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Ectoscopia
Ectoscopia
Desenvolvimento Físico
CASO CLÍNICO
Paciente feminino de 18 anos, vem ao consultório relatando que na escola to-das as suas amigas já menstruaram e apresentam características femininas muito mais exacerbadas quando comparado a ela. Por ser objeto de bullying decidiu procurar ajuda médica. Ao exame físico apresenta pelos pubianos es-cassos e finos e mamas apenas com broto mamário desenvolvido. Como você descreveria essa paciente de acordo com o grau de desenvolvimento?
• Introdução
O desenvolvimento físico normal de uma pessoa depende de muitos fatores tais como alimentação e fisiologia hormonal adequadas, hereditariedade e au-sência de patologias genéticas, meio propício para o desenvolvimento motor, estímulo ao aprendizado de maneira compatível com cada idade, entre outros.
Durante a vida embrionária os fatores relacionados ao desenvolvimento dizem respeito à adequada produção hormonal materna. Hormônios tireoidianos e a insulina são os principais intermediadores do crescimento normal do feto. Já na infância o que infere um desenvolvimento adequado além da alimentação é o componente hereditário. É nessa fase muitas vezes que tomam formas as apa-rências sindrômicas de patologias genéticas e carenciais. Na vida adulta es-pera-se que a estrutura física já esteja desenvolvida por completo.
Um desenvolvimento físico normal depende não só de parâmetros estruturais, mas também do conjunto de interações do indivíduo consigo e com o meio.
Assim, não pode ser analisada de forma isolada de avaliações do desenvolvi-mento psicomotor, intelectual, emocional e afetivo.
Conceitos e definições importantes, especialmente quando falamos sobre de-senvolvimento sexual são as seguintes:
Gonadarca: Ativação das gonadas pela hipófise através dos hormônios FSH e LH.
Adrenarca: Aumento da produção de androgênios pelo cortex da adrenal
Telarca: Aparecimento de tecido mamário, primariamente pela ação do estra-diol originário dos ovários
Menarca: É a primeira vez que há um sangramento menstrual. A primeira menstruação frequentemente não é associada a ovulação. Ela é causada pelso efeitos do estradiol na mucosa endometrial. A regularidade menstrual do ciclo costuma ser atingida quando o estradiol e progesterona passam a se interrela-cionar através dos ovários.
Espermarca: Primeira vez que ocorre produção de esperma (percebida por emissões noturnas de esperma ou por esperma na urina) estimulada pelos efei-tos do FSH e LH, via testosterona.
Pubarca: É o aparecimento de pelos púbicos, que são efeito primário dos an-drógenos estimulados pela glândula adrenal.
Menopausa: É a data da última menstruação
Climatério: É a faixa de tempo, na qual ocorrem diversas alterações hormonais e fisiológicas na mulher que culminam, entre outros, com a redução da ativi-dade reprodutiva desta. Um dos acontecimentos mais marcantes, mas não mais importante, é a menopausa.
SEMIOTÉCNICA
Pode ser avaliado de maneira global, uma levando-se em conta um conjunto de caraterísticas físicas como: altura, peso, IMC, circunferência cefálica, cumpri-mento de ossos longos e presença de características sexuais secundárias e pri-márias. Deve-se sempre avaliar o paciente levando em consideração não ape-nas a idade, mas também etnia e gênero.
Na avaliação deve-se comparar o que se vê em relação à estrutura osteomus-cular para o devido(a) idade/sexo/etnia com a história fisiológica colhida na anamnese. Assim pode-se encaixar o paciente em: hiperdesenvolvimento, hi-podesenvolvimento, infantilismo, desenvolvimento grácil e desenvolvimento normal.
Mais especificamente para graduar o desenvolvimento das características se-xuais devemos avaliar a estatura, o crescimento ósseo, o peso e composição corporal mas principalmente os estágios de maturidade sexual de Tanner. Este consiste na descrição sistematizada das características sexuais secundárias, avaliando-se as mamas nas meninas, mudanças genitais nos meninos e pelo pubiano em meninas e meninos. O estágio 1 representa a pré-puberdade e o
estágio 5 representa o desenvolvimento adulto normal.
1) Classificação do desenvolvimento das mamas e pelos pubianos das meninas.
M1 – mama infantil.
M2 (8-13 anos) – fase de broto mamário, com elevação da mama e aréola como
pequeno montículo.
M3 (10-14 anos) – maior aumento da mama, sem separação dos contornos.
M4 (11-15 anos) – projeção da aréola e das papilas para formar montículo se-
cundário por cima da mama.
M5 (13-18 anos) – fase adulta, com saliência somente nas papilas.
P1 – fase de pré-adolescência (não há pelugem).
P2 (9-14 anos) – presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados ao longo dos grandes lábios.
P3 (10-14,5 anos) – pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis.
P4 (11-15 anos) – pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravel-mente menor que a do adulto.
P5 (12-16,5 anos) – pelugem do tipo adulto, cobrindo todo o púbis e a virilha.
2) Classificação do desenvolvimento da genitália e pelos pubianos dos meninos.
G1 (9,5-13,5 anos) – pré-adolescência (infantil).
G2 (10-13,5 anos) – crescimento da bolsa escrotal e dos testículos, sem au-mento do pênis.
G3 (10,5-15 anos) – ocorre também aumento do pênis, inicialmente em toda a sua extensão.
G4 (11,5-16 anos) – aumento do diâmetro do pênis e da glande, crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele escurece.
G5 (12,5-17 anos) – tipo adulto.
P1 – fase de pré-adolescência (não há pelugem).
P2 (11-15,5 anos) – presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmen-tados na base do pênis.
P3 (11,5-16 anos) – pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis.
P4 (12-16, 5 anos) – pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é considera-velmente menor que a do adulto.
P5 (15-17 anos) – pelugem do tipo adulto, esten- dendo-se até a face interna das coxas.
ACHADOS E CORRELAÇÕES CLÍNICAS
Desenvolvimento grácil: pacientes com ossos frágeis, musculatura pouco de-senvolvida, estatura e peso baixos
Hipodesenvolvimento: desenvolvimento aquém do esperado para idade, às ve-zes confundida com nanismo, porém essa última constitui uma síndrome, e não apenas um sinal, tendo, portanto, outro achados a serem considerados depen-
dendo da etiologia da doença.
Hiperdesenvolvimento: desenvolvimento além do esperado para a idade/sexo. Como no caso acima, muitas vezes é confundido com acromegalia, doença que
é apenas um dos exemplos de patologias com hiperdesenvolvimento.
Infastilismo: características infantis presentes em um indivíduo adulto.
Desenvolvimento normal: aquele adequado ao comum para indivíduos de mesmo sexo/idade/etnia.
Puberdade precoce: Mais corretamente chamada de gonadarca precoce, pos-sui definições contraditórias, porém as mais utilizadas são as seguintes: Telarca antes dos 8 anos de idade para meninas e aumento testicular aténs dos 9 anos de idade para meninos.
Puberdade tardia: Também possui definições contraditórias principalmente quando se compara populações diferentes. Mas costuma-se usar os seguintes parâmetros: Ausência de telarca aos 12/13 anos para meninas e aumento testi-
cular aos 13/14 anos para meninos.
DESFECHO DO CASO CLÍNICO
A paciente do enunciado apresenta características sexuais pouquíssimo desen-volvidas considerando a idade além da ausência da menarca (amenorreia pri-mária). Se considerarmos o desenvolvimento atrasado para os padrões de idade e sexo, podemos afirmar que se trata de uma paciente com hipodesen-volvimento e puberdade tardia pela ausência de telarca ao chegar aos 12/13 anos de idade.