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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA E E C C L L E E S S I I O O L L O O G G I I A A P P R R Á Á T T I I C C A A I I TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

eclesiologia pratica 1

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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA

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TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

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ECLESIOLOGIA PRÁTICA I

© 2005. José Evaristo de Oliveira Filho.

© 2005. TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL.

Mossoró-RN

1ª Edição: 2005.

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por

TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL

Rua Eufrásio de Oliveira, 38 – Alto da Conceição.

Mossoró-RN

É expressamente proibida a reprodução comercial deste manual, por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.).

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Eclesiologia Prática I

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Conteúdo

Visão Geral ............................................................................ 6

Lição Um: As Figuras Bíblicas Da Igreja (1) ........................... 9

O Tesouro Oculto No Campo E A Pérola De Grande Valor ................ 10

O Tesouro .......................................................................................... 10

A Pérola De Grande Valor .................................................................. 11

O Rebanho De Deus ............................................................................. 13

O Rebanho De Ovelhas ..................................................................... 13

Os Pastores ........................................................................................ 14

A Lavoura De Deus .............................................................................. 16

O Cultivo Da Lavoura ........................................................................ 16

Os Trabalhadores .............................................................................. 20

Lição Dois: As Figuras Bíblicas Da Igreja (2) ....................... 23

O Edifício De Deus ............................................................................... 23

O Tipo Do Edifício ............................................................................. 24

O Material .......................................................................................... 26

Os Construtores ................................................................................ 27

O Processo De Edificação ................................................................. 28

A Cidade ............................................................................................... 30

As Características Da Cidade ............................................................ 31

Necessidades Básicas De Uma Cidade ............................................. 31

O Administrador Da Cidade ............................................................. 34

Lição Três: As Figuras Bíblicas Da Igreja (3) ....................... 37

A Noiva – Esposa ................................................................................. 37

A Condição Da Noiva-Esposa ........................................................... 37

A Preparação Da Noiva-Esposa ........................................................ 38

As Responsabilidades Da Noiva-Esposa .......................................... 39

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O Corpo ................................................................................................ 39

A Natureza Do Corpo ........................................................................ 40

As Funções Do Corpo ........................................................................ 40

A Anatomia E Funcionamento Do Corpo ......................................... 41

Necessidades Do Corpo .................................................................... 41

Lição Quatro: O Funcionamento Da Igreja .......................... 45

Como A Igreja Foi Projetada Para Funcionar ..................................... 45

Onde Acontece O Ministério Do Corpo De Cristo .............................. 48

Reuniões Da Igreja ............................................................................... 50

Reuniões Caseiras ................................................................................ 51

Reuniões Públicas ................................................................................ 51

Lição Cinco: Funções Da Igreja ............................................ 55

A Função Básica Da Igreja ................................................................... 55

Outras Funções .................................................................................... 56

Adorar ................................................................................................ 57

Orar.................................................................................................... 57

Estudar A Bíblia ................................................................................ 57

Jejuar ................................................................................................. 57

Exercitar Os Dons ............................................................................. 57

Ministrar............................................................................................ 58

Administrar Os Recursos Dados Por Deus ...................................... 58

Evangelizar ........................................................................................ 59

Exercer O Sacerdócio ........................................................................ 59

Comungar .......................................................................................... 59

Lição Seis: Ministérios Específicos (1): Adoração ................ 61

Como A Igreja Deve Funcionar ........................................................... 61

O Ministério De Adoração Da Igreja ................................................... 62

Funções Da Equipe De Louvor ............................................................ 63

Levar O Povo À Presença De Deus ................................................... 63

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Mobilizar ........................................................................................... 64

Treinar ............................................................................................... 64

Dirigir ................................................................................................ 65

Uma Filosofia De Ministério Para O Louvor ...................................... 66

Formando A Equipe ............................................................................. 68

Lição Sete: Ministérios Específicos (2): Crianças ................. 71

A Importância Do Ministério Com Crianças ........................................ 71

Jesus Cristo E As Crianças ................................................................... 72

Propósitos Do Ministério Com Crianças ............................................. 73

Como Organizar O Ministério Com Crianças ..................................... 74

Lição Oito: Ministérios Específicos (3): Jovens ................... 76

Ministrar Ao Jovem: Um Grande Desafio .......................................... 77

O Líder: A Peça Fundamental ............................................................. 77

Equipe De Liderança ........................................................................... 78

Como Organizar O Ministério Com Jovens ........................................ 79

Lição Nove: Ministérios Específicos (4): Grupos Pequenos . 81

Por Que Mais Um Estudo Sobre Grupos Pequenos ............................ 81

Por Que Grupos Pequenos? ................................................................. 82

A Igreja É A Grande Coisa ................................................................... 83

Edifique Grupos No Contexto Da Missão ........................................... 84

Edifique Sobre Princípios E Valores Bíblicos ..................................... 85

Formato E Duração Da Reunião ......................................................... 87

Princípios E Valores Do Evangelismo ................................................. 87

Princípios E Valores Do Discipulado .................................................. 88

Princípios E Valores Do Estudo Da Palavra ........................................ 89

Relacionamento Entre Irmãos ............................................................ 89

Os Líderes Do Grupo Pequeno ............................................................ 92

Qualificações Para Líderes Da Igreja Caseira ..................................... 94

Como Participar Ativamente De Um Grupo Pequeno ........................ 95

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Conclusão ............................................................................................. 97

Lição Dez: Ministérios Específicos (5): Liderança Pastoral . 99

Definindo O Ministério De Liderança Pastoral ................................ 100

Pastor, Presbítero, Bispo ....................................................................101

Como Alguém Se Torna Um Pastor Na Igreja .................................. 102

O Trabalho De Um Líder Pastoral ..................................................... 102

Pluralidade De Liderança .................................................................. 103

A Equipe Pastoral............................................................................... 103

Presbíteros E Diáconos ...................................................................... 104

A Capacitação De Líderes Pastorais .................................................. 105

Lição Onze: O Crescimento Saudável Da Igreja (1) ............ 108

A Igreja Orientada Por Propósitos ..................................................... 111

O Desenvolvimento Natural Da Igreja ............................................... 112

Dez Características De Uma Igreja Saudável ..................................... 114

Lição Doze: O Crescimento Saudável Da Igreja (2) ............. 118

A Importância Da Visão ...................................................................... 118

Modelando A Igreja Local ................................................................... 119

Estudo E Prática Da Palavra De Deus ............................................ 120

Um Povo De Aliança ....................................................................... 120

Caráter Conformado Ao De Cristo ................................................... 121

Submissão E Autoridade .................................................................. 121

Uma Visão Não-Profissional Do Ministério ................................... 122

Compromisso Com Os Três “C” ...................................................... 123

Ministério Do Corpo ....................................................................... 123

Chamado E Unção Acima De Posição E De Imposição ................. 123

Discipulado Prático ......................................................................... 124

Liderança De Serviço ...................................................................... 124

Equipar Os Crentes Para O Ministério ........................................... 125

Trabalhar A Purificação E Transformação ..................................... 126

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Ensinar A Doutrina Bíblica Fundamental ...................................... 128

Ministrar No Poder Do Espírito Santo ........................................... 130

Adoração Em Espírito E Verdade .................................................... 131

Ministério Aos Pobres ..................................................................... 132

Conclusão ........................................................................................... 133

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ECLESIOLOGIA PRÁTICA I

VISÃO GERAL

DESCRIÇÃO DO CURSO

„Eclesiologia‟ é o estudo ou doutrina da Igreja. O estudo clássico da Igreja faz parte da teologia sistemática, porém, nós queremos não somente abordar as questões teológicas a respeito da Igreja, mas também tratar de estudos pertinentes ao desenvolvimento funcional da Igreja como o instrumento de Deus para o avanço do Reino. Portanto, a eclesiologia prática é o estudo das questões referentes ao funcionamento prático da Igreja.

Nesse curso, nós estudaremos as figuras bíblicas da Igreja como o fundamento para todo o desenvolvimento prático da mesma. Também veremos o que a Bíblia ensina especificamente sobre o funcionamento do Corpo de Cristo e as funções da Igreja no mundo. Adicionalmente, nós estudaremos os principais ministérios específicos que deveriam ser estabelecidos numa igreja local em crescimento e saudável.

OBJETIVOS DO CURSO

Ao concluir este curso você será capaz de:

Conhecer as figuras bíblicas da igreja e as importantes lições que elas ensinam sobre o nascimento e desenvolvimento de igrejas.

Compreender como Deus projetou o corpo de Cristo para funcionar.

Explicar quais são as funções da Igreja no mundo.

Estabelecer na igreja local os ministérios específicos de:

o Adoração

o Adolescentes e Jovens

o Crianças

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o Grupos Pequenos

o Líderes Pastorais

Aplicar na igreja local os princípios do crescimento saudável da Igreja.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia de Estudo NVI: Editora Vida.

Bíblia de Estudo de Genebra: Editora Cultura Cristã.

Worship Ministry Handbook, Vineyard Christian Fellowship of Santa Rosa, USA.

Eddie Espinosa, Leading Worship, Thoughts On Worship, Vineyard Music Group, USA.

Brian Doerksen, Preparation For Leadership, Worship Update, Vineyard Music Group, USA.

Brian Doerksen, Songwriting, Thoughts On Worship, Vineyard Music Group, USA.

Andy Park, Developing A Worship Team, Worship Update, Vineyard Music Group, USA.

Terry Buttler, Worship Leader: Are You Growing Musically?, Worship Update, Vineyard Music Group, USA.

J. A. de Souza Filho, O Ministério de Louvor da Igreja, Editora Betânia, Brasil.

Charles Simpson, The Covenant And The Kingdom, CSM, USA.

Judson Cornwall, The Power Of Praise¸ Glad Tidings, USA.

Mark Tittley, A Manual For Children’s Ministry. Publicação On-line.

Graene C. Young, Children Kingdom Ministry. Publicação On-line.

Larry Enterline, Calvary Chapel Children’s Ministry Manual. Publicação On-line.

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REQUERIMENTOS DO CURSO

Este manual pode ser estudado em dois níveis: enriquecimento e diploma.

Enriquecimento: você pode usar este manual para seu enriquecimento pessoal, não sendo necessário, portanto, que você faça a matrícula ou envie-nos os trabalhos escritos.

Diploma: para receber os créditos referentes ao curso e o diploma no final do programa, você deve efetuar a matrícula e completar o exame final.

QUESTÕES PARA REVISÃO E EXAME FINAL

Questões Para Revisão: Ao concluir o conteúdo da lição, complete as questões para revisão. Você pode usar suas notas pessoais, sua Bíblia ou o conteúdo do estudo principal para as respostas. O propósito delas é ajudá-lo a focalizar os principais pontos do estudo e prepará-lo para o exame final.

Exame Final: No final de cada manual existe um exame final que foi elaborado para testar os seus conhecimentos e, conseqüentemente, esse exame serve para a sua aprovação no curso/manual. Para ser aprovado no curso/manual, você deverá conseguir pelo menos 70% de respostas corretas.

FORMATO DO MANUAL

Visão Geral: Traz todas as informações referentes ao manual: descrição da matéria, objetivos, referências bibliográficas, requerimentos, questões para revisão, exame final e qualquer outra informação necessária.

Lições: Cada lição contém:

Número e Título da Lição.

Objetivos.

Versículo-Chave.

O Conteúdo da Lição.

Questões Para Revisão.

Exame Final: No final deste manual você encontrará um exame final que contará pontos para a aprovação no curso/manual.

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LIÇÃO UM

AS FIGURAS BÍBLICAS DA IGREJA (1)

Versículo-Chave “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28).

INTRODUÇÃO

O Senhor Jesus disse que Ele mesmo edificaria a Sua Igreja (Mateus 18.16). A Igreja não é uma invenção humana, mas sim uma obra divina. Como tal, nós precisamos entender o que é ela e como ela funciona de acordo com o projeto original de Deus.

Não adianta muito tentarmos aprender com a maioria das igrejas de hoje, pois muitas não são edificadas de maneira bíblica – segundo o pensamento de Deus – mas sim de acordo com as tradições e doutrinas humanas. Muitas delas se valem dos mesmos padrões e métodos usados para desenvolver empreendimentos comerciais. Mas, se quisermos edificar igrejas bíblicas, nós teremos que usar os princípios e valores bíblicos.

Muitas pessoas que iniciam e edificam igrejas produzem comunidades desequilibradas porque ignoram o projeto de Deus para o funcionamento delas. Assim, nós precisamos descobrir como edificar uma igreja segundo o coração de Deus. Para que isso se torne uma realidade, nós precisamos entender como Deus vê a igreja e, assim, aprendermos como edificar a igreja de acordo com a sua própria natureza e constituição.

Nesta lição, nós veremos as figuras bíblicas mais comuns da igreja e o que elas nos ensinam sobre a natureza da igreja e como ela deve ser edificada.

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O TESOURO OCULTO NO CAMPO E A PÉROLA DE GRANDE VALOR

“O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou” (Mateus 13.44 a 46).

Aqui nós temos duas figuras da igreja que foram inseridas no contexto das parábolas do Reino de Deus. Estas duas figuras nos mostram todo o valor e a preciosidade da igreja aos olhos de Deus. O tesouro fala da extensão valiosa da igreja e a pérola da singularidade preciosa da igreja.

O TESOURO:

1. O Valor da Igreja

A igreja é vista como um tesouro no campo (v. 44). Um tesouro é uma grande quantidade de riquezas. Esta figura nos lembra que o tesouro é maior que aquele que o encontra. A igreja é maior e mais valiosa do que o obreiro1 cristão. O obreiro precisa, antes de tudo, entender e reconhecer o grande valor que Deus dá a igreja.

2. Um Tesouro Oculto No Campo

Quando alguém é chamado para iniciar uma igreja, ele deverá encontrar esta igreja lá no campo. O campo é o mundo e o tesouro está escondido ali. O tesouro está nas ruas, nas favelas, nas grandes e pequenas cidades, nas vilas e povoados. É no meio das pessoas deste mundo que o obreiro encontrará a igreja para a qual Deus o chamou.

O homem que encontrou o tesouro fez quatro coisas:

a) Achou o tesouro. O Obreiro deverá buscar uma compreensão bíblica exata sobre a igreja. Antes de começar seu trabalho, ele deverá ter uma visão bem definida e clara sobre a igreja que será edificada. Depois, ele deverá se lançar no campo, buscando os perdidos e os “sem-igreja” para, então, formar a igreja.

1 Aqui neste manual nós usaremos o termo obreiro para referir-se especialmente ao plantador de igrejas, porém, de maneira estendida os princípios aqui ensinados devem ser aplicados a todos aqueles que trabalham na edificam da igreja (presbíteros, diáconos, etc.).

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b) Escondeu. Isto significa que ele protegeu o tesouro dos ladrões. A Bíblia diz que o diabo é o ladrão que veio para roubar, matar e destruir (João 10.10). O Obreiro deverá proteger a igreja recém-nascida dos ataques do diabo. Isto exige fervorosa intercessão e sólido discipulado.

c) Vendeu tudo. Ele investiu tudo o que tinha naquele empreendimento, porque ele reconhecia o valor daquele tesouro. O Obreiro deverá fazer o mesmo. Plantar igrejas biblicamente envolve um alto custo da parte do plantador de igreja. Tudo o que o plantador de igrejas é e tem (espiritual, emocional, intelectual, física e materialmente) deverá estar disponível para ser usado por Deus na edificação da nova igreja.

d) Comprou o campo. Note que aquele homem não pegou somente o tesouro, mas adquiriu todo o campo. O plantador deve considerar toda a área aonde plantará a igreja como sua possessão. Ele deverá tomar posse de todo o território. Ele não deverá permitir que o diabo reine naquele lugar. Ele precisa interceder e avançar o Reino no território inimigo. O Obreiro deverá invadir e transformar a comunidade onde a igreja será plantada.

A PÉROLA DE GRANDE VALOR:

A igreja também é comparada com uma pérola de grande preço. Jesus Cristo é o negociador de pérolas. Mas, podemos usar o negociador de pérolas também como uma figura do Obreiro. O Obreiro é como um negociador de pérolas; ele é alguém que está envolvido com o serviço. Ele ouviu e atendeu a exortação do Mestre ao dizer “Negociai até que eu volte...”.

Assim como o negociador de pérolas procura a “grande pérola”, a pérola de valor indescritível, o Obreiro também é alguém que procura a „melhor igreja‟. A melhor igreja sempre será a edificada segundo a Bíblia, que esperançosamente será aquela à qual Deus nos chamou para plantar, pastorear ou desenvolver.

Uma pérola é algo pequeno que você pode levar consigo aonde for. O Obreiro levará sempre a igreja consigo; ele representa a igreja aonde quer que ele vá. As pessoas olham para ele em busca de ver a igreja que ele está plantando. Portanto, ele precisa ter cuidado com a sua conduta. Ele é uma expressão da igreja!

Nós sabemos que uma pérola é formada de partículas de areia que entram na ostra e são formadas através de sofrimento e dor, e que leva um bom tempo para ser formada. Numa época onde as pessoas buscam coisas novas e rápidas, algumas pessoas chamadas para plantar igrejas têm tropeçado no processo de preparação de seu ministério assim como no desenvolvimento da igreja. Leva tempo para formar um Obreiro. Leva

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tempo para desenvolver uma igreja. Juntar gente dentro de um edifício pode ser feito rapidamente, mas não se você quer formar uma igreja bíblica.

Além do mais, a formação de um líder, assim como de uma igreja, exige dor e sofrimento. Não necessariamente sofrimento físico, mas sofrimentos emocionais e espirituais. O Obreiro sofrerá perseguição, poderá sofrer traição, passará por momentos visivelmente infrutíferos, terá problemas com outros líderes, poderá ser mal-interpretado... A lista de sofrimentos que ele poderá enfrentar é grande! Por isso é importante que ele reconheça e esteja convicto do valor da igreja, que vale a pena todo o sofrimento para preparar uma noiva gloriosa ao Senhor.

Técnicas humanas podem produzir uma boa organização, mas aquilo que é precioso para Deus deve ser um produto da vida e não da organização. Plantar e desenvolver uma igreja é muito mais do que conhecer os melhores métodos. É uma coisa orgânica, viva, dinâmica.

As pérolas são encontradas em águas profundas. Eles não estão na superfície. “Ajuntamentos” e “empresas” chamadas de “igreja” estão na superfície, mas uma igreja bíblica é encontrada nas águas profundas. É preciso mergulhar nas águas profundas atrás das pérolas. É preciso mergulhar profundo numa vida de consagração e entrega ao Senhor para ter a igreja que Deus quer.

Quando o negociador de pérolas da parábola achou a sua pérola de grande valor, ele fez duas coisas:

a) Ele vendeu tudo que tinha. A pérola era tão preciosa que custou tudo o que ele possuía. Da mesma maneira, o Obreiro deve estar disposto a entregar tudo para plantar a igreja.

b) Comprar. Comprar significa “tomar posse”, adquirir algo para si mesmo. A igreja é a igreja de Deus e não do Obreiro. Deus mesmo comprou a igreja com o sangue de Seu Filho (Atos 20.28). No entanto, o Obreiro é um mordomo fiel a quem o Senhor confiou o nascimento e/ou o desenvolvimento da igreja. Assim, ele deve zelar por ela como quem tem de prestar contas. O Obreiro - como representante de Cristo - está tomando posse para Deus daquilo que Ele mesmo comprou para Si.

Estas duas parábolas podem ser aplicadas ao crescimento de qualquer igreja que está sendo plantada ou edificada. Cooperar para que a igreja cresça em número é muito importante. No entanto, nós não podemos buscar o crescimento numérico a custa do cuidado pessoal que devemos dar ao indivíduo. Portanto, uma das primeiras preocupações do Obreiro é formar discípulos capazes de reproduzir e cuidar uns dos outros.

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O REBANHO DE DEUS

Alguns textos bíblicos apresentam a igreja como o rebanho de Deus (Atos 20.28; 1 Pedro 5.2; João 10). Essa é uma figura maravilhosa da igreja que pertence a Deus. Vejamos:

O REBANHO DE OVELHAS:

Compreender um pouco sobre “ovelhalogia” nos ajudará a compreender porque Deus usou esta figura para a igreja.

Nós sabemos que as ovelhas são praticamente cegas e, por isso, precisam de guias – precisam muito. Dizem que a capacidade de visão da ovelha é muito limitada; que ela só enxerga bem até cerca de um metro à sua frente. Por isso é muito comum elas se perderem e se desgarrarem do rebanho e caírem em abismos. Assim também somos nós sem a visão divina. Daí a necessidade do Obreiro transmitir visão e direção para o rebanho de Deus.

As ovelhas são frágeis e precisam de proteção. Elas também comem qualquer coisa, por isso precisam de bons pastos. O Obreiro é, também, um pastor e, como tal, deve providenciar proteção para suas ovelhas. Especialmente na fase inicial de plantação da igreja, o Obreiro deve ter o cuidado para que suas ovelhas não sejam indevidamente expostas aos membros de seitas ou de igrejas pouco saudáveis. O Obreiro deve providenciar saudável e delicioso alimento espiritual para as ovelhas de modo que elas não sintam necessidade de buscar alimento em outros pastos e comam alimentos estragados.

Na cultura judaica, um pequeno grupo de ovelhas poderia ser confiado às crianças, mas grandes rebanhos eram confiados somente aos homens experientes e capacitados. Da mesma maneira, o Obreiro deverá ser um homem (ou mulher) experiente na fé, no conhecimento da Palavra e capacitado para liderar um grande rebanho. O número de membros da igreja sempre será proporcional ao número de pessoas que um Obreiro poderá cuidar. Poucas pessoas – um grupo caseiro – poderão ser lideradas por pessoas sem muita experiência, mas uma igreja que deseja crescer deverá ser liderada pelo mais capacitado líder que for possível encontrar.

Os judeus geralmente prendiam uma das pernas à calda das ovelhas para evitar que elas se afastassem do rebanho. O Obreiro também precisa colocar certos limites nas ovelhas do rebanho do Senhor. Ele não faz isso por força, mas sendo um discipulador.

Na cultura hebraica, algumas ovelhas tinham o privilégio de serem domesticadas e até atendiam pelo nome. Cristo usou isto como uma

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analogia em João 10.3-4. A mensagem é clara: conheça as ovelhas pelo nome!

OS PASTORES:

Há muitos e preciosos ensinamentos bíblicos sobre o papel do pastor de ovelhas que podem e devem ser aplicados tanto àqueles que possuem o dom de pastor quanto aos Obreiros, visto que estes últimos, quando se demoram mais em um lugar, também exercem um ministério pastoral.

O pastor deve ser muito responsável pelas ovelhas (Provérbios 27.23), procurando saber como elas estão. O Obreiro deve estar atento às vidas das ovelhas do Senhor, procurando certificar-se que elas não estão sendo esquecidas em nada. A preocupação do Obreiro pelo rebanho do Senhor deve atingir todas as áreas de necessidade: espiritual, física e material, social, psicológica e emocional.

O pastor deve construir apriscos e torres para proteger o rebanho (João 10.1, 16). Apriscos são currais usados para reunir as ovelhas e mantê-las em segurança, longe de predadores e de outros perigos. O Obreiro deve providenciar um ambiente seguro na igreja para que as pessoas se sintam protegidas. Verdadeiros relacionamentos desenvolvidos em pequenos grupos são estruturas excelentes para criar um ambiente seguro na igreja.

O pastor protege pessoalmente o rebanho (Atos 20.28-31), usando a vara e o cajado (Salmos 23.4). Cuidado pessoal com as ovelhas é fundamental para preservar o rebanho. No início de uma igreja, o Obreiro poderá cuidar pessoalmente de umas 15 pessoas. Com o crescimento numérico, seu cuidado pessoal deverá se concentrar naqueles que possuem um potencial para liderança. “Cuidai de vós e do rebanho” – é a instrução de Paulo. Os líderes devem cuidar primeiramente uns dos outros; depois, do rebanho. Quando uma igreja ainda não tem líderes reconhecidos e o número é pequeno, o Obreiro poderá gastar bastante tempo com todos. Mas, na medida em que a igreja cresce a sua atenção deverá se concentrar principalmente – não exclusivamente – nos líderes que estão sendo formados.

O pastor usa a vara e o cajado para proteger seu rebanho. A vara era usada freqüentemente para afugentar predadores, atacar lobos ferozes e conduzir as ovelhas. O cajado - com a sua ponta dobrada para dentro – era usado para resgatar as ovelhas de buracos ou trazê-las para junto das outras ovelhas. Estes dois instrumentos de trabalho davam segurança física às ovelhas. O Salmista escreveu que a vara e o cajado de Deus consolavam-no. O Obreiro deve prover este tipo de consolo aos discípulos. Ele deve afugentar os falsos obreiros, combater as falsas doutrinas,

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conduzir seus discípulos na vontade do Senhor, resgatá-los de situações perigosas e mantê-los unidos numa mesma visão.

O pastor precisa cuidar das ovelhas doentes e feridas, bem como tratar das prenhas e dos cordeiros recém-nascidos; ele também deve “castrar” os cordeiros que não devem procriar (Ezequiel 34.1-6; Jeremias 23.1-4; Ezequiel 34.17-24; Jeremias 50.6; Jeremias 3.15). Numa igreja, sempre há pessoas feridas e doentes. Às vezes, elas estão doentes por causa de má alimentação (nenhum ou pouco estudo da Palavra, leitura sem entendimento, leitura sem aplicação, leitura de livros não saudáveis, etc.), por causa de perseguições dos homens ou ataques do inimigo. O Obreiro realmente qualificado é aquele que procura diligentemente cuidar dessas ovelhas.

Além das ovelhas doentes, há também aquelas que estão prenhas e não sabem como “dar à luz”, ou seja, alguns estão evangelizando, mas não sabem como levar as pessoas a um ponto de decisão. Então o pastor deve ajudá-las nisso. Às vezes os discípulos levam pessoas a Cristo, mas não possuem tempo ou condições para discipular estes cordeirinhos recém-nascidos. O Obreiro deve, então, proporcionar a devida nutrição para estes novos convertidos com o leite genuíno da Palavra.

E há também os cordeiros que precisam ser “castrados” para não se reproduzir. A Bíblia diz que cada coisa se reproduz segundo a sua espécie. Se você tem “cordeiros” metidos a “lobo” ou a “bode”, é melhor não permitir que eles façam discípulos na igreja. É melhor evitar uma “praga” de pessoas sem compromisso, sem fé, sem visão ou sem concordância com a visão do Obreiro.

O pastor de ovelhas passava muito tempo próximo das ovelhas e isto criava uma afeição real entre eles, a ponto do pastor dar nome às ovelhas, chamá-las pelo nome e elas reconhecerem sua voz (João 10.5). O Obreiro deve criar e nutrir verdadeiros relacionamentos na igreja.

Jesus usou para Si mesmo a ilustração do pastor que entra pela porta do aprisco e no qual Ele mesmo é a porta (João 10.1-2, 7). Isto nos mostra que é o pastor quem tem a autoridade (o direito) para acessar as suas ovelhas e não o estranho.

O Obreiro é aquele que é levantado por Deus para ganhar, nutrir e equipar o rebanho de Deus. Os pastores e líderes de outras igrejas são bem-vindos para ministrar, mas eles não devem tentar usurpar o acesso às vidas das ovelhas, pois elas já possuem um pastor.

Nós podemos dizer também, mas apenas num sentido bem restrito e inferior, que o Obreiro é a porta das ovelhas no aprisco da igreja local. Pastores e líderes de outras igrejas, se desejarem, de alguma maneira, ter acesso aos membros de sua igreja, devem primeiramente passar por você. E você deve fazer o mesmo em relação aos membros de outras igrejas. Em

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muitas ocasiões, há crentes que mudam de uma igreja para outra e os pastores não se preocupam muito se devem ou não receber aquela pessoa. Mas nós cremos que é um princípio bíblico que, tanto a pessoa que deseja fazer parte da sua igreja, como você mesmo, ambos devem comunicar o fato ao pastor da outra igreja.

Jesus Cristo também ensinou que o pastor conhece as ovelhas pelo nome (João 10.3-5). Nós sabemos que numa igreja grande é praticamente impossível o pastor principal conhecer cada pessoa pelo nome. No entanto, ele deve, pelo menos, conhecer seu “rebanho mais íntimo” pelo nome. Ou seja, os demais pastores e líderes devem ser conhecidos pelo nome. Também é importante que, quando a igreja está iniciando, que o Obreiro saiba e se dirija às pessoas pelo nome. Isto mostra que elas são valorizadas como pessoas e não como peças necessárias para que a “máquina administrativa” do pastor funcione.

Por fim, Jesus ensinou que o Bom pastor dá a vida pelas ovelhas (João 10.11-12). Como um bom pastor, o Obreiro deve servir ao seu povo e jamais buscar ou esperar ser servido. Ele deve estar preparado e disposto a sacrificar-se em prol do seu rebanho. Obviamente, não estamos dizendo que o pastor é um escravo do rebanho e deva deixar de fazer certas coisas só porque os membros de sua igreja não gostam disso ou daquilo. Ao contrário, queremos dizer que o pastor deve estar disposto a morrer para defender seu povo do legalismo, da libertinagem, da religiosidade, do pecado ou das garras do inimigo.

A LAVOURA DE DEUS

Nesta figura da Igreja, ela é retratada como uma lavoura que precisa de muito cuidado, enquanto o Obreiro é visto como um colaborador de Deus, um ceifeiro nos campos de colheita de Deus.

O CULTIVO DA LAVOURA:

O cultivo de uma lavoura requer três coisas: a aradura, a semeadura e a colheita.

1. A Aradura.

Se você quer ver a semente nascendo, primeiro prepare a terra. É num solo preparado que a semente produz muito fruto (Mateus 13.18-23). Como um Obreiro, você deve preparar o coração das pessoas para receber a semente da Palavra. Você faz isso através de oração e jejum.

É importante lembrar que no arado não se pode misturar forças, você não pode usar dois animais diferentes (Deuteronômio 22.10). Isto

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significa que você não deve misturar o espiritual com o carnal, o esforço do cristão com o do não-cristão nesta fase inicial da igreja. Haverá ocasiões, futuramente, onde você deverá incluir o não-crente em atividades da igreja, mas não nessa fase inicial quando você está plantando a igreja.

Outra coisa importante no processo de arar ou preparar a terra é que não se põe a mão no arado e olha para trás (Lucas 14.19), pensando em desistir ou com saudades da vida sem muito esforço e compromisso. O reino de Deus exige compromisso total, resoluto, duradouro. Não se aventure em ser um plantador de igrejas até que você tenha plena consciência de que você terminará o que começou.

Existem campos que já foram férteis um dia e hoje são improdutivos (campos de pousio, Oséias 10.12). Há certos locais na cidade (assim como certas pessoas), que um dia foram preparados para receber a Palavra, mas alguma coisa aconteceu e o processo de evangelização na vida delas não foi completado. Quando o Obreiro se depara com locais ou pessoas assim, ele não deve pregar logo de cara. Ele deve primeiro construir um relacionamento verdadeiro, deve tornar-se uma pessoa em quem a comunidade possa confiar, antes de evangelizar diretamente. Não podemos dizer exatamente quanto tempo isto poderá levar, pois depende de cada campo, de cada pessoa; mas é certo que você só deve começar a evangelizar estrategicamente numa área ou para um grupo de pessoas que já foi evangelizado depois de construir algum relacionamento consistente ali.

Na tarefa de aradura, há necessidade de sempre arar novos campos (Jeremias 4.3), pois nem todas as pessoas são responsivas à nossa pregação e ministério; então, se ficarmos presos aos velhos campos, nós poderemos perder as novas oportunidades que Deus poderá nos abrir.

2. A Semeadura

A semeadura é tão importante quanto preparar a terra. Por certo você deve lançar a semente num solo preparado (Jeremias 4.3). Mas semear é mais do que simplesmente lançar uma semente numa terra preparada. Você deve lançar a semente às mancheias e cuidadosamente em cada cova. Isto ilustra que você deve evangelizar cada grupo de pessoas da maneira apropriada (1 Coríntios 9.19-23).

Antes de lançar a semente, contudo, você deve limpar bem as sementes e não misturar sementes diferentes (Deuteronômio 22.9). Em termos evangelísticos, você deve preparar bem a mensagem que irá transmitir às pessoas, removendo termos e palavras que não são conhecidas pelos não-cristãos e difíceis de entender. Você também não deve misturar a genuína mensagem do evangelho com idéias e conceitos humanos.

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Nos tempos bíblicos, o agricultor geralmente ficava esperando pelo vento para poder semear. Se o vento estivesse muito forte, isto dificultaria a semeadura, pois as sementes se espalhariam pelo campo com mais facilidade, mas não da maneira necessária e produtiva. Na semeadura espiritual, nós não podemos prender-nos aos ventos de dificuldades ou de “novos sopros” de avivamento; é preciso semear a tempo e fora de tempo (Eclesiastes 11.4; 2 Timóteo 4.2).

Ninguém que deseja obter uma colheita fará um trabalho de semeadura relaxado. O Obreiro deve trabalhar com perseverança na semeadura da Palavra da verdade (Eclesiastes 11.6).

Isaías exorta ao povo de Israel para semear junto às águas (Isaías 32.20). Quando você semeia junto às águas, a planta tem mais chances de crescer e de frutificar. Se há água constante para abastecer e nutrir a planta ela crescerá com mais saúde. O mesmo se dá no reino espiritual. Se você evangeliza aqueles que, de alguma maneira, estão mais abertos ao evangelho, portanto, experimentando em alguma medida da obra de convicção do Espírito Santo, com certeza o evangelho terá maiores resultados ali.

A Bíblia nos exorta a semear em justiça (Oséias 10.12; Ageu 1.6). Como um Obreiro, você deve ter uma vida reta diante de Deus e dos homens. Não importa seu passado distante ou próximo. O que importa é quem você é hoje e se você já acertou as contas com Deus. Mas é igualmente importante estar em paz e sem problemas com os homens. Portanto, se for possível, acerte-se também com os outros.

3. Colheita

Depois de arar e semear a terra é hora da colheita. Para muitos, parece que é a parte mais simples, pois o fruto aparece naturalmente e é só ir lá e pegá-lo. Mas não é bem assim. É preciso saber, por exemplo, quando é a hora certa de ceifar (João 4.35). A hora certa de colher os frutos de sua evangelização não pode ser medida pelo cronos, o tempo humano. Ela é medida pela resposta da terra à semente. Quando a semente frutifica na terra, quando a planta cresce na terra e os campos ficam brancos, aí é a hora de ceifar.

No campo espiritual, isto significa que você não deve pressionar ninguém para converter-se, mas esperar que a própria semente frutifique. É seu dever arar a terra, semear, regar a semente e colher, mas é Deus quem dá o crescimento. As pessoas respondem ao evangelho de acordo com o agir de Deus e a resposta do seu coração. O Obreiro não produz frutos, ele apenas ara e semeia a terra, e espera que o fruto apareça para poder ceifá-lo.

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Quando o fruto aparece e os campos estão prontos, então a ceifa começa. Para que o fruto seja devidamente aproveitado, contabilizado e preservado, é necessário juntá-lo em feixes. O Obreiro deve reunir as pessoas que estão se convertendo em grupos pequenos para relacionamento e discipulado. As pessoas crescem melhor num contexto de pequenos grupos onde há uma forte ênfase em relacionamentos verdadeiros e ensino transformador de vida.

Tendo o fruto sido recolhido, é preciso joeirar os grãos. “Joeirar” significa selecionar os grãos. Quando os grãos eram recolhidos, havia muita palha no meio deles, então o agricultor tinha que joeirá-lo para poder resultar somente numa colheita de grãos e não de grãos e palha. Como os grãos eram joeirados? Bem, o agricultor colocava uma quantidade de grãos num cesto raso de palha e lançava a semente para o ar, ao vento, e este, naturalmente, levava embora a palha e os grãos caiam de volta ao cesto. O Obreiro também precisa “passar na peneira” os convertidos. Você faz isso chamando constantemente ao compromisso com Cristo, com a Igreja de Cristo e com a Causa de Cristo. Aqueles que estão na igreja somente por “oba-oba” serão “levados pelo vento” para fora da igreja, pois não suportarão algo que na realidade não é o objetivo deles.

Alguns tipos de grão precisam ser descascados ou debulhados. O feijão, por exemplo, é um tipo de grão que vem numa vagem que precisa ser debulhada, ou seja, os grãos do feijão precisam ser retirados de dentro da vagem para que possam ser consumidos.

No caso da igreja, muitos novos convertidos chegam dentro de “vagens” de estruturas de pensamentos e hábitos trazidos de um mundo sem Deus. O Obreiro tem a tarefa árdua e constante de tirá-los para fora destas estruturas e hábitos para a liberdade de amar e obedecer a Deus. Há novos convertidos que chegam totalmente destroçados pelos erros da vida. Há aqueles que são viciados em álcool, maconha, e outros tipos de droga. Há pessoas que saíram de casamentos desastrosos e inúmeros outros casos. Todos estes tipos de pessoas chegam à igreja com cadeias e grilhões que precisam ser quebrados antes que elas possam se tornar verdadeiramente frutíferas no reino de Deus.

Em todo esse processo de arar, semear e colher havia constantes perigos para a lavoura. O cultivo, de fato, era um negócio muito arriscado, porque havia muitos perigos, tais como:

a) O vento do deserto, que secava as plantas novas. Isso simboliza as perseguições e tribulações enfrentadas por causa da Palavra do Reino. O Obreiro deve ajudar o novo convertido a ter raiz em si mesmo e não se tornarem dependentes dele ou de outros cristãos (Mateus 13.21).

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b) A chuva, que poderia ser insuficiente e não contribuir para o crescimento e frutificação da planta. A chuva é um símbolo do Espírito Santo e das bênçãos de Deus. Quando há pouca oração, há pouca ação do Espírito Santo na nova igreja, o que pode dificultar ou atrofiar o crescimento espiritual dela.

c) O joio, que se misturava com o trigo, era difícil de reconhecer no começo e fazia mal a quem comia. Ele é uma figura dos “filhos do maligno”, pessoas que jamais se converteram, mas se infiltram nas igrejas com objetivos espúrios (desviar os jovens para os valores do mundo, trazer difamação e calúnia sobre os líderes, promover discórdia e fofocas, etc.). O Obreiro não pode evitar que este tipo de gente apareça na igreja, mas ele deve proporcionar um ambiente tal que estas pessoas não se sintam bem e nem tenham sucesso em seus objetivos e abandonem seus intentos.

d) Os gafanhotos, que eram uma verdadeira praga, pois destruíam em pouco tempo o que levava meses para ser produzido. Algumas vezes, a Bíblia utiliza os gafanhotos como um tipo da obra maligna ou apenas como inimigos humanos. Seja como for, o Obreiro precisa ter cuidado com os assaltos satânicos, não desprezando os seus desígnios, mas também não atribuindo tudo aos poderes malignos, porque muitas vezes os ataques surgem de homens corrompidos e reprovados, cuja meta é tão somente destruir a obra de Deus através de calúnia e difamação de pastores e líderes.

OS TRABALHADORES:

1 Coríntios 3.6-9 nos dá um vislumbre sobre os trabalhadores na lavoura de Deus. Aqui se diz que há dois tipos de trabalhadores: o que planta e o que rega. Nenhum é mais importante que o outro, mas apenas são diferentes em função. Alguns plantadores de igrejas são mais eficazes em ganhar almas, enquanto que outros são mais eficazes em edificar os convertidos. De fato, um excelente Obreiro deveria ser igualmente eficaz nas duas áreas, mas a realidade é que não encontramos muitos que são assim. É claro que isto não significa que um Obreiro não deva desempenhar os dois tipos de ministério, mas sim que ele será melhor numa área do que em outra.

Para plantar uma igreja eficientemente, o Obreiro deve ser um bom plantador. Isto é fundamental. Se você não é bom em evangelismo, em formar novas amizades, se relacionar eficientemente com novas pessoas, talvez seja melhor você se dedicar mais à ação de regar e, talvez, você não seja nem mesmo um Obreiro. O que não é nenhum problema, pois o reino de Deus não é feito apenas de plantadores de igrejas ou pastores, mas de

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várias funções diferentes, todas necessárias para o crescimento do reino e expansão do evangelho.

No entanto, há verdadeiros plantadores de igrejas que, mesmo não sendo tão bons em manter novos contatos, mas tendo uma cotação razoável de contatos, são excelentes regadores, ou seja, eles são exímios discipuladores, pastores e mestres – funções estas estritamente necessárias no início de uma igreja.

Para equilibrar estes dois aspectos na plantação de igrejas, nós precisamos pensar numa equipe de plantadores de igrejas que reúna diversas habilidades e ministérios essenciais para plantar e desenvolver igrejas, tais como: evangelismo, discipulado, administração, música (tanto vocal como instrumental), pastoreio e ensino.

Como mencionamos há pouco, nós sabemos que existem aqueles que plantam e há os que regam. Mas o fato é que os trabalhadores devem estar unidos no mesmo propósito, pois ambos trabalham esperando a colheita. Ser um Obreiro que planta ou que rega não é tão importante quanto saber trabalhar em equipe com outros, cooperando em unidade para alcançar uma mesma colheita.

Uma coisa que os plantadores de igrejas devem trazer sempre à lembrança é que o crescimento vem de Deus. O que se requer de nós é fidelidade. Muitas pessoas hoje em dia estão ministrando para simplesmente obter resultados. Embora os resultados sejam importantes, nosso foco deve estar na fidelidade a Deus e não nos resultados. É bom e correto sonhar e trabalhar duro para ter uma igreja grande, mas você não deve buscar tal sonho a custa da infidelidade a Deus.

Por fim, é importante lembrarmos que nem tudo é trabalho para o Obreiro; há recompensas também. Paulo diz que cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Eu serei recompensado por Deus por causa do meu trabalho e não por causa do trabalho de outrem. Há muitos pastores e líderes preocupados com o sucesso dos outros. É preciso deixar os outros de lado e trabalhar duro para cumprir a tarefa que Deus lhe deu. Deixe que Deus se encarregue de examinar e cobrar o trabalho dos outros.

Quando eu penso na figura da Igreja sendo uma lavoura, eu gosto de refletir no fato de que nós somos cooperadores de Deus. Este é tanto um tremendo privilégio quanto uma responsabilidade. O Obreiro é um cooperador de Deus no cumprimento da Grande Comissão e no cuidado dispensado à Sua lavoura, Sua igreja. Então, como temos cuidado dela?

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Lição 1 - Questões Para Revisão O que você aprendeu com as figuras da igreja nesta lição?

1. O tesouro oculto no campo e a pérola de grande valor

2. O rebanho de Deus

3. A lavoura de Deus

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LIÇÃO DOIS

AS FIGURAS BÍBLICAS DA IGREJA (2)

Versículos-Chave “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.” (Efésios 2.19-22).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós estudamos as figuras do tesouro oculto, da pérola de grande valor, do rebanho e da lavoura. Em todas essas figuras nós encontramos lições importantíssimas sobre como cuidar da igreja de Deus.

Nesta lição, nós continuaremos nosso estudo das figuras bíblicas da igreja e suas aplicações relacionadas à eclesiologia prática.

O EDIFÍCIO DE DEUS

A Bíblia também retrata a Igreja como um edifício:

“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós” (1 Coríntios 3.9).

Nesta figura da igreja, ela é vista como um edifício, um santuário, um lugar santo para Deus. O Obreiro é um sábio construtor que coopera com Deus na construção da Igreja.

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O TIPO DO EDIFÍCIO:

Todo edifício é construído com um propósito. Alguns são construídos para casas, outros para o comércio, outros para hospitais e etc. É o propósito do edifício que determina o tipo de edifício que se deseja construir.

No aspecto espiritual, a coisa funciona do mesmo jeito. Deus planejou construir um edifício para si, a igreja, com um propósito específico. Qual é o propósito da igreja como um edifício?

De acordo com a Bíblia, a Igreja é uma casa espiritual (1 Timóteo 3.15; 1 Pedro 2.5). Ela não é um edifício feito por mãos humanas. Deus é o seu arquiteto e construtor. Se a Igreja é uma casa espiritual, ela foi construída para cumprir propósitos espirituais. Tais propósitos, em linhas gerais, são (a) glorificar a Deus, (b) evangelizar os Perdidos e (c) ajudar os salvos a crescerem espiritualmente.

A Bíblia diz que a Igreja é um santuário ou templo santo (1 Coríntios 3.16-17; Efésios 2.21-22). Esta analogia está perfeitamente de acordo com os tipos do Antigo Testamento (AT) (o Tabernáculo e o Templo). Deus não habita em santuário feito por mãos humanas. Quando Deus ordenou a construção do Tabernáculo e depois aprovou o desejo de Davi de construir-lhe uma casa, o Senhor tinha em mente criar uma ilustração do desejo do Seu coração, ou seja, habitar no meio do Seu povo em santidade.

Esta figura da Igreja, infelizmente, foi corrompida por muitas pessoas. Hoje em dia há alguns ensinamentos tristes e pervertidos sobre o “Templo de Deus” ou a “Casa de Deus”. Edifícios construídos por mãos humanas são chamados de “Templo” ou “Casa” de Deus, mas a única Casa de Deus verdadeira é espiritual e não material ou física. Aqueles que foram unidos a Cristo pela fé constituem o Templo de Deus, a Igreja. As pessoas unidas a Cristo, não um prédio, é a casa espiritual de Deus. Nós estamos falando de pessoas, não de coisas. Deus não habita em coisas, Deus habita em pessoas. Nós constituímos a Casa de Deus e, portanto, devemos ser santos!

Sendo uma casa espiritual, um templo santo, a igreja é um lugar para o exercício do sacerdócio, que é oferecer sacrifícios espirituais a Deus (1 Pedro 2.5). Na atualidade, nós temos pouca idéia do que realmente seja um sacerdócio. Além do mais, pelo fato de algumas igrejas usarem o nome “sacerdote” para seus líderes, fica ainda mais difícil entendermos somente pelo uso do nome o que seja realmente um sacerdote. Assim, vejamos um pouco sobre o que significa o sacerdócio da Igreja ou de todos os cristãos.

No AT, somente a tribo de Levi podia exercer o sacerdócio. Na realidade, o plano de Deus era que todos os que pertencessem a Israel fossem sacerdotes (Êxodo 19.6), mas o povo falhou e este privilégio ficou

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somente para os levitas e, especialmente, aos da casa de Arão. Os sacerdotes judaicos eram aqueles que retinham o direito e o privilégio de aproximar-se de Deus em nome das pessoas. Embora as pessoas pudessem adorar e orar a Deus em seus momentos devocionais, ninguém exceto os sacerdotes podia oferecer sacrifícios de adoração e pelos pecados. Assim, se alguém buscava o “perdão oficial” de Deus, ele deveria dirigir-se aos sacerdotes com uma oferta pelo pecado.

Entre os deveres e privilégios do sacerdote figuravam o direito exclusivo de oferecer sacrifícios e ofertas (Hebreus 5.1 e 2), ensinar os filhos de Israel toda a lei (Levítico 10.11), queimar incenso diariamente e acender as lâmpadas do tabernáculo (Êxodo 30.6-9). Os sacerdotes eram mensageiros do Senhor dos Exércitos (Malaquias 2.7) e se vestiam de vestes gloriosas e ornamentais (Êxodo 28.2). A eles competia o serviço do santuário e o do altar e o que estava para dentro do véu (Números 18.5,7).

Todas estas funções, privilégios e características do sacerdócio judaico são símbolos de realidades espirituais. Os sacrifícios, por exemplo, são típicos de sacrifícios espirituais que oferecemos hoje na Nova Aliança.

Em Levítico de 1 a 7 há diversos sacrifícios que são simbólicos de nosso relacionamento com Cristo como nosso Salvador. Os Holocaustos falam de nossa consagração total a Ele (Romanos 12.1-2). A oferta de Manjares fala de nossa vida em maturidade (Efésios 4.15). A Oferta pelo pecado fala de nossa total confiança nos méritos de Cristo (2 Coríntios 5.21). A Oferta pela culpa simboliza nossa total confiança na obra de Cristo (Romanos 4.25; 8.1) e a Oferta pacífica simboliza nossa apreciação de Cristo (Salmos 34.8).

Os sacrifícios no Antigo Testamento também são simbólicos de nossos sacrifícios de louvor (Hebreus 13.15) que devemos oferecer ao Senhor por meio de Jesus Cristo. Além disso, há também sacrifícios da prática do bem e da mútua cooperação (Hebreus 13.16).

Todos estes sacrifícios estavam relacionados à “Casa de Deus”. A Casa de Deus era o lugar onde tais sacrifícios eram oferecidos a Deus. A Igreja, portanto, como casa espiritual de Deus, é o lugar onde os sacrifícios espirituais devem ser oferecidos. Quando o Obreiro planta uma igreja, ele está plantando uma casa espiritual para oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Ele não está edificando um negócio, uma empresa ou um clube, mas sim uma casa espiritual.

Paulo, de fato, faz sérias advertências quanto à nossa atitude para com a Casa de Deus, a Igreja. Ele diz que é preciso ter cuidado para não destruir o santuário de Deus, pois se alguém o fizer, Deus mesmo o destruirá. Eu tremo só de pensar em quantas pessoas estão “brincando de igreja”, em quantos líderes tratam mal o povo de Deus e ensinam regras

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ao Seu povo. Deus irá tratar com eles e aquele que estiver destruindo a Casa de Deus, a Igreja com pecado não confessado, com doutrinas e regras de homens, Deus lhes retribuirá segundo as suas obras.

Como um edifício, a Igreja tem que estar bem ajustada para poder crescer. Este “ajuste” se dá quando cada um é discipulado, treinado e equipado para desenvolver algum tipo de ministério na Casa de Deus, a Igreja, visando o bem comum.

O MATERIAL:

Todo edifício é construído com material apropriado. Há diversos tipos e diversas qualidades, mas o propósito é o mesmo. No entanto, quanto melhor a qualidade tanto melhor ficará o edifício.

A Bíblia diz que o edifício de Deus é construído com pedras vivas (1 Pedro 2.5). Cada novo convertido é encaixado no edifício espiritual que é a Igreja. Ali, unidos, todos nós formamos o edifício de Deus, um templo santo, dedicado ao Senhor. Este é o material básico para se construir a igreja: pessoas que possuem um vivo relacionamento com Jesus, pedras que ligadas à Rocha eterna.

Quando Paulo fala de plantar igrejas em 1 Coríntios 3, ele enfatiza que só há um fundamento para a Igreja, que é Jesus Cristo. No entanto, ele mostra que cada um precisa ter cuidado sobre como edifica sobre este único fundamento. Parte deste “como” inclui a escolha certa do material que será empregado. Paulo diz que uns edificam a Igreja com ouro, prata e pedras preciosas; outros, porém, edificam com madeira, palha e feno. Em outras palavras, o apóstolo está ensinando que nós podemos edificar a igreja com coisas duradouras ou perecíveis, com coisas de grande valor ou com coisas de pouco ou nenhum valor.

O Obreiro precisa saber que tipo de material ele está empregando na plantação da Igreja. Muitos plantam e edificam igrejas baseadas em número de membros, tradições e doutrinas humanas, coisas materiais, e numa infinidade de outras coisas que possuem pouco ou nenhum valor, e que não permanecerão e nem subsistirão às provas e tribulações da vida, e muito menos ao fogo consumidor de Deus.

Se você é um sábio construtor, um Obreiro sábio, você edificará uma igreja baseada nos propósitos e valores do Reino de Deus, pois o Reino de Deus é eterno e inabalável, e de valor incalculável. O Obreiro sábio investe prioritariamente em pessoas, não em coisas. Portanto, veja que tipo de material você está empregando!

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OS CONSTRUTORES:

Depois de pensar no propósito do edifício que se está construindo e de recolher o material certo para a construção, você deve pensar agora nos construtores, aqueles que irão edificar o edifício.

Deus é o Arquiteto e construtor da Igreja (Hebreus 11.10; Mateus 16.18; Êxodo 25.9), mas Ele edifica Sua casa através de construtores humanos, de servos e servas comprometidos em edificar uma casa espiritual para Ele.

O Obreiro é um destes construtores da Casa de Deus. Portanto, ele deve seguir certos princípios ou dicas da construção (espiritual) da Casa de Deus.

Primeiramente, os construtores não devem rejeitar a pedra principal (1 Pedro 2.6-8; 1 Coríntios 3.11), que é Jesus Cristo. Ele é a principal pedra do alicerce da Igreja e sem Ele, de fato, não pode existir uma casa espiritual para a habitação de Deus. Os judeus rejeitaram a Jesus e perderam o reino nesta era. Se nós perdemos a visão de Jesus como a pedra principal do alicerce da Igreja nós perdemos tudo.

Além do mais, Ele é a “pedra angular”, a pedra de esquina. A pedra angular era colocada como alicerce de duas paredes que se encontravam. Ela era responsável pelo equilíbrio da construção. Jesus Cristo é esta pedra no alicerce da casa de Deus. As paredes que se encontram e são sustentadas por Ele podem representar a velha e a nova aliança, ou o ministério dos profetas (AT) e apóstolos (NT), que formam o alicerce da Igreja. Na prática do Obreiro, isto significa que a ele deve edificar a Igreja sobre a revelação de Jesus tanto no AT quanto no NT. No AT, Jesus Cristo é profetizado e no NT nós temos o cumprimento das profecias concernentes a Cristo. No AT nós temos figuras e sombras acerca do Filho de Deus. No NT nós temos a realidade.

A principal tarefa do Obreiro é, portanto, anunciar Cristo e edificar a Igreja sobre a revelação de que Jesus é o Filho de Deus.

Os construtores também devem lançar o fundamento segundo a graça de Deus (1 Coríntios 3.10). A obra de edificação da Igreja não pode ser feita na força ou segundo as tradições humanas. O Obreiro deve considerar seriamente como ele lança o fundamento da Igreja. Que Jesus você está anunciando? O Jesus da lei, das regras, das tradições ou o Jesus como Ele é revelado na plenitude de Deus?

Hoje em dia, muitas igrejas estão sendo edificadas sobre regras e tradições humanas. As pessoas que se aproximam de tais igrejas recebem um novo código regulador para a vida. Elas recebem novas regras sobre como se vestir, falar, pentear-se, usar acessórios de beleza, e etc. Na maioria das vezes isto é tudo que elas recebem: regras sobre regras.

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O Obreiro precisa lembrar-se, então, que ele é um mensageiro da graça de Deus. Ele deve estar consciente que não é possível ensinar a graça e praticar a lei. As duas coisas se excluem quanto ao viver prático. A função da lei é mostrar que somos pecadores, mas ela não nos dá poder para vencer o pecado (Gálatas 3.19-25). A graça de Deus nos perdoa de todos os pecados e nos faz aceitáveis a Deus por meio de Jesus (Efésios 1.4-7). Mas a graça também nos ensina a viver em santidade, assim como nos ajuda a vencer as tentações e pecados (Tito 2.11-12; Hebreus 4.16). Portanto, o Obreiro deve dar a graça de Deus às pessoas e não tradições, regras e leis.

Os construtores devem lançar o fundamento com prudência (1 Coríntios 3.10). Paulo disse que ele lançou o fundamento como um prudente ou sábio construtor. Ele teve o cuidado de anunciar o Jesus da Bíblia. Ele teve o cuidado de anunciar a graça de Deus. Ele teve o cuidado de não rejeitar a pedra principal. Ele teve o cuidado de edificar segundo a graça de Deus. Se você é um Obreiro prudente, você seguirá o exemplo de Paulo.

Isso pode parecer óbvio demais, porém, não custa nada lembrar que o Obreiro só deve edificar depois de lançar solidamente o alicerce. Muitos plantadores de igrejas começam a desenvolver certas áreas de liderança e ministérios antes de ter um sólido alicerce na vida daqueles que formam o núcleo da igreja.

Toda igreja, pequena ou grande, sendo plantada ou já estabelecida, possui um grupo de pessoas que estão mais próximas do Obreiro ou do pastor e são aquelas pessoas com as quais sempre se pode contar. Em linguagem técnica, este grupo é chamado de “núcleo”. Não é prudente expandir a Igreja, abrir-se ao público em geral, tentar desenvolver diversas atividades ou estabelecer ministérios e líderes oficialmente, sem ter um núcleo bem alicerçado na fé em Cristo (batizado, discipulado), plenamente conhecedor e comprometido com a visão, com os valores, com as prioridades, com a declaração de fé e com as estruturas da igreja.

O PROCESSO DE EDIFICAÇÃO:

Construir um edifício não é uma tarefa aleatória. Existe um processo, uma ordem, uma maneira específica de começar, continuar e concluir. O mesmo se dá com a casa espiritual, que é a Igreja. Vejamos, então, alguns passos importantes no processo de construir ou edificar a Igreja:

1. Projetar a construção. Antes de construir, é importante saber os detalhes daquilo que você construirá: quanto você precisará investir na construção, quanto terreno será necessário, quanto tempo levará para chegar aonde você deseja ir, o material que será usado, etc. Se você é o construtor, o edificador, você precisará conhecer muito bem a planta e

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saber se ela atende aos padrões estabelecidos. Aplicando isso espiritualmente, isto diz respeito à visão da Igreja, visão esta que o Obreiro deverá ter antes de começar a formar a igreja. Se o Obreiro não tem uma planta (visão da igreja) ou se esta não é baseada nos padrões de Deus, ele estará condenado ao fracasso2 antes de começar a edificação da igreja.

2. Juntar o material. Além de ter a planta, de saber que tipo de edifício e como irá construir, é preciso também juntar o material adequado para iniciar a construção. No caso do Obreiro, o material que ele juntará é formado pelas pessoas que comporão a igreja e os valores bíblicos que ele ensinará para elas. Para reunir pessoas com o propósito de formar uma igreja bíblica, e não meramente um ajuntamento de pessoas, a evangelização precisa enfatizar a graça e o reino, arrependimento e fé, salvação e senhorio.

3. Lançar o fundamento. O fundamento de uma casa é muito importante. Sem alicerce nenhuma casa se manterá de pé por muito tempo. O mesmo acontece com o fundamento espiritual da igreja. A Bíblia diz que ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, Jesus Cristo (1 Coríntios 3.11). Mas a questão que deve nos preocupar agora é acerca de quem deve lançar o fundamento e como ele deve lançar este fundamento que é Cristo.

Paulo diz que ele lançou o fundamento da igreja em Corinto (1 Coríntios 3.10). Embora Felipe tenha evangelizado Samaria, o fundamento foi lançado por Pedro e João (Atos 8.14). Embora alguns discípulos tenham pregado em Antioquia e muita gente tenha se convertido, o fundamento da igreja foi lançado por Barnabé e Paulo (Atos 11.19-22). Isto deixa bem claro que os “obreiros enviados” (apóstolos no NT e o Obreiro hoje) são aqueles que lançam o fundamento, o alicerce de novas igrejas. A igreja, de fato, está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (as doutrinas ensinadas por eles).

4. Levantar o muro. Alguns sábios construtores, depois que lançam o alicerce de certas casas, começam a edificar o muro antes de continuar com a construção. A razão é que o muro dificultará o acesso de ladrões e de pessoas estranhas. Para o Obreiro, o muro representa a “oração de intercessão”, ou seja, a oração que é feita especificamente para a proteção da igreja contra as forças do mal (Efésios 6.18-19). O Obreiro deverá

2 Fracasso segundo Deus. Pois, afinal de contas, muitas igrejas podem conseguir um bom desempenho numérico mesmo quando não são edificadas segundo Deus.

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gastar tempo diário orando e suplicando a graça de Deus ao mesmo tempo em que pede a proteção, o poder e a vitória de Deus sobre os inimigos espirituais.

5. Estabelecer colunas. As colunas que ligarão as paredes e sustentarão o teto precisam ser construídas para estabelecer o edifício. Na igreja em Jerusalém havia colunas (Gálatas 2.9), ou seja, líderes fortes. O Obreiro deve formar líderes desde o início da igreja. No início é melhor não chamá-los de líderes ou dar uma função oficial para eles, para evitar o orgulho, mas depois que eles estiverem mais amadurecidos, eles devem ser estabelecidos publicamente.

6. Levantar as paredes e colocar o teto. Tendo estabelecido as colunas, o construtor pode trabalhar na construção das paredes e do teto. As paredes contribuirão para a proteção do edifício assim como para sua organização interna. O teto servirá de abrigo contra a chuva e o sol. No caso da igreja, as paredes e teto equivalem a princípios, valores e estruturas que proporcione abrigo, proteção, intimidade e familiaridade para seus membros. O Obreiro, portanto, deve trabalhar duro para que a igreja seja um verdadeiro abrigo, uma família, um lugar de cura e restauração para os feridos. Ele deverá proporcionar estruturas organizacionais que facilitem a vida da igreja ao invés de impedi-la.

7. Fazer o acabamento. Depois que o edifício esta com paredes e o teto, agora é hora de trabalhar no acabamento: fazer instalação hidráulica e elétrica, rebocar (fazer o enchimento) as paredes, corrigir as falhas, pintar, etc. O acabamento visa tanto embelezar quanto tornar a estrutura mais eficaz e útil.

Aplicando isso à igreja, nós entendemos que o Obreiro deverá fazer o “acabamento” da igreja firmando os novos convertidos, fortificando os líderes e desenvolvendo ministérios na igreja.

Quando estes princípios da construção natural são empregados diligentemente na construção espiritual, o resultado é certo: a Igreja será bem edificada e será um lugar onde a presença de Deus encherá, tocará e transformará as vidas de todos os que ali se achegarem com um coração disposto a receber Dele.

A CIDADE

A Bíblia também compara a igreja com uma cidade. Embora esta seja uma das figuras bíblicas da igreja mais ignoradas, ela nos traz

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ensinamentos importantíssimos sobre a edificação da igreja. Pois nesta figura A igreja é vista como uma cidade bem administrada e protegida, enquanto que o Obreiro é retratado como um administrador fiel e capacitado. Vejamos:

AS CARACTERÍSTICAS DA CIDADE:

A igreja é uma cidade cujo Arquiteto e Edificador é Deus (Hebreus 11.10). Isto nos dá muita segurança, pois Deus é fiel e confiável, portanto, merece todo o nosso crédito. Se a Igreja é estabelecida por Ele, nós podemos estar seguros de que ela é uma „coisa de futuro‟.

A Bíblia diz que a igreja é uma cidade que tem fundamentos (Hebreus 11.10). Muitas pessoas pensam que quando a Bíblia fala da cidade que os patriarcas buscavam ela se refere a uma cidade literal nos céus. Mas precisamos saber que a Bíblia está usando linguagem figurada. A cidade que tem fundamentos é a Jerusalém celestial, sim, mas esta Jerusalém celestial é apenas mais uma das figuras da Igreja (Leia atentamente Hebreus 12.22-23 e você perceberá claramente).

Como uma cidade que tem fundamentos, a igreja é edificada sobre Jesus Cristo, a Rocha Eterna; portanto, ela está segura e garantida. Mas ela também está edificada sobre a doutrina dos apóstolos e profetas (A Bíblia). O Obreiro somente poderá estar seguro de que a igreja que ele está edificando é uma igreja verdadeira se ele estiver construindo-a sobre o alicerce da Palavra de Deus.

A igreja é uma cidade celestial (Hebreus 12.22). Ela não é terrena, portanto, suas regras e governo são celestiais. Muitas pessoas erram ao tentar edificar a igreja como se ela fosse meramente uma instituição humana ou uma empresa. A igreja é uma criação divina, de natureza celestial. Ela pertence a uma outra esfera de existência e de administração e o Obreiro deve considerar seriamente os princípios celestiais ao plantar e/ou desenvolver uma igreja.

A Igreja, a Jerusalém Celestial, a noiva do Cordeiro, é uma cidade santa (Apocalipse 21.27). Ela foi escolhida e separada para Deus. A igreja não é um lugar de politicagem, de pecados ou de tradições humanas. A igreja é uma cidade santa e os impuros devem ficar de fora dela. O Obreiro deve ser bastante sério em ensinar e ajudar aos membros de sua igreja quanto ao viver em santidade.

NECESSIDADES BÁSICAS DE UMA CIDADE:

Quando pensamos numa cidade, nós pensamos em algumas necessidades que ela tem. Assim como uma cidade natural, a cidade

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espiritual ou celestial, a Igreja, também possui necessidades básicas e específicas.

1. Ela precisa de proteção (Apocalipse 21.12; Salmos 127.1). A proteção das cidades no período bíblico estava basicamente em suas altas muralhas e portas. A igreja tem sua proteção nos limites bíblicos que ela ensina e pratica, exigindo que as pessoas sejam convertidas para que tenham participação livre na igreja e que cumpram os requisitos bíblicos para liderar.

Muitas igrejas passam por dificuldades desnecessariamente. Elas não entendem que as pessoas precisam conhecer seus limites. Todas as pessoas podem vir às reuniões da igreja, adorar, cantar, contribuir com ofertas, e serem abençoadas. Mas é preciso que se estabeleça claramente quem usufruirá os privilégios e quem assumirá as responsabilidades da igreja.

O Obreiro deverá estabelecer um caminho para que as pessoas saibam claramente que há uma diferença entre “assistir um culto” e estar comprometido com a igreja. Certas igrejas desenvolvem um curso de integração e/ou discipulado para aqueles que desejam ser mais do que meros expectadores. Isto pode ser uma coisa muito importante porque através desses cursos as pessoas têm a oportunidade de conhecer os valores, prioridades, doutrinas e práticas da igreja segundo a Palavra de Deus, dando-lhes assim a chance de escolher entre tornar-se parte atuante da igreja ou não. Também deve haver algum processo para as pessoas se tornarem líderes e/ou participarem de ministérios da igreja. Este tipo de coisa protege a igreja de falsos irmãos e de líderes que causarão divisões e discórdias na igreja.

2. Ela precisa de união. Jesus ensinou que toda cidade dividida não subsistirá (Mateus 12.25). A igreja precisa estar unida, primeiramente, em torno de Jesus. Depois, ela deverá estar unida em torno da Palavra. E, finalmente, ela deverá estar unida aos irmãos em torno da visão comum da igreja. Sem estas três esferas de unidade, a igreja não conseguirá subsistir e realizar a missão que Deus tem para ela. Portanto, cabe ao Obreiro conscientizar e ajudar a igreja no sentido de permanecer unida em Cristo, na Palavra e na mesma visão.

3. Ela precisa de boa Administração. Uma cidade pode ser rica e abastada, mas se não tiver uma boa administração a sua riqueza não servirá de nada. A igreja pode ter muitos recursos, mas se estes não forem bem administrados, de nada servirão. A Bíblia ensina que a igreja é bem administrada quando ela tem líderes bem qualificados (1 Timóteo 3.4-6).

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4. Ela precisa de boa pavimentação. Uma cidade deve ter uma boa pavimentação, pois isto permite um melhor tráfego de pessoas e de carros, contribuindo com o comércio e com a prestação de serviços em geral. Com uma boa pavimentação a igreja se torna mais útil e isto acelera seu crescimento. No caso da igreja, uma boa pavimentação de refere ao modo de se proceder na igreja (1 Timóteo 3.15). As pessoas precisam entender as “regras de trânsito” na igreja. Elas precisam de orientação quanto ao funcionamento da igreja, como elas podem se envolver no ministério, quais os caminhos que levam à liderança e ao ministério, como participar das reuniões, como a igreja é liderada e administrada e, enfim, tudo o que se relaciona à vida prática da igreja.

5. Ela precisa de limpeza. Certa vez eu estive passeando por uma grande capital de nosso país, com praias belíssimas, mas com as ruas sujas e mal-cheirosas. De fato, uma cidade bem administrada é uma cidade limpa. Limpeza gera saúde e saúde gera qualidade de vida. A igreja também precisa de limpeza (Efésios 5.25-27). O Obreiro deve usar a Palavra de Deus para purificar a igreja do mundanismo (que não está necessariamente nos usos e costumes, mas principalmente em princípios que se aplicam para tomar decisões na vida como, por exemplo, comprar um carro do ano apenas para ter um carro do ano, e outras coisas mais), do legalismo, da libertinagem, de relacionamentos impuros, de rebeldia, e etc.

6. Ela precisa ter uma boa fama. Se uma cidade não tem uma boa fama, as pessoas não desejarão morar ou passear ali. Cidades com má fama por causa de assaltos, seqüestros ou terrorismo se tornam lugares indesejáveis para se investir.

A igreja precisa ser um lugar de boa fama diante da sociedade (Isaías 1.26; Zacarias 8.3; Atos 2.47). Obviamente, a fama da igreja deve estar baseada na Palavra de Deus e não no que a sociedade impõe como sendo de boa ou má fama. Por exemplo, pregar que o homossexualismo é pecado pode trazer uma má fama diante da sociedade, mas certamente traz uma boa fama diante de Deus. Infelizmente, muitas vezes, a má fama da igreja perante a sociedade não é por ela defender ensinamentos bíblicos, mas sim por contrariá-los.

7. Ela precisa aparecer. Quando uma cidade está edificada sobre os montes, as suas luzes são vistas de longe. É impossível notar uma cidade bem iluminada se ela está edificada sobre um monte. Quer você esteja a pé, de carro ou avião, com certeza você notará uma cidade edificada sobre um monte. As suas luzes a revelarão.

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A igreja deve ser como uma cidade assim (Mateus 5.14). Nós precisamos deixar a luz de Cristo brilhar através de nossas vidas e iluminar a cidade onde estamos plantados. Jesus ensinou que nossa luz é o que fazemos (Mateus 5.16). Nossas obras irradiam a luz de Deus para iluminar nossa cidade. Nossas obras devem incluir não somente a evangelização, mas também a cura e restauração dos feridos e quebrantados, a transformação moral e social de pessoas perdidas, a cura física de enfermos, a libertação de pessoas algemadas espiritualmente e o serviço ao pobre (comida, roupa, profissionalização, etc.).

O ADMINISTRADOR DA CIDADE:

Com toda a certeza, Deus é o administrador da cidade celestial que é a igreja. Mas, aplicando a figura da cidade à igreja, nós podemos considerar o Obreiro como o administrador da igreja. E a Bíblia traz algumas diretrizes explicitas quanto ao trabalho do Obreiro como administrador da igreja. Vejamos:

1. Ele precisa ser fiel, leal (1 Coríntios 4.2). Isto se traduz em fidelidade para com Deus e para com os homens. O Obreiro deve ser fiel quanto ao uso dos recursos humanos, materiais e espirituais que Deus colocou em suas mãos.

2. Ele deve ser paciente e perseverante (2 Timóteo 2.24; 1 Timóteo 4.16). Toda cidade tem problemas e os administradores certamente não contam com a simpatia de todos. Assim, ele precisa ter paciência e perseverar em fazer aquilo que é melhor para a cidade, mesmo que enfrente oposição. O Obreiro deve proceder do mesmo jeito. É impossível que não haja problemas na igreja; porém, é necessário que o Obreiro esteja preparado para lidar com eles e que seja paciente e perseverante para não desistir.

3. Ele Precisa saber ouvir críticas e dar respostas corretas (2 Timóteo 2.24). Todo administrador é criticado, assim como todo Obreiro e líder de igreja. A questão, porém, está em como nós respondemos às críticas. O Obreiro deve ser manso e não se vingar das críticas. Ele precisa aprender a ouvir todas as críticas, até mesmo aquelas que são infundadas. E, sua resposta às críticas deve ser caracterizada por mansidão e sabedoria.

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4. Ele precisa estabelecer alvos e realizar projetos de desenvolvimento. Ser um administrador de uma cidade não é meramente uma questão de título, mas principalmente de função. O administrador tem a função de estabelecer metas para a cidade e realizar projetos que desenvolvam a cidade. Paulo disse que ele, como um Obreiro, não corria sem meta e não lutava desferindo socos no ar (1 Coríntios 9.26). Ele sabia para aonde estava indo e o que deveria acertar. Como um Obreiro, você deve ter metas claras e mensuráveis para alcançar. Você deverá ter objetivos que são palpáveis, projetos que ajudarão a edificar a igreja.

5. Ele precisa distribuir tarefas. Um bom administrador não é o que faz tudo sozinho, mas sim aquele que sabe delegar responsabilidades e distribuir tarefas. Jesus foi um bom administrador porque Ele distribuiu algumas tarefas do Seu ministério com os discípulos (Mateus 10.1, 5). Paulo também soube distribuir tarefas para seus companheiros de ministério como, por exemplo, Timóteo (2 Timóteo 4.11-12). Como um Obreiro, você deve aprender a distribuir as tarefas da igreja entre seus liderados na medida em que eles crescem espiritualmente e as atividades se multiplicam ou se intensificam. Se você não fizer isto, em pouco tempo você estará esgotado e prejudicando a si mesmo e a igreja.

6. Ele deve supervisionar. Sem supervisão é praticamente impossível administrar uma cidade. Assim, o administrador precisa constantemente estar verificando como as coisas estão funcionando. A Bíblia também exorta aos pastores e líderes (o que inclui o Obreiro) sobre a supervisão da Igreja.

A Bíblia nos aconselha em Provérbios 27.23 que os pastores conheçam o estado em que suas ovelhas estão vivendo. Paulo voltou às cidades onde havia evangelizado e plantado igrejas para ver como estavam os irmãos (Atos 15.36). Paulo também exortou a Timóteo para tratar com aqueles que ensinavam doutrinas diferentes na igreja (1 Timóteo 1.3). Tudo isto nos fala da importância e do dever de supervisionar a Igreja. Sem supervisão nós somos surpreendidos pelos problemas; com supervisão nós antecipamos os problemas ou pelos menos minimizamos as perdas quando eles acontecem.

7. Ele deve prestar contas. O administrador deve prestar contas de seus atos, pois afinal, ele está ali para servir e não para ser servido. O Obreiro também deve prestar contas de seus atos. Primeiramente, ele deve ser fiel e prestar contas a Deus (1 Coríntios 4.2,4). Em segundo lugar, ele deve prestar contas de suas ações aos outros líderes, especialmente da

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igreja de onde ele foi enviado. E, por fim, ele deve prestar contas de seus atos aos membros da igreja. Esta atitude de prestação de contas tanto é uma segurança para o Obreiro quanto é para a própria igreja.

8. Ele deve ser capaz de administrar. Isto parece óbvio, mas quando nós pensamos naqueles candidatos que são eleitos para administrar algumas de nossas cidades, nós percebemos que eles foram eleitos por qualquer motivo, menos por sua capacidade de administrar. Infelizmente, o mesmo acontece nas igrejas. Pessoas sem condições de liderar e administrar são colocados em altíssimas posições de liderança.

A Bíblia, no entanto, nos ensina que os líderes devem ser capazes de administrar bem, o que deve acontecer primeiramente em suas próprias casas e depois na igreja (1 Timóteo 3.5). Paulo ensinou que as Escrituras podem tornar o homem de Deus perfeitamente habilitado para toda boa obra. Em outras palavras, a Bíblia pode nos capacitar para sermos bons administradores se nós não formos aprendizes negligentes (2 Timóteo 3.16,17). Devemos lembrar, porém, que a capacidade de administrar não deve ser limitada às funções de liderança, mas também até mesmo ao ministério da Palavra, visto que em outra exortação Paulo diz que devemos ser líderes capazes de manejar (administrar) bem a Palavra da verdade (2 Timóteo 2.15).

O Obreiro deve considerar seriamente as suas habilidades administrativas à luz da figura da igreja como uma cidade. A igreja é uma cidade celestial, portanto, deve ser administrada segundo princípios celestiais. A direção administrativa do Obreiro deve ser baseada na Palavra de Deus e não nos princípios seculares, embora todo ensino secular que não vá contra os princípios bíblicos possa ser utilizado.

Lição 2 - Questões Para Revisão

1. O que você aprendeu com a figura do edifício de Deus?

2. O que você aprendeu com a figura da cidade de Deus?

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LIÇÃO TRÊS

AS FIGURAS BÍBLICAS DA IGREJA (3)

Versículos-Chave “Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro" (Apocalipse 21.9).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós estudamos sobre o edifício e a cidade que é a Igreja. Nessa lição, nós continuaremos com o estudo das figuras bíblicas da Igreja enfocando na “Noiva” e no “Corpo”.

A NOIVA – ESPOSA

Esta belíssima figura da igreja ensina-nos mais algumas importantes verdades relacionadas ao ministério de edificar igrejas bíblicas. Nesta figura a igreja é vista como uma noiva pura e simples, uma esposa submissa e auxiliadora. O Obreiro é visto como aquele que prepara a noiva para o Seu noivo. É muito importante lembrarmos que o Obreiro não é o noivo! Ele é apenas aquele que prepara a noiva, a igreja, para o encontro com o noivo, Cristo.

Também cabe aqui uma explicação acerca de a igreja ser chamada de noiva e de esposa ao mesmo tempo. A Igreja é a noiva do Cordeiro porque as suas bodas ainda não se realizaram, o que se dará após o retorno de Cristo em glória. Mas, como a palavra surgiu no contexto de um escritor judeu, nós lembramos que quando um casal noivava entre os judeus, ele já estava praticamente casado. O compromisso de casamento estava selado no ato do noivado e o mesmo só poderia ser rompido caso houvesse um motivo legítimo (adultério ou fornicação). Assim, a noiva era, de fato, a esposa, mesmo que as bodas de casamento somente se realizassem no futuro. A igreja é, portanto, a noiva e a esposa.

A CONDIÇÃO DA NOIVA-ESPOSA:

Ao considerarmos a igreja como noiva, nós precisamos atentar para a sua condição moral diante de Deus. A Bíblia descreve a noiva de Cristo, a igreja, em termos de semelhança com Ele, pois os dois são uma só carne

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(Efésios 5.31-32). Que tipo de noiva, então, Jesus espera receber em Suas bodas?

Uma noiva pura, sem mancha nem rugas de pecado ou tradição humana (2 Coríntios 11.2; Efésios 5.27). Uma noiva simples, uma igreja cujos atavios estão em seu caráter interior e não em sua aparência exterior (2 Coríntios 11.2; 1 Timóteo 2.9-10; 1 Pedro 3.3-5). Uma noiva submissa, que obedece com a prontidão e simplicidade de uma criança (1 Pedro 3.5-6; 1 Timóteo 2.11-12; Efésios 5.22-24).

Cabe ao Obreiro preparar esta noiva para o Cordeiro. Para tanto, ele deverá alimentar a noiva com boa comida, dando-lhe alimento saudável ao invés de alimento gorduroso. Isto se refere à Palavra de Deus sendo ensinada em verdade, aplicando-a com pureza às necessidades da vida, ao invés de pregar sabedoria humana e psicologia barata.

A PREPARAÇÃO DA NOIVA-ESPOSA:

Nós falamos anteriormente que o Obreiro é o responsável para preparar a noiva e isto está certo. Mas a noiva também prepara a si mesma (Apocalipse 19.7-8; Provérbios 31.25; Salmos 45.10-14a). Ela se veste com esplendor para agradar ao seu Noivo. As vestes simbolizam o comportamento, as ações. A Bíblia diz que o linho fino é um símbolo dos atos de justiça dos santos. Portanto, as vestes da igreja são as suas ações de justiça, ou seja, são os atos que ela realiza cumprindo a vontade de Deus. A igreja deve viver uma vida de santidade e justiça, pois esta é a maneira dela preparar-se para o encontro com o Noivo, Jesus.

Os ministérios fundamentais também preparam a noiva (2 Coríntios 11.2; Colossenses 1.28-29). Pastores, mestres, evangelistas, plantadores de igrejas e os demais ministérios fundamentais preparam a igreja para o encontro com o Noivo. Como um Obreiro você deve ministrar para preparar a igreja. É sua função apresentar todo homem perfeito em Cristo, o que é conseguido somente por meio de ensino bíblico, claro e preciso.

O Senhor Jesus também prepara a Sua noiva (Efésios 5.25-26, 29). Ele cuida da igreja. Ele alimenta a igreja. Ele providencia todos os recursos que ela precisa para crescer, amadurecer e aprontar-se para o grande encontro. A sua função como Obreiro, nesse caso, é ser aquele que leva as provisões do Noivo até a igreja.

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AS RESPONSABILIDADES DA NOIVA-ESPOSA:

Como noiva, a igreja possui as seguintes responsabilidades:

1. Submeter-se ao Esposo (1 Pedro 3.5-6; 1 Timóteo 2.11-12; Efésios 5.22-24). A igreja deve estar submissa a Cristo. Ela deve ser liderada e administrada por Ele. Ela deve acatar a palavra final Dele com toda a submissão. Como a igreja pode esperar que o mundo se submeta ao Senhor Jesus Cristo se ela mesma não se submete? E como o Obreiro pode esperar que a igreja que ele está edificando aprenda a submeter-se a Cristo se ele mesmo não se submete integralmente ao Senhor?

2. Manifestar a glória do Esposo (1 Coríntios 11.1-16). Quando Paulo ensina sobre o “uso do véu” por parte das mulheres – que para nós hoje é também um símbolo de submissão e autoridade – ele diz que o véu era necessário porque a mulher é a glória do homem. A mulher deveria usar o véu para que a sua glória (cabeça, liderança) não ofuscasse a glória (cabeça, liderança) do homem. Se aplicarmos ao Senhor Jesus Cristo e à Igreja, isto significa que a igreja não deve manifestar a sua própria glória e beleza ao mundo, mas sim a glória e a beleza de Seu Esposo, Cristo. Nós, como igreja, manifestamos a glória de Cristo através de nossos atos de amor pelos outros, refletidos em ações de ajuda, misericórdia e transformação.

3. Auxiliar o Esposo (Gênesis 2.18; Provérbios 31.10-31). A mulher foi criada para auxiliar seu marido. A igreja existe para auxiliar a Cristo. Jesus veio ao mundo revelar o Pai e salvar os perdidos. A igreja é o braço de extensão do ministério de Jesus para alcançar o mundo e revelar o Pai. A igreja auxilia a Cristo quando ela prega o evangelho, cura os enfermos e quebrantados de coração, liberta os cativos e anuncia com suas palavras e obras o amor e o poder de Deus.

O Obreiro, conhecendo qual deve ser a condição da noiva, como ela é preparada para as bodas do Cordeiro e quais são as responsabilidades dela, empenhará todos os seus esforços em apresentá-la preparada diante do Cordeiro.

O CORPO

Esta talvez seja a figura mais conhecida da igreja. E, de fato, nos últimos anos a igreja tem tido um entendimento muito maior sobre si mesma como corpo do que nos séculos anteriores. Nesta figura, a Igreja é vista como um corpo que precisa ser saudável e desenvolver-se até à

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maturidade para expressar e representar a Cristo. O Obreiro é visto como nutricionista, médico e treinador.

A NATUREZA DO CORPO:

A igreja é o corpo de Cristo (Efésios 1.21-23; 5.28, 31-32; 4.4). Ela não é um corpo organizacional, denominacional ou institucional. Ela é um organismo vivo; ela é a continuação de Cristo. Cristo é a cabeça da igreja, portanto, é Dele a prerrogativa de pensar, comandar e dirigir.

A igreja é um só corpo (Efésios 4.4; Romanos 12.4-5; 1 Coríntios 12.12). Cristo não tem duas igrejas, assim como Ele não tem dois corpos. A igreja é o corpo de Cristo. Todos os cristãos de todas as épocas são membros do corpo de Cristo. No cristianismo há muitas denominações e igrejas diferentes. Não cabe a nós aqui questionar as razões e nem as motivações dos outros, mas precisamos enfatizar mais a nossa unidade, apesar da diversidade que temos.

Não é o propósito de Deus unir todas as denominações e igrejas sob um mesmo nome ou até mesmo num movimento sem nome. Esta é a vontade humana, mas não a vontade de Deus. A Igreja é um corpo espiritual que se expressa visivelmente, com certeza, mas é essencialmente uma entidade espiritual. Portanto, não são nomes ou movimentos diferentes que impedem a unidade essencial da igreja. A igreja é essencialmente uma, independente de sua condição contemplada no mundo, pois a natureza do corpo de Cristo é espiritual e não institucional. Tentar reunir a igreja sob o mesmo nome e/ou movimento é tentar institucionalizar o que é espiritual, por mais que apresentem esta proposta como algo “divino”.

AS FUNÇÕES DO CORPO:

O corpo humano desempenha duas funções básicas: expressar e representar o ser humano. Nossa vontade, pensamentos e emoções se manifestam através do nosso corpo. Assim também acontece com a igreja!

A igreja, o corpo de Cristo, existe para expressar Cristo. Ela é o Seu complemento (Efésios 1.22-23). Cristo é a cabeça do corpo, da igreja, e é por meio do Seu corpo, a igreja, que Ele expressa Sua vontade, pensamentos e emoções nesse mundo. As pessoas do mundo devem ver Cristo na igreja. O Obreiro deve trabalhar, então, para que a expressão da igreja seja condizente com o caráter de Cristo.

A igreja também é a representação de Cristo no mundo. Assim como nosso corpo nos representa diante das outras pessoas, assim também a igreja representa a Cristo diante do mundo. Ela recebeu da Sua autoridade (Mateus 28.18-20) para ir ao mundo inteiro em Seu nome,

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chamando e recrutando as pessoas para o Seu reino e para Sua igreja. Quando a igreja exerce autoridade, ela não deve exercer autoridade política ou mundana; ela deve exercer a autoridade espiritual da Cabeça, Jesus Cristo. Quando nós exercemos a autoridade de Cristo, trazendo o reino de Deus a este mundo, quando oramos para que as pessoas sejam curadas, quando expulsamos demônios, quando orientamos as pessoas ao arrependimento e fé em Deus, nós estamos agindo como representantes de Cristo no mundo. O Obreiro deve ensinar a igreja a representar Cristo através do ministério do Reino de Deus – em palavra e ações.

A ANATOMIA E FUNCIONAMENTO DO CORPO:

O corpo humano é composto de cabeça, tronco e membros. A anatomia do corpo de Cristo é mais simples; a igreja é composta de Cabeça e membros. Cristo é a Cabeça da igreja (Efésios 4.15; 5.23; Colossenses 2.18-19). Isto nos fala de Sua posição de autoridade, liderança e administração. Cristo deve ser o verdadeiro administrador de Sua igreja, embora Ele utilize homens fiéis como representantes.

No corpo de Cristo, cada crente é um membro (Efésios 5.30; 1 Coríntios 12.12, 14, 27; Romanos 12.4-5) e, como no corpo humano, cada membro tem uma função (Romanos 12.4-8; 1 Coríntios 12.14-31; Efésios 4.11-12). No corpo de Cristo todos os membros possuem igual valor e oportunidade de ministério, mas não em funções, autoridade ou liderança. Todos os membros possuem funções específicas e, embora alguns possam ter os mesmos dons, a maneira como são usados difere de um para outro membro.

Além do mais, há níveis diferentes de ministério no corpo de Cristo. Há os ministérios fundamentais (apóstolos, pastores, evangelistas...) cuja função principal é capacitar os demais membros do corpo de Cristo. Há também os ministérios específicos, que são determinadas funções às quais o Senhor Jesus chama alguns membros do corpo. Por exemplo, há membros do corpo que são chamados para o ministério especial e específico de adoração, enquanto outros são chamados ao ministério de intercessão, liderança, administração, misericórdia, e etc. Porém, há também os ministérios comuns que todos devem desempenhar como, por exemplo, adorar, orar, contribuir, evangelizar, discipular, etc.

NECESSIDADES DO CORPO:

Assim como o corpo humano, o corpo de Cristo, a Igreja, tem certas necessidades que precisam ser supridas para que ele cresça saudável. Veja no quadro abaixo as necessidades da igreja em comparação às necessidades do corpo humano:

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O CORPO HUMANO PRECISA A IGREJA PRECISA: Respiração Oração é respiração do corpo

espiritual, da Igreja. Sem a oração o corpo de Cristo não consegue respirar.

Alimento A Palavra de Deus é o alimento do corpo de Cristo.

Água O Espírito Santo é água que o corpo de Cristo precisa para beber e para lavar-se. O Espírito Santo, principalmente por meio da Bíblia, tanto sacia a nossa sede espiritual e nos fortalece e revigora como também lava as nossas impurezas e nos santifica.

Roupa Na Bíblia, as roupas são usadas como símbolo de nosso comportamento. Nós somos exortados, por exemplo, a nos vestir com vestes santas, o que significa nos vestir de pureza e santidade. A igreja precisa ser pura e santa.

Abrigo Assim como o corpo humano precisa de abrigo para proteger-se do clima e dos perigos, a igreja também precisa de estruturas práticas para abrigar seus membros e as pessoas do mundo que buscam refúgio aos pés de Cristo. A igreja deve providenciar estruturas de ministério que atendam às necessidades reais das pessoas.

Proteção A igreja está constantemente envolvida na guerra espiritual, portanto, ela precisa da proteção da armadura de Deus. A armadura de Deus não é vestida por dizer palavras “mágicas” como “eu tomo

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agora a espada do Espírito”, mas sim por viver de acordo com a realidade que o simbolismo da armadura nos apresenta (certeza de salvação, fé, justiça, prontidão para anunciar o evangelho e a Palavra de Deus).

Exercício A igreja precisa exercitar-se da mesma maneira que o corpo humano também precisa de exercícios. O Corpo de Cristo deve exercitar-se na piedade, ou seja, deve se exercitar numa vida de adoração e louvor, obediência, evangelização, discipulado e etc.

Para que o corpo de Cristo funcione plenamente e tenha todas as suas necessidades supridas, o Obreiro deve agir como um bom nutricionista que alimenta a igreja com alimento saudável, como um médico que cuida da saúde e do crescimento, e como um treinador que a faz exercitar-se para o cumprimento de suas funções.

Para concluir estes estudos sobre as figuras bíblicas da Igreja, vejamos um resumo sobre como a Igreja e o Obreiro são retratados em cada uma das figuras foram estudadas:

A IGREJA O OBREIRO CRISTÃO

A Igreja é como um tesouro e como uma pérola.

O Obreiro é como um caçador de tesouros e um negociador de pérolas.

A Igreja é como um rebanho necessitado de pastores.

O Obreiro é o pastor que dá a vida pelas ovelhas.

A Igreja é como uma lavoura que precisa de muito cuidado.

O Obreiro é um colaborador de Deus, um ceifeiro nos campos de colheita de Deus.

A Igreja é como um edifício, um santuário, um lugar santo para Deus.

O Obreiro é um sábio construtor que coopera com Deus na construção da Igreja.

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A Igreja é como uma cidade bem administrada e protegida.

O Obreiro é como um administrador fiel e capacitado.

A Igreja é como uma noiva pura e simples, uma esposa submissa e auxiliadora.

O Obreiro é como aquele que prepara a noiva para o Seu noivo.

A Igreja é vista como um corpo que precisa ser saudável e desenvolver-se até à maturidade para expressar e representar a Cristo.

O Obreiro é como um nutricionista, um médico e um treinador.

Lição 3 - Questões Para Revisão

1. O que você aprendeu com a figura da noiva?

2. O que você aprendeu com a figura do corpo?

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LIÇÃO QUATRO

O FUNCIONAMENTO DA IGREJA

Versículos-Chave “Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função" (Efésios 4.16).

INTRODUÇÃO

Uma das perguntas mais importantes e vitalmente necessárias que qualquer um dos ministérios de Efésios 4 deveria fazer é: „como a igreja deve funcionar?‟ Talvez, juntamente com esta questão, uma outra pergunta vital seria: „onde encontramos a resposta?‟

Nós podemos procurar a resposta em muitas fontes: nas tradições e doutrinas humanas, nas preferências pessoais de líderes (e liderados), e etc. Porém, eu creio que qualquer pessoa que deseja ser um servo dedicado e fiel ao Senhor procurará a resposta nas Escrituras, pois a Bíblia é a autoridade final em todas as questões pertinentes à Igreja.

Nesta lição, nós usaremos somente as Escrituras para descobrirmos como uma igreja local deveria funcionar.

COMO A IGREJA FOI PROJETADA PARA FUNCIONAR

“E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. Por isso é que foi dito: "Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens". (Que significa "ele subiu", senão que também havia descido às profundezas da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas.) E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento

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do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função” (Efésios 4.7-16).

Nós iniciaremos nosso estudo sobre como a igreja deveria funcionar examinando os princípios vitais encontrados no texto acima. Ali nós encontramos o maravilhoso plano de Deus para o funcionamento do corpo de Cristo. Como nós poderemos edificar uma igreja bíblica se nós não entendemos seu plano para o funcionamento da Igreja?!

Como o corpo de Cristo deve funcionar, segundo a visão de Deus? Vejamos:

1. O corpo de Deus deve ser construído por meio da evangelização dos perdidos e pela edificação dos salvos.

Deus não quer somente salvar o perdido, mas também deseja edificar o salvo. O corpo de Cristo não estará funcionando de acordo com o desejo de Deus se ele pende apenas para um desses lados: evangelização ou edificação.

2. Para que a igreja seja construída por meio da evangelização e edificação, cada crente deve funcionar.

Observe no texto bíblico de Efésios a ênfase em “cada um”, “o corpo todo”, “todas as partes”, “cada parte”, “todos”. Não há lugar para “estrelas” no corpo de Cristo. O “ministério solo” já acabou! Deus sempre desejou que O CORPO TODO funcionasse, e nestes dias Ele está enfatizando isto mais uma vez. Pois a tarefa de evangelização é de cada um, assim como a tarefa de edificação da igreja.

3. Os quatro ministérios fundamentais – apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres – foram colocados no corpo para capacitar o restante do povo de Deus.

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Esses ministérios não foram estabelecidos para fazer tudo ou fazer a obra de outros. Eles são apenas ministérios capacitadores. Eles foram colocados por Deus, no corpo, como parte do corpo, para auxiliar aos demais membros a cumprirem seus serviços.

Eles foram estabelecidos no corpo para o aperfeiçoamento dos santos. A palavra “preparar”, no grego, é katartismos. Ela significa “equipamento, prover o necessário para que um serviço (ou ação) seja realizado; dar todas as condições; mobiliar por completo”. Esta é a função destes ministérios fundamentais.

Outras palavras relacionadas:

Katartisis – ser completado, equipado.

Katartizo – preparar, restaurar, colocar em ordem.

Artios – tornar perfeito, sadio (2 Timóteo 3.17).

Por meio destas palavras nós vemos que a função dos ministérios fundamentais é tornar o corpo sadio e equipado para ministrar. Eles não são chamados para fazer tudo, mas sim para preparar o corpo para seu próprio crescimento.

4. Quando os ministérios fundamentais preparam o corpo todo para a sua obra (ministério), então a igreja experimenta o crescimento ao qual está destinada, a saber:

Crescimento em maturidade – “Maturidade” é traduzida do grego teleios, e significa “de caráter completo em trabalho, crescimento físico, moral e mental”.

Crescimento em espiritualidade – “medida da plenitude de Cristo”.

Crescimento em tudo – “cresçamos em tudo”.

5. A unidade do corpo inteiro também faz parte da visão de Jesus para Sua igreja.

Deus não é a favor da divisão no meio do Seu povo. Ele a permite, mas não aprova. Deus deseja que o corpo de Cristo, que é formado por todos os verdadeiros salvos, seja...

Unido na fé e no pleno conhecimento de Cristo – conhecimento doutrinário e experimental. Por meio da ação do Espírito Santo, a igreja está caminhando para alcançar a unidade doutrinária e experimental da pessoa de Cristo. Isto não tem nada a ver com ecumenismo ou com uma unidade baseada em ensinamentos não

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fundamentais. A unidade doutrinária diz respeito às doutrinas e princípios essenciais à salvação.

Bem ajustado – em ordem, autoridade e submissão. A unidade da igreja – que é prática e não teórica – produzirá um corpo bem ajustado, onde há verdadeira autoridade e verdadeira submissão. O corpo de Cristo deve estar bem ajustado, cada parte entendendo e vivendo seu chamado para a glória de Deus, sem julgar seu ministério mais importante que os demais, pelo contrário, considerando aos outros superiores a si mesmo.

Ligado entre si – isso nos fala de mutualidade, responsabilidade mútua, interdependência. Cada membro do corpo deve estar encaixado com outro, para que o fluir de vida no corpo alcance a todos. O corpo de Cristo é deficiente em muitos lugares porque não há este nível de relacionamento, de encaixe e ajuste entre os diversos membros do corpo.

Uma Equipe trabalhando unida – cada parte cooperando, pelo auxílio de toda junta. O corpo deve trabalhar unido pela visão comum do reino de Deus. Cada parte efetua sua obra para o bem do todo. Toda „junta‟ auxilia para que o todo seja edificado. Ninguém deve trabalhar para si, para seu ministério, mas pelo ministério do corpo. Deus também deseja este nível de unidade na obra.

A partir do que vemos acima, nós podemos ver que o verdadeiro „ministério‟ da igreja é exercido por cada membro e não somente pelos líderes e ministros da Palavra. Estes têm o papel de preparar a igreja para que ela execute o seu próprio crescimento. A igreja só pode crescer de maneira saudável quando os ministérios fundamentais equipam os membros do corpo para o ministério e quando cada membro faz a sua parte. Do contrário, a igreja poderá até crescer, mas este crescimento será apenas em algumas poucas áreas específicas. Porém, nós sabemos que a vontade de Deus é que „cresçamos em tudo‟; assim, os líderes precisam treinar a igreja para que ela cresça em todas as áreas de ministério para que ela se desenvolva de maneira saudável.

ONDE ACONTECE O MINISTÉRIO DO CORPO DE CRISTO

No ponto anterior, nós vimos que a igreja cresce saudavelmente quando cada um faz a sua parte – líderes e liderados. Num sentido específico, todos os crentes são ministros; alguns exercem os ministérios fundamentais e outros os ministérios específicos; porém, todos exercem os ministérios comuns. Assim, quando cada um faz o que Deus lhe capacitou a fazer, a igreja cresce e se fortalece cada vez mais.

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Agora, nós precisamos entender que uma parte importante do crescimento saudável da igreja diz respeito ao lugar onde acontece o ministério do corpo. Para que o ministério seja feito da maneira que realmente agrada a Deus e produza o crescimento „segundo Deus‟, nós precisamos fazer a obra do ministério nos lugares onde Deus deseja que o façamos.

Quando lemos o livro de Atos dos Apóstolos, nós vemos que a igreja de Jerusalém se reunia no Templo (na verdade, no pátio do Templo dos judeus) e de casa em casa (Atos 2.46; 5.42). Isto foi algo peculiar desta igreja porque o Templo era judaico (não um templo cristão) e ele estava bem ali diante deles; era o mais conhecido e o melhor lugar público para pregar as boas novas do reino. Nós sabemos, pela história, que o primeiro edifício usado especificamente como casa de adoração cristã (templo) surgiu somente no Século III, por vontade do Imperador pagão Constantino, que se supostamente se convertera ao cristianismo.

No entanto, com a igreja de Jerusalém nós temos o embrião de um modelo que mais tarde seria usado largamente por todas as igrejas. Nesse modelo, nós vemos que as igrejas do Novo Testamento eram edificadas em “grandes reuniões” e em “pequenos grupos” caseiros.

As igrejas de hoje também precisam equilibrar a sua vida comunitária por meio destes dois tipos de ajuntamento. O primeiro, quando toda a igreja se reúne no mesmo lugar. O segundo, quando a igreja é dividida em grupos e se espalha pela cidade, nos lares.

Fora de Jerusalém, onde não havia nenhum templo judaico ou cristão, a igreja primitiva se reunia principalmente nas casas. Havia também reuniões maiores, em praça pública, como por exemplo, em anfiteatros, escolas, etc. A vida normal da igreja, porém, acontecia principalmente nas casas. As igrejas eram literalmente “igrejas caseiras”, pois os crentes se reuniam nas casas uns dos outros como as Escrituras e a história claramente nos mostram (Romanos 16.5, 14, 15; 1 Coríntios 16.19; Colossenses 4.15; Filemom 2).

As reuniões caseiras das igrejas não eram „grupos caseiros‟ ou „células‟ no sentido atual. Atualmente existem atividades que só podem acontecer na „igreja‟ (templo) e outras que só acontecem nas „células‟ da igreja. Mas na época do Novo Testamento, tudo era feito nas casas. Os grupos caseiros funcionavam plenamente como as igrejas de hoje funcionam em seus „templos‟.

Embora as igrejas caseiras de uma cidade se reunissem em um local público maior, a vida normal da igreja se passava nas reuniões menores, nos lares. Assim, as diversas atividades que hoje muitos consideram como exclusividade do “templo”, de fato, elas aconteciam nos lares. Como por exemplo: reuniões de oração (Atos 1.13,14; 12.5, 12), enchimentos do

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Espírito Santo e exercício dos dons (Atos 2.1-4; 10.22, 24-27, 44-46), a Ceia ou partir do pão ou festa ágape (Atos 2.46; 20.7-11; Judas 12), curas e batismo nas águas (Atos 9.17-18; 20.22, 24-25, 47-48) e pregação e ensino (Atos 5.42; 10.23-48).

Todas estas atividades caracterizavam a Igreja Primitiva como uma “igreja caseira”, apesar da expressão não constar nos registros do Novo Testamento (mas se alude a isso claramente por mencionar „a igreja que se reúne em sua casa‟).

Por que as igrejas do Novo Testamento se reuniam em grandes reuniões, geralmente em lugares públicos, e também nas casas? Há muitas razões para isso; contudo, a principal razão é que eles entendiam que o plano de Deus para a edificação da igreja jamais poderia ocorrer sem que houvesse um equilíbrio entre esses dois tipos de reunião. Jamais a igreja conseguirá funcionar da maneira que Deus quer se ela não se dispersar pelos lares e se reunir em ajuntamentos para toda a igreja.

REUNIÕES DA IGREJA

Nós já vimos os principais gerais do funcionamento do corpo: líderes equipando toda a igreja para que cada um exerça os seus dons e os seus ministérios para a evangelização dos perdidos e a edificação da igreja. Há muitas maneiras pelas quais os líderes equipam a igreja para o ministério, mas uma das mais importantes é ajudar os cristãos a funcionarem nas reuniões da igreja.

O ministério da igreja deve acontecer em todos os lugares, mas quando se trata da edificação mútua dos cristãos, ele se dá principalmente nas reuniões da igreja. Assim, é vital que os crentes sejam treinados para funcionar nas reuniões da igreja, tanto as reuniões com toda a igreja quanto nas reuniões caseiras.

Paulo escreveu a Timóteo sobre como se deve proceder na Casa de Deus, que é a igreja (1 Timóteo 3.14-15). Assim, todos devem aprender, entre outras coisas, como a igreja se reúne e como os diferentes dons devem ser exercidos nessas reuniões.

A primeira coisa que precisamos saber é que há diferentes tipos de reuniões. Por exemplo, em Atos nós lemos acerca dos mais variados tipos de reunião:

3.11-12: Evangelismo em massa

4.23-24 e 31: Oração

6.1-5: Resolução de problemas e escolha de diáconos

10.23-28: Evangelismo em grupo (nas casas)

12.12: Oração nas casas

13.1-3: Reunião de líderes para oração e jejum – ouvir a Deus

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14. 26-27: Dar relatório da obra

15.4: Apóstolos e presbíteros

16.4: Transmissão de diretrizes apostólicas – equipes

20.7: Partir o pão

20.17-18 e ss.: Um apóstolo treinando presbíteros. Algumas dessas reuniões acima podem ser consideradas como reuniões

“especiais” que se realizavam esporadicamente. Havia, contudo, o que poderíamos chamar de “reuniões normais da igreja”, ou seja, reuniões que semanalmente aconteciam nas igrejas de acordo com um mesmo padrão.

REUNIÕES CASEIRAS

Nessas reuniões „normais‟ da igreja, o padrão era determinava liberdade para o Espírito agir em quem e como Ele quisesse (2 Coríntios 3.17; 1 Coríntios 12.7, 11; 14.26). Isso implicava no fato de que nenhuma reunião era exatamente igual à outra, pois o padrão era de liberdade para ser usado pelo Espírito conforme a Sua direção.

Paulo, ao ensinar sobre este tipo de reunião padrão da igreja, escreveu que quando a igreja se reunisse cada um deveria ter algo para apresentar na reunião (1 Coríntios 14.26). O melhor contexto para cada um ter algo a trazer para a reunião é da igreja no lar. Afinal, a igreja caseira reúne um grupo pequeno de discípulos e, assim, todos podem realmente participar de maneira ativa.

Portanto, o padrão para as reuniões normais da igreja era praticado nos lares, onde havia liberdade para o Espírito e interesse da parte de cada um para participar com algo.

Nesse tipo de reunião, os cristãos se dedicavam ao ensino apostólico, à comunhão, às orações e ao partir do pão (Atos 2.42; instruções específicas para partir o pão foram dadas por Paulo em 1 Coríntios 11.17 e ss.). Os irmãos reunidos podiam apresentar um salmo, uma doutrina, uma revelação, uma oração em línguas e sua interpretação, e etc. (1 Coríntios 14.26). Salmos, hinos e cânticos espirituais deveriam ser cantados e falados uns aos outros (Efésios 5.19-20). Os irmãos deveriam instruir e aconselhar uns aos outros (Colossenses 3.16)... E tudo mais que o Espírito inspirasse!

Um ponto importante para lembrar sempre nestas reuniões caseiras é que não uma programação fixa e nem uma liderança exclusiva exceto do Espírito Santo. O líder ou líderes da igreja caseira podem dar o pontapé inicial da reunião e também encerrá-la, porém, entre o início e o fim da reunião os irmãos devem ter plena liberdade de dirigir a reunião conforme o Espírito usa a cada um.

REUNIÕES PÚBLICAS

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As reuniões públicas da igreja também podem ser consideradas reuniões „normais‟ da igreja. Porém, elas podem acontecer de maneira menos freqüente do que as reuniões caseiras e há outros princípios que devem governar este tipo de reunião. Para diferenciarmos esta reunião das reuniões caseiras, vamos chamá-la de “reunião geral”.

A reunião geral acontece quando toda a igreja se reúne no mesmo lugar (1 Coríntios 11.20; 14. 23). Isso, por si só, faz com que esta reunião seja realizada de maneira diferente da reunião caseira.

A seguir, nós daremos alguns princípios e dicas para as reuniões gerais da igreja.

O propósito desta reunião não é cuidar de cada um individualmente, mas sim fortalecer o testemunho coletivo da igreja como expressão e representação de Cristo. Enquanto na reunião caseira o foco está em que cada um experimente Cristo, seja treinado e faça a obra do ministério, aqui o foco está na celebração coletiva e na proclamação apostólico-profética que dá direção à igreja.

A liderança desta reunião é prerrogativa do presbitério (equipe pastoral). A equipe toda lidera a reunião, mas um dos presbíteros (pastores) tem a direção principal. Todos os pastores devem estar juntos para facilitar a comunicação. É importante que aquele que é o responsável principal pela reunião não se envolva com mais nada. Os demais pastores, então, devem estar atentos para resolverem os problemas que surgirem, deixando o dirigente livre para ouvir de Deus e fazer o seu trabalho.

Se você está na responsabilidade da reunião, quando dirigir-se ao povo, fale coisas agradáveis sobre ele ou então não diga nada. Seja alegre e divertido, mas sem exageros. Não seja rígido, inflexível. Não ofenda as pessoas, mas não comprometa a verdade.

Muitas pessoas que vão a reunião, especialmente os não-crentes, querem manter o anonimato, então, não as apresente publicamente. Ao final da reunião, peça para os irmãos que estiverem perto para cumprimentar essas pessoas. Além disso, não pressione as pessoas a fazer o que elas não querem. Não permita que elas sejam coagidas ou manipuladas a fazer aquilo que não querem ou não estão preparadas para fazer. Dê atenção e seja amável com todos; faça-os se sentir bem.

Seja simpático – sorria. Sobre a igreja de Jerusalém, nós que eles viviam “louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo” (Atos 2.47). Lembre-se que o seu rosto também comunica uma mensagem (Lucas 9.51).

Lidere a reunião, principalmente, pelo seu exemplo. As reuniões não mudarão até que você mude. Então, se você quer que o povo transpire entusiasmo e disposição, que você seja o primeiro a estar assim.

Perceba o mover do Espírito nas reuniões. Ela está presente e deve ter liberdade para dirigir a reunião através de você. Reconheça que as

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diferentes partes da reunião funcionam como “ondas”. Há uma parte para a adoração, dons, ensino, compartilhar, avisos e ofertas. Então, saiba onde elas coisas começam e terminam. Não há nenhum regra de quanto tempo deva ser dado para cada uma dessas coisas, mas é importante perceber quando o Espírito já não está mais ungindo certa parte da reunião. Se o Espírito não está agindo ali, então, é melhor seguir à próxima parte. Portanto, esteja atento ao Espírito, pois Ele pode falar também através do povo.

Dê espaço para os dons, especialmente para profecias, sonhos e visões. O período do louvor é o melhor momento para dar esta oportunidade. Os irmãos, portanto, devem ser instruídos que eles se o Espírito falar com eles durante este período, eles podem ir à frente e procurar o dirigente da reunião e pedir para transmitir o que Deus está falando.

Prepare-se antecipadamente para dirigir a reunião e mobilize as pessoas antecipadamente. A reunião precisará de alguém para receber os visitantes, arrumar o lugar, cuidar de possíveis “perturbações”, cuidar do som, das crianças, etc. Quem “tem o microfone” não resolve estas coisas, especialmente na hora da reunião.

Se vista bem, de acordo com a ocasião e mantenha sua esposa e filhos por perto. Você é um exemplo para a igreja de uma vida familiar saudável. Se a sua liderança é capaz de manter a sua família junta nas reuniões e tendo prazer nisso, então as pessoas sentirão que você pode liderá-las também.

Não converse com os outros, exceto o que for essencialmente necessário para o bem da reunião. Críticas e comentários devem ficar para depois.

Explique tudo o que precisa ser explicado como, por exemplo, as coisas que os visitantes não entendem ou com as quais não estão acostumados. Sempre apresente as pessoas que estão falando à frente; corrija as coisas erradas (teologia, atitude, etc.) após o acontecimento, mas não depois da reunião. Deixe as pessoas saberem claramente quando a reunião está começando e quando está terminando usando uma saudação/despedida rápida.

Se alguma oferta for recolhida na reunião, que isso seja feito anonimamente, não compulsivamente e com alegria. Não pregue sobre isso antes das ofertas (“convencer pela Palavra que as pessoas devem dar...”). Se os discípulos forem bem ensinados, eles ofertarão sem qualquer esforço ou luta.

Se há visitantes nas reuniões, eles devem ser bem recepcionados na entrada do local. Eles devem ser lembrados de maneira geral (“estamos felizes com aqueles que nos visitam hoje”) e os irmãos devem ser exortados a gastar algum tempo com eles depois da reunião.

Quem dirige a reunião é, geralmente, aquele que vai pregar ou aquele que está bem sintonizado com quem vai pregar. Isso é importante para manter a reunião no mesmo foco e direção. Quem está dirigindo a reunião

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– especialmente se for o mesmo que vai pregar – deve se lembrar que está ali para prover a liderança da reunião e que isso não é pregação. Se tiver que ler alguma escritura, que seja no início da reunião (talvez o texto básico que será pregado) e sem muitos comentários, mas somente uma breve exortação.

Sobre o louvor, é importante lembrar que o presbítero que dirige a reunião dirige tudo o que acontecer nela, incluindo a adoração e a equipe de adoração. A equipe de adoração, especialmente o líder, não deve ficar de olhos fechado durante toda a adoração. É preciso olhar para o dirigente da reunião para executar uma possível mudança solicitada por ele.

Se as pessoas forem desafiadas ou chamadas a uma resposta pública, deixe claro o motivo pelo qual elas farão isso. Basicamente, as pessoas são chamadas para receber oração (por cura, libertação, bênçãos, comissão, consagração, etc.) ou a salvação. É bom que isso seja feita no final da reunião, para que se possa gastar tempo com as pessoas que vão à frente para receber oração.

Por fim, prepare-se para achegar-se a Deus e liderar o povo. Faça isso pelo menos 15 minutos antes da reunião.

Lição 4 - Questões Para Revisão

1. Como a igreja foi projetada para funcionar?

2. Onde acontece o ministério do corpo de Cristo?

3. Quais os tipos de reuniões da igreja citadas na Bíblia você pode escrever de memória?

4. Qual é a importância das reuniões caseiras para o desenvolvimento da igreja?

5. Qual a diferença entre as reuniões caseiras e as reuniões públicas da igreja?

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LIÇÃO CINCO

FUNÇÕES DA IGREJA

Versículos-Chave “Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos, foi-me concedida esta graça de anunciar aos gentios as insondáveis riquezas de Cristo e esclarecer a todos a administração deste mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas. A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Efésios 3.8-10).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós vimos como a igreja deve funcionar. Nós examinamos o papel dos ministérios fundamentais e de cada membro no corpo, especialmente nas reuniões da igreja.

Embora tenhamos tratado rapidamente das coisas que são feitas nas reuniões da igreja, nessa lição nós queremos focar um pouco mais nas funções que a igreja deve desempenhar para a glória de Deus e a edificação de si mesma.

Uma função é uma ação natural e própria de qualquer coisa. É também uma atividade ou missão que ela foi deve realizar. Assim, as funções da igreja se referem, por um lado, àquilo que é próprio e natural da igreja e, por outro, as atividades básicas que ela deve desempenhar.

Nesta lição, nós estudaremos a função mais básica da igreja e, em seguida, algumas atividades que derivam e tem sua razão de ser nessa função básica.

A FUNÇÃO BÁSICA DA IGREJA

A função básica da igreja, sua missão neste mundo, é expressar e representar a Cristo. A igreja é chamada de „o corpo de Cristo‟ (Efésios 1.22-23; 1 Coríntios 12.27; Efésios 4.15-16; 5.23, 29-30; Colossenses 1.18).

Quando pensamos na figura do corpo, que é usada extensamente por Paulo como uma figura da igreja, nós vemos que o corpo humano

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desempenha duas funções básicas: expressar e representar o ser humano. Nossa vontade, pensamentos e emoções se manifestam através do nosso corpo.

O mesmo é verdade em relação a Cristo. A igreja é o Seu corpo. E a união entre Cristo e a igreja é inseparável. Ele é a cabeça e nós o seu corpo. Cabeça e membros formam o corpo; um sem o outro não forma um corpo. De fato, em 1 Coríntios 12.12, quando Paulo fala do corpo ser um só e ao mesmo tempo ter muitos membros, ele não diz “assim é com a igreja”, mas diz “assim também com respeito a Cristo”. Cristo está nos Céus assentado à direita de Deus e a maneira que ele determinou ser conhecido na terra foi por meio do Seu corpo, a igreja.

Tudo o que a Igreja faz ou vier a fazer, deve ser norteado por este princípio – nós existimos para expressar e representar a Cristo! Assim, devemos mostrar através de nossas vidas o caráter e as obras de Jesus. Temos que viver neste mundo como uma verdadeira expressão de Jesus.

Devemos lembrar – e isso é muito importante – que o que fazemos individualmente pode ser uma bênção para os outros e, em sentido limitado, expressa e representa Cristo. Porém, individualmente somos apenas „membros‟; não somos o corpo. A plenitude de Cristo só se expressa pelo corpo inteiro. Nós precisamos lembrar que Deus nos chamou para ser membros de um corpo e que nossos ministérios individuais só têm sentido quando são feitos para o bem do corpo todo.

Deus está interessado em salvar indivíduos para que eles formem um corpo. Uma vez incluídos no corpo de Cristo, nós precisamos nos lembrar que individualmente não somos o corpo de Cristo. A magnitude do amor de Deus, por exemplo, só pode ser conhecido com „todos os santos‟ (Efésios 3.18). O fato de ninguém ter os mesmos ou todos os dons é para que unamos nossos recursos espirituais e sejamos o testemunho coletivo de Deus (1 Coríntios 12.12-31).

Por que o mundo não vê plenamente a Cristo em nossos dias? Porque a Igreja está dividida e manchada pelo pecado e, certamente, Cristo não é assim! Contudo, na medida em que a Igreja está sendo purificada pela Palavra, ela se tornará a Igreja Gloriosa que Ele espera receber como sua Noiva (Efésios 5.25-27), e nós seremos plenamente a Sua expressão e representação nesse mundo.

OUTRAS FUNÇÕES

Além da função básica de expressar e representar Cristo neste mundo, nós também temos outras funções a desempenhar. De fato, nós precisamos desenvolver essas atividades vitais para que possamos funcionar como o corpo de Cristo e cumprir a nossa função básica.

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Há dez atividades ou funções essenciais da igreja:

ADORAR:

A igreja existe para adorar a Deus e cresce por meio da adoração. Adoração é, antes de tudo, dar amor a Deus. É entregar-se a Deus e expressar gratidão e amor através de louvores. Mas ela se expressa também em orações, cânticos e declarações de exaltação ao nosso Senhor.

ORAR:

Oração é, basicamente, falar com Deus. Porém, a Bíblia nos mostra que há vários tipos de oração e a igreja deve aprender a praticar todos eles.

Cada discípulo deve ter o hábito de orar em casa, diariamente, e nas reuniões da igreja, não somente por nós e nossas necessidades, mas também pelos outros (intercessão) e pelos interesses do Reino de Deus.

Os membros do corpo devem aprendam a orar em voz alta nas reuniões da igreja, assim como no silêncio de seus corações. Eles devem orar em pequenos e grandes grupos e pelas pessoas com problemas diversos e etc.

ESTUDAR A BÍBLIA:

Como igreja, nós devemos estudar a Palavra de Deus. Ela deve ser conhecida, vivida e comunicada. Os cristãos devem adquirir o hábito de ler a Bíblia diariamente e a estudar com zelo. Cada um deve ler, estudar e interpretar corretamente as Escrituras, assim como ensiná-la aos outros.

JEJUAR:

Jejuar é ficar sem alimentar-se por um tempo para ouvir e receber de Deus. A igreja deve desenvolver o hábito de jejuar coletivamente para que ela possa ouvir de Deus de maneira coletiva.

EXERCITAR OS DONS:

Um dom é uma capacidade ou poder concedido ao cristão de maneira “sobrenatural”. Todos os cristãos recebem dons. Ninguém tem todos ou os mesmos dons. Nós devemos procurar os melhores dons e usá-los para glorificar o Senhor e edificar a igreja.

Como igreja, devemos ter o hábito de servir a Deus e aos outros baseados em nossos dons. Ninguém deveria servir além dos dons que possui.

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Deve existir liberdade na igreja e até mesmo a expectativa de que qualquer um em comunhão com Deus e com a igreja possa profetizar, orar pelos outros, exortar, ou exercer qualquer outro dom (as reuniões de grupos pequenos são as melhores ocasiões para isso).

MINISTRAR:

Ministério é serviço espiritual e/ou prático prestado a Deus e aos outros. Existem os ministérios comuns que todos os crentes possuem e os ministérios específicos. Oração é um ministério comum; todos os crentes devem orar, mas algumas pessoas recebem a capacidade especial de interceder intensamente e constantemente pelos outros.

Um ministério (serviço) deve ser baseado nos seus dons espirituais “permanentes”. Alguém que tem o dom de ensinar deverá dedicar-se ao ministério de ensino; alguém com o dom de curar deverá servir aos enfermos, etc.

Na igreja, os discípulos, com a ajuda e supervisão dos líderes da igreja, devem formar equipes de ministério para suprir as mais diversas necessidades da igreja e/ou alcançar grupos específicos.

Ao contrário do livre exercício dos dons nas reuniões normais da igreja, é necessária a „aprovação‟ pastoral para iniciar uma equipe de ministério na igreja. Isso evita que tempo, dinheiro e energia sejam mal-usados ou que entrem em competição com as atividades, reuniões, projetos e equipes ministeriais já existentes ou em desenvolvimento.

Aqueles que desejam liderar equipes de ministério devem receber o treinamento necessário.

ADMINISTRAR OS RECURSOS DADOS POR DEUS:

„Mordomia‟ é o termo que descreve a administração fiel daquilo que Deus nos dá – família, dons, bens, dinheiro, etc. „Despenseiro‟ e „encarregados‟ são outras palavras usadas nas Escrituras. Todos nós somos “mordomos” ou despenseiros daquilo que Deus nos dá. Nós somos administradores de tudo que o Senhor coloca em nossas mãos.

A igreja, portanto, deve administrar bem os recursos dados por Deus. De fato, o que Deus espera de administradores é que eles sejam fiéis (1 Coríntios 4.1-2).

Cada crente na igreja deve desenvolver o hábito da fidelidade na contribuição financeira, no uso dos dons e etc., para que a igreja como um todo seja uma administradora fiel dos recursos divinos. Na questão financeira, especificamente, todos devem ser fiéis em contribuir

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regularmente com ofertas para que a igreja possa realizar eficientemente a sua missão no mundo.

EVANGELIZAR:

Evangelizar é anunciar Cristo através de palavras e obras. A evangelização deve ser um hábito na vida da igreja. Ela deve se tornar o estilo de vida de cada discípulo. Cada um deve crescer a ponto de evangelizar a tempo e fora de tempo.

A igreja não deve ter predileção por nenhum método evangelístico; cada um deve usar a abordagem que tem mais a ver com seus dons, personalidade e habilidades. O que deve ser enfatizado é que a evangelização se torne um hábito e não uma „programação especial‟ realizada de vez em quando.

A igreja também deve desenvolver atividades coletivas de evangelização e em equipes especiais.

EXERCER O SACERDÓCIO:

O sacerdócio cristão é o direito e o privilégio de servir a Deus em todos os “ministérios comuns” – oração, adoração, testemunho, batismo, etc.

Especialmente nas reuniões caseiras, a igreja precisa desenvolver o hábito de exercer seu privilégio de servir ao Senhor nas reuniões. Isso significa que cada crente pode escolher os cânticos, fazer orações, entregar uma palavra de exortação, ler uma poesia, ensinar, orar pelos enfermos, etc. Esta deve ser uma prática constante e cada um deve ser exortado e treinado para isso.

COMUNGAR:

Comunhão é a partilha de coisas em comum. Isso implica diretamente em construir relacionamentos verdadeiros, transparentes e no compartilhar das bênçãos espirituais com outros cristãos.

A comunhão é nutrida pelo convívio, sendo que o estar junto nas reuniões é a forma mais básica de convívio. Portanto, deve haver um alto interesse em participar das reuniões da igreja, para que a comunhão seja real e prática.

Outras formas de nutrir a comunhão incluem: comer juntos, passear, visitar uns aos outros, etc. Devemos desenvolver o hábito de estar com os outros irmãos e dar um alto valor a isso.

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Lição 5 - Questões Para Revisão 1. Qual é a função básica da igreja neste mundo?

2. Quais são das 10 outras funções ou atividades essenciais da igreja?

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LIÇÃO SEIS

MINISTÉRIOS ESPECÍFICOS

DA IGREJA (1): ADORAÇÃO

Versículos-Chave “No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4.23-24).

INTRODUÇÃO

Nas lições anteriores, nós estudamos diversas figuras da Igreja e suas diversas aplicações ao desenvolvimento da igreja a partir de seu nascimento. Estudamos também os princípios bíblicos do funcionamento normal da igreja, especialmente no que diz respeito às suas reuniões. E, na última lição que estudamos, nós vimos a função básica da igreja e as diversas funções que ela desempenhar para o seu desenvolvimento saudável.

A partir dessa lição, nós iniciaremos um estudo dos principais ministérios específicos que devem ser desenvolvidos em cada igreja local para atender às diferentes necessidades de sua membresia e da comunidade mão-cristã ao seu redor.

COMO A IGREJA DEVE FUNCIONAR

O plano de Deus é que cada igreja cresça e amadureça de acordo com o Seu plano. Mas isso não será possível se não houver a ativa participação de cada membro. Cada um deve exercitar os seus dons nas reuniões da igreja, especialmente nas reuniões caseiras (grupo pequeno) e em cada situação em que for necessário, conforme o Espírito dirigir.

No entanto, o uso individual dos dons não é o propósito final de Deus. Ele deseja que o corpo funcione com a justa cooperação de cada parte, mas também com o auxílio de toda junta. Ou seja, a atuação do membro do corpo de Cristo não deve ser apenas individual – exercitando o seu

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dom – mas deve ser, principalmente, em cooperação com outros discípulos.

Quando dois ou mais membros do corpo se unem para cumprir uma missão específica – alcançar um grupo específico ou suprir uma necessidade específica da igreja – aí nós temos uma equipe de ministério.

As principais equipes de ministério que uma igreja local desenvolver o mais rapidamente possível são nas de:

Adoração

Adolescentes e Jovens

Crianças

Grupos Caseiros

Liderança Pastoral

Essa lição se ocupará, daqui por diante, do ministério específico da adoração – a equipe de adoração da igreja local.

Nota: Para maiores conhecimentos sobre a adoração bíblica e o ministério da equipe de adoração, veja „Adoração Bíblica e a Equipe de Louvor’.

O MINISTÉRIO DE ADORAÇÃO DA IGREJA

Antes de tudo, nós precisamos entender claramente como os dons funcionam. Assim, se você não está estudando os cursos na ordem proposta pelo programa, antes de continuar, você deve estudar o curso O Reino de Deus. Ali você encontrará algumas lições sobre „Dons e Ministérios‟ que o ajudarão a entender melhor como eles funcionam na igreja.

Pois bem. Considerando que você já tem um conhecimento básico sobre os dons e ministérios na igreja, convém lembrarmos que a palavra ministério pode aplicada a diversas situações de serviço cristão, de maneira que, na maioria das vezes, precisamos especificar claramente a que estamos nos referindo. Assim, quando nós falamos do ministério de adoração da igreja, nós estamos nos referindo primariamente ao serviço espiritual de adoração que a própria igreja oferece ao Senhor Deus e não a um grupo específico de pessoas que servem à igreja nessa área.

É importante compreendermos que há uma diferença básica entre o ministério de adoração da igreja e o ministério específico de adoração da igreja. O primeiro se refere ao que a própria igreja, como um todo, oferece

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ao Rei em suas reuniões; o segundo se refere a uma equipe de membros do corpo local que ajudam a igreja a crescer nessa área específica.

Portanto, toda a igreja tem o ministério de adoração. Todos os membros da igreja local devem aprender a adorar a Deus de maneira bíblica. A razão para se estabelecer um ministério específico de adoração – uma equipe de louvor – jaz na necessidade de toda a igreja aprender a entrar na presença de Deus coletivamente e adorá-lo em espírito e em verdade. A equipe de louvor existe, portanto, para mobilizar, treinar e liderar a igreja para a adoração ao Senhor.

FUNÇÕES DA EQUIPE DE LOUVOR

Qual é o papel da equipe de louvor numa igreja? Quais são as funções da equipe de louvor?

LEVAR O POVO À PRESENÇA DE DEUS:

Como mencionamos acima, a equipe de louvor existe para mobilizar, treinar, liderar e organizar a igreja para a adoração ao Senhor. Isso significa, primeiramente, levar a igreja a desfrutar da presença manifesta de Deus.

A Bíblia diz: “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmos 16.11). Então, esse é o lugar onde devemos estar como igreja. Deus está presente com cada um dos Seus filhos e dentro de cada um deles, mas quando a igreja se reúne Deus quer se manifestar de uma maneira especial. A equipe de louvor, então, existe para „levar‟ a igreja a desfrutar dessa presença manifesta.

Muitos filhos de Deus, por várias razões que não nos compete discutir agora, não desfrutam sempre da presença de Deus em suas devoções pessoais; porém, isso acontece quando eles estão reunidos com o povo de Deus. Isso é assim porque, quando você adora a Deus sozinho, quase tudo depende de você. Se o seu coração não estiver preparado e você não buscar a Deus de todo o seu coração, você não vai desfrutar de Sua presença. Porém, quando você está reunido com a igreja – mesmo que não esteja buscando a Deus entusiasticamente – se o Senhor se manifestar ali, você poderá sentir ou ver a Sua presença nas pessoas e entre elas.

Deus está presente com o Seu povo sempre, até mesmo quando o Seu povo não reconhece isso. Contudo, Deus não quer estar presente e não ser notado. Ele deseja estar presente e se manifestar. Assim, quando falamos de sentir ou desfrutar a presença de Deus como igreja, nós estamos falando da manifestação da presença de Deus no meio do Seu povo. Efésios 2.22 nos diz que Deus está fazendo das igrejas a Sua morada no

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Espírito. Portanto, a manifestação do Espírito (1 Coríntios 12.7) nas reuniões da igreja é uma das provas da presença manifesta de Deus na igreja. A equipe de louvor existe, então, para criar um ambiente onde Deus possa se manifestar abertamente e assim a igreja possa desfrutar dessa presença.

MOBILIZAR:

„Mobilizar‟ significa „pôr em movimento, em atuação‟. A equipe de louvor existe para colocar o povo de Deus em movimento para adorar a Deus. Muitos cristãos vão às reuniões da igreja e se tornam ouvintes passivos; eles estão ali, mas não participam, não atuam durante a adoração.

Ainda que a adoração da igreja não possa se resumir simplesmente ao período de cânticos, nós não podemos negar que esta é uma das principais e a mais comum maneira prática de adorar a Deus. A música tem uma influência muito forte em qualquer nação e cultura, e tem um poder fantástico para comunicar o que se queira às pessoas e também para „mexer‟ com os seus sentimentos.

A adoração musical, portanto, tem um poder muito grande de convencer as pessoas, infiltrar nelas conceitos e valores bíblicos, bem como tocar os seus sentimentos, ou seja, de transformar as pessoas. Sim, o período de adoração com cânticos deve ser uma experiência transformadora. A transformação vem, é claro, por causa da presença manifesta de Deus. Assim, as pessoas devem ser levadas a buscar e esperar que Deus se manifeste a elas pessoalmente e na igreja coletivamente. E isso é a função da equipe de louvor. Se não houver uma sábia direção durante a adoração mobilizando-as a adorar em espírito e em verdade, as pessoas permanecerão passivas e não desfrutarão da presença de Deus durante esse tempo de adoração.

A equipe de louvor mobiliza a igreja convocando-a a adoração e estimulando-a a louvar de todo o coração. O exemplo, então, é o fator mais importante para que a equipe de louvor consiga estimular as pessoas à verdadeira adoração. Se os cantores e músicos são adoradores e isso pode ser visto na maneira como eles adoram a Deus publicamente, a igreja poderá seguir o exemplo deles com facilidade. Portanto, as palavras, gestos e feições da equipe de louvor poderão influenciar grandemente a igreja na adoração.

TREINAR:

A equipe de louvor não somente deve levar o povo à presença de Deus e mobilizá-lo na prática da adoração, mas também deve treinar o povo para

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adorar a Deus. „Treinar‟ pode ser definido como „capacitar com os recursos necessários e acostumar por meio do exercício contínuo‟.

Uma idéia errada de muitas igrejas é que o papel da equipe é somente cantar, tocar e dirigir o período de cânticos. Mas a função da igreja não se resume a isso; ela existe também para ensinar, não somente pelo exemplo, mas também por meio de pregações, seminários, cursos, acampamentos e etc. Como a igreja vai adorar de maneira bíblica se ela não ensinada acerca do que a Bíblia diz sobre isso?

O ensino de louvor pode acontecer até mesmo durante o período de adoração, quando o líder pode fazer breves exortações e incluir instruções sobre como adorar a Deus de uma maneira específica (Por exemplo, levantando as mãos). Em dois minutos o líder do louvor pode explicar porque levantamos as mãos para louvar a Deus e, então, animar a fazer isso enquanto adoram a Deus com a próxima canção. Fazendo dessa maneira, isso não cansará aqueles que já aprenderam a adorar a Deus biblicamente e será de edificação para os novos crentes e os visitantes que estiverem na reunião.

DIRIGIR:

Nas reuniões caseiras, não é necessário, especialmente pela exata natureza dessa reunião „aberta‟, que haja uma equipe de louvor ou mesmo um dirigente. Ainda que haja presente algum dos componentes da equipe de louvor, ninguém deveria dirigir o louvor nesse contexto, mas deixar o espaço livre para que qualquer um possa escolher os cânticos ou qualquer outra coisa que se vá fazer na reunião caseira.

No entanto, o mesmo não acontece nas reuniões gerais da igreja, quando todos se reúnem no mesmo lugar. Neste contexto, deve existir uma equipe de louvor que possa dirigir a igreja na adoração. E, ainda que haja espaço para alguém profetizar ou contar alguma revelação, sonho e etc., durante o período de adoração, a direção deste período deve estar na responsabilidade da equipe específica.

A equipe de adoração é responsável, sob a liderança do presbitério, por todo o período de adoração. Ela deve preparar antecipadamente todos os recursos necessários para o período (equipamento de som, instrumentos, retro projetor, transparências ou listas, e etc.). O líder de adoração deve ter uma lista das canções básicas que serão executadas, mas deve haver espaço para improvisação. A equipe deverá estar bem ensaiada e conhecer bem as canções escolhidas.

Durante o período de adoração, o líder de louvor é o principal responsável pela direção. Os cantores e músicos devem estar atentos a ele para possíveis modificações no programa ou na execução das canções. Pois, por exemplo, ele pode querer repetir a música sem parar de tocá-la,

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ou somente uma estrofe, ou mudar o andamento ou ritmo, e etc. Se a equipe não estiver atenta ao líder de louvor, as coisas não sairão muito bem.

O líder de adoração deve entender bem o seu papel durante o período de adoração da igreja. Ele está ali para dirigir a igreja em adoração. Embora „dirigir‟ possa ter o sentido de governar, esse não é o papel do líder de adoração. O „dirigir‟ do líder de adoração deve ser entendido sempre nos outros sentidos da palavra, ou seja, „dar direção, encaminhar, endereçar‟.

O Espírito Santo é quem deve governar todas as coisas na igreja e Ele faz isso por meio dos presbíteros (pastores) e do líder de adoração. No caso deste último, a função dele é mostrar o caminho à igreja. Ele está ali para dizer quais são as canções que irão cantar e exortar o povo a executar determinadas ações (levantar as mãos, dizer palavras de agradecimento, orar, etc.), mas ele não deve fazer isso o tempo todo ou „controlar‟ a adoração das pessoas. Ele não pode ficar dizendo o tempo todo o que as pessoas devem fazer; isso rouba a direção do Espírito no coração das pessoas e a espontaneidade delas para engrandecer a Deus. O que deve ser feito é uma breve exortação no início ou em algum ponto da canção, brevemente, e deixar as pessoas livres para seguirem a sua direção ou não.

É importante tratarmos desse tipo de direção do louvor porque hoje em dia há muita manipulação, ou seja, os líderes de louvor tentam produzir alguma coisa que somente o Espírito Santo deveria fazer. Eles falam palavras no tom certo, com a emoção certa e com o ritmo certo para produzir um determinado sentimento nas pessoas naquele momento. Isso é manipular as pessoas para que elas sintam emoções que não estão sendo produzidas por uma operação do Espírito em seus corações, mas somente porque uma pessoa à frente produzindo meios com a exata intenção de colher resultados emocionais. Pois, na mente de muitas pessoas, a adoração só „fluiu‟ bem se as pessoas se regozijaram sobremaneira, choraram, gritaram ou expressaram qualquer outra emoção de maneira forte e contundente.

Não estamos negando a importância das emoções na adoração, mas apenas alertando para que elas não sejam produzidas por meio de artifícios psicológicos, usados ou não intencionalmente, mas somente pelo Espírito Santo.

UMA FILOSOFIA DE MINISTÉRIO PARA O LOUVOR

Quer você esteja começando uma equipe de louvor do nada ou esteja tentando reorganizar a equipe atual é imprescindível formular uma filosofia de ministério para o louvor antes de fazer qualquer outra coisa.

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Uma filosofia de ministério responde às questões o que/qual, quem, como, quando, por que e onde do funcionamento da equipe de louvor. A filosofia de ministério estabelece os princípios, valores e metodologias do funcionamento da equipe e seu ministério. Isso é importante porque define claramente aonde o ministério quer chegar e como ele chegará ali. Assim, cada novo membro da equipe saberá exatamente como o ministério funciona e o que a equipe se espera dele individualmente. Então, se você não tem uma filosofia de ministério escrita, nós recomendamos que você produza uma.

Para formular a sua filosofia de ministério tente responder as seguintes questões:

“Por que a equipe de louvor existe?” Ela existe para entreter as pessoas ou para levar o povo à presença de Deus? Para ocupar os jovens ou glorificar a Deus?

“Quais são as funções que a equipe deve desempenhar?” Nós já estudamos quais são as funções básicas de uma equipe de louvor: mobilizar a igreja para adorar a Deus, treinar a igreja na adoração e dirigir o ministério de louvor da igreja. Se você tem outras funções, acrescente-as.

“Quem pode ser o líder da equipe?” Descreva os requisitos que alguém deve cumprir antes de se tornar o líder da equipe.

“Quais são as funções do líder da equipe?” Escreva tudo o que compete ao líder da equipe. Pense, por exemplo, se ele deve apenas organizar o ministério ou também participar ativamente na direção do período de louvor nas reuniões.

“Quais são os requisitos para os cantores e instrumentistas?” Descreva esses requisitos principalmente em termos de qualidades espirituais, relacionamento com a equipe e com outras pessoas, compromisso com a igreja e as habilidades musicais necessárias para sua função na equipe. Pense em termos de requisitos mínimos para entrar na equipe e naqueles que precisam ser desenvolvidos enquanto participa do ministério.

“Quais sãos as funções dos cantores e instrumentistas?” Descreva quais sãos as funções específicas para os cantores dentro da equipe. Para cada instrumentista, descreva exatamente qual é a função dele na equipe.

“Como alguém se torna parte da equipe?” Descreva o processo pelo qual alguém se torna um membro da equipe de louvor. É preciso, por exemplo, passar por um treinamento e ser aprovado?

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“Quando a equipe treina? Quais são os dias em que ela dirige o louvor da igreja?” Descreva a agenda de ensaios e das reuniões da igreja em que a equipe deve dirigir o período de louvor.

“Onde serão os ensaios? Onde a equipe desempenhará o seu ministério?” Descreva o local onde a equipe ensaiará (se no prédio da igreja ou em outro local) e onde dirigirá as reuniões. Ela deverá dirigir o louvor somente na reunião principal da igreja (geralmente aos domingos) ou também as demais reuniões (oração, jovens e etc.)? A equipe será dividida para ajudar no louvor dos grupos caseiros ou não?

Responda estas questões de maneira organizada e precisa. Procure cobrir ao máximo todas as questões que dizem respeito à equipe de louvor da igreja.

A esta altura, você deve estar se perguntando “quem deve preparar esta filosofia de ministério?” O normal é que o plantador da igreja prepare esta filosofia de ministério e a entregue ao líder de adoração para que ele a transmita a toda a equipe (é vital que cada participante da equipe tenha uma cópia dessa filosofia de ministério). Porém, ele pode esperar que surjam outros líderes na igreja e, assim, formular a filosofia de ministério para o louvor com esses outros líderes. Às vezes, é o líder de louvor quem prepara essa filosofia de ministério sob a supervisão da liderança pastoral.

FORMANDO A EQUIPE

Agora que você tem uma filosofia de ministério para o louvor, o mais importante é concentrar-se na formação da equipe. Às vezes, essa formação é espontânea; outras vezes, é uma formação mais intencional.

Geralmente, quando a igreja é iniciada e liderada por alguém com habilidade para cantar e tocar, a equipe vai se formando em torno dele, na medida em que pessoas com alguma habilidade para cantar ou tocar começam a se interessar por participar desse ministério. Seguindo a sua filosofia de ministério para o louvor, o líder da igreja verá se as pessoas têm os requisitos mínimos para participar da equipe. Aqueles que forem aprovados nos requisitos mínimos receberão o treinamento necessário do líder da igreja.

Com o tempo, o líder da igreja observará quem dentre os membros da equipe demonstra o desejo e/ou chamado para liderar a equipe. Nós cremos que o líder de louvor deve ser alguém que tem uma participação ativa e útil na equipe como, por exemplo, um dos cantores ou instrumentistas. Se ele canta e toca, é preferível, embora não seja uma

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regra, que ele toque violão/guitarra ou teclado, pois isso permite uma liberdade maior e mais acessível para dirigir a equipe toda.

Quando surge um líder de louvor, o líder da igreja deve sair da equipe – mesmo que isso seja feito aos poucos – e deixá-lo na responsabilidade plena desse ministério. A partir daí, é responsabilidade do líder da equipe de louvor toda a seleção e treinamento de novos membros para a equipe.

Se você já tem uma equipe de louvor e deseja renová-la, a primeira coisa a fazer é analisar se o líder é realmente chamado para isso. Se o líder de louvor foi escolhido pelo voto da maioria e, principalmente, porque é hábil em cantar e/ou cantar, é bom conversar com ele particularmente e verificar se ele tem realmente um chamado da parte de Deus para a liderança desse ministério. A primeira coisa que sempre deve ser verificada em qualquer líder é se ele tem um chamado da parte de Deus. Caso contrário, que ele seja um membro que apóia a equipe com muito zelo, mas não o líder.

Considerando que o seu líder já tem o chamado, verifique se ele cumpre os requisitos que você escreveu em sua filosofia de ministério. Se houver alguma área na qual ele esteja faltoso, ajude-o a corrigi-la. Se ele necessita de aperfeiçoamento musical, veja uma maneira de a igreja ajudá-lo a se aperfeiçoar em sua liderança.

Tendo resolvido a questão do líder e com a ajuda dele, verifique a condição atual da equipe. Se alguém não se encaixa nos requisitos de entrada, conforme você descreveu na filosofia de ministério do louvor, explique por que é importante que ele cumpra esses requisitos. Chame os membros da equipe a um compromisso com os valores da igreja e da equipe de louvor e espere que eles tenham uma resposta positiva. Peça-lhes para falar abertamente como eles vêem esses requisitos e para que eles façam uma auto-análise usando-os como parâmetros. Se algum deles não estiver disposto a se ajustar aos princípios do ministério, „peça-lhes‟ para se afastarem da equipe até que possam assumir um compromisso com eles.

A equipe, seja uma nova equipe sendo formada ou a atual equipe sendo renovada, precisa de treinamento básico nos princípios bíblicos do louvor e adoração, bem como estudar e concordar com a filosofia do ministério de louvor da igreja. Ninguém deveria entrar ou permanecer na equipe sem esse treinamento básico.

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Lição 6 - Questões Para Revisão

1. O que torna impossível o verdadeiro da igreja segundo o plano de Deus?

2. O que temos quando dois ou mais membros do corpo se unem para cumprir uma missão específica?

3. Quais são as principais equipes de ministério que uma igreja local desenvolver o mais rapidamente possível?

4. Qual é a diferença básica entre o ministério de adoração da igreja e o ministério específico de adoração da igreja?

5. Qual é a razão para se estabelecer um ministério específico de adoração na igreja – uma equipe de louvor?

6. Quais são as funções da equipe de louvor?

7. Qual é a finalidade da filosofia de ministério para a equipe de louvor?

8. Qual é a importância de escrever uma filosofia de ministério para a equipe de louvor?

9. Quais são as coisas que deveriam estar incluídas na filosofia de ministério da equipe de louvor?

10. Qual é o passo mais importante depois que você já tem uma filosofia de ministério para a equipe de louvor?

11. Qual é o requisito principal para o líder da equipe de adoração?

12. O que deve estar incluído no treinamento básico da equipe de louvor?

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LIÇÃO SETE

MINISTÉRIOS ESPECÍFICOS

DA IGREJA (2): CRIANÇAS

Versículos-Chave “Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas” (Lucas 18.15).

INTRODUÇÃO

Jesus Cristo ensinou: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as embaraceis”. Como este mandamento tem sido negligenciado pelas igrejas Cristãs! Graças a Deus, porém, ela tem despertado e investido mais e melhor no ministério com crianças.

De fato, a principal carência deste ministério não está tanto na disponibilidade de recursos e currículos, mas de treinamento para pastores, líderes e professores de crianças. Assim, por meio dessa lição, nós o introduziremos nos princípios básicos deste ministério, de maneira que você possa iniciar e desenvolver um frutífero ministério nesta área e/ou treinar outros para tão importante serviço.

A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO COM CRIANÇAS

Os censos e as estatísticas nos dizem que na América Latina mais da metade da população tem menos de dezesseis anos. Este fato representa uma grande oportunidade e por sua vez uma grande responsabilidade para o cristão cujo dever (e privilégio) é ministrar às novas gerações.

A criança aprende com maior facilidade e rapidez que o adulto. A Igreja Católica Romana tem declarado por séculos: “Dê-nos uma criança até que complete os sete anos e a teremos por toda a vida”. Os comunistas e fascistas fizeram grandes esforços para doutrinar as crianças porque sabiam que as crianças de então seriam os homens do amanhã. De fato, o

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coração terno de uma criança é um terreno fértil para semear qualquer ensinamento, seja este verdadeiro ou falso.

Grande parte das crianças de hoje não está recebendo o ensinamento saudável que lhe é necessário em sua formação moral e espiritual para a vida que tem diante de si e para a eternidade. Pelo contrário, recebe do cinema, da televisão e da multidão de livros com histórias sem relevância, violentas e imorais, uma influência perniciosa que as conduz a degradação moral.

Uma evangelista de crianças do México certa vez contou o caso de uma criança que ilustra bem o que foi dito anteriormente. Uma criança chamada Luis não tinha pai e a mãe era obrigada a trabalhar nas casas dos outros. Luis passava o tempo vendo televisão na casa da avó. Um domingo pela tarde o garoto se lançou do segundo andar de um edifício e bateu de cabeça no chão, ferindo-se gravemente. No trajeto ao pronto socorro, Luis contou a sua avó como ele havia visto o “Batman3” voar no programa de televisão e que estava experimentando se podia fazer o mesmo. Sua queda provocou uma hemorragia cerebral e pouco depois de chegar à sala de emergência do hospital ele faleceu.

É muito triste que este garoto não tenha tido a oportunidade de participar de uma classe ou clube de crianças para ouvir do amor de Deus e da obra de Jesus Cristo! Se instruirmos as crianças que nos rodeiam com a Bíblia, os resultados poderiam ser outros.

JESUS CRISTO E AS CRIANÇAS

O Senhor Jesus Cristo deu grande importância às crianças. Quando andava entre os homens, Ele deixou preceitos e o Seu próprio exemplo concernente à tarefa de ministrar às crianças:

Ele deu graças a Deus pelo que Ele havia revelado aos „pequeninos‟ (Mateus 11.25).

Ele colocou uma criança no meio dos discípulos como exemplo de humildade (Mateus 18.1-5).

Ele mandou Seus discípulos deixarem os pequeninos virem a Ele (Lucas 18.16).

Ele mandou que Pedro apascentasse Seus cordeiros, o que inclui as crianças (João 21.15).

Ele disse que os pequeninos louvam ao Senhor (Mateus 21.16).

3 Muitas crianças talvez nem saibam quem é o ‘Batman’; contudo, estão sendo igualmente influenciadas pela enorme safra de desenhos animados japoneses repletos de satanismo.

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Ele teve compaixão das multidões e começou a ensiná-las, o que inclui também as crianças (Mateus 6.44).

PROPÓSITOS DO MINISTÉRIO COM CRIANÇAS

Quando pensamentos em começar ou re-organizar um ministério com crianças, nós temos que pensar no propósito deste ministério. Nós não devemos perder tempo e recursos fazendo as coisas por tradição e costume, porém, sem um propósito real e consciente. Portanto, se queremos (e devemos) ter um ministério com crianças, a primeira coisa que precisamos fazer é pensar no propósito do ministério.

Como um propósito geral, nós podemos dizer que todo ministério com crianças visa ajudar a criança a se tornar tudo o que Deus planejou que ela seja. Portanto, se vamos começar tal ministério, que ele tenha este propósito básico. A partir dele você poderá incluir alguns objetivos específicos para a sua igreja local.

O que queremos dizer com „ajudar a criança a se tornar tudo o que Deus planejou que ela seja‟? Quais são as implicações disso para o ministério com crianças da igreja?

Ajudar a criança a se tornar tudo o que Deus planejou implica em ministrar visando que a criança:

Adore e se relacione com Deus de uma maneira pessoal e não apenas que participe de atividades cristãs infantis (João 4.23-24; Mateus 21.16).

Aprenda a vontade de Deus através do estudo da Bíblia para praticá-la em seu viver diário (João 4.34-35; 7.17; Tiago 1.22-23).

Se torne parte ativa da comunidade dos salvos: aprendendo a relacionar-se e ter comunhão uns com os outros, evangelizar e assumir responsabilidades, desenvolver habilidades de ministério e participação no ministério (Mateus 21.9-16; Neemias 8.2-3; 10.28-29; Josué 8.35; Atos 2.17).

Receba treinamento para a vida e o ministério (2 Timóteo 3.14-17).

Cresça espiritualmente, fisicamente, socialmente e emocionalmente (Lucas 2.2).

Divirta-se de maneira saudável (Zacarias 8.5).

Se relacione bem com sua família (Malaquias 4.6; Tiago 1.27).

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COMO ORGANIZAR O MINISTÉRIO COM CRIANÇAS

A primeira coisa que precisa ser considerada é que o ministério é com as crianças e não somente para as crianças. Muitas igrejas desenvolvem um ministério com crianças onde elas somente escutam as lições, pintam e brincam. Tudo é feito para elas, mas pouco é feito com elas. Por isso nós precisamos repensar como temos ministrado nesta área e crescermos ao ponto de confiarmos que as crianças possam fazer a obra do ministério.

Assim, é necessário que aquele que trabalha com as crianças pense em si mesmo como um equipador, e não somente como um provedor. Ao invés de simplesmente e constantemente ministrar às crianças, leve-as a ministrar com você!

É claro, você vai ensinar cânticos às crianças, ensiná-las a Palavra de Deus, organizá-las nas brincadeiras e etc. Porém, não faça isso sempre sozinho. Ensine as crianças a dirigir o louvor e deixe-as dirigi-lo. Ensine as crianças a orar pelos outros e crie oportunidades para elas colocarem isso em prática. Permita até mesmo que as crianças preguem e exortem umas às outras pela Palavra de Deus. Ensine e crie oportunidades para as crianças evangelizarem e fazerem discípulos de acordo com o nível e contexto no qual elas se encontram. Isso é possível e é maravilhoso!

Agora que você já conhece o princípio essencial para a formação de um saudável e bíblico ministério com crianças, dê os seguintes passos para organizar esse ministério:

1. Formule uma filosofia do ministério. Use os mesmos princípios e questões que nós mencionamos na lição anterior, é claro, adaptando-as ao ministério com crianças.

2. Encontre um líder com chamado. Talvez alguém já tenha mostrado algum interesse em trabalhar com crianças. Procure essa pessoa e verifique se ela tem um chamado para liderar esse ministério. Se ela se sente desafiada ao ministério, mas não se sente preparada, assegure-lhe de que ela será treinada antes de começar e ajudada quando começar. As coisas mais importantes são o chamado (ainda que seja em embrião) e o caráter (ainda em formação) da pessoa; o treinamento pode ser dado a partir daí.

3. Reúna uma equipe. Você pode avisar sobre o início desse ministério na igreja e marcar uma reunião com os interessados. Na reunião, explique o(s) propósito(s) do ministério e os princípios básicos; apresente a filosofia de ministério e os requisitos para casa função. No final, gaste algum tempo em oração; depois peça àqueles que querem se comprometer com esse ministério que fiquem de pé e recebam a imposição de mãos para confirmar o chamado.

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4. Treine a equipe. Treine a equipe nos princípios e funções básicas do ministério com crianças.

5. Divida a equipe em faixas etárias. A equipe de ministério com crianças terá um líder que se encarregará da organização e desenvolvimento geral do ministério. Também deverá ter as pessoas designadas para trabalhar de acordo com as faixas etárias. Numa igreja grande, pelo menos duas pessoas devem trabalhar diretamente com cada faixa etária.

6. Forme as classes ou clubes infantis. Se você utiliza o sistema de „Escola Bíblia Dominical‟, você pode formar diversas salas de acordo com a faixa etária das crianças. Se você trabalha com clubes infantis ou algum sistema parecido, utilize o formato que você tem. Avise aos pais da igreja quando as classes/clubes começarão e mãos à obra!

7. Reúna-se frequentemente para avaliação. Para saber se o ministério está cumprindo seu propósito, avalie o mesmo constantemente. Use a sua filosofia de ministério para ver se tudo está funcionando como deveria.

Nota: Para aumentar seus conhecimentos e prática nesta área, veja nosso manual O Ministério com Crianças, do qual adaptamos parte do conteúdo desta lição.

Lição 7 - Questões Para Revisão

1. Qual é a importância do ministério com crianças?

2. O que você aprendeu com o exemplo de Jesus em relação às crianças?

3. Qual é o propósito geral do ministério com crianças?

4. Quais seriam pelo menos outros 3 propósitos específicos?

5. Quais são os 7 passos gerais para se organizar um ministério com crianças?

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LIÇÃO OITO

MINISTÉRIOS ESPECÍFICOS

DA IGREJA (3): JOVENS

Versículos-Chave “Quando convocares as tuas tropas, o teu povo se apresentará voluntariamente. Trajando vestes santas, desde o romper da alvorada os teus jovens virão como o orvalho” (Salmos 110.3).

INTRODUÇÃO

Muita gente fala dos jovens como “os líderes” ou “a igreja” do futuro. Porém, se olharmos direito, nós veremos que eles constituem a maioria nas igrejas e já ocupam muitas funções e postos de liderança. A grande maioria dos pastores e líderes de nossos dias está abaixo dos 40 anos de idade. Cerca de 90% dos líderes dos ministérios específicos nas igrejas locais são jovens. Uma parte destes é composta por adolescentes entre 16 e 18 anos. Portanto, não podemos e não devemos dizer que eles são os líderes do futuro ou a igreja do amanhã porque eles já estão assumindo esse papel hoje.

No entanto, como regra geral, as igrejas evangélicas investem pouquíssimo ou nada em treinamento especializado para os líderes de adolescentes e jovens. Nós sabemos que há alguns que, devido à proximidade ou melhores condições financeiras, podem usufruir os recursos fornecidos pelos grandes centros evangélicos, mas há centenas de igrejas com pouco ou nenhum treinamento para líderes de jovens, o que se reflete na filosofia de ministério desenvolvida pelos líderes, onde apenas eles fazem a obra sem envolver o jovem no ministério.

Nesta lição, nós procuraremos fornecer alguma ajuda para que você possa começar ou reorganizar um ministério com adolescentes e jovens em sua igreja.

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Nota: Em nosso ministério prático nós diferenciamos os jovens dos adolescentes pela idade. Em nossa realidade, os adolescentes compreendem aqueles que estão na faixa etária de 12 a 16 anos. Os jovens compreendem aqueles na faixa etária de 17 a 25 anos. No entanto, para não nos tornarmos repetitivos demais, nós usaremos o termo “jovem”, aqui neste manual, para nos referirmos aos que estão na faixa dos 12 aos 25 anos.

MINISTRAR AO JOVEM: UM GRANDE DESAFIO

Ministrar aos jovens é um grande desafio. Poucos são os adultos que realmente abraçam por completo este ministério. Pois, servir a Deus – em qualquer ministério – exige tempo, esforço, oração, recursos financeiros e materiais, além de outros recursos, tais como dons, talentos e etc. E o mesmo se dá com respeito o ministério com jovens.

Ministrar aos jovens não é um serviço para quem não está disposto a compartilhar sua vida para vê-los sendo alcançados para Jesus e crescendo em sua fé Nele.

Gastar apenas uma hora e meia por semana não é suficiente para pastorear os jovens. É preciso investir mais do que isto para realmente ministrar às suas vidas. Entretê-los numa reunião semanal não é difícil; porém, o ministério com jovens vai muito além do entretenimento. Por isso, é preciso que o líder de jovens seja alguém capaz de investir uma grande parte de sua vida neste ministério.

O LÍDER: A PEÇA FUNDAMENTAL

Não há nenhuma dúvida quanto ao papel fundamental do líder na formação do jovem cristão. Ele tem ser alguém verdadeiramente chamado e disposto a sacrificar sua vida para alcançar e edificar os jovens para Jesus. Nas igrejas maiores, que podem sustentar financeiramente um obreiro de jovens, nós recomendamos que haja um „pastor de jovens‟ especialmente designado para trabalhar de tempo integral com este ministério.

Que tipo de pessoa deve ser o líder de jovens?

A seguir, nós apresentamos uma lista que responde brevemente a esta pergunta. O líder adequado para ministrar aos jovens é aquele que:

É um capacitador.

É um facilitador.

É um equipador.

É um enriquecedor.

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É um encorajador.

É um comunicador.

É alguém que aceita as suas limitações.

Ele é um adepto do uso de atividades criativas de aprendizagem.

Ele cuida dos jovens.

É centralizado em Cristo.

É dependente de Deus.

É dedicado, abnegado, comprometido.

Mostra entusiasmo.

Enfatiza as necessidades do jovem.

É flexível.

É genuíno, honesto e transparente.

Exerce a liderança através do amor.

É guiado pelo Espírito Santo.

Possui uma atitude muito positiva para com o jovem.

Possui um bom senso de humor.

É um constante praticante da humildade.

Estuda a Bíblia, livros e outros materiais.

Aceita os riscos.

Está disponível.

É paciente.

EQUIPE DE LIDERANÇA

Além do líder, para se ter um trabalho eficiente e efetivo com jovens, é necessário formar uma boa equipe de liderança. Há muitos modelos ou padrões de equipes de liderança, de acordo com o tipo de ministério e estrutura que você desenvolve. Nós não iremos abordar aqui algum tipo específico de estrutura, mas apenas nos deter em alguns princípios para você desenvolver ou participar de uma equipe de liderança que seja bíblica e saudável.

Uma boa equipe de liderança para o ministério com jovens deve ser um grupo de jovens adultos (+ 25 anos) ou pessoas mais maduras, que possuem um chamado para trabalhar com essa faixa etária, em qualquer

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área específica, que recebeu o treinamento adequado e, por fim, que recebeu autoridade para exercer este chamado e função.

A equipe pode ser formada a partir de 3 ou mais membros, e deve crescer de acordo com as necessidades.

Uma equipe de liderança é necessária por que:

1. O modelo de trabalho em equipe é a visão de Deus para a liderança. Jesus Cristo escolheu 12 Apóstolos para trabalharem com Ele. Paulo sempre trabalhou em equipe (Colossenses 4, por exemplo, cita os diversos co-obreiros de Paulo). Os líderes das igrejas neotestamentárias sempre lideravam em pluralidade (Atos 14.23; Tito 1.5; Atos 20.17).

2. Quando há diversidade de dons e ministérios numa equipe de liderança, os jovens podem ser supridos com mais eficácia em todas as diversas áreas de suas vidas.

3. Uma equipe de liderança divide melhor as responsabilidades e ninguém fica sobrecarregado de tarefas.

4. Uma equipe de liderança pode transmitir melhor a necessidade de cuidar uns dos outros, de trabalhar juntos, de desenvolver comunidade, respeito pelas opiniões dos outros e etc., coisas importantes para serem ensinadas não somente com estudo bíblico, mas com o exemplo prático de vida.

COMO ORGANIZAR O MINISTÉRIO COM JOVENS

Siga os mesmos princípios, ainda que adaptados na aplicação, que você estudou na lição anterior.

Nota: Para aumentar seus conhecimentos e prática nesta área, veja nosso manual O Ministério Com Jovens, do qual adaptamos o conteúdo desta lição.

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Lição 8 - Questões Para Revisão

1. Por que ministrar aos jovens é um grande desafio?

2. Por que o líder é a peça fundamental?

3. Você pode citar pelo menos 10 características do líder adequado para ministrar aos jovens? Quais?

4. Por que uma equipe de liderança é necessária?

5. Quais são os passos para organizar um ministério com jovens?

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LIÇÃO NOVE

MINISTÉRIOS ESPECÍFICOS

DA IGREJA (4): GRUPOS PEQUENOS

Versículos-Chave “As igrejas da província da Ásia enviam-lhes saudações. Áquila e Priscila os saúdam afetuosamente no Senhor, e também a igreja que se reúne na casa deles” (1 Coríntios 16.19).

INTRODUÇÃO

Um importantíssimo ministério específico da igreja que tem atraído muita atenção nos últimos anos é o que trata com grupos pequenos. Nem sempre uma igreja utiliza o termo „grupo pequeno‟ para este ministério, mas nós cremos que isso não tem muita importância na aplicação prática do mesmo. Além disso, nós estamos conscientes de que há diversos tipos de „grupos pequenos‟, bem como diversos métodos de trabalho para com eles. E não queremos aqui apenas fornecer mais um ou exigir que o mesmo seja seguido à risca. Muito pelo contrário!

De fato, como você perceberá, nós estamos mais focados nos princípios bíblicos do propósito e funcionamento dos grupos pequenos do que na nomenclatura correta dos mesmos ou no método mais eficiente. Nós cremos que os métodos são como camisas – você veste aquele com a qual se identifica mais e se sente mais confortável. Os princípios, porém, são como os fundamentos de uma casa – eles devem ser firmes e inalteráveis.

Nessa lição, nós estudaremos os princípios bíblicos dos grupos pequenos e também uma metodologia baseada nesses princípios. Você deve se concentrar nos princípios e, se assim o desejar, adaptar a metodologia à sua realidade.

POR QUE MAIS UM ESTUDO SOBRE GRUPOS PEQUENOS

Hoje em dia muito se fala e se escreve sobre grupos pequenos (ou grupos caseiros, células, grupos de crescimento, etc.). Por que mais um estudo sobre o tema?

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Primeiramente, porque nós percebemos que a maioria da literatura disponível enfoca grandemente em dois pólos: a) nos benefícios pragmáticos dos grupos pequenos ou b) na estruturação de tais grupos. Há pouquíssima ênfase prática sobre os princípios e valores bíblicos e a aplicação dos mesmos aos métodos contemporâneos de grupos pequenos e células. É bom sabermos dos benefícios e desenvolvermos uma metodologia, mas essas não deveriam ser mais importantes do que os princípios bíblicos que regem este tipo de ministério específico da igreja.

Em segundo lugar, se queremos edificar uma igreja segundo Deus, nós precisamos ter algo mais do que apenas um bem elaborado método de crescimento para a igreja. Precisamos dar prioridade ao fundamento bíblico das razões para a existência de grupos caseiros em uma igreja local.

Em terceiro lugar, precisamos pensar em grupos pequenos não como peças isoladas e distintas da igreja. Tampouco devemos implementar uma metodologia apenas pensando nos resultados práticos da mesma. Nós cremos que o ministério de grupos pequenos deve refletir claramente a missão e os valores da comunidade local de crentes que deseja, acima de tudo, glorificar a Deus por realizar a Sua completa vontade sobre a terra.

Em quarto lugar, aqueles que já desenvolvem grupos pequenos ou células, precisam fundamentar seus grupos sobre as bases teológicas que encontramos nas Escrituras para a sua existência e a partir daí estabelecer como os grupos podem funcionar de maneira que expresse a vontade de Deus, bem como sua missão e valores.

POR QUE GRUPOS PEQUENOS?

Antes de tudo, nós precisamos estar cientes de que um grupo caseiro não é um fim em si mesmo. Eles não existem para si mesmos, mas sim para a igreja. A igreja é a „grande coisa‟ de Deus, como nós veremos no próximo tópico. Assim, nós precisamos sempre definir a necessidade da existência deste ministério com base nos propósitos gerais de Deus para a igreja.

Os grupos pequenos, como a própria igreja e todos os seus ministérios específicos, existem para glorificar a Deus por evangelizar os perdidos e edificar os salvos. E isso se baseia na Bíblia, como você pode ver abaixo:

Os grupos pequenos existem para glorificar a Deus - Isaías 43.7; Efésios 2.10; 1 Coríntios 10.31; Romanos 11.36.

Os grupos pequenos existem para evangelizar os perdidos - Atos 5.42; Atos 10.

Os grupos pequenos existem para edificar os crentes - Mateus 28.18-20

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Creio que todos nós sabemos as implicações práticas deste tríplice propósito da igreja e do grupo pequeno, porém, nós queremos enfatizar aqui o aspecto da edificação dos crentes. O que significa edificar os crentes?

A edificação dos crentes é o crescimento espiritual dos mesmos. Ser edificado é ser ajudado a crescer espiritualmente, ou seja, a tornar-se cada vez mais parecido com Jesus em caráter e ministério.

Portanto, para que haja verdadeiro crescimento espiritual por meio dos grupos pequenos, é preciso entender que isso implica em crescimento em quatro áreas básicas:

Crescimento na prática das disciplinas espirituais básicas de ensino, comunhão, adoração, oração e serviço.

Crescimento na santificação progressiva (Romanos 8.29).

Crescimento no cuidado mútuo.

Crescimento na experiência prática do ministério do Espírito Santo em e através de cada membro da igreja que se congrega em um grupo pequeno.

Se um grupo pequeno não atinge esses objetivos acima e suas implicações práticas, então ele não tem razão de existir. Porém, se queremos edificar uma igreja bíblica saudável, nós precisamos dos grupos pequenos, pois sem eles nós não podemos, especialmente, edificar a igreja da maneira de Deus. Sem os grupos pequenos nós não podemos edificar a igreja a segundo a visão de Deus da „edificação‟.

A IGREJA É A GRANDE COISA

Algumas pessoas relutam em edificar a igreja por meio de grupos pequenos porque elas temem que a igreja seja dividida. Esse é um risco verdadeiro, mas a solução não é abolir o ministério de grupos pequenos. Pelo contrário, devemos usá-los para fomentar a unidade da igreja e a realização da mesma missão.

Nós precisamos entender, e especialmente os líderes de grupos pequenos, que tais grupos não existem para si mesmos. Um grupo pequeno não é um fim em si mesmo; ele existe para a edificação da igreja toda. A igreja local é que é a „grande coisa‟ aos olhos de Deus. Assim, cada cristão deve ter uma clara visão de compromisso para com uma igreja local e com toda ela e não somente com seu grupo.

Quando nós edificamos grupos pequenos como um fim em si mesmos, nós estamos criando „pequenos reinos‟ subversivos dentro da igreja local e esse, é claro, não é o propósito de Deus para tais grupos.

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De acordo com a Bíblia, um grupo pequeno expressa e deve funcionar como uma igreja, mas não é a igreja local. Nós precisamos ter um claro entendimento sobre isso.

A igreja de Jerusalém se reunia e ensinava no pátio do templo judaico e de cada em casa (Atos 2.46; 5.42; 8.3; 12.12). Quando a igreja se distribuía pelos lares, ainda assim era a igreja em Jerusalém que estava reunida. Nenhum grupo isolado era a igreja naquela cidade.

Nos primeiros 300 anos da Igreja, cada comunidade cristã se reunia em „igrejas caseiras‟ (Romanos 16.5, 14-15; 1 Coríntios 16.19). Ser uma igreja na casa significava que ali naquele grupo pequeno de discípulos todas as funções e atividades da igreja podiam e eram realizadas. Mas a igreja da cidade era a igreja de Deus ali e também se reunia – toda ela – num só lugar (1 Coríntios 1.1-2; 14.24). De fato, Paulo ensinou que nós somos edificados juntos – não as pessoas, mas sim os grupos – para ser a habitação de Deus no Espírito (Efésios 2.22).

Portanto, nós precisamos entender que a igreja toda é o foco principal de Deus e não somente um grupo pequeno da igreja. Ainda que todas as funções da igreja sejam realizadas num grupo pequeno reunida numa casa, ainda assim ali está apenas uma parte da igreja e não a igreja toda. Se um líder de grupo pequeno não tem essa visão e esse compromisso com a igreja toda, então, ele não deveria lidar um grupo pequeno.

EDIFIQUE GRUPOS NO CONTEXTO DA MISSÃO

Se a igreja toda é a coisa principal, então, você deve edificar os grupos pequenos de acordo com a missão da igreja local. Não comece, portanto, com o método, mas sim com a missão da igreja. Se os grupos não forem edificados para cumprir a missão da igreja eles se tornarão „pequenos reinos‟ independentes que poderão dividir a igreja.

Consideremos, por exemplo, uma igreja hipotética que existe para cumprir a missão específica de:

Manifestar plenamente a soberana e superabundante graça de Deus.

Proclamar a realidade atual do Reino de Deus através de palavras e obras.

Construir relacionamentos verdadeiros.

Equipar o corpo de Cristo para a obra do ministério.

Plantar igrejas segundo o modelo do Novo Testamento.

Se essa é a missão daquela igreja local, então, cada grupo pequeno deve ser edificado para cumprir essa missão específica. Assim, quando você

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pensar em termos de formar e fazer funcionar um grupo pequeno na sua igreja, você deve analisar se ele cumpre os objetivos da missão de sua igreja local.

Seguindo o exemplo acima, para edificar grupos pequenos, a liderança da igreja deveria perguntar-se:

Como nós podemos manifestar plenamente a soberana e superabundante graça de Deus no e por meio do grupo pequeno?

Como nós proclamamos a realidade do Reino de Deus no e por meio do grupo pequeno?

Como nós podemos construir relacionamentos verdadeiros no e por meio do grupo pequeno?

Como nós equipamos o corpo de Cristo para a obra do ministério no e por meio do grupo pequeno?

Como plantar igrejas segundo o modelo do Novo Testamento no e por meio do grupo pequeno?

As respostas a essas perguntas fazem toda a diferença entre simplesmente pegar um modelo importado ou seguir a direção específica de Deus para a igreja local. Pois ao responder a tais questões, você estará fundamentando seus grupos pequenos na visão específica que Deus deu para a sua igreja.

EDIFIQUE SOBRE PRINCÍPIOS E VALORES BÍBLICOS

Os princípios e valores bíblicos são eternos, mas os métodos são temporais. Você deve edificar qualquer ministério e atividade da igreja sobre os princípios da Palavra de Deus e não sobre os métodos. Usar uma metodologia é necessário, mas não é a parte mais importante; ela deve derivar-se dos princípios e valores bíblicos.

Muitas igrejas tentam implementar um método qualquer e descobrem que as coisas não funcionaram como foi prometido na propaganda que fizeram a respeito do método. O problema é que nenhum método funciona adequadamente se não estiver fundamentado sobre os princípios e valores que a igreja defende.

Por exemplo, você não pode implantar com sucesso um método de células que exige a livre participação de cada membro na reunião se a igreja não crê vigorosamente no sacerdócio de todos os crentes e, consequentemente, na direção do Espírito nas reuniões do grupo.

O sacerdócio de todos os crentes é o princípio bíblico que provê a liberdade para cada crente servir ao Senhor de acordo com os seus dons e ministério (1 Pedro 2.5, 9; 4.10-11; 1 Coríntios 12.7, 11; Romanos 12.3-8).

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O princípio bíblico da direção do Espírito Santo provê a liberdade para que o Espírito atue através de quem Ele quiser e como quiser, não somente através de dons especiais, mas também levando os crentes a escolher cânticos, orar, exortar, ensinar e etc. Tudo isso acontecendo espontaneamente, sem que o líder do grupo determine quem fará isso ou aquilo.

Quais são os valores principais de sua igreja? Certamente ela defende todos os valores bíblicos, mas se você tivesse que enfatizar, por exemplo, apenas sete, quais seriam esses valores?

Depois de estabelecer esses valores, pense em como o grupo pequeno deve funcionar baseado nos mesmos. Por exemplo, numa certa igreja, os valores principais são:

Ser e servir como Jesus.

Adoração como estilo de vida.

Ser e fazer discípulos.

Conhecer, viver e ensinar a Palavra de Deus.

Relacionamentos verdadeiros.

Desfrutar e liberar a graça.

Todos são sacerdotes.

Se estes são os valores de sua igreja, por exemplo, procure desenvolver um método de funcionamento para os grupos que facilitem a prática deles. Algumas perguntas podem ajudar a elaborar um método baseado em valores:

Como o grupo ajudará os seus membros a serem e servirem como Jesus?

Quais são as atividades que ajudarão as pessoas a adorar como um estilo de vida?

Como o grupo fará discípulos?

Que tipo de ensino ajudará as pessoas a conhecer, viver e ensinar a Palavra de Deus?

Como o grupo desenvolverá relacionamentos verdadeiros?

Como as pessoas desfrutarão e liberarão a graça de Deus para outros?

Como as pessoas ministrarão como sacerdotes?

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FORMATO E DURAÇÃO DA REUNIÃO

Qual deve ser o formato da reunião do grupo pequeno? A resposta é simples: aquele que melhor facilita o cumprimento da missão e a prática dos princípios e valores da igreja local.

Com base na missão de nossa igreja hipotética e nos princípios e valores bíblicos acima, o formato e a duração propostos para a reunião do grupo pequeno seria:

Boas-vindas e apresentações (se necessárias) – 5 minutos.

Louvor e Adoração – 15 min.

Oração coletiva (por necessidades gerais) – 10 min.

Estudo Bíblico (interativo) – 30 min.

Compartilhar (testemunhos, problemas, etc.) – 15 min.

Ministério – (orar com imposição de mãos, profecia, etc.) – 15 min.

O formato acima não é uma liturgia, portanto, não está obrigada a ser obedecida rigidamente. Esse formato é apenas um modelo e deve funcionar como um guia para o líder do grupo pequeno. Mas a ordem da reunião será flexível, pois o Espírito terá liberdade para se mover em qualquer direção e através de quem quiser. A duração de cada parte da reunião também deverá ser flexível.

PRINCÍPIOS E VALORES DO EVANGELISMO

A missão básica de toda igreja local é glorificar a Deus por evangelizar os e perdidos e edificar os salvos. Isso implica em evangelismo e discipulado. Os grupos pequenos existem, portanto, para evangelizar os perdidos e discipular os salvos.

Assim como devemos fundamentar o funcionamento e o formato do grupo pequeno sobre a missão, princípios e valores da igreja, assim também devemos fazer com a evangelização por meio de grupos pequenos.

Quais são os princípios e valores que regeriam nossa igreja hipotética na área de evangelização por meio do grupo pequeno? A evangelização seria:

Um estilo de vida e não somente uma programação. Cada um estaria envolvido na evangelização. Cada um testemunharia de Cristo no decorrer da semana e não somente na reunião ou num evento programado pelo grupo.

Intencional. Os crentes assumiriam o compromisso pessoal e coletivo de ganhar almas para o Senhor de maneira intencional.

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Cada um teria pelo menos um dia específico da semana para fazer visitas evangelísticas.

Orientado para as necessidades. Jesus anunciou o Seu reino como a solução final para as necessidades reais de cada ser humano. A evangelização deve usar como „porta de entrada‟ ou „gancho‟ as necessidades das pessoas e apresentar-lhes Cristo como a solução de Deus para cada necessidade real de cada ser humano.

Evangelismo de poder. O evangelho seria pregado no poder do Espírito Santo e sinais deste poder seguirão aos crentes.

Cada um seria treinado teórica e praticamente sobre como testemunhar por Jesus. Ninguém poderia dizer que „não sabe‟ evangelizar.

Diversos métodos evangelísticos seriam usados. Nenhuma metodologia é sagrada, portanto, o grupo usaria aquilo que funcionasse no momento.

Não somente uma transmissão de informações, mas um compartilhar a própria vida (1 Tessalonicenses 2.8).

Completo. Ele não terminaria com a „decisão‟ de uma pessoa para seguir a Jesus, mas continuaria com o acompanhamento e o discipulado pessoal.

PRINCÍPIOS E VALORES DO DISCIPULADO

Além da evangelização, o discipulado por meio dos grupos pequenos também seria implementado de acordo com os princípios e valores da igreja. O discipulado em nossa igreja hipotética seria:

Relacional. O discipulado não seria resumido a um curso teórico sobre doutrinas bíblicas, mas trabalhado pelo exemplo prático de um discipulador ao seu discípulo. Estar junto e compartilhar a vida é essencial para fazer discípulos.

Fundamentado nos mandamentos de Jesus. O discipulado bíblico inclui o aprendizado da Palavra de Deus. O fundamento desse aprendizado seria estudar e praticar os mandamentos básicos de Jesus: arrepender-se e crer, ser batizado, partir o pão, orar sempre, amar a Deus e aos outros, dar generosamente e fazer discípulos.

Prático. O discipulado incluiria não somente a parte teórica, mas a prática no campo da vida. Cada novo conhecimento adquirido seria testado pelo discípulo sob a supervisão de seu discipulador.

Transferível. O discipulado não seria aplicado num nível onde somente as pessoas com mais educação ou percepção seriam

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capazes de reproduzi-lo em outros. Ao contrário, seria tão simples que seria facilmente transmitido por qualquer um.

PRINCÍPIOS E VALORES DO ESTUDO DA PALAVRA

A Palavra de Deus tem um papel muito importante nas reuniões do grupo pequeno. E, como nos outros elementos já mencionados, o estudo da Palavra de Deus deve ser edificado em princípios e valores.

Quais são os princípios que deveriam guiar essa prática da nossa igreja hipotética?

Primeiramente, deve-se prestar atenção ao fato de que o estudo bíblico não pode e não deve ser uma exibição de conhecimentos bíblicos, mas sim um compartilhar da Palavra. O objetivo é ser transformado pela Palavra e não meramente conhecê-la.

O estudo bíblico do grupo pequeno deve ser indutivo e, conseqüentemente, interativo. O estudo não é preparado e nem ministrado como „sermão‟, mas sim como um compartilhar de perguntas e respostas. O líder que facilita o estudo (não o que „prega‟) deve usar perguntas em todas as três etapas do estudo – observação, interpretação e aplicação. E as pessoas devem se sentir livres e encorajadas a participar.

Os líderes devem escolher um texto bíblico antes da reunião (seis dias antes seria a melhor ocasião para isso!) e estudá-lo detidamente através dos passos de observação, interpretação e aplicação pessoal. Ao preparar o estudo bíblico para o grupo, deve-se pensar em maneiras de aplicá-lo aos que já são discípulos e aos que ainda não são cristãos.

O esquema da apresentação do estudo bíblico deve seguir o mesmo da preparação: observação, interpretação e aplicação. A aplicação do texto bíblico ao grupo também não pode ser unilateral – do líder para o grupo. Talvez seja útil pedir que cada um aplique a Palavra e fale sobre isso rapidamente no período de compartilhamento da reunião.

RELACIONAMENTO ENTRE IRMÃOS

A missão de nossa igreja hipotética é construir relacionamentos verdadeiros. Isso também faz parte dos princípios e valores que a igreja defende e que, portanto, devem nortear o ministério de grupos pequenos.

No entanto, creio que deve ficar claro que esses princípios não são exclusivos de uma igreja qualquer, mas são princípios e valores bíblicos que toda igreja local deve praticar. Ainda que estejamos usando uma „igreja hipotética‟ a realidade é que os princípios e valores bíblicos não são opcionais para nenhuma igreja.

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Portanto, qualquer igreja bíblica deveria ser edificada por construir relacionamentos verdadeiros entre os irmãos. A Bíblia, de fato, está repleta de princípios sobre o relacionamento entre irmãos que nós devemos conhecer e praticas.

A Bíblia nos revela a igreja como uma família (Efésios 5.19). Sendo uma família, os seus membros devem se relacionar com uma atitude de respeito e amor.

Como toda família, a igreja passará por problemas e o grupo pequeno é o melhor lugar para tratar com os problemas dos irmãos. Resolver problemas entre irmãos é uma parte importante do trabalho dos líderes do grupo caseiro. No entanto, todos no grupo deverão estar cientes do que a Bíblia ensina sobre o relacionamento entre irmãos.

Nas Escrituras, nós encontramos algumas exortações apostólicas sobre coisas que devem orientar o relacionamento entre os irmãos na igreja. Estas são diversas responsabilidades que temos uns para com os outros. Vejamos algumas de nossas responsabilidades de uns para com os outros. Nós devemos:

Estar em paz uns com os outros (Marcos 9.50).

Amar uns aos outros (João 13.34).

Dedicar-nos uns aos outros (Romanos 12.10).

Honrar uns aos outros (Romanos 12.10).

Regozijar-nos uns com os outros (Romanos 12.15).

Chorar uns com outros (Romanos 12.15).

Viver em harmonia uns com os outros (Romanos 12.16).

Aceitar uns aos outros (Romanos 15.7).

Aconselhar uns aos outros (Romanos 15.14).

Saudar uns aos outros (Romanos 16.16).

Concordar uns com os outros (1 Coríntios 1.10).

Esperar uns pelos outros (1 Coríntios 11.33).

Cuidar uns dos outros (1 Coríntios 12.25).

Servir uns aos outros (Gálatas 5.13).

Levar as cargas uns dos outros (Gálatas 6.2).

Ser bondosos e compassivos uns para com os outros (Efésios 4.32).

Perdoar uns aos outros (Efésios 4.32).

Sujeitar-nos uns aos outros (Efésios 5.21).

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Suportar-nos uns aos outros (Colossenses 3.13).

Ensinar-nos e aconselhar-nos uns aos outros (Colossenses 3.16).

Exortar-nos uns aos outros (1 Tessalonicenses 5.11).

Edificar-nos uns aos outros (1 Tessalonicenses 5.11).

Considerar uns aos outros (Hebreus 10.24).

Ser mutuamente hospitaleiros (1 Pedro 4.9).

Servir uns aos outros com os dons (1 Pedro 4.10).

Ser humildes uns para com os outros (1 Pedro 5.5).

Confessar os pecados uns aos outros (Tiago 5.16).

Orar uns pelos outros (Tiago 5.16).

Ter comunhão uns com os outros (1 João 1.7).

Apesar de a Bíblia deixar claro que essas coisas acima devem acontecer normalmente na vida da igreja, nós sabemos que existem diversas coisas que podem impedir este tipo de crescimento e o conseqüente relacionamento saudável entre os irmãos. J. I. Packer identifica quatro obstáculos que impedem a dinâmica da vida em comunidade:

1. Auto-suficiência. Esse é um tipo de pecado que diz para Deus e para os outros (quer em palavras ou atitudes, ou ambos) que você não precisa de ajuda, que você é adequado em si mesmo. Falta de oração (relacionamento com Deus) e falta de comunhão (relacionamento com os irmãos) são sintomas da auto-suficiência. O que deve ser notado, porém, é que a auto-suficiência não resiste aos problemas. Quando tudo vai bem, nós podemos demonstrar que não precisamos de ninguém, mas quando os problemas surgem, nós começamos a orar a Deus e/ou pedir (ou cobrar) a ajuda das pessoas. Nós precisamos entender que realmente precisamos uns dos outros, não apenas nas necessidades, mas em cada área de nossas vidas.

2. Formalidade. Formalidade pode ser vista na maneira como nos vestimos ou falamos e nos „códigos familiares secretos‟, tais como „você não pode falar de sua vida particular para os outros‟. Esse tipo de coisa impede a comunhão, pois só há comunhão quando andamos na luz e não há coisas escondidas sobre nós (1 João 1.7).

3. Ressentimento. Não é difícil alguém ficar ressentido num grupo pequeno. No entanto, as razões para isso são desnecessárias. Algumas pessoas ficam ressentidas por que suas expectativas não são supridas. Elas querem uma maior atenção do que aquela que o líder pode dar e acham que ele tem obrigação de dar-lhes o que querem. Outras pessoas

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ficam com o orgulho ressentido quando são confrontadas pela Palavra de Deus a respeito de seus pecados. Inveja também causa problemas nesta área – „Por que ele é líder do grupo e não eu?‟ Fofocas e difamação também geram problemas. Você espalha ou faz uma fofoca quando você privilegia alguém com informações negativas sobre outra pessoa quando esse alguém a quem você conta não é nem parte do problema e nem da solução. Difamação é quando você espalha informações falsas sobre alguém com a intenção de atingi-la. Não é preciso enfatizar demais que todas essas coisas geram ressentimentos e prejudicam o relacionamento entres irmãos.

4. Elitismo. Essa é uma atitude muito perniciosa e que atinge não somente os líderes, mas outros também. É a atitude de achar que você é espiritual ou maduro demais para receber conselho, correção ou instrução de outra pessoa, especialmente quando esta pessoa é mais nova ou menos conhecedora da Palavra do que você. O elitismo cria uma pseudo-comunhão, de uma via só, ou seja, um relacionamento onde você apenas dá, mas não está disposto a receber dos outros.

John Loftness diz em Comunhão Redescoberta, que “Um bom grupo pequeno é como uma boa família. Boas famílias são formadas por pessoas que assumem a responsabilidade umas pelas outras. Boas famílias são formadas por pessoas que são honestas umas com as outras. Elas cuidam umas das outras. Elas tratam com seus problemas. Elas amam umas as outras – ninguém está sozinho. Boas famílias amam e respeitam o chefe da casa – em nosso caso, aquele que nós chamamos de Pai e Senhor”.

OS LÍDERES DO GRUPO PEQUENO

Os líderes do grupo pequeno são peças fundamentais para o mesmo. Todo grupo deve ter um ou dois líder. Dois é sempre melhor, pois um princípio claro nas Escrituras é o da liderança plural.

As igrejas evangélicas utilizam diferentes formas de governo e liderança e dão diferentes títulos para as mesmas funções. Nossa igreja hipotética, que está iniciando um ministério com grupos pequenos, crê que o governo da igreja é formado pelo presbitério (o colégio de pastores da igreja) com o auxílio dos diáconos. Portanto, os líderes de um grupo pequeno seriam chamados de diáconos ou, de maneira geral, de lideres de grupos pequenos.

Os líderes de grupos pequenos seriam escolhidos pela igreja (Atos 6.1-6) ou recomendados pelos obreiros apostólicos ou presbíteros (Romanos 16.1-3, 6, 9, 12; 2 Coríntios 8.22-23). E eles teriam a incumbência de estender (não substituir) a obra pastoral na igreja, pois eles estão ali para facilitar o crescimento espiritual e numérico da igreja.

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A importância do líder do grupo pequeno nunca deve ser subestimada pela igreja ou sua liderança principal. Um líder ruim, por exemplo, por arruinar um grupo pequeno. Mark Mullery descreve em O Que Faz Um Grande Líder quatro coisas que arruínam um grupo pequeno e isso serve como advertência para cada líder de grupo. Se você, então, como líder de grupo pequeno, quer arruiná-lo, siga esses passos:

Faça tudo por si mesmo. Não divida as tarefas com o outro líder e nem deixe os membros do grupo participar ativamente.

Se esforce para que o grupo se torne uma mini-igreja local centrada em si mesma. Mark escreve, “Grupos pequenos pode ser um grande escape para o ambicioso, porém, frustrado líder. Ao invés de ver a si mesmo como parte de uma equipe – trabalhando em aliança com outros líderes de pequenos grupos para glorificar a Deus por cumprir a visão que Deus deu aos seus pastores – se imagina como o único que realmente compreende a vontade e a direção de Deus para seu grupo. Faça todo o esforço para edificar os membros do grupo dentro de uma lealdade singular a você e ao seu estilo pessoal de liderança. Mantenha a si mesmo (seu charme e sabedoria especial) no centro de tudo o que acontece. Tente fazer seu grupo auto-suficiente de modo que as pessoas não sintam necessidade de participar do restante das atividades da igreja” e isso arruinará o grupo pequeno.

Tenha todas as respostas. Os líderes arruínam facilmente um grupo pequeno quando durante o estudo bíblico eles mostram seu extenso conhecimento da Bíblia, teologia, história e (das últimas notícias também!). Responda sinceramente: quando uma pergunta é feita, as pessoas esperam que você seja o único que poderá responder? E quando elas agem assim, o que você faz? Devolve a questão para o grupo primeiramente ou tenta mostrar todo o seu arsenal de conhecimentos? Faça isso e você matará o crescimento espiritual do grupo!

Não encoraje demais as pessoas. Encorajamento é uma parte muito importante do grupo. Encorajar aos outros para participarem ativamente da reunião facilmente tirará o líder do centro da reunião, então, se você quer arruinar o grupo, você não pode permitir que isso aconteça. Desanime as pessoas focando em si mesmo como o grande conhecedor das coisas e que sem a sua presença as coisas não funcionam. Estabeleça também regras, regulamentos e expectativas que os demais não possam cumprir.

Ainda que o autor escreva em tom de ironia, a realidade é muitos líderes de grupos pequenos agem exatamente como o autor „recomenda‟. E o resultado óbvio é a transformação do grupo pequeno no „reinozinho‟

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de seu líder. Isso, claro, causará grandes problemas para a liderança pastoral da igreja e à própria igreja.

QUALIFICAÇÕES PARA LÍDERES DA IGREJA CASEIRA

Visto que o papel do líder do grupo pequeno é tão importante, você deve prestar atenção redobrada aos requisitos que eles devem cumprir para se tornarem líderes de grupos.

Lembre-se, primeiramente, que os líderes do grupo pequeno não são pastores, mas sim diáconos. Não se exigem deles os mesmos requisitos que são exigidos para um pastor. Os requisitos bíblicos para diáconos são registrados em 1 Timóteo 3.8-13:

“Os diáconos igualmente devem ser dignos, homens de palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros desonestos. Devem apegar-se ao mistério da fé com a consciência limpa. Devem ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos. As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis em tudo. O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa. Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus”.

Em adição a estes, nós cremos que os requisitos de Atos 6.3 são plenamente válidos para os dias atuais, assim como os requisitos de Êxodo 18.21.

“Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa” (Atos 6.3).

“Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez” (Êxodo 18.21).

De acordo com os valores específicos da igreja para a liderança, outros requisitos podem ser:

Ter um chamado de Deus para este ministério específico.

Compromisso com Deus, com a igreja e sua liderança.

Aprovado por Deus e pelas pessoas.

Submisso à liderança e aos irmãos.

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Amar as pessoas.

Se casado, deverá ter um casamento recomendável. Se pai de filhos, ele deverá ter seus filhos bem disciplinados.

Deverá ser treinado, talvez usando alguns dos cursos deste programa de treinamento, conforme a liderança pastoral da igreja considere necessário.

Um modelo de prática das disciplinas espirituais básicas.

Ser capaz de liderar.

Comprometido em ofertar regularmente.

Trabalhar em equipe, considerando os outros superiores a si mesmo.

COMO PARTICIPAR ATIVAMENTE DE UM GRUPO PEQUENO

Um outro princípio importante de nossa igreja hipotética e, sem sombra de dúvida, de toda igreja bíblica, é a participação aberta à cada membro nas reuniões do grupo pequeno.

Uma das implicações disso é que cada um é responsável pelo desenvolvimento do grupo e não somente o líder. As reuniões são dirigidas pelo líder do grupo sob a direção do Espírito, mas cada um pode ter uma participação ativa nas reuniões.

Para que um membro da igreja participe ativamente de um grupo é necessário que ele tenha uma sólida vida devocional, ou seja, ele deverá ter um tempo diário de comunhão com Deus pela oração e meditação na Palavra. Ele pode deixar para ter „uma vida espiritual‟ apenas nas reuniões. Na verdade, o conteúdo da reunião do grupo é grandemente afetado por aquilo que os seus membros fazem durante a semana.

Outra coisa que contribui bastante para a participação ativa nas reuniões do grupo é a „fome‟ por Deus e pelas coisas de Deus. Se os membros do grupo não estiverem altamente motivados a encontrar-se com Deus, adorá-lo, estudar a Palavra, orar uns pelos e etc., não podemos esperar que a reunião seja muito produtiva. Nós precisamos lembrar que, ainda que o Espírito Santo possa usar quem e como Ele quer, as pessoas devem ir à reunião levando alguma coisa (1 Coríntios 14.26). O Espírito usa o que temos e não o que não temos.

Além dessas coisas, é preciso que cada um compreenda seu lugar no grupo. Todos devem assumir as responsabilidades gerais (para todos os participantes do grupo) e cada um pode assumir alguma responsabilidade específica.

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As responsabilidades gerais podem ser:

Participar de todas as atividades do grupo.

Chegar pelo menos 15 minutos antes da reunião e de outras atividades.

Participar em projetos de serviço, eventos sociais e evangelismo nas ruas.

Preparar-se para o estudo da Bíblia nas reuniões.

Construir significativos relacionamentos com outros membros fora das reuniões.

Abrir a vida aos outros por ser honesto e transparente e ensinável.

Apoiar a liderança dos líderes do grupo.

As responsabilidades específicas poderiam ser:

Hospedar semanalmente a reunião, arrumando o local da reunião antecipadamente.

Preparar lanches.

Cuidar das crianças.

Tocar e/ou ensinar novos cânticos.

Dirigir partes específicas da reunião como o período de oração ou do louvor.

Organizar eventos externos.

Outras coisas que contribuem bastante para uma participação frutífera no ministério de grupos pequenos são:

Ter expectativas realísticas acerca do líder e dos demais irmãos.

Não ficar restrito às reuniões, mas visitar os irmãos durante a semana.

Abrir seu lar encontros informações com os irmãos do grupo.

Falar nas reuniões.

Ser construtivo.

Trazer sugestões.

Orar pelas reuniões.

Exercitar seus dons.

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Se oferecer para servir.

Buscar o cumprimento da visão da igreja antes da sua visão pessoal.

CONCLUSÃO

O ministério de grupos pequenos é fundamental para que todas as pessoas da igreja sejam devidamente pastoreadas e supridas em suas necessidades espirituais, emocionais e sociais. Sem um ministério de grupos pequenos dificilmente a igreja conseguirá cumprir o seu propósito básico de glorificar a Deus por evangelizar os perdidos e edificar os salvos segundo o pensamento de Deus.

Lição 9 - Questões Para Revisão

1. Por que mais um estudo sobre grupos pequenos?

2. Por que os grupos pequenos deveriam existir numa igreja local?

3. Quais são as quatro áreas básicas de crescimento espiritual?

4. Por que é importante enfatizar que a „igreja é a grande coisa‟ quando ela tem um ministério com grupos pequenos?

5. Por que é importante edificar grupos pequenos com base na missão da igreja local?

6. Qual é a diferença entre edificar grupos pequenos com base em princípios/valores bíblicos e somente a partir de uma metodologia?

7. Ao criar o formato de um grupo pequeno, como você dividiria o tempo de uma reunião? Por que você o dividiria dessa maneira?

8. Quais princípios/valores da evangelização por meio de grupos pequenos você poderia citar de memória?

9. Quais princípios/valores do discipulado por meio de grupos pequenos você poderia citar de memória?

10. Baseado nos princípios/valores bíblicos que você descobriu nesta lição, como você resumiria o papel e a maneira adequada de realizar o estudo bíblico num grupo pequeno?

11. Você poderia citar de memória pelo menos 10 coisas que a Bíblia nos manda fazer uns para com os outros? Quais?

12. Quais são os quatro obstáculos que impedem a dinâmica da vida em comunidade, segundo J.I. Packer?

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13. Como um líder arruína o grupo pequeno?

14. Onde na Bíblia encontramos os requisitos bíblicos para líderes de grupos pequenos?

15. Por que é importante haver uma participação aberta no grupo pequeno?

16. Quais são três as responsabilidades gerais mais importantes que você assumiria para melhorar a sua participação num grupo pequeno?

17. Qual seria a responsabilidade específica mais importante que você assumiria para melhorar a sua participação num grupo pequeno?

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LIÇÃO DEZ

MINISTÉRIOS ESPECÍFICOS

DA IGREJA (5): LIDERANÇA PASTORAL

Versículos-Chave “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28).

INTRODUÇÃO

Nós estamos considerando diversos ministérios específicos que são essenciais para o desenvolvimento saudável da igreja. Uma igreja local poderá ter tantos ministérios quanto houver necessidade e dons disponíveis. Porém, os ministérios essenciais, que deverão ser desenvolvidos, se possível, no primeiro ano de existência da igreja são: adoração, crianças, jovens, grupos pequenos e liderança pastoral.

Muitas igrejas começam com o ministério de grupos pequenos e nós cremos que essa é a maneira mais eficiente de se plantar novas igrejas. Os demais ministérios dependem, basicamente, do surgimento de pessoas chamadas para formá-los e/ou liderá-los. Porém, o obreiro que planta a igreja deve intencionalmente procurar iniciar estes ministérios no primeiro ano da igreja ou, no mais tardar, no segundo ano. E, a partir daí, desenvolvê-los o máximo possível.

Muito embora todos os ministérios já citados – e outros que não foram – sejam essenciais para o desenvolvimento saudável da igreja, nós cremos que todos eles dependem e muito da liderança pastoral da igreja. Se a igreja não tiver uma forte e saudável liderança pastoral, dificilmente esses demais ministérios se desenvolverão como devem.

Por isso, nós dedicaremos essa lição ao estudo do ministério de liderança pastoral. Nós estudaremos a definição de liderança pastoral, o papel do líder, pré-requisitos para o treinamento de líderes pastorais e outros pontos importantes para uma melhor compreensão desse ministério.

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DEFININDO O MINISTÉRIO DE LIDERANÇA PASTORAL

É nossa firme convicção que Deus escolhe, chama, aponta, unge e equipa aqueles a quem Ele quer para liderar Sua Igreja (Marcos 3.13-15). Ele delega níveis de autoridade a quem Ele quer e da maneira como Ele quer.

De acordo com Filipenses 1.1, uma igreja local é composta de santos, incluindo os bispos e diáconos. Os santos são os crentes, os membros do corpo de Cristo. A igreja inclui também os bispos e os diáconos, que são os únicos ofícios mencionados no Novo Testamento. Líderes e liderados formam uma igreja local. Os líderes, portanto, não formam uma classe distinta da igreja. Eles são apenas membros da igreja com funções específicas de liderança.

Efésios 4.11 fala de algumas pessoas que foram dotadas por Deus como pastores e mestres. Isso não se refere a um ofício ou posição de liderança na igreja local, mas sim à capacitação de servir ao Corpo de Cristo (não somente uma igreja local) de acordo com seu dom. A propósito, pastor e mestre não são dois dons distintos, porém, o mesmo dom.

É importante, então, diferenciarmos o dom de pastor do ministério de liderança pastoral. O dom de pastor é uma capacitação que qualquer pessoa pode receber, independente de ter ou não alguma autoridade de governo na igreja. Você pode ser uma pessoa com o dom de pastor e não liderar nada na sua igreja local. O dom de pastor permite que você ensine de maneira que o rebanho possa aprender a se alimentar sozinho da Palavra de Deus. Você produz um cuidado mútuo na igreja por meio do seu exemplo. Você busca que os membros da igreja sejam tanto ensinados quanto treinados para ensinar aos outros também (2 Timóteo 2.2). Você é capaz de discernir doutrinas errôneas e tratar com elas de modo que as pessoas não sejam desviadas. E você faz tudo isso sem ter nenhuma autoridade de governo na igreja.

Já aquele que tem o ministério de liderança pastoral pode ter qualquer um dos dons de Efésios 4.11 ou qualquer outro dom, pois o que conta para ser um líder pastoral da igreja não é algum dom da graça de Efésios 4.11, mas sim o caráter aprovado e as qualificações de Atos 20.28, 1 Timóteo 3.1-13, Tito 1.5-9, Hebreus 13.7, 17 e 1 Pedro 5.1-3. Ser um líder pastoral não é uma questão de dom, mas sim de chamado, caráter e capacitação.

O ministério de liderança pastoral é, portanto, o ministério dos presbíteros – os líderes principais de uma igreja local.

É difícil assimilar essas diferentes idéias de pastor porque o atual sistema evangélico de liderança é confuso e, em sua maioria, antibíblico. Esperamos, então, que o restante desta lição, de alguma maneira, nos ajude a ter uma compreensão e prática mais bíblica nesta área.

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PASTOR, PRESBÍTERO, BISPO

Quando lemos o Novo Testamento, especialmente o livro de Atos e as epístolas apostólicas, nós percebemos algumas diferenças significativas entre o tipo e as posições de liderança que encontramos ali na Bíblia e o que vemos hoje em dia nas igrejas.

Hoje em dia, cada denominação tem seu próprio tipo de governo ou liderança da igreja local. Seus líderes recebem nomes que são, na maioria das vezes, estranhos às Escrituras! Como se não bastasse, as posições e funções que esses líderes exercem, muitas vezes, vão diretamente contra ao que já está revelado na Palavra de Deus! Se o nosso desejo é, porém, edificarmos igrejas bíblicas, nós temos que nos basear na Bíblia.

Em Atos 20.17, 28 nós lemos:

“De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso... Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”.

No texto acima são mencionados presbíteros e bispos. Seriam duas posições distintas de liderança? Hoje em dia muitas igrejas possuem bispos, que são os superiores dos pastores, que são superiores dos presbíteros. Será que isso é ensinado nas Escrituras?

De acordo com o versículo 17 deste texto, os presbíteros são chamados por Paulo. Quando Paulo se encontra com estes presbíteros, ele diz que eles foram constituídos pelo Espírito Santo como bispos, cuja função seria pastorear (ser pastor de) a Igreja de Deus. Portanto, fica claro que bispo, presbítero e pastor são apenas termos diferentes para designar a mesma posição ou ofício de liderança na igreja local. Não se trata de “cargos” diferentes com níveis de autoridade diferente. Um bispo é presbítero e é também pastor, tudo ao mesmo tempo.

A palavra bispo significa „um supervisor‟, alguém que supervisiona alguém ou alguma coisa. Essa palavra descreve o ofício ou posição dos líderes principais da igreja local.

A palavra presbítero significa „um ancião‟, uma pessoa madura. A maturidade aqui é espiritual, não natural. A ênfase aqui é na qualificação pessoal do líder – ele deve ser uma pessoa espiritualmente madura ou qualificada para liderar.

A palavra pastor significa literalmente “um pastor de ovelhas”, alguém que cuida e guia um rebanho. Há uma relação prática com a figura da igreja sendo o „rebanho de Deus‟. Os pastores humanos são auxiliares do Pastor Divino – Jesus – no cuidado e direção do povo de Deus. O foco está na função ou trabalho que o líder deve desempenhar na igreja.

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Nós cremos que a prática correta de uma igreja seria usar as três designações aleatoriamente para designar aqueles com essa mesma posição de liderança na igreja. Sempre que alguém for chamado de presbítero, isso deve ser entender que ele é também um pastor e um bispo da igreja e vice-versa.

Hoje em dia é mais comum usar o termo „pastor‟ porque é o mais conhecido em nossa sociedade. Porém, esse tipo de pastor não deve ser confundido com o dom de pastor de Efésios 4.11 e também não se deveria criar uma hierarquia com os termos diferentes para o mesmo ofício.

COMO ALGUÉM SE TORNA UM PASTOR NA IGREJA

Como alguém se torna um pastor na igreja? As igrejas cristãs possuem formas diferentes de responder a esta pergunta. Como não estamos lidando com os requisitos aqui, mas sim como a maneira pela qual uma pessoa é ordenada ou consagrada pastor na igreja local, nós queremos nos deter apenas naquilo que é encontrado nas Escrituras. Isso poderá ser diferente do que é praticado em muitas igrejas, mas nós cremos que o modelo bíblico é o melhor a ser seguido.

De acordo com a Bíblia, os líderes principais de uma igreja local são os líderes pastorais (bispos, presbíteros). Para ser um „pastor‟ na igreja, a pessoa necessita de duas confirmações – uma divina e uma humana. A confirmação divina vem com o chamado e a unção concedidos pelo Espírito Santo (Atos 20.28). A confirmação humana vem por meio da ordenação pública realizada pelos obreiros apostólicos ou seus representantes (Atos 14.23; Tito 1.5).

Na prática, a ordenação de um pastor é muito simples. Primeiro, é claro, ele deve estar convencido do chamado do Espírito Santo para esta tarefa e já deve estar servindo como tal, ainda que não no exercício pleno da autoridade de um pastor, pois ele é reconhecido pelos apóstolos e não fabricado pelos apóstolos. Em segundo lugar, havendo esta confirmação e funcionamento pré-existente, os apóstolos marcam uma reunião de ordenação, ou simplesmente utilizam uma parte do culto público. Daí eles chamam as pessoas que serão ordenadas para apresentá-las diante da igreja e dos visitantes, explicam para a igreja o que está acontecendo, impõem as mãos sobre elas, oram e, às vezes, profetizam sobre suas vidas. Simples assim!

O TRABALHO DE UM LÍDER PASTORAL

De acordo com Atos 20.28; 1 Timóteo 3.4-5; 5.17; 1 Pedro 5.1, 2a, 3 e Tiago 5.14, nós podemos concluir que o trabalho de um líder pastoral pode ser dividido em três áreas básicas:

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Pastorear – alimentar a igreja através do ensino da Palavra; proteger o rebanho de falsas doutrinas e ministérios – apontando, advertindo e rejeitando o erro; guiar o rebanho pelo seu exemplo, e também através de conselhos e orientações; orar por toda a igreja.

Governar – liderar a igreja, elaborando e desenvolvendo estratégias espirituais para o crescimento da igreja; apontar a direção para a comunidade quanto à sua agenda, atividades e realizações em geral; exercer a disciplina, especialmente para com os demais líderes.

Supervisionar – zelar pelas vidas e pela doutrina bíblica, certificando-se de que permanecem puras e dentro da vontade de Deus; conhecer a saúde da igreja; acompanhar o desenvolvimento de líderes; avaliar o desenvolvimento de toda a igreja.

PLURALIDADE DE LIDERANÇA

Nós cremos que o modelo bíblico de pluralidade de liderança ainda é válido para a Igreja hoje em dia. Jesus, por exemplo, chamou doze apóstolos, não apenas um (Mateus 10.1). E quando ele enviou os setenta e dois, Ele os enviou de dois em dois (Lucas 10). As igrejas locais do Novo Testamento tinham presbíteros ou pastores (sempre no plural) – Atos 14.23; Atos 15.2, 4, 6, 23; 1 Pedro 5.1-4. Assim, nós cremos que cada área de liderança na igreja deve ser exercida em pluralidade – mais de um na responsabilidade.

A EQUIPE PASTORAL

A Bíblia chama o grupo de líderes principais de uma igreja local apenas usando o plural – presbíteros, pastores ou bispos. As igrejas que levam à sério estas designações, opcionalmente, chamam o grupo dos líderes pastorais de presbitério ou equipe pastoral, mas apenas de maneira descritiva, sem qualquer pretensão de fazer dessa designação o „clero‟ da igreja.

A Equipe Pastoral é formada por diferentes líderes que possuem diferentes unções e chamados (Efésios 4.11), porém, com prioridades, metas e estratégias comuns.

Os presbíteros ou pastores (equipe pastoral ou presbitério) são co-iguais em função, isto é, eles compartilham as mesmas responsabilidades perante Deus e devem trabalhar em unidade para executar a manifesta vontade de Deus na igreja local. Contudo, embora sejam co-iguais em função, eles não são co-iguais em habilidade (Mateus 25.15), dons (Romanos 12.6), ou ministérios (Efésios 4.11-12). Daí é comum que um

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dentre os presbíteros ou pastores se torne o coordenador da equipe pastoral.

As igrejas que reconhecem a necessidade de um coordenador na equipe pastoral normalmente chamam tal líder de pastor sênior ou presbítero-líder. Estes são termos descritivos e não „títulos‟ oficiais ou imutáveis. Por isso, ambos são usados de maneira aleatória, sempre com o mesmo significado.

O pastor sênior é um líder entre e não sobre os líderes. Nós cremos que isso está de acordo com o que encontramos nas Escrituras. Pedro, por exemplo, era um presbítero-líder, um presbítero como os outros, porém, com uma função de coordenação dos presbíteros (1 Pedro 5.1-3; Gálatas 2.9; Atos 1 a 10). Tiago também era claramente um presbítero-líder (Atos 12.17; 15.1, 13, 22; Gálatas 2.9).

Nós inferimos de algumas passagens bíblicas como 1 Pedro 5.1-3, Gálatas 2.9, Atos 1 a 10, 12.17, 15.1, 13, 22, Gálatas 2.9 e 1 Coríntios 12.28 que o pastor sênior deve ser aquele que tem o dom de apóstolo ou que, embora não tendo o dom apostólico, exerce uma função apostólica. Lembramos que na ordem bíblica dos dons, os apóstolos vêm em primeiro lugar, os profetas em segundo e os mestres em terceiro (1 Coríntios 12.28). Assim, cremos que esta ordem deve ser seguida quanto ao pastor sênior – ele deve ser um apóstolo ou profeta ou mestre.

Entre os privilégios e responsabilidades do líder da equipe pastoral, podemos citar:

Ser capaz de estabelecer a visão de Deus para a igreja local.

Estabelecer e preservar os valores, prioridades, filosofia de ministério e estruturas da igreja.

Ser capaz de descobrir, treinar, equipar e liberar outros líderes.

Poder de liderança e resolução final nas decisões.

Assumir a responsabilidade final pelas decisões.

Prestar contas de seus atos e decisões aos demais.

Ser um servo dos demais.

Dar mais de si.

Ser o mais maduro.

Apontar líderes.

Corrigir líderes.

PRESBÍTEROS E DIÁCONOS

A palavra diácono significa „servo, ou mordomo‟. Eles são os líderes auxiliares na igreja. Diferentemente do presbítero, a Bíblia não descreve claramente quais são as funções dos diáconos. Em Atos 6, nós os encontramos ajudando em serviços administrativos e sociais na

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comunidade dos cristãos. Mas, de forma alguma, a Bíblia deixa margem para pensarmos que esta é a única função que eles podem exercer.

Felipe era um diácono que ajudou na distribuição do sustento das viúvas helenistas em Atos 6, mas em Atos 8 ele está evangelizando, realizando milagres e batizando as pessoas. Febe era uma serva ou diaconisa da igreja de Cencréia e serviu de auxílio para muita gente, sem especificar como (Romanos 16.1-2). Assim, nós não cremos que seja correto restringir os diáconos a funções de portaria, ou somente para servir a Ceia do Senhor, como acontece em muitas igrejas.

Aplicando o princípio de interpretação bíblica da primeira menção, nós vemos em Atos 6 que os primeiros diáconos foram estabelecidos para auxiliar os presbíteros numa dada situação. Nós cremos, portanto, que a razão da existência e a função principal dos diáconos é auxiliar aos presbíteros, e que são estes que determinam as funções que eles devem desempenhar na igreja.

Visto que os presbíteros assumem a liderança geral e principal da igreja local, e que os diáconos são seus auxiliares, nós entendemos que os diáconos devem ser os líderes das demais áreas de liderança e ministério na igreja local. Ao invés de criarmos cargos e títulos estranhos às Escrituras, nós preferimos ficar com o nome descritivo de diácono - que existe nas Escrituras – e emparelhá-lo com as demais áreas de liderança da igreja. Por exemplo, quem lidera o louvor e a adoração? Um diácono! Assim, „líder de adoração‟ não passa a ser um novo título (alheio às Escrituras), mas apenas um termo descritivo da função que um determinado diácono exerce na igreja. O mesmo se aplica aos líderes de grupos pequenos e outras áreas de ministério na igreja local.

A CAPACITAÇÃO DE LÍDERES PASTORAIS

A Bíblia não apóia a prática de muitas igrejas de somente ordenar pastores que concluíram um curso teológico – geralmente o da própria denominação. A prática bíblica sempre foi o de levantar líderes dentro da própria igreja local, sem enviá-los para qualquer instituição de ensino fora da igreja local.

Ainda que a Bíblia não proíba a formação teológica ou a criação de instituições de ensino, nós entendemos que o padrão tradicional de somente ordenar pastores formados num instituto bíblico ou seminário teológico não deve ser o padrão para a igreja local.

Quando Paulo pensou em termos de liderança pastoral na igreja, ele deu prioridade ao caráter da pessoa (1 Timóteo 3.1-13; Tito 1.5-9). Outras qualificações também eram necessárias como, por exemplo, a habilidade de governar bem, a aptidão para ensinar e defender a doutrina cristã.

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Contudo, nada se exige quanto a uma capacitação teológica formal e muito menos obrigatória.

A Bíblia não diz clara ou diretamente como os líderes pastorais adquiriam essas habilidades, mas a história da igreja nos mostra claramente que não havia nenhum seminário bíblico nos primeiros séculos da Igreja Cristã.

Levando em consideração que os obreiros translocais de Efésios 4.11 tinham a incumbência de preparar os santos para a obra do ministério, o que inclui logicamente os líderes pastorais da igreja, nós podemos afirmar que a capacitação dos presbíteros era suprida por esses obreiros. As cartas de Paulo a Timóteo e a Tito são prova de que o ministério desses obreiros incluía a capacitação de líderes pastorais. Essa capacitação se dava por meio de conselhos, instruções e ordens que proviam o crescimento do líder pastoral em caráter santo, conhecimentos doutrinários e capacidades ministeriais.

Nós cremos que nos dias atuais é uma prática bíblica e sábia:

1. Não exigir como requisito para a ordenação de pastores outras exigências que não se encontrem nas Escrituras. No entanto, se um candidato a pastor não é „apto a ensinar‟, por exemplo, ele não poderá ser ordenado. Nesse caso, o candidato deverá ser testado, de forma prática, para que se avalie a sua habilidade de ensinar a Palavra de Deus na igreja. O normal é que a pessoa já tenha alguma experiência comprovada nessa área antes de ser ordenado pastor.

2. Não desconsiderar a importância da capacitação ministerial e teológica do líder pastoral. Aquele que deseja ser um líder pastoral deveria procurar o seu crescimento ministerial e teológico. Os obreiros translocais de Efésios 4.11 devem proporcionar oportunidades4 e recursos5 destinados ao treinamento para os líderes pastorais. Estes devem ser acessíveis em termos de localização e finanças. A nosso ver, um programa de treinamento baseado na igreja local é a melhor alternativa para suprir esta necessidade. Seja como for, o que deve ficar, no entanto, é que quanto menos conhecimento teológico e habilidade ministerial um líder possui, menos eficaz é o seu ministério de edificar a igreja – especialmente se considerarmos „edificação‟ na ótica de Deus.

4 Um mestre da Palavra, por exemplo, poderia reunir-se semanalmente com candidatos ou com atuais líderes pastorais e ensinar-lhes temas importantes, por exemplo, para o estudo, interpretação e aplicação das Escrituras. Também é útil realizar encontros periódicos como uma conferência no final de semana, seminários de uma semana a cada três meses e etc.

5 Artigos, livros, manuais sobre temas específicos, gravações de áudio e vídeo, etc. Também pode ser aplicados programas de treinamento a distância ou por extensão como este aqui.

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Lição 10 - Questões Para Revisão

1. De acordo com Filipenses 1.1, de que é formada uma igreja local?

2. O que é o dom de pastor?

3. O que é liderança pastoral?

4. Qual é o termo bíblico correto para os principais líderes da igreja – pastor, presbítero ou bispo? Justifique.

5. Qual é o significado da palavra “pastor”?

6. Qual é o significado da palavra “bispo”?

7. Qual é o significado da palavra “presbítero”?

8. De acordo com a Bíblia, como alguém se torna um pastor na igreja?

9. Qual é o trabalho de um líder pastoral?

10. Qual é o seu pensamento sobre as razões pelas quais Jesus e os apóstolos sempre preferiram trabalhar em equipe?

11. Há alguma margem bíblica para que haja um pastor sênior ou presbítero-líder numa equipe pastoral? Qual?

12. Qual deve ser o dom principal de pastor sênior?

13. Você poderia citar pelo menos cinco privilégios/responsabilidades do pastor sênior? Quais?

14. Qual é a relação entre os presbíteros e os diáconos?

15. Quem deve preparar ou treinar os líderes principais da igreja?

16. É bíblico exigir que um candidato ao ministério de liderança pastoral obtenha um diploma de teologia e/ou se forme no seminário da denominação?

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LIÇÃO ONZE

O CRESCIMENTO SAUDÁVEL

DA IGREJA (1)

Versículos-Chave “Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função” (Efésios 4.16).

INTRODUÇÃO

Esta e a próxima lição abordam o tema do Crescimento da Igreja. Visto que este é um assunto polêmico para muitos líderes de igrejas, nós queremos adiantar que aqui nestas lições nós procuramos tratar do crescimento da igreja de acordo com o coração de Deus ou o crescimento segundo Deus (Colossenses 2.19).

Nós começamos com essa observação porque na década de 80 surgiu um movimento conhecido como „MCI - Movimento de Crescimento da Igreja‟, o qual despertou uma boa parcela dos líderes cristãos para este aspecto até então pouco enfatizado. Surgiram muitos princípios sadios e bíblicos; porém, também surgiram aspectos estranhos ao evangelho bíblico e aos ensinamentos apostólicos e isso trouxe alguns prejuízos para a missão da Igreja como um todo.

Nós não descartamos todos os esforços do MCI, mas nós entendemos que é necessário filtrar e selecionar o que se ensina nesse movimento e à luz da Palavra de Deus ficar com tudo aquilo que tem base em princípios bíblicos e sábios.

Assim, nesta lição nós estudaremos os princípios de crescimento de quatro dos mais importantes e saudáveis promotores do crescimento da Igreja. Nós apresentamos as suas idéias sem uma análise mais profunda, preocupando-nos apenas em expor seus pensamentos, sem tirarmos conclusões a favor ou contra. Nós recomendamos que você fique com tudo aquilo que for baseado em claros princípios bíblicos e despreze tudo o que for claramente contrário às Escrituras. Se sobrar alguma coisa no meio, use de bom senso e moderação, pois estas idéias incluem não somente

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princípios espirituais e éticos, mas também conselhos práticos que podem ser úteis ou fúteis.

DOZE CHAVES PARA UMA IGREJA EFETIVA

Kennon L. Callahan introduz seu livro com o título acima enfatizando a noção de planejamento em larga escala para o sucesso do crescimento da Igreja. Sua premissa básica é que uma congregação pode tornar-se mais efetiva por aumentar o nível de satisfação dos seus membros enquanto diminui o nível de insatisfação. Para tanto, ele identificou as seis características relacionais que contribuem para a satisfação da congregação. A partir daí ele aponta para seis características funcionais que afetam o nível de insatisfação.

Estas são doze chaves para que a igreja se torne uma efetiva congregação:

1. Objetivo Missional. Callahan advoga que a igreja precisa estar consciente de que ela não somente tem uma missão, mas que também está em constante missão. E que, como igreja, ela deve servir aos indivíduos e às comunidades para a cura de suas feridas. Para cumprir seu objetivo missional, a igreja deve ser estruturada em cima de cinco pilares: Missão, Administração, Membros, Dinheiro e Manutenção. Cada membro deve descobrir e usar seus dons e recursos para cumprir a missão da igreja. Pessoas com dons e ministérios similares devem se unir para cumprir a missão da igreja.

2. Visitação. Callahan sugere que uma igreja efetiva deve, primeiramente, estender a sua „destra de comunhão‟ e mostrar genuína preocupação por visitar as pessoas da comunidade na qual a igreja está inserida. Conseqüentemente, as pessoas visitadas virão à igreja quando elas estiverem prontas. Também é importante visitar imediatamente aqueles que visitam a igreja pela primeira vez. Isto é parte do cuidado essencial que uma igreja saudável proporciona não somente aos seus membros, mas também aos seus visitantes.

3. Adoração. Callahan enfatiza também que uma dinâmica adoração corporativa é central para uma congregação tornar-se efetivamente bem sucedida. Esta adoração dinâmica só acontece quando ela é cuidadosamente planejada por pessoas que têm um verdadeiro chamado ao ministério da adoração.

4. Grupos Relacionais. „Pessoas buscam por comunidade, não por comitês‟, diz Callahan. Relacionamentos verdadeiros e um senso de comunidade é uma necessidade social que a sociedade secular não pode satisfazer; somente a igreja pode. Quando a igreja providencia relacionamentos de qualidade através de grupos pequenos ela igreja cresce efetivamente.

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5. Forte Liderança. Um líder é definido simplesmente como alguém que efetivamente lidera. Callahan diz que „o estilo de liderança orientado por processo presente na igreja atual contribui significativamente para que as congregações declinem ou morram‟. Embora não defenda o autoritarismo pastoral, Callahan coloca o pastor como a peça-chave na equipe de liderança composta por pessoas com forças complementares. Ele também sugere que o ministério deve ser liderado por mais leigos, que deve haver um líder leigo para cada cinqüenta membros ativos na congregação.

6. Tomada de Decisões. Callahan defende que se a congregação participa ativamente no processo de tomar decisões, ela se tornará mais confiante em desenvolver-se como uma igreja saudável. Quanto mais aberto e inclusivo for o processo de tomar decisões tanto maior será o compromisso da congregação em participar dos sucessos e fracassos do grupo.

7. Programas. Callahan diz que programas não alcançam pessoas, pessoas alcançam pessoas. Contudo, os programas reúnem as pessoas. Daí, os programas da igreja devem ser suficientemente competentes para atrair, reunir e manter pessoas na igreja. Quando as pessoas de fora da igreja são tocadas pelos programas dela, aí sim podemos dizer que a igreja está sendo bem sucedida em seus programas e isto, conseqüentemente, resultará em crescimento para a igreja.

8. Acessibilidade. A Igreja deve estar num local de fácil acesso às pessoas. Se a igreja está localizada num local de fácil acesso, as pessoas não se aproximarão da igreja.

9. Visibilidade. O local onde a igreja se reúne não somente deve ser de fácil acesso, mas também precisa ter boa visibilidade. O prédio da igreja precisa ser facilmente visto e identificado. Mas não é somente o local que deve ser bem visualizado pela comunidade; os pastores e membros também. As pessoas devem poder identificar quem é o pastor e quem é membro da igreja pela movimentação deles no meio da comunidade.

10. Boa aparência e condições prediais. Para muitas pessoas, isso parecer ser insignificante, mas Callahan defende que muitas pessoas não se aproximam de edifícios de igrejas porque eles não oferecem nenhum atrativo, ou não possuem estacionamento seguro, boa iluminação, a pintura está gasta, e etc. Daí, quando a igreja se preocupa e investe nas suas dependências físicas, ela abre uma oportunidade a mais para as pessoas se aproximarem dela e, como conseqüência, serem apresentadas ao evangelho.

11. Condições interiores do prédio. Callahan diz que coisas simples como iluminação, pintura, a visibilidade do púlpito, a altura do

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som, o espaço entre as cadeiras ou bancos e etc., podem influenciar grandemente no retorno e permanência de um visitante à igreja. Uma igreja que se preocupa em oferecer melhores condições internas de seus prédios são igrejas que atraem e mantêm pessoas para ouvir o evangelho, proporcionando subseqüente crescimento na igreja.

12. Finanças. Sólidos recursos financeiros é a característica final de uma igreja efetiva. Callahan diz que não é a quantidade de dinheiro em caixa que determina a efetividade de uma igreja, mas sim a administração e uso do mesmo. Uma congregação efetiva investe seu dinheiro em seus membros, programas e em planos de desenvolvimento. Ela planeja seu orçamento, não ultrapassa os gastos planejados e presta contas de seus gastos com muita transparência. Isto gera confiança nas pessoas e, conseqüentemente, o nível de contribuição não se torna oscilante, o que gera confiabilidade para a realização de projetos evangelísticos.

A IGREJA ORIENTADA POR PROPÓSITOS

Rick Warren é o autor do modelo e do livro com o título acima. Ele começa seu livro perguntando não o que faz a igreja crescer, mas sim o que a impede de crescer. Ele apela, inclusive, para o conceito de Rolland Allen6 da expressão espontânea da igreja.

Warren parte do pressuposto de que é normal a igreja crescer e se a igreja não está crescendo, eu devo perguntar „por que não?‟ Ele defende que quando uma igreja é saudável, ela cresce o crescimento que Deus tencionou para ela. Portanto, ele trabalha aquelas coisas que fazem a igreja ser saudável, pois quando a igreja é saudável, o crescimento fluirá espontaneamente.

A saúde da igreja somente pode ocorrer quando a mensagem da igreja é bíblica e sua missão é equilibrada. Isto leva às cinco dimensões do crescimento da igreja segundo Warren. Para ele, as igrejas crescem através de comunhão, discipulado, adoração, ministério e evangelismo.

Warren também defende que as igrejas não precisam escolher entre quantidade e qualidade. O propósito de Deus é que as igrejas tenham os dois, mas lembra que a qualidade sempre produz quantidade, enquanto que a quantidade nem sempre é sinal de qualidade. Portanto, para crescer saudável, a igreja deve investir no discipulado, na formação de membros de qualidade e, então, ela também crescerá em quantidade.

6 R. Allen foi um dos pioneiros da ênfase no estudo do crescimento e plantação de igrejas. Ele defendeu arduamente a necessidade de voltar aos métodos apostólicos de Paulo na plantação e crescimento de igrejas, buscando sempre uma expressão espontânea da igreja.

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Warren procura corrigir um erro comum em muitos pastores e líderes, o erro de que se nós somente trabalharmos duro, Deus fará a igreja crescer. Ele lembra, contudo, que dedicação não é o suficiente. É preciso ter também habilidade (Eclesiastes 10.10). Nós não devemos ser observadores passivos da obra de Deus, mas devemos ser ativos participantes! Ele diz; “Fidelidade é realizar tanto quanto é possível com os recursos e talentos que Deus nos tem dado”. Resumindo, ao focarmos sobre a saúde da igreja, nós teremos o caminho para o seu crescimento quantitativo.

Segundo Warren, as igrejas são dirigidas ou impulsionadas por vários fatores: tradição, personalidades, programas, edifícios e outras coisas mais. No entanto, as igrejas precisam ser dirigidas ou impulsionadas por um propósito definido. É isto que produz real crescimento. Planos, programas e edifícios não duram para sempre, mas os propósitos de Deus sim.

O primeiro passo para se tornar uma igreja com propósitos é definir seu propósito específico como igreja e então comunicar este propósito (ou propósitos) para todos na igreja. Definir o propósito de uma igreja deve ser marcado por sério estudo bíblico e auto-reflexão. Ao definir seu propósito, a igreja deve escrever sua declaração de propósitos, que deve ser bíblica, específica, fácil de relembrar e mensurável.

A igreja de Warren desenvolveu sua declaração de propósito em torno de cinco palavras: Magnificação (adoração), Missão, Membresia, Ministério e Maturidade.

Parte da importância de definir o propósito da igreja jaz no fato de que nenhuma igreja pode alcançar todas as pessoas. Para que a igreja seja mais efetiva no evangelismo, ela deve decidir alcançar um alvo específico. O seu público alvo deve ser definido e, então, alcançado através de grupos de relacionamentos e por suprir suas necessidades através da pregação e da ajuda prática.

O DESENVOLVIMENTO NATURAL DA IGREJA

A obra de Christian Schwartz é um monumental esforço para oferecer um substituto ao tecnocrático pensamento inerente às teorias mercadológicas de grande parte do movimento de crescimento da Igreja. Ele se preocupa profundamente com o crescimento da igreja, mas constrói sua preocupação sobre o fundamento da saúde da igreja. Ele diz que quando os esforços de produzir crescimento na igreja falham é devido à enorme ênfase que se dá às habilidades humanas. Segundo ele, “Deus já tem providenciado tudo que é necessário para o crescimento da igreja”.

Schwartz defende que cada igreja tem em si mesma um princípio biótico de reprodução. Ela tem em si mesma todo o potencial, dado por

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Deus, para crescer e reproduzir-se. Baseado nesta compreensão, ele volta a sua preocupação para a qualidade da vida da igreja. Através de pesquisar centenas de igrejas, ele destilou o que ele considera ser as oito características de uma igreja saudável, características que ele identifica como as chaves universais para o crescimento saudável da igreja.

As oito características são:

1. Liderança capacitadora. Ou seja, os líderes de uma igreja saudável não fazem tudo, mas capacitam cada membro da igreja para a obra do ministério. Igrejas saudáveis são igrejas lideradas por pastores que treinam aos outros ao invés de fazerem as “coisas acontecerem” por si mesmos.

2. Ministério orientado por dons. As pessoas primeiramente descobrem seus dons e, então, passam a atuar no ministério que se encaixa com seu dom. Igrejas baseadas em cargos ou que oferecem funções de serviço na base do voto não são igrejas saudáveis.

3. Espiritualidade apaixonada. Isto significa que as pessoas vivenciam a fé cristã com alegria e entusiasmo. Há verdadeiro compromisso com Cristo, com a causa de Cristo e com o corpo de Cristo.

4. Estruturas Funcionais. Estruturas funcionais são o exato oposto do que é oferecido pelo tradicionalismo. O tradicionalismo é relativamente estático e não está comprometido com auto-reflexão, mas o princípio de estruturas funcionais é dinâmico. Há e deve haver um constante processo de avaliação e auto-renovação. Neste sentido, as estruturas de uma igreja saudável promovem uma contínua multiplicação do ministério.

5. Adoração inspiradora. Mais do que um culto orientado para não-cristãos, o culto de adoração inspira as pessoas que participam por causa da presença do Espírito Santo. Quando a adoração é inspiradora, ela atrai as pessoas à igreja.

6. Pequenos grupos holísticos. Grupos pequenos holísticos é o lugar natural para os cristãos aprenderem a servir aos outros – tanto dentro quanto fora do grupo – com seus dons espirituais. Desenvolvimento de liderança, evangelismo e discipulado pessoal, etc., tudo acontece dentro do pequeno grupo. Schwartz enfatiza que a exata essência da vida de uma igreja é trabalhada em seus grupos pequenos.

7. Evangelismo Orientado pelas necessidades. Esta característica é alimentada por todas as características anteriores. Contudo, Schwartz rejeita a noção de que cada cristão é um evangelista. Ele concorda com C. Peter Wagner7 que não mais do que 10% de todos os

7 Um dos principais e mais conhecidos teóricos pragmáticos do Movimento de Crescimento da Igreja. Escreveu dezenas de livros sobre o crescimento da Igreja e os dons espirituais.

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cristãos têm o dom de evangelismo. A despeito disto, ele insiste que cada cristão “use seus dons espirituais para servir aos não-cristãos com quem ele tem um relacionamento pessoal, para que eles ouçam o evangelho, e encorajar o contato com a igreja local”. Todos os esforços que constituem evangelismo devem ser enfocados nas necessidades dos não-cristãos.

8. Relacionamentos amáveis. A última característica de uma igreja que cresce naturalmente não é menos importante que as demais. Desenvolver relacionamentos amáveis dentro da comunidade da fé assim como com os de fora da comunidade é um princípio bíblico. “A congregação edificada sobre um genuíno compromisso de amar uns aos outros como Jesus nos amou cooperará com os líderes-servos e se tornará uma comunidade de amor” - diz Schwartz. Esta dinâmica atingirá diretamente o desafio pós-moderno de uma comunidade significativa.

DEZ CARACTERÍSTICAS DE UMA IGREJA SAUDÁVEL

Stephen Macchia, presidente de Vision New England, começou anos atrás um longo processo de auto-avaliação. Ele concluiu que “nós necessitamos determinar a saúde do veículo que transportará a mensagem do evangelho e as pessoas do evangelho”. A partir daí ele observou dez princípios ou características que fazem uma igreja saudável. Estes são:

1. A presença capacitadora de Deus. “Uma igreja saudável procura ativamente a direção e a capacitação do Espírito Santo para sua vida e ministério diário” – ele diz. Macchia afirma que experimentar a presença de Deus é da mais alta importância para a saúde da igreja inteira. Uma saudável vida espiritual pessoal assim como uma saudável igreja começa com uma dependência do Espírito Santo. Isto leva à liberação do fruto do Espírito, dos dons e do crescimento espiritual.

2. Adoração. “A igreja saudável se reúne regularmente como a expressão local do corpo de Cristo para adorar a Deus de uma maneira que envolve o coração, a mente, a alma e as forças do povo”. Para Macchia o propósito central da adoração é levar as pessoas até Deus. “Nós cantamos para Deus mais do que nós cantamos sobre Deus, a despeito do estilo de música que serve de canal para Sua presença”.

3. Disciplinas Espirituais. “A igreja saudável providencia treinamento, modelos e recursos para os membros de todas as idades desenvolverem as disciplinas espirituais diariamente”. “Nosso relacionamento com Deus tem um impacto direto sobre nosso relacionamento com os outros, a nossa habilidade de tomar decisões, nossa compreensão de nossa missão e nossa visão para o serviço no

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ministério”. Segundo Macchia, uma das maiores necessidades dos membros de uma igreja saudável é cultivar as disciplinas do silêncio e da solicitude. Ele também enfatiza que para ministrar a um mundo ferido nossa alma deve estar centrada em Cristo. “Jesus não nos fala de uma mudança de atividades, uma mudança de contatos, ou mesmo uma mudança de lugar. Ele fala de uma mudança de coração”. Assim, tomar tempo para refletir é essencial para desenvolver uma vida espiritual saudável e uma igreja saudável. “Superficialidade é a maldição de nossa era. A doutrina de satisfação instantânea é um problema espiritual primário. A necessidade desesperadora de hoje não é por um grande número de pessoas inteligentes, ou pessoas dotadas, mas de pessoas profundas”.

4. Comunidade. “A igreja saudável é intencional em seus esforços de edificar amáveis e carinhosos relacionamentos dentro das famílias, entre os seus membros e dentro da comunidade onde ela serve”. Deste modo, a igreja se torna uma bem-vinda comunidade alternativa dentro da comunidade secular. Macchia também lista sete questões específicas que uma igreja necessita considerar em seu desejo de desenvolver a comunidade cristã: cuidado com as crianças, camaradagem, cada membro deve pertencer a um grupo pequeno em aliança, educação cristã, continuamente desenvolver mestres na igreja, boa comunicação entre a liderança e a igreja inteira, ser uma comunidade de impacto.

5. Relacionamentos. “A igreja saudável é intencional em seus esforços de edificar amáveis e carinhosos relacionamentos...”. Ele sugere, então, seis passos para se construir relacionamentos amáveis e verdadeiros na igreja: (1) a igreja deve expressar incondicional amor e aceitação aos membros da comunidade; (2) a igreja necessita ser um lugar seguro para as pessoas serem reais umas com as outras e abertas para dar e receber amor, encorajamento e direção; (3) exibir graça, misericórdia e perdão; (4) boa comunicação e resolução de conflitos; (5) desenvolver um meio de levar as cargas uns dos outros e (6) dar as boas-vindas à diversidade em sua comunhão.

6. Liderança de Serviço. “A Igreja saudável identifica e desenvolve indivíduos a quem Deus tem chamado e dado o dom de liderança e desafiado para se tornar líderes-servos”. Macchia aponta para Jesus como o exemplo primário de um estilo de liderança de servo. Enquanto Ele investia a Si mesmo em Seus discípulos, Ele modelou humildade, serviço e pastoreio – três princípios essenciais da liderança de serviço. Ele define liderança nas palavras de J. W. McLean: “uma pessoa envolvida num processo de influenciar e desenvolver um grupo de pessoas em ordem para realizar um propósito por meio de poder espiritual”.

7. Foco para fora. “Uma igreja saudável dá alta prioridade em comunicar a verdade de Jesus e demonstrar o amor de Jesus àqueles que

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estão fora da fé cristã”. A igreja saudável dá um alto valor ao evangelismo. Macchia enfatiza a importância de compreender o processo de evangelismo da perspectiva daquele que busca. Ouvir suas necessidades e construir sua confiança é o mais importante.

8. Administração. “A Igreja saudável utiliza prédios, equipamentos e sistemas apropriados para providenciar máximo suporte para o crescimento e desenvolvimento de seus ministérios”. Macchia sugere que a igreja saudável desenvolva sua agenda administrativa ao redor de quatro componentes: (1) planejamento estratégico, (2) estabelecimento de objetivos, (3) estruturas de prestação de contas, (3) avaliação regular e (4) responsabilidade administrativa. “Pensamento e planejamento estratégico ajuda a nos integrar à vontade do Espírito Santo, nossa própria singularidade como igreja, e nossa contínua responsabilidade como líderes para desenvolver uma igreja centrada em Cristo”.

9. Trabalhar em Rede. “A igreja saudável alcança a outros no corpo de Cristo para colaboração, compartilhar recursos, oportunidade de aprendizado e celebrações de louvor”. Macchia ressalta o testemunho do Novo Testamento de como as igrejas primitivas buscavam encorajamento e aprendizado uns dos outros. Baseado em exemplos bíblicos, ele apela para as congregações se estenderem além de seus próprios limites eclesiásticos ou denominacionais enquanto elas buscam ser igrejas saudáveis. “Ao invés de meramente focalizar no crescimento e desenvolvimento de sua igreja local, una-se com a família de Deus enquanto nós influenciamos nossas comunidades, nossa nação, e nosso mundo para Cristo – juntos! Para a saúde da igreja, não há nenhuma outra alternativa”.

10. Mordomia. “A Igreja saudável ensina a seus membros que eles são mordomos de seus recursos dados por Deus e desafia-os a sacrificar generosamente ao compartilhar com outros”. Macchia enfatiza a natureza da mordomia como mais do que simplesmente reunir para fazer o orçamento anual ou levantar fundos para projetos. Ele define a mordomia cristã como um estilo de vida. “A questão central é nosso amor por Deus com todo o nosso coração, alma, mente e força e nosso amor por nosso próximo como a nós mesmos”. Enquanto nos voltamos a Cristo para direção e liderança, nós devemos também nos voltar uns aos outros para parceria e suporte.

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Lição 11 - Questões Para Revisão

1. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com as „doze chaves para uma igreja efetiva‟?

2. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com o modelo de „igreja orientada por propósitos‟?

3. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com os princípios do „desenvolvimento natural da igreja‟?

4. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com as „dez características de uma igreja saudável‟?

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LIÇÃO DOZE

O CRESCIMENTO SAUDÁVEL

DA IGREJA (2)

Versículos-Chave “Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos” (Filipenses 3.17).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, nós estudamos quatro linhas de crescimento da Igreja e os princípios usados pelas mesmas para promover o crescimento saudável de igrejas locais. Alguns dos princípios apresentados são claramente bíblicos; outros são princípios pragmáticos que foram observados e testados em centenas de igrejas. Nós sempre devemos reter os princípios bíblicos e aplicá-los em nossos ministérios e igrejas. As demais coisas devem ser encaradas com cautela, com ampla meditação, com uma mente aberta, porém, com discernimento espiritual e sabedoria.

Nessa lição, nós veremos diversos princípios bíblicos que lhe ajudarão a modelar a sua igreja de acordo com a visão de Deus para ela. Seja qual for a metodologia que você use para fomentar o crescimento da igreja, nós cremos que os princípios e valores desta lição se aplicam a todas as igrejas que desejam ser edificadas de maneira bíblica. Se este é o seu propósito, então, siga em frente!

A IMPORTÂNCIA DA VISÃO

Provérbios 29.18: “Onde não há revelação divina [visão], o povo se desvia”.

A Bíblia é clara em mostrar-nos a importância de uma visão. Sem visão o povo de Deus se corrompe; ele se desvia e se perde dos verdadeiros propósitos de Deus e começa a perseguir seus próprios „negócios‟ ao invés dos „negócios‟ do Pai.

Mas, o que é essa visão? Falando em termos comuns e práticos, visão é um direcionamento que Deus dá a alguém que tem a ver com o quê, como,

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por que, quando, onde e quem de alguma coisa que Ele deseja usar para trazer glória ao Seu nome, salvação aos perdidos, edificação à Igreja, enfim, expansão ao Seu reino.

Quando Deus chama você para plantar ou liderar uma igreja, Ele lhe dá uma visão para essa igreja. Ele lhe revela o quê, o como, o porquê, o quando, o onde e o quem com respeito ao que Ele deseja que essa igreja seja e faça.

Seja qual for o chamado de uma pessoa, ela não funcionará corretamente – como Deus quer – se não tiver uma visão dada por Deus. E se esta visão não estiver bem clara na sua mente e coração, é provável também que a igreja nunca será aquilo que Deus e você pretendiam que ela fosse.

MODELANDO A IGREJA LOCAL

Deus chamou você para plantar ou pastorear uma igreja? Ele lhe deu uma visão para esta igreja? Seja qual for a visão específica que Ele tenha para a sua igreja, ela precisa ser modelada de acordo com a Palavra de Deus para que possa crescer numérica e espiritualmente segundo Deus e cumprir aquilo para o qual ela foi gerada por Deus.

„Modelar‟, segundo o Dicionário Michaelis, é: „fazer o modelo ou o molde de; amoldar; delinear‟. Modelar a sua igreja, portanto, significa aplicar o molde do padrão bíblico para o Corpo de Cristo à sua igreja local. No Novo Testamento, por meio de princípios e valores, nós encontramos um modelo ou padrão que todas as igrejas deveriam seguir. Esse modelo se aplica não somente ao conteúdo do Evangelho e da sã doutrina, mas também ao funcionamento da Igreja e o seu crescimento em quantidade e qualidade.

Modelar a sua igreja local de acordo com esse padrão, é claro, implica em estudar, descobrir, desenvolver e, então, saturar a sua igreja com princípios e valores bíblicos que a conduzirão ao cumprimento do propósito específico de Deus para ela.

A seguir, nós queremos ajudar-lhe a refletir e implementar alguns destes princípios, valores e métodos bíblicos em sua igreja. Se você seguir estas orientações, com toda a certeza, a sua igreja crescerá tanto em qualidade quanto em quantidade e será uma igreja viva, cheia do Espírito Santo, criativa, contextualizada, bíblica, poderosa, proposicional, frutífera e reprodutiva.

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ESTUDO E PRÁTICA DA PALAVRA DE DEUS:

Se você deseja ter uma igreja bíblica é lógico que você invista bastante no estudo da Palavra de Deus. Ensine a Palavra, não as suas idéias ou as doutrinas de sua denominação. Tenha certeza do que você ensina. Você entende corretamente os princípios de interpretação bíblica? Você usa saudáveis, bíblicos e eficazes métodos de interpretação?

Contudo, somente estudar ou ensinar a Bíblia não é suficiente. Treine a sua igreja para praticar a Palavra de Deus. Uma só pregação que está sendo praticada na vida da igreja é melhor do que milhares que são pregadas, mas não praticadas. Sua igreja está realmente praticando a Palavra de Deus?

Os bereanos examinavam as Escrituras todos os dias, para ter certeza de que os apóstolos estavam ensinando verdadeiramente a Bíblia (Atos 17.11). Hoje, muitos crentes têm medo de contestar, pela Bíblia, as pregações e doutrinas de seus pastores. No entanto, o pastor que deseja fazer a vontade de Deus não deve ter medo de ser confrontado. Se você sabe o que está pregando, se é bíblico, não há o que temer. Mas, se não for, ou se você não tem pleno conhecimento de sua pregação, como você espera que pessoas inteligentes aceitem tudo que você diz sem jamais contestar coisa alguma?

2 Timóteo 2.15 diz:

“Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”.

Tiago 1.22 diz:

“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos”.

UM POVO DE ALIANÇA:

Edifique sua igreja para que ela seja formada por um povo de aliança. O que isso significa? Significa um povo que tem compromisso verdadeiro uns com os outros. A igreja deve ser um lugar de verdadeira fraternidade, amor e cuidado mútuo. Ser um povo de aliança é ser um povo comprometido em cuidar uns dos outros em suas necessidades reais e totais: espírito, alma e corpo.

Um povo de aliança é um povo que vive o amor de Cristo. Nós sabemos se há amor em nossa igreja pela ação e não pelas palavras. Como diz 1 João 3.16:

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“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos”.

Aqueles que não vivem em compromisso mútuo não podem ser chamados de igreja. Na verdade, tais pessoas, “não estão ligadas a Cristo, que é a cabeça. Cristo controla o corpo todo, o alimenta e mantém unido por meio das juntas e ligamentos, e assim o corpo cresce como Deus quer que cresça” (Colossenses 2.19, NTLH). Se há verdadeiros relacionamentos, se o corpo se mantém unido por meio de cada parte, então aí haverá verdadeiro crescimento.

CARÁTER CONFORMADO AO DE CRISTO:

Modele sua igreja para ela ter o caráter de Cristo. Nós fomos predestinados por Deus para sermos semelhantes ao Senhor Jesus (Romanos 8.29): semelhantes em nosso falar, em nosso amar, em nosso comportamento, em nosso perdoar, etc. Nós devemos ter um tipo de vida tal que nós possamos chamar outros para ser nossos imitadores como somos de Cristo (1 Coríntios 11.1).

SUBMISSÃO E AUTORIDADE:

Toda a autoridade é constituída por Deus, portanto, quem resiste à autoridade resiste a Deus (Romanos 13.1-2). Na igreja, Deus colocou os pastores e outros líderes como autoridades delegadas sobre as vidas do Seu rebanho. Os líderes não devem ser dominadores do rebanho (1 Pedro 5.1-4), mas o rebanho deve ser submisso e obediente aos seus pastores (Hebreus 13.7, 17). Ensine ao seu rebanho a se submeter em amor, como ao Senhor, por causa do seu exemplo e cuidado por eles, não por causa de sua posição. Se não houver uma clara e saudável relação entre autoridade e submissão, a igreja não conseguirá cumprir biblicamente a sua missão.

Grande parte da responsabilidade para que haja esse relacionamento saudável entre autoridade e submissão pertence aos pastores. Eles precisam entender corretamente o que é autoridade e trabalhar para que em todas as áreas da igreja haja uma manifestação bíblica de autoridade.

Com respeito a isso, precisamos entender como alguém chega a ter alguma autoridade na igreja. Será que a autoridade dos pastores e líderes vem através do “voto”, ou simplesmente por causa de seu “carisma” natural?

A Bíblia nos ensina que nós somente temos autoridade quando estamos debaixo da autoridade de outros (Mateus 8.8-9). Não existem pastores “independentes” na Bíblia. Você não tem uma autoridade pastoral legítima se você não presta contas de seus atos a ninguém, senão a si

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mesmo. Se você deseja ter autoridade legítima, aprovada por Deus, você deve estar submisso a outro líder ou pastor.

Jesus Cristo ensinou também que a autoridade verdadeira vem por meio do serviço (Marcos 10.42-45). Quem quiser ser o maior torne-se o menor; quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. Esta é a ordem correta no reino de Deus! Se alguém busca posição e autoridade, está buscando as coisas erradas. Nós devemos buscar serviço e responsabilidade; a autoridade virá como conseqüência.

Efésios 4.7-10, 11 nós ensina que é o dom de Cristo numa pessoa que a faz servir como um dos dons fundamentais da Igreja. Agora, convém notar que Cristo foi capacitado, como homem, para subir acima de todos os céus e derramar os dons sobre a Sua igreja porque primeiramente Ele desceu abaixo de todas as coisas. Na lógica divina, é preciso descer para subir. Se você quer ter autoridade verdadeira, espiritual, bíblica, cristocêntrica, você precisa descer do pedestal de suas habilidades, força, inteligência, (suposta) superioridade, independência e se tornar um servo dos outros. O pastor somente é um pastor bíblico quando ele é um servo dos outros. É aí que está e de onde vem a verdadeira autoridade.

UMA VISÃO NÃO-PROFISSIONAL DO MINISTÉRIO:

Paulo era “servo de Cristo” antes de qualquer coisa (Romanos 1.1). Ele era apóstolo por chamamento, não por votação. Em muitas igrejas os pastores e líderes são votados para preencher “cargos”. Precisamos lembrar que esta não é uma prática bíblica. A igreja não tem “cargos”; quem tem cargos são as empresas. A igreja é um organismo e tem organização, mas não é uma empresa. A igreja é um corpo; o corpo tem membros que executam funções. Ser um pastor não é uma questão de preencher um cargo, mas de executar uma função.

Há pessoas que valorizam muito mais os cargos do que as funções. No entanto, o que Deus faz é chamar pessoas para exercerem funções e não para ocupar cargos. Quem vota e coloca pessoas em cargos são os homens e não Deus. Precisamos acabar com isso se queremos edificar uma igreja bíblica.

Ser pastor é ser alguém que tem um chamado específico para exercer uma função específica. Um verdadeiro pastor serve com a mesma dedicação mesmo que não tenha o título de pastor; ele não precisa de diplomas, cargos, títulos ou de salário. Há pastores „mercenários‟ hoje em dia que escolhem a igreja pelo salário que irão receber. Precisamos acabar com esta visão profissional do ministério! Aliás, é impossível ser „ministério‟ se ele é profissional.

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COMPROMISSO COM OS TRÊS “C”:

Os três “c” representam o compromisso com Cristo, com a Causa de Cristo e com o Corpo de Cristo.

O compromisso com Cristo é medido pelo nosso discipulado. Ele nos chamou para negar-nos a nós mesmos, tomarmos a cruz e segui-lo (Lucas 9.23-26). Isso significa renunciar o controle total de nossas vidas e deixá-lo assumir tudo. Decidir fazer somente o que Ele quer. É dar a Ele o direito de administrar meu tempo, meu dinheiro, minha família, meus bens, meu tudo! Pregue isso na sua igreja! Leve a sua membresia a um compromisso total com Cristo. “Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando” (Mateus 12.30, NTLH).

O compromisso com a Causa de Cristo é o compromisso de levar o evangelho a todas as pessoas. Leve sua igreja a obedecer ao mandamento de Jesus para fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28.19-20).

O Compromisso com o Corpo de Cristo pode ser visto no cuidado que temos pelos outros membros da Igreja de Deus, não importando em qual denominação ou igreja eles estejam se reunindo. Deus ama a Igreja toda e nós devemos amar também!

MINISTÉRIO DO CORPO:

A Bíblia diz que todos nós somos sacerdotes e devemos oferecer sacrifícios espirituais a Deus por meio de Jesus (1 Pedro 2.5, 9).

Por muitos anos a igreja foi sustentada pelo ministério de umas poucas pessoas. Ainda há igrejas onde apenas uns poucos estão servindo ou servem nas suas reuniões. Há igrejas onde o pastor é o único autorizado a pregar, ensinar, orar pelos enfermos, batizar, dar a ceia e etc. Mas Deus agora está nos chamando para o ministério do corpo inteiro e não mais de uns poucos e de pessoas “especializadas”. Deus está dizendo, agora, que todos os membros do corpo devem ministrar e que não deve haver „estrelas solitárias‟ em Sua casa. Numa igreja bíblica, todos são ministros, todos são sacerdotes.

CHAMADO E UNÇÃO ACIMA DE POSIÇÃO E DE IMPOSIÇÃO:

Diversos textos bíblicos nos mostram que o serviço na igreja não depende da posição que alguém ocupa, mas sim dos dons que recebe (Romanos 12.3,6; 1 Coríntios 12.7, 11; 7.24).

Uma função na igreja como, por exemplo, a liderança dos jovens ou da equipe de louvor, não pode ser dada a uma pessoa somente porque ela tem habilidades naturais ou porque gostamos dela. Ela deve ser primeiramente capacitada por Deus. Os pastores também não podem

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impor que alguém sirva numa determinada área se a pessoa não tem o dom e o chamado de Deus.

Não coloque pessoas para liderar em áreas que elas não possuem chamado e unção. Você estará prejudicando a igreja e a própria pessoa.

DISCIPULADO PRÁTICO:

Discipulado não é um curso de quatro lições ou mais. Discipulado é reproduzir a sua vida espiritual, que é moldada pela Palavra de Deus, na vida de outras pessoas. Isso pode incluir estudos teóricos, mas se não houver modelação do caráter e da vida simplesmente não há discipulado.

Fazer discípulos não é uma opção; é uma ordem (Mateus 28.19-20). Discipulado inclui duas coisas:

Ensinar a fazer e

Relacionamento de companheirismo.

Como líder, você deve ser o primeiro a fazer discípulos. Você deve ensinar os outros a fazer o evangelismo, orar pelos enfermos, expulsar demônios, aconselhar, dirigir as reuniões da igreja, formar grupos pequenos, pregar, ensinar, etc.

LIDERANÇA DE SERVIÇO:

Quando mencionamos anteriormente alguns princípios de autoridade e submissão, nós destacamos que a verdadeira autoridade está em servir e que os pastores devem ser servos dos outros. Esta pode ter sido uma coisa nova para você; afinal de contas, nós somos ensinados que o pastor é o “líder máximo”, a “autoridade final”, “o mais capacitado de todos”.

De fato, o pastor é um líder, tem autoridade e deve procurar ser cada vez mais capacitado. As questões que devemos levantar, porém, são: qual é o propósito disso tudo? E o que isso significa realmente?

O propósito da liderança e da autoridade é servir. Jesus Cristo ensinou: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10.42-45).

O Senhor Jesus traçou com clareza a diferença entre o exercício da autoridade mundana e o da autoridade espiritual no Seu reino. A liderança ou o exercício da autoridade mundana se baseia numa cadeia ou

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estrutura política e social; a liderança espiritual é baseada em funções e serviço sacrifical. A autoridade mundana é baseada em posição e nível social; a autoridade no Reino de Deus é baseada em caráter piedoso. No Reino de Deus ser precede o fazer e o fazer flui do ser; função flui de caráter e aqueles que servem fazem isto porque são servos.

No mundo, a grandeza de alguém é medida por sua proeminência, poder externo e influência política. No reino de Deus, a grandeza é medida por humildade interior e serviço exterior. No mundo, os líderes se aproveitam de suas posições para governar sobre os outros. No reino de Deus, os líderes rejeitam qualquer reconhecimento que vem de suas posições e preferem servir, mesmo quando não são reconhecidos.

No mundo religioso, a liderança é baseada num sistema de classes, com líderes ostentando títulos honoríficos que na maioria das vezes não se ajustam a suas vocações, exaltando posições eclesiásticas de proeminência que estão arraigadas apenas em status, prestígio e títulos. No reino de Deus não deve ser assim! A autoridade no reino de Deus não é controle, é ajuda. É funcional mais do que oficial; espontânea mais do que legal; dinâmica mais do que mecânica.

Nós precisamos resgatar este tipo de liderança e aplicá-la em nossas igrejas, se desejamos modelar a igreja de acordo com a Palavra de Deus.

EQUIPAR OS CRENTES PARA O MINISTÉRIO:

Nós mencionamos anteriormente que todos os crentes são sacerdotes, ministros. Mas, a questão agora é: como nós fazemos com que todos funcionem na igreja?

Efésios 4.11-16 é um retrato claro de como deve funcionar o corpo de Cristo. Aqui nós temos o plano de Deus para a Igreja toda e toda igreja local. Como a visão de Deus poderá se cumprir em nossas vidas, igrejas e ministérios se nós não entendemos seu plano para o funcionamento da Igreja?! Como o corpo de Cristo deve funcionar, segundo a visão de Deus? Se você não se lembra, volte e releia a Lição 4.

Como pastor ou líder de igreja, você precisa entender que sua função não é fazer tudo, mas treinar a igreja para que ela faça o que deve fazer. A sua função é equipar os outros para que eles evangelizem, ministrem nos dons espirituais, orem pelos outros, preguem, liderem e assim por diante.

Efésios 4.16 prevê que a Igreja crescerá de forma unida, bem ajustada e consolidada. Isto não acontecerá ao acaso. Precisamos aprender e aplicar os princípios bíblicos que nos farão crescer espiritualmente, conforme a vontade do Senhor. Assim, nós entendemos que os membros da igreja devem crescer sistematicamente. Para tanto, nós devemos desenvolver

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um plano de crescimento para todos os membros da igreja baseados em nossa missão, princípios e valores.

O que você está fazendo de concreto e prático para equipar sua igreja para ministrar aos perdidos e uns aos outros?

TRABALHAR A PURIFICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO:

“Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração” (1 Pedro 1.22).

Para fins didáticos e para entendermos corretamente a purificação da alma, porém, sem defendermos uma rígida visão tricotomista do homem, pois nós cremos que a visão bíblica do ser humano é mais holística, nós dividiremos o ser humano em espírito, alma e corpo (1 Tessalonicenses 5.23).

Quando nós recebemos a Jesus como nosso Senhor e Salvador, nosso espírito é salvo e purificado de todo o pecado. Quando Jesus Cristo voltar nós seremos transformados em nosso corpo. Mas até lá é a nossa alma que precisa ser salva e purificada. A alma é aquela parte do nosso ser onde estão os pensamentos, vontade, sentimentos e emoções. Esta parte de nosso ser não é transformada automaticamente quando nos cremos. É preciso que sigamos através de um processo para que nossa alma seja purificada de todos os maus hábitos pecaminosos que adquirimos neste mundo.

Na verdade, mesmo após a conversão, nossa alma ainda permanece enferma pelo pecado. As doenças da alma ou do coração freqüentemente são doenças causadas pelo pecado. Na versão atualizada da Bíblia traduzida por Almeida, Jó 14.22 fala do sofrimento da alma. A ênfase ali é que o sofrimento da alma, na maioria das vezes, vem por causa de nossas próprias atitudes, por causa de nós mesmos. O Salmo 25.17-18 relaciona as doenças da alma (aflição, angústia, etc.) com o pecado. Neste caso, o perdão dos pecados traria a libertação das doenças da alma. Isto é principalmente verdade quando ministramos a cura da alma para pessoas que não são crentes.

No caso daqueles que já são salvos, a cura da alma é ainda mais necessária. Provérbios 4.23, por exemplo, diz-nos que do coração depende toda a nossa vida. Assim, a cura da alma é necessária para guardar o nosso coração das doenças que possam sufocar o nosso crescimento espiritual, bem como a nossa comunhão com Deus.

Quando nos convertemos, nós recebemos um novo coração, mas isso não significa que nos livramos de todas as seqüelas de um passado sem

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Jesus. O novo coração nos dá a capacidade de obedecer a Deus e responder à direção do Espírito Santo. Mas nem sempre a conversão trata com todas as feridas e doenças da alma. Não podemos dizer com exatidão quais são os fatores envolvidos na questão, mas o fato é que algumas pessoas, mesmo depois de convertidas, ainda permanecem com profundas e dolorosas feridas na alma, o que faz necessário a intervenção do ministério de cura da alma.

Muitas pessoas se convertem, mas não vivem em vitória sobre o pecado e os maus hábitos. Não é que elas não sejam salvas, mas sim que suas almas estão tão marcadas pelo pecado que precisam de um processo de transformação mais profundo do que outras pessoas. Quando somos salvos, nosso espírito é regenerado e curado para sempre. Nossa alma, no entanto, precisa de uma contínua transformação. Esta transformação pode ser mais rápida ou mais lenta, dependendo da profundidade das feridas na alma e da absorção da parte do convertido do perdão, do amor e da graça transformadora de Deus.

Assim, para que alguns convertidos recebam e desfrutem tudo o que Deus tem para eles, para receberem de Deus em plenitude, eles precisam experimentar uma profunda cura na alma, muito embora sejam verdadeiramente convertidos.

Outra razão para a necessidade de cura da alma para crentes é o fato de que antes de guerrear contra as forças das trevas por meio do avanço do Reino de Deus, nós precisamos acertar nossa vida interior, pois nossas fraquezas de caráter, formas erradas de pensar e sentimentos destrutivos podem ser usados pelo inimigo para nos enfraquecer e até mesmo para atingir outras pessoas ao nosso redor.

Portanto, como um líder de igreja, que deseja vê-la crescer de maneira saudável, tanto em quantidade e qualidade, você precisa pregar e ensinar e ajudar aos membros de sua igreja a purificarem suas almas pela obediência à verdade.

Para que essa purificação da alma aconteça, na maioria das vezes, é necessário primeiramente que haja uma transformação na mente das pessoas. Romanos 12.2 diz:

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele” (NTLH).

Nós precisamos deixar Deus fazer esta tremenda obra em nossas vidas, que é efetuar uma completa mudança em nossa maneira de pensar. A Bíblia diz que nós temos a mente de Cristo (1 Coríntios 2.16), ou como diz outra versão, “nós pensamos como Cristo pensa”.

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Note que Paulo está falando de algo que é nosso por direito e que está à nossa disposição, mas que, talvez, não estejamos experimentando. Há uma grande diferença em ter algo e usar algo. Nós temos a mente de Cristo; nós temos dentro de nós, amalgamado em nosso espírito pelo Espírito de Deus, os pensamentos de Jesus, mas será que nós estamos expressando em nosso viver diário estes pensamentos?

Isso precisa ser trabalhado em nossas igrejas, pois do contrário teremos em sua maioria e continuamente uma membresia mundana, não vitoriosa, incapaz de expressar por suas palavras e ações o caráter e o poder de Jesus Cristo.

ENSINAR A DOUTRINA BÍBLICA FUNDAMENTAL:

Nós vivemos em dias quando alguns pastores e líderes vociferam poderosamente contra o ensino da doutrina bíblica. Alguns argumentam que doutrina divide ou que nós precisamos é de ensinamentos práticos para a vida.

Nós cremos que as „doutrinas de homens e de demônios‟ realmente dividem as igrejas, mas não a doutrina bíblica. E, certamente, precisamos de ensinamentos práticos, mas estes não anulam a importância da sã doutrina em nossas vidas. Pelo contrário, uma ênfase exacerbada em questões práticas e cotidianas, sem o devido alicerce doutrinário básico, pode gerar ensinamentos equivocados e até mesmo frontalmente contrários à Palavra de Deus.

Também é importante lembrarmos que a doutrina à qual nos referimos não se trata de usos e costumes, como é comum no pensamento de algumas igrejas e líderes. Inclusive, quando certas pessoas ouvem o termo doutrina, automaticamente pensam em termos de proibições quanto ao que vestir e ao tamanho do cabelo e o uso de maquiagem. Mas, nós não estamos falando disso. Se você quer edificar sua igreja sobre estas coisas, pode ter certeza de que você está edificando com madeira, palha e feno. E sabe qual será o resultado? Veja o que diz 1 Coríntios 3.10-16:

“Alguns usam ouro ou prata ou pedras preciosas para construírem em cima do alicerce. E ainda outros usam madeira ou capim [feno] ou palha. O Dia de Cristo vai mostrar claramente a qualidade do trabalho de cada um. Pois o fogo daquele Dia mostrará o trabalho de cada pessoa: O fogo vai mostrar e provar a verdadeira qualidade do trabalho. Se aquilo que alguém construir em cima do alicerce resistir ao fogo, então o construtor receberá a recompensa. Mas, se o trabalho de alguém for destruído pelo fogo, então esse construtor perderá a

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recompensa. Porém ele mesmo será salvo, como se tivesse passado pelo fogo para se salvar” (NTLH).

Quando é que o nosso ministério de liderança pastoral tem uma qualidade que agrada a Deus? Quando investimos na transformação interior das pessoas e não na transformação exterior. Quando investimos em ensinar a sã doutrina que produz efeitos transformadores na mentalidade e, conseqüentemente, nas ações das pessoas. Gastar nosso tempo tentando convencer as pessoas a usar esta ou aquela roupa não produz nenhum fruto verdadeiro no presente e nem na eternidade.

Então, compreendendo que a doutrina da qual falamos não é o mesmo que usos e costumes, nós queremos animar você a investir no ensino das doutrinas básicas da fé cristã aos membros de sua igreja. As doutrinas ensinadas pelos apóstolos e que se encontram nas epístolas do Novo Testamento podem ser divididas assim:

Ensinamentos Ortodoxos – com relação aos assuntos para nós CRERMOS, como a divindade e humanidade de Cristo, Sua impecabilidade, Seu nascimento virginal, Sua Segunda Vinda, a salvação pela graça mediante a fé, e etc. Não aceitar estes ensinamentos significaria, em termos práticos, não ser da “fé cristã”.

Ensinamentos Práticos – com relação ao que devemos PRATICAR nas igrejas locais (ou mesmo individualmente), como por exemplo, o batismo em Cristo, a ceia do Senhor, a posição das mulheres nas reuniões, a oração, o estudo da Palavra, a adoração, e etc. Neste caso, há alguns princípios gerais e alguns princípios práticos claramente expostos nas Escrituras. Aí nós temos que diferenciar entre função e forma. Por exemplo, o batismo nas águas é uma função claramente estabelecida na igreja, mas a forma como foi praticado não é claramente descrita ou exigida. Assim, enquanto não podemos deixar de praticar o batismo, também não podemos estabelecer biblicamente que só há um modelo válido.

Ensinamentos morais e espirituais – com relação ao que devemos SER E TER: humildade, mansidão, enchimento do Espírito, orar no Espírito, amor fraternal, perdão, renúncia, santidade, boas obras, e etc. Essas são coisas que não exigem muita interpretação, mas sim muita prática.

Você pode perguntar agora: „Qual é a real importância de ensinar doutrinas às nossas igrejas?‟ Numa era de relativismos, onde não há absolutos, é vital sabermos que Deus tem uma verdade absoluta. O ateísmo, o agnosticismo, o relativismo, a ética situacional, o existencialismo, e outras filosofias dos homens, têm saturado esta geração, causando assim uma grande necessidade de uma sã doutrina.

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Todos os crentes precisam saber:

Em QUEM crêem.

O QUE crêem.

POR QUE crêem.

Os ensinamentos recebidos, cridos, obedecidos e praticados continuamente determinam:

NOSSO CARÁTER - quem somos.

NOSSO COMPORTAMENTO - o que fazemos.

NOSSO DESTINO - aonde iremos .

A verdade combate ao erro e a luz de Deus dispersa as trevas. A necessidade não é combatermos os erros e as trevas como tais, e sim declararmos a verdade, acendermos a luz, e assim dispersarmos os erros e as trevas. Os ensinamentos falsos somente podem ser corrigidos pela Palavra de Deus. Portanto, quer seja uma negação da verdade bíblica, subtração, adição, mal-entendidos ou substituições, somente a totalidade da Palavra pode corrigir as falsas doutrinas (2 Timóteo 3.15,16). TODA A ESCRITURA!

Portanto, não negligencie o correto e bíblico ensino da sã doutrina em sua igreja, se você deseja que ela realmente cresça segundo Deus.

MINISTRAR NO PODER DO ESPÍRITO SANTO:

Jesus era um obreiro cheio do Espírito Santo. Isto significa, entre outras coisas, que Ele ministrava ou servia no poder do Espírito Santo. Ele pregava, ensinava, curava, expulsava demônios e alimentava as multidões no poder do Espírito Santo (Lucas 4.18-19). E nós também devemos ministrar no poder do Espírito de Deus. Jesus mesmo disse que nós faríamos as mesmas obras que Ele fez (João 14.12).

A passagem de Atos 1.8 mostra-nos a necessidade da unção do Espírito Santo para sermos testemunhas poderosas do Cristo poderoso. Passagens como 1 Coríntios 12 a 14 e Efésios 4.1-16 nos mostram claramente que a igreja deve servir a Deus e às pessoas segundo o poder do Espírito Santo e não somente de acordo com as habilidades naturais de seus membros.

A. W. Tozer escreveu:

Os dons naturais não são suficientes na obra de Deus. O poderoso Espírito de Deus tem de ter a liberdade para avivar e despertar com criatividade e bênção... Não importa o que alguém faça, não importa o quão bem sucedido a pessoa pareça ser em qualquer campo de atividade: se o Espírito

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Santo não for a principal fonte de vida em sua atividade, esta desaparecerá quando ele morrer. 8

O uso correto dos dons deve ser indispensável nas reuniões da igreja. O Espírito deve ter liberdade de agir, mas os membros da igreja também devem estar desejosos de servirem como canais para a atuação do Espírito Santo. Deve haver uma ardente expectativa de que o Espírito agirá em nossas reuniões, manifestando Sua presença através dos dons espirituais e de outras manifestações de poder.

A igreja toda precisa aprender a ministrar no poder do Espírito Santo. As pregações devem ser ungidas pelo Espírito, bem como as orações, a adoração, etc. Se você quer ver sua igreja crescendo segundo Deus, treine sua membresia para ministrar no poder do Espírito Santo.

ADORAÇÃO EM ESPÍRITO E VERDADE:

Nós entendemos que a adoração é um fim em si mesmo. Ela não é uma preparação para a pregação ou um fundo musical para tirar as ofertas. A adoração deve ser voltada para Deus e deve haver um momento específico na reunião da igreja para que toda a igreja possa adorar a Deus.

A adoração em espírito e em verdade (João 4.23-24) é, primeiramente, movida pelo Espírito Santo. Portanto, nós devemos estar abertos para Sua atuação em nosso coração e na igreja como um todo enquanto adoramos.

Em segundo lugar, este tipo de adoração deve ser baseado na Palavra de Deus. A Bíblia ensina como devemos adorar a Deus:

Com Júbilo e celebração: “Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação” (Salmos 95.1, RA).

Com Palmas: “Batam palmas de alegria, todos os povos! Cantem louvores a Deus em voz alta” (Salmos 47.1, NTLH).

Levantando as mãos: “Levantem as mãos em oração no Templo e louvem o Eterno” (Salmos 134.2, NTLH).

Com instrumentos [musicais] de louvor: “Louvem a Deus com trombetas. Louvem com harpas e liras. Louvem o Eterno com pandeiros e danças. Louvem com harpas e flautas. Louvem a Deus com pratos musicais. Louvem bem alto com pratos sonoros. Todos os seres vivos, louvem o Eterno! Louvem ao Deus Eterno” (Salmos 150.3-6, NTLH).

8 A. W. Tozer, A Tragédia da Igreja: Ausência dos Dons Espirituais. (Rio de Janeiro: Danprewan, 1999), pp. 12-13.

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Ajoelhados: “Venham, fiquemos de joelhos e adoremos o Eterno. Vamos nos ajoelhar diante do nosso Criador” (Salmos 95.6, NTLH).

Com danças: “Louvem o Eterno com pandeiros e danças. Louvem com harpas e flautas” (Salmos 150.4, NTLH).

Em terceiro lugar, este tipo de adoração é participativo, ou seja, toda a congregação deve se envolver. Muitas igrejas funcionam mais como karaokê: várias pessoas vão lá frente cantar enquanto a grande maioria da congregação apenas observa – e ainda chamam isto de adoração! A igreja deve investir em ensinar e cantar canções que todos possam cantar. As canções devem ser dirigidas primeiramente a Deus; elas devem ser canções de proximidade, intimidade, amor a Deus, canções de adoração a Deus e não apenas sobre Deus.

O estilo das músicas deve ser contextualizado. As pessoas se animam mais a participar cantando quando as músicas possuem melodias agradáveis, fáceis de cantar e num estilo que elas gostam.

MINISTÉRIO AOS POBRES:

Uma igreja que não se preocupa com os pobres dificilmente será uma igreja apostólica, bíblica. Parte da missão apostólica da igreja é servir aos pobres. Paulo, o apóstolo, escreveu:

“Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: 'Há maior felicidade em dar do que em receber'” (Atos 20.35).

Veja também Gálatas 2.9-10:

“Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos. Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer”.

Se não servimos aos pobres, na verdade, não seguimos o exemplo de Jesus. O Senhor Jesus foi ungido por Deus para pregar aos pobres (Lucas 4.18-19). Se compreendermos corretamente isso, nós veremos que um dos propósitos da unção do Espírito sobre Sua vida era servir aos pobres. Quantos hoje não buscam a unção do Espírito, mas não possuem nenhum desejo nem fomentam nenhuma ação para alcançar o pobre em suas necessidades?!

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Também precisamos entender que Jesus nunca dissociou a Sua pregação de Suas obras. Nós podemos alegar que também temos pregado aos pobres, mas Jesus fez mais do que isso. Ele conviveu com eles. Ele alimentou os pobres. E nós somos chamados para fazer a mesma coisa.

Na igreja primitiva não havia nenhum necessitado no meio do povo de Deus (Atos 2.45; 4.35). Que nossas igrejas também possam ser assim, aí teremos uma visão pela qual vale a pena lutar.

CONCLUSÃO

Como podemos cumprir melhor a visão que Deus nos deu para a igreja que Ele nos chamou para plantar/pastorear? Como podemos ajudá-la a crescer em qualidade e quantidade? Como podemos cumprir melhor a Sua grande comissão para fazer discípulos de todas as nações? Como podemos edificar verdadeiras igrejas bíblicas?

Nós cremos que as respostas estão nos princípios que expomos nesta lição. Assim, nós queremos, mais uma vez, desafiá-lo e animá-lo a refletir e implementar estes princípios e valores em sua igreja, com o fim de edificar uma igreja que realmente glorifique ao Pai, alcance os perdidos e faça da igreja tudo aquilo que Deus quer que ela seja.

Lição 12 - Questões Para Revisão

1. De acordo com o contexto da lição, o que é „visão‟?

2. Qual é a importância da „visão‟ para um líder ou igreja?

3. Como você resumiria os princípios aprendidos sobre como modelar a igreja de acordo com a Palavra de Deus?

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Exame Final

Este exame final consiste de 50 questões. Cada questão vale 2 pontos.

Portanto, o máximo de pontos que podem ser obtidos neste exame é de 100

pontos.

1. O que você aprendeu com as figuras da igreja?

2. Como a igreja foi projetada para funcionar?

3. Onde acontece o ministério do corpo de Cristo?

4. Quais os tipos de reuniões da igreja citadas na Bíblia você pode escrever de memória?

5. Qual é a importância das reuniões caseiras para o desenvolvimento da igreja?

6. Qual a diferença entre as reuniões caseiras e as reuniões públicas da igreja?

7. Qual é a função básica da igreja neste mundo?

8. Quais são das 10 outras funções ou atividades essenciais da igreja?

9. O que torna impossível o verdadeiro da igreja segundo o plano de Deus?

10. O que temos quando dois ou mais membros do corpo se unem para cumprir uma missão específica?

11. Quais são as principais equipes de ministério que uma igreja local desenvolver o mais rapidamente possível?

12. Qual é a diferença básica entre o ministério de adoração da igreja e o ministério específico de adoração da igreja?

13. Qual é a razão para se estabelecer um ministério específico de adoração na igreja – uma equipe de louvor?

14. Quais são as funções da equipe de louvor?

15. Qual é a finalidade da filosofia de ministério para a equipe de louvor?

16. Qual é a importância de escrever uma filosofia de ministério para a equipe de louvor?

17. Quais são as coisas que deveriam estar incluídas na filosofia de ministério da equipe de louvor?

18. Qual é o passo mais importante depois que você já tem uma filosofia de ministério para a equipe de louvor?

19. Qual é o requisito principal para o líder da equipe de adoração?

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20. Qual é a importância do ministério com crianças?

21. O que você aprendeu com o exemplo de Jesus em relação às crianças?

22. Qual é o propósito geral do ministério com crianças?

23. Quais são os 7 passos gerais para se organizar um ministério com crianças?

24. Por que ministrar aos jovens é um grande desafio?

25. Por que o líder é a peça fundamental?

26. Você pode citar pelo menos 10 características do líder adequado para ministrar aos jovens? Quais?

27. Por que os grupos pequenos deveriam existir numa igreja local?

28. Quais são as quatro áreas básicas de crescimento espiritual?

29. Por que é importante enfatizar que a „igreja é a grande coisa‟ quando ela tem um ministério com grupos pequenos?

30. Por que é importante edificar grupos pequenos com base na missão da igreja local?

31. Qual é a diferença entre edificar grupos pequenos com base em princípios/valores bíblicos e somente a partir de uma metodologia?

32. Ao criar o formato de um grupo pequeno, como você dividiria o tempo de uma reunião? Por que você o dividiria dessa maneira?

33. Quais princípios/valores da evangelização por meio de grupos pequenos você poderia citar de memória?

34. Quais princípios/valores do discipulado por meio de grupos pequenos você poderia citar de memória?

35. Baseado nos princípios/valores bíblicos que você descobriu nesta lição, como você resumiria o papel e a maneira adequada de realizar o estudo bíblico num grupo pequeno?

36. Quais são os quatro obstáculos que impedem a dinâmica da vida em comunidade, segundo J.I. Packer?

37. Como um líder arruína o grupo pequeno?

38. Onde na Bíblia encontramos os requisitos bíblicos para líderes de grupos pequenos?

39. Por que é importante haver uma participação aberta no grupo pequeno?

40. O que é o dom de pastor?

41. O que é liderança pastoral?

42. Quais os significados das palavras „bispo, pastor e presbítero‟?

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43. De acordo com a Bíblia, como alguém se torna um pastor na igreja?

44. Qual é o trabalho de um líder pastoral?

45. É bíblico exigir que um candidato ao ministério de liderança pastoral obtenha um diploma de teologia e/ou se forme no seminário da denominação?

46. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com as quatro linhas de crescimento da igreja da Lição 11?

47. O que você aprendeu de novo e/ou positivo com as „dez características de uma igreja saudável‟?

48. De acordo com o contexto da lição, o que é „visão‟?

49. Qual é a importância da „visão‟ para um líder ou igreja?

50. Como você resumiria os princípios aprendidos sobre como modelar a igreja de acordo com a Palavra de Deus?

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Este manual faz parte de uma série de diversos manuais

desenvolvidos para o treinamento ministerial, pastoral e teológico

do Programa de Educação Teológica a Distância, que visa

equipar cada crente para o cumprimento de seu papel dado por

Deus na evangelização do mundo e na edificação da igreja.

Para maiores informações, por favor, escreva-nos:

Rua Eufrásio de Oliveira, 38

59600-410, Mossoró-Rn

Brasil

[email protected]