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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e-empreendedor: O portal do empreendedor digital Dissertação de Mestrado Etel Tomaz Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Florianópolis 2001

e-empreendedor: O portal do empreendedor digitalCurso_Tecnico/Turma124/organizac...“posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp. 4,13), pois Ele está comigo, e eu com

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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

e-empreendedor: O portal do empreendedor digital

Dissertação de Mestrado

Etel Tomaz

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.

Florianópolis 2001

ii

Etel Tomaz

e-empreendedor: O empreendedor digital

Esta dissertação foi julgada adequada e aprovada para Obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 28 de setembro de 2001

Prof. Ricardo Miranda Barcia – Dr. Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

Professor Fernando Álvaro O. Gauthier – Dr.

Orientador

Professora Ana Maria Bencciveni Franzoni – Dra.

Professor Glaycon Michels – Dr.

iii

Às minhas filhas

Bárbara e Roberta

E aos meus pais

João e Dolores

iv

Agradecimentos

Às minhas filhas Bárbara e Roberta que muito sentiram minha ausência em

momentos importantes de suas adolescências, mas sempre demonstram um

grande amor. Isso me ajudou a continuar.

A meus pais, João e Dolores, e a meus familiares que torceram por mim,

acreditaram em mim e impulsionaram minha vida para mais largos horizontes,

de modo a fazer alguma diferença positiva no meio em que vivo.

Ao SEBRAE, pelo grande estímulo que dá ao conhecimento. Confesso que

desde o meu primeiro tempo no SEBRAE reconheci nele a escola e as

oportunidades de aprender, de aprender a aprender, de aprender a ser.

O meu agradecimento à diretoria do SEBRAE, Sérgio Moreira, Vinicius

Lummertz, e Delith Balaban, pelo apoio a essa realização.

Aos meus colegas do SEBRAE, entusiastas na busca do conhecimento e

conscientes da contribuição que podem prestar à sociedade, através do seu

trabalho.

À Maria Palhares, Margarida Tomaz, José Arimatéa, Marcelo Miranda, Lázaro

Pedro Silvério, Arguello e a todas as pessoas que colaboraram comigo e

puderam compartilhar a realização deste projeto.

A Fernando Gauthier pela objetividade na orientação e pela forma simples e

fácil no trato do conhecimento.

Aos colegas de mestrado, professores, monitores e a todos os demais

colaboradores da UFSC e da UNEB, que muito me engrandeceram.

v

Aos amigos empreendedores Humberto Luiz Ribeiro, Sérgio Xavier e Wófsi

Yuri de Souza, contagiantes comunicadores de sonhos e de realizações, um

agradecimento especial.

Tenho muito a agradecer, acima de tudo a Deus, que tem cuidado

carinhosamente de minha vida. Ele sabe e pode todas as coisas. Eu também

“posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp. 4,13), pois Ele está

comigo, e eu com Ele.

vi

“A arte, e portanto a filosofia, a política e

a tecnologia que ela inspira e atravessa

deve opor uma virtualização requalificante,

inclusiva e hospitaleira à virtualização

pervertida que exclui e desqualifica”.

Pierre Lévy.

vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................................X

LISTA DE QUADROS .............................................................................................................................X

RESUMO ................................................................................................................................................. XI

ABSTRACT ............................................................................................................................................XII

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................13

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................................................13

1.1 – OBJETIVOS.....................................................................................................................................13

1.1.1 – Objetivos Gerais ...................................................................................................................13

1.1.2 – Objetivos Específicos ............................................................................................................13

1.2 - JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................................14

1.3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..............................................................................................21

1.4 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................................................23

CAPÍTULO 2 – EMPRESAS DIGITAIS...............................................................................................24

2.1 - NEGÓCIOS ELETRÔNICOS: AS EMPRESAS DIGITAIS........................................................................24

2.1.1 - Definindo os negócios eletrônicos.........................................................................................25

2.2 - O EMPREENDEDORISMO E O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE EMPRESAS DIGITAIS ...............................26

2.2.1 - O empreendedor ....................................................................................................................29

2.3 – AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO GERANDO NEGÓCIOS DIGITAIS ....................30

2.3.1 - Da informatização à virtualização organizacional ...............................................................30

2.3.2 - A virtualização organizacional..............................................................................................33

2.3.3 – O e-business como uma evolução das tecnologias de informação e de comunicação..........35

2.3.4 - A organização em rede ..........................................................................................................36

2.3.5 - Política de segurança e qualidade nos negócios eletrônicos ................................................37

2.4 – O AMBIENTE CRIANDO OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS ELETRÔNICOS...........................................39

2.4.1 – Ambiente de negócios na Internet .........................................................................................41

2.4.2 - Os mercados globais e a competição ....................................................................................43

2.4.3 - Participação das pequenas e médias empresas na economia de rede...................................45

2.4.4 - A virtualização como uma estratégia competitiva.................................................................45

2.5 - O CONHECIMENTO COMO RECURSO ESTRATÉGICO NA CRIAÇÃO DE NEGÓCIOS DIGITAIS ................47

2.5.1 - O Conhecimento ....................................................................................................................49

2.5.2 - O conhecimento nas organizações ........................................................................................50

2.5.3 - O Conhecimento na sociedade ..............................................................................................51

2.5.4 - A sociedade do conhecimento................................................................................................54

viii

2.5.5 – Além do conhecimento, a marca constitui um capital intelectual valioso para as empresas

digitais ..............................................................................................................................................54

CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO.....................................................................................................57

CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................................................................57

3.1 - WWW.SUPEROBRA.COM - O PORTAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...............................................58

a) Início do processo de criação da empresa ..............................................................................58

b) Empreendedor .........................................................................................................................58

c) O conceito do negócio.............................................................................................................60

d) Conhecendo as necessidades dos clientes ...............................................................................60

e) Serviços ...................................................................................................................................61

f) Acordo do nível de serviços.....................................................................................................62

g) Clientes....................................................................................................................................63

h) Colaboradores.........................................................................................................................64

i) Localização .............................................................................................................................65

j) A marca ...................................................................................................................................65

k) Comunicação com a comunidade virtual da construção civil.................................................66

l) Planejamento empresarial.......................................................................................................66

m) Investimentos...........................................................................................................................67

n) Faturamento ............................................................................................................................69

o) Parcerias de negócios .............................................................................................................69

p) Posicionamento atual ..............................................................................................................70

3.2 – WWW.INTERJORNAL.COM - O PORTAL DE NOTÍCIAS..........................................................71

a) Início do processo de criação da empresa ..............................................................................71

b) Empreendedor .........................................................................................................................71

c) O conceito do negócio.............................................................................................................72

d) Conhecendo as necessidades do cliente ..................................................................................73

e) Serviços ...................................................................................................................................74

f) Clientes....................................................................................................................................74

g) Colaboradores.........................................................................................................................75

h) Localização .............................................................................................................................75

i) Marca ......................................................................................................................................75

j) Planejamento empresarial.......................................................................................................75

k) Investimentos...........................................................................................................................77

l) Faturamento ............................................................................................................................77

m) Parcerias de negócios .............................................................................................................78

n) Posicionamento atual ..............................................................................................................78

3.3 - WWW.MAGNISTAT.COM - O PORTAL DE SERVIÇOS TURÍSTICOS ............................................80

a) Início do processo de criação da empresa ..............................................................................80

ix

b) Empreendedor .........................................................................................................................80

c) O conceito do negócio.............................................................................................................81

d) Conhecendo as necessidades do cliente ..................................................................................81

e) Serviços ...................................................................................................................................81

f) Clientes....................................................................................................................................81

g) Colaboradores.........................................................................................................................82

h) Localização .............................................................................................................................82

i) Marca ......................................................................................................................................82

j) Planejamento empresarial.......................................................................................................82

k) Investimentos...........................................................................................................................83

l) Faturamento ............................................................................................................................83

m) Parceria de Negócios...............................................................................................................83.

n) Posicionamento atual ..............................................................................................................83

Considerações finais.........................................................................................................................84

CAPÍTULO 4 - O PORTAL DO EMPREENDEDOR – PROPOSTA DE FERRAMENTA DE

APOIO À TOMADA DE DECISÃO NA CRIAÇÃO DE UM NEGÓCIO ELETRÔNICO .............85

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................................................85

4.1 - O EMPREENDEDORISMO E OS PRINCÍPIOS DO HIPERTEXTO......................................86

4.1.1 - PRINCÍPIO DA METAMORFOSE.....................................................................................................86

4.1.2 - PRINCÍPIO DA HETEROGENEIDADE ..............................................................................................87

4.1.3 - PRINCÍPIO DE MULTIPLICIDADE E DE ENCAIXE DAS ESCALAS (FRACTALIDADE).........................88

4.1.4 - PRINCIPIO DE EXTERIORALIDADE................................................................................................89

4.1.5 - PRINCÍPIO DE MOBILIDADE DOS CENTROS (DA AUTOMAÇÃO).....................................................89

4.1.6 - PRINCÍPIO DA TOPOLOGIA ...........................................................................................................90

4.1.7 - ESTRUTURAÇÃO DO PORTAL DO EMPREENDEDOR......................................................................91

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................95

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ............................................................................................................98

...E POSSÍVEIS ESTUDOS DECORRENTES DA DISSERTAÇÃO ...............................................102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................104

ANEXOS .................................................................................................................................................108

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA.................................................................... 108

ANEXO 2 – STORYBOARD ................................................................................................... 116

x

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Portal do Empreendedor – Mercado.................................................................. 99

FIGURA 2 – Portal do Empreendedor – Capital Intelectual................................................ 100

FIGURA 3 – Portal do Empreendedor – Gestão do Conhecimento................................... 100

FIGURA 4 – Portal do Empreendedor – Negócios Eletrônicos.......................................... 101

FIGURA 5 – Portal do Empreendedor – Estratégia Competitiva........................................ 101

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Virtualidade organizacional três vetores e estágios....................................... 34

QUADRO 2: A sociedade pós-industrial................................................................................ 53

xi

RESUMO

TOMAZ, Etel. e-empreendedor: O Portal do Empreendedor Digital.

Florianópolis, 2001. 137 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de

Produção) – Programa de Pós-Graduação, USFC.

O presente trabalho enfoca o uso do conhecimento como recurso estratégico

na criação de negócios eletrônicos, os caminhos de cada empreendedor, cuja

escolha é feita em função das necessidades do empreendimento e também da

visão do criador da empresa, de suas competências e do seu interesse pelos

diversos assuntos que envolvem as etapas da criação do negócio, que

pressupõem visão global e sistêmica. O Portal do Empreendedor é uma

proposta de ferramenta de apoio ao processo decisório e à incorporação de

conhecimentos estratégicos na concepção e na fase inicial de operação, com

links importantes para essa etapa e as fontes desses conhecimentos.

Palavras-chave: empreendedor; empreendedor digital; empresas virtuais,

empresas digitais; negócios eletrônicos.

xii

ABSTRACT

This work is focused in the utilization of knowledge as a strategical resource in

the creation of electronic businesses, the paths of each enterpreneur, whose

choice is made in function of the pre requisites of each undertaking and also as

regards the vision of the founder of the enterprise, his abilities and his concern

about the several topics involved in the starting up of the business, which

pressupose a global and sistemic vision.

The hypertext of the enterpreneur is a proposal of a supporting tool for the

decision making process and the incorporation of strategical knowledge in the

conception and initial phases of the operation, with links over important

knowledges covering this phase and its sources.

Key-words: entrepreneur, digital entrepreneur, virtuals enterprise, digital

enterprise, eletronic business.

13

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Considerações Iniciais

Neste capítulo estão contemplados os objetivos gerais e os específicos;

a justificativa e a organização do trabalho.

1.1 – Objetivos

1.1.1 – Objetivos Gerais

Este trabalho tem por objetivo estudar o processo de criação de

empresas com elevado nível de virtualização, por empreendedores individuais.

“Quais os conhecimentos necessários e como os empreendedores incorporam

esses conhecimentos como recurso estratégico nas empresas virtuais ?”.

1.1.2 – Objetivos Específicos

a) identificar os principais conhecimentos necessários à criação de empresas

baseadas nas tecnologias de informação e comunicação;

b) conhecer os caminhos, as escolhas dos empreendedores e a visão de

negócios para melhor compreender o processo de criação de uma empresa

digital;

14

c) identificar as principais necessidades de informações para iniciar negócios

eletrônicos;

d) propor uma ferramenta de apoio ao processo decisório desses

empreendedores.

1.2 - Justificativa

O número crescente de empreendedores no Brasil, que a cada dia

aumenta em função das mudanças ocorridas no mercado de trabalho e das

necessidade desses empreendedores criarem as suas próprias oportunidades

de trabalho e renda. Essa necessidade é cada vez maior porque:

“As empresas aprenderam a produzir muitos bens e serviços

empregando cada vez menos trabalho humano”. (De Masi,

1999). E também porque: “O discurso é que os funcionários

são o patrimônio mais valioso da empresa; o que eles

percebem é que são o patrimônio mais descartável” (Hammel e

Prahalad, 1995).

O espírito empreendedor foi destaque em pesquisa realizada pela

London Business School e pelo Babson College. O Brasil participou dessa

pesquisa pela primeira vez em 2000 e, dentre 21 países, foi considerado o país

mais empreendedor do mundo.

Dados do DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comércio

(http://www.dnrc.gov.br/estatisticas/caep0101.htm) , revelam que em média 490

mil empresas foram criadas ao ano, no Brasil, de 1995 a 2000.

15

Na área dos negócios eletrônicos os indicadores dos domínios

registrados por entidade (www.registro.br) indicam que 92,34% são com.br. de

um total de 423.025. Ainda é um segmento em expansão e pouco consolidado,

tanto do ponto de vista dos hábitos dos consumidores, quanto do ponto de vista

das práticas empresariais.

A elevada taxa de mortalidade das empresas de pequeno porte no Brasil

(http://www.sebrae.com.br/microempresas/estudostemáticos) é um dos fatores

que motivam o estudo do empreendedorismo. Quando uma pequena empresa

não vai bem significa mais que um prejuízo material. Mais do que arriscar suas

economias, os brasileiros colocam toda a sua energia na criação de um

negócio, seus relacionamentos, seu tempo, sua visão de mundo e o melhor de

suas vidas. Estes recursos não podem ser desperdiçados.

Esses dados revelam a importância de realizar estudos sobre o tema e

identificar caminhos que possibilitem melhores condições para os

empreendedores aproveitarem as oportunidades existentes no país e

diminuírem as incertezas, no que diz respeito às ameaças do ambiente. De

acordo com pesquisa do SEBRAE, os juros elevados, a falta de acesso ao

crédito, a falta de preparo gerencial, a excessiva burocracia para registrar uma

empresa no Brasil são algumas das causas citadas para a mortalidade das

pequenas empresas.

O foco do Mestrado em Mídia e Conhecimento trouxe grande

contribuição e conhecimentos que viabilizaram esse estudo, que deverá ter

continuidade no futuro.

16

A abordagem integrada de educação, gestão e tecnologia criou

condições para o estabelecimento da união desses conhecimentos. Temas

atuais como engenharia do conhecimento, tecnologias em produção multimídia,

design educacional, organizações virtuais, teletrabalho, aprendizagem

organizacional e outros permitiram um mergulho nas perspectivas das

mudanças que estão ocorrendo nas diversas áreas do conhecimento sem,

contudo, desprezar o grande volume de conhecimento já existente,

aproximando e criando as condições para o aprofundamento do tema. Isso

representou muito na opção por esse trabalho.

Muito tem sido falado e escrito sobre o tema empreendedorismo, mas

pouco tem sido publicado sobre os empreendedores que fazem uso intensivo

das novas tecnologias de comunicação e informação nos seus negócios: os

chamados empreendedores da economia digital e seus desafios.

Os empreendedores são pessoas que, obstinadamente, constróem as

suas visões de negócios e com elevado desprendimento buscam realizar os

seus sonhos, ainda que, para muitos, pareça loucura. Muitas vezes eles

retomam o seu projeto ou criam novos projetos após grandes desilusões. Às

vezes abandonam suas idéias e quando tudo parece difícil, conseguem

construir algo muito maior do que o que havia sido pensado inicialmente. Para

muitos, o que pareceu fracasso é fonte de aprendizado para prosseguir.

A criação de empresas no Brasil é de aproximadamente 490 mil ao ano.

O número de empreendedores no país tem despertado as instituições para o

estudo e para a adoção de políticas de apoio ao empreendedorismo. “A palavra

17

empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que

assume risco e começa algo novo” (Dornelas, 2001).

Conforme citação anterior, o Brasil apresenta um excelente nível de

empreendedorismo com um em cada seis adultos engajados em atividades

empreendedoras.

Ainda que seja surpreendente o número de empreendedores no país, algumas

questões representam obstáculos para o êxito dos negócios, a exemplo das

dificuldades de acesso ao crédito, a necessidade de melhorar o nível de

instrução e de criar mecanismos mais adequados de apoio às empresas (3).

No Brasil o empreendedorismo da economia digital ainda não dispõe de

estatísticas precisas sobre o número de micro e pequenas empresas criadas

com base nas tecnologias de comunicação e informação, mas muitos

empreendedores iniciam negócios de pequeno porte.

Em pesquisa por amostragem, realizada pelo MCT sobre a Qualidade e

Produtividade no Setor de Software Brasileiro (MCT, SEPIN, 1999) as micro e

pequenas empresas com até 50 funcionários, representam 73% da força de

trabalho efetiva nas empresas de software.

O empreendedorismo nos negócios eletrônicos está crescendo no Brasil,

sendo na ordem de 380 mil o número de domínios com.br, representando 92%

de todos os domínios registrados (ver http://www.registro/br). Grande parte

desses domínios é de empresas tradicionais que estão criando espaços de

interação virtual com seus clientes e fornecedores.

Dornelas (2001) cita iniciativas como os programas Softex (Sociedade

para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) e Genesis (Geração de

18

novas empresas de software, informação e serviços) ações do Sebrae (Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) voltadas à capacitação do

empreendedor; Programa Brasil Empreendedor do Governo Federal;

programas do IEL / CNI e da Anprotec (Associação Nacional de Entidades

Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas), entre outros,

que têm contribuído para que o movimento do empreendedorismo no Brasil

alcance as universidades e outros segmentos da sociedade.

Se por um lado é crescente o empreendedorismo no Brasil, por outro

lado é também crescente o número de empresas tradicionais que estão

incorporando conhecimentos e recursos digitais nos seus negócios.

A busca da competitividade na economia globalizada tem provocado

uma profunda transformação nas organizações. A incorporação de tecnologias

de comunicação e de informação no mundo dos negócios está possibilitando

estratégias competitivas diferenciadas, criação de produtos e serviços

inovadores e acesso a diferentes mercados, sejam eles distantes

geograficamente ou não. Os consumidores, por sua vez, estão buscando

soluções para os seus problemas de velocidade, qualidade e preço.

“As empresas que terão sucesso na próxima década serão

aquelas que utilizam ferramentas digitais para reinventar sua

maneira de trabalhar. Essas empresas tomarão decisões com

rapidez, atuarão com eficácia e irão atingir direta e

positivamente seus clientes.” (Bill Gates, 1999).

As inovações que estão ocorrendo nas tecnologias e no comportamento

dos consumidores estão alterando o modelo de negócios. Muitas são as formas

19

de aproveitamento das oportunidades que o conhecimento dos meios digitais

está possibilitando, favorecendo o surgimento de uma geração de negócios

inovadores e adicionando valor aos serviços prestados ao cliente.

A mudança de concepção das empresas, produtos e serviços bem

posicionados no mercado, incorporando o capital digital têm alterado

favoravelmente as relações de negócios em todos os sentidos: clientes com

fornecedores; fornecedores com clientes; clientes com clientes; colaboradores

com empresa; concorrentes e parceiros de negócios. Segundo Bill Gates

(1999), “Ao tornar-se digital, você estará na vanguarda de uma onda de

mudança que destruirá a velha maneira de fazer negócios.”

A criação e o desenvolvimento de negócios, produtos e serviços

baseados nas tecnologias de informação e comunicação estão permitindo

soluções e serviços aos consumidores que antes não seria possível imaginar.

A grande criatividade na incorporação de tecnologias digitais nos produtos e

serviços ao cliente transforma idéias simples em oportunidades de negócios,

elemento fundamental na concepção e desenvolvimento de empresas. Tão

relevante quanto a inovação nos produtos e serviços tem sido a inovação na

gestão do negócio e nas relações entre os diversos interessados na

organização: clientes, colaboradores, fornecedores, investidores e comunidade.

A grande maioria das organizações tradicionais está experimentando o

mesmo desafio para permanecer no jogo econômico. Criar condições para

competir nessa nova realidade não é só uma questão de incorporação de

novas tecnologias, mas também de ampliação da visão e da percepção das

20

inúmeras oportunidades que estão emergindo e das ameaças que o ambiente

empresarial apresenta.

Os empreendedores da economia digital estão surgindo em todos os

setores e criando empresas virtuais nos setores tradicionais, sejam eles

livrarias, vendas de discos, de eletrodomésticos, de flores, de móveis, de

materiais de construção, de passagens aéreas e de pacotes turísticos.

Muitas organizações tradicionais estão criando soluções virtuais para os seus

clientes e desenvolvendo negócios competitivos em convívio com o modelo

atual de operação. As grandes cadeias de supermercados, empresas de

móveis e outras empresas estão adotando o comércio eletrônico, vendendo on-

line produtos em condições especiais e mantendo a venda na loja. Essas

medidas funcionam como uma mensagem da garantia de que essas

organizações estão se modernizando, mas continuam a atender os clientes que

ainda não estão conectados na Internet. Parte dessa estratégia tem por

objetivo criar a relação de confiança necessária para que os clientes

tradicionais comprem via comércio eletrônico e não migrem para a

concorrência que já opera on-line.

Nesse período de transição as organizações estão criando novas

competências, investindo na capacidade de se renovar empresarialmente e

repensando o seu modelo de negócio. Isso dá às empresas tradicionais a

perspectiva da mudança e da sua atualização em relação ao que está

ocorrendo no ambiente, criando uma prontidão para os desafios do contexto

em que estão inseridas.

21

Novos hábitos de consumo, mudanças profundas nas relações de

trabalho, o acesso às novas tecnologias por grande parte da população

mundial, a criação de modernos mecanismos de produção e de gestão, tudo

isso vem criando uma nova forma de empreender e fazer negócios. Nesse

cenário muitas empresas estão experimentando grande sucesso, aproveitando

as oportunidades que a nova economia traz, especialmente porque estão

buscando compreender os acontecimentos e agindo rapidamente.

1.3 – Procedimentos Metodológicos

O método de pesquisa adotado para o desenvolvimento dessa

dissertação foi pesquisa qualitativa. Segundo Silva e Menezes (2001, pág. 20)

a “Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo

real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A

interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no

processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas

estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o

pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a

analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos

principais de abordagem.”

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos foram adotadas a

pesquisa bibliográfica constituída de livros, artigos e material disponibilizado na

Internet e o estudo de caso envolvendo a análise profunda das informações

requeridas para a criação de empresas digitais por empreendedores que

22

tiveram a experiência de iniciar os seus negócios a partir da necessidade de

criarem suas próprias alternativas de trabalho e desenvolvimento.

A partir do tema escolhido “O empreendedor digital” foi planejada a

pesquisa bibliográfica e o estudo de caso a ser elaborado, bem como a forma

de apropriação do conhecimento obtido para ser disponibilizado de forma a

contribuir para ampliação do conhecimento existente sobre o tema.

Foi elaborado modelo de questionário para orientar as entrevistas e

foram definidos os empreendedores a serem entrevistados em função do

estágio de desenvolvimento dos seus negócios. As entrevistas foram

realizadas num período de tempo pré-determinado, que ocorreu conforme o

planejamento. Novas variáveis foram incorporadas ao estudo de caso, a partir

dos conhecimentos gerados no próprio desenvolvimento do trabalho

complementando-se mutuamente a pesquisa bibliográfica e a observação e

investigação das experiências empresariais escolhidas como alvo do estudo. A

estrutura de apresentação do estudo de caso foi definida a partir da análise de

conhecimentos obtidos dessa etapa. A contextualização e a justificativa da

dissertação possibilitaram, por sua vez, a inserção de elementos adicionais à

análise dos dados que foram incorporados ao planejamento feito através do

storyboard, ferramenta de planejamento, definição de lay-out, conteúdos e links

para a criação do Portal do empreendedor (anexo2).

A validação do estudo de caso e do e-empreendedor – o Portal do

Empreendedor foi feita através dos empreendedores que participaram do

Estudo de caso.

23

1.4 - Organização do Trabalho

Este capítulo apresentou os objetivos gerais e específicos; a motivação

e a justificativa para a realização da dissertação com foco no

empreendedorismo digital.

No capítulo 2 é feita a revisão bibliográfica com foco no processo de

criação de empresas virtuais e foi dividido nos seguintes itens: a) o

empreendedorismo e o processo de criação de empresas digitais; b) as

tecnologias de comunicação e informação gerando negócios digitais; c) o

ambiente e as oportunidades de negócios eletrônicos e d) o conhecimento

como recurso estratégico na criação de empresas digitais.

No capítulo 3 é apresentado o Estudo de caso, elaborado a partir de

entrevista com três empreendedores de negócios eletrônicos sobre as

principais estratégias adotadas na concepção das empresas, visando conhecer

o processo de criação desses negócios.

No capítulo 4 é proposta a ferramenta Portal do Empreendedor como um

recurso de apoio ao processo decisório na criação da empresa digital e na

incorporação de conhecimentos para reduzir as incertezas ao empreender um

novo negócio.

O capítulo 5 apresenta as conclusões e os possíveis trabalhos que

poderão ser desenvolvidos a partir deste estudo.

24

CAPÍTULO 2 – EMPRESAS DIGITAIS

Considerações Iniciais

Nesse estudo serão tratados alguns conhecimentos que afetam

diretamente as organizações e o processo de criação de empresas digitais. Por

serem muitos variados os temas que dizem respeito à criação de empresas

será priorizado um conjunto de itens relacionados ao empreendedorismo, às

tecnologias, ao ambiente e ao conhecimento como alguns dos fatores mais

importantes para o aproveitamento das oportunidades de negócios.

2.1 - Negócios Eletrônicos: As Empresas Digitais

O surgimento das chamadas empresas digitais ou virtuais, a partir da

segunda metade da década de 90, é decorrente de um grande processo de

mudança que ocorre em nível mundial.

O ambiente competitivo em transformação está movendo as

organizações para aproveitar as oportunidades geradas pelo conhecimento das

necessidades, dos costumes e dos hábitos do consumidor. De acordo com

Kelly (1999) a disponibilidade de grande volume de informações sobre os

clientes, seu comportamento e suas necessidades, também tem sido possível

graças aos recursos tecnológicos da atualidade e isso tem sido parte de um

esforço deliberado das organizações. O desenvolvimento tecnológico e o

surgimento da rede mundial de computadores são elementos base nesse

processo. No entanto, muitas outras coisas estão acontecendo. A incorporação

do conhecimento nas organizações, o surgimento de legislação que reconhece

25

e protege os direitos do consumidor, a legislação ambiental, a elevação da

consciência dos cidadãos, dos trabalhadores, do Governo e de toda a

sociedade, têm criado condições para que as organizações também

promovam as alterações necessárias para um novo tempo. O ambiente

favorável à mudança facilita e impulsiona a decisão dos empreendedores da

economia digital. As iniciativas de milhares de empreendedores têm a força de

transformar todas essas mudanças em negócios, num grande movimento

chamado empreendedorismo.

2.1.1 - Definindo os negócios eletrônicos

"Os negócios eletrônicos - e-business – são definidos como as

atividades econômicas que utilizam redes eletrônicas como plataforma

tecnológica. Essa expressão engloba os diversos tipos de transações

comerciais, administrativas e contábeis, que envolvem governo, empresas e

consumidores" (Socinfo, 2000). É o comércio eletrônico a principal atividade

dessa categoria de negócios, que envolve três tipos de agentes: o governo, as

empresas e os consumidores. As possíveis relações entre esses agentes são

as seguintes:

B2B – business to business: transações entre empresas (exemplos: EDI,

portais verticais de negócios);

B2C/C2B – business to consumer / consumer to business: transações entre

empresas e consumidores (exemplos: lojas e shoppings virtuais);

B2G/G2B – business to government / government to business: transações

envolvendo empresas e governo (exemplos EDI, portais, compras);

26

C2C – consumer to consumer: transações entre consumidores finais

(exemplos: sites de leilões, classificados on-line);

G2C/C2G – government to consumer / consumer to government: transações

envolvendo governo e consumidores finais (exemplos: pagamento de impostos,

serviços de comunicação);

G2G government to government: transações entre governo e governo.

2.2 - O Empreendedorismo e o Processo de Criação de

Empresas Digitais

O processo de criação de uma empresa requer um grande volume de

informações e conta com inúmeras variáveis que se comunicam entre si. É

muito grande o conjunto de informações e de características atribuídas pelo

empreendedor na diferenciação que faz ao definir os contornos e o modelo do

negócio.

Algumas das variáveis, escolhas e decisões a serem tomadas são as

seguintes: os clientes que a empresa irá atender, de que forma se dará esse

atendimento, quais são os produtos e serviços, o sistema de produção e de

distribuição, a marca, o mercado, a localização, os sócios, os insumos, os

fornecedores, os recursos financeiros, as tecnologias a serem adotadas, as

formas de alianças que serão estabelecidas com empresas, entre outras. Os

autores Dolabela, Dornelas e Pereira em seus trabalhos sobre

empreendedorismo elencam inúmeras variáveis a serem consideradas na

criação de uma empresa. Do ponto de vista do negócio eletrônico incorporem-

27

se ainda alguns elementos como: webdesign, provedor, plataforma, links,

patrocínios, banners, endereço do site, entre outros.

Cada empreendedor tem o seu próprio ritmo na construção de sua visão.

Alguns iniciam pelo produto, outros começam identificando fontes de

financiamentos; uns começam fazendo as contas, há quem procure

colaboradores e sócios com o perfil que desejam para começar a desenvolver

a sua idéia de empresa.

Gardner (1995) realizou pesquisa envolvendo profissionais de diferentes

atividades e sistematizou em sete as inteligências: lingüística ou verbal, lógico-

matemática, espacial, musical, corporal-sinestésica, interpessoal e

intrapessoal. Dependendo das características do empreendedor, cada um

poderá tender a operar inicialmente com suas inteligências mais desenvolvidas

e após identificar, conscientemente, irá buscar os complementos para

aumentar as chances de sucesso do seu negócio digital.

O empreendedorismo pode ser beneficiado com a teoria das

inteligências múltiplas, especialmente consideradas as relações e as

circunstâncias do processo de criação e desenvolvimento de novos negócios.

As alianças estratégicas, como parcerias e sociedades, poderão ser

estabelecidas de forma a integrar as inteligências para a criação de negócios

inovadores e de sucesso. Outro exemplo é a criação de uma equipe auto-

motivada, com habilidades e conhecimentos que se complementam e

contribuem para criar um conjunto mais consistente diante das necessidades

do processo de empreender.

28

Acontece de empreendedores focarem tanto em suas competências

tecnológicas que deixam lacuna nas questões ligadas à gestão do negócio, à

logística, aos recursos humanos, às finanças ou a qualquer outro assunto vital

para a sobrevivência e expansão da empresa.

Nas pequenas empresas, os empreendedores têm aproveitado múltiplas

inteligências e conhecimentos para transformá-los em negócios criativos e de

grande aceitação.

O empreendedor tem uma postura pró-ativa e vai, intuitivamente ou de

forma planejada, buscando os recursos que necessita para concretizar a sua

visão de negócio. O planejamento funciona como um guia de orientação,

relembrando e apontando variáveis que deverão ser incorporadas e decididas.

O plano de negócios é uma ferramenta que proporciona uma visão

sistêmica do processo de criação de empresas e funciona como instrumento de

acompanhamento das diversas etapas da implantação do negócio.

No planejamento das atividades que irá implementar no processo de

criação de empresa, o empreendedor poderá fazer um estudo prévio do

negócio configurado num plano de negócio.

“O Plano de Negócio é um documento escrito que tem o

objetivo de estruturar as principais idéias e opções que o

empreendedor deverá avaliar para decidir quanto à viabilidade

da empresa a ser criada.” (Pereira, 1995).

29

2.2.1 - O empreendedor

De acordo com Larry Farrel (1993):

“A maioria dos empreendedores não são muito diferentes de

você e de mim. Todas estatísticas mostram que eles fazem

parte da média. A maioria deles nem mesmo planejou ser

empreendedor. Acontece em função de circunstâncias,

freqüentemente uma crise, por ser muito pobres, por estarem

cheios de frustração, por serem despedidos. Circunstâncias

são a razão número um que faz uma pessoa estabelecer-se

por conta próprias, são pessoas comuns que simplesmente se

encontram em situações extraordinárias”.

“O termo empreendedorismo (“entrepreneurship”, em inglês)

tem conotação prática, mas também implica atitudes e idéias.

Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e

diferentes de fazer as coisas. A preparação para a prática

empreendedora, que pode ser aplicada a qualquer campo da

atividade humana, envolve tanto o desenvolvimento da

autoconsciência quanto o do know-how.” (Louis Jaccques

Filion, 1999).

30

2.3 – As tecnologias de comunicação e informação gerando

negócios digitais

2.3.1 - Da informatização à virtualização organizacional

A virtualização das organizações é, em grande parte, decorrente da

informatização dos processos gerenciais, comerciais e de produção. Há uma

diferença fundamental nos dois conceitos; a diferenciação entre informatizar e

virtualizar está, essencialmente, no estabelecimento de parcerias de negócios,

cujos termos são especificados no chamado acordo do nível de serviços. É

imprescindível, nesse processo, uma postura ética de todos os envolvidos.

Trata-se de alianças estratégicas que, para ter êxito, necessitam ser

claramente negociadas, com critérios de engajamento, de operação e de

relacionamento institucional definidos de forma clara e transparente para o

alcance de objetivos comuns.

Antes desses acordos de parcerias entre as diversas organizações,

muitas soluções surgiram para a automação de atividades administrativas,

comerciais e de produção, cujo desenvolvimento também oportuniza a

integração das empresas em rede. É certo que ainda é grande o desafio de

informatização dos processos empresariais. No entanto, muitas ferramentas

foram desenvolvidas com soluções que alteraram, qualitativamente, a gestão

das organizações.

Por um longo período, o desenvolvimento de sistemas isolados

representou uma grande contribuição na gestão empresarial. Controle de

31

vendas, cadastro de clientes, controle de estoques, contas a receber, contas a

pagar e outros sistemas são exemplos de um período recente em que as

organizações ganharam velocidade em inúmeras tarefas e liberaram pessoas

para atuarem em níveis mais elevados em relação ao que faziam

anteriormente.

As soluções informatizadas para a gestão das empresas eram propostas

de forma massiva, como produtos/serviços cuja concepção vinha do

fornecedor, com baixa contribuição do usuário ou consumidor do serviço.

Por exemplo, em relação aos fornecedores cada setor administrava o seu

cadastro. O setor de compras tinha um cadastro, o setor de contabilidade tinha

outro e os administravam sem integrar as informações, já que cada um tinha o

seu sistema. O departamento de vendas tinha um cadastro de clientes, o

controle de contas a receber tinha outro cadastro de clientes, nem sempre com

informações consistentes.

Nesse estágio a necessidade de “hardware”, de “software” e de pessoas

era muito maior do que a atual para operar sistemas de processamento

independentes. Poucas pessoas dominavam a tecnologia; a visão e a operação

era totalmente departamentalizada. "A estrutura hierárquica tradicional... era

necessária não apenas como uma ferramenta para controle, mas como uma

ferramenta de comunicação" (Barksdale, 1998).

Após longa experiência na automação das atividades dos diversos

departamentos e divisões, a comunicação entre esses sistemas buscou

melhorar a consistência das informações. Representou ainda um ganho em

agilidade na relação com os clientes, com os fornecedores e entre os diversos

32

departamentos. A interface de texto entre os sistemas, muitas vezes duplica

informações e ainda exige um grande esforço das pessoas e dos

departamentos para viabilizar a visão sistêmica das informações da empresa. A

participação do usuário nas soluções também começou a ser maior, resultando

em sistemas mais adequados às necessidades operacionais.

Os sistemas de gerenciamento integrado representam uma nova etapa

na informatização das empresas, pois introduz o conceito de automação de

processo e não de automação de departamento. A integração entre os diversos

processos empresariais contribui para a visão da empresa como um

macroprocesso, permitindo ganhos significativos nos níveis operacional, tático

e estratégico, cujos exemplos mais conhecidos na atualidade são o ERP e o

SAP/R3.

Em estágios mais ou menos avançados, variando de organização para

organização, a automação dos processos empresariais num sistema de gestão

integrado representa um ganho muito importante em termos de velocidade, de

visão sistêmica e confiabilidade nas informações e nas transações realizadas.

Ganham com isso principalmente os clientes, uma vez que a empresa pode

monitorar o relacionamento com o seu público e viabilizar novos negócios,

decorrentes da agilidade com que responde às demandas e da percepção das

necessidades de investimentos.

Amplia, sobretudo, a capacidade da organização em gerenciar grandes

quantidades de dados e processar informações úteis no processo decisório e

no desenvolvimento de novos negócios. O desenvolvimento dos chamados

negócios digitais como decorrência dessa evolução no processo de

33

informatização das organizações pode ser viabilizado quando, a esse esforço,

se somou a rede mundial de computadores, a Internet.

2.3.2 - A virtualização organizacional

Venkatraman e Hendersen (1998) entende a virtualização dos processos

como a sua completa automação, podendo os agentes – clientes e

fornecedores – interagir totalmente independentes do contato humano direto.

"Tornar uma empresa virtual é parte da sua estratégia competitiva, num

processo de transformação de um modo de ser num outro. Do virtus, que

significa força, potencial, a virtualização não é uma “desrealização é uma

mutação de identidade”, a passagem do atual ao virtual é “uma elevação à

potência” da entidade considerada" (Levy, 1999).

Criar uma empresa com elevado nível de virtualização é, da mesma

forma, uma perspectiva de competir baseado nos novos modelos de negócio,

inovando e criando valor, considerando apenas que o caminho é inverso. A

partida se dá do virtual para o real, especialmente porque a maioria dos

empreendedores inicia suas empresas a partir do conceito de relacionamento

virtual para depois estruturar a organização que dará suporte ao negócio.

Segundo Venkatraman e Hendersen, a virtualização dos processos pode se

dar em três vetores e estágios, de acordo com o quadro a seguir.

34

QUADRO 1: Virtualidade organizacional três vetores e estágios

VETORES Estágios Interação com o

consumidor Cadeia de suprimentos

(suprimento virtual) Incentivo ao

Conhecimento Estágio 1

Experiência remota de produtos e serviços

Módulos de suprimentos

Especialidade na unidade de tarefa

Estágio 2 Customização dinâmica

Interdependência de processos

Propriedade organizacional

Estágio 3

Comunidade de consumidores

Coalização de recursos Especialidade de comunidades profissionais

Fonte: Venkatraman, N. & Hendersen (1998).

Característica 1 - foco

Tarefa

Organização

Interorganizacional

Característica 2 - Objetivos do desempenho

Aumento da eficiência operacional

Aumento do valor econômico adicionado

Inovação e crescimento sustentáveis

A virtualização das organizações é, em princípio, facilitada pela

tecnologia da informação, permitindo o trafego de dados relevantes para o

processo decisório e para a integração entre os diversos processos, unidades e

pessoas que compõem a organização e também a interface com outras

empresas.

O desafio da virtualização é ainda maior que o da informatização porque,

além das necessidades de uso de tecnologias de informação e de

comunicação, pressupõe relação de confiança dentro e fora da organização. O

35

estabelecimento de critérios de entendimento, padrões de desempenho e

parâmetros de relacionamento entre os processos empresariais, com os

clientes, com fornecedores e com os públicos de interesse da organização são

fundamentais para a virtualização.

O esforço de virtualização requer mais do que um simples aporte

tecnológico. Requer a melhoria dos processos empresariais, de forma que eles

estejam integrados e falando a mesma linguagem entre as partes que realizam

negócios. O compromisso com o êxito intra e interorganizacional requer

transparência para facilitar a comunicação.

Em qualquer dos estágios de virtualização o estabelecimento de

alianças duradouras pressupõe conhecimento, dentro e fora da organização, e

requer mais que uma arquitetura de sistemas: requer entendimento, abertura e

o estabelecimento de compromisso com os resultados de todos os envolvidos,

implicando uma relação de confiança entre as pessoas que integram as

empresas em rede.

2.3.3 – O e-business como uma evolução das tecnologias de

informação e de comunicação

Os negócios eletrônicos se tornaram possíveis graças aos avanços das

tecnologias de comunicação e informação. "O e-business ou negócio

eletrônico pode ser definido como uma estratégia de inserção da empresa na

Internet, visando automatizar suas atividades em diversas áreas, como as

36

comunicações internas, treinamento de pessoal, contato com fornecedores e

clientes" (Costa e Ribeiro, 1998).

Já o e-commerce, ou comércio eletrônico é parte integrante do

e-business. É a atividade mercantil que, em última análise, vai fazer a conexão

eletrônica entre a empresa e o cliente, seguindo a estratégia estabelecida pelo

e-business.

Empresas virtuais ou empresas virtualizadas são organizações

baseadas nos vetores e estágios de virtualização possibilitados pelas

tecnologias da informação e da comunicação e pelas estratégias adotadas.

2.3.4 - A organização em rede

A rede permite a interconexão entre pessoas, independente da unidade

de tempo e unidade de lugar. Independente de horário ou de lugar, existe a

possibilidade de estar presente (virtualmente) em qualquer lugar, podendo

estar sincronizadas, criando ou produzindo algo valioso para os seus negócios.

A sincronização é a capacidade de estar presente, de forma praticamente

imediata, em qualquer lugar, aumentando as possibilidades de realizar

negócios em qualquer ponto de venda da empresa, seja por telefone, pela

internet, sem contato físico com representantes da empresa fornecedora.

Os limites das empresas que estão organizadas em rede tornam-se

imprecisos, não sendo possível estabelecer com exatidão onde começam e

onde terminam os limites entre fabricantes e fornecedores. Como exemplo

temos as empresas com os processos produtivos e comerciais

descentralizados, independentes, porém coordenados virtualmente.

37

A integração empresarial em rede se dá através de todas as tecnologias

de informação e de comunicação: sites; correios eletrônicos (e-mail); e-groups;

sistemas de gerenciamento de processos, sistemas de gerenciamento

integrado; videoconferências; bancos de dados, etc.

Mesmo tratando-se inicialmente de evolução tecnológica, a constituição de

organizações em rede pressupõe administração profissional, usando recursos

tecnológicos, estratégias e ferramentas de gestão empresarial, a exemplo de

visão estratégica, gestão dos recursos, planejamento, desenvolvimento de

equipe com competências para organizações virtualizadas, conhecimentos

sobre os clientes, entre outras.

2.3.5 - Política de segurança e qualidade nos negócios eletrônicos

O estudo da virtualização organizacional aponta para uma estratégia

competitiva capaz de proporcionar avanços significativos na atualidade das

organizações e requer muito mais do que tecnologia da informação e técnicas

de gestão.

Os negócios integrados em rede se viabilizam pelo entendimento tácito

de cooperação e colaboração entre os seus membros, além dos acordos

explícitos realizados por ocasião dos contratos e dos documentos legais das

alianças empresariais.

Mesmo nas atividades econômicas tradicionais o cliente especifica as

características, a quantidade, a qualidade, os prazos dos serviços ou produtos

que deseja e, também, estabelece um acordo que lhe assegure a certeza de

que será atendido nas condições especificadas.

38

A garantia de que a especificação será plenamente atendida é requisito

de qualquer negociação. Nesse processo, o fornecedor se certifica de que as

condições estabelecidas e as especificações foram bem compreendidas e

avalia as possibilidades de atendimento.

De acordo com as normas ISO9001 é responsabilidade da

administração a política de qualidade. Em relação a isso a norma diz que "A

administração do fornecedor deve definir e documentar a política e os objetivos

para a qualidade e o compromisso com a mesma. O fornecedor deve

assegurar que essa política é compreendida, implementada e mantida em

todos os níveis da organização. Deve ser coerente com as metas

organizacionais e as necessidades e as expectativas dos clientes.

Se a política e o acordo estabelecido estiverem sendo cumpridos, gera

uma relação de confiança e cria perspectivas de continuação da realização de

negócios entre as partes. A tendência é de que haja lealdade nesse

relacionamento, tanto do fornecedor em relação ao cliente, quanto do cliente

em relação ao fornecedor.

O entendimento entre as empresas que integram uma rede tende a ser

estabelecido em acordos de parcerias ou alianças de negócios. De forma tácita

ou explicita as parcerias refletem o conjunto de interesses envolvidos nas

alianças. Esses acordos são normalmente honrados, ainda que a legislação

sobre redes de empresas ainda seja muito incipiente.

Para a qualidade de software existem normas ISO relativas à

funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência, manutenibilidade

(ISO/IEC 9126:1991) e para a política de segurança da informação (ISO/IEC

39

17799:2000) de grande utilidade para orientação das empresas virtuais no

estabelecimento de sua política de segurança.

A política de segurança das empresas virtuais geralmente é

disponibilizada no próprio site ou portal, explicitando os compromissos dessas

empresas em relação ao uso, sigilo e segurança dos dados ou serviços

prestados.

2.4 – O ambiente criando oportunidades de negócios

eletrônicos

A vida sem patrão é um desejo e uma necessidade de mais de 50%

(cinquenta por cento) da população brasileira. A mudança das relações de

trabalho, de carteira assinada a empreendedor de seu próprio negócio, é uma

forma de conquista da independência e da autosustentação. (Veja de

20/06/2001).

As condições para empreender no Brasil ainda não são as mais

favoráveis. A excessiva burocracia na legalização de empresas, a dificuldade

para obter financiamentos, juros elevados, a excessiva carga tributária e a falta

de preparo gerencial estão entre as principais causas da mortalidade das

pequenas empresas (Pesquisa Sebrae 1999, disponível no site

www.sebrae.com.br). Mesmo assim, de acordo com o Departamento Nacional

de Registro do Comércio, o número de empresas criadas no Brasil atinge mais

de quatrocentros e noventa mil ao ano, em média.

40

As circunstâncias que levam as pessoas a decidirem criar o seu próprio

negócio vão além da situação de desemprego. É o desejo de criar um projeto

de vida diferenciado, melhorando as condições pessoais e fazendo algo

realizador, com contribuições sociais e econômicas para a sua comunidade.

No Brasil, instituições como o SEBRAE têm trabalhado no sentido de

fortalecer as chances de sucesso dos negócios criados, através da capacitação

gerencial e tecnológica, da geração de informação e do apoio mercadológico e

institucional para reduzir as incertezas e riscos do empreendedor. Existem

organismos semelhantes na maioria dos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, para prestar serviços de assistência técnica aos

empreendedores (sites de serviços como: http://www.iberpymeonline.org;

http://www.smallbusinessadministration.org ).

Ainda que as dificuldades sejam grandes, o Brasil é um país rico em

oportunidades e liberdade para empreender. Há muito a ser feito para a

população, seja em serviços ou produtos inovadores ou tradicionais com

diferencial competitivo para atender as necessidades dos consumidores. A

criatividade é um fator fundamental para o aproveitamento das oportunidades

que o ambiente revela.

O esforço de inserir a população menos favorecida no mercado de

consumo, através de políticas de educação e renda, deverá, a longo prazo,

aumentar o número de consumidores no país, representando um mercado a

ser atendido e novas oportunidades de negócios. A percepção de segmentos

de mercados com carências de produtos e serviços adequados à sua realidade

pode revelar e conduzir à criação de novos negócios.

41

O ambiente político e econômico afeta fortemente o ânimo dos

empreendedores nas decisões criativas. Essa decisão é fortemente

prejudicada pela conjuntura. Situação recente, que inclui a crise energética, a

alta do dólar e dos juros e as dificuldades da Argentina, retraem a demanda de

bens de consumo duráveis e bens de investimentos. Diante do nervosismo do

mercado financeiro, os consumidores e os empreendedores ficam cautelosos,

resultando em influências no faturamento e na expansão das micro e pequenas

empresas.

2.4.1 – Ambiente de negócios na Internet

Com o título de Preparo Eletrônico, matéria da Exame Negócios destaca

a posição do Brasil no ranking de países prontos para negócios da Internet. O

Brasil está no 36º. lugar, sendo enquadrado entre os seguidores. As categorias

são as seguintes: líderes, competidores, seguidores e retardatários.

O ranking criado pela Economist Intelligence Unit (EIU), do grupo que

edita a revista The Economist, desenvolveu uma metodologia com base em

fatores que determinam o quanto o país está preparado para aproveitar as

oportunidades oferecidas pela Internet. A avaliação comparativa entre os

países inclui a conectividade, o ambiente de negócios, a adoção do comércio

eletrônico pelos consumidores, o ambiente legal, o suporte dos serviços

eletrônicos e a infra-estrutura social e cultural.

Em entrevista o especialista Marc Andreessen (2001) diz que, apesar de

muitas empresas business-to-consummer estarem indo à falência, o novo

42

tempo da Internet apresenta muitas oportunidades, que, apenas, devem ser

aproveitadas adequadamente.

Fazer boas contratações de pessoal, criar uma equipe, manter um forte

impulso estratégico e adaptar-se a mudanças bruscas de circunstâncias, é o

aprendizado de Marc Andressen durante o período de cinco anos em que

esteve à frente da Netscape.

“Às vezes eu acho que a chave da liderança é ter pessoas que

nos sigam, nem que seja por curiosidade, para ver o que

acontece”. Andreessen considera que o apoio dos funcionários

é tão importante quanto a cultura da empresa ter o conceito de

mudança desde o seu início.

Rosabeth Moss Kanter (2001) ao analisar essas empresas, afirma:

“Preparar os líderes para a Internet, em vez de optar por

retoques cosméticos, estes devem encerrar uma mudança

profunda e superar as barreiras culturais que encontram pela

frente”. Para Rosabeth o sucesso na Internet depende mais de

ter uma cultura correta do que uma estratégia, já que para ela,

as chaves não estão na rede, mas dentro da própria empresa,

em sua postura organizacional e em relação à mudanças. (20).

Para conhecer a realidade da Internet brasileira, o IBOPE, desde junho

de 1998, faz a pesquisa Internetpop, que se encontra em sua décima edição. A

busca contém as principais informações sobre o perfil da internet e dos

internautas brasileiros. A pesquisa é realizada em nove estados brasileiros. O

crescimento do número de internautas é muito significativo. Desde o início da

43

pesquisa são levantados dados sobre o objetivo do uso da Internet, sobre as

classes econômicas e se são usuários freqüentes ou eventuais. As estimativas

do IBOPE (2001) são de que 11,3 milhões de brasileiros acessaram a Internet

de casa.

2.4.2 - Os mercados globais e a competição

A meta é não apenas produzir maior qualidade a baixos custos, mas

também ter uma maior variedade. Pine (1994) nos estudos sobre a

personalização de maciça, propõe que os compradores não podem mais ser

agrupados em um imenso mercado homogêneo, mas são indivíduos cujos

desejos e necessidades particulares podem ser determinados e atendidos.

Reduzindo os ciclos de vida de um produto e fragmentando a demanda, podem

produzir grandes vantagens competitivas para os promotores dessas

mudanças, em comparação com aqueles que apenas reagem a elas.

Companhias líderes criaram processos para baixar os custos, obter volume de

produção de grandes variedades, e mesmo obter produtos e serviços para

consumidores individuais. Elas descobriram a nova fronteira na competição dos

negócios: customização maciça.

As empresas digitais criam condições para operação em larga escala

com a personalização dos serviços, isso dependendo de uma estratégia clara

para esse fim e de criação de instrumentos operacionais e logísticos que

permitam a personalização em massa.

Para Kelly (2000), a cultura econômica global é caracterizada pela

descentralização da propriedade e do patrimônio, por reservas de

44

conhecimento em lugar de reservas de capital, pela ênfase numa sociedade

aberta, e, o que é mais importante, por uma confiança generalizada nos valores

econômicos com base na tomada de decisões em todos os setores da vida.

Na economia de rede, a propriedade é pulverizada numa infinidade de

partes que trafegam por vias eletrônicas e dispersa entre trabalhadores,

capitalistas de risco, investidores, membros de alianças, membros externos, e

até mesmo entre os concorrentes. A flexibilidade das relações e a

descentralização são vantagens para os integrantes da rede.

Os princípios da rede rejeitam a rigidez, a estrutura fechada, os

esquemas universais, a autoridade central, e os valores fixos. Em seu lugar, as

redes oferecem pluralidade, diferenças, ambigüidade, incompletitude,

contingência e multiplicidade.

“Não há razão para aceitar o imperativo da tecnologia sem

questionamento, mas também não há dúvida de que a marcha

da tecnologia ruma claramente para a interligação de todas as

coisas em rede. Aqueles que obedecerem à lógica da rede, e

que entenderem que estamos entrando num território com

novas regras, estarão em marcante vantagem na nova

economia” (Kelly, 2000).

As empresas digitais têm na configuração de rede a sua força e todo o

seu modelo organizacional é baseado nos elos que constituem a rede de

negócios que criam, lincando todos os elementos estratégicos para a sua

eficácia.

45

2.4.3 - Participação das pequenas e médias empresas na economia

de rede

De acordo com o Livro Verde (Socinfo, 2000) as pequenas e médias

empresas enfrentam sérios problemas para o aproveitamento das

oportunidades oferecidas pelo comércio eletrônico na expansão dos seus

mercados e na redução dos custos operacionais. A falta de percepção dessas

oportunidades, a incerteza quanto a seus benefícios para o negócio, a falta de

produtos adequados e de sistemas integrados para utilização da Internet, a

complexidade, os custos e a carga burocrática imposta em suas operações são

obstáculos que requerem uma política pública para a inserção das micro e

pequenas empresas na sociedade da informação.

De acordo com as estatísticas publicadas no Livro Verde, a penetração

da Internet nas pequenas e médias empresas é bastante limitada, não só no

Brasil como nos países desenvolvidos. Na Austrália e no Japão, por exemplo, o

número de grandes firmas com acesso à Internet em 1.998 foi de 86% e 80%,

respectivamente. O número de microempresas (menos de seis empregados)

conectadas a essa rede cai para 25% na Austrália e 19% no Japão.

2.4.4 - A virtualização como uma estratégia competitiva

Para Michael Porter (1991), o desenvolvimento de uma estratégia

competitiva é, em essência, o desenvolvimento de uma fórmula ampla para o

modo como uma empresa irá competir, quais deveriam ser as suas metas e

46

quais as políticas necessárias para levar-se a cabo estas metas. No método

clássico, para a formulação de estratégias, a combinação de fins (metas) que a

empresa busca e dos meios (políticas) pelos quais ela está buscando chegar

lá, requer uma definição geral do modo como ela quer competir e seus

objetivos econômicos e não econômicos.

Ainda na estratégia competitiva de Porter as políticas operacionais

básicas com as quais a empresa busca atingir suas metas (mercados-alvos,

marketing, vendas, distribuição, fabricação, mão de obra, compras, pesquisa e

desenvolvimento, finanças e controle e linhas de produtos) devem ter uma

declaração sucinta das políticas operacionais básicas de cada área.

Dependendo da natureza do negócio, a administração pode ser mais ou menos

específica na articulação dessas políticas operacionais básicas, uma vez

especificadas. O conceito de estratégia pode ser empregado como guia do

comportamento global da empresa.

Essa capacidade de definir as suas metas e de formular as suas

estratégias requer um profundo conhecimento das organizações sobre o

ambiente em que estão inseridas e sobre si mesmas, com grande

aprendizagem e inovação. Para isso é fundamental fazer fluir a informação e o

conhecimento de maneira livre e assegurar que os diversos setores funcionem

em sintonia com a imagem global da organização.

Para Gary Hammel e C.K.Prahalad (1995):

“A competição pelo futuro é uma competição pela criação e

domínio das oportunidades emergentes – pela posse do novo

espaço competitivo. Criar o futuro é um desafio maior do que

47

acompanhá-lo; para o qual é preciso criar seu próprio mapa. A

meta não é simplesmente fazer o benchmarking dos produtos e

processos de um concorrente e imitar seus métodos, mas

desenvolver uma visão independente de quais são as

oportunidades de amanhã e como explorá-las. Abrir o caminho

é muito mais recompensador do que seguir os outros. Não se

pode chegar primeiro ao futuro deixando uma outra empresa

abrir o caminho”.

A virtualização das organizações apresenta-se como uma estratégia

competitiva para uma inserção diferenciada das empresas que a adotam no

ambiente competitivo. Na fase de criação das empresas digitais, o

estabelecimento de suas estratégias de negócios deverá funcionar como um

mapa do modelo a ser adotado pela empresa para se desenvolver com as

necessárias correções de rumo.

2.5 - O conhecimento como recurso estratégico na criação de

negócios digitais

Ainda não existem formas reconhecidas para contabilizar o

conhecimento nas organizações e nas sociedades. É possível, no entanto,

perceber o valor que é dado ao capital intelectual no mundo dos negócios e

também, verificar um diferencial na qualidade de vida das pessoas que vivem

em sociedades do conhecimento.

48

Sob a perspectiva real das mudanças ocorridas na sociedade a partir

das novas tecnologias e dos conhecimentos incorporados nos inúmeros

serviços e produtos disponibilizados, a qualidade de vida melhorou para os que

têm acesso a esses bens produzidos na atualidade. Se forem consideradas as

variáveis sócio-econômicas, o comportamento humano e a má distribuição de

renda na maioria dos países, a exclusão permanece, não chegando a grande

parte da população as melhorias decorrentes do desenvolvimento tecnológico.

Segundo Rich Karlgaard, editor da Forbes ASAP (apud Edvinsson, 1997) “A

inteligência humana e os recursos intelectuais constituem presentemente os

ativos mais valiosos de qualquer empresa”.

Steven M. H. Walmman, representante da Securities and Exchange

Comission, inclui em sua definição de capital intelectual não somente a

capacidade intelectual humana, mas também nomes de produtos e marcas

registradas e até mesmo ativos contabilizados a custo histórico, que se

transformaram, ao longo do tempo, em bens de grande valor (como por

exemplo, uma floresta adquirida há um século e que agora é uma propriedade

imobiliária valorizada) (Wallman apud Edvinsson, 1997). Outros pesquisadores

incluem em suas definições de capital intelectual, fatores como a liderança

tecnológica, o treinamento constante dos empregados e até mesmo a rapidez

de atendimento aos pedidos de assistência técnica feitos por clientes.

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento buscam criar

vantagens competitivas sustentáveis das organizações (46). Produtos e

serviços inovadores, marcas, patentes, novas competências, criatividade são

resultados dos investimentos em pesquisa, dos esforços de capacitação, das

49

mudanças organizacionais e da valorização do conhecimento nas

organizações. Esses esforços nem sempre resultam em enriquecimento

sustentável do processo de aprendizagem organizacional e garantia de

excelência no desempenho dos negócios, mas contribui, sobremaneira, para a

incorporação de intangíveis que promovem um grande diferencial na

competição entre as organizações.

Em uma época em que conhecimento é considerado o principal insumo

para as organizações e as tecnologias de comunicação e informação permitem

o uso sistemático nos processos empresariais, a inteligência competitiva das

organizações deve ser tratada como um processo contínuo e

permanentemente revisto para assegurar a incorporação de novos

conhecimentos. De acordo com Tofller (1995):

"...nenhuma companhia poderia abrir suas portas se não

houvesse linguagem, cultura, dados, informações e now-how,

há o fato mais profundo de que de todos os recursos

necessários para criar riquezas nenhum é mais versátil do que

o conhecimento".

2.5.1 - O Conhecimento

Para Nonaka & Takeushi (1998):

“O conhecimento é um processo humano dinâmico de justificar

a crença pessoal com relação à verdade”.

O conhecimento é classificado por Nonaka & Takeushi (1998) em

explícito e tácito. O explícito é codificado, transmissível em linguagem formal. O

50

conhecimento tácito compreende conhecimento técnico e habilidades. O ser

humano adquire conhecimento criando e organizando ativamente suas próprias

experiências. O conhecimento tácito muitas vezes é inconsciente, pois integra

o conjunto de valores e crenças, a visão de mundo de cada indivíduo. (32)

2.5.2 - O conhecimento nas organizações

Os conhecimentos incorporados aos processos, produtos e serviços têm

estabelecido um diferencial competitivo no mundo dos negócios.

A era do conhecimento, rica em informações, possibilidades

tecnológicas e recursos para melhorar a qualidade de vida das pessoas, tem

contribuído para o sucesso das organizações. Para tanto, o conhecimento,

dentro das organizações, deve ser gerido com estratégia e objetivos bem

definidos.

A economia, cuja base de formação de riqueza é o conhecimento,

pressupõe um processo de gestão que assegure o seu desenvolvimento

baseado na definição de princípios que permitam uma evolução constante das

organizações pela incorporação do conhecimento nos seus negócios.

Para Peter Drucker (1999):

“A inovação é a principal força motriz da empresa competitiva

moderna. Ela deve ser estabelecida no coração da empresa

desde o princípio, continuamente alimentada pelo investimento

e pelo apoio do alto escalão administrativo, devendo ser

sistematicamente transformada em valor para a empresa”.

51

Para Hansen, Nohria, e Tierneyn (1999) a gestão do conhecimento não

é algo novo e a sua prática, consciente, requer a escolha de uma estratégia,

definida à luz do conhecimento dentro dos negócios e de como ele é usado. Os

autores propõem que deve ser verificado se é possível codificar, armazenar e

depois acessar o conhecimento para uso nos negócios.

Os consultores de negócios empregam duas estratégias de

gerenciamento do conhecimento bastante diferentes. Em algumas companhias

a estratégia é centrada no computador. O conhecimento é cuidadosamente

codificado e armazenado em bancos de dados, onde é possível ser acessado e

usado facilmente por qualquer membro da organização. Os autores chamam

essa estratégia de estratégia de codificação. Em outras companhias, o

conhecimento é fechado nas pessoas que o desenvolvem e é repassado

diretamente, em contatos pessoais previamente planejados, com o objetivo de

disseminar o conhecimento que acrescenta valor à organização e ao que ela

faz para os seus clientes. Os dirigentes usam o computador nas suas

organizações para ajudar as pessoas a comunicar o conhecimento, não para

armazená-lo. Eles a chamam de estratégia de personalização.

2.5.3 - O Conhecimento na sociedade

A sociedade pós-industrial

O conhecimento tem diferenciado a performance econômica, social e

política dos países. No livro, Sociedade Pós-industrial, organizado por

Domenico de Masi (1999), o conhecimento é um importante elemento de

52

diferenciação entre os países no que se refere ao subdesenvolvimento

econômico e cultural.

Daniel Bell (apud De Masi, 1999) professor de Sociologia da

Universidade de Harvard, em suas teorizações sobre a evolução do sistema

social industrial, propõe três dimensões analíticas – social, econômica e política

– para observar a evolução da sociedade. O autor formula a teoria da

sociedade pós-industrial a partir da análise das tendências e do estudo das

mudanças verificáveis na estrutura social.

53

QUADRO 2: A sociedade pós-industrial

Segundo a proposta de Bell (apud Domenico De Masi), é possível definir o estado de desenvolvimento de cada país com

base na seguinte tipologia:

A SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL PRÉ-INDUSTRIAIS INDUSTRIAIS PÓS-INDUSTRIAIS

Países e Continentes

Ásia, África, América Latina Europa Ocidental, União Soviética, Japão

Estados Unidos

Setores Econômicos Principais

Primário e extrativo Produção de bens Terciário, quartenário e quinário

Ocupações Principais

Agricultures, mineiros, pescadores, trabalhadores não qualificados

Trabalhadores semiqualificados, engenheiros

Profissionais qualificados, técnicos e cientistas

Tecnologia Materiais brutos Fontes de energia Informação Estratégia Competição com a

natureza Competição com a natureza construída

Competição entre os indivíduos

Metodologia Senso comum e experiência

Empirismo e experimentação Caráter central da teoria (modelos, simulações, teoria da decisão, análise sistêmica)

Perspectiva Temporal

Orientado para o passado Adaptação e projeções

Previsões e orientações para o futuro

Princípio Axial Tradicionalismo Desenvolvimento econômico (controle público ou estatal das decisões de investimento)

Centralização do conhecimento teórico

Fonte: De Masi, Domenico. (1999).

54

2.5.4 - A sociedade do conhecimento

No Brasil a sociedade da informação http://www.socinfo.gov.br

estabelece, no chamado Livro Verde, as estratégias do país para a nova

economia. O capítulo dois, que trata do mercado, trabalho e oportunidades,

discorre sobre a difusão acelerada das novas tecnologias de informação e

comunicação e sobre as profundas transformações na economia mundial e no

padrão de competição.

“As mudanças em curso estão provocando uma onda de

destruição criadora em todo o sistema econômico. Além de

promover o aparecimento de novos negócios e mercados, a

aplicação das tecnologias de informação e comunicação vem

propiciando, também, a modernização e revitalização de

segmentos maduros e tradicionais; em contrapartida está

ameaçando a existência de setores que já não encontram

espaço na nova economia”. (Socinfo, 2000).

2.5.5 – Além do conhecimento, a marca constitui um capital

intelectual valioso para as empresas digitais

A criação e consolidação de uma marca representam um trabalho de

grande importância para o êxito dos negócios, pois a marca gera um fluxo a

mais nas empresas. Além dos investimentos no desenvolvimento e no esforço

publicitário para tornar uma marca conhecida, as características culturais,

55

estratégicas e operacionais de uma empresa se unem na constituição da

imagem dessa empresa.

O relacionamento com clientes, com os colaboradores e a integração

com fornecedores e parceiros de negócios contribuem para a valorização da

marca, com ganhos de sinergia para os negócios. Segundo Andreessen

(2001). “As marcas são reforçadas pela propaganda, mas são construídas a

partir das bases e do boca-a-boca”.

A marca para os negócios eletrônicos tem grande importância na

valorização dos negócios realizados; trata-se de um recurso intangível que

determina o valor econômico das empresas digitais.

"A política das marcas, das reputações, dos logotipos e das

imagens - de importância crescente na economia

contemporânea - visa à conquista da existência em primeiro

lugar e, depois, de espaços cada vez maiores e melhor

situados na atenção ou na consciência do público. Exceto por

algumas necessidades vitais elementares, que são oferecidas

numa base puramente local, a maior parte das empresas

depende de maneira crescente de sua posição na consciência

coletiva... No mercado único mundial, não mais "estrangeiros".

Em contrapartida, você dará preferência àquele que está mais

"próximo", mais visível, mais desejável na sua paisagem mental

pessoal, na rede de representações, de imagens, de emoções -

no grande hipertexto subjetivo - que é seu espírito. Um grande

56

hipertexto criado com todas as subjetividades, o ciberespaço

dá hoje um corpo virtual à consciência coletiva" ( Lévy,2001).

57

CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO

Considerações iniciais

O estudo de caso apresentado nesse capítulo foi elaborado com o

objetivo de conhecer o processo de criação de empresas digitais. Para tanto foi

elaborado com base em entrevistas realizadas com empreendedores que estão

criando suas empresas (anexo I).

As empresas foram escolhidas em função de suas características (B2B e

B2C) e dos seus estágios de desenvolvimento diferenciados – a

Superobra.com, já em início de operação; a Interjornal.com está com

lançamento previsto para setembro/2001, mas já realiza negócios e opera

serviços para os quais foi desenvolvida. A MagniStat se encontra em fase de

incubação, com o seu desenvolvimento ainda em curso.

O estudo de caso foi elaborado com base em negócios eletrônicos que

realizam transações entre empresas (Superobra.com e Interjornal.com) e com

consumidores finais (magniStat.com).

Com o objetivo de ilustrar o empreendedorismo no aproveitamento das

oportunidades surgidas com o advento das tecnologias de comunicação e

informação, em especial a Internet, a pesquisa qualitativa buscou identificar as

principais características do desenvolvimento de negócios digitais e dos

elementos estratégicos como o capital intelectual, a virtualização

58

organizacional e outros conhecimentos, que contribuíram na formulação

desses negócios.

O estudo de caso contempla os seguintes aspectos do processo de

criação de empresa: Início do processo de criação da empresa, o

empreendedor; o conceito de negócios; conhecendo as necessidades dos

clientes; os serviços; os clientes; os colaboradores; localização; marca;

planejamento empresarial, entre outros, de forma a permitir maior

compreensão dos conhecimentos necessários para a criação de empresas

virtuais.

3.1 - WWW.SUPEROBRA.COM - O Portal da Construção Civil

a) Início do processo de criação da empresa

A Comtact.com é um empreendimento da economia digital pensado e

implementado sob a liderança de um engenheiro, que identificou a

oportunidade enquanto trabalhava num projeto de comércio eletrônico no IEL –

Instituto Euvaldo Lodi da Confederação Nacional da Indústria. Seu principal

produto é o Superobra.com - o portal da construção civil.

b) Empreendedor

Esse é o caso de um empreendedor da economia digital entusiasmado

com o que faz e que se dedica fortemente à geração e uso do conhecimento na

realização de negócios.

59

A Comtact.com surgiu da iniciativa do jovem engenheiro, doravante

denominado empreendedor “A" que estava buscando melhorar a sua vida

pessoal e profissional, apesar de se sentir bem naquilo em que trabalhava e

estar consciente de que poderia continuar realizando trabalhos de largo

alcance econômico e social no IEL. Ele se sentia realizado, mas acreditava que

podia melhor explorar suas habilidades e tinha um desejo de criar um negócio.

Ele investigou várias possibilidades de investimentos e se preparou para

o trabalho por conta própria. Começou conhecendo estratégias e tecnologias

para gerar negócios no comércio eletrônico e no seu trabalho de origem teve a

oportunidade de conhecer e conviver com os mais renomados especialistas em

comércio eletrônico. Por meio dos eventos que realizava na CNI para difundir

as tecnologias digitais de negócios entre os empresários brasileiros, ele pôde

conhecer e discutir os mais variados assuntos sobre o tema.

Estudou muito e aprofundou seus conhecimentos sobre a economia

digital, suas possibilidades e as oportunidades de negócios com o uso das

tecnológicas disponíveis e iniciou a elaboração de um plano de negócios. Fez

cursos e participou de inúmeros seminários no Brasil e no exterior (INSEAD na

França, em Denver, em Harvard, e em outros locais).

À medida que convivia com esses especialistas de outros países e

enquanto proferia palestras em eventos nas entidades empresariais e nas

universidades, o empreendedor “A” foi aprofundando o seu conhecimento e

fortalecendo a idéia de criar um negócio digital.

60

Ainda acompanha e estuda a literatura de todas as universidades e

editoras americanas, e tudo o que acontece na Europa e em outros países do

mundo sobre o assunto e assina as principais revistas sobre o tema.

c) O conceito do negócio

A Empresa Comtact foi criada com o objetivo de desenvolver um

ambiente virtual, uma espécie de praça de negócios para a indústria da

construção civil, no segmento de edificações.

O principal produto da Comtact.com é o portal SUPEROBRA, um “business to

business” que atua no ramo de serviços digitais para a indústria da construção.

O SUPEROBRA oferece alternativas de negociação transparente,

velocidade, colaboração e comunicação na cadeia de suprimentos da

construção civil, integrando ponta a ponta elos da cadeia de fornecedores do

ramo.

d) Conhecendo as necessidades dos clientes

Criada com o propósito de otimizar a cadeia produtiva da indústria de

edificações, a meta de atuação do SUPEROBRA é no mercado nacional, tendo

iniciado pelas praças de Brasília, São Paulo e Recife.

Para viabilizar o Superobra, a empresa identificou e cadastrou os

principais fornecedores de diversos ramos ligados ao setor da construção civil

em todo o país e busca promover a aproximação dos compradores com os

fornecedores cadastrados. A empresa identificou fabricantes e distribuidores de

61

materiais de construção de todo o país e está negociando com os compradores

formas customizadas de atendimento às suas necessidades.

O SUPEROBRA mapeou as principais rotas de fornecimento da cadeia

produtiva da construção civil com o objetivo de atender às necessidades de

integração entre os elos dessa cadeia que são bem definidos no mercado

brasileiro. São exemplos dessa estratégia: o granito produzido no Espírito

Santo, a cerâmica no sul do Brasil, tendo em Santa Catarina a Cecrisa, a

Eliane e a Porto Belo, marcas e produtos reconhecidos nacional e

internacionalmente.

Nos mercados locais a empresa identificou e cadastrou os principais

fornecedores de produtos para os quais o transporte é fator decisivo para a

redução do custo. A brita e a areia são exemplos de produtos cujo o custo de

frete inviabiliza sua aquisição em praças distantes.

Para os clientes do SUPEROBRA, os fatores decisivos na aquisição dos

produtos são: o tempo, o preço e a qualidade, de acordo com pesquisa

realizada.

Em todos os produtos a qualidade é fator principal. O SUPEROBRA

busca sempre fornecedores de qualidade reconhecida e vai atrás dos

melhores, onde eles estiverem, para atender às necessidades dos seus

clientes.

e) Serviços

O SUPEROBRA.COM oferece um elenco de alternativas de

fornecedores e de produtos para os compradores escolherem, independente

62

das estratégias de cada usuário e das suas prioridades em termos de

qualidade e preço, proporcionando, dessa forma, maiores opções para os seus

clientes.

Para os fornecedores, o SUPEROBRA.COM representa a oportunidade

de entrar em contato com os principais compradores da industria de

edificações.

f) Acordo do nível de serviços

Além das bases estabelecidas no contrato de prestação de serviços

celebrado entre a Comtact.com e os seus clientes, que inclui o atendimento

com velocidade e o fornecimento de alternativas de fornecedores com preço e

qualidade, faz parte desse acordo a segurança do sigilo sobre as informações

de cada empresa.

A empresa assegura aos seus usuários o grau de privacidade das

informações sobre as transações realizadas através do SUPEROBRA.COM,

numa proposta de colaboração e capacitação.

O Nível de “back up” é rigoroso, assegurando a disponibilidade dos

dados para continuidade das operações, em caso de necessidade.

Um aspecto relevante na negociação é o acesso aos serviços, com a

garantia de que o Superobra vai estar disponível 24 horas, exceto em

manutenções programadas e previamente informadas. A manutenção será

realizada fora do horário comercial, entre as 21 e as 6 horas, a não ser que

seja extremamente necessário.

63

g) Clientes

Fornecedores de serviços, produtos e tecnologias de construção civil: os

clientes são os fornecedores de serviços, tecnologias e materiais de

construção.

Compradores de soluções, tecnologias, equipamentos, materiais e

serviços de construção: empresas construtoras, restauradoras e reformadoras

de edificações: prédios de apartamentos, edifícios comerciais, shoppings

centers, e outras empresas de edificações.

Empresários e profissionais do setor: engenheiros, arquitetos e

construtores: pessoas que buscam soluções para a construção civil.

Fluxo da contratação e início de prestação de serviços na cadeia de

fornecedores: a interface proporcionada pelo SUPEROBRA.COM se dá através

das seguintes fases:

A - captação do cliente - negociação com compradores

B - definição do nível de serviços - identificação das necessidades dos

clientes e especificação dos principais produtos e serviços

C - capacitação dos fornecedores - inclui no acordo a capacitação dos

fornecedores desejado pelos compradores.

D - capacitação de compradores – um curso para o comprador sobre os

requisitos a serem atendidos nas negociações realizadas através do

SUPEROBRA.COM.

64

h) Colaboradores

A Comtact.com tem 29 colaboradores, sendo que 27 atuam com

exclusividade no SUPEROBRA.COM.

A empresa definiu e identificou colaboradores com o seguinte perfil:

pessoas que estavam na faculdade e que podiam e desejavam investir num

negócio rico em oportunidades, conhecimentos e riscos. Os principais

colaboradores são estudantes que participaram de empresas juniores,

empresas de consultoria experimental, com perfil empreendedor.

Na implementação da idéia, contou com um item fundamental que foi o

entusiasmo da equipe e do sócio que iniciou o projeto. O comprometimento de

todos com o desenvolvimento da empresa é percebido e muito valorizado pela

empresa. O empreendedor “A” afirma que “a equipe aumenta o valor real da

empresa, e que "sem essa equipe nada disso existiria”.

A empresa contou com alguns profissionais que contribuíram, na fase de

desenvolvimento, com conhecimentos indispensáveis para o delineamento e

implantação de algumas etapas do processo. Esses profissionais puderam

colaborar, aprender e seguir o seu rumo, mantendo uma relação saudável com

a Comtact.com.

Foram importantes no desenvolvimento do Superobra.com, profissionais

com conhecimentos da tecnologia WAP - celular (o colaborador, com esse

conhecimento, agora está na IBM); estratégias de negócios e mercado (o

profissional que delineou o sistema de mercado atualmente está trabalhando

na Telefônica do Chile); "webdesigner" (o designer hoje tem seu próprio

65

negócio - uma agência de publicidade) e um profissional que atuou como

coordenador da equipe de mercado tem empresa de pesquisa de mercado e

continua cuidando dos seus negócios..

i) Localização

A Comtact.com começou funcionando em Brasília nas instalações da

ANFARI, empresa de um dos investidores da Comtact. Em Brasília tem como

cliente a principal empresa de construção de edificações, empresa âncora na

atração de fornecedores e clientes.

Em Recife opera toda a base tecnológica, os servidores web do

SUPEROBRA.COM.

Conta com uma base operacional em São Paulo e tem como cliente uma

das principais empresas de construção civil de São Paulo, o que funciona como

atrativo para novos fornecedores e compradores.

j) A marca

A marca SUPEROBRA foi desenvolvida para reforçar a identidade do

negócio, posicionando o portal como uma empresa virtual que busca

proporcionar um "aditivo", na melhoria dos processos das obras e dos

resultados, denominado "obras-super".

Na avaliação do empreendedor “A”, Superobra é uma marca que está

valendo mais do que todos os investimentos já realizados no negócio, algo em

torno de cinco milhões de reais. É o domínio da área de construção civil mais

66

visitado na internet brasileira. Nos países de língua latina também vem tendo

uma aceitação muito grande, com a mesma pronúncia usada no Brasil.

k) Comunicação com a comunidade virtual da construção civil

Com o objetivo de fortalecer a marca, além do ambiente de negócios, a

Comtact criou o SUPEROBRA - o e-mail da construção, que é um jornal virtual

que circula semanalmente com as principais notícias do setor: notícias,

inovação tecnológica, legislação, cursos, congressos, feiras e outros temas de

interesse da área.

Quando da entrevista, o jornal virtual já estava na 40ª edição e circulando

entre 4.000 líderes do setor, dentre eles: os Sindicatos, os CREA estaduais,

fornecedores e construtoras de todo o Brasil. Os membros dessa comunidade

enviam informações sobre eventos, idéias, novos produtos, novos processos,

conjuntura, legislação, e novidades em geral para serem divulgados no e-mail

da construção, que atualmente está funcionando como uma imprensa

especializada do setor. O leitor envia críticas, opiniões, reflexões e sugestões

para novos artigos.

l) Planejamento empresarial

Desde o nascimento da idéia, o SUPEROBRA contou com a busca e a

geração dos conhecimentos necessários para a concepção do

empreendimento digital e para o desenvolvimento do Plano de Negócios.

Foi criado com base nos fatores de maior influência na economia digital:

visão de futuro, conhecimento, colaboração, comunicação, tecnologia e os

67

recursos financeiros que foram sendo agregados por investidores ousados e

que desejavam inovar no seu modelo de negócios.

Expectativa de crescimento: 20 empresas ao mês ascendente - novos

clientes.

A meta é de 8.000 clientes-empresa ao final do quarto ano de

operações, o que representa 5% do universo de empresas do ramo. Esses

cinco por cento representam 20% do faturamento da indústria de construção de

edificações.

m) Investimentos

Com 25%, responsável pela criação do conceito empresarial, busca do

conhecimento e desenvolvimento da idéia, o empreendedor “A” foi o primeiro

investidor, que partiu com um grande patrimônio em conhecimento sobre o

comércio eletrônico e também sobre o setor da construção civil. Tinha também

muito entusiasmo e confiança no que pretendia desenvolver e algum recurso

para iniciar.

Um investidor - 25% - deu o suporte financeiro para a continuidade das

pesquisas e atração de novos investidores.

Após um ano e meio do início da empresa, entrou o sócio Antônio Fábio

Ribeiro, grande conhecedor do ramo da construção civil, que veio dar impulso

ao negócio. A entrada desses recursos e a credibilidade desse sócio ajudaram

na atração de quatro novos investidores, com 50% de participação, em partes

iguais para cada um.

68

Seis meses após a entrada do sócio Antonio Fábio Ribeiro, a

Comtact.com fez a fusão do SUPEROBRA.COM. com o site

GLOBALMERCATTO.COM, de propriedade da M2M, que tem uma diretoria

operacional em Recife.

Já foram investidos cinco milhões de reais no desenvolvimento do

SUPEROBRA.COM sendo que o principal patrimônio está no conhecimento,

que, junto com os colaboradores, se constitui em recurso estratégico e na

marca, atualmente estimada em valor correspondente aos investimentos

realizados. O custo operacional mensal chega a atingir cem mil reais, pois

ainda está em fase de cadastramento de fornecedores e de expansão de

clientes.

Equipamentos e sistema de apoio operacional

O investimento em equipamentos foi realizado gradativamente,

inicialmente em Brasília e depois em Recife com a fusão com a M2M.

Funcionam em Recife todo os sistemas operacionais. A decisão de

implementar a base operacional em Recife deveu-se fundamentalmente à

oportunidade proporcionada pela parceria estabelecida com empresário local e

pelas condições operacionais do sistema de telecomunicações, Embratel, que

opera com custos reduzidos em Recife.

Além dos custos de telecomunicações, que foram avaliados na decisão

de estabelecer parte do empreendimento em Pernambuco, contou muito o fato

de existirem pessoas bastante capacitadas para realizarem o trabalho.

69

n) Faturamento

Originado da remuneração dos contratos de prestação de serviços e da

assinatura de serviços.

Já foram cadastrados 130.000 fornecedores, com ênfase nas marcas

líderes, levantados em todos os estados.

Na fase inicial de operação o número de compradores e vendedores

ativos é de 80 e o número de usuários é de três por empresa, 240 em média. A

meta de 8.000 clientes ativos deverá ser atingida em quatro anos.

o) Parcerias de negócios

As bases estratégicas da atuação do SUPEROBRA fundamentam-se em

alianças empresariais, em que as prioridades definidas nas parcerias são o

alcance de objetivos comuns, através da identificação e implantação de formas

de cooperação sustentáveis.

Mesmo que seja feita uma aliança cujos resultados não sejam imediatos,

o acordo realizado é no sentido de que sejam previstos os ganhos de longo

prazo e as formas de recompensas das empresas envolvidas. A busca de

ganhos maiores em um prazo mais longo é prioritária em relação a pequenos

ganhos em curto prazo.

O SUPEROBRA.COM tem como estratégia atrair grandes empresas do

setor como parceiros, funcionando como âncora na atração de público,

fornecedores e investidores.

70

p) Posicionamento atual

O SUPEROBRA dispõe das competências-chave desde a fase de

concepção e implementação em Brasília. Os colaboradores têm perfil

empreendedor e conhecimento das tecnologias necessárias para a abordagem

do mercado e para a operacionalização das estratégias adotadas. O pessoal

operacional, baseado em Recife, é originado de bancos e já tinha os

conhecimentos tecnológicos que o negócio requer.

A plataforma tecnológica apresenta velocidade, segurança e permite a

credibilidade da informação, constituindo em um diferencial competitivo que

assegura estabilidade ao processo e segurança para a continuidade de

consolidação do empreendimento. Ter a própria plataforma reduz as incertezas

na caminhada rumo a meta de negócios estabelecida para os próximos três

anos de operação.

O conhecimento do mercado da construção é o fator que tem

influenciado mais fortemente na confiabilidade do empreendimento entre os

seus investidores e os seus clientes. O conhecimento da cultura do setor da

construção civil, das tecnologias, dos materiais, dos serviços e dos padrões do

setor da construção infunde confiança no negócio.

A Comtact.com está iniciando o processo de implantação das normas

ISO9000 para dar maior credibilidade ao trabalho que vem sendo realizado.

O ânimo dos investidores, dos clientes e dos colaboradores está em alta e é

correspondente à valorização dos negócios do SUPEROBRA.COM.

71

3.2 – WWW.INTERJORNAL.COM - O PORTAL DE NOTÍCIAS

a) Início do processo de criação da empresa

O Interjornal surgiu da necessidade do empreendedor “B” de criar uma nova

oportunidade de trabalho, quando ele deixou o SEBRAE Nacional, em Brasília,

e voltou para Recife com a sua família. A empresa foi iniciada em setembro de

2000 e oficialmente, criada em dezembro de 2000.

b) Empreendedor

O jornalista que doravante será chamado empreendedor “B”, criou o portal

INTERJORNAL.COM para prestar serviços jornalísticos e pesquisar,

selecionar, produzir e fornecer conteúdos personalizados, por meio eletrônico,

aos seus clientes.

Nove meses atrás deixou a coordenação da comunicação social do Sistema

SEBRAE e se dedicou à criação do portal de notícias mais freqüentado da

atualidade fora do eixo Rio – São Paulo. O Interjornal.com já conta com um

grupo de clientes bastante satisfeitos com os serviços da empresa.

Quando o empreendedor “B” saiu do SEBRAE, a sua relação com a instituição

era bastante profissional, ele coordenava toda a estratégia de comunicação da

instituição, chamada Conexão SEBRAE.

Propunha e implementava uma abordagem, gerando informação para os

empreendedores das micro e pequenas empresas de forma bastante arrojada.

Seu trabalho fluía através de inúmeros meios de comunicação: televisões,

rádios, jornais, revistas e outros meios editoriais eletrônicos e impressos. A

72

dimensão do trabalho, em termos de resultados para os clientes e em termos

profissionais e institucionais, era bastante atraente para qualquer profissional

da área. O SEBRAE conta, ainda hoje, com uma equipe bastante preparada na

área de comunicação.

Por estar inserido em um projeto vencedor e com uma vasta rede de

relacionamentos comerciais, profissionais e institucionais, o empreendedor “B”

acreditou que ia encontrar mais facilidades para conseguir projetos e

consultorias na área em que atua. Isso não aconteceu.

Ele precisou reagir imediatamente à situação e criar um espaço de trabalho

que lhe assegurasse sustento, em curto espaço de tempo, e que criasse

perspectivas para uma atividade que lhe permitisse prosseguir na sua carreira

de comunicador.

O empreendedor “B” relata que o início não foi fácil. Ele, que antes tinha uma

posição privilegiada no SEBRAE e um trabalho grandioso para realizar, se viu

em uma situação complicada. Mas ele foi à luta.

c) O conceito do negócio

O Interjornal.com é um portal focado na gestão do conhecimento do interesse

do cliente.

Criado com o conceito de ‘banco de notícias’ de fácil acesso e localização, o

Interjornal promove a captação e a circulação dirigida de notícias dos mais

diversos ramos de negócios.

Numa espécie de “cliping” eletrônico o Interjornal.com faz a varredura das

notícias nos principais jornais do país.

73

As notícias são disponibilizadas por ramo de atividade ou por tema de interesse

do cliente.

Os clientes podem acessar os serviços através de senha ou por mensagem

enviada, diariamente, por e-mail. Podem também receber as informações no

seu próprio site ou rede, já que o InterJornal desenvolveu um software que

permite gerenciar informações à distância, via internet, encaminhando

informações para diversos destinos, automaticamente.

d) Conhecendo as necessidades do cliente

Os interesses dos clientes foram identificados através de pesquisa realizada no

início do desenvolvimento do negócio. Essa pesquisa revelou oportunidades

ainda maiores do que as inicialmente identificadas pelo empreendedor “B”. A

interação com os clientes indicou que as idéias e produtos definidos

inicialmente tinham que passar por adaptações radicais. Portanto, os produtos

atuais são muito diferentes e mais complexos do que os propostos nos

primeiros contatos com o mercado.

As notícias e informações são distribuídas setorialmente e organizadas para

serem arquivadas pelos clientes de forma a serem transformadas em

conhecimento para uso no dia-a-dia e que gere valor para as empresas que

utilizem esses serviços.

74

e) Serviços

O “banco de soluções” é uma tecnologia criada pela empresa para fazer a

varredura de todos os jornais, em busca de notícias que apontam soluções

para problemas empresariais e sociais.

Para os que acessam o Interjornal.com sem ser um cliente dos serviços

prestados pela empresa, esses navegadores contam com uma síntese das

informações em forma de blocos temáticos.

A síntese das notícias é enviada a todos os clientes, para que eles acessem de

acordo com os seus interesses, evitando dessa forma ficarem com informações

que não serão utilizadas, porquanto isso vem se constituindo em problema

para a maioria das empresas. O excesso de informações, disponibilizado sem

um objetivo e uma estruturação adequada às necessidades do cliente, pode

ser muito prejudicial no processo decisório.

O “cliping” de cada cliente é formatado de acordo com as suas prioridades e o

relatório é focado nos temas que serão utilizados no seu negócio.

f) Clientes

Empresas com necessidades de notícias e informações sobre o seu ramo de

negócio e com necessidades de dinamizar e alimentar permanentemente seus

sites e/ou intranets (redes internas de informação).

Profissionais liberais que buscam informações da sua área de atuação

Instituições públicas e privadas que necessitam das informações relativas à

atuação e imagem junto a seus públicos.

75

g) Colaboradores

Ainda em fase experimental, o Interjornal.com conta com 26 colaboradores,

sendo oito estagiários, e com vários parceiros de negócios.

O Interjornal.com conta com um time entusiasmado e bastante comprometido

com o êxito da empresa.

h) Localização

A sede da empresa é em Recife e já tem escritório em Maceió, Palmas e São

Paulo. (Em agosto foram contratados profissionais na Bahia, Rio de Janeiro e

um correspondente internacional nos Estados Unidos).

i) Marca

O modelo de negócios foi concebido para agregar pessoas e negócios a uma

marca bem sucedida. À medida que novos acordos comerciais vão sendo

estabelecidos, a empresa vai agregando valor pela oferta de novos serviços e

pela capilaridade.

j) Planejamento empresarial

No começo do negócio foi elaborado um plano que, segundo o empreendedor

“B”, já foi alterado em mais de cinqüenta por cento e o portal e a empresa ainda

se encontram em fase experimental.

O plano de negócios é altamente flexível, com “mil portas de saídas” para

adequação à realidade. Os “mil pára-quedas” de emergência que o

76

empreendedor “B” colocou no plano foram muito úteis para que as

oportunidades surgidas no dia-a-dia do empreendimento fossem aproveitadas

e para permitir a superação das dificuldades encontradas nesse caminho.

A empresa está num ramo de muita instabilidade (internet e serviços digitais), o

que exige flexibilidade para se adequar a cada momento do mercado. No

planejamento foram considerados os seguintes referenciais, visando reduzir

riscos e garantir bons resultados:

flexibilidade: capacidade de ajustes e adaptações (correções de rumos e

reciclagem e aprimoramento permanente dos produtos, adequando-se

às demandas imediatas);

escalabilidade: possibilidade de ofertar os produtos em larga escala,

diluindo o custo fixo e os investimentos que são altos diante do reduzido

capital disponível.

inovação e exclusividade: desenvolvimento de produtos diferenciados,

pioneiros, criativos, com foco em demandas do mercado ainda não

atendidas, possibilitando a oferta exclusiva.

transformar concorrentes em parceiros: modelar a oferta dos serviços e

produtos, agregando pequenas empresas que prestam serviços

similares (como os clippings convencionais), que seriam impactadas

pela tecnologia do InterJornal. Criar uma grande rede de parceiros,

usuários do Sistema InterJornal (através do software de gestão de

conteúdo estruturado na internet) e fortalecer a audiência e a produção

de conteúdo do Portal InterJornal.

77

diferenciais pessoais: desenvolver produtos e serviços baseados nas

características do empreendedor. Associar produtos a um perfil

profissional muito peculiar do empreendedor foi o primeiro passo para

criar referências de exclusividade, dificultando a concorrência.

k) Investimentos

Os recursos financeiros para a implantação do negócio vieram da venda do

apartamento do empreendedor “B” e da indenização obtida com a saída da

CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco, onde trabalhou um bom

tempo e de onde estava licenciado, e um pouco, do período em que

permaneceu no SEBRAE.

Após o uso desses recursos ele pegou um empréstimo no banco, por conta do

Programa Brasil Empreendedor.

l) Faturamento

O faturamento da empresa vem da oferta de conteúdo ‘customizado’ para

grandes clientes, produção jornalística exclusiva e do sistema de assinaturas.

Estes serviços têm preços que podem variar de R$ 50,00 (cinquenta reais) a

R$ 20.000,00 (vinte mil reais), dependendo do volume de notícias requerido

pelo cliente e dos acessos através de senha.

O contrato é decidido através da especificação das seções e das notícias, do

volume de produção de conteúdo e pelo número de senhas disponibilizadas,

em função do número de funcionários que acessam as notícias, e isso depende

do porte dos clientes.

78

Os clientes de grande porte têm um sistema de crédito correspondente ao

número de senhas solicitadas. O crédito, que vai sendo usado através dos

acessos e baixa de arquivos, é renovado mensalmente.

Os clientes de menor porte e que têm menores necessidades em relação aos

demais, como profissionais liberais e pequenas empresas, pagam assinaturas

mensais de valores compatíveis com as suas necessidades de notícias.

m) Parcerias de negócios

Os jornalistas têm senha de livre acesso, porque são formadores de opinião e

promovem a visitação do Interjornal.com. Há também um acordo com a FENAJ

– Federação Nacional dos Jornalistas para a geração de notícias de interesse

dos profissionais da área.

Com os concorrentes de pequeno porte o Interjornal estabelece acordos para

que o portal seja acessado pelos clientes deles, pagando por isso uma

comissão sobre as vendas quando trazem clientes para o Interjornal.

n) Posicionamento atual

O empresário afirma que ainda está numa fase crítica, mas que a empresa já

está com um faturamento razoável para o estágio em que se encontra. As

perspectivas de negócios são muitas, existem muitos contratos em negociação

e o nome Interjornal está crescendo, antes mesmo do lançamento previsto para

setembro/2001.

Um dos maiores problemas atuais está na dificuldade de profissionalizar a

gestão e ampliar a capacidade de atendimento para a crescente demanda,

79

sem perder qualidade. A falta de capital para investimentos rápidos nessa

profissionalização é outro fator negativo, o que exige malabarismos financeiros

na aplicação das receitas.

O empreendedor “B” confessou que tem dia em que ele acorda desanimado,

preocupado com as pessoas envolvidas no negócio, nos pagamentos que tem

para fazer, nos riscos que está correndo, mas tem dias em que “eu acordo

achando que fiz o melhor negócio, acreditando que vou empregar muita gente

e que vou ficar rico” e assim o Interjornal vai caminhando para o sucesso.

80

3.3 - WWW.MAGNISTAT.COM - O Portal de Serviços Turísticos

a) Início do processo de criação da empresa

O portal magniStat.com foi criado como resultado da vivência do sócio

no ramo turístico, antes mesmo de criar uma empresa para operar um novo

sistema de atendimento ao cliente.

A empresa encontra-se em estágio menos avançado em termos de

operações de negócios digitais.

b) Empreendedor

O Empreendedor C era sócio da Ágape Turismo e como membro

internacional da American Society of Travel Agents participou de inúmeros

congressos do setor. Nas convenções de que participou em Lisboa em 1994 e

depois nos Estados Unidos, ficou claro que o modelo de negócios ia ser

modificado pelas tecnologias de comunicação e informação.

Ele ficou pensando em até que ponto isso transformaria todo o conjunto

de serviços prestados pelo comércio turístico, que também participava desses

congressos e de outras convenções como a da ABAV – Associação Brasileira

de Agentes de Viagens que é realizada anualmente para atualizar o segmento.

O empreendedor “C” é formado em Administração de Sistemas, com MBA em

Gerência de Tecnologia da Informação e isso também influenciou na

percepção que teve dos negócios, no setor em que atua.

81

O empreendedor “C” criou primeiro o site para depois criar a empresa

MagniStat do Brasil S/C Ltda como forma de estruturar o projeto do portal de

serviços turísticos. Em grande parte o MagniStat.com foi desenvolvido pelo

próprio empreendedor “C”, cujos conhecimentos técnicos e tecnológicos

permitiu a busca da concretização da visão que teve sobre os seus negócios.

c) O conceito do negócio

Um sistema de gestão de viagens para substituir o modelo tradicional de

agência de turismo, aproximando os fornecedores dos clientes, sem

intermediários.

d) Conhecendo as necessidades do cliente

Foi realizado um estudo bem consistente para criar um portal que

disponibilizasse serviços aos clientes. O conhecimento anterior do ramo de

negócios turísticos foi bastante utilizado na criação do negócio.

e) Serviços

Da prestação de serviços turísticos aos clientes pessoa física

empreendedor “C” identificou a oportunidade de estar prestando serviços para

melhorar a produtividade de outras empresas que atuam no ramo.

f) Clientes

Consumidores finais dos serviços turísticos.

82

Empresas do “trade” turístico (operadoras, hotéis, empresas aéreas,

entre outras).

g) Colaboradores

A MagniStat conta com três colaboradores permanentes e colaboradores

autônomos, a quem consulta e contrata quando tem necessidade.

h) Localização

A magniStat é localizada em Brasília e tem parceiros de negócios em

São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com as necessidades, aluga espaços numa estrutura de

escritórios virtuais para reuniões e negociações, racionalizando assim o custo

de infraestrutura física.

i) Marca

A marca MagniStat.com foi uma marca criada para atingir clientes no

mercado nacional e em outros países.

j) Planejamento empresarial

Tem várias versões do plano de negócios, que foi sendo modificado de

acordo com o ambiente e com as condições para prosseguir com o projeto.

“Mesmo que na área tecnológica seis meses signifiquem longo

prazo, é importante que você tenha um plano com uma visão

do futuro” afirma o empreendedor “C”.

83

k) Investimentos

Iniciou com recursos próprios, baseado no próprio conhecimento e

atualmente tem um sócio que investiu recursos financeiros no negócio e que

tem 35% das quotas de capital.

l) Faturamento

Atualmente a empresa tem obtido receitas de clientes que estão

buscando soluções tecnológicas e de negócios para as suas empresas,

aproveitando os conhecimentos de que dispõe na prestação de serviços de

consultoria, numa iniciativa de gerar recursos para a continuidade do portal

MagniStat.

m) Parceria de negócios.

O empreendedor fez alguns contatos que ainda não resultaram em

negócios.

n) Posicionamento atual

O empreendedor “C” diz que deixou um pouco o projeto original para

aproveitar as oportunidades que estão surgindo no momento, até mesmo como

forma de obter recursos para continuar implementando o portal MagniStat.com.

84

Considerações finais

As empresas estudadas têm no conhecimento o seu insumo principal e

fazem do uso da tecnologia um recurso estratégico no desenvolvimento do

conceito do negócio e dos produtos e serviços disponibilizados para os

clientes.

Foi possível observar uma grande preocupação com a inovação e com o

conhecimento, com as necessidades e comportamentos dos clientes. Verifica-

se no entanto, que nenhuma das empresas do Estudo de caso utiliza

ferramentas de gestão do conhecimento para uso próprio.

A gestão do conhecimento pressupõe a definição de uma estratégia

especificamente traçada para tal fim e um processo que contemple a criação, a

coleta, a armazenagem, o processamento e a acessibilidade à informação. O

ciclo da inteligência competitiva (Henri Dou, 2000) e o sistema de informação

inclui a coleta: fontes formais e informais; a gestão: bases de dados e intranets;

a análise: automática ou manual e a compreensão por especialistas, traduzindo

em produtos estratégicos de informação.

Com base no Estudo de caso e da constatação da necessidade de que

as empresas digitais, no estágio inicial de criação e implantação, possam

utilizar os recursos da gestão do conhecimento, propomos uma ferramenta

para apoiar as empresas digitais na criação de uma visão que contemple a

gestão do conhecimento e que forneça insumos para os empreendedores

formularem suas estratégias e processos de gestão do conhecimento.

85

CAPÍTULO 4 - O PORTAL DO EMPREENDEDOR – PROPOSTA DE

FERRAMENTA DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO NA CRIAÇÃO DE UM

NEGÓCIO ELETRÔNICO

Considerações Iniciais

Como é possível observar na revisão bibliográfica e no Estudo de caso,

são muito variados os aspectos que envolvem a criação de uma empresa

digital. Essas variáveis são bastante heterogêneas, mas se comunicam entre si

no processo de construção da visão, transformada em negócios pelo

empreendedor. O conjunto de informações disponibilizadas e necessárias e as

características atribuídas pelo empreendedor às inúmeras variáveis envolvidas

no processo decisório requerem dinamicidade e o fechamento dos temas

vinculados ao negócio.

O hipertexto é uma ferramenta que atende às necessidades do

empreendedor no que diz respeito às possibilidades de informações e

conexões temáticas que podem auxiliar na incorporação de conhecimento ao

negócio em desenvolvimento. O hipertexto também possibilita ao

empreendedor a livre escolha dos temas de seu interesse e a criação de

caminhos personalizados, de acordo com as suas necessidades e interesses.

Levy (1993) propõe que, tanto os conhecimentos como as representações

estariam estruturadas como “redes hipertextuais de significados”. O hipertexto

86

é talvez uma metáfora válida para todas as esferas da realidade em que

significações estejam em jogo.

Um hipertexto, segundo Lévy (1993), deveria atender a seis princípios, a

saber: princípio da metamorfose; princípio da heterogeneidade; de

multiplicidade e de encaixe das escalas (fractalidade); princípio de

exterioridade; princípio de mobilidade dos centros (da automação); e princípio

da topologia.

4.1 - O EMPREENDEDORISMO E OS PRINCÍPIOS DO HIPERTEXTO

4.1.1 - Princípio da Metamorfose

"A rede hipertextual está em constante construção e

renegociação. Ela pode permanecer estável durante um certo

tempo, mas esta estabilidade é em si mesma fruto de um

trabalho. Sua extensão, sua composição e seu desenho estão

permanentemente em jogo para os atores envolvidos, sejam

eles humanos, palavras, imagens, traços de imagens ou de

contexto, objetos técnicos, componentes destes objetos, etc."

(Lévy, 1993)

Estabelecendo relações com o empreendedor, este assume incertezas,

arrisca, mas consegue alcançar os seus objetivos diante das inúmeras

situações com as quais se depara, que se transformam em novas situações.

Mesmo quando ocorre fracasso o objetivo da aprendizagem é alcançado.

87

As situações vivenciadas pelo empreendedor vão se modificando e ele

vai buscando equilíbrio nessas situações. Nas transições entre as situações

vão sendo construídas representações, que se desenrolam até surgir um novo

nó, com novas situações e novas relações.

Dinamicamente, o empreendedor vai saindo de uma situação a outra,

consciente de que, a cada instante, surgirão novas situações e decisões a

serem tomadas.

4.1.2 - Princípio da Heterogeneidade

"Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são

heterogêneos. Na memória serão encontradas imagens, sons,

palavras, diversas sensações, modelos, etc., e as conexões

serão lógicas, afetivas, etc. Na comunicação, as mensagens

serão multimídias, multimodais, analógicas, digitais, etc. O

processo sociotécnico colocará em jogo pessoas, grupos,

artefatos, forças naturais de todos os tamanhos, com todos os

tipos de associações que pudermos imaginar entre esses

elementos." (Lévy, 1993)

As relações com os clientes, os fornecedores, as equipes de trabalho; a

empresa, a marca, as tecnologias, os equipamentos, os parceiros, a legislação,

a venda, o faturamento, o custo, o recebimento, o banco, os investidores, os

sócios, entre outros, são exemplos de temas que integram as conexões e

estabelecem nós na comunicação em um processo de criação e de operação

de uma empresa digital.

88

Todas as conexões têm o objetivo de satisfazer os clientes e tornar o

negócio bem sucedido. A lógica das ligações entre variáveis tão heterogêneas

vai além de um projeto empresarial. A emoção e a vontade de realizar o seu

sonho, faz com que o empreendedor faça a interligação de tudo que pode

colaborar para a comunicação entre os elementos na construção de sua

empresa, da sua visão e do seu sonho.

4.1.3 - Princípio de Multiplicidade e de Encaixe das Escalas

"O hipertexto se organiza de um modo "fractal", ou seja,

qualquer nó ou conexão, quando analisado, pode revelar-se

como sendo composto por toda uma rede e, assim por diante,

indefinidamente, ao longo da escala dos graus de precisão. Em

algumas circunstâncias críticas, há efeitos que podem

propagar-se de uma escala a outra: a interpretação de uma

vírgula em um texto (elemento de uma microrrede de

documentos), caso se trate de um tratado internacional, pode

repercutir na vida de milhões de pessoas (na escala da

macrorrede social)." (Lévy, 1993)

No processo de criação de uma empresa muitas variáveis são

observadas e analisadas para apoiar o processo decisório. A decisão, no

entanto, é tomada de forma organizada cognitivamente em quadros (situações)

aparentemente isolados. Cada decisão tem inúmeros vínculos com as variáveis

explicitas ou não, de acordo com as motivações do empreendedor e com a

89

percepção do empreendimento como um todo e todas as situações que o

envolvem.

4.1.4 - Principio de Exterioralidade

"A rede não possui unidade orgânica, nem motor interno. Seu

crescimento e sua diminuição, sua composição e sua

recomposição permanente depende de um exterior

indeterminado: adição de novos elementos, conexões com

outras redes, excitação de elementos terminais (captadores),

etc. Por exemplo, para a rede semântica de uma pessoa

escutando um discurso, a dinâmica dos estados de ativação

resulta de uma fonte externa de palavras e imagens. Na

constituição da rede sociotécnica intervêm o tempo todo

elementos novos quer não lhe pertenciam no instante anterior:

elétrons, micróbios, raios X, macromoléculas, etc." (Lévy,1993).

Na rede semântica do empreendedor os elementos externos interferem

nos elementos internos, criando uma dinâmica de integração e de constante

influência nos negócios.

4.1.5 - Princípio de Mobilidade dos Centros

"A rede não tem centro, ou melhor, possui permanentemente

diversos centros que são como pontas luminosas

perpetuamente móveis, saltando de um nó a outro, trazendo ao

redor de si uma ramificação infinita de pequenas raízes, de

90

rizomas, finas linhas brancas esboçando por um instante um

mapa qualquer com detalhes delicados, e depois correndo para

desenhar mais à frente outras paisagens do sentido”. (Lévy,

1993).

O empreendedorismo tem diversos centros, entre outros, o

empreendedor, os investidores, os clientes, os colaboradores, o governo e a

comunidade. Dependendo do elo sob o qual for observado, ele se torna o

centro até entrar em cena outro elo, que também se torna o centro quando em

foco.

4.1.6 - Princípio da Topologia

"Nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por

vizinhança. Neles, o curso dos acontecimentos é uma questão

de topologia, de caminhos. Não há espaço universal

homogêneo onde haja forças de ligação e separação, onde as

mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca

deve utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra,

ou então será obrigado a modificá-la. A rede não está no

espaço, ela é o espaço." ( Lévy, 1993)

Estabelecendo uma correlação com a rede hipertextual de Lévy, o

processo decisório na criação de um negócio se ajusta ao princípio da

topologia, pois os acontecimentos retratam as questões de um tempo, suas

oportunidades, os costumes, as inquietações das pessoas, as tecnologias

disponíveis e em desenvolvimento, o sistema de acesso a recursos financeiros

91

e o clima existente nas universidades, no governo e na sociedade. Os

caminhos eleitos pelo empreendedor estão relacionados com as

oportunidades, com as expectativas, as características pessoais, a dinâmica do

segmento de mercado, das dificuldades e ameaças do ambiente de negócios

envolvidas na constituição da empresa. O plano de negócios auxilia na tomada

de decisões, mas algumas vezes a proximidade de situações inesperadas e o

curso dos acontecimentos pode vir a ser mais determinante do que o

planejamento.

4.1.7 - Estruturação do Portal do Empreendedor

A proposta de estruturação do Portal do Empreendedor foi elaborada em

atendimento às necessidades de informação e conhecimento do

empreendedor, que inicia uma empresa focada nos negócios eletrônicos,

dentro dos princípios formulados por Lévy e dos conhecimentos obtidos na

realização da dissertação.

O planejamento da ferramenta tomou por base o HTML para viabilizar a

disposição dos temas e permitir os links entre eles, de forma que o

empreendedor possa escolher os temas e os links que mais interessam.

HTML origina-se de "HiperText Markup Language" ou seja, linguagem de

anotação de hipertexto. Muito utilizado em programas de correio eletrônico,

grupos de discussão e documentos de intranets. O HTML permite a

incorporação de sons, filmes, imagens, cores no documento que será

apresentado. Sua principal característica é a possibilidade de se definirem links

92

entre documentos ou partes de um documento, de forma que informações

relacionadas possam ser acessadas diretamente.

No Portal do Empreendedor serão feitos links a partir de palavras-

chaves contidas no texto e de links institucionais previstos para atender as

necessidades de aprofundamento dos assuntos.

As páginas de conteúdo informacional (estáticas) conterão sínteses

sobre os temas abordados, enfocando os aspectos mais relevantes sobre o

assunto.

A previsão de páginas dinâmicas, onde o empreendedor poderá

escrever suas idéias e planos, deverá estar integrada, de forma a gerar um

documento final, que sirva como base para o plano de negócios da sua

empresa.

As páginas de conteúdos poderão ser acessadas a partir da página

principal e desenvolvidas por blocos temáticos (anexo 2).

Haverá um banco de casos em página interativa para os

empreendedores relatarem suas histórias de criação de negócios. Para

estimular a navegação, serão inseridas histórias de empreendedores

conhecidos como o Comandante Rolim, Sílvio Santos, Walt Disney, Akio

Morita, e outros.

A arquitetura do ensino baseado em casos (Schank, 1995) explora a

competência básica de pessoas aprenderem a partir de histórias que tenham

relação direta com o que estão fazendo. Os insucessos de empreendedores

que começaram com todas as chances de darem certo, mas faliram, também

são fontes importantes de conhecimento para quem vai iniciar sua empresa. É

93

importante começar com casos interessantes para o empreendedor, casos que

tenham conexão direta com as suas diferentes formas de ação.

Os blocos temáticos são os seguintes:

a) pesquisa dos temas de interesse do usuário do site (temas a serem

desenvolvidos na atualização do site, que ocorrerá diariamente).

b) a Internet no Brasil – dados estatísticos e outras informações.

c) o mercado – Os clientes, definição dos clientes dos negócios da

empresa, como conhecer as suas necessidades, etc.

d) oportunidades de negócios – análise das oportunidades.

e) o registro – procedimentos para registro de uma empresa e

procedimentos para o registro de domínio. Links www.e-gov.br;

www.dnrc.gov.br; www.receitafederal.gov.br; www.registro.br;

www.inpi.gov.br.

f) capitalização de empresas – como elaborar um plano de negócios

para atrair investidores e como apresentá-lo para possíveis sócios.

Mercado de ações, entre outros assuntos relativos ao tema. Link com

a Bolsa de Valores.

g) sobre Financiamento – linhas de financiamento, condições e

exigências das instituições financeiras. Link com bancos e

financeiras.

h) gestão do conhecimento – a incorporação do conhecimento como

insumo estratégico. Conhecimento tácito e explicito. Estratégias de

gestão do conhecimento (codificação e personalização).

94

i) plano de Negócios – como elaborar, principais informações contidas

no plano de negócios. Link com www.sebrae.com.br e com

www.businessplan.org.

j) o mercado globalizado – blocos econômicos; a competição entre as

empresas na economia globalizada; a competição entre os países.

k) estratégia competitiva – o ambiente de negócios; diferenciação da

empresa e dos serviços e produtos. Link com site do Michael Porter.

l) os colaboradores – a importância de manter uma equipe motivada e

comprometida com o sucesso do negócio; as novas relações de

trabalho como parceria de negócios, terceirização, trabalho

temporário autônomo; competências essenciais para os negócios,

entre outros. Link com www.telework.com.br.

m) os negócios eletrônicos - B2B – business to business; B2C/C2B –

business to consumer / consumer to business; B2G/G2B – business to

government / government to business; C2C – consumer to consumer;

G2C/C2G – government to consumer / consumer to government; G2G

government to government. Link com www.socinfo.gov.br.

n) a marca – aspectos que envolvem a criação e consolidação de uma

marca. Link com www.inpi.gov.br.

o) política de qualidade – política de qualidade da empresa expressa e

praticada no seu relacionamento com os clientes. Link com

www.fnpq.org.br.

p) política de segurança – normas ISO de segurança. Link com

www.abnt.org.br

95

q) tecnologias e equipamentos – plataforma tecnológica (hardware,

software, sistema operacional, linguagem de programação).

r) fornecedores – identificando e conhecendo os fornecedores

(cadastro); estabelecendo uma relação de confiança com os

fornecedores; capacitação de fornecedores, entre outros.

s) pesquisa e desenvolvimento – investimentos da empresa em P&D,

estabelecendo parcerias para desenvolver pesquisas, projetos e

negócios.

O hipertexto proposto é uma ferramenta de apoio ao empreendedor e

como tal tem por objetivo auxiliá-lo na formulação do conceito de negócio e no

conhecimento sobre o conhecimento necessário na fase inicial da empresa.

Para Drucker (1995):

"A teoria do negócio precisa ser constantemente testada. Ela

não está gravada em pedra. É uma hipótese, e a respeito de

coisas que estão em fluxo constante - a sociedade, os

mercados, os clientes, a tecnologia. Portanto a teoria do

negócio deve ter a capacidade para mudar a si mesma".

Considerações Finais

A ferramenta proposta "Portal do Empreendedor" pressupõe um

desenvolvimento e implementação planejados, contemplando o

dimensionamento da tarefa a ser realizada, os recursos necessários e a

previsão do tempo requerido para o trabalho.

96

Os recursos referem-se às aplicações em termos de equipe qualificada,

recursos financeiros, materiais e equipamentos necessários para o

desenvolvimento do projeto.

Optou-se por um demonstrativo baseado no storyboard usado no

planejamento da ferramenta, recurso bastante utilizado na projeção do produto

final, que obviamente, requer aperfeiçoamentos e mudanças, a partir do

planejamento completo e do desenvolvimento com especialistas, das

demonstrações e testes, incorporando os insumos gerados pelo feedback do

público empreendedor obtidos na fase de apresentação das idéias esboçadas.

Ainda há, no entanto, muito a ser definido para chegar a ser, verdadeiramente,

um protótipo. A seguir estão elencadas atividades fundamentais para a

viabilização do portal proposto como uma ferramenta útil para o empreendedor

no seu processo decisório.

Para que haja efetividade do trabalho proposto é necessário o

planejamento detalhado, já contando com profissionais especializados, e a

implementação de inúmeros itens fundamentais para que tenha a qualidade

requerida e cumpra os objetos propostos. A fase de planejamento deve

contemplar os seguintes aspectos: especificação, definição clara dos produtos

e serviços do site; perfil do usuário; definição de todas as etapas de

desenvolvimento, investimentos necessários, custos de cada etapa do

processo de desenvolvimento e implementação; definição dos processos

interativos com as respectivas programações (a exemplo do plano de negócios,

banco de casos, cadastro de usuários); especificação do design; necessidade

97

de manutenção e modificações do site; equipe de trabalho e suas funções;

teste de funcionalidade e garantia da qualidade, entre outros.

Do ponto de vista do negócio eletrônico deverá ser elaborado modelo de

plano de negócios envolvendo todos os aspectos mercadológicos, gerenciais e

operacionais relativos ao empreendimento (anexo 3).

Trata-se de um modelo e vale lembrar que:

"O conhecimento por simulação, por sinal, só tem validade

dentro de um quadro epistemológico relativista. Se não, o

criador de modelos poderia se deixar levar pela crença de que

seu modelo é "verdadeiro", que ele "representa", no sentido

forte, a "realidade", esquecendo que todo modelo é construído

para determinado uso de determinado sujeito em um momento

dado”. (Lévy, 1993).

98

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ...

Os objetivos gerais foram atingidos à medida em que foi realizado o

estudo do processo de criação de empresas virtuais, por empreendedores

virtuais, através de pesquisa qualitativa sobre negócios eletrônicos que operam

através da Internet, com pesquisa bibliográfica para orientar o atingimento

desses objetivos.

O conhecimento desses empreendimentos, do processo de definição do

modelo de negócios e das variáveis que envolvem as decisões dos

empreendedores foi viabilizado pelos casos de três empresas digitais em

diferentes estágios de desenvolvimento, permitiram inferências sobre os

principais conhecimentos necessários na fase de criação da empresa digital.

Os casos foram apresentados aos empreendedores para validação das

informações prestadas na entrevista e correções necessárias.

O conhecimento dos caminhos, das escolhas, dos empreendedores e da

visão que têm dos seus negócios eletrônicos também se tornou possível a

partir das entrevistas e dos contatos realizados posteriormente para elaboração

do estudo de caso.

A revisão bibliográfica, aliada ao Estudo de caso, permitiu a identificação

de referencial teórico, dados estatísticos e fundamentos importantes para

incorporar conhecimentos estratégicos na criação de empresas digitais.

Os objetivos foram atingidos também no que diz respeito à elaboração

de modelo de ferramenta de apoio ao empreendedor, baseado no hipertexto de

Lévy. O modelo foi desenvolvido incluindo variáveis observadas e pesquisadas

99

no estudo de caso e na fundamentação teórica. A partir desse estudo foi feito

demonstrativo do modelo proposto, disponível no endereço

http://200.252.248.105/is/empreendedor. A seguir algumas telas do

demonstrativo da ferramenta:

FIGURA 1 – Portal do Empreendedor - Mercado

100

FIGURA 2 – Portal do Empreendedor – Capital Intelectual

FIGURA 3 – Portal do Empreendedor – Gestão do Conhecimento

101

FIGURA 4 – Portal do Empreendedor – Negócios Eletrônicos

FIGURA 5 – Portal do Empreendedor – Estratégia Competitiva

102

As telas do portal do empreendedor digital apresentam conteúdos e links

que poderão contribuir para a incorporação de conhecimentos na definição das

estratégias empresariais, ampliando as possibilidades de orientações e visões

para os empreendedores na fase de concepção do negócio.

...E POSSÍVEIS ESTUDOS DECORRENTES DA DISSERTAÇÃO

1. A abordagem tecnológica dos negócios eletrônicos pode se constituir

em uma área de interesse para estudos futuros decorrentes desta

dissertação. A possibilidade de estudar soluções tecnológicas que

otimizem os negócios eletrônicos, com velocidade, qualidade e preço

e a racionalização dos investimentos e custos operacionais que

permitam a criação de negócios por investidores de pequeno porte é

uma possibilidade de estudo a ser realizado.

2. Os desafios para a inclusão social através dos negócios eletrônicos é

um outro assunto que poderá trazer contribuições à democratização

das oportunidades e a inserção da população de baixa renda na

sociedade da informação, tema que tem despertado grande interesse

na atualidade, mas que ainda não dispõe de pesquisas e estudos

consistentes.

3. Ainda há muito a fazer no que diz respeito à criação de serviços para

o empreendedor digital e ao gerenciamento de empresas virtuais:

marketing, estratégia, logística, gestão de equipes, sistemas de

indicadores de qualidade e produtividade para empresas virtuais são

estudos que poderão ser desenvolvidos a partir dessa dissertação.

103

4. A comunicação de dados e as redes como referência para redes de

empresas: suas conexões, sistemas de informações, gestão do

relacionamento interno e externo são estudos que poderão ser

iniciados a partir do Portal do Empreendedor.

Como no hipertexto de Lévy, as possibilidades são inúmeras,

dependendo do olhar de quem se aproxima do tema central dessa dissertação.

A inspiração pode apontar para caminhos inesperados e eles se tornarão cada

vez mais variados, interessantes e ricos. Para isso é necessário que o

pesquisador comece a caminhar.

104

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Artigo: The state of the notion: Knowledge Management in Pratice California Management Riview – vol.40 ano 3 – Spring 1998.

2. Caracterização das Aplicações

e Parâmetros Básicos de Operação e Análise de Requisitos. Disponível no site http://www.jsmnet.com/slides/AnaliseRequisitos. Acessado em 20/07/2001.

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Ribeiro, Humberto Luiz. Comércio Eletrônico: Novas perspectivas para o seu negócio na era da Internet. Brasília, Ed. SEBRAE E CNI/IEL, 1998.

5. DE MASI, Domenico. A

Sociedade Pós Industrial. 2a. edição. São Paulo: Senac, 1999.

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do Trabalho: Fadiga e ócio na sociedade pós Industrial. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasilia-DF: Ed.da UnB: 1999.

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Compétitive à la Gestion des Connaissances. Université Aix-Marseille III - CRRM - CRIE PACA. Disponível no site http://ntide.u-3mrs.fr acessado em 08/08/2001.

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Administrando em Tempos de Grandes Mudanças. São Paulo: Pioneira, 1995.

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ANEXOS

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA

I – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

Empresa:

Site Business to business:

Site business to consumer:

Endereço físico:

Endereço virtual:

Ramo de atividade:

Negócio da empresa:

II – CLIENTES

1. Qual é o mercado da sua empresa?

Local Internacional

Estadual Global

Nacional

2. Quem são os clientes do negócio?

3. Onde estão localizados os clientes?

Segmento de mercado

Nicho de mercado

Localização geográfica

4. A empresa detém informações sobre as necessidades, hábitos e

comportamento dos clientes?

Sim Não

5. Como sua empresa obtém informações a respeito dos clientes?

Através de pesquisa direta

Através de consulta a cadastros existentes no mercado

Através de informações de colaboradores e profissionais do

mercado

Cadastro de clientes

6. Quanto você investiu no conhecimento dos clientes?

De R$ 400,00 a R$ 1.000,00

De R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00

De R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00

De R$ 5.000,00 a R$ 7.000,00

7. Que soluções a sua empresa representa para os seus clientes?

III – A CRIAÇÃO DO NEGÓCIO

1. Como foi o início dessa história?

2. Por que você decidiu criar esse negócio?

3. Qual foi a reação das primeiras pessoas que você procurou para discutir a

sua idéia?

4. O que norteou a criação desse negócio? Qual era a sua maior intenção?

5. Você acreditava que tinha fôlego para ir sozinho até qual etapa do projeto?

Projeto

Protótipo / Implementação

Testes

Entrada do site no ar

Ajustes e correções

6. Em qual etapa você decidiu que precisava agregar mais pessoas ?

Projeto

Protótipo / Implementação

Testes

Entrada do site no ar

Ajustes e correções

7. Qual foi o principal critério para buscar ajuda de profissionais?

8. Que características principais esses profissionais precisavam ter?

9. Sua empresa tem um plano de negócio?

Sim Não

10. Em que fase do projeto você fez o plano de negócio ?

antes de qualquer atividade concreta

durante o desenvolvimento do conceito do portal

durante a implantação do site

durante a estruturação da empresa

quando necessitou de recursos financeiros para continuar o projeto

11. Quando e como você começou a procurar investidores que acreditassem na

sua idéia?

12. Fale um pouco sobre a entrada de sócios capitalistas no negócio.

13. Quais são os seus principais parceiros de negócios?

14. Como foi essa aproximação e que benefícios econômicos esse

relacionamento trouxe para os negócios envolvidos?

15. Na prática o que significa ter essa empresa?

Desafios a cada instante

Muito dinheiro

Status de empreendedor do futuro

Obtenção de conhecimentos de forma permanente

Criação de novas oportunidades

Uma grande conquista pessoal

Inovar na forma de fazer negócios

Elevados riscos e oportunidades

Outras. Cite-as_____________________________

IV – O EMPREENDEDOR

1. Que atividade você desenvolvia antes de iniciar essa empresa ?

2. Ao criar sua empresa o que mais te inspirou:

A perspectiva de estar desenvolvendo um negócio inovador

A possibilidade de criar serviços que podem melhorar a qualidade de

vida das pessoas

A solução de problemas vividos pelas pessoas

A solução de problemas das organizações

A possibilidade de fazer negócios e ganhar dinheiro de forma

autônoma

A criação de uma alternativa completamente nova no mercado em que

atuava

3. Você tem a impressão de que há uma missão a cumprir?

4. Que filosofia de vida ou valor pessoal seus estão fortemente incorporados

nesse negócio?

5. Quais são os valores mais significativos nessa empresa?

Respeito pelo cidadão

Respeito pelos clientes

Melhorar a vida das pessoas, sejam elas colaboradores, fornecedores

ou clientes

Ser uma empresa de excelência no ramo em que atua

Convívio com pessoas de valores semelhantes e objetivos comuns

Trabalho em equipe, com o benefício de todos os envolvidos

Criação de soluções que tornem mais fácil a vida das pessoas

Outros. Cite______________________________________

V – COLABORADORES

1. Profissionais envolvidos no projeto:

Direção

Gerências

Colaboradores diretos (contrato de trabalho)

Consultores

Empresas prestadoras de serviços

Parceiros de negócios

2. Qual é o diferencial da sua equipe?

3. Você conta com profissionais com os quais pode discutir os seus projetos

abertamente?

4. Os seus colaboradores sentem-se parte dos valores e ideais da organização?

5. Os colaboradores têm recompensas compatíveis com o seu envolvimento e

os resultados gerados no negócio?

6. Como você encontra esses colaboradores e cria um espaço para atuação?

VI – COMPETÊNCIAS

1. Quais as competências essenciais de que você dispõe na sua equipe?

2. Quais são as competências que você está desenvolvendo na sua equipe para

assegurar o êxito do negócio?

3. Quais são as competências que os profissionais que atuam na empresa estão

desenvolvendo por iniciativa própria ?

4. O que essas competências agregam em termos de valor para o negócio e

para os clientes ?

VII – CONHECIMENTOS

1. Os conhecimentos tecnológicos incorporados ao projeto eram do seu total

domínio? Sabia o que era necessário em termos tecnológicos e onde obter

esse conhecimento?

2. Os conhecimentos mercadológicos necessários foram obtidos de terceiros?

Que tipo de profissional?

3. Os conhecimentos gerenciais estão sendo desenvolvidos na própria empresa

ou existem fontes especializadas e acessíveis que estão ajudando a

organização?

4. Como são gerenciados os conhecimentos estratégicos para a empresa?

5. Quais são os maiores investimentos em conhecimento na empresa?

VIII – MARCA

1. O nome da empresa traduz os valores incorporados ao processo de

atendimento ao cliente?

2. Como foi desenvolvida a marca da empresa?

3. É a mesma do site?

Sim Não

4. O que a marca representa em termos de valor econômico para o negócio ?

IX – RESULTADOS ESPERADOS

Na Criação

Na Implantação

Nas Operações

Faturamento:

Atual:

Previsão em dois anos:

Previsão em quatro anos:

X – AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA EMPRESA

1. Na sua opinião, a empresa está indo:

Muito bem

Bem

Regular

Mal

2. Como você avalia a sua experiência como empresário?

Excelente

Muito boa

Boa

Regular

Ruim

Péssima

Por quê ?

3. Você acha que está correndo muitos riscos ?

Sim Não

4. Você se sente um líder ?

Sim Não

5. Você tem medo do fracasso?

Sim Não

6. Você encara sua empresa como um desafio?

Sim Não

7. Você está acertando na escolha dos colaboradores?

Sim Não

8. Você acredita que acertou nas tecnologias adotadas?

Sim Não

9. Você está fazendo os investimentos necessários para a evolução do negócio?

Sim Não

10. Você acredita que o modelo de gestão esteja adequado ao negócio?

Sim Não

FECHAMENTO

1. Agradecimentos e para encerrar a entrevista:

2. O que está faltando para uma atuação plena e rentável?

3. Na sua opinião, qual é o maior trunfo do empreendedor da economia digital?