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ECONOMIA DA RAPADURAJos Adauto Olimpio

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RESUMOO presente trabalho trata da economia da rapadura no Nordeste do Pas, tendo por objetivo principal a reviso da literatura pertinente ao tema, abordando desde a produo da cana de acar at a comercializao do produto acabado. Especificamente, conhecer a origem, o histrico e o processo de fabricao do produto; estudar as propriedades da rapadura e seu valor nutritivo; conhecer a cadeia produtiva e o sistema produtivo da rapadura no Nordeste brasileiro. O processamento artesanal da cana de acar constitui uma atividade de grande importncia econmica e social para as famlias de pequenos produtores rurais da regio Nordeste, onde a fabricao da rapadura faz parte da cultura do nordestino e uma atividade desenvolvida por um grande nmero de pequenos produtores rurais em todos os estados da regio. A rapadura, pela sua composio, um alimento de alto valor nutritivo que substitui o acar cristal ou refinado com grandes vantagens e, em funo do seu alto teor de sais minerais, indicada para alimentao escolar, usada como sobremesa e no preparo de diversos pratos, fazendo parte da cesta bsica em alguns estados. Os procedimentos metodolgicos do estudo consistiram no levantamento de autores e ttulos existentes na literatura, bem como na seleo dos melhores estudos acerca do tema, visando dar um embasamento terico ao trabalho.

Palavras-chave: Rapadura. Engenho de Cana. Cana de Acar. Garapa.

ABSTRACT

The present work deals with the brown sugar economy in the Northeast of the country, with the primary objective review of the relevant literature to the topic, approaching from the production of sugar cane to market the finished product. Specifically, study the origin, history and manufacturing process of the product, to study the properties of brown sugar and nutritional value; know the supply chain and production system of the brown sugar in the Brazilian Northeast. The cottage processing of sugar cane is an activity of great economic and social importance for the families of small farmers in the Northeast region, where manufacturing of brown sugar is part of the culture of the Northeast and is an activity undertaken by a large number of small producers holiday in all states of the region. The molasses, its composition, is a food of high nutritional value that replaces the crystal or refined sugar with great advantages, in terms of its high content of minerals, is indicated for school meals, dessert and used as in the preparation of various dishes as part of the basic diet in some states. The methodological procedures of the study consisted of surveying existing titles and authors in the literature as well as in the selection of the best studies on the subject, aiming to provide a theoretical foundation to work.Keywords: Brown sugar. Sugar-mill. Sugarcane. Garapa.

INTRODUO

O presente trabalho trata da economia da rapadura no Nordeste do Pas, tendo por objetivo principal a reviso da literatura pertinente ao tema, abordando desde a produo da cana de acar at a comercializao do produto acabado. Especificamente, conhecer a origem, o histrico e o processo de fabricao do produto; estudar as propriedades da rapadura e seu valor nutritivo; conhecer a cadeia produtiva e o sistema produtivo da rapadura no Nordeste brasileiro. Os procedimentos metodolgicos do estudo consistiram no levantamento de autores e ttulos existentes na literatura, bem como na seleo dos melhores estudos acerca do tema, visando dar um embasamento terico ao trabalho.O processamento artesanal da cana-de-acar constitui uma atividade de grande importncia econmica e social para as famlias de pequenos produtores rurais.A rapadura um produto slido, de sabor doce, obtido pela concentrao a quente do caldo da cana de acar, sua principal matria prima, sendo o seu ponto final conseguido por desidratao do caldo em torno de 92 Brix. Tem sabor agradvel e caracterstico, alm de elevado valor nutritivo, pela sua riqueza em vitaminas e sais minerais, como potssio, clcio e ferro, alm de ser um produto natural e orgnico. um produto consumido tradicionalmente consumido pela populao do Nordeste brasileiro, particularmente, no serto, substituindo outros produtos devido ao seu valor nutritivo e comercial. A fabricao da rapadura faz parte da cultura do nordestino e , at hoje, uma atividade desenvolvida por um grande nmero de pequenos produtores rurais em todos os estados do Nordeste. A rapadura, pela sua composio, um alimento de alto valor nutritivo e substitui o acar cristal ou refinado com grandes vantagens.

Em funo do seu alto teor de sais minerais, indicada para alimentao escolar, usada como sobremesa e no preparo de diversos pratos.A rapadura chegou ao Brasil via invaso holandesa, na bagagem de Maurcio de Nassau, que pretendia construir, em Recife, um sobrado com tijolos de rapadura. A empreitada acabou, no entanto, no dando certo, pois o doce caiu na boca do povo, sendo rapidamente incorporado dieta local, com sucesso.Em verdade, a rapadura vem exercendo uma funo de relevo primordial na alimentao de grande parte do povo brasileiro, desde a poca da colnia e, nos tempos atuais, ela e a farinha de mandioca so alimentos capitais dos sertes.

RAPADURAConceito: um doce de origem aoriana ou canria, feito a partir do caldo da cana aps moagem, fervura, moldagem e secagem. um alimento considerado mais nutritivo que o acar refinado, pois, enquanto este quase exclusivamente sacarose, a rapadura possui diversas outras substncias nutritivas em sua composio. tpica do Nordeste brasileiro, em especial do Estado do Cear, e de diversas regies da Amrica Latina, onde recebe diferentes nomes, como panela (Colmbia, Venezuela, Mxico, Equador e Guatemala), piloncillo (Mxico), papelon (Venezuela e Colmbia), chancaca (Bolvia e Peru), empanizao (Bolvia) e tapa de dulce (Costa Rica). O nome rapadura ou raspadura utilizado tambm na Argentina, Guatemala e Panam.O produto, feito de mel de engenho dado certo ponto, algumas vezes tambm chamado de "raspadura" (palavra provinda do verbo raspar), originou-se das crostas de acar presas s paredes dos tachos, durante a fabricao do acar, retiradas pela raspagem e moldadas como tijolos. Com o passar do tempo, recebeu alguns requintes como a adio de castanhas de caju, amendoim, cabeas-de-cravos, cascas de laranja, gengibre, erva-doce, coco, pedaos de frutas etc.

Sobremesa predileta nas mesas nordestinas, a rapadura um doce obtido pelo aquecimento e desidratao em caldeiras do caldo da cana de acar. Um processo artesanal e secular que teve incio nos engenhos de acar. Comercializada em barras, de formatos e pesos diversos, a guloseima possui verses sofisticadas, temperada com especiarias e frutas.O sabor peculiar, dulcssimo, e o baixo preo transformaram a rapadura em um dos itens mais populares na dieta sertaneja, predileo dividida com a farinha de mandioca. A vinculao do alimento s camadas de baixo poder aquisitivo no passado era predominantemente consumida por escravos e aparncia rstica dos tabletes so responsveis por um rtulo ainda hoje recorrente: comida de pobre.

A rapadura uma alternativa natural ao acar de cana, que tem as suas razes tradicionais em pases da Amrica Latina. A rapadura fica sujeita a processos mais simples do que o sumo de cana evaporado, com a cana de acar sendo simplesmente fervido para remover o contedo em gua.

bom para repor as energias daqueles que tm grande gasto energtico, como atletas, esportistas e adolescentes, ou complementar o total calrico requerido por pessoas inapetentes.

ruim para os dentes, quando consumida em excesso, pois, como os outros tipos de acar, predispe ao surgimento de cries e diabticos, j que fonte concentrada de sacarose.

Encontra-se rapadura embalada em plstico, folha de bananeira ou palha de milho nas casas do Nordeste ou nos mercados populares. Existe rapadura tambm embalada em caixa de papelo, que se encontra em casas de produtos naturais e/ou orgnicos e nas gndolas de acares ou de produtos naturais de alguns supermercados.De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Centro de Ensino Tecnolgico do Brasil (CENTEC), em 2004, a rapadura um alimento riqussimo em calorias, chegando, cada 100 gramas do produto a ter 132 calorias. Ainda segundo a pesquisa, um produto energtico e de boa aceitabilidade, sendo reconhecida como alimento essencial ao desenvolvimento humano por conter carboidratos, sais minerais, protenas e vitaminas. A rapadura pode se enquadrar nas dietas saudveis, por apresentar, em sua composio, elementos minerais fundamentais para uma nutrio balanceada. Alm de fornecer as calorias necessrias que o organismo exige, apresenta uma grande vantagem em relao a outros alimentos industrializados, que o baixo custo. um alimento bem tolerado por recm-nascidos, porque ajuda a evitar a formao de gases e previne a constipao, por apresentar ao laxante. O ferro contido na rapadura previne a anemia e por ser facilmente assimilvel, contribui para manter estvel o nvel de hemoglobina no sangue, que primordial no transporte de oxignio para as clulas do corpo. O ferro tambm fortalece o sistema imunolgico da criana e previne enfermidades dos sistemas respiratrio e urinrio. O magnsio fortalece o sistema nervoso infantil. O potssio indispensvel para uma boa atividade celular, mantendo o equilbrio cido-base e combatendo a acidez excessiva. O clcio contido na rapadura ajuda na formao de boa dentio, ossos mais fortes, assim como na preveno de cries nas crianas, ajudando a evitar enfermidades articulares, como a osteoporose na fase adulta. As vitaminas so indispensveis para o metabolismo humano.HISTRICOA cana de acar (Saccharum Officinarum) uma das seis espcies do gnero Saccharum, gramneas altas, provenientes do Sudeste Asitico. uma planta da famlia Poaceae, que se relaciona com a forma da inflorescncia (espiga), o crescimento do caule em colmos e as folhas com lminas de slica em suas bordas, e bainha aberta.

A cana colhida processada, com a retirada do caule, que esmagado, libertando os sucos (garapa) que so fervidos, resultando da o melao, do qual o acar cristalizado.

Pode ser utilizado na produo de rum, aguardente (popular cachaa), acar mascavo, rapadura, papel e papelo, lcool combustvel e, ultimamente, o Biodiesel.

A fabricao da rapadura de cana de acar iniciou-se nas Canrias, ilhas espanholas do Atlntico, possivelmente no sculo XVI, constituindo-se no apenas em guloseimas, mas em uma soluo prtica de transporte de alimento em pequena quantidade para uso individual. Como o acar comumente umedecia e melava, a rapadura acompanhava o viajante que a carregava em sacolas, devido ser de fcil transporte e possibilitar prtica acomodao, alm de resistir durante meses s mudanas climticas.Em ritual bastante comum e praticado h centenas de anos, os caldeireiros esperam a ordem do chefe para despejar a cana de acar nas mquinas de moer. o mtodo artesanal de produo da rapadura de cana de acar.

Tal como se conhece hoje, o doce teve sua origem na produo de acar mascavo, que chegou ao Brasil com os portugueses no sculo 16. O caldo da cana de acar (garapa) era cozido e depositado (melado) num recipiente chamado po de acar: um cone de madeira cujo formato iria nomear o morro carioca, o mais famoso carto postal brasileiro.

Na inteno de manter viva a fabricao tradicional e o seu significado popular, a Universidade Federal da Paraba criou, em Areia, na Fazenda da Vrzea, o Museu da Rapadura, o nico do Pas.

Inicialmente movidos pela fora de bois, mais tarde, passaram a ser utilizados mecanismos movidos a rodas d'gua e, finalmente, no sculo 19, chegaram as primeiras mquinas inglesas a vapor. S por volta de 1930, quando a Inglaterra enviou motores a diesel para o Brasil, a rapadura comeou a ser produzida em larga escala. Um nico engenho passaria, ento, de uma mdia de 200 tabletes de 500 gramas por dia para 2 mil unidades.A antiga comida dos escravos, e que s vez por outra frequentava a mesa das famlias abastadas, teve as atenes voltadas sobre si, sobretudo depois que o LAFEPE (Laboratrio Farmacutico de Pernambuco) levou em conta o poder nutritivo da rapadura para a produo de pastilhas, de 1 a 4 miligramas, distribudas na rede oficial de ensino do Estado de Pernambuco.

Aliado ao sabor adocicado, a rapadura apresentava outra vantagem imprescindvel para o sertanejo em seus deslocamentos pelo semirido: ao contrrio do acar, que facilmente umedecia, o alimento em barra era de transporte e armazenagem prtica, e de perfeita adequao para o uso individual.

De uma notcia acerca da indstria agrcola e fabril da provncia de Minas Gerais, de 1871, no Municpio de Januria, no havia outras atividades, alm da agrcola. A cultura da cana era a predileta, fabricando-se, de preferncia, a rapadura. Havia cerca de cem engenhos, a maioria dos quais era movida por bois.

O cultivo da matria prima era feito totalmente manual, sem o uso de agrotxicos ou mquinas agrcolas. O corte da cana tambm era feito manualmente com o uso de faces, sem que fosse precise queimar a palha, prtica que muito usada por grandes usinas de produo de acar cristal nos dias atuais.

Para produzir cerca de 1.200 unidades de rapadura por dia, preciso ter um contingente de mais de 15 operrios, que so: dois tombadores, um p de engenho, um bagaceiro verde e um bagaceiro seco, um boca-de-fogo, um mestre, um caldeireiro, um cachiador, trs cortadores e trs cambiteiros, e ainda o auxilio de trs animais para transportar a matria prima at o local da moagem.No Brasil, a rapadura surgiu no mesmo sculo dos primeiros engenhos de cana de acar. Logo ganhou estigma de comida de pobre e no passado era predominantemente consumida pelos escravos.A regio Nordeste a maior produtora de rapadura do Brasil, devido ao gosto do nordestino por suas qualidades nutritivas e a fcil disponibilidade, principalmente nas localidades do interior, onde so comuns os pequenos engenhos que produzem este alimento.Atualmente, em todo o Brasil, a rapadura vem sendo introduzida no cardpio das dietas saudveis, por suprir as necessidades nutricionais bsicas do ser humano em todas as etapas da vida. (CENTEC, 2004)ORIGEMSua fabricao iniciou-se no sculo XVI nas Ilhas Canrias, territrio espanhol. No mesmo sculo, teve incio a produo no Brasil, nos primeiros engenhos de cana de acar, servindo de alimento para os escravos. Pela praticidade de transporte e sabor agradvel, tornou-se parte da dieta alimentar do sertanejo, e ainda hoje, considerada "comida de pobre. Foi s no sculo 17 que a rapadura ganhou o formato de tabletes. E h quem diga que essa forma de produo teve incio aqui, no Brasil, no Nordeste, estado da Paraba, atual municpio de Areias, localizado na regio serrana do estado, uma zona de clima ameno conhecida pelo nome de Brejo Paraibano.

A fabricao da rapadura iniciou-se nas Canrias, ilhas espanholas do Atlntico, possivelmente no sculo XVI, constituindo-se no apenas guloseimas, mas uma soluo prtica de transporte de alimento em pequena quantidade para uso individual.

A rapadura um produto rico em vitaminas, ferro e flor, alm de possuir um elevado teor energtico. A guloseima teve sua origem nas Ilhas Canrias, ilhas espanholas do Atlntico, e surgiu das crostas de acar presas s paredes das tachas durante a fabricao de mel de engenho.

A rapadura teria sido criada nas Canrias, ilhas espanholas localizadas no Oceano Atlntico, no sculo XVI. No Brasil, fabricada na maior parte artesanalmente em especial no Nordeste, mas em outras regies tambm. Por sculos o sabor do produto veio s da cana. Ultimamente, porm, tem sido produzido com sabores diversos. No Cear, por exemplo, encontra-se rapadura com sabor de goiaba, abacaxi, laranja, erva-doce, cravo e canela, entre outros. Como, alm da sacarose, ela apresenta outros nutrientes e substncias aromticas da cana, tem sabor marcante que passa aos alimentos feitos com ela. Por isso, vai bem em bolo, broa, arroz-doce, mingau e serve para adoar bebidas como leite e caf. Ralada ou macetada, pode ser usada no preparo de quase todos os tipos de sobremesa.

A fabricao da rapadura iniciou-se nas Canrias, ilhas espanholas do Atlntico, possivelmente no sculo XVI, constituindo-se no apenas guloseimas, mas uma soluo prtica de transporte de alimento em pequena quantidade para uso individual.

PROPRIEDADESA rapadura rica em potssio, ferro, clcio e fsforo, possuindo grande teor energtico. Em duas colheres dissolvidas em gua, tem:

Calorias: 890

Carboidrato: 22 g Clcio: 274 mg Fsforo: 34 mg Ferro: 10,1 mg Potssio: 1.171 mg Sdio: 38 mg Tiamina: 0.04 mg Riboflavina: 0,08 mg Niacina: 0,8 mgVALOR NUTRITIVO A rapadura um alimento considerado mais nutritivo que o aucar refinado, pois, enquanto este quase exclusivamente sacarose, a rapadura possui diveras outras substncias nutritivas em sua composio. famosa pelo seu alto valor calrico, sendo rica tambm em vitaminas, minerais e protenas (Tabela 1). O produto est inserido na merenda escolar em alguns estados do Nordeste, como Cear, Paraba e Pernambuco.

Tradicionalmente consumida pela populao do Nordeste do Brasil, especialmente no serto, formado por camadas sociais de baixo poder aquisitivo e, ao mesmo tempo, reduzidas exigncias em qualidade, a rapadura rica em vitaminas, ferro e flor, possui grande teor energtico e preo baixo, alm de ter caractersticas de produto natural e orgnico.

Ainda que tenha por matria prima somente a cana de acar, a rapadura tem um alto valor nutritivo, superando em quase dez vezes os sais minerais presentes no acar branco refinado. exatamente esse alto teor de ferro, magnsio, clcio, mangans e outros minerais que ajuda a combater doenas como a anemia e a osteoporose.

um alimento tpico da culinria brasileira, 100% natural. Indicada na preveno de anemias, com vitaminas do complexo B, Tiamina, Riboflavina e Niacina, que atuam na defesa do sistema nervoso, evitando irritabilidade e depresso.

As diferenas entre a rapadura e seu principal concorrente, o acar, podem ser vistas na Tabela 2, em que os principais obstculos para o aumento da comercializao esto ligados s dificuldades de se dosar e dissolver a rapadura. O preo tambm um fator importante, porm, o processo de fabricao de rapadura praticamente todo artesanal, tendo, assim, um custo de produo mais elevado do que o acar.

Por ser um alimento rico em clcio e carboidratos - elementos fundamentais dieta humana -, a rapadura pode contribuir para uma nutrio balanceada. Ao contrrio do que o senso comum proclama, a guloseima no a grande inimiga de uma dentio saudvel. Os problemas ondotolgicos so, muitas vezes, conseqncia da falta de bons hbitos de higiene bucal e de orientao nutricional, completa o citado autor.

O especialista, no entanto, identifica como grave problema a falta de controle de qualidade na produo de muitos engenhos. Segundo ele, grande parte da rapadura hoje consumida no mais apresenta as caractersticas de alimento natural, ou orgnico, ou no industrializado. Em seu preparo, muitos produtores incluem os mesmos aditivos utilizados na indstria de conservas, o que pode provocar crises alrgicas ou intoxicaes.

Tabela 1. Valor nutritivo da rapadura, acar refinado e mascavo

Fonte: EMBRAPATabela 2. Atributos de qualidade que diferenciam a rapadura do acar

Fonte: EMBRAPAPdua Valena lidera uma pesquisa no curso de Nutrio da UECE, que avalia o impacto da fortificao da rapadura com ferro, alm da adio da protena texturizada de soja e a fibra ou carne de caju. Para o especialista, a tendncia contempornea de incrementar o sabor do doce com a incluso de outros produtos - a chamada produo de rapaduras temperadas (cravo e gengibre) ou acrescida de frutas - bem-vinda, desde que processada dentro dos padres de qualidade exigidos.

Fortificada, a rapadura poder ser utilizada como componente alimentar na merenda escolar de estudantes da rede pblica e no ambiente de trabalho de muitos operrios, contribuindo para a otimizao do desenvolvimento mental e como complemento energtico nas atividades que exigem esforo.A rapadura, pela sua composio, um alimento de alto valor nutritivo e substitui o acar cristal ou refinado com grandes vantagens. Em funo do seu alto teor de sais minerais, indicada para alimentao escolar, usada como sobremesa e no preparo de diversos pratos.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Centro de Ensino Tecnolgico do Brasil CENTEC (2004) a rapadura um alimento riqussimo em calorias, chegando cada 100 gramas a ter 132 calorias. um produto energtico e de boa aceitabilidade, sendo recomendada como alimento essencial ao desenvolvimento humano por conter carboidratos, sais minerais, protenas e vitaminas. A mesma pode se enquadrar nas dietas saudveis, por apresentar em sua composio elementos minerais fundamentais para uma nutrio balanceada. Ela fornece as calorias necessrias que o organismo exige, alm do que, apresenta uma grande vantagem em relao a outros alimentos industrializados que o baixo custo. um alimento bem tolerado por recm-nascidos, porque ajuda a evitar a formao de gazes e previne a constipao, por apresentar ao laxante. O ferro contido na rapadura previne a anemia e por ser facilmente assimilvel, contribui para manter estvel o nvel de hemoglobina, que primordial no transporte de oxignio para as clulas. O ferro tambm fortalece o sistema imunolgico da criana e previne enfermidades do sistema respiratrio e urinrio; o magnsio fortalece o sistema nervoso infantil. O potssio indispensvel para uma boa atividade celular, mantm o equilbrio cido-base e combate a acidez excessiva; o clcio contido na rapadura ajuda na formao de boa dentio, ossos mais fortes, assim como na preveno de cries nas crianas, ajudando ainda a evitar enfermidades articulares, como osteoporose que se apresenta na fase adulta.

SISTEMA PRODUTIVO DA RAPADURAO corte da cana de acar deve ser o sistema de cana crua e o transporte at o incio do processo industrial propriamente dito deve ser o mais rpido possvel, pois a demora nessa etapa um dos principais causadores da perda de qualidade da rapadura.

O caldo de cana resultante da moagem levado para a decantao, com o intuito de separar as impurezas. Donos de engenho vm investindo na aquisio de decantadores, visando diminuir o tempo de decantao e o risco de fermentao do caldo, o que comprometia a aparncia do produto, e, tambm, facilita a operao de clarificao.

A concentrao at atingir o ponto para o batimento se d atravs da fervura do caldo, o que pode acontecer em um mesmo tacho ou em at cinco tachos como nos engenhos mais modernos, o que ajuda a ter um controle da temperatura para a concentrao do caldo (Figura 4).

Fig. 4. Concentrao do caldo

Fonte:

Foto: Celina HenriqueAps o batimento (Figura 5), o caldo concentrado moldado em formas de tijolo de 500 gramas ou um quilo, ou tabletes de 20 a 25 gramas. Aps o resfriamento, ocorre a desenformagem e, por fim, o embalamento da rapadura.

Fig. 5. Batimento mecnico do caldo at atingir o ponto

Fonte:

Foto: Celina Henrique

CADEIA PRODUTIVACadeia Produtiva um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vo sendo transformados e transferidos os diversos insumos.

Cadeia produtiva tambm pode ser definida como uma seqncia de operaes interdependentes que tm por objetivo produzir, modificar e distribuir um produto.Os agentes intervenientes na cadeia produtiva da rapadura so os produtores, os intermedirios, os industriais, os distribuidores e os consumidores, os quais funcionam de forma integrada para que se beneficiem mutuamente dos resultados econmicos, sociais e financeiros da atividade de explorao do produto.Os produtores rurais conduzem as atividades produtivas desde a preparao do solo at a obteno dos produtos in natura para a comercializao.

Os intermedirios so pessoas que iniciam os caminhos que sero percorridos pelos produtos, coletando diretamente nas propriedades rurais e entregando na rede de distribuidores.

Os industriais so os proprietrios de engenho que fazem o processamento da matria prima (cana de acar) e produzem a rapadura (produto final).

Os distribuidores formam a rede de supermercados, mercearias, armazns etc., que vendem para outros distribuidores ou diretamente ao consumidor.

Existem, tambm, os agentes governamentais (instituies dos governos estaduais e municipais), que adquirem o produto em grandes quantidades para distribuio na merenda escolar (mini-tabletes de rapadura), atravs das Secretarias de Educao e de Desenvolvimento Social, e outros agentes, tais como agroindstrias, representantes comerciais, supermercados, atacadistas, centrais de abastecimento e bolsas de mercadorias, que tambm atuam no mercado atacadista e varejista.

O funcionamento harmonioso da cadeia produtiva permite agregar valor ao produto em seu percurso, desde o processamento da matria prima at o produto final.

Valor Agregado o valor acrescido correspondente diferena entre o preo final de venda das mercadorias produzidas e o preo das matrias primas e insumos.

Um produto tem valor agregado quando tem seu preo elevado devido a alguma alterao na forma de apresentao do produto in natura ou agroindustrializado. Por exemplo, a produo da rapadura em tabletes, com nova forma de embalagem, torna o produto mais atrativo ao consumidor e adquire melhor preo no mercado.

Figura 5: Cadeia produtiva da rapadura

Produtor de Cana

Dono de Engenho

Matria Prima e Insumos

Rapadura/ Batida/Alfenim/Mel de Engenho

Intermedirio/Distribuidor

Indstria/Beneficiamento

Mini-tablete/Biscoito c/rapadura/Bombons de rapadura

Produo

Distribuidor/Indstria

Varejista Feirante

Comercializao e Distribuio

Local Regional

Consumo

Agentes GovernamentaiFonte: Oliveira, Nascimento & Brito, 2007REGIES DE CONSUMOTpica do Nordeste do Brasil em especial do Cear, e de diversas outras regies da Amrica Latina, onde recebe diferentes nomes como panela (Colmbia, Venezuela, Mxico, Equador e Guatemala), piloncillo (Mxico), papeln (Venezuela e Colmbia), chancaca (Bolvia e Peru), empanizao (Bolvia) ou tapa de dulce (Costa Rica). O nome rapadura (ou a variao raspadura) utilizado tambm na Argentina, na Guatemala e no Panam. Seu uso tambm disseminado na ndia. Sua utilidade extensa e varia de acordo com os hbitos culturais de cada regio que utiliza. No Brasil basicamente utilizada em substituio ao acar pelas famlias rurais, ou para consumo direto, em lascas, como sobremesa.

Em outras regies da Amrica Latina pode ser usada como medicamento, na receita bsica de determinados drinks ou at de molhos para acompanhar pratos salgados.

O CASO RAPUNZELEm 1989, a empresa alem Rapunzel registrou a rapadura como sua marca registrada para o mercado alemo e 6 anos depois fez o mesmo nos Estados Unidos, entretanto este fato passou despercebido por bastante tempo, at que em meados de 2005 grupos de defesa da cultura nordestina, o Itamaraty e a Ordem dos Advogados do Brasil passaram a exigir a retirada da patente sobre o nome tradicional do doce no Brasil.

Em protesto, a comunidade nordestina do Rio de Janeiro mobilizou-se em frente ao consulado da Alemanha com o slogan "A rapadura nossa, cabra da peste!". Em 2008 a empresa germnica desistiu da propriedade intelectual sobre o nome rapadura embora continue usando o nome para alguns de seus produtos (sem, entretanto, manter direito de exclusividade sobre o uso comercial da palavra).Tudo comeou quando a empresa alem Rapunzel Naturkost AG registrou a patente da marca rapadura nos Estados Unidos e na Alemanha. O registro consta nos rgos oficiais na Alemanha desde 1989, e nos Estados Unidos desde 1996.

A descoberta do registro foi feita s em 2006. Na poca, pedidos e notificaes pela anulao da patente foram endereados ao Itamaraty, ao Ministrio Pblico Federal e s embaixadas da Alemanha e dos Estados Unidos no Brasil. Em vo. Por isso, produtores brasileiros s podem exportar o doce tpico com essa marca para os dois pases, se pagarem direitos de comercializao Rapunzel.

Agora, a briga pelo resgate da rapadura volta tona: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tomou as dores dos produtores nacionais e vai processar a Rapunzel nos tribunais da Alemanha e dos EUA. O objetivo da entidade anular o registro da palavra rapadura no exterior alegando descumprimento do Tratado de Paris. O tratado no permite aos pases signatrios patentear algo que faa parte do patrimnio de um pas.Ante a grave situao que arranha nossa soberania e os preceitos do direito, entendemos que a Ordem dos Advogados, no exerccio de seu mister, deve atuar de forma mais contundente para elidir a conduta da empresa alem, sustenta a OAB. A entidade lembra ainda que a rapadura, doce tipicamente nordestino, foi e item de subsistncia de milhares de famlias pobres do nordeste que o produzem de forma artesanal". Por isso, decidiu unir-se ao clamor nordestino: A rapadura nossa!.O SETOR RAPADUREIROA rapadura produzida em mais de 30 pases, sendo que a ndia responsvel por 67% de toda a produo mundial, acompanhada da Colmbia, que o maior consumidor do mundo com cerca de 32 quilos por habitante, por ano.

O Brasil o stimo produtor mundial de rapadura, com 80 mil toneladas e tem o consumo de 1,4 quilo por habitante, por ano.

A Regio Nordeste responsvel por 67% da produo de rapadura, sendo o Cear o principal produtor, segundo o Censo Agropecurio da Indstria Canavieira, realizado em 1995/1996.

O Estado de Minas Gerais responde por 27% da produo nacional de rapadura, ocupando o segundo lugar.

Por ser um processo de produo de baixo custo, o sistema produtivo brasileiro de rapadura est fortemente vinculado s pequenas propriedades familiares, na maioria das vezes, sem interesses comerciais no produto.

A principal dificuldade da comercializao da rapadura est na falta de padronizao, sendo comercializada, sobretudo, no mercado informal por atravessadores, dificultando, assim, a estruturao e a organizao dos canais de comercializao direta ou com o setor varejista, como mostra a Tabela 3, para o Estado de Pernambuco.

PRODUO DA RAPADURAA rapadura produzida em mais de 30 pases, sendo que a ndia responsvel por 67% de toda a produo mundial, acompanhada pela Colmbia, que o maior consumidor do mundo, com 32 quilos per capita por ano. O Brasil o stimo produtor mundial, com 80.000 toneladas anuais e um consumo per capita de 1,4 quilo por habitante/ano. O Nordeste produz 67% da produo nacional, sendo o Estado do Cear o principal produtor, com 22.000 toneladas anuais, correspondendo a 27,81% do total da produo brasileira. O Estado de Minas Gerais responde por 21,45 da produo nacional, com 17.000 toneladas do produto.A produo de rapadura tem como insumo bsico a cana de acar, que deve ser cultivada sem defensivos agrcolas txicos ou adubos qumicos, colhida manualmente sem o recurso da queimada (utilizada normalmente para facilitar a colheita) e colocada nos caminhes transportadores sem mecanizao.

Tendo a mesma base comum da produo do mel de engenho e do acar mascavo, o processo produtivo da rapadura diferencia-se apenas pelo processamento aps a concentrao do caldo.

Aps o tratamento da matria prima, o processo de produo do melao, acar mascavo e rapadura segue etapas comuns at a concentrao e cozimento do caldo, composto das seguintes fases: lavagem e desfibramento da cana, moagem e coagem, correo da acidez, limpeza do caldo, cozimento e concentrao do caldo, resfriamento e mexedura do caldo, determinao do ponto, enformamento da massa, secagem, desinformamento, embalagem e armazenamento.Aps a colheita da cana, esta passa por um processo de lavagem e desfibramento, atravs de um jato de gua limpa, para retirada de sujeiras e fibras aderidas ao colmo, antes de ser moda para separao do caldo (garapa) que, em seguida, passa pela coao, retirando-se bagacilhos e outras impurezas.Devido complexa composio qumica do caldo de cana, se o seu aquecimento for feito sem reduzir um pouco sua acidez, haver escurecimento demasiado do produto e ocorrer excesso de inverso da sacarose. Essas alteraes so indesejveis, quando o objetivo a produo de rapadura e acar, pois so prejudiciais qualidade final desses produtos. A correo da acidez feita adicionando-se o leite de cal ao caldo frio ou iniciando-se o aquecimento (55C a 60C) aos poucos e com agitao vigorosa. A operao acompanhada utilizando-se papel indicador de pH (papel tornassol). Para tanto, retiram-se amostras do caldo do tacho e mergulha-se o papel de tornassol vermelho na amostra. Se o papel ficar ligeiramente azulado, sinal de que a reao est alcalina (pH acima de 7,0). Quando se deseja reao ligeiramente cida (rapadura ou melado), utiliza-se papel de tornassol azul, que dever ficar um pouco avermelhado.

Durante o aquecimento do caldo no primeiro tacho, impurezas (fragmentos slidos, gomas, mucilagens, cera da cana, entre outros), juntamente com a espuma, devem ser retirados por meio de uma espumadeira de cobre ou ao inoxidvel. Esta operao chama-se clarificao e deve ser repetida at que o caldo esteja sem nenhuma impureza, o que garantir a obteno de um produto mais puro e mais claro.Em seguida, vem a concentrao do caldo no segundo tacho, processo que deixa o caldo engrossado at atingir o ponto de rapadura. Nesse momento, o volume do caldo ter diminudo ainda mais, em relao quantidade inicial que foi colocada no primeiro tacho, por causa do aquecimento sofrido. O caldo deve ser aquecido lentamente, at que a sua concentrao atinja 82 a 84 Brix. Nesta fase, a garapa dever ser aquecida em fogo controlado, at que evapore boa parte da gua e concentre mais o caldo, tornando-se em melado.

A partir da, o melado se transformar em uma massa e ser necessrio diminuir o calor no tacho e manter-se a agitao constante da massa, para evitar o seu escurecimento ou caramelizao. o momento de se determinar o ponto. Isto feito retirando-se uma pequena amostra (quantidade mais ou menos igual medida de uma colher grande) da massa contida no tacho. Em seguida, deve-se coloca-la dentro de um recipiente contendo gua fria. Se a amostra de massa permitir ser moldada com facilidade, significa que o ponto desejado de enformamento da rapadura foi alcanado.Aps alcanar o ponto da massa, dever ser feita a sua cristalizao, mediante o resfriamento e mexedora da massa em um processo constante e, logo aps, coloc-la em uma gamela grande que, nada mais que uma grande forma de madeira, tipo cocho, medindo em torno de 2,5 metros a 3,0 metros de comprimento, por 0,6 metro a 0,8 metro de largura e 0,3 metro de altura. O meximento constante da massa visa acelerar o resfriamento, obter uma massa mais grossa, com mais brilho e aspecto mais claro e garantir uma boa liga da massa, adquirindo-se uma mistura fina e homognea (cristais menores), pela aglutinao da sacarose, da glicose, da frutose, de sais minerais, cidos e outras substncias presentes na massa.O passo seguinte ser o enformamento da rapadura, processo que consiste na colocao da massa em formas de tamanhos definidos pelo produtor e deixar esfriar e endurecer por cerca de 30 minutos a 60 minutos, aps o que as rapaduras devem ser retiradas das formas.Em seguida vem a embalagem e o armazenamento, quando as rapaduras devem ser embaladas individualmente em filme plstico, para facilitar a conservao. O ideal que esta fase seja realizada a vcuo. As rapaduras embaladas devem ser armazenadas em ambiente seco e arejado, com paredes grossas, janelas bem vedadas, laje e telhas de cermica na cobertura.Como se observa, a lgica da produo segue os mesmos passos at a fase de concentrao do caldo. Neste momento, est pronto o mel de engenho, primeiro produto gerado pela interrupo do processo para deix-lo em estado lquido. A diferena do mel para os outros produtos decorre do momento do "meximento", encontrando o ponto de cozimento do mel.

Deste momento em diante, possvel, conforme o ponto de cozimento, chegar produo da rapadura (pela moldagem e secagem do caldo) e do acar mascavo (avanando at a cristalizao do caldo).

O processo produtivo da rapadura tpico da pequena produo agroindustrial, adotando tcnicas, mquinas e equipamentos e modo de produo, quase em sua totalidade, arcaico, originando um produto de baixa qualidade. Todas as etapas da produo so realizadas de forma bastante artesanal, com pouqussima incorporao tecnolgica, recorrendo a processos manuais e, normalmente, com poucos cuidados com a qualidade e higiene.

A secagem da rapadura se d em temperatura ambiente, sem proteo dos produtos.

Tabela 3: Produo de rapadura no Brasil

Grandes Regies e Unidades da FederaoRapadura

InformantesQuantidade (t)Participao

ProduzidaVendida (%)

Brasil56.64579.26767.454100,00

Norte1.6311.2089561,52

Rondnia1561531340,19

Acre28486650,11

Amazonas266110970,14

Roraima2531290,04

Par2122962450,37

Amap4110,00

Tocantins6845313860,67

Nordeste16.43253.53348.38267,54

Maranho4292.3322.2852,94

Piau2.3575.3424.8306,74

Cear3.31822.04120.43727,81

Rio Grande do Norte6702.4001.8593,03

Paraba9946.6215.9668,35

Pernambuco1.7707.2386.8849,13

Alagoas753082960,39

Sergipe1420180,03

Bahia6.8057.2315.8079,12

Sudeste15.34518.22513.46522,99

Minas Gerais14.81717.00412.60621,45

Esprito Santo2563462240,44

Rio de Janeiro542072030,26

So Paulo2186684310,84

Sul20.0411.7439662,20

Paran1.2845414210,58

Santa Catarina2.378281580,35

Rio Grande do Sul16.3799214871,16

Centro-Oeste3.1964.5593.6845,75

Mato Grosso do Sul5113993280,50

Mato Grosso6539688591,22

Gois2,0153.1662.4733,99

Distrito Federal1725240,03

Fonte: IBGE Censo Agropecurio 1995-1996

O processo de produo da rapadura realizado em engenho, o que representa uma volta ao passado, precisamente no perodo Colonial caracterizado por um baixo nvel tecnolgico, onde o transporte da cana entre as plantaes e o engenho era feito apenas no lombo do burro e a fonte de energia mais utilizada era a lenha.

Para se produzir rapadura em escala comercial necessrio a adoo de um conjunto de procedimentos referentes higiene e ao planejamento, no que se refere matria prima e ao pessoal. Caso o engenho seja grande, com produo de 40 cargas por dia, so necessrias cerca de 14 pessoas, enquanto que num engenho de pequeno porte, com capacidade de 15 cargas, trabalha-se com seis a oito pessoas para garantir a produo.Os principais fatores que influenciam na qualidade da rapadura so:

a) O tempo decorrido entre o corte da cana e o incio da moagem para retirada do caldo (quanto menor o tempo, melhor a qualidade do produto);

b) A variedade da cana cultivada para produo de rapadura;

c) O tempo de decantao do caldo, que poder provocar a fermentao excessiva;

d) A limpeza dos equipamentos (moendas, tachos etc.) antes e depois do incio do processo industrial;e) A qualidade da gua utilizada no processo industrial;

f) A qualificao da mo de obra utilizada na fabricao da rapadura;

g) A poca de colheita da cana (deve ser colhida quando estiver madura, com a maior concentrao de sacarose, e deve ser processada o mais rpido possvel);h) O grau de acidez do caldo no incio da industrializao;i) A manuteno da uniformidade de distribuio do calor entre os tachos;

j) A higiene do ambiente da fbrica;

k) Condies de clima, fertilidade do solo, teor de matria orgnica no solo, qualidade e propriedade da adubao, tratos culturais, variedade da cana e idade do canavial.As etapas de produo da rapadura (Figura 7), conforme ensinam Oliveira, Nascimento & Britto (2007), so realizadas na seguinte sequncia:1) Colheita a poca de corte da cana, que deve ser feita na quantidade a ser usada no perodo mximo de uma semana no intervalo entre o corte e a moagem.2) LimpezaRetirada da parte superior da cana (ponta ou olho), que servir para o replantio ou alimentao para o gado. As palhas secas so retiradas e os colmos so lavados com bastante gua corrente para retirar as sujeiras.

3) TransporteRealizado em carros-de-boi, mulas (burros), jumentos, tratores ou caminhes, dependendo da regio.

4) Extrao do Caldo de CanaAps a moagem da cana de acar, por meio da prensagem na moenda, a garapa (caldo) separada do bagao e levada para o primeiro tacho, atravs de um cano de PVC, onde realizada uma pr-limpeza e passada numa peneira para retirada das sujeiras da garapa, como bagacilho e palha. O pr-aquecimento o inicio da fervura do caldo que, de forma lenta, facilita a limpeza da garapa, utilizando produtos como cal, mamona, soluo de mutamba e branquite.

5) Pr-ConcentraoCom a garapa clarificada feita a pr-concentrao, com fervura constante e intensa, para evaporao da gua da garapa, at atingir o ponto de mel, mexendo rpido. Em seguida, o mel remanejado de tacho em tacho at o ltimo, onde se realiza a concentrao final.

6) Concentrao FinalEtapa onde o mel concentrado at atingir o ponto de rapadura (temperatura de 110C, com 92 BRIX).Ao se aproximar o ponto, o xarope se transforma em melado com aspecto de borbulhamento. Nesse ponto, devem-se retirar amostras e coloca-las em vasilha com gua fria e, com os dedos, tenta-se formar uma bola que, quando for formada, representa o ponto certo. Rapadura mais macia, bola mais mole. Outra maneira de conferir o ponto deixar escorrer o melado em um lenol. Fios finos e esvoaantes, com ligeiro vapor formado, melado no ponto correto.

Outra forma de determinao do ponto retirando-se uma pequena amostra (a medida de uma colher grande) da massa contida no tacho, coloca-la dentro de um recipiente contendo gua fria. Se a amostra de massa permitir ser moldada com facilidade, significa que o ponto desejado de enformamento da rapadura foi alcanado.7) Gamela de BatimentoDepois de obter o ponto, a massa deve ser imediatamente transferida para o cocho de madeira (gamela) at esfriar. Na gamela, a massa deve ser mexida constantemente com uma esptula de madeira at o inicio da cristalizao, que ocorre quando o mel diminui de volume e atinge a chamada morte do mel. O ponto da moldagem nas formas se d quando a massa estiver brilhante, mais clara e espessa.8) EnformagemAps o batimento, a rapadura, ainda em processo de cristalizao, colocada em frmas de madeira com formato e peso desejados, ficando em local ventilado por cerca de uma hora para total resfriamento.

9) Desenformagem, Embalagem e ArmazenagemAps o resfriamento, as rapaduras devem ser desenformadas sobre mesas, deixando em local arejado por 24 horas para completar o endurecimento. Em seguida, devem ser embaladas individualmente em papel manteiga. As embalagens finais devem ser armazenadas em um local seco e arejado e dispostas sobre estrado de madeira, cobertos com lonas ou esteiras de palha de carnaba ou babau, para evitar que a rapadura mele. O depsito deve ter paredes grossas e janelas bem vedadas, laje e cobertura com telha de cermica e ficar prximo do local de produo.

Durante o processo de produo da rapadura so gerados alguns resduos que podem ser aproveitados pela prpria indstria ou podem ser fornecidos para outras empresas, como matrias primas para a produo de outros produtos. Estes so os principais resduos e suas possveis utilizaes:

a. Restos de matrias primas: pontas de cana podem ser usadas em silagem para alimentao animal;

b. Bagao: pode alimentar as caldeiras da indstria para gerao de energia;

c. Vinhaa ou vinhoto: pode-se extrair um composto que pode ser transformado em rao animal. Caso receba um tratamento biolgico, uma parte pode ser transformada em fertilizante natural rico em nitrognio e potssio, e a outra parte pode ser usada como complemento para a adubao do solo;d. guas residuais: podem ser tratadas e reaproveitadas na prpria indstria. Se for usada lagoa artificial, deve ser construda com manta protetora, para evitar a percolao, eroso e contaminao do lenol fretico.Os problemas mais comuns de qualidade da rapadura produzida no Nordeste so a presena de fragmentos de insetos, insetos inteiros (abelhas), fragmentos de penas e de peles de animais, presena de terra e de fragmentos de bagao de cana, nveis excessivos de coliformes totais e fecais e de fungos e leveduras, resultado da falta de higiene e de cuidados na fabricao do produto. importante frisar que um aspecto importante para a produo de uma rapadura de qualidade que a cana deve ser cortada quando estiver no pico de sua maturao, teor de sacarose e mnimo de acares simples (redutores), pois estes no cristalizam, prejudicando o rendimento, alm de afetar o sabor (qualidade sensorial) do produto. Assim, no se aproveita a ponta da cana, pois esta rica em acares simples (monossacardeos redutores) que causam problemas como: escurecimento excessivo da massa, dificuldade de ponto, mela durante a estocagem e perda de rendimento do processo. Alm disso, o excesso de palha na cana aumenta a sujeira no caldo, afetando a qualidade do produto e reduzindo o desempenho do engenho pelo aumento da quantidade de fibra.Portanto, os fatores que afetam o desempenho do processo e a qualidade do produto, em resumo, so: o estgio de maturao da cana, a limpeza da cana, a embebio, a qualidade da gua de lavagem da cana e de embebio, o rolo de presso e o de compresso, a regulagem das moendas e a filtrao do caldo.

Os principais agentes envolvidos na cadeia produtiva da rapadura so: os produtores, que conduzem as atividades produtivas, desde a preparao do solo at a obteno do produto final in natura para a comercializao; os intermedirios, que coletam o produto nas unidades produtivas e iniciam os caminhos a serem percorridos pelos produtos at o mercado consumidor; mercado dos produtores, que o centro receptor do produto a ser comercializado, onde predominam intermedirios secundrios concentradores; supermercados, que so os estabelecimentos que tornam as compras mais facilitadas ao consumidor e tm grande poder de barganha, por demandarem grandes quantidades de produtos; agentes governamentais, so os rgos do Poder Executivo municipal ou estadual (secretarias de educao) que possuem grande poder de deciso e de barganha e que adquirem o produto para distribuio nas unidades escolares para a merenda escolar.ENGENHOA grande maioria dos engenhos est localizada no semirido nordestino (serto e agreste) e consistiam em estruturas primitivas (moendas de madeira ou ferro) movidas pela fora de bois, as quais foram sendo substitudas, gradativamente, pela energia eltrica.

Inicialmente, os engenhos eram pequenos e rudimentares. Possuam apenas a moenda, a fbrica e as plantaes de cana de acar que, normalmente, dividiam o espao com outras culturas de subsistncia. As moendas eram de madeira, movidas a gua ou a trao animal (bois, burros ou cavalos). No sculo XIX surgiram as moendas de ferro, embora o tipo de trao continuasse o mesmo. Depois, os engenhos evoluram, passando a ser movidos a vapor, leo diesel e, finalmente, a eletricidade. No Nordeste brasileiro, os engenhos em atividade so, na sua maioria, antigos e com vrios anos de existncia. Estes engenhos, passados de gerao a gerao existem h mais de cem anos e conservam algumas caractersticas originais e marcantes, onde so caracterizados por um baixo nvel tecnolgico e condies sanitrias pouco significativas. (SBRT, 2014)A produo de rapadura sazonal, feita no perodo de estiagem, que corresponde aos meses de julho a dezembro no agreste e serto.Nas instalaes mais comuns nos pequenos engenhos so utilizados recipientes abertos com aquecimento com fogo direto (lenha) nos tachos, os quais variam de um engenho para outro: de um nico tacho, de trs tachos de quatro ou mais tachos, que se distribuem em srie. A instalao mais primitiva a que usa um nico tacho em todas as etapas do cozimento. Ao se aproximar o final da concentrao do caldo, o tacho retirado do fogo, o que dificulta o acerto do ponto. Nos pequenos engenhos, geralmente, no feita a correo da acidez do caldo, o que provoca o escurecimento do produto e a inverso demasiada da sacarose, repercutindo na qualidade do produto.De modo geral, no primeiro tacho feita a correo da acidez; no segundo, feita a limpeza do caldo (clarificao); no terceiro, obtm-se o xarope e no quarto tacho dado o ponto.Assim, produz-se rapadura em antigos engenhos com tecnologia bastante rudimentar, onde no h maiores evidncias de introduo de inovaes de processo produtivo nem de diversificao dos produtos. Estes engenhos continuam produzindo rapadura em tabletes de 400 g a 500 g e voltados, principalmente, para os mercados tradicionais, muito dominados pelos intermedirios. Alm disso, os produtores enfrentam dificuldades como a escassez de capital de giro, associada ao difcil acesso s linhas de crdito, infraestrutura precria, baixa eficincia dos equipamentos, mo de obra desqualificada, carncia de assistncia tcnica e gerencial, dentre outras. (LIMA & CAVALCANTI, 2001) Os engenhos tradicionais, alm de produzirem a rapadura, fabricam tambm o alfinin, o mel e a batida (rapadura temperada com canela e cravo).Em mdia, de uma tonelada de cana so extrados 500 litros de garapa que pode render de 70 a 100 kg de rapadura, ou de 100 a 150 rapaduras de 650 g cada.

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA PRODUO E PROCESSAMENTONos engenhos de porte mdio os equipamentos usados na produo de rapadura so os seguintes:1) Engenho ou moenda conforme dimenses do produtor;

2) Um motor eltrico trifsico;

3) Uma fornalha artesanal;

4) Um tanque de alvenaria azulejado com gua encanada;

5) Uma bomba para bombeamento da garapa (opcional);

6) Tachos de cobre ou ferro batido, conforme a regio, o nmero e o tamanho, dependendo do produtor;

7) Gamela grande de madeira (tamanho de acordo com o engenho);

8) Gamelas pequenas para bater a massa;

9) Formas de madeira (de acordo com o tamanho da rapadura a ser produzida);

10) Mesas grandes de madeira com tamanho adequado;11) Esptulas de madeira de vrios tamanhos;

12) Passadeira (cuia ou bacia com furos presa numa vara);

13) Peneiras;

14) Cuias ou bacias presas em varas para mexer o mel e a garapa;

Observao: as dimenses dos diversos utenslios dependem do tamanho do engenho e da quantidade de cana a ser trabalhada.CUSTOS DE PRODUOOs gastos totais relacionados ao processo produtivo so denominados custos de produo de um produto ou servio. Correspondem soma dos custos de transformao e de transio e envolvem os chamados custos diretos e os indiretos. Os custos diretos so aqueles dispendidos para produzir as unidades do produto final; so os custos com aquisio de insumos, mo de obra e matrias primas. Os custos indiretos so aqueles relacionados indiretamente com a produo do produto final; so os custos com a depreciao, a manuteno, o seguro, o aluguel do parque fabril etc. os custos totais so a soma dos custos diretos mais os custos indiretos.Os custos tambm podem ser classificados em custos fixos (no se alteram com a variao da quantidade de bens ou servios produzidos) e custos variveis (variam em relao direta com a variao das quantidades produzidas).De acordo com Martins (2003), custo todo gasto relativo ao bem ou servio utilizado na produo de outros bens ou servios.Os custos devem ser calculados para cada unidade produtiva, de acordo com a tecnologia adotada e os preos correntes no local em que ser implantada a fbrica. Para tanto, para cada projeto a implantar deve ser feito um estudo especifico, ajustando valores, investimentos e outros dados do mercado.O SEBRAE de Minas Gerais realizou uma pesquisa na regio de Lavras para identificar os custos de produo da rapadura de 650 g. Segundo a pesquisa, os preos mdios pagos aos produtores de Lavras (MG) foram R$ 1,00 para as rapaduras puras em 2004 e para a rapadura mista o preo mdio foi de R$ 1,50 no mercado local. Como, em mdia, uma tonelada de cana moda com uma extrao de 50% de garapa produz de 70 a 100 kg de rapadura, ou seja, de 100 a 150 rapaduras de 650 gramas, o faturamento obtido atravs desta venda variou entre R$ 100,00 e R$ 150,00, o que gerou um lucro bruto com a venda acima mencionada de R$ 42,00 a R$ 63,00 por tonelada de cana para a rapadura pura e de R$ 150,00 e R$ 225,00 para a rapadura mista, descontando-se os custos de produo e no se considerando os impostos que incidem sobre a venda do produto. O lucro bruto, neste caso, variou entre R$ 80,00 e R$ 120,00, no considerados os impostos incidentes.

COMERCIALIZAO DA RAPADURAA rapadura comercializada na prpria unidade de produo e em cidades prximas, atravs de intermedirios que a revendem para negociao em feiras e mercearias do interior e supermercados das grandes cidades. Parte da produo tambm comercializada em lojas de produtos naturais, restaurantes e, em alguns casos, com instituies governamentais.Trata-se de um mercado consumidor em declnio, formado por famlias de baixa renda que ainda mantm os hbitos de consumo, inclusive por ser a rapadura de preo acessvel e conter elevado teor energtico em termos alimentares. (LUNA, 1997)

Nas cidades nordestinas de maior porte, a rapadura comercializada, principalmente, nas feiras livres dos bairros da periferia, onde residem as famlias que migraram das regies rurais, em razo das conhecidas dificuldades de suporte econmico no semirido. (LIMA & CAVALCANTI, 2001) Os autores apontam como fatores novos a introduo da rapadura na merenda escolar de vrios municpios e sua aquisio pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para compor as cestas bsicas distribudas s famlias indigentes.Ainda conforme os autores citados, o quadro da comercializao da rapadura ainda bastante difcil para os produtores, ficando os mesmos sob o domnio do capital comercial em diferentes instncias. A atomizao da produo e a carncia de capital de giro, em geral, levam os produtores a comercializarem a rapadura nos prprios engenhos aos atravessadores que, geralmente, passam por l coletando o produto, sendo eles pequenos comerciantes ou caminhoneiros que levam a produo dos engenhos para comercializao nas pequenas e mdias cidades.Os produtores operam no mercado onde ocorre baixa concorrncia, devido pequena escala de produo (baixo investimento inicial) e perfil do consumidor regional, com baixa exigncia de qualidade. Como um produto artesanal e de pequena escala, utiliza tecnologias simplificadas e de baixo custo, constituindo fator de competitividade o domnio do conhecimento do ponto de cozimento e processamento do produto, que so essenciais na durabilidade da rapadura e na sua comercializao.Comercializada em barras ou tabletes de formas e pesos diversos, possui verses sofisticadas, temperadas com especiarias (cravo, gengibre e erva doce), coco, castanha de caju, amendoim, casca de laranja e pedaos de frutas.

A principal dificuldade da comercializao da rapadura est na falta de padronizao, sendo comercializada, sobretudo, no mercado informal por atravessadores, dificultando a estruturao e a organizao dos canais de comercializao direta ou com o setor varejista.Atualmente, a rapadura comercializada em formato de tijolos, normalmente pesando de 600 g a 1.200 g, ou em tabletes de 25 g a 50 g, embaladas em caixas de papelo, filmes plsticos e em papel de bala (bombom), que se constituem em uma opo moderna de consumo do produto. (SBRT, 2007)

Com relao ao mercado externo, os produtores brasileiros tero de introduzir mudanas no processo produtivo, principalmente para assegurar a qualidade e a padronizao do produto, a higiene das unidades produtivas e os cuidados na qualidade da matria prima, da gua utilizada e da embalagem, pois o mercado internacional altamente competitivo, muito exigente e depende, em grande parcela, de intermedirios exportadores. Outro ponto importante a qualificao da mo de obra, que um fator de melhoria da qualidade do produto e do sucesso do empreendimento.As perspectivas da comercializao para o mercados externo so favorveis e os preos so atrativos, tendo em conta que crescente a preferncia dos consumidores dos pases desenvolvidos pro produtos naturais.RECEITAS DE RAPADURA1) Sorvete de rapaduraIngredientes (receita para 10 pores):

- 6 ovos (gemas e claras separadas);- 1 litro de leite;

- 1 rapadura de 500 g;

2 latas de creme de leite;

1 clice de suco de limo (para cortar o doce excessivo da rapadura).

Modo de fazer:

- Raspar a rapadura e bater no liquidificador com meio litro de leite. O restante do leite deve ser aquecido em banho-maria;

- Adicione, lentamente, as gemas (mantenha o fogo brando) e faa o mingau;

- parte, bata as claras em neve; abra o creme de leite e misture, numa tigela grande, a rapadura batida, o creme de leite, o mingau da gema e o suco de limo;

- Acrescente a clara com auxlio de uma colher de pau e levar ao congelador. Quando estiver consistente, cortar com uma faca de sorvete e bater na batedeira eltrica. Em seguida, levar novamente ao congelador.

2) Caipirinha de rapadura

Ingredientes:- 1 dose de cachaa;

- 2 colheres de rapadura picada;

- Suco de meio limo tahiti.

Modo de preparo:

- Colocar todos os ingredientes em uma coqueteleira;

- Completar com gelo e bater;

- Guarnecer um copo tipo long drink com acar mascavo;

- Servir com uma casquinha de limo cortada em espiral.

3) Bolo de Rapadura com Cobertura de CastanhaIngredientes:Para a Massa:2 xcaras (ch) de rapadura em pedaos;

1 xcara (ch) de gua;

4 ovos (claras em neve);

xcara (ch) de acar;

200 gramas de manteiga;

1 lata de leite condensado;

2 xcaras (ch) de farinha de trigo;

1 colher (sopa) de fermento qumico em p;

1 colher (ch) de bicarbonato de sdio.

Para a Cobertura:1 lata de leite condensado;

100 gramas de castanha de caju picada.Modo de preparo: Para a massa, coloque a rapadura em uma panela com a gua. Cozinhe at que derreta e deixe esfriar. Na batedeira, bata as claras em neve com o acar e reserve. Em seguida, bata as gemas junto com a manteiga e o leite condensado at ficar um creme. Acrescente, intercalando, 1 xcara (ch) da rapadura lquida reservada e a farinha, j misturada com o fermento e o bicarbonato. Transfira para uma assadeira untada e enfarinhada. Leve ao forno moderado (180) por aproximadamente 1 hora ou at que esteja bem assado. Tire do forno, desenforme e sirva com a cobertura.

Para a cobertura, coloque o leite condensado em um bowl com 1 xcara (ch) do caldo de rapadura e misture bem. Regue o bolo e decore com as castanhas por cima.

4) Rapadura de leiteIngredientes:

1/2 xcara de leite;1 colher de sopa de margarina;250 g de leite em p integral;500 g de acar;Margarina para untar.

Modo de preparo:

Em uma panela, misture todos os ingredientes e leve ao fogo alto at dissolver o acar. Quando comear a ferver, diminua a chama e mexa por 10 minutos. Depois, desligue e mexa de vez em quando durante 10 minutos ou at engrossar um pouco. Espalhe a massa em uma assadeira untada e alise bem, para que fique uniforme. Deixe esfriar e corte no tamanho desejado.Dica: Para alisar, utilize uma colher de sopa untada com margarina no dorso. Bom apetite.5) Rapadura de amendoim com leite condensado

Ingredientes:

500g de amendoim com casca;2 xcaras de acar;1 lata de leite condensado.Modo de preparo:

1 Coloque em uma panela o amendoim e o acar, leve ao fogo at o acar ficar dourado (caramelar). Com a panela ainda no fogo, coloque o leite condensado e misture mexendo rapidamente.

2 Unte um refratrio com pouca margarina e distribua em pequenas pores de acordo com o tamanho que preferir as rapaduras. Espere esfriar e se delicie.

6) Bolachas de rapadura

Ingredientes:

1 colher (sopa) de fermento em p;3 colheres (sopa) de manteiga caseira;1 colher (sopa) de bicabornato;2 quilos de farinha de trigo;2 copos americanos de gua;1 copo americano de leite;1 rapadura;3 ovos.

Modo de preparo:

Divida a rapadura em quatro partes para derreter mais rpido. Depois da rapadura partida coloque a gua para ferver. Dentro de 15 minutos a rapadura estar derretida. Agora misture em outro recipiente os ingredientes. Primeiro o bicabornato, seguido do fermento, depois a manteiga, em seguida a rapadura derretida e mexa levemente. Agora coloque o leite. Misture, deixe esfriar por 10 minutos enquanto bate os ovos na clara em neve. Acrescente a clara em neve mistura, em seguida coloque a farinha. Misture e amasse bem a massa at soltar da vasilha. Unte o tabuleiro para enrolar. Leve ao forno por 20 minutos.

Dica: A massa no pode ser demorada para enrolar.

7) Bolo de rapaduraIngredientes:

2 xcaras (ch) de rapadura em pedaos;4 ovos;200 g de manteiga;1 lata de Leite Moa Tradicional;2 xcaras (ch) de farinha de trigo;

1 colher (sopa) de fermento qumico em p;1 colher (ch) de bicarbonato de sdio.Cobertura:

1 lata de Leite Moa Tradicional;

100 g de castanha-de-caju .Modo de Preparo:Leve os pedaos de rapadura ao fogo com uma xcara (ch) de gua e deixe ferver em fogo baixo por cerca de 15 minutos. Retire do fogo, coe e reserve o caldo. Bata as claras em neve e reserve. Bata a manteiga XManteiga

Com 80% de gordura em sua composio, a maioria saturada, a manteiga forte candidata vil da alimentao. Mas o alimento, um dos mais apreciados no mundo, quase indispensvel para a preparao de uma infinidade de receitas e, se consumido sem exagero, faz parte de uma alimentao equilibrada. E, sim, muito saborosa.

[Saiba mais]com o leite moa, as gemas e uma xcara (ch) do caldo de rapadura. Acrescente a farinha de trigoXTrigo

Informaes sobre o cultivo do trigo datam de 10000 a.C., quando o homem desenvolveu as primeiras tcnicas de agricultura. Da mesma poca so as tcnicas mais rudimentares para se extrair a farinha, essencial para o preparo o po, cuja criao creditada aos egpcios.

[Saiba mais], o fermento em p e o bicarbonato. Por ltimo, adicione as claras batidas em neve. Coloque em uma frma com furo central (28 cm de dimetro), untada e polvilhada com farinha de trigoXTrigo

Informaes sobre o cultivo do trigo datam de 10000 a.C., quando o homem desenvolveu as primeiras tcnicas de agricultura. Da mesma poca so as tcnicas mais rudimentares para se extrair a farinha, essencial para o preparo o po, cuja criao creditada aos egpcios.

[Saiba mais]. Leve para assar em forno mdio (180C), pr-aquecido, por cerca de 40 minutos. Retire do forno, espere amornar e desenforme.

Cobertura:

Misture o leite moa com o restante do caldo da rapadura e leve ao fogo baixo por cerca de 8 minutos, mexendo sempre. Retire e cubra o bolo. Decore com as castanhas-de-caju.

Dicas:

- A rapadura o caldo de cana concentrado pelo calor e tratado de maneira que se solidifica. Quando usada em bolos, deixa a massa mais macia.- A castanha-de-caju pode ser substituda por amendoim.- Se quiser, decore o bolo com castanhas-de-caju inteiras.

Congelamento:

Depois de desenformado, embale o bolo inteiro, sem a cobertura, em papel de alumnio e depois coloque dentro de um saco plstico. Feche, etiquete e congele em freezer ou duplex por at 3 meses. Para descongelar, deixe na geladeira, ainda embalado, por cerca de 6 horas ou 2 horas em temperatura ambiente. Retire da embalagem, coloque a cobertura e sirva.

Microondas: No indicamos o preparo desta receita em microondas, pois o seu resultado no satisfatrio.

CONSIDERAES FINAISNa regio da serra da Ibiapaba, do lado cearense, a rapadura fabricada mediante um processo que resulta em um produto de tamanho padro, variando em cor, consistncia e gosto, de acordo com a variedade de cana utilizada e com as condies de solo da propriedade.Basicamente, a rapadura produzida na regio se apresenta de duas formas: uma mais escura (marrom escura) e outra mais clara (marrom clara ou esverdeada), podendo, ainda, ser de consistncia dura ou mais mole (encerada). A cor clara obtida por meio da utilizao de um produto qumico conhecido por Alvim, que tem a aparncia do acar cristal. Acredita-se que os dois tipos destinam-se a atender s diversas preferncias dos consumidores pelo produto, uma vez que o consumidor da rapadura encerada no gosta do outro tipo e vice-versa.No Estado do Piau, a variedade de tipos e cores maior do que no Estado do Cear, a exemplo da rapadura produzida no extremo-sul do Piau (regio de Corrente), que se apresenta bem maior (pesando cerca de dois quilos) e de cor escura (quase preta). Outro diferencial que se observa que o tamanho padro de regies produtoras do Piau, como a regio da Puba (no Municpio de Barras) um pouco maior do que o padro cearense, e a preferncia do consumidor piauiense pela rapadura encerada.A cana para fabricao da rapadura deve apresentar a maturao ideal, que atingida num perodo de 12 a 18 meses aps o plantio, dependendo da variedade. Neste ponto, o caldo atinge um Brix mnimo de 18%. Deve ser cultivada em solos devidamente corrigidos quanto aos teores de nitrognio, fsforo e potssio.Cana verde, passada ou queimada no produzem a cristalizao necessria fabricao de rapadura ou resultam em produto escuro, sujeito mela e com menor rendimento. O corte da cana deve acontecer no mesmo dia em que vai ser processada, observando-se a capacidade de produo diria da unidade de processamento. O corte deve ser feito em bisel, para facilitar a entrada na moenda. A moagem da cana deve acontecer logo aps o corte ou no tempo mximo de 36 horas, aps o corte. As moendas devem ser lavadas antes e depois da moagem da cana.Alguns produtores esto buscando financiamento para implantao de engenhos mais modernos, contando, inclusive, com consultores na rea de tecnologia de alimentos e especialistas em tecnologia da produo de rapadura, o que dever, em mdio prazo, provocar mudanas mais pronunciadas no setor rapadureiro. Espera-se que, em futuro prximo, essas mudanas promovam a diversificao de produtos e embalagens, assim como a expanso do mercado interno e externo.De outra parte, em algumas regies produtoras, j ocorre o desenvolvimento do associativismo, o que se considera bastante positivo no sentido de melhoria nas condies de reduo de custos e maior poder de barganha dos produtores diante dos atravessadores (intermedirios comerciais), o que poder repercutir na capitalizao e na expanso da escala de produo das unidades produtoras.

Diante do contexto econmico da produo de rapadura, podem-se elencar algumas medidas que podero garantir maior rentabilidade do setor no Nordeste:

1) Utilizao de modernas tcnicas de irrigao dos canaviais;2) Treinamento e acompanhamento tcnico pelo sistema de assistncia tcnica e extenso rural por parte dos rgos governamentais;

3) Padronizao de tamanho, peso e qualidade dos produtos;

4) Diversificao do tamanho da rapadura, de acordo com a preferncia dos consumidores;

5) Uso de sistemas de embalagem que diminuam as perdas durante o transporte e o armazenamento;

6) Facilidade de acesso ao crdito para investimento e custeio da atividade;

7) Organizao dos produtores em sistemas associativos (cooperativas e associaes de produtores);

8) Divulgao das qualidades nutritivas na rapadura;

9) Maior conhecimento do mercado atual e das suas potencialidades por parte dos produtores;

10) Melhoria da gesto e da profissionalizao do empresariado rural do setor;11) Controle da produo, dos custos de produo e das receitas geradas pelas unidades produtivas.

Finalmente, ressalta-se que a elevada atomizao da produo, associada situao de informalidade, um aspecto que dificulta a expanso do setor, pois limita o acesso ao mercado institucional, que tem mais perspectivas de crescimento, limitando tambm a incluso de novos consumidores de maior poder aquisitivo no mercado.REFERNCIASCENTEC. INSTITUTO CENTRO DE ENSINO TECNOLGICO. Produtor de rapadura. 2. ed. rev. Fortaleza, 2004.EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECURIA. Disponvel em: . Acesso em: 15 janeiro 2014.LIMA, J. P. R.; & CAVALCANTI, C. M. L. Do engenho para o mundo? A produo de rapadura no Nordeste: caractersticas, perspectivas e indicao de polticas. Revista Econmica do Nordeste. Fortaleza-CE, v. 32, n.4, p. 950-974, out.-dez., 2001. Disponvel em: . Acesso em: 12 janeiro 2014.

LUNA, A. Estudo sobre a crise que atualmente atinge a agricultura canavieira no vale do Cariri Barbalha,1997.MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. So Paulo: Atlas, 2003.

OLIVEIRA, J. C. de; NASCIMENTO, R. J.; & BRITTO, W. S. F. Demonstrao dos custos da cadeia produtiva da rapadura: estudo realizado no Vale do So Francisco. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 12 janeiro 2014.

SBRT. SERVIO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TCNICAS. Dossi Tcnico: processamento da rapadura. Disponvel em: . Acesso em: 15 janeiro 2014.

Gamelas de Resfriamento

Rapadura

Armazenagem

Comercializao

Distribuio

Gamelas de Batimento

Enformagem

Desenformagem

Embalagem

Concentrao Final

Rapadura

Batida

Tempero

Rapadura com

Formas

- Coco

- Mamo

- Caju

- Outros

(Pr-Resfriamento)

Mamona

Soluo Mutamba

Calor

Colheita

Limpeza

Transporte

Extrao

Bagao

Borra

Calda de Cana

Suco Clarificado

Pr-Concentrao

Combustvel

Calor

Alimentos Animais

Clarificao

Bombeamento

Calda de cana

- Cal

- Mamona

- Soluo Mutamba

- Branquite

1 Caldeira (Tacho)

2 Caldeira

Calor

3 Caldeira

- Branquite

- 50 kg de Acar

(Opcional)

Calor

Calor

Figura 7: Etapas da Produo de Rapadura

4, 5, 6 Caldeira

Mamona

Soluo Mutamba

(Resfriamento)

Eng. Agr., Economista, MSc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Servidor do EMATER-PI.