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1 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. – AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA ECONOMIA CONCEITOS DE ECONOMIA É a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Partindo dessa definição, observamos vários conceitos importantes, que são a base do objeto do estudo da Ciência Econômica: OBJETO DE ESTUDO DA CIÊNCIA ECONÔMICA: ESCOLHA O QUÊ? ESCASSEZ O QUANTO? NECESSIDADES O QUÊ? RECURSOS O QUÊ? O QUANTO? PRODUÇÃO O QUÊ, O QUANTO? COMO? DISTRIBUIÇÃO O QUÊ, O QUANTO? PARA QUEM? Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (MÃO-DE-OBRA, TERRAS, MATÉRIAS-PRIMAS, DENTRE OUTROS) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento de um país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessário para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se, então, um problema de ESCASSEZ: OU SEJA, RECURSOS LIMITADOS CONTRAPONDO-SE A NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS. Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários grupos da sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados, de forma a atender ao máximo às necessidades humanas? ESCASSEZ RECURSOS LIMITADOS x NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS

ECONOMIA - resumo

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Resumo de Economia

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  • 1 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    ECONOMIA

    CONCEITOS DE ECONOMIA

    a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos

    produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e

    grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.

    Partindo dessa definio, observamos vrios conceitos importantes, que so a base do objeto do estudo da

    Cincia Econmica:

    OBJETO DE ESTUDO DA CINCIA ECONMICA:

    ESCOLHA O QU?

    ESCASSEZ O QUANTO?

    NECESSIDADES O QU?

    RECURSOS O QU? O QUANTO?

    PRODUO O QU, O QUANTO? COMO?

    DISTRIBUIO O QU, O QUANTO? PARA QUEM?

    Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produo (MO-DE-OBRA, TERRAS,

    MATRIAS-PRIMAS, DENTRE OUTROS) so limitados.

    Por outro lado, as necessidades humanas so ilimitadas e sempre se renovam, por fora do prprio

    crescimento populacional e do contnuo desejo de elevao do padro de vida.

    Independentemente do grau de desenvolvimento de um pas, nenhum deles dispe de todos os recursos

    necessrio para satisfazer todas as necessidades da coletividade.

    Tem-se, ento, um problema de ESCASSEZ: OU SEJA, RECURSOS LIMITADOS CONTRAPONDO-SE A

    NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS.

    Em funo da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produo e de

    distribuio dos resultados da atividade produtiva entre os vrios grupos da sociedade.

    Essa a questo central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados, de forma a

    atender ao mximo s necessidades humanas?

    ESCASSEZ RECURSOS LIMITADOS x NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS

  • 2 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    OS PROBLEMAS ECONMICOS FUNDAMENTAIS

    Da escassez dos recursos ou fatores de produo, associada s necessidades ilimitadas do homem,

    originam-se os chamados PROBLEMAS ECONMICOS FUNDAMENTAIS: O QU E QUANTO PRODUZIR?

    COMO PRODUZIR? PARA QUEM PRODUZIR?

    PROBLEMAS ECONMICOS FUNDAMENTAIS

    O QU E O QUANTO PRODUZIR

    Dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de escolher, dentro das possibilidades de produo, quais produtos sero produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas.

    ANLISE QUALITATIVA (QUAIS) X

    ANLISE QUANTITATIVA (O QUANTO)

    COMO PRODUZIR

    A sociedade ter de escolher ainda quais recursos de produo sero utilizados para a produo de bens e servios. Os produtores escolhero, entre os mtodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produo possvel.

    (EFICINCIA = MENOR CUSTO DE PRODUO)

    PARA QUEM PRODUZIR

    A sociedade ter de decidir, tambm, como seus membros participaro da distribuio dos resultados da produo. A distribuio da renda depender no s da oferta e da demanda nos mercados de servios produtivos, ou seja, da determinao dos salrios, das rendas da terra, dos juros e dos benefcios do capital, mas tambm da repartio inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herana.

    OFERTA x DEMANDA

    O modo como as sociedades resolvem os problemas econmicos fundamentais depende da forma da

    organizao econmica do pas, ou seja, do sistema econmico de cada nao.

    PROBLEMAS ECONMICOS FUNDAMENTAIS SISTEMAS ECONMICOS

  • 3 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    SISTEMAS ECONMICOS

    Um sistema econmico pode ser definido como a forma poltica, social e econmica pela qual est

    organizada uma sociedade. um particular sistema de organizao da produo, distribuio e consumo

    de todos os bens e servios que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padro de vida e bem-

    estar.

    SISTEMA ECONMICO EM RELAO A UMA SOCIEDADE, A FORMA PELA

    QUAL ELA SE ORGANIZA, NOS APECTOS: EM RELAO AOS BENS E SERVIOS PRODUZIDOS,

    UM SISTEMA PARTICULAR DE ORGANIZAO:

    POLTICOS DA PRODUO

    SOCIAIS DA DISTRIBUIO

    ECONMICOS DO CONSUMO DE TODOS OS BENS

    Os elementos bsicos de um sistema econmico so:

    ELEMENTOS BSICOS DE UM SISTEMA ECONMICO

    FATORES DE PRODUO (ESTOQUES DE RECURSOS PRODUTIVOS)

    INCLUEM-SE: - RECURSOS HUMANOS (TRABALHO E CAPACIDADE EMPRESARIAL) - O CAPITAL - AS TERRAS - AS RESERVAS NATURAIS e - TECNOLOGIA

    COMPLEXO DE UNIDADES DE PRODUO

    CONSTITUDO PELAS EMPRESAS

    CONJUNTO DE INSTITUIES POLTICAS,

    JURDICAS, ECONMICAS E SOCIAIS

    SO A BASE DA ORGANIZAO DA SOCIEDADE.

    Os sistemas econmicos so classificados em:

    CLASSIFICAO DOS SISTEMAS ECONMICOS

    SISTEMA CAPITALISTA ou ECONOMIA DE MERCADO

    SISTEMA SOCIALISTA ou

    ECONOMIA CENTRALIZADA / PLANIFICADA

    regido pelas foras de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo.

    As questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo Central de Planejamento, predominando a propriedade pblica dos fatores de produo, chamados nessas economias de meios de produo, englobando os bens de capital, terra, prdios, bancos, matrias-primas. OBS: pequenas atividades comerciais e artesanais pertencem aos particulares. Assim como, tambm h mobilidade de mo-de-obra, ou seja, liberdade para a escolha de profisso.

  • 4 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Os pases organizam-se segundo esses dois sistemas, ou ainda, por meio de alguma forma intermediria

    entre eles.

    At o incio do sculo XX prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrncia pura (sistema

    capitalista) no havia interveno do Estado na atividade econmica (filosofia do LIBERALISMO).

    A partir de 1930, principalmente, passaram a predominar os sistemas de economia mista, no qual ainda

    prevalecem as foras as foras de mercado, mas com a atuao do Estado, tanto na alocao e

    distribuio de recursos, como na prpria produo de bens e servios, e tambm, nas reas de

    infraestrutura, energia, saneamento e telecomunicaes.

    Em economias de mercado (sistema capitalista), a maioria dos preos dos bens, servios e salrios

    determinada predominantemente pelo mecanismo de preos que atua por meio da oferta e da

    demanda dos fatores de produo.

    Nas economias centralizadas (sistema socialista), essas questes so decididas por um rgo Central de

    Planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do

    pas. Ou seja, grande parte dos preos dos bens e servios, salrios, cotas de produo e de recursos

    calculada nos computadores desse rgo, e no pela oferta e demanda do mercado.

    CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUO (OU CURVA DE TRANSFORMAO)

    A curva (ou FRONTEIRA) de possibilidades de produo (CPP) expressa a capacidade mxima de produo

    da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos (ou fatores de produo) de que se dispe em dado

    momento do tempo.

    Trata-se de um conceito terico com o qual se ilustra como a escassez de recursos impe um limite

    capacidade produtiva de uma sociedade, e que por isso, dever fazer escolhas entre diferentes

    alternativas de produo.

    Devido escassez de recursos, a produo total de um pas tem um limite mximo, uma PRODUO

    POTENCIAL ou PRODUTO DE PLENO EMPREGO, quando todos os recursos disponveis esto empregados

    (todos os trabalhadores que querem trabalhar esto empregados, NO H CAPACIDADE OCIOSA).

    Suponhamos uma economia que s produza mquinas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo) e

    que as alternativas de produo de ambos sejam as seguintes:

    POSSIBILIDADES DE PRODUO

    ALTERNATIVAS DE PRODUO MQUINAS (MILHARES) ALIMENTOS (TONELADAS)

    A 25 0

    B 20 30,0

    C 15 47,5

    D 10 60,0

    E 0 70,0

    ESCASSEZ x CAPACIDADE PRODUTIVA ALTERNATIVAS DE PRODUO

    PRODUTO DE PLENO EMPREGO (PRODUO POTENCIAL) = NO H CAPACIDADE OCIOSA

    CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO CAPACIDADE MXIMA DE PRODUO

  • 5 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Na primeira alternativa (A), todos os fatores de produo seriam alocados para a produo de mquinas;

    j na ltima alternativa (E), seriam alocados somente para a produo de alimentos.

    Nas alternativas intermedirias (B,C e D), os fatores de produo seriam distribudos na produo de um e

    de outro bem.

    Vejamos o grfico a seguir:

    A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produo potencial de mquinas e alimentos nessa

    economia hipottica.

    Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia ir operar no pleno emprego, ou seja, plena

    capacidade, utilizando todos os fatores de produo.

    No ponto F (ou em qualquer outro ponto interno curva), quando a economia est produzindo 10 mil

    mquinas e 30 toneladas de alimentos, dizemos que est operando com capacidade ociosa ou com

    desemprego. Ou seja, os fatores de produo esto sendo subutilizados.

    O ponto G representa uma combinao impossvel de produo (25 mil mquinas e 50 toneladas de

    alimentos), uma vez que os fatores de produo e a tecnologia de que a economia dispe seriam

    insuficientes para obter essas quantidades de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de produo

    potencial ou de pleno emprego dessa economia.

    A

    B

    C

    D

    E

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    0 5 10 15 20 25 30

    Curva (ou FRONTEIRA) de Possibilidades de Produo

    Mquinas (milhares)

    Alimentos

    (toneladas)

    F

    G

  • 6 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    CUSTO DE OPORTUNIDADE

    A transferncia dos fatores de produo de um bem X para produzir um bem Y implica um CUSTO DE

    OPORTUNIDADE, que igual ao sacrifcio de se deixar de produzir parte do bem X para se produzir mais

    do bem Y.

    O CUSTO DE OPORTUNIDADE TAMBM CHAMADO DE CUSTO ALTERNATIVO, por representar o custo da

    produo da alternativa sacrificada.

    de se esperar que os CUSTOS DE OPORTUNIDADE sejam CRESCENTES, uma vez que, quando

    aumentamos a produo de um determinado bem, os fatores de produo transferidos dos outros

    produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferncia vai ficando cada

    vez mais difcil e onerosa, e o grau de sacrifcio vai aumentando. Isto , os fatores de produo so

    especializados em determinadas linhas de produo, e no so completamente adaptveis a outros usos.

    Esse fato justifica o formato cncavo da curva de possibilidades de produo: acrscimos iguais na

    produo dos alimentos implicam decrscimos cada vez maiores na produo mquinas, conforme mostra

    figura abaixo:

    Mquinas (milhares)

    Alimentos

    (toneladas)

    ACRSCIMOS

    IGUAIS NA

    PRODUO DE

    ALIMENTOS

    LEVAM A QUEDAS CADA VEZ MAIORES NA

    PRODUO DE MQUINAS

  • 7 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    DESLOCAMENTOS DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUO

    O deslocamento da CPP para a direita indica que o pas est crescendo.

    Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em funo do aumento da quantidade fsica de fatores de

    produo como em funo do melhor aproveitamento dos recursos j existentes o que pode ocorrer

    com o progresso tecnolgico, maior eficincia produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau

    de qualificao da mo-de-obra.

    Desse modo, a expanso dos recursos de produo e os avanos tecnolgicos, que caracterizam o

    crescimento econmico, mudam a curva de possibilidades de produo para cima e para a direita,

    permitindo que a economia obtenha maiores quantidades de ambos os bens.

    CRESCIMENTO ECONMICO

    Mquinas (milhares)

    Alimentos

    (toneladas)

  • 8 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO: FLUXOS REAIS E MONETRIOS

    Para entender o funcionamento do sistema econmico, vamos supor uma economia de mercado que no

    tenha interferncia do governo nem transaes com o exterior (economia fechada).

    Os agentes so apenas as famlias (unidades familiares) e as empresas (unidades de produtoras). As

    famlias so proprietrias dos fatores de produo e os fornecem s empresas (unidades de produo) no

    mercado de fatores de produo. As empresas, pela combinao dos fatores de produo, produzem bens

    e servios e os fornecem s famlias no mercado de bens e servios.

    A esse fluxo de fatores de produo, bens e servios denominamos FLUXO REAL DA ECONOMIA.

    Como pode ser observado na figura acima, famlias e empresas exercem um duplo papel.

    No mercado de bens e servios, as famlias demandam bens e servios, enquanto as empresas os oferecem

    (ofertam). No mercado de fatores de produo, as famlias oferecem (ofertam) os servios dos fatores de

    produo (que so de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam.

    No entanto, o fluxo real da economia s se torna possvel com a presena de moeda. Essa utilizada para

    remunerar os fatores de produo e para o pagamento dos bens e servios.

    Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetrio da economia, conforme se expe

    abaixo:

    E, por sua vez, unindo os fluxos real e monetrio da economia, temos o chamado fluxo circular de renda:

    FLUXO REAL DA ECONOMIA

    Mercado de Bens e Servios

    Mercado de Fatores de Produo

    Famlias Empresas

    DEMANDA

    OFERTA

    OFERTA

    DEMANDA

    FLUXO MONETRIO DA ECONOMIA

    PAGAMENTO DOS BENS E SERVIOS

    REMUNERAO DOS FATORES DE PRODUO

    Famlias Empresas

  • 9 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as foras da oferta e da demanda, determinando o

    preo.

    Assim, no mercado de bens e servios formam-se os preos dos bens e servios, enquanto no mercado de

    fatores de produo so determinados os preos dos fatores de produo (salrios, juros, aluguis, lucros,

    royalties, dentre outros).

    Esse fluxo, tambm chamado de fluxo bsico, o que se estabelece entre as famlias e empresas.

    O fluxo completo incorpora o SETOR PBLICO, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gatos pblicos

    ao fluxo anterior, bem como o SETOR EXTERNO, que inclui todas as transaes com mercadorias, servios

    e movimento financeiro com o resto do mundo.

    FLUXO CIRCULAR DE RENDA

    Mercado de Bens e Servios

    Mercado de Fatores de Produo

    Famlias Empresas

    FLUXO MONETRIO (BENS E SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO)

    FLUXO REAL (BENS E SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO)

    O QU E O QUANTO PRODUZIR

    COMO PRODUZIR

    PARA QUEM PRODUZIR

    OFERTA DE SERVIOS DOS

    FATORES DE PRODUO

    DEMANDA DE BENS E

    SERVIOS

    DEMANDA DE SERVIOS

    DOS FATORES DE

    PRODUO

    OFERTA DE BENS E

    SERVIOS

    OFERTA x DEMANDA PREO

  • 10 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    BENS DE CAPITAL, BENS DE CONSUMO, BENS INTERMEDIRIOS E FATORES DE PRODUO

    Os bens de capital so utilizados na fabricao de outros bens, mas no se desgastam totalmente no

    processo produtivo. o caso, por exemplo, de mquinas, equipamentos e instalaes. So usualmente

    classificados no ativo fixo das empresas, e uma de suas caractersticas contribuir para a melhoria da

    produtividade da mo-de-obra.

    Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com

    sua durabilidade, podem ser classificados como durveis (por exemplo, geladeiras, foges, automveis) ou

    como no-durveis (alimentos, produtos de limpeza).

    Os bens intermedirios so transformados ou agregados na produo de outros bens e so consumidos

    totalmente no processo produtivo (insumos, matrias-primas e componentes).

    Diferenciam-se dos bens finais, que so vendidos para consumo ou utilizao final. Os bens de capital,

    como no so consumidos no processo produtivo, so bens finais, e no intermedirios.

    Os fatores de produo, chamados recursos de produo da economia, so constitudos pelos recursos

    humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.

    A CADA FATOR DE PRODUO CORRESPONDER A UMA REMUNERAO AO SEU PROPRIETRIO,

    CONFORME SEGUE ABAIXO:

    FATOR DE PRODUO E TIPO DE REMUNERAO

    FATOR TIPO DE REMUNERAO

    TRABALHO SALRIO

    CAPITAL JURO

    TERRA ALUGUEL

    TECNOLOGIA ROYALTI

    CAPACIDADE EMPRESARIAL LUCRO

    As famlias so as proprietrias dos fatores de produo. Inclusive, como se observa, em Economia

    considera-se o lucro tambm como uma remunerao a um fator de produo, representado pela

    capacidade empresarial ou gerencial dos proprietrios da empresa. As empresas vendem bens e servios

    no mercado, e o resultado de suas atividades (lucro/prejuzo) pertence a seus proprietrios (unidades

    familiares).

    ARGUMENTOS POSITIVOS x ARGUMENTOS NORMATIVOS

    A Economia uma cincia social e utiliza fundamentalmente uma anlise positiva, que deve explicar os

    fatos da realidade. Os ARGUMENTOS POSITIVOS no envolvem juzo de valor, e referem-se a proposies

    objetivas, tipo se no A, ento B.

    Por exemplo, se o preo da gasolina aumentar em relao a todos os outros preos, ento a quantidade

    que as pessoas iro comprar de gasolina diminuir. UMA ANLISE DO QUE .

    FREQNTEMENTE NOSSOS VALORES INTERFEREM NA ANLISE DO FATO ECONMICO.

    Nesse sentido, definimos tambm ARGUMENTOS NORMATIVOS, relativos a uma anlise que contm,

    explcita ou implicitamente, um juzo de valor sobre alguma medida econmica.

  • 11 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Por exemplo, na afirmao o preo da gasolina no deve subir expressamos uma opinio ou juzo de

    valor, ou seja, se uma coisa boa ou m. UMA ANLISE DO QUE DEVERIA SER.

    Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuio de renda do pas (argumento

    normativo). um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de poltica econmica

    (policymaker) dispe de algumas opes para alcanar esse objetivo (aumentar salrios, combater a

    inflao, criar empregos).

    A Economia Positiva ajudar a escolher o instrumento de poltica econmica mais adequado. Se a

    economia estiver prxima da plena capacidade de produo, aumentos de salrios, por encarecerem o

    custo da mo-de-obra, podem gerar desemprego; isso o contrrio do desejado quanto melhoria na

    distribuio de renda. Esse um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas

    circunstncias, no constituem a poltica mais adequada.

    DIVISO DO ESTUDO ECONMICO

    A anlise econmica, para fins metodolgicos e didticos, normalmente dividida em quatro reas:

    DIVISO DO ESTUDO ECONMICO

    MICROECONOMIA ou TEORIA DE FORMAO DE PREOS

    Examina a formao de preos em mercados especficos. Ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os preos e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente.

    MACROECONOMIA

    Estuda a determinao e o comportamento dos grandes agregados nacionais, como o Produto Interno Bruto (PIB), Investimento Agregado, a Poupana Agregada, o Nvel Geral de Preos, entre outros.

    ECONOMIA INTERNACIONAL

    Analisa as relaes econmicas entre residentes e no-residentes do pas, as quais envolvem transaes com bens e servios e transaes financeiras.

    DESENVOLVIMENTO ECONMICO

    Preocupa-se com a melhoria do padro de vida da coletividade ao longo do tempo. O enfoque tambm macroeconmico, mas centrado em questes estruturais e de longo prazo como, por exemplo, progresso tecnolgico e estratgias de crescimento.

  • 12 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    EVOLUO DO PENSAMENTO ECONMICO: BREVE RETROSPECTRO

    Existe consenso de que a teoria econmica, de forma sistematizada, iniciou-se quando foi publicada a obra

    de Adam Smith A RIQUEZA DAS NAES, em 1776.

    Em perodos anteriores, a atividade econmica do homem era tratada e estudada como parte integrante

    da Filosofia Social, da Moral e da tica.

    - PRECURSORES DA TEORIA ECONMICA

    Antigidade

    Na Grcia antiga, as primeiras referncias conhecidas Economia aparecem no trabalho de Aristteles

    (382-322 aC), que aparentemente foi quem cunhou o termo economia (OIKONOMA) em seus estudos

    sobre aspectos de administrao privada e sobre finanas pblicas.

    Mercantilismo

    A partir do sculo XVI observa-se o nascimento da primeira escola econmica: o MERCANTILISMO. Apesar

    de no representar um conjunto tcnico homogneo, o mercantilismo tinha algumas preocupaes

    explcitas sobre o acumulao de riquezas de uma nao. Continha alguns princpios de como fomentar o

    comrcio exterior e entesourar riquezas. O acmulo de metais adquire grande importncia. Considerava-se

    que o governo de um pas seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais

    preciosos. Com a poltica mercantilista manteve-se a poderosa e constante presena do ESTADO em

    assuntos econmicos.

    Fisiocracia

    A FISIOCRACIA surgiu como reao ao mercantilismo. Ela sugeria que era desnecessria a regulamentao

    governamental, pois a lei da natureza era suprema, e tudo o que fosse contra ela seria derrotado. A

    funo do soberano era servir de intermedirio para que as leis da natureza fossem cumpridas.

    Para os fisiocratas, a riqueza consistia em bens produzidos com a ajuda da natureza (fisiocracia significa

    regras da natureza) em atividades econmicas como a lavoura, a pesca e a minerao.

    Portanto, encorajava-se a agricultura e exigia-se que as pessoas empenhadas no comrcio e nas finanas

    fossem reduzidas ao menor nmero possvel.

    Os ORGANICISTAS (fisiocratas) associaram conceitos da Medicina Economia: circulao, fluxos, rgos,

    funes.

  • 13 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    - OS CLSSICOS:

    Adam Smith (1723 1790)

    Considerado o precursor da moderna teoria econmica, colocada como um conjunto cientfico

    sistematizado, com um corpo terico prprio, publicou a obra A RIQUEZA DAS NAES (UMA

    INVESTIGAO SOBRE A NATUREZA E AS CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAES), em 1776.

    O livro um tratado muito abrangente sobre questes econmicas que vo desde as leis do mercado e

    aspectos monetrios at a distribuio do rendimento da terra, concluindo com um conjunto de

    recomendaes polticas.

    Smith entendia que a atuao da livre concorrncia, sem qualquer interferncia, levaria a sociedade ao

    crescimento econmico, como que guiada por uma mo invisvel. Ele advogava a idia de que todos os

    agentes, em sua busca de lucrar o mximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade.

    como se uma mo invisvel orientasse todas as decises da economia, sem a necessidade da atuao do

    Estado.

    A defesa do mercado como regulador das decises econmicas de uma nao traria muitos benefcios para

    a coletividade, independentemente da ao do Estado. o princpio do LIBERALISMO.

    Seus argumentos baseavam-se na livre iniciativa, no laissez-faire. Considerava-se que a causa da riqueza

    das naes o trabalho humano (a chamada TEORIA DO VALOR-TRABALHO) e que um dos fatores

    decisivos para aumentar a produo a diviso de trabalho, isto , os trabalhadores que deveriam

    especializar-se em algumas tarefas (especializao do trabalho).

    A aplicao desse princpio promoveu o aumento da destreza pessoal, economia de tempo e condies

    favorveis para o aperfeioamento e invento de novas mquinas e tcnicas.

    A idia de Smith era clara. A PRODUTIVIDADE decorre da diviso de trabalho, e essa, por sua vez, decorre

    da tendncia inata da troca, que, finalmente, estimulada pela ampliao dos mercados. Assim,

    necessrio ampliar os mercados e as iniciativas privadas para que a produtividade e a riqueza sejam

    incrementadas.

    Para Adam Smith, o papel do Estado na economia deveria corresponder apenas proteo da sociedade

    contra eventuais ataques e criao e manuteno de obras e instituies necessrias, mas no

    interveno nas leis de mercado e, conseqentemente, na prtica econmica.

    David Ricardo (1722 1823)

    David Ricardo outro expoente do perodo clssico. Partindo das idias de Smith, desenvolveu alguns

    MODELOS ECONMICOS com grande potencial analtico.

    Aprimora a tese de que todos os custos se reduzem a custos do trabalho e mostra como a acumulao do

    capital, acompanhada de aumentos populacionais, provoca uma elevao da renda da terra. Sua anlise

    de distribuio do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas das idias do chamado perodo

    neoclssico.

    Ricardo tambm desenvolveu estudos sobre o COMRCIO INTERNACIONAL. Analisou por que as naes

    negociam entre si, se melhor para elas comerciarem e quais produtos devem ser comercializados. A

  • 14 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    resposta dada por Ricardo a essas questes constitui importante contribuio teoria do comrcio

    internacional, chamada de TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS.

    Para ele, o comrcio entre pases dependeria das dotaes relativas de fatores de produo. Ricardo, a

    partir de algumas generalizaes e usando poucas variveis estratgicas, produziu vrios dos mais

    expressivos modelos de toda a histria da cincia econmica, desses derivando importantes implicaes

    polticas.

    A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram origem a duas correntes antagnicas:

    A CORRENTE NEOCLSSICA, por suas abstraes simplificadoras, e

    A CORRENTE MARXISTA, pela nfase dada questo distributiva e aos aspectos sociais na repartio da

    renda da terra.

    John Stuart Mill (1806 1873)

    John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clssico. Seu trabalho foi o principal texto utilizado para

    o ensino de Economia no fim do perodo clssico e no incio do perodo neoclssico.

    Sua obra consolida o exposto por seus antecessores, e avana ao incorporar mais elementos institucionais

    e ao definir melhor as restries, vantagem e funcionamento de uma economia de mercado.

    Jean-Baptiste Say (1768 1832)

    O economista francs Jen-Baptiste Say retomou a obra de Adam Smith, ampliando-a.

    Subordinou o problema das trocas de mercadorias a sua produo, e popularizou a chamada LEI de SAY: a

    oferta cria sua prpria procura. Ou seja, o aumento da produo transformar-se-ia em renda dos

    trabalhadores e empresrios, que seria gasta na compra de outras mercadorias e servios.

    A lei de Say um dos pilares da macroeconomia clssica, e s foi contestada em meados do sculo XX.

    Thomas Malthus (1766 1834)

    Malthus foi o primeiro economista a sistematizar uma teoria geral sobre a populao. Ao assinalar que o

    crescimento da populao dependia rigidamente da oferta de alimentos, ele deu apoio teoria dos

    salrios de subsistncia.

    Para Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no EXCESSO POPULACIONAL: enquanto a

    populao crescia em progresso geomtrica, a produo de alimentos seguia em progresso aritmtica.

    Assim, o potencial de crescimento da populao excederia em muito o potencial da terra na produo de

    alimentos.

    Malthus advogou o adiamento de casamentos, a limitao voluntria de nascimentos nas famlias pobres,

    e aceitava as guerras como uma soluo para interromper o crescimento populacional.

    Malthus no previu o ritmo e o impacto do progresso tecnolgico na agricultura, nem as tcnicas de

    controle da natalidade que se seguiram.

  • 15 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    A partir da contribuio dos economistas clssicos, a Economia passou a ter um corpo terico prprio e a

    desenvolver um instrumental de anlise especfico para as questes econmicas.

    Apesar de ainda existirem aplicaes normativas no pensamento clssico, seu tema central pertence

    cincia positiva, situando-se o interesse primordial na anlise abstrata das relaes econmicas, com a

    finalidade de descobrir leis gerais e regularidades do comportamento econmico.

    Os pressupostos morais e as consequncias sociais dessas atividades j no eram realados como no

    perodo anterior.

    - A TEORIA NEOCLSSICA

    O perodo neoclssico teve incio na dcada de 1870 e desenvolveu-se at as primeiras dcadas do sculo

    XX.

    Nesse perodo, privilegiam-se os aspectos microeconmicos da teoria, pois a crena na economia de

    mercado e em sua capacidade auto-regulatria fez com que os tericos econmicos no se preocupassem

    tanto com a poltica e o planejamento macroeconmico.

    Os neoclssicos sedimentaram o raciocnio matemtico explcito inaugurado por Ricardo, procurando isolar

    os fatos econmicos de outros aspectos da realidade social.

    Alfred Marshall (1842 1924)

    Um grande destaque dessa corrente foi Alfred Marshall. Seu livro, PRINCPIOS DE ECONOMIA, publicado

    em 1890, serviu como obra bsica at a metade do sculo XX.

    Outros tericos importantes foram: Willian Jevons, Lon Walras, Eugen Bhn-Bawerk, Joseph Akius

    Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e Francis Edgeworth.

    Nesse perodo, a formalizao da anlise econmica (principalmente a Microeconomia) evoluiu muito. O

    COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR analisado profundamente.

    O desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfao no consumo) e o do produtor de maximizar

    seu lucro so a base para a elaborao de um sofisticado aparato terico. Com o estudo de funes ou

    curvas de utilidade (que pretendem medir o grau de satisfao do consumidor) e de produo,

    considerando restries de fatores e restries oramentrias, possvel deduzir o equilbrio de

    mercado.

    Como sua anlise fundamenta-se em conceitos marginais, como receitas e custos marginais, essa

    corrente terica tambm chamada de TEORIA MARGINALISTA.

    A ANLISE MARGINALISTA muito rica e variada. Alguns economistas privilegiaram alguns aspectos, como

    a interao de muitos mercados simultaneamente o equilbrio geral de Walras um caso -, enquanto

    outros privilegiaram aspectos de equilbrio parcial, usando um instrumental grfico a caixa de Edgeworth,

    por exemplo.

    Apesar de as questes microeconmicas ocuparem o centro dos estudos econmicos, houve uma

    produo rica em outros aspectos da teoria econmica, como a teoria do desenvolvimento econmico de

    Schumpeter e a teoria do capital e dos juros de Bhm-Bawerk.

  • 16 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Deve-se destacar tambm anlise monetria, com a criao da TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA, que

    relaciona a quantidade de dinheiro com os nveis gerais de atividade econmica e de preos.

    - A TEORIA KEYNESIANA

    A era Keynesiana iniciou-se com a publicao da TEORIA GERAL DO EMPREGO, dos JUROS e da MOEDA,

    em 1936. Muitos autores descrevem a contribuio de Keynes como a revoluo keynesiana, tamanho o

    impacto de sua obra.

    Na dcada de 1930, a economia mundial atravessava uma crise que ficou conhecida como a GRANDE

    DEPRESSO. A realidade econmica dos principais pases capitalistas era crtica naquele momento. O

    desemprego na Europa era muito grande. Nos Estados Unidos, aps a quebra da Bolsa de Valores de Nova

    Iorque em 1929, o nmero de desempregados assumiu propores elevadssimas.

    A teoria econmica vigente acreditava que se tratava de um problema temporrio, apesar de a crise estar

    durando alguns anos. A TEORIA GERAL DE KEYNES consegue mostrar que a combinao das polticas

    econmicas adotadas at ento no funcionava adequadamente naquele novo contexto econmico, e

    aponta para solues que poderiam tira o mundo da recesso.

    Segundo o pensamento keynesiano, um dos principais fatores responsvel pelo volume de emprego o

    NVEL DE PRODUO NACIONAL de uma economia, determinado, por sua vez, pela DEMANDA

    AGREGADA ou EFETIVA. Ou seja, sua teoria inverte o sentido da lei de Say (a oferta cria sua prpria

    procura) ao destacar o papel da demanda agregada de bens e servios sobre o nvel de emprego.

    Para Keynes, numa economia em recesso, no existem foras de auto-ajustamento, por isso se torna

    necessria a interveno do Estado por meio de uma poltica de gastos pblicos. Tal posicionamento

    terico significa o fim da crena no laissez-faire como regulador dos fluxos real e monetrio da economia

    e chamado de PRINCPIO DA DEMANDA EFETIVA.

    Os argumentos de Keynes influenciaram muito a poltica econmica dos pases capitalistas. De modo geral,

    essas polticas apresentaram resultados positivos nos anos que se seguiram Segunda Guerra Mundial.

    Nesse perodo, houve desenvolvimento expressivo da teoria econmica. Por um lado, incorporaram-se os

    modelos por meio do instrumental estatstico e matemtico, que ajudou a formalizar ainda mais a cincia

    econmica. Por outro, alguns economistas trabalharam na esteira de pesquisa aberta pela obra de Keynes.

    Debates tericos sobre aspectos de seu trabalho duram at hoje, destacando-se trs grupos:

    - Monetaristas: de um modo geral, privilegiam o controle da moeda eum baixo grau de interveno do

    Estado;

    - Fiscalistas (ou Keynesianos): em geral, recomendam o uso de polticas fiscais ativas e acentuado grau de

    interveno do Estado; e

    - Ps-Keynesianos: tem explorado outras implicaes da obra de Keynes. Os ps-keynesianos realizaram

    uma releitura da obra de Keynes, procurando mostrar que ele no negligenciou o papel da moeda e da

    poltica monetria. Enfatizam o papel da especulao financeira e, como Keynes, defendem um papel ativo

    do Estado na conduo da atividade econmica.

    Apesar de nenhum deles ter um pensamento homogneo e todos terem pequenas divergncias internas,

    possvel fazer algumas generalizaes.

  • 17 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Cabe destacar, ainda, que, apesar das diferenas entre as vrias correntes, h consenso quanto aos pontos

    fundamentais da teoria, uma vez que todas so baseadas no trabalho de Keynes.

    - O PERODO RECENTE

    A teoria econmica vem apresentando algumas transformaes, principalmente a partir dos anos 1970,

    aps as duas crises do petrleo. Trs caractersticas marcam esse perodo:

    Primeiro, existe uma conscincia maior das limitaes e possibilidades de aplicaes da teoria .

    O segundo ponto diz respeito ao avano no contedo emprico da economia.

    Finalmente, no terceiro, observamos uma consolidao das contribuies dos perodos anteriores.

    O desenvolvimento da informtica permitiu um processamento de informaes em volume e preciso sem

    precedentes. A teoria econmica passou a ter um contedo emprico que lhe conferiu maior aplicao

    prtica. Por um lado, isso permite um aprimoramento constante da teoria existente; por outro, abre novas

    frentes tericas importantes.

    Atualmente, a anlise econmica engloba quase todos os aspectos da vida humana, e o impacto desses

    estudos na melhoria do padro de vida e do bem-estar da sociedade considervel. O controle e o

    planejamento macroeconmico permitem antecipar muitos problemas, e evitar algumas flutuaes

    desnecessrias na economia.

    A teoria econmica caminha em muitas direes. Um exemplo a rea de finanas empresariais. A

    incorporao de algumas tcnicas economtricas, conceitos de equilbrio de mercados e hipteses sobre o

    comportamento dos agentes econmicos acabou por revolucionar a Economia. Essa revoluo se fez sentir

    tambm nos mercados financeiros, com o desenvolvimento dos chamados mercados futuros e de

    derivativos.

  • 18 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    INTRODUO MACROECONOMIA

    A Macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinao e o comportamento de

    grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nvel geral de preos, emprego e desemprego,

    estoque de moeda e taxas de juros, balano de pagamentos e taxa de cmbio.

    A Macroeconomia no tem por enfoque o comportamento das unidades econmicas individuais e de

    mercados especficos. Essas so preocupaes da Microeconomia.

    A Macroeconomia trata o mercado de bens e servios como um todo (agregando produtos agrcolas,

    industriais e servios de transporte, por exemplo), assim como o mercado de trabalho (no se

    preocupando com diferenas na qualificao, sexo, idade, origem da fora de trabalho etc).

    A abordagem global tem a vantagem de estabelecer relaes entre grandes agregados e permitir uma

    compreenso maior de algumas das interaes mais relevantes da economia, entre os mercados de bens

    e servios, o mercado monetrio, financeiro e cambial, e o mercado de trabalho, representando assim

    importante instrumento para a poltica e a programao econmica.

    Entretanto, embora exista um aparente contraste, no h conflito entre a Micro e a Macroeconomia. A

    diferena primordialmente uma questo de nfase, enfoque. Ao estudar a determinao de preos num

    dado setor, na Microeconomia consideram-se constantes os preos dos outros setores (a hiptese de

    coeteris paribus). Na Macroeconomia, estuda-se o nvel geral de preos, ignorando-se as mudanas de

    preos relativos dos bens dos diferentes setores.

    A TEORIA MACROECONMICA propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de CURTO PRAZO.

    Especificamente, trata de questes como desemprego, que aparece sempre que a economia est

    trabalhando abaixo de seu mximo de produo, e da estabilizao do nvel geral de preos (inflao).

    Em outras palavras, a anlise de curto prazo avalia fundamentalmente QUESTES CONJUNTURAIS, como

    desemprego e inflao.

    A parte da teoria econmica que estuda questes de longo prazo denominada TEORIA DO

    DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONMICO. Analisa tambm os grandes agregados, mas com um

    enfoque um pouco diferenciado, preocupando-se com a TRAJETRIA DE LONGO PRAZO da economia. A

    teoria do desenvolvimento econmico dedica-se fundamentalmente s QUESTES ESTRUTURAIS, que no

    envolvam apenas a utilizao de instrumentos de poltica-econmica, mas tambm fatores institucionais,

    sociais, tecnolgicos, como qualificao da mo-de-obra, progresso tecnolgico, qualidade de vida da

    populao, distribuio de renda etc.

    Em resumo, a teoria macroeconmica tradicional trata fundamentalmente das questes do desemprego

    e da inflao, consideradas como problemas de curto prazo ou conjunturais. Enquanto que, as teorias de

    desenvolvimento e crescimento incorporam questes estruturais, que envolvem polticas cujos efeitos

    demandam um perodo maior de tempo para apresentarem resultados, pois exigem mudanas profundas

    na estrutura econmica e institucional do pas.

  • 19 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    OBJETIVOS DE POLTICA MACROECONMICA

    So os seguintes os objetivos de poltica macroeconmica:

    a) ALTO NVEL DE EMPREGO

    b) ESTABILIDADE DE PREOS

    c) DISTRIBUIO DE RENDA SOCIALMENTE JUSTA

    d) CRESCIMENTO ECONMICO

    As questes relativas ao emprego e inflao so consideradas conjunturais, de curto prazo. a

    preocupao central das chamadas POLTICAS DE ESTABILIZAO.

    As questes relativas ao crescimento econmico e distribuio de renda envolvem aspectos tambm

    estruturais que so predominantemente de longo prazo.

    Alguns textos colocam tambm como meta o EQUILBRIO NO BALANO DE PAGAMENTOS, ou EQUILBRIO

    EXTERNO. Mas esse no representa um objetivo em si mesmo, mas sim um meio, um instrumento que

    depende da orientao geral da poltica econmica determinada pelo governo sobre as metas j

    assinaladas.

    Isso posto, segue-se uma viso geral dessas questes.

    a) ALTO NVEL DE EMPREGO

    Deve-se salientar que antes da crise mundial dos anos de 1930, o desemprego no preocupava a maioria

    dos economistas, pelo menos nos pases capitalistas. Isso porque predominava o pensamento liberal, que

    acreditava que os mercados, sem interferncia do Estado, conduziriam a economia ao pleno emprego de

    seus recursos, ou a seu produto potencial: milhes de consumidores e milhares de empresas, como que

    guiados por uma mo invisvel, determinariam os preos e a produo de equilbrio, e, desse modo, no

    haveria problemas de desempenho.

    A evoluo da economia mundial trouxe em seu bojo novas variveis, como o surgimento dos sindicatos de

    trabalhadores, os grupos econmicos e o desenvolvimento do mercado de capitais e do comrcio

    internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia. A no

    interferncia do governo levou quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, e uma crise de desemprego

    atingiu todos os pases do mundo ocidental nos anos seguintes.

    O livro Teoria Geral do Desemprego, dos Juros e da Moeda, de Keynes, em 1936, forneceu aos

    governantes os instrumentos necessrios para que a economia recuperasse seu nvel de emprego

    potencial ao longo do tempo.

    Com a contribuio de Keynes, contudo, fincaram-se as bases da moderna teoria macroeconmica, e da

    interveno do Estado na economia de mercado. Na verdade, Keynes praticamente inaugurou a seguinte

    discusso econmica, que perdura at hoje: qual deve ser o grau de interveno do Estado na economia e

    em que medida ele deve ser produtor de bens ou servios?

    A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais) prega que, na economia, o governo deva cuidar

    apenas da poltica monetria e deixar a produo de bens e servios para o setor privado. Enquanto que

    outras correntes apregoam maior grau de atuao do Estado na atividade econmica (keynesianos,

    desenvolvimentistas, socialistas etc).

  • 20 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    b) ESTABILIDADE DE PREOS

    Define-se INFLAO como o aumento contnuo e generalizado do nvel geral de preos.

    Por que a inflao um problema?

    A inflao acarreta distores, principalmente sobre a distribuio da renda, sobre as expectativas dos

    agentes econmicos e sobre o balano de pagamentos.

    Mesmo em pases desenvolvidos, o controle da inflao tambm uma preocupao sempre presente,

    dado que, quanto maior o nvel de atividade econmica, a utilizao dos recursos produtivos tende a

    atingir a sua capacidade mxima, gerando tenses inflacionrias.

    Costuma-se aceitar que um pouco de inflao faa parte dos ajustes de uma sociedade dinmica, em

    crescimento. Efetivamente, a experincia histria mostra que existem algumas condies inflacionrias

    que so inerentes ao prprio processo de crescimento econmico.

    As tentativas dos pases em via de desenvolvimento de alcanar estgios mais avanados de crescimento

    econmico dificilmente se realizam sem que tambm ocorram, concomitantemente, elevaes no nvel

    geral de preos.

    c) DISTRIBUIO EQUITATIVA DE RENDA

    A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 1960 e a maior parte da dcada de

    1970. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nvel de renda, tanto entre

    diferentes grupos socioeconmicos como entre as regies brasileiras. Tal situao fere, evidentemente, o

    sentido de equidade ou justia social.

    No Brasil, os crticos do milagre econmico argumentam que a concentrao de renda no pas piorou

    entre os anos 1967 e 18973 devido a uma poltica deliberada do governo de primeiro crescer para depois

    distribuir (a chamada TEORIA DO BOLO).

    A posio oficial era de que certo aumento na concentrao de renda seria inerente ao prprio

    desenvolvimento capitalista, dadas as transformaes estruturais que ocorrem nesse processo: xodo

    rural, com trabalhadores de baixa qualificao, aumento da proporo de jovens, entre outros.

    Em pases que tiveram um crescimento bastante rpido, principalmente aps a II Guerra Mundial, como

    Brasil, Chile, Mxico, Coria do Sul, gerou-se um aumento abrupto da demanda por mo-de-obra

    qualificados (que tambm tiveram ganhos nesse processo, porm, menores que os mais qualificados).

    Assim, a falta de qualificao da mo-de-obra teria sido o principal determinante da piora distributiva

    nesses pases.

    Deve ser observado que, embora tenha ocorrido no Brasil uma concentrao de renda naquele perodo, o

    padro de vida de toda a populao melhorou, o que aparentemente contraditrio. O que ocorreu que

    a renda mdia por habitante (renda per capita) de todas as classes aumentou, mas a renda das classes

    mais ricas aumentou proporcionalmente mais que a renda das classes mais pobres. A renda dos pobres

    aumentou, melhorou seu padro de vida no perodo, mas a participao deles na renda do pas diminuiu.

  • 21 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    d) CRESCIMENTO ECONMICO

    Se existe desemprego e, portanto, capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional por meio de

    polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva. No entanto, feito isso, h um limite

    quantidade que se pode produzir com a tecnologia e os recursos disponveis.

    Aumentar o produto alm desse limite exigir:

    a) Ou um aumento nos recursos disponveis;

    b) Ou um avano tecnolgico, ou seja, melhoria tecnolgica, novas maneiras de organizar a produo,

    qualificao da mo-de-obra.

    Quando se fala em crescimento econmico, estamos nos referindo ao crescimento da RENDA NACIONAL

    PER CAPITA, ou seja, em colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e servios

    que supere o crescimento populacional.

    A renda per capita considerada um razovel indicador o mais operacional para se aferir a melhoria do

    padro de vida da populao, embora apresente falhas (os pases rabes, por exemplo, tm as maiores

    rendas per capita no mundo, mas no o melhor padro de vida em relao a outros pases com renda per

    capita elevada).

    DILEMAS DE POLTICA ECONMICA: INTER-RELAES E CONFLITOS DE OBJETIVOS

    O crescimento econmico pode facilitar a soluo de problemas relativos pobreza, pois os conflitos

    sociais sobre a diviso do bolo produtivo podem ser abrandados quando ele aumenta. Nesse sentido,

    poder-se-ia aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.

    Entretanto, no Brasil e em outros pases em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade

    distributiva tm se mostrado conflitantes, fundamentalmente devido ao fator educacional, com a maioria

    da mo-de-obra com baixa qualificao e, portanto, com baixos rendimentos.

    Outro conflito gerado por polticas econmicas pode ser observado entre as metas de reduo de

    desemprego e a estabilidade de preos. fato que, quando o desemprego diminui e a economia aproxima-

    se da plena utilizao de recursos, passam a ocorrer presses por aumento de preos (inflao),

    principalmente nos setores fornecedores de insumos bsicos (ao, embalagens, matrias-primas) o que

    explica o frequente controle do crescimento do consumo pelas autoridades para no provocar inflao.

    Por outro lado, observa-se que, numa situao recessiva (desemprego elevado), as taxas de inflao

    tendem a ceder, uma vez que as empresas estaro mais voltadas a desovar seus estoques acumulados e os

    sindicatos de trabalhadores no estaro to preocupados em obter salrios mais elevados, mas sim com a

    manuteno do emprego.

    Essa tendncia a uma relao inversa entre inflao e desemprego denominada na literatura econmica

    de trade-off entre inflao e desemprego, que um reflexo de uma tendncia cclica da economia,

    alternando perodos de maior prosperidades com outros mais recessivos.

  • 22 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Outro exemplo bastante claro desses dilemas de poltica econmica ocorreu no Plano Real, a partir de

    1994: a meta de reduo da inflao e de estabilizao de preos foi plenamente atingida (de taxas de

    inflao de cerca de 50% mensais passou-se a taxas em torno de 5% a 6% ao ano).

    Entre os instrumentos utilizados, recorreu-se valorizao da moeda nacional perante o dlar, o que

    promoveu um aumento das importaes e da concorrncia dos produtos estrangeiros com os nacionais e o

    consequente barateamento dos preos internos.

    Entretanto, houve uma reduo do ritmo das exportaes (os produtos brasileiros ficaram mais caros em

    relao ao dlar), a balana comercial tornou-se deficitria e aumentou a vulnerabilidade externa da

    economia brasileira.

    Portanto, decidir qual o objetivo prioritrio tarefa que pertence mais ao mbito do poder poltico. Cabe

    aos economistas apresentar os custos e os benefcios de cada alternativa de poltica econmica, mas a

    deciso final sobre qual caminho percorrer pertence aos polticos.

    INSTRUMENTOS DE POLTICA MACROECONMICA (INTRODUO)

    A POLTICA MACROECONMICA envolve a atuao do governo sobre a capacidade produtiva (oferta

    agregada) e as despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir que a economia

    opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflao, com distribuio de renda justa, e cresa de forma

    contnua e sustentvel.

    Os principais instrumentos para atingir tais objetivos so as POLTICAS FISCAL, MONETRIA, CAMBIAL E

    COMERCIAL, e DE RENDA.

    - POLTICA FISCAL

    Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispes para arrecada tributos (poltica tributria) e

    controlar suas despesas (poltica de gastos).

    A POLTICA TRIBUTRIA, alm de influir sobre o nvel de tributao, utilizada, por meio da manipulao

    da estrutura e alquotas de impostos, para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado.

    Se o objetivo da poltica econmica for reduzir a taxa de inflao, as medidas fiscais normalmente

    adotadas so a diminuio de gastos pblicos e/ou o aumento da carga tributria (o que inibe o consumo).

    Logo, essas medidas visam a diminuir os gatos da coletividade.

    Se o objetivo for o maior crescimento e emprego, os instrumentos fiscais so os mesmos, mas em sentido

    inverso, para elevar a demanda agregada.

    Para uma poltica que vise melhorar a distribuio de renda, esses instrumentos devem ser utilizados de

    forma seletiva, em benefcio dos grupos menos favorecidos. Por exemplo, impostos progressivos, gastos

    do governo em regies mais atrasadas etc.

    Toda poltica tributria deve obedecer a um princpio constitucional, chamado PRINCPIO DA

    ANTERIORIDADE (antes conhecido como Princpio da Anualidade), segundo o qual a implementao de

    uma medida s pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovao pelo Congresso Nacional

    (publicao da lei pelo Presidente da Repblica).

  • 23 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Como consta no art. 150, inciso III, b, da Constituio Federal de 1988, vedado s autoridades pblicas

    cobrar tributos no mesmo exerccio financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou

    aumentou.

    - POLTICA MONETRIA

    Refere-se atuao do governo sobre a QUANTIDADE DE MOEDA E TTULOS PBLICOS EXISTENTES NA

    ECONOMIA.

    Os instrumentos disponveis para tal so:

    EMISSES;

    RESERVAS COMPULSRIAS (PERCENTUAL SOBRE OS DEPSITOS QUE OS BANCOS COMERCIAIS

    DEVEM COLOCAR DISPOSIO DO BANCO CENTRAL);

    OPEN MARKET (COMPRA E VENDA DE TTULOS PBLICOS)

    REGULAMENTAO SOBRE CRDITO E TAXA DE JUROS

    Assim, por exemplo, se o objetivo for o controle da inflao, a medida apropriada de poltica monetria

    seria diminuir o estoque monetrio da economia (por exemplo, aumento da taxa de juros, aumento das

    reservas compulsrias, ou venda de ttulos no Open Market).

    Se a meta for o crescimento econmico, seria o inverso: reduo da taxa de juros e da taxa de

    compulsrio, compra de ttulos no Open Market.

    As polticas monetria e fiscal representam meios alternativos diferentes para as mesmas finalidades. A

    poltica econmica deve ser executada por meio de uma combinao adequada de instrumentos fiscais e

    monetrios.

    Pode-se dizer que a poltica fiscal tem mais eficcia quando o objetivo uma melhoria na distribuio de

    renda, tanto na taxao s rendas mais altas como pelo aumento dos gastos do governo com destinao a

    setores menos favorecidos. A poltica monetria mais difusa no tocante questo distributiva.

    Por sua vez, uma vantagem frequentemente apontada da poltica monetria sobre a fiscal que a primeira

    pode ser implementada logo aps sua aprovao, dado que depende apenas de decises diretas das

    autoridades monetrias, enquanto o processo de implementao de polticas fiscais muito lento, pois

    depende de votao do Congresso Nacional, e deve obedecer ao princpio da anterioridade, aumentando a

    defasagem entre a tomada de deciso e a implementao das medidas fiscais.

    - POLTICAS CAMBIAL E COMERCIAL

    So polticas que atuam sobre as variveis relacionadas ao SETOR EXTERNO DA ECONOMIA.

    A POLTICA CAMBIAL refere-se atuao do governo sobre a taxa de cmbio. As autoridades monetrias

    podem fixar a taxa de cmbio (regime de taxas fixas de cmbio) ou permitir que ela seja flexvel e

    determinada pelo mercado de divisas (regime de taxas flutuantes de cmbio).

  • 24 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    PARTE REAL DA ECONOMIA

    PARTE MONETRIA DA ECONOMIA

    A POLTICA COMERCIAL diz respeito aos instrumentos de incentivos s exportaes e/ou ao estmulo ou

    desestmulo s importaes. Ou seja, refere-se a estmulos fiscais (crdito-prmio do ICMS, IPI etc) e

    creditcios (taxas de juros subsidiadas) s exportaes e ao controle das importaes (via tarifas e barreiras

    quantitativas sobre importaes).

    No Brasil, as decises de poltica cambial so de alada do Conselho Monetrio Nacional, enquanto a

    poltica comercial comandada pelos Ministros do Planejamento, da Indstria e Comrcio Exterior e

    Agricultura, com o apoio do Ministrio das Relaes Exteriores.

    - POLTICA DE RENDAS

    A POLTICA DE RENDAS refere-se interveno direta do governo na formao de renda (salrios,

    aluguis), com o controle e o congelamento de preos.

    Alguns tipos de controle exercidos pelas autoridades econmicas podem ser considerados dentro do

    mbito das polticas monetria, fiscal ou cambial. Por exemplo, o controle das taxas de juros e da taxa

    de cmbio.

    Entretanto, os controles sobre preos e salrios situam-se em categoria prpria de poltica econmica. A

    caracterstica especial que, nesses controles, os preos so congelados e os agentes econmicos no

    podem responder s influncias econmicas normais do mercado. Normalmente esses controles so

    utilizados como poltica de combate inflao.

    No Brasil, a fixao da poltica salarial, o salrio mnimo, a atuao do Conselho Interministerial de Preos

    (CIP), depois da Secretaria Especial de Abastecimento e Preos (SEAP), e os congelamentos de preos e

    salrios nos planos econmicos (Cruzado, Bresser, Vero, Collor) situaram-se no contexto de polticas

    inflacionrias.

    ESTRUTURA DE ANLISE MACROECONMICA

    Tradicionalmente, a estrutura bsica do modelo macroeconmico compe-se de cinco mercados:

    MERCADO DE BENS E SERVIOS

    MERCADO DE TRABALHO

    MERCADO MONETRIO

    MERCADO DE TTULOS

    MERCADO DE DIVISAS

    As VARIVEIS OU AGREGADOS MACROECONMICOS so determinados pelo encontro da oferta e da

    demanda em cada um desses mercados.

  • 25 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    A seguir apresentamos um esboo da estrutura bsica do modelo macroeconmico.

    - MERCADO DE BENS E SERVIOS

    A idia bsica seria a de idealizarmos a economia como se ela teoricamente produzisse apenas um nico

    bem, que seria obtido pela agregao dos diversos bens produzidos. Esse mercado determina o nvel de

    produo agregada, bem como o nvel geral de preos.

    A determinao do nvel geral de preos e do nvel agregado de produo est condicionada pela evoluo

    do nvel de demanda e oferta agregadas de bens e servios.

    A demanda agregada depende fundamentalmente da evoluo da demanda dos quatro grandes SETORES

    OU AGENTES MACROECONMICOS:

    CONSUMIDORES

    EMPRESAS

    GOVERNO

    SETOR EXTERNO

    Por outro lado, a oferta ou produo agregada depende da evoluo do nvel de emprego e da capacidade

    instalada na economia.

    A condio de equilbrio do mercado dada por:

    As variveis determinadas nesse mercado so as seguintes:

    NVEL DE RENDA E PRODUTO NACIONAL

    NVEL DE PREOS

    CONSUMO AGREGADO

    POUPANA AGREGADA

    INVESTIMENTOS AGREGADOS

    EXPORTAES TOTAIS

    IMPORTAES TOTAIS

    OFERTA AGREGADA DE BENS E SERVIOS = DEMANDA AGREGADA DE BENS E SERVIOS

  • 26 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    - MERCADO DE TRABALHO

    Assim como no mercado de bens e servios no se levam em conta os diferentes tipos de bens produzidos

    pela economia, nesse mercado no se distinguem os diferentes tipos de trabalho.

    Admite-se a existncia de um nico tipo de mo-de-obra, independentemente de caractersticas como

    grau de qualificao, escolaridade, sexo etc. Esse mercado determina a taxa de salrios e o nvel geral de

    emprego.

    A demanda ou procura de mo-de-obra depende de dois fatores bsicos: da taxa de salrio real (ou custo

    efetivo da mo-de-obra para as empresas) e do nvel de produo desejado pelas empresas.

    A oferta de mo-de-obra depende do salrio real (custo efetivo da cesta bsica de consumo para os

    trabalhadores) e da evoluo da populao economicamente ativa.

    A condio de equilbrio nesse mercado dada por:

    As variveis determinadas so:

    NVEL DE EMPREGO

    TAXA DE SALRIOS MONETRIOS.

    Em conjunto com o mercado de bens e servios, que determina a taxa de inflao, o mercado de trabalho

    determina tambm o SALRIO REAL, isto , o salrio monetrio, descontada a inflao.

    - MERCADO MONETRIO

    Dado que todas as transaes da economia so efetuadas com a utilizao de moeda, admite-se tambm a

    existncia de um mercado monetrio.

    Nesse mercado, supe-se a existncia de uma demanda de moeda (em funo da necessidade de

    transaes dos agentes econmicos, ou seja, da necessidade de liquidez) e de uma oferta de moeda,

    determinada pelo Banco Central e pela atuao dos bancos comerciais.

    A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros.

    A condio de equilbrio nesse mercado dada por:

    As variveis determinadas nesse mercado so:

    TAXA DE JUROS

    ESTOQUE DE MOEDA (MEIOS DE PAGAMENTOS).

    OFERTA DE MO-DE-OBRA = DEMANDA DE MO-DE-OBRA

    OFERTA DE MOEDA = DEMANDA DE MOEDA

  • 27 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    - MERCADO DE TTULOS

    O mercado de ttulos includo no modelo macroeconmico bsico para que seja analisado o papel de

    agentes econmicos superavitrios e deficitrios, e como interagem.

    Os agentes econmicos superavitrios, que possuem um nvel de gastos inferior a seu volume de renda,

    podem efetuar emprstimos para os agentes econmicos deficitrios (aqueles que possuem nvel de

    gastos superior a seu nvel de renda).

    De maneira semelhante aos mercados de bens e servios e ao mercado de trabalho, no se considera a

    existncia de diferentes tipos de ttulos; ao contrrio, supe-se que exista um ttulo-padro.

    Normalmente utiliza-se o ttulo pblico como exemplo.

    A condio de equilbrio nesse mercado dada por:

    E a varivel determinada nesse mercado :

    PREO DOS TTULOS.

    Normalmente os mercados monetrio e de ttulos so analisados conjuntamente, que podem

    genericamente ser chamados de MERCADO FINANCEIRO, dada sua grande interdependncia.

    Na verdade, a TAXA DE JUROS determinada por esses dois mercados.

    - MERCADO DE DIVISAS

    Como a economia mantm transaes com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda

    estrangeira.

    A oferta de divisas depende das exportaes e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de

    divisas determinada pelo volume de importaes e sada de capital financeiro.

    Assim, a condio de equilbrio nesse mercado dada por:

    Sendo que a varivel determinada nesse mercado :

    TAXA DE CMBIO.

    O Banco Central pode interferir no mercado de divisas fixando antecipadamente a taxa de cmbio (regime

    de taxas de cmbio fixas) ou deixando a taxa flutuar (regime de taxas de cmbio flutuantes ou flexveis),

    mas praticamente determinando a taxa de equilbrio, pois ele atua tanto na compra como na venda de

    divisas (o que chamado de FLUTUAO SUJA, ou DIRTY FLOATING).

    Na anlise macroeconmica, os gastos do governo e a oferta de moeda so EXGENOS, isto , no so

    determinados nesses mercados, mas sim, de forma autnoma pelas autoridades.

    OFERTA DE TTULOS = DEMANDA DE TTULOS

    OFERTA DE DIVISAS = DEMANDA DE

  • 28 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Dizemos que so variveis determinadas institucionalmente, j que dependem do tipo de poltica

    econmica adotada pelas autoridades.

    Por exemplo, se a meta for a estabilizao da taxa de inflao, deve ocorrer uma diminuio tanto nos

    gastos do governo como na oferta de moedas. Se o objetivo for desenvolvimentista, devem ser adotadas

    polticas de expanso monetria e de gastos pblicos. Elas vo condicionar o comportamento de todos os

    demais agregados, mas no so determinadas por eles.

    O mercado de capitais fsicos est embutido no mercado de bens e servios por meio dos investimentos

    (gastos com a formao de capital) e da poupana (financiamento da formao de capital). O mercado de

    capitais financeiros estudado com o mercado monetrio e de ttulos.

    A anlise que segue acompanha a maior parte da literatura contempornea, que se baseia na obra TEORIA

    GERAL DO EMPREGO, DOS JUROS E DA MOEDA, do economista ingls John Maynard Keynes, cuja

    preocupao principal era as QUESTES CONJUNTURAIS DE CURTO PRAZO, e em particular a questo do

    DESEMPREGO.

    MACROECONOMIA KEYNESIANA.

    - Hipteses bsicas

    - As funes consumo e poupana

    - Determinao da renda de equilbrio

    - O multiplicador keynesiano

    - Os determinantes do investimento

    - Introduo macroeconomia de Keynes

    O quem vem a ser a macroeconomia keynesiana? Qual o nosso interesse nesse assunto?

    Keynes tornou-se o marco do estudo dos gastos governamentais, ou seja, a poltica fiscal e seus

    condicionantes comearam a ter renome acadmico com esse economista, que teve destaque aps a

    dcada de 1930.

    A discusso girava em torno do papel da poltica fiscal em um ambiente incerto, no qual expectativas so

    realizadas conforme um conhecimento precrio da economia. Nessa direo, o comportamento defensivo

    dos agentes faz-se plausvel e racional. Est expresso na preferncia pela liquidez, conduzindo reduo

    dos gastos, de forma a deprimir a economia.

    Se o agente econmico preferir ficar lquido significa que mantm seu estoque de riqueza

    predominantemente em moeda, ativo lquido por excelncia, sinnimo de liquidez. um recurso a ser

    utilizado imediatamente, a qualquer momento, sem custos de transao. Em um momento de incertezas,

    creditava-se como o mais apropriado.

    Essa preferncia pela liquidez de seus ativos por parte dos agentes econmicos se justifica por causa de

    incerteza quanto ao futuro dos eventos econmicos e do resultado futuro dos investimentos passados e

    presentes. Por essa razo, os indivduos preferem manter sua riqueza na forma de dinheiro.

  • 29 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    Segundo Keynes, a taxa de juros representa um limite ao investimento produtivo, apenas por ser um

    trade-off do investidor, quando aplica o seu capital em uma ampla carteira de ativos, entre o investimento

    (capital produtivo) e a liquidez (capital monetrio).

    OBS: TRADE-OFF DO INVESTIDOR SE REFERE A UMA ESCOLHA ENTRE TAXA DE INVESTIMENTO E MOEDA (TTULOS), GUIADA PELOS MOVIMENTOS NA TAXA

    DE JUROS. O EMPRESRIO DEVE ESCOLHER ENTRE COMPRAR UMA MQUINA E FICAR LQUIDO, ISTO , COMPRAR ATIVOS FINANCEIROS. MAIS MQUINAS

    REPRESENTAM MENOS ATIVOS FINANCEIROS. E A PREFERNCIA POR ATIVOS FINANCEIROS SE DAR CUSTA DA REDUO DO ESTOQUE DE MQUINAS.

    Keynes tratou de esclarecer que o investimento precede o aumento da poupana na economia, medida

    que esta funo da renda, que, por sua vez, depende dos gastos agregados.

    Em sua anlise, central o fato de a economia capitalista ser uma economia monetria e que, portanto,

    o dinheiro no elemento passivo nas decises de investimentos. Elas dependem da eficincia marginal

    do capital, da sua taxa de juros intrnseca de longo prazo e da taxa de juros monetria de curto prazo.

    OBS: NO ESTUDO DOS DETERMINANTES DO INVESTIMENTO, O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE EFICINCIA MARGINAL DO CAPITAL VITAL. A

    EFICINCIA MARGINAL DO CAPITAL CORRESPONDE EFICINCIA DO CAPITAL QUE VAI SER PRODUZIDO MAIS PROVAVELMENTE, ISTO , NO CASO DE

    EXISTIREM DUAS UNIDADES COM PREOS DE OFERTA DIFERENTE, CONSIDERAR-SE- A EFICINCIA MARGINAL DAQUELE QUE SER PRODUZIDO COM MAIS

    CERTEZA. O INVESTIMENTO SER REALIZADO QUANDO EXISTIR CAPITAL PARA O QUAL A EFICINCIA EXCEDA A TAXA DE JUROS. AS MUDANAS NA TAXA DE

    INVESTIMENTO DEPENDEM DE MUDANAS NA EFICINCIA MARGINAL DO CAPITAL E DA TAXA DE JUROS DE MERCADO.

    Por que investir se h ativos de maior liquidez e rentabilidade disponveis? Para Keynes no se investe

    nessas circunstncias.

    A teoria de Keynes baseada no princpio de que os consumidores alocam as propores de seus gastos

    em consumo e de poupana em funo da renda. Quanto maior a renda, maior a percentagem da renda

    poupada. Assim, se a renda agregada aumenta, em funo do aumento do emprego, a taxa de poupana

    aumenta simultaneamente.

    O PROBLEMA DE KEYNES EST NO LADO DA DEMANDA. Devemos notar que, para o Estado aumentar a

    demanda efetiva, ele deve gastar mais do que arrecada, porque a arrecadao de impostos reduz a

    demanda efetiva, enquanto que os gastos aumentam a demanda efetiva.

    A interveno da autoridade fiscal pode aumentar a previsibilidade dos agentes em face da demanda

    futura, minimizando a incerteza em relao ao estado futuro da economia. Entra, ento, a proposio de

    Keynes, no sentido da formatao de um plano de investimentos pblicos para assegurar uma demanda

    agregada mnima.

    Os keynesianos, a partir da anlise emprica do modelo IS-LM, detectaram que a poltica fiscal mais

    eficaz que a poltica monetria para estabilizar a demanda agregada, recomendando a discrio fiscal. Em

    razo disso, essa corrente ficou taxada como fiscalista por propor polticas de gastos e dficits.

    O programa de investimentos pblicos seria gerido em conformidade com a necessidade de estabilizao

    da demanda agregada, de acordo com os movimentos gerados pela economia.

    Keynes reconheceu a fragilidade diante das flutuaes. Esta constatao implica que o projeto de

    investimentos pblicos tenha de ser suficientemente gil, de sorte a se antecipar aos movimentos da

    demanda agregada.

    INVESTIMENTO (CAPITAL PRODUTIVO) x LIQUIDEZ (CAPITAL MONETRIO) TRADE-OFF

  • 30 RESUMO DO LIVRO: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. AUTORES: MARCO ANTONIO S. VASCONCELLOS e MANUEL ENRIQUEZ GARCIA

    A lei de Keynes afirma que os nveis de emprego e utilizao da capacidade dependem dos

    determinantes da demanda agregadas, em particular, da deciso de investir das classes capitalistas e da

    propenso marginal a consumir a partir das diferentes fontes de renda.

    Em resumo: a preocupao principal de Keynes reside na incapacidade do sistema de gerar demanda

    agregada capaz de prover empregos para uma parcela significativa da fora de trabalho. Da a razo para

    o Estado vir a influenciar a propenso a consumir, em parte, por meio de seu esquema de taxao, em

    parte, por meio da fixao da taxa de juros.

    Keynes, entretanto, duvidava da capacidade da poltica monetria de afetar a taxa de juros e, por isso,

    propunha uma socializao de grande alcance do investimento.

    O elemento central da teoria geral o investimento entendido como demanda por mquinas e

    equipamentos por parte dos empresrios.

    A produo de uma mquina emprega trabalhadores que, com seus salrios, demandaro bens de

    consumo, o que, por sua vez, tende a aumentar o emprego e assim por diante (multiplicador de

    empregos).

    A deciso de investir depende, porm, da expectativa de lucratividade daquela mquina ou daquele

    equipamento.

    Num perodo de recesso ou de incertezas quanto ao futuro da economia, o empresrio, no lugar de

    comprar uma mquina, prefere ficar lquido, isto , prefere adquirir ativos financeiros. So nestas

    circunstncias que Keynes acredita na interveno do Estado na taxa de investimento e taxa de juros.

    Para Keynes, cabe ao Estado gerar condies para que o investimento privado se recupere, mantendo

    otimista o estado geral dos negcios e tratando de reduzir a taxa de juros e viabilizar a recuperao.