47
1 Fernanda Appel Müller

Ecologia de pragas de solo - ufpel.edu.br · Principais insetos-praga de solo no Brasil. 7 Gênero Diabrotica possui cerca de 338 espécies; Diabroticaspeciosa (Germar, 1824) predomina

Embed Size (px)

Citation preview

1

Fernanda Appel Müller

2

INSETOS DE SOLO

DEFINIÇÃO:

São insetos que vivem no solo ou que nele se

desenvolvem pelo menos durante uma fase do

ciclo biológico.

3

Scaptocoris spp. Phyllophaga spp.

Phyllophaga sp.

Todas as fases do desenvolvimento

4

Uma fase do desenvolvimento

Anastrepha fraterculus

Spdoptera frugiperda

5

Importância dos insetos de solos

� Produção de húmus

� Aeração do solo

� Pragas das raízes

6

Batata, alfafa, citros, arroz, cana-de-açúcar, soja

Família Hospedeiro

COLEOPTERA

Chrysomelidae Soja, feijão, milho, batata

Cerambycidae Cana-de-açúcar

Curculionidae

Elateridae Batata

Scarabaeidae Pastagens, hortaliças, milho, sorgo, trigo, cana-de-açúcar, soja, cafeeiro

Melyridae Milho

DIPTERA

Stratiomidae Cafeeiro

Pseudococcidae Cafeeiro

HEMIPTERA

Margarodidae Videira

Cydnidae Soja, milho, arroz, pastagens

Principais insetos-praga de solo no Brasil

7

�Gênero Diabrotica possui cerca de 338 espécies;

�Diabrotica speciosa (Germar, 1824) predomina BR

� adultos� parte aérea

� larvas�parte subterrânea (raízes e tubérculos). (Gallo et al., 2002).

Diabrotica speciosa

8

Dinâmica populacional

� tipo de planta hospedeira disponível�forte

influência na sobrevivência e reprodução;

� associação de milho e feijão�favorável para a

multiplicação do inseto. Ávila (1999)

Feijão ���� alimento favorável para adultos

Milho ���� favorável para as larvas

Diabrotica speciosa

9

�maior atividade em lavouras de milho após às 17h;

� temperatura média de 24,2 a 27,2º C;

�umidade superior a 80%.

Nava et al. (1999)

Dinâmica populacional

Diabrotica speciosa

10

Linha 6 Linha 7 Linha 8 Linha 9 Linha 10 Linha 110

50

100

150

200

250

300

350

Umidade do solo (%)

Nº médio de ovos

63 32 29 26 24 22

Número médio de ovos colocados por Diabrotica speciosa em Terra Roxa Estruturada distrófica, com diferentes teores de umidade.

Fonte: Milanez & Parra (2000)

a

a

a

ab

b

c

Umidade do Solo

Diabrotica speciosa

11

� Larvas danificam o sistema radicular;

� região da emissão das raízes adventícias;

� Enfraquece planta;

� reduz absorção de água e nutrientes, tornando-a

menos produtiva.

As larvas são de coloração branca-leitosae de formato afilado.

Danos em milho

Diabrotica speciosa

12

“Pescoço-de-ganso”

Parte aérea fica com o

colmo curvado,

comprometendo a

arquitetura da planta e

sua eficiência para

realizar fotossíntese.

Danos em milho

Diabrotica speciosa

13

Severidade do dano:

� regiões mais quentes do Paraná, (Arapoti)

� produtividade do milho� cerca de 200 kg/ha

� temperaturas mais baixas (Ponta Grossa e Castro) redução de 600 kg/ha. Silva (1999)

Milho�adequada para a larva�inadequada para o adulto (baixa longevidade e fecundidade). (Ávila & Parra, 2002).

Danos em milho

Diabrotica speciosa

14

� Larvas perfuram tubérculos�Redução do valor comercial.

�Adultos�intensa desfolha e redução da produtividade.

�Batata�hospedeiro ideal para a multiplicação da praga em campo (Ávila & Parra, 2002).

Larvas desenvolvem-se bem nos tubérculos.

Danos em batata

Diabrotica speciosa

15

Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) (Lepidoptera: Pyralidae)

� “broca-do-colo”.

� Polífaga�gramíneas e leguminosas produtoras de grãos;

�Danos mais intensos�clima e ambientes quentes e secos;

�Brasil�danos a cultura do milho, cana-de-acúcar, trigo, soja, arroz, feijão, sorgo, amendoim, algodão.

16

� Lagartas:

�atacam a base dos colmos;

�cavam galerias em direção ao centro;

�provocam seccionamento das folhas centrais;

�secam e dão origem ao sintoma “coração-

morto”.

� Sua injúria facilita a entrada de patógenos

Lagarta Elasmo

Elasmopalpus lignosellus

17

Lagarta Elasmo

Lagarta penetra na região do colo, fazendo galerias no interior do caule.

Adulto

Sintoma do ataquePorta de entrada para patógenos.

Dano em Milho

Elasmopalpus lignosellus

18

� alta umidade do solo contribui para reduzir

problemas;

�Maiores danos�solos leves e bem drenados;

� menor incidência sob plantio direto.

Bioecologia

Elasmopalpus lignosellus

19

Linha 5 Linha 6 Linha 7 Linha 8 Linha 9 Linha 10

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Lâmina de água aplicada no solo (mm)

Plantas atacadas (%)

0 10 20 30 40 50

a

b bbc c c

Efeito da umidade do solo sobre o dano de Elasmoplapus lignosellus em milho.

Fonte: Viana & Costa (1995)

Umidade do solo

Elasmopalpus lignosellus

20

�Scaptocoris castanea (Perty, 1830)

(Hemiptera: Cydnidae)

�presente na maioria dos Estados;

�danos provocados por ninfas e adultos;

�sucção da seiva através das raízes. (Oliveira et al. 2000).

Scaptocoris castanea

21

� “percevejo-castanho” designa espécies de percevejos que habitam o solo;

� primeiro registro no Brasil = Final do século XIX;

� referências de sete espécies no Brasil;

� Causam prejuízos em diversas culturas de importância econômica, principalmente em soja, milho, algodão e pastagens (SILOTO e RAGA, 1998).

Percevejos-castanhos

Scaptocoris castanea

22

Uma característica que denuncia a presença deste inseto no campo é o forte cheiro exalado quando o solo é revolvido para plantio.

Percevejos-castanhos

� plantas atacadas � desenvolvimento reduzido;

� ataques severos�estádios iniciais da cultura, pode haver necessidade de replantio.

Scaptocoris castanea

23

Percevejos-castanhos

Adulto

Adulto

Ninfa

Ninfa – perfil do solo

Scaptocoris castanea

24

�Estudos�flutuação populacional

�distribuição vertical no solo

�adultos e ninfas de S. carvalhoi� encontrados no solo durante todo o ano.

� revoadas� novembro e final de outubro

Estratégias de manejo

Scaptocoris castanea

25

Ninfas e adultos:�camadas superficiais do solo no período

chuvoso, �aprofundam-se nas épocas mais secas

(Sousa 2002, Oliveira 2003, Oliveira & Malaguido 2004)

Em períodos chuvosos = 20cm de profundidade

Em épocas secas = 41 cm a 80cm *Mais de 85%

Estratégias de manejo

Scaptocoris castanea

26

Eurhizococcus brasiliensis (Hempel, 1922) Margarodidae ou pérola-da-terra

� principal praga�vinhedos do sul do Brasil (Soria & Gallotti 1986, Gassen 1989, Hickel 1998).

�Abandono da cultura da videira � Dificuldade de controle

�Ocorre somente no Brasil � Principalmente na Região Sul.

Eurhizococcus brasiliensis

27

Ciclo biológico

Fonte: Salvadori, 2004

Eurhizococcus brasiliensis

(Fotos: E. Hickel)

28

Bioecologia

� Formigas doceiras associam-se aos cistos de pérola-da-terra;

�Cochonilha: excrementos açucarados;

� Formiga: transporte das ninfas, proteção contra inimigos naturais;

� Na ausência da formiga os cistos ficam encrustados com fungos devido aos excrementos açucarados.

Eurhizococcus brasiliensis

29

�Infesta raízes das parreiras;

�definhamento progressivo da videira;

�redução da produção;

�morte das plantas.

Danos

Eurhizococcus brasiliensis

(Foto: E. Hickel)

30

�corós-pragas mais importantes

�culturas produtoras de grãos

�Trigo, outros cereais de inverno (aveia, centeio,

cevada e triticale), milho, canola e soja.

Corós-pragas

31

�Diloboderus abderus (Sturm) (Coleoptera: Melolonthidae)

�Importância Econômica � Em pastagens, gramados

�Predominância � Argentina, Uruguai e Brasil

�Brasil � Rio Grande do Sul

�Espécie Univoltina

�Profundidade solo = 10 e 19 cm

Coró-das-pastagens

Diloboderus abderus

32

Ciclo biológico

Ciclo de vida de Diloboderus abderus e relação com o ciclo das culturas de trigo, soja e milho no Rio Grande do Sul.

Fonte: Salvadori, 2004

Diloboderus abderus

33

�Adultos = hábito crepuscular 19h15min às 20h30min;

� revoadas�importante mecanismo de sobrevivência e disseminação;

� duração do período larval é de 225 dias;

�Movimentação influenciada pela disponibilidade de alimento, temperatura, umidade e tipo de solo.(Silva & Loeck, 1996)

Bioecologia

Diloboderus abderus

34

�Larvas, especialmente as de 3º instar;

�alimentam de raízes, sementes e parte aérea de plantas pequenas.

Mortalidade de plântulas e diminuição da produtividade.

Danos

Diloboderus abderus

35

Sua ocorrência está associada ao Plantio direto. Requisitos biológicos = restos culturais

� Larvas de 3º ínstar

Danos são mais evidentes nas culturas de inverno (maio-setembro).

Importância Econômica

Diloboderus abderus

36

Secundariamente = Pode proporcionar benefícios

� galerias verticais no solo;

�Mineralização de nutrientes;

� aumento da densidade e distribuição de organismos no perfil do solo.

Importância Econômica

Diloboderus abderus

37

Teores de fósforo (A), cálcio (B), potássio (C) e matéria orgânica (D) no perfil do solo e em câmaras com larvas de Diloboderus abdereus.

(A) (B)

(C) (D)

Fonte: Gassen & Kochann (1993)

Diloboderus abderus

38

Coró-do-trigo

Phyllophaga triticophaga(Coleoptera: Melolonthidae)

� uma das espécies mais comuns em sistemas de produção que incluem trigo e outros cereais de inverno no RS;

� espécie polífaga de hábito rizófago;

� danos também em: aveia, cevada, triticale e centeio;

�além de culturas de verão como: soja e milho

Phyllophaga triticophaga

39

Coró-do-trigo

�Sob sistema convencional e plantio direto;

� Larvas vivem próximas a superfície do solo;

�As larvas alimentam-se principalmente de raízes,

mas também consomem sementes e a parte aérea

de pequenas plantas;

�Não foi constatado a alimentação de adultos.

Phyllophaga triticophaga

40

Ciclo biológico

O ciclo de vida da espécie completa-se em 2 anos

Fonte: Salvadori, 2000

Phyllophaga triticophaga

41

Dinâmica populacional

�Flutuam naturalmente em função de inimigos naturais e condições ambientais;

�Altas infestações em áreas até então sem problemas evidentes causados por este coró;

� Condições extremas de excesso ou falta de umidade no solo são prejudiciais ao desenvolvimento e sobrevivência da espécie.

Phyllophaga triticophaga

42

Danos

�Mortalidade de plântulas;

� Diminuição da capacidade produtiva de plantas;

� Populações de 20 a 30 corós/ m2

�redução no rendimento de grãos superiores a 50% (Salvadori, 2000)

� Sintomas: murchamento, secamento, morte e desaparecimento de plântulas.

Phyllophaga triticophaga

43

�Nem todo coró presente no solo representa ameaça.

�Espécies não-rizófagas:• construtoras de galerias• ↑infiltração de água das chuvas;• incorporação de nutrientes;• ↑crescimento de raízes;• melhor estruturação física do solo.

�Hábitos alimentares facultativos:�toleradas até certa densidade populacional;

44

O coró-pequeno (Cyclocephala flavipennis),

muito abundante em lavouras, sob plantio direto e

em pastagens, não causa danos consideráveis

(Salvadori, 1999);

Benefícios: Alimenta-se de palha e não causa

danos às plantas cultivadas, mesmo em

populações elevadas (100 larvas/m2).

Corós não pragas

45

O coró-da-palha (Bothynus sp.) pode ser caracterizado como símbolo do plantio direto, pela adaptação às condições de lavouras.

Ocorrência: Desde o sul do Brasil até a regiãoAmazônica.

Benefícios: incorporação de palha e depósito deexcrementos em galerias profundas e pela ausência de danos diretos às plantas cultivadas

Corós não pragas

46

Diversas espécies de corós coprófagos:

� Promovem a decomposição e a incorporação

do esterco de animais, bem como o controle

biológico de pragas de importância veterinária (Honer et al., 1992).

Corós não pragas

47

Agradecimento à:Bióloga, Doutoranda, Departamento de Fitossanidade, FAEM/UFPel

Adrise Medeiros Nunes

[email protected]

“Na Natureza tudo se transforma em mais Natureza.”