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e Magazine de Educação do Espaço Professor Qq O Um primeiro ano de familiarização O Contexto económico e social passa a contar para a avaliação externa das escolas “Este é um manual ao qual os pais podem recorrer sempre que tenham dúvidas” O A Porto Editora, em parceria com a CONFAP, lançou um verdadeiro guia para pais: O meu filho fez o quê???, de Bárbara Wong.. Pág. 8 Ministério da Educação diz que, assim, se alcançarão resultados mais objetivos. Diretores duvidam. Pág. 6 14 MAI 13 NÚMERO A NÃO PERDER O As metas curriculares entraram em vigor neste ano letivo, mas sem carácter obrigatório e apenas para algumas disciplinas. A sério, só em 2014-2015. Pág. 4 Presidente da Associação Nacional de Diretores teme fim do ensino público Adalmiro Botelho da Fonseca fala em novos contratos de associação que podem entregar a gestão das escolas públicas a grupos privados. Pág. 2 e 3

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eMagazine de Educaçãodo Espaço Professor Qq

O Um primeiro ano defamiliarização

O Contexto económico esocial passa a contarpara a avaliaçãoexterna das escolas

“Este é um manual aoqual os pais podemrecorrer sempre quetenham dúvidas”

O

A Porto Editora, em parceria com a CONFAP,lançou um verdadeiro guia para pais: O meufilho fez o quê???, de Bárbara Wong.. Pág. 8

Ministério da Educação diz que, assim, sealcançarão resultados mais objetivos.Diretores duvidam. Pág. 6

14MAI13

NÚMERO

A NÃO PERDER

O

As metas curriculares entraram em vigorneste ano letivo, mas sem carácterobrigatório e apenas para algumasdisciplinas. A sério, só em 2014-2015.Pág. 4

Presidente daAssociaçãoNacional deDiretoresteme fim doensino públicoAdalmiro Botelho da Fonseca fala em novos contratosde associação que podem entregar a gestão dasescolas públicas a grupos privados. Pág. 2 e 3

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O Extinção das direçõesregionais de Educaçãopode pôr em causaensino públicoPresidente da Associação Nacional deDiretores de Agrupamentos e EscolasPúblicas teme os “movimentos fortescontra a escola pública que podem levara mudanças profundas ”.

A extinção das DRE, no início do ano, foicaracterizada pelo Ministério como umamedida que “permitirá aprofundar aautonomia das escolas, implementandomodelos descentralizados de gestão eapoiando a execução dos seus projetoseducativos e organização pedagógica”.

Mas é esta autonomia que os diretores deescolas não encontram nesta medida,como explica Adalmiro Botelho da Fonseca,presidente da Associação Nacional deDiretores de Agrupamentos e EscolasPúblicas (ANDAEP). “O que deveriam terfeito era pegar nas competências quetinham as DRE e analisar quais delaspoderiam passar diretamente para asescolas. Não deixa de ser irónico que parase tratar da autonomia das escolas seacabe com as DRE, organismosdescentralizados, para se criarem direçõesgerais, centralizadas em Lisboa.”

O presidente da associação que representaos diretores das escolas públicas atéconcorda com a extinção das DRE na suaessência, mas só se elas fossemtransformadas em organismos de apoioforte às escolas. “O que é que falta àsescolas? Onde é que as escolas não têmapoio? E há um evidente que digo já: porexemplo, na área jurídica. Aqui não temosqualquer apoio. A não ser que ocontratemos, mas também não temosdinheiro para o pagar. Por isso acho é queesta extinção deveria servir precisamente

«MEC garantepoupança anual decerca de seis milhõesde euros.»

O

«Tenho receiopela escola pública.E nós vamos estaratentos porque hámovimentos fortescontra este tipo deensino.»

O

para isso, para a criação de verdadeirosorganismos de apoio às escolas”, conclui.

“Porque é que não se dialoga?”, pergunta.“Apenas nos chamam quando precisam denos dizer o que foi decidido, porque têm delá pôr que fomos ouvidos. Só somosconsultados depois das decisões tomadas.Não existe qualquer diálogo connosco.”

Segundo o diploma oficial do Ministério,esta medida do Governo enquadra-se numplano de racionalização de recursos e deredução da despesa pública e o MECgarante que com esta nova lei vai conseguirpoupar cerca de seis milhões de eurosanualmente. Mas o presidente da ANDAEPnão tem dúvidas em afirmar que estadecisão é mais do que uma medidaeconomicista. “A Educação, como outrosdomínios da sociedade, não deixa de serapetecível a grupos económicos. E épreciso um Ministério forte que não sedeixe influenciar por estes grupos, que nãopermita que eles interfiram nas decisões.”

Adalmiro Botelho da Fonseca receia acriação de novos contratos de associação,não só “porque há muitas zonas do paíscujas escolas públicas absorveriam todosos alunos que aí existem e, portanto, não

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universidades. Aliás, está provado que aescola pública forma alunos que depois, noensino superior, fazem os cursos muitomelhor dos que lá chegaram via ensinoparticular.”

Adalmiro Fonseca não tem receio de dar asua opinião, salvaguardando que é dissomesmo que se trata, da sua opinião: “Paramim, desde o currículo à gestão de pessoal,

«O meu maiorreceio é que seesteja a caminharpara a criação denovos contratos deassociação queentreguem a gestãodas escolas públicasa particulares.»

O

à contratação de professores, tudo deviaser abrangido pela autonomia das escolas.

“A autonomia das escolas, para mim, éuma coisa tão simples quanto isto: asescolas deviam ser das comunidades”,começa por afirmar. “Claro que haveriasempre uma parte mínima nacional, umprograma nacional e alguns princípiosditados pelo Ministério, mas depois seria acomunidade local a dizer o que é que querdas escolas. E mais, a própria comunidadedeveria preparar para si um projetoeducativo. E, isto sim, é autonomia.”

O presidente da ANDAEP termina dizendoque tudo fará, enquanto responsável pelaassociação que representa, para defendero ensino público e evitar que se cumpra “oque está escrito no relatório do FMI e que osenhor ministro ainda não desmentiu”,referindo-se à criação de novos contratosde associação.

No final de dezembro de 2011, o MECpublicou em Diário da República a leiorgânica que determinou, com efeitos noinício deste ano, a extinção das cincodireções regionais de Educação (DRE) e asua passagem para a alçada da Direção-Geral da Administração Escolar,centralizada no Ministério da Educação eCiência (MEC).

Para além da extinção das DRE, esta lei doMEC veio determinar a saída do Gabinetede Educação Educacional (GAVE) daadministração direta do Estado. De acordocom o diploma, o GAVE passou a ter umnovo enquadramento jurídico comoentidade autónoma e independente, “deforma a conceber e a aplicar provas eexames nacionais validados, fiáveis ecomparáveis”.

são necessários contratos de associaçãocom escolas particulares”, mas tambémporque receia “que se esteja a caminharpara a criação de novos contratos deassociação que entreguem a gestão dasescolas públicas a particulares”.

E o presidente da ANDAEP é claramente umacérrimo defensor do ensino público. Masexplica porquê: “Vários estudos chegaramà conclusão que a escola pública temvalências que o ensino particular não tem.Além disso, é uma escola muito maisinclusiva, tem na sua função não só ensinara fazer mas também a ser. Não interessa àescola pública só colocar alunos em

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O Ministério da Educação decidiuestabelecer novas metas curriculares paraas principais áreas disciplinares, do 1.º ao12.º ano de escolaridade. O objetivo é que asmesmas clarifiquem o mais importante nosprogramas das disciplinas, definindo osconteúdos fundamentais a ensinar e osconhecimentos e capacidades a adquirir e adesenvolver pelos alunos.

Isto é “indispensável ao prosseguimentodos estudos dos alunos e às necessidadesda sociedade atual”, sublinha o Ministériono despacho publicado em Diário daRepública.

O Ministério fala mesmo em “meioprivilegiado de apoio à planificação e àorganização do ensino”, permitindo avaliaro cumprimento dos objetivos, tendo emconta os padrões e níveis esperados dedesempenho dos alunos.

Por esta razão, também na avaliaçãointerna e externa as metas devem ser umreferencial, em particular para o GAVE, atéporque “incluem aquilo que é consideradocomo aprendizagem essencial a realizarpelos alunos”. Assim, as provas finais deciclo e os exames nacionais serão,naturalmente, abrangidos, acompanhandoo respetivo ano escolar em que se tornemobrigatórias.

Para os anos 2012-2013 e 2013-2014, oMinistério salvaguarda, no entanto, que asprovas finais de Português e Matemáticadevem manter os respetivos programascomo referência, aplicando, de formacomplementar, as respetivas metashomologadas. Isto porque “esclarecem epriorizam os diversos objetivos dosprogramas, sem entrar em conflito comestes”.

No entanto, o ministério esclarece que “areformulação das metas poderá implicaruma revisão parcial de alguns programascurriculares, devendo apenas alterar-se oque é estritamente necessário ejustificável”.

Apesar de obrigatórias e com estruturacomum a todas as áreas curriculares, omesmo documento continua, ainda assim,a garantir a autonomia do professor,sobretudo quando as metas de

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O Um primeiro ano defamiliarizaçãoAs metas curriculares entraram em vigorneste ano letivo, mas sem carácterobrigatório e apenas para algumasdisciplinas. A sério, só em 2014-2015.

Apesar de, esteano, ainda não ter umcarácter obrigatório,o que se pretende éque os professorescomecem,progressivamente, autilizar estedocumento comoreferência, sabendoexatamente o que sepretende que o alunoaprenda.

O

determinado ano tiverem de serretomadas em anos posteriores ou quandose desejar ir mais além dos objetivos porelas definidos.

A criação destas metas curriculares era,para o Ministério, “fundamental”, tendo emconta que o anterior Currículo Nacional doEnsino Básico – Competências Essenciaisnão era “suficientemente claro nas

recomendações”, apresentava ideias“demasiado ambíguas” e, inclusive, aderia a“versões extremas de algumasorientações pedagógicas datadas e nãofundamentadas cientificamente”.

Assim, as novas metas curriculares“tiveram em conta as que têm sidoestabelecidas em países com bons níveisde desempenho” e são o resultado dareformulação de uma equipaespecificamente criada para o efeito ecomposta por “especialistas dereconhecido mérito”, dividida emsubgrupos das áreas disciplinares, queidentificou – e continuará a identificar – “oconjunto de conhecimentos e capacidadesessenciais que o aluno tem de adquirir edesenvolver, por ano de escolaridade ouciclo".

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No Congresso organizado pela PortoEditora, no início de março, os autores dasmetas curriculares de Português eMatemática marcaram presença numasessão de esclarecimento aos professoresde 1.º Ciclo.

Debatendo a estrutura das metas, domínioa domínio, e com orientações práticas deoperacionalização e implementação, oevento contou com cerca de 1000professores em cada sessão, numa manhã

Porto Editora promove esclarecimento sobre MetasCurriculares no 1.º Ciclo

de sábado que se revelou bastanteproveitosa, como se pôde ouvir no finaldas sessões.

No final de fevereiro, a Porto Editora játinha lançado uma coleção de livros comexercícios específicos para trabalhar asmetas curriculares de Português no 1.ºCiclo – Gosto de Português – numasessão de lançamento que também serviupara esclarecer os aspetos maisimportantes destas novas orientações.

CONSULTE AQUIA TABELA DEAPLICAÇÃO DASMETAS

CLIQUE AQUIPARA ACEDERAOSDOCUMENTOSDAS METAS

Essa reformulação foi, posteriormente,analisada por um grupo de consultores epor professores do Ensino Básico dasdisciplinas em estudo e alvo de um períodode discussão pública de três semanas.

Em agosto de 2012, as primeiras metas aserem homologadas foram para o ensinobásico, nomeadamente para Português,Matemática, Tecnologias da Informação eComunicação, Educação Visual e EducaçãoTecnológica. Em março, seguiram-se asmetas curriculares para as disciplinas deHistória e Geografia de Portugal e CiênciasNaturais, do 2.º ciclo; e de História,Geografia, Ciências Naturais e Físico-Química, do 3.º ciclo. me

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onde existe o maior número de bairrossociais do distrito, onde as expectativasdas famílias em relação à escola sãodemasiado baixas, não vejo que isso sejaresolúvel no curto e médio prazo.”E vai mais longe: “A introdução destecritério até pode ter um efeito perverso,pois leva a que se crie um ensino cada vezmais elitista. As famílias com maioresexpectativas e maiores rendimentos nãovão colocar os seus filhos numa escolacomo a nossa ao olhar para os rankings.”

Opinião semelhante tem Jorge Ferreira,diretor da Escola Secundária AlmeidaGarrett, em Vila Nova de Gaia – 117.ª noranking nacional das escolas secundárias.“Os rankings são muito elementares e osencarregados de educação não leem todosos parâmetros. Olham apenas para aprimeira coluna, veem em que lugar está aescola e tomam as suas decisões.Jorge Ferreira vê os rankings como uma

O Contexto económico e socialpassa a contar para a avaliaçãoexterna das escolasMinistério da Educação diz que, assim, sealcançarão resultados mais objetivos.Diretores duvidam.

Desde janeiro que o contexto económico,social e cultural das escolas, e de ondeprovêm os seus alunos, passou a contarnos critérios de avaliação externa dasescolas. Segundo o Ministério, esta decisãotorna os resultados “mais objetivos” aopermitir comparar, a nível nacional, escolassituadas em contextos similares.

A possibilidade de identificar as escolasque podem fazer mais e aquelas que estãoa fazer mais do que era esperado, tendoem conta o tal contexto em que estãoinseridas, foi outro dos motivos quelevaram o Ministério a anunciar estaalteração.

Mas a verdade é que nem todos osdiretores concordam com a justificaçãoapresentada pelo Governo. Manuel Oliveira,diretor da Escola Básica e Secundária doCerco, no Porto – 577.ª no ranking nacionaldas escolas de ensino secundário –, dizque “é difícil e injusto comparar quando asrealidades são completamente diferentes,mesmo quando o contextosocioeconómico é semelhante".

“Neste contexto social desfavorecido, oque acontece é que as escolas até dãomais do que lhes é pedido, quer em termosde currículo, quer em termos de oferta daprópria escola”, afirma. E dá como exemploa sua escola. “Uma comunidade de alunosa quem nunca lhes foi dado nada, podehoje ter, provavelmente, a única refeiçãoquente do dia, pode hoje estar num ensinoarticulado de música, fazer parte de umaorquestra, pode hoje ter aulas num espaçode autoaprendizagem e ter projetos ondeos alunos se realizem de alguma forma.”

Manuel Oliveira tem dúvidas de que a suaescola alguma vez vá subir no ranking,mesmo com os novos critérios, e explicaporquê: “No contexto onde a minha escolase insere, onde o desemprego grassa,“Em muitas

escolas, aexpectativa dasfamílias é tão baixaem relação ao quese espera dosalunos que isso sóse pode traduzir embaixo rendimentoescolar.” Manuel Oliveira,Escola Básica e Sec. do Cerco

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vantagem apenas para a gestão dasescolas e não para o público em geral, poispode elucidar como está a funcionar oensino e compará-lo entre escolas eregiões, “desde que todos os parâmetrossejam considerados”. Por isso, não vê

“Não existe amelhor escola dopaís, nem nunca vaiexistir, porque não épossível compararsituações tãodiferentes.”Jorge Ferreira,Escola Sec. Almeida Garrett

O “A únicavantagem é a gestãodas expectativas dosfamiliares que jásabem em quepercentil declassificações vãocolocar os seusfilhos.” Manuel Oliveira,Escola Básica e Sec. do Cerco

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“Para quem nãoestá dentro dosistema de ensino,estes rankings sãoaltamenteenganadores.”Jorge Ferreira,Escola Sec. Almeida Garrett

O

grande vantagem na sua disponibilizaçãopara o público. “Se querem fazer qualquercoisa que permita, efetivamente, transmitiruma relação posicional entre escolas, têmde entrar com o parâmetro social, sim, mastambém com outros técnicos, como onúmero de exames realizados na escola e opeso de cada disciplina.”Também Manuel Oliveira, da Escola Básicae Secundária do Cerco, concorda que éimportante o Ministério saber como está aser conduzido o processo educativo e,mediante estes dados, tomar medidas pararegular o processo, “sobretudo nummercado feroz como o da Educação, ondemuitos interesses estão em jogo”, mas nãotem dúvidas em afirmar que “há muitosfatores com os quais as escolas e os

resultados, saem maltratadasinjustamente”, lamenta Jorge Ferreira.“Alguém foi lá ver em que condições é quese trabalha? Então com que direito é que sepode colocar a escola ali, numa tabela?Com que objetivo? Alguém intervém lá, aseguir? Não. Então não serve para nada”,termina.

Para balizar as escolas de acordo com ocontexto económico e social, o Ministériocriou três grupos por onde distribuiu asescolas existentes no país: Pegasus,Cassiopeia e Oríon.

O primeiro, Pegasus, é o grupo com osvalores mais baixos nas habilitações dospais e com muitos alunos com ação socialescolar e é onde se concentram maisagrupamentos e escolas – 445. Sãoescolas, maioritariamente, de meios ruraisou de subúrbios com muitos bairros sociais.

O segundo, Cassiopeia, representa oescalão intermédio, com valoresrelativamente altos nas habilitaçõesescolares dos pais e com uma elevadapercentagem de alunos no ensino básico,mas relativamente poucos a beneficiar deação social escolar. Falamos de 274escolas.

O terceiro, Oríon, é o que inclui as escolaslíderes do ranking. São 237 escolas, onde amédia da habilitação escolar dos pais éelevada, há poucos alunos a beneficiar deação social e uma elevada percentagem dealunos no ensino secundário. São,geralmente, escolas de meios urbanos ousubúrbios mais favorecidos. me

agrupamentos não podem lutarrelativamente aos resultados escolares”. Edá exemplos: “Não podemos lutar contra alegislação em vigor, não podemos lutarcontra a contratação de escola, nempodemos lutar contra os meioseconómico-sociais extremamentedesfavorecidos.”“Há escolas que, olhando para os

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O “Este é um manual ao qualos pais podem recorrersempre que tenhamdúvidas”A Porto Editora, em parceria com aCONFAP, lançou um verdadeiro guiapara pais: O meu filho fez o quê???, deBárbara Wong.

Inserido na coleção + Pais, uma série delivros em parceria com a CONFAP queabordam a relação dos pais com a escola Omeu filho fez o quê??? traz consigo osubtítulo Guia de relacionamento dos paiscom a escola.

Este livro é, precisamente, um guia prático,com perguntas e respostas querespondem às principais preocupações dosencarregados de educação – desde obullying à preparação para um novo anoletivo, passando ainda pela resposta que ospais devem dar quando os seus filhosfazem algo de realmente grave nas escolas–, e é o corolário de um ano de recolha dehistórias de pais e professores, deconversas com psicólogos e especialistasna área.

Como surgiu o interesse em escrever estelivro?

Bárbara Wong - Depois de ter escrito Aminha sala de aula é uma trincheira, onderelato histórias reais passadas na escola,senti necessidade de escrever um textomais direcionado aos encarregados deeducação. Quando ainda estava a pensarnesta hipótese, a estruturá-la, recebi um

telefonema do presidente da CONFAP,Albino Almeida, a propor-me escrever paraa coleção da Porto Editora. Foi uma felizcoincidência.

Este é o resultado de várias conversas compais, alunos e professores de todo o país.Quanto tempo demorou a concluir estetrabalho?

B.W. - Demorei cerca de um ano, entre arecolha de histórias de pais e professores,conversas com psicólogos e especialistasna área e a escrita.

Foi fácil falar com todos ou houve algummomento mais “complexo”?

B.W. - O mais difícil foi conciliar horários, osmeus e os das pessoas com quem queriafalar. Depois as conversas foram sempreagradáveis, de partilha de experiências,mesmo as mais dolorosas.

Este livro tem uma estrutura de “pergunta-resposta”. Sentiu que esta era a melhorabordagem para o que pretendia com estelivro?

B.W. - Sim, a ideia era criar um guia parapais objetivo e creio que esta estruturafacilita a leitura aos encarregados deeducação que podem recorrer, mais do queuma vez, à sua consulta. Ou seja, a intençãonão era criar um livro que se lesse uma veze se pusesse na estante, mas um manualao qual os pais podem recorrer sempre quetenham dúvidas.

Daí as nove grandes perguntas queestruturam o livro? Foram estes osprincipais anseios que sentiu por parte dospais?

B.W. - O objetivo é acompanhar os paisdesde que a criança vai para a escola, comidade para ir para a creche ou para o pré-

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“Este é um manual ao qualos pais podem recorrersempre que tenhamdúvidas”

escolar e, a partir daí, contar-lhes históriasde outros encarregados de educação que jápassaram pela mesma experiência, asdúvidas que tiveram, o modo como agiram(por vezes errado e com consequências) e,depois, partilhar os conselhos deespecialistas de educação para que tudocorra melhor com os pais que lerem O meufilho fez o quê???.

Contudo, este não é um livro apenas parapais de primeiras águas, mas para todos.Por exemplo, para os pais dosadolescentes – altura em que muitos sãosurpreendidos por novas dificuldades sejade comportamento ou de aproveitamentodos filhos.

Tem dedicado grande parte da sua vidaprofissional à educação. Desde que iniciou asua vida como jornalista, que grandesdiferenças sente na escola de hoje face àde outros tempos?

B.W. - Comecei a trabalhar em 1997 e umano depois estava a trabalhar com a áreada Educação. Em 14 anos tivemos noveministros da Educação. Nove governantesque chegam com ideias próprias sobre aárea e que procuram introduzi-las nasescolas. E tudo estaria bem se avaliassemo que estava em vigor e demostrassemporque é preciso mudar, mas isso nãoacontece. O resultado é uma escola cadavez mais instável, com professorescansados de mudanças, e esse cansaço edesânimo reflete-se no modo comoensinam, como estão na sala de aula. E, emúltima instância, refletem-se nos alunos.

E em relação aos pais de hoje, são mais oumenos preocupados com a vida escolardos seus filhos?

B.W. - Há uma enorme heterogeneidade. Hádécadas só os filhos dos pais letrados éque chegavam à escola. A partir domomento em que a escolaridade éobrigatória, todos chegam à escola. E osprofessores falam de salas de aula que setransformaram, que deixaram de ter alunosbem comportados e motivados. Contudo, amaioria dos professores já não apanhouesses alunos e continua a falar comsaudosismo desse tempo.

É um preconceito pensar que os filhos depais letrados são mais acompanhados doque os dos pais com pouca formação.Antigamente, apesar de haver menosdiversidade nas escolas e só chegar aoliceu uma minoria, também havia históriasde mau comportamento, de partidaspregadas aos professores, de filhos poucoacompanhados pelos pais até porque arelação pais-filhos era mais distante. Hojetemos pais mais próximos dos filhos que

se preocupam com o seu bem-estar, com oque se passa na escola, que se envolvem.Mas, repito, a heterogeneidade é enorme.Temos pais com licenciatura que seesquecem dos filhos no ATL; pais commenos formação que incitam os seus filhosa estudar para “serem alguém” e que vão àescola falar com o diretor de turma.

Por último, para todos os professores quetambém são pais, tem alguma mensagemem particular que gostasse de transmitir?

B.W. - Paciência e energia para enfrentar asmudanças que são sempre exigidas; nãoapenas pelo Ministério, mas pela sociedadee pelos alunos no dia a dia. me

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O Quinta edição do Prémio Conto InfantilIlustrado contou com a participação demais de 80 escolas

A elevada qualidade dos trabalhosjustificou, ainda, a decisão do júri de atribuirtrês menções honrosas na categoria detexto e duas na categoria de ilustração.Além de material pedagógico oferecido àsturmas galardoadas, todos os textos eilustrações premiados serão reunidos emlivro, à semelhança das edições anteriores,e enviados a todas as escolas de 1.º Ciclo.

Este é um prémio que tem como principalobjetivo a promoção do gosto pela leitura epela escrita num nível de ensino que éfundamental para a criação de hábitos de

Iniciativa conjunta entre a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e aPorto Editora, inserida no festival literário Correntes d’Escritas,distingue trabalhos coletivos de turmas do 4.º ano de escolaridade.

Este ano, o primeiro lugar deste prémio foiatribuído ao texto Na escola aprendi“verês”, da autoria da turma do 4.º ano daescola EB1 O Leão de Arroios, em Lisboa, nopassado mês de fevereiro. Este contoretrata a história real de uma meninachamada Vera, que tem dificuldades emarticular as palavras e fala a sua próprialíngua, ou seja, o “verês”. É, portanto, umahistória que reflete uma partilha deexperiências dentro da sala de aula, onde arealidade das necessidades educativasespeciais é, desta forma, contada emhistória.

O segundo lugar desta quinta edição doPrémio Conto Infantil Ilustrado foi atribuídoao texto Peixes por um dia, da turma B do4.º ano do Externato Champagnat, emLisboa, e o terceiro lugar ao conto Do azarse fez sorte, da turma M03 do 4.º ano daescola EB1, 2, 3 Augusto Moreno, emBragança. leitura. O trabalho coletivo, em detrimento

do individual, e o estímulo da imaginaçãosão outros componentes fortes destaatividade, não só pela produção textualcomo pela criação das ilustrações que aacompanham.

Inserida no maior festival literário do país –o Correntes d’Escritas – este é o quinto anode um prémio cuja vontade de realizaçãopor mais se mantém em todas as partesenvolvidas: autarquia, Porto Editora eescolas de 1.º Ciclo. me

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O Coleção “Histórias de África”promove a criação literáriaangolana

As duas amigas, da jovem autora angolanaCássia do Carmo, de apenas 17 anos, e Asorelhas de Mutaba, de Isabel Lafayatte, sãoos primeiros livros desta coleção, estreadaem janeiro deste ano.

Editada com o nome Histórias de África, estacoleção foi também lançada em Angola -através da editora Plural Editores, umasubsidiária do Grupo Porto Editora -, mascom o nome Histórias para o meu caçula.

As duas amigas conta-nos a história de Sarae Sandra, duas amigas cuja amizade vai serposta à prova por fatores socioeconómicos

que as ultrapassam, acabando porprevalecer uma verdadeira amizade comraízes reveladas fortes. No fundo, este livroacaba, em muitos aspetos, por traduzirvárias situações semelhantes vividas pormuitos jovens de hoje.

As orelhas de Mutaba relata a vida deelefantes cujas orelhas são alvo deconstante troça por parte dos outroshabitantes da selva. É, assim, um livro quepretende despertar nos mais jovens acapacidade de saber lidar com adiferença.me

Protocolo entre o Grupo Porto Editora e aUnião de Escritores Angolanos pretendecontribuir para o enriquecimento culturalde Angola mas também do própriomundo lusófono.

O Poesia de Sophia naAssírio & Alvim

A notícia da publicação da obra poética daautora pela Assírio & Alvim foi anunciada a 21de março, Dia Mundial da Poesia. E paraVasco Teixeira, diretor editorial do GrupoPorto Editora, melhor dia não haveria pararevelar a “particular satisfação com aconcretização deste nosso desejo”. “AAssírio & Alvim é a casa ideal para dar avisibilidade que a obra poética de Sophia deMello Breyner Andresen merece”, refere.

Será no decorrer deste ano que serãopublicadas as primeiras obras de Sophia na

Chancela do Grupo Porto Editora vaipublicar a obra poética de Sophia deMello Breyner Andresen.

sua nova editora: Poesia (originalmentepublicada em 1944); Coral (de 1950); NoTempo Dividido (de 1954); e Mar Novo (de1958).

Importa lembrar que, em outubro de 2012, aPorto Editora já tinha assegurado os direitosde edição da obra em prosa de Sophia deMello Breyner Andresen. Esta decisão vemtambém reforçar a aposta que o GrupoPorto Editora continua a realizar na Assírio &Alvim, adquirida pelo Grupo em 2012. me

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O O primeiro dicionário A utilização do dicionário para encontrarrespostas para muitas perguntas deveser incentivada nas crianças de formamotivadora e atraente. Estimula-se,assim, a curiosidade dos mais novospela língua e lançam-se as bases deuma consciência comunicativa sólida.

O Primeiro Dicionário Ilustrado da LínguaPortuguesa e o Primeiro DicionárioIlustrado de Português-Inglês foramelaborados com a preocupação depromover uma experiência de convívio e deinteração em que pais e leitores(educadores, avós ou outros familiares)desempenham um papel fundamental,apresentando aos mais novos ascaracterísticas próprias de um tipo de livrofascinante.

Os Primeiros Dicionários Ilustrados daPorto Editora proporcionam às crianças emidade pré-escolar a primeira experiência deutilização de obras desta natureza. Com umformato atrativo, o dicionário de línguaportuguesa apresenta um vocabulário decerca de 500 palavras definidas através deexpressões simples e sugestivas e odicionário de português-inglês regista omesmo número de palavras em línguaportuguesa com a tradução para inglês,

sendo cada entrada seguida de umaexpressão que também é traduzida para alíngua inglesa.

O vocabulário foi selecionado porqueaparece frequentemente em livrosdestinados aos mais novos e é-lhesfamiliar. Para o ajudar a definir, foramrealizadas ilustrações cheias de criatividadee adaptadas ao universo infantil.

As ilustrações procuram divertir e alargar oconhecimento das crianças, sendo tambémexcelentes pontos de partida paradesenvolver situações comunicativas, paraalém da consulta do sentido das palavras.

As palavras definidas no dicionário delíngua portuguesa e traduzidas nodicionário de inglês são apresentadas numtipo de letra que facilita às crianças oreconhecimento da sua forma manuscrita.Nas definições e traduções foi usada letra

Veja toda a coleçãode dicionáriosPorto Editora

de imprensa, que as crianças encontrarãomais tarde quando iniciarem aescolaridade.

Todo o grafismo desta coleção tem emconta as necessidades do público de umprimeiro dicionário. Todos os elementospróprios destes livros de consulta sãoapresentados de forma lúdica epedagógica e explicados nas páginasiniciais: ordenação alfabética das palavras,estrutura das entradas e elementosgráficos orientadores da consulta (comocabeças e números de página).

No final dos Primeiros DicionáriosIlustrados, alguns anexos temáticospermitem desenvolver inúmerasatividades: identificar cores, estações doano e dias da semana, compreenderrelações de parentesco, estabelecerrelações entre opostos, etc.

Os Primeiros Dicionários representamexcelentes oportunidades para a criação decontextos de diálogo entre as crianças e ospais ou educadores, promovendo assim odesenvolvimento da linguagem e cultivandoa prática da comunicação e da leitura. me

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O A Água Serviço Educativo daFundação de Serralves

desperdício e estimula o consumo, atravésde uma densa rede de infraestruturashidráulicas. Em conjunto, estes dois fatoresajudam a explicar porque é que entre osseis países do Mundo com uma Pegada daÁgua mais elevada se encontram quatropaíses da região mediterrânica – Grécia,Itália, Espanha e Portugal. Estima-se queem Portugal a utilização de água sejaaproximadamente de 52 m³/pessoa/ano,variando a capitação diária regional entrecerca de 130 litros (nos Açores) e mais de290 litros (no Algarve). No entanto, oconsumo efetivo de água duma sociedadeé bastante superior, por via dos restantesusos – nomeadamente, a agricultura deregadio (que em Portugal, como na maiorparte dos países mediterrânicos,representa mais de 2/3 do consumo totalde água) e os usos industriais eenergéticos.

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A água é um recurso natural essencial atodos os seres vivos – humanos e nãohumanos. Mas não está disponível namesma quantidade em todos os sítios doMundo. Assim, a quantidade de seres vivosque podem sobreviver e o uso que é dado àágua dependem diretamente daquantidade disponível. A quantidade deágua disponível varia ao longo do ano deacordo com o clima da região e nas últimasdécadas em consequência das alteraçõesclimáticas, agudizaram-se os fenómenosde secas e cheias, que influenciam tambéma disponibilidade da água comconsequências ambientais, sociais eeconómicas associadas relevantes.

Portugal encontra-se na regiãomediterrânica, sujeito a um clima particularque ocorre em apenas cerca de 3% dasuperfície terrestre do Mundo. O climamediterrânico caracteriza-se por doisfatores fundamentais:

– uma forte variabilidade da precipitação(ocorrência de frequentes e intensosperíodos de seca, por vezes ao longo devários anos consecutivos);

– a coincidência da estação seca com aestação quente (verão), período em que asdisponibilidades de água são muitoreduzidas e a procura crescesubstancialmente, devido às necessidadesde rega das culturas agrícolas e deabastecimento das populações (residentese turistas).

A esta variabilidade e escassez naturaisacresce uma procura em constantecrescimento e uma gestão que fomenta o

Sabia que…- Para produzir um quilograma de açúcar sãonecessários 1500 litros de água?- Uma camisola de algodão requer 2900 litros?- Um quilo de carne de vaca necessita de 15500litros de água para ser produzido?

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Jaime Ramos, o investigador protagonistados livros de Francisco José Viegas, vê-se abraços com duas investigações paralelas: ado assassínio de dois imigrantes russos(antigos militares soviéticos), cujos corpossão encontrados no interior de um carrosemicarbonizado, nos arredores do Porto -e o desaparecimento de uma jovem devinte anos, oriunda de uma famíliatradicional do Minho. Se uma dasinvestigações o transporta às suasmemórias de militante comunista e a umavelha paixão pela literatura russa, a outraleva-o a um mundo onde coabitam velhasfamílias do Minho ou do Porto, sexo,marijuana, espionagem a políticos, vendade armas, negócios em Angola e asmemórias de um país que vive entre ruínas(as do império e as das fortunas recentes eantigas), corrupção e luta pelo poder - eque guarda os seus loucos no armário, paranão parecer mal.

Com capítulos perdidos nos quatro cantosdo mundo (entre Portugal, Rússia, Angola,Brasil ou Cabo Verde) O Colecionador deErva funciona como uma montagemcinematográfica sem princípio, meio ou fim- onde vários crimes são cometidos semnexo aparente, onde personagensaparecem e desaparecem sem justificação,e onde a solução nunca está à vista senãoapelando à nossa imaginação, como numroad movie.

Em 1943, Milão está sob as bombas dosAliados, e nas proximidades da via Padova,uma criança extraordinariamente curiosa,inicia a sua aprendizagem de vida. Chama-se Sveva e tem 5 anos. É este o contexto deO Diabo e a Gemada, um relatoautobiográfico em que a autora percorre osanos da Segunda Guerra Mundial, que sedesenrolam entre a casa de família emMilão e uma quinta, nos arrozais deTrezzano sul Naviglio, na Lombardia. Acomida é o fio condutor que atravessa osepisódios deste relato, em que seentrelaçam memórias e emoções, saborese receitas e cujos acontecimentos estãosempre ligados à elaboração de um pratoou a uma refeição partilhada.

Com uma descrição cuidada e rigorosa depessoas, sabores e costumes, Sveva CasatiModignani devolve-nos um mundo, não tãolongínquo, mas do qual estamos a perder amemória.

Alternando realidade e ficção, um romanceque nos transporta aos agitados dias dapós-revolução: o retrato de um país que,entre o PREC e as eleições livres, procuraum novo rumo.

Enquanto nas ruas se decide o futuro deum país, na tipografia de AdamantinoTeopisto vive-se um misto de enredoqueirosiano, suspense de um policial eternura de uma novela: com sabotagens,amores proibidos e cabeças a prémio; tudonum ambiente de revolução apaixonado.

O rebuliço generalizado tem repercussõesno alinhamento do jornal e no dia a dia dasgentes de São Paulo e do Cais do Sodré.

A revolução é o tópico das conversas nastascas, nas ruas, no prédio da GazelaAtlântica, contribuindo para o exacerbardas tensões latentes entre o patrãoAdamantino e os funcionários. A vivacidadede uma estagiária, as manigâncias de umex-PIDE foragido, os comentários de umtaberneiro e as intromissões de umproxeneta e de uma prostituta, agravamainda mais a desordem ameaçadora quepaira no ar.

Nada foi igual na vida dos portuguesesapós a Revolução dos Cravos. Nada foi igualna vida da "família" Gazela Atlântica após o25 de Abril.

O Sugestões de Leitura

O Colecionador deErvade Francisco José Viegas

O Diabo e aGemadade Sveva Casati Modignani

Revolução Paraísode Paulo M. Morais

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EDITORIALTrês pontos

1. A época das provas finais e examescomeçou no passado dia 7 de maio, coma prova de Português para os alunos do4.º ano de escolaridade. Professores ealunos de todos os ciclos de ensino vãoviver tempos de particular exigência eansiedade, após meses de estudo epreparação. A todos, transmito umapalavra de estímulo e envio os meusvotos de sucesso.

2. No decurso do corrente ano letivo,preparámos 2013-2014. No horizonteestão as tão comentadas MetasCurriculares para as principais áreasdisciplinares – Português e Matemática.Apesar de ter sido dito que areformulação das Metas implicariapoucas mexidas nos programas,tivemos de fazer um esforçosuplementar para ajustar os projetoseditoriais que já tínhamos em faserelativamente adiantada no sentido deresponder da melhor forma às novasnecessidades de professores e alunos.Espero que o excelente trabalho dosnossos autores e da nossa equipaeditorial corresponda às exigências dequem só quer o melhor.

3. Recentemente, concebemos edivulgámos um novo vídeo deagradecimento aos professores. Não éa primeira vez que o fazemos e,porventura, não será a última vez.Porque é um agradecimento sincero eque, numa época tão difícil e conturbadacomo a que vivemos, é particularmentepertinente. Afinal, é nas mãos dosprofessores que está o nosso futuro.

Vasco TeixeiraPorto Editora

NÚMERO

14Magazine de Educação é umapublicação da responsabilidade doEspaço Professor da Porto Editora

MAI13Esta publicação segue a nova ortografiadefinida pelo Acordo Ortográfico

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