ECONOMIA INTERNACIONAL - 17, 18 E 19 - DO PADRÃO OURO À ATUALIDADE

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DO PADRO OURO A BRETTON WOODS SMI => conjunto de regras e convenes que governam as relaes financeiras entre os pases. o Aspectos: Converso de uma moeda a outra: padres de ajuste das taxas de cmbio Padro monetrio adotado: definidos pela natureza do ativo de reserva (reservas em espcie / reservas fiducirias) o Objetivo: viabilizar a fluidez das relaes econmicas entre pases, proporcionando a maximizao dos ganhos com o comrcio e os benefcios derivados dos movimentos de capital o Eficincia: estabilidade e complementaridade FUNDAMENTOS DA MOEDA INTERNACIONAL Pr-requisito do comrcio internacional: uso de instrumento monetrio como meio de pagamento e como unidade de conta Concorrncia entre os pases para impor sua moeda como referncia nas trocas internacionais: o Moeda como bem coletivo => o pas que emite essa moeda obtm benefcios Motivo: a oferta de moeda envolve uma operao dupla. A fonte do ganho a diferena entre a taxa de juros ganha sobre o ativo e a taxa de juros paga sobre a obrigao. Quando a obrigao do pas emissor ganha aceitao crescente como moeda, os usurios abrem mo de taxas de juros mais elevadas em troca da posse dessa moeda. Alm disso, o emissor lucra com os rendimentos crescentes de escala (aumento da margem de juros) o Confiana => convencimento dos agentes econmicos de que a moeda estvel e tem valor previsvel Modo mais comum: Conversibilidade da moeda em outro ativo cuja emisso o pas no tenha controle. Credibilidade => garantia de que o compromisso de conversibilidade seja honrado Manter um preo determinado como referencial pressupe a subordinao da poltica monetria interna do pas s necessidades da conversibilidade A confiana permite ao pas emissor a possibilidade de apropriar-se de ganhos de escala.

PROBLEMA DA CONSISTNCIA Pressuposto: a soma de dficits e supervits dos balanos de pagamentos de todos os pases em um determinado perodo de tempo tem de ser igual a zero. o Com n pases, n-1 pases podem determinar suas posies em BP de forma independente. O n-simo pas deve aceitar passivamente o resultado do BP imposto pela ao dos demais pases. o O SMI deve compreender algum mecanismo que induza consistncia entre os objetivos dos n pases Meios de lidar com o problema: a) Enfoque do tipo n-1, em que o n-simo pas abre mo de definir metas externas (sistema de Bretton Woods) Por que um pas abriria mo de influenciar suas metas externas? O fato de sua moeda nacional ser usada como reserva de valor permite ao pas absorver ganhos (senhoriagem) derivados da no-necessidade de manter entre seus ativos outras moedas (que rendem retornos limitados) para financiar eventuais dficits futuros. Alm de conseguir captar recursos a baixo custo, uma vez que os n-1 pases aceitam seus ttulos. Esse sistema exige da economia hegemnica a esterilizao dos efeitos dos movimentos das reservas Limites: quando os demais pases procurar esterilizar esses efeitos, o sistema torna-se instvel; quando o pas emissor no controla seus custos em relao aos demais pases, comprometendo a evoluo de seu saldo em TC b) Mecanismo de ajuste automtico, como taxas de cmbio flexveis (anos 1970) c) Coordenao de polticas entre pases (a partir da 2 metade dos anos 1970)

O PADRO-OURO Trs caractersticas bsicas: o Conversibilidade das moedas nacionais em ouro o Liberdade para o movimento internacional de ouro o Conjunto de regras que vincule a quantidade de moeda em circulao ao estoque de ouro disponvel em determinado pas Na prtica, isso significa uma paridade fixa entre cada moeda e o preo do ouro e, portanto, entre as diversas moedas Eventuais desequilbrios em BP so solucionados por meio de transferncias internacionais de ouro, e o equilbrio obtido pelo impacto dos fluxos de ouro sobre o sistema econmico interno (mecanismo de ajustamento no padro-ouro) Dado que as autoridades monetrias estavam sujeitas s mesmas limitaes, ocorreu a harmonizao efetiva das polticas monetrias, sem necessidade de esforos de coordenao

ORIGENS DO PADRO-OURO 1819: Resumption Act => Lei que exigia que o Bank of England reassumisse sua prtica, interrompida quatro anos aps as Guerras Napolenicas, de trocar notas por ouro. 1900: Gold Standard Act => oficializa o padro-ouro nos EUA 1871: emisses monetrias baseadas em ouro na Alemanha, em razo das reparaes de guerra pagas pela Frana e da descoberta de minas de prata (reduo do preo desse metal) 1914: fim do padro-ouro FUNCIONAMENTO DO MODELO BSICO: A VERSO DE HUME Pressupostos: o Economia em concorrncia perfeita o Preos e salrios totalmente flexveis o Pleno emprego de fatores de produo o Demanda de moeda sendo total ou predominantemente para transao o Oferta de moeda em funo do estoque de ouro Uso da teoria quantitativa da moeda (MV=PY) Modelo: apenas dois bens ouro e o conjunto dos demais produtos o Aumento de M => aumento de P => dficit em BC => uso de ouro para pagar compromissos externos (reduo das reservas) => queda da oferta de moeda (M), at retornar a seu nvel original => reduo de P e de Y, at nvel mais baixo que o original => supervit em BC => entrada de ouro => expanso de M => aumento de P => equilbrio Como, por hiptese, M e V so constantes, mesmo com a atividade econmica tendo recuperado seu patamar original, o nvel de preos permanece relativamente baixo => isso d ao pas um adicional de competitividade temporrio, levando a um supervit. o Ver grfico (oferta e demanda de divisas) da taxa de cmbio no padro-ouro (pg. 370): intervalo entre as taxas Pe e Ps. Vantagens do padro-ouro: o Tendncia estabilizao de preos nos diversos pases o Manuteno de taxas de cmbio razoavelmente constantes o Liquidez internacional o Possibilidade de equilbrio sem interveno estatal significativa Controvrsias: o Critrios efetivos para emisso de moeda (nem sempre a relao era fixa) o Papel do sistema bancrio na expanso de M o Existncia de rigidez reduo dos salrios o Atuao dos bancos centrais o Efeitos diferenciados entre os pases industrializados (estabilidade ok) e os demais (variaes e depreciao cambial)

o Existncia de movimentos de capital, que ajudaram a neutralizar os efeitos dos supervits comerciais dos pases industrializados o Evidncia de que mesmo no perodo do padro-ouro as flutuaes de preos foram considerveis o Efeitos sobre os preos relativos das variaes na produo internacional de ouro o Distribuio desigual de ouro entre os pases o Papel da Inglaterra: emprestou volumes considerveis de recursos a pases deficitrios A TENTATIVA DE RETORNO AO PADRO-OURO NOS ANOS 20 Os agentes econmicos esperavam que, com o fim da guerra, as taxas de cmbio voltariam ao seu nvel de antes da guerra. Essa perspectiva no considerava, no entanto, as modificaes ocorridas durante o conflito no mbito poltico, fsico e financeiro. Entre 1919 e 1923, as paridades entre as principais moedas oscilaram pronunciadamente. Alm de que as presses inflacionrias nesse perodo terem levado relativa escassez de ouro. Para superar a escassez, o Comit Financeiro da Conferncia de Genebra, de 1922, recomendou a adoo mundial do padro-ouro. Cerca de 50 pases retornaram a esse padro 1925: retorno da Inglaterra ao padro-ouro 1931: Inglaterra sai do padro-ouro, em razo do aumento de seu desequilbrio externo, com conseqentes efeitos sobre a liquidez e a atividade internos 1933: sada dos EUA

O SISTEMA DE BRETTON WOODS 1944: Conferncia de Bretton Woods 45 pases no-comunistas o Iniciativas para lidar com desequilbrios externos o Definio de aparato institucional o Tentativa de criao da OIC Grande supervit dos EUA => papel dos recursos do Plano Marshall e crditos comerciais do Eximbank (reservas do resto do mundo eram insuficientes) Aumento da preocupao dos pases em adotar medidas que evitassem a reduo do nvel de reservas Evoluo de mecanismos bilaterais de pagamentos para um sistema multilateral (moeda de um terceiro pas para saldar transaes) ETAPA BILATERAL: 1945-1949 Convivncia de duas reas monetrias rea do dlar e da libra esterlina Distintos pases aceitavam diferentes formas de pagamento

Tentativa de superao, pelos pases europeus, do carter bilateral dos acordos monetrios: o Nov. 1947: Acordo para Compensaes Monetrias Multilaterais => anos seguintes: Acordos para Pagamentos Intra-Europeus (OCEE) o 1950: Unio Europia de Pagamentos (saldos pagos com base na posio lquida de cada pas ao final de cada perodo) => 1 sistema multilateral CONVERTIBILIDADE E AJUSTE: 1958-1971 Dez. 1958: sistema europeu (13 pases) => compra e venda de moedas por operaes de mercado o Moedas tornam-se conversveis entre si o Conversibilidade do dlar em ouro, taxa de US$35 por ona de ouro Manuteno das reservas de divisas na forma dos ativos aos quais o pas pretendia converter sua moeda nacional Transaes passam a ocorrer no apenas via mercado, mas tambm entre bancos centrais e com o FMI Posio deficitria dos EUA => pases superavitrios convertiam seus dlares em ouro, provocando preocupao crescente quanto s reservas de ouro do Tesouro dos EUA Mar. 1961: GAB (EUA + 9 pases) => compromisso de aportar recursos ao FMI quando um desses pases demandasse emprstimos em grande escala Regras da poltica cambial: manuteno da paridade acordada dentro de faixa de + 1% o Enfoque do FMI: Desequilbrios temporrios: financiamento com reservas do pas Deseq. Persistentes: polticas fiscais e monetrias restritivas Deseq. Fundamental: desvalorizao cambial Dc. 1960: desconfiana em relao ao dlar o Dficits em BP nos EUA o Financiamento via emisso da Guerra do Vietn, do Programa Espacial e da Guerra Fria => presso inflacionria que refora tendncia ao desequilbrio externo o Oferta de ouro no aumentou proporcionalmente demanda Ago. 1971: suspenso da convertibilidade do dlar em relao ao ouro o Ademais, as cotaes deixaram de ser feitas exclusivamente em torno da paridade em relao moeda dos EUA

A INSTITUCIONALIDADE CRIADA EM BRETTON WOODSFMI FMI e BIRD iniciaram suas atividades em 1947 2 funes no acordo inicial: prover cdigo de conduta e zelar pelo seu cumprimento Um pas com problemas em BP poderia impor controle sobre capitais. No permitido, contudo, impor restries sobre os fluxos de comrcio, a menos que o Comit Executivo autorize Base nas experincias do perodo entreguerras Foco na estabilidade cambial e na proviso de liquidez o Estabilidade: margem de variao cambial de 1% Variaes entre 1% e 10% deveriam ser comunicadas ao FMI, que no poderia objetar Variaes superiores a 10% tinham de ser autorizadas pelo FMI o Liquidez: Cada pas tem uma cota, que serve como referencial para os emprstimos (automtico: 25% da cota; a partir desse valor, h condicionalidades) At 1969 (criao dos DES), as operaes do FMI eram feitas apenas em ouro e nas moedas nacionais dos pases-membros BIRD Concebido para ajudar na reconstruo das economias europias, mas acabou aproximando-se do tema do desenvolvimento econmico, atuando, sobretudo, com pases subdesenvolvidos At os anos 1960, suas atividades eram centradas em emprstimos para infra-estrutura e setor pblico. Depois diversifica os projetos financiados e tambm passa a emprestar diretamente ao setor privado (IFC) Levanta recursos no mercado financeiros, a taxas preferenciais, e os passa aos pases com margem de custo para cobrir as operaes. GATT Criado em 1947 Tentativa frustrada de criar OIC (Congresso dos EUA no ratificou => risco de perda de autonomia) 1994: Acordo de Marrakesh => OMC

RELAES INSTITUCIONAIS GATT e FMI tem relaes estatutrias definidas o Art. II, GATT: reconhece que a manipulao das taxas de cmbio e os controles cambiais podem ser usados como formas de proteger os mercados nacionais contra importaes o Art. XV, GATT: detalha em quais reas as partes contratantes devem estabelecer relaes com o FMI, provendo informaes sobre restries cambiais inconsistentes com o GATT e sobre acordos cambiais com pases no-membros FMI e BIRD tem seus papis enleados com o passar do tempo

PROBLEMAS NO SISTEMA DE BRETTON WOODSA FALTA DE MECANISMOS DE AJUSTE ADEQUADOS O sistema permitia o recurso a uma desvalorizao cambial na hiptese de desequilbrio fundamental nunca definido claramente A economia de referncia os EUA era relativamente fechada O ideal era que os desequilbrios fossem corrigidos pela desvalorizao do dlar. No entanto, pequenas desvalorizaes no resolveriam e desvalorizaes expressivas encontravam resistncia por parte dos pases que detinham a maior parte de suas reservas em dlar. Componente poltico: pases relutavam em desvalorizar (sinal de fragilidade) ou valorizar suas moedas (perda de competitividade). Essa resistncia comprometeu a flexibilidade do sistema para lidar com desequilbrios externos, ao mesmo tempo em que originou um enorme fluxo de capitais que encontrou fonte importante de remunerao nos movimentos especulativos. PROBLEMAS COM A LIQUIDEZ INTERNACIONAL: O DILEMA DE TRIFFIN Argumento: padro-ouro era intrinsecamente instvel. A expanso do comrcio internacional s poderia ser mantida com uma expanso paralela da liquidez internacional Problema: ao mesmo tempo em que a conversibilidade do dlar em ouro leva a um aumento da demanda por dlares permitir a liquidez , os dficits dos EUA levam a uma eroso na confiana em sua moeda. Proposta: cmbio flexvel, elevao do preo do ouro (desvalorizao do dlar) ou criar um BC universal e moeda nica. Problema do diagnstico de Triffin: supor que a convertibilidade dlar-ouro seria mantida inalterada. Assim, a soluo definitiva s poderia ocorrer depois que fosse sanado o dficit americano.

Medidas propostas: induzir os pases a manter suas reservas em dlar, sem converte-las em ouro; tentar reduzir o dficit americano; criar formas alternativas de liquidez mundial, evitando ao mesmo tempo crises de confiana 1967: Reunio do FMI, RJ => criao do DES (idia de FMI como banco de depsito dos bancos centrais, ampliando a liquidez por meio do multiplicador monetrio) CRIAO DOS DIREITOS ESPECIAIS DE SAQUE: DES Poltica: EUA queriam evitar variaes bruscas na paridade dlar-ouro; outros pases, sobretudo os europeus, queriam evitar as facilidades dos EUA em manter dficits 1961-1968: Grupo do Ouro (7 pases industrializados, liderados pelos EUA) => vender o ouro de suas reservas no mercado de Londres para evitar que o preo do metal subisse. 1968: estabelecimento de mercado duplo para evitar o esgotamento das reservas de ouro dos EUA: o Paridade de US$ 35 por ona nas transaes entre bancos centrais o Cotao pelo mercado nas demais transaes 1967: DES => para elevar o estoque de reservas internacionais o Incio: valor definido em termos de ouro, com cotao igual ao dlar o Vantagens: no so vulnerveis a variaes de estoque; moeda de curso internacional, com valor determinado pelo uso como meio de pgto e reserva de valor 1971: novo impulso discusso relativa aos DES o Mtodo para fixar o valor => adoo do mtodo de uma cesta bsica (define as paridades para um conjunto de moedas, com pesos variados) 1974: cesta de 16 moedas (com predominncia do dlar) 1981: dlar, marco alemo, franco francs, iene, libra esterlina o Critrios para alocao => A proposta era transferir recursos aos pases em desenvolvimento, alm de ser ativo monetrio dos bancos centrais, mas isso no aconteceu O volume do DES controlado pelo FMI e no pode ser ampliado, a menos que 80% dos membros decidam nesse sentido A QUESTO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS Relao direta da acelerao do processo inflacionrio nos pases industrializados, a desconfiana crescente em relao ao dlar e o aumento do nvel das reservas internacionais A persistncia dos dficits comerciais1 dos EUA permitiu o aumento das reservas => esse aumento de reservas contribui para estimular o processo inflacionrio (diretamente,1

1945-1949: supervits dos EUA 1950-1957: Com a recuperao europia, os EUA passaram a ter dficits (+ US$ 1 bi anuais) A partir de 1958: IEDs na Europa e esforo blico (anos 1960) financiado por emisses levaram a grandes dficits dos EUA (+ US$ 3 bi anuais)

pelo aumento da oferta monetria; indiretamente, pelo impacto nos preos de bens primrios) O aumento de reservas tornou sem sentido a preocupao de criar liquidez internacional

O FIM DE BRETTON WOODS Ago. 1971: pacote de medidas de Nixon => suspenso da conversibilidade dlar-ouro; sobretaxas s importaes; incentivos fiscais aquisio de bens de capital produzidos internamente Negociaes nos anos seguintes: o Dez. 1971: Acordo de Smithsonian (G-10, pases industrializados mais ricos do mundo) Primeira vez que se buscou promover ajustes cambiais em bases multilaterais e reconciliar objetivos de BP de diversos pases EUA comprometem-se a eliminar sobretaxas s importaes, em troca de redefinio das paridades das nove moedas em relao ao dlar (o que significava uma desvalorizao do dlar) A margem permitida para flutuaes passou a ser de 2,25% Cotao do dlar foi elevada a US$ 38/ona o Serpente Europia => a nova faixa de variao constitui um problema para os europeus, pois permitiria amplitude de 4,5% de suas cotaes (considerar o grande componente de comrcio entre eles e o intento de consolidar uma unio econmica) Pases continuariam adeptos do Acordo Smithsonian, mas a faixa de variao entre moedas europias foi limitada em 2,25% (ocorreria compra da moeda menos valorizada pela mais valorizada instituiu-se mecanismo de ajuste mensal na CEE) o Rumo ao cmbio flutuante: Jun. 1972: libra esterlina se desliga da serpente europia e passa a flutuar. Inglaterra passa a impor controles sobre movimentos de capital Exemplo ingls seguido por outros pases Fev. 1973: Japo fecha seu mercado de divisas. Ocorrem novas negociaes e mais moedas passam a flutuar Mar. 1973: nova suspenso do mercado de divisas => moedas da CEE adotam flutuao conjunta; Canad, Japo e Sua adotam taxas flexveis o 1972: Comit dos 20 (20 pases ou grupo de pases que escolhem os diretores executivos do FMI) Jun. 1974: Relatrio Outline of Reform Dificuldades da poca esvaziaram os planos originais de desenhar novo SMI, ensejando apenas acordos parciais

o Nov. 1975: Encontro em Rambouillet, Frana => acordam incluir a existncia do regime de cmbio flutuante nos artigos do FMI o Jan. 1976: Conferncia em Kingston, Jamaica => legitima a prtica de taxas flutuantes, abole o preo oficial do ouro; aumenta a importncia dos DES como reserva internacional.

EVOLUO RECENTE DO SMIO ATUAL REGIME INTERNACIONAL DE TAXAS DE CMBIO Possibilidade de que os pases adotem qualquer tipo de poltica cambial H uma multiplicidade de regimes cambiais, tanto no que se refere moeda usada como referencia, quanto em termos dos critrios de ajuste. A inexistncia de padres comuns que determinem as paridades das principais moedas frequentemente vista como um fator de instabilidade. H vrias propostas que visam introduzir um grau maior de convergncia no sistema, aumentando sua estabilidade. VOLATILIDADE E ACESSO AO CAPITAL (TAXA TOBIN) Pressuposto: Grande parte das oscilaes entre as taxas de cmbio tem sido causada pelos movimentos de capital de curto prazo Em um cenrio globalizado, os graus de liberdade das autoridades monetrias nacionais para adotar polticas independentes so limitados => uma elevao da taxa de juros interna pode provocar entrada macia de recursos e ensejar uma apreciao cambial; e vice versa. Proposta: taxao de todas as transaes com divisas, o que reduziria o estmulo para os especuladores movimentarem recursos de um pas para outro em funo de pequenos movimentos das taxas de juros. Crticas: o Para ser efetiva, essa taxa teria de incidir sobre todas as transaes em divisas e no apenas sobre movimentos de capital de curto prazo (o que poderia comprometer o dinamismo comercial). Como algumas transaes de curto prazo so estabilizadoras, com uma taxao esse benefcio poderia ser perdido. o discutvel se a autonomia da autoridade nacional um elemento negativo, j que o prprio risco de variaes no planejadas na taxa de cambio impe disciplina macroeconmica formulao das polticas nacionais. META MONETRIA GLOBAL: A PROPOSTA MCKINNON Pressuposto: o fator de instabilidade do SMI a facilidade com a qual ocorrem as transaes no mercado de divisas. Em um cenrio globalizado, com pouca possibilidade de controle centralizado, alguns agentes o como empresas transnacionais e investidores institucionais procuram manter suas carteiras com o mnimo de risco e o mximo de retorno. Isso significa que a composio dessas carteiras pode ser bastante flexvel, com impactos significativos sobre as cotaes das diversas moedas nacionais.

Proposta: componente compensatrio => ao ocorrer uma queda na demanda pela moeda A e um aumento simultneo da demanda pela moeda B, se buscasse equilibrar o mercado por meio de acordo cooperativo que usasse moeda B para comprar moeda A. Crticas: o O efeito de substituio relevante no ocorre entre moedas, mas entre ttulos emitidos por pases distintos. o No clara qual deveria ser a taxa de paridade usada como referencial na hiptese de um mecanismo como o proposto ser adotado. PROPOSTA DE REA-OBJETIVO PARA AS TAXAS DE CMBIO Pressuposto: necessidade de se aperfeioar o prprio manejo da poltica cambial. As paridades das principais moedas deveriam flutuar de forma limitada a uma faixa de variao, definida a partir de um conjunto de indicadores bsicos e no apenas com base em diferenciais de preos. Proposta: Taxa de Cmbio Efetiva de Equilbrio Fundamental. Poderia ser periodicamente ajustada para considerar modificaes estruturais de cada economia. Seria permitido taxa nominal de cmbio oscilar livremente dentro de uma faixa prxima ao valor referencial. Crtica: a explicitao de uma rea para a variao das taxas de cmbio faz com que se obtenha de fato uma taxa fixa, com risco de ataques especulativos.

NOVAS TENTATIVAS DE COORDENAO 1979: 2 crise do petrleo => os pases industrializados buscaram minorar o impacto inflacionrio e adotaram polticas ativas de juros com forte impacto recessivo generalizado. No entanto, a falta de sincronia entre as polticas sobretudo entre os EUA e os europeus e japons levou a que, j em 1977, se observasse significativa apreciao do dlar em relao s moedas dos principais parceiros comerciais norte-americanos. o Isso provocou crescente dficit nas contas correntes dos EUA, durante a primeira metade dos anos 1980. Ao mesmo tempo, o diferencial de taxas de juros atraia capital ao mercado norte-americano. Entre 1981 e 1985, houve forte apreciao do dlar, refletindo a poltica fiscal expansionista do pas. Set. 1985: Acordo Plaza => os 5 pases mais ricos do mundo decidiram que seriam feitas aquisies no mercado de marcos alemes e ienes, como forma de compensar a excessiva valorizao do dlar. Fev. 1987: Acordo do Louvre => a desvalorizao do dlar com o Acordo Plaza foi expressiva. Decidiu-se ento que a paridade do dlar havia atingido um nvel compatvel com os fundamentos econmicos, comprometendo-se a manter as taxas de cmbio no nvel observado.

As cotaes permaneceram estveis por diversos meses, at que uma sucesso de eventos levou a variaes expressivas dessas cotaes: o Reunificao alem de 1990 o Crise das bolsas de valores de out. 1987 o Crise do mercado financeiro japons o Crise de instituies de poupana e emprstimos nos EUA o ... A partir de 1988, o Grupo dos Sete pases mais ricos do mundo passou a desenvolver esforos de coordenao macroeconmica, sob a forma de reunies de cpula peridicas.

A PERCEPO DOS PASES EM DESENVOLVIMENTO As discusses sobre a reforma do SMI estiveram por muito tempo concentradas no mbito do Comit de 20 pases. Isso motivou os pases em desenvolvimento a manifestarem seu desejo de participar de maneira mais ativa desse processo. Nov. 1971: reunio ministerial do G-77 => iniciou o processo de consulta que resultou na formao, em 1972, do Grupo dos 24, destinado a focalizar aspectos substantivos da reforma monetria. O Grupo dos 24 marcou posio dos pases em desenvolvimento no apenas nos debates sobre a reforma monetria internacional, mas tambm no desenho de facilidades a serem oferecidas no mbito do FMI e do BIRD, assim como na analise do prprio funcionamento dessas instituies. Uma grande preocupao em relao s instituies multilaterais tem sido estabelecer de forma inequvoca o papel a ser desempenhado por cada uma delas, evitando as condicionalidades cruzadas que caracterizaram os programas de ajuste nos anos 1980.

A EXPANSO E A INTEGRAO DOS MERCADOS FINANCEIROS INTERNACIONAIS Nas ltimas dcadas, tm ocorrido vrias modificaes nas estruturas financeiras internacionais: o Mercados financeiros tm se tornado mais internacionalizados e integrados o Aumento expressivo do tamanho desses mercados na maior parte dos pases o Tendncia ao desaparecimento de barreiras entre atividades bancrias e outras atividades de intermediao. o Crescente institucionalizao da poupana (graas expanso dos fundos de penso) o O volume e a velocidade de circulao do fluxo de recursos entre pases aumentaram consideravelmente, superando os valores gerados pela atividade comercial.

Esse fenmeno chamado de globalizao financeira => origina-se na dcada de 1970, com o relaxamento dos controles sobre o movimento de capitais por parte dos principais pases industrializados. Em 1974, com a desvalorizao do dlar, o processo de liberalizao do mercado financeiro foi intensificado. Outros grandes pases abriram seus mercados nacionais aos capitais externos. O resultado da liberalizao foi a expanso da atividade do setor financeiro, com expressivo aumento da liquidez e do nvel de concorrncia entre instituies. As inovaes surgidas, embora tenham possibilitado maior eficincia, expuseram a incapacidade e a inadequao do sistema regulatrio existente para lidar com esse novo cenrio. Na segunda metade dos anos 1980, ocorre estmulo adicional ao movimento de liberalizao => Projeto Europa-92, de intensificao da unidade econmica. A liberalizao dos movimentos de capital passou a ser um objetivo de poltica em diversos pases => como consequncia, o tema da regulao do sistema financeiro tornou-se objeto de negociaes internacionais. A interao entre os sistemas financeiros nacionais e internacionais d questo da credibilidade uma importncia elevada na determinao do acesso ao crdito e do custo do crdito obtido. A preocupao com o crescente risco de vulnerabilidade do sistema bancrio e os possveis impactos sobre as economias nacionais levaram os 10 pases mais ricos a definir a distribuio de responsabilidades na superviso dos bancos internacionais entre pases de origem e receptores, em 1975. Em 1988, firmou-se o Acordo de Basileia, que estabelece as condies bsicas a serem adotadas pelos sistemas bancrios dos pases signatrios, de modo a assegurar a solvncia do sistema. O principal argumento a favor de polticas de abertura financeira o de que essa abertura contribui para aumentar a eficincia na alocao internacional de recursos: por meio de mecanismos de arbitragem o capital fluir entre pases em resposta expectativas de taxas de retorno. Isso deve contribuir para reduzir os diferenciais de remunerao de capital e para aumentar a convergncia do mercado de divisas, o que diminui a necessidade de manuteno de estoques elevados de reservas internacionais.

O PERODO RECENTE Desde o fim do sistema de Bretton Woods, o SMI tem se caracterizado pela inexistncia de fixao prvia de valores a serem honrados e pela eliminao de diversos controles o Chamado de no-sistema por K. Pilbeam H duas perspectivas sobre como as taxas de cmbio devem ser estabilizadas: o Por meio de polticas macroeconmicas sobretudo polticas monetrias ativas o Por meio de compromissos para assegurar essa estabilizao

A poltica monetria o instrumento mais potente para se conseguir a estabilidade cambial, j que, por exemplo, polticas fiscais so inflexveis, associadas a objetivos de mdio prazo e tm uma relao pouco clara com a poltica cambial. Desde os anos 1970, nota-se que as flutuaes nas taxas de cmbio tm sido mais pronunciadas. No entanto, no se observa maior instabilidade na atividade produtiva. o Na dcada de 1980 houve maior estabilidade na atividade econmica em relao de 1970, embora associada instabilidade dos mercados financeiros e de divisas, e a uma taxa mais alta de desemprego.

A DISCUSSO SOBRE A NOVA ARQUITETURA FINANCEIRA INTERNACIONAL Cenrio financeiro internacional: o Adoo de regulamentaes mais liberais por parte de diversos pases em relao aos movimentos de capitais o Flutuao sem precedentes nas paridades entre as principais moedas o Surgimento de um provvel sistema internacional com base em duas moedas fortes (dlar, euro, Yuan...) o Papel preponderante dos capitais privados no financiamento do BP o Inexistncia de um emprestador de ltima instncia com recursos suficientes para fazer face a uma eventual crise de confiana o Experincias recentes de transmisso de crises de liquidez Desafio de lidar com as questes de volatilidade dos fluxos de recursos externos e de contgio de crises externas Crises recentes: o 1992-93: Sistema Monetrio Europeu o 1994-95: Crise Tequila => Mxico e Argentina o 1997: pases da sia o 1998: Rssia o 1999: Brasil e outros pases da AL Caractersticas bsicas dessas crises: o Ciclos de auge e retrao pronunciada nos mercados financeiros o Esse comportamento por parte dos investidores racional o As economias mais vulnerveis so geralmente aquelas menos desenvolvidas e com maior desequilbrio em relao aos fundamentos macroeconmicos no momento de crise o Dado o elevado grau de integrao entre os mercados, mesmo aqueles com elevada liquidez no esto imunes a crises iniciadas em outras praas. o Em fases de bonana, h uma tendncia a subestimar os riscos de investir ou de conceder crditos a economias cujos indicadores objetivos no so favorveis o Os mercados tm demonstrado baixa capacidade de distinguir adequadamente entre prestamistas potencialmente bons e maus, afetando a todos.

Aes tpicas adotadas nos ltimos anos para lidar com essa situao: o Aprovao de novas linhas de crdito e ampliao dos recursos do FMI o Reconhecimento da necessidade de estmulos para que pases em desenvolvimento adaptem seu perfil de dvida o Esforos para estabelecer padres para regulao e superviso dos sistemas financeiros o Ajustes na Iniciativa para Pases Pobres Altamente Endividados o Bancos de desenvolvimento regional viabilizando o acesso a crdito em condies mais favorecidas. Existe razovel consenso quanto a: o Reconhecimento de que a crise financeira internacional requer a manuteno de polticas macroeconmicas expansionistas no mundo industrializado o Necessidade de prover financiamento de contingencia a pases em dificuldades o Necessidade de aperfeioar o marco institucional no qual operam os mercados financeiros, com adoo de padres mnimos comuns sobre regulao e superviso prudencial e contabilidade financeira, cdigos de conduta sobre polticas fiscais, monetrias e financeiras o Necessidade de adotar dispositivos para a suspenso de pagamentos com anuncia internacional Desejo dos pases em desenvolvimento de preservar uma condio diferenciada no acesso a recursos em situaes de choques externos adversos

BRASIL E O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONALA relao da economia brasileira com o sistema monetrio internacional tem duplo carter: Cclica, com aproximaes alternadas por posies de relativa autonomia Envolvimento permanente com a institucionalidade vigente a cada perodo BRASIL NO PADRO-OURO Adoo do padro-ouro: set. 1846. Esse sistema supostamente levaria a ajustes automticos no BP. No entanto, para que isso ocorra, um dos requisitos bsicos a inexistncia de rigidez na oferta e demanda de produtos. O Brasil apresentava elevado coeficiente de importaes, com baixa elasticidade-preo e capacidade limitada de substituio por produo interna. Ademais, as exportaes brasileiras se caracterizavam pela baixa elasticidade-renda e frequente oscilao de preos no mercado internacional => a rigidez de oferta interna e a recorrncia de choques externos levavam a frequentes expanses monetrias, como forma de viabilizar o financiamento dos gastos pblicos. Como resultado, o Brasil recorreu varias vezes a um padro papel no conversvel, frequentemente acompanhado de dficits fiscais e inflao. Uma das caractersticas da poltica monetria na segunda metade do sculo XIX foi seu carter anticclico: em perodos de crise econmica, as autoridades monetrias reduziam o encaixe obrigatrio, pilar do padro-ouro, gerando liquidez. 2 adoo do padro-ouro: 1888; na mesma paridade de 1846 => 27 pence/mil-ris 3 adoo: Caixa de Converso, 1906-14. 4: Caixa de Estabilizao, 1926-30 (reforma monetria de Washington Lus) Anlise: aspecto recessivo derivado da contrao monetria imposta pelo padro-ouro; o padro-ouro, se, por um lado, estabilizava os pases ricos; por outro, desestabilizava as economias menos avanadas. o Nos perodos de aumento do ciclo de investimento internacional e recuperao dos termos de troca do pas, a entrada de recursos induzia a uma valorizao cambial, ao mesmo tempo em que expandia o credito interno, estimulando as importaes => equilbrio externo tendia a se deteriorar. o Quando ocorria escassez de crdito externo e queda nas relaes de troca, a contrao monetria resultante tinha efeitos desastrosos sobre a atividade interna.

BRASIL NO SISTEMA DE BRETTON WOODS Ao final da II GM, o Brasil tinha um estoque considervel de reservas internacionais, mas parte dessas reservas era constituda de moedas bloqueadas, o que dificultava sua utilizao (uma alternativa foi a liquidao de saldos via nacionalizao de investimentos britnicos , sobretudo em servios pblicos). 1945-1951: Brasil teve supervits comerciais, mas o saldo era obtido com pases de moedas no conversveis. Ao mesmo tempo, o pas era deficitrio com a rea de moedas conversveis. 1939-53: Brasil manteve a taxa oficial de paridade, declarada ao FMI em 1948 (apesar da inflao elevada e da duplicao do produto no perodo). Esse contexto levou a uma dupla tendncia: o Controle cambial => sistema de leiles de cmbio (lei 1807; instruo 70 da SUMOC) e imposio crescente de barreiras comerciais. o Crescente dependncia da conta de capital para equilibrar o BP. 1955-61: economia brasileira apresenta dois novos elementos, de importncia crescente: o Aumento da participao direta do Estado no processo produtivo o Entrada de capital estrangeiro, estimulado sobretudo pela instruo 113 da SUMOC, de 1955, e pela lei de Tarifas, de 1957. 1957: reduo das categorias de importao => 2 1959: transferncia ao mercado livre de diversos produtos de exportao 1961: taxa de cmbio foi desvalorizada em 100% e teve inicio a convergncia a um sistema de taxa nica, com a reduo gradual dos subsdios s importaes essenciais. 1964-68: 3 desvalorizaes cambiais, mas estima-se que, mesmo assim, houve significativa valorizao da moeda brasileira. Ago 1968: regime de minidesvalorizaes cambiais => permite reduzir o diferencial entre as taxas de inflao externa e interna e traz maior estabilidade ao mercado de cmbio. O perodo de Bretton Woods foi uma etapa de crescente internacionalizao da economia brasileira. Notar que esse processo estava mais concentrado nos movimentos de capitais do que no intercmbio comercial. RELAES DO BRASIL COM AS INSTITUIES MULTILATERAIS Brasil um dos signatrios do Acordo de Bretton Woods, de 1944. Essas instituies desempenharam importante papel no financiamento da construo da infraestrutura produtiva brasileira. Os recursos do BIRD tornaram possvel uma serie de reformas na estrutura da administrao pblica e na rea de comrcio exterior Ensejaram esforo de monitoramento e controle de gastos pblicos, o que acabou levando criao da Secretaria do Tesouro

FMI 1 registro de interveno tcnica do FMI: pedido de aval do governo brasileiro, em 1954, para obteno de emprstimo junto ao Eximbank. 1955: desconforto do FMI frente poltica de taxas mltiplas de cmbio => relatrio 1957: FMI apoiou formalmente a adoo da Lei de Tarifas, que vigorou praticamente inalterada at 1987. 1958: 1 operao direta de emprstimo do FMI ao Brasil, para fazer frente a dificuldades no BP. No entanto, o conjunto de medidas de poltica econmica recomendadas no foi implementado, e as negociaes foram suspensas em meados de 1959 (impacto poltico sobre JK). o A falta de aval tcnico das agencias internacionais poltica econmica contribui para dificultar o acesso a recurso internacionais, e o pas passou a depender de modo crescente das linhas de financiamento de curto prazo a custos elevados, deteriorando substancialmente o perfil da dvida externa. 1961: retomada das relaes com o FMI, com novo emprstimo stand by. A renncia de JQ e as posies de JG levaram desconfiana da comunidade financeira e das instituies multilaterais => apenas em 1965 ocorrer outra operao de emprstimo stand by. Na segunda metade da dcada de 1960, a economia brasileira apresentou melhora considervel de suas contas externas: crescimento das exportaes, melhora dos termos de troca, aumento das reservas lquidas => isso facilitou o acesso ao financiamento advindo de fontes privadas e tornou desnecessrio o uso de recursos do FMI. Essa situao continuou durante a dcada de 1970, quando a reciclagem da liquidez proveniente dos petrodlares facilitou muito o acesso dos pases em desenvolvimento a recursos privados. 1982: incio de novo ciclo de aproximaes e atritos com o FMI => resultado de duas crises do petrleo e da moratria mexicana de 1982. Conjunto de 6 cartas de intenes de metas no cumpridas de poltica econmica com o FMI: o 1: jan. 1983; 2: fev. 1983; 3: set. 1983; 4: Nov. 1983; 5: mar. 1984; 6: set. 1984 o Entre as dificuldades para o cumprimento dos compromissos, encontram-se: Ajuste do conceito de necessidade de financiamento do setor pblico no financeiro adotado pelo FMI s peculiaridades brasileiras Dificuldades tcnicas para incluir expectativas sedimentadas por anos de indexao generalizada nos diagnsticos de excesso de demanda. Nov. 1998: Brasil firmou acordo com o FMI, Banco Mundial, BID e alguns pases => pacote de ajuda financeira, a ser usado nos trs anos seguintes. Uma das bases do acordo foi o compromisso com a disciplina fiscal.

Tendo o Brasil atingido a maior parte das metas acordadas, credenciou-se para uma renovao => nunca havia antes ocorrido uma renovao de acordo com o FMI ao final de uma administrao, com o apoio de todos os candidatos presidncia. Os recursos obtidos por um pas por meio de um acordo stand by esto limitados ao percentual da cota que o pas tem depositado no FMI. Trs vezes (1998, 2001, 2002) o Brasil conseguiu emprstimos que superaram o valor total da cota. BANCO MUNDIAL BIRD As relaes do Brasil com o Banco Mundial so mais constantes do que com o FMI. 1949: 1 emprstimo, para o setor de energia A participao dos recursos do BIRD na constituio da infraestrutura produtiva brasileira tem sido uma constante, tendo o Brasil chegado algumas vezes a ser o principal tomador de recursos. Dcada 1950: emprstimos direcionados essencialmente a projetos de infraestrutura, sobretudo nos setores de energia (90%) e de transportes. Dcada 1960: embora o setor energtico continue a absorver a maior parte, h um incio de diversificao setorial => setor agrcola e indstria de transformao. Dcada 1970: intensificao da diversificao setorial Dcada 1980: grande mudana na atuao do BIRD: passou a atuar no financiamento de programas de poltica, no apenas em projetos. BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO BID Criado em 1961 Forma de atuao semelhante do BIRD, no entanto, os governos da Amrica Latina demandaram, desde o incio, assistncia tcnica por parte do staff do BID. O Brasil ocupa posio de destaque no conjunto das operaes do BID. A distribuio setorial dos recursos emprestados pelo BID ao Brasil semelhante estrutura dos emprstimos do Banco Mundial, com predominncia de projetos de infraestrutura, mas envolve uma diversificao maior, compreendendo linha de credito para exportao, apoio educao, cincia e tecnologia, etc. DVIDA EXTERNA A origem da dvida externa brasileira anterior ao perodo republicano. 1921: 1 emprstimo direto com os EUA 1930: EUA j detinham 30% da dvida externa brasileira 1937: 1 moratria Ao final dos anos 1960, o Brasil passou a adotar estratgia de uso de recursos externos para ampliar a capacidade de importar e prover os recursos para financiar a retomada do processo de crescimento. 1968-73: dvida bruta triplicou; alongamento do prazo dos crditos; transformao da estrutura da dvida (aumento de emprstimos privados, o que significa juros maiores).

Decorre da um aumento da vulnerabilidade, o qual foi manifestado em 1973, com o aumento do preo do petrleo e a consequente deteriorao do BP brasileiro. A poltica adotada para enfrentar esse choque foi reduzir a demanda por importaes via controle e estmulos produo competitiva interna e aumentar a captao de recursos por meio de novos emprstimos. Como parte da estratgia de manter a presena do pas no mercado internacional e conseguir condies mais favorveis, o Brasil usou como elemento de captao de recursos diversas empresas estatais => estatizao da dvida externa. Novos choques exgenos vieram a demonstrar a fragilidade da estratgia de endividamento externo. O aumento dos preos do petrleo em 1979 afetou negativamente a BC brasileira, e as taxas de juros no mercado internacional tiveram grande elevao. Movimentos recentes: o Abr. 1994: troca de dvida velha por ttulos com 30 anos de maturidade, sem a necessidade de um monitoramento formal das instituies multilaterais. o Out. 1995: liquidao da ltima parcela das garantias exigidas na renegociao da dvida, adquirindo o direito de recomprar os papis de sua dvida no mercado secundrio. A partir da renegociao da dvida, na primeira metade da dcada de 1990, ganharam destaque duas caractersticas: o Os recursos externos de mdio prazo passaram a ser predominantemente captados a partir de colocao de ttulos nos mercados de capitais externos, substituindo os emprstimos bancrios. o Aproximadamente metade da dvida externa devida pelo setor privado Essas duas caractersticas refletem o maior acesso das empresas localizadas no Brasil ao mercado de capitais internacional. Em termos de PIB, a dvida externa brasileira sempre foi menor que em outros pases em desenvolvimento. Em termos de gerao de divisas para o seu pagamento (relao dvida externa / Xs de bens e servios), ela correspondia, em 2002, a 3,8 vezes, um nvel excessivamente alto. FUGA DE CAPITAIS A dcada de 1980 foi marcada, nos pases da Amrica Latina, por uma intensificao da sada de recursos reais por intermdio de diversos mecanismos, entre os quais o superfaturamento de importaes ou subfaturamento de exportaes. Razes para essa fuga de capitais: o Movimentos preventivos de desvalorizaes cambiais o Diferenciais de retorno a aplicaes financeiras em pases distintos o Proteo de ativos

O Brasil no foi exceo a esse comportamento geral, embora, em razo do baixo grau de liberalizao cambial e financeira, esse fenmeno tenha sido menos intenso aqui. A reverso desse processo, com a volta dos recursos de residentes depositados no exterior, foi aparentemente um fator importante para o influxo total de recursos externos na economia brasileira no perodo recente. BRASIL E O MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL NOS ANOS 1990 A economia brasileira esteve excluda do expressivo aumento dos fluxos de capital para os pases em desenvolvimento durante vrios anos, em funo das desconfianas em relao capacidade de lidar com o desequilbrio macroeconmico e das dificuldades na negociao da dvida. Desde 1991, no entanto, o Brasil, e outros pases da AL, tem recebido uma quantidade substancial de recursos externos. A maior parte desses recursos derivou de investimentos em carteiras de aes e emprstimos em divisas, via colocao de ttulos no exterior. O influxo de capitais no incio da dcada de 1990 est relacionado a: o Poltica macroeconmica: taxa de juros, liberalizao financeira, preservao da taxa de cmbio o Conjuntura poltica o Evoluo das condies de liquidez internacional o Diferencial das taxas de juros interna e externas => arbitragem de juros o Mudanas na legislao o Processo de privatizao das empresas pblicas Padro geral latino-americano: fortemente influenciado pelos movimentos de converso da dvida e privatizaes, ao contrrio do padro asitico, em que ocorreu como aquisio de novas empresas. Historicamente, o Brasil atraiu um volume expressivo de IED. No perodo 1985-95, o Brasil foi o 18 maior receptor de IED. Nos anos recentes, h o surgimento de investimentos brasileiros no exterior => associado sobretudo ao setor de servios, mas crescentemente instalao de unidades de produo e comercializao. Destaque para a volta do pas ao mercado financeiro internacional por meio da colocao de ttulos. o Primeiros lanamentos foram feitos por empresas estatais de grande porte o No incio do processo, a maior parcela dos recursos captados pode ser atribuda ao retorno de capitais que haviam fugido nos anos 1980. o Depois, os fundos mtuos especializados e investidores individuais tambm foram atrados pela alta remunerao e pela perspectiva criada pelo fato de as flutuaes nos mercados financeiros dos pases em desenvolvimento serem relativamente independentes das flutuaes nos pases industrializados.