eBook Atlas Vida Rio de Janeiro

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    Atlas das condies de vidana Regio Metropolitana do Rio de Janeiro

    Cesar Romero Jacob

    Dora Rodrigues Hees

    Philippe Waniez

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    Reitor

    Pe. Josaf Carlos de Siqueira, S.J.

    Vice-ReitorPe. Francisco Ivern Sim, S.J.

    Vice-Reitor para Assuntos AcadmicosProf. Jos Ricardo Bergmann

    Vice-Reitor para Assuntos AdministrativosProf. Luiz Carlos Scavarda do Carmo

    Vice-Reitor para Assuntos ComunitriosProf. Augusto Luiz Duarte Lopes Sampaio

    Vice-Reitor para Assuntos de DesenvolvimentoProf. Sergio Bruni

    DecanosProf. Paulo Fernando Carneiro de Andrade (CTCH)Prof. Luiz Roberto A. Cunha (CCS)Prof. Luiz Alencar Reis da Silva Mello (CTC)Prof. Hilton Augusto Koch (CCBM)

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    Atlas das condies de vidana Regio Metropolitana do Rio de Janeiro

    Cesar Romero Jacob

    Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, PUC-RioRio de Janeiro, Brasil

    Dora Rodrigues HeesPontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, PUC-Rio

    Rio de Janeiro, Brasil

    Philippe WaniezUniversit de Bordeaux, UMR 5185 ADESS

    Bordeaux, Frana

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    Editora PUC-RioRua Marqus de S. Vicente, 225

    Projeto Comunicar Casa Editora/Agncia

    Gvea Rio de Janeiro RJ CEP 22453-900

    Telefax: (21) 3527-1760/1838

    www.puc-rio.br/editorapucrio

    [email protected]

    Conselho Editorial

    Augusto Sampaio, Cesar Romero Jacob, Fernando S,

    Hilton Augusto Koch, Jos Ricardo Bergmann, Luiz Alencar

    Reis da Silva Mello, Luiz Roberto Cunha, Miguel Pereira e

    Paulo Fernando Carneiro de Andrade

    Capa e editorao

    Jos Antnio de Oliveira

    Foto da capa

    Karlheinz Weichert. Silhuetas de montanhas do Rio de

    Janeiro vistas de Niteri, RJ Brasil.

    Jacob, Cesar Romero

    Atlas das condies de vida na regio metropolitana doRio de Janeiro [recurso eletrnico] / Cesar Romero Jacob,

    Dora Rodrigues Hees, Philippe Waniez. Rio de Janeiro :

    Ed. PUC-Rio , 2014.

    1 recurso eletrnico (182 p.) : il. (color.)

    Inclui bibliografa.

    ISBN(ebook): 978-85-8006-141-3

    1. Demografa - Rio de Janeiro (Estado). 2. Rio de

    Janeiro (Estado) Histria Atlas. I. Hees, Dora Rodri-

    gues. II. Waniez, Philippe. III. Ttulo

    CDD: 304.6098153

    http://www.editora.vrc.puc-rio.br/http://www.editora.vrc.puc-rio.br/
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    Informao importante

    Este livro contm 112 mapas. O leitor poder acess-los por meio dehiperlinks a cada referncia que o texto fizer a essas figuras. Ao clicar

    no link, o leitor transportado para a pgina do mapa desejado.

    Alm disso, quando o leitor estiver na pgina de um mapa, poderclicar no boto voltar ao texto para retornar leitura do texto a

    partir do ponto em que havia parado.

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    Prefcio

    Introduo

    Captulo 1 A distribuio da populao

    Captulo 2 Os rendimentos

    Captulo 3 As estruturas demogrficas

    Captulo 4 As migraes

    Captulo 5 Os domiclios

    Captulo 6 A educao

    Captulo 7 O emprego

    Captulo 8 As religies

    Captulo 9 Os estados de sade

    Captulo 10 A criminalidade

    Captulo 11 As eleies para presidente e governador de 2002 a 2010

    Captulo 12 O Rio de Janeiro em comparao com outras seis metrpoles brasileiras

    Concluso

    Bibliografia

    Caderno de Mapas

    Sumrio

    7

    8

    12

    16

    20

    25

    28

    35

    39

    43

    49

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    Prefcio

    Eu j admirava o trabalho dos professores que publicam este livro sobre aRegio Metropolitana do Rio de Janeiro. J os acompanhei em outras ocasiese solicitei suas explanaes para um discernimento de possveis encami-nhamentos pastorais. Agora, com este novo estudo, e olhando a regio ondeatualmente exero minha misso, vejo a importncia de pesquisadores quenos ajudem a ver e a questionar a realidade que nos circunda e a nos colocarem caminho de possveis solues para nossa sociedade.

    As anlises estatsticas nos mostram direcionamentos e realidades. Elas nosajudam a viver a realidade que se nos apresenta e, consequentemente, traarcaminhos para o futuro. Eis uma grande oportunidade que temos agora como presente livro!

    As condies de vida de uma populao so to diversas que o seu conhe-cimento exige mtodo rgido e informaes precisas. Dados existem, emborade origens e procedimentos metodolgicos diferentes. Ao reuni-los em ma-pas e formas explicativas, os pesquisadores Cesar Jacob, Dora Hees e Phili-ppe Waniez realizaram, numa parceria da Pontifcia Universidade Catlica doRio de Janeiro com a Universidade de Bordeaux, um trabalho de excelnciasobre o Rio de Janeiro e sua regio metropolitana. s vsperas dos seus 450anos de fundao, a cidade acumula dessimetrias, contrastes, problemas es-truturais de ordenamento urbano e uma distribuio da populao em con-dies de existncia bem diferentes. Esses problemas se acumulam e fazemparte de sua histria. No entanto, aprofundar o seu conhecimento e perceberas possibilidades de superao desse contexto uma tomada de conscincianecessria e urgente. De certa forma, o conhecimento dessa realidade noscompromete como cidados responsveis.

    Este livro est dividido em 12 captulos, que abordam os seguintes itens: dis-tribuio da populao, renda, estrutura demogrfica, migrao, domiclios,educao, emprego, religio, sade, criminalidade, eleies e uma compara-o do Rio de Janeiro com outras seis regies metropolitanas brasileiras. Essecontedo apresentado com uma detalhada riqueza de informaes distri-budas em mapas e grficos de fcil leitura e compreenso imediata, alm deum texto analtico que busca interpretar os dados. Esse modo de apresenta-o facilita imensamente ao leitor que deseja se aprofundar num dos captu-los e realizar um mergulho nas informaes expostas. certo que o conceitodo que se chama de condies de vida dos moradores do Rio de Janeiro esua regio metropolitana no algo abstrato. Diz respeito a cada sujeito queaqui vive. Portanto, pessoas que merecem o nosso respeito e consideraoem relao ao presente e ao futuro. E existem condies comuns da vidasocial em que o Estado e as instituies civis devem se responsabilizar por

    modific-las para um desenho melhor e mais justo, aproveitando o momentosingular da nossa cidade.

    Se no prximo ano vamos comemorar 450 anos, queremos que os 50 quefaltam para o quinto centenrio sejam de aproximao e superao dos con-trastes. A responsabilidade de todos os indivduos que aqui vivem. Est emnossas mos melhorar esses ndices e dar passos concretos na busca de umaregio metropolitana mais humana, justa e fraterna.

    Agradeo a oportunidade que a Pontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro nos d de servirmos a sociedade hodierna. Sabemos da excelnciade ensino e pesquisa de nossa Universidade! E louvo de corao o trabalhodos professores que nos ajudam a aprofundar a realidade e nos questionam

    sobre a nossa misso. Que a leitura e o estudo deste trabalho nos ajudem aencontrar passos concretos para o presente e o futuro.

    Cardeal Orani Joo Tempesta, O. Cist.Arcebispo da Arquidiocese de So Sebastio do Rio de Janeiro

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    Introduo

    O Rio de Janeiro, que tem sido palco, em anos recentes, de grandes eventosmundiais, como a Rio+20 em 2012, a 28 Jornada Mundial da Juventude em 2013e a Copa do Mundo em 2014, frequentemente visto atravs de imagens este-

    reotipadas, quer positivas, como a de uma cidade detentora de grande belezanatural, quer negativas, perigosa devido ao seu alto ndice de violncia.

    A despeito dos clichs, o Rio se constitui num desafio para aqueles que que-rem compreend-lo em sua verdadeira dimenso, uma vez que, ao lado daimagem de paraso tropical, existe uma cidade com acentuados contrastessociais. Nesse sentido, este trabalho procura mostrar, atravs da anlise deuma srie de mapas, as reais condies de vida dos habitantes desta cidade,que estar completando 450 anos de sua fundao em 2015 e estar sedian-do os Jogos Olmpicos em 2016.

    O Censo Demogrfico de 2010

    O Brasil, como se sabe, um pas com tradio estatstica, pois desde a segun-da metade do sculo XIX o poder central deu incio formao de uma rede decoleta de dados sobre o meio ambiente, a economia e a sociedade. O principalrgo responsvel por este sistema de coleta de informaes, o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), produz grande quantidade de dados,atualizados regularmente, para o conjunto do territrio nacional, em diferen-tes recortes geogrficos. Estes dados so provenientes de diversas pesquisas,entre as quais os censos demogrficos decenais que se constituem num ricobanco de dados sobre a populao e seus domiclios.O ltimo Censo realizado foi o de 2010, que tem como perodo de referncia asemana de 25 a 31 de julho deste mesmo ano. O recenseamento se baseia emdois questionrios: o do Universoe o daAmostra. O questionrio do Universo aplicado a toda a populao e inclui 37 perguntas dedicadas s caracters-

    ticas bsicas dos domiclios e seus habitantes. J o questionrio da Amostradiz respeito a uma frao da populao de cada municpio, calculada combase no nmero dos seus habitantes, que de 5%, no caso das cidadescom mais de 500 mil moradores. Com este segundo questionrio, compostode 108 perguntas, obtm-se uma descrio detalhada das moradias (tipo deconstruo, estado de ocupao, equipamentos e meio ambiente) e dos resi-dentes (trabalho, educao, renda, famlia, etc.).

    O livre acesso aos microdados da Amostra permite aos estudiosos a produode tabelas estatsticas e cruzamentos de dados para responder a perguntasespecficas de suas pesquisas. Outro aspecto a ser destacado, j presente noCenso de 2000, a divulgao de um conjunto de dados do Universo, no nvelestatstico mais detalhado possvel, o dos setores censitrios.

    Urbanizao e metropolizao do BrasilO Brasil tem 51 grandes cidades, incluindo 43 Regies Metropolitanas (RM), 3

    Regies Integradas de Desenvolvimento Econmico (Ride) e cinco reas Ur-banas (AU). Juntas, elas reuniam 97 milhes de pessoas em 2010, um poucomais da metade dos 191 milhes de habitantes do pas (Fig. 1).So principal-mente as regies urbanas as que se destacam pelo crescimento demogrfico,que atingiu 1,42% por ano, contra 1,17% para o pas com um todo.Com quase 12 milhes de habitantes, o Rio de Janeiro a segunda RM dopas, situando-se muito atrs de So Paulo, com seus 19,7 milhes de pes-soas. As outras grandes cidades no se comparam, no entanto, em tamanhocom essas duas capitais: Belo Horizonte tem 5,4 milhes de habitantes ePorto Alegre 4 milhes; a RIDE de Braslia com 3,7 milhes situa-se no mesmonvel das principais capitais nordestinas, como Recife, Fortaleza e Salvador.

    Em 2005, So Paulo e Rio de Janeiro se situaram, respectivamente, no 4 e 14lugar, segundo a classificao demogrfica das grandes cidades do mundo1.No entanto, elas apresentam taxas de crescimento populacional modestas,em comparao com a maioria das outras grandes cidades brasileiras, umavez que So Paulo registrou um aumento de 0,97% e o Rio de 0,86%, taxasinferiores mdia nacional. Apesar disso, deve-se lembrar que essas taxas,ao serem aplicadas a grandes contingentes populacionais, significam um au-mento expressivo, de 1,8 milho de habitantes para So Paulo e 966 mil parao Rio, no perodo intercensitrio de 2000 a 2010.

    A Regio Metropolitana do Rio de JaneiroDo ponto de vista geogrfico, uma RM formada por uma grande cidadecentral e sua zona de influncia imediata, que se constitui numa conurbao,cujos limites fsicos dos municpios que a integram desaparecem e a cidadeprincipal d o seu nome. Em 2010, a RM do Rio era composta por 19 munic-pios com dimenses e contingentes populacionais muito desiguais(Fig. 2).Apartir de 27 de dezembro de 2013, ela passou a contar com outros dois mu-nicpios, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu, que se encontram na rea deinfluncia do Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (Comperj), em fasede implantao em Itabora. Porm, para efeito deste trabalho, sero consi-derados apenas os 19 municpios que compunham a RM do Rio na poca doCenso de 2010.

    O municpio do Rio de Janeiro o mais extenso da RM com 1.200 km, querepresentam 22,5% da sua superfcie, e tambm o mais populoso, com 6.320milhes de habitantes, reunindo 53,4% da sua populao. Assim, a diferena

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    Tabela 01Populao dos municpios da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro nos Censos Demogrficos de 1970 a 2010

    Fonte: IBGE, Censos Demogrficos de 1970 a 2010

    entre o municpio do Rio e os da sua periferia se traduz numa alta concentra-o da populao na cidade central, o que ainda mais grave considerando--se que uma boa parte de sua rea ocupada por trs grandes maciosdesabitados (Tijuca, no leste, Pedra Branca, no centro, e Gericin, no norte).Subtraindo-se a rea onde a altitude superior a 100 m, a superfcie habi-tvel de aproximadamente 1.000 km. Desse modo, a densidade mdia dapopulao chega, ento, a 6.320 habitantes por km, ou a 63,2 habitantes porhectare. Esta densidade mdia, no entanto, no reflete a distribuio desi-gual da populao no municpio.

    Alm da cidade do Rio, trs municpios possuem populaes muito nume-rosas: So Gonalo com quase 1 milho de habitantes, Duque de Caxias commais de 850 mil e Nova Iguau que se aproxima dos 800 mil. Nesses munic-pios, as densidades mdias so mais baixas do que na capital, com, respec-tivamente, 4.031, 1.826 e 1.527 habitantes por km. Porm, essas densidadesescondem, tambm, uma ocupao muito desigual do territrio desses mu-nicpios.J Niteri, Belford Roxo e So Joo de Meriti so municpios que apresentam,cada um deles, uma populao de aproximadamente 500 mil habitantes. Os

    Municpios rea km2 Pop. 2010 Pop. 2000 Pop. 1991 Pop. 1980 Pop. 1970Taxa de cresc. anual

    2000-2010 %% Pop. RM 2010

    Rio de Janeiro 1 200 6 320 446 5 857 904 5 480 768 5 090 723 4 251 918 0,76 53,40

    So Gonalo 248 999 728 891 119 779 832 615 351 430 271 1,16 8,40

    Duque de Caxias 468 855 048 775 456 667 821 575 830 431 397 0,98 7,20

    Nova Iguau 521 796 257 920 599 1 297 704 1 094 789 727 140 0,47 6,70Niteri 134 487 562 459 451 436 155 397 135 324 246 0,60 4,10

    Belford Roxo 78 469 332 434 474 x x x 0,77 4,00

    So Joo de Meriti 35 458 673 449 476 425 772 398 819 302 394 0,20 3,90

    Mag 388 227 322 205 830 191 734 166 603 113 023 1,00 1,90

    Itabora 430 218 008 187 479 162 742 114 542 65 912 1,52 1,80

    Mesquita 39 168 376 x x x x x 1,40

    Nilpolis 19 157 425 153 712 158 092 151 585 128 011 0,24 1,30

    Queimados 76 137 962 121 993 x x x 1,24 1,20

    Maric 363 127 461 76 737 46 545 32 618 23 664 5,21 1,10

    Itagua 276 109 091 82 003 113 057 90 131 55 839 2,90 0,90

    Japeri 82 95 492 83 278 x x x 1,38 0,80Seropdica 284 78 186 65 260 x x x 1,82 0,70

    Guapimirim 361 51 483 37 952 x x x 3,10 0,40

    Paracambi 180 47 124 40 475 36 427 30 310 25 368 1,53 0,40

    Tangu 146 30 732 26 057 x x x 1,66 0,30

    Regio Metropolitana 5 327 11 835 708 10 869 255 9 796 649 8 758 436 6 879 183

    2000-2010 1991-2000 1980-1991 1970-1980

    Taxa de cresc. anual 0,86 1,16 1,02 2,44

    x = municpios inexistentes0,47: incluindo Mesquita

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    outros 12 municpios formam um demogrfico, que comea com 227 mil habi-tantes, em Mag, e termina com apenas 31 mil, em Tangu.De modo geral, a taxa de variao mdia anual da populao da RM do Rio,de 0,86%, mostra-se relativamente pequena, tratando-se de uma cidade daRegio Sudeste, o que significa, mesmo assim, um aumento da ordem de 100mil habitantes por ano, dos quais 48 mil somente na capital, o que acarreta,naturalmente, srios problemas econmicos e sociais.

    Observa-se, tambm, que os pequenos municpios perifricos, os menos povo-ados em 2010, apresentaram as maiores taxas mdias de variao, como, porexemplo, Maric com um crescimento de 5,2%. Embora distantes do municpiocentral, eles comeam a absorver o excesso do seu crescimento urbano. Emoutras palavras, a RM do Rio continua a se expandir, o que causa muitas difi-culdades quanto infraestrutura de transportes, saneamento, sem mencionaros muitos problemas relacionados educao, sade, emprego e segurana.

    Atlas das condies de vida na Regio Metropolitana do Rio de Janeiro

    O Rio de Janeiro tem sido objeto de muitas pesquisas e, dentre elas, desta-cam-se as realizadas pelo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos(IPP). O Anurio Estatstico da Cidade do Rio de Janeiro, publicado pelo IPP, um documento valioso, que muito contribuiu para a elaborao deste tra-balho2. No entanto, pela prpria natureza do Instituto, os seus estudos sereferem apenas ao municpio do Rio e no ao conjunto da sua regio metro-politana. J neste trabalho, vai-se analisar a cidade central e sua periferia,procurando investigar como vivem os habitantes dessa metrpole e como sed a relao da sociedade com o seu territrio.Assim, a elaborao de um atlas das condies de vida dos moradores daRM do Rio foi possvel graas existncia de informaes detalhadas so-bre todos os municpios desse aglomerado urbano. Realizou-se, ento, ummapeamento exaustivo dos dados do Censo Demogrfico de 2010, a princi-pal, porm, no exclusiva, fonte de informao deste trabalho. A anlise dosdados no se limitou, no entanto, a uma coleo de mapas, nos quais cadaefetivo, taxa, ndice se constitusse em objeto de um nico mapa. Graas s

    tcnicas de cartografia computadorizada, pde-se produzir um conjunto demapas temticos e de snteses parciais, que permitiram visualizar e entendera complexidade socioespacial existente numa regio metropolitana como ado Rio de Janeiro3.O Altas das condies de vida na Regio Metropolitana do Rio de Janeiroinclui 12 captulos organizados de acordo com a seguinte ordem temtica:distribuio da populao, renda, estrutura demogrfica, migrao, domic-lios, educao, emprego, religio, sade, criminalidade, eleies e uma com-parao do Rio de Janeiro com outras seis regies metropolitanas brasileiras.A maioria desses temas coberta pelo Censo Demogrfico de 2010, seja peloquestionrio do Universo, seja pelo da Amostra. J o captulo sobre sadeutiliza dados do Sistema nico de Sade (SUS), o de criminalidade recorre s

    informaes do Instituto de Segurana Pblica (ISP) da Secretaria de Estadode Segurana, enquanto aquele sobre as eleies lana mo dos dados doTribunal Superior Eleitoral (TSE).Para cada um destes captulos uma srie de mapas foi feita para mostrara complexidade das questes analisadas. Estes mapas so, muitas vezes,representaes cartogrficas simples, quando no necessrio incluir, si-multaneamente, vrias dimenses de um mesmo problema. No entanto, asquestes econmicas e sociais, de modo geral, se revelam mais complexas

    do que pode parecer e requerem, ento, o uso de tcnicas de anlise mul-tivariada para dar conta da diversidade de situaes. Dentre essas tcnicas,tem-se frequentemente utilizado a classificao ascendente hierrquica, ca-paz de produzir classes de elementos cartogrficos que se assemelham, so-bre o tema estudado. Obtm-se assim, mapas de snteses parciais, bem maisinformativos do que uma coleo de mapas analticos.

    Malhas do territrioOs mapas deste Atlas so baseados, principalmente, em duas malhas ter-ritoriais: a dos setores censitrios e a das reas de Ponderao da Amostra(AREAP). A delimitao destas malhas no nem poltica, nem administrativa,mas elas esto inteiramente contidas dentro de cada municpio, no haven-do superposio dos limites de um setor ou rea sobre vrios municpios(Fig. 3).A importncia delas distribuir os domiclios e seus habitantes numamalha dentro de um municpio, que permite um mapeamento, mais ou me-nos detalhado, das diferentes respostas aos questionrios do Censo.O setor censitrio a menor unidade territorial totalmente contida na par-te urbana ou rural do municpio a que pertence. A RM do Rio possui 19.507dos 316.574 setores censitrios que existem no pas (Tab. 02). Como se tratade uma unidade espacial operacional para a realizao do Censo, o nmeromdio de habitantes por setor, da ordem de 600 na RM do Rio, no mostradiferenas significativas entre os seus municpios. No entanto, este nmeropode variar de um setor a outro, dependendo da densidade das edificaes.Os setores censitrios so adequados ao mapeamento dos dados resultantesdas respostas ao questionrio do Universo.

    J as reas de ponderao, no nvel municipal, so agrupamentos de setorescensitrios. Elas permitem estabelecer o plano de amostragem, utilizando osdados relativos a estes setores para a aplicao dos questionrios da Amos-tra. As reas de ponderao so muito menos numerosas do que os setorescensitrios, uma vez que no municpio do Rio de Janeiro, h 200 reas e cercade 10 mil setores, enquanto em toda a RM existem 336 reas de ponderaoe mais de 19 mil setores. Alguns municpios, apesar de muito populosos, pos-suem malhas pouco detalhadas, como o caso de So Gonalo, com apenas5 AREAPs para cerca de 1 milho de habitantes. Infelizmente, no h alterna-tiva para o mapeamento de dados com base nas respostas do questionrioda Amostra, pois as AREAPs se constituem na nica malha compatvel com asnormas em vigor no Brasil em matria de sigilo estatstico.

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    Tabela 02

    Setores censitrios, reas de ponderao e bairros da RM do Rio

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico de 2010.

    Os setores censitrios e as reas de ponderao so, ento, as malhas ope-racionais do Censo Demogrfico, conhecidas apenas pelo seu identificadornumrico. No entanto, na anlise dos mapas baseados nessas malhas esta-tsticas, vai-se utilizar os nomes dos lugares, como normalmente so usados

    pela populao.

    Em nmero de 600 para o conjunto da RM, os bairros so mais numerososdo que as AREAPs. O IBGE delimita os bairros quando eles tm uma exis-tncia oficial, definida por uma lei municipal4. Os dados do Universo es-to disponveis neste nvel mas, como j mencionado, eles no podem serutilizados para a Amostra. Alm disso, esta rede no existe oficialmente e,portanto, o IBGE no fornece o mapa para 8 dos 19 municpios da RM. Assim,os nomes e limites dos bairros so usados como um simples revestimentode mapas, feitos atravs dos setores censitrios ou das reas de pondera-o; os nomes dos bairros permitem identificar de forma clara e inequvocacada parte da cidade. Nos municpios que no possuem bairros delimitadosoficialmente, recorreu-se aos nomes dos subdistritos ou distritos adminis-

    trativos, sabendo que seu nome nem sempre aquele que as pessoas usampara designar os lugares.

    Notas

    1. A esse respeito ver:http://www.ined.fr/fichier/t_publication/1300/publi_pdf1_435.pdf

    2 - Anurio Estatstico da Cidade do Rio de Janeiro, 1998. Rio de Janeiro: IPP, 2000, 864p.

    3 - Os mapas apresentados neste Atlas foram realizados com Philcarto, software decartografia temtica de autoria de Philippe Waniez, gegrafo e professor da Universi-dade de Bordeaux, Collge Sciences et Technologies, Dpartement de Mathmatiques,Unit de formation: Mathmatiques et Interactions. Waniez membro da Unit Mixtede Recherche CNRS / Universit de Bordeaux ADESS (Amnagement, Dveloppement,Environnement, Sant, Socit). Philcarto pode ser encontrado gratuitamente no se-guinte endereo: http://philcarto.free.fr

    4 Para os bairros do municpio do Rio de Janeiro, ver:http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas/index_bairro.htm

    MunicpiosN de setores

    censitriosPop. 2010 por setores

    censitriosN de reas de

    ponderaoFrao amostral dos

    domicliosNmero de

    bairrosPoulao 2010

    Rio de Janeiro 10 233 618 200 4,8 160 6 320 446

    So Gonalo 1 927 519 5 4,9 108 999 728

    Duque de Caxias 1 228 696 23 4,9 40 855 048

    Nova Iguau 1 257 633 9 5,0 67 796 257Niteri 892 547 18 9,3 52 487 562

    Belford Roxo 720 652 5 4,8 30 469 332

    So Joo de Meriti 719 638 5 9,6 16 458 673

    Mag 344 661 7 9,8 - 227 322

    Itabora 441 494 12 9,6 72 218 008

    Mesquita 318 529 9 9,7 - 168 376

    Nilpolis 266 592 9 9,9 15 157 425

    Queimados 207 666 7 9,4 - 137 962

    Maric 306 417 7 9,4 - 127 461

    Itagua 157 695 6 9,5 - 109 091

    Japeri 149 641 5 9,6 30 95 492

    Seropdica 116 674 4 9,6 - 78 186

    Guapimirim 90 572 2 9,8 - 51 483

    Paracambi 68 693 2 9,8 - 47 124

    Tangu 69 445 1 9,5 10 30 732

    Regio Metropolitana 19 507 607 336 5,8 600 11 835 708

    http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas/index_bairro.htmhttp://philcarto.free.fr/http://www.ined.fr/fichier/t_publication/1300/publi_pdf1_435.pdf
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    Neste primeiro captulo vai-se analisar a distribuio da populao na Re-gio Metropolitana do Rio de Janeiro, com base nos setores censitrios. Talnvel de observao permite identificar, com bom grau de detalhamento, asdiferenas existentes no adensamento populacional do Rio e os fatores queas condicionam. Nesta parte, sero analisadas, tambm, as favelas da cidade,classificadas por sua dimenso, ou seja, pelo nmero de habitantes e domi-clios que abrigam. Alm disso, um mapa da situao dos setores censitrios capaz de identificar os vrios tipos de reas urbanas e rurais existentes naRM do Rio.

    1.1 Densidade populacionalA densidade populacional um indicador fundamental da ocupao humanade um territrio, pois, como se sabe, ela obtida atravs da diviso do nme-ro de habitantes existente no interior de uma unidade geogrfica (municpio,bairro, setor censitrio, etc.) pela rea desta mesma unidade. Ela expressa,normalmente, pelo nmero de habitantes por quilmetro quadrado, mas nocaso de cidades onde a densidade muito elevada, mais adequado dividiro nmero de habitantes por hectare. Na verdade, a densidade populacionalpode ser interpretada como a presso demogrfica que ocorre num determi-nado territrio.Embora o clculo deste indicador seja simples, a sua interpretao com-plexa. Em primeiro lugar, preciso chamar a ateno para o fato de que esteclculo parte da ideia de que h uma distribuio homognea ao longo daunidade geogrfica para a qual ela calculada. Quanto maior for a superfcieda unidade, menor a probabilidade de este pressuposto ser verdadeiro, devi-do heterogeneidade do espao geogrfico. Um setor censitrio, em funode seu tamanho reduzido, oferece maior possibilidade de uma distribuiomais homognea da densidade. Por outro lado, sabe-se que densidades se-melhantes podem expressar diferentes situaes, dependendo do quadroeconmico e social da regio em questo.

    O IBGE no fornece a rea dos seus setores censitrios que foi ento calcula-da, de maneira aproximada, a partir da superfcie total de cada municpio daRM. O mapa da densidade populacional na RM do Rio mostra grandes con-trastes na maior parte dos seus municpios, uma vez que os valores variamde 0 hab./ha a cerca de 1.900 hab./ha nas reas mais densamente ocupadas(Fig. 4).A distribuio das densidades no mapa reflete a influncia de quatrofatores principais que favorecem a ocupao: o litoral, a baa, as baixadas eas vias de comunicao.

    O litoral no litoral da Zona Sul do Rio que ocorrem as mais altas densidades popu-lacionais da cidade, geralmente superiores a 500 hab./ha, podendo mesmoultrapassar 1.000 hab./ha. Trata-se de uma faixa relativamente estreita, queliga quase continuamente Flamengo e Botafogo a Copacabana e Ipanema.Sabe-se que a ocupao desses bairros foi facilitada, no final do sculo XIX,pela introduo de linhas regulares de bondes. Este processo de ocupaofoi ampliado, ao longo do sculo XX, por outros meios de transporte queafastavam ainda mais do Centro da cidade as camadas mais abastadas dapopulao que podiam, assim, desfrutar das praias que contribuem, aindahoje, para a imagem de uma cidade encantadora.

    A baaA presena da Baa de Guanabara garantiu ao Rio de Janeiro, desde a po-ca colonial, uma localizao protegida de sua rea porturia, essencial aodesenvolvimento da cidade. Alm do seu porto privilegiado, o Centro do Rioconcentrava tambm o poder poltico at a transferncia da Capital Fede-ral para Braslia, em 1960. Esta concentrao promoveu o adensamento dosbairros prximos ao Centro da cidade que foi perdendo habitantes ao longodo sculo XX, devido substituio da cidade europeiapor uma cidade ame-ricana, feita de arranha-cus ocupados por escritrios. Isto torna esta reaquase deserta fora dos dias teis e horrios de trabalho, como mostram asdensidades que raramente ultrapassam 300 hab./ha. Mas o adensamentourbano de bairros prximos ao Centro, favorecido pela extenso das linhasde bonde, foi se expandindo em direo Tijuca. Hoje, suas densidades, semalcanar os picos das praias da Zona Sul, ultrapassam, muitas vezes, a faixade 200 a 300 hab./ha.

    A importncia da Baa de Guanabara na ocupao da RM do Rio diz respeitotambm sua cidade irm, Niteri, localizada do outro lado da baa. Niterifoi capital do antigo estado do Rio de Janeiro at 1975, ano da fuso dos esta-dos da Guanabara e do Rio de Janeiro, quando a cidade do Rio passou a sera capital do estado do mesmo nome. O bairro central de Niteri apresenta,assim como o Centro do Rio, densidades baixas, que raramente excedem a100 hab./ha. A cidade comeou a se expandir para o sul nos anos 1850, a par-tir da Praia de Icara, cuja ocupao se acentuou no comeo do sculo XX, eapresenta, atualmente, densidades superiores a 400 hab./ha. J o bairro deSo Francisco, vizinho ao de Icara, apresenta ainda hoje densidades baixas,em torno de 25 hab./ha, apesar de as reas litorneas estarem completa-mente ocupadas.

    Captulo 1A distribuio da populao

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    As baixadas

    As terras baixas da cidade do Rio, constitudas de terrenos pantanosos e pla-ncies sedimentares, situam-se entre os macios da Tijuca, da Pedra Branca ede Gericin, sendo as mais importantes as de Inhama, Iraj, Bangu, CampoGrande, Santa Cruz, Guaratiba e Jacarepagu. J ao norte do municpio doRio, encontra-se a chamada Baixada Fluminense, que abrange vastas reasde Duque de Caxias, Nova Iguau, So Joo de Meriti, Nilpolis, Belford Roxo,Mesquita e Queimados.As baixadas permitiram a expanso urbana para o norte, mas tambm parao oeste e o leste. Porm, a concentrao urbana mais importante se estendeda parte norte da cidade do Rio de Janeiro a Nilpolis, Mesquita, So Joo deMeriti e Duque de Caxias. Nesta vasta rea, as densidades variam sobretudode 100 a 200 hab./ha, diminuindo, gradativamente, em Nova Iguau e BelfordRoxo, onde se situam em torno de 100 hab./ha.

    Na parte oeste do municpio do Rio de Janeiro, a Baixada de Bangu, localiza-da ao norte do Macio da Pedra Branca, abriga vrios bairros de densidadepopulacional entre 200 e 300 hab./ha. Alm de Bangu, apresentam essasmesmas densidades os bairros de Senador Camar, Padre Miguel, Realengo,Magalhes Bastos e Gericin. Estes ncleos relativamente densos permane-cem separados uns dos outros por espaos com ocupao mais rarefeita, daordem de centenas de habitantes por hectare. Ainda na Zona Oeste, atrs da

    Barra da Tijuca, a Cidade de Deus, bairro construdo na dcada de 1960 paraabrigar moradores removidos de favelas de outras partes da cidade, apresen-ta, atualmente, densidades de mais de 300 hab./ha. Ao norte da Cidade deDeus, outros bairros se mostram menos densamente povoados, geralmentecom menos de 100 hab./ha, como Taquara, Tanque, Pechincha e Freguesia.

    Do outro lado da Baa, Niteri se desenvolve, de maneira semelhante ao dacidade do Rio, em direo baixada de So Gonalo. Porm, as reas comaltas densidades no atingem, no entanto, os nveis observados na BaixadaFluminense, pois situam-se em torno de 100 hab./ha, embora, ocasionalmen-te, possam chegar a 150 ou 200 hab./ha.

    As vias de comunicao

    A ocupao das baixadas s foi possvel graas a obras de drenagem com aconstruo de uma srie de canais em toda a Regio Metropolitana do Rio,desde a sua parte mais antiga, o Centro da cidade, at as reas de ocupaomais recente, como a Barra da Tijuca. Se essas drenagens contriburam para oadensamento do territrio, tais providncias por si s no seriam suficientespara possibilitar a chegada de novos moradores. Assim, o avano da expan-so urbana foi favorecido, na segunda metade do sculo XIX, pela introduode bondes e trens e, ao longo do sculo XX, pela abertura de grandes eixosrodovirios, como a Avenida Brasil, Rodovia Presidente Dutra, Rodovia Wa-shington Lus, Ponte Rio-Niteri, Autoestrada Lagoa-Barra, Linha Vermelha,Linha Amarela e outros, como pode ser visto no adensamento populacionalobservado ao longo dessas grandes vias de comunicao (Fig. 4).

    Os contrastes das densidades

    Como se pde observar, existem na RM do Rio grandes contrastes em relao densidade populacional e, mesmo nas reas de altas densidades, h dife-renas acentuadas, uma vez que determinados locais apresentam concentra-o populacional ainda mais elevada do que outros, o que possvel se verna escala mais detalhada dos mapas por setores censitrios.

    Este o caso de bairros da Zona Sul da cidade, como Copacabana que apre-senta altas densidades, muitas vezes superiores a 400 hab./ha, mas que naAvenida Atlntica, junto ao mar, os valores so muito mais baixos do que osda Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no interior do bairro. Este mesmofenmeno ocorre, de maneira menos acentuada, em Ipanema e no Leblon,mas no observado no Flamengo.J a Zona Norte se caracteriza por uma situao em que setores com mais de500 hab./ha se alternam com outros cuja densidade inferior a 100 hab./ha.Estas diferenas refletem as vrias formas de uso do solo, como edifcios, casase favelas. Esses acentuados contrastes se relacionam ainda a caractersticas domeio ambiente, disponibilidade de transportes, etc.1.2 As favelas

    As favelas surgiram no Rio de Janeiro no final do sculo XIX e se constituem,ainda hoje, em formas de ocupao do solo urbano em terrenos ilegais, porpopulao pobre que vai habitar reas de morros com fortes inclinaes oude baixadas insalubres, geralmente, em moradias precrias. Para entenderessa urbanizao irregular, o IBGE utiliza, desde o Censo Demogrfico de 1991,o conceito de Aglomerado Subnormal (AGSN), constitudo por um conjunto desetores censitrios.

    Assim, o AGSN compreende, pelo menos, 51 unidades habitacionais que ocu-pam ou ocuparam, no passado recente, terra pblica ou privada, de formailegal. A disposio das construes se mostra densa e desorganizada e a ur-banizao no cumpre as normas dos rgos pblicos, pois as vias de circu-lao so muito estreitas e os tamanhos e formas dos lotes muito irregulares.A prestao de servios pblicos, como coleta de lixo e rede de gua e esgoto, frequentemente precria. Mesmo quando se trata de assentamentos lega-lizados, eles continuam sendo considerados favelas.Em 2010, a RM do Rio contava com 1.034 aglomerados subnormais que reu-niam 1,7 milho de habitantes, ou seja, cerca de 15% da sua populao total.A populao residente em favelas est concentrada principalmente no mu-nicpio do Rio, uma vez que ele rene 1,4 milho de moradores, ou seja, 82%dos habitantes de favelas da RM. Apesar de a populao favelada dos demaismunicpios da RM no ser desprezvel, pois totaliza 309 mil habitantes, ela re-presenta apenas 5,6% da populao desses municpios que de 5,5 milhesde habitantes. Os maiores contingentes se encontram em Niteri (79.623),Duque de Caxias (61.452), So Joo de Meriti (47.322) e Belford Roxo (35.480).

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    A primeira impresso que o mapa das favelas da RM do Rio transmite a deque os aglomerados subnormais esto presentes em quase todos os seusmunicpios, ainda que em graus diferentes (Fig. 5). Mesmo no municpio doRio, a importncia das favelas na composio da populao dos bairros variaconsideravelmente: 0% no Centro, 59% na Mar, 86% no Jacarezinho e 100%na Rocinha.O Centro e os bairros da Zona SulEssas reas da cidade so caracterizadas por apresentarem um nmero re-lativamente pequeno de favelas que renem menos de 20 mil habitantes. Oantigo Centro Histrico, que vem passando por profundas transformaes,desde meados do sculo XX, com a construo de modernos edifcios-sedede grandes empresas pblicas e privadas, no registra a presena de fave-las. J nas suas imediaes, encontram-se algumas delas, como a do Morroda Providncia (1.237 habitantes), So Carlos (1.763), Catumbi (1.717) e Morroda Coroa (1.323). Os efetivos so relativamente modestos em comparaocom as grandes favelas do Rio, mas a sua presena prxima do centro denegcios se mostra emblemtica do tipo de ocupao da cidade.Este o caso do bairro de Santa Teresa, que apresenta uma localizao es-pecial, ao se situar prximo do Centro Histrico. Desde o final do sculo pas-sado, vem sofrendo um processo de valorizao turstica que tem resultadona restaurao de antigos casares. Apesar disso, abriga 12 pequenas favelas,reunindo cerca de 10 mil habitantes, que correspondem, no entanto, a quaseum quarto da populao residente no bairro. Nos ltimos anos, Santa Teresavem deixando de frequentar as manchetes dos jornais sobre a guerraentrepoliciais e traficantes de drogas, em funo da instalao a de uma Unidadede Polcia Pacificadora (UPP).Na Zona Sul, os bairros de Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon e Lagoarenem 25 favelas onde vivem 47 mil pessoas, ou seja, 8,3% da populaoresidente desses bairros. As mais importantes so Pavo-Pavozinho (1.840habitantes), Morro do Cantagalo (1.428) e Morro Santa Marta (1.176). O nmerorelativamente baixo de favelas nessa parte valorizada da cidade se deve, emcerta medida, a polticas adotadas nos anos 1960 de remoo de moradoresde aglomerados subnormais dessas reas.

    A proliferao das favelas no Rio to ampla que atingiu at a aprazvel Ilhade Paquet, uma atrao turstica da cidade, localizada no meio da Baa deGuanabara, onde h mais de vinte pequenas favelas, sendo que uma delas,Vila Joaniza, chega a registrar 3.816 unidades habitacionais.

    As maiores favelas

    Dentre as principais favelas da cidade, a Rocinha se destaca por ser a maiorde todas, com 23.347 domiclios onde vivem 69.156 habitantes, de acordo como Censo do IBGE de 2010 (Tab. 1.1). Assim, ela se constitui numa verdadeira pe-quena cidade, localizada na Zona Sul, entre a Gvea e So Conrado, bairros quese destacam por apresentarem renda das mais altas do Rio, imprimindo napaisagem urbana um acentuado contraste social. A sua origem data dos anos

    1950 com o aumento das migraes de nordestinos para o Rio de Janeiro, mas, sobretudo, nas dcadas de 1960 e 1970 que a ocupao se intensifica.A segunda maior favela carioca, Rio das Pedras, est localizada na Zona Oes-te, onde se concentram 18.692 domiclios com 54.776 moradores. tambmum bairro que tem origem na chegada de migrantes nordestinos nos anos1970 e 1980. Conhecida por abrigar uma das primeiras milcias paramilitaresda cidade, foi criada na dcada de 1980, a pedido dos comerciantes locaisque pagavam a policiais militares, a fim de impedir que traficantes de drogascontrolassem a favela.

    Rocinha e Rio das Pedras se assemelham quanto ao nmero de domiclios emoradores e apresentam tambm taxas moderadas de ocupao dos domi-clios, ou seja, menos de trs pessoas por moradia.

    Menor do que as anteriores, a favela do Jacarezinho, com 8.775 moradias e29.651 pessoas, uma das mais antigas, uma vez que tem sua origem na d-cada de 1920, ligada ao surgimento do bairro industrial de Jacar, na ZonaNorte. A favela vem se beneficiando, nos ltimos anos, de programas gover-namentais de drenagem, saneamento e pavimentao de ruas.Ao contrrio das duas maiores favelas, Rocinha e Rio das Pedras, que se en-contram relativamente isoladas, Jacarezinho se situa numa rea geogrficaonde favelas de menor tamanho se multiplicam. Observam-se assim aglome-raes que renem de 1.000 a 1.500 casas que se constituem numa outra for-ma de organizao de moradias precrias, que tomam o nome de complexo,ao agruparem vrias favelas.

    Este o caso do Complexo da Mar, o maior da cidade ao reunir 17 favelas,entre as quais o Parque Unio, Nova Holanda e Parque Mar, com um total dehabitantes comparvel ao da populao da Rocinha. Tendo comeado na d-cada de 1940, com as comunidades Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro e oConjunto Marclio Dias, o Complexo da Mar ampliou-se ao longo da segundametade do sculo XX.

    O segundo grande complexo de favelas do Rio o do Alemo, cujo centro a comunidade construda no morro do mesmo nome, que conta com 4.321moradias e 15.051 habitantes. Ao norte da, h a Vila Proletria da Penha e aVila Cruzeiro e, ao sul, Nova Braslia, Joaquim de Queiroz e Parque Alvorada.A formao destas favelas comeou no final dos anos 1950, mas sobretudona dcada de 1980 que se deu um acentuado crescimento demogrfico. Nototal, 15 favelas de diferentes tamanhos formam um conjunto comparvel aoComplexo da Mar.

    No limite norte do municpio do Rio de Janeiro com o sul de Duque de Caxias,um novo complexo parece estar se constituindo a partir das favelas ParqueJardim Beira Mar e Parque Proletrio de Vigrio Geral, que apresenta cerca de4 habitantes por moradia.

    O fenmeno da favelizao em direo Zona Oeste se d tambm atravsda Avenida Brasil, com a sucesso de muitas favelas de mdio ou pequeno

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    Tabela 1.1Favelas da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro

    com mais de 10 000 habitantes

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2010.

    Nomes Domiclios Moradores

    Rocinha 23 347 69 156

    Rio das Pedras 18 692 54 776

    Jacarezinho 8 775 29 651

    Parque Unio 6 621 19 662

    Fazenda Coqueiro 5 876 18 229

    Vila Proletria da Penha 4 617 17 775

    Nova Braslia 4 954 16 177

    Morro do Alemo 4 321 15 051

    Vila do Vintm 4 728 14 647

    Nova Cidade 4 234 14 618

    Parque Vila Isabel 4 045 14 007

    Nova Holanda 4 126 13 471

    Parque Jardim Beira Mar 3 617 13 176

    Parque Mar 4 018 12 421

    Vila Joaniza 3 816 11 999

    Vila So Jorge 3 628 11 877Gleba I-Antiga Fazenda Botafogo 3 879 11 704

    Vila Rica de Iraj 3 035 10 215

    porte, em ambos os lados dessa via, desde a Vila Rica de Iraj at Anchieta.Mais ao sul, Vila So Jorge e Gleba I da Antiga Fazenda Botafogo contam, cadauma delas, com mais de 11 mil habitantes. Um pouco mais a oeste, trs gran-des favelas pontuam a rota da linha frrea da Supervia em direo a CampoGrande: Vila do Vintm, Fazenda Coqueiro e Nova Cidade.Assim, pode-se concluir que as favelas da cidade do Rio se mostram muitodiferentes, em funo do seu tamanho, localizao, idade e sua maior oumenor integrao ao espao urbano.

    1.3 As zonas rurais

    Como se pode ver, a Regio Metropolitana do Rio com seus 19 municpiosapresenta um aglomerado urbano muito heterogneo, com acentuadas dife-renas quanto s densidades demogrficas. Alguns deles exibem taxas mui-to baixas, menos de 1 hab./ha, o que se deve, provavelmente, existnciade macios montanhosos e reservas naturais. Como cada setor censitrio qualificado de acordo com a situao do bairro a que pertence, h um zo-neamento administrativo que pode ser mapeado (Fig. 6).Nesta classificao,mais de 99% dos setores censitrios da RM pertencem rea urbana, en-quanto os setores rurais, pouco numerosos e pouco povoados, se mostramrelativamente grandes e se localizam sobretudo nos limites da RM.

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    Captulo 2Os rendimentos

    Ao se estudar as formas de ocupao do solo urbano na RM do Rio de Janeiro,

    chama a ateno, de imediato, a questo da segregao socioespacial exis-tente na cidade. Assim, o Rio apresenta acentuados contrastes que produzemuma forte diferenciao no seu espao, objeto de investigao deste traba-lho. Sendo a segregao um dos aspectos mais importantes para se compre-ender a estrutura da cidade, fundamental a avaliao das diferenas derenda entre os seus habitantes.

    Os questionrios do Censo Demogrfico de 2010 contm um grande nmerode informaes sobre este tema e, a partir da, pde-se escolher alguns indi-cadores que, ao serem mapeados, permitem avaliar a distribuio da rendana cidade e o seu papel na estruturao do espao urbano.

    2.1 O rendimento nominal mdio mensal

    O indicador utilizado neste trabalho o valor do rendimento nominalmdio mensal das pessoas com 10 anos ou mais em cada setor censit-rio, quer essas pessoas tenham renda ou no. Expresso em reais per ca-pita,este valor obtido pela soma dos rendimentos do trabalho e de ou-tras fontes, incluindo-se as aposentadorias, penses e programas sociais.

    O valor do rendimento nominal mdio mensal da renda per capitaque divi-dia a metade dos setores censitrios, em julho de 2010, era de R$ 628,00, ouseja, US$ 278. No entanto, esta mediana mascara enormes disparidades in-traurbanas, uma vez que os 10% dos setores com melhor situao apresenta-ram renda mdia de R$ 2.533,00 ou mais, enquanto os 10% menos favorecidosse restringiram a R$ 377,00 ou menos. De fato, estas acentuadas disparidadesmarcam o espao de modo a revelar a segregao econmica existente naRM do Rio (Fig. 7).

    Como a riqueza no se expressa somente pela renda, mas tambm pelo pa-trimnio, pode-se considerar o nvel de renda como um dos indicadores parase medir a riqueza de uma populao e localizar, no espao urbano, as diver-sas categorias sociais: ricas, mdias ou pobres.

    Os bairros com rendimentos altos

    Os moradores da RM com os mais altos rendimentos esto localizados, so-bretudo, na Zona Sul da cidade do Rio, bem como na Barra da Tijuca, na ZonaOeste. Assim, no topo das classes de renda, encontram-se a orla martimade Ipanema e Leblon, o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, as partes maiselevadas do Jardim Botnico, a beira-mar de So Conrado e a margem interna

    da Lagoa de Marapendi. Nessas reas, observam-se nveis de renda acima de

    R$ 6.000,00 per capita, atingindo em algumas partes patamares superiores aR$ 8.000,00.

    Em Copacabana e no Leme, os rendimentos tambm se mostram altos, mascom uma diferena significativa entre a beira-mar que se situa, geralmente,acima de R$ 5.000,00 e o restante do bairro que apresenta rendimentos maisbaixos, entre R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00. Esta diferena entre a orla e as partesinternas desses bairros j tinha sido observada em relao s densidadespopulacionais.

    Aos ps do Po de Acar, no bairro da Urca, bem como na orla do Flamengo,os rendimentos se situam em torno de R$ 5.000,00. J em algumas reas deLaranjeiras, como no Parque Guinle, ou do tradicional bairro do Cosme Velho,encontram-se rendimentos superiores a R$ 6.000,00.

    Da mesma forma, Niteri apresenta reas ricas, porm de maneira menosacentuada do que no Rio, uma vez que na maior parte dos bairros abastadosde Boa Viagem e Icara, a renda se situa entre R$ 2.500,00 e R$ 4.500,00. Maisao sul, em So Francisco, Santo Antnio, Camboinhas e Itacoatiara tem-seuma situao na qual se alternam setores, cujos rendimentos situam-se en-tre R$ 2.500,00 e R$ 4.500,00.

    Com nveis de renda um pouco mais baixos, encontram-se reas com rendi-mentos nominais mdios mensais per capitaentre R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00.Elas so relativamente pouco numerosas, o que reflete a fora dos contrastesno interior da RM. Trata-se principalmente da Tijuca e de alguns setores debairros como Maracan, Andara e Graja. Alm desses, h outras reas comas mesmas caractersticas na Freguesia, em Jacarepagu, no Mier, na Vila

    Militar e no Jardim Guanabara, na Ilha do Governador.

    Os bairros com rendimentos mdiosA renda mdia mensal per capitanos setores censitrios da RM de R$ 1.055,00 e,para efeito desta anlise, vai-se considerar como rendimento mdio mensalas unidades censitrias cuja renda se encontra entre R$ 900,00 e R$ 2.000,00,por pessoa.

    Essas unidades esto localizadas, principalmente, em bairros da Zona Nor-te e da Zona Oeste, no eixo das antigas estradas de ferro da Leopoldina,como Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha, e da Central do Brasil, do EngenhoNovo a Padre Miguel, e depois, de maneira intermitente, entre Campo Grande

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    e Santa Cruz. Alm dessas reas do Rio, os bairros centrais de outros mu-nicpios da RM pertencem tambm a esta categoria, como os de Nilpolis eNova Iguau, na Baixada Fluminense, e So Gonalo, do outro lado da baa.

    Os bairros com rendimentos baixosCom exceo dos setores que pertencem s categorias anteriores, as de-mais unidades censitrias da RM do Rio apresentam renda mdia men-sal per capita inferior a R$ 600,00 por ms. Este o caso de quase todaa periferia metropolitana, que se estende de Itagua, a oeste, at Tangu,a leste. Neste grande espao aparecem, aqui e ali, alguns setores maisbem situados que correspondem a reas mais urbanizadas, enquanto asunidades censitrias rurais se caracterizam pelos baixos rendimentos.

    2.2 As classes de rendaO mapa do valor do rendimento nominal mdio mensal, por setor censit-rio, se constitui numa primeira abordagem para a diferenciao espacial darenda na RM do Rio. No entanto, ele no permite uma leitura diferenciadados diversos nveis de renda e, especialmente, da sua mistura dentro dessasreas censitrias. Assim, para melhor traduzir essa diversidade, uma classi-ficao em 10 faixas de renda foi realizada, desde aquela sem rendimentoat a com mais de 10 salrios mnimosper capita,por ms. Este tratamentoestatstico resultou em trs grandes classes: a classe baixa, a classe mdia

    e a classe superior, que, por sua vez, foram subdivididas em trs subclasses,resultando em nove classes ao todo.

    A classe baixaEsta classe caracterizada pela importncia das categorias de renda muitobaixas, desde aquela sem nenhum rendimentoat a de 1 salrio mnimo (SM).A subclasse muito baixa assim qualificada porque a predomina a falta derenda e, portanto, uma imensa pobreza. Apenas 4,4% dos domiclios da RMpertencem a esta subclasse presente especialmente em unidades censitriasda Baixada Fluminense, claramente visveis no mapa (Fig. 8).Diversos setoresno municpio do Rio tambm pertencem a esta classe, como se pode ver tan-to na Zona Oeste quanto na Zona Norte.

    A subclasse baixaapresenta uma maior variedade de rendimentos entre acategoria sem rendae a de 1 SM e diz respeito a 11% dos domiclios da RM e,assim como no caso da anterior, ela se encontra sobretudo na periferia me-tropolitana, abrangendo grande parte dos setores rurais. Porm, h tambmalgumas unidades censitrias de favelas includas nesta subclasse, como asdo Complexo da Mar e do Alemo, na Zona Norte da cidade.

    Finalmente, tem-se a subclasse mdiaque a mais importante da classifi-cao, pois diz respeito a 23,7% dos domiclios da RM. Nela, os rendimentosso, em mdia, ligeiramente mais elevados do que nas duas subclasses an-teriores e dizem respeito a faixas de renda entre 1/8 de SM at 1 SM. A suadistribuio geogrfica se d por toda a periferia metropolitana, desde Ita-gua at Tangu.

    Assim, a classe de renda baixa inclui principalmente setores censitrios pe-rifricos da RM, sendo capaz de identificar diferentes nveis de pobreza. Elaengloba, tambm, os setores mais pobres das favelas mais miserveis.

    A classe superior

    As trs subclasses desta faixa dizem respeito aos setores censitrios de ren-da mais alta da cidade, que totalizam 14,9% dos domiclios da RM, e estolocalizados sobretudo na orla martima dos municpios do Rio de Janeiro ede Niteri.

    A subclasse de renda muito alta, compredomnio da faixa de rendimentossuperior a 10 SM, engloba apenas 1,3% dos domiclios e diz respeito, natural-mente, elite econmica da cidade do Rio. Ela encontrada apenas em al-gumas reas situadas ao longo do litoral, como Barra da Tijuca, So Conrado,Leblon, Ipanema, e ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas.

    Ainda na classe superior, mas abaixo deste nvel de rendimentos mais eleva-dos, h os setores da subclasse alta, caracterizada pela presena acentuadade domiclios cuja renda familiar se situa acima de 10 SM, mas que revelamtambm um nmero expressivo de unidades censitrias com renda na faixade 5 a 10 SM. Estas reas, que englobam 4,6% dos domiclios, se localizam,frequentemente, prximas dos bairros litorneos mencionados acima, masse referem tambm a Copacabana, Botafogo, Humait, Flamengo e Laranjei-

    ras. Do outro lado da baa, em Niteri, esta subclasse est presente, sobretu-do, em Icara e Boa Viagem.

    Na subclasse mdia, que abrange 9% dos domiclios da RM, o nvel econmi-co cai, pois a dominam as rendas de 3 a 10 SM. Pertencem a esta subclasseunidades censitrias do Recreio dos Bandeirantes, da Baixada de Jacarepa-gu, bem como da Tijuca, Maracan, Graja e Mier. Alm disso, incluem-setambm nesta categoria o Jardim Guanabara, na Ilha Governador, e reasadjacentes a Boa Viagem e Icara, em Niteri.

    A classe mdiaAs trs subclasses da classe mdia renem 46% dos domiclios da RM e seconstituem num espao intermedirio entre as reas com altos e baixos ren-

    dimentos. A acessibilidade, atravs da rede de transportes coletivos, pareceser um dos principais fatores de organizao espacial dessas subclasses. Istopode ser observado pelos agrupamentos de setores censitrios da subclassealtaque correspondem, com frequncia, a reas mais prximas das estaesde trem e metr, aos quais se agregam outros setores da subclasse de rendamdiae assim por diante. Essas unidades esto localizadas na rea centralda cidade e ao longo dos ramais ferrovirios da Supervia, bem como da linha2 do Metr.Os fatores de centralidadeDo ponto de vista da economia espacial, o territrio da RM pode ser vistocomo um sistema segregado em zonas que correspondem aos gradientes

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    de renda (superior, mdio e baixo), nos quais vrios fatores desempenhampapel de centralidade.

    A faixa litornea do Rio, onde as pessoas mais ricas se concentram, se mostracomo o verdadeiro centro e no o Centro da cidade, que apenas um localde negcios. Assim, o principal fator de centralidade a maior ou menor pro-ximidade das praias e lagoas e as vantagens que isto proporciona aos seusmoradores. Atrs dessas reas mais valorizadas, a concorrncia se faz entreas categorias de renda mais baixa, que tendem a disputar esse territrio comas de renda superior. Em resposta fora dessa rivalidade, vm ocorrendo

    deslocamentos dos mais ricos em direo s praias e lagoas do oeste do Rioe sul de Niteri, reas consideradas mais seguras.

    Na metade norte do municpio do Rio, que inclui os bairros servidos pe-los grandes eixos virios, como os ramais ferrovirios da Supervia, a linha 2do Metr e a Avenida Brasil, as classes de diferentes nveis de renda mdiaprocuram a melhor localizao em funo de suas atividades. Nesta rea,a acessibilidade , ento, o principal fator de centralidade, o que mostra aforte correlao entre os estratos de renda e a presena de estaes de trem,metr e linhas de nibus.

    Na Baixada Fluminense, que a parte mais pobre da RM, onde se concen-tram as classes de rendas mais baixas, seus habitantes mantm fortes liga-es com as reas que desempenham papel de centralidade. Assim, todos os

    dias, centenas de milhares de trabalhadores, de baixo nvel de qualificao,chegam aos seus locais de trabalhoaps horas de transporte pblico emcondies de deslocamentos muito difceis. Do mesmo modo que na meta-de norte do municpio do Rio, a proximidade dos locais de acesso rede detransporte, como as rodovias Washington Lus e Presidente Dutra, se constituinum fator de localizao preferencial dos seus moradores.

    Neste contexto, as favelas aparecem como uma maneira de as pessoas desfru-tarem de uma melhor centralidade, sem, no entanto, possuir a renda necessriapara tal. Viver em uma favela mais perto das reas onde se localizam os empregosparece prefervel a viver numa casa melhor, porm, longe. Esta , alis, a maiordificuldade enfrentada pelos polticos em suas tentativas de realocao de po-pulaes faveladas em novas reas, distantes, porm, do mercado de trabalho.

    2.3 Os rendimentos dos programas sociaisO Censo Demogrfico levanta informaes sobre os beneficirios dos doisprincipais programas de transferncia de renda do Governo Federal, o Pro-grama Bolsa Famlia (PBF) e o Programa de Erradicao do Trabalho Infantil(PETI), que se constituem num fator importante na composio da renda dapopulao carente.

    O Programa Bolsa Famlia, criado pelo presidente Luiz Incio Lula da Silva, em2003, promove a transferncia direta de renda s famlias mais pobres, cujorendimento mensal per capitaseja inferior a R$ 70,00, tendo como contrapar-tida a obrigao de manter seus filhos na escola e de cumprir o calendrio devacinao do governo federal.

    J o Programa de Erradicao do Trabalho Infantil, criado pelo presidenteFernando Henrique Cardoso, em 1996, tem o propsito de eliminar o traba-lho de menores. Este Programa consiste na concesso de bolsas a famliascom filhos de at 16 anos que trabalhem, para compensar a perda da rendaprovocada pela interrupo das atividades das crianas e adolescentes. Emtroca, as famlias devem matricular os seus filhos na escola e se comprome-terem a faz-los frequent-la regularmente.

    As informaes sobre tais Programas so combinadas na mesma pergunta doCenso, o que no permite, desta forma, a sua distino. O nmero de bene-

    ficirios desses programas na RM foi, em julho de 2010, da ordem de 327.920pessoas, das quais 37% no municpio do Rio de Janeiro. Nos demais munic-pios da Regio Metropolitana, os maiores contingentes so encontrados emDuque de Caxias (32.082), Nova Iguau (30.847), So Gonalo (30.746) e BelfordRoxo (25.314).O mapa dessas duas modalidades de transferncia de renda combina dois in-dicadores: o nmero de pessoas beneficiadas e o seu percentual na populaode 5 anos e mais (Fig. 9).Este mapa revela uma elevada concentrao de bene-ficirios nos municpios da periferia, que correspondem s reas com menorrendimento da RM. Assim, encontram-se no entorno metropolitano entre 5%e 10% da populao que se beneficia da ajuda do governo, com nmeros maisexpressivos em Belford Roxo e em Nova Iguau. No Rio de Janeiro, principal-mente em Santa Cruz e Guaratiba, na Zona Oeste, que se verificam os maiores

    contingentes de pessoas beneficiadas, enquanto na orla martima este nmero quase inexistente, com exceo das favelas a localizadas. Do mesmo modo,do Centro da cidade em direo ao norte do municpio, so as favelas que sedestacam no mapa, enquanto o restante da rea apresenta nmeros baixos epercentuais reduzidos, na populao total, de beneficirios desses programas.2.4 A renda dos aposentados e pensionistasAssim como o Programa Bolsa Famlia e o Programa de Erradicao do Traba-lho Infantil, as aposentadorias e penses so parte importante da renda deuma parcela significativa da populao da RM. Uma das perguntas do Censoindaga se o entrevistado recebe algum tipo de benefcio de um instituto deaposentadoria oficial, como o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

    Como entre os beneficirios h vrios tipos de situao, a resposta sima estapergunta foi cruzada com a idade. O resultado mostra que h 530 mil benefi-cirios com menos de 60 anos para 1,1 milho com mais de 60, que residem,principalmente, no municpio do Rio de Janeiro (60,6%).O mapa que se refere s pessoas com 60 anos e mais, que recebem umaaposentadoria ou penso, mostra que elas se concentram em antigos bairrosricos ou de classe mdia da capital (Fig. 10). De Copacabana ao Graja, pas-sando pelo Flamengo, Laranjeiras e Tijuca, os nmeros se situam, geralmen-te, entre 4 mil e 8 mil pessoas, e a percentagem de populao com 60 anosou mais de idade que recebe tais benefcios , geralmente, superior a 75%.Na parte norte do municpio, isto , nos eixos das antigas estradas de ferroda Leopoldina e Central do Brasil, bem como ao longo da linha 2 do Metr,

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    esta proporo um pouco menor. Uma distribuio semelhante vista emNiteri e em So Gonalo.Como os municpios da Baixada Fluminense apresentam uma populao re-lativamente mais jovem do que a da capital, as pessoas mais velhas que sebeneficiam de uma aposentadoria ou penso so em menor proporo, cercade 60%, apesar de se referir a um nmero significativo de beneficirios. Nestecaso, parece haver um contingente de pessoas que no contriburam para a

    Previdncia Oficial, por motivos diversos, como trabalho sem carteira assina-da ou o desempenho de atividades autnomas.

    Do mesmo modo, a proporo de beneficirios de aposentadorias e pensestambm baixa nos novos bairros ricos da cidade, como So Conrado e Barrada Tijuca, mas pode-se pensar que, nessas reas, essas pessoas disponhamde outros recursos para se manterem durante esta fase da vida.

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    Captulo 3As estruturas demogrficas

    As informaes do Censo Demogrfico, principal fonte para o estudo das es-

    truturas populacionais do pas, sero analisadas, neste captulo, de acordocom os seguintes aspectos: idade, sexo e cor da pele.3.1 A distribuio etria da populaoPara se entender a distribuio etria da populao da RM do Rio de Janeiro necessrio uma explicao luz da teoria da transio demogrfica. Combase nessa teoria, aplicou-se um modelo que permite explicar a forma comoa populao de um pas ou de uma regio se transforma, passando de taxasde natalidade e de mortalidade altas para taxas baixas, fenmeno que ocorreem duas fases.

    Num primeiro momento, a mortalidade cai drasticamente devido melhoriadas condies sanitrias e alimentares. Durante este perodo, a taxa de na-

    talidade ainda se mantm elevada, o que resulta em um aumento rpido donmero de habitantes. J num segundo momento, o declnio da mortalidadediminui mais lentamente, enquanto tem incio uma pequena reduo da taxade natalidade, em funo da melhoria dos nveis de condies de vida. Assim,o crescimento natural, diferena entre nascimentos e mortes, atinge seu picono incio do segundo perodo, a partir do qual o ritmo da taxa de crescimentoda populao diminui. No entanto, a populao continua a aumentar, umavez que a estrutura por idade permanece jovem.Esse modelo de transio demogrfica tem recebido crticas pela sua naturezafechada, isto , por no considerar o papel das migraes. Apesar disso, elepermite contabilizar as mudanas na estrutura etria brasileira (Fig. 11).Atravsdeste grfico, percebe-se a evoluo dos grupos de idade, de dez em dez anos,durante o perodo 1950-2050, incluindo-se a projees para 2025 e 2050.

    Em 1950, a pirmide etria apresenta uma forma triangular, caracterstica dacombinao de fertilidade elevada com alto grau de mortalidade. Gradativa-mente, a base da pirmide se retrai em consequncia da reduo das taxasde fertilidade. Assim, em 2050, a pirmide dever chegar a uma forma qua-se cilndrica, pelo menos at os 60 anos, devido ao prolongamento da vidagraas reduo dos nveis de mortalidade. Estas alteraes resultam numareduo do peso relativo da populao jovem e, ao mesmo tempo, num au-mento do contingente de idosos. Esta tendncia foi observada em muitos pa-ses da Europa Ocidental, mas com diferenas significativas entre eles, como,por exemplo, entre a Frana, onde a fertilidade permanece elevada, por causade sua poltica de estmulo natalidade, e a Alemanha que apresenta umenvelhecimento acelerado de sua populao.

    A pirmide de idade da RM do Rio parece estar frente em relao do Brasil,

    quanto ao processo de transio demogrfica (Fig. 12).Como se pode obser-var, a participao dos jovens na RM se mostra mais reduzida, enquanto a dosgrupos etrios de adultos, com at 55 anos, diminui bastante devagar. Em ou-tras palavras, a RM exibe, ento, uma transio demogrfica incompleta, pormmais avanada do que a observada no pas. Sabe-se que, nas grandes aglome-raes urbanas, as melhores condies de vida em relao s do campo favo-recem a reduo da natalidade e da mortalidade. Por outro lado, as migraesde populaes pobres e mais fecundas, provenientes de regies rurais, pare-cem abrandar parcialmente essa transio. Assim, a combinao de populaocom diferentes nveis de condies econmicas e sociais se mostra como umachave para a compreenso da distribuio etria da populao da RM do Rio.

    Para melhor captar essa diversidade, foi realizada uma classificao ascen-dente hierrquica dos setores censitrios em grupos etrios de cinco anos,

    para cada um dos sexos, o que resultou em sete classes. A pirmide etriamdia de cada classe de setores permite interpretar cada uma delas de acor-do com a maior representao de jovens, adultos ou idosos em relao pirmide do conjunto das pessoas da RM.Os setores jovensAs classes 1 e 2 renem 37,5% da populao da RM e apresentam um pesoacentuado de pessoas com idade entre 0 e 24 anos. Porm, essas duas clas-ses diferem entre si porque, enquanto na classe 1 h uma proporo maiorde jovens e menor de pessoas com mais de 45 anos, na classe 2 essas carac-tersticas so menos pronunciadas. Isto quer dizer que na classe 1 a transiodemogrfica est comeando, ao passo que na classe 2 este processo j seencontra mais avanado.

    A sua distribuio no espao metropolitano revela que elas esto localizadas,sobretudo, na periferia pobre e ainda pouco urbanizada, especialmente aclasse 1. Na verdade, trata-se de espaos em vias de ocupao, que recebemfrequentemente populaes provenientes de regies menos favorecidas doBrasil.Os setores de adultos jovensA classe 3, que diz respeito a apenas 3,5% da populao da RM, apresenta umpeso ligeiramente superior mdia de pessoas mais jovens, mas se caracte-riza, sobretudo, por uma maior proporo de adultos jovens, com idade entre20 e 39 anos.

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    Percebe-se que os setores que se incluem nesta classe esto espalhados portoda a RM, sendo possvel identificar alguns deles, em funo de determina-das caractersticas que apresentam. Assim, setores da Vila Militar, localizadosno norte do municpio do Rio, mostram uma forte concentrao de homens,cerca de 60 mil. Da mesma forma, a acentuada presena masculina em se-tores de Gericin se deve localizao nessa rea de um grande complexopenitencirio.

    Outros setores com concentrao de jovens adultos esto localizados emfavelas como as da Rocinha, Jacarezinho e Complexo do Alemo. H tambm

    os que dizem respeito a reas de remoo de populaes faveladas, como aVila do Joo, conjunto de 4 mil domiclios construdos na dcada de 1980, noantigo aerdromo de Manguinhos.Os setores de adultos e idosos

    Nas classes 4 e 5, o processo de envelhecimento da populao pode ser ob-servado pelo aumento progressivo, em comparao com o perfil mdio daRM, dos grupos de adultos: na 4, de 40-49 anos e, na 5, de 50-64 anos. J asclasses 6 e 7 se caracterizam pela presena maior de idosos: na 6, as faixasde idade com mais de 45 anos situam-se acima da mdia, enquanto na 7 soas de mais de 50 anos que se destacam.

    Os dois grupos etrios de pessoas mais velhas das classes 6 e 7, que juntas

    correspondem a um quarto da populao da RM, esto localizados principal-mente em bairros que formam um continuumda Barra da Tijuca at a Glria,reas com as melhores condies de vida da cidade. Situao semelhante observada em Niteri, onde os idosos se concentram tambm nos bairroscom melhor nvel de renda da orla martima, de Boa Viagem a Charitas.No entanto, o envelhecimento tambm observado em outros bairros dacidade que correspondem, em termos de renda, s categorias mdias, sobre-tudo Tijuca e Graja. Alm desses, h tambm algumas reas de ocupaoantiga do municpio do Rio, s quais pode-se acrescentar os centros de Du-que de Caxias, So Joo de Meriti, Nilpolis e Nova Iguau que apresentamtambm importncia de idosos na composio de sua populao.

    Mesmo os centros de Padre Miguel, Bangu e Campo Grande, que no so

    bairros ricos, apresentam populao mais velha do que a do seu entor-no. Assim, o nvel de renda que, sem dvida, possui relao com a lon-gevidade, no o nico fator que pode explicar a existncia de bairroscom populaes mais envelhecidas. Alm do nvel econmico, pode-seacrescentar ainda a poca da ocupao do bairro, que por ser mais anti-ga pde garantir o acesso de seus moradores a certos bens coletivos.

    As classes 4 e 5, onde os adultos predominam, dizem respeito a um tero doshabitantes da RM e os setores com essas caractersticas se localizam tantoem espaos de urbanizao antiga, quanto recente. Eles se mostram maispresentes em bairros como Barra da Tijuca, Jacarepagu, Campo Grande eBangu, no municpio do Rio, e nos da orla ocenica de Niteri, a exemplo dePiratininga e Itaipu.

    3.2 As mulheres e os homensA razo de sexo, isto , a relao entre o efetivo masculino e o feminino,numa dada populao, expressa o nmero de homens para cada 100 mulhe-res. A razo de sexo calculada deste modo tambm chamada de taxa demasculinidade, um dos indicadores clssicos em demografia. Assim, quandoum valor se situa abaixo de 100 significa que o nmero de mulheres supera ode homens e, ao contrrio, quando ele superior a 100 indica que o contin-gente de homens mais numeroso do que o de mulheres. A taxa de mascu-linidade varia muito em relao idade: entre os recm-nascidos, a razo desexo geralmente de 105 meninos para cada 100 meninas. No entanto, comoa mortalidade masculina maior do que a feminina, essa taxa diminui com aidade, e as mulheres se tornam maioria nos grupos etrios mais velhos.

    Na RM do Rio, predominam taxas de masculinidade inferiores a 100, o que comum nas reas urbanas, uma vez que nas cidades h uma oferta maiorde empregos no setor de servios ocupados, com frequncia, por mulheres,como o trabalho domstico, o comrcio, a hotelaria e outros (Fig. 13). Na ver-dade, apenas os setores censitrios da periferia metropolitana apresentamtaxas de masculinidade superiores a 100, indicando maior proporo de ho-mens do que de mulheres.

    Para se entender tais diferenas necessrio recorrer-se estrutura etria dapopulao, principalmente em relao aos bairros de Copacabana e Tijuca, noRio, e de Icara, em Niteri. Nessas reas, a populao mais velha e, portanto,as mulheres so mais numerosas. J na periferia metropolitana, com popula-o mais jovem, as diferenas entre os sexos so menores.

    3.3 A cor da pele

    O Censo Demogrfico pergunta ao entrevistado qual a sua cor ou raa eapresenta cinco respostas possveis: branca, preta, amarela, parda ou indgena.Uma vez que se trata de uma resposta a um questionrio, o entrevistado podeentender a pergunta sua prpria maneira e responder como ele deseja, umavez que nenhum parmetro dado s diferentes cores de pele existentes.

    De certa forma, esta questo mistura a cor da pele com a origem geogrfica,o que pode aumentar a impreciso da resposta, sobretudo, considerando-seo alto grau de mestiagem existente no pas. Assim, os dados fornecidos peloCenso sobre a cor da pele ou raa devem ser analisados com a devida cautela elevar em conta apenas as acentuadas diferenas reveladas pelos indicadores.

    Com base nessas declaraes, a populao da RM do Rio se divide, principal-mente, entre brancos (45,9%), pardos (40,8%) e negros (12,4%). Os amarelosso apenas 100 mil pessoas (0,8%) e os indgenas 10 mil (0,1%). provvelque o percentual de brancos esteja superdimensionado porque esta a corque se mostra mais convenienteem termos sociais. Da mesma forma, a baixaproporo de negros pode ser explicada, provavelmente, pela razo inversa.A fim de no limitar a anlise das respostas aos dados agregados, foi reali-zada uma classificao ascendente hierrquica dos setores censitrios. Tal

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    classificao resultou em seis classes, que traduzem a maior ou menor pro-poro das trs cores da pele que mais apareceram nas respostas. A amarelae a indgena, por causa de seus baixos nmeros, no desempenharam ne-nhum papel especfico nessa classificao.

    O mapa das seis classes mostra ntidos contrastes, quanto composioda populao segundo a cor da pele, entre reas da RM com predomnio debrancos, na orla martima do Rio e Niteri, de mestios, na Zona Norte dacidade, e de negros, na periferia metropolitana (Fig. 14).

    A cidade brancaOs setores que compem as classes 5 e 6 tm, praticamente, os mesmosefetivos: 1,1 e 1,2 milho de habitantes, respectivamente. A classe 6 apresenta85,2% de brancos, restando pouca margem para os pardos (11,4%) e, me-nos ainda, para os negros (2,7%). interessante observar que esses setoresformam uma rea muito homognea, quase contnua, da Barra da Tijuca Glria, da Ti juca ao Graja, estando presentes tambm nos bairros com me-lhores nveis de renda de Niteri e da Ilha do Governador.Na classe 5, a proporo de brancos cai para 67,7%, o que significa uma reduode quase 20 pontos percentuais, enquanto aumenta a porcentagem de par-dos que chegam a representar quase um quarto da populao. Os setores emquesto esto localizados, principalmente, em bairros de renda mdia, como

    So Cristvo, Mier, Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha. Esta classe est pre-sente tambm no Centro de Niteri, bem como na orla ocenica, em Maric.

    A cidade mistaA classe 4, que apresenta um perfil prximo mdia da RM, uma das querene maior nmero de habitantes: 2,8 milhes. Como se pode observar nomapa, os setores mistos se localizam, com frequncia, em torno da classe 5,o que expressa a diversidade quanto cor da pele que caracteriza o Centroantigo e os bairros da Zona Norte, situados ao longo das linhas ferroviriasda Supervia. Ela est presente tambm no entorno metropolitano, em Nil-polis, Mesquita, Nova Iguau, So Gonalo e Maric.

    A cidade parda

    As classes 1, 2 e 3 correspondem ao que se poderia chamar de cidade mesti-a, uma vez que em seus setores os pardos tm uma presena mais significa-tiva do que os brancos e pretos. Em termos numricos, a classe nmero 3 amais importante ao reunir 3,7 milhes de habitantes, onde os pardos chegama mais de 50%, ao passo que os brancos e os pretos representam 32% e 12%da populao, respectivamente.

    Sua distribuio geogrfica, extremamente ampla, mostra que ela ocupa nos a maioria da periferia metropolitana, mas tambm muitas reas da ZonaNorte e Oeste da capital. Vale observar que muitos setores de favelas, comoda Rocinha e do Vidigal, pertencem tambm a esta cidade mestia.

    Na classe 2, os brancos esto mais presentes do que na de nmero 3, mas, sobretudo, a participao dos pretos que faz a diferena, uma vez quea eles so mais numerosos do que nas anteriores. A populao envolvidanesta classe, cerca de 1,5 milho de pessoas, se encontra em toda a periferiametropolitana, mas sobretudo em So Joo de Meriti, Belford Roxo e Quei-mados que ela mais numerosa.Finalmente, a classe nmero 1, que rene 1,5 milho de habitantes, poderiaser caracterizada como a cidade negra, uma vez que a se encontra o maiorpercentual de pretos desse sistema de classificao. Porm, como eles re-

    presentam apenas 24% dos moradores, parece tratar-se de uma nuance maisescura da cidade mestia, do que de uma cidade negrapropriamente dita.Segregao por renda e cor da peleMuitos estudos tm investigado a possvel relao existente entre os locaisde residncia das pessoas, a cor da pele e o nvel de renda. Para testar estahiptese na RM do Rio, as seis classes de combinao de cor da pele foramcruzadas com a renda per capita, expressa em nove faixas crescentes de sal-rio mnimo que, em julho de 2010, era de R$ 510,00. Diante do pequeno nmerode amarelos e indgenas, usou-se apenas trs categorias de cores mais repre-sentativas (branco, preto e pardo) e obteve-se, assim, o cruzamento do nmerode residentes na RM, segundo a cor de sua pele e seu nvel de renda (Tab. 3.1).

    A partir desta tabela, a elaborao de um grfico mostra a distribuio dosefetivos por faixas de renda para cada grupo de cor da pele, comparada coma renda mdia para o conjunto da RM (Fig. 15). Neste grfico, chama a atenoo fato de as curvas de pardos e pretos serem muito prximas uma da outra,independentemente do nvel de renda. Observa-se tambm que a curva dosbrancos cruza a dos pardos e pretos na faixa de 1 a 2 SM. esquerda destafaixa, isto , nos nveis de rendimentos mais baixos, os brancos so sempreminoritrios, enquanto os pardos e negros esto mais presentes. O afasta-mento das curvas atingiu mais de oito pontos na faixa de 0,5 a 1 SM. A partirda faixa de 1 a 2 SM, a relao entre as curvas inverte-se: a renda dos bran-cos se torna, em mdia, muito mais elevada do que a dos pardos e pretos.

    Se considerarmos, como foi mostrado no captulo sobre rendimentos, que onvel de renda um fator essencial na segregao socioespacial na RM, estegrfico mostra, ento, que os bairros de renda alta e mdia formam a cidadebrancae, do mesmo modo, os bairros de renda baixa compem a cidademestia.

    3.4 Composio familiarOs dados divulgados pelo Censo de 2010 no permitem um estudo detalhadodas relaes de parentesco, pois no h no questionrio do recenseamentouma tipologia predefinida da composio familiar. Em contrapartida, tem-se,para cada setor censitrio, o nmero de moradores de acordo com 20 posi-es que eles ocupam na famlia: pessoas (homem ou mulher) responsveispelo domiclio, cnjuges ou companheiros do sexo oposto ou do mesmo sexo,filhos do responsvel e do cnjuge, ou apenas de cada um deles , avs, outrosparentes, outras pessoas sem relao de parentesco com o responsvel, etc.

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    Faixas de renda Branca Branca % Preta Preta % Parda Parda % Total Total %

    Menos de 1/8 SM 290 227 5,4 120 355 8,4 371 392 7,7 791 060 6,7

    1/8 at 1/4 SM 131 145 2,4 81 133 5,7 250 107 5,2 467 736 4,0

    1/4 at 1/2 SM 464 227 8,6 228 240 16,0 775 019 16,0 1 482 383 12,6

    1/2 at 1 SM 1 160 678 21,4 430 777 30,2 1 487 268 30,7 3 109 235 26,4

    1 at 2 SM 1 405 710 25,9 373 354 26,2 1 256 698 26,0 3 061 559 26,0

    2 at 3 SM 593 581 10,9 96 315 6,8 346 282 7,2 1 045 257 8,9

    3 at 5 SM 555 175 10,2 56 402 4,0 205 684 4,2 823 620 7,0

    5 at 10 SM 509 835 9,4 28 519 2,0 106 974 2,2 650 236 5,5

    Mais de 10 SM 310 272 5,7 10 685 0,7 41 070 0,8 364 127 3,1

    Total 5 420 850 46,0 1 425 781 12,1 4 840 495 41,0 11 795 213 100,0

    Tabela 3.1

    A populao da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro por faixas de renda e cor da pele

    Nota: em julho de 2010 o salrio mnimo per capita, por ms, era R$ 510,00.Fonte: IBGE, Censo Demogrfico de 2010.

    Uma classificao ascendente hierrquica da populao dos setores censi-trios, repartida em funo de relaes familiares, permite que se faa umaaproximao em relao composio das famlias em cada classe. Porexemplo, o fato de se observar uma forte presena de responsveis, de cn-juges e de filhos levou a que se interpretasse esta classe como a do modelocasal com filhos. Naturalmente, cada setor censitrio rene vrios tipos defamlia. Quando um setor caracterizado por um ou outro tipo de famlia,isto no quer dizer que ele seja exclusivo, mas que ocorra com mais frequn-cia, em comparao com a composio mdia da RM.

    Casal com filhosEnquanto na RM as trs categorias responsvel , cnjuge do responsvel e

    filho do responsvelrepresentam, em mdia, 72,8% da populao, na clas-se 1 estas trs categorias totalizam 77,7%, ou seja, cinco pontos percentuaisa mais. Se acrescentarmos que nesta classe, a presena de filho somentedo responsvel ou do cnjuge tambm significativa, pode-se interpretar aclasse 1 como a que rene setores onde predomina a composio familiarclssica do tipo casal com filhos.

    Este modelo que representa 15,8% da populao deixou de ser o mais comumna RM, mas encontrado de forma dispersa por toda a cidade. No entanto,ele predomina na Barra da Tijuca, onde o grande nmero de condomnioscom reas de lazer parece mais adequado a este tipo de famlia (Fig. 16).Almdessa rea, ele caracterstico dos municpios que compem a periferia me-tropolitana, de Itagua a Tangu.

    As famlias recompostasO que distingue asfamlias recompostas,em relao ao tipo de famlia casalcom filhos, a importncia da categoriafilhos somente do responsvel ou docnjuge, alm de filhos do prprio casal. A classe nmero 3, que correspondea esta composio especfica, apresenta em mdia 16,8% de filhos de um oudo outro cnjuge, superior aos 12,3% da classe 1. Este modelo familiar omais frequente na RM, uma vez que diz respeito a 30,8% da sua populao,sendo caracterstico de setores censitrios que se destacam pela importnciade pessoas mais jovens. A sua distribuio revela que esta classe se encontraem toda a cidade, mas na Baixada Fluminense e em bairros da Zona Oestedo municpio do Rio que a sua presena se d de maneira mais acentuada.

    As famlias estendidasOs setores que compem a classe 2 so caracterizados por uma maior pro-poro da categoria outras pessoas da famlia, que no pertencem, no entan-to, ao ncleo restrito casalcom filhos. Assim, a proporo de outras pessoasda famlia, neste caso, de 11,1%, superior mdia da RM, da ordem de 7,4%.Alm disso, afamlia estendidase assemelha afamlias recompostas, umavez que nestas classes as propores dos filhos apenas do responsvel oudo cnjuge so parecidas. A classe 2 engloba 8,2% dos habitantes da RM, eela se localiza, principalmente, na Zona Norte do Rio, com prolongamentosnos municpios de Nilpolis, So Joo de Meriti e Duque de Caxias, na BaixadaFluminense, alm de Niteri e So Gonalo, do outro lado da baa.

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    As pessoas sozinhasAo contrrio da disperso geogrfica da classe anterior, a classe 4 carac-terizada por uma elevada concentrao no municpio do Rio de Janeiro e,em menor proporo, em Niteri. Reunindo 21,5% da populao total da RM,essa classe se destaca por uma alta proporo de pessoas sozinhas: 42,4%,

    percentagem maior do que a mdia da RM que de 33,1%. Estes setores soaqueles que apresentam populao mais velha, com uma proporo maiorde mulheres. Trata-se essencialmente de bairros da orla martima do Rio, deSo Conrado a Glria, alm de outros como o Centro, Santa Teresa, Maracan,Tijuca e Graja. Da mesma forma, em Niteri, setores censitrios do Centro aIcara tambm pertencem a esta classe.

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    Captulo 4

    As migraesOs levantamentos de populao realizados, de forma sistemtica, por rgospblicos em diversos pases permitem a coleta de dados demogrficos e socio-

    econmicos da sua populao ou de parte dela. Assim, pode-se observar, commaior ou menor segurana, transformaes na estrutura demogrfica de umapopulao e verificar quando tais mudanas ocorreram.

    No entanto, como os recenseamentos no Brasil acontecem num intervalo de 10anos, no possvel analisar em detalhe os movimentos migratrios, uma vezque se est limitado comparao de contingentes populacionais entre datasrelativamente distantes. Assim, no h possibilidade de se analisar os fluxosmigratrios que se estabeleceram durante o intervalo entre dois Censos.Apesar dessas limitaes, o Censo Demogrfico do IBGE de 2010 fornece in-formaes importantes sobre a populao que no mudou de municpio deresidncia, desde 2000, e sobre aquela que passou a habitar no municpiodurante este perodo. Porm, nada se sabe a respeito da populao que saiu

    para residir em outros lugares.4.1 A populao nativaEntende-se por populao nativa de um municpio os habitantes que nasce-ram e vivem nele. Trata-se, portanto, de uma populao estvel, mesmo queas pessoas em questo, em algum momento de suas vidas, tenham mudadode endereo, no mesmo municpio ou em outro lugar no pas, ou mesmo noexterior, mas decidiram voltar.No caso da RM do Rio, observa-se que a populao nativa, que nunca resi-diu em locais diferentes do municpio onde nasceu, representa dois terosda populao total (Tab. 4.1). Se considerarmos a proporo de pessoas nas-cidas nos municpios da RM, que saram do seu municpio de origem e retor-

    naram tempos depois, esse percentual chega a 70,1%. Assim, os que migrarampara o seu atual municpio de residncia, vindo de outro municpio da RM doRio ou de outro municpio do pas representam apenas 29,3% da populao.

    A proporo de populao nativa difere consideravelmente de um municpioa outro da RM. No Rio de Janeiro, ela muito elevada, representando 77,4% desua populao, e diminui de maneira mais ou menos acentuada em outrosmunicpios da RM, o que pode estar ligado ao grau e antiguidade de suaurbanizao. Assim, nos espaos com menor densidade demogrfica de Guapi-mirim, Tangu, Itabora, Seropdica ou Maric, a parcela da populao nativa inferior a 60% (Fig. 17). Trata-se de territrios distantes dos principais centrosurbanos, mas em vias de urbanizao, que so buscados, com frequncia, pormigrantes que procuram se estabelecer em reas menos valorizadas.

    No municpio do Rio e, em menor proporo, no de Niteri, o peso dos mi-grantes varia muito de um bairro a outro, sendo em geral maior no litoral do

    que no interior dessas cidades. O poder de atrao das praias se faz notarentre as camadas mais abastadas da populao, que vm de outras reas dopas ou mesmo do exterior. Ao contrrio, em reas mais afastadas do litoral,como nos bairros da Zona Norte e da Zona Oeste do municpio do Rio, osnativos representam, muitas vezes, mais de 80% da populao.4.2 Regies de origem dos migrantes para o Rio de Janeiro

    No conjunto da RM do Rio, 1.094.580 habitantes de 5 anos ou mais declara-ram ter mudado de municpio de residncia entre 2000 e 2010. Dentre essesentrevistados, 502.832 se diziam originrios de um municpio da prpria RM,enquanto 95.645 eram provenientes de outros municpios do estado do Riode Janeiro. Em 2010, havia, portanto, 496.103 pessoas, de 5 anos ou mais, queresidiam fora do estado do Rio nos ltimos 10 anos, antes de se estabelece-

    rem em um dos municpios da RM.Como no questionrio do Censo h uma pergunta sobre o nome do munic-pio de residncia anterior, possvel realizar o mapeamento da origem e donmero de moradores da RM que chegaram durante a ltima dcada (Fig. 18).O mapa da residncia anterior dos 496.103 habitantes, vindos de fora do es-tado do Rio de Janeiro, revela a importncia das capitais do Nordeste e doSudeste, alm do Distrito Federal, como reas de procedncia dos migrantes.Na verdade, o Nordeste a Regio que mais se destaca, j que 45,5% so pro-venientes sobretudo de quatro estados: Paraba, Cear, Bahia e Pernambuco.Apesar de as capitais serem os principais locais de origem dos migrantes,algumas regies do interior nordestino tambm se constituem em reas desada de populao, como Sobral, no Cear, e Campina Grande, na Paraba.

    A segunda regio que mais fornece migrantes para a RM do Rio a Sudeste,de onde se originam 25,6% dos seus novos habitantes. So Paulo e sua enor-me aglomerao urbana enviou, no perodo intercensitrio de 2000 a 2010,cerca de 50 mil pessoas para a metrpole carioca que correspondem a 10,9%dos novos residentes. Da mesma forma, Minas Gerais, sobretudo a RM de BeloHorizonte e o municpio de Juiz de Fora, contribuiu com outros 10,5% de mi-grantes. J o Esprito Santo, com Vitria e sua RM, ocupa um lugar secundrio,da ordem de 4%. Em todos esses casos, a proximidade da RM do Rio umfator que propicia a migrao.A contribuio dos diferentes municpios da RM do Rio para a migrao in-terna na prpria aglomerao urbana, de modo geral, difere pouco do pesodemogrfico dos municpios, com duas excees: o Rio de Janeiro que, apesar

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    Nome do municpio TotalNasceu no municpioonde sempre morou

    (1)

    Nasceu no municpio,mas morou em outro

    lugar (2)

    No nasceuno municpio

    Nasceu nomunicpio

    (1+2)

    % Nasceu nomunicpio

    (1+2)

    Paracambi 47 124 35 564 1 386 10 174 36 950 78,4

    Rio de Janeiro 6 320 446 4 635 419 254 418 1 430 609 4 889 837 77,4

    So Gonalo 999 728 653 646 34 759 311 323 688 405 68,9

    Duque de Caxias 855 048 543 510 29 567 281 970 573 078 67,0

    Japeri 95 492 59 934 2 537 33 021 62 471 65,4

    So Joo de Meriti 458 673 283 410 14 388 160 875 297 798 64,9

    Nova Iguau 796 257 484 055 29 256 282 947 513 310 64,5

    Queimados 137 962 84 115 4 236 49 611 88 351 64,0

    Nilpolis 157 425 94 574 5 416 57 435 99 990 63,5

    Mag 227 322 131 261 6 597 89 464 137 858 60,6

    Niteri 487 562 269 480 25 231 192 851 294 711 60,4

    Belford Roxo 469 332 263 120 18 468 187 744 281 588 60,0

    Itagua 109 091 62 939 2 238 43 914 65 177 59,7

    Guapimirim 51 483 28 132 1 329 22 022 29 461 57,2

    Tangu 30 732 15 766 991 13 975 16 757 54,5

    Mesquita 168 376 84 392 6 720 77 265 91 111 54,1

    Itabora 218 008 106 869 4 471 106 668 111 340 51,1

    Seropdica 78 186 37 308 1 248 39 629 38 557 49,3

    Maric 127 461 51 273 2 790 73 398 54 063 42,4

    Regio Metropolitana 11 835 708 7 924 766 446 046 3 464 896 8 370 812

    RM % 67,0 3,8 29,3 70,7

    Tabela 4.1Populao dos m