOMOLOGAÇÃO X VERBAS RESCISÓRIAS Se a empresa dispensa o funcionário, mas não faz a homologação, ela deve pagar os salários? A empresa deverá sempre pagar o funcionário por ocasião da rescisão do contrato de trabalho. A homologação é formalidade obrigatória para as rescisões contratuais que tenham vigorado por período superior a 12 meses, sem a qual o funcionário não poderá sacar os depósitos do FGTS e, por conseqüência, o seguro desemprego. Por outro lado, não havendo o pagamento de salários e verbas rescisórias até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, ou até o décimo dia contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização ou dispensa de seu cumprimento, a empresa estará sujeito ao pagamento de multa a favor do empregado em valor equivalente ao seu salário, sem prejuízo de multa administrativa. É necessário lembrar ainda, que havendo reclamação trabalhista, o empregador deverá pagar à data do comparecimento à Justiça do Trabalho (audiência), a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de pagá-las com acréscimo de 50%. HORAS-EXTRAS X DIREITO ADQUIRIDO: A partir de quanto tempo o funcionário passa a ter direito adquirido? As horas extras podem ser agregadas ao salário após dois anos, período necessário para se dizer que começaram a fazer parte da remuneração. Este tipo de situação também pode ser previsto por convenções coletivas. Atualmente, pela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, se as horas extras prestadas com habitualidade forem suprimidas, deverá ser paga uma indenização correspondente ao valor de um mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviços acima da jornada normal. Como devo calcular o valor da hora extra? Para calcular o valor de sua hora extra é necessário, primeiramente, saber o valor de sua hora trabalhada, que vamos chamar de salário-hora. ? Para saber quanto você ganha por hora, faça o seguinte: divida o seu salário por 220, que são o total de horas trabalhadas por mês, o resultado dessa conta é o seu salário-hora. ? Agora pegue o seu salário-hora e acrescente 50%, que é o percentual legal da hora extra, o resultado desta conta será o valor de uma hora

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extra. ? Por fim, multiplique o valor de uma hora extra pelo número de horas que você trabalhou a mais. Assim, saberá o total em dinheiro que deverá receber no final do mês, além do salário normal. Exemplo: João ganha R$660 e fez 20 horas extras neste mês. Para saber quanto receberá a mais no final do mês, deverá fazer os seguintes cálculos: ? 1.º - Achar o valor do salário hora salário total divido por 220 660,00 dividido por 220 = 3,00 O salário por hora de João é de R$3,00 ? 2.º - Achar o valor de uma hora extra valor do "salário hora" mais 50% 3,00 + 50% = 4,50 o valor de uma hora extra de João é de R$4,50 ? 3.º - Achar o valor a receber por todas as horas extras trabalhadas naquele mês ? valor de uma hora extra multiplicado pelas horas trabalhadas a mais 4,50 X 20 (horas trabalhadas a mais) = 90,00 João tem R$90 a receber a mais por horas extras no final do mês. Obs: 220 correspondem ao total de horas mensais trabalhadas, para aqueles funcionários que trabalham 8 horas por dia, ou 44 horas por semana. Pode ser que o percentual de hora-extra seja maior do que 50%, dependendo da convenção, verifique no seu sindicato. Uma empresa pode obrigar você a fazer serviço extra? E se o funcionário faltar ao serviço extra; ele pode ter esse dia descontado e sofrer uma suspensão do serviço? Inicialmente, é necessário analisar se a prestação de serviço extraordinário é lícita ou não. Caso seja decorrente do contrato de trabalho ou, ainda, em virtude de necessidade imperiosa, a sobrejornada será lícita, e o empregado não poderá se recusar a cumpri-la, sob pena de incorrer em falta disciplinar. No entanto, se a sobrejornada não for lícita, o empregado não poderá ser sancionado caso se recuse a cumprir jornada superior à legalmente prevista. Se eu efetuar algum trabalho em outra cidade no período noturno, a hora extra contará a partir do momento em que saí de casa, ou do momento de chegada ao local de trabalho? A jornada laboral é contada somente a partir da chegada do empregado ao local de trabalho. As únicas situações em que o tempo de deslocamento é computado na jornada é na ausência de transporte público ou quando o local é de difícil acesso, devendo o empregador fornecer a condução. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) Impostos sindicais podem ser cobrados de trabalhadores não-sindicalizados Redação? A Comissão de Contribuição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta terça-feira projeto para suspender a Portaria 160 do Ministério do Trabalho, que previa o pagamento das contribuições confederativa e assistencial aos sindicatos apenas por trabalhadores sindicalizados. Com isso, todos os trabalhadores voltarão a pagar diretamente da folha de pagamento estas contribuições. Estas contribuições eram cobradas de todos os trabalhadores, mas em 13 de abril deste ano foi aprovada a Portaria 160, que restringia o pagamento destas aos trabalhadores sindicalizados. A suspensão da Portaria foi resultado de grande debate entre Ministério do Trabalho e dos representantes dos sindicatos. O projeto de decreto legislativo, de autoria do senador Paulo Paim (PT- RS), ainda passará pelo Senado e pela Câmara de Deputados. Se aprovado, saiba quais serão as mudanças: Quanto será descontado dos contra-cheques? As contribuições assistencial e confederativa dependem de negociações com as categorias e variam de um sindicato para outro. A Comissão de Contribuição e Justiça do Senado pretende limitá-la a 1,5% do valor da remuneração recebida no ano do desconto, mas esta decisão ainda será votada pela CCJ. No cálculo do desconto em folha não serão incluídos a contribuição previdenciária, o imposto de renda, vale transporte e refeição, adicional noturno, de insalubridade, de periculosidade, acréscimo de 1/3 das férias e as verbas rescisórias. O desconto será feito de uma só vez?

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Não. O valor da contribuição será pago, no mínimo, em 3 parcelas mensais, a partir da data base, independentemente do número de convenções ou acordos coletivos celebrados nos diversos âmbitos de negociação da entidade sindical. Funcionário que sai do emprego antes da data base da contribuição será descontado? Quando o trabalhador sair do emprego antes do desconto, a contribuição será paga de maneira proporcional ao número de meses trabalhados, no ato de pagamento das verbas rescisórias. Para onde é destinado o valor da contribuição? A contribuição confederativa é uma das principais fontes de recursos dos sindicatos brasileiros, responsável pela manutenção de suas estruturas. Já a o contribuição assistencial tem o objetivo de custear a participação da entidade nas negociações coletivas ou propiciar a prestação de assistência jurídica, médica, dentária, entre outras aos sindicalizados. Esta contribuição é referente ao valor de um dia de salário por ano, cobrada em março? Não. A cobrança feita de um dia de trabalho por ano é referente ao imposto sindical obrigatório, que nunca deixou de existir. JORNADA DE TRABALHO REDUZIDA: Uma empregada doméstica, que trabalha quatro horas, pode receber a metade do salário mínimo? Sim, a lei estabelece que, para os trabalhadores que tenham jornada máxima diária de trabalho inferior a oito horas, o salário mínimo será calculado à razão de 1/220 do salário mínimo mensal, multiplicado pelo número de horas trabalhadas por mês. MORTE DE EMPREGADO Como proceder em caso de morte de funcionário? E de empregada doméstica? A morte extingue automaticamente o contrato de trabalho. A empresa deve verificar quem são os dependentes para pagar-lhes os valores devidos. O patrão deve agir da mesma forma no caso de morte da empregada doméstica. NEGAR EMPREGO A UMA PESSOA QUE ESTÁ NO SPC Um empregador tem direito jurídico de negar emprego a uma pessoa que esta no SPC? Não. Tal prática, se confessada pelo empregador, tem natureza danosa e atentatória à dignidade do candidato à vaga de emprego. É um ato discriminatório, legalmente proibido. (Marcus Vinicius Mingrone - advogado trabalhista do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados) PIS/PASEP: Quem tem direito a receber as quotas do PIS/Pasep?

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Quem foi cadastrado no PIS até 4 de outubro de 1988, recebeu quotas de participação, e encontra-se nas situações abaixo, pode ter saldo a receber. O saque das quotas pode ser solicitado a qualquer momento, somente nas agências da Caixa, pelos seguintes motivos: ? Aposentadoria; ? Reforma militar; ? Invalidez permanente; ? Transferência de militar para a reserva remunerada; ? Portador do vírus HIV(AIDS/SIDA); ? Neoplasia maligna (câncer) do titular ou de seus dependentes; ? Morte do trabalhador; ? Benefício assistencial a idosos e deficientes. O pagamento pode ser realizado, em casos excepcionais, em até cinco dias úteis após a solicitação. A pessoa cadastrada receberá a atualização monetária e a parcela de rendimentos do PIS não retirada no correspondente período de pagamento. A atualização do saldo de quotas é efetuada anualmente, ao término do exercício financeiro (1 de julho a 30 de junho do ano seguinte), com base nos índices estabelecidos pelo Conselho Diretor do Fundo de Participação PIS/Pasep. Quem começou a trabalhar depois de 1989 tem direito a receber as quotas? Não. Só os trabalhadores cadastrados até 04/10/1988. Existe prazo para a retirada da quota do PIS? Não. O saque é feito a qualquer tempo, desde que comprovado o direito. Quem tem direito a receber os rendimentos das quotas do PIS/Pasep? Todo trabalhador cadastrado no PIS, e que tem saldo de quotas, tem direito aos rendimentos anuais do PIS. Esses rendimentos correspondem aos juros de 3% ao ano, mais o resultado líquido adicional (RLA). COMO PEDIR NOVA SENHA DO PIS EM CASO DE PERDA? O documento que comprova o cadastramento é o cartão com o número de inscrição no PIS, entregue pelo empregador na contratação para o primeiro emprego. Caso o trabalhador não possua o cartão do PIS, é necessário procurar uma agência da Caixa para verificar se já foi cadastrado. Em caso positivo, é só solicitar a 2ª via do cartão com a carteira de trabalho ou de identidade. Em caso negativo, é necessário solicitar o cadastramento na empresa onde trabalha. E se o trabalhador perder o seu cartão do PIS? A segunda via pode ser solicitada a qualquer tempo, nas agências da Caixa, apresentando a carteira de trabalho com anotação do código do PIS, ou outro documento que identifique o titular. É possível consultar o saldo do PIS pela internet? Sim, a tela de consulta PIS exibirá o saldo de quotas, valor dos rendimentos ou abono salarial para o número de inscrição PIS/PASEP informado, contendo os seguintes dados: ? Número do PIS; ? Nome do trabalhador; ? Data e hora em que foi efetuada a consulta; ? Saldo de quotas, se houver; ? Tipo do benefício: rendimento ou abono salarial; ? Valor do benefício; ? Situação ? Pago: quando o trabalhador já houver recebido o benefício, ou ? A pagar: quando o trabalhador não houver recebido o benefício. ? Data em que foi efetuado o pagamento; ? Meio de pagamento - informação sobre qual das quatro maneiras abaixo o trabalhador recebeu o benefício. Quem está desempregado há mais de um ano pode sacar o PIS? Não, somente nos seguintes casos:

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? Aposentadoria; ? Reforma militar; ? Invalidez permanente; ? Transferência de militar para a reserva remunerada; ? Portador do vírus HIV(AIDS/SIDA); ? Neoplasia maligna (câncer) do titular ou de seus dependentes; ? Morte do trabalhador; ? Benefício assistencial a idosos e deficientes. É possível saber o número do meu PIS com o RG ou o CPF? O documento que comprova o cadastramento é o cartão com o número de inscrição no PIS, entregue pelo empregador no ato da primeira contratação com carteira assinada. Caso o trabalhador não possua o cartão do PIS, é necessário procurar uma agência da Caixa para verificar se já foi cadastrado. Em caso positivo, basta solicitar a 2ª via do cartão com a carteira de trabalho ou de identidade. Em caso negativo, solicite o cadastramento na empresa onde trabalha. Estou cadastrado no PIS com número errado, pois não consigo consultar meu saldo e nem o FGTS. O que devo fazer? Vá a uma agência da Caixa e leve a sua carteira de trabalho, documento de identidade e o número que lhe passaram do PIS. Com essas informações, a Caixa deverá regularizar a sua situação. PROMOÇÃO: Fui promovido (o cargo na carteira mudou), mas meu salário continua o mesmo. Isso é permitido? A promoção presume aumento de responsabilidade e, por conseqüência, aumento salarial. Se ela consta na carteira de trabalho, o empregado pode postular aumento ou eventual equiparação salarial com outros funcionários de mesmo cargo, desde que atendidos os requisitos do artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (diferença de tempo na função não inferior a dois anos, igual produtividade, perfeição técnica). O funcionário pode ir à Justiça, pois mais responsabilidade dá direito a um salário mais alto. FIM................................................................................ PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (P.L.R.): Como funciona a política de participação nos lucros? Existe alguma regra geral? O plano de participação nos lucros ou resultados é definido por meio de uma comissão formada por empregado, empregador e sindicato, ou por um acordo (ou convenção) coletivo de trabalho. Com esse programa, o trabalhador passa a receber um valor de natureza não salarial, em uma periodicidade mínima de 6 meses. Isso ocorre, caso o objetivo seja atingido. O objetivo pode ser o simples lucro obtido pela empresa ou o alcance de metas ou resultados pelo próprio trabalhador. Trata-se de um interessante programa de incentivo à produção, pois estabelece critérios que, se atingidos, proporcionam um ganho ao empregado. Pode ser um prêmio vinculado, por exemplo, a economias de combustível, matéria-prima, desempenho em vendas (atingir metas), redução de custos do departamento, dentre outros. Em regra, a empresa prevê participação no lucro da empresa, porém o empecilho existente nesse tipo de programa é a falta de acesso ao real faturamento do empregador, o que pode dificultar a transparência do plano. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) Como eu calculo o que a empresa me deve? "Quando você conversar com o seu advogado ele vai ajudá-lo a calcular os valores que a empresa lhe deve", explica a advogada. Que documentação eu devo reunir? "O ideal seria apresentar uma xerox do cartão de ponto, mas isso é praticamente impossível. Se der, qualquer

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documento que mostre quantas horas você trabalhou, o contrato de trabalho, as notas fiscais, depósitos de pagamento também servem", explica a Dra. Sylvia. Se você não tiver nenhum desses documentos, não se preocupe. Durante a audiência você vai contar ao juiz o ocorrido. "De qualquer forma, os juizes entendem que o ônus da prova é da empresa, ou seja, ela que deve provar que pagou tudo o que devia para você", conta. Tenho que ter testemunhas? Se possível, você pode levar testemunhas para a audiência. "A testemunha deve ser alguém que trabalhou com você no mesmo turno, ou alguém neutro que possa comprovar os seus horários de entrada e saída, como por exemplo, o porteiro do prédio ou manobrista do estacionamento", diz a doutora. O que acontece se no meu contrato estiver escrito que eu não tenho direito a horas extras, férias etc? "Todas as cláusulas de contrato de trabalho que forem contrárias à CLT são nulas", alerta Sylvia Romano. E se me colocarem na lista negra? A lista negra é uma das lendas da área trabalhista. "A pessoa que vai contratá-lo não tem como pesquisar e descobrir que você processou seu antigo patrão. Existem milhares de empresas, esse tipo de acompanhamento é muito difícil. Mas se você for de um mercado mais restrito, como o publicitário, o empregador pode saber de um processo quando for consultar sua antiga empresa, não por meio de uma lista", esclarece a advogada. A homologação do sindicato me impede de processar a empresa? De forma alguma. "Eu até aconselho as pessoas a assinar a homologação e receber o dinheiro que a empresa oferece, mesmo que o valor esteja errado. Assim, ela fica capitalizada por um tempo. A homologação do sindicato não impede que depois você procure a justiça trabalhista para receber o que merece", conta a Dra. Sylvia. Você pode confiar no sindicato. E se eu não for sócio do sindicato? "Não precisa pagar aquela taxa mensal para receber a proteção do sindicato. Por lei, é descontado de seu contra cheque um dia de trabalho para o sindicato, que tem o dever de proteger o trabalhador. Inclusive, você pode consultar gratuitamente o departamento jurídico do sindicato sempre que tiver dúvidas sobre os seus direitos", aconselha a advogada. Como eu recebo o dinheiro depois que ganhar a ação? Muita gente deixa de processar porque não acredita que a empresa vá pagar depois de perder a ação. "Isso é cada vez mais raro, pois a justiça determina a penhora online de todas as contas da empresa até que ela pague ao trabalhador", conta Romano. Finalmente, a advogada pede que se tenha muito cuidado com a escolha do advogado: "É preciso ter plena confiança, pois ao entrar com o processo você assina uma procuração que determina que o dinheiro do processo deverá ser entregue ao advogado, que desconta os honorários e repassa os valores ao trabalhador". REGIME INTERNO/ESTATUTOS DA EMPRESA: Quem é regido pela CLT também deve seguir obrigações de estatutos ou regimento interno da empresa? Sim. Desde que as disposições constantes nos regulamentos internos das empresas não estejam em desacordo com a legislação vigente, estas devem ser, necessariamente, respeitadas pelos empregados. SALÁRIO: O salário tem de ser pago até o 5.º dia útil de cada mês? Se não for pago, para quem o empregado pode reclamar?

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O prazo máximo legal para o pagamento do salário é o 5º dia útil do mês seguinte ao vencido. O trabalhador recebe pelo serviço prestado e não pelo serviço que prestará. Caso não receba o salário, o trabalhador pode ir à Justiça do Trabalho, ou, de forma extra-oficial, ao sindicato de sua categoria. Funcionário registrado pode ter seu salário diminuído em carteira? E se for transferido para outra unidade? Em princípio, o salário não poderá ser objeto de qualquer forma de redução. A exceção que a Constituição Federal traz é a possibilidade de tal conduta por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, VI), ou seja, a negociação coletiva travada entre a empresa e o sindicato (ou entre os sindicatos patronais e de empregados, se for caso de convenção) pode trabalhar com a hipótese de reduzir os salários. Entretanto, a jurisprudência majoritária entende que a redução do salário somente pode ocorrer se, no contexto global do instrumento coletivo, houver outra vantagem concedida para balancear o prejuízo. No caso de transferência para outra unidade, o salário que o trabalhador já recebe não poderá ser reduzido. O que poderá acontecer é a eventual mudança de enquadramento sindical, ou seja, pela mudança do município ou da categoria, os benefícios e os reajustes a serem aplicados sejam diferentes, o que, no entanto, não caracteriza a redução salarial. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) Minha empresa fez uma proposta de me demitir e depois readmitir por um salário menor. Acho isso um absurdo. Não tem nenhum órgão que fiscaliza esse tipo de coisa? O órgão competente para fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista é o Ministério do Trabalho e Emprego através dos fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Nesse caso, caberia denúncia junto a esse órgão, que, em diligências na empresa, poderá autuar a mesma, impondo-lhe multas administrativas. Uma alternativa, se essa proposta for feita a uma coletividade de trabalhadores, é cabível, também, a denúncia ao Ministério Público do Trabalho, que poderá ingressar com Ação Civil Pública contra o empregador para que se abstenha de adotar tais procedimento, bem como para o pagamento de multa. Por fim, sempre caberá a propositura de ação trabalhista pleiteando a nulidade daquela rescisão com todos seus reflexos e eventual indenização pelos danos morais e materiais causados. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) Suspensão e interrupção do contrato de trabalho A principal diferença entre interrupção e suspensão é que, na interrupção, o salário continua sendo pago. Na suspensão, o empregador não precisa pagar o salários. Mas o que é certo ou errado nesta que é uma das principais dúvidas trabalhistas? O advogado Alexandre dos Santos Dias, consultor do Caminho Legal, explica que os trabalhadores estão sem trabalhar (total ou parcialmente), mas o contrato de trabalho continua vigente. Os funcionários não podem perder nenhum dos direitos trabalhistas. Se houver violação, poderá haver a rescisão do contrato por culpa da parte (a empresa). Suspensão do contrato de trabalho Normalmente, o período de suspensão não pode ultrapassar o limite de 30 dias, pois acima desse prazo ocorrerá a rescisão do contrato de trabalho. Neste caso não existe recolhimento previdenciário, uma vez que o salário não é devido. Os casos mais comuns de suspensão do contrato de trabalho são: licença não remunerada; doença justificada (após os primeiros 15 dias), suspensão disciplinar, aposentadoria provisória, serviço militar obrigatório, exercício do cargo público não obrigatório, participação em greve, desempenho de cargo sindical (se houver afastamento), entre outros. O contrato de trabalho será suspenso, também, nos casos de aposentadoria por invalidez até o início de recebimento do benefício, afirma Dias. O artigo 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho, permite que o contrato de trabalho seja suspenso por um período de dois a cinco meses para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido

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pelo empregador. "Nesse caso, há a necessidade de acordo ou convenção coletiva e prévio assentimento do empregado", explica Dias. "Durante esse período, o empregado não presta serviços e nem recebe salário, ficando apenas com os benefícios voluntariamente concedidos pelo empregador". O caso do afastamento por doença ainda causa muitas dúvidas quando se trata de interrupção ou suspensão do contrato de trabalho. "Somente a partir do 16º dia, o afastamento se transforma em suspensão do contrato de trabalho, quando o ônus pela remuneração do empregado recai sobre a Previdência Social", explica Dias. Interrupção do contrato de trabalho O artigo 473 da Consolidação das Leis do Trabalho reúne as hipóteses taxativas da interrupção de trabalho. As mais comuns são: domingos e feriados, férias, falecimento de cônjuge, ascendente, irmão, ou ainda, casamento, doação de sangue, nascimento de filho, acidente de trabalho, afastamento por doenças (nos primeiros 15 dias), aviso prévio em dinheiro, greve se houver pagamento de salário, entre outros. "Os depósitos do FGTS são devidos nos casos de interrupção do contrato de trabalho, uma vez que nessa modalidade são devidos os salários", alerta o consultor. TRABALHAR SÁBADO E DOMINGO SEM TER FOLGA DURANTE A SEMANA: Trabalho em uma empresa que tem esquema de plantão. Ao menos um final de semana por mês trabalhamos sábado e domingo, sem ter folga durante a semana. Ou seja, trabalhamos 15 dias consecutivos. Isso é permitido? A legislação do trabalho estabelece a concessão de folgas compensatórias quando a execução das atividades laborais se dá em regime de plantão. Ainda, é obrigatória que a folga, pelo menos em uma vez ao mês, recaia no domingo. (Marcus Vinicius Mingrone - advogado trabalhista do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados) TRABALHO ININTERRUPTO MÁXIMO: Qual é o período máximo ininterrupto que uma pessoa pode trabalhar, legalmente falando? A legislação trabalhista estabelece que todo trabalho cuja duração seja de 4 a 6 horas deverá ter um intervalo de, no mínimo, 15 minutos para repouso. A jornada superior a 6 horas deverá garantir um intervalo de, pelo menos, 1 hora para descanso e refeição. Vale ressaltar que tais intervalos, chamados de intrajornada, constituem norma de ordem pública, pois visam resguardar a saúde do trabalhador, não sendo válida a convenção ou acordo coletivo que o reduza ou o elimine, conforme interpreta o Tribunal Superior do Trabalho. (Dra. Sonia Mascaro. Mascaro & Nascimento Advogados) TRABALHADOR COM + DE 45 ANOS TEM DIREITO A 02 AVISOS PRÉVIOS? Trabalhador com mais de 45 anos de idade, quando dispensado sem justa causa, tem direito de receber 02 avisos prévios? Se positivo, é válido para todo o país ou somente para determinadas regiões? O denominado aviso prévio especial, via de regra, tem regramento de concessão previsto na Convenção Coletiva da categoria, posto ser uma condição mais benéfica que aquela legalmente prevista. Assim, sua concessão depende de previsão em Instrumento Coletivo, variando conforme a região e a categoria.(Marcus Vinicius Mingrone - advogado trabalhista do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados) TRABALHO AOS SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: Quais os direitos de quem trabalha sábados e domingos e feriados? Quem trabalha durante o dia de folga tem direito a receber a remuneração em dobro das horas trabalhada, ou seja, ganhar duas vezes mais do que ganharia num dia normal. O dia de folga do funcionário não é necessariamente sábado ou domingo.

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Algumas empresas estabelecem outros dias para o descanso (pré-estabelecidos). Assim, essa remuneração em dobro, só será devida se o funcionário trabalhar no dia da sua folga (independentemente de ser sábado ou domingo) e não tiver outro para descansar. TRABALHADOR ESTUDANTE Gostaria de saber se o trabalhador que estuda - seja nível médio ou superior - tem alguma proteção na CLT, como sair uma hora mais cedo do trabalho.? O que há em termos legislativos sobre a proteção trabalhista aos estudantes do ensino médio ou superior é a lei de estágio e a de aprendizagem. A lei do estágio estabelece que o horário de trabalho do estagiário deverá ser compatível com o horário dos estudos, tendo um caráter de complemento aos mesmos. Assim, a empresa não poderia exigir o trabalho em horário que atrapalhasse o estudo. Além disso, temos outra espécie de contrato envolvendo estudantes, que é o contrato de aprendizagem. Sobre o aprendiz, o art. 432 da CLT dispõe que a jornada máxima será de 6 horas, porém tal regra se aplica tão-somente aos trabalhadores com idade entre 14 e 18 anos que estão cursando algum programa de aprendizagem. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) TRANSFERÊNCIA DE LOCAL DE TRABALHO: A empresa pode transferir uma pessoa de lugar de trabalho sem consultá-la antes? Em caso de transferência para o mesmo município não há problema. Em caso de transferência para outro município e mudança de residência, a empresa deve arcar com as despesas da mudança e pagar um adicional de transferência de 25% do salário, enquanto durar a transferência. Se a mudança for definitiva, a empresa deverá arcar com as despesas da mudança. UNIFORME Trabalho em uma loja de roupas onde somos obrigados a usar uniforme. Eles fornecem apenas a camiseta, mas a calça e o tênis - que obrigatoriamente devem ser pretos - são de nossa responsabilidade. Tenho uma calça preta jeans, mas eles exigem calça social e não tenho tênis preto. O que faço? Não é dever da loja me fornecer todo o uniforme? Se a empregadora exige a utilização de uniforme específico para a prestação de serviços, é evidente este que deve ser,direta ou indiretamente, fornecido pelo empregador.(Marcus Vinicius Mingrone - advogado trabalhista do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados) VERBAS RESCISÓRIAS X HOMOLOGAÇÃO: Se a empresa dispensa o funcionário, mas não faz a homologação, ela deve pagar os salários? A empresa deverá sempre pagar o funcionário por ocasião da rescisão do contrato de trabalho. A homologação é formalidade obrigatória para as rescisões contratuais que tenham vigorado por período superior a 12 meses, sem a qual o funcionário não poderá sacar os depósitos do FGTS e, por conseqüência, o seguro desemprego. Por outro lado, não havendo o pagamento de salários e verbas rescisórias até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, ou até o décimo dia contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização ou dispensa de seu cumprimento, a empresa estará sujeito ao pagamento de multa a favor do empregado em valor equivalente ao seu salário, sem prejuízo de multa administrativa. É mecessário lembrar ainda, que havendo reclamação trabalhista, o empregador deverá pagar à data do comparecimento à Justiça do Trabalho (audiência), a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de pagá-las com acréscimo de 50%.

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Muitas empresas têm em seus quadros trabalhadores não contratados, que recebem como prestadores de serviços. Em caso de demissão, quais são os direitos do funcionário? Quando há a prestação de serviços sem vínculo empregatício, o trabalhador não é considerado funcionário, mas colaborador ou trabalhador autônomo, não estando abrangido pela legislação trabalhista. Conseqüentemente, se esses trabalhadores não foram admitidos como empregados não têm direito a férias, 13º salário, avisos prévios, depósitos do FGTS, etc.. Caso essa contratação tenha sido efetuada com o intuito de burlar a legislação para evitar os encargos obrigatórios e pagamento das verbas trabalhistas, sem dúvida alguma constitui fraude, podendo o trabalhador buscar seus direitos. No caso de fraude, o trabalhador terá de provar judicialmente o vínculo de emprego. Se provado tal fraude, poderá ser determinado o pagamento do seguro desemprego pela entrega das respectivas guias ou, ainda, que seja a empresa responsabilizada a indenizar os respectivos valores. Como o trabalhador pode provar vínculo empregatício? O vínculo empregatício poderá ser comprovado por meio de: documentos e testemunhas demonstrando a subordinação hierárquica, obrigatoriedade de comparecimento diário aos serviços, controle sobre o trabalho desenvolvido, dependência econômica, local próprio para a prestação de serviços nas dependências da empresa, dentre outros. É interessante buscar um acordo com a empresa? Existindo efetivamente o trabalho subordinado, embora não tenha havido o registro do empregado, pela lei está caracterizada a fraude. Neste caso o trabalhador poderá celebrar um acordo com a empresa, recebendo os direitos que entende lhe satisfazer. Onde a pessoa deve dar entrada no caso? O acordo poderá ser celebrado diretamente com o empregador, ou caso não seja aceito, poderá ser perante à Comissão de Conciliação Prévia ou, ainda, na Justiça do Trabalho. É preciso ajuda de algum advogado? Não há necessidade da presença do advogado, pois mesmo na Justiça do Trabalho a reclamação poderá ser verbal. Porém, considerando a necessidade de produção de provas, convém sempre que haja o acompanhamento de advogado, que poderá dar melhor seqüência ao processo. O trabalhador autônomo (ou prestador de serviço) tem direito a algum tipo de benefício? O trabalhador autônomo ou prestador de serviços terá somente os direitos estabelecidos no contrato de prestação de serviços celebrado entre as partes. Assim, se constar o pagamento de indenização pela rescisão do contrato, por iniciativa patronal, o trabalhador terá direito a receber essa parcela. Poderá também ser estabelecida a obrigatoriedade de concessão de pré-aviso para a rescisão ou pagamento indenizado desse período. Tenho um emprego com carteira assinada, mas também dou aula particular de inglês. As empresas agora exigem meu RPA. O que é RPA? Como devo proceder? Quais os documentos necessários? Caso o empregado dê tais aulas na empresa em que está registrado, será necessário ver se este serviço é compatível com sua condição pessoal e se não há nada contrário em contrato. Neste caso, tais aulas simplesmente farão parte da jornada diária do reclamante, sendo que se forem ministradas fora de seu horário normal de trabalho, serão consideradas como horas extras.

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Contudo, se tais aulas não têm relação com as atividades do funcionário, o pagamento pelo serviço se dará por meio de Recibos de Pagamento de Autônomo (RPAs). Para emitir o RPA, o empregado deverá possuir inscrição municipal como autônomo, enquanto a empresa deverá recolher 20% do valor ao INSS. Quais são os cuidados que você deve tomar com as empresas que prometem trabalho em casa? O Procon-SP informa que este tipo de negócio não é seguro quando: ? não informa com clareza qual é o trabalho que deverá ser desenvolvido pelo empregado, ? o endereço da empresa é de outro Estado ou Município, ? não há possibilidade de contato via telefone, ? a empresa só é localizada por caixa postal (saiba que o endereço do locatário de caixa postal é resguardado por sigilo contratual dos Correios, que somente divulgam-no por ordem judicial) - as pessoas que receberem este tipo de anúncio devem desconsiderar a proposta. Contratação/vínculo empregatício Caso contrate uma empregada diarista que trabalhe três dias por semana, está configurado vínculo empregatício? Os tribunais discutem se a diarista de três dias por semana tem vínculo empregatício. Para a diarista de um dia não há vínculo empregatício. Quais os direitos trabalhistas de empregado temporário? E de cooperativa? O funcionário temporário tem direito ao salário e ao FGTS. Ao término do contrato, tem direito a férias e 13º proporcionais. Para as cooperativas há uma legislação específica, porque o cooperado não é considerado empregado. Trabalhei em regime de contrato de trabalho de 45 dias. Tenho algum valor a mais a receber como verbas rescisórias? Em relação à demissão, tenho algum direito? O empregado contratado por prazo determinado (experiência de 45 dias), e que for dispensado ao término do período, também terá direito ao pagamento de 13º salário proporcional e férias proporcionais acrescidas de 1/3, além do saldo de salário. Qual o tempo que se precisa aguardar para recontratar, na mesma função, empregado que teve seu contrato de trabalho rescindido por iniciativa do empregador? A jurisprudência formada pelos Tribunais da Justiça do Trabalho tem entendido que a recontratação é possível após três meses, contados da anterior rescisão contratual. VALE TRANSPORTE: A empresa onde trabalho sempre pagou o vale transporte integral, sem descontar os 6% da folha de pagamento. Agora, fomos informados de que todos que recebem mais de R$ 500,00 não terão o pagamento do vale transporte, nem descontando os 6%. Esta atitude da empresa é correta? A legislação trabalhista estabelece que toda alteração contratual que resulta em prejuízo ao trabalhador, como é o caso, é ilícita e, portanto, deve ser considerada nula. A supressão de um direito anteriormente pago é um caso flagrante de alteração ilícita, de modo que os prejudicados poderão ingressar com ação trabalhista pedindo o pagamento do vale transporte ou, se a ação for intentada depois da extinção do contrato, a indenização correspondente ao valor dos vales, bem como os reflexos desse pagamento na remuneração. (Dra. Sônia Mascaro/OAB-SP) VALE-REFEIÇÃO: A empresa pode diminuir o valor do vale-refeição? Pode cortá-lo?

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O vale-refeição não é imposição legal. Pode ser conveniente para a empresa usá-lo ou fruto de convenção coletiva. A empresa pode renegociar o valor do vale ou mesmo cortá-lo. Não há legislação dispondo sobre isso.