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A D E S Ã O A O E U R O E M P O R T U G A L

Economia Portuguesa - Adesão ao Euro

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Trabalho desenvolvido no âmbito da cadeira de Economia Portuguesa, para o curso de Comércio e Negócios Internacionais, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL).

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DESÃO AO EURO EM PORTUGAL

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2 Março de 2015

ADESÃO AO EURO EM PORTUGAL

Esta revista foi desenvolvida pelos alunos do Curso de Comércio e Negócios In-ternacionais, do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa,

no âmbito da cadeira de Economia Portuguesa da professora Luz Pimentel.

Desenvolvida por:Cláudia Caseiro - 20141271

Helena Eira - 20141334Letícia Pinto - 20141237Yana Ilieva - 20141240

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5 CRIAÇÃO DO EUROEm 1991, na cidade de Maastricht (Holanda), 15 países europeus reuniram-se para a criação de um Tratado que daria origem a União Europeia. O tratado de Maastricht, como foi chamado, foi assinado em 1992 e entrou em vigor no dia 1 de Novembro de 1993. Este tratado visava estabelecer uma união económica e monetária, for-necendo as bases necessárias para a criação de uma única moeda, o Euro.

13 INTRODUÇÃO DO EURO EM PORTUGAL

Contudo, o país não beneficiaria apenas com a entrada do Euro. Os preços dos bens e serviços sobrevalorizaram-se, devido tam-bém à inflacção, principalmente em produtos alimentares e a sociedade ressentiu-se face a este aumento para o dobro relativamente à con-versão do Euro com o Escudo.

17 QUALIDADE DE VIDA APÓS A ADESÃO DO EURO

EM PORTUGALNa verdade existem muitos que de-fendem e criticam a existência da Moeda Única. Quantos mais anos de vida vai durar esta existência? Não sabemos. A verdade é que é o tra-balho conjunto que pode travar a crise. A Europa precisa de finanças equilibradas e de mecanismos de solidariedade como uma unidade fiscal, uma união bancária e uma união económica.

5 CRIAÇÃO DO EURO Apresentação do euro

6 Ato Único Europeu

9 Tratado de Maastricht

11 Introdução do euro

13 INTRODUÇÃO DO EURO EM PORTUGAL

Impacto do euro

17 QUALIDADE DE VIDA APÓS

A ADESÃO DO EURO EM PORTU-

GAL

18 Consequências da adesão do euro em Portugal

19 Diferentes críticas que foram surgindo ao longo dos anos

23 Desvalorização do euro

24 Ganhos e perdas

26 Bibliografia

Sumário

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4 Março de 2015Bandeira da União Europeia

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CRIAÇÃO DO EURO

A ideia de união perante os países eu-ropeus começou após a II Guerra Mundial, com o intuito de unir forças de forma a tornar a Europa um con-tinente mais unido para que houvesse uma recuperação na economia que fora devastada pela guerra.

Em 1957 foi assinado o Tratado de Roma, que tinha por finalidade eliminar as barreiras comerciais existentes, promover o aumento de trabalho e capi-tal entre os países europeus e, por fim, aperfeiçoar as políticas económicas. Desta maneira, os Estados Membros construíram um “mercado comum”. Com isto, após algumas falhas no sistema Bretton Woods, a ideia de uma moeda única europeia tornou-se forte e fez com que o tema fosse abordado com mais aten-ção pelos países interessados.

APRESENTAÇÃO DO EURO

O conceito Euro, cujo nome só foi definido em 1995, foi apresentado em 1969, num relatório solicitado ao primeiro ministro de Luxemburgo, Pierre Werner (1913-2002), que discutia a adopção de uma nova moeda. Em Dezembro do mesmo ano, a Comunidade Europeia aprovou o Plano Werner, que tinha por finalidade concretizar a União Económica e Monetária (UEM) da Europa.

“ Resultante da quebra do sistema de Bret-ton-Woods, entrou em funcionamento o Sis-tema Monetário Europeu “

“ Em 1991, na cidade de Maastricht (Holanda), 15 países europeus reuniram-se para a criação de um Tratado

que daria origem a União Europeia. “

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No início o Plano Werner estabelecia um prazo de 10 anos para que a concretização da UEM fosse bem sucedida, entretanto nos anos 70 surgi-ram alguns problemas monetários que acabaram por atrasar o prazo definido. Com isto, durante o perío-do turbulento dos anos 70, os países afiliados limita-ram-se ao contentamento da cooperação monetária.

Em 1979, altura de uma crise monetária in-ternacional aberta, resultante da quebra do sistema de Bretton Woods, entrou em funcionamento o Sis-tema Monetário Europeu. Este sistema visava a cri-ação de taxas fixas de câmbio entre países europeus, de forma a evitar as grandes flutuações.

ATO ÚNICO EUROPEU

A seguir, em 1986, aparecia a primeira revogação dos tratados que fundaram as Comuni-

dades Europeias – Tratado de Paris (1951) E Tratado de Roma (1957) – chamado Ato Único Europeu. O Ato Único Europeu, impulsionado por Jacques Delors (1925) – Presidente da Comissão Eu-ropeia de 1985 a 1994, foi assinado com o intuito de romper as barreiras comerciais, os impostos e outras restrições entre os países-membros, de forma a tor-nar a união económica mais forte. Jacques Delors, referido anteriormente como principal inspirador do Ato Único Europeu, descreveu os principais objectivos da seguinte for-ma:

“ O Acto Único é, numa frase, a obrigação de realizar simultaneamente o grande mer-cado sem fronteiras e também, a coesão económica e social, uma política europeia de investigação e tecnologia, o reforço do Sistema Monetário Europeu, o começo de um espaço social europeu e de acções significati-vas em relação ao meio ambiente”

Em Bruxelas, Pierre Werner assinou a primeira reforma do Tratado de Roma (1965).

Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia (1986).Tratadoo de Roma (1957)

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Março de 2015 7Jacques Delors (2013)

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Sede da União Europeia em Bruxelas

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Em 1991, na cidade de Maastricht (Holan-da), 15 países europeus reuniram-se para a criação de um Tratado que daria origem a União Europeia. O tratado de Maastricht, como foi chamado, foi assina-do em 1992 e entrou em vigor no dia 1 de Novem-bro de 1993. Este tratado visava estabelecer uma união económica e monetária, fornecendo as bases necessárias para a criação de uma única moeda, o Euro. Foram estabelecidos alguns critérios para que os países pudessem ser membros da zona euro. Estes critérios são:- Uma taxa de inflação que não tenha ultrapassado 1.5% a média (do ano anterior) da taxa de inflação dos três países com menores taxas de inflação;- Taxas de juros a longo prazo, durante o último ano, que não excedam 2% dos países com as menores taxas de inflação;- Taxas de câmbio estáveis pelos últimos dois anos;- Deficit menor que 3% do PIB do país;- Dividas governamentais menores que 60% do PIB do país.

O TRATADO DE MAASTRICHT

A União Europeia trouxe estabilidade e prosperidade aos europeus. Com ela foi criado o mercado único que, sendo a principal ferramenta da economia europeia, permitiu eliminar barreiras nas fronteiras internas da União Europeia.

Os principais objectivos da UE são:- Integração económica (promover a unidade políti-ca e económica da Europa – desenvolvimento do mercado único e do Euro);- Cidadania europeia (melhorar as condições de vida e de trabalho dos cidadãos europeus);- Melhorar as condições de livre comércio entre os países membros;- Cooperação nas questões de segurança e justiça (reduzir as desigualdades sociais e económicas entre as regiões);- Fomentar o desenvolvimento económico dos países em fase de crescimento;- Proporcionar um ambiente de paz, harmonia e equilíbrio na Europa.

Representantes dos países que assinnaram o Tratado de Maastricht (1991)

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Em 1999, o euro foi introduzido aos esta-dos membros juntamente com a fixação das taxas de câmbio e de uma política monetária comum aos países que optaram pela adesão. A nova moeda começou a ser utilizada nas transacções electróni-cas, casas de câmbio, bancos e grandes empresas. Os países que, nesta época, estavam integrados na moeda corrente comum da União europeia eram: Alemanha, Portugal, Áustria, Bélgica, França, Espanha, Países Baixos, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo e Itália. A Dinamarca, a Suécia e o Reino Unido opta-ram por não adoptar o euro, embora pertençam a União Europeia, continuando com a utilização das suas moedas nacionais.

INTRODUÇÃO DO EURO

“ O nome Euro foi definido em 1995, mas foi em 1999 que a moeda começou a ser utiliza-da em operações eletrónicas. Em 2002, por fim, a moeda ganhou a forma física que hoje estamos habituados. ”

Quase dois anos após o lançamento do Euro, as dúvidas em relação a sua adesão foram en-fraquecendo a moeda no mercado internacional, o que provocou a perda de credibilidade e, como consequência disto, a sua desvalorização em 30% em relação ao dólar. Apenas em 2001 a moeda voltou a ser credível para os investidores que, após o atentado das Torres Gêmeas em Nova York, procuraram uti-

lizar moedas mais seguras que o dólar. Neste mesmo ano a Grécia aderiu ao euro.

Em Janeiro de 2002, o euro deixou de ser uma moeda apenas utilizada em operações elec-trónicas e passou a ser utilizado fisicamente nos países da sua adesão. Foram introduzidas 7 notas (de 5 a 500€) e oito moedas (de 1 a 50 cêntimos e de 1 e 2€). Ao fim de 2 meses as moedas antigas foram trocadas até serem removidas, tornando o euro uma moeda única. Quem gere a moeda é o Euro-sistema, que é formado pelo Banco Central Europeu junta-mente com os Bancos nacionais dos países que ade-riram ao euro.

Alguns países aderiram ao euro posterior-mente à sua criação, como: Grécia (2001), Eslovénia (2007), Chipre e Malta (2008), Eslováquia (2009), Es-tónia (2011), Letónia (2014) e Lituânia (2015). Outros sete países devem aderir ao euro após cumprirem os critérios estabelecidos para a adesão.

Sede do Banco Central Europeu em Frankfurt, na Alemanha

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INTRODUÇÃO DO EURO EM PORTUGAL

Em 1985, pouco tempo antes da adopção do Euro, Portugal tinha acaba-do de sair de uma crise gravíssima – a economia registou défices na balança de transacções correntes com o Resto do Mundo. O problema seria também, o facto do Escudo – a moeda utilizada na altura – não serviria como método de pagamentos internacionais.

Isto fez com que Portugal recor-resse a empréstimos, entre 1981 e 1983, de modo a cobrir o défice da balança de transacções correntes. No entanto, estes empréstimos levaram a um en-dividamento de tal maneira exces-sivo que, os bancos internacionais, só aceitariam ceder um crédito em troca de determinadas garantias: as reservas de ouro.

Foi assim que, em 1983, o Governo do Bloco Central estabeleceu, juntamente com o Fundo Monetário Internacional, uma política austera de redução do défice dessa mesma balança. Com este ajuste macroe-conómico presenciou-se:

- Uma desvalorização do Escudo incenti-

vando as exportações; - Um aumento da taxa de juro;

- Um limite ao crédito para não estimular as importações;

- Um Aumento da inflação;- Uma Diminuição do salário real;

- Um Aumento do desemprego.

Assistiu-se também a um aumento dos preços de bens essenciais como o leite pois o Estado reduziu deter-minados subsídios de modo a manter os preços mais baixos nesse tipo de

produtos.

Entretanto a economia portugue-sa estabilizou-se e Portugal estaria as-sim, melhor preparado para a entrada

do Euro uma vez que cumpriria com os Critérios de Convergência estipulados.

IMPACTO DO EURO

Com a introdução física do Euro, a 1 de Janeiro de 2002, o Banco de Portugal perdeu a independência sobre a política monetária passando esta a ser estruturada pelo Banco Central Europeu.

O país não beneficiaria apenas com a entrada do Euro. Os preços dos bens e serviços sobrevalorizaram-se, devido também à inflacção, principalmente em produtos ali-mentares e a sociedade ressentiu-se face a este aumento para o dobro relativamente à conversão do Euro com o Escudo.

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No entanto, a incorporação no merca-do único veio a eliminar as barreiras cambiais e os seus custos de conversão em todas as transacções económicas integrando os mercados através da sua homogeneidade face aos restantes pertencentes à Zona Euro e possibilitando, também, competir com outras potências económicas.

Diminuíram-se as necessidades de reservas e assim, Portugal encontrava-se financeiramente es-tável. Consequentemente aumentar-se-ia a eficiên-cia económica e diminuir-se-ia as taxas de juro a lon-go prazo.

Contudo, o país não beneficiaria apenas com a entrada do Euro. Os preços dos bens e serviços sobrevalorizaram-se, devido também à inflacção, principalmente em produtos alimentares e a socie-dade ressentiu-se face a este aumento para o dobro relativamente à conversão do Euro com o Escudo.

Para a vida em sociedade, a adaptação ao Euro não foi fácil e gerou alguma contestação. São visíveis mudanças bastante significativas como:

- A mudança da contabilidade das empresas;- A da facturação;- A de todos os sistemas informáticos públicos e pri-vados;- A das contas bancárias e a introdução das notas em máquinas de levantamento automático (ATM).

A pior modificação foi nomeadamente a da própria moeda em si – o facto de ser desconhe-

cida a noção do valor da mesma – que levou 1 ano a poder ser assimilada para facilitar a sua substituição mas nem assim foi suficiente para retirarem o Escudo totalmente da vida das pessoas. Seria algo difícil e pouco compreensivo o utilizar uma nova moeda na situação económica e social do país.

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Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, Portugall

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QUALIDADE DE VIDA APÓS A ADESÃO DO

EURO EM PORTUGALNa verdade existem muitos que defendem e criticam a existência da Moeda Única. Qu-antos mais anos de vida vai durar esta existência? Não sabemos. A verdade é que é o trabalho conjunto que pode travar a crise. A Europa precisa de finanças equilibradas e de mecanismos de solidariedade como uma unidade fiscal, uma união bancária e uma união económica.

A primeira fase ocorreu em Maio de 1998, marcada pelo arranque do euro em onze dos quinze países que constituíam a União Europeia: a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, a Espanha, a Finlândia, a França, a Holanda, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo e Portu-gal. Os restantes quatro países optaram por ficar de fora nesta fase ou então não reuniram as condições estipuladas. No dia 1 de Janeiro de 1999 deu-se início à segunda fase da in-trodução do euro, em que já se podia utilizar a nova moeda para fazer pa-gamentos. No entanto, ainda não ex-istiam notas e moedas de euros em circulação. A nova moeda só podia ser utilizada como moeda bancária para fazer pagamentos a partir de cheques, cartões multibanco, cartões de crédito e realizar transferências de euros entre contas bancárias. Este período foi difícil de adaptar uma vez que as pessoas continuavam a ter escudos nas carteiras mas

viam cada vez mais quantias em euros (nos super-mercados, nos restaurantes, etc...). Por fim, a terceira fase da introdução do euro teve início a 1 de Janeiro de 2002 onde são lançadas em circulação as notas e moedas em Euros. O Euro e o escudo podem circular simultaneamente, sendo os escudos iriam ser retirados de circulação gradualmente. A partir de 1 de Março de 2002, a única moeda em circulação foi o Euro, pois o escudo deixou de ter valor e só o Banco de Portugal pode-

ria trocar os escudos, ainda existentes, por Euros.

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Consequências positivas: - Facilita a comparação dos preços dos mesmos produtos nos vários países;- Assegura a transparência dos mercados;- Facilita o turismo, visto que deixa de ser necessário tro-car a nossa moeda pela dos outros países da zona Euro;- Permite obter empréstimos bancários mais favoráveis porque os juros são mais baixos;- A economia de cada país torna-se mais estável e essa estabilidade gera confiança levando as pessoas a investir mais;- Permite o fortalecimento da União Europeia, dando-lhe um maior peso a nível mundial;- Promove a convergência económica que, a prazo, resul-tará numa maior integração das economias da Zona Euro. Isso criará mais riqueza, pois fomenta a livre circulação dos bens e serviços para fins comerciais, dos capitais destina-dos ao investimento e das pessoas que viajam por motivos turísticos ou profissionais;- As vantagens para as empresas também são importantes: taxas de juro estáveis incentivam as empresas a investir mais, criando mais riqueza e mais empregos, e a ausência de despesas de câmbio liberta capital para investimentos produtivos. A estabilidade também oferece às empresas segurança para fazer planos e investimentos a longo prazo que melhoram a competitividade, o que é particularmente importante, tendo em conta a globalização dos mercados.

Consequências Negativas: - Custos a nível das empresas com a adaptação dos siste-mas de informação e das máquinas para a nova realidade, o que implica em alguns casos a aquisição de softwares novos, sistemas contabilísticos, sistemas de facturação e outros novos equipamentos;- Custos com a formação dos recursos humanos que é fun-damental e imprescindível para que as empresas possam integrar o euro;- Custos com o período de transição do escudo para o euro;- Perda de emissões cambiais relativas às moedas da UEM;- Perda de soberania sobre a taxa de câmbio e a taxa de juro, como instrumentos autónomos de política económica.

CONSEQUÊNCIAS DA ADESÃO DO EURO EM PORTUGAL

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DIFERENTES CRÍTICAS QUE FORAM SURGINDO AO LONGO DOS ANOS

Paulo Vila Maior, professor da universidade Fernando Pessoa afirma:

“As pessoas têm a percepção que a moeda é um símbolo nacional, e ao perderem este símbolo nacional, para algumas pessoas há ideia de perda de soberania. O que é er-rado quando substituímos as moedas na-cionais, e ficamos com uma só moeda é um passo nitidamente federal.”

Por outro lado João Ferreira Do Amaral, Economista discorda:

“Aqueles que defendem hoje o Federalismo Económico é basicamente com ideia que os outros paguem as nossas dívidas. Isto é que nos pas-sem a ser sustentados pelo norte da Europa. Eu não quero que o meu País viva permanente-mente à custa de subsídios, não é esse o futuro para ninguém. Eu sou contra o Federalismo, e nunca ninguém me explicou como é que Portugal manterá a sua autonomia, pertencen-do a um Estado Federado, ou uma mera religião diluída numa federação europeia.”

António Cunha presidente da delegação Re-gional Norte – Ordem dos Economistas destaca:

“Nós só sairemos do Euro se nós quiser-mos, se isto não acontecer nunca iremos sair. O problema é saber seaguentaremos o modelo económico em que a moeda é forte e não va-mos poder competir com salários baixos.”

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“QUAIS FORAM AS DIFERENÇAS QUE NOTOU DESDE QUE PORTUGAL ABANDONOU O ESCUDO?”

Além das críticas profissionais, para percebermos o rumo das vidas dos Portu-gueses depois da adesão ao Euro em Portugal, recorremos a um questionário, já elaborado, a pessoas de diferentes religiões e profissões.

José Maria é Europeu e Português tem 60 anos, há 14 anos que utiliza o euro na sua mercearia na Baixa do Porto.

“Tínhamos outra vida, tínhamos outra noção das coisas, sentia-se mais o dinheiro no bolso, ficámos mais fracos do que estávamos. O euro retirou o poder de compra. Por exemplo na melhor época dos morangos antigamente comprávamos a cinquenta escudos, e hoje dificilmente encon-tramos a cinquenta cêntimos, o que faz o dobro. Lembro-me, antigamente, de vender dois mil contos por dia, na época do natal, hoje dificilmente atinjo a metade.“

Alfredo Branco tem uma livraria Centenária em Vila Real, tem 64 anos e crítica o facto de neste momento Portugal não depender só de si, diz que o negócio já teve melhores dias.

“Ainda hoje não consigo fazer uma transacção em euros sem automatica-mente transformar em escudos. Hoje é raro aparecer um livro a custar menos de quinze euros, naquela altura era raríssimo custar mais de mil escudos, quinze euros são três mil escudos. O euro foi supervalorizado em relação ao escudo. Eu era muito mais feliz há catorze anos atrás se tivesse mil escudos no bolso, do que hoje se tiver cinquenta euros. “

A história da União Europeia marca o mundo

e a vida de José Magalhães tem 40 anos é agricultor, não espera milagres, as contas da vida estão mistura-das entre o escudo e os cêntimos.

“Vendia Carcaças de novilhos há 20 anos por oitocentos escudos e hoje estou a vender por quatro euros. Desde que o euro entrou em vigor, os custos de produção au-mentaram para o dobro. O gasóleo custava 60 escudos hoje custa um euro. A agricultura já não é vista como apetecível. De seis pas-samos para quatro porcento da população activa a trabalhar na agricultura. Temos al-faces que vêm de França, tomates que vêm de Espanha, temos tudo, mas vêm de fora. O nosso dinheiro vai para fora, a nossa econo-mia está cada vez pior. Se toda a gente pro-duzisse nos terrenos agrícolas que temos, nós tínhamos uma economia a trabalhar, e hoje em dia é muito difícil estar a controlar e a tentar manter a exploração activa.”

Ana Lage, é cabeleira tem 45 anos. É dona de um salão há tantos anos quanto o país tem o euro. Sentiu o peso da moeda e dos tempos com falta de clientes.

“Tive que aumentar os preços, o que não foi nada agradável, houve uma procura inferior a aquilo que eu esperava. A procu-ra diminuiu quarenta porcento. É uma crise de valores, as pessoas gastam muito mais daquilo que ganham.”

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A maioria das pessoas ponderam o regresso ao escudo. Apesar disso o euro não foi reprovado em todas as suas potencialidades. Paulo Vila Maior, professor na universidade Fernando Pessoa relem-bra:

“Nós beneficiamos de alguma esta-bilidade macroeconómica que antes não tínhamos, também é certo que não consegui-mos aproveitar de todas as vantagens que a participação na zona euro nos poderia trazer, porque é garantido que a primeira dé-cada do século vinte e um, foi uma década perdida em termos do crescimento económi-co, ou seja atrasámo-nos relativamente à média da União Europeia”. Este atraso foi ressentido por todos, porque as economias são interdependentes, se uma cresce todas crescem, se uma cai todas caiem.

Mas será que o problema foi a entra-da do euro ou o a crise mundial que se

implementou nos próximos anos?

Tudo começou em 2007 com a crise dos EUA. Em 2008 o banco Lehman Brothers faliu e propagou-se uma crise no mundo inteiro. Os ban-cos deixaram de emprestar e o crédito secou. Os governos europeus tentaram resolver o problema a partir do resgate dos bancos. Este programa queria evitar a corrida aos bancos e proteger as poupanças dos europeus. Mas o esforço teve consequências, uma parte do dinheiro dos resgates foi emprestado. Desde 2009 que os países da Zona Euro mais vul-neráveis têm problemas financeiros – a crise que atinge a Grécia e Portugal, é também uma crise da dívida soberana. A perda de confiança nos merca-dos levou os bancos a reduzir os empréstimos. Em 2009 a economia da União Europeia sofreu a maior recessão desde a sua criação. O desemprego tem hoje níveis impensáveis.

O euro agravou a crise?

António Cunha presidente da delegação Regional Norte – Ordem dos Economistas

afirma:

“ O euro permitiu-nos ter os ju-ros muito mais baixos, do que tería-mos se tivéssemos mantido fora

do euro. O reverso da medalha é que graças a esses juros baixos

conseguimos endividar-nos além do que seria razoável,

ou seja os nossos políticos eleitos não resistiram a

tentação de endividar até o limite.”

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DESVALORIZAÇÃO DO EURO

João Ferreira Do Amaral, Economista:

“Parece que toda agente está à es-pera de um milagre, infelizmente não vai ha-ver milagre, e a situação esta cada vez pior! Portanto a falta de coragem para se tomar decisões nesta matéria acaba por se pagar muito caro. A manutenção da moeda única e o esforço de se melhorar a situação no meu ver é caminhar para o desastre.”

Devemos sair do euro?

António Cunha presidente da delegação Regional Norte – Ordem dos Economistas diz:

“É evidente que uma moeda forte dá poder de compra, portanto ninguém a quer abandonar, nem aqui nem na Grécia, porque tudo o que compramos, principalmente im-portado esta muito mais barato do que se fossemos para o escudo, portanto quem tem

rendimento e quem tem trabalho está sem-pre melhor numa moeda forte como Euro do que se estivéssemos no escudo. “

A crise que temos presenciado na zona euro tem resultado na perda de valor em relação a moeda principal, o dólar.

A desvalorização fez com que, em janeiro de 2015, o euro chegasse ao mais baixo nível em quase nove anos, algumas das razões para este acon-tecimento são: 1º. O possível avanço que o Banco Central Europeu pretende fazer num programa mais abran-gente de compra de activos (o que irá injectar ainda mais moeda na economia); 2º. A dúvida acerca do futuro da Grécia (in-ternamente ou na própria União Europeia) 3º. O aumento das taxas de juros realizado pelo Banco Central dos Estados Unidos;

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O euro atingiu o seu auge, no que diz respei-to à sua valorização, em meados de Abril de 2008, quando era possível comprar 15,99$ com 10€. En-tretanto esta fase mudou com o passar do tempo, havendo uma desvalorização ao ponto de fazer com que 10 euros valessem, apenas, 11,86$.

“O Eurostat, Gabinete de Estatísticas da União Europeia, mostra-nos que os EUA é o país para onde a União Europeia mais ex-porta”

GANHOS E PERDAS

A desvalorização do euro não vem acompanhada apenas de efeitos negativos. Há uma série de vanta-gens existentes que, também, dependem da perda

de valor da moeda única criada pela UE.

Ganhos

Algumas empresas que estão na zona euro pagam os seus custos em euros, mas possuem preços de venda dos seus bens e serviços em dólares. Sendo

as receitas dos preços fixados obtidas em dólares, a sua conversão em euros faz com que a receita da empresa seja aumentada. Assim, é possível aumentar a competitividade e exportar mais bens ou serviços, que serão mais baratos desde que tenham os seus preços fixados em dólares. Empresas, pertencentes à Zona Euro, po-dem obter vantagens na desvalorização do euro caso possuam operações fora da Zona Euro e recei-tas em moedas mais valiosas, como o dólar. A Altri, a Portucel e a Semapa, são empresas portuguesas que exportam boa parte do que pro-duzem em dólares e, por isso, podem obter algumas vantagens. Outras empresas que poderão usufruir destas vantagens são, por exemplo, as construtoras Teixeira Duarte, Mota-Engil e Soares da Costa, pois possuem mais atividades fora da Zona Euro. Com o euro mais baixo dos valores espera-dos, os países que utilizam esta moeda tornam-se mais acessíveis ao turismo, principalmente para tu-ristas que utilizam o dólar como moeda principal. O Eurostat, Gabinete de Estatísticas da União Europeia, mostra-nos que os EUA é o país para onde a União Europeia mais exporta, sendo que a balança comercial com os Estados Unidos é positiva para a Europa, pois exporta mais do que importa.

Perdas

Da mesma forma que existem vantagens, também é possível vermos o antónimo da situação. As estatísticas do Eurostat mostram que a Zona Euro também possui uma grande quantidade de bens e serviços importados dos EUA, que é o terceiro país com mais importações por parte da União Europeia. Outra desvantagem é o dólar ser utilizado como moeda principal nos mercados. Muitos produ-tos no mercado das matérias-primas, utilizados na produção de outputs, são vendidos em dólares, como o petróleo que possui contratos de compra e venda em dólares, fazendo com que fique mais caro

para países que utilizam o euro.

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Jornal de Notícias http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2214778

Revista eletrónica Exame (Abril)http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/curiosidades-euro-568514

Sapohttp://uesna.no.sapo.pt/curiosidades.htm

Locus Publicushttps://locuspublicus.wordpress.com/2013/07/26/curiosidades-sobre-as-moedas-do-euro-parte-1/

Nota Positivahttp://www.notapositiva.com/resumos/economia/11tratadoseconvencoes.htm

EU 4 Journalistshttp://www.eu4journalists.eu/index.php/dossiers/portuguese/C23/

Revista eletrónica Época (Globo)http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI283521-16357,00-SP+COLOCA+RATING+AAA+DA+UNIAO+EUROPEIA+EM+REVISAO+NEGATIVA.html

Huffington Posthttp://www.huffingtonpost.fr/jacques-delors/crise-banques-europe_b_2991101.html

Free Wordshttp://www.freewords.com.br/crise-economica-na-uniao-europeia/

BBC Newshttp://www.bbc.co.uk/news/world-europe-16089649

Observadorhttp://observador.pt/2015/01/05/euro-cair-sorte-de-uns-e-o-azar-de-outros/

European Comission (Eurostat)http://ec.europa.eu/eurostat

Bibliografia

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Março de 2015 27

UTL – Universidade Técnica de Lisboahttp://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/7774

Uminho – Universidade do Minhohttp://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/11661

XEhttp://www.xe.com/pt/currency/eur-euro

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ISC-UL - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboahttp://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1341932946Y9vQN8oq3Ll10KW9.pdf

Gabinete de Comunicação Social do Ministério das finanças – Profº António de Sousa Francohttp://purl.sgmf.pt/COL-MF-0037/1/COL-MF-0037_pdf/2.pdf

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ADESÃO AO EURO EM PORTUGALEdição e Imagem: Letícia Pinto

Contexto: Cláudia Caseiro, Helena Eira, Letícia Pinto e Yana IlievaInstituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa