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Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Programa de PósGraduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento ECOLOGIA DO CUIDADO: Ecologia do Cuidado: Interações entre a criança, o ambiente, os adultos e seus pares em instituição de Abrigo. Lília Iêda Chaves Cavalcante Belém – Pará Março, 2008

Ecologia do Cuidado - PPGTPCppgtpc.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/Lilia Cavalcante 2008.pdf · os adultos e seus pares em instituição de Abrigo. Lília Iêda Chaves Cavalcante Tese

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  • ServioPblicoFederal

    UniversidadeFederaldoParInstitutodeFilosofiaeCinciasHumanas

    ProgramadePsGraduaoemTeoriaePesquisadoComportamento

    ECOLOGIADOCUIDADO:

    EcologiadoCuidado:

    Interaesentreacriana,oambiente,

    osadultoseseuspareseminstituiodeAbrigo.

    LliaIdaChavesCavalcante

    BelmPar

    Maro,2008

  • ServioPblicoFederal

    UniversidadeFederaldoParCentrodeFilosofiaeCinciasHumanas

    ProgramadePsGraduaoemTeoriaePesquisadoComportamento

    ECOLOGIADOCUIDADO:

    EcologiadoCuidado:

    Interaesentreacriana,oambiente,

    osadultoseseuspareseminstituiodeAbrigo.

    LliaIdaChavesCavalcanteTese apresentada ao Programa de PsGraduaoem Teoria e Pesquisa do Comportamento, daUniversidadeFederaldoPar,comorequisitoparcialpara obteno do Grau de Doutor em Teoria ePesquisadoComportamento.readeConcentrao:Ecoetologia.Orientadora:Prof.Dr.CelinaMariaColinoMagalhes

    BelmPar

    Maro,2008

  • Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP) (Biblioteca de Ps-Graduao do IFCH/UFPA, Belm-PA)

    Cavalcante, Llia Ida Chaves Ecologia do cuidado: interaes entre a criana, o ambiente, os adultos e seus pares em instituio de abrigo / Llia Ida Chaves Cavalcante ; orientadora, Celina Maria Colino Magalhes. - Belm, 2008 Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Par, Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, Programa de Ps-Graduao em Teoria de Pesquisa do Comportamento, Belm, 2008. 1. Crianas - Assistncia em instituies. 2. Crianas - Cuidado e tratamento. 3. Crianas - Desenvolvimento. 4. Educadores. I. Ttulo.

    CDD - 22. ed. 155.4

  • PraentenderoEr...TemquetmolequeTemqueconquistaralgumEaconscincialeve...OEr,acriana,sinceraconvicoFazendoavidacomoquesolnostraz.

    OmundovistodeumajanelaPelosolhosdeumacriana..(CidadeNegraOEr)

  • DEDICATRIA

    scrianasdoEspaodeAcolhimentoProvisrioInfantil,

    pravocseporvocsestetrabalho,porquenos

    mostramtodososdiascomofazeravidacomoquesol

    nostraz,mas,certamente,damaneiramaisamorosa,

    corajosaeldicapossvel.

  • AGRADECIMENTOS

    Diante da impossibilidade de agradecer expressamente a cada um que colaborou com arealizao deste trabalho, o fao ento na figura de algumas pessoas que acompanharam demodoespecialolongocaminhopercorridoataqui,comapoio,estmulo,oraesecolaborao.Comgratidoeterna... Juliana,GiovannaeFranciscoCavalcante,minhas filhasemarido,porseremoqueso:meusamores,minhafamlia,minhasrazes,meumaioraprendizado:cadaumcarregaemsiodomdesercapazeserfeliz. Prof Dr CelinaMagalhes,minha orientadora, por ser (e ter querido ser)minha base desegurana, enquanto, com liberdade e avidez, aceito o convite para explorar o mundo dapsicologia,da (eco)etologia,enfim...omundo.Obrigada,por tudo.Mil vezes,obrigada.O teuolharmelhoraomeu...jdizumacano. urea Flix Souza, gerente do EAPI no perodo em que a pesquisa foi realizada, meusagradecimentos pelas portas abertas, o interesse e a disponibilidade que tornaram possvel odesenvolvimento deste trabalho. Em seu nome, agradeo os educadores, tcnicos, familiares,voluntrios,funcionriosdoabrigoemgeral,quediretaouindiretamentecolaboraramcomesteestudo,oferecendooquepodehaverdemelhor emns:disposiopara construirmosnovossabereseprticasacercadoquejconhecemosedoquejfazemos.AoMatheus,oEr,acriana,ascrianas,pormefazerentenderquecuidar(tambm)...segurarnamo,transpormuroseporteselevarpraverorio,apraiaeobarcoazul.Merci.Aos docentes do Programa de PsGraduao em Teoria e Pesquisa do Comportamento daUniversidade Federal do Par, grata pela oportunidade de conviver com profissionais todedicadosecompetentesnaquiloqueescolheramfazereofazemmuitobem:debruarsesobreosenigmasdocomportamentoedodesenvolvimentohumano.Ao Prof. Dr. Fernando Pontes e Prof Dr Simone Silva, professores e amigos, obrigada,obrigada,obrigada,pelo respeito,pela confiana,mas, sobretudo,porme fazerem sonhar... Esonhar,bom!Celi Silva, amigaquerida, comquem vivencio (comomostra a literatura)o valordo cuidadomtuo, das relaes entre coetneos, das amizadesmaduras, uma experincia sempre rara edifcil,masquefaztobem. Laiane Corra, bolsista do Programa Iniciao de Cientfica PIBIC, por contribuir comsensibilidade,dedicaoecompetnciaparaarealizaodestetrabalho.Obrigada,querida. Daniele Lameira, Mirna Lisboa, Altair Klautau, Shirleny Santiago, Darlene Cardoso, SamiaLoraschi, Joo Pontes, profissionais e estudantes que colaboraram com a realizao destapesquisaemespaosetemposdiferentes.Muitoobrigada.

  • RosanaBarros,SmiaMonteiro,ElianaChiaradia,PatriziaGarotti,FtimaTeixeira,entreoutrosamigoseparceiros,porcompartilharmosidias,realizaeseconquistas...Mas,principalmente,osonhodevertodacriananascer,cresceresedesenvolveremfamlia.Saibam,vocsestonaspginasdestetrabalho.AoDr.EdmarPereiraeLuizOtvioMoreira,MMJuzesdeDireitoda3VaraCvelda InfnciaeJuventude,ComarcadeBelm,porteremapoiadoarealizaodestapesquisa.LuizaLamaro,pelosdezanosdeamizadeecompanheirismoetantosoutrosqueaindaviro,porestarcomigo,mesmodistncia.memriadeStelaMenezes,lembranaeternaentrens,peloexemploemvidadededicaoaotrabalho em prolda convivncia familiar comoum direitode todos epara todos crianas eadultos.NelmaCecimesuaequipedetrabalho,RosaeLliam,porcuidaremdens.Aos meus familiares e amigos, irmos/, tios/as, primos/as, cunhados/as, sobrinhos/as,afilhados/asporteremestadoemminhavidadamelhorformaquealgumpodeseguirao ladodooutro:comprontidoecarinho.Obrigada.

  • CAVALCANTE,LliaIdaChaves.Ecologiadocuidado:interaesentreacriana,oambiente,osadultose

    seus pares em instituio de Abrigo. Belm, Par. 2008. 510 p. Tese (doutorado). Programa de Ps

    GraduaoemTeoriaePesquisadoComportamento.UniversidadeFederaldoPar.

    RESUMO

    Ao longodossculos,crianas tmsidocuidadasem instituiesasilares,privadasdoconvvio familiarecomunitrio, submetidas a atendimentomassificado e despersonalizado. Em parte porque o cuidado crianaeminstituiodeabrigotidocomoumaimportantemedidasocialdeproteochamadainfnciaemrisco.Esteestudoanalisouaspectosdocuidadocrianaemabrigoinfantilapartirdeumaperspectivaecolgica, o que significa pensar em termos dos subsistemas que o constituem como contexto dedesenvolvimentodacriana,asaber,oambientefsicoesocial,apsicologiaeasprticasdoscuidadores.Otrabalhodiscuteaspectosdoacolhimentoeocuidadodecrianasdezeroaseisanosemumabrigopblicode Belm, entre 2004 e 2005.Os dados foram coletados pormeio de consulta a fontes documentais,aplicaodeescalaavaliao(ITERS/InfantToddlerEnvironmentRatingScale),entrevistasemiestruturadae observaes comportamentais. Os participantes foram todas as crianas acolhidas no perodoconsiderado,102educadorese19outros funcionriosdoabrigo,almde10 sujeitos focais com idadesentreumanoe11mesesetrsanosetrsmeses.Osprincipaisresultadospodemserassimrelacionados:1)Dototalde287crianas,9,4%faziamdoabrigoseulocaldemoradiadehumaseisanosemaisdeumteroforamencaminhadas instituiocommenosdeumanode idade(34,84%);2)Nouniversode102educadores, a maioria trabalhava no abrigo h no mximo 12 meses (75,48%), sendo que 45,09%consideravamquesuasexpectativasiniciaiscomotrabalhonoabrigonohaviamsidorealizadas,umavezquepoucaounenhumaorientao foradadaquandodoseu ingressona instituioepermaneciamsemsupervisoeapoio institucionalsatividadesdiriasapsoprimeiroano;3)Com relaoavaliaodoambiente,osresultadosapuradospela ITERSmostramque,emgrandemedida,oselementoscontextuaiscapazes deproporcionar cuidado estruturante e estvel criana no estavam sendo assegurados pelainstituio.Emquasetodosositensavaliados,verificasequeascondiesparaocuidadodecrianasnessafaixaetriasoinadequadasouminimamentesatisfatrias(escore1e2naescaladeavaliao);4)Noqueserefereaoscomportamentosobservadosapartirdas interaesdossujeitos focaiscomseusparceiros,foram registrados3.977 eventos,posteriormenteorganizados em tornodas seguintes categorias: apego(32,89%), cuidado (24,06%), brincadeira (18,64%), agresso (12,42%) e autotoque (11,99%). Aps aaplicaode testeestatstico (Quiquadrado),observasequea freqncia comqueos comportamentosforamemitidoseaquemelesforamdirigidossofreuforteinflunciadevariveiscomosexo,idade,tempodepermanncia, relaodeparentescoe tipodoambienteonde foramgerados.Esses resultados foramdiscutidosemtermosdasuafreqncianasinteraescrianacrianaecrianaadultoeasuarelaocomossubsistemasqueconstituemaecologiadavidainstitucional.Nombitogeral,osresultadosdesteestudodemonstraram o perfil das crianas cuidadas no abrigo traduz as condies de privao material eemocionalaqueestavamsubmetidas,porvezes,desdeonascimento.Oacolhimentoinstitucional,apesardesuprirempartesuasnecessidades fsicas,reduzaschancesdeatenosdemandasdeordemscioafetivaecognitiva,porumaconjunodefatorescontextuais investigados,comoosistemadeturnosdetrabalho,aproporocriana/adulto inadequada (superiora4:1),entreoutros.A literaturanacionalquereconheceas instituiesdeabrigocomoambientecoletivodecuidadoecontextodedesenvolvimentoaindainsipiente.Epoucosestudosinvestigamouniversorelacionalqueenvolvecrianaseeducadoresemambiente de abrigo. Outrossim, os resultados permitem notar que, semelhana do que mostra aliteratura, a ecologia do cuidadono abrigo reflete a existncia de condies aindapouco favorveis aodesenvolvimentoinfantil,comoregistrofreqentedeprticasdecuidadoemquehpoucocontatontimoe afetuoso, interaes contnuas e positivas, sensibilidade sdemandas de cada criana, embora sejammuitos os episdios envolvendo interaes em que a criana busca, estimula e propicia o cuidado emrelaoaosadultoseseuspares.

    Palavraschave:crianainstitucionalizada;abrigo;ecologiadodesenvolvimentohumano;contextodedesenvolvimento;educadores;comportamentodecuidado.

  • CAVALCANTE,LliaIedaChaves.EcologyofCare:interactionsamongthechild,theenvironment,theadults

    and the peers in shelter institutions. Belm, Par 2008. 510p. (Doctorate Thesis). Programa de Ps

    GraduaoemTeoriaePesquisadoComportamento.UniversidadeFederaldoPar.

    ABSTRACT

    Throughoutthecenturies,childrenhavebeencaredininstitutions,separatedfromlifeinfamilyandamongcomunity,submittedtomassandunpersonalizedcare.Partiallybecausechildcareinshelterinstitutionsisseen as an important socialmeasureofprotection towhatpeople call childhood in risk.This studyhasanalizedaspectsofchildcareinchildshelterfromanecologicalperspective,whatmeansthinkingintermsof subsystems that make it as context of child development, like social and physical environment,psychologyandpracticalofcaregivers.Theworkdebatesaspectsofwelcomingandcaretochildrenfromzerotosixyearsold inapublicshelter inBelm,amongtheyearsof2004and2005.Datawerecollectedthrough lookingupdocuments,applicationofassessmentscale (ITERS/InfantToddlerEnvironmentRatingScale),semistructuredinterviewandbehavioralobservations.Theparticipantswereallchildrenwhowereshelteredatthattime,102educatorsand19otherpeoplewhoworkedatthatshelterinstitution,beyond10focalsubjectswhowereamongoneyearand11monthsoldandthreeyearsandthreemonthsold.Themainresultscanberelatedthisway:1)From287children,9,4%reallylivedintheshelterfromonetosixyearsandmoreonethirdhadbeentakentotheinstitutionwhentheywerelessthanoneyearold(34,84%);2)Fromallthe102educators,themajorityusedtoworkattheshelterforatmost12months(75,48%),andfromthisamount45,09%consideredthatwhattheyexpectedatthebeginingabouttheworkintheshelterhadnotcametrue,onceafewornoneorientationhadbeengivenwhentheyfirstcameintotheinstitutionandtheyhadnthadneithersupervisionnorinstitutionalsupporttodailyactivitiesafterthefirstyear;3)Inrelationtotheenvironment,theresultscountedthroughITERSshowthatthecontextualelementsthatcangivestructuredandstablecaretothechildwerenotbeingassuredbytheinstitution.Inalmostallassesseditems,we verify that the conditions to children care in this age areneither appropriatednorminimallysatisfactory (score 1 and 2 in the assessment scale); 4) In relation to the observed behaviors frominteraction among the focal subjects and their partners, we registered 3.977 events, later organizedaccording to the following categories: attachment (32,89%), care (24,06%); play (18,64%); agression(12,42%)andselftouch(11,99%).Aftertheapplicationofstatisticaltest(squareQui),wecanobservethatthefrequencywithwhichbehaviorswereshowedandtowhotheyweredirectedtowasstronglyinfluencedbyvariables suchas sex,age, timeof remainingat the institution, relationshipandkindofenvironmentwheretheyhadbeengenerated.Theseresultsweredebatedintermsoftheirfrequencyiniterationschildchild and childadult and its relationshipwith subsystems that build the ecology of institutional life. Ingeneral,thisstudyresultsdemonstratedthattheprofileofchildrenwhohadbeentakencareatthesheltertranslatesthematerialandemotionalprivationconditionstowhichtheyhadbeensubmitted,sometimes,sincetheywereborn.Althoughthe institutionalcaresuppliespartiallytheirphysicalneeds, itreducesthechancesofattention to the social,affectiveand cognitiveneeds,becauseofa conjunctionofcontextualfactorsinvestigated,suchasshiftwork,theinappropriatedproportionofchildren/adults(morethan4:1),amongothers.Thenational literature thataccepts shelter institutionsasenvironmentsofcollectivecareanddevelopmentcontext isstillweak.Anda fewstudies investigatetherelationaluniversethat involveschildrenandeducatorsinshelterenvironment.Thus,theresultsallowustorealizethat,thesamewayourliteratureshows,theecologyofcareattheshelterreflectstheexistenceofconditionsstilllessfavorabletochild development, with frequent registration of care practices in which there is a few intimate andaffectionatecontact,continuousandpositiveinteractions,sensibilitytowhateachchildneeds,althoughwecanrealizemanyepisodesinvolvinginteractionsthatchildlooksfor,stimulatesanddemonstratethecareinrelationtoadultsandtheirpeers.Keywords:institutionalizedchild;shelterinstitution;ecologyofhumandevelopment;developmentcontext;caregivers;carebehavior.

  • SUMRIO

    CaptuloI.INTRODUO 02

    1.1. O Cuidado Institucional: Conceitos, Modalidades e Implicaes para o

    DesenvolvimentodaCriana.

    02

    1.2. OAbrigocomoInstituiodeCuidadoInfantileOutrasDefinies. 28

    1.2.1. OAbrigocomopolticasocialemedidadeproteoespecialinfncia. 29

    1.2.2. O Abrigo como instituio que reproduz traos das instituies totais ou

    fechadas

    34

    1.2.3. OAbrigocomoambientecoletivodecuidado 36

    1.2.4. OAbrigocomoinstituiodecuidadoinfantil 39

    1.2.5.OAbrigocomocontextododesenvolvimentodacriana 42

    1.3.AEcologiadoDesenvolvimentodaCrianaCuidadaemInstituiodeAbrigo. 44

    1.3.1.AAnliseEcolgicadoDesenvolvimentoHumano 44

    1.3.2. OambientefsicoesocialdoAbrigocomosistemaecolgico 55

    1.3.3. ApsicologiadoscuidadoresnocontextoecolgicodeinstituiesdeAbrigo 58

    1.3.4.Asprticasdoscuidadoresnaecologiadavidainstitucional 66

    1.4. OComportamentodeCuidadonas InteraesCrianaCrianaem Instituiode

    Abrigo.

    70

    1.4.1. Ainteraosocialnodesenvolvimentodacriana 70

    1.4.2. Ouniversodasinteraescrianacriana 78

    1.4.3. Asrazesdocomportamentoprsocialnainfncia 83

    1.4.4. Ocomportamentodecuidadocomomodalidadedocomportamentoprsocial. 99

    1.4.5. Ocomportamentodecuidadonodesenvolvimentodacrianainstitucionalizada 101

    1.4.6. As formas de manifestao do comportamento de cuidado entre crianas

    institucionalizadas

    108

    1.4.7. Propostadetrabalho 116

    1.5. Objetivos 119

    1.5.1.ObjetivoGeral 119

  • 1.5.2.ObjetivosEspecficos 120

    CaptuloII.MTODO 121

    2.1.Caracterizaodainstituio 121

    2.2.Participantes 130

    2.3.Ambientefsico 132

    2.4.Instrumentosemateriais 142

    2.5.Procedimento 152

    2.5.1. AutorizaojudicialeaprovaonoComitdetica 152

    2.5.2. Reconhecimentodoambienteinstitucionaledossujeitosdapesquisa 153

    2.5.3. Perododehabituao 153

    2.5.4. ColetadeDados: 153

    2.5.4.1. AplicaodaInfant/ToddlerEnvironmentRatingScaleITERS 153

    2.5.4.2. Preenchimentodoformulrioparacaracterizaodascrianas. 154

    2.5.4.3. Realizaodeentrevista com tcnicosdoSetorPsicossocialeSetorMdicoda

    instituio.

    157

    2.5.4.4. Realizao de entrevista pessoal e estruturada com educadores, tcnicos e

    outrascategoriasdefuncionrios.

    158

    2.5.4.5. Realizao de entrevista coletiva e focalizada com funcionrios do Setor

    Pedaggicodainstituio.

    159

    2.5.4.6. Preenchimentodequestionriopelagernciaparacaracterizaoinstitucional 160

    2.5.4.7. Realizaodassessesdeobservaodascrianasdefinidascomosujeitofocal 161

    2.5.5. AnlisedosDados: 162

    2.5.5.1. Anlisedosdadosreferentesavaliaodoambiente 162

    2.5.5.2. Anlisedosdadosrelativoscaracterizaodascrianas 163

    2.5.5.3. Anlisedosdados referentes aoperfile trajetriade trabalhodeeducadores,

    tcnicoseoutrascategoriasdefuncionriosdoAbrigo

    163

    2.5.5.4. Anlisedosdadosobservacionaisecomportamentais. 164

    Captulo III. AS CRIANAS CUIDADAS EM ABRIGO: CARACTERSTICAS SCIO

    DEMOGRFICAS,PROCESSODEINSTITUCIONALIZAOECONDIODESADE.

    178

    3.1.Perfilsciodemogrficodascrianaseseuspais 178

    3.2.Aspectosdoprocessodeinstitucionalizao 200

    3.3.Condiodesade 215

  • Captulo IV. OSEDUCADORESDEABRIGO:ASPECTOSDAPSICOLOGIAEPRTICASDE

    CUIDADOCRIANA.

    233

    4.1.Perfilsciodemogrficodoseducadoresdoabrigo 233

    4.2.Aspectosdaformaoprofissionaletrajetriadetrabalho 245

    4.3.AtividadesdesenvolvidascomascrianasnoAbrigo 258

    4.4.Aspectossatisfatriosdotrabalho 262

    4.5.Percepoacercadacondiopsicossocialdacrianainstitucionalizada,aspectosdo

    seudesenvolvimentoerelaocomoscuidadores

    273

    4.6.Percepodoseducadoresacercadograudeinflunciadotrabalhonoabrigosobre

    odesenvolvimentodacriana

    285

    4.7.Percepoacercadadimensoafetivadotrabalhocomcrianasemabrigo 289

    Captulo V. O ABRIGO COMO AMBIENTE COLETIVO DE CUIDADO INFANTIL: UMA

    AVALIAONECESSRIA

    299

    5.1.AvaliaodoAbrigocomoambientecoletivodecuidado:discutindo resultadosda

    ITERS.

    299

    5.2. Satisfao pessoal de educadores, tcnicos e funcionrios de apoio com as

    caractersticasdoambientefsicoesocialdainstituio

    329

    CaptuloVI.OCUIDADOEOUTRASCATEGORIASCOMPORTAMENTAISNA INTERAO

    ADULTOCRIANAECRIANACRIANAEMINSTITUIODEABRIGO

    361

    6.1.Ascategoriascomportamentaisapego,cuidado,brincadeira,agressoeautotoquee

    suas subcategorias: anlises das freqncias e episdios de interao com os sujeitos

    focais

    361

    6.1.1.Freqnciadascategoriascomportamentaisporsujeitofocal 384

    6.1.2. Freqncia das categorias comportamentais por sexo, idade, tempo de

    permanncianoabrigodosujeitofocal

    389

    6.1.3.Freqnciadascategoriascomportamentaisportipodeinterao 392

    6.1.4.Freqnciadascategoriascomportamentaisportipodereceptor 393

    6.1.5. Freqncia das categorias comportamentais por tipo de resposta dada pelo

    receptor

    402

    6.1.6.Freqnciadascategoriascomportamentaisportipodeambiente 403

    6.2. O comportamento de cuidado e as subcategorias ajudar, brincar de cuidar, 408

  • entreter,estabelecercontatoafetuoso:anlisesdasfreqncias.

    6.2.1.Freqnciadassubcategoriasdocomportamentodecuidadoporsujeitofocalou

    agentedocuidado

    409

    6.2.2. Freqncia das subcategorias do comportamento de cuidado por sexo, idade,

    tempodepermanncianoabrigodosujeitofocalouagentedocuidado

    411

    6.2.3.Freqnciadassubcategoriasdocomportamentodecuidadoportipodeinterao

    dosujeitofocalcomseusparceiros

    416

    6.2.4.Freqnciadassubcategoriasdocomportamentodecuidadoportipodereceptor

    oualvodocuidado

    417

    6.2.5. Freqncia das subcategorias do comportamento de cuidado de acordo com

    caractersticasdoreceptoroualvodocuidado

    421

    6.2.6.Freqnciadassubcategoriasdocomportamentodecuidadoportipoderesposta

    dadapeloreceptoroualvodocuidado

    424

    6.2.7.Freqnciadassubcategoriasdocomportamentodecuidadoportipodeambiente 426

    ConsideraesFinais 429

    RefernciasBibliogrficas 443

    Anexos 467

  • LISTADETABELAS

    Tabela1.Proporodecrianasporcaractersticassciodemogrficasdospais,segundodadoscoletadosnoEspaodeAcolhimentoProvisrioInfantil(EAPI).Belm,20042005.

    190

    Tabela2.Proporodecrianasporcaractersticasdamoradiadafamlia,segundodadoscoletadosnoEspaodeAcolhimentoProvisrioInfantil(EAPI).Belm,20042005.

    197

    Tabela3.Porcentagemdecrianasporcondiodesadeaonascimento,segundodadoscoletadosnoEspaodeAcolhimentoProvisrioInfantil(EAPI).Belm,20042005.

    216

  • LISTADEGRFICOS

    Grfico1.Porcentagemdecrianasporidadeemmesespocadoencaminhamentoaoabrigo

    179

    Grfico2.Porcentagemdecrianasporidade,segundosexo

    180

    Grfico3.Porcentagemdecrianasporlocaldenascimento

    181

    Grfico4.Porcentagemdecrianasporpessoadereferncianafamlia

    183

    Grfico5.PorcentagemdecrianascompaternidadereconhecidanoRegistroCivil

    187

    Grfico6.Porcentagemdecrianaspormotivoparaoabrigamento

    201

    Grfico7.Porcentagemdecrianasporidade,segundomotivodoabrigamento

    204

    Grfico8.Porcentagemdecrianasporidade,segundotempodepermanncianoabrigo.

    206

    Grfico9.Porcentagemdecrianasportadorasdedistrbiosedeficincias,segundomotivoparaoabrigamento

    207

    Grfico10.Porcentagemdecrianaspornmerodeirmos,segundocontextofamiliareinstitucional

    208

    Grfico11.Porcentagemdecrianasporpessoaqueavisitanoabrigo

    210

    Grfico12.Porcentagemdecrianaspordestinonoperododopsabrigamento

    211

    Grfico13.Porcentagemdecrianasporfiguradereferncianafamlia,segundoperodosdescritoscomoantes,duranteeapsoacolhimentopeloabrigo.

    212

    Grfico14.Porcentagemdecrianasportadorasdedeficinciaedistrbiosnodesenvolvimento,segundomotivoparaoabrigamento

    223

    Grfico15.Porcentagemdecrianaspordoenaeproblemadesadeapresentadosaoingressonainstituio.

    224

    Grfico16.Porcentagemdecrianaspordoenaeproblemadesadeapresentadosduranteapermanncianoabrigo.

    226

    Grfico17.Porcentagemdecrianaspordoenaseproblemasdesaderemanescentesdocontextofamiliaremanifestadosduranteapermannciana

    228

  • instituioGrfico18.Porcentagemdecrianaspormanifestaodesofrimentoemocionalnoperododeadaptaoaoabrigo.

    230

    Grfico19.Porcentagemdeeducadoresporidadeemanos

    235

    Grfico20.Porcentagemdeeducadoresporescolaridade,segundoidadeemanos.

    237

    Grfico21.Porcentagemdeeducadoresporformaoprofissionaldenvelsuperior

    237

    Grfico22.Porcentagemdeeducadorespornmerodefilhos,segundoidade

    240

    Grfico23.Porcentagemdeeducadorespornmerodefilhos,segundoestadocivil

    243

    Grfico24.Porcentagemdeeducadoresporidadedosfilhos,segundoaprpriaidade

    243

    Grfico25.Porcentagemdeeducadoresportempodetrabalhonoabrigo

    245

    Grfico26.Porcentagemdeeducadoresportempodetrabalhonoabrigo,segundoidade

    246

    Grfico27.Porcentagemdeeducadoresporexperinciasanterioresdetrabalhocomcrianasdezeroaseisanos,segundoidade

    248

    Grfico28.Porcentagemdeeducadorespormotivoparatrabalharnoabrigo

    250

    Grfico29.Porcentagemdeeducadoresporfonteutilizadaparacapacitaoeaprimoramentodotrabalho,segundoordemdeimportncia

    254

    Grfico30.Porcentagemdeeducadoresporfonteutilizadaparacapacitaoeaprimoramentodotrabalho,segundoidade

    256

    Grfico31.Porcentagemdeeducadoresportipodeatividadedesenvolvidacomascrianasnoabrigo

    259

    Grfico32.Porcentagemdeeducadoresportipodeatividadedesenvolvidacomascrianasnoabrigo,segundoidade

    260

    Grfico33.Porcentagemdeeducadoresquantosatisfaodasexpectativasapresentadasnoinciodotrabalhonoabrigo

    262

    Grfico34.Porcentagemdeeducadoresquantosatisfaocomcaractersticadotrabalhonoabrigo

    269

  • Grfico35.Porcentagemdeeducadoressegundoordemdeimportnciadosaspectoscansativosdotrabalhonoabrigo

    270

    Grfico36.Porcentagemdeeducadoressegundograudeconcordnciacomassertivasacercadacondiopsicossocialdacrianainstitucionalizada

    274

    Grfico37.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivasacercadacondiosciofamiliardacrianainstitucionalizada,segundoidade

    275

    Grfico38.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivassobreoprocessodedesenvolvimentodacrianainstitucionalizada,segundoidade

    277

    Grfico39.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivassobrecaractersticasdoambientesocialondeconviveacrianainstitucionalizada,segundoidade

    278

    Grfico40.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivassobreinteraoerelaodacrianainstitucionalizadacomadultos,segundoidade

    280

    Grfico41.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivassobreinteraoerelaodacrianainstitucionalizadacomseuspares,segundoidade

    282

    Grfico42.Porcentagemdeeducadoresporconcordnciacomassertivasemrelaoaosefeitosdocuidadoeminstituiodeabrigoparaodesenvolvimentodacriana,segundoidade

    284

    Grfico43.PorcentagemdeeducadoressegundopercepoacercadograudeinflunciadotrabalhorealizadonoAbrigoparaodesenvolvimentodacriana

    285

    Grfico44.Porcentagemdeeducadoressegundosignificadodadoaoapegonotrabalhocomcrianasemambientedeabrigo.

    289

    Grfico45.Porcentagemdeeducadorespornveldeescolaridade,idadeepresenadefilhos,segundosignificadodadoaoapegonotrabalhocomcrianasemambientedeabrigo

    297

    Grfico46.EscoresporsubescaladaITERS,segundovalorestotaisobtidospelodormitrioA.

    300

    Grfico47.EscoresporsubescaladaITERS,segundovalorestotaisobtidospelodormitrioB.

    301

    Grfico48.EscoresporitemdasubescalaIMaterialeMobilirioparaasCrianas

    303

    Grfico49.EscoresporitemdasubescalaIIRotinaeCuidadosPessoais

    307

    Grfico50.EscoresporitemdasubescalaIIIUsodaLinguagemOraleCompreenso 315

  • Grfico51.EscoresporitemdasubescalaIVAtividadesdeAprendizagem

    316

    Grfico52.EscoresporitemdasubescalaVInterao

    321

    Grfico53.EscoresporitemdasubescalaVIEstruturadoPrograma

    323

    Grfico54.EscoresporitemdasubescalaVIINecessidadesdosAdultos

    327

    Grfico55.Porcentagemdeeducadores,tcnicoseoutrosfuncionriosdoabrigo,segundoacondiodeestarsatisfeitooumuitosatisfeitocomcaractersticasambientaisrelacionadassnecessidadesfsicasdacrianadezeroaseisanos

    331

    Grfico56.Porcentagemdeeducadores,tcnicoseoutrosfuncionriosdoabrigo,segundoacondiodeestarsatisfeitooumuitosatisfeitocomcaractersticasambientaisrelacionadassnecessidadescognitivasdacrianadezeroaseisanos

    346

    Grfico57.Porcentagemdeeducadores,tcnicoseoutrosfuncionriosdoabrigo,segundoacondiodeestarsatisfeitooumuitosatisfeitocomcaractersticasambientaisrelacionadassnecessidadesemocionaisdacrianadezeroaseisanosemsituaesespeciais

    349

    Grfico58.Porcentagemdeeducadores,tcnicoseoutrosfuncionriosdoabrigo,segundoacondiodeestarsatisfeitooumuitosatisfeitocomcaractersticasambientaisrelacionadasaaspectosorganizacionaisdainstituio

    357

    Grfico59.Porcentagemdeeventosporcategoriacomportamental(n=3977)

    362

    Grfico60.Porcentagemdeeventosporsubcategoriasdocomportamentodeapego(n=1308)

    363

    Grfico61.Porcentagemdeeventosporsubcategoriasdocomportamentodecuidado(n=957)

    367

    Grfico62.Porcentagemdeeventosporsubcategoriasdocomportamentodebrincadeira(n=741)

    372

    Grfico63.Porcentagemdeeventosporsubcategoriasdocomportamentodeagresso(n=494)

    378

    Grfico64.Porcentagemdeeventosporsubcategoriasdocomportamentodeautotoque(n=477)

    382

    Grfico65.Porcentagemdeeventosporsujeitofocal,segundocategoriascomportamentais

    386

  • Grfico66.Porcentagemdeeventosporsexo,idadeetempodepermanncianoabrigodossujeitosfocais,segundocategoriascomportamentais

    391

    Grfico67.Porcentagemdeeventosportipodeinterao

    394

    Grfico68.Porcentagemdeeventosportipodereceptordocomportamento,segundocategoriascomportamentais

    395

    Grfico69.Porcentagemdeeventosportipodereceptordocomportamentodeapego,segundosubcategoriascomportamentais

    396

    Grfico70.Porcentagemdeeventosportipodereceptordocomportamentodecuidado,segundosubcategoriascomportamentais

    397

    Grfico71.Porcentagemdeeventosportipodereceptordocomportamentodebrincadeira,segundosubcategoriascomportamentais

    399

    Grfico72.Porcentagemdeeventosportipodereceptordocomportamentodeagresso,segundosubcategoriascomportamentais

    401

    Grfico73.Porcentagemdeeventosporcategoriadeapego,cuidado,brincadeiraeagresso,segundocondioetriadoreceptordocomportamento

    402

    Grfico74.Porcentagemdeeventosportipoderespostadadapeloreceptor,segundocategoriascomportamentais

    404

    Grfico75.Porcentagemdeeventosportipodeambiente,segundocategoriascomportamentaiscomfreqnciasuperiora1%

    405

    Grfico76.Porcentagemdeeventosporsujeitofocal,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    410

    Grfico77.Porcentagemdeeventosporsexo,idadeetempodepermanncianoabrigodosujeitofocalouagentedocuidado,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    413

    Grfico78.Porcentagemdeeventosdeacordocomotipodeinteraodosujeitofocalcomseusparceirosoualvosdocuidado,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    418

    Grfico79.Porcentagemdeeventosportipodereceptoroualvodocuidado,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    419

    Grfico80.Porcentagemdeeventosdeacordocomgrupoetriodoreceptoroualvo 421

  • docuidado,segundosubcategoriascomportamentaisGrfico81.Porcentagemdeeventosporsexo,idade,tempodepermanncianoabrigoeparentescodosujeitofocalalvodocuidado,segundosubcategoriascomportamentais

    422

    Grfico82.Porcentagemdeeventosporsexo,idade,tempodepermanncianoabrigoeparentescodosujeitofocaleoutrascrianasalvosdocuidado,segundosubcategoriascomportamentais

    423

    Grfico83.Porcentagemdeeventosporsexo,idade,tempodepermanncianoabrigoeparentescodoeducadoralvodocuidado,segundosubcategoriascomportamentais

    424

    Grfico84.Porcentagemdeeventosporsexo,idade,tempodepermanncianoabrigodoeducadoreoutrosadultosalvosdocuidado,segundosubcategoriascomportamentais

    425

    Grfico85.Porcentagemdeeventosportipoderespostadosreceptores,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    426

    Grfico86.Porcentagemdeeventosporambientecomfreqnciatotalsuperiora1%,segundosubcategoriasdocomportamentodecuidado

    428

  • LISTADEFIGURAS

    Figura1.Ecossistemasdacrianainstitucionalizada

    48

    Figura2.Fachadadoprdioondefuncionaoabrigo

    122

    Figura3.Quadrocomdadosdascrianasqueparticiparamcomosujeitofocaldassessesdeobservaorealizadasnoperododesetembroadezembrode2005

    131

    Figura4.Entradasocial

    133

    Figura5.Jardim

    133

    Figura6.realocalizadaatrsdobarraco(ptio)

    134

    Figura7.Quintal

    134

    Figura8.Banheiroinfantil

    135

    Figura9.Barraco(ptio)

    135

    Figura10.Corredor

    135

    Figura11.Dormitrioparacrianas18a24meses(A)

    136

    Figura12.Dormitrioparacrianas24a48meses(B)

    136

    Figura13.Playground

    137

    Figura14.Prdioemconstruo

    137

    Figura15.Recepo

    138

    Figura16.Refeitrioinfantil

    138

    Figura17.Refeitriodosadultos

    139

    Figura18.Ruadoentornodoabrigo

    139

    Figura19.Ruadoentornodoabrigo

    139

    Figura20.SaladeAtividades

    140

  • Figura21.SaladeEnfermagem

    140

    Figura22.SaladeEstimulao

    141

    Figura23.SaladeEstimulao

    141

    Figura24.ImagemdaSaladeVdeo

    142

    Figura25.Solrio

    142

    Figura26.Subcategoriadocomportamentodeapego:Demonstrarclarapreferncia

    165

    Figura27.Subcategoriadocomportamentodeapego:Buscare/oumanterproximidade

    166

    Figura28.Subcategoriadocomportamentodeapego:Saudar

    166

    Figura29.Subcategoriadocomportamentodeapego:Protestar

    167

    Figura30.Subcategoriadocomportamentodecuidado:Ajudar

    168

    Figura31.Subcategoriadocomportamentodecuidado:Brincardecuidar(exemplo1)

    169

    Figura32.Subcategoriadocomportamentodecuidado:Brincardecuidar(exemplo2)

    169

    Figura33.Subcategoriadocomportamentodecuidado:Entreter

    170

    Figura34.Subcategoriadocomportamentodecuidado:Estabelecercontatoafetuoso

    170

    Figura35.Subcategoriadocomportamentodebrincadeira:Brincadeiratemtica

    171

    Figura36.Subcategoriadocomportamentodebrincadeira:Brincadeiramotora

    171

    Figura37.Subcategoriadocomportamentodebrincadeira:Brincadeiracomobjeto

    172

    Figura38.Subcategoriadocomportamentodeagresso:Agredirfisicamente

    173

    Figura39.Subcategoriadocomportamentodeagresso:Agredirverbalmente

    173

    Figura40.Subcategoriadocomportamentodeagresso:Agredircomgestos

    174

    Figura41.Subcategoriadocomportamentodeautotoque:Autoproteo

    175

    Figura42.Refeitrioinfantil

    333

  • Figura43.Espaodestinadosrefeiesdosbebs

    333

    Figura44.Brinquedoseoutrosobjetosdoadosecompradospeloabrigo

    335

    Figura45.Quadrosquedecoramaparededocorredorexternocomtemticasinfantis

    336

    Figura46.Alimentoseoutrosmateriaisarmazenadosnadespensa

    339

    Figura47.Dormitrioinfantilantesdareformarealizadanainstituioem2005

    341

    Figura48.Dormitrioinfantildepoisdareformarealizadanainstituioem2005

    341

    Figura49.Quadroconfeccionadoparaapresentardadosdascrianasacolhidaspeloabrigo

    352

    Figura50.Banheirodosadultos

    361

    Figura51.Episdiointerativon1:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeapego

    365

    Figura52.Episdiointerativon2:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeapego

    366

    Figura53.Episdiointerativon3:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeapego

    366

    Figura54.Episdiointerativon4:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    369

    Figura55.Episdiointerativon5:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    369

    Figura56.Episdiointerativon6:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    370

    Figura57.Episdiointerativon7:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    370

    Figura58.Episdiointerativon8:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    371

    Figura59.Episdiointerativon9:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    371

  • Figura60.Episdiointerativon10:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodecuidado

    372

    Figura61.Episdiointerativon11:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodebrincadeira

    375

    Figura62.Episdiointerativon12:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodebrincadeira

    376

    Figura63.Episdiointerativon13:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodebrincadeira

    376

    Figura64.Episdiointerativon14:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodebrincadeira

    377

    Figura65.Episdiointerativon15:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeagresso

    380

    Figura66.Episdiointerativon16:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeagresso

    381

    Figura67.Episdiointerativon17:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeagresso

    381

    Figura68.Episdiointerativon18:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeautotoque

    384

    Figura69.Episdiointerativon19:imagemilustrativadesubcategoriadocomportamentodeautotoque

    385

  • EcologiadoCuidado:InteraesentreaCriana,oAmbiente,osAdultoseseusParesemInstituiodeAbrigo.

    ___________________________________________________________________________________

    2

    1.1. OCuidadoInstitucional:Conceitos,ModalidadeseImplicaesparaoDesenvolvimento

    Infantil.

    Emdiferentespocasecontextosculturais,associedadessedeparamcomodesafiode

    pensar formasalternativasdecuidadoscrianascujospaisbiolgicosporrazesdiversas,no

    puderamcumprircomatribuiesrelacionadasaosustento,criaoeeducaodosfilhos.

    No dias atuais, estimativas divulgadas pelo UNICEF (2004) mostram que milhes de

    crianasem todoomundoesto sendo cuidadas forade casa,mantidaspor longoperodode

    tempoemorfanatos,abrigose instituiessimilares.Nafrica,siaeAmricaLatina,calculase

    que 9,5 milhes de crianas so rfos da HIV/AIDS e/ou permanecem sob os cuidados de

    instituies e arranjos comunitrios.Mesmo em regies da Europa e Estados Unidos,muitas

    crianasestoprivadasdocuidadoparentaledemandamcolocaoemlaressubstitutos,umavez

    queseuspaisnoestodisponveisparaassumirencargoseresponsabilidades inerentesaoato

    de cuidareprotegeros filhos.Osnmerosmais recentes indicamque1,5milhode crianas,

    nascidasempasesdoLesteEuropeucrescem longeda famliadeorigemporqueseuspaisno

    estoemcondiesdeassistilasemsuasnecessidadesbsicaseespeciais.

    Asrazesparaaexistnciadetantascrianasprivadasdocuidadoparentalemantidasem

    instituies so muitas, mas, entre elas, possvel destacar: 1) a morte do cuidadores que

    possuamaguardaouaresponsabilidadeparentalpelacriana(rfos);2)aperdatemporriaou

    definitivadocontatocomafamliadeorigem(refugiadosdeguerra,desabrigadosporcatstrofes

    naturais);3)oimpedimentoouoafastamentoinvoluntriodame,dopaiouqualquerumdeles

    do convvio familiar (filhos de pais presidirios, doentes crnicos, imigrantes, mendigos,

    andarilhos);e4)acolocaopordecisoadministrativaou judicialcomoobjetivodeassegurar

    proteo especial em situaes nas quais h grave risco sua integridade fsica, psicolgica e

    sexual.

    No mundo inteiro (UNICEF, 2004), mas, de modo peculiar, no Brasil (IPEA, 2004), a

    separao involuntriadospaisouaexposioviolncia,doena,aoabusoeexplorao,

  • Ecologia do Cuidado: Interaes entre a Criana, o Ambiente, os Adultos e seus Pares em Instituio de Abrigo.

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    3

    dentro e fora do lar, so situaes freqentes e tm servido como justificativa para a

    permannciaprolongadadecrianaseminstituiesabertasoufechadas,aexemplodosabrigos,

    orfanatos,internatos,hospitaiseunidadespsiquitricas.

    De acordo com Roy, Rutter e Pickles (2000), a despeito do relativo consenso entre os

    especialistasdequeaprivaodo cuidadoparentalnosprimeirosanosde vidapodeoferecer

    riscosaodesenvolvimentoinfantil,observasequeassociedadesemgeralaindareforamaidia

    dequeacolocaodacrianaem instituiesdeabrigopodeseranicae,svezes,amelhor

    alternativaemregiesatingidasporguerras,epidemias,catstrofesnaturais,nveisabsurdosde

    pobrezaeprecariedadedasredessociais.

    ParaWolffeFesseha(1999),oencaminhamento,oacolhimentoeocuidadodecrianas

    emambienteinstitucionalsoprticassociaisaindapresentesnosdiaisatuais,especialmenteno

    chamado Terceiro Mundo, onde alternativas como a colocao da criana em instituies

    residenciaisouem laresadotivos,porvezesestoemdissonnciacoma realidadeeconmica,

    poltica e cultural de alguns desses pases. Por essa razo, prosseguem esses autores, as

    diferenas existentes entre caractersticas do cuidado em ambiente familiar e institucional

    merecemserinvestigadademaneiracontextualizada,sobretudoemtermosdassuasimplicaes

    paraodesenvolvimentodacriana.

    Lee(2000)consideraqueocuidadoinstitucionalsediferenciadocuidadoemfamliasob

    vriosaspectos,masespecialmentenoquesereferequalidadedainteraoentreacrianaeo

    cuidador.Eletomacomorefernciaopadrodechoropresenteentrecrianasinstitucionalizadas

    e crianas cuidadasem lar familiar.Parao autor, a literaturamostraque as caractersticasdo

    cuidado infantil exercem forte influncia sobre a durao do choro entre as crianas. Em

    contextosfamiliaresinscritosemsociedadespoucoindustrializadas,nosquaisaculturavalorizao

    contatocontnuoentimoentreameeacriananosprimeirosanosdevida,almdaprontido

    na resposta smanifestaes de desconforto e insegurana do beb, os episdios de choro

    prolongadoforampoucosoumesmonenhum.Lee(2000),emexperimentoprpriorealizadono

  • Ecologia do Cuidado: Interaes entre a Criana, o Ambiente, os Adultos e seus Pares em Instituio de Abrigo.

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    4

    mesmocontextoculturaldasociedadecoreana,verificouqueaduraodochoroentrecrianas

    institucionalizadasfoipraticamenteodobrodoquefoiapuradoentreasquecresciamemfamlia

    (86 versus 45minutos/dia). interessante notar que a diferena entre asmdias obtidas no

    ambiente familiare institucional foiconsideradasignificativa,aindaquea tradiocoreanaque

    levaocuidadorprimrioacarregarobebamarradossuascostastenhasidoregistradaaolongo

    do experimento. Em outras palavras, mesmo quando submetidas a um padro de cuidado

    humanoqueaumentao contato corporaleextensivo,ativao comportamentodeproteodo

    cuidadoremrelaocrianae,porconseguinte,ajudaareduzirafreqnciaeaintensidadedo

    choro infantil, as crianas institucionalizadas choraram pormuitomais tempo do que as que

    haviamsidomantidasemcasa.

    Peloexposto,considerasequeocuidado infantilem instituiespoderepresentaruma

    formadeprivaoseveraaodesenvolvimentoglobaldacriana.Noentanto,nosprimeirosanos

    devida,asseqelasfsicas,cognitivas,afetivasesociaispodemseraindamaisgraves,postoquea

    crianaafastadadoseuambientenaturalepassaaconviverdemaneiraintensacompessoase

    situaesestranhas.

    Experimentosquedivulgadosapartirdemeadosdosculopassado,comoostrabalhosde

    Bowlby (1979/1997, 1976/1995), Bronfenbrenner (1994/1996), Freud e Burlingham (1960),

    Goldfarb (1949),Provencee Lipton (1962),Spitz (1965/1998),TizardeHodges (1978),Tizarde

    Rees (1974) e Winnicott (1984/2002), guardam importncia histrica na medida em que

    impulsionaram o debate sobre os efeitos do cuidado institucional precoce para amaturao

    cognitiva,emocionalesocial.

    Entreosprecursoresdessedebate,Spitz (1965/1998)demonstrouquenaetiologiados

    transtornospsquicosentrecrianasquecresciamafastadasdolaremumainstituioinfantilnos

    EUA,estavampresentes fatoresde riscoque resultariammenosde traosdapersonalidadeda

    meemaisdasuaausnciafsica,sejapordoena,morte, institucionalizaoouhospitalizao,

    principalmente quando no existia um adulto que a substitusse na prestao dos cuidados

  • Ecologia do Cuidado: Interaes entre a Criana, o Ambiente, os Adultos e seus Pares em Instituio de Abrigo.

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    5

    maternos. Para ele, situaes de privao afetiva, total ou parcial, levammuitas das crianas

    cuidadas em instituies amanifestaruma espciede sndrome,um conjuntode sintomasde

    naturezafsicaepsquica,queafetanegativamenteodesenvolvimentoglobaldacriana.

    Em seus primeiros estudos, Spitz (1965/1998) observou que a ocorrncia da sndrome

    modifica o estado geral da criana, sobretudo o seu comportamento social, debilitandoa

    fisicamenteao longodemaisoumenos trsmeses.O trabalhoafirmaque,noprimeiroms,a

    criana, retrada,apresentava choropersistenteeapegavaseaoobservadorquandomantinha

    algum tipo de proximidade. No segundo ms, havia perda gradual de peso, o choro sofria

    alteraes e havia gemidos como forma de lamento por parte da criana. Em geral, quando

    desnutrida,acrianadiminuaoritmodeseucrescimentofsicoeamadurecimentopsicomotor.

    No terceiroms,acrianacomeavaaevitarea recusarocontatocompessoasaoseu redor,

    ficavadurantemuitotempodebruosnacama,quaseinerte,apresentavaperturbaesnoritmo

    dosonoeficavamaisvulnerveladoenasinfectocontagiosasgraves.Emcasosextremos,houve

    registrodemanifestaoderigidezfacialcomoindciodeproblemasneurolgicos.

    De imediato, a polmica gerada em torno desse trabalho despertou a ateno de

    autoridades,governantesepesquisadoresdediversasreas,servindocomo refernciaaoutras

    investigaes que lhes sucederam, inclusive uma especfica sobre a situao dos rfos da II

    GuerraMundial que haviam sido acolhidos e cuidados por instituies infantis em razo do

    desaparecimentooumortedospais.

    Freud e Burlingham (1960) realizaram estudo em berrios que acolhiam crianas que

    sem lareprivadasdoconvviocomospaisem funodaeclosodaguerraemseuspasesde

    origem. Esse e outros trabalhos das autoras se tornaram referncia para estudos sobre essa

    modalidadedecuidadoinfantilaodiscutiremaspectosdaqualidadedoatendimentoprestadoem

    enfermarias e berrios de instituies residenciais e as particularidades da infncia vivia em

    temposdeguerra.Entretanto,dedicaramespecialatenoaoestudodosefeitosdostressgerado

    pelaprivaoprecoceparaodesenvolvimentodoschamadosrfosdaguerra,analisandocom

  • Ecologia do Cuidado: Interaes entre a Criana, o Ambiente, os Adultos e seus Pares em Instituio de Abrigo.

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    6

    propriedade a extenso dessas seqelas psicolgicas e os recursos oferecidos pela terapia

    psicanalticainfantilparasuareparao.

    Em 1948, James Robertson realizou avaliao diagnstica sobre a situao da sade

    mentalinfantil,querecebeuapoiodaOrganizaoMundialdaSade.Oestudoenvolveucrianas

    deambosossexos,maisoumenosentre2e3anos,quetinhamemcomumofatodeteremsido

    cuidadas fora do lar porum determinado tempo. Ele as observou antes, durante e depois do

    retornoaoconvviocomame.Ascrianasqueparticiparamdapesquisapermaneceramdurante

    semanasouatmesesemambientes institucionais,comohospitaisouentidadesdeassistncia

    social, sempre em regimede internao,mas sem apresenadeumamesubstituta estvel.

    Nesseestudo,opesquisadorretratacomriquezadedetalhesaintensidadedaaflioeoquadro

    dedesolaodascrianasnoperodoemqueforaminstitucionalizadas,capturandoimagensque

    denunciavamaexistnciadeumambientecujatristezaeangstiaeramevidentes.

    Como era de se esperar, tambm esses registros provocaram grande comoo,

    mobilizaram a opinio pblica,mas principalmentemotivaram novas reflexes e crticas aos

    mtodos de pesquisa sobre o problema da privao dos cuidados maternos e o convvio

    prolongadoeminstituiesparaasadefsicaementaldascrianas.

    Naesteiradessapolmica,em1952,JohnBowlbypublicouobraqueapresentaediscute

    questes relacionadas privaodo contato fsico entreme e filho e as implicaes afetivas

    dessaseparaonosprimeirosanosdainfncia,lanandoluzessobreainvestigaodesituaes

    nasquaisacriana recebeoscuidadosprimriosemambiente institucional,masnoconsegue

    estabelecertrocasafetivasecontnuascomoscuidadoressubstitutos,procurandoalertarassim

    paraosprejuzosdeixadosporessaexperinciaaodesenvolvimentoinfantil.

    De incio, Bowlby (1976/1995) e seus colaboradores consideraram a privao dos

    cuidadosmaternosumavariveldeterminanteparaamanifestaodeproblemaspsiquitricos.

    Mas,aospoucos,redefiniramasbasesdessadiscussoepassaramatratlacomoumavarivel

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    muito importanteemestudossobrea incidnciadedoenasmentaisna infncia,masqueno

    poderiasertomadaparaanlisedemaneiraisolada.

    Bronfenbrenner(1994/1996)tambmtraz importantescontribuiesparaessedebatee

    discorda das posies anteriormente assumidas por Spitz (1965/1998) e Bowlby (1976/1995),

    naquiloquedizrespeitoaoperododa infnciaemqueasseqelaspsicolgicasdaprivaodos

    cuidadosemfamliapodemsemanifestardeformamaisintensaepraticamenteirreversvel.

    Spitz (1965/1998) considerada que o perodo crtico para a formao do apego est

    situado na segundametade do primeiro ano de vida, por ser uma fase em que as ligaes

    primrias se consolidam e a criana comea a distinguir figuras de preferncia entre os

    cuidadores.Paraele,quandoaexperinciadaprivaodoscuidadosmaternosocorressenesse

    perodo sensvel, a longa conivncia em ambiente institucional poderia ser particularmente

    traumticacriana.

    J Bowlby (1976/1995) afirma que o processo de vinculao e o desenvolvimento do

    apego so experincias decisivas nos primeiros novemeses de vida, ainda que a disposio

    internadacrianaparase ligaraquem lhedispensaamaiorpartedoscuidadosmaternospossa

    semanterativapelomenosatofinaldoterceiroano.Nessesentido,quandoacrianaprivada

    detoimportanteexperinciaafetivaasuacapacidadedesevinculareseapegaraalgumpode

    ficarempartecomprometida.

    Para Bronfenbrenner (1994/1996), os efeitos imediatos da privao dos cuidados

    maternosapsosextomsdevidatrazemseguramentedanosaodesenvolvimentoinfantil,mas

    consideraqueasconseqnciasemlongoprazopodemsersuperadasoureparadasemrazode

    vriosfatores,comoaqualidadedocuidadoinstitucional,otempodeconvivncianainstituio,

    oambientepsinstitucionalizao,entreoutros.Detodomodo,ressaltaque,quandoaprivao

    ocorre nos primeiros seismeses, fase em que as interaes da criana com ame somais

    intensas e as ferramentas que possibilitam a aprendizagem e o conhecimento do mundo

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    comeamaserexperimentadas,osprejuzosemocionaisecognitivostendemasermaisseverose

    persistentese,conseqentemente,apossibilidadedereparaodessesdficitssermenor.

    Nessesentido,argumentaBronfenbrenner(1994/1996),opotencialdesenvolvimentaldas

    crianascuidadaseminstituiesaumentanarazodiretaemqueomeiofsicoesocialapermite

    eamotivaaassimilarpadresde interaorecprocacomseusparesecuidadores,assimcomo

    possibilitarelacionamentosdidicosprimrioscadavezmaiscomplexos,quetenhamapresena

    deumadultonodesempenhodopapelparental.

    Emquepesecrticassofridasao longodo tempo,oconjuntodos trabalhosacimaserve

    ainda como referncia para estudos contemporneos sobre questes relacionadas condio

    psicossocialdacriana institucionalizada,masprincipalmenteaos limitesespossibilidadesdo

    desenvolvimento humano em condies adversas, definidas como contextos marcados pela

    privaomaterialeafetiva.

    Opioneirismodessesprimeirostrabalhostevecertamenteomritodelevantarquestes

    que permanecem atuais entre pesquisadores contemporneos: Quais as implicaes da

    interrupo dos cuidados em famlia e a longa permanncia em ambiente institucional para a

    formaodeumpadrodeapegoemocionalmenteseguroduranteosprimeirosanosdevida?

    Para Hrdy (2000), os humanos, assim como outras espcies animais, sobretudo os

    primatas,nascembiologicamentepreparadosparaestabeleceremanterumaligaoemocional,

    forteeduradoura,comameouqualqueroutrafiguradeapegoprimrio.Ascrianasjnascem

    comanecessidadedeseapegar.Ossereshumanosso,porassimdizer,nascidosparaoapego.

    o que de pode considerar a dimenso biolgica do vnculo.Das ligaes primrias depende a

    sobrevivnciadofilhotehumano,sobretudonosprimeirosanosdevida,poisrequerajudapara

    seralimentado,protegidodofrioecalorexcessivos,mantidoprximoeasalvodeestranhosque

    possamoferecerriscosuasegurana.

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    Dessepontodevista,ficamarcadoo lugarea importnciadas ligaesprimriasparao

    desenvolvimentoda criana eodebate acercadosdanos resultantesdaprivao afetiva edo

    cuidadoinstitucionalprolongadoeexclusivo,ganhaproporoatmaisacentuada.

    Para Zeanah, Nelson, Fox, Smyke,Marshall, Parker e Koga (2003), o perodo que se

    estendedaconcepoataidadede3anosdecisivoparaodesenvolvimentoinfantil,umavez

    querpidas,complexaseprofundasmudanassoprocessadasnaformaodamentedacriana.

    precisamentenesseperodoqueacrianapassadeumquadrodecompletadependnciado

    cuidadoresprimriosemrazodelimitaesdeordemmotora,verbalecognitiva,aumarefinada

    capacidade de entendimento e participao ativa em situaes regidas por regras sociais. Em

    razodisso,oafastamentodafamliaeapermannciaeminstituioqueofereapoucoestmulo

    aofuncionamentodasestruturascerebraispodemlimitarosnotveisavanosdesenvolvimentais

    esperadosnessafasedavida.

    Dozier, Stovall, Albus e Bates (2001), por sua vez, entendem que a institucionalizao

    precocepode resultar em riscos aodesenvolvimento globalda criana,principalmenteporque

    compromete a capacidade de criar e manter relaes estveis e duradouras em razo das

    interrupesexperimentadasnosrelacionamentoscomasfigurasdeapegoprimriasnafamlia

    (experinciasanterioresde separaoeperdaafetiva),na instituioouno laradotivo (estado

    mentaledisponibilidadeafetivadequemofereceocuidadosubstituto).

    Na presente dcada, pesquisas tambm comparam diferentes aspectos do

    desenvolvimentodecrianasque,emseusprimeirosmesesouanosdevida,foramcuidadasem

    instituiesedepoisemlaresadotivos.Emsuamaioriasoestudoscomparativoselongitudinais

    quetrabalhamcomamostrasdecrianascomhistricodeinstitucionalizaoprecoceoumesmo

    cuidadas exclusivamente em ambiente familiar, como resgatam Sigal, Perry, Christopher,

    RossignoleOuimet(2003)apartirdeminuciosarevisodaliteraturadisponvelsobreotema.

    Para esses autores, na atualidade, pesquisas sobre as conseqncias do cuidado

    institucionalnainfnciaversamorasobreosdficitsduradourosnofuncionamentopsicolgicoda

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    criana institucionalizada,ora sobreosefeitosnegativosdasprticasde cuidadopresentesem

    orfanatose similaresparaa segundagerao.Nessa segunda linhadepesquisa, comentamos

    autores,estotrabalhosqueanalisamocomportamentodemulheresqueviveramaexperincia

    do abandono e da institucionalizao no incio da vida e na fase adulta,mas que, diante da

    responsabilidadedecuidareprotegerseusfilhosprovmcuidados inadequadosaosseusbebs

    (Dowdney, Skuse, Rutter,Quinton&Mrazek, 1985) e/ou os tratam demodo agressivo (Sigal,

    Meislova,Beltempo&Silver,1988).

    Outrosestudos,examinadosporSigalecols.(2003),mostramquenecessrioconsiderar

    aimportnciadeoutrasvariveisquepodemagircomofatoresdeproteoaodesenvolvimento

    infantil, atenuando ou prevenindo riscos e agravos relacionadosmais diretamente ao cuidado

    infantil. Entre os fatores a serem observados, temse o temperamento, a idade da criana

    entradanainstituio,otempodepermanncianessetipodeambiente,aqualidadedocuidado

    institucional, omeio de convvio no psinstitucionalizao e amanifestao de experincias

    positivasnainfnciaeanossubseqentes.

    De outro modo, estudos analisados por Sigal e cols. (2003) demonstram que certas

    experincias podem contribuir para uma adaptao positiva da criana com histrico de

    institucionalizao na fase adulta: 1) presena de um adulto cuidador interessado e atencioso

    durante a adolescncia; 2) experincias como competncia acadmica ou atltica; 3)

    envolvimento com um companheiro estvel no incio damaioridade (Rutter&Quinton, 1984

    citadoporSilgal&cols.,2003);4)amadurecimentodedefesaspessoais(Vaillant,1993citadopor

    Sigal&cols.2003).

    Sigalecols. (2003) investigaramosefeitosda institucionalizaonosprimeirosanosda

    infncia em adultos demeiaidade. A pesquisa envolveu homens emulheres que viveram a

    experinciadaorfandadenainfnciahmaisoumenos50anosatrs.Nainfncia,todoshaviam

    sidoacolhidosporinstituiessituadasemQuebec,noCanad.Combasenosresultadosobtidos

    em suasprprias investigaes,essesautoresconcluramqueogrupoderfosestudoucinco

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    anosamenosdoqueogrupodecomparao.Entreos institucionalizados,amdia foide3,46

    anos.Nogrupodecomparaoamdiachegoua9,46anos.Aproporodehomensemulheres

    rfosquenuncacasoumaiordoqueadogrupodecomparao.A relaoentreonvelde

    satisfao com a vida social e o valor e a presena de crenas e prticas espirituais entre os

    homensrfosestatisticamentesignificativa.Omesmono foiencontradoentreasmulheres

    envolvidas no estudo. Os homens rfos faziam uso de analgsicos com mais freqncia e

    representavam 37,5% contra 15% do grupo de comparao. Alm disso, usavam mais

    tranqilizantes(22,5%)doqueogrupodecomparao(10%).Entreasmulheres,ospercentuais

    foramsemelhantes.

    Deacordo comSigale cols. (2003),possivelmenteessesdadosguardam relao coma

    incidncia significativa de doenas crnicas entre adultos que foram institucionalizados na

    infncia.No rol dos problemas de sade apontados pelos entrevistados, homens emulheres,

    respectivamente, fizeram refernciadepresso (12,5%e17,1%),bronquiteouasma (20%e

    26,8%),enxaquecaedoresdecabea(20%e24%),artriteereumatismo(15%e9,8%),lcera

    estomacal(25%e31%)ereincidnciadedoenasdiversas(35%e41,5%).

    Aindanaliteraturainternacional,vriosestudosestabelecemrelaescomparativasentre

    diferentesaspectosdodesenvolvimentode crianasqueem seusprimeirosmesesouanosde

    vida foram cuidadas em instituies e depois em lares adotivos, apresentado, contudo, uma

    margemmaioroumenordetempoentreumaexperinciaeoutra.Emsuamaioriasoestudos

    comparativos e longitudinais que trabalham com amostras de crianas com histrico de

    institucionalizaoprecoceeoutrasquesempreforamcuidadasemambientefamiliar.Ouainda,

    trabalhosemqueincluemamostrasdecrianascuidadaseminstituiesresidenciais,modalidade

    decuidadosubstitutonaqualexisteapreocupaoemsereproduzircaractersticasdoambiente

    fsicoesocialquesoprpriasdoconvvioemfamlia,masondeapermannciadacrianaprecisa

    tercarterobrigatoriamenteprovisrio,comoesclarecemDozier,Stovall,AlbuseBates(2001).

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    Dentre os estudos longitudinais reconhecidos como experimentos naturais que tinham

    comoobjetivoexaminarosefeitosdocuidado institucionalparaodesenvolvimentodacriana,

    destacamseasprimeiras iniciativasrealizadasem instituiesresidenciaissediadasemLondres,

    entreosanos60e70.Emumdessesexperimentosnaturais,TizardeRees(1974)observaram65

    crianasquepermanecerammuitotempoemberriosconsideradosdealtaqualidade(limpos,

    arejados,coloridos,confortveis,commuitosbrinquedoselivrosdisponveis).Noentanto,aalta

    rotatividade e o horrio de trabalho dos funcionrios no propiciavam a formao de

    relacionamentos ntimos e estveis entre as crianas e seus cuidadores. Os pesquisadores

    decidiram ento trabalhar com trs grupos de sujeitos: 1) crianas institucionalizadas que

    retornaram ao convvio com a famlia de origem (geralmente muito pobres, que foram

    reconstitudasouondeshaviaapresenadeumdoscnjuges);2)crianas institucionalizadas

    queforamadotadasporoutrasfamlias(freqentementecomboasituaofinanceira,casaiscom

    relao duradoura e sem filhos); 3) crianas que permaneceram no ambiente institucional. A

    equipedepesquisadoresaplicouaEscalaWechlerdeInteligncia,comoobjetivodepromovera

    discussodediferentesaspectosdodesenvolvimentocognitivoentrecrianasqueparticiparam

    dapesquisa.Ao final,osresultadosobtidoscolocaramnocentrodadiscussoa importnciada

    qualidadedoambientedocuidadoinfantil.

    Os resultados mostram que as crianas que voltaram famlia de origem, foram

    entreguesquasesempremebiolgica,apsumperododemaisoumenosquatroanosemeio.

    Quandocomparadasscrianasquepermaneceraminstitucionalizadas,apresentaramresultados

    mdios inferiores, provavelmente em funo de que haviam perdido algumas vantagens

    ambientais: fcil acesso a brinquedos, livros e passeios.Os estmulos ambientais no estavam

    presentesnamesmaproporoemseuslares,umavezqueamaioriadascrianaseraoriundade

    famliasmuitopobreseseuspaistinhampoucosrecursoseducacionais.

    J as crianas institucionalizadas e em seguida adotadas, passaram a conviver em um

    ambiente familiar que apresentava caractersticas contextuais muito diferentes daquelas

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    encontradasnas instituies infantisoumesmoemsua famliadeorigem.Porvoltadosquatro

    anos e meio, essas crianas apresentaram escores mais elevados em todos os critrios de

    avaliaoadotadospelospesquisadores, inclusiveemrelaoaostestesde inteligncia,quando

    comparadas s que integravam os outros dois grupos. As razes que explicam o seumelhor

    desempenho, segundoTizardeRees (1974),provavelmenteesto relacionadasao fatodeque

    passaram a receber cuidadosmaternos demodo sistemtico e a conviver em um ambiente

    intelectualmentemaisestimulante,commaisrecursosfinanceiros,acessogarantidoaensinode

    qualidadeeoutrasatividadesqueestimulamhabilidadescognitivas.Porsuavez,ascrianasque

    permaneceram privadas da convivncia familiar, submetidas a tratamento massificado e

    despersonalizado,aindaqueemumambiente repletodeestmulos fsicos (cores,sons, formas,

    texturas),apresentaramresultados inferiores,principalmentequandorelacionadasaosegressos

    encaminhados para uma famlia adotiva. No entanto, quando as crianas que permaneceram

    institucionalizadas foram comparadas quelas que retornaram ao convvio com a famlia

    biolgica, os escores apresentados por estas foram ligeiramente inferiores ao obtidos por

    aquelas.

    Desse modo, Tizard e Rees (1974) concluram que qualquer que seja o ambiente

    institucionaloufamiliarondeacrianaestejacrescendoesedesenvolvendo,desdeosprimeiros

    diasdevida,precisareceberestmulosvariadosparaquepossaaguarointeressepelomeioque

    a cerca e desenvolver diferentes habilidades e competncias ao longo da vida.Nesse estudo,

    deixou claro que a experincia da desinstitucionalizao teve um efeito positivo bem mais

    evidenteentreascrianasquedeixaramainstituioeretornaramaoconvviofamiliaremlares

    adotivos,sobretudoquandoospesquisadoresavaliaramoaspectoscioafetivoemsuatrajetria

    dedesenvolvimento.Quandoospesquisadorescompararamosresultadosdosgruposentresi,as

    crianasadotadasapresentaramrendimentomelhoremtestesdedesempenhointelectual,e,em

    atividadescomleituradetextos,demonstrarammaiorflunciaqueasdemais.Tambmentreas

    crianasadotadasopercentual referentepresenadevnculosmtuosentrepaise filhos foi

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    superior ao encontrado nos integrantes dos dois outros grupos. Em razo dos resultados

    alcanados, Tizard e Rees (1974) concluram que a qualidade do ambiente e do cuidado

    institucionalpodeimpulsionarodesenvolvimentodecrianasinstitucionalizadas.

    Nos dias atuais, outros estudos avaliam aspectos do desenvolvimento de crianas

    submetidas ao cuidado institucional precoce, exclusivo e prolongado. Em estudo longitudinal

    realizado por OConnor, Rutter, Beckett, Keaveney, Kreppner (2000), em conjunto com

    pesquisadoresdoEnglishRomanianAdopteesStudyTeam(ERA),avaliamaextensodosefeitos

    daprivaoseverasobreodesenvolvimentodacriananosprimeirosanosdevida.Nesseestudo,

    emparticular,essaequipedepesquisadorestrabalharamcomtrsamostrasdecrianasadotadas

    porfamliasresidentesnoReinoUnido,entre1990e1992.Noprimeirogrupo,selecionaram165

    crianas (deum totalde324)comhistricodeprivao severa tantodeordemmaterialcomo

    emocional. Aps rigorosa avaliao dos pesquisadores, a amostra final totalizou 111 crianas

    adotadas, com idades entre 0 e 24meses, sendo 51% do sexomasculino.No segundo grupo

    estavam48crianasromenasadotadasporfamliasdoReinoUnido,comidadesnafaixaetriade

    24 a 42meses, com predomnio do sexo feminino (65%). Esse grupo, formado por crianas

    adotadastardiamente,foiavaliadosomenteaos6anosdeidade.Oterceirogrupoeraconstitudo

    porumcontingentede52crianas,oriundasdoReinoUnido,quenopossuamexperinciade

    privaoseveraanterior.Amaioriadascrianasselecionadas foiencaminhada instituionas

    primeiras semanas de vida, apenas um pequeno nmero convivera em ambiente familiar. Em

    geral, as crianas estavam severamente desnutridas e apresentavam as marcas do cuidado

    negligentenopasdeorigem.

    Os procedimentos da pesquisa que tinham como objetivo submeter avaliao o

    desenvolvimento global das crianas e comparar resultados apresentados pelas amostras, tais

    como:1)medidas antropomrficas (registrapeso, alturae circunfernciada cabea);2) ndice

    Global Cognitivo (analisa aspectos como percepo,memria, expresso verbal e quantitativa

    atravsdaEscaladeMcCarthy,1972eMerrilPalmer,ANO);3)QuestionrioRevisadodeDenver

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    (recupera relatos parentais quanto a alteraes nos comportamentos sociais, linguagem,

    psicomotricidade fina e grossa). Outras medidas foram ainda utilizadas pelos pesquisadores:

    percepodospaisadotivosquantomanifestaodeproblemascomportamentaisnafasepr

    escolar,afreqnciasaulaseotipodeinstituiodeensinoqueacrianapassouafreqentar

    noReinoUnido(pblicaouprivada).

    Oexperimentorevelouavanosnaevoluodosdadosantropomrficosenaaquisiode

    habilidades cognitivas entre as crianas que compunham os trs grupos de adotados, quando

    considerada a avaliao feita ao seu ingresso no Reino Unido e os escores apresentados aos

    quatroeseisanosapartirdeumabateriade testese relatosparentais.Entretanto,quandoos

    pesquisadores observaram o desempenho das crianas em todas asmedidas de avaliao do

    desenvolvimento,ascrianasqueforamcolocadastardiamenteem laradotivo,ouseja,apsos

    dois anos de idade, apresentaram sempre os escoresmais baixos. Na Escala de Denver, por

    exemplo,18%dascrianasexpostashmaistempoaosriscosprpriosdocuidado institucional

    alcanarampontuaoinferiora70.

    Osresultadosindicamqueforteahiptesedequecrianasexpostasprivaosevera

    no inciodavidaapresentemdficitscognitivosmaiselevadosdoqueasquenoviveramessa

    experincia, aindaque tenha sido registradaexpressiva variabilidadedasdiferenas individuais

    nosescores referentes idadede seisanos, fatoquepoderia serexplicadopelaexistnciade

    cuidadonoprnataleinflunciasgenticas.

    Entretanto,paraOConnorecols.(2000),assimcomopesquisadoresdoEnglishRomanian

    AdopteesStudy,noseriapossvelafirmardeformaconclusivaqueadeterioraoeosavanos

    no desenvolvimento fsico e cognitivo entre as crianas avaliadas guardavam correlao

    significativa com a durao da privao e o tempo de permanncia em lar adotivo. Outras

    variveisprecisariamserconsideradasparaexplicaralteraesnocursododesenvolvimentode

    crianas com histrico de cuidado institucional e privao severa.No mbito dessa discusso,

    recuperamotrabalhode (Ames,1997),umestudo longitudinalcomcrianasromenasadotadas

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    em British Columbia, entre 1990 e 1991. A autora considera que o contato das crianas com

    brinquedos e atividades ldicas na instituio foi decisivo para a melhoria da qualidade do

    cuidadoinstitucionale,dessemodo,paraaprevenodegravesseqelascognitivaseemocionais

    napopulaoestudada.

    Nesses termos, OConnor e cols. (2000) e (Ames, 1997) oferecem subsdios para

    compreensodequestesrelacionadasinflunciadeexperinciasanterioresdeprivaosevera

    noajustamentoposteriordacrianaem laradotivo,assimcomosdificuldadesdecorrentesda

    superao dos efeitos prejudiciais da exposio prolongada pobreza e convivncia em um

    ambientecompoucaofertadeestmulofsicoesocial.

    DeacordocomOConnorecols.(2000),adiscussosobreosefeitosdaprivaosevera

    paraoajustamentoposteriordo indivduodeveenvolveroutrasquestes importantes,comoo

    reconhecimentodaexistnciadeperodoscrticosdodesenvolvimento,os limitesda resilincia

    infantilemcontextosmarcadosporcondiesadversas,osmecanismospelosquaisexperincias

    precocespodemseconstituiremfatoresderiscoparaoamadurecimentopsicolgicodacriana.

    Cinco anos depois, Beckett, Maughan, Rutter, Castle, Colvert, Groothues, Kreppner,

    Stevens,OConnor,eSonugaBarke(2006)publicaramosresultadosde investigaesquederam

    continuidadeaoestudo longitudinalqueenvolveucrianascomhistricodeprivaoseverana

    infncia,masquehaviamsidoadotadasporfamliasqueresidemnoReinoUnido.Oexperimento

    tevecomoobjetivoverificaragravidadeeapersistnciadosefeitosdaprivaoprecocesobreo

    desenvolvimento cognitivode adolescentesque foram cuidados em ambiente familiar apsos

    seismesesde idadeouno segundoanodevida,apresentando,portanto,um tempomaiorde

    convvioeminstituiesouemfamliasexpostasdiariamentepobrezaeviolncia.

    Entreos achadosdesseestudo longitudinal,Beckette cols. (2006) constataramqueos

    efeitosdaprivaoprecocepuderamserpercebidosataidadede11anos,aindaqueascrianas

    daamostratenhamestadosoboscuidadosdepaisadotivosemmdiapor7,5anos.Entretanto,

    prosseguem eles, crianas que foram colocadas em lar adotivo aps os 6 meses de vida

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    apresentaram15pontos amenos em escores cognitivosdoque asque foram adotadas antes

    dessaidade.

    Entre outras explicaes para a persistncia de danos cognitivos at a adolescncia,

    Beckettecols. (2006)citam trabalhosquemostramevidnciasanimaisdequeexperinciasde

    stressseveroeprecocepodemprovocardanosnocrebro,principalmentenofuncionamentodo

    hipocampo, ainda que no seja possvel precisar por meio de exames tomogrficos as

    intercorrncias desses achados para o desenvolvimento infantil. Com bases nos resultados

    obtidos, os pesquisadores concluem que existe a possibilidade real de reparao dos danos

    cognitivos impostos pela privao precoce ao longo do desenvolvimento, mesmo que esses

    ganhos tenham sido bastante limitados em vrios casos, especialmente naqueles em que a

    persistnciadosprejuzosfoinotadaemavaliaorealizadaaos6anosenovamenteaos11anos.

    Nesses casos,hevidnciasdeumnvel significativode comprometimentoneurocerebralque

    podereduziraschancesdessesadolescentesaproveitaremasoportunidadesoferecidasporum

    ambientefamiliaresocialmaisricoeestimulantequeaquelequemarcouosseusprimeirosanos

    devida.

    Roy, Rutter e Pickles (2000) desenvolveram estudo que objetivou comparar o

    desempenhodecrianasquehaviamrecebidocuidadoresidencialgrupaleminstituieseoutras

    que experimentaram cuidado individual em famlias substitutas, procurando verificar se as

    dificuldades de ordem emocional e os nveis de hiperatividade apresentados pelos escolares

    estavammaisrelacionadosaoscontextos familiaresadversosno inciodavidaouaopadrode

    cuidadosubstitutoexperimentadonopresente.

    Os pesquisadores trabalharam com quatro grupos de crianas. O primeiro grupo foi

    formadopor19escolarescuidadosem instituiesdesdeantesdoprimeiroanodevida(mdia

    da idade=79,8meses).Osegundogrupoeracompostotambmpor19escolares,pormeram

    crianascuidadasemfamliassubstitutas,masquenoseconstituramemlaresadotivos(mdia

    daidade=81,3meses).Osdoisgrupossediferenciavamentresiemfunodoestilodecriaoe

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    cuidado oferecido aos escolares, mas possuam uma caracterstica em comum no perfil das

    amostras: as famlias biolgicas apresentavam altas taxas de psicopatologias e problemas de

    conduta social.Em seguida, foram criadosdoisgruposde controle com crianasque recebiam

    cuidadoparentaldemaneiracontnuaeestvel.

    Os procedimentos envolveram a coleta de dados sobre a origem das crianas que

    permaneceramem famliasque seocupavam temporariamenteda suas rotinasde cuidado.As

    informaesforam levantadasemarquivosdotrabalhosocial,queregistravamemdocumentos

    diversosaocorrnciadecomportamentosocialinadequadoporpartedemembrosdafamliade

    origem(histricodeneglignciacrnica,episdiosdeabuso,desempregoconstante,alcoolismo,

    entreoutros).

    Os pesquisadores realizaram ainda a aplicao de questionrios especficos junto aos

    professores e aos pais dos escolares envolvidos na pesquisa. Tambm as crianas dos quatro

    grupos foram avaliadas por meio da aplicao de testes psicomtricos (Escala Wechler de

    IntelignciaparaCrianas,1949;AnliseNealedeLeituraeHabilidade,1996),comdestaquepara

    a investigaodenveisdehiperatividadee insociabilidade(estadodeagitao,dificuldadepara

    permanecersentadopormuitotempo,reduzidacapacidadedeconcentraoparaconclusode

    umatarefa,conflitosebrigascomospares,tendnciaafazerascoisassozinhas).Oinstrumento

    utilizadonessaetapanapesquisa foipropostoporSchachar,RuttereSmith (1981).Almdisso,

    doisoutrosprocedimentos foram realizados: entrevista comosprofessorespara checagemde

    informaes sobre a origem e o perfil scioeconmico das famlias dos quatro grupos

    (institucional,familiarecontrole)eobservaodiretafeitanasaladeaulapelospesquisadores,

    comdestaqueparaoacompanhamentodeatividadesformaisemqueosescolaresnocontavam

    comsupervisodireta.

    Os principais resultados indicam que as crianas cuidadas por famlias substitutas

    apresentaram nveis significativos de comportamento interrompido e hiperatividade, porm,

    aindasim,bemmenoresdoqueosescolaresquerecebiamexclusivamentecuidadoinstitucional.

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    Segundoospesquisadores,58%dogrupoinstitucionale26%dascrianasquerecebiamcuidados

    substitutosemambiente familiarmarcaram trsoumaispontosnaescaladestinadaaaferiro

    nvel de hiperatividade, elaborada por Schachar,Rutter e Smith (1981). J entre os grupos de

    controleessapontuaofoiobtidaporapenas8%dascrianas.Adiferenafoievidentetantonas

    medidasobservacionais feitaspelospesquisadoresquantoosdadosapuradospelosprofessores

    naescola.Entreospais,adiferenamaisacentuadaentreosgruposcomparadosestassociada

    maisaonveldeinsociabilidadedoquedehiperatividade.

    Comaconclusodapesquisa,Roy,RutterePickles(2000)questionaramseosriscospara

    o desenvolvimento de distrbios como a hiperatividade estariam mais associados

    descontinuidade do cuidado individual s crianas ou presena de estigma e atitudes

    prejudiciais no ambiente institucional. Eles apoiaram seus questionamentos no fato que as

    instituies em geral caracterizaramse por grandes unidades residenciais, cuidado impessoal,

    mudanas constantes no quadro de cuidadores, maior mobilidade de crianas, mas, em

    contrapartida,maiscontatocomasfamliasbiolgicas,aindaqueessesmomentosfossempouco

    freqentesegerassemsofrimentoemocional.

    Osresultadosreforamoquealiteraturavemdiscutindoemtrabalhosanterioressobreo

    tema. Notase que crianas com histrico de privao do cuidado parental e acolhimento

    institucional precoce apresentam freqentemente estado permanente de agitao,

    hiperatividade, pouca concentrao nas tarefas dirias e relacionamento pobre com os pares,

    comtendnciaaoisolamentosocial,entreoutrosdistrbiosemocionaisecomportamentais.

    Emtrabalhomaisrecente,RoyeRutter(2006)apresentamachadosreferentespesquisa

    queavaliouodesempenhodecrianaspara leituraprecocecomhistricode institucionalizao

    nos primeiros anos de vida. Os resultados desse novo estudo corroboram o que haviam

    constatadoRoy,RutterePickles(2000).Aoquetudo indica,ascrianasquereceberamcuidado

    institucionalapresentarammaisdificuldadesnoaprendizadoenaprticadaleituranoperododa

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    prescola,provavelmenteemrazodoquadrodedesatenocomumenteassociadosseqelas

    prpriasdocuidadoinstitucionalnainfncia.

    Namesmalinhadeinvestigao,Zeanah,Smyke,KogaeCarlson(2005)realizaramestudo

    queexaminouaqualidadedoapegoemdoisgruposdecrianasqueresidiamemBucharest,na

    Romnia. O primeiro era formado por 95 crianas cuidadas exclusivamente em ambiente

    institucional.Ooutrogruporeunia50crianasquenuncahaviamsido institucionalizadas,tendo

    convividoemfamliadesdeonascimentoAscrianasselecionadaseramdeambosossexosecom

    idades entre 12 e 31meses. Ao longo da durao da pesquisa, foram realizadas entrevistas

    estruturadascomoscuidadoresprimriosdessascrianaseprocedimentosdeumexperimento

    elaborado por Ainsworth, Bell e Donelda (1983), mundialmente conhecido como Situao

    Estranha.

    Nesseestudo,naausnciadospais,ospesquisadoresprocuraramidentificarquemeram

    os cuidadoreshabituaisporquemas crianasmanifestavam clarapreferncia, considerandose

    para tanto a avaliao feita por funcionrios da instituio.Quando essa identificao no foi

    possvel, os pesquisadores apontaram um grupo constitudo de cuidadores que conheciam as

    crianasemantinhamcomelasestreitarelaodeconvvio.

    Os resultados demonstraram que crianas que recebiam cuidados primrios em

    instituies compunham o grupo que apresentoumaior dificuldade para se vincular aos seus

    cuidadores e distrbios na formao e organizao do apego, corroborando com pesquisas

    realizadas ao longo de meio sculo. Zeanah e cols. (2005) verificaram que apenas 22% das

    crianas que se encontravam institucionalizadas por ocasio do experimento desenvolvem

    estratgiasdeapegoem situaesde interao com cuidadoresporquemdemonstramalgum

    nvel de proximidade ou preferncia. J entre as crianas que eram cuidadas em ambiente

    familiar, esse percentual foi significativamente mais elevado, aproximadamente 78%

    desenvolveramestratgiasparaa formaodoapego.Ascrianasqueconviviamcomseuspais

    apresentaram diferenas significativas na quantidade e na qualidade do contato com seus

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    cuidadores,oquedevetersidodecisivodopontodevistaemocionalparaaformaodopadro

    deapegoseguroemndicesmaiselevadosdoqueosencontradosnogrupoquerecebiaateno

    somentedecuidadoresprofissionais.

    Empublicaorecente,Beckett,Maughan,Rutter,Castle,Colvert,Groothues,Kreppner,

    Stevens,OConnor,eSonugaBarke(2006),apsaanlisedeestudosrealizadosporelesmesmos

    e outros autores, constataram que a observao clnica e os estudos experimentais tm sido

    mtodosprivilegiadosempesquisasqueobjetivamverificaro impactodaprivaofsicaesocial

    sobreodesenvolvimentopsicolgiconosprimeirosanosdevida.Emgrandeparte,osestudos

    examinados pretendem avaliar o nvel de influncia para o desenvolvimento de mudanas

    processadasnascaractersticasestruturaisecircunstanciaisdocuidadooferecidocriana,tanto

    emambiente institucionalquantoemfamiliar(freqentemente,um laradotivo).Nessesentido,

    pesquisadorestmconcordadocoma idiadequeparecesercomplexaatarefadeprecisarat

    quepontoosganhossubseqentesnoplanodashabilidadescognitivas,afetivasesociaisentre

    crianascomhistricodeprivaoprecocepodemestarrelacionadosfortementeamelhoriasna

    qualidade dos cuidados fsicos e relacionamentos experimentados em lares adotivos, por

    exemplo.Adificuldadeemsechegararesultadosmaisconclusivossobreaquesto,reconhecem

    osautores,deveseanaturezacomplexadasquestesquepassaramaserinvestigadascommais

    rigorapenasapartirdasegundametadedosculopassado.

    Entreaspesquisasqueapontamnessadireo,fazserefernciaaosestudosqueavaliam

    o curso do desenvolvimento de crianas adotadas a partir de instituies sediadas no Leste

    Europeu, Rssia e outros pases onde famlias enfrentam adversidades sociais graves, mas

    tambm,por tratarsedeumapopulaoqueapresentaum lequedeproblemas relacionados,

    oraprivaodocuidadoparental,orascaractersticashostisquemarcamavidainstitucional.

    De acordo com Zeanah, Nelson, Fox, Smyke,Marshall, Parker e Koga (2003), estudos

    recentes revelam evidncias de que deficincias e problemas mdicos, cognitivos,

    comportamentais graves so freqentes nessa populao, alm de retardos na fala e na

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    linguagem,desatenoehiperatividade,dificuldadesnosensodeintegraosocial,manifestao

    deesteretipos,distrbiosnaformaodoapego,entreoutros.

    NoBrasil,estudosqueabordamouniversodacrianacuidadaeminstituioaospoucos

    passamasermaispresentesnaliteraturanacionaledosinaisdavitalidadedessetemanomeio

    cientfico.Comoexemplodaproduodivulgadanosltimosquinzeanos,perodo referente

    implantaodosabrigosemterritrionacional,fazserefernciaaumconjuntodetrabalhosque

    possuem semelhanas e diferenas entre si: 1) Enfatizam aspectos sciohistricos da

    institucionalizaodecrianasnopas(Alto,1985;Bernal(2004);Freitas,1997;IEE,1999;Leite,

    1996;Marin(1999);Marclio,1998;RizzinieRizzini,2004;Silva,2004;Silva,1997,1996;Trindade,

    1999; Venncio (1999); Weber & Kossobudzki, 1996); 2) Discutem aspectos do cuidado

    institucional em abrigos infantis e suas implicaes para o desenvolvimento fsico, cognitivo,

    afetivoesocial(Arola,2000;Bazon&BiasoliAlves,2000;Cariola&Jaehn,1985;Carvalho,2002,

    1996, 1991; Castanho, 2003; Cavalcante,Brito & Magalhes, 2005; Dornelles, 1997; Freiberg

    (2000); Jotz (1997); Martins & Szymanski, 2004a; Morais, Leito, Koller & Campos, 2004;

    Nogueira,2004;Parreira&Justo,2005;Prada,2002;Rotondaro,2002;Rutilia,1998;Santos,2004;

    Siqueira&DellAglio,2006;SouzaFilho,2000;Yunes,Miranda&Cuello,2004);3)Focalizamos

    padresde interaoeaqualidadedas relaesentredadesdo tipoadultocrianae criana

    crianaemambientedeabrigo(Alexandre&Vieira,2004;Barros&Fiamenghi(2007);Boff,2002;

    Carvalho,2000,1996,1991;Guirado,1986;Nogueira,2004;Santos&Basto,2002).

    Peloexposto,otomparadoxalquemarcaarelaoentreproteoerisconasprticase

    polticasdeinstitucionalizaodecrianasvemseconstituindoemumconviterealizaodeum

    maior nmero de pesquisas no mbito dos cursos de psgraduao em diferentes reas do

    conhecimento (psicologia, psicanlise, educao, histria, sociologia, servio social, nutrio,

    medicina,odontologia,fonaudiologia).

    Entretanto,dadaacomplexidadedaquestoem foco,quandoseconsideraaproduo

    no contexto brasileiro, verificase que estudos como os citados neste trabalho ainda so

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    insipientes, principalmente quando se observa o nvel de preocupao de organismos

    internacionaiscomaurgnciadodebatesobreacondiodemilharesemilharesdecrianasno

    mundoque estoprivadasdo cuidadoparental, comodemonstram estatsticasdivulgadaspor

    UNICEF(2004).

    Detodomodo,iniciativasquecontribuemparaadiscussoacercadeaspectoscognitivos,

    afetivosesociaisdodesenvolvimentodessesegmentodapopulao infantil,estopresentesna

    literaturanacionalealgunssodestacadosnestetrabalho.

    WebereKossobudzki(1996)descrevemeanalisamaspectosrelacionadosaoprocessode

    institucionalizaode1.350crianasencaminhadasaabrigos,orfanatose instituiessimilares.

    Entre outros resultados obtidos por meio de entrevistas e anlise de material documental,

    constataram que do total de crianas envolvidas na pesquisa, apenas 14% tinham os pais

    morandojuntosquandodoencaminhamentoparaa instituio.Entretanto,somente8%tinham

    paisqueforamefetivamentedestitudosdoPtrioPoder,condioparaqueseefetiveaadoo.

    Talvez, por isso, 8,41% das crianas nunca haviam recebido uma nica visita de seus pais ou

    demaisfamiliares.Dasqueviviamnainstituiohpelomenosumano,emtornode67%nunca

    foramvisitadasporqualquerdospais.Aofinaldoestudo,asautorassereportamcomapreenso

    aofuturoafetivodecrianasqueestocrescendoeminstituiesdeabrigo,umavezque,nesses

    ambientes, so muitas as dificuldades para a expresso de sentimentos que favorecem a

    formao e/ou manuteno dos vnculos familiares. Em funo disso, entendem que

    preocupante o fato de que, para 53% das crianas, o retorno famlia de origem e o

    restabelecimentodaconvivnciacomospaise/ouresponsveisnoeram tidoscomoumaboa

    medidaparasuasvidas,lembrandoquetodososentrevistadoshaviampassadopelaexperincia

    demorarcomospaisbiolgicosouno.Eainda,oqueparaaspesquisadorasparecesermais

    grave:79%dascrianasdascrianasgostariamdeseradotadaepoderconviveremumafamlia

    quenofosseasuadeorigem.

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    Os resultados desse estudo indicaram que, a despeito de qualquer esforo de

    humanizaodas instituiesdo tipoasilar, soainda inmerososobstculosque impedemo

    reconhecimentoefetivodaconvivnciafamiliarcomoumdireitofundamental,oquegeragraves

    implicaesparaodesenvolvimentodacriana.Nessesentido,trabalhasecomaperspectivade

    que,entreosefeitosmaisnocivosdessaexperinciadeprivaoparaodesenvolvimento,devese

    dirigirumolharespecialaoriscoeminentederupturadosvnculoscomafamliadeorigemeas

    dificuldadescolocadasparaaformaodenovoslaosdenaturezaafetiva,emquepeseaintensa

    convivnciacomadultosecoetneosnoabrigo.

    Outros estudos realizados por pesquisadores brasileiros tambm esto centrados no

    papeleosignificadodafamlianoprocessodesocializaodecrianasinstitucionalizadas,como

    o caso da pesquisa desenvolvida porMartins e Szymanski (2004a). Esse estudo investigou a

    construoda idiade famliaapartirdesituaesdebrincadeiraentrecrianasmantidaspela

    FundaodoBemEstardoMenor(FEBEM),emSoPaulo.Paraessaspesquisadoras,aanlisedas

    interaesmantidasentreascrianasqueparticiparamdapesquisa,assimcomoacoordenaoe

    o desempenho de papis durante situaes de brincadeira do tipo fazdeconta, oferecem

    subsdiosanlisedosprocessospelosquaisaidiadefamliaconstrudaporcrianasafastadas

    do seumeio de origem.Nomundo do fazdeconta, gestos, falas e expresses demeninos e

    meninasconstruramtantoumaimagemrealdacasaedafamliaquepossuemquantoumaviso

    idealizadadaconvivnciafamiliar.Asbrincadeirasquereproduziamcenascomunsconvivncia

    emfamliarefletiamascontradiesevidentesentreorealvividoeorealpensado,entrea

    famliavividaea famliapensada.Asautoras concluramqueas representaesde famlia

    construdas ao longo das brincadeiras e o esforo empreendido para assegurar o processo de

    individuaono contextoda vida institucionaloferecem indicaes importantesparaodebate

    sobre aspectosdodesenvolvimentoda criana institucionalizada e ajudam apensarpropostas

    educacionais dirigidas a esse segmento especfico, que valorizem a experincia do ldico nas

    interaesinfantis.

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    Sobreaspectosrelativosalimentaoenutriodecrianasquevivememinstituies

    de abrigo no Brasil, estudos destacam a presena de distrbios nutricionais graves como a

    desnutrioinfantil.

    Rutlia (1990) investigou a incidncia de quadros graves de desnutrio e doenas

    infecciosas entre crianas internadas em tempo integral na Fundao de Estadual doMenor

    (FEEM),sediadanoRiodeJaneiro.Oobjetivodoestudoeradiscutirarelaoentreoestadode

    sade e a incidncia de doenas entre crianas institucionalizadas no contexto das condies

    sociais de vida