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ECHELON: o mundo sob escuta Director: Carlos M. Coelho - rue Wiertz - ASP 8E150 - 1047 Bruxelles -tel(02)284 5551, fax (02)284 9551 MARÇO - 2000 A provar-se o que consta destes estudos, trata-se duma situação muito grave. Porque estamos perante um organismo que escuta conversas, intercepta mensagens e viola direitos dos cidadãos sem mandato judicial nem controlo democrático e porque isso pode significar uma vantagem ilegal e condenável de alguns países no comércio internacional ”, afirmou Carlos Coelho, membro da Comissão das Liberdades Públicas e dos Direitos dos Cidadãos do Parlamento Europeu. Estas declarações foram produzidas durante a Audição Parlamentar sobre a Protecção de Dados e o caso Echelon onde foi apresentado um estudo de Duncan Campbell encomendado pelo STOA (Direcção-Geral de Estudos do PE). texto na pág. 4 Programa da Comissão Europeia Intervenção de Jorge Moreira da Silva Carlos Miguel Coelho Programa LIFE O PSD disse: pág. 7 pág. 3 pág. 2 pág. 8 The Big Brother Liberdade de Imprensa em Angola Intervenção de Carlos Coelho e Resolução do PE Intervenções de Carlos Coelho, Arlindo Cunha e Carlos Costa Neves Intervenção de Carlos Costa Neves Estupefactos, os Deputados europeus assistiram à descrição, com um detalhe técnico impres- sionante, do sistema mais sofisticado de violação da privacidade dos cidadãos . Ao serviço dos interesses de 5 Estados, todas as conversas, mensagens, documentos e informações circuladas por telefone, fax ou e-mail podem ser interceptadas, analisadas, registadas. Em Portugal, como na generalidade dos países da Europa, admite-se que os serviços de segurança do Estado violem a privacidade das comunicações no seu combate contra o crime, mediante decisão judicial e por acção de organismos sujeitos ao controlo democrático dos órgãos de soberania. Este Echelon não é nada disso. Não há controlo democrático. Não há mandato judicial. uma sombra que paira sobre nós, sobre as nossas liberdades e os nossos direitos. O Big Brother está entre nós !

ECHELON: o mundo sob escuta - Sofia Ribeirosofiaribeiro.eu/pdf/03_00.pdf · Imprensa em Angola Intervenção de ... 2. a consolidação e a expansão da área de paz a todo o Continente

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ECHELON:o mundo sob escuta

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“A provar-se o que consta destes estudos, trata-se duma situaçãomuito grave. Porque estamos perante um organismo que escutaconversas, intercepta mensagens e viola direitos dos cidadãossem mandato judicial nem controlo democrático e porque issopode significar uma vantagem ilegal e condenável de algunspaíses no comércio internacional”, afirmou Carlos Coelho,membro da Comissão das Liberdades Públicas e dosDireitos dos Cidadãos do Parlamento Europeu.

Estas declarações foram produzidas durante a AudiçãoParlamentar sobre a Protecção de Dados e o caso Echelon

onde foi apresentado um estudo de Duncan Campbell encomendado peloSTOA (Direcção-Geral de Estudos do PE).

texto na pág. 4

Programa daComissãoEuropeia

Intervenção deJorge Moreira da Silva

Carlos Miguel Coelho

ProgramaLIFE

O PSD disse:

pág. 7

pág. 3

pág. 2

pág. 8

The BigBrother

Liberdade deImprensa emAngola

Intervenção de Carlos Coelhoe Resolução do PE

Intervenções de CarlosCoelho, Arl indo Cunha eCarlos Costa Neves

Intervenção deCarlos Costa NevesEstupefactos, os Deputados

europeus assist iram àdescrição, com um detalhe técnico impres-sionante, do sistema mais sofisticado deviolação da privacidade dos cidadãos.

Ao serviço dos interesses de 5 Estados, todas asconversas, mensagens, documentos e informaçõescirculadas por telefone, fax ou e-mail podem serinterceptadas, analisadas, registadas.

Em Portugal, como na generalidade dos paísesda Europa, admite-se que os serviços desegurança do Estado violem a privacidade dascomunicações no seu combate contra o crime,mediante decisão judicial e por acção deorganismos sujeitos ao controlo democráticodos órgãos de soberania.

Este Echelon não é nada disso. Não há controlodemocrático. Não há mandato judicial. Háuma sombra que paira sobre nós, sobre as nossasliberdades e os nossos direitos.

O Big Brother está entre nós !

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 2

Jorge Moreira da Silva reclama mais meiospara o Ambiente (programa LIFE)

Em 1999, o Programa LIFE apoiou projectos emPortugal no valor aproximado de 800.000 contos(4 milhões de Euros: Life/Ambiente – 936,3mil Euros e Life/Natureza – 3,1 Milhões Eu-ros)

Projectos apoiados em 1999:

- Gestão de Habitats e Espécies no sítio do Cabeção- Projecto para a Conservação dos Cetáceos na Madeira- Recuperação da Floresta Laurissilva nas Funduras- Recuperação do Habitat e das presas do lince ibéricona Serra da Malcata- Conservação de espécies vegetais prioritárias e rarasna Madeira- Recuperação dos habitats naturais do Vale do RioGerês- Conservação e valorização dos sistemas florestaisde Montado na óptica do combate à desertificação- Tratamento e gestão de resíduos verdes por umprocesso de compostagem (Câmara Municipal dePenafiel)- Sensibilização da população para o uso da bicicletaem V.N.Barquinha- Projecto integrado de eco-turismo em Castanheirade Pêra- Estrutura de Gestão Integrada da Ria deAveiro

Jorge Moreira da Silva, apresentou propostas demelhoria do texto e pediu o apoio das outrasbancadas: “Mas a nossa preocupação não resideapenas na questão orçamental. As AlteraçõesClimáticas e a Política da Água são matérias quemuito preocupam os cidadãos europeus e que têmmerecido uma atenção muito grande por parte destaCâmara.

É, por isso, para nós determinante que sejam aprovadasas nossas propostas de alteração, que pretendemdefinir a gestão sustentável das águassubterrâneas e de superfície assim como a reduçãodos gases com efeito de estufa como objectivos aatingir pelo Life/Ambiente.”

Na sua intervenção, Jorge Moreira da Silvasublinhou alguns aspectos positivos do novoPrograma e assinalou: “consideramos como muitopositivo o facto de a Posição Comum ter introduzido,pela primeira vez, a valorização e o ordenamentoterritorial das zonas costeiras como uma dasprioridades do Life/Ambiente. “

Jorge Moreira Silva, relator-sombra do PPE para o ProgramaLIFE criticou a Comissão e oConselho pela insuficiência dosmeios orçamentais que queremcolocar ao serviço do ambientee apresentou propostas dealteração que visam melhorar otexto proposto pela Comissão.

Na Sessão Plenária do Parlamento Europeu emEstrasburgo, o Deputado Jorge Moreira da Silvadefendeu a proposta do Parlamento de reforçaros meios financeiros ao serviço do Ambiente(Programa LIFE), tendo afirmado:

“O Regulamento do LIFE III falha naquilo que éobviamente o mais importante para o impacto de uminstrumento f inanceiro – o montante do seuorçamento.A Comissão e o Conselho, ao persistiremna sua proposta de 613 M Euros como montante dere f erênc ia para o per íodo 2000-2004 e aoinviabilizarem a proposta do P.E. de 850 M Euros,estão a tomar uma decisão que, no nosso entender, nãose baseia nos mesmos critérios de racionalidade e dejustiça que introduziram – e bem – noutras disposiçõesdo LIFE III.

Da nossa parte, ficam a Comissão e o Conselho asaber, não abdicamos de dotar o LIFE do orçamentoque ele merece e que melhor garante os resultadosambientais que se pretendem obter com uminstrumento deste tipo.

Porque:1º - o LIFE é o único instrumento financeirodirecto destinado à promoção da Políticado Ambiente na U.E.2º - o LIFE é um instrumento que temproduzido bons resultados, tem permitidoo desenvolvimento de métodos e detécnicas inovadoras e tem uma excelentetaxa de execução.3º - o orçamento do Life tem vindo, emtermos reais a diminuir , e não t emacompanhado a enorme dinâmica e criatividadeda procura.4º - o Parlamento, dado o mérito que atribui aoLIFE, tem vindo a inscrever, no seu Orçamentoanual , dotações crescentes para es teprograma, pelo que a aprovação da propostadefendida pelo Conselho e pela Comissãosignificaria uma inaceitável inversãodesta tendência.»

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 3

Sem convergênciareal é a própriacoesão da UniãoEuropeia que estáem causa...

Na Sessão Plenária do Parlamento Europeuem Estrasburgo, Carlos Costa Neves criticoufortemente a omissão do objectivo da CoesãoEconómica e Social durante o debate dodocumento da Comissão Europeia sobre os“Objectivos Estratégicos para 2000-2005”:

“Registo algumas omissões importantes e,sobretudo, a que vou referir: No documento sobreos objectivos estratégicos para 2000-2005 aComissão, ao contrário do que faz no Programa deTrabalhop a r a2000, sóm u i t ol a t e r a l -m e n t efaz referên-c ia à CoesãoEconómica e So-cial , à solidarie-dade entre os Estados-Membros , à PolíticaRegional da União Europeia. E isto,mesmo quando aborda o alargamento.”

“A forma como a Comissão trata o assunto,ou melhor, não trata, é grave. Secundarizaum princípio dos Tratados, o da Coesão Económicae Social que, como tal, deve enformar todas aspolíticas e todas as medidas das instituiçõeseuropeias. Parece ignorar que persistemprofundos atrasos em várias regiõeseuropeias. Esquece que o alargamentojustifica acertos na política regional que épreciso perspectivar desde já. Sem convergênciareal, é a própria coesão da União Europeia queestará em risco.”

Carlos Costa Neves recordou que, face aosdados publicados pela própria Comissão, estadeveria ter tirado outras conclusões:

“Tenha-se sempre presente o último “RelatórioPeriódico sobre a situação das regiões daUnião Europeia”, preparado e apresentado pelaComissão. Nele se confirma que, para um nívelmédio de desenvolvimento a que se atribui o grau100, as 10 regiões designadas como as “mais

Costa Neves critica a Comissão Europeiapor "esquecer" a Coesão Económica e Social

fortes” atingem a média de 158e as 10 ditas “mais fracas”ficam-se pela média de 50….Tirem-se as conclusões !!!

Este é exactamente o nível dedesenvolvimento dos Açores,uma das regiões definidas comoultra-periférica, no Tratado da União Europeia.Falando nos Açores, para quando o relatóriosobre as regiões ultra-periféricas que o ConselhoEuropeu de Colónia determinou que se realizasseaté Dezembro de 99 ?”

A concluir, Carlos Costa Neves afirmou semtibiezas: “Sem Coesão Económica e Social nãohaverá qualquer tipo de coesão; só desagregação”

Objectivos estratégicos da Comissão paraos próximos cinco anos

Na apresentação dos grandes objectivosestratégicos da Comissão para os cinco anosdo seu mandato, o Presidente Romano Prodisalientou o paradoxo em que a UniãoEuropeia actualmente se encontra: “por umlado, conseguiu garantir a paz, a segurança, aliberdade e o bem-estar dos europeus; por outro,ainda não encontrou o meio de fazer face às suaspreocupações com o desemprego, ao atrasotecnológico e científico, à distância que separa asinstituições dos cidadãos”.

Para Romano Prodi “precisamos de umaEuropa forte em termos económicos e em termospolíticos. Para tal, precisamos de um planoestratégico. É nesse sentido que se dirige adefinição dos objectivos estratégicos da Comissão,os quais abordam quatro capítulos distintos:

1. a promoção de novas formas degovernabilidade da Europa;2. a consolidação e a expansão da área depaz a todo o Continente e a promoção davoz da Europa no mundo;3. a definição de uma nova agenda económicae social;4. a procura de melhor qualidade de vidapara todos os cidadãos”.

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 4

ECHELON, um "Big Broconsiderou ainda que estas actividades deespionagem constituem hoje "a última zona cinzentaem que os Estados de Direito funcionam à margem daLei".

Nicole Fontaine afirma-se escandalizada

A Presidente do Parlamento Europeu, Nicole Fontaine,numa declaração produzida no final da Audiçãoafirmou "Estamos naturalmente escandalizados pelo factode estes actos de espionagem que duram já há vários anos,não tenham dado lugar a protestos oficiais", referindo-seao silêncio da ComissãoEuropeia mesmo após tersido, nos últimos doisanos , a ler tada peloParlamento Europeu. "OConse lho e a Comissãodevem reagir às alegaçõesproduzidas durante estaAudição", sublinhou.

Nicole Fontaine afirmouainda "Se por um ladoparece c laro que houvev io lação de d i re i tosfundamentais dos cidadãos, por outro lado a espionagemeconómica pode ter tido já graves consequências sobre oemprego", referindo-se aparentemente às suspeitaspublicadas em diversos órgãos da comunicação socialde que importantes empresas europeias perderamcontratos em favor de empresas americanas que terão,alegadamente, beneficiado de informações fornecidaspor este sistema.

O Que é o Echelon ?

O Echelon é uma rede constituída por 5 países (EstadosUnidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e NovaZelândia) que intercepta , regis ta e anal isacomunicações em todo o planeta.

Comunicações telefónicas, por fax e electrónicas (comosão os e-mails e o tráfego cibernético na Net) sãointerceptadas, passam por filtros que determinam osalvos que podem ser conceitos, palavras, tipos de voz oudes t inatár ios em concre to ( como determinadaspersonalidades, números de telefone, etc.).

Inicialmente pensado como instrumento de defesacontra o império soviético parece ter sido recicladopara outras utilizações após a queda do muro deBer l im. Campbel l re fer iu diversos casos deespionagem industrial, e designadamente o facto deem 1994 a Airbus ter perdido um contrato com aArábia Saudita a favor da americana McDonnel-Douglas, alegadamente por ter beneficiado de

Já em Setembro de 1998, na sequência dapublicação de um estudo da Fundação Omega(sediada em Manchester), o Parlamento Europeudebateu a existência (então não confirmada) dumsistema ECHELON e a ameaça que isso representapara os direitos dos cidadãos e os interessescomerciais da Europa Comunitária e dos seusEstados-Membros.

Na Resolução então aprovada em Sessão Plenária(16.Set.98), o Parlamento considerou "que aimportânc ia crescente da Internet e dastelecomunicações em geral , à escala mundial ,nomeadamente do sistema ECHELON, e dos riscosda sua eventual utilização abusiva, exigem aadopção de medidas de protecção para as informaçõeseconómicas e uma codificação eficaz".

A falta de dados concretos, levou então oParlamento a encomendar um estudo através doseu serviço de Investigação e pesquisa, o STOA(Scientific and Technical Options AssessmentProgramme Office).

Este estudo e laborado pelo jornal is ta deinvestigação escocês Duncan Campbell, foi agoraapresentado durante uma Audição Pública sobreProtecção de Dados, promovida pela Comisãodas Liberdades Públicas e dos Direitos dosCidadãos do Parlamento Europeu.

Durante a sua apresentação, Duncan Campbelldeclarou que entretanto "apareceram novas provas"e referiu que o objectivo económico e comercialdas intercepções de comunicações "é claríssimo eestá ac ima de qualquer dúvida" . Campbell

Já pode ver a Carta da Europana Net no site do PPE

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 5

ther" tornado realidade ?informação privilegiada da sua concorrente atravésdo sistema Echelon.

Interceptando mensagens na Net , nos cabossubmarinos, e nos mais de 120 satélites de que dispõe,o sistema consegue vigiar o mundo inteiro.

De acordo com fontes internas, citadas durante aAudição, em cada 30 minutos, são interceptadas maisde 1 milhão de mensagens que são analisadas emfunção dos critérios definidos na Watch List.

As Defesas

A criptografia (processode codificar mensagens)parece ser das poucasdefesas que a Europapode encontrar rapida-mente para fazer face aesta devassa sistemáticadas suas comunicações.Mas até aqui os ameri-canos jogam as suasarmas.

As versões para exportação do Lotus Notes, dasaplicações da Microsoft e até da Netscape têm os seusmódulos de criptografia com níveis de segurançareduzidos e com parte dos códigos depositados nosserviços da administração norte-americana. No casodos browsers da Microsoft e da Netscape, porexemplo, as cadeias de 128 bits para a criptografiadas mensagens são virtuais. Com efeito apenas 40bits permanecem em segredo, enquanto que 88 sãodifundidos e revelados com a mensagem. Pareceassim, fundamental que a UE desenvolva os seuspróprios sistemas de criptografia.

O QUE ELES DISSERAM...

Será imoral fotografar o mundo ?

"A América tem responsabilidades e interesses globaismundiais. Qualquer nova tendência, movimento imprevistono mundo podem ter um impacto sobre o bem-estar e asegurança da América. Temos assim de ter a capacidade derecolher informação sobre tudo: quer dos nossos inimigosquer dos nossos amigos. (...) Estes meios técnicos permitemuma recolha sistemática e não comprometedora de informação.(...) Podemos, com efeito, perguntarmo-nos: (...) em matériade escutas ou de fotos, qual é o problema ético ? Será imoralfotografar o mundo ?

Zbigniew Brzezinski, antigo Conselheiro para aSegurança Nacional do Presidente Jimmy Carter

O Governo francês encoraja a criptografia

"Não existe capacidade para impedir tecnicamente aintercepção de comunicações radioeléctricas veiculadasnum espaço mundial que não conhece fronteiras físicas.Por outro lado ... as consequências económicas destasactividades são consideráveis tendo em conta a interligaçãodestas redes de comunicação com os sistemas internos dasempresas (...)O Governo francês encoraja o desenvolvimento de meiosque permitam responder à necess idade deconfidencialidade e de fiabilidade dos sistemas deinformação sensíveis.

Lionel Jospin, Primeiro Ministro francês em debateno Senado no dia 3.Dez.98

É inevitável a intercepção de informaçõescomerciais

"Quando as comunicações são interceptadas é inevitável,dada a largura da banda utilizada, que conversas oumensagens que nada têm a ver com o domínio militar eque contêm provavelmente informações de naturezacomercial sejam interceptadas.

Coronel Dan Smith, antigo Adido Militar americanoem Londres

O mais chocante é a atitude dos britânicos

"O mais chocante é a atitude dos britânicos (...) O ReinoUnido é parte integrante da União Europeia e grandeparte desta rede de espionagem está instalada neste país,que assim beneficia de informação privilegiada sobre osseus parceiros".

Charles Pasqua, antigo Ministro do Interior francêse actualmente Deputado europeu

O Echelon é uma clara ameaça contra a Europa

"O Echelon é um sistema completamente ilegal e fora decontrolo mantido pelos Estados Unidos, pelo Reino Unidoe vários outros países, que representa uma clara ameaçaàs liberdades da sociedade civil e da economia europeias"

Paul Lannoye, Deputado europeu, Presidente doGrupo dos Verdes

O Echelon parece ter sido reorientado...

"Inicialmente dirigido para a recolha de informações militaresrelativas à União Soviética, o Echelon parece ter sidoreorientado, após o fim da guerra fria, para a informaçãopolítica e económica e outras esferas de interesse...

Relatório dos Serviços de Informação belgas

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 6

Arlindo Cunha quero programa LEADERintegrado na PAC

É hoje cada vez mais claro que aagricultura é por si só cada vezmenos capaz de fixar as populações

nas zonas rurais, especialmente os jovens.

Assim como é claro que a PAC, no seu modelo tradicional decompartimentação em sectores e vinculação dos apoios àsquantidades e às produtividades não tem sido capaz de dar asrespostas necessárias à agricultura e ao Mundo Rural,designadamente um nível de vida digno e equitativo aos seushabitantes e designadamente aos agricultores.

A recente publicação do Sexto Relatório Periódico sobre asituação sócio-económica das regiões europeias mostra estasdebilidades das zonas rurais, revelando que as 25 regiões maisagrícolas da UE, com uma taxa de 22,7% da população activaocupada na agricultura, são as que têm uma taxa de desempregomais elevada – 14,7% contra 10,7% para o total das 253regiões da União Europeia – além dos seus tradicionaisproblemas de envelhecimento e desertificação.

É neste contexto que a Comissão Europeia tem vindo poucoa pouco, infelizmente demasiado devagar, a lançar iniciativasque a prazo equilibrem ou complementem a PAC, visando umalcance mais abrangente sobre o conjunto dos recursos endógenosdo meio rural, mobilizando-os em iniciativas e investimentos quebeneficiem a riqueza e o emprego das suas populações – agricultoresou não. É o caso da recente política de desenvolvimento ruralcriada, ainda que de forma incipiente na reforma da Agenda 2000e é em particular o caso da iniciativa comunitária LEADER(Ligação Entre Acções de Desenvolvimento Rural).

Depois do LEADER I (1991-93) com 1.155 milhões de curose do LEADER II (1994-99), com cerca de 1.700 milhões decuros propõe-se agora o LEADER + com uma contribuiçãocomunitária de 2.020 milhões de curos para o período de 2000-2006, e algumas inovações tais como: critérios de selecçãomais rigorosos, elegibilidade para co-financiamentocomunitário de programas transnacionais e maior prioridadeàs acções no domínio das tecnologias de informação, da melhoriada qualidade de vida e da valorização dos produtos locais.

Portugal conta-se entre os que têm tido um maioraproveitamento deste programa, com mais de 50 grupos deacção local, 8.000 projectos e cerca de 100 milhões de curos deco-financiamento comunitário.

É fundamental, porém, que a selecção dos grupos de acção

local (GAL), responsáveis pela organização e implementaçãodos projectos, não seja politizada. Deverá fazer-se a selecçãona base exclusiva do mérito dos projectos e dar preferênciaaos que tiverem maior envolvimento de entidades não públicas,e impõe-se, ainda, que após 2006 o programa LEADER deixe

de ser apenas uma iniciativa comunitária de carácter experi-

mental para passar a integrar a componente dedesenvolvimento rural da PAC que, com meios reforçados,deverá passar a uma PARC – Política Agrícola e Rural

Comum.

Carlos Coelho quermelhor cooperaçãojudiciária

Na sua intervenção sobre oRelatório Di Pietro (antigo

juiz italiano do caso Mãos Limpas e hoje Deputadoeuropeu), Carlos Coelho assinalou:

“Estamos perante um relatório que é da maior importância,não apenas pelo seu conteúdo mas pelo facto de constituirum primeiro passo quanto ao estabelecimento derelações mais fluídas ao nível da cooperação judi-cial. Por um lado as medidas judiciais são alheias àdimensão comunitária, por outro, estamos já perante umalivre circulação de pessoas, o que proporciona – estamosdisso cientes – livre circulação de criminosos.”

Acentuando as preocupações de combate àcriminalidade o Deputado social-democrata, afirmou:“Há que salientar que a criação da Europol é já umpasso em frente. Mas há que dar o passo seguintereforçando a cooperação judiciária em matéria penal,de forma a estabelecer progressivamente um verdadeiroespaço judiciário europeu, de acordo com o objectivo decriação do Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça.”

Carlos Coelho, sal ientou que o reforço destacooperação resulta das deliberações do ConselhoEuropeu de Tampere, a que urge dar consequênciaprática:“Foi, aliás e bem, salientada no Conselho Europeu deTampere, esta necessidade de reforçar s istemas emecanismos, nomeadamente no que toca à intensificaçãoda cooperação entre as autoridades dos EstadosMembros nas investigações sobre actividadescriminosas transfronteiras (facilitando-se, deste modo,a descoberta dos autores das infracções penais cometidas,bem como a procura e obtenção das provas), e apelou-seainda à criação de equipas conjuntas, tal como previsto noTratado, e à tomada de inic iat ivas dest inadas apossibilitar a confiscação dos produtos do crime.”

Referindo-se aos 2 assuntos mais polémicos – o dasescutas telefónicas e o das videoconferências paraaudição de suspeitos, arguidos e testemunhas – CarlosCoelho afirmou:“É essa cautela com os direitos, liberdades e garantiasessenciais que nos levaram a apoiar a retirada do textoproposto no que diz respeito às escutas telefónicas,recomendando-se ao Conselho que apresente uminstrumento jurídico autónomo para dar resposta aeste problema.

Quanto às video-conferências:há que estabelecer uma regulamentação mais precisade modo a que os direitos de defesa e as garantiasprocessuais sejam salvaguardadas;É imperativo que se respeite o cariz processual do sistemajurídico, defendendo os direitos dos cidadãoseuropeus.”

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 7

Carlos Coelhopreocupado com afalsificação do Euro

Na sua intervenção, Carlos Coelhorecordou: “ O Euro entrará em circulaçãoem 01 de Janeiro de 2002, e passará aconstituir uma das mais importantes

moedas de reserva a nível mundial; devido à sua importânciaà escala mundial, o Euro estará particularmente exposto aorisco de contrafacções e falsificações. Deste modo, esteprojecto de decisão vem fixar um conjunto mínimo de normas,tentando harmonizar o Direito Penal neste domínio, etornar mais simples e eficaz a sua aplicação por parte de cadaEstado Membro.”

Carlos Coelho chamou a atenção para a necessidade deestender essa protecção às moedas nacionais que poderãocontinuar a ser trocadas durante 20 anos após a suaretirada de circulação

Considerando que Portugal não terá problemas em aplicaras novas regras, Carlos Coelho apelou aos poucos Estados-Membros que têm manifestado mais reticências, para quecolaborem neste esforço: “Quanto à proposta de estabelecerum limite máximo não inferior a 8 anos, para as penas privativasda liberdade, penso que não levantará quaisquer problemas emrelação ao meu país, que apesar de neste momento consagrar noseu Código Penal a pena máxima de 5 anos de prisão para crimesde falsificação de moeda, mostrou já abertura no sentido deproceder à respectiva alteração."

Arlindo Cunha:"minimizar contradiçõesna Cooperação"

Observamos frequentemente situaçõesde grande contradição entre o que, porum lado, pretendemos fazer com a

po l í t i ca de desenvo lv imento e decooperação e, por outro lado, aquilo quedesfazemos com outras políticas sectoriaisque têm interesses contrários em termosdo desenvolvimento dos mesmos países. Enão falamos apenas sobre o impactoconcreto das nossas políticas comuns, oturismo, o ambiente, a agricultura, aspescas, a indústria. Falamos em geral decontradições entre as nossas políticaseconómicas e comerciais e as nossaspolíticas de defesa. Enfim, há um conjuntode situações que são contraditórias.

Na minha opinião, as contradições nem são assim tãograves em termos de políticas comunitárias; são maisgraves, sim, no que diz respeito a certos objectivos eindústrias de alguns Estados Membros. Temos de ter anoção disso. Adoptamos frequentemente resoluções sobreprocessos de paz noutras partes do mundo, por um lado,como foi o caso recente da Indonésia, um caso de bradaraos céus, e depois verificamos, por outro lado, que havia

alguns países europeus que lhes forneciam armas e materialde guerra. Estas é que são, para mim, as contradições maisgraves em toda esta matéria, mais graves do que ascontradições de alguma incompatibilidade das políticassectoriais, que também existem.

O nosso objectivo de minimizar as contradições entre apolítica de cooperação e desenvolvimento e as restantespolíticas tem que ser um objectivo válido não apenas dentroda União Europeia, mas também a nível mundial, dada acrescente globalização da economia. Se queremos umcomércio mundial justo temos que impor este mesmoprincípio a nível da próxima ronda das negociaçõesmultilaterais no seio da Organização Mundial do Comércio.

Carlos Costa Neves:"em Timor, os crimes nãopodem ficar impunes"

Carlos Costa Neves e Carlos Coelhopropuseram em Estrasburgo queTimor-Leste se ja uma das

prioridades que a UE deverá propor na próxima Sessãoda Comissão da ONU para os Direitos do Homem.

Usando da palavra na Sessão Plenária Costa Nevesafirmou: “não basta evitar ou pôr fim a situações derevoltante agressão, verdadeiros crimes, perpetrados porpessoas ou instituições, contra os mais fracos. É essencialque, cometidas violações, os seus autores não fiquemimpunes. Seja quem for, seja onde for. Na Indonésia ou emAngola, tendo como autor um civil ou um militar, umsoldado, um general ou um ministro.Faça-se justiça na Indonésia. Faça-se justiça em Timor-Leste.Em boa hora esta Resolução, por iniciativa do PPE, incluiuma referência expressa a Timor-Leste. O que ali se passoue que presenciei em parte não pode ficar sem responsáveise estes não podem ficar impunes.”

Costa Neves fez alusão ao polémicolevantamento do embargo de armas àIndonésia decidido pelo Conselho sobpresidência portuguesa e contra avontade do Parlamento: “Por isso sepode afirmar que o Parlamento Europeununca deixou esquecer a situação emTimor Leste, o que teria sido o pior inimigode uma solução justa para o seu povo quesempre se opôs à ocupação indonésia. Porisso, ainda recentemente, nos opusemos à

venda de armas à Indonésia, posição que, infelizmente, oConselho não teve em conta.”

A concluir a sua intervenção, Costa Neves recordou odrama dos refugiados timorenses: “Falar de TimorLeste tem de ser, também, recordar a situação de dezenas demilhar de refugiados timorenses em território indonésiocontrolados por militares indonésios e por milícias, usadoscomo moeda de troca. É uma situação intolerável a queurge pôr fim.”

CARTA da EUROPA - Março 2000 pg 8

CARTA DA EUROPABoletim Informativo da

Delegação do PSD do GRUPO DO PARTIDO POPULAR EUROPEUDirector: Carlos Miguel Coelho Redacção: José Luis Fernandes e Sandra Nunes

rue Wiertz - ASP 8E150 1047 Bruxelles tel(02)284 5551 fax (02)284 9551

Carlos Coelho critica falta deliberdade em AngolaUsando da palavra na Sessão Plenária de Estrasburgo durante o debatedas urgências , Carlos Coelho criticou o governo angolano pelaperseguição a jornalistas:“Com a mesma legitimidade com que condenámos atitudes da UNITAque puseram em causa o processo de paz; Com a mesma autoridade com queconvidámos as duas partes a deixar a guerra e a abraçar a paz; Condenamosperseguições e ameaças e reclamamos do Governo de Angola as condiçõesde liberdade que são essenciais ao importante trabalho dos jornalistasnum Estado e numa Sociedade democráticos.”

Invocando a importância da Imprensa livre nas sociedades democráticas,Carlos Coelho afirmou: “ Acreditamos na Democracia e nos seus valores. Ojornalismo livre e uma opinião pública esclarecida são o pulmão dademocracia. Não há democracia se não se respirar liberdade de informação.Não há democracia sem uma opinião pública livre e informada. Não há opiniãopública livre e informada sem comunicação social sem tutelas. Não hácomunicação social sem tutelas, com jornalistas pressionados,perseguidos, detidos ou ameaçados.”

Sérgio Marques naVenezuelaIntegrado numa delegação do ParlamentoEuropeu, o Deputado Sérgio Marques, deslocou-se à Venezuela onde reuniu com os Embaixadoresdos países da União Europeia na Venezuela, com

várias autor idades venezuelanas e Organizações NãoGovernamentais envolvidas na ajuda humanitária e na recuperaçãodas zonas afectadas pelas inundações do final do ano passado.

Sérgio Marques encontrou-se, ainda, com o Presidente daRepública da Venezuela, Hugo Chavez, com o Ministro dosNegócios Estrangeiros, José Vicente Rangel e visitou o Estado deVargas, um dos mais afectados, onde reuniu com o Governadordo Estado, Alfredo Laya.

O Parlamento Europeuexorta o Governo deAngola a:

— garantir que o julgamento deRafael Marques de Morais, JoaquimAguiar dos Santos e António JoséFrei tas de Jesus Corre ia ,inicialmente previsto para 15 deDezembro de 1999 e agora adiadosine die, seja conduzido no respeitodas normas internacionais;

— assegurar que o julgamento deMarques, Aguiar e Freitas, bemcomo todos os outros julgamentosrelacionados com a liberdade deexpressão, se jam públ icos ,garantindo igualmente a presençade observadores internacionais;

— observar estritamente o dispostona Declaração Universal dosDireitos do Homem e as obrigaçõesde Angola enquanto parte naConvenção Internacional sobreDirei tos Civis e Pol í t icos , emespecia l no que respei ta àsobrigações que lhe incumbem nosentido de assegurar a liberdadede expressão e de garantir umprocesso regular a todas as pessoasacusadas de crimes;

O PE condena ainda as observações— que equivalem a uma ameaça demorte contra o jornalista RafaelMarques — profer idas peloDeputado do MPLA, Mendes deCarvalho durante um debateparlamentar (em que afirmou que oSr. Marques não atingiria os 40 anosse continuasse a escrever de formacrítica sobre o Governo de Angola); einsta o Presidente da República, oPres idente da AssembleiaNacional, o MPLA e o Governo amostrarem, de forma inequívoca, oempenho na protecção da vida doSr. Marques.

De 23 a 24 de Março realiza-se, em Lisboa, umConselho Europeu extraordinário (Cimeira doEmprego)

Pela primeira vez em 15 anos, a economiaportuguesa cresceu menos do que a metade dosnossos parceiros europeus