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1 Texto inédito, em progresso. Erros e eventual duplicidade de informação em fase de revisão. Se usar, favor identificar a fonte. Indicadores de sustentabilidade sócio-ambiental nos assentamentos humanos e ecodesign na construção civil: oportunidades para a indústria João S. Furtado Consultor para empresas com responsabilidade sócio-ambiental [email protected] Consultor colaborador PROGESA FIA-FEA-USP Gestão Estratégica Sócio-Ambiental Responsável Abordagem 1. Questões ambientais contemporâneas 2. Desenvolvimento sustentável e os assentamentos humanos: conceitos, compromissos e realidades 3. Indicadores sócio-econômicos e ambientais gerais – para medição da sustentabilidade – e específicos – para caracterizar e avaliar impactos, danos ou progressos alcançados nos assentamentos humanos 4. Construção civil com responsabilidade ambiental (ecobuilding) – conceitos e oportunidades 5. Produção Limpa como tecnologia de gestão na construção civil – tendências internacionais e recursos disponíveis no Brasil 6. Ecodesign como instrumento prático para inovação tecnológica e ferramenta para a produção de bens e serviços no setor 7. As partes interessadas No contexto ambiental, o termo economia representa o ecossistema humano. Nele, os homens interagem e realizam as trocas de energia, alimentos, informações e demais recursos com os componentes físicos, químicos e demais seres vivos, como vírus, bactérias, fungos, algas, vegetais e animais. O grande equívoco da teoria econômica prevalente foi ter achado que o homem era o centro do universo e poderia alterar e dominar os demais ecossistemas. É impossível negar que o modelo antropocêntrico foi responsável pela fantástica diversidade de novos materiais, principalmente derivados da química, e de tecnologias, nos mais diversos setores ou campos de atividades.

Ecodesign na Construção Civil

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Page 1: Ecodesign na Construção Civil

1Texto inédito, em progresso. Erros e eventual duplicidade de informação em fase derevisão. Se usar, favor identificar a fonte.

Indicadores de sustentabilidade sócio-ambiental nos assentamentoshumanos e ecodesign na construção civil: oportunidades para a

indústria

João S. FurtadoConsultor para empresas

com responsabilidade só[email protected]

Consultor colaboradorPROGESA FIA-FEA-USP

Gestão Estratégica Sócio-Ambiental Responsável

Abordagem

1. Questões ambientais contemporâneas2. Desenvolvimento sustentável e os assentamentos humanos:

conceitos, compromissos e realidades3. Indicadores sócio-econômicos e ambientais gerais – para medição da

sustentabilidade – e específicos – para caracterizar e avaliarimpactos, danos ou progressos alcançados nos assentamentoshumanos

4. Construção civil com responsabilidade ambiental (ecobuilding) –conceitos e oportunidades

5. Produção Limpa como tecnologia de gestão na construção civil –tendências internacionais e recursos disponíveis no Brasil

6. Ecodesign como instrumento prático para inovação tecnológica eferramenta para a produção de bens e serviços no setor

7. As partes interessadas

No contexto ambiental, o termo economia representa o ecossistema humano. Nele, os homens

interagem e realizam as trocas de energia, alimentos, informações e demais recursos com os

componentes físicos, químicos e demais seres vivos, como vírus, bactérias, fungos, algas,

vegetais e animais.

O grande equívoco da teoria econômica prevalente foi ter achado que o homem era o centro do

universo e poderia alterar e dominar os demais ecossistemas.

É impossível negar que o modelo antropocêntrico foi responsável pela fantástica diversidade de

novos materiais, principalmente derivados da química, e de tecnologias, nos mais diversos

setores ou campos de atividades.

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2Com isso, o ecossistema humano (a economia) foi invadido por bens e serviços, envolvendo

incontáveis produtos têxteis, agrotóxicos, sanitários, farmacêuticos, alimentícios, plásticos, etc..

Os reflexos foram representados por centenas de novidades para utilização nos lares, transporte,

lazer, esportes, de modo sem precedentes na história da sociedade humana.

O homem econômico diz que as tecnologias não são boas, nem ruins. E, por extensão, nem

limpas, nem sujas. Para o homem de negócios, são reflexos dos valores culturais e éticos da

sociedade.

O fato é que a sociedade passou a conviver com poluição, desastres e danos aos ambientes

naturais e urbano. Intencionalmente ou não, o homem econômico passou a jogar roleta russa com

a natureza e arrastou consigo, a sociedade de consumo, fruto do modelo de desenvolvimento das

últimas décadas.

Os problemas ambientais - causados pela poluição de origem industrial - começaram a ficar fora

de controle e tornaram-se alvo de alertas e reclamações.

Felizmente, está havendo mudanças, com a expansão de conceitos, entendimentos e atitudes.

Poluição deixou de ser mera questão relacionada às emissões de resíduos capazes de causar

danos à saúde humana e ambiental. O âmbito de seus efeitos também foi alargado.

No início, as preocupações ambientais envolviam a proteção de recursos naturais e

regulamentação fitossanitária. Depois, passaram a incluir pobreza, acesso a água tratada,

favelização, saúde pública, endemias, fome e outros aspectos da economia.

O setor de negócios acompanhou as transformações. As empresas mais capacitadas

transformaram os fatores de controle e prevenção da poluição em oportunidades de negócios. O

mercado ambiental mundial de bens e serviços mostrou franca expansão, envolvendo valores

financeiros da ordem de US$300 bilhões, próximos aos da indústria química.

O conceito de mercado também foi modificado. Antes, representava o espaço para a realização

de negócios. Hoje, inclui (i) o ambiente de negócios, (ii) as necessidades sociais, inclusive das

classes economicamente excluídas, (iii) as necessidades ambientais e (iv) os paradigmas da

globalização da economia.

Para o biólogo, é um alento ver que a sociedade humana está assimilando lições da natureza,

mesmo de modo não intencional. Termos científicos - até então de uso restrito - são reproduzidos

pela mídia popular e entram no jargão de marketeiros e de outros profissionais.

A partir do início dos anos 90, surgiu a onda de bionegócios e uma série de termos relacionados

ao verde e à ecologia. Rapidamente, a questão ambiental passou a ser usada como ferramenta de

mercado. Muitas empresas exageraram na dose e foram acusadas de prática de maquiagem verde

(greenwashing).

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3Os ativismo ambiental foi responsável por inúmeros protestos internacionais, muitas vezes de

maneira radical, a fim de chamar a atenção dos riscos para a sociedade humana.

Surgiram centenas de ONGs (Organizações Não Governamentais), em defesa do ambiente e dos

consumidores, em várias partes do mundo. O impacto causado pelas organizações ambientalistas

foi tal que acabou gerando a percepção, equivocada, de que ONG era sinônimo de ativismo

ambiental.

A mídia cognominou o ativismo, pejorativamente, como movimento de ecochatos. A reação do

setor econômico não demorou e veio através de lobistas - muitas vezes sob o disfarce de ONGs

com denominações ambientalistas - e de ONGs claramente identificadas como representativas de

setores econômicos e industriais.

O epicentro dos movimentos sociais contra os impactos ambientais, ocorreu nos países onde as

necessidades básicas da sociedade haviam sido atendidas.

Na periferia do sistema econômico mundial, as discussões ainda resistem às barreiras impostas

pelos segmentos com poder político e econômico. O fato é que as mudanças mais notáveis na

legislação ambiental ocorreram nos países onde as ONGs ambientalistas estavam melhor

organizadas e atuantes.

O texto a seguir trata das transformações no setor da construção civil, sob o estímulo das

questões ambientais. O leitor está convidado a refletir sobre tendências e conceitos; os novos

papéis dos profissionais que atuam no segmento; as ferramentas e as estratégias para as

empresas.

Bases da crise ambiental

As benesses proporcionadas à sociedade foram acompanhadas de altos custos para a saúdehumana, representados por emissões, acúmulo de lixo urbano e industrial, principalmente tóxicoe perigoso, sem contar o uso predatório dos recursos hídricos, energéticos e das fontes dematérias primas naturais.

Entre as inúmeras críticas feitas pelos ambientalistas, encontra-se, por exemplo, a falta deestudos toxicológicos para os produtos químicos. A situação nos EUA não deve serdiferente dos demais países desenvolvidos, onde centenas de milhares de instalaçõesindustriais utilizam cerca de 70.000 produtos químicos. A cada ano, outros 1.000 sãointroduzidos no mercado. O problema é que os riscos ambientais e para saúde humananunca foram determinados para mais de 90% deles.

A velocidade das novas denúncias é grande. Os Poluentes Orgânicos Persistentes -internacionalmente conhecidos por POPs - são substâncias químicas de origem sintética ousubprodutos de processos que provocam largo espectro de danos à saúde do homem e dosdemais seres vivos. Não são degradáveis e acumulam-se nos tecidos gordurosos dos

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4organismos vivos. Afetam os sistemas genético, imunológico, neurológico-comportamental, glandular e hormonal, etc. . São dispersos por água, solo e ar, migrando agrandes distâncias e em tempo curtíssimo, incorporando-se na cadeia alimentar. As açõesde agências da ONU provocaram o banimento 12 POPs - envolvendo pesticidasorganoclorados, furanos, hexaclorobenzeno, dioxinas, bifenilas policloradas (PCBs).Outras dezenas estão sob pressão. Países atrasados em pesquisa científica praticamentedesconhecem o problema.

Recentemente, cientistas e cancerologistas passaram a alertar a sociedade para os riscos deinúmeras matérias primas de largo emprego industrial e de vários produtos acabados,capazes de liberar substâncias que mimetizam os hormônios, desorganizam o sistemaendócrino, acumulam-se nos tecidos gordurosos e comprometem pais e descendentes,geneticamente e de maneira irreversível. POPs e outros produtos de amplo emprego naindústria química, alimentícia, farmacêutica, de utilidades domésticas, etc. são usados pelohomem e passam para seus descendentes na vida intra-uterina, continuam na amamentaçãoe persistem por toda a vida.

Cenário de mudanças

Parece que os atributos racionalidade e consciência - que diferenciam o homem dos demais

animais - não foram suficientes para evitar os problemas ambientais.

A esperança é de que a corrente que reivindica maior responsabilidade ambiental das empresas

seja vencedora. Se não pela racionalidade e raciocínio, pelo menos pelo atributo que caracteriza

as espécies animais, em geral. Os antigos zoólogos chamaram de extra-territorialidade causal a

manifestação da capacidade instintiva do animal para usar os últimos resquícios de energia, a

fim de escapar de situações que ameaçam a sobrevivência individual.

O processo já está acontecendo. Muitas indústrias perceberam que a sobrevivência de seus

negócios requer ações para correção de rumos, devido os reflexos negativos dos impactos da

poluição no mercado.

Nos países onde a legislação obriga e a fiscalização funciona, a atitude usual da indústria é de

conformidade à legislação ambiental. Entretanto, entidades de classes industriais e organizações

de profissionais criaram códigos voluntários de ética e conduta ambiental.

Alguns códigos ultrapassaram os limites da regulamentação oficial e deram origem a atitudes

ambientais pró-ativas, com mudanças substanciais nos modelos de gestão de negócios.

Responsible Care é o acordo voluntário mundial mais conhecido, criado pela indústria química e

que está sendo assimilado pela indústria brasileira.

Outros estatutos surgiram a partir de acordos entre governos e setor produtivo, como o Princípio

do Poluidor Pagador, Responsabilidade Continuada do Produtor (Extended Producer

Responsibility), Devolução Garantida (Buy Back e Take Back), Princípio da Precaução

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5(Precautionary Principle), Direito Público de Acesso à Informação (Right-to-Know), entre

outros.

Outras iniciativas, mais recentes, nasceram do próprio setor industrial. O Sistema de Gestão

Ambiental foi oficializado pela Norma Técnica ISO14001. A Série ISO 14000 deverá ser

completada por normas para Selo Ambiental (ou Selo Verde), Autodeclaração Ambiental,

Desempenho Ambiental, Avaliação do Ciclo de Vida ((Life-Cycle Assessment) do produto, entre

outras.

Não serão decisões fáceis, nem rápidas. Todavia, independente das ações no âmbito da ISO

(International Standard Organization) e sob estímulo governamental, o sistema industrial nos

países desenvolvidos já pratica o Design para o Ambiente (Design for the Environment),

Desempenho Ambiental Responsável, Responsabilidade e Confiabilidade Total (Total

Accountability) e outros princípios.

No caso do Brasil, a legislação ambiental é tida como avançada. Entretanto, é reconhecidamente

deficiente, do ponto de vista do cumprimento e da fiscalização.

O recente estatuto dos Crimes Ambientais foi considerado passo importante para inibir as

atitudes ambientais danosas com rigor, mas entrou em moratória até o ano 2.005. No Estado de

São Paulo, espera-se que haja progressos, com a legislação sobre os resíduos sólidos.

Há e continuará havendo forte reação do setor produtivo, contra a atual legislação nacional.

Maior resistência deverá acontecer, a partir do momento em que o Governo do Brasil

implementar os acordos internacionais dos quais é signatário.

A indústria mundial ainda tem muito o que aprender. Entretanto, já descobriu que as questõesambientais não são, necessariamente, prejudiciais do ponto de vista econômico. Muitastransnacionais já identificaram, reduziram ou eliminaram custos ambientais não contabilizados,decorrentes de suas atividades.

Custos ambientais não contabilizados

• Mau uso do produto pelo consumidor• Consumo exagerado de insumos• Processo industrial de risco• Ações civis, multas e custos com remediação• Impactos visuais e sonoros• Matérias primas inadequadas• Auditoria e avaliação de riscos• Controle de acidentes e emergências• Perda de subprodutos úteis• Gastos com permissões e fiscalização• Danos à imagem

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A construção civil com responsabilidade ambiental (Ecobuilding)

O setor internacional da construção civil já está respondendo às demandas sociais. As expressões

de uso corrente são ecobuilding, green building, ecological building, environmentally

responsible construction. No final, todos convergem para a necessidade do design

ecologicamente correto e reclamam pela responsabilidade ambiental da indústria da construção

civil.

As questões básicas envolvem: que tipos de materiais devem ser escolhidos; como construir; o

que planejar em função das pessoas que irão habitar; quais problemas deixar; o que irá acontecer

depois que a obra estiver pronta; como serão as áreas de circulação; qual a infra-estrutura de

serviços.

Os conceitos e princípios associados com a construção civil com responsabilidade ambiental

estão em sintonia com novos modelos de gestão do sistema de produção de bens e serviços,

representados por Produção Limpa (Clean Production), Produção Mais Limpa (Cleaner

Production) e Tecnologias Limpas (Clean Technologies).

Não importa se se trata de projeto de uma casa na área urbana ou rural, uma escola, clube,

edifício ou conjunto residencial. O cenário de mudanças é um convite à reflexão. É a

oportunidade para a abordagem de questões sensíveis e complexas, por pessoas com formação

heterogênea, mas com interesse comum, focado na responsabilidade ambiental e social da

empresa. Uma ocasião excelente, mesmo para o educador que não esteja atuando no setor da

construção civil - como também é o meu caso.

Reflexões para a indústria da construção civil

• conceitos e tendências gerais de Desenvolvimento Sustentável, Construçãocivil com responsabilidade ambiental e Produção Limpa

• desafios para a indústria da construção civil• novos papéis para os profissionais, empresas e demais agentes e atores da

construção, especialmente as organizações com poder de influência nacadeia produtiva do segmento.

As relações entre a indústria e o ambiente tornaram-se tema de interesse das Nações Unidas e

passaram por amplo debate na ECO-92, quando surgiu a expressão Desenvolvimento Sustentável.

Hoje, a expressão corre solta na mídia e nos discursos políticos. Entretanto, é necessário evitar a

vulgarização semântica, quando políticos e empresários falam em desenvolvimento econômico

sustentável, ignorando os princípios éticos e ambientais envolvidos.

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7Empresários aumentaram seu vocabulário e falam, sem embaraço, em faturamento sustentável,

no mero sentido de vendas contínuas, resultantes da capacidade de compra dos consumidores de

seus produtos.

Princípios sócio-ecológicos da sustentabilidade

• substâncias extraídas da litosfera não devem ser acumuladas,sistematicamente, na ecosfera

• produtos gerados pelo homem não devem ser acumulados,sistematicamente, na ecosfera

• as condições físicas para a produção e diversidade na ecosfera não devemser sistematicamente deterioradas

• o uso de recursos deve ser eficiente e limitado às necessidades humanas,garantindo a oportunidade de escolha para as gerações futuras

• os valores culturais das comunidades devem ser respeitados

Desenvolvimento sustentável e a construção civil

O desrespeito aos princípios sócio-ambientais foi responsável pelo aumento do passivo

ambiental criado pelo setor industrial. O homem retira recursos da litosfera, acumulando-os no

ambiente dos seres vivos (ecosfera). Para entender as conseqüências de suas atitudes, deveria

rever questões como: o que tirar; quanto extrair e usar; se estará usando bem e de maneira

correta; o balanço energético no processo de extração e uso.

Os produtos criados pelo homem merecem atenção especial. O modelo econômico

antropocêntrico promoveu a acumulação sistemática de materiais na ecosfera, com considerável

represamento de energia entrópica, cujo reaproveitamento passou a exigir novos e maiores gastos

energéticos.

Não houve suficiente percepção ou preocupação com os custos sociais ao gastar mais recursos

do que seria necessário. Não houve, também, preocupação com o desenvolvimento de

tecnologias ambientalmente adequadas.

Os malefícios dos modelos tecnológicos estão evidentes na exploração de jazidas, nos projetos

de urbanização, nos projetos de construção civil em regiões de viveiros naturais, e tantas outras

atividades desenvolvidas sob a justificativa do progresso.

Acima de tudo, o homem econômico passou a tratar a natureza como se tudo girasse ao redor de

si próprio. É duvidoso que o movimento social em defesa das algas, dos micróbios, macacos,

árvores e outras formas de vida tivesse sido um ato consciente para auto-sustentabilidade dos

ecossistemas. É mais provável que tivesse traduzido a manifestação de poder e domínio do

homem sobre as demais espécies, para ratificar sua posição como centro do universo.

Hoje, o paradigma econômico passa por questionamentos, com disputa de duas correntes. Uma

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8corrente propõe a “transformação da ecologia em economia”, enquanto outra defende a“transformação da economia em ecologia”.

Os economistas ortodoxos acham que “o ecologista sabe o valor de tudo, mas não sabe o preçode nada”, enquanto este responde que “o economista sabe o preço de tudo, mas não sabe o valorde nada”. O comportamento ambiental responsável busca eliminar o conflito de opiniões, nacerteza de que ambos estão focados em interpretações equivocadas.

A construção civil com responsabilidade ambiental ou construção ecológica (ecobuilding) nãodeve ser reduzida ao simples uso de algumas matérias primas naturais. A utilização de palha ououtro material não industrializado ou o emprego de reciclagem nas operações não são exemplossuficientes.

A construção civil com responsabilidade ambiental implica na reorientação do processo deprodução. Mas, essa não ocorrerá da noite para o dia. Na verdade, a capacidade de reação daindústria dependerá da existência de recursos internos, a partir da definição de política ambiental,incorporada na política de negócios da empresa.

Começa com a formação de novo perfil de arquitetos, designers e engenheiros, para a concepçãode novo modelo de projeto.

Entretanto, as propostas de mudanças ficarão no campo das boas idéias e o sucesso econômicodo novo design não ocorrerá, a menos que o empresário - dirigente e tomador de decisões naempresa - não se for capaz de transformar as políticas, regulamentos, acordos voluntários edemais questões ambientais em estratégias competitivas para seus negócios.

Levantamento recente, realizado pela Confederação da Indústria e o SEBRAE revelam que asgrandes, médias, pequenas e micro indústrias estão introduzindo mudanças em produtos eprocessos, do ponto de vista ambiental.

Portanto, este é o momento de alertar a empresa sobre as dificuldades que poderá enfrentar, nocaso de tomar a decisão de introduzir mudanças, diante das pressões e motivações de mercado.

A margem de manobra para mudanças internas será maior, enquanto a percepção doproblema estiver latente no meio social.

O grau de liberdade para mudança irá diminuir, na medida em que aumentar oentendimento ou conscientização social a respeito do problema ambiental.

Se a empresa não se preparar, tecnicamente, os custos aumentarão e as dificuldadesserão maiores, assim que o problema ambiental converter-se em legislação, norma oupadrão de pressão dos agentes sócio-econômicos.

De modo geral e por diferentes razões, muitas políticas ou tendências internacionais continuarãosendo ignoradas, tanto pelos governos, como pelas empresas locais. Outras, negligenciadas.Parte delas poderá ser simbolicamente reconhecida, mas, nunca cumprida.

O âmbito das questões ambientais é amplo e vem sendo consolidado, rapidamente. Portanto, éoportuno relembrar que a indústria dos países retardatários - especialmente a exportadora - teráque ficar atenta, a fim de não sofrer as conseqüências de barreiras não tarifárias, baseadas em

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9critérios ambientais. Como, a propósito, já acontece em diversos países. É também oportunorepetir o que já foi dito: o conceito ambiental ultrapassa questões relativas à poluição. Narealidade, alcança pobreza, miséria, falta de acesso à saúde e alimentação, comprometimento dacultura local e do direito de escolha das gerações futuras. Nas disputa de mercado, osconcorrentes irão se valer de todos os critérios ambientais institucionalizados e em debate.

Tendências ambientais internacionais

• Princípio do poluidor pagador• Limites de cargas aceitáveis para despejo de resíduos no solo e água• Responsabilidade continuada do produtor• Comercialização de cotas de emissão de resíduos• Acordos e Códigos Voluntários de Ética• Normas ambientais• Selo Ambiental• Prevenção e minimização de resíduos• Inventário e registro de emissão de resíduos• Banimento de POPs Poluentes Orgânicos Persistentes• Direito público de acesso à informação sobre riscos de produtos para o homem e o

ambiente• Convenção de Basiléia - Transporte transfronteiriço de lixo industrial• Poluição transfronteiriça• Proteção da camada de ozônio• Defesa da biodiversidade• Proteção contra o aquecimento do planeta• Certificação de materiais• Fundos éticos de investimento

Desenvolvimento sócio-ambiental sustentável e os assentamentos humanos

O conceito de ambiente ou meio-ambiente ultrapassou os limites da linguagem acadêmica 1, para ganharentorno político e institucional 2. A partir do início da década de 90, o ambiente – mais especificamente, oselementos ambientais – passaram a ser considerados componentes para os negócios das organizações.

Hoje, o mercado é tratado como um sistema onde coexistem (i) negócios, (ii) interesses sociais eambientais (inclusive das classes excluídas e minoritárias) e (iii) paradigmas tecnológicos,industriais e ambientais emergentes.

O desenvolvimento ambiental sustentável (ou sustentado) 3 ganhou foro cada vez maior de atenção, nosdiferentes hábitats 4 e nichos 5 e passou a ser farta e incessantemente mencionado em todos os meios decomunicação e interações de caráter econômico, social e político.

1 Conjunto de todas as condições e influências externas circundantes, que interagem com um organismo, umapopulação, ou uma comunidade. Glossário de ecologia. Acad. Ciên. Est.S.Paulo, 1987. 271pp. Publ. ACIESP nr. 57.2 Bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade odever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Const. Fed Br, art. 225). Conjunto decondições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida emtodas as suas formas (Leg. Br Lei 6938 de 31/8/81, art. 3º I. Dicionário de Direito Ambiental. Terminologia das leisdo meio ambiente. Krieger, Maria da Graça et col. 511 pp. Edit. UFRS e Min. Púb. Fed.3 Modelo de desenvolvimento que leva em conta fatores econômicos, sociais e ecológicos, resultando na utilizaçãoequilibrada e auto-sustentável de recursos naturais, nos limites das necessidades reais das necessidades e do bem-estar da presente geração, com medidas de conservação para permitir o direito das gerações futuras.

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10O hábitat humano - em particular os assentamentos humanos – não ficou fora do âmbito daspreocupações de organizações governamentais e não-governamentais com responsabilidade sócio-ambiental, nos planos nacionais e internacionais, como ilustrado, de maneira, certamente, incompleta:

• Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanoswww.undep.org/un/habitat

• Divisão de Ambiente e Assentamentos Humanos da União Européiawww.unece.org/env_h.htm

• Dubai International Award for Best Practices to Improve the Living Environmenthttp://dubai-award.dm.ae

• IIEDs Work in Urban Areaswww.iied.org/human/idex.html

• Ecouncil – Human Settlementswww.ecouncil.ac.cr/abrout/contrib/habitat/human.htm

• Gaia Eco-Village Information Conceptswww.gaia.org

• Ecocity Living Planet Networkwww.ecocity.com

• Assentamentos humanos na Ásiawww.hsd.ait.ac.th/hsd1.htm e www.unescap.org/huset/index.html

• Best Practices for Human Settlementshttp://mirror-us.unesco.org/most/bpunchs.htm - www.dsidata.com/products/hs.htm -www.unesco.org/most/pbcomm.htm –www.netstoreusa.com/mabooks/o19/0198233469.shtml -www.reliefweb.int/training/ti227.html –http://w3g.gkss.de/lotse/out/one/menu/topics/1891.html -www.neap.com.eg/workplant.html

• ONGs (coalizão)http://hom.mweb.com/za/hi/hic

• GIS Databasewww.jhabua.org/index6.htm

• Índices de habitatswww.habitat-lac.org

• Centro de referências para gestão ambiental para assentamentos humanoswww.bsi.com.br/unilivre/centro

• Curso internacional – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulowww.ipt.br/dec/mejhab/mejhab2.htm

• Promoção de desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanoswww.undp.org.br/ag21pt07.txt

• Universidade Federal Fluminense – Núcleo de Estudoswww.uff.br/nephu

4 Ambiente, lugar ou tipo de local onde um organismo ou população encontra um conjunto de condições s parasobreviver, desenvolver-se e reproduzir-se, naturalmente.5 Microhabitat ou conjunto total de condições particulares, onde vive um indivíduo ou determinada população emespecial.

Page 11: Ecodesign na Construção Civil

11• Qualidade ambiental urbana – clube das idéias

www.idea.org.br/programas/02.htm

• Boas práticas e experiênciaswww.ibam.org.br/bestpract/bp.htm – www.arquitetofna.org.br/sobrasse.htm –www.ibase.org.br/paginas/habitat.html – www.unilivre.org.br/centro/default.htm -http://juno.ibam.org.br/urbanos/assunto3/hlt2_2.htm –www.crdi.ca/cfp/facts39_e.html - www.infohab.org.br – www.finep.br/prosab –www.entulhobom.org

• Promoção de desenvolvimento sustentável nos assentamentos humanoswww.ambiente.sp.gov.br/agenda21/ag07.htm – www.mma.gov.br/corpo.cfm –www.ocara.org.br/servicos/entidades/ong00476.htm –www.oab-df.com.br/html/oabdihu1.htm –www.mma.gov.br/port/SE/agen21/perg.html

Grandes preocupações nos assentamentos humanos – os indicadores

AA ppiioorraa ddaass ccoonnddiiççõõeess eeccoollóóggiiccaass aammeeaaççaa oo bbeemm eessttaarr ddaass ppeessssooaass

O arcabouço de parâmetros tangíveis para qualificar o hábitat humano é representado por saneamentourbano, qualidade do ar, conforto ambiental, condições habitacionais, de trabalho, transporte,disponibilidade de energia, qualidade da água e do solo, recursos econômicos, infra-estrutura institucional,recreação, educação. Mas, dependendo da abordagem, o número de indicadores poderá chegar 50 oudesdobrar-se e ultrapassar 400.

Desenvolvimento sustentável

Expressões como sustentabilidade edesenvolvimento sustentável fazem parte damídia. Para uns, sustentabilidade é uma idéiasimples, “baseada no reconhecimento de que apiora das condições ecológicas ameaça o bemestar das pessoas” 6, mas de difícilimplementação prática.

Entre as várias definições existentes, algumassão facilmente relacionadas ao hábitat humano:

• exploração equilibrada dos recursosnaturais, nos limites da satisfação dasnecessidades e do bem-estar dapresente geração, assim como de suaconservação no interesse das geraçõesfuturas. Leg. Br

• processo evolutivo de aperfeiçoamento da economia, do ambiente e da sociedade, para obenefício das gerações presentes e futuras. Interagency Working Group Sust. Development.Indicators

• progresso da qualidade da vida humana, enquanto vivendo dentro da capacidade de sustentaçãodos ecossistemas. UNEP, WWF, IUCN

6 www.rprogress.org

Desenho urbanoDesenho urbano

EnergiaEnergia

TransporteTransporte

ÁguaÁgua

RecursosRecursos

ResíduoResíduo

PopulaçãoPopulaçãoHabitaçãoHabitação

SaúdeSaúde

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12A construção de base de dados ambientais para sustentabilidade, a partir de linguagem compatibilizada ea agregação de informações produzidas pelas nações, tem sido objeto de apreciável o trabalho da Divisãode Estatística da Organização das Nações Unidas.

Textos técnicos, manuais, software específico7, planilhas e outros materiais já estão disponíveis,juntamente com base de dados Regionais e Nacionais, para consulta em linha. O quadro de

referência dos indicadores de sustentabilidade proposto pela ONU8. serviu de base para oarcabouço recém-criado pelo IBGE, para o Brasil.

Os indicadores de eco-eficiência – de sua parte – têm recebido crescente atenção de indústrias eorganizações representativas de segmentos de negócios. Nesta vertente, surgem duas importantescategorias de uso nas operações das organizações governamentais, não-governamentais e produtoras debens e serviços:

i. integração dos custos ambientais nos dispêndios totais – contabilização ambiental

ii. divulgação do desempenho ambiental – relatório de desempenho ambiental

Conceito de indicador

Textos originários de vários organismos governamentais ou não-governamentais, com interesse noassunto, usam diferentes redações para caracterização dos indicadores que, essencialmente, constituemunidades ou elementos-chave que possam ser medidos e utilizados para construção de estatísticas.

Embora diferentes na composição, as definições concordam em que o indicador deve revelar ou permitirantever tendências cronológicas sobre aspectos importantes acerca de fenômeno, estado ou condição,aspecto ou atividade cujo significado ultrapassa as propriedades associadas às estatísticas.

Assim, o indicador de sustentabilidade

é uma unidade de medida, um elemento informativo de natureza física, química, biológica,econômica, social e institucional -– representado por um termo ou expressão que possaser medido, ao longo de determinado tempo,

a fim de caracterizar ou expressar os efeitos e tendências e avaliar as inter-relações entreos recursos naturais, saúde humana e a qualidade ambiental (dos ecossistemas).

Critérios para seleção de indicadores

Cerca de 500 indicadores de sustentabilidade já foram identificados, a partir de busca e seleção feitas emtextos, consultas, levantamentos, questionários, em inúmeros tipos de fontes. A Agência Ambiental daAustrália9 identificou os principais critérios para seleção de indicadores, distribuídos em cinco grandescategorias.

O indicador precisa ser:

i. importante

• representação de aspecto fundamental ou alto para o ambiente

• aplicação nacional ou de expressão ambiental regional, mas de significação nacional

• facilitação para envolvimento da comunidade

ii. viável

7 http://www.un.org/Depts/unsd/enviro/software.htm8 http://www.un.org/depts/unsd/enviro/environment.htm

Page 13: Ecodesign na Construção Civil

13• monitoração regular e relativamente fácil

• custo-efetividade

• provimento de meios para relatos obrigatórios, determinados por acordos internacionais

• consistência e compatibilidade a outros indicadores no País e a recomendaçõesinternacionais

iii. crível

• credibilidade científica

• quando apropriado e possível, usado em relatos comerciais e gerenciais

iv. compreensível

• facilidade de compreensão

• relevância para políticas e necessidades de gestão

v. útil

• robustez na indicação de mudança ambiental

• indicação prematura de alerta para problemas potenciais

• monitoração de progresso na implementação de compromissos em políticas ambientaisnacionais significativas

Representação do indicador

• Visão fotográfica instantânea de uma situação

• Documentação de mudanças, ao longo do tempo

• Percepção prospectiva de progressos, aprimoramentos, ineficiência, impactos ou danos,atuais, possíveis ou potenciais

• Estabelecimento de prioridades futuras

• Avaliação da efetividade de medidas para aprimoramento

• Informação para o público ou para grupo selecionado de agentes (stakeholders)

Pré-requisitos essenciais

• Disponibilidade de dados de emissões industriais e de outras fontes importantes, de naturezatemporal e espacial

• Abrangência de aspectos sociais (inclusive institucionais), econômicos e ambientais (inclusivemulti-meios: ar-água-solo)

Arcabouço de indicadores

Vários países forneceram informações para a base de dados da Divisão de Estatísticas da ONU10 ,inclusive o Brasil. Mas, tanto as informações que aparecem na página na Divisão de Estatística, como emoutras páginas acessadas através da Internet, os dados sobre o Brasil não atendem, satisfatoriamente, a

9 Environment Australia. Dept. of 5he Environment. Environment Indicators for National State of the EnvironmentReporting. Human settlements. 1998. 184 pp. www.environment.gov.au/soe/indicators10 http://www.un.org/esa/agenda21/natlinfo/countr/brazil/index.htm

Page 14: Ecodesign na Construção Civil

14condição de indicador e, portanto, não permitem que o Brasil possa figurar, adequadamente, nasestatísticas internacionais.

A presença dos dados sócio-econômico-ambientais do Brasil, no ISA Índice de SustentabilidadeAmbiental11 também não tem característica de indicadores. A pontuação e classificação do Índice deSustentabilidade do Brasil foram – em parte – baseadas em simulação e modelagem, pela inexistência deinformações e indicadores temporais e espaciais efetivos.

Desafios institucionais, econômicos e sócio-ambientais para o hábitat humano

Organizações capacitadas para lidar com os assentamentos humanos destacam a importância deantecipar, reconhecer, medir a interpretar os problemas urbanos e habitacionais e como encontrarrespostas e soluções através de políticas públicas que estimulem a ação dos diversos agentes(stakeholders).

Para isso, há necessidade de identificar os indicadores genéricos e específicos, aplicáveis ao hábitathumano, abrangendo os aspectos econômicos, ambientais e sociais. Parte destes está exemplificada nasilustrações inseridas no texto.

Mas, os indicadores devem ser medidos,analisados, avaliados, interpretados edivulgados, para que os agentes envolvidos einteressados – particularmente – os cidadãos –possam acompanhar os progressos e osproblemas em manutenção de infra-estrutura,serviços, poluição, sustentabilidade do hábitathumano, compromissos dos agentes, emparticular de agências de governo.

Os interesses são diversificados: açãoinstitucional, para prefeituras e outros níveis governamentais; oportunidade de investimentos eobras, para o setor privado de negócios; efetividade da participação social responsável dasagências oficiais e empresariais, para as ONGs; melhoria da qualidade de vida, para o cidadão.

Idealmente, os indicadores deveriam ser eleitos e seu uso efetivado, em sintonia com aspropostas internacionais e incluídos na Base de Dados de Indicadores Urbanos Globais e doCentro de Assentamentos Humanos das Nações Unidas, mencionados anteriormente. Isto, semdeixar de reconhecer a importância de outros indicadores que representem prioridades, condições

•• Casa própria - índiceCasa própria - índice•• Consumo - índicesConsumo - índices•• Desemprego e empregoDesemprego e emprego•• EconomiaEconomia•• Energia - consumoEnergia - consumo•• Habitação - Habitação - déficitsdéficits•• Infra-estruturaInfra-estrutura•• Trabalho e rendaTrabalho e renda•• TransporteTransporte•• UrbanizaçãoUrbanização

Indicadores econômicosIndicadores econômicos

EmissõesEmissões•• ÁguaÁgua•• ArAr•• SoloSolo

•• Capacidade para debatesCapacidade para debates•• ClimaClima•• Desastres naturaisDesastres naturais•• DoençasDoenças•• Efeito estufaEfeito estufa•• InformaçãoInformação•• Mar e oceanosMar e oceanos•• RecreaçãoRecreação•• RecursosRecursos•• RegulamentaçãoRegulamentação•• ResíduosResíduos•• SecaSeca•• SoloSolo•• Sustentabilidade humanaSustentabilidade humana•• TelecomunicaçõesTelecomunicações•• ToxinasToxinas

•• AtitudesAtitudes•• Espaço verdeEspaço verde•• Bens comunsBens comuns•• BiodiversidadeBiodiversidade•• Camada de ozônioCamada de ozônio

IndicadoresIndicadoresambientaisambientais

Força de trabalhoFertilidade

Distribuição de sexosGovernabilidade

HabitabilidadeImigração

ImunizaçãoMoradores de rua

MorbidadeMortalidade

Nascimentos e óbitosOpinião e percepção pública

Participação em decisõesPobreza

Saúde e segurançaSeguridade

Valores sociais

IndicadoresIndicadoressociaissociais

Abortos - partos assistidosAdultos alfabetizadosAlimentaçãoArte e recreaçãoCiência e tecnologiaColaboração público-privadoComunicaçãoComunidadeCriminalidadeCuidados maternaisDireitos humanosDiscriminaçõesEducaçãoEquidade socialExpectativas de vidaFamília

Page 15: Ecodesign na Construção Civil

15e especificidade locais.

A abrangência e complexidade das questões relacionadas aos assentamentos humanos está,também em parte, ilustrada a seguir.

Estratégias ambientais da construção civil com responsabilidade ambiental(ecobuilding)

• proteger e valorizar os ecossistemas naturais como fontes de recursos

• escolher materiais de baixo impacto ambiental na extração, transporte e utilização

• usar produtos e materiais de maior vida útil

• poupar energia e água

• diminuir o consumo de materiais, reciclar e reutilizar materiais empregados

• prevenir a emissão de poluição na fonte e evitar a liberação de materiais perigosos noambiente

• melhorar as condições de saúde e segurança dos trabalhadores

• tornar a construção saudável, em seus aspectos térmicos, acústicos, de espaço, iluminação,ventilação, umidade e outros aspectos de conforto

11 http://www.ciesin.columbia.edu/indicators/ESI

QualidadeQualidadeambientalambientalQualidade eQualidade ee quantidade e quantidade de recursosde recursos

AtividadesAtividadessetoriaissetoriais RespostasRespostas

e açõese ações

Medir mudançasMedir mudançase condiçõese condições

IdentificarIdentificarproblemasproblemas

AvaliarAvaliarefetividadeefetividade

RelatarRelatarresultadosresultados

Seg. OECD 1994

•• Habitação e entorno adequados Habitação e entorno adequados

•• Uso sustentável da terraUso sustentável da terra

•• Infra-estrutura ambiental integrada: água,Infra-estrutura ambiental integrada: água,saneamento, drenagem e resíduos sólidossaneamento, drenagem e resíduos sólidos

•• Sistemas sustentáveis de energia e transporteSistemas sustentáveis de energia e transporte

•• Manejo de áreas sujeitas a desastresManejo de áreas sujeitas a desastres

•• Atividades sustentáveis na indústria da construçãoAtividades sustentáveis na indústria da construção

•• Desenvolvimento dos recursos humanosDesenvolvimento dos recursos humanos

•• Capacitação institucional e técnicaCapacitação institucional e técnica

Sustentabilidade do hábitat humanoSustentabilidade do hábitat humano

Compromissos multi-agentes• Integração social: saúde, educação, combate à

discriminação e segregação

• Criação de ambiente doméstico para odesenvolvimento econômico e de proteçãoambiental

• Integração do planejamento urbano e gestão emrelação à habitação, transporte, emprego,condições ambientais e serviços à comunidade

• Aperfeiçoamento das atividades produtivasrelacionado à melhoria economia, social eambiental das comunidades

Compromissos governamentaisCompromissos governamentaisCriação de arcabouço regulamentar, arranjoCriação de arcabouço regulamentar, arranjoinstitucional e mecanismos de consulta para:institucional e mecanismos de consulta para:•• desenhodesenho•• implementaçãoimplementação•• e avaliação de estratégias e programas de e avaliação de estratégias e programas de

assentamentos humanosassentamentos humanos

Apoio a iniciativas de planejamento participativo,Apoio a iniciativas de planejamento participativo,financiamento, pesquisa, informação e defesafinanciamento, pesquisa, informação e defesaambientalambiental

Estabelecimento de rede de parcerias técnicas eEstabelecimento de rede de parcerias técnicas esociaissociais

Page 16: Ecodesign na Construção Civil

16• maximizar a longevidade da obra e dos equipamentos

• minimizar e administrar o descarte de resíduos e lixo de maneira integrada nos projetos dedesenvolvimento urbano, criando condições ambientais satisfatórios para o homem e oentorno

A empresa da construção civil com responsabilidade ambiental deve atuar de acordo com omodelo “do berço à cova”, ou, segundo outros, “do berço ao berço”.

Neste contexto, estão incluídos: a auto-sustentabilidade das fontes de matérias primas, o uso demateriais renováveis; o emprego de sistemas de produção atóxicos e com redução de consumo deágua e energia; a reutilização ou reciclagem de resíduos e subprodutos; a destinação ambientalresponsável de embalagens e dos materiais ao final da vida útil.

Abrangência do projeto deconstrução civil com responsabilidade ambiental

• legislação para ocupação e uso da obra• escolha e tratamento ambiental da área• impactos no entorno• seleção de materiais construtivos ambiental e economicamente adequados• design integral ambientalmente responsável: pré-design, construção, demolição e

destinação de materiais• eficiência no consumo, uso, destinação e recuperação de água e energia• equipamentos e tecnologia da construção e acabamento• materiais e equipamentos residenciais ambientalmente adequados• qualidade habitacional ambientalmente adequada• qualidade pós-ocupacional ambientalmente adequada• processo construtivo ambientalmente responsável• operação e manutenção ambientalmente responsável• gestão e práticas diárias na utilização ambientalmente responsável

A construção civil com responsabilidade ambiental envolve questões de fácil formulação, masde respostas complexas.

• O que vai ser usado na fase de elaboração do projeto ?• Como se trabalha para elaborar o projeto ?• Como escolher e trabalhar a área ?• Que tipos de materiais serão usados e como lidar com eles?• Como trabalhar durante a construção ?• Como as pessoas deverão viver e irão se comportar durante a ocupação?• O que acontecerá com a obra depois de entregue?• Como serão tratadas as áreas de proteção ambiental, circulação de pessoas e

materiais ?• Quais os problemas que as pessoas terão que administrar, seja a obra uma

residência, um edifício residencial, shopping center, clube, um conjuntoresidencial, uma vila, uma cidade ?

O assunto é novo e deve ser abordado por empresas de diferentes portes, especialmente as quepromovem considerável impacto econômico e político no setor habitacional.

Page 17: Ecodesign na Construção Civil

17A CDHU é um bom exemplo12. Pelo fato de atuar no segmento de casas populares, seu papel émuito relevante. O desafio consiste em proporcionar qualidade de vida à parcela da populaçãoque se localiza no limite dos excluídos do mercado, induzir mudanças no processo construtivopara segmentos economicamente superiores e estimular ações normativas no segmento.

Outros atores importantes são as organizações como SINDUSCON, Sindicato dos Trabalhadoresna Construção Civil, Associações de Engenheiros e Arquitetos, Institutos especializados eOrganizações Não-Governamentais com atuação ou interesses na construção civil ou nosimpactos desta.

Empresas como a CDHU têm condições para assumir a liderança na conduta ambientalresponsável para o setor, definir diretrizes, acumular capacitação técnico-científica para estudose criar ferramentas importantes para que os projetos tratem as questões ambientais comobjetividade.

Os projetos da CDHU poderão ser marcos de referência em logística reversa, avaliação de ciclo-de-vida, produção limpa, stewardiship e benchmarking ambientalmente adequados,contabilização total de custos, atuação empresarial com responsabilidade e confiabilidade total,etc..

A mudança fundamental deverá acontecer no design. Sem isso, haverá dificuldades noprocesso construtivo, ocupação, uso, manutenção e posterior desmonte.

A questão da biodiversidade serve para mostrar o âmbito das discussões.

A preservação da flora e fauna são essenciais para sustentar a integridade e produtividadedos ecossistemas, com destaque para os ciclos geoquímicos, biológicos e biofísicos.

Porém, os materiais e fenômenos naturais precisam ser examinados do ponto de vistapolítico e estratégico e não exclusivamente botânico, zoológico, físico ou químico.

Não se trata, portanto, de atitude romântica para proteger as espécies ameaçadas, garantira exuberância das bromélias, debater a questão dos golfinhos, das tartarugas e das baleias.

Significa garantir o estoque de matérias primas - geneticamente diversificado. Muitasainda desconhecidas. Outras, já identificadas, mas cujo papel ou importância são aindaignorados. Ou assegurar o direito das gerações futuras sobre o estoque genético existente.

Questões como poluição transfronteiriça, transporte de lixo perigoso, aquecimento global devemser abordadas com a mesma preocupação sócio-política, pelos atores e agentes da construçãocivil.

É lamentável que ocupantes de cargos de Governos façam de conta que tais compromissos nãoexistam e que outras pessoas, em especial os profissionais, nem saibam que existem e deveriamestar sendo cumpridos.

12 Parte deste texto foi usada em palestra na CDHU Companhia Estadual de Desenvolvimento Habitacional eUrbano, Governo do Estado de S. Paulo. 1999.

Page 18: Ecodesign na Construção Civil

18Impactos ambientais da construção civil

A construção civil tem papel dualístico. É um dos campos de maior capilaridade nas atividadessócio-econômicas, mas contribui com importante parcela para a deterioração ambiental.

Danos ambientais

• destruição ambiental, com efeitos sobre a biodiversidade• aquecimento global• destruição da camada de ozônio• poluição transfronteiriça• erosão do solo• deterioração de recursos aquáticos• poluição urbana• POPs e desorganizadores hormonais• poluição do solo, água da superfície e subterrânea• exaustão de recursos minerais

Impactos para a saúde humana

• saúde dos ocupantes• saúde dos trabalhadores• saúde da comunidade do entorno

Os exemplos mais comuns compreendem: envenenamento por amianto, intoxicações por tintas esolventes e outros produtos químicos, PVC e outros produtos liberadores de dioxinas.

A esse propósito, os Governos de vários países estão impondo restrições para o uso dePVC. Recentemente, o Governo do Japão proibiu a incineração de produtos à base dePVC, devido à liberação de dioxinas.

Há produtos cujo vazamento causa danos ao lençol freático. A contaminação microbiana nãopode ser negligenciada. Legislação recente, no Brasil, obriga a manutenção dos sistemas de arcondicionado, a fim de evitar danos à saúde provocados por agentes microbianos. Economia deágua e de energia são citados com freqüência.

O mau uso de materiais não pode ser ignorado. Há denúncias, no Brasil, do emprego de madeirasde lei, transportadas de regiões distantes, para uso em andaimes.

No cenário internacional, fala-se no descarte de pilhas e baterias, com elevado conteúdo demercúrio e outros metais pesados, em concretagens.

Dados dos EUA foram considerados válidos para a construção civil nos demais países industrializados e

Page 19: Ecodesign na Construção Civil

19apontam para os seguintes indicadores: utilização de 30% das matérias primas, 42% do consumo deenergia e 25% para o de água e 16% para o de terra.

O segmento contribui com 40% da emissão atmosférica, 20% dos efluentes líquidos, 25% dos sólidos e13% de outras liberações.

Não há dados sistematizados sobre o impacto da construção civil no Brasil. Isto aumenta odesafio, amplia as dificuldades para empresas locais, mas eleva o nível de contribuição a serdado pelas organizações pioneiras.

Informações pessoais (Diretor da Greenpeace, em São Paulo) dão conta que os prédiosresidenciais em São Paulo são responsáveis por 15% do consumo de energia elétrica,principalmente para aquecimento de água. A demanda anual, pelo segmento, é da ordem de2,6%. Também ocorrem problemas com o aumento do consumo de água.

No momento em que a empresa de construção conclui a obra e a entrega, deixa os custosde infra-estrutura pública para o Município e o Estado. Com isso, surgem custos a serempagos por boa parte da população que não tem condições de acesso aos bens adquiridospela classe econômica usuária das edificações.

Com freqüência, as edificações baseadas em design ambientalmente desfavorável sãomultiplicadas, por construtoras que utilizam o mesmo projeto básico em várias regiões dacidade ou do país.

Desafios para a construção civil com responsabilidade ambiental

No cenário internacional, arquitetos, designers, engenheiros e demais profissionais, movidospelas questões ambientais, preocupavam-se, no início, com a economia de energia nasresidências. Depois, com melhoria na saúde e higiene dos moradores. Os objetivos foramunificados e ampliados, passando a envolver - entre outros - o combate:

• ao consumo inadequado de materiais naturais

• à geração de produtos tóxicos e perigosos

• e ao desperdício de materiais nas construções e demolições

A abordagem envolve aspectos sociais e políticos mais amplos, para que toda a cadeia daconstrução civil tenha que ser examinada com atenção.

Isto justifica a importância da identificação dos elos, a definição de responsabilidades e explica osurgimento do estatuto da responsabilidade continuada do produtor.

O modelo de co-responsabilidade em cadeia já uma experiência prática, em programas dequalidade na construção civil. É o que ocorre com o QUALIHAB, sob forte influência daCDHU.

O segmento da construção civil nacional poderá dar um salto qualitativo espetacular, a partir domomento em que as questões de qualidade ficarem atreladas às variáveis ambientais. Nisto, opapel da CDHU também será notável.

Os desafios maiores são congênitos do setor.

Page 20: Ecodesign na Construção Civil

20

• Implicações multi-setoriais, muitas destas nem sequer correlacionadas, para o levantamento einterpretação de riscos ambientais mais significativos, nos níveis local, nacional, regional emundial.

• Dificuldades para determinação da contribuição da obra para os riscos, de acordo com aindividualidade do projeto, as disponibilidades de recursos financeiros e o cronograma doinvestidor.

• Falta de capacitação para o levantamento, avaliação e geração de informações complexas,envolvendo custo-benefício, poupanças e dividendos para investidor, comprador e usuário.

As dificuldades para o design ambiental responsável aumentam, na ausência de uma políticaindustrial e na falta de ação política, nascida do próprio setor de construção, independente deiniciativas governamentais.

Tecnologias limpas já disponíveis, não são incorporadas com facilidade nos produtos, serviços eprocessos construtivos. É o caso, por exemplo, do uso de biodigestores em conjuntosresidenciais, sistemas de coleta de água de chuva para reaproveitamento, aquecimento solar(principalmente em chuveiros), tratamento de água com ozônio (em substituição ao uso decloro), novos polímeros para substituição de PVC, materiais de acabamento à base de aparas demadeira.

A falta de articulação do setor de produção com o de ciência e tecnologia faz com que muitaspossibilidades sejam descartadas. Contribuem para isso: a cultura predominante nos processosconstrutivos, o poder de influência dos segmentos fornecedores, a falta de apoio para novosestudos de viabilidade técnico-econômica ou falta de pesquisas mais objetivas, por universidadese institutos de pesquisa.

A deficiência do setor acadêmico também aparece, pela falta de experiência em RIMA, REIA eoutros tipos de relatórios de impacto ambiental. No geral, os problemas acontecem pordeficiência de metodologia e insuficiência na definição dos ecoindicadores, entre outras razões.Embora incompletos, os estudos de impacto oferecem subsídios importantes.

Os principais problemas acontecem quando as decisões políticas contrariam as recomendaçõesdos Relatórios e as opiniões das comunidades interessadas. Em nome do desenvolvimento,fábricas são autorizadas a implantar suas unidades em áreas de preservação natural, sob acondição de compensações ambientais de difícil acompanhamento e avaliação.

O projeto da construção civil com responsabilidade ambiental

O design ambiental responsável deve abranger todas as etapas da construção civil. Algumaspoderão ser atendidas com medidas simples. A maior parte delas, porém, depende de abordagenscomplexas, envolvendo a definição de matrizes e a inter-relação de aspectos sociais, econômicose políticos.

Elementos interdisciplinares complexos

• demografia

Page 21: Ecodesign na Construção Civil

21• análise de produtividade

• estudos comportamentais

• zoneamentos e restrições ambientais

• inventários e estudos equivalentes ao de balanço de materiais e de Avaliação do Ciclode Vida

• estudos de impacto e gestão ambiental

A construção civil com responsabilidade ambiental é benéfica para todos os ecossistemasnaturais, com vantagens imediatas pelo ecossistema humano - a economia.

• Protege e valoriza os ecossistemas naturais, como fontes de recursos

• Utiliza materiais de baixo impacto ambiental na extração, transporte e utilização

• Usa produtos e materiais de maior vida útil

• Poupa energia e água

• Diminui o consumo de materiais, recicla e reutiliza materiais empregados

• Previne a emissão de poluição na fonte e evita a liberação de materiais perigosos noambiente

• Melhora as condições de saúde e segurança dos trabalhadores

• Torna a construção saudável, em seus aspectos térmicos, acústicos, de espaço,iluminação, ventilação, umidade e outros aspectos de conforto

• Maximiza a longevidade da obra e dos equipamentos

• Minimiza e administra o descarte de resíduos e lixo de maneira integrada nos projetosde desenvolvimento urbano, criando condições ambientais satisfatórias para o homem eo entorno

• Cria espírito comunitário, valorizando os fatores físicos, químicos, biológicos epsicossociais

• Garante as oportunidades ambientais, levando em conta as gerações futuras

Do ponto de vista gerencial, a empresa tem três opções.

(1) Atuar nos limites da conformidade à legislação ambiental. Entretanto, a ação da empresapoderá ser anulada, pela fraqueza ou inexistência de legislações ou, na existência destas,pela inoperância da fiscalização.

(2) Adotar postura pró-ativa, ultrapassando os limites da legislação nacional. O maiorestímulo será causado pela existência de legislação mais rígida e pressão dosconsumidores e demais agentes sócio-econômicos, como bancos, seguradoras, ONGs,trabalhadores, etc.

(3) Orientar-se para a sustentabilidade, levando em conta os critérios internacionais eexigências globais. Neste caso, as maiores dificuldades consistem na disponibilidade de

Page 22: Ecodesign na Construção Civil

22tecnologias apropriadas, consenso social e novo sistema de valores baseado em critériosde qualidade que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente aceitáveis eculturalmente valorizados.

Adesões à construção civil com responsabilidade ambiental

As novas idéias foram abraçadas por

• organizações governamentais e não-governamentais, como fundações, associaçõespatronais, entidades de classe profissional

• órgãos de padronização, certificação, regulamentação e fiscalização

• agências de financiamento e fomento para Ciência e Tecnologia

• centros de pesquisas, universidades, entre outros.

Ecodesign

Ecodesign – também referido como design para o ambiente, design verde e design com maiorresponsabilidade ambiental, aparece, literatura internacional, como Pollution Prevention byDesign (P2D), Environmentally Sound Manufacture, Design for the Environment (DfE),Environmentally Conscious Design and Manufacturing, Green Design, Design forEnvironmentability, etc.

A essência do Ecodesign está no mínimo de consumo de materiais, água e energia e baixa(preferencialmente nenhuma) geração de resíduo, durante todo o ciclo-de-vida do produto. Aquientra, com o máximo vigor, a visão “do berço à cova” ou, segundo os mais exigentes, “do berçoao renascimento”.

Associada ao foco do ecodesign (design para sustentabilidade e design para saúde, comoexemplos), há necessidade de eleger o modelo de gestão das operações, no nível do processo deprodução de bens e serviços. As ilustrações incluídas mostram parte das diversas opções de focopara o ecodesign e uma das estratégias de procedimento. Outras estão disponíveis na crescente

Design Design para o ambientepara o ambiente

Proteção ambiental

Conservação derecursos

Design Design para sustentabilidadepara sustentabilidade Design Design para saúdepara saúde

• Proteção dehábitatsecológicos

• Proteção dabiodiversidade

• Proteção doclima global

• Proteção daqualidade do ar,água e solo

• Proteção dacamada deozônio

• Conservação dosolo e florestas

• Conservação deenergia

• Conservação deágua

• Conservação demateriais

• Prevenção eredução dapoluição

• Redução de usode substânciastóxicas

• Redução daexposição ariscos crônicos

• Conversão deresíduosperigosos

• Saúde e higieneocupacional

• Gestão de riscosno transporte

• Segurança deprodutos para oconsumidor

• Redução demateriaisperigosos

Redução deRedução deriscos crônicosriscos crônicos

Prevenção dePrevenção deacidentesacidentes

Ecogerenciamento Ecogerenciamento eeDesign para o ambienteDesign para o ambiente

ProdutosProdutosalternativosalternativos

ProcessosProcessosalternativosalternativos

TecnologiasTecnologiasalternativasalternativas

Práticas de Práticas de trabalhotrabalhoalternativasalternativas

AvaliaçãoAvaliação

Descrição Descrição da funçãoda função

OpçõesOpções

Questão Questão ambiental ambiental

•• Efeitos ambientais Efeitos ambientais•• Desempenho Desempenho•• Custos Custos

Page 23: Ecodesign na Construção Civil

23literatura sob o assunto 13

A construção civil com responsabilidade ambiental é denominada ecobuilding, green building,ecological building, sustainable building e environmentally responsible construction.14 .Manual, de natureza multi-setorial, está disponível em língua inglesa (US Green BuildingCouncil, Public Technology Inc., U.S. Dept. of Energy & U.S. Environmental ProtectionAgency, 1996), obtido diretamente no site do US Dept. of Energy 15. Além disso, há softwareinterativo para iniciar bases de dados locais necessárias ao desenvolvimento de Avaliação deCiclo-de-Vida para materiais usados na construção civil (software Bees 1.0) 16

A implantação do ecodesign começa com a decisão da alta gerência e requer a capacitaçãointerna envolvendo: (i) educação ambiental, envolvendo toda a estrutura organizacional, centradanas questões ambientais que afetam os negócios da empresa (legislação, pressões dos diferentesagentes sócio-econômicos, mercado, etc.), local e globalmente e os impactos ambientaisprovocados pelas atividades e produtos colocados no mercado; (ii) gestão estratégica sócio-ambiental responsável e competitiva (ecomanagement); (iii) correlações entre as questõesambientais e qualidade; (iv) ecobuilding e ecodesign; (v) uso de ingredientes adequados paracomunicação ambiental da empresa.

Há informações sobre associações, empresas de engenharia, materiais e fornecedores, bases dedados on line, textos de referência, revistas e publicações especializadas, escolas e cursos, gruposde discussão e endereços de e-mail dos interessados.

Empresas de construção e escritórios de serviços estão utilizando as expressões eco, green eequivalentes em suas razões sociais. Sob estas ou outras denominações, passaram a oferecerserviços, projetos e materiais, inclusive residências pré-fabricadas, anunciadas como tendo baseecológica.

O nicho de mercado para a construção civil com responsabilidade ambiental começa a serconfigurado. Entretanto, as empresas devem evitar a prática de maquiagem verde, para evitarações civis, previstas na legislação do país.

Campanhas publicitárias, sobre atributos ecológicos injustificáveis ou inexistentes, já foramdenunciadas, judicialmente, por ONGs de consumidores e ambientalistas. As empresas foramobrigadas a suspender a publicidade de produtos ou processos. Caso recente, no Brasil,aconteceu no caso de refrigerador doméstico supostamente ecológico.

Outro alerta importante, para os profissionais e empresas interessadas, refere-se ao uso dacertificação para a Norma ambiental que irá padronizar a autodeclaração ambiental, no contextoda Série ISO14000. De acordo com os trabalhos em andamento, esta Norma deverá requer aparticipação de todos os interessados, inclusive trabalhadores, consumidores, ONGs, paraaprovação do texto elaborado pela empresa interessada. Sem o devido cuidado, a empresa terá

13 Fiksel, J. 1996. Design for the environment. McGraw-Hill, 513 pp. Czaja, Maurício C. 2001. Formação de equipepara o projeto de produto sustentável. Revista Meio Ambiente Industrial, Ano VI, ed. 31, nr. 30, Maio-Junho, 64-74.14 Este e outros temas correlatos, inclusive sites que tratam de ecodesign e ecobuilding, estão disponíveis no site daFundação Vanzolini www.vanzolini.org.br/areas/desenvolvimento/producaolimpa.15 www.sustainable.doe.gov/articles/ptipub.htm16 www.usgbc.org/resource/resource.htm

Page 24: Ecodesign na Construção Civil

24que enfrentar ações civis, inclusive as movidas pelos próprios concorrentes.

Construção civil com responsabilidade ambiental nos países desenvolvidos

• Catálogos específicos e ecohabitações para demonstração estão disponíveis em inúmerascidades, nos países desenvolvidos industrialmente. Catálogo em disquete paramicrocomputador (REDI Guide) contém informações para centenas de produtosambientalmente adequados para construção, incluindo os naturais, reciclados, de baixatoxicidade.

• Associações de Arquitetos e Designers - como a Northwest EcoBuilding Guild (EUA),Green Building Councils (EUA e Canadá) mantêm bases de dados e outros tipos deinformações para seus associados. Participam da Northwest EcoBuilding Guildarquitetos, designers, empreendedores, comerciantes, fabricantes, fornecedores eproprietários de imóveis, com interesse na nova tendência.

• Programas em CD-ROM para a construção de residência verde e para projetos dedesenvolvimento verde, foram criados em parceria com o Departamento de Energia dosEUA, Academia Nacional de Ciências e organismos privados nos EUA.

• Programas especiais, com suporte computacional, permitem o design de projetos para odesenvolvimento sustentável de comunidades em bairros, regiões rurais ecircunvizinhanças de instalações.

• Software (ATHENA Sustainable Materials Institute) permite a arquitetos, designers epesquisadores (i) acessar as implicações ambientais dos projetos, inclusive com dados deAvaliação do Ciclo de Vida de produtos - uma ferramenta moderna, adotada nasindústrias, (ii) gerar estudos mais complexos, com a integração de Inventário do Ciclo deVida e indicadores de impactos, (iii) avaliar o consumo de energia para demolição, doaproveitamento de 100% de reutilização ou reciclagem de madeira estrutural, aço ouconcreto, dentre outros estudos de caso, em cooperação internacional.

• Revistas, noticiários e sistemas de clipagem de informações ganharam maiordisseminação, nos últimos 4-5 anos.

• Ministérios dos EUA e Canadá dão prêmios e incentivos para projetos de green building.Prefeituras de importantes cidades criaram políticas públicas e programas de GreenBuilding.

• Congressos nacionais e internacionais, reuniões, seminários e eventos semelhantesabordam o novo modelo para a construção civil.

• Grupos Técnicos dos EUA e Canadá participam do programa Green Building Challenge,para avaliação de edifícios, com a participação de representantes de outros 13 países eprêmios que chegam a US$200,000.

• Desenvolvimento de métodos para avaliação de projetos e desempenho ambiental deobras civis já aconteceu, na expectativa de distribuir o modelo, internacionalmente, paraprofissionais, autoridades públicas e pesquisadores.

• Incentivos fiscais estão sendo especialmente criados por governos estaduais e municipais.

• Profissionais de Seatle (EUA) desenvolveram o conceito de Rua dos Verdes (Street ofGreens) com a esperança de que se transformasse em Rua dos Sonhos (Street of Dreams),capaz de demonstrar o modelo de desenvolvimento ecologicamente responsável naconstrução civil.

Page 25: Ecodesign na Construção Civil

25• Em diferentes escalas econômicas e de produção, indústrias estão oferecendo ecomateriais

à base de reciclagem e resíduos industriais e agrícolas.

Novos papéis na indústria da construção civil

O segmento de construção civil, juntamente com o setor agrícola, é considerado reservaestratégica para as políticas de mão de obra e instrumento de indução de tecnologia e mercado.

As tendências internacionais de construção civil com responsabilidade ambiental mostramoportunidades para diferenciação de empresas no mercado e modelos de parceria do setorprivado com os formuladores de políticas públicas, agentes sócio-econômicos diversos, inclusiveas ONGs ambientalistas.

O modelo econômico baseado na posição central do homem, em relação à natureza, oferece ajustificativa de que os males e problemas ambientais, denunciados por organizaçõesgovernamentais e não-governamentais, são simples externalidades econômicas. Para o modelo, omercado e a tecnologia sempre irão encontrar soluções práticas e econômicas.

Entretanto, as coisas não são bem assim e os problemas já não podem ser colocados debaixo dotapete. Agentes financeiros, investidores e seguradoras estão mais exigentes quanto aos riscosambientais das atividades produtivas. Bancos e corporações transnacionais descobriram que aatitude ambiental responsável é um bom negócio.

Muitos governos adotaram medidas reguladoras e incentivos apropriados. Entretanto, aindafaltam estudos e capacitação profissionais para demonstrar as vantagens da responsabilidade econfiabilidade total (full accountability). Quando isso acontecer, as empresas e os tomadores dedecisão de negócios passarão a adotar medidas ambientais competitivas.

Para tanto, será preciso contar com profissionais criativos, capazes de moldar o novo paradigmaeconômico. Neste sentido, o setor de construção civil se vale das vantagens dos princípios daProdução Limpa.

Estratégias gerenciais para a construção civil com responsabilidade ambiental

Os princípios da Produção Limpa (Clean Production) surgiram nos anos 80, como proposta daorganização ambientalista internacional Greenpeace, na campanha para mudança mais profundado comportamento industrial.

A boa idéia ganhou maior visibilidade, a partir de 1989, quando a agência da ONU, dedicada aomeio-ambiente - PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente criou oprograma de Produção Mais Limpa (Cleaner Production).

PRODUÇÃO MAIS LIMPA - SEGUNDO O PNUMA

Processo - conservação de materiais, água e energia; eliminação de materiais tóxicos eperigosos; redução da quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos, na fonte,durante a manufatura.

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26Produto - redução do impacto ambiental e para saúde humana, durante todo o ciclo, daextração da matéria-prima, manufatura,consumo/uso e na disposição/descarte final.

PRODUÇÃO LIMPA - SEGUNDO A GREENPEACE

Processo - atóxico, eficiente em termosenergéticos; utilizador de materiaisrenováveis, extraídos de modo a manter aviabilidade do ecossistema e da comunidadefornecedora ou, se não-renováveis, passíveisde reprocessamento atóxico e eficiente emtermos energéticos ; não poluidor durante todoo ciclo de vida do produto; preservador dadiversidade da natureza e da cultura social;promotor do desenvolvimento sustentável.

Produto - durável e reutilizável; fácil dedesmontar e remontar; mínimo de embalagem;utilização de materiais reciclados erecicláveis.

Muitas pessoas demonstram certa insegurança ou incerteza, quando se referem a ProduçãoLimpa e Produção Mais Limpa. Há situações em que transparece a vontade de usar a expressãoProdução Limpa - pela robustez afirmativa. Entretanto, vê-se que o conceito utilizado significaProdução Mais Limpa.

Afinal, onde está a diferença ?

Produção Mais Limpa fala em prevenção de resíduos, mas aceita, com liberalidade, a redução oua minimização. Insiste na visão holítisca e recomenda a avaliação do ciclo-de-vida. Promove areciclagem e a reutilização de materiais.

Entretanto, acaba aceitando o modelo end-of-pipe. Não toca na questão do princípio daprecaução, no controle social da tecnologia, nem no direito de acesso público à informação sobreos riscos do produto e processo para o homem e o ambiente.

É muito provável que Produção Limpa - da mesma forma como tecnologia limpa - sejamterminologias utilizadas por muitos agentes sócio-econômicos, mas aplicadas no contexto deProdução Mais Limpa.

Estrategicamente, Produção Mais Limpa atende à missão do PNUMA, como órgão multi-governamental. Do ponto de vista acadêmico e social, Produção Limpa coloca a empresa empadrão mais elevado de excelência.

Conceitos relacionados à Produção Limpa.

Princípio da Precaução - “Melhor seguro do que arrependido”

Princípios

Mais Limpa(UNEP-UNIDO)

Limpa(Greenpeace)

Produção

1. Precaução

2. Prevenção

3. Visão integrada

4. Controle democrático

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27O propósito da precaução é evitar doenças irreversíveis para os trabalhadores, consumidores edanos irreparáveis para o planeta. Como medida cautelar, já foi juridicamente adotado naEuropa.

A indústria é obrigada a eliminar ou reduzir o despejo ou ingresso, na natureza, de materiaisgerados pelas atividades humanas, sempre que houver indícios de que determinado material ouproduto exibe potencial ou possa causar danos ao ambiente e ou ao homem, quando não houverdados científicos sobre a segurança para o uso ou para o ambiente, ou quando houver indíciosde possíveis danos.

O Princípio da Precaução estabelece, também, que - na inexistência de dados sobre determinadoproduto ou processo, o redesenho deverá ser feito, caso existam indícios de riscos para produtosou processos semelhantes ou afins.

Afirma que é preciso levar em conta os custos resultantes de resultados falso-negativos (quandoalgo que é seguro poderá tornar-se não-seguro) e os falso-positivos (algo que forpresumidamente danoso, mas que poderá não agir como tal). Os custos de falso-positivos podemrepresentar alocações menores, enquanto os falso-negativos podem ser catastróficos, como oscasos de envenenamento por amianto (atualmente, 3.000 mortes por ano no Reino Unido ecustos de remediação de bilhões de dólares), vazamento nuclear em Chernobyl, destruição dacamada de ozônio por CFC, a ‘engenharia segura’ de Bhopal, dentre outros.

Pelo Princípio da Precaução, é o produtor - e não o governo, nem a comunidade - que deveráassumir a responsabilidade e o ônus da prova de que determinado produto, processo ou materialnão irá causar danos ao homem e ao ambiente.

Princípio da prevenção - “É mais barato prevenir do que curar”

O Princípio de Prevenção propõe a substituição do controle de poluição na fábrica (end-of-pipe)por prevenção da geração resíduos e dos conseqüentes impactos ambientais. Estabelece anecessidade de avaliação analítica, ao longo do fluxograma, com o objetivo de substituirabordagem end-of-pipe por estratégias de prevenção na fonte, e conseqüente eliminação ouminimização de danos ambientais decorrentes.

O Princípio recomenda a análise (i) do processo e do produto e (ii) do consumo, destinação,descarte e tratamento de resíduos, embalagens e produtos, ao final da vida útil.

Portanto, os objetivos do Princípio da Prevenção são: (i) eliminar ou reduzir a geração dasemissões potencialmente poluidoras , (ii) criar medidas para reorientação do design (elaboraçãode projeto) para produtos, (iii) reorientar a demanda pelos consumidores e (iv)estimular mudançade padrões de uso ou consumo de materiais.

O modelo end-of-pipe contribui para um determinado ambiente, enquanto o da prevenção trazbenefícios para diferentes meios ambientais. End-of-pipe realimenta o mercado de resíduosperigosos e tóxicos, enquanto o modelo preventivo elimina os resíduos perigosos e tóxicos,favorece a reciclagem, a reutilização ou reuso de materiais e a conseqüente economia noprocesso de produção.

A aceitação do Princípio da Prevenção irá depender e variar conforme as diferenças em

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28legislação, incentivos, oportunidades, exigências de consumidores, ação das organizaçõesambientalistas não-governamentais e barreiras não tarifárias utilizadas contra produtosimportados.

Produção sem contaminante é o enfoque altamente conceitual. A prevenção requer cuidados emtodas as fases do ciclo de vida do produto. Para levar a cabo este enfoque, no plano global ealcançar o objetivo de sociedades sustentáveis, será preciso que a sociedade, em seu conjunto,assuma este compromisso.

Princípio da Integração

O conceito abrange dois tópicos: (i) a aplicação dos princípios de prevenção e precaução emtodos os fluxos do sistema de produção e (ii) a Avaliação do Ciclo-de-Vida do produto.

A ACV surgiu nos anos 70 e ganhou maior impulso na década de 90, com o objetivo garantir asegurança de produtos e processos para o ambiente e saúde humana. As propostas maisavançadas incluem a necessidade da participação social na elaboração da ACV.

Basicamente, o modelo de ACV reflete a política ambiental da empresa. Será limitado, para aindústria que adotar o sistema end-of-pipe ou tornar-se-á mais amplo, nos casos das organizaçõesque adotarem a prevenção de resíduos na fonte e, em especial, as que seguirem os demaisprincípios da Produção Limpa.

A simplicidade da ACV é aparente. Na prática, os procedimentos são complexos, geram volumeconsiderável de informações e estão sujeitos a críticas e contestações. É difícil estabelecer oslimites das atividades e operações. Mais difícil, ainda, é determinar as conexões entre elas. Nãohá consenso quanto aos indicadores ambientais (eco-indicadores), métodos de análise e deatribuição de valores.

Princípio do Controle Democrático

As estratégias para Produção Limpa dependem da participação de empregados, moradores nasvizinhanças da planta industrial, consumidores e demais segmentos da sociedade, sujeitos aosefeitos dos produtos e processos de produção de bens e serviços.

É essencial que os interessados tenham acesso a informações sobre tecnologias, segurança,níveis de riscos e danos ao ambiente e saúde humana. Independente do respeito aos códigosambientais, a indústria considera, em geral, que a revelação de certas informações afeta asvantagens competitivas e seu desempenho econômico no mercado.

Para os governos, importa a criação de políticas e regulamentos que protejam o ambiente e asaúde ou minimizem os danos que possam ser causados pelas atividades humanas. Para asorganizações ambientalistas, é importante ver em prática os pré-requisitos para odesenvolvimento sustentável contidos no Relatório Brundtland, aprovado pela Assembléia Geraldas Nações Unidas, em 1987, que dá direito ao cidadão de obter informações sobre os riscosambientais. O estatuto do Right to Know é praticado nos EUA e outras nações civilizadas.

A adoção do modelo de Produção Limpa implica no compromisso de

• usar materiais ambientamente apropriados (ecomateriais)

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29• reorientar o processo produtivo com tecnologia limpa,

• praticar esquemas de promoção e comercialização com responsabilidade sócio-ambiental (ecomarketing) 17 e

• estabelecer política ambiental de conhecimento de todos os agentes interessados(stakeholders), fundamentada em princípios sócio-ambientais dotados de indicadores

As tendências internacionais apontam para a participação social (democrática) na determinaçãodos impactos ambientais causados por tecnologias, bens e serviços. A vantagem da participaçãodemocrática ultrapassa os aspectos ou processos normativos, pois, a experiência temdemonstrado que trabalhadores e usuários podem contribuir para inovações tecnológicasambiental e socialmente responsáveis.

Direito público de acesso à informação

• direito do cidadão conhecer e ter acesso à informação sobre as condições ambientais edos recursos naturais

• direito de ser consultado e de participar na tomada de decisões que afetam o ambiente

• direito a recursos e compensações sobre danos causados sobre o ambiente e saúdehumana.

Práticas de Produção Limpa para construção civil com responsabilidade ambiental

• utilização de materiais com maior eficiência e eficácia e aperfeiçoamento de projetospara maximização da eficiência e eficácia energética e demais utilidades

17 Czaja, Maurício C. 2000. O ecomarketing para produtos no emergente mercado ambiental. Revista MeioAmbiente Industrial. Ano V, ed. 28 nr. 97, Nov-Dez, p.90-97.

Produção LimpaEstratégias ambientais competitivas

• Precaução• Prevenção• Visão holística - Avaliação do Ciclo de Vida• Participação democrática• Direito público de acesso à informação

• Conformidade ambiental• Transição• Atitude pró-ativa• Desenvolvimento sustentável

• Ecomateriais• Tecnologia limpa• Ecomarketing• Políticas e regulamentos

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30• emprego de materiais duráveis, de maior qualidade, durabilidade, montagem,

desmontagem e fácil reparo e reutilização

• especificação de equipamentos inteligentes e de vida útil mais longa

• aproveitamento de materiais renováveis, procedentes e processados de maneirasustentável, com baixo consumo energético e outros reciclados de maneira atóxica eenergeticamente eficiente

• reaproveitamento de materiais por reciclagem ou doação para grupos selecionados quepossam reutilizá-los

• instalação de facilidades para reciclagem local

• utilização de energia limpa e renovável e instalação de equipamentos e acessóriosinteligentes

• de instalação de unidade de tratamento local de água servida e outros resíduos

• manejo adequado de materiais perigosos, para prevenção de resíduos e lixo, paraproteção das pessoas que irão lidar com a produção, instalação, uso, manutenção,remoção e descarte, bem como para a proteção e preservação do ambiente,relacionadas à produção e transporte

• atendimento das necessidades da comunidade em transporte e circulação menosagressivo e sustentável, criando condições para caminhadas, bicicletas e trânsitopúblico

• fortalecimento da comunidade com ligações locais independentes e auto-suficientes,tanto quanto possível

• apoio aos produtores locais, artesãos e comerciantes

• gestão das fontes de materiais, alimentos, água e energia de modo compreensível econtrolável e transparência dos processos e ciclos de produção, consumo e manejo dosresíduos

• promoção da qualidade do ambiente, quanto à diversidade biológica, fontes hídricas e

lençol freático

• avaliação de políticas de zoneamento, permitindo aproximar locais de trabalho eresidência

• escritório no lar (home office), acompanhando as tendências do mercado de trabalhoatravés das tecnologias de telecomunicações

• aperfeiçoamento de plantas e ocupação de espaços mais eficiente

• simplificação da geometria das obras, para economia de utilidades e materiais

• integração do projeto construtivo à paisagem e às necessidades de aprimoramento dascondições ambientais do entorno

• aperfeiçoamento do projeto de captura, armazenagem, distribuição e consumo de água,envolvendo tubulação, equipamentos e acessórios

• desenho aprimorado do sistema de ventilação, evitando umidade ou dissipação de calorexcessivas

• otimização da iluminação natural no maior espaço possível

• desmontes e demolições que levem conta os princípios da construção civil comresponsabilidade ambiental.

• A adoção do modelo de Produção Limpa permite que a empresa possa adotar o eco-gerenciamento, para atuação ambiental e socialmente responsável.

• Princípios do eco-gerenciamento

• Prioridade organizacional

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31• Gestão integrada (eco-gestão)

• Compromisso com a melhoria dos processos

• Educação de recursos humanos

• Prioridade de enfoque

• Produtos e serviços não-agressivos

• Orientação do consumidor

• Equipamentos e operações para eficiência ambiental

• Pesquisa sobre impactos ambientais

• Enfoque preventivo

• Orientação de fornecedores e subcontratados

• Planos de emergência

• Transferência de tecnologia limpa

• Contribuição ao esforço comum

• Transparência de atitudes

• Atendimento ao público e comunicação ambiental

• A natureza do desafio institucional e multi-setorial, que afeta a construção civil, éexcelente oportunidade para ação político-estratégica das empresas.

• Estratégia operacional

• Definir que a política ambiental da empresa seja conduzida no nível superior denegócios.

• Preparar o quadro técnico e praticar os princípios já discutidos.

• Levantar informações sobre os resultados já alcançados nos países que tomaram adianteira em construção civil com responsabilidade ambiental e Produção Limpa.

• Levantar as características da realidade local, acompanhadas da identificação deespecialistas, núcleos de especialistas - nacionais e internacionais - e outros recursos quepossam contribuir para a capacitação interna e estabelecimento de projetoscooperativos e de parceria.

O plano diretor da Vila Olímpica, para os jogos do ano 2000, é um bom exemplo.

• Produção Limpa para a Vila Olímpica de Sydney

• Localização do site da Vila, respeitando o que restou do ecossistema de manguezal -após intensa degradação e contaminação de origem industrial - e dos estoques genéticosnaturais, de maneira a criar condições de futuros projetos de remediação e recuperaçãoambiental.

• Sistemas suporte de reciclagem de água de chuvas e de filtragem para águasresiduárias reentrantes no ambiente, para recuperação e repopulação biológica eambiental.

• Envolvimento da comunidade para repovoar o ecossistema com espécies nativas, comsuporte científico apropriado e geração de programas de educação ambientalcurricular e informal.

• Planejamento racional das vias e meios de transporte, com ênfase no ferroviário e a

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32integração com sistemas de suporte, para deslocamentos rápidos e eliminação depressões para transporte com automóveis e estacionamentos.

• Previsão de vias para bicicletas próprias e alugadas e pedestres.

• Áreas de recreação apropriadas.

• Sistema de drenagem para água de chuva e residuária, para detritos e sujeiras,orientado para unidades de filtragem, reciclagem e redistribuição de água.

• Sistema de reciclagem de água usada, para reentrada de água de alta qualidade, semdespejo de qualquer natureza no mar.

• Equipamentos inteligentes para economia de água e energia.

• Sistema de baterias solares, para aquecimento, geração de energia e refrigeração, comrede de captação de energia não utilizada, acumulação e redistribuição

• Tratamento de esgoto integrado com recuperação de água super-limpa pararealimentação e biodigestão de matéria sólida, para produção de energia (carburante,gás e eletricidade), fertilizantes e outros produtos reaproveitáveis. A Pira Olímpica seráalimentada com biogás. Alta tecnologia de filtragem eliminará o uso de produtosquímicos, garantindo a eliminação de microrganismos, inclusive vírus e outros quedificilmente são afetados por tratamentos convencionais.

• Desinfeção de água por ozônio, evitando-se o uso maciço de cloro.

• Produtos alternativos, para eliminação ou minimização do uso de PVC, pelasimplicações ambientais dos produtos organoclorados.

• Madeiras procedentes de florestas plantadas, com certificação de manejo sustentável eprodutos derivados de reciclagem de madeiras

Importantes resultados colaterais já foram observados.

Novos produtos naturais, de materiais reciclados, foram introduzidos para substituiros sintéticos em pisos, revestimentos, matérias primas, etc..

Novo conceito de reciclagem de água, resíduos, detritos, esgotos, com produção deágua super-pura terá o uso expandido para outras áreas.

A localização de tambores despejados ilegalmente, contendo dioxina, altamenteperigosa para os futuros freqüentadores das Olimpíadas, que foram manipuladosadequada e rapidamente, mereceu elogios da Agência Ambiental dos EUA e levou ogoverno a investir US$21 milhões para a remediação ambiental até o ano dos jogosolímpicos.

Hotel com custo da ordem de U$62 milhões, será construído na área da Vila, dentrodos conceitos de construção civil com responsabilidade ambiental, com perspectivasdo modelo vir a ser usado pela cadeia hoteleira em outros países.

Concluída a Vila Olímpica, a Austrália terá dado notável exemplo de determinação política ecompetência tecnológica.

A propósito: as diretrizes ambientais foram apresentadas pela Greenpeace, que venceu, em 1992,a concorrência para apresentar o design e colaborar com o comitê para elaboração das diretrizespara as concorrências, sob o lema Give the planet a sporting chance.

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33Apesar de propagandas dando destaque a condições ambientais diferenciadas, as experiênciaslocais, com projetos considerados inovadores, do ponto de vista ambiental, ainda estão longe dofundamento da construção civil com responsabilidade ambiental.

Na grande de São Paulo, por exemplo, poderia ser usado o exemplo do design do Bairro deAlphaville. Promovido pelas características ambientais, fica a dúvida quando se verifica queresidências com extensa área útil foram construídas em terrenos de 400 a 500 m2. O que dizerdos desmatamentos recentes, imediatamente após o falecimento do homem que concebeu oprojeto ?

Além de conter o apetite, movido pela filosofia de construir a maior área útil sobre o menorespaço de terra permitido pela lei, ainda existe o problema da mudança da equação industrial.

Para o industrial - inclusive as gerações sucessivas de engenheiros de produção das melhoresescolas nacionais - o raciocínio é simples: otimizar custos, maximizar lucros e trabalhar noslimites da legislação.

Mais do que isso, a tendência do engenheiro atual é praticar a equação industrial linear: buscarmatérias primas baratas, sem questionar o problema ambiental com as fontes de suprimento.Introduzi-las no processo, sem maiores preocupações com o tipo de geração de resíduos. Obterprodutos, embalá-los e colocá-los no mercado, sem maiores preocupações com a transferência decustos de destinação, descarte e remediação, a serem arcados pelo setor público.

Tudo isso porque o paradigma econômico atual considera os recursos da terra infinitos e apostaque a tecnologia é sempre ótima, benéfica e dará conta de resolver os problemas para o solo,água e ar e todas as formas de vida que existirem.

Prevalece, na teoria econômica atual, que a questão relativa aos resíduos é fácil de resolver:junta-se tudo no final da linha, manda-se para usinas de tratamento, ou descarta-se na rede deesgoto, nos aterros ou locais definidos pela legislação.

Os resíduos perigosos ? Para esses há várias soluções técnico-econômicas: embala-se e dá-se umjeito de colocar os vasilhames em algum lugar até o dia que surgir tecnologia para inativação ououtra solução não prevista. É possível também contratar empresas especializadas em destinação etratamento. Ou vendê-los, como subprodutos para usos diversos.

E se houver problemas ? Bem, neste caso, o governo estará aí para intervir e encontrar soluções.

A proposta da Produção Limpa, para os diferentes setores industriais, é simples, porémincômoda: vamos substituir o modelo end-of-pipe pelo da prevenção, isto é, a não geração deresíduos, substituindo a equação linear pela circular.

Neste caso: visão do berço-à-cova, geração zero ou mínima de resíduos; processo atóxico, combaixo consumo de materiais, de água e energia; reciclagem primária (in site) ou secundária (offsite) atóxica, com baixo consumo energético; reutilização e reaproveitamento de materiais;avaliação permanente nos fluxos upstream (produção) e downstream (distribuição, consumo,utilização, descarte, destinação).

Os mentores do Programa de Produção Mais Limpa, do PNUMA, temem que o modelo não

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34passe de uma boa idéia. Se isso vier a acontecer, o homem econômico colocará a bala na agulha,no jogo de roleta russa praticado pela sociedade.

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Anexo. Indicadores ambientais para a construção civil. Extraído de treinamento emEcodesign na Construção Civil. Apresentado a técnicos da CDHU. 1999. Parte de trabalhopublicado nos anis do V Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente.FEA-FGV. 17-19 Nov. 1999.

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IMPLANTAÇÃO LOCAL DO ECODESIGN

Os profissionais do setor da construção civil no Brasil poderão usar manual, de natureza multi-setorial, disponível em língua inglesa, (US Green Building Council, Public Technology Inc.,U.S. Dept. of Energy & U.S. Environmental Protection Agency, 1996), desde que seja feita anecessária adequação às condições locais. O texto pode ser obtido diretamente no site do USDept. of Energy www.sustainable.doe.gov/articles/ptipub.htm. Além disso, há softwareinterativo para iniciar bases de dados locais necessárias ao desenvolvimento de Avaliação deCiclo-de-Vida para materiais usados na construção civil (software Bees 1.0,www.usgbc.org/resource/resource.htm ).

Outros softwares para Life-Cycle Assessment e informações pertinentes são disponíveis naInternet, como o www.cfd.rmit.edu.au/dfe/lca1.html , por exemplo. Ferramentas interativas parao também estão disponíveis para o ecodesign, permitindo a participação de múltiplos usuários,como o Green Browser (www.green.race.u-tokyo.ac.jp) e o Ecodesign Expert System(www.sun1.mpce.stu.mmu.ac.uk/pages/projets/dfe/pubs/dfe27/report.htm )

A implantação do ecodesign começa com a decisão da alta gerência. A seguir, é preciso criarcapacitação interna nos principais temas mencionados a seguir. (i) Educação ambiental interna,envolvendo toda a estrutura organizacional, centrada nas questões ambientais que afetam osnegócios da empresa (legislação, pressões dos diferentes agentes sócio-econômicos, mercado,etc.), local e globalmente e os impactos ambientais provocados pelas atividades e produtoscolocados no mercado. (ii) Estratégias ambientais competitivas e as operações gerenciais(ecomanagement). (iii) Correlações entre as questões ambientais e qualidade. (iv) Ecobuilding eecodesign. (v) Uso de ingredientes adequados para comunicação ambiental da empresa.

A viabilidade de utilização dos fatores ambientais e das etapas do ecodesign na construção civilfoi testada no programa de capacitação em andamento na CDHU (Companhia deDesenvolvimento Habitacional e Urbano), do Governo do Estado de São Paulo. O programa foiiniciado em 1998, com base nas propostas da Agenda 21 da Eco-92. Os temas sobre aspectoséticos e sociais (Scurzio & Santos, 1999) foram seguidos de abordagem a outros mais específicos(Scurzio & Santos, no prelo).

A terceira fase foi conduzida em 1999, através de convênio entre a CDHU e a FIA (FundaçãoInstituto de Administração, Faculdade de Economia, USP, São Paulo), abrangendo dois grandesmódulos: (i) seminários em gestão empresarial e o ambiente (estágio da maturidade ambiental naempresa, marketing, produção, suprimentos, finanças, recursos humanos) e (ii) bases para odesenvolvimento de metodologia para incorporação de fatores ambientais no projeto deconstrução civil (Ecodesign e Avaliação do Ciclo-de-vida).

A quarta fase foi iniciada em 2001, para implantação de projeto de construção de conjuntohabitacional segundo o modelo de ecodesign, com o desafio adicional: produzir conjunto

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36famílias residentes em lixões e na modalidade de mutirão. As casas são construídas pelos futurosmoradores, predominantemente as mulheres, muitas delas tendo seus filhos pequenos, ao lado. Oresultado do projeto piloto será relatado, oportunamente.18.

FATORES AMBIENTAIS E ETAPAS DO ECODESIGN

A adoção do ecodesign leva empresa para níveis de maior maturidade ambiental, mas requeralguns passos importantes, a saber: (a) Identificação, seleção, conceituação de fatores, aspectosou variáveis ambientais e o estabelecimento dos limites de aplicação desses aos produtos,serviços e processos produtivos da empresa. (b) Sistematização das etapas ou fases operacionais,de modo a conciliar procedimentos pertinentes ao âmbito ambiental à organização do projeto(design) de engenharia convencional ou tradicional. (c) Capacitação técnico-gerencial. (d)Domínio da metodologia e criação de rotinas do ecodesign na empresa.

Mais de 50 fatores ambientais já foram considerados para serem utilizados na construção civil,agrupados em grandes categorias.

1. Aspectos intangíveis - 1.1.ciclos sazonais e outros ritmos naturais;1.2.diversidade; 1.3.qualidades naturais, históricas e culturais de cada local,região ou clima; 1.4.vínculos comunitários existentes, novos e futuros;1.5.compreensão, valorização e controle sobre o uso de fontes de materiais;1.6.utilização racional de recursos; 1.7.redução de custos materiais e energéticosna produção, consumo e destinação; 1.8.valor cênico, como preservação daimagem na passagem do tempo; 1.9.valores na vida do dia-a-dia;1.10.modificação da conduta de outros agentes sócio-econômicos e políticos.

2. Ecologia uso da terra e economia - 2.1.coleta e análises de dados ambientais,como água, clima, topografia, ecossistemas naturais; 2.2.manejo das áreasagrícolas, do hábitat natural, nascentes e lençol subterrâneo; 2.3.prevenção ouminimização de distúrbios ambientais; 2.4.práticas integradas para controle depragas e doenças; 2.5.integridade do local e da vegetação durante a construção;2.6.uso de espécies de plantas nativas, perenes, resistentes a intempéries ereciclagem de nutrientes; 2.7.apoio à manufatura local, produtores de alimentos,artesanato; 2.8.ocupação domiciliar e mista, conjuntos residenciais, condomíniose outras formas de co-habitação.

3. Vida comunitária saudável - 3.1.acesso ao local por transporte de massa, com ouso de energia não poluente; 3.2.vias de trânsito de pedestres e com bicicletas;3.3.respeito às tradições históricas e culturais da comunidade; 3.4.efeitos para asaúde pública e individual; 3.5.qualidade da circulação de ar, ventilação eaquecimento internos; 3.6.ruídos; 3.7.Síndrome do Edifício Doente.

18 Projeto em andamento, na época da redação do presente texto.

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374. Seleção e especificação de materiais - 4.1.quantificação e identificação de fontes

de materiais; 4.2.alternativas para iluminação, ventilação, emissão de resíduos,acústica, demanda de energia, estética, custo, manutenção; 4.3.efeitos para asaúde dos trabalhadores, moradores e população do entorno; 4.4.informaçõessobre a segurança de produtos químicos - Material Safety Data Sheet ;4.5.descarte e destinação; 4.6.manutenção, reposição, desmontagem, reutilização.

5. Conservação de recursos - 5.1.escala de uso de recursos; 5.2.durabilidade dosmateriais; 5.3.materiais reciclados e reutilizados; 5.4.desmontagem erecuperação; 5.5.reutilização e reaproveitamento; 5.6.equipamentos e instalaçõesinteligentes e de baixo consumo; 5.7.fácil acesso a unidades de reciclagem;5.8.reutilização de água de chuva para irrigação.

6. Conservação de água - 6.1.otimização de encanamentos; 6.2.equipamentos debaixo consumo; 6.3.tratamento e recuperação no local - on site; 6.4.reutilizaçãode água de chuva).

7. Conservação e eficiência de energia - 7.1.orientação do edifício: iluminaçãonatural, sombreamento; 7.2.efeitos micro-climáticos sobre o edifício;7.3.eficiência térmica do revestimento e dos vãos; 7.4.otimização e minimizaçãodas cargas elétricas; 7.5.materiais e equipamentos apropriados para redução deconsumo de energia; 7.6.uso de materiais locais, com baixo conteúdo e consumoenergético; 7.7.fontes alternativas de energia: biogás, aquecedores solares;7.8.aproveitamento da iluminação natural.

8. Operações - 8.1.design e manuais de operações, para controle das utilidades efuncionamento; 8.2.materiais que requerem limpeza com produtos de menoresriscos para a saúde; 8.3.eliminação de resíduos sólidos, líquidos e gasososdurante a construção e da acumulação destes nas superfícies; 8.4.previsão deadaptações e modificações pós-reforma ou para reutilização.

9. Manutenção e cuidados - 9.1.facilidade de acesso às instalações; 9.2.materiaiscom facilidade para remoção periódica de resíduos.

Segundo o manual de construção civil sustentável, já mencionado, o ecodesign pode serconduzido por etapas.

10. Design preliminar (pré-design)- 1.1.Definir critérios ambientais; 1.2. Definirobjetivos ambientais; 1.3. Definir prioridades ambientais; 1.4. Constituir a equipetécnica multi-setorial; 1.5. Identificar a fonte de recursos financeiros; 1.6. Definirdo modelo de gestão do ecodesign; 1.7. Levantar a legislação pertinente; 1.8.Levantar os padrões e normas técnicas aplicáveis

11. Design - 2.1.Revisar e confirmar critérios ambientais estabelecidos; 2.2.Especificar as soluções ambientais prováveis; 2.3. Testar as soluções propostas;2.4. Selecionar as opções ambientais mais apropriadas; 2.5. Refinar as soluçõesambientais escolhidas; 2.6. Testar e selecionar os sistemas ambientais para seremutilizados

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3812. Contratação - 3.1. Orientar e treinar os contratados; 3.2. Fornecer manuais; 3.3.

Firmar contratos e definir responsabilidade civil

13. Construção - 4.1 Organizar equipe de monitoramento; 4.2. Programartreinamento para a construtora; 4.3. Rever os critérios ambientais, alternativas esoluções; 4.4. Revisar a documentação de produtos ambientalmente adequados;4.5. Revisar o projeto construtivo; 4.6. Revisar os manuais de operação emanutenção; 4.7. Comissionar os sistemas ambientais; 4.8. Monitorar o processode construção

14. Ocupação e pós ocupação - 5.1. Estabelecer o plano anual e plurianual demonitoramento; 5.2. Orientar os ocupantes sobre os critérios e sistemasambientais; 5.3. Treinar as equipes de operação e manutenção; 5.4. Revisar ofuncionamento dos sistemas; 5.5. Acompanhar e avaliar o desempenho dosmateriais; 5.6. Acompanhar e avaliar o desempenho do edifício.