JORNAL DO

NOVEMBRO 2004 ANO XIX Nº 641 SEG1 TER 2 QUA 3 QUI 4 SEX 5 SÁB 6 DOM 7 sintufrj.org.br sintufrj@sintufrj.org.b

Seminário

reforma

universitáriaSerá realizado no dia 11 de novem-

bro de 2004 no Salão Muniz de Aragão– Fórum de Ciência e Cultura, campusda Praia Vermelha. Página 2

SINTUFRJ

é assaltadoPágina 2

20 DE NOVEMBRO

DIA NACIONAL DA

CONSCIÊNCIA NEGRA

Biblioteca

do IFCScomeça a ser recuperada

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No mês de Zumbi, Jornaldo SINTUFRJ publica maté-rias em que se discute a situ-ação dos negros. Acima, oprofessor Cláudio Cerqueira,que defende políticas públi-cas de inclusão social. Deba-te, torneio de futsal, exposi-ções de artes, livros e artesa-nato vão marcar a semana daConsciência Negra na UFRJ.Inscrições de equipes paradisputar o torneio de futsalpodem ser feitas na sede esubsedes do SINDICATO.Página 4

OPERAÇÃO. Técnicos de firma especializada trabalham na higienização da biblioteca

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana deAngelis, Lili Amaral e Regina Rocha . Estagiárias: Leticia Baumann e Elisa Monteiro / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação: Caio Souto e JamilMalafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko/ Revisão: Roberto Azul / Assistente de produção: Jamil Malafaia / Secretária: Kátia Barbieri/ Tiragem: 11 milexemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aos cuidados daCoordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJ

Cx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

Doispontos

Na sexta-feira, dia 29, porvolta das 8h20, três homensarmados invadiram o SINTU-FRJ e, depois de renderemfuncionários, diretores, sindi-calizados e estudantes, queforam trancados nos banhei-ros, arrombaram várias salas.A ação dos bandidos resul-tou em prejuízos econômicosà entidade e também para aspessoas mantidas como re-féns, que ficaram sem os per-tences pessoais. Foi cerca demeia hora de terror e medo.Esta foi a primeira vez que oSINDICATO ficou sob a mirade bandidos. O fato abalouemocionalmente todos. Po-liciais da 37ª Delegacia Poli-

APOSENTADOS: Reunião dia 24 de

novembro, às 10h, no Espaço Cultural

Seminário: reforma

universitária

Vai ser no dia 11 de novembro de 2004 no Salão Muniz de Aragão– Fórum de Ciência e Cultura, Campus da Praia Vermelha.Veja a programação:9h – Abertura9h15 -12h15 – Por que Reformar ?Celso Sá Carvalho – FASUBRAProf. Giuseppe Cocco – Escola de Serviço Social/UFRJJosé Carlos Pereira – Repres. dos Técnicos-Administrativosno CONSUNI/UFRJ13h30-15h30 – Avaliação InstitucionalLéia de Souza Oliveira – CONAES/GT Educação FasubraProfa Teresa Penna Firme – Fac. Educação/UFRJ(a confirmar)Profa Sara Granneman – ADUFRJRepresentante do Dir. Central dos Estudantes/UFRJ15h30-16h – intervalo16h- 18h – A Proposta do Governo e a dos MovimentosNelson Maculan – Secretário de Ensino Superior/MECAna Maria Ribeiro – SINTUFRJ/ GT Educação FasubraAgnaldo Fernandes – SINTUFRJ/Executiva Nac. da CUTRepresentante da Assoc. Pós -Graduandos/UFRJ

Nota da redaçãoDe acordo com Marco Antonio Martins, da livraria Ler com Pra-

zer, o aluguel pago pela livraria à Reitoria é de R$250,00 e não deR$25,00 ,como foi informado na edição 640 do Jornal do SINTUFRJ.

Bandidos armadosassaltam SINTUFRJ

cial fizeram perícia no local eouviram todos os envolvidos,na DP.

Segundo as testemunhas,os assaltantes chegaram porvolta das 6h e ficaram do ladode fora do prédio do SINTU-FRJ, aguardando a saída dosvigias noturnos. Não levan-taram suspeitas porque é co-mum sindicalizados procu-rarem atendimento muitocedo na entidade. Um dosbandidos vestia camisa so-cial e gravata. Renderam pri-meiro o funcionário da recep-ção, que foi obrigado a mos-trar onde ficavam as salas edepois foi trancado no ba-nheiro. Fizeram o mesmo

com as outras pessoas que jáse encontravam no SINDICA-TO e com quem ia chegando.Ao todo, cerca de 15 pessoasforam mantidas nesta mes-ma situação, e sob ameaça demorte.

Além dos prejuízos finan-ceiros, os bandidos deixaramum rastro de bagunça: portasarrombadas, gavetas e armá-rios revirados, documentos emateriais de escritórios espa-lhados pelo chão. A diretoriado SINTUFRJ suspendeu oexpediente. Os vigilantes daUFRJ tiveram um desempe-nho eficiente no episódio: fo-ram importantes para neu-tralizar o clima de pânico.

FACULDADE DE DIREITO

Compasso de esperaAloísio Teixeira, numa de-monstração clara de compro-misso com a vontade da co-munidade universitária, estána mão do Ministro da Edu-cação, Tarso Genro.

Em reunião realizada comos técnicos-administrativosda faculdade, semana passa-da, ficou estabelecido queseriam feitas reuniões com osresponsáveis por cada setorpara unificação de procedi-mentos internos. Uma ques-tão levantada é que o cargo

de Vice-Diretor está vago –não foi preenchido quandoda nomeação do diretor. Por-tanto, foi aprovado encami-nhamento à Reitoria de solici-tação de nomeação de Vice-Diretor pro tempore conformeprevisto na legislação vigente– ver decreto abaixo. A repre-sentação dos técnicos-admi-nistrativos nos órgãos colegi-ados superiores, apresentaramo assunto nos conselhos e adiretoria do SINTUFRJ estáformalizando a solicitação.

Decreto nº 1.916/96, que

regulamenta a Lei nº 9.192/96

Art. 7º O Presidente da República designará pro tempore o Reitor ou o Vice-Reitor deuniversidade e o Diretor ou o Vice-Diretor de estabelecimento isolado de ensino superiorquando, por qualquer motivo, estiverem vagos os cargos respectivos e não houver condi-ções para provimento regular imediato.

Parágrafo único. A designação de dirigente pro tempore caberá ao Reitor quando setratar de Diretor ou Vice-Diretor de unidade universitária. (grifos nosso)

Os funcionários técnico-administrativos da Faculda-de de Direito continuam mo-bilizados e aguardando umadecisão definitiva para a cri-se institucional que a unida-de vive há vários meses. Do-cumentos parados e falta deautoridade para a gestão ad-ministrativa da unidade evi-denciam a necessidade deoutras medidas por parte daReitoria. O processo com opedido de demissão do dire-tor, encaminhado pelo reitor

VIOLÊNCIA. Ladrões revivaram arquivos do setor financeiro

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CONDIÇÕES DE TRABALHO

Um ano de espera,protestos dealunos,mobilização doSINTUFRJ efinalmente estápróximo o dia emque a bibliotecado Instituto deFilosofia eCiências Sociais(IFCS) voltará àplena atividade,sem oferecer riscosà saúde dosfuncionários eusuários. AempresaBio-Manguinhosjá iniciou ahigienização dos25 mil livros e dostrês mil metrosque compreendema área física dabiblioteca. Otrabalho dedesratização foiconcluído, e pararesolver oproblema declimatização doambiente, oEscritório Técnicoda Universidadevai contratar umaarquiteta, que faráum novo layoutdas salas.

Biblioteca do IFCSpassa por higienização

Depois de muita mobilização, biblioteca do instituto começa a ser recuperada

A falta de manutenção ede obras emergências noprédio do instituto foi res-ponsável pelo fechamentoda biblioteca. O local setransformou em perigoconstante para a saúde daspessoas e em risco de perdatotal do valioso acervo. Aumidade em conseqüênciade infiltrações e da água dechuva que entrava pelo te-lhado quebrado, aumentouos fungos das paredes. Noinício, apenas os usuáriosforam preservados, pois osfuncionários conti-nuaramcumprindo expediente nabiblioteca. “Era visível a fal-ta de condições de trabalho,e até urina de rato encontra-mos lá”, lembra o diretor de

Políticas Sociais do SINTU-FRJ, Antônio de Assis.

PREOCUPAÇÃO COM OSFUNCIONÁRIOS - A Coorde-nação de Políticas Sociais doSINDICATO está acompa-nhando com muita atençãoas obras de recuperação dabiblioteca do IFCS, porqueainda preocupam as condi-ções de trabalho oferecidasaos técnicos-administrativos.Segundo o chefe da bibliote-ca, Fernando Cerqueira, to-dos os funcionários fizeramexames clínicos, porém a Di-visão de Saúde do Trabalha-dor (DVST) só informará osresultados no dia 11 de no-vembro, mesmo assim se nãofor necessária a realização deoutros exames complemen-

tares. Ele garante que a bibli-oteca só reabrirá suas portasdepois que ficar comprova-do que os funcionários estãocom perfeita saúde para otrabalho.

EXAME QUALIFICA O AR- Fernando Cerqueira infor-mou que o resultado do exa-me da qualidade do ar da bi-blioteca feito pela empresaAqualab atestou que as con-dições ambientais são com-patíveis ao convívio huma-no. O exame, explicou, elimi-nou as preocupações com re-lação à desagregação (esfa-celamento microscópico) departículas das paredes doprédio; e que a presença defungos no ar foi verificadapela Fiocruz, que concluiu

que o nível desses microor-ganismos no ar da bibliotecaé inferior ao que pode serconsiderado como insalubre.

Para fazer a limpeza dabiblioteca, a Reitoria contra-tou duas faxineiras da empre-sa Probank. E de acordo comFernando Cerqueira essamedida foi tomada em cará-ter emergencial, porquequando a biblioteca estiverfuncionado plenamente, das8h e 20h, serão necessáriospelo menos mais dois profis-sionais para dar conta da hi-giene de todos os quase 3 milmetros quadrados. No mo-mento a biblioteca está fun-cionando até as 17h, e ape-nas uma parte do acervo estáà disposição dos estudantes.

OBRAS. Um dos mais importantes acervos do país, a biblioteca do IFCS está sendo recuperada

ÚLTIMA PÁGINA

As ações afirmativas

Independente da polêmica que seinstalou pela implementação da po-lítica de cotas nas universidades es-taduais, fruto de uma lei instituídapelo governo do Estado em 2003, éfato que novos horizontes se abri-ram para parcela significativa dapopulação que se encontra excluí-da dos direitos garantidos aos cida-dãos e ainda vítima das mais varia-das formas de racismo. No Brasil,45% dos 170 milhões da populaçãoé composta de negros. E 70% dos 22milhões de habitantes que vivemabaixo da linha de pobreza tambémsão negros.

Na Uerj, com a implantação dascotas, mudou o perfil dos estudantes.O percentual de negros e pardos émuito maior e mais de 55% dos alu-nos são oriundos das zona Oeste eNorte.

Nas universidades públicas fe-derais e estaduais o debate está emcurso. A UnB e a Universidade Esta-dual da Bahia implementaram seusprogramas de vagas aos grupos ex-cluídos na mesma proporção nu-mérica da Uerj (20% para estudan-tes da rede pública; 20% para ne-gros; e 5% para pessoas com defi-ciência física e integrantes de mi-norias raciais). A UFRJ ainda nãotem política definida. “Um alunomeu foi reprovado na seleção parauma bolsa porque não tinha o per-fil que se queria. São várias as situ-ações em que os negros não têmchance de ser incluídos. No meudoutorado nos EUA não havia umnegro ao meu lado”, revela o pro-fessor Cláudio Cerqueira Lopes, doInstituto de Química da UFRJ e co-ordenador do Projeto Jovens Talen-tos II, da Secretaria Estadual de Ci-ência, Tecnologia e Inovação.

Uma reflexãosobre o racismo

Outras experiências

A implementação de cotas, segun-do estudo do Laboratório de Políti-cas Públicas da Uerj, em outras esfe-ras do poder público, não obteve re-sistência e provocou a polêmica nasua aplicação, como no ensino supe-rior. As discussões sobre a democra-tização do acesso à educação superi-or pública põe de cabelos em pé aelite brasileira.

Com a Constituição Federal de1988, experiências de cotas foramimplementadas, como, por exemplo,a que estabelece proteção especialde trabalho à mulher, fundamentan-do, desse modo, o conteúdo da leique cria cotas para mulheres nas can-didaturas partidárias. E também agarantia de um percentual de cargospara portadores de deficiência física.

Mais recentemente, foram criadosoutros programas, como o Programade Ação Afirmativa do Ministério daJustiça, que reserva 20% de seus cargosde direção e assessoramento superior(DAS) a afro-descendentes; o Progra-ma de Ação Afirmativa do Instituto RioBranco, que cria “bolsasprêmio de vo-cação para a diplomacia” em favor doscandidatos afrodescendentes; o Progra-ma de Ação Afirmativa do Supremo Tri-bunal Federal (STF), que estabelececota de 20% de afro-descendentes nasempresas que prestam serviços autori-zados ao STF.

Resultados

A análise do rendimento acadê-mico dos alunos que ingressaram naUniversidade Estadual do Norte Flu-minense (Uenf) em 2003 põe por ter-ra o argumento de que os cotistasseriam os responsáveis pelo rebaixa-mento da qualidade de ensino, se-gundo mostra o professor CláudioCerqueira Lopes. Do número total deavaliados (351), sendo que 145 cotis-tas e 206 não cotistas, a diferença docoeficiente de rendimento acadêmi-co entre os dois é praticamente ínfi-ma. O resultado médio por aluno, re-ferente aos dois semestres letivos de2003, é de 6,79 para cotista e 7,19 paranão cotista.

O resgate de Zumbi dosPalmares como heróinacional foi um grandemarco para o movimentonegro brasileiro. O quadroatual da luta contra o

racismo determina que oprocesso de luta é por

reparações, ou seja, o Estado brasileirotem de criar um conjunto de políticas que incluamsocialmente significativa parcela da populaçãonegra. O SINTUFRJ durante este mês trará maisuma vez à tona o racismo estrutural da sociedadebrasileira e as formas que temos para se nãoerradicá-lo, minimizar seus efeitos. O professorCláudio Cerqueira, estudioso de políticas deinclusão social, é o nosso entrevistado desta semana.

O Projeto Jovens Talentos II,que concede bolsas científicas a alu-nos pobres e carentes, segundo oprofessor tem como um dos seusprincipais pontos a inclusão sociale, a diminuição da evasão. “Ficouprovado que o aluno cotista nãoabandona o curso, as universida-des inclusive os acolheram bem etampouco sofreram discriminaçãoem seus cursos”. Foram 1.300 bol-sas concedidas em 2003, e para oano de 2004 o número dobrou. SãoR$ 190,00 para ajudar na alimenta-ção e no transporte. O programaprevê também a criação de bande-jões, o incremento das bibliotecas einvestimento nos laboratórios deinformática das universidades estadu-ais. Segundo Cláudio Cerqueira Lopes,a Lei Áurea deu a liberdade ao negro, oque não significa o seu exercício pleno.“Temos que estabelecer mecanismospara que se reintegre esta população àsociedade como cidadãos com direitoa todo o conhecimento. Somente como conhecimento, que é um dos bensmais valiosos, que estarão se libertan-do realmente”, afirma.

CERQUEIRA. 'São várias as situações em que o negro não é incluído"