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CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO
LUCIANO FREDERICO DE SOUZA
ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BIGUAÇU - SC
2011
1
LUCIANO FREDERICO DE SOUZA
ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre, no Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu. Orientadora: Profª. Dra. Elaine Ferreira
BIGUAÇU - SC
2011
2
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade do Vale do Itajaí
S89e Souza,Luciano Frederico Ecological footprint method : um estudo de caso no município de Navegantes/SC [manuscrito] / Luciano Frederico de Souza. 2011. 165 f. : il., fots., grafs. Cópia de computador (Printout(s)) Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, 2011. “Orientadora: Profª Drª. Elaine Ferreira” Bibliografia. 1. Administração de empresas. 2. Sustentabilidade. 3. Indicadores ambientais. 4. Meio ambiente - Navegantes/SC. I. Título. CDU: 504.03
3
LUCIANO FREDERICO DE SOUZA
ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, em Biguaçu, SC.
Área de Concentração: Relações e Gestão Socioambientais e Interorganizacionais
Biguaçu - SC, 28 de Fevereiro de 2011.
______________________________ Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto
UNIVALI - Biguaçu Coordenador do Programa
______________________________ Profª. Dra. Elaine Ferreira
UNIVALI - Biguaçu Orientadora
_______________________________ Profª. Dra. Adriana Marques Rossetto
UNIVALI - Biguaçu Avaliadora Interna
________________________________ Prof. Dr. Sérgio Luis Boeira
UFSC Avaliador Externo
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores e colegas, pela consideração, pelo respeito e pela amizade,
relações sinceras que cultivei no decorrer do curso de mestrado. E com os quais
obtive a oportunidade de discutir questões interessantes e para além dos limites da
Academia.
À Universidade, por intermédio da Coordenação e dos funcionários do curso
de Mestrado em Administração, que sempre foram profissionais e cordiais quando
solicitados em seus trabalhos.
À minha orientadora, professora Dra. Elaine Ferreira, que sempre me recebeu
de braços abertos e, com muita calma e motivação, conduziu-me nessa pesquisa.
Aos professores componentes da banca examinadora, pelas participações,
sugestões e críticas concedidas.
Minha eterna gratidão à minha família, pela amizade, pelo apoio e incentivo.
Obrigado pelo carinho especial em todos os momentos, pelos conselhos e pelas
discussões variadas.
E aos amigos, pelas palavras de incentivo e motivação.
5
Cada dia a natureza produz o suficiente
para nossa carência. Se cada um tomasse o
que lhe fosse necessário, não havia
pobreza no mundo e ninguém morreria de
fome.
(Mahatma Gandhi)
6
RESUMO
O estudo de caso realizado no município de Navegantes objetivou a pesquisa
voltada para o levantamento da realidade ambiental local, através da seleção e
classificação de indicadores socioambientais apropriados, utilizando o método
Ecological Footprint Method ou Método da Pegada Ecológica. Essa metodologia é
reconhecida mundialmente na realização de análises comparativas de indicadores
de sustentabilidade e está apta para a análise necessária no estudo das relações
entre a expansão socioeconômica, socioambiental e urbana. Toda a pesquisa foi
realizada no município de Navegantes, no litoral norte de Santa Catarina,
direcionada para a coleta e para a análise de indicadores de sustentabilidade
correlacionados ao território em estudo. O objetivo geral de trabalho foi determinar
os indicadores que podem ser utilizados para definir o grau de sustentabilidade do
município de Navegantes, aplicando o Ecological Footprint Method para os anos de
2005 e 2009, identificando e organizando os devidos indicadores necessários para o
cálculo da pegada ecológica. A pesquisa aplicada está configurada como
exploratório-descritiva, utilizando os dados quantitativos do ano de 2005 e do ano de
2009, consecutivamente. As informações de campo foram coletadas em órgãos
governamentais, institutos de pesquisa e em entidades privadas, tendo, como foco,
os dados referentes aos anos selecionados. O período escolhido é representativo no
desenvolvimento de Navegantes, demonstrado com o acelerado incremento
econômico entre estes dois anos pré-selecionados no estudo. Portanto, o
desenvolvimento da pesquisa e o resultado consequente da aplicação do método da
pegada ecológica na análise comparativa dos indicadores e índices de consumo e
de insumos, comparativamente analisados, foram quantificados com os indicadores
da pegada ecológica no município de Navegantes/SC.
Palavras-chave: Método da Pegada Ecológica, indicadores de sustentabilidade, Navegantes/SC.
7
ABSTRACT
The aim of this case study in the municipality of Navegantes was a survey of the local
environmental situation, through the selection and classification of appropriate social
and environmental indicators, using the Ecological Footprint Method. This method is
recognized worldwide for use in conducting comparative analyses of sustainability
indicators, and is appropriate for analyzing the relationship between the socio-
economic, social, environmental and urban expansion. The study was conducted in
the town of Navegantes, on the north coast of Santa Catarina, focusing on the
collection and analysis of sustainability indicators related to the region under study.
The overall objective of the study was to determine indicators that can be used to
define the degree of sustainability of the municipality of Navegantes, using the
Ecological Footprint Method, for the years 2005 and 2009, identifying and organizing
the appropriate indicators needed to calculate the Ecological Footprint. The Applied
research is exploratory and descriptive, using quantitative data for 2005 and 2009,
consecutively. The field information was collected from government agencies,
research institutes and private entities, focusing on the data for the selected years.
The selected period is a representative one for the development of Navegantes, as
demonstrated by the rapid economic growth between these two years pre-selected
for the study. Therefore, based on the development of the research and the
consequent results of the application of the Ecological Footprint methods in the
comparative analysis of indicators and rates of consumption and inputs, analyzed
comparatively, the indicators of the Ecological Footprint were measured in the
municipality of Navegantes / SC.
Key words: Ecological Footprint, sustainability indicators, Navegantes/SC.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Pirâmide de informações. ........................................................................... 43
Figura 2: Modelo da dinâmica da Pegada Ecológica. ............................................... 64
Figura 3: Dimensão da Pegada Ecológica de Navegantes. ...................................... 68
Figura 4: Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC ........................... 87
Figura 5: Localização das unidades operacionais do Sistema de
Abastecimento de Água de Navegantes/SC ............................................................. 88
Figura 6: Trajeto do lixo entre transbordo e aterro sanitário ...................................... 96
Figura 7: Localização das ações de Manejo de Resíduos Sólidos ............................ 98
Gráfico 1: Tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta 1960 - 2003. .... 58
Gráfico 2: Projeção da tendência PE de 1951 a 2100. .............................................. 59
Gráfico 3: Pegada Ecológica por componente, 1961–2007. ................................... 102
Gráfico 4: População total de Navegantes no período 1980 a 2010. ...................... 112
Gráfico 5: Taxa de crescimento médio anual da população, segundo Brasil,
Santa Catarina e Navegantes no período 2000/2009. ............................................ 115
Gráfico 6: Projeção da população fixa e flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010). .. 115
Gráfico 7: A Pegada Ecológica e a Biocapacidade Global ...................................... 134
Foto 1: Portonave, Navegantes, às margens do rio Itajaí-Açú, foto de 06 de
julho 2009, com vista de Itajaí ................................................................................. 105
Foto 2: Perímetro urbano de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu e,
ao fundo, o oceano Atlântico ................................................................................... 110
Foto 3: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 .............. 117
Foto 4: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 .............. 118
Foto 5: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2009 .............. 119
Mapa 1: Localização do município de Navegantes em Santa Catarina .................. 103
Mapa 2: Localização da área de estudo, Navegante/SC ........................................ 106
Mapa 3: Sistema Viário de Navegantes .................................................................. 109
Quadro 1: Principais elementos da degradação ambiental. ...................................... 30
Quadro 2: Classificação das ferramentas quanto à participação. ............................. 47
Quadro 3: Principais funções dos indicadores. ......................................................... 48
Quadro 4: Análise comparativa conjunta dos indicadores de sustentabilidade. ........ 50
9
Quadro 5: Estrutura conceitual do modelo PER da OCDE. ...................................... 51
Quadro 6: Funções de indicadores, contexto de recuperação de ecossistema. ....... 52
Quadro 7: Equação do saldo ecológico. .................................................................... 65
Quadro 8: Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica. ...................................... 78
Quadro 9: Principais Categorias de Itens de Consumo. Contudo, só alguns
dados de consumo foram utilizados, de acordo com a sua disponibilidade. ............. 79
Quadro 10: Cálculo Consumo Aparente. ................................................................... 80
Quadro 11: Equações do consumo e conversão da quantidade consumida ............. 81
Quadro 12: Indicador de água em função de índice estimado. ................................. 83
Quadro 13: Índice de coleta de esgoto em função do total de população. ................ 84
Quadro 14: Conversão do item energia elétrica. ..................................................... 125
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição percentual dos domicílios com tratamento de esgoto ............ 84
Tabela 2: Número de ligações sem e com hidrômetros instalados por classe de
consumidor. ............................................................................................................... 89
Tabela 3: Volume mensal de água tratada ................................................................ 90
Faturado Navegantes/SC no ano de 2008. ............................................................... 90
Tabela 4: Perdas contabilizadas do SAA, Sistema de Abastecimento de Água de
Navegantes, em 2009. .............................................................................................. 91
Tabela 5: Tarifas de coleta de lixo praticadas pelo RECICLE do Município de
Navegantes /SC de acordo com o Decreto nº 1.337, de 23 de Dezembro de
2009 .......................................................................................................................... 97
Tabela 6: Situação geral de saneamento 2009 ......................................................... 98
Tabela 7: População urbana conforme dados do IBGE – 2010 .............................. 112
Tabela 8: Projeções de população fixa, flutuante e total (adotado uma taxa de
crescimento de 3% ao ano) – (IBGE, 2010, CELESC, 2010). ................................. 114
Tabela 9: Pegada Ecológica (ha) de Navegantes. .................................................. 121
Tabela 10: Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no
período de 2005. ..................................................................................................... 123
Tabela 11: Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica. .... 124
Tabela 12: Consumo de água no ano de 2005. ...................................................... 126
Tabela 13: Consumo de água no ano de 2009. ...................................................... 126
Tabela 14: Pegada Ecológica da população total de Navegantes referente ao
consumo de água nos anos de 2005 e 2009. ......................................................... 127
Tabela 15: Quantidade de resíduos sólidos recolhidos em 2005 e 2009. ............... 128
Tabela 16: Pegada Ecológica da população total de Navegantes referente
à geração de resíduos. ............................................................................................ 129
Tabela 17: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e 2009, (ha)..... 131
Tabela 18: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e 2009, (gha)... 132
11
LISTA DE SIGLAS
APA – Área de Proteção Ambiental
ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico
BEM – Balanço Energético Nacional
CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A
CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de
Santa Catarina
CIDES – Comissão Interministerial para o Desenvolvimento Sustentável
CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CO – Monóxido de carbono
COBIO – Coordenação Nacional de Biodiversidade
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CP – Centro de Pesquisa
DAE – Departamento de Água e Esgoto – Navegantes
DER – Departamento de Estradas e Rodagem
DIBAP – Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas
DIREC – Diretoria de Ecossistemas (do IBAMA)
EFM – Ecological Footprint Method
EFMT – Ecological Footprint Method Total
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FATMA – Fundação do Meio Ambiente
FGV – Fundação Getulio Vargas
Gha – Global hectare
Gj – Gigajoules
GPS – Global Positioning System
Ha – Hectare(s)
IA – Índice Ambiental
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
12
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDS – Índice de Desenvolvimento Social
IDSA – Índice de Desenvolvimento Social Ambiental
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IS – Índice de Sustentabilidade
OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PE – Pegada Ecológica
PIB – Produto Interno Bruto
PM – Plano de Manejo
PMN – Prefeitura Municipal de Navegantes
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
SDRI – Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí
SEMASA – Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e
Infraestrutura, Itajaí.
SIDS – Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
UF – Unidade Federativa
UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
VA – Valor Adicionado
WCMC – World Conservation Monitoring Center
WWF – World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza)
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA.. 18
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................ 19
1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 20
1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 20
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 28
2.1 A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.................................................................28
2.1.1 Desenvolvimento das cidades e o ecossistema.......................................... 31
2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL........................................................... 32
2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE.......................................................... 39
2.4 FUNDAMENTOS E DESCRIÇÃO DO ECOLOGICAL FOOTPRINT
METHOD.................................................................................................................... 52
2.4.1 Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica)..................... 53
3 METODOLOGIA..................................................................................................... 69
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................... 70
3.2 COLETA DE DADOS........................................................................................... 74
3.3 A METODOLOGIA DO ECOLOGICAL FOOTPRINT APLICADA EM
NAVEGANTES........................................................................................................... 77
3.4 ETAPAS DO CÁLCULO DA PEGADA POR ITEM DE CONSUMO..................... 81
3.4.1 Item – Energia consumida.............................................................................. 82
3.4.2 Item – Água consumida.................................................................................. 82
3.4.3 Item – Resíduo produzido............................................................................... 91
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................ 99
4.1 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA REGIÃO DE ESTUDO............................ 103
4.2 POPULAÇÃO EM NAVEGANTES – 2005 E 2009............................................. 111
4.2.1 População Projetada em Navegantes.......................................................... 112
14
4.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS......................................................... 115
5 ANÁLISE ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD............................................... 120
5.1 PEGADA ECOLÓGICA (HA) EM FUNÇÃO DA ÁREA DE NAVEGANTES –
2005 E 2009............................................................................................................. 120
5.2 PEGADA ECOLÓGICA (HA) POR ITEM DE CONSUMO DE NAVEGANTES –
2005 E 2009............................................................................................................. 122
5.3 ENERGIA ELÉTRICA – 2005 E 2009.................................................................122
5.3.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica....... 124
5.3.2 Fator de conversão de unidades Sistema Internacional de
Unidades (SI)........................................................................................................... 125
5.4 ÁGUA ABASTECIDA – 2005 E 2009..................................................................125
5.4.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica....... 127
5.5 QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS – 2005 E 2009................................. 128
5.5.1 Cálculo da PE da população residente referente à geração de
resíduos, nos anos de 2005 e 2009....................................................................... 129
5.6 A PEGADA ECOLÓGICA (HA) DE NAVEGANTES DE 2005 E 2009............... 131
5.7 CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA (GHA) DE NAVEGANTES DE 132
2005 E 2009............................................................................................................. 132
5.8 CÁLCULO DO SALDO ECOLÓGICO DE NAVEGANTES DE 2005 E 2009..... 133
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 135
6.1 LIMITAÇÕES...................................................................................................... 137
6.2 SUGESTÕES..................................................................................................... 138
7 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 140
ANEXOS.................................................................................................................. 146
15
1 INTRODUÇÃO
A abordagem deste capítulo tem como propósito contextualizar o tema e
formular o problema a ser pesquisado. A formulação dos objetivos do estudo, tanto o
de ordem geral quanto os específicos, e a justificativa estão descritos e
referenciados ao tema proposto. A estrutura geral do trabalho é apresentada no
último item deste capítulo.
É nitidamente reconhecido que o desenvolvimento humano está associado ao
incremento financeiro e que o planejamento do uso da terra tem sido decidido
apenas com base nos fatores econômicos, ignorando-se que a sociedade humana
também depende do meio ambiente natural para a sua sobrevivência. Embora o
homem civilizado tenha se beneficiado dos conhecimentos adquiridos por séculos,
diminuiu a qualidade do ambiente dito urbanizado, que também classificamos como
cidades e que estão sendo deterioradas. Ou seja, suas características naturais de
pré-urbanização foram alteradas devido à poluição, ao crescimento desordenado,
aos ruídos, à falta de espaços públicos livres e de vegetação nativa. É possível
afirmar que os espaços ambientais naturais são desprezados em prol do
crescimento econômico e das necessidades privadas e particulares.
O município de Navegantes, cidade do estado de Santa Catarina e tema
deste estudo de caso, pode ser exemplificado como tantas outras cidades no Brasil,
vítimas do crescimento desproporcional à sua natural capacidade de absorção física
e ambiental.
Navegantes é considerada como uma cidade relativamente nova, fundada em
1962, e teve o seu desenvolvimento expressivo associado aos últimos anos.
Desenvolvimento esse percebido fisicamente e economicamente, com a implantação
de duas grandes multinacionais em seu território: o estaleiro Navship, inaugurado
em 2006 (segmento metal-mecânico), e a Portonave, inaugurada em 2007 (terminal
portuário).
Nos últimos cinco anos, o município de Navegantes, em especial no período
entre 2005 e 2009, obteve um salto econômico, em que os investimentos recentes
refletiram em uma arrecadação expressiva, percebida em especial nos investimentos
em infraestrutura, focados mais nos acessos rodoviários para as empresas recém-
16
implantas, na infraestrutura em energia elétrica (subestação de energia) e, também,
em melhorias no saneamento básico.
O progresso do município também é evidenciado com o aumento da
população local e da efetiva procura de profissionais especializados pelas empresas
recém-instaladas. Esses profissionais, com formação específica, chegam para
atender à demanda local por profissionais, em especial, nas áreas naval e portuária,
não disponíveis na região, hoje imigrantes de outras regiões do Brasil.
O município de Navegantes é mais uma cidade do Brasil e do planeta inserida
no contexto moderno do desenvolvimento econômico desenfreado, inevitável e onde
o desenvolvimento humano “pega carona”. Desenvolvimento esse conflitante e
crescente durante o percurso do tempo. Assim, o homem vem realizando suas
ações em prol das suas necessidades evolutivas, mas todo esse desenvolvimento
está atrelado, realmente, às questões econômicas.
O desenvolvimento econômico é considerado a base para a melhoria da
qualidade de vida e é um processo inevitável e crescente, mas os reflexos para o
meio ambiente são realmente considerados? Deveriam ser considerados e até são
previstos em relatórios de impactos ambientais detalhadamente elaborados, pois
muitos estudos são realizados in loco. Entretanto, os resultados desses estudos
ambientais não se refletem em efetivas soluções, aplicáveis para evitar o dano
ambiental e a diminuição da degradação gradual, a qual que pode ser caracterizada
como sendo a pressão exercida pela antroposfera sobre a ecosfera, que é inevitável.
Ou seja, a pressão do sistema de vida do homem sobre o sistema evolutivo
ecossistema é conflitante (BELLEN, 2005).
Nesse sentido, não podemos esquecer que somos interagentes no
comportamento evolutivo da natureza e que a natureza é reagente à intervenção
humana sobre os recursos naturais. Portanto, os recursos naturais podem ser
conceituados como partes da natureza que podem ser aproveitadas (ou não) num
determinado momento e no qual estes recursos se convertem do estado de matéria
e de energia para a condição de recurso de consumo humano (BELLEN, 1996).
No Brasil, assim como em outros países denominados desenvolvidos ou em
desenvolvimento, as necessidades de recursos materiais e enérgicos são cruciais
para a manutenção do modelo econômico adotado e, também, para atender às
necessidades de ganhos de suas populações. Ganhos esses interpretados por
17
Sachs como sendo ganhos de natureza não só material, mas também de cunho
afetivo e social (SACHS, 1986).
Podemos, também, compreender que o progresso das cidades é responsável
pelas degradações ambientais e pelos conflitos sociais, em esfera local, como o
relato deste estudo, tema foco da proposta de pesquisa desta dissertação. A
temática está voltada para a pesquisa de campo direcionada para o município de
Navegantes, na forma de estudo de caso.
O estudo é orientado para a área ambiental, através da análise de indicadores
ambientais de sustentabilidade, utilizando o método Ecological Footprint ou Método
da Pegada Ecológica, reconhecido mundialmente na realização de análises
comparativas de indicadores de sustentabilidade. Método este apto para a análise
necessária no estudo das relações entre a expansão socioeconômica e
socioambiental urbana.
Inicialmente, o estudo tem como foco estruturar e caracterizar a
contextualização dos temas correlatos à temática intitulada neste estudo de caso e
aos objetivos propostos, também descritos e explanados na formulação do
problema, na pergunta de pesquisa e nos objetivos (gerais e específicos), bem como
na justificativa do estudo.
A pesquisa foi realizada nos limites geofísicos do município de Navegantes,
no litoral norte de Santa Catarina, levantando um conjunto pré-selecionado de
indicadores de sustentabilidade e o grau de desenvolvimento sustentado do
município de Navegantes.
Para alcançar resultados consistentes e metodologicamente precisos, foi
aplicado o Ecological Footprint Method, Método da Pegada Ecológica. A aplicação
desse método engloba a análise dos indicadores e índices de consumo de insumos,
comparativamente a serem estudados, selecionados e quantificados. E, assim,
resultando na obtenção dos indicadores de sustentabilidade e da Pegada Ecológica
para o Município de Navegantes.
Para planificar as intenções acadêmicas deste trabalho, a linha norteadora do
estudo está voltada para a pesquisa dos indicadores socioeconômicos e de
sustentabilidade, que contribuirão para a compreensão ampla da pesquisa proposta.
18
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
O município de Navegantes está localizado no litoral norte de Santa
Catarina, com uma população estimada, em 2010, de 60.038 habitantes, com base
no censo demográfico de 2010 do IBGE. O município está em plena expansão
econômica decorrente de grandes investimentos em seu território, como o porto
Portonave e o estaleiro naval Navship, que incrementaram a movimentação
portuária com cargas de todo o sul do Brasil (IBGE, 2010).
Em 1962, o município conquistou sua emancipação política e administrativa e,
a partir desta data, iniciou efetivamente seu crescimento socioeconômico. Segundo
a Prefeitura Municipal de Navegantes, hoje é considerado um dos municípios mais
prósperos da região da Foz do Rio Itajaí (SDR ITAJAÍ, 2010).
Nos últimos 40 anos, a principal fonte econômica em Navegantes resumia-se
à indústria da pesca e do turismo, que ainda estava em fase de estruturação; a
pequena indústria naval também se destacava como fonte de renda direta da
população de cultura açoriana. Nos últimos cinco anos, a mudança do cenário
ambiental, social e econômico expandiu-se em função da implantação de grandes
empreendimentos empresariais no município de Navegantes. Investimentos que
geraram grandes impactos nas três áreas anteriormente citadas e na população
local inserida nesse contexto geocoorporativo (SDR ITAJAÍ, 2010).
As mudanças econômicas e sociais podem ser percebidas e avaliadas por
levantamentos de indicadores socioeconômicos feitos anualmente por órgãos
governamentais. Já os indicadores dos impactos ambientais não são plenamente
tabulados, por serem compilados de forma isolada e não interligados.
E assim caracterizando o problema de pesquisa, pode ser destacado: a falta
de conhecimento de estudo específico voltado à mudança desse cenário e a
necessidade de parâmetros mensuráveis e inter-relacionados na esfera ambiental,
social e econômica, que permitam averiguar o grau de sustentabilidade do
município. Esses parâmetros serão analisados com a utilização do Ecological
Footprint Method, porque ele revela o ambiente natural do município de Navegantes
afetado pelo crescimento econômico acelerado nos últimos anos, bem como os
impactos percebíveis na comunidade local.
19
Portanto, com o problema contextualizado e justificado, esta pesquisa busca
responder à seguinte questão:
Quais são os indicadores de sustentabilidade ambiental que podem ser
utilizados para calcular a Pegada Ecológica no município de Navegante/SC nos
anos de 2005 e 2009?
Este problema contextualizado na pergunta foi o foco norteador do estudo e
das análises resultantes da tabulação dos indicadores de sustentabilidade do
município de Navegantes aplicando-se o Ecological Footprint Method.
Neste sentido, a metodologia da Pegada Ecológica, Ecological Footprint
Method, foi aplicada como ferramenta metodológica na pesquisa de dados e dos
indicadores socioambientais relacionados à realidade do município de Navegantes,
objeto deste estudo.
Os indicadores de sustentabilidade foram selecionados e classificados para
atender aos critérios metodológicos da Pegada Ecológica, que foram criteriosamente
aplicados em planilhas de cálculo. A seleção e a classificação de quais indicadores
fariam parte do cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes se deu em função da
disponibilidade e da confiabilidade dos dados coletados em fontes fidedignas, como
entidades públicas estatais, institutos de pesquisas e organizações não
governamentais reconhecidas por sua idoneidade.
Aplicando-se os indicadores selecionados e devidamente classificados, foi
possível calcular a Pegada Ecológica do Município de Navegantes, no estado de
Santa Catarina, ou seja, permitiu-se esboçar o espaço que cada habitante de
Navegantes ocupa para manter seu modelo de consumo dos recursos naturais em
prol de sua sobrevivência.
Por fim, a devida seleção dos indicadores de sustentabilidade ambiental em
Navegantes possibilitou o cálculo da Pegada Ecológica e demonstrou os impactos
socioambientais em decorrência do desenvolvimento contínuo e desenfreado em
seu território.
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
Para orientar o estudo dos impactos ambientais no período de 2005 e 2009
em Navegantes e delimitar a abrangência deste trabalho, foram definidos os
seguintes objetivos:
20
1.2.1 Objetivo geral
Determinar os indicadores que podem ser utilizados para definir o grau de
sustentabilidade do município de Navegantes aplicando o Ecological Footprint
Method para os anos de 2005 e 2009.
1.2.2 Objetivos específicos
Para o alcance do objetivo geral, foram delimitados os seguintes objetivos
específicos:
a) Identificar os indicadores necessários para o cálculo do Ecological
Footprint Method no município de Navegantes;
b) Calcular o Ecological Footprint anual com referência nos anos de 2005 e
2009;
c) Apresentar os indicadores que influenciaram o Ecological Footprint nos
anos de 2005 e 2009.
1.3 JUSTIFICATIVA
O estudo de nosso habitat, também representado geopoliticamente como
cidade, e a compreensão da dinâmica das atividades humanas sobre a cidade e
dela sobre o meio ambiente é primordial para o entendimento e para a mensuração
dos impactos sobre os recursos naturais.
A cidade de Navegantes, município do estado de Santa Catarina, é nova,
fundada em 1962 e teve o seu desenvolvimento expressivo associado aos últimos
cinco anos, depois do ano de 2005. É uma cidade litorânea, tendo como seus limites
geográficos principais o oceano Atlântico e o rio Itajaí-Açu. O desenvolvimento
acelerado depois de 2005 teve como marco a implantação de dois grandes
empreendimento, o estaleiro Navship, inaugurado em 2006, no segmento metal-
mecânico naval, e o Portonave, inaugurado em 2007, terminal portuário de
contêineres.
Nesses últimos cinco anos, em especial no período entre 2005 e 2009, o
município de Navegantes obteve um salto em seu desenvolvimento. O incremento
21
econômico foi o mais saliente e primeiramente percebível, com os investimentos
feitos em infraestrutura na sede física, nos acessos rodoviários e na demanda de
energia elétrica.
Na esfera das políticas municipais, o incremento substancial na arrecadação
dos tributos econômicos é o mais percebível. O incremento desses investimentos na
economia local é focado, em especial nos acessos rodoviários para as empresas
recém-implantadas, na infraestrutura em energia elétrica (subestação de energia),
como também em melhorias no saneamento básico.
Os dois investimentos citados, Navship-2006 e Portonave-2007, é que
estimularam o crescimento da população local e a circulação de pessoas e de
recursos em dimensão não planejadas até o ano de 2005, ano este o marco
referencial do estudo. Por conseguinte, o ano de 2009 é o ano mais distanciado do
marco inicial de 2005 e de possível estudo para análise do progresso da cidade,
através de indicadores ambientais coletados nesses dois anos pontuais.
O progresso do município é evidenciado com aumento da população local e
da efetiva procura de profissionais especializados pelas empresas recém-instaladas.
Profissionais estes com formação específica para a necessidade local (profissionais
nas áreas naval e portuária), não disponíveis na região, que hoje imigram de outras
regiões do Brasil.
O desenvolvimento das cidades como ambiente urbano e a busca por uma
vida satisfatória para todos que ali habitam deveria ser a premissa norteadora no
desenvolvimento em harmonia com as condições ambientais locais. Entretanto, as
necessidades humanas não são claras e seguem a anseios próprios, focados em
interesses privados ligados, principalmente, ao retorno financeiro.
Em um curto espaço de tempo, algumas décadas, o Brasil agrícola se
transmutou em um Brasil urbano. A migração do interior para as cidades mais
urbanizadas é crescente. Sendo prudente e preventivo que a população das cidades
tenham claras as consequências eminentes da degradação e da exaustão de seus
finitos recursos locais, essas consequências ambientais e climáticas são diariamente
expostas na mídia e explicitadas em publicações variadas com razoável
fundamentação científica, que reportam de forma global muitos dos problemas
ambientais locais. Hoje, um dos principais desafios é interromper o processo de
22
degradação ambiental nas cidades brasileiras, sobretudo nas metrópoles
(DOURADO, 1997).
Segundo Menezes (1996), a urbanização não é um mal em si, o problema a
ser equacionado se refere à questão de que, nos países em desenvolvimento, ela se
reflete em altos índices de pobreza, trazendo, como efeito colateral, a invasão e a
degradação de áreas ambientalmente mais frágeis, como mangues, várzeas, fundos
de vale e áreas de mananciais bem como a consequente especulação imobiliária
local.
Hoje, com os recursos de informática, os mapeamentos por satélites e a
disponibilidade de diversos dados climáticos e de indicadores de consumos
energéticos, é possível determinar com mais precisão o real impacto das populações
sobre o seu meio ambiente local.
Mesmo com todos os adventos tecnológicos de monitoramento ambiental, a
crescente e predatória exploração dos recursos naturais, a diminuição acelerada de
recursos animais e vegetais, a degradação do ambiente natural e a perda da
qualidade de vida são explícitas. O que nos leva a questionar os modelos de
desenvolvimento que o homem vem adotando nas últimas décadas. Assim sendo, é
necessário o repensar da sociedade, com a adequação de suas prioridades
humanas focando, também, o bem-estar das gerações futuras e da busca coletiva
por soluções para os problemas ambientais, para que não venham se concretizar
futuras catástrofes em um futuro não tão distante (LORENZUTTI, 2001).
Para que uma população de uma determinada cidade conheça o impacto de
sua presença e de seu modelo de vida, além do peso do consumo dos seus
recursos no espaço, é preciso investir no conhecimento de suas realidades locais.
Portanto, o meio ambiente e as questões ambientais não podem mais ser
desconsiderados de nossas realidades. Considerando os homens seres de
constante evolução, a consciência ambiental deve estar intrínseca às rotinas de vida
das populações inseridas nas grandes, médias e pequenas cidades. (LORENZUTTI,
2001).
O desenvolvimento das cidades é irreversível, isto é fato, mas tal evolução
não pode desconsiderar os impactos recentes verificados no meio ambiente. Hoje, a
capacidade regenerativa da natureza pode ser monitorada, acompanhada e
analisada através de variados indicadores, que mostram o consumo dos recursos
23
naturais (matérias-primas e insumos) e também podem mensurar os rejeitos não
aproveitados, os quais, desprezados incorretamente, retornam ao ambiente como
alavancas para a destruição ambiental, constituindo-se em danos ambientais (ou
danos ecológicos). Logo, a degradação do meio ambiente, na ótica do dano
material, gera uma violação de direitos para todos na sociedade civil estabelecida
nas áreas afetadas ecologicamente ou ambientalmente (BESSA, 2000).
Bessa (2000) ressalta, também que o dano ambiental ou ecológico, surge da
violação a um direito juridicamente protegido e, assim, ferindo a garantia
constitucional que assegura à coletividade um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Contudo, para que exista a concretização de um dano, não basta que
certo comportamento altere negativamente ou prejudique o meio ambiente. Além
disso, é certo que já existe uma norma que proíbe determinada atividade ou protege
certo bem ambiental; assim, legalmente é reconhecido o dano ao meio ambiente ou
dano ambiental e/ou ecológico.
Danos esses estudados e relatados por muitos pesquisadores, repercutindo
na atenção das autoridades mundiais, que têm se conscientizado da gravidade da
degradação ambiental urbana no planeta. O empenho global agora é de se tentar
recuperar as áreas degradadas, de preservar os remanescentes naturais e de que
seja comum a inclusão de políticas ambientais nos programas estratégicos de todos
os governos (WWF, 2010).
No Brasil, o conceito e a descrição do dano ecológico perante a legislação
ficaram relativamente indefinidos. A constituição brasileira não explicita uma
definição clara para “dano ambiental”; já a Lei nº 6.938/81 (Lei de Política Nacional
do Meio Ambiente), que posteriormente veio a ser criada para focar sobre as
questões ambientais e sobre a degradação da qualidade ambiental e poluição,
explicita as questões de degradação ambiental no seu art. 3º como sendo: (BRASIL,
1981)
I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
24
c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
Fica evidenciado que a Lei nº 6.938/81 relaciona a poluição em relação à
degradação ambiental, destacando que a primeira é uma consequência da segunda,
portanto, resultado de qualquer atividade que afete de forma direta ou indireta o
meio ambiente (BRASIL, 1981).
Contudo, na visão de Bessa, (2000) o dano ambiental resulta também da
extinção de todos os componentes que, podem ser identificados isoladamente
(florestas, animais, ar, água etc.); esses elementos, em forma de bens, adquirem
uma particularidade jurídica derivada da integração ecológica e de seus elementos
separadamente, mas intrinsecamente relacionados.
E Bessa (2000, p. 214) esclarece, ainda, que:
[...] o dano ambiental, que é a poluição capaz de alterar a normalidade ambiental, e, até mesmo, o crime ambiental, que se caracteriza pela subjetividade e pelas lesões ambientais graves. A poluição e o dano ambiental são, consequentemente, resultados não desejados de atividades desejadas, caracterizando uma externalidade negativa.
Dessa forma, o desenvolvimento humano e a consequente expansão das
cidades nos levam a crer que a maioria das ações humanas vão sim desencadear
danos para o meio ambiente, e a questão pertinente, agora, é medir a grandeza
desses danos.
Na região do estudo, na Foz do Rio Itajaí em Navegantes, o incremento
industrial está em crescente desenvolvimento, notadamente nos últimos
levantamentos de dados socioeconômicos tabulados por órgãos governamentais. Os
dados levantados por órgãos do governo, como IBGE, FATMA e SDRI, Secretaria de
Desenvolvimento Regional de Vale da Foz do Itajaí, comprovam que o crescimento
se dá em todas as esferas. Os dados relativos e dados absolutos de censos
comprovam o aumento populacional, industrial e da especulação imobiliária
desenfreada, bem como o consequente aumento do consumo de insumos variados
e escassos na região, além do explosivo aumento reativo de dejetos humanos e
industriais, que, meramente caracterizados como lixo urbano e industrial, são
25
sepultados em lixões municipais sem quaisquer tratamentos, explicitando
gravíssimos danos ambientais, já percebidos por toda a população local.
A população do município de Navegantes, os dirigentes governamentais e os
dirigentes de empresas privadas ali sediadas são tratadas, neste estudo, como
agentes das mudanças ambientais na cidade e no seu entorno, com reflexos nos
municípios próximos.
Em Navegantes, o desenvolvimento sustentado ainda não é pautado
plenamente nas esferas governamentais, e nem a comunidade tem um
entendimento correto da importância do conceito ambiental para a população
residente e para todos os fatores que melhoram a qualidade social, ambiental e
regional.
De acordo com Montibeller Filho (2004), o desenvolvimento sustentável (DS)
pode ser compreendido como a busca de eficácia econômica, social e ambiental,
que atende a todas as necessidades e a todos os anseios da população que
vivencia o momento e o local onde está inserida.
Para construção desta dissertação, partiu-se da hipótese de que, em
consequência dos investimentos feitos na cidade de Navegantes depois do ano de
2005, o consumo de insumos e de recursos naturais aumentaram consideravelmente
e que a Pegada Ecológica também sofreu um considerável aumento devido à
pressão exercida pelas grandes empresas ali instaladas posteriormente a 2005.
Esta pesquisa, depois de tabulados os índices de sustentabilidade,
demonstrará que os empreendimentos humanos exercem pressão sobre os recursos
naturais e que quaisquer tentativas de recuperação do meio ambiente degradado
serão apenas tentativas. Dessa maneira, o estudo utilizará o Método da Pegada
Ecológica para estabelecer um balanço ambiental para uma avaliação do grau de
sustentabilidade em diferentes níveis de abrangência do município de
Navegantes/SC.
Por se tratar de um estudo voltado para acontecimentos recentes e delimitado
ao território do município de Navegantes, o trabalho é inédito e indispensável para
orientação da administração local de órgãos públicos e privados, governantes e
empresários, em esfera municipal e estadual.
Os resultados pretendidos são relevantes na tomada de decisões de
dirigentes locais, por planificar detalhadamente a realidade socioambiental no local
26
da pesquisa. E, assim, pode ser demonstrada, através de indicadores de
sustentabilidade, a capacidade do município de Navegantes de absorver outros
empreendimentos em seu território em consonância com um desenvolvimento
sustentável.
A contribuição deste estudo sobre a área de Administração a visa ampliar o
conhecimento e a compreensão das mudanças de cenários e variáveis ambientais,
sociais e econômicas no decorrer da implantação de investimentos empresariais, no
caso, o município de Navegantes.
Para ter mérito como fonte de referência em planejamento estratégico e em
projetos futuros, esses dados devem ser estudados isoladamente e com uma visão
holística (em conjunto, como um todo), focada em um objeto de análise
contemporânea, no caso, o estudo dos impactos ambientais pós-instalação de
grandes empreendimentos na região do Vale do Itajaí, precisamente no município de
Navegantes, no período de 2005 e 2009. Datas essas que também coincidem com o
início de funcionamento pleno dos dois maiores investimentos empresariais na
região em questão, o estaleiro Navship e o porto Portonave.
Portanto, os dados a serem levantados, analisados e estudados através da
aplicação de um método atual neste estudo de caso, o Ecological Footprint Method
(Método da Pegada Ecológica) são fundamentais para programas futuros de
investimentos e de planejamento ambiental na região. Investimentos esses que
devem estar em consonância com a real situação ambiental no município de
Navegantes e sua sustentabilidade.
A aplicação da metodologia da Pegada Ecológica como indicador de
sustentabilidade ecológica de Navegantes/SC tende a propiciar uma nova fonte de
referências no estudo do desenvolvimento do município. Os resultados obtidos nesta
pesquisa podem ser aplicados como referências a fim de demonstrar quais recursos
naturais são os mais explorados pela dinâmica do crescimento na esfera social,
ambiental e econômica. Os indicadores selecionados e analisados no estudo de
caso podem ser norteadores no desenvolvimento de políticas públicas direcionadas
para uma gestão planejada com conhecimento da realidade das limitações
ambientais do município.
Com uma abordagem própria e considerando-se as limitações de dados e de
informações, este estudo também vem contribuir com a disseminação do uso da
27
metodologia da PE como indicador de sustentabilidade de municípios como no caso
de Navegantes, objeto nesta pesquisa.
Finalmente, ressalta-se a importância em se aplicar o estudo desta
dissertação na análise dos impactos do avanço da sociedade industrial e urbana
sobre o ambiente, utilizando uma metodologia reconhecida. Esta metodologia (PE)
é, hoje, tema central de debates teóricos sobre o crescimento e o desenvolvimento
industrial, de seus efeitos negativos na natureza e sobre os diferentes segmentos da
sociedade humana.
A pesquisa está dividida em cinco capítulos. O primeiro apresenta a
introdução ao trabalho e à contextualização da pesquisa, a formulação do problema
e a pergunta de pesquisa, os objetivos, bem como a justificativa da pesquisa. O
capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica, que explora o estado da arte sobre os
principais tópicos que estão relacionados ao estudo. No capítulo 3, a metodologia
apresenta o método investigativo utilizado para elucidar as questões levantadas
nesta dissertação. O capítulo 4 refere-se à análise dos resultados. O capítulo 5
organiza os resultados, calcula o Ecological Footprint e esboça o saldo ecológico. O
capítulo 6 conclui o estudo com as considerações finais.
28
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta pesquisa é realizada através de consulta à bibliografia sobre o tema
sustentabilidade, o Método da Pegada Ecológica e temas correlatos, necessários às
pesquisas de campo. Os conhecimentos e dados geoeconômicos e
socioeconômicos da região em enfoque são abordados na pesquisa, referendados
em bibliografias apropriadas, de âmbito nacional e internacional, sustentando as
pesquisas de campo no contexto do município de Navegantes, no Vale do Itajaí.
Fundamentos relacionados aos aspectos legais e às experiências bem–
sucedidas nesta área em outras localidades do Brasil e do Exterior, e que se
configuraram como uma alternativa para exemplificar o trabalho como modelos,
também foram contextualizadas
A pesquisa sobre as questões referentes ao tema deste estudo estabelece
neste estudo.
Nessa etapa, apresentam-se as opiniões de alguns dos principais autores
acerca das questões relacionadas à pesquisa sobre os indicadores de
sustentabilidade.um referencial teórico básico para a consolidação dos objetivos
propostos. Dentro desse contexto, são selecionados e discutidos tópicos
considerados fundamentais para os resultados desta pesquisa no ambiente
socioambiental e econômico contextualizados no município em questão.
2.1. A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.
O estudo sobre o meio ambiente tem gerado, nas últimas décadas,
discussões que envolvem todos os segmentos sociais. Neste contexto, a sociedade
(sociedade civil, organizações governamentais e não governamentais) não pode
mais desconsiderar a mútua relação entre a sociedade e o meio ambiente. O
levantamento das causas, das consequências e das soluções para os problemas
ambientais torna-se de vital importância para uma sociedade que pretende se
desenvolver em um espaço geofísico sustentável e saudável.
Percebe-se que o crescimento iminente e contínuo da população no planeta,
aliado a um consumo excessivo regido por uma economia neoliberal globalizada,
tem gerado grandes preocupações a todos que partilham do senso comum de que a
29
sociedade e o meio ambiente estão em confronto direto. Confronto estes que
preocupam de forma mais consciente os ambientalistas, os sociólogos e os
ecologistas, dentre outros pensadores.
Pensadores do tema como Bellen (2005), dentre outros, colocam que o nosso
planeta está no limiar de sua capacidade de suporte e que seu capital natural e
humano vêm sofrendo continuamente profundas alterações, cujos impactos
socioambientais vão desde miséria, fome, desigualdades, violência e desemprego a
diversas reações da natureza que vivenciamos e que vêm castigando inúmeras
regiões do Brasil.
Podemos dizer que a Geografia, como ciência que estuda o espaço em
construção, é aquela que pode diagnosticar e monitorar os problemas ambientais
além de apontar alternativas que viabilizem o uso do geoespaço pela sociedade de
forma mais racional e integrada ao meio ambiente.
Essa inter-relação entre o espaço de construção da sociedade e o meio
ambiente é citada por renomados estudiosos sociais e ambientalistas, entre eles
Bellen (2005, p.19), que reafirma todos os anteriores relatos desses estudiosos. Ele
declara que existe uma interação direta do desenvolvimento das atividades humanas
e o meio ambiente, resultando em interação entre este e a sociedade.
De acordo com Jardim (2005, p. 192), é inevitável associar a ideia de
sustentabilidade ao termo manutenção e conservação dos meios ambientais, pois
“Isso exige avanços científicos e tecnológicos, que ampliem, permanentemente, a
capacidade de utilizar, recuperar e conservar esses recursos; bem como novos
conceitos de necessidades humanas para aliviar a pressão da sociedade sobre
eles”.
O interesse nessa dimensão é que, tanto a nível público como privado, a
satisfação das necessidades humanas não possam desprezar em parte o
crescimento econômico em prol somente do desenvolvimento sustentável. Essa
visão mais ambientalista descreve a forma para iniciar um entendimento de um
provável caos ambiental, que se molda ao atual modelo de crescimento econômico.
Porém, mantendo as condições essenciais para o real desenvolvimento do ser
humano por meio da igualdade e da liberdade frente à cidadania ambiental.
(JARDIM, 2005).
30
Para Rattner (2001), as práticas de crescimento econômico convencionais
resultam em enormes custos sociais e ambientais, muitas vezes ocultos, que antes
costumam ser externalizados ou transferidos para toda a sociedade, com os ganhos
e benefícios do crescimento apropriados por uma minoria. Hoje, pressões para
remediar ou aliviar essa situação levam à diminuição da capacidade do Estado em
aumentar sua arrecadação por impostos e taxas de valores mais altos.
Bellen (2005, p. 19-20) esboça os principais elementos da degradação
ambiental entre o espaço sociedade e o meio ambiente no quadro 1, elaborado
originalmente por German Advisory Council of Global Changer:
Principais elementos da degradação ambiental
� Cultivo excessivo das terras marginais.
� Exploração excessiva dos ecossistemas naturais.
� Degradação ambiental decorrente do abandono de práticas de agricultura tradicional.
� Utilização não sustentável, pelos sistemas agroindustriais, do solo e dos corpos de água.
� Degradação ambiental decorrente do uso de recursos não renováveis.
� Degradação da natureza para fins recreacionais.
� Destruição ambiental em função do uso de armas e decorrente dos conflitos militares.
� Dano ambiental da paisagem natural a partir da introdução de projetos de grande escala.
� Degradação ambiental decorrente da introdução de métodos de agricultura inadequados
e/ou inapropriados.
� Indiferença aos padrões ambientais em função do rápido crescimento econômico.
� Degradação ambiental decorrente do crescimento urbano descontrolado.
� Destruição da paisagem natural em função da expansão não planejada da infraestrutura
urbana.
� Desastres ambientais antropogênicos com impactos ecológicos de longo prazo.
� Degradação ambiental que ocorre a partir da difusão contínua e em grande escala de
substâncias poluentes na biosfera.
� Degradação ambiental decorrente da disposição controlada e descontrolada de resíduos.
� Contaminação local de propriedades onde se localizam plantas industriais.
Quadro 1: Principais elementos da degradação ambiental. Fonte: Bellen (2005, p.19 -20).
31
2.1.1 Desenvolvimento das cidades e o ecossistema
Vivenciando a realidade que nos rodeia, percebemos que as cidades já se
encontram com sua capacidade de desenvolvimento e de suporte de recursos
superados, configurando um quadro de degradação eminente e contínuo nos
ecossistemas locais. Com os estudos resultantes da aplicação da metodologia da
PE em diversas cidades e também pela medida da Pegada Ecológica do planeta,
fica evidenciado por balanços que, em médio prazo, precisaríamos de um planeta
maior para acomodar o nosso modelo atual de desenvolvimento social e econômico
em nossas cidades. Notadamente, nosso modelo de desenvolvimento é
insustentável para nossas cidades e para nosso planeta. Assim, é primordial se
pensar em um melhor modelo de desenvolvimento urbano, que seja sustentável,
adaptável ao uso racional dos recursos naturais de nossos ecossistemas locais e
planetários.
O desenvolvimento sustentável para as cidades é possível e realizável, mas é
sabido que grande parte das cidades brasileiras não possui uma infraestrutura
adequada, a ocupação urbana tem sido efetuada sem um planejamento, o que
acarreta diversos problemas sociais, econômicos e ambientais (FREITAS, 2003).
Todos os recursos inseridos nos ecossistemas, também denotados
tecnicamente de capital natural da terra, estão sendo ameaçados dia a dia, devido à
expansão agrícola, aos avanços de fronteiras econômicas, aos assentamentos
desordenados, aos desmatamentos e às especulações imobiliárias que, por falta de
projeto e planejamento de prevenção, acabam não remediando os danos. Portanto,
depois da destruição e da fragmentação de ecossistemas se concretizarem e com os
danos explícitos, é que a sociedade toma seus posicionamentos e busca tentativas
de recuperá-los..
O futuro existencial para toda a humanidade e para o nosso planeta é
nebuloso, enquanto não considerado o planejamento e o desenvolvimento das
cidades em prol da defesa dos ecossistemas e da restrição dos efeitos impactantes
para todo o meio ambiente. Comprovadamente, através dos inúmeros estudos sobre
as questões ambientais já realizados, sabe-se que os custos posteriores para se
inverter os problemas ambientais são tão elevados que ficará praticamente
impossível reverter todos os danos já causados ao ambiente agredido.
32
2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolver e sustentar um modelo de desenvolvimento em nosso planeta,
que atenda à necessidade da manutenção na vida sobre o globo terrestre, é a
questão a ser entendida e a ser equacionada em prol da qualidade de vida no
planeta e do próprio planeta.
O termo desenvolvimento sustentável vem sendo explorado e realimentado
em diversas conceituações voltadas ao entendimento da relação entre o meio
ambiente e os seres humanos. Entretanto, anterior ao discurso do desenvolvimento
sustentável, existe o conceito de desenvolvimento sob a ótica da dimensão
econômica, já compreendido no mundo atual. O desenvolvimento sustentável é,
assim, interagente ao desenvolvimento econômico (VEIGA, 2005).
Para Montibeller Filho (2004), a sustentabilidade pode ser definida como a
busca de eficácia econômica, social e ambiental, objetivando atender aos anseios e
às necessidades atuais de uma determinada população. A sustentabilidade é um
compromisso síncrono de um grupo de indivíduos em um determinado espaço
geofísico.
O termo sustentabilidade, de acordo com Bellen (2005), pode ter um
referencial conceitual amplo, assumindo, também, uma dimensão na esfera social,
como na discussão realizada pela World Conservation Union, em documento
publicado em 1980, intitulado World Conservation Strategy. Publicação essa que
evidencia a importância de estudos na relação entre meio ambiente e sociedade, ou
seja, para que o desenvolvimento seja sustentável, devem-se considerar aspectos
referentes às dimensões social e ecológica, buscando considerar, também, os
fatores econômicos, os recursos vivos e não vivos, como também as vantagens de
ações alternativas a curto e a longo prazo, para o elemento humano imerso nesse
cenário (BELLEN, 2005).
A preocupação com a preservação do meio ambiente, conjugada com a
melhoria das condições socioeconômicas da população, induziu o surgimento do
conceito de ecodesenvolvimento, depois substituído pelo de desenvolvimento
sustentável (MONTIBELLER, 2004).
Porém, o marco histórico inicial que impulsionou a preocupação mundial com
a questão ambiental e sobre a criação de modelos de desenvolvimento sustentável
33
ocorreu na Suécia, numa Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, no ano de 1972. A conferência reuniu, pela primeira vez, delegados de 113
países e pessoas de todos os lugares do mundo na Ópera de Estocolmo, para
discutir os problemas da degradação ambiental e as questões sobre o
desenvolvimento sustentável (FAJARDO, 2003).
Já no Brasil, segundo Montibeller Filho (2004), a data de 1990 é considerada
importante, por definir de forma mais clara a nova interpretação sobre a definição do
desenvolvimento sustentável em nosso território e no mundo. Nessa data, durante
os preparativos da Conferência das Nações Unidas na Rio-92 sobre o Meio
Ambiente, o desenvolvimento sustentável passou a ser visto como o paradigma do
movimento ambientalista e, de forma não isolada, foi reconhecido posteriormente, na
Rio-92, como uma nova maneira de se tratar as questões de proteção ambiental em
âmbito global.
O desenvolvimento sustentável é hoje visto como um novo conceito, na forma
de se ter uma visão sobre o todo e de se poder ampliar os ganhos sociais e
ambientais envoltos em contextos particulares e em suas similaridades e
complementaridades. Esses custos podem ser planificados em indicadores
numéricos, em forma de índices, demonstrando o desenvolvimento econômico e
revelando o crescimento econômico. Para Veiga (2005), o crescimento e o
desenvolvimento econômicos não podem ser tratados como sinônimos. Este autor
revela que, a partir dos anos 1960, foram surgindo evidências de que o crescimento
econômico ocorrido na década anterior, em países semi-industrializados, não se
refletiu em maior acesso em bens materiais e culturais pelas populações pobres nos
mesmos níveis dos países desenvolvidos.
Já na visão de Dias (2004), o atual modelo de desenvolvimento pode causar a
exclusão social e a miséria, por um lado, e consumismo e desperdício, por outro.
Esse modelo descrito pelo autor é dependente da demanda do consumo crescente
da população e consequente aumento da necessidade de todo o tipo de recursos
para atender a esse consumo. O autor esclarece, ainda, que tal crescimento do
consumo aumenta também a pressão sobre os recursos naturais, fato esse lógico,
porque o consumo exige uma demanda de produção que não está associada a
fatores que podem interferir na população. Nesse caso, entende-se que será
necessária uma maior procura de matérias-primas, de eletricidade, de combustível,
34
bem como de maior área de solos férteis e de volume de água para atender às
necessidades de consumo humano. Neste sentido, cresce a degradação ambiental
em todas as formas, perdendo-se, então, a qualidade de vida (DIAS, 2004).
De acordo com Montibeller (2004), o estudo da dimensão da sustentabilidade
compreende, em seus componentes, a produção, respeitando os ciclos ecológicos
dos ecossistemas, a prudência no uso de recursos naturais não renováveis, a
prioridade à produção de biomassa e à industrialização de insumos naturais
renováveis, a redução da intensidade energética e o aumento da conservação da
energia, o uso de tecnologias e processos produtivos de baixos índices de resíduos
bem como aos cuidados ambientais.
Porém, em relação à dimensão da sustentabilidade econômica, esta se refere
aos componentes de fluxo permanente de investimentos públicos e privados, no
manejo eficiente e na recuperação dos recursos, na absorção pela empresa dos
custos ambientais e visa à endogenização. O termo endogenização, aqui, significa
tornar a evolução da sociedade e da economia um processo continuadamente
progressivo de bem-estar e de nível de vida, com crescentes níveis de equidade
social, assegurando os equilíbrios com a natureza e a exploração sustentada de
recursos, em beneficio dos cidadãos, através de mecanismos sociais que
assegurem estabilidade social e política (MONTIBELLER, 2004).
Segundo Goldstein (2007), a abordagem mais contemporânea, para o
entendimento do conceito de desenvolvimento sustentável, começou a se delinear,
não só para resolver os problemas ambientais, mas também para garantir o
prosseguimento do desenvolvimento tecnológico e o do crescimento econômico.
Conforme a autora, o germe da ideia surgiu na década de 1970, durante a Primeira
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
na cidade de Estocolmo, dando origem ao Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA). Nessa mesma época, havia um dilema sobre como
combater os problemas ambientais e recuperar o meio ambiente. A dimensão
político-democrática nas teorias de desenvolvimento sustentável e suas implicações
para a gestão local
Já para Frey (2001), em seu artigo, A dimensão político-democrática nas
teorias e no conceito sobre o desenvolvimento sustentável e suas implicações, na
gestão local do meio ambiente, são questionados os fundamentos capitalistas que
35
exaltam o desenvolvimento econômico como gerador do desenvolvimento ilimitado.
Essa visão capitalista ignora a interdependência entre o ser humano e a natureza,
fatalmente ignorando a sua própria existência.
A dimensão político-democrática nas teorias de desenvolvimento sustentável
contempla o estudo da questão ambiental de forma multidimensional e, assim,
coloca o entendimento de todos os atores imersos nesse contexto ambiental. Com a
visão de que o desenvolvimento sustentável envolve a participação de toda a
sociedade em prol de uma cultura que a desperte para a preservação e
recuperação, esse é o caminho para um futuro melhor para todos.
Nesse cenário, o papel do Estado, com seu potencial democrático e sua
dimensão político-administrativa, de cunho coorporativo, norteados pela constituição
federal, os direitos e deveres a todos os cidadãos brasileiros, sem distinção, é
fundamental para a criação de modelos e de projetos de cunho social, os quais se
orientem primeiramente para um desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido, com suas instituições de regulação e de planejamento e seus
instrumentos constitucionais, o Estado deveria garantir primeiro a prevalência do
bem comum, em detrimento do bem particular e/ou privado, no processo de
desenvolvimento que busca a abordagem ecológico-tecnocrata de planejamento,
mas não é assim que ocorre. O cenário político econômico no mundo, em especial
no Brasil, está disposto como um grande cassino financeiro, disponível ao interesse
de individualistas e capitalistas de plantão, que têm o poder econômico e político
para canalizar tudo a seu dispor.
Sendo assim, observa-se a manipulação das políticas de Estado, com
projetos caracterizados e maquiados como tendo cunho social e com a dimensão de
serem direcionados ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo, cita-se a
transposição do rio São Francisco, que passou a ser vista como a única alternativa
de solução desse problema regional. Atualmente, existem dois cenários bem
definidos com relação a esse tema. O primeiro, o cenário do imediatismo,
caracterizado pela ânsia de fazer chegar água, a todo custo, nas torneiras da
população (pensamento muito comum na classe política), sem a preocupação com
as consequências impostas ao meio ambiente ao se adotar tal alternativa. Todavia, é
sabido que existe o interesse dos grandes latifundiários em manipularem esse
36
imediatismo, não considerando os custos futuros ao meio ambiente e para a
população residente na bacia hidrográfica (GUIMARÃES, 1997).
Esse primeiro cenário diz respeito às questões de um Brasil envolto no
antagonismo do neoliberalismo, que promove o fator econômico em prejuízo ao bem
comum, convertendo a economia em um fim em si mesmo, voltada somente para os
interesses particulares e lucrativos. (FREY, 2001; GUIMARÃES, 1997).
O segundo cenário é o da ponderação, caracterizado por preocupações
sérias e constantes, planificadas em projetos quantificados, considerando todas as
questões qualitativas do mesmo enfoque técnico. Com relação ao exemplo dado
sobre o rio São Francisco, as limitações se referem às fontes hídricas e à condução
do processo de transposição dessa bacia hidrográfica. A transposição de um rio é
um exemplo, entre centenas de projetos ambiciosos, que estão em estudo ou em
fase de implantação, mas que não apresenta propósitos bem definidos ao interesse
coletivo, como também não atendem às questões de cunho ambiental. E, assim,
despretensiosamente, o desenvolvimento sustentável vai a reboque, por pressão de
ambientalistas e estudiosos. Esse segundo cenário reflete as questões do Brasil
ideal, como é discutido nos artigos que expõem o modelo ecológico-tecnocrata de
mercado (FREY, 2001; GUIMARÃES, 1997).
Portanto, podemos afirmar que é necessário defender as políticas públicas
que efetivamente atendam aos interesses coletivos em prol de uma sociedade
sustentável e onde todos podem perder se não mudarmos nossos conceitos e nossa
forma política e crítica de agir perante o modelo político social imposto pelo Estado,
em que crescimento econômico é predominantemente guiado pelo interesse privado
e de capitalistas individualistas. Esse Estado democrático é renovado a cada pleito
eleitoral, com os nossos votos.
Lozano (2006) complementa o relato de Frey (2001), no sentido de que a
busca convencional para melhorar a qualidade de vida, através do crescimento
econômico, do lucro e da maior produção enfatiza o individualismo, gerando um
desencontro entre o crescimento econômico e o capital social. Para atender a
nossas necessidades e a nossos interesses, a curto e a longo prazo, deve existir a
busca por um progresso e avanço maior em direção às sociedades sustentáveis.
Nossos esforços para alcançar a sustentabilidade devem procurar estabelecer um
equilíbrio dinâmico entre estes elementos, um equilíbrio que pode tomar a forma de
37
um jogo no qual todos devem ganhar. E o elemento-chave requerido para alcançar
tal equilíbrio é a colaboração (LOZANO, 2006).
A diferença entre colaboração e cooperação e seus significados é muito sutil;
esses termos são, muitas vezes, empregados com o mesmo significado e, até
mesmo em dicionários de Língua Portuguesa, os verbos colaborar e cooperar estão
descritos como sinônimos. O conceito de colaboração aqui citado por Lozano (2006)
se refere à relação entre indivíduos que trabalham juntos e com um mesmo objetivo,
ainda que essas pessoas atuem individualmente.
Esses convencionais comportamentos individualistas, que percebemos em
toda a esfera socializada e democratizada, na busca de lucro e da riqueza
maximizada na acumulação, criaram o homo oeconomicus, como é também
caracterizado por Lozano (2006). É este o ser humano que despreza as questões
ambientais, sem apreço às questões sociais e ambientais, em prol dos seus
interesses particulares, e que hoje é o agente nos desequilíbrios sociais próprios
e/ou de outros. Estes desequilíbrios sociais só tendem a piorar a cada dia, ano,
década e século. Solicitando esforços imediatos, em prol do desenvolvimento
sustentável e, assim, procurando estabelecer um equilíbrio dinâmico entre todos os
elementos envolvidos, um dos elementos-chave na transição para uma sociedade
sustentável está na colaboração mútua (LOZANO, 2006).
Um bom exemplo regional de colaboração que citamos é a Pesca da Tainha
no litoral Sul do Brasil. A colaboração da comunidade não tem só o objetivo de puxar
a grande rede para a praia. Todos que colaboram são gratificados com o resultado
da pesca, e quem simplesmente puxa a rede visando ao ganho de alguns peixes é
apenas ajudante temporário, cooperando sem vínculos sociais. A verdadeira
colaboração está intrínseca na cultura da comunidade pesqueira. A rede é
cooperada, o barco é cooperado, mas o ato operacional da pesca é consequência
da colaboração mútua, assim, se der peixes, todos ganham.
Nesse exemplo, o papel individualista e ambicioso do homo economicus, ou o
homem econômico, fica exemplificado nos empresários e atravessadores, que
compram o pescado a custo ínfimo e o vendem os múltiplos do valor real. Este ser
ganancioso visa a seu ganho individual, em que só ele ganha e os outros perdem,
sem a colaboração mútua. Assim, com sustentação no algoritmo na teoria dos jogos,
a “colaboração” requer que todos os jogadores (atores, agentes e o meio), até os
38
mais silenciosos, como o meio ambiente e as futuras gerações de plantas, animais e
seres humanos, tornem-se altamente envolvidos e aprendam com as experiências
de cada um na colaboração mútua (LOZANO, 2006).
Cavalcante (2002) contextualiza grande parte do que foi referenciado pelos
autores já citados e demonstra como a sustentabilidade pode ser alcançada em
comunidades, de forma participativa e interagente entre todos os participantes. As
pessoas, atores ou sujeitos ativos, titulados por diversos estudos das diversas áreas
das ciências políticas, sociais e ambientais querem ser ouvidos, querem participar de
todo evento, que, de uma forma ou outra, venha lhe trazer retorno. Um indivíduo só
se torna sujeito quando se percebe como tal e assume a posição de agente
transformador da própria realidade. O processo de subjetivação é a transformação
parcial do indivíduo em sujeito pode ser entendido, como o contrário da submissão
destes valores transcendentes, é ele que se torna o fundamento dos valores que
orientam a construção da realidade. E, assim, o entendimento dos conceitos
envolvido nas questões sobre sustentabilidade poderão ter mais sentido nas
realidades regionais (CAVALCANTE, 2002).
O desenvolvimento sustentável é um marco norteador para a criação de uma
sociedade consciente e para atitudes colaborativas e cooperativas entre indivíduos
que pretendam viver em um ambiente com mais qualidade. A interpretação ampliada
dos conceitos envolvendo o desenvolvimento sustentável e suas interações com o
desenvolvimento social se somam para o fortalecimento do capital humano,
condicionados a uma consciência voltada para a colaboração e para a confiança
entre as pessoas e, destas para as instituições, que deveriam fortalecer as redes
sociais e as causas ambientais. Portanto, para compreensão da necessidade de se
desenvolver uma consciência ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável,
é necessário mudar nossas atitudes e atuar como agente da mudança, promovendo
o debate contínuo das questões ambientais, sempre no sentido colaborativo.
Sobre o impacto da degradação do meio ambiente, deve-se, também, atentar
para os diversos ângulos do desenvolvimento da sociedade e sua capacidade de se
sustentar sem causar impactos negativos ao meio ambiente onde está inserida ou é
dependente de seus recursos.
A agricultura tem gerado novas demandas por ambiente, assim como as
cidades, sempre em expansão, consomem recursos naturais e geram detritos em
39
grande escala. Nesse contexto, caminha-se para a exaustão de variados recursos
naturais que hoje ainda estão disponíveis em relativa abundância (ETHOS, 2002).
O desenvolvimento sustentável deve ser um processo contínuo e evolutivo
que deve incrementar a economia, a melhoria da qualidade do ambiente e da
sociedade além de trazer consequências benéficas para gerações presentes e
futuras. No contexto do estudo de caso em Navegantes, os indicadores de
desenvolvimento sustentável servirão de parâmetros de análise para esboçar a real
situação ambiental local onde a comunidade se insere. Seguindo os princípios
estabelecidos por Dias (2004, p. 64), “o desenvolvimento sustentável é a forma mais
viável de sairmos da rota da miséria, exclusão social e econômica, consumismo,
desperdício e degradação ambiental em que a sociedade humana se encontra”.
Para Montibeller Filho (2004), um dos requisitos para garantir a
sustentabilidade no ponto de vista econômico é converter o esgotamento de um
recurso não renovável em outros ativos, possibilitando a devida mensuração física e
consequente valoração econômica desses esgotamentos.
Montibeller Filho (2004) descreve, como princípio no entendimento sobre a
sustentabilidade, a consideração não somente do capital natural, mas também do
capital produzido pelo homem. E destaca, ainda, que, em uma economia
sustentável, somente com a participação da reserva da renda nacional ou do nível
de poupança podem ser possíveis investimentos maiores ou, pelo menos, iguais à
soma da depreciação dos recursos naturais e do capital feitos pelo homem. Assim,
podemos compreender melhor, na perspectiva do autor, que, na base dos princípios
da sustentabilidade, estão a cooperação mútua entre todos e que a sustentabilidade
só coexiste quando a consciência coletiva entende e aceita seus princípios de
conservadorismo em prol do coletivo.
2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Segundo o Instituto Ethos (2002), “A sustentabilidade só pode ser alcançada
por meio de um equilíbrio nas complexas relações atuais entre necessidades
econômicas, ambientais e sociais que não comprometa o desenvolvimento futuro”.
Desta forma, podemos entender que os indicadores de desenvolvimento são
instrumentos essenciais para guiar e subsidiar o acompanhamento e a avaliação de
40
um progresso voltado ao futuro. Portanto, configuram-se como uma importante
ferramenta que possibilita compreender as transformações dos sistemas sociais
urbanos, tornando a informação acessível à sociedade e prevendo os rumos de
futuros projetos e planejamentos de questões relacionadas ao meio ambiente
(ETHOS, 2002).
O conceito de desenvolvimento sustentável só pode ser validado e
fundamentado de forma clara, quando embasado no estabelecimento de indicadores
relacionados a objetivos e metas que possam dar a medida do desempenho de um
procedimento local, ou em esfera nacional, no contexto de sua sustentabilidade.
Uma vez estabelecidas as metas, poder-se-á então, em qualquer altura, avaliar a
distância que separa o país/ região do fim em vista (BELLEN, 2005).
Assim sendo, para Belllen (2005), os indicadores são parâmetros pré-
selecionados e considerados isoladamente ou combinados entre si, sendo de
fundamental importância para refletir sobre determinadas condições dos sistemas
em análise, parametrizados aos dados originais mensuráveis por médias aritméticas
simples, medianas etc.
Para mensurar o grau de sustentabilidade, é fundamental que os tomadores
de decisão possuam acesso a indicadores confiáveis, que assimilem e repliquem as
informações relevantes e coerentes a respeito da sustentabilidade. Um bom
indicador também deve ser capaz de alertar para um problema antes que este se
agrave. Para tanto, deve-se atuar com proatividade, pois, assim, é concedido um
tempo mínimo para mudar a trajetória do problema que pode surgir (SATO, 2005).
Indicadores de múltipla dimensão são escolhidos, por especialistas das áreas,
como as mais promissoras e legitimadas atividades para o entendimento das
questões socioambientais, validados e reconhecidos por entidades governamentais
e organizações de âmbito internacional, entre elas a ONU, UNESCO, FAO, e ONGs
de defesa ambiental, como o Greenpeace e a WWF.
Bellen (2007), ao traçar um quadro sobre o estado da arte da mensuração do
desenvolvimento, buscou melhorar o conhecimento sobre os indicadores de
sustentabilidade, para que os tomadores de decisão e a sociedade civil utilizem
essas ferramentas de forma consciente. É sabido que existe um baixo nível de
consenso sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, por isso, há a
necessidade de se desenvolver ferramentas que mensurem a sustentabilidade, de
41
forma eficaz e eficientemente, que atenda à demanda por referenciais das reais
condições do desenvolvimento humano e da sustentabilidade dos modelos
adotados.
As conciliações entre a tendência do crescimento econômico e as
necessidades sociais se confrontam na contramão das carências dos recursos
escassos da natureza. Quando se fala em desenvolvimento sustentável, deve-se
levar em consideração um universo complexo de diferentes formas de enxergar o
mundo de amanhã, o futuro (WACKERNAGEL; REES, 1998).
Neste sentido, o termo sustentabilidade deve ser referenciado e estar
fundamentado através de indicadores numéricos, que proporcionem a mensuração
dos desgastes físico-ambientais e de seus reflexos para a sociedade humana, sendo
estes os desafios da construção do desenvolvimento sustentável: criar instrumentos
de mensuração capazes de prover informações que facilitem a avaliação do grau de
sustentabilidade das sociedades, monitorem as tendências de seu desenvolvimento
e auxiliem na definição de metas de melhoria, tudo referenciado em indicadores e
seus correlatos índices (BAKKES et al., 1994).
A mensuração dos efeitos do desenvolvimento humano sobre todos os
recursos naturais associados através da criação indicadores capazes de,
objetivamente, avaliar a sustentabilidade surgiu na Conferência Mundial sobre o
Meio Ambiente – Rio 92, conforme registrado no capítulo 40 da Agenda 21.
Dessa forma, para que o nível de sustentabilidade possa ser avaliado com
mais objetividade, tornou-se necessário elaborar indicadores que auxiliassem na
mensuração ou na avaliação das variáveis relacionadas aos aspectos ambientais
territoriais, econômicos, sociais, éticos e culturais de um determinado local. Esses
indicadores devem poder ser coletados e avaliados isoladamente e/ou em conjunto
na forma de índices, os quais, por sua vezes, devem poder ser representados
através da aglutinação e/ou com a correlação de vários indicadores representativos.
Sobre a relação e a diferenciação entre índice e indicador, pode-se dizer,
primeiramente, que um depende do outro, podendo representar um dado numérico
que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, podendo ser um
dado individual ou um dado agregado de informações. Porém, um bom indicador
deve conter os seguintes atributos: simples de entender; quantificação estatística e
42
lógica coerente; e, de forma eficiente, ter a objetividade de esboçar o estado do
fenômeno observado (MUELLER et al., 1997).
Para Shields et al. (2002), um índice é um dado mais aprimorado, que pode
revelar o estado de um sistema ou fenômeno, podendo ser construído para análise
de dados através da aglutinação de variáveis e de elementos com relacionamentos
estabelecidos.
O indicador e o índice têm nomenclatura similar somente em relação às suas
função, por serem meios para se alcançar o êxito na mensuração da
sustentabilidade; mas um índice até pode se transformar num componente de outro
índice. Para muitos pesquisadores, a diferença significativa está em que um índice
se destaca de um indicador por poder ter o seu valor agregado ao final de todo um
procedimento de cálculo no qual se utilizam, inclusive, indicadores como variáveis
que o compõem. Pode-se dizer, também, que um índice é simplesmente um
indicador melhor planificado e mais bem elaborado (KHANNA, 2000).
Para Hammond et al. (1995), os indicadores são informações que se originam
de dados primários analisados e que contrastam com o índice, que consiste em um
simples número formulado com a composição de dois ou mais valores, podendo ser
esses valores os próprios indicadores apropriadamente organizados.
Dessa forma, os indicadores e os índices com suas especificidades podem
ser representados de forma esquemática, através da “Pirâmide de Informações”
(Figura 1), na qual a base se refere aos dados brutos (dados primários); acima dela,
estão os dados derivados do monitoramento (dados analisados); em seguida, os
dados tabulados em forma de indicadores; e, por conseguinte, a representação mais
aprimorada dos índices. Ou seja, são dados mais aperfeiçoados, e cada nível
corresponde a um determinado adensamento das informações, que são
decrescentes em quantidade total (HAMMOND,1995).
A esquematização das relações entre índice e indicadores fica mais bem
explicada no desenho da Figura 1:
43
Figura 1: Pirâmide de informações. Fonte: Hammond et al. (1995) in Bellen (2006, p. 44).
Portanto, um indicador e seus índices explanados são parâmetros escolhidos
e idealizados para reduzir uma grande quantidade de dados à sua forma mais
simples, retendo os significados essenciais para responder às questões de
demandas (BAKKES et al., 1994).
Os indicadores de sustentabilidade têm sido utilizados como forma de
melhorar a base de informações sobre o meio ambiente, auxiliar na elaboração de
políticas públicas, simplificar estudos e relatórios e assegurar a comparabilidade
entre diferentes regiões; porém também se deve considerar a falta de uma
normalização e regulamentação apropriada e legitimada em esfera planetária. Na
década de 1980, o Relatório de Brundtland (1987), conhecido inicialmente como
Nosso Futuro Comum e elaborado a partir da World Commission on Environment
and Development (WCED), fez referência a uma das definições mais conhecidas,
que afirma ser o desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades
das gerações presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades. E, com a influência desse relatório,
iniciaram-se as tratativas de se criar um modelo de mensuração de indicadores de
sustentabilidade, de forma padronizada (BAKKES et al., 1994).
Bakkes et al. (1994) evidenciam que, apesar de inúmeros estudos com a
colaboração de muitos países, ainda não se aplica, na prática, um padrão de
indicadores e de nomenclaturas que especifique, de forma mais precisa e eficaz, as
necessidades das pesquisas de campo. Quando se tem a necessidade de estudar
as questões do desenvolvimento humano e a sustentabilidade no contexto
INDICADORES
ÍNDICE
DADOS ANALISADOS
DADOS PRIMÁRIOS
44
planetário, esbarramos em inúmeras formas de tabulação de indicadores e de seus
índices associados.
Nesse mesmo texto de Bakkes et al. (1994), os indicadores são definidos
como instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a
avaliação do progresso alcançado rumo à sustentabilidade. Assim, podem reportar
fenômenos de curto, médio e longo prazos, além de viabilizar o acesso às
informações relevantes, geralmente retidas a pequenos grupos ou instituições,
podendo prover as necessidades de geração de novos dados a partir dos
indicadores, como no caso da formulação dos índices como o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), entre outros utilizados nas questões
socioambientais.
Desta forma, para que o desenvolvimento sustentável tenha referências
eficazes para estudo e para pesquisas de âmbito internacional, é imprescindível que
os indicadores e seus índices associados, cuja finalidade seja medir o
desenvolvimento sustentável, contemplem alguns aspectos fundamentais: devem
possuir abrangência espacial e, sobretudo, temporal, ou seja, devem ser aplicados
em um espaço numa determinada época e, ao mesmo tempo, possíveis de
contemplar outras localidades e permanecer nas gerações futuras com as mesmas
características (BAKKES et al., 1994).
Apesar de inúmeros estudos, percebe-se que o desenvolvimento sustentável
continua agregado às ambiguidades e às contradições, que são talvez as maiores
dificuldades para explicar quais os caminhos para alcançá-la. Ou seja, elas
dificultam o desprendimento do discurso teórico para a ação prática efetiva de modo
que se obtenham resultados para o pleno e almejado desenvolvimento sustentável
planetário.
Assim, devemos desenvolver uma atitude persistente no sentido de se adotar
e de se aplicar, em campo, indicadores reconhecidos em âmbito internacional e de
uso já reconhecidos e validados mundialmente; que mensurem o desenvolvimento
sustentável e que possam servir de base científica para a tomada de decisões em
todos os níveis, contribuindo ao estudo de uma sustentabilidade mais próxima da
realidade, alinhada com os novos modelos econômicos e sociais, para que estes
contemplem o meio ambiente e limitem a extração dos recursos naturais escassos
em dimensão planetária.
45
O objetivo dos indicadores ambientais, em resumo, é de direcionar a ação.
Essa noção é fundamental, mas é somente implícita na maioria da literatura que
envolve as questões ambientais. Um indicador difere de outras informações
numéricas, pois ele é um elemento de um processo direcionador especifico, ou seja,
um processo de controle. Os indicadores ambientais são específicos ao processo do
qual fazem parte e, portanto, indicadores apropriados para uma função podem ser
totalmente desapropriados para outras; indicadores efetivos têm um formato que é
feito para um grupo específico, ou seja, não existe tal coisa como um conjunto
universal de indicadores ambientais para todas as questões ambientais envolvendo
a sustentabilidade (BAKKES et al. 1994).
Para avaliar a dinâmica de um sistema complexo, ambiente, organização,
território, a utilização de indicadores deve levar em conta os objetivos essenciais
para os quais ele foi concebido. A principio, um indicador pode ter como objetivos
(OCDE, 1994; HAMMOND et al, 1995):
a) definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade;
b) facilitar o processo de tomada de decisão;
c) evidenciar, em tempo hábil, modificação significativa em um dado sistema;
d) caracterizar uma realidade, permitindo a regulação de sistemas integrados;
e) estabelecer restrições em função da determinação de padrões;
f) detectar os limites entre o colapso e a capacidade de manutenção de um
sistema;
g) tornar perceptíveis as tendências e as vulnerabilidades;
h) sistematizar a informação, simplificando a interpretação de fenômenos
complexos;
i) ajudar a identificar tendências e ações relevantes e avaliar o progresso ao
objetivo;
j) prever o status do sistema, alertando para possíveis condições de risco;
k) detectar distúrbios que exijam o replanejamento; e,
l) medir o progresso em direção à sustentabilidade.
Segundo Bellen (2005, p. 58), como ferramentas de avaliação, os sistemas de
indicadores são úteis para os tomadores de decisão e podem ser utilizados na
46
função de planejamento. Existem, ainda, outras funções que os indicadores como
ferramentas cumprem, a saber:
a) a função analítica: as medidas ajudam a interpretar os dados dentro de um
sistema lógico;
b) a função de comunicação: a ferramenta ajuda os decisores e gestores a
entenderem o processo, estabelecerem metas e avaliarem a forma de
alcançá-las;
c) a função de aviso e mobilização: os indicadores possibilitam comunicar,
publicamente e de maneira fácil, as informações sobre o sistema e ajudam
a promover ações de intervenção que se façam necessárias;
d) a função de coordenação: a ferramenta deve agregar dados variados e de
diversas instituições. Deve ser viável em termos financeiros e de pessoal,
além de possibilitar à população participação e controle.
Já para Tunstall (1994), os indicadores têm como função principal:
a) avaliação de condições e tendências;
b) comparação entre lugares e situações;
c) avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos;
d) provisão de informações de advertência;
e) antecipação das futuras condições e tendências.
Os indicadores também foram reunidos e descritos segundo o Modelo de
Classificação Tridimensional apresentado por Bakkes et al. (1994), que se modela
nos propósitos de uso dos indicadores, que são: avaliar as condições ambientais e
as tendências em escala nacional, regional ou global; comparar países e regiões;
elaborar prognósticos; fornecer informações preventivas; e avaliar as condições
existentes em relação às metas estabelecidas. Uma segunda classificação se baseia
no assunto ou num tema; e a terceira se baseia nas relações de causa e efeito,
como as estabelecidas no Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).
Bellen (2005) organiza, no quadro 2, a classificação dos métodos de análise
de indicadores quanto à participação, mais conhecidos e utilizados nos estudos
recentes como ferramentas de avaliação na análise do nível de sustentabilidade.
47
Classificação das ferramentas quanto à participação
Top-down
Ferramenta
Abordagem top-down. Dados primários determinam a sustentabilidade sem interferência dos atores sociais. Especialistas determinam os coeficientes de conversão de matéria e energia em área apropriada. Abordagem mista. Índices fornecidos pelo método. Subíndices sugeridos pelo método. Indicadores sugeridos pelo método. Os pesos dos indicadores podem ser determinados pelos atores e especialistas. Sistema não prevê um método de participação dos atores sociais na seleção dos indicadores. Abordagem mista. Índices fornecidos pelo método. Subíndices sugeridos pelo método. Indicadores e subindicadores sugeridos pelo método Os pesos dos indicadores podem ser determinados pelos atores e especialistas. Sistema não prevê um método para seleção dos indicadores considerando especialistas e atores sociais.
Ecological
fottprint
method
Dashboard
of
sustainability
Barometer
of
Sustainability
Bottom-up
Quadro 2: Classificação das ferramentas quanto à participação.
Fonte: BELLEN, 2005, p.176.
Os indicadores de sustentabilidade e o conceito de espaço ambiental ou
espaço socioambiental, para Montibeller Filho (2004), não podem ser vistos
isoladamente e/ou isolados de suas relações externas. Também se deve considerar
o espaço ambiental como a área geográfica na qual uma economia se abastece de
recursos naturais do ambiente e, nele, deposita seus rejeitos.
Assim, uma variável, um parâmetro tem como objetivo, na sua representação
numérica, agregar e quantificar informações, de modo que a significância fique mais
aparente, seguindo a linha de pensamentos de diversos pesquisadores estudados
48
por Bellen (2005, p. 42), que colocam as principais funções dos indicadores, como
segue no quadro abaixo:
Quadro 3: Principais funções dos indicadores.
Fonte: Bellen (2005, p. 43).
Bellen (2005) também verificou, em suas pesquisas sobre indicadores para a
análise da sustentabilidade, que existem inúmeras ferramentas ou sistemas que
buscam mensurar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento, no entanto, são
pouco conhecidas suas características técnicas e práticas. Assim sendo, o autor
apresenta os três sistemas de indicadores de sustentabilidade mais reconhecidos
internacionalmente, selecionados pelos mais variados especialistas da área
ambiental, que lidam com o conceito de desenvolvimento sustentável: Método da
Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method), Painel de Sustentabilidade
(Dashboard of Sustainability) e o Barômetro de Sustentabilidade (Barometer of
Sustainability).
O Ecological Footprint Method fundamenta-se em quantificar a área de um
ambiente ecológico necessário para a manutenção da vida de uma determinada
população ou sistema, que disponha a este o fornecimento de energia e recursos
naturais e que seja capaz de absorver os resíduos ou dejetos gerados neste espaço.
É uma metodologia que envolve apenas uma dimensão, a ecológica, para realizar os
cálculos necessários e que possui pouca influência nos tomadores de decisão
(BELLEN, 2005).
O Barometer of Sustainability possibilita, através de uma escala de
performances, a comparação de diferentes indicadores representativos do sistema,
permitindo uma visão geral do estado da sociedade e do meio ambiente. Os
As principais funções dos indicadores são:
• avaliação de condições e tendências;
• comparação entre lugares e situações;
• avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos
objetivos;antecipar futuras condições e tendências.
49
resultados são apresentados por índices, em uma escala que varia de uma base que
vai de 0 (zero) (ruim ou péssimo) a 100 (cem) pontos (bom ou ótimo). Utiliza duas
dimensões: ecológica e social. Possui menor impacto sobre o público-alvo (BELLEN,
2005).
O Dashboard of Sustainability é um índice que representa a sustentabilidade
de um sistema englobando a média de vários indicadores com pesos iguais,
catalogados em quatro categorias de desempenho: econômica, social, ecológica e
institucional. Possui uma forma de apresentação mais simples, quando comparada
com os demais indicadores, através de uma escala de cores que varia do vermelho-
escuro (resultado crítico), passando pelo amarelo (médio) até chegar ao verde-
escuro (resultado positivo). Dentre os modelos avaliados por Bellen (2005), este é o
único que considera quatro dimensões para estimar o índice de sustentabilidade,
além de ser visualmente atraente.
Bellen (2005) e outros pesquisadores realizaram pesquisas com objetivo de
conhecer os processos, ferramentas e metodologias de avaliação e mensuração da
sustentabilidade. Um desses estudos teve o intuito de verificar quais são as
ferramentas e/ou metodologias de avaliação da sustentabilidade mais lembradas;
entre as três, as mais recomendadas por especialistas, com maior grau de
intensidade, foram: em primeiro lugar, o Ecological Footprint Method, com 13,92%;
em sequência, o Dashboard of Sustainability, com 12,66%; e, no terceiro lugar, a
indicação para o Barometer of Sustainability, com 8,86% das recomendações
(BELLEN 2005, p. 97).
50
O quadro 4 apresenta a análise comparativa conjunta dos indicadores de
sustentabilidade, segundo Bellen (2005, p. 190).
Categoria de análise Ecological Footprint Method
Dashboard of Sustainability
Barometer of Sustainability
1. Escopo Ecológico Ecológico Social Econômico Institucional
Ecológico Social
2. Esfera Global Continental Nacional Regional Local Individual Organizacional
Continental Nacional Regional Local Organizacional
Global Continental Nacional Regional Local
3. Dados Tipologia Agregação
Quantitativo Altamente agregado
Quantitativo Altamente agregado
Quantitativo Altamente agregado
4. Participação Abordagem Top-down
Abordagem Mista
Abordagem Mista
5. Interface Complexidade Apresentação Abertura Potencial educativo
Elevada Simples Reduzida ↔ Forte impacto sobre o público-alvo. Ênfase na dependência dos recursos naturais
Mediana Simples Recursos visuais Mediana ↑ Maior impacto sobre os tomadores de decisão. Representação visual
Mediana Simples Recursos visuais Mediana ↓ Maior impacto sobre os tomadores de decisão. Representação visual
Quadro 4: Análise comparativa conjunta dos indicadores de sustentabilidade.
Fonte: Bellen (2005, p. 190).
Por conseguinte, considerando o quadro acima, segundo Bellen (2005), deve-
se ter a consciência de quando se aplica determinados indicadores com os seus
associados índices de desenvolvimento sustentável, deve ser considerado que
podem existir ambiguidades de indicadores quando comparados aos indicadores
internacionais.
De acordo com a classificação de 1993 da Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os indicadores ambientais podem ser
51
sistematizados pelo Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER), que assenta em três
grupos-chave de indicadores:
a) Indicadores de Pressão – caracterizam as pressões sobre os sistemas
ambientais, que podem ser traduzidas por indicadores de emissão de
contaminantes, de eficiência tecnológica, de intervenção no território e de
impacto ambiental;
b) Indicadores de Estado – reflete a qualidade do ambiente num dado
horizonte espaço/ tempo; são os indicadores de sensibilidade, de risco e de
qualidade ambiental;
c) Indicadores de Resposta – avaliam as respostas da sociedade às
alterações e às preocupações ambientais, bem como à adesão de
programas e/ou medidas em prol do ambiente; podem ser incluídos neste
grupo os indicadores de adesão social, de sensibilização e de atividades de
grupos sociais importantes (OECD, 1994).
Este modelo por Indicadores de Resposta está previsto pelo Sistema de
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS) para aplicação em atividades
humanas que produzem emissões as quais podem afetar o estado do ambiente, o
que leva a sociedade a apresentar respostas a esses problemas (OECD, 1994).
No quadro 5, apresenta-se a estrutura conceitual do modelo PER da OCDE:
Quadro 5: Estrutura conceitual do modelo PER da OCDE.
Fonte: Gomes et. al. (2000, apud TOMASONI, 2006, p. 99).
PRESSÕES RESPOSTAS ESTADO
Informação
Recursos
Poluição Respostas Ambientais
Informação
Atividades
Humanas
ENERGIA
TRANSPORTES
INDÚSTRIA
AGRICULTURA
Ambiente
AR
ÁGUA
SOLO
RECURSOS
VIVOS
Agentes Econômicos e
Ambientais
ADMINISTRAÇÕES EMPRESAS
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
CIDADÃOS
Respostas setoriais
52
Bakkes et al. (1994) diferenciam, no quadro 6, os indicadores em relação à
sua função; no quadro exposto, o exemplo está relacionado à recuperação de
ecossistema.
FUNÇÕES DE INDICADORES NUM CONTEXTO DE RECUPERAÇÃO DO ECOSSISTEMA
Importância intrínseca ● Espécies econômicas ● Espécies ameaçadas ● Outros aspectos de importância direta para os humanos Indicador precoce de perigo ● Usar quando o objetivo é lento ou atrasado em resposta ou muito variável em tempo ou espaço. ● Atraso de tempo mínimo em resposta ao estresse (taxa de resposta rápida). ● Taxa de sinal-ruído baixa; discriminação baixa. ● Ferramenta de escaneamento; aceita falso positivo. Indicador de sensibilidade ● Usar quando o objetivo for relativamente insensível. ● Especificidade do stress.
● Taxa de sinal-ruído alta. ● Minimizar falsos positivos. Indicador de processo ● Monitorar outras coisas além da biota, em outras palavras, taxas de decomposição. ● Complementar indicadores estruturais. Indicador de sensitividade/vulnerabilidade do ecossistema ● Indicadores abióticos, como fluxo de água, etc.; capacidade de neutralização; fontes de sementes próximas.
Quadro 6: Funções de indicadores, contexto de recuperação de ecossistema.
Fonte: Bakkes et al. (1994, p. 6) traduzido e adaptado pelo autor.
2.4 FUNDAMENTOS E DESCRIÇÃO DO ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD
O Método da Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method) é uma
ferramenta utilizada para estimar a demanda de recursos naturais em uma
determinada área e o consumo de recursos naturais de uma determinada população
ali situada. O Método da Pegada Ecológica (PE) pode calcular a área bioprodutiva
necessária para produzir todos os bens e serviços necessários à manutenção de
uma população (WACKERNAGEL; REES, 1996).
Podemos dizer que a popularidade mundial desse método é crescente e é
percebível na quantidade recente de estudos e artigos que sustentam os seus
estudos dessa metodologia. No Brasil, os estudos com a aplicação desse método se
53
popularizam a cada aplicação da PE como ferramenta em estudos aplicados nas
cidades, em forma de estudo de caso.
A metodologia do Ecological Footprint Method, fundamentada por
Wackernagel e Rees (1996), é um modelo conceitual aplicado na contabilização dos
fluxos de matéria e energia existentes em um determinado local, município, região,
estado ou nação. Onde toda esta matéria e energia serão consumidas, localmente e
vinculadas ao uso de áreas de terra produtivas e água correspondente à demanda
do consumo local. Esclarecem, assim, que a análise desta ferramenta pode ser
aplicada em escalas: individual, familiar, regional, nacional e mundial, e, dessa
forma, a metodologia da Pegada Ecológica apresenta-se como uma ferramenta
elaborada com a finalidade de mensurar a sustentabilidade ambiental, focalizando
as preocupações globais, a destruição ecológica e as injustiças sociais em
determinadas áreas do planeta.
Na obra Sharing Nature´s Interest, os pesquisadores Chambers, Simmons e
Wackemagel (2000) colocam o Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint
Method, como uma ferramenta de grande robustez metodológica, podendo ser
aplicada como instrumento de cálculo e de análise, devendo ser aplicada de forma
completa, incluindo tanto a área de terra exigida, direta e indiretamente utilizada
para suprir o consumo de energia e recursos, como também deve ser considerada,
neste método, a área perdida ou suprimida de produção de biodiversidade em
função da contaminação, da erosão, da salinização e da urbanização.
2.4.1 Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica)
O Ecological Footprint Method, ou Método da Pegada Ecológica, tem seus
fundamentos conceituais relacionados com o conceito de capacidade de carga, que,
segundo Chambers et al (2000), pode ser entendida como sendo a capacidade da
Terra para sustentar a vida, representando a quantidade de hectares necessários
para sustentar a vida de cada pessoa no mundo, ou seja, é a quantidade de
hectares necessários para produzir o que uma pessoa consome por ano
(CHAMBERS, 2000).
Referenciado por diversos estudos de renomados pesquisadores sobre o
entendimento das questões ambientais e de seus desdobramentos para a sociedade
e para o ecossistema, o Método da Pegada Ecológica é reconhecido como uma
54
ferramenta para a elaboração de planejamento sobre a sustentabilidade. Uma das
características percebidas nos estudos sobre as vantagens do uso da Pegada
Ecológica é o seu apelo intuitivo e didático.
A data exata do surgimento dessa metodologia é ainda discutida e não está
exatamente estabelecida; um marco referencial do uso prático comprovado está
documentado no ano de 1961, quando os cálculos da Pegada Ecológica começaram
a ser realizados pela Global Footprint Network, na época, feitos para demonstrar que
a população humana já usava 70% da capacidade produtiva anual da Terra. Em
dezembro de 1987, com a mesma metodologia da Pegada Ecológica aplicada, foi
comprovado o primeiro registro de um nível de consumo de recursos maior do que o
planeta é capaz de renovar no período de doze meses (Global Footprint Network,
2009).
Desde então, esse cálculo marca o dia do ano em que a humanidade já usou
todos os recursos que a natureza irá gerar no período de 12 meses – o chamado
Earth Overshoot Day, o Dia de Limite da Terra ou Dia da Ultrapassagem da Terra.
Esse dia de rompimento do limite tolerável da Terra é também conhecido como o Dia
D do Consumo e a data de esgotamento dos recursos terrestres acontece cada vez
mais cedo. Em 1995, esse limite se antecipou para o dia 21 de novembro, em 2007,
chegou à marca histórica de 6 de outubro e, em 2008, esse dia foi 23 de setembro.
Ou seja, a cada ano, o limite de esgotamento da Terra se exprime em um tempo
mais diminuto. Essa dedução de cálculo dos limites de esgotamento da Terra
realizados com a Metodologia da Pegada Ecológica vem sendo elaborada por
pesquisadores ligados o ONG (Global Footprint Network, 2009).
Outro marco referencial importante na denotação cientifica da Metodologia da
Pegada Ecológica está referenciada no último relatório Living Planet (Planeta Vivo),
de 2008, divulgado em outubro de 2008 pela organização internacional World Wide
Fund for Nature, WWF, (Fundo mundial para a vida selvagem e natureza). Esse
relatório, Living Planet de 2008, com base em cálculos realizados com a Metodologia
Pegada Ecológica, afirma que, a partir de 2030, a demanda por recursos naturais
será o dobro do que a Terra poderá oferecer, caso o modelo atual de consumo e
degradação ambiental não seja superado (WWF, 2009).
Em 1996, com o lançamento do livro Our Ecological Footprint, de autoria de
William Rees e Mathis Wackernagel, foi proposta a utilização de uma ferramenta
55
para medir o desenvolvimento sustentável: o Ecological Footprint Method, traduzida
para o português como Pegada Ecológica. No decorrer das últimas décadas, a
metodologia PE está se firmando com um método prático e popular e de
reconhecimento mundial (WACKERNAGEL; REES, 1996).
Segundo Wackernagel e Rees (1996), esse método consiste em um indicador
de sustentabilidade, que mede o impacto da humanidade sobre a Terra, e um
indicador da pressão exercida sobre o ambiente, que permite estimar, de forma
equivalente, a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de
vida.
Podemos comparar esse método a um balanço ambiental dos recursos
efetivamente consumidos de forma per capita no planeta, ou seja, o tamanho da
degradação em função da pegada no meio ambiente pelo homem, a Pegada
Ecológica (PE), mundialmente conhecida como Ecological Footprint Method.
A primeira definição da Pegada Ecológica (PE) relacionada ao estudo dos
danos ambientais de uma cidade foi explanada em estudos no ano de 1990, para
representar a degradação ambiental, de acordo com os estudos de Chambers et al.
(2000). No início dos estudos, que envolviam a abordagem da PE, o método foi
utilizado para confrontar os dados coletados de planilhas de indicadores de
sustentabilidade, que aparentemente não correspondiam a uma relação direta de
consumo per capita, de cada indivíduo e em determinado local no planeta
(CHAMBERS et al., 2000).
Para terem reconhecimento científico, as variáveis escolhidas para a
realização do cálculo devem seguir as recomendações da metodologia da PE,
referenciadas como variáveis que tenham legitimidade no estudo ambiental sobre o
desenvolvimento sustentável. Essas variáveis também deverão ser organizadas na
formação de grupos de indicadores funcionais, ou seja, aqueles que melhor
expressam as mudanças constantes e metabólicas do ecossistema urbano em
estudo. Como exemplos dessas variáveis, citam o aumento da população humana,
as alterações de uso de cobertura do solo e o consumo de insumo, isto é, variáveis
relacionadas e envolvidas com as alterações ambientais locais e globais (BELLEN,
2005).
Desta forma, os indicadores podem expressar um estado de uma realidade
social ou ambiental, mas não é a própria realidade que está submetida às
56
intervenções associadas ao estudo de grupos de indicadores associados. Ainda
referindo-se aos indicadores, mas em especial focado na dimensão social, Januzzi
declara tautologicamente, ou seja, de forma redundante, que um indicador social é
apenas indicador numérico e alerta que se deve evitar uma prática que vai se
tornando hábito: substituir o conceito indicado “pela medida supostamente criada
para operacionalizado, sobretudo no caso de conceitos abstratos e complexos”
(JANUZZI, 2002, p. 55).
Dentre os muitos indicadores de sustentabilidade, a Pegada Ecológica tem se
tornado um dos mais utilizados e difundidos mundialmente. A Rede Global da
Pegada Ecológica, entidade criada para promover a economia sustentável ao dar a
conhecer a Pegada Ecológica como uma ferramenta que permite medir a
sustentabilidade, juntamente com os seus parceiros, coordena a pesquisa,
desenvolve normas metodológicas e fornece bases de recursos aos tomadores de
decisões com o objetivo de ajudar a economia humana a funcionar dentro dos limites
ecológicos. Este indicador tem sido adotado por inúmeras entidades e
pesquisadores, tais como o Relatório Planeta Vivo 2006, da World Wide Fund for
Nature, e o Relatório de 2007 do Fundo para a População das Nações Unidas.
Portanto, o Método da Pegada Ecológica, como já referenciado por outros
autores, fundamenta-se no conceito de capacidade de carga de uma determinada
área de terras em estudo, onde determinada atividade humana se faz presente,
reforçando, assim, a ideia de introduzir essa forma de estudo ambiental na
sociedade, não importando o perfil dessa sociedade agente no contexto ambiental
em estudo, como: classe de componentes como população, matéria-prima,
tecnologia utilizada e a área equivalente de terra e/ou água (BELLEN, 2005).
Parâmetros estes também condizentes ao estudo de Wackernagel e Rees
(1996), que contribuem no entendimento da PE, concordando com a definição
apresentada sobre a metodologia do Ecological Footprint, isto é, que esta área
equivalente, ou em dimensão equivalente, deve ser apropriada para um ecossistema
e assegurar a sobrevivência de uma determinada população ou sistema nele
presente. Para que o método represente a apropriação dessa população sobre a
capacidade de carga total de um específico sistema, o ecossistema deve ser
delimitado por convenção do estudo da PE (WACKERNAGEL; REES, 1996).
57
A parametrização de dados e a escolha de indicadores devem ser focadas
por categorias do espaço ecológico a serem utilizadas no cálculo da Pegada
Ecológica e são divididas como: categorias de terrenos (terras de cultivo, pastagens,
oceanos, florestas, terras de energia, área para a proteção da biodiversidade e
espaço construído) e categorias de consumo (alimentação, habitação, transporte,
bens de consumo e serviços). Cada categoria de consumo é convertida numa área
de terreno, que, em princípio, pode ser categorizada por meio de fatores de
produtividade ou rendimento conforme a categoria do terreno a ser dividida
(BELLEN, 2005)
Bellen (2005) também salienta que as diversas áreas obtidas na
categorização por seu uso, não representam necessariamente os verdadeiros usos
do solo, mas, antes, são resultantes do uso teórico do cálculo da pegada. Ou seja,
segundo o autor, a terra pode ter múltiplos usos no decorrer de um período ou ser
utilizada para mais de uma atividade simultaneamente, por exemplo, as terras
destinadas à geração de energia também podem ser utilizadas como áreas para
proteção da biodiversidade ou áreas de florestas.
No Brasil, a Metodologia da Pegada Ecológica ainda têm seus estudos
referenciados em pesquisas relativamente recentes, com ênfase em pesquisas
aplicadas sobre determinadas cidades brasileiras, datadas da última década para a
presente data.
Mesmo o Brasil ainda não tendo uma base de dados consistente quando
comparado com outros países, que há décadas acumulam uma diversificada base
de dados provenientes de estudo envolvendo a Metodologia da Pegada Ecológica, a
Pegada brasileira já é estudada. Segundo o Living Planet Report de 2006, da Wold
Wide Fund for Nature, em 2003, foi reconhecida em esfera internacional a primeira
aplicação da Metodologia da Pegada Ecológica sobre o Brasil. Nesse relatório, feito
com dados do ano de 2003 e tabulados em 2006, o Brasil representava 383 milhões
de hectares globais, o que correspondia a uma pegada ecológica per capita de 2,1
hectares globais; como a biocapacidade existente dentro das fronteiras do território
brasileiro era de 9,9 hectares globais per capita, havia, desta forma, em 2003, uma
reserva ecológica de 7,8 hectares globais per capita (Living Planet Report, 2006).
Com esses dados de 2003, podemos ter um marco referencial da Pegada
brasileira perante as demais nações do mundo e, também, usar esses dados para
58
comparações em áreas determinadas em nosso território em especial, no caso em
estudo, a Pegada de Navegantes, em Santa Catarina. O marco referencial desse
relatório sobre a Pegada do Brasil, quando comparada com a Pegada mundial,
representava, em 2003, 14,073 bilhões de hectares globais, correspondendo a uma
pegada ecológica per capita de 2,2 hectares globais; contudo, o limite superior da
biocapacidade global é de 1,8 hectares globais per capita, havendo, portanto, um
déficit ecológico de 0,4 hectares globais per capita. Esse déficit é mostrado no
gráfico 1, que ilustra a tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta:
Gráfico 1: Tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta 1960 - 2003. Fonte: Releitura do autor com base no Living Planet Report (2008).
Já o gráfico 2 esboça a tendência do aumento da Pegada Ecológica no
planeta, no período de 1951 a 2100, com projeções de cenários de tendência. O
cenário de referência moderado no gráfico é resultado do cálculo da Pegada
Ecológica global, mas, de acordo com o Relatório Planeta Vivo, esse cenário de
elevação tendenciosa pode ser atenuado com ações imediatas por parte de todas as
nações no planeta.
59
Gráfico 2: Projeção da tendência PE de 1951 a 2100. Fonte: Relatório Planeta Vivo, (WWF, 2009).
Como podemos observar nos dois gráficos elaborados com dados tabulados
com a Metodologia da Pegada Ecológica, fica evidenciado o crescente aumento de
nossa Pegada sobre a Terra, ou seja, estamos consumindo cada vez mais os
limitados recursos naturais de nosso planeta.
A incorporação do conceito da metodologia da PE em estudos acadêmicos e
a sua aceitação por muitos pesquisadores e ambientalistas, como indicador de
sustentabilidade de cidades ou países, deve-se, em parte, à forma gráfica e simples
de demonstrar os efeitos danosos de nosso modelo atual de desenvolvimento
econômico por índices comparativos. Assim, a metodologia da PE pode ter a sua
aplicabilidade em variadas escalas: em dimensão organizacional, individual, familiar,
regional, nacional e mundial (BELLEN, 2005).
Segundo Bellen (2005), a metodologia da PE pode ser utilizada para medir,
em variadas grandezas e escalas, o cálculo dirigido à Pegada do planeta ou focada
na Pegada de um só indivíduo a ser representado. Indivíduo que, em seu cotidiano,
é um agente impactante num determinado ponto no planeta, caracterizado por suas
opções enquanto consumidor, pela forma de deslocamento, pela quantidade de
resíduos que ele produz e até pelo tipo de alimentação que consome, implicando no
uso de uma determinada porção de recursos naturais.
A metodologia da PE, utilizando-se de determinados indicadores,
independentemente das ambiguidades dos dados e com índices referenciados de
forma diferente e ponderados com pesos distintos, quando comparados com
60
indicadores globais, ainda é um referencial metodológico reconhecido, pois mantém
as suas características fundamentais como metodologia focada na contabilização
dos fluxos de matéria e energia existentes em uma região, cidade, Estado ou País,
convertendo-os, de maneira equivalente, em áreas de terra ou em porção de águas
produtivas (WACKERNAGEL, REES, 1998).
Assim sendo, a Pegada Ecológica é focada no cálculo da capacidade de
carga de uma região, na qual a principal questão é determinar a área de terra
necessária para suprir as necessidades de uma determinada população sem trazer
prejuízo ao ecossistema local. Permite estabelecer objetivamente os impactos das
relações de dependência entre o ser humano e suas atividades sobre o consumo
dos recursos naturais necessários para necessidade local. Os resultados dessas
relações de consumo versus população local nos possibilitam estimar as áreas de
terras e/ou águas suficientes para sustentar e manter o modelo atual sustentável.
(DIAS, 2002).
Desta forma, podemos prever que toda atividade exercida pelo homem sobre
a Terra demanda recursos do ambiente natural e, mesmo no mínimo utilizados para
a sua sobrevivência, reflete-se na degradação para o meio ambiente e na redução
de seus recursos naturais. Ambiente esse formado por diversos tipos de terras e de
densidade populacional variada, mas no qual cada porção deveria ter a finalidade de
atender às necessidades mínimas da população ali locada. Essas áreas, de maneira
geral, podem ser classificadas como áreas de cultivo, de pasto e de floresta. Quanto
maior o consumo de recursos e a geração de resíduos sobre uma determinada área
de terra, maior será o tamanho da pegada para sustentar este modelo de consumo.
Assim, com uma demanda crescente por consumo dos insumos da terra, maior será
a demanda por área de terras para manter esse modelo de consumo extrapolado ao
limite natural da Terra (DIAS, 2002).
Portanto, calcular a área necessária para suprir a demanda de um
determinado arranjo populacional, presume em considerar não apenas o número de
indivíduos presentes, mas também a dinâmica existente no espaço estudado, ou
seja, o desenvolvimento de tecnologias aplicadas localmente, a importação e
exportação de insumos, a quantidade consumida, a eficiência dos meios de
produção e a administração dos recursos naturais. Assim, a metodologia de se medir
o impacto ambiental também se caracteriza por um indicador de sustentabilidade
61
ecológica de cidades ou países. A metodologia pode ser aplicada em várias escalas:
organizacional, individual, familiar, regional, nacional ou mundial (BELLEN, 2005).
Para Andrade (2006), o cálculo da Pegada Ecológica deve considerar alguns
referenciais preliminares e, entre eles, destaca:
a) a PE deve refletir a demanda das atividades humanas, enquanto a
biocapacidade representa o quanto os recursos naturais têm capacidade
de suprir. Eles podem ser comparados entre si, pois a área que resulta de
cada um deles está em unidades de produtividade global, o que permite a
comparação. Exemplo: quando a área demandada por uma determinada
população excede a capacidade de suporte da biocapacidade, tem-se um
déficit ecológico;
b) a PE deve considerar somente uma função, denominada de função
primária. Porém, uma área não pode ser contabilizada duas vezes, ainda
que ofereça mais de um tipo de serviço às atividades humanas. Exemplo:
em uma dada área, existe a plantação de árvores, para fornecer madeira
para produção de papel ou de energia, e um córrego, que fornece água
para a agricultura para outra unidade de terra; assim, deve-se considerar
apenas a área correspondente à plantação de florestas; e a água fornecida
para a agricultura é considerada no cálculo da área correspondente ao
cultivo de alimentos;
c) As comparações entre regiões em escala nacional e internacional deverão
ser realizadas utilizando uma unidade padrão de medida, pois cada região
possui um nível de produtividade diferente em função das condições
climáticas ou tecnologias disponíveis;
d) Os dados referentes ao consumo da população deveram constar em
organizações nacionais ou internacionais. Alguns países contêm
informações mais detalhadas do que outros, a disponibilidade de dados
sobre produção e consumo colabora para o resultado de uma Pegada
Ecológica mais completa e menos distorcida da realidade. Para a
determinação da PE de cidades ou regiões menores, deve-se procurar
utilizar dados locais ou regionais, no intuito de estar o mais próximo
possível da realidade local;
62
e) A quantidade de recursos biológicos apropriados para o uso humano está
diretamente relacionada ao montante de área de terra necessária para a
regeneração desses recursos e para a assimilação dos resíduos gerados.
Já Bellen (2005) descreve que o cálculo da área apropriada por determinada
população deve variar de acordo com o número de itens escolhidos e a
disponibilidade de dados sobre o consumo e que, de maneira geral, pode-se resumir
o cálculo da Pegada Ecológica em quatro etapas:
a) calcular a área total apropriada, multiplicando o resultado do consumo total
pelo tamanho da população;
b) determinar ou estimar a área apropriada per capita para cada um dos
principais itens de consumo, dividindo o consumo anual per capita pela
produtividade média anual;
c) calcular a média anual de itens de consumo de dados agregados, como o
consumo de energia e de alimentos, dividindo o consumo total pelo
tamanho da população;
d) calcular a área da Pegada Ecológica média por pessoa somando as áreas
do ecossistema apropriadas por cada item de consumo de bens ou
serviços.
Com essas duas descrições e considerações sobre a aplicação do cálculo da
Pegada Ecológica feitas por Andrade (2006) e por Bellen (2005), podemos entender
que muitos itens de consumo podem ser definidos pelo pesquisador, cabendo a ele
escolher aqueles com maior demanda e aqueles que possuem disponibilidade de
dados suficientes para a realização dos cálculos. Evidentemente, para a melhor
clareza e exatidão no cálculo, devem ser utilizados os principais itens de consumo
do local a ser estudado, ou seja, aqueles itens que formam a maior pressão sobre os
recursos naturais locais.
Detalhando mais o entendimento sobre aplicação da PE, Andrade (2006)
explica que podemos trabalhar com itens relativos ao consumo de insumos, de
energia e de matérias já escolhidos de forma agrupada, delimitados dentro de cinco
principais categorias, a saber: a) alimentação: vegetais e carnes (boi, aves, peixes,
entre outros itens da alimentação); b) habitação: área construída (casa,
63
apartamentos, entre outros itens para habitação); c) transporte: público ou privado;
d) bens de consumo: papel, máquinas, roupas, entre outros; e) serviços: bancos,
hospedagens, restaurantes, aeroportos, entre outros. Desta forma, a PE, ou seja, a
biocapacidade total de uma região se dá pela soma de todas as suas áreas
bioprodutivas e, assim, podemos quantificar quanto o consumo humano está
exigindo dos recursos naturais e demonstrar a extensão em que o meio ambiente
natural está sendo usado e agredido.
Dias (2002) complementa que o Método Pegada Ecológica “permite
estabelecer de forma quantitativa um diagnóstico dos resultados das atividades
humanas desenvolvidas junto ao socioecossistema e os custos em termos de
apropriações de áreas naturais para manutenção do seu terrametabolismo”.
Segundo o autor, o socioecossistema se refere às cidades e às suas áreas
urbanizadas e/ou produtivas dispostas em áreas produtivas e com capacidade de se
regenerar do decorrer da evolução urbana local.
A dinâmica do espaço urbano inserido no espaço natural é demonstrada na
figura 2, adaptada de Wackernagel e Rees (1998), que ilustra também a dinâmica da
interação entre o ecossistema natural e o ecossistema humano (artificial). As áreas
construídas, urbanizadas e de produção humana impõem à pressão “a Pegada”
sobre o ambiente natural, através do consumo gradativo do local e na geração de
resíduos de toxidade variada e letal para biodiversidade local e do planeta.
64
Figura 2: Modelo da dinâmica da Pegada Ecológica. Fonte: Adaptado de Wackernagel e Rees, 1998 (apud PARENTE, 2007)
Os itens de consumo a serem escolhidos para o cálculo da PE são definidos
pelo pesquisador, ao interpretar e selecionar aqueles com representatividade, que
exercem maior pressão sobre o meio ambiente, como também indicadores que
estejam disponibilizados no período de estudo para a efetivação dos cálculos,
demonstrem o efetivo impacto local.
Nesse sentido, Wackernagel & Rees (1998) agruparam, dentro de cinco
categorias principais, os itens de consumo e itens que demandam consumo de
materiais e energia, dispostas em:
a) alimentação: vegetais e carnes (boi, aves, peixes, entre outros);
b) habitação: área construída (casa, apartamentos, entre outros);
c) transporte: público ou privado, automóveis particulares, entre outros;
d) bens de consumo: energia elétrica, água, papel, máquinas, entre outros;
e) serviços: coleta de lixo, aeroportos, entre outros.
65
Com esses detalhamentos sobre aplicação da PE e a sua efetiva aplicação,
podemos obter a dimensão da utilização dos recursos naturais e de seus resultantes
excessos na utilização desses recursos sobre além do que as áreas bioprodutivas
podem suprir. Sendo possível estimar se a Pegada Ecológica ultrapassa a
biocapacidade, o que caracteriza a sobrecarga ambiental local chamada de
overshoot, ou seja, a região em estudo tem déficit ecológico (ANDRADE, 2006).
Em forma de equação, podemos fazer a seguinte relação do estudo feita por
diversos pesquisadores e, em destaque, por Bellen (2005) e Andrade (2006), no
quadro 7:
Quadro 7: Equação do saldo ecológico. Fonte: Organizado pelo autor com base em Andrade (2006, p. 46).
Podemos perceber, com os resultados obtidos na equação dada, que o saldo
ecológico com sinal negativo (-) indica biocapacidade maior que a Pegada
Ecológica, a ausência de déficit ecológico e a existência uma reserva ecológica de
biocapacidade produtiva. E quando o resultado na equação tiver o sinal positivo (+),
indicará a presença de déficit ecológico no sistema ou saldo ecológico negativo.
Como a Terra possui uma superfície aproximada de 51 bilhões de hectares,
um só hectare equivale a dez mil metros quadrados, porém apenas 11,2 bilhões são
áreas bioprodutivas. Esse montante de 11,2 bilhões, equivalente a 22% da
superfície total do planeta é o que nos é disponibilizado para suprir as demandas
das atividades crescentes da população mundial. Essa área vital ao
desenvolvimento humano pode ser ordenada e exemplificada de acordo com
Chambers et al. (2000) e Wackernagel & Rees (1998), como:
Saldo Ecológico (gha) = Pegada Ecológica (gha) - Biocapacidade (gha)
(gha) global hectare, unidade de biocapacidade total de uma região;
envolve a somatória de todas as áreas bioprodutivas da região em estudo.
66
a) Território de disponibilidade limitada: essas áreas não são
contabilizadas no cálculo da Pegada Ecológica.
� áreas de biodiversidade: compreendem as florestas virgens com função
de proteger a biodiversidade (espécies animais e vegetais) e assimilar
as emissões de gás carbônico.
� áreas não produtivas: são aquelas que não possuem capacidade
produtiva para atender à demanda humana, por exemplo, os desertos e
as geleiras.
b) Território construído: são os ambientes construídos para habitação,
comércio, indústria, infraestrutura, jardins, vias de transporte e
hidroelétricas. Significa o consumo de terras bioprodutivas por construções,
existindo, simultaneamente, uma perda de território bioprodutivo naquela
área.
c) Território de energia: território apropriado pela utilização de energia fóssil.
Essa área corresponde ao montante de área necessária para a absorção
de gás carbônico (CO2) emitido pelo consumo de energia fóssil (petróleo ou
carvão).
d) Território terrestre bioprodutivo:
� terras cultiváveis para agricultura;
� áreas de pastagens;
� florestas para corte de madeira.
e) Área marítima bioprodutiva: mesmo que os oceanos ocupem dois terços
da superfície da Terra, equivalentes a 36 bilhões de hectares, só 300 km,
aproximadamente, da faixa costeira é utilizada na pesca comercial, o que
evidencia que na costa marítima é onde existe maior bioprodutividade.
Assim, o resultado do montante consumido de cada item demonstrado e a ser
definido no cálculo da PE por uma determinada população versus a área disponível
e delimitada pelo estudo determina o tamanho da Pegada Ecológica local. Deve-se
67
considerar que a capacidade bioprodutiva pode se diferenciar de região para região,
em virtude de condições típicas locais de clima, de geologia e do nível de
desenvolvimento tecnológico voltado para a produção da obtenção dos insumos
materiais, enérgicos e de cultivo. A biocapacidade total de uma região se dá pela
soma de todas as suas áreas bioprodutivas, de acordo com os autores estudados
Bellen (2005) e Andrade (2006).
A comparação entre a biocapacidade presente em uma determinada região e
os resultados obtidos da metodologia da Pegada Ecológica dessa região
determinam, em índices, o consumo da população local. Tais índices exprimem a
pressão da presença humana residente na região em estudo, ou seja, mede-se, de
forma equivalente e relativa, o quanto uma região está sendo exigida
ambientalmente (BELLEN, 2005).
Nesse sentido, podemos entender que a Pegada Ecológica apresenta uma
abrangência na escolhas de indicadores locais a serem utilizados no cálculo da PE e
que também possui limitações, pois a realização do cálculo deve englobar o máximo
de itens e de variáveis disponíveis, demandando, assim, a necessidade de uma
série de dados de consumo e produtividade, além de requerer cálculos para a
padronização dos resultados. Os pesquisadores do WWF, em seu trabalho intitulado
Holiday Footprinting: a pratical tool for responsible tourism, relatam que a ferramenta
descreve somente os impactos ambientais. Entretanto, o método pode ajudar a
sociedade a enxergar melhor o sistema onde ela opera e quais são as suas
principais restrições, orientando a política e monitorando o progresso, na busca
dasustentabilidade em todas as suas dimensões (WWF, 2010).
Outros estudiosos apontam a deficiência do método em mostrar a dinâmica
das condições de mudança, uma vez que a ferramenta retrata o estado atual de um
sistema. Mesmo assim, no uso de séries temporais, a Pegada Ecológica pode
revelar a dinâmica das mudanças presente no sistema. Um exemplo disso é a
publicação do relatório Living Planet Report 2006, que apresenta a Pegada
Ecológica de mais de cem países e demonstra a variação que o consumo de
recursos naturais sofreu desde a década de 60, a diferença na apropriação de terras
bioprodutivas entre as nações e quais os recursos mais demandados pelas
atividades humanas.
68
BRASIL
De acordo com os estudos realizados e fundamentados nessa pesquisa,
aplicada na Região do Município de Navegantes em SC, a Metodologia da Pegada
Ecológica é uma ferramenta metodológica aplicável não só para determinar a
Pegada Ecológica local, mas também será útil como referência para outros estudos,
nos quais também se fez a utilização da PE. O desempenho ambiental local de
Navegantes poderá ser comparado relativamente a outros municípios do Estado de
Santa Catarina, como também a outros municípios do Brasil, estudados e a serem
estudados, com aplicação da metodologia da PE.
No desenho abaixo, figura 3, uma ilustração adaptada pelo autor dessa
pesquisa, que demonstra a dimensão comparativa dos resultados depois do cálculo
da Pegada Ecológica em Navegantes, em Santa Catarina e no Brasil.
Figura 3: Dimensão da Pegada Ecológica de Navegantes. Fonte: Esboçado pelo autor sobre mapas do IBGE, (2008).
69
3 METODOLOGIA
Essa pesquisa possui um enfoque exploratório, utilizando o estudo de caso
único, com uma abordagem quantitativa, cujo objetivo geral é orientado no estudo na
análise dos impactos ambientais no ano de 2005 e 2009, em Navegantes. Na
análise descritiva, o estudo e a coleta de dados são focados no período
compreendido de janeiro a dezembro do ano de 2005 e o período de janeiro a
dezembro de 2009.
De acordo com Triviños (1987), os estudos exploratórios permitem ao
pesquisador aprimorar seus conhecimentos e suas experiências em função da
imersão no estudo de determinado problema em curso, partindo de pressuposta
hipótese e do aprofundamento no foco de uma realidade específica, fundamentação
apropriada, conhecimento planificado, confluindo ao planejamento da pesquisa
descritiva ou de tipo experimental.
Conforme apontam Gil (2002) e Lakatos (2002), a metodologia de pesquisa
descritiva é um tipo de pesquisa que objetiva a descrição das características de
determinada população e busca estudar as especificidades de um grupo
(distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade e indicadores
socioambientais). Assim sendo, a pesquisa descritiva se molda perfeitamente ao
objetivo deste trabalho, visto que é desenvolvida através da observação de um
problema envolvendo uma população e dados relacionados à região em foco no
estudo.
No sentido prático da pesquisa, optou-se por um estudo de caso
caracterizado por um aprofundamento dos temas correlacionados aos objetivos
específicos. A pesquisa foi direcionada para responder o problema formulado em
função do estudo de caso de Navegantes, considerando, também, os temas
correlatos ao objeto do estudo. Portanto, ao responder o problema geral formulado
pela pesquisa, o objeto de estudo, quanto ao aspecto dos procedimentos
metodológicos leva o pesquisador a perceber o fenômeno envolvido no estudo, com
melhor compreensão dentro de seu contexto, quando analisado numa perspectiva
integrada. Para tanto, o pesquisador vai a campo captar o fenômeno de estudo, para
que possa estabelecer os elementos componentes e as relações existentes entre
eles (GODOY, 1995).
70
Para Chizzotti (1995), as pesquisas com enfoque em estudo de caso supõem
três fases: 1ª - exploratória: o caso em estudo deve ser uma referência significativa
para merecer a investigação; 2ª - delimitação do caso: que visa a reunir e a
organizar um conjunto comprovado e selecionado de informações. 3ª - a
organização e redação do relatório, que poderá ter um estilo narrativo, descritivo ou
analítico.
A investigação proposta, complementada nos procedimentos metodológicos,
foi delineada para:
a) sistematização da metodologia de cálculo utilizada pelos autores
Wachernagel e Rees (1996) e Bellen (2005);
b) descrição do estudo de caso no contexto metodológico do Método da
Pegada Ecológica, como também explaná-la de forma gráfica e lúdica com
gráfico simples;
c) coleta e análise dos dados em fontes governamentais e organizações não
governamentais (ONGs), todas de fidedigno conhecimento;
d) interpretação e comparação de dados obtidos nos estudos delimitados ao
estudo de caso na Região do Município de Navegantes e avaliar a
aplicação do Método da Pegada Ecológica.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo de natureza descritiva,
porque sua orientação metodológica está voltada para coletas de dados e de
informações sobre o objeto do estudo; as observações, os registros e as análises
são descritos sem a deturpação dos fatos correlacionados à pesquisa. Gil (1991)
complementa que as pesquisas de forma descritiva são as mais apropriadas aos
estudos sociais, porque mostram a capacidade de descrever fatos do cotidiano de
uma forma mais prática.
Com o foco do estudo dirigido para a questão ambiental na cidade de
Navegantes, a pesquisa definiu-se em forma descritiva, com exatidão dos
fenômenos da realidade local estudada, através da coleta seletiva de indicadores
apropriados ao estudo. Descrevendo as características quantitativas da população
local e estabelecendo relações entre os demais indicadores também relacionados à
71
pesquisa, o trabalho se caracteriza pelo enfoque descritivo também por envolver o
uso de metodologias apropriadas de coleta e de análise dos dados organizados por
categorias. (GIL, 1991).
Segundo Gil (1991), a pesquisa também se caracteriza como exploratória por
explanar e detalhar o conhecimento envolvido no problema de estudo, com o
suporte de pesquisas bibliográficas relacionadas. A forma exploratória do estudo
proporcionou uma maior familiaridade com as informações estudadas na região e
sobre o local do estudo. Além disso, o trabalho motiva o surgimento de
questionamentos e de hipóteses sobre o problema estudado (SILVA e MENEZES,
2001).
Para Chizzotti (1995, p. 104), a pesquisa exploratória tem, como função geral,
“provocar o esclarecimento de uma situação para a tomada de consciência”. Assim
sendo, a pesquisa exploratória é um método norteador para o pesquisador
descrever, desenvolver e modificar conceitos e ideias, que vão corroborar a
formulação de novos conceitos, os quais, por sua vez, poderão servir de base em
futuros estudos.
Para Gil (1991), a pesquisa científica também pode ser classificada em quatro
fatores voltados ao estudo: quanto aos objetivos propostos, quanto à forma de
abordagem aplicada, quanto à natureza da pesquisa e quanto aos procedimentos
metodológicos adotados.
A pesquisa buscou o levantamento analítico de fatores multidisciplinares,
como índices geográficos, econômicos, sociais e ambientais, referenciados no
contexto pós-instalação de dois grandes referenciais de investimento, que
impactaram diretamente o desenvolvimento da região de pesquisa, o estaleiro
Navship e o porto Portonave.
Os dados de coleta em campo e os parâmetros socioeconômicos foram
fundamentados com dados econômicos, sociais e ambientais atualizados e que
estavam disponíveis nas bases de dados de organizações governamentais. Esses
dados foram obtidos, selecionados, analisados dos estudos e de censos de órgãos
como: 1IBGE, IBAMA, CASAN, CELESC, PMN (Prefeitura Municipal de
1 São pesquisados nos sites oficiais do IBGE, FATMA, IBAMA, CASAN, CELESC, PMN (Prefeitura Municipal de Navegantes), SDR-N (Secretária de Desenvolvimento Regional Navegantes), e outros órgãos que disponibilizam dados atualizados sobre a região de pesquisa.
72
Navegantes), SDR-N (Secretária de Desenvolvimento Regional - Navegantes),
indicadores e índices norteados no município objeto da pesquisa.
O estudo proposto envolveu a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental
e a pesquisa in loco no município estudado. A pesquisa bibliográfica permite a busca
dos fundamentos conceituais, bem como é a base para a caracterização e
identificação das informações sobre indicadores pesquisados. Por outro lado, a
pesquisa documental dos dados socioeconômicos e ambientais foi validada por
documentos oficiais, relatórios ambientais de empresas e dados de órgãos oficiais
competentes.
A coleta de dados sobre os indicadores foi realizada na esfera administrativa
de órgãos ambientais, na Prefeitura Municipal de Navegantes e em outras entidades
governamentais inseridas no contexto em estudo.
A execução das pesquisas bibliográficas e documentais fundamenta-se na
consulta em fontes de dados das entidades governamentais e empresas inseridas
na pesquisa de campo e também na consulta de artigos em periódicos, em revistas
e fontes de estudo disponíveis na Internet, bem como em documentos
administrativos existentes no acervo público da prefeitura de Navegantes.
A pesquisa delimitou, como área de estudo, o município de Navegantes e
referencia os dados com os indicadores de sustentabilidade e índices de âmbito
regional, estadual e nacional.
A análise de dados coletados e selecionados, em decorrência da opção por
uma pesquisa norteada por uma metodologia específica, adota procedimentos
rigorosos para sua organização e interpretação. Durante todo o processo
investigativo e de análise de dados, o foco mais geral era o estabelecimento de
relações e dos seus significados, que permitiam a construção de interpretações e de
novas questões sobre o tema. Isto posto, organiza-se os dados obtidos em relatórios
que expressem o entendimento sobre o estudo deste caso. (Silva; Menezes, 2001).
No enfoque quantitativo, nos grupos de dados coletados e selecionados para
o estudo e de acordo com a metodologia da Pegada Ecológica, destacam-se: o
crescimento da população, as alterações de uso e de cobertura do solo, o consumo
de energia elétrica, água potável, indicadores esses ligados ao aumento da pressão
sobre os recursos naturais. A medida das alterações de uso e de cobertura do solo
73
pela expansão física do município de Navegantes foi feita de forma empírica a partir
de imagens de satélites e de mapas da região em estudo.
Segundo Bastos et al. (2000, p. 29) “o elemento básico de uma boa
metodologia consiste em um plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s),
respondendo às questões propostas”. Sugerem, para tal, identificar os seguintes
pontos na estruturação dos procedimentos metodológicos: população e amostra,
instrumento de medida, coleta de dados, tratamento e análise dos dados e
limitações do método. Essa sugestão foi acatada, passando-se ao estudo da
população e da amostra nas linhas seguintes.
A pesquisa se orientou na prospecção de indicadores de sustentabilidade que
possibilitassem uma plena análise da realidade local, organizados e classificados de
acordo com o método do Ecological Footprint Method. Esses dados, a posteriori,
tabulados com os indicadores do período de 2005 e do período de 2009, dados
referentes ao período de instalação e do pleno funcionamento dos dois maiores
investimentos empresariais da região.
Com as atuais tecnologias disponíveis na coleta de dados e disponibilizados
por diversos órgãos governamentais, como IBGE, IBAMA, CELESC, CASAN, entre
outros, a pesquisa de campo agrega mais variáveis e com maior precisão,
mostrando a necessidade de se estudar simultaneamente os dados sociais,
econômicos e ambientais inseridos no município de Navegantes. Isto posto, buscar-
se-á conclusões baseadas em conhecimentos multidisciplinares.
Dentro deste contexto, visando a contribuir para a formação de uma base de
conhecimento da situação ambiental no local de pesquisa é que se caracteriza o
cenário e objeto de estudo de caso nesta dissertação de mestrado.
Por se tratar de uma pesquisa de caso único, de natureza
predominantemente quantitativa, permitiu-se a utilização de vários métodos
exploratórios, como também contemplou-se o estudo e a aplicação de uma
metodologia reconhecida e apta para estudo de caso, o Ecological Footprint Method,
aplicado com ferramenta metodológica.
No contexto da pesquisa, a coleta de dados está orientada precisamente em
dois anos específicos, no período compreendido entre os 12 meses dos anos de
2005 e de 2009. A decisão de fazer a coleta em dois períodos de um ano visa a
74
atender à metodologia do Ecological Footprint Method, a fim de se obter dois marcos
de referência para o cálculo da Pegada Ecológica da região em foco.
Os anos de 2005 e 2009 foram selecionados pelo pesquisador em função do
estudo em campo, que revelou esses dois períodos como as datas de implantação
de grandes empresas na região e das suas posteriores mudanças no cenário social,
econômico e ambiental no município.
Em relação à população e à amostra, o estudo se limitou a pesquisar os
indicadores relacionados ao município de Navegantes, que considerou apenas os
dados, as informações e as estatísticas disponibilizadas em órgãos governamentais
e privados e organizações não governamentais, atendendo, assim, ao pré-requisito
da metodologia aplicada e viabilizando o estudo de caso, com a melhor mensuração
dentro do possível, não desprezando a confiabilidade e a precisão dos dados
coletados.
Na aplicação do Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method,
não é definida a quantidade exata de indicadores necessários para o seu cálculo,
propõe-se a utilização de um número relativamente possível dentro da realidade do
cenário de estudo. No estudo em Navegantes, foi possível obter apenas cinco
categorias de indicadores: população estimada no ano de 2005 e no ano de 2009,
energia elétrica consumida no ano de 2005 e no ano de 2009, água consumida no
ano de 2005 e no ano de 2009, emissão de esgotos estimada no ano de 2005 e no
ano de 2009, quantidade de resíduos sólidos gerados no ano de 2005 e no ano de
2009. Além disso, por estimativa fotográfica por imagens de satélite, a medida
aproximada da evolução das áreas ocupadas no município de Navegantes é a
comprovação da taxa de crescimento urbanizado. Os demais indicadores previstos
para aplicação da metodologia, não foram comentados nesse estudo porque não
puderam ser coletados, pois não estavam documentados e nem possuíam histórico
em quaisquer fontes consultadas e pesquisadas.
3.2 COLETA DE DADOS
Todos os dados coletados e selecionados foram analisados com a ferramenta
metodológica da PE sobre os seguintes itens: censo da população, água consumida,
energia elétrica consumida e áreas bioprodutivas dispostas em Navegantes.
75
Os critérios utilizados para a escolha dos indicadores empregados no método
da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method, foram os seguintes: a) ser
significativo em relação à sustentabilidade de Navegantes; b) ser relevante
politicamente; c) revelar tradução fiel e sintética da preocupação; d) permitir a
repetição das medições no tempo; e) permitir um enfoque integrado; f) apresentar
mensurabilidade de tempo, de custo necessário e de viabilidade para efetuar a
medida; g) ser de fácil interpretação; h) apresentar uma metodologia de medida bem
determinada e transparente; e, i) estar no grupo de indicadores reconhecidos por
diversas organizações governamentais e não governamentais (BELLEN, 2005).
Dessa forma, na realização desta pesquisa, nenhum indicador foi adicionado
de maneira aleatória, sem ser previsto no método utilizado, sendo retirados aqueles
que não se aplicam ao caso de Navegantes, ou que foram impossíveis de serem
obtidos de forma precisa e confiável para o estudo.
Os indicadores selecionados foram classificados conforme a disponibilidade
de acesso e de coleta nas fontes de pesquisa acessada. De todos os indicadores
propostos pelo método, apenas quatro referentes aos anos específicos de 2005 e
2009 foram coletados com precisão, possibilitando, assim, calcular a Pegada de
Navegantes, fato ocorrido em função da dificuldade de se encontrar os dados, como
já exposto anteriormente.
Os dados para os indicadores do município de Navegantes foram coletados e
verificados pessoalmente, de forma direta e indireta, segundo classificação de
Toledo e Ovalle (1985). De acordo com esse autor, a forma direta refere-se à
obtenção do dado diretamente da sua fonte, enquanto a indireta é a obtenção por
meio de inferências feitas a partir de elementos conseguidos de forma direta, mas
que precisam ser classificados para adequações à metodologia aplicada. Os dados
também podem ser classificados como diretos de coleta ocasional, por terem sido
colhidos de acordo com as disponibilidades ocasionais, e como indiretos por
avaliação, obtidos indiretamente a partir de dados confiáveis.
Ainda de acordo com Toledo e Ovalle (1985, p. 43), que definem coleta de
dados como “a obtenção, reunião e registro sistemático dos dados, com um objetivo
determinado”, a classificação dos dados pode ser feita em dados primários e dados
secundários. Os primários se relacionam aos dados publicados ou comunicados pela
própria pessoa que os tenha recolhido em fonte própria ou em campo; e os dados
76
secundários são aqueles publicados ou comunicados por uma organização.
Podemos, assim, exemplificar os dados obtidos nas tabelas do Censo Demográfico,
que, neste caso, são classificados como dados primários.
Dessa forma, os indicadores para o município de Navegantes foram
consultados e obtidos de fontes primárias, como o IBGE, a CASAN, a CELESC, a
RECICLE, as Secretarias Estaduais e Regionais Ltda; e obtidos em fontes
secundárias por relatórios, sites oficiais da Internet de organizações governamentais
e não governamentais, mas reconhecidas academicamente, em nível mundial.
Quanto ao tempo para a coleta, não foram delimitados data ou período
específico, por serem dados referentes ao período de tempo recente, no qual a
coleta foi realizada na medida do possível acesso aos dados. Por Navegantes ser
uma cidade relativamente nova, devido às transições políticas, à implantação da
terceirização de alguns serviços na cidade, como também ao fato da prefeitura não
disponibilizar de um banco de dados atualizado e acessível, culminou em um retardo
na coleta de dados. Fato comprovado em visitas in loco e em diversos órgãos no
município de Navegantes e em Florianópolis, em sedes de empresas e de órgãos
governamentais de esfera estadual. Essas visitas comprovaram a dificuldade no
acesso a alguns dados, e até se confirmou a impossibilidade da coleta de alguns
dados solicitados ou de históricos referentes aos anos relacionados a esse estudo.
Para atender à necessidade da pesquisa por dados referentes à temática do
estudo de caso, foram consultados diversos órgãos públicos e entidades, algumas
delas, privadas. Os dados foram obtidos em visitas in loco em algumas entidades
localizadas em Navegantes e em Secretarias de Estado situadas em Florianópolis, e
também foi realizada a coleta de dados através do seus endereços eletrônicos e por
telefone, quando possível. Nas visitas in loco e por correspondência eletrônica, a
prospecção dos dados necessários foi realizada através de entrevista focada no
indicador correspondente a cada entidade consultada.
Entre as entidades consultadas, de diversas formas se destacam:
CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento –
Departamento de Planejamento.
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A.
CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de
Santa Catarina.
77
DAE – Departamento de Água e Esgoto - Navegantes
DEINFRA – Departamento Estadual de Infraestrutura.
DETRAN/SC – Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina.
EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
de Santa Catarina.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária –
Aeroporto Internacional de Navegantes.
PMN – Prefeitura Municipal de Navegantes.
PORTONAVE – Portonave S/A. Terminais Portuários de Navegantes.
RECICLE – Recicle Catarinense de Resíduos Ltda. – Brusque e
Navegantes.
SDR-I – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional –
Itajaí.
3.3 A METODOLOGIA DO ECOLOGICAL FOOTPRINT APLICADA EM
NAVEGANTES
A metodologia da Pegada Ecológica é fundamentada com base no conceito
da mensurabilidade de carga em um território determinado, porém, de maneira
inversa ao conceito usual. Ou seja, nesse método, o cálculo principal é determinado
em função da área de terra necessária para suprir as necessidades de uma dada
população, sem prejuízo ao ecossistema local, e não a quantidade de pessoas que
determinada área admite sem prejudicar o meio ambiente natural. Dessa forma, a
determinação da pegada em Navegantes considerou todos os indicadores descritos
anteriormente, em um cenário temporal de dois anos pontuais, distanciados no
tempo a fim de se ter uma evolução nos indicadores (BELLEN, 2005).
A definição da área necessária para atender a um determinado sistema
populacional urbano implica em considerar não apenas o número de indivíduos
presentes, mas a dinâmica existente no território em estudo, isto é, o nível de
consumo, o desenvolvimento tecnológico, a importação e exportação de produtos, a
eliminação de espécies concorrentes, a eficiência da produção e a administração
dos recursos naturais. Essa ferramenta tem sido constantemente utilizada por
78
pesquisadores e ambientalistas como um indicador de sustentabilidade ecológica de
cidades ou países. Porém, a metodologia pode ser aplicada em várias escalas,
organizacional, individual, familiar, regional, nacional ou mundial.
O cálculo da área conveniente para atender às necessidades de uma
determinada população varia de acordo com o número de itens escolhidos no estudo
e com a disponibilidade de dados sobre o consumo destes. De forma objetiva,
resume-se em quatro etapas o cálculo da Pegada Ecológica, conforme descreve van
Bellen (2005), exposto no quadro 8:
Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica
1
Calcular a média anual de itens de consumo de dados agregados, por
exemplo, consumo de energia e de alimentos, dividindo o consumo total pelo
tamanho da população;
2
Determinar ou estimar a área apropriada per capita para cada um dos
principais itens de consumo, dividindo o consumo anual per capita pela
produtividade média anual;
3 Calcular a área da Pegada Ecológica média por pessoa, somando as áreas do
ecossistema apropriadas por cada item de consumo de bens ou de serviços;
4 Calcular a área total apropriada, multiplicando o resultado da etapa anterior
pelo tamanho da população.
Quadro 8: Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica. Fonte: Bellen, 2005 e organizado pelo autor.
Sobre os itens de consumo, a coleta, a escolha e a seleção ficaram ao
encargo do pesquisador, em função de avaliação e de estudo em campo, dedicando
parte de sua pesquisa para criar critérios na escolha de indicadores com maior
demanda, isto é, que exercem maior pressão sobre o meio ambiente, e aqueles que
possuem disponibilidade de dados suficientes para a realização dos cálculos.
Em relação aos itens de consumo, podem-se somar, também, os
esclarecimentos feitos nos estudos de Wackernagel e Rees (1998), que organizaram
os itens de consumo dentro de cinco categorias principais, expostos no quadro 9:
79
Categorias
principais Itens de consumo
a) Alimentação Vegetais e carnes (de boi, carneiro, aves, peixes);
b) Habitação Área construída (casa, apartamentos);
c) Transporte Público ou privado;
d) Bens de consumo Papel, máquinas, roupas, entre outros;
e) Serviços Bancos, hospedagens, restaurantes, aeroportos, entre outros.
Quadro 9: Principais Categorias de Itens de Consumo. Contudo, só alguns dados de consumo foram utilizados, de acordo com a sua disponibilidade.
Fonte: Wackernagel; Rees 1998 e organizado pelo autor.
A coleta e seleção por item de consumo a posteriori foram determinantes no
cálculo da Pegada Ecológica Local, que tem, como unidade de medida, o hectare
global (gha). Essa unidade corresponde a um hectare de espaço biologicamente
produtivo com a referência no hectare global, que representa a produtividade média
mundial. No hectare global, a produtividade não é referenciada em uma taxa de
produção de biomassa, como acontece nos indicadores de produtividade primária
líquida, que, nesse caso, descreve a habilidade inerente de suportar a produção
agrícola e, consequentemente, o sustento de uma população delimitada. A
produtividade em relação ao hectare global é uma grandeza que quantifica o
potencial de alcançar a produção agrícola máxima, a um nível específico
(WACKERNAGEL; REES, 1998).
Portanto, a aplicação do referencial em hectares globais na Pegada Ecológica
é de fundamental importância, no sentido de permitir a comparação das partes que
compõem o cálculo da Pegada e/ou da biocapacidade de diferentes países, os quais
têm aspectos próprios e características únicas em relação às áreas para cultivos,
pastagem, florestas e zonas de pesca. O método da pegada pode utilizar dois
fatores para converter cada uma das áreas biologicamente produtivas dos países, de
hectares (ha) a hectares globais (gha), que são, respectivamente, o fator de
equivalência e o fator de rendimento (WWF, 2010).
Os fatores de equivalência podem ser descritos como indicadores de
referência, que representam a produtividade potencial média global de um
determinado espaço bioprodutivo em relação à produtividade média global de todas
as áreas bioprodutivas contabilizadas. De acordo Monfreda et al. (2004), um espaço
80
destinado especialmente ao cultivo é mais produtivo do que uma área de pastagem
e, logo, deve ter um fator de equivalência diferenciado, no caso, deve ser maior.
Já os fatores de rendimento expressam a intensidade da produtividade que
tem um território com uma determinada área, quando comparado com a média
global para a mesma categoria de uso, por exemplo, cultivo de cereais, pastagens,
florestas, etc. Esses fatores de rendimento locais devem ser comparados
seletivamente aos indicadores nacionais e estes, aos globais, disponibilizados pela
Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas – FAO –, para que
possam ser referenciais de estudos no desenvolvimento de políticas eficazes de uso
de solo e do desenvolvimento sustentável local (WWF, 2010).
Para o cálculo da Pegada Ecológica no que se refere ao consumo, método
este aplicado ao estudo de caso, é necessário considerar o fluxo de consumo,
produção e trocas que ocorre no local delimitado como objeto de estudo. Dessa
forma, considera-se a seguinte equação, já citada por Bellen (2005) exposta no
quadro 10:
Quadro 10: Cálculo Consumo Aparente.
Fonte: Bellen (2005).
De posse dos itens de consumo coletados e classificados, aplicando-se a
equação do consumo aparente, é possível obter-se uma avaliação do que ocorre em
termos de utilização dos recursos naturais locais, inclusive com o envolvimento de
dados da localidade em estudo, em termos dos recursos que importa de outros
locais e dos recursos que exporta para outros locais, estes também considerados no
cálculo de consumo. Este enfoque por componentes também pode ser indicado para
análises locais, regionais e de organizações (BELLEN, 2005).
A Pegada Ecológica como metodologia aplicada ao estudo dos impactos do
desenvolvimento das cidades foi descrita detalhadamente por Wackernagel e Rees
(1996). Com este escopo metodológico, é calculada a Pegada Ecológica usando
dados nacionais agregados (produção e produtividade) e dados referentes ao
comércio internacional (importações e exportações). Estes dados agregados podem
Consumo Aparente Local (=) Produção (+) Importação (-) Exportação
81
representar a absorção e a demanda de recursos no território de estudo, mas as
demais informações sobre o uso final de cada um deles não se faz necessário. No
caso do estudo em Navegantes, as informações sobre a quantidade total consumida
no período determinado dos anos de 2005 e de 2009 foram prioritárias na coletas,
quando disponíveis.
Para o cálculo de conversão da quantidade consumida de cada item
selecionado em unidades de áreas, referente a um determinado período de estudo,
é necessário equacionar as variáveis conforme o tipo de item e de sua grandeza.
Com base em Wackernagel e Rees (1998), pode-se usar a sequência apresentada
no quadro a seguir.
Quadro 11: Equações do consumo e conversão da quantidade consumida Fonte: Wackernagel; Rees (1998) e organizado pelo autor.
3.4 ETAPAS DO CÁLCULO DA PEGADA POR ITEM DE CONSUMO
Para calcular a Pegada, foi necessário selecionar as categorias por item de
consumo, que foram analisadas considerando-se a sua representatividade para
projeção da Pegada Local. Entre os itens de consumo selecionados representativos
referentes aos anos de estudo de 2005 e de 2009, destacaram-se os itens: energia
elétrica consumida, água tratada consumida e a quantidade de resíduos sólidos
produzidos no território de Navegantes. E cada uma dessas categorias foram
classificadas e organizadas em tabelas de cálculo próprias para cada item de
CÁLCULO DE CONVERSÃO DA QUANTIDADE CONSUMIDA
1ª
Etapa
Consumo per capita anual = Quantidade consumida pela população (GJ/ano) População total
2ª
Etapa
Consumo per capita (GJ/per capita/ano) = Tot. hect. necessários per
capita/ano Fator de conversão ou produtividade média anual (GJ/ha/ano)
Fator de conversão ou produtividade anual (GJ/ha/ano) = GigaJoule por
hectares/ano. GigaJoule (GJ) = 1 MegaWatt (MWh)
82
consumo, onde os valores anuais totais de cada item foram tabulados de acordo
com as conversões determinadas na metodologia da PE.
Para a determinação da Pegada Ecológica no estudo, também foram
considerados e classificados por categorias, os itens de consumo, mesmo quando
estes não tinham a geração ou a produção sediada no território do estudo, como no
caso do item de energia elétrica. Neste caso em especial, a fonte produtora ou
geradora de energia não está localizada no território da região em estudo, e sim em
usinas instaladas por todo o território brasileiro. Contudo, a análise desse item de
consumo pode quantificar a área equivalente, em Navegantes, necessária à
produção de energia suficiente para suprir a demanda de energia em seu domínio
territorial.
3.4.1 Item - Energia Consumida
Para o cálculo da PE referente ao consumo de energia elétrica, foi necessário
transformar os dados, disponibilizados em Kw/h para Gigajoules, referentes ao
período em estudo. Já a Pegada Ecológica é representada em hectares. No cálculo
do consumo de energia, foi aplicada a relação de que um hectare absorve a emissão
de CO2 proveniente do consumo de 100Gj de energia (WACKERNAGEL; REES,
1996).
Neste item de consumo, energia elétrica, a confiabilidade da fonte de coleta e
a precisão dos dados se destacaram, o que possibilitou a análise comparativa
referente ao período de 2005 e 2009.
3.4.2 Item – Água Consumida
Em relação à coleta e ao cálculo da pegada do consumo de água, foi
considerada, como parâmetro, toda água consumida no território do Município de
Navegantes em metros cúbicos totais por ano. O sistema de abastecimento de água
do município de Navegantes, desde dezembro de 2005, é operado pelo
Departamento de Água e Esgoto – DAE. Esse órgão público é subordinado à
Prefeitura Municipal de Navegantes, que atualmente é responsável pelo
fornecimento da água tratada para cerca de 94,40% da população. Antes de 2005,
83
os serviços eram operados pela CASAN – Companhia Catarinense de Águas e
Saneamento (PMN, 2010).
O acesso à água tratada é um dos itens fundamentais para a melhoria das
condições de saúde e higiene de uma determinada população e, quando
confrontada com outros indicadores socioeconômicos e ambientais, incluindo outros
serviços de saneamento, saúde, educação e renda, pode ser considerado um
indicador importante de desenvolvimento sustentável (BELLEN, 2005).
Ao contrário da disponibilidade aos dados do consumo de energia elétrica,
que são precisos, acessíveis e que representam o fiel consumo de energia da
totalidade da população, o item consumo de água, quando não acessível em fontes
primárias, pode ser representado por estimativas. A água potável fornecida a uma
determinada população pode ser representada por um índice de abastecimento
reconhecido, que pode expressar a parcela da população com acesso adequado ao
abastecimento de água. Sendo este um indicador importante para a caracterização
básica da qualidade de vida da população, servindo de referencial para a avaliação
das políticas públicas de saneamento básico e ambiental (DAE, 2010).
O método de cálculo do indicador de água em função de índices (IBGE, 2010) é:
Quadro 12: Indicador de água em função de índice estimado. Fonte: DAE, 2010; IBGE, 2010.
O índice de coleta de esgoto em função do total de população refere-se a um
indicador muito importante, tanto para a caracterização básica da qualidade de vida
da população residente em um território quanto para servir de referencial para
avaliação das políticas públicas de saneamento básico e ambiental. (DAE, 2010).
Este indicador expressa, em percentuais, a relação entre o total de
população, urbana e rural, que dispõe de acesso adequado aos serviços de
esgotamento sanitário e o total da população urbana e rural.
IA =
População Urbana dos Municípios Atendida com Abastecimento de Água
População Urbana Atendida com Abastecimento de Água
(%)
84
Quadro 13: Índice de coleta de esgoto em função do total de população. Fonte: DAE, 2010; IBGE, 2010.
Atualmente, grande parte da população residencial não é atendida pela rede
de esgoto do município de Navegantes, mas a grande parte das residências só
possui um tratamento individual dos esgotos sanitários por fossas cépticas e filtros
simples, como exposto na tabela 1:
Tabela 1: Distribuição percentual dos domicílios com tratamento de esgoto
Esgotamento Sanitário Coletivo x Esgotamento Sanitário Individual
Famílias Habitantes % Atendida
Tratamento Esgoto Coletivo 0 0 0,00%
Tratamento Esg. Individual
Fossa e filtro
11.101,00 41.073,7 86,54%
2005 2009
Fonte: DAE, 2010.
A tabela apresenta a distribuição percentual dos domicílios particulares
permanentes, por situação do domicílio e tipo de esgotamento sanitário no município
de Navegantes. Os dados foram pesquisados pelo autor no DAE, Departamento de
Água e Esgoto de Navegantes, e utilizados como base de referência para a escolha
dos indicadores a serem pesquisados.
O Sistema de Abastecimento de Água do município de Navegantes, desde
maio de 1975 até novembro de 2005 foi operado pela CASAN, (Companhia
Catarinense de Águas e Saneamentos).
Em maio de 2005, o contrato de concessão dos serviços foi denunciado pela
Prefeitura Municipal de Navegantes, pelo fato da Companhia Catarinense de Águas
ICE = Volume de Água Consumida – Volume de Água Tratada Exportada
(%) Volume de Esgoto Coletado
85
e Saneamento, durante os 30 anos em que foi concessionária dos serviços de
saneamento do município não ter cumprido compromissos para implantação do
sistema de esgotos sanitários na sede do município. (DAE - Navegantes, 2010).
A efetivação do início da operação dos serviços pela Prefeitura Municipal
através do DAE – Departamento de Água e Esgotos – ocorreu apenas em novembro
de 2005, após decisão judicial; naquela oportunidade, a CASAN – Companhia
Catarinense de Águas e Saneamento – deixou a operação dos serviços,
oportunidade na qual sequer disponibilizou o cadastro técnico do sistema e das
redes de distribuição. Segundo informações do DAE, alguns equipamentos
existentes foram retirados e substituídos por outros, em péssimas condições de
conservação. A vizinha cidade de Itajaí tem os seus serviços de saneamento
operados pelo SEMASA – Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e
Infraestrutura – desde 2003, mas, anteriormente, os serviços de saneamento eram
operados pela CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento –, desde
1973. Nesse caso, como no anterior, a renúncia do contrato se deu pelos mesmos
motivos. (DAE, 2010).
3.4.2.1 População abastecida
A população atualmente atendida pelo Sistema de Abastecimento de Água de
Navegantes é de, aproximadamente, 44.807 habitantes, o que corresponde a uma
cobertura de 94,4% em relação à população urbana de Navegantes, referente a
dados projetados pelo IBGE em 2009, conforme abaixo calculado:
a) Índice de ocupação domiciliar: 3,70. (Censo IBGE, 2009)
b) Número de economias residenciais: 12.110 unidades. (PMN, 2009)
c) População atual abastecida = 3,70 x 12.110 = 44.807 habitantes;
De acordo com a prefeitura municipal de Navegantes, a cobertura em água
tratada no município atinge um patamar aceitável, sendo, inclusive, superior à média
nacional, a qual é de 93%. (PMN, 2009)
Segundo os relatos dos responsáveis pelo Departamento de Águas e Esgoto
(DAE), do município de Navegantes, uma boa parte do sistema de abastecimento de
água do município de Navegantes é interligada ao do município vizinho de Itajaí. A
86
outra parte da captação de água tratada, captada no território de Navegantes, é
realizada através de ponteiras, que produzem uma vazão de cerca de 10 l/seg. Em
razão desta pequena vazão de água, é que se justifica a integração com parte do
sistema produtor existente no município de Itajaí (Estação de Tratamento de Água
São Roque) (DAE - Navegantes, 2010).
Conforme as informações disponibilizadas pelo DAE, existem cerca de 225
km de redes de distribuição, que atendem 17.582 ligações de água, das quais
14,510 têm hidrômetros (82,52%). Ou seja, 17,48% das ligações do município de
Navegantes não são contabilizadas metricamente e tem os valores estimados por
projeções relativas.
Os principais pontos de captação de água com condições para tratamento
estão localizados nos mananciais do rio Itajaí-Mirim, localizado nos limites
geográficos sul com o município de Itajaí. As vazões mínimas no rio Itajaí-Mirim,
conforme estudos existentes, são de 7.275 Litros/segundo no período de verão e de
5.310 Litros/segundo no período de inverno.
De acordo com a regulamentação do regimento interno do DAE de
Navegantes, hoje vigente, a implantação dos serviços de infraestrutura de água nos
empreendimentos imobiliários de natureza particular é de responsabilidade dos
empreendedores. Esses empreendimentos devem levar em conta que, na região, há
predominância de solo arenoso, pouco argiloso, que evidencia as características de
pouca absorção das águas provenientes da chuva, dificultando, assim, a captação
de grande vazão de água por meio do subsolo.
O controle de vazão da água consumida pelo município, proveniente do rio
Itajaí-Mirim, é hoje realizado por medidores e registradores de vazão, instalados nas
adutoras de água tratada, após a travessia do rio. A leitura é registrada por
funcionário do DAE, em Navegantes, e acompanhado por funcionário da SEMASA
(Departamento de Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e de
Infraestrutura de Itajaí), ocasião na qual os medidores são devidamente
fotografados. (DAE-Navegantes, 2010).
A projeção de demanda de água no município referente ao consumo global é
estabelecido com base em critérios de cálculos reconhecidos por entidades como a
ONU e, no Brasil, o IBGE, que consideram, para efeito de projeção da água a ser
consumida, os seguintes dados:
87
a) população abastecida = 100%;
b) per capita = 200 L/hab/dia
c) coeficiente de máxima diária: K1 = 1,20
d) q máx. diária: (População x 200 x 1,20 /86.400)
e) reservação necessária (m3) =1/3 do volume máximo diário = (Pop x 0,200 x
1,20/3)
De acordo com os estudos realizados a partir do ano de 1996, a pedido das
prefeituras da região do Vale do Itajaí, as vazões mínimas no rio Itajaí-Mirim, na
atual captação da SEMASA, conforme estudos existentes, são de 7.275 litros por
segundo, no período de verão, e, no período de inverno, de 5.310 litros por segundo.
Estes estudos comprovaram que a vazão, no verão, é 1,37 vezes maior que a vazão
média anual, assim sendo, a vazão em janeiro e fevereiro = 1,37 x 5.310 = 7.275 l/s.
O desenho sobre a imagem de satélite de Navegantes, figura 4, a seguir,
mostra a localização das unidades operacionais que compõem o Sistema de
Abastecimento de Água de Navegantes/SC, bem como identifica a área do município
atualmente atendida por essa infraestrutura.
Figura 4: Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC Fonte: DAE, 2010.
Abastecimento de Água
88
O próximo desenho sobre a imagem de satélite de Navegantes, figura 5,
esboça a localização do sistema de abastecimento de água de Navegantes. O
sistema se estende por todo o território do município, mas com uma evidente
concentração nas áreas urbanizadas, o que comprova a tendência de consumo de
água por habitantes munícipes no perímetro urbano da cidade. Também fica
explícito, na imagem, a mesma concentração do consumo nas proximidades do
litoral, cuja região é ocupada por uma população considerada flutuante, pois, mesmo
sendo proprietários, não habitam as residências por muito tempo. Nessa mesma
região litorânea de Navegantes, ficam concentrados os hotéis, as pousadas e uma
grande parcela das residências alugadas para o veraneio.
Figura 5: Localização das unidades operacionais do Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC Fonte: DAR, 2010.
Unidades Operacionais Sistema de Águas
89
Em 2009, o Sistema de Abastecimento de Água do Município de
Navegantes/SC atendia a 18.503 ligações prediais, das quais 14.516 (78,45%) eram
medidas, ou seja, possuíam hidrômetro. A tabela 2 demonstra como está o cenário
atual sobre o controle de consumo de água, em função dos medidores de consumo
do tipo hidrômetro, instalados por classe de consumidor, como segue:
Tabela 2. Número de ligações sem e com hidrômetros instalados por classe de
consumidor.
Descrição Residencial Comercial Industrial Poder
Públicos Total
Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010
Número de ligações de
água sem hidrômetro
2463
14%
44
9%
1
1%
29
6%
2537
13%
Com hidrômetro 15675
86%
466
91%
90
99%
151
84%
16382
87%
TOTAL 18138 510 91 180 18919
Fonte: DAE, 2010.
Pode-se observar, na tabela 2, que, ainda em 2010, um grande percentual da
água consumida em Navegantes não é quantificada com precisão. Isto acontece em
função do tipo de contabilização do consumo de água, que é feito por estimativas
projetadas, normalizadas. Mas, conforme informações do Departamento de Águas
de Navegantes, a leitura total de água consumida é monitorada nas adutoras
principais, o que afere ao sistema de águas uma melhor precisão na quantificação
do total de água consumida.
O volume médio mensal de água tratada produzido no Sistema de
Abastecimento de Água de Navegantes/SC, no ano de 2009, foi de 155
litros/segundos.
90
O volume médio mensal de água tratada faturado no Sistema de
Abastecimento de Água de Navegantes/SC, no período de fevereiro de 2009 a
janeiro de 2010, foi de 261.993,67m3/mês, como planificado mês a mês, na tabela 3:
Tabela 3: Volume Mensal de Água Tratada
Faturado Navegantes/SC no Ano de 2008.
Fonte: DAE, 2010.
Na tabela 4, planificada a seguir, um valor percentual considerável de perdas
nos sistemas de distribuição de águas de Navegantes é nitidamente percebível,
quando feito o cruzamento entre os valores micromedidos e os valores
macromedidos. Os valores micromedidos se referem à soma das leituras individuais
de consumo e totalizam os valores referentes aos hidrômetros, somados aos valores
estimados por projeções de consumo dos consumidores sem hidrômetros e aos
valores das perdas naturais do sistema. Já a macromedida está relacionada às
Mês
Volume Mensal de
Água Tratada
Faturado (m3/mês)
Consumo (m3)
Fevereiro 2009 263.031,01
Março 2009 252.545,00
Abril 2009 261.567,97
Maio 2009 256.783,01
Junho 2009 247.183,00
Julho 2009 253.771,00
Agosto 2009 253.823,00
Setembro 2009 262.919,00
Outubro 2009 253.976,01
Novembro 2009 265.952,03
Dezembro 2009 266.698,00
Janeiro 2010 305.675,01
Soma 3.143.924,04
Média Mensal 261.993,67
91
medições das vazões mais elevadas, feitas in loco nas adutoras de captação, ou
também por medições realizadas nos grandes reservatórios distribuídos no território
do município.
Tabela 4: Perdas Contabilizadas do SAA, Sistema de Abastecimento de Água de
Navegantes, em 2009.
As perdas físicas de água
no SAA de
Navegantes/SC atingiram
o valor médio de 47,03%
no período de Abril/2009
a Abril/2010. MÊS/ANO
VOLUME
Micromedido
VOLUME
Macromedido
PERDAS =
(Macromedido -
(Micromedido + Media)/
Macromedido
Abril 2009 157.593,00 305.444,90 48,4054%
Maio 2009 151.036,00 282.307,00 46,4994%
Junho 2009 135.228,00 302.511,00 55,2982%
Julho 2009 142.056,00 281.964,70 49,6192%
Agosto 2009 140.927,00 287.787,30 51,0308%
Setembro 2009 158.488,00 288.491,70 45,0632%
Outubro 2009 147.019,00 277.873,40 47,0914%
Novembro 2009 167.976,00 321.449,00 47,7441%
Dezembro 2009 167.897,00 357.417,30 53,0249%
Janeiro 2010 233.321,00 359.460,90 35,0914%
Fevereiro/2010 185.806,00 308.996,50 39,8679%
Março/2010 174.206,00 354.496,50 50,8582%
Abril/2010 182.637,00 319.849,40 42,8991%
TOTAL 2.144.190,00 4.048.049,60 47,0315%
Fonte: DAE, 2010.
3.4.3 Item - Resíduo Produzido
Já o para o cálculo da pegada do resíduo, também caracterizado como lixo,
utilizou-se os dados fornecidos pela empresa RECICLE Ltda., terceirizada pela
Prefeitura Municipal de Navegantes. Dados estes relativos à coleta de lixo de todo o
município em estudo, referente ao descarte doméstico, industrial e hospitalar,
descritos em relatórios operacionais da empresa consultada. Os dados solicitados
92
foram fornecidos em tabelas sucintas, expondo somente o valor total da coleta anual
(Tonelada/ano), descritas em momento posterior, na análise dos resultados no
capítulo 4 e na análise do Ecological Footprint Method no capítulo 5.
Em Navegantes, a coleta, além de atender à coletividade dos geradores de
resíduos comuns em domicílios de todo o território, é também realizada e
estruturada para a coleta de resíduos diferenciados, como no caso dos resíduos
hospitalares, resíduos sépticos, hospitalares, comerciais e entulhos. (PMN, 2010).
Os resíduos sólidos provenientes das residências são caracterizados como
resíduos mistos, originários de restos de alimentos, produtos deteriorados, plásticos,
metais, vidros, madeiras, entre outros. Para racionalizar a coleta destes materiais, a
cidade é mapeada por zonas de coletas, em rotas previamente definidas de acordo
com a demanda de cada tipo de resíduo a ser coletado. As coletas são realizadas
em dias alternados por uma equipe que é acompanhada com caminhões coletores.
A separação, na sua grande maioria, é feita com o acondicionamento da seguinte
forma:
a) Separação realizada pelos próprios geradores de resíduo, ainda em fase
de estudos e estimulada pela prefeitura municipal;
b) Acondicionamentos feitos em saco plástico e depositados geralmente
sobre as calçadas ou em lixeiras, refletindo a realidade de grande parte da
população local.
3.4.3.1 Coleta de Entulhos
O resíduo caracterizado como entulho é aquele proveniente de reformas de
casas, restos de construções, podas de árvores, limpezas de grandes áreas, leitos
de rios, etc. A coleta é realizada por caminhões do tipo poliguindaste de contêineres
de até quatro metros cúbicos de capacidade. Neste caso, a coleta recolhe o entulho,
separadamente da coleta de resíduos comuns domésticos, que é contabilizado por
contêineres, e não por tonelagem. O entulho é classificado como lixo tipo classe 3,
ou seja, material inerte. Sendo a quantidade de entulho contabilizada em números
de contêineres recolhidos, é feita uma equivalência de metros cúbicos para
toneladas, perdendo-se, neste cálculo, a precisão na quantificação do lixo gerado
em sua totalidade.
93
3.4.3.2 Coleta de Resíduo Comercial
Este tipo resíduo é produzido por estabelecimentos comerciais e industriais e
têm, na sua composição, derivados de resíduos de processos industriais e feita de
plásticos, papelão, madeiras, retalhos de tecidos, sobras de metais, embalagens,
etc.
É transportado geralmente em caminhão do tipo poliguindaste, devidamente
coberto por lonas. Este tipo de resíduo, para ser classificado como resíduo ou lixo
comercial, deve ser inspecionado durante os transbordos, a fim de ser verificada a
presença de contaminações por substâncias químicas, é analisada, também, a
questão de sua reatividade química e de sua inflamabilidade.
3.4.3.3 Coleta de Resíduos Sépticos
Estes tipos de resíduos, de alto teor de contaminação biológica e
provenientes de limpezas de fossa, são transportados através de caminhões
projetados para tal fim, que realizam o transbordo até o sistema de tratamento que
consiste em módulos de leito de secagem. O líquido percolado, também denominado
chorume, volta para o sistema de tratamento do aterro em lagoas de estabilização, e
o material decantado é utilizado como fertilizante para a cobertura vegetal do aterro.
3.4.3.4 Coleta de Resíduo Hospitalar
Os resíduos hospitalares são aqueles descartados por hospitais, farmácias,
clínicas veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas,
curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e
animais utilizados em testes, resina sintética, entre outros resíduos contaminados).
Devido a suas características biocontaminantes, merece um cuidado especial em
sua manipulação, acondicionamento e na disposição final no aterro sanitário isolado.
Entre os tipos de resíduos de saúde coletados, destacam-se:
a) biológicos: vacinas, filtros de gazes aspirados de áreas contaminadas ou
qualquer material contaminado por estes produtos: sangue e
94
hemoderivados, bolsas de sangue, amostras para análise, soro e
subprodutos.
b) cirúrgicos anatomopatológicos (biópsia) e exsudatos (secreções): restos de
tecidos e órgãos, fios de sutura, materiais descartáveis com secreções.
c) assistência ao paciente: curativos, chumaços, esparadrapo, algodão,
gazes, drenos e todo material que entrar em contato direto com o paciente.
Para melhor controle na identificação dos contaminastes biológicos, todos
estes resíduos de serviços de saúde sépticos gerados nos estabelecimentos de
saúde do município são segregados e sinalizados em embalagens apropriadas na
fonte, sendo acondicionados, diretamente em sacos plásticos, aqueles identificados
como infectantes e, em recipientes de material rígido, aqueles identificados como
perfurocortantes.
3.4.3.5 Frequência de coleta dos resíduos sólidos
A coleta dos resíduos sólidos no município de Navegantes é feita por meio de
uma frota de caminhões coletores e compactadores com capacidade de 13 a 15m3,
que tem uma programação de coleta programada em dias alternados.
A frota de caminhões tem uma programação semanal voltada para a coleta de
resíduos sólidos de Navegantes que atente atualmente 100% da população urbana
e 79% da população rural, totalizando uma abrangência de 90% de população total
do município.
A coleta dos resíduos denominados comuns ocorre com a frequência de duas
vezes por semana e é de responsabilidade da empresa RECICLE, empresa
terceirizada, autorizada a realizar estes serviços pela Lei Municipal N° 1487, de
28/12/2001. Já a coleta dos resíduos de serviços de saúde sépticos é realizada com
frequência mensal de uma vez por mês, também realizada, atualmente, pela
empresa RECICLE, que presta estes serviços de coleta nos estabelecimentos
públicos e privados.
95
3.4.3.6 Transbordo e destino final de resíduos de Navegantes
O destino final dos resíduos produzidos em Navegantes está localizado em
Brusque, onde se localiza um grande aterro sanitário. Em Navegantes, é realizada a
coleta e o transbordo de caminhões pequenos para caminhões de grande
capacidade de carga. O local de transbordo é um terreno situado na periferia do
município de Navegantes e também tem como finalidade servir como um depósito
temporário para alternar entre os caminhões de transporte de lixo de origem e
aqueles com destino em Brusque.
Os resíduos coletados no transbordo em Navegantes são transportados para
o aterro sanitário da empresa terceirizada, RECICLE, em Brusque, a qual conta com
um departamento de engenharia ambiental que cuida da operação e monitoramento
do aterro. Neste aterro, além de ser o destino final dos resíduos, também é
verificado o tipo e a classe do resíduo que abastece o aterro, bem como também são
controlados as suas condições de uso, a manutenção dos equipamentos e os
registros individuais de cada caminhão que passa pela balança. (DAE, 2010).
O trajeto de 45 km, utilizado para transportar o lixo entre transbordo de
Navegantes e aterro sanitário de Brusque, é realizado pelas rodovias da BR470 e
BR101, esboçado na figura 6:
96
Figura 6: Trajeto do lixo entre transbordo e aterro sanitário Fonte: DAE, 2010.
3.4.3.7 Tarifas Praticadas na Coleta dos Resíduos de Navegantes
O custo geral sobre a coleta de resíduos em Navegantes não foi
disponibilizado, o que teria sido interessante para as avaliações finais da pesquisa
como parâmetro econômico em relação às obrigações do município com a questão
ambiental local. Para servir de referência de custo, entretanto, foi anexada uma
planilha disponibilizada pela prefeitura municipal, na qual podemos ter uma ideia
dos custos dos resíduos classificados por tipo e origem. As tarifas sobre a coleta de
resíduos são relacionadas ao contrato da empresa RECICLE com município de
Navegantes, os dados referem-se aos valores praticados nos últimos anos e são
demonstradas na tabela 5. Os valores estão dispostos em reais por tonelada
recolhida, a qual é classificada conforme o tipo e de acordo com o tipo de bairro de
origem do resíduo.
Transbordo e Aterro Sanitário
97
Tabela 5: Tarifas de coleta de lixo praticadas pelo RECICLE no Município de
Navegantes/SC de acordo com o Decreto nº 1.337 de 23 de dezembro de 2009
Bairro Residencial Comercial
Mensal Anual Mensal Anual
Centro
Gravatá de Fora
São Domingos I
São Pedro
Meia Praia
Gravatá de Dentro
São Domingos II
Porto das Balsas
15,76 189,12 31,52 378,24
Jardim Paranaense
N.S das Graças
São Paulo
Machados
Volta Grande
Pedreiras
7,16 85,92 14,32 171,84
RESÍDUOS HOSPITALARES Mensal Anual
Coleta regular de Resíduos Hospitalares 6,06 72,72
Coleta, transporte, disposição final de farmácias, consultórios
odontológicos, clínicas médicas e veterinárias e outros resíduos da
área da saúde.
154,65 1.855,80
Coleta, transporte e disposição final dos resíduos de laboratórios. 272,95 3.275,40
Fonte: DAE, 2010.
Na figura 7, é esboçada, sobre uma foto de satélite, a localização do sistema
de coleta dos resíduos no território de Navegantes, podendo ser visualizado a
disposição do local de transbordo, situado à margem da BR70, periférica ao centro
urbano de Navegantes.
98
Figura 7: Localização das ações de Manejo de Resíduos Sólidos Fonte: DAE, 2010.
A população atualmente atendida pelo sistema de coleta de resíduos de
Navegantes é de 46.209 habitantes, população esta estimada até o ano de 2009, o
que corresponde a uma cobertura de 97,36% em relação à população do município,
conforme abaixo calculado, na tabela 6:
Tabela 6: Situação Geral de Saneamento 2009
SITUAÇÃO GERAL DE SANEAMENTO (2009)
População TOTAL: 57.324 habitantes
Nº Famílias: 12814 famílias (82,8% da população) = 47464 habitantes
Famílias Habitantes % Atendida
Coleta de lixo 165.12,91 46209 97,36%
Fonte: IBGE e Ministério da Saúde 2009.
Resíduos Sólidos
99
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para a análise de dados, a metodologia da Pegada Ecológica que, de acordo
com Wackernagel e Rees (1996), pode ser organizada em três forças naturais, tendo
três dimensões no estudo dos dados coletados com enfoque nos recursos bióticos,
no balanço energético e/ou na categorização por espaços utilizados.
Na pesquisa aplicada na região do Município de Navegantes, o estudo de
campo baseou-se na coleta dos dados disponíveis sobre os indicadores
selecionados como os necessários para o cálculo da Pegada Ecológica,
considerando a dificuldade de acesso a alguns dados referentes aos anos
predeterminados nos objetivos de estudo.
No primeiro momento da pesquisa em campo, com os dados disponibilizados
e com a análise dos dados, o objetivo da pesquisa era identificar e determinar os
indicadores que, metodologicamente, pudessem ser utilizados para definir o grau de
sustentabilidade do Município de Navegantes, com o Ecological Footprint Method,
para os anos de 2005 e 2009.
Nesta fase da análise dos dados coletados e selecionados, a preocupação foi
na escolha mais adequada de dados, que estivessem de acordo com os objetivos da
pesquisa e delimitados com os objetivos específicos de identificar os indicadores
necessários para o cálculo da Pegada Ecológica anual com referência nos anos de
2005 e de 2009 e, a posteriori, demonstrar os principais fatores que influenciaram o
Ecological Footprint Method, nos anos de 2005 e de 2009.
Entre os indicadores analisados, destacaram-se os indicadores que revelaram
serem representativos em relação ao consumo, válidos para estimar a capacidade
de carga local. Os indicadores selecionados foram classificados conforme a
disponibilidade de acesso e de coleta nas fontes de pesquisa acessadas. De todos
os indicadores propostos pelo método, apenas quatro, referentes aos anos
específicos de 2005 e de 2009, foram coletados com precisão, possibilitando
calcular a Pegada de Navegantes, fato ocorrido em função da dificuldade de se
encontrar os dados, como já exposto anteriormente, para os anos adotados na
pesquisa.
100
Entre os indicadores selecionados e classificados com precisão, destacaram-
se o consumo de energia elétrica, o consumo de água tratada e de água residuária e
a quantidade de resíduo gerado no município, contabilizados para os anos
estabelecidos no estudo.
Os critérios adotados para a escolha dos indicadores empregados no método
da Pegada Ecológica foram significativos em relação à sustentabilidade de
Navegantes, por sua relevância na tradução fiel e sintética da realidade, por permitir
repetir as medições no tempo e um enfoque integrado com sua mensurabilidade de
tempo e custo viável para efetuar a medida, como também por ser de fácil
interpretação, apresentando uma metodologia de medida determinada e
transparente, com indicadores reconhecidos por diversas organizações
governamentais e não governamentais (BELLEN, 2005).
A capacidade de carga é definida como o tamanho máximo de uma
população suportado pela área onde está disposta, sem que a sua produtividade
seja irremediavelmente comprometida. Na Metodologia da Pegada Ecológica, a
capacidade de carga pode ser espelhada na capacidade biológica ou na
biocapacidade, medida em hectares globais. Dessa forma, a biocapacidade de
Navegantes pode ser representada pela sua capacidade de produção biológica
local, expressa em hectares, e também pode ser comparada com a capacidade de
carga do planeta, através de fatores de equivalência, igualmente expressa em
hectares globais.
Nessa fase de análise, em relação à equivalência local e global, de acordo
com os conceitos embutidos no Ecological Footprint Method até aqui estudados,
foram identificadas as relações entre o consumo da população consumidora local
por item de consumo e a sua equivalência em hectares necessários à manutenção
desse modelo de consumo. Com os cálculos realizados por item de consumo em
tabelas apropriadas, as equivalências por unidade de consumo seguiram critérios
expostos na metodologia da PE (WACKERNAGEL; REES, 1996), enquanto a
biocapacidade foi determinada somente depois de todos os cálculos realizados.
Nessa análise, foi realizada a somatória de todos os cálculos da Pegada
dispostos nas tabelas de cada item de consumo, e a posteriori, foi determinada a
pegada total de Navegantes.
101
De posse dos valores da Pegada Ecológica local calculada, correspondente à
área (ha) necessária para suprir a demanda de consumo da população de
Navegantes, comparou-se estes com os valores de nível global, equivalentes ao
consumo per capita mundial. Ou seja, compreende-se que a oferta de recursos da
natureza representa a capacidade biológica dos sistemas naturais do planeta ou a
biocapacidade de um determinado território, como citado na fundamentação deste
estudo.
Portanto, para estimar a biocapacidade, seria necessário considerar:
a) População do Brasil em 2005: 183.383,000 pessoas, projeção IBGE, 2010;
b) População do Brasil em 2009: 191.480.630 pessoas, projeção IBGE, 2010;
c) População do Brasil em 2010: 190.732.694 pessoas, censo IBGE, 2010;
d) População Mundial em 2005: 6,5 bilhões de pessoas, estimativa ONU,
2010;
e) População Mundial em 2009: 6.8 bilhões de pessoas, estimativa ONU,
2010;
f) População Mundial em 2010: 7 bilhões de pessoas, estimativa ONU, 2010;
g) População de Navegantes em 2005: 49.125 pessoas, projeção IBGE, 2010;
h) População de Navegantes em 2009: 57.324 pessoas, projeção IBGE, 2010;
i) População de Navegantes em 2010: 60.038 pessoas, censo IBGE, 2010;
j) Densidade Energética Global é referenciada em 3,1014 seJ/ha.ano ou
3,1010 seJ/m2. ano) (Footprint Works Network Orgs, 2010);
k) Área territorial total do município de Navegantes: 111,461 (km2) = 11.146
(ha);
l) Áreas de Biomas preservados, áreas de terras não produtivas, áreas de
terras ocupadas: itens que não foram disponibilizados em Navegantes, por
falta de dados por geoprocessamento.
Uma observação merece ser exposta nesse passo da análise: com base nos
dados coletados nas planilhas do IBGE (2010), referente à população projetada no
Brasil, percebe-se que, no ano de 2009, a projeção estimada foi maior que a
população medida no Censo de 2010, demonstrando, assim, que nem toda
estimativa ou projeção corresponde a uma plena representação da realidade.
102
Com relação à determinação da Pegada Ecológica de Navegantes, a
população considerada no cálculo foi aquela estimada pelo IBGE nos anos de 2005
e 2009, porque seus valores foram considerados próximos à realidade, refletida no
Censo de 2010 realizado pelo IBGE.
Com o valor obtido no cálculo por item de consumo e dividindo-se esse valor
pela população total, podemos representar a biocapacidade disponível em hectares
globais per capita do sistema avaliado. Conforme o Relatório Planeta Vivo (2010), a
biocapacidade calculada por segmento de consumo, atualizada até o ano de 2007 é
expressa em (gha/pessoa) ou ha/hab., representada no gráfico 3.
O limite da capacidade do planeta é representado, no gráfico, pela linha
branca pontilhada, que, na escala, equivale a um planeta Terra, e é uma
representação aproximada, pois os dados têm base em projeções feitas em relação
à produtividade biológica do planeta, que varia anualmente em função do aumento
da população e do consequente consumo de alimento.
Gráfico 3: Pegada Ecológica por componente, 1961–2007. Fonte: Relatório Planeta Vivo, 2010; Global Footprint Network, 2010.
Também no gráfico é esboçado o segmento de consumo energético
hidroelétrico, que está associado ao item referente a áreas construídas e ao item
lenha combustível no componente florestal. (Global Footprint Network, 2010).
103
4.1 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA REGIÃO DE ESTUDO
O Município de Navegantes é parte do território do estado de Santa Catarina,
(Mapa 1), ocupando atualmente uma área de 111,461 km2, equivalente a 11.146
ha2, extensão Norte-Sul de 35 km, Leste-Oeste de 20 km, com o marco zero
localizado na latitude de 25º 25’ 40” Sul e longitude 49º 16’ 23” Oeste (IBGE, 2009).
Mapa 1: Localização do município de Navegantes em Santa Catarina Fonte: Portonave, Navegantes, 2009.
A cidade tem uma parte de seu território margeada pelo Oceano Atlântico e
pelo Rio Itajaí-Açú. O município foi colonizado por açorianos, justificando-se assim o
seu desenvolvimento ligado à pesca e atividades relacionadas a ela, como o
desenvolvimento da indústria naval. Em um segundo momento, na história atual do
município, houve o incremento das indústrias navais de grande porte e a construção
do porto privado de Navegantes, hoje responsáveis pelo expressivo crescimento
104
econômico da região. Com a inserção desses grandes investimentos no município, a
chegada de mão de obra especializada também contribuiu para atual diversidade
cultural encontrada em Navegantes (PMN, 2009).
O Município de Navegantes teve sua ocupação registrada, segundo os
historiadores, por João Dias Darzão, por volta dos anos de 1710, que veio de São
Francisco do Sul para se estabelecer na foz do rio Itajaí-Açú, frente à confluência do
Itajaí-Mirim, no lugar que antigamente se chamava Fundeadouro. Em 1715, Manuel
Gonçalves de Aguiar, percorrendo as costas catarinenses, a fim de fazer um
levantamento para a fundação de novas povoações, refere-se a João Dias como já
tendo abandonado as suas terras em virtude da pobreza da região, em especial, de
metais preciosos (PMN, 2009).
Já em 16 de setembro de 1906, os moradores estabelecidos na região de
Navegantes fizeram seus primeiros movimentos, com abaixo-assinados, para que a
municipalidade desse um nome exato ao arraial, que, até então, chamava-se “outro
lado”, isto é, outro lado do rio de Itajaí, ou povoado de Santo Amaro. Como o arraial,
nesta época, era habitado em sua maioria por navegantes e pescadores, o Conselho
Municipal de Itajaí deu o nome oficial ao arraial de Navegantes, em 17 de dezembro
de 1912 (PMN, 2009).
Contudo, a conquista da emancipação definitiva e a consolidação política e
administrativa como município se deu em 1962: Navegantes conquistou
definitivamente a sua emancipação. Da referida data em diante, a cidade de
Navegantes vem se consolidando como um dos municípios mais prósperos da foz
do Rio Itajaí-Açú. Nos últimos anos, a cidade ganha destaque nacional e
internacional em várias áreas econômicas e culturais, assim como a balneabilidade
de suas praias e a sua posição estratégica no litoral catarinense. Hoje, a indústria
pesqueira emprega mais de 60 por cento dos navegantinos. Atualmente, o
incremento da construção naval e portuária no município mudou expressivamente o
cenário econômico, social e conseqente inter-relações com o meio ambiente local
(PMN, 2009).
O município é integrante da mesorregião do Itajaí e possui as seguintes
características fisiográficas: o clima de Santa Catarina é classificado como
Mesotérmico Úmido, com excesso hídrico e precipitação com maior variação no
decorrer do ano. O litoral centro-norte do estado, no qual o município de Navegantes
105
está inserido, possui uma precipitação média anual de 1.690mm e temperatura
média anual de 20,2ºC (IBGE, 2007).
A formação socioespacial da cidade se deu ancorada na pesca, por localizar-
se na margem do litoral do estado de Santa Catarina, com seus limites ao sul
voltados ao rio Itajaí-Açú; essa localização estratégica contribuiu para o
desenvolvimento da Indústria Pesqueira e da Indústria Naval (PMN, 2009). Como
segue ilustrado na foto 1:
Foto 1: Portonave, Navegantes, às margens do rio Itajaí-Açú, foto de 06 de julho 2009, com vista de Itajaí Fonte: Foto tirada pelo autor em 06 de julho de 2009.
Até 1962, Navegantes manteve-se atrelada, social e politicamente, a outros
municípios próximos (Itajaí, Blumenau e Florianópolis). Com a emancipação, as
autoridades políticas passaram a investir na construção da infraestrutura urbana e
social em Navegantes (PMN, 2009).
Referenciados nessa autonomia política e administrativa, ocorreram as
grandes mudanças do cenário geofísico da região e o consequente desrespeito ao
106
meio natural da cidade. Para que houvesse a expansão socioespacial, os dirigentes
municipais deliberam em favor do crescimento pleno, sem considerar as mudanças
bruscas nas estruturas físicas naturais dos espaços da cidade. Destacando que,
aqui,compreende-se o espaço como uma construção social e produto das relações
que os homens mantêm entre si e com o seu meio, onde estabelecem determinadas
atividades e/ou fixam residência (SAQUET et al., 2004). O mapa 2 ilustra o cenário
geofísico de Navegantes e sua localização.
Mapa 2: Localização da área de estudo, Navegante/SC Fonte: Prefeitura Municipal de Navegantes, (PMN, 2009).
Observa-se, no mapa 2, que a cidade de Navegantes tem grande parte de
seu desenvolvimento confinado entre os limites do rio Itajaí-Açú e o oceano
Atlântico, configurando uma alta densidade demográfica em uma pequena porção da
cidade, que contrasta com o restante do município, que apresenta baixa densidade
demográfica. Dessa forma, a cidade pode ser entendida como uma expressão da
107
simultaneidade das contradições do capitalismo nos conflitos engendrados sob o
invólucro da sua apropriação privada. Neste sentido, é reproduzida e valorizada em
parte dos lugares, pois “o processo social de produção é espacialmente seletivo”
(SANTOS, 1997, p. 41).
Notadamente, as crescentes ampliações das áreas urbanas nas cidades têm
contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos, e, em virtude de
determinados aspectos culturais, como o consumo de produtos industrializados e a
necessidade da água como recurso natural vital à vida, o consumo inevitável de
insumos energéticos como eletricidade, gás e derivados de petróleo influenciam na
qualidade ambiental local. Tais costumes e hábitos de consumo no uso da água e na
produção de resíduos pelo exacerbado consumo de bens materiais são
responsáveis por parte das alterações, impactos e danos ambientais.
Para Fernandez (2004), muitas das alterações ambientais podem ocorrer por
inumeráveis causas, algumas denominadas naturais e outras, em consequência das
intervenções antropológicas da população residente, são as consideradas não
naturais.
Hoje, a maioria das pessoas fixa suas residências em ambientes urbanos
e/ou periféricos aos centros urbanizados. Os dados apresentados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007) indicam que, no Brasil, mais de
80% das pessoas são moradores urbanos.
Para Odum (1988), pesquisador em temas voltados para a relação entre a
geografia e o meio ambiente, essa acelerada urbanização e o crescimento das
cidades, especialmente a partir de meados do século XX, estão promovendo
mudanças fisionômicas, não só localmente, como em esfera planetária, e mais do
que qualquer outra atividade humana.
Dessa forma, é possível observarmos que determinados impactos ambientais
estão se acirrando, motivado sim, entre outras coisas, pelo crescimento populacional
mundial. Ricklefs (1996) e Fernandez (2004) registraram projeções do crescimento
alarmantes a médio e longo prazo. Estimativas publicadas pelo IBGE (2007), em
maio de 2006, indicavam que a população mundial era de 6,8 bilhões de pessoas. A
ONU divulgou, no início de 2010, uma previsão para a população mundial de mais
de nove bilhões de seres humanos sobre o planeta em 2050.
108
A maior parte desse crescimento populacional virá dos países em
desenvolvimento. Destes, segundo Fernandez (2004), aproximadamente 5 bilhões
vivem nos países pobres, com sua maioria em um crescente quadro de pobreza e
miséria, especialmente nos arredores das grandes cidades.
Para Viola (1987), só a reforma urbana atrelada à defesa ecológica
proporcionará uma cidade mais democrática, mais humana e respirável: a cidade é
do ser humano. Assim sendo, não teremos só uma cidade física organizada, mas
poderemos usufruir das vantagens de se morar em uma cidade ecologicamente
correta, onde os aluguéis e transportes poderão ser mais acessíveis, onde cada
família terá direito a um terreno em um ambiente urbano mais arborizado, mais
silencioso e alegre, menos verticalizado, menos agressivo e com menores índices de
poluição do ar.
No município de Navegantes, a sua área mais urbanizada é banhada a Leste,
pelo oceano Atlântico, e ao Sul, no limite com o município de Itajaí, pelo rio Itajaí-
Açu. Os bairros Gravatá e Meia Praia são divididos pelo Ribeirão das Pedras;
Ribeirão São Domingos é localizado na área centro-sul da cidade, que acompanha
os primeiros quilômetros da BR470. O rio Itajaí-Açu é a referência de divisa de
Navegantes ao sul da cidade com Itajaí; Ribeirão do Baú limita o território de
Navegantes a Oeste com o município de Ilhota; o rio Luiz Alves é o marco de divisa
de Navegantes e o município de Luiz Alves; e, a Leste, Navegantes é margeado
pelo oceano Atlântico (PMN, 2009).
Esses dados foram fornecidos pela Prefeitura Municipal de Navegantes e
estão disponíveis no IBGE; caracterizam a área do município de Navegantes e o seu
sistema viário. Nele, observa-se a nítida concentração da infraestrutura viária nas
margens do oceano Atlântico a leste e no limite sul do município com o Rio Itajaí-
Açu. Isso reflete a tendência histórica brasileira da distribuição da população estar
mais concentrada nas margens dos oceanos e rios em função da praticidade em
obter seus recursos em prol de sua subsidência.
Bem ao centro do perímetro urbano, também se localiza o aeroporto de
Navegantes, impactando ainda mais a biodiversidade da região, de margens
hídricas já mencionadas. A somatória dos pisos das pavimentações das rodovias, da
pista e do pátio de taxiamento do aeroporto local, corroboram a impermeabilização
109
do solo nesta região urbanizada, além de servirem de canais artificiais de
contaminação de detritos em direção ao mar e ao rio.
No Mapa 3, é exposto o detalhamento do Sistema Viário de Navegantes:
Mapa 3: Sistema Viário de Navegantes Fonte: Prefeitura Municipal de Navegantes, (2009).
110
Com a disponibilização, em parte, dos dados coletados do Censo 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) sobre os dados populacionais dos
municípios brasileiros, fica evidenciado o crescimento de muitas cidades no Brasil.
Em Santa Catarina, o município de Navegantes apresentou um aumento de 45,8%
em relação ao último censo demográfico, realizado em 2000. De acordo com os
relatórios do Censo 2010, Navegantes melhorou a sua posição em relação ao
número de habitantes, com 60.038 munícipes, a cidade elevou-se à posição de 20ª
(vigésima) cidade mais populosa no estado de Santa Catarina. No Censo de 2000, o
município de Navegantes tinha 52.638 de habitantes e era a 23ª (vigésima terceira)
cidade mais populosa no estado catarinense e a 539ª (quingentésima trigésima
nona) no Brasil. O maior município de Santa Catarina continua sendo Joinville, com
509.293 habitantes, e o menor, Santiago do Sul, com 1.465 Habitantes (IBGE,
2010), como segue ilustrado na foto 2:
Foto 2: Perímetro urbano de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu e, ao fundo, o oceano Atlântico Fonte: Foto tirada pelo autor em 22 de setembro de 2009.
111
A economia do município é influenciada pela sua localização junto ao mar e
ao rio navegável do Itajaí-Açu, de modo que as indústrias de pescado se destacam.
Hoje, Navegantes é o terceiro maior centro pesqueiro da América Latina, o primeiro
do país; além disso, é sede de uma das maiores empresas brasileiras de pescado.
Aproximadamente 40 estaleiros, grandes e pequenos, estão sediados no município,
que já foi o segundo maior parque de construção naval do Brasil (PMN, 2009).
Uma parcela da população de Navegantes trabalha em Itajaí, município
extremante, deslocando-se através do Ferry Boat diariamente. Em seu território, está
instalado o segundo maior aeroporto catarinense, onde decolam mais de 20 voos
diários, ponto de conexões para todo o país e exterior, atendendo à demanda de
toda a região do Vale do Itajaí (PMN, 2009).
4.2 POPULAÇÃO EM NAVEGANTES – 2005 E 2009
A população residente estimada corresponde a 49.125 habitantes, em 2005, e
a população estimada em 2009 é de 57.324, de acordo com os dados disponíveis e
com os cálculos estimados em referência ao censo demográfico de 2000 e ao
recente censo de 2010 (IBGE, 2010).
Os dados referentes à população estimada foram coletados nos bancos de
dados do IBGE, que emprega uma metodologia de conciliação censitária combinada
com o Método das Componentes Demográficas, que podemos entender como sendo
uma ferramenta computacional com programas elaborados voltados a cálculos
demográficos. Dados estes com base na evolução da população em coerência com
os censos e contagens dos anos 1980, 1991, 1996, 2000, 2007 e com o censo de
2010. (IBGE, 2010).
A evolução das taxas de crescimento anual da população urbana do
Município de Navegantes, entre os anos de 1980 a 2010, é mostrada no gráfico 3, a
seguir.
112
Gráfico 4: População total de Navegantes no período 1980 a 2010.
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do IBGE, (2010).
A seguir, a tabela apresenta a evolução populacional do município de
Navegantes de 1980 a 2010, de acordo com as estimativas e as contagens dos
censos populacionais efetuados pelo IBGE. Em destaque, foram selecionados os
anos de 2005 e de 2009, focos do estudo de caso.
Tabela 7: População urbana conforme dados do IBGE – 2010.
Fonte: (IBGE, 2010)
4.2.1 População Projetada em Navegantes
A população projetada e flutuante é calculada através do consumo de energia
elétrica total de unidades consumidoras residenciais instaladas em Navegantes,
conforme dados da CELESC. Os dados referentes à população foram obtidos junto
Ano População Tipo Medida
1980 13.532 Censo
1991 23.662 Estimada
1996 32.363 Estimada
2000 39.317 Censo
2005 49.125 Estimada
2007 52.263 Estimada
2009 57.324 Estimada
2010 60.038 Censo
Notas: 1. Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010; 2. Contagem Populacionais 1996 e 2007; 3. Estimativas Populacionais 2005 e 2007.
13.532
52.263
39.31749.125
32.36323.662
60.03857.324
1980 1991 1996 2000 2005 2007 2009 2010
113
à CELESC e referenciados nos dados do IBGE, em relação ao número de unidades
consumidoras residenciais documentadas nos bancos de dados da concessionária
no Município de Navegantes. A metodologia do cálculo da população projetada pode
adotar tanto o consumo de água como o consumo de energia elétrica; no caso
estudado, os dados populacionais relacionados a Navegantes são referentes
somente ao consumo de energia elétrica local. Tendo-se a premissa de que o
consumo de energia elétrica sofre oscilação sazonal, diretamente proporcional ao
número de pessoas que ocupam o município, tanto sob a forma de residentes como
sob a forma de visitantes, é com este reflexo no consumo que se pode projetar a
população flutuante (IBGE, 2010; CELESC, 2010).
Adotando-se uma média de 3,32 habitantes por unidade residencial (média
estabelecida pelo IBGE), obteve-se a população urbana do município projetada para
os anos de 2010 a 2031.
Assim, a projeção de habitantes com a estimativa da população flutuante será
primordial para a projeção de cálculo no consumo de água e no cálculo da demanda
de esgoto gerado em Navegantes.
A seguir, a tabela 8 apresenta as projeções de população fixa, flutuante e
total, estimadas em cálculos fundamentados em censos e considerando população
fixa, população flutuante e população total, adotando uma taxa de crescimento de
3% ao ano, conforme o IBGE; com um fator de consumo de energia elétrica de 0,5
ao ano, é estimada a população flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010).
114
Tabela 8: Projeções de população fixa, flutuante e total (adotado uma taxa de
crescimento de 3% ao ano) – (IBGE, 2010, CELESC, 2010).
ANO POPULAÇÃO FIXA
(HAB)
POPULAÇÃO FLUTUANTE*
(HAB)
POPULAÇÃO TOTAL
(HAB)
2005 49.125 24.125 73.6875
2009 57.324 28.662 85.986
2010 59.776 29.888 89.664
2011 61.569 30.785 92.354
2012 63.416 31.708 95.125
2015 69.297 34.648 103.945
2016 71.376 35.688 107.064
2017 73.517 36.758 110.275
2020 80.334 40.167 120.501
2021 82.744 41.372 124.116
2022 85.226 42.613 127.839
2023 87.783 43.892 131.675
2024 90.417 45.208 135.625
2025 93.129 46.565 139.694
2026 95.923 47.961 143.884
2030 107.962 53.981 161.943
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc e do IBGE, 2010.
Crescimento da população total de Navegantes, no período 1980 a 2009,
comparadas com o crescimento populacional no Estado de Santa Catarina e no
Brasil. Fonte: IBGE, Diretoria de Estatística, Geografia e Cartografia.
115
Gráfico 5: Taxa de crescimento médio anual da população, segundo Brasil, Santa Catarina e Navegantes no período 2000/2009.
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do IBGE, 2010.
A partir dos dados do IBGE, no gráfico 6, são feitas as projeções da
população de Navegantes, através do método de projeção descrito anteriormente.
2030
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
2028
2026
2024
2020
2018
2016
2014
2012
2010
População Fixa(Hab.)
População Total(Hab.)
População Flutuante(Hab.)
Gráfico 6: Projeção da população fixa e flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010). Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc e do IBGE, 2010.
4.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados no estudo de caso no município de Navegantes foram
analisados com o Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method, e
4 .3 %
1 ,3 %1 .5 %
Santa Catarina Navegantes Brasil
116
todos os dados selecionados foram aplicados à pesquisa, conforme a
disponibilidade e qualidade, de acordo com cada fonte pesquisada. Para cada
indicador representando um item de consumo estabelecido (energia, água, geração
de resíduos e numero de habitantes), foram selecionados os indicadores gerados
exclusivamente no período de 2005 e no período de 2009, fração temporal
apropriada para se alcançar um resultado significativo através do cálculo da Pegada
Ecológica.
Entretanto, alguns dos dados pesquisados em campo referentes ao consumo
de cada item não estavam disponibilizados e/ou, quando disponíveis, eram de fonte
duvidosas. Entre os dados não disponibilizados e a justificativa da sua não coleta
estão:
a) Combustíveis consumidos no ano de 2005 e 2009 (gasolina, álcool,
diesel e gás metano): item que deveria ter sido contabilizado em litros;
Justificativa: não existe um controle preciso das movimentações desses
itens na cidade, em função da região possuir dois portos separados, com
depósitos de cargas também locados em municípios separados (Itajaí e
Navegantes). Ainda pode ser citado que a cidade é cortada pela BR101,
via de intenso movimento de veículos de passeio e caminhões, fatos que
distorcem o real nível de consumo de combustíveis fósseis na região do
estudo.
b) Alimentos e derivados animais e vegetais: esses itens também não são
contabilizados e não possuem históricos de consumo;
Justificativa: Navegantes é considerada, em parte, cidade dormitório de
municípios próximos, como também em função de receber uma
população flutuante diária, em virtude da movimentação de carga e de
empregados em seu território; soma-se, ainda, a questão da população
flutuante de turistas nas férias de verão.
c) Ocupação territorial e áreas bioprodutivas: muitos dados relativos à
ocupação das terras de Navegantes não estão disponibilizados totalmente
ou não possuem histórico referente aos anos propostos no estudo. A área
territorial total do município, com precisão, foi obtida no IBGE e, portanto,
atende à necessidade do estudo;
117
Justificativa: Navegantes não disponibiliza, até a presente data, um
estudo pleno por Geoprocessamento. Os dados obtidos com a Prefeitura
e com o IBGE, referentes às áreas bioprodutivas e sobre a ocupação de
seu território estão disponibilizados de forma parcial e não estão
atualizados.
Para ilustrar a evolução da ocupação na região no período do estudo, o autor
deste trabalho fez um levantamento fotográfico na região de estudo, com fotos de
imagens de satélite obtidas no Google Earth, software que disponibiliza o acesso às
imagens de toda a região de estudo.
Estando ciente que as imagens dispostas nesse software, Google Earth, são
disponibilizadas e atualizadas por períodos semestrais, as imagens de satélite de
Navegantes foram compiladas em datas distintas, como seguem identificadas.
Na primeira imagem, foto 3, feita antes da construção da Portonave, no ano
de 2004, é evidenciado o impacto da instalação deste porto privado às margens do
Rio Itajaí-Açu. Também é nítida a grande concentração urbana entre as margens do
oceano Atlântico e do rio Itajaí-Açu, e visível o local de instalação do porto, que
subtraiu uma relativa porção de área do municipio.
Foto 3: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 Fonte: Foto compilada pelo autor em 14 de julho de 2004, (Google Earth, 2004).
118
Na imagem seguinte, foto 4, já na fase de instalação do porto, é possível
observar a noção da área ocupada de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu. No
local, é possível verificar, ainda, a existência de pequenas porções de vegetação
rasteira, típica do ambiente ribeirinho.
Foto 4: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 Fonte: Foto compilada pelo autor em 14 de julho de 2004, (Google Earth, 2004).
A próxima imagem, foto 5, mostra a vista geral do perímetro urbano de
Navegantes e Itajaí em 03 de agosto de 2009, data posterior à instalação do porto
em Navegantes. Na foto de satélite, já aparecem as alterações na biogeografia da
região, com a área ocupada pelo porto em contraste com as demais áreas
circunvizinhas.
119
Foto 5: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2009 Fonte: Foto compilada pelo autor em 4 de agosto de 2009, (Google Earth, 2009).
As imagens dispostas em fotos referentes ao município em estudo, mesmo
não tendo uma boa definição e precisão e por serem datadas em períodos distintos,
ilustram as mudanças no cenário geofísico da região e revelam, no alto, a paisagem
urbana se sobrepondo ao ambiente natural.
120
5 ANÁLISE ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD
A metodologia da Pegada Ecológica, utilizada para análise dos itens
coletados e classificados, consistiu-se, em linhas gerais, de acordo com os dados
disponibilizados nas etapas descritas anteriormente. Contudo, para cada item de
consumo, o cálculo da PE exigiu a utilização de fatores de conversão diferentes, em
função das unidades de medidas de cada item.
Para calcular a PE da população de Navegantes pelo método direto de
conversão de área por habitantes (hectares/habitante), inicialmente foi necessário
estimar a área apropriada para a produção dos principais itens de consumo na
região de estudo, como consumo de energia, consumo de água e a geração de
resíduos sólidos. Cada categoria de consumo foi convertida numa equivalente área
de terreno e por meio de fatores referentes a cada unidade de medida por item. A
seguir, foi contabilizado o total de habitantes sediados na região, nos anos de 2005
e de 2009, delimitados para a pesquisa. Posteriormente, foi calculado o total per
capita da Pegada Ecológica, em função do somatório dos itens de consumo
considerados válidos para o estudo.
5.1 PEGADA ECOLÓGICA (HA) EM FUNÇÃO DA ÁREA DE NAVEGANTES
2005 E 2009
Para a cidade de Navegantes, inicialmente foi calculada a quantidade de área
por habitante residente nos limites do município, dividindo a população (nº de
habitantes) pela área total (km²), convertidos em hectares (ha), o que resultou na
densidade do município (hab/km²), convertendo-se este valor (hab/km²) para
hectares (hab/ha) e, invertendo esta fração, tem-se a relação (ha/hab). Isto
representa a quantidade de hectares para cada habitante no município de
Navegantes. Contudo, este valor não corresponde, ainda, à Pegada Ecológica local,
pois a pegada significa a área necessária e disponível para consumo de
determinados itens de consumo de cada habitante, per capita, e, a posteriori, é
calculada a Pegada Total do município, em função da soma de todos os itens
consumidos, refletindo, assim, a capacidade de consumo ou revelando a dimensão
da biocapacidade local.
121
Os valores dessa primeira fase na análise do Ecological Footprint Method
foram dispostos na tabela 9:
Tabela 9: Pegada Ecológica (ha) de Navegantes.
Pegada Ecológica (ha) em função da área de Navegantes 2005 e 2009
Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)
Item de
consumo
2005 2009 Evolução
2005/2009
Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%
População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%
Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%
Densidade 4,41 (hab./ha) Densidade 5,15 (hab./ha) +16,76%
Pegada Ecológica (ha) da
População (1/(hab./ha))
Pegada Ecológica (ha) da
População (1/(hab./ha))
Total 0,22 (ha/hab.) 0,19 (ha/hab.) -13,63%
Fonte: Elaborado pelo autor com base na formulação de Bellen (2005).
Analisando-se a tabela 9, referente ao cálculo da Pegada Ecológica per capita
em função da área de terra (ha) disponibilizada no município de Navegantes,
percebe-se a discreta evolução na densidade demográfica local de 2005 para 2009,
que, mesmo com incremento de grandes investimentos na região e com a elevação
da empregabilidade local, o aumento da população foi relativamente pequeno. Mas
isto pode ser explicado em função do tamanho do território de 111,461 (km2), que é
considerada uma área de grande porte, quando comparado com outras cidades do
Brasil.
122
Totalizando as relações entre área e habitantes, e convertidas as unidades de
área total (km²) para hectares (ha), obtiveram-se os valores de 0,22 (ha/hab.) em
2005 e de 0,19 (ha/hab.) em 2009. O que representa a quantidade de área
disponível para cada habitante em Navegantes, ou seja, em 2005, existiam mais
terras disponibilizadas que em 2009; neste intervalo de tempo, houve uma redução
de 13,63% da área per capita.
5.2 PEGADA ECOLÓGICA (HA) POR ITEM DE CONSUMO DE NAVEGANTES –
2005 E 2009
Como base nos estudos sobre o cálculo PE, sabemos que a biocapacidade
total de uma região é dada pela soma de todas as suas áreas bioprodutivas e que o
cálculo da Pegada Local, por território, no caso do estudo, o município de
Navegantes, deve ser realizado por comparação com dados estimados no modelo
do consumo global, por equivalência direta da Pegada Ecológica Global. Esta é uma
medida do total de hectares globais necessários para sustentar a população ali
sediada; podemos desconsiderar que esses hectares estejam dentro ou fora dos
limites territoriais dessa população em estudo, como no caso do item energia
elétrica, consumida localmente e produzida fora dos limites da região do estudo
(BELLEN, 2005).
Assim, considerando as limitações nas coletas de todos os dados referentes
aos itens de consumo, gerados, importados e/ou exportados, foi elaborado o cálculo
considerando o consumo líquido no território de estudo, ou seja, diminuindo os
hectares utilizados para exportação daqueles usados para importação e para a
produção local, com os dados selecionados de acordo com sua disponibilidade e
representatividade do consumo local.
Com base nessas premissas, os dados disponíveis foram ordenados nos
seguintes cálculos, dispostos item por item e acompanhados de seus respectivos
cálculos.
5.3 ENERGIA ELÉTRICA – 2005 E 2009
A energia elétrica fornecida na região da Foz do Itajaí, incluindo nesta o
município de Navegantes, fica ao encargo da CELESC, Central Elétrica de Santa
123
Catarina S.A., empresa estatal do Estado de Santa Catarina. A tabela, a seguir,
apresenta o número de consumidores e o consumo de energia elétrica (em Kw) no
Município de Navegantes nos anos de 2005 e de 2009.
Tabela 10: Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no período
de 2005.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc. (CELESC, 2010).
Ano Classe Qtd. Consumidores Qtd. Consumo 2005
Residencial 19.468 2.900.267
Industrial 1.107 3.204.593
Comercial 997 752.312
Rural 205 86.452
Poder Público 85 65.179
Iluminação
Pública 1 292.424
Serviço Público 4 77.865
Consumo Próprio 1 893
Total em Navegantes 2005 21.858 Unidade Cons. 7.379.985 Kw/hr
Ano Classe Qtd. Consumidores Qtd. Consumo 2009
Residencial 21.576 3.808.927
Industrial 967 4.562.476
Comercial 1.252 4.280.460
Rural 202 91.277
Poder Público 91 74.323
Iluminação
Pública 1 322.215
Serviço Público 2 68.785
Consumo Próprio 1 1.365
Total em Navegantes 2009 24.092 Unidade Cons.
13.209.828 Kw/hr
124
5.3.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica
Tabela 11: Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica.
ANO
População
Residente
Consumo
em
Kw/hr
Consumo
em
Gigajoule
Pegada
Ecológica
(ha) da
População
Pegada
Ecológica
(ha)
Per capita
Pegada
Ecológica
(gha) da
População
Pegada
Ecológica
(gha) Per
capita
(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g)
2005 49.125 7.379.985 26.5679 0,2656 0,000054 0,363872
7.49 10-8
0,0000000749
2009 57.324 13.209.828 47.5553 0,4755 0,000082 0,651435
1.13 10- 7
0,000000131
Evolução +16,69% + 78,99% + 78,99% + 78,99% + 51,81% +80,55% +74,89%
(h)
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da CELESC, (CELESC, 2010).
Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item de consumo de
energia elétrica, de acordo com os critérios adotados para a Metodologia da Pegada
Ecológica:
a) População residente estimadada nos anos de 2005 e 2009 (IBGE, 2010).
b) Consumo total nos anos de 2005 e 2009, de acordo com o relatório da
CELESC (2010).
c) A conversão de acordo (SI) do consumo e Kw/h para Gigajoules foi
realizada no site: www.unitconversion.org/energy/gigajoules-to-kilowatt-
hours-conversion.html. (Acesso em: 2010).
d) Considerando que 1 hectare absorve 100GJ de energia, calcula-se a PE
dividindo o total consumido por 100 (BELLEN, 2005).
e) Pegada Ecológica per capita = PE da população total dividida pela
população total. (BELLEN, 2005).
125
f) PE da população em global hectare (gha) = multiplicação da PE em hectare
pelo fator de equivalência 1,37, referente à bioprodutividade global de terra
de energia (WWF, 2010).
g) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita dividindo o consumo pela
população total, considerando o consumo per capita e, em seguida, divide-
se por 100 (BELLEN, 2005).
h) Nesta planilha, também foi calculado a evolução dos valores tabulados por
coluna, em percentual, referentes aos anos 2005 e 2009, estabelecidos
pelo estudo de caso.
5.3.2 Fator de conversão de unidades do Sistema Internacional de Unidades
(SI)
Joule J
(Gigajoule)
Unidade de
energia, trabalho,
quantidade de
calor.
Um joule (J) é o trabalho realizado por uma força de intensidade 1 newton, cujo ponto de aplicação se desloca
de 1 metro na direção da força. Joule (J) 1,0 = 277,7 x e-9 Kw/hr
1 Gigajoule = 277.777 777 78 Kw/hr
Watt
W
(Kw/hr)
Unidade de
potência elétrica
Um watt (W) é a potência que dá lugar a uma produção
de energia igual a 1 joule por segundo.
1 k/whr = 0,0036 Gigajoule.
Quadro 14: Conversão do item energia elétrica. Fonte: Organizado pelo autor conforme dados do INMETRO (INMETRO, 2010).
5.4 ÁGUA ABASTECIDA – 2005 E 2009
A água consumida até 2005 era medida pela CASAN, Companhia
Catarinense de Águas e Saneamento, e, a partir de 2009, a responsabilidade da
medição foi passada ao DAE, Departamento de água e Esgoto de Navegantes.
Sobre este item de consumo de água, foram realizadas duas coletas distintas,
a saber: as coletas referentes ao ano de 2005 foram feitas no banco de dados da
CASAN; e os dados de consumo referentes ao ano de 2009 foram coletados através
do DAE, Navegantes. Entretanto, devido à utilização da relação do IPCC, de que 1,0
hectare absorve 1,0 toneladas de CO2 por ano, foi necessário realizar duas
126
conversões. De acordo com as relações apresentadas por Chambers et al. (2000), a
primeira correspondeu à conversão do consumo em m3 para megalitro, através da
relação em que 1.000,00 m3 é igual a 1,0 megalitro; a segunda consistiu na
transformação de megalitros para toneladas, através da relação na qual 1,0
megalitro emite 0,370 toneladas de CO2 para atmosfera. O que propiciou, desta
forma, o cálculo da PE anual referente ao consumo da população residente em
Navegantes nos anos de 2005 e 2009.
Na tabela 12, referente ao item de consumo de água no ano de 2005, estão
dispostos os valores disponibilizados por tipo de consumidor:
Tabela 12: Consumo de água no ano de 2005.
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados da CASAN, (CASAN, 2010). *Dados obtidos na CASAN, onde alguns dos dados de valores por classificação não foram disponibilizados, somente o total anual.
Tabela 13: Consumo de água no ano de 2009.
CONSUMO 2009
Tipo de Consumidor Volume Faturado em
Metros Cúbicos
Público 44.606,33
Industrial 71.015,63
Comercial 127.492,67
Residencial 2.612.985,45
Total Anual 2.856.100,08
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do DAE. (DAE, 2010).
CONSUMO 2005
Tipo de Consumidor Volume Faturado em
Metros Cúbicos
Público X*
Industrial X*
Comercial X*
Residencial X*
Total Anual 1.702162,65
127
5.4.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica
Cálculo da PE da população residente referente ao consumo de água nos
anos de 2005 e 2009.
Tabela 14: Pegada Ecológica da População Total de Navegantes referente ao
consumo de água nos anos de 2005 e 2009.
Fonte: Elaborado pelo autor com base na formulação de Bellen (2005).
Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item de consumo de água,
de acordo com os critérios adotados para a Metodologia da Pegada Ecológica:
a) População presente em Navegantes no período de 2005 e de 2009.
b) Consumo de água no período de 2005 e 2009.
c) Conversão de acordo com Chambers et al. (2000): 1 litro é igual a 0,001 m3
e 1 megalitro é igual a 1.000,00 m3. Converteu-se o total de água
consumido em metros cúbicos para megalitros, dividindo-o por 1.000,00.
d) De acordo com Chambers et al. (2000), o tratamento, o encanamento e a
distribuição de 1 megalitro de água às pessoas, emite 370kg de CO2 para a
atmosfera. Considerando que 370kg são iguais a 0,370 toneladas, define-
se o total de CO2 emitidos em toneladas.
Ano Pop.
Hab.
Cons.
de água
(m3)
Cons.
de água
Mega
litro
Total
de
CO2
emitidos
(t)
PE (ha)
da
populaçã
o
PE
per
capita
(ha)
PE (gha)
da
populaç
ão
PE
per
capita
(ha)
a b c d e f g h
2005
49.125 1.702.162,65 1.702,16 629,79 629,79 0,01282 862,81 0,017
2009
57.324 2.856.100,08 2.856,10 1.056,72 1.056,72 0,01843 1.447,70 0,025
Evolução
2005/2009
+
16,69%
+
67,79%
+
67,79%
+
67,78%
+
67,78%
+
43,75%
+
67,78%
+
47,05%
128
e) Segundo o IPCC, 1 hectare absorve 1,0 t de CO2. Assim, obtém-se a
Pegada Ecológica dividindo a emissão total de CO2 por 1,0.
f ) PE per capita = PE da população dividido pela população.
g) Transformação da PE (ha) para PE (gha). Foi utilizado o Fator de
Equivalência 1,37, referente à produtividade da área de floresta.
h) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita dividindo o consumo pela
população total, considerando o consumo per capita, e, em seguida, divide-
se por 100 (BELLEN, 2005).
i) Nesta planilha, também foi calculada a evolução dos valores tabulados por
coluna, em percentual, referentes aos anos de 2005 e 2009, determinados
pelo estudo.
5.5 QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS – 2005 E 2009
Tabela 15: Quantidade de resíduos sólidos recolhidos em 2005 e 2009.
Fonte: Elaborado pelo Autor com base na formulação de Bellen (2005). *Dados obtidos na empresa terceirizada Recicle e alguns dos dados mensais não foram disponibilizados, somente o total anual.
Períodos 2005
Toneladas / mês
2009
Toneladas / mês
Janeiro X* 1.656,84
Fevereiro X* 1.357,22
Março X* 1.367,31
Abril X* 1.260,92
Maio X* 1.254,77
Junho X* 1.259,27
Julho X* 1.297,58
Agosto X* 1.274,27
Setembro X* 1.409,33
Outubro X* 1.343,08
Novembro X* 1.336,29
Dezembro X* 1.696,03
Total / Ano 9.412,86 T 16.512,03 T
129
5.5.1 Cálculo da PE da população residente referente à geração de resíduos,
nos anos de 2005 e 2009
Tabela 16: Pegada Ecológica da População Total de Navegantes referente à geração de resíduos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ano População
Residente
Produção
Lixo
anual
(t)
Produção
Lixo
anual
(kg)
Emissão de
CO2
(kg)
Emissão
de CO2
(t)
Pegada
Ecológica
População
Emissão
CO2
(ha)
(a) (b) (c) (d) (e) (f)
2005 49.125 9.412 9.412.860 3.137.333,33 3.137,33 3.137,33
2009 57.324 16.512 16.512.030 5.504.010,00 5.504,01 5.504,01
Evolução
2005/2009
+
16,69%
+
82,83%
+
82,83%
+
75,44%
+
75,44%
+
75,44%
(m)
Ano
Pegada
Ecológica
(ha)
Per capita Emissão CO2
Pegada Ecológica
(ha) População CO2 e CH4
Pegada Ecológica (ha) Per capita
CO2 e CH4
PE (gha) População CO2 e CH4
PE (gha) per
capita CO2 e CH4
(g) (h) (i) (j) (l)
2005 0,0638 6.274,66 0,1277 8.596,28 0,1749
2009 0,0960 11.008,02 0,1920 15.080,98 0,2630
Evolução
2005/2009
+
50,47%
+
75,43%
+
50,35%
+
75.43%
+
50,37%
(m)
130
Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item referente à geração de
resíduos, de acordo com os critérios adotados para a Metodologia em questão:
a) População residente em Navegantes no período de 2005 e de 2009;
b) Somatório anual da geração de resíduos no período de 2005 e de 2009;
c) Geração de resíduos em quilos: multiplica-se a produção em toneladas por
1000;
d) Se 3 libras de lixo emitem 1 libra de CO2, e 1libra = 0,45Kg, então 1,35 0,45
Kg de CO2;
e) 1000kg equivalem a 1 tonelada;
f) Segundo o IPCC, 1 hectare de terra absorve 1,0 t de CO2, logo, é feita regra
de três entre emissão de CO2 da população total, multiplicado por 1,0 ha e
o resultado é dividido por 1,0 t de CO2;
g) PE per capita = divisão da PE total pela população;
h) Considerando-se que, para cada 1 kg de CO2, é gerado 1 kg de Metano
(CH4); Assim, apenas multiplica-se por 2 o total de terras requeridas;
i) PE per capita (CO2 e CH4) = divisão da PE total (CO2 e CH4) pela
população;
j) PE população em global hectare (gha) = multiplicação da PE em hectare
pelo fator de equivalência 1,37, referente à bioprodutividade global de terra
de energia;
k) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita (CO2 e CH4) dividindo o consumo
pela população;
l) Nesta planilha, também foi calculada a evolução dos valores tabulados por
coluna, em percentual, referente aos anos de 2005 e de 2009,
estabelecidos no estudo de caso.
131
5.6 A PEGADA ECOLÓGICA (HA) DE NAVEGANTES DE 2005 E DE 2009
Tabela 17: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e de 2009 (ha).
Pegada Ecológica (ha) de Navegantes
2005 e 2009 Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)
Item de consumo
2005 2009 Evolução 2005/2009
Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%
População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%
Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%
Pegada Ecológica (ha) da População
Pegada Ecológica (ha) da
População
Energia
Elétrica 0,2656 0,4755 +79,02%
Água
Tratada 629,79 1.056,72 +67,78%
Resíduos
Sólidos 3.137,33 5.504,01 +75,43%
PE Total 3.767,39 (ha) 6.561,206 (ha) +74,15%
PE/hab. 0,0766 (ha/hab.) 0,114 (ha/hab.) +48,82% Fonte: Elaborado pelo autor.
A Pegada Ecológica total de Navegantes, que foi de 3.767,39 (ha) em 2005 e
de 6.561,206 (ha) em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item
de consumo, revelando, nesses itens, que a PE local é elevada e a variação do ano
de 2005 para o ano de 2009 foi de 75.15%. Com aumento de 48,82% em relação à
evolução da PE/hab., o valor reflete o aumento diferenciado da população em
relação ao valor total da PE no período em estudo. Destaca-se, na Pegada, o item
resíduo sólido, que foi elevado em relação aos demais itens calculados.
132
5.7 CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA (GHA) DE NAVEGANTES DE
2005 E DE 2009
Tabela 18: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e de 2009 (gha).
Pegada Ecológica (gha) de Navegantes 2005 e 2009
Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)
Item de consumo
2005 2009 Evolução 2005/2009
Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%
População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%
Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%
Pegada Ecológica (gha) da População
Pegada Ecológica (gha) da População
Energia
Elétrica 0,363872 0,651435 +79,02%
Água
Tratada 862,81 1.447,70 +67,78%
Resíduos
Sólidos 8.596,28 15.080,98 +75,43%
PE Total 9.459,454 (gha) 16.529,33 (gha) +74,73%
PE / hab. 0,192 (gha/hab.) 0,288 (gha/hab.) +49,90%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em relação à Pegada Ecológica Total, em (gha), de Navegantes, os valores
se elevaram em função do cálculo de equivalência realizados com base no global
hectare. Os resultados calculados de 2005 refletiram uma Pegada de 16.529,33
(gha) em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item de consumo,
revelando-se, nesse item também, que a PE local é elevada e a variação do ano de
2005 para o ano de 2009 foi de 74.73%. O aumento de 49,90% em relação à
evolução da PE/hab. reflete também o aumento diferenciado da população em
133
relação ao valor total da PE no período realizado no estudo. Neste item, o destaque
na Pegada também é referente ao item resíduo sólido, que se manteve elevado em
relação aos demais itens calculados.
5.8 CÁLCULO DO SALDO ECOLÓGICO DE NAVEGANTES DE 2005 E DE 2009
No caso do estudo em Navegantes, por não estarem disponibilizadas as
áreas equivalentes aos biomas existentes sobre o seu território, o cálculo do saldo
ecológico não pôde ser realizado.
Na tentativa de buscar uma ideia do nível de ocupação do território de estudo
comparativo, foi considerado que, aproximadamente, 40% de seu território estão
ocupados. Para tanto, essa estimativa foi realizada com base em levantamentos
feitos por cruzamento de dados via imposto territorial e com base em dados
topográficos locais (PMN, 2009).
Assim, a área desocupada em Navegantes ficou estimada em função da
subtração da área calculada como ocupada ou imprópria ao uso humano. A área do
município é de 111,461(km2), o que equivale a 11.146(ha) e 40% da área de
111,461(km2) corresponde a 44,584(km2) de terras ocupadas, ou, ainda, 40% de
11.146(ha) corresponde 4,458(ha) das mesmas terras ocupadas.
Dessa forma:
111,461 km2 – 44,584 km2 = 66,876 km2 de área útil bioprodutiva.
ou: 11.146 ha – 4,458 ha = 6,688 ha de área útil bioprodutiva estimada.
Navegantes, com os seus 111,461 km2 é um município relativamente
pequeno, o que influenciou diretamente no cálculo da Pegada Ecológica, como ficou
evidenciado no gráfico 7:
134
Gráfico 7: A Pegada Ecológica e a Biocapacidade Global Fonte: Adaptado pelo autor com base no Relatório Planeta Vivo, 2010; Global Footprint Network, 2010; WWF, 2010.
2,1 hectares globais por pessoa é a média de área disponível no planeta de
modo a garantir a sustentabilidade da vida na Terra. Isto equivale a uma área pouco
maior do que dois campos de futebol. Entretanto, a média mundial já ultrapassou a
marca de 2,8 hectares globais, cerca de 30% a mais do que o que o planeta pode
suportar. (WWF, 2010)
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, o
Brasil, em 2010, possuía 190.732.694 de habitantes em uma área de
8.514.215,3 km², ou seja, uma densidade demográfica de 22,40 habitantes por
quilômetro quadrado.
Alguns exemplos da Densidade Demográfica: ÍNDIA = 343(hab./Km2)
CHINA = 138(hab./Km2) ÁFRICA = 35(hab./Km2)
EUA = 32(hab./Km2) 0,192 (gha/hab.) 2005
0,288 (gha/hab.) 2009
Pegada Ecológica Navegantes: PE = 1.48 (2009)
Pegada Ecológica de Navegantes (gha/hab.):
Pegada Ecológica Navegantes: PE = 0,84 (2005)
BRASIL = 0,2 (hab./ha) = 20 (hab./Km2) em 2005 Navegantes = 4,41 (hab./ha) = 441 (hab./Km2) 2005 e 5,15 (hab./ha) = 515 (hab./Km2) em 2009
Alguns exemplos de Pegada Ecológica: Índia 0.8 gha /pessoa Brasil 2.2 gha /pessoa Escócia 5.35 gha /pessoa EUA 9.7 gha /pessoa
135
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Metodologia da Pegada Ecológica demonstrou ser uma ferramenta prática
no estudo dos déficits ambientais para determinados locais. Pode ser utilizada tanto
para a determinação de um indicador de sustentabilidade como para a exposição da
qualidade de vida de uma população, como também para compor um modelo
educacional, isto é, para a demonstração lúdica da pegada do ser humano sobre o
planeta.
O estudo de caso revelou, em parte, o perfil socioambiental do município de
Navegantes, expondo algumas necessidades para as questões ambientais da região
do estudo.
O objetivo da pesquisa foi alcançado, tendo em vista que, durante a fase de
prospecção de dados, foram selecionados os indicadores mais apropriados para o
cálculo do Ecological Footprint Method, para os anos de 2005 e 2009, período
selecionado no estudo dirigido ao município de Navegantes.
A pesquisa realizada expôs os reflexos da ação dos habitantes navegantinos
sobre o meio ambiente local, ou seja, demonstrou os impactos ambientais das
atividades antrópicas em Navegantes. Os principais fatores que influenciaram na
Pegada Ecológica local foram relacionados ao volume de resíduos sólidos
produzidos no limites territoriais da cidade.
No período entre 2005 e 2009, escolhido na pesquisa, destaca-se a
implantação dos dois grandes empreendimentos na região, (Porto Portonave e o
Estaleiro Navship), que influenciaram nos indicadores de consumo e no aumento da
população em Navegantes, como também em função da emigração de profissionais
especializados para as necessidades emergentes.
Através das planilhas de cálculo da PE e com os dados planificados, também
foi possível fazer interpretações de outros fatores discrepantes em relação aos
indicadores coletados, entre eles, o item de consumo energia elétrica, que se firmou
como o dado mais preciso e coeso. Por ter sido originado por meio eletroeletrônico,
via instrumentos de leituras precisos, e por possuir histórico em planilhas
informatizadas, esse item de consumo é utilizado por diversos órgãos
governamentais, como o IBGE, como referencial em projeções de diversos
indicadores.
136
O consumo de energia elétrica reflete a quantidade exata de domicílios, em
um determinado local, e também expressa, com exatidão, o aumento desse
consumo, indicando, assim, mudanças em relação ao desenvolvimento econômico
local.
Com base na afirmação anterior, observou-se, no desenvolvimento do estudo,
que alguns dos indicadores utilizados foram sim referenciados ao item consumo de
energia, entre eles, as projeções da população feitas pelo IBGE, nos períodos sem
censo. O item consumo de água é igualmente correlacionado ao consumo de
energia elétrica, quando da ausência de hidrômetro na residência ou empresa.
Esse mesmo item, consumo de energia, é utilizado também para expressar o
aumento sazonal da população, no período de verão, com o incremento dos
veranistas, por exemplo, ou seja, é um indicador da população flutuante no
município.
Isolando os contratempos operacionais da fase do estudo em campo,
efetivou-se o cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes e considera-se baixa,
quando comparada com outras regiões.
A Pegada Ecológica total de Navegantes foi de 3.767,39 ha, em 2005, e de
6.561,206 há, em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item de
consumo e verificou-se que a PE em função do território é elevada e a variação, do
ano de 2005 para o ano de 2009, foi de 75,15%.
Enquanto a PE por habitante no município de Navegantes foi de 0,0766
ha/hab. no ano de 2005, a PE do ano de 2009 foi de 0,114 ha/hab., com uma
evolução de 48,82% em relação aos anos estudados. Nesta análise, destacou-se
que a PE sobre o indicador de consumo resíduo sólido foi a que apresentou maior
valor dentre as demais.
Esses valores são pequenos em relação à Pegada média mundial, que varia
de 1 a 12 ha/hab. De acordo com um estudo recente sobre a PE, realizado pela
organização não governamental World Wide Fund for Nature, demonstrou que cada
habitante sobre a Terra precisaria de 2,9 hectares por ano para manter seu estilo de
vida atual. Entretanto, o que acontece é que, hoje, cada ser humano tem, à sua
disposição, somente 1,6 hectares, referentes à capacidade do planeta. (WWF,
2009).
137
Em relação à Pegada Ecológica total de Navegantes, os valores se elevaram
em função do cálculo de equivalência realizado com base no global hectare (gha).
Os resultados calculados, em 2005, resultaram em uma PE de 9.459,454 gha e,
para 2009, a PE foi de 16.529,33 gha, revelando-se, também nesse item, que a PE
global de Navegantes é elevada, apresentando uma variação de 74,73% do ano de
2005 para o ano de 2009. Nesse cálculo, o item resíduo sólido se manteve elevado
em relação aos demais itens calculados.
Sobre o valor da PE por habitante no município de Navegantes, o valor
calculado foi de 0,192 ha/hab. no ano de 2005 e de 0,288 ha/hab. no ano de 2009,
com uma evolução de 49,90% em relação aos anos estudados. Valores esses
também pequenos, quando comparados com a PE média mundial, que varia de 2 a
20 gha/hab.
Por fim, podemos afirmar que, mesmo na ausência de alguns indicadores no
cálculo, a ferramenta metodológica da Pegada Ecológica se revelou eficiente para
atender aos objetivos propostos nesse estudo, bem como no aprendizado com a
experimentação de um método novo e arrojado para os moldes acadêmicos, em
virtude de sua dimensão empírica.
6.1 LIMITAÇÕES
A primeira limitação do estudo realizado em Navegantes foi a dificuldade de
acesso aos dados referentes aos biomas do município, como a quantidade de terras
férteis, as áreas de floresta, entre outros, que são condicionados ao estudo geofísico
realizado por meio de processos computacionais sobre imagens de satélites,
denominado Geoprocessamento, indisponível na região do estudo.
Outro fato que limitou, em parte, os estudos de campo, refere-se à falta de
dados históricos de um passado recente. Os dados referentes ao ano de 2009 foram
obtidos com relativo fácil acesso, mas os dados referentes ao ano de 2005 ou anos
anteriores foram obtidos com grande dificuldade. Percebe-se que, em alguns órgãos
governamentais e de economia mista, há displicência em manter a continuidade
entre as políticas em bancos de dados, imprescindíveis para estudos futuros. Esse
fato foi evidenciado na divergência de dados, como a encontrada nas planilhas do
item 8.2.20 do anexo, relativos à população de Navegantes, disponíveis em websites
138
oficiais, como o do IBGE e o do Ministério da Saúde, nos quais cada órgão projeta
um valor de população diferente para o mesmo período.
No desenvolvimento desse estudo, ficou nítida a falta de interesse por parte
de alguns empresários em disponibilizar dados referentes à temática do estudo e até
por parte de alguns órgãos governamentais, que mostraram resistência em revelar
dados sobre os valores de alguns indicadores. Entre eles, podem ser citados os
indicadores referentes ao consumo de combustíveis, que não é contabilizada por
nenhum órgão de governo da região, como também a quantidade de resíduos
industriais gerados na região, expressos em algumas planilhas, mas, quando em
posse do indicador, só foi possível dispor do valor bruto anual.
No caso do item água, referente ao ano de 2005, nesse período, ocorreu a
mudança de concessão nos serviços de fornecimento de água da empresa CASAN
para a empresa SEMASA, de Itajaí. Fato que se repetiu no item resíduos sólidos, em
que a empresa RECICLE, terceirizada pela prefeitura de Navegantes, disponibilizou
em parte, os dados solicitados.
O método da PE permite que o pesquisador utilize diferentes indicadores para
o cálculo de uma PE local. A padronização de alguns critérios de escolha dos
indicadores facilita o conhecimento da validade, ou não, de um determinado
indicador. E, assim, as limitações da metodologia aplicada nesse estudo, o
Ecological Footprint Method, Método da Pegada Ecológica, refere-se à padronização
da escolha e de aplicação de critérios comprovadamente reconhecidos. Entre os
critérios a serem padronizados, cita-se a forma correta de se validar um indicador de
sustentabilidade em relação à sua referência de origem.
6.2 SUGESTÕES
Com a intenção de corroborar este estudo sobre a PE no município de
Navegantes como referência em futuras pesquisas que envolvam a Metodologia da
Pegada Ecológica, estão relacionadas algumas sugestões surgidas durante o
período de estudo de caso, que seguem:
a) Adoção de tecnologias por Geoprocessamento em todos os municípios do
estado catarinense, para fins de coletas mais precisas. Consideração, no
cálculo da Pegada Ecológica, das áreas bioprodutivas marinhas, tendo em
139
vista a existência de diversas regiões litorâneas localizadas em Santa
Catarina.
b) Análise de outros itens de consumo para o cálculo da Pegada Ecológica de
uma cidade, para a obtenção de um resultado mais completo acerca dos
impactos ambientais disponibilizados pelo sistema em estudo.
c) Utilização dos resultados da Pegada Ecológica como referência para
futuros estudos sobre as questões ambientais na região de Navegantes e
em seu entorno.
d) Aplicação da Pegada Ecológica como instrumento lúdico para a educação
ambiental de alunos residentes nas cidades estudadas.
e) Motivação para o estudo da metodologia em outros municípios de Santa
Catarina, em prol da formação de um acervo de dados sobre a Pegada
Ecológica de muitos municípios.
f) A respeito da possibilidade de se inferir, em trabalhos futuros, o incremento
de testemunhos de habitantes locais, através de questionários
semiestruturados sobre a percepção da população a respeito dos impactos
ambientais vividos por elas em seus municípios.
Esta pesquisa foi aplicada no Município de Navegantes, no estado de Santa
Catarina, sendo agora um referencial metodológico, inclusive para futuros trabalhos
nos quais se repitam a realização de pesquisas que apliquem a mesma metodologia,
com o enfoque nos demais municípios do estado. Possibilitando, assim, a formação
de acervo de dados sobre Pegada Ecológica e tendo a consciência de que o estudo
realizado no município de Navegantes é apenas um passo no caminho que levará
ao reconhecimento das questões de sustentabilidade em harmonia com a melhoria
da qualidade de vida para todos.
140
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146
ANEXO A
Dados Gerais do Município em estudo Navegantes:
A- Unidade Federativa:
Santa Catarina. Messoregião: Vale do Itajaí. Microrregião: Itajaí (Balneário Piçarras,
Ilhota, Itajaí, Luiz Alves e Penha). Distância da Capital do Estado: 92km.
B- Símbolos do Município de Navegantes:
Brasão Bandeira
Brasão e Bandeira do Município de Navegantes.
Fonte: PMN, 2009.
C- Fatores Psicossociais:
População: 57.324 hab. (IBGE, 2007)
Gentílico: Navegantino ou dengo-dengo.
Colonização: Açoriana
Fundação: 26 de agosto de 1962
Gentílico: Navegantino e dengo-dengo
Prefeito (a): Roberto Carlos de Souza (2009 – 2012)
Localização: 26° 53' 56" S 48° 39' 14" O 26° 53' 56" S 48° 39' 14" O
Unidade Federativa: Santa Catarina
Messoregião: Vale do Itajaí
Microrregião: Itajaí
Municípios limítrofes: Ilhota, Itajaí, Luiz Alves, Penha e Piçarras.
Distância até a capital: 90 km
Área 111,461 km²
Densidade 456,6 hab./km²
Altitude 12 m
147
Clima subtropical
Fuso horário UTC-3
Indicadores econômico, sociais:
PIB per capita: R$ 11.306,00. (IBGE, 2007)
IDH: 0,774 médio. (PNUD,2000)
PIB: R$ 595.132 mil. (IBGE, 2007)
Área: 111,46 km2
Bioma: Mata Atlântica
D- Dados Geográficos:
Limites: Ao norte com Penha e Balneário Piçarras, ao oeste com Ilhota e Luiz Alves,
ao leste com Oceano Atlântico e Sul com Itajaí, separados territorialmente pelo largo
rio Itajaí-Açu.
Superfície: Área de 111,461km² com 456,6 habitantes/km².
Vegetação: Predominantemente Mata Atlântica Tropical
Climas e Condições Meteorológicas: Subtropical mesotérmico úmido com
oscilações entre 18ºC e 30ºC
Relevo:
Latitude: 26º53’56” sul
Longitude: 48º39’15” oeste
Altitude: 2 metros
Território predominantemente plano.
Hidrografia: O Município de Navegante ao norte, tem a sua divisa com o município
de Penha demarcada pelo Rio Gravatá. E o ascendente do Rio Gravatá, o Ribeirão
Guaporuma corta a região central do norte ao sul. Os bairros Gravatá e Meia Praia
são divididos pelo Ribeirão das Pedras. O Ribeirão São Domingos se localiza na
área centro sul da cidade que acompanha os primeiros quilômetros da BR 470. O
Rio Itajaí Açu é marco de divisa de Navegantes ao sul da cidade com Itajaí. O
Ribeirão do Baú finda território de Navegantes ao Oeste com a cidade de Ilhota. O
Rio Luiz Alves é o divisor de terras de Navegantes e Luiz Alves; e ao leste, o
município é banhado pelo Oceano Atlântico.
148
Acessos: Ao norte pela Rodovia Ivo Silveira; a leste por mar; no sul pelo Rio Itajaí
Açú com a travessia por balsa com o Ferry Boat, e através do terminais portuários.
Ao oeste pelas Rodovias BR 101 e BR 470.
Bairros: Gravatá – Meia-Praia – Jardim Paraíso – Pedreiras; Centro (Incluí
Arredores do Aeroporto) – São Domingos e São Pedro; Nossa Senhora das Graças
– Jardim Paranaense - Machados (Incluí Arredores do Açude) – São Paulo; Porto
das Balsas – Volta Grande – Hugo de Almeida – Escalvados – Escalvadinhos –
Porto Escalvado.
Localidades: Escalvândia, Garuva, Garuvinha, Queimadas e Areia.
149
ANEXO B
Dados sobre os insumos consumidos e indicadores relacionado ao Município
de Navegantes e Região em 2005 e 2009.
8.2.1 Desempenho dos indicadores do saneamento – 2005.
Valores absolutos, relativos e índices segundo a forma do abastecimento de água
dos domicílios.
baixobaixo
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
150
8.2.2 Índice segundo o abastecimento de água dos domicílios por rede pública,
2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
8.2.3 Densidade demográfica, 2006.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico e Estimativa da População, 2006.
151
6.3.4 Índice do desenvolvimento do saneamento, IDSAN, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
8.2.4 Produção agrícola, área colhida e rendimento médio das principais lavouras temporárias, 2000 - 2004.
• Arroz
Fonte: IBGE - Censo Demográfico e Estimativa da População, 2006.
152
8.2.5 Área para construir, 1998 -2005.
Áreas para construir expedida pelo CREA/SC, segundo os municípios, 1998 - 2005.
Fonte: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agrônomia de Santa Catarina - CREA/SC,
2007.
8.2.6 Energia elétrica, Número de consumidores de energia elétrica da classe
industrial, 1998 - 2005.
Número de consumidores de energia elétrica da classe industrial - 1998-2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.
153
8.2.7 Consumo de energia elétrica da classe industrial, 1998 - 2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.
8.2.8 Número de consumidores de energia elétrica da classe comercial, 1998 -
2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina – CELESC, 2006.
154
8.2.9 Consumo de energia elétrica da classe comercial, 1998 - 2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.
8.2.10 Número de consumidores de energia elétrica da classe residencial, 1998
- 2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.
155
8.2.11 Consumo de energia elétrica da classe residencial, 1998 – 2005.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.
8.2.12 Transporte, frota de veículos automotores por tipo, 2005.
Fonte: DETRAN/SC e DENATRAN, 2007.
156
8.2.13 Trabalho, número de empregados segundo os setores econômicos,
2005.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2008.
8.2.14 Arrecadação de ICMS per capita a preços constantes, 2000 - 2005.
Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, 2006.
157
8.2.15 Número de famílias, ligações de energia elétrica e condição de eficácia de ligações de energia elétrica, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
8.2.16 Valores absolutos, relativos e índices segundo o tipo de construção da casa, número de famílias, tipo de casa construída e condição de eficácia do tipo de casa construída com tijolo/adobe, parede de madeira e pedra/concreto, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
158
8.2.17 Valores absolutos, relativos e índices segundo o destino dos dejetos
dos domicílios, número de famílias, destino dos dejetos dos domicílios e
condição de eficácia do destino dos dejetos para o esgoto e fossa, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
8.2.18 Valores absolutos, relativos e índices segundo o destino do lixo dos
domicílios, número de famílias, destino do lixo dos domicílios e condição de
eficácia do destino do lixo coletado, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.
159
8.2.19 Valores absolutos, relativos e índices segundo a forma do
abastecimento de água dos domicílios, número de famílias, forma de
abastecimento de água dos domicílios e índice de eficácia segundo o
abastecimento de água por rede pública, 2005.
Fonte: Ministério da Saúde, Sistema de Informação de Atenção Básica, (IBGE, 2010).
8.2.20 Balança comercial de Navegantes no período 2004-2008
Fonte: Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. (SECEX. 2010).
160
8.2.20 Imagens dos sites visitados com indicadores divergentes.
Fonte: (IBGE, 2010), (DATASUL,2010).
161
8.2.21 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.
Fonte: (IBGE,2010)
162
8.2.22 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.
Tabela 2365 - Número de municípios com serviço de coleta de lixo seletiva, Número estimado de residências e Quantidade de lixo coletado
Município = Navegantes - SC
Variável = Número de municípios com serviço de coleta seletiva (Unidades)
Ano = 2000
-
Nota: 1 - a variável Número de municípios inclui os que não declararam o número estimado de residências ou quantidade estimada de lixo. Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
Fonte: (IBGE,2010)
163
8.2.23 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.
Fonte: (PNUD, 2010).
164
8.2.24 Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no período
de 2004 - 2008
Ano Nº de unidades consumidoras
Consumo Total (kW/h)
Média de Consumo Anual
Per Capita (kW/h)
2004 21.069 78.047.605 3.704,4 2005 21.868 86.478.952 3.954,6 2006 22.683 94.733.183 4.176,4 2007 23.868 108.724.322 4.555,2 2008 24.389 125.984.592 5.165,6
Evolução no período
2004/2008
15,8% 61,4% 39,4%
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC, 2010).
8.2.25 Consumidores estratificados por classes de energia elétrica em
Navegantes no período de 2004 – 2008.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC, 2010)
Consumo
Próprio
Serviço
Público
luminação
Pública
Poderes
PúblicoslRuralComercialIndustrialResidencial
32,5%
21,9%
47,6%
42,4%
20,2%
14,5%10,1%
0,6%1,0%
0,8%
2,0%
1,2%
0,0%0,5%
0,4%
Navegantes Santa Catarina
0,0%
165
Dados atualizados sobre a Pegada Ecológica e a Biocapacidade no Planeta e em algumas nações em destaque por continente. *Results from National Footprint Accounts 2010 edition, www.footprintnetwork.org. Extracted on October 13, 2010. Adaptado 20 de Nov./2010.
Fonte: (Footprintnetwork, 2010).
ECOLOGICAL FOOTPRINT AND BIOCAPACITY, 2007
ECOLOGICAL FOOTPRINT (global hectares per capita) BIOCAPACITY (global hectares per capita) Ecological
(Deficit) or
Reserve
Population
(million) Income Group
Ecological Footprint of
Consum
Cropland Footprint
Grazing Footprint
Forest Footprint
Fishing Ground
Footprint
Carbon Footprint
Built-up Land Total Biocapacity Cropland Grazing
Land Forest Fishing
Ground Built Land
World 6.671,6 - 2,7 0,59 0,21 0,29 0,11 1,44 0,06 1,8 0,59 0,23 0,74 0,16 0,06 (0,9) Africa 963,9 - 1,4 0,51 0,21 0,30 0,07 0,26 0,06 1,5 0,44 0,41 0,45 0,11 0,06 0,1 Angola 17,6 LM 1,0 0,36 0,08 0,13 0,22 0,16 0,05 3,0 0,24 1,70 0,75 0,26 0,05 2,0 Congo 3,6 LM 1,0 0,26 0,05 0,47 0,10 0,06 0,03 13,3 0,15 3,79 8,81 0,48 0,03 12,3 Asia 4.031,2 - 1,8 0,49 0,06 0,14 0,12 0,90 0,07 0,8 0,43 0,07 0,15 0,09 0,07 (1,0) China 1.336,6 LM 2,2 0,53 0,11 0,15 0,12 1,21 0,09 1,0 0,47 0,11 0,23 0,07 0,09 (1,2) India 1.164,7 LM 0,9 0,39 0,00 0,12 0,02 0,33 0,05 0,5 0,40 0,00 0,02 0,03 0,05 (0,4) Japan 127,4 HI 4,7 0,57 0,07 0,27 0,62 3,13 0,06 0,6 0,12 0,00 0,34 0,07 0,06 (4,1)
Europe 730,9 - 4,7 1,06 0,19 0,55 0,22 2,54 0,12 2,9 0,89 0,18 1,46 0,25 0,12 (1,8) Italy 59,3 HI 5,0 1,15 0,37 0,50 0,21 2,66 0,10 1,1 0,63 0,07 0,27 0,06 0,10 (3,8)
Russian 141,9 UM 4,4 0,89 0,10 0,53 0,13 2,72 0,03 5,7 0,89 0,35 4,29 0,19 0,03 1,3 Sweden 9,2 HI 5,9 1,00 0,24 1,53 0,27 2,73 0,11 9,7 0,74 0,04 6,46 2,40 0,11 3,9
Latin America 569,5 - 2,6 0,65 0,63 0,39 0,11 0,72 0,08 5,5 0,82 0,82 3,45 0,30 0,08 2,9 Argentin
a 39,5 UM 2,6 0,82 0,59 0,23 0,06 0,77 0,13 7,5 3,15 1,73 0,79 1,70 0,13 4,9
Brazil 190,1 UM 2,9 0,72 0,93 0,57 0,16 0,43 0,10 9,0 1,04 1,04 6,64 0,16 0,10 6,1 Cuba 11,2 UM 1,9 0,64 0,13 0,11 0,18 0,76 0,02 0,7 0,29 0,08 0,21 0,13 0,02 (1,1)
Mexico 107,5 UM 3,0 0,83 0,32 0,33 0,08 1,37 0,06 1,5 0,50 0,27 0,50 0,15 0,06 (1,5) USA,
Canada 341,6 - 7,9 1,06 0,15 1,09 0,10 5,42 0,07 4,9 1,68 0,25 2,21 0,72 0,07 (3,0)
Canada 32,9 HI 7,0 0,95 0,26 1,59 0,12 4,03 0,05 14,9 2,61 0,24 8,43 3,59 0,05 7,9 USA 308,7 HI 8,0 1,08 0,14 1,03 0,10 5,57 0,07 3,9 1,58 0,26 1,55 0,41 0,07 (4,1)
Australia 20,9 HI 6,8 0,64 1,78 1,12 0,16 3,11 0,02 14,7 1,74 6,49 2,65 3,81 0,02 7,9
165