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Economias emergentes: a industrialização recente IFMG Campus Ouro Preto Professor Diego Alves de Oliveira 2019

Economias emergentes: a industrialização recente · 2019. 11. 14. · dinâmicas e modernas economias do mundo, estão entre os que mais incorporam novas tecnologias ao processo

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  • Economias emergentes: a industrialização recente

    IFMG Campus Ouro Preto

    Professor Diego Alves de Oliveira

    2019

  • • Nos próximos países, a industrialização começou cerca de 150 anos depois dos países pioneiros neste processo.

    • Contudo, o processo de crescimento nestes lugares foi acelerado.

    • Vamos estudar dentre os países em desenvolvimento algumas economias emergentes:

    • Latino-americanos: modelo de industrialização por substituição de importações;

    • Tigres asiáticos: modelo de plataformas de exportações;

    • Países do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (Ibas): semelhante à América Latina.

  • América Latina

    • Fatores de industrialização: Brasil, México e Argentina são as maiores economias industrializadas e diversificadas desta região.

    • Atualmente outros países também estão se industrializando: Venezuela, Colômbia, Chile, Peru.

    • Os 3 países se tornaram independentes no século XIX sendo que no fim dele, iniciaram seu processo de industrialização.

    • Até este período eles eram basicamente exportadores de produtos minerais e agropecuários.

    • A partir da Crise de 1929 marcou uma grande redução na importação destes países e também a exportar menos.

  • América Latina

    • Com a redução de importações (bens industrializados) houve uma aceleração da construção de fábricas internas, destinadas a produzir bens de consumo. Este modelo foi chamado de substituição de importações.

    • O capital utilizado para promover este processo foi aquele acumulado pela aristocracia latifundiária (exportação de produtos agropecuários) que foi investido na indústria, comércio e sistema financeiro.

    • Argentina: os estancieros vendendo carne e trigo;

    • Brasil: os cafeicultores, os barões do café;

    • México: os proprietários das haciendas.

    • Parte deste dinheiro ficava nos bancos, que era emprestada para financiar as indústrias (muitas) fundadas por imigrantes europeus.

  • América Latina

    • Outro agente indutor da industrialização nesta região foi o Estado, investindo em indústrias de bens intermediários (mineração, siderurgia, petrolífera, petroquímica, etc.) e em infraestrutura (transportes, telecomunicações, energia elétrica, etc.)

    • As empresas Petrobras, Pemex, PDVSA e YPF, foram e continuam sendo representantes destes processos e as maiores empresas destes países.

    • Este modelo durou até o fim da 2º Guerra Mundial, quando começaram a surgir limitações:

    • - carência de volumes de capitais para continuar o processo; • - inexistência de setores industriais importantes (bens de capital,

    defasagem tecnológica); • - assim houve a entrada de capital estrangeiro.

  • América Latina

    • Filiais de transnacionais se expandiram e se instalaram nestes países em muitos setores industriais: automobilístico, químico-farmacêutico, eletroeletrônico, de máquinas e equipamentos, alimentícias e têxteis, o que provocou um avanço no processo industrial destes países, formando um tripé: capital estatal, nacional e estrangeiro.

    • Neste processo, houve a criação de novas empresas nacionais em diversos setores, muitas para complementar as estrangeiras.

    • Exemplos: empresas automobilísticas estimulou a indústria nacional de autopeças.

    • Este modelo funcionou também em outros países: Venezuela, Colômbia, Chile e Peru.

  • América Latina

    • Os complexos industriais mais importantes estão concentrados nas regiões metropolitanas destes países:

    • Triângulo São Paulo – Rio de Janeiro – Belo Horizonte;

    • Eixo Buenos Aires – Rosário e

    • Eixo Cidade do México – Guadalajara e em Monterrey.

    • Há ainda outras concentrações importantes:

    • Caracas, Bogotá, Santiago, por exemplo.

  • América Latina

    • Este modelo de industrialização incentivou a produção interna de bens de consumo, mas requer a importação de outros bens como máquinas e equipamentos, exigindo a implantação de uma infraestrutura, o que demanda investimento.

    • Com a poupança interna limitada, este modelo depende excessivamente de capital estrangeiro, como investimento produtivo (instalação de filiais de transnacionais, ou empréstimos contraídos por governos e por empresas privadas nacionais).

    • A riqueza mineral é um grande fator para a industrialização destes países (combustíveis fósseis e minérios metálicos).

  • América Latina: CRISES financeiras

    • Entre o fim da 2º Guerra Mundial até o início da década de 1980 houve um crescimento econômico muito elevado dos países, financiado principalmente por empréstimos estrangeiros, principalmente a partir de 1970, justificado pelo aumento do preço do barril de petróleo.

    • Entre 1974 a 1981 os países da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo depositaram parte de sua riqueza em bancos de países desenvolvidos, o que fez as taxas de juros caírem.

  • América Latina: CRISES financeiras

    • A partir deste contexto, ocorre um pesado endividamento dos países em desenvolvimento, principalmente os latino-americanos.

    • Assim, o Brasil tinha uma dívida de 8 bilhões de dólares em 1971, sendo que os juros não foram fixos, e as taxas de amortização da dívida eram flutuantes, de acordo com o mercado internacional.

    • No final da década de 1970, os EUA se tornaram o principal receptor de dinheiro no mundo, o que levou a uma explosão do endividamento dos países latino-americanos (resultado de pouco dinheiro no mercado e elevação da taxa de juros).

  • América Latina: CRISES financeiras

    • Assim, em 1982 o México decreta a moratória de sua dívida externa.

    • A partir disso, os países fortalecem uma política de exportações, a fim de obter alguma moeda forte (dólares) para pagar suas dívidas.

    • Também ocorre uma política de contenção de importação de produtos industrializados, o que levou a um sucateamento dos parques produtivos, pois era difícil modernizar os equipamentos e máquinas.

    • Esta foi a chamada “década perdida”, marcada por baixo crescimento e elevada inflação.

  • América Latina: CRISES financeiras

    • Este modelo econômico provocou uma forte concentração de renda, principalmente no Brasil:

    • Baixos salários pagos aos trabalhadores, restringindo a expansão do mercado interno e por consequência, o processo de industrialização.

    • Em 1989, os 10% mais ricos do país tinham 51,3% da renda nacional. E os 10% mais pobres tinham apenas 0,7% da renda nacional.

    • Na década de 1990 houve uma estabilização das economias destes países, juntamente com redução da inflação.

    • Foram praticadas medidas de controle dos gastos públicos, privatização de empresas estatais e abertura econômica para produtos e capitais estrangeiros.

  • América Latina: CRISES financeiras

    • Na década de 1990 houve uma estabilização das economias destes países, juntamente com redução da inflação.

    • Foram praticadas medidas de controle dos gastos públicos, privatização de empresas estatais e abertura econômica para produtos e capitais estrangeiros.

    • As crises deste período surgiram no contexto da globalização financeira, na forma de investimento especulativo “compra e venda de títulos da dívida pública”, que é uma forma dos governos pegarem dinheiro emprestado dos bancos.

  • América Latina: CRISES financeiras

    • Eles tem alta volatilidade, e em contexto de mercado mundial, transferem-se rapidamente de um país para outro, não gerando empregos.

    • Além disso, quando os países mais precisam de dinheiro, as empresas financeiras tiram o dinheiro deles. Essa foi a origem das crises na década de 1990, como no México.

    • Na década de 2000, a crise financeira que surgiu nos EUA no ano de 2008 se espalhou para diversos países em 2009, atingindo os países desenvolvidos e em muitos emergentes.

  • Tigres Asiáticos • Tigres Asiáticos (aqueles que

    primeiro implantaram seu modelo econômico bem sucedido) Coréia do Sul, Taiwan e Hong Kong

    • Novos Tigres: Tailândia, Malásia, Cingapura e Indonésia.

  • Tigres Asiáticos

    • Até a 2ª Guerra Mundial, apresentavam baixo desenvolvimento econômico, populações pouco numerosas prioritariamente analfabetas, sem importantes reservas de recursos minerais ou combustíveis fósseis, predominantemente agrícolas.

    • Estes territórios foram ocupados pelo Japão durante a 2ª Guerra Mundial.

    • Após o conflito, passaram por um acelerado processo de industrialização, graças ao arco de alianças liderado pelos Estados Unidos, recebendo apoio financeiro do mesmo.

    • Apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo nas décadas de 1980 e 1990.

  • • Atualmente possuem alguma das mais dinâmicas e modernas economias do mundo, estão entre os que mais incorporam novas tecnologias ao processo produtivo.

    • Modelo industrial de Plataforma de Exportação

    Plataformas de Exportação são um modelo industrial voltado para a produção e comercialização de bens de consumo em larga escala. Desse modo, essas plataformas são formadas por grandes indústrias produtoras de bens de consumo (duráveis e não duráveis).

    Tigres Asiáticos

  • Os fatores da Industrialização:

    • Regimes políticos centralizadores – no caso de Coréia do Sul e Cingapura, ditaduras militares – com destaque ao papel do Estado no planejamento estratégico de fomento à industrialização e exportações.

    Medidas tomadas pelos Estados: incentivos à exportação, tais como redução de impostos; política de desvalorização cambial; medidas protecionistas contra concorrentes estrangeiros; investimento em educação; restrição ao funcionamento de sindicatos, investimentos em infraestrutura; elevação do nível da poupança interna mediante restrição de consumo por medidas fiscais e controle das importações.

    Tigres Asiáticos

  • • Elevada poupança interna;

    • Ajuda financeira dos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria;

    • Empréstimos contraídos no exterior a taxa de juros fixas;

    • Mão de obra barata (no início do processo de industrialização), qualificada e produtiva.

    Os baixos custos, associado ao controle da política cambial tornavam os produtos dos Tigres Asiáticos muito baratos, lhes garantindo alta competitividade no mercado mundial.

    Tigres Asiáticos

  • Tigres Asiáticos

  • Tigres Asiáticos

    • Grandes investimentos na Educação Básica como forma de formar e capacitar trabalhadores e pesquisadores, gerar novas tecnologias e aumentar a produtividade.

  • • Originalmente ficaram conhecidos por exportar produtos de baixa qualidade e de tecnologia simples, mas atualmente estão vendendo produtos sofisticados de alto valor agregado, tais como navios, semicondutores, automóveis, computadores, tablets, smartphones etc.

    Tigres Asiáticos

  • • Recentemente: expansão do mercado interno (quantitativa e qualitativamente) graças ao aumento da renda per capita e a elevação salarial, especialmente na Coréia do Sul (o mais populoso dos Tigres Asiáticos)

    Tigres Asiáticos

  • • Aprimoramento recente das indústrias, motivado pela elevação do custo da mão de obra e valorização das moedas, com o investimento em novos setores industriais mais avançados tecnologicamente e a transferência de industrias tradicionais para países com mão de obra mais barata.

    • Construção de filiais na Tailândia, Malásia e Indonésia, que também apresentam crescimento acelerado.

    • Investimentos na China, sobretudo de empresários de origem chinesa, de empresas sediadas em Cingapura e Taiwan.

    Tigres Asiáticos

  • Tigres Asiáticos

  • Diferenças entre os Tigres:

    • Coréia do Sul: Economia controlada por grandes empresas, as Chaebols, conglomerados que fabricam uma enorme diversidade de produtos, além de atuarem nos setores financeiros, de comércio e de serviços.

    Tigres Asiáticos

  • • Taiwan: Atua principalmente no setor de microeletrônica, o que favorece sua agilidade e flexibilidade para se adaptarem às inovações tecnológicas e assegurando sua competitividade no mercado internacional.

    • Cingapura: um dos maiores entrepostos comerciais do mundo e importante centro financeiro asiático.

    Tigres Asiáticos

  • Diferença entre o modelo asiáticos e o latino- americano.

    • “ ... é que o modelo asiático é construído sobre poupança interna e mercado externo, enquanto o modelo latino-americano é construído sobre poupança externa e mercado interno.” (Celso Amorim)

    • Investimento em educação

    • Distribuição de renda.

  • Continuação industrialização de países emergentes: Países do Fórum Ibas

  • Fórum de Diálogo Ibas (IBSA em inglês)

    Cooperação trilateral firmada em 2003 entre 3 países emergentes: Índia, Brasil e África do Sul.

    Seu objetivo é aprofundar a COOPERAÇÃO SUL-SUL no âmbito econômico, científico e cultural, além de aumentar o poder de negociação com os países desenvolvidos nos orgânicos internacionais: ONU e OMC.

    Eles são países que tem muita semelhança: desde 1990 buscam elevar seu perfil internacional; são potências intermediárias; forte influência em suas regiões, democracias consolidadas, economias em ascensão, desigualdades internas, então eles têm desafios comuns de desenvolvimento.

  • Fórum de Diálogo Ibas (IBSA em inglês)

    O modelo de industrialização deles é semelhante ao do Brasil: priorização da substituição de importações e forte presença do Estado na Economia.

  • África do Sul

    A industrialização aqui se intensificou após a independência do Reino Unido em 1961.

    Houve uma forte participação de capital estrangeiro (britânico e norte-americano), principalmente na indústria extrativa.

    O capital estatal concentrou-se na indústria de bens intermediários e em obras de infraestrutura.

  • África do Sul

  • África do Sul

    Embora seja uma grande economia do continente africano, mais diversificada e com importantes empresas nacionais estatais e privadas, nenhuma estava na lista das 500 maiores do mundo segundo a revista Fortune.

    Isso indica baixa concentração de capitais nas empresas e limitação do mercado interno dos países africanos.

    Os fatores que contribuíram para a industrialização foram a disponibilidade de mão de obra barata e as enormes reservas minerais e energéticas.

  • África do Sul

    Até a década de 1980, muitos investimentos estrangeiros ocorreram, mas o aumento da pressão internacional contra o apartheid, as empresas transnacionais deixaram de investir.

    Superação do apartheid: de 1912 até 1994 com a implantação do voto universal, mas a desigualdade socioeconômica permanece:

    10% mais ricos detêm 51,3% da riqueza, e os 10% mais probres, 0,9%.

    34,7% da população vive na pobreza e 16,6% na extrema pobreza.

  • África do Sul

    Políticas de ação afirmativa também tem sido instituídas, para combater a desigualdade.

    A concentração de renda e a população relativamente pequena restringem o mercado interno e limitam uma expansão acelerada do PIB.

  • Índia

    É um dos mais importantes emergentes.

    Tem mercado consumidor gigantesco.

    Uma das economias que mais crescem ao ano (média de 7,6% entre 2000 a 2014).

    Também começou seu processo de industrialização após a independência do Reino Unido.

    Eles são uma república parlamentarista.

  • Índia

    Houve forte participação do Estado no processo de industrialização: bens intermediários, bélica e obras de infraestrutura;

    Investimentos britânicos e americanos;

    Além de assistência técnica soviética em vários setores (petroquímico e militar).

    Há grandes reservas de minérios (cromo, ferro e manganês) carvão mineral e petróleo, contribuíram para a industrialização.

  • Índia

  • Índia

    Ela possui praticamente todos os setores industriais e já abriga algumas entre as maiores empresas do mundo, como a Indian Oil (como a Petrobrás) atuando na extração, transporte e refino de petróleo e também no setor petroquímico, com a maior parte do capital estatal.

    O Grupo Tata também é reconhecido como uma das maiores empresas mundiais.

    Contudo, ela ainda é um país rural e agrícola. Até 2015, 68% de sua população vive no campo.

    O setor primário ocupa a maior parte das pessoas.

  • Índia

  • Índia

    Recentemente, ela tem atraído muitos investimentos externos (capital norte-americano e britânico), com uma política de desregulamentação e de privatização.

    O que atrai este capital é a mão de obra barata e cada vez mais qualificada, além do mercado interno, mesmo ainda sendo pequeno.

    A maior parte da população vive abaixo da linha internacional de pobreza: 58% na pobreza e 21,3% na extrema pobreza.

    Assim, apenas 25% dos indianos tenha capacidade de consumo (300 milhões de pessoas).

  • Índia

    Muitas corporações dos Estados Unidos e do Reino Unido tem terceirizado seus serviços de atendimento ao consumidor (contact centers, telemarketing) para empresas indianas.

    O parque tecnológico de Bangalore é um dos mais importantes do mundo. Existem diversas universidades, centros de pesquisa (a maioria do governo), no seu entorno, há diversas empresas nacionais (estatais e privadas) de alta tecnologia.

    Há mais de 300 empresas dos setores de informática e de TI instaladas nesta região, conhecida como vale do silício da Índia.