26
 AÇÃO 13/2019: Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos SUMÁRIO INTRODUÇÃO ATIVIDADES  1. Verificar os encaminhamentos e resultados da ação 12/2015 da ENCCLA (A1) 2. Apresentar tipologias levantadas em investigações de LD e corrupção com uso de empresas de fachada (A2) 3. Apresentar experiências de outros países no controle da utilização de empresas de fachada para LD e corrupção (A3) 4. Estudo da atual sistemática de registro de atos constitutivos e alterações sociais nas juntas comerciais, na sistemática de inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e de registros estaduais de empresas, e em procedimentos de abertura de contas bancárias por empresas (sob o enfoque dos cuidados para evitar as fraudes) (A4) 5. Discutir o aprimoramento de mecanismos de intercâmbio de informações (A5) 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS  1. Levantamento de tipologias de lavagem de dinheiro e corrupção mediante o uso de empresas de fachada (R1) 2. Levantamento de experiências internacionais no controle da utilização de empresas de fachada (R2) 3. Levantamento de eventuais fragilidades na sistemática dos registros de atos constitutivos e alterações sociais nas juntas comerciais, na sistemática de inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e de registros estaduais de empresas, e em procedimentos de aberturas de contas bancárias por empresas (sob o enfoque dos cuidados para evitar as fraudes) (R3) 4. Proposta(s) de aprimoramento normativo e/ou de medidas para o fortalecimento de controles, e de mecanismos de intercâmbio de informações e comunicações aos órgãos responsáveis para as devidas apurações, com vistas a evitar a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro (R4) CONCLUSÃO  

E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ATIVIDADES  

1. Verificar os encaminhamentos e resultados da ação 12/2015 da ENCCLA (A1) 

2. Apresentar tipologias levantadas em investigações de LD e corrupção com uso 

de empresas de fachada (A2) 

3. Apresentar experiências de outros países no controle da utilização de empresas 

de fachada para LD e corrupção (A3) 

4. Estudo da atual sistemática de registro de atos constitutivos e alterações 

sociais nas juntas comerciais, na sistemática de inscrição, alteração e baixa dos 

CNPJs pela Receita Federal e de registros estaduais de empresas, e em 

procedimentos de abertura de contas bancárias por empresas (sob o enfoque 

dos cuidados para evitar as fraudes) (A4) 

5. Discutir o aprimoramento de mecanismos de intercâmbio de informações (A5) 

6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de 

controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) 

RESULTADOS  

1. Levantamento de tipologias de lavagem de dinheiro e corrupção mediante o 

uso de empresas de fachada (R1) 

2. Levantamento de experiências internacionais no controle da utilização de 

empresas de fachada (R2) 

3. Levantamento de eventuais fragilidades na sistemática dos registros de atos 

constitutivos e alterações sociais nas juntas comerciais, na sistemática de 

inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e de registros 

estaduais de empresas, e em procedimentos de aberturas de contas bancárias 

por empresas (sob o enfoque dos cuidados para evitar as fraudes) (R3) 

4. Proposta(s) de aprimoramento normativo e/ou de medidas para o 

fortalecimento de controles, e de mecanismos de intercâmbio de informações 

e comunicações aos órgãos responsáveis para as devidas apurações, com vistas 

a evitar a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro (R4) 

CONCLUSÃO    

Page 2: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

 

INTRODUÇÃO: AÇÃO 13/2019  

 

Na  XVI  Reunião  Plenária  da  ESTRATÉGIA  NACIONAL  DE  COMBATE  À CORRUPÇÃO  E  À  LAVAGEM DE DINHEIRO  –  ENCCLA,  ocorrida  em  Foz  do  Iguaçu/PR, entre 19 e 23 de novembro de 2018, foi aprovada a AÇÃO 13/2019:  

 

“Propor  alterações  normativas  e/ou  melhoria  de  controles  para  evitar  a utilização  de  empresas  de  fachada  para  a  lavagem  de  dinheiro  e  outros ilícitos”   

Nos  termos  aprovados  na  Plenária,  referida  Ação  seria  operacionalizada mediante as seguintes Atividades: 

 

“A1.  Verificar  os  encaminhamentos  e  resultados  da  Ação  12/2015  da ENCCLA;  A2. Apresentar  tipologias  levantadas  em  investigações de  LD e  corrupção com uso de empresas de fachada;  A3. Apresentar  experiências de outros países no  controle da utilização de empresas de fachada para LD e corrupção;  A4.  Estudar  a  atual  sistemática  dos  registros  de  atos  constitutivos  e alterações  sociais  nas  Juntas  Comerciais,  na  sistemática  de  inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e de registros estaduais de empresas;  e  em  procedimentos  de  aberturas  de  contas  bancárias  por empresas (sob o enfoque dos cuidados para evitar as fraudes);  A5.  Discutir  o  aprimoramento  de  mecanismos  de  intercâmbio  de informações;  A6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes;  A7. Realizar avaliação do risco de mau uso, para efeito de LD/FT, de formas legalmente previstas de constituição de empresas no País.”    Ademais, foram aprovados como Resultados esperados os seguintes:  

“R1.  Levantamento  de  tipologias  de  lavagem  de  dinheiro  e  corrupção mediante o uso de empresas de fachada;   R2. Levantamento de experiências  internacionais no controle da utilização de empresas de fachada;   

Page 3: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

R3. Levantamento de eventuais fragilidades na sistemática dos registros de atos constitutivos e alterações sociais nas Juntas Comerciais, na sistemática de concessão e cancelamento dos CNPJs pela Receita Federal e de registros estaduais  de  empresas,  e  em  procedimentos  de  aberturas  de  contas bancárias por empresas (sob o enfoque dos cuidados para evitar as fraudes);  R4.  Proposta(s)  de  aprimoramento  normativo  e/ou  de  medidas  para  o fortalecimento  de  controles,  e  de  mecanismos  de  intercâmbio  de informações  e  comunicações  aos  órgãos  responsáveis  para  as  devidas apurações, com vistas a evitar a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro  R5.  Avaliação  do  risco  de  mau  uso,  para  efeito  de  LD/FT,  de  formas legalmente previstas de constituição de empresas no País.”    

Cumpre esclarecer que a Atividade 7 e o Resultado 5, inicialmente previstos, não serão apresentados no presente  relatório,  tendo em vista que os  integrantes da Ação  concordaram  que  a  avaliação  de  risco  não  seria  factível  no  atual  estágio  das discussões. 

 

O Grupo de  Trabalho da Ação 13/2019  reuniu‐se  seis1 vezes  ao  longo de 2019:   

1 Inicialmente, foram previstas sete reuniões. A quinta reunião prevista originalmente para ocorrer no dia 26/06/2019) foi cancelada, em razão da deliberação de não realização da avaliação de risco.

Page 4: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

  

DATA  DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 

22/03 – 1ª. Reunião  1. Apresentação e aprovação do plano de trabalho; 2. Apresentação dos encaminhamentos e resultados da Ação 12/2015 da ENCCLA pelo DREI‐MDIC (A1); 3. Breve discussão sobre tipologias de uso de empresas de fachada em investigações de LD e corrupção e definição de responsáveis por apresentação de estudo (A2); 4. Breve discussão sobre as experiências de outros países no controle da utilização de empresas de fachada para LD e corrupção e definição de responsáveis pela apresentação de estudo (A3); 5.  Breve  discussão  sobre  a  atual  sistemática  de  registros  de  atos constitutivos  e  alterações  sociais  nas  juntas  comerciais  e  do cancelamento de registros de empresas e definição de responsáveis pela apresentação de estudo (A4); 6. Breve discussão sobre a atual sistemática de inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e definição de responsáveis pela apresentação de estudo (A4); 7.  Breve  discussão  sobre  os  procedimentos  de  abertura  de  contas bancárias  por  pessoas  jurídicas  (sob  o  enfoque  dos  cuidados  para evitar as fraudes) e definição de responsáveis pela apresentação de estudo (A4); 8. Breve discussão de propostas de aprimoramento de mecanismos de  intercâmbio  de  informações  e  definição  de  responsáveis  pela apresentação de estudo (A5); 9. Breve discussão sobre a avaliação do risco de mau uso, para efeito de  LD/FT,  de  formas  legalmente  previstas  de  constituição  de empresas  no  país  e  definição  de  responsáveis  pela  elaboração  da avaliação (A7); 10.  Deliberação  sobre  a  eventual  necessidade  de  consultas preliminares  a  instituições que não  compõem a Ação 13 e  sobre o modo de fazê‐las. 

24/04 – 2ª. Reunião  Apresentação do estudo de tipologias de uso de empresas de fachada em investigações de LD e corrupção (R1) Apresentação  do  estudo  sobre  a  atual  sistemática  de  inscrição, alteração e baixa dos CNPJs pela Receita Federal e discussão inicial das propostas de melhoria (R3). 

14/05 – 3ª. Reunião  Apresentação do estudo sobre a atual sistemática de registros de atos constitutivos  e  alterações  sociais  nas  juntas  comerciais  e  do cancelamento  de  registros  de  empresas  e  discussão  inicial  das propostas de melhoria (R3); Apresentação do estudo de experiências de outros países no controle da utilização de empresas de fachada para LD e corrupção (R2). 

Page 5: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

11/06 – 4ª. Reunião  Apresentação sobre CCS nível 2 – TST; Aberturas de contas bancárias ‐ FEBRABAN, BCB, BB Experiências outros países ‐ AGU, MPDFT (complementação). 

07/08 – 5ª. Reunião  Apresentação sobre CCS – BCB; Apresentação  proposta  de  minuta  de  ofício  ENCCLA  para aperfeiçoamento das comunicações entre os órgãos; Minuta de relatório final. 

10/09 – 6º. Reunião  Discussão final da minuta 

  Esta  Ação  foi  coordenada  pela  Polícia  Federal  e  pela  Receita  Federal  do  Brasil, 

contando com a participação dos seguintes órgãos: ABIN, ADPF, AGU, AMPCON, ANPR, BB, BCB, CADE,  CAIXA,  Casa  Civil‐PR,  Câmara  dos  Deputados,  CGM/SP,  CGU,  COAF/UIF,  CONACI, CONCPC,  CONJUR‐MJ,  CNMP,  CVM,  FEBRABAN,  FOCCO/SP,  GNCOC,  MDIC,  MPF,  MPM, MP/PR,  MP/RJ,  MPDFT,  MPT,  PGFN,  PC/DF,  PC/RJ,  PC/RS,  PREVIC,  RFB,  SENASP,  SPREV, SUSEP, TST e TCU.  

 Participaram ainda como convidados da Ação o SIF e o DREI.  

 

 

    

Page 6: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

 

OS ENCAMINHAMENTOS E RESULTADOS DA AÇÃO 12/2015 DA ENCCLA (A1) 

  

A Ação 12/2015, coordenada pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), teve por objetivo aprimorar os mecanismos administrativos de verificação na constituição de pessoas jurídicas, a fim de evitar registros falsos ou objetos sociais genéricos, bem como aperfeiçoar as medidas correcionais para evitar o desvio de finalidade  (ANEXO 1: Relatório Final da Ação 12/2015). Trata‐se, portanto, em larga medida de uma antecessora da presente Ação 13/2019, e por esta razão a Atividade 1 buscou resgatar sua memória. 

 Em breve resumo, como resultado das discussões realizadas em 2015,  teria sido 

proposta  uma minuta  de  Instrução  Normativa  com  a  instituição  de  atribuições  de  auditoria interna às Juntas Comerciais, com a obrigação destas últimas de apresentar ao DREI relatórios anuais de auditoria, a realizar as comunicações devidas e a tomar as providências cabíveis nos casos concretos (ANEXO 2: minuta de IN DREI). Tal institucionalização da atribuição específica de auditoria interna não se confundiria com o trabalho correcional comumente realizado pelas Juntas Comerciais. Não obstante, a referida minuta não chegou a ser convertida em uma nova instrução normativa por parte do DREI. 

 Convidado a participar da presente Ação 13/2019, em sua primeira reunião o DREI 

informou que estava em vigência a IN 24/DREI (ANEXO 3: IN 24/DREI), a qual obrigava as Juntas Comerciais a comunicarem ao COAF/UIF os casos  suspeitos. Foi apresentada a minuta de  IN elaborada no âmbito da ENCCLA na Ação 12/2015 e o respectivo anexo, porém,  informou‐se que a mesma não teria sido publicada e que ainda deveria sofrer alterações em decorrência da publicação da Medida Provisória nº 876, de 13 de março de 2019, a qual alterou a Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Informou, por derradeiro, que a ideia seria submeter a minuta de IN oportunamente à consulta pública. 

 Não obstante,  como será visto mais à  frente neste  relatório, o DREI acabou por 

editar  a  IN  64/DREI,  a  qual  revogou  a  IN  24/DREI  completamente,  com  fundamento  na autonomia  dos  entes  federados  e  na  subordinação  administrativa  das  juntas  comerciais  aos respectivos entes federativos.   

  

O  LEVANTAMENTO  DE  TIPOLOGIAS  EM  INVESTIGAÇÕES  DE LAVAGEM DE DINHEIRO E CORRUPÇÃO COM USO DE EMPRESAS DE FACHADA (A2/R1) 

 

Diagnóstico preliminar: a maioria das tipologias de LD/FT envolve o uso 

de empresas de fachada. Foco nas tipologias menos conhecidas. 

 Há  uma  enorme  quantidade  de  tipologias  conhecidas  envolvendo  empresas  de 

fachada. Uma simples pesquisa no compêndio “Casos&Casos” do COAF/UIF revelou pelo menos 

Page 7: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

31 (trinta e uma) tipologias. Além disso, o GAFI possui um guia sobre a ocultação do beneficiário final, que também contém diversas tipologias. 

 Desde a primeira reunião, verificou‐se a necessidade de se utilizar a expertise de 

diversos órgãos, inclusive em âmbito estadual, e definiu‐se, ainda, que o foco deveria recair nas tipologias menos  conhecidas,  com o apontamento dos  indicativos mais evidentes do uso de empresas de fachada para fins de LD/FT. 

 O  Ministério  Público  do  Paraná  assumiu  a  responsabilidade  de  apresentar  as 

tipologias  e  de  receber  os  comentários  dos  demais  participantes  da  Ação.  O  objetivo  foi compilar, organizar e tentar classificar as circunstâncias indicativas de potencial uso da empresa (ANEXO 4: “Tipologias de lavagem de dinheiro mediante o uso de empresas de fachada”).  

 Além  disso,  o  Banco  do  Brasil  também  apresentou  uma  tipologia  de  uso  de 

empresas de fachada por “tiqueteiros”. A apresentação consta de anexo ao presente Relatório (ANEXO 5: “Situação: Tiqueteiros e Empresas de Fachada").  

 Durante as reuniões, foi sugerido ao COAF/UIF que integrasse as sugestões da Ação 

a  uma  eventual  nova  edição  do  Casos&Casos,  de  modo  que  não  houvesse  dispersão desnecessária das tipologias em outros documentos. 

  

EXPERIÊNCIAS  DE  OUTROS  PAÍSES  NO  CONTROLE  DA UTILIZAÇÃO  DE  EMPRESAS  DE  FACHADA  PARA  LAVAGEM  DE DINHEIRO E CORRUPÇÃO (A3/R2)  

 

As experiências de Reino Unido, Espanha, Alemanha e outros países 

Em  um  primeiro  momento,  a  AGU  apresentou  o  Relatório  da  Transparência 

Internacional “G20 na liderança ou na retaguarda”, sobre as ações do G20, grupo formado por 

19 países e a União Europeia e que inclui o Brasil, em prol do combate da utilização das empresas 

de fachada como instrumento da lavagem de dinheiro.  

De acordo com o referido relatório, o Brasil teria sido o país do G20 com a melhor 

evolução no desempenho de ações de combate à lavagem de dinheiro por empresas entre os 

anos 2015 e 2017, não obstante a exigência de  identificação do beneficiário  final só ter sido 

inserida nos normativos da Receita Federal em 2016.  

Contudo, haveria uma resistência generalizada no G20, à exceção Reino Unido, à 

exposição desses dados a todas as instituições envolvidas no esforço de combate à lavagem de 

dinheiro, pois seriam considerados como informações sensíveis.  

Não  obstante,  somente  uma  cooperação  permanente  entre  as  instituições 

envolvidas seria capaz de revelar a origem dos valores. Dentre as principais recomendações da 

TI estariam a criação de um mecanismo de verificação do beneficiário final e a previsão de um 

sistema de avaliação de riscos nacional. 

Page 8: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

Posteriormente, a AGU fez uma segunda apresentação sobre o tema "Experiências 

internacionais no controle da utilização de empresas de fachada como instrumento da lavagem 

de dinheiro” (ANEXO 6: Experiências Internacionais…). 

Foram analisados os sistemas dos seguintes países:  

REINO UNIDO:  Trata‐se  do  9º  país  com maior  facilidade  para  fazer  negócios.  O 

processo  de  abertura  de  empresas  é  simples,  bastando  o  empresário  interessado  fazer  um 

registro online pelo site do governo e, após efetivado esse registro, o empresário recebe um 

documento e solicita a autorização para contratar funcionários. Atrelado a isso, ele precisa fazer 

um seguro. O processo é simplificado, porém há setores específicos da economia que têm outra 

regulação, exigindo, além do registro, a concessão de licenças e uma inspeção prévia de acordo 

com as condições específicas de cada ramo de negócios. Os requisitos para abertura de empresa 

no Reino Unido são:  

Nome da empresa; 

Endereço da Sede; 

Employer Number; 

Memorandum  of  association:  Documento  legalizado  e  assinado  pelos  sócios 

confirmando a abertura da empresa; 

Articles of association: Regras escritas sobre a abertura e funcionamento da empresa; 

Pagamento da taxa do processo online; 

Ter uma conta bancária na Inglaterra; 

Respeitar as exigências do capital social mínimo. 

ESPANHA: 30º país no ranking do banco mundial na classificação de países com a 

maior  facilidade  para  fazer  negócios.  O  processo  é  mais  rígido,  pois  exige  uma  série  de 

documentos e providências para a abertura de empresas. Na Espanha toda empresa tem um 

livro de visitas em que é registrado todo o histórico de inspeção e vistoria realizado pelo Poder 

Público.  O  processo  dura  em  torno  de  30  dias  e  todo  empresário  é  obrigado  a  preencher 

anualmente os livros contábeis e a atualizar o registro comercial local.  

ALEMANHA: o processo é similar ao do Brasil. O empresário comparece perante o 

tabelião,  faz a escritura e o estatuto social da empresa, depois submete tais documentos ao 

registro comercial para que seja feita a avaliação acerca do registro. Relata que o Poder Público 

na  Alemanha  não  supervisiona  todas  as  atividades  empresariais,  mas  sim  foca  em  alguns 

setores, como as instituições bancárias e corretoras de seguros. 

Com base na análise dos países da Europa, concluiu‐se que não há um controle 

prévio  e  focado  no  ato  da  constituição  das  empresas,  sendo  que  o  que  se  percebe  é  a 

simplificação para o estímulo à economia. Não há um quadro normativo contendo o histórico 

de  como  foram  identificados  os  indícios  relacionados  às  empresas  de  fachada  e  aos 

procedimentos adotados. 

 

Page 9: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

Diferentemente do Brasil, em diversos países a maioria das empresas de fachada recebem  o  serviço  de  intermediários  financeiros,  conhecidos  como  prestadores  de  serviços corporativos.  Nesses  serviços,  o  prestador  atua  como  um  “laranja”,  cobrando  uma  taxa  de serviço, e atuando como diretor ou secretário da empresa, em nome do real dono.  Esse serviço é  prestado  em  paraísos  fiscais,  locais  nos  quais  muitas  vezes  essa  atividade  não  é regulamentada. Na Suíça haveria inclusive uma prova para prestar esse tipo de serviço. No Brasil há uma perspectiva de que a empresa de fachada é algo sempre ruim, porém em alguns países tais empresas são consideradas como uma proteção familiar do patrimônio ou como forma de negociação.   

 

Por fim, foi citado o exemplo do Quirguistão: sua legislação exige que a cada ano as 

empresas devem notificar o Estado e pagar uma taxa mínima, de modo a deixar claro que elas 

estão exercendo alguma atividade. Assim, se as empresas não realizam esse pagamento, em 30 

dias ocorre uma notificação e, se ainda permanecer inerte, sua atividade é tida como cessada 

pelo Estado. Trata‐se de uma inversão da lógica dominante no Brasil e diversos outros países, 

reduzindo‐se a carga do Estado de fiscalizar as empresas. 

Estudo comparado da abertura de empresas em diversos países    

Nos EUA existe uma preocupação com os provedores de serviço especializados em 

abrir outras empresas. Tais empresas têm o dever de fazer o Conheça Seu Cliente e de identificar 

seus beneficiários. 

O MPDFT  elaborou  uma  planilha  com  legislações  de  diversos  países  do mundo 

sobre o registro de empresas. Foram escolhidos 8 países para fazer tal levantamento (Anexos 7 

e 8: Abrindo uma empresa – Estudo Comparado): Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, EUA, 

México, Paraguai e Uruguai. 

Em alguns países como Canadá e EUA, não existe um marco regulatório único, pois 

cada estado tem sua normatização própria. Além disso, nesses países a criação de um registro 

nacional das empresas tem unicamente objetivos fiscais.     

Uma das preocupações verificadas nas legislações dos vários países é a criação de 

um cadastro único de registro de empresas. O Chile criou um cadastro de sociedades no site 

eletrônico e colocou à disposição em um repositório um cadastro único e nacional.  O Paraguai 

criou  o  SUACE  –  Sistema  unificado  para  abertura  e  fechamento  de  empresas 

(http://www.suace.gov.py/),  com  caráter  de  declaração  juramentada.  A  Colômbia  possui  o 

RUES‐ Registro Único Empresarial e Social da Colômbia (https://www.rues.org.co/). As empresas 

cadastradas têm que renovar anualmente as informações apresentadas. 

A Argentina foi citada como um país que se preocupa em identificar o beneficiário 

final da atividade empresarial, e ressaltou‐se a preocupação do México em relação a empresas 

com objeto ilícito ou atividade ilícita. 

Quanto à transparência, os países têm formas diferentes de aplicar a publicidade. 

A  consulta  documental  na Argentina  é  pública  e  os  sócios  devem providenciar  a  publicação 

oficial contendo: identificação dos sócios, data de constituição, razão social, domicílio, propósito 

corporativo,  capital  social,  órgão  de  administração  e  fiscalização,  entre  outros  dados.  Foi 

ressaltado que na Argentina as entidades que são obrigadas a informar a UIF devem apresentar 

Page 10: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

10 

declaração  anual  de  cumprimento  de  regulamentos  de  prevenção  à  lavagem  de  dinheiro  e 

financiamento do terrorismo. 

 

ESTUDO DA ATUAL SISTEMÁTICA DE REGISTRO DE ATOS CONSTITUTIVOS E ALTERAÇÕES  SOCIAIS  NAS  JUNTAS  COMERCIAIS,  NA  SISTEMÁTICA  DE INSCRIÇÃO, ALTERAÇÃO E BAIXA DOS CNPJS PELA RECEITA FEDERAL E DE REGISTROS  ESTADUAIS  DE  EMPRESAS,  E  EM  PROCEDIMENTOS  DE ABERTURA DE CONTAS BANCÁRIAS POR EMPRESAS (SOB O ENFOQUE DOS CUIDADOS PARA EVITAR AS FRAUDES) (A4/R3)  

A REDESIM, a BNE, a CNE, falta de integração e completude de bases 

No Brasil, os cadastros de pessoa jurídica estão integrados via Rede Nacional para 

a  Simplificação  do  Registro  e  da  Legalização  de  Empresas  e  Negócios  (REDESIM),  sistema 

integrado  com  o  DREI.  A  REDESIM  congrega  diversos  organismos  federais,  estaduais  e 

municipais  para  facilitar  a  legalização  das  empresas  e  seus  registros.  O  cadastro  da  pessoa 

jurídica (CNPJ) está  integrado à Receita Federal. A REDESIM comporta os atos de comércio e 

também os atos de registros de PJs civis. Possui também integração com a OAB, no registro dos 

escritórios. As sociedades domiciliadas no exterior têm parceria com o Banco Central e CVM, 

cada uma na sua área de atuação. Os órgãos que são responsáveis pelo nascimento jurídico da 

empresa,  finalizado  com  a  concessão  do  CNPJ,  realizam  atuações  de  ofício  para  verificar  a 

conformidade,  e  essas  verificações  podem  acarretar  na  suspensão  de  ofício,  por  razões  de 

inconsistências. 

As consequências para empresas com indícios de fraudes, no que tange ao CNPJ, 

são: baixa, suspensão,  inaptidão, nulidade. Uma vez baixado, um CNPJ pode ser reativado, a 

exemplo  das  situações  de  inaptidão  e  suspensão,  nas  quais  o  contribuinte  apresenta  suas 

contrarrazões para a empresa ser ativada, embora tais casos não sejam comuns. Foi citado que 

o Cadastro da Receita Federal não está sincronizado com o das Secretarias de Fazenda. 

O procedimento de abertura de uma empresa depende do tipo de negócio. Existem 

diferenças entre uma empresa simples ou uma sociedade mercantil, um MEI e uma empresa 

multinacional. Não existe um único processo.  

O  registro  ou  abertura  de  empresas  também  deve  pautar‐se  pela  facilidade, 

inclusive para evitar a informalidade e para promover o desenvolvimento do país. Não se deve 

impedir o nascimento da pessoa jurídica.  

Abordando  a  parte  mercantil,  a  qual  corresponde  ao  registro  feito  na  junta 

comercial, pode‐se resumir a abertura de uma empresa em três etapas:  

A viabilidade, que é feita pela REDESIM em parceria com as prefeituras. 

Em seguida o  registro e  inscrição  tributária,  fase na qual o  contribuinte 

escolhe o arranjo que deseja: companhia, sociedade  limitada,  individual. 

Em alguns casos já é emitido o CNPJ, mas não está padronizado.  

E a última etapa, que é o licenciamento, no qual a Empresa buscará o alvará 

e as licenças a depender do ramo de suas atividades. 

Page 11: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

11 

Existe um processo de cancelamento em série de registros – após identificação de 

empresas “noteiras”.  

Caso a empresa exista de fato, mas em seu cadastro conste que a entidade não 

demonstra  capacidade  operacional,  esses  dados  são  recebidos  da  área  de  inteligência.  O 

procedimento é elaborar o edital, publicar para que tais empresas apresentem as contrarrazões 

para  se  buscar  confirmar  dados  pendentes,  sendo  baixíssimo  o  índice  de  falsos  positivos.  A 

empresa questionada possui um prazo de 30 dias, e, passado esse prazo, a empresa é baixada 

por inexistência de fato. 

Criticou‐se o  tempo que  leva para o  cancelamento do CNPJ e a disponibilização 

dessa  informação  aos  bancos.  A  RFB  informou que  a  área  de  cadastro  implementa  o  que  a 

seleção/fiscalização indica. A Febraban faz a intermediação com os bancos. O serviço é online, 

o atraso é muito pequeno. A transparência ativa é atualizada a cada três meses, e a integração 

com a CVM está em fase de implementação, restando a definir os tipos de arranjo. 

Foi  sugerida  a  criação  de  uma  ‘lista  negra’,  contendo  emissões  de  CNPJ  para 

determinados endereços mais utilizados por empresas de fachada, e/ou com a caracterização 

de sócios ilegais. Poderia ser criada uma verificação automática na REDESIM desses endereços 

e  sócios  por  parte  dos  órgãos  envolvidos  na  abertura  de  empresas.  Por  outro  lado,  a  Base 

Nacional de Empresas (BNE), atualmente em fase de captação de dados, conterá os dados do 

alvará  de  funcionamento,  e  caso  este  tenha  sido  cancelado,  conterá  os  motivos  do 

cancelamento. 

A RFB  informou que há uma  ferramenta que  congrega  todas essas  informações 

cadastrais sob a forma de listas, permitindo fazer alertas e acompanhar os dados das empresas, 

para posteriormente adotar as medidas adequadas. O portal de cadastro e de  transparência 

permite a criação de listas. Existe previsão de entrada em produção em outubro do acesso ao 

portal por órgãos externos. 

O  BB  informou  sobre  o  relatório  de  capital  social  subscrito  e  o  capital  social,  a 

respeito da maneira como é verificada que é uma empresa de fachada. No comércio exterior, 

por exemplo, é checada por cadastro separado para verificar a capacidade financeira. De fato, 

ainda não há uma análise da capacidade financeira mais aprofundada. 

Foi  citado  o  atraso  no  encaminhamento  pelas  juntas  comerciais  dos  dados  das 

empresas para a REDESIM. Além disso, diversos cartórios ainda não estariam integrados a essa 

rede. Segundo a RFB, somente os estados do Rio de Janeiro e o Ceará estariam integrados à 

REDESIM, mas haveria um movimento para que todos os cartórios de títulos e documentos já 

pudessem se conectar, via central de títulos e documentos. A arquitetura seria pensada para 

funcionar  de  forma  muito  simples.  A  estrutura  seria  projetada  para  cada  estado  ter  um 

integrador estadual e que ele se conectasse ao integrador nacional. A RFB afirmou que ainda 

era muito baixo o nível de integração dos cartórios. 

A AMPCON sugeriu contatar o CNJ devido à regulamentação, e perguntou sobre 

Fundos  inativos  e  a migração  de OSCIPS  para  as OS.  Também questiona  o mecanismo  para 

denúncias e principalmente para interromper essa atividade. A RFB respondeu que a área de 

seleção  pode  receber  denúncias  e  alertas,  que  existiria  um  sistema  para  acompanhar  os 

benefícios  fiscais,  formado por uma fusão entre as áreas cadastrais e as áreas de benefícios. 

Contudo, os benefícios fiscais ainda são considerados grandes entraves, nos quais a RFB está 

atuando para o aperfeiçoamento do sistema.  

Page 12: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

12 

Está sendo criado um sistema de autenticação do MEI dentro da REDESIM. A RFB 

citou ainda outras medidas possíveis, tais como: um CNPJ por MEI de forma permanente para a 

mesma pessoa física; ou que isso seja considerado uma atividade econômica da pessoa física. 

A  FEBRABAN destacou que  informações de qualidade  são  fundamentais para as 

áreas  de  prevenção  à  lavagem  de  dinheiro  e  financiamento  do  terrorismo  desenvolverem 

políticas  eficazes  e  robustas  de  “conheça  seu  cliente”,  razão  pela  qual  há manifestação  no 

sentido de se permitir o compartilhamento ou acesso a dados que não são protegidos pelo sigilo 

fiscal, mas que  já  são compartilhados por órgãos públicos. A FEBRABAN  indicou ainda que a 

adoção de uma abordagem baseada em risco tem sido alvo de constantes debates. Indagou‐se 

à FEBRABAN se seria possível incluir informações sobre faturamento e renda nas abordagens, o 

que,  segundo  a  FEBRABAN,  esse  tipo  de  informação  nem  sempre  é  dada  pelo  cliente,  nem 

sempre  está  atualizada  ou  corresponde  à  realidade  do  cliente,  já  que  é  uma  informação 

declaratória.  

Foi questionado o mecanismo de funcionamento da Base Nacional de Empresas ‐ 

BNE.  De  acordo  com  o  DREI,  a  BNE  será  feita  com  dados  abertos,  para  dar  a  devida 

transparência,  especialmente  aos  órgãos  de  controle,  e  conterá  todos os  dados de  todas  as 

etapas, tais como os de registro, licenciamento, vencimento e inscrição estadual. 

A  PGFN  solicitou  o  retorno  do  Cadastro  Nacional  de  Empresas  ‐  CNE,  que  foi 

descontinuado. O DREI informou que boa parte da base foi perdida com as sucessivas migrações 

do DREI, e as juntas não conseguiram repassar ao CNE todas as informações. Hoje esse cadastro 

está inativo. O DREI quer voltar com o CNE confiável e reuniões estão sendo feitas nesse sentido. 

Para tanto, todas as juntas deverão usar a mesma linguagem em seus softwares. 

A Ação concluiu pela necessidade de uma recomendação ao DREI para que volte a 

disponibilizar o acesso online ao CNE e/ou dê acesso às bases de dados disponibilizadas pelas 

juntas comerciais aos órgãos de controle e fiscalização interessados. 

   

Fraude fiscal e empresas de fachada 

O Brasil figura na 140ª posição no quesito facilidade para abrir uma empresa, de 

um  total  de  189  países.  Isso  aumenta  o  chamado  Custo‐Brasil.  Visando  facilitar  a  vida  do 

empreendedor, foram criados a Micro Empresa ‐ ME, a Empresa de Pequeno Porte ‐ EPP e o 

Micro Empresário Individual ‐ MEI, cujas diferenças baseiam‐se no faturamento. Atualmente, 

com a nova legislação, o tempo médio de abertura de uma empresa convencional é de 5 dias e 

de 3 dias para um MEI. No DF, por exemplo, são abertas cerca de 4 mil empresas por mês. 

Segundo o  SIF  (ANEXO 9: Apresentação  Cadastro  Fiscal), o  foco  da  fiscalização 

recai sobre alguns setores mais sensíveis, com grande possibilidade de ocorrência de fraudes 

tributárias: combustíveis, abatedouros, comércio de atacadistas de bebidas, alimentos e grãos.  

Os dados seriam obtidos pelo histórico de atuações e o volume de ocorrências,  identificados 

pela fiscalização.  

Três tipos de empresas praticam a fraude fiscal: empresas fantasmas, empresas de 

fachada e empresas noteiras. As empresas fantasmas nunca existiram de fato.  Nas empresas de 

fachada o contribuinte sabe que em alguns momentos existe o controle da  fiscalização, e as 

Page 13: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

13 

empresas noteiras são constituídas unicamente com a finalidade de emitir notas fiscais e fraudar 

o fisco por meio de interpostas pessoas. 

Foram citados alguns casos e boas práticas que auxiliam a  identificar as  fraudes 

praticadas por alguns contribuintes, e foi ressaltada a importância de uma maior integração das 

unidades de inteligência, com o intuito de gerar precaução em outros estados. A declaração de 

idoneidade de documento fiscal e a declaração de nulidade são ferramentas que auxiliam no 

combate ao Caixa 2. 

Com  relação  à  vistoria  prévia  para  a  concessão  da  Inscrição  Estadual  (IE),  foi 

questionado  se o  responsável que  realiza a vistoria prévia é a  Secretaria de Fazenda, qual o 

tempo para dar a resposta no processo de inscrição, e se esse tempo burocratiza o processo. O 

SIF informou que no DF a Secretaria de Fazenda faz a vistoria prévia à concessão da Inscrição 

Estadual (IE). A inscrição não é burocratizada e é feita de acordo com a velocidade permitida 

pelo sistema. O parecer de vistoria prévia seria apenas exigido para o início da emissão de nota 

fiscal.  Desta forma a ação dos fraudadores é impedida. 

Foi questionado se existe uma base de dados que disponibilize um histórico das 

fiscalizações, com o objetivo de compartilhamento dessas informações a título de inteligência. 

Segundo o SIF, o registro de fraudes vai passar por sonegação de tributos ISS. Em relação ao DF 

há um cadastro de atuações, com registro de informações que podem ser de interesse do TSE. 

A questão do sigilo fiscal foi levantada, mas, por se tratar de órgão federal é possível que essa 

barreira possa ser ultrapassada.  

Por  fim,  o  SIF  apresentou  o  Manifesto  da  1ª  Reunião  Técnica  sobre  Empresas 

Noteiras  (ANEXO  10:  Manifesto  –  1ª  Reunião  Técnica  sobre  Empresas  Noteiras),  evento 

realizado em 27 e 28 de  junho de 2019 pela Administração Tributária de Santa Catarina, por 

meio  do  Comitê  de  Formação  Continuada,  e  que  contou  com  a  participação  exclusiva  de 

servidores públicos de diversos órgãos para tratar do combate às fraudes praticadas por meio 

das Empresas Noteiras. Participaram integrantes de quinze Unidades da Federação de Secretaria 

de  Estado  da  Fazenda,  Procuradoria  Geral  do  Estado, Ministério  Público,  Auditoria  Interna, 

Receita Federal do Brasil, coordenação do Sistema de Inteligência Fiscal e Conselho de Controle 

de Atividades Financeiras. Foram assumidos 23 compromissos pelos participantes, essenciais 

para o combate ao uso de empresas noteiras. 

O DREI e a necessidade de regulação da atividade de PLD/CFT das 

juntas comerciais  

O DREI descreveu o  funcionamento do registro empresarial no Brasil, amparado 

especialmente no disposto junto a  Lei nº 11.598/2007 e a Lei Complementar nº 123/2006. 

A abertura de empresas possui três etapas:  

Viabilidade: primeiramente se verifica a possibilidade de uso do nome empresarial 

escolhido, em razão do princípio da novidade. As juntas comerciais são as responsáveis por essa 

aprovação.  A  viabilidade  também  envolve  a  verificação  se  o  endereço  escolhido  permite  a 

exploração daquela determinada atividade, de acordo com as leis de uso e ocupação do solo. 

Com a viabilidade aprovada, a empresa passa a preparar seus atos constitutivos e os leva até a 

junta comercial para registro. 

Page 14: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

14 

Registro:  ocorre por meio do Certificado digital. Nesta etapa, a junta comercial faz 

a análise dos documentos e verifica se há algum vício que não pode ser sanado ou solicita a 

complementação. 

Licenciamento: interessados devem buscar junto aos órgãos (Bombeiros, vigilância 

sanitária e meio ambiente) as licenças necessárias para o funcionamento. Se for atividade de 

baixo  risco,  as  licenças  são  dispensadas  ou  é  dado  um  alvará  provisório  para  permitir  o 

funcionamento. 

Segundo o DREI,  cada estado possui um sistema de  registro e um  integrador. O 

sistema  de  registro  é  responsável  pelos  atos  empresariais.  Alguns  exemplos  de  sistemas  de 

registro: SRM, SIARCO. O integrador, por sua vez, faz a integração entre os diversos órgãos que 

compõe  esses  procedimentos,  como  Receita  Federal,  Secretaria  de  Finanças  do  Estado, 

prefeitura  e  órgãos  licenciadores.  Geralmente  os  integradores  são  soluções  privadas 

contratadas pelas Juntas Comerciais, com exceção do Integrar. Alguns integradores estaduais: 

VRE (SP), RLE, Vox Tecnologia, Regin. 

O DREI é o órgão que normatiza o registro de empresas no país.  Existem diversas 

instruções normativas que estabelecem as  regras que devem ser observadas pelas 27  juntas 

comerciais no país. 

Foi citada a IN 24/2014, a qual determina que, em havendo sérios indícios de crime 

previstos  na  Lei  de  Lavagem  de  Dinheiro  (Lei  nº  9613/1998),  caberá  ao  técnico  analista 

responsável pelo procedimento de solicitar o encaminhamento ao COAF/UIF. Mencionou‐se o 

art.  6º,  em  que  as  juntas,  anualmente,  devem  realizar  um  relatório,  comprovando  que  não 

houve nenhum caso descrito no art. 3º. 

Segundo o DREI, o normativo existe, contudo, as juntas comerciais não seguiriam 

na  integralidade  essas  orientações.  Acrescentou  ainda  o  fato  de  que  há  um  entendimento 

doutrinário e até  jurisprudencial, decorrente de  interpretação da Lei 8.934/1994,  segundo o 

qual não caberia à junta comercial analisar o mérito dos atos submetidos a registro. Desta forma, 

haveria dificuldade para convencer os analistas a atuarem em relação ao COAF/UIF, pois alegam 

não seria competência deles. Ainda segundo o DREI, a IN de 2014 não teria muita efetividade. 

Foi  mencionada  ainda  a  minuta  elaborada  de  IN,  ainda  não  publicada,  a  qual 

estabelece que as juntas comerciais devem fazer o relatório que trata e regulamenta o Decreto 

nº 1.800/1996 (art. 25 inciso XVIII). Entretanto, sugere que a minuta precisa ser revista, caso 

contrário, pode incorrer nas mesmas dificuldades da IN 24.  

Mencionou‐se a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Mato Grosso, a 

qual realiza a busca avançada de informações por meio Google Street View. Segundo o DREI, a 

finalização da BNE dará uma base bastante robusta para a fiscalização das empresas. 

A RFB se manifestou no sentido de que embora o domínio da avaliação da minuta 

de IN seja do DREI, os integrantes da Ação se dispõem a dar o devido apoio para que a mesma 

seja revista, e solicitou o compromisso do DREI em realizar essa revisão para a devida evolução 

da norma, iniciada na Ação 12/2015.  

Quanto à falta de expertise das Juntas, a RFB mencionou que os bancos e todos os 

outros  setores  obrigados  também alegaram a mesma problemática,  contudo,  após  a  devida 

capacitação, atualmente eles estão integrados e colaborativos. Foi ressaltado o desafio do DREI 

em colaborar e mudar essa cultura por meio da capacitação e conscientização. Como exemplo 

Page 15: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

15 

de uma possível solução, foi citada a possibilidade de edições específicas do Programa Nacional 

de Capacitação e Treinamento para o Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (PNLD). 

 O  COAF/UIF  reiterou  que  a  capacitação  é  um  desafio  enfrentado  por  todos  os 

setores obrigados. Mencionou, ainda, que a comunicação não é um impedimento de seguir com 

o  registro,  com a  livre  iniciativa e o desenvolvimento econômico.   Não obstante, o  relatório 

padrão  enviado  pelas  juntas  comerciais,  sem menção  a  atividades  suspeitas  eventualmente 

detectadas, pode ser entendido como declaração falsa. De forma semelhante, a não declaração 

também  pode  ensejar  a  abertura  de  um  processo  administrativo.  Apontou‐se,  ainda,  que 

diversas comunicações poderiam ser automatizadas. 

O  DREI  apresentou  seu  entendimento  de  que  não  possui  poder  sancionatório 

perante as Juntas Comerciais. De acordo com a estrutura do registro de empresas no Brasil, o 

DREI está no âmbito federal, enquanto as juntas estariam no âmbito dos estados. Com efeito, 

as juntas seriam subordinadas estruturalmente aos estados, e se subordinariam ao DREI apenas 

tecnicamente. Neste sentido, não existiria o poder sancionatório do DREI em relação às juntas 

comerciais. 

A PF reafirmou que apesar de as juntas comerciais serem um dos entes obrigados 

a fazer comunicações de lavagem ao COAF/UIF, ainda estariam na fase de conscientização de tal 

necessidade. Ressaltou ainda que a ideia de PLD/CFT não busca impedir o desenvolvimento da 

atividade econômica, mas se trata de um procedimento cumulativo de diversos entes envolvidos 

nas mais variadas etapas dos processos econômicos, os quais geram informações úteis para que 

os  órgãos  responsáveis  por  investigar  e  punir  a  LD/FT  sejam  munidos  das  informações 

necessárias. Como as  juntas comerciais estariam no  início do que pode vir a  representar um 

processo  de  lavagem  de  dinheiro,  é  possível  que  estejam  em  uma  posição  essencial  para  a 

prevenção e o combate a esse tipo de delito. Afirma que, se houver a comunicação, poderão ser 

identificadas operações fraudulentas de organizações criminosas que se utilizam de empresas 

de  fachada  para  a  lavagem  de  dinheiro.  Neste  sentido,  a  PF  sugeriu  ao  DREI  que  as 

impropriedades  na  proposta  de  IN  sejam  apontadas  para  a  ENCCLA,  de  modo  que  os 

participantes possam sugerir uma nova  redação que  seja  conforme às atividades das  juntas. 

Apesar de poder ter algumas imperfeições, a IN busca dar parâmetros mínimos para informação 

dos técnicos. 

O DREI alegou que as questões administrativas das  juntas e órgãos estaduais  se 

submetem  ao  próprio  governador.  Afirmou,  ainda,  que  sancionar  as  juntas  não  parece 

adequado, mas sim punir os responsáveis pela junta, os gestores. Além disso, no momento atual 

o que deveria ser feito é adotar medidas educativas e não sancionatórias, para que as juntas 

passem a colaborar. Não obstante, argumentou‐se que a questão da sanção seria um requisito 

normativo, pois se não há sanção não há norma, há uma inconsistência do normativo.  

Ademais, o controle de PLD/CFT seria uma atividade própria do registro, e não uma 

questão  administrativa.  Neste  sentido,  o  DREI  teria  poder  regulamentar  e  sancionar  nesta 

matéria.  

Quando  se  trata  de matéria  técnica,  o  DREI  teria  competência, mas  quando  se 

refere  a  questões  administrativas,  o  DREI  não  poderia  intervir.  Questionada  se  os  estados 

normatizam  de  alguma  maneira  as  juntas,  o  DREI  respondeu  que  se  tratam  de  autarquias 

estabelecidas por lei, mas que, contudo, não haveria um órgão local. Sugeriu, por fim, comunicar 

a órgãos como o Ministério Público ou o Tribunal de Contas do Estado respectivo para que estes 

tomem conhecimento de que houve o descumprimento da obrigação. A AGU ressaltou que os 

Page 16: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

16 

agentes públicos são subordinados à lei de improbidade administrativa. Não obstante, o MPPR 

esclareceu que não  se  pode  confundir  o  poder  repressivo posterior  e  a  análise  normativa  e 

regulamentar disso. 

Como  a  Ação  13/2019  tem  como  objetivo  melhorar  os  processos  relativos  a 

prevenção da utilização de empresas de fachada para fins de lavagem de dinheiro, é preciso que 

as  juntas  comerciais  integrem  esse  processo.  É  uma  responsabilidade  de  todos  prevenir  a 

atuação de tais empresas. Neste sentido, foi sugerido retomar as questões da normatização e 

das sanções.  

O  DREI  sugeriu  que  ações  de  capacitação  sejam  feitas  por meio  dos  Encontros 

Nacionais  de  Juntas  Comerciais  (ENAJ),  organizados  pela  FENAJU  (Federação  Nacional  das 

Juntas), e propôs a participação de algum integrante da Ação 13/2019 para abordar a questão 

já no próximo Encontro, bem como iniciar tratativas para um possível acordo de cooperação 

para  capacitação  dos  técnicos  das  juntas. O  COAF/UIF  foi  indicado  como o  possível  órgão  a 

participar do próximo ENAJ, sem prejuízo de que seja pensado um PNLD posteriormente como 

meio de capacitação dos técnicos. 

Foi  sugerido que  na  próxima  reunião,  com  o  auxílio  do  DREI,  fosse  realizada  a 

revisão da minuta de instrução normativa, especificamente nos aspectos de forma, conteúdo e 

finalidade.  Referente  à  finalidade,  foi  sugerido  instituir  uma  forma mais  ágil  de  reporte  das 

juntas comerciais. Com relação ao conteúdo do anexo “Banco Central do Brasil Supervisão de 

conduta –PLD/FT”, foi sugerido acrescentar pontos como as tipologias, forma de integralização 

de  capital,  aparência  de  urgência,  empresas  adormecidas.  Foi  enfatizada  a  importância  da 

atualização da IN 24, pelo DREI, e ressaltado que a discussão das empresas de fachada é um 

debate crucial, citada nas recomendações do GAFI. 

Entretanto,  surpreendentemente,  em  que  pese  todo  o  acima  exposto,  em 

15/07/2019, o DREI expediu a IN 64/2019, revogando a IN 24/2014: 

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 64, de 15 de julho de 2019 

Revoga a Instrução Normativa DREI nº 24, de 4 de junho de 2014. 

O  DIRETOR  DO  DEPARTAMENTO  NACIONAL  DE  REGISTRO  EMPRESARIAL  E INTEGRAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 4º, incisos II, III e VII, da Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, e 

CONSIDERANDO as disposições constantes do art. 6º da Lei nº 8.934, de 1994, de que as Juntas Comerciais subordinam‐se, administrativamente, ao governo do respectivo ente federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração ‐ DREI; e 

CONSIDERANDO a autonomia dos entes federados,  insculpida no art. 18 da Constituição Federal de 1988, resolve: 

Art. 1º Fica  revogada a  Instrução Normativa DREI nº 24, de 4 de  junho de 2014, que dispõe sobre o procedimento a ser adotado no âmbito das Juntas Comerciais para o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. 

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. 

Page 17: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

17 

ANDRÉ LUIZ SANTA CRUZ RAMOS 

 

Essa situação  foi debatida na  reunião de 07/08/2019, na qual o DREI não se  fez 

presente.  O COAF/UIF informou que, após tomar conhecimento da revogação da IN 24/2014, 

reuniu‐se com o DREI. O DREI teria então informado que consultaria, formalmente, a PGFN para 

saber se tem atribuição sancionatória sobre as Juntas Comerciais. 

Na reunião de 10/09/2019, o Grupo de Trabalho retomou essa questão, tendo a PGFN  apresentado  o  parecer  solicitado  pelo  DREI  (ANEXO  11:  Nota  Técnica  SEI  nº 55/2019/DREI/SGD/SEDGG‐ME com parecer PGFN)  em que aponta que “não há como afastar a sua característica de "órgão regulador ou fiscalizador" das atividades das Juntas Comerciais”, apesar de reconhecer a ausência de poder sancionatório do órgão.  

O  COAF/UIF  se  reuniu  com  o  DREI,  no  dia  17/09,  para  discutir  o  resultado  da 

consulta à PGFN e buscar uma solução. Considerando o Parecer da PGFN, o DREI informou que 

elaboraria nova norma e solicitou o apoio da UIF para que o resultado seja adequado. O DREI 

ficou  de  analisar  os  documentos  produzidos  na  presente  Ação  13  e  exemplos  de  normas 

expedidas por outros reguladores.  

Além disso, o DREI solicitou o apoio da UIF na realização de evento de capacitação, 

dirigido às Juntas Comercias, com data provável de 29/10, em Brasília. 

Tendo em vista, contudo, que uma solução conclusiva não será atingida até a data 

final de entrega do presente relatório, a Ação propôs que eventual acréscimo seja feito por meio 

de adendo. 

 

O Registro Automático de Empresas (MP 876/2019) e os possíveis 

riscos para LD/FT 

Foi  citada  a Medida  Provisória  876/2019  que  autoriza  o  registro  automático  de 

determinadas  sociedades  empresariais  e  a  posterior  verificação  da  formalização  legal.  Essa 

medida provisória abrangeria 96% dos registros do país.  Foi esclarecido que no momento do 

registro  é  informado  o  deferimento  do  registro  ou  inicia‐se  o  estágio  de  verificação  de 

exigências, no prazo de 30 dias. Questionou‐se  se  a medida estaria acontecendo na prática. 

Realizou‐se  uma  síntese  das  28  emendas,  tendo  sido  mencionada  a  emenda  do  deputado 

Delegado Pablo (Emenda 00028), a qual dispõe que após dois dias, se não tiver sido realizada a 

análise, o processo seria  arquivado.  

Altera a Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 

1994, que dispõe sobre o Registro Público de 

Empresas Mercantis e Atividades Afins.  

O  parágrafo  2º  do  artigo  42,  da  Lei  nº  8.934,  de  18  de  novembro  de  1994, 

alterado pela Medida Provisória 876/2019, passa a vigorar como parágrafo 2º 

do artigo 41, e revoguem‐se os parágrafos 2º, 3º, 4º, 5º e 6º, do artigo 42 da 

Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, introduzidos pela MP 876/19.  

“Art.1º.................................................................................  

Page 18: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

18 

Art. 41....  

§ 1º Os pedidos de arquivamento de que trata o inciso I do caput serão 

decididos no prazo de cinco dias úteis, contado da data de seu recebimento, sob 

pena  de  os  atos  serem  considerados  arquivados,  mediante  provocação  dos 

interessados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela procuradoria.  

§ 2º Os pedidos de arquivamento de atos constitutivos não previstos 

no  inciso  I  do  caput  do  art.  41  serão  decididos  no  prazo  de  dois  dias  úteis, 

contado da data de seu recebimento, sob pena de os atos serem considerados 

arquivados, mediante provocação dos interessados, sem prejuízo do exame das 

formalidades legais pela procuradoria.” “Art. 2º..... (...) IV – os parágrafos 2º, 

3º, 4º, 5º e 6º, do artigo 42 da Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994.” 

O DREI informou que a Instrução Normativa estava pronta para a publicação, e que 

ela  estabelece  o  registro  automático  para  empreendedores  individuais,  EIRELI  e 

microempreendedores.  O  registro  somente  seria  deferido  automaticamente  se  tiver  sido 

utilizado um instrumento padrão, fixado pelo DREI.  

Quanto à análise, o DREI afirmou que atualmente muitas juntas usam o processo 

digital, tendo mencionado exemplos de juntas totalmente digitalizadas como MG, MS, CE, RR, 

MS, e de outras que utilizam processos físicos e digitais, como DF. 

O DREI explicou que no processo digital a análise é feita diretamente pelo sistema 

ou por servidor via sistema, e não há atendimento presencial. Nos casos de processos físicos, a 

análise é  feita por servidor, a posteriori. No momento do protocolo o registro é automático, 

gerando o CNPJ. CE e MG já estariam fazendo o registro automático, mesmo antes da publicação 

da IN. 

Caso a empresa tenha um vício sanável, e não recorra dentro de 30 dias, haverá um 

bloqueio administrativo. Vícios insanáveis obrigam o cancelamento do CNPJ. 

Sugeriu‐se  que  o  prazo  de  dois  dias  seja  utilizado  para  a  análise,  antes  do 

deferimento do CNPJ, de modo a evitar que mesmo com um vício insanável uma empresa possa 

operar financeiramente durante 30 dias. No entanto, o DREI avaliou que esses dois dias não são 

cumpridos de fato, pois em muitas situações há um atraso de 30 a 40 dias para a abertura de 

uma empresa. A Medida Provisória teria por objetivo acelerar as etapas do registro, e com o uso 

do  instrumento  padrão  a  probabilidade  desses  vícios  é  mínima.  As  exigências  simples  que 

venham a  surgir não deverão  trazer prejuízo pelo  fato de o empresário  já possuir o  registro 

automático.  

Cabe  ressaltar  que  o  período  de  vigência  da MP 876/2019  foi  de  14/03/2019  a 

11/07/2019, sem que o Projeto de Lei de Conversão respectivo (e ampliado em comissão mista) 

houvesse  sido  apreciado  pelo  Congresso  (vide  artigo:  https://www.jota.info/opiniao‐e‐

analise/artigos/a‐mp‐876‐caducou‐a‐burocracia‐venceu‐uma‐batalha‐mas‐nao‐a‐guerra‐

15072019). 

   

Page 19: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

19 

Os controles nos relacionamentos das empresas com as instituições 

financeiras 

O  BCB  compartilhou  sua  experiência  na  supervisão  das  grandes  instituições 

financeiras quanto às medidas de prevenção à lavagem de dinheiro com o emprego de empresas 

de fachada (ANEXO 12: Banco Central do Brasil ‐ Supervisão de Conduta). 

O tema "empresas de fachada" é tratado em vários momentos de controle de PLD 

das instituições financeiras. As instituições bancárias estão em uma posição privilegiada, pois 

conseguem enxergar a movimentação financeira dos clientes e de suas empresas, bem assim 

dos clientes PJ que têm o interesse de estabelecer o relacionamento bancário.  

Os processos de supervisão de PLD são um tema transversal a vários tópicos dos 

roteiros de inspeção que são realizados nas IFs, pois passa por procedimentos de conheça seu 

cliente,  operações  de  câmbio  suspeitas  envolvendo  ME  e  EPP,  contas‐correntes  com 

movimentações  incompatíveis  com  a  capacidade  financeira  de  empresa  ME  e EPP  e  uma 

atuação proativa na identificação de tipologias.  

O BCB cobra das instituições financeiras que desenvolvam ativamente controles e 

procedimentos  de  prevenção  à  lavagem  de  dinheiro,  com  o  objetivo  de  detectar  situações 

suspeitas. A  ideia  é  que  as  empresas  e  instituições  financeiras  não  se  pautem  apenas  nos 

roteiros de inspeção para cumprir ordens do BCB, mas sim que tomem a iniciativa de mapear os 

riscos atinentes a sua atividade. 

Foram  mencionadas  algumas  situações  que  foram  observadas  nas  instituições 

financeiras  fiscalizadas,  dentre  elas o  cenário  de  geração  de  alertas  relacionados  à 

incompatibilidade entre o faturamento do cliente PJ coletado no momento da abertura da conta 

(ou da atualização cadastral) e o enquadramento como ME e EPP. O porte dado ao cliente no 

seu enquadramento já seria suficiente para gerar um alerta para a área de PLD analisar. 

A  revogação  do  artigo  72  da  Lei  Complementar  nº  123  de  14/12/2006  gerou 

algumas  dificuldades,  pois  não  haveria  mais  a  obrigação  de  indicar  na  denominação  o 

enquadramento  da  empresa.  Empresas  como  ME  e  EPP  estariam  sendo  usadas  para  fazer 

pagamentos  antecipados  de  importação  de  valores  superiores à  capacidade  financeira 

intrínseca a determinado enquadramento. 

Durante o processo de abertura e atualização cadastral são realizadas visitas aos 

clientes PJ, as quais permitem identificar casos de empresas de fachada. Foram citados casos de 

alguns gerentes comerciais que eram responsáveis por fazer essa visita, mas não o faziam, e 

apenas preenchiam à distância os formulários no sistema da instituição como se tivessem de 

fato realizado a visita. Para coibir esse tipo de medida, o BCB informou que houve a implantação 

de aplicativos, os quais capturam a geolocalização do gerente no momento em que ele está 

preenchendo o relatório de visita.  

Existem problemas referentes a técnicas de clientes PJ que fazem ou recebem TEDs, 

DOCs ou transferências para/de empresas que não teriam nada a ver com o ramo de atuação 

desses clientes. O desafio é criar e investir em algoritmos sofisticados que vasculhem as bases 

de dados de milhões de clientes PJ, tentando identificar TEDs e DOCs de outras empresas que 

não têm relação razoável com determinado ramo da atividade. 

Page 20: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

20 

Os bancos ainda trouxeram uma técnica da área de fraudes, chamada de DNA da 

máquina. O DNA da máquina seria um conjunto de características de hardware e software que 

tornam o equipamento único. A partir dessa  identificação única, os casos  identificados como 

problemáticos  e  que  merecem  comunicação  ao  COAF/UIF  têm  suas  bases  vasculhadas.  Tal 

técnica seria útil para descobrir empresas de fachada criadas com os equipamentos que foram 

utilizados por outros casos já identificados. 

A partir dessa identificação única, os casos identificados como problemáticos e que 

merecem comunicação ao COAF/UIF, têm suas bases vasculhadas. 

Foram expostas algumas sugestões:   

1.  Possibilidade  de  criação  de  base  centralizada  para  IFs  consultarem  o 

enquadramento dos clientes PJ (MEI, ME e EPP) sem necessitar da autorização do cliente. 

2.  Possibilidade  de  base  centralizada  para  IFs  consultarem  o  faturamento mais 

recente dos clientes PJ – com autorização do cliente. 

3. possibilidade de base centralizada de fácil acesso para os bancos consultarem os 

nomes dos sócios, administradores, representantes e beneficiário final de clientes PJs. 

Algumas IFs teriam reclamado da onerosidade para o acesso ao registro comercial. 

O BCB sugeriu otimizar o acesso a informações que já são públicas.   

 

Base de dados da RFB sobre percentual de sócios e beneficiário final 

A RFB informou que a consulta do percentual de sócios já está disponível em seu 

site  e  é  atualizada  a  cada  3  meses.    Em  relação  ao  beneficiário  final,  informou  também  a 

possibilidade  de  ser  implementada  a  consulta.  A  RFB  recebe  diretamente  informações  da 

contabilidade das empresas, porém, nem sempre as informações são de qualidade.  

Sobre  a  possibilidade  de  divulgar  dados  sobre  o  porte  das  empresas,  a  RFB 

informou não acreditar ser o mais adequado, e explicou que o sistema prevê regras móveis de 

enquadramento com finalidade tributária. Existiriam mecanismos para fazer o recolhimento do 

tributo da forma adequada e para a empresa se enquadrar dentro do regime tributário, e haveria 

a possibilidade de ocorrência de falsos positivos. Esclareceu‐se, ainda, que o nome da empresa 

pode não representar a atividade real. 

O  TCU  ressaltou  a  importância  de  ter  um  critério  para  conhecer  o  faturamento 

mensal de uma empresa, visando fornecer mais credibilidade aos alertas. Caso tivesse acesso 

ao faturamento, os cruzamentos relacionados a licitações, por exemplo, seriam facilitados. 

 

Atuação do BB frente às empresas de fachada 

O BB iniciou a apresentação demostrando a facilidade de se adquirir CNPJs em sites 

na  Internet aberta, que podem ser utilizados como empresas de  fachada para operações de 

lavagem de dinheiro. 

Page 21: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

21 

O banco informou ainda a existência de um sistema em que a empresa cadastra 

seus  dados,  e  esses  dados  são  confrontados  com os  dados  disponíveis  na  RFB. O  sistema  é 

acompanhado de forma online e possui protocolos para a abertura de conta. Existiria ainda um 

sistema chamado “risco de origem do cliente”, o qual conteria 34 variáveis que fazem a análise 

do  risco  a  partir  dos  informes  da pessoa  jurídica,  inclusive  de  se  tratar  de  uma  empresa  de 

fachada. Dentre tais indícios estariam a movimentação incompatível com capital social subscrito 

combinado com o número de empregados de determinada empresa; o faturamento alto com 

menos de 12 meses de relacionamento; e a alteração abrupta de faturamento.  Caso os indícios 

apontem para  a  existência  da  empresa  fictícia,  o  padrão  é  a  comunicação  ao  COAF/UIF  e  o 

encerramento da conta. 

Também  foi  informado  que  o  gerente  deve  realizar  uma  visita  para  verificar  a 

existência da empresa, a qual por vezes é feita por meio de um aplicativo, além de ferramentas 

como o Google Street View. Para evitar possíveis falhas relacionada as visitas, o BB informou que 

todo gerente do banco possui um celular corporativo, e que somente nesse celular o gerente 

consegue baixar o aplicativo chamado BB visitas. Para fazer a visita, o gerente precisa fazer o 

check in no local.   

Além disso, o BB informou que está construindo um algoritmo de relacionamento 

com identificação de familiares, abrangendo parentes inclusive mais distantes, como o bisavô. 

Caso os gerentes insiram valores de faturamento falsos para escapar aos controles 

de PLD, o BCB informou que existe um movimento das  instituições financeiras no sentido de 

abandonar o modelo centralizado, onde se dá muito poder de PLD para o gerente que é da 

agência da área de negócios – e possivelmente tem conflitos de interesses com o controle de 

PLD,  para  se  ter  um modelo descentralizado.  Com a descentralização,  as  pessoas  não  serão 

remuneradas em função de metas de vendas, e serão capacitadas e treinadas e terão recursos 

tecnológicos  para  executarem  esse  controle.  O  principal  responsável  para  identificar  esses 

alertas  é  a  própria  instituição.  As  informações  são  obtidas  por  modelos  estatísticos  e 

informações de empresas de análise de crédito como o Serasa. Para cada grande  instituição 

existe uma área de PLD composta por cerca de 100 a 300 funcionários, e se um gerente tiver 

envolvimento com ações de LD, todos os clientes daquele gerente são checados. 

As rotinas de checagem do CNPJ cancelado na RFB pelas IFs variam de IF para IF, 

mas em geral elas consultam no momento da abertura e no momento da renovação cadastral. 

Não existe no BCB um período fixo de renovação, e a instituição deve definir o risco e deixar 

claro qual a periodicidade com base no risco. 

 

O  APRIMORAMENTO  DE  MECANISMOS  DE  INTERCÂMBIO  DE INFORMAÇÕES (A5/R4) 

 

Normativo que determine a comunicação de empresas de fachada à 

RFB 

Foi sugerida a criação de algum mecanismo mais rápido e célere de comunicação 

de empresas de fachada que tenham sido utilizadas em esquemas de Lavagem de dinheiro à 

Receita Federal, para fins de declaração de inaptidão do CNPJ. 

Page 22: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

22 

A comunicação à Receita Federal por órgãos públicos nos casos de identificação de 

pessoas jurídicas não localizadas é previsto no inciso II do art. 43 da Instrução Normativa RFB nº 

1.863, de 27/12/2018: 

Art. 41. Pode ser declarada inapta a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica: 

I  –  Omissa  de  declarações  e  demonstrativos,  assim  considerada  aquela  que, 

estando  obrigada,  deixar  de  apresentar,  em  2  (dois)  exercícios  consecutivos,  qualquer  das 

declarações e demonstrativos relacionados no inciso I do caput do art. 29; 

II – Não localizada, definida nos termos do art. 43; 

... 

Art. 43. A pessoa jurídica não localizada, de que trata o inciso II do caput do art. 41, 

é assim considerada quando: 

... 

III – Houver denúncia de terceiros interessados ou comunicação de qualquer órgão 

público,  informando  a  não  localização  no  endereço  constante  do  cadastro,  após  diligência 

realizada pela RFB. 

A RFB afirmou que tanto ela própria quanto as Secretarias de Fazenda já realizam 

o  procedimento  de  identificar  empresas  de  fachada  e  impedir  a  emissão  de  notas  fiscais. 

Concordou  com  a  ideia  de  propor  uma maneira  de  compartilhar  os  resultados  achados  nas 

investigações.  Esclareceu  que  quando  são  identificadas  empresas  de  fachada  por  órgãos  de 

persecução  penal  ou  de  controle,  a  RFB  precisa  receber  essa  informação  para  proceder  o 

cancelamento  do  CNPJ,  mas  ressalta  entender  como  positiva  a  ideia  desse  fluxo  ser 

sistematizado por meio de um normativo.   Complementou que entre RFB e as Secretarias de 

Fazenda já se iniciou o compartilhamento com as administrações tributárias, porém ainda falta 

um pouco de sistematização.  

O parágrafo 5º do mesmo art. 43 da  IN RFB 1863/2018,  recentemente  incluído, 

prevê a dispensa de diligência por parte da RFB, o que pode agilizar o processo de inaptidão dos 

CNPJs identificados como de empresas de fachada: 

§5º. Na hipótese prevista no inciso III do caput, o Auditor‐Fiscal da Receita Federal 

do  Brasil  poderá  dispensar  a  diligência  da  RFB  caso  os  elementos  da  denúncia  sejam 

considerados consistentes. 

(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1895, de 27 de maio de 2019) 

Foi sugerido então que cada órgão crie normativos que determinem a comunicação 

qualificada por ocasião da identificação de empresas de fachada em seus procedimentos, em 

especial  pessoas  jurídicas  não  localizadas  no  endereço  cadastral  constante  do  CNPJ,  com  o 

devido cuidado para que não sejam utilizados dados sigilosos, mas contendo alguns campos e 

elementos mínimos. Foi sugerida ainda a criação de um e‐mail ou algum sistema que agilize a 

comunicação e a declaração de inaptidão da inscrição da empresa no CNPJ, uma espécie de ‘fast 

track’,  bem  como a  criação de um banco de  dados  para  que os  órgãos  de  controle  possam 

verificar se alguma instituição já denunciou a empresa como de fachada. 

Tendo em conta a capilaridade da Receita Federal e a atuação descentralizada das 

unidades cadastradoras responsáveis pela operacionalização de eventuais alterações cadastrais 

Page 23: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

23 

no  CNPJ,  optou‐se  pelo  estabelecimento  de  rotina  de  comunicação  às  unidades  da  RFB  de 

jurisdição dos contribuintes. 

Com vistas a viabilizar a abertura do canal de comunicações, foi elaborada proposta 

de ofício (ANEXO 13: proposta de ofício comunicação empresas de fachada à RFB). 

Criação de base de dados consultável sobre comunicações de possíveis 

empresas de fachada 

A Ação considerou importante que, a partir das informações encaminhadas à RFB 

sobre a existência das empresas de fachada, se crie uma base de dados consultável. 

O COAF/UIF  citou o  entrave apresentado pela AGU a  respeito da  resistência  de 

publicidade. Considerou não haver um óbice em relação a publicidade do rol de empresas de 

fachada utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro.                                                                                                      

O MPDFT afirmou que, além da  importância da publicidade, é  fundamental que 

ocorra uma abordagem fiscal em relação a essas empresas. Sugeriu proibir que essas empresas 

emitam  notas  fiscais  eletrônicas  para  impedir  que  elas  continuem  atuando  na  lavagem  de 

dinheiro.  

Cadastro de PJs Federal e Estaduais Sincronizado 

O  SIF  citou  exemplo  do  Pará,  que  possui  ferramentas muito  interessantes  para 

identificar  empresas  fraudulentas  e  periodicamente  manda  uma  lista  de  empresas  com 

características fraudulentas para a rede. Dessa forma, o estado, na medida que possível, toma 

as providências adequadas. Concordou com a suspensão de emissão da nota fiscal, pois diminui 

a possibilidade de a empresa funcionar, gerir recursos, e, consequentemente, realizar a lavagem 

de  dinheiro.  Afirmou  que  é  algo  simples,  mas  exige  que  a  Secretaria  de  Fazenda  tenha  a 

convicção e os dados sejam concretos no sentido de que a empresa é fraudulenta. Sugeriu a 

implantação do cadastro sincronizado, o qual, no momento que uma Secretária Estadual cancela 

um CNPJ o evento já seria replicado no cadastro nacional. 

 

Dinâmica de checagem de cancelamentos de CNPJs por parte de IFs e 

encerramento de relacionamento 

Questionou‐se como fica o intercâmbio da informação quando há o cancelamento 

do  CNPJ  e  a  empresa  continua  movimentando  a  conta  bancária,  e  como  cada  instituição 

financeira identifica esse cancelamento para realizar os procedimentos.  

O  BCB  asseverou  que  não  tem  a  Informação  questionada.  Em  a  relação  as 

obrigações que o BCB estabelece com as instituições financeiras, afirmou que essa obrigação de 

encerrar a conta não está na Circular 3461, mas pode estar na Circular 2025, que fala sobre a 

abertura e encerramento de contas, citando o art. 13, o qual informa sobre o encerramento de 

contas. Esclareceu que durante o processo de supervisão que o BCB faz  junto as  instituições 

financeiras,  esses  itens  são verificados. Citou um exemplo de uma  instituição  financeira que 

mantinha conta funcionando com pessoas que já tinham falecido, nesse caso a instituição foi 

autuada ao movimentar essas contas.  

Page 24: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

24 

O BB informou que há a consulta aos CNPJs, que normalmente é realizada quando 

se  vai  fazer  alguma  atualização.  Explicou  que  quando  o  CNPJ  está  irregular  não  ocorre  a 

possibilidade  de  oferecer  produto  ou  crédito  e,  consequentemente,  a  empresa  fica  sem 

condições de operar. Esclareceu que esse fato por si só não é suficiente para encerrar a conta, 

mas  se  for  identificado  indício  de  lavagem  de  dinheiro,  inicia‐se  um  processo  para  o 

encerramento da conta. 

O MPT questionou a informação transmitida pela RFB, se no momento quando o 

CNPJ é cancelado o processo é encerrado pela RFB ou se há alguma informação às IFs. A RFB 

informou  que  os  cancelamentos  ficam  disponíveis  a  todos  no  sistema.  O MPT  sugeriu  que 

facilitaria o processo se a RFB cancelasse e já informasse ao BCB de forma automática, pois os 

bancos já fazem essa consulta, mas é periodicamente. 

A  RFB  afirma  que  o  cadastro  já  é  compartilhado.  Afirmou  que  a  questão  a  ser 

analisada  são  as  rotinas  dos  bancos  checarem  as  informações  periodicamente.  Se  dispôs  a 

buscar melhores informações com o setor de cadastro. Propôs encaminhar uma recomendação 

para que todos os órgãos tenham um normativo próprio e interno estabelecendo as rotinas para 

a comunicação de informações referentes a empresas de fachada. 

 

PROPOSTAS  NORMATIVAS  E  MEDIDAS  PARA  O FORTALECIMENTO  DE  CONTROLES  PARA  EVITAR  O  USO  DE EMPRESAS DE FACHADA NA PRÁTICA DE CRIMES (A6/R4) 

 

Proposta de aprimoramento da Instrução Normativa do DREI 

O  item encontra‐se prejudicado em razão das ocorrências  já  relatadas nos  itens 

anteriores que concernem ao DREI e sua atuação como órgão regulador para fins de PLD‐CFT. 

Não  obstante,  reitera‐se  a  importância  da  retomada  da  regulamentação  e  da 

discussão sobre o aprimoramento dos normativos que regem as atividades das juntas comerciais 

no que concerne à prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo. 

Proposta de medida para o fortalecimento do intercâmbio de 

informações entre os órgãos 

Conforme  relatado em  item anterior, uma das propostas  surgidas no âmbito da 

Ação 13/2019  foi a possibilidade de estabelecimento de rotinas padronizadas e de um canal 

dedicado para a comunicação de informações sobre empresas de fachada à RFB, com o objetivo 

de  agilizar os processos de declaração de  inaptidão da  inscrição da  empresa no CNPJ  e,  em 

última instância, impactar sua capacidade de uso para o cometimento de ilícitos. Neste sentido, 

foi aprovada minuta de ofício,  já  referida anteriormente e que consta de anexo ao presente 

relatório, a ser encaminhado pelo Gabinete de Gestão Integrada da ENCCLA àqueles órgãos que, 

no curso de  suas atividades,  se deparem com  indícios de empresas de  fachada, em especial 

pessoas jurídicas não localizadas no endereço cadastral constante do CNPJ.. 

 

Page 25: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

25 

Proposta de criação de banco de dados sobre empresas de fachada 

Como um desenvolvimento natural do recebimento das comunicações referidas na 

proposta citada anteriormente, em conjunto com sua atividade normal de gestora do CNPJ, a 

Receita Federal do Brasil poderia disponibilizar uma base de dados de empresas de fachada, 

contendo elementos que possibilitem aos diversos órgãos supervisores do sistema de PLD/CFT, 

bem como aqueles responsáveis pela apuração de ilícitos, identifica‐las, fortalecendo assim os 

controles e permitindo uma maior efetividade de suas atuações. 

 

CONCLUSÃO  

Sugestões feitas ao longo da Ação 13/2019 

No  curso  das  reuniões,  foram  lançadas  diversas  sugestões  por  parte  dos 

participantes da Ação, sem que as mesmas tenham sido transformadas em propostas formais. 

Buscou‐se,  na  elaboração  do  presente  relatório,  apresenta‐las  no  contexto  das  discussões. 

Contudo, é possível compilar algumas delas: 

Foi sugerido ao COAF/UIF/UIF que integrasse as sugestões de tipologias da Ação a 

uma  eventual  nova  edição  do  Casos&Casos,  de  modo  que  não  haja  dispersão 

desnecessária das tipologias em outros documentos; 

Foi  sugerida  a  criação  de  uma  ‘lista  negra’,  contendo  emissões  de  CNPJ  para 

determinados  endereços  mais  utilizados  por  empresas  de  fachada,  e/ou  com  a 

caracterização de sócios ilegais. Poderia ser criada uma verificação automática na 

REDESIM desses endereços e sócios por parte dos órgãos envolvidos na abertura de 

empresas; 

Foi  sugerido  contato  com  o  CNJ  quanto  à  regulamentação  da  integração  dos 

cartórios à REDESIM; 

A Ação concluiu pela necessidade de uma recomendação ao DREI para que volte a 

disponibilizar  o  acesso  online  ao  CNE  e/ou  dê  acesso  às  bases  de  dados 

disponibilizadas  pelas  juntas  comerciais  aos  órgãos  de  controle  e  fiscalização 

interessados; 

Criação  de  base  centralizada  para  instituições  financeiras  consultarem  o 

enquadramento dos clientes PJ (MEI, ME e EPP) sem necessitar da autorização do 

cliente; 

Criação  de  base  centralizada  para  instituições  financeiras  consultarem  o 

faturamento mais recente dos clientes PJ – com autorização do cliente; 

Criação de base centralizada de fácil acesso para os bancos consultarem os nomes 

dos sócios, administradores, representantes e beneficiário final de clientes PJs; 

Algumas instituições financeiras teriam reclamado da onerosidade para o acesso ao 

registro  comercial.  O  BCB  sugeriu  otimizar  o  acesso  a  informações  que  já  são 

públicas.   

Page 26: E19A13 - Anexo I · 6. Elaborar proposta(s) normativa(s) e/ou medidas para o fortalecimento de controles para evitar o uso de empresas de fachada na prática de crimes (A6) RESULTADOS

 

AÇÃO 13/2019: “Propor alterações normativas e/ou melhoria de controles para evitar

a utilização de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro e outros ilícitos”  

26 

Foi  sugerido  que  cada  órgão  crie  normativos  que  determinem  a  comunicação 

qualificada  à  RFB  por  ocasião  da  identificação  de  empresas  de  fachada  em  seus 

procedimentos,  com  o  devido  cuidado  para  que  não  sejam  utilizados  dados 

sigilosos, mas contendo alguns campos e elementos mínimos.  

Foi sugerida a criação de um e‐mail ou algum sistema que agilize a comunicação e a 

declaração  de  inaptidão  da  inscrição  da  empresa  no  CNPJ,  uma  espécie  de  ‘fast 

track’, bem como a criação de um banco de dados para que os órgãos de controle 

possam verificar se alguma instituição já denunciou a empresa como de fachada.   

 

Circularização dos canais de contato para questões relativas ao CCS 

    A  questão  do  acesso  ao  CCS  por  parte  dos  órgãos  públicos  encarregados  da 

investigação  de  ilícitos  surgiu  ao  longo  das  discussões  da  Ação.  Apesar  de  não  ter  sido  um 

resultado esperado da Ação, os debates foram bastante relevantes e ajudaram a melhorar as 

condições de acesso. Neste sentido, acrescentamos as seguintes informações úteis: 

e‐mail:  [email protected];  Telefone:  (85)  3308‐5555, das 10h às 16h ‐ Canal para tirar dúvidas a respeito da melhor forma de uma instituição/órgão solicitar o acesso ao CCS (convênio ou similar);

e‐mail:  [email protected];  Telefone:  (85)  3308‐5555,  das  10h  às  16h  ‐ Canal para uma instituição/órgão que já tem acesso ao CCS comunicar e/ou esclarecer algum problema detectado. 

Esclarecem  que  o  CCS  não  disponibiliza  o  detalhamento  para cooperativas  de  crédito  (nível  2),  mas  somente  o  nível  1  – relacionamento.  

Quanto  às  pendências  de  detalhamento,  em  que  pese  o acompanhamento realizado pelo BC das pendências das IFs, os órgãos solicitantes podem perquirir diretamente às IFs, caso tenham urgência nas informações, solicitando esclarecimentos inclusive.