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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO MCTI INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais CFT ECOFISIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO DOSSEL E SUB-BOSQUE DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NA AMAZÔNIA CENTRAL EM ANO DE EL NIÑO VICTOR ALEXANDRE HARDT FERREIRA DOS SANTOS Manaus, Amazonas Março 2016

ECOFISIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO DOSSEL E SUB-BOSQUE …§ão_Victor... · bosque a eficiência na captação da irradiância dispersamente disponível e a reduzida respiração

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – MCTI

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais – CFT

ECOFISIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO DOSSEL E SUB-BOSQUE DE UMA

FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NA AMAZÔNIA CENTRAL EM ANO DE EL NIÑO

VICTOR ALEXANDRE HARDT FERREIRA DOS SANTOS

Manaus, Amazonas

Março 2016

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – MCTI

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais – CFT

ECOFISIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO DOSSEL E SUB-BOSQUE DE UMA

FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NA AMAZÔNIA CENTRAL EM ANO DE EL NIÑO

VICTOR ALEXANDRE HARDT FERREIRA DOS SANTOS

Orientador: Dr. Marciel José Ferreira

Coorientador: Dr. José Francisco de Carvalho Gonçalves

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências de

Florestas Tropicais como parte das

exigências para obtenção do título de

Mestre em Ciências de Florestas

Tropicais.

Manaus, Amazonas

Março 2016

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S237e Santos, Victor Alexandre Hardt Ferreira dos

Ecofisiologia de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de uma

floresta ombrófila densa na Amazônia Central em ano de El Niño /

Victor Alexandre Hardt Ferreira dos Santos. --- Manaus: [s.n.], 2016.

xii, 87 f. : il., color.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2016.

Orientador: Marciel José Ferreira.

Coorientador : José Francisco de Carvalho Gonçalves.

Área de concentração : Ciências de Florestas Tropicais.

1.Trocas gasosas. 2. Floresta ombrófila densa - sazonalidade. 3.El

niño . I.Título

CDD 665.709.2

Sinopse:

Características morfoanatômicas e fisiológicas foliares de espécies arbóreas no

dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central foram

analisadas em um ano de ocorrência do fenômeno climático El-Niño.

Palavras-chave:

Trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, pigmentos cloroplastídicos, anatomia,

massa foliar específica, seca, floresta tropical

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AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências de Florestas Tropicais (CFT) pela possibilidade de realização do mestrado;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão da bolsa de mestrado;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo financiamento

do projeto “Understanding the Response of Photosynthetic Metabolism in Tropical Forests

to Seasonal Climate Variations”, Edital N°013/2013, GoAmazon, que forneceu recursos ao

desenvolvimento da pesquisa reportada na presente dissertação.

À minha família pela educação, apoio e incentivo.

Aos meus orientadores, Dr. Marciel José Ferreira e Dr. José Francisco de Carvalho

Gonçalves, por todo conhecimento transmitido e tempo dedicado em benefício à

construção da minha pesquisa e do início da minha carreira como pesquisador.

Aos colegas do projeto GoAmazon, por compartilhar esforço na realização das atividades

em campo e laboratório.

Aos colegas do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Vegetal do INPA e Laboratório de

Silvicultura da UFAM, pela colaboração nas análises laboratoriais.

À toda equipe do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA),

pelo apoio logístico em campo.

Enfim, a todos que diretamente contribuíram para minha formação em mestre de ciências

de florestas tropicais.

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RESUMO

A redução da disponibilidade hídrica em condições de seca severa, por exemplo El Niño, pode influenciar a fotossíntese em espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de florestas tropicais mediante alterações em etapas associadas à assimilação de CO2 (e.g. etapa difusiva e fotoquímica). Mas, sabe-se também que a variação na disponibilidade de irradiância ao longo do perfil vertical de florestas tropicais pode levar as espécies arbóreas a desenvolverem diferentes mecanismos de captação e uso desse recurso. Assim, foram investigados em espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central os efeitos da sazonalidade, em ano de ocorrência de El Niño, sobre as características fotossintéticas (Capítulo 1) e os mecanismos de captação e uso da irradiância que permitem a complementariedade no uso desse recurso nos ambientes dossel e sub-bosque (Capítulo 2). No capítulo 1 foram investigadas as características fotossintéticas foliares relacionadas às trocas gasosas (PNmax - fotossíntese máxima; gs - condutância estomática; E - transpiração e Rd - respiração foliar no escuro), concentração foliar de clorofila, desempenho fotoquímico (Fv/Fm - eficiência quântica máxima do fotossistema II; PIABS - índice de desempenho na base ABS, PItotal - índice de desempenho total) e os conteúdos foliares de nitrogênio, fósforo e potássio, durante quatro períodos sazonais de precipitação, chuvoso (abril), transição chuvoso/seco (julho), seco (setembro) e transição seco/chuvoso (novembro) em 57 plantas pertencentes a 52 espécies arbóreas nos ambientes de dossel e sub-bosque florestal. PNmax reduziu durante o período seco em função de uma forte limitação estomática. A manutenção do desempenho fotoquímico e concentração de pigmentos cloroplastídicos, ao longo do período seco, pode ter favorecido a recuperação dos valores de PNmax após o retorno da precipitação durante o período de transição seco/chuvoso. O fósforo esteve mais relacionado à fotossíntese ao longo dos períodos investigados, enquanto o maior acúmulo de potássio foi observado no sub-bosque durante o período seco. No capítulo 2, os mecanismos de captação e uso da irradiância foram comparados em espécies arbóreas no dossel e sub-bosque. Para tanto, foram investigadas características morfoanatômicas (MFE - massa foliar específica; espessura de tecidos foliares) e funcionais foliares (teores foliares de pigmentos cloroplastídicos, fósforo e nitrogênio; parâmetros do transiente polifásico de fluorescência da clorofila a e trocas gasosas). Maiores valores de fotossíntese no dossel foram relacionados com maiores valores de massa foliar específica, espessura do parênquima paliçádico, conteúdo foliar de nitrogênio e fósforo e, principalmente, eficiência fotoquímica nas etapas do transporte de elétrons associadas ao fotossistema I. Por sua vez, no sub-bosque uma maior concentração de pigmentos cloroplastídicos, alocação de nitrogênio para clorofilas e eficiência quântica máxima do fotossistema II aprimoraram a captação da irradiância. Essas características, juntamente com reduzida respiração foliar no escuro, proporcionaram menores valores de irradiância no ponto de compensação. Em síntese, o capítulo 1 destaca a redução na fotossíntese durante o período seco em ano com ocorrência de forte El Niño primariamente proporcionada pela redução na condutância estomática, mas com a manutenção da funcionalidade e estrutura do aparato fotossintético mesmo em condições de seca severa. O capítulo 2 fornece evidências que permitem concluir que espécies arbóreas no dossel possuem traços anatômicos e funcionais associados a eficiente utilização da elevada irradiância disponível, enquanto no sub-bosque a eficiência na captação da irradiância dispersamente disponível e a reduzida respiração foliar asseguram a manutenção do balanço positivo de carbono. Palavras chave: Trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, pigmentos cloroplastídicos, seca, floresta tropical

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ABSTRACT

The reduction of water availability in severe drought conditions, e.g. El Niño, can influence the photosynthesis of tree species in the canopy and understory of tropical forests through changes in steps associated with the assimilation of CO2 (e.g. diffusive and photochemical step). However, it is also known that changes in the availability of irradiance along the vertical profile of rainforests can lead to tree species develop different mechanisms of harvesting and use of this resource. Were investigated in trees species of canopy and understory of a Central Amazonian rain forest the seasonality effects in an El Niño year over photosynthetic leaf traits (Chapter 1) and, the mechanisms of irradiance harvesting and use which allowing complementarity in use of this resource in canopy and understory (Chapter 2). In the chapter 1 were investigated photosynthetic leaf traits related to gas exchange (PNmax - light saturated photosynthesis; gs - stomatal conductance; E - leaf transpiration e Rd - leaf dark respiration), leaf chlorophyll concentration, photochemical performance (Fv/Fm - maximal quantum yield of photosystem II; PIABS - performance index, PItotal - total performance index) and leaf contents of nitrogen, phosphorus and potassium, during four seasonal precipitation periods, wet (April), wet/dry transition (July), dry (September) and dry/wet transition (November) in the 57 plants belonging to 52 tree species in the forest canopy and understory environments. PNmax reduced during the dry season due to a strong stomatal limitation. The maintenance of photochemical performance and chlorophyll concentration may have favored the PNmax recuperation during the rainfall events in dry/wet transition season. With respect to leaf nutrients contents, the phosphorus was more related to photosynthesis, while higher potassium accumulation was observed in the understory during the dry season. In the chapter 2, the canopy and understory tree species were compared with respect to mechanisms of irradiance harvesting and use. Therefore, were investigated morphoanatomical (LMA – leaf mass area, leaf tissue thickness) and functional leaf traits (leaf chloroplastid pigments, phosphorus and nitrogen content, chlorophyll a fluorescence parameters and gas exchange). Higher photosynthesis values were related with higher leaf mass area, palisade thickness, leaf nitrogen and phosphorus content and photochemical performance in electron transport steps associated with photosystem I. In the other hand, in the understory a higher chloroplastid pigment concentration, chlorophyll nitrogen partition and maximal quantum efficiency for primary photochemistry improve the irradiance harvesting. These traits together with a reduced leaf dark respiration, provided low light compensation point. In summary, the chapter 1 highlights the dry season photosynthesis reduction primarily provided by stomatal conductance limitation and the maintenance of photosynthetic apparatus even in severe dry conditions. The chapter 2 provides evidence for concluding that tree species in the canopy efficiently use the high available irradiance, while in the understory the irradiance harvesting efficiently and reduced leaf dark respiration ensure the positive carbon budget maintenance.

Keywords: gas exchange, chlorophyll a fluorescence, chloroplastid pigment, drought, tropical forest

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1. Coeficiente de correlação de Pearson entre a redução em PNmax durante o

período seco e reduções em características foliares..........................................................38

Capítulo 2

Tabela 1. Lista de espécies no dossel e sub-bosque, família botânica, altura, diâmetro à

altura do peito (DAP) e características analisadas..............................................................53

Tabela 2. Valores de radiação fotossinteticamente ativa média diária (mol m-2 s-1) e diária

total (mol m-2) no dossel e sub-bosque em dias com máximo, mínimo e medianos valores

durante os períodos chuvoso, chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso...................................60

Tabela 3. Características morfoanatômicas foliares de espécies arbóreas no dossel e sub-

bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central..................................................60

Tabela 4. Coeficientes da correlação de Pearson entre fotossíntese máxima (PNmax(a)) e

características morfoanatômicas foliares, conteúdos foliares de nitrogênio e fósforo e

parâmetros do teste JIP......................................................................................................66

Tabela 5. Coeficientes da correlação de Pearson entre irradiância de compensação (IC) e

características morfoanatômicas foliares, parâmetros do teste JIP, concentração foliar de

clorofila e razão Chl a+b/N..................................................................................................67

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

Figura 1. Mapa de localização da Estação Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)......................................................................22

Figura 2. Precipitação média mensal em 2015 (barras) e média mensal entre os anos 1998-

2014 (linha preta contínua). Pontilhado vermelho representa os máximos e mínimos entre

1998-2014. Tracejado preto representa o liminar 100 mm.mês-1. Valores de precipitação

de 2015 são observações na torre K34 (Pluviômetro ARG-100, Environmental

Measurements; 51 m de altura) e entre 1998-2013 são dados TRMM (Tropical Rainfall

Measuring Mission).........................................................................................................22

Figura 3. Variação sazonal das condições microclimáticas sobre o dossel de floresta

ombrófila densa na Amazônia Central. Média mensal da umidade relativa do ar (UR %;

Termohigrômetro HMP45AC, Vaisala; 51 m de altura); temperatura do ar (T°C; Resistência

de Platina PT100; 51 metros de altura) e déficit de saturação (Δe KPa)..............................24

Figura 4. Variação diurna das condições microclimáticas no sub-bosque e sobre o dossel

de floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso,

chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso. A - Irradiância (MQS-B sensor PAR, Heinz Walz)

no dossel (A) e B - Sub-bosque; C - Temperatura do ar (idem figura 3); D - Umidade relativa

do ar (idem figura 3) e E - Déficit de saturação de vapor do ar sobre o dossel. F – Teor de

água no solo (Sonda perfilhadora de umidade do solo; PR1, Delta-T Instruments) sob

floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso, chuvoso/seco,

seco e seco/chuvoso. O gráfico inserido em B representa o período seco devido às grandes

diferenças de escala entre os períodos..........................................................................25

Figura 5. Fotossíntese máxima (PNmax; A e B), condutância estomática (gs; C e D),

transpiração (E; E e F) e respiração foliar no escuro (Rd; G e H) de espécies arbóreas no

dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. Os valores são médias ± erros-padrão

de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque individualmente (à direita). (ngrupos

= 37; ndossel = 13; nsub-bosque = 24). P – valor grifado se refere ao sub-bosque.......................30

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Figura 6. Eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm; A e B), índice de desempenho na

base ABS (PIABS; C e D), índice de desempenho total (PItotal; E e F) e concentração foliar

de clorofila (Chl; G e H) de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque florestal. Os valores

são médias ± erros-padrão de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque (à

direita). (ngrupos = 52; ndossel = 16; nsub-bosque = 36). P – valor grifado se refere ao sub-

bosque...............................................................................................................................31

Figura 7. Conteúdo foliar de nitrogênio (N; A e B), fósforo (P; C e D) e potássio (K; E e F)

de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque florestal. Os valores são médias ± erro-

padrão de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque (à direita). (ngrupos = 46;

ndossel = 15; nsub-bosque = 31). P – valor grifado se refere ao sub-bosque...............................33

Figura 8. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e condutância estomática (gs) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos os grupos (n =

166); C e D – Dossel (n = 66); E e F - Sub-bosque (n = 100)................................................34

Figura 9. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e índice de desempenho (PItotal) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

166); C e D – Dossel (n = 66); E e F - Sub-bosque (n = 100)................................................35

Figura 10. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de nitrogênio (N)

em árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. À esquerda - Todos grupos

(n = 158); à direita – Dossel (n = 64)....................................................................................36

Figura 11. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de fósforo (P) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

158); C e D – Dossel (n = 64); E e F - Sub-bosque (n = 94)..................................................36

Figura 12. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de potássio (K) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

158); C e D – Sub-bosque (n = 94)......................................................................................37

Figura 13. Relação entre redução na fotossíntese máxima (PNmax) e condutância

estomática (gs) em árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. Valores

da correlação são representados na Tabela 1. (ndossel = 15; nsub-bosque = 24). �̅�seco/�̅�anual)-

1.........................................................................................................................................40

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Capítulo 2

Figura 1. Valores médios do padrão diário da radiação fotossinteticamente ativa no dossel

(A) e sub-bosque (B) de floresta ombrófila densa na Amazônia Central. O gráfico inserido

representa o período seco devido às grandes diferenças de escala entre os períodos......59

Figura 2. Frequência de valores de radiação fotossinteticamente ativa no dossel e sub-

bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso,

chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso..................................................................................59

Figura 3. Espessura dos tecidos foliares relativa à espessura total foliar: epiderme adaxial

(EAD) e abaxial (EAB), parênquima paliçádico (PP) e parênquima lacunoso (PL). Valores

são médias (ndossel = 15; nsub-bosque = 34) e **P<0,01; ***P<0,001, ns P>0,05 se referem ao

teste t (bicaudal).................................................................................................................61

Figura 4. Concentrações e conteúdos foliares de pigmentos cloroplastídicos no dossel e

sub-bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central. Os valores do dossel foram

fixados como unidade. Valores são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01;

***P<0,001; sem asterisco P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal)....................................62

Figura 5. Diferença relativa entre dossel e sub-bosque nos conteúdos foliares de nitrogênio

e fósforo (Na e Pa); concentrações foliares de nitrogênio e fósforo (Nm e Pm) e razão Chl

a+b/N. Valores são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001;

sem asterisco P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal)......................................................63

Figura 6. Parâmetros do teste JIP no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa na

Amazônia Central. Os valores do dossel foram fixados como unidade. Valores são médias

(ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001; sem asterisco P>0,05 se

referem ao teste t (bicaudal)...............................................................................................64

Figura 7. Características fotossintéticas no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila

densa na Amazônia Central. Os valores do dossel foram fixados como unidade. Valores

são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001, sem asterisco

P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal)..............................................................................65

Figura 8. Relações entre fotossíntese máxima (PNmax(a)) e massa foliar específica (MFE;

A); espessura do parênquima paliçádico (B); conteúdo foliar de nitrogênio (Na; C); conteúdo

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foliar de fósforo (Pa; D); eficiência de um elétron dos carreadores de elétrons inter-sistemas

ser transferido para reduzir aceptores finais de elétrons do PSI (Ro ou REo/ETo; E) e

respiração foliar no escuro (Rd; F). Cada ponto representa o valor médio ± erro-padrão (n

= 4).....................................................................................................................................73

Figura 9. Relações entre irradiância de compensação (IC) e concentração foliar de clorofila

(Chl a+b; A); razão entre clorofila e nitrogênio (Chl a+b/N; B); eficiência quântica máxima

do PSII (Fv/Fm; C) e razão PNmax(a)/Rd (D). Cada ponto representa o valor médio ± erro-

padrão (n = 4).....................................................................................................................74

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SUMÁRIO

Resumo ............................................................................................................................ v

Abstract ........................................................................................................................... vi

Lista de tabelas .............................................................................................................. vii

Lista de figuras ............................................................................................................. viii

Introdução geral .............................................................................................................13

Objetivo geral .................................................................................................................15

Objetivos específicos ....................................................................................................15

Capítulo 1. Características fotossintéticas foliares de uma floresta ombrófila densa na

Amazônia Central durante ano de El Niño .......................................................................16

Resumo ........................................................................................................................17

Abstract ........................................................................................................................18

1. Introdução ................................................................................................................19

2. Material e Métodos ...................................................................................................21

3. Resultados ...............................................................................................................28

4. Discussão.................................................................................................................38

5. Conclusões ..............................................................................................................44

Capítulo 2. Mecanismos de captação e uso da irradiância no dossel e sub-bosque de uma

floresta ombrófila densa na Amazônia Central .................................................................46

Resumo ........................................................................................................................47

Abstract ........................................................................................................................49

1. Introdução ................................................................................................................50

2. Material e Métodos ...................................................................................................52

3. Resultados ...............................................................................................................57

4. Discussão.................................................................................................................68

5. Conclusões ..............................................................................................................77

CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................79

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INTRODUÇÃO GERAL

A maior área de florestas (~2000 x 106 ha) com elevada densidade de biomassa

está presente nos trópicos. Em média 163,9 Mg C ha-1 estão presentes em florestas

tropicais preservadas e, assim, somam 63% do carbono estocado em biomassa viva de

todas florestas no mundo (Pan et al., 2013). Dentre as florestas tropicais, a Amazônia

representa vasta área ainda preservada (~600 x 106 ha) com destacável representatividade

no balanço de carbono global, pois soma 17% do carbono estocado (~120 Pg C) e 14% da

produtividade primária líquida, carbono fixado pela fotossíntese, na vegetação terrestre

(Malhi et al., 2006; Malhi et al., 2008; Zao e Running, 2010, Feldpausch et al., 2012; Fauset

et al., 2015). Somente na Amazônia estão presentes aproximadamente 390 bilhões de

árvores distribuídas entre 16000 espécies arbóreas (ter Steege et al., 2013). No entanto, o

equilíbrio e manutenção da diversidade e serviços ambientais da Amazônia vêm sendo

ameaçado nas últimas décadas pelo desmatamento e mudanças climáticas globais

(Davidson et al., 2012; Fearnside, 2013).

Embora as taxas de desmatamento tenham reduzido nos últimos anos, o avanço

da pecuária e agricultura, assim como obras de infraestrutura, ameaçam a manutenção da

fração preservada de florestas na Amazônia (Nepstad et al., 2009). Ademais, quando os

efeitos do desmatamento (e.g. perda de biodiversidade) são associados às mudanças

climáticas, distúrbios difundidos em diversas escalas são observados (Davidson et al.,

2012). Diante desse panorama, além de outros fatores, as mudanças climáticas globais

estão ameaçando a integridade da floresta amazônica, uma vez que eventos extremos de

secas e inundações, relacionados as mudanças no clima, estão se tornando recorrentes

na região (Fearnside, 2013; Saatchi et al., 2013).

Os cenários de modelagem do clima indicam que a elevada recorrência de eventos

de seca extrema promovidos pelo fenômeno El Niño, bem como a oscilação multidecadal

do Atlântico, poderão tornar a Amazônia mais seca durante o século XXI (Cox et al., 2008;

Malhi et al., 2008; Aragão et al., 2014). No entanto, as respostas biológicas da floresta às

mudanças climáticas, principalmente no que se refere aos eventos de seca extrema e

recorrentes, ainda são pouco compreendidas, além de serem fonte de debates nas últimas

décadas (Saleska et al., 2007; Phillips et al., 2009; Lee et al., 2013; Hilker et al., 2014). No

intuito de compreender as respostas da fotossíntese à redução na disponibilidade hídrica,

estudos envolvendo sazonalidade anual em sítios com prolongado período seco (Miranda

et al., 2005; Domingues et al., 2013; Restrepo-Coupe et al., 2013), eventos de secas

severas (Doughty et al., 2015) e experimentos de exclusão de chuva (Rowland et al., 2015)

foram realizados na Amazônia. Contudo, uma convergência de respostas da floresta ainda

não foi observada entre esses estudos, pois alguns trabalhos sugerem que a seca sazonal

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não impõe limitações à fotossíntese em florestas tropicais (Domingues et al., 2013;

Restrepo-Coupe et al., 2013), enquanto outros indicam redução na fotossíntese em função

da forte restrição estomática (Sá et al., 1996; Bonal et al., 2000; Miranda et al., 2005; Stah

et al., 2013). Em condições de seca extrema, a divergência permanece, uma vez que,

evidências suportam a hipótese da floresta ser mais resistente à seca do que preveem os

modelos de ecossistema (Saleska et al., 2007; Rowland et al., 2015b), enquanto outras

demostram a redução da fotossíntese e consequentemente produtividade primária da

floresta (Lee et al., 2013; Doughty et al., 2015).

As características estruturais e funcionais foliares podem ser boas preditoras das

respostas biológicas da floresta as mudanças climáticas, pois representam o desempenho

fotossintético, assim como, os mecanismos adotados pelas espécies arbóreas para tolerar

e/ou recuperar-se do estresse em diversas escalas temporais (Pinheiro e Chaves et al.,

2011). No entanto, as modificações nas características fotossintéticas foliares impostas

pela redução na disponibilidade hídrica podem variar de acordo com a fenologia e

exposição da copa às condições microclimáticas na atmosfera (Miranda et al., 2005;

Domingues et al., 2013; Kamakura et al., 2015).

No que se refere à exposição da copa, características foliares podem sofrer

profundas alterações conforme as condições microclimáticas reinantes ao longo do perfil

vertical de florestas tropicais (Carswell et al., 2000; Kenzo et al., 2006; Domingues et al.,

2005; Kosugi et al., 2012; Weerasinghe et al., 2014; Kenzo et al., 2015). As variações no

microambiente (e.g. irradiância, temperatura e umidade do ar) ao longo do perfil vertical de

uma floresta tropical úmida são decorrentes do acúmulo e sobreposição das camadas de

folhas (Domingues et al., 2005) e como consequência, espécies arbóreas no dossel e sub-

bosque apresentam características estruturais e funcionais foliares associadas ao

desempenho fotossintético e balanço de carbono (Carswell et al., 2000; Domingues et al.,

2005; Weerasinghe et al., 2014; Kenzo et al., 2015). Nesse sentido, compreender as

repostas à sazonalidade, assim como, os mecanismos que permitem a

complementariedade no uso dos recursos pelas espécies arbóreas nos diferentes estratos

de florestas tropicais, é fundamental para o entendimento completo da funcionalidade do

ecossistema (Domingues et al., 2005; Holmgren et al. 2012; Niinemets, 2014).

Considerando o exposto, a presente dissertação foi dividida em dois capítulos. O

capítulo 1 trata dos efeitos da variação sazonal de precipitação em um ano de ocorrência

do fenômeno climático El Niño (2015/2016) sobre as características fotossintéticas foliares

de espécies no dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central.

O capítulo 2, por sua vez, aborda os mecanismos de captação e uso da irradiância em

espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia

Central.

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OBJETIVO GERAL

Investigar o efeito da variação sazonal de precipitação, assim como, variação

vertical da disponibilidade de irradiância sobre as características foliares associadas ao

desempenho fotossintético de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de uma floresta

ombrófila densa na Amazônia Central.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar o efeito da sazonalidade de precipitação sobre a fotossíntese de espécies

arbóreas no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central em ano

de ocorrência do fenômeno climático El Niño (2015/2016).

Identificar mecanismos de captação e uso da irradiância em espécies arbóreas em

contrastantes ambientes de irradiância (dossel e sub-bosque) de floresta ombrófila densa

na Amazônia Central.

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1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, CEP 69060-001, Manaus (AM). [email protected] 2Dr., Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Agrárias. UFAM – Universidade Federal do Amazonas. Av. General Rodrigo Octavio Jordão Ramos, 3000, Bloco V, Sala 2 – Coroado I – 69077-000 – Manaus, AM. [email protected] 3Dr., Pesquisador Titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, CEP 69060-001, Manaus (AM). [email protected]

16

Capítulo 1. CARACTERÍSTICAS FOTOSSINTÉTICAS FOLIARES DE UMA FLORESTA

OMBRÓFILA DENSA NA AMAZÔNIA CENTRAL DURANTE ANO DE EL NIÑO

Leaf photosynthetic characteristics of a Central Amazonian rain forest during El Niño year

Victor Alexandre Hardt Ferreira dos Santos1, Marciel José Ferreira2 e José Francisco

de Carvalho Gonçalves3

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Resumo

Características fotossintéticas foliares foram analisadas em uma floresta ombrófila densa

na Amazônia Central com o objetivo de investigar efeitos sazonais, em um ano de

ocorrência do fenômeno climático El Niño (2015/2016), sobre o desempenho fotossintético

das árvores. Durante os períodos chuvoso (abril), transição chuvoso/seco (julho), seco

(setembro) e transição seco/chuvoso (novembro), parâmetros de trocas gasosas,

fluorescência da clorofila a e o status nutricional foram determinados em 57 plantas

pertencentes a 52 espécies arbóreas coabitando ambientes de dossel e sub-bosque. Os

menores valores de fotossíntese máxima (PNmax), condutância estomática (gs) e

transpiração (E) foram observados durante o período seco em ambos os ambientes. Em

contrapartida, o período seco não alterou a concentração de clorofila, assim como, não

impôs limitações aos parâmetros de desempenho fotoquímico (Fv/Fm, PItotal e PIABS) e,

dessa forma, parece não ter afetado a estrutura e o funcionamento do aparato

fotossintético nas etapas associadas ao transporte de elétrons nas membranas dos

tilacoides. O conteúdo foliar de nitrogênio não variou ao longo dos períodos, enquanto os

conteúdos foliares de fósforo reduziram durante o período de transição seco/chuvoso. No

sub-bosque, durante o período seco, observou-se acúmulo dos teores de potássio no

tecido foliar (35%). A redução de PNmax durante o período seco foi, primariamente,

influenciada pela forte limitação estomática, de forma evidente no dossel florestal. No

dossel e sub-bosque, com a retomada da precipitação (período de transição

seco/chuvoso), observou-se recuperação de PNmax aos níveis dos valores observados

durante os períodos chuvoso e chuvoso/seco. Assim, na Amazônia Central, a fotossíntese

varia sazonalmente em anos de ocorrência do fenômeno climático El Niño em função de

pronunciada limitação estomática. Embora ocorra a retomada dos valores de fotossíntese,

sugerindo a capacidade de recuperação da floresta após o evento de seca, a pronunciada

redução da fotossíntese indica que efeitos de seca extremas repercutem sobre o balanço

de carbono na Amazônia Central.

Palavras chave: trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, sazonalidade, floresta tropical.

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Abstract

Photosynthetic leaf traits were analyzed in central Amazonian rain forest with objective of

investigate the dry season effect in an El Niño year (2015/2016) on the photosynthetic

performance of trees. During the wet (April), wet/dry transition (July), dry (September) and

dry/wet transition (November) seasons leaf gas exchange, chlorophyll a fluorescence and

nutritional status were determined in 57 plants belonging to 52 tree species in the canopy

and understory. Low values of light saturated photosynthesis (PNmax), stomatal conductance

(gs) and transpiration (E) were observed during dry season in both environments. However,

the dry season not has imposed limitations to leaf chlorophyll concentration and biophysical

parameters of photochemical performance (Fv/Fm, PItotal e PIABS) and thereby not has

damaged the structure and functioning of photosynthetic apparatus in steps associated to

electron transport in thylakoids. The leaf nitrogen content did not change over the periods,

while leaf phosphorus content reduced during dry/wet transition season and, in the

understory, during the dry season was observed potassium accumulation in leaf tissue

(35%). The dry season reduction in PNmax was associated primarily with a strong stomatal

limitation mainly in the forest canopy. With precipitation return (dry/wet transition season)

the PNmax values resumed the wet and wet/dry transitions season values. The conditions of

seasonal dry season, in El Niño year, imposed high restrictions to CO2 assimilation in the

canopy and understory, mainly associated a stomatal limitation. Although occurs the

photosynthesis resumption, suggesting the capacity of forest recovery after the dry, high

reduction of photosynthesis provides evidence of extreme and recurrent dry effects over

carbon budget in Central Amazonian.

Keywords: gas exchange, chlorophyll a fluorescence, seasonality, tropical forest .

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1. Introdução

As florestas tropicais representam extensa área de superfície dos ecossistemas

terrestres com ~1,39 trilhões de árvores, 42,8% das árvores existentes no planeta, e como

consequência assimilam e estocam grande fração do carbono da biosfera terrestre

(Mayaux et al., 2005; Bonan, 2008; Crowther et al., 2015). A maior floresta tropical do

mundo, a Amazônia, se estende por 6 milhões de km2 e, por consequência, o carbono

estocado em sua biomassa (~120 Pg C) representa 14% do carbono fixado pela

fotossíntese e 17% do estoque de carbono da vegetação terrestre, refletindo o papel

fundamental da Amazônia no ciclo global do carbono (Malhi et al., 2006; Malhi et al., 2008;

Zao e Running, 2010, Feldpausch et al., 2012; Fauset et al., 2015).

Os efeitos das mudanças climáticas globais sobre a Amazônia têm sido

investigados nas últimas décadas, com sinais de uma provável transição do bioma para

um regime dominado por distúrbios (Davidson et al., 2012; Fearnside, 2013). As principais

consequências desses efeitos se apresentam como recorrentes secas em anos de eventos

El Niño e oscilação multidecadal do Atlântico (Cox et al., 2008; Malhi et al., 2008; Phillips

et al., 2009; Dougthy et al., 2015). Eventos de secas, em diversas escalas temporais, têm

sido apontados como as principais ameaças a integridade e funcionalidade de florestas

ombrófilas da Amazônia, pois podem reduzir a produtividade primária da floresta, ocasionar

mortalidade de árvores em grande escala e, assim, alterar o balanço de carbono global

(Phillips et al., 2009; Meir and Woodward, 2010; Dougthy et al., 2015).

Embora considerada ameaçada, a vulnerabilidade da floresta amazônica às

mudanças climáticas em longo prazo é controversa, especialmente no que se refere as

respostas biológicas da floresta às alterações no regime hídrico (Sitch et al., 2008; Meir

and Woodward, 2010; Oliveira et al., 2014). Dentre as respostas biológicas, a sensibilidade

da fotossíntese à redução na disponibilidade hídrica em secas extremas na Amazônia está

sendo tema de debate atualmente (Doughty et al., 2015; Rowland et al., 2015b). Em

condições de seca sazonal o debate se mantém, pois, alguns trabalhos sugerem que a

seca sazonal não impõe limitações à fotossíntese em florestas tropicais (Domingues et al.,

2013; Restrepo-Coupe et al., 2013), enquanto outros indicam redução na fotossíntese em

função de uma forte restrição estomática (Sá et al., 1996; Bonal et al., 2000; Miranda et al.,

2005; Stah et al., 2013).

Em condições de déficit hídrico as plantas, primariamente, reduzem a fotossíntese

em função de uma baixa condutância estomática e, assim, garantem o estado de

hidratação em curto prazo (Bonal et al., 2000; Flexas e Medrano, 2002; Chastain et al.,

2014; Sperlich et al., 2015). Contudo, outras características foliares podem estar

relacionadas à redução na fotossíntese durante a limitação hídrica, principalmente em

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condições de desidratação sob estresse moderado à severo (Bota et al., 2004; Reddy et

al., 2004). Por exemplo, elevada temperatura e irradiância, somadas à redução na

disponibilidade de água, promovem alterações na estrutura e funcionamento do aparato

fotossintético (e.g. complexo coletor de luz e fotossistemas I e II) com implicações diretas

sobre a assimilação de CO2 (Oukarroum et al., 2009; Desotgiu et al., 2012, Campos et al.,

2014). No entanto, alterações na concentração de pigmentos cloroplastídicos e o green-up

da floresta em alguns sítios na Amazônia durante eventos de seca ainda é controverso,

assim como, faltam informações diretas dos teores foliares de pigmentos (Saleska et al.,

2007; Samanta et al., 2010; Hilker et al., 2014; Morton et al., 2014).

Modificações nos teores foliares de nutrientes ao longo dos períodos sazonais, seja

em condições de seca severa ou não, podem comprometer processos fundamentais da

fotossíntese, pois determinados nutrientes podem estar diretamente relacionados ao

processo fotossintético (e.g. nitrogênio e fosforo) (Evans, 1989; Hidaka e Kitayama, 2013)

ou indiretamente por interferirem no processo de abertura e fechamento estomático, tal

como o potássio (Cakmak, 2005; Sardans et al., 2012).

Padrões sazonais em características fotossintéticas foliares podem variar de acordo

com o grupo ecológico, fenologia e exposição da copa às condições microclimáticas na

atmosfera (Miranda et al., 2005; Domingues et al., 2013; Kamakura et al., 2015). Desta

forma, compreender as respostas de espécies arbóreas às variações sazonais em

diferentes estratos do perfil vertical de florestas tropicais possui caráter prioritário no

entendimento integral da floresta (Domingues et al., 2005; Holmgren et al. 2012; Niinemets

et al., 2014).

Históricos eventos do fenômeno climático El Niño foram acompanhados nos últimos

anos, sendo que, em 1997-1998 ocorreu o fenômeno mais forte até então registrado

(Fearnside, 2013). Esses eventos promoveram impactos significativos sobre a temperatura

e precipitação na Amazônia (Marengo, 2004; Davidson et al., 2012). No ano de 2015, o

fenômeno se repetiu em proporção semelhante ao El Niño de 1997-1998 (Organização

Meteorológica Mundial, 2015).

Nesse trabalho, investigou-se a hipótese que a fotossíntese, independente do

estrato florestal (dossel e sub-bosque), será influenciada pela sazonalidade mediante

redução sob condição de seca extrema, primariamente estimulada pela forte limitação

estomática, assim como, redução na eficiência do transporte de elétrons ao longo dos

fotossistemas II e I e alterações no status nutricional. Portanto, o objetivo desse trabalho

foi investigar os efeitos da variação sazonal em um ano de ocorrência do fenômeno

climático El Niño (2015/2016) sobre as características fotossintéticas foliares de espécies

arbóreas no dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central.

Além disso, verificar quais traços funcionais (condutância estomática, parâmetros de

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fluorescência da clorofila a, concentração de clorofila e status nutricional) melhor explicam

a sazonalidade intra-anual da fotossíntese durante evento de seca extrema.

2. Material e Métodos

2.1. Localização e caracterização da área de estudo

O estudo foi realizado na Estação Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Localizada a 60 km ao norte de Manaus, a

estação é acessada via BR-174, até o km 50, e estrada vicinal ZF-2 que liga o

acampamento do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA)

com a BR-174 nos 34 km restantes (2°36’32,67’’ S; 60°12’33,48 W) (Figura 1).

O clima na região é caracterizado por pouca variação sazonal na temperatura do

ar, com médias mensais variando entre 24 e 27°C. O total de precipitação anual é 2200

mm com a presença de um período seco (<100 mm mês-1) entre os meses de agosto e

setembro (Figura 2). A umidade relativa do ar atinge valor mínimo de 75% no mês de

agosto e máximo de 92% no mês de abril durante o período chuvoso (Araújo et al., 2002).

No entanto, em 2015 a ocorrência do fenômeno climático El Niño alterou o padrão de

precipitação no sítio na forma de uma pronunciada redução da precipitação nos meses de

julho, agosto, setembro, outubro e dezembro que apresentaram acumulado mensal inferior

à 100 mm (Figura 2).

O relevo é levemente ondulado com a altura variando entre 60 e 120 m,

aproximadamente, entre as regiões de platô e baixio. Os solos são pobres em nutrientes e

nas regiões de platô possui elevados teores de argila, sendo classificado como Latossolo.

Por outro lado, nas regiões de baixio ocorrem os Espodosolos caracterizados pela textura

arenosa (Luizão et al., 2004).

A vegetação da área é classificada como floresta ombrófila densa de terra firme. A

estrutura da vegetação é caracterizada por uma densidade de 626 árvores ha-1, área basal

variando entre 28-30 m2 ha-1, biomassa acima do solo com aproximadamente 360 Mg ha-

1, dossel médio atingindo 30 m de altura e índice de área foliar estimado de 4,7 (Chambers

et al., 2004; Vieira et al., 2004). A composição florística é diversificada, sendo que as

famílias botânicas de maior densidade são: Lecythidaceae, Sapotaceae, Arecaceae,

Euphorbiaceae, Burseraceae, Chrysobalanaceae. As famílias Sapotaceae,

Chrysobalanaceae e Lauraceae estão entre as mais diversas em espécies (Carneiro,

2004). Dentre as espécies, Licania caudata Prance, Duguetia flagelaris Huber, Monotagma

tuberosum Hagberg e Protium apiculatum Swart estão entre as mais frequentes no sub-

bosque (Oliveira e Amaral, 2005), enquanto Scleronema micranthum Ducke e Eschweilera

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22

coriacea (DC.) Mart. ex Berg. apresentam elevada frequência nos estratos superiores do

dossel florestal (Carneiro, 2004).

Figura 1. Mapa de localização da Estação Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Figura 2. Precipitação média mensal em 2015 (barras) e média mensal entre os anos 1998-

2014 (linha preta contínua). Pontilhado vermelho representa os máximos e mínimos entre

1998-2014. Tracejado preto representa o liminar 100 mm.mês-1. Valores de precipitação

de 2015 são observações na torre K34 (Pluviômetro ARG-100, Environmental

Measurements; 51 m de altura) e entre 1998-2013 são dados TRMM (Tropical Rainfall

Measuring Mission).

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23

2.2. Implementação das análises em campo

Os efeitos da sazonalidade sobre as características fotossintéticas foliares foram

investigados em 19 árvores no dossel florestal (17 espécies) e 38 plantas, pertencentes à

35 espécies arbóreas, presentes no sub-bosque da área de platô. Para tanto, foram

tomados dados nos períodos chuvoso (abril), chuvoso/seco (julho), seco (setembro) e

seco/ chuvoso (novembro) durante o ano de 2015. Nesse ano, durante o período chuvoso

foi observado um acumulado mensal de precipitação superior à 100 mm nos meses de abril

e maio, embora em março tenha ocorrido uma reduzida precipitação quando comparado

aos valores mínimos entre 1998 e 2014 (Figura 2). Menores valores de irradiância (dossel

e sub-bosque), temperatura e déficit de saturação de vapor no ar, assim como, maior

umidade relativa do ar e teor de água no solo foram observados durante o período chuvoso

(Figuras 3 e 4). Em outro extremo, o período seco foi caracterizado por reduzida

precipitação, sendo que durante os meses de agosto (14,5 mm) e setembro (20 mm) foram

registrados os menores valores de precipitação nos últimos anos (1998 - 2015). Maiores

valores de irradiância (dossel e sub-bosque), temperatura, déficit de saturação de vapor no

ar e menores valores de umidade relativa do ar foram observados sobre o dossel no

período seco, assim como, reduzido teor de água no solo (Figuras 3 e 4). Os períodos de

transição apresentaram padrão intermediário ao observado nos períodos seco e chuvoso.

No período de transição chuvoso/seco, os valores de precipitação já estavam abaixo de

100 mm (julho – 76 mm) e, em comparação ao período chuvoso, foram observados

elevados valores temperatura do ar entre 10:00 e 15:00 h, mas com semelhante teor de

água no solo. Durante o período seco/chuvoso, a retomada da precipitação (novembro –

150 mm) recuperou parcialmente o teor de água no solo e amenizou o déficit de saturação

de vapor e a temperatura do ar quando comparado ao período seco.

As árvores estudadas estão localizadas na área de abrangência da torre de coleta

de dados micrometeorológicos do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da

Amazônia (LBA, torre K-34). As copas das árvores no dossel foram acessadas por meio

da torre do LBA e de duas passarelas (passarela 1: 25 m altura, 30 m comprimento;

passarela 2: 20 m altura, 30 m comprimento) sustentadas por cabo de aço. No sub-bosque,

as medidas foram realizadas em solo. Parâmetros de trocas gasosas foram medidos em

19 árvores no dossel e 26 plantas no sub-bosque, enquanto as demais características

foram analisadas em todas as árvores amostradas.

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Figura 3. Variação sazonal das condições microclimáticas sobre o dossel de floresta

ombrófila densa na Amazônia Central. Média mensal da umidade relativa do ar (UR %;

Termohigrômetro HMP45AC, Vaisala; 51 m de altura); temperatura do ar (T°C; Resistência

de Platina PT100; 51 metros de altura) e déficit de saturação (Δe KPa).

2.3. Trocas gasosas foliares

A determinação das taxas de fotossíntese líquida à luz saturante (PNmax), respiração

no escuro (Rd), transpiração (E) e condutância estomática (gs) foram realizadas por meio

de um analisador de gás a infravermelho (IRGA) portátil, de sistema aberto, modelo LI-

6400, conforme metodologia descrita por Santos Júnior et al. (2006). Os dados foram

coletados em uma folha por indivíduo, em cada período de precipitação, entre 8:00 e 13:00

horas. As medidas de trocas gasosas foram tomadas em folhas completamente

expandidas, com aspecto fitossanitário adequado, sem sinais de senescência, em posições

de maior incidência de irradiância no dossel e no terço médio copa no sub-bosque. O LI-

COR 6400 foi ajustado para trabalhar com fluxo de 400 µmol s-1 e câmara foliar ajustada

para concentração de CO2, temperatura e fração de vapor de H2O em torno de 400±1 µmol

mol-1, 31±1oC e 21±1 mmol mol-1, respectivamente. PNmax, E e gs foram obtidos a partir dos

valores saturantes alcançados com a curva de resposta fotossintética à intensidade

luminosa, em irradiâncias sempre entre 1000 e 2000 µmol m-2 s-1. Independentemente do

ambiente e período de análise, não foram observadas quedas nos valores de PN e gs em

condições de elevada irradiância na câmara do LI-COR 6400.

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Figura 4. Variação diurna das condições microclimáticas no sub-bosque e sobre o dossel

de floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso,

chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso. A - Irradiância (MQS-B sensor PAR, Heinz Walz)

no dossel (A) e B - Sub-bosque; C - Temperatura do ar (idem figura 3); D - Umidade relativa

do ar (idem figura 3) e E - Déficit de saturação de vapor do ar sobre o dossel. F – Teor de

água no solo (Sonda perfilhadora de umidade do solo; PR1, Delta-T Instruments) sob

floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso, chuvoso/seco,

seco e seco/chuvoso. O gráfico inserido em B representa o período seco devido às grandes

diferenças de escala entre os períodos.

Horário

0 4 8 12 16 20 24

e (

KP

a)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

6 8 10 12 14 16 18

I (

mol m

-2 s

-1)

0

350

700

1050

1400

1750

2100

Horário

6 8 10 12 14 16 18

I (

mol m

-2 s

-1)

0

10

20

30

40

50

60

Horário

6 8 10 12 14 16 18

I do

ssel (

mol m

-2 s

-1)

0

50

100

150

200

250

Horário

Horário

0 4 8 12 16 20 24

Ta

r (°

C)

22

24

26

28

30

32

34

36

Chuvoso

Chuvoso/Seco

Seco

Seco/Chuvoso

Horário

0 4 8 12 16 20 24

UR

(%

)

40

50

60

70

80

90

100

A B

C D

E

Teor de água no solo (cm3 cm

-3)

0,24 0,27 0,30 0,33 0,36 0,39 0,42

Pro

fundid

ade (

cm

)

0

20

40

60

80

100

F

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26

2.4. Parâmetros de fluorescência da clorofila a

A fluorescência da clorofila a foi determinada sob condições de campo por meio de

um fluorômetro portátil (PEA, MK2 – 9600 – Hansatech, Norfolk, UK), entre 8:00 e 10:00

horas, em três folhas por planta nas mesmas condições das utilizadas para a obtenção dos

parâmetros de trocas gasosas.

Folhas selecionadas para análise foram submetidas a um período de adaptação ao

escuro durante 30 minutos, utilizando clipes apropriados, sendo este período suficiente

para a completa oxidação do sistema fotossintético de transporte de elétrons. Em seguida,

foram expostas a um pulso de luz saturante de alta intensidade luminosa (3000 µmol m-2

s-1 e comprimento de onda de 650 nm por 1 s). O ajuste do ganho foi padronizado para

cada espécie de acordo com análises prévias. Assim, as respostas relacionadas aos

transientes da fluorescência da clorofila a foram obtidas a partir de software específico

(Handy PEA software - v 1,30), de acordo com equações do teste JIP (Strasser et al., 1995;

Strasser et al., 2010).

Dentre os inúmeros parâmetros fornecidos pelo teste JIP, foram utilizados nesse

trabalho a eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm), índice de desempenho na base ABS

(PIABS) e o índice de desempenho total (PItotal) por integrarem as eficiências no fluxo de

energia em diferentes etapas ao longo da cadeia de transporte de elétrons (Gonçalves et

al., 2007; Force et al., 2003; Strasser et al., 2010). Para tanto, os índices foram

determinados como segue:

PIABS = (γo/(1 − γo) [φPo/(1 − φPo)] [ΨEo/(1 − ΨEo)]

PItotal = PIABS [δRo/(1 − δRo)]

Onde: γo = RC/(ABS+RC): Probabilidade de uma molécula de clorofila funcionar como

centro de reação no PSII; φPo = Fv/Fm = Eficiência quântica máxima do PSII; ΨEo = ETo/TRo

= Probabilidade/Eficiência de um elétron ser movido após a QA; δRo = REo/ETo =

Probabilidade/Eficiência de um elétron dos carreadores de elétrons inter-sistemas ser

transferido para reduzir aceptores finais de elétrons do PSI.

2.5. Concentração foliar de clorofila

A concentração de clorofila foi determinada em três folhas por planta e com

aspectos semelhantes às utilizadas na determinação das trocas gasosas. Para a

determinação, em 0,1 g de material vegetal fresco a clorofila foi extraída em solução de

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27

acetona conforme Lichtenthaler e Wellburn, 1983 e, após determinadas as absorbâncias

em espectrofotômetro (Ultrospec 2100 pro UV/visible, Amersham, Biosciences,

Cambridge, UK), a concentração de clorofila total quantificada com as equações descritas

por Hendry e Price (1993).

2.6. Conteúdos foliares de nutrientes

O conteúdo foliar de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) foi determinado em

três folhas por planta e com aspectos semelhantes às utilizadas na determinação das

trocas gasosas. As amostras foram secas em estufa a 65oC até a obtenção de massa

constante. Para a determinação dos teores de nitrogênio, amostras contendo 0,1 g de

matéria seca foram submetidas a uma pré-digestão, durante uma noite, e posteriormente

a uma digestão com duplo ácido (H2O2 + H2SO4), utilizando-se como catalisadores o sulfato

de lítio e o selênio, a temperatura gradativa (50°C) até atingir 350oC, segundo a

metodologia descrita por Miyazawa et al. (1999). Posteriormente, o nitrogênio total foi

determinado de acordo com o método de Kjeldahl, a partir de uma alíquota de 25 ml do

extrato puro (Bremner, 1996). Para determinação das concentrações foliares de P e K,

amostras contendo 0,5 g de matéria seca foram submetidas à digestão nitro-perclórica,

com temperatura ajustada de 50 em 50oC até 210oC, em intervalos de 30 minutos. A partir

do extrato nitro-perclórico, os teores de P e K foram determinados por espectrofotometria

a 725 nm (Murphy e Riley, 1962) e espectrofotometria de absorção atômica,

respectivamente. Com o intuito de padronizar as bases de medida com os parâmetros de

trocas gasosas, as concentrações foliares na unidade de massa (g kg-1) foram

transformadas em conteúdos foliares na unidade de área (g cm-2 para nitrogênio e potássio

e mg cm-2 para fósforo) multiplicando os valores das concentrações foliares pela massa

foliar específica (g m-2). A massa foliar específica (MFE) foi obtida por meio da razão entre

a massa seca a 65ºC e a área de dez discos foliares em cada folha selecionada (Evans e

Poorter, 2001).

2.7. Análises estatísticas

Os resultados de cada variável foram submetidos aos testes de Lilliefors e Mauchly

com o objetivo de verificar o atendimento aos pressupostos de distribuição normal e

esfericidade, respectivamente. Os efeitos principais dos períodos de precipitação foram

verificados a partir de análises de variância (ANOVA) de medidas repetidas no tempo. Os

efeitos foram analisados para o conjunto de plantas no dossel e sub-bosque (todos os

grupos) e individualmente para o dossel e sub-bosque. Em algumas ocasiões, as

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28

características não foram tomadas em todas as amostras e, desta forma, para a ANOVA

de medidas repetidas no tempo foram consideradas como amostras somente os indivíduos

em que os dados foram obtidos em todos períodos. Em casos de efeito significativo,

contrastes ortogonais planejados foram utilizados na comparação dos períodos.

Foram testadas relações entre PNmax x gs, PNmax x PItotal, PNmax x N, PNmax x P e PNmax

x K por meio de ajustes de regressão. ANCOVA foi empregada com o objetivo de verificar

o comportamento das relações (inclinação das retas) em cada período e, quando o efeito

da interação não foi significativo, as relações foram agrupadas na mesma reta.

Adicionalmente foram realizadas análises de correlação de Pearson entre a variação de

PNmax e as variações das demais características durante o período seco (�̅�seco/�̅�anua l-1).

O programa estatístico utilizado na análise dos dados foi o Statistica versão 9.0 (StatSoft

Inc., 2010 East 14th Street, Tulsa, OK, USA).

3. Resultados

3.1. Trocas gasosas foliares

A sazonalidade de precipitação induziu variações nos valores de PNmax (Figuras 5A

e B). Elevada proporção de árvores reduziu PNmax durante o período seco em relação ao

valor médio anual. No dossel florestal 93% das árvores reduziram os valores de PNmax, ao

mesmo tempo que no sub-bosque 79% dos indivíduos amostrados apresentaram PNmax

abaixo da média anual. O valor médio de PNmax para o conjunto de árvores no dossel e sub-

bosque reduziu pronunciadamente durante o período seco (F = 19,7; P<0,001; Figura 5A).

Contudo, no período seco/chuvoso, os valores de PNmax retomaram os níveis observados

nos períodos chuvoso e transição chuvoso/seco (F = 0,69; P = 0,41). No dossel florestal, o

efeito do período seco reduziu a fotossíntese máxima em 28% dos valores médios das

demais estações (F = 10,59; P<0,01; Figura 5B), enquanto no sub-bosque a redução foi de

17% (F = 11,54; P<0,01). Em ambos os estratos florestais, durante a transição

seco/chuvoso, o valor médio de fotossíntese foi comparável aos verificados nos períodos

chuvoso e transição chuvoso/seco (Dossel F = 0,94; P = 0,35; Sub-bosque F = 0,013; P =

0,9), sugerindo completa recuperação de PNmax após evento de seca.

Maior proporção de árvores, à semelhança da fotossíntese, reduziu gs durante o

período seco. No entanto, 72% das árvores no dossel apresentavam reduzida condutância

durante a estação de transição chuvoso/seco e mantiveram (87,5%) os baixos valores

durante o período seco. No sub-bosque, observou-se expressiva proporção de plantas que

reduziram gs (83%) somente durante o período seco. A comunidade florestal (dossel e sub-

bosque) reduziu os valores de gs (F = 6,7; P<0,05) e E (F = 4,42; P<0,05) durante o período

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29

chuvoso/seco e manteve pronunciada queda durante o período seco (gs F = 45; P<0,0001;

E F = 37,34; P<0,0001; Figuras 5C e E). No período seco/chuvoso, gs (F = 31,6; P<0,0001)

e E (F = 19,31; P<0,0001) aumentaram em relação ao período seco, porém não alcançaram

os valores observados durante o período chuvoso (gs F = 7,35; P<0,05; E F = 4,78; P<0,05).

No sub-bosque florestal, os valores de gs (F = 32,89; P<0,0001) e E (F = 23,31; P<0,0001)

reduziram somente durante o período seco (Figuras 5D e F). No dossel, por sua vez,

ocorreu antecipada redução de gs e E na transição chuvoso/seco (gs F = 20,86; P<0,001;

E F = 26,59; P<0,001), que permaneceu durante o período seco (gs F = 24,38; P<0,001; E

F = 27,68,34; P<0,001; Figuras 5D e F). Na transição seco/chuvoso, em ambos os estratos,

os valores de gs (Sub-bosque F = 2,93; P = 0,1; Dossel F = 4,56; P = 0,054) não diferiram

dos observados durante o período chuvoso. Por outro lado, os valores de E, durante a

transição seco/chuvoso, foram iguais ao período chuvoso somente no sub-bosque,

indicando recuperação parcial dos valores de transpiração no dossel (Sub-bosque F=0,82;

P>0,05; Dossel F=5,17; P<0,05). A sazonalidade de precipitação não influenciou os valores

de Rd em ambos os estratos florestais (Figuras 5G e H).

3.2. Parâmetros de fluorescência da clorofila a e concentração foliar de clorofila

A eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm) variou entre 0,73 e 0,85, mas os

valores médios permaneceram inalterados ao longo dos períodos de precipitação para

todos os grupos na análise conjunta e individualmente para o dossel (Figuras 6A e B). Por

outro lado, no sub-bosque florestal observou-se efeito dos períodos de precipitação sobre

Fv/Fm (F = 8,7; P<0,001; Figura 6B), com diferenças apenas entre os períodos

chuvoso/seco e seco (F = 35,79; P<0,001). Os valores de PIABS, PItotal e concentração foliar

de clorofila independente do estrato florestal, não variaram ao longo dos períodos

investigados (Figuras 6C, D, E, F, G e H). O índice de desempenho PItotal reduziu em 63%

das árvores no dossel e 55% no sub-bosque durante o período seco, enquanto para PIABS

a proporção ficou em 44% no dossel e 42% no sub-bosque. Essa menor proporção de

árvores que reduziram PIABS e PItotal durante o período seco e a ausência de diferenças

entre as médias dos períodos indicam reduzido efeito da sazonalidade sobre a eficiência

fotoquímica nas etapas inicias do processo fotossintético.

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30

Figura 5. Fotossíntese máxima (PNmax; A e B), condutância estomática (gs; C e D),

transpiração (E; E e F) e respiração foliar no escuro (Rd; G e H) de espécies arbóreas no

dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. Os valores são médias ± erros-padrão

de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque individualmente (à direita). (ngrupos

= 37; ndossel = 13; nsub-bosque = 24). P – valor grifado se refere ao sub-bosque.

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

4

5

6

7

8

9

10

11

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

4

5

6

7

8

9

10

11

Dossel

Sub-bosque

Período

A B

gs (

mm

ol m

-2 s

-1)

40

60

80

100

120

140

160

180

gs (

mm

ol m

-2 s

-1)

40

60

80

100

120

140

160

180C

D

E (

mm

ol m

-2 s

-1)

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

E (

mm

ol m

-2 s

-1)

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

E F

Período

Chuvoso Chuvoso/Seco Seco Seco/Chuvoso

Rd (

mo

l m

-2 s

-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Chuvoso Chuvoso/Seco Seco Seco/Chuvoso

Rd (

mo

l m

-2 s

-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0G H

P < 0,001

P < 0,01

P < 0,01

P < 0,001

P < 0,001

P < 0,001

P < 0,001

P < 0,001

P < 0,001

P > 0,05

P > 0,05

P > 0,05

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Figura 6. Eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm; A e B), índice de desempenho na

base ABS (PIABS; C e D), índice de desempenho total (PItotal; E e F) e concentração foliar

de clorofila (Chl; G e H) de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque florestal. Os valores

são médias ± erros-padrão de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque (à

direita). (ngrupos = 52; ndossel = 16; nsub-bosque = 36). P – valor grifado se refere ao sub-bosque.

Fv/F

m

0,78

0,79

0,80

0,81

0,82

0,83

0,84

0,85

Chl (m

g g

-1)

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Chl (m

g g

-1)

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Fv/F

m

0,78

0,79

0,80

0,81

0,82

0,83

0,84

0,85

Dossel

Sub-bosque

PI to

tal

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

PI to

tal

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

AB

PI A

BS

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

1,9

PI A

BS

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

1,9C D

E F

Chuvoso Chuvoso/Seco Seco Seco/Chuvoso Chuvoso Chuvoso/Seco Seco Seco/Chuvoso

Período

G H

P > 0,05 P > 0,05

P < 0,001

P > 0,05 P > 0,05

P > 0,05

P > 0,05 P > 0,05

P > 0,05

P > 0,05 P > 0,05

P > 0,05

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32

3.3. Conteúdo foliar de nutrientes

A sazonalidade de precipitação não influenciou o conteúdo foliar de N ao longo do

ano (Figuras 7A e B). Os valores de P variaram para todos os grupos em conjunto e no

sub-bosque individualmente, sendo inferiores no período seco/chuvoso para todos os

grupos (F = 32,8; P<0,001; Figura 7C) e no período chuvoso e seco/chuvoso no sub-

bosque (F = 16,09; P<0,001; Figura 7D). Por sua vez, no dossel não observou-se efeito

dos períodos sobre o conteúdo foliar de P (F = 2,83; P = 0,07). O único sinal significativo

de mudanças no conteúdo foliar de K foi observado no sub-bosque durante o período seco,

quando se observou aumento de 35% no conteúdo deste nutriente em relação à média dos

demais períodos (F = 5,26; P = 0,03; Figura 7F).

3.4. PNmax vs características foliares

Houve relação positiva entre PNmax e gs para o conjunto de árvores dos dois estratos,

assim como no dossel e sub-bosque individualmente (Figuras 8A, C e E). Na análise de

todos os grupos em conjunto, a relação PNmax x gs apresentou a mesma inclinação nos

períodos chuvoso e chuvoso/seco (F = 0,65; P = 0,42, Figura 8B), enquanto os períodos

seco e seco/chuvoso se agruparam com a mesma inclinação (F = 0,44; P = 0,51; Figura

8B).

Quando consideradas apenas árvores no dossel florestal, a relação PNmax x gs

apresentou diferentes inclinações entre os períodos seco e chuvoso (F = 9,76; P = 0,004;

Figura 8D), sendo que a maior inclinação e o melhor ajuste da regressão foram observados

durante o período seco, indicando o acentuado efeito de gs sobre PNmax neste período.

Ainda no dossel florestal, os períodos de transição não diferiram dos períodos seco e

chuvoso no que se refere a inclinação das retas, sendo assim na figura 6D estão

demonstradas, com intenção de destacar as diferenças, somente as retas dos períodos

seco e chuvoso. No sub-bosque, por sua vez, os períodos chuvoso e chuvoso/seco

diferiram dos períodos seco e seco/chuvoso no que se refere à inclinação da relação PNmax

x gs (F = 8,51; P = 0,004; Figura 8F), sendo que para esses últimos períodos a relação

apresentou melhor ajuste e inclinação.

À semelhança de gs, existiu relação positiva entre os valores de PNmax e PItotal para

o conjunto de árvores no dossel e sub-bosque (Figuras 9A, C e E). Na comparação dos

períodos, a relação PNmax x PItotal possuiu menor inclinação durante o período seco (F =

4,98; P = 0,027; Figura 9B). No dossel, embora significativa, a relação PNmax x PItotal foi

pouco pronunciada e dentro de cada período, somente existiu relação significativa entre

essas variáveis durante o período seco/chuvoso (Figuras 9C e D). A relação PNmax x PItotal

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foi mais pronunciada no sub-bosque quando comparada ao dossel (Figura 9E). No entanto,

dentro de cada período, houve relação entre PNmax e PItotal somente durante os períodos

seco e seco/chuvoso que não diferiram quanto aos valores de inclinação das retas (F =

1,33; P = 0,254; Figura 9F).

Figura 7. Conteúdo foliar de nitrogênio (N; A e B), fósforo (P; C e D) e potássio (K; E e F)

de espécies arbóreas no dossel e sub-bosque florestal. Os valores são médias ± erro-

padrão de todos os grupos (à esquerda) e dossel e sub-bosque (à direita). (ngrupos = 46;

ndossel = 15; nsub-bosque = 31). P – valor grifado se refere ao sub-bosque.

N (

g c

m-2)

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

N (

g c

m-2)

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

Dossel

Sub-bosque

P (

mg

cm

-2)

20

30

40

50

60

P (

mg

cm

-2)

20

30

40

50

60

Chuvoso Chuvos/Seco Seco Seco/Chuvoso

K (

g c

m-2)

0,15

0,18

0,20

0,23

0,25

0,28

0,30

0,33

Período

Chuvoso Chuvos/Seco Seco Seco/Chuvoso

K (

g c

m-2)

0,15

0,18

0,20

0,23

0,25

0,28

0,30

0,33

A B

DC

E F

P > 0,05

P > 0,05

P > 0,05

P > 0,05

P < 0,01

P > 0,05

P < 0,001

P > 0,05

P < 0,05

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34

Figura 8. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e condutância estomática (gs) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos os grupos (n =

166); C e D – Dossel (n = 66); E e F - Sub-bosque (n = 100).

No que se refere à relação entre PNmax e o conteúdo foliar de nutrientes, existiram

relações positivas de PNmax x N, P e K. Para nitrogênio, a relação foi significativa para os

grupos em conjunto e dossel individualmente, mas não foram observadas diferenças nas

inclinações da relação (PNmax x N) entre os diferentes períodos (Figura 10). Observou-se

relação entre PNmax e P em todos os grupos em conjunto, assim como individualmente no

dossel e sub-bosque, sendo destacável a pronunciada relação entre as variáveis no

período seco/chuvoso (Figura 11). De outra forma, o conteúdo foliar de K possuiu relação

com PNmax quando todos os grupos são considerados em conjunto e no sub-bosque

individualmente (Figura 12). Dentro de cada período, na análise dos grupos, observou-se

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Seco e Seco/Chuvoso

Chuvoso e Chuvoso/Seco

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Todos Grupos

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

16Dossel

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13Chuvoso

Seco

gs (mmol m-2 s-1)

0 50 100 150 200 250

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11Sub-Bosque

50 100 150 200 250 300

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11Chuvoso e Chuvoso/Seco

Seco e Seco/Chuvoso

A B

C D

E F

Pn=0,0273(Gs)+3,95

R2=0,33

p<0,001

Pn=0,0287(Gs)+5,28

R2=0,39

p<0,001

Pn=0,0190(Gs)+3,79

R2=0,42

p<0,001

Pn=0,0436(Gs)+2,64

R2=0,56

p<0,001

Pn=0,0195(Gs)+4,74

R2=0,20

p<0,001

Pn=0,0483(Gs)+2,99

R2=0,88

p<0,001

Pn=0,0211(Gs)+5,60

R2=0,53

p<0,01

Pn=0,0307(Gs)+2,95

R2=0,55

p<0,001

Pn=0,0156(Gs)+4,09

R2=0,35

p<0,001

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35

relação significativa nos períodos chuvoso, chuvoso/seco e seco/chuvoso que não

diferiram as inclinações das retas (Figuras 12A e B), enquanto no sub-bosque apenas

dentro dos períodos chuvoso e chuvoso/seco as relações foram significativas e não

diferiram as inclinações (Figuras 12C e D).

Figura 9. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e índice de desempenho (PItotal) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

166); C e D – Dossel (n = 66); E e F - Sub-bosque (n = 100).

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Todos Grupos

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Chuvoso; Chuvoso/Seco e Seco/Chuvoso

Seco

2

4

6

8

10

12

14

16Dossel

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

PItotal

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

2

4

6

8

10

Sub-Bosque

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

2

4

6

8

10

A B

C D

E F

Pn=3,506(PI)+4,86

R2=0,33

p<0,001

Pn=1,539(PI)+7,26

R2=0,07

p<0,05

Pn=3,49(PI)+4,34

R2=0,2

p<0,0001

Pn=4,01(PI)+4,87

R2=0,38

p<0,001

Pn=2,185(PI)+4,64

R2=0,27

p<0,001

Pn=3,45(PI)+6,25

R2=0,32

p<0,05

Seco/Chuvoso

Pn=4,20(PI)+3,95

R2=0,24

p<0,001

Seco e Seco/Chuvoso

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36

Figura 10. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de nitrogênio (N)

em árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. À esquerda - Todos grupos

(n = 158); à direita – Dossel (n = 64).

Figura 11. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de fósforo (P) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

158); C e D – Dossel (n = 64); E e F - Sub-bosque (n = 94).

N (g cm-2

)

0 1 2 3

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18P

Nmax=2,27(N)+3,65

R2=0,24

p<0,001

Todos Grupos

0 1 2 3 4

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

16

18P

Nmax=1,25(N)+6,36

R2=0,08

p<0,05

Dossel

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Todos Grupos

PNmax

=0,08(P)+3,94

R2=0,31

p<0,0001

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Chuvoso, Chuvoso/Seco e Seco

Seco/Chuvoso

PNmax

=0,15(P)+2,59

R2=0,59

p<0,0001

PNmax

=0,07(P)+3,97

R2=0,31

p<0,0001

PN

max

(m

ol m

-2 s

-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

PNmax

=0,07(P)+6,55

R2=0,07

p<0,0001

Dossel

PN

max

(m

ol m

-2 s

-1)

0

2

4

6

8

10

12

Chuvoso/Seco

PNmax

=0,13(P)+3,5

R2=0,36

p<0,05

P (mg cm-2)

0 20 40 60 80 100

0

2

4

6

8

10

PNmax

=0,04(P)+4,61

R2=0,07

p<0,001

Sub-bosque

0 20 40 60 80 100 120

0

2

4

6

8

10

Chuvoso

Seco/Chuvoso

PNmax

=0,08(P)+3,48

R2=0,26

p<0,05

PNmax

=0,12(P)+3,18

R2=0,34

p<0,01

AB

CD

E F

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37

Figura 12. Relação entre fotossíntese máxima (PNmax) e conteúdo foliar de potássio (K) em

árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. A e B - Todos grupos (n =

158); C e D – Sub-bosque (n = 94).

3.5. Redução em PNmax vs características foliares

Foram analisadas correlações entre a redução observada em PNmax durante o

período seco, em relação à média anual, e demais características fotossintéticas foliares

(Tabela 1). A redução em PNmax durante o período seco correlacionou-se com a redução

em gs em todos os grupos em conjunto, assim como, no dossel e sub-bosque

individualmente. Por outro lado, parâmetros do desempenho fotoquímico (Fv/Fm, PIABS e

PItotal) e concentração foliar de clorofila não apresentaram correlação com a redução em

PNmax durante o período seco, assim como os conteúdos foliares de nitrogênio e potássio.

Redução no conteúdo de fósforo correlacionou-se com a redução em PNmax somente

quando os grupos foram analisados em conjunto.

Em função do aumento no conteúdo de potássio durante o período seco no sub-

bosque, adicionalmente foi testada a correlação entre alterações na condutância e

alterações no conteúdo de potássio durante o período seco em relação à média anual.

Porém, como resultado não foram observadas correlações significativas (Todos os grupos

r = 0,1 P = 0,6; Dossel r = 0,46 P = 0,08; Sub-bosque r = -0,37 P = 0,08).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18Chuvoso, Chuvoso/Seco, Seco/ChuvosoTodos Grupos

PNmax

=6,85(K)+5,39

R2=0,13

p<0,0001

PNmax

=11,75(K)+4,77

R2=0,24

p<0,0001

K (g cm-2)

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

PNmax

=3,18(K)+5,11

R2=0,06

p<0,05

Sub-bosque

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

PN

max (

mo

l m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

Chuvoso e Seco/Chuvoso

PNmax

=10,53(K)+4,09

R2=0,34

p<0,001

A B

C D

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38

Tabela 1. Coeficiente de correlação de Pearson entre a redução em PNmax durante o

período seco e reduções em características foliares.

PNmax vs Todos os grupos Dossel Sub-bosque

gs 0,78*** 0,85*** 0,82***

Fv/Fm -0,10ns -0,12ns -0,07ns

PIABS -0,12ns -0,15ns -0,1ns

PItotal 0,10ns 0,10ns 0,08ns

Chl -0,06ns 0,45ns -0,31ns

N 0,31ns 0,43ns 0,07ns

P 0,43* 0,08ns 0,32ns

K 0,23ns 0,09ns -0,01ns

*P<0,05; ***P<0,001 e ns P≥0,05. �̅�seco/�̅�anual)-1.

4. Discussão

4.1. Sazonalidade de precipitação influencia as trocas gasosas foliares de espécies

florestais no dossel e sub-bosque

As condições ambientais predominantes durante o período sazonalmente seco, em

um ano sobre influência do fenômeno climático El Niño, impuseram fortes restrições à

assimilação de CO2 pela vegetação na Amazônia Central (Figura 5). Eventos de secas

severas modificam o balanço de carbono na Amazônia (Gatti et al., 2014, Aragão et al.,

2014; Hilker et al., 2014; Doughty et al., 2015) pela redução da fotossíntese e ocasionam

a mortalidade de árvores em grande escala devido à cavitação e/ou a depleção de carbono

armazenado na forma de carboidratos (carbon starvation) (Philips et al., 2009; Rowland et

al., 2015).

A redução da fotossíntese durante o período seco foi independente do ambiente e

quando considerado o conjunto de árvores no dossel e sub-bosque, o período seco impôs

redução de 18% na fotossíntese em relação à média dos demais períodos. Contudo, no

dossel florestal o efeito foi mais pronunciado, tanto para os valores de PNmax como para os

valores de gs, pois estes já apresentavam tendência de queda durante a transição entre os

períodos chuvoso e seco (Figura 5D). Árvores no dossel apresentam maior sistema

radicular, quando comparadas às plantas no sub-bosque, e, portanto, exploram camadas

mais profundas do solo, garantindo maior acesso à água e hidratação celular (Nepstad et

al., 1994). Porém, as condições ambientais típicas no dossel florestal são de menor

umidade do ar, elevada temperatura e irradiância (Chazdon e Fetcher, 1984; Kumagai et

al., 2001; Kamakura et al., 2015), que são agravadas durante períodos de menor

precipitação (Figuras 3 e 4). Por estarem menos expostas às mudanças na atmosfera

durante o período seco, as plantas no sub-bosque reduziram PNmax e gs em menor

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39

magnitude que as plantas do dossel (Figuras 5B e D). Folhas de sol e sombra, por exemplo,

lidam de forma diferente frente às mudanças sazonais de disponibilidade hídrica e

irradiância, sendo que em folhas expostas ao pleno sol ocorrem maiores reduções nos

valores de PNmax e gs em condições de seca e elevada irradiância (Sperlich et al., 2015).

Os resultados obtidos nesse estudo indicam que as condições ambientais na interface

vegetação-atmosfera possuem maior influência sobre a redução da condutância

estomática e consequentemente da assimilação de CO2 no dossel florestal. Por outro lado,

a menor exposição das plantas do sub-bosque às condições atmosféricas atenuou o efeito

da seca, no entanto a redução na fotossíntese ainda foi destacável (Figura 5B).

4.2. Limitação estomática explica redução em PNmax durante o período seco

A partir das relações entre PNmax e gs, observou-se que durante o período seco a

condutância estomática exerceu pronunciado efeito sobre a fotossíntese, especialmente

em plantas no dossel florestal (Figura 8), corroborando a hipótese da restrição estomática

à captura de carbono durante o período seco. A redução de gs e E durante o período seco

é uma resposta à perda de água, pois para manter o estado de hidratação celular as plantas

fecham os estômatos, reduzem a transpiração (Figura 5) e, desta forma, mantêm o

potencial hídrico foliar mesmo em condições de baixa disponibilidade hídrica no solo e

elevada demanda evaporativa da atmosfera, conforme reportado em espécies arbóreas

tropicais (Reich e Borchert et al., 1988; Bonal et al., 2000; Cao, 2000; Miranda et al., 2005).

Além da relação direta entre PNmax e gs, a redução generalizada na fotossíntese máxima

durante o período seco (PNmax) foi correlacionada com a redução na condutância

estomática (gs) no dossel e no sub-bosque (Figura 13 e Tabela 1). Esses resultados

reforçam a afirmação que a fotossíntese foi primariamente reduzida pela limitação

estomática durante o período seco.

Durante o período chuvoso/seco, as árvores no dossel reduziram os valores de gs,

que permaneceram baixos (<100 mmol m-2 s-1) no decorrer do período seco. Em

contrapartida, os valores de fotossíntese somente reduziram no período de menor

precipitação (Figura 5). Uma evidência que explica essa divergência entre os

comportamentos de gs e PNmax, nessa ocasião, é a relação entre carbono interno e carbono

ambiente (Ci/Ca). Durante o período chuvoso/seco, os valores de Ci/Ca foram superiores

aos observados no período seco (tpareado = 2,2; P = 0,01; dados não mostrados), por outro

lado, os valores de transpiração e condutância estomática foram reduzidos no dossel

durante os dois períodos (chuvoso/seco e seco; Figura 5), indicando desta forma que a

redução em gs a partir do período chuvoso/seco, a priori, reduziu a perda de água, mas não

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40

impôs limitações ao suprimento de CO2 até as câmaras subestomáticas e

consequentemente à fotossíntese.

Figura 13. Relação entre redução na fotossíntese máxima (PNmax) e condutância

estomática (gs) em árvores no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa. Valores

da correlação são representados na Tabela 1. (ndossel = 15; nsub-bosque = 24). �̅�seco/�̅�anual)-

1.

4.3. Sazonalidade de precipitação não afeta a concentração de clorofila, o desempenho

fotoquímico e Rd em espécies florestais no dossel e sub-bosque

A limitação estomática impôs fortes restrições ao suprimento de CO2 e

consequentemente ao processo fotossintético durante o período seco. No entanto, outros

subprocessos podem estar associados à redução da fotossíntese durante períodos de

estresse hídrico (Flexas e Medrano 2002; Flexas et al., 2006). Conforme sumarizado por

Flexas e Medrano (2002), a atividade da Ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase/oxigenase

(Parry et al., 2002; Bota et al., 2004), assim como a disponibilidade do substrato RuBP

(Sánchez-Rodriguez et al., 1997), síntese de ATP (Tezara et al., 1999), danos fotoquímicos

e fotoinibição permanente (Bjorkman e Powles, 1984; Reddy et al., 2004) são limitações

não-estomáticas à assimilação de CO2 em condições de seca moderada e/ou severa.

gs

-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4

PN

max

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

Dossel

Sub-bosque

P = 0,5 ( gs)+ 0,02

R = 0,75; P<0,0001

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41

Nesse contexto, a análise do transiente de fluorescência da clorofila a tem sido utilizada,

por meio de desdobramentos do teste JIP, como ferramenta de análise de danos ao

aparato fotossintético mediante diversos estresses bióticos e abióticos (Stirbet e Govindjee,

2011), dentre eles a seca (van Rensburg et al., 1996; Redillas et al., 2011), elevada

irradiância (Gonçalves et al., 2007) e temperatura (Strasser 1997; Stefanov et al., 2011).

Embora a integridade e funcionalidade do aparato fotossintético possam ser

danificadas em condições de baixa disponibilidade de água, elevada temperatura e

irradiância, condições típicas durante secas extremas, no presente estudo, as árvores no

dossel e sub-bosque não foram afetadas no que se refere à concentração foliar de clorofila,

eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm), potencial de conservação de energia dos fótons

absorvidos pelo PSII para a redução de aceptores de elétrons inter-sistemas (PIABS) e

potencial de conservação de energia dos fótons absorvidos pelo PSII para a redução de

aceptores finais de elétrons do PSI (PItotal). Embora os valores de Fv/Fm no sub-bosque

variaram ao longo do ano, as reduções não foram correlacionadas com reduções na

fotossíntese (Tabela 1); as mudanças nos valores médios foram sutis (0,821-0,830), assim

como, não existiram diferenças dos valores entre os períodos seco, chuvoso e transição

seco/chuvoso (Figura 6B). Geralmente, o estresse hídrico não proporciona alterações na

eficiência quântica máxima do PSII (Lawlor e Tezara, 2009), sendo que alterações na

disponibilidade de luz no sub-bosque pode ter sido a causa mais efetiva da mudança

sazonal de Fv/Fm, uma vez que menores valores de irradiância foram observados durante

o período de máximo Fv/Fm (chuvoso/seco; Figura 4).

A sazonalidade de precipitação não influenciou os valores de PItotal, independente

do estrato florestal. Além disso, as relações entre PNmax e PItotal não demonstraram padrão

de mudança em função dos períodos, ou seja, as mudanças em PNmax ao longo dos

períodos não foi correlacionada com as alterações em PItotal (Figura 9 e Tabela 1). O índice

de desempenho PItotal é o parâmetro mais sensível do teste JIP, pois integra parâmetros

representativos de todas as fases do transiente OJIP (Strasser et al., 2010). Assim, PItotal

tem sido utilizado em diversos trabalhos que analisam efeitos do estresse hídrico sobre a

funcionalidade do transporte de elétrons no aparato fotossintético (Strasser et al., 2010;

Redillas et al., 2011; Desotgiu et al., 2012; Campos et al., 2014). O provável

desacoplamento entre o transporte de elétrons e a assimilação de CO2 durante o período

seco no presente estudo pode ser resultado de uma maior contribuição de outros

processos na utilização da energia e poder redutor gerado na cadeia transportadora de

elétrons (ATP, Fd- e NADPH), sendo a fotorrespiração uma das vias sugeridas como

mecanismo de utilização da energia excedente produzida em condições onde a

assimilação de CO2 é limitada (Martinez-Ferii et al., 2000, Haupt-Herting e Fock, 2002;

Lawlor e Tezara, 2009). Adicionalmente, nossos resultados concordam com outros

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42

trabalhos que anteriormente observaram desvio entre a fotossíntese e a captação e

utilização da energia nas etapas iniciais do processo fotossintético (Chastain et al., 2014;

Osuna et al., 2015).

Condições de seca somadas a elevada temperatura e irradiância, podem

desencadear a degradação das clorofilas presentes nas membranas dos cloroplastos em

decorrência da formação de espécies reativas de oxigênio (Reddy et al., 2004). No entanto,

as condições impostas ao longo dos períodos sazonais não alteraram a concentração de

clorofila (Figuras 6G e H) no dossel e sub-bosque, indicando que mecanismos de

prevenção do dano oxidativo podem ter atuado na manutenção da funcionalidade (e.g.

eficiência no transporte de elétrons) e estrutura (e.g. concentração de clorofila) do aparato

fotossintético (Asada, 1999; Demmig-Adams e Adams, 2000, Reddy et al., 2004; Wujeska

et al., 2013). Recentemente surgiu um debate sobre a resiliência da floresta Amazônica às

condições de seca em decorrência da observação de um “enverdecimento” da floresta.

Assim, durante períodos de menor precipitação quando maiores valores de irradiância

estão disponíveis em decorrência da reduzida nebulosidade ocorreria (ou não) o

“enverdecimento” da floresta conforme alterações na composição etária de folhas e

concentração de clorofila (Saleska et al., 2007; Lee et al., 2013; Morton et al., 2014). Os

resultados aqui demonstrados suportam as evidências de manutenção da concentração de

clorofila reportado por Lee et al., 2013, no entanto, divergem ao apontar a manutenção do

desempenho fotoquímico. Essa divergência pode ser explicada em parte pelo emprego de

diferentes técnicas, diferentes escalas espaciais e também variação diurna dos parâmetros

de fluorescência, tendo em vista que os autores reportaram reduções na fluorescência e

ganho de carbono ao meio dia durante o período seco, enquanto os dados aqui reportados

se referem às condições no início da manhã (8-10h).

A recuperação dos valores de gs e PNmax após a retomada da precipitação durante

o período seco/chuvoso sugere a capacidade de recuperação da floresta à limitação

imposta durante o período seco (Figuras 5A, B, C e D). Eventos de precipitação podem

interromper os efeitos em longo prazo da redução na disponibilidade hídrica em florestas

tropicais (Domingues et al., 2013) e, além disso, dentre os diversos fatores, a manutenção

da integridade e funcionalidade do aparato fotossintético pode ser responsável pela rápida

recuperação da fotossíntese após períodos de secas extremas (Gallé et al., 2007; Osuna

et al., 2015). Assim, os resultados desse trabalho evidenciam que além da capacidade de

regulação da abertura e fechamento estomático, a manutenção da concentração de

clorofila e funcionalidade do aparato fotossintético durante o período seco possibilitou às

espécies no dossel e sub-bosque a recuperação dos valores de PNmax no período

seco/chuvoso.

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43

De forma semelhante ao desempenho fotoquímico, os valores de Rd não foram

alterados ao longo dos períodos analisados, sendo assim os efeitos da seca foram

pronunciados sobre o processo fotossintético, mas não alteraram o metabolismo

respiratório (Doughty et al., 2015). Os valores de Rd estão dentro da faixa observada em

espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de florestas tropicais, assim como, os maiores

valores observados no dossel concordam com os reportados na literatura (Carswell et al.,

2000; Miranda et al., 2005; Kosugui et al., 2012; Domingues et al., 2013; Weerasinghe et

al., 2014, Rowland et al., 2015b). Em função de uma redução na respiração de crescimento,

os valores de respiração podem reduzir em condições iniciais de estresse hídrico, no

entanto, a respiração de manutenção é elevada quando o conteúdo foliar de água reduz

drasticamente (<50%) e consequentemente os valores globais de respiração são maiores

(Flexas et al., 2005). Possivelmente, o fechamento estomático e a manutenção da água na

folha aliviaram as condições de desidratação, assim como, o retorno da precipitação

durante o período seco/chuvoso interrompeu o efeito do estresse em longo prazo. Em

condições de prolongada redução na disponibilidade de água, a respiração aumenta em

espécies arbóreas vulneráveis à seca devido à elevada demanda energética para reparos

relacionados ao estresse hídrico e manutenção de processos osmóticos e hidráulicos

(Metcalfe et al., 2010; Rowland et al., 2015b).

4.4. Conteúdos foliares de nutrientes (N, P e K) vs PNmax em espécies florestais durante o

período seco

A redução de PNmax durante o período seco não foi uma resposta generalizada à

redução no conteúdo foliar de nitrogênio e fósforo (Figura 7). Somente 47% e 37% das

árvores no dossel e sub-bosque, respectivamente, reduziram N durante o período seco em

relação à média anual, enquanto o conteúdo de P reduziu em 53% das árvores no dossel

e 34% das plantas no sub-bosque. A capacidade fotossintética é, reconhecidamente,

correlacionada com as concentrações de N e P, pois esses nutrientes são fundamentais

ao metabolismo fotossintético, por exemplo, na constituição de enzimas, complexos

coletores de luz, membranas biológicas, ácidos nucléicos e intermediários do ciclo de

Calvin-Benson (Evans, 1989; Reich et al., 1994; Raaimakers et al., 1995; Hidaka e

Kitayama, 2013). Os valores de N relacionaram-se com a fotossíntese em situações

restritas quando todos os grupos foram analisados em conjunto ou no dossel florestal

(Figura 10), enquanto a relação PNmax x P foi observada em todos os ambientes e com

maior coeficiente de determinação na análise de todos os grupos (Figura 11). Além disso,

correlação significativa entre PNmax e P foi observada durante o período seco quando

todos os grupos foram considerados em conjunto (Tabela 1). A limitação da fotossíntese

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44

e, consequentemente, da produtividade primária da floresta em sítios na Amazônia com

reduzidas concentrações de fósforo foi previamente reportada (Mercado et al., 2011) e, de

forma geral, as evidências mostram que as concentrações foliares de fósforo são

determinantes para a fotossíntese em maior magnitude que o nitrogênio no sítio em

questão, embora não estejam associados a queda na fotossíntese durante o período seco,

quando os ambientes (dossel e sub-bosque) são analisados individualmente.

Recentemente foi demonstrado o efeito do suprimento e dos teores foliares de fósforo

sobre o desempenho fotossintético de espécies arbóreas tropicais em condições de baixa

disponibilidade de luz, principalmente, no que se refere ao aprimoramento da condutância

estomática (Pasquini e Santiago, 2012, Santiago, 2015). Por fim, concentrações de N em

florestas temperadas e tropicais ao longo do período sazonal não interferem nos valores

de fotossíntese na maioria das espécies analisadas, seja pela manutenção dos conteúdos

de N em condições que a fotossíntese reduz (Wilson et al., 2000; Xu e Baldocchi, 2003;

Grassi et al., 2005) ou reduzida aclimatação da fotossíntese durante o período seco

(Domingues et al., 2013).

O maior conteúdo foliar de potássio observado durante o período seco em plantas

no sub-bosque pode estar associado ao papel desse nutriente na regulação estomática e

ajuste osmótico, com vista na manutenção dos níveis “normais” de fotossíntese, transporte

de fotoassimilados e, consequentemente, evitando danos oxidativos as membranas do

cloroplasto (Cakmak, 2005; Cochrane e Cochrane, 2009). Assim, os elevados conteúdos

foliares de potássio no sub-bosque podem ser uma tentativa de lidar com a redução na

disponibilidade hídrica (Sardans et al., 2012; Sardans et al., 2015). Mas, esse mecanismo

parece não ser pronunciado o bastante ao ponto de manter a regulação estomática, pois

não foram observadas correlações entre o aumento no conteúdo foliar de K e manutenção

da condutância estomática e fotossíntese (Tabela 1), ou seja, plantas que acumularam

mais potássio nas folhas também reduziram a condutância estomática e,

consequentemente, a fotossíntese na mesma intensidade que plantas que não

acumularam.

5. Conclusões

A sazonalidade de precipitação em um ano de ocorrência do fenômeno climático El

Niño influencia a fotossíntese em floresta ombrófila densa na Amazônia Central.

Independente do estrato florestal ocorre pronunciada redução na fotossíntese durante o

período seco, principalmente pela forte limitação estomática. No entanto, a retomada da

precipitação durante o período de transição (seco/chuvoso) interrompeu os efeitos do

estresse em longo prazo e manteve outros processos relacionados ao desempenho

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fotossintético e respiração foliar relativamente inalterados. Os teores foliares de fósforo e

potássio variaram sazonalmente, contudo, não estiveram associados com a redução da

fotossíntese durante o período seco. Os valores de fotossíntese máxima recuperaram com

a retomada da precipitação no período seco/chuvoso. Mas, a pronunciada redução da

fotossíntese no período seco, em ano de El Niño, demonstra os possíveis efeitos que

eventos de secas severas e recorrentes podem proporcionar ao balanço de carbono na

Amazônia Central.

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1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, CEP 69060-001, Manaus (AM). [email protected] 2Dr., Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Agrárias. UFAM – Universidade Federal do Amazonas. Av. General Rodrigo Octavio Jordão Ramos, 3000, Bloco V, Sala 2 – Coroado I – 69077-000 – Manaus, AM. [email protected] 3Dr., Pesquisador Titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, CEP 69060-001, Manaus (AM). [email protected]

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66

Capítulo 2. MECANISMOS DE CAPTAÇÃO E USO DA IRRADIÂNCIA NO DOSSEL E

SUB-BOSQUE DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NA AMAZÔNIA CENTRAL

Mechanisms of irradiance harvesting and use in the canopy and understory of a Central

Amazonian rainforest

Victor Alexandre Hardt Ferreira dos Santos1, Marciel José Ferreira2, José Francisco

de Carvalho Gonçalves 3

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Resumo

A disponibilidade de irradiância em florestas tropicais varia sobremaneira entre os estratos

superior (dossel) e inferior (sub-bosque). Os mecanismos de captação e uso da irradiância

disponível que determinam as elevadas taxas fotossintéticas no dossel florestal, assim

como, balanço positivo de carbono no sub-bosque são pouco compreendidos. Nesse

estudo, os mecanismos de captação e uso da irradiância em espécies arbóreas crescendo

no dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central foram

investigados na expectativa de identificar quais características foliares melhor contribuem

para a captação da irradiância no sub-bosque e utilização da energia absorvida no dossel.

Para tanto, análises relativas às características morfoanatômicas (massa foliar específica

e espessura de tecidos foliares) e funcionais foliares (teores foliares de pigmentos

cloroplastídicos, fósforo e nitrogênio, parâmetros do transiente polifásico de fluorescência

da clorofila a e trocas gasosas) foram realizadas durante os períodos chuvoso (abril),

transição chuvoso/seco (julho), seco (setembro) e transição seco/chuvoso (novembro) em

19 árvores no dossel e 38 plantas de espécies arbóreas no sub-bosque. No dossel florestal,

os valores de massa foliar específica, espessura foliar e espessura do parênquima

paliçádico foram 73%, 23% e 71% superiores quando comparados com os valores das

folhas do sub-bosque, respectivamente. Conteúdos foliares de nitrogênio e fósforo foram

destacadamente superiores no dossel. Elevada eficiência no transporte de elétrons

associada ao fotossistema I (PS I) aprimorou em 2 vezes o desempenho fotoquímico (PItotal)

no dossel. Essas características correlacionaram-se com altos valores de fotossíntese

máxima no dossel. No sub-bosque foram verificadas maiores concentrações de pigmentos

cloroplastídicos na base de massa foliar, elevada proporção de epiderme foliar em relação

à espessura foliar, partição de nitrogênio para os complexos coletores de luz e eficiência

nas etapas iniciais de captura da energia no fotossistema II (PS II). Essas características

foliares no sub-bosque em paralelo à reduzida respiração foliar no escuro possibilitam uma

irradiância de compensação comparável aos níveis de irradiância disponíveis no sub-

bosque, garantindo assim balanço positivo de carbono. Assim, os resultados desse

trabalho permitem concluir que espécies no dossel florestal apresentam maior fotossíntese

em função de parênquima paliçádico desenvolvido, maiores conteúdos foliares de

nitrogênio e fósforo e eficiente redução dos aceptores finais de elétrons do PSI. Enquanto,

espécies arbóreas no sub-bosque florestal, além de apresentarem características

morfoanatômicas e funcionais que otimizam a interceptação e absorção da irradiância, são

eficientes durante as etapas iniciais da cadeia de transporte de elétrons, sendo essas

características essenciais à manutenção da assimilação de CO2 em condições de baixa

disponibilidade de irradiância.

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Palavras Chave: fotossíntese, fluorescência da clorofila a, fotossistema I, pigmentos

cloroplastídicos, floresta tropical

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Abstract

The availability of irradiance in tropical forests varies greatly between canopy and

understory extremes in the forest vertical profile. The mechanisms of irradiance harvesting

and use that determine the high photosynthesis in the canopy and positive carbon budget

in the understory are poorly understood. Mechanisms of harvesting and use of available

irradiance may determine the high photosynthesis in the canopy, as well as, positive carbon

budget in the understory. In this study, the mechanisms of irradiance harvesting and use in

tree species growing in canopy and understory of a Central Amazonian rainforest were

investigated with objective of examine which leaf traits contribute for a better harvesting of

irradiance in the understory and use of absorbed energy in the canopy. During the wet

(April), wet/dry transition (July), dry (September) and dry/wet transition (November) seasons

were evaluated in 19 canopy tree and 38 tree saplings in the understory morphoanatomical

leaf traits (leaf mas area and thickness of leaf tissues) and functional leaf traits (chloroplastid

pigments, phosphorus and nitrogen, chlorophyll a fluorescence parameters and gas

exchange). In the canopy, the leaf mass area, leaf and palisade layer thickness were,

respectively, 73%, 23% and 71% highest than understory. Leaf nitrogen and phosphorus

content were notably higher in the canopy. Efficiency in electron transport associated to

photosystem I (PSI) improved in 2 times the photochemical performance (PItotal) in the

canopy. These traits determined high light saturated photosynthesis in the canopy. In the

other hand, higher chloroplastid pigments concentration, thick leaf epidermis, nitrogen

partitioning to light-harvesting complexes and efficiency in initial steps of energy harvesting

in the photosystem II were observed in the understory. These leaf traits and reduced leaf

dark respiration allows reduced irradiance compensation point in the understory, in levels

comparable to irradiance in this environment, ensuring positive carbon budget. In synthesis,

species in the canopy of forest exhibit a higher photosynthesis in consequence of leaf

structure, higher leaf nitrogen and phosphorus content and efficient reduction of end

electrons acceptors at the PSI. While, trees species in the understory, besides presenting

morpho-anatomical and functional traits which optimize the interception and absorption of

light, are efficient during the initial steps of electrons transport chain. These characteristics

are essential to maintenance of CO2 assimilation in low available irradiance conditions.

Keywords: photosynthesis, chlorophyll a fluorescence, photosystem I, chloroplastid pigments, tropical forest

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1. Introdução

A diversidade e produtividade de ecossistemas florestais complexos, tais como, as

florestas tropicais, estão associadas à eficiência no uso dos recursos pelas diversas

espécies vegetais (Valadares e Niinemets, 2008; Ishii et al., 2013). Ao longo do perfil

vertical de florestas tropicais, a estrutura e composição da vegetação promovem

heterogeneidade na disponibilidade dos recursos, sendo destacável a redução exponencial

da irradiância a partir do dossel em direção ao sub-bosque (Castro, 2000; Kenzo et al.,

2015). No estrato inferior das florestas chega, geralmente, apenas 1-2% da irradiância

disponível nas camadas superiores do dossel (Nicotra et al., 1999; Kenzo et al., 2015).

Genótipos adaptados ou fenótipos aclimatados podem lidar com a redução na

disponibilidade de irradiância no sub-bosque por meio de diversos mecanismos associados

à eficiente interceptação, absorção e utilização desse recurso e, assim, manter o balanço

de carbono que assegure a permanência dos indivíduos no ambiente (Valadares e

Niinemets, 2008). Por outro lado, a tolerância à elevada irradiância no dossel de florestas

tropicais, que pode alcançar valores acima de 2600 µmol m-2 s-1, requer mecanismos que

maximizam a utilização da luz, assim como, reduzam os danos causados pelo excesso de

energia de excitação no aparato fotossintético (Wright e Colley, 1994; Demmig-Adams e

Adams, 2000; Kenzo et al., 2006).

Nas últimas décadas, diversas evidências foram apresentadas acerca das

variações morfológicas, anatômicas, fisiológicas e bioquímicas impostas pelo gradiente

microclimático ao longo do perfil vertical de florestas tropicais (Carswell et al., 2000; Kenzo

et al., 2006; Domingues et al., 2005; Kosugi et al., 2012; Weerasinghe et al., 2014; Kenzo

et al., 2015). Neste contexto, condições de reduzida disponibilidade de luz no sub-bosque

determinam características foliares que maximizam a absorção desse recurso e

possibilitam um balanço positivo de carbono, tais como: maior área foliar específica (Evans

e Poorter, 2001), características ópticas da epiderme, por exemplo espessura e

convexidade, que focalizam a luz difusa (Bone et al., 1985; Vogelmann et al., 1996), maior

concentração de pigmentos cloroplastídicos na unidade de massa (Lichtenthaler e Babani,

2004), alocação predominante de nitrogênio para complexos pigmento-proteicos dos

tilacoides (Evans et al., 1989; Kenzo et al., 2006), maior grau de empilhamento dos

tilacoides na ultraestrutura dos cloroplastos (Boardman, 1977) e, principalmente em função

de reduzida respiração foliar no escuro, baixa irradiância de compensação de luz (Craine

e Reich, 2005; Valadares e Niinemets, 2008). Em outro extremo, a elevada disponibilidade

de luz no dossel, condiciona maiores valores de fotossíntese e respiração foliar no escuro,

mesofilo com maior espessura de parênquima paliçádico, maiores conteúdos de nitrogênio

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e fósforo na unidade de massa e maior capacidade fotossintética (Kenzo et al., 2006;

Kosugi et al., 2012; Weerasinghe et al., 2014; Kenzo et al., 2015).

Embora o comportamento ecofisiológico das espécies arbóreas em condições de

sub-bosque e dossel de florestas tropicais tenha sido bastante estudado, na Amazônia em

particular, as respostas das espécies nessas condições ainda são pouco compreendidas

(Carswell et al., 2000, Domingues et al., 2005; Domingues et al., 2014). Além disso, o

melhor entendimento sobre a integridade e funcionalidade do aparato fotossintético

associado à eficiência no transporte de elétrons entre espécies no dossel e sub-bosque de

florestas tropicais pode ser acessado a partir dos parâmetros obtidos do transiente

polifásico da fluorescência da clorofila a (Stirbet e Govindjee, 2011). O teste JIP utiliza

diversas fases do transiente polifásico (e.g. O-J-I-P) para desdobramentos de parâmetros

associados à sucessivas reduções de aceptores de elétrons ao longo da cadeia de

transporte de elétrons nos tilacoides, desde o aprisionamento de elétrons no fotossistema

II (PSII) até redução dos aceptores finais de elétrons no fotossistema I (PSI) (Strasser et

al., 1995; Strasser et al., 2010; Stirbet e Govindjee, 2011).

As hipóteses testadas nesse estudo foram: (i) em plantas no sub-bosque, o balanço

positivo de carbono será assegurado por características morfoanatômicas (maior

espessura de epiderme e menor massa foliar específica), funcionais (maior concentração

de pigmentos cloroplastídicos e partição de nitrogênio para clorofila), assim como, maior

eficiência nas etapas iniciais da transformação da energia absorvida em potencial redox

(Fv/Fm e PIABS) associadas com menor irradiância de compensação (Kenzo et al., 2006;

Valadares e Niinemets, 2008); (ii) por outro lado, em espécies presentes no dossel florestal,

elevados valores de fotossíntese serão consequência de maior espessura do parênquima

paliçádico, massa foliar específica, concentração foliar de nitrogênio e fósforo e eficiência

nas etapas finais da cadeia transportadora de elétrons (Fase-IP; REo/ETo) (Lin et al., 2009;

Desotigiu et al., 2012; Campos et al., 2014). Portanto, o objetivo desse capítulo foi

investigar os mecanismos de captação e uso da irradiância em espécies arbóreas no

dossel e sub-bosque de uma floresta ombrófila densa na Amazônia Central.

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2. Material e Métodos

2.1. Área de estudo

O estudo foi realizado na Estação Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (2°36’32,67’’ S; 60°12’33,48 W). O clima na região é

classificado como Amw, de acordo com o sistema de classificação de Köppen, com médias

mensais da temperatura do ar variando entre 24 e 27°C. O total de precipitação anual é

2200 mm com a presença de período seco (<100 mm mês-1) entre os meses de agosto e

setembro (Araújo et al., 2002). A vegetação da área é classificada como floresta ombrófila

densa de terra firme e apresenta composição florística arbórea diversificada, sendo as

famílias botânicas de maior densidade: Lecythidaceae, Sapotaceae, Arecaceae,

Euphorbiaceae, Burseraceae e Chrysobalanaceae. As famílias Sapotaceae,

Chrysobalanaceae e Lauraceae estão entre as mais diversas em espécies (Carneiro,

2004). Dentre as espécies, Licania caudata Prance, Duguetia flagelaris Huber, Monotagma

tuberosum Hagberg e Protium apiculatum Swart estão entre as mais frequentes no sub-

bosque (Oliveira e Amaral, 2005), enquanto Scleronema micranthum Ducke e Eschweilera

coriacea (DC.) Mart. ex Berg. apresentam elevada frequência nos estratos superiores do

dossel florestal (Carneiro, 2004).

2.2. Implementação das análises em campo

Características foliares foram investigadas em 19 árvores no dossel florestal e 38

plantas, de espécies arbóreas, presentes no sub-bosque (Tabela 1). No sub-bosque,

dentre as espécies identificadas, no mínimo até o nível de gênero, são típicas desse

ambiente: Duguetia flagellaris, Unonopsis stipitata, Cordia nodosa, Hirtella duckei, Sloanea

sp., Mabea speciosa, Inga obidensis; Lacistema aggregatum, Endlicheria sprucei,

Theobroma sp., Guarea sp., Amaioua sp., Psychotria prancei e Rinorea racemosa. As

demais espécies e/ou gêneros possuem potencial para atingir o dossel florestal. Em cada

ambiente, as características foram analisadas em quatro períodos sazonais de

precipitação: chuvoso (abril); transição chuvoso/seco (julho); seco (setembro) e transição

seco/chuvoso (novembro). As copas das árvores no dossel foram acessadas por meio da

torre do LBA (K34) e de duas passarelas (passarela 1: 25 m de altura, 30 m de

comprimento; passarela 2: 20 m de altura, 30 m de comprimento) sustentadas por cabo de

aço. No sub-bosque, as medidas foram feitas em solo.

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Tabela 1. Lista de espécies no dossel e sub-bosque, família botânica, altura, diâmetro à

altura do peito (DAP) e características analisadas.

Espécie Família Altura (m) DAP (cm) Características3

Dossel

Licania sp. Chrysobalanaceae 19 13 AN; ME; CH; NT; FA; TG Licania micrantha Chrysobalanaceae 26(22)1 25 AN; ME; CH; NT; FA; TG Couepia longipendula Chrysobalanaceae 25(22) 28 AN; ME; CH; NT; FA; TG Diospyros sp. Ebenaceae 30(18) 39 AN; ME; CH; NT; FA; TG Inga splendens Fabaceae 26(21) 19 AN; ME; CH; NT; FA; TG Zygia ramiflora Fabaceae 19 12 AN; ME; CH; NT; FA; TG Swartzia tomentifera Fabaceae 25(22) 23 AN; ME; CH; NT; FA; TG Swartzia tomentifera Fabaceae 28(24) 30 AN; ME; CH; NT; FA; TG Vantanea macrocarpa Humiriaceae 25(22) 23 AN; ME; CH; NT; FA; TG Humiriastrum sp. Humiriaceae 28(22) 23 AN; ME; CH; NT; FA; TG Mezilaurus itauba Lauraceae 25 20 AN; ME; CH; NT; FA; TG Eschweilera coriacea Lecythidaceae 18 22 AN; ME; CH; NT; FA; TG Eschweilera sp. Lecythidaceae 16 13 ME; CH; NT; FA; TG Eschweilera truncata Lecythidaceae 21 13 AN; ME; CH; NT; FA; TG Scleronema micranthum Malvaceae 35(23) 60 AN; ME; CH; NT; FA; TG Scleronema micranthum Malvaceae 30(23) 41 ME; CH; NT; FA; TG Blepharocalyx sp. Myrtaceae 20 19 ME; CH; NT; FA; TG Matayba sp. Sapindaceae 21 13 AN; ME; CH; NT; FA; TG Pouteria anomala Sapotaceae 33(30) 35 ME; CH; NT; FA; TG

Sub-bosque

Duguetia flagellaris Annonaceae 3,4 2,2 AN; ME; CH; NT; FA; TG Unonopsis stipitata Annonaceae 3,8 2,2 AN; ME; CH; NT; FA; TG Annonaceae NI Annonaceae 5,0 3,1 AN; ME; CH; NT; FA; TG Duguetia flagellaris Annonaceae 4,1 2,4 AN; ME; CH; NT; FA; TG Tabernaemontana sp. Apocynaceae 2,3 1,1 AN; ME; CH; NT; FA Cordia nodosa Boraginaceae 2,0 1,7 AN; ME; CH; NT; FA; TG Protium sp. Burseraceae 2,8 1,2 AN; ME; CH; NT; FA; TG Hirtella duckei Chrysobalanaceae 3,1 1,3 AN; ME; CH; NT; FA; TG Tovomita sp. Clusiaceae 3,5 2,1 AN; ME; CH; NT; FA; TG Moronobea coccinea Clusiaceae 12,3(6,4) 8,3 ME; CH; NT; FA Garcinia sp. Clusiaceae 3,2 1,2 AN; ME; CH; NT; FA Sloanea sp. Elaeocarpaceae 6,0 2,8 AN; ME; CH; NT; FA; TG Mabea speciosa Euphorbiaceae 0,6 (0,9)2 ME; CH; NT; FA; TG Mabea speciosa Euphorbiaceae 3,1 1,4 AN; ME; CH; NT; FA; TG Inga obidensis Fabaceae 5,1 2,9 ME; CH; NT; FA Zygia ramiflora Fabaceae 3,7 1,5 AN; ME; CH; NT; FA; TG Lacistema aggregatum Lacistemataceae 4,9 2,1 AN; ME; CH; NT; FA Endlicheria sprucei Lauraceae 2,5 1,0 AN; ME; CH; NT; FA; TG Ocotea sp. Lauraceae 2,8 1,9 AN; ME; CH; NT; FA; TG Eschweilera wachenheimii Lecythidaceae 4,9 3,4 AN; ME; CH; NT; FA Lecythidaceae NI Lecythidaceae 9,1(5) 4,8 AN; ME; CH; NT; FA Theobroma sp. Malvaceae 2,5 1,2 AN; ME; CH; NT; FA; TG Guarea sp. Meliaceae 2,2 2,4 AN; ME; CH; NT; FA; TG Naucleopsis sp. Moraceae 2,5 1,2 AN; ME; CH; NT; FA; TG Virola sp. Myristicaceae 4,1 2,9 AN; ME; CH; NT; FA Virola multinervia Myristicaceae 3,0 1,9 AN; ME; CH; NT; FA; TG Minquartia guianensis Olacaceae 1,8 (2,1) AN; ME; CH; NT; FA; TG Minquartia guianensis Olacaceae 2,5 1,5 ME; CH; NT; FA Amaioua sp. Rubiaceae 3,8 1,3 AN; ME; CH; NT; FA; TG Psychotria prancei Rubiaceae 2,9 0,7 AN; ME; CH; NT; FA; TG Rubiaceae NI (1) Rubiaceae 4,1 2,0 AN; ME; CH; NT; FA; TG Rubiaceae NI (2) Rubiaceae 1,5 (1,2) AN; ME; CH; NT; FA; TG Rubiaceae NI (3) Rubiaceae 3,8 2,7 AN; ME; CH; NT; FA; TG Talisia sp. Sapindaceae 4,5 2,6 AN; ME; CH; NT; FA Pouteria sp. Sapotaceae 3,6 1,5 AN; ME; CH; NT; FA; TG Simaba sp. Simaroubaceae 3,8 2,5 AN; ME; CH; NT; FA; TG Rinorea racemosa Violaceae 3,6 1,6 AN; ME; CH; NT; FA Rinorea racemosa Violaceae 3,0 1,1 AN; ME; CH; NT; FA

1Altura de coleta das folhas entre parêntesis; 2Diâmetro à altura do coleto (5 cm) em negrito entre parêntesis; 3Anatomia (AN); Massa foliar específica (ME); Pigmentos Cloroplastídicos (CH); Nutrientes (NT); Fluorescência (FA); Trocas gasosas (TG)

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2.3. Irradiância e abertura do dossel

Durante cada período sazonal, a disponibilidade de radiação fotossinteticamente

ativa (PAR) foi medida durante 5 dias no dossel e sub-bosque. No dossel, o sensor de

radiação PAR (MQS-B sensor/ ULM-500 logger, Heinz Walz) foi instalado na torre do LBA

(K34) à 52 m de altura livre da interferência de copas e no sub-bosque à 1,3 m de altura

sempre no mesmo ponto. Os dados foram registrados a cada 30 segundos.

Adicionalmente, em todos períodos, o grau de abertura do dossel sobre cada indivíduo

amostrado no sub-bosque foi estimado por meio de imagens hemisféricas (CI-110/120

Plant Canopy Imager; CID Inc., Camas, WA, USA).

2.4. Características morfoanatômicas

As folhas selecionadas para as determinações micromorfométricas, assim como

para todas as demais análises, estavam completamente expandidas, com aspecto

fitossanitário adequado e sem sinais de senescência. Características micromorfométricas

(espessura foliar, parênquima paliçádico, parênquima lacunoso e epidermes adaxial e

abaxial) foram obtidas durante a primeira campanha de campo em três folhas por indivíduo

selecionado. A região central das folhas foi fixada em FAA 50% (formaldeído 37-40%,

ácido acético glacial e etanol 50%), e, armazenada em álcool 70% até a realização dos

cortes. As amostras foram seccionadas em micrótomo de mesa (15-25 µm), clarificadas e

então coradas com Safrablau (Astrablau e Safranina, 9:1 v/v). Após serem coradas, as

secções foram desidratadas em série alcoólica (50%, 70%, 92% e 100% álcool etílico) e

montadas em lâminas com glicerina (Rodrigues, 2013). Os tecidos foram observados com

auxílio do microscópio de luz (Zeiss Axioskop 2; Zeiss, Jena, Alemanha), documentados

(Zeiss Axio Cam MRC) e, por fim, as medidas das sessões transversais foram feitas com

uso do programa ANAT QUANTI 2.0 (Universidade Federal de Viçosa).

A massa foliar específica (MFE) foi obtida por meio da razão entre a massa seca a

65ºC e a área de dez discos foliares em cada folha selecionada (Evans e Poorter, 2001).

Os discos foliares foram obtidos de três folhas por árvore em cada período sazonal.

2.5. Pigmentos cloroplastídicos

A determinação de pigmentos cloroplastídicos foi realizada em três folhas por

indivíduo em cada período. Para a determinação dos teores de pigmentos cloroplastídicos

foram retiradas amostras de 0,1 g de material vegetal fresco e maceradas com 10 ml de

acetona (100% v/v) + 10 ml de uma solução de acetona (80% v/v) contendo MgCO3 (0,5%

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p/v). Posteriormente, o extrato foi filtrado e as absorbâncias nos comprimentos 663, 645 e

480 nm foram determinadas com auxílio do espectrofotômetro (Ultrospec 2100 pro

UV/visible, Amersham, Biosciences, Cambridge, UK), a fim de obter as concentrações de

clorofila a (Chl a), clorofila b (Chl b) e carotenoides (Carx+c), respectivamente (Lichtenthaler

e Wellburn, 1983). Para o cálculo das concentrações dos pigmentos cloroplastídicos, na

base de massa foliar fresca (µmol g-1) e conteúdo na base de área (µmol cm-2), foram

utilizadas as equações descritas por Hendry e Price (1993). No presente estudo foi definido

como concentração foliar as unidades expressas em massa foliar e como conteúdo foliar

as unidades expressas em área foliar.

2.6. Nitrogênio e fósforo foliar

Os teores foliares de nitrogênio (N) e fósforo (P) foram determinados de três folhas

por planta em cada período. Para a determinação dos teores de nitrogênio, amostras

contendo 0,1 g de matéria seca foram submetidas a uma pré-digestão, durante uma noite,

e posteriormente a uma digestão com duplo ácido (H2O2 + H2SO4), utilizando-se como

catalisadores o sulfato de lítio e o selênio em temperatura gradativa de 50-50°C até 350oC,

segundo a metodologia descrita por Miyazawa et al. (1999). Posteriormente, o nitrogênio

total foi determinado de acordo com o método de Kjeldahl, a partir de uma alíquota de 25

ml do extrato puro (Bremner, 1996). Para a determinação das concentrações foliares de P,

amostras contendo 0,5 g de matéria seca foram submetidas à digestão nitro-perclórica,

com temperatura ajustada de 50 em 50oC até 210oC, em intervalos de 30 minutos. A partir

do extrato nitro-perclórico, os teores de P foram determinados por espectrofotometria a 725

nm (Murphy e Riley, 1962). Conforme comentado no item 2.5. Pigmentos cloroplastídicos,

os valores de N e P na base de massa foliar foram nomeados como concentrações foliares,

enquanto o conteúdo foliar se refere aos resultados na base de área foliar.

2.7. Fluorescência da clorofila a

A fluorescência da clorofila a foi determinada sob condições de campo por meio de

um fluorômetro portátil (PEA, MK2 – 9600 – Hansatech, Norfolk, UK), entre 8:00 e 10:00

horas, em três folhas por planta nos quatro períodos.

Folhas selecionadas para análise foram submetidas a um período de adaptação ao

escuro durante 30 minutos, utilizando clipes apropriados, sendo este período suficiente

para a completa oxidação do sistema fotossintético de transporte de elétrons. Em seguida,

a face adaxial das folhas foi exposta a um pulso de luz saturante de alta intensidade

luminosa (3000 µmol m-2 s-1 e comprimento de onda de 650 nm por 1 s). O ajuste do ganho

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56

foi padronizado para cada espécie de acordo com análises prévias. Assim, as respostas

relacionadas aos transientes da fluorescência da clorofila a foram obtidas a partir de

software específico (Handy PEA software - v 1,30), de acordo com equações do teste JIP

(Strasser et al., 1995; Strasser et al., 2010).

Teste JIP: O estágio inicial da atividade fotossintética é regulado por quatro etapas

funcionais básicas que, portanto, são descritas de forma a explicar as variáveis da

absorção do fóton pelas moléculas de clorofilas nos complexos antenas (ABS). Parte de

ABS é aprisionada pelos centros de reação do PSII (TR) para ser convertida à energia

redox a partir da redução do aceptor primário de elétrons QA a QA - que é então reoxidada

à QA e a energia utilizada para redução da cadeia de transporte de elétrons após a QA- (ET)

e dos aceptores finais de elétrons do PSI (RE). Além disso, parte da energia de excitação

é dissipada na forma de calor ou reemitida como fluorescência (DI) (Gonçalves et al., 2007;

Force et al., 2003; Strasser et al., 2010). Dentre os inúmeros parâmetros fornecidos pelo

teste JIP, foram utilizados nesse trabalho a densidade de centros de reação ativos do PSII

(γRC/1 – γRC ou RC/ABS), eficiência quântica máxima do PSII (φPo ou Fv/Fm), eficiência de

um elétron ser movido após a QA (ΨEo ou ETo/TRo) e eficiência de um elétron dos

carreadores de elétrons inter-sistemas ser transferido para reduzir os aceptores finais de

elétrons do PSI (δRo ou REo/ETo). Desses parâmetros foram derivados o índice de

desempenho na base ABS (PIABS) e o índice de desempenho total (PItotal), a saber:

PIABS = (γRC/(1 – γRC) [φPo/(1 − φPo)] [ΨEo/(1 − ΨEo)]

PItotal = PIABS [δRo/(1 − δRo)]

Adicionalmente foi derivado do transiente polifásico o parâmetro fase-IP que

expressa a estequiometria PSI/PSII (Ceppi et al., 2012).

2.8. Características fotossintéticas foliares

Características fotossintéticas foliares foram obtidas da curva de resposta

fotossintética à intensidade luminosa (PN-I). Para tanto, os dados foram coletados em uma

folha por indivíduo, em cada período sazonal, entre 8:00 e 13:00 horas com o analisador

portátil de fotossíntese LI-6400 equipado com uma fonte artificial de irradiância (6400-02B

Vermelho-Azul) que estava ajustado para trabalhar com fluxo de ar, concentração de CO2,

temperatura e vapor de H2O de 400 µmol s-1, 400±1 µmol mol-1, 31±1oC e 21±1 mmol mol-

1. Curvas PN-I foram realizadas seguindo a seguinte sequência de 2000, 1500, 1000, 750,

500, 250, 100, 75, 50, 25, e 0 µmol m−2 s-1 (Santos Júnior et al., 2013). Fotossíntese máxima

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57

na base de área foliar (PNmax(a)) foi obtida a partir dos valores saturantes alcançados com a

curva de resposta fotossintética à intensidade luminosa, em densidade de fluxo sempre

entre 1000 e 2000 µmol m-2 s-1. Independentemente do ambiente e período de análise, não

foram observadas quedas nos valores de PN em condições de elevada irradiância na

câmara do LI-COR 6400. A respiração foliar no escuro (Rd) são valores absolutos de PN

quando a irradiância foi igual a 0 µmol m−2 s-1. O coeficiente angular da curva PN-I entre 0

e 100 µmol m−2 s-1 foi considerado a eficiência quântica aparente (α) e a irradiância de

compensação de luz (IC; fluxo de fótons fotossinteticamente ativos no qual PN = 0) foi

calculada pela fórmula IC = Rd/α.

2.9. Análises estatísticas

Os pressupostos de normalidade e homogeneidade das variâncias foram

analisados pelos testes de Lilliefors e Levene, respectivamente. Em condições de não

normalidade e/ou homogeneidade das variâncias os dados foram transformados por meio

da função logarítmica (Log10) (Zar, 1999). Os ambientes (dossel e sub-bosque) foram

comparados em cada período sazonal pelo teste t (bicaudal; P<0,05). Associações entre

as variáveis (PNmax x características morfoanatômicas, conteúdo foliar de N e P e

parâmetros do teste JIP; IC x características morfoanatômicas, concentração foliar de

clorofila, partição de N para clorofila e parâmetros do teste JIP) foram testadas por meio

de análise de correlação e regressão para os dados em conjunto, assim como, para cada

ambiente individualmente. O programa estatístico utilizado na análise dos dados foi o

Statistica 10 (StatSoft Inc., 2011 East 14th Street, Tulsa, OK, USA).

3. Resultados

3.1. Variação diurna e sazonal da radiação fotossinteticamante ativa e abertura do dossel

Conforme esperado, o padrão de variação diurna da irradiância diferiu

sobremaneira entre os ambientes, assim como, entre os períodos sazonais dentro de cada

ambiente (Figura 1). Durante o período seco, no dossel florestal, os valores médios de

irradiância atingiram 1800 mol m-2 s-1 (Imax = 2155 e Imin = 480 mol m-2 s-1) entre 11 e 12

h, enquanto no sub-bosque, a presença de sunflecks entre 10 e 11 h proporcionou um valor

médio de 200 ± mol m-2 s-1 (Imax = 1100 e Imin = 10 mol m-2 s-1). Nos demais períodos, a

média não ultrapassou 1500 mol m-2 s-1 no dossel, assim como, não atingiu 60 mol m-2

s-1 no sub-bosque florestal.

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58

Durante o período chuvoso, no dossel florestal, os registros de irradiância se

agruparam em valores intermediários (150-750 mol m-2 s-1) e a presença de nebulosidade

manteve 86% dos valores registrados abaixo de 1000 mol m-2 s-1 (Figura 2). Em

contrapartida, durante o período seco 62% dos valores registrados de irradiância estavam

acima de 1000 mol m-2 s-1. Os períodos de transição apresentaram distribuição dos

registros de irradiância intermediária à observada entre os períodos seco e chuvoso, sendo

que 50 e 46% dos valores de irradiância registrados estavam acima de 1000 mol m-2 s-1

durante os períodos chuvoso/seco e seco/chuvoso, respectivamente. No sub-bosque, em

todos os períodos, 75% dos valores de irradiância registrados a cada 30 segundos estavam

abaixo de 25 mol m-2 s-1.

A variação diurna e a distribuição dos valores de irradiância ao longo dos períodos

promoveram pronunciada diferença nos valores de irradiância diários totais e médios

(Tabela 2). Em dias nos quais mínimos valores foram registrados, a irradiância diária total

no sub-bosque foi 2,4; 0,3; 4,1 e 3,3% da observada no dossel durante os períodos

chuvoso, chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso, respectivamente. Por outro lado, em dias

que os valores máximos de irradiância foram observados, a proporção foi de 1,4; 0,2; 5,2

e 1,9%. Maiores valores de irradiância diária média e diária total foram observados durante

o período seco em ambos os ambientes, sendo que no sub-bosque os valores diários totais

registrados no período seco, em dias classificados como de irradiância mediana, foram 5

vezes maiores que a média dos demais períodos. A irradiância média diária no dossel

durante o período seco foi 2 vezes a observada no período chuvoso, com diferença de

irradiância diária total de 21,6 mol m-2. Considerando os dias com irradiância máxima,

mínima e mediana, em todos os períodos, os valores de irradiância diária total no sub-

bosque foram apenas 2,3% dos valores observados no dossel.

Os níveis de abertura do dossel pouco variaram durante os períodos sazonais,

sendo que os valores médios registrados foram 6; 4,3; 5,8 e 6,8% nos períodos chuvoso,

transição chuvoso/seco, seco e transição seco/chuvoso, respectivamente.

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59

Figura 1. Valores médios do padrão diário da radiação fotossinteticamente ativa no dossel

(A) e sub-bosque (B) de floresta ombrófila densa na Amazônia Central. O gráfico inserido

representa o período seco devido às grandes diferenças de escala entre os períodos.

Figura 2. Frequência de valores de radiação fotossinteticamente ativa no dossel e sub-

bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central durante os períodos chuvoso,

chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso.

Horário

6 8 10 12 14 16 18

I (

mo

l m

-2 s

-1)

0

350

700

1050

1400

1750

2100

Chuvoso

Chuvoso/Seco

Seco

Seco/Chuvoso

6 8 10 12 14 16 18

I (

mo

l m

-2 s

-1)

0

10

20

30

40

50

60

Horário

6 8 10 12 14 16 18

I dossel (

mol m

-2 s

-1)

0

50

100

150

200

250A B

0,0

0,1

0,2

0,3

0,6

0,8

1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Dossel

Sub-bosque

1000

-150

0

750-

1000

500-

750

250-

500

150-

250

50-1

00

25-5

0

10-2

51-

10

>150

0

1000

-150

0

750-

1000

500-

750

250-

500

150-

250

50-1

00

25-5

0

10-2

51-

10

>150

0

Classes de irradiância fotossinteticamente ativa

( mol m-2 s

-1)

Fre

quência

Fre

quência

Chuvoso Chuvoso/Seco

Seco/ChuvosoSeco

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60

Tabela 2. Valores de radiação fotossinteticamente ativa média diária (mol m-2 s-1) e diária

total (mol m-2) no dossel e sub-bosque em dias com máximo, mínimo e medianos valores

durante os períodos chuvoso, chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso.

Chuvoso Chuvoso/Seco Seco Seco/Chuvoso

Dossel Sub-bosque Dossel Sub-bosque Dossel Sub-bosque Dossel Sub-bosque

Mínimo

Diária total 12,6 0,3 37,9 0,1 41,4 1,7 18,3 0,6

Média diária 289,4 7,3 853,6 3,1 934,7 42,7 429,3 13,2

Mediana

Diária total 23,5 0,4 38,2 0,1 45,1 2,0 32,4 0,7

Média diária 526,3 10,7 860,6 3,2 1010,7 53,3 715,7 15,8

Máximo

Diária total 34,9 0,5 41,4 0,1 46,6 2,4 42,3 0,8

Média diária 781,8 13,4 934,7 3,4 1048,9 63,9 928,2 18,0

3.2. Características morfoanatômicas

Os valores de MFE foram em média 73% superiores em plantas no dossel, assim

como, maiores espessuras da lâmina foliar e do parênquima paliçádico foram observadas

nesse ambiente, enquanto os demais tecidos apresentaram a mesma espessura nos dois

ambientes (Tabela 3). As proporções relativas de epiderme adaxial (12%) e abaxial (11%)

em relação à espessura total foliar foram superiores em plantas do sub-bosque (Figura 3).

Em contrapartida, a espessura do parênquima paliçádico representou 25% da espessura

foliar em plantas no dossel, enquanto no sub-bosque a proporção foi de 19%.

Tabela 3. Características morfoanatômicas foliares de espécies arbóreas no dossel e sub-

bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central.

Dossel Sub-bosque

MFE (g m-2) 99,1 ± 4,62*** 57,3 ± 2,7

Espessura Foliar

----

----

- (µ

m)

----

---

-

208,7 ± 11,5* 169,3 ± 12,5

Epiderme Adaxial 20,1 ± 1,7ns 18,4 ± 0,9

Parênquima Paliçádico 54,0 ± 4,7*** 31,5 ± 2,4

Parênquima Lacunoso 111,3 ± 7,9ns 95,4 ± 9,9

Epiderme Abaxial 16,3 ± 0,9ns 16,4 ± 0,9

Valores são médias ± erro-padrão (MFE: ndossel = 19; nsub-bosque = 38; Anatomia: ndossel = 15; nsub-bosque = 34).

nsP≥0,05; *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001 se referem ao teste t (bicaudal).

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61

Figura 3. Espessura dos tecidos foliares relativa à espessura total foliar: epiderme adaxial

(EAD) e abaxial (EAB), parênquima paliçádico (PP) e parênquima lacunoso (PL). Valores

são médias (ndossel = 15; nsub-bosque = 34) e **P<0,01; ***P<0,001, ns P>0,05 se referem ao

teste t (bicaudal).

3.3. Pigmentos cloroplastídicos

Independentemente do período sazonal, maiores concentrações de pigmentos

cloroplastídicos foram observadas em plantas no sub-bosque florestal, sendo destacável a

elevada concentração de Chl b que foi em média 1,7 vezes superior ao dossel (Figura 4).

Em contraste, não foram observadas diferenças no conteúdo de pigmentos entre os

ambientes, com exceção de Chl b e Chl a+b no período chuvoso/seco quando maiores

valores foram observados no sub-bosque. Somente no período seco/chuvoso não houve

distinção entre os ambientes no que se refere a razão Chl a:b, pois nos demais períodos,

em função da elevada concentração de Chl b, foram observados menores valores da razão

no sub-bosque florestal. Em relação à concentração de carotenoides, durante os períodos

chuvoso/seco, seco e seco/chuvoso foram observados maiores valores no sub-bosque,

enquanto o conteúdo não diferiu entre os ambientes em nenhum período analisado.

0%

25%

50%

75%

100%

EAB PL PP EAD

**

**

***

ns

Dossel Sub-bosque

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62

Figura 4. Concentrações e conteúdos foliares de pigmentos cloroplastídicos no dossel e

sub-bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia Central. Os valores do dossel foram

fixados como unidade. Valores são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01;

***P<0,001; sem asterisco P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal).

3.4. Nitrogênio e fósforo foliar e razão Chl a+b/N

O conteúdo foliar de nitrogênio (Na) foi em média 50% superior no dossel florestal

(Figura 5). No entanto, maiores concentrações foliares de nitrogênio (Nm) foram

observadas no sub-bosque em todos os períodos sazonais analisados. As concentrações

foliares de fósforo (Pm) não diferiram entre os ambientes, mas o conteúdo foliar (Pa) foi

pronunciadamente superior no dossel. Menor razão Chl a+b/N foi verificada no dossel

durante todos os períodos, sugerindo menor partição de nitrogênio para Chl a+b nesse

ambiente quando comparado ao sub-bosque.

Chl a(a)

Chl a(m)

Chl b(a)Chl b(m)

Carx+c

(a)

Carx+c

(m)

Chl a+b(a)

Chl a+b(m) Chl a:b

Chl a+b:Carx+c

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Dossel

Sub-bosque

Chl a(a)

Chl a(m)

Chl b(a)Chl b(m)

Carx+c

(a)

Carx+c

(m)

Chl a+b(a)

Chl a+b(m) Chl a:b

Chl a+b:Carx+c

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Chl a(a)

Chl a(m)

Chl b(a)Chl b(m)

Carx+c

(a)

Carx+c

(m)

Chl a+b(a)

Chl a+b(m) Chl a:b

Chl a+b:Carx+c

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Chl a(a)

Chl a(m)

Chl b(a)Chl b(m)

Carx+c

(a)

Carx+c

(m)

Chl a+b(a)

Chl a+b(m) Chl a:b

Chl a+b:Carx+c

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

* **

** **

****

** **

**

*

*

**

**

*

** **

****

*

Chuvoso Chuvoso/Seco

Seco Seco/Chuvoso

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63

Figura 5. Diferença relativa entre dossel e sub-bosque nos conteúdos foliares de nitrogênio

e fósforo (Na e Pa); concentrações foliares de nitrogênio e fósforo (Nm e Pm) e razão Chl

a+b/N. Valores são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001;

sem asterisco P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal).

3.5. Parâmetros do teste JIP

A eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm) foi superior no sub-bosque florestal

em todos períodos sazonais analisados (Figura 6). Maior densidade de centros de reação

do PSII (RC/ABS) foi observada no dossel florestal, à exceção do período chuvoso/seco

quando não foram observadas diferenças. Os parâmetros PIABS e ETo/TRo diferiram entre

os ambientes somente no período chuvoso quando foram superiores no dossel.

Parâmetros relacionados às etapas finais do transporte de elétrons (Fase-IP; REo/ETo)

foram, destacadamente, superiores em plantas no dossel florestal, de tal forma que, a

eficiência integrada no fluxo de elétrons desde a energia absorvida até o PSI (PItotal) foi

duas vezes maior comparado ao sub-bosque em todos os períodos.

(Do

ssel/S

ub

-bosq

ue)-

1

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2Chuvoso

Chuvoso/Seco

Seco

Seco/Chuvoso

***

*******

* ** ** *

***

***

***

***

Na

Nm P

a Pm

*****

*** ***

Chl a+b/N

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Figura 6. Parâmetros do teste JIP no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa na

Amazônia Central. Os valores do dossel foram fixados como unidade. Valores são médias

(ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001; sem asterisco P>0,05 se

referem ao teste t (bicaudal).

3.6. Características fotossintéticas

A fotossíntese máxima, em unidade de área foliar (PNmax(a)), variou sobremaneira

entre os ambientes, sendo 8,6 e 5,7 µmol m-2 s-1 os valores médios observados no dossel

e sub-bosque, respectivamente (Figura 7). Por outro lado, PNmax(m) foi superior no sub-

bosque durante o período de alta precipitação. Valores de Rd, e IC foram superiores no

dossel, independente do período, enquanto o rendimento quântico aparente () diferiu

entre os ambientes somente nos períodos chuvoso e chuvoso/seco, quando maiores

valores foram observados no sub-bosque. A irradiância no ponto de compensação (IC) foi,

aproximadamente, três vezes inferior no sub-bosque (4,2 ± 0,4 µmol m-2 s-1) quando os

valores médios foram comparados com o dossel (13,3 ± 1,2 µmol m-2 s-1).

RC/ABS

Fv/F

m

ETo/TRo

PIABS

Fase-IP

REo/ETo

PItotal

0,0 0,5 1,0 1,5

Dossel

Sub-bosque

RC/ABS

Fv/F

m

ETo/TRo

PIABS

Fase-IP

REo/ETo

PItotal

0,0 0,5 1,0 1,5

RC/ABS

Fv/F

m

ETo/TRo

PIABS

Fase-IP

REo/ETo

PItotal

0,0 0,5 1,0 1,5

RC/ABS

Fv/F

m

ETo/TRo

PIABS

Fase-IP

REo/ETo

PItotal

0,0 0,5 1,0 1,5

* ***

***

***

***

*

***

**

**

*** ***

***

*** ***

*** ***

*** ***

******

Chuvoso Chuvoso/Seco

Seco Seco/Chuvoso

***

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65

Figura 7. Características fotossintéticas no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila

densa na Amazônia Central. Os valores do dossel foram fixados como unidade. Valores

são médias (ndossel = 19; nsub-bosque = 38) e *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001, sem asterisco

P>0,05 se referem ao teste t (bicaudal).

3.7. PNmax(a) versus características foliares

PNmax(a) apresentou correlação positiva com a massa foliar especifica, espessura

foliar e espessura do parênquima paliçádico quando os dados do dossel e sub-bosque

foram agrupados (Tabela 4). Em contrapartida, não foram observadas correlações, com

exceção para a espessura da epiderme abaxial no dossel, entre as características

morfoanatômicas e PNmax(a) quando os ambientes foram analisados individualmente.

Conteúdos foliares de nitrogênio e fósforo estão diretamente correlacionados com

PNmax(a). No dossel florestal existiu correlação, com uma significância marginal (P < 0,1),

0,0 0,5 1,0 1,5

Dossel

Sub-bosque

PNmax(m)

PNmax(a)

Rd

IC

0,0 0,5 1,0 1,5

PNmax(a)

Rd

IC

PNmax(m)

0,0 0,5 1,0 1,5

PNmax(a)

IC

PNmax(m)

Rd

0,0 0,5 1,0 1,5

PNmax(a)

IC

PNmax(m)

Rd

*

*

***

***

***

***

***

***

***

***

***

***

***

***

Chuvoso Chuvoso/Seco

Seco Seco/Chuvoso

*

Page 66: ECOFISIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO DOSSEL E SUB-BOSQUE …§ão_Victor... · bosque a eficiência na captação da irradiância dispersamente disponível e a reduzida respiração

66

entre PNmax(a) e Na e uma forte relação entre PNmax(a) e Pa. No entanto, no sub-bosque não

houve correlação entre as variáveis.

No que se refere à correlação entre PNmax(a) e os parâmetros do teste JIP, foram

observadas correlações positivas entre PNmax(a) e os parâmetros associados às etapas finais

da cadeia transportadora de elétrons (REo/ETo; Fase-IP; PItotal) em ambos ambientes

(Tabela 4). No entanto, na análise dos grupos em conjunto a correlação foi mais

pronunciada, tanto que existiu correlação positiva entre PNmax(a) e todos os parâmetros

investigados, com exceção da razão Fv/Fm que apresentou sinal negativo de correlação.

Tabela 4. Coeficientes da correlação de Pearson entre fotossíntese máxima (PNmax(a)) e

características morfoanatômicas foliares, conteúdos foliares de nitrogênio e fósforo e

parâmetros do teste JIP.

PNmax versus Todos os grupos Dossel Sub-bosque

MFE1 0,61*** 0,28ns 0,11ns

EF 0,40* 0,38ns 0,25ns

EAD 0,25ns -0,36ns 0,19ns

PP 0,58*** 0,27ns 0,19ns

PL 0,24ns 0,23ns 0,23ns

EAB 0,18ns 0,75** -0,05ns

Na 0,62*** 0,45ns(p=0,06) 0,14ns

Pa 0,73*** 0,51* 0,22ns

RC/ABS 0,55*** 0,30ns 0,33ns

Fv/Fm -0,35* -0,21ns 0,31ns

ETo/TRo 0,31* -0,21ns 0,06ns

PIABS 0,39* -0,21ns 0,29ns

REo/ETo 0,86*** 0,13ns 0,55*

Fase-IP 0,83*** 0,81*** 0,49*

PItotal 0,76*** 0,74*** 0,49* *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001 e ns P>0,05. 1MFE - massa foliar específica; EF - espessura foliar; EAD - espessura da epiderme adaxial; PP - espessura do parênquima paliçádico; PL - espessura do parênquima lacunoso; EAB - espessura da epiderme abaxial; Na - conteúdo foliar de nitrogênio; Pa - conteúdo foliar de fósforo; RC/ABS - densidade de centros de reação ativos no PSII; Fv/Fm - eficiência quântica máxima do PSII; ETo/TRo - eficiência de um elétron ser movido após a QA; PIABS - índice de desempenho na base ABS; REo/ETo - eficiência de um elétron dos carreadores de elétrons inter-sistemas ser transferido para reduzir os aceptores finais de elétrons do PSI; Fase-IP - estequiometria PSI/PSII; PItotal - índice de desempenho total.

3.8. IC versus características foliares

A irradiância de compensação (IC) correlacionou-se com a espessura foliar,

espessura do parênquima paliçádico e massa foliar específica (Tabela 5). No sub-bosque

não foram observadas correlações, enquanto no dossel apenas a espessura do

parênquima paliçádico e da epiderme abaxial apresentaram correlação com IC.

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67

Os valores de IC foram inversamente correlacionados com Chl a+b e Chl a+b/N na

análise de todos os grupos (dossel e sub-bosque), enquanto não houve correlações entre

essas características dentro de cada grupo.

Maiores valores de irradiância de compensação estão associados com menores

valores de Fv/Fm e maiores valores dos demais parâmetros do teste JIP. Quando a análise

de correlação foi aplicada aos ambientes individuais, os valores de IC foram positivamente

correlacionados com os parâmetros REo/ETo, Fase-IP e PItotal no dossel florestal.

Tabela 5. Coeficientes da correlação de Pearson entre irradiância de compensação (IC) e

características morfoanatômicas foliares, parâmetros do teste JIP, concentração foliar de

clorofila e razão Chl a+b/N.

IC versus Todos os grupos Dossel Sub-bosque

MFE1 0,73*** 0,46ns 0,12ns

EF 0,33* 0,43ns 0,07ns

EAD 0,31ns 0,44ns -0,31ns

PP 0,62** 0,56* 0,11ns

PL 0,16ns 0,13ns 0,13ns

EAB 0,05ns 0,70*** -0,25ns

Chl a+b(m) -0,45** 0,43ns 0,27ns

Chl a+b/N -0,45** 0,37ns 0,30ns

RC/ABS 0,50** 0,34ns -0,05ns

Fv/Fm -0,44* -0,03ns -0,08ns

ETo/TRo 0,32* 0,27ns -0,007ns

PIABS 0,38* 0,24ns -0,04ns

REo/ETo 0,77*** 0,67** 0,09ns

Fase-IP 0,75*** 0,66** 0,04ns

PItotal 0,71*** 0,54* -0,02ns *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001 e ns P>0,05. 1MFE - massa foliar específica; EF - espessura foliar; EAD - espessura da epiderme adaxial; PP - espessura do parênquima paliçádico; PL - espessura do parênquima lacunoso; EAB - espessura da epiderme abaxial; Chl a+b(m) - concentração foliar de clorofila; Chl a+b/N – razão clorofila : nitrogênio; RC/ABS - densidade de centros de reação ativos no PSII; Fv/Fm - eficiência quântica máxima do PSII; ETo/TRo - eficiência de um elétron ser movido após a QA; PIABS - índice de desempenho na base ABS; REo/ETo - eficiência de um elétron dos carreadores de elétrons inter-sistemas ser transferido para reduzir os aceptores finais de elétrons do PSI; Fase-IP - estequiometria PSI/PSII; PItotal - índice de desempenho total.

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68

4. Discussão

4.1. Disponibilidade de irradiância no dossel e sub-bosque

Conforme reportado em diversas florestas tropicais, somente uma pequena fração

da irradiância fotossinteticamente ativa disponível no dossel florestal atinge as camadas

inferiores no sub-bosque da floresta (Chazdon e Fetcher, 1984; Nicotra et al., 1999; Castro

et al., 2000; Carswell et al., 2000; Kenzo et al., 2015). Por exemplo, os valores de

transmitância de luz no sub-bosque de florestas primárias na Costa Rica estiveram, em

média, abaixo de 2% em três sítios analisados (Nicotra et al., 1999), assim como, variaram

entre 0,1 e 5% no sub-bosque de floresta tropical na Malásia (Kenzo et al., 2015).

Em função de uma reduzida nebulosidade e declinação solar (equinócio e

primavera), durante o período seco foram registrados os maiores valores de irradiância no

dossel e sub-bosque (Figura 1 e 2; Tabela 2). A sazonalidade anual da irradiância se

assemelha à observada por Chazdon e Fetcher (1984) em uma floresta tropical na Costa

Rica. Os autores observaram que variabilidade diária da irradiância dentro dos períodos é

fator preponderante sobre a variação sazonal e destacaram a importância primária da

nebulosidade sobre a variação diária. Conforme destacado anteriormente, no dossel

florestal a irradiância diária total no período seco foi 2 vezes superior à observada no

período chuvoso (Tabela 2) e essa variação pode impor efeitos biológicos sobre a

vegetação. A sazonalidade da insolação, integração da intensidade de radiação ao longo

do dia, têm sido apontada como fator determinante na sinalização de eventos de trocas de

folhas e florescimento (Wright e Schaik, 1994; Yeang, 2007; Borchert et al., 2014).

Considerando a invariabilidade do fotoperíodo em latitudes próximas ao equador, a

ausência de nebulosidade e, consequentemente, a intensa radiação durante o período

seco vem sendo considerada como o sinal para eventos de renovação foliar em alguns

sítios na Amazônia, com implicações diretas sobre a retomada da capacidade fotossintética

da floresta durante o período seco (Restrepo-Coupe et al., 2013). Além de efeitos sobre a

fenologia, a sazonalidade de irradiância impõem efeitos diretos sobre a produtividade de

florestas tropicais, pois a redução da irradiância durante o período chuvoso, em função da

forte nebulosidade, limita a assimilação de CO2 (Graham et al., 2003). Assim, a

sazonalidade de irradiância afeta diretamente a produtividade de florestas tropicais ao

considerar o total de irradiância disponível para o processo fotossintético durante o período

chuvoso e, também, efeitos indiretos ao determinar eventos de renovação foliar que

controlam a sazonalidade da capacidade fotossintética (Restrepo-Coupe et al., 2013).

No presento estudo, valores atípicos de irradiância diária total foram observados no

sub-bosque durante o período seco (2,4 mol m-2) e são consequência de recorrentes

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sunflecks durante os horários de maior inclinação solar. A abertura no dossel sobre o

sensor de irradiância coincidiu com o ângulo solar entre 10 e 11 h, assim elevados valores

instantâneos de irradiância (>1000 mol m-2 s-1; figura 2) foram observados no sub-bosque

durante curtos períodos. Em dias com nebulosidade ausente, os sunflecks podem

contribuir com mais de 80% da irradiância disponível no sub-bosque (Chazdon e Fetcher,

1984) e possuem papel preponderante para o crescimento e sobrevivência de plantas no

sub-bosque de florestas tropicais, pois determinam 30 - 60% do ganho diário de carbono

(Pearcy, 1988).

4.2. Características morfoanatômicas foliares e relação com o desempenho fotossintético

Características morfoanatômicas foliares variam ao longo do perfil vertical de

florestas tropicais (Kenzo et al., 2006; Cavaleri et al., 2010). A espessura e a densidade

foliar podem afetar a MFE em resposta a gradientes verticais de disponibilidade de luz e

limitações hidrostáticas impostas com a redução do potencial hídrico em altura,

respectivamente (Coble e Cavaleri, 2014). Contrastantes condições de luz entre os

ambientes de dossel e sub-bosque (Tabela 2) promoveram maior espessura da lâmina

foliar e do parênquima paliçádico no dossel florestal e, consequentemente, maiores valores

de MFE (Tabela 3). No entanto, a altura das árvores pode ter influenciado a densidade

foliar em função de gradientes hidrostáticos (e.g. potencial hídrico) e estresses físicos (e.g.

velocidade do vento), afetando também os valores de MFE (Cavaleri et al., 2010; Coble e

Cavaleri, 2014). No sub-bosque, menor espessura foliar e maior proporção de epiderme

abaxial e adaxial foram observadas e podem representar estratégias adotadas para a

melhor captação da irradiância difusa (Figura 3). O tamanho e formato das células

epidérmicas podem aumentar a focalização da luz aos cloroplastos e assim plantas no sub-

bosque de florestas tropicais podem maximizar a absorção da radiação difusa por meio

dessa propriedade óptica da epiderme (Bone et al., 1995; Vogelmann 1993; Vogelmann et

al.,1996).

Correlações entre os traços morfoanatômicos e a fotossíntese máxima não foram

observadas quando dossel e sub-bosque foram analisados individualmente (Tabela 4). No

entanto, quando somadas as amplitudes dos dois ambientes, moderadas relações entre

PNmax(a) x MFE e PNmax(a) x espessura do parênquima paliçádico foram observadas (Tabela

4; Figura 8A e B). Plantas no dossel possuem estrutura foliar compatível com maiores

valores de fotossíntese, pois a maior espessura e número de camadas de parênquima

paliçádico maximizam a utilização da elevada irradiância disponível em função do aumento

na quantidade e tamanho de cloroplastos no mesofilo, além de reduzir a resistência de

difusão do CO2 no interior da folha mesmo com elevados valores de MFE (Hanba et al.,

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70

1999; Kenzo et al., 2004; Oguchi et al., 2005; Kenzo et al., 2006; Flexas et al., 2008). Em

contrapartida, a análise dos grupos em conjunto também demonstrou que menores valores

de MFE, espessura da folha, mesofilo e parênquima paliçádico estão correlacionados com

menores valores de irradiância de compensação (Tabela 5), sendo esta característica

vantajosa para a sobrevivência e o crescimento de plantas em condições de baixa

disponibilidade de irradiância no sub-bosque (Evans e Poorter, 2001).

4.3. Concentração e estequiometria de pigmentos cloroplastídicos aprimoram a captação

de luz no sub-bosque

Concentrações foliares de pigmentos cloroplastídicos foram superiores em plantas

no sub-bosque em todos os períodos sazonais (Figura 4). Tradicionalmente, maiores

concentrações de pigmentos cloroplastídicos estão associadas à baixa disponibilidade de

irradiância, pois determinam a estrutura e tamanho do complexo coletor de luz e,

consequentemente, a fração de energia absorvida pelas folhas (Niinemets et al., 2010). Os

valores de Chl a+b são comparáveis aos observados em outras espécies arbóreas

tropicais, assim como, as evidências de maiores concentrações em condições de baixa

irradiância são corroboradas (Krause et al., 2012). No entanto, os menores valores de MFE

no sub-bosque afetaram a ocorrência de variação no conteúdo de pigmentos entre os

ambientes (Niinemets et al., 2010). Além de maiores concentrações de pigmentos

cloroplastídicos, plantas no sub-bosque apresentaram estequiometria entre clorofila a e

clorofila b distinta do dossel, pois maiores concentrações de Chl b reduziram a razão Chl

a:b no sub-bosque na maioria dos períodos (Figura 4). A clorofila b está presente,

principalmente, nos complexos coletores de luz dos fotossistemas I e II (CCLI e CCLII),

enquanto a clorofila a está presente nos complexos coletores de luz e nos centros de

reação dos fotossistemas. Nesse contexto, um aumento dos complexos coletores de luz,

com o objetivo de aprimorar a captação da energia disponível, pode estar associado à

maior concentração de Chl b e, consequentemente, baixo valor da relação Chl a/b em

condições de baixa disponibilidade de irradiância (Kitajima e Hogan, 2003; Niinemets,

2010; Hallik et al., 2012).

Maiores concentrações foliares de pigmentos estão associadas à manutenção de

uma reduzida irradiância de compensação (Tabela 5; Figura 9A), característica desejável

para a manutenção do balanço positivo de carbono no sub-bosque (Valladares e Niinemets,

2008). A aclimatação do complexo coletor de luz ao longo do perfil vertical de uma floresta

tropical na Malásia também maximizou a absorção de luz e garantiu menores valores de

irradiância no ponto de compensação (Kenzo et al., 2006).

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71

Os carotenoides são constituintes integrais das membranas dos tilacoides,

desempenhando a função de pigmento acessório ao transferir a energia absorvida para as

moléculas de clorofila, além de atuarem na proteção contra o dano fotoxidativo causado

pela irradiância excedente (Demmig-Adams & Adams, 2000). As folhas contêm

carotenoides na forma de β-caroteno, luteína, violaxantina, neoxantina, porém em

condições de excesso de luz a violaxantina pode ser convertida em anteraxantina e

zeaxantina (Demmig-Adams & Adams, 2006; Matsubara et al., 2009). A exposição das

folhas à elevada irradiância no dossel pode resultar o acúmulo do pool de xantofilas e,

assim, elevar os teores de carotenoides (Matsubara et al., 2009; Hallik et al., 2012), porém,

no presente estudo, maiores concentrações de carotenoides foram observadas no sub-

bosque florestal (Figura 4). Desta forma, a rota biossintética de formação de luteína e α-

caroteno, carotenoides relacionados com o aprimoramento da absorção de luz em

condições de baixa disponibilidade de irradiância, pode ter sido preferencialmente

estimulada em contraposição à síntese de violaxantina (DellaPenna e Pogson, 2006;

Matsubara et al., 2009). Os resultados apresentados não discriminam a concentração de

carotenoides entre xantofilas e carotenos, sendo assim, estudos direcionados ao melhor

entendimento da qualidade dos carotenoides presentes em plantas no dossel e sub-bosque

de florestas tropicais são fundamentais para a completa compreensão dos mecanismos de

absorção e dissipação de energia foliar.

4.4. Concentração de nitrogênio e fósforo no dossel e alocação de nitrogênio para

complexos coletores de luz no sub-bosque

Nitrogênio e fósforo estão diretamente associados à fotossíntese, sendo que a

eficiência no uso desses nutrientes depende das frações destinadas às diversas etapas do

processo fotossintético (Evans, 1989; Hidaka e Kitayama, 2013). Maiores conteúdos de

fósforo e nitrogênio foram observados no dossel, enquanto as concentrações de N foram

superiores no sub-bosque (Figura 5). Os maiores conteúdos desses nutrientes

correlacionaram-se com maiores valores de PNmax no dossel (Tabela 4; Figura 8C e D),

possivelmente em resposta à maior disponibilidade e alocação de N em enzimas

catalizadoras das reações bioquímicas no estroma e, também, disponibilidade e

investimento de P em fosfato inorgânico e metabólitos intermediários (ex: Ribulose 1,5

bisfosfato) (Hidaka e Kitayama, 2009). Por outro lado, a alocação do nitrogênio para

pigmentos cloroplastídicos nos complexos coletores de luz reduziram a irradiância no ponto

de compensação (Tabela 5; Figura 5 e 9B) em plantas no sub-bosque (Evans, 1989; Kenzo

et al., 2006; Hidaka e Kitayama, 2013). O investimento do nitrogênio em clorofilas é

determinante para elevada concentração desses pigmentos em plantas no sub-bosque

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72

florestal e o consequente aprimoramento da absorção da irradiância em baixa

disponibilidade nesse ambiente (Evans e Poorter, 2001). Assim, maior investimento de

nitrogênio em processos envolvidos na captação da luz pode ser determinante para a

reduzida irradiância de compensação no sub-bosque.

4.5. Eficiência nas etapas iniciais do transporte de elétrons favorece reduzida irradiância

de compensação no sub-bosque

Contrastantes diferenças foram observadas entre o dossel e o sub-bosque no que

concerne as etapas de captação e transferência de energia ao longo da cadeia

transportadora de elétrons (Figura 6). A eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm) foi

superior no sub-bosque florestal, assim como, foi negativamente correlacionada com a

irradiância de compensação (Tabela 5; Figura 9 C). Embora os valores de Fv/Fm variaram

consideravelmente dentro de cada ambiente, a elevada eficiência do PSII em transformar

a energia absorvida pelo complexo antena em potencial redox (QA-) interferiu diretamente

na capacidade das plantas em manter o balanço positivo de carbono ao longo do perfil

vertical da floresta (Figura 9 C). Outros processos não associados à transferência de

elétrons ao longo da cadeia transportadora de elétrons reduzem a eficiência quântica do

PSII em condições de elevada irradiância na tentativa de minimizar os efeitos da energia

de excitação em excesso predominante no dossel florestal. O ciclo das xantofilas, por

exemplo, é um mecanismo de fotoproteção associado com a dissipação do excesso de

energia na forma calor (Demmig-Adams & Adams, 2006). Este processo tem início quando

o transporte de elétrons nas membranas dos tilacoides reduz o pH do lúmen e causa a

conversão de violaxantina em anteraxantina e zeaxantina, nesse momento ocorre uma

amplificação da dissipação do excesso de energia (Demmig-Adams & Adams, 2006).

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73

Figura 8. Relações entre fotossíntese máxima (PNmax(a)) e massa foliar específica (MFE;

A); espessura do parênquima paliçádico (B); conteúdo foliar de nitrogênio (Na; C); conteúdo

foliar de fósforo (Pa; D); eficiência de um elétron dos carreadores de elétrons inter-sistemas

P (mmol m-2)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

N (mmol m-2)

0 50 100 150 200 250

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

16

Espessura do Parênquima Paliçádico ( m)

0 20 40 60 80 100

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

16

MFE (g m-2)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

Ro

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

PNmax

= 19,7(Ro

)+1,74

n = 44; P<0,001; R2 = 0,74

Rd ( mol m

-2 s

-1)

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50

PN

max (

mol m

-2 s

-1)

2

4

6

8

10

12

14

16

PNmax = 5,89(Rd)+4,48

n = 44; P<0,001; R2 = 0,61

A B

C D

E F

PNmax

= 0,04(MFE)+3,79

n = 44; P<0,001; R2 = 0,37

Sub-bosque

Dossel

PNmax

= 0,06(PP)+4,41

n = 40; P<0,001; R2 = 0,32

PNmax

= 0,04(N)+3,19

n = 43; P<0,001; R2 = 0,38

PNmax

= 3,27(P)+3,03

n = 43; P<0,001; R2 = 0,60

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ser transferido para reduzir aceptores finais de elétrons do PSI (Ro ou REo/ETo; E) e

respiração foliar no escuro (Rd; F). Cada ponto representa o valor médio ± erro-padrão (n

= 4).

Figura 9. Relações entre irradiância de compensação (IC) e concentração foliar de clorofila

(Chl a+b; A); razão entre clorofila e nitrogênio (Chl a+b/N; B); eficiência quântica máxima

do PSII (Fv/Fm; C) e razão PNmax(a)/Rd (D). Cada ponto representa o valor médio ± erro-

padrão (n = 4).

4.6. Eficiência no transporte de elétrons nas etapas associadas ao PSI favorece a

assimilação de CO2 no dossel florestal

A maior eficiência nas etapas finas do transporte de elétrons associadas ao PSI

(fase-IP; REo/ETo) foi observada em plantas no dossel (Figura 5). Em condições de elevada

irradiância, o PSI em folhas de sol de espécies arbóreas tropicais possui mecanismos de

Chl a+b (mg g-1)

0 1 2 3 4 5 6

IC (

mol m

-2 s

-1)

0

10

20

30

40

IC = -2,5(Chl)+13,4

n = 44; P<0,01; R2 = 0,18

Chl a+b/N (mmolChl

/molN)

0 2 4 6 8 10

IC (

mol m

-2 s

-1)

0

10

20

30

40

IC = -1,5(Chl/N)+13,3

n = 44; P<0,01; R2 = 0,15

A B

Fv/F

m

0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 0,86

IC (

mol m

-2 s

-1)

0

10

20

30

40

IC = -217Po

)+185

n = 44; P<0,001; R2 = 0,32

C

IC ( mol m-2 s

-1)

0 10 20 30 40

PN

max(a

)/R

d

0

10

20

30

40

50

60

70

80

PNmax(a)

/Rd = 6,1+(92,3/IC)

n = 44; P<0,001; R2 = 0,79

D

Sub-bosque

Dossel

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dissipação da energia de excitação que o protege de danos fotooxidativos (Barth et al.,

2001), desta forma, esses mecanismos podem estar favorecendo a integridade do PSI e

permitindo a elevada eficiência nas etapas finais do transporte de elétrons das árvores no

dossel florestal. Ademais, maiores valores da fase-IP no dossel indicam maior proporção

PSI/PSII (Schansker et al., 2005; Ceppi et al., 2012). A irradiância no comprimento de onda

no vermelho é, em grande parte, absorvida pelas folhas ao longo do perfil vertical de

florestas tropicais e assim no sub-bosque é observado uma reduzida razão de irradiância

vermelho/vermelho-distante (0,36) quando comparado com a razão no dossel (1,35)

(Castro et al., 2000). A menor razão vermelho/vermelho-distante pode ser a causa da maior

proporção de PSII no sub-bosque, pois a eficiência máxima do PSII é alcançada com

irradiância próximo ao vermelho (680 nm), enquanto o PSI ao vermelho-distante (700 nm),

sendo assim, maior proporção de PSII é necessária para equilibrar as reações de

oxirredução entre os PSII e PSI no sub-bosque. O empilhamento dos tilacoides em grana

em ambientes sombreados também reduz a razão PSI/PSII em plantas no sub-bosque,

uma vez que o PSII está presente preferencialmente nas lamelas granais, enquanto o PSI

nas lamelas estromais. Em síntese, maior proporção de PSI/PSII e a integridade do PSI,

garantida pela fotoproteção, podem ter proporcionado o aumento expressivo na eficiência

de redução dos aceptores finais de elétrons no PSI (REo/ETo) em plantas no dossel que,

por consequência, aumentaram a eficiência no transporte de elétrons de forma integral

(PItotal), pois a eficiência associada às etapas anteriores (PIABS) não diferiram entre os

ambientes.

Os valores de PNmax correlacionaram-se com parâmetros indicativos das diversas

etapas do transporte de elétrons, mas as relações mais fortes foram observadas com os

parâmetros referentes às etapas finais (fase-IP; REo/ETo e PItotal; Tabela 4). O fornecimento

de poder redutor (NADPH) produzido na cadeia transportadora de elétrons é fator

determinante para a redução de intermediários do ciclo de Calvin-Benson e,

consequentemente, para a maior assimilação de CO2 (Sharkey et al., 2007). Por

consequência, a eficiência no transporte de elétrons ao longo do perfil vertical da floresta,

principalmente em etapas associadas ao PSI, foi fortemente correlacionada com os valores

de PNmax (Figura 8E). Recentemente, em condições de estresse nutricional, hídrico e por

poluentes, foi demonstrado que os valores de REo/ETo e PItotal podem estar associados à

estequiometria PSI/PSII e à assimilação de CO2 (Lin et al., 2009; Desotigiu et al., 2012;

Campos et al., 2014). Assim, investigar a funcionalidade do aparato fotossintético durante

as reações de oxirredução ao longo da cadeia transportadora de elétrons com uma técnica

rápida e não invasiva, tal como o desdobramento do transiente polifásico da fluorescência

da clorofila a pelo teste – JIP, pode fornecer informações acerca do desempenho

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fotossintético nas condições anteriormente sumarizadas e ao longo do perfil vertical de

florestas tropicais.

4.7. Divergência em características foliares: elevada fotossíntese no dossel e balanço

positivo de carbono no sub-bosque

No dossel florestal foram observados maiores valores de irradiância de

compensação, respiração foliar no escuro e fotossíntese máxima na base de área foliar

(Figura 7). Maior valor de PNmax(a) no dossel é resultado tanto da maior disponibilidade de

irradiância quanto de características morfológicas, anatômicas e funcionais foliares

desenvolvidas para aclimatação à alta irradiância. Nesse estudo, foi demostrado que além

de características morfoanatômicas, maiores valores de PNmax no dossel também são

determinados pela maior eficiência no transporte de elétrons, principalmente nas etapas

associadas ao PSI. Por outro lado, no sub-bosque, a baixa irradiância de compensação é

garantida pela maior eficiência de captação da irradiância disponível, seja aumentando a

concentração de clorofila ou a eficiência no aprisionamento da energia no centro de reação

do PSII.

Maiores valores de respiração foliar foram relacionados a maior assimilação de CO2

ao longo dos ambientes (Figura 8F), uma vez que há elevada demanda energética para a

manutenção e turnover de proteínas associadas ao processo fotossintético, carregamento

do floema e reparo de fotodano em condições de elevada disponibilidade de irradiância no

dossel (Lambers et al., 2008; Weerasinghe et al., 2014). A eficiência quântica aparente ()

foi superior no sub-bosque durante os períodos chuvoso e chuvoso/seco e invariável nos

demais períodos sazonais (Figura 5). Dessa forma, a reduzida respiração foliar no escuro

foi determinante para os menores valores de irradiância de compensação (IC = Rd/) no

sub-bosque nos períodos seco e seco/chuvoso (Craine e Reich, 2005). Além disso, os

efeitos a concentração de pigmentos cloroplastídicos, do investimento preferencial de

nitrogênio em clorofilas e da eficiência quântica máxima do PSII sobre os valores de IC não

devem ser negligenciados (Figuras 5, 9A e B; Kenzo et al., 2006). Menores valores de IC

proporcionam aumento na eficiência de uso do carbono (PNmax/Rd) até a faixa entre 6 e 8

µmol (quanta) m-2 s-1 (Figura 9D). Esses valores compreendem a variação de IC observada

no sub-bosque, assim como, a faixa de irradiância amplamente disponível nesse ambiente

(Figura 2), sugerindo que a tolerância à sombra no sub-bosque está relacionada com a

manutenção de um balanço positivo de carbono ao minimizar perdas de CO2 (Valadares e

Niinemets, 2008).

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77

5. Conclusões

A captação e uso da irradiância por espécies arbóreas no dossel e sub-bosque

florestal são realizados por mecanismos distintos, caracterizados da seguinte forma:

espécies arbóreas crescendo no sub-bosque de floresta ombrófila densa na Amazônia

Central, além de apresentarem estruturas que otimizam a interceptação e a absorção da

irradiância, são mais eficientes na utilização da energia nas etapas iniciais da cadeia de

transporte de elétrons. Essas características mantêm o balanço de positivo carbono

mesmo em condições de baixa disponibilidade de irradiância no sub-bosque. Por outro

lado, espécies no dossel florestal possuem maior fotossíntese em consequência da

estrutura e funcionalidade foliar, com maior espessura do parênquima paliçádico e massa

foliar específica, alto conteúdo foliar de nitrogênio e fósforo, assim como, maior eficiência

na redução dos aceptores finais de elétrons do PSI.

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CONCLUSÕES GERAIS

A redução na disponibilidade hídrica, durante o período seco, limita a assimilação

de CO2 em espécies arbóreas no dossel e sub-bosque de floresta ombrófila densa na

Amazônia Central. Esta limitação é consequência direta da reduzida condutância

estomática, independente do estrato florestal.

A estrutura e funcionalidade do aparato fotossintético não são afetados pelas

condições de redução da disponibilidade hídrica, elevada irradiância e temperatura durante

a estação seca, intensificada pelo El Niño.

O melhor desempenho fotossintético das árvores no dossel é explicado pelas

características do mesofilo, conteúdo de nitrogênio e fósforo foliar e fluorescência da

clorofila a.

No sub-bosque, as espécies arbóreas otimizam a captação da irradiância pelo

investimento em pigmentos cloroplastídicos nos complexos coletores de luz dos

fotossistemas e, também, aprisionamento de elétrons nas etapas iniciais das reações de

oxirredução no fotossistema II. Essas características, somadas à baixa respiração foliar no

escuro, estão associadas a uma menor irradiância no ponto de compensação de CO2 e

dessa forma proporcionam balanço positivo de carbono.

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