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1 Prof. Pedro Cezar Dutra Fonseca EXERCÍCIOS DE ECONOMIA BRASILEIRA Lista de Exercícios n.º 2 QUESTÕES REFERENTES AO PERÍODO DE 1930 a 1955 (“ERA VARGAS”) A) Questões Discursivas: 1. ANPEC 94 Faça uma análise comparativa dos efeitos da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais sobre o crescimento da economia brasileira. 2. ANPEC 94 Na década de trinta, o balanço de pagamentos enfrentou dificuldades oriundas, em parte, de uma redução das receitas de exportação. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, esta situação modificou-se: as receitas de exportação cresceram e melhoraram as relações de troca. 3. ANPEC 95 Analise os efeitos da evolução do comércio internacional no crescimento da produção industrial durante a década de trinta e nos anos da Guerra. 4. ANPEC 96 "A economia brasileira teve condições relativamente favoráveis para reagir positivamente ao estímulo da substituição de importações". Diga se concorda ou não com essa afirmativa, justificando sua posição. 5. ANPEC 99 Disserte sobre a seguinte afirmativa: A fase que se estende do final da Segunda Guerra Mundial até meados dos anos cinqüenta, exceto quanto aos efeitos da Guerra da Coréia, tem pouca importância em relação ao desenvolvimento industrial do país. 6. Provão 2000 A crise de 1929 gerou um longo período de depressão em nível mundial ao longo dos anos 30. Face à retração mundial da demanda de café decorrente dessa crise, o governo brasileiro adotou uma política cambial de desvalorização da moeda a fim de reduzir o impacto negativo sobre as exportações. Embora esta política fosse destinada a garantir os interesses dos cafeicultores, ela acabou por favorecer um importante surto de

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Prof. Pedro Cezar Dutra Fonseca

EXERCÍCIOS DE ECONOMIA BRASILEIRA Lista de Exercícios n.º 2

QUESTÕES REFERENTES AO PERÍODO DE 1930 a 1955 (“ERA VARGAS”)

A) Questões Discursivas:

1. ANPEC 94

Faça uma análise comparativa dos efeitos da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais sobre o crescimento da economia brasileira.

2. ANPEC 94 Na década de trinta, o balanço de pagamentos enfrentou dificuldades oriundas, em parte, de uma redução das receitas de exportação. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, esta situação modificou-se: as receitas de exportação cresceram e melhoraram as relações de troca.

3. ANPEC 95 Analise os efeitos da evolução do comércio internacional no crescimento da produção industrial durante a década de trinta e nos anos da Guerra.

4. ANPEC 96 "A economia brasileira teve condições relativamente favoráveis para reagir positivamente ao estímulo da substituição de importações". Diga se concorda ou não com essa afirmativa, justificando sua posição.

5. ANPEC 99 Disserte sobre a seguinte afirmativa: A fase que se estende do final da Segunda Guerra Mundial até meados dos anos cinqüenta, exceto quanto aos efeitos da Guerra da Coréia, tem pouca importância em relação ao desenvolvimento industrial do país.

6. Provão 2000 A crise de 1929 gerou um longo período de depressão em nível mundial ao longo dos anos 30. Face à retração mundial da demanda de café decorrente dessa crise, o governo brasileiro adotou uma política cambial de desvalorização da moeda a fim de reduzir o impacto negativo sobre as exportações. Embora esta política fosse destinada a garantir os interesses dos cafeicultores, ela acabou por favorecer um importante surto de

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industrialização capaz de mudar o pólo dinâmico da economia da agricultura para a indústria. Explique de que forma a política cambial adotada contribuiu para o desenvolvimento do setor industrial.

7. ANPEC 2002 A expressão “modernização conservadora” é utilizada para caracterizar as administrações de Vargas como períodos de mudanças. Discuta a assertiva.

8. ANPEC 2006 Discorra, em grandes linhas, sobre as origens do desenvolvimento industrial brasileiro a partir de uma base agrícola-exportadora. Em sua resposta, contraste as visões dos historiadores econômicos a respeito do assunto

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B) Marque verdadeira (V) ou falsa (F) para cada alternativa das questões retiradas da ANPEC, e assinale a única alternativa verdadeira nas questões referentes ao “Provão” e a concursos:

Questão 1: (ANPEC 97-03) O preço do café no comércio internacional caiu drasticamente à época da Grande

Depressão, o que levou o Governo brasileiro a implementar uma política de defesa do setor cafeeiro. Em relação a esses fatos, pode-se afirmar que:

(0) a proteção ao setor era desnecessária, já que a queda no valor externo da moeda brasileira no período foi proporcionalmente maior do que a redução do preço do café;

(1) a intensidade de queda nos preços internacionais do café, no início dos anos trinta, relaciona-se à expansão da oferta brasileira do produto, nos anos vinte;

(2) a política econômica então implementada pode ser vista, pelos seus resultados, como uma política anticíclica keynesiana;

(3) a política de defesa dos cafeicultores foi totalmente financiada por emissão de papel-moeda lastreada por empréstimos externos;

(4) a expansão da produção industrial nos anos trinta foi devida, em parte, a essa política de defesa do setor cafeeiro.

Questão 2: (ANPEC 98-03) No que se refere ao desempenho da economia brasileira durante as duas Guerras

Mundiais, constata-se que:

(a) o Funding Loan de 1914 contribuiu de forma decisiva para estabilizar a taxa de câmbio ao longo de todo o período da Primeira Guerra;

(b) ambos os conflitos promoveram uma importante ampliação da capacidade produtiva da indústria doméstica;

(c) o crescimento dos preços internos se acentuou nos dois períodos de guerra;

(d) as dificuldades de importação provocaram uma queda da importância relativa do imposto de importação nas receitas do governo em ambos os períodos;

(e) o grande aumento das exportações, proporcionado em parte pelos acordos de guerra, assegurou elevados saldos comerciais ao longo das duas Guerras Mundiais.

Questão 3: (ANPEC 98-04) Segundo a interpretação clássica, a política de defesa do setor cafeeiro

implementada nos anos de depressão teria sido, em parte, responsável pelo crescimento industrial da década de trinta. Com respeito a tal interpretação, pode-se afirmar que:

(a) o crescimento da produção industrial a partir de 1932 se deveu, em parte, à utilização de capacidade ociosa existente na indústria;

(b) o desempenho do setor industrial não pode ser explicado pela política de defesa do setor cafeeiro pois tal política já existia desde 1906 sem qualquer impacto significativo sobre a indústria;

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(c) graças ao alto nível de reservas internacionais, o governo pode, ao contrário da maioria dos países devedores, saldar seus compromissos externos nos primeiros anos da década de trinta;

(d) a desvalorização cambial do início dos anos trinta decorreu do decréscimo das receitas de exportação e também da significativa redução da entrada de capitais estrangeiros;

(e) a maior demanda pela produção interna nos anos 1931/34 deve ser atribuída, em parte, à política de restrição à importação de bens não essenciais praticada à época.

Questão 4 (ANPEC 98-05) Em relação às políticas cambiais executadas no período 1945-56, pode-se afirmar

que:

(a) a reforma cambial de 1953 atenuou a valorização cambial acumulada desde o final da Segunda Guerra;

(b) tais políticas asseguraram superavits no balanço de pagamentos, exceto nos anos da Guerra da Coréia.

(c) as mudanças nas regras cambiais introduzidas no período tiveram por objetivo principal acelerar a industrialização do país;

(d) tais políticas cumpriram as regras cambiais estabelecidas nos acordos de Bretton Woods;

(e) alternaram, nessa ordem: liberalização cambial; controles de câmbio e taxas múltiplas de câmbio.

Questão 5: (ANPEC 99-04) Os efeitos da crise mundial de 1929 foram transmitidos à economia brasileira pelo comércio internacional. No que se refere aos primeiros anos da década de trinta, verifica-se que:

(0) a queda nos preços das exportações brasileiras provocou um aumento proporcionalmente maior das quantidades exportadas e conseqüente aumento das receitas de exportação;

(1) as desvalorizações cambiais do período reduziram a demanda por importações e beneficiaram a produção doméstica;

(2) a produção industrial brasileira se recuperou rapidamente dos efeitos adversos da crise de 29, passando a apresentar taxas de crescimento relativamente altas nos anos 1934-1936;

(3) o desempenho do comércio internacional introduziu fortes pressões inflacionárias na economia brasileira;

(4) a despeito da crise internacional, o Governo brasileiro foi capaz de obter empréstimos estrangeiros e, assim, pode manter a mesma política de defesa do setor cafeeiro praticada antes dos trinta.

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Questão 6: (ANPEC 99-05) No que se refere à economia brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, pode-se afirmar que as condições criadas por este conflito:

(0) favoreceram um aumento dos investimentos diretos norte-americanos no País em detrimento do investimento europeu;

(1) propiciaram uma elevação significativa das taxas de inflação no País;

(2) provocaram uma queda substancial dos preços do café no comércio internacional;

(3) levaram ao surgimento de saldos deficitários na balança comercial;

(4) determinaram o afastamento do Governo de qualquer interferência no mercado cambial.

Questão 07: (ANPEC 2000-03) Sobre o período entre 1914 e1945, é correta a afirmativa:

(0) Durante a Primeira Guerra Mundial, a limitação da capacidade de importar e o aumento de exportações não tradicionais impeliram a recuperação da atividade econômica, mas as limitações na oferta de bens de capital inibiram a expansão industrial.

(1) Os preços dos alimentos subiram durante a Primeira Guerra Mundial, erodiram os salários reais e provocaram a primeira onda de greves e manifestações operárias no Brasil.

(2) As crises internacionais de 1921-22 e de 1929-30 não atingiram o Brasil porque o governo adotou, sempre que necessário e de forma expedita, uma política de defesa do café.

(3) Em resposta à deterioração da balança comercial brasileira em 1929-30, o Governo Provisório desvalorizou a moeda e impôs o controle das importações.

(4) As condições vigentes nos anos 30 e as medidas econômicas então adotadas não implicaram aumento da produção industrial, por dificuldades de expansão da capacidade produtiva.

Questão 08: (ANPEC 2000-04) A respeito da chamada "fase espontânea” de substituição de importações, é

correta a afirmativa:

(0) As duas guerras mundiais, especialmente a Segunda, estimularam a substituição de importações por causa das dificuldades impostas ao transporte marítimo.

(1) Esta fase da substituição de importações iniciou-se com a produção de bens de consumo duráveis, tais como automóveis, cuja produção foi sensivelmente prejudicada pelo esforço de guerra.

(2) A industrialização promoveu o aumento da concentração das classes operárias em núcleos urbanos, o que em certa medida explica o crescimento do ativismo sindical nos anos que se seguiram à Primeira Grande Guerra.

(3) Uma parcela significativa dos investimentos industriais foi financiada por capitais oriundos da cafeicultura.

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(4) O governo Vargas falhou ao deixar de realizar os investimentos em infra-estrutura (por exemplo, transportes) e na indústria de base (por exemplo, siderurgia) necessários ao sucesso da industrialização.

Questão 09: (ANPEC 2000-05) Em relação às políticas cambial e de comércio exterior adotadas pelo Governo Dutra nos anos que se seguiram à Segunda Guerra e aos efeitos dessas políticas, é correto afirmar que:

(0) o governo instituiu um sistema de taxas múltiplas de câmbio.

(1) as importações foram contingenciadas e tornaram-se sujeitas a licenças prévias.

(2) as exportações de manufaturados foram desestimuladas.

(4) as políticas incentivaram a criação de uma indústria de bens de consumo duráveis.

Questão 10: (ANPEC 2001-03) No que se refere ao desempenho da economia brasileira e às políticas implementadas nos anos trinta, são válidas as afirmativas que se seguem:

(0) durante toda a década de trinta o Governo se absteve de qualquer interferência no mercado cambial;

(1) a despeito de todas as dificuldades, o Governo foi capaz de honrar todos os seus compromissos relativos à dívida externa sem recorrer a novos empréstimos no Exterior;

(2) o produto industrial cresceu ao longo de toda a década apresentando taxas especialmente altas no período 1933-1937, graças, em parte, à utilização da capacidade ociosa instalada em períodos anteriores;

(3) com a desativação da Caixa de Estabilização em meados de 1930, a expansão monetária deixou de se vincular ao desempenho do Balanço de Pagamentos;

(4) um aumento da demanda pela produção doméstica provocou um surto inflacionário sem precedentes.

Questão 11: (ANPEC 2001-04) Nos anos posteriores ao final da Segunda Guerra, o Brasil passou de uma situação relativamente confortável no setor externo para uma crise aguda que obrigou a adoção de controles quantitativos. Entre os motivos dessa deterioração das contas externas podemos assinalar:

(0) a queda dos preços internacionais do café, ainda nosso principal produto de exportação;

(1) o aumento das importações de bens de capital para reequipamento da indústria; (2) o aumento das importações de bens de consumo a despeito da desvalorização

cambial ocorrida; (3) a redução das exportações de manufaturados;

(5) o aumento do pagamento de juros associado ao crescimento do endividamento externo no período da Segunda Guerra.

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Questão 12: (Provão 1999) Em relação aos efeitos da crise de 1929 sobre a economia brasileira, Celso Furtado, em sua obra clássica, afirma que:

“(...) a política de defesa do setor cafeeiro nos anos de grande depressão concretiza-se num verdadeiro programa de fomento da renda nacional.”

(Furtado) Em síntese, esta política consistia no(a):

(A) estímulo ao emprego.

(B) valorização do preço do café estabelecida pelo Convênio de Taubaté.

(C) conversão das dívidas do setor cafeeiro em títulos do governo.

(D) compra e destruição do café pelo governo.

(E) compra e formação de estoque, pelo governo, de café que foi exportado posteriormente.

Questão 13: (Provão 1999) As bases para o desenvolvimento do capitalismo moderno e oligopolista no Brasil foram criadas pelo Presidente Getúlio Vargas. Que instrumentos de política econômica foram adotados a fim de criar essas bases?

(A) Política monetária e fiscal de fundo ortodoxo.

(B) Política agressiva e sistemática de estímulo às exportações.

(C) Política industrial executada pelo BNDE e voltada para os setores de bens de consumo duráveis.

(D) Desenvolvimento de um sistema financeiro sólido e diversificado.

(E) Planejamento econômico e criação de empresas estatais.

Questão 14: (Provão 2000) Uma das principais características do Segundo Governo Vargas (1951-1954) expressa-se na seguinte afirmativa:

“Essa intervenção do Estado no domínio econômico, sempre que possível plástica e não rígida, impõe-se como um dever ao governo todas as vezes que é necessário suprir as deficiências da iniciativa privada ...”

VARGAS, Getúlio. Mensagem ao Congresso Nacional. 1952

De fato, o Governo Vargas utilizou vários instrumentos e órgãos para executar esta estratégia de política econômica.

NÃO se inclui entre as medidas adotadas neste período a:

(A) aproximação com a CEPAL em função das concepções comuns sobre o desenvolvimento econômico.

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(B) adoção de programas de investimento em infra-estrutura básica nos setores de siderurgia e energia, com destaque para a área de petróleo.

(C) utilização de instrumentos de planejamento econômico, tendo como exemplo o Plano Nacional de Eletrificação.

(D) criação de órgãos para estudar e executar políticas econômicas, destacando-se o BNDE e a Assessoria Econômica da Presidência.

(E) formulação do Plano SALTE, que contemplava o desenvolvimento dos setores de saúde, alimentação, transporte e energia.

Questão 15: (ANPEC 97-04) O chamado modelo de industrialização por substituição de importações, típico do

desenvolvimento da economia brasileira nas décadas posteriores à Grande Depressão, teve como características:

(0) a existência de uma reserva de mercado para as indústrias instaladas no País;

(1) o fato de que o modelo foi posto em prática, como opção deliberada de política, geralmente em períodos de crise no balanço de pagamentos;

(2) a adoção, como decorrência necessária, de uma política de valorização da taxa cambial;

(3) a adoção simultânea de medidas visando promover mudanças estruturais no setor primário, para que o atendimento de uma demanda interna crescente por produtos agrícolas não afetasse desfavoravelmente as exportações;

(4) a adoção de políticas de incentivo voltadas prioritariamente para o desenvolvimento da produção local de bens de capital e bens intermediários, no período imediatamente subseqüente á Grande Depressão.

Questão 16: (Provão 2001) “Centro-periferia é o conceito fundamental na Teoria da Cepal. É empregado para descrever o processo de difusão do progresso técnico na economia mundial e para explicar a distribuição dos seus ganhos”. BIELCHOVSKY, R. Pensamento Econômico Brasileiro. RJ: Contraponto,1988, p.16 A passagem acima explicita o ponto de partida da Teoria do Subdesenvolvimento da CEPAL, centrada na tese da deterioração das relações de troca entre países centrais e periféricos,desde as primeiras etapas da industrialização capitalista. Essa tese se OPÕE diretamente à teoria (A) do desenvolvimento desequilibrado, elaborada por A. Hirschman. (B) da proteção às indústrias nascentes, elaborada por Hamilton e List. (C) da concorrência imperfeita, elaborada por Joan Robinson. (D) da demanda efetiva, elaborada por Keynes.

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(E) das vantagens comparativas, elaborada por Ricardo. Questão 17: (Provão 2001) Considere o trecho abaixo, relativo à política de proteção do café nos anos da grande depressão que se seguiu à crise de 1929. “Ao garantir preços mínimos de compra, […], estava-se na realidade mantendo o nível de emprego na economia exportadora e, indiretamente, nos setores produtores ligados ao mercado interno”. FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. SP: Companhia Editora Nacional, 1975, p. 190 Este trecho faz parte da proposição clássica de Celso Furtado, de que (A) os preços mínimos eram garantidos através de uma melhor colocação dos produtos no mercado internacional. (B) o preço do café foi fixado para os consumidores do mercado interno. (C) a política de proteção do café era de inspiração keynesiana. (D) a política do café desempenhou, involuntariamente, um papel anticíclico. (E) a economia brasileira não foi atingida pela grande depressão.

Questão 18: (ANPEC 2002-02) Examinando o desempenho da economia brasileira na década de 1930 verifica-se que, no começo da década, a crise internacional e uma sucessão de enormes safras de café provocaram quedas de PIB real. Entretanto, depois de 1932 a economia brasileira passou a registrar um acentuado crescimento. Sobre esses eventos, pode-se afirmar que: (0) A perda de dinamismo inicial deveu-se à política liberal de comércio externo,

irresponsavelmente adotada pelo 'governo provisório' de Getúlio Vargas.

(1) O crescimento após 1932 deveu-se à implementação de estratégia deliberada de substituição de importações, com a introdução de barreiras tarifárias protecionistas, de que resultou um surto de crescimento ancorado na produção para o mercado interno.

(2) O crescimento após 1932 foi resultado involuntário de estratégia de maximização de saldo da balança comercial, visando ao pagamento da dívida externa.

(3) A tese de Celso Furtado, de que a política de compra de excedentes de café do início da década de 1930 constituiu-se em um programa keynesiano antes de Keynes tem sido rechaçada pelo argumento de que a defesa do café do período foi financiada por um imposto sobre as exportações, um vazamento do fluxo de renda.

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(4) O crescimento da indústria após 1932 não se fez acompanhar da diversificação da estrutura produtiva. Houve reduzida expansão da produção de bens intermediários; em 1939, a participação desses bens no valor da produção industrial era pequena.

Questão 19: (FEE 2002-01) A literatura sobre economia brasileira conheceu, a partir de meados da década de 1960, importante controvérsia sobre a origem da indústria no Brasil, fazendo uma revisão crítica das teses defendidas por Celso Furtado em seu clássico Formação Econômica do Brasil. Sobre as principais teses e análises envolvidas nessa controvérsia pode-se afirmar:

(A) “teoria dos choques adversos” assenta-se proposição de que os saldos positivos no balanço de pagamentos gerados pela economia cafeeira e seu efeito riqueza pelo conjunto da economia são aspectos essenciais para explicar a origem da indústria.

(B) As análises de Pelaez evidenciam que nos períodos de mil-réis valorizados crescia a capacidade produtiva da indústria, enquanto as teses de Furtado geralmente enfocam o crescimento da produção industrial verificado em períodos de desvalorização da moeda nacional.

(C) As análises de Furtado e dos economistas cepalinos geralmente interpretam o crescimento da indústria como decorrente de política econômica governamental conscientemente voltada a este objetivo, enquanto para Pelaez o mesmo deveu-se mais a estímulos do mercado, já que não há evidências, nas primeiras décadas do século 20, de políticas monetárias e fiscais deliberadamente implementadas para favorecer o setor industrial.

(D) A “teoria dos choques adversos”, ao enfatizar a origem do capital industrial, centra-se no grande crescimento da capacidade produtiva da indústria verificado durante as crises do setor exportador e que ensejou a adoção de políticas governamentais que, sem terem este objetivo, tiveram como conseqüência o início do processo de industrialização do Brasil já nas primeiras décadas do século 20.

(E) As análises dos principais autores envolvidos na controvérsia, embora divirjam em aspectos essenciais, convergem quanto à importância do protecionismo alfandegário e das políticas monetárias expansionistas como fatores essencias para a explicação da origem da indústria no Brasil.

Questão 20: (FEE 2002-03)

Pode-se afirmar, de acordo com clássica interpretação, que a economia brasileira, no período que abrange de 1930 até aproximadamente o fim da década de 1970, orientou-se

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por um modelo de desenvolvimento conhecido como processo de substituição de importações. Sobre a dinâmica e as linhas definidoras deste modelo pode-se afirmar:

(A) O estrangulamento externo serve de impulso inicial ao processo, mas é superado à medida em que o mesmo avança, em decorrência do crescimento gradual das atividades exportadoras.

(B) O estrangulamento externo pode ser considerado “absoluto” quando decorrente de condições estruturais e de longo prazo da economia e pode se manifestar com capacidade de importar crescente, embora em ritmo inferior ao do crescimento do PIB.

(C) O modelo pode ser considerado “parcial”, pois se restringe aos bens de consumo de mais baixo valor agregado e tecnologia mais rudimentar, sem alcançar os ramos mais dinâmicos e que poderiam reverter o estrangulamento externo.

(D) O modelo não visa diminuir o quantum de importação global e, pelo menos em suas primeiras décadas, preservou uma base exportadora sem dinamismo, praticamente concentrando as transformações da estrutura produtiva no setor industrial e atividades conexas.

(E) O setor primário é praticamente excluído do modelo, o que repõe o dualismo da economia e inviabiliza politicamente alianças políticas entre este setor e o empresariado industrial.

Questão 21: (FEE 2002-04) Sobre a “Revolução de 1930” (= R30) e seus desdobramentos na economia e na sociedade brasileiras pode-se afirmar que:

(A) A R30 teve como principal força deflagradora a burguesia industrial, descontente com o agrarismo e com a primazia ao setor exportador do período anterior a 1930.

(B) A R30 pode ser interpretada como um movimento modernizador que, embora não fosse nitidamente industrializante, articulou-se sob a liderança dos segmentos médios urbanos, desde sua origem centrando-se programaticamente contra as oligarquias agrárias regionais.

(C) Na década de 1930, o Governo Federal criou no Banco do Brasil uma carteira de crédito para financiar a agricultura e a indústria e, atendendo reivindicação dos próprios industriais, proibiu por vários anos a importação de máquinas e equipamentos.

(D) O crescimento industrial da década de 1930, em taxas anuais médias superiores a 10%, restringiu-se aos ramos de bens de consumo popular, como têxteis, alimentos e calçados, não apresentando taxas expressivas de crescimento em setores como papel e papelão, química, metalurgia e minerais não metálicos.

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(E) Quanto à política econômica, pode-se afirmar que um dos principais pontos de ruptura da R30 com relação à República Velha foi abandonar a desvalorização da moeda como medida de política cambial para enfrentar as crises do balanço de pagamentos, a qual foi considerada como responsável pela super-oferta de café.

Questão 22: (FEE 2002-5)

O período da Segunda Guerra Mundial, bem como os primeiros anos do pós-guerra, foram de especial importância para a economia e para a sociedade brasileiras. Apenas uma das afirmações sobre este período NÂO está correta:

(A) Durante a guerra o saldo do balanço de transações correntes foi em geral positivo, o que se deve, entre outros motivos, ao aumento das exportações e à recuperação do preço do café no mercado internacional.

(B) Durante a guerra foi adotado um regime de câmbio relativamente liberal, embora limitado na prática pela dificuldade de importações e pela obrigatoriedade de parte das dividas dever ser repassada ao Banco do Brasil à taxa oficial de câmbio.

(C) O ritmo de crescimento tanto do PIB como da produção industrial foi mais baixo, nos primeiros anos da guerra, que o verificado na segunda metade da década de 1930.

(D) A valorização real do cruzeiro no pós-guerra beneficiou a indústria nacional seja por favorecer a importação de bens de capital e matérias primas importados a preços relativos compensadores, seja por limitar as importações de bens de consumo, o que equivale a um efeito protecionista.

(E) No pós-guerra, em consonância ao pactuado no Acordo de Bretton Woods, o Brasil passou a adotar um sistema de taxas cambiais flexíveis, o qual teve de ser abandonado devido a rápida queima de divisas que proporcionou.

Questão 23: (Concurso FEE 2002-6)

O nacional-desenvolvimentismo, como projeto de desenvolvimento que teria tido lugar no Brasil na década de 1950, foi objeto de intenso debate entre economistas e cientistas sociais. Tendo-se como expressão deste projeto o Segundo Governo Vargas (1951-1954), pode-se afirmar que o mesmo:

(A) expressou os anseios do empresariado industrial nacionalista e que propunha um desenvolvimento autônomo, sem a presença do capital estrangeiro, como demonstra a criação da PETROBRAS e do BNDE neste período.

(B) era sustentado politicamente pelos partidos governistas, PSD e PTB, não excluía o capital estrangeiro e incluía parte significativa dos proprietários agrários

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(C) recorreu a uma retórica nacionalista radical para defender seus objetivos, embora se tratasse em essência de um projeto liberal e perfeitamente sintonizado como os interesses norte-americanos no Brasil

(D) vinculou-se politicamente ao populismo, propondo uma aliança com as massas urbanas e rurais emergentes, atendendo parcialmente suas reivindicações salariais mas impedindo sua sindicalização e as excluindo da política partidária.

(E) defendeu reformas de base visando melhorar a distribuição de renda e os indicadores sociais do país, como na estrutura da terra e na área educacional, expressando como meta de longo prazo o socialismo.

Questão 24. (Concurso Sulgás 2002-22)

A substituição de importações, como processo de industrialização do Brasil (A) iniciou já na República Velha, quando a capacidade produtiva da indústria, conforme

tradicional análise de Celso Furtado, crescia em períodos de crise da agroexportação, com a desvalorização da moeda nacional .

(B) iniciou na década de 1930, em conseqüência da crise internacional e, de acordo com tradicional análise de Celso Furtado, contou com a ação decisiva do Governo Federal que, conscientemente, implementou medidas em defesa do setor industrial.

(C) teve forte impulso na década de 1930, principalmente nas indústrias de bens de consumo popular, como alimentos e têxteis, mas, nesta mesma década, chegou a setores não tradicionais como os produtores de papel, produtos químicos, metalúrgicos e minerais não metálicos.

(D) foi impulsionado sob liderança política da burguesia industrial, que conquistou o poder com a “Revolução de 30”, e teve como principais opositores as oligarquias agrárias e o capital estrangeiro.

(E) pode ser interpretado como uma resposta da economia ao estrangulamento externo, já que quanto maior este for mais novas indústrias deverão ser criadas para substituir importações.

Questão 25: (Concurso SulGás 2002-23) A criação da PETROBRAS ocorreu (A) no Segundo Governo Vargas, na década de 1950, e não representou vitória dos

segmentos mais radicais, que pretendiam o monopólio não só da lavra e da prospecção, mas da comercialização do petróleo e de seus derivados.

(B) durante o Estado Novo e representou vitória significativa de Vargas e seus aliados, pois a campanha por sua criação mobilizou a opinião pública e contava com forte oposição da União Democrática Nacional – a UDN.

(C) na década de 1930 e representou vitória dos novos grupos e classes emergentes com a “Revolução de 1930”, podendo ser considerado como um marco simbólico do fim do modelo agroexportador vigente na República Velha.

(D) no Segundo Governo Vargas, na década de 1950, e foi resultado de ampla campanha liderada pelo governo que, no mesmo período, tomou importantes decisões para a

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industrialização brasileira, como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e a Consolidação das Leis do Trabalho.

(E) durante o Estado Novo, e representou a vitória dos grupos nacionalistas que, aliados aos integralistas, propunham uma industrialização acelerada sob a égide do Estado e sem a participação do capital estrangeiro.

Questão 26: (Provão 2002-42) “Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade logrando socializar as perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros.”

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. SP:

Companhia Editora Nacional, 1970, p. 165

A socialização de perdas a que se refere Furtado tinha como principal elemento:

(A) maior taxação dos bens de consumo não duráveis a fim de financiar os esquemas de retenção de safra. (B) elevação das receitas, em mil-réis, dos exportadores de café, decorrente da desvalorização cambial. (C) queda da arrecadação dos impostos de importação do tipo ad valorem. (D) barateamento do preço dos bens de capital através de subsídios governamentais. (E) política monetária pró-cíclica, em detrimento das camadas urbanas emergentes.

Questão 27: (FEE – 2003/1)

Analisando-se a economia e a política econômica do Brasil nas três primeiras décadas do século 20, pode-se afirmar que, nessas décadas, houve

(A) crescimento da importação de bens de capital, especialmente em períodos de mil-réis valorizados, ao mesmo tempo em que se registrou aumento da urbanização e da produção industrial.

(B) descentralização relativa da política tributária, o que permite denominar o período como de “federalismo fiscal”, legalmente assentado na exclusividade dos Estados em estabelecer tributos sobre importação, enquanto cabia ao governo federal os impostos de exportação.

(C) dominância do liberalismo econômico na gestão das finanças públicas e na condução da política econômica, não se registrando iniciativas oficiais com relação a instrumentos de sustentação de preços de setores produtivos.

(D) aumento dos investimentos no setor industrial, principalmente nas fases do ciclo em que havia crise do setor exportador, tendo iniciado, nesse período, segundo clássica análise de Celso Furtado, o processo de substituição de importações.

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(E) dominância quase total da economia cafeeira, em torno da qual se formulava a política econômica, o que acabou por inviabilizar o crescimento de atividades exportadoras em outras regiões do país, bem como por, praticamente, ter impedido o aparecimento de indústrias.

Questão 28: (FEE – 2003/3) A primeira metade da década de 1930 é fundamental para o estudo da industrialização brasileira, pois foi nesse período que a economia, após o impacto da Grande Depressão, reverteu a crise e iniciou um novo estilo de crescimento rumo à liderança do setor industrial. Quanto à política econômica desse período, assinale a afirmativa correta.

(A) Embora o orçamento federal apresentasse, em sua execução, déficit orçamentário ao longo desse período, em alguns anos, a proposta de orçamento previa superávit, o que evidencia certa influência ortodoxa na formulação da política fiscal.

(B) Há um contraste entre a execução orçamentária, muitas vezes superavitária, e as propostas de orçamento sistematicamente com déficit ao longo desse período, o que ajuda a confirmar a tese de que o governo federal teria conscientemente exe-cutado uma política econômica anticíclica, de tipo keynesiano, mesmo antes da publicação da “Teoria Geral” de Keynes.

(C) Tanto a proposta de orçamento como a execução orçamentária, ao longo desse período, evidenciam que o governo adotava à risca a regra de equilíbrio orçamentário, em consonância com a ortodoxia econômica vigente à época.

(D) Tanto a proposta de orçamento como a execução orçamentária apresentaram déficits nos anos abrangidos por esse período, confirmando a tese de Celso Furtado de que o governo federal teria conscientemente implementado uma política econômica anticíclica, com base em teorias de demanda efetiva.

(E) Embora o orçamento previsse superávit ao longo dos anos desse período, o governo federal inovou com relação à política econômica da República Velha ao não mais recorrer a desvalorizações cambiais para sustentar o nível de renda do setor cafeicultor.

Questão 29: (FEE 2003-04) A introdução do salário mínimo no Brasil

(A) deu-se com valor unificado nacionalmente em seus primeiros anos e excluía o setor público e os trabalhadores do campo.

(B) foi uma das primeiras medidas adotadas pelo Governo Provisório após a “Revolução de 1930” e serviu como símbolo dos compromissos do novo grupo dirigente com as classes trabalhadoras urbanas.

(C) entrou em vigência no Segundo Governo Vargas, na primeira metade da década de 1950, e tinha como propósito elevar o nível de demanda da indústria nacional nascente, em sustentação ao “pacto populista” vigente.

(D) deu-se com valores diferenciados regionalmente, prevendo-se reajustes anuais em índices fixados pelo governo, os quais deveriam levar em consideração os gastos de um trabalhador com alimentação, vestuário, habitação, transporte, higiene, educação e lazer.

(E) ocorreu no Estado Novo, possuía valores diferenciados regionalmente e excluía os trabalhadores do campo.

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Questão 30: (FEE 2003-05) Um dos fatos que marcaram a política econômica brasileira nos primeiros anos após a segunda Guerra Mundial foi

(A) o rompimento oficial do governo brasileiro com o acordo de Bretton Woods ao optar por uma política de taxas de câmbio flexíveis.

(B) a adoção de um regime de taxa de câmbio fixa, o que contribuiu para a sobrevalorização do cruzeiro.

(C) a recorrência a políticas de desvalorização do mil-réis como forma de manter a paridade real com o dólar americano e com o propósito de não prejudicar o setor exportador.

(D) a suspensão, pelo governo Dutra, do sistema de “operações vinculadas” que garantia estímulo ao setor importador de bens de capital.

(E) o aumento da inflação e do estrangulamento externo, o que forçou o governo a adotar um sistema de leilões de câmbio para equilibrar o balanço de pagamentos.

Questão 31: (FEE 2003-06) Acompanhando-se a economia, a política e a política econômica brasileira na primeira metade da década de 1950, pode-se concluir que

(A) o governo, logo após assumir, em 1951, formou um ministério nitidamente

nacionalista, com maioria do PTB, evidenciando, desde logo, que não seria um governo alinhado aos Estados Unidos, o que contribuiu para a radicalização da oposição udenista.

(B) uma política nitidamente desenvolvimentista foi tentada inicialmente, a qual teve de ser abandonada devido à substituição do superávit nas transações correntes que havia no início do período governamental, por déficits crescentes.

(C) a “fórmula Campos Sales – Rodrigues Alves”, proposta pelo ministro Lafer, lembra a importância da estabilidade econômica para que a economia possa crescer.

(D) a substituição do presidente Eisenhower por Truman, nos Estados Unidos, contribuiu para a concretização dos esforços de financiamento da Comissão Mista Brasil – Estados Unidos.

(E) o aumento da inflação e do déficit nas transações correntes forçou o governo a abandonar as promessas desenvolvimentistas, passando a adotar uma política econômica ortodoxa, que resultou em taxas de crescimento do PIB negativas.

Questão 32: (FEE 2003-13) Uma das interpretações consagradas sobre a formação econômica e social do Brasil afirma que, a partir de 1930, teve início um novo modelo de desenvolvimento no

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país, o qual perduraria por várias décadas seguintes, marcando um período que ficou conhecido como o do “processo de substituição de importações”. Dentre as várias teses que economistas e cientistas sociais desenvolveram para explicar esse período e as linhas básicas desse modelo de desenvolvimento, pode-se citar a seguinte:

(A) a sustentação política desse modelo, nas primeiras três décadas, deu-se através de ampla aliança, que abrangia parte significativa do empresariado industrial, dos proprietários de terra e do operariado urbano.

(B) os “choques adversos” causados pelo estrangulamento externo foram os principais responsáveis pelo estímulo inicial ao processo, pois, somente nos períodos de crises internacionais, abria-se espaço para as economias periféricas, como a do Brasil, importarem bens de capital.

(C) o crescimento industrial, nas primeiras duas décadas, deu-se exclusivamente nos bens de consumo popular, só alcançando os bens intermediários e de capital nas décadas seguintes.

(D) o setor primário não passou por mudanças significativas na primeira década após a crise de 1929, tendo-se tornado um ponto de estrangulamento para o crescimento industrial acelerado, o qual só seria superado na década seguinte quando se registraram profundas alterações na estrutura agrária, com aumento da produtividade, a que muitos autores chegaram a denominar de “revolução verde”.

(E) a economia começou a dar sinais de estagnação ao final da terceira década após o início do novo modelo, dentre outros motivos, devido a ter diminuído sensivelmente a magnitude do estrangulamento externo, o qual tinha servido de impulso inicial ao processo.

Questão 33: (Provão 2003-38) A extensa literatura que trata das origens da industrialização noBrasil – refletida nas contribuições de, dentre outros, Dean,Furtado, Fishlow, Suzigan e Versiani – permite afirmar que (A) a especulação na Bolsa associada ao fenômeno do Encilhamento não teve qualquer

impacto positivo sobre o crescimento industrial.

(B) o “choque adverso” representado pela 1ª Guerra Mundial contribuiu para a expansão

da capacidade produtiva da indústria.

(C) o crescimento da produção manufatureira tendeu a coincidir com períodos de retração

das exportações brasileiras.

(D) o processo de diversificação do parque industrial brasileiro sofreu com os controles

cambiais adotados na Primeira República.

(E) os interesses do café e da indústria nem sempre eram antagônicos, sendo freqüente a

presença de cafeicultores donos de fábricas.

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Questão 34: (ANPEC 2004-02) A crise mundial deflagrada em 1929 levou o governo brasileiro a implementar, durante os anos da grande depressão, uma política dirigida especialmente ao setor cafeeiro. Segundo Celso Furtado,

(0) essa política constituiu, essencialmente na garantia de um preço mínimo de compra do café pelo governo e na destruição de parte da produção, como forma de impedir uma queda maior do preço do produto no mercado internacional;

(1) essa política pode ser caracterizada como anticíclica, de fomento da renda nacional;

(2) essa política, ao reduzir a renda do setor exportador, levou (por seu efeito multiplicador) ao aumento do desemprego nos demais setores da economia;

(3) o imposto de exportação e o empréstimo externo contraído pelo Governo de São Paulo em 1930 foram decisivos para o financiamento das compras de café;

(4) o mecanismo cambial não seria capaz, por si só, de constituir, naquele momento, um instrumento efetivo de defesa da economia cafeeira frente à crise.

Questão 35: (ANPEC 2004-03)

Nos anos da 2a Guerra Mundial (1939/45) observaram-se os seguintes fenômenos na economia brasileira:

(0) a taxa de crescimento do produto industrial caiu em virtude da redução das

exportações, o que implicou a acumulação de grandes saldos negativos na balança comercial;

(1) os saldos negativos da balança comercial foram a principal causa da forte inflação ocorrida nesse período;

(2) houve uma modificação na estrutura da receita tributária, tendo o imposto de renda substituído imposto de importação, que se tornara ineficaz;

(3) foi negociado com o Eximbank-USA financiamento para a compra de equipamentos para a primeira grande usina siderúrgica do país, a CSN;

(4) aumentou o ingresso de capitais estrangeiros privados no País. Questão 36: (ANPEC 2004-04) O regime de taxas múltiplas de câmbio, instituído pela instrução 70, da SUMOC, em outubro de 1953 (20 Governo Vargas – 1951/54):

(0) representou uma adequação do regime cambial brasileiro às normas de Bretton Woods.

(1) provocou, deliberadamente, uma desvalorização real na taxa média de câmbio praticada na economia brasileira;

(2) encerrou a fase de liberdade cambial vigente desde o imediato pós-guerra;

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(3) promoveu um ganho fiscal ao governo – o saldo de ágios e bonificações – parcialmente utilizado no programa de defesa do café;

(4) racionou as divisas destinadas às importações consideradas não essenciais dando novo impulso à industrialização substitutiva.

Questão 37: (ANPEC 2005-01) Durante a Primeira República, a desvalorização cambial deixou de ser útil como instrumento de defesa da renda cafeeira, sendo substituída pela política de regulação de oferta, em razão da:

(0) inelasticidade-preço da demanda pelo café; (1) grande depressão de 1929; (2) estagnação da produção cafeeira; (3) dependência estrutural de importados; (4) desorganização das contas públicas.

Questão 38: (ANPEC 2005-02) Com relação às interpretações sobre a origem da indústria no Brasil, é correto afirmar que:

(0) As interpretações ligadas ao pensamento “cepalino” ressaltam a importância dos ciclos de expansão das exportações para o crescimento industrial.

(1) Uma das críticas ao argumento da chamada “teoria dos choques adversos” destaca o efeito negativo dos programas de valorização do café sobre o crescimento industrial.

(2) A desvalorização do câmbio contribuiu para o crescimento industrial na medida em que permitiu o aumento da capacidade produtiva.

(3) A interpretação associada à idéia de “capitalismo tardio” diferencia-se da visão “cepalina” ao enfatizar o crescimento industrial como resultante da acumulação capitalista no setor exportador.

(4) Sob a ótica da industrialização intencional, o crescimento industrial foi favorecido pela concessão de incentivos e subsídios a determinados setores industriais antes de 1930.

Questão 39: (ANPEC 2005-03) Sobre a economia brasileira no período compreendido pelas duas guerras mundiais, é correto afirmar que:

(0) A declaração de uma moratória temporária foi uma das medidas do governo para atenuar a crise de liquidez decorrente dos efeitos da Primeira Guerra Mundial.

(1) A queda da arrecadação do imposto de importação durante a Primeira Guerra Mundial foi compensada, em parte, pelo aumento da arrecadação do imposto sobre o consumo.

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(2) O retorno ao padrão-ouro, proposto por Washington Luís em 1926, visava à implantação da conversibilidade plena, mas este objetivo foi frustrado pela crise de 1929.

(3) Durante a Segunda Guerra Mundial a capacidade produtiva cresceu mais rapidamente que a produção.

(4) Durante a Segunda Guerra Mundial houve um aumento das reservas cambiais brasileiras.

Questão 40: (ANPEC 2006-02) A queda drástica do preço do café à época da Grande Depressão levou o governo brasileiro a implementar uma política de defesa do setor cafeeiro. Segundo Celso Furtado, Ⓞ essa política pode ser vista, pelos resultados que produziu, como uma política anticíclica

consoante os fundamentos macroeconômicos que, alguns anos depois, seriam preconizados por Keynes;

① essa política foi totalmente financiada por emissão de papel-moeda lastreada por empréstimos externos;

② ao evitar-se a contração da renda do setor cafeeiro, essa política reduziu os efeitos do multiplicador de desemprego sobre os demais setores da economia;

③ o preço do café foi condicionado fundamentalmente por fatores que prevaleciam do lado da oferta, sendo de importância secundária o que ocorria do lado da demanda;

④ o mecanismo do câmbio não podia constituir, por si só, um instrumento de defesa efetivo da economia cafeeira, dadas as condições excepcionalmente graves criadas pela crise mundial deflagrada em 1929.

Questão 41: (ANPEC 2006-03) A respeito da estratégia de industrialização por substituição de importações (ISI), típica do desenvolvimento da economia brasileira nas três décadas subseqüentes à Grande Depressão, é correto afirmar que: Ⓞ as políticas de controle do mercado de câmbio instituídas inicialmente para fazer frente ao

desequilíbrio externo em meados de 1947 acabaram se tornando o principal instrumento de promoção do desenvolvimento industrial;

① a estratégia da ISI voltou-se, nas décadas de 1930 e 1940, para o desenvolvimento da produção local de bens de capital e de bens de consumo duráveis;

② não obstante tenha resultado em acentuada industrialização e em crescimento, a estratégia da ISI contribuiu para a acentuação de desequilíbrios setoriais e regionais da economia brasileira;

③ no Governo Dutra, o desenvolvimento industrial foi impulsionado pelo bem-sucedido Plano SALTE;

④ estratégia da ISI apoiou-se em instrumentos de política econômica como reservas de mercado, subsídios e incentivos fiscais e financeiros à indústria nascente.

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Questão 42: (ANPEC 2006-04) As políticas de comércio exterior e cambial do início do Governo Dutra tiveram os seguintes objetivos: Ⓞ atender à demanda reprimida de matérias-primas e de bens de capital para reequipamento da

indústria, desgastada durante a segunda guerra mundial; ① estimular o aumento dos preços dos produtos industriais;

② aumentar as reservas cambiais;

③ atrair capitais externos para investimentos no Brasil;

④ conter o processo de aceleração inflacionária herdado do período de guerra.

Questão 43: (ANPEC 2006-05) A Instrução 70 da SUMOC, de 9 de outubro de 1953, introduziu importantes mudanças no sistema cambial brasileiro. Esta Instrução: Ⓞ restabeleceu o monopólio cambial do Banco do Brasil;

① introduziu o controle quantitativo das importações;

② instituiu o regime de leilões de câmbio;

③ criou uma expressiva fonte de recursos para o Estado por meio do saldo de ágios e bonificações;

④ permitiu às empresas sediadas no País importar máquinas e equipamentos sem cobertura cambial.