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ecodesign* *processos de impressão ecológicos e económicos TECNOLOGIAS DE DESIGN DE COMUNICAÇÃO III faculdade de belas-artes de Lisboa 2005.2006 Ana Sabino Domingues Joana Bértholo Joana Silva Sara Sousa Correia

Ecodesign: processos de impressão ecológicos e econômicos

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Trata-se de um manual para orientar designers de comunicação na relação entre a criação de objetos de design e as condicionantes impostas pela lógica da sustentabilidade, através da integração de parâmetros ecológicos e econômicos no domínio projetual.

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ecodesign**processos de impressão ecológicos e económicos

TECNOLOGIAS DE DESIGN DE COMUNICAÇÃO III

faculdade de belas-artes de Lisboa 2005.2006

Ana Sabino Domingues

Joana Bértholo

Joana Silva

Sara Sousa Correia

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Este trabalho foi impresso em papel reciclado nacional: Renova Printe 90g/m2.

Foi escolhido o tipo de letra Bell Gothic Std, desenhado para poupar espaço na página, preservando a legibilidade.

Foi projectado utilizando o menor número de tintas (uma), e paginado tanto quanto possível sem desperdícios de tinta

ou de papel.É totalmente reciclável, embora tenha sido projectado

como objecto com um grau elevado de utilidade, ou seja, com um tempo de vida útil prolongado.

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FUNDAMENTOS

TÉCNICA

APLICAÇÕES

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Introdução

Ecodesign e sociedadeEco-eficiência

A lógica do sustentável em designConceito de sustentabilidadeA sustentabilidade como novo paradigmaConsumo: Contextualização históricaImplicações da sustentabilidade no designOportunidades para uma mudançaDesign sustentável em príncipios básicosSituação em Portugal

PapéisCaracterísticasEnquadramento ecológicoProjectar e imprimir com papéis ecológicosOrçamento para papel

TintasCaracterísticasAlternativas e redução do impactoTintas à base de àguaTintas de base vegetalTintas de cura por radiaçãoTintas de base solventeOutros processos de impressãoImpressão ecológica em gravura

Produção gráfica em papelProcessos convencionais de impressãoImpressão digitalEnquadramento ecológicoNovas tecnologias

Aplicação prática ao designPoluição e fases de produçãoRedução no consumo de meiosA decisão do designer

Relatório anual da The Body Shop, 1988, UKListas Telefónicas da British Telecom, UKGrupo O2The Indian European Ecodesign Programme (IEEP)

Conclusão

Glossário

Bibliografia Referências online

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Introdução

Este trabalho propõe-se ser um manual para orientar designers de comunicação na relação entre a criação de objectos de design e as condicionantes impostas pela lógica da sustentabilidade, através da integração de parâmetros ecológicos e económicos no domínio projectual. Enquanto estudantes de design, nós próprias sentimos algum desconhecimento e uma certa nebulosidade em volta desta matéria. Intuimos que os designers cada vez mais terão de saber articular as questões ambientais e económicas de um projecto.

Ecodesign é um conceito muito abrangente. Na sua essência, incorpora critérios am-bientais como parte integral do processo de design. Numa acepção possível, baseia a sua acção na análise do ciclo de vida, desde as matérias-primas provenientes da produção ou manufactura e consequente utilização até ao fim de vida do objecto final. No âmbito deste trabalho o termo eco tem uma acepção específica, uma vez que incorpora também a questão económica.

Temos consciência de que a industria gráfica é das mais poluidoras. Até certo ponto, esta é uma condição incontornável. No entanto, sentimos que existe uma margem bastante extensa para a minimização desses impactos aparentemente inevitáveis. E queremos explorá-la.

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Ecodesign e Sociedade“O designer tem um papel fundamental na aplicação ecológica do design. Ele/ela está numa posição especial entre o produtor e o consumidor, e pode influenciar ambas as partes. O designer pode ter uma grande influência em relação a como as coisas são feitas; os materiais que são usados; como são construídos; quão eficientes são no seu uso; a sua facilidade de manutenção; e até mesmo a sua potencial reutilização e reciclagem. Os Designers não devem ser apenas reactivos, mas pró activos e compro-metidos com o ambiente. Devem pôr de lado a atitude de “estava só a cumprir or-dens” e assumir uma maior responsabilidade no ciclo de vida daquilo que desenham.” (WHITELEY, 1993)

Os designers deparam-se com dois grandes problemas. O primeiro é a escassez e falta de consistência da informação. Ainda por cima frequentemente a informação forne-cida pelo próprio fabricante do material é dúbia e ambígua. No sentido de colmatar esta falta, já se formaram várias organizações, que tentam criar e manter uma base de dados que seja útil a um esclarecimento dos designers:- EDEN (Environmental Design for Ecological Need) baseado no Institute of Bioen-gineering da Universidade de Brunel- MILION parte do European Design Centre de Eindhoven- CODE (Coalition on Design for the Environment) com base em Boston, USA- Ecological Design Association- 02 Grupo Internacional de Designers formado por Niels Peter Flint.

Eco-eficiênciaA estratégia mais comum até à data tem-se concentrado na melhoria do perfil am-biental de produtos e processos de manufactura. O conceito de eco-eficiência (criar mais valor de consumo com menos impacto ambiental), associado à análise e ava-liação do ciclo de vida dos produtos, são elementos chave. Eco-eficiência significa aumentar a produtividade dos recursos (Obter mais com menos matéria e energia) e criar novos bens e serviços que aumentem o seu valor de consumo, usando menos recursos e gerando menos poluição (James 1997). É o princípio que preside ao design ambiental ou ecodesign, onde as questões ambientais são relevantes em todas as fases de desenvolvimento do produto e ao longo do seu ciclo de vida (“do berço à cova”). O respeito pelos princípios ambientais pode ser conseguido através de várias estratégias como redução de matéria ou energia, uso de materiais reciclados ou recicláveis, de-sign com durabilidade, design para desmontagem (facilitar a desmontagem de partes de modo a poderem ser facilmente substituíveis, reparadas ou melhoradas), “design for simplicity” (reduzindo o número de componentes e de matéria). A indústria e o mercado de produtos de manufactura têm dado passos importantes no aumento da eco-eficiência, através de melhorias incrementais de produtos e serviços a um nível operacional. Apostam também nas vantagens competitivas que advêm da redução dos custos de manufactura, satisfação das exigências do cliente e redução do peso da legislação ambiental.Sendo passos importantes, alguns autores consideram tais abordagens só por si, inca-pazes de alcançar os objectivos da sustentabilidade (Cooper 1999; Charter & Chick 1997; 1999; Tischner 1997; Demi 2004; Beard e Hartmann 1997). Como refere

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Cooper (1999), há a necessidade de ir para além do design ambiental em que a tónica é posta nos atributos dos produtos, no sentido duma abordagem mais radical, e não a relação entre produtos, fornecedores e utentes, factores sociais e económicos seja tida em consideração. As principais razões apontadas para essa necessidade são a não incorporação por parte do design ambiental, das dimensões sociais e éticas e a falta de visão a longo prazo. O design para a sustentabilidade ou design sustentável, entrou na ordem do dia e apresenta-se como um conceito mais alargado, interdisciplinar, focado não apenas nos produtos mas nos sistemas, envolvendo também o lado da procura, tentando influenciar comportamentos e estilos de vida. Apela ao conceito de eco-inovação (James 1997), ou seja o design de novos produtos e processos que vão ao encontro das necessidades dos consumidores de formas diferentes e inteligentes e produzem resultados com maior eco-eficiência e magnitude.

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A Lógica do Sustentável em DesignOs designers, como muitos outros profissionais em sociedade, são questionados por este novo paradigma, uma vez que o design não é praticado no vácuo… Pelo contrá-rio, os designers inventam, criam e desenvolvem produtos com o propósito de serem vistos e usados1, envolvendo na sua actividade vários actores desde os utentes aos clientes e legisladores. Há uma crescente consciencialização de que as actividades de design têm enorme impacto na sociedade e ambiente. O poder do design reside na concepção e planeamento, gerando primeiro uma ideia e depois incorporando-a num produto, quer seja objecto, sistema ou ambiente. A importância do design é crucial, uma vez que 80 a 90% dos custos económicos e ambientais dos produtos são deter-minados na fase de design2. Por outro lado é na fase de conceptualização dum pro-duto que os aspectos relativos ao social, económico e ecológico podem ser manejados no sentido de prevenir impactos negativos e introduzir aspectos relacionados com a sustentabilidade.Uma revisão da literatura na área, mostra-nos que o modo como o design se tem rela-cionado com o tema é muito heterogéneo mas é também relevante e promissor. A par dos que continuam a praticar e desenvolver um intensivo uso de recursos naturais e a criar produtos ambientalmente insustentáveis, apelando a um consumo indiscrimina-do e à passividade dos consumidores, a maioria sente já o envolvimento irremediável dos desafios da sustentabilidade. Os Estados, indústria, comércio e ciência têm vindo a ser pressionados para a adopção de políticas e práticas mais sustentáveis. Nesse sentido, muito esforço e pesquisa tem sido posto na reconceptualização do design na cultura da sustentabilidade, no desenvolvimento de conceitos, metodologias e técni-cas, mas também no repensar dos próprios princípios filosóficos do design. Design ambiental ou ecodesign e o desenho para a sustentabilidade são partes dum mesmo processo de procura de novas soluções.

Conceito de SustentabilidadeHá inúmeras interpretações para o termo SUSTENTABILIDADE. É uma definição dinâmica que evolui à medida que os contextos técnicos e sociais evoluem também. Para muitos, está intimamente ligado a questões de responsabilidade e conserva-ção, ou até respeito. Para um número crescente de pessoas é parte integrante de um conceito maior, o do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. A primeira definição deste conceito foi dada em 1980 na Estratégia de Conservação Mundial das Nações Unidas.Em suma, é a capacidade de desenvolver actividades económicas e ao mesmo tempo manter a vitalidade dos componentes e processos de funcionamento dos ecossiste-mas.

A Sustentabilidade Como um Novo ParadigmaO desenvolvimento sustentável é claramente uma das abordagens mais marcantes da nossa época, considerada de um modo consensual como a chave da protecção ambien-tal, bem-estar social e desenvolvimento económico. A emergência do conceito situa-se

1 _ Lawson, B. (1990) How designers Think. Oxford: Butterworth Architecture2 _ Demi (2004) Goldsmiths College, University of London, Design for Sustainability

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nos anos 80, popularizado pelo Relatório Brundtland (WCED 1987), posteriormente desenvolvido na Cimeira da Terra (Rio de Janeiro) e operacionalizado na Agenda 21 (UNCED 1992). Reconheceu-se que era necessário e urgente uma mudança nas visões do mundo existentes, no sentido de reconciliar o crescimento económico com a protecção ambiental e justiça social. Como refere O Nosso Futuro Comum (WCED 1987) “muitas formas de desenvolvimento existentes destroem os recursos naturais em que se deviam basear e a degradação ambiental pode arruinar o desenvolvimento económico...”.Considerando que “a maior causa de degradação à escala global é o padrão insus-tentável de produção e consumo dominante nós países industrializados, agravando a pobreza e os desequilíbrios” refere-se explicitamente na Agenda 21, princípio 8 (UNCED 1992) “para alcançar um desenvolvimento sustentável e melhor qualida-de de vida para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar padrões de consumo insustentáveis...”.

Consumo: Contextualização HistóricaJá nos anos 60, Packard (citado em Robins 1999), usava expressões como “sociedade do desperdício” e “obsolescência planeada” em referência ao consumismo da socie-dade americana, alertando para as consequências ambientais, sociais e económicas do fenómeno.Hoje em dia, não só a expansão do consumo foi exponencial, quadruplicando des-de 1960 como se verificam grandes desequilíbrios nos seus padrões de distribuição, acompanhados por novos comportamentos que a globalização favorece. Dados sobre o acréscimo e disparidade do consumo, a par de dados sobre a degradação ambiental abundam. Por exemplo, Robins baseado em estatísticas das Nações Unidas, refere que os países mais ricos (1/5 da população mundial) gastam 58% do total de energia produzida no mundo, 84% de papel, 87% dos veículos, enquanto os 5 países mais pobres (mais de 1 bilião de pessoas) não têm comida, água, casa, electricidade, ou infra-estruturas sanitárias. Ou ainda, que seriam necessários 13 biliões de dólares/ano para cuidados de saúde básicos e alimentação aos mais pobres, quando são gastos 17 biliões de dólares/ano em comida de animais na Europa e nos EUA (UNDP 1998). Actualmente a Ásia Oriental é líder do «consumismo, enquanto o Africano médio consome menos 20% do que há 20 anos atrás.Prevê-se que nos próximos 40 anos, a população mundial aumente em 50% sendo de esperar que a maioria destas pessoas queira níveis de vida equivalentes a um cres-cimento real de 3% ao ano, o que se traduzirá por acréscimo de recursos gastos e mais emissões com sérios riscos para o bem-estar humano e afectação dos sistemas naturais3. A globalização reforça a integração dos padrões de consumo existentes à escala global e coloca um dilema sem precedentes descrito assim: “a continuação deste crescimento industrial põe a humanidade em perigo, mas se não prosseguir, im-pede a maioria das pessoas de ter acesso aos bens e artefactos que dão comodidade à vida e multiplicam as escolhas humanas; o mundo entrou num patamar onde ninguém esteve antes e isso exige pensar tudo de novo”4.

3 _ JAMES, P. , The Sustainability Cycle: a new tool for product development and design, In The Journal of Sustainable Product Design, July 1997, Issue 2, pp. 52/57;4 _ Greider, W. (1997) One World Ready or Not. New York: Simon & Schuster

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O primeiro fenómeno recente na cultura do consumo está relacionado com o “boom” consumista da década de 80, impulsionado por uma viragem política no sentido do individualismo, que deu grande visibilidade aos produtos de design, revelando grande apetência dos consumidores para símbolos que expressassem o seu sucesso económico e em que o desejo de impressionar socialmente, se sobrepunha à utilidade do produto. Este movimento é considerado pelo crítico de design Whiteley, como um afastamento do ideal do design de benefício social e uma aproximação à “engenharia do consu-mo”5, em que os designers se tornam mais importantes a fabricar produtos de desejo do que produtos de necessidade, agindo dum modo subserviente em relação ao marke-ting. O segundo fenómeno é o dito consumismo “verde”, nascido com a recessão do início dos anos 90. Resultado das evidências científicas da degradação ambiental e do aumento de consciencialização social sobre os riscos inerentes, o mercado pressionou os designers, à medida que ia fazendo uma avaliação positiva dos benefícios dos pro-dutos “verdes”. Esta abordagem superficial tem pouco a ver com a sustentabilidade, considerada antes um nicho de mercado para consumidores abastados e uma mani-festação de resiliência da cultura materialista.O conceito de qualidade de vida que está associado ao de consumo sustentável, tem vindo a ganhar forma, demonstrando que não há uma relação de proporcionalidade directa entre consumo e bem-estar social. Estudos feitos nos EUA, provam que a qualidade de vida dos americanos não aumentou desde a II Guerra Mundial, embora o consumo per capita tenha aumentado significativamente.6 Qualidade de vida é um conceito vasto, implicando bem-estar e satisfação de necessidades que vão do traba-lho à habitação, meio ambiente, saúde, lazer, educação, cultura, laços sociais, etc. A União Europeia tem trabalhado na construção de indicadores específicos para cada componente que permitam medir o avanço das sociedades e o seu grau de desenvolvi-mento, para além do tradicional indicador que é o Produto Interno Bruto.As Nações Unidas (UNDP 1998) apresentam o consumo sustentável como uma prio-ridade da política global e coordenam o processo, com uma agenda propondo os seguintes objectivos:

Assegurar exigências de consumo mínimo para todos

Desenvolver bens e serviços eco-suficientes

Acabar com incentivos perversos e reestruturar novos incentivos

Reforçar a acção pública de protecção ao consumidor

Reforçar mecanismos internacionais para gerir os impactes do consumo geral

Construir alianças sólidas entre consumo, pobreza e movimentos ambientais

Acentuar sinergias entre a sociedade civil, sector privado e governo

5 _ in Cooper, T. Creating an economic infrastructure for sustainable product design. In The Journal of Sustainable Product Design, January 1999, Issue 8, pp7/166 _ CHARTER, M. Interview Dr Braden Allenby. In The Journal of Sustainable Product Design, July 1997, issue 2, pp 38/43

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011A alteração dos padrões de consumo insustentável exige estratégias múltiplas e o

empenhamento de todos os sectores da sociedade, a diferentes escalas e níveis, en-globando a produção, a oferta e cada vez mais a procura. Há a consciência crescente de que a eficiência tecnológica não pode resolver, por si só, os problemas ecológicos que a sociedade do desperdício coloca, o que leva muitos especialistas a considerar a importância primordial do lado da procura, ou seja, tornar popular e atractivo o consumo sustentável, a par do desenvolvimento da noção de consumidor responsável, com direitos e deveres.

Implicações Da Sustentabilidade No Design Há quem defenda que é no actual sistema que reside o próprio problema e que as estratégias baseadas na eco-eficiência, apenas o perpetuam, pois funcionam apenas como minimização de problemas e não como soluções. É sobretudo necessário uma mudança estratégica que tem mais a ver com o deixar de imaginar um produto, para imaginar antes uma solução.Como se apresenta, o design sustentável é algo a que não se pode dar uma resposta cabal, porque seria redutora da sua complexidade mas sobretudo das suas possibilida-des. Deve, antes de mais, ser visto como uma meta a atingir que acrescente aos tradi-cionais critérios de custo, desempenho, estética, os critérios de salvaguarda ambiental ou “inteligência ecológica”7, equidade e bem-estar social, com uma redefinição das tradicionais hierarquias.

O Design Council dá uma definição bastante abrangente de design para a sustentabili-dade: “Tudo o que o design deve ser, fornecendo melhor desempenho social, ambiental e económico, pelo menor custo social, ambiental e económico. É o uso estratégico do design para ir ao encontro e integrar necessidades humanas actuais e futuras, sem comprometer o ambiente. Inclui o desenho de produtos, processos, serviços e sistemas lidando com equilíbrios e negociações entre as exigências da sociedade, ambiente e economia. Requer uma visão holística do impacte dos produtos e serviços nestas três áreas, agora e no futuro e, sempre que possível, a reparação de danos causados”8.Caminhamos para a conjugação de estratégias diversificadas que podem ir no sentido

7 _ Charter, M. Interview Professor William McDonough, In The Journal of Sustainable Pro-duct Design, October 1997, Issue 3, pp 5/68 _ in Design Council, More for less: Design for Environmental Sustainability, London: Design Council. 1997

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dum cenário intermédio, de baixa tecnologia, de produção e consumo local; à movi-mentação para um cenário de alta tecnologia, de produtos e serviços de informação tecnológica dominados pela desmaterialização (partilha de produtos, uso conjunto, propósitos múltiplos, leasing ambiental, etc.) ou ainda no sentido dum cenário domi-nado pelo consumo baixo com “mais a partir do mesmo” com grandes implicações no emprego, mudança de padrões de trabalho e qualidade de vida. Dado o eclectismo de abordagens possíveis, parece fundamental que as diferentes opções emergentes, que cumpram os critérios da sustentabilidade, sejam estudadas e difundidas, bem como exemplos de boas práticas, contribuindo para o enriquecimento e compreensão de novas tendências nos padrões do design sustentável.

O difícil campo da avaliação do design sustentável tem igualmente apresentado sig-nificativos avanços. Diversos métodos de avaliação têm sido propostos, na tentativa de criar instrumentos não só menos complexos do que por exemplo, a avaliação do ciclo de vida mas também mais abrangentes, através da integração dos aspectos éti-cos e sociais. São exemplos recentes o sistema de indicadores de sustentabilidade de produtos ou o “ciclo da sustentabilidade”, que recorre a códigos coloridos de fácil leitura, pela ética e limitativos das capacidades criativas. Os limites são-no apenas em relação ao uso insustentável de recursos e práticas, e podem antes servir para tornar as decisões menos arbitrárias e mais fundamentadas.

Oportunidades para uma MudançaA sustentabilidade tornou-se parte da literacia no design. Se, quem gera ideias e conceitos que se vão materializar em produtos e serviços, não tiver noções de susten-tabilidade, não é provável que se consiga alguma melhoria. Há necessidade de mais e melhor informação que aborde a complexidade do conceito nas suas implicações. É também preciso, uma nova ênfase nos elementos contextuais em termos do design, nos quais cada aspecto dum novo produto, elaboração, uso, fim, consequências ambientais e significado cultural seja examinado. O desenvolvimento do espírito crítico e criativo, questionando o existente é também fundamental nas atitudes inovadoras indispensá-veis, para ultrapassar a resistência à mudança.

O reconhecimento da importância do conceito de desenvolvimento sustentável e a consciência de que as universidades são repositórios de conhecimento de que se ser-vem decisores políticos e empresariais, bem como viveiros de alimentação de empre-sas, levou à sua integração progressiva nos currículos. Por outro lado, a consciência da necessidade de reequacionar a formação dos que trabalham directamente na área, tem levado a muitas experiências com sucesso. Correspondendo ao compromisso do Governo Britânico na Agenda para a sustentabilidade, o projecto Demi reuniu 15 escolas do ensino superior, onde foram ministrados cursos de sustentabilidade, com aulas teóricas e práticas, procurando interacções dentro e fora das instituições. Sen-tindo esta necessidade o Royal Institute of British Architects exige que todas as esco-las incorporem a sustentabilidade nos seus currículos de base. “Ecolaborative”, por exemplo, é um projecto interdisciplinar, onde a sustentabilidade é ensinada a alunos de design, ambiente e gestão, usando a pedagogia crítica como metodologia e numa abordagem para a gestão da inovação, ligada à prática. Existem muitas mais expe-

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013riências relacionadas com a sustentabilidade em cursos de arte e design no ensino

superior. Estes casos são apenas alguns exemplos do muito que se tem vindo a fazer na área, apesar de o conceito de desenvolvimento sustentável ser ainda transversal a toda a sociedade, deve constar da política das próprias instituições. Duzentas univer-sidades assinaram a Declaração Talloires, que estabelece um quadro internacional de compromisso institucional em relação à responsabilização ambiental nos currículos e gestão da actividade universitária, fornecendo também a base para candidaturas a fundos, coordenação de projectos e agendas de investigação.

O Instituto para a Comunicação Sustentável (www.sustaincom.org) em parceria com a AIGA - American Institute of Graphic Arts (www. aiga.com) desenvolveram um guia dedicado ao designer gráfico disponível para repensar a sua atitude em relação ao design ecológico. Oferece sobretudo um contexto ideológico, inúmeras estatísticas, e links para quem resolver aprofundar.De acordo com este guia, os mitos que impedem a generalização da ideologia susten-tável na comunidade de designers são, em resumo:

Mito 1: A impressão não é uma questão ou um factor ecológico.Mito 2: Há pouco mercado para o design ecológico Mito 3: Directores corporativos estão preocupados somente com redução de custos de produção e aumento de lucros.Mito 4: Usando papel reciclado e tintas vegetais elimina os impactos do processo de impressão.Mito 5: Não há informação ou formação disponível nem apoios que permitam supor-tar um projecto ecológico de forma sustentável.

Esta lista aplica-se e é desenvolvida dentro do contexto da sociedade Americana, marcadamente distante da nossa. Mas o grosso do discurso aplica-se. As preconcep-ções generalizadas em que nos baseamos para não nos envolvermos realmente com a lógica que terá eventualmente de ser a lógica dos designers em gerações futuras.

Design Sustentável em Princípios BásicosCÍCLICO Os produtos devem fazer parte de ciclos naturais, feitos de materiais cres-cidos e que podem ser decompostos, ou de outra forma fazerem parte de um ciclo criado pelo homem, como a reciclagem de ciclo fechado. O produto é feito de matéria orgânica compostável ou de minerais que são continuamente reciclados num circuito fechado.

SOLAR Toda a energia usada para fazer ou fazer funcionar o produto deve ser uma energia renovável nas suas mais variadas formas, que são em última instância forneci-das pelo sol. O produto na sua manufactura e uso consome apenas energias renováveis que são cíclicas e seguras.

EFICIENTE Aumentar a eficiência dos materiais e do uso de energia significa um

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menor prejuízo ambiental. Os produtos podem ser desenhados para usarem 1/10 da energia que gastavam antes. O produto na sua manufactura e uso requer menos 90% de energia, materiais e água, do que um produto com utilidade equivalente em 1990.

SEGURO Os produtos, e, mais importante, os seus detritos e subprodutos, não devem conter materiais perigosos. Todas as emissões para o ar, a água, terra ou espaço são alimento para outros sistemas.

SOCIAL Um produto não pode ser óptimo se a sua manufactura explora trabalha-dores. A manufactura e uso do produto baseia-se nos direitos humanos básicos e na justiça natural.

Um produto sustentável totalmente belo é 100% cíclico, solar e seguro. É também su-per-eficiente no seu uso de materiais e energia e é feito por uma empresa que procura activamente justiça e igualdade para os seus empregados e fornecedores.

Situação em PortugalNão existe muita informação em Portugal sobre o modo como tem vindo a ser in-corporado o conceito de sustentabilidade no design e manufactura. No entanto, um trabalho encomendado pelo Centro Português de Design, (CPD 2002), Estudo do Contributo do Design no Desenvolvimento Sustentável de Produtos, Sistemas e Servi-ços, é um importante ponto de partida para futuros desenvolvimentos, sobre o estado da arte no sector. Esse estudo traça um panorama da situação, dando conta da dificul-dade de integração do conceito na sua complexidade, revelando fragilidades de vários tipos na sua compreensão e adopção, relacionadas com o contexto social alargado, com o sector específico da indústria e instituições e a sua relação com a actividade do design. Diz-se, por exemplo “o conceito está longe de ser absorvido pela maioria dos intervenientes na compra, desenvolvimento e produção de serviços e equipamentos”. Em termos genéricos, é conhecida a relação precária dos portugueses com as ques-tões ambientais, a falta de informação na área e as tendências de consumismo recen-tes levam à pouca valorização das práticas sustentáveis. O domínio deste conceito é guardado por uma elite (ONG’s, designers de topo, professores universitários) que o entende, apesar de a maioria da população não ter conhecimento do tema.

Nas empresas e instituições domina “uma postura reactiva ao mercado e à legis-lação”, mais virada para a sobrevivência imediata, pouco de acordo com a visão estratégica global que a sustentabilidade implica, desde logo na definição de políticas e planos estruturados desde o início. Há aspectos contemplados, mas relacionados apenas com o fim de vida dos produtos (reciclagem e tratamento de resíduos). Não se aposta na experimentação, investigação e inovação e existe pouca sensibilidade para as questões sociais.Há também uma generalizada falta de tecnologia adequada e de informação sobre materiais e seus impactos ambientais.

Quanto aos designers, embora alguns possuam conhecimentos no campo (sobretudo os mais jovens) acabam por ter um desempenho marginal e o seu papel na imple-

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015mentação ou incentivo à adopção de políticas sustentáveis é limitado ao poder que

detêm nas organizações. Se a sua acção é crucial, dado que é na fase de projecto que se tomam as decisões fundamentais para a sustentabilidade, no caso português, o design ainda é muito associado ao marketing e menos às questões de concepção e produção.

Deve-se, a um nível geral, reforçar a educação ambiental e cívica, nas escolas e para os consumidores em geral. Num nível mais específico, é necessário reforçar a credi-bilidade técnica dos designers, a formação na área da sustentabilidade a designers, quadros técnicos e empresários, criar acções de formação e pós-graduações, assim como bases de dados sobre materiais sustentáveis e sua disponibilidade no mercado, e legislação que obrigue a práticas de sustentabilidade nas empresas, diminuindo a concorrência desleal entre quem as pratica e quem as viola sistematicamente, bem como a consideração dos aspectos da sustentabilidade nos concursos públicos e li-cenciamentos.

O desenvolvimento sustentável é um dos objectivos fundamentais da União Europeia, consignado em diversos tratados. Portugal assinou o protocolo da Agenda 21, tendo já aprovado a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (ENDS) para 2005-2015.Compromete-se a introduzir até 2008, nos curriculae de todos os graus de ensino a educação para a sustentabilidade. Um dos objectivos, propostos na ENDS é: “Uma economia sustentável, competitiva assente em actividades de futuro” e algumas das linhas de orientação traçadas referem: “reforçar os factores materiais de competi-tividade (design, organização, tecnologia, marcas, gestão” e “promover a transição para padrões de produção e consumo sustentável”. O investimento na investigação parece fundamental em termos conceptuais e técnicos. A complexidade do conceito alerta para a necessidade de procurar caminhos dentro de contextos específicos, não desprezando tendências e boas práticas existentes.

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017Papéis

Conhecer os papéis existentes no mercado, as suas características e sua melhor apli-cação é de extrema importância para o designer, director de arte ou produtor gráfico, por ser um dos elementos do projecto que afecta a qualidade do trabalho, o seu im-pacto ecológico, e o orçamento de produção. Em anexo encontra-se uma listagem dos papéis ecológicos disponíveis em Portugal. Encontra-se também um guia equivalente para os Estados Unidos, criado pela AIGA.

O papel, principal suporte da impressão gráfica, viu no século XX o seu consumo au-mentar em grande escala nos países industrializados. Em 1998 o consumo de papel per capita em Portugal era de 96 Kg., e a tendência que se verificava era de aumento, contrariando os que pensavam que a informatização faria reduzir os gastos com pa-pel. Mas, em vez de reduzirem os gastos de papel, os computadores e as suas impres-soras provocaram um aumento exponencial do consumo de papel. Nos Estados Unidos, em 1997, o consumo de papel per capita ultrapassou 300 quilo-gramas e a tendência continuava a ser de crescimento. Com os seus 96 quilogramas por pessoa, o consumo português de papel ultrapassava em 1998 o de países como a Grécia, o México, o Brasil e a China. Até ao final do ano 2010 prevê-se que o consumo de papel aumentará mais 32%, sobretudo nos países onde a informatização ainda tem um caminho a percorrer. O século XX foi assim o da ilusão de que os documentos encontrariam novos suportes e se desmaterializariam e da constatação que os documentos electrónicos acabam afinal materializados em folhas de papel, provando que a cultura do homem do século XX não dispensa ainda este suporte da impressão.

CaracterísticasAs perguntas mais frequentes quando se escolhe um papel são: liso ou texturado? “Coated” ou “uncoated”? Muito ou pouco brilhante? Muito ou pouco opaco? Forte? Muito espesso? Branco ou com cor?

Resistência: a resistência do papel é uma das características mais importantes para a indústria das embalagens. O papel tem de aguentar dobras, plastificações, colagens, contracolagens e todo o manuseamento a que a peça irá estar sujeita. A força de união das fibras, principalmente à superfície, é crítica para a sua capacidade de resis-tência à pressão do cilindro e das tintas durante a impressão.

Absorção: a estrutura fibrosa do papel contem aberturas microscópicas entre fibras que o fazem absorvem líquidos e reagir à temperatura ambiente. Todo o papel é ab-sorvente, embora uns sejam mais do que outros. Os couchés são menos absorventes que os fine papers e os papéis revestidos têm uma menor capacidade de absorção. A capacidade de absorção do papel faz com que haja um ganho de ponto na impressão (a tinta cai no papel e expande-se), que é tanto maior quanto mais absorvente for o papel. A absorção do papel é uma das características que mais influencia a qualidade da reprodução fotográfica e da cor. Para além disso exige um maior controlo do im-pressor porque consome mais tinta.

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Nível de PH: o facto de se tratar de um papel ácido ou alcalino afecta a impressão. Recentemente, alguns fabricantes decidiram reduzir a acidez dos papéis, pois consta-taram que os papéis ácidos duram menos. Para além disso, tendem a neutralizar os aditivos de secagem das tintas, o que causa problemas na secagem do trabalho.

Cor: a maior parte dos papéis são brancos, mas nem todos os brancos são iguais. Para distinguir os vários tipos de branco, os fabricantes atribuíram-lhes nomes, como branco brilhante, branco natural, branco-neve ou branco-glaciar. É durante o fabrico do papel, que por natureza deveria ser castanho, que lhe são adicionados químicos para o branquear, ou corantes para lhe dar cor. A cor de base do papel afecta a cor da imagem impressa. Essa cor vai influenciar a reprodução das cores impressas, pois temos de contar com a soma da cor da tinta. É aconselhável pedir exemplos impressos do papel para ver o quanto as cores são alteradas. Para uma reprodução fotográfica fiel o ideal é imprimir sobre papel branco, que é mais barato e encontra-se quase sempre em stock.

Opacidade: está relacionada com a transparência do papel. Quando se imprime num lado do papel não se pode ver a imagem do verso e muito pior na página a seguir. A opacidade resulta da própria espessura, do peso do papel, do tipo de fibra, dos aditivos e do tipo de revestimento. Devido aos resíduos da tinta, o papel reciclado é normal-mente mais opaco que os papéis feitos a partir de fibras virgens.

Brilho: é a quantidade de luz reflectida pela superfície do papel e vai afectar o con-traste e o brilho da imagem impressa. Resulta do tipo de pasta de papel, da quantida-de de químicos utilizados para branqueá-lo e do revestimento da sua superfície. Ao reflectir a luz, os papéis brilhantes (coated) prejudicam a leitura e cansam os olhos. As gráficas preferem imprimir em papel brilhante por ser mais fácil conseguir as co-res pretendidas, mais fácil de imprimir e mais rápido a secar.

Revestimento: o revestimento do papel refere-se à sua superfície. É no fabrico do papel que se define como será a sua superfície, ao olhar, ao tacto e à funcionalidade na impressora. No revestimento do papel são utilizados químicos para tornar a sua superfície mais lisa e suave. Quanto mais camadas de revestimento levar o papel, mais macia será a sua superfície e mais fácil será imprimir, pois o papel aceita melhor a tinta, pas-sa melhor na impressora e a cobertura da tinta mantém-se mais uniforme. O papel “coated” é revestido, e pode ser brilhante, semi-brilhante ou mate. O processo quími-co do revestimento do papel é extremamente poluente e impede a reciclagem desse papel.

Enquadramento EcológicoVulgarmente as preocupações ecológicas em relação ao papel concentram-se em vol-ta do papel reciclado, a escolha aparentemente simples e consciente. Mas há ainda outras áreas de preocupação ambiental, até ao fim de vida do objecto impresso: o consumo de energia, a poluição, o desperdício e o uso das terras para criar matéria-prima, assim como a eventual rejeição do produto impresso.

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019 Cerca de 90% do fornecimento mundial de papel é derivado de pasta de madeira.

Embora a madeira seja um recurso renovável, as florestas não são correntemente ge-ridas de uma forma sustentável. No caso português, o cultivo intensivo de eucaliptos já demonstrou alterar radicalmente a ecologia local. Os pesticidas usados para culti-var florestas especificamente para papel são altamente poluentes e prejudiciais. Em outros tantos casos, são deitadas abaixo florestas velhas, desalojando ecossistemas inteiros que demoram décadas a restabelecer-se. Numa perspectiva mundial, há ainda o problema da desflorestação das áreas tropicais, que contribuem em tanto para a manutenção do frágil equilíbrio terrestre.

O papel pode ser feito a partir de muitas outras matérias-primas além da madeira. O ingrediente essencial é a celulose, e esta pode ser encontrada em qualquer planta. Podem usar-se:

fibras de folhas: esparto, sisal, e marilla.

fibras de sementes: algodão.

fibras de ervas: palha, varas de milho, bambu e bagaço da cana do açúcar.

outras fibras: dos estames de linho, cannabis e juta.

O algodão pode produzir papéis de alta qualidade, que desde sempre se utilizaram es-pecialmente em belas-artes. Há ainda um interesse crescente em papéis feitos a partir do desperdício de frutas e vegetais, como as cascas de banana. A polpa de madeira parece ser a matéria-prima mais económica para fabricar papel, e é uma boa hipó-tese em termos ambientais, se, e apenas se, o cultivo de árvores for cuidadosamente planeado e o abate cuidadosamente controlado. Há ainda uma grande parte de papéis que são feitos a partir da mistura de vários tipos de fibras vegetais, conforme as ca-racterísticas que se esperam dele.

A madeira pode ser transformada em papel segundo dois processos principais. Qual-quer um destes processos resulta em pastas muito diferentes, que por sua vez originam papéis diferentes. Num primeiro processo, o mecânico, a madeira é apenas esmagada até formar uma polpa, e usa-se a totalidade da árvore. A pasta resultante tem um elevado teor de fibra, sendo que o resto é lenhite, um agente endurecedor que mantém as fibras juntas na árvore. A presença desta lenhite, que é sensível à luz, significa que o papel resultante vai escurecer e ganhar um tom acastanhado. A pasta mecânica resulta em papéis com boa opacidade, com elevada espessura e baratos, mas com uma superfície pouco suave e pouco brilhante. Estes papéis acabam por descolorir com o tempo, têm pouca resistência e durabilidade, não sendo por isso aconselháveis para impressões de qualidade. Este tipo de papel é portanto utilizado em trabalhos mais efémeros, como para a impressão de jornais ou para cartão de embalagem. Este processo mecânico consome altos níveis de energia. A alternativa é um processo químico, que envolve tratar pedaços de madeira com químicos que lhes separem as resinas. Quimicamente, é mais fácil separar as fibras umas das outras e remover as impurezas. Como no processo químico não é usada a força mecânica, é mais fácil manter as fibras inteiras e longas, o que resulta num papel mais forte, com mais cor e mais brilho. Os papéis de pasta química são mais caros que os de pasta mecânica

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ou mecânica/química. A lenhite é separada e usada como combustível. Apenas 50% da árvore se transforma em polpa. Há ainda vários tipos de combinações de proces-sos mecânicos/químicos e em alguns casos melhora-se ligeiramente a suavidade da superfície, bem como a porosidade e reduz-se a probabilidade de descoloração com o tempo. Em contrapartida, nalguns casos diminui a opacidade e os custos de produção tornam-se mais elevados.

O passo seguinte consiste em adicionar químicos para branquear, purificar e estabi-lizar a pasta sem danificar as fibras. Este processo pode ser feito de uma vez ou por fases. No processo de fazer papel, uma variedade de químicos é utilizada. O mais criti-cado e mais prejudicial para o ambiente é o cloro, usado nesta fase de branqueamento das pastas. O cloro é tóxico para os organismos aquáticos, e sabe-se que afecta a fertilidade. Em vez do cloro, podem ser usadas outras substâncias pouco ou nada pre-judiciais: oxigénio e peróxido de hidrogénio. Nalguns países o uso de cloro é proibido, devido aos problemas que pode causar no meio ambiente, pelo que a utilização dos ou-tros agentes branqueadores tem vindo a aumentar. Há também um novo processo que usa ozono e peróxido. A qualidade de brancura que atingem estes papéis é excelente, e portanto não há qualquer necessidade de utilizar o cloro nesta fase do processo.

Há dois tipos de papel que não utilizam cloro na sua manufactura: os ECF (Elemen-tal Chlorine-Free) e TCF (Total Chlorine-Free). Os ECF usam dióxido de cloro em vez de cloro. Isto resulta em emissões menores, especialmente se se utilizarem os processos mais modernos; elimina quase totalmente as dioxinas presentes na água produzida no processo de branqueamento. Nos TCF não é utilizado qualquer produto de cloro, mas antes o oxigénio, ozono ou peróxido. Sempre que possível, é ambiental-mente preferível.

No Sul da Índia o papel é feito a partir de restos

de algodão misturado com restos orgânicos.

Outros há feitos de juta, fibras da folha da bananeira, ou da cana-

de-açucar; da casca do arroz, folhas de árvore, lâ, e algas. Na

imagem observam-se alguns destes papeis a serem triados,

para depois serem prensados, e deixados a secar.

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De qualquer forma, a produção de papel exige muita energia e muita água. São preci-sos 5kWh de energia para transformar madeira numa revista fina, energia suficiente para acender uma lâmpada por 100 horas. É precisa a mesma quantidade de energia para fazer uma tonelada de aço como para fazer uma tonelada de papel. Algumas papeleiras estão agora a usar circuitos fechados de água, com o fim de gastar o menos possível e reduzir os efluentes.

Para além da madeira outra matéria-prima é o próprio papel, que é posteriormente reciclado. As fibras extraídas directamente da madeira são consideradas fibras virgens ou fibras de primeira, enquanto que as fibras provenientes de papel velho são as cha-madas fibras recicladas ou de segunda. O papel reciclado tem um processo de fabrico muito semelhante. Contudo, o papel precisa de ser lavado (ser-lhe retirada a tinta) de forma a obter um bom resultado. O desperdício de papel é misturado com grandes quantidades de água e objectos estranhos como agrafos são filtrados. A tinta é então retirada, ou através de uma lavagem ou com detergentes que absorvem a tinta. Nesta fase é adicionada alguma polpa virgem. As fibras de papel não podem ser recicladas indefinidamente, vão perdendo comprimento e força. As fibras recicladas são por isso menos fortes do que as virgens, mas isto não constitui um problema na maioria dos casos. Na verdade as funções em que é exigida mais força ao papel é nas embalagens, e neste formato são maioritariamente usados papéis ou cartões reciclados. O uso de papel reciclado tem um sem-fim de vantagens ambientais. Em princípio significa uma redução do consumo de energia, já que o processo de fabrico consome muito menos do que o processo de fabrico de papel virgem. Esta conta só se contraba-lança se considerarmos os gastos energéticos envolvidos com a recolha do papel velho,

No Nepal, a fibra LOFKA (da pelicula ex-terior de uma planta dos Himalaias) é usa-da para produzir papel WASHI, segundo méetodos oriundos do Japão. O polpa de papel é decantado e permanece na forma, e só é retirada quando seca. A secagem é feita ao sol. Na Índia existem inúmeros processos ar-tesanais de produção de papel, com custos reduzidos e utilizando recursos e mão de obra local.Em baixoNo Norte da Índia, o papel é feito utili-zando um objecto chamado CHAPRI, pa-lhinhas de erva secas juntas, que moldam e uniformizam o papel enquanto este seca, dando-lhe a sua textura característica.

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e esta é uma preocupação a ter em conta. A quantidade de químicos utilizados na pro-dução de papel reciclado é menor do que para o papel virgem. Usar papel reciclado reduz o abate de árvores, e impede que o cultivo de uma monocultura se alastre para locais desapropriados. Além disto, a maioria do papel vai para as lixeiras, ocupando espaço que poderia ser muito mais útil.

A maioria dos papéis reciclados é feita a partir de desperdícios de papel virgem, que têm a sua origem nas papeleiras – o chamado desperdício pré-consumo. No entanto, uma quantidade cada vez maior inclui uma percentagem de desperdício pós-consu-mo: desperdícios de impressão, ou os desperdícios vulgares das casas ou escritórios. Muitos papéis contêm partes que dificultam grandemente o processo de reciclagem: acabamentos em silicone, adesivos de látex ou outros não solúveis em água. Assim, estes extras devem ser considerados quando o objectivo é a reciclabilidade do produto final.

Projectar e Imprimir com Papéis EcológicosO papel e o cartão reciclados têm características e especificidades diferentes dos mes-mos materiais virgens, e estas têm que ser compreendidas e levadas em conta em cada projecto. A grande variedade de papéis reciclados fornece um leque muito grande de escolhas em relação a cores, texturas, resistências, etc.. É possível chegar a obter um resultado muito próximo das cores saturadas em papel virgem. No entanto, se o papel reciclado de mais baixa qualidade oferece outras texturas e propriedades, elas podem e devem ser equacionadas em cada projecto. Em geral, os reciclados são mais absor-ventes, têm uma superfície mais irregular, e absorvem muito a tinta. Isto leva a que os pontos de tinta se alarguem ligeiramente, criando imagens de contornos suaves, e em geral as cores perdem brilho. O processo de impressão deve ser extremamente me-ticuloso, de forma a minimizar os riscos deste tipo de impressão. Por exemplo, tipos de letra pequenos mal impressos em papel reciclado podem ficar totalmente ilegíveis, mas isto não acontece se se adaptar alguns pormenores como o tempo de secagem de cada folha que deverá ser ligeiramente maior. Designer e impressor devem trabalhar em conjunto e resolver estes detalhes.

Os designers têm um papel importante porque podem alterar a percepção pública do que é uma impressão ou objecto impresso de qualidade. Hoje em dia ainda está demasiado associado com a pureza virgem e de um branco glaciar da maioria dos pa-péis brancos e brilhantes. Algumas empresas recusam-se a usar papel reciclado por-que este não é o resultado obtido. Estas preocupações podem ser resolvidas de duas maneiras; ou se utiliza o papel reciclado de maior qualidade possível, ou se alcança níveis de qualidade superiores pelo uso inteligente e criativo de materiais que podem ser considerados menores. Um papel demasiado refinado para a função que ele exerce pode vir a ser mal visto se os designers trabalharem nesse sentido.

Mas temos que considerar a hipótese de haver algumas aplicações para as quais não será possível usar papel reciclado. Nesses casos, a alternativa é usar um papel virgem livre de cloro ou um papel feito de fibras que não provenham da madeira, como o de algodão.

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Orçamento para PapelNormalmente, o papel é encomendado pelas gráficas aos distribuidores, embora tam-bém possamos comprá-lo directamente e entregá-lo á gráfica para imprimir, o que na prática, não constitui grande vantagem. Quando comparados com a gráfica, nós com-pramos muito menos papel. A gráfica tende a concentrar as encomendas num número reduzido de fornecedores, pois, comprando em quantidade, consegue negociar melho-res preços e descontos, o que torna os seus preços de impressão mais competitivos.

Se compararmos a mesma brochura, impressa num papel couché e num fine paper da mesma gramagem, há grandes disparidades. A diferença de preço do primeiro para o segundo pode chegar a ser três vezes menos, dependendo do fine paper escolhido. É muito importante ponderar a função do trabalho e escolher o papel que melhor se adapte, sempre pensando no mínimo dispêndio de recursos, incluindo os monetários.

Existem algumas formas de tentar diminuir os custos do papel, tendo em conta algu-mas limitações, que podem ser mais ou menos relevantes para o produto final:Redimensionar o trabalho: criar peças em que o formato dê o máximo de aproveita-mento de papel. As máquinas mais comuns em Portugal têm os formatos 50x70cm ou 70x100cm, o que condiciona os formatos standard das folhas de papel. Em termos de área útil de impressão falamos sempre em 48x68cm ou 68x98cm pois 2 cm são para a máquina agarrar a folha e para colocar as miras de corte e acerto ou barras de cor. Por vezes tirar 1 cm ao trabalho pode significar o dobro do aproveitamento do papel, e conse-guir fazer mais exemplares em cada plano;Diminuir a gramagem: sem colocar em causa a qualidade do trabalho final, quanto mais baixa for a gramagem mais barato é o papel;Escolher os papéis que a gráfica mais compra: a gráfica consegue melhores preços nos papéis que compra em maior quantidade;Juntar produções: concentrar o máximo de trabalhos para produzir no mesmo papel e

na mesma gráfica, permite comprar um maior volume de papel duma só vez;Poupar nos excessos: não imprimir mais exemplares do que aqueles que são realmente necessários. Caso a produção seja muito reduzida optar pela impressão digital, pois tem menos desperdício de papel;

Ao reduzir um centímetro

na altura da peça, é

possível pôr duas peças por

plano, em vez de uma só.

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Evitar papéis escuros: o papel de cor é por norma mais caro do que o papel branco e muitas vezes é mais fácil e económico imprimir a cor que se quer no papel do que imprimir em papel escuro. Eis uma listagem dos papéis ecológicos disponíveis em Portugal, através da Firmo-Antalis. São considerados ecológicos por serem fabricados com pastas ECF ou TCF, por terem um baixo conteúdo de madeira, por serem reciclados ou provenientes de florestas sustentáveis, ou ainda certificados com uma eco-label. Em destaque estão aqueles que reúnem o maior número de benefícios ambientais.

CARTAS E PAPELARIA CORPORATIVAsem marca d’água:Munken Pure - TCF, certificação Forest Stewardship CouncilGranRegistro - pastas ECFPergaminho sem marca - pastas ECFcom marca d’água:Galgo - pastas ECFOpale - pastas ECF, com gama de recicladosConqueror - pastas ECF

FINE PAPERS | CRIATIVOSRigoletto - pastas ECFmy360º - pastas ECF, bosques sustentáveisRives - pastas ECFSensation - elevado teor de algodão, ECFKeaykolour - pastas ECF, também em variedade reciclado (75%)Satin - pastas ECFCarpeline - pastas ECF

CARTOLINAS | CAPASBranco:PrintSpeed - pastas TCFVerso Cinza Contracolada - miolo protecção e verso em papel recicladoPopset - pastas ECFMellotex - pastas ECFCores:Cromatic - 100% reciclado pós-consumo, certificado Blue AngelCorsário - 100% recicladoColoraction - pastas ECFCarpeline - pastas ECF

CORESCromatic - 100% reciclado pós-consumo, certificado Blue AngelRotoform - pastas ECFColoraction - pastas ECF

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025IMPRESSÃO DIGITAL

Alterego - pastas ECFColorCopy - pastas ECF

OFFSET E EDIÇÃORenovaPrinte - 100% recicladoEdixion - pastas ECFPrintspeed - pastas ECF e pastas TCFMellotex - pastas ECF

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TintasCaracterísticasCada processo de impressão requer tintas diferentes. De uma maneira geral todas as tintas são compostas por: pigmentos, resina, solventes ou outros aditivos, para accio-nar a secagem ou proporcionar as propriedades necessárias da tinta.

As tintas de tipografia têm normalmente uma viscosidade moderada, embora superior às tintas de offset para se poder manter na superfície do relevo da chapa, sem escorrer para a zona de não imagem. Apesar de pastosa, a tinta é trabalhada por uma série de rolos que a transformam num fino e uniforme fio de tinta, antes de passar para o papel. A concentração de pigmentos é menor do que na tinta offset. A maior parte das tintas para impressão plana, tal como na tipografia, consistem em pigmentos e veículos de secagem à base de óleo, que secam por oxidação. Podem também conter resinas especiais e outros componentes que fornecem características como brilho e resistência. Para impressão em rotativa, as tintas secam por penetração, evaporação ou precipitação.As tintas de offset são formuladas para imprimir superfícies planas sendo que água e gordura não se misturam. São muito fortes nos valores da cor para compensar a pouca quantidade aplicada. A média transmitida para o papel é de cerca de metade da que em tipografia.As tintas de rotogravura são muito fluidas, de secagem bastante rápida e devem ter a viscosidade necessária para entrar nos pontos gravados no cilindro. Secam normal-mente pela evaporação do solvente na tinta, com ou sem o uso de calor. Utilizam-se uma grande variedade de solventes, dependendo do material a imprimir. A maior parte das tintas é muito volátil e pode causar incêndios ou explosões, caso não seja tratada devidamente.

As tintas de tipografia

são bastante viscosas,

para não escorrerem

facilmente para as zonas

sem imagem.

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027As tintas de flexografia são muito fluidas, de secagem rápida e com uma viscosidade

semelhante às tintas de rotogravura. São utilizadas para imprimir quase todo o tipo de material, desde papel de parede, carpetes, celofane ou qualquer tipo de plásticos. São constituídas por corantes, que podem ser pigmentos ou simplesmente corantes solúveis, normalmente à base de água, álcool ou outro tipo de solventes. As tintas á base de álcool são as mais frequentes e secam por evaporação. As tintas à base de água são as mais económicas e secam por evaporação e absorção no papel. Estas tintas são exclusivamente utilizadas na impressão de jornais, devido à sua fraca qua-lidade.As tintas de serigrafia são normalmente de secagem à base de óleo. Utiliza solventes, que não devem evaporar rapidamente.Tintas para offset sem molha, são tintas com mais óleo do que as tintas convencionais o que significa menos ganho de ponto e mais linhas por polegada.Tintas Ultra Brilhantes contêm uma elevada quantidade de verniz, que lhe dá uma aparência brilhante, depois de seca. Quanto menos absorvente for o papel maior é o brilho. Tintas Metálicas consistem na mistura de pós metálicos com verniz, para dar um aspecto metálico à tinta. O pó metálico e o veículo para preparar a tinta metálica é misturado pouco tempo antes de ser usado, uma vez que grande parte das tintas metálicas oxidam rapidamente depois de misturadas. Demoram mais tempo a secar que as tintas normais. As Tintas Fluorescentes estavam inicialmente limitadas à serigrafia. Um novo tipo de pigmentos, mais finos e mais fortes vieram permitir que este tipo de cores também possam ser impressas em offset, tipografia e rotogravura. Os vários tipos de vernizes são utilizados como revestimento para proporcionar mais brilho ou proteger as tintas impressas. Existe uma grande variedade de vernizes: ul-travioleta, á base de acrílico, de máquina ou serigrafia. O verniz de máquina é o mais comum, pois funciona como mais uma cor. É colocado numa máquina de impressão offset, para que haja uma protecção mínima da tinta e se evite o perigo de sujar. É um verniz de base vegetal e seca naturalmente. O verniz ultravioleta tem uma base

As tintas de offset contêm mais meios resistentes à água e pigmentos que não se dissolvem

facilmente na própria água ou no álcool.

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sintética, que reage à luz ultravioleta dando um acabamento mais espesso que o ante-rior. Qualquer verniz pode ser mate ou brilhante, e é possível fazer várias combinações entre vários tipos de vernizes.

Alternativas e Redução do ImpactoHá diversas abordagens possíveis para reduzir o impacto das técnicas de impressão: tintas de base vegetal (óleo de soja ou de linhaça); tintas com base de água; tintas sem água que eliminam a necessidade de se utilizarem algumas soluções alcoólicas; tintas e vernizes que solidificam em vez de secar, eliminando a libertação de VOCs (compostos orgânicos voláteis) na atmosfera, tintas de cura por radiação, entre ou-tras. A investigação tecnológica nesta área introduz novos métodos e possibilidades todos os dias. Mas de modo geral, o desenvolvimento de produtos alternativos à actual tecnologia de tintas base solvente tem sido feito nestas três grandes áreas, assim resu-midas: tintas base água, tintas base solvente e tintas de cura por radiação.As tintas que usam metais pesados como o chumbo ou o cádmio são as mais prejudi-ciais, e é urgente retirá-las do mercado. A alternativa eco-consciente é portanto pelas tintas de água ou vegetais, e o designer deve exigi-las sempre que isso seja possível. Se os solventes não puderem ser evitados, devem ser tomadas precauções; devem ser tratados com queimadores de solventes e nunca simplesmente deitados fora. Os designers devem pedir informações acerca dos procedimentos das gráficas em relação a questões ambientais, e estas devem ser tidas em conta como mais um factor que decide qual a gráfica a escolher.As gráficas portuguesas, quer por auto-motivação, quer por obrigações legais, estão já a tomar algumas medidas de redução do impacto ambiental. O Decreto-Lei 242/2001, entre outros, tem como objectivo a redução da utilização de solventes orgânicos.Para conseguir baixar o consumo de solvente para 40 tons/ano uma gráfica nacional tem de aplicar medidas como as seguintes (por exemplo):

Tintas Base ÁguaOs solventes são necessários ao processo de impressão uma vez que permitem que a

As tintas para

serigrafia são

normalmente

semilíquidas, para

facilitar a sua

passagem pela imagem

aberta na tela.

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eco

029tinta seque mais rapidamente. Contudo, a sua evaporação pode ser prejudicial para

as vias respiratórias, e a sua emissão para a atmosfera ajuda a concentrar gases não desejáveis. A alternativa mais usual é o uso de tintas à base de água, que não libertam vapores. Porém, demoram mais tempo a secar.Este quadro mostra-nos os nomes específicos de algumas tintas, disponíveis em Por-tugal, o processo a que se destinam e os suportes em que são utilizáveis.

As tintas para offset sem água são especialmente concebidas para resistirem ao calor. As chapas de offset sem água contêm um revestimento de silicone que separa as zonas sem imagem das que têm imagem. Onde há silicone, a tinta não adere, sem necessida-de de água. No entanto, estas tintas são muito sensíveis ao calor e um acréscimo na temperatura da tinta pode provocar a sua dispersão para a zona da silicone.

As tintas base água podem conter até 5 a 15% de COVs, mas levemos em conta que um vinho tinto tem em média 13% de álcool. Não é uma percentagem fortemente corrosiva. Mas há outras coisas a ter em mente aquando o recurso a este tipo de tintas: as tintas base água tem que ser resistentes à água, o processo de limpeza das máquinas é mais complicado, e apesar do processo em si ser mais ecológico, há uma deterioração da qualidade da água que se gera, pelo que é necessário tratá-la. É ne-cessário também proceder a algumas adaptações ao processo de impressão, devido aos seguintes factores: Tensão superficial da água (o espalhamento de um liquido numa superfície dá-se quando a tensão superficial do liquido é superior à energia su-perficial do substrato. Quando isto acontece diz-se que o liquido molha a superfície) O quadro abaixo dá-nos uma noção da tensão sobre a superfície exercida pela água, em relação a outros líquidos utilizados em impressão.

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Outro factor a ter em consideração é a capacidade de transferência das tintas a água.Para se conseguir obter velocidades de impressão eficientes e as mesmas característi-cas do trabalho feito com tintas usuais, é essencial aplicar menores camadas de tinta. Daí, não ser só mais ecológico como até mais económico. Considerar ainda a velocidade de secagem destas tintas, bastante mais lenta que as regulares. Abaixo, é possível comparar as taxas de evaporação de alguns solventes:

Acetato de Etilo 4.0Acetato Isopropilo 3.5Acetato de N-Propilo 2.1Etanol 1.7Isopropanol 1.5

E finalmente, a água, visivelmente baixa em relação às alternativas poluentes.

Água 0.36

As propriedades de secagem são muito importantes porque nenhuma peça impressa pode ser entregue enquanto a tinta não estiver completamente seca. As tintas podem secar de diversas formas: absorção, oxidação, evaporação, precipitação e solidificação por radiação. A maior parte das tintas seca por combinação de dois ou mais destes processos. Na secagem por absorção, a parte líquida da tinta é absorvida pelo papel, enquanto que o pigmento se mantém à superfície. Quanto mais absorvente for o papel, mais tempo demora a secar. Na secagem por precipitação, o papel, depois de impresso, é sujeito à acção de vapor de água, ou aerossol. Ao repelir o veículo, o pigmento per-manece à superfície. A secagem por evaporação, como em flexografia ou rotogravura, pode acontecer naturalmente ou ser acelerada por estufas especiais. Na secagem por oxidação, a tinta oxida em contacto com o ar, como acontece com as tintas de offset. A oxidação é relativamente lenta e, por isso, a tinta leva algum tempo a secar.Mesmo quando se aplicam menores camadas de tinta (normalmente menos 30%) as tintas a água requerem o dobro da energia para secar. Por exemplo, a energia necessária para secar tintas base solvente é de 8 kW, numa máquina a 240 m/min. Para a mesma máquina, a energia necessária para secar tintas base água é de 18 kW. Pelo que se enfrenta aqui um contra-senso ecológico e económico. Para se manter as velocidades de impressão e evitar a tentação de aumentar as temperaturas do ar de secagem é necessário fornecer a energia suplementar aumentando o caudal do ar.

A tinta de água é bombeada para a prateleira própria (página seguinte). O rolo anilox tem milhões de células microscópicas que levam a tinta até ao cilindro. A prateleira de tinta contem um conjunto de limpadores chamados “doctor blades” que retiram o excesso de tinta do rolo, de modo que enquanto este gira a tinta permaneça somente nas pequenas células contentoras.As velocidades de impressão: em Flexografia são: em papel, 650 m/min; e em filme, 330 m/min. Em Rotogravura: em papel, 500 m/min; e em filme, 240 m/min.

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031

Em suma, existem tintas base água para quase todo o tipo de suportes ou complexos. No entanto, está-se ainda muito longe de se conseguir o nível de racionalização que se pode obter com tintas base solvente.

Tintas de Base VegetalNas tintas de base vegetal, o óleo de soja, por exemplo, substitui o petróleo. Já são usadas na impressão de alguns jornais, mas como aditivo às outras tintas, e não por si só. Na realidade, melhoram em muito a qualidade de impressão: conseguem cores mais brilhantes e um ponto de impressão mais definido. Além disto, são borrachosas, pelo que não aderem às mãos.

Tintas de Cura por RadiaçãoEstas são tintas de alta qualidade de impressão, ao nível do offset e da rotogravura. Garantem uns impressionantes 0% VOCs, boas resistências químicas, físicas e ao calor, boa estabilidade em máquina e constância de cor. O processo implica menos tempo de arranque e de limpeza, menos desperdícios de tinta e resíduos. Algumas desvantagens são a preparação das infra-estruturas, que exige a Instalação do sis-tema de cura, os preços dos produtos UV (mas é preciso considerar que têm maior rendimento), a radiação UV no suporte pode originar odores ou amarelecimento dos materiais; a dificuldade na cura de tintas altamente pigmentadas (só as tintas UV), a limitação de suportes a que são aplicáveis, isto é, a dificuldade em suportes porosos e os filmes terem de levar corona; Finalmente, é necessário ter em atenção problemas de migração de fotoiniciadores.

Tintas de Base SolventeEstas tintas são as que contêm um teor de sólidos mais elevado, e não devem ser a primeira alternativa. Mas convém que o designer eco-equipado as conheça, no sentido de saber escolher entre elas, a menos nociva. Podem ter algum impacto no esquema de redução de emissões, mas por si só não são uma solução para os problemas de emissão de VOCs. São no entanto, uma solução relativamente fácil de implementar e que pode conduzir a melhorias na qualidade de impressão.A privilegiar estão as Tintas Monosolvente (formuladas só com ésteres): 90 % dos impressores por rotogravura em Itália usam este tipo de tecnologia, permitem a re-cuperação de solventes, que não se tornam desperdício, permitem a impressão a altas velocidades. No entanto, não é uma tecnologia válida para flexografia e surgem fre-

Palete de tinta e rolo anilox.

células do anilox ampliadas

em 3D.

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O tradicional cliché de fotopolímero, tipo carimbo,

está a dar lugar à camisas de borracha gravadas

digitalmente através da tecnologia laser.

Conventional plate

5 % dot

48 screen

Conventional plate

5 % dot

48 screen

Computer to plate

(CTP)

5 % dot

Computer to plate (CTP)

5 % dot

48 screen

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eco

033quentemente alguns problemas de impressão devido ao menor grau de pureza dosol-

vente reciclado. E claro, tornam necessário investir num sistema de recuperação de solventes.

Outros Processos De ImpressãoExemplo: Utilizar uma máquina de rotogravura com tinteiros e cilindros aquecidos e tintas do tipo “hot melt”.O cilindro de impressão é arrefecido para garantir a solidificação da tinta.Este tipo de tinta tem 100% de sólidos e o sistema de resinas é composto por mate-riais semelhantes a ceras

Impressão Ecológica em GravuraExistem já disponíveis em Portugal tintas ecológicas para esta tecnologia. Por exem-plo, as tintas SuperBase. As suas vantagens para o uso em gravura são: 30 % menos solventes usados no processo de diluição; menor retenção e emissão de solventes, maior velocidade de contacto e impressão, maior capacidade de armazenamento, logo, menos custos em transporte.

Estas tintas SuperBase estão também disponiveis para Flexografia.As ilustrações da página anterior demonstram uma aproximação macro à estrutura (rede) de placas de impressão convencionais

As vantagens da SuperBase neste processo são que se imprime a economia de tintas, o que significa que se pode recorrer a um anilox mais fino; menor volume de tinta traduz-se em maior qualidade de impressão, especialmente com os novos quadros CTP (ponto mais fino).Esta SuperBase pode também ser adicionada a outras tintas.

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eco 034

Produção Gráfica Em Papel

Processos Convencionais de ImpressãoA indústria, no que diz respeito, à comunicação gráfica sofreu grandes mudanças no século XX. Foi nos últimos vinte cinco anos que o computador assumiu um papel decisivo no processo produtivo gráfico com consequências muito profundas nas empresas, qual-quer que seja o sistema de impressão que utilizem. A informatização das máquinas de impressão veio dar enorme rapidez ao processo impressório e, o que na década de 1960 levava horas a fazer pode hoje ser executado em menos tempo.

Para qualquer que seja o sistema de impressão, é fundamental distinguir fisicamente as áreas a imprimir das áreas a não imprimir.O que mais caracteriza e, por consequência, distingue cada um dos processos, ditos, convencionais de impressão, é a existência de um transportador de imagem, que pode-rá ser de chapa de alumínio no caso do offset, o quadro para a serigrafia ou a chapa de fotopolímero em flexografia. Cada transportador impõe requisitos específicos no que diz respeito a tintas a utilizar e determina ainda o tipo de material a ser impresso com sucesso.A distinção de tais sistemas é feita normalmente por processos fotomecânicos. Na impressão digital, esta processa-se directamente do ficheiro digital para o papel, sem que seja necessário fazer a distinção de forma mecanizada.A mais valia da impressão convencional é o facto de esta ser ideal para grandes ti-ragens, enquanto que a digital é indicada apenas para pequenas tiragens, tendo como vantagem a possibilidade de personalizar cada cópia como unidade com informações diferenciadas.Outro aspecto extremamente importante a ter em conta, é a ordem relativa à impres-são. Nos processos de impressão convencionais, é impressa uma cor de cada vez e, a sua ordem varia conforme o trabalho em questão, e, apesar de lermos CMYK, rara-mente esta é a ordem utilizada. Tipografia ou Letterpress A tipografia é, de facto, o método de impressão mais antigo – imprimir foi sinónimo de «tipografia» – e , curiosamente, o que menos tem evoluído nos últimos tempos.Este processo utiliza uma superfície em alto-relevo para distinguir a zona sem ima-gem – género carimbo. Nalguns casos, é utilizado um suporte à base de metal ou plás-tico duro, que não se deforma facilmente com a pressão exercida durante a impressão; noutros casos, a chapa é mais flexível, à base de borracha ou polímero, com a zona de imagem. É aplicada uma tinta relativamente espessa e pastosa – quase semi-sólida, para não se soltar –, e a imagem é transferida para o papel, através de pressão.

Aplicações: apesar de serem relativamente poucas, as mais comuns são rótulos em papel au-tocolante para diversos tipos de embalagens e etiquetas. Em alguns países ainda imprimem jornais por este processo e é também utilizado para impressão de latas de bebidas.

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035Características:

com a pressão provoca um baixo-relevo visível no verso do papel;um anel de tinta perfeitamente definido a contornar as letras;na zona de tinta podem aparecer pequenas pintas brancas, devido à não adesão da tinta nessa zona, principalmente em materiais rugosos;as cores directas podem parecer sarapintadas em papéis revestidos. Quando é utiliza-da a chapa mais mole estas características são atenuadas. O relevo no papel desapa-rece, o anel de tinta é menos visível e as pintas brancas também são menos frequentes.Quanto mais dura for a chapa mais se notam as características acima descritas.

FlexografiaA origem do processo utilizado em flexografia é muito parecida com o da tipografia rotativa, com a diferença das chapas de fotopolímero, denominadas clichés, por serem mais flexíveis, as tintas mais fluidas e os custos de preparação mais baixos. Dependendo do material a imprimir, as tintas podem ser à base de solvente, à base de água ou tintas ultravioletas.Este é processo que tecnologicamente mais tem evoluído nos últimos anos.

Aplicações: a flexografia é o processo comummente utilizado para imprimir embalagens em plás-tico, papel, cartão ou outros materiais de ordem absorvente e não absorvente. Por ser um processo relativamente económico, comparado como por exemplo com a rotogravura, é muito utilizado em produtos de baixo custo, sendo eles sacos de plásti-co ou de papel, guardanapos de papel, rolos de cozinha, papel de parede, embalagens de plástico para snacks e em diversas embalagens de produtos de grande consumo. Um processo simples e adaptável a uma grande variedade de materiais flexíveis. Com as recentes evoluções tecnológicas, principalmente com a introdução das camisas gravadas digitalmente, a flexografia começa a deixar de ser um processo de impressão barato para produtos baratos, para se tornar num potencial concorrente da rotogra-vura. Características:A flexografia utiliza chapa flexível, com relevo e tintas muito fluidas. O relevo na cha-pa produz o mesmo efeito da tipografia:o anel de tinta nota-se mais em plástico do que em papel.

Este anel de tinta é característico

da flexografia conven-cional e, para

o reduzir, é necessário controlar

bem a tinta e a pressão exercida

pelo cilindro de impressão.

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RotogravuraÉ um dos processos utilizados para impressão de rótulos de elevada qualidade, para impressão de catálogos ou revistas igualmente de grande qualidade e de tiragens elevadas.O seu elevado custo de preparação, nomeadamente na gravação dos cilindros, limita a sua aplicação às grandes tiragens.Ao contrário da tipografia e da flexografia, que imprimem pelo método de alto relevo – tipo carimbo – a rotogravura imprime pelo método de baixo-relevo. A zona de ima-gem fica perfurada, sob a forma de pequenas células, no cilindro, enquanto que a zona de não imagem fica intocável. O tipo de tinta utilizada em rotogravura é muito fluida e escorre como água no cilindro.

Aplicações: a rotogravura é utilizada para imprimir uma vasta variedade de produtos, desde que as tiragens sejam bastante elevadas e de preferência com várias cores, e o exemplo são as caixas de tabaco e selos do correio. As aplicações encontram-se mais ao nível da indústria das embalagens, revistas e catálogos de vendas por correio.

Características:contorno de letras e imagem em forma de zigzag minúsculo; excelente qualidade na reprodução de fotografia e elevada saturação de cores.

Litografia OffsetÉ de todos o processo de impressão mais popular quando se trata de imprimir papel com mais qualidade e ao mais baixo custo.Em outros casos existe uma distinção de alto e baixo-relevo relativamente à imagem, mas em offset a zona de imagem e de não imagem encontram-se ao mesmo nível na chapa de alumínio, a que se deu o nome de processo planográfico. Esta foi uma das principais inovações da litografia: água e tinta não se misturam. A distinção é conse-guida pela superfície da chapa e pela reacção de repulsa entre água e tinta.Há que definir também definir se o trabalho será impresso folha a folha ou por rolo para optar entre Offset plana ou rotativa, dependendo principalmente da tiragemA viscosidade das tintas de offset exige um tinteiro com vários rolos, para trabalhar a tinta e transformá-la num fino fio de tinta que depois é aplicado. As tintas devem ser à base de óleo para que a relação de repulsa com a água funcione.

Rotogravura: o cilindro gravado gira no

tinteiro e a tinta, por ser muito fluída,

entra facilmente nas células gravadas. O

excesso de tinta é removida da superfície

do cilindro e a imagem passa para o

suporte através de pressão.

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037

Aplicações: litografia offset é o processo vulgarmente utilizado para imprimir sobre papel. Conse-gue uma boa qualidade de reprodução de fotografia e de cores, mesmo em papéis de menor qualidade. As suas aplicações são variadas, principalmente ao nível da publi-cidade e vão desde brochuras, folhetos, cartazes, catálogos, revistas, jornais, material de estacionário e embalagens.

Características:os contornos das letras são perfeitamente lisos e bem definidos, sem haver qualquer tipo de deformação;o filme de tinta é bastante fino;uma impressão uniforme, mesmo em papel texturado;nos mesmos suportes consegue imprimir com maior número de linhas do que os outros processos. SerigrafiaEste processo de impressão utiliza uma tela de poliéster ou nylon – o mais vulgarmen-te utilizado é o primeiro – onde a imagem é desenhada, e posteriormente presa por uma moldura de metal, a que se dá o nome de quadro. A tela de poliéster poderá ser adaptável, mais aberta ou mais fechada conforme tenha mais ou menos fios por centímetro, dependendo ainda da qualidade do trabalho. É, de todos os processos, o mais rudimentar. As unidades de impressão são de extrema simplicidade: o papel ou material a imprimir coloca-se por baixo do quadro, a tinta é inserida por cima, e com a ajuda de uma espátula faz-se pressão na tinta, para que esta passe para o papel através dos buracos abertos na tela, que definem a própria imagem.

Esquema de uma máquina de impressão

offset a uma cor. A unidade de impressão

offset é constituáda por três cilindros: o

cauchu, o cilindro da chapa e o cilindro

de impressão.

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Este processo, oferece algumas vantagens em comparação a outros processos, e uma das principais é o facto de se utilizar uma tinta muito espessa que resulta numa in-tensidade e opacidade extraordinárias.Aplicações: a serigrafia é um processo de impressão cada vez mais versátil, e direccionado para vários destinos. Há quem lhe chame o «processo-imprime-tudo». Imprime, pratica-mente, em todos os materiais que os outros processos imprimem e em muitos mais: papel, plásticos, madeira, ferro, loiça, vidro, acrílicos, tecidos, lonas…

Características:contorno de letras e linhas em forma de zigzag, como acontece em rotogravura, mas não tão minúsculo;reprodução fotográfica com pouca definição, pois o número de linhas varia entre os 60 e 100 lpi, dependendo do material a imprimir;fundos em cores directas bastante uniformes, com elevada saturação e opacidade.

TermografiaTermografia é uma técnica que consiste em criar relevo na tinta, como se de um cunho se tratasse. Aplicações: a termografia pode ser utilizada em vários tipos de aplicações, mas não é aconselhável para zonas de dobras, uma vez que se poderá partir.

Os aspectos característicos da impressão em

serigrafia são o quadro e a espátula que espalha e

pressiona a tinta a passar para o suporte.

Dependendo do processo de impressão, os suportes

ou transportadores da imagem são diferentes.

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039Em suma:

Tipografia e flexografia são considerados processos de impressão por relevo, em que a imagem está colocada acima da não imagem. A tipografia recorre a uma base mais dura e a tintas espessas e pegajosas, enquanto que a flexografia recorre a uma base flexível e tintas líquidas e fluidas. Rotogravura é o processo por baixo relevo, a zona de imagem é gravada abaixo da zona da não imagem, através de pequenas células. A tinta tem que ser muito líquida, para entrar nessas células, o excesso, na superfície do cilindro é removido com uma espátula. A serigrafia utiliza o processo de stencil e a litografia offset é um processo planográ-fico, em que imagem e não imagem estão no mesmo nível da chapa.

Impressão DigitalA impressão digital apresenta como pontos fortes a rapidez e o baixo custo, quando se trata de pequenas tiragens, e como ponto fraco as limitações na variedade de subs-tratos e na qualidade, cujo critério é sempre bastante subjectivo.Mas mais do que imprimir, os sistemas de impressão digital representam uma nova forma de criar e de comunicar. Com prazos cada vez mais apertados e tiragens re-duzidas, a impressão digital tem ganho cada vez mais adeptos, principalmente em publicidade.

Duas das grandes vantagens da impressão digital são a possibilidade de se poder fazer uma prova directamente na máquina e fazer correcções de cor de imediato, se neces-sário. Outra vantagem é o facto do toner e das tintas utilizados na impressão digital secarem quase automaticamente após a impressão, o que não acontece nos processos convencionais.Existem vários sistemas de impressão digital e a sua escolha depende do trabalho em questão.

Impressão electrofotográfica e Offset digitalA impressão electrofotográfica e o offset digital possibilitam a impressão em peque-nas tiragens, aquilo que em offset convencional seria demasiado caro. Existem no mercado algumas marcas de impressoras digitais cuja base é o processo electrofotográfico, no entanto diferem em alguns aspectos.

Impressão a jacto de tintaEste processo imprime a imagem através de pequenos jactos de tinta líquida. Com uma resolução reduzida, estes jactos de tinta são perfeitamente visíveis, como uma matriz de pontos. Com uma resolução elevada esta matriz deixa de ser visível, sendo possível com um conta linhas ver que o contorno das letras é irregular. Com uma reso-lução elevada a reprodução de fotografia atinge uma qualidade também elevada.Dentro da tecnologia jacto de tinta existem vários sistemas, mais adaptados para a impressão de grandes formatos.

Impressão electrostáticaElectrografia, ou impressão electrostática como é mais conhecida, é um processo va-

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riante da impressão electrofotográfica. É muito utilizada para impressão em grandes formatos. Depois de feita a impressão, num papel electrostático, é depois transferida para os mais diversos tipos de materiais, como telas de tecido, vinil ou outros, e im-prime-se através de toner.

Tecnologia de sublimaçãoSublimação significa a transformação directa do estado sólido a gasoso sem a inter-venção dum estado líquido. O processo de sublimação deriva da impressão a cera térmica, na qual os pontos de cera colorida eram derretidos a elevadas temperaturas para aderirem ao suporte a imprimir. Computer To PlateEste processo tem como base o sistema do offset convencional, mas dispensa os fo-tolitos e o processo de revelação da chapa é feito digitalmente na própria máquina que vai imprimir o trabalho. A chapa é de poliéster e é revestida por uma camada de silicone, que serve para distinguir as áreas de impressão das áreas de não impressão, uma vez que se trata de um processo de impressão sem molha.

Antes de se iniciar a impressão, são projectados digitalmente para a chapa raios laser, que provocam pequenas cavidades na camada de silicone e formam a imagem. A tinta adere a essas cavidades e é repelida pelas áreas onde ainda existe silicone. Ao contrá-rio da impressão electrofotográfica, estas chapas não podem voltar a ser carregadas em cada impressão, nem alteradas depois de gravadas, o que torna este processo não aconselhável para impressões personalizadas. As chapas são carregadas automaticamente e a limpeza da máquina também é au-tomática. A máquina contém em stock material para trinta e cinco chapas e reveste automaticamente o respectivo cilindro após terminar a impressão de um trabalho, podendo passar para um outro logo de seguida.

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041Enquadramento Ecológico

SERÁ QUE AS MÁQUINAS DE IMPRESSÃO ADERIRAM À ECOLOGIA? Comentário por Aires Fonseca

Com o uso dos toners, os criadores das máquinas de impressão digital precisam de ter em conta as exigências impostas pela protecção ambiental. Até aos dias de hoje não se pode dizer que os construtores de máquinas de impressão convencionais tomassem em grande conta limitações de natureza ecológica na concepção das suas máquinas. É verdade que os consumíveis estavam sob controlo. Porém, a legislação tem vindo a ser progressivamente mais exigente no sentido de obrigar os utilizadores a estarem atentos ao respeito pelo meio ambiente. É evidente que nos nossos dias a tecnologia dos fabricantes de máquinas, em particular a que se relaciona com as máquinas de impressão digital de cor, deu um passo em frente nesse sentido. Na realidade, o uso de grandes quantidades de toner impõe certas precauções, tanto na própria máquina como na reciclagem do impresso produzido. Estes construtores de máquinas de im-pressão digital que, como é sabido, têm dificuldade em vender equipamentos que cus-taram fortunas em pesquisa e desenvolvimento, apresentam actualmente argumentos aos quais dificilmente se pode ficar insensível sobre o tema “a máquina de impressão digital é ecológica”.Evitar sobras e evitar produtos intermediários. É verdade que este tipo de máquina torna possível produzir praticamente o número exacto de exemplares encomendados, por muito reduzido que ele seja. Deve-se por isso evitar todo o desperdício, tanto de papel como de consumíveis. Como é evidente, esta tecnologia ignora todos os consu-míveis da geração analógica (filmes, chapas, químicos, etc.). Melhor ainda, a máquina de impressão digital pode estar situada muito perto do cliente e, por isso, minimizar todas as operações anexas, por vezes poluentes, de movimentação, transporte, etc. No fundo, a máquina digital a cores possui qualidades insuspeitas.Poupança de energia. Mas, não é tudo. Os fabricantes destes equipamentos, oriundos do mundo do escritório e da informática, debruçaram-se sobre o funcionamento da própria máquina de impressão para a transformarem num equipamento “verde”. E aí a tarefa é mais delicada, na medida em é preciso utilizar toners que, conforme é sabido, são produtos delicados no domínio do ambiente. Nestas máquinas, e o argu-mento é particularmente evidente na NexPress, a atenção concentrou-se na poupança de energia (com dispositivos de recirculação do calor produzido e de filtragem das partículas de papel). A questão da destintagem dos produtos impressos foi também tida em linha de conta quando os volumes em jogo o justificam. Foram feitos ensaios para que a máquina não forneça mais toner do que o necessário. E, por fim, os cons-trutores empenharam-se, seguindo o exemplo do que se passa na indústria automóvel, em conceber componentes dos quais alguns podem ser facilmente reciclados.

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Novas Tecnologias

CHAPAS ECOLÓGICAS

A empresa TOYOBO comercializou a primeira chapa flexo processada a água do mun-do. Líder Mundial na tecnologia de fotopolímeros, produziu uma chapa processada a água que pode ser utilizada tanto com tintas UV como com tintas base água ou base álcool, é totalmente processada a água e sem solventes. Vantagens: Lavada com água normal e uma pequena quantidade de detergente. Sem necessidade de utilizar solventes. As chapas estão prontas para serem colocadas na máquina em uma hora. Excelente qualidade de impressão tanto com tintas com base em água como com tintas em base em álcool. Uma alta resolução e reprodutividade proporcionam uma impressão nítida a 175 linhas/polegada

película protectora (polyester)capa deslizantecapa de resina fotossensívelcapa adesivabase (película de polyester)

1- Exposição

Expor á luz de UV a parte de trás do COSMOLIGHT

através da película de suporte

2- Contacto C/ Negativo

Remover filme de protecção. Colocar negativo na

superfície do Cosmolight

3- Exposição da Superfície

Expor o negativo á luz UV

4- Lavagem

Remover o negativo e passar a chapa COSMOLIGHT

na unidade de revenda.

5- Secagem

Após ter secado as gotas de água da superfície da

chapa. Secar com ar quente.

6- Pós Exposição

Expor a chapa outra vez á luz UV para completar o

processo de endurecimento.

7- Finalização

Acabamento germicida para completar o processo.

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043TONERS ECOLÓGICOS

Simitri é nome dado para o toner da Konica Minolta. A sua produção exige menos energia, em comparação com os toners pulverizados, reduzindo em 40% a emissão de CO2, NOx ou SoxMas só esta disponível para as suas fotocopiadoras e impressoras. A Rocha EcoSys laser não utiliza toners descartáveis, em vez disso, a tinta é adi-cionada no próprio toner. Esta acção não só reduz a vasta quantidade de recipientes lançados ao lixo, como também oferece um maior apoio à indústria.

Novas TecnologiasA competição entre gráficas dentro da indústria é intensa e crescente. As gráficas têm duas opções óbvias de diferenciação: a disponibilização de serviços mais complexos e com mais valias técnicas, ou podem apostar na eficiência produtiva. Os principais factores diferenciais são: Qualidade; Produtividade; Tempo de produção; Redução de desperdícios; Praticabilidade.Na Florida, um local muito orientado para questões ambientais (protecção das Flori-da Keys), enquanto indústria, as artes gráficas estão bem na dianteira da consciência ambiental. Há imensas iniciativas ambientais por ordem da Graphics of Américas (GOA). Aqui são exibidas novas tecnologias, como a DICOweb da MAN Roland, Inc. – a primeira offset que imprime sem chapa.

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045Aplicação Prática ao Design

No caso dos produtos gráficos, é o designer que escolhe os materiais, e não o consu-midor final, pelo que é ele, em acordo com quem encomenda o projecto, que assume a responsabilidade da escolha mais ecológica.

Aqui ficam algumas questões muito pertinentes: “Ten questions for the Green Desig-ner” num folheto preparado para o Design Council por John Elkington Associates, e posteriormente reimpresso no seu livro “Green Pages: The Business of Saving the World”Mantendo em mente o design gráfico e a impressão, destacamos:2. O produto poderia ser mais limpo?3. Quanto tempo vai durar?manter em mente que produzimos objectos principalmente efémeros pode trazer uma maior consciência ao nível da frugalidade no uso dos materiais4. O que lhe acontece quando a sua vida útil acaba?enquanto designers de comunicação temos a possibilidade de incluir instruções de reciclagem nos nossos produtos, encaminhando-os para melhores destinos do que as lixeiras.5. precisamos realmente de todos os produtos que consumimos? Não é fácil desembaraçar as necessidades dos desejos na nossa sociedade sofistica-da.Mas prevê-se que em breve, comprar dúzias de objectos inúteis e não sustentáveis passe a ser um motivo de embaraço entre alguns estratos sociais. Como regra geral, quanto mais específico for um objecto, mais inútil será para qual-quer outra função. “Não há uma única resposta à pergunta: Preciso realmente deste produto? Porque todas as pessoas (...) têm valores diferentes.”

Poluição e Fases de Produção A ecologia e o equilíbrio ambiental são a base de toda a vida e cultura humanas na terra. O design está implicado no desenvolvimento de produtos, ferramentas, máqui-nas, artefactos e outros objectos, e a sua actividade tem uma influência directa e profunda na ecologia. A resposta do design deve ser uma ponte entre as necessidades humanas, a cultura e ecologia. A criação e a manufactura de qualquer produto, duran-te o período de uso efectivo e respectiva existência posteriormente, dividem-se em pelo menos seis ciclos distintos, cada qual um potencial malefício ecológico.

1.A escolha dos materiais Os materiais escolhidos pelo designer são cruciais. A decisão de, por exemplo, usar plástico-espuma para fazer embalagens baratas de fast-food para usar e deitar fora, destrói a camada do ozono, para além de gastar recursos naturais que não podem ser substituídos. O que não quer dizer que não se faça nada, mas que os designers devem estar atentos ao facto de que, cada escolha e dilema no seu trabalho pode ter um impacto de longo alcance e consequências ecológicas duradouras.Considerar sempre a biodegradabilidade dos materiais:Existe uma gama extensa de produtos que o consumidor comum encara como sendo

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descartável, que naturalmente usa e deita fora. Os mais óbvios que nos ocorrem a to-dos são as canetas ou lâminas de barbear, mas a nossa atitude para com flyers publi-citários ou jornais é similar. Desenvencilhamo-nos deles sem considerar o seu futuro. Daí que caiba ao designer uma responsabilidade acrescida de pensar na vida útil de um objecto, e na sua degradabilidade. O papel e o cartão são materiais relativamente rápidos a desaparecer enquanto desperdício, comparados com outros. Mas tintas ne-les incluídas contem maior parte das vezes componentes tóxicos que se inflitram nos solos, até aos rios, ou são absorvidos atmosfericamente.

2.Processos de manufacturaAs questões com que o designer se depara são: Há alguma coisa no processo de manu-factura que possa pôr em causa o local de trabalho ou os trabalhadores, como fumos tóxicos ou materiais radioactivos? Há elementos que libertem gases que poluam o ar e provocam chuva ácida? Será que os desperdícios líquidos são escoados para o solo e destroem a terra agrícola, ou, ainda pior, entram na rede de fornecimento de água?

3.EmbalagemAo desenvolver uma embalagem, o designer depara-se com mais escolhas de carácter ecológico. O plástico-espuma, extremamente poluente, é comummente utilizado pelos designers como uma protecção para produtos frágeis. Sabe-se também que os propul-sores como os CFC’s para sprays de laca, tintas e outros produtos estão directamente implicados na destruição da camada do ozono. È crucial considerar os materiais e métodos de embalagens num processo de design consciente. 4.Diferenciação do ProdutoHá demasiadas versões do mesmo item disponível em muitos casos. Dado que a ma-nufactura da maior parte dos produtos de consumo ou industriais implica materiais insubstituíveis, a profusão de objectos no mercado constitui uma ameaça ecológica profunda. A própria escolha de produtos de consumo no Ocidente é extremamente artificial.As diferenças entre eles são mínimas ou mesmo inexistentes à excepção da marca ou embalagem.

5.Transporte do produto O transporte de materiais e produtos contribui para a poluição pela queima de com-bustíveis fósseis, e pela necessidade de um complexo sistema de estradas, vias e aero-portos. Primeiro faz-se o transporte da proveniência da matéria-prima para a fábrica, seguindo-se da fábrica ao centro de distribuição, daí para as lojas, e eventualmente, das lojas para o utilizador final.

6.DesperdícioMuitos produtos podem ter consequências negativas depois do tempo de vida útil do produto ter terminado. Basta olhar para as enormes lixeiras ou os cemitério de automóveis em muitos países para perceber que este vastos amontoados de metais, plástico em deterioração, fugas de óleos e petróleo estão a penetrar directamente na terra, envenenando o solo, o fornecimento de água e a vida selvagem, para além de

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047destruírem a paisagem visualmente. Foi estimado que, a família média nos países tec-

nologicamente desenvolvidos deita fora entre 16 e 20 toneladas de lixo e desperdício por ano. O que, não só é um perigo ambiental, mas também um enorme desperdício de materiais que poderiam ser responsavelmente reciclados. Esta é uma área na qual os ditos países de terceiro mundo lideram o caminho – onde, dada a escassez material, reciclar é um modo de vida aceite há várias gerações.

A relação entre design e ecologia é muito próxima. A avaliação do ciclo de vida do produto incorpora todas as fases do seu ciclo de vida, desde a aquisição das maté-rias-primas, através dos processos de manufactura e conjunto, a compra do produto completo (o que inclui transporte, embalagem, publicidade e impressão de manuais de instruções), o uso, a colecção pós-uso do produto, e, finalmente, a reutilização ou reciclagem do dispositivo final. Dada a sua complexidade, a avaliação do ciclo de vida pode ser profundamente complexa, exigindo estudos profundos, testes e experimenta-ção.

Aspectos ambientais, a ter em conta, na avaliação do ciclo de vida A exaustão de recursos, escassos ou finitos.A produção de gases com efeito de estufaA produção de chlorofluorcarbonetos que levam à destruição da camada do ozonoA produção de chuva ácidaDestruição dos habitats e das espécies em vias de extinçãoMateriais e processos prejudiciais para plantas, animais e humanosPoluição do ar, da terra e da águaPoluição sonora com o seu efeito degenerativo na psique humanaPoluição visual

Redução do Consumo de MeiosA redução dos meios utilizados deve ser sempre o objectivo de um designer cons-ciente; tanto ecológica como economicamente. Há várias formas de conseguir este objectivo:uso eficiente do espaçoEm alguns casos, os designers podem condensar a informação num espaço de papel mais reduzido, dando largas ao uso criativo da tipografia e do layout. Poupa-se assim em papel, energia e desperdício. tempo de vida de um produtoEste tempo deve ser considerado pelo designer, e artigos mais efémeros devem ser especialmente tratados de forma a não se transformarem em enormes desperdícios. Pode e deve sempre questionar-se a verdadeira necessidade de um produto efémero. Sempre que possível, devem substituir-se os efémeros por produtos mais permanen-tes, ou usar outros meios de comunicação que consumam menos meios e porventura sejam até melhor direccionados. alternativas ao papelJá de há algum tempo para cá que cada vez mais se utilizam meios digitais como for-ma privilegiada de comunicação. E esta tendência está a crescer. Suportes como um CD-ROM podem ser muito mais económicos, ecológicos e duradouros, mas o benefício

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ambiental perde-se se os receptores tiverem a necessidade de imprimir a informação para depois a ler. Assim, devem ser ponderadas as alternativas, e claro está, usar o papel sempre que necessário.

A Decisão do DesignerPara obter um projecto ambientalmente mais consciente, aqui ficam algumas linhas gerais por onde o designer se deve guiar:Sempre que possível, usar papel reciclado, escolhendo a percentagem possível de des-perdício pós-consumo de acordo com as características desejadas.Considerar o tipo de papel bem cedo no projecto, para que o projecto se lhe adeqúe e o resultado seja excelente.Repensar se a quantidade de papel pode ser minimizada pelo melhoramento do layout e da tipografia.Evitar papéis branqueados com cloro.Usar tintas de base de água ou de óleos vegetais.Perguntar às gráficas o que fazem com os efluentes.Lembrar que certos papéis feito com outras fibras que não a madeira podem ser uma escolha original e eficaz.

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Página interior; fotografia

impressa em papel de açúcar

Relatório anual da “The Body Shop”, 1988, UKPreservando a sua reconhecida consciência ambiental, esta empresa desenhou o seu relatório anual de 1988 em papéis escolhidos por razões ecológicas. Os designers Neville Brody e Jon Wozencroft desenvolveram um trabalho baseado em contrastes de texturas e imagens fotográficas, explorando a fundo as qualidades de quatro papéis diferentes, reciclados ou não branqueados. Estes dois tipos de papel oferecem dois ti-pos de características de impressão completamente diferentes, e isto foi amplamente explorado no resultado final. Por exemplo, a capa é feita de cartolina Bristol. O lado reciclado e granuloso foi deixado do lado de fora, de forma que o lado de dentro fica liso e brilhante, e contém uma impressão fotográfica precisa. No interior, é muito utilizado papel de açúcar, que dá uma impressão muito suave e sensorial. Também foi utilizado papel kraft, com os característicos lados brilhante e lado mate. A sua textu-ra foi usada em imagens negativas, dando destaque à sua cor própria. O livro em geral é um óptimo exemplo da utilização de materiais de segunda categoria para a criação de um objecto de alta qualidade e prestígio.

Capa do relatório, impressa em cartolina Bristol

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051Listas telefónicas da British Telecom, UK

A British Telecom fabrica 24 milhões de listas telefónicas, consumindo cerca de 80.000 árvores por ano. A empresa, juntamente com os designers Colin Banks e John Miles, levou avante uma investigação de forma a conseguirem reduzir o consumo de meios, redesenhando tanto o layout como a própria tipografia. Foi criado um novo tipo de letra que poupa 8% do espaço, e sistematizou-se que não seria sempre repe-tido o apelido antes de cada nome. Desta forma, o número de colunas aumentou de três para quatro. Foram alcançadas poupanças no papel na ordem dos 10%, e estudos de mercado mostram que 80% dos utilizadores preferem o novo modelo. Este é um óptimo exem-plo do que um bom designer é capaz de fazer para diminuir custos e prejuízos ambien-tais, ao mesmo tempo que aumenta a satisfação do cliente final. Este trabalho ganhou o Green Product Award, um prémio britânico patrocinado pela Shell.

Cartaz relativo ao

Green Product Award

Tipofrafia British telecom.

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no topo da página, a melhoria efectuada ao layout das páginas telefónica

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053Grupo O2

Nos anos 80, um grupo de designers europeus tenta conciliar a tendência mais “cool” do design aos conceitos de sustentabilidade. Preocupam-se com a questão: como au-mentar a sustentabilidade, mantendo uma boa qualidade de vida? Levando a cabo encontros, eventos internacionais e debates, conseguiram reunir um grupo considerá-vel, que desconhecia quaisquer fronteiras. Sempre foi um grupo totalmente anárquico, mas cooperativo. Tudo começou a partir de um grupo de 20 designers que viviam e trabalhavam em Milão. Entre eles, o dinamarquês Niels Peter Flint, que trabalhava então para Ettore Sottsass e começou a questionar a aparente ligação mais qualidade = mais impacto ambiental, e começa a aperceber-se do poder que têm os designers nesta equação.

Inicialmente, a organização separava-se em O2 International e várias O2 de carácter nacional. No entanto, estas organizações nacionais depressa cresciam ou quase se extinguiam, pondo em risco a organização internacional. Em 1995, um dos grupos nacionais mais fortes, o Holandês, criou a O2 Global Network, cujo suporte era a Internet, e ligava todas as organizações. Criaram-se também as Liasons, contactos individuais em qualquer país, que se comprometem a receber e reenviar informação específica do seu país ou localização. O objectivo é que estas Liasons angariem su-ficientes simpatizantes para juntos formarem uma nova O2 nacional, sem perder no entretanto os benefícios de estar ligado à rede geral. Em Portugal, neste momento, existe uma Liason: o Prof. Rui Frazão, do INETI.

página inicial da O2 Global Network

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The Indian European Ecodesign Programme (IEEP)É uma colaboração conjunta de três anos entre o Instituto Indiano de Tecnologia de Delhi, a Universidade Técnica de Delft, na Holanda, e o INETI, em Portugal. O programa tem por objecto desenvolver o ecodesign na Índia, e o desenvolvimento de uma rede de Ecodesign. Inclui também outras actividades como workshops, o de-senvolvimento da aprendizagem de ecodesign, e de ferramentas de informação como CD-roms, e um site Indiano de ecodesign. Uma das actividades finais desta conjunção é a Conferência Internacional de Ecodesign, que se realizou pela última vez em Nova Deli, na Índia.

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055Conclusão

Sistematizando, um projecto de impressão ecológico e económico tem as seguintes características: A sua existência e necessidade foram questionadas, e foi escolhida a forma mais apro-priada de comunicação;Foi projectado tendo em conta uma economia de materiais: pelo seu formato, apro-veita a maior parte da folha de impressão, pelo seu layout, não desperdiça espaço de impressão, e usa o mínimo de tintas e vernizes possível;É impresso numa gráfica que trata os seus efluentes, e não simplesmente os despeja onde quer que seja; É preferencialmente impresso recorrendo a métodos de produção económicos e eco-lógicos: impressão digital no caso de baixas tiragens, ou usando máquinas que dispen-sem o uso de fotolitos ou das próprias chapas;É impresso em papel reciclado, de preferência a partir de desperdício pós-consumo, branqueado sem uso de cloro (TCF), e foi considerada a escolha de papéis não bran-queados e não provenientes de pasta de madeira;É impresso com tintas à base de água ou de óleo vegetal;É totalmente reciclável, o que pode perfeitamente estar indicado e aconselhado no objecto em si. Quando a solução ecológica fica mais cara, ela pode sempre ser compensada noutras áreas; gastar mais dinheiro num papel de algodão, por exemplo, pode ser compensado ao usar menos cores, e utilizando a textura e cor própria do papel como elemento compositivo. Em geral, a economia de meios serve os dois propósitos: gastar menos recursos mo-netários e dar um passo em frente para um desenvolvimento sustentável.

Relembrando agora os nossos pressupostos iniciais, quando este trabalho era ainda uma proposta ou intenção, sentimo-nos finalmente aptas para delinear alguns lições aprendidas, e algumas conclusões tomadas. Aquilo a que inicialmente nos referimos como uma “nebulosidade”, uma curiosida-de coberta de desconhecimento, transformou-se sem dúvida em maior nitidez. Hoje, entendemos melhor o processo de impressão, as variáveis económicas que o condicio-nam, os consequentes motivos para o subdesenvolvimento do factor ecológico; conhe-cemos recursos a que nós mesmas podemos aceder, como papeis e tintas, aprendemos o impacto de diferentes vernizes, diversas colas, processos de impressão alternativos. Sabemos onde os ir requisitar, as consequências em termos de orçamento, e sabemos sobretudo que nem sempre é fácil. A consciência económica no nosso país padece de um certo imediatismo, que pode provar-se contraproducente a médio e longo prazo. Um exemplo comum é a instalação de certas estruturas de impressão menos nocivas, com menos consumo de energia (etc.). Esta instalação envolve um investimento inicial considerável, que na maior parte dos casos as gráficas pequenas e sobrevivendo num mercado flutuante e instá-vel, não querem correr o risco de tomar. No entanto, o exemplo estrangeiro ensina-nos que este investimento inicial é recuperável no prazo de alguns anos. Ou seja, a vertente económica no panorama nacional está ainda e sobretudo orientada

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para um lucro imediato, e tem dificuldades em contemplar um horizonte longínquo. Por outro lado, o factor ecológico vive maior parte dos casos subjugado ao econó-mico. Em suma, as coisas progridem lentamente.

Os designers podem promover e comissionar a pesquisa e assegurar de que ela é importada para o processo de design. Já existem investigadores ambientais a traba-lharem conjuntamente com designers, aconselhando-os em relação a especificações de materiais, e revendo projectos em fase de conceito para identificarem potenciais problemas. É possível que esta se torne uma prática comum de trabalho conjunto. Os especialistas ambientais, que podem ser designers que se focaram nesta área, podem (devem) tornar-se uma parte importante da equipa de design.O design não é apenas um processo ligado à produção mecanizada, é um meio de con-ferir ideias persuasivas, atitudes e valores sobre como são ou deviam ser as coisas, de acordo com objectivos individuais, de grupo, institucionais, nacionais ou globais.

Outra lição empírica que recebemos foi a percepção ganha em relação ao quão penoso se pode tornar tentar mover as engrenagens, quando estas não estão já bem oleadas, isto é, optimizadas. Esta é talvez a imagem mais fiel à situação portuguesa: não é que haja propriamente uma ausência de manivelas, o difícil pode ser pô-las a trabalhar. As coisas existem, não estão é talvez suficientemente iluminadas ou acessíveis. Isto parte por um lado da parte dos fornecedores que não as divulgam melhor, mas também por parte dos clientes e dos designers, que não estão alertas para a necessidade de os re-quisitar ou até exigir certos parâmetros de performance económica e ecológica, logo na primeira abordagem à gráfica. As leis de mercado podem atingir uma complexida-de e imprevisibilidade inimaginável, mas uma coisa é certa, a procura influência sem-pre a oferta. Na prática, se os designers e clientes pedirem recorrentemente certo tipo de produtos e processos, os fornecedores e gráficos irão certamente disponibilizá-los. Em suma, as coisas progridem lentamente.

Daí que, em termos estratégicos, este trabalho tenha enfatizado tanto a contextuali-zação e consciencialização do jovem designer que representa o seu leitor alvo. Se não temos ainda ao nosso dispor um extenso catálogo de serviços e produtos – porque não temos – promovamos então a procura. A oferta inevitavelmente se adaptará.

Talvez a razão mais significativa para a diversidade no design, no entanto, seja a crença generalizada de que, apesar da autoridade e sucesso de soluções particulares, há sempre uma maneira de fazer melhor as coisas.

Ficámos satisfeitas com a qualidade enriquecedora e estimulante de uma postura critica que este trabalho nos proporcionou.

Ana, Joana, Joana e Sara

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057Glossário

de produção ecológica em design

Agenda 21 Criada pela comunidade internacional durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, a Agenda 21 é um processo de planeamento para mudanças no padrão de desenvolvimento, que analisa a situação de um país, Estado, município ou região. Estabelece metas para um futuro de forma sustentável, através do levantamento dos problemas e um planeamen-to a longo prazo do desenvolvimento do país.

Biodegradável Diz-se da substância que se decompõe facilmente reintegrando-se à natureza. Dejec-tos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este processo natural de reintegração. Muitos produtos industriais não o são, como os plásticos. Indústrias vêm trabalhando para desenvolver produtos biodegradáveis, por exemplo um tipo de plástico biodegra-dável. (Fontes: “Dicionário de Ecologia”, “Glossário Ambiental”)

Ciclo de Vida do Produto (PLC)É o resultado da avaliação do ciclo de vida de um produto individual e análise do seu impacto ambiental.

Colecta Selectiva de Resíduos ou Lixo Separação de vidros, plásticos, metais e papéis pela população para reutilização, ou reciclagem. Sem ela, esse processo pode ser impossibilitado. Por exemplo, não dá para reciclar papel que foi misturado a material tóxico. Na colecta selectiva em locais públicos, é usual identificar latões com cores padronizadas: azul para papel, amarelo para metal, verde para vidros, vermelho para plásticos, branco para lixo orgânico. (Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga) Comissão Brundtlandou Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Onu “World Comission on Environment and Development”, criada pelo Programa de Meio Ambiente da ONU, actuou entre 1983 e 1987 e foi presidida por Gro Brundtland, que foi primeira-ministra da Noruega e presidiu a Conferência de Meio Ambiente Humano em 1972. Produziu o relatório “Nosso Futuro Comum”, diagnóstico da situação am-biental mundial sob a óptica do desenvolvimento sustentável que inspirou a realização da Rio-92. (Fonte: “Glossário Ambiental”) Componentes RecicláveisComponentes de produtos que podem ser usados num novo produto.

Conteúdo RecicladoMateriais que incluem uma percentagem de conteúdo reciclado e outra de conteúdo virgem. Se o material for 100% conteúdo reciclado, é material reciclado.

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Conservação Ambiental Do latim, cum - junto; servare - guardar, manter. Manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo, minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais alta qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja, busca compatibilizar os elementos e formas de acção sobre a natureza, garantindo a sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável. (Fonte: “Glossário Ambien-tal”, “Ecologia e Organização do Ambiente Antrópico”) Consumidor Verde Aquele que relaciona ao acto de comprar ou usar produtos com a possibilidade de colaborar com a preservação ambiental. O consumidor verde sabe que, recusando-se a comprar determinados produtos, pode desestimular a produção daquilo que agride o meio ambiente. Por isso, evita produtos que: 1- representem um risco à sua saúde ou de outros; 2- prejudique o ambiente durante a produção, uso ou despejo final; 3- consuma muita energia; 4- apresente excesso de embalagens ou seja descartável; 5- contenha ingredientes procedentes de habitats ou espécies ameaçados; 6- no processo de produção tenha usado indevida ou cruelmente animais; 7- afecte negativamente outros povos, ou outros países. (Fonte: “Guia del Consumidor Verde”)

Degradação Ambiental Deterioração das condições do meio ambiente, que gera o desequilíbrio ecológico. (Fonte: “Glossário Ambiental”) Desenvolvimento Sustentável Pela definição da Comissão Brundtland - satisfação das necessidades básicas e as-pirações do bem-estar da população, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de estabelecer suas próprias necessidades e aspirações. Chamado por alguns de desenvolvimento sustentado. (Fonte: “Nosso Futuro Comum”)

Design for Assembly (DfA) Método de racionalizar e standartizar partes para facilitar a fixação conjunta dos componentes durante a produção ou manufactura.

Design for Disassembly (DfD)Método de desenhar produtos para facilitar o custo efectivo, a quebra não destrutiva das partes componentes dos produtos no fim da sua vida, para que eles possam ser reciclados e/ou reutilizados.

Design para a Reciclabilidade (DfR)É uma filosofia de design que tenta maximizar os atributos ambientais positivos de um produto, sem comprometer a sua funcionalidade e performance.

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059Design para a Reciclagem (DfR)

Considera os melhores métodos para melhorar a reciclagem de matérias-primas ou componentes, facilitando a assemblagem e desassemblagem, assegurando que os ma-teriais não são misturados, e a rotulagem adequada.

Desperdício Pós-ConsumoÉ o desperdício que é reunido e seleccionado depois do produto ter sido utilizado pelo consumidor, e isso inclui vidro, jornal e latas de borda especial ou de remoção fácil. É, geralmente, mais variável na composição do que o desperdício pré-consumo.

Desperdício Pré-ConsumoÉ desperdício gerado na maquinaria de manufactura ou no estabelecimento de pro-dução.

EcodesignÉ um processo que considera os impactos ambientais associados a um produto atra-vés do seu ciclo de vida, desde as matérias-primas provenientes da produção ou ma-nufactura e consequente utilização até ao fim de vida. Ao mesmo tempo que reduz os impactos ambientais, o ecodesign procura melhorar os aspectos estéticos e funcionais de um produto, considerando as necessidades éticas e sociais. Ecodesign é sinónimo dos termos design para o ambiente (DFE), comummente utili-zados pela engenharia, e design do ciclo de vida (LCD) na América do Norte.

Eco-EficiênciaReúne o conceito de uso mais eficiente dos recursos com um impacto reduzido no meio ambiente, resultando numa melhoria na produtividade. “Doing more with less.”

Eco-FerramentasO nome genérico para ferramentas de software ou não que ajudam na analise do im-pacto ambiental dos produtos, processos de manufactura, actividades e projectos de construção. As ferramentas, geralmente, organizam-se em algumas categorias gerais: análise do ciclo de vida, gestão ambiental, balanço ambiental e gestão do fluxo de energia.

Ecologia Do grego, Eco = casa e logos (logia) = estudo, ou ciência. Palavra criada em 1866, por Ernst Haeckel, um discípulo de Charles Darwin, para designar uma nova ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente (“casa”) onde vivem. Hoje, fala-se “defender a ecologia”, como sinónimo de “defender o meio ambiente”. (Fontes: livros: “Guia da Ecologia”, “Agenda Ecológica Gaia 1992”, “Glossário Am-biental”)

Eco-Management and Audit Scheme (EMAS)Sistema de gestão ambiental independentemente certificado, que opera na União Eu-ropeia. O certificado é dado pelos países individuais da UE e verificado pela organi-zação EMAS.

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Eco-MateriaisSão materiais que têm um impacto mínimo no meio ambiente, assim como, proporcio-nam o máximo de eficiência e desempenho exigido como tarefa do design.

End Of Pipe (EoP)Solução, é outro termo dado ao controlo de poluição em que, as substâncias produ-zidas nos processos de manufactura que são tóxicos, ou emissões arriscadas de com-ponentes, ou tratamento/neutralização de desperdícios antes de serem libertos a céu aberto. Este é um design para corrigir ou minimizar um problema.

Fim De Vida (EoL)Descreve tanto o fim de ciclo de vida do produto actual como a suspensão dos impac-tos para com o meio ambiente relativamente a um produto. A separação e reciclagem de componentes e/ou materiais num processo EoL são preferíveis ao encaminhamento via incineração ou lixo a céu aberto.

Fine papersPapéis especiais de alta qualidade física e visual, regra geral bastante dispendiosos.

Fontes certificadasMateriais independentemente certificados como originários de recursos sustentavel-mente geridos, de materiais reciclados ou de acordo com uma eco-label nacional ou internacional.

Gestão Ambiental Condução, direcionamento e orientação das actividades humanas visando o desenvol-vimento sustentável. Para ser efectiva, deve ser inserida no planeamento e adminis-tração da produção de bens e serviços em todos os níveis - local, regional, nacional, internacional, na administração pública e na empresarial. (Fonte: “Glossário Ambiental”)

Green DesignÉ um processo de design cujo foco é a avaliação e negociação de impactos ambientais individuais de um produto, e não tanto a preocupação da vida na totalidade de um produto. Impacto Ambiental De acordo com a Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Cona-ma), é qualquer alteração das propriedades físico-químico ou biológicas do meio am-biente, causadas directa ou indirectamente pela acção humana, e que possam afectar a saúde, segurança, bem estar das pessoas, condições estéticas e sanitárias do am-biente, a qualidade dos recursos naturais. O impacto ambiental pode ser negativo ou positivo. A mesma Resolução determina que empreendimentos de maior porte devem fazer previamente o EIA/RIMA, Estudo e Relatório de Impacto Ambiental. (Fonte: Resolução 001/86 do CONAMA)

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ISO14001Parâmetro Internacional para os esquemas de gestão ambiental, mantidos pelo ISO (international standards organization) em Geneva, na Suiça. Novos parâmetros estão emergentes para a avaliação do ciclo de vida (ISO 14001) e a eco-rotulagem e rótu-los ambientais (ISO 14021).

Materiais de desperdícioMateriais provenientes da produção (em fábrica) ou do desperdício do consumidor.

Materiais reciclados na fonteUtilização dos desperdícios de escritório, domésticos e industriais para fazer novos produtos “in situ”.

Materiais Recicláveis Ou “Lixo Seco” Papéis, papelões, metais, plásticos, vidros, trapos, que foram dispensados como de-jectos, mas que podem ser reutilizados, ou transformados em novos produtos por indivíduos ou indústrias especializadas. Por exemplo: garrafa ou cacos viram copos. (Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)

Mono-materiaisMateriais puros em vez de mistura de diferentes materiais. Facilitam a reciclagem.

Política corporativa ambientalUma declaração escrita que define a posição da companhia em relação ao ambiente, com uma avaliação do progresso ao longo do tempo. A sua existência indica normal-mente a inclusão de sistemas de gestão ambiental e/ ou o uso de estratégias básicas de ecodesign na gestão quotidiana.

Poluição Efeito que um agente poluidor produz em um ecossistema; introdução de um agente indesejável num meio previamente não contaminado. Pode ser classificada em relação ao componente ambiental afectado (poluição do ar, do solo, da água), pela natureza do poluente (química, térmica, sonora, radioactiva, visual), pelo tipo de actividade (industrial, agrícola, doméstica) (Fonte: “Dicionário de Ecologia”)

Preciclagem Atitude proposta aos cidadãos de examinar o produto antes da compra, adquirindo apenas o que é durável (não descartável), que não tenha embalagem ou só o impres-cindível, que seja verdadeiramente útil. (Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)

Produção/ reciclagem “closed-loop” (círculo fechado)É o processo de reintroduzir as correntes de desperdício no processo de manufactura, num ciclo contínuo sem perda de desperdício nesse ciclo. As indústrias químicas e

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têxteis reciclam os compostos químicos usados no processamento dos seus produtos finais, resultando numa produção mais limpa.

Reciclagem Processo pelo qual produtos que eram considerados lixo, ou matéria desperdiçada no sistema de produção, são transformados em novos produtos, por exemplo, papel novo feito de papel usado. Entre outros, dá para reciclar vidros, plásticos, papéis, resíduos orgânicos residenciais e agrícolas (transformam-se em adubo), ferros velhos, óleos de despejos e metais como o chumbo, cobre e zinco.Classificada em reciclagem primária (exemplo: uso de refugos industriais, como apa-ras de plástico ou papel, para fabricar outros produtos); ou secundária (realizada com resíduos urbanos ou agrícolas pré consumidos, como é o caso de produtos prove-nientes da colecta selectiva). Ver materiais recicláveis e RRR. (Fonte: Reciclagem e Negócios, CEMPRE, “Dicionário de Ecologia”) Recursos Naturais São matérias-primas, fontes de energia, retirados ou disponíveis no meio ambiente para as actividades económicas humanas.Classificados em: 1- Renováveis: que podem se regenerar, se o uso for bem controlado (solo, vegetação, vida animal) ou que não implicam reposição (como energia solar, ventos); 2- Não Renováveis: que tendem a se esgotar, pois a Natureza não tem capacidade de renovar seus stocks, como é o caso de fontes de energia tradicionais, por exemplo petróleo, gás natural, ou carvão mineral (Fonte: “Agenda Ecológica Gaia 1992”)

RecicladoMateriais que foram processados e remanufacturados.

RenovávelUm material que pode ser extraído de recursos que absorvem energia do sol para sin-tetizar ou criar matéria. Estes recursos incluem produtores primários, como plantas e bactérias, e produtores secundários, como peixes e mamíferos.

Responsabilidade de Produtores (Pr)Perscreve as responsabilidades legais de produtores/manufactores para os seus pro-dutos desde “o berço até à sepultura”.Recente legislação Europeia para determinados sectores de produtos, tais como ar-tigos de electrónica e electricidade, embalagens e veículos, séries de requerimentos específicos considerando devoluções de produtos e espaço para componentes de reci-clagem e materiais.

ReutilizávelQue pode ser reutilizado no fim do tempo de vida para um uso idêntico, semelhante ou novo.

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063Roda Ecológica

Ou roda de estratégia no Ecodesign, é um meio de identificar estratégias que irão aju-dar a melhorar ambientalmente produtos existentes. Engloba 8 estratégias: selecção de materiais de baixo impacto; redução do uso de materiais; optimização das técnicas de produção; optimização do sistema de distribuição; redução do impacto durante o uso; optimização do ciclo de vida; optimização do sistema de fim de vida e o desen-volvimento de novos conceitos.

RRR, ou Reduzir, Reutilizar, Reciclar É a mais moderna visão a respeito do lixo. Deve-se primeiro Reduzir a produção do lixo, através da preciclagem. Em vez de dispensar qualquer coisa, tentar reaproveitar (ex.: uma embalagem torna-se caixa de costura.) A reciclagem vem como a última medida. (Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga) Sustentabilidade Ambiental Capacidade de desenvolver actividades económicas e ao mesmo tempo manter a vita-lidade dos componentes e processos de funcionamento dos ecossistemas.Baseia-se na hipótese de que é possível calcular a “vida útil” ou durabilidade do sistema natural, medir o “déficit ecológico” provocado pelas actividades humanas e saber como evitar impactos negativos no ecossistema. (Fonte: “Agenda Ecológica Gaia 1992”) Tecnologias Ecologicamente Viáveis Tecnologias de ponta em rápida evolução, principalmente no Primeiro Mundo (da informática à biotecnologia), ou as tradicionais, que contribuam para a redução da poluição e do consumo de recursos naturais (inclusive energia eléctrica), promovam aumento da produtividade e utilização de novas matérias-primas de menor impacto ambiental. (Fonte: “Agenda Ecológica Gaia 1992”)

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www.printmediamag.com/

www.beaconpress.co.uk

Estudos de CasoAteliers ou Laboratórios de Designhttp://theconsciousdesigner.co.uk

The Body Shopwww.thebodyshopinternational.com

British Telecomwww.bt.com

O2 - International Network for Sustainable Designwww.o2.org

The Indian European Ecodesign Programmehttp://users.tce.rmit.edu.au/Soumitri.Varadarajan/IEEP%20site/index.html

Projecto Chileno de design gráficowww.trash.cl

www.ecoshack.com

Graphic design and production with minimum environmental impactwww.ecographic.co.uk

www.viridiandesign.org

www.design.philips.com

Packaging e ProdutoBiodegradable Packaging Materials and Products www.inknowvate.com/inknowvate/biodegradable_packaging_materials_and_pro-ducts.htm

Boots Environmental Package Design www.bootsplc.com/environment/news/default.asp?NID=2

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Environmental Product Declarations www.environdec.com

Prémios e ConcursosEPAs Cradle to Cradle Design Awardswww.mbdc.com/challenge

FormaçãoCranfield University: Sustainability and Design www.cranfield.ac.uk/prospectus/sims/sd.htm

College of the Atlantic: Human Ecology Program www.coa.edu

The Center for Responsible Business, UC Berkeley: www.haas.berkeley.edu/responsiblebusiness

VáriosThe Consortium on Green Design and Manufacturing (CGDM) greenmfg.me.berkeley.edu Natural Capitalism www.natcap.org

Beyond Grey Pinstripes www.beyondgreypinstripes.org

Pollution Prevention Pays (P2Pays) www.p2pays.org/

The International Cleaner Production Information Clearinghouse (ICPIC) www.emcentre.com/unepweb/publication/printer.html

World Resources Institute www.wri.org

www.worldwatch.org

www.climateneutral.com

www.futureforests.com

The Forest Stewardship Council www.fscus.org

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071American Forest & Paper Association Environmental & Recycling Info

www.afandpa.org/Template.cfm?section=Environment_and_Recycling

Forest Ethics Green Purchasing Guide http://www.forestethics.org/purchasing/steps.html

Background information on Forest Certification www.ffcs-finland.org/eng/esittely/taustatiedot/sertifiointijarjestelmat_e.htm

EPA Performance Track www.epa.gov/performancetrack

The Massachusetts Toxics Use Reduction Institute www.turi.org/

www.ceres.org

www.thebodyshopinternational.com

KLD Research & Analytics, Inc. www.kld.com

Innovest Strategic Advisors www.innovestgroup.com

FTSE4Good www.ftse.com/ftse4good/index.jsp

CSRwire - Corporate Social Responsibility Press Releaseswww.csrwire.com

www.adbusters.org

www.nimahunter.com

www.fscus.org

www.climateregistry.org

National Association for Environmental Managementwww.naem.org

www.aiga.org

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